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Mensagem Presidencial
3MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS ESTRATGICOS
PLANO PLURIANUAL2012-2015
Mensagem Presidencial
Braslia2011
4MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS ESTRATGICOS
ESPLANADA DOS MINISTRIOS, BLOCO K 3 andar
CEP: 70.040-906 Braslia DF
Fone: (61) 2020-4343
Site: www.planejamento.gov.br
2011, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos
Normalizao Bibliogrfica: DIBIB/CODIN/CGDI/SPOA
Brasil. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Secretaria de
Planejamento e Investimentos Estratgicos.Plano plurianual 2012-2015 : projeto de lei / Ministrio do Planejamento,
Oramento e Gesto, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos. - Braslia : MP, 2011.
278 p.
1. Brasil 2. Estado e planejamento
6. Plano social I. Ttulo7. Plano econmico
CDU 338.262012-2015 B278p
c
3. Plano de desenvolvimento 5. Polticas pblicas 4. Programas de Governo
5REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Presidente da RepblicaDilma Rousseff
Vice-Presidencia da RepblicaMichel Temer
Ministro de Estado da JustiaJos Eduardo Cardozo
Ministro de Estado da DefesaCelso Amorim
Ministro de Estado das Relaes ExterioresAntonio de Aguiar Patriota
Ministro de Estado da FazendaGuido Mantega
Ministro de Estado dos TransportesPaulo Srgio Passos
Ministro de Estado da Agricultura, Pecuria e AbastecimentoJorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho
Ministro de Estado da EducaoFernando Haddad
Ministra de Estado da CulturaAna Maria Buarque de Hollanda
Ministro de Estado do Trabalho e EmpregoCarlos Roberto Lupi
Ministro de Estado da Previdncia SocialGaribaldi Alves Filho
Ministra de Estado do Desenvolvimento Social e combate FomeTereza Campello
Ministro de Estado da SadeAlexandre Padilha
Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio ExteriorFernando Pimentel
Ministro de Estado de Minas e EnergiaEdison Lobo
Ministra de Estado do Planejamento, Oramento e GestoMiriam Belchior
Ministro de Estado das ComunicaesPaulo Bernardo Silva
Ministro de Estado da Cincia e TecnologiaAloizio Mercadante Oliva
Ministra de Estado do Meio AmbienteIzabella Teixeira
Ministro de Estado do EsporteOrlando Silva
Ministro de Estado do TurismoPedro Novais Lima
Ministro de Estado da Integrao NacionalFernando Bezerra Coelho
Ministro de Estado do Desenvolvimento AgrrioAfonso Bandeira Florence
Ministro de Estado das CidadesMrio Negromonte
Ministro de Estado da Pesca e AqiculturaLuiz Srgio Nbrega de Oliveira
Ministra de Estado Chefe da Casa Civil da Presidncia da RepblicaGleisi Helena Hoffmann
Ministro-de Estado chefe da Secretaria-Geral da Presidncia da RepblicaGilberto Carvalho
Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Relaes Institucionais da Presidncia da RepblicaIdeli Salvatti
Ministra de Estado-chefe da Secretaria de Comunicao Social da Presidncia da RepblicaHelena Chagas
Ministro de Estado-chefe do Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da RepblicaJos Elito Carvalho Siqueira
Ministro de Estado-chefe da Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da RepblicaWellington Moreira Franco
Advocacia Geral da UnioLus Incio Lucena Adams
Ministro de Estado-chefe da Controladoria-Geral da UnioJorge Hage Sobrinho
Ministra de Estado-chefe da Secretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial da Presidncia da RepblicaLuiza Helena de Bairros
Ministra de Estado-chefe da Secretaria de Polticas para as Mulheres da Presidncia da RepblicaIriny Lopes
Ministra de Estado chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da RepblicaMaria do Rosrio Nunes
Ministro de Estado-chefe da Secretaria de PortosJos Lenidas Cristino
Ministro de Estado-chefe da Secretaria de Aviao Civil da Presidncia da RepblicaWagner Bittencourt de Oliveira
DISCURSO DA PRESIDENTADILMA ROUSSEFF
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,j fizemos muito nos ltimos oito anos, mas ainda h muito por fazer. E foi por acreditar que ns podemos fazer mais e melhor que o povo brasileiro nos trouxe at este momento.Agora hora de trabalho. Agora hora de unio. Unio de todos ns pela educao das crianas e dos jovens. Unio pela sade de qualidade para todos. Unio pela segurana de nossas comunidades. Unio para o Brasil continuar crescendo, gerando empregos. Unio para o Brasil continuar crescendo, gerando empregos para as atuais e para as futuras geraes. Unio, enfim, para criar mais e melhores oportunidades para todos ns.O meu sonho o mesmo sonho de qualquer cidado ou cidad: o sonho de que uma me e um pai possam oferecer aos seus filhos oportunidades melhores do que a que eles tiveram em suas vidas.Esse o sonho que constri um pas, uma famlia, uma nao. Esse o desafio que ergue um pas.Apresentei h pouco uma mensagem, com meus princpios e compromissos, no Congresso. Ali existem metas e objetivos, mas tambm existem sonhos.Acho bom que seja assim. Para governar um pas, um pas continental do tamanho do Brasil, tambm preciso ter sonhos. preciso ter grandes sonhos e persegui-los.
Discurso da Presidenta Dilma Rousseff no Parlatrio,no dia da posse
NDICE
APRESENTAO ....................................................................................................... 11
DIMENSO ESTRATGICA ......................................................................................... 13
INTRODUO ................................................................................................... 15
VISO DE FUTURO ............................................................................................ 17
CENRIOS ........................................................................................................ 18
MACROECONMICO .......................................................................................... 18
SOCIAL .......................................................................................................... 31
AMBIENTAL ..................................................................................................... 37
REGIONAL ....................................................................................................... 52
MACRODESAFIOS ............................................................................................. 77
PPA EM GRANDES NMEROS ......................................................................... 102
MODELO DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL ................................................... 111
AVANOS DO MODELO .................................................................................. 113
PROCESSO DE CONSTRUO DO PPA ............................................................ 117
AS OFICINAS ................................................................................................. 117
DILOGOS SOCIAIS E FEDERATIVOS ....................................................................... 118
MODELO DE GESTO ..................................................................................... 121
MONITORAMENTO E AVALIAO .......................................................................... 123
PARTICIPAO SOCIAL E FEDERATIVA ..................................................................... 124
DIMENSO TTICA: PROGRAMAS TEMTICOS ...................................................... 127
POLTICAS SOCIAIS ......................................................................................... 129
POLTICAS DE INFRAESTRUTURA ..................................................................... 189
POLTICAS DE DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO E AMBIENTAL ........................ 223
POLTICAS E TEMAS ESPECIAIS ....................................................................... 262
11
APRESENTAO
O recente ciclo de desenvolvimento brasileiro vem sendo impulsionado por
polticas pblicas inovadoras que combinam crescimento econmico com
reduo das desigualdades sociais e regionais. Essas polticas tm um
elemento comum: a recuperao da capacidade do Estado de planejar e
agir visando, sobretudo, garantir os direitos dos que mais precisam.
A estratgia de aprofundamento desse cenrio de modernizao requer um Estado indutor
e promotor das mudanas, a partir de polticas pblicas construdas por meio do dilogo
social e do pacto federativo. Em outras palavras, o Brasil se transformou e, portanto, os
desafios de se buscar novas formas de atuao do Estado tambm se renovaram.
Neste contexto, as escolhas e os arranjos construdos para retomar o desenvolvimento
e orient-lo para reduo das desigualdades determinaram um aperfeioamento nos
instrumentos de planejamento. Com isso, a estrutura e a linguagem do Plano Plurianual
(PPA) foram alteradas para que o Plano expresse, de fato, as polticas pblicas para os
prximos quatro anos.
A construo de um pas moderno, igualitrio, diverso e soberano exige um planejamento
que viabilize a ao pblica por meio da reconstruo dos canais que favoream a ao
do Estado. Assim, esperamos consolidar as conquistas dos ltimos anos, construindo
caminhos que democratizam as oportunidades e solidificam a confiana que,
recentemente, aprendemos a depositar em nossas vidas e no futuro do nosso pas.
sob esse contexto que nasceu o PPA 2012-2015, o Plano Mais Brasil, estruturado a
partir da dimenso estratgica que deu origem a Programas nos quais esto contidos
os desafios e os compromissos de governo para o futuro imediato: os prximos 4 anos.
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DIMENSO ESTRATGICA
15
INTRODUO
O Brasil que se vislumbra para as prximas dcadas j vem sendo construdo, sobretudo
nos ltimos 8 anos: um pas que elegeu um projeto de desenvolvimento inclusivo com
polticas pblicas de transferncia de renda, intensificao da extenso e do alcance dos
programas sociais e constantes aumentos reais do salrio mnimo.
Utilizaram-se, ainda, instrumentos de gerao de emprego e renda com vistas ampliao
de um mercado de consumo de massa, trazendo maior autonomia ao nosso processo de
desenvolvimento com a expanso do mercado interno. Como outro fator de incentivo ao
crescimento econmico e expanso do mercado de trabalho, os investimentos pblicos
foram retomados, sobretudo em infraestrutura, a exemplo do verificado no Programa de
Acelerao do Crescimento (PAC). Estes investimentos pblicos reduziram os entraves para
o desenvolvimento sustentvel ao induzir o investimento produtivo privado e contribuir
para a gerao de empregos para os mais variados nveis de qualificao da fora de
trabalho, reforando o dinamismo de nossa economia.
No campo internacional est em curso uma estratgia de insero soberana do pas como
uma Nao democrtica, ciente de sua importncia como potncia emergente, de seu
papel de protagonista na economia da Amrica Latina e de pas que implementa um novo
paradigma de relacionamento com pases menos desenvolvidos.
Tais polticas nortearam a orientao estratgica para a elaborao do Plano Mais Brasil e
permearam a definio da Viso de Futuro e dos Valores que orientam a ao governamental
para os prximos 4 anos, apresentados a seguir.
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VISO DE FUTURO
A crise do modelo neoliberal, do pensamento nico, que vigorou nas economias
ocidentais durante a dcada de 1990, explicitou a importncia decisiva do Estado como
orientador de escolhas e caminhos das Naes. As foras de mercado impulsionam e
dinamizam o desenvolvimento, mas o papel orientador da mo visvel do Estado
fundamental, apontando o futuro desejado e a conjugao dos diversos meios e recursos
de governo, setor privado e sociedade.
