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Director: Adriano Cerqueira Janeiro de 2009 e-mail: [email protected] Edição n.º 1 Yazaki Saltano anuncia o despedimento de 145 trabalhadores É já o terceiro anúncio de despedimento colectivo, elevando para 1000 o número de desempregados da fábrica de Ovar em 2008 Em destaque, pág 2 Em Reportagem Anilhagem de Aves no Parque Biológico de Gaia Aves Madrugadoras do Parque Biológico de Gaia Há dois anos a funcionar no Parque Biológico de Gaia, a anilhagem de aves demarca-se como um dos mais fortes con- tributos para a preservação da ilha verde do Grande Porto. A prática de recolha para identificação e estudo de aves já decorre há vários anos no parque, mas apenas em 2006 é que Rui Brito e António Pereira, ornitólo- gos responsáveis pelo pro- jecto, deram inicio a esta ac- tividade de forma regular. pág. 4 Desporto Em Entrevista Internacional Cultura Liga Sagres: Marítimo trava ataque do FC Porto ao 1.º lugar Bernardino Barros: “A vida de um homem é escrever um livro, plan- tar uma árvore e ter um filho” Paquistão: Atentado Terrorista faz 53 mortos Cinema: Antes de Amanhã de Gonçalo Galvão Teles é o grande premiado do Ovarvídeo 08 pág. 13 pág. 8 pág. 6 pág. 16 Pub Sede: Pólo de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia Universidade do Porto Praça Coronel Pacheco, 8 4050-453 Tel. 223 393 660 Fax. 223 393 668 [email protected] Sítio Online: http://mercuriodoporto.blogspot.com

Mercúrio do Porto

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Primeira Edição Janeiro 2009

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Page 1: Mercúrio do Porto

Director Adriano Cerqueira Janeiro de 2009e-mail adrianojbcerqueiragmailcom Ediccedilatildeo nordm 1

Yazaki Saltano anuncia o despedimento de 145 trabalhadoresEacute jaacute o terceiro anuacutencio de despedimento colectivo elevando para 1000 o nuacutemero de desempregados da faacutebrica de Ovar em 2008

Em destaque paacuteg 2

Em Reportagem Anilhagem de Aves no Parque Bioloacutegico de Gaia Aves Madrugadoras do Parque Bioloacutegico de Gaia

Haacute dois anos a funcionar no Parque Bioloacutegico de Gaia a anilhagem de aves demarca-se como um dos mais fortes con-tributos para a preservaccedilatildeo da ilha verde do Grande Porto

A praacutetica de recolha para identificaccedilatildeo e estudo de aves jaacute decorre haacute vaacuterios anos no parque mas apenas em 2006 eacute que Rui Brito e Antoacutenio Pereira ornitoacutelo-gos responsaacuteveis pelo pro-jecto deram inicio a esta ac-tividade de forma regular

paacuteg 4

Desporto Em Entrevista Internacional Cultura

Liga SagresMariacutetimo trava ataque

do FC Porto ao 1ordm lugar

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plan-tar uma aacutervore e ter um filhordquo

PaquistatildeoAtentado Terrorista faz 53 mortos

CinemaAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08

paacuteg 13 paacuteg 8 paacuteg 6 paacuteg 16

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2 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Yazaki Saltano anuncia o despedimento de 145 trabalhadores

Em Destaque

Eacute jaacute o terceiro anuacutencio de despedimento colectivo elevando para 1000 o nuacutemero de desempregados da faacutebrica de Ovar em 2008

Adriano Cerqueira

A Yazaki Saltano de Ovar anunciou o despedimento colectivo de 145 trabalha-dores Eacute jaacute a terceira reduccedilatildeo de postos de tra-balho em 2008

Em comunicado a di-recccedilatildeo da empresa afirma que o terceiro despedimento colectivo daacute-se ldquoem resposta agrave crise financeira mundial e agrave quebra de encomendas de automoacuteveisrdquo

Ameacuterico Rodrigues delegado do Sindicato das Induacutestrias Eleacutectricas revela que com esta reduccedilatildeo eleva-se para 1000 o nuacutemero de trabalhadores despedidos este ano ldquoEste jaacute eacute o ter-ceiro despedimento neste ano de 2008 Neste momento a empresa oficialmente dis-pensou mais 145 trabalha-dores elevando para 1000 o nuacutemero de trabalhadores dispensados no conjunto da totalidade dos despedimen-tos deste anordquo assegura

O delegado sindical refere ainda que ateacute Janeiro de 2009 podem ainda haver mais despedimentos ldquoNo futuro perspectiva-se que este uacuteltimo despedimento colectivo que eacute colocado ateacute Janeiro possam vir mais trabalhadores o que pode perfazer um nuacutemero ainda maiorrdquo

Ovar eacute a freguesia do Dis-trito de Aveiro com maior nuacutemero de desempregados

No mecircs de Novembro estavam registados 825 desempregados no Centro de Emprego de Ovar de um total de 9487 habitantes que perfazem a populaccedilatildeo activa da freguesia

Para Joaquim Barbosa presidente da Junta de Freg-uesia de Ovar esta situaccedilatildeo eacute ldquopreocupanterdquo ldquoHoje in-felizmente o emprego natildeo eacute uma situaccedilatildeo estaacutevel natildeo soacute em Portugal como em todo o Mundo e os portugueses em geral e os vareiros em

particular tecircm que se habit-uar a viver com uma situa-ccedilatildeo de emprego precaacuterio para toda a vidardquo confessa

Os despedimentos na Yazaki Saltano vecircm apenas agravar a situaccedilatildeo de desem-prego neste concelho do distrito de Aveiro Joaquim Barbosa afirma que ldquoa situaccedilatildeo da Yazaki eacute uma situaccedilatildeo que natildeo eacute uacutenica em Ovar Eacute uma multina-cional que durante muitos anos foi um poacutelo de trabalho para muitos vareiros e que hoje devido agrave conjuntura e agrave crise econoacutemica interna-cional estaacute prestes a fechar as portasrdquo O presidente da junta conta ainda que ldquoinfelizmente haacute famiacutelias in-teiras marido e mulher que trabalhavam na Yazaki e neste momento estatildeo desem-pregados e isso traz reflexos para a comunidade Vareira e para a freguesia de Ovar em particularrdquo

Joaquim Barbosa acredita que a faacutebrica iraacute acabar por

ldquofechar as portas na totali-daderdquo ldquoJulgo que ainda tem agrave volta de 400 funcionaacuterios a trabalhar dos quais 20 ou 30 ainda seratildeo de Ovar Se a curto prazo a empresa fechar seratildeo mais esses 80 90 ou 100 funcionaacuterios de Ovar que se iratildeo juntar a todos os outros que neste momento jaacute estatildeo desempr-egadosrdquo explica

Comeacutercio sente os efeitos da falta de emprego

O comeacutercio de Ovar eacute um dos sectores mais afecta-dos pela crise de emprego da regiatildeo A diminuiccedilatildeo do nuacutemero de consumidores jaacute levou ao encerramento de vaacuterias lojas Joaquim Barbosa relembra as ldquofal-sas expectativasrdquo criadas agrave volta da abertura do centro comercial ldquoNa altura a ideia que as pessoas teriam era que o Dolce Vita seria o Ovo de Colombo para resolver os problemas de emprego Obviamente que um centro comercial que emprega 100

ou 150 pessoas natildeo vai resolver os problemas do desemprego na freguesiardquo reafirma O presidente da junta diz ainda que ldquocom essa mudanccedila de clientes para o centro comercial o pequeno comeacutercio e o co-meacutercio tradicional em Ovar sofreurdquo Joaquim Barbosa afirma que ldquohoje comeccedila a haver problemas no centro comercial porque fecham muitas lojas e o pequeno comeacutercio continua a ter problemas porque o poder de compra das pessoas diminu-iu bastanterdquo

Outrora motor de desen-volvimento e de crescimento econoacutemico do concelho a empresa de peccedilas de au-tomoacuteveis teve o seu ponto alto nos anos 90 quando chegou a empregar 3700 pes-soas Actualmente a Yazaki Saltano de Ovar emprega apenas cerca de 600 tra-balhadores

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 3

Yazaki Saltano A incerteza de um futuroReportagem

Outrora siacutembolo do desenvolvimento do concelho de Ovar a Yazaki Saltano vive tempos atribulados Para os trabalhadores a esperanccedila da manutenccedilatildeo do emprego entra em conflito com o possiacutevel encerramento da faacutebrica

Adriano Cerqueira

Foi em 1992 que a Yazaki Saltano chegou a Ovar Motor de desenvolvimento e crescimento econoacutemico do concelho a empresa de peccedilas de automoacuteveis teve o seu ponto alto nos anos 90 quando chegou a empregar 3700 pessoas

Passados 16 anos o pan-orama eacute muito diferente A empresa vive sob constante ameaccedila de encerramento e os anuacutencios de despedimen-tos colectivos aumentaram de frequecircncia nos uacuteltimos anos Soacute em 2008 a Yazaki terminou o contrato com 1000 empregados restam agora pouco mais de 600 Anabela Neusa operadora de produccedilatildeo conta como eacute viver com um futuro de em-prego incerto ldquoA incerteza eacute como o proacuteprio nome diz Quando uma pessoa tem um emprego cria expectativas faz planos como um grande nuacutemero de trabalhadores o que pesa mais satildeo os com-promissos que uma pessoa tem como as prestaccedilotildees da casa Essa incerteza deixa sempre a incoacutegnita de conseguir cumprir com esse compromissordquo

A incerteza natildeo recai apenas sobre os empregados Anabela partilha a angustia de gerir os assuntos famil-iares nesta situaccedilatildeo ldquoA incerteza natildeo se coloca soacute no proacuteprio trabalhador Vai-se vivendo um dia de cada vez vendo as possibilidades den-tro da gestatildeo Na hipoacutetese de faltar o emprego faltar o vencimento os compromis-sos familiares vatildeo deixar de ser cumpridos e isto cria muita anguacutestia na gestatildeo do dia-a-dia da famiacuteliardquo con-fessa

Apesar dos constantes anuacutencios de encerramento a direcccedilatildeo da Yazaki Saltano continua a desmentir essa possibilidade Confrontada com a opccedilatildeo de comeccedilar a procurar emprego noutro lado Anabela prefere man-ter a confianccedila na empresa

Yazaki Saltano em Ovar para outros a empresa jaacute faz parte do passado Apoacutes 15 anos na Yazaki Benjamim Rodrigues viu-se confron-tado com uma realidade diferente ao ver o seu nome na lista de despedimento Benjamim descreve os efeitos do desemprego na sua vida ldquoEstou no fundo de desemprego estou a tirar um curso a tirar o 9ordm ano atraveacutes das novas oportu-nidades Eacute frustrante uma pessoa estaacute naquela vai

estaacute a passar algumas di-ficuldades Dizem que eacute devido agrave crise mundial que tambeacutem estaacute a afectar a industria automoacutevelrdquo

Ameacuterico Rodrigues tam-beacutem ele receacutem desempregado da Yazaki Saltano descreve o sentimento de incerteza vivido pelos trabalhadores ldquoDesde o primeiro despedi-mento que os trabalhadores tecircm visto o futuro da em-presa muito negro Jaacute natildeo acreditam que a empresa esteja em Portugal muito mais tempo Tecircm vivido na incerteza de serem despe-didos isso provoca muitas alteraccedilotildees a niacutevel de orga-nizaccedilatildeo pessoal e de stressrdquo

Jaacute os trabalhadores da Yazaki vecircem o fechar das portas como inevitaacutevel Anabela Neusa aponta a ex-tinccedilatildeo de sectores como um dos claros sinais do eventual encerramento da faacutebrica ldquoQuando se encerram linhas quando se encerram sec-tores seja por falta de enco-mendas ndash que natildeo eacute o caso ndash seja por deslocalizaccedilatildeo que eacute a realidade quando natildeo existem novos investimen-tos as coisas fecham natildeo surgem outras acaba por fechar certamenterdquo

Agora do lado de fora Benjamim Rodrigues partilha da mesma opiniatildeo Apesar da Yazaki o desmen-tir o receacutem desempregado natildeo acredita que a empresa se mantenha em Ovar apoacutes 2010 ldquoAquilo tem tudo para ir fechar Agora vieram mais cento e tais prevecirc-se se-gundo dizem que ateacute 2010 o resto feche tudo Embora a empresa venha dizer que natildeo isso eacute soacute para natildeo alarmar os trabalhadoresrdquo conta

Em tempos um siacutembolo do desenvolvimento da ci-dade a Yazaki Saltano passa por um periacuteodo de incerteza e indefiniccedilatildeo Casos com os de Anabela e Benjamim satildeo cada vez mais comuns Ex-emplos da crise que afecta o concelho de Ovar

ldquoA Yazaki tem boa matildeo de obra os trabalhadores da Yazaki sempre cumpriram objectivos sejam eles de qualidade de quantidade e mesmo prazos de entrega Eu tenho que acreditar que a falta de trabalho natildeo eacute por falta de encomendas eacute apenas por falta de vontade e de investimentordquo Anabela reafirma ainda acreditar que seja possiacutevel ldquoalternativas de trabalho na Yazakirdquo

Jaacute o ambiente entre os empregados eacute dividido Entre aqueles que se sentem mais agrave vontade outros jaacute comeccedilam a sofrer os efeitos do fecho da faacutebrica ldquoO ambiente Eacute um bocado estranho haacute senti-mentos de vaacuterias ordens Haacute os trabalhadores que possam natildeo ter compromissos e estatildeo mais ou menos agrave vontade com a situaccedilatildeo e existem aqueles que realmente tecircm compromissos com datas fixas e que vivem numa ansiedade e numa angustia bastante grande Muitos estaratildeo certamente medi-cados Existem aqueles que ainda natildeo acreditam muito que seja possiacutevel a empresa vir a fechar o que seraacute uma realidade se realmente natildeo houver alternativas de tra-balhordquo perspectiva Anabela Neusa

Enquanto uns ainda acr-editam na permanecircncia da

desempregada e tambeacutem foi afectada por problemas psicoloacutegicos tambeacutem Para a minha filha natildeo tenho passado muito essa imagem embora ela tivesse sentido Tivemos que a privar de mais coisasrdquo Benjamim natildeo olha com optimismo para as perspectivas de emprego ldquoEacute que natildeo haacute muitas perspec-tivas de arranjar emprego com salaacuterios condignos para noacutes termos uma vida ra-zoaacutevelrdquo confessa

Trabalhadores natildeo acreditam na permanecircncia da empresa em Ovar

O possiacutevel fecho e a incerteza de emprego dominam o pensamento dos actuais trabalhadores da Yazaki Saltano Ameacuterico Rodrigues delegado do Sindicato das Induacutestrias Eleacutectricas afirma que os funcionaacuterios ainda man-teacutem a esperanccedila mas natildeo acreditam que a empresa permaneccedila em Portugal du-rante muito tempo ldquoOs tra-balhadores neste momento estatildeo com a esperanccedila de natildeo virem a perder o em-prego mas natildeo tecircm muita perspectiva que a empresa se mantenha em Portugal por muito tempordquo O del-egado sindical acrescenta que ldquotodo o grupo neste momento em Portugal

Ameacuterico Rodrigues ldquoDesde o primeiro des-pedimento que os tra-balhadores tecircm visto o futuro da empresa muito negrordquo

embora natildeo vem e depois acabamos por ter uma vida instaacutevel Tenho uma casa para pagar filha mulher desempregada tambeacutem Eacute complicado Natildeo eacute que noacutes jaacute natildeo tiveacutessemos a contar com alguma coisa aquilo jaacute natildeo estava bem O impacto foi mau psicologicamente andei arrasadordquo

Sem perspectivas de emprego natildeo satildeo os prob-lemas econoacutemicos a uacutenica apreensatildeo de Benjamim A estabilidade familiar eacute agora a sua principal preocupaccedilatildeo ldquoA minha mulher estaacute

Instalaccedilotildees da Yazaki Saltano em Ovar

4 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Reportagem

Aves Madrugadoras do Parque Bioloacutegico de GaiaHaacute dois anos a funcionar no Parque Bioloacutegico de Gaia a anilhagem de aves eacute um dos mais fortes contributos para a preservaccedilatildeo da ilha verde do Grande Porto

A actividade tem iniacutecio uma hora antes do nascer do Sol

Jorge Gomes ldquoO Parque eacute uma ilha verde onde as aves insectos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem encaixarrdquo

Adriano Cerqueira

A praacutetica de recolha para identificaccedilatildeo e estudo de aves jaacute decorre haacute vaacuterios anos no parque mas apenas em 2006 eacute que Rui Brito e Antoacutenio Pereira ornitoacutelogos responsaacuteveis pelo projecto deram inicio a esta activi-dade de forma regular

ldquoHaacute 25 anos que se faz anilhagem no parque mas de haacute dois anos para caacute decidiu-se fazer com caraacutecter regular para melhor con-hecer a avifauna (populaccedilatildeo de aves)rdquo esclarece Nuno Oliveira Presidente do Con-selho de Administraccedilatildeo do Parque Bioloacutegico de Gaia

Rui Brito explica que ldquoqualquer projecto de anil-hagem surge muito por parte dos anilhadores propusemos ao parque comeccedilar a anilhar e o parque aceitourdquo O bioacutel-ogo de profissatildeo salienta a importacircncia da receacutem criada Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA) jaacute que esta ldquocentraliza em si esse tipo de actividades e projectos a niacutevel de todo o paiacutes de modo a alargar ao maacuteximo a actividaderdquo ldquoAteacute aqui natildeo havia nenhuma organizaccedilatildeo haacute a Central Nacional de Anilhagem (CNA) que eacute um organismo que faz parte do Instituto de Conservaccedilatildeo da Natureza e Biodiversidade (ICNB) que atribui as credenciais e gere as autorizaccedilotildees e as questotildees das anilhas mas a niacutevel da proacute-actividade e da proposta de projectos natildeo existia nen-huma entidaderdquo confessa

Para o desenvolvimento e manutenccedilatildeo do projecto o Parque Bioloacutegico de Gaia disponibiliza as instalaccedilotildees da Quinta do Chasco e um orccedilamento anual de cerca de 10 mil euros destinados ao investimento em material e divulgaccedilatildeo da actividade Esta iniciativa tambeacutem aposta na formaccedilatildeo de futuros anilhadores Joana Nunes mestre em Ecologia Ambiental eacute um desses ca-sos Explica que ldquopara se

trabalhar a seacuterio com paacutessa-ros precisas de uma licenccedila mas para isso eacute preciso anilhar mais de 100 espeacutecies diferentesrdquo acrescenta ainda que ldquoo tiacutetulo de anilhador eacute muito importante no cur-riacuteculo jaacute que eacute bastante difiacutecil ser-se capaz de identi-ficar paacutessaros rapidamente e eacute claramente importante a ajuda de pessoas

especializadas para o estudo de conservaccedilatildeordquo

Entre os alunos a receber formaccedilatildeo um dos membros que mais cedo se iniciou no projecto eacute Pedro Andrade O aluno de Biologia da Fac-uldade de Ciecircncias da Uni-versidade do Porto (FCUP) conta que tomou conheci-mento da anilhagem atraveacutes de Jorge Gomes responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo do parque junto dos visitantes ldquoEle falou comigo e com o meu irmatildeo sobre a anilhagem

e projectos da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Constante Noacutes comeccedilaacutemos a vir ao iniacutecio soacute para ver como eacute que era e entatildeo propuseram-nos a possibilidade de fazer volun-tariado e de recebermos for-maccedilatildeo Aceitaacutemos e temos vindo todos os primeiros e terceiros saacutebados de cada mecircs para aprender mais e para receber alguma forma-ccedilatildeo Vamos tambeacutem tentar receber uma credencial que no futuro nos permita ter a independecircncia para sermos anilhadoresrdquo refere

Pedro Andrade tambeacutem eacute responsaacutevel pelo blogue onde satildeo colocadas todas as informaccedilotildees recolhidas apoacutes as sessotildees de anilhagem ldquoO projecto do blogue surgiu inicialmente para melhorar a divulgaccedilatildeo da anilhagem Normalmente esta tambeacutem eacute feita pela revista oficial do parque que eacute a Revista Parques e Vida Selvagem Todos os saacutebados no fim de uma anilhagem publicamos os resultados e mais algu-mas notiacutecias e fotos para desta forma o puacuteblico em geral saber o que eacute que noacutes

estamos a fazerrdquoContudo a recolha e

identificaccedilatildeo de aves eacute por vezes criticada pelo puacuteblico natildeo familiarizado com a actividade O facto das aves sofrerem durante o pro-cesso eacute uma das acusaccedilotildees comuns Antoacutenio Pereira assegura que as aves natildeo sofrem qualquer tipo de dor enquanto satildeo anilhadas ldquoAs pessoas agraves vezes quando ouvem as aves a dar um

grito de alarme pensam que eacute como os mamiacuteferos que choram ou gritam mas natildeo as aves natildeo fazem isso tentam eacute comunicar o que se estaacute a passar Os gritos de alarme servem para avisar as outras aves que existe al-gum perigo mas ela proacutepria natildeo estaacute em sofrimentordquo explica

Todos os primeiros e ter-ceiros saacutebados de cada mecircs Rui Brito e Antoacutenio Pereira acompanhados por

foi capturada Se tal aconte-cer os animais satildeo retirados com cuidado das redes para evitar qualquer sofrimento Segundo Antoacutenio Pereira as redes satildeo ldquobastante segu-rasrdquo ldquopor vezes as aves ficam com a liacutengua presa e ao tentarem se libertar sof-rem ligeiros ferimentos mas fora isso raramente se ma-goamrdquo Apoacutes o paacutessaro ser retirado da rede eacute colocado num saco opaco Rui Brito diz que

um grupo de estudantes em formaccedilatildeo e de interessados em anilhagem deslocam-se ao Parque Bioloacutegico de Gaia para iniciar a actividade O processo comeccedila cedo com a montagem das redes sempre uma hora antes do nascer do sol No total satildeo quatro as redes espalhadas pelo complexo as redes Matos Amieiras Ponte de Madeira e Tabua todas elas baptiza-das de acordo com as car-acteriacutesticas do local onde satildeo colocadas As redes referidas satildeo sempre montadas nos mesmos locais e posiciona-das em zonas estrateacutegicos do parque desta forma torna--se possiacutevel a recolha de dados com exactidatildeo sobre as espeacutecies que nidificam no parque Os dados sobre as espeacutecies capturadas satildeo depois analisados pela Es-taccedilatildeo de Esforccedilo Constante projecto com o principal ob-jectivo de obter informaccedilatildeo que possa ajudar a entender e a explicar as alteraccedilotildees nas populaccedilotildees de aves atraveacutes de um programa de capturas regulares durante a eacutepoca de reproduccedilatildeo em locais e habitats especiacuteficos

A recolha e anaacutelise de aves eacute relativamente simples mas algo que exige o maacuteximo cuidado Entre intervalos de uma hora o grupo desloca-se a cada uma das redes para verificar se alguma ave

Gaivatildeo com anilha prestes a ser libertado

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 5

Antoacutenio Pereira ldquoEacute sempre bom ver que um dos objectivos a que nos propusemos que foi conseguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas comeccedila a ter os seus frutosrdquo

ldquoas aves satildeo transportadas em sacos opacos para elas virem mais calmas e o menos stressadas possiacuteveisrdquo

O periacuteodo de tempo entre verificaccedilotildees das redes eacute ocupado a processar os animais recolhidos Primeiro procede-se agrave identificaccedilatildeo da espeacutecie e agrave colocaccedilatildeo da anilha respectiva As anilhas tecircm tamanhos especiacuteficos adaptados a cada espeacutecie de ave Haacute uma listagem de todas as espeacutecies que podem ser capturadas e a cada uma corresponde uma anilha especiacutefica Cada anilha tem um coacutedigo alfanumeacuterico que serve como bilhete de iden-tidade da ave que a recebe o que permite a posterior identificaccedilatildeo do animal no caso de ser recapturado ou encontrado morto Quando a ave jaacute se encontra anilhada eacute feita a recolha dos dados biomeacutetricos ndash peso sexo idade envergadura da asa comprimento do bico niacutevel de gordura e tipo de pelagem ndash e finalmente eacute libertada para o exterior

Questionado sobre a frequecircncia de recaptura de paacutessaros jaacute anilhados Rui Brito responde que ldquoeacute comum acontecerrdquo e sa-lienta que ldquoo objectivo da anilhagem eacute exactamente recapturar aves quer de caacute (do Parque Bioloacutegico) ndash o que nos permite conhecer a histoacuteria da ave e ir acompan-hando-a ndash quer aquelas que vecircm a migrar e que passam por caacuterdquo

Quanto ao sucesso dos controlos Rui Brito afirma que ldquotemos essencialmente aumentado o conhecimento sobre a avifauna do parque e descoberto algumas histoacuterias engraccediladas de aves que no-meadamente caiem sempre na mesma rede agrave mesma hora isto ao longo de dois anosrdquo O ornitoacutelogo salienta que nos dois anos de existecircn-cia da actividade jaacute

surgiram resultados ldquomuito interessantesrdquo como a descoberta de espeacutecies que natildeo se sabia que nidificavam no parque e a recolha de dados mais pormenorizados sobre a vida das espeacutecies que habitam no Parque Bioloacutegi-co

Em paralelo com a ini-ciativa Rui Brito e Antoacutenio Pereira colaboram com outros projectos associados agrave aacuterea A recolha de carraccedilas

das aves que satildeo enviadas para o Instituto Ricardo Jorge encarregue de estudar as doenccedilas trazidas pelas espeacutecies migratoacuterias e o estudo da histoacuteria geneacutetica do Pisco de Peito Ruivo que se insere numa colaboraccedilatildeo entre vaacuterios paiacuteses europeus satildeo as principais actividades associadas agrave anilhagem A educaccedilatildeo ambiental e sensi-bilizaccedilatildeo do puacuteblico para a causa de preservaccedilatildeo e

seraacute publicar em algum jornal cientiacuteficordquo revela Rui Brito No relatoacuterio vatildeo constar todas as espeacutecies capturadas desde Outubro de 2006 e dados relativos ao nuacutemero de pessoas que participaram na formaccedilatildeo de anilhadores

Jorge Gomes salienta a importacircncia da iniciativa jaacute que permite conhecer a pop-ulaccedilatildeo de aves e conservaacute-las numa aacuterea rodeada

estudo das espeacutecies de aves eacute tambeacutem um dos principais objectivos desta actividade

O proacuteximo passo do pro-jecto passa pela elaboraccedilatildeo de um relatoacuterio com o balan-ccedilo dos primeiros dois anos ldquoVai ser feito um relatoacuterio e entregue aqui no parque depois agrave partida seguir-se-aacute uma publicaccedilatildeo referente a isso A partir daiacute o parque faraacute a divulgaccedilatildeo e a ideia

de preacutedios O responsaacutevel pela revista do Parque Bioloacutegico afirma que a reserva natural ldquoeacute uma ilha verde onde as aves insec-tos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem en-caixarrdquo salientando ainda a importacircncia de se ter ldquonoccedilatildeo do nosso patrimoacutenio natu-ral e da conservaccedilatildeo destes espaccedilos com os seus habitats naturaisrdquo

