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MESA DE DEBATES DO IBDT DE 07/05/2020
Integrantes da Mesa:
Dr. Ricardo Mariz de Oliveira
Dr. Fernando Aurélio Zilveti
Dr. João Francisco Bianco
Dr. Rodrigo Maito da Silveira
Dr. Bruno Fajersztajn
Dr. Luís Eduardo Schoueri
Sr. Luís Eduardo Schoueri: Agora sim.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: O... Faltava eu dirigir a
gravação para o iCloud. Eu queria nomear aqui os três livros que estão
sendo distribuídos, já estão a caminho dos nossos associados. Pela ordem que foram entregues a nós, o Raphael Assef Lavez, o título da obra
é Progressividade no Imposto de Renda, Capacidade Contributiva,
Desigualdade e Direitos Fundamentais. A segunda obra é do Rodolfo
Tamanaha, que trata da tributação e economia digital, online: Análise do Tratamento Tributário dos Rendimentos da Computação em Nuvem. E o
terceiro livro é do Roberto Codorniz Leite Pereira, Cooperação Fiscal
Internacional e Troca de Informações. Como vocês verificam, os três livros tratam de artigos muito... De assuntos muito atuais e muito importantes
para o direito tributário brasileiro e internacional, de forma que eu
congratulo-me com os três autores para o lançamento destas obras. Eles tiveram a... Tomaram a decisão de fazer a disponibilização dos livros
independentemente daquela noite de autógrafos tradicional que nós
sempre fazemos pelas razões evidentes. Os livros, então, serão disponibilizados imediatamente e, assim que possível, nós faremos um
encontro para os autógrafos dos autores. No Pequeno Expediente, alguém
tem alguma comunicação mais a fazer?
No Pequeno Expediente, eu só queria registrar, então, que... Deve ser do
conhecimento de todos, mas o assunto está na Pauta, a decisão do ministro Marco Aurélio de transferir a decisão, no mandado de segurança
relativo ao voto de qualidade, para o Plenário ao invés de uma decisão
monocrática. O ministro está seguindo a sua proposta de alteração regimental para que as decisões em matéria tributária deferidas ou não
por ato monocrático. Então, nós podemos passar para a Pauta.
Primeiro assunto, nós temos... Só esclarecendo também a Pauta, nós
temos dois assuntos que já foram objeto de debates. O primeiro é a tributação dos rendimentos obtidos por controladas e também coligadas,
mas, especialmente por controladas, evidentemente das coligadas
equiparadas obtidas no exterior, e a questão do voto de qualidade. Nós mantivemos como primeiro item da Pauta esse da tributação
internacional, dos lucros internacionais, porque só resta uma matéria a
ser decidida, que é, aliás, o ponto específico objeto do questionamento, que é a possibilidade de a Receita Federal questionar o lucro apurado no
exterior. A lei... As instruções normativas simplesmente permitem que a
pessoa jurídica no Brasil, a pessoa jurídica investidora, apresente o seu
balanço da sua entidade no exterior, da sua controlada no exterior, e que é levantado de acordo com a lei local, com a lei de origem. O problema
que se apresenta é despesas que teoricamente seriam não atribuíveis a
pessoa jurídica, como as despesas ilícitas, ou mais, especificamente, propinas. Esse assunto já foi discutido, mas ele ficou suspenso devido ao
tempo de reunião anterior. Eu passo a palavra, então, para prosseguir
nesse tema o Luis Toselli, que é o colega que apresentou o assunto, e vamos tentar ser breve, Luis, porque a matéria já foi debatida e nós temos
muitos assuntos na Pauta ainda, três assuntos novos ainda na Pauta.
Obrigado, Luis. Por favor.
Sr. Luis Toselli: Bom dia, bom dia a todos. Aqui, na verdade, é continuação realmente do debate inicial e gira em torno, não é, do poder
da fiscalização em promover eventuais ajustes no lucro líquido, que é a
base de tributação de empresa subsidiária controlada ou coligada no
exterior. E aqui, Prof. Ricardo, eu só queria fazer um... Para melhor elucidar, a dúvida que estava ainda em andamento no debate não
necessariamente é o impacto do pagamento de despesas ilícitas, mas,
sim, vamos dizer assim, despesas simuladas, registros contábeis simulados, e aí envolveria tanto a simulação relativa, e aí o exemplo da
propina, não é, que ela aparece na contabilidade como despesa de serviço
para simular um pagamento ilícito de propina, mas aí é mais fácil do que, para fins contábeis, independentemente de um ou de outro, ambas são
despesas redutoras do lucro líquido, o que a meu ver não traria nenhum
impacto na base no Brasil. Por outro lado, essa questão para mim mais implicante, são despesas fictícias. Por exemplo, simulação absoluta.
Então, no final do ano, para eu amenizar o meu lucro líquido, eu forjo no
meu balanço, por exemplo, um serviço inexistente, uma despesa de
serviço inexistente, um passivo fictício. Isso acaba ficando no meu balanço, isso vai para uma fiscalização, e a questão é: O balanço é
suficiente para provar o lucro líquido ou o Fisco pode pedir para que
essas despesas fictícias, que ele até então não sabe, sejam comprovadas, e aí, sim, isso transfere o ônus da prova para o contribuinte, e como ele
não consegue provar algo que não é verdadeiro, algo que não foi objeto,
ele não prova isso, daria causa para um ajuste de ofício, cobrando aí esse lucro que deixou de ser tributado em função dessa criação artificial da
despesa. Então, não só a despesa simulada, mas também a despesa
criada, né? A simulação relativa, absoluta, como que o Fisco age diante disso levando em conta que essa empresa apresentou um balanço, seja
auditado ou não, daí vai depender da situação fática, mas, enfim, são os
poderes que a administração tem em questionar a regularidade da contabilidade. Não por norma interna de lucro real, de indedutibilidade,
não é isso, mas questionar a própria contabilidade que o contribuinte
demonstrou para ele através de um balanço durante uma eventual fiscalização. E aí, envolve esses dois tipos de despesas, né? A despesa
que ela só tem o registro errado, mas é uma despesa, teve um pagamento,
e a despesa aí inexistente, vamos chamar assim, que ela é fruto de uma mera manobra contábil. Como é que o Fisco consegue... Se é que
consegue questionar a contabilidade de uma empresa lá fora. Essa que é
a minha dúvida, é mais para despesas inexistentes, ou não passíveis de
comprovação, porque a despesa simulada, para fins contábeis, a meu ver, salvo se a legislação do país disser ao contrário, mas me parece que não
existe isso, o pagamento que sai do caixa, independentemente a que título
que é para fins contábeis, é difícil você desenquadrar isso como uma despesa. Mas eu queria focar mais além dessa simulada, sim, na despesa
inexistente em uma manobra contábil. Essa que é a ideia, professor, e
agradeço aí pelo tempo que você me disponibilizou.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Obrigado, Toselli. Eu vou passar a palavra já, já para o Ramon Tomazela, que pediu a palavra. Tem
uma segunda pessoa pedindo palavra, peço que levante à luz aquele
artifício da mãozinha, tá, para me facilitar aqui a localização.
Só para eu encaminhar o assunto e para, eventualmente, alguém que não esteja presente nas reuniões anteriores, nós... Parece que deixamos
bastante claro duas coisas. Em primeiro lugar, que o lucro tributável
advindo de uma controlada do exterior é o lucro contábil apurado de
acordo com a lei do país de origem, onde está localizada a controlada. Não é sujeito aos ajustes do lucro real como nós fazemos aqui com
despesas indedutíveis e outras coisas.
Segundo ponto que me parece que ficou bastante acentuado em reunião
anterior é que o problema da prova deve ser feito em função da lei do país de origem, não é? E a prova do país... Da lei do país de origem deve ser
apresentada pelo contribuinte. Isto é uma regra geral do direito
processual brasileiro no sentido de que o direito internacional, quando apresentado pela parte, cabe a ela provar a existência e vigência do
direito. Então, algum problema de ajuste em algum aspecto particular do
lucro da controlada deveria ser abordado perante, ou na perspectiva, da
lei local, e não da lei brasileira.
E nós também discutimos a questão do... De eventual inversão do ônus da prova. Lembrando que, por regra geral também do direito tributário
brasileiro, a contabilidade, em ordem, faz prova em favor do contribuinte,
cabendo ao Fisco a prova da inveracidade, a contraprova da inveracidade dos lançamentos contábeis, mas requer que os lançamentos contábeis
sejam amparados em documentação idônea. Aí surgiu esse problema,
como provar a documentação no país de origem, foi falado que talvez o relatório de auditoria... Enfim, aí é fático, é matéria probatória. Mas essa
é a situação legal.
E, por fim, indubitavelmente, o Fisco tem direito de questionar, como ele
tem direito de questionar, fazer perguntas mesmo com relação ao lucro local, mas aí a lei brasileira também estabelece, a lei do imposto de renda
também estabelece que os esclarecimentos que o contribuinte prestar
têm que ser aceitos pela fiscalização, salvo prova a ser feita pela fiscalização da inveracidade da documentação... dos esclarecimentos ou
de haver algum indício veemente de sua falsidade em geral.
Eu passo a palavra ao Ramon. Ramon, inclusive, se eu não me engano,
escreveu um artigo sobre isso. Ramon.
