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Memorial Hospital Cassiano Campolina

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Livro comemorativo do Centenário do HCC

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M E M O R I A LHOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA

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COPYRIGHT© Elson de Oliveira Resende

CAPARodrigo Denúbila

PROJETO GRÁFICOLuiz Lucas Martins

FOTOGRAFIAS E REPRODUÇÕESAdauto Gonçalves Rodrigues

Impresso em Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil2010

- Elson de Oliveira Resende cedeu os direitosdesta edição ao Hospital Cassiano Campolina.- Luiz Lucas Martins e Rodrigo Denúbila doaramo projeto gráfico e o design da capa.

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ELSON DE OLIVEIRA RESENDE

2ª edição

MEMORIALHOSPITAL CASSIANO CAMPOLINAEdição comemorativa do Centenário

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SUMÁRIO

Agradecimentos .......................................................................................................................................7Prefácio ‐ Dom José Belvino do Nascimento.......................................................................................8Introdução .................................................................................................................................................9Dom Oscar de Oliveira..........................................................................................................................10O Fundador.............................................................................................................................................11Família Campolina ................................................................................................................................13Relatório e Desabafo..............................................................................................................................14Fazenda do Tanque................................................................................................................................17A Idéia da Fundação do Hospital .......................................................................................................19Testamento de Cassiano Campolina...................................................................................................20Objetos deixados por Cassiano Campolina a seus amigos.............................................................24A Constituição da Irmandade..............................................................................................................25A Constituição do Estatuto ..................................................................................................................28A Demanda .............................................................................................................................................34Legado de Cassiano Campolina..........................................................................................................35Água Potável...........................................................................................................................................38Preparativos para a Construção ..........................................................................................................39A Construção do Hospital....................................................................................................................40A Escada Balaustrada............................................................................................................................41A Pintura Artística .................................................................................................................................42Pintura da Capela ..................................................................................................................................43Pintura do Refeitório .............................................................................................................................45O Salão Nobre.........................................................................................................................................47A Inauguração ........................................................................................................................................55Administração Interna ..........................................................................................................................56A Bênção do Hospital............................................................................................................................57Padres que Eexerceram a capelania no Hospital..............................................................................58As irmãs que serviram no Hospital ....................................................................................................59Inauguração da Rede Elétrica ..............................................................................................................60A Fundação do Ginásio Nossa Senhoras das Brotas .......................................................................61Principais Fatos Ocorridos ...................................................................................................................63

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Mesa Administrativa .............................................................................................................................64Os Provedores.........................................................................................................................................65Homenagem aos Benfeitores ...............................................................................................................70O Dia do Hospital ..................................................................................................................................75Festa do Hospital ...................................................................................................................................76Conserva e Modernização ....................................................................................................................77O Centenário..........................................................................................................................................80Memorial Cassiano Campolina ...........................................................................................................81Tombamento & Conclusão...................................................................................................................82Anexo I ‐ Estatutos Atuais ....................................................................................................................83Biografia do Autor..................................................................................................................................92

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Já ouvi dizer que:“Um sonho que se sonha só é apenas um sonho”;

“Mas, um sonho que se sonha junto,é realidade!”

Portanto, quero agradecer...

A Deus, por proporcionar-me a graça deste trabalho.

A meus antepassados, principalmente ao meu bisavô materno JoaquimPacheco de Resende: com sua abnegação foi possível a existênciadesta Entidade.

A meu pai Francisco Assis Alves de Resende: com sua honestidade, nãosó participou da Irmandade durante 27 anos, como esteve na gerência,não poupando esforços para o crescimento deste Hospital.

À memória de minha Mãe Iêda de Oliveira Resende que carinhosamenteme educou nas trilhas da dignidade, do bem e da paz.

À minha Esposa Alessandra, e a meus filhos Alessandra e Leonardoque sempre foram compreensivos, me apoiando nesta jornada.

À Elza, minha irmã, sempre amiga e companheira, minha eternagratidão.

A generosidade de uma mulher fica marcada na historia. Queroagradecer a Maria Ângela Resende e sua filha Ângela Resende, quenão pouparam esforços à publicação desta edição.

Meu agradecimento, por considerável referência, a Sra. Lídia TamiettiFaleiro; filha do talentoso pintor Sr. Francisco Tamietti, que com men-ção embelezou partes internas do Hospital.

Em especial a Dom José Belvino, que por sua benevolência tornoupossível a primeira publicação.

AGRADECIMENTOS

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A VITÓRIA DE CASSIANO CAMPOLINA

(A título de prefácio)

É linda a festa em Queluz,Alegrando a todo mundo,Co’a presença, que seduz,Do gran Dom Pedro Segundo.

E também a CavalhadaEntre mouros e cristãos,Ninguém quer perder por nada:É festa estrondosa, irmãos!

Cassiano Campolina,Com seus cavalos fogosos,Vai de Entre Rios co’a sina:Chefiar cristãos garbosos.

Mas, para espanto geral,Descumprindo acordo santo,Vencem mouros sem moral,Choram cristãos triste pranto...

Descendo de seu cavalo,Ferido co’a perda inglória,Cassiano, num estalo,Jura futura vitória!

E tanto lutou na vidaPor uma raça mais finaQue surgiu de tanta lidaO cavalo Campolina!...

Enriquecido de vez,Deixa tudo em testamentoPara o Hospital que se fezSua glória, um monumento!

Eis, cavaleiro, afinal,A vitória peregrina:O benfazejo HospitalCassiano Campolina!

Venceste foi pelo amor,Ajudando tanta genteA viver livre da dor:A rir, feliz, novamente...

Agora, o Elson Resende,Por inspiração divina,Grata homenagem te rende,Cassiano Campolina!...

Entre Rios de Minas, 1° de maio de 2000Dom José Belvino do NascimentoBispo Diocesano de Divinópolis

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INTRODUÇÃO

Memorial Hospital Cassiano Campolina é o resgate da história denomes que doaram seus esforços em prol de um bem comum e também fatosque concretizaram esta preciosidade.

Espero que esta obra não se perca no tempo; e sim, traga ânimo aosvindouros Provedores e a todos que por lá passarem, para que possam comdevotamento, guiar os destinos da Casa, iluminados pelo desejo do precursorCassiano Campolina, que tinha como objetivo atender essencialmente aos ca-rentes. Além do esplendor de seu prédio colossal, referenciando a arquiteturaneoclássica, esta entidade outrora fora palco para grandes nomes da Medicinaa nível estadual e nacional, que muito nos orgulha.

Assim, nosso Hospital reflorirá aprimorando-se cada vez mais para pre-servar seu valioso nome de admirável tradição social, moral e cultural.

Despertei-me para a elaboração deste Memorial, ao tomar conheci-mento de que a fortuna deixada por Cassiano Campolina fora destinada ameu bisavô Joaquim Pacheco de Resende e a seu primo João Ribeiro de Oli-veira, e que estes, movidos por um ideal superior e por um gesto nobre e ad-ministrativo desistiram deste dote.

Procurei ler, escrever e escutar minuciosamente todos os fatos liga-dos a Cassiano Campolina e sua obra meritória. Cada descoberta enchia-me de entusiasmo tamanho, que me senti responsável em transmitir a seusdevotos.

Cassiano Campolina fora um homem simples e generoso que se enri-cou com a venda de animais no Rio de Janeiro. Passou toda sua vida, enrai-zado na Fazenda do Tanque, sem transpor seus limites por mais de oito anos,alquebrado pelas fadigas inerentes e muito rudes, qual honrada profissão ofazia.

Tenho fé em Deus, Senhor de todas as coisas, que, incansavelmente,estaremos sempre a postos para darmos o melhor de nós; estando assim,tudo justo e perfeito.

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Homem de prol e de visão tão belaÉ dono de vastíssima fazenda.

A fazenda do Tanque, ele faz delaUm modelo que sobre as mais esplenda.

Seu gênio bem revela:Na pecuária encontra sua senda, E ao mister ele tanto se desvela

Que, dia a dia, lhe progride a renda.

Riquíssimo, solteiro, aguarda a morte.Quer bem modesto o seu sepultamento,

E a Santa Missa a alma lhe conforte.

Seus haveres a grandes bens destina,Nos dando, com seu nome, um monumento:

O Hospital Cassiano Campolina.

21-6-1973

Dom Oscar de Oliveira

CASSIANO ANTÔNIO DA SILVA CAMPOLINA

Nascido a 10/7/1836 ‐ Falecido a 26/7/1904

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O FUNDADOR

Sendo o primeiro relato históricodo Hospital Cassiano Campolina, nãoposso deixar de consignar, como preitode reconhecimento, alguns dados bio-gráficos do fundador.

Cassiano Antônio da Silva Campo-lina nasceu na Fazenda da Serra dosCaixetas, distrito de São Brás do Suaçui,em 10 de julho de 1836.

Faleceu em sua Fazenda do Tanqueàs 7 horas da manhã do dia 26 de julhode 1904, aos 68 anos de idade, vítimade arteriosclerose cardiorenal.

Filho legítimo do Major José Cae-tano da Silva Campolina e de D. Fran-cisca de Paula Ferreira, era homemexcêntrico, apresentando esquisiticesbem curiosas. Passou toda a sua vidana Fazenda do Tanque, sem transpor os seus limites por mais de oito anos.Por muitas vezes, gabava-se de ter passado todo esse largo espaço de tempopisando somente terrenos de sua propriedade. Franco e acessível tratava comurbanidade e cortesia a todas as pessoas que dele se acercavam; mas era àsvezes de uma franqueza um tanto rude, e também muito cioso de sua ami-zade. Possuía muitas relações sociais, mas amigos verdadeiros só tinha doise não desejava adquirir novas amizades. Esses amigos de que tanto se orgu-lhava, eram o Cel. Joaquim Pacheco de Resende e João Ribeiro de Oliveira;ambos correspondiam condignamente a essa amizade, mantendo sempre,com o mesmo, muito boas relações.

Aficcionado por cavalos e encenações das Cavalhadas, simulação de com-bates entre cristãos e mouros, tornou-se conhecido por possuir os melhoresanimais da região. Por ocasião da inauguração da linha férrea de Queluz,atual Conselheiro Lafaiete, ficou encarregado da organização e comando doPartido Cristão da cavalhada, realizada para homenagear o Imperador Dom

Cassiano Antônio da Silva Campolina

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Pedro II, presente ao evento. Naquele dia, no entanto, a esperada vitória dosCristãos não ocorreu. Os Mouros, empolgados pelo calor da luta, esqueceramos acordos e a realidade histórica e, pela primeira vez, venceram.

Com o orgulho ferido, Cassiano desceu do cavalo e, diante do imperador,assumiu a responsabilidade pela derrota, atribuindo-a ao fato de serem seusanimais quase exclusivamente de andadura. Desafiou os oponentes para umanova disputa, prometendo empenhar-se na desforra.

Passou a selecionar cavalos, visando não só as competições, mas o co-mércio, percebendo o mercado para animais de maior porte e agilidade, des-tinados principalmente à tração e montaria. Através de uma égua crioula queganhara do amigo Antônio Cruz, de Juiz de Fora, nasceu Monarca, filho docavalo Andaluz pertencente a Mariano Procópio, que recebera de presentedo Imperado D. Pedro II. Com persistentes trabalhos através de cruzamentosde várias raças, surgiu, então, uma nova de grande porte, agilidade e força,que atendia às exigências do mercado nacional, denominada CAMPOLINA,conhecida em todo o Estado de Minas e em diversos Estados do Brasil. Esta éconservada e aperfeiçoada com desvelo e cuidado pelos herdeiros do sau-doso Cel. Joaquim Pacheco de Resende.

Hospital Cassiano Campolina - Entre Rios - MG

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FAMÍLIA CAMPOLINA

Manoel de Souza Pinto (português) casou-se com Anna Maria do Ro-sário; filha de Manoel Pereira Caixeta (português), primeiro habitante do localdenominado Serra dos Caixetas.

Entre seus filhos está Caetano de Souza Pinto, casado com Maria An-tônia da Silva Campolina; filha do português Manoel Antônio da Silva Cam-polina, também residente na Serra dos Caixetas.

Destacam-se entre seus filhos:a) Manoel Caetano da Silva Campolina, nascido a 1º de janeiro de 1800.

Casou-se com Anna Eufrozina de Jesus; não deixou geração.b) Major José Caetano da Silva Campolina, casado com Francisca de

Paula Ferreira, natural de São Bartolomeu, município de Ouro Preto, falecidaem São Brás do Suaçui a 11 de outubro de 1901; residiram na Serra dos Cai-xetas, tendo três filhos:

b.1) José, falecido na infância.b.2) Cel. José Caetano da Silva Campolina Filho, nascido em 7 de feve-

reiro de 1835. Foi grande fazendeiro e chefe conservador de grande prestígio.Casou-se, em 7 de março de 1859, com Maria Umbelina de Resende (filha deJoaquim José de Resende e Maria Madalena de Jesus Xavier), residentes naFazenda do Bom Retiro, em Lagoa Dourada. Era também irmã do Cel. EduardoJosé de Resende, selecionador da raça de asininos Pêga. Faleceu em 25 dejulho de 1890, deixando apenas um filho:

b.2.1) Dr. José Caetano da Silva Campolina, médico pela Escola de Me-dicina da Bahia e deputado provincial de grande prestígio no seio do partidoconservador, deputado federal e presidente da Câmara Municipal de Queluz.

Autor da demanda proposta contra o Hospital, após falecimento deCassiano Antônio da Silva Campolina.

b.3) Cassiano Antônio da Silva Campolina, nascido a 10 de julho de1836.

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RELATÓRIO E DESABAFO

Até a presente data tem sido regular a escrituração de todo o movi-mento da FAZENDA. Acham-se arquivados documentos que podem fornecerdados, caso se queira organizar uma estatística completa de plantações decada ano, colheita e rendimentos da casa, bem a fim das produções e óbitosde animais, número destes existentes em cada ano por ocasião da entradados capoeiros ( junho), número dos que foram comprados e dos vendidos,em suma balancete em fins de cada ano de despesas e receitas pelos quaisse verifica que nos livros de 1866 apenas possuía doze contos de reis emmoeda líquida, desde esta data para cá empregados em 252 alqueires de ter-renos 12:000$000; em 32 escravos aproximadamente 40:000$000 e existindolíquido o saldo de 155:000$000, sendo este resultado produto e soma da cri-ação e da lavoura. Pouco tenho feito, porém tenho a íntima satisfação destepouco ter sido adquirido lícita e honradamente. Hoje, porém, que o sol vaise declinando e o ocaso (isto é que tenho ultrapassado os cinqüenta anos),sinto que as molas da vida já se vão enfraquecendo, principalmente os órgãosda visão, achando-me alquebrado pelas fadigas inerentes e muito rudes, qualhonrada profissão.

E, sem incentivo de HERDEIROS de descendentes, cuja lembrança deseu bem estar futuro, pudesse reanimar-me e estar-me ao trabalho, tenhocaído em uma profunda e invencível apatia e, portanto, deliberado de agoraem diante, deixar tudo correr a revelia e limitar-me a contar, 12 meses quetem um ano, 30 dias que tem um mês, 24 horas que tem um dia, 60 minutospor uma hora, 60 segundos que tem um minuto. Que me faça Deus bomtempo, o que aí ficar ficou e o que não ficar gastou-se e, quem quiser vá tra-balhar como eu o tenho feito e faça diligência de sua parte, que DEUS há delhe ajudar.

Fazenda do Tanque, 21 de Abril de 1886Cassiano Antônio da Silva Campolina

(Extraído do livro particular de Cassiano Campolina, propriedade do Hospital,págs. 84 e 85 conforme cópia dos originais a seguir).

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fac-simile da pág. 84 dos originais escritos por Cassiano Campolina

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fac-simile da pág. 85 dos originais escritos por Cassiano Campolina

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Imigrantes, em princípio do século XVIII, do arquipélago dos Açorespara a Capitania de Minas Gerais, João de Rezende Costa e Helena Mariativeram 13 filhos. Entre eles Maria Helena de Jesus, que se casou com o por-tuguês José Antônio da Silva.

Este casal teve muitos filhos, entre os quais Capitão Elias Antônio daSilva Resende, casado com Anna de Jesus de Góes e Lara. Residiram no mu-nicípio de Entre Rios, na sesmaria denominada Fazenda do Tanque, no anode 1760. Com o falecimento do Capitão Elias, a Fazenda passou a seu filhoTenente Elias Antônio da Silva Resende Filho, que era dono da SesmariaFazenda da Lagoinha, que confrontavam com a do Tanque.

Falecendo em 1836, a viúva do Tenente Elias vendeu esses bens a JoséCaetano da Silva Campolina (pai de Cassiano Antônio da Silva Campolina) ea seu irmão Manoel Caetano da Silva Campolina residentes na Serra dos Caix-etas, município de São Brás do Suaçuí.

Como Manoel Caetano da Silva Campolina não teve geração, após seufalecimento os terrenos passaram a pertencer somente a José Caetano daSilva Campolina, e mais tarde, por herança, a seu filho Cassiano Antônio daSilva Campolina.

Após o falecimento de Cassiano Antônio da Silva Campolina, a Fazendado Tanque e da Lagoinha passaram a pertencer, conforme legado, ao seuamigo Cel. Joaquim Pacheco de Resende, em 1904, cujo nome foi mudadopara Fazenda Campolina em homenagem a Cassiano Campolina.

Por herança, a fazenda passou a pertencer a seu filho, Cel. José Resendeno período de 1919 a 1940, quando a vendeu a Boelsum Jhoan Boelsuns,sendo atualmente proprietários: William Daniel Boelsuns e seus filhos: MariaClara, Guilherme e Frederico.

FAZENDA DO TANQUE

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Vista parcial da Fazenda do Tanque

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A IDÉIA DA FUNDAÇÃO DO HOSPITAL

Cel. Joaquim Pacheco de Resende ia diversas vezes visitar CassianoCampolina em sua fazenda e ali passava dias em sua companhia. Foi exata-mente em uma dessas visitas que surgiu a idéia da fundação do Hospital nestacidade.

Indo o Cel. Joaquim Pacheco certa vez, em 1902, em visita a CassianoCampolina na fazenda do Tanque, ao passar por essa cidade encontrou-se ca-sualmente com Dr. Arthur Ribeiro de Oliveira, então Juiz de Direito da Co-marca, e este disse ao Cel. Joaquim Pacheco que arranjasse com seu amigoCampolina uma verba testamentaria de Cem Contos de Reis para a fundaçãode um hospital aqui em Entre Rios. O Cel. Joaquim Pacheco, chegando aoTanque, transmitiu a idéia do Dr. Arthur Ribeiro a Cassiano Campolina, res-pondendo-lhe este imediatamente: “Que valem cem contos para a fundaçãode um hospital? Essa quantia poderia quanto muito ser suficiente para cons-truir um prédio regular; mas como poderia se manter essa fundação?”

A essa objeção respondeu o Cel. Joaquim Pacheco que, não tendo eleherdeiros necessários, poderia legar toda a sua fortuna para esse fim; poisassim ele praticaria um ato meritório de filantropia e caridade e perpetuariao seu nome.