O Parque Bioloacutegico de Gaia promove projectos como a monitorizaccedilatildeo sistemaacutetica de invertebra-dos peixes vertebrados terrestres e plantas nos quais a anilhagem de aves se insere em simultacircneo como actividade cientiacutefica de monitorizaccedilatildeo da avifauna e como actividade educativa Nuno Oliveira acrescenta que ldquotodo esse trabalho vai ser alargado a outros locais de Gaiardquo

Quanto ao futuro da anil-hagem de aves o Presidente do Conselho de Administra-ccedilatildeo do Parque Bioloacutegico diz que passa por ldquocontinuar e alargar-se quer em locais quer em regularidaderdquo Jaacute Rui Brito traccedila como meta

o ldquoobjectivo maacuteximordquo da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stante que passa por ter o maior nuacutemero de anos pos-siacutevel de anilhagem de forma a perceber as tendecircncias populacionais ldquoA ideia eacute pelo menos 10 anos contiacuten-uos para conseguirmos ter mais dados e mais pessoas de forma a criar mais grupos de anilhagemrdquo afirma

A anilhagem de aves eacute uma actividade de vaacuterias deacutecadas que se destaca pela ajuda no estudo das popu-laccedilotildees de aves num dado local Acerca da sessatildeo de 18 de Outubro Antoacutenio Pereira refere que ldquotivemos muitos participantes e eacute sempre bom ver que um dos objectivos a que noacutes nos propusemos que foi con-seguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas para uma actividade que era algo restrita comeccedila a ter os seus frutosrdquo

Contactos

Parque Bioloacutegico de Gaia4430-757 AVINTES

Telf 227 878 120Fax 227 833 583geralparquebiologicoptwwwparquebiologicopt

Blogue da actividadehttpanilhagemdeavesblogspotcom

Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stantehttptornadanaturlinkptprojectoshtml

Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aveshttpwwwapaapt

Gaivatildeo jaacute anilhado

6 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Internacional

Atentado Terrorista no Paquistatildeo faz 53 mortosEmbaixador da Repuacuteblica Checa entre as viacutetimas mortais

O Hotel Marriott em Islamabad foi alvo de um atentado terrorista A ex-plosatildeo de um carro agrave porta do hotel da capital paquis-tanesa causou 53 mortos e 266 feridos Entre as viacuteti-mas mortais encontra-se Ivo Zadrek Embaixador da Repuacuteblica Checa no Paquistatildeo O grupo ter-rorista ldquoCombatentes do Islatildeordquo reivindicou a autoria do atentado

Ao iniacutecio da noite um carro carregado com 600 Kg de explosivos embateu con-tra o portatildeo do hotel Mar-riott causando a explosatildeo que fez desabar o tecto de uma sala de banquetes Na altura estima-se que na sala entre 200 a 300 pessoas celebravam o fim do mecircs do Ramadatildeo Entre os feridos encontram-se pelo menos 7 alematildees e 2 norte-america-nos O condutor da viatura teraacute morrido no embate

A explosatildeo foi a mais potente registada em Islam-abad desde 2001 Para aleacutem da enorme cratera criada agrave porta do Marriott regista-se a destruiccedilatildeo de vaacuterias janelas e portas Dezenas de carros que se encontravam no parque de estacionamen-to foram danificados

e alguns focos de incecircndio deflagraram do hotel

Como consequecircncia do atentado os EUA suspen-deram o serviccedilo consular no Paquistatildeo O Presidente norte-americano George W Bush condenou energica-mente o ataque alertando para a contiacutenua ameaccedila terrorista

A Uniatildeo Europeia reagiu ao ataque terrorista atraveacutes de Javier Solana alto-comis-saacuterio da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

ldquoCondeno nos termos mais eneacutergicos o vil ataque ter-rorista em Islamabadrdquo referiu Solano

Asif Ali Zardari presi-dente paquistanecircs tinha planeado um jantar no Marriot com o Primeiro-Ministro agrave hora do ataque terrorista mas cancelou os planos

Horas antes Asif Ali Zardari viuacutevo da ex-Primei-ra Ministra paquistanesa Benazir Buttho tinha-se comprometido a continuar a

luta contra os fundamental-istas islacircmicos Jaacute em 2001 o entatildeo presidente Pervez Musharraf anunciou o seu apoio agrave guerra contra o ter-rorismo desencadeada pela administraccedilatildeo Bush apoacutes os atentados de 11 de Setembro

Este eacute o 3ordm atentado nos uacuteltimos 7 anos a assolar o Ho-tel Marriot da capital paquis-tanesa O Marriot tem 290 quartos e eacute muito frequenta-do por visitantes e residentes estrangeiros de Islamabad

Hotel Marriott de Islamabad apoacutes a explosatildeo Foto httpwwwradioaustralianetau

Quarteto para o Meacutedio Oriente apela a ldquocessar-fogo imediatordquoAdriano Cerqueira

Esta posiccedilatildeo relativa aos incidentes na Faixa de Gaza foi tornada puacuteblica apoacutes conversaccedilotildees entre o secre-taacuterio-geral das Naccedilotildees Uni-das Ban Ki Moon o chefe da diplomacia europeia Javier Solana a secretaacuteria de Estado dos EUA Condo-leezza Rice e o ministro dos Negoacutecios Estrangeiros russo Sergei Lavrov

A Uniatildeo Europeia sub-screveu a posiccedilatildeo do Quar-teto para o Meacutedio Oriente na reuniatildeo dos ministros dos Negoacutecios Estrangeiros eu-ropeus dia 30 de Dezembro em Paris O ministro francecircs Bernard Kouchner salientou que a soluccedilatildeo para esta crise natildeo pode ser militar apenas poliacutetica e que a UE estaacute dis-posta a dar o seu contributo para uma saiacuteda paciacutefica

Apesar de alguns pontos de vista diferentes em rela-ccedilatildeo ao conflito israelo-aacuterabe os diversos estados da Uniatildeo Europeia estatildeo de acordo com a necessidade de haver um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humani-taacuteria na Faixa de Gaza Israel equaciona 48 horas de treacutegua

A presidecircncia francesa da UE que termina no final do ano propocircs uma inter-rupccedilatildeo dos ataques israelitas durante 48 horas para fazer chegar agrave regiatildeo palestiniana ajuda Assessores do min-istro da Defesa israelita Ehud Barak disseram que o governo do seu paiacutes estaacute a estudar essa possibilidade

ldquoA opccedilatildeo mais provaacutevel neste momento eacute uma invasatildeo terrestre mas o objectivo desta operaccedilatildeo eacute um cessar-fogo duradouro Se isso se conseguir sem uma invasatildeo melhorrdquo disse um assessor de Barak ao jornal norte-americano New York Times que pediu para natildeo ser identificado O respon-saacutevel sublinhou que para que isso aconteccedila ldquoo Hamas teraacute de concordar [com esta opccedilatildeo] e teraacute de haver um mecanismo de fazecirc-la funcio-narrdquo Fonte PortugalDiaacuterio

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Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 2: Mercúrio do Porto

2 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Yazaki Saltano anuncia o despedimento de 145 trabalhadores

Em Destaque

Eacute jaacute o terceiro anuacutencio de despedimento colectivo elevando para 1000 o nuacutemero de desempregados da faacutebrica de Ovar em 2008

Adriano Cerqueira

A Yazaki Saltano de Ovar anunciou o despedimento colectivo de 145 trabalha-dores Eacute jaacute a terceira reduccedilatildeo de postos de tra-balho em 2008

Em comunicado a di-recccedilatildeo da empresa afirma que o terceiro despedimento colectivo daacute-se ldquoem resposta agrave crise financeira mundial e agrave quebra de encomendas de automoacuteveisrdquo

Ameacuterico Rodrigues delegado do Sindicato das Induacutestrias Eleacutectricas revela que com esta reduccedilatildeo eleva-se para 1000 o nuacutemero de trabalhadores despedidos este ano ldquoEste jaacute eacute o ter-ceiro despedimento neste ano de 2008 Neste momento a empresa oficialmente dis-pensou mais 145 trabalha-dores elevando para 1000 o nuacutemero de trabalhadores dispensados no conjunto da totalidade dos despedimen-tos deste anordquo assegura

O delegado sindical refere ainda que ateacute Janeiro de 2009 podem ainda haver mais despedimentos ldquoNo futuro perspectiva-se que este uacuteltimo despedimento colectivo que eacute colocado ateacute Janeiro possam vir mais trabalhadores o que pode perfazer um nuacutemero ainda maiorrdquo

Ovar eacute a freguesia do Dis-trito de Aveiro com maior nuacutemero de desempregados

No mecircs de Novembro estavam registados 825 desempregados no Centro de Emprego de Ovar de um total de 9487 habitantes que perfazem a populaccedilatildeo activa da freguesia

Para Joaquim Barbosa presidente da Junta de Freg-uesia de Ovar esta situaccedilatildeo eacute ldquopreocupanterdquo ldquoHoje in-felizmente o emprego natildeo eacute uma situaccedilatildeo estaacutevel natildeo soacute em Portugal como em todo o Mundo e os portugueses em geral e os vareiros em

particular tecircm que se habit-uar a viver com uma situa-ccedilatildeo de emprego precaacuterio para toda a vidardquo confessa

Os despedimentos na Yazaki Saltano vecircm apenas agravar a situaccedilatildeo de desem-prego neste concelho do distrito de Aveiro Joaquim Barbosa afirma que ldquoa situaccedilatildeo da Yazaki eacute uma situaccedilatildeo que natildeo eacute uacutenica em Ovar Eacute uma multina-cional que durante muitos anos foi um poacutelo de trabalho para muitos vareiros e que hoje devido agrave conjuntura e agrave crise econoacutemica interna-cional estaacute prestes a fechar as portasrdquo O presidente da junta conta ainda que ldquoinfelizmente haacute famiacutelias in-teiras marido e mulher que trabalhavam na Yazaki e neste momento estatildeo desem-pregados e isso traz reflexos para a comunidade Vareira e para a freguesia de Ovar em particularrdquo

Joaquim Barbosa acredita que a faacutebrica iraacute acabar por

ldquofechar as portas na totali-daderdquo ldquoJulgo que ainda tem agrave volta de 400 funcionaacuterios a trabalhar dos quais 20 ou 30 ainda seratildeo de Ovar Se a curto prazo a empresa fechar seratildeo mais esses 80 90 ou 100 funcionaacuterios de Ovar que se iratildeo juntar a todos os outros que neste momento jaacute estatildeo desempr-egadosrdquo explica

Comeacutercio sente os efeitos da falta de emprego

O comeacutercio de Ovar eacute um dos sectores mais afecta-dos pela crise de emprego da regiatildeo A diminuiccedilatildeo do nuacutemero de consumidores jaacute levou ao encerramento de vaacuterias lojas Joaquim Barbosa relembra as ldquofal-sas expectativasrdquo criadas agrave volta da abertura do centro comercial ldquoNa altura a ideia que as pessoas teriam era que o Dolce Vita seria o Ovo de Colombo para resolver os problemas de emprego Obviamente que um centro comercial que emprega 100

ou 150 pessoas natildeo vai resolver os problemas do desemprego na freguesiardquo reafirma O presidente da junta diz ainda que ldquocom essa mudanccedila de clientes para o centro comercial o pequeno comeacutercio e o co-meacutercio tradicional em Ovar sofreurdquo Joaquim Barbosa afirma que ldquohoje comeccedila a haver problemas no centro comercial porque fecham muitas lojas e o pequeno comeacutercio continua a ter problemas porque o poder de compra das pessoas diminu-iu bastanterdquo

Outrora motor de desen-volvimento e de crescimento econoacutemico do concelho a empresa de peccedilas de au-tomoacuteveis teve o seu ponto alto nos anos 90 quando chegou a empregar 3700 pes-soas Actualmente a Yazaki Saltano de Ovar emprega apenas cerca de 600 tra-balhadores

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 3

Yazaki Saltano A incerteza de um futuroReportagem

Outrora siacutembolo do desenvolvimento do concelho de Ovar a Yazaki Saltano vive tempos atribulados Para os trabalhadores a esperanccedila da manutenccedilatildeo do emprego entra em conflito com o possiacutevel encerramento da faacutebrica

Adriano Cerqueira

Foi em 1992 que a Yazaki Saltano chegou a Ovar Motor de desenvolvimento e crescimento econoacutemico do concelho a empresa de peccedilas de automoacuteveis teve o seu ponto alto nos anos 90 quando chegou a empregar 3700 pessoas

Passados 16 anos o pan-orama eacute muito diferente A empresa vive sob constante ameaccedila de encerramento e os anuacutencios de despedimen-tos colectivos aumentaram de frequecircncia nos uacuteltimos anos Soacute em 2008 a Yazaki terminou o contrato com 1000 empregados restam agora pouco mais de 600 Anabela Neusa operadora de produccedilatildeo conta como eacute viver com um futuro de em-prego incerto ldquoA incerteza eacute como o proacuteprio nome diz Quando uma pessoa tem um emprego cria expectativas faz planos como um grande nuacutemero de trabalhadores o que pesa mais satildeo os com-promissos que uma pessoa tem como as prestaccedilotildees da casa Essa incerteza deixa sempre a incoacutegnita de conseguir cumprir com esse compromissordquo

A incerteza natildeo recai apenas sobre os empregados Anabela partilha a angustia de gerir os assuntos famil-iares nesta situaccedilatildeo ldquoA incerteza natildeo se coloca soacute no proacuteprio trabalhador Vai-se vivendo um dia de cada vez vendo as possibilidades den-tro da gestatildeo Na hipoacutetese de faltar o emprego faltar o vencimento os compromis-sos familiares vatildeo deixar de ser cumpridos e isto cria muita anguacutestia na gestatildeo do dia-a-dia da famiacuteliardquo con-fessa

Apesar dos constantes anuacutencios de encerramento a direcccedilatildeo da Yazaki Saltano continua a desmentir essa possibilidade Confrontada com a opccedilatildeo de comeccedilar a procurar emprego noutro lado Anabela prefere man-ter a confianccedila na empresa

Yazaki Saltano em Ovar para outros a empresa jaacute faz parte do passado Apoacutes 15 anos na Yazaki Benjamim Rodrigues viu-se confron-tado com uma realidade diferente ao ver o seu nome na lista de despedimento Benjamim descreve os efeitos do desemprego na sua vida ldquoEstou no fundo de desemprego estou a tirar um curso a tirar o 9ordm ano atraveacutes das novas oportu-nidades Eacute frustrante uma pessoa estaacute naquela vai

estaacute a passar algumas di-ficuldades Dizem que eacute devido agrave crise mundial que tambeacutem estaacute a afectar a industria automoacutevelrdquo

Ameacuterico Rodrigues tam-beacutem ele receacutem desempregado da Yazaki Saltano descreve o sentimento de incerteza vivido pelos trabalhadores ldquoDesde o primeiro despedi-mento que os trabalhadores tecircm visto o futuro da em-presa muito negro Jaacute natildeo acreditam que a empresa esteja em Portugal muito mais tempo Tecircm vivido na incerteza de serem despe-didos isso provoca muitas alteraccedilotildees a niacutevel de orga-nizaccedilatildeo pessoal e de stressrdquo

Jaacute os trabalhadores da Yazaki vecircem o fechar das portas como inevitaacutevel Anabela Neusa aponta a ex-tinccedilatildeo de sectores como um dos claros sinais do eventual encerramento da faacutebrica ldquoQuando se encerram linhas quando se encerram sec-tores seja por falta de enco-mendas ndash que natildeo eacute o caso ndash seja por deslocalizaccedilatildeo que eacute a realidade quando natildeo existem novos investimen-tos as coisas fecham natildeo surgem outras acaba por fechar certamenterdquo

Agora do lado de fora Benjamim Rodrigues partilha da mesma opiniatildeo Apesar da Yazaki o desmen-tir o receacutem desempregado natildeo acredita que a empresa se mantenha em Ovar apoacutes 2010 ldquoAquilo tem tudo para ir fechar Agora vieram mais cento e tais prevecirc-se se-gundo dizem que ateacute 2010 o resto feche tudo Embora a empresa venha dizer que natildeo isso eacute soacute para natildeo alarmar os trabalhadoresrdquo conta

Em tempos um siacutembolo do desenvolvimento da ci-dade a Yazaki Saltano passa por um periacuteodo de incerteza e indefiniccedilatildeo Casos com os de Anabela e Benjamim satildeo cada vez mais comuns Ex-emplos da crise que afecta o concelho de Ovar

ldquoA Yazaki tem boa matildeo de obra os trabalhadores da Yazaki sempre cumpriram objectivos sejam eles de qualidade de quantidade e mesmo prazos de entrega Eu tenho que acreditar que a falta de trabalho natildeo eacute por falta de encomendas eacute apenas por falta de vontade e de investimentordquo Anabela reafirma ainda acreditar que seja possiacutevel ldquoalternativas de trabalho na Yazakirdquo

Jaacute o ambiente entre os empregados eacute dividido Entre aqueles que se sentem mais agrave vontade outros jaacute comeccedilam a sofrer os efeitos do fecho da faacutebrica ldquoO ambiente Eacute um bocado estranho haacute senti-mentos de vaacuterias ordens Haacute os trabalhadores que possam natildeo ter compromissos e estatildeo mais ou menos agrave vontade com a situaccedilatildeo e existem aqueles que realmente tecircm compromissos com datas fixas e que vivem numa ansiedade e numa angustia bastante grande Muitos estaratildeo certamente medi-cados Existem aqueles que ainda natildeo acreditam muito que seja possiacutevel a empresa vir a fechar o que seraacute uma realidade se realmente natildeo houver alternativas de tra-balhordquo perspectiva Anabela Neusa

Enquanto uns ainda acr-editam na permanecircncia da

desempregada e tambeacutem foi afectada por problemas psicoloacutegicos tambeacutem Para a minha filha natildeo tenho passado muito essa imagem embora ela tivesse sentido Tivemos que a privar de mais coisasrdquo Benjamim natildeo olha com optimismo para as perspectivas de emprego ldquoEacute que natildeo haacute muitas perspec-tivas de arranjar emprego com salaacuterios condignos para noacutes termos uma vida ra-zoaacutevelrdquo confessa

Trabalhadores natildeo acreditam na permanecircncia da empresa em Ovar

O possiacutevel fecho e a incerteza de emprego dominam o pensamento dos actuais trabalhadores da Yazaki Saltano Ameacuterico Rodrigues delegado do Sindicato das Induacutestrias Eleacutectricas afirma que os funcionaacuterios ainda man-teacutem a esperanccedila mas natildeo acreditam que a empresa permaneccedila em Portugal du-rante muito tempo ldquoOs tra-balhadores neste momento estatildeo com a esperanccedila de natildeo virem a perder o em-prego mas natildeo tecircm muita perspectiva que a empresa se mantenha em Portugal por muito tempordquo O del-egado sindical acrescenta que ldquotodo o grupo neste momento em Portugal

Ameacuterico Rodrigues ldquoDesde o primeiro des-pedimento que os tra-balhadores tecircm visto o futuro da empresa muito negrordquo

embora natildeo vem e depois acabamos por ter uma vida instaacutevel Tenho uma casa para pagar filha mulher desempregada tambeacutem Eacute complicado Natildeo eacute que noacutes jaacute natildeo tiveacutessemos a contar com alguma coisa aquilo jaacute natildeo estava bem O impacto foi mau psicologicamente andei arrasadordquo

Sem perspectivas de emprego natildeo satildeo os prob-lemas econoacutemicos a uacutenica apreensatildeo de Benjamim A estabilidade familiar eacute agora a sua principal preocupaccedilatildeo ldquoA minha mulher estaacute

Instalaccedilotildees da Yazaki Saltano em Ovar

4 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Reportagem

Aves Madrugadoras do Parque Bioloacutegico de GaiaHaacute dois anos a funcionar no Parque Bioloacutegico de Gaia a anilhagem de aves eacute um dos mais fortes contributos para a preservaccedilatildeo da ilha verde do Grande Porto

A actividade tem iniacutecio uma hora antes do nascer do Sol

Jorge Gomes ldquoO Parque eacute uma ilha verde onde as aves insectos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem encaixarrdquo

Adriano Cerqueira

A praacutetica de recolha para identificaccedilatildeo e estudo de aves jaacute decorre haacute vaacuterios anos no parque mas apenas em 2006 eacute que Rui Brito e Antoacutenio Pereira ornitoacutelogos responsaacuteveis pelo projecto deram inicio a esta activi-dade de forma regular

ldquoHaacute 25 anos que se faz anilhagem no parque mas de haacute dois anos para caacute decidiu-se fazer com caraacutecter regular para melhor con-hecer a avifauna (populaccedilatildeo de aves)rdquo esclarece Nuno Oliveira Presidente do Con-selho de Administraccedilatildeo do Parque Bioloacutegico de Gaia

Rui Brito explica que ldquoqualquer projecto de anil-hagem surge muito por parte dos anilhadores propusemos ao parque comeccedilar a anilhar e o parque aceitourdquo O bioacutel-ogo de profissatildeo salienta a importacircncia da receacutem criada Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA) jaacute que esta ldquocentraliza em si esse tipo de actividades e projectos a niacutevel de todo o paiacutes de modo a alargar ao maacuteximo a actividaderdquo ldquoAteacute aqui natildeo havia nenhuma organizaccedilatildeo haacute a Central Nacional de Anilhagem (CNA) que eacute um organismo que faz parte do Instituto de Conservaccedilatildeo da Natureza e Biodiversidade (ICNB) que atribui as credenciais e gere as autorizaccedilotildees e as questotildees das anilhas mas a niacutevel da proacute-actividade e da proposta de projectos natildeo existia nen-huma entidaderdquo confessa

Para o desenvolvimento e manutenccedilatildeo do projecto o Parque Bioloacutegico de Gaia disponibiliza as instalaccedilotildees da Quinta do Chasco e um orccedilamento anual de cerca de 10 mil euros destinados ao investimento em material e divulgaccedilatildeo da actividade Esta iniciativa tambeacutem aposta na formaccedilatildeo de futuros anilhadores Joana Nunes mestre em Ecologia Ambiental eacute um desses ca-sos Explica que ldquopara se

trabalhar a seacuterio com paacutessa-ros precisas de uma licenccedila mas para isso eacute preciso anilhar mais de 100 espeacutecies diferentesrdquo acrescenta ainda que ldquoo tiacutetulo de anilhador eacute muito importante no cur-riacuteculo jaacute que eacute bastante difiacutecil ser-se capaz de identi-ficar paacutessaros rapidamente e eacute claramente importante a ajuda de pessoas

especializadas para o estudo de conservaccedilatildeordquo

Entre os alunos a receber formaccedilatildeo um dos membros que mais cedo se iniciou no projecto eacute Pedro Andrade O aluno de Biologia da Fac-uldade de Ciecircncias da Uni-versidade do Porto (FCUP) conta que tomou conheci-mento da anilhagem atraveacutes de Jorge Gomes responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo do parque junto dos visitantes ldquoEle falou comigo e com o meu irmatildeo sobre a anilhagem

e projectos da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Constante Noacutes comeccedilaacutemos a vir ao iniacutecio soacute para ver como eacute que era e entatildeo propuseram-nos a possibilidade de fazer volun-tariado e de recebermos for-maccedilatildeo Aceitaacutemos e temos vindo todos os primeiros e terceiros saacutebados de cada mecircs para aprender mais e para receber alguma forma-ccedilatildeo Vamos tambeacutem tentar receber uma credencial que no futuro nos permita ter a independecircncia para sermos anilhadoresrdquo refere

Pedro Andrade tambeacutem eacute responsaacutevel pelo blogue onde satildeo colocadas todas as informaccedilotildees recolhidas apoacutes as sessotildees de anilhagem ldquoO projecto do blogue surgiu inicialmente para melhorar a divulgaccedilatildeo da anilhagem Normalmente esta tambeacutem eacute feita pela revista oficial do parque que eacute a Revista Parques e Vida Selvagem Todos os saacutebados no fim de uma anilhagem publicamos os resultados e mais algu-mas notiacutecias e fotos para desta forma o puacuteblico em geral saber o que eacute que noacutes

estamos a fazerrdquoContudo a recolha e

identificaccedilatildeo de aves eacute por vezes criticada pelo puacuteblico natildeo familiarizado com a actividade O facto das aves sofrerem durante o pro-cesso eacute uma das acusaccedilotildees comuns Antoacutenio Pereira assegura que as aves natildeo sofrem qualquer tipo de dor enquanto satildeo anilhadas ldquoAs pessoas agraves vezes quando ouvem as aves a dar um

grito de alarme pensam que eacute como os mamiacuteferos que choram ou gritam mas natildeo as aves natildeo fazem isso tentam eacute comunicar o que se estaacute a passar Os gritos de alarme servem para avisar as outras aves que existe al-gum perigo mas ela proacutepria natildeo estaacute em sofrimentordquo explica

Todos os primeiros e ter-ceiros saacutebados de cada mecircs Rui Brito e Antoacutenio Pereira acompanhados por

foi capturada Se tal aconte-cer os animais satildeo retirados com cuidado das redes para evitar qualquer sofrimento Segundo Antoacutenio Pereira as redes satildeo ldquobastante segu-rasrdquo ldquopor vezes as aves ficam com a liacutengua presa e ao tentarem se libertar sof-rem ligeiros ferimentos mas fora isso raramente se ma-goamrdquo Apoacutes o paacutessaro ser retirado da rede eacute colocado num saco opaco Rui Brito diz que

um grupo de estudantes em formaccedilatildeo e de interessados em anilhagem deslocam-se ao Parque Bioloacutegico de Gaia para iniciar a actividade O processo comeccedila cedo com a montagem das redes sempre uma hora antes do nascer do sol No total satildeo quatro as redes espalhadas pelo complexo as redes Matos Amieiras Ponte de Madeira e Tabua todas elas baptiza-das de acordo com as car-acteriacutesticas do local onde satildeo colocadas As redes referidas satildeo sempre montadas nos mesmos locais e posiciona-das em zonas estrateacutegicos do parque desta forma torna--se possiacutevel a recolha de dados com exactidatildeo sobre as espeacutecies que nidificam no parque Os dados sobre as espeacutecies capturadas satildeo depois analisados pela Es-taccedilatildeo de Esforccedilo Constante projecto com o principal ob-jectivo de obter informaccedilatildeo que possa ajudar a entender e a explicar as alteraccedilotildees nas populaccedilotildees de aves atraveacutes de um programa de capturas regulares durante a eacutepoca de reproduccedilatildeo em locais e habitats especiacuteficos

A recolha e anaacutelise de aves eacute relativamente simples mas algo que exige o maacuteximo cuidado Entre intervalos de uma hora o grupo desloca-se a cada uma das redes para verificar se alguma ave

