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Página 1 Boletim 568/14 – Ano VI – 23/07/2014 Mercado de trabalho deve mostrar leve desaceleração em junho, dizem analistas Por Arícia Martins | De São Paulo Sem dados de maio disponíveis, os analistas tiveram mais dificuldade para estimar qual foi a variação da taxa de desemprego em junho, que deve ser divulgada amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Apesar da interrupção da série, permanece a avaliação de que a geração de novas vagas nas seis principais regiões metropolitanas do país já foi afetada pelo enfraquecimento da atividade. A desocupação, no entanto, vai continuar em patamar baixo nessas áreas, ainda influenciada pelo menor número de pessoas que estão procurando trabalho. A média de 14 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que a taxa de desemprego foi de 5,1% no mês passado, abaixo do nível de 6% observado em igual mês de 2013 e, de acordo com as expectativas dos economistas, sem grande mudança sobre maio. As estimativas para a PME de junho vão de 4,8% a 5,3%.

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Boletim 568/14 – Ano VI – 23/07/2014

Mercado de trabalho deve mostrar leve desaceleração em junho, dizem analistas Por Arícia Martins | De São Paulo Sem dados de maio disponíveis, os analistas tiveram mais dificuldade para estimar qual foi a variação da taxa de desemprego em junho, que deve ser divulgada amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Apesar da interrupção da série, permanece a avaliação de que a geração de novas vagas nas seis principais regiões metropolitanas do país já foi afetada pelo enfraquecimento da atividade. A desocupação, no entanto, vai continuar em patamar baixo nessas áreas, ainda influenciada pelo menor número de pessoas que estão procurando trabalho.

A média de 14 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que a taxa de desemprego foi de 5,1% no mês passado, abaixo do nível de 6% observado em igual mês de 2013 e, de acordo com as expectativas dos economistas, sem grande mudança sobre maio. As estimativas para a PME de junho vão de 4,8% a 5,3%.

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Na medição anterior, o percentual de desempregados em relação à População Economicamente Ativa (PEA) foi divulgado de maneira parcial, sem o cálculo da taxa de desocupação oficial, devido à greve de funcionários do IBGE. A paralisação afetou a coleta e a análise de dados nas áreas metropolitanas de Salvador e Porto Alegre. Por isso, foram apresentadas informações apenas das outras quatro capitais que fazem parte da pesquisa: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Recife.

A Rosenberg & Associados projeta que o desemprego no conjunto das regiões metropolitanas recuou de 5% em maio para 4,8% em junho. Segundo a consultoria, a leve redução reflete a expectativa de que muitas pessoas tenham parado de procurar emprego durante o período de realização da Copa do Mundo, fenômeno semelhante ao que ocorre sazonalmente no fim do ano. "Apesar do número aparentemente favorável, a tendência é que a taxa de desemprego volte a subir nas próximas divulgações, refletindo a atividade econômica estagnada desde o ano passado", informa relatório da Rosenberg.

Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, projeta que o percentual de desocupados subiu ligeiramente na passagem mensal, de 5% para 5,1%, mas pondera que o cálculo foi feito sem informações do mês de maio, necessárias para uma previsão mais acurada. De qualquer forma, diz Mariana, a taxa de desemprego medida pelo IBGE tem variado muito pouco, e mostra um cenário um pouco diferente dos resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em junho, o Ministério do Trabalho divulgou que apenas 25,4 mil postos com carteira assinada foram abertos, com 28,5 mil demissões líquidas na indústria.

"O saldo líquido entre contratações e demissões é um dado mais dinâmico, que responde com maior rapidez ao quadro de desaceleração da atividade", comenta Marina. Já no caso da pesquisa do IBGE nas seis regiões metropolitanas, ela afirma que pode ter havido redução do pessoal ocupado em junho na comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas a diminuição da PEA ainda deve impedir um aumento mais forte do total de desempregados. Para Mariana, a força de trabalho só voltará a crescer caso o desempenho da economia continue ruim, o que provocaria mais demissões.

