491
ENCICLOPEDIA DA BÍBLIA CULTURA CRISTÃ mm*»'»» rÜWívslJ Ufisj VOLUME A-C 1 Organizador Geral MERRILL C. TENNEY 0 Z

Merril.C.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • ENCICLOPEDIADA BBLIAC U L T U R A C R I S T

    mm * '

    rWvslJ Ufisj

    V O L U M E SA-C 1

    Organizador Geral

    MERRILL C. TENNEY

    0 Z

  • Organizadores Consultores Antigo TestamentoGLEASON L. ARCHER

    R. LAIRD HARRIS

    Organizadores Consultores Teologia HAROLD B. KUHN

    ADDISON H. LEITH

    Organizador Arqueolgico E. M. BALIKLOCK

    Organizador do Manuscrito EDWARD VIENING

    Organizador de Fotos e Layout T. ALTON BRYANT

  • Enciclopdia daBbliaE M C I N C O V O L U M E S

    Organizador Geral MERRILL C. TENNEY

    Organizador Associado STEVEN BARABAS

    V O L U M E U M A C

    ITO Rfl CUITURR CRIST

  • CABAOS SELVAGENS (m, selvagem; rapD, cabao). A palavra soi/e/; significa lugar plano ou terra livre. Assim selvagem significa uma planta que cresce em terra livre, plana. usada da mesma maneira que referimos atualmente s flores silvestres.

    A videira e os cabaos que ela produzia eram a Citrullus colocynthus, embora um especialista alegue que poderia ser a ma de Sodoma ou a Videira de Sodoma (q.v.), esta sendo a Coto- tropis procera.

    A planta poderia ser o pepino-do-diabo, Ec- ballium elatrium, que era encontrada na regio referida em 2 Reis 4.39, porm o leitor tem de se perguntar: Teria o discpulo de profeta recolhido um tipo de fruto espinhoso, pontudo, de forma esguicho para fazer um ensopado de legumes?

    W. E. Shewell-Cooper

    CABANA. dessa forma que a KJV traduz m:n, um termo que aparece apenas uma vez (Jr 37.16), no plural. Pelo contexto, podemos inferir que se trata da parte de uma priso. A ARA e a NVI traduzem como celas, a ARC como casa, e a BJ como calabouo abobadado.

    CABEA (1* * 1, votao, crnio', 1WI cabea; SWI, cabea, o termo mais comum; K8(|)ar|, cabea). Tanto a caixa craniana quanto a face esto inclusos na cabea, considerada ser a sede da vida

  • 834 CABEA DA IGREJA / CABELO

    ou da alma, embora os judeus considerassem o corao como o lugar do intelecto, e freqentemente usavam a cabea para representar a pessoa toda (At18.6). Apalavra se aplica a animais, tanto a cabea do touro do holocausto (Lv 1.4), quanto a objetos inanimados em frases como: Levantai, portas, as vossas cabeas (SI 24.7). as quatro cabeas dos rios (Gn 2.10) e a pedra remate (Zc 4.7), tambm aplicada a Cristo (Mt 21.42). Cabeas de animais decoravam a parte superior das moblias nas casas orientais. Os cristos primitivos preservavam a cabea de um santo ou mrtir como um objeto de adorao, que poderia exercer poderes milagrosos (HERE, Vol. 6, p. 536. J. A. MacCulloch). A marca da besta foi colocada sobre a testa (Ap 14.9).

    O ferimento na cabea era a principal forma de derrotar um inimigo (SI 68.21). A decapitao, um costume igualmente praticado na Babilnia e Assria, acrescentava afronta injria (ISm 17.51). Por outro lado, ungir a cabea era um smbolo de alegria e prosperidade (SI 23.5; Hb 1.9), uma dedicao ao servio sacerdotal (Ex. 29.7).

    Os lderes so as cabeas, o ancio, o homem de respeito, a cabea; o profeta que ensina a mentira a cauda (Is 9.15). Cristo o cabea da igreja, seu corpo, e de toda a criao (Ef 1.22), de todo homem (ICo 11.3) e de todo o governo e autoridade (Cl 2.10). O marido o cabea da mulher. Por causa do costume grego das mulheres usarem vu, oposto ao costume judaico, Paulo recomendou que as mulheres de Corinto fossem obedientes aos padres locais de decncia e ordem e cobrissem a cabea na adorao. Os homens, entretanto, orassem com as cabeas descobertas. Atualmente, o uso de chapus pelas mulheres, no santurio, um sinal da liderana de Cristo.

    As bnos caem sobre a cabea (Gn 49.26), por essa razo as mos so colocadas sobre ela (Gn 48.17) e os pecados eram transferidos do homem ao animal por este gesto (Ex. 29.15). Amonto- ars brasas vivas sobre a sua cabea significava retribuir o bem pelo mal (Mt 5.44; Rm 12.20). O israelita jurava por sua cabea (Mt 5.36), mas o oriental hodiemo jura por sua barba. Cobrir ou sacudir a cabea ou colocar as mos sobre ela significava tristeza, dor ou vergonha (2Sm 13.19). Meneara cabea expressava escrnio (Mc 15.29) e curv-la manifestava tristeza, humildade e lamento (Is 58.5). Todavia no levantarei a minha cabea equivalente a falta de auto-afirmao (J 10.15 KJV). A vida oferecia a algum uma cabea grisalha juntamente com honra e sabedoria (Pv 16.31).

    R. L. M ix ter

    CABEA DA IGREJA, a traduo de uma frase que ocorre apenas em Efsios 5.23, grego K(f>aW| tF| KKXrioia, cabea da igreja mas apoiada por frases similares em Efsios 1.22, 1 Corntios11.3 e especialmente Colossenses 1.18 onde ocorre o grego f| K8, cabelo; gr. Bpii;, cabelo, l, penas). Embora todos os mamferos tenham plo, uma protuberncia da epiderme, o uso deste termo na Escritura se aplica principalmente ao homem. L seria usada para o plo da ovelha. Joo

  • CABO / CABOM 835

    Batista usou uma roupa de plo de camelo e Mical encheu um travesseiro com plo de cabra (ISm 19.13). Os antigos geralmente usavam cabelos compridos, embora os sacerdotes, os guerreiros e os garotos eram freqentemente barbeados. Os garotos deixavam um cacho de lado. Sanso e Absalo tinham cabelos compridos. Devido ao cabelo ser cortado na iniciao divindade na Arbia, o corte de cabelo era uma abominao para os judeus (Jr49.32). O nazireu sabia que todo o corpo pertencia a Deus, incluindo o cabelo, ento uma navalha nunca tocaria sua pele (Jz 16.17) at que seu servio fosse terminado (Nm 6.18). As mulheres cativas raspavam suas cabeas para purificao, os leprosos tambm (Lv 14:8). Os sacerdotes conservavam seus cabelos em um comprimento moderado (Ez 44.20), mas eram proibidos de fazer tonsuras (Lv 21.5). A calvice, exceto na lepra, no era escarnecida (Lv 13.40) amenos que fosse dada como uma praga (Is 3.24). Visto que a cabea sustentava o esprito, o cabelo no devia ser cortado em tempos de perigo, pois era considerado a fonte de fora. Durante o perodo do NT, o cabelo comprido era degradante ao homem, mas para uma mulher era uma fonte de orgulho (ICo 11.14). Maria enxugou os ps do Senhor com seus cabelos. Em Cantares de Salomo o cabelo o vu (4.3). Para uma mulher, a perda do cabelo era vergonhosa (ICo 11.6). As mulheres foram advertidas contra o adorno elaborado dos cabelos (lPe 3.3).

    Uma garantia de segurana foi a palavra de Jesus que diz que todos os cabelos da cabea estavam contados (Mt 10.30). Davi sentia que suas iniqidades eram maiores que os cabelos de sua cabea (SI 40.12). Quando o cabelo era cortado e pesado (2Sm 14.26), alguns dariam seu peso equivalente em prata ao pobre.

    Cabelos grisalhos eram honrados e obtidos em uma vida justa (Pv 20.29) enquanto que o cabelo branco significava uma presena gloriosa, como a do prprio Cristo (Ap 1.14). O cabelo raramente era tingido na Palestina, mas Herodes tingiu o seu de preto. Jesus disse: No podes tomar um cabelo branco ou preto (Mt 5.36).

    Os cabelos arrepiados eram um sinal de medo (J 4.15), causado pela contrao dos pequenos msculos afixados obliquamente em cada cabelo. Arrancar os cabelos expressava dor profunda (Is15.2), ou luto pela morte, e colocar cinzas sobre a cabea demonstrava vergonha e dor, como a profanao de Tamar (2Sm 13.19). Ungir a cabea era um sinal de alegria (SI 23.5) e prosperidade, mas somente o mais puro poderia ser ungido com o leo sagrado (x 30.32).

    Os bons atiradores atiravam com a funda uma pedra num cabelo e no erravam (Jz 20.16).

    R. L. M ix ter

    CABO. Veja P e so s e M e d id a s .

    CABO, CORDA (?3 1. cabo, corda; m!7, corda, cabo, folhagem enerlaada; a%oivov, corda; evKTripro, fita, corda), corda ou cabo (no h distino no hebraico ou grego). Uma corda de grossura varivel, feita com fibras, cabelos ou tiras de couro entrelaados ou tranados.

    Evidncia a partir de uma pintura numa caverna na Espanha oriental, j na era paleolitica final (c. 12.000 a.C.) mostra o que parece ser uma corda usada para descer de um precipcio. No Egito foram encontradas cordas feitas de cana (c. 4000a.C.), fibra, linho, grama, papiro e pelo de camelo. Cordas com grossura de at seis centmetros de dimetro foram descobertas em stios do antigo Egito. As cordas eram da maior importncia nos imprios antigos, porque o prprio homem forneceu a principal fonte da fora motriz para operaes de construo. Algumas inscries antigas (e.g., Rekmire - sc. 15 a.C.) mostram o processo de fazer cordas, no Egito.

    Na Bblia, a corda usada na guerra para destruir cidades (2Sm 17.13), para arrear o cavalo (J 39.10; Is 5.18), para cordame de navio (At 27.32,40), para descer pessoas de alturas (Js 2.15; Jr 38.6ss.), armadilhas (J 18.10), e amarrar pessoas (Jz 15.13ss.). A corda, em vez do couro ou tecido para roupa, representava pobreza ou vergonha (lRs 20.3lss; Is 3.24). Um gancho (KJV) atravessando as narinas do Leviat (J41.2) , provavelmente, melhor traduzida por cabo (RSV) ou corda (NEB) visto que a palavra empregada agmn) refere-se a uma corda de junco ou cana. O chicote que Jesus usou para expulsar os cambistas do Templo (Jo 2.15), feito de pequenas cordas (KJV) ou cordas (RSV, NEB), traduzido por cabos em atos 27.32. Veja C a b o , C o r d a .

    A. J o n h so n

    CABOM O m ; LXX A: xctppa; B: xocppa; talvez agasalhar ?). Uma cidade no Sefel, perto de La- quis (Js 15.40). A associao com Macbena (BDB p. 460, cp. lCr 2.49) parece estar fundamentada no fato de que ambos os nomes derivam da mesma raiz hebraica.

  • 836 CABOUQUEIRO / CABRA, BODE

    CABOUQUEIRO. Veja C anteiro ou C abouqueiro .

    CABRA MONTS (ipn, cabra monts, NVI bode, KJV cabrito; encontrada somente em Dt 14.5; a maioria dos estudiosos concorda que no pode ser identificada; D'1?!!, cabra monts em odas as VSS inglesas). E essencial distinguir entre duas espcies intimamente relacionadas e freqentemente confundidas. A Ibex (cabra) nubiana (Capra nubiana) ainda encontrada no oeste da Palestina. A cabra monts strictii sensu a Cabra, aegagrus, tambm chamada Bezoar, que o principal antepassado selvagem das cabras domesticadas, enquanto que a Ibex nunca foi domesticada. A cabra monts, por um perodo, viveu muito ao sul da Palestina, onde foram descobertos restos em depsitos da Idade da Pedra, mas improvvel que os israelitas a conheceram. ( Veja Zeuner, cap. 6, para discusso completa.) A cabra monts mais provavelmente A Ibex (q.v.). Veja C a b r a .

