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502 MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ: PROGNÓSTICO INTRODUÇÃO O estudo de diagnóstico sócio-econômico realizado para os municípios da Mesorregião Oeste do Paraná permitiu a elaboração deste documento. Na linguagem técnica de alguns ramos da ciência - especialmente a medicina - após um diagnóstico deve ser traçado um prognóstico. Sob esta óptica, este documento representaria o prognóstico sócio-econômico dos municípios estudados no diagnóstico. Dentro das Ciências Sociais, porém, a relação diagnóstico - prognóstico toma uma dimensão diferente da medicina. Nesta última, o paciente busca a consulta médica para ter um claro diagnóstico de sua doença e um prognóstico adequado, que elimine a enfermidade por completo e no menor tempo possível. Nas Ciências Sociais, o diagnóstico representaria o apontamento de potencialidades adquiridas e de pontos de estrangulamento surgidos durante o processo de interação da sociedade com o meio natural, ao longo de um período determinado. O prognóstico, por sua vez, seria uma forma indicativa de amenizar os pontos de estrangulamento verificados e de impulsionar as potencialidades adquiridas. Neste sentido, este documento busca indicar perspectivas de desenvolvimento para a Mesorregião Oeste do Paraná, porém, com o devido cuidado de não se constituir em um prognóstico médico, no qual a doença prontamente diagnosticada, será tratada rapidamente, com o medicamento mais apropriado, eliminando-a por completo. Neste trabalho são construídos cenários, discutidas possibilidades e estabelecido limites para o desenvolvimento sustentado desta porção do território brasileiro. Porém, as soluções não estão ao alcance imediato da sociedade, tão pouco, dependem de um agente externo (remédio). Mas sim, de várias ações integradas da sociedade regional, em conjunto com os governos estadual e federal.

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MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ: PROGNÓSTICO

INTRODUÇÃO

O estudo de diagnóstico sócio-econômico realizado para os municípios da

Mesorregião Oeste do Paraná permitiu a elaboração deste documento. Na linguagem técnica

de alguns ramos da ciência - especialmente a medicina - após um diagnóstico deve ser traçado

um prognóstico. Sob esta óptica, este documento representaria o prognóstico sócio-econômico

dos municípios estudados no diagnóstico.

Dentro das Ciências Sociais, porém, a relação diagnóstico - prognóstico toma uma

dimensão diferente da medicina. Nesta última, o paciente busca a consulta médica para ter um

claro diagnóstico de sua doença e um prognóstico adequado, que elimine a enfermidade por

completo e no menor tempo possível. Nas Ciências Sociais, o diagnóstico representaria o

apontamento de potencialidades adquiridas e de pontos de estrangulamento surgidos durante o

processo de interação da sociedade com o meio natural, ao longo de um período determinado.

O prognóstico, por sua vez, seria uma forma indicativa de amenizar os pontos de

estrangulamento verificados e de impulsionar as potencialidades adquiridas.

Neste sentido, este documento busca indicar perspectivas de desenvolvimento para a

Mesorregião Oeste do Paraná, porém, com o devido cuidado de não se constituir em um

prognóstico médico, no qual a doença prontamente diagnosticada, será tratada rapidamente,

com o medicamento mais apropriado, eliminando-a por completo. Neste trabalho são

construídos cenários, discutidas possibilidades e estabelecido limites para o desenvolvimento

sustentado desta porção do território brasileiro. Porém, as soluções não estão ao alcance

imediato da sociedade, tão pouco, dependem de um agente externo (remédio). Mas sim, de

várias ações integradas da sociedade regional, em conjunto com os governos estadual e

federal.

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2 PROCESSO DE POLARIZAÇÃO

O processo de polarização consolidou o Município de Cascavel como o principal pólo

regional. Em menor nível de centralidade, o Município de Foz do Iguaçu também é

considerado um pólo regional. Além destes, os Municípios de Medianeira, Marechal Cândido

Rondon, Assis Chateubriand e Palotina se consolidaram como sub-pólos regionais.

As causas deste processo de polarização foram discutidas no diagnóstico,

representando a soma de características da evolução sócio-econômica destes municípios.

Desta forma, cabe discutir se esta dinâmica terá continuidade e de que forma este processo

tenderá a ocorrer.

As forças que tornaram Cascavel o pólo regional de maior centralidade ainda estão

presentes e tendem a se manter. A sua centralidade, na área do agronegócio, é significativa,

desde a presença de plantas agroindustriais, passando pela comercialização, até o

desenvolvimento da oferta de serviços cada vez mais especializados nesta área. Porém, o que

tornou Cascavel mais polarizada foi o desenvolvimento de atividades diversificadas e com

elevado grau de complexidade, em nível regional. O comércio varejista é diversificado e

consegue atender a praticamente toda a demanda regional, sem necessidade de recorrência a

centros maiores, como Curitiba e São Paulo. O comércio atacadista também consegue atender

às necessidades de grande parte do comércio varejista regional, além de atender outras regiões

do Estado do Paraná e do País. O setor de serviços, porém, é o mais diversificado e

especializado da Região, englobando os serviços de atendimento a saúde; educação;

consultoria empresarial, nas mais diversas áreas; serviços financeiros, com a presença de

várias instituições, entre outros. No Município está concentrada uma quantidade elevada de

órgãos da administração pública estadual e federal.

O caso de Foz do Iguaçu já não permite um consenso quanto à continuidade do

processo de polarização. A evolução deste Município esteve, historicamente, ligada às fortes

intervenções governamentais e a fatores exógenos e, no momento atual, a dinâmica apresenta-

se fortemente ligada ao turismo e ao comércio fronteiriço. O comércio fronteiriço, dentro da

atual perspectiva, depende das ações de política econômica do Brasil, Argentina e Paraguai,

da evolução dos tratados do Mercosul e da constituição da ALCA. Desta forma, o futuro deste

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comércio fica fora da esfera de decisão regional, o que dificulta a formação de expectativa

sobre esta atividade no médio prazo. Já o turismo, apesar de depender de questões

macroeconômicas, como a taxa de câmbio, encontra maior poder de intervenção local em seu

desenvolvimento. Porém, os atrativos existentes ainda não são suficientes para manter o

turista por mais tempo na Região. O desafio de Foz do Iguaçu seria estabelecer, efetivamente,

uma programação turística com os demais municípios, principalmente os “lindeiros”, para que

esta atividade tivesse o devido impulso e dinamizasse a geração de emprego e renda.

Os municípios de Toledo, Medianeira, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateubriand

e Palotina, apresentam dinâmica própria, dependente do agronegócio, com tendência de

manter a polarização sobre os municípios menores, com atividade econômica voltada para a

agricultura.

