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Mês de Junho Meditações - api.ning.comapi.ning.com/files/QCtScdq7bKY2*4iZv*dx*oKdsAyqB3OR1u9scf12mJQeZO... · 4 Pouco tempo depois, os desígnios do divino Salvador foram manifestados

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Mês dedicado ao

Sagrado Coração de Jesus

Mês de Junho - Meditações

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Prática

Empregai parte de vossas economias em comprar grande

número de livros e estampas do Sagrado Coração, e esforçai

-vos por espalhá-los. Os maus acham sempre fundos e capi-

tal para propagar livros corruptores; deixaremos-nos sobre-pujar por eles?

Oração jaculatória

Ó Coração de Jesus, possa o zelo de vossa glória devorar-me! Zelus domus tuae comedit me! (Sl 68,10)

3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Primeiro dia (01/06)

Origem e estabelecimento da devoção ao Sagrado

Coração de Jesus

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é tão antiga como a

Igreja: pois começou na Cruz, onde este divino Coração,

traspassado pelo ferro da lança, desde então abriu para os

fiéis um asilo inviolável. Quem poderá duvidar que os primeiros cristãos, os mártires, beijando com aquela fé, com

aquele amor que os fazia triunfar dos suplícios e até da

morte, as chagas de Jesus crucificado, aplicando os lábios ao

lado ferido do Redentor, meditando sua Paixão, não se lem-

brassem ao mesmo tempo de seu Coração, transbordando de amor, e cujas chamas parece que se escapam pela

ferida?

Assim é que os maiores Santos de todos os séculos, tais

como, por exemplo, Santo Agostinho, São Bernardo, São

Boaventura, Santa Gertrudes, Santa Matilde, Santa Catarina

de Sena, penetraram o segredo desta devoção muito antes

que ela fosse revelada de modo especial.

Estava, todavia, reservado ao século 17 ver tributado culto

público ao Sagrado Coração de Jesus, e à França dar-lhe nascimento. A pessoa de quem se serviu Deus para mani-

festar os desígnios de sua misericórdia no estabelecimento

desta devoção foi uma simples religiosa da Visitação, de

Paray-le-Monial, de nome Margarida Maria.

Nosso Senhor Jesus Cristo, que já a tinha favorecido com

preciosos dons, aparecendo-lhe um dia, disse-lhe: «Meu di-

vino Coração está tão abrasado em amor pelos homens, que não podendo mais conter em si as

chamas de sua ardente caridade, lhe é necessário que

as derrame por qualquer meio, e se lhes manifeste, a

fim de enriquecê-los com os tesouros que em si encer-

rera; tesouros cujo valor são graças de salvação e de santificação, para tirá-los do abismo da perdição.»

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Pouco tempo depois, os desígnios do divino Salvador foram

manifestados a Santa Margarida Maria de um modo ainda

mais claro.

Diz ela: "Estando diante do Santíssimo Sacramento em um

dia de sua oitava, recebi de meu Deus graças inefáveis. Sentindo-me inflamada em desejos de retribuir-lhe amor

com amor, disse-me Ele: «Tu só poderás provar-me

mais amor, fazendo o que tantas vezes te hei pedido».

E, mostrando-me seu divino Coração, disse-me: «Eis aqui

o Coração que a tal ponto amou os homens, que nada poupou, até esgotar-se e consumir-se, para testemun-

har-lhes seu amor; e entretanto só recebo da maior

parte deles ingratidões, pelas irreverências, sacrilé-

gios, desprezo e tibieza com que me tratam no meu

Sacramento de amor. O que me é ainda mais sensível, é serem corações que me foram consagrados, os que

assim me tratam. Por isso te peço que se dedique a

primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo

Sacramento a uma festa particular com o fim de ven-

erar o meu Coração, fazendo-lhe ato de reparação,

comungando-se nesse dia em desagravo pelas indigni-dades recebidas durante o tempo em que esteve ex-

posto sobre os altares.»

«Prometo que meu Coração dilatar-se-á para difundir

com abundância os influxos de seu divino amor sobre

todos quantos lhe tributarem essa homenagem, e fiz-

erem com que outros lha tributem.»"

A humilde religiosa respondeu: "Mas, Senhor, a quem vos

dirigis? A tão pobre pecadora, cuja indignidade seria até ca-

paz de impedir a realização do vosso desígnio. Há tantas al-mas generosas que o podem executar!"

Respondeu-lhe Nosso Senhor: «Ignoras por ventura, que

me sirvo do que é fraco para confundir os fortes, e que

é ordinariamente nos pequenos e pobres em espírito

que manifesto meu poder com mais esplendor, a fim

de que nada atribuam a si próprios?» 97 http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/

Oremos, e se nossas culpas nos tornam indignos de sermos

os instrumentos de que Jesus Cristo se queira utilizar para

fazer conhecer Seu Coração, peçamos-Lhe que nos substitua

por outros.

Supliquemos-lhe que envie à Sua messe apóstolos de Seu

Coração que, compenetrados das vantagens dessa devoção, consagrem-se a aumentá-la e propagá-la.

Oremos, sim, oremos, tudo é prometido à oração. Uma alma

santa perguntando a Deus por que motivo neste século cor-

rompido não suscitava alguns desses Santos cujo zelo quase

que transforma o mundo, teve por resposta: «Não oram

bastante».

Ajuntemos aqui as magníficas promessas de Jesus Cristo

àqueles que se empenham com zelo em fazer conhecer Seu Coração. Diz Santa Margarida Maria: "Nosso Senhor desco-

briu-me tesouros de graça e amor para as pessoas que se

consagram e sacrificam a tributar, e fazer tributar, a Seu

Coração toda a honra, amor e glória que esteja ao alcance

delas, mas tesouros tão grandes que me fora impossível ex-

primi-los". E: "Nosso Senhor revelou-me que em Seu Cora-ção adorável estão escritos, sem que jamais se apaguem, os

nomes de muitas pessoas, por causa do desejo que têm de

fazê-lo amar e adorar".

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Trigésimo terceiro dia

Do zelo que Jesus espera daqueles que Lhe são con-

sagrados, em espalhar por toda a parte a devoção ao

Sagrado Coração

Não basta ter-se grande devoção ao Sagrado Coração. É

preciso exercitá-lo com desvelo, o que pouco vos custará, se

o amais: a prova menos equívoca do amor é o zelo. Quem zelo não tem, amor não sente, diz Santo Agostinho:Qui non

zelat, non amat.

Quais são, porém, os meios de exercitar o zelo? Conheço

três que estão ao nosso alcance. O primeiro é o exemplo;

dai o de terna devoção ao Sagrado Coração de Jesus, é esta

a mais curta e eficaz das lições. O segundo é recomendá-la e

fazê-la conhecer aos que a ignoram; conservá-la e aumentá-la nos que dela já têm algum princípio. O terceiro, o mais

seguro e fácil, é rogar com fervor a esse Sagrado Coração

que se faça conhecer e amar por essas luzes e toques secre-

tos que iluminam e transformam os corações.

Ninguém pode escusar-se de empregar tão fácil expediente;

os Santos bem sabiam qual o poder da oração sobre o Cora-

ção de Jesus nas empresas de zelo; por isso, nunca deix-aram de uni-la às suas pregações, lembrando-se do que diz

São Paulo: "não é aquele que planta, nem o que rega, mas

só Deus é quem dá o incremento".

Conta-se de um Padre da Companhia de Jesus que nunca

pregava sem que houvesse passado três horas em fervorosa

oração, acompanhada de muitas lágrimas.

Um irmão coadjutor da mesma companhia, interrogado por

um Padre acerca dos meios de que lançava mão para ganhar

tantas almas a Deus em seu cargo de porteiro, respondeu: "Aos homens dirijo uma palavra e cem a Deus..." Sirvamo-

nos do mesmo recurso e resultado igual alcançaremos.

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Tornou a Irmã: "Dai-me pois, meios para executar o que me

ordenais". Jesus então acrescentou: «Dirige-te a meu

servo (padre la Colombiére) e dize-lhe da minha parte que faça tudo que estiver a seu alcance para estabele-

cer esta devoção, e dar este prazer ao meu Coração.

Ele não desanime com as dificuldades que encontrar, e

que por certo não lhe faltarão; lembre-se antes que é

todo-poderoso quem, de si desconfiado, em mim con-fia inteiramente.»

O Padre de la Colombiére, que havia experimentado com grande desvelo a santidade desta religiosa e conhecida por

sinais sensíveis a verdade de suas comunicações com Deus,

julgou dever contribuir para o estabelecimento de tão santa

devoção, que nada tinha que a fizesse suspeita.

Começou por si, e quis ser o primeiro discípulo do Coração

de Jesus e o primeiro adorador, segundo as regras prescritas

à Irmã Margarida Maria. Consagrou-se, pois, a este Sagrado Coração, e ao amor que lhe é devido dedicou a sexta-feira

escolhida, 21 de junho de 1675, dia em que pôde considerar

como o da primeira conquista do Coração de Jesus.

Desde então, censurada e combatida, esta devoção, como

todas as obras do Senhor, estabeleceu-se afinal no mundo

inteiro com prodigioso êxito, principalmente depois que foi

solenemente aprovada pelos Sumos Pontífices. Assim se jus-tificou a confiança com que Santa Margarida Maria dizia:

"Mesmo que eu visse o mundo em peso desencadeado con-

tra esta devoção, jamais perderia a esperança de vê-la fun-

dada, visto que da própria boca de meu Salvador recebi esta

certeza".

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Prática

Exortar todas as pessoas sobre quem temos influência, a

celebrar a festa do Sagrado Coração de Jesus, na sexta-feira

depois da oitava do Santíssimo Sacramento (obs.: uma se-

mana depois da festa de Corpus Christi).

Oração jaculatória

Atraí-me, ó Sagrado Coração de Jesus; após vós correre-

mos, ao aroma de vossos perfumes. Trahe-me post te; cur-remus in odorem unguentorum tuorum. (Ct 1,3)

3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Acostumai-vos a fazer de vez em quando orações jacu-

latórias, a exemplo de S. Luís Gonzaga; não há meio mais

eficaz para adiantar-se alguém, em pouco tempo, no amor

de Jesus. São dardos inflamados estas curtas orações que lhe vão direto ao Coração, as quais não podem ser estor-

vadas pelas distrações e languidez que tantas vezes se in-

sinuam nos outros exercícios de piedade.

Oração jaculatória

Oh Coração de Jesus, fazei com que eu Vos ame a fim de

imitar-Vos e Vo imite para provar que Vos amo!

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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outros que recolheu-Lhe os últimos suspiros na Cruz, e com-

partilhou as dores de Maria quando esta presenciou traspas-

sar esse Sagrado Coração com o ferro da lança; que dele viu manar sangue e água, como dá testemunho; e o primeiro

que entrou nesta chaga de amor, para nela repousar.

Quanto a S. Luís Gonzaga, o culto do Sagrado Coração de

Jesus, no exercício de uma vida interior e de continuada

união com Deus, constitui o seu caráter distinto: "Oh, como

Luís amou na terra!" - exclama Santa Madalena de Pazzi, a

quem foi dado ver a glória de que gozava este Santo no Céu.

"Oh! como Luís amou! Quando peregrinava nesta vida mor-tal, disparava sem interrupção flechas de amor ao Coração

do Verbo; agora que no Céu está, para seu próprio coração

voltam essas flechas, e aí ficam, porque extrema alegria lhe

dão os atos de caridade que então fazia.

Tamanha é a glória de Luís, filho de Inácio, que só a acredito

porque Jesus ma revelou. Quisera percorrer o mundo inteiro,

e dizer que Luís é um grande Santo, e manifestar sua glória a todo o universo para que Deus seja glorificado".

Este amável Santo é vosso modelo, almas interiores; e vosso especial padroeiro, ó mocidade cristã, não podeis du-

vidar que se interesse particularmente por vós. Quanto de-

sejava que se propagasse a devoção ao Sagrado Coração de

Jesus, bem nos testemunhou o Santo; e podeis estar certos

que lhe sereis sobremaneira agradáveis pedindo-a a ele.

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Segundo dia

Abundâncias de graças aos que abraçarem esta

devoção

O melhor meio para começar bem este mês, e para exortar-

nos a celebrá-lo com fervor, é lembrarmo-nos das magnífi-

cas promessas que Nosso Senhor Jesus Cristo fez a todos os

que abraçarem a devoção a seu Sagrado Coração, expli-cando-se muito claramente a Santa Margarida

Maria: «Quero ensinar-te que não te deves apropriar

dessas graças, que também são para outros; quero

servir-me de teu coração como de um canal, a fim de

derramá-las nas almas.»

Deu-lhe depois a entender que por último esforço de seu

amor aos homens é que resolvera descobrir-lhes os tesouros de seu Coração, inspirando-lhes esta devoção, própria para

fazer nascer o amor divino nos corações mais insensíveis, e

dele abrasar os menos fervorosos: «Publicai por toda a

parte, inspirai, recomendai esta devoção às pessoas

do mundo, como um meio seguro e fácil para de mim obter sincero amor a Deus; às pessoas eclesiásticas e

religiosas, como meio eficaz para atingir a perfeição

de seu estado, a todos os fiéis, em suma, como uma

das devoções mais sólidas e mais aptas para alcançar

vitória das mais fortes paixões, restabelecer a paz e união das famílias mais divididas, corrigir-se das im-

perfeições mais inveteradas, obter ardente e terno

amor a Deus, chegar, finalmente, em pouco tempo, e

de modo fácil, à mais sublime perfeição.»O que há de

mais capaz de nos induzir a abraçar esta devoção do que

tais promessas emanadas dos próprios lábios de Jesus Cristo?

"Prouvera a Deus - diz também Santa Margarida Maria em

uma de suas cartas - pudesse eu publicar tudo quanto sei

acerca desta devoção, e patentear ao mundo inteiro os te-

souros de graças que Jesus Cristo encerra em seu adorável

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Coração, e que planeja espargir com profusão sobre todos

aqueles que a praticarem!

Nosso Senhor pretende por este meio restituir a vida a

muitos, tirando-os do caminho da perdição, e arruinar o im-

pério de Satanás nas almas, a fim de fundar o de seu amor, que não deixará perecer uma só pessoa das que lhe forem

consagradas. Sim, com certeza digo: se soubessem quão

agradável é esta devoção a Jesus Cristo, não haveria por

certo um só cristão, por menos amor que lhe tivesse, que

não a adotasse. Fazei que as pessoas religiosas abracem-na, porquanto dela tantos socorros tirarão que não será mister

outro meio para restaurar o primeiro fervor, e a mais exata

regularidade nas Comunidades menos observantes, e elevar

ao auge da perfeição as que viviam na mais exata regulari-

dade! Meu divino Salvador revelou-me que aqueles que tra-balham na salvação das almas, se se compenetrarem de sin-

cero zelo por seu divino Coração, possuirão o dom de tocar

os corações mais duros, e trabalharão com maravilhoso re-

sultado."

É este divino Coração - diz uma grande alma do século 19 -

que se desvela em interceder por nós junto de seu Pai, em

sugerir-nos santos desejos, e que nos acode quando esta-

mos prestes a sucumbir. Sem que o pensemos, por assim dizer, Ele arranca de nosso coração os obstáculos que se

opõem à glória de seu Pai; ajuda-nos a superar as difi-

culdades que, ainda há pouco, nos espantavam; é este

adorável Coração que nos livra dos atrativos deste mundo,

cujas mentiras e falsos princípios nos descobre.

"O Filho de Deus - diz Santa Matilde - apareceu-me um dia,

trazendo nas mãos seu próprio Coração, mais brilhante que o sol e dardejando raios de luz para todos os lados; foi então

que o dulcíssimo Salvador revelou-me que desse divino

Coração saem todas as graças que Deus incessantemente

derrama sobre todos os homens".

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Trigésimo segundo dia

Quinto meio de obter a devoção ao Sagrado Coração

de Jesus

PARTICULAR CULTO A S. JOSÉ, S. JOÃO EVANGELISTA E

S. LUÍS GONZAGA

Os Santos do Céu comprazem-se em alcançar para os que

veneram a virtude em que primaram, e os meios de salva-

ção que mais poderosamente ajudaram-nos a atingir a per-feição. Observamos qual foi em todos os tempos a ardente

devoção dos maiores Santos ao Coração de Jesus; para

abreviar, porém, só indicaremos aqui três, aos quais podeis

recorrer de um modo especial a fim de conseguir tão salutar

devoção.