Sr. Ramon Tomazela: Bom dia, Ricardo. Bom dia a todos. O que eu queria trazer dentro dessa discussão, aproveitando a divisão que foi feita
pelo Toselli, é que eu acho que a gente precisa distinguir infrações que
estão relacionadas a fase de mensuração... As fases contábeis de
mensuração e reconhecimento daquelas que ocorrem apenas na fase de divulgação, né? Então, se eu tenho, por exemplo, o pagamento de uma
propina por uma sociedade no exterior para realizar uma venda, pago um
funcionário do governo estrangeiro para realizar uma venda e registra aquilo como serviço ou como uma comissão, né? Nesse caso, existe uma
infração contábil, mas ela ocorre só na parte de divulgação, né? É uma
violação do critério de representação fidedigna da informação contábil, e eu acho que o Fisco brasileiro não pode questionar isso, porque o lucro
contábil, no fundo, ele é hígido.
Mas tem um segundo tipo de situação, que imagine se aquela controlada
no exterior, ela pode ter uma despesa inexistente como ela pode ter um pagamento de propina que efetivamente existiu... Então, imagine-se que
ela paga, por exemplo, uma despesa de campanha para um amigo pessoal
da sociedade controladora no Brasil. Esse candidato, ele nem sequer é
eleito, né? Então, ela não teve nenhum benefício com essa despesa. A despesa efetivamente existiu, eu tive um desembolso, mas ela não ocorre
no curso normal da atividade da empresa, e essa despesa, ela também
não gera benefícios econômicos futuros. Então, sob o ponto de vista da própria contabilidade, não estou nem usando despesa necessária, esse
tipo de coisa, essa é uma infração no processo de reconhecimento. Então,
essa... Esse tipo de despesa também é uma infração contábil e, na minha visão, mesmo que tenha existido o desembolso, o Fisco também pode
questionar.
E daí o terceiro tipo que o Toselli mencionou, daí é aquela despesa
inexistente mesmo, que foi inventada. Daí para mim aqui não tem muita
dúvida, né? É uma despesa inexistente, o Fisco pode questionar, mesmo caso que receita omitida, enfim, situações que são infrações típicas
contábeis.
Então, eu acho que é só... A minha proposta era também tentar levar
essa divisão, em que tipo de momento, né? Se é na mensuração, no
reconhecimento ou só na divulgação que teve a infração.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok, Ramon. Obrigado. Pela
ordem aqui pediram a palavra o Zilveti e Luis Flávio. Zilveti.
Sr. Fernando Aurélio Zilveti: Então, bom dia a todos. O Ricardo já
cercou bastante essa questão no sentido de que o lucro contábil é aquele apurado segundo a lei do país de origem, e da mesma forma a despesa
também tem que ser comprovada segundo a legislação do país de origem.
O Brasil admite este lucro de forma mais hermética, ele recebe esta informação do lucro já apurado, segundo a lei externa. Então, se eu
tenho, como o Fisco, um indício de uma despesa simulada, eu tenho que
comprovar no país de origem. É difícil eu tentar comprovar no país... No país onde está sendo feita a fiscalização se eu não tenho elementos para
isso, certo? Aí cabe ao Fisco desvendar esses elementos, e não
simplesmente alegar uma simulação dessa natureza.
Da mesma forma em relação ao passivo fictício, somente se eu tiver uma
prova cabal desse... Dessa nota de propina, eu consigo acionar o Fisco local, o Fisco do país de origem, para que ele, então, investigue o fato. Se
ele não investiga o fato que deu origem a essa despesa, o Fisco brasileiro,
se insurgir contra essa despesa, ele teria que descaracterizar toda a operação, e aí é um problema que eu vejo de jurisdição. Naturalmente,
me preocupa esta afirmação, porque a gente está falando em tese, não é,
e não caso a caso, e sempre é preocupante quando a gente está falando
de um tema já julgado pelo Carf.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok, Fernando. Eu vou dar a
palavra... Pedindo a palavra o Luis Flávio e Schoueri. Luis.
Sr. Luis Flávio: Bom dia a todos. Ricardo, dando continuidade no que a
gente falou na semana passada, eu, aqui, agora, na posição de terceira pessoa a falar, eu vou concordar tanto com o Ramon quanto com o
Fernando, que me parece que assim como nós não temos um instituto
universal de abuso de direito ou coisa que o valha, é natural que
institutos como fraude e simulação sejam mais universais, mas ainda assim, da forma como a legislação brasileira, CFC, foi desenhada, eu
preciso aceitar, eu preciso aceitar o balanço tal como foi realizado no país
da minha controlada sem questionamentos. Então, caso haja algum indício de simulação de uma despesa realizada por aquela empresa eu
não posso utilizar a lei brasileira para elidir essa... Para questionar esse
item, não é? Então, eu precisaria instaurar um procedimento para que, conforme a lei daquele país de origem, esse valor... esse valor fosse
questionado, essa ofensa à legislação daquele país fosse apurada, e aí
nós temos procedimentos para isso, não é? Seja a fiscalização no momento em que ela está realizando a auditoria na empresa, ou ainda já
no meio do processo administrativo eu posso muito bem instaurar alguns
procedimentos para que os dois países ajam em conjunto em relação a
isso.
Há um... Não é o caso que o Toselli nos trouxe, mas me ocorre aqui uma hipótese de simulação, fraude, por assim dizer, que eu poderia, sim, me
valer da lei brasileira, que é a fraude da própria apresentação do balanço.
E aí é um extremo. A empresa apresenta algo dizendo que foi levantado um balanço naquele país de origem quando, na verdade, nenhum
balanço foi feito naquele país de origem, e aí seria muito mais simples,
não é? Utilizando a lei brasileira, eu diria: Olha, eu estou aqui diante de
uma situação em que o contribuinte apresentou documento, este é um documento inexistente. Logo, não há que se questionar como este
documento foi elaborado naquele país de origem, já que ele sequer foi
elaborado. Então, ele seria negado... A sua existência seria negada conforme a lei brasileira. Fora essa hipótese, eu não consigo imaginar
nenhuma situação em que eu simplesmente utilizaria o nosso direito
para editar, para alterar o resultado levantado naquele balanço e aplicar
a minha legislação CFC.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok, Luis. Eu só queria
acrescentar o seguinte: quando nós falamos em direito brasileiro e direito
internacional, ou direito de outro país, nós temos que separar duas
coisas. A lei brasileira é competente, sim, para regular o processo administrativo e o processo judicial que transcorre aqui dentro do país.
É por essa razão que nós já concordamos de que o ônus da prova é do
Fisco. Isso não é porque assim é de acordo com a lei de lá. É de acordo com a nossa lei, e que os esclarecimentos prestados pelo contribuinte só
podem ser impugnados pela fiscalização se ela tiver prova evidente da
sua... Ou indício evidente de falsidade, não é? Apenas... A lei estrangeira só diz respeito aos critérios de apuração do lucro, não é? Agora, uma
prova como, por exemplo, nesse caso extremo que você trouxe, o balanço
não é... Não foi feito lá fora, ou o balanço que está lá fora é diferente do balanço daqui, aí é um problema de prova que fica sujeito à lei brasileira.
É claro que o Fisco brasileiro deve se socorrer por troca de informação ou
por outro critério qualquer do Fisco de origem para apuração de fatos que
tenham que ser apurados lá fora. Eu passo a palavra ao Schoueri...
Sr. Luis Flávio: Ricardo, desculpe, se me permite só uma questão.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Pois não.
Sr. Luis Flávio: Ainda na linha que nós não podemos tomar de barato a universalidade das normas, não é, o Ramon, ele nos trouxe questões de
IFRS, né, que hoje nós tomamos como algo universal, mas não
necessariamente todos os países do mundo adotam o mesmo critério, não é? Então, ainda que nós no Brasil estejamos hoje já bastante alinhados
com a contabilidade internacional, é realmente necessário olhar para
como aquele país está procedendo.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok. Tem três pessoas na fila aqui. Além do Schoueri, que é o próximo, o João Bianco e o Ramon. O
Ramon pediu novamente.
Sr. Luís Eduardo Schoueri: Bom dia.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Schoueri, por favor.
Sr. Luís Eduardo Schoueri: Bom dia. Obrigado, Ricardo. Bom, quando
a gente dá aula de direito tributário internacional, uma insistência que a
gente é o que juiz brasileiro aplica a lei tributária brasileira, ou seja, a gente não aplica a lei tributária estrangeira em matéria... Ou seja, não é
como o direito internacional privado, que o juiz aplica a lei estrangeira.
Eu sempre ressalto que isso é com relação ao consequente, porque no
antecedente eu aplico, sim, para a qualificação do fato, eu posso precisar aplicar. Eu posso saber se a pessoa é casada ou solteira, se a pessoa...
Se existe ou não existe conforme a lei estrangeira. Eu digo isso porque
aqui eu tenho um caso interessante em que a lei brasileira remete à aplicação da legislação comercial do país, ou seja, por determinação
expressa da lei brasileira eu aplico a lei estrangeira, a lei comercial
estrangeira. Então, acerta aquele que diz que é necessário que eu comprove que aquele número que eu apresento, ele foi apurado segundo
a lei comercial do país estrangeiro, e se pode fazer todo o processo... O
Ricardo foi muito feliz até de dizer com relação à prova, a prova da lei
estrangeira, etc. Então, nesse sentido, eu preciso endossar.