O processo de polarização existente e sua possível continuidade apontam para o

agravamento da situação dos municípios de menor porte. Porém, dentro destes municípios

existem duas classes distintas: a)aqueles que tendem a manter sua posição, por estarem

inseridos dentro da dinâmica do agronegócio regional; e b) aqueles que estão fora da dinâmica

do agronegócio, por seu território não permitir, integralmente, a agricultura moderna.

3 ASPECTOS ECONÔMICOS

Os aspectos econômicos da Mesorregião Oeste do Paraná podem ser tratados de forma

setorial. Porém, discutir separadamente a agropecuária, agroindústria e comercialização

agrícola, foge da organização da cadeia produtiva. Desta forma, este segmento é tratado aqui

como agronegócio. Os demais tópicos são a produção industrial (exceto a agroindústria), a

atividade comercial e a atividade de prestação de serviços.

Assim, esta seção divide-se em cinco partes na seqüência apresentada de assuntos,

sendo a última seção uma síntese dos aspectos econômicos gerais da Região.

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3.1 O Agronegócio.

A mecanização da agricultura tornou a Região uma referência em quantidade e

produtividade nas culturas de exportação, principalmente soja, milho e trigo. A

comercialização desta produção estabeleceu uma infra-estrutura de beneficiamento,

armazenagem e transporte desta produção. O desenvolvimento agroindustrial encontrou

ambiente propício ao seu crescimento e consolidação.

Algumas cadeias produtivas, dentro do agronegócio, são mais recentes, como a da

mandioca e da criação de peixes. Estas têm buscado condições de consolidação em

determinadas porções da Região. A cadeia produtora de aves obteve significativa expansão

recente na Região, com investimentos de cooperativas. As demais cadeias existentes

consolidaram-se e tem dinamizado a transformação industrial. A exceção fica com a atividade

de esmagamento de soja, que perdeu totalmente o dinamismo na Região.

Dentro deste quadro, as perspectivas apontam para a continuidade desta atividade

como fundamental fonte geradora de renda regional. Os municípios que se inserem

diretamente, em algum ponto desta cadeia, encontrarão condições para manter sua situação

atual. Porém, o processo de polarização tende a diferenciar os ganhos entre os participantes

desta dinâmica. Os municípios que concentram as unidades agroindustriais, tendem a absorver

maior parte dos ganhos do agronegócio. Em contrapartida, os municípios que apresentam

apenas atividades ligadas a agropecuária, mais especificamente à agricultura, tendem a

absorver uma parcela menor da renda gerada.

Os municípios menores têm diferentes graus de inserção na dinâmica do agronegócio.

Alguns têm maior parte de seu território dedicado à agricultura moderna e ainda possuem

alguma unidade agroindustrial. Outros não possuem unidades agroindustriais relevantes, mas

acabam tendo parte significativa de seu território cultivado com agricultura moderna. Existem

ainda, os municípios que não possuem unidade agroindustrial relevante e que possuem uma

pequena parte de seu território com a agricultura moderna.

Os municípios do último grupo são os que menos ganhariam com a continuidade do

processo de desenvolvimento do agronegócio. Nesse sentido, percebe-se que a dinâmica do

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agronegócio tende a criar impacto apenas na porção territorial da Região que é propicia a este

tipo de atividade. Este processo colabora para o aparecimento dos chamados vazios

econômicos. Os municípios integrantes destes vazios estariam fora desta dinâmica regional e

necessitariam de alternativas para a atividade econômica.

Estes municípios vêm atuando nas atividades de criação de aves e de pecuária leiteira,

fato que têm contribuído para amenizar seus problemas, mas ainda fica muito aquém das

necessidades colocadas. O que vem apontando com alternativa em outras regiões, com

características semelhantes é a agricultura e pecuária orgânica. No Oeste de Santa Catarina e

no Sudoeste do Paraná esta atividade ganhou um forte impulso com a organização dos

pequenos produtores em cooperativas, contando com o apoio dos governos municipais e de

órgãos governamentais, como a Emater.

A dinâmica econômica destes municípios dependerá da inserção destes nas atividades

do agronegócio que são possíveis, principalmente a criação de aves, a pecuária de leite e, em

menor grau, a suinocultura. Sendo ainda relevante o incentivo à produção orgânica, como

uma forte alternativa para o pequeno e médio produtor.

A perspectiva de continuidade do desenvolvimento do agronegócio, nos moldes atuais,

trás uma discussão importante para o futuro desta atividade e da Região. O impacto causado

pela modernização tecnológica da agricultura e por todo o desenvolvimento posterior do

agronegócio é um fato relativamente pouco discutido, mas que deverá tomar outra dimensão

num futuro próximo.

Os impactos ambientais percebidos trazem a seguinte questão: O processo de

desmatamento, juntamente com a aplicação de produtos químicos altamente prejudiciais à

fauna e a flora, até que ponto comprometeu o desenvolvimento da vida na região? Será que os

avanços econômicos compensam estas perdas e todo o processo em vigor? As atividades

agrícolas desenvolvidas até então não prejudicariam algumas vantagens competitivas que a

Região ainda possui?

O assunto toma outra perspectiva, quando se deixa a análise presente e se vislumbra o

horizonte de longo prazo. A discussão presente nos países centrais é que, a posse de água

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potável, de áreas de conservação da biodiversidade e de fontes de produção de energia

renovável representará uma vantagem competitiva sem precedentes. Neste sentido, a Região

Oeste do Paraná é altamente privilegiada, pois possui uma hidrografia abundante, incluindo o

Lago de Itaipu, possui também uma das maiores reservas de biodiversidade, que é o Parque

Nacional do Iguaçu e, ainda, possui a maior usina hidrelétrica do mundo, além de Salto

Caxias, no Rio Iguaçu. Desta forma, a questão que segue é quanto às condições que o atual

modelo de desenvolvimento sócio-econômico regional apresentaria para preservar estas

vantagens até o momento, no qual estas seriam decisivas para a sociedade local? O que tem

sido encaminhado em termos de conservação do solo e de reconstituição das matas ciliares

têm conseguido proteger as nascentes e as reservas de água da Região?

A preservação do Parque Nacional do Iguaçu tem sido realizada mais por ação da

esfera federal do que pela esfera regional. Será que a preservação da biodiversidade não é

importante para a Região? Caso seja importante, porque não se respeita a faixa de reservas

legais nas propriedades? Estas também são importantes para a manutenção de determinados

ecossistemas. Estas questões são mais bem discutidas na parte deste trabalho dedicado ao

aspecto ambiental.

