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CATEGORIA ESTUDANTE DE GRADUAÇÃO TEMA 1 MENÇÃO HONROSA IANDRA DE SOUZA MALDANER DISCRIMINAÇÃO POR GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO PARANAENSE Menção Honrosa (Iandra de Souza Maldaner).pmd 25/4/2007, 12:07 527

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CATEGORIA ESTUDANTE DE GRADUAÇÃO

TEMA 1

MENÇÃO HONROSA

IANDRA DE SOUZA MALDANER

DISCRIMINAÇÃO POR GÊNERO NO MERCADODE TRABALHO PARANAENSE

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Monografias premiadas 529

RESUMO

Este trabalho tem como intuito examinar os salários dos trabalhadores no estado do Paraná,

especificamente no ano de 2001, e verificar se existem diferenças salariais por gênero provindas

de discriminação. Os dados foram coletados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (Pnad) de 2001 e em alguns dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do

mesmo ano.

Foi aplicada a decomposição de Ronald Oaxaca para verificar a existência de discriminação por

gênero nos setores formal e informal do mercado de trabalho, por meio de uma regressão de

Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), na qual a variável dependente é o logaritmo do salário e

as variáveis explicativas são: educação, experiência, experiência ao quadrado e interação das

variáveis educação e experiência. Pode-se verificar que os salários femininos são inferiores nos

dois setores e que existe discriminação contra as mulheres no mercado de trabalho paranaense.

No entanto, no setor formal, a discriminação é aparente, pois a experiência é levada em conta na

remuneração do trabalhador, e a mulher a possui em menor quantidade que o homem. Quanto

ao setor informal, pode-se dizer que existe discriminação salarial própria, uma vez que a mulher

apresenta as características produtivas exigidas no mercado de trabalho, mas não é remunerada

de acordo.

1 INTRODUÇÃO

Uma das características importante do mercado de trabalho brasileiro é a ocorrên-cia de diferenças salariais. Essa questão é um tanto delicada, pois o salário-mínimo,criado a fim de corrigir a imperfeição do mercado de trabalho capitalista e garantirao trabalhador e família condições básicas de subsistência, não atingiu seu objetivo,uma vez que, após a fixação de seu primeiro valor em 1940, seu poder aquisitivotendeu a cair muito até hoje (DIEESE, 2002). Uma outra característica que vemsendo enfrentada no mercado de trabalho brasileiro é o diferencial salarial entrehomens e mulheres.

Segundo Silva (1987), o estudo das diferenças salariais é justificado pelasvárias relações sociais e econômicas existentes, tornando-o o elo final dahierarquização nas sociedades modernas, sendo que esta determina os níveisde bem-estar atingíveis pelas pessoas. No Brasil são analisados quatro gruposde características para estudar as diferenças salariais, quais sejam: individuais,empresariais, setoriais e regionais. A partir do pressuposto de que as diferençassalariais existem e são elevadas, pretende-se averiguar quais são as variáveisrelevantes na explicação dessa diferenciação.

Segundo Fontes e Arbex (2000), esse tipo de análise é importante para oBrasil em razão, principalmente, da estrutura e das características recentes da

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economia e do mercado de trabalho, quais sejam: grande concentraçãopessoal de renda; vasta heterogeneidade da qualidade da força de trabalho;elevada parcela da força de trabalho ocupada em atividades informais; acen-tuadas desigualdades regionais; liberalização comercial, desregulamentaçãodos mercados e privatização de empresas estatais; longo e persistente pro-cesso inflacionário até recentemente e implantação de seguidos planos deestabilização e ajuste estrutural.

Ao longo da segunda metade do século passado foram detectadasdisparidades salariais. Várias políticas salariais foram adotadas para tentar di-vidir melhor a renda nacional. Essas políticas foram pouco eficientes, pois asdisparidades na distribuição da renda persistiram (DIEESE, 2002).

Conforme Chahad (1986), diferenças educacionais que existem entre ostrabalhadores constituem o principal fator que determina as disparidades sala-riais, mas a idade, gênero, setor de atividade, região de residência também dãosua contribuição para a remuneração do indivíduo.

A discriminação por gênero no mercado de trabalho ocorre quandohomens e mulheres, com as mesmas preferências e atributos produtivos,recebem remunerações diferenciadas na força de trabalho, em termos desalários e ou de acesso ao trabalho. Uma parcela da diferença de remunera-ção entre gêneros pode ser atribuída a diferenças de preferência e de quali-ficação entre os trabalhadores. No entanto, há uma parcela residual, quenão se refere nem a preferências e nem à qualificação e que pode ser consi-derada indicador de discriminação (BAPTISTA, 1999).

Ações discriminatórias no mercado de trabalho são freqüentes. Existemdois tipos de discriminação, a de cunho salarial, quando os trabalhadores sãoigualmente produtivos e ocupam os mesmos postos de trabalho, mas recebemdiferentes salários; e a de caráter alocativo, quando os trabalhadores igualmen-te produtivos têm chances diferentes de ocupar postos de trabalho de altaprodutividade (JACINTO et al., 2002).

Segundo Arrow (1972, apud LOUREIRO, 2000), mercado é o local emque ofertantes e demandantes negociam determinado produto, envolvendoapenas relações interpessoais (nesse local não há discriminação), desde queeste não sofra influência de fatores não-mercado (networks ou interação social),no comportamento econômico. O comportamento econômico depende danatureza das crenças e atitudes determinadas culturalmente e condicionadaspelas instituições sociais. Mercados competitivos, por ter forte interação social,geram forte discriminação.

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A questão da permanência no trabalho é, às vezes, citada como um elementoque ajudaria a explicar o diferencial de salários entre homens e mulheres. Algunsestudos, relacionados às questões salariais, demonstram que, em média, os saláriosdos homens são superiores aos das mulheres, mesmo após o controle por diversascaracterísticas observáveis. Uma possível interpretação é que se trata de uma discri-minação no mercado de trabalho. Entretanto, podem existir outros tipos de possi-bilidades de entender essa observação, entre elas, a necessidade de engajamento notrabalho. Como em situações em que as mulheres dividem seu tempo de atividadeentre o mercado de trabalho e o trabalho doméstico. Postos de trabalho que pro-porcionem essa possibilidade de flexibilidade no emprego, certamente remune-ram menos (FERNANDES, 2002).

Em muitos aspectos da vida, a discriminação é difícil ou impossível de semedir, mas, em outros, a mensuração é possível, é o caso do mercado de trabalho,no qual há possibilidade de se mensurar os efeitos da discriminação. Neste traba-lho pretende-se estudar, quantitativamente, os resultados sobre os indivíduos daspráticas discriminatórias no Paraná, ou seja, investigar as diferenças salariais noestado para o ano de 2001, empregando a decomposição de Ronald Oaxaca, quemede a discriminação por gênero.

1.1 O problema e sua importância

A inserção da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, aolongo dos anos, por elevado grau de discriminação, não só no que tange àqualidade das ocupações que têm sido criadas tanto no setor formal como noinformal do mercado de trabalho, mas principalmente no que se refere à desi-gualdade salarial entre homens e mulheres (MAIA; LIRA, 2002).

Na teoria da discriminação no mercado de trabalho, observa-se um oumais grupos em situação desfavorável a outro grupo considerado ideal ou pa-drão, levando em conta suas características não produtivas, como a cor dapele, a opção sexual, a religião, o sexo, a origem social, ou quase qualquer outramarca que se impõe aos indivíduos.

Considerando que há poucas informações sobre o mercado de trabalhoem geral no Paraná e mais especificamente sobre o mercado de trabalho femi-nino, ou seja, a questão de gênero é pouquíssimo considerada nesse estado,que vem acompanhando a evolução de desenvolvimento nacional ao longo dosanos, com crescimento industrial, tecnológico e agrícola, e por possuir umaeconomia forte. Essa informação da situação do trabalho feminino é impor-tante para as políticas públicas ativas de qualificação e emprego no Paraná, porexemplo, as autoridades públicas podem estar gastando recursos para qualifi-car o segmento que sofre discriminação, e a política do estado deveria ter outro

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modelo. Seguindo Soares (2000), onde existem diferenças, existem indivíduoscujas vidas são prejudicadas por pertencerem a um ou outro grupo que foge adeterminadas normas impostas.

Uma das esferas da sociedade na qual é possível mensurar os efeitos dadiscriminação é no mercado de trabalho. E por que medir a discriminaçãopela renda? Porque, ainda que existam dificuldades de mensuração, não háambigüidade sobre a desejabilidade da renda. Participar ou não do mercadode trabalho, a escolha do setor de atividade ou o número de horas trabalhadassão resultados complexos que podem refletir escolhas e não discriminação,mas dinheiro é importante para todos, ceteris paribus (MAIA; LIRA, 2002).

Deseja-se verificar aqui se existe diferença salarial no mercado de trabalhoparanaense entre homens e mulheres. Caso ela exista, seria em decorrência dadiscriminação? Ou seja, Existe discriminação salarial por gênero no estado do Paraná?

1.2 Objetivo

O objetivo geral deste trabalho é investigar as diferenças salariais por gênerono estado do Paraná no ano de 2001, abordando questões a respeito dos níveisdessas diferentes remunerações e verificando se existe discriminação.

1.3 Estrutura do trabalho

Além da introdução e do objetivo, o trabalho está subdividido em cinco par-tes. Na segunda seção, são definidas as variáveis e a metodologia empregada notrabalho. Na terceira seção, é apresentada a revisão de literatura referente aomercado de trabalho e à participação feminina nos postos de trabalho. A quar-ta seção traz os resultados encontrados e, por fim, a quinta seção apresenta asconclusões do trabalho.

2 METODOLOGIA

A pesquisa a ser desenvolvida neste estudo tem conteúdo descritivo, em que oobjetivo primordial é a descrição das características de determinada populaçãoou fenômeno, dedicando-se a uma pesquisa da literatura existente sobre omercado de trabalho, tais como: de Katy Maia (2002), Ronald Oaxaca (1973),José Pastore (2000); entre outros. Para tanto, adota-se a sistemática normal-mente empregada nos trabalhos de revisão de literatura, orientados por análi-se, leituras, e a sua organização a partir do eixo básico da diferenciação salarial,pois se trata de uma literatura muito rica.

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2.1 Procedimentos metodológicos

A partir dos microdados de 2001 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domi-cílios (Pnad), disponibilizada pela base de dados do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), são verificadas as diferenças salariais, bem comoinvestigado o grau de discriminação por gênero no mercado de trabalhoparanaense. São também utilizados, a título de comparação, os dados da Rela-ção Anual de Informações Sociais (RAIS), disponibilizada pelo Ministério dotrabalho e Emprego (MTE). Aplica-se ainda o programa Statistical Package forthe Social Sciences (SPSS), para processar os dados da Pnad.

Neste trabalho, considera-se que o setor formal do mercado de trabalho éconstituído por trabalhadores com carteira assinada, militares, funcionários públi-cos e trabalhadoras domésticas com carteira assinada. O setor informal do mercadode trabalho é formado por empregados sem carteira assinada, trabalhadores porconta-própria e trabalhadoras domésticas sem carteira assinada.

2.2 Medindo a discriminação

Por meio do programa SPSS, é calculado o chi-square ou qui-quadrado (X2)para verificar se a maior proporção salarial é de fato a masculina. Para procederao teste, basta obter duas amostras aleatórias independentes, uma de cadapopulação (masculina e feminina), e aplicar o teste, conforme Hoffmann (1991).

A pesquisa também aplica o método econométrico. Para a análise da dife-rença dos salários entre homens e mulheres, utiliza-se o modelo desenvolvidopor Oaxaca (1973), que foi criado para estudar a questão da discriminaçãosexual e racial, utilizando funções de salário da Teoria do Capital Humano.Usando a análise de regressão decompõe-se o diferencial de salários médio porgênero em um diferencial em razão dos atributos pessoais ou variáveis de con-trole da regressão de salários, e outro diferencial em decorrência do tratamen-to diferenciado do mercado para homens e mulheres. Aqui se pretende mensuraro grau da discriminação por gênero nos mercados de trabalho formal e infor-mal, bem como a análise dos resultados.

A discriminação será examinada pela seguinte ótica: existe um grupo pa-drão – os homens –, que estabelece a norma no mercado de trabalho, e outrogrupo – as mulheres –, que sofre uma possível discriminação (SOARES, 2000).

Essa metodologia mede todas as características teoricamente relevantes àdeterminação de ganhos como a escolaridade, por exemplo. Estima-se estatistica-mente como cada uma dessas características contribui para os ganhos das mulheres,associando cada característica aos rendimentos dessas trabalhadoras. Após, calcula-se quanto as mulheres ganhariam se suas características produtivas fossem as

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mesmas que as dos homens. Na ausência de discriminação, as mulheres e oshomens com as mesmas características produtivas deveriam ter salários iguais(CHAVES, 2000).

