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Mensagem Presidencial Ppa

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  • 111111111

    Mensagem Presidencial

  • 3MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO

    SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS ESTRATGICOS

    PLANO PLURIANUAL2012-2015

    Mensagem Presidencial

    Braslia2011

  • 4MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO

    SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS ESTRATGICOS

    ESPLANADA DOS MINISTRIOS, BLOCO K 3 andar

    CEP: 70.040-906 Braslia DF

    Fone: (61) 2020-4343

    Site: www.planejamento.gov.br

    2011, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos

    Normalizao Bibliogrfica: DIBIB/CODIN/CGDI/SPOA

    Brasil. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Secretaria de

    Planejamento e Investimentos Estratgicos.Plano plurianual 2012-2015 : projeto de lei / Ministrio do Planejamento,

    Oramento e Gesto, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos. - Braslia : MP, 2011.

    278 p.

    1. Brasil 2. Estado e planejamento

    6. Plano social I. Ttulo7. Plano econmico

    CDU 338.262012-2015 B278p

    c

    3. Plano de desenvolvimento 5. Polticas pblicas 4. Programas de Governo

  • 5REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    Presidente da RepblicaDilma Rousseff

    Vice-Presidencia da RepblicaMichel Temer

    Ministro de Estado da JustiaJos Eduardo Cardozo

    Ministro de Estado da DefesaCelso Amorim

    Ministro de Estado das Relaes ExterioresAntonio de Aguiar Patriota

    Ministro de Estado da FazendaGuido Mantega

    Ministro de Estado dos TransportesPaulo Srgio Passos

    Ministro de Estado da Agricultura, Pecuria e AbastecimentoJorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho

    Ministro de Estado da EducaoFernando Haddad

    Ministra de Estado da CulturaAna Maria Buarque de Hollanda

    Ministro de Estado do Trabalho e EmpregoCarlos Roberto Lupi

    Ministro de Estado da Previdncia SocialGaribaldi Alves Filho

    Ministra de Estado do Desenvolvimento Social e combate FomeTereza Campello

    Ministro de Estado da SadeAlexandre Padilha

    Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio ExteriorFernando Pimentel

    Ministro de Estado de Minas e EnergiaEdison Lobo

    Ministra de Estado do Planejamento, Oramento e GestoMiriam Belchior

    Ministro de Estado das ComunicaesPaulo Bernardo Silva

    Ministro de Estado da Cincia e TecnologiaAloizio Mercadante Oliva

    Ministra de Estado do Meio AmbienteIzabella Teixeira

    Ministro de Estado do EsporteOrlando Silva

    Ministro de Estado do TurismoPedro Novais Lima

    Ministro de Estado da Integrao NacionalFernando Bezerra Coelho

    Ministro de Estado do Desenvolvimento AgrrioAfonso Bandeira Florence

  • Ministro de Estado das CidadesMrio Negromonte

    Ministro de Estado da Pesca e AqiculturaLuiz Srgio Nbrega de Oliveira

    Ministra de Estado Chefe da Casa Civil da Presidncia da RepblicaGleisi Helena Hoffmann

    Ministro-de Estado chefe da Secretaria-Geral da Presidncia da RepblicaGilberto Carvalho

    Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Relaes Institucionais da Presidncia da RepblicaIdeli Salvatti

    Ministra de Estado-chefe da Secretaria de Comunicao Social da Presidncia da RepblicaHelena Chagas

    Ministro de Estado-chefe do Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da RepblicaJos Elito Carvalho Siqueira

    Ministro de Estado-chefe da Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da RepblicaWellington Moreira Franco

    Advocacia Geral da UnioLus Incio Lucena Adams

    Ministro de Estado-chefe da Controladoria-Geral da UnioJorge Hage Sobrinho

    Ministra de Estado-chefe da Secretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial da Presidncia da RepblicaLuiza Helena de Bairros

    Ministra de Estado-chefe da Secretaria de Polticas para as Mulheres da Presidncia da RepblicaIriny Lopes

    Ministra de Estado chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da RepblicaMaria do Rosrio Nunes

    Ministro de Estado-chefe da Secretaria de PortosJos Lenidas Cristino

    Ministro de Estado-chefe da Secretaria de Aviao Civil da Presidncia da RepblicaWagner Bittencourt de Oliveira

  • DISCURSO DA PRESIDENTADILMA ROUSSEFF

    Queridas brasileiras e queridos brasileiros,j fizemos muito nos ltimos oito anos, mas ainda h muito por fazer. E foi por acreditar que ns podemos fazer mais e melhor que o povo brasileiro nos trouxe at este momento.Agora hora de trabalho. Agora hora de unio. Unio de todos ns pela educao das crianas e dos jovens. Unio pela sade de qualidade para todos. Unio pela segurana de nossas comunidades. Unio para o Brasil continuar crescendo, gerando empregos. Unio para o Brasil continuar crescendo, gerando empregos para as atuais e para as futuras geraes. Unio, enfim, para criar mais e melhores oportunidades para todos ns.O meu sonho o mesmo sonho de qualquer cidado ou cidad: o sonho de que uma me e um pai possam oferecer aos seus filhos oportunidades melhores do que a que eles tiveram em suas vidas.Esse o sonho que constri um pas, uma famlia, uma nao. Esse o desafio que ergue um pas.Apresentei h pouco uma mensagem, com meus princpios e compromissos, no Congresso. Ali existem metas e objetivos, mas tambm existem sonhos.Acho bom que seja assim. Para governar um pas, um pas continental do tamanho do Brasil, tambm preciso ter sonhos. preciso ter grandes sonhos e persegui-los.

    Discurso da Presidenta Dilma Rousseff no Parlatrio,no dia da posse

  • NDICE

    APRESENTAO ....................................................................................................... 11

    DIMENSO ESTRATGICA ......................................................................................... 13

    INTRODUO ................................................................................................... 15

    VISO DE FUTURO ............................................................................................ 17

    CENRIOS ........................................................................................................ 18

    MACROECONMICO .......................................................................................... 18

    SOCIAL .......................................................................................................... 31

    AMBIENTAL ..................................................................................................... 37

    REGIONAL ....................................................................................................... 52

    MACRODESAFIOS ............................................................................................. 77

    PPA EM GRANDES NMEROS ......................................................................... 102

    MODELO DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL ................................................... 111

    AVANOS DO MODELO .................................................................................. 113

    PROCESSO DE CONSTRUO DO PPA ............................................................ 117

    AS OFICINAS ................................................................................................. 117

    DILOGOS SOCIAIS E FEDERATIVOS ....................................................................... 118

    MODELO DE GESTO ..................................................................................... 121

    MONITORAMENTO E AVALIAO .......................................................................... 123

    PARTICIPAO SOCIAL E FEDERATIVA ..................................................................... 124

    DIMENSO TTICA: PROGRAMAS TEMTICOS ...................................................... 127

    POLTICAS SOCIAIS ......................................................................................... 129

    POLTICAS DE INFRAESTRUTURA ..................................................................... 189

    POLTICAS DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO E AMBIENTAL ........................ 223

    POLTICAS E TEMAS ESPECIAIS ....................................................................... 262

  • 11

    APRESENTAO

    O recente ciclo de desenvolvimento brasileiro vem sendo impulsionado por

    polticas pblicas inovadoras que combinam crescimento econmico com

    reduo das desigualdades sociais e regionais. Essas polticas tm um

    elemento comum: a recuperao da capacidade do Estado de planejar e

    agir visando, sobretudo, garantir os direitos dos que mais precisam.

    A estratgia de aprofundamento desse cenrio de modernizao requer um Estado indutor

    e promotor das mudanas, a partir de polticas pblicas construdas por meio do dilogo

    social e do pacto federativo. Em outras palavras, o Brasil se transformou e, portanto, os

    desafios de se buscar novas formas de atuao do Estado tambm se renovaram.

    Neste contexto, as escolhas e os arranjos construdos para retomar o desenvolvimento

    e orient-lo para reduo das desigualdades determinaram um aperfeioamento nos

    instrumentos de planejamento. Com isso, a estrutura e a linguagem do Plano Plurianual

    (PPA) foram alteradas para que o Plano expresse, de fato, as polticas pblicas para os

    prximos quatro anos.

    A construo de um pas moderno, igualitrio, diverso e soberano exige um planejamento

    que viabilize a ao pblica por meio da reconstruo dos canais que favoream a ao

    do Estado. Assim, esperamos consolidar as conquistas dos ltimos anos, construindo

    caminhos que democratizam as oportunidades e solidificam a confiana que,

    recentemente, aprendemos a depositar em nossas vidas e no futuro do nosso pas.

    sob esse contexto que nasceu o PPA 2012-2015, o Plano Mais Brasil, estruturado a

    partir da dimenso estratgica que deu origem a Programas nos quais esto contidos

    os desafios e os compromissos de governo para o futuro imediato: os prximos 4 anos.

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  • DIMENSO ESTRATGICA

  • 15

    INTRODUO

    O Brasil que se vislumbra para as prximas dcadas j vem sendo construdo, sobretudo

    nos ltimos 8 anos: um pas que elegeu um projeto de desenvolvimento inclusivo com

    polticas pblicas de transferncia de renda, intensificao da extenso e do alcance dos

    programas sociais e constantes aumentos reais do salrio mnimo.

    Utilizaram-se, ainda, instrumentos de gerao de emprego e renda com vistas ampliao

    de um mercado de consumo de massa, trazendo maior autonomia ao nosso processo de

    desenvolvimento com a expanso do mercado interno. Como outro fator de incentivo ao

    crescimento econmico e expanso do mercado de trabalho, os investimentos pblicos

    foram retomados, sobretudo em infraestrutura, a exemplo do verificado no Programa de

    Acelerao do Crescimento (PAC). Estes investimentos pblicos reduziram os entraves para

    o desenvolvimento sustentvel ao induzir o investimento produtivo privado e contribuir

    para a gerao de empregos para os mais variados nveis de qualificao da fora de

    trabalho, reforando o dinamismo de nossa economia.

    No campo internacional est em curso uma estratgia de insero soberana do pas como

    uma Nao democrtica, ciente de sua importncia como potncia emergente, de seu

    papel de protagonista na economia da Amrica Latina e de pas que implementa um novo

    paradigma de relacionamento com pases menos desenvolvidos.

    Tais polticas nortearam a orientao estratgica para a elaborao do Plano Mais Brasil e

    permearam a definio da Viso de Futuro e dos Valores que orientam a ao governamental

    para os prximos 4 anos, apresentados a seguir.

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  • 17

    VISO DE FUTURO

    A crise do modelo neoliberal, do pensamento nico, que vigorou nas economias

    ocidentais durante a dcada de 1990, explicitou a importncia decisiva do Estado como

    orientador de escolhas e caminhos das Naes. As foras de mercado impulsionam e

    dinamizam o desenvolvimento, mas o papel orientador da mo visvel do Estado

    fundamental, apontando o futuro desejado e a conjugao dos diversos meios e recursos

    de governo, setor privado e sociedade.

