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PARECE MAS NÃO É: Novas cédulas falsas em circulação | Pág 05 GATO POR LEBRE: Cuidado com combustíveis adulterados nas bombas | Pág 04 EM CAMPANHA: Candidatos fazem promessas que não podem ser cumpridas | Pág 09 CURITIBA, AGOSTO DE 2011 - ANO 15 - N° 196 - 2° ANO DE JORNALISMO NOITE DA PUCPR - [email protected] É TUDO MENTIRA? Falsificações, lorotas, enganações e fraudes são mais comuns do que você imagina

Mentira

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Jornal Comunicare - Edição 196 - Agosto/2011 - 2° ano de Jornalismo NOITE É tudo mentira? Esta edição do Comunicare mostra como falsificações, fraudes e enganações são tão comuns no dia-a-dia de nossa sociedade. O jornal permitiu aos alunos a produção e realização de pautas investigativas, com temas polêmicos e atraentes.

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Page 1: Mentira

PARECE MAS NÃO É: Novas cédulas falsas em circulação | Pág 05

GATO POR LEBRE:Cuidado com combustíveis adulterados nas bombas | Pág 04

EM CAMPANHA:Candidatos fazem promessas que não podem ser cumpridas | Pág 09

CURITIBA, AGOSTO DE 2011 - ANO 15 - N° 196 - 2° ANO DE JORNALISMO NOITE DA PUCPR - [email protected]

É TUDO MENTIRA? Falsificações, lorotas, enganações e fraudes são

mais comuns do que você imagina

Page 2: Mentira

“O jornal tem uma linguagem abrangente e por ser temático pode-se encontrar tudo sobre um mesmo tema. Mas senti

falta de humor, como uma charge.”

Ronan de Oliveira Veiga Aluno do curso

de Licenciatura em Filosofia da PUC PR

FALA, ALUNO

É PRECISO DUVIDAR DA REALIDADE IMPOSTA

As mentiras se tornaram habituais, os motivos justificáveis e o ato de mentir, enfim, natural e dizer a verdade não é o mais importante

Curitiba, agosto de 2011 opinião02

Acreditar na verdade ou na mentira?Nesta edição apresentamos

mentiras que podem ser consi-deradas engraçadas, como As Lendas Urbanas, que despertam a fantasia e a imaginação sobre nossa cidade. Na Internet o hu-mor é explorado através de notí-cias falsas e montagens de fotos em sites e blogs.

Outras mentiras, que por serem frequentes se tornaram cotidianas, como a falsificação de dinheiro, a sonegação de im-postos.

E entramos em assuntos mais sérios. A pior de todas as men-

tiras, que é acobertada pela más-cara do poder, a mentira política. Candidatos que fazem promessas aos eleitores durante a campanha e que depois nem chegam perto de cumprir. E isto não é constran-gedor para eles, pois tentar ven-cer a corrupção parece inútil.

E o povo iludido vota e depois não cobra as promessas. É um circulo vicioso e confortável o da mentira. As pessoas preferem não conviver com a verdade por medo que isso acabe com uma situação favorável. A sinceridade muitas vezes não propicia o sta-

tus desejado ou o lucro fácil. E o tempo vai passando e aceitamos tudo complacentemente.

Todos os brasileiros têm uma moradia digna, alimentação de-cente, trabalho garantido, educa-ção suficiente e acesso a um sis-tema de saúde avançado. Meias mentiras? Meias verdades? O Brasil está crescendo em muitos aspectos, mas ainda é taxado de país do futuro. Se for assim, o presente não existe e se não exis-te, é uma mentira.

O paraíso de mentiras precisa de gente de verdade, gente com

honra e coragem de lutar por seus direitos. Temos que construir um país justo e tem que ser agora. É preciso duvidar da realidade imposta. Desconfiar, questionar, analisar, pesquisar. Ter no míni-mo bom senso e discernimento e não aceitar algo como verdadeiro por preconceito, comodidade ou interesse. As maiores mentiras são as que contamos a nós mes-mos, está na hora de começar a acreditar que podemos dizer a verdade.

UMA APOSTA ARRISCADA

Comunicare consegue apenas em parte superar o desafioEscrever um jornal temáti-

co, explorando o mesmo assunto ao longo de 16 páginas, é uma aposta arriscada. Ela permite aos jornalistas a oportunidade de se aprofundarem e abordarem de forma detalhada o tema escolhi-do, algo raro e valioso para quem trabalha com o imediatismo de um jornal diário. Mas também trás consigo o perigo de tornar a leitura repetitiva ou enfadonha, por mais desdobramentos que a matéria possa permitir.

Ao focar os animais e seu re-lacionamento com os humanos, a edição de junho do Comunicare consegue apenas em parte supe-rar o desafio. Ao mesmo tempo em que trás novidades e dados interessantes sobre o tema, o jor-nal lembra em alguns momentos aquelas publicações especializa-das que se preocupam mais em fazer a divulgação de serviços e produtos do que realmente infor-mar o leitor.

Na opção (não explícita, mas clara) de priorizar reportagens sobre os bichos que convivem diretamente com o homem, em nossas casas e quintais, o jornal encontrou grandes êxitos. É im-possível não se comover com o relato dos maus tratos sofridos pelos animais que puxam carro-ças pelas ruas de Curitiba. A foto do cavalo exausto, caído diante

de sua carga, é sem dúvida o pon-to alto da edição, uma denúncia crua e chocante. Quando causa no leitor indignação ou revolta, uma reportagem de denúncia atingiu com sucesso seu objeti-vo. E como não ficar indignado com o descaso do poder público na hora de regulamentar o trans-porte por tração animal? Ou ao saber que o único abrigo público para cães abandonados da cidade ainda nem existe e, quando pron-to, poderá abrigar apenas 80 dos milhares e milhares que seguem sem trato e sem lar por Curitiba?

Limitar-se ao tema dos ani-mais domésticos talvez fosse uma opção mais acertada – ape-sar do destaque, na minha visão excessivo, para assuntos triviais como acupuntura e florais para cães e gatos. Pois ao ampliar a

abordagem para a vida selvagem, o jornal deixa muito a desejar.

Qual é a situação das espé-cies em risco no Paraná? Como está a fiscalização e preservação das áreas de proteção ambiental do estado? Como anda a luta pela preservação de animais símbolos como o lobo guará ou papagaio da cara roxa? Não é preciso se afastar de Curitiba para conhecer parques e reservas que sofrem com desmatamento ilegal, caça clandestina ou tráfico de espécies nativas.

Senti falta da participação de entidades relevantes e com grandes realizações para a causa ambiental, que surgiram aqui no Paraná e hoje têm atuação nacio-nal e internacional. A Sociedade de Proteção à Vida Selvagem (SPVS) é apenas a ausência mais

EXPEDIENTE

Jornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Edição nº 196 | Agosto/2011

PUCPRRua Imaculada Conceição 1.155, Prado Velho - Curitiba/PRwww.pucpr.br

ReitorClemente Ivo Juliatto

Decano do CCJSAlvacir Alfredo Nicz

Decano-Adjunto do CCJSMarilena Winters

Diretora do Curso de JornalismoMônica Fort

COMUNICAREJornalista ResponsávelCícero Lira - DRT 1681

Coord. de Projeto GráficoAlessandro Foggiatto de Andrade

EDITORESEditor-chefe: Jhonny CastroEditor de arte: Etiene Mandello

EDITORIAS Capa: Equipe Comunicare Comportamento: Aline Przybysewski Cultura: André Recchia Economia: Maria Elisa Busch Educação: Felipe Martins Entrevista: Penélope Miranda Lourenço Esporte: Fellipe Gaio Geral: Tiago André dos Santos Opinião: Ana Evelyn de Almeida Política: Julio Cesar Glodzienski Saúde: Camila Barbieri Segurança: Mariana Kais de Azevedo Tecnologia: Lidyane Pereira Trânsito: Jasson Julio Wolff Maciel

sentida. Afinal, se o “Paraná é pioneiro na proteção ambiental”, como diz uma das matérias, essa condição se deve muito mais a atuação dos ambientalistas do que à ação do governo.

Para encerrar, deixo um “pi-taco” sobre a área que tenho mais experiência. Rinha de galo não é esporte! Mesmo quando se ressalta seu caráter ilegal, é uma atividade que jamais pode ser confundida com uma prática des-portiva. O esporte é a celebra-ção da vida, a competição entre atletas que amam e se dedicam de corpo e alma a uma atividade física ou mental. Algo que jamais pode ser associado à exploração cruel de animais indefesos.

FALA, PROFESSORA

NOSSA CAPA

“ Utilizando a obra ‘O Apontador’, de Mike He, que é baseada em um

conhecido personagem, a capa é a personificação

do tema abordado”.

Equipe Comunicare

Cahuê MirandaEditor da Tribuna do Paraná

“Um jornal produzido por acadêmicos é a oportuni-dade de aplicar o que se vê em sala e já ter uma prévia de como será no mercado de trabalho.”

Hellen C. Gonçalves, Professora de Língua

Espanhola

Ana Evelyn de Almeida

Page 3: Mentira

O MÉTODO TAMBÉM É APLICADO EM CONSULTORIAS E EMPRESAS

Especialista em crimes, Wanderson Castilho ensina a técnica de como detectar mentiras através de análises comportamentais

Penélope Miranda Lourenço

Face e corpo podem revelar mentiras

Curitiba, agosto de 2011entrevista 03

Formado em Física pela UFPR, Wanderson Castilho é perito em detecção de menti-ras. Começou seu interesse por crimes na web em 1999, quando abriu sua agência: E-netsecu-rity, na área de investigação de crimes eletrônicos. Para ajudar em seu trabalho, aprimorou seus conhecimentos com um curso que prepara agentes do FBI e da CIA, órgãos de inteligência dos Estados Unidos.

Em seu currículo soma entrevistas para o Fantástico, programa do Jô Soares entre outros, sempre mostrando sua técnica e habilidade em perceber, por expressões faciais, corporais e até pela escrita, quando um in-divíduo está falando a verdade ou está mentindo.

Comunicare: Há quanto tempo o senhor se dedica a essa profissão e aplica sua técnica?

Wanderson Castilho: O in-teresse por esse tema de detecção de mentiras surgiu em 2006, aí comecei a pesquisar. Em 2009 fui fazer treinamento nos EUA. Em 2010 comecei a aplicar minha técnica e esse ano já ensino ela às pessoas.

Comunicare: Há diferença entre homem e mulher tanto para perceber uma mentira quanto para ser convincente nela?

Wanderson Castilho: Sim. A mulher mente melhor e detecta melhor. Ela já nasce preparada para ajudar na sobrevivêcia de seu próximo.

Qualquer gesto, qualquer

movimento que uma crian-ça faça, uma mãe vai saber o que ela está querendo. Então imagine quando você cresce, ela te conhece em tudo.

Comunicare: Há diferença, no modo de mentir e na sua de-tecção, em um mentiroso pa-tológico?

Wanderson Castilho: Quan-do aquela mentira começa a te prejudicar e tem consequências grandes, você está com uma pa-tologia. Para detectá-la eu pre-ciso de certos indícios: começo a fazer perguntas com um padrão como o nome e idade, respostas que uma pessoa não tem porque

mentir. À essas respostas a pes-soa se comporta de um jeito, se faço perguntas mais pessoais ou que elas se sintam acanhadas ao responder, ela fica diferente, se comporta de outro modo então já sei que está mentindo.

Comunicare: Onde a técnica é mais utilizada, em que área so-licitam mais seu serviço?

Wanderson Castilho: Em consultorias e resoluções de crimes, também aplico em crimes cibernéticos.

Comunicare: O Brasil se destaca entre outros países no ranking da mentira pela web. Por que?

Wanderson Castilho: Tem empresas que fazem isso, mas acho que não, segue um mesmo padrão. Ser humano é ser hu-mano em qualquer lugar que se encontre. Ele vai seguir o seu comportamento, então vai ser proporcional ao tamanho da população e a cultura.

Comunicare: Apenas a sua palavra é suficiente para provar que um suspeito está mentindo num caso policial?

Wanderson Castilho: A lei precisa de provas e fatos concre-tos. Isso faz da técnica um fator fraco, porque ela precisa de prova material. Mas se a pessoa contrata ela vai ter que confiar em mim e normalmente eu filmo e mostro porquê a pessoa está mentindo.

Comunicare: O que o seu curso ensina como prioridade na hora de analisar um indivíduo?

Wanderson Castilho: De-pende da função. Por exemplo um jornalista investigativo que precisa saber se a fonte conta a verdade. Ele começa a conver-sar, pergunta coisas que ele não vá mentir para identificar o pa-drão e depois entra realmente na história. Se ela mudou o padrão, desviou o olhar, fez uma ex-pressão que não combinou com o que falou, está tentando mascarar essa resposta.

