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Mercado de trabalho do Cariri: uma análise dos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha

Mercado de trabalho do Cariri: uma análise dos municípios ... · entre 2000 e 2005, um número maior do que o aumento de trabalhadores ... patamar de 165.823 pessoas, em Juazeiro,

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Mercado de trabalho do Cariri: uma análise dos

municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha

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Mercado de trabalho do Cariri: uma análise dos municípios de Juazeiro do

Norte, Crato e Barbalha

2008

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Estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) - Organização Social Decreto Estadual nº 25.019, de 03/07/98.

Análise e Redação Júnior Macambira Apoio Técnico Arlete da Cunha de Oliveira Débora Forte Teixeira Geovane Sousa Pereira Editoração eletrônica, capa e layout Antônio Ricardo Amâncio Lima Raquel Marques Almeida Rodrigues Revisão Regina Helena Moreira Campelo Normalização Bibliográfica Paula Pinheiro da Nóbrega Correspondência para: Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT Av. da Universidade, 2596 - Benfica CEP 60.020-180 Fortaleza-CE Fone: (085) 3101-5500 Endereço eletrônico: [email protected]

M113m Macambira, Júnior. Mercado de trabalho do Cariri: uma análise dos municípios

de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha / Júnior Macambira. – Fortaleza : IDT, 2008.

29 p. 1. Mercado de Trabalho. I. Título. CDD: 331.12

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Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT)

Francisco de Assis Diniz Presidente

Antônio Gilvan Mendes de Oliveira Diretor de Promoção do Trabalho

Sônia Maria de Melo Viana Diretora Administrativo-Financeiro

Leôncio José Bastos Macambira Júnior Diretor de Estudos e Pesquisas

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1 DESEMPENHO RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO FORMAL 2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE MERCADO DE TRABALHO 3 PORTE DOS ESTABELECIMENTOS FORMAIS 4 EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL 5 PERFIL SALARIAL CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO

A idéia que motivou o presente estudo foi tentar investigar o crescimento do emprego

formal, no período recente, na Região do Cariri, destacando com mais evidência os

municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte. Outro aspecto motivador é o fato da

representação política e cultural que estes desempenham no Estado do Ceará, tendo, nesse

último aspecto, características bem próprias e diversificadas.

Dessa forma, discutir e apresentar elementos que promovam uma melhor interpretação da

realidade dos mercados de trabalho da região, a partir desses municípios, é, sob o nosso

entendimento, tratar de uma iniciativa oportuna para mensurar a dimensão produtiva local

a partir da geração de empregos e da inserção ocupacional dos trabalhadores.

Por fim, o documento está dividido em cinco partes: a primeira aborda o crescimento do

emprego formal, no período recente; a segunda, analisa os principais indicadores

demográficos e de mercado de trabalho; a terceira destaca o porte dos estabelecimentos

formais; a quarta apresenta a evolução do emprego com carteira assinada e, a quinta, uma

breve discussão sobre a remuneração dos trabalhadores assalariados com carteira assinada.

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1 DESEMPENHO RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO FORMAL

Nos últimos anos, o Brasil vem experimentando taxas significativas de crescimento do emprego

formal, especialmente, a partir dos anos 2000. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (IPEA), o número de trabalhadores registrados aumentou 7 milhões no Brasil

entre 2000 e 2005, um número maior do que o aumento de trabalhadores registrados nos 15 anos

anteriores a 2000. (IPEA, 2008). Esse resultado é impressionante considerando-se que a taxa de

crescimento média do Produto Interno Bruto (PIB) era de 2,6% ao ano (a.a.) de 2000 a 2005, que é

próxima à taxa dos anos anteriores (2,3% de 1991 a 1999).

Esse momento de crescimento está também muito associado ao crescimento da economia

internacional, com recuperação da economia nacional, mesmo considerando os resultados de duas

décadas de baixo crescimento econômico e conseqüente redução no número de contratações. Esse

debate, contudo, ainda divide muitos analistas do mercado de trabalho. Ainda segundo o IPEA (2008,

p. 10),

Os economistas da área de economia do trabalho ainda não entenderam completamente as razões desse crescimento do emprego formal, uma vez que não houve mudança significativa na legislação trabalhista e o custo da mão-de-obra, quando medido pelo salário real, aumentou 73% entre 1995 e 2005. Ao que parece, muitos concordam que esse crescimento está ligado à desvalorização da moeda brasileira em 1999 e ao crescimento das exportações estimulado pelo crescimento econômico mundial nos últimos cinco anos.