    Nesse sentido, a Viso de Futuro o ponto de partida orientador do planejamento do

    destino da Nao, no geral, e da ao governamental em particular. A Viso de Futuro

    aponta para o objetivo maior do pas, estabelecendo o que se espera como um retrato

    nacional, assim reconhecido pelo povo brasileiro e por toda a comunidade internacional.

    Assim, a Viso um ideal possvel de ser alcanado, que demanda a soma dos esforos

    de todos.

    Partindo do princpio de que o futuro construdo de maneira conjunta e participativa pelo

    governo, pelas empresas e pela populao brasileira, que se estabeleceu a Viso de Futuro

    para o Brasil. Tal Viso embasada na atual condio do Pas, a partir de pontos de vista

    externos e internos, com o reconhecimento de seus potenciais, a conscincia dos respectivos

    riscos e, sobretudo, das decises soberanas que hoje podemos tomar a partir da eleio de

    um governo que indicou a necessidade e revelou a possibilidade de nosso desenvolvimento

    econmico e social ser orientado, antes de tudo, pela incluso social, elegendo o combate s

    formas mais extremas da pobreza em nosso pas como ao prioritria.

    Nesses termos, trabalharemos para que o Brasil seja um pas reconhecido:

    Por seu modelo de desenvolvimento sustentvel, bem distribudo

    regionalmente, que busca a igualdade social com educao de

    qualidade, produo de conhecimento, inovao tecnolgica e

    sustentabilidade ambiental.

    Por ser uma Nao democrtica, soberana, que defende os direitos

    humanos e a liberdade, a paz e o desenvolvimento no mundo.

    por meio da observao do Brasil que temos hoje, utilizando-se diversos indicadores

    sociais, econmicos, ambientais e institucionais, confrontados em escalas sub-regional,

    regional, nacional e internacional, em comparao com o Brasil de 2015, que ser

    avaliado o quanto desse caminho a ser percorrido teremos trilhado. A Viso de Futuro,

    no entanto, aponta estrategicamente para um desafio muito maior que os quatro anos

    de um mandato, dando foco ao conjunto da Administrao Federal e partilhando com a

    sociedade brasileira esse desejo.

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  • 18

    A Viso de Futuro do Brasil est alicerada em valores que iro orientar constantemente

    as aes do Governo Federal. Eles sero fundamentais nos momentos crticos, quando

    as decises mais difceis forem necessrias, visto que fornecero a segurana para a

    deciso mais adequada com vistas a materializar os nossos sonhos expressos na Viso. Os

    valores devem guiar as atitudes de todos os que fazem parte do governo. Nesses termos,

    a Viso est alicerada em sete valores, quais sejam:

    Soberania

    Democracia

    Justia Social

    Sustentabilidade

    Diversidade Cultural e Identidade Nacional

    Participao Social

    Excelncia na Gesto

    Tais valores perpassam toda a ao governamental, e sua incorporao se far presente

    nas polticas pblicas constantes do Plano Mais Brasil.

    CENRIO MACROECONMICO

    Trajetria Recente

    O Brasil vem passando por profundas transformaes, sobretudo na ltima dcada, com a

    inaugurao de um modelo de desenvolvimento que busca conciliar crescimento econmico

    com gerao de emprego, estabilidade macroeconmica e reduo da desigualdade e

    pobreza. No campo econmico, o ciclo de crescimento iniciado pela economia brasileira

    em 2004 o maior em mais de duas dcadas. Com efeito, entre 2004 e 2010 o Produto

    Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu em termos reais 4,4% ao ano, mais do que o dobro do

    crescimento mdio verificado entre 1981 e 2003.

    O crescimento dos ltimos anos ainda se deu de forma sustentada e sem que ocorressem

    graves desequilbrios macroeconmicos. Neste sentido, preservou-se a estabilidade monetria

    a despeito das presses inflacionrias verificadas nos mercados externos nos ltimos anos.

    Assim, desde 2005, a inflao se situa dentro das metas estabelecidas pelo Conselho

    Monetrio Nacional (CMN). Por outro lado, verificou-se uma trajetria declinante da dvida

    lquida do setor pblico, que passou de 55% do PIB em 2003 para 40% do PIB em 2010.

    As contas externas do pas, por sua vez, permaneceram relativamente equilibradas durante

    todo o perodo em questo, com o dficit em conta corrente flutuando em torno de 2% do

    PIB no perodo 2008-2010, aps supervits significativos entre 2004 e 2007. Ademais, o nvel

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  • 19

    de reservas alcanou o patamar de US$ 335,7 bilhes em junho de 2011, o que reduziu a

    vulnerabilidade externa do pas. Neste contexto, o pas deixou de ser devedor e passa a ser

    credor do Fundo Monetrio Internacional (FMI).

    O Brasil conseguiu manter firme a continuidade da trajetria de crescimento, mesmo aps

    os impactos negativos da maior crise financeira mundial desde os anos 1930, que atingiu

    particularmente as economias centrais entre 2008 e 2009. Em grande medida, a rpida

    recuperao da economia brasileira crescimento de 7,5% em 2010 pode ser atribuda

    s medidas anticclicas adotadas pelo governo, como o corte da taxa de juros, desoneraes

    fiscais para incentivar as vendas e o papel dos bancos pblicos na expanso do crdito.

    A caracterstica marcante do atual ciclo de expanso, entretanto, refere-se conjugao

    de crescimento econmico com melhoria na distribuio de renda e incluso social. Assim,

    diferentemente de outros perodos de crescimento, em que a melhora nos indicadores sociais

    era vista apenas como resultado do ciclo de expanso econmica, desta vez a acelerao e

    a sustentabilidade do ciclo esto baseadas na melhoria das condies de vida da populao.

    Neste sentido, observa-se que, entre 2004 e 2010, a renda per capita cresceu mais de 25%

    em termos reais, a taxa de desemprego metropolitano se reduziu mais que a metade entre

    2003 (10,9%) e 2010 (5,3%) e ocorreu uma reduo relativa de 37,3% da pobreza nos

    ltimos sete anos1. Alm disso, entre 2003 e 2009 verificou-se uma queda de 10% da

    desigualdade da renda pessoal.

    A estratgia de crescimento dos ltimos anos foi, portanto, orientada pela ampliao do

    mercado de consumo de massa, que possibilitou o surgimento de uma nova classe mdia,

    com a incluso de cerca de 36 milhes de pessoas no mercado consumidor. Desta forma,

    operou-se, nos ltimos anos, um crculo virtuoso em que a expanso de rendimentos das

    famlias levou ampliao do consumo por bens e servios. Tais fatores estimularam a

    elevao dos investimentos e geraram ganhos de produtividade que, ao serem repassados

    aos salrios, realimentam todo o processo.

    A expanso econmica nos ltimos anos foi possvel devido s polticas governamentais de

    transferncia de renda, valorizao do salrio mnimo e estmulo criao de novos postos

    formais de emprego. Ademais, verificou-se uma forte expanso do crdito que, entre 2003-

    2010, elevou-se de 24,6% a 46,4% do PIB. Neste sentido, destaca-se a expanso do crdito

    ao consumidor, especialmente voltado para aquisio de bens durveis e habitao.

    O ciclo recente de crescimento econmico tambm se caracterizou pela retomada dos

    investimentos pblicos e privados. Neste novo contexto, a participao dos investimentos

    em relao ao PIB passou de 15,3% em 2003 para 18,4% em 2010. Esta expanso do

    investimento foi impulsionada pelo PAC, que representou a retomada dos investimentos

    pblicos na recuperao e expanso da infraestrutura necessria para sustentao do

    crescimento econmico dos ltimos anos.

    1 Linha de pobreza referenciada em salrio mnimo per capita, a preos de 2009 (PNAD).

    NotePor que impossvel pegar a dvida?

  • 20

    A trajetria recente da economia brasileira revelou que est em curso uma srie de

    transformaes importantes que delinearam uma nova realidade econmica e social do

    pas. Desta forma, o grande desafio que se coloca no horizonte do PPA 2012-2015 a

    continuidade ao padro de desenvolvimento vigente e aprofundar os processos de melhoria

    da distribuio de renda e da riqueza, bem como da reduo da pobreza.

    Contexto Internacional

    A segunda dcada do sculo XXI se inicia com profundas alteraes no contexto

    econmico internacional, que apresenta duas tendncias significativas: a presena da

    China com uma posio de protagonismo na economia global e a crise financeira mundial

    que provocou desacelerao das atividades econmicas nas economias desenvolvidas.

    O deslocamento do dinamismo da economia mundial para o continente asitico sob liderana

    da China explica-se, em boa parte, aos ganhos de competitividade alicerados em ampliao

    da produtividade, baixa remunerao da fora de trabalho e taxas de cmbio desvalorizadas.

    Por sua vez, a manuteno das elevadas taxas de crescimento chinesas resultou na elevao

    dos preos das commodities internacionais, com reflexos sobre o rpido crescimento das

    exportaes brasileiras e a forte elevao dos investimentos nos setores de minerao,

    siderurgia e papel e celulose. Desta forma, o ciclo de crescimento recente da economia

    brasileira teve na expanso chinesa um impulso importante, sendo em seguida determinado

    por fatores endgenos associados dinamizao do mercado interno.

    A crise financeira internacional, por outro lado, interrompeu o ciclo de crescimento

    das economias centrais, o qual estava associado expanso do consumo das famlias

    estadunidenses decorrentes da valorizao de ativos e da expanso de seu endividamento.

    Assim, com o estouro da bolha imobiliria nos Estados Unidos, ocorreu uma queda do

    valor dos ativos das famlias e um estmulo reduo do endividamento e dos gastos

    em consumo, o que provocou a retrao das atividades econmicas nas economias

    desenvolvidas no geral e da estadunidense em particular.

    As medidas anticclicas adotadas pelas economias centrais em funo da crise, como

    a reduo de juros e o aumento da liquidez, tiveram reflexos diretos sobre a economia

    brasileira, com o afluxo de capitais e valorizao cambial, o que repercutiu negativamente

    sobre a competitividade da indstria nacional.

    O contexto internacional de preservao do crescimento econmico chins frente ao

    baixo dinamismo nos Estados Unidos, na Europa e no Japo acaba por ter reflexos

    diretos sobre a economia brasileira. Nestas circunstncias, a retrao dos mercados dos

    pases desenvolvidos leva a um acirramento da concorrncia por mercados externos

    com a consequente reorientao das exportaes chinesas de manufaturas para pases

    emergentes como o Brasil.