Gaivatildeo com anilha prestes a ser libertado

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 5

Antoacutenio Pereira ldquoEacute sempre bom ver que um dos objectivos a que nos propusemos que foi conseguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas comeccedila a ter os seus frutosrdquo

ldquoas aves satildeo transportadas em sacos opacos para elas virem mais calmas e o menos stressadas possiacuteveisrdquo

O periacuteodo de tempo entre verificaccedilotildees das redes eacute ocupado a processar os animais recolhidos Primeiro procede-se agrave identificaccedilatildeo da espeacutecie e agrave colocaccedilatildeo da anilha respectiva As anilhas tecircm tamanhos especiacuteficos adaptados a cada espeacutecie de ave Haacute uma listagem de todas as espeacutecies que podem ser capturadas e a cada uma corresponde uma anilha especiacutefica Cada anilha tem um coacutedigo alfanumeacuterico que serve como bilhete de iden-tidade da ave que a recebe o que permite a posterior identificaccedilatildeo do animal no caso de ser recapturado ou encontrado morto Quando a ave jaacute se encontra anilhada eacute feita a recolha dos dados biomeacutetricos ndash peso sexo idade envergadura da asa comprimento do bico niacutevel de gordura e tipo de pelagem ndash e finalmente eacute libertada para o exterior

Questionado sobre a frequecircncia de recaptura de paacutessaros jaacute anilhados Rui Brito responde que ldquoeacute comum acontecerrdquo e sa-lienta que ldquoo objectivo da anilhagem eacute exactamente recapturar aves quer de caacute (do Parque Bioloacutegico) ndash o que nos permite conhecer a histoacuteria da ave e ir acompan-hando-a ndash quer aquelas que vecircm a migrar e que passam por caacuterdquo

Quanto ao sucesso dos controlos Rui Brito afirma que ldquotemos essencialmente aumentado o conhecimento sobre a avifauna do parque e descoberto algumas histoacuterias engraccediladas de aves que no-meadamente caiem sempre na mesma rede agrave mesma hora isto ao longo de dois anosrdquo O ornitoacutelogo salienta que nos dois anos de existecircn-cia da actividade jaacute

surgiram resultados ldquomuito interessantesrdquo como a descoberta de espeacutecies que natildeo se sabia que nidificavam no parque e a recolha de dados mais pormenorizados sobre a vida das espeacutecies que habitam no Parque Bioloacutegi-co

Em paralelo com a ini-ciativa Rui Brito e Antoacutenio Pereira colaboram com outros projectos associados agrave aacuterea A recolha de carraccedilas

das aves que satildeo enviadas para o Instituto Ricardo Jorge encarregue de estudar as doenccedilas trazidas pelas espeacutecies migratoacuterias e o estudo da histoacuteria geneacutetica do Pisco de Peito Ruivo que se insere numa colaboraccedilatildeo entre vaacuterios paiacuteses europeus satildeo as principais actividades associadas agrave anilhagem A educaccedilatildeo ambiental e sensi-bilizaccedilatildeo do puacuteblico para a causa de preservaccedilatildeo e

seraacute publicar em algum jornal cientiacuteficordquo revela Rui Brito No relatoacuterio vatildeo constar todas as espeacutecies capturadas desde Outubro de 2006 e dados relativos ao nuacutemero de pessoas que participaram na formaccedilatildeo de anilhadores

Jorge Gomes salienta a importacircncia da iniciativa jaacute que permite conhecer a pop-ulaccedilatildeo de aves e conservaacute-las numa aacuterea rodeada

estudo das espeacutecies de aves eacute tambeacutem um dos principais objectivos desta actividade

O proacuteximo passo do pro-jecto passa pela elaboraccedilatildeo de um relatoacuterio com o balan-ccedilo dos primeiros dois anos ldquoVai ser feito um relatoacuterio e entregue aqui no parque depois agrave partida seguir-se-aacute uma publicaccedilatildeo referente a isso A partir daiacute o parque faraacute a divulgaccedilatildeo e a ideia

de preacutedios O responsaacutevel pela revista do Parque Bioloacutegico afirma que a reserva natural ldquoeacute uma ilha verde onde as aves insec-tos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem en-caixarrdquo salientando ainda a importacircncia de se ter ldquonoccedilatildeo do nosso patrimoacutenio natu-ral e da conservaccedilatildeo destes espaccedilos com os seus habitats naturaisrdquo

O Parque Bioloacutegico de Gaia promove projectos como a monitorizaccedilatildeo sistemaacutetica de invertebra-dos peixes vertebrados terrestres e plantas nos quais a anilhagem de aves se insere em simultacircneo como actividade cientiacutefica de monitorizaccedilatildeo da avifauna e como actividade educativa Nuno Oliveira acrescenta que ldquotodo esse trabalho vai ser alargado a outros locais de Gaiardquo

Quanto ao futuro da anil-hagem de aves o Presidente do Conselho de Administra-ccedilatildeo do Parque Bioloacutegico diz que passa por ldquocontinuar e alargar-se quer em locais quer em regularidaderdquo Jaacute Rui Brito traccedila como meta

o ldquoobjectivo maacuteximordquo da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stante que passa por ter o maior nuacutemero de anos pos-siacutevel de anilhagem de forma a perceber as tendecircncias populacionais ldquoA ideia eacute pelo menos 10 anos contiacuten-uos para conseguirmos ter mais dados e mais pessoas de forma a criar mais grupos de anilhagemrdquo afirma

A anilhagem de aves eacute uma actividade de vaacuterias deacutecadas que se destaca pela ajuda no estudo das popu-laccedilotildees de aves num dado local Acerca da sessatildeo de 18 de Outubro Antoacutenio Pereira refere que ldquotivemos muitos participantes e eacute sempre bom ver que um dos objectivos a que noacutes nos propusemos que foi con-seguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas para uma actividade que era algo restrita comeccedila a ter os seus frutosrdquo

Contactos

Parque Bioloacutegico de Gaia4430-757 AVINTES

Telf 227 878 120Fax 227 833 583geralparquebiologicoptwwwparquebiologicopt

Blogue da actividadehttpanilhagemdeavesblogspotcom

Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stantehttptornadanaturlinkptprojectoshtml

Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aveshttpwwwapaapt

Gaivatildeo jaacute anilhado

6 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Internacional

Atentado Terrorista no Paquistatildeo faz 53 mortosEmbaixador da Repuacuteblica Checa entre as viacutetimas mortais

O Hotel Marriott em Islamabad foi alvo de um atentado terrorista A ex-plosatildeo de um carro agrave porta do hotel da capital paquis-tanesa causou 53 mortos e 266 feridos Entre as viacuteti-mas mortais encontra-se Ivo Zadrek Embaixador da Repuacuteblica Checa no Paquistatildeo O grupo ter-rorista ldquoCombatentes do Islatildeordquo reivindicou a autoria do atentado

Ao iniacutecio da noite um carro carregado com 600 Kg de explosivos embateu con-tra o portatildeo do hotel Mar-riott causando a explosatildeo que fez desabar o tecto de uma sala de banquetes Na altura estima-se que na sala entre 200 a 300 pessoas celebravam o fim do mecircs do Ramadatildeo Entre os feridos encontram-se pelo menos 7 alematildees e 2 norte-america-nos O condutor da viatura teraacute morrido no embate

A explosatildeo foi a mais potente registada em Islam-abad desde 2001 Para aleacutem da enorme cratera criada agrave porta do Marriott regista-se a destruiccedilatildeo de vaacuterias janelas e portas Dezenas de carros que se encontravam no parque de estacionamen-to foram danificados

e alguns focos de incecircndio deflagraram do hotel

Como consequecircncia do atentado os EUA suspen-deram o serviccedilo consular no Paquistatildeo O Presidente norte-americano George W Bush condenou energica-mente o ataque alertando para a contiacutenua ameaccedila terrorista

A Uniatildeo Europeia reagiu ao ataque terrorista atraveacutes de Javier Solana alto-comis-saacuterio da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

ldquoCondeno nos termos mais eneacutergicos o vil ataque ter-rorista em Islamabadrdquo referiu Solano

Asif Ali Zardari presi-dente paquistanecircs tinha planeado um jantar no Marriot com o Primeiro-Ministro agrave hora do ataque terrorista mas cancelou os planos

Horas antes Asif Ali Zardari viuacutevo da ex-Primei-ra Ministra paquistanesa Benazir Buttho tinha-se comprometido a continuar a

luta contra os fundamental-istas islacircmicos Jaacute em 2001 o entatildeo presidente Pervez Musharraf anunciou o seu apoio agrave guerra contra o ter-rorismo desencadeada pela administraccedilatildeo Bush apoacutes os atentados de 11 de Setembro

Este eacute o 3ordm atentado nos uacuteltimos 7 anos a assolar o Ho-tel Marriot da capital paquis-tanesa O Marriot tem 290 quartos e eacute muito frequenta-do por visitantes e residentes estrangeiros de Islamabad

Hotel Marriott de Islamabad apoacutes a explosatildeo Foto httpwwwradioaustralianetau

Quarteto para o Meacutedio Oriente apela a ldquocessar-fogo imediatordquoAdriano Cerqueira

Esta posiccedilatildeo relativa aos incidentes na Faixa de Gaza foi tornada puacuteblica apoacutes conversaccedilotildees entre o secre-taacuterio-geral das Naccedilotildees Uni-das Ban Ki Moon o chefe da diplomacia europeia Javier Solana a secretaacuteria de Estado dos EUA Condo-leezza Rice e o ministro dos Negoacutecios Estrangeiros russo Sergei Lavrov

A Uniatildeo Europeia sub-screveu a posiccedilatildeo do Quar-teto para o Meacutedio Oriente na reuniatildeo dos ministros dos Negoacutecios Estrangeiros eu-ropeus dia 30 de Dezembro em Paris O ministro francecircs Bernard Kouchner salientou que a soluccedilatildeo para esta crise natildeo pode ser militar apenas poliacutetica e que a UE estaacute dis-posta a dar o seu contributo para uma saiacuteda paciacutefica

Apesar de alguns pontos de vista diferentes em rela-ccedilatildeo ao conflito israelo-aacuterabe os diversos estados da Uniatildeo Europeia estatildeo de acordo com a necessidade de haver um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humani-taacuteria na Faixa de Gaza Israel equaciona 48 horas de treacutegua

A presidecircncia francesa da UE que termina no final do ano propocircs uma inter-rupccedilatildeo dos ataques israelitas durante 48 horas para fazer chegar agrave regiatildeo palestiniana ajuda Assessores do min-istro da Defesa israelita Ehud Barak disseram que o governo do seu paiacutes estaacute a estudar essa possibilidade

ldquoA opccedilatildeo mais provaacutevel neste momento eacute uma invasatildeo terrestre mas o objectivo desta operaccedilatildeo eacute um cessar-fogo duradouro Se isso se conseguir sem uma invasatildeo melhorrdquo disse um assessor de Barak ao jornal norte-americano New York Times que pediu para natildeo ser identificado O respon-saacutevel sublinhou que para que isso aconteccedila ldquoo Hamas teraacute de concordar [com esta opccedilatildeo] e teraacute de haver um mecanismo de fazecirc-la funcio-narrdquo Fonte PortugalDiaacuterio

Pub

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 3: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 3

Yazaki Saltano A incerteza de um futuroReportagem

Outrora siacutembolo do desenvolvimento do concelho de Ovar a Yazaki Saltano vive tempos atribulados Para os trabalhadores a esperanccedila da manutenccedilatildeo do emprego entra em conflito com o possiacutevel encerramento da faacutebrica

Adriano Cerqueira

Foi em 1992 que a Yazaki Saltano chegou a Ovar Motor de desenvolvimento e crescimento econoacutemico do concelho a empresa de peccedilas de automoacuteveis teve o seu ponto alto nos anos 90 quando chegou a empregar 3700 pessoas

Passados 16 anos o pan-orama eacute muito diferente A empresa vive sob constante ameaccedila de encerramento e os anuacutencios de despedimen-tos colectivos aumentaram de frequecircncia nos uacuteltimos anos Soacute em 2008 a Yazaki terminou o contrato com 1000 empregados restam agora pouco mais de 600 Anabela Neusa operadora de produccedilatildeo conta como eacute viver com um futuro de em-prego incerto ldquoA incerteza eacute como o proacuteprio nome diz Quando uma pessoa tem um emprego cria expectativas faz planos como um grande nuacutemero de trabalhadores o que pesa mais satildeo os com-promissos que uma pessoa tem como as prestaccedilotildees da casa Essa incerteza deixa sempre a incoacutegnita de conseguir cumprir com esse compromissordquo

A incerteza natildeo recai apenas sobre os empregados Anabela partilha a angustia de gerir os assuntos famil-iares nesta situaccedilatildeo ldquoA incerteza natildeo se coloca soacute no proacuteprio trabalhador Vai-se vivendo um dia de cada vez vendo as possibilidades den-tro da gestatildeo Na hipoacutetese de faltar o emprego faltar o vencimento os compromis-sos familiares vatildeo deixar de ser cumpridos e isto cria muita anguacutestia na gestatildeo do dia-a-dia da famiacuteliardquo con-fessa

Apesar dos constantes anuacutencios de encerramento a direcccedilatildeo da Yazaki Saltano continua a desmentir essa possibilidade Confrontada com a opccedilatildeo de comeccedilar a procurar emprego noutro lado Anabela prefere man-ter a confianccedila na empresa

Yazaki Saltano em Ovar para outros a empresa jaacute faz parte do passado Apoacutes 15 anos na Yazaki Benjamim Rodrigues viu-se confron-tado com uma realidade diferente ao ver o seu nome na lista de despedimento Benjamim descreve os efeitos do desemprego na sua vida ldquoEstou no fundo de desemprego estou a tirar um curso a tirar o 9ordm ano atraveacutes das novas oportu-nidades Eacute frustrante uma pessoa estaacute naquela vai

estaacute a passar algumas di-ficuldades Dizem que eacute devido agrave crise mundial que tambeacutem estaacute a afectar a industria automoacutevelrdquo

Ameacuterico Rodrigues tam-beacutem ele receacutem desempregado da Yazaki Saltano descreve o sentimento de incerteza vivido pelos trabalhadores ldquoDesde o primeiro despedi-mento que os trabalhadores tecircm visto o futuro da em-presa muito negro Jaacute natildeo acreditam que a empresa esteja em Portugal muito mais tempo Tecircm vivido na incerteza de serem despe-didos isso provoca muitas alteraccedilotildees a niacutevel de orga-nizaccedilatildeo pessoal e de stressrdquo

Jaacute os trabalhadores da Yazaki vecircem o fechar das portas como inevitaacutevel Anabela Neusa aponta a ex-tinccedilatildeo de sectores como um dos claros sinais do eventual encerramento da faacutebrica ldquoQuando se encerram linhas quando se encerram sec-tores seja por falta de enco-mendas ndash que natildeo eacute o caso ndash seja por deslocalizaccedilatildeo que eacute a realidade quando natildeo existem novos investimen-tos as coisas fecham natildeo surgem outras acaba por fechar certamenterdquo

Agora do lado de fora Benjamim Rodrigues partilha da mesma opiniatildeo Apesar da Yazaki o desmen-tir o receacutem desempregado natildeo acredita que a empresa se mantenha em Ovar apoacutes 2010 ldquoAquilo tem tudo para ir fechar Agora vieram mais cento e tais prevecirc-se se-gundo dizem que ateacute 2010 o resto feche tudo Embora a empresa venha dizer que natildeo isso eacute soacute para natildeo alarmar os trabalhadoresrdquo conta

Em tempos um siacutembolo do desenvolvimento da ci-dade a Yazaki Saltano passa por um periacuteodo de incerteza e indefiniccedilatildeo Casos com os de Anabela e Benjamim satildeo cada vez mais comuns Ex-emplos da crise que afecta o concelho de Ovar

ldquoA Yazaki tem boa matildeo de obra os trabalhadores da Yazaki sempre cumpriram objectivos sejam eles de qualidade de quantidade e mesmo prazos de entrega Eu tenho que acreditar que a falta de trabalho natildeo eacute por falta de encomendas eacute apenas por falta de vontade e de investimentordquo Anabela reafirma ainda acreditar que seja possiacutevel ldquoalternativas de trabalho na Yazakirdquo

Jaacute o ambiente entre os empregados eacute dividido Entre aqueles que se sentem mais agrave vontade outros jaacute comeccedilam a sofrer os efeitos do fecho da faacutebrica ldquoO ambiente Eacute um bocado estranho haacute senti-mentos de vaacuterias ordens Haacute os trabalhadores que possam natildeo ter compromissos e estatildeo mais ou menos agrave vontade com a situaccedilatildeo e existem aqueles que realmente tecircm compromissos com datas fixas e que vivem numa ansiedade e numa angustia bastante grande Muitos estaratildeo certamente medi-cados Existem aqueles que ainda natildeo acreditam muito que seja possiacutevel a empresa vir a fechar o que seraacute uma realidade se realmente natildeo houver alternativas de tra-balhordquo perspectiva Anabela Neusa

Enquanto uns ainda acr-editam na permanecircncia da

desempregada e tambeacutem foi afectada por problemas psicoloacutegicos tambeacutem Para a minha filha natildeo tenho passado muito essa imagem embora ela tivesse sentido Tivemos que a privar de mais coisasrdquo Benjamim natildeo olha com optimismo para as perspectivas de emprego ldquoEacute que natildeo haacute muitas perspec-tivas de arranjar emprego com salaacuterios condignos para noacutes termos uma vida ra-zoaacutevelrdquo confessa

Trabalhadores natildeo acreditam na permanecircncia da empresa em Ovar

O possiacutevel fecho e a incerteza de emprego dominam o pensamento dos actuais trabalhadores da Yazaki Saltano Ameacuterico Rodrigues delegado do Sindicato das Induacutestrias Eleacutectricas afirma que os funcionaacuterios ainda man-teacutem a esperanccedila mas natildeo acreditam que a empresa permaneccedila em Portugal du-rante muito tempo ldquoOs tra-balhadores neste momento estatildeo com a esperanccedila de natildeo virem a perder o em-prego mas natildeo tecircm muita perspectiva que a empresa se mantenha em Portugal por muito tempordquo O del-egado sindical acrescenta que ldquotodo o grupo neste momento em Portugal

Ameacuterico Rodrigues ldquoDesde o primeiro des-pedimento que os tra-balhadores tecircm visto o futuro da empresa muito negrordquo

embora natildeo vem e depois acabamos por ter uma vida instaacutevel Tenho uma casa para pagar filha mulher desempregada tambeacutem Eacute complicado Natildeo eacute que noacutes jaacute natildeo tiveacutessemos a contar com alguma coisa aquilo jaacute natildeo estava bem O impacto foi mau psicologicamente andei arrasadordquo

Sem perspectivas de emprego natildeo satildeo os prob-lemas econoacutemicos a uacutenica apreensatildeo de Benjamim A estabilidade familiar eacute agora a sua principal preocupaccedilatildeo ldquoA minha mulher estaacute

Instalaccedilotildees da Yazaki Saltano em Ovar

4 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Reportagem

Aves Madrugadoras do Parque Bioloacutegico de GaiaHaacute dois anos a funcionar no Parque Bioloacutegico de Gaia a anilhagem de aves eacute um dos mais fortes contributos para a preservaccedilatildeo da ilha verde do Grande Porto

A actividade tem iniacutecio uma hora antes do nascer do Sol

Jorge Gomes ldquoO Parque eacute uma ilha verde onde as aves insectos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem encaixarrdquo

Adriano Cerqueira

A praacutetica de recolha para identificaccedilatildeo e estudo de aves jaacute decorre haacute vaacuterios anos no parque mas apenas em 2006 eacute que Rui Brito e Antoacutenio Pereira ornitoacutelogos responsaacuteveis pelo projecto deram inicio a esta activi-dade de forma regular

ldquoHaacute 25 anos que se faz anilhagem no parque mas de haacute dois anos para caacute decidiu-se fazer com caraacutecter regular para melhor con-hecer a avifauna (populaccedilatildeo de aves)rdquo esclarece Nuno Oliveira Presidente do Con-selho de Administraccedilatildeo do Parque Bioloacutegico de Gaia

Rui Brito explica que ldquoqualquer projecto de anil-hagem surge muito por parte dos anilhadores propusemos ao parque comeccedilar a anilhar e o parque aceitourdquo O bioacutel-ogo de profissatildeo salienta a importacircncia da receacutem criada Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA) jaacute que esta ldquocentraliza em si esse tipo de actividades e projectos a niacutevel de todo o paiacutes de modo a alargar ao maacuteximo a actividaderdquo ldquoAteacute aqui natildeo havia nenhuma organizaccedilatildeo haacute a Central Nacional de Anilhagem (CNA) que eacute um organismo que faz parte do Instituto de Conservaccedilatildeo da Natureza e Biodiversidade (ICNB) que atribui as credenciais e gere as autorizaccedilotildees e as questotildees das anilhas mas a niacutevel da proacute-actividade e da proposta de projectos natildeo existia nen-huma entidaderdquo confessa

Para o desenvolvimento e manutenccedilatildeo do projecto o Parque Bioloacutegico de Gaia disponibiliza as instalaccedilotildees da Quinta do Chasco e um orccedilamento anual de cerca de 10 mil euros destinados ao investimento em material e divulgaccedilatildeo da actividade Esta iniciativa tambeacutem aposta na formaccedilatildeo de futuros anilhadores Joana Nunes mestre em Ecologia Ambiental eacute um desses ca-sos Explica que ldquopara se

trabalhar a seacuterio com paacutessa-ros precisas de uma licenccedila mas para isso eacute preciso anilhar mais de 100 espeacutecies diferentesrdquo acrescenta ainda que ldquoo tiacutetulo de anilhador eacute muito importante no cur-riacuteculo jaacute que eacute bastante difiacutecil ser-se capaz de identi-ficar paacutessaros rapidamente e eacute claramente importante a ajuda de pessoas

especializadas para o estudo de conservaccedilatildeordquo

Entre os alunos a receber formaccedilatildeo um dos membros que mais cedo se iniciou no projecto eacute Pedro Andrade O aluno de Biologia da Fac-uldade de Ciecircncias da Uni-versidade do Porto (FCUP) conta que tomou conheci-mento da anilhagem atraveacutes de Jorge Gomes responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo do parque junto dos visitantes ldquoEle falou comigo e com o meu irmatildeo sobre a anilhagem

e projectos da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Constante Noacutes comeccedilaacutemos a vir ao iniacutecio soacute para ver como eacute que era e entatildeo propuseram-nos a possibilidade de fazer volun-tariado e de recebermos for-maccedilatildeo Aceitaacutemos e temos vindo todos os primeiros e terceiros saacutebados de cada mecircs para aprender mais e para receber alguma forma-ccedilatildeo Vamos tambeacutem tentar receber uma credencial que no futuro nos permita ter a independecircncia para sermos anilhadoresrdquo refere

Pedro Andrade tambeacutem eacute responsaacutevel pelo blogue onde satildeo colocadas todas as informaccedilotildees recolhidas apoacutes as sessotildees de anilhagem ldquoO projecto do blogue surgiu inicialmente para melhorar a divulgaccedilatildeo da anilhagem Normalmente esta tambeacutem eacute feita pela revista oficial do parque que eacute a Revista Parques e Vida Selvagem Todos os saacutebados no fim de uma anilhagem publicamos os resultados e mais algu-mas notiacutecias e fotos para desta forma o puacuteblico em geral saber o que eacute que noacutes

estamos a fazerrdquoContudo a recolha e

identificaccedilatildeo de aves eacute por vezes criticada pelo puacuteblico natildeo familiarizado com a actividade O facto das aves sofrerem durante o pro-cesso eacute uma das acusaccedilotildees comuns Antoacutenio Pereira assegura que as aves natildeo sofrem qualquer tipo de dor enquanto satildeo anilhadas ldquoAs pessoas agraves vezes quando ouvem as aves a dar um

grito de alarme pensam que eacute como os mamiacuteferos que choram ou gritam mas natildeo as aves natildeo fazem isso tentam eacute comunicar o que se estaacute a passar Os gritos de alarme servem para avisar as outras aves que existe al-gum perigo mas ela proacutepria natildeo estaacute em sofrimentordquo explica

Todos os primeiros e ter-ceiros saacutebados de cada mecircs Rui Brito e Antoacutenio Pereira acompanhados por

foi capturada Se tal aconte-cer os animais satildeo retirados com cuidado das redes para evitar qualquer sofrimento Segundo Antoacutenio Pereira as redes satildeo ldquobastante segu-rasrdquo ldquopor vezes as aves ficam com a liacutengua presa e ao tentarem se libertar sof-rem ligeiros ferimentos mas fora isso raramente se ma-goamrdquo Apoacutes o paacutessaro ser retirado da rede eacute colocado num saco opaco Rui Brito diz que

um grupo de estudantes em formaccedilatildeo e de interessados em anilhagem deslocam-se ao Parque Bioloacutegico de Gaia para iniciar a actividade O processo comeccedila cedo com a montagem das redes sempre uma hora antes do nascer do sol No total satildeo quatro as redes espalhadas pelo complexo as redes Matos Amieiras Ponte de Madeira e Tabua todas elas baptiza-das de acordo com as car-acteriacutesticas do local onde satildeo colocadas As redes referidas satildeo sempre montadas nos mesmos locais e posiciona-das em zonas estrateacutegicos do parque desta forma torna--se possiacutevel a recolha de dados com exactidatildeo sobre as espeacutecies que nidificam no parque Os dados sobre as espeacutecies capturadas satildeo depois analisados pela Es-taccedilatildeo de Esforccedilo Constante projecto com o principal ob-jectivo de obter informaccedilatildeo que possa ajudar a entender e a explicar as alteraccedilotildees nas populaccedilotildees de aves atraveacutes de um programa de capturas regulares durante a eacutepoca de reproduccedilatildeo em locais e habitats especiacuteficos

A recolha e anaacutelise de aves eacute relativamente simples mas algo que exige o maacuteximo cuidado Entre intervalos de uma hora o grupo desloca-se a cada uma das redes para verificar se alguma ave

Gaivatildeo com anilha prestes a ser libertado

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 5

Antoacutenio Pereira ldquoEacute sempre bom ver que um dos objectivos a que nos propusemos que foi conseguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas comeccedila a ter os seus frutosrdquo

ldquoas aves satildeo transportadas em sacos opacos para elas virem mais calmas e o menos stressadas possiacuteveisrdquo

O periacuteodo de tempo entre verificaccedilotildees das redes eacute ocupado a processar os animais recolhidos Primeiro procede-se agrave identificaccedilatildeo da espeacutecie e agrave colocaccedilatildeo da anilha respectiva As anilhas tecircm tamanhos especiacuteficos adaptados a cada espeacutecie de ave Haacute uma listagem de todas as espeacutecies que podem ser capturadas e a cada uma corresponde uma anilha especiacutefica Cada anilha tem um coacutedigo alfanumeacuterico que serve como bilhete de iden-tidade da ave que a recebe o que permite a posterior identificaccedilatildeo do animal no caso de ser recapturado ou encontrado morto Quando a ave jaacute se encontra anilhada eacute feita a recolha dos dados biomeacutetricos ndash peso sexo idade envergadura da asa comprimento do bico niacutevel de gordura e tipo de pelagem ndash e finalmente eacute libertada para o exterior