O primeiro é S. José. Quem poderia duvidar, com efeito, que

este glorioso Santo, tendo logrado o privilégio de trazer con-stantemente, em seus braços, o Menino Jesus, de viver inti-

mamente com Ele durante trinta anos; quem poderia duvi-

dar, digo, que no silêncio da via de oração continuada que

José passava em Nazaré, não lhe houvesse descoberto o di-

vino Salvador todos os tesouros de Seu Coração, como ao

primeiro e mais favorecido de todos os santos, depois de sua divina Mãe?

Recorrei a S. José, se quiserdes conhecer e amar o Coração de Jesus, que nas mãos deste grande Santo, a quem amou

como a um pai, depositou todos os tesouros desse Coração,

no intento de que S. José os distribuísse com os seus fiéis

devotos.

Depois de S. José, recorrei a S. João Evangelista, o discípulo

querido de Jesus. A quem podeis melhor dirigir-vos, com

efeito, para obterdes a graça de terna devoção ao Coração de Jesus, do que ao discípulo muito amado, que durante a

ceia reclinou-se sobre esse divino Coração, e foi o primeiro

que penetrou-lhe todos os segredos; único dentre todos os

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Prática

Quando assistirdes à Missa, oferecei ao Coração de Jesus as

disposições da Virgem Santíssima ao pé da Cruz, e quando

comungardes, oferecei-Lhe igualmente os sentimentos de

Maria e seu santo êxtase de amor no momento da Encarna-ção. Esta prática, ensinou-a Jesus a Santa Margarida Maria.

Oração jaculatória

Ó Maria! não terei descanso enquanto de Vós não tiver ob-tido o conhecimento, o amor do Coração de Vosso dulcíssimo

Filho!

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Não passar uma só semana deste mês sem falar sobre o

Coração de Jesus, e sem divulgar os imensos tesouros de

graças que prometeu aos que O honrassem com especial

culto.

Oração jaculatória

Dai-me só vosso Coração, e serei bastante rico. Amorem tui

solum, et dives sum satis. (Santo Inácio)

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Terceiro dia

Principal efeito da devoção ao Sagrado Coração de

Jesus: o amor divino

Toda a lei de Nosso Senhor Jesus Cristo encerra-se em uma

só palavra:Diliges - amarás. Ó doce lei! Lei admirável, digna

do Deus que a promulgou, e única digna do homem a quem

foi intimada!

Aquele que formou o coração humano bem sabe que os únicos laços capazes de prendê-lo são os do amor. Outras

obrigações impôs Deus a sua criatura, todas porém se re-

sumem nesta: amarás. Este é o preceito de Jesus Cristo por

excelência: Hoc est proeceptum meum, ut diligatis. (Jo 25,2)

O meu maior preceito, a única ordem que vos dou, é que me

ameis, e vos ameis mutuamente como vos amei. Este é o preceito por cujo cumprimento conhecerão todos que sois

meus discípulos; aquele que me ama, cumpre a lei (Rom

13,8).

Ó Jesus, o que vos daremos nós, por nos terdes ordenado

que vos amemos, por nos haverdes tão freqüente e solene-

mente assegurado que nos amais?

Se todos os nossos deveres, trabalhos, combates, triunfos,

se reduzem à aquisição deste único bem - o amor de Deus -

é por certo extremamente grato ter à nossa disposição um meio fácil e infalível para consegui-lo.

Este meio, ao alcance de todos, é a devoção ao Sagrado

Coração; e quem nos prometeu tão precioso resultado foi o

próprio Jesus Cristo, como acima vimos. Diz Ele a Santa

Margarida Maria: «Prometo-lhe que meu Coração dilatar

-se-á para difundir com abundância os influxos de seu

divino amor sobre aqueles que lhe tributam esta homenagem.» E em outro lugar: «Esta devoção fará

nascer o amor nos corações mais empedernidos e

abrasará os menos fervorosos.»

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enriquecer com todos os tesouros de que é depositária. Por

Suas Mãos passam as graças de que o Coração de Jesus de-

seja nos cumular.

Recorramos a Maria, principalmente a seu Coração, perfeita

imagem do de Jesus; supliquemo-lhe pela sua Imaculada Conceição, o mais caro de seus privilégios, e fiquemos certos

que não nos recusará coisa alguma. Não separemos nunca

em nossa devoção o Coração de Maria do de Jesus: a ambos

tributemos reverência e amor; dediquemo-nos e con-

sagremo-nos inteiramente a estes dulcíssimos Corações; en-derecemos nossos pedidos a Deus Pai pelo Coração de

Maria; tudo alcançaremos do Pai pelo Coração de Jesus, e

tudo do Filho pelo Coração da Mãe.

Santa Maria da Encarnação nunca procedia de outro modo,

servia-se do Coração de Maria para rogar a Jesus, e do

Coração de Jesus para suplicar ao Pai Eterno.

O Beato Herman louvava sempre o Coração de Maria, e to-

dos os dias de sua vida, dele recebia marcantes favores.

Ó Maria, Mãe da Graça! vede nossa miséria, e os dissabores

que nos acabrunham neste vale de lágrimas; rogai a Jesus

que nos abra Seu Coração; e nos ensine a afogar todas as nossas tristezas e penas em Seu Divino Coração, que na

terra foi mar de amarguras.

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Trigésimo primeiro dia

Quarto meio de obter a devoção ao Sagrado Coração

de Jesus

GRANDE DEVOÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Pleno poder sobre o Coração de Jesus tem a Virgem Santís-

sima que é a Mãe do perfeito amor, mater pulchrae dilec-

tionis. Por sua intercessão alcançaremos ser dele abrasados.

Muito conformes e unidos entre si são os Sagrados Corações

de Jesus e Maria para que um nos conduza infalivelmente ao

outro; com a diferença que o Coração de Jesus favorece mais particularmente as almas puras, e o de Maria purifica

as que não o são, pelas graças que lhes alcança, e as ha-

bilita para serem acolhidas pelo Coração de Jesus.

Os próprios pecadores não devem perder a esperança de ob-

ter esta graça por intermédio do Coração de Maria, asilo de

todos os miseráveis e recurso do mundo inteiro. Sem terno

amor a esta Mãe de misericórdia não se deve esperar in-gresso no Coração de Jesus.

Dizendo Santa Gertrudes um dia com muita devoção estas palavras da Salve Rainha: "vossos olhos misericordiosos a

nós volvei" apareceu-lhe Nossa Senhora e, mostrando-lhe os

olhos do Menino Jesus, que trazia ao colo, disse: «Eis aqui

os olhos misericordiosíssimos que eu posso volver 'a

minha vontade para os que Me invocam». Tenhamos, pois, terno amor a Maria, e em breve seremos abrasados de

ardente amor para com seu Filho. Esta é a recompensa que

Nossa Senhora consegue para seus sinceros devotos. Todos

os bens nos vieram e virão por Maria.

Não é difícil acercarmo-nos desta terna Mãe,que nos as-

segura sair ao encontro de todos quantos a procuram, e ser

quem primeiro se apresenta. Em verdade, é ela quem nos inspira o desejo de amá-la e servi-la, a fim de poder nos

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Apesar de seus inimigos, Deus reinará - escrevia Santa Mar-

garida - e tornar-se-á Senhor e possuidor de nossos cora-

ções; porque este é o fim principal desta devoção: converter as almas a seu amor".

Facilmente se compreende que seja este o efeito da devoção ao Sagrado Coração, pois nela tudo respira amor;

seu objeto é o Coração de Jesus Cristo abrasado de amor;

seu fim, reparar as injúrias feitas ao amor; suaprática, exer-

cícios de amor. Ela provoca à atenta consideração de tudo

quanto pode inflamar este amor; a lembrança e o reconheci-mento do amor, e dos benefícios de Nosso Senhor, principal-

mente no Sacramento da Eucaristia.

O que não faria Jesus por quem fielmente o tivesse acom-

panhado durante sua dolorosa Paixão, quando todos os

abandonavam! O que não fez por São João, o único que o

seguiu fielmente até o seu último suspiro! De alguma forma

fez dele seu retrato, legando-lhe sua divina Mãe para ser-lhe mãe; suaCruz, para lembrança; seu Coração, para lugar de

repouso.

Jesus Cristo reserva também estes dons preciosíssimos de

sua liberalidade, para aqueles que, enternecidos pelo de-

samparo e solidão de seus templos pelos ultrajes, desprezo

e tibieza dos cristãos para com o Sacramento de seu amor,

forem visitá-lo freqüentes vezes, receberem-no no coração, e cada dia repararem pela sua assiduidade, fervor e humil-

dade, tantas e tamanhas indignidades. Nosso Senhor não se

deixará vencer em generosidade: o amor será a recompensa

do amor.

Lê-se na vida de Santa Gertrudes que, sendo um dia favore-

cida com a aparição de São João Evangelista, perguntou-lhe

por que motivo, tendo ele descansado sobre o Coração de Jesus durante a Ceia, nada havia escrito para instrução

nossa sobre os movimentos do divino Coração; e que o

Santo respondera estas palavras memoráveis:

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"Eu estava encarregado de escrever para a Igreja

ainda no berço, a palavra do Verbo Encarnado; Deus,

porém, reservou a suavidade dos sentimentos do di-vino Coração para manifestá-la nos últimos tempos,

na velhice do mundo, a fim de reacender a caridade

que arrefecer-se-á consideravelmente."

Já chegamos a esses tempos de que falou o Discípulo amado

à Santa. O fogo da caridade está extinto em quase todos os

corações; mas por que perderemos a confiança? A devoção

ao Sagrado Coração, que se propaga por toda a parte, vai avivá-lo.

Prática

Meditar na Paixão e nas dores do Sagrado Coração de Jesus,

durante o Santo Sacrifício da Missa.

Oração jaculatória

Quem nos separará de vosso amor, ó Coração de Je-

sus? Quis nos separabit a charitate Christi?

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Tomai a firme resolução de não passar um só dia sem visitar

muitas vezes a Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, se

habitais em lugar onde Ele repousa.

Oração jaculatória

Ó Jesus! Ó meu Deus, cujos discursos não podem enfadar,

dizei uma palavra à minha alma, dizei hoje, dizei sempre,

nunca Vos caleis. Tantum dic verbo!

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós

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Fala-Lhe, alma fiel, nessas visitas, como o filho ao seu pai,

como a esposa ao mais amável dos esposos. Ora expondo-

Lhe tuas necessidades espirituais: "Senhor, aquele a quem amais está doente". Ora agradecendo-Lhe Seus benefícios:

"Bendiz, minha alma ao Senhor, e tudo quanto em mim ex-

iste bendiga Seu Santo Nome". Ora louvando Sua bondade:

"Como é bom o Deus de Israel". Ora Sua Misericórdia:

"Vossa misericórdia, Senhor, se sobrepõe a todas as vossas obras!". Ora o Seu Amor: "Ó Coração de Jesus, ferido, des-

falecido de amor, o que direi dos extremos de Vosso Amor?".

Aniquila-te diante dEle: "Falarei a meu Senhor, eu que não

sou senão pó e cinza?". Entra, enfim, até o tabernáculo, e

nele estabelece morada. Aí lança-te aos pés de Jesus, a ex-

emplo de Madalena, banha-os com tuas lágrimas, beija-lhe as mãos traspassadas de cravos por teu amor, reclina-te so-

bre Seu Coração, com o discípulo amado, e declara-Lhe que

aí queres descansar para sempre nesta e na outra vida, sem

buscar mais, em parte alguma, alegria e consolação.

Não podeis desculpar-vos de vossa pouca assiduidade em

visitar Nosso Senhor com a falta de tempo. Acha-se tanto

para desperdiçar em conversações inúteis! Só a Jesus não se poderá sacrificar cinco minutos? Sim, cinco minutos, ao

menos, todos os dias, de colóquio com Ele, em Seu Sacra-

mento, já satisfazem Seu Coração.

Morais talvez debaixo do mesmo teto com Ele, basta-vos dar

alguns passos, quando muito, para visitá-lo, e recusais-Lhe

tão diminuto sinal de reconhecimento que Jesus está pronto

a recompensar com os mais assinalados favores. Será civili-zado e cortês passar diante da casa do amigo ou morar

perto dele sem entrar para cumprimentá-lo?

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Quarto dia

Objeto e fim da devoção ao Coração de Jesus

Diferença e semelhança entre esta devoção e a do Santís-

simo Sacramento.

"A devoção ao Coração de Jesus é um exercício de religião

que tem por objeto o adorável Coração de Jesus Cristo,

abrasado de amor pelos homens, e ultrajado pela ingratidão

deles". (Gallifet)

É fácil ver que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus não

consiste só em amar e honrar com singular culto esse Cora-ção de carne semelhante ao nosso, que faz parte do corpo

de Jesus.

O objeto e principal motivo desta devoção é, como já disse-

mos, o amor imenso de Jesus Cristo aos homens; e como

nos exercícios de devoção, até nos mais espirituais, temos

necessidade de objetos sensíveis que nos renovem a lem-

brança e facilitem a prática deles, Jesus em pessoa ofereceu o seu Coração como o objeto mais capaz de nos relembrar

aquele amor que o levou a imolar-se por nós e a ficar cono-

sco, até à consumação dos séculos, na adorável Eucaristia.

Sendo, com efeito, o coração do homem de certo modo a

fonte e o foco do amor, com razão se lhe atribuem os mais

ternos sentimentos da alma. Jesus Cristo tem um corpo;

ora, se seu corpo e sangue precioso merecem todas as nos-sas adorações, quem deixará de concordar que seu Sagrado

Coração exija ainda mais particularmente nossas homena-

gens?

O fim que nos propomos no culto ao Sagrado Coração é:

1o. Reconhecer e honrar o quanto pudermos, com freqüentes

atos de adoração, pela retribuição do amor, pela gratidão e

dedicação sem limites, o amor infinito do Coração de Jesus

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aos homens, principalmente na adorável Eucaristia, onde tão

pouco conhecido e amado Ele é! Até daqueles que mais o

deviam pregar.

2o. Desagravar por todos os meios ao nosso alcance as in-

dignidades e ultrajes a que O expôs seu amor, durante o curso de sua vida mortal, e ainda hoje, todos os dias, no

Santíssimo Sacramento.

O Coração de Jesus incendiado de amor por nós, é pois, o

objeto desta devoção; o desagravo do desprezo em que é

tido este amor, principalmente na divina Eucaristia, eis

o fim; amor ardentíssimo ao Salvador, graças sem número,

serão o fruto e recompensa dela..

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus difere da que deve-

mos ao seu Corpo na Eucaristia: uma tem por objeto o Cora-ção de Jesus, sem especial relação a seu Corpo; a outra tem

por fim o Corpo inteiro de Jesus Cristo debaixo das espécies

sacramentais.

Na devoção ao Santíssimo Sacramento, o motivo é venerar a

carne Sagrada de Jesus, unida ao Verbo, e por tal união ver-

dadeiramente digna da maior adoração dos Anjos e dos

homens. Na devoção ao Sagrado Coração, o motivo essen-cial é honrar seu Coração, unido à Divindade, principalmente

reconhecer o amor que o inflama pelos homens, e desagravá

-lo de tudo o que da parte deles sofria e ainda sofre todos os

dias no seu Sacramento de amor.

A devoção ao Coração de Jesus e a do Santíssimo Sacra-

mento, se bem que diferentes no objeto, são, como se vê,

intimamente ligadas; a primeira, longe de destruir a se-gunda ou de diminui-la compartilhando nossas homenagens,

a embeleza e aperfeiçoa. Que imenso tesouro é o Coração

de Jesus no Santíssimo Sacramento! E por que não o

aproveitamos?

Aparecendo o Senhor a Santa Matilde, ordenou-lhe que ama

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Trigésimo dia

Terceiro meio de obter a devoção ao Sagrado Coração

de Jesus

AS VISITAS AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

A divina Eucaristia não dá proveito só aos que a recebem.