  • 21

    O novo ambiente internacional de acirramento da concorrncia por mercados com maiores

    perspectivas de expanso se apresenta, portanto, como um desafio importante para a

    economia brasileira manter sua trajetria de crescimento ao longo do perodo do PPA

    2012-2015. Assim, o novo cenrio internacional requer a adoo de polticas que elevem

    a competitividade da economia brasileira e possibilitem uma insero ativa do pas na

    economia mundial. Neste contexto, destaca-se a importncia da poltica industrial - Plano

    Brasil Maior - para fortalecer as cadeias produtivas e fomentar a inovao tecnolgica

    como forma de agregar valor aos produtos exportados e elevar a participao do pas

    nos mercados mundiais mais dinmicos. Ademais, diante da perspectiva de um contexto

    econmico internacional de restries ao comrcio e acirramento da concorrncia, cresce a

    importncia do mercado domstico como fonte de preservao do dinamismo econmico.

    O eventual agravamento do cenrio internacional com perspectiva de recuperao lenta

    dos Estados Unidos e da Unio Europia poder ter repercusses sobre a economia

    brasileira. Contudo, o Brasil um dos pases em melhores condies de enfrentar uma

    deteriorao do quadro internacional, j que possui uma situao fiscal slida com baixo

    endividamento, reservas internacionais expressivas, instituies pblicas atuantes e instrumentos econmicos ativos, j utilizados, inclusive, na crise de 2008. Por sua vez, o

    pas possui um mercado interno dinmico que pode fazer frente retrao dos mercados

    externos. Desta forma, numa eventual deteriorao das condies da economia

    mundial, o Brasil possui uma margem de adaptao e possibilidade de tomar medidas

    para estimular a atividade produtiva e a gerao de empregos.

    As turbulncias e incertezas resultantes das transformaes ocorridas na economia

    mundial tambm provocaram um rearranjo nas relaes de poder e governana global

    que elevou a importncia dos pases emergentes como o Brasil. Ao mesmo tempo, as

    transformaes no cenrio internacional possibilitaram o fortalecimento de espaos de

    concertao, como o G-20, o qual se consolidou como um frum multilateral para

    discusso e coordenao de polticas de superao dos efeitos negativos da crise

    econmica global.

    A opo da poltica externa brasileira em meio a essas turbulncias internacionais

    continuar sendo a busca pelo multilateralismo nos nveis de governana regional e

    global ao longo do perodo do PPA 2012-2015. Ademais, o Brasil buscar aprofundar

    as relaes com os polos emergentes, pases africanos e asiticos, bem como buscar

    aprofundar a integrao latino-americana. No caso da integrao com os pases vizinhos,

    ganha importncia a busca do desenvolvimento equilibrado da regio com aes de

    ampliao de mecanismos de financiamento do bloco, integrao das infraestruturas e

    busca pelo fortalecimento de uma identidade comum.

    Highlight

  • 22

    Desafios a serem enfrentados pelo PPA 2012-2015 para o alcance do cenrio desejado

    O Brasil rene condies especiais que o diferenciam da grande maioria dos pases do

    mundo. Assim, o pas possui uma base industrial diversificada, uma produo agropecuria

    extremamente competitiva e ainda pode contar com a disponibilidade de recursos naturais

    (terra e gua) e energticos (petrleo e fontes renovveis como hidroeletricidade e etanol).

    Ademais, ainda possui um expressivo contingente populacional a ser incorporado ao

    mercado de consumo.

    A estratgia que se coloca no horizonte do PPA 2012-2015, portanto, consiste em utilizar

    todas estas potencialidades como base para alcanar um patamar de desenvolvimento

    centrado no progresso tcnico e na reduo das desigualdades.

    A preservao do padro de desenvolvimento baseado no crescimento sustentado com

    incluso social requer que, ao longo do perodo do PPA 2012-2015, sejam enfrentados novos

    desafios que emergem de um novo contexto internacional e das profundas transformaes

    em andamento na sociedade e na economia brasileira. Dentre estes desafios, esto: a

    compatibilizao das taxas de juros e cmbio com os objetivos de crescimento e estabilidade

    macroeconmica, ampliao das fontes de financiamento de longo prazo, aperfeioamento

    do sistema tributrio, reduo das desigualdades, erradicao da pobreza extrema e

    dinamizao do mercado interno, elevao do investimento, ampliao da oferta e eficincia

    da rede de infraestrutura, aproveitamento das oportunidades do pr-sal e fomento inovao.

    A consolidao do padro de desenvolvimento baseado no crescimento e na manuteno

    do ambiente macroeconmico estvel pressupe que se evolua para uma taxa de juros

    bsica e margens bancrias semelhantes s praticadas nos demais pases, o que, sem

    prejuzo da estabilidade de preos, propiciar um menor custo de acesso ao crdito para

    consumo e investimento. Por sua vez, a taxa de cmbio deve evoluir no perodo para

    um patamar que possibilite harmonizar os objetivos de controle da inflao, melhoria

    distributiva, elevao da competitividade e reduo da vulnerabilidade externa.

    O outro desafio que se coloca para a economia brasileira consiste em elevar as fontes

    privadas de financiamento para os projetos de longo prazo com destaque para o

    aprofundamento do mercado de capitais e de crdito. Cabe ressaltar que a atuao do

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), do Banco do Brasil (BB)

    e da Caixa Econmica Federal (CEF) nesse financiamento de longo prazo continuar sendo

    fundamental, mas se reduzir com o fortalecimento de fontes privadas de financiamento.

    A simplificao do regime tributrio capaz de estimular a produo e o investimento tambm

    se coloca como outro desafio. Por outro lado, deve-se buscar uma maior progressividade

    do sistema como forma de acentuar a dinmica em curso de distribuio da renda.

    O aprofundamento do modelo de consumo e produo de massa tambm ser

    perseguido durante o perodo de 2012 a 2015. Desta forma, pelo lado da demanda,

    buscar-se- o aprofundamento do processo de reduo das desigualdades por meio das

    polticas de transferncia de renda, valorizao do salrio mnimo, expanso dos postos

  • 23

    de trabalho formais e incluso produtiva. Neste contexto, ganha importncia o desafio

    da erradicao da pobreza extrema com o Plano Brasil Sem Misria que possibilitar a

    incorporao de um contingente ainda maior de brasileiros ao mercado interno. Cabe

    apontar que a estratgia de dinamizao do mercado interno deve ainda ser ancorada

    em uma forma de produo e consumo ambientalmente sustentveis.

    A expanso das taxas de investimentos no horizonte do PPA 2012-2015 se apresenta

    como outro desafio para sustentao do ciclo de crescimento econmico e consolidao

    do modelo de consumo e produo de massa. Neste contexto, no perodo de 2012-2015,

    a elevao das taxas de investimento viabilizar a expanso da produo com gerao de

    emprego e elevao da produtividade e competitividade sistmicas da economia.

    A dinamizao, sobretudo dos investimentos em infraestrutura durante o perodo do

    PPA 2012-2015, possibilitar superar os gargalos para o setor produtivo que poderiam

    inviabilizar a sustentao do crescimento - especialmente nos setores de energia,

    transporte rodovirio, ferrovirio, portos, aeroportos e nas condies de armazenagem.

    A constituio de uma adequada e eficiente rede de infraestrutura promover uma

    reduo dos custos e melhoria da competitividade das empresas nacionais no mercado

    internacional. Ademais, os investimentos em infraestrutura tero um rebatimento direto

    sobre as condies sociais de vida da populao como, por exemplo, no caso da melhora

    da mobilidade urbana e da universalizao do acesso energia - Luz para Todos - e aos

    servios de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio.

    A ampliao dos investimentos em infraestrutura ser perseguida durante o perodo do

    plano por meio da continuidade do PAC. H significativas oportunidades de inverses

    para reforar nossa infraestrutura, como destacado no lanamento da segunda fase do

    PAC, em que foi reafirmado o compromisso com o desenvolvimento econmico e com o

    combate s desigualdades, enfatizado o eixo de infraestrutura social-urbana.

    A possibilidade de explorao das novas reservas de petrleo e gs nos campos do pr-

    sal tambm provocar uma significativa expanso dos investimentos. Alm do mais,

    permitir reduzir a vulnerabilidade externa do pas com afluxo, no primeiro momento,

    dos investimentos diretos para a cadeia produtiva do setor e, no segundo momento, pelo

    acmulo de divisas oriundas da explorao dos recursos naturais.

    A explorao e utilizao dos recursos do pr-sal despontam como outro desafio

    referente ao aproveitamento desta possibilidade para consolidar uma cadeia produtiva

    de contedo nacional. Por sua vez, outro desafio est associado destinao de parte

    dos recursos oriundos da explorao do pr-sal para a educao, cincia e tecnologia,

    sade, meio ambiente e combate pobreza. Cabe ressaltar ainda que as possibilidades

    abertas pelo pr-sal no impediro que o pas amplie esforos na direo da utilizao

    crescente das fontes de energia limpa e renovvel.

    Highlight

  • 24

    O progresso cientfico e tecnolgico se apresenta como outro importante desafio a ser

    enfrentado pelo PPA 2012-2015 devido ao contexto internacional de acelerao das

    transformaes tecnolgicas especialmente nas reas de tecnologia da informao,

    nanotecnologia e biotecnologia. Neste sentido, observa-se uma transformao

    contnua de processos e produtos e o acirramento da concorrncia internacional por

    mercados, o que amplia a necessidade de intensificar os esforos nacionais em Pesquisa,

    Desenvolvimento e Inovao (PD&I) como forma de reduzir o hiato econmico em relao

    s economias desenvolvidas.

    O pas conseguiu estruturar um sistema de cincia e tecnologia amplo e logrou avanos

    expressivos em algumas reas como no caso do setor agrcola e energtico. Contudo,

    apesar dos avanos, observa-se que a emergncia de novos paradigmas tecnolgicos

    tende a ampliar o hiato tecnolgico em relao s economias avanadas. Neste contexto,

    colocam-se importantes desafios para o pas como: a elevao do investimento do setor

    privado em PD&I, a criao de um Sistema Nacional de Inovao com capacidade de

    articular empresas, universidades e agentes financiadores e a promoo de uma forte

    desconcentrao regional das atividades cientfica e tecnolgica. Ademais, todo esforo

    de ampliao dos investimentos em PD&I deve ser orientado para as especificidades da

    realidade brasileira em termos de estrutura demogrfica e de renda, bem como condies

    climticas e epidemiolgicas.

    O enfrentamento adequado dos desafios ao longo do Plano Mais Brasil possibilitar ao

    pas atingir o cenrio desejado de dinamismo econmico, a melhor distribuio de renda e

    riqueza, a erradicao da pobreza e a confirmar a insero econmica internacional ativa.