O modelo tem como variável dependente o salário e como variáveisindependentes ou explicativas a educação, a experiência (idade–educação),experiência ao quadrado, interação entre as variáveis educação e experiência(educação*experiência). Visto que todas essas variáveis podem trazer reflexosem relação ao salário do indivíduo, e conforme a teoria do capital quantomaior o estoque de habilidades e conhecimento do indivíduo, maior é oincremento salarial do trabalho por ele desenvolvido.

O modelo baseia-se em estimativas da função de salário para os grupos aserem considerados, no caso deste estudo, homens e mulheres que trabalha-ram no mercado paranaense em 2001. De acordo com Mincer (1974), queformulou a função salário do capital humano, na qual relaciona o logaritmonatural do salário com o investimento em capital humano (anos de estudo eexperiência), o capital humano determina o rendimento do trabalho indivi-dual conforme a produtividade do indivíduo.

2.3 Decomposição de Oaxaca

Segundo Ronald Oaxaca, as equações abaixo seguem o modelo de MínimosQuadrados Ordinários (MQO) e são utilizadas para medir a discriminaçãosofrida pelos indivíduos expostos à situação de exclusão; neste caso, exclusãopor gênero.

A decomposição de Oaxaca tem as seguintes equações:

mimimim Xw µ+β+α=ln (1)

fififif Xw µ+β+α=ln (2)

Onde, wm

= salário masculino e wf = salário feminino, e onde α é o

intercepto da regressão; X é o vetor das variáveis de capital humano, lnw é o logaritmo

do salário; é o vetor dos coeficientes; e é o erro ou termo aleatório.

Os subescritos m e f representam, respectivamente, as variáveis do gêneromasculino e feminino; e o subescrito i indica o número de indivíduos partici-pantes da amostra, de forma que i = 1, ... , n.

As estimativas da função salário 1 e 2, pelo método dos Mínimos

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β

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Quadrados Ordinários (MQO), podem ser escritas como:

mmmm Xw β+α= ˆˆln (3)

ffff Xw β+α= ˆˆln (4)

Onde X indica o valor médio e o acento circunflexo sobre e represen-

tam os valores estimados, de forma que a diferença de rendimentos pode serdeterminada como as diferenças entre as equações 3 e 4.

( ) ffmmfmfm XXwww ββαα ˆˆˆˆlnln −+−=−=∆ (5)

Para aplicar a decomposição de Oaxaca (1973), deve-se incluir na equa-ção 5 a subtração e a soma de uma média artificial, que é dada pelo produtodos coeficientes da regressão das mulheres, o grupo considerado em desvanta-gem, e a média da dotação dos atributos dos homens, o grupo considerado emvantagem, ou seja, :

( ) mfmfffmmfmfm XXXXww ββββαα ˆˆˆˆˆˆlnln −+−+−=− (6)

Pelo rearranjo da equação (6), obtém-se:

( ) ffmfmfmmfmfm XXXXww ββββαα ˆˆˆˆˆˆlnln −+−+−=− (7)

( ) ( ) ( )fmffmmfmfm XXXww −+−+−=− βββαα ˆˆˆˆˆlnln

O primeiro termo, ( ) ( )fmmfm X ββαα ˆˆˆˆ −+− é o termo de discri-

minação, pois indica se há diferenças ou não nos rendimentos em decorrência

da discriminação salarial contra as mulheres. O segundo termo ( )fmf XX −β̂mostra a diferença nos rendimentos em razão das diferenças na dotação deatributos produtivos, o capital humano (MAIA; LIRA, 2002).

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Economia brasileira nas décadas de 1970 a 1990

Tendo como base a situação da economia brasileira e considerando ainda aanálise da economia paranaense neste trabalho, será mais fácil tirar as conclusõesa respeito do mercado de trabalho no Paraná e comparar, em termos de desem-penho produtivo e econômico, se é um estado que remunera sua massa trabalha-dora de acordo com a realidade consistente nas condições do mercado nacional.

Segundo Fontes e Arbex (2000), a partir de 1973, com a elevação dospreços do petróleo, o Brasil tinha duas opções: reduzir a taxa de crescimentodo Produto Interno Bruto (PIB) e, com isso, manter o equilíbrio de suas con-tas externas ou, como segunda opção, manter as taxas de crescimento dos anosanteriores via endividamento externo. O governo escolheu a segunda opção,muito mais por razões políticas do que econômicas. As conseqüências pelaopção do crescimento via endividamento externo começam a aparecer em 1979.A taxa de inflação se torna crescente, e o pagamento de juros e amortizações dadívida externa atingiam cerca de 70% do valor das exportações.

A crise da dívida externa, no início dos anos 1980, interrompeu o fluxode capital estrangeiro para o Brasil, e a reação do país à imposição do paga-mento dos enormes encargos da dívida implicou a paralisação dos investimen-tos e a dedicação da capacidade de produção nacional para gerar os dólaresnecessários, por meio de superávit no comércio exterior, importando o míni-mo e exportando tudo que fosse possível vender aos outros países. Isso onerouo bem-estar socioeconômico dos brasileiros. O país tinha desenvolvido suaeconomia, desde 1968, na base do endividamento externo, sem construir umsistema de financiamento em torno da moeda nacional, e não se mostrou àaltura quando lhe foi exigido enfrentar o colapso externo, provocado por mu-danças nas condições de operação do mercado financeiro internacional no fi-nal da década de 1970 (BALTAR, 2000).

Durante a segunda metade da década de 1980, a política econômicabrasileira concentrou-se no combate à inflação. Os planos de estabilização deinspiração ortodoxa, adotados entre 1981 e 1984, promoveram o ajustamentoexterno da economia, mas não conseguiram evitar a escalada de inflação(MODIANO, 1992).

Na década de 1980, o aumento da pobreza e das desigualdades dedistribuição de renda entre pessoas economicamente ativas foi atribuído aobaixo crescimento do PIB brasileiro, em razão, sobretudo, da taxa de infla-ção (FONTES; ARBEX, 2000).

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Barros et al. (1996, apud FONTES et al., 2000) encontraram relação positi-va entre inflação e pobreza na década de 1980. No entanto, em 1988 e 1989,quando a inflação atingiu patamares relativamente elevados, tornou-se um fenô-meno permanente; ela passava a afetar menos a pobreza do que o desemprego.

As condições do mercado financeiro internacional se modificaram, novamen-te, no início da década de 1990. A política de comércio internacional do paíssofreu profundas alterações, com a liberalização comercial acompanhada porincentivos à entrada de capitais estrangeiros, desregulamentação do mercado eprivatização das empresas, além de medidas de estabilização. A nova orientaçãopolítica do país provocou transformações no mercado de trabalho, principalmenteem termos de emprego e salário (RAPOSO; MACHADO, 2002).

Voltou a ser atrativo para as instituições financeiras internacionais aplicarcapital em países subdesenvolvidos, como o Brasil. O governo brasileiro, demodo análogo ao de muitos outros países subdesenvolvidos, modificou a legis-lação que fixa o tratamento dispensado ao capital estrangeiro. A nova legisla-ção facilitou a entrada e saída de capital financeiro do país, a remessa de lucrose dividendos e o acesso de estrangeiros aos mercados domésticos de ações etítulos de dívida. A entrada de capital estrangeiro no Brasil foi tão grande que,além de cobrir um enorme e crescente déficit de conta corrente do balanço depagamentos e de aumentar substancialmente o nível das reservas internacio-nais do país, provocou a valorização da moeda nacional, ao baixar o preço dodólar, apesar da inflação. A enxurrada de dólares, atraída pelo baixo valor dariqueza, num país que tinha investido muito no passado, mas sofreu parapagar o serviço da dívida externa, na década anterior, viabilizou uma reduçãoabrupta da inflação. A moeda artificialmente valorizada durou de meados de1994 até início de 1999 e exigiu taxas de juros brutais que arrasaram opatrimônio dos que dependeram da renovação do crédito doméstico. As altastaxas de juros provocaram um violento aumento da dívida pública, com reper-cussões no sentido de paralisar todo o aparelho do Estado, nos níveis federal,estadual e municipal, além de acelerar a venda, a baixo preço, do patrimôniopúblico (BALTAR, 2000).

De acordo com Cacciamali (1999), no Brasil, a década de 1990iniciou-se em um ambiente de abertura comercial e de recessão econô-mica. A partir de 1993, o nível de atividade econômica recuperou-se e,no ano seguinte, a administração Itamar Franco implementou um pro-grama de estabilização econômica. Sob a administração do então presi-dente Fernando Henrique Cardoso, em anos subseqüentes, com elevadastaxas de juros, de desvalorização cambial e de lenta recuperação dos inves-timentos, o crescimento da atividade econômica foi positivo, no entanto,

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não conseguiu elevar o número de empregos, na intenção de adequá-lo aocrescimento da População Economicamente Ativa (PEA).

Em 1994, as altas taxas de inflação foram contidas e mantidas em um pata-mar baixo, por meio do Plano Real, com o que os mais pobres passaram a exercersua capacidade aquisitiva, o setor de bens de consumo duráveis expandiu-se demaneira significativa, atendendo a demandas reprimidas da população, queforam sustentadas por políticas de crédito ao consumidor com juros elevados,mas prazos longos. Dessa forma, iniciou-se aí um processo de ajustamento dospreços e uma certa recuperação dos investimentos conduzidos pelo setor pri-vado. Os preços foram estabilizados com essa abertura econômica(CACCIAMALI, 1999).

Segundo Fontes et al. (2000), a maior abertura econômica nos anos 1990estimulou a redução de tarifas, rompendo o modelo de desenvolvimento quevisava à proteção da indústria nacional. A presença de concorrentes estrangei-ros e a necessidade de competir internacionalmente fizeram o setor produtivonacional investir maciçamente em tecnologia para aumentar a produtividade.A conseqüência dessas transformações foi a alta da taxa de desemprego, princi-palmente no setor industrial. A desvalorização do real em 1999 encerrou umaetapa da enorme modificação que ocorreu na economia brasileira desde o iní-cio da década (BALTAR, 2000).

A seguir é apresentada uma visão das diferentes fases de desenvolvimentoda economia paranaense no contexto das transformações que ocorreram nadinâmica espacial da economia brasileira.

3.1.1 Economia paranaense na década de 1990

A abertura econômica na década de 1990 trouxe profundas transformaçõesnas economias. O estado do Paraná, com características de predominância deatividades primárias e industriais tradicionais experimentou uma transição parasetores com padrões tecnológicos e organizacionais modernos. Em fins da dé-cada de 1980, apresentou modificações significativas na sua base produtiva eobteve um desempenho industrial superior ao do Brasil (MAIA, 2002).

Em 1990, a queda do PIB agropecuário foi de 9,7%, enquanto o daindústria retraiu 4,8%. O declínio foi praticamente geral, com quedas emsegmentos vinculados à agropecuária e nos ramos fornecedores da construçãocivil. A exceção ficou com os setores de mecânica, material de transporte, pa-pel e papelão (CASTRO, 1999).

O processo de retração da economia, tanto do Brasil quanto do Paraná, apartir de 1991, intensificou-se em decorrência da tentativa de controlar a

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inflação, que combinava arrocho salarial, juros reais elevados e contenção fis-cal. Apesar da crise recessiva nos dois primeiros anos da década, o PIB doParaná cresceu a uma taxa anual de 4,1% entre 1990 e 1993, enquanto oBrasil registrou um crescimento de 1,4% (LOURENÇO, 1994).

A partir de 1992, a tendência de queda da participação no PIB nacionalse reverteu, em função de aumentos da produção agropecuária e do aumentoindustrial dos segmentos modernos da indústria. Na agropecuária, os princi-pais produtos da década de 1980 entraram em crise, mas a soja voltou a cres-cer, por preços favoráveis, e a cana-de-açúcar se expande (ROLIM, 1995).

Em 1994, o PIB do estado cresceu 6,6% contra 5,7% do Brasil, fruto dobom desempenho industrial estadual que aumentou 9,2%. Entre 1993 e 1994,a expansão do PIB estadual foi liderada pelo crescimento da renda do setorprimário e seus efeitos multiplicadores para frente e para trás no setor de fabri-cação e venda de insumos, máquinas e implementos, no comércio interno eexterno, no mercado de imóveis e bens duráveis e nos transportes rodoviário eferroviário. Ainda a integração comercial entre Brasil e países do Mercosulcontribuiu para esse desempenho favorável. O Paraná deixa de se caracterizarcomo exportador somente se produtos básicos. A proximidade do estado compaíses do Mercosul tem garantido vantagens comparativas e o incremento dasexportações paranaenses do complexo agroindustrial para esse bloco econômi-co, comparado aos demais mercados mundiais (RODRIGUES et al., 2002).

De acordo com dados relativos à agricultura estadual nos anos 1990, a pro-dução de soja no Paraná cresceu de 4,7 milhões de toneladas na safra de 1992/93para 9,4 milhões de toneladas na safra 2000/01, sendo assim, as exportações bra-sileiras de soja em grão cresceram significativamente (MARTINS et al., 2002).