Para colherem-se alguns dos frutos de vida que encerra,

basta visitar Jesus Cristo nesse adorável Sacramento, basta

desejá-lo, basta pensar nele, e voltar-se em espírito para alguma Igreja onde Ele descansa.

Esta era a prática de grande número de Santos, entre outros de Santo Afonso de Liguori. Muito contentam ao Coração de

Jesus estas freqüentes adorações e visitas. Esse dulcíssimo

Coração está no Sacramento, qual perene fonte que, cor-

rendo dia e noite sem interrupção, anelando derramar-se

nos corações para purificá-los e fertilizá-los, convida todos os homens a virem beber nele, e parece chamar do fundo de

Seu Santuário, como outrora o fez no meio da multidão dos

judeus que acudiam para as suntuosas festividades: "Se al-

guém tiver sede, venha a Mim e beba. Si quis sitit, veniat ad

me et bibat" (Jo 7,37).

A solidão de Seus templos nos anuncia que Jesus não é ag-

ora mais atendido do que era antes. Também parece que

consola-se da insensibilidade de uns, junto ao pequeno número de almas fiéis que à sua voz acodem; porque é nor-

malmente nessas visitas que Jesus se compraz em prodi-

galizar-lhes copiosas graças; e de todas as que então con-

cede, a mais comum é, podemos dizer, a graça de Seu

amor; porque se entre os homens a amizade se alimenta e cresce com visitas e conversações freqüentes, assim é que

também por este meio se amará com maior veemência a Je-

sus Cristo.

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Prática

Esforçai-vos por tornar-vos dignos de comungar com

freqüência, e não esqueçais que da preparação e ação de

graças depende todo o fruto deste grande ato.

Oração jaculatória

Quem me dará essa carne divina, a carne do meu Senhor,

para dela alimentar-me?

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

15 http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/

que amasse ardentemente e adorasse quanto possível lhe

fosse o seu Coração no Santíssimo Sacramento, pois Ele O

dera como penhor de seu amor, e para lugar de refúgio du-rante a vida, e na hora da morte.

Desde então, a Santa sentira-se penetrada de extraordinária devoção ao Sagrado Coração e tantas graças dEle recebera

que costumava dizer: "Se me fosse preciso escrever todas

as graças que tenho obtido do amabilíssimo Coração de Je-

sus, eu faria um livro mais volumoso do que o breviário".

Prática

Em todas as comunhões e visitas ao Santíssimo Sacramento,

propor-se a louvar o Sagrado Coração de Jesus e fazer-lhe

reparação pelos indiferentes e opositores dessa devoção dul-

císsima.

Oração jaculatória

O pardal achou casa para si, a andorinha ninho para os seus

filhotinhos; vosso Coração, ó Jesus, será o meu re-fúgio! Passer invenit sibi domum, et turtur nidum sibi, ubi

ponat pullos suos; Cor tuum, Domine, Rex meus et Deus

meus.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Quinto dia

Nobreza e excelência do Coração de Jesus

"Muitas prerrogativas tem o Sagrado Coração de Jesus, que

nos dão a conhecer sua excelência nobreza.

O Sagrado Coração de Jesus é animado pela mais bela alma

que Deus já tirou dos seus tesouros. Desde o primeiro mo-

mento de sua santa aliança, ela comunicou-lhe todas as ri-

quezas da graça e da glória, e deu-lhe movimentos tão gen-erosos, inclinações tão nobres, qualidades tão reais, quem

em nenhum outro coração nada há de igual."

"Nenhum existe que nos tenha amado tanto, tenha sentido

nossas misérias com tanta ternura, haja concebido desígnios

tão grandes e tão vantajosos para nós, e tanto se tenha re-

gozijado com o nosso bem" (Nouet).

"Mesmo quando se vos fechassem os corações de todos os homens, não vos perturbeis, porque o Coração de Jesus vos

estará sempre aberto, e ser-nos-á sempre fiel" (Lansperge).

Sim, meu bom Jesus, ainda que os inimigos de minha alma

armassem suas legiões contra mim, estando oculto meu

coração no Vosso, nada poderia temer; ainda que se

travasse combate, minha confiança em vosso Coração far-

me-ia sair vitorioso; ainda que eu estivesse com um pé no

inferno, esperaria em vosso Coração.

"O Coração de Jesus é santo da santidade do próprio Deus; por isso todos os seus movimentos, suspiros, afeições, pedi-

dos, orações, desejos, segundo a dignidade da pessoa que

os opera, tornam-se de preço e valor infinitos. É justo que

seja honrado com especial culto, pois assim honramos sua

divina Pessoa."

"No Coração de Jesus se fundaram todos os planos de nossa

salvação e pelo amor que o abrasa foram executados. A este dulcíssimo Coração devo, bem posso dizer, todas as obriga -

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Oxalá soubéssemos que pena causamos ao Coração de Jesus

pela nossa indiferença para com a Santa Eucaristia! Disse

um dia o Divino Salvador a Santa Margarida Maria: «Tenho ardente sede de ser adorado pelos homens do Santís-

simo Sacramento; e não encontro quase ninguém que

se esmere por saciar-Me o desejo».

Não sejamos do número destas almas ingratas; cheguemo-

nos à Sagrada Comunhão com a disposição de desagravo, é

este o meio de compensar Jesus Cristo, e ganhar Seu Cora-

ção.

Mas se já temos a felicidade de comungar freqüentemente,

ah! por que não faremos melhor uso de tão precioso meio de perfeição e salvação?

Sempre os mesmos depois de tantas comunhões! Qual o motivo por que, animados de fé e confiança não nos lan-

çamos aos pés de Jesus Cristo, realmente presente em nós,

e não Lhe dizemos do íntimo do coração: "Não, Senhor, não

Vos deixarei ir, antes que me abençoeis; não me levantarei,

senão depois que me tiverdes dado a força para dominar as inclinações que tantas vezes de Vós me afastam; se não,

depois que me houverdes infundido desejo eficaz e in-

saciável de tudo fazer e tudo sofrer por vosso amor, e cum-

prir a toda hora e em todas as ocasiões a vossa santa von-

tade". Digamos, enfim, que a sua glória está empenhada em tornar digno dEle um coração que transformou em santuário

Seu.

O que pode Jesus recusar-nos, depois de Se nos haver dado

todo inteiro?

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Vigésimo nono dia

Segundo meio de obter a devoção ao Sagrado Coração

de Jesus

A COMUNHÃO FREQUENTE

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é exatamente um

exercício de amor. Basta saber o que é comungar para com-

preender que não há meio mais seguro para de súbito incen-

diar-se alguém nas chamas do amor de Jesus Cristo do que aproximar-se com freqüência deste divino Sacramento. Diz o

Sábio: "Não é possível trazer fogo dentro de si sem queimar-

se". Este fogo sagrado é a adorável Eucaristia, que, no dizer

de São Bernardo, é o amor dos amores.

Vamos, pois, com freqüência a esta fonte de todos os bens;

aí unidos e incorporados a Jesus Cristo, autor da graça, vê-la

-emos fluir todos os dias sobre nós com profusão sempre nova; aí, nossas paixões, insensivelmente amortecidas, de-

saparecerão afinal; o pendor de todo o mal que nos é inato,

converter-se-á em doce atrativo para todas as virtudes, cujo

santuário é o Coração de Jesus, que delas exemplo nos dá

neste Sacramento. Aí, possuindo, se bem que oculto a nos-

sos olhos, o tesouro do Céu, receberemos o penhor da eterna bem-aventurança, prometida aos que dignamente se

aproximam deste Sacramento de amor; porque de nada

carece para a sua salvação e perfeição, quem possui a Jesus

Cristo no Santíssimo Sacramento; de forma que, em aca-

bando de comungar, pode a alma fiel dizer, como Santa Madalena de Pazzi: "Tudo está consumado".

Este celeste alimento contém todos os bens e depõe na alma todas as graças, dons, virtudes, de sorte que o fiel que dele

goza nada mais tem a desejar

Ah! quantas graças perdemos, não comungando com mais

freqüência! Os fiéis da Igreja primitiva comungavam todos

os dias, mas também qual não era a fé e o fervor deles!

17 http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/

ções particulares, quantas devo a cada parte de seu Corpo,

que trabalhou por minha salvação."

"Era o Coração de Jesus que chorava pelos seus olhos o sep-

ulcro de Lázaro, e sobre a cidade de Jersusalém, tristes figu-

ras do mísero estado em que estava o mundo antes de sua Paixão, e ao qual ficará reduzido na consumação dos sécu-

los; era Ele quem publicava por sua boca as verdades evan-

gélicas e nos ensinava o caminho do Céu; era Ele quem

curava os enfermos e ressuscitava os mortos com o contato

de suas mãos; era Ele quem conduzia os passos, ordenava as viagens deste bom Pastor em busca da ovelha desgar-

rada; foi Ele quem fez correr aquele suor de sangue de todos

os poros de seu Corpo no jardim das Oliveiras, quem em-

palideceu e tremeu de todos os membros, quem clamou na

Cruz com voz tão poderosa que abalou a terra, penetrou os céus onde foi atendido por causa da reverência que lhe é

devida. Et exauditus est pro sua reverentia" (Heb, 7)

(Nouet).

Que culto, que amor não devemos, pois, a este Coração, de

onde nos vieram todos os bens! Ah, se se apresentasse à

vossa veneração o coração de um Agostinho, de um Fran-

cisco de Sales, de um Luis Gonzaga, de uma Teresa, quais

não seriam nossos transportes de fé e fervor! Eis aqui o Coração de Jesus, que excede a todos esses: ei-lo realmente

presente no Sacramento de seu amor; só palpitou e ainda só

palpita pela nossa felicidade... ficarmos frios e insensíveis?

Não, Senhor, não! Eu creio, adoro e amo; aumentai-me,

porém, a fé e o amor!

Santa Clara não deixava passar um só dia sem saudar o

Coração de Jesus, com extraordinário cuidado e diligência; e

Deus, para recompensar o fervor de sua humilde serva, nunca deixou de cumular-lhe a alma das mais puras delícias,

enquanto ela se empregava nestes santo exercício.

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Prática

Imitai Santa Clara, e não deixeis passar um só dia sem hon-

rar o Sagrado Coração de Jesus.

Oração jaculatória

Dormirei e descansarei em paz em vosso Coração, ó Je-

sus! In pace in idipsum dormiam, et requiescam. (Sl 5,9)

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Oração jaculatória

Que minha língua se me apegue ao paladar, paralise-se

minha mão direita, se eu te esquecer, ó Coração de Jesus! Si

oblitus fuero tui, oblivioni detur dextera mea; adhoereat lin-

gua mea faucibus meis, si non meminero tui (Sl 136,5).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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A Santa Brígida, disse Nosso Senhor que de muito excede

sempre as nossas petições e votos, e que a cada instante

atender-nos-ia se pedíssemos convenientemente dispostos.

"De todas as orações, nenhuma pode ser mais agradável a

Jesus Cristo do que aquela em que lhe solicitamos o amor de Seu Sagrado Coração. Roguemos, supliquemos; é impossível

pedi-lo com instância sem obtê-lo. Fácil é o meio, e eficaz; e

neste caso não há duvidar, pedir é obter.

Servi-vos deste mesmo Coração para apoiar vossa súplica, e

não temais que não seja favoravelmente recebida" (Croiset

Pouco tempo antes de sua morte, Santa Matilde assegurou

que, tendo certo dia pedido a Nosso Senhor uma grande

graça que lhe haviam solicitado, respondeu-lhe Je-

sus: «Filha, dizei à pessoa por quem Me rogais, que

em Meu Coração procure tudo quanto desejar, que in-

falivelmente achará, que tenha grande devoção a este

Sagrado Coração; tudo Me peça por meio dele, qual

inocente criancinha que não tem outro plano senão o

que lhe sugira o amor para do pai conseguir tudo o

que quer».

Prática

Nada podeis fazer mais agradável ao Coração de Jesus do

que freqüentemente unir-vos a Ele pela Comunhão espiri-

tual, que consiste, segundo São Tomás, em "ardente desejo

de receber Jesus Cristo, e em sentimento afetuoso como se

realmente o tivéssemos recebido".

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Sexto dia

Nobreza e excelência do Coração de Jesus

"O Coração de Jesus é o Rei dos Corações, pela sua gran-

deza, poder e mérito"

É o maior de todos os corações, porque os encerra todos em

si. É o maispoderoso, porque deles pode dispor à sua von-

tade. Conhece todos os segredos, todas as molas de todos

eles, e pode dar-lhe o impulso que lhe aprouver. É o mais digno de mandar, porque é o mais obsequioso, amável e

amoroso; visto como quis ser ferido por amor, para sarar

todos os corações, e preparar-lhes um banho de seu próprio

sangue.

Sua chaga é sua coroa; mais legítimo não pode ser o direito

que sobre nós Ele tem. Não lhe podemos recusar obediência

sem injustiça, pois tudo lhe devemos; nem sem loucura, pois que nada nos ordena que não seja para nosso bem,

sendo o seu único fim, nos convites instantes que nos dirige

para nos consagrarmos a Ele, tornar-nos tão felizes como

santos. Honremos, por conseguinte, este Sagrado Coração,

já que tanta nobreza e excelência tem; rendamos-lhe nossas

adorações, pois é o Coração de um Deus; sigamos todos os seus impulsos, visto ser Ele regra infalível e origem de todo

o bem que no mundo se opera; submetamos-lhe nossa von-

tade, pois que é o Rei dos corações. Consideremo-lo como

selo real de divino e o imprimamos no nosso, a fim de copiar

-lhe os traços.

«Ponde-me como um selo sobre vosso coração», diz

Jesus. Isto é, segundo a explicação de Santo Anselmo: deixai-me governar vosso coração e pensamentos a fim de

que seja eu o diretor de todos os atos de vossa vida.

Cumpre-nos pôr Jesus Cristo como um sinete em nossa

fronte, em nosso coração e em nossos braços, diz Santo

Ambrósio; em nossa fronte, para fazermos profissão pública

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de nossa fé; em nosso coração, para nele fazermos rimar o

seu divino amor; em nossos braços, para trabalharmos in-

cessantemente no aumento de sua glória, pela prática das

boas obras.

Façamos, pois, resplandecer a imagem de sua grandeza em

nossas palavras, afeições e obras e, se possível for, es-

forcemo-nos por exprimir em nós suas virtudes; pois é Ele o cunho da santidade incriada que o Pai Eterno gravou com a

ponta dos cravos, dos espinhos e da lança, para marcar nos-

sas almas com o selo da sua humildade, doçura, paciência,

amor e outras perfeições suas.

Alma devota, apenas sentires que a ambição do século com

fascinador atrativo lisonjeia-te o coração, ou que o mundo

com vão esplendor ofusca-te os olhos, levanta o espírito

para o Céu, e, seguindo o conselho de São Jerônimo, escuta estas palavras do Esposo: "Põe-me como um sinete sobre

teu coração e sobre teus braços".

Se este é o desejo de Jesus Cristo, peçamos-lhe que con-

verta nossos corações e os de todos os homens para o seu,

torne-os dóceis ao instante convite que nos faz de nos ligar-

mos a seu Coração divino, dizendo-nos: "Ó vós todos que

viveis sequiosos em meio dos falaciosos prazeres do século, vindo ao meu Coração, foco das verdadeiras alegrias, fonte

de águas vivas; míseros indigentes dos dons da graça,

aproximai-vos, bebei e saciai-vos; vinde, hauri sem din-

heiro; para quê vos cansais na procura de bens temporais

que não podem contentar vosso insaciável coração? Das ver-dadeiras riquezas, meu Coração é a fonte. quanto mais

haurirdes, mais satisfeito ficará Ele."

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Vigésimo oitavo dia

Meios de obter a devoção ao S. Coração de Jesus

PRIMEIRO MEIO - A ORAÇÃO

O primeiro meio de conseguir ardente amor a Jesus Cristo, e

terna devoção a Seu Sagrado Coração é a oração.

Motivo há para nos admirar que onipotentes, por assim

dizer, não sejam os cristãos, que têm meio seguro e infalível de alcançar o que desejam, principalmente porque ele não

consiste senão em apenas pedir. Jesus Cristo Se tem

freqüente e solenemente empenhado em atender as nossas

súplicas (Croiset). "Pedi e recebereis, buscai e achareis,

batei e abrir-se-vos-á". Tudo que almejardes, pedi, e vos será concedido.

