Memorial do Convento - · PDF fileMEMORIAL DO CONVENTO MEMORIAL ... construiu a passarola. Tem a protecção e a amizade de D. João V mas nem iss o o livra da perseguição do Santo

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  • O titulo MEMORIAL DO CONVENTO

    MEMORIAL(...) Escrito em que se descreve qualquer coisa que se

    pretende guardar na memria. (...) Escrito que relata factos memorveis.

    Antnio de Morais, Novo Dicionrio Compacto da Lngua Portuguesa, VolIII

    DO CONVENTO-Convento de Mafra -Edificioportugus construdo

    por ordem de D. Joo V entre 1717 e 1744, sendo o seu enorm

    e custo

    suportado pelas remessas de ouro do Brasil. obra do arquitecto Joo

    Ludovice. O

    conjunto (convento e palcio) marcado por um barroco j

    arcaizantee para o tempo um dos maiores da Europa.

    Dicionrio Enciclopdico da Lngua Portuguesa, Edies Alfa

  • CONTRACAPA -Texto-sntese

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    A frmula inicial "Erauma vez" conduz-nos para um mundo fictcio, o

    mundo da infanciae dos contos que ouvamos atentos e maravilhados.

    A repetio, intencional e insistente, convida-nos a ler e a entrar num

    mundo ficcional onde tudo parece imaginrio, excepto, partida, o

    convento que sabemos existir em Mafra, e, certamente, o rei que viveu

    nessa poca.

    Acontecimentos verdicos/ficcionais.

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    O rei

    D. Joo V (1689-1750). F

    ilho de D. P

    edro II e da rainha Maria

    Sofia de Neuburg, foi proclamado rei em 1 de Janeiro de 1707 e casou no

    ano seguinte com a princesa Maria Ana de ustria, de quem teve seis

    filhos. O longo perodo do seu reinado foi m

    uito debatido, entre opinies

    opostas que o consideravam de boa governao ou de pssima

    administrao das riquezas que a descoberta e explorao das minas de

    ouro e pedras preciosas no Brasil trouxeram ento ao errio rgio. (...)

    Dicionrio Enciclopdico da Histria de Portugal, vol. I. p.358

    O rei fez promessa de levantar um convento em Mafra porque estava

    preocupado com a falta de descendentes. Apesar de existirem bastardos,

    a sua pretenso era que a rainha lhe desse um filho para sucederao

    trono. O convento irconstruir-se aps o nascimento da princesa Maria

    Brbara, em cumprimento da promessa.

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    A gente que construiu o convento o povo, o povo annimo que trabalha

    e sofre s ordens do rei, no spara cumprir a sua promessa mas

    tambm para satisfazer a sua vaidade.

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    amuito importante, o povo construiu o convento

    custa de muitos sacrifcios e vivia em completa misria fisicae moral.

    um povo humilde e trabalhador, elogiado e enaltecido pelo autor, que

    tenta tir-lo do anonimato e o individualiza em vrias personagens e

    tambm simbolicamente atribuindo-lhe um nome para cada letra do

    alfabeto: (...) essa a nossa obrigao, spara isso escrevemos, torn-

    los imortais, pois aficam, se de ns depende, Alcino, Brs, Cristvo,

    Daniel, Egas, Firmino, Geraldo, Horcio, Isidro, Juvino, Lus, Marcolino,

    Nicanor, Onofre, Paulo, Quitrio, Rufno, Sebastio, Tadeu, Ubaldo,

    Valrio, Xavier, Zacarias,... (Cap. XIX, p. 242).

  • dentre o povo que surgem personagens como Francisco Marques,

    Manuel Milho, JosPequeno e o par amoroso Baltasar e Blimunda.

    A Epopeia da Pedra uma descrio belssima e pormenorizada sobre os

    trabalhos e as dificuldades que tiveram ento para transportar uma pedra

    enorme que se destinava varanda situada sobre o prtico da igreja e

    que viria de Pro Pinheiro, a cerca de quinze quilmetros de Mafra. Para

    transportar a pedra, foi preciso construir um enorme carro que foi puxado

    por duzentas juntas de bois. A pedra tinha sete metros de comprimento

    por trs de largura e sessenta e quatro centmetros de espessura; pesava

    mais de trinta toneladas e levou oito dias a ser transportada. Muitas

    peripcias aconteceram durante o percurso, mas o que se revela de maior

    importncia o sofrimento dos homens:

    (...) Deve-se a construo do convento de Mafra ao rei D. Joo V, por um

    voto que fez se lhe nascesse um filho, vo aqui seiscentos homens que

    no fizeram filho nenhum rainha e eles que pagam o voto, que se

    lixam, com perdo da anacrnica voz. (Cap. XIX, p. 257).