A partir de 1994, aumentaram as decisões de investimentos no estado, levan-do a instalações de novas empresas, ampliações e modernizações. O Paraná exportaprodutos manufaturados (de maior valor agregado), o que faz elevar o nível devendas externas em 130% de 1992 a 1999. A maior taxa de crescimentos refere-seao grupo de gorduras, óleos e ceras animais e vegetais, com taxa de 122,50%. Ogrupo madeira, cortiça e seus derivados, cresceu 107,23%, e o grupo de produtosdo reino vegetal cresceu 68%. Por outro lado, os produtos alimentícios, bebidas efumo obtiveram taxa negativa de 33,98% (MAIA, 2002).

A abertura comercial ampliou o grau de exposição dos produtos nacionais àconcorrência internacional, provocando ajustes relacionados à produtividade, comomelhoria dos padrões de eficiência, controle de qualidade, treinamento de mão-de-obra, racionalização das linhas de produção, modernização tecnológica e novastécnicas de administração e gestão. Esses ajustes recaíram sobre indústrias

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metalúrgicas, mecânicas, materiais elétricos e de comunicações, equipamentos detransporte, química, produtos alimentares, bebidas e vestuário no estado(RODRIGUES et al., 2002).

Rodrigues et al. (2002) observaram que o setor agropecuário, bem como ossetores componentes da indústria de transformação, fabricação de minerais nãometálicos e indústrias diversas, reduziram suas participações nos anos 1990 a 1995,juntamente com a indústria alimentar, como a indústria do café e beneficiamentode produtos vegetais, que caiu, talvez pela diversificação da indústria paranaense; eos setores metalúrgicos e mecânicos, materiais elétricos, materiais de transporte e celu-lose, papel e gráfica apresentaram maior dinamismo.

A diversificação registrada na estrutura setorial do estado recebeu a influênciade reformas estruturais, como privatização e modernização da economia, do PlanoReal, decretado em julho de 1994, e do processo da abertura da economia,instaurado a partir de 1990, para atender às exigências de integração via Mercosule fazer frente à globalização em curso. Esses fatores exigiram postura racional nacondução de atividades das empresas, o que certamente condicionou ocomportamento dos agentes produtivos no sentido dos ajustes necessários.

Entre 1983 e 1990, verificou-se no estado intensa diminuição da forçade trabalho ocupada na agricultura, de 46% para 33%. Em compensação,aumentou a força de trabalho ocupada na indústria e no setor serviços. Asocupações de baixa produtividade e informais também apresentaram cresci-mento no período (SEREIA et al., 2002).

3.2 Comportamento do mercado de trabalho na década de 1990

Segundo Amadeo (1999), para saber o desempenho do mercado de trabalho, énecessário examinar as dinâmicas de oferta e de demanda de trabalho. Sendo aoferta o número de pessoas que entram e saem do mercado de trabalho e a demandao número de vagas abertas e fechadas. A partir desses dois componentes determinam-se a taxa de desemprego, os salários e a produtividade do trabalho.

O número de pessoas que a cada ano entram e saem do mercado de trabalhodepende de dois grupos de fatores: a tendência demográfica do país e o desempenhoda própria economia. Desde 1994 está ocorrendo uma queda substancial da ofertade trabalho entre os membros mais jovens das famílias, pessoas entre 15 e 24 anosde idade. A taxa de participação nessa faixa etária caiu de 54% para 51% dapopulação entre 1994 a 1998. E entre 25 e 39 anos, auge da capacidade detrabalho, há um aumento na participação no mercado de trabalho, tendo em vistaa exigência das empresas por trabalhadores experientes e mais qualificados,justamente o que oferecem os jovens maduros. Isso indica um aumento do nível de

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qualificação da mão-de-obra, uma vez que os jovens estudam muito antes de en-frentar o mercado de trabalho. No entanto, a baixa geração de novas vagas estáassociada ao rápido crescimento da produtividade do trabalho, que requer traba-lhadores mais qualificados (AMADEO, 1999).

Desde o esgotamento da etapa de substituição de importações em fins dosanos 1970, a estrutura industrial brasileira passou por transformações provocadaspelo processo inflacionário dos anos 1980-1990, abertura comercial no início dadécada de 1990 e ciclos recessivos, configurando um processo de ajustamentoeconômico, com difusão de programas de contenção de despesas, racionalização demétodos produtivos e perfis gerenciais, além da melhoria da qualidade dos produtos.Essa reestruturação industrial provocou entre 1989 e 1994 uma redução de 24,6%no número médio de empregados por estabelecimento industrial. Passando omercado de trabalho nacional por uma turbulência, em que os novos postos detrabalho que foram gerados eram provindos do setor informal, compostos porempregados sem carteira assinada, trabalhadores por conta própria emicroempresários. A mão-de-obra feminina foi absorvida por meio da geração denovas ocupações com baixa qualidade do posto de trabalho, precarização das relaçõesde trabalho e queda nos rendimentos dos trabalhadores; na segunda metade dosanos 1990, essa dinâmica foi alterada pelo fantasma do desemprego. Astransformações do mercado de trabalho da última década foram mais sentidaspelos trabalhadores masculinos, sobretudo os menos qualificados, que cederamlugar para o sexo feminino (MELO, 2000).

Algumas tendências mais importantes merecem destaque, como a migraçãodo emprego do setor secundário (indústria) para o setor terciário (comércio, serviços,administração pública). Tão significativa quanto à migração do emprego do setorindustrial para o setor de serviços foi a conversão dos empregos formais em informais.Até o início da década, o vínculo formal de trabalho foi a modalidade predominantede inserção, caracterizando a situação de mais da metade dos ocupados. A partir deentão, o assalariamento formal sofreu um encolhimento contínuo, em termos relativose absolutos. As demais modalidades, o vínculo empregatício informal, o trabalhopor conta própria e a condição de empregador, experimentaram crescimento, aindaque esta última de forma residual.

De modo geral, as ocupações formais tendem a ser significativamente mais bemremuneradas que as informais. Embora sejam fortes as variações ao longo do tempo, nosprimeiros oito anos da década de 1990, os rendimentos dos assalariados com carteiraforam, no mínimo, 30% maiores que os dos assalariados sem carteira e 15% maiselevados que os dos trabalhadores por contaprópria. Uma outra transformação ocorridano mercado de trabalho, brasileiro na última década foi o ganho que se registra emtermos de escolaridade dos ocupados na força de trabalho. O mercado de trabalho nos

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anos 1990 não foi capaz de gerar postos de trabalho suficientes para absorver o cresci-mento de sua força de trabalho. Evidência disso foi o preocupante incremento nas taxasde desempregados, apesar da desaceleração no ritmo de crescimento do contingentedos que ingressam no mercado (COMIM; GUIMARÃES, 2002).

Na década de 1990, houve três movimentos principais no comporta-mento das taxas de desemprego aberto, um período de ascensão nos pri-meiros anos, marcados por forte recessão econômica, quando a taxa de de-semprego chega a 6%, em 1992; um segundo período de recuperaçãoda economia e do emprego, que vai de 1993 a 1995, no qual a mesma sereduz quase um ponto percentual; e um terceiro momento de ascensãopersistente e inusitada do desemprego aberto, que chega a se aproximardos 8%, na média, em 1998 (COMIM; GUIMARÃES, 2002).

3.3 Diferenças salariais

Os estudos das diferenças de salários são interessantes para o Brasil, tendo emvista a estrutura e as características recentes da economia e do mercado detrabalho: grande concentração pessoal de renda; vasta heterogeneidade da qua-lidade da força de trabalho; elevada parcela da força de trabalho ocupada ematividades informais; acentuadas desigualdades regionais; liberalização comer-cial, desregulamentação dos mercados e privatização de empresas estatais; lon-go e persistente processo inflacionário até recentemente; e implantação deseguidos planos de estabilização e ajuste estrutural (FONTES; ARBEX, 2000).

Conforme Chahad (1986), os estudos de determinação e diferencial de salá-rios podem vir a ser úteis às políticas públicas, por meio da indicação da importân-cia da educação, experiência, sexo, região, filiação industrial para a determinaçãode salários, e estimando o tamanho da dispersão salarial entre trabalhadores comsimilar característica. Também, conforme observam Comim e Guimarães (2002),pode motivar um número crescente de iniciativas de políticas públicas voltadaspara melhorar as condições de inserção dos trabalhadores no mercado de trabalho,criar alternativas de geração de renda, ou simplesmente mitigar dificuldades dosindivíduos expostos à situação de exclusão.

A importância do estudo das diferenças salariais justifica-se por suasmúltiplas relações sociais e econômicas, a ponto de torná-la o elo final dasestruturas hierárquicas nas sociedades modernas. Essa hierarquização determi-na os níveis de bem-estar atingíveis pelas pessoas (SILVA, 1987).

Em longo prazo a mudança na estrutura e no nível de emprego decor-rem das mudanças tecnológicas, inovações operacionais e modificações nacomposição do produto. Já no curto prazo, fenômenos agudos como recessão

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ou rápido crescimento econômico também tendem a alterar o perfil do em-prego (CHAHAD, 1986).

Para Amadeo (1999), o trabalho, antes era visto como homogêneo e está-tico; o capital, como fonte do progresso tecnológico. Atualmente, o dinamismoeconômico está cada vez mais no conhecimento, nas habilidades e na experiênciados trabalhadores e não no capital físico ou nas empresas. A qualidade dos traba-lhadores e a eficiência de sua relação com as empresas determinarão, em últimaanálise, a rapidez do progresso econômico das nações.

3.3.1 Diferenças individuais

Uma tentativa de explicação das diferenças salariais entre postos de trabalho eentre trabalhadores com semelhante conjunto de tarefas é pelas diferentes ca-racterísticas individuais dos envolvidos, ou seja, aspectos relacionados à ofertade trabalho (SILVA, 1987).

Possivelmente, as características produtivas acumuladas pelo indivíduoafetem o salário, ou seja, o capital humano, considerado pelos economistascomo o nível intelectual dos indivíduos, obtido pela escolaridade e tempo deexperiência acumulada, e isso tudo possivelmente afete a renda (COELHO;CORSEUIL, 2002).

Uma maneira concisa e simples de se estimar diretamente as diferençassalariais associadas com a educação é por intermédio de equações de salários,baseadas no paradigma do capital humano. Existe uma relação positiva entreprodutividade e escolaridade, de tal sorte que, ao tomar a decisão de investirmais tempo na aquisição de educação, o indivíduo estaria aumentando suaprodutividade e elevando seu salário no mercado (FONTES; ARBEX, 2002).

Mincer (1970, apud SILVA, 1987) afirma que a diferença salarial entreos indivíduos absolutamente sem qualificação e os possuidores de diferentesníveis de qualificação se explicaria pelo investimento em capital humano reali-zado por esses últimos.

Kassouf (1994) mostra que, entre 1977 e 1996, os retornos à educaçãouniversitária e de ensino fundamental subiram, enquanto houve declínio dastaxas de retorno à educação intermediária e do segundo ciclo de ensino funda-mental. O autor também destaca que os retornos à educação variam com osciclos econômicos, e que o comportamento desses retornos ao longo do ciclode vida é tal que as diferenças de remuneração associada à idade maior crescema uma taxa maior para os mais educados em relação aos menos educados,graças à interação entre educação e experiência.

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Kassouf (1994) usa a idade como proxy em sua estimativa de equação de saláriospara dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989. Ela estimouque para homens os salários crescessem até os 50 anos e para mulheres até os 45 anos deidade, e passam a decrescer em idades mais elevadas. Não só a experiência no mercado detrabalho afeta os salários, mas também a experiência na empresa.

3.3.2 Características empresariais

Acredita-se que os salários sejam mais elásticos à experiência no emprego atualque à experiência no mercado de trabalho. Essa crença foi corroborada porBranco (1979), mostrando que um ano a mais na empresa tende a elevar ossalários em 5%, sendo que um ano a mais no mercado de trabalho elevaria osalário entre 2% e 3%.

No entanto, as características da empresa também influem no salário,como o tamanho da empresa, pois o tamanho define sua estrutura administra-tiva e de produção, determinando o grau de divisão do trabalho e a estruturahierárquica de funções e salários; a produtividade do trabalho na empresa,sendo esperado que empresas com maior produtividade da mão-de-obra apre-sentem participações menores das folhas salariais nos seus custos de produçãoe em suas receitas; o desempenho empresarial, acreditando-se que empresascom melhor desempenho paguem salários melhores para semelhantes ocupa-ções (BRANCO, 1979).

Há ainda a medida do grau de existência de mercado interno detrabalho na empresa, ou seja, os gerentes e superiores assumem a empresacomo proprietários e isso influencia no salário (FREITAS, 1992).

3.3.3 Características setoriais

Características setoriais estão ligadas ao poder que teriam as empresas ou ostrabalhadores do setor de se manifestarem nas discussões de reajuste salarial.No caso das empresas, é o poder de mercado que determina o repasse aospreços dos reajustes salariais concedidos. Para trabalhadores, é o poder dossindicatos em obter melhorias salariais (SILVA, 1987).