Cassiano Campolina respondeu ao Cel. Joaquim Pacheco que natural-mente ele ignorava que o seu testamento já estava feito e desconhecia as suasdisposições testamentarias, explicando-lhe, em seguida, que por essas dispo-sições ele, Joaquim Pacheco, era o herdeiro de sua fazenda e de toda a suacriação e que João Ribeiro herdava os seus títulos e dinheiro existente. Ime-diatamente o Cel. Joaquim Pacheco, com uma abnegação e desapego forado comum, e movido por um ideal superior e por um gesto nobre da caridadebem compreendida, disse a Cassiano Campolina que, da parte dele, desistiadessa herança e que ele, Cassiano Campolina, podia reformar o seu testa-mento e praticar esse ato meritório que elevaria seu nome no conceito daposteridade.

João Ribeiro, consultado a respeito, foi da mesma opinião, revelandotambém o seu elevado espírito de desprendimento e desinteresse.

Foi assim que Cassiano Campolina, reformando o seu testamentoanterior, fez seu último testamento, datado de 22 de fevereiro de 1903 e

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aprovado pelo tabelião do 1º ofício, Antônio Pereira de Medeiros, em 24 defevereiro do mesmo ano.

Como se vê do exposto, a idéia da fundação de um hospital nesta ci-dade partiu do benemérito entrerriano Dr. Arthur Ribeiro de Oliveira, entãoJuiz de Direito da Comarca; e graças ao desprendimento pouco comum deJoaquim Pacheco de Resende e de João Ribeiro de Oliveira, desistindo porum gesto nobre e altruísta de uma herança de avultados bens, pôde o mesmohospital tornar-se uma realidade com a fortuna acumulada por Cassiano Cam-polina com o trabalho rude e ingrato durante mais de cinquenta anos.

TESTAMENTO DE CASSIANO CAMPOLINA

Para redigir o seu testamento, no qual vêm as bases para a organizaçãodo futuro Hospital, Cassiano Campolina, por intermédio de seu amigo, o dis-tinto entrerriense Francisco Baptista de Oliveira, pediu ao pranteado SenadorFeliciano Penna que lhe mandasse as instruções necessárias para fazer umtestamento de acordo com as disposições legais e para evitar qualquer nuli-dade futura. E Feliciano Penna satisfez ao seu justo pedido, aproveitando paraa futura organização do hospital muitas idéias já postas em prática na SantaCasa de Misericórdia de Juiz de Fora.

Nessa ocasião, Francisco Baptista de Oliveira escreveu uma carta longae muito criteriosa a Cassiano Campolina, congratulando-se com ele pela suafeliz inspiração e aplaudindo a sua bela resolução; sendo esta a única interfe-rência de Francisco Baptista de Oliveira na fundação do Hospital CassianoCampolina.

Assim, na fazenda do Tanque, no dia 22 de fevereiro de 1903, CassianoAntônio da Silva Campolina dava por concluído o testamento por ele ditado,escrito e assinado, pedindo que se cumprisse e guardasse o que nele se de-clarava, revogando outro qualquer que aparecesse com data anterior................................................................................................................................................................

Eu, Antônio Pereira de Medeiros, escrivão do primeiro officio desta Co-marca de Entre-Rios, na forma da lei, etc.:

Certifico que em meu poder e cartório se acham uns autos com o pró-prio testamento de Cassiano Antônio da Silva Campolina, em original e é doteor seguinte:

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EM NOME DE DEUS - AMÉMEu, Cassiano Antônio da Silva Campolina, abaixo assignado, estando de

perfeita saúde, em meu juízo e claro entendimento, determino fazer este meusolene testamento pela forma seguinte:

Declaro que sou natural desta Freguesia de São Brás de Suassuhy doTermo de Entre-Rios: residente nesta fazenda denominada - Tanque - domesmo termo.

Declaro que sou filho legítimo do major José Caetano da Silva Campo-lina e D. Francisca de Paula Ferreira, já fallecidos.

Declaro que sempre me conservei solteiro, e neste estado não tive filhoalgum, e, por conseguinte, não tenho herdeiros forçados.

Declaro e nomeio para meus testamenteiros: em primeiro lugar, Snr. JoãoRibeiro de Oliveira; em segundo, ao Snr. João Baptista de Oliveira e Souza, emterceiro ao Snr. Te. Cel. Joaquim Pacheco de Rezende: todos residentes na Fre-guesia de Entre-Rios, com substituição de huns aos outros, pela ordem da no-meação, e á aquelle que acceitar esta minha testamentaria lhe deixo emremuneração do seu trabalho a quantia de dous contos de reis. (Rs.2:000$000)e o prazo de hun anno para della prestar contas em juízo, e em todos depositointeira confiança e os hei por abonadas,

Declaro que é minha vontade, que o meu enterro seja feito com a maiorsimplicidade, e sem pompa alguma.

O meu cadáver será encomendado, e acompanhado por hun só sacer-dote e, este, celebrará hua missa pela minha alma.

É meu desejo ser sepultado no cemitério da Cidade de Entre-Rios: dadoo caso de que falleça nesta fazenda, o meu corpo será conduzido em esquifed’aqui para Egreja por alguns dos meus empregados, e agregados em númerode oito: e somente dos que me tiverem sido mais dedicados, e cada hun dellesse dará em remuneração do seu trabalho a quantia de cicoenta mil reis. (Rs.50$000) e da Egreja para o cemitério será conduzido por alguns dos meus Ami-gos, Parentes e affeiçoados que de bom grado queiram prestar-me este últimoserviço.

Na primeira dominga ou sete dias depois do meu fallecimento; meu tes-tamenteiro mandará por pessoa de sua confiança distribuir pelos pobres maisnecessitados da Freguesia de Entre-Rios, a quantia de quinhentos mil reis. (Rs.500$000) e igual quantia pelos da de Suassuhy; podendo ser as esmolas de 5$,10$, 20$ a cada hum conforme merecer: a juízo do distribuidor.

Deixo a Philomena Carolina da Silva, casada com o Snr. Antônio JoséCorrêa Loureiro, residentes em Suassuhy, trinta Apolices do Estado de Minas:ao portador, do valor nominal de hun conto de reis das quais terá somente osjuros enquanto viva for, não podendo transferi-las nem hypothecar e por suamorte serão divididas em iguais partes pelos seus filhos, e se succeder que

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eu sobreviva a ella; neste caso serão aos seus filhos os herdeiros sem ônus al-guns; embora exista o marido, também a ella deixo com as mesmas clausulashuas casas de vivenda sitas no Arraial de Suassuhy, isto no caso de eu ainda aspossuir por occasião de meu falecimento, declaro livre de direitos Nacionaeseste legado - Apolices e Casas - que serão pagos a custas do monte.

Deixo em legado: também livre de direitos: a Eloy da Silva Campolina aquantia de cinco contos de rs. (5:000$000) com a clausula delle os empregar ouem Apolices ou em terrenos; podendo usufruir os juros daquelas; ou cultivarestes; porém nunca alheiar ou hypothecar ou dar em pagamento de suas dividas,e por seu fallecimento reverterão a seus filhos em iguais partes, e sem ônusalgum.

Deixo a cada hun dos meus empregados: tanto os presentes com fuctu-ros, que por ocasião do meu fallecimento estiverem; pelo menos há cinco anosconsecutivos, e effectivamente no meu serviço a quantia de quinhentos mil reis.(Rs500$000) a cada hum livres de direitos e quaisquer despesas; actuamentesão lelles: Torquato Brasiliense, Theobaldo da Costa, Vigilato Cândido, Pedro daCosta, e Francisco Mathias com a declaração que se alguns destes se retiraremda minha companhia antes do meu fallecimento, nenhum direito terá este le-gado.

Deixo em legado para a fundação, instalação, e patrimonio de hun Hos-pital ao que se dará a denominação de - Hospital Cassiano Campolina - massem prejuizo das desposições acima descriptas, todo dinheiro que por occasiãodo meu fallecimento eu possuía em moéda metallica, papel Apólices do Go-verno, e quaisquer outros titulos publicos ou particulares que representem valorpecuniario.

Para dar execução a esta verba, encarrego a Associação do Pão de SantoAntonio, ora existente na Cidade de Entre-Rios, e se esta por occasião do meufallecimento já houver sido extincta; o meu testamenteiro convidará a trinta ho-mens de reconhecida probidade para elegerem o Provedor (e é meu desejo queseja alguns dos meus testamenteiros que a isso queira prestar-se) Thesoureiro,Secretário e mais mais funccionários que forem necessario para darem anda-mento a construção do dito Hospital, para cujo fim farão acquisição de terrenoapropriado nas imediações da Cidade de Entre-Rios.

Orçamento e planta do Edifício, e suas dependências será regulado pelasforças do legado, reservando em Apólices a quantia que julgar necessária parao seu Patrimônio, o qual será inviolável, sendo applicados somente os juros parao custeio e conservação do mesmo: cujo Hospital será sempre administrado porSeculares de reconhecida probidade que serão remunerados, caso não quei-ram prestar-se gratuitamente e por espirito de humanidade, e sendo humainstituição de caracter particular não terá o poder civil ou eclesiástico gerênciaou intervenção alguma na sua administração, a qual será sempre confiada a

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Seculares que terão de ser eleitos, pelo conselho que para este fim terá de crear-se. Se não houver descrecimento nos meus haveres actuaes dedusidas as quan-tias necessárias para o cumprimento das outras disposições, o referido legadopoderá montar a settecentos e cincoenta contos, quantia que julgo sufficientepara ser construído e montado hun Hospital de primeira ordem (reservando-sequantia sufficiente para seu Patrimônio) no qual haverá accomodações para en-fermos atacados de qualquer enfermidade inclusive a loucura.

Os reconhecidamente pobres receberão tractamento gratuito tendopreferência na admissão em primeiro lugar deste Município, em segundo osde todo estado de Minas, em terceiro os demais Estados da União, em quartoos strangeiros, embora naturalizados.

Também haverá accommodações decentes e separadas para os favo-recidos da fortuna, os quais pagarão hua diária módica somente o quantocompense as despesas com o tractamento; porquanto é meu desejo que sejacreado hun estabelecimento que preste socorros a humanidade sofrredorasem vistas mercantis.

Quanto aos seus sttatutos e regimento interno, o Provedor adoptará osde alguma insttituição congenere mais conceituada, podendo nelles fazer al-guas alterações ou suppressões que julgar convenientes.

Deixo em legado ao meu testamenteiro, o Te. Cel. Joaquim Pacheco deRezende, ou a seus filhos se eu a elle sobreviver a minha Fazenda denominada- Tanque - com todos os seus Retiros e benfeitorias, moveis, animaes de crear ede trabalho nella existentes por occasião do meu fallecimento (a excepção dealgus pequenos objectos que deixo como lembrança material e que conterãode hua lista que deixo deixo separada deste) com o ônus delle legatárioou seus successores entrarem com a quantia de duzentos e cincoentacontos (rs.250:000$000) livres de Direito Nacionaes em dez prestaçõesiguaes e annuaes; sendo a primeira no primeiro mez de janeiro logo de-pois do meu fallecimento, e as demais nos Janeiros seguintes cujas pres-tações serão encorporadas ao fundo Patrimonial do Hospital creado pordisposição deste testamento; e si o legatário ou seus successores nãoacceitarem o legado assim clausulado serão os ditos immoveis, moveise semoventes vendidos em hasta publica, podendo os terrenos, e bemassim os animaes, serem divididos em lotes, a fim de facilitar a acquisi-ção dos licitantes, e o producto da venda terá o mesmo destino acimaindicado, isto é, será encorporado ao fundo Patrimonial do Hospitalcreado por disposição deste testamento.

Nesta forma dou por concluído este meu authentico testamentopor mim dictado, escripto e assignado, o qual quero que se cumpra eguarde como nelle se declara e contém revogando outro qualquer queappareça com data anterior.

Fazenda do Tanque, 22 de Fevereiro de 1903.Cassiano Antonio da Silva Campolina

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MEMORIAL

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LISTA DOS OBJETOS DEIXADOS PORCASSIANO CAMPOLINA A SEUS AMIGOS

Eu abaixo assinado recomendo aquele que aceitar a minha tes-tamentária que entregue os objetos abaixo descritos aos meus ami-gos abaixo declarados, cujos objetos nenhum valor intimesco temlhes deixado como um sinal de estima e uma lembrança material,estes objetos não serão inventariados, tendo esta declaração tantovigor como se fôra um codícielo de testamento.

A meu amigo João Baptista de Oliveira e Souza, deixo uma Bo-ceta de couro, que tem as iniciais J.T.C.;

Ao meu amigo João Ribeiro de Oliveira, deixo um relógio deouro com gôndola de coco, uma abotoadura, um collete e camisatudo de coco;

A meu amigo Joaquim Pacheco de Resende, um relógio deouro com tampa e gôndola de ouro e uma abotoadura do mesmometal, para camisa, tudo com as minhas iniciais;

A meu amigo J. Augusto Moreira de Mendonça, um freio ca-beção, rédeas e cabeçada, tudo de prata e um dos meus animais desela a sua escolha;

A meu amigo Capitão João Severino de Magalhães Lopes, umafaca aparelhada de prata e intersada de ouro;

A seu filho Antônio, uma dádiva singela;A meu amigo Ulyses Gonçalves de Souza, um alfangere, um

facão aparelhado de prata;A meu amigo José Pena de Oliveira, por antonomásia Bina, a

minha espingarda de dois canos;A meu amigo Belisário de Andrade uma espingarda de um

cano;A Pedro Antônio da Costa, Fidélis da Costa, Hyginio Silva, deixo

os imóveis constando dos títulos, que se acham na gaveta e queserão a eles entregues.

15 de março de 1904.Cassiano da Silva Campolina

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A CONSTITUIÇÃO DA IRMANDADE

Após o falecimento de Cassiano Campolina, a 26 de Julho de 1904, seu tes-tamento foi aberto. De acordo com as disposições testamentarias, ficava encarre-gada de dar execução à verba testamentaria a Associação do Pão de Santo Antônio,fundada em 8 de Julho de 1900 pelo Sr. Francisco Baptista de Oliveira. Mas, pelosmotivos expostos na reunião de 24 de Agosto de 1904, não podendo aquela Asso-ciação aceitar a incumbência do finado, o testamenteiro, Sr. João Ribeiro de Oliveira,nomeou 30 homens para formarem a Irmandade e no mesmo dia, 29 de Agosto doreferido ano, os convocou para elegerem a mesa administrativa do Hospital.

Assim foi composta a Irmandade: - Alfredo Ribeiro de Oliveira, - Aladin Gon-çalves Faleiros, - Antônio de Oliveira e Souza, - Arthur Alves de Alcantara Campos,- Arthur Ribeiro de Oliveira, - Aureliano Pacheco de Souza, - Aurélio Ribeiro de Oli-veira, - Dr. Balbino Ribeiro da Silva, - Esperidião Ribeiro de Oliveira, - Filene Pachecode Souza, - Major Francisco Bernardes de Moura, - Francisco Gonçalves de Resende,- Francisco Pacheco de Souza, - Francisco Ribeiro Pena, - Francisco Ribeiro de Oli-veira, - Franklin Ribeiro Pena, - Senador João Ribeiro de Oliveira, - João Baptista deOliveira, - João Baptista Veloso, - João Baptista de Souza, - João Sebastião de Re-sende, - Cel. Joaquim Pacheco de Resende, - Joaquim Pacheco de Souza, - JoaquimRibeiro de Oliveira, - José Monteiro de Moura, - Maciel José da Cruz, - Marçal Batistade Souza, - Marçal de Oliveira e Souza, - Marçal Pacheco de Souza, - MonsenhorAntônio da Silva Leão, Presciliano Pacheco de Resende.

Procedendo-se a apuração da eleição da Mesa Administrativa, foramproclamados eleitos:

Prometeram leal e honradamente exercerem as funções dos cargos paraque foram eleitos, tendo sido tomado o termo no respectivo livro.

Também, nesta reunião, foi aprovada a proposta do irmão Aurélio Ribeirode Oliveira de mandar fazer o retrato a óleo do fundador do Hospital e mandarconstruir um mausoléu em seu túmulo.

Provedor - Monsenhor Antônio da Silva LeãoTesoureiro - Aurélio Ribeiro de OliveiraSecretário - Alfredo Ribeiro de OliveiraComissão ConstrutoraDr. Arthur Ribeiro de OliveiraMesários:- Dr. Balbino Ribeiro da Silva

- Comendador Francisco Ribeiro de Oliveira- Major Francisco Bernardes de Moura- João Baptista de Oliveira e Souza- Cel. Joaquim Ribeiro de Oliveira- João Ribeiro de Oliveira- Ten. Celm Joaquim Pacheco de Resende- José Monteiro de Moura

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IRMANDADE DO HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA

Desde sua fundação em 29 de Agosto de 1904

01- Alfredo Ribeiro de Oliveira 1904 /194202- Aladin Gonçalves Faleiro 1904 /192803- Antônio de Oliveira e Souza 1904 /191804- Arthur A. de Alcântara Campos 1904 /191805- Artur Ribeiro de Oliveira (Cons.) 1904 /193606- Aureliano Pacheco de Souza 1904 /191307- Aurélio Ribeiro de Oliveira 1904 /196608- Balbino Ribeiro da Silva (Dr.) 1904 /195109- Esperidião Ribeiro de Oliveira 1904 /192810- Fileno Pacheco de Souza 1904 /190511- Francisco B. de Moura (Major) 1904 /191812- Francisco G. de Resende 1904 /192813- Francisco Pacheco de Souza 1904 /191814- Francisco Ribeiro Pena 1904 /193615- Francisco Ribeiro de Oliveira 1904 /193116- Franklin Ribeiro Pena 1904 /191217- João R. de Oliveira (Senador) 1904 /190618- João B. de Oliveira e Souza 1904 /190919- João Baptista Veloso 1904 /191220- João Baptista de Souza 1904 /193221- João Sebastião de Resende 1904 /192022- Joaquim P. Resende (Ten. Cel.) 1904 /191223- Joaquim P. de Souza (Ten. Cel.) 1904 /191524- Joaquim R. de Oliveira (Cel.) 1904 /192725- José Monteiro de Moura 1904 /194126- Maciel José da Cruz 1904 /191827- Marçal Batista de Souza 1904 /191228- Marçal de Oliveira e Souza 1904 /196029- Marçal Pacheco de Souza 1904 /193030- Monsenhor Antônio da Silva Leão 1904 /191331- Presciliano Pacheco de Resende 1904 /191832- Juscelino Pacheco da Silva (Major) 1905/191733- Francisco de Paula Franco 1907/194134- José da Rocha Mendes 1909/191735- Arthur Ribeiro de Oliveira e Souza 1912/194136- Francisco José de Vasconcelos 1912/193537- Joaquim Resende (Coronel) 1912/192438- Audemaro Ribeiro de Oliveira 1913/192439- Henrique Bawden (Dr.) 1913/191440- Antônio de Miranda e Souza 1914/192941- Sebastião Perpetuo dos Santos 1915/192242- Antônio Resende 1917/1925

