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Esgotada a significação e funcionalidade do centro densificado por arranha-céus anônimos, a “capital do prazer” estendeu-se em direção à costa atlântica. A iconicidade arquitetônica acabou sendo substituída pela metáfora urbanística da vida hedonista ao longo da praia: o valor simbólico do Rio de Janeiro foi associado ao bairro de Copacabana, denominado “Princesinha do Mar”. Diante da pressão das necessidades sociais criadas pelos processos de industrialização e urbanização, as soluções impulsionadas pela vanguarda “linha dura” esquivavam-se de toda valorização autônoma do edifício, de toda identificação icônica e estética no contexto urbano. As ações privilegiavam a primazia da coerência formal e espacial do sistema de funções que a vida social requeria. A exemplaridade do MES abriu o caminho para a renovação linguística da arquitetura nacional e dos postulados urbanísticos elaborados por uma geração de profissionais imbuídos do desejo de criar o sistema icônico que culminou com a imagem de Brasília, não somente como glorificação do Estado, mas principalmente como imagem da transformação do país historicamente agrário em urbano e industrial. Com a mudança da sede de governo para a nova capital, o símbolo da importância concedida à educação nacional apagou-se no anonimato dos burocráticos edifícios da Esplanada dos Ministérios no eixo monumental de Brasília.

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Esgotada a significação e funcionalidade do centro densificado por arranha-céus anônimos, a “capital do prazer” estendeu-se em direção à costa atlântica. A iconicidade arquitetônica acabou sendo substituída pela metáfora urbanística da vida hedonista ao longo da praia: o valor simbólico do Rio de Janeiro foi associado ao bairro de Copacabana, denominado “Princesinha do Mar”.

Diante da pressão das necessidades sociais criadas pelos processos de industrialização e urbanização, as soluções impulsionadas pela vanguarda “linha dura” esquivavam-se de toda valorização autônoma do edifício, de toda identificação icônica e estética no contexto urbano. As ações privilegiavam a primazia da coerência formal e espacial do sistema de funções que a vida social requeria.

A exemplaridade do MES abriu o caminho para a renovação linguística da arquitetura nacional e dos postulados urbanísticos elaborados por uma geração de profissionais imbuídos do desejo de criar o sistema icônico que culminou com a imagem de Brasília, não somente como glorificação do Estado, mas principalmente como imagem da transformação do país historicamente agrário em urbano e industrial.

Com a mudança da sede de governo para a nova capital, o símbolo da importância concedida à educação nacional apagou-se no anonimato dos burocráticos edifícios da Esplanada dos Ministérios no eixo monumental de Brasília.