A oração é a primeira necessidade que o Espírito Santo sugere às almas que deseja arrancar do abismo da perdição,

o primeiro sinal de conversão. Ananias receava ir ter com

Saulo a quel o Senhor o enviava: que prova lhe deram que

já não era perseguidor, senão fiel de coração e vontade?

Esta somente: Ora (Atos 9,1).

A oração é também o primeiro exercício que o inimigo das

almas lhes faz abandonar, quando quer atraí-las para suas emboscadas. Por isso diz Santa Teresa: "Orai, orai".

Oremos, pois, oremos cheios de confiança e humildade, prin-cipalmente com perseverança; não nos cansemos nem de-

sanimemos tampouco. O momento em que cessaremos de

importunar a Divina Misericórdia será talvez aquele emque

esta vá deixar-se aplacar. Diz São Lourenço Justiniano: "A

oração abranda a ira de Deus, que perdoa ao pecador que ora com humildade". Alcança o que pede, triunfa todos os

esforços dos inimigos de nossa salvação; purifica, muda os

pecadores e fá-los Santos. Diz Salomão: "Apenas recorri a

Deus, deu-me a sabedoria". Diz Davi: "Apenas abri a boca

para orar, recebi o socorro de Deus".).

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Prática

Examinai-vos todos os dias sobre o vosso defeito dominante,

e sobre uma virtude que procurareis adquirir.

Oração jaculatória

Vosso desolado Coração, oh Jesus, me ensine a fugir, a de-

sprezar, a detestar todas as terrenas satisfações.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Oferecei todos os dias a Deus vossas orações pelo Coração

de Jesus; é este o meio de fazê-las tão meritórias como efi-

cazes.

Oração jaculatória

Coração de Jesus, Vítima de amor! Sede propício a este po-

bre pecador! O Cor, amoris victima... propitius esto mihi

peccatori!

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Sétimo dia

Nobreza e excelência do Coração de Jesus

É o Coração de Jesus o altar em que se ofereceu o sacrifício

mais agradável ao Criador.

É sobre este altar que devemos depositar todos os nossos

votos e oferecer nossos corações, para que o Senhor benig-

namente os escute e acolha. Toda a honra que as criaturas

até agora lhe têm tributado, todos os seus louvores, sac-rifícios, adorações e amor, são efeitos que dele emanam; os

quais em nada se podem comparar com a honra que Ele

sozinho rende à Soberana Grandeza, pois é só Ele quem a

ama e reverencia à altura de seu mérito divino.

O que de mais agradável podemos fazer a Deus é oferecer-

lhe o Coração de seu Filho; o meio mais eficaz de obter feliz

êxito de nossos pedidos, é dirigi-las a Ele pelo Coração de Jesus, dizendo-lhe no mesmo espírito do Profeta Real:

"Senhor, baixai vossos olhos sobre mim em vossa

misericórdia; porém, como nada achareis que não mereça

punição, levantai-os para o Rosto e Coração do vosso amado

Filho. Não me olheis, por assim dizer, senão através daque-

las chagas que vos pedem perdão, e para obtê-lo são onipo-tentes. Lembrai-vos do amor imenso de vosso Coração a

esta mísera criatura, e não condeneis a obra prima de vossa

misericórdia, o fruto de vossos trabalhos."

Santa Gertrudes soube um dia que todas as religiosas de sua

Comunidade, que estavam diante do Santíssimo Sacra-

mento, recebiam a graça divina. Estas, parecia que tiravam

os sagrados influxos do Coração de Jesus; aquelas, das mãos; aquelas outras, dos pés, traspassados pelos cravos.

Com a diferença, porém, de que quanto mais longe do Cora-

ção hauriam, mais custo tinham em alcançar o êxito de seus

desejos. Ao passo que aquelas que hauriam diretamente no

Coração de Jesus, mais pronta e facilmente conseguiam o que almejavam.

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O exercício desta mortificação é conhecido de todos que sin-

ceramente aspiram à perfeição. Em tudo acham eles ocasião

de contrariar suas inclinações naturais. Basta que tenham grande desejo de ver ou falar, para obrigá-los a abaixarem

os olhos, ou calarem-se; o prurido de notícias ou de saber o

que se passa ou o que se diz, é para eles motivo de habitual

mortificação, tanto mais meritórias quanto mais freqüentes,

e de que só Deus é testemunha. Uma palavra dita a propósito, um gracejo feito com espírito, pode grangear es-

tima na conversação; mas pode também ser matéria de belo

sacrifício. Sendo cem vezes interrompidos em uma ocasião

muito séria, cem vezes respondamos com tanta paciência e

doçura como se ocupados não estivéssemos.

Os incômodos próprios de lugar, da estação, das pessoas,

etc., eis ainda outras ocasiões para nos mortificarmos, que são de grande merecimento; bem se pode dizer que as

maiores graças e a mais sublime santidade ordinariamente

dependem da generosidade com que nos mortificamos con-

stantemente nestas pequenas ocasiões que sem cessar se

nos apresentam.

Não julgueis que aplicando-vos à mortificação levareis vida

melancólica e pesada: o jugo de Jesus Cristo é suave e leve.

Não se iludiram os Santos quando exclamavam: "Eu su-perabundo de alegria no meio das tribulações". Diz São

Francisco Xavier: "Estou escrevendo aos jesuítas de Roma,

estou em uma terra onde para as comodidades da vida tudo

falta; mas tantas consolações interiores sinto aqui que receio

perder a vista de tanto chorar de alegria".

Ânimo! Só o primeiro passo custa. Experimentai.

Dizia um grande servo de Deus: "Se no fim de quinze dias

de continuada e perfeita mortificação não sentirdes as doçuras que a outros inebriaram, consinto que digam que

penosa é a vida daqueles que amam verdadeiramente a Je-

sus Cristo, e pesado é o Seu jugo".

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Vigésimo sétimo dia

Meios de vencer os obstáculos à devoção ao Sagrado

Coração de Jesus

A MORTIFICAÇÃO

Quereis conhecer o meio de vencer os obstáculos que o ex-

ame particular nos tiver feito descobrir? Adotai cora-

josamente a mortificação interior e exterior; ambas são ab-

solutamente necessárias para chegar à perfeição, não po-dendo uma subsistir sem outra.

A mais necessária, porém, é incontestavelmente a interior, da qual ninguém se pode dispensar. Incessante violência

convém fazermo-nos para tomarmos o reino dos céus.

Ninguém há que não possa mortificar seu gênio, desejos e

inclinações, e calar em ocasião em que a vivacidade o le-

varia a responder e a vaidade a falar. Eis principalmente em

que consiste esta mortificação interior pela qual debilitamos

o amor próprio, e nos libertamos de nossas imperfeições.

Debalde nos lisonjeamos de amar a Jesus Cristo, se não for-

mos mortificados; todas as práticas de devoção, e belos sen-timentos de piedade tornam-se suspeitos, sem a perfeita

mortificação. Quando a Santo Inácio falavam de alguém

como de um santo, ele respondia: "Será, se for verdadeira-

mente mortificado".

Não basta vos mortificardes durante certo tempo, ou em al-

guma coisa; cumpre fazê-lo sempre e em todas as coisas

com prudência e discrição. Uma satisfação desordenada que dais à natureza, torna-a mais altiva, digamos assim, e mais

rebelde, do que cem vitórias conseguidas a teriam en-

fraquecido.

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Foi no Coração de Jesus que a Igreja nasceu. Devem, por-

tanto, os fiéis amá-lo como seu, e nunca sair dele.

Estando Jesus adormecido com o sono da morte, a Igreja foi

tirada de seu Coração; quis Ele que fosse este aberto, para

dar à sua Igreja motivo de glorificar-se de haver saído do lado de seu Salvador. Bem-aventurada a alma que, prestes

a entrar na eternidade, puder dizer com um dos mais ar-

dentes apóstolos da devoção ao Sagrado Coração:

"Pensando no amor do Coração de Jesus para comigo, mui-

tas vezes refleti: o Coração de Jesus me é berço e morada durante a vida, oxalá seja-me também sepultura na morte!

Ele me fez penetrar o sentido destas três palavras: berço,

morada, sepultura".

"O Coração de Jesus é o coração da Igreja, o qual vela en-

quanto esta dorme.Ego dormio et cor meum vigilat (Ct 5,2).

Diz a Escritura Sagrada que os primeiros cristãos só tinham

uma alma e um coração: não se admira. Pois era o Coração de Jesus que neles vivia e que a todos inspirava o amor das

coisas celestes" (Nouet).

Não poderá esse venturoso tempo, esse concerto geral para

o bem, reaparecer entre aqueles que a mesma devoção vai

reunir no Coração de Jesus? Empreguemos ao menos nesta

diligência todas as nossas forças, dando-nos mesmo o ex-

emplo de completa dedicação ao Coração de Jesus; es-meremo-nos por obter pelas nossas orações e boas obras,

unidas às do divino Coração, que o resto dos verdadeiros

cristãos formem também - como nos primeiros séculos da

Igreja - um só coração para amar o Coração de Jesus, uma

só voz para louvá-lo e bendizê-lo, uma só alma, cujos

movimentos reunidos sejam consagrados ao amor e à glória do Coração de Jesus.

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Prática

Renovai todas as manhãs ao despertar, as obrigações que

assumistes no santo batismo. Podeis servir-vos da fórmula

seguinte: "Ó Coração de Jesus! De novo renuncio a Satanás,

a suas pompas e obras, e de todo a vós me consagro para todos os instantes de minha vida!"

Oração jaculatória

Anátema seja quem não vos amar, ó Coração de Jesus! Si qui son amat Dominum nostrum Jesum Christum, sit anath-

ema.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Examinai se tendes que vencer em vós algum destes quatro

obstáculos à devoção ao Coração de Jesus.

Oração jaculatória

Criai em mim, Senhor, um coração digno de se unir ao

Sagrado Coração de Jesus!

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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O quarto obstáculo é um orgulho secreto. Vencem-se e en-

fraquecem-se os outros inimigos pela prática das virtudes,

ao passo que este se fortifica com elas. Pode-se dizer que de todos os vícios nenhum há que tanto tenha paralisado as al-

mas no caminho da piedade, e da mais alta perfeição as

tenha abismado na tibieza e até na desordem, como o

orgulho.

Deste espírito de vaidade procede o imoderado desejo que

temos de aparecer, de sair bem do que empreendemos, e,

também, a tristeza e desânimo em que caímos depois dos reveses; o entusiasmo que sentimos quando nos dão lou-

vores.

Tal espírito insinua-se até no exercício das maiores virtudes;

somos mortificados, obsequiosos, honestos, delicados, cari-

dosos, cheios de zelo pela salvação, meditação, etc., mas

gostamos também, (dizemos) para edificação do próximo,

que sejam conhecidas estas nossas qualidades.

É do orgulho que dimanam as susceptibilidades em pontos

de honra, esfriamentos, pesares que tanto se aproximam da inveja, bem como a pena oculta que nos causam os triunfos

dos outros, que buscamos amesquinhar, e a extrema

tristeza e desalento que experimentamos quando resvala-

mos em alguma falta semelhante.Em suma, passamos por

espirituais, supomo-nos tais, e só nos conduzimos pela prudência mundana; a superfície espiritual encobre paixões

reais: e na hora da morte, pessoas que julgamos encarre-

gadas de riquezas espirituais, acham-se com as mãos vazias

de boas obras; porque certo amor próprio, ambiçãozinha e

orgulho latente, tudo roubaram e corromperam. Eis o verme

que faz secar e tombar os mais altos e frondosos carvalhos.

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Oitavo dia

Ternura do Coração de Jesus pelos homens

A qualidades brilhantes e magníficos títulos, Jesus alia uma

ternura pelos homens que toca o extremo: "São minhas

delícias estar com os filhos dos homens" (Prov. 8). Tão

amável é a sua doçura, que chegou a encantar seus maiores

inimigos. A seus pés conduzem uma mulher adúltera, ele se recusa a condená-la, e envergonha os que a acusaram.

Deixa-se aproximar pelos pecadores e com eles se confunde,

consente que o chamem amigos dos pecadores, e de alguma

forma o é, com efeito.

Assenta-se à mesa dos publicanos.

Quem vedes a seus pés e neles encontra asilo? A Madalena,

pecadora de profissão; e por um só ato de amor lhe perdoa

uma vida inteira de desordens e escândalos. Ó Madalena,

não fostes vós quem destes os primeiros passos para este

bom Mestre: foi Ele quem bateu e esperou à porta de vosso coração, antes de ver-vos curvada a seus pés, banhando-os

com vossas lágrimas e enxugando-os com vossos cabelos.

"Muitos pecados vos foram perdoados, porque muito

amastes"; mas, ainda muito mais porque fostes amada.

Jesus estende seus desvelos até às criancinhas ainda inca-

pazes de conhecê-lo, porém que sua doçura atrai: "Deixai,

deixai vir a mim esses meninos", diz-lhes, e acarinha-os, abençoa-os e digna-se abraçá-los. Se seus pais chegassem a

abandoná-los, Ele tomaria cuidado deles; pois se a própria

mãe esquecesse os filhinhos, não os esqueceria Ele. Vede

como recebe o pródigo que, prostrado a seus pés, confessa

já não ser digno do nome de filho; vede como corre-lhe ao

encontro, como estreita-o nos braços, como banha-o com lágrimas e o restabelece, ao primeiro sinal de arrependi-

mento, em todos os direitos à herança e à afeição paternas.

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Esse incomparável Pastor passou derramando benefícios.

Ah! O seu aprisco está cheio de enfermos; com as próprias

mãos cura-lhes as chagas, unge-lhes as feridas com óleo e vinho; aos cegos restitui a vista, aos paralíticos o

movimento. Se uma mãe chora o filho único, comove-se o

Coração de Jesus; bem sabe que dores e lágrimas lhe cus-

tarão tantos filhos queridos, precipitados na morte horrenda

do pecado. "Moço, ordeno que te levantes"; e o restituiu a sua mãe.

Vede-o sentado à borda do poço de Jacó, cansado do caminho que lhe foi preciso andar para lá chegar; espera a

Samaritana, segue-a o seu Coração e a conduz a buscar as

águas da vida eterna ali, onde ela só procurava águas cor-

ruptíveis. Jesus desperta-lhe na alma deliciosa sede que an-

tes ela não conhecia; e revela a esta insigne pecadora o segredo de sua missão divina.

Vede-o no sepulcro de Lázaro, a quem se digna chamar de amigo; chora... e os judeus admirados exclamam: "Vede

como Ele o amava! Ecce quo modo amabat eum!"

Mas, ainda não basta de suores, de fadigas, de vigílias. O

dulcíssimo Salvador disse: "O bom Pastor dá a vida pelas

suas ovelhas".

Da-la-á por amor delas e por elas se deixará sacrificar. Re-

unindo seus Apóstolos na última ceia, o que fez? Ó invenção

amorosa deste adorável Coração, superior a todas as suas

obras! Os outros pastores alimentam-se das suas ovelhas; Jesus, porém, acha meio de dar-se em alimento às suas!

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Vigésimo sexto dia

Quatro obstáculos aos frutos abundantes da devoção

ao Sagrado Coração de Jesus

Quatro obstáculos nos detêm no caminho da verdadeira de-

voção ao Coração de Jesus.

É o primeiro a tibieza, estado bem triste. A alma tíbia só faz

o que não pode omitir. Sem caridade, sem fervor, a si

própria é pesada, e, em lugar de progredir no caminho da virtude, recua. Tanto mais deplorável é este estado, quanto

menos perigoso o julgamos. Evitamos os pecados grosseiros,

e cremo-nos por isso em segurança; mas é porque esque-

cemos o que diz o Senhor no Apocalipse: "Por seres tíbio,

lançar-te-ei de minha boca". Como se quisesse dizer: "Não

mereces viver em mim; não terás acesso até meu Coração, porque me retribuis a ternura com frieza criminosa." Con-

fissões sem emenda, comunhões sem fruto, são as con-

seqüências comuns de tão desgraçado estado.