Eu fiquei bastante preocupado, e como eu vi que o Ramon pediu palavra ele vai até poder esclarecer o que ele quis dizer, porque ele pôs três
classes: Há a primeira classe, despesa... A despesa ilícita, mas que
aconteceu, etc., que me parece claro que se ela aconteceu, eu vou poder considerá-la, que a empresa gastou com aquilo; a última classe é a
despesa inexistente. No caso da despesa inexistente, eu diria segundo a
lei comercial do país de origem, a menos que seja muito esdrúxula, se uma despesa não existe, o patrimônio não foi sequer afetado. Ou seja,
talvez quando muito o que se teve ali foi uma distribuição de lucros, então
se chamou de despesa o que despesa não é. Na verdade, se o patrimônio foi afetado foi por outro modo, porque foi uma distribuição de lucros, e aí
segundo a lei comercial do país, estaria teria mal classificado como
despesa um gasto que não é despesa.
Fiquei preocupado com a segunda hipótese ali, que foi uma despesa que,
segundo o que me pareceu, talvez não foi o que o Ramon quis dizer, espero que não, porque senão temos uma divergência, me pareceu dizer
que uma despesa inútil, só porque é inútil já não seria despesa, ou seja,
despesa seria somente aquilo feito no interesse da empresa. Eu tenho dúvida com relação a essa hipótese. Ou seja, se eu tiver uma diminuição
efetiva do meu patrimônio, se foi um gasto bobo, mas não é uma
distribuição de lucros, é apenas um gasto bobo, um gasto, sei lá eu, péssima gestão, eu penso que ainda assim o meu patrimônio foi
diminuído, aquela despesa de fato aconteceu e, portanto, o lucro a ser
considerado é o lucro já diminuído daquela despesa.
Portanto, salvo melhor juízo, das três hipóteses que o Ramon diz, eu coloco só duas, porque eu diria que aquela do meio, ela está junto com a
primeira, ou seja, é uma despesa que efetiva da empresa, reduziu o lucro
comercial da empresa e, portanto, deve ser respeitado se despesa for. Eu
insisto com isso. Pode ter o caso que não seja despesa porque foi uma má classificação e era uma distribuição de lucro. Ou seja, o patrimônio da
empresa... Claro, haveria hipótese em que o patrimônio sequer foi tocado.
A hipótese que o Luís Flávio disse do balanço mentiroso, ou seja, o patrimônio está lá íntegro, não se levantou balanço algum e se falou que
houve um lucro que não houve. Essa hipótese, é claro, não há nem
balanço. Agora, se eu tenho uma diminuição patrimonial, eu só abro duas hipóteses, e não três. Ou a diminuição é por uma destinação do
lucro, e aí eu vou ter uma distribuição de lucro e, portanto, não é despesa,
ou é algo que formou o lucro e, portanto, é despesa. Se essa... Se o dispêndio não é destinação do lucro, resta ser uma despesa posto que
tola, posto que boba, ela é despesa. Então, o que eu proponho como linha
de corte é: foi distribuição de lucro ou foi formação de lucro? E assim nós
seguiríamos. Obrigado.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Bianco.
Sr. João Francisco Bianco: Não, eu passo a palavra ao Ramon.
Sr. Ramon Tomazela: Bom, vamos lá. Eu vou tentar responder à questão
do Prof. Schoueri. Na verdade, o que eu estou propondo é que como regra
geral eu tenho que olhar a contabilidade no país de origem da sociedade
controlada, eu tenho que investigar com base nas regras contábeis se aquilo é uma infração ou não. E dentro da contabilidade, eu vou ter
diferentes tipos de infrações. Até o caso da despesa que a gente está
chamando aqui de ilícito, que ela existiu, mas ela é ilícita, para a contabilidade, como eu já mencionei, isso é uma... É uma infração na
divulgação, existem inúmeros processos da CEC nos Estados Unidos,
inclusive da CVM no Brasil, reconhecendo que isso é uma infração do dever de informação de... Fidedigna, não é, dos registros contábeis. Mas
eu acho que nesse caso, como o lucro é hígido, eu não posso questionar.
O ponto da despesa intermediária que Prof. Schoueri mencionou é que
também sob o ponto de vista contábil, se eu tiver um tipo de dispêndio... Eu não estou falando aqui em uma situação... Um gasto de uma má
administração. Eu estou dizendo um dispêndio que é completamente
estranho à atividade da empresa e que não gera benefícios econômicos
futuros, não surge no curso normal de desenvolvimento daquela atividade, na doutrina contábil isso também pode ser uma infração.
Talvez a gente tenha uma discussão, como o próprio Luis Flávio colocou,
que é: Ah, preciso ver se na legislação daquele país é o IFRS ou se é outra regra contábil, se, eventualmente, a legislação comercial daquele país
também parte desse pressuposto. Mas sendo uma infração contábil o
registro de uma despesa que não tem relação com a atividade que é completamente estranha à atividade econômica da pessoa jurídica, isso
é uma infração contábil no processo de mensuração, o lucro estaria
errado, e o lucro estando errado, eu poderia ter um questionamento aqui
no Brasil.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok, Ramon. Obrigado. João,
quer falar agora?
Sr. João Francisco Bianco: Não, eu ia falar um pouquinho sobre a
questão da dificuldade da prova, mas eu acho que já foi, o assunto já foi
discutido, não é?
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok. Zilveti pediu a palavra,
para encerrar.
Sr. Fernando Aurélio Zilveti: Para encerrar, me preocupa o
posicionamento do Ramon, porque... Eu estou de acordo com as regras
contábeis são universais, mas nem por isso elas se sobrepõem àquilo que
nós estamos falando, do lucro hígido que o país recebe da coligada no exterior, e que você tendo uma despesa que seja aqui no Brasil
considerada passível fictício, não é suficiente, do ponto de vista contábil,
pelas regras internacionais, para que ela seja no país onde... De sede da empresa considerada da mesma forma. É necessário que o Fisco local
adote ou não esse posicionamento, e é muito prematuro, eu acho que até
arriscado, a gente dizer que a contabilidade comanda a fiscalização no país sede da empresa, mesmo que ela adote as regras internacionais de
contabilidade.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Schoueri.
Sr. Luís Eduardo Schoueri: Bom, alguém está... Alguém, sem querer,
aqui está dividindo a tela. É bom avisar para o colega que está fazendo
sem querer e está nos criando problema. Vamos lá. Eu acho que--O problema que o... Que está sendo colocado é que eu estou diante de uma
formação de lucro ou de uma destinação de lucro? É só isso. Ou seja,
Ramon, se eu estiver diante de... Aquilo que você falou, um dispêndio completamente desnecessário ou coisa parecida, pode ser que eu fale:
Olha, na verdade, isto não é uma formação do lucro. Isso são os sócios
pegando uma parte do lucro que seria deles e estão dando uma destinação diversa. Aí eu tenho que concordar, ou seja, é uma questão
da legislação comercial de falar: Olha, isso aqui já é lucro. Você, ao invés
de embolsar o lucro, você resolveu, sei lá eu, entregar para o que você quis na verdade uma parte do lucro que não foi para o seu bolso. Então,
isso é destinação de lucro. Eu quero dizer... O binômio é: ou é... O
dispêndio é de formação de lucro ou de destinação do lucro, tertium non datur, ou seja, eu não consigo imaginar... É que esse meio que me pareceu estranho. Então, como corte me parece isto. Se é formação de
lucro, bem ou mal, bem feito ou mal feito, é formação do lucro, formou-
se um todo e esse todo tem que ser considerado, segundo a lei comercial. Agora, se o lucro foi mal formado segundo a lei comercial, é claro que se
pode refazer isso, e aí repito o que já foi falado sobre processo, que nós
não vamos entrar no mérito agora.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Pessoal, eu acho que nós já
discutimos bem esse assunto e... Só para finalizar aqui, mencionar que existe um acórdão da Câmara... Do Carf, de Câmara Ordinária do Carf...
De Turma Ordinária do Carf, tratando dessa matéria e, em linhas gerais,
está de acordo com o que nós falamos aqui. Eu, infelizmente, não estou com o número do acórdão agora aqui em meu poder, talvez eu peça para
o Ramon... Ramon, ou Bruno, se estiver na... Presente. Bruno está
presente? [Interrupção no áudio] divulgado pelo escritório de vocês. Então, é fácil localizar esse número desse acórdão, para, a seguir, nós
divulgarmos aqui.
O segundo assunto da Pauta é proposto pelo Victor Luz. Victor Luz é o
pesquisador do IBDT desse ano. Victor, obrigado por ter deixado esse assunto ficar em Pauta sem que se fosse seguida a ordem da sua
solicitação de inclusão, e é a respeito de transações de capital e as
opiniões da Receita Federal.
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: Bom, obrigado. Obrigado, Dr. Ricardo, bom dia. Bom dia a todos. Eu só vou compartilhar a tela, que eu fiz só
uma apresentação aqui para poder guiar. Vocês conseguem ver?
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Sim.
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: Tá bom. Vamos lá. Eu escolhi falar um
pouco dos efeitos fiscais das transações de capital exclusivamente por conta da opinião da Receita Federal no âmbito da Solução de Consulta
198, de junho do ano passado, e o tema ganhou um pouco de fôlego esse
ano com a Solução de Consulta 39, que por mais que não trate
especificamente sobre a transação de capital, ela pode conceder efeitos que a gente vai falar um pouco, eu vou tratar só no último slide, mas eu
acho que é importante. Por isso que eu resolvi trazer esse tema para
debate, eu acho que vai ser enriquecedor aqui nesse espaço.