Questionado sobre a frequecircncia de recaptura de paacutessaros jaacute anilhados Rui Brito responde que ldquoeacute comum acontecerrdquo e sa-lienta que ldquoo objectivo da anilhagem eacute exactamente recapturar aves quer de caacute (do Parque Bioloacutegico) ndash o que nos permite conhecer a histoacuteria da ave e ir acompan-hando-a ndash quer aquelas que vecircm a migrar e que passam por caacuterdquo

Quanto ao sucesso dos controlos Rui Brito afirma que ldquotemos essencialmente aumentado o conhecimento sobre a avifauna do parque e descoberto algumas histoacuterias engraccediladas de aves que no-meadamente caiem sempre na mesma rede agrave mesma hora isto ao longo de dois anosrdquo O ornitoacutelogo salienta que nos dois anos de existecircn-cia da actividade jaacute

surgiram resultados ldquomuito interessantesrdquo como a descoberta de espeacutecies que natildeo se sabia que nidificavam no parque e a recolha de dados mais pormenorizados sobre a vida das espeacutecies que habitam no Parque Bioloacutegi-co

Em paralelo com a ini-ciativa Rui Brito e Antoacutenio Pereira colaboram com outros projectos associados agrave aacuterea A recolha de carraccedilas

das aves que satildeo enviadas para o Instituto Ricardo Jorge encarregue de estudar as doenccedilas trazidas pelas espeacutecies migratoacuterias e o estudo da histoacuteria geneacutetica do Pisco de Peito Ruivo que se insere numa colaboraccedilatildeo entre vaacuterios paiacuteses europeus satildeo as principais actividades associadas agrave anilhagem A educaccedilatildeo ambiental e sensi-bilizaccedilatildeo do puacuteblico para a causa de preservaccedilatildeo e

seraacute publicar em algum jornal cientiacuteficordquo revela Rui Brito No relatoacuterio vatildeo constar todas as espeacutecies capturadas desde Outubro de 2006 e dados relativos ao nuacutemero de pessoas que participaram na formaccedilatildeo de anilhadores

Jorge Gomes salienta a importacircncia da iniciativa jaacute que permite conhecer a pop-ulaccedilatildeo de aves e conservaacute-las numa aacuterea rodeada

estudo das espeacutecies de aves eacute tambeacutem um dos principais objectivos desta actividade

O proacuteximo passo do pro-jecto passa pela elaboraccedilatildeo de um relatoacuterio com o balan-ccedilo dos primeiros dois anos ldquoVai ser feito um relatoacuterio e entregue aqui no parque depois agrave partida seguir-se-aacute uma publicaccedilatildeo referente a isso A partir daiacute o parque faraacute a divulgaccedilatildeo e a ideia

de preacutedios O responsaacutevel pela revista do Parque Bioloacutegico afirma que a reserva natural ldquoeacute uma ilha verde onde as aves insec-tos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem en-caixarrdquo salientando ainda a importacircncia de se ter ldquonoccedilatildeo do nosso patrimoacutenio natu-ral e da conservaccedilatildeo destes espaccedilos com os seus habitats naturaisrdquo

O Parque Bioloacutegico de Gaia promove projectos como a monitorizaccedilatildeo sistemaacutetica de invertebra-dos peixes vertebrados terrestres e plantas nos quais a anilhagem de aves se insere em simultacircneo como actividade cientiacutefica de monitorizaccedilatildeo da avifauna e como actividade educativa Nuno Oliveira acrescenta que ldquotodo esse trabalho vai ser alargado a outros locais de Gaiardquo

Quanto ao futuro da anil-hagem de aves o Presidente do Conselho de Administra-ccedilatildeo do Parque Bioloacutegico diz que passa por ldquocontinuar e alargar-se quer em locais quer em regularidaderdquo Jaacute Rui Brito traccedila como meta

o ldquoobjectivo maacuteximordquo da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stante que passa por ter o maior nuacutemero de anos pos-siacutevel de anilhagem de forma a perceber as tendecircncias populacionais ldquoA ideia eacute pelo menos 10 anos contiacuten-uos para conseguirmos ter mais dados e mais pessoas de forma a criar mais grupos de anilhagemrdquo afirma

A anilhagem de aves eacute uma actividade de vaacuterias deacutecadas que se destaca pela ajuda no estudo das popu-laccedilotildees de aves num dado local Acerca da sessatildeo de 18 de Outubro Antoacutenio Pereira refere que ldquotivemos muitos participantes e eacute sempre bom ver que um dos objectivos a que noacutes nos propusemos que foi con-seguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas para uma actividade que era algo restrita comeccedila a ter os seus frutosrdquo

Contactos

Parque Bioloacutegico de Gaia4430-757 AVINTES

Telf 227 878 120Fax 227 833 583geralparquebiologicoptwwwparquebiologicopt

Blogue da actividadehttpanilhagemdeavesblogspotcom

Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stantehttptornadanaturlinkptprojectoshtml

Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aveshttpwwwapaapt

Gaivatildeo jaacute anilhado

6 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Internacional

Atentado Terrorista no Paquistatildeo faz 53 mortosEmbaixador da Repuacuteblica Checa entre as viacutetimas mortais

O Hotel Marriott em Islamabad foi alvo de um atentado terrorista A ex-plosatildeo de um carro agrave porta do hotel da capital paquis-tanesa causou 53 mortos e 266 feridos Entre as viacuteti-mas mortais encontra-se Ivo Zadrek Embaixador da Repuacuteblica Checa no Paquistatildeo O grupo ter-rorista ldquoCombatentes do Islatildeordquo reivindicou a autoria do atentado

Ao iniacutecio da noite um carro carregado com 600 Kg de explosivos embateu con-tra o portatildeo do hotel Mar-riott causando a explosatildeo que fez desabar o tecto de uma sala de banquetes Na altura estima-se que na sala entre 200 a 300 pessoas celebravam o fim do mecircs do Ramadatildeo Entre os feridos encontram-se pelo menos 7 alematildees e 2 norte-america-nos O condutor da viatura teraacute morrido no embate

A explosatildeo foi a mais potente registada em Islam-abad desde 2001 Para aleacutem da enorme cratera criada agrave porta do Marriott regista-se a destruiccedilatildeo de vaacuterias janelas e portas Dezenas de carros que se encontravam no parque de estacionamen-to foram danificados

e alguns focos de incecircndio deflagraram do hotel

Como consequecircncia do atentado os EUA suspen-deram o serviccedilo consular no Paquistatildeo O Presidente norte-americano George W Bush condenou energica-mente o ataque alertando para a contiacutenua ameaccedila terrorista

A Uniatildeo Europeia reagiu ao ataque terrorista atraveacutes de Javier Solana alto-comis-saacuterio da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

ldquoCondeno nos termos mais eneacutergicos o vil ataque ter-rorista em Islamabadrdquo referiu Solano

Asif Ali Zardari presi-dente paquistanecircs tinha planeado um jantar no Marriot com o Primeiro-Ministro agrave hora do ataque terrorista mas cancelou os planos

Horas antes Asif Ali Zardari viuacutevo da ex-Primei-ra Ministra paquistanesa Benazir Buttho tinha-se comprometido a continuar a

luta contra os fundamental-istas islacircmicos Jaacute em 2001 o entatildeo presidente Pervez Musharraf anunciou o seu apoio agrave guerra contra o ter-rorismo desencadeada pela administraccedilatildeo Bush apoacutes os atentados de 11 de Setembro

Este eacute o 3ordm atentado nos uacuteltimos 7 anos a assolar o Ho-tel Marriot da capital paquis-tanesa O Marriot tem 290 quartos e eacute muito frequenta-do por visitantes e residentes estrangeiros de Islamabad

Hotel Marriott de Islamabad apoacutes a explosatildeo Foto httpwwwradioaustralianetau

Quarteto para o Meacutedio Oriente apela a ldquocessar-fogo imediatordquoAdriano Cerqueira

Esta posiccedilatildeo relativa aos incidentes na Faixa de Gaza foi tornada puacuteblica apoacutes conversaccedilotildees entre o secre-taacuterio-geral das Naccedilotildees Uni-das Ban Ki Moon o chefe da diplomacia europeia Javier Solana a secretaacuteria de Estado dos EUA Condo-leezza Rice e o ministro dos Negoacutecios Estrangeiros russo Sergei Lavrov

A Uniatildeo Europeia sub-screveu a posiccedilatildeo do Quar-teto para o Meacutedio Oriente na reuniatildeo dos ministros dos Negoacutecios Estrangeiros eu-ropeus dia 30 de Dezembro em Paris O ministro francecircs Bernard Kouchner salientou que a soluccedilatildeo para esta crise natildeo pode ser militar apenas poliacutetica e que a UE estaacute dis-posta a dar o seu contributo para uma saiacuteda paciacutefica

Apesar de alguns pontos de vista diferentes em rela-ccedilatildeo ao conflito israelo-aacuterabe os diversos estados da Uniatildeo Europeia estatildeo de acordo com a necessidade de haver um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humani-taacuteria na Faixa de Gaza Israel equaciona 48 horas de treacutegua

A presidecircncia francesa da UE que termina no final do ano propocircs uma inter-rupccedilatildeo dos ataques israelitas durante 48 horas para fazer chegar agrave regiatildeo palestiniana ajuda Assessores do min-istro da Defesa israelita Ehud Barak disseram que o governo do seu paiacutes estaacute a estudar essa possibilidade

ldquoA opccedilatildeo mais provaacutevel neste momento eacute uma invasatildeo terrestre mas o objectivo desta operaccedilatildeo eacute um cessar-fogo duradouro Se isso se conseguir sem uma invasatildeo melhorrdquo disse um assessor de Barak ao jornal norte-americano New York Times que pediu para natildeo ser identificado O respon-saacutevel sublinhou que para que isso aconteccedila ldquoo Hamas teraacute de concordar [com esta opccedilatildeo] e teraacute de haver um mecanismo de fazecirc-la funcio-narrdquo Fonte PortugalDiaacuterio

Pub

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

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Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 4: Mercúrio do Porto

4 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Reportagem

Aves Madrugadoras do Parque Bioloacutegico de GaiaHaacute dois anos a funcionar no Parque Bioloacutegico de Gaia a anilhagem de aves eacute um dos mais fortes contributos para a preservaccedilatildeo da ilha verde do Grande Porto

A actividade tem iniacutecio uma hora antes do nascer do Sol

Jorge Gomes ldquoO Parque eacute uma ilha verde onde as aves insectos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem encaixarrdquo

Adriano Cerqueira

A praacutetica de recolha para identificaccedilatildeo e estudo de aves jaacute decorre haacute vaacuterios anos no parque mas apenas em 2006 eacute que Rui Brito e Antoacutenio Pereira ornitoacutelogos responsaacuteveis pelo projecto deram inicio a esta activi-dade de forma regular

ldquoHaacute 25 anos que se faz anilhagem no parque mas de haacute dois anos para caacute decidiu-se fazer com caraacutecter regular para melhor con-hecer a avifauna (populaccedilatildeo de aves)rdquo esclarece Nuno Oliveira Presidente do Con-selho de Administraccedilatildeo do Parque Bioloacutegico de Gaia

Rui Brito explica que ldquoqualquer projecto de anil-hagem surge muito por parte dos anilhadores propusemos ao parque comeccedilar a anilhar e o parque aceitourdquo O bioacutel-ogo de profissatildeo salienta a importacircncia da receacutem criada Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA) jaacute que esta ldquocentraliza em si esse tipo de actividades e projectos a niacutevel de todo o paiacutes de modo a alargar ao maacuteximo a actividaderdquo ldquoAteacute aqui natildeo havia nenhuma organizaccedilatildeo haacute a Central Nacional de Anilhagem (CNA) que eacute um organismo que faz parte do Instituto de Conservaccedilatildeo da Natureza e Biodiversidade (ICNB) que atribui as credenciais e gere as autorizaccedilotildees e as questotildees das anilhas mas a niacutevel da proacute-actividade e da proposta de projectos natildeo existia nen-huma entidaderdquo confessa

Para o desenvolvimento e manutenccedilatildeo do projecto o Parque Bioloacutegico de Gaia disponibiliza as instalaccedilotildees da Quinta do Chasco e um orccedilamento anual de cerca de 10 mil euros destinados ao investimento em material e divulgaccedilatildeo da actividade Esta iniciativa tambeacutem aposta na formaccedilatildeo de futuros anilhadores Joana Nunes mestre em Ecologia Ambiental eacute um desses ca-sos Explica que ldquopara se

trabalhar a seacuterio com paacutessa-ros precisas de uma licenccedila mas para isso eacute preciso anilhar mais de 100 espeacutecies diferentesrdquo acrescenta ainda que ldquoo tiacutetulo de anilhador eacute muito importante no cur-riacuteculo jaacute que eacute bastante difiacutecil ser-se capaz de identi-ficar paacutessaros rapidamente e eacute claramente importante a ajuda de pessoas

especializadas para o estudo de conservaccedilatildeordquo

Entre os alunos a receber formaccedilatildeo um dos membros que mais cedo se iniciou no projecto eacute Pedro Andrade O aluno de Biologia da Fac-uldade de Ciecircncias da Uni-versidade do Porto (FCUP) conta que tomou conheci-mento da anilhagem atraveacutes de Jorge Gomes responsaacutevel pela divulgaccedilatildeo do parque junto dos visitantes ldquoEle falou comigo e com o meu irmatildeo sobre a anilhagem

e projectos da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Constante Noacutes comeccedilaacutemos a vir ao iniacutecio soacute para ver como eacute que era e entatildeo propuseram-nos a possibilidade de fazer volun-tariado e de recebermos for-maccedilatildeo Aceitaacutemos e temos vindo todos os primeiros e terceiros saacutebados de cada mecircs para aprender mais e para receber alguma forma-ccedilatildeo Vamos tambeacutem tentar receber uma credencial que no futuro nos permita ter a independecircncia para sermos anilhadoresrdquo refere

Pedro Andrade tambeacutem eacute responsaacutevel pelo blogue onde satildeo colocadas todas as informaccedilotildees recolhidas apoacutes as sessotildees de anilhagem ldquoO projecto do blogue surgiu inicialmente para melhorar a divulgaccedilatildeo da anilhagem Normalmente esta tambeacutem eacute feita pela revista oficial do parque que eacute a Revista Parques e Vida Selvagem Todos os saacutebados no fim de uma anilhagem publicamos os resultados e mais algu-mas notiacutecias e fotos para desta forma o puacuteblico em geral saber o que eacute que noacutes

estamos a fazerrdquoContudo a recolha e

identificaccedilatildeo de aves eacute por vezes criticada pelo puacuteblico natildeo familiarizado com a actividade O facto das aves sofrerem durante o pro-cesso eacute uma das acusaccedilotildees comuns Antoacutenio Pereira assegura que as aves natildeo sofrem qualquer tipo de dor enquanto satildeo anilhadas ldquoAs pessoas agraves vezes quando ouvem as aves a dar um

grito de alarme pensam que eacute como os mamiacuteferos que choram ou gritam mas natildeo as aves natildeo fazem isso tentam eacute comunicar o que se estaacute a passar Os gritos de alarme servem para avisar as outras aves que existe al-gum perigo mas ela proacutepria natildeo estaacute em sofrimentordquo explica

Todos os primeiros e ter-ceiros saacutebados de cada mecircs Rui Brito e Antoacutenio Pereira acompanhados por

foi capturada Se tal aconte-cer os animais satildeo retirados com cuidado das redes para evitar qualquer sofrimento Segundo Antoacutenio Pereira as redes satildeo ldquobastante segu-rasrdquo ldquopor vezes as aves ficam com a liacutengua presa e ao tentarem se libertar sof-rem ligeiros ferimentos mas fora isso raramente se ma-goamrdquo Apoacutes o paacutessaro ser retirado da rede eacute colocado num saco opaco Rui Brito diz que

um grupo de estudantes em formaccedilatildeo e de interessados em anilhagem deslocam-se ao Parque Bioloacutegico de Gaia para iniciar a actividade O processo comeccedila cedo com a montagem das redes sempre uma hora antes do nascer do sol No total satildeo quatro as redes espalhadas pelo complexo as redes Matos Amieiras Ponte de Madeira e Tabua todas elas baptiza-das de acordo com as car-acteriacutesticas do local onde satildeo colocadas As redes referidas satildeo sempre montadas nos mesmos locais e posiciona-das em zonas estrateacutegicos do parque desta forma torna--se possiacutevel a recolha de dados com exactidatildeo sobre as espeacutecies que nidificam no parque Os dados sobre as espeacutecies capturadas satildeo depois analisados pela Es-taccedilatildeo de Esforccedilo Constante projecto com o principal ob-jectivo de obter informaccedilatildeo que possa ajudar a entender e a explicar as alteraccedilotildees nas populaccedilotildees de aves atraveacutes de um programa de capturas regulares durante a eacutepoca de reproduccedilatildeo em locais e habitats especiacuteficos

A recolha e anaacutelise de aves eacute relativamente simples mas algo que exige o maacuteximo cuidado Entre intervalos de uma hora o grupo desloca-se a cada uma das redes para verificar se alguma ave

Gaivatildeo com anilha prestes a ser libertado

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 5

Antoacutenio Pereira ldquoEacute sempre bom ver que um dos objectivos a que nos propusemos que foi conseguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas comeccedila a ter os seus frutosrdquo

ldquoas aves satildeo transportadas em sacos opacos para elas virem mais calmas e o menos stressadas possiacuteveisrdquo

O periacuteodo de tempo entre verificaccedilotildees das redes eacute ocupado a processar os animais recolhidos Primeiro procede-se agrave identificaccedilatildeo da espeacutecie e agrave colocaccedilatildeo da anilha respectiva As anilhas tecircm tamanhos especiacuteficos adaptados a cada espeacutecie de ave Haacute uma listagem de todas as espeacutecies que podem ser capturadas e a cada uma corresponde uma anilha especiacutefica Cada anilha tem um coacutedigo alfanumeacuterico que serve como bilhete de iden-tidade da ave que a recebe o que permite a posterior identificaccedilatildeo do animal no caso de ser recapturado ou encontrado morto Quando a ave jaacute se encontra anilhada eacute feita a recolha dos dados biomeacutetricos ndash peso sexo idade envergadura da asa comprimento do bico niacutevel de gordura e tipo de pelagem ndash e finalmente eacute libertada para o exterior

Questionado sobre a frequecircncia de recaptura de paacutessaros jaacute anilhados Rui Brito responde que ldquoeacute comum acontecerrdquo e sa-lienta que ldquoo objectivo da anilhagem eacute exactamente recapturar aves quer de caacute (do Parque Bioloacutegico) ndash o que nos permite conhecer a histoacuteria da ave e ir acompan-hando-a ndash quer aquelas que vecircm a migrar e que passam por caacuterdquo

Quanto ao sucesso dos controlos Rui Brito afirma que ldquotemos essencialmente aumentado o conhecimento sobre a avifauna do parque e descoberto algumas histoacuterias engraccediladas de aves que no-meadamente caiem sempre na mesma rede agrave mesma hora isto ao longo de dois anosrdquo O ornitoacutelogo salienta que nos dois anos de existecircn-cia da actividade jaacute

surgiram resultados ldquomuito interessantesrdquo como a descoberta de espeacutecies que natildeo se sabia que nidificavam no parque e a recolha de dados mais pormenorizados sobre a vida das espeacutecies que habitam no Parque Bioloacutegi-co

Em paralelo com a ini-ciativa Rui Brito e Antoacutenio Pereira colaboram com outros projectos associados agrave aacuterea A recolha de carraccedilas

das aves que satildeo enviadas para o Instituto Ricardo Jorge encarregue de estudar as doenccedilas trazidas pelas espeacutecies migratoacuterias e o estudo da histoacuteria geneacutetica do Pisco de Peito Ruivo que se insere numa colaboraccedilatildeo entre vaacuterios paiacuteses europeus satildeo as principais actividades associadas agrave anilhagem A educaccedilatildeo ambiental e sensi-bilizaccedilatildeo do puacuteblico para a causa de preservaccedilatildeo e

seraacute publicar em algum jornal cientiacuteficordquo revela Rui Brito No relatoacuterio vatildeo constar todas as espeacutecies capturadas desde Outubro de 2006 e dados relativos ao nuacutemero de pessoas que participaram na formaccedilatildeo de anilhadores

Jorge Gomes salienta a importacircncia da iniciativa jaacute que permite conhecer a pop-ulaccedilatildeo de aves e conservaacute-las numa aacuterea rodeada

estudo das espeacutecies de aves eacute tambeacutem um dos principais objectivos desta actividade

O proacuteximo passo do pro-jecto passa pela elaboraccedilatildeo de um relatoacuterio com o balan-ccedilo dos primeiros dois anos ldquoVai ser feito um relatoacuterio e entregue aqui no parque depois agrave partida seguir-se-aacute uma publicaccedilatildeo referente a isso A partir daiacute o parque faraacute a divulgaccedilatildeo e a ideia

de preacutedios O responsaacutevel pela revista do Parque Bioloacutegico afirma que a reserva natural ldquoeacute uma ilha verde onde as aves insec-tos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem en-caixarrdquo salientando ainda a importacircncia de se ter ldquonoccedilatildeo do nosso patrimoacutenio natu-ral e da conservaccedilatildeo destes espaccedilos com os seus habitats naturaisrdquo

O Parque Bioloacutegico de Gaia promove projectos como a monitorizaccedilatildeo sistemaacutetica de invertebra-dos peixes vertebrados terrestres e plantas nos quais a anilhagem de aves se insere em simultacircneo como actividade cientiacutefica de monitorizaccedilatildeo da avifauna e como actividade educativa Nuno Oliveira acrescenta que ldquotodo esse trabalho vai ser alargado a outros locais de Gaiardquo

Quanto ao futuro da anil-hagem de aves o Presidente do Conselho de Administra-ccedilatildeo do Parque Bioloacutegico diz que passa por ldquocontinuar e alargar-se quer em locais quer em regularidaderdquo Jaacute Rui Brito traccedila como meta

o ldquoobjectivo maacuteximordquo da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stante que passa por ter o maior nuacutemero de anos pos-siacutevel de anilhagem de forma a perceber as tendecircncias populacionais ldquoA ideia eacute pelo menos 10 anos contiacuten-uos para conseguirmos ter mais dados e mais pessoas de forma a criar mais grupos de anilhagemrdquo afirma

A anilhagem de aves eacute uma actividade de vaacuterias deacutecadas que se destaca pela ajuda no estudo das popu-laccedilotildees de aves num dado local Acerca da sessatildeo de 18 de Outubro Antoacutenio Pereira refere que ldquotivemos muitos participantes e eacute sempre bom ver que um dos objectivos a que noacutes nos propusemos que foi con-seguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas para uma actividade que era algo restrita comeccedila a ter os seus frutosrdquo

Contactos

Parque Bioloacutegico de Gaia4430-757 AVINTES

Telf 227 878 120Fax 227 833 583geralparquebiologicoptwwwparquebiologicopt

Blogue da actividadehttpanilhagemdeavesblogspotcom

Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stantehttptornadanaturlinkptprojectoshtml

Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aveshttpwwwapaapt

Gaivatildeo jaacute anilhado

6 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Internacional

Atentado Terrorista no Paquistatildeo faz 53 mortosEmbaixador da Repuacuteblica Checa entre as viacutetimas mortais

O Hotel Marriott em Islamabad foi alvo de um atentado terrorista A ex-plosatildeo de um carro agrave porta do hotel da capital paquis-tanesa causou 53 mortos e 266 feridos Entre as viacuteti-mas mortais encontra-se Ivo Zadrek Embaixador da Repuacuteblica Checa no Paquistatildeo O grupo ter-rorista ldquoCombatentes do Islatildeordquo reivindicou a autoria do atentado

Ao iniacutecio da noite um carro carregado com 600 Kg de explosivos embateu con-tra o portatildeo do hotel Mar-riott causando a explosatildeo que fez desabar o tecto de uma sala de banquetes Na altura estima-se que na sala entre 200 a 300 pessoas celebravam o fim do mecircs do Ramadatildeo Entre os feridos encontram-se pelo menos 7 alematildees e 2 norte-america-nos O condutor da viatura teraacute morrido no embate

A explosatildeo foi a mais potente registada em Islam-abad desde 2001 Para aleacutem da enorme cratera criada agrave porta do Marriott regista-se a destruiccedilatildeo de vaacuterias janelas e portas Dezenas de carros que se encontravam no parque de estacionamen-to foram danificados

e alguns focos de incecircndio deflagraram do hotel

Como consequecircncia do atentado os EUA suspen-deram o serviccedilo consular no Paquistatildeo O Presidente norte-americano George W Bush condenou energica-mente o ataque alertando para a contiacutenua ameaccedila terrorista

A Uniatildeo Europeia reagiu ao ataque terrorista atraveacutes de Javier Solana alto-comis-saacuterio da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

ldquoCondeno nos termos mais eneacutergicos o vil ataque ter-rorista em Islamabadrdquo referiu Solano

Asif Ali Zardari presi-dente paquistanecircs tinha planeado um jantar no Marriot com o Primeiro-Ministro agrave hora do ataque terrorista mas cancelou os planos

Horas antes Asif Ali Zardari viuacutevo da ex-Primei-ra Ministra paquistanesa Benazir Buttho tinha-se comprometido a continuar a

luta contra os fundamental-istas islacircmicos Jaacute em 2001 o entatildeo presidente Pervez Musharraf anunciou o seu apoio agrave guerra contra o ter-rorismo desencadeada pela administraccedilatildeo Bush apoacutes os atentados de 11 de Setembro

Este eacute o 3ordm atentado nos uacuteltimos 7 anos a assolar o Ho-tel Marriot da capital paquis-tanesa O Marriot tem 290 quartos e eacute muito frequenta-do por visitantes e residentes estrangeiros de Islamabad

Hotel Marriott de Islamabad apoacutes a explosatildeo Foto httpwwwradioaustralianetau

Quarteto para o Meacutedio Oriente apela a ldquocessar-fogo imediatordquoAdriano Cerqueira

Esta posiccedilatildeo relativa aos incidentes na Faixa de Gaza foi tornada puacuteblica apoacutes conversaccedilotildees entre o secre-taacuterio-geral das Naccedilotildees Uni-das Ban Ki Moon o chefe da diplomacia europeia Javier Solana a secretaacuteria de Estado dos EUA Condo-leezza Rice e o ministro dos Negoacutecios Estrangeiros russo Sergei Lavrov

A Uniatildeo Europeia sub-screveu a posiccedilatildeo do Quar-teto para o Meacutedio Oriente na reuniatildeo dos ministros dos Negoacutecios Estrangeiros eu-ropeus dia 30 de Dezembro em Paris O ministro francecircs Bernard Kouchner salientou que a soluccedilatildeo para esta crise natildeo pode ser militar apenas poliacutetica e que a UE estaacute dis-posta a dar o seu contributo para uma saiacuteda paciacutefica