O amor próprio é o segundo obstáculo. A observância do

Evangelho encerra-se toda nesta palavra de Jesus Cristo:

"Se alguém quiser seguir-me, renuncie a si próprio, tome

sua cruz, e siga-me"... Nisto, porém, poucos são os que pensam seriamente. Não gostam senão das virtudes que

lhes agradam e combinam com seu humor; como pode,

porém, um coração assim disposto unir-se com o Sagrado

Coração de Jesus?

O terceiro obstáculo é alguma paixão favorita que poupamos

e não queremos sacrificar. Por mais que se domem quase

todas, ficando uma só deste gênero, torna-se impossível a união dos corações. Examinai de boa fé qual é a que reser-

vais, e sacrificai-a generosamente ao Coração de Jesus.

Menos vos custará, acreditai, renunciar a ela, do que satis-

fazê-la.

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Oração jaculatória

Vamos cheios de confiança ao trono da graça, ao Sagrado

Coração de Jesus, a fim de experimentar os efeitos da sua

misericórdia, e nele encontrar socorro para as necessi-

dades. Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae, ut misericordim consequamur et gratiam inveniamus in auxilio

opportuno (Heb 4,16).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Em todas as vossas dúvidas, penas e aflições, dirigi-vos ao

Sagrado Coração de Jesus, como um filho a seu pai, como

um amigo a seu amigo, rogando-lhe que se digne ser vossa

luz, vosso arrimo e consolação.

Oração jaculatória

Dai-me, ó Jesus, dessa água, cuja fonte é o vosso Coração,

a fim de que eu não tenha mais sede. Domine, da mihi hane aquam, ut non sitiam (Jo 4,15).

3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Nono dia

Ternura do Coração de Jesus pelos homens

Tanta atividade o fogo não tem para consumir o com-

bustível, nem a pedra tanta velocidade para chegar ao

centro, nem os rios mais impetuosos tanta rapidez para se

unirem ao mar, quanto ardor tem o Coração de Jesus para

comunicar-se às almas, quando se preparam, prevendo o obstáculo do pecado, que de alguma forma paralisa com

violência os efeitos de seu divino amor.

Nosso Senhor revelou a Santa Catarina de Gênova que por

causa do seu grande amor aos homens nunca contra eles se

irrita a ponto de deixar de amá-los totalmente; revelou-lhe

como está sempre pronto para penetrar e inflamar os hu-

manos corações com os mais ardentes raios de seu amor.

Eu ainda não existia, e já o Coração de Jesus por mim suspi-rava e pela minha salvação, anelava dar-se a mim, e de mim

cuidava. Tão amante do meu é este adorável Coração que

não hesita em bater-lhe à porta e pedir-lhe entrada: Sto ad

ostium et pulso (Apoc 3).

Manifestando, um dia, Nosso Senhor a Santa Gertrudes duas

pulsações de seu divino Coração, disse-lhe:

«Em cada um destes movimentos opera-se a salvação

dos homens. O primeiro é pelos pecadores, o segundo

pelos justos.

Pela primeira pulsação de meu Coração falo inces-

santemente a meu Eterno Pai, apaziguo-o e inclino-o à misericórdia para com os pecadores; depois dirijo-me

aos meus escolhidos, movendo-os a reparar pela cari-

dade fraterna as faltas dos pecadores e a orar por

eles; falo enfim aos próprios pecadores, chamando-os

misericordiosamente à penitência, esperando sua con-versão com ânsia inefável.

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Sobre este assunto se refere Santa Margarida Maria: "Dia de

São João Evangelista, depois da Comunhão, apresentou-se-

me o Coração de Jesus, como em refulgente trono formado de fogo e chamas mais brilhantes do que o sol. A chaga que

recebeu na Cruz aí aparecia visivelmente, e uma coroa de

espinhos circundava esse sagrado Coração, que tinha uma

cruz em cima. Revelou-me o divino Salvador significarem

esses instrumentos da Paixão, que o imenso amor, que aos homens tinha, havido sido origem de todos os seus sofri-

mentos; que desde o primeiro instante de sua Encarnação,

todos esses tormentos e desprezos lhe foram apresentados;

que desde logo a Cruz foi, por assim dizer, plantada em Seu

Coração; que aceitou todas as dores e humilhações que Sua

santa Humanidade tinha de sofrer no curso de sua vida mor-tal, e assim também os ultrajes a que Seu amor aos homens

O exporia até a consumação dos séculos, habitando com

eles no Santíssimo Sacramento."

Contam que os habitantes de Antioquia detiveram um

grande terremoto, escrevendo nas portas das casas estas

palavras: Christus nobiscum, state; Jesus Cristo está cono-

sco, pára.

Tenhamos em nosso coração a estampa do Coração de Jesus

e, desafiando afoitamente o inimigo de nossa salvação, em nossas tentações podemos dizer-lhe: "O Coração de Jesus

está comigo, pára".

Prática

Convém trazer consigo uma imagem do Coração de Jesus, e ter outra no oratório.

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Vigésimo quinto dia

Imagens do Sagrado Coração de Jesus

Quem ama de alguma maneira se consola da ausência do

amigo, considerando-lhe o retrato; trá-lo consigo, beija-o

com ternura, contempla-o com freqüência. É o que o devoto

Lausperge nos aconselha com as imagens do Coração de Je-

sus: "Para alimento de vossa devoção, tende alguma ima-gem do adorável Coração, colocai-o em lugar que possível

vos seja vê-la freqüentemente, a fim de, com esta vista,

suscitar em vós o fogo do amor divino; beijai-a com o

mesmo afeto com que oscularíeis o próprio Coração de Jesus

Cristo; entrai em espírito nesse Coração deificado, imprim-ndo-lhe com ardor o vosso, sumindo nele vossa alma inteira,

com desejo de que nele se absorva, esforçando-vos por

atrair para o vosso coração o espírito que anima o de Jesus,

suas graças e virtues, em suma, tudo quanto há de salutar

nesse Sagrado Coração; pois é fonte superabundante de todo o bem".

Se não fora salutar esta prática, ensinaria a Igreja o culto das santas imagens?

Diz Santa Teresa em sua vida com aquela admirável simpli-cidade que lhe é peculiar: "Sendo eu pouco hábil em repre-

sentar-me os objetos, gostava muito das imagens. Ai daque-

les que por sua culpa perdem os socorros que nelas po-

deriam achar! Parece que não amam Nosso Senhor; porque

se O amassem, jubilariam de ver-lhe o retrato, como no mundo ditosos se julgam os que vêem o das pessoas que

lhes são caras".

Nada é mais capaz de nos levar à veneração das imagens do

Coração de Jesus do que o prazer que sabemos que Ele tem

vendo-as honrar.

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Pela segunda pulsação dele, falo também a meu

Eterno Pai, e o solicito a congratular-me pelo sangue

que tão utilmente derramei pela redenção dos justos, em cujos corações acho as minhas delícias de muitos

modos; em seguida, exorto toda a milícia celeste a

louvar-me pela vida admirável de meus Santos, a fim

de que graças me dê pelos benefícios com que os cu-

mulei e hei de cumular. Dirijo-me, afinal, aos justos mesmos, afagando-os de diferentes maneiras, e incen-

tivando-os a crescerem dia após dia, hora após hora,

no meu amor. Da mesma forma que as atividades da

vista, do ouvido, ou de outro qualquer sentido, nunca

suspendem as pulsações do coração humano, assim

também jamais o governo do céu, da terra, do uni-verso nem outra qualquer coisa do mundo, poderá

suspender, neutralizar, ou moderar um só instante,

até o fim dos séculos, estes dois impulsos do meu

Coração pelos homens.»

Ah, Senhor, bem dissestes: "Onde estiver o vosso tesouro,

estará vosso coração". É mister, pois, que sejamos vosso

tesouro, já que vosso Coração continuamente tão ocupado está com o nosso. Ó amor incompreensível de um Deus con-

hecido de tão pequeno número de almas! Por que não sois

de todos? Por que não Vos anunciam pelo mundo, pelo uni-

verso, aos sábios e aos ignorantes, aos justos e aos peca-

dores, aos que Vos procuram e aos que de Vós fogem, porque todos são por Vós amados?

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Prática

Dirigi-vos aos Santos Anjos, sobretudo ao Anjo Custódio que

vela ao vosso lado orando incessantemente convosco e por

vós; suplicai-lhes que supram com seu ardente amor e união

contínua com o Coração de Jesus, a tibieza e insuficiência do vosso.

Oração jaculatória

Como o cervo que almeja as fontes de água viva, assim minha alma suspira por Vosso amor, ó Coração de Je-

sus! Quemadmodum desiderat cervus ad fontes aquarum,

ita desiderat anima mea ad ie (Sl 4,1).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Oração jaculatória

Ditosos habitantes dos Céus, que tendes patente o Coração

de Jesus, e que o amais sem partilha, nem temor de incon-

stância, alcançai que eu o conheça, e como vós o ame para

sempre.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Diz São Bernardo: "Aproximai-vos de Jesus, exultai, e trans-

portai-vos de alegria com a lembrança de Seu Coração. Oh!

como é bom e delicioso habitar nesse Coração!

Adorarei e louvarei o nome do Senhor nesse templo, nesse

Santo dos Santos, nessa Arca da Aliança, dizendo com Davi: 'Achei um Coração para orar a meu Deus, e este Coração é o

de meu Rei, meu Irmão, e meu dulcíssimo amigo Jesus'.

Tendo encontrado este Coração, que também é o meu, oh

dulcíssimo Jesus!, eu Vos adorarei, Deus meu! Recebei min-

has súplicas nesse santuário de propiciação: atraí-me todo

para esse Coração, oh Jesus!, mil vezes mais belo e amável

que todas as formosuras da terra, lavai-me cada vez mais das minhas indignidades, purificai-me de meus pecados,

para que de vós possa aproximar-me, e habitar em vosso

Coração todos os dias de minha vida".

Nosso Senhor revelou a Santa Margarida Maria que São

Francisco de Assis estava particularmente unido a Seu divino

Coração, e que especial poder tinha para dEle obter graças.

São Francisco de Sales durante sua vida habitava no adorável Coração de Jesus, onde o repouso não podia inter-

romper suas maiores ocupações.

Prática

Se não podeis ir, a exemplo dos missionários, pregar em longínquas terras, podeis ao menos inspirar o amor de Jesus

Cristo a vossos amigos; é vossa missão. Sois obrigados a

instruir vossos servos. Deus pedir-vos-á conta das suas al-

mas. Estas funções, conquanto pouco brilhantes, são, toda-

via, muito meritórias.

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Décimo dia

Riquezas do Coração de Jesus

"Nosso Senhor me deu a conhecer - diz Santa Margarida

Maria - que o veemente desejo que nutre de ser perfeita-

mente amado pelos homens o determinou a dar-lhes seu

Coração e a fazê-lo nestes últimos tempos como derradeira

fineza de seu Amor; que assim lhes franqueou todos os seus tesouros de afeto, de graça e misericórdia, de santificação e

resgate que em si encerra este dulcíssimo Coração, a fim de

que todos quantos quiserem tributar-lhe o amor e honra,

que lhe for possível, sejam enriquecidos com profusão de

tesouros, cuja fonte fecunda e inexaurível é seu divino Cora-ção.

«Eis meu Coração, e tão elevado está de amor pelos homens, que, não podendo conter em si as chamas da

caridade, urge-lhe espalhá-las por qualquer meio.

Quer se lhes manifestar para cumulá-los com estes

preciosos tesouros que te revelei, e que encerram gra-

ças santificantes capazes de livrá-los da perdição.»

"O Santíssimo Coração de Jesus - diz um grande servo de

Deus - é a sede de todas as virtudes, a fonte das bênçãos, o retiro de todas as almas santas; este adorável Coração está

sempre incendido de amor pelos homens, sempre aberto

para entornar sobre eles toda a espécie de graças, sempre

enternecido pelos seus males, sempre disposto a acolhê-los

e a servir-lhes de asilo, de morada, de paraíso já nesta vida. Especificamente a vós, que gemeis sob o peso de cruzes,

tentações e misérias, o Sagrado Coração de Jesus vos con-

vida, instiga, espera, deseja consolar-vos, e diz: 'Vinde a

mim vós todos que trabalhais e estais carregados, que eu

vos confortarei'."

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"É neste Coração adorável - diz o Cardeal S. Pedro Damião -

que acharemos todas as armas para nossa defesa, todos os

remédios para curar de nossos males, os mais poderosos so-corros contra os assaltos de nossos inimigos, as mais doces

consolações para alívio de nossos padecimentos, as mais pu-

ras delícias para inundar de alegria a nossa alma.

Acaso estais aflitos, inimigos vos perseguem, vos perturba a

recordação das culpas, está o vosso coração agitado com te-

mores e paixões? Ah, vinde prostrar-vos ao pé dos altares;

lançai-vos nos braços de Jesus Cristo, entrai dentro de seu Coração, que é um verdadiro asilo, o retiro das almas san-

tas, o lugar da perfeita segurança, o tesouro do Céu.

Diz São Tomás que em seu tempo pintavam junto do Crucifi-

cado uma virgem que recebia em um cálice o sangue da

Chaga do Lado, e outra que o derramava; uma trazia na ca-

beça uma vela coroa, a outra deixava cair a sua; uma tinha

o semblante risonho e radiante de luz, a outra carregado e sombrio. A primeira representava a alma fiel, que pela medi-

tação recebe do divino Coração de Jesus a alegria, a luz e a

coroa de glória; a outra representava a alma infiel que pelo

pecado perde estes três incomparáveis bens: a luz da graça,

a alegria da boa consciência e a coroa da glória".

Ouvindo Santa Gertrudes, um dia, na missa, estas pa-

lavras: «Dar-te-ei e à tua posteridade estas regiões», Nosso Senhor, designando-lhe seu Coração, fez-lhe compre-

ender de que regiões sua liberalidade sem limites com as

criaturas queria falar. Penetrando a Santa este mistério de

amor, exclameu: "Oh! venturosa e beatífica região, campo

de delívias, tal afluência de bem-aventurança encerras, que

o menos grão poderia saciar a sede de todos os escolhidos e superar quanto o humano coração pudera imaginar de

amável, deleitável e suave".

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Vigésimo quarto dia

Devoção dos Santos ao Sagrado Coração de Jesus

Ninguém há tão pobre que não tenha um lugarzinho para

morar. As aves têm ninhos e as raposas covis, como disse

Nosso Senhor; não convém, portanto, que só o cristão

esteja sem domicílio, errante e vagabundo no mundo. Onde

poderá ele fixar-se melhor do que no Coração de Jesus, que é mais augusto, magnífico e santo do que todos os palácios

dos monarcas?

Os Santos bem o sabiam; tanto assim, que nele esta-

beleciam sua habitação. Santa inveja tinha São Boaventura

do ferro da lança que nos abriu a entrada deste dulcíssimo

Coração, e dizia que se em lugar dela houvesse estado, ja-

mais teria saído deste sacrossanto asilo. "Se me quiserdes achar", escrevia Santo Eleazer a Santa Delfina, "procurai-me

na chaga do lado de Jesus Cristo; aí é que eu moro".

Diz Lansperge: "Aprendei a estanciar nesta chaga; se

gostais de repouso, é ele o tálamo da esposa, semeado de

açucenas e rosas. Se quereis lograr êxito de vossos bons de-

sejos e anelais produzir boas obras, é ela o ninho da pomba.

Se apeteceis recolhimento, é ela o retiro do pardal solitário. Se lágrimas e suspiros vos agradam, é aí que a rolinha faz

ressoar seus gemidos. Se andais acossados pela fome, aí

achareis o maná do céu que cai no deserto: se estais sequio-

sos, aí encontrareis a fonte de água viva que brota do

Paraíso e se entorna aos borbotões no coração dos fiéis.

Não receieis serdes mal recebidos; pois não deveis ignorar

as carícias que faz o Filho de Deus aos que o honram. Con-vida-os a descansar docemente junto ao Seu Coração, à imi-

tação de São João; mostra-lhes Seu lado aberto, como a São

Tomé, e fá-los beber nesta fonte" (Nouet).