E aí, para apresentar o tema, eu dividi em três blocos. O primeiro eu vou falar um pouco sobre a Solução de Consulta 198, tratando
especificamente sobre a transação de capital de forma bem breve. Em um
segundo momento, eu vou falar sobre as transações de capital no âmbito contábil, enquadrando a operação analisada pela Receita Federal como
uma transação de capital, e isso é relevante por conta do efeito fiscal
possível. E em um terceiro momento, eu vou falar dos argumentos prós e contras à tributação desse tipo de transação de capital analisada pela
Receita Federal.
Aí já passando para a solução de consulta, eu vou falar primeiro dos
fatos. Tem alguém com o microfone ligado aí, que está fazendo um
barulho. Se puder desligar, eu agradeço. Eu vou falar primeiro dos fatos, depois do objeto da consulta e da resposta da Receita Federal. Bom, a
Solução de Consulta 198, ela tratou ali no momento um... A controlada,
ela detinha 100% da... A controladora detinha 100% da investida, obviamente ela detinha o controle, só que ela, por meio de uma oferta
pública de distribuição secundária de ações, ela optou por vender uma
parte de suas participações para terceiros, e aí, nesse momento, apesar de vender suas participações, ela mantém o controle da investida. O que
é que acontece? Por que a consulta foi realizada? Porque o resultado da
transação, ele não é contabilizado em conta de resultado, mas, sim, em
conta de PL, e aí vem o questionamento, se está correto o entendimento de compor a base de cálculo do imposto de renda da Contribuição Social
sobre o Lucro o resultado dessa transação. A resposta da Receita Federal
foi que sim, o ganho deve ser incluído na apuração do lucro real por conta de uma regra específica do Decreto-Lei 1.598, que a gente vai tratar. A
premissa foi: Como há um tratamento fiscal específico no decreto-lei, o
contábil não deve guiar a apuração do imposto de renda e a Contribuição Social sobre o Lucro. E aí, bom, eu vou tratar desse tipo de transação,
vou mencionar ela nominando como uma alienação de participação
societária sem perda de controle. É esse tipo de transação, inclusive,
mencionada pelo CPC específico. E ela... Para a gente qualificar como
uma transação de capital, isso é relevante por conta do registro contábil, eu vou falar um pouco de forma bem breve sobre o conceito de transação
de capital na contabilidade, que é o tipo de transação pela qual entra a
entidade e os sócios. É um tipo de transação que ou não havendo um resultado econômico específico, o registro contábil se dá em conta de PL.
Isso acontece também com aumentos de capital, com compras de ações
para manutenção entre tesouraria. Não é um resultado econômico e, por
conta disso, a contrapartida não é resultado e, sim, conta de PL.
E aí, o CPC 36, ele qualifica, de forma expressa, esse tipo de alienação,
que foi analisada pela Receita Federal, como uma transação de capital.
Ou seja, faz todo o sentido tratar... Registrar em contrapartida a conta de
PL justamente porque o CPC 36 assim o prevê. E o ICPC 09, ele orienta o registro contábil justamente reconhecendo o ganho em contrapartida à
conta de PL, sem trânsito em conta de resultado. E qual é a relevância
disso? A relevância disso é por conta da regra que determina a apuração do lucro real. Ela, só para relembrar, está no art. 6º do Decreto-Lei 1.598,
e determina que o lucro líquido é o ponto de partida da apuração do lucro
real, que vai ser ajustado por todas as adições, exclusões e compensações previstas ou autorizadas pela legislação tributária. Ou seja, partindo da
premissa de que hoje, após a Lei 12.973, os padrões IFRS que
determinam esse tipo de transação em contrapartida à conta de PL, partindo dessa premissa, a Lei 12.973 deveria, em tese, regular esse tipo
de transação para que o ganho fosse tributado. Então, esse é um
argumento favorável a não tributação, que inclusive foi exposto na
solução... Na consulta à Receita Federal, e baseado principalmente no art. 58 da 12.973. Só para contextualizar, esse é o dispositivo que
menciona que os métodos e critérios contábeis que sejam posteriores à
12.973 só surtirão efeitos fiscais se uma lei fiscal assim o regular de forma específica, ou seja, uma primeira interpretação desse dispositivo
permite crer que o legislador tributário, de forma expressa, entendeu que
todos os padrões IFRS foram regulados para fins fiscais e, portanto, se o legislador não previu de forma específica uma adição no lucro líquido,
esse ganho deve ser tratado conforme a contabilidade, ou seja, não
tributada nesse caso, visto que é registrada em conta de PL, e não em
conta de resultado.
Uma segunda interpretação que eu não poderia deixar de tratar nesse
momento é de que o art. 58, ele não se aplica para esse tipo de transação.
Por quê? Já que as transações de capital decorrem do princípio da
primazia da essência econômica sobre a forma jurídica, e o 58 fala em métodos e critérios contábeis, o princípio da ciência econômica não é
método e critério contábil. Critério contábil, por exemplo, é avaliação a
valor justo, e o método é como você aplica a avaliação a valor justo no contexto da contabilidade para mensuração de ativos. Ou seja, transação
de capital não há que se falar em art. 58 e, por isso, as regras fiscais
deveriam se aplicar, não haveria essa premissa de que todos os efeitos
fiscais teriam sido regulados.
Mas abstraindo essa interpretação dois e considerando a interpretação
um, não é, no sentido de que todos os critérios foram efetivamente regulados pela Lei 12.973, o fato de não haver uma adição específica e
uma leitura conjunta com o ICPC 09, que determina o registro contábil
em contrapartida de PL, pode dar a conclusão, não é, podemos chegar à conclusão de que esse ganho seria não tributável justamente por não
transitar por conta de resultado.
Só que vem um problema. O art. 38 do Decreto-Lei 1.598 dispõe que
qualquer resultado na baixa ou alienação de ativos, o que inclui aqui participação societária, já que são investimentos, devem ser classificados
como ganhos de capital e, portanto, tributados, não é, adicionados na
apuração do lucro... do lucro real. A consequência seria a adição desse
tipo de ganho da operação analisada pela Receita Federal na apuração do imposto de renda da contribuição social. Só que o próprio art. 31, ele
traz um probleminha, porque ele não fala qual o tipo de resultado que é...
Deve ser considerado na apuração do lucro real para fins de classificar um ganho de capital, e aí, tem duas interpretações. A primeira de que o
resultado mencionado pelo art. 31 é resultado contábil e, caso assim a
gente interprete, o resultado contábil não existe porque é registrado em contrapartida de PL. Então, esse resultado contábil, por não existir, não
deve haver tributação pelo imposto de renda e contribuição social. Uma
segunda interpretação é de que qualquer resultado positivo desse tipo de transação deve ser incluído na apuração do lucro real. E aí, portanto, a
gente cairia naquela consequência imediata de adição do ganho para fins
de apuração do lucro real. Não existe uma resposta específica na lei, é
mais uma análise sistemática do próprio art. 6º, que é aquele que a gente mencionou no começo, que permite a gente chegar a uma interpretação,
porque o art. 6º, § 2º, 'b', ele menciona que ainda que alguns resultados
não sejam incluídos no lucro líquido, ou seja, não seja considerado resultado para fim da contabilidade, eles devem, por prescrição
obrigatória da legislação tributária, ser incluídos na apuração do lucro
real. Ou seja, mesmo que não haja uma determinação de inclusão desse ganho na alienação de participação societária sem perda de controle na
apuração do lucro líquido, por expressa determinação do art. 31 c/c art.
6º, § 2º, 'b', do Decreto-Lei 1.598, esse ganho, esse resultado positivo na alienação de participação societária, independentemente de perda ou não
de controle, deve ser tributado. E aí... É essa conclusão que a gente chega
com a combinação dos dois dispositivos, e aí eu acho que faz muito
sentido como a legislação tributária brasileira, em geral, foi feita, que é de uma obediência à forma jurídica em detrimento da essência
econômica, ou seja, a gente obedecer a forma jurídica aqui significa que
eu vendi uma participação societária, eu tenho um resultado positivo,
isso é um ganho de capital que deve ser tributado.
E aí, eu falei bem rápido aqui dos pontos positivos e negativos, né? Só
para relembrar, a primeira interpretação é de que o contábil vai guiar o
fiscal já que não há uma adição específica no lucro real, e a segunda interpretação é de que há, sim, uma previsão específica de adição, que,
apesar de não ser totalmente específica para o caso concreto, ela é
específica em se tratando de ganhos de capital. Por isso fazia sentido
incluir essa tributação... Incluir esse ganho na tributação do lucro real. Eu, pessoalmente, acho que faz sentido essa interpretação por conta da
legislação tributária. A legislação traz uma previsão de ganho de capital,
mas eu queria colocar esse tema em debate na Pauta.
E aí, só para finalizar, eu trouxe outros dois pontos que não foram analisados especificamente na consulta, mas eu acho que são relevantes,
também para colocar aqui, ouvir a opinião dos colegas e da Mesa, que é:
Em uma futura perda de controle, aquele ganho que teria sido contabilizado em contrapartida à conta do PL, ele deve ser reclassificado
para o resultado do período. Isso está expresso no Item B99 do CPC 36.
E aí, para fins de consistência, o que é que faz sentido? Excluir esse
ganho, que já foi tributado... Se a gente for utilizar a interpretação da Receita Federal, que é o que eu acho que faz sentido, a exclusão desse
ganho que já tributada na apuração do lucro real. Não há uma
manifestação de capacidade contributiva aqui, a consideração seria, para mim, um efeito de confisco, então a consistência seria a exclusão desse
ganho da apuração do lucro real. Só que aí existe um problema. Com
base em que regra, não é? Não existe uma regra específica de exclusão desse tipo de ganho de lucro real, e aí gente cai em um problema. Existe
a regra específica de adição, que é a regra... Aquela regra do art. 31 que
a gente falou, mas não tem uma regra de exclusão. Então, a gente tributar esse ganho das leis, não faz sentido, mas eu queria ouvir a opinião da
Mesa de como também a gente pode proceder a esse procedimento. Até o
Bruno e o Prof. Quiroga fizeram um artigo específico, eles talvez possam
comentar.