Comunicare: Como se per-

cebe a mentira pela escrita?Wanderson Castilho: Peço

para escrever o que fez durante o dia. Eu vou saber se está mentin-do. Quando estamos escrevendo, nós colocamos palavras com ên-fase ou tentamos esconder coisas no texto sem a gente perceber. Não é a escrita, é o texto.

Comunicare: E como se per-cebe pela expressão facial?

Wanderson Castilho: Se a pessoa quer falsificar as emoções ela tende a ser mais exagerada.

Expressão de tristeza, raiva, nojo, descaso, abre a narina na hora do medo, fica se balan-çando na cadeira assim você per-cebe as emoções e compara com o que a pessoa está

verbalizando. O ser humano tem regras e

consciência para viver em so-ciedade. São essas regras que usamos na detecção da mentira, as quais você está falando, está verbalizando, os seus sentimen-tos, suas emoções e sinais ins-tintivos estão me dizendo. E se você tentar me enganar, esses seus sinais instintivos não vão combinar com o que você está me verbalizando. E aí eu falo ‘é mentira’. Grande parte da nossa comunicação não é verbal, ela é gestual e em conjunto com a ex-pressão facial.

“Grande parte da comunicação não é verbal, mas sim

gestual”

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Wanderson Castilho, perito em detecção de mentiras

Como identificar as expressões faciais

IMAGENS RETIRADAS DO SERIADO “LIE TO ME”

Page 4: Mentira

Consumidor pode estar sendo enganado Com preço baixo do Combustível

Segundo a legislação o limite da mistura de solventes na gasolina é de no máximo 2% e para o ácool cerca de 24%

Curitiba, agosto de 2011 trânsito04

Motorista deve ficar alerta ao abastecer

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Densímetro: equipamento para medir a qualidade do combustível

o setor dos combustíveis vem ganhando destaque pela revolu-ção tecnológica, investindo em combustíveis menos poluentes e de maior eficiência. Mas mes-mo com essas conquistas, muitas pessoas têm sido enganadas por postos de combustíveis, que ven-dendo gasolina a um preço mais baixo, oferecem ao consumidor um produto de má qualidade e que pode acabar com o desempe-nho do veículo.

segundo a lei brasileira, o limite máximo da mistura de solventes com a gasolina é de 2%, e para o álco-ol, 24%, mas muitos postos de combustível não respeitam essa medida, já que o dono do posto pode ter uma melhor comercia-

lização do produto, misturando uma porcentagem maior de sol-ventes, que são mais baratos, au-mentando o lucro do negócio em torno de 10%.

paulo eduardo dos santos, de 25 anos, afirma que quando seu carro começou a apresen-tar problemas, nem imaginava

o que realmen-te havia acon-tecido. “Meu carro começou a falhar, ficava morrendo no meio do trânsito e não desenvol-via velocidade”, relata a vítima. “Quando levei no mecânico,

descobri que tinha abastecido com gasolina adulterada”, expli-ca o jovem, que gastou cerca de r$380 reais no conserto do au-tomóvel.

mecânico há mais de 15 anos, gilson macedo de Camargo diz que o uso de gasolina ou álcool adulterado pode causar vários estragos, como o entupimento da bomba de gasolina, onde o veícu-lo começa a “morrer”, corrosão do sistema de injeção eletrônica, impedindo o funcionamento do motor. Ainda segundo o profis-sional, o problema se agrava se o indivíduo abastecer regularmen-te seu automóvel em postos frau-dulentos, pelo acúmulo de resí-duos provocados pela queima de gasolina adulterada, os defeitos começam a aparecer em torno de 5.000 km rodados depois dos pri-meiros abastecimentos com ga-solina falsa. E isso pode provocar um colapso no funcionamento do motor. O desse tipo de concerto pode girar em torno de R$1.200 reais em carros populares.

algumas dicas de como evi-tar essa fraude são: desconfiar

do preço muito baixo em relação os preço normal de mercado, use sempre gasolina aditivada, pois contem menos solventes e possui detergentes que limpam o motor, abasteça sempre no mesmo pos-to, que seja de confiança.

o consumidor que for lesado poderá fazer denúncias de adul-teração de combustível ou outras irregularidades através do pro-con ou pela anp, pelo telefone 0800 61 55 55.

Jasson Wolff

“Só percebi o estrago dias depois de ter abastecido”

Lucas Molinari

ninguém viu, só ouviram falar, a lei seCa é mito

Fiscalização fantasma em Curitiba Mentiras sobre o Álcool

Bares lotados e motoristas embriagados

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Basta uma ducha fria para acordar: MENTIRA - nenhuma ducha fria e nenhum exercício ajudam a eliminar o álcool do seu corpo.

beber e dirigir atualmente é algo comum, nem mesmo uma lei rigorosa é capaz de intimidar quem tem costume de dirigir al-coolizado. Há quase três anos foi alterado o código de trânsito bra-sileiro, que pune motoristas com teor alcoólico no sangue maior que 0,2 g/l que corresponde a uma lata de cerveja.

a equipe coMunicare percorreu regiões onde se con-centram os bares mais frequenta-dos de Curitiba, na noite de sá-bado para domingo. O que se viu foram bares e estacionamentos lotados, com filas para entrar. Em cima das mesas as bebidas prin-cipais eram cerveja e drinks.

rodrigo mendez* foi aborda-do dentro de um bar no largo da ordem, já no seu segundo Cho-pe. Com 28 anos de idade e car-teira de motorista há 4 anos diz “bebo praticamente todo final de semana e dirijo. Quando eu for pego em uma fiscalização, vou

parar de fazer isto”. Ao lado sua namorada afirma que “quando ele bebe fica até mais consciente, dirige devagar e com responsabi-lidade”.

Mas há quem afirme que quando sai e será o motorista da rodada, as bebidas são só refri-gerante e água. “Nos finais de semana eu saio, bebo e não diri-jo. Quando vou de carro eu não bebo”. É o que comenta Haysl-lena doanat, motorista há quase dois anos.

ninguém parece temer a re-pressão, “sempre saio com meus amigos, é comum eles beberem e voltarem para casa dirigindo” afirma Haysllena.

“Fiscalização? Eu nunca vi” é o que afirma a maioria dos en-trevistados. José de Melo, taxista há 30 anos, trabalha a noite nos finais de semana e nunca passou por uma blitz em que estivessem fazendo o teste do bafômetro. “Nos finais de semana o que mais

vejo é acidente de carro, na maio-ria envolvendo jovens” diz Melo. o próprio taxista já foi vítima de um acidente. “No sábado as 15h uma mulher entrou na contramão e me jogou longe, provavelmente estava embriagada. Os policiais chegaram e não fizeram teste do bafômetro. Como era madame disseram que ela teve mal súbito, se fosse um pobre seria um bê-bado e levariam preso” reclama Melo.

a assessoria de imprensa da polícia militar não dá maiores informações sobre o assunto. Po-rém informa que não há fiscaliza-ções com uma certa frequência e que não poderiam falar sobre a quantidade de bafômetros que a polícia possui.

* O nome foi modificado.

Comer bastante elimina o efeito do ácool: MENTIRA - comer enquan-to ingere bebida alcoólica não diminui o nível de álcool no sangue.

Beber refrigerante com gelo antes do teste do bafômetro engana o equipamento: MENTIRA - o gelo não libera hidrogênio que seria capaz de enganar o equipamento. O Álcool dá mais energia: MENTIRA - ele reduz a capacidade de pensar, falar, mover e de fazer qualquer outra atividade.

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AS MULTAS VARIAM DE 75% ATÉ 225% SOBRE O VALOR DO IMPOSTO

Segundo dados da Receita Federal o principal motivo para as declarações cairem na fiscalização é a omissão de rendimentos

Curitiba, agosto de 2011economia 05

59.599 contribuintes caem na malha finaNesse ano, no Estado do Pa-

raná, 59.599 declarações de im-posto de renda caíram na malha fina de acordo com o controle da Receita Federal do Brasil (RFB). Os motivos mais representati-vos são omissão de rendimentos (39%), deduções a maior ou in-devidas na área de saúde e pen-sões alimentícias (12%), e diver-gências de infor-mações entre a fonte pagadora e o valor declarado pelo contribuinte (9%).

Segundo Ver-gílio Concetta, Assessor de Co-municação da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 9ª RF, “os controles da Receita são dinâmicos e apresentam os resul-tados do momento da extração

dos dados por lote, ou seja, nesta data temos em malha no Paraná 59.599 declarações relativas ao exercício de 2011 e 68.916 relati-vas ao exercício de 2010”. Ele co-menta que o quantitativo de con-tribuintes, pessoas físicas, retidos em malha fina não tem apresenta-do grandes variações nos últimos

anos.O Assessor

conta que mui-tos dos casos são provenientes da tentativa de fraude. Ele des-taca que os casos mais comuns de sonegação de impostos em re-lação às Pessoas

Físicas são as deduções de despe-sas na área de saúde e a omissão de rendimentos, principalmente em relação aos contribuintes au-tônomos. Em relação às Pessoas

Jurídicas é a emissão de rendi-mentos e planejamentos tributá-rios abusivos, além da dedução na base de cálculo dos impostos/contribuições de custos ou despe-sas indevidas.

O contador Claudio Nepomo-ceno diz que as pessoas que mais sonegam impostos são aquelas que possuem rendimento e preci-sam emitir nota, mas não emitem. “Todo ano a Receita estipula um valor, e acima daquilo você deve declarar sua renda. Mas quantas pessoas ganham muito mais do que esse valor e sonegam?”. Ele completa dizendo que isso acon-tece porque geralmente os con-tribuintes não veem retorno no dinheiro do imposto pago.

Marcia Regina Foggiato, também contadora, destaca que os clientes reclamam do valor do imposto e muitas vezes pedem para que nem tudo seja declara-do. “Os aconselhamos a não fazer

isso. A Receita tem como desco-brir”, diz Marcia.

Vergílio Concetta explica que a fiscalização é feita atra-vés do cruzamento de dados e informações das mais variadas fontes disponíveis nos sistemas da Receita Federal e de outras fontes externas. “Encontradas ir-regularidades nos procedimentos dos contribuintes o lançamento é realizado mediante Auto de In-fração, onde é feita a cobrança do imposto/contribuição, multa e ju-ros de mora. Caso ocorra fraude é feita também a Representação Fiscal para Fins Penais com enca-minhamento ao Ministério Públi-co Federal”, finaliza.

PenalidadesPara os contribuintes sele-

cionados é emitido um Mandado de Procedimento Fiscal. Isso fica sob a responsabilidade de um Auditor-Fiscal da Receita Federal

do Brasil, que é incumbido dos procedimentos de verificação necessário à constatação ou não dos indícios apontados na análise interna.

A penalidade consiste em uma multa de 75% sobre o valor do imposto apurado, que pode chegar a 150% em casos de evi-dente objetivo de fraude. Caso o contribuinte deixe de atender as intimações do Auditor, a multa pode alcançar 225%.

Além das punições por frau-de, existe também multa por atraso na entrega da declaração. A cobrança é de 1% ao mês-ca-lendário ou fração de atraso, cal-culada sobre o total do imposto devido apurado na declaração, ainda que integralmente pago. O valor mínimo é de R$ 165,74 e o valor máximo é de 20% do im-posto de renda devido.

Rafaela Carvalho

“Aconselhamos a não fazer isso. A Receita tem como

descobrir”

Maruza Silverio Gozer

PESSOAS qUE REPASSAREM CÉDULAS FALSIFICADAS, PODEM SOFRER PROCESSO

Notas falsas circulam no comércio do paísFique Atento

Em 2012 entrarão em circulação as cédulas de dois, cinco, dez e vinte da segunda família de reais.

01 - Nova marca d’água com o valor da nota e o animal correspondente.02 - Sinta o auto relevo nas legendas “ República Fede-rativa do Brasil” e “Banco Central do Brasil”.03 - Procure na faixa holográfica a figura do animal, o valor da nota e a palavra “reais”.04 - Descubra os números escondidos.

Fonte: Banco Central do Brasil

Foram apreendidas mais de 400 mil cédulas de dinheiro fal-sificadas no ano de 2010, segun-do Banco Central do Brasil. Até julho já foram quase 200 mil, dentre essas 17.475 cédulas são notas da nova família de reais que entraram em circulação no último mês de dezembro. Apesar da quantidade de notas arrecada-das vir diminuindo a cada ano, é preciso ter cuidado, pois elas podem trazer desde alguns pre-juízos até uma possível punição caso uma pessoa esteja tentando repassar a nota.

As cidades com maior nú-mero de cédulas falsas em cir-culação são as grandes cidades como São Paulo, onde há maior quantidade de dinheiro. No Pa-raná, está em primeiro lugar a cidade de Curitiba, seguida por Foz do Iguaçu, Londrina, Cas-cavel e Maringá. Os principais valores falsificados são de R$ 50 e R$ 100 reais. Alexandre Ricar-

do Matta Pio de Abreu, Analista do Banco Central do Brasil conta que a maioria das pessoas pegam essas notas por não conhecer o dinheiro ou por falta de atenção. “As pessoas geralmente não pres-tam atenção nas notas que manu-seiam no dia a dia”, diz Alexan-dre Matta.