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Oração jaculatória

Eu durmo; vosso Coração, que vos dignais permitir que

chame meu, vela por mim, sobre mim e em mim. Ego dorm

o et cor meum vigilat (Cant. 5,2).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Prática

Velai a fim de que tudo que se aproxima do Santíssimo Sac-

ramento conserve-se com limpeza e decência conveniente;

nos dias festivos, trabalhai com vossas mãos para ornar Seu

altar.

Oração jaculatória

Ó Coração de Jesus, quanto tardei em amar-vos! Sero te

amavi! (Santo Agostinho).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo primeiro dia

Dores do Coração de Jesus

Não foi o ferro da lança quem primeiro feriu o Coração de

Jesus; o amor o havia ferido desde o primeiro instante de

sua vida. Foi esta a primeira e a maior de suas chagas, que

Ele mesmo não pôde dissimular: "Feriste-me o Coração,

minha irmã, minha esposa, feriste-me o Coração" (Cant. 4,7) (Nouet). O Coração de Jesus também foi ferido

pela compaixão de nossas misérias, que tantas chagas lhes

fez, quantos males via em nós.

Foi ferido pela dor de nossos pecados, sofrendo sozinho o

arrependimento e contrição de todos os crimes do mundo,

como seu corpo depois sofreu a pena que mereciam. Foi

esta cruz mais pesada do que a do Calvário onde morreu, pois começou-lhe com a vida e só com a morte acabou.

"Estas palavras que lhe estavam reservadas - nos diz a

Beata Ângela de Foligno - manifestar-se-ão ao espírito e

contristar-lhe-ão o Coração, desde o primeiro momento de

Sua existência; não confusamente, porém do modo mais

claro e distinto.

Ele previa que depois de triste e penosa vida de 33 anos, cu-

jas circunstâncias todas tinha diante dos olhos, seria vendido

e traído por um dos seus discípulos, negado por outro, aban-donado por todos, preso, espancado, esbofeteado, acusado,

blasfemado, caluniado, flagelado, coroado de espinhos, con-

duzido ao Calvário, carregado com a Cruz, crucificado,

aniquilado pela morte, e traspassado pelo golpe de uma

lança: eis o que Ele viu e não cessou de ver e meditar du-rante a sua vida. Semelhante previsão não podia existir sem

amarga tristeza, e sem incomensurável dor de coração e de

espírito".

Avalie, pois, quão vivas e contínuas foram as dores do Cora-

ção de Jesus.

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Um dia em que Santa Gertrudes orava e fazia esforços para

desempenhar com atenção este santo exercício, mas que

por fraqueza humana sofria muitas distrações, o que sobre-maneira a afligia, pensava: "De semelhante oração, feita,

com tantos desvios de espírito, que fruto se pode esperar?

Então Jesus, apresentando-lhe Seu Coração, disse-lhe: «Eis

Meu Coração, delícias da Santíssima Trindade. Eu to

apresento para que supra o que te falta; recomenda-lhe com confiança todas as tuas ações, e ele as fará

perfeitas a meus olhos: estará Meu Coração de hoje

em diante sempre pronto a servir-te, e por ti suprirá a

todos os instantes tuas negligências».

Aproveite esta instrução; se amais, orais, trabalhais e sof-

reis, amai, orai, trabalhai e sofrei em união com as aflições,

trabalhos, orações e sofrimentos do Coração de Jesus.

Ainda mais: quando cometerdes alguma falta, depois de vos

humilhardes, ide buscar no Coração de Jesus a virtude con-trária à vossa má inclinação; a humildade, por exemplo, a

caridade, resignação e paciência com os defeitos do

próximo, e oferecei-as ao Pai Eterno em expiação de vossos

defeitos. Meio curto e fácil é este de pagardes as vossas

dívidas no mesmo instante em que as contraís e de ad-

quirirdes imensos tesouros de merecimentos".

Prática

Era esta a prática habitual da venerável Margarida Maria.

Dirigi-vos, como ela, simplesmente ao Coração de Jesus e

dizei-lhe depois de vossas culpas: "Senhor, vedes o mal que acabo de praticar; pagai, se vos apraz, pela vossa pobre

escrava". À noite, entregai ao adorável Coração todas as

ações do dia, a fim de que purifique Ele o que de imperfeito

nelas houver.

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Vigésimo terceiro dia

Prática em honra do Sagrado Coração de Jesus

Em cada momento da vida Deus nos distribui Suas graças,

por causa dos merecimentos e do Sangue de Seu Filho, fa-cilitando-nos a aquisição de imensos tesouros para a eterni-

dade. Cumpre, porém, confessar que todos os dias temos,

pela nossa negligência, perdas incompreensíveis. A maior

parte de nossas ações perde seu valor por falta de intenção

pura. Convém sair dessa letargia; e o melhor meio de tornar

nossas ações o mais meritórias possível para nossa salvação e gloriosas para Deus, é servimo-nos da seguinte prática

que Blozius nos ensina. Diz ele: "Consiste em oferecer vos-

sas boas obras e todas as vossas ações ao Sagrado e dulcís-

simo Coração de Jesus, a fim de que por ele sejam purifica-

das; pois tanto amor vos tem que está sempre pronto a aperfeiçoar do modo mais digno de Si o bem que em vós

pôs.

Santa Margarida Maria em resposta a uma consulta, dava o

mesmo conselho: "Visto que vos afligis no serviço de Deus,

aconselho-vos o seguinte: Não vos perturbeis, basta unirde-

vos em tudo o que fizerdes ao Sagrado Coração de Jesus; no

começo, para servir de disposição, e no fim para satisfação. Por exemplo, se não podeis ter na oração sentimentos de-

votos, contentai-vos em oferecer a que o divino Salvador faz

por nós no Santíssimo Sacramento do altar, oferecendo seu

fervor em reparação de toda a vossa tibieza, e dizei em cada

uma de vossas ações: "Meu Deus, eu quero fazer ou sofrer isto em união com o Sagrado Coração de vosso divino Filho,

e seguindo suas santas intenções, as quais vos ofereço para

reparar tudo quanto de imperfeito e impuro têm as minhas".

Em uma palavra, este dulcíssimo Coração suprirá tudo o que

puder faltar da vossa parte, pois Ele amará a Deus por vós,

e vós amá-lO-eis nEle e por Ele.

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Escutemos ainda sobre este assunto a Santa Margarida

Maria, ou antes, a Nosso Senhor: "Estando eu um dia, diante

do Santíssimo Sacramento exposto, apareceu-me o Divino Mestre todo radiante de glória com as suas cinco chagas

resplandecentes quais cinco sóis. De sua sagrada Humani-

dade saíam chamas de todos os lados, porém principalmente

do seu adorável peito, que parecia uma fornalha: no meio

destas chamas, mostrou-me seu suavíssimo Coração, que era o foco das chamas. Revelou-me então as maravilhas in-

explicáveis do seu amor, a que excesso havia chegado,

amando os homens, de quem só recebia ingratidões. «Eis

aqui, me disse Ele, o que Me é mais sensível do que

tudo o que sofri em Minha Paixão, tanto que, se corre-

spondessem ao Meu amor, pouco contaria tudo quanto por eles fiz e quisera, se fosse possível, fazer ainda

mais; eles, porém, só têm tibieza e repulsa para todos

os meus ardentes desejos de fazer-lhes bem»".

O Coração de Jesus não sofreu somente em todas as horas,

mas todos os instantes de sua vida mortal; pois, como disse

Santa Margarida Maria, toda a sua vida derivou-se

no amor e na privação, assim como consumou-se no sac-rifício.

Prática

Tomai a resolução de fazer nas primeiras sextas-feiras do mês uma comunhão oferecida ao Coração de Jesus, em

reparação de todas as negligências que se tiverem insinuado

nas que fizestes entre elas.

Oração jaculatória

Coração de Jesus, saturado de opróbrios, ensinai-me a su-

portar com paciência as contradições e o desprezo.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo segundo dia

A chaga do Coração de Jesus

"Todas as chagas de Nosso Senhor são outras tantas portas

de salvação, abertas para todo o mundo; a do Coração é,

porém, a mais larga!

Todas as suas chagas são fontes de onde manam as graças;

a do Coração, porém, é amais clara e dliciosa.

Todas as suas chagas são outros tantos regatos de púrpura,

nos quais mergulhamos todas as potências de nossa alma

para elevar o quilate de nossos pensamentos, palavras e ações; a do Coração, porém, dá-lhes cor mais preciosa e

brilho mais vivo.

Todas as suas chagas são outros tantos caracteres do livro

da vida que contém a ciência dos Santos; a do Coração,

porém, nos torna mais sábios.

Todas as suas chagas são lugares de refúgio, onde os maio-

res criminosos acham asilo; a do Coração, porém, é mais

favorável e seguro.

A Chaga do Coração é eloqüente que fala no íntimo dos

corações, para lembrar-nos o amor que nos tem Jesus e

para pedir-nos o nosso" (Nouet).

Sobre o mesmo assunto, escutemos o devoto São Bernardo:

"Esse adorável Coração foi traspassado, a fim de que pela chaga visível conheçamos a invisível que o amor nele abriu.

Ah!, como poderia Jesus dar-nos prova mais eficaz do seu

amor, do que querendo que não só seu corpo mas até seu

Coração fosse traspassado!"

As tristezas e amarguras que sentimos neste mundo preju-

dicam muitas vezes nossa alma: eis porque o Coração de

Jesus achou o segredo de inspirar-nos que penetrássemos

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Prática

É na oração que aprendereis até que ponto chegou o ex-

cesso do amor de Jesus para convosco, e com que ingratidão

lhe correspondestes. Este conhecimento produzirá o arre-

pendimento e o amor, e vos decidirá a empreenderdes tudo por Jesus. Não passeis nunca um dia sem fazer quinze

minutos de oração.

Oração jaculatória

Ó Coração de Jesus, mostrai ao mundo este prodígio, que

um coração tão ingrato como o meu se abrase todo em

Vosso amor.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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O divino Salvador queixa-Se também à Sua fiel serva Mar-

garida Maria, de modo não menos vivo, descobrindo-lhe Seu

Coração: «Eis aqui o Coração que tanto amou aos homens, que nada poupou até exaurir-se e consumir-

se para testemunhar-lhes seu amor. Entretanto, da

maior parte deles não recebo senão ingratidões, pelas

irreverências, sacrilégios, desprezo e tibieza que têm

para Comigo no Sacramento de Meu Amor; e o que Me é ainda mais sensível, é serem corações que Me foram

consagrados os que assim Me tratam».

Mostrando-lhe em outra ocasião Seu Coração dilacerado e

traspassado de golpes: «Eis as feridas que recebi de Meu

povo escolhido; os outros contentaram-se em ferir-Me

o corpo; estes, porém, atacam Meu Coração, este

Coração que nunca cessou de amá-los».

E não são as nossas essas almas ingratas? Não é de nós que

Jesus Se queixa, nós alistados em Sua milícia pelo santo ba-tismo, alimentados tantas vezes com Sua carne sacrossanta;

nós talvez consagrados a Seu Coração em alguma confraria

encarregada de reparar tantos ultrajes, e nós, todavia, tão

frios, tão indiferentes para com este Divino Coração?

Ah! com razão de sobra nos diz Jesus pelo Rei Profeta: "Se

fosse um inimigo que assim me tratasse, eu o teria supor-

tado; mas ser desprezado, desamparado de meus amigos, de meus filhos, daqueles que eu amo! Si inimicus maledixis-

set mihi, sustinuissem utique" (Sl 54,23).

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em suas chagas, principalmente na do Coração, para ali de-

parar com manancial de alegria e consolação. Estando, um

dia, Henrique de Suzo possuído de profunda tristeza, causada pela incerteza da salvação, ouviu uma voz do Céu,

que muito o consolou, dizendo: «Levanta-te, entra em

minhas chagas, pois nelas consiste tua única felici-

dade».

"Não posso aterrar-me à vista da multidão de minhas culpas

- diz Santo Agostinho - quando da morte de Jesus Cristo me

recordo, porque meus pecados não podem sobrepujar se-melhante morte. Os cravos e a lança asseguram-me que

estou realmente reconciliado com Jesus Cristo, se o amo.

Longuinho, com o ferro da lança, abriu-me o lado de Jesus

Cristo; nele entrei e descanso com plena segurança. Ame

quem teme! A caridade expele o temor".

Nas crônicas de São Francisco lemos que um homem de

qualidade fez-se religioso em um mosteiro da Ordem; não achando ali os cômodos prazeres que havia deixado, re-

solveu retomar o caminho do mundo. Tão forte foi a tenta-

ção, que lhe cedeu. Todavia, avistando um Crucifixo no lugar

por onde caminhava, ajoelhou-se para implorar sua

misericórdia. Ah! quão terno é o Coração de Jesus, e como é

grande sua bondade! Tendo apenas acabado uma curta súplica, sentiu-se ele absorto na oração até o êxtase, e

aparecendo-lhe Nosso Senhor com sua Bem-Aventurada

Mãe, inquiriu dele o motivo da saída; ao que respondeu que,

estando acostumado a levar vida delicada, não podia supor-

tar a austeridade da regra. Mostrando-lhe o Senhor então, a chaga de Seu lado, consolou-o, dizendo-lhe: «Filho, põe

aqui a tua mão, unge-te com o Sangue da minha

chaga, e acharás que todas as coisas, por mais difíceis

que te pareçam, te serão muito fáceis». O noviço obe-

deceu, e depois em todas as tentações que lhe sobrevinham, lembrando-se da Paixão do Filho de Deus, da amorosa chaga

de Seu Coração, notava que suas penas se transformavam

em delícias.

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Prática

Consagrai um dia da semana a honrar o Coração de Jesus de

modo especial: a sexta-feira, por exemplo, que foi designada

para a Igreja para este fim.

Oração jaculatória

Oxalá que meus olhos e meu coração, ó Jesus!, permaneçam

sem cessar fitos na chaga de Voso Coração! Oculi mei et cor

meum tibi cunctis diebus.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Vigésimo segundo dia

Queixa do Sagrado Coração de Jesus

Escutemos as queixas que se digna fazer-nos o Coração de

Jesus, as quais são nova prova de Seu amor, pois Ele só se

queixa porque ama; e nos ama unicamente para nossa felici-

dade, sem interesse algum da própria, que não diminui com

a nossa salvação.

O que devo fazer por ti, oh! povo cristão, oh! Meu povo, que não tenha feito? Em que te contristei? Responde-Me. In quo

contristavi te? Responde mihi.Distingui-te entre as nações

que deixei sentadas nas trevas e à sombra da morte eterna,

para fazer-te compartilhar o dom incomparável da ver-

dadeira fé, e tu o deixaste sem fruto em tua alma indifer-

ente. Eras uma bela vinha que plantei com Minhas Mãos e não produziste para Mim senão amargura, porquanto em

Minha sede deste-Me vinagre para beber; e muita mais pela

tua tibieza e ingratidão, que pelo ferro da lança, traspas-

saste o Coração de teu Salvador. Por ti derramei todo o Meu

Sangue até a última gota; e que apreço lhe deste? Que proveito dele tiraste? Quae utilitas in sanguine meo?Chamei-

te para Meu reino, e para a Minha herança; e tu Me deste

cana por cetro, coroa de espinhos por diadema, pela incon-

stância de teu coração, pelo orgulho e fausto do teu pro-

ceder. Tomando tua natureza, elevei-te até a participação da Divindade; e tu Me suspendeste na Cruz pelas tuas culpas.

Alimentei-te não com o maná que teus pais comeram, e que

não os impediu de morrer, mas com o pão descido dos céus,

que encerra em Si a vida eterna; e tu dilaceraste Meu Corpo

Místico, chegando até a negar esse inefável benefício que faz

a admiração dos Anjos. Oh, vós todos que passais pelo caminho da vida, considerai e vede se há dor igual à que

sente Meu Coração por semelhante ingratidão! O vos omnes

qui transitis per viam, attendite et videte si est dolor, sicut

dolor meus.

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Prática

Não passeis um só dia sem vos recordar dos benefícios que

recebestes de Deus: a criação, a conservação, o chama-

mento à verdadeira fé, a educação cristã, Sacramentos, gra-

ças particulares, etc.