    Figura 1 - Cenrio de Referncia (PPA 2012-2015)

    Tendncias Recentes

    - Crescimento econmico com incluso social

    - Estabilidade Macroeconmica

    - Reduo da vulnerabilidade externa

    Cenrio Desejado

    - Dinamismo econmico com melhoria da distribuio da renda e riqueza, erradicao da pobreza e insero econmica internacional ativa

    Ampliao emelhoria da

    infraestrutura

    Fomento inovao

    Ampliao doinvestimento

    Aperfeioamentoda estrutura

    tributria

    Ambientemacroeconmico

    estvel

    Consolidao dofinanciamentode longo prazo

    Adequadoaproveitamento

    dos recursosdo pr-sal

    Reduo dasdesigualdades,

    pobreza edinamizao domercado interno

    Elaborao: SPI/MP

  • 25

    Projees econmicas para o PPA 2012-2015

    Demanda Agregada (2012-2015)

    O Brasil tem condies de sustentar o crescimento econmico em taxas acima das

    verificadas nos anos passados a despeito das incertezas que cercam o desempenho do

    cenrio internacional nos prximos anos. Estima-se que o crescimento do PIB acelere

    de 4,5% em 2011 para 5% em 2012, atingindo o patamar de 5,5% a partir de 2013,

    sendo que, do lado da demanda agregada, essa acelerao ser liderada pela trajetria

    da formao bruta de capital fixo (FBCF).

    Tabela 1. PPA 2012-2015 - Projees dos componentes da demanda agregadaTaxas Anuais de Crescimento

    Taxas de Crescimento (%) 2012 2013 2014 2015

    PIB 5,0 5,5 5,5 5,5

    Consumo das Famlias 5,1 5,3 5,6 5,6

    Consumo do Governo 1,2 2,4 2,8 3,0

    FBCF 10,1 10,5 10,2 9,5

    Exportao de bens e servios 9,2 5,0 4,1 3,7

    Importao de bens e servios 10,0 6,3 7,8 7,0

    Estimativas da MF/SPEFonte: IBGE

    Elaborao: MF/SPE

    Desde o lanamento do PAC, em janeiro de 2007, a busca pela ampliao dos investimentos

    foi colocada com uma das prioridades da poltica econmica. Desta forma, a taxa de

    investimentos elevou-se de maneira significativa e, apesar dos fortes efeitos da crise

    financeira mundial, foi um dos principais determinantes do crescimento do PIB em 2010.

    As perspectivas para a ampliao dos investimentos nos prximos anos so ainda mais

    favorveis, seja pelo lanamento da segunda fase do PAC ou pela explorao das novas

    reservas de petrleo e gs na camada do pr-sal. Ademais, a realizao da Copa do Mundo

    em 2014 e das Olimpadas em 2016, bem como a manuteno da fora do nosso mercado

    domstico de consumo, so outros fatores determinantes para a continuidade da expanso

    dos investimentos ao longo dos prximos anos.

    Todas essas oportunidades de inverses devem elevar a taxa de investimento da economia

    brasileira, medida como a proporo entre a formao bruta de capital fixo e o PIB,

    para valores superiores a 20% ao longo dos prximos anos, mantendo trajetria de alta

    persistente. O Governo Federal estima que a taxa de investimento se desloque de 19,5%

    do PIB, previsto para 2011, para 23,2% do PIB, em 2015.

  • 26

    Em virtude dessas oportunidades de investimentos, e tambm considerando o novo

    ambiente internacional, em que os pases mais desenvolvidos demoraro mais tempo para

    se ajustar aos efeitos negativos da crise, continuar a entrada de capitais, em especial de

    investimentos diretos, para a economia brasileira. Entretanto, o financiamento da expanso

    dos investimentos ao longo dos prximos anos tambm deve contar com uma elevao

    das fontes domsticas privadas de financiamento.

    As grandes transformaes observadas no Brasil, nos ltimos anos, com a incluso de

    milhes de pessoas ao mercado, e o compromisso assumido pelo Governo de superar a

    misria nos prximos anos provocaro expanso das despesas de consumo das famlias

    brasileiras. Aps o sucesso do Programa Bolsa Famlia, o Governo Federal lanou, em 2011,

    o Plano Brasil Sem Misria, com o objetivo de erradicar a extrema pobreza em todo o

    territrio nacional.

    A taxa mdia estimada para a expanso do consumo das famlias nos prximos anos deve

    ficar em torno de 5% aa, liderada, em grande medida, pela expanso da renda gerada pelos

    investimentos. Essas estimativas esto baseadas nas respostas das despesas de consumo

    manuteno do ciclo virtuoso do crescimento, que provoca expanso quantitativa e

    qualitativa no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego e elevao na

    formalizao dos postos de trabalho e nos rendimentos auferidos pelos trabalhadores.

    Essas estimativas tambm refletem as polticas sociais adotadas pelo Governo, com destaque

    para a continuidade da poltica de valorizao do salrio mnimo e para o aprofundamento

    e o aperfeioamento das polticas de transferncias de renda s famlias carentes.

    Outro fator relevante para a manuteno do crescimento das despesas de consumo das

    famlias brasileiras reside na expanso do crdito para pessoas fsicas. Nesse sentido, vale

    ressaltar a solidez do crescimento dos emprstimos verificado nos ltimos anos, pois esteve

    associado fora do mercado de trabalho e s inovaes que ampliaram as garantias das

    operaes. Com isso, o crdito para pessoas fsicas continuar contribuindo para a expanso

    das despesas de consumo das famlias brasileiras, porm com taxas de crescimento menos

    elevadas em virtude da adoo de medidas macroprudenciais.

    Por outro lado, as despesas de custeio da administrao pblica devem continuar se

    expandindo abaixo do crescimento do PIB visto que o Governo vai seguir elevando o

    investimento pblico, mantendo o compromisso de perseguir uma trajetria de reduo

    do endividamento pblico.

    Oferta Agregada (2012-2015)

    A fora do mercado domstico, seja para consumo em massa, seja para investimento

    produtivo, incentiva o crescimento em todos os setores produtivos. Com isso, estima-se

    uma significativa expanso do valor adicionado na economia brasileira nos prximos anos.

  • 27

    Tabela 2. PPA 2012-2015 Projees dos componentes da oferta agregada Taxas Anuais de Crescimento.

    Taxas de Crescimento (%) 2012 2013 2014 2015

    PIB 5,0 5,5 5,5 5,5

    Agropecuria 6,2 6,7 6,2 6

    Indstria 4,9 5,4 5,6 5,2

    Servios 4,7 5,2 5,1 5,4

    Valor adicionado 4,8 5,3 5,3 5,4

    Impostos sobre produtos 5,8 6,3 6,4 6,2

    Estimativas da MF/SPE.Fonte: IBGE.

    Elaborao: MF/SPE

    No caso da agropecuria, o novo ambiente internacional, com recuperao assimtrica

    entre os pases desenvolvidos e emergentes, fator adicional de estmulo produo, haja

    vista que a demanda por produtos bsicos deve persistir elevada nos prximos anos. Como

    o Brasil possui vantagens comparativas ntidas nesse setor, a produo agropecuria deve

    acelerar o seu ritmo de crescimento frente s taxas verificadas nos anos anteriores.

    Na produo industrial, o novo ambiente internacional, com a manuteno dos preos de

    commodities em patamar elevado nos mercados internacionais, associada explorao

    de petrleo e gs na camada do pr-sal, contribuiro para a expanso da produo da

    indstria extrativa mineral acima da verificada nos anos anteriores.

    A indstria da construo civil e de eletricidade e gs, gua, esgoto e limpeza urbana

    se beneficiaro das amplas transformaes em andamento na economia e na sociedade

    brasileira, com expanso do mercado domstico de consumo e necessidade de reforo nas

    condies de infraestrutura.

    A produo da indstria de transformao, por sua vez, ter que se adaptar ao desafio do

    acirramento da competio nesse novo ambiente internacional do perodo ps-crise. Nesse

    sentido, essencial reforar as medidas j em andamento pelo Governo para a melhoria da

    competitividade da produo domstica associadas com medidas de estmulos inovao

    tecnolgica e qualificao da mo de obra.

    O setor de servios, principal componente do PIB brasileiro, seguir mantendo uma menor

    volatilidade e tambm acelerar seu desempenho nos prximos anos, beneficiando-se da

    fora do nosso mercado domstico de consumo.

  • 28

    Infl ao sob controle ao longo do perodo do PPA 2012-2015

    O regime de metas de inflao uma estratgia de poltica monetria com importantes

    vantagens, entre elas, a sua flexibilidade em ambiente de choques de oferta, a sua transparncia,

    sua facilidade de compreenso por parte da sociedade, e tambm sua capacidade de ancorar

    expectativas inflacionrias para um horizonte de tempo de mdio prazo.

    No caso da economia brasileira, o regime de metas de inflao tem sido muito bem

    sucedido, sendo que, desde 2005, a inflao tem estado dentro da banda de tolerncia.

    A atual acelerao da inflao, especialmente a partir do final de 2010, um fenmeno

    mundial. No Brasil, a elevao nas taxas de inflao decorreu da forte alta de preos de

    commodities nos mercados internacionais, que provocaram aumento nos preos dos

    alimentos. Tambm foi verificada elevao sazonal de preos de etanol e gasolina, alm

    de alteraes climticas que afetaram diversos preos agrcolas internamente.

    Entretanto, j a partir de maio do ano corrente, a inflao comeou a desacelerar,

    chegando a apresentar variaes negativas em alguns importantes ndices de preos

    divulgados em junho, como o IPC-S da FGV.

    Nessa conjuntura internacional desfavorvel, cercada de incertezas, que provocam

    impactos nos preos das commodities e na inflao domstica, o CMN decidiu manter a

    meta de inflao em 4,5% para 2013. Tambm manteve o intervalo de tolerncia de 2,0

    pontos percentuais para cima e para baixo da meta estabelecida.

    A deciso do CMN objetivou garantir o controle da inflao e dar a flexibilidade necessria

    poltica monetria, de forma compatvel tanto com o potencial produtivo da economia,

    quanto com as incertezas originrias do cenrio internacional.

    Cabe ressaltar que, nos ltimos anos, a manuteno da meta de inflao em 4,5% tem

    se mostrado compatvel com a tendncia de queda gradual do patamar da taxa real de

    juros da economia.

    Como destacado anteriormente, o principal determinante para o crescimento econmico

    ao longo do perodo do PPA 2012-2015 reside na trajetria de expanso dos investimentos.

    Neste sentido, a ampliao resultante da capacidade instalada, associada expanso do

    emprego e, principalmente, explorao dos elevados ganhos de produtividade ainda

    presentes, far com que ocorra uma elevao do potencial de crescimento da economia

    brasileira para taxas superiores a 5% aa. Essa ampliao do investimento permitir a

    combinao da acelerao do crescimento com a manuteno das taxas de inflao

    dentro das metas definidas pelo CMN.

    A coordenao entre as polticas fiscal e monetria, associadas adoo de medidas

    macroprudenciais, bem como expanso da oferta agropecuria esperada para os

    prximos anos, tambm contribuiro para a manuteno da inflao sob controle ao

  • 29

    longo do perodo do PPA 2012-2015.