Apesar de alguns pontos de vista diferentes em rela-ccedilatildeo ao conflito israelo-aacuterabe os diversos estados da Uniatildeo Europeia estatildeo de acordo com a necessidade de haver um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humani-taacuteria na Faixa de Gaza Israel equaciona 48 horas de treacutegua

A presidecircncia francesa da UE que termina no final do ano propocircs uma inter-rupccedilatildeo dos ataques israelitas durante 48 horas para fazer chegar agrave regiatildeo palestiniana ajuda Assessores do min-istro da Defesa israelita Ehud Barak disseram que o governo do seu paiacutes estaacute a estudar essa possibilidade

ldquoA opccedilatildeo mais provaacutevel neste momento eacute uma invasatildeo terrestre mas o objectivo desta operaccedilatildeo eacute um cessar-fogo duradouro Se isso se conseguir sem uma invasatildeo melhorrdquo disse um assessor de Barak ao jornal norte-americano New York Times que pediu para natildeo ser identificado O respon-saacutevel sublinhou que para que isso aconteccedila ldquoo Hamas teraacute de concordar [com esta opccedilatildeo] e teraacute de haver um mecanismo de fazecirc-la funcio-narrdquo Fonte PortugalDiaacuterio

Pub

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 5: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 5

Antoacutenio Pereira ldquoEacute sempre bom ver que um dos objectivos a que nos propusemos que foi conseguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas comeccedila a ter os seus frutosrdquo

ldquoas aves satildeo transportadas em sacos opacos para elas virem mais calmas e o menos stressadas possiacuteveisrdquo

O periacuteodo de tempo entre verificaccedilotildees das redes eacute ocupado a processar os animais recolhidos Primeiro procede-se agrave identificaccedilatildeo da espeacutecie e agrave colocaccedilatildeo da anilha respectiva As anilhas tecircm tamanhos especiacuteficos adaptados a cada espeacutecie de ave Haacute uma listagem de todas as espeacutecies que podem ser capturadas e a cada uma corresponde uma anilha especiacutefica Cada anilha tem um coacutedigo alfanumeacuterico que serve como bilhete de iden-tidade da ave que a recebe o que permite a posterior identificaccedilatildeo do animal no caso de ser recapturado ou encontrado morto Quando a ave jaacute se encontra anilhada eacute feita a recolha dos dados biomeacutetricos ndash peso sexo idade envergadura da asa comprimento do bico niacutevel de gordura e tipo de pelagem ndash e finalmente eacute libertada para o exterior

Questionado sobre a frequecircncia de recaptura de paacutessaros jaacute anilhados Rui Brito responde que ldquoeacute comum acontecerrdquo e sa-lienta que ldquoo objectivo da anilhagem eacute exactamente recapturar aves quer de caacute (do Parque Bioloacutegico) ndash o que nos permite conhecer a histoacuteria da ave e ir acompan-hando-a ndash quer aquelas que vecircm a migrar e que passam por caacuterdquo

Quanto ao sucesso dos controlos Rui Brito afirma que ldquotemos essencialmente aumentado o conhecimento sobre a avifauna do parque e descoberto algumas histoacuterias engraccediladas de aves que no-meadamente caiem sempre na mesma rede agrave mesma hora isto ao longo de dois anosrdquo O ornitoacutelogo salienta que nos dois anos de existecircn-cia da actividade jaacute

surgiram resultados ldquomuito interessantesrdquo como a descoberta de espeacutecies que natildeo se sabia que nidificavam no parque e a recolha de dados mais pormenorizados sobre a vida das espeacutecies que habitam no Parque Bioloacutegi-co

Em paralelo com a ini-ciativa Rui Brito e Antoacutenio Pereira colaboram com outros projectos associados agrave aacuterea A recolha de carraccedilas

das aves que satildeo enviadas para o Instituto Ricardo Jorge encarregue de estudar as doenccedilas trazidas pelas espeacutecies migratoacuterias e o estudo da histoacuteria geneacutetica do Pisco de Peito Ruivo que se insere numa colaboraccedilatildeo entre vaacuterios paiacuteses europeus satildeo as principais actividades associadas agrave anilhagem A educaccedilatildeo ambiental e sensi-bilizaccedilatildeo do puacuteblico para a causa de preservaccedilatildeo e

seraacute publicar em algum jornal cientiacuteficordquo revela Rui Brito No relatoacuterio vatildeo constar todas as espeacutecies capturadas desde Outubro de 2006 e dados relativos ao nuacutemero de pessoas que participaram na formaccedilatildeo de anilhadores

Jorge Gomes salienta a importacircncia da iniciativa jaacute que permite conhecer a pop-ulaccedilatildeo de aves e conservaacute-las numa aacuterea rodeada

estudo das espeacutecies de aves eacute tambeacutem um dos principais objectivos desta actividade

O proacuteximo passo do pro-jecto passa pela elaboraccedilatildeo de um relatoacuterio com o balan-ccedilo dos primeiros dois anos ldquoVai ser feito um relatoacuterio e entregue aqui no parque depois agrave partida seguir-se-aacute uma publicaccedilatildeo referente a isso A partir daiacute o parque faraacute a divulgaccedilatildeo e a ideia

de preacutedios O responsaacutevel pela revista do Parque Bioloacutegico afirma que a reserva natural ldquoeacute uma ilha verde onde as aves insec-tos migratoacuterios e toda esta natureza aqui se vem en-caixarrdquo salientando ainda a importacircncia de se ter ldquonoccedilatildeo do nosso patrimoacutenio natu-ral e da conservaccedilatildeo destes espaccedilos com os seus habitats naturaisrdquo

O Parque Bioloacutegico de Gaia promove projectos como a monitorizaccedilatildeo sistemaacutetica de invertebra-dos peixes vertebrados terrestres e plantas nos quais a anilhagem de aves se insere em simultacircneo como actividade cientiacutefica de monitorizaccedilatildeo da avifauna e como actividade educativa Nuno Oliveira acrescenta que ldquotodo esse trabalho vai ser alargado a outros locais de Gaiardquo

Quanto ao futuro da anil-hagem de aves o Presidente do Conselho de Administra-ccedilatildeo do Parque Bioloacutegico diz que passa por ldquocontinuar e alargar-se quer em locais quer em regularidaderdquo Jaacute Rui Brito traccedila como meta

o ldquoobjectivo maacuteximordquo da Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stante que passa por ter o maior nuacutemero de anos pos-siacutevel de anilhagem de forma a perceber as tendecircncias populacionais ldquoA ideia eacute pelo menos 10 anos contiacuten-uos para conseguirmos ter mais dados e mais pessoas de forma a criar mais grupos de anilhagemrdquo afirma

A anilhagem de aves eacute uma actividade de vaacuterias deacutecadas que se destaca pela ajuda no estudo das popu-laccedilotildees de aves num dado local Acerca da sessatildeo de 18 de Outubro Antoacutenio Pereira refere que ldquotivemos muitos participantes e eacute sempre bom ver que um dos objectivos a que noacutes nos propusemos que foi con-seguir divulgar a actividade e trazer mais pessoas para uma actividade que era algo restrita comeccedila a ter os seus frutosrdquo

Contactos

Parque Bioloacutegico de Gaia4430-757 AVINTES

Telf 227 878 120Fax 227 833 583geralparquebiologicoptwwwparquebiologicopt

Blogue da actividadehttpanilhagemdeavesblogspotcom

Estaccedilatildeo de Esforccedilo Con-stantehttptornadanaturlinkptprojectoshtml

Associaccedilatildeo Portuguesa de Anilhadores de Aveshttpwwwapaapt

Gaivatildeo jaacute anilhado

6 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Internacional

Atentado Terrorista no Paquistatildeo faz 53 mortosEmbaixador da Repuacuteblica Checa entre as viacutetimas mortais

O Hotel Marriott em Islamabad foi alvo de um atentado terrorista A ex-plosatildeo de um carro agrave porta do hotel da capital paquis-tanesa causou 53 mortos e 266 feridos Entre as viacuteti-mas mortais encontra-se Ivo Zadrek Embaixador da Repuacuteblica Checa no Paquistatildeo O grupo ter-rorista ldquoCombatentes do Islatildeordquo reivindicou a autoria do atentado

Ao iniacutecio da noite um carro carregado com 600 Kg de explosivos embateu con-tra o portatildeo do hotel Mar-riott causando a explosatildeo que fez desabar o tecto de uma sala de banquetes Na altura estima-se que na sala entre 200 a 300 pessoas celebravam o fim do mecircs do Ramadatildeo Entre os feridos encontram-se pelo menos 7 alematildees e 2 norte-america-nos O condutor da viatura teraacute morrido no embate

A explosatildeo foi a mais potente registada em Islam-abad desde 2001 Para aleacutem da enorme cratera criada agrave porta do Marriott regista-se a destruiccedilatildeo de vaacuterias janelas e portas Dezenas de carros que se encontravam no parque de estacionamen-to foram danificados

e alguns focos de incecircndio deflagraram do hotel

Como consequecircncia do atentado os EUA suspen-deram o serviccedilo consular no Paquistatildeo O Presidente norte-americano George W Bush condenou energica-mente o ataque alertando para a contiacutenua ameaccedila terrorista

A Uniatildeo Europeia reagiu ao ataque terrorista atraveacutes de Javier Solana alto-comis-saacuterio da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

ldquoCondeno nos termos mais eneacutergicos o vil ataque ter-rorista em Islamabadrdquo referiu Solano

Asif Ali Zardari presi-dente paquistanecircs tinha planeado um jantar no Marriot com o Primeiro-Ministro agrave hora do ataque terrorista mas cancelou os planos

Horas antes Asif Ali Zardari viuacutevo da ex-Primei-ra Ministra paquistanesa Benazir Buttho tinha-se comprometido a continuar a

luta contra os fundamental-istas islacircmicos Jaacute em 2001 o entatildeo presidente Pervez Musharraf anunciou o seu apoio agrave guerra contra o ter-rorismo desencadeada pela administraccedilatildeo Bush apoacutes os atentados de 11 de Setembro

Este eacute o 3ordm atentado nos uacuteltimos 7 anos a assolar o Ho-tel Marriot da capital paquis-tanesa O Marriot tem 290 quartos e eacute muito frequenta-do por visitantes e residentes estrangeiros de Islamabad

Hotel Marriott de Islamabad apoacutes a explosatildeo Foto httpwwwradioaustralianetau

Quarteto para o Meacutedio Oriente apela a ldquocessar-fogo imediatordquoAdriano Cerqueira

Esta posiccedilatildeo relativa aos incidentes na Faixa de Gaza foi tornada puacuteblica apoacutes conversaccedilotildees entre o secre-taacuterio-geral das Naccedilotildees Uni-das Ban Ki Moon o chefe da diplomacia europeia Javier Solana a secretaacuteria de Estado dos EUA Condo-leezza Rice e o ministro dos Negoacutecios Estrangeiros russo Sergei Lavrov

A Uniatildeo Europeia sub-screveu a posiccedilatildeo do Quar-teto para o Meacutedio Oriente na reuniatildeo dos ministros dos Negoacutecios Estrangeiros eu-ropeus dia 30 de Dezembro em Paris O ministro francecircs Bernard Kouchner salientou que a soluccedilatildeo para esta crise natildeo pode ser militar apenas poliacutetica e que a UE estaacute dis-posta a dar o seu contributo para uma saiacuteda paciacutefica

Apesar de alguns pontos de vista diferentes em rela-ccedilatildeo ao conflito israelo-aacuterabe os diversos estados da Uniatildeo Europeia estatildeo de acordo com a necessidade de haver um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humani-taacuteria na Faixa de Gaza Israel equaciona 48 horas de treacutegua

A presidecircncia francesa da UE que termina no final do ano propocircs uma inter-rupccedilatildeo dos ataques israelitas durante 48 horas para fazer chegar agrave regiatildeo palestiniana ajuda Assessores do min-istro da Defesa israelita Ehud Barak disseram que o governo do seu paiacutes estaacute a estudar essa possibilidade

ldquoA opccedilatildeo mais provaacutevel neste momento eacute uma invasatildeo terrestre mas o objectivo desta operaccedilatildeo eacute um cessar-fogo duradouro Se isso se conseguir sem uma invasatildeo melhorrdquo disse um assessor de Barak ao jornal norte-americano New York Times que pediu para natildeo ser identificado O respon-saacutevel sublinhou que para que isso aconteccedila ldquoo Hamas teraacute de concordar [com esta opccedilatildeo] e teraacute de haver um mecanismo de fazecirc-la funcio-narrdquo Fonte PortugalDiaacuterio

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Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

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Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

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MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 6: Mercúrio do Porto

6 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Internacional

Atentado Terrorista no Paquistatildeo faz 53 mortosEmbaixador da Repuacuteblica Checa entre as viacutetimas mortais

O Hotel Marriott em Islamabad foi alvo de um atentado terrorista A ex-plosatildeo de um carro agrave porta do hotel da capital paquis-tanesa causou 53 mortos e 266 feridos Entre as viacuteti-mas mortais encontra-se Ivo Zadrek Embaixador da Repuacuteblica Checa no Paquistatildeo O grupo ter-rorista ldquoCombatentes do Islatildeordquo reivindicou a autoria do atentado

Ao iniacutecio da noite um carro carregado com 600 Kg de explosivos embateu con-tra o portatildeo do hotel Mar-riott causando a explosatildeo que fez desabar o tecto de uma sala de banquetes Na altura estima-se que na sala entre 200 a 300 pessoas celebravam o fim do mecircs do Ramadatildeo Entre os feridos encontram-se pelo menos 7 alematildees e 2 norte-america-nos O condutor da viatura teraacute morrido no embate

A explosatildeo foi a mais potente registada em Islam-abad desde 2001 Para aleacutem da enorme cratera criada agrave porta do Marriott regista-se a destruiccedilatildeo de vaacuterias janelas e portas Dezenas de carros que se encontravam no parque de estacionamen-to foram danificados

e alguns focos de incecircndio deflagraram do hotel

Como consequecircncia do atentado os EUA suspen-deram o serviccedilo consular no Paquistatildeo O Presidente norte-americano George W Bush condenou energica-mente o ataque alertando para a contiacutenua ameaccedila terrorista

A Uniatildeo Europeia reagiu ao ataque terrorista atraveacutes de Javier Solana alto-comis-saacuterio da Poliacutetica Externa e de Seguranccedila Comum

ldquoCondeno nos termos mais eneacutergicos o vil ataque ter-rorista em Islamabadrdquo referiu Solano

Asif Ali Zardari presi-dente paquistanecircs tinha planeado um jantar no Marriot com o Primeiro-Ministro agrave hora do ataque terrorista mas cancelou os planos

Horas antes Asif Ali Zardari viuacutevo da ex-Primei-ra Ministra paquistanesa Benazir Buttho tinha-se comprometido a continuar a

luta contra os fundamental-istas islacircmicos Jaacute em 2001 o entatildeo presidente Pervez Musharraf anunciou o seu apoio agrave guerra contra o ter-rorismo desencadeada pela administraccedilatildeo Bush apoacutes os atentados de 11 de Setembro

Este eacute o 3ordm atentado nos uacuteltimos 7 anos a assolar o Ho-tel Marriot da capital paquis-tanesa O Marriot tem 290 quartos e eacute muito frequenta-do por visitantes e residentes estrangeiros de Islamabad

Hotel Marriott de Islamabad apoacutes a explosatildeo Foto httpwwwradioaustralianetau

Quarteto para o Meacutedio Oriente apela a ldquocessar-fogo imediatordquoAdriano Cerqueira

Esta posiccedilatildeo relativa aos incidentes na Faixa de Gaza foi tornada puacuteblica apoacutes conversaccedilotildees entre o secre-taacuterio-geral das Naccedilotildees Uni-das Ban Ki Moon o chefe da diplomacia europeia Javier Solana a secretaacuteria de Estado dos EUA Condo-leezza Rice e o ministro dos Negoacutecios Estrangeiros russo Sergei Lavrov

A Uniatildeo Europeia sub-screveu a posiccedilatildeo do Quar-teto para o Meacutedio Oriente na reuniatildeo dos ministros dos Negoacutecios Estrangeiros eu-ropeus dia 30 de Dezembro em Paris O ministro francecircs Bernard Kouchner salientou que a soluccedilatildeo para esta crise natildeo pode ser militar apenas poliacutetica e que a UE estaacute dis-posta a dar o seu contributo para uma saiacuteda paciacutefica

Apesar de alguns pontos de vista diferentes em rela-ccedilatildeo ao conflito israelo-aacuterabe os diversos estados da Uniatildeo Europeia estatildeo de acordo com a necessidade de haver um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humani-taacuteria na Faixa de Gaza Israel equaciona 48 horas de treacutegua

A presidecircncia francesa da UE que termina no final do ano propocircs uma inter-rupccedilatildeo dos ataques israelitas durante 48 horas para fazer chegar agrave regiatildeo palestiniana ajuda Assessores do min-istro da Defesa israelita Ehud Barak disseram que o governo do seu paiacutes estaacute a estudar essa possibilidade

ldquoA opccedilatildeo mais provaacutevel neste momento eacute uma invasatildeo terrestre mas o objectivo desta operaccedilatildeo eacute um cessar-fogo duradouro Se isso se conseguir sem uma invasatildeo melhorrdquo disse um assessor de Barak ao jornal norte-americano New York Times que pediu para natildeo ser identificado O respon-saacutevel sublinhou que para que isso aconteccedila ldquoo Hamas teraacute de concordar [com esta opccedilatildeo] e teraacute de haver um mecanismo de fazecirc-la funcio-narrdquo Fonte PortugalDiaacuterio

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Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 7: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 7

I Congresso internacional de cIBERJORNALISMO

ldquoA imprensa natildeo vai desaparecerrdquo prevecirc Raacutemon SalaverriacuteaConvergecircncia foi a palavra de ordem no primeiro dia do I Con-gresso Internacional de CiberjornalismoAdriano Cerqueira eAna Margarida Pinto

A convergecircncia nos meios de comunicaccedilatildeo no contexto actual da Internet eacute jaacute uma realidade em quase todo o mundo mas os resultados da integraccedilatildeo natildeo satildeo para jaacute visiacuteveis A opiniatildeo foi ex-pressa por Raacutemon Salaver-riacutea jornalista e professor da Faculdade de Comunicaccedilatildeo da Universidade de Na-varra esta quinta-feira no primeiro dia do I Congresso Internacional de Ciberjor-nalismo

Na apresentaccedilatildeo ldquoUno para todos y todos para uno Los medios de comuni-cacioacuten ante la convergencia digitalrdquo Raacutemon Salaverriacutea disse que convergecircncia eacute ldquoum fenoacutemeno tendencial um processo dinacircmicordquo en-quanto ldquoa integraccedilatildeo eacute um dos seus eventuais resulta-dosrdquo

ldquoNatildeo haacute uma convergecircn-cia empresarial mas parece que ela tem que existir junto dos jornalistasrdquo criticou

Segundo o investigador a Internet surge como um meio capaz de integrar a

imprensa a raacutedio e a tele-visatildeo

Para Salaverriacutea esta in-evitabilidade natildeo passa pela ldquomorte do papelrdquo ldquoA imp-rensa como media natildeo vai desaparecerrdquo mas vai perder a sua hegemonia previu

Segundo Salaverriacutea o importante natildeo eacute o suporte mas sim aproveitar todas as possibilidades do meio ldquoO jornalista eacute aquele que se dedica a informar e natildeo

aquele que escreve em jor-naisrdquo disse que sublinha tambeacutem a tendecircncia de produccedilatildeo de texto imagem infografia e viacutedeo por uma mesma redacccedilatildeo

Salaacuterios rondam os 1000 euros

No congresso o profes-sor do curso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo da Universi-dade do Porto Heacutelder Bastos apresentou o estudo

ldquoCiberjornalistas em Portu-galrdquo onde traccedila o perfil dos jornalistas online

Entre os pontos aborda-dos salientam-se a meacutedia de salaacuterios superior a 1000 eu-ros por mecircs e a predominacircn-cia de licenciados da aacuterea da comunicaccedilatildeo

O congresso prosseguiu no dia 12 com oradores como Mark Deuze e a entrega dos Preacutemios de Ciberjornalismo

Wagner James Au o contador de histoacuterias do Second LifeBlogger jaacute produziu trabalhos sobre o mundo virtual para a CNN Salon e WiredAdriano Cerqueira

ldquoHamlet Aurdquo (a per-sonagem virtual criada pelo norte-americano Wagner James Au) marcou presenccedila no espaccedilo da Universidade do Porto no Second Life para uma sessatildeo de debate sobre jornalismo neste mundo virtual integrada no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

Au eacute autor do blogue ldquoNew World Notesrdquo onde descreve histoacuterias sobre pessoas e eventos do Sec-ond Life Jaacute colaborou com oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social como a CNN Salon e Wired sobre este tema

Entre as histoacuterias que descobriu conta-se a de uma sem-abrigo na vida real com vastos conheci-mentos de informaacutetica que conseguiu arranjar uma ligaccedilatildeo Internet num edifiacutecio abandonado e que atraveacutes de um portaacutetil ace-deu ao Second Life Laacute fez uma pequena fortuna em Lindens (a moeda do Sec-ond Life) e chegou mesmo a construir a sua proacutepria mansatildeo online

Outra histoacuteria dos mundos virtuais referida por ldquoHamlet Aurdquo foi a de um soldado americano que regressou incapacitado do Iraque e que agora

dedica-se a tempo inteiro ao Second Life desenvolvendo os seus proacuteprios projectos sociaisO boom jaacute passou

Paulo Frias professor da UP e moderador do debate aproveitou para falar dos projectos promovidos pela universidade no Second Life que passam por uma ldquoilhardquo (espaccedilo virtual) a en-contros entre comunidades lusoacutefonas neste mundo virtual

Depois do boom de popu-laridade do Second Life em 2007 com milhotildees de utilizadores a explorar este mundo virtual hoje

em dia o panorama eacute muito diferente diz Paulo Frias Os curiosos afastaram-se e o Second Life eacute agora utilizado essencialmente para projec-tos de pesquisa e de investi-gaccedilatildeo

ldquoHaacute muita gente que diz que quando se entra no Second Life tropeccedila-se em investigadoresrdquo confessaWagner James Au e

o seu avatar do Sec-ond Life Hamlet Au

Blogue New World Noteshttpnwnblogscom

Categoria Excelecircncia Geral em CiberjornalismoPublicopt

Categoria Breaking NewsAssalto ao BES (publicopt)

Categoria Reporta-gem MultimeacutediaA morte lenta do gelo eterno (JN)

Categoria VideojornalismoCaminho onde o morto matou o vivo (Portu-galDiaacuterio)

Categoria Infografia DigitalAssalto ao BES (Sol)

Categoria Ciberjor-nalismo AcadeacutemicoProstituiccedilatildeo no Porto (JPN)

Os trofeacuteus foram concebi-dos pela Escola Superior de Artes e Design - ESAD

Vencedores dos PreacutemiosCiberjornalismo

Siacutetio do Congressohttpcobciberwordpresscom

Live feedhttptwittercomobciber

Bloguehttpblogciberwordpresscom

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 8: Mercúrio do Porto

8 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Em Entrevista

Bernardino Barros ldquoA vida de um homem eacute escrever um livro plantar uma aacutervore e ter um filhordquo

Adriano Cerqueira

Jornalista comentador mas acima de tudo um apaixonado pelo desporto Bernardino Barros confessa ser ldquoum homem de paixotildeesrdquo

ldquoRaacutedio raacutedio raacute-dio Raacutedio eacute difer-ente () podes estar nu a fazer raacutediordquo

Dos primoacuterdios da sua carreira no Norte Desportivo a editor da secccedilatildeo de despor-to drsquoO Comeacutercio do Porto Bernardino Barros passa agora os seus dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na organizaccedilatildeo de eventos

Apesar de nunca ter o jornalismo como a sua principal fonte de rendi-mento Bernardino Barros estaacute desde 1975 ligado ao meio Iniciou a carreira no Norte Desportivo mas cedo ingressou nrsquoO Comeacutercio do Porto TSF Raacutedio Rena-scenccedila RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal foram os restantes media por onde passou

Natural de Vila Real mudou-se para o Porto aos 3 anos contudo nunca largou as raiacutezes e considera-se mais transmontano que tripeiro Tendo como cenaacuterio um pequeno cafeacute da zona de Ce-dofeita onde reside Bernar-dino Barros revela um pouco da sua histoacuteria e dos seus sonhos para o futuro

Mercuacuterio do Porto Estaacute haacute muitos anos ligado ao jor-nalismo O que o fez comeccedilar nesta profissatildeo

Bernardino Barros O impulso natildeo sei Sempre gostei de escrever sempre gostei de estar ligado ao desporto de algum modo Quando tinha 20 anos surgiu a oportunidade de colaborar no Norte Desportivo embora a maneira de trabalhar laacute natildeo me agradasse muito Depois de laacute estar a fazer um ou outro jogo da 1ordf divisatildeo fiz a proposta de fazer soacute Juniores e Juvenis que era uma coisa que eles natildeo tin-ham Para mim era melhor estar fora a ver o jogo a analisar a escrever sobre ele do que estar fechado dentro de uma sala a tentar escrev-er sobre um jogo que natildeo viacuteamos mas que ouviacuteamos nas raacutedios

O Norte Desportivo ao domingo saiacutea com a consti-tuiccedilatildeo das equipas e com um resumo curto de cada um dos jogos que noacutes ouviacutea-mos pela raacutedio Foi aiacute que eu comecei depois a partir daiacute surgiram novas oportu-nidades mas nunca fiz da comunicaccedilatildeo social o meu principal meio de sobre-vivecircncia

MP Que outros empregos teve

BB Fui durante 14 anos chefe dos serviccedilos admin-istrativos de um coleacutegio particular no Porto depois passei outros 14 anos numa multinacional alematilde onde fui responsaacutevel pelo sector de carga aeacuterea A partir daiacute surgiu a hipoacutetese de corre-sponder ao apelo de um ami-go de longa data o Rogeacuterio Gomes que me convidou a ir para O Comeacutercio do Porto como editor de desporto e estive laacute nos uacuteltimos 3 anos

convivecircncia com os amigos nas celebres tertuacutelias jor-naliacutesticas e que durante o dia quase que soacute dormia A seguir ao 25 de Abril com o boom que se deu nos jor-nais havia muita gente nas redacccedilotildees e foi aiacute quando eu comecei Foi a minha fase de aprendizagem onde havia liberdade para se escrever e onde creio que se ganhou na riqueza da linguagem Contudo acho que se perdeu um pouco aquela maneira rebuscada de dizer as coisas natildeo dizendo Tambeacutem natildeo posso fazer comparaccedilotildees com o que era antigamente apenas o sei por aquilo que os meus colegas mais antigos diziam Eu comecei com 20 anos nessa altura eles eacute que me diziam como era o anti-gamente o que eles sofriam as provas que tinham de ser revistas os textos que eram esmiuccedilados ateacute ao pormenor enfim satildeo coisas que

de vida do jornal Depois de fechar O Comeacutercio do Porto estive no Porto Canal e apesar de fazer vaacuterias coisas paralelamente agora dedico-me agrave comunicaccedilatildeo social