    G. S. C a nsdale

    CABRA, BODE. Seis palavras hebraicas para cabra so traduzidas de formas bem semelhantes em todas as verses. Os nmeros entre parnteses so todos retirados da KJV (ni [fem.], bode [55], cabra [5]; esta a palavra bsica para cabra, geralmente usada em contextos no-sacrificiais, mas tambm usada para animais de sacrifcio, especialmente em ofertas pelo pecado, onde o termo no deve ser diferenciado de T3?i>, portanto DtV :n cabrito do rebanho [1]; ~nnv, bode [18], carneiro [2]; vindo por derivao, chefe KJV, lder RSV, Isaas 14.9; usada mais comumente para ofertas pacficas feitas por vrios familiares aps o trmino do Tabemculo, muitas outras passagens so tambm sacrificiais, com poucas literais e figurativas. "TOtt, cabra [23], bode [1], cabrito [30] tambm diabo [2] e stiro [2]; exceto na primeira ocorrncia [Gn 37.31, um cabrito morto a fim de obter o sangue para por na capa de Jos] este termo usado apenas para a oferta pelo pecado e bode expiatrio; U [macho], gediyyli [fem], cabrito [10], e DT57

    [7]; exceto para Isaas 11:6, e morar o lobo com o cordeiro, todos so literais e, apenas um sacrificial uma oferta queimada [Jz 13.19]; provavelmente usado para cabritos de apenas alguns meses, por outro lado, muito novo para o padro sacrificial; tn, bode [4], trs em contextos literais, provavelmente era tambm um apelido; T3X, cabra [2], bode [1], deste temos TSS !!? bode, uma palavra mais recente, provavelmente

    do aramaico, aparece trs vezes para oferta pelo pecado, e quatro de forma simblica [Dn 8]; E7iov, carneiro novo, bode [1 ]; pi(()O, cabrito, cabra [1], cabrito [1]; T p y o (masc.), bode [4]; este uso ocorre raramente, mas trgos encontrado apenas em Hebreus 9 e 10, referente a sr, oferta pelo pecado; dois termos so geralmente usados para pequeno rebanho, i.e. ovelhas e cordeiros, misturados ou separados, um termo coletivo para o grupo; ntff, um membro de tal grupo, quase sempre usado no singular. (veja O velh a para uma discusso mais detalhada), n y , traduzido por rebanho, manada ou manada, usado mais para ovelha, mas ocasionalmente para cordeiros. Em Cantares de Salomo 4.1 diz: como o rebanho de cabras. A diferenciao entre os sexos por intermdios dos termos correta, assim temos: o bode e a cabra, mas cabrito e cabrita so bem usados. O mais novo conhecido apenas como cabrito.

    1. Origem e dom esticao. Muitas autoridades consideram que a cabra foi o primeiro ruminante domesticado. O principal ancestral selvagem ainda vivo a Bezor, ou Cabra selvagem de Creta (Capra aegagrus), a qual fica marrom- avermelhado no vero e marrom-acinzentado no inverno. Sua cadeia mais antiga vinda da ndia para Creta, mas seu nmero tem sido bem reduzido; ela desapareceu em diversas reas, tomando-se raro em todo lugar. Um nmero reduzido ainda resta na parte montanhosa de Creta e na ilha de Ciclades. Outra cabra selvagem, vinda do extremo oriente contribui para o rebanho, mas a posio complicada, (veja Zeuner, Cap 6). Todos so animais monteses e com grande habilidade para correr; so animais herbvoros e observadores. Dois fatores somam-se ao problema de datao: primeiro, por algum tempo, a forma domstica no se difere tanto da selvagem. Segundo, em muitos casos, nem os especialistas podem diferenciar alguns ossos de ovelhas e cabras.

    A evidncia recentemente aceita para datar a domesticao, est na camada das escavaes em Jeric correspondente ao perodo pr-cermico neoltico, com o carbono datando 6000-7000a.C. Os vestgios de alguns chifres apresentam uma falha que sugere que eles foram confinados. Um material do norte do Ir, de idade similar, provavelmente indica uma antiga origem da qual as duas reas foram supridas. Entre as cabras mais antigas, dois tipos so reconhecidos um com chifres em forma de saca-rolhas e outro com chifres comuns. Gradualmente, a variedade cresceu em tamanho, propores, cores e tipo de plo; mas

  • CABRA, BODE 837

    4i*

    rsrSjjo v..

    A .i-

    Cabras nos declives palestinos. A//.PS.

  • 838 CABRESTO, FREIO DE CAVALO / CABRIS

    a ampla variedade das raas agora conhecidas, principalmente na Europa, de origem moderna. Estas mostram uma ampla diversidade de cores, incluindo o preto, branco e malhado. A nica meno bblica das cores os bodes com pintas e malhados de Gnesis 30. A arte egpcia antiga ilustra tudo isso.

    2. Usos. A cabra, primordialmente, era mantida devido a seu leite. A came era comida, geralmente, apenas dos cabritos, por exemplo, Juizes 6.19, Gideo... preparou um cabrito, o alimento padro para um estrangeiro que chegasse de surpresa. Mais tarde, o cabrito tomou-se menos valioso. Lucas 15.29ss. o compara desfavoravelmente com um novilho cevado. Apele de bode se tomou o material padro para as garrafas de guas, em pases onde quase no chove, o plo era fiado e tecido em panos. Parece que a ovelha foi domesticada bem antes das cabras (veja O v e lh a ) . As ovelhas ocuparam o lugar das cabras nas reas onde poderiam prosperar, i.e. em terreno menos montanhoso e mais largo, pois produziam uma came melhor, com boa gordura, e l ao invs de plo grosseiro. As cabras ainda eram valiosas como produtoras de leite, mas quando as vacas domsticas comearam a ser usadas, a cabra foi cada vez mais confinada s reas acidentadas e secas. No tempo dos patriarcas, ovelha e rebanho, provavelmente excediam grandemente em nmero as cabras. O leite mencionado 42 vezes no AT; apenas em quatro so especificamente de cabra, trs dos quais se referem s proibies contra ferver um cabrito no leite da prpria me (Ex 23.19, etc.).

    3. D anos na V eg etao . Depois do homem, e com a ajuda dele, as cabras tm sido os maiores destruidores de terra na histria (veja F a u n a ) . Nas terras do Mediterrneo, elas sobem em rvores e as destrem, comendo seus ramos e folhas. Isto ilustrado na arte antiga. A cabra resistente e, se lhe permitido escapar, ela pode se estabelecer rapidamente e se desenvolver numa raa mais ferozes. O dano causado vegetao continua, algumas vezes, at que o habitat seja destrudo e, se for uma ilha, as cabras morrem de fome.

    4. Lugar na narrativa bblica. Diversas referncias, tanto no NT como no AT, mostram que as cabras eram importantes para os hebreus, ainda que a diversidade de nomes e o nmero total sejam bem mais baixos que o nmero de ovelhas e gado. As cabras so mencionadas apenas uma vez em mil. tambm os arbios lhe trouxeram gado mido, sete mil e setecentos carneiros e sete mil

    e setecentos bodes (2Cr 17.11). Na maioria dos pases ocidentais, o problema de dividir as ovelhas dos bodes (Mt 25.32) nunca aconteceria, pois, num rebanho seria improvvel mistur-las e as duas espcies no so facilmente confundidas. Isto no ocorre, entretanto, em muitas terras nas cercanias da Palestina, onde geralmente andam juntos e a raa nativa pode ser semelhante em tamanho, cor e formato. O rabo enrolado das cabras, talvez seja a nica diferena bvia. parte de uma passagem simblica (Dn 8), o bode no parece ter nenhum significado figurativo, mas em cerca de 70% das ocorrncias refere-se aos animais do sacrifcio. Este, ao que parece, teria tido sua principal importncia para os hebreus (veja acima). Alm disso, o plo dos bodes seria o material tecido pelas mulheres hebraicas para cobrir o Tabemculo (Ex26.7), e ainda usado pelos bedunos para fazer tendas. As partes que falam sobre escarlate, linho fino, etc., podem implicar em uma qualidade de tecido superior, talvez comparvel caxemira de hoje. provvel que as raas de plos compridos, do extremo oriente, estabeleceram-se por volta desta poca (do Tabemculo). Em geral, pouco deve ser inferido do contexto sobre a histria natural ou hbitos das cabras.

    BIBLIOGRAFIA. G. S. Cansdale, Animais and Man (1952); F. E. Zeuner, A History o f domesticated Animais, (1963).

    G. S. C a n sd a l e

    CABRESTO, FREIO DE CAVALO ( io t una, %aiUv). Tanto no grego quanto no hebraico, os termos rdea e cabresto podem ser usados indiferentemente, dependendo do contexto. Cada uma das palavras hebraicas acima denota rdea e cabresto. O AT e o NT usam o termo figurativamente, para indicar autocontrole ou submisso a Deus. Porei freio (ou rdeas) minha lngua, disse o salmista (39.1; cp. SI 32.9; Is 30.28). Tiago fala de algum que deixando de refrear a lngua (Tg 1.26), no pode ser perfeito varo, capaz de refrear tambm todo o corpo (3.2). Temos dois exemplos da forma substantiva: Se pomos o freio na boca dos cavalos (3.3) e at aos freios dos cavalos (Ap 14.20). Veja R d e a e F r e io d e C a v a lo .

    G. B. F u n d e r b u r k

    CABRIS (App, Xa(3p). Filho de Gotoniel, ancio e um dos trs governadores de Betlia, para quem Judite pediu ajuda (Jud 6.15; 8.10; 10.6).

  • CABRITO / CAA 839

    CABRITO. Veja C a b r a .

    CABUL Oud [1] em Js 19.27; LXX [B]: Xco|3a; [A]:Xa); [2] em lR s9.13,aL X X usa bptov. Tanto Vn:3 quanto piov significam distrito.

    1. Cidade na fronteira oriental de Aser (Js19.27). Talvez Xa(3coXc, em Josefo (Life thliii, 44). A moderna Cabul fica entre as colinas, a cerca de quatro horas (14,5 km) de Acre. Cabul no deve ser identificada com a Cabura da lista de Ramss III (n-. 23); Cabura fica mais ao sul.

    2. Distrito no norte da Galilia, que abrange vinte cidades, o qual Salomo cedeu a Hiro (lRs 9.13) como parte do pagamento pela ajuda que este forneceu na construo do Templo de Jerusalm. Quando Hiro viu de que forma seria remunerado, ficou to insatisfeito que chamou-a de terra de Cabul, que na etimologia popular talvez significasse a troco de nada (BDB 459), ou seja, sem valor. Considerando que os fe- ncios eram um povo navegador, possvel que Hiro preferisse as cidades costeiras. Ou talvez a relativa esterilidade do pas, de terreno elevado, o desagradasse. Ou talvez, ainda, as cidades estivessem muito deterioradas. Hiro (Huram), aparentemente, devolveu as cidades a Salomo, que as reconstruiu (2Cr 8.2).

    BIBLIOGRAFIA. B. P. Grenfell eA. S.Hunt(orgs.), New Classical Fragments, and other Greek and Latin Papyri, II (1897). 15.3; B. P. Gienfell, A. S. Hunt e D. G. Hogarth (orgs.), Faym Towns and their Papyri (1900), 38.6; B. P. Grenfell, A. S. Hunt e E. J. Goodspeed (orgs.), The Teblunis Papyri, II (1902-1907), 277.15; Aegyptische rkunden aus den kniglichen Museen zu Beriin: Griechische Urkunden, II (1895-1926), 616.6; ibid., IV, 1049.9; F. M. Abel, Gographie de la Paiestine, 11(1938), 14,287.

    R . C. R idall

    CABZEEL (7NI22P, D eu s p o d e ajudar). Uma cidade no extremo sudeste de Jud, prxima fronteira de Edom (Js 15.21). Era a cidade nativa de Benaia, filho de Joiada, um dos principais oficiais de Davi e Salomo (2Sm 23.20; lCr 11.22). Foi repovoada pelos judeus aps o Exlio (Ne11.25, J e c a b z ee l). O local possivelmente seja a atual Khirbet Horah.

    S. B a ra ba s

    CAA (7x, m X, caa). O termo hebraico se refere caa de todos os tipos, ainda que a caa apropriada seja a came de veado. Os jogos de caa no eram um passatempo hebreu to popular, mas

    Registro de caa ao leo. Escultura do palcio de Assurbanipal em Nnive. O rei, de forma herica, mata um leo com uma espada curta. B.M.

  • 840 CAAR/ CACO

    Arco e flecha.

  • CADVER / CADEIRA 841

    acreditam que o straco de Samaria eram recibos de imposto do governo, para aqueles que tinham pago taxas em forma de produto. Outros acham que eram recibos comuns. Algumas das mensagens mencionadas na Bblia foram escritas em cacos. Finalmente, os cacos foram feitos de terra fina e adicionados ao gesso impermevel, usado no revestimento de cisternas.

    Os cacos servem hoje como a melhor pista para datar a histria da Bblia. s vezes, so at melhores que as moedas, que permanecem em uso por mais tempo.