Outro ponto que exige reflexão para a Região é quanto aos desdobramentos do

agronegócio brasileiro. A expansão recente da agricultura moderna para as regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste do País tem colocado algumas questões sobre a continuidade do

processo de expansão desta atividade na região Oeste do Paraná. As regiões recentemente

ocupadas encontraram clima favorável, escala maior de produção, solo receptivo aos insumos,

portanto de fertilidade adaptável, dando margem a uma produtividade significativa,

comparável as alcançadas em regiões tradicionais, como o Oeste do Paraná.

Na direção desta expansão da agricultura, desenvolve-se a agroindústria, com a

instalação de plantas com maior escala de produção e, também, com tecnologia produtiva

mais evoluída. Empresas do ramo de alimentos, com sede na Região Sul do País, estão se

incluindo nesta dinâmica e têm implantado novas unidades produtivas nestas regiões e,

conseqüentemente, modificado a forma de atuar em sua região de origem. Esta modificação é

traduzida em estagnação dos investimentos produtivos, diminuição de escala de produção e

até mesmo total deslocamento dos investimentos para as novas regiões.

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Este processo pode indicar, no mínimo, um questionamento do agronegócio presente

na Região Oeste do Paraná e, também, na Região Sul do País. Existe a ameaça iminente de

dificuldades de expansão do agronegócio nesta Região? A resposta é que no médio prazo não

há indicação de que isto possa ocorrer.

3.2 A Indústria

A produção industrial, além da agroindústria, ocorre nos municípios com certo grau de

polarização. Cascavel é o que mantém maior diversificação na produção industrial, atingindo

nível considerável de ramos, porém, sem apresentar indústrias de grande porte. O mesmo

ocorre com Medianeira que, sendo um centro produtor da indústria alimentícia, obtém

destaque, também, na indústria de móveis e apresenta a existência de outros ramos industriais

relevantes.

O ponto que deve ser enfatizado aqui é o fato de não haver uma aglomeração

industrial, semelhante ao que ocorre em outras regiões, tais como o Valo do Itajaí, em Santa

Catarina e mesmo a Região Metropolitana de Curitiba. Algumas reivindicações realizadas

perante os governos estadual e federal, exigem destes uma atitude mais determinada para

garantir a instalação de indústrias de grande porte na Região. Estas iniciativas acabam por não

considerar limitações significativas para o atendimento destas reivindicações.

Inicialmente, pode-se colocar as limitações impostas pela Região não atender às

condições mínimas para a localização industrial, tais como: distância em relação aos

principais mercados consumidores, distância em relação às fontes de matéria-prima e ao

porto, estrangulamento em praticamente todos os modais de transporte e escassez de mão-de-

obra especializada na produção industrial.

Estas limitações são somadas à insuficiente organização dos municípios da Região

para a atração e instalação de indústrias. Percebe-se um conjunto de ações isoladas de alguns

municípios na busca de indústrias, o que implica em atomização do processo e ainda,

competição inter-municípios, o que leva a resultados não significativos e estabelece perda, via

custo de oportunidade, para toda a Região.

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Um processo de industrialização regional, desatrelado da sua produção agropecuária,

deverá seguir um tramite exaustivamente pensado e articulado, desde que se inicie pela

resolução dos estrangulamentos apontados inicialmente. A partir deste então é que se pode

empreender a atração responsável e mensurada de indústrias, que ainda estejam em

conformidade com os cuidados com a preservação das potencialidades naturais levantadas

anteriormente.

3.3 O Setor Comercial

Ao longo do tempo, este setor foi se concentrando nas cidades de Cascavel e Foz do

Iguaçu. Porém, com sensíveis diferenças entre as ações nas duas cidades. Em Cascavel,

desenvolveu-se um significativo comércio varejista, que atende uma parcela considerável da

demanda regional. No mesmo sentido, o comércio atacadista estruturou-se em diversos

segmentos, atendendo às necessidades dos demais centros varejistas da Região Oeste do

Paraná, de outras regiões do Estado e do País. A pergunta a ser feita é: como esta atividade

adquiriu vantagem competitiva estando longe dos centros produtores das mercadorias

vendidas? Ainda não se pode estabelecer uma resposta aceitável, mas o fato é que a

competitividade existe e estas empresas encontram-se em crescimento, tanto pelo aumento do

faturamento, quanto da área de abrangência.

Em Foz do Iguaçu, o comércio atacadista desenvolveu-se atrelado a dinâmica de

exportação e importação. As empresas constituídas, em sua grande maioria, realizam

comércio com a Paraguai e Argentina, aproveitando a vantagem de estar na fronteira com

estes países. Inclusive, nota-se a instalação de filiais de empresas de Cascavel, com o intuito

de aproveitar esta vantagem geográfica para o comércio exterior.

O tamanho da cidade de Foz do Iguaçu, bem como sua área de influência

proporcionou o desenvolvimento de uma rede comercial varejista importante. Esta

importância provoca sensível centralidade desta atividade no município e inibe a mesma nos

municípios vizinhos.

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Os municípios considerados sub-pólos, desempenham um papel importante quanto ao

comércio varejista. Estes funcionam como centro intermediário de comércio, atendendo a

necessidade de vários municípios menores, em itens de baixa complexidade. Porém, os itens

de maior complexidade acabam sendo buscados em Cascavel ou Foz do Iguaçu. Nesta mesma

direção, o comércio varejista nos municípios menores mantém uma demanda muito restrita,

que faz esta atividade ser economicamente pouco significativa.

O quadro atual do comércio varejista aponta para uma tendência em acentuar os

aspectos de polarização em relação a Cascavel e Foz do Iguaçu. Porém, percebe-se, também,

espaço para o crescimento do comércio nos centros intermediários, como Toledo, Marechal

Cândido Rondon, Palotina e Medianeira.

O quadro atual do comércio atacadista aponta para a polarização em Cascavel. Alguns

fatores provocaram a perda de dinâmica do comércio atacadista de Foz do Iguaçu. O principal

fator é que este depende de variáveis como taxa de câmbio e política de acordo de tarifas

alfandegárias, que fogem da espera de decisão regional. A sinalização da dinâmica que vêm

dos acordos comerciais com o Mercosul e das discussões da ALCA coloca Foz do Iguaçu

numa posição de fragilidade, não deixando claro os desdobramentos futuros destas atividades

comerciais com os paises fronteiriços.

3.4 O Setor de Prestação de Serviços

A polarização na prestação de serviços é ainda mais destacada que nos demais setores.

Cascavel e Foz do Iguaçu concentram grande parte dos serviços especializados, que são

ofertados na Região. O primeiro destaque pode ser dado por estes dois centros hospedarem os

principais órgãos da administração pública estadual e federal. Pode-se, também, destacar os

serviços da área da saúde e educação, bem como os serviços financeiros, de consultoria

empresarial e de profissionais liberais.