MP Comeccedilou a sua car-reira no jornalismo logo apoacutes o 25 de Abril Como foi comeccedilar num ambiente de liberdade que antes natildeo existia

BB Foi giro Acho que o jornalismo sempre esteve ligado a alguma contestaccedilatildeo O jornalista antigo era visto como um boeacutemio de cabelos compridos que andava sem-pre de boina era o jornalista que escrevia e que estava ateacute altas horas da madrugada natildeo soacute a escrever e a fechar o jornal mas depois na

apenas ouvi contar A vivecircn-cia depois do 25 de Abril essa tenho-a de redacccedilotildees enormes de redacccedilotildees onde havia liberdade para escrev-er e entatildeo sim ser criativo

MP Porque optou pelo jornalismo desportivo em particular

BB Porque sempre gostei de desporto Na altura tal como agora o jornalismo desportivo eacute olhado quase como um parente pobre No meu tempo dizia-se que quem vinha para jornalista desportivo era quem natildeo sabia fazer mais nada o que natildeo eacute verdade Quando com-ecei para mim a referecircncia era A Bola com tudo aquilo que laacute havia escrito de au-tecircnticos senhores da comuni-caccedilatildeo social o Viacutetor Santos o Artur Santos o Carlos Pinhatildeo todos eles com a sua maneira de escrever O que escreviam natildeo eram descriccedilotildees eram autecircnticos textos sobre jogos de futebol pelos quais me apaixonei e como gostava de desporto consumia isso tudo Surgiu entatildeo a possibilidade de co-laborar no Norte Desportivo e foi uma oportunidade que aproveitei

MP Considera esses jor-nalistas que referiu os seus mentores

BB Natildeo lhes chamo men-tores tenho-os como refer-ecircncias Quando somos novos e comeccedilamos a ler e a inter-essarmo-nos pelo fenoacutemeno vamos tendo algumas refer-ecircncias que satildeo para mim sem duvida nenhuma os da antiga A Bola O Aureacutelio Maacutercio com quem trabalhei depois mais tarde na TSF onde ele foi tambeacutem comen-tador de futebol e os outros que jaacute referi o Artur Santos que ainda hoje tem uma coluna sobre arbitragem o Viacutetor Santos o Carlos Pin-hatildeo foram referecircncias que me habituei a admirar a ler Posso dizer que foi por

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 9: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 9

ldquoMuitas das pessoas que natildeo gostavam dele (Jorge Perestrelo) e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acaba-ram por dizer que era um bom rapazrdquo

ldquoSe natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada arrependido daquilo que fizrdquo

Bernardino Barros em entrevista

Foi aos 20 que surgiu a primeira oportunidade de Bernardino Barros no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colaborar no Norte Desportivo

causa deles que eu quis par-ticipar nessa tarefa que era o escrever sobre futebol ou sobre desporto

MP Como foi trabalhar com esses ldquosenhoresrdquo

BB Eram uns senhores Eu andei anos a fazer o Norte Desportivo depois fui para O Comeacutercio do Porto onde era responsaacutevel pela paacutegina do basquetebol

comentaacuterio para a TSF que eu natildeo tenho ningueacutemrdquo Era o David Borges que estava a fazecirc-lo ndash o David Borges eacute outra das minhas referecircn-cias a niacutevel de jornalismo radiofoacutenico ndash e ele precisava de algueacutem para o ajudar no relato Eu disse ldquooh paacute nunca fiz mas faccedilordquo e foi aiacute que comeccedilou acho que cor-reu bem porque o

europeu em 87 estes uacuteltimos jogos tambeacutem do FC Porto campeatildeo europeu e vencedor da Taccedila UEFA Jogos da selecccedilatildeo nacional princi-palmente aqueles que tenho mais memoacuteria que foram os do Euro 2004 Tambeacutem tenho recordaccedilatildeo do jogo com a Holanda em que Portugal empatou 2-2 com um golo marcado por Figo a fazer o 2-2 natildeo pelo proacuteprio jogo em si embora tivesse sido espectacular mas pelo meu amigo e saudoso com-panheiro Jorge Perestrelo que estava tambeacutem a fazer o relato nas Antas e esse jogo empolgou-me pela maneira como ele fez o relato desse lance Satildeo tantas recorda-ccedilotildees muitas boas memoacuterias natildeo tenho assim uma que se possa dizer ldquoa mais mar-cante eacute essardquo

MP Como viveu o desa-parecimento de Jorge Per-estrelo

BB Com muita maacutegoa com muita pena como eacute evi-dente O Jorge Perestrelo eacute uma pessoa sui generis o mundo girava agrave volta do umbigo dele mas era um companheiro Todos noacutes sabiacuteamos aquilo que ele era o culto dele era o eu o eu e o eu e em caso de duacutevida eu eu e eu mas era assim o Jorge era assim Era fron-tal era correcto aquilo que pensava dizia nos olhos agraves pessoas O Jorge era incapaz de ter um problema contigo e natildeo o dizer Convivi com ele 14 anos na TSF Em duas ou trecircs ocasiotildees ele pegava no telefone e ligava-me a dizer ldquooh meu ouvi dizer que tu disseste isto assim e assimrdquo e eu dizia que sim ou que natildeo e ele ldquook era soacute para saberrdquo como ele dizia havia ldquogatos enfuscadosrdquo entre noacutes O Jorge natildeo era um ldquorelatadorrdquo de futebol era um artista os jogos para ele eram um espectaacuteculo e natildeo apenas uma simples nar-raccedilatildeo Por isso eacute que tenho essa imagem do jogo com a Holanda precisamente da grande penalidade em que certa altura estamos na cabine das Antas a fazer o jogo e quando eacute a grande penalidade ele comeccedila a

a dizer ldquoeu natildeo quero ver eu natildeo vou verrdquo Eu de repente olho assim proacute lado e digo ldquomas entatildeo este gajo natildeo vai ver e vai relatar isto como eacute que eacuterdquo e ele estava per-feitamente a olhar proacute jogo Ele natildeo estava a transmitir apenas um jogo de futebol estava a transmitir toda a carga emotiva que iria aparecer na transforma-ccedilatildeo ou natildeo de uma grande penalidade que podia dar ou natildeo o empate a Portugal O Jorge era um amigo e acima de tudo foi isso que se per-deu Muitas das pessoas que natildeo gostavam dele e que o criticavam na altura depois de morto - e eacute isso que me vai acontecer com toda a certeza ndash acabaram por dizer que era um bom rapaz

MP Considera esse um dos piores momentos da sua vida

BB Sim sem duacutevida Natildeo tenho duacutevida absolu-tamente nenhuma que foi ateacute porque natildeo perdi mais nenhum companheiro meu Ele sabia receber como noacutes recebemos no Porto quando eles aqui vinham

BB Foi um momento triste eacute sempre um momen-to triste quando acaba uma coisa da qual noacutes fazemos parte Foi um momento conturbado natildeo tanto para mim mas para muita gente que ali trabalhava foi um drama porque natildeo tinham horizontes de saiacuteda e esse eacute o grande trauma da profissatildeo hoje em dia Se antigamente ainda se podia saltitar de um jornal para outro hoje estamos completamente en-gaiolados porque temos trecircs grandes grupos e hoje em dia trabalhamos para todos O jornalismo eacute assim natildeo haacute muito a fazer natildeo haacute muito por onde batalhar mas na altura foi mau precisamente por causa disso O proacuteprio dia foi um dia muito triste foi um dia muito sentimen-tal porque havia gente que estava haacute muitos e muitos anos naquele jornal e a que lhe dedicaram uma vida

MP Quais foram os mel-hores e os piores momentos da sua vida

BB Costuma-se dizer que a vida de um homem eacute escrever um livro

plantar uma aacutervore e ter um filho A morte do meu pai foi o momento que mais me marcou foi com ele que aprendi a ir ao futebol que aprendi a ver o futebol e foi ele que me levou ao primeiro jogo de futebol e a morte do meu pai [pausa] marcou-me obviamente Jaacute momentos alegres haacute tantos mas creio que o mais marcante foi o nascimento do meu filho e o poder acompanhaacute-lo durante este tempo todo conforme o tenho feito apesar de todas as vicissitudes e de agraves vezes sermos obrigados a natildeo estar presentes em algumas situaccedilotildees Procuro estar presente ateacute pelo proacuteprio percurso que ele tem que eacute um percurso fantaacutestico Tem 16 anos eacute um excelente aluno e eacute para isso que eu trabalho para que ele tenha o seu sucesso Eacute ele o meu

eu ia buscaacute-los jantaacutevamos juntos almoccedilaacutevamos jun-tos muitos poucos fizeram aquilo que o Jorge me fez quando ia a Lisboa Quantas e quantas vezes fui fazer jo-gos a Lisboa e a uacutenica pessoa que se preocupava e que di-zia ldquoonde eacute que andasrdquo ldquooh meu anda caacute ter comigordquo ldquovamos almoccedilarrdquo ldquovamos jantarrdquo era ele era o uacutenico Por isso lhe devo muito porque retribuiu aquilo que eu tambeacutem lhe dei aqui Foi o uacutenico que desapareceu en-quanto eu trabalhava eacute por isso que me lembro e que fica uma maacutegoa muito grande de ver desaparecer um amigo e um talento do relato

MP Estava nrsquoO Comeacuter-cio do Porto quando o jornal encerrou Como viveu esse momento

A minha convivecircncia com eles foi mais tarde e soacute depois de estar dois ou trecircs anos nrsquoO Comeacutercio do Porto eacute que comecei a fazer o fu-tebol e a manter contacto com eles Quando fui para a TSF aiacute jaacute a niacutevel de comen-taacuterio convivi mais com o Carlos Pinhatildeo e com o Artur Santos Era diferente olhar proacutes ldquosenhoresrdquo a uacutenica descriccedilatildeo que eu tenho eacute a de olhar proacutes monstros a que noacutes nos habituamos vecirc-los ali agrave nossa frente e saber que eles eacute que nos davam aque-las prosas maravilhosas que eu muitas vezes lia e relia principalmente quando era o caso do Viacutetor Santos e do Carlos Pinhatildeo que escreviam muitiacutessimo bem

MP Como fez a sua tran-siccedilatildeo do jornalismo escrito para a raacutedio

BB As coisas surgem sempre por acaso eu creio que natildeo haacute nada premedi-tado Sempre fui por etapas sempre sonhei e sempre quis tocar quase todos os cordelinhos do jornalismo desportivo quer a niacutevel de raacutedio quer a niacutevel escrito quer a niacutevel de televisatildeo e fui projectando a minha vida nessa direcccedilatildeo Houve um jogo particular no es-taacutedio do Bessa da selecccedilatildeo nacional de sub-21 que eu fui ver onde encontrei um colega meu o Joatildeo Veriacutes-simo que veio atrapalhado atraacutes de mim a dizer ldquoeacute paacute ainda bem que chegaste eu caacute tenho que arranjar al-gueacutem para fazer o

David Borges logo a seguir convidou-me para fazer o jogo do dia seguinte tam-beacutem da selecccedilatildeo nacional no estaacutedio das Antas Pas-sadas duas ou trecircs semanas o David Borges ligou-me e perguntou se eu queria continuar e chegaacutemos a um acordo Foi aiacute o meu comeccedilo na raacutedio onde estive 14 anos A partir daiacute abriram-se as portas para as televisotildees passei por quase todas elas passei pela RTP onde me iniciei depois passei pela SportTV e pela SIC

MP Qual eacute que lhe agra-dou mais fazer

BB Raacutedio raacutedio raacutedio Raacutedio eacute diferente eu gosto das trecircs mas a raacutedio daacute-te uma outra liberdade eacute por isso que eu digo que podes estar nu a fazer raacutedio natildeo tem qualquer problema Estaacutes na raacutedio estaacutes a falar e estaacutes no improviso e eu gosto disso Gosto do impro-viso gosto do risco gosto de coisas que falham agrave ultima da hora e que depois temos que meter ali as nossas bruxas como noacutes dizemos na giacuteria encher os nossos chouriccedilos Raacutedio eacute o mo-mento raacutedio ouves falasse passou Eu gosto disso gosto do risco gosto da adrenalina e a raacutedio para mim eacute sem duacutevida nenhuma a minha grande paixatildeo

MP Qual foi para si o maior momento da sua car-reira

BB Ui Sei laacute tive tan-tos O FC Porto campeatildeo

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 10: Mercúrio do Porto

10 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Bernardino Barros em entrevista

Bernardino Barros nasceu em Vila Real a 6 de Novembro de 1955 Aos 3 anos mudou-se para o Porto onde ainda hoje vive mas eacute em Vila Real que deixou o seu coraccedilatildeomomento mais feliz

MP Sente que o seu pai foi o modelo no qual baseou a sua vida

BB Pelas coisas boas e pelas coisas maacutes sim O meu pai teve uma vida bastante atribulada mas muito daquilo que natildeo se deve fazer aprendi com ele e muito daquilo que se deve fazer tambeacutem aprendi com ele O meu pai era caixeiro viajante que eacute um homem que anda com as malas dentro do carro na aacuterea dos tecircxteis a visitar vaacuterios siacutetios e a vender Essa foi a vida do meu pai durante muitos anos saiacutea agrave segunda-feira e vinha agrave sexta-feira e por isso era um pai um pouco ausente Quando estava connosco era um pai marcante porque deixava sempre todas as posiccedilotildees normais do dia-a-dia para a matildee porque era ela que nos acompanhava quer a niacutevel de estudos quer a niacutevel do resto e ele tinha uma certa relutacircncia em chegar a casa e ser o ldquocastigadorrdquo Por muito que a nossa vida profissional nos obrigue a estar ausentes temos que estar sempre por perto Na fase drsquoO Comeacutercio do Porto tinha que fechar o jornal e estava laacute ateacute agrave meia-noite depois ia jantar e chegava a casa agraves duas da manhatilde quando o meu filho jaacute estava a dormir Se eu fizesse a minha vida de jornalista normal natildeo o via de ma-neira que durante esses trecircs anos levantei-me sempre agraves sete e meia da manhatilde para o deixar no coleacutegio agraves oito e meia e depois ir agrave minha vida fosse ela qual fosse Foram esses os ensi-namentos da ausecircncia do pai durante a semana natildeo digo maus mas menos bons Mas tambeacutem houve ensina-mentos bons que o meu pai procurou dar ao longa da sua vida principalmente a honestidade a credibilidade o sermos noacutes proacuteprios natildeo tentarmos imitar ningueacutem eacute isso que eu quero fazer e eacute isso que tenho feito

MP Nasceu em Vila Real mas veio aos 3 anos para o

Porto Sente-se mais tripeiro do que transmontano

BB Natildeo natildeo natildeo Gosto muito do Porto foi a cidade que me acolheu eacute a cidade onde eu trabalhei onde eu estudei e eacute a minha cidade tambeacutem mas sou muito transmontano As minhas raiacutezes sempre foram essas gosto daquela gente gosto muito da maneira que ela pensa da maneira que ela sente Neste momento tra-balho em Vila Real numa empresa de organizaccedilatildeo de eventos mas vou e venho quase todos os dias Gosto de voltar agraves raiacutezes e gosto de sentir aquele cheiro da mon-tanha o cheiro da lareira o cheiro daquele fumo Eacute muito peculiar e muito tran-quilo natildeo haacute tanta correria nem tanto stress como haacute aqui no Porto

MP O que faz para des-contrair

BB Vejo muito cin-ema Muito daquilo que eu aprendi a niacutevel de liacutenguas foi precisamente por ouvir os filmes e tentar tirar o sen-tido daquilo que eles diziam Gosto muito de estar a ver o filme e a ouvir o diaacutelogo comparando-o com aquilo que estaacute a ser traduzido Tambeacutem gosto de ouvir

muacutesica e de ler Jaacute tive mais apetecircncia para ler desde haacute uns anos a esta parte quase que soacute leio aquilo que eacute obrigatoacuterio Antigamente lia um livro numa noite se ele me interessava Nunca me hei-de esquecer que com 20 e poucos anos em duas noites consegui ler A Viagem ao Mundo da Droga de Charles Duchaussois um livro que me marcou na altura esta-mos a falar haacute 30 anos atraacutes Eacute um livro que aconselho e que mesmo hoje eacute uacutetil Fala sobre a vivecircncia de uma comunidade mas principal-mente de uma miuacuteda que andou metida no mundo da droga ndash isto haacute 30 anos onde natildeo se sabia o que era isso e onde natildeo se falava disso Hoje tenho vaacuterios livros em cima da mesinha de cabec-eira leio umas paacuteginas de um e umas paacuteginas doutro Neste momento estou a ler uma colectacircnea de tex-tos de um colega meu que trabalhou no Comeacutercio do Porto comigo Braga do Amaral que estaacute na Reacutegua de onde eacute agrave frente da revista Tribuna de Ouro e que fez uma compilaccedilatildeo dos seus textos chamada Somos Noacutes Tambeacutem gosto de andar na net eacute um viacutecio hoje em dia quem natildeo anda laacute

MP Eacute um portista con-fesso Eacute difiacutecil manter a imparcialidade quando estaacute a relatar um jogo do seu clube

BB Eacute difiacutecil eacute mas procuro fazecirc-lo Nunca me preocupei com isso noacutes somos aquilo que somos podia ser da Acadeacutemica podia ser do Vila Real que eacute a cidade onde eu nasci podia ser de muitos clubes sou do clube que sou Quem gosta de futebol quem gosta de desporto escolhe um clube e gosta dele A partir daiacute aconteccedila o que acontecer eacute o nosso clube eacute o clube que noacutes gostamos eacute o clube que noacutes amamos Infelizmente neste paiacutes natildeo eacute possiacutevel para quem esteja a trabalhar no meio assumir- -se e dizer qual eacute o seu clube Normalmente quem assume que tem um clube deixa de ser ouvido da mesma ma-neira que o era antes O meu registo ao longo dos anos eacute este haacute quem diga que goste e quem natildeo goste mas eu tambeacutem partilho a maacutexima de Joseacute Maria Pedroto que dizia ldquonatildeo importa que falem mal ou bem de mim o importante eacute que falemrdquo Mas creio que noacutes devemos procurar ser isentos e trans-mitir a realidade

MP Eacute co-autor do livro Mui Nobre e Sempre Invicto Clube do Porto juntamente com Reacutemulo Joacutenatas O que o levou a escrever esse livro

BB Escrevi o livro porque quis fazecirc-lo e porque tinha que o fazer foi uma aposta que fiz Mas muito sinceramente natildeo eacute o livro que eu queria escrever Jaacute tive um desafio por parte do meu amigo Francisco Joseacute Viegas Nas nossas ter-tuacutelias depois do programa da NTV comendo o nosso preguinho do Bonaparte na Foz falaacutevamos sobre tudo o que eu vivia agrave custa dos jogos as peripeacutecias a ida proacutes jogos as viagens tudo isso Numa ocasiatildeo ele disse ldquoisso eacute giro escreve um livro sobre isso sobre as tuas vivecircncias os teus 20 melhores jogosrdquo Um dia laacute mais para diante quando jaacute estiver de chinelinhos e roupatildeo sentado no sofaacute em frente agrave lareira sou capaz de me debruccedilar sobre isso e escrevecirc-lo

MP Acha que conseguiu concretizar os seus sonhos de infacircncia

BB Algumas coisas sim Quando chegamos a esta idade olhamos para traacutes e dizemos assim ldquoo que eacute que eu mudaria na minha vidardquo Muito sinceramente e apesar de ter feito algumas asneiras e de algumas atrib-ulaccedilotildees que tive natildeo mudar-ia nada Estou plenamente satisfeito com aquilo que fiz com aquilo que alcancei com aquilo que realizei e com aquilo que ainda quero fazer Ainda tenho muita ambiccedilatildeo apesar da idade ainda quero fazer muita coisa e quero ser aquilo que eu sempre fui igual a mim proacuteprio Quando noacutes chega-mos a esta altura chegamos precisamente aqui porque tudo o que se passou foi vivido de um certo modo se estivesse adormecido no marasmo que estava se natildeo procurasse dar saltos se natildeo procurasse o risco o fim poderia natildeo ser o mesmo portanto natildeo estou nada ar-rependido daquilo que fiz

a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

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a ver uma transformaccedilatildeo profunda do comeacutercio e do modo de comerciar nas ci-dades que veio para ficarrdquo

ldquoEste modelo que se impocircs traz a crise dos modos tradicionais de se fazer co-meacutercio contudo mais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centrosrdquo defende

ldquoA luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao pequeno comeacutercio adaptar-serdquo diz com-erciante

Pequeno comeacutercio deve adaptar-se

Para Artur Ribeiro dono de uma loja de muacutesica na Rua de Cedofeita no Porto que jaacute pertenceu agrave direcccedilatildeo

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 11

MP Que objectivos ainda espera alcanccedilar

BB Ainda quero viver muitos anos tenho 53 mas quero viver muitos Natildeo quero ser pesado natildeo quero que as pessoas me chamem chato mas ainda acho que tenho muito para fazer muito para dar muito para aprender e muito para viver Sou um homem de paixotildees a minha vida eacute uma paixatildeo eu gosto da paixatildeo e soacute faccedilo as coisas quando estou apaixonado Estaacute-me a dar um gozo bestial trabalhar laacute em Vila Real na aacuterea de organizaccedilatildeo de eventos daacute-me muita paixatildeo fazer isso Se calhar soacute por paixatildeo eacute que vou a Vila Real quatro ou cinco vezes por semana Ainda me falta escrever o tal livro aquele dos meus 20 melhores jogos estou a comeccedilar a pensar nisso a seacuterio vamos ver

Bernardino Barros em Entrevista

PerfilBernardino Barros cedo

comeccedilou a trabalhar quando aos 18 anos ingressou nos serviccedilos administrativos do Externato D Duarte Mas foi aos 20 que surgiu a sua primeira oportunidade no ramo do jornalismo quando comeccedilou a colabo-rar no Norte Desportivo A sua paixatildeo pelo desporto e em particular pelo futebol aliada ao seu ldquobichinhordquo pelo jornalismo fizeram-no abraccedilar esta oportunidade onde ficou ateacute 1979

Apoacutes um hiato de 6 anos ldquodesligadordquo da imprensa Bernardino Barros reemerge nrsquoO Comeacutercio do Porto em 1985 Seguiu-se a sua tran-siccedilatildeo para a raacutedio meio que confessa ser a sua ldquogrande paixatildeordquo primeiro na TSF e depois na Raacutedio Renascenccedila sempre como comentador de futebol Teve passagens ain-da pela RTP SIC SportTV NTV e Porto Canal onde era ateacute agrave bem pouco tempo edi-tor de desporto

Adepto confesso do FC Porto aos 53 anos Bernar-dino Barros continua a ser convidado para comentar jogos de futebol nos mais diversos media Hoje passa os dias entre o Porto e Vila Real onde trabalha na or-ganizaccedilatildeo de eventos Tem como ambiccedilatildeo um dia poder escrever o livro dos seus ldquo20 melhores jogosrdquo

Douro e vougaGaia recebe espoacutelio drsquoO Comeacutercio do PortoFaro de Vigo assinou protocolo de cedecircncia do arquivo do tiacutetulo histoacuterico com a Cacircmara de GaiaAdriano Cerqueira

Foi assinado esta quarta-feira o acordo de cedecircncia do espoacutelio do jornal O Comeacuter-cio do Porto encerrado em 2005 ao municiacutepio de Gaia O presidente da Cacircmara de Gaia Luiacutes Filipe Menezes enquadrou o acto na necessi-dade de ldquoguardar a memoacuteria daquilo que foi uma pedra [importante] da comunica-ccedilatildeo socialrdquo portuguesa

ldquoEacute uma satisfaccedilatildeo enorme chegar a este acordo Sempre esteve nos objectivos da em-presa que o espoacutelio estivesse agrave disposiccedilatildeo dos portu-guesesrdquo referiu por seu lado Isidoro Gonzaacutelez do Faro de Vigo diaacuterio espan-hol proprietaacuterio do arquivo drsquo ldquoO Comeacutercio do Portordquo fundado em 1854

ldquoTemos que tratar este espoacutelio com cuidado e com parcimoacuteniardquo salientou Me-nezes Aproveitou a ocasiatildeo para expressar o desejo de

lanccedilamento de um projecto de comunicaccedilatildeo aqui no Norte e O Comeacutercio do Porto seria uma possibilidade Natildeo eacute um projecto moribundo mas estaacute pelo menos conge-ladordquo disse

Fundado a 2 de Junho de 1854 O Comeacutercio do Porto foi um dos jornais mais rep-resentativos da cidade do Porto Apoacutes o 25 de Abril O Comeacutercio do Porto chegou a ter uma tiragem de 120 mil coacutepias Contudo nos anos 90 teve uma contiacutenua descida das tiragens e em 2001 foi vendido ao grupo espanhol Prensa Ibeacuterica Apesar da tentativa de viabilizaccedilatildeo empreendida pelos seus novos proprietaacuterios o jornal acabou por natildeo se revelar economicamente viaacutevel tendo publicado a sua uacutel-tima ediccedilatildeo impressa em 30 de Julho de 2005

ter outro oacutergatildeo de comunica-ccedilatildeo social no norte capaz de ldquoinfluenciar a vida econoacutemi-ca e culturalrdquo da regiatildeo e teceu duras criacuteticas agrave cen-tralizaccedilatildeo dos ldquoinstrumentos fundamentais financeiros culturais e sociaisrdquo em Lis-boa

A partir do proacuteximo mecircs o arquivo vai ficar no reno-vado Arquivo Municipal de Gaia onde ficaraacute durante 10 anos tempo previsto no acordo A cacircmara poderaacute

utilizaacute-lo para exposiccedilotildees e publicaccedilotildees cabendo-lhe assegurar a sua guarda e conservaccedilatildeo bem como a disponibilizaccedilatildeo ao puacuteblico em geral para consulta

Jornal ldquocongeladordquoRogeacuterio Gomes uacuteltimo di-

rector do jornal afirmou que alguns empresaacuterios jaacute ten-taram reabrir o jornal ldquomas infelizmente os proprietaacuterios natildeo estatildeo interessados em vendecirc-lordquo

ldquoHaacute gente interessada no

ldquoMais cedo ou mais tarderdquo grandes superfiacutecies poderatildeo entrar em criseHaacute 31 centros comerciais no Grande Porto ldquoMais cedo ou mais tarde estaremos a falar de crise dos grandes centros comerciaisrdquo defende o socioacutelogo Virgiacutelio Borges PereiraAdriano Cerqueira

Com a inauguraccedilatildeo do Mar Shopping em Mato-sinhos eleva-se para 31 o nuacutemero de centros comercias no Grande Porto Apenas nos primeiros quatro dias a nova superfiacutecie foi visitada por mais de 200 mil pessoas