E um último ponto que eu trouxe para debate, eu queria trazer, na verdade, para debate, diz a respeito à conversa, ao possível diálogo entre
a Solução de Consulta 198 e a 39. A 39, só para contextualizar, é uma
de ágio bem recente. Eu não vou entrar em detalhes aqui, eu acho que não faz sentido, mas a premissa lá é de que o goodwill deve ser apurado
conforme a contabilidade. Qual é o problema, não é? A gente tem uma
incongruência com a premissa adotada na Solução de Consulta 198, que foi a que a gente analisou agora, porque o goodwill foi regulado de modo
específico pelo legislador tributário. Para mim está claro que o art. 20 do
Decreto-Lei 1.598, alterado pela 12.973, ele regula para fins fiscais a
forma que a gente vai apurar o goodwill, que, inclusive, vai ser deduzido na apuração do lucro real. Em um primeiro problema de ordem prática
que eu vi, foi no caso de aquisição de participação adicional. Ou seja,
nessa situação em que haja mercado, em que haja terceiro não interessado, não faz sentido não desdobrar o custo de aquisição, só que
como na contabilidade o próprio CPC 36 menciona que se trata de uma
transação de capital, não haveria o desdobramento do custo de aquisição, ou seja, pela premissa da Solução de Consulta 39 esse tipo de transação
não... Não haveria goodwill nesse tipo de transação para fins fiscais, só
que utilizando a premissa da Solução de Consulta 198, haveria, já que
há regra fiscal específica.
Eram esses os pontos. Eu falei um pouco rápido, era muita coisa, acho
que a gente pode discutir muito isso, mas como também tem outros temas super-relevantes na Pauta, eu preferi não me alongar. Obrigado.
Passo a palavra para o Dr. Ricardo, para a gente iniciar os debates.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Obrigado, Victor. Por favor,
tira aí o PowerPoint.
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: O compartilhamento. Vou tirar. Pronto.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Obrigado, Victor. Desculpa. Bom, a exposição foi... Embora tenha sido falado com rapidez, foi muito
clara, não é? Tanto o PowerPoint está claro quanto a sua exposição. Eu
acho que você cobriu bem todos os pontos, todas as premissas e todas
as... Enfim, as conclusões, e você deu a sua opinião. Eu queria te dizer pessoalmente que acho que eu exprimo aqui o sentimento da diretoria do
IBDT, até porque o Schoueri já levantou a mãozinha de congratulações,
eu fico te esperando no quadro de professores do IBDT no futuro, certo?
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: Obrigado.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Inclusive, no nosso curso contábil e jurídico junto com a Fipecafi. Você demonstrou bastante
conhecimento dessa matéria e demonstrou que você está sendo um bom
pesquisador, não é, porque você pesquisou... Embora você não tenha citado doutrina de ninguém e nenhuma decisão judicial, você fez uma
apreciação bastante profunda do aspecto contábil e do aspecto jurídico
da questão, e que isso é um trabalho de pesquisa. Parabéns.
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: Obrigado, professor.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: O Flávio também está
cumprimentando aqui e o Bruno tinha pedido a palavra. Bruno
Fajersztajn?
Sr. Bruno Fajersztajn: Bom dia, pessoal. Bom dia. Antes de falar aqui
sobre esse assunto, eu queria... Eu já coloquei aqui no chat, mas o
acórdão acho que o Ricardo está se referindo, que a gente fez até um comentariozinho pequeno no nosso site, é o 1302-004.272, de 22 de
janeiro de 2020, sobre aquela questão do... do lucro no exterior, não é,
do valor do resultado tributável no exterior. Então, só para mencionar.
Quanto a esse ponto, esse segundo tema bastante interessante que o
Victor colocou, de fato, não é, tem esse debate que ele bem apresentou. Eu realmente fiz um artigo sobre esse assunto junto com a Elide Bifano,
por controvérsia jurídica-contábil do ano passado, e lá a gente abordou
as duas possíveis visões, não é, colocou os argumentos para um lado e
para o outro, que foi justamente o que o Victor colocou.
O ponto que chama um pouco mais de atenção, é só uma ponderação em
relação à observação que ele fez, é que o art. 31 de fato seria a norma que
fundamenta a adição. Quer dizer, não vai para resultado, mas o art. 31 prevê a tributação de qualquer ganho. Como ele bem colocou, tem aí só
uma armadilha, porque o próprio 31 fala de resultado, e aí a gente tem
que entender que o resultado lá não vai ser o resultado contábil para
prever a adição. E uma observação interessante é que essa solução de consulta, ela acaba por abrir uma porta para as normas de adições e
exclusões que já estava prevista no art. 6º do Decreto-Lei 1.598, mas que
era vista pelo Fisco nos atos normativos, pareceres normativos, como bastante restrita. Quer dizer, a norma do art. 6º só autorizou as novas
adições e exclusões expressamente previstas na legislação. O art. 31 é
uma hipótese de tributação do ganho de capital, mas ele não fala de adição ou exclusão ao lucro líquido. Então, foi um passo que a Receita
Federal deu nessa solução de consulta, obviamente sem entrar nesse
detalhe, para reconhecer que uma norma que preveja uma tributação, ou
uma não tributação, ainda que ela não mencione expressamente a palavra, a técnica adição e exclusão do lucro líquido, ela pode
fundamentar, nos termos do art. 6º, uma adição ou exclusão.
Então, em resumo, o art. 31 não fala adição e... Adição de lucro líquido,
mas a Receita Federal previu a adição com base nele. O que me parece correto, essa parte da técnica, não é, e o que me faz concluir que se eu
tiver, então, uma outra disposição da legislação tributária que prevê...
Que autorize a não tributação e não trate expressamente de adição e exclusão, também pode ser usada com base no art. 6º. Por exemplo, o
art. 43 do CTN. Então, eu tenho uma receita que não é disponível nos
termos do artigo... No art. 43 do CTN. Eu posso usar o conjunto da disposição do art. 43 com o decreto-lei do art. 6º para estabelecer ali uma
exclusão ao lucro líquido, e aí, com isso, eu respondo aqui a questão que
o Victor colocou em relação à volta, né? Quando a legislação... Quando a
contabilidade, então, prevê no caso de... A reclassificação, não é, na hipótese de perda de controle aí ou reaquisição de controle, se eu já fiz a
tributação, eu não vou ter nenhuma norma prevendo expressamente a
exclusão, mas eu tenho absoluta tranquilidade de dizer que não vai poder tributar duas vezes, e o fundamento para isso seria a legislação tributária
como um todo e o art. 43 do CTN. E aí, eu faria a exclusão ao lucro líquido
para não haver essa tributação. Eu acredito até que a Receita Federal não questionaria esse fato, o que prova realmente que a interpretação
que a gente tem que dar para o efeito da contabilidade e o que diz o
Decreto-Lei 1.598 sobre adições e exclusões e o que está contabilizado precisa ser analisado com cuidado, porque ninguém vai admitir que essa
reclassificação para resultado vai ser tributada por uma segunda vez,
sendo que ela já foi na primeira, independente de haver uma norma
expressa. Era isso que eu tinha a falar.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Obrigado. Ninguém mais pediu a palavra. Victor, só com relação à famosa armadilha da palavra
resultado, eu queria só lembrar que está se referindo a resultado da
operação, na minha perspectiva, e não resultado contábil ou fiscal. Em segundo lugar, a gente não pode se ater muito à literalidade, você sabe
disso, a literalidade dos textos legais. É muito mais ao conteúdo
finalístico da norma. E também quando você tratar do art. 58, que é um artigo bastante controvertido, que você apresentou as duas correntes e
se posicionou, eu concordo com o seu posicionamento, eu aqui não... Eu
gostaria até muito de falar sobre ele. Nós já discutimos na Mesa, eu
gostaria de falar novamente, mas nós não temos tempo. Só queria lembrar que a própria Lei 12.973, no art. 1º, ela ressalva a legislação
anterior. Então, essa presunção de que ela alterou tudo que deveria ser
alterado na contabilidade não é necessariamente verdadeiro se alguma norma anterior, inclusive como você mencionou, o art. 31, art. 6º do
Decreto-Lei 1.598, dispuser em contrário ao que está na contabilidade.
Mas o assunto foi interessante, muito importante. Obrigado, e prossiga com as suas pesquisas e com os seus trabalhos. Eu te incentivo,
inclusive, a publicar esse tema na nossa revista.
O próxima tema é outro tema interessantíssimo--
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: O Victor Polizelli e o Gustavo Haddad
pediram a palavra, Dr. Ricardo. Desculpa eu lhe cortar.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Pois é, eu não percebi aqui
então. Eu não sei. Quem é que pediu, Luís? Gustavo Haddad?
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: Victor Polizelli e o Gustavo.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Quem?
Sr. Victor Lyra Guimarães Luz: Victor Polizelli e Gustavo Haddad.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Tá bom. Gustavo, por favor,
bom dia.