O comerciante Sakai Ka-vayosi, 64 anos, é dono de uma loja de roupas há 28 anos e con-ta que pegou dinheiro falso vá-rias vezes. Segundo ele é difícil identificar as notas, pois algumas são muito parecidas com as ver-dadeiras. “Eu costumo conferir, uso a canetinha, mas na pressa de atender os clientes, e também por eu não conhecer o dinheiro mui-to bem, acaba passando”, conta o comerciante. Kavayosi comenta ainda que quando o cliente age de forma suspeita ele presta mais atenção, mas quando é alguém que ele já conhece, ele não gos-ta de ficar conferindo, pois sente

que está constrangendo o cliente. Se uma pessoa receber uma

cédula falsa sem perceber, deve levá-la até uma agência bancária ou à polícia cívil ou federal. “O que não pode ser feito de manei-ra alguma é passar a cédula falsa adiante, pois isso configura cri-me”, comenta Matta. Pessoas que forem pegas tentando repassar essas notas podem sofrer pena de detenção de 6 meses a 2 anos, além de multa. No caso de falsá-rios ou fabricantes a pena pode chegar até 12 anos de prisão mais multa segundo o Artigo 289 do Código Penal.

Como prevenção o Banco Central promove campanhas, divulgando nos meios de comu-nicação e oferece palestras a gru-pos de pessoas ou empresas, nas quais são ensinadas as medidas corretas para reconhecer as notas falsificadas.

COMO IDENTIFICAR A NOTA VERDADEIRA:

Page 6: Mentira

CLIENTES dEvEm SER REPARAdOS POR dANOS NO vEÍCULO dENTRO dE ESTACIONAmENTOS

Dispositivos de lei garantem a responsabilidade do estabelecimento em ressarcir o cliente que tiver objetos furtados no estacionamento

Curitiba, agosto de 2011 geral06

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Placas tentam enganar o consumidor

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Exemplo de matéria falsa do blog Sensacionalista

Estacionamentos, restauran-tes, mercados e até instituições de ensino costumam divulgar, através de avisos e placas, que não se responsabilizam pelo ve-ículo e objetos guardados em seu interior enquanto estiverem abrigados na área reservada do estabelecimento. Porém, a legis-lação vigente defende o direito do cliente e a regulamentação das empresas se torna invalida.

Priscila Bassani, 33, supervi-sora do atendimento telefônico do Procon/PR, na área de telein-formação jurídica, afirma que as empresas são responsáveis tanto pelo veículo quanto pelos bens em seu interior. Ela explica que o Código de defesa do Consumi-dor protege o dono do automóvel enquanto estiver utilizando o serviço, seja ele apenas de esta-cionamento particular, ou outro qualquer, que disponibilize lugar para guardar o carro.

A súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça, de 29 de mar-ço de 1995, é mais um dispositivo a favor do cliente. Segundo Bas-sani, esta lei específica responsa-biliza a empresa pela reparação de dano ou furto de veículo ocor-

ridos em seu estacionamento. Entretanto, a súmula só é válida para instituições privadas, como a PUC Paraná, por exemplo, que tem os avisos em todas as salas de aula.

O gerente de vendas milton

Rodrigues da Silva, 45, passou pela situação e precisou recorrer à justiça para reaver seus bens. Há três anos, milton teve o apa-relho de som de seu carro furtado dentro do supermercado Big. Ele entrou em contato com a gerência da rede Wal-mart e imediatamen-te registrou um boletim de ocor-rência na delegacia, apresentando o ticket de estacionamento e a nota fiscal do aparelho roubado.

A gerência o orientou a en-trar em contato com o serviço de atendimento ao cliente da rede e recebeu a resposta 20 dias após o incidente. O posicionamento do Big foi de negativa ao reembolso, devido a falta de provas. milton decidiu entrar com uma ação no tribunal de pequenas causas e, um ano depois, recebeu o valor de seu aparelho, com correção monetária.

Everly dias, de 29 anos, gerente da loja de alimentos

Subway, no bairro Barigui – que possui uma placa alertando seus clientes que não se responsabili-za por objetos deixados no esta-cionamento -, explica que, apesar do aviso, a loja é obrigada a res-sarcir o consumidor em caso de furto do veículo, ou de qualquer bem dentro dele. A gerente revela que a loja dispõe de um seguro próprio e, caso algo seja roubado, este seguro é ativado e arca com os prejuízos do cliente.

de acordo com Everly, isso não é exclusividade do Subway, mas todos os estabelecimentos comerciais, como shoppings e redes de supermercados, contam com seguro em seus estaciona-mentos, e mesmo assim mantém os avisos para motivar os moto-ristas a esconderem objetos de valor e se assegurar de que o veí-culo está bem fechado.

Alexandre Senechal DuarteTiago André dos Santos

SITES dE HUmOR RECEBEm mAIS dE 200 mIL vISITAS POR mÊS

Blogs inventam e satirizam notícias que divertem os internautasCom mais de 600 mil acessos

por mês, o blog Sensacionalista publica diariamente notícias que parecem verdade, mas não são. O blog The Piauí Herald também se dedica a criar publicações fic-tícias que fazem com que mais de 200 mil pes-soas acessem a página mensal-mente. As maté-rias são escritas com tanta serie-dade que nem parecem brin-cadeira, contu-do não passam de uma maneira de divertir e entreter as pessoas que as leem.

Nelito Fernandes de Assis trabalhou três anos no programa Casseta e Planeta, da rede Globo, e após isso decidiu criar o blog Sensacionalista juntamente com três colegas: Leonardo Lanna, marcelo Zorzanelli e martha

mendonça. “decidimos trabalhar com isso a fim de comprar o Goo-gle” – brinca Nelito, explicando logo em seguida o verdadeiro motivo: “Criamos o Sensacio-nalista para divertir as pessoas.

Nosso blog é um site de humor com notícias fictícias”.

Já a ideia de criar o The Piauí Herald surgiu quando João mo-reira Salles, editor da revista Piauí, viu uma foto de um anúncio de

Gorbachev para a Loius vuitton e escreveu uma sátira para a revis-ta e a prática se tornou habitual. Até que, no final de 2009, surgiu a ideia de fazer um blog diário sa-tirizando as notícias. Atualmen-te o blog conta com um redator e um editor. “Se trata de um site de humor com textos pequenos, montagens fotográficas e sacadas

cômicas sobre as notícias da atu-alidade”, explica Roberto Terra, escritor da revista Piauí, que es-creve para a página.

Ambos os criadores explicam que as notícias nem sempre são baseadas em fatos que realmente aconteceram. Algumas delas são inventadas e outras são sátiras de notícias reais. Nelito conta, por exemplo, que durante o mês Ju-lho uma das notícias mais acessa-das foi uma sátira do depoimen-to que Sandy deu para a revista playboy.

Apesar dessa grande descon-tração presente nas reportagens criadas pelo Sensacionalista e pelo The Piauí Herald, o trabalho é levado a sério. Os produtores e redatores dos dois sites são jor-nalistas formados que, de acordo com os entrevistados, escrevem como se realmente estivessem escrevendo uma matéria real e séria.

Os principais meios de divul-Gabriela R. Campos

Isabella Rosa

gação desse tipo de trabalho são as redes sociais. de acordo com Nelito, Facebook e Twitter são os responsáveis pela maior parte dos acessos que o Sensacionalista re-cebe. É por essas páginas de rela-cionamento que os fãs e aprecia-dores do trabalho mandam links para seus conhecidos e curtem as notícias falsas que mais acham graça.

A maior preocupação apresen-tada pelos desenvolvedores desse trabalho é a de que ninguém se sinta enganado. “Algumas pesso-as acreditam naquilo que escre-vemos e acham que tudo é verda-deiro. Contudo, nosso objetivo é apenas fazer humor”, afirmam.

“Esses blogs buscam divertir as pessoas contando notícias fictícias”

Page 7: Mentira

No exame da OAB, realizado em dezembro de 2010, as univer-sidades brasileiras tiveram um dos piores resultados dos últimos anos, desde que a prova foi unifi-cada em 2009. 81 faculdades do Brasil não aprovaram nenhum candidato. No Paraná, dez es-tabelecimentos tiveram zero de aprovação.

O Exame da Ordem é uma prova aplicada em duas etapas, e ocorre três vezes ao ano. O exa-me tem o intuito de selecionar os bacharéis de direito que estejam aptos a serem advogado.

Em todo o país não faltam estabelecimentos que ofereçam o curso de direito. O número de cursos de direito cresceu 67% em oito anos no Brasil, com total de quase 1.200 cursos . Os preços são os mais variados, fazendo com que muitos tenham acesso ao estudo. Com isso o mercado acaba ficando superlotado, como explica José Lúcio Glomb, presi-dente da OAB PR : Nos exames

de 2010 passaram 41 mil bacha-réis, em todo o Brasil. Se lem-brarmos que a Argentina tem 48 mil advogados inscritos em seus quadros, só no ano passado tivemos quase uma Argentina de novos advogados brasilei-ros”.

Diante das bai-xas aprovações, é possível questionar se a qualidade do ensino de alguns es-tabelecimentos não é fantasiosa. Já que o intuito da prova é verificar se o bacha-rel pode exercer a profissão, seria cor-reto dizer que essas faculdades enganam aqueles que estudam para tornarem-se fu-turos advogados. Os cursos preparatórios para a realização da prova, levantam ou-

tra questão: qual a utilidade de se estudar cinco anos, se para ser aprovado no exame é necessário fazer outro curso?

Segundo Ana Paula Liberato

professora da PUCPR e coor-denadora do curso preparatório Ordem Mais, a maioria dos alu-nos faz o cursinho para poder relembrar a matéria que será re-

levante para a prova. Ela explica ainda que as faculdades preparam os alunos para serem bacharéis de Direito podendo seguir carreira não só como advogados, mas também como promotor e juiz. A professora ainda destaca que a falta de qualidade também influencia nas baixas aprovações.“Não é um problema a exis-tência de muitas fa-culdades de direito, mas sim o nível de ensino e qualificação ministrado nessas instituições”, cita.

O MEC super-

visiona as universidades a partir do Exame Nacional de Avaliação de Desempenho de Estudantes (ENADE). Segundo assessoria do MEC desde 2007 aquelas uni-versidades que possuem maus resultados, neste e em outros exames, têm vagas suspensas. O presidente da OAB-PR, José Lu-cio, ainda adverte que “os alunos devem ficar atentos e cobrar efi-ciência no curso que frequentam. Aliás, melhor seria escolher bem o curso, antes de iniciá-lo, para não ter surpresas mais tarde”.

Eduardo Soares Geraldo, ad-vogado formado há um ano, pas-sou no exame após ter feito um cursinho preparatório. Ele aponta que ter experiência na área ajuda na hora de fazer o exame. “Sendo um aluno um pouco aplicado, e tendo experiência você consegue passar na Ordem”.

INTERNET PODE FACILITAR NO ACESSO À INFORMAÇÃO JÁ PUBLICADA

Cópia de textos já publicados previamente são consideradas plágio, crime previsto no Código Penal Brasileiro

Curitiba, agosto de 2011educação 07

Plágio em monografias de TCCs

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Mesmo sendo crime, o plágio de TCCs e monografias é frequente

O plágio de monografias é uma prática cada vez mais fre-quente no ambiente acadêmico. Estudantes no fim do curso, com falta de tempo para realização dos TCCs, recorrem a cópias de monografias previamente publi-cadas e até chegam pagar pesso-as para produzir textos, mesmo sendo obrigatória uma publicação de autoria pró-pria para gradu-ação.

Embora seja comum, a prática é antiética e ile-gal, uma vez que plágio é conside-rado crime – pre-visto no Código Penal Brasileiro. Se descoberto, o aluno que comete a fraude está sujeito a punições. “O infrator pode sofrer punições sérias, que podem chegar até a expulsão do

aluno”, informa Fernando Mot-ta, professor de direito da Uni Curitiba. Porém, as punições são restritas à faculdade, e a infração raramente é apurada como crime. “O processo de aprendizagem consiste em educar, orientar e punir caso necessário, mas sem-pre dentro do rigor acadêmico”,

conta.Em 2010,

um professor da UFPR foi conde-nado por um plá-gio ocorrido em 2001. Utilizando da tese de mes-trado de uma ex-aluna – da qual foi orientador em 1999 – o pro-

fessor apresentou um simpósio, utilizou a tese como sua. Tanto professor como universidade ti-veram de pagar indenização por danos morais à aluna. No mesmo

contexto, em 2009, a USP abriu sindicância interna, a fim de ave-riguar um caso de plágio. Na oca-sião, alunos teriam copiado fotos de um trabalho de microbiologis-tas da UFRJ.