    Outro fator essencial para a estabilizao monetria nos prximos anos adotar medidas

    para reduzir a importncia da indexao na formao dos preos na economia brasileira.

    Com isso, haver menor inrcia inflacionria e os preos reagiro de forma mais adequada

    ao balano entre a oferta e a demanda agregada, elevando a eficcia dos canais de

    transmisso da poltica monetria.

    Setor Externo (2012-2015)

    A perspectiva de manuteno do crescimento econmico do Brasil acima da mdia

    mundial e da mdia dos pases avanados deve provocar, como possvel resultado, a

    manuteno das taxas de crescimento das importaes de bens e servios acima das

    taxas das exportaes, persistindo o vazamento de parte do nosso mercado para a

    sustentao da retomada da demanda mundial.

    De qualquer forma, o comrcio mundial poder iniciar, a partir do 2 semestre de 2012,

    uma recuperao mais forte do que o crescimento das economias centrais, liderado, em

    parte, pelo aumento das importaes chinesas.

    Nesse sentido, o novo ambiente requer a adoo de polticas com vistas a elevar a

    competitividade da economia brasileira nos prximos anos. O Governo j est atuando

    nessa direo, com destaque para as aes relativas reduo dos custos tributrios

    conforme agenda tributria do Governo Federal; melhoria nas condies de

    infraestrutura como o PAC; ao reforo do capital humano, com o lanamento do

    Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego (Pronatec) e com medidas

    para a expanso da qualificao profissional; alm de incentivos para ampliao da

    inovao produtiva conforme agenda da poltica industrial, dentre outras aes.

    O sucesso dessas medidas de aumento da competitividade, associado continuidade dos

    slidos fundamentos macroeconmicos relativos ao setor externo, sob regime de taxa de

    cmbio flutuante e com elevados nveis de reservas internacionais, garante a solidez do

    setor externo da economia brasileira.

    Nesse sentido, necessrio persistir com os esforos para o aprofundamento da nossa

    insero internacional, seja na busca da diversificao ainda maior da nossa pauta

    de produtos exportados e dos destinos das nossas vendas externas, seja tambm na

    concretizao de oportunidades de internacionalizao da atuao de nossas empresas.

    Tambm essencial persistir na melhora da composio do passivo externo verificada

    nos ltimos anos, evitando que o aumento da dvida externa supere o financiamento

    pela entrada de investimentos estrangeiros.

  • 30

    Setor Pblico

    A manuteno das contas pblicas slidas constitui um dos elementos fundamentais

    para sustentao do crescimento econmico verificado nos ltimos anos, assim como

    para o enfrentamento da maior crise financeira verificada na economia mundial desde a

    Grande Depresso dos anos 30 do sculo passado, que permitiu ao governo adotar uma

    poltica anticclica, evitando o que a crise aqui se instalasse.

    Nesse sentido, as despesas que financiam os programas que integram o Plano Mais

    Brasil esto compatveis com um cenrio de sustentabilidade fiscal, conforme expresso

    na tabela 3, cujos agregados de receita e despesa foram projetados levando-se em conta

    os parmetros macroeconmicos constantes da tabela 4, dentre outros estimados pela

    Secretaria de Poltica Econmica do Ministrio da Fazenda (SPE/MF).

    Tabela 3. Resultado Primrio do Governo Central (em % do PIB)

    Fonte:Ministrio do Planejamento

    Tabela 4. Parmetros Macroeconmicos para a elaborao do PPA 2012-2015

    Ano PIB (R$ milhes)PIB Var. %

    Real

    IPCA Acumulado

    (Var. %)

    IGP DI Acumulado

    (Var. %)

    Massa salarial

    Crescimento real

    Taxa Over SELIC % a.a. (Dezembro)

    Cmbio R$/US$ (Mdia)

    2012 4.537.477 5,0 4,80 5,00 4,71 12,50 1,64

    2013 5.008.698 5,5 4,50 4,50 4,58 11,00 1,72

    2014 5.521.965 5,5 4,50 4,50 4,44 9,50 1,74

    2015 6.087.828 5,5 4,50 4,50 4,33 8,00 1,77

    Fonte: SPE / MF.

    I. RECEITA TOTAL 24,18 24,28 24,26 24,20I.1. Receita Administrada pela RFB, exceto RGPS 15,60 15,73 15,72 15,69I.2. Arrecadao Lquida para o RGPS 5,87 5,90 5,88 5,86I.3. Outras Receitas 2,72 2,65 2,65 2,65

    II. TRANSFERNCIAS A ENTES SUBNACIONAIS 4,09 4,12 4,12 4,11III. RECEITA LQUIDA (I - II) 20,09 20,16 20,14 20,09IV. DESPESAS 18,51 18,59 18,54 18,49

    IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 4,13 4,01 3,91 3,80IV.2. Benefcios da Previdncia 6,92 6,85 6,79 6,76IV.3. Outras Desp. Obrigatrias 2,24 2,29 2,34 2,40IV.4. Despesas Discricionrias 5,08 5,30 5,35 5,38 IV.4.1. Poder Executivo 4,88 5,10 5,12 5,18 IV.4.2. Legislativo/Judicirio/MPU 0,20 0,20 0,23 0,20IV.5. Reserva de Contingncia 0,14 0,14 0,15 0,15

    V. RESULTADO PRIMRIO (III IV) 1,57 1,58 1,60 1,60VI. META DE RES. PRIMRIO 2,14 2,14 2,15 2,15VII. Recursos para o PAC - deduo da meta 0,56 0,56 0,56 0,56VIII. META DE RES. PRIMRIO (LDO 2012) 1,57 1,58 1,59 1,59

    Discriminao 2012 2013 2014 2015

  • 31

    A reduo do endividamento do setor pblico, em termos do PIB, associada mudana na

    composio do passivo, com reduo dos riscos inerentes a mudanas nas taxas de juros

    e, principalmente, nas taxas de cmbio, abriu espao para novos desafios conduo da

    poltica fiscal. Do ponto de vista da gesto da dvida pblica, esforos devem continuar a

    melhorar o perfil do endividamento, como observado nos ltimos anos.

    Desde o perodo anterior, alm da solidez dos indicadores, o foco do Governo passou

    a incluir a contribuio da poltica fiscal ao crescimento econmico, com expanso

    das despesas de transferncias de renda para fortalecer o mercado domstico e de

    investimentos para melhorar as condies de infraestrutura.

    Outra prioridade da poltica fiscal reside na simplificao do regime tributrio, reduzindo

    a complexidade e distribuindo melhor a carga com vistas a elevar a competitividade da

    produo domstica.

    Todas essas transformaes e os novos desafios atuam para que a poltica fiscal seja

    conduzida dentro de uma viso mais ampla. Passa-se, ento, a uma atuao com foco

    em prazos mais longos, com necessidade de ajustes a mudanas no ciclo e a adaptaes

    a novas realidades da economia brasileira, como o envelhecimento populacional e a

    necessidade de ampliar os investimentos em capital humano.

    Nesse sentido, essencial destacar a criao do Fundo Social do Petrleo (Lei n 12.351,

    de 22 de dezembro de 2010), que pretende transformar os recursos finitos advindos

    da explorao e da produo de petrleo e gs nas camadas do pr-sal em mudanas

    estruturais na sociedade brasileira a partir do investimento dos recursos obtidos em reas

    prioritrias, como educao, meio ambiente e inovao tecnolgica, dentre outras.

    CENRIO SOCIAL

    Demografia

    A populao do Brasil alcanou em 2010 a marca de 190 milhes de habitantes, segundo

    o Censo Demogrfico. Em comparao com o Censo 2000, apresentou um crescimento

    relativo de 12,3%, o que resultou em um crescimento mdio geomtrico anual de 1,17%,

    menor que o da dcada anterior, de 1,64%. O crescimento absoluto da populao do

    Brasil nestes ltimos dez anos se deu principalmente em funo do aumento da populao

    adulta, com destaque tambm para a ampliao da participao da populao idosa.

    A reduo da taxa mdia de crescimento se deve queda simultnea das taxas de

    natalidade e de mortalidade, consequncias das profundas transformaes na estrutura

    socioeconmica, institucionais e polticas vividas pelo Brasil, como maior urbanizao,

    dinamizao da economia, maior insero da mulher no mercado de trabalho, mudanas

    JovanilAnotaoLei Fundo Social do Petrleo

  • 32

    nas relaes de gnero, universalizao do ensino fundamental e polticas na rea de

    sade e previdncia.

    Esse declnio da taxa de crescimento populacional tambm gera efeitos positivos nos

    indicadores de pobreza, uma vez que a reduo no nmero de componentes por famlia

    se d ao mesmo tempo em que a renda familiar elevada, refletindo na elevao da

    renda per capita familiar.

    A transio demogrfica em curso age no sentido de reduzir o peso relativo de crianas

    e jovens e aumentar o de adultos e idosos na estrutura etria. A proporo de menores

    de 15 anos de idade na populao brasileira caiu de 34,7% do total para 24,1% nos

    ltimos 20 anos, e estima-se que ela deve chegar a menos de 22% em 2015, conforme

    as projees da Diviso de Populao da ONU. Alm da reduo relativa, os grupos

    etrios de menores de 15 anos j apresentam tambm uma diminuio absoluta no seu

    contingente, de 50,3 milhes, em 2000, para 45,9 milhes, em 2010.

    Por outro lado, a participao dos maiores de 64 anos de idade passou de 4,8% da

    populao em 1991 para 7,4% em 2010, com estimativas de chegar a mais de 8% em

    2015. A populao de idosos teve um aumento absoluto de mais de 4 milhes na ltima

    dcada. J a populao de 15 a 64 anos de idade chegou a 68,5% da populao, em

    2010, sendo que, em 2000, era de 64,5%, com estimativa de que esteja prxima de

    70% em 2015.

    Um importante indicador demogrfico utilizado para medir a participao relativa

    do contingente populacional potencialmente inativo a razo de dependncia, que

    considera como populao adulta as pessoas de 15 a 64 anos de idade. Esse indicador

    sinaliza que a mudana de estrutura etria levar o Brasil, durante algumas dcadas, a

    uma substancial reduo das razes de dependncia dos estratos mais jovens e mais

    idosas em relao populao em idade ativa. Um reflexo disso seria a ampliao da

    populao em idade ativa, caracterizada como bnus demogrfico, repercutindo sobre

    a populao economicamente ativa (PEA) e, em ltima instncia, sobre a capacidade de

    gerao de riqueza.

    Segundo os dados dos Censos, o nmero de pessoas em idade potencialmente inativa

    para cada grupo de 100 pessoas potencialmente ativas, que em 2000 era de 54,9, caiu

    a 45,9 em 2010. As projees populacionais estimam que a razo de dependncia atinja

    o valor mais baixo por volta de 2025, quando deve chegar prximo a 38.