Na edição do Boletim Macro de julho, os pesquisadores Rodrigo Leandro de Moura e Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre-FGV, notam que, em maio, o total da população ocupada nas quatro regiões metropolitanas cujos dados foram divulgados diminuiu em 57 mil. Como, no entanto, a PEA teve um recuo maior, de 281 mil pessoas, a taxa de desemprego deve ter se mantido praticamente estável em relação ao número de abril, que foi de 4,9%. Nas projeções do Ibre, a desocupação aumentou apenas 0,1 ponto percentual, para 5% em junho. Eles avaliam que o mercado de trabalho está em lenta desaceleração, com um movimento mais agudo nas regiões analisadas pela PME.

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Empresas esperam reverter no STF entendimento sobre terceirização

Procurador José de Lima Ramos Pereira: Ministério

Público combate as fraudes nos contratos de trabalho Por Adriana Aguiar e Zínia Baeta | De São Paulo O tema é polêmico e há alguns anos aguarda para ser tratado em lei específica. A terceirização, que coloca em lados opostos empresas e Ministério Público do Trabalho (MPT) em meio a centenas de ações civis públicas e indenizações milionárias, será analisada pela primeira vez pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A notícia trouxe aos empresários a esperança de reverter uma batalha que têm perdido há tempos na Justiça do Trabalho.

Os ministros do Supremo julgarão se as empresas podem terceirizar suas principais atividades - no meio jurídico conhecidas como atividades-fim. O Tribunal Superior do Trabalho (TST), última instância trabalhista, é contrário, razão pela qual as empresas perdem a maioria dos recursos que chega à Corte. Hoje tramitam cerca de 20 mil processos sobre o tema.

O processo a ser analisado pelo STF é da Cenibra, do setor de celulose, condenada a pagar R$ 2 milhões por terceirização em uma ação movida pelo MPT. Em outra causa, menos abrangente, os ministros avaliarão a possibilidade de terceirização do serviço de call center de empresas de telecomunicações. O TST entende que a autorização da Lei Geral de Telecomunicações é inconstitucional.

Alguns dos setores mais afetados pela discussão são os de papel e celulose, produção de sucos, construção civil, telecomunicações, energia elétrica, logística, mineração, bancário e saúde.

Mais de 10 milhões de pessoas trabalhavam em empresas que prestam serviços terceirizados em 2011, ou seja 25,5% do mercado formal, segundo estudo do Dieese e CUT Nacional, que está sendo refeito. O setor de call center contabiliza mais de 500 mil trabalhadores nessa situação. Sem regulamentação específica - apesar de o MPT entender que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) fornece subsídios para tratar do tema - e sem avançar nas discussões sobre os limites dessa terceirização no

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Legislativo e no Executivo (leia mais abaixo), o Supremo poderá ser o responsável por definir os rumos dessas contratações.

O advogado que representa a Cenibra no processo, Marcello Badaró, coordenador da área trabalhista do Décio Freire e Associados em Minas Gerais e Nordeste, afirma que, por inércia do Legislativo, a interpretação do tema está limitada aos tribunais. "Esperamos que o Supremo acabe com esse vácuo legislativo, pois os bons estão pagando pelos maus", diz.

Já o advogado José Alberto Couto Maciel, do Advocacia Maciel, que assessora Contax, Telemar e Vivo em processos no STF, afirma que a ideologia que predomina no TST é a de que qualquer terceirização seria fraudulenta, fato que repercute nos tribunais trabalhistas do país. Para ele, o Judiciário só deveria coibir a terceirização que envolve fraude no contrato de trabalho ou o não pagamento de salários, por exemplo. "A Justiça, ao criar empecilhos para a terceirização está prejudicando o próprio trabalhador, pois há redução na oferta de vagas e demissões", diz Maciel. Para ele, é necessário uma lei que regulamente o tema ou uma decisão definitiva do Supremo para permitir a terceirização. "O Ministério Público do Trabalho tem entrado com ações milionárias contra as empresas, como se o fato de terceirizar por si só fosse fraudulento."