A fim de evitar uma maior ocorrência de casos, as universi-dades e faculdades contam com mecanismos de defesa contra cópias. “A faculdade conta com programas de informática avan-çados para análise de todos os trabalhos, entregues também em arquivo digital, para facilitar a conferência”, explica Fernan-do Motta. Porém, este avanço na informática também tem um lado ruim. O professor Fernando acrescenta que a internet facilita nas cópias. “É algo que ocorre nas universidades e faculdades, pela facilidade no acesso às in-formações”, completou.

Na internet, é comum achar sites com serviços de produção

de textos, alguns deles com mais de 10 anos de serviço. Para o ad-vogado Ricardo Araújo Feitosa, a prática só deixará de existir com a ajuda da população. “É uma prática que atinge a sociedade. Tem aquele que faz e aquele que

compra”, comenta. “Quem com-pra tem tanta participação quan-to quem vende”, conclui. .

Felipe Martins

“O infrator pode sofrer punições

sérias, até a expulsão”

Daphine Augustini

É PRECISO ESCOLHER COM CAUTELA A UNIVERSIDADE NA QUAL IRÁ ESTUDAR

Exame da OAB cria polêmica acerca da qualidade do ensino acadêmico

Page 8: Mentira

Curitiba, agosto de 2011 política08 Curitiba, agosto de 2011 09PODER EXECUTIVO CRIA SUPERSECRETARIAS

A esposa e o irmão de Beto Richa são os novos secretários de estado, gerando grande polêmica na AssembleiaReforma administrativa

A nomeação dos parentes de Beto Richa (PSDB) às novas se-cretarias de estado continua ge-rando polêmica entre deputados e parte da sociedade paranaense. A medida é uma proposta de refor-ma administrativa do governo e nomeou José “Pepe” Richa, irmão do governador, para a secretaria de Infraestrutura e Logística, e Fernanda Richa, esposa, para a da Família e Desenvolvimento So-cial, no último dia 21 de julho. Os vo-tos na Assembléia totalizaram 38 a favor, seis contra (todos do PT), e uma abstenção.

A grande crí-tica da oposição não é sobre a competência, ou não, dos nomeados secretários; da legalidade da nomeação de fami-liares do governador, já que a lei permite para cargos de secretário; nem do impacto financeiro que a medida irá gerar, mas sim sobre a gestão pública estabelecida. Todo acúmulo de recursos estará nas mãos de três políticos que se re-sumem a um: a família Richa. É a partir desse aspecto que a opo-sição, Partido dos Trabalhadores, critica a medida tomada pelo po-der executivo. “É um engano gi-gantesco você pegar cinco, seis secretarias e colocar na mão de uma pessoa só. Não vai andar. Vai ser um grande elefante, lento e ineficiente, eu não tenho dúvidas disso”, explica o deputado Ênio

Verri, líder do PT-PR.As duas secretarias englobam

outras que acabaram sendo extin-tas. A pasta de responsabilidade de José Richa assumirá funções das secretarias de Transporte e Obras, além de reunir atividades do De-partamento de Estradas e Roda-gem, Ferroeste, Detran e Portos de Paranaguá e Antonina. O setor de Fernanda Richa responderá às funções das secretarias da Justi-

ça e Cidadania, Promoção Social, além da Secreta-ria da Criança e boa parte de ações correspondentes à Secretaria do Tra-balho.

As “superse-cretarias”, como foram apelidadas,

acumularão 80% da capacidade de investimento total do estado, ou seja, quase R$ 1 bi por ano de todo o dinheiro repassado pelo governo federal. Além da renda particular de algumas instituições geradoras de lucro, como o Detran, DER e portos; transferências vindas do PAC – cerca de R$ 5 bi nos pró-ximos anos; e recursos vindos de programas sociais como o Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Brasil Sem Miséria.

O líder do governo na Assem-bleia, Ademar Traiano (PSDB), explica que não foram criadas “supersecretarias”, que, na ver-dade, foi feito um enxugamento:

de quatro passaram a ser apenas duas. “A oposição tem o direito de fazer todo o tipo de crítica. Acho que todo bom democrata deve re-ceber isso com naturalidade”, opi-na o deputado.

A oposição ainda alega que a atitude tomada pelo Governador vai contra o “choque de gestão” (conjunto de medidas que visavam cortar gastos públicos e equilibrar as contas do Estado) que Beto Ri-cha propunha em campanha elei-toral. A reforma criou 295 novos cargos comissionados que custa-rão aos contribuintes paranaenses R$ 8,6 milhões por ano, cada um custando em média R$ 2,4 mil.

Além de contrariarem o dis-curso eleitoral feito por Richa, quando candidato, as nomeações também contradizem as críticas de nepotismo, feitas por ele, ao ex-governador Roberto Requião (PMDB), em 2010. Em entrevista a um canal televisivo aberto, Beto Richa disse que não há problemas na nomeação de sua esposa, “ne-potismo pra mim é você arrumar um emprego público para um pa-rente seu ter remuneração (…) e não é o caso da minha mulher que todos sabem que tem posses, tem um bom patrimônio. Ela cuida da área social porque gosta”.

Ademar Traiano diz ainda que, ao contrário de Eduardo Requião, ex-administrador do Porto de Pa-ranaguá, José Richa não envergo-nha o estado. “Eu acho que por ser parente, não há nenhum problema, desde que tenha competência. A de ambos já é comprovada e re-

conhecida na capital do estado”, afirma o deputado.

O líder do PMDB, Caíto Quin-tana, havia recomendado aos doze parlamentares do partido a abs-tenção de seus votos. A posição seria como uma “advertência” ao governo, já que eles não concorda-vam com as nomeações. Contudo, apenas Nereu Moura absteve seu voto. Caíto Quintana e Antonio Anibelli Neto não participaram da votação, pois viajaram a Brasília para uma reunião. A justificativa dada à nova postura foi que “o go-verno tem liberdade de escolher o modelo de gestão”, mas que con-tinuam achando a escolha ruim para o estado.

Terceira geração Richa

A governança Richa come-çou em 1983 quando José Richa assumiu o cargo de governador do estado. Anos mais tarde, com seu filho, Carlos Alberto Richa (Beto), a segunda geração chegou à liderança do Paraná quando o então prefeito de Curitiba renun-ciou para poder disputar o cargo de governador e foi eleito. Junto a ele, seu irmão e sua esposa, assu-miram secretarias estaduais.

Mas a dinastia não para por aí. Marcello Bernardi Vieira Richa vem para representar a terceira geração. O prefeito da capital pa-ranaense, Luciano Ducci (PSB) – vice quando Beto ocupava o cargo – nomeou Marcello como secre-tário municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Medida que gerou grande discussão, pois muitos ale-gavam falta de experiência políti-ca do filho de Richa. Recentemen-te, o “caçula” da família também foi eleito presidente nacional do PSDB Jovem.

Sobre a nomeação de sua mãe e seu tio às secretarias estaduais, Marcello diz: “todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciên-cia de que tanto minha mãe como meu tio, Pepe, fariam parte da ad-ministração”.

Letícia Martins Donadello

“Vai ser um grande elefante,

lento e ineficiente, não vai andar”

CAMPANHAS ELEITORAIS FALSAS ILUDEM ELEITORES

Julio Cesar Glodzienski

Candidatos prometem o que não podem cumprirNovas eleições se aproximam

com o ano de 2012, e com elas os candidatos a vereador de Curiti-ba apresentam novas propostas, exercendo o papel de despachan-tes de interesses que nem sempre atendem somente aos interesses dos cidadãos. O problema é que muitas vezes essas promessas não são cumpridas, seja por re-provação do projeto, por falta de vontade, esquecimento, ou ainda por apresentarem propos-tas absurdas, economicamente inviáveis e que fogem da com-petência da Câmara Municipal.

Aumento de aposentadorias, mais empregos, funerais, ideias que não competem aos vereadores propor, por vezes, estes indivídu-os se esquecem da sua verdadeira função na Câmara. Falsas campa-nhas, de candidatos desprepara-dos, iludem os eleitores de modo a convencê-los de que, se eleitos, estarão prestando assistência de modo efetivo junto à população.

O que incentiva a propaga-ção deste problema tão comum é a falta de aprofundamento das propostas, “falta conhecimento, o papel do vereador é legislar e fiscalizar, quem executa é a pre-feitura”, aponta o vereador do PP, Juliano Borghetti, ao citar umas das funções do cargo, quem tem como obrigatoriedade proporcio-nar a melhoria na qualidade de vida da população, receber o povo, atender reivindi-cações e interes-ses dos cidadãos e ser o mediador entre o prefeito e a população, “ o vereador fiscaliza as obras, fiscaliza os projetos” com-pleta o vereador.

Os motivos que incentivam à criação de pro-messas sem sequer uma funda-mentação, é a posição que um ve-reador ocupa no meio político, “os vereadores são o centro de uma rede de clientelismo, eles estão na câmara para alocar recursos a seus grupos políticos” afirma o profes-sor Doutor de Ciências Sociais da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, ao apontar que por vezes, alguns

vereadores vêm na vaga uma oportunidade de atender e se be-neficiar com a inclusão no meio , “os vereadores prometem mais do que podem, essa é a verdade” completa. “Muitos candidatos possuem uma visão eleitoreira, sempre buscam mais votos, é uma questão demagógica”, aponta a Vereadora Professora Josete, ao apontar que muitos se promovem

com base em pro-messas que não poderiam propor.

Com aproxi-madamente 900 candidatos por campanha, que disputam os 38 lugares na casa, a deficiência nos períodos eleito-

rais é também a falta de pesquisa e comprometimento para então apresentar as ideias, além de um sistema massivo de fiscalização que regulamente a qualidade das propostas, “A falta de conheci-mento é o problema de alguns candidatos, e também a falta de qualificação” alega o Líder da ban-cada do PT na Câmara, o vereador Jonny Stica, para ele quem quer

seguir a política deve ser vereador primeiro, “é por ai que se entra na política, é o primeiro cargo, por isso temos pessoas de todas as classes, e acontece de alguém que-rer se promover”, explica. A vere-adora Professora Josete também do PT, acredita que o número não influencia na questão da qualida-de das propostas . “Esse grande número contribui para a demo-cracia” aponta a petista, “ se você quer de fato que a população seja bem representada, são necessários mais vereadores que atendam os interesses do cidadão” completa.

Mas não é o que defende o cientista político Ricardo Olivei-ra, para ele o exagerado núme-ro abre espaço para todo tipo de campanha. “Esse excesso acaba atraindo pessoas com promessas sem fundamento e recheadas de interesses”, aponta Oliveira, ao defender que a população tem o direito de entrar na política, mas de modo consciente, já que este é um direito que todos possuem em ingressar neste setor . Outro grande problema que agrava essa situação é a falta de informação e interesse por parte da população em buscar saber como vai o anda-

mento da administração pública. A Política possui suas formas,

regras e padrões que facilitam e encaminham o indivíduo para o meio político, “nelas alguns fatores são eleitoreiros, como ter dinheiro, ser de família política, ter apoio de grupos religiosos e organizados” afirma Ricardo. Isso abre margem para que nem sempre ela receba a devida atenção. “Vereador só vai ser vereador por status, eu não sei o que um vereador fez neste man-dato, nunca fui atrás para saber se foi feito algo” afirma o analista de sistemas Roberto Gomes, que confessa não se lembrar do can-didato em que votou, “nem sei se foi eleito, e nem sei o que os vere-adores fazem na verdade”. Para o professor Ricardo, a informação à população é fundamental, uma fil-tragem eficaz de candidatos, que sejam qualificados e apareçam não somente nas campanhas, mais em todo o mandato dando uma justificativa ao eleitor “somente desta forma um vereador estará cumprindo sua função” completa.

Foto

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Falta de informação é causa de promessas inviáveis feitas por candidatos a vereador de Curitiba

Vereadores durante sessão na Câmara de Curitiba

“A verdade é que os vereadores

prometem mais do que podem”

Page 9: Mentira

Curitiba, agosto de 2011 política08 Curitiba, agosto de 2011 09PODER EXECUTIVO CRIA SUPERSECRETARIAS

A esposa e o irmão de Beto Richa são os novos secretários de estado, gerando grande polêmica na AssembleiaReforma administrativa

A nomeação dos parentes de Beto Richa (PSDB) às novas se-cretarias de estado continua ge-rando polêmica entre deputados e parte da sociedade paranaense. A medida é uma proposta de refor-ma administrativa do governo e nomeou José “Pepe” Richa, irmão do governador, para a secretaria de Infraestrutura e Logística, e Fernanda Richa, esposa, para a da Família e Desenvolvimento So-cial, no último dia 21 de julho. Os vo-tos na Assembléia totalizaram 38 a favor, seis contra (todos do PT), e uma abstenção.