    JovanilSelecionar

  • 33

    Grfico1. Taxas de dependncia e bnus demogrfico no Brasil

    54,93

    45,9043,78

    39,96 38,30 39,5241,68

    44,80

    49,33

    55,74

    45,86

    35,1332,00

    26,12

    21,7119,21 17,57 16,46 15,51 14,93

    9,07 10,7711,78

    13,8416,59

    24,11

    28,34

    33,82

    40,82

    20,31

    -

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    50,00

    60,00

    2000 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

    Taxa de dependncia total Taxa de dependncicrianas/adolescentes

    Taxa de dependnciaidosos

    Bnus Demogrfico

    Fonte: Censos 2000 e 2010 e projees populacionais da diviso de populao da ONU de 2015 a 2050. Elaborao SPI/MP.

    O bnus demogrfico encerra-se quando a populao avana para idades mais altas.

    Estima-se que esse ponto ser alcanado por volta de 2030, quando a proporo de

    crianas na populao total for menor que a de idosos, 13,8% e 14,6% da populao,

    respectivamente. Nesse contexto, observa-se uma grande oportunidade para o

    desenvolvimento da economia brasileira nos prximos anos, cujo aproveitamento

    fortemente condicionado pela conduo das polticas pblicas, como a educacional e

    a de incluso produtiva, voltadas populao mais jovem, que, alm de promotoras da

    cidadania, exercem grande influncia na dinmica do mercado de trabalho, nas taxas de

    ocupao e na produtividade do trabalho.

    Apesar dos avanos recentes na educao e no mercado de trabalho, ainda h muitos

    desafios pela frente nas aes que promovem a cidadania da juventude, relacionados ao

    aumento da permanncia na escola, elevao do nvel de escolaridade, ampliao

    do nmero de matrculas no ensino superior e na educao tcnica e profissional, a

    conteno da insero precoce no mercado de trabalho, entre outros.

    Para que a juventude se beneficie da ampliao das oportunidades econmicas em curso

    no Brasil, vrias polticas vm sendo empreendidas desde 2003, como a ampliao das

    redes federais de educao superior e profissionalizante e a instituio do Programa

    Universidade para Todos (ProUni), do Programa Nacional de Incluso de Jovens (ProJovem)

    e do benefcio varivel jovem do Bolsa Famlia. Polticas que vm contribuindo para a

    ampliao da escolaridade e formao dos jovens e s quais se integraro outras, no

    governo da Presidenta Dilma, como o PRONATEC, novas expanses das redes federais

    de educao profissional e superior e o Plano Brasil Sem Misria, que combina ampliao

    dos servios, incluso produtiva e garantia de renda.

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  • 34

    Desigualdade e Pobreza

    Para o perodo 2012 - 2015, o Brasil dever consolidar o cenrio de crescimento econmico

    com reduo das desigualdades, iniciado em 2004, deslocando parcela crescente de sua

    populao para a classe mdia.

    A combinao de crescimento econmico e reduo das desigualdades foi determinante

    para a queda da pobreza e da extrema pobreza verificada nos ltimos anos. Segundo o

    Ipea, entre 2003 e 2009, a proporo de pobres caiu mais de 17 pontos percentuais2,

    fruto, em boa medida, de polticas pblicas adotadas no governo Lula, que impulsionaram

    a expanso da renda, sobretudo a dos mais pobres.

    A reduo das desigualdades um dos determinantes da queda da pobreza no Brasil,

    ao fazer com que a renda dos mais pobres cresa a taxas superiores dos mais ricos. O

    grfico 2 abaixo mostra a reduo contnua do ndice de Gini no Brasil a partir de 2001 e

    intensificada a partir de 2004, estendendo o ritmo da queda at o ano de 20153, quando

    o Brasil atingiria ndice inferior a 0,5. A reta tracejada do grfico indica a mdia do Gini

    entre 1977 e 2009, mostrando a importncia da queda da desigualdade de rendimentos

    no Brasil em perspectiva histrica.

    Grfico 2. Trajetria e Projeo do Coeficiente de Gini no Brasil: 1995 a 2015

    0,592

    0,580

    0,5650,558

    0,5510,544

    0,5380,5380,531

    0,5240,517

    0,5100,503

    0,496

    0,5970,599

    0,5990,597

    0,591 0,586

    0,568

    0,480

    0,500

    0,520

    0,540

    0,560

    0,580

    0,600

    0,620

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    2013

    2014

    2015

    Gini Projeo 2010-2015 Mdia do Gini 1977-2009

    Fonte: Ipea; Elaborao: SPI/MP.

    A continuidade do processo de incluso social requer a expanso e a melhor distribuio

    de rendimentos oriundos do trabalho (que tm grande participao na renda total)

    e das transferncias focalizadas (que vm aumentando seu peso na renda total). Em

    relao ao ltimo ponto, a perspectiva de evoluo dos gastos sociais dos programas de

    2 Considerado o corte de renda de salrio mnimo de renda domiciliar per capita, a preos de 2009.

    3 Supondo queda mdia anual similar do perodo 2003-2008 (-0,7 ponto de Gini).

  • 35

    transferncia de renda como o Bolsa Famlia e os Benefcios de Prestao Continuada

    e da previdncia social seguiro constituindo importante fonte de desconcentrao de

    rendimentos.

    A renda oriunda do trabalho ser importante no apenas por meio de sua desconcentrao,

    mas tambm de seu crescimento, derivados de fatores como a valorizao do salrio

    mnimo, a expanso do nvel de formao e escolaridade dos trabalhadores, a

    desconcentrao regional e o aumento das oportunidades de trabalho.

    Sobre este ltimo ponto, a expectativa de continuidade da absoro de pessoas

    economicamente ativas ao mercado de trabalho. O grfico 3 mostra a expanso das

    ocupaes desde 2004, com forte movimento de formalizao dos vnculos trabalhistas.

    Conforme observado, entre 2004 e 2008, a desocupao caiu de 9,2% para 7,4%4,

    produto da expanso da ocupao a taxas superiores do crescimento da PEA. O grfico

    ainda projeta a continuidade da queda da taxa de desocupao, num cenrio em que

    chegaria a cerca de 5%, em 2015, com gerao de ocupaes e ampliao da renda.

    Grfico 3. Desemprego e Formalidade

    40,0%

    45,0%

    50,0%

    55,0%

    60,0%

    65,0%

    2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 20154,0%

    5,0%

    6,0%

    7,0%

    8,0%

    9,0%

    10,0%

    Taxa de formalidade Taxa de desemprego - eixo direita

    Fonte: Microdados da PNADElaborao: SPI/MP

    Um ponto relevante que, entre as ocupaes geradas entre 2004 e 2009, parte

    significativa formal. Novamente, a projeo da performance de gerao de ocupaes

    formais at 2015 mostra a perspectiva de expanso da taxa de formalizao da economia,

    passando de quase 50% em 2004 para mais de 60% em 2015. Este movimento indica

    absoro da PEA pelo mercado de trabalho formal, com remuneraes mais elevadas e

    empregos protegidos, sendo decisivo para a continuidade da reduo da pobreza.

    4 Com elevao em 2009, em funo dos efeitos da crise internacional, embora o Brasil tenha sido o pas que mais rpido recuperou sua capacidade de crescimento, expressa na forte evoluo do PIB j em 2010. Os dados so para a populao de 16 a 59 anos de idade nas PNADs.

    JovanilSelecionar

  • 36

    O grfico 4 mostra um cenrio positivo para o mercado de trabalho no perodo at

    20155, em que a PEA deve passar de 100 milhes, contando com aproximadamente

    60 milhes de empregos formais, criados a partir de novos vnculos e formalizao de

    existentes

    Grfico 4. Projees para o Mercado de Trabalho

    92.325.934

    46.523.876

    37.065.420

    Economicamente ativo: 101.768.154

    Informal: 36.184.698

    Formal: 59.997.539

    25.000.000

    35.000.000

    45.000.000

    55.000.000

    65.000.000

    75.000.000

    85.000.000

    95.000.000

    105.000.000

    2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: Ministrio do Planejamento e Microdados da PNAD. Elaborao: SPI/MP

    Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD 2009) mostram que o

    rendimento mdio do trabalho dos ocupados formais era de R$ 1.370, enquanto o dos

    informais era de R$ 531. Logo, a tendncia maior formalizao do mercado de trabalho

    dever contribuir para o cenrio de aumento da renda do trabalho.

    Para a concretizao do cenrio de formalizao, variveis como a formao e a escolaridade

    do trabalhador sero centrais. Em mdia, cada trabalhador formal tinha 9,8 anos de estudo,

    trs a mais do que os informais6, indicando que a insero no mercado de trabalho formal

    deve passar por estratgias de ampliao da formao dos trabalhadores, a exemplo do

    PRONATEC.

    Por fim, vale lembrar que a incluso social para o perodo 2012-2015 depender de

    polticas que levem em conta o perfil socioeconmico da pobreza e da extrema pobreza

    no Brasil. H especificidades, em termos de situao do domiclio, faixa etria, raa/cor,

    regio, gnero, entre outras, que precisam ser levadas em conta para o aprofundamento

    da incluso social e reduo das desigualdades. Do ponto de vista regional, mais de 70%

    das pessoas com renda domiciliar per capita abaixo de 1/4 de salrio mnimo esto nas

    regies Nordeste e Norte.

    5 Supondo-se evoluo da PEA e das ocupaes formais e informais similares ao perodo passado.

    6 Os dados sobre escolaridade e rendimento mdios tm como base os microdados da PNAD 2009.

  • 37

    Considerados os 4,4 milhes de domiclios cujos habitantes esto abaixo desta faixa de

    renda, 37% so rurais, significando 1,6 milho de domiclios, a maioria dos quais no

    Nordeste. Entre o total de domiclios rurais, quase 19% esto na faixa de renda considerada7.

    Outro ponto que, considerando os domiclios urbanos com menor renda, em 31%

    viviam famlias com filho, monoparentais e chefiadas por mulheres, o que demanda

    polticas de proteo especficas voltadas a esse pblico e expressa a dimenso de gnero

    da pobreza brasileira. No sudeste urbano, esta relao chegava a 37%. H tambm de

    se destacar a relao entre cor/raa e pobreza, j que, para as pessoas da classe de renda

    domiciliar per capita at 1/4 de salrio mnimo, 73% eram negras.

    Enfim, os dados expostos mostram que o aprofundamento da incluso social com reduo

    das desigualdades esperado no perodo do PPA 2012-2015 requer que o Estado execute

    polticas pblicas para chegar s diferentes facetas da pobreza. Razo pela qual o Plano

    Brasil Sem Misria se estrutura com aes diferenciadas sob vrios aspectos, como o

    regional, a exemplo da universalizao da gua para consumo humano no semirido, e o

    urbano/rural, pela adoo de iniciativas especficas e diferenciadas de incluso produtiva

    para cada rea.