O coordenador nacional de Combate às Fraudes Trabalhistas do Ministério Público do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, afirma que o órgão não é contra a terceirização em si. "Há situações permitidas", afirma. Segundo ele, o Ministério Público, combate as fraudes nos contratos de trabalho, assim como a precarização dessas relações. A questão é interpretada como a diferença de tratamento entre o trabalhador contratado e o terceirizado de uma mesma empresa - salários menores, jornadas maiores, um número maior de acidentes fatais de trabalho e o enfraquecimento do movimento sindical. "Buscamos a igualdade de direitos e o fim da precarização, cumprir os anseios da Constituição Federal", diz Pereira. "Há segmentos em que a terceirização já foi quarterizada."

Os números mostram a preocupação do órgão com a questão. De acordo com o último balanço realizado pelo MPT, foram propostas 1.562 ações civis públicas até 2011. No mesmo período, foram 2.376 Termos de Ajustamentos de Conduta (TACs), 57 mil trabalhadores atingidos pelos processos e 13.566 investigações. "O MPT não entra com ações por nada. Ele é provocado e temos que apurar até por dever de ofício. Só o que tem fundamento vira ação", afirma. Junto aos processos, normalmente, vêm os pedidos de indenização por dano moral coletivo que, segundo o procurador, são uma forma de pressionar as empresas a evitar a precarização. "O valor varia conforme as irregularidades encontradas e a condição que a empresa possui."

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O procurador explica que não há lei específica sobre o tema, mas que por interpretação dos artigos 2º e 3º da CLT, que dão a definição de empregador, é possível saber o que não pode ser terceirizado. Os dispositivos estabelecem que empregador é aquele que contrata, assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço.

Ao contrário das entidades representativas das empresas, a possibilidade de o STF decidir o tema não agradou aos representantes dos trabalhadores. Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, "não é papel do Judiciário intervir nessa questão". Para ele, essas discussões sobre a terceirização devem ser negociadas por trabalhadores, empresas e sindicatos.

A CUT já pediu uma audiência com os ministros do STF em nome de todas as centrais sindicais. "A ideia é dialogar sobre o papel do Judiciário nessa história. Enquanto a negociação entre as partes não for encerrada não tem sentido o Judiciário intervir", diz. Para ele, se o STF permitir a terceirização em todos os níveis, "haverá uma onda sem precedentes de terceirização e, consequentemente, da precarização do trabalho e a retirada dos direitos dos trabalhadores".

No dossiê "Terceirização e Desenvolvimento. Uma conta que não fecha", de setembro de 2011, realizado pela CUT em conjunto com o Dieese, a conclusão é de que " a terceirização está diretamente relacionada com a precarização do trabalho".

De acordo com o documento, uma pesquisa da Federação Única dos Petroleiros (FUP) de 2010 apontou que 98% das empresas foram motivadas a terceirizar devido ao menor preço e apenas 2% devido à especialização. Isso porque a remuneração dos trabalhadores terceirizados é 27,1% menor.

Além dos baixos salários, a jornada de trabalho também tem sido maior para os terceirizados. São três horas a mais semanalmente, sem considerar horas extras. Segundo a pesquisa, se a jornada dos terceirizados fosse igual a dos contratados diretamente seriam criadas cerca de 800 mil vagas.

O documento foi apresentado em audiência pública realizada em 2011 pelo TST. Segundo a socióloga Adriana Marcolino, que atua no Dieese e responsável pela elaboração do dossiê, a ideia era reunir todas as informações para construir um quadro sobre a o trabalho terceirizado no Brasil. "E a conclusão que chegamos foi a de que os ganhos com a terceirização estão muito mais ligados à precarização do trabalho do que à especialização dessa mão de obra", diz.