O setor de prestação de serviços apresenta, em Foz do Iguaçu, uma infra-estrutura

significativa para o atendimento do Turismo. Este setor enfrenta, na atualidade, alguns

problemas de viabilidade, mas sua potencialidade é um fato presente.

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Os setores de prestação de serviços em saúde, educação e turismo ganharão um espaço

maior de discussão neste trabalho. Porém, com as necessidades despertadas pelo processo de

globalização, observa-se uma tendência de crescimento da demanda de serviços em

consultoria empresarial, bem como a necessidade de serviços prestados por profissionais

liberais, como advogados, engenheiros, arquitetos, entre outros.

3.4.1 Turismo

A atividade turística regional contribui para o desenvolvimento dos municípios

promovendo transformações que podem alavancar a geração de empregos. A Região Oeste do

Paraná já atrai milhares de visitantes anualmente com as Cataratas do Iguaçu e com a Usina

de Itaipu.

Entretanto, é ainda incipiente uma dinâmica turística mais regionalizada,

considerando-se para isto o contexto histórico e geográfico em que cada município encontra-

se inserido. O que se verifica, são inúmeras diferenças presentes em cada região no que tange

às condições geo-econômicas, sociais e culturais, caracterizando um “Oeste do Paraná”

heterogêneo em sua constituição.

Um novo arranjo espacial, ou seja, uma nova maneira de assimilar o território deve

respeitar uma configuração ainda vinculada às atividades agrícolas e que não possui elevada

mobilização coletiva no sentido de permitir uma re-orientação para outras atividades que não

aquelas já realizadas, ou seja, há restrições a uma reconversão produtiva.

O desafio, neste sentido, está em permitir que os “lugares” ingressem em roteiros de

turismo regional, prolongando e densificando a rede de lugares com aptidões paisagísticas.

Cabe, mediante as especificidades regionais, a abertura de novas áreas “turísticas”

considerando atividades como: a pesca, parques temáticos, jogos e festivais, que enfatizem a

cultura e a gastronomia locais. Isto possibilitaria a valorização dos espaços locais, podendo se

constituir em uma importante fonte de renda para os municípios. Necessariamente, ocorre a

construção de uma nova territorialização, impondo novos recortes que, velhas territorialidades

não vislumbram em suas estruturas. Este, possivelmente, é o maior desafio a ser vencido nesta

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Região: construir um território turístico através de uma ligação afetiva com o lugar,

possibilitando para o Oeste do Paraná uma nova identidade, uma nova organização de seu

espaço.

Na região, o Reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu, configura-se no “locus”

mais favorável para o desenvolvimento de atividades turísticas integradas. Abrangendo o lado

brasileiro (Foz do Iguaçu a Guaíra) são quinze municípios potencialmente aptos a desenvolver

áreas turísticas, principalmente vinculadas ao ecoturismo.

Cabe, efetivamente, o desenvolvimento de análises mais complexas para perceber o

real significado desta atividade econômica na dinâmica regional, agindo como um

instrumento para a melhoria da qualidade de vida da população.

4 ASPECTOS SOCIAIS

O atendimento nas áreas de saúde e educação concentra grande parcela dos gastos

públicos na área social. Porém, não se devem deixar para segundo plano os gastos com

assistência social, habitação popular e saneamento básico.

Neste sentido, esta seção será dividida em algumas sub-seções para tratar com mais

propriedade a abrangência de assuntos nela tratada.

4.1 Educação

O diagnóstico traçado nesta área apontou para alguns limites, mas, também, deixou

marcada a presença de potencialidades. O quadro atual da educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio, encontra-se, ainda, em processo de reformulação e adaptação à

nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de dezembro de 1996. Esta Lei modificou as

competências das esferas governamentais, redefiniu os níveis de ensino, criou novos critérios

de financiamento, estabeleceu a necessidade de qualificação superior para os docentes, impôs

diretrizes quanto a indicadores de oferta de ensino, o que exigiu uma mobilização nacional.

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Na Região Oeste do Paraná, os municípios também tiveram que se adaptar a estas

novas diretrizes. Alguns pontos das mudanças criaram impactos, diretamente na forma de

organização dos municípios quanto a oferta da educação pública. A baixa relação de alunos

por professor impulsionou o fechamento de diversas escolas rurais. Este fato, provocou o

encarecimento do custo com transporte escolar dos municípios e impulsionou o processo de

urbanização, verificado nos últimos anos.

O processo de adaptação, ocorrido nos últimos anos, entre a oferta de responsabilidade

do Município e do Estado, aponta para um problema de relativa complexidade. Os municípios

ficaram com a responsabilidade de oferecer a educação infantil e as quatro primeiras séries do

ensino fundamental. O Estado ficou com a incumbência de suprir as quatro séries finais do

ensino fundamental e o ensino médio.

A criação do FUNDEF (Fundo de Valorização do Ensino Fundamental e Valorização

do Magistério) estabeleceu uma forma restrita de administração dos gastos com educação.

Este fundo direciona grande parte dos recursos, para o financiamento do ensino fundamental,

o que cria algumas reações por parte das esferas governamentais.

Nos municípios, o FUNDEF financia as ações com as quatro primeiras séries do

ensino fundamental, o que cria alguns problemas quanto ao atendimento do transporte escolar

e ao atendimento da educação infantil. O transporte escolar não pode ser custeado com os

recursos do fundo, o que limita a atuação das prefeituras. A educação infantil foi estendida

para a faixa etária de 0 a 6 anos, o que aumentou a necessidade de investimento em

instalações mais adequadas ao ensino, do que eram as antigas creches, sendo que, também

impulsionou a necessidade de contratação de profissionais, com nível adequado de

qualificação para atuar neste segmento. Como o transporte escolar e a educação infantil não

podem ser custeados com recursos do FUNDEF, os municípios acabam por não priorizar estes

segmentos, o que cria um problema processual na aprendizagem, sem contar outros problemas

sociais.

Na rede estadual, a criação do FUNDEF também causou modificações na oferta. A

atuação no ensino fundamental foi privilegiada, em detrimento do ensino médio. Percebe-se

esta ocorrência pelo fechamento dos cursos profissionalizantes de nível médio. A justificativa

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oficial seria a falta de demanda para estes cursos e, também, a criação dos cursos Pós-médios,

uma formação profissionalizante alternativa ao ensino superior.

Até este ponto discutiu-se a educação pública. Não que a oferta privada do ensino

nestes níveis seja irrelevante, mas que a preponderância da oferta pública é gritante na Região

Oeste do Paraná. A demanda por vagas na escola pública tem encontrado, em contrapartida,

uma oferta suficiente no ensino fundamental. Porém, a educação infantil, principalmente, nos

maiores centros, não consegue suprir as necessidades da população.