    A intensificao de polticas pblicas voltadas a reduzir as desigualdades, combinadas

    com o crescimento econmico sustentado, devero garantir a continuidade do processo,

    observado desde 2004, que vem retirando da pobreza milhes de pessoas e gerando as

    condies para a erradicao da misria. Com isso, o pas vem avanando na construo

    de uma sociedade mais inclusiva, caracterizada por uma nova classe mdia que j

    representa maior parte da populao no Brasil.

    CENRIO AMBIENTAL

    Com uma rea de 8,5 milhes de km2 e ocupando quase a metade do Continente Sul-

    americano, o Brasil exerce a liderana entre os pases denominados Megadiversos: estima-

    se que se encontra em nosso territrio mais de 13% do total de espcies do planeta, o que

    confere ao pas um diferencial em termos de capital natural, que pode ser utilizado para o seu

    desenvolvimento de forma sustentvel. O Brasil detentor da maior floresta tropical mida

    do planeta e, tambm, de uma imensa plancie inundvel o Pantanal. Conta, tambm,

    com a maior reserva hdrica de gua doce do planeta, com destaque para a Bacia Amaznica,

    bem como guas subterrneas, cabendo aqui exemplificar o Aqufero Guarani.

    O pas possui uma costa marinha de 3,5 milhes de km2 com uma variedade de ecossistemas

    que incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, esturios e pntanos. A variedade

    7 Microdados da PNAD 2009.

  • 38

    de biomas reflete a riqueza da flora e fauna brasileira, sendo muitas das espcies exclusivas

    do pas. Diversos exemplares de cultivares de importncia econmica mundial so originrios

    do Brasil, a exemplo do abacaxi, do amendoim, da castanha do Par, da mandioca, do caju,

    da carnaba e de outras. Uma em cada onze espcies de mamferos existentes no mundo

    encontrada no Brasil.

    Estamos entre os maiores produtores mundiais de alimentos. A rapidez com que ocorreu

    o aumento da produo nos ltimos anos levou a uma grande demanda por recursos

    naturais e requer maior infraestrutura e logstica, grandes investimentos em tecnologia,

    maior produtividade e eficincia dos sistemas produtivos, agregao de valor, equidade na

    distribuio de benefcios e renda, organizao dos agentes e promoo do negcio, tendo

    por finalidade o desenvolvimento desse setor de forma sustentvel.

    O Brasil referncia na produo de energia renovvel, notadamente hidreltrica,

    biocombustveis. A biomassa vegetal, englobando o etanol derivado da cana-de-

    acar, a lenha e o carvo provenientes de florestas nativas e plantadas, respondeu, em

    2010, por cerca de 30% da matriz energtica nacional. Na rea de gerao de energia

    eltrica, haver esforos para a manuteno da matriz com base renovvel: estmulo ao

    aumento do uso de energia elica, maior utilizao do bagao de cana-de-acar para

    fins energticos e o aproveitamento sustentvel do potencial hidreltrico do pas, com

    destaque para a regio Norte.

    O objetivo da carteira de investimentos includa no PPA 2012-2015 proporcionar uma

    matriz eltrica que preserve o perfil renovvel e ambientalmente limpo da configurao atual,

    mas que propicie maior diversidade de fontes, conforme explicitado nos grficos 5 e 6:

    JovanilSublinhar

  • 39

    Grfico 5. Matriz eltrica Evoluo Relativa das Fontes

    1

    2

    2

    4

    4

    9

    79

    5

    2

    1

    5

    7

    9

    70

    Elica

    Carvo Mineral

    Nuclear

    Biomassa

    Petrleo

    Gs

    Hidrulica

    2015

    2010

    Fonte: Plano Decenal de Energia (PDE), 2010

    Grfico 6. Matriz eltrica Evoluo da capacidade

    Fonte: PDE, 2010

    Tambm esto previstas medidas de eficincia energtica, que contribuam para a

    otimizao da transmisso, da distribuio e do consumo de energia eltrica. A meta,

    considerando o horizonte do PPA 2012-2015, a conservao 20.000 GWh do consumo

    de energia eltrica, em relao ao que ocorreria sem medidas de conservao, e o

    acrscimo de cerca de 10.000 MW de capacidade instalada a partir da fonte hdrica (UHEs,

    PCHs e CGHs). O grfico 7 mostra a expanso da capacidade hidreltrica contratada e

    planejada, onde fica evidente o destaque mencionado.

  • 40

    Grfico 7. Acrscimo da capacidade hidreltrica instalada em MW

    Fonte: ANA, 2011

    Cabe evidenciar a importncia da integrao da questo ambiental no processo de

    desenvolvimento do pas, a ser incorporada por intermdio de instrumentos econmicos

    e de conscientizao que induzam produtores, empresas e consumidores a considerar

    os benefcios e danos ambientais relacionados s suas decises de produo e consumo

    dentre os quais se destacam os estudos e projetos que mitiguem ou minimizem os

    impactos ambientais causados por grandes obras, a certificao ambiental, os pactos

    com as cadeias produtivas e os pagamentos por servios ambientais.

    Importante elemento para essa conscientizao a Educao Ambiental, definida pela

    Lei n 9.795/1999, que trata da Poltica Nacional de Educao Ambiental, como sendo

    processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais,

    conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do

    meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e

    sua sustentabilidade. Observa-se, desde ento, uma crescente expanso da Educao

    Ambiental em todos os nveis e modalidades do processo educativo, tanto em carter

    formal quanto no formal. A tabela 5 traz os nmeros da Educao Ambiental relativos

    formao de professores e de estudantes que participaram diretamente de seminrios

    ou cursos.

  • 41

    Tabela 5. Formao continuada em Educao Ambiental

    Pblico/Recursos 2004/2005 2006/2007 2008/2009* - 1 oferta (180 hs)

    2010 * - 2 oferta (180 hs)

    2010 * (90hs)

    Professores 25.800 10.948 6.440 1.940

    Alunos 21.964 - - 450 Recursos MEC (R$ 1,00)

    2.052.000 2.269.000 4.800.000 967.000

    Fonte: MEC - * Semipresenciais, em parceria com a CAPES/UAB

    Todavia, apesar desses esforos na rea da educao, permanece o desafio de tratar

    essa temtica com a transversalidade que ela requer, de tal forma a produzir substanciais

    mudanas nos comportamentos e hbitos dos indivduos.

    Ressaltam-se, ainda nesse contexto da integrao, iniciativas de grande importncia

    para a harmonizao entre as demandas por mais alimentos e a preservao do meio

    ambiente: os incentivos concedidos pelo Governo Federal para a recuperao de

    pastagens degradadas, a expanso da prtica do Sistema de Plantio Direto na Palha

    (SPD) e da Fixao Biolgica de Nitrognio (FBN), bem como a ampliao da Integrao

    Lavoura-Pecuria-Floresta (ILPF) e do plantio de florestas. Tais medidas, que integram a

    Agricultura de Baixa Emisso de Carbono (ABC), aliadas ao fortalecimento da agricultura

    orgnica, permitiro o aumento da produo agropecuria, sem a necessidade de

    desmatamento de novas reas e com a diminuio do uso de produtos agroqumicos. A

    tabela 6 mostra a contribuio do setor, que abrange o perodo 2010/2020:

    Tabela 6. Agricultura de Baixa Emisso de Carbono (ABC)

    Compromisso Agricultura 2010/2020

    Programas rea (milhes ha)

    Reduo de Emisso de GEE (milhes de toneladas de CO2 eq)

    Recuperao de Pastagens Degradadas

    15,0

    83 a 104

    Sistema Integrao Lavoura-Pecuria-Floresta

    4,0

    18 a 22

    Sistema de Plantio Direto na Palha

    8,0

    16 a 20

    Fixao Biolgica de Nitrognio

    5,5

    10,0

    Plantio de Florestas

    3,0

    Tratamento de Dejetos de Animais * 6,9

    Fonte: MAPA,2011

    Considerando o horizonte projetado para 2020, est previsto para o perodo do PPA

    2012-2015, a implementao de tecnologias na ordem de 12,3 milhes de hectares,

  • 42

    em termos de recuperao de pastagens degradadas, FBN, florestas plantadas, ILPF e

    SPD, bem como 2,48 milhes de m3 de tratamento de dejetos animais, distribudos

    conforme mostra a tabela 7:

    Tabela 7. Projees do ABC para o perodo 2012-2015

    Regio Milhes de hectares Milhes de m3

    Norte 3,0 -

    Nordeste 0,9 0,23

    Centro-Oeste 5,6 0,29

    Sudeste 1,6 0,59

    Sul 1,2 1,37

    Total 12,3 2,48

    Fonte: MAPA, 2011

    No perodo recente, avanou-se bastante em relao implantao de polticas de

    preveno e controle do desmatamento nos biomas Amaznia, Cerrado e Caatinga.

    Isso foi alcanado por meio de novas estratgias de monitoramento, fiscalizao e

    regulao econmica, como a focalizao das aes nos municpios com maiores

    taxas de desmatamento e a restrio de crdito para atividades no sustentveis. A

    expectativa para os prximos anos a de que ocorram avanos nas polticas de controle

    do desmatamento, uma vez que existem processos de melhoria em andamento, entre

    outros, com vistas a aumentar a acurcia do monitoramento em geral e a frequncia

    do monitoramento para os biomas extra-amaznicos.

    No cenrio para 2020, de acordo com o compromisso nacional voluntrio assumido

    pelo pas junto Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima

    (CQNUMC), prev-se a reduo de 80% dos ndices anuais de desmatamento na

    Amaznia Legal, em relao mdia de 19,5 mil km verificada entre os anos de 1996

    a 2005, conforme grfico 8 abaixo. Com relao ao Bioma Cerrado, prev-se reduo

    de 40% dos ndices anuais de desmatamento em relao mdia de 15,7 mil km

    verificada entre os anos de 1999 a 2008.

  • 43

    Grfico 8. Metas de reduo do desmatamento na Amaznia at 2020.

    Fonte: PPCDAM, 2009.

    Questo relevante em relao biodiversidade o fomento explorao econmica

    sustentvel, por meio de atividades como extrativismo controlado, bioprospeco e

    ecoturismo, alternativas sustentveis de reduo da pobreza e de incluso social. No que

    diz respeito ao acesso a recursos genticos, necessrio bioprospeco, o Brasil obteve

    grande vantagem comparativa com a assinatura do Protocolo de Nagia, no mbito da

    Conveno sobre Diversidade Biolgica. Entretanto, a conexo entre marco regulatrio,

    processo de pesquisa e desenvolvimento e proteo intelectual precisa evoluir. Portanto,

    necessrio rever a legislao acerca do tema, criando condies que incentivem a

    bioprospeco e a justa e equitativa repartio dos benefcios por ela gerados.

