28
MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITES

Microbiologia ClínicaDepto Patologia

Universidade Federal Fluminense

Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Page 2: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

DOENÇAS DO SNC

Crânio

Coluna Vertebr

alMeninges

Page 3: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Vias de invasão

• Principais: hematogênica e nervos (característica das infecções virais por herpes simples, varicela zoster e raiva).

• Menos frequentes: infecções de ouvido ou dos

seios paranasais, lesão local, defeitos congênitos

e trato olfativo.

DOENÇAS DO SNC

Page 4: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

DOENÇAS DO SNC

Abscessos cerebrais• Causado por várias bactérias, em geral de origem orofaríngea,

particularmente anaeróbios

Tétano• Causado por uma toxina produzida pelo Clostridium tetani

Botulismo• Causado por uma toxina produzida pelo C. botulinum

Meningites

Encefalites• São inflamações agudas do parênquima cerebral, comumente

causadas por uma infecção viral, mas podendo apresentar

outra etiologia

Page 5: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITES

A meningite aguda é a infecção mais comum do SNC

Possui etiologia diversa:

Page 6: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE BACTERIANA

Meningite aguda bacteriana: risco de vida tratamento específico urgente!

Mais graves e menos comuns do que a viral

Causada por vários agentes bacterianos

Até 1990 – Haemophilus influenzae tipo b (Hib)

Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis

Introdução da vacina

Page 7: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Principais agentes etiológicos bacterianos

Microrganismo Faixa Etária

Escherichia coli, Streptococcus agalactiae, Listeria

monocytogenes

Recém-

nascido

S. agalactiae, L. monocytogenes, E. coli < 2 meses

Haemophilus influenzae, S. pneumoniae, Neisseria

meningitidis

< 10 anos

N. meningitidis Adulto jovem

S. pneumoniae, N. meningitidis Adulto

S. pneumoniae, bacilos Gram-negativos,

L. monocytogenes, H. influenzae

Idoso

Page 8: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE MENINGOCÓCICA

Causada pela Neisseria meningitidis

Diplococos Gram-negativos, semelhantes a N. gonorrhoeae, mas

com uma cápsula adicional de polissacarídeo que é antigênica.

Colonização assintomática – 20% da população

• Adesão as células da nasofaringe por fímbrias

• A taxa de portadores pode chegar a 60-80% nos surtos

Afeta indivíduos que não possuem anticorpos bacterianos

específicos contra os antígenos capsulares.

• Bebês e crianças pequenas – sem anticorpos maternos

• Adolescentes – não expostos ao sorotipo infectante

Page 9: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Transmissão: pessoa-a-pessoa, por gotículas de

saliva (contagiosa). Estado de portador (reservatório).

Sorotipos específicos associados à infecção

•Variação geográfica

• B, C e Y – países mais desenvolvidos

• A e W-135 – regiões menos desenvolvidas

Vacinas: têm como alvos os sorotipos A, C, Y e W-

135

Contato familiar – rifampicina por 2 dias.

MENINGITE MENINGOCÓCICA

Page 10: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Quadro clínico• Período de incubação de 3 dias. Início súbito.

•Irritação na garganta, cefaléia, sonolência e sinais de meningite (febre, irritabilidade, rigidez nucal e fotofobia).

•Frequentemente erupção cutânea hemorrágica com petéquias – septicemia.

•35% dos pacientes apresentam septicemia fulminante, CID, endotoxemia, choque e insuficiência renal.

• 100% de mortalidade quando não tratada.

•7 a 10% de mortalidade mesmo se tratada, podendo ocorrer sequelas graves.

MENINGITE MENINGOCÓCICA

Page 11: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza
Page 12: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE POR Haemophilus influenzae Cocobacilos Gram-negativos – 6 tipos

• Cepas não encapsuladas: são comuns e presentes na

orofaringe da maioria das pessoas saudáveis.

•Tipo b encapsulado: TR de lactentes e pré-escolares;

ocasionalmente atinge as meninges.

Comumente complicada por graves sequelas neurológicas.

• Período de incubação de 5-6 dias, início mais insidioso

• Menos fatal que a meningocócica com mortalidade de 5% dos

casos tratados

• Surdez, atraso no desenvolvimento da fala, retardo mental e

crises convulsivas de 9% dos casos tratados

• MO’s dificilmente vistos em esfregaços de LCR

Page 13: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Anticorpos maternos – proteção nos primeiros meses de vida.

• Janela de susceptibilidade 2-3 anos de idade

Vacina contra Hib – eficiente para crianças a partir de 2 anos.

Tratamento é feito com ampicilina, ceftriaxona ou cefotaxima.

Contatos próximos devem ser tratados com rifampicina (contagiosa).

Haemophilus influenzae

Page 14: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE PNEUMOCÓCICA

Causada pela Streptococcus pneumoniae

Coco Gram-positivo, encapsulado, encontrado na

orofaringe de muitos indivíduos saudáveis.

A susceptibilidade à infecção está associada aos

baixos níveis de anticorpos contra antígenos da

cápsula polissacarídica.

Proteção dos anticorpos é tipo-específica: > 90 tipos

diferentes de antígenos capsulares.

Page 15: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Quadro clínico

• Pior do que com N. meningitidis e H. influenzae

(não contagiosa).

• Manifestação aguda pode vir após pneumonia

e/ou septicemia em idosos.

• 20 a 30% de mortalidade mesmo se tratada.

• 15-20% de sequelas em casos tratados.