O ensino médio não registra falta de atendimento significativa. Porém, percebe-se que

a busca deste nível de ensino, principalmente nos municípios menores, tem sido difícultada

pela distância percorrida pelos alunos. As escolas estão nas sedes dos municípios, o que tende

a diminuir, consideravelmente, a procura por parte dos alunos.

Nos centros maiores, a dinâmica populacional, discutida anteriormente, estabeleceu a

necessidade de criação de vagas na educação infantil, ensino fundamental e médio. Esta

criação ocorre limitada pelos problemas de financiamento apontados, que acabam

privilegiando o atendimento ao ensino fundamental. Esta morosidade no atendimento e a

pressão por vagas acabam por impulsionar o atendimento privado de ensino.

O segmento que tem maior tendência de crescimento na rede privada é a educação

infantil, principalmente pela pequena quantidade de vagas oferecidas pela rede pública.

Percebe-se, também, uma tendência de crescimento ns oferta privada do ensino médio e,

inclusive, do ensino fundamental. Esta dinâmica encontra respaldo no processo de

polarização, pois a concentração maior de renda e população, em cidades como Cascavel,

aumentam a demanda por serviços na área da educação privada.

A dinâmica da educação superior ocorre por um processo diferente do tratado até

então. A maior parte das vagas oferecidas encontra-se na rede privada e não na esfera pública.

Sendo este um fenômeno recente na Região.

A consolidação da UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), enquanto

Universidade foi de fundamental importância para a Região. Ainda mais, com sua

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característica multi-campi, mantendo estrutura de oferta em Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo

e Marechal Cândido Rondon. Porém, a oferta de vagas no ensino de graduação demonstrou

ser insuficiente para o atendimento da demanda. Desta forma, houve a constituição de

inúmeras instituições privadas, oferecendo vagas pra suprir a elevada demanda existente.

Além do ensino público oferecido pela UNIOESTE, a Região conta, ainda, com um

campus da UFPR (Universidade Federal do Paraná), em Palotina e com uma unidade do

CEFET (Centro Federal de Ensino Tecnológico), em Medianeira.

Esta verticalização observada no ensino pode ter sido impulsionada por alguns

aspectos relevantes. Dentre vários, destacam-se: a) a exigência de qualificação superior para

os docentes da educação infantil e do ensino fundamental, que impulsionou a demanda por

graduação em pedagogia e, também, em todas as licenciaturas; e b) o processo de

globalização exigiu a presença de profissionais liberais e da área de gestão empresarial, o que

provocou a criação de inúmeros cursos na área de ciências sociais aplicadas, como

Administração e Direito.

O processo de expansão da oferta do ensino superior, por instituições privadas, criou

uma significativa concentração em Cascavel e Foz do Iguaçu, para depois iniciar a expansão

para os municípios médios, como Medianeira, São Miguel do Iguaçu, Toledo, Guaíra, Assis

Chateaubriand e Marechal Cândido Rondon.

O aumento de vagas realizado pelas instituições privadas de ensino, resolveu

momentaneamente a demanda reprimida que havia. Porém, a Região tem como desafio, a

criação de vagas para colocação destes profissionais no mercado de trabalho regional. Pois, o

não aproveitamento destes profissionais na Região, poderá impulsionar uma migração para

outras regiões do Estado, com maior capacidade de geração de emprego. Percebe-se que,

mesmo com uma criação restrita de vagas para os profissionais de nível superior, ocorre uma

adaptação dos empregadores em aumentar o grau de exigência de qualificação para a

ocupação de vagas, antes direcionadas ao profissional de formação em nível médio. Mas, este

processo ainda demonstra ser restrito e não adequado para o quadro de profissionais que estão

sendo formados.

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Dentro do quadro atual, englobando o ensino público e privado em nível superior,

verifica-se que a capacidade de qualificação seria suficiente para responder às necessidades de

desenvolvimento da Região. Esta capacidade independeria, inclusive, das necessidades de

criação de cursos em áreas diferentes das já existentes, pois a versatilidade das instituições

particulares proporcionaria o atendimento da demanda exigida. No caso das instituições

públicas, apesar de ainda serem criados novos cursos, o quadro é de retração dos

investimentos. Portanto, qualquer necessidade adicional de formação tende a ser suprida pela

área privada.

Como último ponto deste segmento, cabe discutir o ensino de pós-graduação. A

Região recebeu uma grande quantidade de vagas para cursos de pós-graduação lato sensu.

Estes cursos, têm como objetivo a formação profissional do indivíduo para atuação no

universo empresarial e público. A expansão de vagas da graduação exige a formação de um

número significativo de docentes, sendo necessário, portanto, a criação de cursos de pós-

graduação stricto sensu, fato que ainda encontra-se no horizonte de longo prazo para a

Região. Esta dificuldade poderá criar alguns pontos de estrangulamento na expansão

verificada no ensino superior.

4.2 Saúde

A dicotomia existente entre a saúde curativa e preventiva está presente na Região

Oeste do Paraná, tomando contornos semelhantes ao que ocorre no restante do País. Os

programas desenvolvidos na Região privilegiam a parte curativa, em detrimento da

preventiva. Esta prática, comum em outras áreas do País, cria sérias limitações para obtenção

de melhoria das condições de vida da população.

A infra-estrutura de saúde curativa da Região constitui-se numa complexa rede de

hospitais e clínicas nas mais diversas especialidades. Porém, a concentração destes serviços

em Cascavel é evidente. Em Foz do Iguaçu, a infra-estrutura atende às necessidades locais,

principalmente pelas especialidades e estrutura do Hospital Costa Cavalcanti. Municípios de

porte médio, como Toledo, ainda conseguem realizar um significativo atendimento local e

ainda outros municípios mais próximos.

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Esta visão geral fica bastante modificada, ao se separar o atendimento público do

atendimento privado. A rede de atendimento público, como na maior parte do País, não atende

de forma suficiente às necessidades da população. A concentração dos serviços em Cascavel,

Foz do Iguaçu e nos municípios médios, justificou a criação dos consórcios municipais de

saúde. Estes consórcios buscam organizar o acesso da população aos centros de atendimento.

Porém, os fracos laços de cooperação entre os municípios, aliados a uma estrutura sub-

dimensionada e concentrada são fatores impeditivos para o funcionamento adequado destes

consórcios e, conseqüentemente, do atendimento à população.

Portanto, a solução dos problemas de saúde vai além do alcance deste setor. A

articulação dos demais setores de serviços envolvidos no enfrentamento destes problemas, na

Região Oeste do Paraná é, em parte, fragmentada, setorizada e desarticulada, muito embora as

formulações legais, permitam uma ação integrada.