    J. L. K elso

    CADVER (Heb. m i "UD; gr. 7iT)|ia) significa um corpo humano morto. Na KJV, as Escrituras do AT so redundantes, embora enftica ao falar dos corpos dos soldados de Senaqueribe, evidentemente mortos pela praga, como corpos mortos (2Rs 19.35; Is 37.36). No somente isso, mas aKJVno deixa claro se aqueles que viram os corpos mortos eram pessoas diferentes daqueles que eram corpos mortos. Estas questes so colocadas correta e claramente na ASV. A ARA corrige e traduz os dois termos hebraicos [cpnn epud] como cadveres. Na Palestina, nos tempos do NT, era costume se enterrar os cadveres dentro de 24 horas aps a morte, como o caso hoje em terras de clima quente. Sem dvida, este foi o caso com o cadver de Joo Batista (Mc 6.29) e o de Cristo (Mt 27.57-60). O direito legal de posse de um cadver variou atravs dos anos. Evidentemente o corpo de Cristo s se tomou posse de Jos de Arimatia depois que foi oficialmente liberado por Pilatos. Atualmente, nos Estados Unidos, a lei se recusa a reconhecer um cadver como propriedade de outrem num sentido material, mas reconhece o direito dos sobreviventes de decidir quais providncias sero tomadas. Nos tempos do AT, deixar de ser sepultado era considerado uma desgraa para o finado (Jr 16.4).

    BIBLIOGRAFIA. R E. Jackson, Corpse, EBr (1963), VI, 542.

    P. E. A d o lph

    CADEIA (S). Sete palavras diferentes, na Bblia, so assim traduzidas. O termo aplicado a uma variedade de tipos diferentes de correntes.

    1. Depois da queda de Jerusalm, em 586 a.C., Jeremias, entre outros, foi acorrentado (Heb. piN, somente no plural; EPpTN Jr 40.1,4).

    Em uma forma sinttica, 0p'tem o mesmo sentido (SI 149.8; Is 45.14; Na 3.10). Em J 36.8, ames- ma palavra usada metaforicamente para se referir s cordas de aflio. Um estudo dos monumentos assrios e egpcios revela que os prisioneiros eram normalmente atados com cordas, de forma que o termo poderia denotar corda, em muitos casos.

    2. O termo rmyn (pl. rmiyn) se refere s cadeias que mantm junta a constelao das Plaides (J 38.31).

    3. Em uma srie de casos, as cadeias so ornamentais. Dois termos so usados nesse sentido:(a) munts', para as correntes de ouro na vestimenta dos sacerdotes (x 28.14,22; 39.15) e para as cadeias ornamentais sobre os pilares etc., no Templo de Salomo (lRs 7.17 e 2Cr 3.5,16). (b) npm (pl. mpm), das cadeias de prata colocadas sobre os dolos (Is 40.19).

    4. Em uma escala menor, o termo se refere a um colar ou argola retorcida, usada no pescoo (Gn 41.42). O termo usado com sentido metafrico em Ezequiel 16.11, para se referir ao cuidado de Yahweh com Jemsalm. Algumas vezes, um colar era o presente de um rei para agraciar um sdito (Dn 5.29).

    5. No NT, o termo Xuoi usado para as correntes dos cativos (Mc 5.3,4; At 28.20 e Ap 20.1). Freqentemente, os prisioneiros eram amarrados a seus guardas por meio dessas correntes (At 12.6,7).

    6. Um termo geral, para qualquer coisa que sirva para atar ou amarrar, traduzido, algumas vezes, por lao no NT (grego: 5etj(i: At 26.29; Hb 11.36 e Jd 6).

    J. A rt h u r T h o m pso n

    CADEIRA (XQ3, do sumrio GU.ZA). Muitas vezes se usa o termo hebraico XGD para se referir ao trono do rei. Contudo, ele tambm usado para uma simples cadeira. A cadeira ou assento de Eliseu em seu pequeno quarto, em Sunm, poderia ser traduzido como banco (2Rs 4.10). Eli tinha uma cadeira na porta da casa de Deus, em Silo (ISm 1.9; cp. J 29.7).

    H. W olf

    CADEIRA. A traduo de kqd em 2 Reis 4.10 e de 'PK (Assento, ARC; Duas pedras, BJ) em xodo 1.16. O assento consistia em duas pedras ou dois tijolos no qual uma mulher se assentava durante o parto. Remanescentes arqueolgicos mostram que o uso de tais assentos existia no antigo Egito.

  • 842 CADEIRA DE MOISS / CADES-BARNIA

    CADEIRA DE MOISS (Mcowco K a S p a ). O nome dado a uma cadeira de honra especial na sinagoga, onde o mestre da lei autorizado se sentava. O mestre, na prtica, exercia a autoridade de Moiss, em quem os escritos e as principais linhas da lei oral eram consideradas como originando-se. Nem todos os fariseus eram realmente escribas, entre cujo nmero havia tambm saduceus. Os escribas eram tidos como os verdadeiros exegetas da Lei de Moiss (Mt 23.2).

    BIBLIOGRAFIA. E. L. Sukenik, Ancient Synago- gues in Palestine and Greece (1934), 5 7-61. M. Avi-Yo- nah, Views o f the Biblilcal World. Vol. V (1961), 63.

    S. B arabas

    CADES BARNE. Forma de C ades-B arnia na B J.

    CADES-BARNIA snp, a cidade santa de Bamia, uma rea de osis ao norte do Sinai.

    1. Geografia. Cades-Barnia um termo que foi aplicado a uma rea de osis formada pela presena de quatro fontes: Ain Qedeis, Am el-Qu- deirat, el-Qoseimeh e el-Muweilah (lendo do Leste para Oeste). A rea de mltiplas fontes era a maior no distrito Neguebe-Sinai, e estava localizada aproximadamente 80 km a sudoeste de Berseba e cerca de 80 km da costa do Mediterrneo ao oeste. Os eruditos antigos geralmente aplicavam o nome Cades-Barnia a uma destas fontes. Visto que Ain Qedeis preserva o Cades original, alguns estudiosos aceitaram este local, mas ela apenas uma pequena fonte. Pode ter sido suficiente para o Tabemculo e seu quadro de funcionrios, porm ningum mais. Outros estudiosos favoreceram Ain

    Possvel localizao de Cades ou Cades-Barnia, no Neguebe, ao sul de Berseba. M.P.S.

  • CADES-BARNIA 843

    el-Qudeirat uma vez que era a maior das fontes entre Suez e Berseba. Existem runas de uma fortaleza judaica neste local.

    O nome Cades. i.e. Santo, uma designao natural para um local com tanta gua numa rea desrtica. Somente os deuses poderiam fazer isto! Bamia um termo ainda no compreendido. Cades-Barnia era o ponto de juno na fronteira Neguebe-Sinai, onde a estrada de Berseba se ramificava em trs caminhos. A estrada ocidental seguia o Wadi el-Arish at o Mediterrneo. A estrada central continuava em direo ao sul para o Egito, e a estrada oriental logo virava para o sul para o Golfo de Acaba.

    2. Histria. A primeira referncia bblica ao local (Gn 14.7) usa o nome alternativo En-Mispa- te. Visto que era um lugar santo, problemas legais seriam resolvidos ali, chamando assim o local de a fonte de juzo. Ele foi a linha divisria ocidental dos exrcitos de Quedorlaomer e seus aliados que invadiram Edom e o Sinai pelos suprimentos valiosos sobre cobre. Na poca do xodo, Moiss falou de Cades-Barnia, que estava na extremidade do territrio pertencente ao rei de Edom (Nm20.16). A evidncia arqueolgica, todavia, mostra que o local estava ocupado desde o ltimo perodo calcoltico at a Antiga Idade de Bronze.

    Abrao usou Cades-Barnia como o principal depsito de suprimentos em sua rota comercial entre Gerar, sua base de comrcio na Palestina, e o mercado egpcio (Gn 20.1). Sua caravana de burros encontrou tanto a gua como a forragem que precisava. A maior populao da rea nos tempos do AT foi no perodo do Mdio Bronze I, que a data para Abrao. A experincia de Hagar em Beer Laai-Roi foi perto daqui, no caminho para o Egito (Gn 16.7-14).

    Cades-Barnia compartilhou com o Monte Sinai os eventos histricos chaves da caminhada pelo deserto, apesar de os estudiosos discordarem em relao a quantidade exata de tempo que Israel passou em Cades. Deuteronmio 1.19 resume a viagem de onze dias do Monte Horebe at Cades- Barnia. Ento, partimos de Horebe e caminhamos por todo aquele grande e terrvel deserto que vistes, pelo caminho da regio montanhosa dos amorreus, como o Senhor, nosso Deus, nos ordenara; e chegamos a Cades-Barnia. (O mesmo itinerrio de onze dias usado nessa rota de comrcio hoje em dia.) Cades-Barnia se tomou o local chave na histria do xodo. Os espies foram enviados de Cades-Barnia (Dt 1.20ss.). O relato dos espies ao regressarem (Nm 13.25 14.45), a conseqente

    revolta de Israel contra Moiss, e a rejeio de Deus daquela gerao rebelde, aconteceram aqui. A passagem inclui um resumo breve da derrota de Israel quando a nao desobedeceu a Deus e atacou a regio montanhosa ao norte de Cades-Barnia.

    As fontes em Cades-Barnia so tambm chamadas de as guas de Merib, i.e. conten-

  • 844 CADES, NA TERRA DOS HETEUS / CADMIEL

    da (27.14; Ez 47.19). Foi aqui que os israelitas reclamaram a Moiss que no havia gua para o povo; e foi aqui que Moiss se esqueceu de dar a glria a Deus pelo milagre de gua (Nm 20.1 - 13). Miri morreu em Cades (20.1), e no Monte Hor, Aro foi enterrado (20.22-29).

    Moiss enviou mensageiros de Cades para o rei de Edom, pedindo permisso para atravessar seu territrio, porm o pedido foi negado (20.14-21). Cades estava beira do territrio edomita. Edom, naquela poca, se estendia muito mais ao ocidente do que muitos leitores da Bblia percebem. As fronteiras ao sul da Terra Prometida so dadas em Nmeros 34.1-5. Cades-Barnia o primeiro local mencionado aps a ascenso de Acrabim. Esta Cades provavelmente Ain el-Qudeirat. Depois segue-se Hazaradar, que , s vezes, identificada com Ain Qadeis, e Azmom identificada com el- Muweilah. Todas estas so nascentes do Rio do Egito (Wadi el-Arish). A mesma fronteira dada em Josu 15.3, mas Hazar-Adar se tomou em duas cidades ao invs de uma.

    Josu conquistou Cades-Barnia (Js 10.41). Em Gilgal, Calebe, falando com Josu, referiu-se ao antigo episdio da espionagem de Cades-Barnia e pediu como sua herana a regio montanhosa que havia frustrado a entrada fracassada de Israel, logo depois do xodo do Egito. Jeft recapitulou a histria do pedido de Moiss, feito em Cades, de passar atravs de Edom (Jz 11.16,17).

    3. Material arqueolgico. O perodo de Abrao tem material arqueolgico que ilumina a histria de Gnesis; ver Gods Wilderness de B. Rothenberg, pp. 35-36. Os arquelogos no encontraram nenhuma construo permanente do perodo de xodo em nenhuma das quatro fontes de Cades. O AT especfico, porm, que os israelitas eram nmades no Sinai, at seu Tabemculo era uma construo mvel; conseqentemente, existe pouco para os arquelogos descobrirem. Espera- se, todavia, que pesquisas adicionais lancem luz sobre este perodo.

    Os arquelogos resumem a histria em Ca- des-Bamia pela descoberta da fortaleza que M. Dothan escavou. Obras anteriores no local foram feitas por Woolley e Lawrence. A fase mais antiga 0 0 9 sc. a.C. ou ligeiramente mais cedo. A principal fortaleza data do 8o sc. a.C., ou um pouco mais cedo, e foi utilizada at o 6o sc. a.C. Foi destruda pelos edomitas. A fortaleza no estava em terras altas, mas no vale ao longo do riacho que flui de Ain en-Qudeirat. uma fortaleza casamata tpica, medindo 60 x 41 metros. Cada uma das paredes da

    casamatas tem cerca de 1 metro de largura com 4 ou 5 metros de espao aberto entre elas. Havia oito torres, uma em cada canto e uma perto do centro de cada lado. O andar de cima da fortaleza era de pedra. Este local se tomou militarmente importante sob Josaf, quando ele entrou no comrcio do Mar Vermelho.

    Alguns cacos de loua do perodo persa exibem uma ocupao ps-exlia em volta da fonte, mas a ocupao principal seguinte, em toda a rea de Cades-Barnia, foi nabataeana. Os ltimos mestres na rea em geral foram os bizantinos.

    BIBLIOGRAFIA: C. L. Woolley e T. E. Lawrence, The Wilderness ofZin, nova ed. (1936); R. Rothenberg, Gods Wilderness-Discoveries in Sinai (1961); M. Dothan, IEJ, The Fortress of Kadesh-Bamea, vol. 15, 134ss.

    J. L. K elso

    CADES, NA TERRA DOS HETEUS. Veja H o d si.