Nesse sentido, a Viso de Futuro o ponto de partida orientador do planejamento do
destino da Nao, no geral, e da ao governamental em particular. A Viso de Futuro
aponta para o objetivo maior do pas, estabelecendo o que se espera como um retrato
nacional, assim reconhecido pelo povo brasileiro e por toda a comunidade internacional.
Assim, a Viso um ideal possvel de ser alcanado, que demanda a soma dos esforos
de todos.
Partindo do princpio de que o futuro construdo de maneira conjunta e participativa pelo
governo, pelas empresas e pela populao brasileira, que se estabeleceu a Viso de Futuro
para o Brasil. Tal Viso embasada na atual condio do Pas, a partir de pontos de vista
externos e internos, com o reconhecimento de seus potenciais, a conscincia dos respectivos
riscos e, sobretudo, das decises soberanas que hoje podemos tomar a partir da eleio de
um governo que indicou a necessidade e revelou a possibilidade de nosso desenvolvimento
econmico e social ser orientado, antes de tudo, pela incluso social, elegendo o combate s
formas mais extremas da pobreza em nosso pas como ao prioritria.
Nesses termos, trabalharemos para que o Brasil seja um pas reconhecido:
Por seu modelo de desenvolvimento sustentvel, bem distribudo
regionalmente, que busca a igualdade social com educao de
qualidade, produo de conhecimento, inovao tecnolgica e
sustentabilidade ambiental.
Por ser uma Nao democrtica, soberana, que defende os direitos
humanos e a liberdade, a paz e o desenvolvimento no mundo.
por meio da observao do Brasil que temos hoje, utilizando-se diversos indicadores
sociais, econmicos, ambientais e institucionais, confrontados em escalas sub-regional,
regional, nacional e internacional, em comparao com o Brasil de 2015, que ser
avaliado o quanto desse caminho a ser percorrido teremos trilhado. A Viso de Futuro,
no entanto, aponta estrategicamente para um desafio muito maior que os quatro anos
de um mandato, dando foco ao conjunto da Administrao Federal e partilhando com a
sociedade brasileira esse desejo.
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A Viso de Futuro do Brasil est alicerada em valores que iro orientar constantemente
as aes do Governo Federal. Eles sero fundamentais nos momentos crticos, quando
as decises mais difceis forem necessrias, visto que fornecero a segurana para a
deciso mais adequada com vistas a materializar os nossos sonhos expressos na Viso. Os
valores devem guiar as atitudes de todos os que fazem parte do governo. Nesses termos,
a Viso est alicerada em sete valores, quais sejam:
Soberania
Democracia
Justia Social
Sustentabilidade
Diversidade Cultural e Identidade Nacional
Participao Social
Excelncia na Gesto
Tais valores perpassam toda a ao governamental, e sua incorporao se far presente
nas polticas pblicas constantes do Plano Mais Brasil.
CENRIO MACROECONMICO
Trajetria Recente
O Brasil vem passando por profundas transformaes, sobretudo na ltima dcada, com a
inaugurao de um modelo de desenvolvimento que busca conciliar crescimento econmico
com gerao de emprego, estabilidade macroeconmica e reduo da desigualdade e
pobreza. No campo econmico, o ciclo de crescimento iniciado pela economia brasileira
em 2004 o maior em mais de duas dcadas. Com efeito, entre 2004 e 2010 o Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu em termos reais 4,4% ao ano, mais do que o dobro do
crescimento mdio verificado entre 1981 e 2003.
O crescimento dos ltimos anos ainda se deu de forma sustentada e sem que ocorressem
graves desequilbrios macroeconmicos. Neste sentido, preservou-se a estabilidade monetria
a despeito das presses inflacionrias verificadas nos mercados externos nos ltimos anos.
Assim, desde 2005, a inflao se situa dentro das metas estabelecidas pelo Conselho
Monetrio Nacional (CMN). Por outro lado, verificou-se uma trajetria declinante da dvida
lquida do setor pblico, que passou de 55% do PIB em 2003 para 40% do PIB em 2010.
As contas externas do pas, por sua vez, permaneceram relativamente equilibradas durante
todo o perodo em questo, com o dficit em conta corrente flutuando em torno de 2% do
PIB no perodo 2008-2010, aps supervits significativos entre 2004 e 2007. Ademais, o nvel
Highlight
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de reservas alcanou o patamar de US$ 335,7 bilhes em junho de 2011, o que reduziu a
vulnerabilidade externa do pas. Neste contexto, o pas deixou de ser devedor e passa a ser
credor do Fundo Monetrio Internacional (FMI).
O Brasil conseguiu manter firme a continuidade da trajetria de crescimento, mesmo aps
os impactos negativos da maior crise financeira mundial desde os anos 1930, que atingiu
particularmente as economias centrais entre 2008 e 2009. Em grande medida, a rpida
recuperao da economia brasileira crescimento de 7,5% em 2010 pode ser atribuda
s medidas anticclicas adotadas pelo governo, como o corte da taxa de juros, desoneraes
fiscais para incentivar as vendas e o papel dos bancos pblicos na expanso do crdito.
A caracterstica marcante do atual ciclo de expanso, entretanto, refere-se conjugao
de crescimento econmico com melhoria na distribuio de renda e incluso social. Assim,
diferentemente de outros perodos de crescimento, em que a melhora nos indicadores sociais
era vista apenas como resultado do ciclo de expanso econmica, desta vez a acelerao e
a sustentabilidade do ciclo esto baseadas na melhoria das condies de vida da populao.
Neste sentido, observa-se que, entre 2004 e 2010, a renda per capita cresceu mais de 25%
em termos reais, a taxa de desemprego metropolitano se reduziu mais que a metade entre
2003 (10,9%) e 2010 (5,3%) e ocorreu uma reduo relativa de 37,3% da pobreza nos
ltimos sete anos1. Alm disso, entre 2003 e 2009 verificou-se uma queda de 10% da
desigualdade da renda pessoal.
A estratgia de crescimento dos ltimos anos foi, portanto, orientada pela ampliao do
mercado de consumo de massa, que possibilitou o surgimento de uma nova classe mdia,
com a incluso de cerca de 36 milhes de pessoas no mercado consumidor. Desta forma,
operou-se, nos ltimos anos, um crculo virtuoso em que a expanso de rendimentos das
famlias levou ampliao do consumo por bens e servios. Tais fatores estimularam a
elevao dos investimentos e geraram ganhos de produtividade que, ao serem repassados
aos salrios, realimentam todo o processo.
A expanso econmica nos ltimos anos foi possvel devido s polticas governamentais de
transferncia de renda, valorizao do salrio mnimo e estmulo criao de novos postos
formais de emprego. Ademais, verificou-se uma forte expanso do crdito que, entre 2003-
2010, elevou-se de 24,6% a 46,4% do PIB. Neste sentido, destaca-se a expanso do crdito
ao consumidor, especialmente voltado para aquisio de bens durveis e habitao.
O ciclo recente de crescimento econmico tambm se caracterizou pela retomada dos
investimentos pblicos e privados. Neste novo contexto, a participao dos investimentos
em relao ao PIB passou de 15,3% em 2003 para 18,4% em 2010. Esta expanso do
investimento foi impulsionada pelo PAC, que representou a retomada dos investimentos
pblicos na recuperao e expanso da infraestrutura necessria para sustentao do
crescimento econmico dos ltimos anos.
1 Linha de pobreza referenciada em salrio mnimo per capita, a preos de 2009 (PNAD).
NotePor que impossvel pegar a dvida?
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A trajetria recente da economia brasileira revelou que est em curso uma srie de
transformaes importantes que delinearam uma nova realidade econmica e social do
pas. Desta forma, o grande desafio que se coloca no horizonte do PPA 2012-2015 a
continuidade ao padro de desenvolvimento vigente e aprofundar os processos de melhoria
da distribuio de renda e da riqueza, bem como da reduo da pobreza.
Contexto Internacional
A segunda dcada do sculo XXI se inicia com profundas alteraes no contexto
econmico internacional, que apresenta duas tendncias significativas: a presena da
China com uma posio de protagonismo na economia global e a crise financeira mundial
que provocou desacelerao das atividades econmicas nas economias desenvolvidas.
O deslocamento do dinamismo da economia mundial para o continente asitico sob liderana
da China explica-se, em boa parte, aos ganhos de competitividade alicerados em ampliao
da produtividade, baixa remunerao da fora de trabalho e taxas de cmbio desvalorizadas.
Por sua vez, a manuteno das elevadas taxas de crescimento chinesas resultou na elevao
dos preos das commodities internacionais, com reflexos sobre o rpido crescimento das
exportaes brasileiras e a forte elevao dos investimentos nos setores de minerao,
siderurgia e papel e celulose. Desta forma, o ciclo de crescimento recente da economia
brasileira teve na expanso chinesa um impulso importante, sendo em seguida determinado
por fatores endgenos associados dinamizao do mercado interno.
A crise financeira internacional, por outro lado, interrompeu o ciclo de crescimento
das economias centrais, o qual estava associado expanso do consumo das famlias
estadunidenses decorrentes da valorizao de ativos e da expanso de seu endividamento.
Assim, com o estouro da bolha imobiliria nos Estados Unidos, ocorreu uma queda do
valor dos ativos das famlias e um estmulo reduo do endividamento e dos gastos
em consumo, o que provocou a retrao das atividades econmicas nas economias
desenvolvidas no geral e da estadunidense em particular.
As medidas anticclicas adotadas pelas economias centrais em funo da crise, como
a reduo de juros e o aumento da liquidez, tiveram reflexos diretos sobre a economia
brasileira, com o afluxo de capitais e valorizao cambial, o que repercutiu negativamente
sobre a competitividade da indstria nacional.
O contexto internacional de preservao do crescimento econmico chins frente ao
baixo dinamismo nos Estados Unidos, na Europa e no Japo acaba por ter reflexos
diretos sobre a economia brasileira. Nestas circunstncias, a retrao dos mercados dos
pases desenvolvidos leva a um acirramento da concorrncia por mercados externos
com a consequente reorientao das exportaes chinesas de manufaturas para pases
emergentes como o Brasil.