A intersetorialidade ganha, assim, especial importância no enfrentamento contínuo dos

problemas. Trabalhar intersetorialmente os problemas significa, num trabalho conjunto de

vários setores do governo e com a participação de organizações não governamentais,

identificar os principais problemas que incomodam uma comunidade, definir causas dos

problemas e unir todas as forças para enfrentar essas causas. Para isto, a integração regional é

prioritária, mas ainda encontra-se distante sua efetivação na Região Oeste do Paraná.

Estas soluções envolverão não somente ações típicas dos serviços de saúde, mas,

também, ações de saneamento, nutrição, educação ambiental, habitação, entre outros. Nesse

caso, os serviços governamentais de saúde, a comunidade e as organizações como: pastoral da

saúde, grupos ambientais e outros, deverão ser envolvidos na questão.

As migrações regionais ou mesmo internacionais, que favorecem a uma concentração

populacional nos centros urbanos, provocam um impacto muito grande no meio que as

recebem, gerando desequilíbrios ambientais, impactos na demanda de serviços públicos e na

distribuição de uso do solo. Na Região Oeste do Paraná, o contínuo crescimento demográfico

de cidades como Cascavel e Foz do Iguaçu, prejudica o atendimento às condições básicas de

vida da população, gerando dificuldades no atendimento de toda a demanda por serviços

públicos gerada.

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Apesar dos esforços empreendidos para melhoria do atendimento à saúde, verificados

nos últimos anos, os programas de saúde preventiva contam, ainda, com condições

insuficientes para estabelecer um padrão mínimo de qualidade de vida para a população

regional. Há uma falta de preocupação com questões básicas ligadas ao tratamento de esgotos,

coleta e depósito do lixo, habitação e alimentação, além dos problemas oriundos da forma de

produção agropecuária realizado na Região.

5 ASPECTOS AMBIENTAIS

A questão dos recursos ambientais e da ordenação do espaço regional possui, enquanto

cenário tendencial, uma configuração que pode ser traduzida pelos seguintes aspectos:

a) Com padrões de clima inalterados, a Região Oeste do Paraná deverá possibilitar o

contínuo aumento da produção agroalimentar, ampliando-se a necessidade de fomentar

ações voltadas a agroecologia. Os demais recursos naturais, em especial a flora,

tendencialmente ainda vêm sofrendo o efeito combinado da degradação dos solos e da

antropização, mesmo que atenuado pela parcial introdução de tecnologias eco-sensíveis

nas atividades produtivas e por medidas de caráter mais abrangente de controle ambiental;

b) A crescente urbanização e o aumento da demanda por água, decorrentes das atividades

industriais, num cenário de médio prazo, possivelmente serão atendidas pelas

potencialidades dos recursos hídricos regionais. Entretanto, para que isto seja

efetivamente viabilizado, deve-se atentar para programas específicos de controle da

poluição ambiental.

Diante deste quadro, considera-se necessário o zoneamento ecológico-econômico da

Região, orientando-a para a reorganização de seu meio rural e a modernização na busca de

uma agropecuária agroecológica; bem como para o processo de urbanização em sentido

amplo – nele incluídas as atividades produtivas das cidades e para a infra-estrutura econômica

e social. Estes são fatores capazes de “condicionar e impulsionar, em caráter permanente, o

desenvolvimento regional.” Para o estabelecimento de um cenário desejado são necessárias as

seguintes condições:

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Otimização dos recursos hídricos – isto preconiza o gerenciamento integrado das

águas. Fator condicionante para a vida, sua disponibilidade é fortemente afetada pelo

desperdício e pela má utilização. Apesar de sua abundância, a Região Oeste ainda não

efetivou, à exceção da Itaipu Binacional, adequada institucionalização para o gerenciamento

das águas, tanto de superfície como subterrâneas, objetivando conduzir a um aproveitamento

ótimo do potencial e ao uso racional das águas. Cabe, nesta otimização, a obtenção de padrões

desejáveis de sustentabilidade hídrica, evitando o desperdício na agricultura e na indústria.

Conservação dos solos: isto sugere, fundamentalmente, a otimização da utilização

sustentável para fins produtivos dos solos, conforme suas aptidões (respeitando as diretrizes

de um zoneamento ecológico-econômico regional).

Ampliação da biodiversidade: como fonte permanente de riqueza e bem-estar,

envolvendo, de uma parte, a geração de conhecimento sobre a flora e a fauna e sua aplicação

produtiva. É fundamental a transformação nas práticas agropecuárias tradicionais, com a

introdução de tecnologias ecossensíveis, economicamente eficientes e compatíveis como um

modelo de organização da vida rural que articule e integre as atividades agro-silvopastoris.

Destaca-se, neste contexto, a recuperação, criação e manutenção das unidades de

conservação, localizadas em áreas representativas dos variados ecossistemas regionais,

identificadas com fundamento em estudos biogeográficos. O Parque Nacional do Iguaçu deve

ser reforçado em sua infra-estrutura e capacidade de pesquisa, criando-se unidades

complementares. A promoção do turismo ecológico pode constituir-se em fonte de renda

capaz de financiar a manutenção das áreas de preservação, bem como o esforço da pesquisa.

proteção e controle ambiental; constitui-se numa das formas mais eficazes para a

preservação e proteção dos mananciais, bem como para assegurar a boa qualidade da água.

Particularmente, são necessárias ações para proteção e renovação dos ecossistemas das bacias

hidrográficas, em particular das matas ciliares; racionalização da ocupação e do uso do solo,

bem como de seu manejo adequado, de forma a otimizar impactos indesejáveis sobre os

recursos hídricos, tais como erosão e assoreamento e proteção das nascentes das águas.

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O esclarecimento da sociedade sobre os efeitos ambientais das atividades humanas,

através da educação ambiental, bem como o estímulo à participação comunitária em seu

controle, são imprescindíveis para as respostas da comunidade em relação a tais questões.

Portanto, o cenário aponta para a “urgência” na busca do necessário equilíbrio na

exploração dos recursos naturais, particularmente dos não renováveis. As necessidades

relacionadas ao desenvolvimento econômico vinculam-se a esta preservação e são

condicionantes do desenvolvimento industrial e agroindustrial, das opções energéticas, dos

grandes projetos de modernização agrícola, da infra-estrutura de transportes e do turismo e,

principalmente, da urbanização.