Adriana afirma que a entidade está preparando uma atualização da pesquisa para apresentar ao Supremo. "Essa nova etapa da pesquisa deve tratar também da

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dimensão econômica da terceirização e fazer uma comparação das legislações internacionais que tratam do tema."

Esse quadro, porém, não retrata a realidade, na opinião do vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ministro aposentado do TST, Roberto Della Manna. "É uma falácia dizer que as empresas terceirizam para economizar. A terceirização ocorre por uma necessidade própria e peculiar de cada empresa", diz. Para ele, não se pode ignorar que a terceirização é uma tendência mundial. "Hoje uma indústria de automóveis, por exemplo, prefere terceirizar a pintura porque há quem tenha se especializado nesse serviço e faça melhor."

Segundo Della Mana, os líderes sindicais ficam preocupados com a queda de arrecadação, a medida que aumenta a terceirização. Os julgamentos no Supremo, na sua opinião, "são de fundamental importância para todos os setores da indústria que terceirizam sua atividade-fim". Para ele, outra solução para o conflito seria a aprovação de uma lei que permitisse a terceirização "sem que haja prejuízo ao trabalhador."

Pesquisa deve sair de novo incompleta Por Diogo Martins | Do Rio O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá divulgar a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de junho, nesta quinta-feira, com dados incompletos, de apenas algumas das seis regiões metropolitanas que integram o estudo, de acordo com fontes. O Valor apurou que houve problemas na coleta de dados das regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.

Em junho, na divulgação da pesquisa referente a maio, o IBGE publicou dados de apenas quatro das seis regiões metropolitanas pesquisadas. Na ocasião, faltaram dados de Salvador e Porto Alegre, por conta da greve no instituto. A paralisação de parte dos servidores começou em 26 de maio.

Procurada, a coordenadoria de comunicação do IBGE não comentou o assunto.

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Dois processos sobre o tema definirão rumos da ques tão Por Adriana Aguiar e Zínia Baeta | De São Paulo O processo pelo qual o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá definir a discussão sobre terceirização é da Cenibra, do setor de celulose. A empresa, após passar por todas as instâncias da Justiça do Trabalho, recorreu à Corte contra ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2006. O órgão é contrário à terceirização de toda a cadeia produtiva da companhia - que passa pelo florestamento, reflorestamento, colheita e beneficiamento de madeira.

Para o MPT, a medida seria irregular. Na ação, pede que todos os trabalhadores da cadeia sejam contratados pela Cenibra, além de indenização por danos morais coletivos, fixada em R$ 2 milhões pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Minas Gerais. A decisão, contrária à companhia, foi mantida pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).

O advogado que representa a Cenibra no processo, Marcelo Badaró, do Décio Freire e Associados em Minas Gerais e Nordeste, afirma que não há lei que proíba a terceirização. O problema, segundo ele, é que se parte sempre do pressuposto de que toda terceirização "precariza" a mão de obra, o que não é fato. "Essa ideia não pode ser generalizada, principalmente para aqueles que estão em dia com suas obrigações", afirma.

O ministro Luiz Fux, ao analisar o pedido de repercussão do processo, considerou que a proibição genérica de terceirização baseada apenas na interpretação jurisprudencial dos tribunais trabalhistas do que seria atividade-fim pode interferir no direito fundamental de livre iniciativa, capaz de esvaziar a liberdade do empreendedor de organizar sua atividade empresarial de forma lícita e da maneira que entenda ser mais eficiente

Os ministros do STF também declararam, no dia 15 de junho, a repercussão geral de uma ação que discute a prestação de serviço de call center pela Contax à operadora de serviço de telefonia Telemar. A empresa recorreu de decisão do TST que considerou inconstitucional o inciso II do artigo 94 da Lei Geral de Telecomunicações (nº 9472, de 1997). O dispositivo permite "contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço".