A grande crí-tica da oposição não é sobre a competência, ou não, dos nomeados secretários; da legalidade da nomeação de fami-liares do governador, já que a lei permite para cargos de secretário; nem do impacto financeiro que a medida irá gerar, mas sim sobre a gestão pública estabelecida. Todo acúmulo de recursos estará nas mãos de três políticos que se re-sumem a um: a família Richa. É a partir desse aspecto que a opo-sição, Partido dos Trabalhadores, critica a medida tomada pelo po-der executivo. “É um engano gi-gantesco você pegar cinco, seis secretarias e colocar na mão de uma pessoa só. Não vai andar. Vai ser um grande elefante, lento e ineficiente, eu não tenho dúvidas disso”, explica o deputado Ênio

Verri, líder do PT-PR.As duas secretarias englobam

outras que acabaram sendo extin-tas. A pasta de responsabilidade de José Richa assumirá funções das secretarias de Transporte e Obras, além de reunir atividades do De-partamento de Estradas e Roda-gem, Ferroeste, Detran e Portos de Paranaguá e Antonina. O setor de Fernanda Richa responderá às funções das secretarias da Justi-

ça e Cidadania, Promoção Social, além da Secreta-ria da Criança e boa parte de ações correspondentes à Secretaria do Tra-balho.

As “superse-cretarias”, como foram apelidadas,

acumularão 80% da capacidade de investimento total do estado, ou seja, quase R$ 1 bi por ano de todo o dinheiro repassado pelo governo federal. Além da renda particular de algumas instituições geradoras de lucro, como o Detran, DER e portos; transferências vindas do PAC – cerca de R$ 5 bi nos pró-ximos anos; e recursos vindos de programas sociais como o Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Brasil Sem Miséria.

O líder do governo na Assem-bleia, Ademar Traiano (PSDB), explica que não foram criadas “supersecretarias”, que, na ver-dade, foi feito um enxugamento:

de quatro passaram a ser apenas duas. “A oposição tem o direito de fazer todo o tipo de crítica. Acho que todo bom democrata deve re-ceber isso com naturalidade”, opi-na o deputado.

A oposição ainda alega que a atitude tomada pelo Governador vai contra o “choque de gestão” (conjunto de medidas que visavam cortar gastos públicos e equilibrar as contas do Estado) que Beto Ri-cha propunha em campanha elei-toral. A reforma criou 295 novos cargos comissionados que custa-rão aos contribuintes paranaenses R$ 8,6 milhões por ano, cada um custando em média R$ 2,4 mil.

Além de contrariarem o dis-curso eleitoral feito por Richa, quando candidato, as nomeações também contradizem as críticas de nepotismo, feitas por ele, ao ex-governador Roberto Requião (PMDB), em 2010. Em entrevista a um canal televisivo aberto, Beto Richa disse que não há problemas na nomeação de sua esposa, “ne-potismo pra mim é você arrumar um emprego público para um pa-rente seu ter remuneração (…) e não é o caso da minha mulher que todos sabem que tem posses, tem um bom patrimônio. Ela cuida da área social porque gosta”.

Ademar Traiano diz ainda que, ao contrário de Eduardo Requião, ex-administrador do Porto de Pa-ranaguá, José Richa não envergo-nha o estado. “Eu acho que por ser parente, não há nenhum problema, desde que tenha competência. A de ambos já é comprovada e re-

conhecida na capital do estado”, afirma o deputado.

O líder do PMDB, Caíto Quin-tana, havia recomendado aos doze parlamentares do partido a abs-tenção de seus votos. A posição seria como uma “advertência” ao governo, já que eles não concorda-vam com as nomeações. Contudo, apenas Nereu Moura absteve seu voto. Caíto Quintana e Antonio Anibelli Neto não participaram da votação, pois viajaram a Brasília para uma reunião. A justificativa dada à nova postura foi que “o go-verno tem liberdade de escolher o modelo de gestão”, mas que con-tinuam achando a escolha ruim para o estado.

Terceira geração Richa

A governança Richa come-çou em 1983 quando José Richa assumiu o cargo de governador do estado. Anos mais tarde, com seu filho, Carlos Alberto Richa (Beto), a segunda geração chegou à liderança do Paraná quando o então prefeito de Curitiba renun-ciou para poder disputar o cargo de governador e foi eleito. Junto a ele, seu irmão e sua esposa, assu-miram secretarias estaduais.

Mas a dinastia não para por aí. Marcello Bernardi Vieira Richa vem para representar a terceira geração. O prefeito da capital pa-ranaense, Luciano Ducci (PSB) – vice quando Beto ocupava o cargo – nomeou Marcello como secre-tário municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Medida que gerou grande discussão, pois muitos ale-gavam falta de experiência políti-ca do filho de Richa. Recentemen-te, o “caçula” da família também foi eleito presidente nacional do PSDB Jovem.

Sobre a nomeação de sua mãe e seu tio às secretarias estaduais, Marcello diz: “todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciên-cia de que tanto minha mãe como meu tio, Pepe, fariam parte da ad-ministração”.

Letícia Martins Donadello

“Vai ser um grande elefante,

lento e ineficiente, não vai andar”

CAMPANHAS ELEITORAIS FALSAS ILUDEM ELEITORES

Julio Cesar Glodzienski

Candidatos prometem o que não podem cumprirNovas eleições se aproximam

com o ano de 2012, e com elas os candidatos a vereador de Curiti-ba apresentam novas propostas, exercendo o papel de despachan-tes de interesses que nem sempre atendem somente aos interesses dos cidadãos. O problema é que muitas vezes essas promessas não são cumpridas, seja por re-provação do projeto, por falta de vontade, esquecimento, ou ainda por apresentarem propos-tas absurdas, economicamente inviáveis e que fogem da com-petência da Câmara Municipal.

Aumento de aposentadorias, mais empregos, funerais, ideias que não competem aos vereadores propor, por vezes, estes indivídu-os se esquecem da sua verdadeira função na Câmara. Falsas campa-nhas, de candidatos desprepara-dos, iludem os eleitores de modo a convencê-los de que, se eleitos, estarão prestando assistência de modo efetivo junto à população.

O que incentiva a propaga-ção deste problema tão comum é a falta de aprofundamento das propostas, “falta conhecimento, o papel do vereador é legislar e fiscalizar, quem executa é a pre-feitura”, aponta o vereador do PP, Juliano Borghetti, ao citar umas das funções do cargo, quem tem como obrigatoriedade proporcio-nar a melhoria na qualidade de vida da população, receber o povo, atender reivindi-cações e interes-ses dos cidadãos e ser o mediador entre o prefeito e a população, “ o vereador fiscaliza as obras, fiscaliza os projetos” com-pleta o vereador.

Os motivos que incentivam à criação de pro-messas sem sequer uma funda-mentação, é a posição que um ve-reador ocupa no meio político, “os vereadores são o centro de uma rede de clientelismo, eles estão na câmara para alocar recursos a seus grupos políticos” afirma o profes-sor Doutor de Ciências Sociais da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, ao apontar que por vezes, alguns

vereadores vêm na vaga uma oportunidade de atender e se be-neficiar com a inclusão no meio , “os vereadores prometem mais do que podem, essa é a verdade” completa. “Muitos candidatos possuem uma visão eleitoreira, sempre buscam mais votos, é uma questão demagógica”, aponta a Vereadora Professora Josete, ao apontar que muitos se promovem

com base em pro-messas que não poderiam propor.

Com aproxi-madamente 900 candidatos por campanha, que disputam os 38 lugares na casa, a deficiência nos períodos eleito-

rais é também a falta de pesquisa e comprometimento para então apresentar as ideias, além de um sistema massivo de fiscalização que regulamente a qualidade das propostas, “A falta de conheci-mento é o problema de alguns candidatos, e também a falta de qualificação” alega o Líder da ban-cada do PT na Câmara, o vereador Jonny Stica, para ele quem quer

seguir a política deve ser vereador primeiro, “é por ai que se entra na política, é o primeiro cargo, por isso temos pessoas de todas as classes, e acontece de alguém que-rer se promover”, explica. A vere-adora Professora Josete também do PT, acredita que o número não influencia na questão da qualida-de das propostas . “Esse grande número contribui para a demo-cracia” aponta a petista, “ se você quer de fato que a população seja bem representada, são necessários mais vereadores que atendam os interesses do cidadão” completa.

Mas não é o que defende o cientista político Ricardo Olivei-ra, para ele o exagerado núme-ro abre espaço para todo tipo de campanha. “Esse excesso acaba atraindo pessoas com promessas sem fundamento e recheadas de interesses”, aponta Oliveira, ao defender que a população tem o direito de entrar na política, mas de modo consciente, já que este é um direito que todos possuem em ingressar neste setor . Outro grande problema que agrava essa situação é a falta de informação e interesse por parte da população em buscar saber como vai o anda-

mento da administração pública. A Política possui suas formas,

regras e padrões que facilitam e encaminham o indivíduo para o meio político, “nelas alguns fatores são eleitoreiros, como ter dinheiro, ser de família política, ter apoio de grupos religiosos e organizados” afirma Ricardo. Isso abre margem para que nem sempre ela receba a devida atenção. “Vereador só vai ser vereador por status, eu não sei o que um vereador fez neste man-dato, nunca fui atrás para saber se foi feito algo” afirma o analista de sistemas Roberto Gomes, que confessa não se lembrar do can-didato em que votou, “nem sei se foi eleito, e nem sei o que os vere-adores fazem na verdade”. Para o professor Ricardo, a informação à população é fundamental, uma fil-tragem eficaz de candidatos, que sejam qualificados e apareçam não somente nas campanhas, mais em todo o mandato dando uma justificativa ao eleitor “somente desta forma um vereador estará cumprindo sua função” completa.

Foto

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Falta de informação é causa de promessas inviáveis feitas por candidatos a vereador de Curitiba

Vereadores durante sessão na Câmara de Curitiba

“A verdade é que os vereadores

prometem mais do que podem”

Page 10: Mentira

a sinceridade é o que fortalece o relacionaMento de Muitos casais

A maioria dos homens não consegue ser franco quando o assunto é sentimento e isso pode causar problemas na relação

curitiba, agosto de 2011 comportamento10

Falta confiança para dizer a verdade quando não é tão fácil falar

o que realmente se quer, o senti-mento de não gostar mais de al-guém, o medo da reação do pró-ximo, faz com que em algumas situações a mentira tome conta da cena. casais terminam rela-cionamentos pela falta de con-fiança um no outro, acreditam que sabem tudo sobre a pessoa que está ao seu lado, mas o tem-po pode revelar muitas coisas.

sheila rigler, diretora da agên-cia de relaciona-mento Par ideal, diz que as pes-soas procuram a empresa para entrar em um relacionamento sério. “na maioria das vezes es-tão cansadas das antigas experi-ências amorosas, por terem sido enganadas. Vem até aqui com a

intenção de conhecer pessoas que também querem um compromis-so”, explica sheila.

os homens na maioria das vezes não conseguem ser sin-ceros e acabam inventando as mentiras mais absurdas que po-dem ser imaginadas. “conheço um homem que não estava mais gostando da mulher e disse que queria terminar o relacionamen-

to porque estava com câncer, e a mulher deci-diu respeitá-lo. Porém no outro dia o encontrou com outra no shopping. ao saber disso ela procurou o car-ro que ele havia

comprado na semana anterior e riscou-o inteiro com uma chave,” conta sheila.

Muitas pessoas também se

conhecem em encontros virtu-ais. Nestes casos fica ainda mais difícil conseguir a confiança do outro, como acreditar em quem está do outro lado, sem ao menos olhar em seus olhos? Muitos ho-mens mais jovens usam a internet para conquistar mulheres que já têm uma vida estabelecida, elas estão carentes e são as vítimas mais frágeis.

os jovens Helena Benetti de Paula e alexandre de Paula, casa-dos há menos de um mês, contam que após a união matrimonial a vida mudou para melhor. segun-do o casal, em alguns casos a mentira apareceu no relaciona-mento, mas sem prejudicá-lo. “Já falei mentirinhas bobas, como o valor que paguei em uma roupa”, conta Helena.

casados há 62 anos, o casal Jacob otto e irene nadolny otto afirmam ter confiança total um no outro. dizem que nunca hou-

ve nenhuma espécie de mentira entre eles, acreditam que ainda existem pessoas que se casam por amor verdadeiro, e que o segre-do para manter uma relação por muito tempo é a sinceridade.

Para alguns casais a maior

mentira que pode existir na vida a dois é a traição. difícil é con-tinuar a vida sabendo que quem mente uma vez, poderá fazê-la em outras ocasiões.