Apesar das controvérsias e razões aparentemente explicáveis para o aumento do emprego formal no

país, um aspecto importante desse processo foi a sua distribuição regional, com importantes avanços

no interior do país, em municípios com mercados de trabalho mais estruturados. Para o IPEA (2008,

p. 11),

Esses municípios são exemplos do dinamismo econômico encontrado em

pequenas localidades no Brasil, onde se constata um crescimento, na última

década, do emprego formal, do número de empresas formais, da arrecadação

tributária, e do PIB, este um indicador que se elevou “ao ritmo chinês”, com taxas

superiores a 6% a.a. Esses casos não são exceções, mas sim exemplos de um

padrão mais generalizado de crescimento industrial que ocorreu principalmente

em pequenos municípios no interior do Brasil nos últimos dez anos. (IPEA, 2008, p.

11).

No caso dos municípios do Cariri, particularmente os exemplos de Barbalha, Crato e Juazeiro do

Norte, esse processo de descentralização das atividades produtivas dos grandes centros urbanos,

motivado por políticas compensatórias em prol de investimentos com geração de emprego e renda,

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trouxe ganhos significativos para o desempenho de suas economias e conseqüente crescimento do

emprego.

À guisa de exemplificação, no período de janeiro a setembro de 2008, o número de empregos

gerados com carteira assinada, para os três municípios há pouco mencionados, já é de 1567 postos

de trabalho, com 227 em Barbalha; 377 no Crato; e 963, em Juazeiro do Norte. Os números são do

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), e que contempla apenas os trabalhadores com carteira assinada. Os resultados desses três

municípios já representam 4,05% do total de empregos formais gerados em todo o Estado do Ceará,

no mesmo período.

Por fim, espera-se que o crescimento do emprego formal observado nesse período recente do país

prolongue-se para os anos vindouros, de maneira a dar mais oportunidades aos trabalhadores,

sobretudo na conquista de empregos formais, com garantias sociais e trabalhistas. E nesse cenário

de otimismo, a região do Cariri tem fortes elementos econômicos e culturais para acreditar em dias

melhores.

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2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE MERCADO DE TRABALHO

Analisando-se os indicadores demográficos e de mercado de trabalho, para os municípios de Juazeiro

do Norte, Barbalha e Crato, percebe-se, no caso do primeiro município, um maior predomínio de sua

população total em relação aos demais. Sua população residente é composta por 212.133 pessoas,

segundo o último Censo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000. Nesse

mesmo período, as populações de Crato e Barbalha representavam 49,33% (104.646) e 22,17%

(47.031) da população total de Juazeiro.

A População em Idade Ativa (PIA) (segmento da população com idade mínima de 10 anos), alcança o

patamar de 165.823 pessoas, em Juazeiro, das quais 97.583 são adultos e 43.918, jovens. Em Crato e

em Barbalha, o número de pessoas que formam a PIA ficou em 82.761 e 36.731, ou seja, esses

números representam 49,91% e 22,15% da PIA total de Juazeiro do Norte.

Assim como o segmento da população em idade ativa, a População Não-Economicamente Ativa

(PNEA), outro indicador importante para mensurar o grau de inatividade da força de trabalho,

mostra que das 165.823 pessoas com idade ativa, 80.255 delas compõem a PNEA, ou seja, todo esse

contingente populacional encontra-se na inatividade, sem procurar trabalhar. Para os municípios de

Crato e Barbalha, a PNEA já soma 38.368 e 17.562 pessoas, sendo que o número de jovens, nos dois

casos, chega a representar, aproximadamente, a metade de adultos na mesma condição de

inatividade.

A População Economicamente Ativa (PEA), formada pelas pessoas ocupadas e desempregadas, ou

mais precisamente, a força de trabalho do município, é de 85.568 pessoas em Juazeiro do Norte;

44.393, em Crato; e de 19.169, em Barbalha. Nos três municípios, o número de jovens na PEA é

sempre menor que o de adultos, o que mostra uma maior participação deste no conjunto total da

população dos municípios aqui analisados.

De maneira conclusiva, um aspecto positivo encontrado nos municípios desse estudo é o fato de o

maior número de pessoas na PEA estarem ocupadas, seja em Juazeiro, Crato ou Barbalha. Ao todo,

são 72.312, 37.809 e 15.719 pessoas ocupadas, respectivamente, nos municípios de Juazeiro do

Norte, Crato e Barbalha. Numa mesma ordem, o número de desempregados nesses municípios é de

13.256, 6.584 e 3.450.