Vasco Santos director geral do Mar Shopping ref-ere que a adesatildeo do puacuteblico ldquoeacute um garante que temos um espaccedilo que vai ao encontro das necessidades e desejos da populaccedilatildeordquo Mas haacute tambeacutem quem aponte para uma possiacutevel saturaccedilatildeo a prazo deste tipo de espaccedilos comerciais devido agrave oferta excessiva

Virgiacutelio Borges Pereira professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto diz que ldquoestamos

da Associaccedilatildeo de Comerci-antes do Porto diz que ldquonatildeo eacute pelo facto de aparecer mais um shopping que a situaccedilatildeo vai piorar A luta eacute jaacute entre os grandes e cabe ao peque-no comeacutercio adaptar-se e especializar-serdquo

O futuro do pequeno comeacutercio passa pelo acom-panhamento da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela captaccedilatildeo e fidelizaccedilatildeo dos clientes ldquoQuem se deixar morrer no tempo jaacute mais poderaacute sobreviverrdquo vaticina Artur Ribeiro A criaccedilatildeo de uma central de compras para que o comeacutercio tradicional consiga preccedilos competitivos poderia ser um medida a seguir propotildeeldquoMorte lentardquo dos pequenos empresaacuterios

Jaacute Laura Rodrigues

presidente da Associaccedilatildeo de Comerciantes do Porto afirma que a proliferaccedilatildeo das grandes superfiacutecies ldquodi-minui o preccedilo de procura e o poder de compra o que leva agrave morte lenta dos pequenos e meacutedios empresaacuteriosrdquo

A liacuteder associativa acusa os dirigentes poliacuteticos de ldquofalta de bom sensordquo e reafirma que ldquoa estabilidade das micro e meacutedias empresas eacute que eacute fundamental para a criaccedilatildeo de emprego e natildeo a construccedilatildeo de grandes cen-tros comerciaisrdquo

Onlinehttpmercuridoportoblogspotcom

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 12: Mercúrio do Porto

12 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Douro e Vouga

Futuro do Carnaval revelado em noite de memoacuteriasEm noite de apresentaccedilatildeo da ediccedilatildeo 2009 do Carnaval de Ovar a grande novidade veio da boca do Presidente da Cacircmara Municipal o projecto da Aldeia do Carnaval eacute candidato ao Quadro de Referecircncia Estrateacutegica Nacional

Adriano Cerqueira

Programaccedilatildeo Carnaval 2009

10 de Janeiro

Cerimoacutenia de AberturaExposiccedilatildeo de Cartazes de Car-naval8 de Fevereiro

Chegada do Rei12 de Fevereiro

Carnaval Seacutenior13 de Fevereiro

Carnaval das Crianccedilas18 de Fevereiro

Noite DominoacuteConcerto de Quim Barreiros na Praccedila21 de Fevereiro

Desfile das Escolas de Samba22 de Fevereiro

Grande corso23 de Fevereiro

Carnaval dos mais novos matineacute infantil com o Avocirc Cantigas na Tentzone24 de Fevereiro

Grande Corso

Programaccedilatildeo Tentzone13 de Fevereiro

Apresentaccedilatildeo das Escolas de Samba14 de Fevereiro

Papo de SambaDuda Nobre19 de Fevereiro

DJ Alvim Noite das maacutescaras20 de Fevereiro

Per7ume21 de Fevereiro

Ena Paacute 200022 de Fevereiro

Orishas23 de Fevereiro

Yves Larock24 de Fevereiro

Divulgaccedilatildeo dos Vencedores

Festa dos Campeotildees

Apesar do frio que se fazia sentir o puacuteblico natildeo deixou de marcar presenccedila Jaacute antes de se dar iniacutecio agrave apresen-taccedilatildeo a Praccedila das Galin-has encontrava-se cheia de curiosos que ansiavam por um pequeno vislumbre da proacutexima ediccedilatildeo do Carnaval de Ovar

O tema desta noite era o Carnaval dos anos 70 Para recordar as memoacuterias dessa deacutecada revolucionaacuteria foi exibido um documentaacuterio de Guilherme Terra que entre imagens de arquivo e entre-vistas a veteranos foliotildees fez recordar o Carnaval de haacute 30 anos atraacutes Mas natildeo soacute de memoacuterias se fez esta noite O primeiro momento alto foi a entrega de preacutemios aos grupos vencedores do Car-naval de 2009 e a apresenta-ccedilatildeo do respectivo trofeacuteu de autoria de Georgina Queiroacutes A Costa de Prata na catego-ria de Escolas de Samba os Bailarinos em Passerelle e os Pinguins em Carnavalesco foram os galardoados da noite Entre aplausos e as-sobios os representantes dos vaacuterios grupos chamados ao palco deixaram uma mensa-gem de bom Carnaval para 2009Projecto da Aldeia do Car-naval definido ateacute ao final do mecircs

Os maiores aplausos da noite foram guardados para quando Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal (CM) subiu ao palco para entregar o preacutemio de melhor grupo Carnavalesco aos Pinguins Entre desejos de sucesso para a ediccedilatildeo 2009 o Presidente divulgou que ldquoa aldeia do Carnaval foi jaacute objecto de candidatura ao QREN (quadro comunitaacuterio de apoio)rdquo Manuel Oliveira apelou ainda agrave ldquounidade e convergecircnciardquo jaacute que ldquosoacute em conjunto eacute que fazemos um Carnaval melhorrdquo O anuacuten-cio do Presidente foi ainda apoiado por Viacutetor Martins membro da comissatildeo admin-istrativa da Fundaccedilatildeo de

Carnaval que anunciou jaacute estar ldquoencomendado o projecto para a aldeia e seraacute discutido ateacute ao final do mecircsrdquo O Presidente da CM referiu em declaraccedilotildees ao Mercuacuterio do Porto que ldquoo terreno na zona indus-trial jaacute estaacute em processo de aquisiccedilatildeordquo

Natildeo soacute em viacutedeo se re-cordaram os anos 70 Alguns grupos responderam ao ape-la da organizaccedilatildeo e exibiram fantasias da eacutepoca As Pal-hacinhas foram o grupo que mais trajes trouxe ao palco Coraccedilotildees alegres bruxinhas ieacute-ieacute palhaccedilada bomboacuterrica pomar das palhacinhas e formigas trabalhadoras foram as fatiotas apresentadas Os Zuzacas fizeram-se represen-tar por um dos conjugues do casal Pipoca A Ria de Sonho da Arruela e o Lobo Mau dos Marados completam o desfile

A noite natildeo ficou por aqui ainda houve lugar para a apresentaccedilatildeo do novo car-taz de Carnaval O vencedor deste ano foi ldquoA vitamina da Alegriardquo de Alexandre Rosas O jaacute cinco vezes vencedor deixou um desejo de bom Carnaval Joatildeo Rey Silva e Frederico Pinto foram premiados com

menccedilotildees honrosas pelos trabalhos que levaram a concursoArtur Almeida eacute o novo monarca dos foliotildees

A tarefa de guiar os fieacuteis suacutebditos do Carnaval Va-reiro coube este ano a Artur Almeida Sua majestade natildeo deixou de falar da crise partilhando uma mensagem de esperanccedila e folia para 2009 Entre pausas e impro-visos aos quais a idade por vezes obriga Artur Almeida deixou-se de formalidades e foi em tom de bom humor que falou ao agora ldquoseu povordquo Em noite de recorda-ccedilotildees el-Rei natildeo deixou de falar da sua ldquomocidaderdquo apelando aos jovens para a aproveitarem Na sua men-sagem final relembrou que ldquoa carne natildeo se conserva em aacutegua mas sim em vinhordquo

Finalizadas as honras de corte seguiu-se a apresenta-ccedilatildeo do programa para 2009 Entre os habituais grandes corsos de domingo e terccedila-feira de Carnaval e as jaacute tiacutepicas noites de Escolas de Samba e dos dominoacutes com a assiacutedua presenccedila de Quim Barreiros foram vaacuterias as novidades para o proacuteximo ano Em 2009 o Carnaval vai ter ldquo46 dias de foliardquo

abrindo ldquoas portasrdquo no dia 10 de Janeiro com a cer-imoacutenia de abertura e encer-rando a 24 de Fevereiro com a Festa dos Campeotildees e a di-vulgaccedilatildeo dos grupos vence-dores Pelo meio inserem-se algumas novidades como a exposiccedilatildeo de dominoacutes deco-rados por vaacuterios artistas O puacuteblico tambeacutem eacute chamado a intervir exibindo os seus dominoacutes na jaacute conhecida noite de Quim Barreiros Como eacute haacutebito seraacute tam-beacutem inaugurado na Praccedila do Tribunal o monumento aos grupos de Carnaval Dia 23 de Fevereiro reserva uma surpresa para os mais novos com uma matineacute na Tentzone apresentada pelo Avocirc Cantigas A aposta no Carnaval Seacutenior manteacutem-se e as expectativas passam por ldquoatrair mais idosos a partici-parrdquo confessa Joseacute Ameacuterico Presidente da Fundaccedilatildeo de Carnaval

Terminado o primeiro ol-har pela ediccedilatildeo do proacuteximo ano e findadas as retrospec-tivas sobre os Carnavais de outros tempos fica o desejo de Joseacute Ameacuterico cujas ex-pectativas para 2009 passam pela ldquorenovaccedilatildeo por manter o essencial e fazer melhor inovandordquo ldquoVamos procurar criar mais condiccedilotildees de

conforto () o Carnaval de Ovar atingiu um pata-mar alto e agora temos que renovar nos pormenoresrdquo confessa Jaacute Manuel Oliveira reafirma o apoio da Cacircmara Municipal ldquoO Carnaval eacute um dos nossos cartotildees de visita e uma das nossas referecircncias A Cacircmara Mu-nicipal vai procurar manter as condiccedilotildees do ponto de vista estrutural para que haja grande qualidaderdquo

Foto de Maacutercia Benquerenccedila (httpwwwolharescomquazar)

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 13: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 13

Desporto

Mariacutetimo trava ataque do FC Porto ao 1ordm lugarApoacutes pesadas derrotas com o Benfica e o Sporting o Mariacutetimo voltou agraves boas exibiccedilotildees ao empatar com o FC Porto no Dragatildeo

LIGA SAGRES

Foto ASF

Adriano Cerqueira

Os dragotildees dominaram o jogo e criaram vaacuterios lances de perigo mas a boa exi-biccedilatildeo do guarda-redes Mar-cos regressado apoacutes jogo de castigo e a barra da equipa madeirense mantiveram o nulo no final dos 90 minutos

O FC Porto entrou forte com o primeiro remate de Lucho aos 25 segun-dos a levar perigo agrave baliza de Marcos Hulk e Fucile tambeacutem tentaram a sua sorte sem grande sucesso Ateacute aos 15 minutos o jogo era controlado pela equipa da casa com o Mariacutetimo a ter grandes dificuldades em sair do seu meio campo Foi preciso esperar pela meia hora de jogo para ver um remate da equipa de Lori Sandri atraveacutes do peacute de Joatildeo Guilherme a obrigar Helton a uma defesa aper-tada O Mariacutetimo continuou a crescer criando perigo em lances de contra-ataque mas o FC Porto manteve o domiacutenio da partida Ape-sar de uma primeira parte dominada pelos pupilos de Jesualdo Ferreira aos 45 minutos o placar permanecia inalterado

A segunda parte trouxe um Mariacutetimo mais atrevido e empenhado em virar o re-sultado a seu favor Djalma entrou para o lugar de Bru-no Fogaccedila o que deu outro acircnimo ao ataque da equipa madeirense O jogo mostra-va-se mais equilibrado com ocasiotildees de golo de parte a parte mas foi o Porto que aos 58 minutos teve a grande oportunidade do jogo apoacutes remate perigoso de Cristian Rodriguez forccedilando Marcos a aplicar-se para defender O Mariacutetimo respondeu aos 63

minutos com cabeceamento de Marcinho agrave barra apoacutes a marcaccedilatildeo de um livre O aviso de Marcinho levou o FC Porto a aumentar o rit-mo e a encostar o Mariacutetimo agrave sua baliza criando suces-sivos lances de perigo para a baliza de Marcos Aos 73 minutos novamente Cristian Rodriguez volta a pocircr em perigo a baliza dos madei-renses Num jogo calmo em termos de arbitragem surge o primeiro lance poleacutemico aos 77 minutos quando Lisandro parece agredir

Miguelito apoacutes sofrer falta do mesmo Duarte Gomes aacuterbitro do encontro nada assinalou O FC Porto esteve perto de marcar num ressal-to na aacuterea do Mariacutetimo apoacutes remate de Hulk que deixou Marcos fora do lance Valeu aos comandados de Lori Sandri a atenccedilatildeo de Van der Linden que tirou a bola da linha de golo O Mariacutetimo dispocircs ainda de uma boa oportunidade quando Manu em contra-ataque se isolou frente a Helton mas a hesi-taccedilatildeo do jogador do

Mariacutetimo permitiu o corte dos defesas do Porto Os jogadores do Mariacutetimo ainda reclamaram grande penali-dade na sequecircncia do lance por alegada matildeo na bola de Bruno Alves Hulk voltou a tentar a sorte mas o 0-0 manteve-se ateacute ao apito final De salientar ainda a expulsatildeo de Miguelito que viu o vermelho directo por palavras proferidas a Duarte GomesFC PORTO

Helton Fucile Rolando Bruno Alves Pedro Emanuel (66rsquo Mari-ano) Fernando Raul Meireles (84rsquoFarias) Lucho Rodriacuteguez Hulk e Lisandro

Suplentes Nuno Stepanov Beniacutetez Guariacuten Tomaacutes Costa Mariano e Fariacuteas

Treinador Jesualdo Ferreira

MARIacuteTIMO

Marcos Briguel Joatildeo Guilherme Fernando Cardozo Van der Lin-den Bruno Olberdam Marcinho (76rsquo Viacutetor Juacutenior) Miguelito Bru-no Fogaccedila (45rsquo Djalma) e Baba (85rsquo Manu)

Suplentes Marcelo Boeck Zeacute Gomes Luiacutes Olim Joatildeo Luiz Viacute-tor Juacutenior Manu e Djalma

Treinador Lori Sandri

Cartotildees amarelos a Olberdam Van der Linden Hulk Fucile Babaacute Cristian Rodriguez Viacutetor Juacutenior Marcos e Bruno

Cartatildeo vermelho directo a Migueli-to (90 m)

Ogolonet nasce a 1 de JaneiroAdriano Cerqueira

O uacuteltimo dia do I Con-gresso Internacional de Ciberjornalismo acolheu a apresentaccedilatildeo do mais re-cente projecto de jornalismo desportivo em Portugal o ogolonet

A ideia partiu de David Fernandes Duarte Mon-teiro e Filipe Dinis receacutem licenciados em Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo que decid-iram apostar numa nova plataforma de jornalismo desportivo online com a in-tenccedilatildeo de melhorar a cober-tura desportiva atraveacutes do aproveitamento das poten-cialidades da web Ogolonet eacute um projecto de ldquomulti-jornalismordquo que aposta em conteuacutedos multimeacutedia

complementando os conteuacute-dos com aacuteudio viacutedeo fotos e infografias sem esquecer a importacircncia do texto

Este novo siacutetio web vai apostar na cobertura apro-fundada das diversas mo-dalidades natildeo se centrando apenas no futebol Duarte Monteiro assume ldquoa multi-medialidade como imagem de marcardquo ldquoVamos apostar em reportagens viacutedeo se-manais e usar o aacuteudio natildeo soacute como complemento do texto mas tambeacutem vamos dar destaque agraves frases fortes do diardquo revela Para o receacutem licenciado este jornal online procura ldquoequilibrar a balan-ccedila entre todos os diferentes suportes que existemrdquo ldquoHaacute 4 jornais online os 3

tradicionais (A Bola Record e O Jogo) e o maisfutebol o aacuteudio quase natildeo existe e mesmo o viacutedeo satildeo viacutedeos soltosrdquo confessa Ogolonet iraacute contar com uma secccedilatildeo dedicada a blogues asso-ciados aberta a qualquer utilizador interessado em participar Tambeacutem seraacute dada importacircncia agrave inter-actividade com os leitores disponibilizando o contacto com os jornalistas da re-dacccedilatildeo por e-mail e atraveacutes de um foacuterum de discussatildeo

Quanto agrave escolha do nome Filipe Dinis conta que ldquovemos o golo como um objectivo a alcanccedilar o golo eacute sempre aquilo que tu persegues aquilo que queres alcanccedilarrdquo

Este projecto eacute para os criadores o ldquoperseguir de um sonhordquo Duarte Monteiro afirma que ldquoa grande dificul-dade de entrarmos no mer-cado de trabalho eacute que levou a criar este projecto pois se haacute altura para arriscarmos sem grande medo de falhar eacute agorardquo

Por enquanto o ldquoplantelrdquo drsquoogolonet eacute apenas com-posto pelos 3 fundadores contando numa fase ini-cial com a boa-vontade de colaboradores dispostos a trabalhar sem vencimento Contudo o plano de futuro passa pela afirmaccedilatildeo do site no panorama noticioso portuguecircs e pela criaccedilatildeo de emprego quer para eles quer para os colaboradores Eacute prevista a colaboraccedilatildeo com

dois programas de raacutedio um dedicado ao futebol e outro agraves modalidades processo ainda em ldquofase de negocia-ccedilotildeesrdquo

Apesar do site ainda se encontrar em construccedilatildeo ldquoa bola jaacute comeccedila a entrarrdquo a partir de 1 de Janeiro de 2009

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 14: Mercúrio do Porto

14 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

OpiniatildeoEDITORIAL

Imprensa que futuroA morte da imprensa es-

crita pelas matildeos da Internet haacute muito que eacute anunciada O puacuteblico perdeu a ldquopaciecircn-ciardquo para esperar pelo dia seguinte para ler em detalhe todas as incidecircncias das notiacutecias que marcam a actu-alidade Haacute um crescimento da necessidade de informa-ccedilatildeo no imediato natildeo apenas aquela correspondente agrave notiacutecia em si mas todos os elementos contextuais que a envolvem Algo que em toda a justiccedila apenas a Internet pode fornecer mas algo que tambeacutem se pode revelar muito perigoso na ausecircncia de um mecanismo que or-dene e oriente a informaccedilatildeo ao dispor do leitorutilizador

O oacutergatildeos de comunicaccedilatildeo social impressos tardaram a acordar para esta nova reali-dade ndash facto algo discutiacutevel visto ter sido raacutepida a sua adaptaccedilatildeo aos novos media ndash contudo e tendo em conta apenas a realidade portugue-sa hoje em dia haacute quase que uma interdependecircncia entre as versotildees online e offline dos principais oacutergatildeos impressos Tal eacute visiacutevel mesmo nesta ediccedilatildeo que marca o

nascimento do Mercuacuterio do Porto que surge jaacute com o anuacutencio e publicitaccedilatildeo do respectivo blogue revelando ao longo das proacuteprias notiacute-cias referecircncias a outros siacutetios web passiacuteveis de inter-esse para o leitor A verdade eacute que as versotildees online dos jornais jaacute natildeo satildeo mais me-ros espaccedilos para colocar coacute-pias ou resumos das versotildees impressas mas sim plata-formas noticiosas que natildeo se limitam a dar a informaccedilatildeo na hora mas que produzem os seus proacuteprios conteuacutedos e que publicam infografias e reportagens multimeacutedia usando teacutecnicas e meios que a mera versatildeo em papel natildeo pode oferecer

Estaremos entatildeo a presen-ciar a inevitaacutevel transiccedilatildeo do papel para o ecratilde de com-putador Raacutemon Salaverriacutea afirma que natildeo Presente no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo o professor da Universidade de Navarra disse que a Internet surge como um meio capaz de integrar a imprensa a raacutedio e a televisatildeo o que neces-sariamente natildeo significa a ldquomorte do papelrdquo

Salaverriacutea acrescentou ainda que ldquoa imprensa como media natildeo vai desaparecer mas vai perder a sua hege-moniardquo

Entre os temas discutidas no congresso prevaleceu a ideia da necessidade da imprensa se reinventar e procurar um novo rumo para atrair novos leitores e para os fidelizar ao meio Eacute de sublinhar a palavra ldquonovosrdquo jaacute que satildeo os jovens os primeiros a afastar-se dos jornais Hoje cresce-se agrave volta de tecnologia aprende-se em frente a ecratildes e quadros multimeacutedia os tempos do giz e da ardoacutesia haacute muito que jaacute passaram e agora coloca-se a questatildeo de que destino dar aos manuais em papel A desabituaccedilatildeo do papel no acto de ensino leva um a pensar numa justifi-caccedilatildeo plausiacutevel para con-vencer os jovens a consumir notiacutecias em papel quando a sociedade quase que os forccedila a abandonar esse meio Contudo eacute essa a tarefa da imprensa escrita Tal natildeo passa pela adopccedilatildeo de um design similar a uma paacutegina web ou pela esperanccedila do

surgimento de um novo tipo de papel multimeacutedia com acesso agrave Internet e capaz de exibir conteuacutedos de som e viacutedeo mas sim pelo reaproveitamento das qualidades que os jornais jaacute possuem

Dar ecircnfase agrave exploraccedilatildeo minuciosa e aos valores-notiacute-cia das temaacuteticas abordadas no perioacutedico apostar no jornalismo de investigaccedilatildeo assegurar bons comenta-dores e analistas nivelar pela qualidade e natildeo cair na tentaccedilatildeo do sensaciona-lismo satildeo estas as tarefas necessaacuterias para salvar a imprensa escrita do pressa-giado fim Como novo pro-jecto o Mercuacuterio do Porto direcciona os seus objectivos nesse sentido procurando ganhar o seu lugar no mer-cado atraveacutes da qualidade do seu jornalismo sem recorrer ao sensacionalismo e a taacutecticas de competiccedilatildeo desleal Contudo para que esta visatildeo se concretize eacute necessaacuterio que se criem as condiccedilotildees necessaacuterias atraveacutes de uma forte aposta na educaccedilatildeo para os media e atraveacutes da adequaccedilatildeo do

mercado agraves necessidades de um puacuteblico que exija quali-dade

A histoacuteria da imprensa viu muitos media a cair e outros a surgir para ocupar o seu lugar viu a evoluccedilatildeo dos novos media e a so-brevivecircncia dos velhos O mundo continuaraacute a precisar de notiacutecias e de algueacutem para descobrir elaborar estu-dar trabalhar e fornecer os conteuacutedos seja ao serviccedilo do Mercuacuterio do Porto ou do Google News resta apenas aos velhos media natildeo per-derem este proacuteximo comboio pois pode natildeo haver outro Ateacute que esse dia chegue a Internet continua a ter muito para aprender com a imprensa mas chegou a hora da proacutepria imprensa aprender alguma coisa com a Internet Apostar na inter-actividade com os leitores num design criativo e nas infografias satildeo algumas das liccedilotildees a retirar e eacute em conta deste prisma que a redacccedilatildeo do Mercuacuterio do Porto se posiciona

De igual para igual

Comentaacuterio

Adriano Cerqueira

A 12ordf jornada da Liga Sagres viu os trecircs grandes em-patar a zero na despedida de 2008 Acadeacutemica Mariacutetimo e Nacional foram os respon-saacuteveis por impedir os avanccedila-dos de Sporting FC Porto e Benfica respectivamente de fazerem o gosto ao peacute

A divisatildeo de pontos mais do que deixar tudo na mesma no topo da tabela espelha a eacutepoca dos trecircs candidatos ao tiacutetulo e as poucas diferenccedilas de desempenho entre eles Separados apenas por trecircs pontos Sporting FC Porto e Benfica satildeo desta vez

acompanhados pelo sur-preendente Leixotildees que apoacutes vaacuterias jornadas isolado na lideranccedila acabou por ceder o lugar ao Benfica Contudo a teacutenue vantagem dos encarna-dos apenas fortalece a ideia de que ateacute ao momento nenhum dos grandes se pode afirmar como favorito agrave conquista do tiacutetulo

Apesar do Benfica ser o uacutenico entre os trecircs que ainda natildeo sofreu derrotas na liga os sucessivos empates natildeo permitiram que as aacuteguias voassem para longe dos seus rivais As indecisotildees de Paulo Bento em relaccedilatildeo a Miguel Veloso e Vukcevic aliadas agrave onda de lesotildees e castigos que assolaram o Sporting neste iniacutecio de eacutepoca impediram os verde e brancos de apresenta-rem alguma regularidade nas exibiccedilotildees Jaacute o FC Porto acu-sou algum nervosismo inicial tendo conseguido estabilizar o seu desempenho nas uacuteltimos jornadas

Se caacute dentro o impasse entre os grandes clubes ainda deixa os adeptos a sonhar com tiacutetulos a histoacuteria muda

de figura ao falar das com-peticcedilotildees europeias 2008 prometia muito com a estreia do Vitoacuteria de Guimaratildees na Liga dos Campeotildees mas o sonho dos vimaranenses mor-reu em Basileia relegando a equipa minhota para a Taccedila UEFA Na competiccedilatildeo que para o ano tem jaacute anunciada a mudanccedila de formato e de nome passaraacute a chamar-se Liga Europa o Vitoacuteria de Guimaratildees fez companhia a Mariacutetimo e Vitoacuteria de Set-uacutebal como o trio de equipas eliminadas na primeira ronda O Benfica tambeacutem natildeo se aguentou no barco por muito mais tempo Apoacutes a desastro-sa derrota com o Galatasaray na Luz por duas bolas a zero e a goleada sofrida diante do Olympiacos na Greacutecia os en-carnados depararam-se com a hercuacutelea tarefa de golear por oito bolas a zero o Metalist da Ucracircnia para se manterem em prova Num jogo que bem podia ter terminado a zero o Benfica foi derrotado pelos ucranianos com um golo de contra-ataque mesmo ao cair do pano

Europa natildeo eacute apenas sinoacutenimo de triste fado para o futebol portuguecircs Pela primeira vez Portugal vai ter duas equipas nos oitavos de fi-nal da Liga dos Campeotildees FC Porto e Sporting conseguiram qualificar-se categoricamente para esta fase terminando em primeiro e segundo dos respectivos grupos Tambeacutem o Sporting de Braga con-seguiu passar a fase de grupos da Taccedila UEFA sendo agora o uacutenico representante luso nesta competiccedilatildeo

Diferentes foram as sortes que sorriram aos trecircs uacuteltimos ldquoeuropeusrdquo no sorteio das rondas a eliminar da Liga dos Campeotildees e Taccedila UEFA O FC Porto eacute o que parece ter a tarefa mais facilitada Os campeotildees nacionais vatildeo medir forccedilas com o Atleacutetico de Ma-drid na eliminatoacuteria que mar-caraacute o regresso de Maniche ao Dragatildeo Jaacute o Sporting e o Braga tecircm uma tarefa ldquoger-macircnicardquo pela frente Os leotildees voltam a encontrar o Bayern de Munich responsaacutevel pela eliminaccedilatildeo do Sporting da Liga dos Campeotildees haacute duas

eacutepocas enquanto os minhotos medem forccedilas com os belgas do Standard de Liegravege O mecircs de Fevereiro ditaraacute assim os destinos dos representantes da armada portuguesa nas competiccedilotildees da UEFA