43- Luiz Ribeiro de Oliveira 1917/192044- Álvaro Ribeiro de Oliveira 1918/193745- José Aureliano de Oliveira 1918/192846- José Eduardo de Resende (Dr.) 1918/192447- José Resende (Coronel) 1918/192848- Teodosio Vaz de Oliveira 1918/193449- Alberto Ferreira de Resende 1920/195850- Antônio Machado de Miranda 1920/192551- João de Oliveira Resende 1921/195852- Padre Rodolfo das Mercês Pena 1923/193553 Antônio Alves Cardoso 1925/194254- Celso Mendes 1925/197755- Juscelino Pacheco dos Reis 1925/193156- Luiz Ribeiro de Oliveira 1925/192757- Newton Paulo de Resende 1926/193458- Gastão Ribeiro de Oliveira (Dr.) 1928/193959- Joaquim Resende (Cel.) - (Reeleito) 1928/195460- Baltazar de Oliveira Resende 1929/194661- José Pacheco de Resende 1929/193962- Mário Ribeiro de Oliveira 1929/193963- Militão da Silva Bastos 1929/193164- Sylvio Augusto Braga 1929/193665- Amando Dias Leite 1930/194266- Antônio Carlos Ribeiro de Andrada 1930/193167- Antônio Carlos Rib. de And. Sobrinho 1930/193068- Celso Mendes (Reeleito) 1930/193469- Amintas Hilarito Marques da Rocha 1931/194170- José Alves Cardoso 1931/193471- Manoel da Fonseca Resende 1931/195272- João Baptista de Resende Alves (Dr.) 1932/193773- Antônio Moraes 1934/193974- José dos Santos Oliveira 1934/193975- Oromar Seabra Eiras 1939/194276- Antônio Carlos Ribeiro de Andrada

Sobrinho (Reeleito) 1935/193977- Antônio Gonçalves de Resende 1935/196978- José Sebastião Batista de Oliveira 1935/198879- Gastão Ribeiro de Oliveira Resende 1936/198480- Gustavo Corrêa Gonzaga 1936/197681- José Dias Batista (Dr.) 1936/193982- Achiles Teixeira Veloso 1938/194083- Waldemar Ribeiro Pena 1938/1944

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84 Geraldo Resende dos Santos 1939/194185 João da Fonseca Resende 1939/198786 José Mendes (Reeleito) 1939/194087 Pitágoras Demócrito de Almeida 1939/195388 Regino Marques Pereira 1939/194289 Albanito Vaz de Oliveira 1940/196590 Américo Ribeiro de Paula 1940/196691 José Aureliano Duarte 1940/194292 Raul Dias Leite 1940/195193 Lázaro Lara 1941/195094 Moacir Seabra Eiras 1941/194695 Octaviano de Oliveira 1941/198496 Paulo Dias Leite 1941/195197 Wilson Vasconcelos de Oliveira 1941/194298 Eurico Antunes da Fonseca 1942/195899 Francisco de Paula F. e Costa Neto 1942/1946100 Jair Adelino da Fonseca 1942/1962101 João Ribeiro Maia Cardoso 1942/1952102 José Augusto Vieira de Resende 1942/1950103 Teodósio Vaz de Oliveira 1942/1949104 Tiago Ribeiro de Almeida 1942/1984105 Antônio Moraes (Reeleito) 1944/1978106 Castorino José Teixeira 1946/1958107 Joaquim Aguiar Coelho 1946/1961108 Wilson Monteiro Oliveira 1946/1958109 Tarcísio Adelino da Fonseca 1949/1958110 Hélio Andrade Ribeiro de Oliveira 1950/1963111 Norberto de Oliveira Resende 1950/1954112 João Baptista Alves de Resende 1951/1958113 José Alberto de Resende 1951/1970114 Roberto Andrés R. de Oliveira (Dr.) 1951/1953115 João Ribeiro Maia Filho 1952/2004116 Joaquim Morais 1952/...117 Arnaldo de Oliveira Resende 1953/...118 Adelino Ribeiro Maia 1954/1969119 Amintas H. M. da Rocha (Reeleito) 1954/1971120 Tomas de Aquino Gonzaga 1955/1958121 Amárilio Ribeiro Moreira Pena 1958/1962122 Fernando Alves de Resende 1958/1980123 João Crisostomo de Resende 1958/1979124 José Resende de Castro 1958/1960125 Maurício Alves de Resende 1958/1965126 Nelson de Urbano Resende 1958/1970127 Tarcísio Ribeiro de Oliveira Resende 1958/1974128 Venino Dias de Oliveira 1958/1959129 Sebastião de Oliveira 1959/1969130 Ernani de Oliveira e Souza 1960/1969131 Gustavo Ribeiro Cardoso 1961/1963132 Jorge de Souza Resende 1961/...133 João Fernandes Filho 1962/1967134 Silvério de Oliveira Resende (Dr.) 1962/1997135 Francisco Marzano 1963/1980

136 Geraldo Medeiros 1963/1983137 Edgard Morais 1965/...138 João Eliezer de Resende 1965/...139 José Agostinho dos Santos 1967/1975140 Orlando Mota 1967/1979141 Paulo de Andrade Urbano 1967/1977142 Oswaldo Vasconcelos Dias 1969/1970143 Antônio Militão Maia 1970/2004144 Francisco Assis Alves de Resende 1970/1997145 Joaquim de Andrade Urbano 1970/1993146 José Firmino Pena 1970/2002147 José Isidoro de Resende 1970/1993148 Severiano Antônio da Costa 1970/1989149 Mário Nascimento de Assis 1972/1992150 Paulo de Tarso Morais (Dr.) 1974/2008151 Magno Gonçalves Coelho 1975/1990152 João José Miranda de Resende 1976/...153 Eduardo Ribeiro Maia 1977/...154 Afonso Miranda de Resende (Dr.) 1978/...155 Antônio Vieira da Costa 1978/2000156 Arnaldo Monteiro de Oliveira 1980/1991157 José Monteiro de Oliveira 1980/2000158 Tarcísio Marzano 1980/...159 Pe. José Belvino do Nascimento 1980/1984160 José Helvécio de Almeida 1984/2009161 José Maria Meireles Junqueira (Dr.) 1984/...162 Gastão Ribeiro de O. Resende Filho 1984/...163 Pe. Antônio Eustáquio Barbosa 1984/1989164 Roberto Ribeiro de Oliveira Resende 1984/1998165 Mário Augusto Alves de Andrade 1988/...166 José Alberto de Resende (Reeleito) 1989/2002167 José Augusto Moreira 1989/...168 Eduardo Gomes Mendes (Dr.) 1990/1997169 Tarcísio R. de O. Resende (Reeleito) 1990/...170 Mário Lúcio R. Ribeiro de Oliveira 1992/...171 Dom Oscar de Oliveira 1993/1997172 Paulo de Tarso Morais Filho (Dr.) 1994/...173 Alcino Lázaro da Silva (Dr.) 1995/...174 Daniel Andrade Ribeiro de Oliveira 1998/...175 Dom José Belvino do Nascimento 1998/...176 João Eduardo M. de Oliveira e Souza 1998/...177 Saulo Mascarenhas R. de Oliveira 1998/...178 Silvério de Oliveira Resende Júnior 1998/2007179 Afonso Maria Vaz Resende (Dr.) 2001/...180 Silvério de Oliveira Resende (Dr.) 2001/...181 Eduardo Gomes Mendes (Dr.) 2003/...182 Joaquim Morais Júnior (Dr.) 2003/...183 Túlio Luís Resende 2004/...184 Pedro Ribeiro de Oliveira Resende 2004/...185 Nilson Vieira da Costa 2007/...186 Carlos Mário da S. Velloso (Ministro) 2009/...187 Maurílio de Oliveira Resende 2010/...

Obs.: As referências de datas com reticências são de pessoas que ainda fazemparte da Irmandade.

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A CONSTITUIÇÃO DOS ESTATUTOS

Na mesma reunião de constituição da Irmandade, em 29 de Agosto de1904, foi apresentado pelo Irmão Aurélio Ribeiro de Oliveira um projeto de es-tatutos, o qual depois de discutido foi aprovado unanimemente por todos osIrmãos presentes e convertido em lei desta Irmandade, assim transcrito:

ESTATUTOS DO HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA

Capítulo I

Da fundação, sua sede, seus fins e duração.Art.1 - O Hospital Cassiano Campolina instituído, com sede nesta Cidade de Entre Rios, pelobenemérito entrerriano Cassiano Antônio da Silva Campolina, em virtude de verba testamen-taria, reger-se-á pelos presentes estatutos aprovados pela Assembléia Geral da Irmandade.Art. 2 - A Fundação tem por fim:

a) prestar socorros médicos cirúrgicos aos doentes pobres que os reclamarem, dando pre-ferencia:

1º aos da Cidade e Município de Entre Rios;2 º aos outros pontos do Estado de Minas;3º aos de outros Estados;4º aos estrangeiros.b) prestar socorros médicos cirúrgicos e medicamentos, na respectiva policlínica, aos doen-tes pobres, que puderem tratar-se em seus domicílios,c) receber doentes mediante módica remuneração, que não sendo pobres, quiserem ser-vir-se do tratamento no Hospital.

Art. 3º - Esta fundação existirá por tempo indefinido e não poderá fazer junção com outra.

Capítulo II

Da IrmandadeArt. 4º - O patrimônio do Hospital assim como tudo quanto lhe diz respeito, é confiado auma Irmandade constituída pelos trinta homens escolhidos pelo testamenteiro do seu fun-dador, de acordo com a respectiva verba testamentária, e que serão substituídos na formados artigos 8º e 9º destes estatutos.Art. 5º - A Irmandade terá o número limitado de trinta membros, o qual em tempo algumpoderá ser alterado.Art. 6º - Os Irmãos serão vitalícios e só perderão seus lugares por morte, renuncia e conde-nação em pena infamante e nos casos de incapacidade física ou moral averiguados no juízocompetente.Art. 7º - Reputa-se ter renunciado o lugar o irmão que deixar de comparecer a três sessões

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consecutivas ordinária ou extraordinária.Art. 8º - As vagas que se derem na Irmandade serão preenchidas, um mês depois de confirma-das, convocando, para este fim, o provedor uma sessão extraordinária.Art. 9º - A eleição dos novos Irmãos será feita pela Irmandade em escrutínio secreto e maioriaabsoluta de votos, procedendo-se a novos escrutínios, toda vez que um dos votados, não al-cançar essa maioria.Art. 10º - os Irmãos eleitos tomarão posse dentro do prazo de noventa dias, ou em sessão daIrmandade, ou perante o provedor, prestando o necessário compromisso.Art. 11º - A Irmandade compete:

a) eleger os Irmãos,b) eleger a Mesa Administrativa,c) tomar contas da administração anualmente a Mesa Administrativa, findo ano social queterminará sempre a 31 de dezembro.d) Autorizar a Mesa Administrativa a alienar bens imóveis.e) Votar os acontecimentos anuais e quaisquer reforma dos estatutos.

Obs.: salvo, os bens que fizerem parte do patrimônio inviolável.

Capítulo III

Da Administração do HospitalArt. 12º - A administração do Hospital será conferida a uma diretoria composta de um Provedor,um Secretário, um Tesoureiro e oito Irmãos; os quais constituirão a Mesa Administrativa e terãoo título de mesários.Art. 13º - A Mesa Administrativa será eleita quatrienalmente dentre os Irmãos residentes nodistrito da cidade, e poderá ser reeleita.Art. 14º - As vagas que se derem na mesa serão preenchidas vinte dias depois de confirmadas,convocando o provedor uma sessão extraordinária para esse fim.

§ único: Faltando três meses para terminar o ano social, não será preenchida a vaga, salvoo caso de não haver número legal para as reuniões ordinárias.

Art. 15º - A Mesa Administrativa compete:a) resolver todas as questões relativas à administração do Hospital;b) criar os empregos precisos, nomear, suspender e demitir os empregados subalternos emarcar-lhes os vencimentos;c) tomar conta ao tesoureiro e provedor nas sessões ordinárias e extraordinárias;d) autorizar ao Provedor a alienar bens móveis do Hospital, salvo os do patrimônio invio-lável;e) prestar contas da sua gestão ou administração à Irmandade, no final do ano social

Capítulo IV

Do ProvedorArt. 16º - O Provedor é o Presidente da Mesa Administrativa e compete-lhe:

a) convocar as sessões da Irmandade,b) convocar e presidir as sessões da Mesa Administrativa,c) dirigir com ordem as reuniões da Mesa Administrativa,d) representar a Irmandade em juízo ou fora dele,e) subscritar todos os livros da Irmandade e mante-los em ordem,

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f) fiscalizar os encargos do Tesoureiro e Secretário,g) executar e fazer executar estes estatutos e as deliberações da Irmandade,h) autorizar as despesas urgentes que não excederem de quinhentos mil reis; salvo comautorização da Mesa Administrativa, submetendo seu ato a aprovação desta na primeirasessão.i) assinar todas as portarias de despesa, lançando nelas o pague-se;j) assinar com o Secretário e Tesoureiro os diplomas dos Irmãos;k) apresentar no fim do ano social um relatório circunstanciado do estado da Irmandade,anexando-lhe o balanço geral da tesouraria, os esclarecimentos sobre os serviços do Hos-pital e um projeto de orçamento para o novo exercício;l) nomear as comissões necessárias, com exceção daquelas cuja nomeação pertence pri-vativamente a Irmandade.

Art. 17º - Em caso de impedimento temporário o Provedor será substituído:1º pelo Tesoureiro2º pelo Secretário3º pelo mais velho dos Mesários§único: Em caso de impedimento definitivo do Provedor o seu substituto convocará ime-diatamente a Irmandade.

Capítulo V

Do TesoureiroArt. 18º - O Tesoureiro é o chefe da Tesouraria e compete-lhe:

a) Arrecadar todas as quantias e valores pertencentes a Irmandade;b) Fazer os pagamentos autorizados guardando as respectivas portarias;c) Apresentar mensalmente à Mesa um balancete demonstrativo do estado financeiro daIrmandade;d) Depositar nos estabelecimentos bancários que a Mesa indicar o dinheiro pertencente aIrmandade, conservando em seu poder apenas a quantia necessária para as despesas or-dinárias da Irmandade;e) apresentar no fim do ano social um relatório e balanço geral da receita e da despesa daIrmandade anexando-lhe os documentos necessários;f) Assinar com o Provedor os cheques e ordens para a retirada do dinheiro depositado;g) Averbar as apólices da Irmandade e receber os respectivos juros;h) Empregar em apólices ou títulos os garantidos pelo Governo Federal, do Estado deMinas, ou em imóveis que derem renda, com prévia autorização da Mesa, as quantias des-tinadas ao patrimônio da Irmandade;i) Prestar contas ao Provedor e substituí-lo em suas faltas e impedimentos.

Capítulo VI

Do SecretárioArt. 19º - O Secretário é o chefe da secretaria e compete-lhe:a) Ser o Presidente nas sessões e fazer a correspondência da Irmandade;b) Redigir e ler as atas das sessões, registrando-as com as modificações que sofrerem, de-pois de aprovadas nos livros próprios;c) Passar e assinar com o Provedor e Tesoureiro os diplomas dos Irmãos;d) Prestar contas ao Provedor.

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Capítulo VII

Das Sessões:Art. 20º - A Mesa Administrativa celebrará uma sessão ordinária no segundo domingo de cadamês, na qual será lido o expediente e ser1ão discutidos assuntos relativos à administração daIrmandade e tratar dos interesses da Mesa.

§ 1º A Mesa Administrativa poderá celebrar sessões extraordinárias além das sessões ordi-nárias seja com a mesma ordem do dia, seja por motivos de urgência, por indicação do Pro-vedor ou proposta de algum Mesário;§ 2º O Provedor fará as convocações para as sessões ordinárias e extraordinárias; as sessõesordinárias porem serão celebradas no dia marcado pelos estatutos, podendo prescindir deconvocação;§ 3º A Mesa Administrativa poderá funcionar nas sessões ordinárias e extraordinárias, naprimeira convocação com a maioria de seus membros, inclusive o Provedor, o Secretário eo Tesoureiro; na segunda convocação, feita com o intervalo de oito dias. Com cinco, inclusiveo Provedor, o Secretário e o Tesoureiro; na terceira convocação feita também com intervalode oito dias. Com qualquer número de Mesários além do Provedor, do Tesoureiro e do Se-cretário.§ 4º O Secretário lavrará uma ata circunstanciada dos assuntos tratados na Mesa, indicandoos Mesários presentes e assinada pela Mesa Diretora da reunião.

Art. 21º A Irmandade se reunirá em Assembléia Geral para os fins constantes do Art. 11º.§ 1º As sessões da Irmandade poderão ter lugar; na primeira convocação com a maioria dosIrmãos; na segunda; feita com intervalo de oito dias, com qualquer número, além dos trêsmembros da Mesa Diretora das sessões;§ 2º As convocações serão feitas pelo Provedor, por meio de cartas dirigidas a cada um dosIrmãos, podendo, porém, as sessões ordinárias ter lugar independentemente dessa forma-lidade;§ 3º Presidirá as sessões da Irmandade o membro para esse fim aclamado; o qual nomearádois Secretários ad hoc;§ 4º Um desses Secretários lavrará uma ata sumária com o resultado da eleição que, porventura, se efetuará com o parecer prestado sobre as contas e sobre o modo pelo qual foifeita a administração no ano social findo, e com o orçamento votado para o exercício se-guinte, indicando os nomes dos Irmãos presentes e sendo assinada pela Mesa Diretora dasessão.

Art. 22º Anualmente terão lugar as seguintes sessões ordinárias:a) no segundo Domingo de Dezembro reunir-se-á a Irmandade para eleger uma comissão

de três membros a fim de examinar e emitir parecer sobre as contas da Mesa Administrativa,b) no primeiro Domingo de Janeiro reunir-se-á novamente para o julgamento das contas e

votação dos orçamentos para o exercício seguinte.Art. 23º Na reunião ordinária de Dezembro do último ano do quatriênio da Mesa Administrativaproceder-se-á também a eleição da nova Mesa, competindo ao Secretário daquela comunicaraos eleitos a sua nomeação.

§ 1º A nova Mesa Administrativa, em sessão da Mesa transcrita para esse fim convocada to-mará posse perante qualquer número de Mesários presentes, e, em caso de ausência abso-luta destes, tomará posse por si mesma perante o Provedor eleito e entrará em exercício;§ 2º O Mesário eleito que não comparecer a sessão da posse sem comunicação será consi-derado como não tendo aceitado o lugar;§ 3º Em caso de preenchimento de qualquer vaga verificada na Mesa antes de findo o qua-triênio, o eleito tomará posse perante o Provedor ou quem suas vezes fizer.

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Art. 24º As atas das sessões da Irmandade e da Mesa Administrativa serão lavradas em livrosespeciais, destinados para este fim que ficaram sob guarda do Secretário.

Capítulo VIII

Das Votações:Art. 25º As votações nas sessões da Mesa Administrativa da Irmandade serão em geral simbó-licas, salvo os casos seguintes:

a) Serão nominais, por proposta de alguns dos membros da reunião;b) Serão por escrutinário secreto de votos, nas eleições e nas questões em que seja pes-soalmente interessadas algum de seus membros.