Rosane Cadena

“Já falei mentiras bobas, como o valor de uma

roupa”

Mitos ou crenças MeXeM coM a iMaGinaçÃo das Pessoas

Lendas urbanas trazem histórias intrigantes e engraçadasas lendas da Praça tiraden-

tes e da loira fantasma estão entre as mais populares de curi-tiba. essas histórias despertam a curiosidade, a imaginação e tra-zem um clima de mistério para a cidade. elas são disseminadas com o passar do tempo e sofrem intrepretações diversas, algumas hilárias e outras inacreditáveis.

acredita-se que a Praça ti-radentes, considerada o marco zero da capital, abrigava um ce-mitério indígena e anos depois um pelourinho, onde escravos e aqueles que cometiam algum tipo de crime recebiam casti-gos severos, e muitos acabavam morrendo e sendo enterrados ali mesmo. também há quem diga que existia uma capela, onde pessoas eram veladas, há cerca de trezentos anos.

de acordo com a lenda, o local concentra uma energia negativa, por isso muitas pessoas, como mendigos e usuários de drogas,

acabam morrendo ali. Maria isabel fochesatto, comerciante há mais de 20 anos na Praça, co-nhece a lenda, mas não acredita que exista relação com o fato de pessoas morrerem ali. “sei que a lenda existe e acredito que existiu um cemitério indígena, mas pes-soas podem morrer em qualquer lugar”, acrescenta Maria.

“a Praça tiradentes, não ti-nha cemitérios como os atuais, as pessoas eram sepultadas no piso e nas paredes da antiga igre-ja Matriz, que foi demolida na segunda metade do século XiX para dar lugar à igreja catedral. nem todos os restos humanos fo-ram retirados da igreja, e quando são realizadas obras, ao lado da catedral, seus vestígios são en-contrados, alimentando a lenda”, afirma o arqueólogo Igor Chmyz, pesquisador-associado do centro de estudos e Pesquisas arqueo-lógicas da ufPr

outra história curiosa e as-

sustadora é a lenda da loira fan-tasma, que teria morrido nos anos 70. uma jovem, loira, mui-to bonita, teria sido violentada e assassinada por um taxista e o fantasma dela teria voltado para vingar-se e aterrorizar a vida desse homem. a jovem entra no carro e pede para ir em direção a um cemitério, reconhecendo-a, o taxista tem um ataque de asma e morre. alguns taxistas acredi-tam em parte da história ou que ela ainda pode voltar e assustar os motoristas.

“nunca aconteceu nada co-migo, não acredito nisso”, conta sérgio Gilberto Barão, taxista há 30 anos. o aposentado edgar au-gusto Xavier, que trabalhou como motorista de táxi durante 40 anos, diz acreditar no assassinato da jo-vem, mas não em seu fantasma. “Há quem diz já ter visto ela, eu nunca vi, mas vai que ela existe mesmo”, finaliza Edgar.

segundo o arqueólogo igor Aline Przybysewski

chmyz, nem todas as lendas tem origens verdadeiras e podem criar confusão com os fatos históricos que são baseados em documentos obtidos pela arqueologia.

Verdadeiras ou não, as len-das são um misto de realidade e fantasia, podem ser baseadas em fatos reais ou apenas serem mitos criados com o passar do tempo. Há quem acredite que elas são re-

ais ou que ao menos ouviram his-tórias de pessoas próximas, que realmente as tenha vivido. o fato é que as lendas são em sua maio-ria, boas histórias que nutrem o imaginário das pessoas, fazem parte da vida de muitas pessoas e da história de curitiba.

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Taxista à espera da loira fantasma

Os dois casais acreditam na sinceridade

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POR DIA, CERCA DE 100 PESSOAS SOLICITAM O AUXÍLIO DOENÇA E A MAIORIA OBTÉM ÊXITO

O aumento em 16% no número de cidadãos que recebem auxílio doença faz com que o déficit no INSS chegue a R$44 bilhões

Fraudes no INSS prejudicam o sistema

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Documentos falsificados recolhidos pelo perito Eduardo Almeida

Os números do INSS (Institu-to Nacional do Seguro Social) as-sustam: apenas nos sete primei-ros meses de 2011 o valor gasto com auxílios doença ultrapassou R$15 milhões. Atualmente, 1,4 milhão de pessoas recebem o au-xílio, um aumento de 16% desde abril do ano anterior. O número de contribuintes também cres-ceu, porém o valor arrecadado não é suficiente para cobrir os gastos da previdência: o déficit é de R$ 44 bilhões.

Especialistas consideram que

houve um afrouxamento quanto à fiscalização, o que abre espa-ço para fraudes. Porém, peritos contestam, dizendo que no ano anterior houve greves por parte da classe, o que gera a diferença entre os dados.

Além de todos os problemas financeiros da instituição, os mé-dicos peritos reclamam da falta de compreensão. “A população tem uma imagem errada dos peritos. Nossa função é diag-nosticar quem merece receber o auxílio e por isso somos rigoro-

sos”, comenta Eduardo Henrique Almeida, perito da instituição. Ele relata ainda que recebe pes-soas com falsificações grosseiras, como o caso de uma mulher que lhe entregou um atestado com o nome alterado com corretivo. Outro homem levou um RG com a foto totalmente desgastada. “Sem contar as falsificações que podem enganar um perito, ainda mais sobre um caso de distúrbio mental”, conta Eduardo.

Alguns psiquiatras e psicólo-gos acham a definição de depres-são muito abrangente na versão atual. Para eles, pessoas com rea-ções normais de tristeza estariam sendo diagnosticadas como por-tadores de um transtorno. Utili-zando-se disso, algumas pessoas fingem possuir a doença para con-seguir o auxílio. É o caso de Pe-dro Batista*, 59 anos, que possui o benefício há 10 anos. Orientado por um sobrinho, Pedro deixou o

cabelo e a barba crescerem e fin-giu-se de louco durante a perícia. Seu filho Rodrigo*, que na épo-ca foi junto a consulta, conta que tinha vontade de rir das histórias do pai. “Ele dizia ao médico que tinha vontade de cortar as pessoas para tomar o san-gue delas. Acho que ele ficou com medo e liberou logo a aposenta-doria dele”, ex-plica Rodrigo*. Pedro* continua recebendo o au-xílio e passa ape-nas uma vez ao ano no INSS para comprovar que ainda esta vivo.

E quando o assegurado possui uma doença ainda sem diagnósti-co? É o caso de Sueli Marchett, 50 anos, que durante 1 ano enfrentou as perícias do INSS para conse-guir o auxílio. Apesar de enten-

der a posição dos peritos, conta que se sentiu humilhada em uma das consultas. “Além da demora para conseguir marcar a perícia, a médica parecia não acreditar na minha doença”, conclui.

Segundo o advogado Edu-ardo Soares, a falsificação de documentos para fraudar o INSS é crime. “Este tipo de falsificação é chamado de este-lionato e por ser contra a admi-nistração pública

a pena, que é de 1 a 5 anos, au-menta um terço”, explica Soares.

*Os nomes foram modificados.

Camila Galvão

“Falsificações sobre distúrbios

mentais enganam ainda mais”

COMPRA DE RECEITAS E FALSIFICAÇÕES DE REMÉDIOS FAZEM PARTE DO QUADRO DE ILEGALIDADES MÉDICAS QUE CRESCE NO BRASIL

Novas proibições de medicamentos podem aumentar irregularidades

Como não comprar remédios falsos? O Conselho de Farmácia do Paraná dá cinco dicas para não ser enganado na hora de comprar medicamentos:

1. Procure uma farmácia com certificado de qualidade, que comprova seu cadastro na ANVISA.2. Compre medicamentos com o nº de registro visível. 3. Todo medicamento tem um selo na lateral que quando raspado com um objeto de metal mostra o nome do laborató-rio no qual foi produzido. 4. Não compre medicamentos com embalagens danificadas.5. Não compre medicamentos fora do prazo de validade.

A Universidade de São Pau-lo (USP) apontou o filantrópico Pholia Negra, como um possível substituto à Sibutramina – subs-tância encontrada em vários me-dicamentos inibidores de apetite. Essa descoberta vem para aliviar os ânimos de vários setores da sociedade quanto à pirataria des-tes anorexígenos, já que no ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (ANVISA) impôs várias restrições à venda destes emagrecedores.

Segundo o Conselho Nacio-nal de Combate à Pirataria, em 2010 foram registradas 400 to-neladas de medicamentos apre-endidos no Brasil, um número 20 vezes maior que dois anos antes, em 2008. No caso dos emagrece-dores, o problema com as fraudes já vem aparecendo, mesmo sem a proibição da venda. No Brasil medicamentos como a sibutra-mina, o femproporex e a anfepra-mona, só podem ser comprados

com receitas médicas. Segundo Priscila Aurélia,

36 anos, arquiteta, com R$40 é possível “comprar” a receita. Você paga pela consulta, mas na realidade está comprando a bo-leta. Não há acompanhamento do médico. “Ele simplesmente te pergunta para qual medicamento você precisa da receita e dá. Sin-ceramente, é mais fácil conseguir a receita com um médico do que comprar o remédio por vias ile-gais.”, afirma.

A Coordenadora do Curso de Farmácia da PUCPR, profes-sora Cynthia França Wolanski Bordin, é contra a proibição total dos emagrecedores. Segundo ela, qualquer medicamento é benéfico se for bem utilizado. “O proble-ma está na administração abusi-va e na falta de acompanhamento médico”, explica.

Em contrapartida, Jackson Rapkiewicz, farmacêutico do Conselho de Farmácia do Para-

ná, alerta que estes medicamen-tos foram inseridos no mercado numa época em que os testes eram menos rigorosos e não se imaginava os efeitos colaterais que poderiam gerar. “A ANVISA já apontou que as consequências do uso indevido dessas substân-cias são graves, mas orientar não está gerando resultados. A proi-bição ao menos vai ajudar aque-les pacientes que são enganados por um medicamento que vem demonstrando pouca eficácia e grandes malefícios”, conclui.

Enquanto a decisão não sai, farmacêuticos e médicos se pre-ocupam com medicamentos já proibidos e que continuam a cir-cular no país. Anabolizantes e remédios usados para disfunção erétil lideram o ranking de ile-galidades no Brasil, porém me-dicamentos para o tratamento de doenças como a AIDS e câncer também estão ganhando espaço.

Incluem-se no gênero de re-

médios ilegais: os falsificados, que dão a pirataria mundial uma rentabilidade de 75 bilhões de dó-lares por ano, os contrabandea-dos, adulterados (com o princípio ativo modificado) e os sem regis-tro. Ainda segundo a professora Cynthia, vários medicamentos proibidos no Brasil, por exemplo,

podem ser comprados facilmente no Paraguai. Vale lembrar que a venda de medicamentos proibi-dos no Brasil é considerada um crime hediondo. O acusado pode ter pena de 10 a 15 anos, além de multa.

Camila BarbieriVirginia Crema

Curitiba, agosto de 2011saúde 11

Page 12: Mentira

Documento eletrônico garante SeguranÇa em tranSaÇÕeS VirtuaiS

A fim de proteger informações transmitidas on-line, mensagens são enviadas de modo criptografado

curitiba, agosto de 2011 tecnologia12

A identidade virtual protege de fraudes

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Carteirinha digital da Ordem dos Advogados do Brasil

Juntamente com as oportuni-dades corporativas, a tecnologia nos trouxe a fraude cibernética. Para combater esses crimes ‘on-line’ foi criado o Certificado Di-gital, um documento eletrônico assinado virtualmente que con-tém informações sobre a pessoa com quem se está tratando na in-ternet. Para que o conteúdo seja sigiloso, suas informações são criptografadas.

o sistema funciona como uma carteira de identidade digi-tal. Segundo o centro de estu-dos, resposta e tratamento de incidentes de Segurança no Brasil (cert.br), as fraudes digitais ocupam a tercei-ra posição no raking dos crimes organizados que mais movi-mentam capital, somando uS$ 100 bilhões. Ficam atrás apenas do tráfico de drogas - US$ 320 blihões - e comércio de armas - uS$ 800 bilhões.

O Certificado Digital veio para solucionar os problemas referentes a crimes na internet, garantindo autenticidade, priva-cidade e a inviolabilidade de in-formações.

o advogado carlos rodrigo orlando azevedo Villalba expli-ca que “o certificado digital fun-ciona com um chip”. esse cartão

é inserido em uma leitora co-nectada ao com-putador via uSB. o computador pede a senha, que juntamente com o chip libe-ram a assinatura digital.

Para o ad-vogado, com a

inclusão digital os documentos físicos estão deixando de existir, porém os documentos digitaliza-dos por si não tem validade. tor-na-se necessário então a assinatu-ra eletrônica - Certificado Digital. essa autenticação acontece igual à do meio físico, se a credencial de identificação for emitida por

autoridades certificadoras, são aceitas em qualquer estabeleci-mento e judicialmente possui o mesmo valor de um documento físico assinado de próprio punho.

apesar de pouco conhecido, a receita Federal do Brasil tornou obrigatório o uso desse certifica-do para envio de declarações des-de 2010. Para Villalba isso faci-litou muito a vida profissional de advogados e contadores, já que se torna dispensável o deslocamento físico até o fórum para enviar ou ter acesso a documentos.