    CADES NO ORONTES (TTp). Uma cidade no Rio Orontes, um pouco ao sul do lago de Humus. A conhecida batalha entre Ramss II e os hititas aconteceu aqui, em 1288 a.C. a atual Tell Nebi Mend, cerca de 64 km ao sul de Hamate e 80 km ao norte de Damasco.

    Nas Escrituras, Cades mencionada como a extenso setentrional de Israel nos dias de Davi (2Sm 24.6). Alguns estudiosos duvidam desta localizao para a cidade, achando que est muito ao norte para se ajustar na passagem. A RS V traduz toda a frase como e a terra baixa de Hodsi.

    J. B. S cott

    CADIAS, OS DE; CADIASANOS. (XaSiaoci, XaSaaca). Os habitantes de Cades foram os exilados que regressaram Babilnia com Zorobabel e os amidianos (lEsd 5.20). Eles no aparecem no Esdras cannico, nem em Neemias. Alguns os relacionam com o povo de Quedes (Js 15.23), de Hadasa ou Adasa.

    CADMIEL C?ss7p) Um Levita, cabea de uma casa tribal, que regressou do Exlio com Zorobabel (Ed 2.40; 3.9; Ne 7.43; 12.8,24). Um Cadmiel supervisionou os trabalhadores que reconstruram o Templo (Ed 3.9), selou a aliana (Ne 10.9), e louvou a Deus pelo regresso do Exlio (9.4,5; 12.24).

    S. B ara ba s

  • CADMONEUS / CAFARNAUM 845

    CADMONEUS (]OTp, que significa habitante do leste, i.e. algum dos pases do Leste). Um povo cuja terra foi prometida aos descendentes de Abrao (Gn 15.19). Eles so mencionados, juntamente com outros povos, como um povo cuja terra estava em algum lugar dentro da regio que se estendia entre o Rio do Egito ao sul e o Rio Eufra- tes ao norte. Oadmr derivada da raiz q-d-m, que quer dizer frente ou antes. Os hebreus e outros povos designavam direes olhando para o sol nascente: antes ou frente era a direo Leste, direta estava o Sul, etc. Conseqentemente, a terra do leste era a terra de Qedem ou terra oriental (Gn 25.6). Os cadmoneus, portanto, eram um povo da terra oriental. O povo da terra oriental tambm era chamado de filhos de Qedem,i.e. povo do Oriente, que era o povo de J (J1.3), dos reis montados em camelos de Midi (Jz 8.10-12), e de certos homens sbios do tempo de Salomo (lRs 4.30,31). Dentro da extenso entre o Rio do Egito e o Rio Eufrates, o deserto srio ao leste de Biblos, talvez mais especificamente, seja a terra dos cadmoneus.

    BIBLIOGRAFIA; R. A. Bowman, Kadmonites, IDB, K-Q (1962), 2.

    H. E. F inely

    CAFARNAUM (Ka^apvaoji, KaTispvaoii; in: HDD aldeia de Naum). Cidade situada na costa noroeste do Mar da Galilia, lar galileu de Jesus. A cidade, evidentemente, emprestou esse nome de algum chamado Naum, mas no h prova de que se tratasse do profeta Naum. O nome da cidade no aparece nas Escrituras, a no ser nos evangelhos.

    1. O local. H muita discusso quanto localizao exata de Cafarnaum. A evidncia disponvel ainda hoje no completamente conclusiva. Dois locais foram sugeridos: Tell Hum e Khibert ou Khan Minya. Esta ltima est situada ao longo da costa noroeste do Mar da Galilia, na extremidade da plancie de Genesar, a cerca de 8 km do local onde o Jordo encontra o Mar, ou seja, a 4 km depois de Tell Hum. Josefo fala de um lugar de existem muitas nascentes chamado Cafarnaum (Wars III, x. 8). De fato, existem muitas nascentes em Ain et-Tin e Ain et-Tabgha que ficam entre Khan Minya e Tell Hum. No h nada a respeito das distncias envolvidas, todavia, que permita identificar a localizao de Cafarnaum com um ou outro lugar. Josefo nos informa que, tendo se machucado ao cair do cavalo, durante uma campanha perto de Julias (=Betsaida), nas proximidades

    Uma parte de Cafarnaum vista do Mar da Galilia. Lev

  • 846 CAFARNAUM

    Um dose das runas da sinagoga de Cafarnaum. Construda no 2 sc. a estrutura foi erigida sobre as runas da sinagoga antiga, construda no 1o sc, Lev

    do Jordo, foi levado para uma aldeia chamada Cefarnome ou Cafarnaum [Life, 72). Alguns acreditam que ele tenha sido levado para o local mais prximo de Tell Hum. Novamente, contudo, at mesmo a localizao do acidente de Josefo no conhecida com preciso suficiente para que, a partir dela, possamos determinar o local da aldeia. Ao mesmo tempo, tanto Khan Minya quanto Tell Hum estavam bastante prximas uma da outra e serviriam a esse propsito.

    Alguns escritores medievais identificavam Minya com Cafarnaum, mas isso ocorre muito tarde para ser convincente. Por isso, essa opinio no tem muita fora.

    Hoje, em geral, se acredita que Tell Hum seja a melhor escolha. AMidrash Rabbah (Sir. III. 10) e o Talmude de Jerusalm (Ther. XI. 7) falam de Tanhum, o que parece ser uma variao de Naum. O rabe Tell Hum pode ser uma corruptela disso. Teodsio (c. 530 d.C.), e outros escritores cristos, concordam com essa identificao. O Onomasticon de Eusbio situa Cafarnaum a 3 km de Corazim, o que faz com que a identificao de Cafarnaum com Tell Hum seja melhor ainda. Mas a prova mais convincente de todas, da identificao de Cafarnaum com Tell Hum, fornecida pelas escavaes que foram realizadas ali.

    2. Arqueologia. A investigao arqueolgica no encontrou cermica anterior ao perodo rabe em Khan Minya, mas encontrou muitos exemplares de cermica romana em Tell Hum. Dessa forma, Khan Minya provavelmente no era habitada na poca de Cristo. Entre as runas de Tell Hum h uma construo em forma octogonal considerada o lar de Pedro. Contudo, o mais provvel que sejam as runas de uma igreja, construda no local tradicionalmente atribudo morada de Pedro (veja Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39).

    Sem dvida nenhuma, a runa mais impressionante do stio a de uma antiga sinagoga. A descrio pormenorizada da relao com a sinagoga de nosso Senhor, dada por Slvia em 385 d.C. corresponde sobremaneira s caractersticas da rua que conduz sinagoga, no stio. O edifcio em si tinha 20 metros de comprimento e a altura de um sobrado. Em vez de ser construdo com o basalto negro do local, era feito de pedra calcria branca. Era uma estrutura com muitos ornamentos, mostrando uma grande variedade de desenhos e figuras, alguns dos quais deviam ser ofensivos lei de Moiss, se tomados literalmente. A Midrash Rabbah (Koh. I. 8) fala de Cafarnaum como um local dos Minim ou sectrios, e pode ser que a ornamentao da sinagoga fosse, mesmo na antigidade, considerada

  • CAFARSALAMA 847

    heterodoxa. A construo est datada entre os scs. II e III, embora possa-se dizer com segurana que ela fica no lugar da sinagoga da poca de nosso Senhor, a que foi construda por um centurio romano, e que mencionada em Lucas 7.5. Em um dos pilares h a inscrio: Alfeu, filho de Zebedeu, filho de Joo, fez esta coluna; bendito seja ele, o que um lembrete, talvez, de que Joo, Tiago e a famlia de Zebedeu fossem proeminentes cidados do local (Mt 4.21; Mc 1.19; Lc 5.10). Tambm foi descoberto um pote de man entalhado em seu local tradicional, na verga da porta. Ele teria sido visvel da mesa de leitura da sinagoga e pode muito bem ter sido a viso desse pote que sugeriu a Cristo o sermo sobre o po da vida, quando ele esteve na Sinagoga de Cafarnaum (Jo 6.48-59)

    3. Cafarnaum nos evangelhos. Ajulgar pelos relatos dos evangelhos, Cafarnaum era uma cidade de importncia considervel. Era l que Mateus se sentava na coletoria de impostos, recolhendo o valor sobre a pesca no lago, entre outras coisas (Mt 9.9). Era o lar de um governo oficial de alta patente (Jo 4.46). Um centurio romano, com seu destacamento de soldados, tambm vivia ali. A residncia deles era grande e importante o suficiente para que o centurio providenciasse nela uma sinagoga para a congregao dos judeus locais. A pergunta que nosso Senhor fez em Cafarnaum (Tu, Cafarnaum, elevar-te-s, porventura, at ao cu?) referindo-se, aparentemente, atitude altiva da cidade, e a maneira severa com que a condenou, parece ter se cumprido, no sentido mais literal, pela dificuldade de se descobrir e identificar o stio hoje em dia(Mt 11.23; Lc 10.15).

    Parece que Jesus tomou Cafarnaum seu quartel-general na Galilia, depois de deixar Nazar, talvez por ser aquele um centro populacional maior, ou porque vrios de seus discpulos morassem l (Mt 4.13). Foi perto desse local que ele chamou os pescadores (Mt 4.18; Mc 1.16; Lc 5.1) e o coletor de impostos (Mt 9.9ss.; Mc 2.13ss.; Lc 5.27ss.) para seu servio. Muitos milagres foram realizados em Cafarnaum, inclusive a cura do criado do centurio (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10), do filho do oficial do rei (Jo 4.46-54), da sogra de Pedro (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc 4.38,39) e do paraltico (Mt 9.2-8; Mc 2.1-12; Lc 5.17-26). Foi provavelmente em Cafarnaum que ele ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9.18-26; Mc 5.21-43; Lc 8.4056). L ele tambm espantou um esprito imundo (Mc 1.21-34; Lc 4:31-41) e usou uma criana para ensinar sobre a humildade (Mt 18.1-5; Mc 9.33-37; Lc 9.46-50).

    BIBLIOGRAFIA. G. Dalman, Orte imd Wege Jesu(1919), 132-149; E. L. Sukenik,Ancient Synagogues in Palestine and Greece( 1934), 7-21; C. C. McCown, La- dder ofProgress in Palestine (1943), 257-260,267-272; J. S. Kennard, Was Capemaum the Home of Jesus?, JBL, LXV (1946), 131 -141; E. F. F. Bishop, Jesus and Capemaum, CBQ, XV (1953), 427-437; C. Kupp, The Holy Places o f the Gospels (1963), 171-179.

    H. G. A n d e r s b j

    CAFARSALAMA (X at|)apaa au) o local desconhecido de uma contenda entre Judas Macabeus e Nicanor, oficial do rei da Sria e governador da Judia. 1 Macabeus 7.26-32 relata que

    Outra vista das runas de Cafarnaum. Lev

  • 848 CAFE / CAIFS

    Nicanor traioeiramente tentou prender Judas. Tomando cincia de que o seu plano fora descoberto, Nicanor saiu para dar combate a Judas em Cafarsalama. Ali tombaram, do seu exrcito, cerca de quinhentos homens, fugindo os outros para a cidade de Davi. Xaifip significa vilarejo ou aldeia. ZA,a|loc tem sido identificada a Siloam e tambm com KhibertDeir-Sallam, que fica a cerca de 19 km de Jerusalm.

    H. Ja m ie so n

    CAFE (rp). Dcima primeira letra do alfabeto hebraico; possui som de k. A palavra cafe significa palma da mo, em hebraico, e sua forma original era a de uma mo com trs dedos. No 9- sc., desenvolveu um alongamento diagonal. Nessa forma, foi emprestada ao grego, formando a letra kappa, de onde vem o k dos alfabetos romnicos. Como numeral, cafe expressa o valor vinte (20). No Salmo 119 usada para introduzir a dcima primeira parte, e cada versculo seu comea com esta letra.

    G. L. A r c h er

    CAFENATA (Xocevoc0oi). Aparentemente, uma parte do muro de Jerusalm que d para o levante havia cado, (IMac 12.37), e foi consertada por Jnatas Macabeus e os ancios do povo. Sua localizao desconhecida.

    CAFIRA. Forma de C e f i r a na BJ.

    CAFTORIM, CAFTOR (nnnsD, nriDD, de significado incerto). Nome de um povo e do lugar de onde ele vem.

    1. Referncias bblicas. As referncias explcitas a Caftor so poucas. Os filisteus e os caftorins, segundo se diz, teriam vindo de Caftor (Dt 2.23; Am 9.7) e, provavelmente, se identificam ou se relacionam um com o outro. (Em Gn 10.14 e lCr 1.12, diz-se que os filisteus vieram de Cas- luim e, normalmente, se presume que a frase em questo tenha sido mal construda e o texto deveria ser lido Caftorim, de onde saram os filisteus). Na Tabela das Naes (Gn 10), os caftorins so descendentes do Egito.