21
O novo ambiente internacional de acirramento da concorrncia por mercados com maiores
perspectivas de expanso se apresenta, portanto, como um desafio importante para a
economia brasileira manter sua trajetria de crescimento ao longo do perodo do PPA
2012-2015. Assim, o novo cenrio internacional requer a adoo de polticas que elevem
a competitividade da economia brasileira e possibilitem uma insero ativa do pas na
economia mundial. Neste contexto, destaca-se a importncia da poltica industrial - Plano
Brasil Maior - para fortalecer as cadeias produtivas e fomentar a inovao tecnolgica
como forma de agregar valor aos produtos exportados e elevar a participao do pas
nos mercados mundiais mais dinmicos. Ademais, diante da perspectiva de um contexto
econmico internacional de restries ao comrcio e acirramento da concorrncia, cresce a
importncia do mercado domstico como fonte de preservao do dinamismo econmico.
O eventual agravamento do cenrio internacional com perspectiva de recuperao lenta
dos Estados Unidos e da Unio Europia poder ter repercusses sobre a economia
brasileira. Contudo, o Brasil um dos pases em melhores condies de enfrentar uma
deteriorao do quadro internacional, j que possui uma situao fiscal slida com baixo
endividamento, reservas internacionais expressivas, instituies pblicas atuantes e instrumentos econmicos ativos, j utilizados, inclusive, na crise de 2008. Por sua vez, o
pas possui um mercado interno dinmico que pode fazer frente retrao dos mercados
externos. Desta forma, numa eventual deteriorao das condies da economia
mundial, o Brasil possui uma margem de adaptao e possibilidade de tomar medidas
para estimular a atividade produtiva e a gerao de empregos.
As turbulncias e incertezas resultantes das transformaes ocorridas na economia
mundial tambm provocaram um rearranjo nas relaes de poder e governana global
que elevou a importncia dos pases emergentes como o Brasil. Ao mesmo tempo, as
transformaes no cenrio internacional possibilitaram o fortalecimento de espaos de
concertao, como o G-20, o qual se consolidou como um frum multilateral para
discusso e coordenao de polticas de superao dos efeitos negativos da crise
econmica global.
A opo da poltica externa brasileira em meio a essas turbulncias internacionais
continuar sendo a busca pelo multilateralismo nos nveis de governana regional e
global ao longo do perodo do PPA 2012-2015. Ademais, o Brasil buscar aprofundar
as relaes com os polos emergentes, pases africanos e asiticos, bem como buscar
aprofundar a integrao latino-americana. No caso da integrao com os pases vizinhos,
ganha importncia a busca do desenvolvimento equilibrado da regio com aes de
ampliao de mecanismos de financiamento do bloco, integrao das infraestruturas e
busca pelo fortalecimento de uma identidade comum.
Highlight
22
Desafios a serem enfrentados pelo PPA 2012-2015 para o alcance do cenrio desejado
O Brasil rene condies especiais que o diferenciam da grande maioria dos pases do
mundo. Assim, o pas possui uma base industrial diversificada, uma produo agropecuria
extremamente competitiva e ainda pode contar com a disponibilidade de recursos naturais
(terra e gua) e energticos (petrleo e fontes renovveis como hidroeletricidade e etanol).
Ademais, ainda possui um expressivo contingente populacional a ser incorporado ao
mercado de consumo.
A estratgia que se coloca no horizonte do PPA 2012-2015, portanto, consiste em utilizar
todas estas potencialidades como base para alcanar um patamar de desenvolvimento
centrado no progresso tcnico e na reduo das desigualdades.
A preservao do padro de desenvolvimento baseado no crescimento sustentado com
incluso social requer que, ao longo do perodo do PPA 2012-2015, sejam enfrentados novos
desafios que emergem de um novo contexto internacional e das profundas transformaes
em andamento na sociedade e na economia brasileira. Dentre estes desafios, esto: a
compatibilizao das taxas de juros e cmbio com os objetivos de crescimento e estabilidade
macroeconmica, ampliao das fontes de financiamento de longo prazo, aperfeioamento
do sistema tributrio, reduo das desigualdades, erradicao da pobreza extrema e
dinamizao do mercado interno, elevao do investimento, ampliao da oferta e eficincia
da rede de infraestrutura, aproveitamento das oportunidades do pr-sal e fomento inovao.
A consolidao do padro de desenvolvimento baseado no crescimento e na manuteno
do ambiente macroeconmico estvel pressupe que se evolua para uma taxa de juros
bsica e margens bancrias semelhantes s praticadas nos demais pases, o que, sem
prejuzo da estabilidade de preos, propiciar um menor custo de acesso ao crdito para
consumo e investimento. Por sua vez, a taxa de cmbio deve evoluir no perodo para
um patamar que possibilite harmonizar os objetivos de controle da inflao, melhoria
distributiva, elevao da competitividade e reduo da vulnerabilidade externa.
O outro desafio que se coloca para a economia brasileira consiste em elevar as fontes
privadas de financiamento para os projetos de longo prazo com destaque para o
aprofundamento do mercado de capitais e de crdito. Cabe ressaltar que a atuao do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), do Banco do Brasil (BB)
e da Caixa Econmica Federal (CEF) nesse financiamento de longo prazo continuar sendo
fundamental, mas se reduzir com o fortalecimento de fontes privadas de financiamento.
A simplificao do regime tributrio capaz de estimular a produo e o investimento tambm
se coloca como outro desafio. Por outro lado, deve-se buscar uma maior progressividade
do sistema como forma de acentuar a dinmica em curso de distribuio da renda.
O aprofundamento do modelo de consumo e produo de massa tambm ser
perseguido durante o perodo de 2012 a 2015. Desta forma, pelo lado da demanda,
buscar-se- o aprofundamento do processo de reduo das desigualdades por meio das
polticas de transferncia de renda, valorizao do salrio mnimo, expanso dos postos
23
de trabalho formais e incluso produtiva. Neste contexto, ganha importncia o desafio
da erradicao da pobreza extrema com o Plano Brasil Sem Misria que possibilitar a
incorporao de um contingente ainda maior de brasileiros ao mercado interno. Cabe
apontar que a estratgia de dinamizao do mercado interno deve ainda ser ancorada
em uma forma de produo e consumo ambientalmente sustentveis.
A expanso das taxas de investimentos no horizonte do PPA 2012-2015 se apresenta
como outro desafio para sustentao do ciclo de crescimento econmico e consolidao
do modelo de consumo e produo de massa. Neste contexto, no perodo de 2012-2015,
a elevao das taxas de investimento viabilizar a expanso da produo com gerao de
emprego e elevao da produtividade e competitividade sistmicas da economia.
A dinamizao, sobretudo dos investimentos em infraestrutura durante o perodo do
PPA 2012-2015, possibilitar superar os gargalos para o setor produtivo que poderiam
inviabilizar a sustentao do crescimento - especialmente nos setores de energia,
transporte rodovirio, ferrovirio, portos, aeroportos e nas condies de armazenagem.
A constituio de uma adequada e eficiente rede de infraestrutura promover uma
reduo dos custos e melhoria da competitividade das empresas nacionais no mercado
internacional. Ademais, os investimentos em infraestrutura tero um rebatimento direto
sobre as condies sociais de vida da populao como, por exemplo, no caso da melhora
da mobilidade urbana e da universalizao do acesso energia - Luz para Todos - e aos
servios de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio.
A ampliao dos investimentos em infraestrutura ser perseguida durante o perodo do
plano por meio da continuidade do PAC. H significativas oportunidades de inverses
para reforar nossa infraestrutura, como destacado no lanamento da segunda fase do
PAC, em que foi reafirmado o compromisso com o desenvolvimento econmico e com o
combate s desigualdades, enfatizado o eixo de infraestrutura social-urbana.
A possibilidade de explorao das novas reservas de petrleo e gs nos campos do pr-
sal tambm provocar uma significativa expanso dos investimentos. Alm do mais,
permitir reduzir a vulnerabilidade externa do pas com afluxo, no primeiro momento,
dos investimentos diretos para a cadeia produtiva do setor e, no segundo momento, pelo
acmulo de divisas oriundas da explorao dos recursos naturais.
A explorao e utilizao dos recursos do pr-sal despontam como outro desafio
referente ao aproveitamento desta possibilidade para consolidar uma cadeia produtiva
de contedo nacional. Por sua vez, outro desafio est associado destinao de parte
dos recursos oriundos da explorao do pr-sal para a educao, cincia e tecnologia,
sade, meio ambiente e combate pobreza. Cabe ressaltar ainda que as possibilidades
abertas pelo pr-sal no impediro que o pas amplie esforos na direo da utilizao
crescente das fontes de energia limpa e renovvel.
Highlight
24
O progresso cientfico e tecnolgico se apresenta como outro importante desafio a ser
enfrentado pelo PPA 2012-2015 devido ao contexto internacional de acelerao das
transformaes tecnolgicas especialmente nas reas de tecnologia da informao,
nanotecnologia e biotecnologia. Neste sentido, observa-se uma transformao
contnua de processos e produtos e o acirramento da concorrncia internacional por
mercados, o que amplia a necessidade de intensificar os esforos nacionais em Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovao (PD&I) como forma de reduzir o hiato econmico em relao
s economias desenvolvidas.
O pas conseguiu estruturar um sistema de cincia e tecnologia amplo e logrou avanos
expressivos em algumas reas como no caso do setor agrcola e energtico. Contudo,
apesar dos avanos, observa-se que a emergncia de novos paradigmas tecnolgicos
tende a ampliar o hiato tecnolgico em relao s economias avanadas. Neste contexto,
colocam-se importantes desafios para o pas como: a elevao do investimento do setor
privado em PD&I, a criao de um Sistema Nacional de Inovao com capacidade de
articular empresas, universidades e agentes financiadores e a promoo de uma forte
desconcentrao regional das atividades cientfica e tecnolgica. Ademais, todo esforo
de ampliao dos investimentos em PD&I deve ser orientado para as especificidades da
realidade brasileira em termos de estrutura demogrfica e de renda, bem como condies
climticas e epidemiolgicas.
O enfrentamento adequado dos desafios ao longo do Plano Mais Brasil possibilitar ao
pas atingir o cenrio desejado de dinamismo econmico, a melhor distribuio de renda e
riqueza, a erradicao da pobreza e a confirmar a insero econmica internacional ativa.