O poder sindical é uma segunda característica setorial importante paradeterminar salários. Arbache e Carneiro (1999) estimam a relação entre salá-rio e o grau de sindicalização do trabalhador. Eles usam uma equação de salá-rios com controles para experiência, experiência na firma, gênero, posição nafamília, estado civil, raça, grau de urbanização, região geográfica, ocupação,uso de hora extra e pagamento de benefícios não salariais. Os resultados mos-tram que os trabalhadores sindicalizados ganhavam em 1992 e 1995, cerca de11% e 7% a mais que os não sindicalizados, respectivamente.

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3.3.4 Características regionais

No caso do Brasil, como há uma marcante diferença regional, a explicaçãopara a existência de diversos salários mínimos, cada um válido para uma região

delimitada, ao mesmo tempo em que reconhece as desigualdades regio-nais, incorpora tanto as diferenças de custo de vida quanto as de nível dedesemprego (SILVA, 1987).

Azzoni e Servo (2001, apud COELHO; CORSEUIL, 2002) analisam aquestão de diferenças de salários por região metropolitana no Brasil. Eviden-cia-se que a região metropolitana exerce algum efeito sobre os salários, mesmodepois de controlar por diferenças de custo de vida. As estimativas foram rea-lizadas em 1992, 1995 e 1997. Nesses três anos Brasília e São Paulo aparecemcomo as regiões que oferecem os maiores salários, enquanto que Recife e Forta-leza oferecem os menores.

3.3.5 Características pessoais não produtivas

As características pessoais não produtivas referem-se aos atributos não respon-sáveis pela produtividade do indivíduo, ou seja, são as características observáveisdas pessoas, como cor da pele, aparência, sexo e outros. Essas característicaspodem pesar muito na hora de contratação, dependendo do empregador e doperfil de pessoa que ele procura para trabalhar em sua organização ou empresa.

Diferenciais de salários referem-se à discriminação pela existência de di-ferenciais significativos e persistentes de renda entre grupos de raça, cor, sexo,e outros. Esses diferenciais não desaparecem mesmo quando controlados poruma série de características observáveis, como educação, idade, região de resi-dência, ocupação, e outros. Uma possibilidade é que tais diferenciais reflitamcaracterísticas produtivas não observáveis e preferências distribuídas diferen-temente entre os grupos. Entretanto, alguns autores têm argumentado queessas diferenças de renda constituem-se em uma evidência de que existe discri-minação no mercado de trabalho. Existe discriminação quando no mercado detrabalho as pessoas são diferenciadas com base em atributos não produtivos,ou quando há situações em que pessoas igualmente produtivas são avaliadasdiferentemente, com base no grupo ao qual pertencem (FERNANDES, 2002).

No contexto brasileiro, caracterizado por uma economia em crise, peloselevados níveis de pobreza e de concentração de renda, esse tipo de ineficiên-cia tem efeitos negativos sobre o bem-estar da sociedade. A discriminação porsexo reduz o impacto da participação da mulher na redução da pobreza, sejanos domicílios onde ela representa um complemento da fonte principal de

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renda ou nos domicílios em que ela constitui a fonte principal de rendimen-tos, situação que vem se tornando muito comum nos últimos anos, fruto docrescimento do número de descasamentos e do baixo índice de recasamentodas mulheres (BAPTISTA, 1999).

Segundo Barros e Mendonça (1996), a desigualdade de renda pode serseparada em fatores relacionados com desigualdade de condições e desigualdadede resultados. Desigualdade de condições diz respeito à desigualdade gerada pordiferenças nos atributos produtivos com que a pessoa chega ao mercado, e sãoproduzidos ao longo de sua vida, principalmente antes da entrada no mercado detrabalho. A desigualdade de resultado diz respeito ao tratamento que a pessoarecebe no mercado, tendo em vista seus atributos produtivos. Como o segundo dizrespeito a um tratamento desigual, quando se esperaria que fosse eqüitativo a priori,ele é “social e eticamente inaceitável”.

As teorias do capital humano e da sinalização sugerem que indicadoresimportantes da produtividade dos indivíduos são a escolaridade e a experiên-cia (que pode ser aproximada pela idade). Entretanto, as teorias da segmentaçãodo mercado de trabalho e do credencialismo, além da teoria dos diferenciaiscompensatórios, chamam a atenção para a importância do tipo de ocupaçãoque o indivíduo tem para os diferenciais de salário. A segmentação e ocredencialismo sugerem um diferencial por tipo de ocupações por este ser o locusque permite a separação das pessoas entre os empregos de alta e baixa produtivi-dade (bons e maus empregos, de mercado primário e secundário), ou aquelesrestritos às pessoas das classes dominantes e das classes periféricas (técnicas ede serviços manuais). A teoria dos diferenciais compensatórios indica que ossalários em diferentes ocupações tendem a ser diferenciados também pelosatributos de cada um, em termos de aprazabilidade ou periculosidade(ARAÚJO; RIBEIRO, 2001).

A teoria de discriminação de Becker, de 1957, tem uma estruturaneoclássica, determinada pelas preferências em discriminar, que podem serde três tipos: discriminação do empregador, discriminação do empregado ediscriminação do consumidor. O modelo permite que em um mercado com-petitivo cada agente tenha preferências diferentes e possa agir de acordo comessas preferências. Os agentes racionais geram preferências por discrimina-ção (LOUREIRO, 2000).

O modelo de discriminação de Arrow, de 1972, explica o diferencial desalários como uma reação racional à incerteza no mercado de trabalho. A dis-criminação surge quando características, tais como raça ou sexo, são utilizadascomo critério de seleção. Os empregadores utilizarão essas características emsuas decisões de contratação, de modo que os indivíduos são julgados de acordo

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com a média das características às quais eles pertencem, bem como suas própriascaracterísticas (LOUREIRO, 2000).

Oaxaca (1973) encontrou evidências de que uma parte substancial daproporção do diferencial de salário entre homens e mulheres é em decorrênciada presença de discriminação no mercado de trabalho.

3.4 Gênero e mercado de trabalho

3.4.1 Algumas considerações históricas sobre o gênero

A partir da década de 1970, formam-se os primeiros movimentos de mu-lheres, principalmente em São Paulo, provindas da periferia, por meio dascomunidades da Igreja Católica, reivindicando ao Estado o atendimentodas necessidades básicas, como creches, melhores salários; reclamam docusto de vida e unem-se contra a carestia. A necessidade das creches eraapontada como um dos principais problemas, pois as mulheres precisavamtrabalhar fora, para ajudar nas despesas domésticas.

Na década de 1980, grupos feministas espalham-se pelos principaiscentros urbanos do país. Por intermédio desses movimentos sociais que seconstituem no interior da sociedade civil, a mulher aparece enquantosujeito. Durante os anos 1970-1980, os movimentos de mulheres apontaram aparticipação das mesmas em vários setores da vida pública, lutando pelos seusdireitos e necessidades por meio de manifestações, denunciando as desigualda-des sociais imputadas às relações de gênero. A partir dos anos 1990, houve umadispersão dos movimentos feministas e uma flagrante institucionalização. Algumasdessas mudanças podem ser identificadas no rápido crescimento das OrganizaçõesNão Governamentais (ONGs) feministas (SILVA, 1996).

A crise econômica e o desemprego podem ser apontados como fatores dedesmobilização. O país parece enfrentar um processo de descrença que impe-de grandes mobilizações populares. Mas, embora, a presença feminina sejaativa no mercado de trabalho, as relações sociais ainda são marcadas por rela-ções de gênero. Trabalhadores e trabalhadoras são insertos no mercado de tra-balho marcado por desigualdades atribuídas ao sexo. A diferença salarial entrehomens e mulheres que exercem a mesma função é cada vez maior no país. Empesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 1996,constatou-se que as mulheres estão recebendo em média dois terços do saláriodos homens, em todos os setores da economia (SILVA, 1996).

Camargo e Serrano (1983) utilizaram dados da Rais de 1976 paraavaliar a discriminação por gênero na indústria, relacionada com a es-colaridade, tamanho do estabelecimento, intensidade de capital no

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setor e proporção de trabalhadores em cargos administrativos, e con-cluíram que existe discriminação salarial por homens e mulheres.

Após intenso e árduo processo de luta, no decorrer da história, em umasociedade tradicionalmente dominada pelos homens, as mulheres foram con-quistando algumas condições de igualdade, como a conquista do direito aovoto em 1934, quando as mulheres puderam comparecer às urnas como elei-toras e como candidatas. Mesmo depois dos inegáveis avanços da Constituiçãode 1988, as mulheres ainda se defrontam com o preconceito, seu maior adver-sário, arraigado principalmente nos costumes.

O assalariamento, que foi um dos principais motivos de luta das mulhe-res, continua sendo uma luta atual, luta essa em que é medido força com oshomens, não por meio da brutalidade ou violência, mas sim pelo desempenhoe dedicação no trabalho, pois as mulheres também estão em busca de umarealização profissional, que foi conquistada por poucas pioneiras que abriramos caminhos e os olhos, mostrando que as mulheres devem deixar a submissãode lado e buscar seus ideais normalmente, em um ciclo normal da vida, comona vida dos homens.

3.4.2 A participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil

Uma das mais importantes transformações sociais ocorridas no Brasil, desde osanos 1970, foi o aumento da participação feminina no mercado de trabalho(ARROIO; RÉGNIER, 2002).

Em 1990, mais de dois terços (74%) da população ativa femininaestava concentrada no setor terciário, principalmente em algumas atividadescomo serviços comunitários, serviços de educação, serviços de saúde eserviços domésticos; isso pode demonstrar as principais características daforça de trabalho feminina que, embora crescente, é proporcionalmentepequena e profissionalmente marginal, ou seja, é pequena em relação àparticipação dos homens e marginal por se tratar de atividades de média ebaixa qualificação profissional (A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NOMERCADO DE TRABALHO NO BRASIL, 2004).

O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) elaboroudois índices para mensurar o avanço feminino na sociedade e no espaço detrabalho: o índice de desenvolvimento relacionado ao gênero (GDI), que con-sidera a situação da mulher de acordo com os seguintes fatores: expectativa devida ao nascer, alfabetização, matrículas nos diversos níveis escolares e ProdutoInterno Bruto (PIB) per capita; e o índice de poder (empowerment – EM) degênero, que examina a participação feminina em termos de: cargos conquista-

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dos no Congresso, número de administradoras e gerentes, no total das empre-sas, trabalhadoras profissionais e técnicas e PIB per capita. Em 1998, no pri-meiro índice, o Brasil ocupa a 66a posição, bem atrás da Argentina (35a),Uruguai (37a) e México (50a), e até de países islâmicos como a Malásia (57a) ea Líbia (65a). No índice EM, o Brasil não se posiciona melhor, ou seja, asmulheres representam mais de 40% da força de trabalho no país, porém emcondições de trabalho mais precárias: contratos temporários, menor status so-cial e demandando concentração no setor informal, conseqüentemente auferindomenor renda. Mesmo estudando por um período de tempo mais longo, odiferencial de remuneração persiste elevado, em São Paulo, por exemplo, asmulheres recebem por hora 76% do rendimento obtido pelos homens, e odesemprego feminino fica sempre acima do masculino. E quanto maior a es-colaridade, maior a diferença salarial entre homens e mulheres na mesmaocupação. Esse padrão se repete em muitos países. Mas, para as mulheresbrancas, essa diferença em relação aos homens está caindo. Projeções indi-cam que daqui a 30 anos não haverá mais discriminação salarial contra elas(ARROIO; RÉGNIER, 2002).

Para o caso do Paraná, a proporção de homens no mercado de trabalhoem 2001 foi superior à de mulheres, contudo essa diferença está se reduzindo,em 1992 a participação dos homens era de 68,13% e, em 2001, caiu para63,55%, significando um aumento de quase 6% de mulheres nos postos detrabalho, no entanto, o rendimento das mulheres era 30,83% inferior ao doshomens em 1992 e passou em 2001 para 31,59%, apresentando um leveaumento dessa diferença dentro de um período de nove anos no estado doParaná (MONARIN; CUNHA; MATOS, 2004).

3.4.3 Políticas públicas de gênero nacionais

Pela Lei no 7.353, de 29 de agosto de 1985, foi criado o Conselho Nacionaldos Direitos da Mulher (CNDM), com a finalidade de “promover em âmbitonacional, políticas que visem a eliminar a discriminação da mulher, asseguran-do-lhe condições de liberdade e de igualdade de direitos, bem como sua plenaparticipação nas atividades políticas, econômicas e culturais do país”. Desde asua fundação, a CNDM estruturou-se de forma a desempenhar um papelrelevante na Constituição de 1988, momento crucial de afirmação dos direi-tos de cidadania no Brasil (MONTAÑO; PITANGUY, 2003).