    2. Identificao. O mais prximo que o AT chega da localizao de Caftor est em Jeremias

    47.4, onde os filisteus so o resto de Caftor da terra do mar. Caftor pode significar a prpria costa filistia: o Senhor destruir os filisteus, o resto de Caftor da terra do mar. Mais provavelmente, todavia, mais uma referncia terra de onde os filisteus vieram, a qual chamada 7, ilha/costa. Devemos decidir entre que Caftor e aquilo que faz parte de Caftor. Mesmo sendo a primeira delas a mais aceita, devemos escolher entre ilha e costa. Contudo, uma localizao precisa est longe de ser atingida a partir de uma prova bblica. Fora da Bblia, termos semelhantes a Caftor ocorrem em textos cuneiformes do segundo milnio a.C. Kaptara um termo que descreve uma terra alm do Mar Alto (Mediterrneo), e era do conhecimento de Sargo de Acade. As inscries de Mari mencionam Kaptara, e as ugarticas usam Kptr (paralelo a Hkpt), mas nenhuma localizao dada. Nos textos egpcios, da mesma data, aparecem menes a Keftiu. O fato de que esse nome desaparece dos textos egpcios por volta da mesma poca em que a escrita linear B substitui a linear A em Creta, sugere que Keftiu fosse a palavra egpcia para Creta. Sobre essa evidncia, muitas teorias foram construdas: (1) que a Caftor bblica usada no mesmo sentido que Kaptara, Kptr e Keftiu, e se refere a Creta: (2) que as palavras no se referem ao mesmo local, mesmo que possam estar relacionadas, e que a Caftor bblica se refere Cilcia. Nesse ltimo ponto de vista admite-se que Keftiu signifique Creta, mas os paralelos mais aproximados aos caftorins bblicos se encontram na Cilcia.

    BIBLIOGRAFIA. G. A. Wainwright, Caphtor- Cappadocia, VetTest, VI (1956); C. H. Gordon, The World o f the OT (1958), 293; J. Prignaud, Caftorim et Kertim, RB (1964); K. A. Kitchen, Ancient Orient andO T ( 1966), 80ss.

    D. K. H u ttar

    CAIFS (Kai(j>a; Nestle: Kcaoc; Westcott- Hort: Kaicjxx; a verso de Douay usa [Kaujia], acompanhando a maioria das testemunhas ocidentais). Caifs era o sumo-sacerdote oficial durante o ministrio e julgamento de Jesus (Mt 26.3,57; Lc 3.2; Jo 11.49; 18.13,14,24,28; At 4.6).

    Para assegurar o controle sobre todos os assuntos da Judia, os romanos se reservavam ao direito de indicar no apenas o legislador civil, mas tambm o lder religioso dos judeus, o sumo sacerdote. Josefo relata que Jos, tambm chamado Caifs fora feito sumo sacerdote pelo

  • CAIFS 849

    procurador Valerius Gratus (18 d.C.), e foi deposto pelo procurador Vitellius (36 d.C.). Seu sucessor foi Jnatas, filho de Anano, normalmente identificado com Ans do NT {Ant. xviii. ii. 2; iv. 3). Assim, o sumo sacerdcio de Caifs durou uns dezoito anos, permanecendo em marcado contraste com as rpidas mudanas no oficio, antes e depois dele. Isto indica que ele era bastante astuto e adaptvel para conciliar os romanos. De acordo com Joo 18.13, ele era genro de Ans, deposto do cargo de sumo sacerdote, no ano 15 d.C., por Valerius Gratus. Nem Caifs nem seu sogro so mencionados no evangelho de Marcos.

    Caifs mencionado pela primeira vez no NT em Lucas, e o encontramos no comeo do ministrio de Joo Batista (Lc 3.1,2). O relato de Lucas impressionante: no sumo sacerdcio [sing.] de Ans e Caifs. Essa expresso indica uma irregularidade. A conjectura de que e Caifs seja uma interpolao no se sustenta no manuscrito. Creed (G ospel A ccording to Luke [1930], p. 49ss.) acredita que a expresso reflita uma desinformao de Lucas quanto ao sacerdcio, pois ele no menciona Caifs em relao ao julgamento. E em Atos 4.6,

    ele escreve: o sumo sacerdote Ans. Bultmann (Das Evangelium des Johannes 123 ed., pp. 496, 497) sugere que o problema esteja relacionado a um descuido de Lucas, que mistura duas tradies: uma, familiar a ele, mencionando Ans como sumo sacerdote; outra, fazendo de Caifs sumo sacerdote. Por aceitarem a exatido do enunciado de Lucas, estudiosos conservadores sustentam que isso reflete bem a verdadeira situao. Como sumo sacerdote emrito e chefe de uma famlia poderosa, Ans continuou a exercer grande influncia por meio de seu genro, o sumo sacerdote oficial. Que Ans continuasse a exercer grande influncia aps sua deposio parece evidente, pois conseguiu que cinco de seus filhos fossem indicados como oficiais. Manson diz que Ans exerceu poderes extra-oficiais que eram, na prtica, equivalentes ao cargo oficial (Luke, M offatt N T Com m entary [1930], p. 25).

    Depois da ressurreio de Lzaro, o Sindrio se reuniu para discutir o que fazer a respeito de Jesus (Jo 11.47-53). Caifs, ... sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: ... convm que morra um s homem pelo povo. Seu prop

    0 acesso casa de Caifs no Monte Sio, Jerusalem. M.P.S.

  • 850 CAIM

    Casa de Caifs, ptio interior. M.RS.

    sito foi adotado pelo Sindrio. Joo nota que as palavras de Caifs foram profticas. Elas tinham um significado mais elevado do que ele imaginava. A sugesto de sacrificar Jesus para salvar a nao expressava a essncia do plano divino de salvao de todos os homens por intermdio da morte de Cristo. O fato de Joo repetir trs vezes que Caifs era o sumo sacerdote naquele ano (11.49,51; 18.13) no significa que ele pensasse em uma nomeao anual para o cargo de sumo sacerdote, uma prtica estranha aos judeus, mas aponta para aquele ano memorvel, ano em que aquelas coisas aconteceram.

    A poltica de Caifs foi posta em prtica com a priso de Jesus. Ele foi conduzido primeiramente a Ans; pois era sogro de Caifs, sumo sacerdote naquele ano (Jo 18.13). Joo 18.1923 parece relatar um exame preliminar diante de Ans, uma vez que o v. 24 diz, Ento, Ans o enviou, manietado, presena de Caifs, o sumo sacerdote. Mas a dificuldade evidente, uma vez que o oficial no versculo 22 chama Ans de o sumo sacerdote. (A ordem dos versculos que se encontra alterada no Sinatico Siraco e no minsculo 225 uma tentativa de diminuir a dificuldade). O oficial continua a chamar Ans de sumo sacerdote, embora Joo lembre (v. 13) que era Caifs o sumo sacerdote.

    O evangelho de Joo no relata a noite do julgamento diante de Caifs e do Sindrio (cp. Mt 26.57-68; Mc 14.53-65). Quando as testemunhas falharam para incriminar Jesus, o ardiloso sumo

    sacerdote intimou o prisioneiro a declarar se ele era ou no o Messias. Ento, com hipocrisia, confessou-se chocado com a resposta.

    Como um saduceu que se opunha aos ensinamentos sobre a ressurreio, Caifs representou o papel principal na perseguio da Igreja Primitiva. Em Atos 4.6 ele chamado de segundo entre os lderes saduceus, que se reuniram para tentar Pedro e Joo. Que Ans, antes que Caifs, seja chamado aqui de sumo sacerdote problemtico, mas parece ser uma evidncia ainda maior do poder contnuo do antigo sumo sacerdote. Caifs , provavelmente, o sumo sacerdote mencionado em Atos 5.17-21,27; 7.1; 9.1 como o amargo perseguidor dos cristos.

    BIBLIOGRAFIA. J. H. Bemard, Gospel Accor- ding to John, ICC, II (1929), 404; 591 ss.; 599-602; K. Lake, BC, IV (1932), 41, 42; E. Hoskyns, The Fourth Gospel, F. N. Davey, org. (1940), 409-413; 513, 514; N. Geldenhuys, Commentary on Luke, The New International Commentary on NT (1956), 142; F. F. Bruce, "Commentary on the Book of Acts, New International Commentary on NT (1954), 97, 98; W. Hendriksen, Gospel of John, AT Commentary, II (1954), 162-165; 384-398; C. K. Barrett, Gospel According to John ( 1960), 338ss.; 436-442.

    D. E. H iebert

    CAIM (rp , do termo hebraico adquirir, por etimologia popular. Relacionado com a frase

  • CAIM (Cidade) / CAIXA 851

    forjar o metal e, por conseguinte, ferreiro). Filho mais velho de Ado e Eva, que cultivava o solo enquanto Abel, seu irmo mais novo, era pastor. Caim tomou-se smbolo de maldade, pois no demonstrava f na revelao de Deus. Ele ofereceu o fruto do solo como um sacrifcio, mas Deus o rejeitou. Caim descrito, no NT, como sendo maligno (l Jo 3.12). Quando a oferenda de Abel, de de seu rebanho, foi aceita por Deus, Caim ficou com raiva. Convenceu seu irmo a encontrar-se com ele e o matou. Deus proferiu uma maldio contra Caim por causa de seu pecado (Gn 4.916). Ele foi mandado para a terra de Node (do erro, da vadiagem), onde ele acreditava estar em perigo. Deus o protegeu, colocando sobre ele uma marca. A natureza da marca desconhecida, mas pode ter sido semelhante s marcas tribais conhecidas no Oriente Mdio. Caim construiu uma cidade e tornou-se pai de uma grande famlia, com diversas ocupaes. Os primeiros pastores a viverem em tendas, ferreiros e msicos eram da linhagem de Caim. Outros povos do mundo antigo acreditavam que os deuses fossem os criadores das artes e das tcnicas, mas a Bblia relaciona sua origem descendncia de Caim. Primeiro filho de Ado e Eva, ele tomou-se o primeiro assassino, ilustrando o desenvolvimento do pecado dentro da raa de Ado.

    C . F. P f e iffer

    CAIM (Cidade) (ip, [1 abaixo], ]pn [2 abaixo], ausente na LXX exceto em Juizes 4.11 [B] Kcuva, que significa trabalhador em metal, metalrgico). Forma singular do cl chamado queneu. Essencialmente, o nome equivalente ao de Caim, filho de Ado, mas no existe outra razo para relacionar os dois.

    1. Um julgamento pronunciado sobre Caim no orculo de Balao (Nm 24.22). Apesar de aparentemente seguro entre as rochas e picos, seu ninho (]p) ser destrudo. O nome tambm aparece em Juizes 4.11, onde dito que um dos queneus, Hber, estava separado trpn de Caim (RSV, ARA e NVI). Talvez Caim deva ser compreendido aqui como o nome da cidade dos queneus (ver 2.).

    2. Uma cidade localizada perto de Hebrom, no territrio conquistado e designado a Jud (Js 15.57). Tenta-se identific-la com Khirbet Yaqin, ao sudeste de Hebrom. Visto que omitido na LXX o nome, e reduzido o nmero de cidades de dez para nove, alguns estudiosos propem ler Zanoa de Caim.

    J. O swalt

    CAIN (Kaivav) 1. Filho de Enos (Lc 3.37; Gn 5.9-14; lCr 1.2).

    2. Filho de Arfaxade (Lc 3.36), da LXX (Gn 5.24; 11.12).

    CAIV. Forma de Q u iu m na BJ.

    CAIXA (111K, 0m; LXX: kiPcxo, Y^ffl^aKO- |iov, Sriaa-op, aop). Uma caixa (de qualquer tamanho), para guardar valores.

    piN significa caixa ou arca. Indica, invariavelmente, a Arca sagrada da Aliana (,_an 1TI8), exceto: (1) uma vez, quando se refere ao sarc- fago ou caixo da mmia de Jos (Gn 50.26: LXX [aop] caixo, fretro [ou esquife]; na KJV e RSV: caixo) e (2) seis vezes, indicando a caixa para as oferendas em dinheiro, que Joiada colocou ao lado do altar do Templo (2Rs 12.9,10; 2Cr 24.8,10,11). Todavia, em 2 Reis 12.9,10, a LXX traduz ]TIX por k iPcoto (caixa ou cofre), a mesma palavra que usa para a arca de No (Gn6.14). Em 2 Crnicas 24.8,10,11, a LXX traduz fnN por YA-cocaKopov. Originalmente, essa palavra significava uma caixa para o bocal ou palheta da flauta; depois, passou a designar um recipiente ou estojo para qualquer objeto. No NT, indica caixa de dinheiro (Jo 12.6; 13.29).