Sr. Gustavo Lian Haddad:vBom dia, bom dia a todos. Eu ia só
acrescentar um ponto, Ricardo, em relação à armadilha da expressão
resultado, queria lembrar também que na contabilidade, ainda que este ganho não transite por resultado no sentido da DRE, ele é resultado, ele
é resultado abrangente, ele vai para o patrimônio líquido, mas ele não
deixa de ser resultado. E concordo com as demais considerações no
sentido de que a legislação tributária não precisa dizer: Faça uma adição para sinalizar que determinado ganho é tributável, determinada despesa
é dedutível. É do regime da legislação que se extrai a adição ou a
exclusão. A palavra adição e exclusão, estas expressões, não precisam
constar no tratamento tributário ser implementado por meio delas.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Obrigado. É isso mesmo,
estou de acordo 100%. Toselli, eu não vi que você tinha pedido a palavra.
Você pediu a palavra? Por favor.
Sr. Victor Borges Polizelli: Ok. Foi eu, Dr. Ricardo, o Polizelli. Tem
muito--
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ah, então eu vi errado.
Sr. Victor Borges Polizelli: Muito nome parecido hoje aqui.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira:
Sr. Victor Borges Polizelli: Eu só queria acrescentar um argumento a mais a tudo que foi falado. A gente já discutiu isso em outras reuniões,
no IBDT/Fipecafi principalmente, o argumento de que... Relativo ao art.
58, que a apuração tributária, ela está baseada em um princípio da legalidade muito mais restrito do que o princípio da legalidade que impera
no direito comercial. No direito comercial é perfeitamente possível que
uma... A ordem, não é, o comando contábil venha por meio de CPC, ICPC e todas essas coisas, e como o Victor Luz comentou, na hora que ele vai
explicar de onde vem a norma que manda, não reconhecer no resultado,
ou reconhecer posteriormente no resultado, os fundamentos são sempre o CPC 36, o CPC isso, o CPC aquilo. E de uns tempos para cá eu tenho
começado a pensar em um argumento de que esses temas que a
contabilidade colocou na Mesa e que a Lei 12.973 não contém uma
previsão específica de adição ou de exclusão, a gente tem que olhar para saber se a contabilidade formulou essa regra por meio de lei, é algo que
eu encontro na Lei 6.404, ou é algo que só tem fundamento em ato
infralegal. Se é um ato infralegal, eu não tenho como admitir que aquilo tenha impacto tributário, porque eu estaria delegando o poder de criar
regras tributárias da apuração de imposto de renda para... Em última
análise, para um órgão lá no Reino Unido. Então, se esta regra que manda não reconhecendo o resultado é uma regra que decorre do IFRS
puramente, não tem nenhum ponto de contato com lei, isso já não deveria
ter impacto tributário por si só, de modo que não deveria ser considerado.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ótimo. Obrigado, Victor,
Victor Polizelli. Luís Eduardo Schoueri.
Sr. Luís Eduardo Schoueri: Só porque eu fico preocupado com as
afirmações que são feitas e depois registradas. Há pronunciamentos que
têm base em lei e outros que não têm. Ou seja, eu não acho que é por ser
feito por um comitê que por si não vai ser respeitado, tem que saber se tem base na lei. Ou seja, o caso concreto que o Victor trouxe, o legislador
brasileiro tributário fez a opção pelo separate entity. Uma opção dele,
legislador. Então, qualquer norma que seja baseada na enterprise doctrine, ou seja, daquela ideia do todo, essa ideia de consolidação, não
se aplica porque a lei brasileira optou pelo separate entity. Esta me parece
a razão porque não se aplica. Não é porque falte lei em si, porque a Lei
das S/A é lei e ela absorve todos os princípios de contabilidade geralmente aceitos, e por isso quer me parecer que enquanto o ICPC
estiver explicitando esses princípios, ele tem com base em lei, sim, ou
seja, não é verdade a ideia de que tudo tem que estar na lei. É normal que o legislador deixe... Ele faça uma referência maior, e eu tenha normas
administrativas menores que vão dando maior concretude para isso. Não
temos que ser radicais. Eu tenho certeza que o Victor não o é, apenas para registrar, porque senão criaria uma falsa impressão. Ou seja, a lei...
O legislador admitiu e absorveu os princípios contábeis. A partir dali
existe lei também dando competência para o CPC, para que o CPC possa, de algum modo, esmiuçar isso. E tudo isso é de acordo com a lei, e a lei
tributária toma o lucro comercial tal como apurado nessa forma. Ou seja,
eu não vejo necessidade de mais do que isso. Não vamos nós cair naquela
antiga tipicidade serrada que exigiria que tudo estivesse na lei... Não é o caso do Victor, é só apenas para registrar, porque depois essa Ata pode
ser utilizada mais tarde. Só para registar, não é... Ninguém aqui está...
Espero, espero certamente não o Victor endossando a tal da tipicidade serrada. O problema é outro. O problema é que o CPC vai além da lei
tributária quando ele adota a entity approach, quando ele adota uma
visão de consolidação, enquanto a lei tributária fez a opção pelo separate entity. Então, esta é a razão porque nós recebemos, não é por falta... De novo, só para resumir, não é porque não seja legislador, e sim porque a
norma do CPC vai contra o que a lei tributária previu, ou seja, vai além
do separate entity. Esta é a razão porque a gente não segue isso, endossando... Eu só quero de público dizer, Victor, que orgulho a sua
apresentação, que coisa boa. Você está de parabéns.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Essa questão do limite, que
eu vou chamar aqui de limite, hein? Minhas palavras. Limite da absorção dos chamados princípios gerais de contabilidade, que nem existem mais
na contabilidade, pelo direito brasileiro, seja comercial, seja tributário,
mereceria um debate à parte nosso, porque eu estou de acordo com o que o Schoueri mencionou, eu estou de acordo com o que o Victor mencionou.
Eu acho que eles não colidem, mas existem uns temperamentos que nós
precisaríamos discutir oportunamente. Eu vou guardar isso aqui a
cabeça para, quando houver espaço na Pauta, a gente mencionar e
discutir. Obrigado, Victor.
Vamos para o terceiro assunto da Pauta, que é trazido pelo colega Luis...
Caio Malpighi, outro assunto tormentoso, interessantíssimo, a Solução
de Consulta 41 deste ano. É a respeito da tributação de rendimentos oriundos de Trust, quando esses rendimentos são auferidos por
residentes no país. Evidentemente que você tem um residente no exterior,
beneficiário no exterior, a lei brasileira não tem muito o que ser... não tem muito o que ser discutido perante a lei brasileira, embora haja, sim,
hein, algumas questõezinhas aqui que precisariam ser discutidas até sob
o ponto de vista do ITCMD, mas eu acredito que o assunto será tratado
mais sobre a tributação dos rendimentos pelo imposto de renda, até porque se trata da solução de consulta da Cosit. Então, eu passo a
palavra para o Caio.
Sr. Caio Malpighi: Bom, bom dia a todos. Obrigado, professor. O tema
que eu vou expor hoje aqui, como já foi adiantado pelo Prof. Ricardo, é sobre a tributação do Trust, especificamente sobre a tributação de valores
recebidos por pessoa física residente no Brasil oriunda de Trust firmado
no exterior, que foi tratado por essa Solução de Consulta Cosit nº 41, e que veio sofrendo algumas críticas até pela comunidade jurídica. Eu vou
também tentar trazer aqui para o debate. Mas, primeiramente, antes de
entrar no tema da tributação e do caso específico da solução de consulta, eu gostaria de pontuar algumas questões sobre o objeto da tributação
que a gente vai debater, que é um instituto alienígena, não é? Então, eu
acho importante pontuar algumas questões que eu acho essenciais.
Sobre o Trust: ele é um instituto jurídico que foi desenvolvido no âmbito
do direito consuetudinário inglês, ou seja, parte de outras premissas da que a gente está acostumado aqui. Foi regrado principalmente por regras
de precedentes judiciais emanadas pelas cortes de equity na Inglaterra,
que são algumas cortes específicas vinculadas à coroa, e hoje é uma tendência. É claro, existem vários estatutos legais que tratam sobre o
Trust, principalmente em países de cultura anglo-saxã, mas também
alguns países até da civil law. Em âmbito internacional, temos também, acho que é importante mencionar, uma convenção, de Haia, que trata de
forma bastante detalhada... Essa convenção foi até mencionada na
solução de consulta.
Basicamente, o que é o Trust? Ele é um desmembramento do direito de
propriedade que foi possibilitado ao longo dos séculos por essa jurisprudência inglesa, porque lá os ingleses, eles não tinham essa...
Essas categorias de direito romano para dar proteção e para fornecer
exploração da propriedade que eles precisavam. Então, eles tiveram que se virar com a criação dessas regras de precedente. E como é que se dá
essa proteção da propriedade? Primeiro: é uma triangulação, né? É
possibilitado que uma pessoa, intitulada de instituidor, o settlor, transfira bens e direitos do seu patrimônio para uma segunda pessoa, o trustee,
ou seja, os bens e direitos saem da esfera patrimonial da titularidade do
settlor e entram na esfera patrimonial e na titularidade do trustee, e isso
tudo por meio de um instrumento de instituição do Trust, onde vai constar a vontade do settlor, e a vontade do settlor vai ser que o trustee,
agora proprietário desses bens e direitos, exerça a titularidade em favor
do interesse de uma outra terceira pessoa, que vai ser o beneficiário, ou até mesmo de alguma finalidade específica. Por isso que há um
desmembramento do direito de propriedade, porque o que os ingleses
chamam de titularidade legal fica a cargo da pessoa do trustee enquanto
o beneficiário possui uma titularidade equitativa sobre os frutos da exploração desse patrimônio. E essa triangulação, ela pode ser usada
para N finalidades, existe um leque bem amplo que vem sendo utilizado.