Ao analisar um recurso da Vivo, o ministro Gilmar Mendes decidiu, em 8 de junho, cassar decisão semelhante do TST sobre a atividade de call center. O ministro entendeu que o processo deveria retornar ao tribunal superior porque a inconstitucionalidade não foi declarada pelo pleno, único apto a tomar a decisão.

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Segundo o advogado José Alberto Couto Maciel, do Advocacia Maciel, que assessora a Contax, Telemar e Vivo em processos, foi necessário levar o tema ao Supremo, já que o TST tem declarado inconstitucional a norma por meio de decisões de turma ou de apenas um ministro.

Projeto de lei autoriza repasse de atividade-fim Por Adriana Aguiar | De São Paulo O Congresso Nacional analisa projetos de lei (PLs) apresentados para regulamentar a terceirização no país. Entre os mais polêmicos está o de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO). O PL nº 4.330, de 2004, permite a terceirização de todos os setores das empresas, inclusive atividades-fim. Porém, em consequência de mobilização contrária de entidades ligadas aos trabalhadores ao longo de 2013, a votação da proposta foi suspensa.

Outro texto de grande repercussão é o projeto de lei nº 4.302, de 1998, que propõe a regulamentação da terceirização por meio do aumento do tempo contratual do trabalho temporário. Porém, não há movimentação no andamento do texto desde 2011.

Não há consenso, porém, sobre o melhor conteúdo para um projeto de lei sobre o tema. Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ministro aposentado do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Roberto Della Manna, a aprovação de uma lei que regulamente melhor a terceirização, sem prejuízo para o trabalhador, poderia ser uma boa solução. Já para o secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, as propostas não deveriam cancelar a Súmula 331 do TST, que veda a terceirização da atividade-fim. "Hoje esse súmula é a única salvaguarda dos trabalhadores. E derrubá-la seria permitir a precarização do trabalho."

Há ainda o Projeto de Lei nº 1621, de 2007, elaborado pela CUT e pelo deputado Vicentinho (PT-SP), que propõe a regulamentação da terceirização, estabelecendo igualdade de direitos entre contratados e terceirizados e vetando a prática na atividade-fim. O projeto está parado desde dezembro.

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Destaques Dano estético

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que o Tribunal Regional do Trabalho

da 8ª Região (PA/AP) examine o recurso de um operador de piso da Tradelink

Madeiras que, após ser indenizado por danos morais, voltou à Justiça pedindo

reparação financeira por dano estético pela perda de quatro dedos da mão direita. Para

os ministros da 3ª Turma, a condenação anterior não impede o pedido feito em nova

ação, em razão de não configurar coisa julgada material. Na ação ajuizada na 3ª Vara

de Ananindeua (PA), o trabalhador explicou que recebeu ordem explícita do

encarregado da madeireira para que operasse uma máquina denominada moldureira.

Além de não ter sido treinado para o uso do equipamento, o sensor de movimento

estava com defeito, não alertando o operador da proximidade das lâminas durante o

manuseio da madeira. A empresa foi condenada, na primeira ação, a indenizar o

operador em R$ 142 mil. Numa segunda ação, o trabalhador pediu indenização por

danos estéticos, argumentando que as alterações físicas, facilmente visíveis, causam

constrangimento a seu portador, e a empresa foi condenada a pagar R$ 100 mil. Ao

julgar recurso da empresa, o regional entendeu pela caracterização de coisa julgada

material, ou seja, o pedido de danos estéticos já teria sido apreciado anteriormente,

abrangido pelo de danos morais.

(Fonte: Valor Econômico dia 23-07-2014).