Para efetuar a solicitação, o primeiro passo é fazer um pri-meiro pedido no site da certifica-dora escolhida e marcar uma data para a avaliação em um dos pon-tos de atendimento. a emissão do documento só pode ser realizada presencialmente. o interessado deve preencher um formulário com seus dados e pagar uma taxa variável de acordo com o modelo do documento. em seguida deve-se apresentar em uma autorida-de de registro com a carteira de identidade - ou passaporte se for estrangeiro - cPF, título de elei-

tor, comprovante de residência e o número do PiS/PaSeP - Pro-grama de integração Social.

empresas individuais que de-sejam o documento devem apre-sentar o ato constitutivo, estatuto ou contrato social, cnPJ e docu-mentos pessoais da pessoa física responsável.

não estarão aptos a serem ti-tulares pessoas físicas em que a situação cadastral perante o cPF esteja cancelada e pessoas jurídi-cas que estejam inadequadas ou

canceladas perante o cnPJ.mais cedo do que você pensa

o termo Certificado Digital fará parte do cotidiano assim como o rg e o cPF. em um mundo em que quase todas as transações e acordos são realizados virtual-mente, um documento que com-prove a identidade da pessoa que está do outro lado do computador se tornará indispensável.

Isadora Domingues

“Documentos físicos estão deixando de

existir”

criar PerFil FalSo em reDeS SociaiS é crime95% dos crimes virtuais já tem punição

a sensação de impunidade que reina no meio virtual está sendo coibida pelo judiciário. com a aplicação do código pe-nal, do código civil e da legisla-ção, como a lei nº. 9.296 – que trata das interceptações de co-municação em sistema de telefo-nia, informática e telemática – e a lei n. 9.609 – que discute sobre a proteção da propriedade inte-lectual de programa de computa-dor – vêm tentando combater os crimes cibernéticos.

Criar perfil falso em redes sociais e utilizar dele para fazer brincadeiras com colegas, ami-gos, professores e outros, assim como enviar vírus a computado-res alheios, ou mandar fotos por-nográficas por e-mail – mesmo que não seja publicada – é consi-derado crime.

Segundo o advogado Dr. Jean Shroder, especialista em crimes

pela internet, incitar uma pessoa a cometer algo já é considerado contra a Lei. O advogado afirma ainda que “atualmente 95% dos delitos cometidos eletronicamen-te já tem punição pelo código pe-nal, para os outros 5% ainda falta enquadramento”.

artigos do código Penal es-tão sendo alterados para que se-jam voltados diretamente para as fraudes cybernéticas. “a lista de crimes virtuais aumenta a cada dia e não estão tendendo a di-minuir. mais de 17 mil decisões judiciais envolvem esses proble-mas, em 2002 eram apenas 400”, explica Jean.

os crimes mais cometidos virtualmente são: insultar a hon-ra de pessoas (calúnia - artigo 138), espalhar boatos eletrônicos (difamação – artigo 139), insultar pessoas considerando suas ca-racterísticas ou utilizar apelidos

grosseiros (injúria – artigo 140), ameaçar alguém (ameaça – artigo 147), utilizar dados da conta ban-cária de outrem para desvio ou saque de dinheiro (furto – artigo 155), comentar, em chats, e-mails e outros, de forma negativa, sobre raças, religiões e etnias (precon-ceito ou discriminação – artigo 20 da lei nº. 7.716/89), enviar ou trocar fotos de crianças nuas (pedofilia – artigo 247 da Lei nº. 8.069/90, o estatuto da criança e do adolescente - eca).

Segundo especialistas, mes-mo com todos os alertas e infor-mações passadas sobre o uso da internet, grande parte dos crimes virtuais são ocasionados por jo-vens, muitas vezes sem a inten-ção de prejudicar alguém. Dentre os crimes, os que se destacam é a difamação e/ou comunidades em redes sociais.

Lidyane Pereira

O detector de mentiras, ou polígrafo, foi criado para saber quando alguém não é sincero. O aparelho consiste em medir as variações e alterações fisiológicas de transpiração, contra-ções musculares, alterações de ritmo cardíaco, tremores, mo-vimentos oculares e pressão arterial que ocorrem quando um indivíduo está mentindo.

Em 2002, porém, o congresso nacional brasileiro aprovou uma lei que proíbe o uso do polígrafo pelo empregador, e os resultados do teste não poderão ser utilizados como prova.

Isso acontece porque as mesmas reações que ocorrem quando uma pessoa mente, aparecem quando ela está nervo-sa. Logo, em um interrogatório,é normal o réu ter todas essas alterações. Além de sujeitos com desordem mental que acre-ditam estar dizendo a verdade independente do que realmente aconteceu. Sociopatas também não serão pegos pelo detec-tor, já que não têm constrangimento em mentir.

Giancarlo Andreso

Detector de mentiras

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NOTÍCIAS SOBRE CONTRATAÇÕES SÃO FORJADAS NA MAIORIA DA VEZES

Jornalistas acabam inventando notícias para tentar dar um furo de reportagem e ganhar status por acaso

Curitiba, agosto de 2011esporte 13

Falsidade que contagia o jornalismo esportivo

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Jornalistas usam redes sociais para divulgar suas notícias falsas

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Adulteração ideológica se torna comum no mundo do futebol

As mentiras no jornalismo não são tão difíceis de acontecer, mas no jornalismo esportivo che-ga a ser algo comum por conta das especulações. Notícias plan-tadas, como possíveis contrata-ções de jogadores, que na maio-ria das vezes não se concretizam, são cada vez mais frequentes nos jornais, rádios, programas de te-levisão, portais da internet e re-des sociais.

Segundo a psicóloga espor-tiva Maria de Barros, vários jornalistas se comportam as-sim para tentar dar um ‘furo’ de reportagem para elevar o seu ‘status’ no meio. “Se um jornalista acertar a contra-tação que plantou na mídia, seu nome será lembrado, mas se ele

errar, serão poucos que vão lem-brar que ele errou”.

Napoleão de Almeida, apre-sentador do programa Jogo Aber-to Paraná, da Rede Bandeirantes, acredita que essa questão vem do ser humano. “Existem bons e maus jornalistas, policiais, médi-cos, engenheiros, políticos, etc. É do ser humano”, comenta o jorna-

lista de 32 anos.Para ele,

o profissional precisa ter uma grande respon-sabilidade com a verdade. “A condução do jor-nalismo sempre deve prezar pela ética e lisura de i n fo r m a ç õ e s .

Não há como ter acerto 100% das vezes, porque muitas negociações são bem fechadas, mas existe uma diferença entre plantar a no-

tícia e averiguar um boato”, anali-sa. Companheiro de profissão de Napoleão, o repórter da Tribuna do Paraná, Felipe Lessa, concor-da. “Se você planta uma notícia, pode até acertar, mas a partir do momento que você vai errando, vai perdendo sua credibilidade com o leitor ou ouvinte”.

Na maioria das vezes, a infor-mação que é divulgada na mídia vem de alguma fonte que entrega tal notícia para o jornalista, cau-sando antipatia dos dirigentes e do próprio jogador. “Já aconteceu e eu, confiando na fonte, mantive a informação. E ela se concreti-zou. Naquele momento, o clube não tinha interesse em vazar a informação, mas acabou vazan-do. É do jogo: não sou do tipo que aceita pressão ou propina de dirigente. E a longo prazo isso é muito mais lucrativo, pois ganha-se algo melhor: respeito”, finaliza Napoleão.

Para o jogador que tem o nome citado, também não é bom, pois acaba conseguindo certa des-confiança da torcida e até mesmo dentro do clube. “Eu passei por essa situação, e apesar da torci-da ter me apoiado, briguei com

Felipe Dalke

“Existe diferença entre plantar a

notícia e averiguar um boato”

FALSIFICAÇÃO IDEOLÓGICA É USADA FREQUENTEMENTE POR JOGADORES DE FUTEBOL

Atletas mudam dados em identidade por recomendação de empresáriosA falsificação de identidade

é comum entre menores de idade que querem entrar em bares e ba-ladas para adultos, mas isso tam-bém existe no esporte. A diferen-ça é que alguns atletas adulteram a sua identidade para se passa-rem por mais novos e ganharem chances de se destacar.

Atualmente no Rio Branco, de Paranaguá, o jogador que não quis ter seu nome publicado, é dois anos mais novo em sua car-teira de identidade. A adultera-ção serve para o atleta que é mais velho e não teve tantas chances quando jogou em sua própria categoria, tornando mais fácil a profissionalização. “As pessoas fazem o ‘gato’ (como é chama-do no mundo do futebol) para ter mais chances, jogar com os garotos mais novos, mais fracos, e poder ter um destaque maior”, garante.

Questionado sobre como conseguiu a adulteração de iden-

tidade, o jogador comentou que é obra dos empresários, que têm influência dentro do clube onde seus jogadores estão. “Grande parte desses casos é feito porque o empresário do atleta pede pra ele fazer. O empresário considera o ‘cara’ uma boa aposta que ain-da não amadureceu totalmente e coloca na cabeça dele que isso vai ajudar a se profissionalizar.” O atleta diz ainda que o menino que ouve isso fica todo feliz, é o sonho dele se tornar um jogador de futebol, como a maioria dos brasileiros, e ele acaba fazendo sem nem reclamar e às vezes nem consultar os próprios pais.

Sem arrependimentos

O jogador lembra que não se arrepende do que fez. “Eu fiz o ‘gato’ e isso contribuiu para a mi-nha profissionalização. Eu come-cei em um clube que não é muito fácil de se tornar profissional.

Conheci outros que começaram comigo e passaram pela mesma situação, e sei que todos fariam tudo de novo, inclusive eu. Passei por muitas dificuldades quando era criança e agora posso ter uma vida boa e ajudar a minha famí-lia”, finaliza o jogador do time do litoral paranaense.

Esse tipo de fraude tem, de certa forma, se tornado comum entre os profissionais do futebol. No entanto, ainda são raros os casos em que os jogadores que passaram por falsificação são pegos. Muitas vezes, o atleta é protegido por manobras dos seus empresários, que costumam ofe-recer propina para quem sabe o que aconteceu. Em alguns casos, os empresários têm o auxílio de outras pessoas para praticar o cri-me e, portanto, diminuem ainda mais as chances de serem desco-bertos.

Pensando no futuro do seu filho, os pais do atleta não recla-

Felipe DalkeFellipe Gaio

mam da situação. Já os dirigen-tes dos clubes, raramente ficam sabendo da falsificação mas, se acabam descobrindo, pouca coisa muda, pois os empresários cos-tumam contornar a situação com dinheiro.

Segundo o que consta no ar-tigo 299 do Código Penal, a falsi-dade ideológica é punida com 1 a 5 anos de prisão, além de multa.

Diz, ainda, em parágrafo único, que se a falsificação ou alteração for de assentamento de registro civil (o que inclui a carteira de identidade), aumenta-se a pena de sexta parte.

vários dirigentes e saí do clube pra nunca mais voltar”, disse um ex-jogador do Paraná Clube que preferiu não se identificar.

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MAU USO DA INTERNET COLABORA PARA AUMENTO DA PIRATARIA NO BRASIL E NO MUNDO

Mesmo cientes da ilegalidade da profissão, ambulantes vendem produtos piratas na capital, e não são fiscalizados

Curitiba, agosto de 2011 cultura14

Produtos piratas crescem sem controle

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Produtos piratas são vendidos nos terminais de ônibus em Curitiba

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Gracielle Reis, 16 anos, pretende ingressar na faculdade de teatro.

Muitos consumidores aca-bam adquirindo, até mesmo sem saber, produtos pirata. O preço atraente, a facilidade de se en-contrar alguém que venda este tipo de mercadoria, bem como a falta de fiscalização colaboram para esta prática ilegal.

O comércio,ou a distribuição de pirataria é crime no Brasil. A Lei 10.695, de 1 de Julho de 2003 altera partes do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 acrescen-tando ao artigo 184, que ressalta que a criação de uma cópia pelo copista para uso próprio e sem intuito de lucro, do material com direitos autorais, não constitui crime.

Cerca de 42% da população

utiliza algum tipo de produto pi-rateado. Em pesquisa feita pela Fecomércio-Rio e Instituo Ipsos, os produtos mais pirateados são CDs e DVDs, óculos e relógios de grife.

O conselho Nacional de com-bate à pirataria mantém um site atualizado com as principais ações para coibir esta modalida-de de crime.

Como o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 184, parágrafos 1,2 e 3 determina que deve haver o intuito de lucro (direto ou indi-reto).