Art. 26º Nas eleições, em caso de empate ou de não reunir um dos candidatos maioria absolutade votos proceder-se-á a novos escrutinários entre os candidatos mais votados até se atingir auma maioria e no caso de empate, se este persistir, a sorte decidirá. Art. 27º Nas eleições as cédulas indicarão explicitamente os cargos e os nomes suficientes paraas vagas.Art. 28º Nas votações não serão admitidas procurações.

Capítulo IX

Do Patrimônio.Art. 29º O patrimônio do “Hospital” será constituído por bens imóveis que dêem renda e porfundos públicos da União, do Estado de Minas ou deste Município.Art. 30º O patrimônio será dividido em duas partes distintas; uma disponível, a juízo da MesaAdministrativa ou da Irmandade, conforme se tratar dos bens móveis ou imóveis, e outra queconstituirá o Patrimônio inviolável e será formada por bens imóveis que dêem renda ou fundospúblicos inalienáveis.Art. 31º O patrimônio inviolável será constituído por doações inter vivas ou mortis causa, des-tinadas expressamente pelo doador para esse fim.Art. 32º A escrituração indicará sob o título “Patrimônio” os bens componentes da parte dispo-nível e sob o Título de “Patrimônio Inviolável” os bens que se refere o artigo anterior.Art. 33º O legado deixado ao Hospital pelo seu fundador fará parte do Patrimônio inviolável eserá convertido em apólices inalienáveis do Estado, deduzida a parte necessária para a fundaçãoda Casa de Caridade.Art. 34º A receita da fundação constará em juros de apólices e títulos diversos, alugueis de imó-veis, pensões de doentes contribuintes, renda da farmácia, donativos, dinheiro em conta cor-rente, em estabelecimentos bancários, subvenções dos poderes públicos etc.

Capítulo X

Disposições GeraisArt. 35º Os presentes estatutos só poderão ser alterados procedendo a proposta de dois terçosdos Irmãos.Art. 36º A Mesa Administrativa fará o regimento interno do Hospital, ficando autorizada a con-tratar pessoas de caridade de qualquer ordem religiosa para o serviço do mesmo.Art. 37º Constituíram parte integrante destes estatutos as diversas cláusulas estabelecidas notestamento do fundador do Hospital.

Disposições Transitórias.

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Art. 1º O mandato da primeira Mesa Administrativa terminará a 31 de dezembro de 1908.Art. 2º A construção do Hospital ficará a cargo de uma comissão composta do Provedor, Tesou-reiro, Secretário e mais um Irmão, e que prestará contas mensalmente a Mesa Administrativa.Art. 3º Para construção do edifício e dependências, a aquisição do terreno preciso, abastecimentode água potável, fica a Comissão autorizada a dispender a importância máxima de Re300:000$000 (Trezentos contos de Reis), precedendo sempre autorização da Mesa Administrativaaos contratos de valor superior a Re2000$000 (Dois contos de Reis). Art. 4º O Provedor mandará publicar e registrar estes estatutos, na forma estabelecida pela lei,assinando-os todos os Mesários.Art. 5º Os membros da Mesa presentes a reunião em que são votados estes estatutos tomarãoposse imediatamente depois da eleição, e os demais a tomarão perante o Provedor.

Cidade de Entre Rios, 29 de Agosto de 1904.

- Assim, o Hospital Cassiano Campolina adquiria personalidade Jurídica em 10 de Setem-bro de 1904; quando foram registrados seus primitivos Estatutos, sob o nº 1, a fls. 1v. dolivro A, n.1, no Registro Civil das pessoas Jurídicas.

- O Estatuto atualizado econtra-se no Anexo I, a partir da página 83

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A DEMANDA

Poucos dias depois da organização da Irmandade do Hospital,esta teve de lutar com uma injusta demanda que lhe foi proposta peloDr. José Caetano da Silva Campolina, sobrinho do testador, o qual pre-tendia a nomeação de inventariante no que foi atendido pelo entãoJuiz de Direito de Entre Rios, Dr. Oliveira Andrade.

Por um acaso providencial, estava presente em Entre Rios o irmãoDr. Arthur Ribeiro de Oliveira que já era Procurador Geral do Estado, eeste recomendou que por forma alguma se fizesse a entrega dos bensao pretenso herdeiro, e, seguindo imediatamente para Belo Horizonte,alí contratou os serviços do competente advogado Dr. Mendes Pimentelpara vir acompanhar a causa do Hospital.

Triunfou afinal o Direito e a Justiça, obtendo a Irmandade sen-tenças favoráveis nos Tribunais Superiores do Estado, como tudo constados autos no cartório de 1º ofício desta comarca.

Essas providências prontas e enérgicas, tomadas pelo Dr. ArthurRibeiro, exerceram uma influência decisiva na origem do Hospital. Seos bens do espólio fossem entregues ao Dr. José Caetano, a construçãodo Hospital não seria hoje uma realidade; a cidade de Entre Rios nãopossuiria este belo edifício de que tanto se orgulha, e a indigência desteMunicípio e dos Municípios vizinhos não estaria usufruindo os benefí-cios que o Hospital está continuamente lhe proporcionando.

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LEGADO DE CASSIANO CAMPOLINA

Aos vinte e seis dias do mês de Dezembro de mil novecentos e cinco,em casa de residência de João Ribeiro de Oliveira, presentes os mesários, oProvedor Monsenhor Antônio da Silva Leão, o Tesoureiro Aurélio Ribeiro deOliveira, o Secretário Alfredo Ribeiro de Oliveira, Cel. Joaquim Ribeiro de Oli-veira, João Baptista de Oliveira e Souza, Esperidião Ribeiro de Oliveira, Dr. Bal-bino Ribeiro da Silva, Senador Francisco Ribeiro de Oliveira, Major FranciscoBernardes de Moura e João Ribeiro de Oliveira, faltando, com causa justificada,o Cel. Joaquim Pacheco de Resende; havendo número legal, o provedor de-clarou aberta a sessão, que tinha por objeto receber os legados deixados aoHospital Cassiano Campolina de acordo com a verba testamentária do seu fun-dador, Cassiano Antônio da Silva Campolina, para cujo fim convidava a fazer otestamenteiro e inventariante do referido Campolina, o Sr. João Ribeiro de Oli-veira. Por este senhor foi dito que o inventário do instituidor do Hospital tevecomeço a 24 de novembro e terminou a 8 de dezembro do corrente ano, con-forme consta do cartório de 1º ofício desta Comarca, e que de acordo com omesmo inventário e testamento faria entrega à Mesa dos seguintes títulos evalores:

Ø 38 apólices do Estado de Minas Gerais do valor nominal de Quinhen-tos mil reis cada uma, sendo averbadas em nome do Hospital Cassiano Cam-polina sem clausula alguma, conforme certidão nos autos de prestação decontas testamentária.

Ø35 apólices ao portador, do Estado de Minas Gerais, do valor nominalde um conto de réis cada uma.

Ø 400 apólices nominativas do Estado de Minas Gerais, do valor nominalde um conto de réis cada uma, que foram abertas em nome do Hospital Cas-siano Campolina, com a cláusula de inalienabilidade, para constituir o seu pa-trimônio inviolável, nos termos do capítulo IX de seus estatutos e constam dacertidão de averbação nos autos de prestação de conta testamentária.

Ø 51 apólices nominativas do Estado de Minas Gerais, de valor nominalde um conto de réis cada uma, averbadas em nome do Hospital Cassiano Cam-plina sem cláusula alguma.

Ø 59 letras hipotecárias do Banco de Crédito Real de Minas Gerais, dovalor nominal de cem mil réis cada uma e juros de 7%.

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Ø 208 letras hipotecárias do mesmo Banco do valor nominal de cemmil réis cada uma a juros de 6%.

Ø dinheiro em papel no valor de trezentos e quarenta e cinco mil réis.Ø dinheiro em nícheis no valor de um mil e oitocentos réis.Ø dinheiro em cobres no valor de um mil quatrocentos e sessenta réis.Ø 187 moedas de ouro nacional do valor nominal de vinte mil réis cada

uma.Ø 85 moedas de ouro nacional do valor nominal de dez mil réis cada.Ø 150 moedas de ouro inglês com efígie da Rainha Victória e figura

de cavaleiro do valor nominal de quatorze mil e quinhentos e cinquenta réiscada uma.

Ø 30 moedas de ouro inglês com efígie da Rainha Victória e figura decavaleiro do valor nominal de cinco mil réis cada.

Ø tantas moedas de prata no valor total de um conto de réis.Ø Setenta e três contos duzentos e trinta três mil réis em títulos de

dívidas particulares.Ø Duzentos e cinqüenta contos de ônus do legatário Cel. Joaquim

Pacheco de Resende.Assim, o legado de Cassiano Antônio da Silva Campolina somou um

total de “Oitocentos contos quinze mil duzentos e vinte réis”. Após esta demonstração, foram deduzidas as despesas de custas do

inventário e todas as outras para cumprimento do testamento; ficando ofundo do Hospital Cassiano Campolina assim constituído: Bens e valores “Se-tecentos e Nove contos Setecentos e Setenta e Nove Mil Quatrocentos e TrintaRéis”.

Lida a conta, o presidente pôs em discussão, sendo pedido a palavrasobre ela, o Senador Ribeiro de Oliveira, disse que merecendo confiança aotestamenteiro e estando a conta perfeitamente exata, entendia não ser ne-cessária uma comissão para examiná-la, e propôs que fossem elas aprovadascomo se achavam, no que todos concordaram, sendo as contas aprovadasunanimemente. Em vista disto foram entregues solenemente todos os bensao Tesoureiro da Irmandade, que declarou estarem conforme à exposição feitapelo testamenteiro. Pelo testamenteiro foi também entregue o livro de as-sento do finado Cassiano Campolina. Não havendo mais nada a tratar o Pre-sidente deu por encerrada a sessão.

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ÁGUA POTÁVEL

Em virtude de autorização de 26 de dezembro de 1905, foi cele-brado com a Câmara Municipal um contrato para o serviço de abaste-cimento d’água ao Hospital, entrando este com a quantia deRe60.000$000 (Sessenta Contos de Réis) mediante as cláusulas especi-ficadas na lei 108 de janeiro de 1906 e lavrado nas notas do 1º ofício.

Diante disto, a Câmara Municipal, logo que recebeu a quantiaestipulada, contratou com o Dr. Ludgero Dolabella o serviço de abas-tecimento d’água vinda da Serra do Gambá.

Os canos, empregados no serviço, foram importados da França.A chegada deste material foi através de carros de boi, da Estação Fer-roviária de Conselheiro Lafaiete.

O serviço, na extensão de 10.250 metros, foi atacado sob a hábildireção do Sr. Marçal Pacheco de Souza em junho de 1906. A 10 de ou-tubro do mesmo ano, pela primeira vez correu a água na caixa dos cru-zeiros; usando então da palavra o Presidente da Câmara, Dr. Arthur Alvesde Alcântara Campos, que entregou ao Município este melhoramento.

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Planta do Hospital Cassiano Campolina

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PREPARATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO

Em reunião de apresentação do legado de Cassiano Campolina, em 26de Dezembro de 1905, foi proposto pelo irmão Dr. Balbino Ribeiro da Silva,que a diretoria do Hospital entrasse em acordo com a Câmara Municipal paraque esta se encarregasse de trazer a água potável à cidade, necessária ao inícioda construção do referido Hospital; com as condições de ser a este reservadonão só a água necessária a todo o serviço, como o direito às penas d’água quepodessem ser distribuídas às casas particulares, sem prejuízo dos chafarizespúblicos. O Hospital, para este serviço, entraria com a quantia máxima deRe60.000$000 (sessenta contos de réis).

Propôs, ainda, que autorizasse a Comissão construtora a iniciar o serviço,mandando desde já levantar a planta e o orçamento do edifício, assim comofazer aquisição do terreno preciso à construção do mesmo; podendo, com esteserviço, despender a quantia máxima de Re5.000$000 (cinco contos de réis).

Postas em discussão, estas duas propostas foram aprovadas unani-memente.

Assim, em 07 de janeiro de 1906, o irmão Aurélio Ribeiro de Oliveira,na qualidade de Tesoureiro, comunicava à Irmandade já ter adquirido o so-brado e respectivos terrenos da Rua da Batalha, a fim de construir ali o Hospital;e que o mesmo era em frente ao cemitério, por compra feita ao Irmão JoãoBaptista de Oliveira e Souza, por Re1.500$000 (Um conto e quinhentos milréis). Comunicou, também, ter adquirido pela quantia de Re50$000 (cinqüentamil réis) de Herculano Pacheco de Souza, Mariano Vaz e outros a parte quepossuíam no Campo da Batalha, anexa ao terreno.

Pelo incansável irmão Dr. Arthur Ribeiro de Oliveira, foi incumbido o Sr.Edgard Nascentes Coelho, renomado arquiteto em Belo Horizonte, o levanta-mento da planta do Hospital (página anterior), a qual foi entregue em 6 deMarço de 1906; satisfazendo todos os requisitos da ciência médico-cirúrgica eda higiêne.

Iniciou-se a demolição do sobrado velho, existente no terreno, remoçãodo material, abertura do caminho à pedreira, construção de muros nos terre-nos, aquisição de todos os materiais necessários para levantar o edifício, rea-lização de contrato com o Sr. Marçal Pacheco de Souza para o fornecimentode 800.000 (oitocentos mil) tijolos.

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A CONSTRUÇÃO DO HOSPITAL

A construção do edifício teve início em Novembro de 1906 com a co-missão construtora promovendo os festejos por ocasião da colocação dapedra fundamental do então sonhado Hospital, com a máxima solenidade.A parte essencial ao seu funcionamento foi concluída em fins de 1910.

A fachada principal, assim como todas as demais dependências doedifício, foi cuidadosamente travada a ferro; como também as principais jun-ções do engradamento.

Ficando mal impressionada com o preço da cal e seu grande consumona construção, mandou-se fazer uma exploração nas adjacências da cidade,esperando encontrar pedra calcária que pudesse ser transformada em cal.Infelizmente não se obteve sucesso.

Ponderando observações do médico Dr. Hermenegildo Vilaça e de-pois de conferenciar minuciosamente com o mestre de obras, o Sr. Antôniode Paula Nunes, a comissão construtora fez algumas alterações na planta,aumentando a altura do pé direito e mudando o lugar da sala de operações.Mandou construir mais 10 quartos no espaço das duas áreas centrais, semprejuízo de ventilação e arejamentos das ditas áreas, que ainda ficaram bas-tante espaçosas, bem iluminadas e higiênicas.

Todo o material necessário para a construção do mesmo foi alvo degrande sorvedouro de dinheiro, não só porque a quantidade necessária eracolossal, atenta à enormidade do edifício; como porque sua aquisição foidifícil e dispendiosa com grandes despesas no transporte.

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A ESCADA BALAUSTRADA

Para construção daescada de acesso ao

segundopavimento, assim

como a do mirante,o Sr. João Fernandes

de Resende,encarregado pela

obra e braço direitodo Irmão Aurélio

Ribeiro de Oliveira,conseguiu que o Sr.

Octaviano Bastos deOliveira doasse uma

árvore de IpêAmarelo.

Foram contratadosos serviços do

experientecarpinteiro, Sr.Peixoto, que aconstruiu com

guarda corpo emmadeira torneada,

compondo umabalaustrada, com

piso e forro emtabuado corrido.

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A PINTURA ARTÍSTICA

Todo o material necessáriopara a realização dos trabalhos,como tintas e pincéis, foram im-portados da França.

Para a pintura da Capela,foram contratados os serviços dopintor e construtor Francisco Ta-mietti, especializado em pinturasde marmorizados, estuques, pai-sagens e retratos, com grandeatuação em Belo Horizonte, ondejá havia realizado trabalhos noTeatro Municipal, Sala de Sessõesdo Senado Mineiro, Palácio da Li-berdade, Igreja Sagrado Coraçãode Jesus e várias residências dobairro funcionários. Serviços con-tratados por ocasião da vinda doRei Alberto (França).

Francisco Tamietti nasceu em Torino, Itália, e estudou na França. Quando foi convidado para fazer as pinturas do Hospital, residiu em

Entre Rios de Minas com sua esposa Angelina Butorine Tamietti e filha, retor-nou para Belo Horizonte quando sua esposa estava para ganhar o segundofilho, pois ela não quis permanecer nesta cidade, por causa de uma febre in-fecciosa que estava atacando as mulheres.

Segundo a filha de Francisco Tamietti, Lídia Tamietti Faleiro (hoje com90 anos de idade/1999), o pai além da Nossa Senhora na Capela do Hospital, também fez as pinturas do Salão Nobre (Provedoria) e Refeitório.

Conta sua filha uma história pitoresca relacionada a pintura da NossaSenhora:

Que o Pai não satisfeito com a expressão de seu rosto ficava cismandodiante da tela, até que, como se levado pelas mãos de Deus, o pincel em suamão fez a lágrima que faltava, só ai então ele deu por concluída esta obra.

Francisco Tamietti

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Pintura da Capela(Detalhes)Restauração feitapor: Sr. BeneditoCarmo Soares(Liliu de Calambau)e Sr. CláudioHenrique CardosoPena (artistaentrerriense).

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Pintura daCapela(Detalhes)

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Refeitório do Hospital Cassiano Campolina

Detalhes daspinturas

do Refeitório

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Quanto às pinturas realizadas no hall, sala da Provedoria e Te-souraria, levanta-se a hipótese revelada pelo amigo octogenário Sr.José Fernandes, filho do Sr. João Fernandes de Resende encarregadona obra de construção do Hospital:

Por ocasião da construção do Hospital, já em fase final, surgiuem Entre Rios um circo. Neste, havia um palhaço com invejável dá-diva, a pintura. Assim que a comissão construtora teve conhecimentoe comprovou suas habilidades, convidou-o a permanecer na cidade efazer o serviço de pintura interna dos mesmos. Este artista, que seocultava atrás de um simples palhaço, chamava-se Protázio.

Pinturas do refeitório do Hospital Cassiano Campolina

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Salão Nobre do Hospital Cassiano Campolina

O SALÃO NOBRE

Parte do conjunto arquitetônico do prédio, reservado a ser palcodas reuniões da Irmandade e resguardar a memória de seus benemé-ritos, foi inaugurado em 10 de janeiro de 1914 pela reunião ordináriada Irmandade; ainda desprovido de uma mobília adequada.

Em 5 de fevereiro de 1915, às quinze horas, em sessão solene,após a bênção do prédio, Dom Silvério Gomes Pimenta, arcebispo deMariana, a convite do provedor Cel. Joaquim Ribeiro de Oliveira, diri-giu-se ao Salão Nobre onde, sob calorosa salva de palmas, descerrou acortina que cobria o quadro de Cassiano Antônio da Silva Campolina.

Além de pessoas gradas desta cidade, participaram desta sole-nidade Dr. Balbino Ribeiro da Silva e sua esposa D. Maria José de Re-sende (Indé), D. Maria Augusta Ribeiro de Oliveira. Em seguida foi dada

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a palavra ao irmão Francisco de Paula Franco, então farmacêutico, quefez um brilhante elogio à memória de Cassiano Campolina, rendendoà sua memória o culto que lhe tem todo o Município de Entre Rios.