O princípio da igualdade é consagrado nas Constituições brasileiras des-de a época do Império, como princípio da igualdade perante a lei, ou seja, a leitrata a todos igualmente, sem levar em conta distinções. A prescrição contidano caput do art. 5o da Constituição de 1988 afirma: “todos são iguais perante

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a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,à igualdade, à segurança e à propriedade(...)”. Esse princípio da igualdade éreafirmado dentro da Constituição por meio de muitas normas, como diz nomesmo art. 5o, I, em que:

declara que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Depois, no art. 7o,XXX e XXXI, vêm regras de igualdade material, regras que proíbem distinções fundadasem certos fatores, ao vedarem diferença de salários, de exercício de funções e de critériosde admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil e qualquer discriminaçãono tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência(SILVA, 1995).

A Constituição de 1988 dedicou, ainda, um longo capítulo à proteçãodos direitos sociais, dentre eles os direitos trabalhistas, orientado por um modeloformal das relações empregatícias, não incorporando outras modalidades deorganização do mercado de trabalho, ficando excluídos da proteção aquelesque exercem atividades no que se convencionou chamar de setor informal, quecresce cada dia mais em tamanho e quantidade (LAVINAS; BARSTED, 1996).

Em 1997, foi implantado o Programa Brasil, Gênero e Raça, pelo Minis-tério do Trabalho e Emprego (MTE), de acordo com as diretrizes e os princí-pios da Convenção no 111 da Organização Internacional do Trabalho (MTE,2004). A Convenção no 111, em seu art. 1o, limita as formas de discriminaçãoaos casos em que haja exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, reli-gião, opinião política, ascendência nacional ou origem social. O combate àdiscriminação é realizado por meio de Núcleos de Promoção da Igualdade deOportunidade e de Combate à Discrimanção no Emprego e na Profissão quefuncionam junto às Delegacias e Subdelegacias Regionais do Trabalho, tendo comofundamento jurídico a Convenção no 111 da Organização Internacional do Traba-lho (OIT), que exige aos países que a ratificam elaborar política nacional que pro-mova a igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego eprofissão, com o objetivo de eliminar toda a discriminação nessa matéria.

Esses núcleos são apoiados por parcerias governamentais e não governamen-tais (Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Secretarias Estaduais e Municipais doTrabalho, Ministérios e outros). Essas entidades ajudam na compreensão e nodiálogo com os segmentos discriminados, uma vez que todos os indivíduos, res-peitadas as diferenças, integram a sociedade sem distinção de qualquer natureza.A sensibilização e a conscientização sobre as práticas discriminatórias, outraatividade importante para os núcleos, são concretizadas por meio da realiza-ção de palestras, seminários, oficinas e grupos de trabalho em empresas, sin-dicatos de trabalhadores e entidades empresariais, universidades, organizações

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Monografias premiadas 551

governamentais e não governamentais, enfocando a aplicação das políticas dasConvenções nos 100 e 111 da OIT (MTE, 2004). Atualmente, estão instalados67 Núcleos de Promoção da Igualdade de Oportunidade e de Combate à Discrimi-nação no Emprego e na Profissão nas Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs), emtodas as regiões do país. Sendo, no estado do Paraná, uma delegacia vigente emCuritiba e cinco subdelegacias situadas em Maringá, Ponta Grossa, Londrina,Foz do Iguaçu e Cascavel.

Algumas políticas que influenciam a decisão feminina sobre a intensidade departicipação na força de trabalho, e que, portanto, afetam a segregação, referem-seà disponibilidade de condições de cuidados às crianças, seja através de creches nolocal de trabalho ou de obtenção desses serviços a custos baratos e de boa qualidadefora da empresa. A licença-maternidade e a flexibilidade na jornada de trabalhotambém são políticas influentes, embora as mudanças no grau de segregaçãotenham se mostrado não-significativas com essas medidas, desde que a tendênciadas mulheres seja de se dirigirem principalmente aos postos de trabalhopredominantemente femininos, o que aumentaria a segregação (KON, 2001).

As mulheres trabalham mais do que os homens. O uso do tempo damulher é muito diferente que o do homem. O tempo remunerado é maiorentre os homens e o não remunerado é maior entre as mulheres. Dois terçosdo trabalho de casa são realizados pelas mulheres. A mulher gasta, em média,mais de 30 horas de trabalho por semana com os afazeres domésticos. O traba-lho que mais consome tempo é a limpeza da casa e a preparação da comida.Mesmo quando as mulheres trabalham fora, elas fazem a maior parte do servi-ço de casa. Em raros casos, há ajuda dos homens. Mas o tempo que eles alocamnas atividades profissionais e do lar tende a ser o mesmo ao longo de toda a suavida. No caso da mulher isso é muito diferente, o tempo de trabalho da mu-lher flutua de maneira expressiva. Em certos ciclos da vida, o trabalho se tornaextremamente intenso, isso ocorre quando se combinam os trabalhos fora decasa com os afazeres domésticos e o cuidado com as crianças pequenas, ou seja,além das mulheres estarem insertas no mercado de trabalho, elas continuamcom todas as responsabilidades do lar e dos filhos (PASTORE, 2000).

As barreiras visíveis e invisíveis que mantêm as mulheres fora dos cargos maisqualificados e mais bem remunerados são inúmeras: a feminização de determina-das profissões e sua subseqüente desvalorização; as resistências sociais; a maternida-de e a desigualdade na divisão das tarefas domésticas; a falta de massa crítica demulheres nas organizações; e outras. Só por meio da aquisição de poder pode-setransformar esse fato, ou seja, essa briga envolve poder, e com certeza será travadanas esferas políticas, dentro de casa e nas empresas (ARROIO; RÉGNIER, 2002).

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005552

A seguir seguem os dados empíricos referentes à situação salarial e decolocação dos trabalhadores por gênero no mercado de trabalho do Brasil, atítulo de comparação, e do Paraná.

4 RESULTADOS

Levando-se em conta que homens e mulheres na mesma ocupação podem tercaracterísticas produtivas distintas, é demonstrada aqui uma nova decomposi-ção dos diferenciais de salário por gênero intra-ocupacional em duas parcelas,uma relacionada a diferenças em atributos produtivos, “discriminação aparen-te”, e outra a diferenças de salário entre homens e mulheres com mesmosatributos produtivos e na mesma ocupação, “discriminação salarial própria”.

Na tabela 1, é apresentada a descrição das variáveis utilizadas nas equa-ções de participação nos mercados de trabalho formal e informal, por gênero,suas respectivas médias e desvios-padrão (DP). As variáveis relevantes nesteestudo referem-se àquelas relacionadas ao capital humano, tais como: educa-ção (anos de estudo), experiência, experiência ao quadrado e a interação dasvariáveis educação e experiência.

Também são apresentadas outras variáveis, por influenciarem na decisãodos indivíduos participarem ou não do mercado de trabalho, tais como: filhosmenores de 14 anos de idade, por refletir os custos monetários de cuidar dosfilhos e, principalmente no caso das mulheres, o fato de estar presente ou nãono mercado de trabalho; a condição na família (cônjuge ou chefe), acreditan-do que o chefe de família está mais presente no mercado de trabalho; e rendanão salarial, visto que tais rendimentos podem influenciar negativamente nadecisão de participar ou não do mercado de trabalho.

Alguns dados relevantes podem ser destacados na tabela 1, tais como, nosetor formal, a maior média da variável é dos homens (0,66) e, no setor infor-mal, a maior média é das mulheres (0,41), provando que a força de trabalhofeminino está mais presente em ocupações mais flexíveis, precárias e sem am-paro social. No entanto, a média de educação é maior para as mulheres (9,80)do que para os homens (8,20). Os homens demonstram ter mais experiênciado que as mulheres, mas em relação à variável interação entre educação e expe-riência as médias de ambos os sexos são muito parecidas, afirmando que amulher concorre em igualdade com o homem no mercado de trabalho, peloconhecimento provindo com a educação. As mulheres podem participar me-nos do mercado de trabalho quando têm que cuidar dos filhos menores de 14anos. Nesse aspecto, a média feminina é de 0,24 e a masculina de 0,31.

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Monografias premiadas 553

Mesmo recebendo aposentadoria, aluguel ou poupança, o homem per-manece presente no mercado de trabalho, mostrando também que ele apenasse afasta deste quando tem a possibilidade de viver de pensão. A tabela 1também mostra os setores em que a presença feminina é mais expressiva, sen-do eles, o comércio de mercadorias, prestação de serviços e o ramo social.

TABELA 1Descrição das variáveis utilizadas nas equações de participação de homens e demulheres no mercado de trabalho do Paraná – 2001

]

Fonte: Pnad/IBGE - 2001.Elaboração da autora.

Homem Mulher Variáveis Descrição das variáveis

Média D. P. Média D.P.

Formal =1 se o indivíduo trabalha no setor formal 0,66 0,47 0,59 0,49

Informal =1 se o indivíduo trabalha no setor informal 0,34 0,47 0,41 0,49 Educação no de anos de estudo do indivíduo 8,20 4,40 9,80 4,48

Experiência no de anos de experiência do indivíduo 22,85 15,28 20,05 14,19 Experiência 2 no de anos de exper. do indivíduo ao quadrado 755,66 885,22 603,23 731,79

Eduexp interação das variáveis educação e experiência 151,89 118,60 151,78 117,49 Filho <14 anos =1 se os filhos são menores de 14 anos 0,31 0,46 0,24 0,42

Condição na família Cônjuge se o indivíduo é cônjuge 0,03 0,16 0,52 0,50

Chefe se o indivíduo é chefe 0,73 0,45 0,25 0,43

Renda não salarial* 480,42 1.002,54

308,90 455,08

Aposentadoria se o indivíduo recebe aposentadoria 665,49 1.144,54

539 534,74

Pensão se o indivíduo recebe pensão 202 78,48 293,1 246,66

Aluguel se o indivíduo recebe aluguel 399,7 627,43 340,3 327,1 Poupança se o indivíduo recebe poupança 193,9 667,11 91,66 209,47

Ramo de atividade Agrícola se o indivíduo trabalha no setor agrícola 0,17 0,38 0,04 0,19

Ind. transformação se o indivíduo trabalha no setor da ind. transformação

0,17 0,38 0,1 0,3

Ind. construção se o indivíduo trabalha no setor da ind. construção

0,11 0,32 0,004 0,06

Outras ativ. ind. se o indivíduo trab. no setor de outras ativ. industriais

0,01 0,11 0,01 0,09

Com. de mercad. se o indivíduo trabalha no setor de comércio 0,15 0,35 0,18 0,38

Prest. de serv. se o indivíduo trabalha no setor de prest. de serviços

0,13 0,34 0,35 0,48

Serviços auxiliares se o indivíduo trabalha no setor de serv. auxiliares

0,06 0,24 0,04 0,2

Transp. e comunic. se o indivíduo trab. no setor de transp. e comunicação

0,07 0,26 0,01 0,12

Social se o indivíduo trabalha no setor social 0,05 0,22 0,2 0,4

Adm. pública se o indivíduo trabalha no setor da adm. pública

0,05 0,22 0,05 0,22

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005554

TABELA 2Salário mínimo por idade, nível de escolaridade e gênero no Paraná entre os anos de1985 – 2001

Fonte: Rais/MTE – vários anos.Elaboração da autora.

Pela tabela 2, na qual se consideram apenas os trabalhadores do setorformal, pois são dados coletados da Rais, pode-se observar que, em média, asmulheres, mesmo as mais escolarizadas, possuem uma diferença salarial entregêneros, persistente ao longo do período de análise, de 1985 a 2001, comuma média de até 50% de inferioridade em seu salário em alguns casos. Comexceção apenas para as mais jovens, que têm a idade a seu favor, auxiliando no

1985 1990 1995 2001

Masc. Femin. Masc. Femin. Masc. Femin. Masc. Femin.