6 INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES

Com base no diagnóstico da infra-estrutura regional de transportes e suas demandas

em nível estadual, aliada a estudos de projeção de tráfego e movimentação de mercadorias,

entende-se que a Região precisa ser melhor atendida dentro dos programas governamentais

que prevêem prioridades de investimentos e de destinação de recursos públicos. A localização

geográfica, a distância de grandes centros de consumo (mercados e portos), e as

características dos produtos (commodities e produtos de baixo valor agregado), bem como a

precariedade atual e a escassez de investimentos futuros em rodovias de ligação regional,

podem fazer dos transportes um importante ponto de estrangulamento para o desenvolvimento

sustentado da Região, à medida em que implicar elevação dos custos de transportes e

repercutir na perda de competitividade regional, da produção local e do potencial de atração

de negócios.

O contraponto implicaria, então, em investimentos prioritários, de acordo com os

modais, considerados estratégicos:

- Ferroviário:

1) sejam incentivados novos investimentos ferroviários no Estado como forma de

reduzir o custo de transporte dos produtos, criando forças competitivas para a

produção estadual, evitando a evasão de parte desta para outros portos,

principalmente o Porto de São Francisco, concorrente mais próximo

geograficamente, e que esta seja, também, uma forma de se contrapor aos

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investimentos de outros estados, conseguindo, desta forma, atrair/manter

cargas com origem em outros estados. Além do mais, a necessidade do

desenvolvimento da ligação ferroviária com o Porto, está tornando-se

premente;

2) sejam feitos os investimentos na correção dos estrangulamentos existentes;

3) seja construído o ramal da Ferroeste até Foz do Iguaçu e que haja a

continuidade da construção da ferrovia até Guairá;

- Rodoviário

4) seja revisto imediatamente o Planejamento de duplicação de rodovias

paranaenses, expresso no Programa Anel de Integração, e que nele faça

constar melhorias nas condições de tráfego das rodovias localizadas na parte

ocidental do Estado, com ênfase nas regiões de Campo Mourão e Cascavel;

5) sejam destinados recursos e desenvolvido Plano Diretor regional para melhor

diagnóstico das rodovias de interligação regional;

- Portuário:

6) o Porto de Paranaguá prossiga firmemente na rota da modernização, com a

conseqüente redução dos custos das operações portuárias, que é uma maneira

viável para se reduzir os impactos contrários do pedágio e de tendência de

aumento de outros custos associados ao transporte rodoviário;

7) aumento da capacidade de recepção e armazenagem no Porto para otimizar as

operações de descarga e as condições de comercialização das safras;

- Empresarial:

8) o desenvolvimento de empresas na área de logística agroindustrial, o que pode

viabilizar o aumento nas cargas de retorno, que implica em redução dos fretes

no escoamento da safra, e estruturas de armazenamento, para evitar os picos

de demanda concentrada em alguns meses do ano;

9) incorporação de tecnologia nos terminais e nos veículos.

As estratégias de desenvolvimento necessitam contar com uma adequada e eficiente

infra-estrutura de transportes para construir a competitividade regional. Os meios para se

atingir esse fim (o desenvolvimento) são a viabilização de custos menores na recepção de

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matérias-primas e na distribuição dos produtos acabados e na movimentação de pessoas, com

os desdobramentos na melhor qualidade de vida e das viagens.

7 INTERVENÇÃO DO SETOR PÚBLICO

A atuação do setor público na Região Oeste do Paraná sempre foi preponderante para

os rumos do desenvolvimento regional. A atuação do governo federal, estadual e municipal,

provavelmente, deverá tomar um rumo diferente no futuro.

A intervenção municipal, na realidade do Oeste do Paraná, vem ocorrendo desde a sua

formação enquanto região. Porém exige-se um novo contorno para esta ação. As ações

isoladas tendem a não permitir que os objetivos sejam atingidos na integridade esperada.

Desta forma, o poder público municipal deverá buscar aliar às suas ações pontuais, ações

articuladas com os demais municípios, criando uma rede para potencializar o impacto destas

iniciativas.

A perspectiva traçada no cenário anterior esbarra em alguns problemas existentes. Os

pequenos municípios são altamente dependentes de transferências das outras esferas de

governo. Isto limitaria os recursos disponíveis para realizar qualquer intervenção, porém, este

fato seria um motivo a mais para ação de forma integrada, juntando os poucos recursos de

vários municípios em ações que beneficiariam o conjunto.

Os municípios maiores possuem um certo poder de geração de receitas próprias,

porém, a concentração de população nestes exige um gasto proporcionalmente maior que os

pequenos, para o atendimento dos serviços públicos. Este fato, também, demonstra a

necessidade de se buscar ações integradas, pois os problemas enfrentados pelos centros

maiores tendem a se agravar com o processo de polarização discutido anteriormente. Portanto,

criar dinâmica nos municípios médios e pequenos também é interessante para os centros

maiores, porque cria tendência de queda na atração, principalmente populacional, para estes

locais.

Os municípios “lindeiros” possuem recursos adicionais, vindos do recebimento de

royalties pela produção de energia elétrica da Usina de Itaipu. Neste sentido, o poder de

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intervenção na esfera econômica e social, daqueles que recebem valor proporcionalmente

significativo, é maior que nos demais municípios. Assim, a forma de intervenção deve ser

articulada, para que estes recursos, de presença determinada, possam render, não apenas

benefícios imediatos para os que o recebem, mas, também, modificar as condições futuras dos

mesmos e daqueles municípios que estiverem com eles articulados.

A intervenção estadual na Região dependerá da transposição de algumas barreiras

existentes. Dentre as barreiras, destaca-se: a) a baixa representatividade política da Região na

Assembléia Legislativa e nos escalões do Executivo; b) falta de perspectiva de um programa

de incentivo às atividades do agronegócio; c) falta de política de incentivos ao turismo

regional; e d) ênfase no desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba.

Dentro do quadro atual, o Governo Estadual não indica perspectivas de intervenção

efetiva na Região Oeste do Paraná, nem tão pouco, há indícios de que a Região desperte este

interesse num curto prazo. A campanha política, para os cargos do executivo e legislativo

estadual, não sinaliza melhora do quadro traçado anteriormente. Assim, coloca-se a

necessidade da sociedade regional criar mecanismos que permitam o direcionamento de ações

do Governo Estadual para a Região. Estes mecanismos dependem de um processo de

organização ainda incipiente na Região.

A intervenção federal na Região ocorreu por alguns fatores externos à própria

dinâmica regional. A localização privilegiada de fronteira impulsionou diversos

investimentos, como a construção da Ponte da Amizade e a pavimentação da BR 277, ainda

na década de 1960, além da instalação de vários órgãos públicos federais para garantir a

segurança e o funcionamento dos serviços na fronteira. A construção da Itaipu, na década de

1970, estabeleceu uma nova onda de investimentos federais que modificaram totalmente a

realidade regional.