Salão Nobre - Detalhes da pintura do teto

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Em 7 de abril de 1917, foiinaugurado solenemente o re-trato a óleo do irmão benfeitore grande amigo de CassianoCampolina, o falecido Cel. Joa-quim Pacheco de Resende; re-vestindo-se essa solenidade degrande imponência pelo nú-mero elevado de pessoas gra-das que a ela compareceram.

Ao descerrar a cortina, odistinto orador, Dr. HenriqueBawden, fez o necrológiod’esse saudoso irmão, dandoalguns de seus traços biográfi-cos em frases repassadas detocante sinceridade.

Cel. Joaquim Pacheco de Resende

Em 14 de março de 1920, convencido, da necessidade de adquiriruma mobília decente e condigna; o provedor, Dr. Balbino Ribeiro daSilva, após percorrer diversas fábricas de móveis e de obter os desenhose orçamentos de diversos modelos, resolveu contratar a confecção daelegante e distinta mobília, destinada ao Salão Nobre, no acreditado eantigo estabelecimento de Leandro Martins & C, cujo custo, inclusivefrete, importou em Rs3.734$470 (Três contos setecentos e trinta quatromil, quatrocentos e setenta réis).

Inquestionavelmente era uma necessidade palpitante a aquisiçãodessa mobília; nosso Hospital em seu conjunto apresentava-se um todoatraente pela sua decoração sóbria e artística, impressionando agrada-velmente a quantos o visitavam; mas, quando se penetrava no SalãoNobre, tão imponente pelo belo acabamento de seu teto e de suas pa-redes, sentia-se constrangido, vendo-o tão desguarnecido.

Para maior desempenho e conforto nas reuniões da irmandade,o provedor Jorge de Souza Resende mandou confeccionar uma mesamais ampla e executou reformas nos estofamentos das cadeiras.

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Mobília do Salão Nobre do Hospital Cassiano Campolina

Em 1921, em sinal de gratidão para com o benemérito irmão JoãoRibeiro de Oliveira, foi colocado seu retrato a óleo no Salão Nobrecomo preito de justo reconhecimento pelos relevantíssimos serviçosprestados a este estabelecimento.

Para essa simpática solenidade foi escolhido o dia de Natal, tendosido a missa celebrada pelo descanso eterno de sua alma.

Às quatorze horas, realizou-se uma sessão solene e extraordináriada Irmandade com o comparecimento de numerosos irmãos, e degrande úmero de famílias de nossa melhor sociedade, as quais vieramdar um caráter popular e altamente significativo à merecida homena-gem prestada a um dos mais distintos e preclaros entrerrianos. A cor-tina, que vendava o quadro, foi descerrada pelo Cel. Joaquim Ribeirode Oliveira e pela Exma. Sra. Alzira Ribeiro de Oliveira e Souza, irmão efilha do homenageado.

A sessão da Irmandade teve a honra insigne de ser presidida poroutro entrerriano não menos digno e ilustre, o Desembargador ArthurRibeiro de Oliveira, que foi o cooperador desinteressado na obra me-ritória e altruística de João Ribeiro na defesa intransigente dos bens le-gados por Cassiano Campolina para a fundação do nosso Hospital

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O brilhante e exímio orador,Dr. Antônio Carlos Ribeiro de An-drada Sobrinho, a convite do prove-dor Dr. Balbino Ribeiro da Silva,produziu um belo e eloqüente dis-curso, fazendo o elogio da grandeobra de João Ribeiro, em linguagemaprimorada e convincente, pateandoassim mais uma vez o seu talento deorador correto e fluente.

João Ribeiro de Oliveira

Em 16 de novembro de 1924,em sessão extraordinária da Irman-dade exclusivamente para inaugu-ração do retrato do IrmãoBenemérito Dr. Arthur Ribeiro deOliveira, com a presença de grandenúmero de irmãos e pessoas gradasdesta cidade, foi pelo provedor Dr.Balbino Ribeiro da Silva, com elo-quência que lhe é peculiar, expostoà distinta e seleta assembléia o mo-tivo da presente sessão.

O Cel. Joaquim Ribeiro deOliveira, a convite do provedor, as-sumindo a presidência, convidoupara descerrar a cortina do retratoa Exma. Sra. D. Maria José de Re-sende Silva, esposa do Provedor, e o Exmo Sr. Senador Francisco Ribeirode Oliveira; o que foi feito, debaixo de prolongada salva de palmas.

Dada a palavra ao orador, Dr. Raymundo Gonçalves da Silva, queem eloqüente, vibrante discurso, cheio de justos conceitos ao homena-geado; disse, brilhantemente, o motivo da homenagem ora prestada.

Em seguida, com a mesma eloqüência e o mesmo brilho, tomoua palavra o Dr. Gentil Romanelli, ilustre delegado de polícia.

Dr. Arthur Ribeiro de Oliveira

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Não havendo mais quempedisse a palavra, o Presidenteencerrou a sessão, agrade-cendo a todos pela presença aesta festa tão simpática quãosignificativa.

Todo o ato foi abrilhan-tado pela Banda de MúsicaSanta Cecília que a isso gentil-mente se prestou.

Em 12 de Janeiro de1930, em reunião da mesa ad-ministrativa, o Revmo, Pe. Ro-dolfo das Mercês Pena propôsà mesa autorização ao Prove-dor Joaquim Resende, a des-pender da quantia necessária para aquisição de um quadro com oretrato do irmão Aurélio Ribeiro de Oliveira para ser colocado noSalão Nobre deste Hospital. Esta proposta foi aprovada unanime-mente.

Aurélio Ribeiro foi o Irmão Construtor e Benemérito que pormaior tempo permaneceu na ir-mandade do Hospital; sendoeleito em 1904 e afastado em1966, por falecimento.

Em 26 de Fevereiro de1950, em sessão Ordinária daAssembléia, pelo Diretor Clínicodeste Hospital, Dr. Celso Bia-gioni, foi solicitado, em home-nagem ao Provedor AlbertoFerreira de Rezende, denominara Sala de Partos com o nome deProvedor Alberto Ferreira deRezende, como também inau-gurar seu retrato no SalãoNobre; o que foi por unanimi-dade aprovado.

Aurélio Ribeiro de Oliveira

Alberto Ferreira de Resende

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Alberto Ferreira, pedindo a palavra, agradeceu a homenagem aele prestada pelo Diretor Clínico, estendendo também à assembléia seussinceros agradecimento, recebendo-a como verdadeira demonstraçãode amizade à sua pessoa.

A morte inesperada de Alberto, em 19 de outubro de 1958, vítimade um fatal atropelamento, quando regressava de Belo Horizonte, ondefora a serviço deste Hospital, foi uma perda irreparável. Ele era insubs-tituível, pois assim reconhecia a Irmandade, que o vinha reelegendo parao cargo de Provedor por vários períodos, tendo nele o homem talhadopara administração desta Casa, dada a sua dedicação, a sua capacidadee o seu espírito caritativo.

Seria cansativo enumerar oque fez por esta Casa, pois nãodefendeu somente e com ex-tremo rigor o Se foi irreparável amorte de Alberto Ferreira, nossogrande Provedor, resta-nos oconsolo de termos, sem dúvida,no céu, mais um grande protetor.Rendo, aqui, preito à personali-dade admirável realçando-lhe aabnegação sem limites e os ines-timáveis serviços à Fundação

Em 1956, a galeria de Ir-mãos Benfeitores do Nosso Hos-pital foi enriquecida, de acordocom o Capítulo XI, Art. 50 dos Es-tatutos, por sugestão do Prove-dor Alberto Ferreira de Rezende,com o nome de Dom Oscar deOliveira e inauguração do retratodeste conterrâneo que sempre serevelou amigo do Hospital, des-dobrando-se em esforços paraconseguir generosas doações;não só de terceiros, mas tambémprópria. Dom Oscar de Oliveira

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Em 1979, por sugestão doIrmão João Chrysostomo de Re-sende, o Salão Nobre era novamenteagraciado com a presença de maisum quadro na galeria de IrmãosBenfeitores; o Irmão Sr. Antônio Mo-rais.

O Provedor, Dr. Paulo de TarsoMorais, filho do homenageado, co-movido, agradeceu aos presentesesta homenagem à memória de seusaudoso pai.

Em 1982, por sugestão doirmão Arnaldo de Oliveira Resende,inaugurava-se o quadro da benfeitoraOdete Augusta de Souza. Ela nasceua 13 de dezembro de 1905, e faleceua 31 de agosto de 1981. Trabalhou,interna no Hospital Cassiano Campo-lina, com extrema dedicação, por 42anos.

Em 1990, na gestão do Prove-dor Dr. Afonso Miranda de Resende,por iniciativa do irmão Francisco AssisAlves de Resende, foi inaugurado oquadro do Irmão Fernando Alves deResende; eleito Provedor no períodode 1969 a 1971.

Nesta oportunidade, foi restau-rado o quadro da mesa administrativa de 1917/1920 que se achava emavançado estado de deterioração.

Odete Augusta de Souza

Antônio de Morais

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A INAUGURAÇÃO

A festa de inauguração aconteceu em 1910, em um domingo,com a presença de pessoas de todas as localidades vizinhas, como:

Piracema, São Brás do Suaçuí, Jeceaba, Desterro e outras.A abertura foi feita pela Banda dos Baetas, sob a regência do

Capitão Severino Salustiano da Silva. Após missa realizada pelo Mon-senhor Antônio da Silva Leão, houve uma queima de fogos. À noite,uma quadrilha encerrou os festejos.

Como previsto pela Irmandade, em 1910 iniciou-se o serviçoprovisório de enfermaria, atendendo-se a 8 (oito) doentes. Dr. Bal-bino Ribeiro da Silva foi contratado para os primeiros serviços médi-cos. As obras, no entanto, persistiram. Faltava o acabamento da salade operações, a fachada da capela e o término das obras na enferma-ria feminina. Só em 1913 estava concluída a parte essencial do Hos-pital, faltando pequenos detalhes.

Foto tirada na frente do Hospital no dia da inauguração:(1) Dr. Balbino Ribeiro da Silva, (2) Maria José de Resende(Esposa Dr. Balbino), (3) Joaquim Resende

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ADMINISTRAÇÃO INTERNA

Com a inauguração em 1910, o serviço interno do Hospital pas-sou a ser exercido, com a maior solicitude, pela Irmãs: Ângela, Theo-dalina, Oswina, Servacia e Deogratias; da Congregação Servas doEspírito Santo que foram solicitadas para este fim.

Além da administração interna do Hospital e dos serviços dafarmácia, importada diretamente da Alemanha, instalada no dia 8 dejunho de 1913, sendo seu custo deRe9.008$040 (Nove contos oitomil e quarenta réis), onde se fazia toda escrituração, as irmãs eramencarregadas de quase todos os curativos, tanto internos como ex-ternos; tornando-se necessário que elas se desdobrassem para aten-der com pontualidade à obrigações tão variadas. Mostravam-sesempre de uma dedicação admirável, revelando-se incansáveis noexato cumprimento de sua elevada, mas espinhosa missão de enfer-meiras inteligentes e dedicadas; a ponto de uma delas, precisamentea Irmã Servacia, devido ao excessivo zelo com que tratava uma en-ferma do Hospital, contraiu a fatal enfermidade que a vitimou no dia16 de dezembro de 1915.

A Clinica Médica era exercida com maior dedicação pelo IrmãoDr. Balbino Ribeiro da Silva, que se via obrigado freqüentemente a umtrabalho fatigante e exaustivo. Durante todo o ano, chegou a atendera mais de mil consultantes de todas as raças, idades, crenças e nacio-nalidades; oriundos não só do Município de Entre Rios, assim como osdos Municípios vizinhos e de vários pontos do Estado de Minas queaqui vinham pedir alívio aos seus sofrimentos.

A Capelania esteve sob os cuidados do Pe. Theodoro Harbeck,que com inexaurível zelo cumpria seus deveres sacerdotais; e como ci-dadão cativou a simpatia pública pela polidez e correção de seus atos.

Assim, o renome e a merecida consideração de que sempregozou o nosso Hospital Cassiano Campolina, são devidos, emgrande parte, ao devotamento, abnegação e caridade das Irmãs, quecumpriram a sua espinhosa e ingrata missão sempre com o sorrisoà flor dos lábios; continuando por isso credoras de nossos sincerosagradecimentos.

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A BÊNÇÃO DO HOSPITAL

Em sua segunda visita pastoral à freguesia da Senhora das Bro-tas, de Entre Rios, de 14 a 19 de novembro de 1908, Dom SilvérioGomes Pimenta, Arcebispo de Mariana, visitara o Hospital ainda emconstrução.

Foi a ele solicitado que viesse assistir à inauguração deste mo-numento.

Em 1910 estava já fundado o Hospital, mas o Arcebispo Maria-nense, só quando esteve pela terceira vez em visita pastoral à Paróquiaem 05 de fevereiro de 1915, acompanhado de todo o clero, é que obenzeu.

Após percorrer todas as dependências do Hospital espargindosua bênção, pronunciou o seguinte:

O prédio está esplêndido.Na frente dele se acha o

cemitério cercado de muro,com gradil na frente e uma

capela no fundo.

Fachada do Hospital, quando o Cemitério ainda era na frente

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PADRES QUE EXERCERAMA CAPELANIA DO HOSPITAL

O Hospital Cassiano Campolina guarda, agradecido, a memóriados Padres da Congregação do Verbo Divino, filhos da grande naçãoAlemã; dos Padres Beneditinos, do Mosteiro de São Bento do Rio deJaneiro; e dos Párocos de nossa Cidade que foram Capelães e deramassistência espiritual ao nosso Hospital no decorrer de vários anos,desde sua fundação.

•Monsenhor Antônioda Silva Leão ............................1904/1913

•Pe. Theodoro Harbeck..........1910/1915•Pe. Alberto Muller...................1915/1916•Pe. Guilherme Munster.........1916/1917•Pe. Matias Esser .......................1917/1918•Pe. Agostinho Yaensch .........1918/1919•Pe Pedro Sausem....................1920/1921•Pe. Guilherme Munster.........1921/1925•Pe. Pedro Sausem...................1925/1933•Pe. José Shurmann.................1933/1940•Dom Willibrordo.....................1941/1954•Cônego GaldinoRodrigues Malta .....................1955/1956

•Pe. Newton Henrique Malta1956/1957

•Pe. Venâncio Leandrode Carvalho ..............................1957/1960

•Dom Rodolfo dasMercês Pena .............................1960/1974

•Pe. José Belvinodo Nascimento .......................1960/1981

•Pe. Antônio EustáquioBarbosa.......................................1981/1989

•Pe. Paulo Barbosa ...................1989/1992•Pe. Geraldo Barbosa ..............1989/1997•Pe.Wanderli Reis Augusto...1997/2003•Pe. Mário Marcelo da Costa .....2003/...•Dom José Belvinodo Nascimento...............................2009/...

Os relatórios anuais do Hospital sempre consignaram merecidoslouvores a esses saudosos Sacerdotes.

Aos Revmos. Capelães e Párocos supra-relembrados, nosso Hos-pital rende-lhes o tributo de imortal reconhecimento.

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AS IRMÃS QUE SERVIRAM NO HOSPITAL

Como a sociedade dos Padres do Verbo Divino, a das Servas doEspírito Santo foram fundadas pelo Padre Arnaldo Jansen.

Durante 30 anos, de 1910 a 1940, as Servas do Espírito Santoserviram ao Hospital Cassiano Campolina com extrema solicitude ecompetência. Entre outras, é-nos gratíssimo evocar a lembrança dasIrmãs Ângela, Teodolina, Osvina e Servácia (esta aqui faleceu e foi se-pultada em 1915, vítima de tuberculose, por contágio de uma en-ferma); Irmãs Natanaele, Domitila, Deogratias, Timótea, Adalberta,Clodezinda, Franciscana, Saturnina, Pastoralis, Cyrene, Crysola, Willi-baldis, Walburga, Bernardina.

Retirando-se do Hospital as Irmãs Servas do Espírito Santo, em1940, passou nosso nosocômio alguns anos sem a ajuda de Religiosas.Em 1948 vêm para o Hospital as Irmãs da Congregação de Nossa Se-nhora das Dores, aqui permanecendo até 1955; Irmãs Mônica, Blan-dina, Santo André, Santa Helena, Maria de São João, de São Paulo, deSão Tiago e outras.

Em 1955 servem ao Hospital as Filhas de Caridade de São Vi-cente de Paula, Irmãs Andrade, Isaura, Vicência, Rosali, Catarina, Ma-cedo e outras.

Deixaram definitivamente a Santa Casa em 1970.Finalmente, em 7 de fevereiro de 1985, por intermediação de

Dom José Belvino chegavam ao nosso Hospital as Irmãs Franciscanasde Allegany-EUA; preenchendo um vazio que há 15 anos vinha sendosonhado. Irmãs Anna Ferreira da Silva, Jeanne Elaine Durkin, EdnaMaria de Lima e Maria da Luz Ferreira. Atenderam os diversos setoresdo Hospital, colaborando com a Diretoria com desempenho acima dolimite. Infelizmente sua permanência não foi possível, deixando a casaem 1989.

Na história de nosso Hospital, ficarão gravados, para perpétuagratidão, os nomes destas heróicas Irmãs que muito fizeram para oengrandecimento desta casa.

A estas, o Hospital também rende-lhes o tributo de imortal re-conhecimento.

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INAUGURAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

Uma das lacunas mais sensíveis, notadas por todos quantos visitavam oHospital, era a falta de uma iluminação condigna e adequada ao aspecto ar-quitetônico de seu edifício.

Preocupado com tal situação, Dr. Balbino Ribeiro da Silva, então Provedordo Hospital, em 1918, resolveu tratar dessa iluminação por conta própria; pa-gando o Hospital apenas a luz que consumisse.

Primeiramente pensou em utilizar da queda existente na fábrica de man-teiga e fazer uma instalação modesta, que daria somente para a iluminação doHospital e de sua residência. Resolveu, depois, aproveitar uma queda um poucomaior existente em terreno de sua propriedade nos subúrbios da cidade. Alíseria possível obter-se a produção de cinco mil velas, o que já daria para algumaslâmpadas públicas e a iluminação de algumas casas particulares; mas encontroudificuldades quase insuperáveis da parte de alguns proprietários de moinhos.

Devido a essas circunstâncias, aproveitou a queda do Rio Camapuã, gen-tilmente oferecida pelo Senador Ribeiro de Oliveira, e fez uma instalação maisdispendiosa e pouco remunerada para o capital nela empregado; em todo ocaso restava-lhe a satisfação íntima de ter concorrido para melhorar a iluminaçãode nosso Hospital.

Assim, a 1º de março de 1919, inaugurava-se a luz elétrica; um poucomais tarde que se desejava, mas ainda assim bastante cedo para que nosso Hos-pital ficasse iluminado, não lutando com as lâmpadas de gás acetileno ou oslampiões de querosene, que só serviam para aumentar o trabalho interno,deixando-o sempre às escuras.