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Nova lei tenta acelerar tramitação de processos na Justiça trabalhista Projeto sancionado pela presidente Dilma tenta barr ar recursos usados para adiar o cumprimento de decisões judiciais MURILO RODRIGUES ALVES, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

A presidente Dilma Rousseff sancionou, na íntegra, projeto de lei aprovado no Congresso com objetivo de acelerar a tramitação de processos na Justiça do Trabalho. A Lei 13.015/2014, publicada ontem no Diário Oficial da União, tenta barrar recursos meramente protelatórios usados para adiar o cumprimento de decisão judicial. A nova legislação modifica a septuagenária Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para incluir na tramitação dos processos trabalhistas duas práticas recorrentes em outras Cortes: os chamados "recursos repetitivos", a exemplo do que ocorre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e a "repercussão geral", do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a publicação, os ministros do TST poderão rejeitar embargos quando, por exemplo, esse tipo de recurso for apresentado contra decisões que estiverem de acordo com a jurisprudência do TST ou do STF. Eles analisarão apenas um processo sobre determinado assunto e o entendimento deverá ser seguido pelas instâncias inferiores. Os advogados terão de indicar claramente qual parte da decisão recorrida fere a jurisprudência ou súmula, sob pena de não ter o recurso aceito. Entre outras alterações, a nova lei obriga os Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) a uniformizarem sua jurisprudência para evitar divergências entre turmas do mesmo órgão, sem prejuízo da uniformização da jurisprudência nacional, que continua a cargo do TST. Com a adoção do mecanismo de "recurso repetitivo", em 2008, o STJ conseguiu evitar a chegada de centenas de processos à Corte. O presidente do TST, ministro Antonio Levenhagen, disse ao Estado esperar uma redução na quantidade de processos que chegam à instância máxima da Justiça do Trabalho. "A regulamentação da Lei vai abreviar o julgamento desses processos sem diminuir a qualidade das decisões", garantiu. Em 2013, o tribunal recebeu 300 mil processos - o equivalente a 5% de todas as ações trabalhistas que correm no País vão parar na Corte Superior. Foram julgados 250 mil processos, mas ainda estão parados 225 mil. No primeiro semestre de 2014, o número de processos que chegaram ao TST aumentou 6%, enquanto a quantidade de casos julgamentos foi 5% maior. A Lei entra em vigor daqui a 60 dias. Até lá, o TST precisa regulamentar a norma para orientar as instâncias inferiores. O desafio, segundo o ministro Levenhagen, é encontrar uma saída para não prejudicar os pedidos que são feitos juntamente com os "recursos de revista", o correspondente aos "recursos repetitivos" no tribunal. (Fonte: Estado SP dia 23-07-2014).

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Inquérito apura se sindicatos financiam atos DO RIO Um inquérito em andamento na Polícia do Rio investiga se sindicatos e organizações ligadas à movimentos populares financiaram ativistas acusados de violência.

O inquérito é um desdobramento do que levou à denúncia contra 23 pessoas acusadas de associação para a prática de crimes de danos ao patrimônio, posse de artefatos explosivos e outros.

Segundo as investigações, o Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio) e a Fist (Frente Internacionalista dos Sem-Teto) teriam fornecido quentinhas a integrantes das ocupações "Ocupa Cabral" e "Ocupa Câmara", acampamentos de protesto montados em junho e agosto de 2013, em troca de participação de ativistas em atos contra o leilão do campo de Libra, em 21 de outubro.

O inquérito diz que, na ocasião, "pessoas foram pagas para praticar vandalismo", mas não informa quantas. Cita só o nome de Jair Seixas Rodrigues, que, segundo a polícia, "recebe dinheiro da Fist para ser agitador". Ele estava preso no dia do leilão.

Em outro trecho, o inquérito diz que a ativista Elisa de Quadros Sanzi, a Sininho, teria pedido ao Sepe (Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio) cem quentinhas para índios que participavam de assembleia no antigo Museu do Índio, no Maracanã.

Uma das coordenadoras do sindicato, Gesa Linhares disse que a entidade ainda não teve acesso ao inquérito e que sempre se posicionou contra "qualquer tipo de violência".

Em nota, o Sindipetro-RJ disse repudiar "todo tipo de censura, repressão e criminalização dos movimentos sociais" e que "forneceu, a pedido dos manifestantes, quentinhas, água e também transporte para o protesto contra o leilão de Libra e outras manifestações".