Figura 1 - Cenrio de Referncia (PPA 2012-2015)
Tendncias Recentes
- Crescimento econmico com incluso social
- Estabilidade Macroeconmica
- Reduo da vulnerabilidade externa
Cenrio Desejado
- Dinamismo econmico com melhoria da distribuio da renda e riqueza, erradicao da pobreza e insero econmica internacional ativa
Ampliao emelhoria da
infraestrutura
Fomento inovao
Ampliao doinvestimento
Aperfeioamentoda estrutura
tributria
Ambientemacroeconmico
estvel
Consolidao dofinanciamentode longo prazo
Adequadoaproveitamento
dos recursosdo pr-sal
Reduo dasdesigualdades,
pobreza edinamizao domercado interno
Elaborao: SPI/MP
25
Projees econmicas para o PPA 2012-2015
Demanda Agregada (2012-2015)
O Brasil tem condies de sustentar o crescimento econmico em taxas acima das
verificadas nos anos passados a despeito das incertezas que cercam o desempenho do
cenrio internacional nos prximos anos. Estima-se que o crescimento do PIB acelere
de 4,5% em 2011 para 5% em 2012, atingindo o patamar de 5,5% a partir de 2013,
sendo que, do lado da demanda agregada, essa acelerao ser liderada pela trajetria
da formao bruta de capital fixo (FBCF).
Tabela 1. PPA 2012-2015 - Projees dos componentes da demanda agregadaTaxas Anuais de Crescimento
Taxas de Crescimento (%) 2012 2013 2014 2015
PIB 5,0 5,5 5,5 5,5
Consumo das Famlias 5,1 5,3 5,6 5,6
Consumo do Governo 1,2 2,4 2,8 3,0
FBCF 10,1 10,5 10,2 9,5
Exportao de bens e servios 9,2 5,0 4,1 3,7
Importao de bens e servios 10,0 6,3 7,8 7,0
Estimativas da MF/SPEFonte: IBGE
Elaborao: MF/SPE
Desde o lanamento do PAC, em janeiro de 2007, a busca pela ampliao dos investimentos
foi colocada com uma das prioridades da poltica econmica. Desta forma, a taxa de
investimentos elevou-se de maneira significativa e, apesar dos fortes efeitos da crise
financeira mundial, foi um dos principais determinantes do crescimento do PIB em 2010.
As perspectivas para a ampliao dos investimentos nos prximos anos so ainda mais
favorveis, seja pelo lanamento da segunda fase do PAC ou pela explorao das novas
reservas de petrleo e gs na camada do pr-sal. Ademais, a realizao da Copa do Mundo
em 2014 e das Olimpadas em 2016, bem como a manuteno da fora do nosso mercado
domstico de consumo, so outros fatores determinantes para a continuidade da expanso
dos investimentos ao longo dos prximos anos.
Todas essas oportunidades de inverses devem elevar a taxa de investimento da economia
brasileira, medida como a proporo entre a formao bruta de capital fixo e o PIB,
para valores superiores a 20% ao longo dos prximos anos, mantendo trajetria de alta
persistente. O Governo Federal estima que a taxa de investimento se desloque de 19,5%
do PIB, previsto para 2011, para 23,2% do PIB, em 2015.
26
Em virtude dessas oportunidades de investimentos, e tambm considerando o novo
ambiente internacional, em que os pases mais desenvolvidos demoraro mais tempo para
se ajustar aos efeitos negativos da crise, continuar a entrada de capitais, em especial de
investimentos diretos, para a economia brasileira. Entretanto, o financiamento da expanso
dos investimentos ao longo dos prximos anos tambm deve contar com uma elevao
das fontes domsticas privadas de financiamento.
As grandes transformaes observadas no Brasil, nos ltimos anos, com a incluso de
milhes de pessoas ao mercado, e o compromisso assumido pelo Governo de superar a
misria nos prximos anos provocaro expanso das despesas de consumo das famlias
brasileiras. Aps o sucesso do Programa Bolsa Famlia, o Governo Federal lanou, em 2011,
o Plano Brasil Sem Misria, com o objetivo de erradicar a extrema pobreza em todo o
territrio nacional.
A taxa mdia estimada para a expanso do consumo das famlias nos prximos anos deve
ficar em torno de 5% aa, liderada, em grande medida, pela expanso da renda gerada pelos
investimentos. Essas estimativas esto baseadas nas respostas das despesas de consumo
manuteno do ciclo virtuoso do crescimento, que provoca expanso quantitativa e
qualitativa no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego e elevao na
formalizao dos postos de trabalho e nos rendimentos auferidos pelos trabalhadores.
Essas estimativas tambm refletem as polticas sociais adotadas pelo Governo, com destaque
para a continuidade da poltica de valorizao do salrio mnimo e para o aprofundamento
e o aperfeioamento das polticas de transferncias de renda s famlias carentes.
Outro fator relevante para a manuteno do crescimento das despesas de consumo das
famlias brasileiras reside na expanso do crdito para pessoas fsicas. Nesse sentido, vale
ressaltar a solidez do crescimento dos emprstimos verificado nos ltimos anos, pois esteve
associado fora do mercado de trabalho e s inovaes que ampliaram as garantias das
operaes. Com isso, o crdito para pessoas fsicas continuar contribuindo para a expanso
das despesas de consumo das famlias brasileiras, porm com taxas de crescimento menos
elevadas em virtude da adoo de medidas macroprudenciais.
Por outro lado, as despesas de custeio da administrao pblica devem continuar se
expandindo abaixo do crescimento do PIB visto que o Governo vai seguir elevando o
investimento pblico, mantendo o compromisso de perseguir uma trajetria de reduo
do endividamento pblico.
Oferta Agregada (2012-2015)
A fora do mercado domstico, seja para consumo em massa, seja para investimento
produtivo, incentiva o crescimento em todos os setores produtivos. Com isso, estima-se
uma significativa expanso do valor adicionado na economia brasileira nos prximos anos.
27
Tabela 2. PPA 2012-2015 Projees dos componentes da oferta agregada Taxas Anuais de Crescimento.
Taxas de Crescimento (%) 2012 2013 2014 2015
PIB 5,0 5,5 5,5 5,5
Agropecuria 6,2 6,7 6,2 6
Indstria 4,9 5,4 5,6 5,2
Servios 4,7 5,2 5,1 5,4
Valor adicionado 4,8 5,3 5,3 5,4
Impostos sobre produtos 5,8 6,3 6,4 6,2
Estimativas da MF/SPE.Fonte: IBGE.
Elaborao: MF/SPE
No caso da agropecuria, o novo ambiente internacional, com recuperao assimtrica
entre os pases desenvolvidos e emergentes, fator adicional de estmulo produo, haja
vista que a demanda por produtos bsicos deve persistir elevada nos prximos anos. Como
o Brasil possui vantagens comparativas ntidas nesse setor, a produo agropecuria deve
acelerar o seu ritmo de crescimento frente s taxas verificadas nos anos anteriores.
Na produo industrial, o novo ambiente internacional, com a manuteno dos preos de
commodities em patamar elevado nos mercados internacionais, associada explorao
de petrleo e gs na camada do pr-sal, contribuiro para a expanso da produo da
indstria extrativa mineral acima da verificada nos anos anteriores.
A indstria da construo civil e de eletricidade e gs, gua, esgoto e limpeza urbana
se beneficiaro das amplas transformaes em andamento na economia e na sociedade
brasileira, com expanso do mercado domstico de consumo e necessidade de reforo nas
condies de infraestrutura.
A produo da indstria de transformao, por sua vez, ter que se adaptar ao desafio do
acirramento da competio nesse novo ambiente internacional do perodo ps-crise. Nesse
sentido, essencial reforar as medidas j em andamento pelo Governo para a melhoria da
competitividade da produo domstica associadas com medidas de estmulos inovao
tecnolgica e qualificao da mo de obra.
O setor de servios, principal componente do PIB brasileiro, seguir mantendo uma menor
volatilidade e tambm acelerar seu desempenho nos prximos anos, beneficiando-se da
fora do nosso mercado domstico de consumo.
28
Infl ao sob controle ao longo do perodo do PPA 2012-2015
O regime de metas de inflao uma estratgia de poltica monetria com importantes
vantagens, entre elas, a sua flexibilidade em ambiente de choques de oferta, a sua transparncia,
sua facilidade de compreenso por parte da sociedade, e tambm sua capacidade de ancorar
expectativas inflacionrias para um horizonte de tempo de mdio prazo.
No caso da economia brasileira, o regime de metas de inflao tem sido muito bem
sucedido, sendo que, desde 2005, a inflao tem estado dentro da banda de tolerncia.
A atual acelerao da inflao, especialmente a partir do final de 2010, um fenmeno
mundial. No Brasil, a elevao nas taxas de inflao decorreu da forte alta de preos de
commodities nos mercados internacionais, que provocaram aumento nos preos dos
alimentos. Tambm foi verificada elevao sazonal de preos de etanol e gasolina, alm
de alteraes climticas que afetaram diversos preos agrcolas internamente.
Entretanto, j a partir de maio do ano corrente, a inflao comeou a desacelerar,
chegando a apresentar variaes negativas em alguns importantes ndices de preos
divulgados em junho, como o IPC-S da FGV.
Nessa conjuntura internacional desfavorvel, cercada de incertezas, que provocam
impactos nos preos das commodities e na inflao domstica, o CMN decidiu manter a
meta de inflao em 4,5% para 2013. Tambm manteve o intervalo de tolerncia de 2,0
pontos percentuais para cima e para baixo da meta estabelecida.
A deciso do CMN objetivou garantir o controle da inflao e dar a flexibilidade necessria
poltica monetria, de forma compatvel tanto com o potencial produtivo da economia,
quanto com as incertezas originrias do cenrio internacional.
Cabe ressaltar que, nos ltimos anos, a manuteno da meta de inflao em 4,5% tem
se mostrado compatvel com a tendncia de queda gradual do patamar da taxa real de
juros da economia.
Como destacado anteriormente, o principal determinante para o crescimento econmico
ao longo do perodo do PPA 2012-2015 reside na trajetria de expanso dos investimentos.
Neste sentido, a ampliao resultante da capacidade instalada, associada expanso do
emprego e, principalmente, explorao dos elevados ganhos de produtividade ainda
presentes, far com que ocorra uma elevao do potencial de crescimento da economia
brasileira para taxas superiores a 5% aa. Essa ampliao do investimento permitir a
combinao da acelerao do crescimento com a manuteno das taxas de inflao
dentro das metas definidas pelo CMN.