15-17 anos de idade

0-4 anos de estudo 1,25 1,15 1,61 1,60 1,59 1,52 1,39 1,38 5-8 anos de estudo 1,20 1,18 1,65 1,64 1,61 1,64 1,39 1,42

9-11 anos de estudo 1,26 1,23 1,71 1,73 1,68 1,74 1,35 1,46 Acima de 12 anos de estudo 1,60 1,36 4,38 2,09 1,88 2,10 1,96 1,91

18-24 anos de idade 0-4 anos de estudo 1,68 1,38 2,41 2,08 2,44 2,09 2,04 1,84

5-8 anos de estudo 1,91 1,52 2,75 2,09 2,72 2,18 2,20 1,85 9-11 anos de estudo 2,54 1,88 3,85 2,75 3,53 2,74 2,42 2,01

Acima de 12 anos de estudo 4,05 2,62 6,18 4,12 5,42 4,32 4,65 3,73 25-29 anos de idade

0-4 anos de estudo 2,06 1,43 2,97 2,37 3,00 2,29 2,52 2,07 5-8 anos de estudo 2,66 1,75 3,64 2,40 3,58 2,45 2,72 2,01

9-11 anos de estudo 4,15 2,44 5,67 3,58 5,60 3,70 3,51 2,51 Acima de 12 anos de estudo 6,64 3,92 9,61 6,00 9,30 6,05 7,76 5,14

30-39 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,32 1,35 3,47 2,18 3,35 2,25 2,78 1,97

5-8 anos de estudo 3,42 1,86 4,52 2,58 4,41 2,60 3,20 2,04 9-11 anos de estudo 6,02 2,86 8,10 4,32 8,10 4,75 5,36 2,88

Acima de 12 anos de estudo 10,16 5,03 15,58 8,66 14,11 8,02 11,34 6,44 40-49 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,34 1,38 3,60 2,08 3,65 2,12 2,94 1,89 5-8 anos de estudo 3,95 2,05 5,21 2,84 5,42 2,88 3,68 2,14

9-11 anos de estudo 7,46 3,06 10,50 4,73 11,80 6,60 7,25 3,40 Acima de 12 anos de estudo 12,75 5,32 20,55 9,20 17,88 9,55 15,55 7,90

50-64 anos de idade

0-4 anos de estudo 2,21 1,53 3,23 2,04 3,27 2,3 2,78 1,99 5-8 anos de estudo 3,74 2,49 4,77 3,49 4,66 2,91 3,63 2,35

9-11 anos de estudo 6,88 3,44 9,39 4,88 9,03 5,23 6,53 3,77 Acima de 12 anos de estudo 12,81 5,67 19,69 8,05 16,60 9,31 15,18 7,68

Acima de 65 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,33 1,82 3,07 2,44 3,05 3,24 2,81 2,63

5-8 anos de estudo 4,63 3,02 4,40 4,90 4,61 3,57 3,49 2,89 9-11 anos de estudo 6,14 4,30 9,15 6,33 8,74 8,08 6,00 4,32

Acima de 12 anos de estudo 10,81 5,67 15,70 7,14 14,55 10,30 13,70 9,30

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Monografias premiadas 555

padrão de beleza estética, valorizado em nossa sociedade. Pode-se destacar umcrescimento na média dos salários com o aumento nos anos de instrução. Fatoesse semelhante para homens e mulheres. No entanto, os mais velhos, emmédia, tendem a ter um salário mais baixo que os mais novos, mesmo os maisinstruídos. As mulheres que já ganhavam pouco em relação aos homens nodecorrer de toda a idade ativa, na velhice tendem a ganhar menos ainda esofrem mais com doença, estresse, adquiridos durante o decorrer de sua exis-tência de luta desgastante em um trabalho muitas vezes marginal, duro, malremunerado, cumprindo uma dupla e, muitas vezes, até tripla jornada.

É necessário acima de tudo superar os procedimentos pelos quais os ho-mens atribuem historicamente situações de inferioridade pretensamente na-turais às mulheres, esse sim constitui, ainda, um dos mais difíceis desafios dademocracia brasileira. Homens e mulheres possuem diferenças sim, mas essassão de ordem biológica, porque na mulher se reconhecem amplamente condi-ções físicas, intelectuais e psicológicas de competir igualmente com o homemno mercado de trabalho, e receber reconhecimento justo por seu desempenho.

As análises dos diferenciais de rendimento médio das tabelas 3, 4 e 5foram feitas com base na taxa de salário por hora trabalhada, por gênero. Osresultados apresentados na tabela 3 mostram que os rendimentos, em média,do mercado de trabalho formal são mais elevados se comparados ao mercadode trabalho informal, tanto dos homens como das mulheres. No entanto, asmulheres possuem rendimentos médios menores do que os dos homens. Háuma diferença de rendimento por gênero, sendo que a maior diferença está nomercado de trabalho formal, visto que as mulheres recebem cerca de 75% dosrendimentos dos homens, já no mercado de trabalho informal essa diferençavai para 82%, isso se deve ao fato de a mulher ser mais absorvida pelas ocupa-ções com baixa qualidade do posto de trabalho e muitas vezes com uma maiorflexibilidade de tempo para que ela possa conciliar seus afazeres domésticoscom o trabalho.

TABELA 3Rendimento médio em reais por hora trabalhada das pessoas ocupadas, segundogênero e setor do mercado de trabalho, no Paraná em 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Na tabela 4 pode-se verificar que na menor faixa etária o rendimentomédio feminino chega a ser superior ao destinado ao masculino, apresentandotambém uma elevada remuneração na faixa de 19 a 28 anos de idade, com

Setor Masculino Feminino Taxa

Formal 48,68 36,73 0,75

Informal 28,08 22,97 0,82

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005556

85% do rendimento masculino, uma possível explicação seria de que os atri-butos físicos das mulheres jovens podem ter influência sobre os seus rendi-mentos, em função do padrão de beleza explorado na sociedade brasileira, ouseja, o padrão estético dando certos privilégios à juventude.

TABELA 4Rendimento médio por hora trabalhada das pessoas ocupadas, segundo gênero efaixa etária, no Paraná em 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Há uma evolução dos rendimentos médios em ambos os gêneros porfaixa etária, ou seja, com o passar dos anos, os trabalhadores obtiveram umaremuneração mais elevada, com exceção dos idosos. As mulheres entre 49 e 65anos de idade apresentam uma queda de remuneração de 13,18% em relaçãoàs mulheres da faixa de 39 a 48 anos. As mulheres mais velhas recebem 60%do rendimento dos homens mais velhos. Cabe ressaltar que nos dados da Pnadnão é relatado trabalhadores com idade superior a 65 anos, mas a Rais captaessa tendência no mercado formal.

Ao analisar os rendimentos médios por hora trabalhada dos homens e dasmulheres por grau de escolaridade, apresentados na tabela 5, verifica-se que osresultados não chegam a causar surpresa, pois, como se poderia esperar, osrendimentos médios, tanto dos homens como das mulheres elevaram-se como aumento do nível de escolaridade, conforme dita a teoria do capital huma-no. Os maiores incrementos nos rendimentos entre os níveis de escolaridadeocorreram entre 9 e 11 anos de estudo e acima de 12 anos de estudo, noentanto, as taxas femininas permaneceram inferiores às masculinas em ambosos casos.

TABELA 5Rendimento médio por hora trabalhada das pessoas ocupadas, segundo gênero eanos de estudo, no Paraná em 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Faixa etária Masculino Feminino Taxa

10-18 anos 15,52 16,07 1,04

19-28 anos 35,30 30,16 0,85

29-38 anos 58,06 43,15 0,74 39-48 anos 58,22 45,45 0,78

49-65 anos 64,81 39,46 0,60

Anos de estudo Masculino Feminino Taxa

1-4 anos 29,84 20,74 0,69

5-8 anos 37,36 23,87 0,64

9-11 anos 54,42 35,92 0,66 Acima de 12 anos 139,12 83,47 0,60

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Monografias premiadas 557

Quanto maior o nível de escolaridade, maiores os diferenciais entre ho-mens e mulheres. Os resultados mostram que mulheres mais educadas rece-bem 60% do rendimento dos homens, enquanto que as menos instruídasrecebem 69%. Pode-se perceber, então, que as mulheres mais instruídas sãopouco valorizadas no mercado de trabalho paranaense, embora recebam ren-dimentos mais elevados ao adquirir maior nível de escolaridade.

As tabelas que seguem são referentes aos dados do Brasil e do Paraná, queforam coletados pelo banco de dados da Pnad, dentro de um universo de194.757 mulheres e 184.080 homens no Brasil, e de 9.762 mulheres e 9.688homens no Estado do Paraná, a título de comparação.

Pela tabela 6, verifica-se que a maior concentração das amostras se encon-tra nos estratos de menores salários, tanto para as mulheres como para oshomens. No entanto, a proporção das mulheres (69,11%) é superior à doshomens (54,44%) na primeira faixa salarial até dois salários-mínimos. Emtodas as outras faixas salariais, a presença masculina é de fato a mais significa-tiva, destacando a faixa de mais de 20 salários-mínimos, em que os homens seconcentram em mais de 2%.

Para a distribuição de qui-quadrado (X2) com grau de liberdade 4, o valorcrítico, ao nível de significância de 5 %, é X2

5% = 9,488. Portanto, o X2 é

significativo, isso é, ao nível de significância de 5%, rejeita-se H0

em favor deH

a, podendo-se inferir que a proporção do salário masculino é maior do que a

do salário feminino no Brasil.

TABELA 6Rendimento em salário-mínimo por gênero no Brasil no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

No estado do Paraná, por meio da tabela 7, pode-se verificar umagrande semelhança com os dados nacionais, as mulheres continuam repre-sentando a maioria da população no menor estrato de salário-mínimo, com67,20%. Na faixa entre 2,1 e 5 salários-mínimos, elas estão representadascom 22,57%, sua segunda maior representação no estado do Paraná,sendo que no Brasil elas representam 20,80%. Na maior faixa salarial

Salário-mínimo (SM) Masculino % Feminino % Total

Até 2 SM 48.577 54,44 39.386 69,11 87.963 2,1- 5 SM 26.400 29,59 11.851 20,80 38.251 5,1-10 SM 8.527 9,56 3.763 6,60 12.290 10,1-20 SM 3.922 4,40 1.498 2,63 5.420 Mais de 20 SM 1792 2,01 488 0,86 2.280 Total 89.218 100 56.986 100 146.204 X2= 3221,441 X2

5%= 9,488 GL= 4 Rejeita-se H0

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005558

as mulheres não atingem nem 1% de sua amostra, com participação maiorno Brasil dentro dessa mesma faixa.

TABELA 7Rendimento em salário-mínimo por gênero no Paraná no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Pelo teste de qui-quadrado, o X2 mostrou ser significativo, dessa forma,rejeita-se H

0 em prol da H

a, evidenciando a proporção salarial do homem ser

maior do que a da mulher. As mulheres se concentram nos menores salários,visto que elas estão pouco representadas nos estratos de salários altos.

Utiliza-se a escolaridade como característica produtiva individual, poisela é reconhecida como grande determinante dos diferenciais salariais no país(BARROS; MENDONÇA, 1996). De acordo com a teoria do capital huma-no, anos de estudo e experiência determinam diretamente o rendimento dotrabalho individual. Pode-se verificar na tabela 8 que as proporções de homense a de mulheres que se encontram nos níveis de menor instrução são maiores,ou seja, 78,61% dos homens e 75,19% das mulheres possuem até 8 anos deestudo. No entanto, a proporção feminina nos maiores níveis de instrução émaior do que a masculina, ou seja, a partir de 9 anos de estudos, concentram-se 24,81 % das mulheres e 21,39% dos homens.

TABELA 8Nível de escolaridade por gênero no Brasil no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

No Brasil, em 2001, os dados da Pnad mostram que as mulheres sãomais instruídas do que os homens, característica importante para colocação e

Salário-mínimo (SM)

Masculino % Feminino % Total

Até 2 SM 2.257 45,13 2.051 67,20 4.308 2,1- 5 SM 1.799 35,97 689 22,57 2.488 5,1-10 SM 584 11,68 219 7,18 803 10,1-20 SM 248 4,96 72 2,36 320 Mais de 20 SM 113 2,26 21 0,69 134 Total 5.001 100 3.052 100 8.053

X2= 381,592 X25%= 9,488 GL= 4 Rejeita-se H0

Masculino % Feminino % Total

0-4 anos 100.692 55,04 100.405 51,90 201.097 5-8 anos 43.113 23,57 45.052 23,29 88.165 9-11 anos 28.706 15,69 34.878 18,03 63.584 Acima de 12 anos 10.428 5,70 13.132 6,78 23.560

Total 182.939 100 193.467 100 376.406 X2=658,550 X2

5%=7,815 GL=3 Rejeita-se H0

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Monografias premiadas 559

remuneração no trabalho. Pelo teste de qui-quadrado, o X2 mostrou sersignificativo, portanto, a concentração masculina é maior nos menoresníveis de escolaridade.

É possível observar que tanto os homens como as mulheres que possuemmais de 12 anos de estudo estão mais presentes no Paraná do que no Brasil,conforme visualização de comparação das tabelas 8 e 9. Pode-se tambémvisualizar que os homens se concentram em maior quantidade no primeiro eno segundo nível de escolaridade, ou seja, de 0 a 4 anos e de 5 a 8 anos deestudo, com 75,41% contra 73,45% de mulheres. Entretanto, 26,55% dasmulheres estão presentes nos maiores níveis escolares contra 24,59% dos ho-mens, acompanhando as mesmas características do país. Pelo teste X2, as con-clusões são as mesmas da tabela 8.

TABELA 9Nível de escolaridade por gênero no Paraná no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Pela tabela 10, 64,3% das mulheres e 41,4% dos homens trabalham até40 horas por semana. Os homens em sua grande maioria trabalham acima de40 horas semanais. A partir de 80 horas de trabalho apenas 1,4% dos homense 0,5% das mulheres representam essa faixa horária.