Tratamento

• Penicilina.

• A resistência deve ser devidamente avaliada.

MENINGITE PNEUMOCÓCICA

Page 16: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE PNEUMOCÓCICA

Prevenção Tratamento imediato de otite média e

infecções respiratórias e uso da vacina

polissacarídica, 23 valente para crianças

acima de 5 anos de idade.

Anos 2000: Vacina conjugada (proteína + ag

capsulares de 7 sorotipos) -- mais eficaz em

crianças < 2 anos.

Page 17: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Fatores de virulência dos principais patógenos

Fator de virulência Patógeno Bacteriano

N. meningitidis H. Influenzae S. pneumoniae

Cápsula + + +

Protease de IgA + + +

Pili + + -

Endotoxina + + -

Proteínas da membrana externa

+ + -

Page 18: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE POR Listeria monocytogenes

Cocobacilo Gram-positivo.

Meningite em adultos imunocomprometidos;

infecções intra-uterinas recém-nascidos

(atravessa a placenta).

Menos susceptível à penicilina que o S.

pneumoniae.

• Tratamento: penicilina ou amplicilina +

gentamicina.

Page 19: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE NEONATAL Neonatos: condições imunológicas imaturas.

Taxas de mortalidade estão caindo em países desenvolvidos,

mas o problema ainda é grave.

Agentes: Estreptococos β-hemolíticos do grupo B

(S. agalactiae) e E. coli.• Infecção hospitalar e mães colonizadas e/ou infectadas.

Em muitos casos, causa sequelas neurológicas permanentes.

• Paralisia cerebral ou de nervos cranianos, epilepsia, retardo

mental ou hidrocefalia.

Diagnóstico clínico difícil.

• Sinais inespecíficos: febre, recusa alimentar, vômitos,

desconforto respiratório e diarréia.

Page 20: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

MENINGITE TUBERCULOSA

Pacientes apresentam um outro local de infecção.

• 25% dos casos podem não ter evidência de infecção.

Em mais de 50% dos casos está associada a tuberculose miliar.

Áreas de alta prevalência: comum em crianças de 0-4 anos .

(vacina BCG previne)

Áreas de menor frequencia – acomete mais os adultos.

Se apresenta com um início gradual durantes algumas semanas

• Inicialmente mal-estar, apatia e anorexia, evoluindo, em

algumas semanas, para fotofobia, rigidez de nuca e

comprometimento da consciência.

Page 21: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

RESPOSTA DO ORGANISMO DO HOSPEDEIRO

Leucócitos PMN e proteínas

LCR visivelmente turvo

Bactérias induzem eventos inflamatórios mais intensos,

que limitam a propagação local, de modo que a infecção é

localizada e forma abscessos.

A inflamação e o edema formado podem ser de alto risco.

Aspecto histológico só volta ao normal várias semanas

após a cura clínica.

Page 22: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

DIAGNÓSTICO LABOTARORIAL

Material clínico: LCR

• Amostra colhida em tubo estéril e encaminhada com

urgência.

• Não refrigerar.

• Volume mínimo de 1mL para bactérias.

• Amostras refrigeradas podem inibir e até impedir o

crescimento de MO’s, no entanto.,essas amostras servem

para a pesquisa de antígenos.

Geralmente, a concentração dos MO’s no líquor é baixa,

necessitando centrifugar a amostra para concentrá-los.

Devido à gravidade dessas infecções, o laboratório deve

estar preparado para realizar o diagnóstico de modo rápido.

Page 23: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Parâmetros que auxiliam na interpretação da cultura de líquor

Diagnóstico laboratorial

Leucócito/mm3

Células predominantes

Proteínas Glicose

Normal 0-4Nenhuma ou

linfomonicitária

15-40mg/dl (adulto)

Até 120mg/dl (recém-nascido)

2/3 da glicemia

ProvávelEtiologia

viral

0-500 Mononucleares Normais ou um pouco

aumentadas

(50-100mg/dl)

Normal

Provável infecção

bacteriana>500 PMN >100mg/dl Diminuíd

a

Provável tuberculose ou infecção

fúngica

Até 500 Perfil misto >50mg/dl Normal ou

diminuída

Page 24: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Parâmetros que auxiliam na interpretação da

cultura de líquor

Lactato:

Normal em meningites de etiologia VIRAL

Aumentado nas de etiologia bacteriana.

Page 25: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Centrifugar a amostra 4.500 – 5.000 rpm/ 15min

Semear em AS, CHOC e MacConkey

Gram do sedimento

Incubar a 35°C em estufa com 5% de CO2 por 24h Placas (+)

Identificação e TSA

Placas (-) Incubar por 24h

Placas (-)

Emitir resultado

parcial negativo

Emitir resultado negativo

Liberação do

resultado final

Page 26: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza
Page 27: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

Neisseria meningitidis - AC Haemophilus influenzae - AC

Streptococcus pneumoniae - AS

Cultura de Líquor

Streptococcus agalactiae - AS

Page 28: MENINGITES Microbiologia Clínica Depto Patologia Universidade Federal Fluminense Profa. Cláudia de Mendonça Souza

DETECÇÃO DE ANTÍGENOS BACTERIANOS NOS ESPÉCIMES CLÍNICOS

Teste de aglutinação pelo látex

“Kit” para a pesquisa de antígenos no líquor de:

• Neisseria meningitidis

• Streptococcus pneumoniae

• Haemophilus influenzae

• Streptococcus agalactiae

• Escherichia coli(+)

(-)