Em síntese, Juazeiro do Norte, pelas diferenças já destacadas anteriormente, é o município com

maior densidade populacional e, conseqüentemente, maior número de pessoas no mercado de

trabalho. A população adulta, nos três municípios, é bem maior que a jovem e, por fim, um dos

aspectos mais positivos verificado nos indicadores apresentados anteriormente é o fato de a maioria

da população economicamente ativa estar ocupada, nos três municípios.

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Tabela 1 - Principais Segmentos do Mercado de Trabalho por Grupo de Idade - Municípios Selecionados - 2000

SEGMENTOS* J. DO NORTE CRATO BARBALHA

15-24 >= 25 Total 15-24 >= 25 Total 15-24 >= 25 Total

PT 43.918 97.583 212.133 21.969 48.863 104.646 10.166 20.889 47.031

PIA 43.918 97.583 165.823 21.969 48.863 82.761 10.166 20.889 36.731

PNEA 17.482 41.427 80.255 9.299 18.703 38.368 4.233 8.254 17.562

PEA 26.436 56.156 85.568 12.670 30.160 44.393 5.933 12.635 19.169

PO 20.288 49.922 72.312 9.344 27.084 37.809 4.279 11.000 15.719

PD 6.148 6.234 13.256 3.326 3.076 6.584 1.654 1.635 3.450

Fonte: Dados do Censo Demográfico de 2000 Publicado pelo IBGE. * PT – População Total PIA – População Em Idade Ativa PNEA – População Não-Economicamente Ativa PEA – População Economicamente Ativa PO – População Ocupada PD – População Desempregada

Analisando-se melhor os segmentos acima já destacados, apresenta-se, agora, a composição destes

em relação ao gênero, no grupo etário de 15-24 anos, ou seja, entre os jovens. Em Juazeiro, por

exemplo, a população feminina (22.538) jovem é um pouco acima da observada entre os homens

(21.380). Já na comparação com a PEA, a inserção de homens jovens é bem superior que a das

mulheres. Em outras palavras, apesar de na população total não haver grandes

desproporcionalidades entre homens e mulheres, no mercado de trabalho, essas diferenças são mais

visíveis. É o caso, também, da inatividade (PNEA), cujo número de mulheres (11.900) nessa condição

é bem superior ao caso masculino (5.582). Esse fato, em tese, pode estar relacionado à ausência de

estímulo delas em procurar trabalho ou por estarem procurando melhorar sua formação escolar ou

mesmo qualificação profissional para entrar no mercado em condições de melhor competitividade,

ou ainda, não procurar trabalho em razão de atividades domésticas. Quanto à ocupação, o número

de jovens masculinos nessa condição é de 12.906, contra 7.382 mulheres ocupadas, e no

desemprego, essa relação também é maior para elas, com 3.256 trabalhadoras jovens na condição

de desemprego, e de 2.892, no caso masculino. De modo geral, a maioria dos segmentos aqui

destacados foi mais favorável aos homens jovens.

Em linhas gerais, a realidade de Crato não é muito diferente da de Juazeiro do Norte, onde, apesar da

maior participação da população feminina jovem, os segmentos de mercado de trabalho são mais

favoráveis aos homens. De forma específica, é importante mencionar novamente o desempenho da

inatividade (PNEA) feminina na comparação com a masculina, em que o número de mulheres inativas

é quase o dobro da verificada entre eles. Em tese, também, os elementos que podem justificar tal

situação podem ter estreita relação aos mencionados no caso de Juazeiro. No caso de Barbalha,

município de menor porte, os dados gerais são mais alvissareiros para o caso dos homens jovens,

com mais pessoas ocupadas e menos desempregadas, ratificando uma maior participação na PEA e,

por fim, menor incursão na inatividade. De forma sintética, a maioria dos segmentos demográficos e

de mercado de trabalho foi melhor evidenciada para os homens jovens, mesmo diante de uma

população total feminina, um pouco acima da verifica para eles. Destarte, ainda que pelas

oportunidades de trabalho em seus respectivos mercados de trabalho, nota-se, com base nas

informações do Censo 2000, do IBGE, uma maior inserção ocupacional de mão-de-obra masculina

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jovem. Contudo, essa análise não pode desprezar, prioritariamente, a formação dos setores

produtivos locais, o que, em última instância, é razão para exemplificar melhor essa inserção.

Gráfico 1 - Segmentos do mercado de trabalho , na faixa etária de 15-24 anos - Municípios selecionados - 2000 Fonte: IBGE/Censo Demográfico - 2000.