Pode ser utilizada para a curadoria de bens de incapazes, substituindo a técnica de representação legal que a gente tem aqui no Brasil, por
exemplo; pode ser utilizado para fins associativos, societários; para fins
de exploração de investimento; pode ser utilizado também para organização de partilhas de bens. Tem um leque muito grande, não é, a
utilidade é bem grande. E dada essa generalidade e pelo fato que eu já
mencionei, de ter sido criado em uma cultura com premissas totalmente
diferentes da civil law, o exame... A classificação desse instituto vem trazendo algumas problemáticas, principalmente no mundo de hoje, não
é, no mundo globalizado, onde há um choque de culturas jurídicas.
E existem grandes debates interessantíssimos. Por exemplo, direito civil,
qual seria a natureza do direito do beneficiário com o Trust? Seria um direito real, um direito pessoal? E eu acho que essa mesma problemática,
assim, acaba sendo enfrentada pelos tributaristas brasileiros, porque o
direito tributário, como se sabe, para o tratamento das regras de incidência tributária, se vale de arquétipos presuntivos de riqueza que,
muitas vezes, são extraídos do Direito Civil, que são categorias pré-
moldadas de direito romano, que foram adaptadas com a nossa legislação. Propriedade, patrimônio, transmissão causa mortis, herança,
doação. Então, o primeiro tema que eu gostaria de propor aqui à Mesa
seria uma questão mais de interpretação da norma tributária, qual seria a melhor técnica, qual seria o melhor caminho para a correta
sobreposição do direito tributário para a tributação das riquezas
estruturadas em Trust? Esse é um primeiro ponto, assim, inicial que eu
gostaria de jogar para a Mesa.
Bom, apesar desses percalços, eu entendo que seria possível, sim, a
aplicação do direito tributário nacional, de modo que fosse... Desde que
fosse analisada a essência jurídica e a finalidade de cada ato envolvendo o Trust, porque são vários atos que envolvem o Trust. Então... E
verificando esses atos, seria possível ver qual seria a materialidade
tributária mais adequada, e eu acho até que o capítulo quatro do CTN,
que fala da interpretação e integração das normas tributárias, pode fornecer algum caminho para isso, e também até as normas da Lindb,
que falam das regras de direito internacional privado, também possam
dar um encaminhamento.
Mas para ilustrar a questão e para delimitar o tema, vamos pegar o que foi tratado na solução de consulta Cosit. O que foi tratado foi o seguinte...
O que foi narrado na solução de consulta? Uma viúva recebeu valores
oriundos de um Trust que fora firmado nas Bahamas pelo seu falecido marido. Pelo que parece, ela estaria recebendo esses valores do Trust em
razão do falecimento do instituidor, do seu falecido marido, e diante da
situação, a viúva consulente vai à Receita Federal e questiona se isso seria um fato gerador de imposto de renda, tributável pelo imposto de
renda pessoa física nos termos do art. 8º da Lei 7.713/88, ou seja,
rendimentos oriundos do exterior não tributados no país da fonte, no
caso, as Bahamas, ou se seria uma hipótese de não incidência ou até de isenção de imposto de renda por se revelar uma doação ou uma
transmissão causa mortis, e quando eu digo incidência... Hipótese de não
incidência ou isenção, eu digo porque apesar de eu entender que a doação e a herança são hipóteses de não incidência de imposto de renda, a Lei
7.713 trata como se isenção fosse.
Enfim, de todo modo, esses foram basicamente os elementos que foram
fornecidos para a Cosit e, no final, há uma conclusão, assim, pouco fundamentada de que o caso em análise seria uma hipótese de renda
tributável, então... Ou seja, pela incidência do imposto de renda pessoa
física. O que é que acontece? E o que... Essa é a minha opinião e converge muito com o que eu tenho lido sobre o assunto, sobre as críticas que têm
sido feitas. A solução de Cosit não analisou pontos que eram essenciais,
que influenciariam na materialidade para a tributação desses
recebimentos, porque como eu disse, o Trust, ele pode ser utilizado de diversas formas e para vários fins. Isso deveria ter sido levado em conta
na análise da Receita Federal, principalmente no que diz respeito...
Deviam ter analisado o instituto, o instrumento de instituição do Trust, onde é que vão constar as regras estabelecidas pelo instituidor, pelo
settlor, para o repasse do trustee ao beneficiário. Ou seja, com base nesse
instrumento, com base nessas regras é que seria possível desfrutar qual
seria a natureza dos valores remetidos para a viúva no Brasil.
Primeiro sobre isso: não se analisou se o Trust era revogável ou
irrevogável, porque quando um Trust é revogável, a titularidade sobre os bens e direitos transferidos ao trustee não é plena, ou seja, o settlor ainda
tem alguns poderes sobre a administração desses bens. Então, discute-
se muito se os bens ainda estariam na esfera patrimonial do settlor ou se
não, se estariam na do trustee. Assim seria possível discutir se os bens que estavam sendo recebidos pela viúva saíram diretamente do
patrimônio do settlor em virtude da sua morte, tendo aí tal fato, talvez,
uma transmissão causa mortis, uma transmissão de sucessão, fato gerador de ITCMD e hipótese de não incidência de imposto de renda, ou
que saíram do patrimônio do trustee.
Segundo, o que eu acho que é mais importante ainda que não se analisou:
O que estava sendo repassado? A título do que que a viúva beneficiária estava recebendo esses valores? Podia ser muito bem a transferência do
próprio capital, ou seja, dos próprios bens e direitos que, inicialmente,
haviam sido interessados pelo settlor ao trustee e que, em virtude da
morte do settlor, estavam sendo repassados à viúva beneficiária como uma forma de partilha de bens prevista no instrumento de instituição do
Trust, o que eu também entendo que seria um fato gerador de ITCMD, e
não... E hipótese de não incidência de imposto de renda por se mostrar
uma transferência gratuita de patrimônio.
Por outro lado, também uma outra hipótese que poderia estar ocorrendo,
é que poderia se tratar da transferência do produto da exploração do
capital, ou seja, da exploração... O fruto da exploração econômica desses
bens e direitos ainda na titularidade do trustee, ou seja, ainda em Trust, em favor da beneficiária. E nesse último caso, eu acho bastante
interessante, eu já li tributaristas escrevendo sobre duas hipóteses de
incidência nesse caso. Existe um entendimento de que isso seria um fato... que isso seria um fato gerador de imposto de renda, e existe
também a hipótese de que seria uma hipótese de não incidência de fato
de gerador de ITCMD por se tratar de uma doação e por se dar título
gratuito pelo trustee ao beneficiário.
Eu já adianto... Eu vou jogar para o debate esse tema, mas eu já adianto
a minha posição, que eu tenho uma certa dificuldade de enxergar talvez
uma doação nesse último caso porque o trustee, ele não está transferindo
esses valores frutos da exploração do Trust por mera liberalidade de sponti própria; ele está fazendo em razão de um compromisso que é
firmado no instrumento de Trust. Então, talvez eu tenda a concordar que
nesse último caso seria uma hipótese de imposto de renda pessoa física, mas, enfim, esses são os elementos que eu, sendo breve até pelo tempo,
gostaria de deixar para o debate, que ficaram no ar na solução de
consulta Cosit, que talvez possam até ter causado uma certa insegurança jurídica, já que agora qualquer outra pessoa no Brasil que receba valores
do exterior via Trust vai estar vinculada a esse entendimento, e como o
Trust é utilizado de forma bem ampla e de diversas maneiras, corre-se o
risco agora de, conforme for o caso, a Cosit violar a hipótese de incidência do imposto de renda. Isso se já não violou nesse caso, não é? O que não
deu para verificar pela vagueza de elementos. Mas, basicamente, esse é
o apanhado, assim, de questões que eu deixo para a Mesa de Debates.
Obrigado.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Obrigado, Caio. Está muito
bem apresentado o tema. Ele é muito longo, eu não sei se vamos
conseguir terminar nos 15 minutos restantes. Eu tenho algumas coisas a falar, mas eu vou seguir a ordem aqui, o Rodrigo Maito e o Fernando
Zilveti. Rodrigo.
Sr. Rodrigo Maito da Silveira: Bom dia a todos. O Caio colocou muito
bem, ele fez uma descrição bastante clara aí do instituto. Naturalmente, demorou muito tempo para a gente visualizar uma manifestação da
Receita Federal em relação ao Trust, mas lembrando que a postura do
Fisco, ela sempre foi muito preconceituosa em relação a esse instituto,
basta a gente lembrar quando a gente teve a legislação sobre a repatriação, não é, a regularização de capitais e bens não declarados no
exterior, a Receita tinha um entendimento de que bens que... Ou valores
que estavam consignados em Trust deveriam ser objeto da repatriação, e em desrespeito à essência do Trust, não é? Quer dizer, a titularidade
desses bens não recai diretamente sobre os beneficiários, que têm uma
expectativa de receber algo no futuro, seja os rendimentos oriundos do emprego do capital, seja o próprio capital. Mas o fato é que eu acho que
a gente tem que separar um pouco as coisas, e o Caio tangenciou nisso,
não é? Existiu alguma ilegalidade na constituição do Trust, ou seja, os bens que foram transferidos em Trust foram não declarados no Brasil
quando, de fato, deveriam ter sido e tributados no Brasil por algum
motivo ou não? Então, investigar essas questões faz parte de uma, vamos
dizer assim, aferição adequada do problema.