A coordenao entre as polticas fiscal e monetria, associadas adoo de medidas
macroprudenciais, bem como expanso da oferta agropecuria esperada para os
prximos anos, tambm contribuiro para a manuteno da inflao sob controle ao
29
longo do perodo do PPA 2012-2015.
Outro fator essencial para a estabilizao monetria nos prximos anos adotar medidas
para reduzir a importncia da indexao na formao dos preos na economia brasileira.
Com isso, haver menor inrcia inflacionria e os preos reagiro de forma mais adequada
ao balano entre a oferta e a demanda agregada, elevando a eficcia dos canais de
transmisso da poltica monetria.
Setor Externo (2012-2015)
A perspectiva de manuteno do crescimento econmico do Brasil acima da mdia
mundial e da mdia dos pases avanados deve provocar, como possvel resultado, a
manuteno das taxas de crescimento das importaes de bens e servios acima das
taxas das exportaes, persistindo o vazamento de parte do nosso mercado para a
sustentao da retomada da demanda mundial.
De qualquer forma, o comrcio mundial poder iniciar, a partir do 2 semestre de 2012,
uma recuperao mais forte do que o crescimento das economias centrais, liderado, em
parte, pelo aumento das importaes chinesas.
Nesse sentido, o novo ambiente requer a adoo de polticas com vistas a elevar a
competitividade da economia brasileira nos prximos anos. O Governo j est atuando
nessa direo, com destaque para as aes relativas reduo dos custos tributrios
conforme agenda tributria do Governo Federal; melhoria nas condies de
infraestrutura como o PAC; ao reforo do capital humano, com o lanamento do
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego (Pronatec) e com medidas
para a expanso da qualificao profissional; alm de incentivos para ampliao da
inovao produtiva conforme agenda da poltica industrial, dentre outras aes.
O sucesso dessas medidas de aumento da competitividade, associado continuidade dos
slidos fundamentos macroeconmicos relativos ao setor externo, sob regime de taxa de
cmbio flutuante e com elevados nveis de reservas internacionais, garante a solidez do
setor externo da economia brasileira.
Nesse sentido, necessrio persistir com os esforos para o aprofundamento da nossa
insero internacional, seja na busca da diversificao ainda maior da nossa pauta
de produtos exportados e dos destinos das nossas vendas externas, seja tambm na
concretizao de oportunidades de internacionalizao da atuao de nossas empresas.
Tambm essencial persistir na melhora da composio do passivo externo verificada
nos ltimos anos, evitando que o aumento da dvida externa supere o financiamento
pela entrada de investimentos estrangeiros.
30
Setor Pblico
A manuteno das contas pblicas slidas constitui um dos elementos fundamentais
para sustentao do crescimento econmico verificado nos ltimos anos, assim como
para o enfrentamento da maior crise financeira verificada na economia mundial desde a
Grande Depresso dos anos 30 do sculo passado, que permitiu ao governo adotar uma
poltica anticclica, evitando o que a crise aqui se instalasse.
Nesse sentido, as despesas que financiam os programas que integram o Plano Mais
Brasil esto compatveis com um cenrio de sustentabilidade fiscal, conforme expresso
na tabela 3, cujos agregados de receita e despesa foram projetados levando-se em conta
os parmetros macroeconmicos constantes da tabela 4, dentre outros estimados pela
Secretaria de Poltica Econmica do Ministrio da Fazenda (SPE/MF).
Tabela 3. Resultado Primrio do Governo Central (em % do PIB)
Fonte:Ministrio do Planejamento
Tabela 4. Parmetros Macroeconmicos para a elaborao do PPA 2012-2015
Ano PIB (R$ milhes)PIB Var. %
Real
IPCA Acumulado
(Var. %)
IGP DI Acumulado
(Var. %)
Massa salarial
Crescimento real
Taxa Over SELIC % a.a. (Dezembro)
Cmbio R$/US$ (Mdia)
2012 4.537.477 5,0 4,80 5,00 4,71 12,50 1,64
2013 5.008.698 5,5 4,50 4,50 4,58 11,00 1,72
2014 5.521.965 5,5 4,50 4,50 4,44 9,50 1,74
2015 6.087.828 5,5 4,50 4,50 4,33 8,00 1,77
Fonte: SPE / MF.
I. RECEITA TOTAL 24,18 24,28 24,26 24,20I.1. Receita Administrada pela RFB, exceto RGPS 15,60 15,73 15,72 15,69I.2. Arrecadao Lquida para o RGPS 5,87 5,90 5,88 5,86I.3. Outras Receitas 2,72 2,65 2,65 2,65
II. TRANSFERNCIAS A ENTES SUBNACIONAIS 4,09 4,12 4,12 4,11III. RECEITA LQUIDA (I - II) 20,09 20,16 20,14 20,09IV. DESPESAS 18,51 18,59 18,54 18,49
IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 4,13 4,01 3,91 3,80IV.2. Benefcios da Previdncia 6,92 6,85 6,79 6,76IV.3. Outras Desp. Obrigatrias 2,24 2,29 2,34 2,40IV.4. Despesas Discricionrias 5,08 5,30 5,35 5,38 IV.4.1. Poder Executivo 4,88 5,10 5,12 5,18 IV.4.2. Legislativo/Judicirio/MPU 0,20 0,20 0,23 0,20IV.5. Reserva de Contingncia 0,14 0,14 0,15 0,15
V. RESULTADO PRIMRIO (III IV) 1,57 1,58 1,60 1,60VI. META DE RES. PRIMRIO 2,14 2,14 2,15 2,15VII. Recursos para o PAC - deduo da meta 0,56 0,56 0,56 0,56VIII. META DE RES. PRIMRIO (LDO 2012) 1,57 1,58 1,59 1,59
Discriminao 2012 2013 2014 2015
31
A reduo do endividamento do setor pblico, em termos do PIB, associada mudana na
composio do passivo, com reduo dos riscos inerentes a mudanas nas taxas de juros
e, principalmente, nas taxas de cmbio, abriu espao para novos desafios conduo da
poltica fiscal. Do ponto de vista da gesto da dvida pblica, esforos devem continuar a
melhorar o perfil do endividamento, como observado nos ltimos anos.
Desde o perodo anterior, alm da solidez dos indicadores, o foco do Governo passou
a incluir a contribuio da poltica fiscal ao crescimento econmico, com expanso
das despesas de transferncias de renda para fortalecer o mercado domstico e de
investimentos para melhorar as condies de infraestrutura.
Outra prioridade da poltica fiscal reside na simplificao do regime tributrio, reduzindo
a complexidade e distribuindo melhor a carga com vistas a elevar a competitividade da
produo domstica.
Todas essas transformaes e os novos desafios atuam para que a poltica fiscal seja
conduzida dentro de uma viso mais ampla. Passa-se, ento, a uma atuao com foco
em prazos mais longos, com necessidade de ajustes a mudanas no ciclo e a adaptaes
a novas realidades da economia brasileira, como o envelhecimento populacional e a
necessidade de ampliar os investimentos em capital humano.
Nesse sentido, essencial destacar a criao do Fundo Social do Petrleo (Lei n 12.351,
de 22 de dezembro de 2010), que pretende transformar os recursos finitos advindos
da explorao e da produo de petrleo e gs nas camadas do pr-sal em mudanas
estruturais na sociedade brasileira a partir do investimento dos recursos obtidos em reas
prioritrias, como educao, meio ambiente e inovao tecnolgica, dentre outras.
CENRIO SOCIAL
Demografia
A populao do Brasil alcanou em 2010 a marca de 190 milhes de habitantes, segundo
o Censo Demogrfico. Em comparao com o Censo 2000, apresentou um crescimento
relativo de 12,3%, o que resultou em um crescimento mdio geomtrico anual de 1,17%,
menor que o da dcada anterior, de 1,64%. O crescimento absoluto da populao do
Brasil nestes ltimos dez anos se deu principalmente em funo do aumento da populao
adulta, com destaque tambm para a ampliao da participao da populao idosa.
A reduo da taxa mdia de crescimento se deve queda simultnea das taxas de
natalidade e de mortalidade, consequncias das profundas transformaes na estrutura
socioeconmica, institucionais e polticas vividas pelo Brasil, como maior urbanizao,
dinamizao da economia, maior insero da mulher no mercado de trabalho, mudanas
JovanilAnotaoLei Fundo Social do Petrleo
32
nas relaes de gnero, universalizao do ensino fundamental e polticas na rea de
sade e previdncia.
Esse declnio da taxa de crescimento populacional tambm gera efeitos positivos nos
indicadores de pobreza, uma vez que a reduo no nmero de componentes por famlia
se d ao mesmo tempo em que a renda familiar elevada, refletindo na elevao da
renda per capita familiar.
A transio demogrfica em curso age no sentido de reduzir o peso relativo de crianas
e jovens e aumentar o de adultos e idosos na estrutura etria. A proporo de menores
de 15 anos de idade na populao brasileira caiu de 34,7% do total para 24,1% nos
ltimos 20 anos, e estima-se que ela deve chegar a menos de 22% em 2015, conforme
as projees da Diviso de Populao da ONU. Alm da reduo relativa, os grupos
etrios de menores de 15 anos j apresentam tambm uma diminuio absoluta no seu
contingente, de 50,3 milhes, em 2000, para 45,9 milhes, em 2010.
Por outro lado, a participao dos maiores de 64 anos de idade passou de 4,8% da
populao em 1991 para 7,4% em 2010, com estimativas de chegar a mais de 8% em
2015. A populao de idosos teve um aumento absoluto de mais de 4 milhes na ltima
dcada. J a populao de 15 a 64 anos de idade chegou a 68,5% da populao, em
2010, sendo que, em 2000, era de 64,5%, com estimativa de que esteja prxima de
70% em 2015.
Um importante indicador demogrfico utilizado para medir a participao relativa
do contingente populacional potencialmente inativo a razo de dependncia, que
considera como populao adulta as pessoas de 15 a 64 anos de idade. Esse indicador
sinaliza que a mudana de estrutura etria levar o Brasil, durante algumas dcadas, a
uma substancial reduo das razes de dependncia dos estratos mais jovens e mais
idosas em relao populao em idade ativa. Um reflexo disso seria a ampliao da
populao em idade ativa, caracterizada como bnus demogrfico, repercutindo sobre
a populao economicamente ativa (PEA) e, em ltima instncia, sobre a capacidade de
gerao de riqueza.