No caso das pessoas com idade igual ou acima dos 25 anos, conforme Gráfico 2 a seguir, o número

de mulheres é acima do observado na população masculina adulta, nos três municípios em questão.

Contrária a essa tendência, a PEA masculina é bem maior que a feminina, independente do

município. A PNEA (inatividade), outro segmento importante do mercado de trabalho, mostra uma

tendência de extremo crescimento da participação feminina ante a masculina, cujas participações

são de 76,99% (Juazeiro do Norte), 76,17% (Crato) e de 76,73% (Barbalha), acima da constatada no

caso deles, ou seja, o número de mulheres inativas no mercado de trabalho é bem acima do exemplo

masculino, razão que pode estar associada ao exposto no início deste capítulo.

Um aspecto importante no mercado de trabalho dos municípios em análise é o fato de a maioria das

pessoas que formam a PEA estar ocupadas, quer sejam os homens, quer sejam as mulheres,

consequentemente, o número de desempregados é menos intenso nos três municípios.

Em síntese, os dados descritos até então revelam um quadro heterogêneo do mercado de trabalho

dos municípios, mas que, ao mesmo tempo, apresentam-se favorável para homens e mulheres

adultas, no que diz respeito à ocupação, posto que boa parte da PEA municipal se encontra inserida

no mercado de trabalho. Embora haja características distintas de seus mercados de trabalho,

notadamente sua dimensão estrutural, o número de pessoas desempregadas não é tão alto, o que

pode estar associado às oportunidades de trabalho nos mais diferentes segmentos produtivos.

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Gráfico 2 - Segmentos do mercado de trabalho, na faixa etária > = 25 anos - Municípios selecionados - 2000 Fonte: IBGE/Censo Demográfico - 2000.

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3 PORTE1 DOS ESTABELECIMENTOS FORMAIS

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), o número de estabelecimentos formais nos municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte

teve um crescimento de 96,88% de 1996 para 2006, ou seja, houve um adicional de 2.052 novos

estabelecimentos ao longo desse período. Destacam-se nesse crescimento os setores do comércio e

serviços, com aumentos de 123,5% e 62,54%, respectivamente. Os setores aqui destacados merecem

uma maior atenção, também, em razão da representatividade que estes possuem no conjunto geral

das atividades econômicas, principalmente nos municípios de Crato e Juazeiro do Norte, cujos

mercados possuem uma maior capilaridade. Por outro lado, é mister reconhecer o papel significativo

da indústria na economia local, cujo crescimento global de seus estabelecimentos foi de 111,82% ao

longo desse período. Essa ascensão foi melhor observada em Crato e Juazeiro, com maior

intensidade nesse último município.

Em síntese, pode-se afirmar que os municípios em análise têm suas economias voltadas,

especialmente, para o terciário, motivadas pelas inúmeras atividades na área de serviços, e de um

comércio diversificado, principalmente pelos eventos religiosos que tanto impulsionam a economia

local, ampliando, inclusive, suas divisas de mercado. Destarte, ainda, o papel da indústria, uma forte

aliada na geração de emprego e renda para a população local e pelo grau de oportunidades que são

geradas para os munícipes.

Tabela 2 – Estabelecimentos Formais, por Setor de Atividade – Municípios Selecionados – 1996/2006

Setor de Atividade 1996 2006

Barbalha Crato J. do Norte Total Barbalha Crato J. do Norte Total

Indústria 24 76 196 296 41 103 483 627

Construção civil 6 43 53 102 12 53 114 179

Comércio 48 320 632 1.000 146 652 1.437 2.235

Serviços 55 264 351 670 75 332 682 1.089

Agropecuária 4 7 6 17 3 12 25 40

Outros/ignorado 4 8 21 33 0 0 0 0

Total 141 718 1.259 2.118 277 1.152 2.741 4.170

Fonte: RAIS/MTE.

De maneira a colaborar com as observações feitas há pouco, o Gráfico a seguir ilustra bem a

tendência de crescimento, de 1996 para 2006, nos três municípios do Cariri, com aumentos de

96,45%, em Barbalha, 60,44%, em Crato, e de 117,71%, em Juazeiro do Norte. Pelas especificidades

que a região tem no contexto da economia estadual, suas tradições religiosas, a diversidade de sua

cultura e do seu povo, o crescimento que se observa, do ponto de vista dos estabelecimentos

formais, só amplia a importância dessa região e da viabilidade econômica que esta possui, o que faz

com que, cada vez mais, novos investimentos públicos e privados estimulem novas conquistas para a

população local, com desenvolvimento e inclusão social.