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TJ manda Rio devolver salário descontado de profess ores por greve

DO RIO - O desembargador Nildson Araújo da Cruz, do Tribunal de Justiça do Rio,

concedeu liminar que obriga o município a devolver o valor descontado dos salários de

professores da rede pública municipal que fizeram greve em 2014.

A paralisação começou no dia 12 de maio de terminou em 27 de junho deste ano.

O tribunal entendeu que o dinheiro deve ser devolvido porque a legalidade ou não da

paralisação municipal ainda não foi julgada.

De acordo com a decisão, a prefeitura tem 72 horas para devolver os descontos, sob pena

de pagamento de multa de R$ 100 mil por dia.

"É uma grande vitória para nós. Temos direito à greve, e o desconto do salário foi

perseguição política", diz Gesa Linhares, coordenadora do Sindicato Estadual de

Profissionais de Educação do Rio.

Procurada, a prefeitura diz que só se manifestará quando for notificada oficialmente sobre a

decisão.

(Fonte: Folha SP dia 23-07-2014).

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Indústria de Campinas registra mais de duas mil dem issões

milton Paes / CAMPINAS

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas divulgou ontem a pesquisa de sondagem industrial referente ao mês de junho realizada em parceria com o Centro de Pesquisas Econômicas da Facamp (Faculdades de Campinas). De acordo com o levantamento, houve um aumento no número de empresas respondentes com relação à redução de sua produção, que passou de 40,7% em maio para 58,3% em junho.

Em junho de 2013 esse índice havia sido de 48,6%. No entanto, houve aumento no percentual de empresas respondentes que assinalaram aumento da produção passando de 11,1% em maio deste ano para 20,8% em junho. No mesmo mês do ano passado esse índice era de 17,1%.

As vendas também registraram um índice preocupante. Segundo a sondagem 85,7% dos respondentes assinalaram que as vendas foram inferiores ao mês de maio e apenas 14,3% indicaram que se mantiveram estáveis. Nenhuma empresa indicou aumento de vendas.

A inadimplência também apresentou piora. Não houve redução da inadimplência para nenhuma empresa. Houve um aumento para 35,7% das empresas consultadas. Em maio deste ano o índice havia ficado em 29,6% e em junho de 2013, 15,8%.

A variação mensal no número de funcionários teve sua tendência revertida no mês de junho. Nenhuma empresa alegou ter aumentado o seu número de funcionários, ao contrário dos meses anteriores e do mesmo mês em 2013.

Houve também um aumento expressivo das empresas que assinalaram ter havido diminuição do seu quadro de funcionários em que 57,1% das empresas indicaram redução do seu número de funcionários, resultado 17,1 pontos percentuais superior a junho de 2013 e 53,4 pontos percentuais superior a maio de 2014.

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O nível de emprego industrial na Diretoria Regional do Ciesp Campinas apresentou resultado negativo no mês de junho/2014. A variação ficou em -1,18%, o que significou uma queda de aproximadamente 2.050 postos de trabalho.

No ano, o acumulado é de -0,65%, uma queda de aproximadamente 1.200 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de -3,00%, representando uma queda de aproximadamente 5.300 postos de trabalho.

Quando comparados os meses de junho dos anos de 2013 e 2014, tem-se um cenário pior, pois em junho de 2013 o resultado foi negativo em -0,98%.

O índice do nível de emprego industrial no Ciesp Campinas foi influenciado pelas variações negativas dos setores de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos (-4,01%); Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos (-5,10%); Veículos Automotores e Autopeças (-1,17%) e Produtos Alimentícios (-1,34%), que foram os setores que mais influenciaram o cálculo do índice total da região.

O vice-coordenador do Centro de Pesquisas Econômicas da Facamp, José Augusto Ruas, não acredita que este alto índice de demissões registrado em junho se repita nos próximos meses. "É possível que nos próximo mês a gente tenha um volume de demissões, mas dificilmente ela deve superar a casa de 500, como foi o mês passado", avalia.