    A passagem mais problemtica Ezequiel, 27.24, na qual m aparece no plural construto (TU, como sempre no AT). A LXX traz Orpoup como porta-jias, cofre ou outro receptculo no qual se guardam valores; MM: caixa do tesouro, cofre e at mesmo caixa de colecionador; a Vulgata usa gaza como o tesouro real, na Prsia; de modo geral, tesouro, valores, riqueza; Lutero [Kasten\: caixa, caixo, cofre; KJV e ASV: caixas; RSVe BV: alcatifas [tapetes]. A KJV e a RSV traduzem m como tesouros (Et 3.9, LXX [yao(|)V),Kiov] tesouro) e (4.7, LXX [yoc] tesouro ou grande soma de dinheiro palavra persa). Aparentemente, o significado de ?]3, (Ez 27.24) caixas de tecidos multicor (BDB 170).

    BIBLIOGRAFIA. B. p. Grenfell, A. S. Hunt e J.G. Smyly (orgs.), The Tebtunis Papyri, I (1902-1907),6. 27; J. de M. Johnson, V. Martin e A. S. Hunt (orgs), Catalogue o f the Greek Papyri in the John Rylands Library. Manchester, II (1911-1915), 127.25;Aegvptis- che Urkunden aus den kniglichen Museen zu Berlin: Griechische Urkunden, 111(1895-1926), 717.13.

    R. C. R idall

  • 852 CAIXO DE DEFUNTO / CAL

    CAIXO DE DEFUNTO. Veja E nter ro

    CAIXILHO. Veja T r e l i a .

    CAJADO. No AT, muitos termos so traduzidos como cajado, sendo o mais comum o hebraico 73, uma poro, parte e por extenso cajado, vara, e assim aparece nas orientaes para a construo de vrios artigos para o Tabemculo em xodo, Nmeros, entre outros.

    O segundo termo mais comum o hebraico noa, galho, ramo, vara, cajado, lana comprida, talo, e por extenso, tribo. Em construes poticas paralelas esta a palavra- chave A, enquanto que o hebraico rott a palavra B (Is 9.4; 14.5, entre outros). Esta ltima palavra significa uma vara, como no Salmo 23.4, uma vara de ferro (SI 2.9) e, secundariamente, um cetro ou basto. Esta palavra geralmente denota um instrumento de violncia, utilizado para ferir inimigos e, simbolicamente, de Deus punindo o inquo. Um termo menos comum o hebraico ^pa, significando o cajado comprido de um andarilho ou caminhante (Gn 32.10, entre outros). Pode ser de origem egpcia.

    Outra palavra assim traduzida o hebraico nMDQ, que significa particularmente um apoio, muleta em relao aos idosos e enfermos. Uma forma deste termo aparece em Isaas 3.1, onde contrastado com a forma masculina da mesma palavra, significando assim todos os tipos de muletas ou apoios. Em algumas passagens, 2 Samuel 21.19; 23.7e 1 Crnicas 20.5, a ARA traduz como haste. A palavra no texto a palavra semita comum para madeira.

    Existem diversos termos menos comuns, que so variaes ortogrficas ou morfolgicas menores dos mencionados. No NT, duas palavras so traduzidas deste jeito: uma aparece somente na narrativa da Paixo e significa uma arma com ponta de ferro. E o termo grego comum para madeira, uXov. A outra palavra grega, pa|3So, significa cajado de um andarilho ou caminhante (Mt 10.10). E este termo que aparece mais freqentemente na LXX para representar os muitos termos hebraicos e tambm em Hebreus 11.21.

    W . W hite J r .

    CAL. Uma substncia branca, custica e alcalina (xido de clcio ou cal virgem). O termo tambm usado para se referir ao hidrxido de clcio (cal

    hidratada) ou carbonato de clcio (pedra calcria, mrmore [q.v.]. xido de clcio obtido pelo aquecimento de carbonato de clcio at ao rubro (5502 C) (cp. Is 33.12). O dixido de carbono se desprende, e se for varrido por uma corrente de ar, como em um forno, a dissociao prossegue at que a reao esteja praticamente completa. O xido de clcio que deixado parece cinza branca (cp. NEB Is 33.12). Com a adio de gua cal virgem, o calor se desenvolve, nuvens de vapor so liberadas e o cal combina com a gua, quebra-se, e aps a adio de gua em quantidade suficiente, se esfarela em um p fino, seco e branco (hidrxido de clcio ou cal hidratada).

    O principal uso do cal est na preparao da massa para a construo, feita de uma grossa pasta de cal hidratada junto com areia, na proporo de trs a quatro vezes o volume de cal virgem medida antes. No endurecimento da massa no h combinao entre o cal e a slica da areia, o endurecimento se d pela evaporao da umidade ou pela sua absoro pelos tijolos e uma lenta reao do cal com o dixido de carbono atmosfrico, produzindo carbonato de clcio.

    A queima de ossos produz uma cinza esbranquiada, composta principalmente de fosfato de clcio, que lembra o cal na aparncia (cp. RSV e NEB Am 2.1).

    BIBLIOGRAFIA. J. R. Partigton, A Textbook o f Oyganic Chemistry , 6a ed. (1950), 754, 755.

    D. R. B ow es

    CALA (rto; acadiano: kalhu). Uma das principais cidades da Assria. Hoje chamada de Ninrode e est localizada na parte noroeste da confluncia do Tigre e dos rios do Alto Zab. Fica a 38 km ao sul de Nnive, na margem leste do Rio Tigre.

    De acordo com Gnesis 10.6-12, Cal foi construda por Ninrode (KJV: Assur). Foi, aparentemente, reconstruda por Salmaneser I (1274-1245) e, mais tarde, abandonada at ser restaurada por Assumasirpal (883-859). A inscrio de Tiglate- Pileser III e Sargo II menciona seus ataques a Israel e Jud, lanados de sua capital militar, na Assria. Sargo II guardava ali os despojos de guerra e, mais tarde, Ezar-Hadom construiu para si um palcio. Cal caiu perante os medos e os babilnios em 612 a.C.

    Escavaes realizadas nesse stio revelaram um estaturio gigantesco, na forma de touros alados e lees. Austen Henry Layard comeou a escavar ali em 1845 e, imediatamente, encontrou o esplndido

  • CALAFATES / CALANE 853

    Cal foi restaurada por Assurnasirpal, aqui apresentado, num baixo-relevo do sc. 19, encontrado emNinrode, caando lees. B.M.

    palcio de Assurnasirpal II, o qual continha uma esttua do rei em perfeito estado de conservao. Layard tambm encontrou o famoso Obelisco Negro de Salmanasar III, no qual retrata, entre outros prisioneiros, Je, de Israel. As muitas antigidades encontradas nesse stio arqueolgico podem ser vistas no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque, no Museu Universitrio da Filadlfia e no Museu de Belas Artes de Boston.

    BIBLIOGRAFIA. M. E. L. Mallowan, Twenty-five Years o f Mesopotamian Discovery (1956); Nimrud and Its Remains (1962).

    L. W a lk er

    CALAFATES (pm ptilH: lit. fortalecer as costuras).

    A nica referncia a essa profisso aparece em Ezequiel 27.9,27. Nessa passagem, so mencionados os famosos construtores de navio de Gebal, na Fencia. Os calafates eram os artesos que colocavam estopas embebidas em piche nas frestas das tbuas dos navios para tom-los impermeveis, ou seja, calafetavam os navios. A parte final do servio dos calafates consistia em recobrir a estopa das frestas com piche derretido. Qualquer fenda nas tbuas era tratada do mesmo modo.

    H . J a m ie so n

    Cntico dos Cnticos 4.14, e qaneh bosem em xodo 30.23).

    O clamo aromtico (Andropogon aromati- cus) no a cana-de-acar como conhecida atualmente, mas uma grama que exala um cheiro forte quando friccionada, e que tem um gosto de gengibre. Vacas e cabras gostam dela, mas quando comida pode manchar seu leite e at mesmo sua came. Quando processada, produz um leo chamado grama gengibre. E semelhante grama limo (Andropogon schoenanthus) encontrada na Palestina, como tambm na Arbia e ndia.

    No haveria nenhuma dificuldade em importar a grama gengibre para a Palestina, pois havia um trfico de caravana regular entre os dois pases.

    Em Jeremias 6.20, a traduo cana aromtica (.qneh) provavelmente cana de cheiro doce. Na realidade, Moffatt usa as palavras perfume buscado em terras distantes. Porm, a palavra qne^ em Isaas 43.24 pode estar querendo dizer cana-de-acar (q.v.).

    Pensa-se que a Rainha de Sab trouxe ao Rei Salomo cana temperada, e a palavra temperos em 1 Reis 10.10 definitivamente refere se a Andropogon aromaticus. Deve ser lembrado que ela trouxe uma abundncia destes temperos, presumivelmente da Etipia, onde as canas seriam bem cultivadas.

    W. E. S h e w el l - C o o pe r

    CALAI (pp). O cabea de uma famlia de sacerdotes, que retomou do Exlio com Zorobabel (Ne 12.20).

    CLAMO AROMTICO (mp, ou !ia mp, significando, cana temperada. O palavra qa- neh, clamo, encontrada em Ezequiel 27.19 e

    CALAMOLALO (KakapcoMXo-u, KaXa|j,co KocXau). 1 Esdras 5:22, LXX: KocXoqico lXov. O nome, em diversos MSS, uma corruptela de dois nomes combinados: Lode e Hadide, que aparecem em Esdras 2.33 e Neemias 7.37.

    CALANE. Forma de C a ln na BJ em Ams 6.2.

  • 854 CALADA, ESTRADA / CALCOL

    CALADA, ESTRADA (n^ nn: estrada; calada, via pblica (mas nunca rua de cidade); ctvpaai (LXX): subir; escadas; Vul.: via, caminho, estrada; Lutero: Strasse estrada). Estrada pavimentada ou caminho construdo acima do nvel do solo sobre terreno encharcado ou atravs de gua rasa aparece duas vezes na KJV (1 Cr 26.16 [estrada], 18 [caminho]; a RSV usa [estrada]), onde o termo hebraico rf?na denota rodovia ascendente ou "caminho levantado que leva do vale do Tiropeo at o lado ocidental da rea do templo. Era a principal via de acesso cidade baixa.

    Em 2 Crnicas 9 .11, tanto a KJV quanto a ASV traduzem to (com aparentemente o mesmo significado deiyna [m] BDB, 700; cp. lRs 10.12) como terraos [balastres]. Por outro lado, a RSV desconsidera o hebraico e traduz o termo usado pela verso da LXX v a p o s i e o da Vulgata gradus como degraus.

    Em sentido figurado, rna se refere ao avano [rumo] dos gafanhotos (J1 2.8); curso [rbita] das estrelas (Jz 5.20); "conduta [caminho] dos retos (Pv 16.17) e subida para o Sio nos coraes dos piedosos (SI 84.5).

    R . C. R idall

    CALCANHAR ppy; Tttepva, calcanhar). A palavra usada duas vezes, num sentido literal, ao falar de Jac segurando o calcanhar de Esa, enquanto ainda no tero de Rebeca (Gn 25.26; Os 12.3), e quatro vezes em sentido figurado.

    No Proto-evangelho (Gn 3.15), Deus disse que a semente da mulher feriria a cabea da serpente, mas a serpente feriria o calcanhar dela. Isso se refere claramente ao conflito entre satans e o Filho de Deus, e derrota completa que Cristo aplicaria ao inimigo responsvel por sua crucificao no calvrio.

    O moribundo patriarca Jac, ao abenoar D, queria que aqueles que perversamente se opusessem a ele, pudessem encontrar nele tanto um mortal oponente, quanto uma serpente. O inimigo de D mencionado como um cavaleiro cujo casco do cavalo picado por uma serpente venenosa, para que o animal apavorado empine e arremesse o cavaleiro (Gn 49.17). Dessa forma, D pode, satisfatoriamente, derrubar todos os seus inimigos.

    Bildade, o suta, um amigo de J, insinuou que J era como o inquo, que causa sua prpria destruio. Uma armadilha o apanhar pelo calcanhar e ele ser preso (J 18.9).

    O salmista lamenta que o amigo ntimo, em quem ele confiava, e a quem ofereceu jantar em

    sua mesa. levantou seu calcanhar contra ele, provavelmente o desdenhou com violncia brutal ou talvez o chutou quando ele estava cado (SI 41.9). Jesus referiu-se a esse relato na Ultima Pscoa e o aplicou a ele mesmo. O amigo ntimo, que comeu com ele e depois o traiu, era Judas (Jo 13.18).

    S. B a r abas

    CALCEDNIA. Pedra semipreciosa (Ap 21.19), com grande variedade de cores, que aparece incrustada em rochas vulcnicas ou sedimentares. Entre suas variedades h o crispraso. a gata e a nix (q.v.). Todas so slicas micro-cristalinas de brilho reluzente.