1 O porte do estabelecimento refere-se ao número de vínculos empregatícios deste.

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Gráfico 3 - Número de estabelecimentos formais, segundo os municípios selecionados - 1996/2006 Fonte: RAIS/MTE.

Embora já mencionado o crescimento do número de estabelecimentos formais nos municípos em

análise, é importante registrar que o papel dos micro2-estabelecimentos nesse desempenho, cuja

expansão de 1996 para 2006 foi de 100,10%, ou seja, um adicional de 1.926 novos estabelecimentos

nesse porte. Em termos relativos, a ascensão dos estabelecimentos com essa classificação foi de

93,55%, em Barbalha; 66,61%, em Crato; e 119,74% em Juazeiro do Norte. Destacam-se, também,

aqueles estabelecimentos considerados como pequeno, cuja oscilação ficou em 66,47%, ou mais

precisamente, 111 estabelecimentos a mais, na passagem de 1996 para 2006. Naqueles considerados

como de médio porte, observou-se um incremento de 3 novos estabelecimentos em Barbalha e de

oito, em Juazeiro, e a manutenção, em Crato, do mesmo número verificado em 1996, ou seja, 10

estabelecimentos. Finalmente, os estabelecimentos de grande porte que, embora incipientes nos

três municípios, apresentaram avanços nesse período, de forma indistinta.

Mesmo diante do reconhecimento da importância e do papel que os micros e pequenos

estabelecimentos têm na geração de emprego e renda nas cidades, não se pode desprezar, contudo,

a amplitude que tem os médios e grandes estabelecimentos na absorção de grandes contratações, e

no peso que eles possuem no desenvolvimento da economia local. De maneira sintética, os dados

aqui apresentados somente reafirmam a dimensão da economia dos três municípios e das

potencialidades que ambos possuem para alacancar novas oportunidades de trabalho para suas

populações.

2 Classificou-se como micro, pequeno, médio e grande, os estabelecimentos com até 19 empregos , 20 a 99

empregos, 100 a 499 empregos , 500 ou mais empregos, respectivamente.

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Tabela 3 - Número de Estabelecimentos Formais, segundo o Porte – Municípios Selecionados – 1996/2006

Porte do Estabelecimento

Barbalha Crato Juazeiro do

Norte

1996 2006 1996 2006 1996 2006

Micro 124 240 650 1083 1150 2527

Pequeno 13 29 57 56 97 193

Médio 2 5 10 10 11 19

Grande 2 3 1 3 1 2

Fonte: RAIS/MTE.

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4 EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL

Numa análise das estatísticas do emprego formal, nota-se, conforme gráficos a seguir, a forte

influência do setor terciário (comércio e serviços) nos municípios em questão, sobretudo em Crato e

Juazeiro do Norte. Em Barbalha, município com menor intensidade econômica, na comparação com

esses dois últimos, o setor de serviços é amplamente superior ao desempenho do comércio, em

número de empregos existentes, situação também semelhante a Crato e Juazeiro do Norte, onde

este setor fica aquém do número de postos de trabalho observados nos serviços. A indústria é outro

setor importante nas economias desses três municípios. Em 1996, por exemplo, esse setor

representava 45,24% (1.459) dos empregos formais de Barbalha, 20,05% (1.447), em Crato e 18,60%

(2.422), em Juazeiro do Norte.

A construção civil, outro setor dinâmico e intensivo de mão-de-obra, é muito incipiente em Barbalha,

mas com empregos mais expressivos nos outros dois municípios. Apesar de reconhecer a

importância do setor no desenvolvimento econômico e na geração de emprego e renda, não se pode

desconhecer o fato de este registrar um grau de informalidade acentuado na maioria das relações de

trabalho. Outro exemplo parecido é a agropecuária, que, embora aglutine grande contingente de

pessoas ocupadas, ainda registra grandes índices de informalidade, também, o que pode justificar os

números que se seguem nos gráficos apresentados.

Gráfico 4 - Distribuição do emprego formal, por setor de atividade - Barbalha - 1996 Fonte: RAIS/MTE.

Gráfico 5 - Distribuição do emprego formal, por setor de atividade - Juazeiro do Norte - 1996 Fonte: RAIS/MTE.

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Gráfico 6 - Distribuição do emprego formal, por setor de atividade - Crato - 1996 Fonte: RAIS/MTE.