Para este grande melhoramento muito concorreram a competência, a ab-negação e o esforço do Revmo Pe. Agostinho Yaensch, do Verbo Divino, e aLeopoldo Rfad que estiveram em nossa cidade desde 10 de outubro de 1918até 21 de março de 1919, com suas eficazes cooperações na instalação da luzelétrica, dotaram o Hospital e a cidade de Entre Rios desse útil e inigualável mel-horamento.

Em 1955, na gestão do Provedor Antônio Morais, foi adquirido um GrupoGerador Diesel, de 20 Kwa para suprir a deficiência de energia que impossibili-tava o funcionamento do aparelho de RX e outros equipamentos elétricos.

Com a implantação da CEMIG, em 1958, na gestão do provedor CelsoMendes, o Hospital passava a ter definitivamente o melhoramento neste setor.

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A FUNDAÇÃO DO GINÁSIONOSSA SENHORA DAS BROTAS

Em 1922, o Provedor do Hospital Cassiano Campolina, Dr. BalbinoRibeiro da Silva, propôs à Irmandade a construção de um edifício desti-nado a um colégio para meninas, que comportasse pelo menos sessentaalunas internas. Além de trazer um aumento de rendas para o Hospital,prestaria serviços inestimáveis às famílias de Entre Rios e de seus arredo-res; proporcionando um meio de educação mais cômoda, sendo tambémde grande utilidade para a própria cidade. Infelizmente, por circunstân-cias fortuitas, não pôde ter pronta realização; mas a idéia ficara lançada.

Em 1946, na gestão do Provedor Alberto Ferreira de Resende,tendo conhecimento desta sugestão, Dr. Manoel Maria Paiva de Vilhena,DD. Juiz de Direito da Comarca, apresentava novamente a sugestão à ir-mandade do Hospital. Em eloqüente explanação, explicava que o Ginásioseria a ramificação da árvore majestosa que é o Hospital Cassiano Cam-polina, orgulho desta cidade. O educandário funcionaria então, comouma Instituição paralela, com a imprescindível autonomia, em tudo quelhe fosse peculiar e participando, ao mesmo tempo, da segurança e davitalidade da Instituição-Mãe.

Sábado de Aleluia, com a presença do Revmo. Cônego GaldinoMalta, por si e como representante do Exmo. Sr. Arcebispo de Mariana;Exmo. Sr. Manoel Maria Paiva de Vilhena, DD. Juiz de Direito e Diretor doGinásio; Sr. José Lobo Sobrinho, Prefeito Municipal; Dr. Francisco de PaulaFerreira e Costa Neto, Promotor de Justiça; elevado número de distintasfamílias de nossa sociedade e grande concorrência de populares, foi, peloRevmo. Cônego Galdino Malta, procedida a solenidade da Bênção e con-seqüente lançamento da Pedra Fundamental do edifício. Usaram da pa-lavra nessa ocasião o Revmo. Cônego Galdino Malta, Dr. Manoel MariaPaiva de Vilhena, Dr. José Gonçalves da Cunha, Dr. Antônio Lopes doCouto, Dr. José Geraldo, Dra. Célia Medeiros e outros.

Em 14 de julho de 1947 foram instaladas as aulas do curso deadaptação do Ginásio, que funcionava no salão da Casa Paroquial, gen-tilmente cedido pelo Revmo. Vigário e sob a competente regência dasdistintas senhorinhas Elisa Vilhena e Olga Teixeira de Oliveira; e o briososargento Gastão Faria de Oliveira, esforçado professor de educação física.

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O Exmo. Sr. Secretário da Educação pôs à disposição do Ginásio ovelho prédio do Grupo Escolar para o seu funcionamento provisório, logoque este ficasse desocupado.

O galpão já estava construído, a olaria montada, as pedras extraí-das, aguardando-se apenas que o tempo das chuvas melhorasse paraprosseguir-se com os trabalhos de construção do prédio.

Em 1948, achava-se funcionando regularmente o curso de adap-tação e a 1º série. Mas a demora da Prefeitura em terminar os serviçosdo novo Grupo Escolar entravava o progresso do Ginásio.

Em 1949, por não ter ainda um prédio apropriado, deixou de fun-cionar o Ginásio. Todavia, esperava-se, confiante, a entrega do prédiovelho do Grupo Escolar, para que fossem feito os devidos reparos e reen-cetado o funcionamento do Ginásio. Esta situação prolongou-se até1954, em uma espera frustrante.

Infelizmente não foi possível o funcionamento do educandário.Graças à abnegação dos amigos tomadores de ações, desistindo de seusdireitos, passaram a pertencer ao Hospital o saldo existente e todos osbens do Ginásio. A essa iniciativa deve-se a doação do Grupo Velho, como respectivo quintal, ao Hospital.

A todas as pessoas que não pouparam esforços e até mesmo sa-crifícios em benefício do Ginásio, o Hospital hipoteca os protestos de sin-cera gratidão.

Em junho de 1958, Dom Oscar de Oliveira, desejando fundar umginásio na cidade, obteve a autorização da Mesa Administrativa do Hos-pital para aproveitar o título de Ginásio de Nossa Senhora das Brotas, quefinalmente começou a funcionar em 1960.

Perspectiva do que seria o Ginásio Nossa Senhora das Brotas

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PRINCIPAIS FATOS OCORRIDOS

Muitos são os fatos em que o Hospital teve a oportunidade de paten-tear a sua grande utilidade. Enumerá-los seria uma tarefa quase impossível,devido ao grande número de ocorrências que não foram registradas; ficandoassim esquecidas no tempo.

Mas deixo aqui registrado dois fatos ocorridos em 1918 que merece-ram destaque pelo provedor Dr. Balbino Ribeiro da Silva em seu relatório,assim transcritos:

“Nesse ano, já memorável pela terminação da guerra mais sangrentae devastadora de que faz menção a história, com a assinatura do armistíciono dia 11 de novembro de 1918, o nosso Hospital teve a oportunidade depatentear a sua grande utilidade em duas ocorrências bem assinaladas nesteMunicípio. A primeira foi por ocasião do grande desastre ocorrido na estradade ferro do Cocuruto, no dia 19 de agosto, tendo a locomotiva descarrilhadoem cima de uma ponte e caindo diversos carros dentro do Rio Pombal.

Nesse desastre medonho sucumbiram imediatamente quatro pes-soas, ficando feridas umas trinta aproximadamente. Na tarde de 20 deagosto a nossa cidade assistiu, horrorizada, a um espetáculo comovente deque não há memória em seus anais, vendo entrar sete padiolas e quatrocarros, conduzindo feridos graves para o nosso Hospital, onde deram en-trada vinte e dois destes apresentando fraturas diversas. Dessas vítimasfaleceram apenas duas, que entraram no Hospital já em estado comatoso;todas as outras tiveram alta completamente restabelecidas.

A segunda ocorrência em que o Hospital revelou de modo indis-cutível a sua utilidade, foi em novembro do mesmo ano, com a irrupçãoaqui da terrível pandemia, a gripe epidêmica, denominada espanhola, quedeterminou uns mil casos no distrito da cidade. Nessa pandemia o Hospitalprocurou alargar a espera de seus auxílios à população desprotegida, vindoassim também em auxílio da Municipalidade, que de outra forma ficariaenormemente sobrecarregada com o tratamento de tantos doentes. Foraminternados no Hospital 70 doentes, entrando às vezes famílias inteiras, com-postas de oito a dez pessoas; e no consultório da porta foram dadas maisde 1300 fórmulas medicamentosas.

Graças à Divina Providência, que dotou a nossa cidade de um climainvejável, o número de óbitos não excedeu a vinte e seis em todo o distrito;no perímetro urbano houve apenas dois óbitos e outros dois dentro doHospital.

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Em 1990, na gestão doProvedor Dr. Afonso Miranda deResende, por iniciativa do irmãoFrancisco Assis Alves de Re-sende, foi inaugurado o quadrodo Irmão Fernando Alves de Re-sende; eleito Provedor no pe-ríodo de 1969 a 1971.

Nesta oportunidade, foirestaurado o quadro da mesaadministrativa de 1917/1920 quese achava em avançado estadode deterioração. Fernando Alves de Resende

COMPONENTES DA MESA ADMINISTRATIVA 1917/1920Em pé (da esquerda para direita): Cel. Francisco Ribeiro de Oliveira,Cel. Joaquim Resende, Francisco José de Vasconcelos, José Monteiro deMoura. Assentados (da esquerda para direita): Arthur Ribeiro de Oliveira eSouza, Marçal de Oliveira e Souza (Secretário), Dr. Balbino Ribeiro da Silva(Provedor), Audemaro Ribeiro de Oliveira (Tesoureiro), Pe. Agostinho Yaensch

MESA ADMINISTRATIVA

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OS PROVEDORES

Em abril de 1997, foram inaugurados, por sugestão do irmãoDr. Alcino Lázaro da Silva, os quadros dos Irmãos Provedores: Cel. Joa-quim Resende, Gastão Ribeiro de Oliveira Resende e Arnaldo de Oli-veira Resende.

Na administração do Provedor Jorge de Souza Resende, foramentronizadas as fotografias dos seguintes ex-provedores: MonsenhorAntônio da Silva Leão, Marçal de Oliveira Souza, Dr. José Dias Batista,Celso Mendes, Paulo de Tarso Morais, Afonso Miranda de Resende eJorge de Souza Resende.

Na administração do Provedor Silvério de Oliveira Resende,foram entronizadas as fotografias dos seguinte ex-provedores: Dr. Bal-bino Ribeiro da Silva, João Batista de Souza, Cel.Joaquim Ribeiro deOliveira e Gustavo Corrêa Oliveira.

Ficando desta forma, completa a Galeria dos Ex.Provedores:

Monsenhor Antônio da Silva LeãoDesde o início da construção, de Agostode 1904 a Dezembro de 1908 e de Ja-

neiro de 1909 a Dezembro de 1912

Cel. Joaquim Ribeiro de Oliveirade Janeiro de 1913

a Dezembro de 1916

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Dr. Balbino Ribeiro da Silvade Janeiro de 1917 a Dezembro de

1920 e de Janeiro de 1921a Dezembro de 1924

João Batista de Souzade Janeiro de 1925

a Dezembro de 1928

Cel. Joaquim Resendede Janeiro de 1929 a Dezembro

de 1932 e de julho de 1937a Dezembro de 1938

Marçal de Oliveira e Souzade Janeiro de 1933

a Maio de 1937

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Antônio Moraisde Janeiro de 1955

a Maio de 1956

Celso Mendesde Janeiro de 1939a Outubro de 1939

Alberto Ferreira de Resendede Novembro de 1939 a Dezembrode 1942 ; de Janeiro de 1943 a De-

zembro de 1946; de Janeiro de 1947a Dezembro de 1950 ; de Janeiro de1951 a Dezembro de 1954 ; de Maio

1956 a Dezembro de 1958

Gastão Ribeiro deOliveira Resende

de Janeiro de 1959 a Dezembro de1961; de Janeiro de 1962 a Dezem-bro de 1965; de Janeiro de 1966 a

Dezembro de 1968

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Gustavo Correia Gonzaga1964 a 1965

Fernando Alves de Resendede Janeiro de 1969

a Dezembro de 1971

Arnaldo de Oliveira Resendede Janeiro de 1972

a Dezembro de 1974

Dr. Paulo de Tarso Moraisde Janeiro de 1975 a Dezembro

de 1977; de Janeiro de1978a Dezembro de 1980; de Janeiro de1981 a Dezembro de 1983; de Ja-neiro de 1993 a Dezembro de 1995

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Dr. Afonso Miranda de Resendede Janeiro de 1984 a Dezembro de

1986; de janeiro de 1987 aDezembro de 1989; de janeiro de

1990 a Dezembro de 1992

Jorge de Souza Resendede Janeiro de 1996 a Dezembro

de 1998; de Janeiro de 1999a Dezembro de 2001

Silvério de Oliveira Resendede Janeiro de 2002a Dezembro de2010

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HOMENAGEM AOS BENFEITORES

Não lhes ocorre devolver à comunidade, em benefícios, parte doque acumularam, por processo, às vezes, de duvidosa licitude. São ri-quezas sem espírito público, as suas, como as definiu Raquel de Queirós,e sem nenhum espírito cristão.

Em todo o caso, em Minas, surgiram neste século algumas fun-dações dignas de nota, destacando-se dentre elas a Cassiano Campo-lina, que deu a Entre Rios o seu soberbo Hospital; à Felício Roxo, queconstruiu um dos maiores hospitais da Capital do Estado, e a GeraldoCorrêa, que doaria à Cidade de Divinópolis o mais moderno nosocômiodo País.

É interessante observar que, levado em conta o valor aquisitivoda moeda, ao tempo em que cada uma foi criada, a Cassiano Campolinaaparece como a mais vultosa das três. Permitiu o legado, sob a maishonesta e criteriosa administração que se pudesse desejar, fosse cons-truído, como dispôs o testador, um hospital de primeira ordem, reser-vando-se quantia suficiente para seu patrimônio, no qual houvesseacomodações para enfermos atacados de qualquer enfermidade, in-cluída a loucura, e em que houvesse também acomodações decentes eseparadas para os favorecidos pela fortuna, os quais pagariam uma diá-ria módica, somente o que compensasse as despesas com o tratamento,porquanto era seu desejo que fosse criado um estabelecimento queprestasse socorros à humanidade sofredora, sem vistas mercantis.

Ao ser inaugurado, em 1910, era o Hospital Cassiano Campolinao mais importante do interior do Estado pela solidez, beleza arquitetô-nica e capacidade, dispondo de duas amplas e arejadas enfermarias com40 leitos, quartos para pensionistas, Sala de Operações, Sala de Raios-X, laboratório, farmácia, consultórios, salão nobre, capela etc. A este res-peito, lembre-se que um técnico da L.B.A. sugeriu seu tombamentocomo padrão da arquitetura hospitalar no começo do século.

O fundo, que o testador ordenou se reservasse, ficou constituídopor 450 apólices estaduais de conto de réis, cujos juros, por muitosanos, constituíram a maior parcela da receita da instituição. Naquelestempos, acrescidos de renda dos serviços do Hospital, bastavam para

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seu funcionamento. Em 1924 a receita da casa foi orçada em quarentae oito contos de réis. O médico diretor percebia três contos e seiscentose o auxiliar um conto e duzentos mil réis anuais. Doze anos depois, noorçamento para o exercício de 1936 a despesa com o serviço médicoera de quatro contos e oitocentos anuais; com a farmácia, doze contos,e outro tanto com a alimentação. As contas da casa andavam rigorosa-mente em dia e os exercícios financeiros encerravam-se com saldo. Di-ziam por isso que o Hospital era rico e não necessitava de ajuda para asua mantença...

A benemerência da Fundação foi além do que estabelecera o ins-tituidor. Deu-se ao luxo de financiar o custoso serviço de abastecimentode água à sede municipal. Água captada na Serra do Gambá. Adutorade cerca de doze quilômetros de canos de ferro, reservatórios e rede dedistribuição. Assim passou a cidade a figurar entre as poucas que na-quele tempo possuíam semelhante melhoramento. E pôde o Hospitalser construído na zona urbana, em vez de o ser, como supunha o testa-mento, nas adjacências da cidade, onde houvesse água suficiente.

Estamos na época dos financiamentos, que mesmo as maioresempresas não dispensam. Pois estamos em que uma pesquisa talvezviesse mostrar este financiamento, no País. Financiamento sui generis,em que a financiadora é uma instituição particular e financiado o Go-verno do Município. E em longo prazo. Em 1932 ainda arrecadava aPrefeitura a taxa de água, entregando ao Hospital para amortização dadívida.

Por longos anos, não menos de quatro décadas, manteve o Hos-pital Cassiano Campolina a primazia sonhada pelo seu fundador.

E prestou inapreciáveis serviços à região circunjacente: Jeceaba,Congonhas, Suaçui, Desterro, Piracema, Passa Tempo, Resende Costa,Lagoa Dourada; municípios desprovidos então de estabelecimentoshospitalares, ou que os possuíam muito deficientes. Teve fases de es-plendor. Por ele passaram, ou nele iniciaram carreira, destacados pro-fissionais da medicina. Mas o advento do Estado Novo, ensejando odesordenado aumento de custo de vida, viria trazer, principalmente àsinstituições assistenciais sem finalidade econômica um longo períodode penúria.

Hospitais não têm como economizar nos honorários médicos, nosmedicamentos e na alimentação. E as dificuldades da vida, que a todosafligiam, aumentavam o número dos que lhes batiam à porta, em buscade socorro. Houve aquela tristíssima fase em que os internados, coma só melhoria da alimentação, se recuperavam. O doente recebia no

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ambulatório a receita, mas a casa não lhe podia fornecer a medicação.Outra crise, não menos penosa, tiveram os hospitais interioranos

que enfrentar, a crise dos médicos, os quais se instalavam na Capital ounos grandes centros, onde o sistema de Previdência Social lhes asseguramaiores honorários com menores sacrifícios. Outrora as vagas de mé-dico no Hospital Cassiano Campolina eram disputadas. Atualmente tor-nou-se a contratação deles tão difícil que constitui, sem dúvida, o piorproblema da administração.

Felizmente o Governo revolucionário, na sua histórica missão deelevar o Brasil à altura de grande potência mundial, vem encarandocomo prioridade os problemas atinentes à saúde e à educação dos bra-sileiros. E o Hospital Cassiano Campolina experimentou os benefíciosdessa diretriz na assistência recebida através do FUNRURAL, cujos re-presentantes em Minas demonstraram confortador interesse pela insti-tuição; talvez levando em conta o vulto dos seus serviços no passado ea tradicional probidade de seus administradores. Sem o convênio fir-mado com aquele órgão nem se pode prever a que ponto chegariamas dificuldades do veterano estabelecimento.

Mas não se fale mais em crises, em obstáculos, em tropeços. AFundação Cassiano Campolina não afundará. Não é isto de temer naterra que conta entre seus filhos um Dom Oscar de Oliveira, um RobertoResende, um João Batista Resende Alves e um Luís e um Roberto Andrés.O Hospital Cassiano Campolina reflorirá, aprimorando-se cada vez maispara realizar o ideal de seu fundador.

Entre Rios, ano de 1972.

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É preciso ressaltar que a atuação bem sucedida é o resultadoda existência de um ideal superior: unir forças. Estabelecer parceriascom uma aliança estratégica para manter funcionando uma instituiçãocentenária. E, para o cumprimento dessa missão contamos com a be-nevolência de várias pessoas, portanto foram entronizadas as seguin-tes fotografias:

Dr. José MariaMeirelles Junqueira

Dr. Alcino Lázaroda Silva

Dr. João Baptista deResende Alves

Dr.José Fernandesde Oliveira Azevedo

Dr. Maurílio deOliveira Resende

Maria Rita de Jesus(Sá Rita)

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É preciso aquilatar o valor que a parteira Maria Rita de Jesus, a SáRita, teve para o Hospital e para a população. Durante trinta e seis anos,toda a sua vida foi para os outros e para as crianças que tanta amava.

(Informações prestadas peloDr.Alcino Lázaro).