O diretor titular do Ciesp Campinas, José Nunes Filho, disse que o empresário industrial não tem perspectiva de melhora e isso retém investimentos. "O empresário industrial não está vendo nenhuma expectativa de melhora para o futuro em função da condução da política econômica que não traz nada de novo e nenhuma reforma estrutural.

Continuamos com uma política recessiva. Provavelmente o PIB desse ano deve ficar abaixo de 1% e nós temos o índice de confiança do empresário industrial no Brasil na faixa dos 40 pontos quando a média histórica é de 54 pontos e isso vem decrescendo desde 2010".

(Fonte: DCI dia 23-07-2014).

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Ordem no +Simples: Próximo passo é a regulamentação Escrito por Silvia Pimentel O presidente da Frente Mista da Micro e Pequena Empresa, deputado Guilherme Campos

(PSD-SP), está confiante na sanção presidencial ao texto aprovado na semana passada,

no Senado, que atualiza o Supersimples. Depois da assinatura de Dilma Rousseff, o

parlamentar vai lutar para que seja aprovada ainda neste ano proposta que visa aprimorar

ainda mais a legislação.

Houve um compromisso do governo de enviar ao Congresso Nacional 90 dias a partir da

promulgação da lei um projeto propondo a revisão das tabelas do Simples. “O texto atual é

o possível para o momento. Existe uma grande expectativa com o estudo que está sendo

conduzido pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

Esse trabalho será a base para o projeto de lei, que vai tratar da alocação das atividades

de serviços, do aumento dos limites de enquadramento e, possivelmente, da redução dos

anexos – agora são seis tabelas no regime tributário”, explicou o deputado.

Na opinião do parlamentar, a principal inovação do texto aprovado por unanimidade na

Câmara e no Senado é a possibilidade dada às várias atividades do setor de serviços de

entrarem no regime tributário voltado às micro e pequenas empresas, embora dentro de

uma tabela de alíquotas com valores maiores do que as existentes.

Estimativas do Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

apontam que o acesso irrestrito ao sistema vai beneficiar mais de 140 atividades, até então

impedidas de participarem do Simples.

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De acordo com Guilherme Campos, a nova tabela, criada pela Receita Federal em troca da

universalização, em termos de reembolso, produz os mesmos efeitos tributários do

recolhimento de impostos pelo regime do lucro presumido. “Agora é hora de lutar para que

esses valores sejam revistos para deixar o regime tributário ainda mais atrativo para quem

deseja montar seu negócio”, disse.

Não é a primeira vez que Guilherme Campos participa de discussões no Congresso para

aperfeiçoar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Em 2011, ele se mobilizou na

votação da atualização dos limites de enquadramento. Na época, o limite de faturamento

das empresas de pequeno porte passou de R$ 2,4 milhões anuais para R$ 3,6 milhões.

E o faturamento limite do empreendedor individual (MEI) saltou de R$ 36 mil anuais para

R$ 60 mil. Na revisão que acaba de ser aprovada pelo Congresso, o parlamentar

coordenou várias reuniões com parlamentares e representantes do governo.

O texto – A partir do ano que vem, o faturamento anual de até R$ 3,6 milhões passa a ser

a única condição para o ingresso no regime tributário, independente da atividade

desenvolvida. É a chamada universalização do Simples Nacional.

O Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 60, aprovado pelo Senado na semana passada sem

mudanças no texto, também normatiza o uso da substituição tributária nas transações das

micro e pequenas empresas, prevê a criação de um cadastro único de abertura de

empresa e desburocratiza procedimentos para o fechamento de firmas, além de

estabelecer medidas para incentivar a formalização de empreendedores individuais (MEIs),

que somam mais de 4 milhões.

(Fonte: Diário do Comércio dia 23-07-2014).

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