Como se observa nos próximos gráficos, o setor de serviços continua sendo o diferencial na geração

de empregos com carteira assinada, com estoques de empregos de 2.336, em Barbalha; 6.449, em

Crato; e de 10.197, em Juazeiro do Norte. A indústria e o comércio surgem como setores atrativos

em oportunidades de empregos celetistas, o que ratifica que esses segmentos são os mais atrativos

em geração de postos de trabalho em seus respectivos mercados de trabalho. Por fim, é válido

acrescentar que, de 1996 para 2006, o crescimento de empregos formais nesses três municípios foi

de 49,08% (1.583), 77,17% (5.570), e 100,12% (13.040), respectivamente, em Barbalha, Crato e

Juazeiro do Norte. Tais crescimentos revelam o bom desempenho do emprego formal vivido no país,

principalmente a partir da segunda metade dos anos 2000.

Gráfico 7 - Distribuição do emprego formal, por setor de atividade - Barbalha - 2006 Fonte: RAIS/MTE.

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Gráfico 8 - Distribuição do emprego formal, por setor de atividade - Crato - 2006 Fonte: RAIS/MTE.

Gráfico 9 - Distribuição do emprego formal, por setor de atividade - Juazeiro do Norte - 2006 Fonte: RAIS/MTE.

Em termos de gênero, o número de empregos masculinos é superior em 18,42% ao observado entre

as mulheres, em 1996, com uma diferença absoluta de 1.979 vínculos. Essa tendência verificada no

conjunto dos três municípios também é percebida separadamente, com diferenças de 697

(Barbalha), 338 (Crato) e de 944 (Juazeiro do Norte) empregos. Contudo, é inegável o espaço da

mulher no mercado de trabalho desses municípios, principalmente nas atividades dos serviços e

comércio.

Em 2006, o total de homens com vínculo empregatício também esteve acima do verificado para as

mulheres. No caso masculino, o número de empregos ficou em 24.216 e, no caso feminino, 19.444,

corroborando para uma diferença de 4.772 vínculos. Numa análise individual dos municípios aqui

relacionados, essa supremacia do gênero masculino foi comum a todos, principalmente em Juazeiro

(4.164) e Barbalha (398). No caso do Crato, essa diferença foi de apenas 210 empregos. De forma

sintética, a maior inserção dos homens nos mercados locais, em 1996, também se manifestou em

2006, inclusive ampliando esse crescimento que passou de 18,42% (1996) para 24,54% (2006).

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Gráfico 10 - Distribuição do emprego formal, segundo o gênero - Municípios selecionados - 1996 Fonte: RAIS/MTE.

Gráfico 11 - Distribuição do emprego formal, segundo o gênero - Municípios selecionados - 2006 Fonte: RAIS/MTE.

Analisando-se, agora, o número de empregos segundo o porte dos estabelecimentos, percebe-se

crescimento do emprego em todos os municípios e porte, exceto em Crato, nos estabelecimentos

classificados como de médio porte, onde os empregos tiveram um decréscimo de 28,42% de 1996

para 2006. De modo geral, os empregos nas micros, pequenas e médias empresas, no caso de

Barbalha, tiveram crescimento acima do observado nas grandes empresas.

Em Crato e Juazeiro do Norte, municípios com economias e mercado de trabalho mais estruturados e

dinâmicos, há uma distribuição dos empregos formais bem mais diversificada, com grande

crescimento de novos postos de trabalho na grande empresa, de Crato, cenário semelhante ao de

Juazeiro para os casos das micros, pequenas e médias empresas, mas com menor intensidade na

grande empresa. Evidencia-se, assim, uma distribuição dos empregos celetistas bem heterogênea,

segundo as classificações do porte dos estabelecimentos formais nesses três municípios.

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Tabela 4 – Estoque de Emprego Formal segundo o Porte dos Estabelecimentos – Municípios Selecionados - 1996/06

Porte do Estabelecimento Barbalha Crato Juazeiro do Norte

1996 2006 1996 2006 1996 2006

Microempresa 525 841 2.161 3.578 3.935 9.276

Pequena empresa 626 1.128 2.126 2.187 3.779 7.623

Média empresa 468 899 1.833 1.312 1.599 4.064

Grande empresa 1.606 1.940 1.098 5.711 3.711 5.101

Total 3.225 4.808 7.218 12.788 13.024 26.064

Fonte: RAIS/MTE.