Outro personagem quemerece destaque é Antônio doPadre. Era sacristão e foraacompanhando o Bispo DomRodolfo de Oliveira Penna paraEntre Rios. Antônio prestavaserviço no quintal do hospital efora elevado a enfermeiro prá-tico, muito bem treinado peloDr. João Baptista Alves de Re-sende nos anos em que atuouno Hospital Cassiano Campo-lina.

Manipulava, como poucos, a mascara de Ombredanne para anes-tesias, administrava o éter em sincronia britânica com o desenrolar daoperação. Ao despertar o paciente, comentava: Comportou muito bem!Não há registro de complicações relacionadas às anestesias praticadaspor ele.Dom José Belvinodo Nascimento

Personalidade ilustre,membro da irmandade denosso hospital, que não poupaesforços em prol desta casa epara nossa cidade. Que Deus oacumule de Bênçãos pelo bemque semeia entre nós.

Na certeza de que muitosainda farão parte desta imortalgaleria que resguarda a históriadesta fundação, os citados e fu-turos beneméritos ficam indis-soluvelmente ligados à históriadesta Instituição que tem e teráneles seus maiores benfeitores.

Enfermeiro Antônio do Padre

Dom José Belvino

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O DIA DO HOSPITAL

Por feliz inspiração de nosso saudoso Dom Oscar de Oliveira, quesempre se revelou amigo incansável dessa Casa desdobrando em es-forços para sempre vê-la crescer, foi criado na década de sessenta o Diado Hospital.

Para esta festividade destinada a focalizar sua presença e atuaçãono seio da comunidade, foi escolhido o dia 15 de setembro.

Cumpre-me ressaltar a importância do congraçamento de todaa Irmandade, nesse dia, e a conjunção de esforços da comunidade En-trerriense em benefício do Hospital, presentes de várias formas, nas di-versas partes do programa das festividades, que valorizam nossoHospital na medida de suas possibilidades, fazendo questão de fazerseus donativos; muitas vezes pequenos na aparência, mas imensos novalor de sua significação, porque traduzem a compreensão de que, seo Hospital deve servir à comunidade, a ela cumpre apoiá-lo.

Obrigado, Dom Oscar! Permita Deus que apareçam muitos imi-tadores para o belo gesto, não só de um saudoso Cel. Joaquim Pachecode Resende e de um saudoso Dom Oscar de Oliveira, enriquecendo opatrimônio dessa utilíssima e humanitária instituição, que é o HospitalCassiano Campolina; e por seu intermédio espargindo lenitivo e con-solo às almas dos que sofrem.

De nossa parte, temos fé em Deus de que em prol de tão nobreinstituição daremos o melhor de nossos esforços.

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FESTA DO HOSPITAL

Dom Belvino

Era um dia de Festa do HospitalCom tantos visitantes, simplesmente

Trazendo sua ajuda, seu presente,Numa confraternização geral...

Também a professora sorridenteLevou os seus alunos, cada qual

Com seu presente humilde que, afinal, Fazia rir, feliz, cada doente...

Um mais pobre deu tudo quanto tinha:De fósforos tão só uma caixinha!

E o fez com tanta unção, tanta alegria

Que uma enfermeira, ao vê-lo, qual menina,Chorou... mas Cassiano Campolina,

No retrato, parece que sorria!...

Entre Rios de Minas, Janeiro de 1999.

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CONSERVA E MODERNIZAÇÃO

Não menosprezando as reformas realizadas em toda sua existência,nenhuma ficará na história do Hospital como as que foram implantadasna gestão dos seguintes provedores:

Pelo Provedor Dr. Afonso Miranda de Resende, em caráter de con-serva geral, a reforma começou pela pintura de áreas internas e passou àfachada do prédio. Foi realizada reforma geral da parte de madeira, comtroca de engradamento do telhado e forros. Houve restauração, por pro-fissionais especializados, não podendo deixar de citar o nome de MauroMatias, das pinturas artísticas; conservando total originalidade do hall deentrada, refeitório, capela e salão nobre que já se encontravam em estadodegenerado pela ação do tempo. Várias dependências foram reformadase novas construídas, possibilitando maior conforto aos usuários.

O Hospital, cujo estado físico era precário, foi reformado fisicamenteno seu todo, passando a figurar com maior brio no seio da comunidadeentrerriense.

Nos estertores do ano de 1993, na administração do provedor Dr.Paulo de Tarso Morais, nosso Hospital era agraciado com um computadorpelo irmão Jorge de Souza Rezende. Nesta administração, o Hospital pas-sou a ter seu nome figurado à HEMOMINAS com a implantação do Bancode Sangue anexo ao prédio, sob a orientação e fiscalização do Departa-mento Sanitário da Diretoria regional de São João Del Rei; logrando, apóssua conclusão, a aprovação e rasgados elogios pela perfeição dos serviçose da qualidade dos equipamentos.

Na gestão do provedor Jorge de Souza Rezende, foi elaboradaplanta arquitetônica para remodelação e ampliação de várias áreas doprédio.

A informatização foi ampliada, houve a implantação do curso deprofissionalização para auxiliar de enfermagem por iniciativa da enfermeiraElizabeth Ribeiro Salles, irmã do médico Dr. Octávio Ribeiro Júnior.

Com recursos da Fundação Banco do Brasil, liberados através de seuconselheiro e conterrâneo Dr. Daniel Andrade Ribeiro de Oliveira, a antigaenfermaria feminina e pediatria foram totalmente redimensionadas, sob aorientação e exigências da vigilância sanitária, impressionando pela exce-lência dos trabalhos realizados, proporcionando condições de higiene elimpeza a pacientes e acompanhantes.

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Em 3 de maio de 1999, a Fundação Banco do Brasil e Dr. Daniel An-drade Ribeiro de Oliveira marcaram para sempre o orgulho e responsabi-lidade para com este patrimônio que se distingue pela sua importânciasocial e histórica. Através de convênio, assinado entre o Provedor Jorge deSouza Rezende e a Fundação Banco do Brasil, serão repassados o valor de(Trezentos Mil Reais) com finalidade de preservação do prédio.

Haverá reforma da fachada, pinturas e troca de: janelas, portas, te-lhado, forros e rodapés; dentro das exigências do IEPHA. A solenidade deassinatura do convênio ocorreu na Capela do Hospital, com a presença denomes ilustres.

Fica consignada a imorredoura gratidão a estes Provedores; que comabnegação deram um grande passo a modernização e proporcionaramuma diretriz ao novo milênio.

Deixo o pensamento no passado e lanço, com alegria, o olhar na au-rora do novo milênio; prelúdio de conquistas na conserva e modernizaçãode nosso Hospital, para melhor atendimento aqueles que ali buscam saúdepara suas vidas.

Dando continuidade às reformas, o Provedor Jorge de Souza Re-sende, em seu segundo mandato, desenvolveu trabalho inovador. Restau-rou o atendimento ao paciente através de elaboração de normas e serviçosespecializados; adequou os trabalhos administrativos as novas tecnologias;requalificou o quadro de enfermagem; realizou reformas internas na lavan-deria e outras dependências; remodelou e reformou a enfermaria mascu-lina, feminina e pediatria, proporcionando maior conforto aos pacientes,sendo inauguradas com grande festividade; revitalizou a fachada principaldo prédio, fazendo reconhecer publicamente a importância social, históricae artística do Hospital.

O Provedor Silvério de Oliveira Resende, administração 2002/2010desenvolveu trabalho humanizado garantindo a condução de um processopermanente de mudança da cultura de atendimento à saúde, promovendoo respeito à dignidade humana, concebendo estratégias de comunicaçãoe integração entre os diferentes setores do Hospital, Comunidade, Conselhoe Secretaria Municipal de Saúde; passo importante para oferecer a todosos usuários um atendimento de qualidade, com espaços coletivos, organi-zados, participativos e democráticos.

Dentre várias reformas implantadas nos diversos setores, a de des-tacar a da “Capela Nossa Senhora das Dores”, fruto de uma reunião da pro-vedoria com Dom José Belvino do Nascimento e sua irmã Maria das MercêsCosta. Considerando a relevância social ao retorno à pintura original, ostrabalhos de restauração foram iniciados em 2003 com serviço profissionalqualificado do Sr. Benedito Carmo Soares (Liliu de Calambau) e Sr. CláudioHenrique Cardoso Pena (artista entrerriense). Com grande satisfação para

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todos os envolvidos nesse processo de restauração, a capela foirenaugurada em 15/09/2005, dia do Hospital, tornando-se um marco dapreservação histórica de tão valioso patrimônio que o Hospital possui.Para melhor brilhantismo da capela, todos os bancos, cadeiras e lustresforam substituídos por novos; gentilmente doados por familiares do pro-vedor Dr. Silvério de Oliveira Resende.

Durante os nove anos de mandato do Provedor Silvério, a abne-gação em conseguir reestruturar as atividades desta Fundação, tor-nando-a mais sólida e comprometida em defesa da vida, ampliando emelhorando as condições para os usuários e profissionais através de in-vestimentos significativos em infra-estrutura, equipamentos, capacitaçãode profissionais e outros; sempre foi um grande desafio, pois os recursosfinanceiros recebidos são restritos e insuficientes para grandes avanços.

Foram anos de luta de pessoas abnegadas e imbuídas do desejode ajudar o próximo, levando alento, ajuda e amparo ao sofrimento etantas outras benesses aos mais necessitados.

Atualmente, nosso Município faz parte de um novo cenário com achegada da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil e suas Empreiteira naregião, o número de atendimentos no Hospital Cassiano Campolina au-mentou significativamente. Diante disto, é inegável que esta Fundaçãonecessita de severos investimentos por parte de todos os segmentos.Esta Provedoria oficiou ao Governo do Estado e aos Administradores doComplexo Siderúrgico, a necessidade imediata de providências para dara todos os usuários do Hospital Cassiano Campolina um atendimentode qualidade.

Uma das maneiras de transpor estas dificuldades sem alterar aqualidade da assistência à saúde prestada pelo Hospital, será através deinvestimentos financeiros ou até mesmo a construção de um novo Hos-pital, com estruturas físicas e equipamentos mais modernos que aten-dam as exigências do setor e as necessidades dessa expansãopopulacional. A Fundação Hospital Cassiano Campolina possui estruturasfísicas centenárias e precisa ser preservada como um Patrimônio Histó-rico que cumpriu e cumpre seu papel; lembrando que ela já foi reconhe-cida nacionalmente, por sua Infra-Estrutura e pelos atendimentos degrande complexidade; e o mais importante, pela garantia de acesso Pú-blico e democrático a todos os usuários de seus serviços.

Acreditamos que novas parcerias surgirão diante da nova reali-dade, pois tão importante quanto o crescimento econômico de uma re-gião é o seu desenvolvimento na prestação de serviços de qualidade.Principalmente no setor saúde que exige atendimento humanizado euma equipe de multiprofissionais bem qualificados.

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O CENTENÁRIO

Hospital Cassiano Campolina, um patrimônio regional de imen-surável valor para as comunidades de toda a região, é testemunha so-brevivente da importante etapa de modernização médica de MinasGerais no século XX.

Fruto da abnegação de Cassiano Antônio da Silva Campolina, fa-zendeiro de vida prodigiosa e dinâmica, nascido na fazenda da Serrados Caixetas, distrito de São Brás do Suaçui, viveu longos anos de labutaárdua e perseverante em busca da criação da raça eqüina que levariaseu nome: O Cavalo Campolina.

Dotado de larga visão e nobreza de espírito legou a fortuna amea-lhada nas atividades pecuárias, através de seu testamento, para a fun-dação e instalação de um hospital de grande porte que atendesse a todapopulação local e circunvizinha.

Com arrojado projeto arquitetônico, elaborado pelo renomadoarquiteto Edgard Nascentes Coelho, responsável por projetos da im-plantação da nova capital mineira, a construção do Hospital trouxe paraEntre Rios novas tendências e influências da arquitetura clássica euro-péia, água encanada, iluminação pública e particular; contribuindo parao desenvolvimento da cidade.

Em 1910 ocorreu a inauguração oficial do Hospital, uma realidadena condição de pólo regional, prestando assistência à demanda de di-versos municípios. Por ele passaram ou iniciaram carreira destacadosprofissionais da medicina, sendo disputada uma vaga para o exercícioda profissão.

Com abnegação de seus governantes, a preocupação e o carinhode todos entrerrianos em zelar para sua manutenção no decorrer deseus noventa e nove anos, nosso Hospital completa seu centenário.

Esperamos o congraçamento de toda a irmandade e a conjunçãode esforços da comunidade para que esta festividade se torne um marcona história de Entre Rios de Minas.

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Em Assembléia da Irmandade, de 31 de Janeiro de 1960, e Pro-vedor, Gastão Ribeiro de Oliveira Resende, propôs que o túmulo e osrestos mortais de Cassiano Antônio da Silva Campolina fossem trans-lados para o jardim do Hospital, visto a demolição do antigo Cemité-rio. E que na futura praça que seria construída, fosse colocado umbusto de nosso grande benfeitor em sua homenagem.

Em setembro de 1969, o Prefeito Municipal, Dr. José Gonçalvesda Cunha, entregava à população o Memorial Cassiano Campolina;instalado em frente ao Hospital, na Praça que também recebera seunome. Neste espaço sagrado, os restos mortais de Cassiano Campo-lina descansam em paz. Mas sua alma está em constante vigília ze-lando por tão Nobre Instituição.

MEMORIAL CASSIANO CAMPOLINA

Vista do Hospital com o Memorial

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O TOMBAMENTO

Em decisão histórica e unânime, o Conselho Municipal de Desen-volvimento Cultural, CODEC, de Entre Rios, aprovou em sessão no dia27 de abril de 1998 o dossiê de Tombamento do Hospital.

Contendo mais de 200 páginas, elaborado por uma empresa es-pecializada em patrimônio cultural, consta o tombamento das seguintesáreas: fachada principal, jardins laterais, hal de entrada, refeitório, ca-pela, sala da provedoria e tesouraria, assim como as pinturas artísticasque o decoram e o centenário fogão inglês a lenha.

Que esta conquista não sirva apenas como fachada e meio deespeculação para aumentar a receita do município, mas traga frutos emprol desta instituição com o objetivo de aprimorar sua capacidade deatendimento e conservação do belo patrimônio.

CONCLUSÃO

Aí se encontra, caros conterrâneos, um esboço do relato históricode nosso Hospital e de seus beneméritos fundadores. Espero que estenão se perca no tempo; e, sim, traga ânimo aos vindouros governantespara que possam com abnegação guiar os destinos desta Casa.

Minhas desculpas a aqueles que muito fizeram em favor de nossoHospital e por um lapso deixei de mencioná-los; tenho a certeza deque, sem estes, esta casa não teria crescido e suas memórias não esta-riam perpetuadas.

Antes de encerrar este breve relato, à vós dirigimos, Excelsa Pa-droeira do Hospital Cassiano Campolina, Nossa Senhora das Dores, asexpressões de todo o nosso devotamento, de toda a nossa gratidão,de toda a nossa humildade, para suplicar a vossa imensa misericórdia,a vossa infinita comiseração, intercedendo pelos destinos desta casa eabrigando sob vossa divina proteção todos os que trabalham em prolda caridade e para o bem do Estabelecimento.

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ANEXO I

ESTATUTOS

(Aprovados em Assembléias Gerais de 12 de agosto de 1973, 12 de novembro de 1978, 12 de fevereiro de 1995

e 03 de dezembro de 1995.)

Entre Rios de Minas, 03 dezembro de 1.995

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CERTIDÃO

CERTIFICO que no dia 06 de agosto de 1980 foi inscrito neste Cartório, no Livro n.º 4-A, folha38, termo 44 de Registro das Pessoas Jurídicas, a REFORMA DO ESTATUTO DO HOSPITAL CAS-SIANO CAMPOLINA, DA CIDADE DE ENTRE RIOS DE MINAS.

Entre Rios de Minas, 06 de agosto de 1980.Renato de Oliveira

CAPÍTULO I

Da Denominação, Sede, Fins e Duração da FundaçãoArt. 1.º - O "HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA", Fundação criada por disposição testamenteirado benemérito entrerriano Cassiano Antônio da Silva Campolina e inaugurado em 1910, semfins lucrativos, com sede e foro na Cidade de Entre Rios de Minas, Estado de Minas Gerais, reger-se-á pelo presente Estatuto, aprovado em Assembléia Geral de 12 de agosto de 1973, com asmodificações aprovadas em Assembléia Geral de 12 de novembro de 1978 e de 12 de fevereirode 1995.Art. 2.º - A Fundação tem por fim:

a) prestar socorros hospitalares aos doentes reconhecidamente pobres, de qualquer proce-dência, que os reclamarem;

b) prestar socorros médico-cirúrgicos e fornecer medicamentos na respectiva policlínica aosdoentes pobres que puderem tratar-se em seus domicílios;

c) receber, mediante remuneração quanto possível módica, doentes que, não sendo pobres,quiserem servir-se do tratamento do Hospital.

Parágrafo único - A preferência estabelecida no testamento do Instituidor somenteserá observada se faltarem ao Hospital recursos para atender indistintamente.

Art. 3.º - A Fundação existirá por tempo indeterminado, e não poderá fazer junção com outra.Art. 4.º - São órgãos da Fundação:

I - a Assembléia dos Irmãos;II - o Conselho Diretor;III - o Conselho Fiscal.

CAPÍTULO II

Da IrmandadeArt. 5.º - Dirigirá a Fundação uma Irmandade constituída por trinta homens, com residência noBrasil, os quais elegerão entre si o Conselho Diretor (art. 12).

Parágrafo único - É inalterável o número de Membros da Irmandade.Art. 6.º - Os Irmãos são vitalícios, somente perdendo seus lugares:a) por expressa ou tácita renúncia;b) por condenação em pena infamante;c) por incapacidade física ou moral, averiguada no juízo competente;d) por mudança para fora do país.Parágrafo único - Reputar-se-á renunciado o lugar do irmão que faltar a três sessões conse-

cutivas da Irmandade, ordinária ou extraordinária, sem causa justificada.Art. 6.º - Os Irmãos são vitalícios, somente perdendo seus lugares:

a) por expressa ou tácita renúncia;

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b) por condenação em pena infamante;c) por incapacidade física ou moral, averiguada no juízo competente;d) por mudança para fora do país.Parágrafo único - Reputar-se-á renunciado o lugar do irmão que faltar a três sessões consecutivas da

Irmandade, ordinária ou extraordinária, sem causa justificada.Art. 7.º - As vagas que se verificarem na Irmandade serão preenchidas em sessão especial, ou não, pre-

sente a maioria dos Irmãos em exercício.Art. 8.º - Quando não resultantes de óbito, considerar-se-ão confirmadas as vagas:

a)no caso de renúncia expressa, desde o seu recebimento pelo Conselho Diretor, ou pela Assembléia;b)no caso de renúncia tácita (art.6.º, parágrafo único) e de mudança de residência, desde a data dacomunicação a que se refere o art. 21, alínea g;c)no caso das alíneas b e c do art.6.º, desde a data transcurso em julgado da sentença condenatória,ou declaratória da incapacidade.