Percebe-se, portanto, que as intervenções do Governo Federal, sempre ocorreram

como parte de um plano maior, traçado pelo interesse estratégico do País. O questionamento

que surge é se a Região ainda faria parte de planos estratégicos, que fomentassem uma nova

onda de investimentos federais na Região.

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A resposta para esta pergunta passa por diversos pontos, tais como: as perspectivas de

retomada de ações com os países do Mercosul, as negociações de ingresso na ALCA, a

importância quanto à posição das fronteiras com os países do Cone Sul, a dificuldade do

governo federal em destinar recursos para investimentos e a prioridade de investimento em

outras regiões.

Prever o desenrolar destes pontos é uma tarefa pouco indicada para um cientista social,

mais adequada para as ciências ocultas. Porém, pode-se tomar alguns indicativos vindos da

experiência passada.

O Mercosul, ao promover um maior volume de comércio com os países membros,

dificultou as atividades comerciais desenvolvidas em Foz do Iguaçu, pois as transações

passaram a ocorrer diretamente com os centros produtores. Caso sejam restabelecidas as

negociações do Mercosul, que efetivamente crie uma área de livre comércio, haverá a

necessidade de toda uma reorientação da atividade econômica desenvolvida na fronteira. O

mesmo raciocínio deve ser realizado com as discussões de inserção do País na ALCA. A

região de fronteira deverá inserir-se na nova dinâmica e aproveitar sua localização geográfica

ou apenas apreciar o transporte da produção realizada em outras partes dos países? Percebe-se

que este não é apenas o desafio de Foz do Iguaçu e da Região Oeste do Paraná, mas também

de Ciudad de Leste, no Paraguai e Puerto Iguazu, na Argentina.

Outro ponto que deve ser enfatizado refere-se às prioridades do Governo Federal. O

conflito existente na Colômbia e a gigantesca fronteira deste País com a Amazônia, indicam a

necessidade de um maior volume de investimentos naquela Região. Além disso, as obras de

infra-estrutura nas áreas de energia e transporte para as regiões de expansão agropecuária e

agroindustrial têm dominado o orçamento da União. Neste sentido, haveria possibilidade da

Região Oeste do Paraná não ser contemplada por investimentos federais nos períodos futuros,

caso permaneça o quadro atual.

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8 ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

As iniciativas de desenvolvimento para a Região Oeste do Paraná devem ser buscadas

por mecanismos de participação da sociedade nas decisões descentralizadas de planejamento

e, buscando sempre o desenvolvimento integrado. Isto implica em responsabilidade política e

técnica para validação dos processos e formulações políticas para a Região.

Esta questão exige um amplo esforço de PARCERIA entre o Governo, em todos os

seus níveis, as empresas privadas e a sociedade organizada. Parceria que pressupõe, ademais,

uma nova abordagem para a estratégia regional, enfatizando mais as potencialidades que as

limitações, privilegiando o consenso sobre a confrontação e buscando, de um modo geral,

integrar as regiões periféricas no mesmo processo de transformação tecnológica, econômica,

social e cultural dos locais centrais, o que deverá elevar toda a Região a novos patamares de

desenvolvimento, no futuro próximo.

“Isto remete à necessidade cada vez maior de exercitar a capacidade criativa da

sociedade. Em economia de mercado, só é possível deter as tendências estruturais ao

centralismo econômico mediante ação política, a qual requer visão ampla do processo

social. Somente a vontade política 1pode evitar que a difusão da racionalidade

econômica venha transformar um tecido social diversificado num amálgama de

consumidores passivos. E essa vontade política entre nós é inseparável do federalismo.

O problema institucional maior que se coloca à sociedade brasileira é exatamente esse

de estimular a capacidade criativa em todos os segmentos, capacidade que entre nós

tem raízes regionais. Não se pode ignorar que à sombra do centralismo enraizado nos

longos períodos de governos ditatoriais o poder executivo foi ocupando mais espaço

no campo das decisões substantivas, diluindo a ordem federativa. Grande parte dos

dispêndios do governo federal já não decorre de autorização parlamentar, mas tem

origem no arbítrio das autoridades administrativas.” (FURTADO, 1999, p.53).

A vontade política deve embasar-se em critérios técnicos para que se estabeleçam

decisões coerentes e adaptadas à realidade regional. Para POLESE (1998, p. 109): “Para 1 Grifo nosso.

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orientar os projetos de investimento público e maximizar os seus efeitos locais, a dimensão

das relações intersetoriais continua a ser uma referência útil. Regra geral, é bom concentrar

esforços em setores cujos efeitos multiplicadores maximizem a criação de rendimentos e de

empregos numa região.” O autor ressalta, entretanto, que é ilusório esperar desencadear,

através de uma política espacial de concentração dos investimentos públicos, uma nova

dinâmica local ou um processo autônomo de desenvolvimento. Reconhece-se, neste sentido,

a importância de fatores de produção mais qualitativos: espírito de empresa, coesão social,

capacidade de inovação, entre outros. Assim, investir em capital humano, implica em

despesas com educação, formação, bem como qualquer outra despesa que leve a um aumento

da produtividade (viagens, cuidado com a saúde, entre outros).

Dentro deste contexto, configura-se a necessidade da Região Oeste do Paraná,

aprimorar os mecanismos de organização para o desenvolvimento. A ampliação das

discussões empreendidas em organismos políticos existentes como AMOP, ACAMOP e

Conselho dos Municípios “Lindeiros”, torna-se primordial para as discussões sobre o

desenvolvimento presente e futuro da Região.

O trabalho de diagnóstico empreendido e as perspectivas traçadas neste prognóstico

necessitam passar por um processo amplo de discussão, pois a visão de um corpo de

pesquisadores acadêmicos pode conter certo purismo conceitual, que impeça o alcance de

determinadas potencialidades e de pontos de estrangulamento existentes.

Neste sentido, a constituição de um Fórum permanente, de discussão da realidade e

das perspectivas regionais, seria indispensável. Neste Fórum, as principais instituições,

públicas e privadas deveriam juntar-se para juntos buscarem as alternativas necessárias para o

tratamento dos problemas existentes e, também, de aproveitamento das potencialidades

presentes na Região.

A dificuldade em desencadear um processo amplo de discussão sobre a realidade

regional esbarra em inúmeros problemas, desde as “vaidades locais”, até as disputas políticas

por poder regional. Porém, acredita-se que, quanto mais tempo a Região postergar a

organização para o desenvolvimento, maiores serão as dificuldades enfrentadas pela

sociedade local.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FURTADO, C. O longo amanhecer. Reflexões sobre a Formação Econômica do Brasil.

São Paulo : Paz e Terra, 1999.

POLÈSE, M. Economia urbana e regional. APDR, Coimbra, 1998.