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    Baltasar Mateus um mutilado de guerra, foi soldado na Guerra da

    Sucesso espanhola, donde foi expulso por ter perdido a mo esquerda

    "estraalhada por uma bala".

    de Mafra e, quando volta para Portugal, conhece Blimundana

    procisso de um auto-de-fem Lisboa, em pleno Rossio. A partir desse

    momento, passam a viver juntos uma histria de amor e paixo.

    Alm de ser um dos operrios que trabalhou na construo do

    Convento, participa tambm na construo da Passarola.

    Blimundafilha de SebastianaMaria de Jesus que ia, condenada ao

    degredo para Angola, na procisso do auto-de-fem que eles se

    conheceram.

    Blimundavidente, tem a capacidade de, em jejum, olhar por dentro das

    pessoas e das coisas. Ajuda na construo da passarola, contribuindo

    com os seus poderes mgicos na recolha das "vontades". Partilha com

    Baltasar as alegrias e as preocupaes da vida, mas sobretudo um amor

    verdadeiro, espontneo e duradouro.

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    O Padre Bartolomeu de Gusmo tinha um sonho, queria voar e, paraisso,

    construiu a passarola.

    Tem a proteco e a amizade de D. Joo V mas nem isso o livra da

    perseguio do Santo Oficio.

    Realiza o seu sonho com a ajuda de Baltasar, de Blimundae do msico

    Scarlatti.

    Acaba por morrer louco, em Toledo, para onde havia fugido.

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    Parte mais extensa do enunciado narrativo: as relaes entre a Coroa e a

    Igreja que detm o poder sobre o povo.

    -Esta aco contempla a narrao de eventos, de histrias

    variadas, de sonhos, de dilogos, de sentenas e comentrios do narrador.

    -ainda possvel observar interiores e exteriores,

    pormenorizadamente descritos.

    So trs os momentos fundamentais relacionados com o Convento de

    Mafra: a escolha do local, o lanamento da primeira pedra, a sagrao da

    Baslica.

  • A trama inicia-se com a promessa de D. Joo V mandar erigir em Mafra

    um Convento de Franciscanos, caso a esposa desse luz um filho, no

    prazo de um ano.

    Aps o nascimento de uma princesa, em 1712, e do seu baptizado, o rei

    cumprira sua promessa, lanando, em Mafra, a primeira pedra do

    Convento, no dia 17 de Novembro de 1717.

    As obras iniciam-se, sendo os trabalhadores recrutados fora. Os anos

    passam e o transporte de uma enorme pedra de Pro Pinheiro para Mafra

    ocupa uma longa sequncia. D. Joo V pede ao arquitecto alemo Joo

    Frederico Ludovice que construa uma Baslica igual de S. Pedro.

    Perante a impossibilidade de tal projecto megalmano, o rei ordena que o

    Convento seja aumentado para instalar trezentos frades, agendando a

    sagrao da Baslica para o ano de 1730, no dia do seu aniversrio. Tal

    implica novo recrutamento,afora, de milhares de homens.Umaextensa

    sequencia e dedicada aos casamentos dos principesD. Josee D. Maria

    Barbara com D. Maria Vitoria e D. Fernando, respectivamente.

    O transporte das estatuas dos santos provenientes de Italiaconstitui outra

    sequencia.

    A narrativa respeitante a construaodo Convento termina com a

    Sagraaoda Basilica(no dia do aniversario do rei, em 1730), cujas obras

    ainda estavam por terminar.

  • Abramos o livro...O primeiro pargrafo (as caractersticas da escrita de

    Saramago):

    note-se o tom depreciativo e irnico "e athoje ainda no emprenhou", "tem

    a madre seca", "nem isto nem aquilo fizeram inchar athoje a barriga de D.

    Maria Ana".

    assinale-se a deturpao da conhecida expresso popular "ainda a

    procisso vai no adro", para querer dizer que ainda muito cedo (aforismos e

    provrbios que aparecem transformados mas reconhecveis).

    O quinto pargrafo serve para exemplificar a forma livre e inovadora como

    na obra aparece o discurso directo. Assim, cada fala apresenta-se com uma

    vrgula no final, o incio sendo apenas marcado por letra maiscula que

    aparece aps a vrgula e sendo eliminados os pontos de int