    CALES. 1. (7 Temo: ceroulas ou tanga). Os sacerdotes, chamados para celebrar no altar, (veja A ltar) acima dos olhos da multido espectadora, usavam calas que cobriam os quadris e as coxas, feitas de linho fino, como o resto de suas vestes. No h razo para supor que essa vestimenta fosse modelada com pernas compridas como uma cala (x 28.42; 39.28; Lv 6.10; 16.4; Ez 44.18). Ceroulas costuradas, diferentemente desse tipo de tanga dupla, foram inventadas por povos que cavalgavam, como os citas e os persas. Mais tarde, os romanos chamariam os gauleses de usurios de calas (Galli bracati). A Bblia de Genebra, que teve sua origem na igreja inglesa em Genebra na metade do sc. 16, segue a traduo de Gnesis 3.7 da Bblia de WyclifFe. Ela traz: coseram folhas de figueira e fizeram caleas para si.. Por essa razo, a Bblia de Genebra recebeu a alcunha de a Bblia de Cales. A traduo desse termo no to extica quanto a de Moffatt que traz cintos. Era, obviamente, uma tanga, como parece ter sido a roupa ntima dos sacerdotes.

    2. (iffQD). Aparece na Bblia apenas em Daniel 3.21 (RSV, KJV, ARC e BJ; a ARA traduz como tnicas") e traduz o subst. aramaico Embora o seu significado preciso seja desconhecido, a tradio rabnica sugere ora turbantes, ora calas e ora tnicas [ARA].

    E. M. B l a ik l o c k

    CALCOL, (W d: talvez sustentar, da raiz V; conter, abranger, sustentar). Um dos sbios superados por Salomo. Em 1 Reis 4.31, onde a Almeida traz Calcol, ele chamado filho ou descendente de Maol. Em 1 Crnicas 2.6, de filho ou descendente de Zera.

  • CALDIA, CALDEUS 855

    CALDIA, CALDEUS (cnio; aramaico: 7!0; XaXSa, XaXSaoi). Nome de um distrito no sul da Babilnia e de seus habitantes, respectivamente. O nome do distrito, mais tarde, passou a designar a dinastia que controlou toda a Babilnia.

    I. A terra. No segundo milnio a.C., os pntanos e desertos que rodeavam o norte do Golfo Prsico eram chamados de terras de mar. E ali habitavam as tribos que, seriam chamadas, no cuneiforme babilnico recente, de Caldai. O termo hebraico provavelmente derivado de uma forma menos usada: o assrio Kasdu. No h referncias contemporneas ao estabelecimento dessas tribos semitas seminmades (arameus?) na rea, embora textos do perodo da Antiga Dinastia III (2700 a.C.) atestem a presena de semitas na regio. Algumas delas podem, por aquela poca, ter ocupado a rea em volta de Ur, chamada dos caldeus (Gn 11.28), para distingui-la das cidades do norte, chamadas Ura. Incurses para o ocidente, realizadas por essas tribos, no seriam improvveis (J 1.17), mas a data no pode ser verificada por fontes externas. A rea tambm foi denominada de acordo com as tribos que as ocupavam: Bt-Dakkuri, Bt-Adini, Bit-Amukkani, Bt-ScCalli, Bit-Shilani e BTt-Yakin. Com a ascenso da dinastia caldia (626 a.C.), o nome foi usado para descrever a Babilnia e seu imprio como um todo (Dn 3.8).

    II. Histria. A. D o m n io a ss r io . Devido relativa inacessibilidade de seu territrio, as

    tribos dos pntanos do sul eram bastante independentes. Elas representavam problemas para os soberanos assrios. Assurnasirpal II (883-859a.C.) foi o primeiro a registrar as atividades dessas tribos em seus anais. Seu filho, Salmaneser III, tomou Bacani das tribos adines em 851. Adade- Nirare III, c. 805 a.C., relaciona Amukkani e Yakin entre os chefes que se submeteram a ele como vassalos. Depois da morte de Nabu-Nasir, em 734, o chefe dos amucanes revoltou-se e tomou o trono da Babilnia daquele rei-fantoche. Tiglate- Pileser III enviou um exrcito contra Ukin-zr e os rebeldes, e saqueou as terras de Amukkani, Shilani e Saalli, enquanto o prprio Ukin-zr se engajava no ataque a Spia. Balasu, de Dakkuri, e Marduque-apla-idina, de BTt-Yakin, procuraram obter vantagem sobre seu rival, fazendo uma aliana com os assrios, assegurando-lhes a posse de suas terras. Ukin-zr foi deposto e as tribos tomaram-se cada vez mais inquietas. ABabilnia foi controlada por Marduque-apla-idina, embora ele mesmo, provavelmente, tenha vivido fora da cidade, com os membros de sua tribo.

    B. M e r o d a q u e -b a la d . Marduque-apla- idina II, de Bit-Yakin (Merodaque-Balad, no AT), exerceu opoder entre 721-710 a.C. Ento SargoII, da Assria, retomou a cidade da Babilnia ao derrotar L itanum e os arameus. Ele imps, novamente, o controle direto nas fronteiras com os elamitas, parentes aliados dos caldeus. Parece que Marduque-apla-idina fez a paz com os assrios,

    Nnive

    Carquemis

    DINASTIA CALDIA

    DamascoMar Grande

    Babilnia

    Jerusalm

    Mar \ Vermelho AREA DOS CALDEUS

    Mapa mostrando a rea sobre a qual os caldeus governaram

  • 856 CALDIA, CALDEUS

    pois lhe foi permitido controlar suas prprias terras. Todavia, aps a morte de Sargo em 705 a.C., ele reafirmou sua autoridade sobre a Babilnia e apoiou o caldeu Suzubu (Musezibe-Marduque) como encarregado daquela rea. Pode ter sido nessa poca, e no durante a de seu antecessor, que Marduque-apla-idina enviou seus embaixadores a Ezequias de Jud, tentando persuadi-lo a declarar a independncia da Assria, uma ttica com a qual ele esperava desviar as tropas assrias da Babilnia. Apesar de Isaas anunciar que seriam os prprios caldeus a hostilizar Jud (Is 23.13; 43.14), os babilnicos sentiram-se estimulados pelo fato de j terem conhecido o potencial econmico e militar de Jud (39.1-8; 2Rs 20.12-19). O uso do termo caldeu como sinnimo de babilnico est correto, uma vez que ele corresponde ao governo e casa que governa (Is 13.19; 47.1,5; 48.14,20), como no perodo ps-exlico (Ez 23.23).

    Em 703, Senaqueribe interveio com um poderoso exrcito assrio. Ele pretendia romper a aliana entre Marduque-apla-idina e as tribos do sul, de seus aliados ocidentais (Arabe), e com a ajuda oriental (Elo). O chefe de Bit-Yakin fugiu atravs do Golfo Prsico, para se refugiar no seio de uma tribo aparentada, onde morreu. Apesar disso, a resistncia dos assrios continuou sob a liderana de seu filho Nabu-zr-napisti-liir, morto por seus hospedeiros elamitas, quando procurava reconquistar os favores de Nnive. Esar-Hadom adotou sabiamente uma poltica conciliatria em relao famlia dos irmos assassinados. Contudo, quando o ltimo rei assrio, Assurbanipal, fez uma incurso ao sul e capturou o neto de Marduque-apla-idina, Patia, os caldeus movimentaram-se rapidamente para dar apoio a Samash- shum-ukim da Babilnia, em sua revolta contra seu irmo real. Depois da derrota do ltimo, em 648, os dois chefes caldeus foram punidos, e outro neto de Marduque-apla-idina, Nabu-bl-sumti, que fugira para o Elo, cometeu suicdio quando sua extradio foi ordenada pelos elamitas.

    III. A dinastia caldia. Com o declnio do poder assrio, depois da morte de Assurbanipal, em 627, os caldeus se revoltaram novamente, liderados por Nabopolassar, chefe nativo que subiu ao trono da Babilnia por aclamao popular. Ele inaugurou um novo perodo na expanso e influncia babilnica, por meio de uma expanso gradual da rea norte do Eufrates e pelo saque de Asur (614 a.C.) e Nnive (612), em conjunto com os medos. Seu filho, Nabucodonosor II, governou de 16 de setembro de 605 a outubro de 562 a.C., e

    derrotou os egpcios em Carquemis em 605 a.C. Dessa forma, ele frustrou a tentativa dos egpcios de reativar a Assria como um reino independente e de evitar o avano babilnico. Nabucodonosor planejava conquistar toda a Sria e Palestina e receber tributo de seus reis, entre eles Jeoaquim, que permaneceu como vassalo de confiana por trs anos (2Rs 24.1; Jr 25.1). Em 601 a.C., os egpcios derrotaram os caldeus, e Jeoaquim quebrou seu juramento de lealdade, contrariando o aviso de Jeremias (26.9-11). O resultado disso foi que o exrcito babilnico foi despachado para capturar Jerusalm (16 de maro de 597 a.C.) e Joaquim foi substitudo pelo babilnico Matanias (que mudou o nome para Zedequias). Nessa ocasio, foram feitos muitos prisioneiros, e o saque foi grande. Uma rebelio na Babilnia, em 595, criou falsas esperanas de regresso (Jr 29). Quando o prprio Zedequias se rebelou, Jerusalm foi novamente sitiada (589), e caiu diante do exrcito caldeu em 587 (2Rs 24), ela foi devastada e seu povo levado cativo para a Babilnia. Uma outra deportao foi ordenada cinco anos depois (Jr 52.30), quando Tiro foi sitiada. Nabucodonosor completou a restaurao da Babilnia e suas defesas (Dn 4.30). Seu filho Awl-Marduque (o Evil-Merodaque de 2Rs 25.27-30) mostrou-se favorvel aos exilados judeus, mas as condies destes se deteriorariam sob os sucessores Neriglissar (560-558), Labasi- Marduque (557) eNabonido. O filho deste, Belsa- zar, era tambm co-regente (rei dos caldeus, Dn5.30) e continuou assim, mesmo depois da volta de seu pai Babilnia. Isto ocorreu pouco antes da cidade cair sob os persas, em outubro de 539, quando Ciro ps fim dinastia caldia.

    IV. Astrlogos. O imenso acervo cientfico dos caldeus (neobabilnicos), especialmente a Astronomia matemtica (e a Astrologia, a ela relacionada), a adivinhao e os rituais eram ensinados nas escolas babilnicas dos templos (1.4;4.7). Esses textos foram preservados em aramaico (no passado, designado erroneamente como caldeu) e em escrita cuneiforme, usada para copiar a literatura sumeriana e acadiana. Em Daniel (2.2; 4.7; 5.7-11), o termo caldeu est relacionado aos ...magos, os encantadores, os feiticeiros. O uso do termo, para designar sacerdotes e especialistas nessas artes, comea a, como citado em Herdoto (i. 181, 183), cerca de 450 a.C.

    BIBLIOGRAFIA. H. W. F. Saggs, The Nimrud Let- ters, 1952-1: The Ukin-zr rebellion and related texts, Iraq XVII (1955), 21-56; D. J. Wiseman, Chronicles o f

  • CALDIAS, VERSES / CALENDRIO 857

    Chaldaean Kings (626-565 B. C.) no Museu Britnico (1956); G. Roux, Ancient Iraq (1964), 310-324; J. A. Brinkman, Merodach-Baladan II, Studies Presented to A. L. Oppenheim (1964), 6-53.

    D. J. W is e m a n

    CALDIAS, VERSES. Vej a V er s es d o N ovo T est a m e n t o , A n t ig a s .

    CALDEIRO ou BRASEIROS (nnr)- Umtacho para carregar brasas acesas ou apagadas. Era usado para trs funes diferentes no sacrifcio e adorao do AT.

    1. Era usado para carregar brasas para e do altar do holocausto (x 27.3; 38.3; Nm 4.14). geralmente traduzido por "brazeiros.

    2. Era usado em combinao com as espevita- deiras do candelabro de ouro, provavelmente como uma bandeja para segurar os pedaos do pavio queimado (x 25.38; 37.23; Nm 4.9), traduzido pela KJV como pratos de pavio queimado, por outras verses como tabuleiros, cinzeiros ou brazeiros.

    3. Era usado como um receptculo para queimar incenso, as brasas acesas sendo colocadas na bacia e o incenso lanado por cima para queimar (Lv 10.1; 16.12,13; Nm 16.6,7,17,18,37-39,46). Tal como traduzido pela KJV e outras como incensrio, embora outras tradues usem brazeiros, caldeires ou bacias.

    Em algumas passagens difcil determinar qual desses usos especficos prefervel (1 Rs 7.50; 2Rs 25.15; 2Cr 4.22; Jr 52.19), embora os caldeires para carregar cinzas so provavelmente a inteno, especialmente no ltimo caso, onde os mesmos termos ocorrem em xodo 27.3; 38.3 e Nmeros 4.14, os quais so mencionados na lista.