De regresso a solo lus-itano os trecircs grandes natildeo vatildeo esperar pelas uvas passas e pelo champanhe para prepa-rar o ataque ao mercado de Inverno Jesualdo Ferreira jaacute sonha com reforccedilos enquanto Quique Flores preocupa-se em manter os jogadores do actual plantel Para Paulo Bento restam as habituais fintas fi-nanceiras da endividada SAD leonina Conseguiraacute algum dos trecircs grandes destacar-se na luta pelo tiacutetulo ou ter-emos um campeonato renhido ateacute ao uacuteltimo segundo com a possibilidade de um outsider como o Leixotildees ou o Sporting de Braga entrarem em jogo para marcar a diferenccedila Por enquanto saboreemos as ra-banadas e os patildees-de-loacute que em Janeiro haacute mais futebol

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

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Page 15: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 15

Conversa Superior

Octaacutevio Mateus ldquoA Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeordquoNascido num ninho de Dinossauros assim que se autodescreve Octaacutevio Mateus Paleontoacutelogo portuguecircs com maior reconhecimento a niacutevel mundial Octaacutevio Mateus fala nesta Conversa Superior sobre o panorama da paleontologia em Portugal

Foto Octaacutevio Mateus

Adriano Cerqueira

ldquoSer paleontoacutelo-go em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravil-hosa mas com mui-tas dificuldadesrdquo

Mercuacuterio do Porto O que eacute que o levou a optar por essa aacuterea

Octaacutevio Mateus Eu nasci num ninho de dinossauros Os meus pais jaacute andavam no meio foram eles que fundaram o Museu da Lou-rinhatilde Desde muito novo eu estava no meio fiz a minha primeira saiacuteda de campo aos 4 anos a minha primeira es-cavaccedilatildeo aos 7 Tinha 9 anos quando fiz a minha primeira boa grande descoberta de um dinossauro que foi um grande dente de um dinos-sauro carniacutevoro Portanto desde muito cedo que me in-teressei pela paleontologia e segui naturalmente a minha carreira para a biologia que sempre adorei e depois fiz um doutoramento em pale-ontologia

MP Como eacute ser paleontoacutel-ogo em Portugal

OM Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute cativante eacute uma profissatildeo maravilhosa mas com muitas dificuldades Natildeo haacute financiamento e dificilmente consegue-se fazer investigaccedilatildeo de ponta com pouco financiamento Precisamos de ter os ossos e de conseguir estudaacute-los preparaacute-los e compreendecirc-los o que se consegue fazer com pouco financiamento mas se queremos fazer algo com mais tecnologia aiacute jaacute temos dificuldades Ser paleontoacutelogo em Portugal eacute uma situaccedilatildeo um tanto ou quanto duacutebia no sentido em que eacute aliciante temos oacutep-timo material temos muito potencial cientiacutefico por um lado por outro temos pou-cos apoios para dar conta desse potencial

MP Faz parte do museu da Lourinhatilde que outras ini-ciativas acha que valorizam a Paleontologia por caacute

OM Em primeiro lugar noacutes tentamos fazer bom trabalho cientiacutefico descobrir novos especiacutemenes novos

foacutesseis descrevecirc-los publicaacute-los e anunciaacute-los ao mundo ndash isso eacute uma faceta mais acadeacutemica e mais cientiacutefica ndash em segundo lugar tenta-mos fazer uma boa divul-gaccedilatildeo para o puacuteblico geral Isso passa pelos museus e o Museu da Lourinhatilde tem feito a sua quota parte Eacute preciso divulgar atraveacutes de livros de conferecircncias de palestras tanto nos museus como nas cidades e nas esco-las O proacuteximo ano eacute o ano de Darwin dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 da publicaccedilatildeo do livro ldquoOrigem das Espeacuteciesrdquo o que eacute uma boa oportunidade para divulgar a paleontolo-gia e a evoluccedilatildeo nas classes de estudantes em Portugal

MP Recentemente in-surgiu-se contra a venda de uma cauda de Dinossauro no ocasiatildeopt Como ficou resolvida a situaccedilatildeo

OM A meu conhecimento a cauda natildeo chegou a ser vendida portanto natildeo sei o que se passa com aquele espoacutelio Sei que acabou por ter uma visibilidade

tesouro que julga seu mas que devia ser de todos O Museu da Lourinhatilde natildeo vai fazer nenhuma proposta pois natildeo somos a favor da venda e compra de patrimoacutenio paleontoloacutegico que devia ser de todos

MP Por causa dessa situaccedilatildeo teceu vaacuterias criacuteticas ao governo por natildeo haver apoio agrave paleontologia O que comenta acerca disso

OM Natildeo fiz propriamente criacuteticas ao governo lamentei o facto de natildeo haver legis-laccedilatildeo relativamente agrave pale-ontologia tal como acontece com a arqueologia Na arqueologia natildeo eacute permitido vender nem comprar mate-rial de interesse arqueoloacutegico como se fosse um bem qualquer indiferenciado mas tal natildeo acontece na paleontologia Eu gostaria muito que houvesse uma legislaccedilatildeo que protegesse o patrimoacutenio que julgo ser de interesse puacuteblico portanto do interesse de todos

MP Que medidas acha que deviam ser aplicadas para apoiar o patrimoacutenio geoloacutegi-co e tambeacutem paleontoloacutegico portuguecircs

OM Haacute vaacuterias faces de uma estrateacutegia que podem ser tomadas A primeira parte eacute a parte legal a parte da legislaccedilatildeo que esteve a ser trabalhada numa equipa pelo Prof Miguel Telles Antunes haacute uns anos atraacutes mas quanto sei estaacute tudo parado Depois o que a pale-ontologia tambeacutem requer eacute algum financiamento para se prosseguirem investigaccedilotildees no nosso paiacutes Noacutes temos um patrimoacutenio muito interes-sante entre os melhores no mundo tendo em conta a nossa escala portanto era bom termos um financia-mento correspondente Eu digo isto porque sinto na pele a falta de ajuda que a consigo muitos vezes mais facilmente no estrangeiro do que em Portugal

MP Que futuro vecirc para a Paleontologia em Portugal

OM [Risos] A Paleonto-logia tem que conseguir cati-var o interesse dos poliacuteticos para que haja uma aposta clara nesta aacuterea Eles tecircm que perceber o potencial que temos Comparando com os dinossauros por exemplo noacutes temos cerca de 30 espeacute-cies de dinossauros o que faz de Portugal o 7ordm paiacutes em nuacutemero de espeacutecies a niacutevel mundial o que eacute impres-sionante Estamos agrave frente de paiacuteses enormes como o Brasil e a Ruacutessia mas natildeo temos estado a aproveitar todo este manancial Os mu-seus continuam a precisar de financiamento no Museu da Lourinhatilde por exemplo soacute um terccedilo do seu financia-mento eacute que vem directa-mente do estado e neste caso eacute da cacircmara municipal Os outros dois terccedilos satildeo auto-sustentaacuteveis a partir das receitas de visitantes e ainda assim conseguimos fazer investigaccedilatildeo cientiacute-fica mas natildeo eacute suficiente Eacute preciso algum apoio em aacutereas cientificas e esperemos que com estas novas candi-daturas a projectos cientiacute-ficos que abriram na FCT (Fundaccedilatildeo para Ciecircncia e Tecnologia) a paleontologia seja mais contemplada

MP Entatildeo natildeo considera que seja uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo

OM Natildeo a Paleontologia natildeo eacute uma espeacutecie em vias de extinccedilatildeo porque tem muito a dar Com o potencial que tem podia ser de topo inter-nacional e natildeo eacute Aacutes vezes a diferenccedila eacute apenas uma pequena ajuda mais para tornar a paleontologia em Portugal uma das melhores a niacutevel europeu

mereceu uma cobertura internacional

MP O Museu da Lourinhatilde ou outra entidade vai ficar com a cauda

OM O Museu da Lourin-hatilde natildeo tem sequer financia-mento para propor ficar com a cauda Segundo o que foi lanccedilado na comunicaccedilatildeo so-cial o dono chegou a recusar uma alegada oferta de 100 mil euros o que eacute um valor absurdamente alto para aquele patrimoacutenio O dono acha que tem ali um

internacional porque a France Press apanhou essa notiacutecia e acabou por sair em jornais desde o Canadaacute agrave Aacutefrica do Sul Inglaterra e Austraacutelia Eacute tatildeo insoacutelito termos uma cauda de dinos-sauro agrave venda a quem der mais que obviamente

wwwmuseulourinhaorg

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

Pub

Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

Pub

Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

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Page 16: Mercúrio do Porto

16 Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009

Cultura

Antes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o grande premiado do Ovarviacutedeo 08A 13ordf ediccedilatildeo do ovarviacutedeo chegou ao fim em noite de gala com ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gon-ccedilalo Galvatildeo Teles a arrecadar o Preacutemio Cidade de OvarAdriano Cerqueira

Cena de ldquoAntes de Amanhatilderdquo de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

A curta-metragem relata 24 horas na vida de Maacuterio um fotoacutegrafo que se sente ameaccedilado e perseguido pela poliacutecia poliacutetica do antigo regime

O CineTeatro de Ovar acolheu mais uma ediccedilatildeo do festival de curtas-metra-gens da cidade de Ovar A cerimoacutenia da entrega de preacutemios que contou com a presenccedila do Presidente da Cacircmara e da Vereadora para a Cultura Conceiccedilatildeo Vas-concelos viu o velho anfite-atro ganhar vida com a exi-biccedilatildeo de algumas das mais recentes curtas-metragens do cinema portuguecircs Entre os nove preacutemios a concurso o grande vencedor da noite foi para ldquoAntes de Amanhatilderdquo uma curta-metragem sobre a vida de um militante do Partido Comunista nos dias que antecederam o 25 de Abril de 1974

A perseguiccedilatildeo pela PIDE a clandestinidade e o sen-timento de claustrofobia retratados num filme que Filipe Neves da organizaccedilatildeo do evento considera ldquoum filme extraordinaacuteriordquo ldquoO filme de Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute o melhor filme do 25 de Abril alguma vez feito em Portugal curtas ou longas metragens um filme que consegue em 15 minutos dar a siacutentese de todo o senti-mento antes do 25 de Abril eacute espantoso e ser apresentado aqui no Ovarvideo eacute algo bastante bomrdquo confessa O realizador natildeo pocircde estar presente mas em seu lu-gar recebeu o preacutemio o seu amigo tambeacutem cineasta Antoacutenio Valente O cineasta achou o filme ldquomuito bomrdquo ldquoO Gonccedilalo Galvatildeo Teles eacute um bom argumentista um bom realizador e este filme marca de alguma forma a evoluccedilatildeo da carreira delerdquo elogia

Entre as inovaccedilotildees do 13ordm Ovarviacutedeo destaca-se a aposta em instalaccedilotildees viacutedeo cujo premiado da noite foi Filipe Pais Para Filipe Neves a aposta nas instala-ccedilotildees viacutedeo eacute uma forma de ldquotirar o viacutedeo das salas de cinema e de interagir com outras linguagensrdquo Quanto

aos restantes premiados Fashion de Martha Appelt venceu o preacutemio Jovem Realizador Deus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira re-cebeu o preacutemio de melhor som a melhor fotografia foi atribuiacutedo a Caravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva Superfiacutecie de Rui Xavier foi o vencedor de melhor mon-tagem e Procura-se Amigo de Viacutetor Moreira ganhou o melhor argumento

Na ausecircncia de preacutemio para melhor curta de ani-maccedilatildeo foi atribuiacuteda uma menccedilatildeo honrosa a Ossudo de Juacutelio Alves Para Antoacutenio Valente a ldquoselecccedilatildeo foi muito boa e o facto de serem soacute filmes portugueses significa que existe futuro para o cinema portuguecircsrdquo Melhores condiccedilotildees para o 14ordm Ovarviacutedeo

Encerrado o Ovarviacutedeo 08 ficou no ar o desejo de melhores condiccedilotildees de exibiccedilatildeo Manuel Oliveira Presidente da Cacircmara Mu-nicipal afirma ter ldquoesperan-ccedila de que a proacutexima ediccedilatildeo tenha melhores condiccedilotildees de realizaccedilatildeordquo e que possa ser apresentada no novo Centro

de Artes de Ovar ldquoA meta cultural eacute bastante impor-tante para o municiacutepio o Ovarviacutedeo eacute um festival natildeo dirigida a massas mas que valoriza a componente artiacutestica da criatividade multimeacutedia e da inovaccedilatildeordquo refere

O Presidente aponta ainda os recordes batidos em cada competiccedilatildeo como indicador do sucesso do certame Manuel Oliveira assegura que o Ovarviacutedeo eacute ldquopara continuar e segura-mente continuaraacute a ser uma referecircncia cultural no nosso munciacutepiordquo

Quanto agrave manutenccedilatildeo dos bilhetes gratuitos o Presi-dente da Cacircmara Municipal diz que ldquoeacute para manter mas pode ser pensado noutro contextordquo ldquoSe conseguirmos dar mais qualidade em cada ano fazer melhor do que se fez no ano anterior numa ou outra vertente pode haver algum contributo por parte do puacuteblicordquo admiteAcccedilatildeo Social tambeacutem marcou presenccedila

Entre as novidades do Ovarviacutedeo Filipe Neves destaca as acccedilotildees de

promoccedilatildeo social com mati-neacutes para crianccedilas e idosos ldquoDecorreram acccedilotildees de responsabilidade social tanto para as crianccedilas do conselho como para idosos o que foi muito positivo pois as crian-ccedilas levaram a cultura para casa para falar com os seus paisrdquo revela O membro da organizaccedilatildeo considera ainda que ldquoos benefiacutecios satildeo muitos as pessoas de Ovar deviam reparar em algumas das mais valias que criamos aquirdquo Filipe Neves salienta ainda a exibiccedilatildeo de filmes

de ldquogrande qualidaderdquo e as reacccedilotildees de ldquogrande carinho dos idosos a agradecer o que tiacutenhamos feito por elesrdquo No rescaldo final da 13ordf Ediccedilatildeo Filipe Neves admite o balan-ccedilo como ldquobastante positivordquo salientando a preocupaccedilatildeo de dar uma identidade difer-ente ao festival presente nesta ediccedilatildeo

Premiados

Preacutemio Cidade de Ovar - Melhor FilmeAntes de Amanhatilde de Gonccedilalo Galvatildeo Teles

Preacutemio do puacuteblicoAzeitona dos alunos finalistas do mestrado em Cinema-Re-alizaccedilatildeo da Universidade da Beira Interior

Melhor ArgumentoProcura-seAmigo de Viacutetor Moreira

Melhor MontagemSuperfiacutecie de Rui Xavier

Melhor FotografiaCaravaggio de Joseacute Maria Vaz da Silva

Melhor SomDeus Natildeo Quis de Antoacutenio Ferreira

Jovem RealizadorFashion de Martha Appelt

Menccedilatildeo Honrosa AnimaccedilatildeoOssudo De Juacutelio Alves

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Onde desembarca a tua muacutesica

httpjpricicomupptporto_sonoro

CROacuteNICA

Adriano Cerqueira

Descansa em paz romancismo

Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

e-mail brinknamibiagmailcom

Page 17: Mercúrio do Porto

Mercuacuterio do Porto Janeiro 2009 17

CRIacuteTICA LITERAacuteRIACultura

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio - Conversas sobre o bom jornalismo Ryszard Kapuściński

Adriano Cerqueira

Socialrdquo em Itaacutelia moderado por Maria Nadotti Entre relatos da sua juventude o experiente jornalista retrata o jornalismo como profis-satildeo de ldquoenvelhecimento raacutepidordquo Ao falar da sua experiecircncia aos jovens pre-sentes no congresso Ryszard Kapuściński lamenta a presenccedila de profissionais de outras aacutereas nas chefias das redacccedilotildees Para o autor isto impossibilita a passagem de conhecimento para os jovens que se iniciam na activi-dade As novas tecnologias ao serviccedilo do jornalismo e o crescimento dos grandes grupos media satildeo outros dos temas em anaacutelise Eacute tambeacutem neste capiacutetulo que surge a questatildeo que daacute nome agrave obra Este primeiro momento eacute marcado por um discurso fluiacutedo que cativa a atenccedilatildeo do leitor criando expecta-tivas goradas no capiacutetulo seguinte

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio prossegue com uma entrevista de Andrea Semplici a Ryszard Kapuściński Nela o jornalista

O livro eacute uma compilaccedilatildeo de trecircs momentos em que Kapuściński jornalista pola-co se encontrou do outro lado do microfone e do bloco de notas A introduccedilatildeo da autoria de Maria Nadotti moderadora de dois dos encontros transcritos nesta obra revela alguns pontos da personalidade e da vida do jornalista A sua teacutecnica de assimilaccedilatildeo cultural e de dedicaccedilatildeo a um lugar para poder relatar sobre o prisma real dos seus habitantes ndash como Kapuściński fez em Aacutefrica ao passar cerca de 20 anos da sua vida nesse con-tinente ldquoperdendo tempordquo a conhecer as pessoas o ambiente e a sua cultura ndash e a sua visatildeo sobre o papel dos jovens no mundo actual e a maior paciecircncia e importacircn-cia que os mais velhos lhes devem dar satildeo algumas das ideias que se destacam na nota introdutoacuteria

O primeiro capiacutetulo in-titulado ldquoIsmael continua a navegarrdquo trata-se da tran-scriccedilatildeo de um encontro no VI Congresso ldquoRedactor

italiano opta por aprofundar a vivecircncia do autor no conti-nente africano A entrevista possui algumas perspectivas interessantes como as difi-culdades de transmissatildeo da informaccedilatildeo para a Europa as teacutecnicas de assimilaccedilatildeo cultural de Kapuściński e os relatos da sua vivecircncia em tempo real de acontecimen-tos importantes da Histoacuteria de Aacutefrica como a Confer-ecircncia de Adis Abeba onde 32 paiacuteses assinaram a carta da Organizaccedilatildeo da Unidade Africana Contudo embora a temaacutetica seja importante para a contextualizaccedilatildeo da vida e personalidade do jornalista polaco quebra o ritmo trazido do primeiro debate o que pode desen-corajar o leitor a virar a paacutegina

Jaacute o terceiro e uacuteltimo mo-mento da obra faz reviver o ritmo e fluidez iniciais Em debate com John Berger romancista e criacutetico de arte as diferenccedilas e semelhanccedilas entre os distintos tipos de escrita de ambos os autores revelam uma apologeacutetica

discussatildeo que prende o leitor ateacute agrave uacuteltima palavra ldquoO conto num dente de alhordquo eacute o nome dado ao uacuteltimo acto do livro em que John Berg-er o ldquocamponecircsrdquo e Ryszard Kapuściński o ldquomarinheirordquo salientam a importacircncia da concentraccedilatildeo e da atenccedilatildeo no relato literaacuterio e jornaliacutes-tico descurando a criacutetica ao estilo mais sedentaacuterio de Berger em contraste com o espiacuterito aventureiro de Kapuściński

Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio eacute como referido no subtiacutetulo uma compilaccedilatildeo de conversas so-bre o bom jornalismo Apesar dos interessantes relatos e das questotildees pertinentes que ao longo das paacuteginas mostram a natureza do jornalismo puro de investi-gaccedilatildeo e de dedicaccedilatildeo a um estilo de vida a obra peca na estrutura e ordenaccedilatildeo dos capiacutetulos Como afirma Kapuściński na descriccedilatildeo da importacircncia do silecircncio no discurso escrito ldquoeacute tudo uma questatildeo de interpreta-ccedilatildeo do textordquo

ldquoHoje se queremos perceber para onde esta-mos a ir natildeo eacute necessaacuterio olhar para a poliacutetica mas sim para a arterdquo uma das visotildees de um licen-ciado em Histoacuteria que preferiu ver a Histoacuteria a acontecer em vez de lim-itar-se a estudaacute-la Ap-enas uma das percepccedilotildees de Ryszard Kapuściński incluiacutedas em Os Ciacutenicos Natildeo Servem Para Este Ofiacutecio

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Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Estudantes desenvolvem projecto de investigaccedilatildeo na Namiacutebia

Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

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Sim o romance morreu Jaacute longe vatildeo os tempos dos pequenos bilhetes nos cacifos da obrigatoacuteria rosa ver-melha e caixa de bombons ofereci-das agrave pretendente no primeiro en-contro Numa sociedade onde mal temos tempo para consumir toda a informaccedilatildeo que nos eacute enviada a toda a hora satildeo as delicadas subtilezas do complexo acto de corte e o proacuteprio romance que pagam a factura

ldquoCartas de amor quem as natildeo temrdquo cantava Tony de Matos Hoje posso-lhe responder numa simples palavra Ningueacutem Natildeo porque ten-ham sido viacutetimas da evoluccedilatildeo tec-noloacutegica obrigadas a adaptar-se e a evoluir para e-mails de amor ou SMSs de amor mas porque ningueacutem tem tempo ou natildeo se daacute ao tempo de se dedicar a um longo processo de romance saboreando cada pequeno passo cada momento cada gesto cada olhar cada sentimento

Todos os aspectos da vida satildeo cada vez mais meros espelhos do consum-ismo ao qual nos subjugamos Tudo tem que ser vivido no aqui e no ag-ora eacute tudo para consumo raacutepido o eterno usar e deitar fora que para aqueles de consciecircncia ecoloacutegica pas-sou a ser usar reutilizar e reciclar Ter-se-aacute perdido o haacutebito de nos sen-tarmos agrave secretaacuteria sentir o coraccedilatildeo acelerar enquanto pensamos naquela que eacute capaz de iluminar qualquer dia por mais chuvoso que seja pegar numa caneta e escrever-lhe sobre essa mesma sensaccedilatildeo Natildeo eacute necessaacuterio ser-se dotado na escrita para escrever ldquoamo-terdquo Se as musas da inspiraccedilatildeo natildeo acorrem aos vossos apelos haacute vaacuterios autores a quem recorrer desde Shakespeare a Jon Bon Jovi O amor pode ser complexo mas quando al-gueacutem o sente nada eacute mais faacutecil do que escrever sobre ele Ser-se adolescente viver raacutepido e morrer cedo acla-mar aos ceacuteus pelo eterno carpe diem

pois ldquotemos que aproveitar o dia jaacute que o amanhatilde pode natildeo virrdquo E quando o sol continua a nascer Por que nos esquecemos de preparar para o longo prazo Ateacute o romance - se lhe podemos dar esse nome - foi reduzido agrave categoria das fast-foods Natildeo haacute tempo para poemas para serenatas para jantares agrave luz das velas nem para simples passeios no parque Natildeo haacute tempo para conversar natildeo haacute tempo para exprimir natildeo haacute tempo para romantizar

Teraacute o mundo se esquecido do amor O romancismo pode estar morto as maacutequinas que o sustinham haacute muito desligadas mas o amor esse eacute o eterno clicheacute que anda lado a lado com a humanidade e que a seu lado permanece Talvez com o tempo e se ele houver o romancismo renasccedila das cinzas como a majestosa Feacutenix que jaacute foi Mas hoje essas cinzas dispersam-se lanccediladas sobre a brisa outonal de um lago vazio cujas margens viam passear casais de namorados que haacute muito laacute natildeo regressam

Eacute este o preccedilo que pagamos por um mundo que apesar de nos aproxi-mar nos isola dentro de noacutes proacuteprios Criamos os nossos mundos as nossas segundas vidas onde procuramos aq-uilo que natildeo temos na vida real Mas tudo isso estaacute agrave nossa espera para laacute das portas que encerramos agrave nos-sa volta Quando voltarmos a dar o passo para laacute do nosso ego quando voltarmos a arriscar a desafiar os proacuteprios conceitos que nos orientam no dia-a-dia mas que no amor per-dem todo o sentido aiacute talvez o ro-mancismo regresse

O viacutedeo natildeo matou a estrela do romancismo nem se pode colocar a culpa na Internet A culpa eacute de nin-gueacutem ningueacutem que natildeo recebe que natildeo lecirc que natildeo escreve essas cartas de amor que jaacute ningueacutem as tecircm

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Em Foco

Adriano CerqueiraBRinK ou Biological Research

in Kuzikus (Pesquisa Bioloacutegica em Kuzikus Namiacutebia) eacute o nome do pro-jecto desenvolvido por Joana Nunes Johanna Reinhard e Alison Skeats estudantes da Universidade de Edim-burgo com o objectivo de documen-tar a fauna da inexplorada reserva natural de Kuzikus

Numa fase inicial o projecto es-tende-se por trecircs meses com iniacutecio marcado para Janeiro O programa eacute dividido em trecircs fases o mecircs de Janeiro eacute dedicado agrave montagem do acampamento e agrave organizaccedilatildeo das questotildees logiacutesticas em Fevereiro ini-ciam-se os trabalhos de investigaccedilatildeo com o estudo das espeacutecies de aves na-tivas e em Marccedilo realiza-se um estu-do semelhante sobre os mamiacuteferos da regiatildeo Estatildeo tambeacutem previstos pro-jectos de investigaccedilatildeo sobre os insec-tos e plantas nativas e sobre a vida aquaacutetica da reserva natural com iniacute-cio em Agosto de 2009 prolongando-se ateacute Outubro

Segundo Johanna Reinhard ldquoo deserto do Kalahari eacute uma das pou-cas regiotildees completamente selvagens do mundo e o parque natural de Kuzikus estaacute praticamente inexplo-rado pela ciecircnciardquo ldquoO nosso objec-tivo eacute documentar a vida selvagem e promover a educaccedilatildeo ambiental de forma a conservar a biodiversidade do parquerdquo explica

O BRinK eacute um projecto de vol-untariado aberto a interessados de diversas aacutereas que permite o livre desenvolvimento de projectos de estudantes Johanna Reinhard afir-ma que o BRinK oferece ldquoprojectos orientados para estudantes que en-volvem jovens investigadores em pro-jectos individuaisrdquo Jaacute Joana Nunes traccedila como objectivo ldquoinspirar os alunos para que saibam que eacute possiacutev-el ir para Aacutefrica estudarrdquo Reinhard espera ainda que os estudantes ldquosa-iam daqui com a vontade e a paixatildeo para fazer mais trabalhos de investi-gaccedilatildeordquo acrescenta

O programa de investigaccedilatildeo procu-ra juntar uma pequena comunidade de pessoas para que possam entre elas trocar ideias e tambeacutem apren-derem com a experiecircncia de cada um ldquoAs pessoas vecircem muitas vezes a investigaccedilatildeo como um ldquobicho rarordquo como algo assustador e eacute importante mostrar-lhes o que realmente eacuterdquo diz Reinhard

Joana Nunes perspectiva um ano difiacutecil mas com bons resultados ldquoO primeiro ano vai ser difiacutecil com muito trabalho mas soacute pode melhorar A ideia eacute muito boa e acredito no que estamos a fazer e nos nossos valores de conservaccedilatildeo da vida selvagem e da biodiversidade na Namiacutebiardquo as-segurahttpbrinknamibiagooglepagescom

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