Oração jaculatória

O que retribuirei ao Senhor por todos os bens de que me cu-

mulou? Tomarei o Coração de Seu Divino Filho, e oferecerei; certo de que ficarei plenamente desobrigado. Quid retribuam

Domino pro omnibus quoe retribuit mihi? (Sl 115,3)

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo terceiro dia

Os quatro desejos do Sagrado Coração de Jesus

Há quatro chamas vivas que ardem continuamente no Cora-

ção de Jesus.

A primeira é o desejo que testemunhou a seus Apóstolos no

dia da ceia, dizendo-lhes as seguintes palavras: "Desejo ex-tremamente comer esta Páscoa convosto antes de pade-

cer" (Lc 22,25). O que nos mostra com que ardor devemos

aproximar-nos da Sagrada Mesa para receber o Pão celes-

tial, que nunca receberemos com tanto desejo como Ele teve

de no-lo dar. Porquanto parece que este adorável mistério

era o centro de suas ações e que, tendo-o concluído, julgou haver tão venturosamente terminado o curso de sua vida

que, depois desta grande obra-prima de amor, nada mais

lhe restava a fazer, do que padecer e morrer por nós.

Eis o segundo desejo, cujo ardor este Coração insaciável em

seus testemunhos de amor aos homens manifestou quando

disse: "Eu devo ser batizado com um batismo; ah! muito me

agrada que se realize" (Lc 12,59). O que era este batismo senão um batismo de sangue?

O Coração de Jesus considerava a Cruz como o altar no qual

devia consumar o sacrifício de propiciação pelo resgate do

mundo; eis porque suspirava por ela e a desejava com ân-

sia.

O ardor que o impeliu a sofrer, era efeito do terceiro desejo

ainda mais violento do que aquela sede abrasadora da salva-

ção das almas, que o fez dizer no extremo de suas dores: "Sitios, tenho sede!" Ó Coração de Jesus! que sede abrasa-

dora é esta que vos devora e faz desfalecer? Inflama-me o

desejo de vossa salvação, de vosso repouso, de vossa san-

tificação e eterna felicidade.

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O quarto, porém, e o maior de todos os seus desejos era

glorificar seu Pai e fazê-lO reinar pelo amor no coração dos

homens. "Eu vim trazer fogo à terra, e o que desejo senão que se acenda?" (Lc, 12,49).

"Eis quais eram os santos ardores do Coração de Jesus; eis o exemplo que seguiram todos os Santos, eis o fogo que

aquece, queima e incendeia o Coração dEle" (Nouet.) Vão à

Sagrada Comunhão com indizível fome, como Santa Catarina

de Gênova, que vendo a Santa Hóstia nas mãos do Sacer-

dote, exclamava: "Depressa, depressa, trazei-me o pão da vida!" Desejam sofrer, para serm semelhantes a Cristo.

Santo André, avistando a cruz que lhe era destinada, ex-

clamava transportado de alegria: "Ó boa cruz, há tanto

tempo desejada, tão ternamente amada; cruz procurada

sem descanso, e agora enfim preparada para os fervorosos anelos de minha alma, eu te saúdo!" Somente a glória de

Deus lhes interessa, e para promovê-la se esquecem de si

próprios, tomando pormáxima a divisa de Santo Inácio: "Ad

majorem Dei gloriam: para a maior glória de Deus".

O zelo da salvação das almas a tal ponto os instiga que à

vista das penas e trabalhos que hão de sofrer, em lugar de

desanimarem exclamam, como São Francisco Xavier: "Ainda

mais, Senhor, mais ainda!" Ou como uma grande alma do século XIX: "Oh! como é triste ver tantas almas resgatadas

pelo sangue de Deus precipitarem-se no inferno rindo-se,

como loucos que saltam do alto de elevada torre! Para dizer

a verdade, para mim outra pena não existe, depois da dos

próprios pecados".

Quão longe estamos destes generosos sentimentos! Quão

pouco fervor temos pela Santa Comunhão, quão pesada nos parece a Cruz! Quão pouco nos interessa a salvação de nos-

sos irmãos e a glória de Deus! Ó Coração de Jesus! Quanto

amor me tendes, e quão frio é para Vós meu coração!Mudai-

o, Vós o quereis e o podeis.

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O corpo está em vossa presença, mas o coração bem longe

está! No Sacramento vos achais sempre ocupado com eles,

sempre em estado de vítima diante de vosso Pai, oferecendo por eles vossas chagas; ao passo que em vossa presença

pensam em tudo, menos em adorar-vos; conservam postura

tão pouco respeitosa, que o próprio herege, que nega vossa

presença real, os censura!

Na Comunhão da missa Jesus se lhes oferece: "Eis aqui o

Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira os pecados do

mundo"; vinde todos a Ele. O próprio Jesus os convida com estas admiráveis palavras: "Comei, amigos, e bebei; em-

briagai-vos com a torrente de minhas delícias, caríssimos

meus; vinde, comei meu pão, bebei meu vinho, que vos pre-

parei". Todos, porém, fogem, como se não tivessem chagas

a curar, nem máculas a apagar; respondem que têm outros convites a satisfazer e outros amigos a servir.

Céus! tomai-vos de espanto à vista de tal prodígio de in-gratidão! Obstupecite coeli super hoc! (Jer 11,12).

Oh cristãos! Oh povo insensato e perverso! É este o recon-hecimento que tribuais a vosso Senhor e a vosso

Deus? Generatio prava et perversa, hoeccine reddis Domino

popule stulte et insipiens? (Deut 32, 5-6).

Oh Jesus, tão terno, generoso, e cheio de amor para cono-

sco, podíamos nós fazer chaga mais cruel em vosso coração?

Ah! eu Vos ouço dizer: "Esperei que um daqueles a quem

amo viesse compadecer-se da minha dor; mas não houve um só, ninguém se apresentou. Et sustinui qui simul contris-

taretur et non fuit, et qui consolaretur, et non inveni (Sl 68).

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Vigésimo primeiro dia

Ingratidão dos homens para com o divino Coração de

Jesus

"Se feridas não recebe o Coração de Jesus, estranhas indig-

nidades tem sofrido desde que instituiu o Sacramento de

Seu amor. Pode-se imaginar coisa mais indigna do que os

ultrajes que o judeu, o herege, o ateu lhe fazem suportar há tantos séculos, e até ao fim do mundo?" (Nouet).

Contudo, ainda mais deplorável é o procedimento dos que têm o nome de cristãos, e que ainda conservam algumas

práticas do Cristianismo. Jesus habita entre os homens,

digna-se descer-lhes ao coração; chega a dizer estas ad-

miráveis palavras: "São minhas delícias estar com os filhos

dos homens. Deliciae meae esse cum filiis hominum (Prov 8,3).

Mas, Senhor, como Vos tratam esses ingratos? Dignais residir no meio deles que até vos recusam decente habita-

ção. Ousam hospedar-vos sob teto de palha, ao passo que

vivem em palácios. "Não vedes", dizia com amargura de

coração o Santo Rei Davi ao profeta Natã, "que enquanto eu

habito em casa de cedro, a arca do Senhor meu Deus ainda

está debaixo da tenda!" (2 Reis 7,2). Oh Arca verdadeira do Novo Testamento, da qual a antiga não era mais que imper-

feita figura! Oh Senhor! Oh Jesus! quem hoje se incomoda e

se aflige no seio de sua opulência com a lembrança de vossa

desnudez nas Igrejas? Se ao menos à míngua de esplendor

nos templos materiais, achásseis em nossos corações acolhi-mento submisso e respeitoso! Mas não! Dia e noite estais no

santuário, esperando e chamando os homens, e dias, noites,

semanas se passam sem que os vejais aparecer; ou se vos

fazem certas visitas, somente os costumes, as conveniências

os conduzem.

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Prática

Ajudai Jesus Cristo a satisfazer a sede ardente da salvação

das almas, que o devora.

Oração jaculatória

Ó amor do Coração de Jesus, que ardeis sempre e sem

nunca vos extinguirdes, acendei-vos em meu coração. O

amor qui semper ardes et nunquam extingueris accende-

me (S. Agostinho).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo quarto dia

O que o Sagrado Coração de Jesus pede aos homens

O Coração de Jesus deu-se e entregou-se inteiramente a

nós. Seu Coração, eis a fontes de seus dons, de seus bene-fícios, e o princípio de seus favores. O que deseja de nosso

reconhecimento? Uma só coisa: nosso coração; quer coração

por coração.

Perguntou, um dia, Nosso Senhor à Santa Ludgarda o que

desejava dele: "O que desejo e quero - respondeu ela - é o

Vosso Coração". Replicou-lhe o suavíssimo Salvador: «Pois

Eu quero antes o teu». É na verdade digno de admiração

que o Coração de Jesus, fonte de todos os bens, não cesse de solicitar o homem, como se não pudesse prescindir dele.

O que lhe pede? Seu coração: Filho, dá-Me o teu coração...

Converte-te a Mim... Jerusalém, lava o teu coração, apaga

as manchas que te envilecem... Amarás o Senhor de todo o

teu coração.

Tem o Coração de Jesus necessidade de alguma coisa? E se

assim fosse, é por ventura o coração do homem capaz de aliviar-lhe a sua indigência? Que tesouro, pois, ocultamos

nós debaixo deste montão de cinza para que Jesus por ela

seja tão ansioso? Ah! é porque o coração é o princípio de to-

dos os dons, e o que realça os outros. Jesus não avalia tanto

o que Lhe damos, mas o coração com que Lhe damos. Ele é cioso de nosso coração: um só olhar, uma só elevação desse

coração para Ele, é bastante para arrebatá-lo; é que nada

pertence tanto a Jesus como esse coração, conquista sua:

Jesus é um Rei guerreiro e generoso que se compraz em dar

batalhas e alcançar vitórias. Ora, só o coração lhe resiste; ganho o coração, tudo ganho está. Por isso empenha sua

glória em vencê-lo, apoderando-se deste, constitui Seu re-

ino, Seu céu, Seu paraíso sobre a terra.

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Prática

Seguindo o exemplo da Virgem Santíssima que, conforme a

pia tradição, não passava um só dia sem visitar os lugares

regados com o sangue de Seu divino Filho, farei de quando

em quando o santo exercício da via sacra.

Oração jaculatória

Nunca me esquecerei dos sofrimentos de meu Deus; meu

coração, deles conservará contínua lembrança. Memoria memor ero et tabescet in me anima mea.

3 vezes: Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Quanto aos frutos e méritos de semelhante meditação, estão

todos os Santos de acordo em exaltá-los.

Santo Agostinho diz que uma só lágrima derramada pela

lembrança da Paixão de Jesus Cristo vale mais do que uma

romaria a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água.

Diz Santo Afonso de Ligório: "Por que motivo é tão pequeno

o número dos que amam a Jesus? Porque é limitado o número daqueles que meditam as penas que por nós sofreu;

quem a considerar com freqüência, não poderá viver sem

amar a Jesus Cristo. Tão estimulado será pelo Seu amor,

que não lhe será possível deixar de amar um Deus tão

amoroso, e que tanto padeceu para ser amado".

Nosso Senhor disse à beata Verônica, da Ordem de S.

Agostinho: «Eu desejara que todos os homens tributas-sem à Minha Paixão o culto de sincera dor e de viva

compaixão dos Meus padecimentos. Ainda que uma só

lágrima derramassem, podem ficar certos de que

muito fariam, pois a língua humana é incapaz de ex-

primir o gozo que Me causaria esta única lágrima».

Os anjos revelaram a Joana da Cruz que a Majestade Divina

a tal ponto Se compraz nas lágrimas derramadas pela Paixão de Jesus Cristo, e que esta dor é tão agradável a Seus olhos,

que lhe dá apreço igual à efusão de nosso sangue, ou ao

sofrimento de nossas maiores penas.

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Custa-Lhe este céu muito mais que todos os outros; não Se

contenta com uma palavra para adquiri-lO, diz São

Bernardo; compra-o pelo preço de Seu sangue e vida.

O que procura Jesus sobre o feno da manjedoura? O que so-

licita com suas lágrimas e gemidos? Um coração que o queira amar.

O que procura na Palestina, correndo de província em província? O que pretende com tantos trabalhos e suores?

Ganhar o coração dos homens e fazer-se amar.

O que procura na Cruz? No Santíssimo Sacramento? O que

busca, enfim, oferecendo aos homens deste século Seu

Coração, por último extremo de amor? Procura corações, e

entretanto não acha quem O contente. Olha para a terra,

considera todos os homens, e entre essa prodigiosa multidão de corações que se dão aos que amam, apenas um aparece

que se afeiçoe inteiramente à Sua bondade (Nouet).

O divino Salvador disse a Santo Ângelo de Foligno: «Se al-

guém me quisesse receber em sua alma, Eu de bom

grado acederia a tal desejo; se alguém quisesse ver-

Me, Eu Me mostraria com júbilo; se alguém quisesse

entreter-se Comigo, Eu lhe falaria com afabilidade, pois caras Me são as almas que Me amam, e se Eu

achasse alguma que Me amasse com mais estremo do

que os Meus Santos de outrora, e fizesse iguais mara-

vilhas, Eu lhe concederia mercês ainda mais insig-

nes».

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Prática

Consagrai cada ano uma semana, e todos os meses um dia,

unicamente destinados a recobrar as forças espirituais de

vossa alma no retiro.

Oração jaculatória

Ó Coração de Jesus que me procurastes quando eu fugia,

fugireis agora que Vos busco?

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Vigésimo dia

As almas dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus

gostam de meditar Sua Paixão

As ardentes chamas que por nós consumiam o Coração de

Jesus, as inenarráveis dores que O mergulhavam em um

oceano de amargura, a sede imensa da salvação das almas

que lhes teria prestado fé, e todos os outros prodígios do amor de um Deus, quem os teria penetrado e acreditado, se

este dulcíssimo Salvador não os houvesse manifestado

visível e claramente?

Sofrer e morrer pelos amigos, eis a maior prova de

amor. Majorem hac dilectionem nemo habet ut animam

suam ponat quis pro amicis suis (Jo 15,13). O Coração de

Jesus no-la dá. Engano-me: não é por seus amigos, mas sim pelos seus inimigos, por aqueles que Lhe dão a morte, que

Ele Se sacrifica.

"Qual de nós teria amado", diz Santo Agostinho, "se não

amasse os inimigos?" Amou-nos enquanto o éramos, para

fazer-nos dignos do nome de Seus amigos. O divino Salva-

dor deseja que jamais percamos a lembrança desta prova

incompreensível de amor, dos sofrimentos, da morte que por nós padeceu.

Pode-se ser devoto de seu Coração e não se meditar com desvelo os meios, tão dignos de reconhecimento, que este

suavíssimo Coração inventou no excesso de Seu amor, para

testemuná-lo aos corações endurecidos dos homens?

É não somente no Jardim das Oliveiras, mas entre as mãos

dos soldados, nas ruas de Jerusalém, perante Anás, Caifás,

Herodes, na coluna, no pretório, no Calvário, que os cora-

ções devotos ao de Jesus, devem acompanhar este divino Salvador, unir-se às Suas dores, que só acabaram com Sua

vida.

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Oração jaculatória

Pelo vosso Coração rasgado de dor, ó Jesus, traspassai o

meu com o arrependimento de seus erros.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo quinto dia

O Sagrado Coração de Jesus chama todos a si

Venite ad me omnes (Mt 11,25). Como são belas estas pa-

lavras!, diz São Basílio de Selêucia: "Vinde todos a Mim, não

limito minhas promessas; Meu Coração é fonte inexaurível

de bondade, que pode apagar todos os crimes.

Vinde todos a Mim; Meu Coração é assaz grande para todos.

O mar de minha misericórdia é bastante vasto para receber todos os pecadores que, como rios, nele se lançam em mul-

tidão, para afogar suas culpas.

Vinde todos a Mim; porque minha palavra não pode falhar:

esta é uma rede que estendi no mar do mundo, para apan-

har e fechar nela todos os homens.

Vinde todos a Mim. Ó voz poderosa, que triunfou de todas as

nações do mundo! Palavra salutar, palavra soberana, que

cativou o universo sob o jugo da fé" (Nouet).

Venite ad me omnes. Vinde todos a mim, vinde ao Meu

Coração. Jovens, ide ao Coração de Jesus; a mais extremosa

mãe nada sente que se assemelhe à ternura em que por vós arde este divino Coração. Anciãos, ide ao Coração de Jesus,

que renovará vossa mocidade como a da águia. Justos, ide

ao Coração de Jesus: encerrados naquele asilo, crescereis

diariamente de virtude em virtude.