Segundo os dados dos Censos, o nmero de pessoas em idade potencialmente inativa
para cada grupo de 100 pessoas potencialmente ativas, que em 2000 era de 54,9, caiu
a 45,9 em 2010. As projees populacionais estimam que a razo de dependncia atinja
o valor mais baixo por volta de 2025, quando deve chegar prximo a 38.
JovanilSelecionar
33
Grfico1. Taxas de dependncia e bnus demogrfico no Brasil
54,93
45,9043,78
39,96 38,30 39,5241,68
44,80
49,33
55,74
45,86
35,1332,00
26,12
21,7119,21 17,57 16,46 15,51 14,93
9,07 10,7711,78
13,8416,59
24,11
28,34
33,82
40,82
20,31
-
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
2000 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Taxa de dependncia total Taxa de dependncicrianas/adolescentes
Taxa de dependnciaidosos
Bnus Demogrfico
Fonte: Censos 2000 e 2010 e projees populacionais da diviso de populao da ONU de 2015 a 2050. Elaborao SPI/MP.
O bnus demogrfico encerra-se quando a populao avana para idades mais altas.
Estima-se que esse ponto ser alcanado por volta de 2030, quando a proporo de
crianas na populao total for menor que a de idosos, 13,8% e 14,6% da populao,
respectivamente. Nesse contexto, observa-se uma grande oportunidade para o
desenvolvimento da economia brasileira nos prximos anos, cujo aproveitamento
fortemente condicionado pela conduo das polticas pblicas, como a educacional e
a de incluso produtiva, voltadas populao mais jovem, que, alm de promotoras da
cidadania, exercem grande influncia na dinmica do mercado de trabalho, nas taxas de
ocupao e na produtividade do trabalho.
Apesar dos avanos recentes na educao e no mercado de trabalho, ainda h muitos
desafios pela frente nas aes que promovem a cidadania da juventude, relacionados ao
aumento da permanncia na escola, elevao do nvel de escolaridade, ampliao
do nmero de matrculas no ensino superior e na educao tcnica e profissional, a
conteno da insero precoce no mercado de trabalho, entre outros.
Para que a juventude se beneficie da ampliao das oportunidades econmicas em curso
no Brasil, vrias polticas vm sendo empreendidas desde 2003, como a ampliao das
redes federais de educao superior e profissionalizante e a instituio do Programa
Universidade para Todos (ProUni), do Programa Nacional de Incluso de Jovens (ProJovem)
e do benefcio varivel jovem do Bolsa Famlia. Polticas que vm contribuindo para a
ampliao da escolaridade e formao dos jovens e s quais se integraro outras, no
governo da Presidenta Dilma, como o PRONATEC, novas expanses das redes federais
de educao profissional e superior e o Plano Brasil Sem Misria, que combina ampliao
dos servios, incluso produtiva e garantia de renda.
JovanilSelecionar
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34
Desigualdade e Pobreza
Para o perodo 2012 - 2015, o Brasil dever consolidar o cenrio de crescimento econmico
com reduo das desigualdades, iniciado em 2004, deslocando parcela crescente de sua
populao para a classe mdia.
A combinao de crescimento econmico e reduo das desigualdades foi determinante
para a queda da pobreza e da extrema pobreza verificada nos ltimos anos. Segundo o
Ipea, entre 2003 e 2009, a proporo de pobres caiu mais de 17 pontos percentuais2,
fruto, em boa medida, de polticas pblicas adotadas no governo Lula, que impulsionaram
a expanso da renda, sobretudo a dos mais pobres.
A reduo das desigualdades um dos determinantes da queda da pobreza no Brasil,
ao fazer com que a renda dos mais pobres cresa a taxas superiores dos mais ricos. O
grfico 2 abaixo mostra a reduo contnua do ndice de Gini no Brasil a partir de 2001 e
intensificada a partir de 2004, estendendo o ritmo da queda at o ano de 20153, quando
o Brasil atingiria ndice inferior a 0,5. A reta tracejada do grfico indica a mdia do Gini
entre 1977 e 2009, mostrando a importncia da queda da desigualdade de rendimentos
no Brasil em perspectiva histrica.
Grfico 2. Trajetria e Projeo do Coeficiente de Gini no Brasil: 1995 a 2015
0,592
0,580
0,5650,558
0,5510,544
0,5380,5380,531
0,5240,517
0,5100,503
0,496
0,5970,599
0,5990,597
0,591 0,586
0,568
0,480
0,500
0,520
0,540
0,560
0,580
0,600
0,620
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Gini Projeo 2010-2015 Mdia do Gini 1977-2009
Fonte: Ipea; Elaborao: SPI/MP.
A continuidade do processo de incluso social requer a expanso e a melhor distribuio
de rendimentos oriundos do trabalho (que tm grande participao na renda total)
e das transferncias focalizadas (que vm aumentando seu peso na renda total). Em
relao ao ltimo ponto, a perspectiva de evoluo dos gastos sociais dos programas de
2 Considerado o corte de renda de salrio mnimo de renda domiciliar per capita, a preos de 2009.
3 Supondo queda mdia anual similar do perodo 2003-2008 (-0,7 ponto de Gini).
35
transferncia de renda como o Bolsa Famlia e os Benefcios de Prestao Continuada
e da previdncia social seguiro constituindo importante fonte de desconcentrao de
rendimentos.
A renda oriunda do trabalho ser importante no apenas por meio de sua desconcentrao,
mas tambm de seu crescimento, derivados de fatores como a valorizao do salrio
mnimo, a expanso do nvel de formao e escolaridade dos trabalhadores, a
desconcentrao regional e o aumento das oportunidades de trabalho.
Sobre este ltimo ponto, a expectativa de continuidade da absoro de pessoas
economicamente ativas ao mercado de trabalho. O grfico 3 mostra a expanso das
ocupaes desde 2004, com forte movimento de formalizao dos vnculos trabalhistas.
Conforme observado, entre 2004 e 2008, a desocupao caiu de 9,2% para 7,4%4,
produto da expanso da ocupao a taxas superiores do crescimento da PEA. O grfico
ainda projeta a continuidade da queda da taxa de desocupao, num cenrio em que
chegaria a cerca de 5%, em 2015, com gerao de ocupaes e ampliao da renda.
Grfico 3. Desemprego e Formalidade
40,0%
45,0%
50,0%
55,0%
60,0%
65,0%
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 20154,0%
5,0%
6,0%
7,0%
8,0%
9,0%
10,0%
Taxa de formalidade Taxa de desemprego - eixo direita
Fonte: Microdados da PNADElaborao: SPI/MP
Um ponto relevante que, entre as ocupaes geradas entre 2004 e 2009, parte
significativa formal. Novamente, a projeo da performance de gerao de ocupaes
formais at 2015 mostra a perspectiva de expanso da taxa de formalizao da economia,
passando de quase 50% em 2004 para mais de 60% em 2015. Este movimento indica
absoro da PEA pelo mercado de trabalho formal, com remuneraes mais elevadas e
empregos protegidos, sendo decisivo para a continuidade da reduo da pobreza.
4 Com elevao em 2009, em funo dos efeitos da crise internacional, embora o Brasil tenha sido o pas que mais rpido recuperou sua capacidade de crescimento, expressa na forte evoluo do PIB j em 2010. Os dados so para a populao de 16 a 59 anos de idade nas PNADs.
JovanilSelecionar
36
O grfico 4 mostra um cenrio positivo para o mercado de trabalho no perodo at
20155, em que a PEA deve passar de 100 milhes, contando com aproximadamente
60 milhes de empregos formais, criados a partir de novos vnculos e formalizao de
existentes
Grfico 4. Projees para o Mercado de Trabalho
92.325.934
46.523.876
37.065.420
Economicamente ativo: 101.768.154
Informal: 36.184.698
Formal: 59.997.539
25.000.000
35.000.000
45.000.000
55.000.000
65.000.000
75.000.000
85.000.000
95.000.000
105.000.000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: Ministrio do Planejamento e Microdados da PNAD. Elaborao: SPI/MP
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD 2009) mostram que o
rendimento mdio do trabalho dos ocupados formais era de R$ 1.370, enquanto o dos
informais era de R$ 531. Logo, a tendncia maior formalizao do mercado de trabalho
dever contribuir para o cenrio de aumento da renda do trabalho.
Para a concretizao do cenrio de formalizao, variveis como a formao e a escolaridade
do trabalhador sero centrais. Em mdia, cada trabalhador formal tinha 9,8 anos de estudo,
trs a mais do que os informais6, indicando que a insero no mercado de trabalho formal
deve passar por estratgias de ampliao da formao dos trabalhadores, a exemplo do
PRONATEC.
Por fim, vale lembrar que a incluso social para o perodo 2012-2015 depender de
polticas que levem em conta o perfil socioeconmico da pobreza e da extrema pobreza
no Brasil. H especificidades, em termos de situao do domiclio, faixa etria, raa/cor,
regio, gnero, entre outras, que precisam ser levadas em conta para o aprofundamento
da incluso social e reduo das desigualdades. Do ponto de vista regional, mais de 70%
das pessoas com renda domiciliar per capita abaixo de 1/4 de salrio mnimo esto nas
regies Nordeste e Norte.
5 Supondo-se evoluo da PEA e das ocupaes formais e informais similares ao perodo passado.
6 Os dados sobre escolaridade e rendimento mdios tm como base os microdados da PNAD 2009.
37
Considerados os 4,4 milhes de domiclios cujos habitantes esto abaixo desta faixa de
renda, 37% so rurais, significando 1,6 milho de domiclios, a maioria dos quais no
Nordeste. Entre o total de domiclios rurais, quase 19% esto na faixa de renda considerada7.
Outro ponto que, considerando os domiclios urbanos com menor renda, em 31%
viviam famlias com filho, monoparentais e chefiadas por mulheres, o que demanda
polticas de proteo especficas voltadas a esse pblico e expressa a dimenso de gnero
da pobreza brasileira. No sudeste urbano, esta relao chegava a 37%. H tambm de
se destacar a relao entre cor/raa e pobreza, j que, para as pessoas da classe de renda
domiciliar per capita at 1/4 de salrio mnimo, 73% eram negras.
Enfim, os dados expostos mostram que o aprofundamento da incluso social com reduo
das desigualdades esperado no perodo do PPA 2012-2015 requer que o Estado execute
polticas pblicas para chegar s diferentes facetas da pobreza. Razo pela qual o Plano
Brasil Sem Misria se estrutura com aes diferenciadas sob vrios aspectos, como o
regional, a exemplo da universalizao da gua para consumo humano no semirido, e o
urbano/rural, pela adoo de iniciativas especficas e diferenciadas de incluso produtiva
para cada rea.