TABELA 10Número de horas trabalhadas por semana por gênero no Brasil no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Masculino % Feminino % Total

0 - 4 anos 5.054 52,63 5.059 52,33 10.113 5 - 8 anos 2.187 22,78 2.042 21,12 4.229 9 - 11 anos 1.604 16,71 1.715 17,74 3.319 Acima de 12 anos 757 7,88 852 8,81 1.609

Total 9.602 100 9.668 100 19.270 X2= 14,070 X2

5%= 7,815 GL=3 Rejeita-se H0

Masculino % Feminino % Total

Até 12 horas 2.889 2,9 6.587 9,6 9.476 De 12 horas e 1 min até 20 horas 5.034 5,1 8.652 12,7 13.686 De 20 horas e 1 min até 30 horas 7.364 7,4 10.577 15,5 17.941 De 30 horas e 1 min até 40 horas 25.774 26,0 18.122 26,5 43.896 De 40 horas e 1 min até 50 horas 37.998 38,4 17.098 25,0 55.096 De 50 horas e 1 min até 60 horas 12.561 12,7 4.815 7,0 17.376 De 60 horas e 1 min até 70 horas 6.000 6,1 2.142 3,2 8.142 > 80 horas 1.356 1,4 412 0,5 1.768 Total 98.976 100 68.405 100 167.381 X2= 12.868,980 X2

5%= 16,92 GL= 9 Rejeita-se H0

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005560

Na tabela 11, a análise é similar à da tabela anterior, ou seja, o estado doParaná não apresenta características particulares em relação à média brasileiraquanto às horas trabalhadas, a diferença está na carga horária. Na média, acarga horária do Brasil parece maior; no entanto, as mulheres em sua maioria,35,5%, trabalham até 30 horas por semana, contra 27,2% que trabalham até40 horas, e os homens em sua maioria trabalham mais de 30 horas por sema-na. Acima de 50 horas trabalhadas por semana estão 23,4% dos homens e10,6% das mulheres. Pela aplicação do teste de qui-quadrado para as tabelas10 e 11, com nível de significância de 5% e grau de liberdade 9, em ambas, oX2 mostrou ser significativo, dessa forma, rejeita-se H

0 em prol da H

a, eviden-

ciando a maior proporção masculina nos períodos de mais horas trabalhadas,nos dois casos.

De acordo com Pastore (2000), as mulheres trabalham mais do que oshomens, apenas o uso do tempo da mulher é muito diferente em relação ao dohomem. O tempo remunerado é maior entre os homens e o não-remuneradoé maior entre as mulheres. Ou seja, dois terços do trabalho de casa são realiza-dos pelas mulheres. A mulher gasta, em média, mais de 30 horas de trabalhopor semana com os afazeres domésticos. O trabalho que mais consume tempoé a limpeza da casa e a preparação da comida. Mesmo trabalhando fora decasa, todas as responsabilidades do lar e das crianças tendem a ficar por contada mulher.

TABELA 11Número de horas trabalhadas por semana por gênero no Paraná no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

No Brasil, conforme tabela 12, os homens se encontram em maior quan-tidade no setor formal, com 58%, e as mulheres, 49%, se encontram no setorinformal do mercado de trabalho.

Masculino % Feminino % Total

Até 12 horas 192 3,4 367 9,5 559 De 12 horas e 1 min até 20 horas 201 3,7 451 11,7 652 De 20 horas e 1 min até 30 horas 363 6,6 556 14,3 919 De 30 horas e 1 min até 40 horas 1.411 25,4 1.055 27,2 2.466 De 40 horas e 1 min até 50 horas 2.077 37,5 1.033 26,7 3.110 De 50 horas e 1 min até 60 horas 835 16 272 7,0 1.107 De 60 horas e 1 min até 70 horas 241 4,0 77 2,0 318 De 70 horas e 1 min até 80 horas 142 2,0 41 1,0 183 De 80 horas e 1 min até 90 horas 57 1,0 14 0,4 71 De 90 horas e 1min até 98 horas 25 0,4 10 0,2 35 Total 5.544 100 3.876 100 9.420 X2= 781,299 X2

5%= 16,92 GL= 9 Rejeita-se H0

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Monografias premiadas 561

TABELA 12Setor do mercado de trabalho por gênero no Brasil no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Na tabela 13, percebe-se que mesmo no Paraná a mão-de-obra femininaé mais absorvida pelo setor informal do mercado de trabalho. O setor formalda economia paranaense é representado por 66% da mão-de-obra masculina,mais elevado que no Brasil.

TABELA 13Setor do mercado de trabalho por gênero no Paraná no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE –2001.Elaboração da autora.

TABELA 14Rendimento mensal por gênero no Brasil no ano de 2001(Em R$)

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

As tabelas 14 e 15 representam o salário que as pessoas recebiam no mêsde referência, ou seja, em setembro de 2001. No Brasil e no Paraná, respecti-vamente, pelo que se observa na tabela 14, as mulheres brasileiras representammaior percentual apenas nos primeiros níveis de rendimento, evidenciandoque 53,93% das mulheres recebem até R$ 260,00; dos homens, apenas

Masculino % Feminino % Total

Formal 31.591 58 19.723 51 51.314 Informal 22.898 42 18.773 49 41.671 Total 54.489 100 38.496 100 92.985

Masculino % Feminino % Total

Formal 1.962 66 1.283 59 3.245 Informal 1.002 34 907 41 1.909 Total 2.964 100 2.190 100 5.154

Masculino % Feminino % Total

Até 130,00 11.060 12,40 11.100 19,48 22.160 130,01 a 260,00 23.309 26,13 19.630 34,45 42.939 260,01 a 520,00 27.757 31,11 15.064 26,44 42.821 520,01 a 780,00 8.851 9,93 3.717 6,52 12.568 780,01 a 1.050,00 6.887 7,72 3.009 5,28 9.896 1.050,01 a 2.200,00 7.430 8,33 3.155 5,54 10.585 2.200,01 a 3.130,00 1.813 2,03 712 1,25 2.525 3.130,01 a 4.000,00 778 0,87 253 0,44 1.031 Acima de 4.000,01 1.323 1,48 345 0,60 1.668 Total 89.208 100 56.985 100 146.193 X2= 3825,524 X2

5%= 15,51 GL= 8 Rejeita-se H0

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005562

38,53%. Acima desse valor, até R$ 520,00, as mulheres participam com26,44% de sua força de trabalho, contra 31,11% da mão-de-obra masculina.Entre R$ 520,01 até R$ 780,00, os homens concentram 9,93% de sua forçade trabalho e as mulheres apenas 6,52%. Na faixa dos salários mais elevados aparticipação feminina é muito pequena. Acima de R$ 2.200,00 até R$ 4.000,00as mulheres são representadas com 1,69% e os homens com 2,90%; e nos ren-dimentos superiores a R$ 4.000,00 as mulheres aparecem com apenas 0,60% eos homens com 1,48%.

O rendimento mensal feminino paranaense representado na tabela 15mostra que 79,36% das mulheres possuem rendimento mensal de até nomáximo R$ 520,00. Nessa mesma faixa salarial encontram-se 63,87% doshomens. De R$ 520,01 até R$ 780,00 as mulheres representam 6,75% e oshomens 12%. E acima de R$ 2.200,00, apenas 1,80% é participação femini-na e 4,83% é masculina. Pela aplicação do teste de qui-quadrado para astabelas 14 e 15, o X2 mostrou ser significativo, dessa forma, rejeita-se H

0 e

aceita-se Ha, evidenciando que a proporção salarial masculina é mais alta

nas duas tabelas.

TABELA 15Rendimento mensal por gênero no Paraná no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

Pela tabela 16, pode-se observar que a concentração feminina é de 65,4%em todos os setores de serviços e no social 17%. E os homens se destacam emsua maioria no setor agrícola com 21,8%, na indústria de transformação com13,8% e na indústria de construção com 11,6%. Nas tabelas 16 e 17, houveuma relativa redução amostral em relação ao total, em decorrência das declara-ções ignoradas que não foram consideradas em ambas.

Masculino % Feminino % Total

Até 130,00 408 8,16 451 14,78 859 130,01 a 260,00 987 19,74 1.038 34,01 2.025 260,01 a 520,00 1.799 35,97 933 30,57 2.732 520,01 a 780,00 600 12,00 206 6,75 806 780,01 a 1.050,00 491 9,82 196 6,42 687 1.050,01 a 2.200,00 474 9,48 173 5,67 647 2.200,01 a 3.130,00 109 2,17 30 0,98 139 3.130,01 a 4.000,00 50 1,00 9 0,29 59 Acima de 4.000,01 83 1,66 16 0,53 99 Total 5.001 100 3.052 100 8.053 X2= 400,196 X2

5%= 15,51 GL= 8 Rejeita-se H0

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Monografias premiadas 563

TABELA 16Ramo de atividade por gênero no Brasil no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração dos autores.

Na tabela 17, verifica-se que as mulheres aparecem relativamente bemcolocadas nos seguintes setores: agrícola, 14,35%; indústria de transfor-mação, 8,6%; comércio de mercadorias, 15,1%; prestação de serviços,33,3%; serviços auxiliares da atividade econômica, 3,6%; social, 17%; eadministração pública, 4,5%. Pela aplicação do teste de qui-quadrado (X2 )para as tabelas 16 e 17, o X2 mostrou ser significativo, dessa forma aceita-seH

a, podendo-se então concluir que a proporção de presença masculina é maior

que a feminina, na maioria dos ramos de atividade.

TABELA 17

Ramo de atividade por gênero no Paraná no ano de 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

3 Masculino % Feminino % Total

Agrícola 23368 21,8 11196 14,3 34564 Indústria de transformação 14759 13,8 6768 8,6 21527 Indústria de construção 12433 11,6 367 0,5 12800 Outras atividades industriais 1679 1,6 345 0,4 2024 Comércio de mercadorias 15712 14,7 11832 15,1 27544 Prestação de serviços 14516 13,6 26064 33,3 40580 Serviços auxiliares da atividade econômica

4909 4,6 2857 3,6 7766

Transporte e comunicação 6893 6,4 762 1,0 7655 Social 4715 4,4 13334 17,0 18049 Administração pública 5880 5,5 3435 4,5 9315 Outras atividades mal definidas ou não declaradas

2127 2,0 1303 1,7 3430

Total 106991 100 78263 100 185254 X2= 30013,924 X2

5%= 18,31 GL= 10 Rejeita-se H0

Masculino % Feminino % Total

Agrícola 1346 22,5 846 19,1 2192 Indústria de transformação 951 15,9 378 8,5 1329 Indústria de construção 695 11,6 23 0,5 718 Outras atividades industriais 66 1,1 25 0,6 91 Comércio de mercadorias 826 13,7 682 15,4 1508 Prestação de serviços 753 12,6 1345 30,4 2098 Serviços auxiliares da atividade econômica 343 5,7 164 3,7 507 Transporte e comunicação 376 6,3 48 1,1 424 Social 269 4,5 673 15,2 942 Administração pública 270 4,5 173 4,0 443 Outras atividades mal definidas ou não declaradas 96 1,6 65 1,5 161 Total 5991 100 4422 100 10413 X2= 1504,469 X2

5%= 18,31 GL= 10 Rejeita-se H0

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Prêmio Ipea 40 Anos – IPEA-CAIXA 2005564

TABELA 18Descrição das variáveis utilizadas nas equações de salário, para homens e mulheresdos setores formal e informal do mercado de trabalho, no Paraná – 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

A tabela 18 descreve as variáveis utilizadas nas equações de salários doshomens e das mulheres nos setores formal e informal, bem como suas médiase desvio-padrão. As variáveis explicativas consideradas relevantes na determi-nação do salário, nesse caso, foram educação, experiência, experiência ao qua-drado e interação das variáveis educação e experiência. A variável dependente éo logaritmo do salário mensal de cada indivíduo participante do mercado detrabalho, sendo que, em relação a este, a maior média foi de 2,69 no setorformal para os homens contra 2,54 no mesmo setor para as mulheres. A maiselevada média de educação (anos de estudo) também é demonstrada no setorformal com 10,12 para as mulheres. As mulheres envolvidas no mercado detrabalho informal demonstram ter experiência elevada. E a variável(educação*experiência) apresentou a maior participação no setor formal paraas mulheres, com 142,03.

Os resultados das estimativas das funções de salário, presentes na tabela19, mostram que os coeficientes positivos e significativos da variável educaçãoindicam que, com o aumento dos anos de estudo, homens e mulheres quetrabalham no mercado formal e informal recebem uma remuneração maior porseu trabalho. Os testes-t das variáveis educação e experiência são mais elevados nosetor formal do que no informal, indicando que a escolaridade e a experiênciapodem ser mais valorizadas no mercado formal, pelo menos para as mulheres, umavez que os homens apresentam teste t inferior no setor formal para experiência.