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5 PERFIL SALARIAL

O Brasil é um dos países com maior concentração de renda do mundo. Não obstante os avanços nos

últimos anos, como se pode perceber pela queda do índice de Gini de 2001 a 2007,por exemplo, a

riqueza nacional ainda é muito centrada nas mãos de poucos. Quando se analisam rendimentos do

trabalho, por exemplo, nota-se o quanto é desproporcional a relação empregados versus salários, ou

seja, são muitos os trabalhadores nas faixas de menor salário e poucos os trabalhadores, nas de

maior salário. Na verdade, essa realidade é muito comum no cenário regional brasileiro.

Ademais, o achatamento salarial vivido no país nas últimas décadas tem ampliado ainda mais as

fortes diferenças de salários, sobretudo, na parcela dos empregados que se enquadram nas faixas de

menor salário, que são a maioria da população ocupada. Para Baltar e Leone (2007, p. 85),

Neste cenário, o crescimento do PIB no Brasil tem sido lento e descontínuo, a ponto de em um quarto de século, a renda por habitante praticamente não ter aumentado. Destacaram-se, entretanto, vários momentos diferentes como o colapso do financiamento da economia brasileira, provocado pela retração do crédito internacional por toda a década de 1980; o da forte entrada de capital entre 1993 e 1997 e o posterior à desvalorização do real em 1999, com as particularidades introduzidas pela expansão mundial que vem acontecendo desde 2003 e que ampliou a demanda e os preços de commodities.

Nesse ambiente de incertezas, todo esse reflexo de crise econômica torna-se ainda mais agudo, nas

economias menos desenvolvidas, particularmente no caso brasileiro, em que as disparidades

regionais são um traço presente no desenvolvimento de seus mercados de trabalho. E ao

examinarmos essas disparidades para o contexto dos municípios, as diferenças são ainda maiores.

No conjunto dos três municípios em análise, cerca de 25,66% dos empregos celetistas percebem até

um Salário-Mínimo (SM), enquanto a maioria, 57,85%, de 1 a 3 SMS, o que atesta ser, para essas

duas faixas de salários, aquelas que reúnem o maior número de empregos com carteira assinada. E

essa relação percentual é muito similar aos casos de Crato e Juazeiro do Norte, e mesmo Barbalha.

Nas faixas acima de 3 salários, a participação de trabalhadores com esses níveis salariais diminui

substancialmente.

Comparando os salários de homens e mulheres, pode-se fazer uma comparação para o exposto

anteriormente, ou seja, o maior número de empregos masculinos e femininos está justamente nas

classes de até um salário-mínimo e de 1 a 3 SMS, sendo de 18,57% e 61,60% respectivamente, no

caso masculino e de 34,05% e 53,39%, no caso feminino, porém, essas informações de 1996 revelam

uma diferença significativa na faixa de 3 a 5 SMS, com uma porcentagem de homens ganhando

acima do verificado para elas. Em outras palavras, os dados de remuneração para o ano de 1996

evidenciam que os homens possuem uma maior cobertura dos empregos com melhor nível salarial.

Passados dez anos, o que se nota, no contexto global dos rendimentos desses municípios, é que

houve uma desconcentração da faixa de até 1 salário-mínimo e a conseqüente ampliação da massa

26

de trabalhadores na faixa de 1 a 3 SMS, ou seja, mais trabalhadores passaram a ganhar melhores

salários. Por conseguinte, nas faixas de maior salário, a participação dos trabalhadores diminuiu na

comparação a 1996, o que mostra uma maior concentração de assalariados nos primeiros intervalos

da tabela. De modo geral, essa mesma realidade pode ser comparada ao exemplo de homens e

mulheres, cujos percentuais se aproximam muito da situação global dos salários.

Exemplificando, é importante destacar que os salários das mulheres, na faixa de até 1 SM, são

maiores que os masculinos, mas aquém dos observados na faixa de 1-3 SMS, e nas demais faixas, o

que corrobora para as desigualdades salariais que separam homens e mulheres.