Agora, olhando friamente para a legislação, eu tendo a discordar, Caio, da sua conclusão, porque me parece, sim, que o beneficiário, ele não
assumiu nenhum compromisso no Trust. Quem constitui Trust é o
settlor, e a relação que existe é com o trustee. O beneficiário, ele é um terceiro a essa relação, ele é que... Beneficiário, como o próprio nome diz.
Então, quando ele recebe, a viúva no caso, recebe esses valores, me
parece que a natureza aqui, pela liberalidade, é de doação. E se é doação, a 7.713, art. 6º, inciso XVI, prevê lá que no caso desse tipo de
transferência patrimonial não há incidência do imposto de renda em que
pese o art. 8º ter uma regra mais geral sobre... Na ausência de tributação
na fonte no país de origem dos rendimentos, esses deveriam ser aqui
tributados. O que me parece é que está se chocando com o art. 6º.
Então, eu tenderia a dizer que não deveria haver tributação pelo imposto
de renda, assim como, por exemplo, uma indenização por seguro
contratado no exterior, para dar um exemplo similar. Então... Mas em relação ao ITCMD, eu já acho que haveria, sim, a incidência pela natureza
desse rendimento. Lógico, os outros elementos que você trouxe em
relação à revogabilidade ou não, na discricionariedade também, que é um indício de uma eventual manipulação do instituto para ocultar bens ou
mesmo fugir da tributação, podem ser relevantes, mas na medida em que
nós não tenhamos um escrutínio nesse sentido, eu tenderia a ir para essa
conclusão que eu acabei de apresentar. Bom, são essas as minhas
considerações no momento. Obrigado, Ricardo.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Rodrigo, obrigado, viu? Eu
passo a palavra, pela ordem, ao Fernando Zilveti, depois o Haddad.
Gustavo. Fernando.
Sr. Fernando Aurélio Zilveti: Bom, rapidamente, que o tempo é curto. No Trust irrevogável, todos os bens pertencem ao trustee, e por hipótese
de falecimento do settlor, se o trustee transfere esses bens para a viúva
ou herdeiros, ele está fazendo independentemente para fins brasileiros
do settlor, porque o settlor não tem mais ação no momento que ele constitui o Trust e nomeia o trustee. Ocorre uma transferência
patrimonial naquele ato e os bens passam a ser do trustee, não mais do
settlor. Não há nenhuma relação entre eles. Então, aí a transferência
desse patrimônio para terceiros, mesmo que em cumprimento do deed, é uma transferência, que é considerada, ou pode ser considerada,
liberalidade do trustee, ou seja, ele está transferindo, e essa transferência
tem aí as consequências do imposto de transmissão para aqueles que
recebem.
No Trust revogável, que, na verdade, não é um Trust puro, não é, os bens
permanecem ligados ao settlor. Então, no falecimento dele, esses bens
são transferidos a seus herdeiros mesmo que o trustee intervenha no
cumprimento do deed, os bens sempre mantiveram o elo de propriedade com o settlor. Então, aqui é uma questão de Imposto de Transmissão
Causa Mortis para a viúva e os herdeiros. Essa era a minha consideração
no momento. Obrigado.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Gustavo, por favor.
Sr. Gustavo Lian Haddad: Muito brevemente e um pouco na linha do
que o Rodrigo Maito dizia, toda vez que eu enfrentei essa questão, eu me debati com a seguinte indagação: Eu deveria examinar a natureza deste
rendimento sob a perspectiva [interrupção no áudio]. Olhando sob a
perspectiva do beneficiário, de quem recebeu, assumindo, obviamente, a hipótese de um Trust clássico em que esse beneficiário não tem qualquer
controle sobre o Trust, muitas vezes nem sabe que havia sido nomeado
beneficiário, olhando sob a perspectiva dele, eu tendo a achar que esta transferência patrimonial, sob a perspectiva dele, é uma transferência
patrimonial gratuita. Não há nenhuma contrapartida, nenhum ato
esperado do beneficiário a não ser aceitá-la para receber a transferência patrimonial. E aí, me parece que a questão que se apresenta é: Se ela é
uma transferência gratuita, ela caracteriza o que no nosso direito é
doação para fins da aplicação, tanto da isenção do art. 7º da Lei 7.713
quanto para a hipótese de incidência do ITCMD. Me parece que essa é a questão principal a ser enfrentada, porque óbvio... Acho que é muito claro
aqui que o beneficiário não tem sinalagma do lado dele, ele não faz nada,
ele não é obrigado a fazer nada, não há nenhum compromisso, ou comprometimento, ou ação esperada por parte do beneficiário. Então,
para ele claramente a transferência é gratuita, é a título gratuito. Acho
que cabe aí examinar se no circuito do Trust caracteriza-se uma doação, já que normalmente na doação você tem doador claramente delimitado e
donatário claramente delimitado.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok, Gustavo. Acho que essas
opiniões aqui enriqueceram bastante o nosso debate aqui, as considerações para as soluções, ou tentativa de solução, para as duas
incidências ou não incidências. Eu queria apenas acrescentar alguns
pontinhos rápidos aqui.
Primeiro: a gente está falando se é ou não é doação, se é isso ou se é aquilo. Esse contrato é regido pela lei de algum país fora do Brasil, nós
não temos o Trust no Brasil. Eu não conheço nenhum Trust que tenha
sido eleito a lei brasileira para o reger. Ela sempre... Ele é sempre regido
por alguma jurisdição estrangeira. Então, definir se o ato de entrega de bens ou de partes do patrimônio do Trust pelo trustee para o beneficiário,
se isso é doação ou não, depende muito da lei do país que rege essa
relação jurídica, e não da nossa lei. Se eu fosse pensar sob o ponto de vista da lei brasileira, a questão que você apresentou, Caio, de que não
existe propriamente uma doação porque o trustee está cumprindo uma
obrigação assumida perante o settlor e, portanto, não existe aquela
natureza, que na lei brasileira é fundamental para definir uma doação, que é a liberalidade, a liberdade de fazer ou não fazer, de dar ou de não
dar, sob o ponto de vista da lei brasileira, mesmo assim poderia ser
caracterizado como uma doação modal, que é a doação em que alguém recebe o bem... Porque nós temos que ir lá atrás também, né? A que título
o trustee recebeu o patrimônio? Recebeu a título de doação? Ora,
evidentemente que o settlor não está querendo doar para o trustee. Ele
está querendo é entregar... Transferir a propriedade para o trustee, para ele gerir, produzir lucro e, futuramente, dar uma destinação que ele,
settlor, estabelece. Isso caracteriza bem perante a lei brasileira o que eu
acho que nós conhecemos como doação modal, ou com encargo.
Então, na linha completa das transferências de propriedade acaba, sim, havendo uma doação ao final pela entrega do patrimônio, ou de parte
dele, ao beneficiário, acaba-se havendo uma doação, ou pode haver uma
transmissão sucessória. Eu acho que para efeito de imposto de renda isso é irrelevante, isso é muito relevante para o ITCMD e o momento até de
incidência do ITCMD. Ele incide quando o settlor entrega os bens para o
trustee ou quando o trustee entrega para os beneficiários, ou incide duas
vezes? Não é? Então, a gente precisaria estudar um pouco mais esse
assunto, o tempo aqui acabou para a gente continuar no debate.
Eu fiz um artigo alguns anos atrás em homenagem ao Prof. Gerd
Rothmann, naquele livro em homenagem a ele, que eu resumi lá...
Naquela época... Foi na época da repatriação, o assunto estava muito em debate, achei que era o momento interessante, até pelo interesse que o
Gerd tinha nesse assunto e no direito internacional em geral, e eu fiz um
artigozinho sobre esse assunto, mencionando... Resumindo os meus pensamentos, mas tem muito mais coisa que não está naquele trabalho
lá. Tem muito mais coisa. Eu penso que nós... O João está pedindo a
palavra, infelizmente o tempo está esgotado, eu acho que nós podemos manter esse assunto na Pauta para a semana que vem. João, desculpa.
Você na semana que vem fica com a primazia da palavra, a não ser que
você queira fazer o encerramento agora. E para a semana que vem... O assunto da Cristiane, infelizmente, também não pôde ser debatido, ele
será debatido com segurança na próxima quinta-feira, ICMS sobre
energia contratada e não consumida, aquela demanda contratada, não é, e se tivermos ainda interesse, o assunto relacionado ao voto de qualidade.
João, você quer encerrar?
Sr. João Francisco Bianco: Não, não. Fica para a semana que vem.
Sr. Presidente Ricardo Mariz de Oliveira: Ok. Então, pessoal, muito
obrigado pela presença, e na semana que vem nós prosseguiremos com
o sistema de Mesas de Debate virtuais, porque o IBDT prorrogou, evidentemente, a sua situação de não realização de eventos presenciais
até o fim do mês corrente, de maio. Obrigado, bom final de semana a
todos e até a próxima semana.
FIM
Eu, Paulo Torres, estenotipista, declaro que este documento, segundo minhas
maiores habilidades, é fiel ao áudio fornecido
Texto sem revisão dos autores.
A presente transcrição apenas visa a ampliar o acesso à Mesa de
Debates, dada a natureza informal dos debates e a falta de revisão.
O INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO TRIBUTÁRIO não
recomenda que seja a transcrição utilizada como fonte de referência
bibliográfica.