Os coeficientes da variável experiência ao quadrado apresentam sinaisnegativos, em que, de acordo com a teoria do capital humano, a função derendimento é apresentada em uma curva na qual em algum momento da vidado indivíduo ele atinge um valor máximo de produtividade e recebimento desalário e, a partir de então, inicia-se um processo de depreciação do capital huma-no, refletindo na queda de produtividade do trabalhador e, conseqüentemente, no

Homem Mulher

Formal Informal Formal Informal

Variáveis Média DP Média DP Média DP Média DP

Lnw* 2,69 0,30 2,38 0,38 2,54 0,27 2,24 0,32 Educação 8,96 4,20 7,31 4,07 10,12 4,17 7,82 4,31

Experiência 18,67 13,07 18,33 15,47 17,32 13,15 18,90 15,34 Experiência2 519,38 659,40 574,93 803,50 472,71 616,76 592,12 777,67

EducExper 137,00 105,29 102,71 108,67 142,03 108,62 106,72 99,97

* Lnw é o logaritimo do salário, serve para padronizar os dados ou minimizar a distância entre os valores.

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Monografias premiadas 565

declínio do nível salarial. O termo de interação entre educação e experiênciaapresenta em seus coeficientes em ambos os mercados sinais negativos e posi-tivos, indicando que o efeito da educação (experiência) diminui quando osanos de experiência (educação) aumentam.

TABELA 19Estimativas das funções de salários dos mercados de trabalho formal e informalsegundo gênero, no Paraná, em 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.Obs: As estatísticas t estão entre parênteses abaixo dos coeficientes.

TABELA 20Decomposição do diferencial dos salários das pessoas ocupadas segundo gênero esetor, no Paraná, em 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.Nota: Grupo em vantagem de (1): homem do setor formal, de (2): homem do setor informal.

Os resultados da decomposição do diferencial de salários, conforme oprocedimento de Oaxaca, são apresentados na tabela 20. Esses resultados in-dicam que existe discriminação contra as mulheres, tanto no mercado de tra-balho formal como no informal. Contudo, pode-se inferir que a maior discri-minação ocorreu no mercado informal, pelo fato de a mulher possuir todos os

Homem Mulher Variáveis

Formal Informal Formal Informal

Constante 1,944

(48,204) 1,628

(31,990) 1,753

(33,918) 1,617

(29,098)

Educação 0,0475

(15,387) 0,0557

(11,986) 0,0576

(15,160) 0,0503

(10,665)

Experiência 0,0263

(11,184) 0,0379

(12,707) 0,0260 (8,807)

0,0244 (7,830)

Experiência2 -0,00034 (-10,636)

-0,000584 (-13,804)

-0,000283 (-6,914)

-0,000338 (-7,837)

Educ. exper. 0,0000106

(0,084) -0,000132

(-0,717) -0,000761

(-4,901) -0,000303

(-1,588) R2 Ponderado 0,365 0,339 0,297 0,252 Teste F ponderado 280,028 126,346 134,332 75,234

No de observações 1.950 989 1.279 897

Grupo em vantagem Diferença com o grupo em vantagem

mwln - wfln

Termo de discriminação

( ) ( )fmmfm X β−β+α−α ˆˆˆˆ

Dotação de atributos produtivos

( )fmf XX −β̂

Mulher do setor formal (1)

0,142 100%

0,1825 128,52%

-0,04863 28,52%

Mulher do setor informal (2)

0,143 100%

0,1755 122,73%

-0,03153 22,73%

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atributos produtivos exigidos e mesmo assim apresentar os menores salários.Considerando a diferença do logaritmo do salário calculado conforme as mé-dias apresentadas na tabela 18, e os valores obtidos dos parâmetros e as esti-mativas demonstradas na tabela 19, foram obtidos os valores de 0,142 emfavor dos homens que trabalham no mercado de trabalho formal e de 0,143em favor dos homens que trabalham no mercado informal. A parcela do dife-rencial de salário atribuída exclusivamente à discriminação foi de 0,1825 nomercado formal, porque os maiores salários estão no setor formal, e, assim, adiferença se torna maior; e de 0,1755 no mercado informal, com discrimina-ção aparente no segmento formal e discriminação salarial própria no informal.Em termos relativos, o segmento formal superou o informal, ou seja, 28,52%da diferença salarial entre homens e mulheres no setor formal é atribuída àdiscriminação, no setor informal este valor é menor, 22,73%.

As parcelas referentes aos atributos produtivos, por apresentarem valoresnegativos, sugerem que a diferença salarial entre homens e mulheres decorremais fortemente pela discriminação, no entanto, outros atributos tambéminfluenciam em menor grau a remuneração feminina.

No caso do setor informal, como foi possível observar na tabela 18, amulher apresenta todos os atributos produtivos exigidos, e mesmo assim não éreconhecida em termos de remuneração.

Para se estimar o diferencial nos rendimentos do grupo em vantagemem relação ao grupo em desvantagem, deve-se calcular o rendimentohipotético do grupo em desvantagem utilizando as suas próprias característicasprodutivas, representadas pelas médias, e a estrutura do grupo em vantagem,ou seja, os coeficientes estimados para o grupo em situação de vantagem(MAIA; LIRA, 2002).

yln f =

m

^

α + m

^

β X f(8)

Onde yln f é o rendimento médio hipotético das m u l h e r e s

(grupo em desvantagem), X f é a média das características produtivas das

mulheres, m

^

β são os coeficientes de regressão dos homens (grupo em vantagem)

e m

^

α é o intercepto da regressão estimada para os homens.

A diferença entre o rendimento do grupo em vantagem e o rendimento

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hipotético do grupo em desvantagem, fm ww lnln − , se for positiva, refere-se à

diferença nos atributos produtivos ou à parte explicada; se for negativa, correspondeà discriminação ou à parte não explicada.

TABELA 21Média dos logaritmos dos salários mensais observados de homens e mulheres e dossalários estimados das mulheres, no Paraná, em 2001

Fonte: Pnad/IBGE – 2001.Elaboração da autora.

A tabela 21 mostra a média dos rendimentos mensais dos homens e dasmulheres nos mercados de trabalho formal e informal, bem como a médiahipotética das mulheres em ambos os mercados. Pode-se verificar que os dadosdessa tabela em relação às médias da tabela 18 (média salarial do mercadoformal e informal) são mais baixos do que realmente aconteceu em 2001 nomercado de trabalho do Paraná. Isso ocorre pelo fato de que essa média foiextraída da utilização da equação estimada dos salários, e pelo fato de a equa-ção ter um resíduo muito alto, ou seja, o Coeficiente de Determinação (R2) foimuito baixo, gerando a diferença média observada (tabela 18) em relação àmédia estimada (tabela 21).

Analisando o mercado de trabalho formal, é possível verificar que a médiaobservada dos salários das mulheres é R$ 346,74, sendo 29,20% inferior àmédia observada dos salários dos homens, R$ 489,78. Entretanto, a médiaestimada dos salários das mulheres, utilizando os coeficientes da equação dosalário dos homens, ou seja, a média hipotética, é de R$ 524,81. Esta é 33,93%superior à média observada dos salários das mulheres e 6,67% superior à mé-dia observada dos salários dos homens. Indicando que existe discriminação nomercado de trabalho formal no Paraná, no entanto ela não é a única caracterís-tica a influenciar no salário feminino, talvez a experiência possa ter relevância.

No mercado de trabalho informal, a média observada dos salários dasmulheres (R$ 173,78) é 27,55% menor que a média observada dos saláriosdos homens, R$ 239,88; a média estimada dos salários das mulheres, utili-zando os coeficientes da equação do salário dos homens, é de R$ 263,03,sendo 33,93% superior à média observada dos salários das mulheres e 8,80%superior à média observada dos homens, mostrando que no mercado de traba-lho informal do Paraná também existe discriminação.

Mercado de trabalho

Média observada do rendimento dos homens

Média observada do rendimento das mulheres

Média estimada do rendimento para as mulheres

ln r$ ln r$ ln r$

Formal 2,69 489,78 2,54 346,74 2,72 524,81 Informal 2,38 239,88 2,24 173,78 2,42 263,03

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As mulheres paranaenses sofreram, em 2001, discriminação em suas ati-vidades profissionais, desenvolvidas tanto no mercado de trabalho formal comono informal, sendo que no segmento informal o grau de discriminação foimaior. No entanto, existe outro tipo de característica que influenciou na re-muneração feminina nesse período, além da discriminação, que pode ser, porexemplo, a experiência, visto que as mulheres a possuem menos que os ho-mens no setor formal, demonstrado na tabela 1.

A observação das desvantagens da população ocupada feminina em nívelsalarial e de colocação no mercado de trabalho brasileiro, mais especificamen-te no mercado de trabalho paranaense, conduz à preocupação com a necessi-dade de diminuição da informalidade.

Pode-se perceber que as políticas públicas de defesa da mulher tornam osetor formal menos discriminatório. A mulher precisa sair da informalidadepara usufruir dos benefícios que – com a elevação da experiência no decorrerdos anos, aumentando assim sua produção – garantem-lhe uma situação maisigualitária no trabalho em relação ao gênero oposto.

5 CONCLUSÃO

A motivação principal deste trabalho foi examinar os salários dos trabalhado-res envolvidos no mercado de trabalho paranaense para o ano de 2001, verifi-cando se existe discriminação salarial por gênero no estado.

Os dados foram obtidos por meio das bases de dados da Pesquisa Nacio-nal por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2001 e em parte da Relação Anualde Informações Sociais (Rais) para o mesmo ano, em que foram aplicados oscálculos de qui-quadrado (X2) para verificar a maior proporção dos valores e adecomposição de Oaxaca, que mede a discriminação por meio do método dosMínimos Quadrados Ordinários (MQO), no qual a variável dependente é ologaritmo do salário para ambos os sexos e as variáveis explicativas, conforme ateoria do capital humano, são educação, experiência, experiência ao quadradoe interação das variáveis educação (anos de estudo) e experiência, responsáveisdiretamente pela maior ou menor remuneração dos trabalhadores, conformesua maior ou menor presença.

A diferença salarial entre homens e mulheres no setor formal é maiordo que no setor informal, em razão de algumas variáveis como, por exem-plo, a grande dispersão salarial no setor formal, ou seja, há muitos indiví-duos que ganham pouco e há também indivíduos que têm altos salários,sendo que a participação feminina nesse último caso é menor. No setorinformal, a dispersão salarial é menor e, além disso, a participação femini-

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na é maior em relação ao homem, dessa forma, contribuindo para que adiferença salarial seja menor.

A freqüência feminina é maior que a masculina nas faixas salariais meno-res nos setores formais e informais, mesmo a mulher mostrando ser mais ins-truída e possuir elevado grau de escolaridade em relação ao homem. A jornadade trabalho feminina se mostrou inferior à masculina, desconsiderando o fatode a mulher ter que desempenhar dupla função no trabalho profissional e nasatividades do lar. Outra constatação, é que a mulher apresentou salários maiselevados nas faixas etárias até 18 anos, isso pode ser atribuído à valorização dabeleza e da juventude feminina no Brasil, ou seja, há um padrão estético valo-rizado pela sociedade contemporânea ocidental.

Foi possível verificar que os salários são maiores no setor formal, e nessesetor a diferença salarial é maior até porque a mulher possui menos experiên-cia para concorrer com o homem; desse modo ela acaba não participando dosaltos salários que o setor formal oferece. As mulheres de certa forma estãoprotegidas pelas políticas sociais, e a discriminação formal é existente, mas emdimensão inferior ao informal.

Em relação ao setor informal observa-se que os salários são muito baixos,mas a mulher possui todas as características produtivas em maior quantidadedo que os homens; no entanto, foi verificado que os atributos produtivos nãosão valorizados em termos de repasse de salários. Os setores do mercado detrabalho que mais absorveram o trabalho feminino foram os relacionados como comércio, prestação de serviços e ramo social.

A parcela do diferencial salarial atribuída exclusivamente à discriminaçãono mercado formal é de 28,52% e no setor informal de 22,73%; todavia,pode-se considerar a maior discriminação ser a do mercado de trabalho infor-mal uma vez que nesse setor a mulher apresenta todos os atributos produtivosem maior quantidade que os homens, e mesmo assim não recebe salários maiores,o que seria incoerente segundo a Teoria do Capital Humano, que postula que quantomaior os atributos produtivos dos indivíduos envolvidos no mercado de trabalhomaior sua remuneração. Para assumir a hipótese de não-discriminação no setorformal, somente se a variável experiência for extraordinariamente valorizada emdetrimento da educação, visto que a mulher é mais instruída que o homem.

Dessa forma, considera-se que no setor formal existe discriminação apa-rente, pois a parcela de discriminação salarial é atribuída à falta de experiênciade trabalho feminina. No setor informal, existe discriminação salarial própria,ou seja, a diferença salarial existente entre os gêneros é exclusivamente provin-da de uma exclusão da mulher nesse setor de trabalho paranaense.

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As políticas públicas dão pouca atenção a essa problemática, não são ain-da eficazes, mas protegem a mulher, amparando-a legalmente no setor formalde trabalho. As mulheres devem procurar participar de trabalhos formais, paraminorar esse efeito de disparidade salarial, até que nossa sociedade se tornemenos preconceituosa e valorize o trabalho produtivo e não apenas a pessoaque o desempenhe. Enfim, existe discriminação salarial por gênero no merca-do de trabalho paranaense.

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