Parágrafo único-Não se tomará conhecimento de renúncia formulada verbalmente.Art.9.º - Não poderá eleger-se para Irmandade quem pertence ao corpo clínico comtratado do Hospital.Art. 10- Os Irmãos eleitos tomarão posse dentro em 30 dias, em sessão da irmandade, ou perante o Pro-vedor, sob o compromisso de desempenhar honradamente o cargo.Art. 11- À Irmandade compete:

I - Eleger os Irmãos;II - Eleger o Conselho Diretor;III - Julgar as contas da Provedoria, findo o ano social, que terminará sempre a 31 de dezembro, decidindo

os recursos a que se refere o parágrafo 2.º do art. 16;IV - autorizar o Conselho Diretor a alinear bens imóveis, salvo os que fizerem parte do patrimônio invio-

lável (art. 43, parágrafo único);V - reformar o Estatuto da Fundação (art. 47);VI - decidir as questões que o Conselho Diretor julgar conveniente submeter-lhe.

CAPÍTULO III

Da Administração do HospitalArt. 12- A gerência e administração do Hospital é conferida a um Conselho Diretor, constituído por umProvedor, um Vice-Provedor, um Tesoureiro, um Secretário e sete Conselheiros.Art.13-É trienal o mandato do Conselho Diretor, permitida a reeleição de seus integrantes.Art. 14-As vagas que ocorrerem no Conselho Diretor serão preenchidas nos sessentas dias seguintes à suaconfirmação, pela forma prescrita no art. 7.º.Art. 15- Perderá o lugar o Conselho faltoso a três sessões consecutivas, ordinária ou não, sem causajustificada.Art. 16.º - Compete ao Conselho Diretor:

I - resolver todas as questões atinentes à administração do Hospital;II - criar empregos, e marcar-lhes os proventos;III - tomar contas ao Provedor e ao Tesoureiro, sempre que julgar conveniente;IV - autorizar ao Provedor a alienar bens móveis, não pertencentes ao patrimônio inviolável da

Fundação;V - votar o orçamento anual da receita e da despesa da Fundação;VI - organizar o Regimento Interno do Hospital e reformá-lo quando necessário;VII - decidir reclamações ou recursos interpostos de atos do Provedor.

1.º- As reformas do Regimento Interno poderão ser votadas em qualquer sessão, ordinária ou especial.2.º- Das decisões do Conselho sobre as contas do Provedor caberá a este recurso para a Assembléia Geral.

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Art. 17 - A fundação não distribui lucros ou dividendos e as atividades dos Diretores, Conselheiros e Insti-tuidores, bem como as dos sócios e mantenedores serão inteiramente gratuitas, sendo-lhes vedado o re-cebimento de qualquer lucro, gratificação,bonificação ou vantagem.Parágrafo único - É proibida a remessa, sob qualquer título, de lucros para o exterior.

CAPÍTULO IV

Do Provedor e do Vice-ProvedorArt. 18 - O Provedor é Presidente do Conselho Diretor e o Superintendente de todos os serviços da Fun-dação, competindo-lhe:

I - representar a Fundação, ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente;II - convocar e presidir as sessões do Conselho Diretor;III - Convocar as sessões da Irmandade, e presidi-las, salvo quando não por ele convocadas;IV - Executar e fazer cumprir este Estatuto e as deliberações da Irmandade e do Conselho Diretor;V - fiscalizar os encargos do Tesoureiro e do Secretário e designar-lhes substitutos eventuais, dentre os

Conselheiros;VI - abrir, rubricar e encerrar os livros da Fundação;VII - assinar todas as portarias de despesa;VIII - assinar com o Secretário e o Tesoureiro os diplomas dos Irmãos benfeitores;IX - apresentar à Irmandade, no último domingo de janeiro, um relatório circunstanciado de suas ativi-

dades no exercício recém-findo, o balanço geral da receita e da despesa do mesmo, com os respectivoscomprovantes, e a cópia do orçamento votado para o novo exercício;

X - celebrar convênios com entidades assistências para prestação de serviços hospitalares a seus asso-ciados, com prévia autorização do Conselho Diretor;

XI - assinar cheques com o Tesoureiro.Art.19 - Ao Vice-Provedor incube cooperar com o Provedor e substituí-lo em suas faltas e impedimentos.No caso de impedimento simultâneo e definitivo de um e outro, assumirá a Provedoria o mais velho dosConselheiros, que convocará imediatamente a Irmandade para a eleição de novos titulares, salvo se asvagas ocorrerem no último semestre do triênio.

CAPÍTULO V

Do TesoureiroArt. 20 - O Tesoureiro é o chefe da Tesouraria, competindo-lhe:

a) arrecadar todas as quantias e valores pertencentes à Fundação;b) efetuar os pagamentos autorizados, arquivando os respectivos comprovantes;c) apresentar mensalmente ao Conselho Diretor o balancete demonstrativo do estado financeiro da

Fundação;d) depositar em estabelecimento bancário designados pelo Conselho os dinheiros pertencentes à Fun-

dação, conservando em seu poder apenas o necessário para as despesas ordinárias;e) organizar, findo o ano civil, o balanço geral da receita e da despesa da Fundação assiando-o com o

Provedor;f) assinar cheques com o Provedor.

CAPÍTULO VI

Do SecretárioArt. 21- Ao Secretário, como chefe da Secretaria, compete:

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a) a fazer correspondência da Fundação;b) lavrar, em livro próprio, as atas das sessões do Conselho Diretor;c) arquivar, convenientemente catalogados, os papéis que transitarem nas sessões da Irmandade e do

Conselho Diretor;d) ter sob sua guarda os livros de atas das sessões da Irmandade e do Conselho Diretor;e) lavrar os termos de posse dos Irmãos e Conselheiros, salvo quando a posse se verificar em sessão da

Irmandade, caso em que os lavrará um dos Secretários ad hoc(art. 38);

f) fornecer quaisquer certidões, visadas pelo Provedor;g) comunicar ao Provedor os nomes dos Irmãos incursos no art. 6.º, alínea d, e no parágrafo único do

mesmo artigo, no primeiro caso quando, decorridos 30 dias, o próprio Irmão o não tenha feito, assim comoo dos Conselheiros que incidirem na sanção do art. 15;

h) apresentar ao Provedor relatório anual dos serviços da Secretaria.

CAPÍTULO VII

Do Conselho FiscalArt. 22- Ao mesmo tempo em que o Conselho Diretor e com mandatos coincidentes,eleger-se-á dentre os Irmãos, um Conselho Fiscal, composto de três membros efetivose três suplentes, competindo-lhe:

a) fiscalizar a gestão financeira da Provedoria, para o que terá acesso aos livros, papéis e documentosrelacionados com aquela gestão;

b) emitir parecer sobre as contas do Provedor relativas ao exercício recém-findo, encaminhando-o à As-sembléia dos Irmãos..CAPÍTULO VIII

Das Sessões da Irmandade e do Conselho DiretorArt.23 - O Conselho Diretor reunir-se-á:a) Ordinariamente, no terceiro domingo dos meses de janeiro, maio, setembro e dezembro, para examinar

as contas do Provedor relativas aos meses anteriores e discutir assuntos pertinentes à administração doHospital,

b) extraordinariamente, sempre que convocado pelo Provedor, ou pela maioria de seus membros, paradeliberações urgentes.Art. 24 - Em qualquer dos casos, exigir-se-á para o funcionamento do Conselho a presença de sete, pelomenos, de seus membros, inclusive o Provedor, em primeira convocação, e de cinco, em segunda.

Parágrafo único - Tratando-se das contas relativas ao mês de dezembro, a sessão para aprová-las (art.23,a) - poderá realizar-se, também, com apenas cinco participantes.

Art. 25 - Na sessão ordinária de dezembro, votará o Conselho o orçamento da receita e da despesa daFundação para o exercício seguinte, transcrevendo-se o mesmo na respectiva ata.Art. 26 - A convocação, dispensada para as sessões ordinárias, far-se-á, com antecedência mínima de trêsdias:

a) por aviso na imprensa local;b) por carta registrada;c) por carta, sob protocolo.

Art. 27 - O Secretário lavrará ata circunstanciada dos assuntos tratados, mencionando o número dos Con-selheiros presentes, os faltosos, com motivo justificado ou não, o expediente lido e demais ocorrências,assinando-a com o Provedor e o Tesoureiro.Art. 28 - Presidirá a sessão, quando não convocada pelo Provedor, o Conselheiro que os presentes

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aclamarem, o qual designará um Secretário ad hoc.Art. 29 - A Irmandade reunir-se-á em Assembléia Geral, para os fins do art. 11:

a) no primeiro domingo de fevereiro para julgar o parecer do Conselho Fiscal sobre as contas do Pro-vedor relativas ao exercício anterior, o qual se transcreverá na ata, e para decidir os recursos a que se refereo art. 16, parágrafo único;

b) extraordinariamente, sempre que convocada pelo Provedor ou por um terço, no mínimo, dos Irmãosem exercício (desprezada a fração).Art. 30 - As sessões da Irmandade, ordinárias ou extraordinárias, terão lugar com a maioria dos Irmãos emexercício, na primeira convocação, e com um terço deles, na segunda.Art. 31 - A convocação da Irmandade se fará com a antecedência mínima de 10 (dez) dias, por qualquerdos modos indicados no art. 26.

Parágrafo - As sessões da Irmandade ou do Conselho Diretor, que não se realizarem por falta de número,ficam automaticamente convocadas para uma hora após, no mesmo dia e local.Art. 32 - Presidirá a sessão, quando não convocada pelo Provedor, o Irmão que os presentes aclamarem, oqual designará dois secretários ad hoc.

Art.33 - Adotar-se-á livro de presença para as sessões da Irmandade e do ConselhoDiretor, dispensada nas respectivas atas a menção nominal dos comparecentes.Art. 34 - Um dos Secretários lavrará, em livro próprio, a ata da sessão, mencionando o número dos Irmãospresentes, os faltosos, com ou sem causa justificada, a aprovação da ata anterior, quando for o caso, o re-sultado da eleição que se realizar e as demais ocorrências, assinando-a com o Presidente e o outro Secre-tário, quando imediatamente discutida e aprovada.Art. 35 - No segundo domingo de dezembro, último do triênio, reunir-se-á a Irmandade para eleger novoConselho Diretor e Conselho Fiscal, cumprindo ao Secretário fazer aos eleitos, não presentes à Assembléia,a devida comunicação. Art. 36 - A posse do Conselho recém eleito terá lugar em 1.º de janeiro seguinte, com qualquer númerodos seus integrantes, prestando o novo Provedor, ou seu substituto eventual (art. 19), o compromisso doart. 10 e deferindo-o aos seus pares. Lavrar-se-á imediatamente a respectiva ata, dispensando o termo deposse.

1.º- Reputar-se-á não aceito o lugar do Conselho que faltar à sessão de posse sem alegar justo impe-dimento.

2.º- O Conselho impedido, nos termos do parágrafo anterior, tomará posse nos trinta dias seguintes,perante o Provedor, podendo fazê-lo mediante Procurador.

3.º- É também de trinta dias o prazo para a posse, perante o Provedor, do Conselhoeleito para preenchimento de vaga e não empossado pela Assembléia que o elegeu.Art. 37 - As atas, tanto do Conselho Diretor como da Assembléia, não imediatamente assinadas, sê-lo-ãopela mesa diretora da sessão em que forem aprovadas, aditando-se lhes declaração neste sentido.Art. 38 - Lavrar-se-á simples termo de reunião, assinado pelos presentes, quando se não verificar número,quer para as sessões da Irmandade, quer para as do Conselho.

CAPÍTULO IX

Das VotaçõesArt. 39 - Três são os processos de votação, nas sessões do Conselho Diretor e da Irmandade:

a) o simbólico;b) o nominal, por proposta de algum dos membros da reunião;c) o de escrutínio secreto, nas eleições e nas questões em que seja pessoalmente interessado qualquer

de seus membros.Art. 40 - Salvo os casos expressos, as deliberações, que da Assembléia, quer do Conselho Diretor, serão

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tomadas pela maioria dos membros presentes, cabendo ao Presidente o voto de desempate.Art. 41- Nas eleições para a Irmandade e para o Conselho, observar-se-ão as seguintes regras:

I - as cédulas conterão tantos nomes, quantos os lugares a preencher;II - havendo excesso de nomes, desprezar-se-ão os últimos;III - o nome repetido considerar-se-á escrito uma só vez;IV - considerar-se-ão eleitos em primeiro escrutínio os candidatos que reunirem a maioria

dos votos presentes;V - considerar-se-ão eleitos em segundo escrutínio os mais votados qualquer que seja o nú-

mero de votos, decidindo a sorte, no caso de empate.

CAPÍTULO X

Do PatrimônioArt. 42 - O patrimônio da Fundação compreende:

a) os bens especialmente destinados pelo Instituidor em seu testamento;b) os bens, valores e direitos posteriormente adquiridos, quer a título oneroso, gratuito (he-

ranças, legados, doações, etc.).Art. 43 - O patrimônio é dividido em duas partes distintas, que serão convenientemente discri-minadas na escrituração da Fundação: uma disponível, a juízo do Conselho Diretor, ou da Ir-mandade, conforme se trate, respectivamente, de bens móveis, ou imóveis; outra, indisponível,da qual fazem parte os bens legados pel Instituidor e os posteriormente adquiridos com essadestinação especial.

Parágrafo único - Nos casos de notória conveniência para a Fundação, poderá a maioria daIrmandade autorizar a alienação de bens do patrimônio inviolável, para a aquisição de outros,aos quais se transferirá o ônus, de acordo com a lei.Art. 44 - O Provedor converterá com autorização do Conselho, em títulos da dívida pública es-tadual ou federal, ou em imóveis que dêem renda, os bens destinados ao patrimônio da Fun-dação.Art. 45 - Constituem receita da Fundação os juros ou renda de apólices e títulos diversos, osaluguéis de imóveis, o produto dos serviços hospitalares, os donativos, as subvenções dos po-deres públicos, etc.

Art. 46 - Os lucros porventura apurados na gestão financeira da Fundação serão incorporadosao seu patrimônio, não se lhes podendo dar qualquer outra destinação.

Parágrafo único - A totalidade das rendas apuradas será revertida à manutenção da Fundaçãoe ao atendimento gratuito e beneficente da mesma, a critério da Assembléia Geral.

CAPÍTULO XI

Disposições GeraisArt. 47 - O presente Estatuto somente poderá ser alterado precedendo proposta do Provedor, ou de um terço, no mínimo, dos Irmãos em exercício - e mediante o voto da maioriaabsoluta destes (C. Civil, art. 28), em Assembléia especialmente convocada.Art. 48 - Valerão como parte integrante deste Estatuto as diversas cláusulas estabelecidas peloInstituidor em seu testamento.

- Os casos omissos serão resolvidos pela Assembléia dos Irmãos, ou pelo Conselho Diretor,conforme a competência, e observada a lei.Art. 49 - Os membros da Irmandade não respondem subsidiariamente pelas obrigações daFundação.

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Art. 50 - Conferir-se-á o diploma de BENFEITOR a todo aquele que concorrer para a Fundação comquantia não inferior a R$ 1.000,00, ou prestar-lhe serviços relevantes, a juízo da Irmandade. - Os ben-feitores terão o seu retrato no salão nobre do Hospital. - O valor da contribuição monetária poderá seralterado pela Irmandade.Art. 51- Clínicos não contratados poderão encaminhar clientes ao Hospital e prestar-lhes assistência,desde que autorizados pelo Conselho Diretor e com observância do Regimento Interno da Casa.

Art. 52 - Em caso de dissolução ou extinção da Fundação, seu patrimônio será destinado a uma enti-dade congênere, juridicamente constituída e devidamente registrada no Conselho Nacional de Assis-tência Social ou a entidade pública, a critério da Assembléia Geral.

"O presente estatuto preenche os requisitos legais e está em perfeita ordem. Nada tenho a opor.Entre Rios de Minas, 24 de julho de 1980.

(a) Jefferson Ribeiro Netto - Promotor de justiça."

CERTIDÃOCertifico que no dia 06 de agosto de 1980, foi inscrito neste Cartório, no livro n.º 4-A, folha 38, termo44 de Registro das Pessoas Jurídicas a REFORMA DO ESTATUTO DO HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINADA CIDADE DE ENTRE RIOS DE MINAS.

Entre Rios de Minas, 06 de agosto de 1980.

(a) Renato de Oliveira.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RESOLUÇÃO Nº 01/96

O Promotor de Justiça ao final assinado, em exercício na PROMOTORIA ESPECIALIZADA DE FUNDA-ÇÕES, nesta Comarca,CONSIDERANDO o requerimento de Jorge de Souza Resende, pedindo aprovação de modificações noEstatuto da Fundação “HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA”, que fazem constar expressamente tratar-sede Instituição sem fins lucrativos, alterando dispositivos no que diz respeito a Irmandade, mudançasquanto as realizações das sessões, atualização de valor dado em contribuição conferidor do título deBenfeitor da Instituição e, finalmente, a destinação de patrimônio em caso de extinção;CONSIDERANDO que, conforme cópias autenticadas da ata, ditas reformas foram deliberadas pelaunanimidade dos competentes para gerir e representar a Fundação;CONSIDERANDO que há previsão estatutária autorizando as modificações e que estas não contrariamo fim almejado pelo Instituidor da Fundação;CONSIDERANDO, ainda, que referidas modificações estão de acordo com a Lei e preenchem os requi-sitos descritos na Resolução nº 04/84, da Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Resolve:

APROVAR as modificações no Estatuto da FUNDAÇÃO “HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA”, conformeo requerimento encaminhado a esta Promotoria, ratificando a necessária averbação no Cartório de Re-gistro Civil de Pessoas Jurídicas, efetivada a margem do termo 44, fls. 38, livro A-04 e continuação livroA-06, fls. 43;DEFERIR o prazo de quinze dias, para que o Provedor da Fundação:PROTOCOLE, nesta Promotoria, a cópia autêntica do Estatuto em vigor devidamente registrado noCartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Entre Rios de Minas, 22 de Julho de 1996.

Paulo de Tarso Morais FilhoPromotor de Justiça

Curador de Fundações

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RESENDE, Elson de Oliveira, nasceu a 23 de dezembro de 1958,em Entre Rios de Minas. Concluiu seus estudos na Escola Estadual Ri-beiro de Oliveira, formando-se como Técnico de Análises QuímicasContabilidade. Trabalhou no Hospital Cassiano Campolina, exercendovariadas funções, pelo período de 17 anos.

Amante das tradições familiares e históricas, membro do ConselhoMunicipal de Desenvol-vimento Cultural deEntre Rios, CODEC,votou a favor do tom-bamento histórico doHospital Cassiano Cam-polina, em abril de1998.

Memorial Hospi-tal Cassiano Campo-lina é o resgate dahistória de grandesnomes em prol de umbem comum.

Nota:

O autor pesquisou dados para seu trabalho em escritos particulares deCassiano Antonio da Silva Campolina, relatórios anuais de Provedorese outros documentos arquivados no Hospital Cassiano Campolina; eentrevistou pessoas familiarizadas com acontecimentos da época.

BIOGRAFIA DO AUTOR

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