A intensificao de polticas pblicas voltadas a reduzir as desigualdades, combinadas
com o crescimento econmico sustentado, devero garantir a continuidade do processo,
observado desde 2004, que vem retirando da pobreza milhes de pessoas e gerando as
condies para a erradicao da misria. Com isso, o pas vem avanando na construo
de uma sociedade mais inclusiva, caracterizada por uma nova classe mdia que j
representa maior parte da populao no Brasil.
CENRIO AMBIENTAL
Com uma rea de 8,5 milhes de km2 e ocupando quase a metade do Continente Sul-
americano, o Brasil exerce a liderana entre os pases denominados Megadiversos: estima-
se que se encontra em nosso territrio mais de 13% do total de espcies do planeta, o que
confere ao pas um diferencial em termos de capital natural, que pode ser utilizado para o seu
desenvolvimento de forma sustentvel. O Brasil detentor da maior floresta tropical mida
do planeta e, tambm, de uma imensa plancie inundvel o Pantanal. Conta, tambm,
com a maior reserva hdrica de gua doce do planeta, com destaque para a Bacia Amaznica,
bem como guas subterrneas, cabendo aqui exemplificar o Aqufero Guarani.
O pas possui uma costa marinha de 3,5 milhes de km2 com uma variedade de ecossistemas
que incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, esturios e pntanos. A variedade
7 Microdados da PNAD 2009.
38
de biomas reflete a riqueza da flora e fauna brasileira, sendo muitas das espcies exclusivas
do pas. Diversos exemplares de cultivares de importncia econmica mundial so originrios
do Brasil, a exemplo do abacaxi, do amendoim, da castanha do Par, da mandioca, do caju,
da carnaba e de outras. Uma em cada onze espcies de mamferos existentes no mundo
encontrada no Brasil.
Estamos entre os maiores produtores mundiais de alimentos. A rapidez com que ocorreu
o aumento da produo nos ltimos anos levou a uma grande demanda por recursos
naturais e requer maior infraestrutura e logstica, grandes investimentos em tecnologia,
maior produtividade e eficincia dos sistemas produtivos, agregao de valor, equidade na
distribuio de benefcios e renda, organizao dos agentes e promoo do negcio, tendo
por finalidade o desenvolvimento desse setor de forma sustentvel.
O Brasil referncia na produo de energia renovvel, notadamente hidreltrica,
biocombustveis. A biomassa vegetal, englobando o etanol derivado da cana-de-
acar, a lenha e o carvo provenientes de florestas nativas e plantadas, respondeu, em
2010, por cerca de 30% da matriz energtica nacional. Na rea de gerao de energia
eltrica, haver esforos para a manuteno da matriz com base renovvel: estmulo ao
aumento do uso de energia elica, maior utilizao do bagao de cana-de-acar para
fins energticos e o aproveitamento sustentvel do potencial hidreltrico do pas, com
destaque para a regio Norte.
O objetivo da carteira de investimentos includa no PPA 2012-2015 proporcionar uma
matriz eltrica que preserve o perfil renovvel e ambientalmente limpo da configurao atual,
mas que propicie maior diversidade de fontes, conforme explicitado nos grficos 5 e 6:
JovanilSublinhar
39
Grfico 5. Matriz eltrica Evoluo Relativa das Fontes
1
2
2
4
4
9
79
5
2
1
5
7
9
70
Elica
Carvo Mineral
Nuclear
Biomassa
Petrleo
Gs
Hidrulica
2015
2010
Fonte: Plano Decenal de Energia (PDE), 2010
Grfico 6. Matriz eltrica Evoluo da capacidade
Fonte: PDE, 2010
Tambm esto previstas medidas de eficincia energtica, que contribuam para a
otimizao da transmisso, da distribuio e do consumo de energia eltrica. A meta,
considerando o horizonte do PPA 2012-2015, a conservao 20.000 GWh do consumo
de energia eltrica, em relao ao que ocorreria sem medidas de conservao, e o
acrscimo de cerca de 10.000 MW de capacidade instalada a partir da fonte hdrica (UHEs,
PCHs e CGHs). O grfico 7 mostra a expanso da capacidade hidreltrica contratada e
planejada, onde fica evidente o destaque mencionado.
40
Grfico 7. Acrscimo da capacidade hidreltrica instalada em MW
Fonte: ANA, 2011
Cabe evidenciar a importncia da integrao da questo ambiental no processo de
desenvolvimento do pas, a ser incorporada por intermdio de instrumentos econmicos
e de conscientizao que induzam produtores, empresas e consumidores a considerar
os benefcios e danos ambientais relacionados s suas decises de produo e consumo
dentre os quais se destacam os estudos e projetos que mitiguem ou minimizem os
impactos ambientais causados por grandes obras, a certificao ambiental, os pactos
com as cadeias produtivas e os pagamentos por servios ambientais.
Importante elemento para essa conscientizao a Educao Ambiental, definida pela
Lei n 9.795/1999, que trata da Poltica Nacional de Educao Ambiental, como sendo
processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade. Observa-se, desde ento, uma crescente expanso da Educao
Ambiental em todos os nveis e modalidades do processo educativo, tanto em carter
formal quanto no formal. A tabela 5 traz os nmeros da Educao Ambiental relativos
formao de professores e de estudantes que participaram diretamente de seminrios
ou cursos.
41
Tabela 5. Formao continuada em Educao Ambiental
Pblico/Recursos 2004/2005 2006/2007 2008/2009* - 1 oferta (180 hs)
2010 * - 2 oferta (180 hs)
2010 * (90hs)
Professores 25.800 10.948 6.440 1.940
Alunos 21.964 - - 450 Recursos MEC (R$ 1,00)
2.052.000 2.269.000 4.800.000 967.000
Fonte: MEC - * Semipresenciais, em parceria com a CAPES/UAB
Todavia, apesar desses esforos na rea da educao, permanece o desafio de tratar
essa temtica com a transversalidade que ela requer, de tal forma a produzir substanciais
mudanas nos comportamentos e hbitos dos indivduos.
Ressaltam-se, ainda nesse contexto da integrao, iniciativas de grande importncia
para a harmonizao entre as demandas por mais alimentos e a preservao do meio
ambiente: os incentivos concedidos pelo Governo Federal para a recuperao de
pastagens degradadas, a expanso da prtica do Sistema de Plantio Direto na Palha
(SPD) e da Fixao Biolgica de Nitrognio (FBN), bem como a ampliao da Integrao
Lavoura-Pecuria-Floresta (ILPF) e do plantio de florestas. Tais medidas, que integram a
Agricultura de Baixa Emisso de Carbono (ABC), aliadas ao fortalecimento da agricultura
orgnica, permitiro o aumento da produo agropecuria, sem a necessidade de
desmatamento de novas reas e com a diminuio do uso de produtos agroqumicos. A
tabela 6 mostra a contribuio do setor, que abrange o perodo 2010/2020:
Tabela 6. Agricultura de Baixa Emisso de Carbono (ABC)
Compromisso Agricultura 2010/2020
Programas rea (milhes ha)
Reduo de Emisso de GEE (milhes de toneladas de CO2 eq)
Recuperao de Pastagens Degradadas
15,0
83 a 104
Sistema Integrao Lavoura-Pecuria-Floresta
4,0
18 a 22
Sistema de Plantio Direto na Palha
8,0
16 a 20
Fixao Biolgica de Nitrognio
5,5
10,0
Plantio de Florestas
3,0
Tratamento de Dejetos de Animais * 6,9
Fonte: MAPA,2011
Considerando o horizonte projetado para 2020, est previsto para o perodo do PPA
2012-2015, a implementao de tecnologias na ordem de 12,3 milhes de hectares,
42
em termos de recuperao de pastagens degradadas, FBN, florestas plantadas, ILPF e
SPD, bem como 2,48 milhes de m3 de tratamento de dejetos animais, distribudos
conforme mostra a tabela 7:
Tabela 7. Projees do ABC para o perodo 2012-2015
Regio Milhes de hectares Milhes de m3
Norte 3,0 -
Nordeste 0,9 0,23
Centro-Oeste 5,6 0,29
Sudeste 1,6 0,59
Sul 1,2 1,37
Total 12,3 2,48
Fonte: MAPA, 2011
No perodo recente, avanou-se bastante em relao implantao de polticas de
preveno e controle do desmatamento nos biomas Amaznia, Cerrado e Caatinga.
Isso foi alcanado por meio de novas estratgias de monitoramento, fiscalizao e
regulao econmica, como a focalizao das aes nos municpios com maiores
taxas de desmatamento e a restrio de crdito para atividades no sustentveis. A
expectativa para os prximos anos a de que ocorram avanos nas polticas de controle
do desmatamento, uma vez que existem processos de melhoria em andamento, entre
outros, com vistas a aumentar a acurcia do monitoramento em geral e a frequncia
do monitoramento para os biomas extra-amaznicos.
No cenrio para 2020, de acordo com o compromisso nacional voluntrio assumido
pelo pas junto Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima
(CQNUMC), prev-se a reduo de 80% dos ndices anuais de desmatamento na
Amaznia Legal, em relao mdia de 19,5 mil km verificada entre os anos de 1996
a 2005, conforme grfico 8 abaixo. Com relao ao Bioma Cerrado, prev-se reduo
de 40% dos ndices anuais de desmatamento em relao mdia de 15,7 mil km
verificada entre os anos de 1999 a 2008.
43
Grfico 8. Metas de reduo do desmatamento na Amaznia at 2020.
Fonte: PPCDAM, 2009.
Questo relevante em relao biodiversidade o fomento explorao econmica
sustentvel, por meio de atividades como extrativismo controlado, bioprospeco e
ecoturismo, alternativas sustentveis de reduo da pobreza e de incluso social. No que
diz respeito ao acesso a recursos genticos, necessrio bioprospeco, o Brasil obteve
grande vantagem comparativa com a assinatura do Protocolo de Nagia, no mbito da
Conveno sobre Diversidade Biolgica. Entretanto, a conexo entre marco regulatrio,
processo de pesquisa e desenvolvimento e proteo intelectual precisa evoluir. Portanto,
necessrio rever a legislao acerca do tema, criando condies que incentivem a
bioprospeco e a justa e equitativa repartio dos benefcios por ela gerados.