    Uma estratgia importante para a conservao da biodiversidade o estabelecimento

    de Unidades de Conservao (UCs) em todos os biomas, visto que estas protegem no

    apenas a diversidade de espcies e seus genes, mas tambm os ecossistemas e seus

    servios ambientais. A Lei n 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de

    Conservao (SNUC) e definiu as UCs como espaos territoriais e seus recursos ambientais

    com caractersticas naturais relevantes, legalmente institudos pelo Poder Pblico com

    objetivos de conservao e sob regime especial de administrao. Segundo dados do

    SNUC apresentados no mapa 1, o Brasil conta com aproximadamente 1,5 milho de

    km2 de reas cobertas por Unidades de Conservao, correspondendo a 17% da rea

    continental nacional e 1,5% das guas jurisdicionais brasileiras. No perodo do PPA,

    espera-se ampliar essa rea em 100.000 km.

  • 44

    Mapa 1. Mapa das unidades de conservao por bioma

    Unidades de Conservao municipais de uso sustentvel

    Unidades de Conservao municipais de proteo integral

    Unidades de Conservao estaduais de uso sustentvel

    Unidades de Conservao estaduais de proteo integral

    Unidades de Conservao federais de proteo integral

    Unidades de Conservao federais de uso sustentvel

    Limites Estaduais

    Biomas

    Legenda

    AMAZNIA

    CAATINGA

    CERRADO

    MATA ATLNTICA

    PAMPA

    PANTANAL

    Fonte: MMA, 2011. Elaborao SPI.

    Alm das Unidades de Conservao integrantes do SNUC, as Terras Indgenas e os

    Territrios Quilombolas tambm so considerados reas protegidas. A rica sociodiversidade

    representada por mais de 200 povos indgenas e comunidades locais (quilombolas,

    caiaras, seringueiros e outros), rene inestimvel acervo de conhecimentos tradicionais

    sobre a conservao e o uso da biodiversidade.

    A gesto dos recursos hdricos pode ser includa como tema central da arena ambiental e

    urbana do pas. A escassez da gua j uma realidade em partes do territrio nacional,

    como o caso do semirido nordestino e da metade sul do Rio Grande do Sul. No

    apenas a quantidade de gua, mas tambm a qualidade, so problemas crescentes e

    preocupantes nas regies mais densamente habitadas. Esses cenrios regionais dos

    aspectos de qualidade e quantidade em bacias crticas so apresentados no mapa 2.

  • 45

    Mapa 2. Bacias crticas brasileiras segundo os aspectos de qualidade e quantidade

    Fonte: ANA, 2011.

    A sustentabilidade e a segurana hdrica so condicionantes ao desenvolvimento

    econmico e social, sendo fundamental enfrentar os problemas de acesso gua tratada

    que atingem mais severamente a populao de baixa renda dos pequenos municpios e

    das periferias dos grandes centros urbanos. A continuidade na implantao da Poltica

    Nacional de Recursos Hdricos, cuja evoluo apresentada no grfico 9, implica

    consolidar o funcionamento dos comits de bacia criados e os instrumentos da poltica,

    como os planos de recursos hdricos, o enquadramento dos corpos de gua, a outorga

    e a cobrana pelos usos, e tem como objetivos promover a disponibilidade de gua com

    qualidade, o controle de poluio, a conservao e a revitalizao de bacias hidrogrficas.

  • 46

    Grfico 9. Evoluo da Gesto de Recursos Hdricos

    Fonte: ANA, 2011.

    A conduo da poltica de saneamento bsico estratgica para o alcance desses

    objetivos, especialmente, por perseguir a universalizao do acesso gua de forma

    sustentvel e evitar a poluio dos corpos hdricos pelo lanamento de esgoto sanitrio

    sem tratamento adequado ou pela contaminao por resduos slidos dispostos em

    lixes localizados em suas margens. Nesse sentido, verifica-se uma tendncia de evoluo

    significativa da cobertura dos servios de saneamento nos ltimos anos. Os dados da

    PNAD apontam um acrscimo de 7,61 milhes de domiclios providos de abastecimento

    de gua e de 6,87 milhes com esgotamento sanitrio no perodo de 2004 a 2009. No

    que tange ao servio de coleta de lixo, verifica-se a ampliao da cobertura em mais de

    8 milhes de domiclios no perodo.

    Grfico 10. Total de domiclios com abastecimento de gua,esgotamento sanitrio e coleta de lixo 2002-2009

    48,7

    38,0 39,5 41,0 42,143,9

    47,445,5

    34,2 35,536,7

    38,142,442,140,9

    32,7

    40,7 42,543,7 45,3

    46,9 48,750,6 51,9

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    Milh

    es

    Abastecimento de gua - Com canalizao interna - com rede geral

    Esgotamento Sanitrio - rede geral + fossa sptica

    Destino do lixo - coletado direta e indiretamente

    Fonte: PNAD. Elaborao: SPI.

  • 47

    Os avanos na cobertura dos servios de saneamento devero ser acompanhados pela

    ampliao da qualidade, eficincia e sustentabilidade dos servios. Por exemplo, cabe

    avanar na reduo do ndice mdio das perdas de faturamento de gua, que mesmo

    atingindo menor valor observado nos 14 anos da srie histrica de coleta de dados do

    Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento (SNIS), chegava a 37,4% em 2009.

    Para o esgotamento sanitrio, a questo do tratamento merece especial ateno, uma

    vez que, segundo dados do SNIS 2008, o Brasil coletava apenas 43,2% do esgoto gerado

    e tratava 66% do esgoto coletado. Quanto aos resduos slidos, os vazadouros a cu

    aberto (lixes) constituram o seu destino final em 50,8% dos municpios brasileiros,

    conforme revelou a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2008.

    Para o prximo quadrinio, os avanos recentes na cobertura dos servios de saneamento

    devem ser potencializados, considerando a forte inflexo da destinao de recursos para o

    setor associada ao lanamento do PAC em 2007, a partir do qual a Unio vem investindo

    uma mdia de R$ 10 bilhes/ano. Deve-se considerar ainda a tendncia de maturao dos

    investimentos contratados no mbito do PAC 1735 empreendimentos, totalizando R$

    35,95 bilhes at maio de 2011.Observa-se que a maior parcela dos empreendimentos,

    em quantidade (385) e em valor (R$ 9,58 bilhes), apresenta execuo acima de 60%,

    devendo, portanto, ser concluda nos prximos anos (grficos 11 e 12 abaixo).

    Destaca-se que o setor passou a contar com um marco regulatrio (Lei 11.445/07 e

    Decreto 7.217/2010), o que permitiu aos agentes (companhias estaduais, autarquias,

    prestadores privados) atuar com mais segurana, proporcionando um acrscimo nos

    investimentos com recursos prprios. Outra tendncia o reforo dos investimentos

    em medidas estruturantes visando ao fortalecimento da capacidade de planejamento,

    de regulao e de fiscalizao dos entes federados e prestadores dos servios, ao

    desenvolvimento tecnolgico do setor e efetivao da participao popular na poltica.

  • 48

    Grfico 11. Valores comprometidos1 e desembolsados2 em saneamento(Em valores atualizados pelo IGP DI para o ano de 2010).

    2,22

    3,96

    2,06

    4,28

    10,24

    12,20

    9,75 10,18

    0,74 1,031,37

    3,172,67

    5,656,80

    6,23

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Comprometido Desembolsao

    Fonte: Ministrio das Cidades. Elaborao: SPI1 Empenhos e valores de emprstimos contratados

    2 Valores pagos, restos a pagar pagos e valores de emprstimos desembolsados.

    Grfico 12. Execuo* dos empreendimentos contratados no PAC Saneamento maio de 2011.

    6,77

    4,74

    7,55

    5,29

    9,58

    2,04

    179

    385

    209361

    282319

    050

    100150200250300350400450

    No Iniciadas < 10% entre 10 e40%

    entre 40 e60%

    >60% Concludas

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    Valor de Investimento

    Fonte: Ministrio das Cidades. Elaborao: SPI*Valor de investimento (rtulos externos s colunas) e quantidade

    de empreendimentos (rtulos internos das colunas)

    O cenrio de evoluo tambm se sustenta pelas perspectivas de avano na destinao

    final ambientalmente adequada dos resduos slidos a partir da instituio da Poltica

    Nacional de Resduos Slidos, Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010, posteriormente

    regulamentada pelo Decreto n 7.404, de 23 de dezembro de 2010. A Poltica consagra

    a no gerao, a reduo, a reutilizao, a reciclagem, o tratamento e a disposio

    final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nesse ciclo, o setor produtivo ter papel

  • 49

    de destaque, no s pela reciclagem de material, mas pela minimizao da gerao

    de resduos, o que demandar investimentos em novas tecnologias e insumos, e pela

    logstica reversa, que implicar um conjunto de aes, procedimentos e meios destinados

    a viabilizar a coleta e a restituio dos resduos slidos ao setor empresarial. Outro pilar

    da poltica a incluso scioeconmica dos catadores de materiais reciclveis, que dever

    alcanar um novo patamar com o Programa Brasil Sem Misria.

    A conscientizao sobre as questes ambientais no mdio e longo prazos imprescindvel

    para o desenvolvimento sustentvel. Mais recentemente, vrias aes de Estado tm sido

    tomadas, o que evidencia a importncia atribuda pelo Governo questo das mudanas

    climticas. Em 2008, houve a aprovao do Plano Nacional sobre Mudana do Clima,

    com o objetivo de identificar, planejar e coordenar as aes e medidas que possam ser

    empreendidas para mitigar as emisses de gases de efeito estufa geradas no pas, bem

    como aquelas necessrias adaptao da sociedade aos impactos que ocorram devido s

    mudanas do clima. A resposta a esses desafios demanda uma ao estratgica conjunta

    e coordenada do Estado nos nveis nacional, regional e internacional, considerando-se as

    especificidades socioeconmicas e setoriais, assim como os impactos e as vulnerabilidades

    especficas no territrio.

    As principais demandas para a questo das mudanas climticas so a elaborao de

    modelagem regional do clima e de cenrios da mudana do clima e a realizao de

    pesquisas e estudos sobre vulnerabilidade e adaptao relativos a setores estratgicos que

    so suscetveis aos efeitos associados mudana do clima no Brasil. Destaca-se, nesse

    aspecto, o compromisso nacional voluntrio, assumido pelo pas, junto Conveno-

    Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (CQNUMC), de implementar aes

    de mitigao das emisses de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1%

    e 38,9% as emisses projetadas at 2020. O grfico 13 apresenta o cenrio tendencial,

    bem como a meta de reduo de 36,1% estabelecida.

    Para alcanar esse compromisso, sero implementadas aes para reduo das emisses

    de gases de efeito estufa por intermdio de planos de ao para a preveno e controle do