Existe uma corrente que prega a descrimina-lização da pirataria, defendida, principalmente, por Túlio Vian-na, já havendo inclusive uma

decisão favorável do Tribunal de Minas Gerais. Porém, a maior da parte da jurisprudência brasileira ainda mantém que o comércio de produtos pirateados é crime su-jeito a punições.

O vendedor ambulante José da Silva afirma estar ciente de to-dos os riscos que corre comercia-lizando produtos falsos. Para ele, a pirataria não constitui crime nenhum, que é um trabalho nor-mal como qualquer outro.

Silva ainda tenta justificar-se dizendo que trabalha de sol-a-sol para colocar alimento na mesa de sua casa.“Não tive oportunidade para estudar, portanto eu tenho que me virar como posso”, desa-bafa.

Para o superintendente da Polícia Federal, Maurício Leite Valicho, fica praticamente impos-sível, combater a pirataria com a tamanha facilidade que as pes-soas têm para acessar a rede. “O

mau uso das novas tecnologias colabora muito para este crime. Qualquer um pode baixar arqui-vos como músicas e filmes em um só clique,” afirma. Valicho conclui dizendo que a população é fundamental no combate a este tipo de crime.

O cidadão pode denunciar a pirataria procurando a delegacia de polícia mais próxima, ou pelo telefone gratuito do disque-de-núncia 0800 771 3627.

Yan CarlosRaphael RIbeiro

“Não pude estudar, portanto preciso me virar

como posso”

ATORES E ATRIZES SÃO OS PROFISSIONAIS “AUTORIZADOS A MENTIR”

Treinados para mentir, atores encantam o público pela arte do fingimentoAtores e atrizes são autori-

zados a mentir e a dissimular, e se não convencem o público de que são fingidores por natureza, perdem toda a essência da pro-fissão, e até são chamdos de “ca-nastrões.” Ator que não finge, é como jornalista que não sabe es-crever uma boa reportagem”, diz a estudante Vanessa Guiglielmin, 21 anos.

São vários os artifícios para dar credibilidade aos “pinóquicos sobre o palco”. Na vida acadêmi-ca, por exemplo, são dedicados 4 anos para o curso de Teatro. “Te-mos aula de linguagem corporal, o que permite ao aluno se soltar e incorporar o personagem”, diz o diretor da Escola de Teatro da USP, Celso Frateshi.

Além do ensino superior, existem tecnicas que vão desde o velho colírio para “fazer cho-rar” até recursos tecnológicos de cenografia e edição. “ No palco, não temos muitos recursos como

na teledramaturgia. Nos ensaios, os professores nos ajudam ao maximo, e a equipe de atores. Porém, na hora da apresentação, é cada um por si, e o friozinho na barriga que dá, é o que me faz perceber que nasci para atu-ar”, diz a aspirante a atriz, Eloísa Rodrigues.A estudante da FEA-USP diz ainda que quando não ficar mais nervosa, é hora de se aposentar dos palcos.

‘‘Escolhi a profissão de ator porque desde pequeno eu tinha talento para o teatro naquelas peças infantis da escola, e até mesmo quando fazia alguma coi-sa errada. Lembro que a minha mãe me dava broncas por alguma coisa, mais eu sempre conseguia convencê-la da minha inocência certa vez quebrei o vidro de uma vizinha com uma bola de futebol, mas desta vez ela me pegou no flagra, não deu para fingir, brinca o estudante.

Além dos cursos para atuar,

universidades de todo o país, dis-ponibilizam, também, aulas para a direção teatral

Para Rodrigo Rezende, fre-quentador assíduo de teatro, a educação precária do país co-labora para que o jovem prefira às micaretas sertanejas às peças teatrais espalhadas nos teatros curitibanos.

“Não adianta o professor co-brar de uma criança ir ao teatro se ele não o faz”, completa o ilumi-nador de palco Beto Bruel.

Sonhos

‘‘Quero ser atriz destas de televisão e teatro. Tenho como fontes de inspiração as atrizes Glória Pires e Fernanda Monte-negro. Elas, além da experiência enorme com as artes cênicas, ain-da fazem seus papeis com muito afinco,’’ diz Gracielle Reis.

De acordo com a mãe de Gra-cielle, Cláudia dos Santos Reis, a

André RecchiaRaphael Ribeiro

Yan Carlos Londero

menina esbanjou talento a vida inteira. “Lembro dela quando criança, nas peças da escola e no cursos que colocamos de dança no colégio. Ela tinha muita desen-voltura no palco, seja para cantar, atuar ou dançar”, diz orgulhosa.

“Eu lembro que Graci era muito popular na escola, ela vi-via rodeada de crianças na hora do recreio. Nas horas mais sérias

também, todos queriam ter como membro do grupo, umas das me-ninas mais decidadas da turma”, diz a diretora da escola onde Gra-cielle fez o primário, Odilá Ra-mos de Oliveira.

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GRANDE NÚMERO DE LIGAÇÕES FALSAS É PROBLEMA PARA CENTRAL 190

Acionamento indevido dos serviços de atendimento emergenciais faz com que as verdadeiras ocorrências sejam prejudicadas

Curitiba, agosto de 2011segurança 15

Trotes atrapalham trabalho policial

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Por serem públicos, orelhões são as principais armas dos criminosos

Cerca de 15% das ligações recebidas pela central 190 da polícia são ocorrências falsas, os chamados trotes. São inúme-ros registros da brincadeira, o que gira em torno de 1800 liga-ções mensais. Isso faz com que o trabalho e a atenção policial sejam redobrados, já que preci-sam identificar a veracidade das chamadas.

E n f r e n t a r problemas e de-safios faz parte do dia-a-dia dos policiais, mas quando trata-se de um inimigo invisível escon-dido atrás das li-nhas telefônicas torna o assunto mais complicado.

Muitas pessoas reclamam da demora entre o atendimento por telefone e a chegada da polícia na

localidade, mas atitudes de má fé prejudicam toda uma população, que precisa pagar pelo erro de al-guns.

Muitas vezes é uma estraté-gia usada por criminosos para despistar a mira da polícia e le-varem os oficiais a uma região distante, fazendo com que a

passagem fique livre, mas isso não funciona, já que com muitos anos de prática os atendentes conseguem dife-renciar os trotes de ocorrências reais. Segun-do o 1º Tenente Edivan Fragoso,

do COPOM (Centro de Opera-ções Policiais Militares), quando o fato é importante são constata-das diversas ligações. “São feitas muitas perguntas para saber de-

talhes da ocorrência, quando a pessoa está mentindo, acaba se atrapalhando mais cedo ou mais tarde”, afirma.

Todas as ligações são rastre-adas e o indivíduo pode ser iden-tificado e sofrer punições. O que agrava ainda mais o quadro, é que situações como essa podem fazer com que viaturas policiais e até mesmo emergenciais, como a dos bombeiros e do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgên-cia), sejam deslocadas e enviadas até o local de solicitação, fazendo com que outras ocorrências real-mente necessárias e urgentes se-jam prejudicadas.

Segundo o Capitão Daniel Domingos Alexandrino, do COPOM, as ligações partem até mesmo de escolas. “É dificil identificar os autores de trotes, pois para fazer isso teríamos que enviar viaturas para o local, o que faz com que seja uma a menos

para atuar nas ruas”, afirma.O advogado André Poças

afirma que o indivíduo que faz ligações como estas desrespeita o artigo 340 do Código Penal Bra-sileiro de falsa comunicação de crime e apelo defensivo, e pode sofrer detenção de um a seis me-

ses e/ou multa. “É uma questão de caráter, já que ações como estas demonstram a falta de bom senso e de educação de algumas pessoas”, completa o advogado.

Mariana Kais de AzevedoMiguel Rezende

Paula Lima

“Quando a pessoa está mentindo,

acaba se atrapalhando”

Mariana Kais de AzevedoMiguel Rezende

Paula Lima

PARECE MENTIRA, MAS EM UMA CELA PARA OITO HÁ MAIS DE VINTE

Superlotação é problema nas delegacias Delegados contra superlotação

Outdoor na Rua Marechal Floriano conscientiza população

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O Sindicato de Delegados do Paraná lançou uma cam-panha contra a superlotação direcionada especialmen-te aos órgãos responsáveis pela segurança pública no Estado como o governo do Paraná, Conselhos de Se-gurança e Ministério Público e também à população.O SIDEPOL espalhou pela cidade outdoors com o slogan “Delegacias lotadas. Ajude a mudar esta realidade” com a intenção de conscientizar a população para esse que é o maior problema dentro do Sistema Penal Brasileiro.

A superlotação nas delega-cias é um dos grandes problemas do sistema penal brasileiro. De acordo com os dados do Depar-tamento Penitenciário Nacional (Depen), o Paraná é o estado que possui o maior número de deten-tos em cadeias do país.

Estimativas do Ministério Público (MP) do Paraná e da Co-missão de Defesa dos Direitos Humanos da Ordem dos Advo-gados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR), mostram ainda que pelo menos três mil e quinhentos presos já condenados cumprem pena nas delegacias do estado, ao invés de estarem em penitenciá-rias, como prevê a lei.

Construídas exclusivamente para abrigar presos provisórios, as carceragens nas delegacias do Paraná comportavam, em abril deste ano, aproximadamente de-zesseis mil detentos, distribuídos em celas que, juntas, deveriam receber no máximo 6.117 pesso-

as. Além de favorecer o risco de fugas e rebeliões, comprometer o trabalho dos policiais civis, que precisam dividir a rotina de investigação com a custódia dos detentos, a superlotação ainda fere os princípios elementares dos Direitos Humanos e da Lei de Execução Penal.

A Comissão da OAB-PR ain-da vistoriou as carceragens de de-legacias e pôde confirmar que a superlotação supera o número de vagas em mais de dez mil, além de solicitar a vistoria da Vigilân-cia Sanitária, em várias delas, por más condições de higiene vividas pelos presos nas carceragens lo-tadas.

De acordo com Paulo*, que foi solto há duas semanas da 1ª Dele-gacia Regional de São José dos Pinhais, haviam dezoito pessoas na mesma cela, que tem capaci-dade para apenas oito. “É muita gente, falta higiene, falta tudo, até o básico”, afirma. Outro proble-

ma citado pelo ex-presidiário foi a falta de cama, que obrigava os companheiros de reclusão a reve-zar a hora de dormir.

Maria* é mãe de Pedro*, pre-so há oito meses na mesma dele-gacia, e afirma que na última vi-sita havia vinte e uma pessoas no espaço para oito. O rapaz, assim como os vinte companheiros de cela, não ocupa seu tempo, nem mesmo com banho de sol. A mãe acredita que há maneiras de me-lhorar o quadro nas cadeias. “O maior problema na superlotação se dá porque os presos não tra-balham em prol da sociedade, é uma população inativa que só gera despesas para o Estado”, la-menta.

*Os nomes foram modificados .

Page 16: Mentira

Grandes Mentiras da Humanidade“Darwin inventou o conceito de evolução”Alguns cientistas já defendiam a ideia de evolução antes de Charles Darwin publicar “A origem das espécies”, em 1859. Um dos pioneiros nesse estudo foi Erasmus Darwin, avó de Charles. Além disso, o francês Jean-Baptiste Lamarck já havia identificado que as variações no ambiente induziam mudanças nos hábitos dos seres vivos. Entretanto, Darwin percebeu algo que Lamarck não havia notado: essas mudanças eram causa-das por mutações genéticas.

“O samba é um ritmo puramente brasileiro”O ritmo tem influências que não são do Brasil nem da África. Donga, o músico que gravou o primeiro samba, em 1917, montou bandas de jazz. Sinhô, o “rei do samba” nos anos 30, usava melodias européias em suas canções.

“Napoleão era baixinho”Quando se ouve falar em Napoleão Bonaparte vem à mente um homenzinho de baixa estatura que vivia travando guerras. Mas ao contrário do que todos pensam, o imperador francês tinha 1,68m de altura, o que estava dentro da média para os franceses do século 19.

“Cristóvão Colombo descobriu a América”De acordo com pesquisas feitas por estudiosos, a América foi descoberta provavelmente por vikings, cerca de 550 anos antes de Colombo colocar os pés nas Bahamas, em Cuba e na ilha de Hispaniola (Haiti e República Dominicana) entre outubro e dezembro de 1492. Os vikings já frequentavam a costa do Canadá no final do século 10, mas acabaram não se estabelecendo por lá.

“O fruto proibido era uma maçã”Não há referências na Bíblia explicitando que o fruto proibido era uma maçã. A versão original do texto só se refere ao “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Mas talvez tenham interpretado que a fruta poderia ser uma maçã pelo fato de na Bíblia aparecer a palavra “pomo”, que sugere uma fruta com forma de maça, mas poderia ser qualquer outra fruta com esse formato.

Fontes: Revista Superinteressante e Revista Mundo Estranho