    F. W. B u s h .

    CALDEIRO, PANELA. (-n)Em 1 Samuel 2.14 o caldeiro se refere a um vaso no qual um sacrifcio poderia ser cozido; em Miquias 3.3 (NVI e BJ, panela) refere-se ao um vaso no qual o alimento era cozido. A mesma palavra hebraica em 2 Crnicas 35.13 traduzida como caldeires, e em J 41.20 como panela.

    CALDO, ENSOPADO (pio). gua na qual se cozinham came e, algumas vezes, legumes; sopa rala, aguada. Juntamente com outros pratos, Gideo

    serviu caldo ao anjo (Jz 6.19,20). Yahweh disse a Israel que, entre os seus pecados, estava o de comer ensopado de came abominvel (Is 65.4).

    CALEB. Forma de C a l eb e na BJ.

    CALEBE (17:. cachorro, escravo). Filho de Jefon. o quenezeu, um dos espies enviados para investigar a terra de Cana (Nm 13; 14). Acredita-se que o nome remonte a origens to- tmicas. Pode tratar-se tambm de um homem com as qualidades de um co: agressivo, mordaz, raivoso. Em cuneiforme, literalmente, o termo co" usado no sentido de servilismo abjeto. Um rei cananeu pode chamar a si mesmo de co do Fara do Egito.

    Calebe, filho de Jefon, foi um dos dois espies (o outro foi Josu) que desejavam confiar no Senhor e entrar na terra de Cana. Os demais concordavam que a terra era boa. Eles trouxeram exemplares de frutas de Cana, mas disseram que os habitantes da terra eram em maior nmero e mais fortes do que os israelitas, e que no havia esperanas para Israel.

    Mais tarde, Calebe foi indicado para a comisso criada por Moiss para consignar lotes s respectivas tribos, na Terra Prometida. Calebe representou Jud na comisso (Nm 34.19). Calebe contava 85 anos (Js 14.7,10), quando lhe foi designada a cidade de Hebrom. Ele expulsou de l os anaquins eaocupou(Js 14.13,14). Calebe ofereceu sua filha mais nova em casamento ao homem que atacasse e tomasse a cidade vizinha de Quiriate-Sefer, ou Debir (Js 15.15-19). Acidade foi tomada e Acsa, sua filha, tornou-se esposa de Otniel, filho de Quenaz, irmo mais novo de Calebe.

    A relao de Calebe com os queneseus indica a existncia de pessoas que no eram israelitas, mas que se identificavam com o povo e a f de Israel. Calebe e seus descendentes so parte da tribo de Jud, mas eles parecem ter vindo de um ambiente de miscigenao.

    C. F. P feiffer

    CALENDRIO. Sistema de contagem de tempo em relao a fenmenos recorrentes ou a intervalos mensurveis.

    I. Origens e desenvolvimentoA. OrigensB. Desenvolvimento

  • 858 CALENDRIO

    II. Condies naturaisA. ClimaB. Observaes

    1. Solar2. Lunar3. Estelar

    III. TerminologiaA. Bblico (dia, semana, ms,

    estao, ano)B. GlossrioC. Nomes dos meses

    IV. Sistemas de calendriosA. Calendrios hebraicos e seus derivados

    1. Antigo Testamento2. Judeus ortodoxos3. Sectrios4. Teorias de desenvolvimento

    B. Calendrios dos gentios (mesopotmio,cananeu, egpcio, grego, romano)

    V. ProblemticaA. A data do ano novoB. A data da PscoaC. Observncias do outonoD. O Reino do NorteE. O Sbado

    I. O rig en s e d e sen v o lv im en to

    A. Origens. O calendrio uma das formas mais antigas de cincia aplicada. Seu propsito no o de simplesmente manter registros, mas tambm de prever desenvolvimentos. Numa comunidade cujo modo de vida depende de oportunidades sazonais (e.g., agricultura, caa, em que a prtica depende das estaes), deve-se conhecer o tempo certo.

    A religio era um estmulo a mais para a previso, devido crena geral de que sacrifcios eram necessrios para assegurar a prosperidade da agricultura ou da caa. A prosperidade chama ao de graas e felicidade. Tanto na verdadeira religio quanto na falsa, as observncias devem ser agendadas para permitir comunidade unir-se em comunho, ou consagrao, ou desejo. Cabia aos sacerdotes manter o calendrio, uma tarefa que estava alm da capacidade do inexperiente. A reivindicao samaritana era tpica (Bowman, Vet Test 15 [1965], 120ss.). Os clculos dependiam, em parte, do texto correto de instrues e, em parte, da habilidade que apenas os sacerdoi.es tinham.

    B. Desenvolvimento. Com o incremento do comrcio, o calendrio tomou-se a base essencial dos contratos. Dentro das comunidades mais desenvolvidas, as funes de administrao (sobretudo fiscal e judicial) precisavam de um calendrio para fixar perodos e sistematizar os registros. No govemo e no comrcio, horizontes mais amplos e organizaes mais sofisticadas exigiam calendrios mais adequados e padronizados.

    Um poder imperial podia impor seu prprio calendrio ou adotar o de uma civilizao conquistada. Os persas, conquistadores da Babilnia, adotaram primeiro o calendrio babilnico; depois, impuseram-no por todo o imprio (Bickerman, p. 24). Os romanos no encontraram um sistema em seus domnios gregos que tivessem ampla aceitao. Contudo, seu calendrio era to irregular que o prprio Jlio Csar cuidou de efetuar uma completa reforma. Ele o fez sem atrapalhar os festejos regionais dentro de cada ms, e sem retirar o controle nominal dos sacerdotes. Como diz Segai (JSS 6, 74ss.), um calendrio que rompa completamente com as tradies antigas no sobrevive por muito tempo. A reconciliao que Csar promoveu entre a tradio e a cincia deu Europa um calendrio solar estvel baseado no clculo, e resolveu a tenso entre as tendncias conservadoras e sistematizantes.

    Por no haver necessidade absoluta de usar o ano solar, existem razes prticas para combinar cada dia computando com o ciclo climtico. A histria do calendrio preocupa-se com a tentativa de reconciliar os fatores observados e climticos. O primeiro comprovadamente mais complexo e sutil do que parece primeira vista.

    II . C on d i es N aturais

    A. Clima. Mudanas climticas (variaes cclicas no tempo) controlam o crescimento e o amadurecimento da produo da terra: (1) a precipitao de chuvas promove o crescimento e faz os rios surgirem e subirem, s vezes em regies onde eles mesmos no recebiam chuvas; (2) a insolao, que varia com a altitude em relao ao sol, afeta o aquecimento da terra e, por conseguinte, da atmosfera; isto, por sua vez, afeta os ventos predominantes e a precipitao de chuvas. Todas as condies climticas, as estaes e o crescimento da colheita, dependem do sol e do fato de que o eixo da terra no seja perpendicular eclptica.

    Em muitas partes do mundo, o aquecimento da terra durante o dia produz um vento que vai do mar em direo terra, se as condies meteorolgicas so estveis.

  • CALENDRIO 859

    Calendrio judaico sincronizadoN Nomes dos meses poca do cultivo

    1 (7) Nis (Mar-Abr) Incio da colheita da cevada

    2 (8) Zive / Izive / lyar (Abr-Mai) Colheita da cevada3 (9) Siv (Mai-Jun) Colheita do trigo

    4 (10) Tamuz (Jun-Jul)

    5 (11) Abe / Av (Jul-Ago) Uva, figo e oliva madura6 (12) Elul (Ago-Set) Incio da vindima

    7 (D Etanim / Tisri (Set-Out) Primeiras chuvas;aragem da terra8 (2) Bul/Marquev/Hesv (Out-Nov) Semeadura do trigo e da cevada

    9 (3) Quisleu (Nov-Dez)

    10 (4) Te bete (Dez-Jan) Meses chuvosos de inverno

    11 (5) Sebate (Jan-Fev) Ano novo para as rvores

    12 (6) Adar (Fev-Mar) Florada das amndoas

    13 Adar Seni Ms do ano bissexto

    Ca^ndrio judaico sincronizado. A primeira coluna indica a ordem numrica dos meses no calendrio sagrado; a coluna entre parnteses mostra o ano civil, comeando em Tisri/Etanim.

    B. Observao. 1. Solar. A mudana diria no meridiano solar corresponde ao ciclo climtico. possvel, mas exige tcnica e aparatos, para determinar os solstcios e equincios dentro de um dia. O ano solar ou tropical de aproximadamente 365,24 dias solares. Uma vez que a rbita da Terra levemente elptica, o equincio de outono acontece por volta de 186 dias depois do equincio da primavera (vemal).

    2. Lunar. As fases da lua so facilmente observveis. Contudo, so menos fceis de serem determinadas com preciso. Pelo fato de a lua se mover meio grau para leste (em relao ao sol) a cada hora, o crescente pode ser visto na Palestina em uma noite em que no aparece na Babilnia; nuvens ou neblina podem tambm prejudicar a observao. A altitude do crescente varia, em parte por causa da inclinao varivel da eclptica em relao ao horizonte, em parte porque a lua pode estar at cinco graus norte ou sul em relao ao sol. O perodo sindico da lua (lunao) de aproximadamente 29,53 dias.

    3. Estelar. As estrelas so os indicadores mais precisos do tempo. Estando to distantes da terra, elas pareciam fixas, at que os astrnomos

    puderam fazer medidas precisas. Do ponto de vista do homem, na terra, seus padres invariveis atravessam um ciclo anual que corresponde ao movimento do sol contra o fundo estelar. A constelao parece mais distante a oeste a cada noite, at no aparecer mais antes do pr-do-sol. Pouco depois, toma-se visvel no leste antes da alvorada (nascente heliacal) e surge mais cedo a cada noite, at se tomar de novo visvel ao entardecer.

    Desde os tempos mais remotos, o ciclo estelar esteve associado com as estaes. Contudo, apenas depois de muitos sculos a mudana anual tomou- se, de fato, aparente. A preciso determina: (a) uma mudana ciclo de solstcios e equincios com referncia ao zodaco; (b) uma mudana do plano equatorial em relao eclptica, de forma que as estrelas que outrora se levantavam ou culminavam ao mesmo tempo, no o fazem mais.

    III. T erm in o lo g ia

    A. Termos bblicos. 1. D/a. Ym (acad. mu, dia ou vento, cp. II A; fencio, ugartico: ym); dia claro, em oposio noite ou ciclo noturno (Gn 1.5); unidade fundamental de tempo, usada para: (a) curtos perodos de dias;(b) ocasionalmente para um perodo mais longo,

  • 860 CALENDRIO

    raramente para mais do que 50 (Gn 7.24; 8.3; EtI.4; Ez 4.5s.; Dn 12.11, os dias so simblicos);(c) perodos aproximados, usando o nmero 40;(d) o perodo de gestao; (e) um perodo sazonal (e.g., de colheita); (f) um limite indefinido de tempo, sobretudo do perodo de vida; (g) o passar do tempo, em geral (e.g., Gn 4.30); (h) um ano (e.g., Lv 25.29; Nm 9.22; ISm 27.7), e em expresses que significam anual (sazonal de acordo comF. North).

    2. Semana. Shabud (perodo de sete dias). Ocorre no AT, principalmente em relao Festa das Semanas e nas profecias de Daniel. No NT, sbado usado como referncia a uma data e como um perodo (Lc 6.1). Veja abaixo, parte V (E).

    3. Ms. Yerah (acdio) deyreah; a lua (como um objeto visvel) usada: (a) para indicar a luna- o; (b) para um ms especfico; c. na contagem dos meses. Hdesh, de hdsh: novo, significando o crescente ou o dia em que ele aparece. Por conseguinte, a referncia para a datao dentro de um ms; encontrado por todo o AT como um sinnimo freqente s yerah. Veja L u a N o v a .

    4. Esta o . M 4 : tempo de reunio, nomeao; a fixao astronmica mencionada em Gnesis 1.14, Salmo 104.19, e pode estar relacionada com as festas (Ex 13.10; 34.18; Lv 23.4; Nm 9.2). Mas no poderia ser aplicada em contextos como Gnesis 17.21; 1 Samuel 13.8 e Osias 2.9,11 e ilustra a variao de significado de t (tempo), pode se referir a qualquer perodo ou ponto no tempo, inclusive um perodo natural recorrente (e.g., a estao das chuvas: Lv 26.4; Dt 28.12; etc.). Nomes de estaes particulares so termos agrcolas, como c/ais: vero (calor); hrep: outono (de colheita de frutas); qfir: colheita; tambm colheita do trigo ou da cevada; compare primeiras uvas maduras, Nmeros 13.20; mrehlyreh: primeiras chuvas (novembro); malqsh: ltimas chuvas (maro).

    5. Ano. Paraymim: dias, ver acima (1. h). Shnh: reviravolta ou mudana, o grande ciclo que governa toda a atividade humana. Relacionado a isso esto: TqTph: circuito (SI 19.6), fim de perodo (1 Sm 1.20), do ano (x 34.22, de toda a colh