Uma estratgia importante para a conservao da biodiversidade o estabelecimento
de Unidades de Conservao (UCs) em todos os biomas, visto que estas protegem no
apenas a diversidade de espcies e seus genes, mas tambm os ecossistemas e seus
servios ambientais. A Lei n 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Conservao (SNUC) e definiu as UCs como espaos territoriais e seus recursos ambientais
com caractersticas naturais relevantes, legalmente institudos pelo Poder Pblico com
objetivos de conservao e sob regime especial de administrao. Segundo dados do
SNUC apresentados no mapa 1, o Brasil conta com aproximadamente 1,5 milho de
km2 de reas cobertas por Unidades de Conservao, correspondendo a 17% da rea
continental nacional e 1,5% das guas jurisdicionais brasileiras. No perodo do PPA,
espera-se ampliar essa rea em 100.000 km.
44
Mapa 1. Mapa das unidades de conservao por bioma
Unidades de Conservao municipais de uso sustentvel
Unidades de Conservao municipais de proteo integral
Unidades de Conservao estaduais de uso sustentvel
Unidades de Conservao estaduais de proteo integral
Unidades de Conservao federais de proteo integral
Unidades de Conservao federais de uso sustentvel
Limites Estaduais
Biomas
Legenda
AMAZNIA
CAATINGA
CERRADO
MATA ATLNTICA
PAMPA
PANTANAL
Fonte: MMA, 2011. Elaborao SPI.
Alm das Unidades de Conservao integrantes do SNUC, as Terras Indgenas e os
Territrios Quilombolas tambm so considerados reas protegidas. A rica sociodiversidade
representada por mais de 200 povos indgenas e comunidades locais (quilombolas,
caiaras, seringueiros e outros), rene inestimvel acervo de conhecimentos tradicionais
sobre a conservao e o uso da biodiversidade.
A gesto dos recursos hdricos pode ser includa como tema central da arena ambiental e
urbana do pas. A escassez da gua j uma realidade em partes do territrio nacional,
como o caso do semirido nordestino e da metade sul do Rio Grande do Sul. No
apenas a quantidade de gua, mas tambm a qualidade, so problemas crescentes e
preocupantes nas regies mais densamente habitadas. Esses cenrios regionais dos
aspectos de qualidade e quantidade em bacias crticas so apresentados no mapa 2.
45
Mapa 2. Bacias crticas brasileiras segundo os aspectos de qualidade e quantidade
Fonte: ANA, 2011.
A sustentabilidade e a segurana hdrica so condicionantes ao desenvolvimento
econmico e social, sendo fundamental enfrentar os problemas de acesso gua tratada
que atingem mais severamente a populao de baixa renda dos pequenos municpios e
das periferias dos grandes centros urbanos. A continuidade na implantao da Poltica
Nacional de Recursos Hdricos, cuja evoluo apresentada no grfico 9, implica
consolidar o funcionamento dos comits de bacia criados e os instrumentos da poltica,
como os planos de recursos hdricos, o enquadramento dos corpos de gua, a outorga
e a cobrana pelos usos, e tem como objetivos promover a disponibilidade de gua com
qualidade, o controle de poluio, a conservao e a revitalizao de bacias hidrogrficas.
46
Grfico 9. Evoluo da Gesto de Recursos Hdricos
Fonte: ANA, 2011.
A conduo da poltica de saneamento bsico estratgica para o alcance desses
objetivos, especialmente, por perseguir a universalizao do acesso gua de forma
sustentvel e evitar a poluio dos corpos hdricos pelo lanamento de esgoto sanitrio
sem tratamento adequado ou pela contaminao por resduos slidos dispostos em
lixes localizados em suas margens. Nesse sentido, verifica-se uma tendncia de evoluo
significativa da cobertura dos servios de saneamento nos ltimos anos. Os dados da
PNAD apontam um acrscimo de 7,61 milhes de domiclios providos de abastecimento
de gua e de 6,87 milhes com esgotamento sanitrio no perodo de 2004 a 2009. No
que tange ao servio de coleta de lixo, verifica-se a ampliao da cobertura em mais de
8 milhes de domiclios no perodo.
Grfico 10. Total de domiclios com abastecimento de gua,esgotamento sanitrio e coleta de lixo 2002-2009
48,7
38,0 39,5 41,0 42,143,9
47,445,5
34,2 35,536,7
38,142,442,140,9
32,7
40,7 42,543,7 45,3
46,9 48,750,6 51,9
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Milh
es
Abastecimento de gua - Com canalizao interna - com rede geral
Esgotamento Sanitrio - rede geral + fossa sptica
Destino do lixo - coletado direta e indiretamente
Fonte: PNAD. Elaborao: SPI.
47
Os avanos na cobertura dos servios de saneamento devero ser acompanhados pela
ampliao da qualidade, eficincia e sustentabilidade dos servios. Por exemplo, cabe
avanar na reduo do ndice mdio das perdas de faturamento de gua, que mesmo
atingindo menor valor observado nos 14 anos da srie histrica de coleta de dados do
Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento (SNIS), chegava a 37,4% em 2009.
Para o esgotamento sanitrio, a questo do tratamento merece especial ateno, uma
vez que, segundo dados do SNIS 2008, o Brasil coletava apenas 43,2% do esgoto gerado
e tratava 66% do esgoto coletado. Quanto aos resduos slidos, os vazadouros a cu
aberto (lixes) constituram o seu destino final em 50,8% dos municpios brasileiros,
conforme revelou a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2008.
Para o prximo quadrinio, os avanos recentes na cobertura dos servios de saneamento
devem ser potencializados, considerando a forte inflexo da destinao de recursos para o
setor associada ao lanamento do PAC em 2007, a partir do qual a Unio vem investindo
uma mdia de R$ 10 bilhes/ano. Deve-se considerar ainda a tendncia de maturao dos
investimentos contratados no mbito do PAC 1735 empreendimentos, totalizando R$
35,95 bilhes at maio de 2011.Observa-se que a maior parcela dos empreendimentos,
em quantidade (385) e em valor (R$ 9,58 bilhes), apresenta execuo acima de 60%,
devendo, portanto, ser concluda nos prximos anos (grficos 11 e 12 abaixo).
Destaca-se que o setor passou a contar com um marco regulatrio (Lei 11.445/07 e
Decreto 7.217/2010), o que permitiu aos agentes (companhias estaduais, autarquias,
prestadores privados) atuar com mais segurana, proporcionando um acrscimo nos
investimentos com recursos prprios. Outra tendncia o reforo dos investimentos
em medidas estruturantes visando ao fortalecimento da capacidade de planejamento,
de regulao e de fiscalizao dos entes federados e prestadores dos servios, ao
desenvolvimento tecnolgico do setor e efetivao da participao popular na poltica.
48
Grfico 11. Valores comprometidos1 e desembolsados2 em saneamento(Em valores atualizados pelo IGP DI para o ano de 2010).
2,22
3,96
2,06
4,28
10,24
12,20
9,75 10,18
0,74 1,031,37
3,172,67
5,656,80
6,23
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Comprometido Desembolsao
Fonte: Ministrio das Cidades. Elaborao: SPI1 Empenhos e valores de emprstimos contratados
2 Valores pagos, restos a pagar pagos e valores de emprstimos desembolsados.
Grfico 12. Execuo* dos empreendimentos contratados no PAC Saneamento maio de 2011.
6,77
4,74
7,55
5,29
9,58
2,04
179
385
209361
282319
050
100150200250300350400450
No Iniciadas < 10% entre 10 e40%
entre 40 e60%
>60% Concludas
0
2
4
6
8
10
12
Valor de Investimento
Fonte: Ministrio das Cidades. Elaborao: SPI*Valor de investimento (rtulos externos s colunas) e quantidade
de empreendimentos (rtulos internos das colunas)
O cenrio de evoluo tambm se sustenta pelas perspectivas de avano na destinao
final ambientalmente adequada dos resduos slidos a partir da instituio da Poltica
Nacional de Resduos Slidos, Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010, posteriormente
regulamentada pelo Decreto n 7.404, de 23 de dezembro de 2010. A Poltica consagra
a no gerao, a reduo, a reutilizao, a reciclagem, o tratamento e a disposio
final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nesse ciclo, o setor produtivo ter papel
49
de destaque, no s pela reciclagem de material, mas pela minimizao da gerao
de resduos, o que demandar investimentos em novas tecnologias e insumos, e pela
logstica reversa, que implicar um conjunto de aes, procedimentos e meios destinados
a viabilizar a coleta e a restituio dos resduos slidos ao setor empresarial. Outro pilar
da poltica a incluso scioeconmica dos catadores de materiais reciclveis, que dever
alcanar um novo patamar com o Programa Brasil Sem Misria.
A conscientizao sobre as questes ambientais no mdio e longo prazos imprescindvel
para o desenvolvimento sustentvel. Mais recentemente, vrias aes de Estado tm sido
tomadas, o que evidencia a importncia atribuda pelo Governo questo das mudanas
climticas. Em 2008, houve a aprovao do Plano Nacional sobre Mudana do Clima,
com o objetivo de identificar, planejar e coordenar as aes e medidas que possam ser
empreendidas para mitigar as emisses de gases de efeito estufa geradas no pas, bem
como aquelas necessrias adaptao da sociedade aos impactos que ocorram devido s
mudanas do clima. A resposta a esses desafios demanda uma ao estratgica conjunta
e coordenada do Estado nos nveis nacional, regional e internacional, considerando-se as
especificidades socioeconmicas e setoriais, assim como os impactos e as vulnerabilidades
especficas no territrio.
As principais demandas para a questo das mudanas climticas so a elaborao de
modelagem regional do clima e de cenrios da mudana do clima e a realizao de
pesquisas e estudos sobre vulnerabilidade e adaptao relativos a setores estratgicos que
so suscetveis aos efeitos associados mudana do clima no Brasil. Destaca-se, nesse
aspecto, o compromisso nacional voluntrio, assumido pelo pas, junto Conveno-
Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (CQNUMC), de implementar aes
de mitigao das emisses de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1%
e 38,9% as emisses projetadas at 2020. O grfico 13 apresenta o cenrio tendencial,
bem como a meta de reduo de 36,1% estabelecida.
Para alcanar esse compromisso, sero implementadas aes para reduo das emisses
de gases de efeito estufa por intermdio de planos de ao para a preveno e controle do