Tabela 5 - Proporção de Empregos Formais nos Municípios Selecionados, segundo o Gênero e Faixa de Remuneração Média Mensal - 1996

Gênero e faixas de remuneração em salários- mínimos

Proporção de empregos formais (%)

Barbalha (%) Crato (%) J. do Norte (%) Total (%)

Total

até 1 sm 27,28 20,90 27,89 25,66

de 1 -| 3 sm 49,37 60,90 58,25 57,85

de 3 -| 5 sm 7,22 7,23 5,76 6,41

de 5 -| 10 sm 3,35 5,32 4,01 4,32

+ de 10 sm 2,27 4,56 3,80 3,82

ignorado 10,51 1,09 0,29 1,94

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Masculino

até 1 sm 20,45 12,07 21,56 18,57

de 1 -| 3 sm 56,50 65,74 60,78 61,60

de 3 -| 5 sm 9,64 8,37 6,88 7,75

de 5 -| 10 sm 4,08 6,48 5,18 5,40

+ de 10 sm 2,60 6,25 5,26 5,13

ignorado 6,73 1,09 0,34 1,55

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Feminino

até 1 sm 37,91 30,61 35,21 34,05

de 1 -| 3 sm 38,29 55,56 55,31 53,39

de 3 -| 5 sm 3,48 5,99 4,47 4,84

de 5 -| 10 sm 2,21 4,04 2,67 3,05

+ de 10 sm 1,73 2,70 2,11 2,26

ignorado 16,38 1,10 0,23 2,41

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: RAIS/MTE.

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Tabela 6 - Proporção de Empregos Formais nos Municípios Selecionados, segundo o Gênero e Faixa de Remuneração Média Mensal – 2006

Gênero e faixas de remuneração em salários- mínimos

Proporção de empregos formais (%)

Barbalha (%) Crato (%) J. do Norte (%) Total (%)

Total

até 1 sm 17,24 14,55 21,12 18,76

de 1 -| 3 sm 74,01 75,01 72,12 73,17

de 3 -| 5 sm 4,93 4,13 3,03 3,56

de 5 -| 10 sm 1,77 3,82 2,33 2,71

+ de 10 sm 0,82 1,95 1,13 1,34

ignorado 1,23 0,54 0,27 0,46

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Masculino

até 1 sm 11,22 12,35 17,85 15,66

de 1 -| 3 sm 79,22 75,61 74,62 75,38

de 3 -| 5 sm 5,54 4,62 3,30 3,89

de 5 -| 10 sm 2,34 4,08 2,50 2,91

+ de 10 sm 1,07 2,77 1,39 1,73

ignorado 0,61 0,57 0,34 0,43

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Feminino

até 1 sm 24,35 16,82 25,63 22,64

de 1 -| 3 sm 67,88 74,39 68,68 70,43

de 3 -| 5 sm 4,22 3,63 2,64 3,13

de 5 -| 10 sm 1,09 3,54 2,10 2,45

+ de 10 sm 0,51 1,11 0,77 0,86

ignorado 1,95 0,51 0,18 0,49

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: RAIS/MTE.

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CONCLUSÃO

Os municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte possuem papel importante no contexto social,

político e econômico na Região do Cariri, assim como no Estado do Ceará. Ambos têm traços

culturais bem típicos e, ao mesmo tempo, bem diversificados, o que os tornam mais especiais ainda.

O caráter singular de suas culturas também se manifesta em seus mercados de trabalho, quando

identificamos a predominância, por exemplo, do setor terciário em suas economias, o que justifica

ainda mais as especificidades do comércio e serviços, impulsionados pela religiosidade da região, que

é responsável direta pelas movimentações de emprego e renda destes importantes setores. Por

outro lado, a indústria tem desempenho importante no desenvolvimento local, com a presença de

grandes estabelecimentos e empregos.

Mesmo com forte presença do homem no mercado de trabalho, a mulher ocupa espaços destacados

nos três municípios, com participações relevantes no âmbito do emprego formal. Pela importância

que os três municípios possuem em sua região, conforme já destacado anteriormente, e pela

oportunidade de novos investimentos pelo governo do estado, assim como pelas políticas públicas

que podem ser desenvolvidas por seus municípios, é de se esperar que os números de mercado de

trabalho aqui apresentados possam ser ainda maiores e que esse processo traga mais inclusão social

e cidadania para a população de suas cidades.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. Além da informalidade: entendendo como os fiscais e agentes de desenvolvimento

promovem a formalização e o crescimento de pequenas e médias empresas. [S.l.]: Ipea, 2008. 45p.

(Texto para Discussão, n. 1353).

BALTAR, P.; LEONE, E. Perspectivas do emprego formal em um cenário de crescimento econômico.

Carta Social e do Trabalho, Campinas, n. 7, p.85, set./dez. 2007.

IPEA. PNAD 2007: primeiras análises. Brasília, DF, 2008. (Comunicado da Presidência, n. 12,

Educação, Juventude, Raça/Cor, v. 4). Disponível em:

<http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/comunicado_presidencia/Comunicado_%20da_%20presidenci

an12.pdf>. Acesso em: 20 out. 2008.