Pecadores, ah! pecadores, ide, ide todos ao Sagrado Coração

de Jesus, ainda que a veste de vossas iniqüidades esteja

mais vermelha do que a púrpura: Ele a tornará alva como a neve.

É sobretudo para os pecadores que mais abusaram de Seus benefícios, que o Coração de Jesus Se mostra mais liberal,

comprazendo-se em verificar esta palavra da Escritura:

"Onde abunda a iniqüidade, superabunda a misericórdia".

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Ovelha desgarrada da casa de Israel, mísera alma que te

cansaste no caminho da iniqüidade, talvez penses no triste

estado a que teus desvarios te reduziram: "o Senhor me de-samparou para sempre; o Senhor não se lembra mais de

mim"... Ouvi o que Jesus disse a uma dessas almas que ar-

rancou do abismo do pecado para fazê-la participar dos te-

souros da sua misericórdia, S. Ângelo de Foligno: «Meus

filhos que pelo pecado renunciaram a Meu reino, e se escravizaram ao demônio, são bem recebidos por seu

Pai quando voltam, e, nos transportes de alegria que

Lhe causa seu regresso, dá a esses pecadores graças

que nem sempre concede às almas inocentes. Por que

motivo? Primeiro por causa do imenso amor que lhes

tem; depois porque a profunda miséria deles O fez misericordioso para com eles; e também pela dor que

sentem de haver ofendido tão alta Majestade e tão

clemente bondade, da qual se julgam indignos, recon-

hecendo que mereceram o inferno. Por todos estes

motivos, aquele que mais pecou pode obter maior graça e experimentar maior misericórdia».

Quando corresponderei eu, ó Coração de Jesus, a tão con-descendente bondade? Quando escutarei à vos de nosso

amor? Quando começarei a Vos amar? Ah!, em qualquer

tempo que eu Vos dê meu coração, se fora mesmo no

primeiro momento de vida, Vós me teríeis sempre amado

primeiro, e com um amor que jamais saberei retribuir.

Prática

Um meio eficaz de consolar o Coração de Jesus é trabalhar a

favor das almas do Purgatório. A Missa, as indulgências, as

orações, são meios de aliviá-las.

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Quarto sofrimento do Coração de Jesus: sua compaixão pelo

gênero humano, que amava com sumo amor. "Pois Ele não

se limitava a deplorar-lhe a perda em geral; compadecia-se porém dos males de cada pessoa dessa multidão, afligindo-

se com seus pecados, não em massa, mas em particular; de

modo que não houvesse pecado algum cometido ou por

cometar, mortal ou venial, que não contribuísse, segundo

sua medida, para dilacerar o Coração de Nosso Sen-hor" (Santa Ângela de Foligno).

Justos ou pecadores, todos nós lançamos nossa parte de amargura nesse Coração compassivo, causamos esta cruel

agonia. Seria mister enumerar a multidão de homens que

viveram e viverão até o fim dos tempos, o número e a enor-

midade horrorosa de seus crimes, o amor imenso em que

ardia este Sagrado Coração pelas almas, o veemente desejo que o incitava a salvá-las todas, para se formar idéia das

angústias e agonias dele.

Acrescente-se a esta vista da perda das almas e de sua in-

gratidão, todas as dores e provações físicas e morais do

gênero humano, que vinham lançar-se neste mar de amar-

gura, e às quais o divino Mestre quis sofrer em seu Coração,

para que pudéssemos dizer com o Apóstolo: "Não temos

Pontífice que não saiba compadecer-se de nossas enfermi-dades".

Prática

Quando vos preparardes para o Sacramento da Penitência,

suplicai ao Coração de Jesus que queira receber o vosso no Seu, para dar-lhe alguma parte da amarga dor que sentiu

pelos pecados que lhe estavam tão presentes, durante sua

dolorosa agonia.

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Décimo nono dia

Agonia do Sagrado Coração de Jesus no Jardim das

Oliveiras

Um dia em que Santa Margarida Maria considerava atenta-

mente na oração a tristeza e agonia de Nosso Senhor no Jar-

dim das Oliveiras, disse-lhe o Divino Mestre: «Foi aí que

sofri interiormente mais do que em todo o resto de minha Paixão, vendo-me em geral desamparo do céu e

da terra, carregado de todos os pecados dos homens.

Compareci assim diante da santidade de Deus que,

sem atender à minha inocência, feriu-me em seu fu-

ror, fazendo-me esgotar o cálice que continha o fel e a amargura de sua justa indignação, como se se tivesse

esquecido que era Pai, para sacrificar-me à sua cólera.

Criatura alguma poderá avaliar a intensidade dos tor-

mentos que então sofri pelo gênero humano».

À terrível vista de seu Pai irritado, reunia-se ainda no Cora-

ção de Jesus a compaixão dos próprios males e dos do

gênero humano.

O terceiro sofrimento do Coração de Jesus foi a

sua compaixão por si mesmo. A expectativa dos males é or-dinariamente mais penosa do que os próprios males. Jesus

Cristo consentiu que durante esta agonia todos os tormentos

da Paixão se aglomerassem, e se delineassem em seu

espírito com todas as circunstâncias que os tornavam tão

dolorosos como ignominiosos: quis de alguma maneira sabo-rear toda a sua amargura e sofrê-los em seu Coração antes

de experimentá-los no corpo. Os cravos, as cordas, a cruz,

as varas, os espinhos, o fel, o vinagre, os escarros, as bofe-

tadas, o manto de púrpura, o cetro de irrisão, os insultos

dos inimigos, o abandono dos amigos, a traição de um Apóstolo, a negação de outro, tudo previu, tudo aceitou, du-

rante esta pungente e mortal agonia.

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Oração jaculatória

Uma só coisa pedi ao Senhor, e a pedirei todos os dias da

minha vida: é habitar continuamente em Seu Cora-

ção. Unam petii a Domino, hanc requiram. (Sl 25,7)

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo sexto dia

Como devemos procurar o Coração de Jesus

"Em primeiro lugar, aproximai-vos do Coração de Jesus em

espírito depenitência, para chorar vossas culpas e delas ob-

ter perdão, adorando-o como o Apóstolo São Tomé com pro-

fundo respeito, dizendo com um coração contrito e humil-

hado: Meu Senhor e meu Deus, Dominus meus et Deus meus, minha única esperança, permiti-me que busque o

remédio de minhas chagas nas chagas de vosso Coração.

Ó Coração ferido de amor e de dor, que tanto arrependi-

mento concebestes de todos os pecados do mundo, não é

justo que eu deplore os meus e que vos testemunhe o pro-

fundo pesar que tenho de vos haver causado tanta tristeza?

Coração infinitamente Santo e sumamente amante da pureza, que não podeis suportar a menor mácula, imprimi

no meu o temor e horror às mais leves ofensas. Coração

penitente que pagastes o resgate de todos os cativos, ajudai

-me a querbrar minhas cadeias, a combater meus maus

hábitos, a mortificar meus sentidos e a reparar com a penitência a glória que vos hei roubado..

Em segundo lugar, ide ao Coração de Jesus como ao vosso asilo, em espírito de confiança para submergir todas as vos-

sas tristezas, desgostos, aflições, penas e dissabores

naquele abismo de doçura e bondade." (Nouet)

Quanto mais pecadores fordes, mais deveis reanimar vossa

esperança no Coração de Jesus: "Só o amor não se cansa de

perdoar".

Jesus não veio pelos justos, ou pelo menos por aqueles que

assim se julgam; mas pelos pobres pecadores; é no meio

deles que se alegra: deixa-se chamar amigo dos pecadores; corre-lhes ao encontro e chama-os com lágrimas; faz mais

festa no céu pela conversão de um só deles do que pela per-

severança de noventa e nove justos. Ah, quão agradável lhe

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Dar Seu Filho é mais que dar-se a si próprio; assim é que o

divino Pai se teria voluntariamente sacrificado Ele próprio, se

assim o houvesse julgado conveniente. O mundo, porém, desconhecendo este amor incompreensível, não quis crer

nele, e o esqueceu: Nondum crediderunt charitate. Quem,

na realidade, medita este admirável prodígio de amor, es-

panto dos Anjos e Santos do Céu? Quem o aprofunda? Quem

o reconhece, ao menos quanto à criatura é possível? Se a Deus ninguém se pode comparar na extensão do amor pa-

terno, assim também nunca filho algum amou tão terna-

mente o pai como Nosso Senhor a seu Eterno Pai, em sua

agonia, pois o Coração de Jesus se condoía sobretudo deste

incomparável amor, ultrajado pela ingratidão e inúmeros

crimes com que os homens pagaram a imensa caridade de Deus Pai para com eles.

Segundo sofrimento do Coração de Jesus: a compaixão pelas

dores de sua Mãe. Para dizer o que sofreu Maria Santíssima

durante a dolorosa Paixão de seu divino Filho, mister seria

haver penetrado em seu coração.

Só ela sentia toda a amargura dos escárnios, insultos e blas-

fêmias proferidas contra Jesus.

Ouvia os suspiros, os gemidos, as derradeiras palavras de

seu Filho; via-o desamparado de seu Pai, estendido, cravado

na Cruz, expirar na mais cruel agonia.

Prática

Fazei com fidelidade a devoção da Hora Santa, a qual Nosso Senhor ensinou a Santa Margarida Maria.

Oração jaculatória Quem me dera penetrar no interior de vosso Coração, ó Je-

sus!.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo oitavo dia

Agonia do S. Coração de Jesus no Jardim das Oliveiras

Ainda que a vida inteira de Nosso Senhor tenha sido uma

Cruz e martírio contínuos, pela previsão dos males que havia

de sofrer por amor do gênero humano, pode-se, todavia,

dizer que o mais doloroso instante desta vida de amarguras

foi aquele em que reuniu ao mesmo tempo todos esses males em seu Coração pela viva e profunda consideração da

intensidade das penas que o aguardavam durante aquela

agonia de três horas no Jardim das Oliveiras.

É aí que as almas dedicadas ao divino Coração devem ir con-

siderá-lo todos os dias, e medir a profundidade de seu amor!

Os padecimentos físicos de sua Paixão foram de alguma

forma lenitivo para a sua dor, satisfação para o seu amor;

aqui, porém, Jesus sofre intensamente, e não permite a nen-hum pensamento adoçar-lhe as angústias.Renuit consolari

anima mea (Sl 16,4). Consideremos, pois, quais foram seus

sofrimentos nesta cruel agonia.

Primeiro sofrimento do Coração de Jesus: A compaixão do

seu Pai; Deus é amor, Deus charitas est, nos diz o Apóstolo

a quem Jesus amava. Ó definição digna de São João, e digna

do Coração de Jesus, onde foi aquele buscá-la durante o re-

pouso cheio de luz que gozou, recostado no peito do divino Mestre.

Este Deus de amor nos amou com eterno amor; ab

eterno nós ocupamos seu pensamento e entramos nos

desígnios de sua misericórdia: In charitate perpetua dilexi

te (Jer 31,3). Quando o homem, pecando, perdeu todos os

dons que lhe reservava sua bondade, Deus ainda mais lib-

eral, amou-o até dar-lhe seu Filho único, objeto de suas complacências e afetos, até o ponto de entregar seu divino

Filho à morte mais dolorosa e ignominiosa para salvar o

homem pecador.

49 http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/

é vossa confiança, depois das vossas culpas. Esta lhe fere

deliciosamente o Coração, como dizia Santa Gertrudes: Unus

sculorum delicia mea, quo transverberat cor meum, secura

confidentia est (Insiniot).

"Em terceiro lugar, aproximai-vos do Coração de Jesus em

espírito derecolhimento e oração, para vos afastar do em-

baraço dos negócios" (Nouet). É Ele mesmo que vos con-vida, como outrora a seus discípulos depois de seus trabal-

hos: "Venite scorsum in desertum locum, et requiescite pu-

sillum". Vinde a este retiro, longe do ruído do mundo, e des-

cansai um pouco junto ao Coração de Vosso Mestre, com o

discípulo amado! Ah, em breve restaurar-se-ão as vossas

forças, e verdades importantíssimas aí aprendereis.

Prática

Mil vezes já ouvistes a grande máxima de Jesus: "Aprendei

comigo, que sou manso e humilde de coração" - porém,

ainda não compreendestes o sentido todo dessas palavras; pedi-lhe com instância a completa inteligência delas. Man-

sidão e humildade, eis as duas virtudes que Jesus tira do

vom tesouro de seu Coração, e no-las ensina com autori-

dade de mestre.

Oração jaculatória

Ó amor do Coração de Jesus, que não sois conhecido, ó

amor que não sois amado, fazi-vos conhecer e amar.

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós.

Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.

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Décimo sétimo dia

O Coração de Jesus é seguro remédio para todos os

males de nossa alma

O Coração de Jesus é um abismo de sabedoria, sapientiae

abyssus, é a plenitude infinita onde acharemos remédio para

todos os males de nossa alma; é, sobretudo, um abismo de

amor no qual devemos submergir qualquer amor, especial-mente o amor próprio que nos domina, com suas nocivas

produções, que são o respeito humano e o desejo de ele-

varmo-nos e satisfazermo-nos.

"Se vos achais em um abismo de secura e fraqueza, ide sub-

mergir-vos no Coração de Jesus, que é um abismo de poder

e de amor, sem almejar demasiadamente sentir-lhe a

doçura, senão quando ao Senhor aprouver vo-la inspirar.

Se vos achais em um abismo de impotência para o bem, e desolação, esse divino Coração é abismo de toda a consola-

ção, onde vos podeis afundar, sem desejar experimentar-lhe

a suavidade.

Se vos achais nos apuros da pobreza e penúria, abismai-vos

no Coração de Jesus, que está repleto de tesouros, e que

enriquecer-vos-á.

Se vos achais em abismos de fraqueza, miséria e reincidên-

cias, ide ao Coração de Jesus, que é o foco da fortaleza e

misericórdia, e logo sentir-vos-eis fortalecidos e reanimados.

Se é o orgulho e própria estima que vos prejudicam, mergul-

hai-vos prontamente nos profundos aniquilamentos do Cora-ção de Jesus, cuja humanidade se vos há de comunicar.

Se obscuridade espiritual e ignorância vos afligem, voai para o dulcíssimo Coração de Jesus, abismo de luz e sabedoria, e

aprendei sobretudo a amá-lo e fazer o que de vós Ele de-

seja.

51 http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/

Se a versatilidade e inconstância vos abatem, recorrei ao

Coração de Jesus, origem da constância e fidelidade e, ah!

achareis amor constante para amar-nos e fazer-nos bem.

Se estais como que engolfados na morte, voai para o Cora-

ção de Jesus, onde achareis vida, vida nova que vos fará en-carar tudo com os olhos de Jesus Cristo, seguir seu impulso

nas obras e palavras, e só amar o que Ele ama.

Se vos rebaixa a ingratidão, o Coração de Jesus é o oceano

de reconhecimento: hauri nele com que agradecer a Deus

por todos os benefícios que recebestes, e reogai a Jesus que

com sua abundância supra a vossa deficiência.

Se a impaciência, a cólera e a agitação vos dominam, ide

sem demora ao Coração de Jesus, que é a plenitude da

mansidão.Se divagais na dissipação e tumulto de idéias, no Coração divino encontrareis recolhimento e fervor que sus-

pira tudo, e remediará vosso coração e espírito, unindo-os a

Si.

Se vos achais em abismo de tristeza, submergi-vos no Cora-

ção de Jesus, fonte de celeste júbilo, e de todas as delícias

dos Santos e Anjos." (Santa Margarida Maria)

Prática

Lançai-vos no Coração de Jesus que está sempre aberto

para receber até os maiores pecadores, e dizei-Lhe: Ah Sen-hor, que o abismo sem fundo de minhas misérias chama so-

bre mim o abismo de vossas misericórdias.

Oração jaculatória

Coração de Jesus, sereis minha esperança na agitação, ser-

vir-me-eis de fresca sombra contra os ardores de minhas

paixões. Spes a turbine, umbraculum ab oestu (Is 25,4).

3 vezes:

Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós.