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Mestrado em Educação Pré-Escolar e
Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico
Relatório de Estágio da Prática
de Ensino Supervisionada
Dulce Maria Mateus Espinhaço Moura
dezembro | 2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
Instituto Politécnico da Guarda
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Dulce Maria Mateus Espinhaço Moura Mestrado em Educação Pré – Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico
Dezembro de 2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
Instituto Politécnico da Guarda
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Dulce Maria Mateus Moura
Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo de Ensino Básico
Orientadora: Professora Doutora Maria do Rosário da Silva Santana Coorientadora: Mestre Simone Martins dos Prazeres
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada, apresentado ao Instituto Politécnico da Guarda para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico.
Dezembro de 2015
Resumo
Este relatório foi elaborado no âmbito do curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar e
Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB). Além da descrição do processo de Prática de Ensino
Supervisionada (PES), este trabalho contempla uma reflexão sobre a Modelagem - prática artística
- em crianças com necessidades educativas especiais (NEE).
Partindo de um caso concreto da sala do 4º ano do 1º CEB, em Gouveia, realizei, no
âmbito da referida prática, uma investigação qualitativa e um estudo de caso, tendo para tal feito
uma recolha de dados que permitiram conhecer o trabalho pedagógico desenvolvido com o aluno
em contexto sala de aula, com o objetivo de verificar de que forma a modelagem no âmbito da
Educação Especial pode transformar e modificar comportamentos quer a nível da criatividade ou
simplesmente ao nível da motricidade.
Assim, no capítulo I, apresentamos de forma sucinta o enquadramento institucional e
organizacional do meio escolar.
No capítulo II, descrevemos o processo da PES e as experiências de ensino e
aprendizagem realizadas no Pré-Escolar e no 1º CEB. Estas experiências relatam uma reflexão
crítica de alguns momentos de aprendizagem, sendo evidenciadas as dificuldades sentidas e as
estratégias utilizadas para as ultrapassar.
No capítulo III, expomos um estudo de caso onde se apresenta a Modelagem Infantil
como forma de aumentar a criatividade e promover o desenvolvimento motor no contexto da
Educação Especial. Este estudo decorre da realização da PES no 1º CEB e da minha experiência
profissional como animadora na Ludoteca Básica de Gouveia, tendo por isso a meu cargo,
crianças com necessidades educativas especiais de caráter permanente. O tema fulcral deste
estudo centra-se em torno da Técnica da Modelagem e da sua relação com estas mesmas crianças.
De modo particular, pretendo identificar, analisar, melhorar e transmitir novas
aprendizagens neste domínio, aprendizagens que permitam fortalecer, em crianças com NEE, a
criatividade, o desenvolvimento motor mas também, o gosto por esta técnica e pela Expressão
Plástica em geral.
O estudo inicia-se com uma investigação teórica de forma a contextualizar o tema. Em
seguida, e partindo da experiência vivida, terminamos com uma parte de caráter mais prático na
qual são referidas propostas de intervenção didática para a superação do problema.
Palavras-Chave: Educação especial; Expressão plástica; Arte; Modelagem; Desenvolvimento integral.
Abstract
This report was made in the context of the Master’s degree in Pre-school Education and
First Cycle of Basic Education. Besides the description of the process of Supervised Teaching
Practice, this work contains an analysis of modelling with children with special needs.
Starting from a concrete case in the fourth grade class of the First Cycle of Basic
Education, in Gouveia, a qualitative research and a case study were developed. For that purpose,
we gathered data that allowed us to know the pedagogical work developed with the student in
class. The aim was to verify the way modelling in the field of Special Education can transform
and modify behaviours in terms of creativity or simply physical movement.
So, in chapter I, we briefly present the institutional and organisational framework of the
school environment.
In chapter II, we describe the process of Supervised Teaching Practice and the teaching-
learning experiences performed in Pre-School as well as in the First Cycle of Basic Education.
These experiences include a critical reflexion of some learning moments, highlighting the
difficulties that were experienced and the strategies to overcome them.
In chapter III, a case study shows modelling for kids as a way to increase creativity and
promote motor development in the field of Special Education. This study results from having
done Supervised Teaching Practice in the First Cycle of Basic Education and having professional
experience as an animator in Ludoteca Básica de Gouveia working with children with special
educational needs. The key theme of this study focuses on the Modelling Technique and its
relation with these children.
In particular, we want to identify, analyse, improve and transmit new learning in this
domain, which allows to increase creativity, motor development and the love for this technique
in children with special needs.
The study begins with a theoretical research to contextualise the topic. Next, and based
on the lived experience, we conclude with a more practical part in which didactic ideas to
overcome the problem are presented.
Key words: Special education; Plastic expression; Art; Modeling; Integral development.
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Enquadramento institucional – organização e administração escolar
O conhecimento do enquadramento institucional, da organização e administração escolar
e da caraterização socioeconómica e psicopedagógica da turma são a base de planeamento para o
processo de ensino e aprendizagem, servindo de suporte à intencionalidade do processo educativo.
Recolher um vasto conjunto de informações é fundamental para criar o fio condutor das
aprendizagens destinadas a um determinado grupo. Assim, neste capítulo, situamos e
contextualizamos a PES, enquadrando as instituições no seio da comunidade e descrevendo os
estabelecimentos educativos. Elaborámos igualmente a caraterização socioeconómica e
psicopedagógica das turmas onde decorreu essa prática.
1 - Caraterização do meio
O concelho de Gouveia situa-se no centro do país, tem cerca de 302,49 km de área, e
encontra-se subdividido em 22 freguesias e 14 089 habitantes. O município é limitado a norte por
Fornos de Algodres, a nordeste por Celorico da Beira, a leste pela Guarda, a sudeste por Manteigas
e a sudoeste por Seia.
Figura 1: Distrito da Guarda
(Fonte:http://mapas.owje.com/5948_guarda-district-map-portugal.html)
Diz-se que Gouveia terá sido povoada pelos Túrdulos no século VI a.C. e, posteriormente,
pelos Luso-Romanos. A rainha D. Teresa doou-a em couto, no ano de 1125, aos freires da Ordem
de São João de Jerusalém, radicados no Mosteiro de Águas Santas, na Maia. D. Sancho, ao vê-la
abandonada, outorgou-lhe foral em 1186, enchendo de privilégios os seus moradores e tentando,
desta forma, assegurar o seu repovoamento. D. Afonso II renovou-lhe o foral em 1217,
aumentando-lhe ainda mais as suas regalias. Recebeu o novo foral manuelino em 1510. A cidade foi conhecida por “Tear da Beira”, tendo recebido a primeira máquina
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 18
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada industrializada para a indústria de lanifícios. Foi, até meados dos anos 80, uma das mais
importantes cidades da região na indústria de lanifícios. Esta zona caracteriza-se pela sua
natureza, onde as indústrias são escassas e pouco diversificadas. Muita da população vive do setor
primário - agricultura - sendo complementado, ainda, por alguma atividade industrial e comercial
existente no concelho. Como todas as regiões do interior, Gouveia sofreu um declínio
demográfico nos últimos anos. As principais causas desta desertificação são as migrações e a
redução da taxa de natalidade. A cidade de Gouveia conta com duas freguesias, São Julião e São
Pedro, como se pode observar na figura 2.
Figura 2: Mapa do concelho de Gouveia
(Fonte:http://geneall.net/images/maps/map_142.gif)
Esta cidade possui um vasto património arquitetónico edificado, que testemunha a
importância histórica deste local. É importante destacar a Casa da Torre, um edifício quinhentista,
com uma janela manuelina que é monumento nacional; o Colégio dos Jesuítas, atual Câmara
Municipal, que é um imponente edifício do século XVIII, construído como colégio para a
Companhia de Jesus; o Solar dos Serpa Pimentéis, Marqueses de Gouveia, também com
características barrocas, que torna majestosa a praça onde se situa; o Paço dos Condes de Vinhó,
onde atualmente se situa o museu Abel Manta, com uma magnífica coleção de arte
contemporânea; a igreja de São Pedro, que possui inúmeros detalhes com características barrocas
em granito na sua parte frontal. Destaca-se ainda o Convento de São Francisco, magnífica obra
arquitetónica mandada edificar pela Ordem dos Templários, desconhecendo-se em concreto a data
da sua construção, e a Capela de São Miguel, um templo simples, todo ele construído em pedra
granítica da região. Gouveia, conhecida como cidade jardim, presenteia a população com dois
mirantes: o do Paixotão e o do Senhor do Calvário, que oferece uma vista magnífica de toda a
região, a Avenida Botto Machado, com um mirante com o mesmo nome, onde se encontra o busto
de Pedro Amaral Botto Machado, grande lutador e benemérito republicano, natural de Gouveia.
Esta freguesia encontra-se ainda repleta de uma oferta de numerosas coletividades e associações
que enriquecem a localidade com uma oferta notável de bens desportivos e culturais. Estas
coletividades, preocupadas com a preservação de valores transmitidos pelos seus antepassados,
capazes de dinamizar o presente e projetar-se no futuro,
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 19
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada com uma forte dinâmica intergeracional, merecem especial destaque pelo grau de
desenvolvimento que imprimem aos elementos da comunidade escolar, entidades como as Bandas
Filarmónicas, os Ranchos Folclóricos e os Clubes Desportivos, artísticos e religiosos. O concelho
conta ainda com nomes como os dos escritores Vergílio Ferreira e Eduardo Barros Lobo, o pintor
Abel Manta, os políticos Pedro e Fernão Botto Machado, entre muitas outras personalidades
sempre inspiradoras das novas gerações.
A instituição onde desenvolvi a Prática de Ensino Supervisionada I (PES I) foi o Jardim
de Infância de Moimenta da Serra, instituição de atendimento educativo formal da rede pública,
pertencente ao Agrupamento de Escolas de Gouveia. Este é constituído por 11 Jardins de Infância,
9 Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, pela Escola Básica do 2º Ciclo de Gouveia, e a Escola do
2º e 3º Ciclo de Vila Nova de Tazém. Tendo em conta a Lei de Bases do Sistema Educativo e
todos os normativos legais que a ela levaram e que dela derivam, referimos que o grande objetivo
desta instituição é preparar cidadãos com uma sólida formação geral, isto é, pessoal, social e
científica e que desenvolvam as capacidades/competências necessárias para um bom desempenho
profissional e pessoal com autonomia e espírito crítico, com vista à integração numa sociedade
em constante mudança. O Jardim de Infância de Moimenta da Serra tem a sua sede na cidade com
o mesmo nome, sede do concelho, no distrito da Guarda. Por sua vez, o Jardim de Infância onde
desenvolvi a PES I situa-se numa pequena aldeia da Serra da Estrela, cuja atividade principal era
a indústria têxtil, estando, neste momento, em profunda crise. A população fabril tinha como
atividade secundária a agricultura que lhes permitia ter “a casa farta” em batata, vinho e azeite
(Figura 3). Moimenta da Serra foi considerada uma aldeia privilegiada social, cultural e
economicamente, sendo uma das mais progressivas do concelho de Gouveia. Possui um Posto
Médico, um Lar de Idosos, uma Biblioteca, um Museu, um Clube Desportivo, uma Banda
Filarmónica, um Grupo Coral e Recreativo, a Escola do 1º Ciclo, o Jardim de Infância, o ATL, o
Centro de Acolhimento Temporário e a Comunidade de Inserção. A aldeia apresenta algumas
construções de valor histórico. (Fonte própria)
Figura 3: Região de Moimenta da Serra
(Fonte:https://www.google.pt/maps/place/Moimenta+da+Serra,+6290/@40.4735873,-
7.6383878,14z/data=!3m1!4b1!4m2!3m1!1s0xd3cd0b7a9bb6761:0x7b922c71f232eb6) Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 20
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 2 - Caraterização do meio escolar – Pré-Escolar
Nos subpontos que se seguem, efetuaremos a caraterização do meio escolar, da instituição
e, mais especificamente, da sala onde decorreu o estágio da Prática de Ensino Supervisionada I.
2.1 - O meio envolvente ao jardim de infância de Moimenta da Serra
A sala onde realizámos a Prática Supervisionada do Pré-Escolar está inserida na Fundação
D. Laura dos Santos, sendo esta uma Instituição Particular de Solidariedade Social. Isto porque
como existiam muitas crianças nesta localidade houve a necessidade da abertura de uma nova sala
e como a creche não respondia às necessidades pretendidas o grupo de crianças de 4/5 anos ficou
instalada na Fundação. As escolas, tal como outras instituições, têm histórias e culturas que
comportam valores, crenças e expectativas, e que cresceram ao longo do tempo fruto desse
intercâmbio e dessa riqueza cultural e humanista (Arends, 1995: 452). O nascimento da Fundação
deve-se, essencialmente, a Francisco Santos, um Moimentense de origens humildes, que estudou
Belas-Artes e, mais tarde, viria a ser engenheiro e depois arquiteto.
Deste modo, em 1981 abriu-se a primeira valência, apesar da instituição e toda a sua
formalização serem anteriores a essa data (A fundação D. Laura dos Santos existe como
instituição desde 1976). Em 2001, estaria criada a unidade de apoio à infância, da qual fazem
parte as valências de ATL, creche e vertente desportiva com piscina coberta. Em Moimenta da
Serra, como nas demais freguesias do concelho, as crianças eram encaminhadas para Gouveia, e
nessa altura, quer a escola primária quer o jardim de infância de Moimenta da Serra, estiveram
em risco de encerramento. Como o edifício do Ensino Básico e Pré-Escolar atualmente é pequeno
demais para sustentar o número de crianças existentes na freguesia de Moimenta da Serra, daí a
necessidade da sala dos 3/4 anos funcionar na fundação D. Laura dos Santos.
2.2 - Caraterização da instituição
O jardim de infância surgiu há mais de duas décadas, logo após a implantação da rede
pública de educação Pré-Escolar em Portugal. Este começou a funcionar com duas salas do pré-
escolar e, face ao número excessivo de alunos, foi necessário a existência de uma nova sala, que
funciona na fundação D. Laura dos Santos. Tem capacidade para 60/70 crianças, funcionando
atualmente com a sala de 3/4 anos, a sala dos 4/5 anos e dos 5/6 anos de idade. A sala dos 4/5
anos, a sala onde realizei a minha prática profissional, apresenta boas condições físicas.
Verificámos que as diversas áreas respeitam as normas ministradas pelo Ministério da Educação
relativamente às questões de luminosidade, dimensão e insonorização. Esta instituição onde
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 21
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada funciona esta sala é dotada de um hall de acesso a todo o edifício, salas de atividades que dispõem
de instalações sanitárias, uma cozinha, um refeitório, um salão polivalente, uma piscina, duas
instalações sanitárias, uma casa de banho para funcionários, uma casa de banho para deficientes,
uma sala para o corpo docente e um espaço exterior. Tendo em conta os espaços mencionados,
cada um tem as seguintes funções:
Hall de entrada: é um espaço que funciona como local de receção das crianças. Este
espaço serve também como local para afixar informações relevantes sobre a instituição e
informações dirigidas aos pais; local de arrumação das mochilas das crianças em cabides
individuais, entre outros.
Salas de atividades: estas respeitam as normas previstas pelo Ministério da Educação
relativamente às suas dimensões, com boa luminosidade e insonorização. É o espaço onde são
desenvolvidas as atividades pedagógicas.
Sala Polivalente: é o espaço onde as crianças se reúnem no início do dia e onde ocorrem
as atividades que envolvem todo o jardim de infância.
Cozinha e refeitório: dá resposta às exigências e necessidades da Componente de Apoio
à Família. Contudo, o refeitório é demasiado pequeno e apertado para o número de crianças que
neste momento o utilizam.
Espaço exterior (figura 4): é um espaço, na parte da frente da instituição, utilizado por
todas as crianças do jardim de infância e está delimitado por muros. O espaço tem áreas
perfeitamente delimitadas, uma em areia e outra com pavimento em cimento. Possui, também,
equipamento de diversão para as crianças – baloiços, escorregas,…
Figura 4: Espaço exterior (parte da frente da instituição)
Fonte: Fonte Própria
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 22
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Piscina (figura 5): coberta e com água quente, é um espaço frequentado não só por este
grupo de crianças, mas também pelas crianças da fundação D. Laura dos Santos. Este grupo
frequentava a piscina uma hora por semana, aula que era ministrada por um professor do
agrupamento de escolas a que pertence a instituição.
Figura 5: Piscina
Fonte: Fonte Própria
2.2.1- Organização da equipa
O corpo docente é formado por três educadoras, sendo uma delas a coordenadora de
estabelecimento. Cada educadora dispõe de uma assistente operacional que colabora nas
atividades desenvolvidas. De referir ainda a intervenção de uma educadora de infância de apoio
educativo a crianças com dificuldades de diversa ordem, embora não se encontrem sinalizadas
com necessidades educativas especiais (NEE). A instituição conta ainda com a prestação de um
professor de educação física, um professor de educação musical e um professor de natação.
2.2.2- Organização do tempo
O planeamento do tempo em jardim de infância, tal como a organização do espaço, é um
elemento fundamental para a formação das crianças.
De acordo com o Projeto Curricular de Turma, facultado pela educadora cooperante,
existe uma rotina para que a criança se possa orientar e saber o que vai acontecer a seguir,
sentindo-se mais segura e orientando-se no tempo. A rotina permite à criança desenvolver um
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 23
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
sentido de segurança e controlo. As rotinas facilitam as transições das crianças para os contextos
educativos ao criar um sentido da pertença a uma comunidade. (Zabalza, 1998:45). A rotina
praticada na sala através de vários momentos proporciona à criança diferentes tipos de atividades.
Assim, há dois momentos de conversa em grande grupo, um de manhã, onde se dão os bons dias,
se marcam as presenças, onde se explora ou conversa acerca dos temas que serão abordados nesse
dia, ou acerca de assuntos do interesse da criança, e um outro, no período da tarde, onde se refere
o trabalho realizado. De manhã, existem dois momentos de atividades: um de atividades
orientadas pela educadora e sua concretização, outro de atividades livres. De tarde, as crianças
estão mais tempo em atividades livres que orientadas. Durante as atividades livres, as crianças
escolhem o espaço onde querem brincar, tendo em conta as regras de cada um desses espaços.
Estas têm ainda, uma vez por semana, uma aula de natação. Uma vez estabelecida e integrada, a
rotina poderá tornar-se flexível, não deixando, no entanto, de ser uma organização consistente que
permite uma sequência previsível e estável. Apesar de haver alguns pontos de referência para toda
a instituição, apresentamos de seguida uma tabela da rotina da sala.
Na sala de quatro/cinco anos, a rotina diária (tabela 1) realiza-se da seguinte maneira:
Tabela 1: Rotina diária da sala nº 3
Esta tabela serve como referência para as crianças ao longo do dia na instituição.
Hora Atividades Duração Forma de Grupo
Individual Pequeno Grande
Grupo Grupo 9:00h Acolhimento/conversação 30 min. X X
9:30h Atividades livres/ 1 horas X X X
Atividades orientadas 10:15h Higiene 10 min. X
10:20h Lanche 10 min. X 10:30h Recreio 10 min. X
11:00h Atividades orientadas/ 1 hora X X X
Atividades livres 12:00h Higiene 2 horas X
Almoço X 14:00h Atividades orientadas 30 min. X X X
15:00h Atividades livres 1 hora X X 15:30h Conversação 30 min. X
16:00h Higiene X Lanche X
Fonte: Fonte Própria Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 24
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 2.2.3- Organização do espaço da instituição
A educação de infância possui caraterísticas muito particulares no que se refere à
organização dos espaços: precisa de espaços amplos, bem diferenciados e de fácil acesso e
especializados (facilmente identificáveis pelas crianças tanto do ponto de vista da sua função
como das atividades que se realizam nos mesmos) (Zabalza, 2008:50). O espaço em jardim de
infância assume um papel fundamental nas atividades diárias, pretendendo-se que, de acordo com
a sua própria organização, venha a ser promotor de uma dinâmica geral de aprendizagens. Neste
contexto, é importante que este seja concebido segundo uma determinada intencionalidade
educativa, proporcionando-se às crianças vivências de descoberta e construção de aprendizagens,
procurando-se sempre privilegiar a autonomia individual das crianças e do grupo. Uma sala de
atividades de educação pré-escolar deve ser, antes de mais nada, um cenário muito estimulante,
capaz de facilitar e sugerir múltiplas possibilidades de ação. Deve conter materiais de todos os
tipos (Zabalza, 2008:53).
A sala 3 tem uma boa dimensão, boa iluminação natural e aquecimento central. Existem
dois sanitários com duas sanitas pequenas e dois lavatórios, suficientes para o número de crianças
da instituição. De notar que este espaço possui água quente. Esta sala encontra-se dividida em
áreas de interesse, a área de leitura, dos jogos, a da casinha, das expressões e das novas
tecnologias. Todas elas estão identificadas por cartazes que dão indicação do número de crianças
em cada área de atividades. Coube à educadora, no início do ano letivo, a organização do espaço
e respetiva distribuição das áreas, a qual foi feita tendo em conta os interesses e necessidades das
crianças, projetos a desenvolver e questões de funcionalidade (Figura6). Planta esquemática da sala de atividades
Figura 6: Planta esquemática da sala de atividades Fonte: Fonte Própria
Legenda 1- Armários em madeira (arrumo de materiais) 2- Mesas de trabalho 3- Sofás (área de reuniões) 4- Estante com livros (área de leitura) 5- Computadores (área dos computadores) 6- Tapete (área de construções) 7- Área da casinha 8- Armário de prateleiras (área de jogos) 9- Cavalete (área da pintura) 10- Janelas
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 2.3-Caraterização da sala
A organização e a utilização do espaço são a expressão das intenções educativas e da
dinâmica do grupo, sendo indispensável que o educador se interrogue sobre a função e
finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razões dessa
organização (Ministério da Educação, 2009).
A sala onde foi realizada a nossa Prática de Ensino Supervisionada foi a sala 3, cedida
pela Fundação D. Laura dos Santos, no edifício de apoio à criança que se situa quase à entrada da
aldeia de Moimenta, no sentido Gouveia-Moimenta da Serra.
A sala é, antes de mais nada, e sobretudo na escola infantil, um ambiente de vida (…) A
sala de uma escola infantil não pode ser, nunca um espaço fechado em si mesmo (Zabalza,
1998:132).
Na sala de atividades encontram-se:
Duas mesas redondas com oito cadeiras;
Uma pista de carros com a garagem;
Um “cantinho de leitura” (espaço composto por uma estante com diversos livros, todos eles ordenados de forma a estarem sempre arrumados);
Uma “casinha das bonecas” constituída por uma cozinha e por um quarto da
boneca;
Encontram-se nela também materiais específicos para o grupo consoante as idades e
atividades a desenvolver: folhas de papel, lápis de cor, canetas de feltro, jogos didáticos, puzzles,
entre outros, que se encontram arrumados, sendo utilizados sempre que o projeto de trabalho o
exige. O material didático, puzzles, jogos, livros, entre outros, é suficiente para as necessidades
das crianças. Todo o pessoal é responsável pela manutenção, cuidado e tratamento dos materiais
existentes.
Dentro do jardim de infância, o espaço mais privilegiado pelas crianças e o mais
importante é a sala, pois é lá que tudo acontece: a aprendizagem, o contacto entre
crianças/crianças e entre crianças/educador, onde se expõem as dificuldades, onde crescemos
enfim, onde ocorre o ato educativo. É também na sala que as crianças aprendem e onde interagem
adultos e crianças.
De acordo com Alarcão e Tavares (2005:140), para bem desempenhar o seu papel (ao
professor) exige-se-lhe que seja genuíno, que tenha opiniões positivas a respeito de si próprio e
dos outros, que seja empático, ele próprio também um aluno, capaz de criar bom clima, de ir ao
encontro das necessidades dos outros, de descarregar o excedente de energias, de libertar
tensões, de ajudar os outros a aprender.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 26
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Esta sala encontra-se dividida pelas seguintes áreas:
Área da casinha (figura7): este espaço permite que as crianças realizem coletivamente
atividades de jogo simbólico: imitação dos adultos que observam no dia a dia o desempenho de
papéis alternados (a mãe, o pai, o bebé, ou o Sr.º Doutor).
Figura 7: Área da sala - cantinho da casinha
Fonte: Fonte Própria
Na interação com outra ou outras crianças em atividades de jogo simbólico os diferentes
percursos tomam consciência das suas reações, do seu poder sobre a realidade, criando
situações de comunicação verbal e não verbal (ME – DGIDC, 2007:59). É também aí que se
desenvolvem as competências básicas como a linguagem oral, o respeito pelos outros, a gestão
autónoma de conflitos, a autoestima e a capacidade de iniciativa e independência pessoal. Serve
também de auxílio para o desenvolvimento da criança, pois que lhes:
proporciona a representação de tudo o que elas sabem sobre as pessoas e os
acontecimentos que observam e experimentam;
ajuda a entender o “mundo dos adultos”;
dá a oportunidade de “trabalhar” em conjunto;
facilita a utilização da linguagem para comunicarem;
favorece o desenvolvimento da afetividade.
Área da informática (figura 8): onde encontramos um computador com colunas para o
mesmo e uma impressora. As novas tecnologias têm provocado mudanças na educação, por isso
a interação de novas realidades, como o computador e a internet, contribuem também no jardim
de infância para que as crianças adquiram novas estratégias de ensino-aprendizagem. Apesar de
tudo, e principalmente nestas idades, não substituem a experiência direta, a exploração, a
observação do meio ambiente e do próprio corpo, imprescindíveis nesta fase de desenvolvimento.
Assim, a informática na educação de infância assume o papel de aliada de
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 27
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada todas as atividades desenvolvidas, dada a natural apetência que quase todas as crianças parecem
ter para a sua utilização precoce. Esta área deve favorecer o progresso da criança ao:
dilatar a sua prática;
ampliar a capacidade lógica e raciocínio;
desenvolver a criatividade;
aumentar a curiosidade.
Deste modo, o espaço da sala encontra-se dividido em áreas de interesse bem distintas
para que diferentes tipos de atividades sejam proporcionados. Estas áreas são organizadas de
forma a serem visíveis e de fácil movimentação, entre elas, o espaço deve ser o lugar onde o saber
se partilha e a autonomia se conquista.
Figura 8: Área da Sala - Cantinho da Informática
Fonte: Fonte Própria
Área dos Jogos (figura 9) “jogos de construção e de jogos didáticos”. Este sítio é
constituído por um armário onde estão os jogos devidamente organizados. Há ainda umas caixas
que contêm material de construção. Esta área é formada também por um tapete com um percurso
delimitado, uma caixa de ferramentas, outra com animais e materiais de construção (legos) e
caminhos. Existem outros jogos que promovem a calma como puzzles, lotos, dominós,
enfiamentos, encaixes utilizados sobre uma mesa e jogos de chão (construções com blocos
diversos, legos, peças em madeira, pista, carrinhos, figuras de bonecos, animais). Estas atividades
permitem que a criança desenvolva competências como a coordenação óculo-manual, a
motricidade fina, a classificação e a seriação, a cooperação em grupo, a gestão de conflitos, …
Esta área ainda tem a função de:
proporcionar momentos calmos e repousantes;
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
desenvolver a capacidade criadora;
dilatar a capacidade intelectual;
aumentar o controlo óculo-manual:
aprender a situar-se em relação aos adultos e sentir-se membro de um grupo.
Figura 9: Área da sala - cantinho dos jogos
Fonte: Fonte Própria
Na área da leitura (figura 10): existem umas almofadas. Este espaço é ainda destinado
aos momentos de diálogo da educadora com o grande grupo. Situa-se numa das extremidades da
sala, junto a uma das janelas, permitindo a entrada de luz solar. Encontra-se afastada das outras
áreas, sendo separada pelo próprio armário expositor que contém os livros. De acordo com as
orientações curriculares para a educação Pré-Escolar é através dela que as crianças descobrem o
prazer da leitura e desenvolvem a sensibilidade estética (ME-DGIDC, 2007:70).
Figura 10: Área da sala - cantinho da leitura
Fonte: Fonte Própria.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Uma vez que a escola é um centro de aprendizagem, este deve ser planeado de modo a
apoiar diferentes tipos de brincadeiras e atividades de que as crianças gostam – exploração
sensorial, construção, invenção, teatralização e jogos simples (Holiman e Wekant, 2009:164).
Área da expressão plástica (figura 11): com diferentes materiais e utensílios para as
crianças desenvolverem a criatividade, este espaço é dedicado ao desenho, à pintura, ao recorte,
à colagem e à modelagem, todas elas dispondo de um local próprio e recorrendo a técnicas o mais
diversificadas possível.
Figura 11: Área da sala - cantinho da expressão plástica
Fonte: Fonte Própria.
Esta área contribui para que a criança desenvolva:
a atenção;
a concentração;
o envolvimento na tarefa;
a autonomia;
a responsabilidade;
a capacidade de utilizar de forma adequada os diversos materiais;
a responsabilidade de terminar as tarefas que inicia;
habilidades básicas como desenhar, recortar, colar, pintar, modelar;
o seu sentido estético e artístico;
Serve ainda para:
encorajar a criança a expressar o seu mundo;
sensibilizar o indivíduo para os valores estéticos;
possibilitar o contato com os diversos materiais;
permitir as descobertas.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Área de conversa em grande grupo é a área central da sala porque é nela que todos se
reúnem, diariamente, para conversar, trocar opiniões, resolver problemas, ouvir histórias, cantar
uma canção, repetir uma lengalenga e planear em conjunto as atividades do dia. Aqui, estão
presentes os quadros de responsabilidade, que são os “instrumentos de gestão partilhada”, que
nos ajudam a gerir o dia a dia de forma autónoma e responsável, favorecendo o desenvolvimento
equilibrado da criança, tendo em vista a sua inserção na sociedade como um ser autónomo, livre,
responsável e solidário.
3 – Caraterização do meio escolar – 1º Ciclo do Ensino Básico
Nos subpontos que se seguem, efetuaremos a caraterização do meio escolar acima
mencionado, da instituição e, mais especificamente, da sala onde decorreu o estágio da Prática de
Ensino Supervisionada II.
3.1 – O meio envolvente à Escola Básica de Gouveia
Gouveia é uma cidade pertencente ao Distrito da Guarda, Região Centro e Sub-região da
Serra da Estrela, com cerca de 3.500 habitantes. Situada na encosta ocidental da Serra da Estrela,
em Gouveia avista-se o Vale do Mondego e os horizontes recortados pelos vários sistemas
montanhosos da Beira Alta. O acesso ao maciço central é feito através de toda a encosta,
proporcionando uma viagem até ao ponto mais alto da serra, com vistas ímpares em Portugal.
Situada numa área rural, Gouveia possui o Parque Ecológico, com 6 hectares, estando uma parte
ocupada com infraestruturas de apoio às espécies faunísticas existentes. Próximo está instalado
Cervas - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens. Neste concelho,
existem monumentos importantes, tais como a Casa da Torre, monumento nacional; o Solar dos
Serpa Pimentel, que é a atual biblioteca Municipal Virgílio Ferreira; os Paços do Concelho; o
Solar dos Condes de Vinhó e Almedina, atual Museu Abel Manta; a Igreja Matriz de S. Pedro; a
Igreja da Misericórdia e a Capela do Senhor do Calvário. No concelho realizam-se várias festas e
feiras como a Feira do Queijo da Serra da Estrela, no domingo de Carnaval; a festa de S. Miguel;
a do Senhor do Calvário; a Feira Anual do Gado; a Facig (feira comercial e industrial); a Feira do
Artesanato e a do Mel. O feriado municipal é a segunda-feira posterior ao segundo domingo de
agosto. Existem também monumentos naturais esculpidos em pedra, dignos de menção como a
Cabeça do Velho ou a Pedra do Equilíbrio.
O artesanato da região consiste na tecelagem, nos bordados e mantas de farrapos, na
confeção de camisolas e casacos rústicos, de chinelos de trapos, na tapeçaria e nas peças de
madeira. As importantes fontes de rendimento do concelho são a vitivinicultura, com a
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada produção do vinho do Dão, e a ovinocultura e seus derivados, daí resultando o queijo da Serra da
Estrela. A silvicultura, os têxteis, os lanifícios, a construção civil, a extração de granitos, a água
de mesa e o turismo ligado, essencialmente, ao parque natural da Serra da Estrela, assumem
também importância na economia da região. O concelho orgulha-se de personagens inesquecíveis
e de grande importância, salientando-se: Virgílio Ferreira e Eduardo Barros Lobo (Beldemónio),
o pintor Abel Manta, os políticos Pedro e Ferrão Botto Macho, entre muitas outras personalidades
inspiradoras de novas gerações. A nível cultural, contamos com um Instituto, um Seminário, o
Convento “Casa Rainha do Mundo”, a Biblioteca, o Museu, a Galeria de Exposições Abel Manta,
uma Escola de Teatro, uma Escola de Música, o GAF (Grupo Aprender em Festa), um Rancho
Folclórico, uma Banda Musical, Um jornal “Notícias de Gouveia” e o Orfeão da Misericórdia e o de S. Pedro. A Escola Básica de Gouveia, um Jardim de
Infância e a Escola Básica do 3º ciclo e Secundária completam o rol de instituições com caráter
educativo (Figura 12). A nível de saúde e assistência, dispomos de um Centro de Saúde, dois
centros de dia, um Lar da Terceira Idade, um Centro de Noite, o Terminal de Segurança Social,
dois Laboratórios de Análises Clínicas, a Fundação “A Nossa Casa”, a Associação de Beneficência Popular de Gouveia, a Cáritas, duas Farmácias e quatro Centros Óticos. A nível
administrativo, temos a Câmara Municipal, duas Juntas de Freguesia, as Finanças, o Parque
Natural da Serra Estrela, a PSP, a GNR, os Bombeiros a Direção Regional da Agricultura, os
Serviços Florestais, o Tribunal, a Loja do Cidadão, os CTT e o Posto de Turismo. A nível
económico, temos a Caixa Geral de Depósitos, Agências de Bancos, como Montepio, CGD, BCP,
BPI, Novo Banco, Caixa Agrícola, Agências de Seguros e Viagem, estabelecimentos comerciais
e pequenas empresas artesanais e a Adruse. O desporto também está bem infiltrado na nossa
região, com diversos clubes e associações das quais destacamos: o Clube Desportivo de Gouveia;
as Escolas Desportivas de Oeiras, o Clube Camões, CDR ABPG, DLCG, EM, Núcleo de
Desporto e Cultura de Camões. Devido à diversidade de instituições e coletividades com funções
de solidariedade humanitária, culturais e desportivas, cívicas e de laser, Gouveia é um reflexo de
dinâmica de vida social e económica, sendo uma das cidades mais altas da Serra da Estrela.(Fonte
própria)
Figura 12: Fachada principal da Escola Básica de Gouveia
(Fonte:http://www.cm-gouveia.pt/noticias/PublishingImages/2012/web-EBG-2.jpg)
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 3.2 – Caraterização da instituição
A Nova Escola Básica de Gouveia fica localizada na Rua Dr. Mário Gomes Figueira,
junto ao Centro de Saúde de Gouveia, numa das áreas de expansão da cidade.
O novo equipamento foi construído de raiz, em terreno cedido pela autarquia, estando
dotado das melhores condições para a prática educativa.
3.2.1 – Organização do ambiente educativo
A Escola está equipada com um pavilhão desportivo, sala de ginástica, ludoteca,
biblioteca, salas de informática, bar, cantina, áreas de laser, laboratórios e dois blocos com salas
de aulas, um bloco pertencente ao 1º Ciclo, um campo de jogos e um auditório.Esta nova Escola
Básica de Gouveia, além de receber alunos do 2º ciclo do Ensino Básico, do concelho de Gouveia,
recebe os alunos provenientes do 1º ciclo das freguesias urbanas de Gouveia (S. Pedro e S. Julião)
e das freguesias de Vinhó e Nespereira.
O pavilhão do 1º ciclo é um espaço recente e colorido, apresentando boas condições,
(nomeadamente a nível da presença de luz e no que se refere à climatização) e materiais bem
conservados. Este pavilhão é constituído pelos seguintes espaços físicos: um hall de entrada que
dá acesso ao corredor e às diferentes salas de aula, um corredor que permite o acesso às salas de
música e de Educação Visual e Tecnológica (EVT), além das salas de computadores e da
biblioteca. Nela, os alunos consultam e requisitam livros e ainda usufruem dos computadores para
eventuais pesquisas, ou resoluções de trabalhos, caso necessário.
Existem também duas salas destinadas ao apoio de alunos NEE. Os corredores servem
conjuntamente de espaço de recreio, onde as crianças passam os intervalos, quando as condições
climatéricas não permitem a saída para o exterior. É composto por 10 salas (cada uma com cabides
à entrada), três casas de banho (sendo uma direcionada para os meninos, outra para as meninas e
havendo outra para pessoas portadoras de deficiência). A escola tem dez turmas: 2 do 1º ano, 3
do 2º ano, 2 do 3º ano, 3 do 4º ano. Em relação ao corpo docente da instituição, este é constituído
por professores titulares de turma que exercem funções docentes nesta escola, e três professores
que prestam apoio educativo.
Relativamente ao espaço exterior, esta instituição é detentora de algumas áreas amplas e
espaçosas com um campo de futebol e zonas de jardim. Em seu redor surgem alguns muros e
vegetação, sendo a sua construção recente. Possuindo ótimas condições no que respeita à
luminosidade, aquecimento e espaço, torna-se, assim, um espaço agradável. De algum modo, as
condições institucionais podem influenciar a estrutura e funcionamento da escola, que em maior
ou menor escala afetam o ensino.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 3.2.2 – Organização da equipa
No que se refere aos recursos humanos, o quadro da instituição é composto por dez
professores titulares de turma, uma professora de ensino especial, três professores de apoio
educativo, professores das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) e quatro auxiliares de
ação educativa. A equipa que exerce funções durante o tempo letivo na sala é formada por um
professor titular e, quando necessário, por professores de apoio educativo. Existe ainda uma sala
independente, onde funciona um apoio especializado dado por um professor da equipa de ensino
especial. Esta contou ainda, no primeiro semestre do ano letivo 2014/2015, com uma estagiária
da ESECD do mestrado: Mestrado em Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico.
3.2.3– Organização do tempo
Quanto à gestão do tempo ao longo da semana, as atividades desenrolam-se numa
sequência definida no início do ano letivo pelo agrupamento, comportando as diversas áreas
curriculares (Tabela 2).
Tabela 2: Carga horária semanal
Área Curricular Nº de horas
Língua Portuguesa 6:30h
Matemática 6:00h
Estudo do Meio 5:00h
Área das Expressões 5:00h
Apoio ao Estudo 2:00h
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante
Quanto ao funcionamento da instituição, os alunos são recebidos pelas auxiliares de ação
educativa a partir das 8h30m. Entram para a sala de aula das 9h até às12h (o intervalo da manhã
decorre das 10h30m às 10h50m). Nas duas horas de almoço, a maioria dos alunos almoçam na
escola, os outros vão para o ATL do ABPG e para a Fundação da Nossa Casa.
Às 14h os alunos retomam as aulas até às 16h (o intervalo da tarde decorre das 15h às
15h10m). Existem ainda atividades extracurriculares distribuídas pelos dias da semana e que
funcionam depois das 16h e tem o seu término às 17h25m (Tabela 3).
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Tabela 3: Horário semanal da turma 2C Tempos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
9:00h-9:45h L. Matemática L. Matemática L.
Portuguesa Portuguesa Portuguesa
9:45h- L. Matemática L. Matemática L.
10:30h Portuguesa Portuguesa Portuguesa
11:00h- Matemática L. Matemática L. Matemática
12:00h Portuguesa Portuguesa
14:00h- E. Meio E. Meio E. Meio E. Meio E. Meio
15:00h
15:00h - Expressões Expressões Expressão Expressões Expressões
16:00h artísticas artísticas Físico- artísticas artísticas
(musical) (plástica) motora (dramática) (plástica)
16:10h- AE AE AE AE AE
16:55h
17:05h- AE AE AE AE AE
17:50h
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante
3.2.4 – Organização do espaço da instituição
A nova Escola Básica de Gouveia foi construída de raíz, sendo um espaço recente,
colorido, apresentando boas condições, nomeadamente a nível da presença de luz e no que se
refere à climatização.
Na nossa perspetiva, a Escola Básica de Gouveia apresenta excelentes condições,
permitindo que as aprendizagens sejam diversificadas e motivadoras. É uma escola com bons
espaços, não só ao nível pedagógico, mas também recreativo/lúdico, indo ao encontro do que
preconiza Nóvoa (1992:31) ao referir que todos os elementos que têm uma forma material,
passíveis, portanto, de serem identificados através de uma observação visual, e acrescenta: o
caso mais evidente diz respeito à arquitetura do edifício escolar e ao modo como ele se apresenta
do ponto de vista da sua imagem: equipamentos, mobílias, ocupação do espaço, cores, limpeza
e conservação.
A escola possui dois pisos, constituídos por um hall de entrada (que permite o acesso ao
andar superior), dez salas de aula, uma pequena sala para o telefone e para o pessoal auxiliar, três
blocos WC e uma biblioteca (que serve também de sala de reunião de professores). Nesta
podemos ter acesso a diversos materiais manipuláveis/específicos, que se revelam cruciais para
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada a nossa Prática Pedagógica, como fundamenta Montessori (1948:78) a utilização de materiais na
sala de aula são fundamentais para auxiliar a criança na construção dos seus próprios
conhecimentos.
O edifício escolar é recente, agradável e bem estruturado, porque é bastante colorido,
moderno e muito bem equipado, oferecendo aos docentes condições propicias à variação de
estratégias.
O Rés do chão é constituído por um espaço interior e está organizado da seguinte forma:
hall de entrada, duas casas de banho (meninos/meninas), uma sala de apoio educativo, sala das
assistentes operacionais.
O Hall de entrada é um espaço que funciona como local de receção dos alunos. Este
espaço serve também como local para afixar informações relevantes sobre a instituição e
informações dirigidas aos pais e aos alunos.
O 1º piso é formado por uma casa de banho de adultos, salas de aula e uma biblioteca.
As salas de aula são espaçosas, possuem iluminação boa e natural, comportando o limite
máximo estabelecido por lei de 26 alunos. São ainda bem apetrechadas com computadores,
quadro interativo, armários, aquecimento central, facilitando todo o processo de ensino e
aprendizagem e tornando-as acolhedoras.
A Biblioteca possui ótimas condições e encontra-se organizada por diversos espaços,
estes são destinados à leitura, a publicações periódicas (revistas, jornais…), a alguns jogos
didáticos e, ainda, um espaço reservado aos audiovisuais. Na biblioteca desenvolvem-se as mais
variadas atividades, como leitura, requisição, consulta e entrega de livros, visionamento de
vídeos, atividades relacionadas com as TIC, jogos educativos e atividades de expressão dramática.
Os livros que se encontram à disposição nesta biblioteca são, na sua maioria, livros infantojuvenis,
podendo também encontrar-se livros de história, enciclopédias, dicionários e livros temáticos. A
biblioteca está, também, muito bem equipada a nível informático, pois contém quatro
computadores, uma televisão, dois vídeos e uma aparelhagem. Este espaço equivale a uma sala
de informática, visto que aqui os alunos dispõem de todo o material necessário para elaboração
de trabalhos, podendo utilizar, sempre que for preciso, a Internet.
Espaço Exterior - vedado por um gradeamento, o que lhe garante o nível de segurança
necessário, impede a entrada de estranhos e protege os utentes face a acidentes ou perigos de
qualquer natureza. O pátio é extenso e possibilita às crianças brincar, correr e saltar à vontade
durante os intervalos das aulas. Não abundam os espaços verdes, mas, na verdade, não existem
focos de poluição nas proximidades, o que confere uma certa qualidade ambiental. Este espaço
está apetrechado com equipamentos que promovem a prática de exercício físico e brincadeiras
divertidas.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 3.3 – Caraterização da sala
A sala de aula é um espaço de vivência, de convivência e de relações pedagógicas, é um
lugar constituído pela diversidade e heterogeneidade de ideias, valores e crenças. É um espaço de
formação humana, onde a experiência pedagógica, o ensinar e o aprender são desenvolvidos
simultaneamente por forma a aumentar as suas capacidades cognitivas, afetivas e sociais.
A sala de aula onde se realizou a PES II localiza-se no piso 1 da Escola. É uma sala bem
dimensionada e organizada, sendo o espaço adequado ao número de alunos existentes nesta turma
(15 alunos). É uma sala bastante iluminada com luz natural, uma vez que possui três janelas, tem
diversos equipamentos e materiais, nomeadamente didático, informático, e manuais escolares,
livros, entre outros (figura 13).
Figura 13: Sala de aula dos alunos do 2º ano da turma C
Fonte: Fonte Própria
Quanto à organização, as mesas dos alunos encontram-se distribuídas por quatro filas,
todas direcionadas para o quadro. Tem 10 mesas para os alunos, 1 secretária do professor com
computador e 1 mesa onde estão diferentes materiais utilizados e necessários à prática educativa,
além de 22 cadeiras. A organização da sala de aulas proporciona experiências educativas
integradas e está de acordo com o grupo de crianças. A sua estrutura pode ser alterada sempre que
exista necessidade, permitindo uma maior funcionalidade.
A disposição em questão permite que as crianças se sentem aos pares, ou isoladas, em
cada mesa. Com esta disposição, e tal como salienta Formosinho e Machado (2009:39) espera-se
que o aluno esteja sentado quieto e calado, que não interaja com pares, que esteja atento à lição
da professora e ao que é registado no quadro, que se deixe orientar por ela e siga as suas
instruções.
A estrutura organizativa da sala incentiva a uma abordagem pedagógica transmissiva,
sendo que as mesas e respetivas cadeiras se encontravam dispostas, em três filas de frente para os
quadros e secretária do docente. Esta disposição, por outro lado, facilita a circulação do
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada docente e demais interveniente para o apoio e controlo dos exercícios de aplicação de
conhecimentos transmitidos, centrando-se, assim, “na lógica dos saberes” (Foucault cit. In
Formosinho e Machado, 2009:39).
Por outro lado, promove ainda o controlo visual das crianças com a professora, do qual
vulgarmente provém o saber e o conhecimento. No entanto, numa tentativa de proporcionar às
crianças algumas atividades promotoras de uma pedagogia de participação, várias vezes a sala foi
disposta de outra forma, permitindo, assim, o trabalho em grupo e centrando-se desta forma mais
nos alunos.
Esta organização da sala proporciona uma melhor integração das crianças, contribuindo
para um maior envolvimento nas atividades. Tal como preconiza Formosinho e Machado (2009),
esta prática permite que as crianças se afirmem positivamente. Ajuda também a uma diminuição
dos problemas disciplinares, pois estes são de mais fácil resolução, quando são transformados
numa forma consciente, através da participação das crianças.
O quadro negro e o quadro interativo são visíveis a partir de todos os pontos da sala. Nas
paredes são afixados placares com os diversos conteúdos planificados e explorados ao longo do
período, assim como o alfabeto ilustrado e as regras de convivência da sala de aula (figura 14).
Quanto ao material pedagógico, a professora utiliza livros do seu acervo particular, CDS e DVD.
Figura 14: Placar dos trabalhos dos alunos
Fonte: Fonte Própria
Os demais materiais estão dispostos de forma acessível às crianças, permitindo o seu uso
autónomo, a sua visibilidade, visto que o uso desses materiais possibilita-lhes a facilitação de
aprendizagens. Como defende Arends (1995:93), a forma como está disposto o mobiliário pode
influenciar o tempo de aprendizagem dos alunos.
Nesta sala, o mobiliário está apenas no lado direito da sala, o que permite a visualização
dos quadros por parte dos alunos, assim como a boa circulação. Esta possui dois armários para a
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada arrumação do material (didático e portefólios e manuais dos alunos), onde são arrumados os seus
trabalhos e as suas fichas individuais. Cada portefólio tem a identificação do respetivo aluno e
servirão, futuramente, como instrumentos de avaliação, visto que o ensino básico exige a
diversificação das atividades realizadas e das metodologias utilizadas, sendo necessário que cada
professor dê mais rigor à avaliação informal, realizada no decurso da aprendizagem, utilizando
uma panóplia de instrumentos de avaliação que permita obter informação sobre todos os domínios
dessa mesma aprendizagem (Lemos, 1992).
Existe ainda um computador na secretária da professora que possibilita e promove a
pesquisa. Esta é uma ferramenta bastante útil e importante, pois fomenta a autonomia, desenvolve
o enriquecimento dos conhecimentos e apoia no processo de reflexão e construção do
conhecimento dos alunos. O principal objetivo, defendido hoje ao adotar a informática ao
currículo escolar, está na utilização do computador como instrumento de apoio às matérias e aos
conteúdos lecionados, além da função de preparar os alunos para uma sociedade informatizada.
Relativamente aos outros recursos e materiais existentes na sala, estes promovem e
facilitam também o processo de ensino e aprendizagem, que segundo a Lei de Bases do Sistema
Educativo (Lei 46786 de 14 de outubro), constituem recursos educativos. Todos os meios e
materiais utilizados para conveniente realização da atividade educativa.
O chefe da turma é escolhido por ordem alfabética e, quando lhe é solicitado, regista no
quadro o comportamento dos alunos, ou seja, quando algum apresenta um comportamento menos
adequado, o chefe escreve o nome no quadro para um eventual castigo.
Por fim, a relação entre professor/aluno nesta sala é de um verdadeiro companheirismo.
A docente é uma amiga muito atenta, existindo uma preocupação diária para gerir os conflitos
entre os alunos. Estes são resolvidos na altura em que surgem e com a presença de todas as
crianças. Uma das estratégias usadas é pedir a cada interveniente que explique o seu ponto de
vista e que todos juntos cheguem a uma conclusão e a uma punição/castigo, “se tal for necessário”.
É assim notória a excelente relação entre professor/turma, bem como um conjunto de regras
estabelecidas, o que poderá explicar a boa organização do grupo e das próprias aulas, e o
comportamento adequado dos alunos. Torna-se bastante visível que naquela sala, tanto a
professora como os próprios alunos, podem ensinar e aprender, havendo assim uma partilha de
conhecimentos que contribuem, certamente, para experiências mais ricas. Verifica-se ainda que
existe uma grande valorização daquilo que é dito e experienciado pelas próprias crianças.
Tal como preconiza Freire (1996:969), o bom professor é o que consegue, enquanto fala,
trazer o aluno até à intimidade, ao movimento do seu pensamento. A sua aula é assim um desafio.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 4 – Caraterização socioeconómica e psicopedagógica do grupo/turma
É relevante conhecermos as crianças com quem trabalhamos. Assim, quer no Pré-Escolar
quer no 1º CEB, para que o sucesso educativo seja alcançado no ato educativo, o conhecimento
das características individuais das crianças é essencial para definirmos os nossos objetivos e
estratégias. A escola tem de se adaptar às crianças e tem que criar condições de promoção do
sucesso escolar e educativo a todas elas. Nas diversas aprendizagens efetuadas, as crianças são
membros ativos na construção da sua própria aprendizagem, adaptando-a ao seu nível de
desenvolvimento e às suas capacidades. Uma vez que a criança é um participante ativo na
construção da sua própria inteligência, edificando constantemente a sua realidade, em vez de se
limitar, apenas a captar informações. A criança é um ser essencialmente ativo e uma educação
que não tenha em conta este facto, não pode evitar um fracasso mais ou menos completo. Neste
sentido, também o educando não é um ser passivo, puro recetor de estímulos exteriores, mas um
agente ativo, capaz de criar o seu próprio mundo e de se encontrar em evolução contínua como
resultado de experiência que vai adquirindo (Alarcão e Tavares 2005:15) no contato que efetua
consigo e com os outros.
4.1 – Caraterização do grupo de Pré-Escolar
Observar cada criança e o grupo para conhecer as suas capacidades, interesses e
dificuldades, recolher informações sobre o contexto familiar e o meio em que as crianças vivem,
são práticas necessárias para compreendermos melhor as caraterísticas das crianças e adequar o
processo educativo às suas necessidades (…). A observação constitui, deste modo, a base de
planeamento e da avaliação servindo de suporte à internacionalidade do processo educativo (ME-DGIDC, 2007:25). Ela permite a compreensão do comportamento das crianças, sobretudo o
ajuste de uma intervenção por parte do educador às necessidades de cada educando, permitindo
uma prática pedagógica centrada na criança. No gráfico a seguir, apresentam-se os elementos
caraterizados do grupo de crianças, descritos no Plano Curricular da Turma.
O grupo era constituído por 12 crianças, 8 rapazes e 4 raparigas com idades
compreendidas entre os 5 e os 6 anos (Gráfico 1). Gráfico 1: Distribuição do grupo de crianças de acordo com a idade e género
10
8
Rapazes
6
Raparigas 4
2
Total
0
5 anos 6 anos
Fonte: Fonte Própria
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Da leitura do gráfico inferimos que é um grupo homogéneo e que não possui nenhuma
criança com necessidades educativas especiais.
Os dados constantes nos gráficos que apresentamos em seguida foram elaborados com
base nas fichas biográficas de cada aluno (preenchidas pelos encarregados de educação), bem
como em dados recolhidos em inquéritos distribuídos no início do ano letivo pela educadora
titular.
Efetuámos ainda a análise dos dados pessoais referentes a cada aluno, presentes nos seus
processos individuais. Relativamente à área de residência, a maioria das crianças (10) residia na
aldeia de Moimenta da Serra. Duas crianças tinham a sua área de residência na área urbana
circundante. Quando ao meio familiar de origem, verifica-se que 6 crianças pertenciam a um
agregado familiar de 4 pessoas (tendo um irmão) e existem quatro crianças deste grupo
institucionalizadas no Centro de Acolhimento Temporário, pelo que não temos acesso aos dados
completos dos seus progenitores. O gráfico 2 apresenta as habilitações académicas dos pais.
Gráfico 2: Habilitações académicas dos pais das crianças da sala 3
10 9 8 7 6 5
Pai 4
3 Mãe
2
1 Total
0
Fonte: Fonte Própria
Da leitura do gráfico constatamos que, nesta turma, as habilitações académicas dos pais
atingem maioritariamente um nível de formação escolar igual ou superior ao 12º ano, sendo os
restantes enquadrados no nível escolar inferior, além dos referente aos alunos que se encontram
institucionalizadas no Centro de Acolhimento Temporário, e dos quais não temos acesso a
qualquer tipo de informação, como já foi referido anteriormente.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
No que concerne a ocupação profissional dos pais, os dados são os que se apresentam no gráfico 3.
Gráfico 3: Profissão dos pais
5
4
3
2
Número de pais
1
0
Fonte: Fonte Própria
A observação do gráfico 3 permite-nos verificar que as profissões dos pais variam
bastante. Predominam o número de desempregados (4 pais), seguindo-se a doméstica (5), o
operário fabril (2), o empresário (2) e o professor (3).
De salientar a ausência e a proibição de informação das crianças pertencentes à
instituição.
4.1.1 – Caraterização do grupo dos 4/5 anos do Jardim de Moimenta da Serra
Para caracterizar o grupo baseamo-nos nas áreas descritas nas Orientações Curriculares
para a Educação Pré-Escolar, uma vez que para esse efeito se têm em conta essas áreas para se
analisar o desenvolvimento socioefetivo, motor e cognitivo da criança contribuindo para o seu
desenvolvimento global
No domínio da cognição, segundo a caracterização dos estádios de desenvolvimento de
Piaget (1978), estas crianças, em período pré-operatório, entre os 2 e os 7 anos, apresentam na
sua maioria, incluindo as mais velhas, comportamentos egocêntricos, estando muito centradas
nelas mesmas, incapazes de se situarem numa perspetiva diferente da sua. Esse egocentrismo, não
se espelha apenas a um nível afetivo (egoísmo revelado pela criança) mas reflete-se sobretudo ao
nível do plano lógico. Quando é pedido à criança que analise uma determinada situação, ela tem
um pensamento confuso, sincrético, em que as ideias surgem pouco claras e
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada sem objetividade: a criança evidencia um egocentrismo lógico. Ainda de acordo com Piaget
(1978), as crianças, nesta etapa, não dominam os conceitos de reversibilidade nem de
conservação. O pensamento é intuitivo e não assenta em princípios lógicos. Desenvolvem o jogo
simbólico, o “faz de conta”. As atividades de “brincadeira livre” revelam-se de extrema
importância.
A caracterização do desenvolvimento global das crianças do grupo é feita com base em
cada uma das áreas de conteúdo contempladas em educação pré-escolar (Formação Pessoal e
Social, Expressão e Comunicação e seus domínios e, ainda, Conhecimento do Mundo).é baseada
numa relação teórica prática. De facto, de acordo com as OCEPE (ME-DGIDC, 2007a:47),
relativamente às áreas de conteúdo, é referido que a organização destas toma por vezes como
referência as grandes áreas do desenvolvimento enunciadas pela psicologia – sócio-afetiva,
motora, cognitiva – que deverão contribuir para o desenvolvimento global da criança.
Área da Formação Pessoal e Social
Segundo as OCEPE, o desenvolvimento pessoal e social constitui uma área integradora
de todo o processo educativo, relacionando-se com o modo como cada criança interage consigo
própria, com os pares, adultos e com o mundo. Essas várias dimensões relacionais pressupõem o
desenvolvimento de atitudes e valores. De facto, a Formação Pessoal e Social engloba
aprendizagens que se relacionam com o desenvolvimento da identidade da criança (imagem
positiva de si mesmo e os sentimentos de eficácia, segurança e autoestima), enfatiza a pertinência
da socialização e educação para a cidadania numa perspetiva de educação para os valores,
procurando-se que as crianças se desenvolvam para a autonomia.
O grupo de crianças não apresentava, em termos gerais, problemas de comportamento e
dificuldades em obedecer e cumprir regras, o que não prejudicava a sua organização. De modo
geral, revelava a interiorização das regras e normas básicas de convivência social. Por exemplo,
verbalizavam a saudação quando entravam na sala ou quando alguém entrava, a despedida ao
saírem com os familiares, o agradecimento por algo, o pedido acompanhado de “por favor”. Esse facto repercutia-se nas relações interpessoais do grupo, ou seja, no modo como se
relacionavam quer com a educadora, quer com a auxiliar e de uma forma mais notória ainda em
relação aos seus pares. Demonstravam, ainda, a interiorização e o respeito pelas regras de
utilização dos “sítios” da sala, aquando do desenvolvimento de brincadeiras livres.
Ainda que demonstrasse capacidade de compreender e seguir as orientações dadas pela
educadora cooperante, o grupo exibia, normalmente, alguma falta de controlo em reuniões de
grande grupo não cumprindo regras como, por exemplo, esperar a sua vez para falar, não saber
escutar nem deixar falar algum dos pares ou sair do lugar sem autorização prévia. Algumas das
crianças eram conflituosas, havendo pouca interação positiva entre essas crianças, tendo-se
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 43
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada verificado situações de violência verbal e física. Geralmente esses atos eram repreendidos por
outras crianças que intervinham junto dos protagonistas do conflito. Apesar do ambiente ser
perturbado pela falta de obediência de algumas crianças do grupo, em regra, todos se envolviam
nas atividades propostas quer seja em pequenos grupos ou no grande grupo. No entanto, muitos
elementos do grupo manifestavam falta de concentração, não escutando as indicações da
educadora e demonstrando, frequentemente, dificuldades em auto-organizar-se na execução das
diferentes tarefas propostas, estando muito dependentes dos adultos, solicitando-os
constantemente enquanto desenvolviam as referidas tarefas. Quando terminavam uma atividade
orientada, não revelavam iniciativa para arrumar os materiais, tornando-se difícil o posterior
retorno à calma na transição de momentos da rotina diária.
O grupo, em geral, conhecia bem a rotina que lhes era imposta, demonstrando, na
globalidade, alguma autonomia na ida à casa de banho e nas deslocações ao refeitório (lanche
matinal e almoço). Verificava-se um clima de entreajuda e cooperação sobretudo dos mais velhos
para os mais novos. Estas crianças evidenciavam ainda, em regra, autonomia ao nível do uso de
materiais. No entanto, no momento de os arrumarem, a maioria nem sempre tomava a iniciativa
de o fazer, a não ser com a intervenção de um adulto, terminando posteriormente a tarefa sozinhos.
Área de Expressão e Comunicação (Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à
Escrita)
A maioria das crianças gostava de participar em atividades centradas nas questões de
linguagem como o diálogo em grande grupo, escutar uma história, ouvir uma explicação dada
pela educadora. Na sua generalidade, as crianças evidenciavam a compreensão de mensagens
orais assim como demonstravam comunicar oralmente com confiança apesar de nem todas o
conseguirem fazer do modo mais adequado. De facto, algumas das crianças apresentavam
dificuldades na construção frásica, bem como na articulação de determinados sons. Na
generalidade as crianças comunicavam corretamente, com frases coerentes e com um vocabulário
rico. As maiores dificuldades linguísticas destas crianças prendiam-se com as conjugações
verbais. Saliente-se ainda o facto de uma criança de cinco anos, em regra, não se exprimir
verbalmente em grande grupo. Relativamente ao código escrito verificou-se que, particularmente,
o conjunto das crianças de 5 e 6 anos que terminava naquele ano o percurso no pré-escolar,
demonstrava interesse e gosto pela cópia de modelos escritos, palavras e frases. Desse grupo,
apenas uma tinha dificuldades a escrever o nome, e em relação a outras palavras, era frequente a
escrita em espelho e a ausência de interiorização de algumas convenções da escrita (espaços entre
palavras e orientação do espaço na folha).
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 44
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Área de Expressão e Comunicação (Domínio da Matemática)
No grupo de crianças ressaltaram as diferenças inerentes à heterogeneidade de idades e
sobretudo ao desenvolvimento cognitivo. De referir que duas crianças revelavam indicadores de
um raciocínio matemático mais desenvolvido do que as restantes, nomeadamente ao nível do
conceito de número, contagens e noções temporais como a sequência dos dias da semana.
Na sua generalidade, as crianças demonstravam interesse na resolução de
enigmas/problemas mediante a realização de operações simples e contagens que, para o grupo,
constituíam um desafio que gostavam de superar e resolver corretamente. Através da estratégia
de ouvirem uma história, a maioria das crianças conseguia, posteriormente, ordenar os
acontecimentos. Quanto às noções espaciais, eram também conhecidas pela grande parte das
crianças que distinguia conceitos tais como acima de, abaixo de, dentro e fora de. O grupo
conseguia identificar as quatro figuras geométricas básicas, o quadrado, o retângulo, o triângulo
e o círculo.
Área de Expressão e Comunicação (Domínio das Expressões)
No domínio da Expressão Plástica, o grupo demonstrava, em regra, muito interesse pela
generalidade das atividades, quer as que lhes eram propostas quer as da sua própria iniciativa.
A motricidade fina nas crianças mais novas (4/5 anos) ainda se encontrava pouco
desenvolvida, o que se revelava nas atividades de moldagem de plasticina, no recorte de imagens,
sendo que a maioria apresentava dificuldades na própria preensão do lápis. Relativamente ao
desenho, duas dessas crianças revelavam algumas dificuldades em representar graficamente o que
lhes era pedido, reproduzindo apenas rabiscos. Optando por isso pelo desenho livre, a figura
humana estava em regra presente, havendo da parte das crianças o cuidado com um crescente
número de pormenores apesar de, como anteriormente foi referido, nem sempre se respeitava a
questão da perspetiva.
Em relação à pintura, alguns elementos do grupo revelavam dificuldades em pintar dentro
dos limites. Cremos que no caso das crianças mais velhas, por vezes, esse facto está associado à
falta de empenho e brio na execução da tarefa. A maioria do grupo realizava trabalhos de
picotagem recusando a utilização da tesoura. No entanto, algumas das crianças mais velhas
preferiam o uso da tesoura. Quanto à pintura com tintas, era uma atividade livre frequentemente
escolhida pelas crianças, da mesma forma que o desenho.
No domínio da Expressão Físico-Motora, algumas crianças apresentavam dificuldades
em termos de motricidade fina. No âmbito dos jogos de grande movimento manifestavam, em
regra, gosto pelos mesmos e envolviam-se com entusiasmo, apesar de terem algumas lacunas em
termos de coordenação motora. Revelavam ainda interesse pelos jogos de construção.
No domínio da Expressão Dramática, verificou-se que o grupo de crianças exibia, na sua
maioria, grande apetência pelo jogo do faz de conta, sendo o jogo simbólico uma presença
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 45
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada constante no seu dia a dia, desenvolvendo-o nas atividades de brincadeira livre. Uma das áreas de
interesse mais escolhida pela maioria do grupo era a da Casinha.
No domínio da Expressão Musical, o grupo demonstrava interesse por todas as atividades
relacionadas com a música, quer ao nível da canção, quer ao nível dos instrumentos musicais. Em
momentos de transição entre atividades era frequente determinados elementos solicitarem que se
cantasse determinada canção, demonstrando gosto por cantar. No entanto, todo o grupo
participava ativamente quando a tarefa implicava cantar e mimar uma dada canção previamente
conhecida.
Área de Conhecimento do Mundo
A área de Conhecimento do Mundo enraíza-se na curiosidade natural da criança e no
seu desejo de saber e compreender porquê (ME-DGIDC, 2007:79). Assim, aduzimos que a
grande maioria das crianças manifestava interesse em realizar novas experiências e adquirir novos
saberes. Na sua generalidade, evidenciavam curiosidade espontânea, que lhes era característica,
na exploração de objetos e materiais. Reconheciam e identificavam as partes constituintes do
corpo humano, identificavam o respetivo nome e idade mas apenas três sabiam a data de
aniversário.
4.2 – Caraterização do grupo de 1º Ciclo
A caraterização da turma, em geral, baseia-se nos dados recolhidos das fichas de inscrição
e fichas e renovação de matrícula, preenchidas pelos encarregados de educação e em alguns dados
cedidos, gentilmente, pela professora cooperante.
Assim, no que concerne à sua caraterização, é relevante conhecer os alunos com que nos
deparamos na sala de aula, para que o sucesso escolar seja alcançado. No ato educativo, o
conhecimento das caraterísticas dos alunos para definirmos os nossos objetivos e estratégias é
essencial, pois a escola tem que se adaptar aos alunos que tem, uma vez que a Lei de Bases do
Sistema Educativo, artigo 4º num dos seus princípios orientadores aponta para promover a
equidade social, criando condições para a concretização da igualdade e oportunidades para
todos, tendo assim todas as crianças direito à educação básica.( Diário da Republica, 2012:3350,
Lei n.º 46/86, de 14 de outubro)
Na construção do conhecimento, nas diversas aprendizagens efetuadas pelos alunos
(aprendizagens ativas, significativas, diversificadas e socializadoras) os alunos devem ser
membros ativos, pois cada um constrói a sua própria aprendizagem, adaptando-a ao seu nível de
desenvolvimento e às suas capacidades. O educando não é um ser passivo, puro receptivo de
estímulos exteriores, mas um agente ativo, capaz de criar o seu próprio mundo e de se
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 46
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada encontrar em evolução contínua como resultado de experiência que vai adquirindo (Alarção e
Tavares,2005:15).
A turma na qual realizámos a Prática de Ensino Supervisionada encontrava-se no 2º ano
de escolaridade do 1º Ciclo do Ensino Básico da Escola Básica de Gouveia. Era constituída por
15 alunos, com uma média de idade entre os sete e nove anos. No geral, os alunos pertencem a
um meio familiar de nível socioeconómico médio, sendo que os pais/encarregados de educação
trabalham em setores variados. Estes alunos residem quase todos na cidade de Gouveia e,
maioritariamente, nas proximidades da Escola.
Da análise das fichas biográficas dos alunos, obtivemos uma série de dados que iremos
tratar com vista a uma caraterização pormenorizada do grupo. Esta caracterização incide
fundamentalmente em três aspetos significativos que podem interferir na melhoria das situações
de aprendizagem: género, número de irmãos, enquadramento socioeconómico dos pais, entre
outros fatores que permitirão uma melhor intervenção no processo de ensino e aprendizagem.
Os dados constantes nos gráficos que apresentamos em seguida foram elaborados com
base nas fichas biográficas de cada aluno (preenchidas pelos encarregados de educação), bem
como em dados recolhidos em inquéritos distribuídos no início do ano letivo. Efetuámos, ainda,
a análise dos dados individuais referentes a cada aluno, presentes nos seus Processos Individuais.
O gráfico 4 apresenta a idade dos alunos. Gráfico 4: Idade dos alunos
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Número de alunos
8 anos 7 anos 9 anos
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante
Da leitura do gráfico acima referido, e relativamente à idade dos alunos, podemos
verificar que na sua maioria têm 8 anos, à exceção de 1 aluno que já possui 9 anos. A idade
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 47
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada cronológica relaciona-se com o desenvolvimento cognitivo, o que pode interferir nas
aprendizagens da adaptação ao ritmo escolar.
Por sua vez, o gráfico 5 apresenta a distribuição dos alunos por sexo.
Gráfico 5: Distribuição dos alunos por género
Meninas; 7
Meninos; 8
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante
Da análise do gráfico acima apresentado, respeitante ao género, podemos verificar que
existem mais alunos do género masculino do que do género feminino.
O gráfico 6 representa os dados do Agregado Familiar Gráfico 6: Agregado familiar
9
8
7
6
5
Agregado familiar
4
3
2
1
0
3 elementos 4 elementos 6 elementos 8 elementos
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante
Da leitura do gráfico, constatamos que as maiorias das crianças têm agregados
familiares nucleares, ou seja, 95% dos agregados são compostos pelo pai, mãe e irmãos.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 48
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Esta caraterização é importante porque a escola e a família são dois contextos sociais que
contribuem de forma inicial para a educação da criança. Importa, por isso, que haja uma relação
entre estes dois sistemas. Para efetuarmos esta caraterização, recorremos à análise da ficha de
caraterização do aluno, preenchida pelos encarregados de educação, e aos seus processos
individuais.
A criança inicia o seu desenvolvimento pessoal e social no seio da família. Esta dá forma
às crenças, à cultura de origem, às atitudes e às ações. Torna-se, por isso, pertinente conhecer a
sua estrutura familiar, pois é a partir desta perceção que é possível compreender as suas vivências,
os processos socioculturais e, futuramente, possibilitar novas oportunidades, no sentido de
colmatar desigualdades e limitações sociais, contribuindo para a construção da ordem social e
para o respeito pela pluralidade de culturas. Segundo Silva (1997:43), A família e a escola são
dois contextos sociais que contribuem para a educação da mesma criança; importa por isso, que
haja uma relação entre dois sistemas.
O gráfico 7 apresenta as habilitações académicas dos pais com vista a uma análise e
caraterização da turma mais pormenorizada. Gráfico 7: Nível de escolaridade dos pais dos alunos
4º ano; 3
6º ano;
2
Curso Superior; 10 9º ano; 6
12º ano; 9
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante
Nunca é demais salientar que a influência da família se vai repercutir no interesse da
criança pelo ensino, na valorização da escola e nas suas expectativas. É através dos parentes mais
próximos, nomeadamente do pai e da mãe, que a criança faz, nos primeiros anos de vida, a sua
aprendizagem e os seus contactos com a realidade social. A criança descobre o mundo que a
rodeia, interiorizando hábitos, modos de vida, valores morais e culturais, pela família. A
influência do meio é decisiva nos primeiros anos de vida e evidencia-se com o decorrer dos anos.
É no seio da família que se aprende a falar, a distinguir o que se faz do que não se faz, que
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 49
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada se aprendem certos comportamentos (obedecer, não mentir e ser delicado) e os princípios que
regem a sociedade. E é em convivência com o meio em que se insere e mediante o que a família
lhe proporciona, que estabelece ou não contacto com os livros e os brinquedos, através dos quais
viajará e aprenderá muito, que a sua curiosidade será desperta e tomará certas direções.
De um modo geral, a família dos alunos caracteriza-se por um ambiente sociocultural
médio e com um nível de formação académica média, havendo, no entanto, 10 pais que se
evidenciam com um curso superior.
O gráfico 8 representa o nível socioeconómico-cultural, assim como as respetivas
profissões dos familiares destas crianças. Gráfico 8: Nível socioeconómico-cultural
12
10
8
6
4
2
0
Fonte: Informação cedida pela professora cooperante Do que foi observado no gráfico, deduzimos que algumas crianças demonstram pertencer a
famílias sem grandes recursos económicos, uma vez que estas recorrem aos apoios sociais,
.Ocupação de tempos livres:
Os tempos livres têm, incondicionalmente, e nesta idade, a influência direta dos pais. São
efetivamente os pais e a família os agentes diretos na formação destas crianças.
A modelação, fenómeno pedagógico de grande poder, tem aos sete/oito anos pai e mãe
como personagem a imitar e a qualidade de vida do agregado familiar é contributo direto dos pais.
Cada um detém um estilo de vida próprio e valoriza mais determinadas áreas de atuação. Contudo,
quando questionados, os alunos relatam que os prediletos são ver televisão e brincar com os
amigos, mas também gostam de passear, de ir ao cinema, praticar desporto, jogar no computador
e ajudar os pais. Notamos que são poucos os que utilizam o livro e a leitura como espaço de
atividade e lazer.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 50
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 4.2.1 – Caraterização da turma do 2ºC da Escola Básica de Gouveia
É um grupo homogéneo que apesenta um nível idêntico de aproveitamento no entanto
mostra-se interessado e participativo, aderindo às atividades propostas com motivação, mas, no
geral, apresenta um ritmo de trabalho lento, sendo, no entanto, é composto por crianças
expressivas e com muita imaginação. Revelam, ainda, uma certa dificuldade em respeitar regras,
em saber ouvir, em esperar pela sua vez e, por vezes, em aceitar as opiniões dos outros. No
entanto, na sua grande maioria, são autónomas no que respeita a sua rotina diária, nomeadamente
comer, arrumar a sala, ir à casa de banho e lavar os dentes, entre outras. Como é natural nesta
idade, demonstram ser muito curiosas em querer saber o que existe à sua volta e o porquê,
comprovando o interesse em descobrirem sempre mais. São igualmente crianças que gostam de
trabalhar, quando motivados. Em relação à linguagem, expressam-se muito bem, tendo em conta
os seus sentimentos, interesses, saberes e vontades. No exterior da sala, algumas crianças alteram
o seu comportamento, tornando-se, por vezes, conflituosas e agressivas. No entanto, e no geral,
elas são vivas, alegres, desinibidas e extrovertias. A maior parte dos alunos, durante o recreio,
prefere brincar com crianças do mesmo sexo. Os rapazes jogam futebol e as raparigas ocupam-se
com jogos e outros divertimentos no interior da ludoteca. Mas são crianças que dão bastante
importância aos gestos de carinho e manifestações de ternura. Assim, este panorama ilustra o bom
relacionamento da turma. Todos os dias existe um líder escolhido por ordem alfabética. É, no
entanto, visível que existe um ou outro que sobressai e consegue captar a atenção dos restantes
colegas; são os alunos que se destacam graças à sua presença e atitudes. No entanto, verificamos
que possuem uma boa relação com a professora, a quem respeitam muito e com quem gostam de
partilhar vivências, esforçando-se por chamar a sua atenção.
4.2.1.1-Caraterização da faixa etária: 7/8 anos
Cada criança é única, tal como é singular cada uma das etapas do seu desenvolvimento.
Assim, enquanto futuras professoras e recordando o que aprendemos na unidade curricular de
Psicologia do Desenvolvimento, não podemos deixar de compreender o quão importante é
conhecer cada estádio de desenvolvimento e respetivas caraterísticas, de modo a que pudéssemos
propor atividades, que além de irem ao encontro do nível de desenvolvimento das crianças,
também proporcionem a sua evolução, o seu crescimento e o aprender de novas coisas.
Deste modo, e segundo Piaget (1978), a turma encontra-se na fase inicial do estádio
operatório-concreto (estádio que ocorre entre os 7 e os 12 anos). Neste estádio de
desenvolvimento, as estruturas interiorizadas no período anterior tornam-se móveis e
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 51
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada reversíveis, e as operações aparecem no comportamento da criança com a noção de conservação
do todo.
O desenvolvimento observado por volta dos 7/8 anos de idade estende-se a um grande
número de comportamentos e a criança é capaz de classificar os objetos segundo critérios
explícitos, criar objetos de um conjunto, estabelecer equivalências numéricas, relacionar o tempo
e o espaço percorridos ao compreender as noções de velocidade, e explicar os fenómenos físicos
de forma objetiva. Neste estádio, sob o ponto de vista da função simbólica de Piaget, ocorrem
também um declínio do simbolismo lúdico, o qual cede lugar aos jogos de regras. Observa-se
também um desenvolvimento nas construções, trabalhos manuais e desenhos, os quais se tornam
cada vez melhores e mais adaptados ao real. Ao longo deste período de desenvolvimento, por
meio da socialização e de uma coordenação cada vez mais estreita dos papéis, a criança passa a
abandonar o jogo egocêntrico e a participar em jogos de regras, os quais envolvem a cooperação
entre os participantes e favorecem a importante adaptação social.
Já segundo Papalia et al (2001:10), o período que decorre entre os 6 e os 11 anos pode
ser denominado por período escolar, verificando-se que no decorrer deste são várias as
transformações que ocorrem nas crianças: o crescimento diminui, a força e as competências
atléticas progridem, há uma diminuição do egocentrismo, o pensamento torna-se mais concreto,
ocorre um elevado desenvolvimento cognitivo, a memória e a linguagem desenvolvem-se, o
autoconceito torna-se mais complexo (afetando a autoestima) e os pares assumem uma
importância central.
Por sua vez, outros autores consideram que, para a generalidade das crianças, o período
escolar é uma fase de crescimento mais lento, de aperfeiçoamento das capacidades físicas
anteriormente adquiridas e de aprendizagem de novas habilidades, tais como ler e escrever.
Durante esta fase, crescem mais devagar do que em qualquer outra fase até à adolescência.
Segundo os mesmos autores, o desenvolvimento motor das crianças do período escolar permitem-
lhes realizar qualquer tarefa motora desde que esta não exija níveis de esforço ou de abstração
caraterísticos de etapas de desenvolvimento cognitivo, as crianças demonstram grande capacidade
cognitiva, já que se mostram muito ativos no desempenho das suas atividades.
Nesta turma, havia, neste momento, dois alunos sinalizados com necessidades educativas
especiais, necessitando de um apoio individualizado para a concretização das tarefas. O aluno X
manifesta acentuada dificuldade em focalizar a atenção e em realizar qualquer tarefa
autonomamente. Traduz alguns índices de stress associado a momentos de evidente ansiedade. O
seu discurso é percetível e algo fluente, solicitando a atenção do adulto sistematicamente.
Apresenta pouca resistência à fadiga. São ainda notórias dificuldades nos domínios das aptidões
pré-escolares, no âmbito da linguagem técnica de leitura e escrita. A sua coordenação motora
revela-se notoriamente comprometida, pois apresenta hipotonia muscular em ambos os
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 52
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada membros (superiores e inferiores) à esquerda e, de forma mais acentuada, no membro superior
esquerdo.
Existe ainda o aluno que está matriculado, pela segunda vez no 1º ano, porque no ano
letivo anterior ultrapassou o limite de faltas injustificadas, revelando dificuldades na compreensão
das informações que lhe são dadas, utilizando, por isso, um discurso pouco percetível e com um
vocabulário reduzido. Também a construção frásica é pouco clara, empobrecida na articulação,
na fluência e no ritmo.
De salientar também o caso do aluno que apresenta baixo nível de concentração, alguns
sinais de hiperatividade e distúrbios comportamentais, estando associados à desestrutura familiar
e, consequentemente, à carência emocional e afetiva. A nível da sala de aula, revela muitos
conhecimentos, mas exige uma constante aplicação de estratégias adequadas, de modo a
minimizar a sua distração e os comportamentos desajustados.
As medidas educativas implementadas a estas crianças
defendem: O apoio pedagógico personalizado através de:
reforço de estratégias utilizadas no grupo ou turma aos níveis da organização do
espaço e das atividades;
estímulo e reforço das competências e aptidões envolvidas na aprendizagem;
antecipação e reforço da aprendizagem de conteúdos lecionados no seio do grupo
ou da turma.
Adequações curriculares individuais:
a introdução de objetivos e de conteúdos intermédios.
Adequações no processo de avaliação:
tipo de prova diferente.
Fatores inibidores da aprendizagem:
Nesta turma, diagnosticámos vários fatores que são entrave a uma aprendizagem efetiva
e regular. Estes são imponderáveis que nem sempre a escola pode controlar, mas aos quais
queremos e devemos dar resposta. Consideramos, neste caso, aspetos como comportamentos
inadequados, falta de atenção, concentração, falta de métodos e hábitos de trabalho, falta de
motivação atrasos de anos anteriores, mais precisamente imaturidade.
Por sua vez, em relação aos fatores facilitadores da aprendizagem, consideramos:
cooperação dos pais com a escola;
desinibição e persistência por parte dos alunos em fazerem-se entender;
autonomia nas tarefas;
organização e hábitos de trabalho;
respeito pelo ritmo de aprendizagem;
planificação horizontal das atividades;
cooperação nas tarefas ou trabalho mútuo; Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 53
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
espírito de iniciativa;
reforço positivo;
valorização das produções dos alunos.
Ao longo da nossa regência, e em conjunto com a professora cooperante, tentámos
implementar estas medidas na sala de aula a fim de colmatar lacunas existentes. A nível
comportamental notou-se uma evolução. No entanto, ainda se verifica em alguns alunos a
dificuldade na aceitação e cumprimento das regras. É notória, por vezes, a instabilidade e alguma
impulsividade entre os pares.
Este tipo de comportamento é justificado em parte pelo facto de se tratar de um grupo
heterogéneo e a maioria das crianças serem filhos únicos. Muitas vezes existe uma interajuda
entre o grupo no desempenho de atividades. Sendo uma turma com certas crianças que possuem
já um espírito de responsabilidade, leva-as a compreender as regras a partilhar e a confrontar-se
com outras visões da realidade para além da sua. No geral, todas elas gostam de colaborar com
os adultos nas tarefas da sala de aula.
Do exposto, podemos concluir, que estas crianças estão num desenvolvimento imenso,
transpondo níveis de diferente desenvolvimento, pelo que é imprescindível que o professor
adeque, de forma ainda mais cuidada, as suas práticas educativas, promova a interação e proceda
em harmonia com o desenvolvimento de cada uma.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 54
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 1 – Descrição da prática de ensino supervisionada
O que fomos, como nos desenvolvemos e nos convertemos
no que somos, aprendemos pela forma como atuamos, pelos planos que seguimos, pela forma como sentimos a nossa vocação, pelos nossos conhecimentos anteriores, pelos juízos que antes se iniciam… Nós compreendemos os outros, quando transmitimos as nossas experiências vividas a todo o tipo de expressão própria e à vida dos demais.
Richman (2008:41)
A prática de Ensino Supervisionada é uma componente fulcral no processo de formação
de educadores/professores, pois é a aplicação do que se foi aprendendo ao longo de todo o
percurso académico. Neste capítulo, descrevemos algumas experiências vividas ao longo da
Prática de Ensino Supervisionada no Pré-Escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico. No entanto,
antes de elaborarmos uma avaliação reflexiva sobre a experiência vivida, é essencial referirmos a
importância do Mestrado em Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico e o Decreto-Lei
nº43/2007 no qual se insere.
1.1– Contexto legal
O recente regulamento legal determinado pelo Decreto-Lei nº43/2007, de 22 de fevereiro,
define uma maior abrangência de níveis e ciclos de ensino, passando a incluir a habilitação
conjunta para a Educação Pré-Escolar e para o 1º Ciclo do Ensino Básico. Deste modo, o presente
Decreto-Lei veio definir condições necessárias à obtenção de habilitação profissional à prática de
docente. A habilitação para a docência passa a ser exclusivamente habilitação profissional,
deixando de existir a habitação própria e a habilitação suficiente que, nas últimas décadas,
constituíram o leque de possibilidades de habilitação para a docência. Assim, constitui, atualmente, uma prioridade política a melhoria da qualidade de ensino e o
acompanhamento dos alunos por um período mais alargado de tempo. Este decreto vem, também,
determinar a habilitação profissional para docência na Educação Pré-Escolar e nos Ensinos
Básicos e Secundário (2007), cooperado pelo Decreto-lei 74/2006, de 24 de março, contendo
normas para a sua aquisição: regras de ingresso, estruturas curriculares, acreditação e avaliação.
Deste modo, foi autorizado o ciclo de estudos conducentes ao grau de mestre na especialidade do
Ensino no Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico, à Escola Superior de Educação, Comunicação
e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda, tendo contribuindo para a formação dos professores
e consequentemente melhoria da qualidade do ensino e das escolas. O profissional habilitado aos
dois níveis de ensino, desenvolve capacidades para compreender os diferentes níveis de
desenvolvimento das crianças ao longo dos anos, conseguindo adequar melhor o desenvolvimento
de competências às necessidades e interesses de cada faixa etária,
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 56
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada uma vez que a componente de formação educacional geral abrange os conhecimentos,
capacidades, atitudes e competências no domínio da educação relevantes para o desempenho de
todos os docentes na sala de aula, no jardim-de-infância ou na escola, na relação com a
comunidade e na análise e participação no desenvolvimento de políticas de educação e de
metodologias de ensino (Decreto-lei nº43/2007).
Segundo Pinto (2011:15), a Prática Pedagógica é uma parte do currículo muito
importante na formação dos futuros professores porque permite a experiência e aplicação dos
conhecimentos técnicos adquiridos no decorrer da formação académica. O contato direto com a
Educação Pré-Escolar e o 1º Ciclo do Ensino Básico, a partir da experiência que realizei no âmbito
da PES, induziu-me a realizar uma reflexão que decorre da consciencialização sobre a
especificidade de cada nível de ensino. Deste modo, procurei refletir sobre os aspetos
organizacionais e pedagógicos que envolvam cada etapa, para que o processo educativo das
crianças se torne numa oportunidade de sucesso.
Enquadrar a prática profissional implica que o educador/professor tenha a capacidade de
observar, com o intuito reflexivo, o ambiente de aprendizagem considerando o contexto
institucional, a organização e administração escolar (enquadramento da instituição na
comunidade e descrição do estabelecimento educativo, em aspetos como: o espaço sala de aula,
a organização da rotina e a organização do material. Deve, também, ser capaz de observar a
dinâmica educativa, elaborando a caraterização socioeconómica e psicopedagógica do
grupo/turma (evidenciado as interações criança/criança / e a relação professor/aluno).
1.2– Descrição da PES
A PES é um período importante de evolução em contexto académico, isto porque
representa um momento crucial no nosso futuro docente. Além disso, permite uma segunda
especialização profissional, colocando em prática os conhecimentos adquiridos.
Com o decorrer da PES, a intencionalidade educativa deste processo implica que o
docente seja reflexivo e, ao mesmo tempo, encorajador de todo o processo, sendo que este
pressupõe diferentes fases, interligadas.
Observar é olhar, ver e perceber o que se vê, isto é, uma capacidade que pode ser
desenvolvida e utilizada através do que se aprende, pois quando aprendemos adquirimos
conhecimentos que nos fazem ver e perceber como a realidade é realmente.
No processo educativo, a observação deve ser contínua, rigorosa, intencionada, refletida
e registada, como um instrumento de conhecimento de cada criança e como auxiliar na
intervenção do educador/professor para intervir adequadamente com vista ao crescimento e ao
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 57
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada desenvolvimento de cada criança, pois uma “boa” observação é fundamental para uma ação eficaz e direcionada para as necessidades e interesses do grupo de crianças.
Quer no Pré-Escolar quer no 1º Ciclo do Ensino Básico, nas duas primeiras semanas da
PES realizámos um período de observação, pois só através dela é que conseguimos recolher um
vasto conjunto de informações que foram úteis na construção de um fio condutor das
aprendizagens destinadas a um determinado grupo de crianças. Como futuras
educadoras/professoras, consideramos que o conhecimento da criança e da sua evolução ao nível
das aprendizagens constitui um fator fundamental que permite percebermos o que ela já sabe e a
partir daí alargar os seus interesses e desenvolver as suas capacidades.
A observação no contexto educativo deve ser diária, uma vez que o professor deve estar
atento a situações que acontecem ocasionalmente ou que acontecem sistematicamente em cada
dia, os adultos podem observar as atividades lúdicas das crianças e os seus estilos de interação,
ouvir a forma como se expressam e aquilo de que falam, e aprender acerca das coisas específicas
que interessam a cada um (Hohman e Weikart, 2009:116).
Após esse tempo de observação, iniciámos a nossa prática profissional. Foi então que nos
deparámos com a planificação que posteriormente colocaríamos em prática como forma de
aprendizagem e aquisição de alguma experiência na nossa vocação de ensinar, descobrir o que é
ensinar, como deveríamos fazer.
Nela estabelecemos os nossos objetivos a médio e longo prazo, assim como a previsão
dos meios e formas para que esses objetivos tivessem maior probabilidade de serem alcançados.
A planificação é, de certa forma, um instrumento que auxilia na preparação de uma tarefa.
Este instrumento não pode ser rígido, deve ser flexível e adaptável às situações, ou seja, se as
necessidades e/ou interesses dos alunos exigirem a sua alteração, o professor deve responder a
esses pedidos.
Deste modo, é necessário ter sempre em conta o grupo de crianças e as suas caraterísticas
e assim planear situações de aprendizagens que sejam interessantes para as crianças.
Segundo Zabalza, (1998:21) planificar pressupõe prever atividades que apresentem
conteúdos de forma a tornarem-se significativos e funcionais para os alunos, que sejam
desafiantes e lhes provoquem conflitos cognitivos, ajudando-os a desenvolver competências de
aprender a aprender.
Assim, quanto à planificação propriamente dita, tanto no Pré-Escolar como no 1º Ciclo
do Ensino Básico, selecionámos, numa primeira fase, os conteúdos e conceitos a abordar. Depois
de selecionados organizámo-los segundo uma sequência lógica e coerente, partindo sempre do
simples para o complexo. Numa segunda fase, referimos os objetivos que permitissem ao
educador/educando uma organização cuidada e estruturada do ensino, de forma a perceber a cada
momento, que aspetos do desenvolvimento já foram adquiridos e quais os Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 58
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada aspetos que se seguem. Da mesma forma, estudámos aqueles que facilitassem ao aluno o sentido
do que se aprende, de forma a ajudá-lo a controlar as suas aquisições. Numa terceira fase,
escolhemos as estratégias a fim de apresentar as diferentes formas de atividades a desenvolver
(exemplos: leitura, jogos, diálogos, visualizações de vídeos…), as formas de organização do
trabalho (grande grupo, pequeno grupo, individual), os recursos e materiais necessários. Por fim,
surgiu a avaliação que nos conduziu a como observar, analisar e registar os resultados obtidos
pelas crianças/alunos, pois só avaliando é que temos a perceção se o objetivo foi ou não alcançado.
Em ambos os ciclos de ensino, para além de observar, de planificar, de intervir, também
é preciso avaliar, sendo esta uma etapa relevante no 1º CEB. No Pré-Escolar, ao longo da PES,
avaliamos o conhecimento das crianças principalmente através de registos como o desenho, a
pintura, fichas do manual, bem como de jogos. Já no 1º Ciclo do Ensino Básico, fizemo-lo através
de fichas formativas, jogos de consolidação de conhecimentos e fichas de avaliação sumativa.
A avaliação é um elemento integrante e regulador da prática educativa, permitindo uma
recolha sistemática de informações que, uma vez analisadas, apoiam a tomada de decisões
adequadas à promoção da qualidade das aprendizagens.
Um dos principais objetivos da avaliação é o apoio educativo de modo a sustentar o
sucesso de todos os alunos, permitindo a readaptação e seleção de novas metodologias e recursos,
em função as necessidades educativas dos alunos. Outro objetivo é o contributo para a melhoria
da qualidade do sistema educativo.
Deste modo, para que se possa realizar uma boa avaliação, o professor deve ajustar a sua
ação, realizando atividades de acordo com as caraterísticas dos alunos na valência de Pré-Escolar
e criar atividades que despertem a atenção do aluno no 1º CEB, com o propósito de contribuir
para uma aprendizagem relevante e significativa, realizando uma boa avaliação ou tudo o que o
rodeie na sua prática educativa.
O presente capítulo, descrição da prática de ensino supervisionada, apresenta, de forma
pormenorizada, a experiência referente à Prática de Ensino Supervisionada no Pré-Escolar e 1º
Ciclo do Ensino Básico, nomeadamente no que se refere a planificações, estratégias, métodos
utilizados, bem como aos materiais e técnicas utilizadas no seu decurso.
1.3 – Contexto institucional
A PES, tal como referido no capítulo anterior, foi realizada no Agrupamento de Escolas
de Gouveia. Esta foi realizada tendo em conta a assinatura de um protocolo entre a Escola
Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda e o Agrupamento de Escolas de
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 59
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada Gouveia. O estágio foi realizado tendo em conta o regulamento da Prática de Ensino
Supervisionada dos Cursos de Mestrado Habilitadores para a Docência, aprovado em reunião do
Conselho Técnico-Científico da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
(ESECD) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG). O mesmo regulamento, no artigo 5º,
preconiza a elaboração de um dossiê de estágio pedagógico (entregue aos professores cooperantes
e supervisores) onde descrevemos o percurso como professor estagiário, através de reflexões, de
planificações e de materiais usados durante a realização das respetivas aulas, na perspetiva de
suporte ao relatório final, nomeadamente a este 2º capítulo.
Por sua vez, considerando que o principal objetivo da PES é o desenvolvimento
profissional do Professor/Estagiário, com o intuito de os auxiliar de forma a concretizar um
estágio estruturado, o regulamento da PES, no seu artigo 9º, determina as principais funções dos
estagiários:
1. Conceber o seu plano de formação;
2. Prestar serviço de regência docente, em pelo menos quinze sessões de cada área, do
nível de ensino respetivo;
3. Assistir, obrigatoriamente, às aulas de regência de outros estagiários do grupo, de
acordo com o plano de formação;
4. Realizar as outras atividades que constroem no plano de formação;
5. Participar nas sessões de natureza científica, cultural e pedagógica, realizadas no
âmbito da PES;
6. Participar na planificação, ensino e avaliação das atividades a desenvolver dentro e
fora da sala de aula;
7. Elaborar o seu dossiê de estágio pedagógico, na perspetiva de suporte ao relatório
final de estágio;
8. Participar nas reuniões com o professor supervisor, conforme o horário e calendário
estipulados;
9. Cumprir no mínimo 75% das atribuições previstas (letivas e outras);
10. Conceber e redigir o seu relatório final de estágio.
Foram ainda enunciadas pelo IPG os objetivos do estágio presentes no Guia de
Funcionamento da Unidade Curricular, ESECD, para a prática da Unidade Curricular PES –
Estágio e Relatório II:
1. Conhecer o contexto educativo e o grupo de crianças e jovens;
2. Saber observar sistematicamente o comportamento da criança e dos grupos em
situações de interação social e em diferentes contextos de aprendizagem, refletindo
sobre eles;
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 60
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
3. Recolher elementos que possibilitem o conhecimento da instituição e do trabalho
desenvolvidos com o grupo de crianças e jovens (grupos, espaços, equipamentos,
materiais, …)
4. Desenvolver a competência de saber recolher, selecionar e interpretar informação
adequada a sustentar o desenho de soluções relevantes;
5. Desenvolver a competência de saber aplicar os conhecimentos e a capacidade de
compreensão e de resolução de problemas em situações novas e não familiares em
contextos alargados e multidisciplinares, ainda que relacionados com a sua área de
estudo;
6. Colaborar na conceção e desenvolvimento do currículo de educação através da
planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, bem como das
atividades e projetos curriculares, com vista à construção de aprendizagens
integradas;
7. Desenvolver o currículo, no contexto de uma escola inclusiva, mobilizando e
integrando os conhecimentos científicos das áreas que os fundamentam e as
competências necessárias a promoção de aprendizagem dos alunos;
8. Desenvolver atividades planificadas que visem um desempenho adequado à Prática
Profissional;
9. Refletir sobre as atividades desenvolvidas pelo aluno/estagiário no âmbito do plano
de trabalho do professor/educador cooperante;
10. Organizar, desenvolver e avaliar o processo de ensino com base na análise das
situações e dos conhecimentos, capacidades e experiências de cada aluno;
11. Desenvolver aprendizagens conducentes à construção de uma cidadania responsável,
nomeadamente no âmbito da educação para a saúde, ambiente, consumo, respeito
pela diferença e convivência democrática;
12. Desenvolver práticas de ensino supervisionadas fundamentadas, científica e
pedagogicamente, e que permitam aprendizagens significativas e estáveis;
13. Refletir sobre as práticas pedagógicas para melhorar a tarefa docente;
14. Avaliar, de acordo com uma perspetiva formativa, a sua intervenção, o ambiente e os
processos educativos adotados, bem como o desenvolvimento e as aprendizagens de
cada criança e do grupo;
15. Perspetivar e planificar, com base em avaliação prévia e em função do feed-back,
propostas de intervenção pedagógica;
16. Analisar a adequação de currículos, programas e materiais.
As PES I e II decorreram no Agrupamento de Escolas de Gouveia, em instituições
diferentes e de nível de ensino distintos, mas ambas pertencentes à rede Pública do Ministério da
Educação. Como já tem vindo a ser referido, a PES I decorreu na freguesia de Moimenta da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 61
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada Serra – Jardim de Infância de Moimenta da Serra. Teve início a 27 de fevereiro de 2014 e terminou
em 13 de junho do mesmo ano. Decorreu três vezes por semana, às quartas, quintas e sextas-
feiras, durante o período da manhã (9:00h às 12:00h) com a duração de 15 semanas, sendo que
duas delas foram destinadas à fase de observação e as restantes de intervenção, resultando em 81
regências e tendo ficado a orientação a cargo da Doutora Filomena Velho e tendo como Professora
cooperante a Educadora Olívia Freches.
No que se refere à PES II, realizou-se na cidade de Gouveia, no Agrupamento de Escolas
de Gouveia. O estágio decorreu de 9 de outubro de 2014 a 29 de janeiro do corrente ano,
efetuando-se quatro vezes por semana: às segundas-feiras (das 9:00h às 12:30h), terças-feiras (das
9:00h às 12:30h), quartas-feiras (das 14:00h às 16:00h) e quintas-feiras (das 9:00h às 12:30h).
Tendo uma duração de 15 semanas, as duas primeiras destinadas à fase de observação e as
restantes dedicadas à intervenção, resultando num total de 21 regências, tendo ficado a orientação
a cargo da Doutora Urbana Bolota e tendo como professora cooperante a Professora Luísa
Amador.
1.3.1 – Experiências de ensino/aprendizagem no Pré-Escolar (PES I)
As pessoas entram e saem das nossas
vidas, mas elas não vão sós, sempre levam um
pouco de nós.
(Autor Desconhecido)
Considerando a anterior premissa, podemos constatar que o resultado em ambas as PES,
foi bom, tendo-se observado muita disponibilidade, por parte de toda a comunidade educativa em
deixar um pouco de si. De um modo geral, a passagem por estes dois locais revelou-se uma mais-
valia, tanto a nível pessoal bem como profissional.
Seguidamente, faz-se uma breve reflexão sobre a PES, englobando o que há a destacar
em cada uma delas, isto porque o estágio é a fase mais importante de um processo de trabalho na
vida de qualquer formando. Este é, pois, um período de aprendizagem, no qual o contato com
profissionais experientes se perspetiva fundamental para o contínuo processo de aprendizagem
sendo que, tal como Arends (1999:53) afirma, alguns aspetos do ensino podem ser apreendidos
recorrendo à investigação e às opiniões dos professores experientes. Deste modo, muitas das
caraterísticas mais importantes da arte profissional só podem ser aprendidas com a experiência.
Todo o trabalho durante o período de estágio é fruto de colaborações estabelecidas entre o
professor estagiário e os professores cooperantes, assim como das relações encetadas com todos
os profissionais que, de alguma forma, contribuem para elevar o processo educativo a um
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 62
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada patamar de excelência. Falo da figura do aluno, principal interveniente e motivo bastante da
existência da escola. É ele o objeto de estudo, a razão de todo este trabalho.
Pré- Escolar
Educar a criança em idade pré-escolar significa dar-lhes constantes oportunidades para
realizarem uma aprendizagem ativa. As crianças em ação desenvolvem um espírito de iniciativa,
curiosidade e autoconfiança, caraterísticas que lhes serão bem úteis ao longo de toda a vida.
Segundo as orientações curriculares para a educação pré-escolar, esta é a primeira etapa
da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação
educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita relação, favorecendo a formação e o
desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como
ser autónomo, livre e solidário (OCEPE, 2007:15).
Para o ensino pré-escolar, estas orientações curriculares servem de estrutura e suporte
para uma educação que se vai desenvolver ao longo da vida, contribuindo também “para que […]
se torne motor de cidadania e alicerce de uma vida social, emocional e intelectual”.
Sendo a educação pré-escolar a primeira etapa da educação básica no processo de
educação ao longo da vida (…) favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da
criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade, como ser autónomo, livre e solidário
(OCEPE, 1997:17), o educador deve ter sensibilidade, conhecimento para educar e não
simplesmente transmitir conhecimento à criança. Este deve ensinar, mas sem limitar o prazer de
aprender da criança e a sua necessidade de participação nesta mesma aprendizagem (Pinto, 2011).
Numa primeira fase, esta prática no Pré-Escolar foi caraterizada pela observação que
permitiu recolher um vasto conjunto de informações úteis para criar as mais diversas
aprendizagens destinadas a este grupo. Assim, as atividades propostas foram realizadas com o
objetivo de descobrir os conceitos científicos, valorizando os pontos fortes do grupo e
ultrapassando, em cooperação, as dificuldades que iam aparecendo. Procurámos, no entanto, nas
tarefas desenvolvidas, uma interação entre a aprendizagem, o lúdico e o conhecimento.
Atendendo a isto, procurámos ao longo da PES, apresentar atividades diversificadas,
utilizando um vasto conjunto de materiais, tendo em conta as áreas de conteúdo preconizadas nas
orientações curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997:47), nomeadamente a Área de
Formação Pessoal e Social, Área de Expressão e Comunicação: Domínio das Expressões Motora,
Dramática, Plástica e Musical, Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita e Domínio
da Matemática; e a Área de Conhecimento do mundo.
Todas estas áreas foram trabalhadas, pois todas são importantes para o desenvolvimento
da criança. Se a criança aprende a partir da ação, as áreas de conteúdo são mais do que áreas
de atividades pois implicam que a ação seja ocasião de descobrir a relação consigo própria, com
os outros e com os objetos, o que significa pensar e compreender (OCEPE, 1997:47). Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 63
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Da mesma forma, estas áreas estiveram sempre presentes nas planificações e na nossa
prática docente, uma vez que partem do nível de desenvolvimento da criança, da sua atividade
espontânea e lúdica, estimulando o seu desejo de criar, explorar e transformar para incentivar
formas de ação refletida e progressivamente mais complexa. Durante o período de observação,
foi notória a forma como privilegiávamos, ao nível da rotina diária, o momento de acolhimento,
a primeira reunião do dia onde procurávamos dar voz a cada uma das crianças, enfatizando a troca
de saberes. Observámos que o tempo dedicado a esta atividade era orientado segundo as
necessidades de partilha das crianças, em que muitas vezes a educadora prolongava um diálogo,
enriquecendo deste modo a interação adulto/criança e criança/criança.
A Área da Formação Pessoal e Social é uma área transversal e integradora que assenta no
conhecimento de si, do outro e na relação de si com os outros. Assim, o desenvolvimento pessoal
e social baseia-se na criação de um ambiente relacional em que a criança é escutada e valorizada.
Privilegia-se, deste modo, a capacidade de autoestima, autoconfiança e independência, no sentido
do saber ser e saber fazer. Estas atitudes conduzem à construção da sua autonomia e socialização,
à consciência dos diferentes valores sociais, e à aquisição de um espírito crítico através da
abordagem de termas transversais que induzem à educação para a cidadania. No decurso de
regências, planificámos diversas atividades envolvendo histórias que conduzissem ao diálogo
sobre determinados valores e sentimentos, nomeadamente os de partilha, cooperação e amizade
(cf. apêndice 1)
Ao possibilitar a interação com diferentes valores e perspetivas, a educação pré-escolar
constitui um contexto favorável para que a criança vá aprendendo a tomar consciência de si e do
outro (…) a educação pré-escolar tem um papel importante na educação para os valores (ME-
DGIDG, 2007:52). Neste contexto educativo, em que começam a desenvolver-se relações
afetivas, é muito importante que a criança se vá apercebendo que deve respeitar os sentimentos
dos outros e ajudar a partilhá-los, distinguindo-os, condição necessária à resolução de problemas
interpessoais.
Deste modo, destacamos uma planificação que desenvolve uma séria de atividades e que
expressam de que modo a criança, por meio da exploração, expressa sentimentos e valores dando
forma às suas emoções e interagindo, quer com o adulto, quer com os seus pares (cf. apêndice 2).
Área da Expressão e Comunicação
A área de expressão e comunicação inclui aprendizagens referentes ao desenvolvimento
psicomotor, simbólico e da criatividade, que determinam a compreensão e progressivo domínio
das diferentes formas de linguagem para comunicar e representar pensamentos, sentimentos e
vivências. Inseridos na área de expressão e comunicação, surgem três domínios interligados entre
si, e que ao serem trabalhados levarão as crianças a adquirir conhecimentos e favorecerão nestas
uma sensibilidade estética, ajudando-as a representar o seu mundo e o que as rodeia. Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 64
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada Estes domínios envolvem diferentes formas de linguagem: o domínio das expressões, o da
linguagem oral e abordagem à escrita e o da matemática. É aqui que são contempladas quatro
vertentes das expressões: domínio das expressões, motora, dramática, plástica e musical que
implica diversificar as situações e experiências de aprendizagem, de modo a que a criança vá
dominando e contactando com diferentes materiais (Ministério da Educação, 2009:57).
Entre os grandes objetivos da exploração didática ao nível das expressões, têm destaque
os que dizem respeito ao desenvolvimento da capacidade de expressão das crianças e a sua
criatividade, desenvolvendo-se também a capacidade de perceção. Deste modo, é importante
promover nas crianças desta faixa etária atividades diversificadas que conduzam à exploração e
manipulação de diversos materiais e técnicas. Através de pequenas histórias (cf apêndice 3), a
criança sonha, aprende e da asas à sua imaginação, criando pequenas personagens que se tornam
amigos reais e presente no seu dia a dia (cf apêndice 4).
Assim, a prioridade de base neste nível de ensino deverá ser o de criar condições de
autonomia nas crianças de modo a que desenvolvam capacidades e competências. De notar que
será importante que a criatividade esteja presente em todas as atividades.
Relativamente ao domínio da expressão musical, tirámos partido, por exemplo, das
épocas festivas e dias especiais como o dia do Pai (cf. apêndice 5), a primavera (cf. apêndice 6),
a Páscoa (cf. apêndice 7,8) e o dia da mãe (cf. apêndice 9). Deverá partir-se do próprio quotidiano
das crianças para se explorar um determinado conceito artístico. Nordoff e Robbins, citados por
Gomes e Simões (2007), referem que o educador deve incluir canções sobre assuntos com os
quais as crianças se possam identificar. As letras das canções deverão fazer abordagem ao
concreto do dia a dia das crianças, tornando-as em ferramentas de trabalho das emoções como a
alegria, a calma, a excitação, a comoção. Na aprendizagem das canções, procurámos recorrer à
seguinte forma, a fim de facilitar a aprendizagem da mesma: inicialmente cantávamos uma vez a
canção, de seguida, pronunciávamos a frase uma a uma para as crianças repetirem (tendo em
conta uma estrofe de cada vez), posteriormente, solicitávamos que cada criança, individualmente,
dissesse as estrofes ensaiadas e, por fim, depois de a letra estar assimilada, cantávamos todos
juntos.
Desta forma, as crianças trabalhavam as letras das canções relacionando o domínio da
expressão musical com o da linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz, por
tirar partido as rimas para discriminar os sons, por explorar o caráter lúdico das palavras e
criar variações da letra original (OCEPE, 1997:64).
No que concerne à expressão motora, neste jardim de infância, as crianças usufruíram de
uma aula semanal, deslocando-se um professor da área à instituição. No entanto, apesar de as
crianças terem estas aulas específicas, desenvolvi outras atividades que envolviam as aquisições
relacionadas com o desenvolvimento motor, nomeadamente muitos jogos infantis, pois com a
realização destes jogos. O corpo que a criança vai progressivamente dominando desde o
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 65
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada nascimento e de cujas potencialidades vai tomando consciência, constitui o instrumento de
relação com o mundo e o fundamento de todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem (OCEPE, 1997:58).
Neste domínio, planificámos diversos jogos e atividades onde existia uma diversificação
de formas de utilizar e sentir o corpo, como saltar, deslizar, rodopiar, ou apenas explorar a
motricidade fina, moldando e criando pequenas bolachas, servindo-me de material apelativo à
realização das mesmas, como foi o caso de um boneco espantalho que serviu de apoio ao jogo do
dia (cf. apêndice 10) e da confeção das bolachas de manteiga (cf. apêndice 11), entre outros.
Recorremos frequentemente à expressão dramática, nomeadamente à improvisação com o intuito
de reforçar competências sociais nas crianças, através da utilização de fantoches, de vários tipos
e formas, que facilitam a expressão e a comunicação, servindo também de suporte para a criação
de pequenos diálogos, histórias (ME-DGIDC, 2007:60).
Dramatização da história “A carochinha e a reciclagem” para expor e trabalhar o tema “A reciclagem”. Assim, recorri a fantoches de pequenas figuras de porcelana, (cf.
apêndice 12);
Dramatização da história “O palhaço geométrico” para introduzir o conteúdo matemático, as figuras geométricas (cf. apêndice 13), utilizando fantoches de palito.
Ainda no domínio da Expressão Dramática, procurámos integrá-la a partir da
aprendizagem de uma canção, com o intuito da criança ser capaz de se expressar de forma real, utilizando o seu próprio corpo e as emoções sentidas ao escutar um determinado texto.
A Expressão Dramática é, assim, um meio de descoberta de si e do outro, de afirmação
de si próprio na relação com o(s) outro(s) que correspondem a uma forma de se apropriar de situações sociais (OCEPE,1997:59).
No domínio da Expressão Plástica, o objetivo era principalmente desenvolver a
motricidade fina, uma vez que detém um controlo da motricidade fina e a relaciona com a
Expressão Motora, recorrendo a materiais e instrumentos específicos (OCEPE,1997:61). Deste
modo, foram algumas as técnicas apresentadas. A picotagem (por exemplo na construção do ramo
de flores para a prenda do dia da Mãe) (cf. apêndice 14). O recorte, utilizado na composição de todas as pétalas das flores (cf. apêndice 15).
A pintura, através do registo de histórias, para trabalhos de épocas festivas, (como foi o
caso do desenho colorido das pétalas), quer pinturas livres ou utilizando várias técnicas como a
digitinta, entre outros (cf. apêndice 16). Este é apenas um exemplo de uma atividade entre muitas
desenvolvidas nesta sala. Um bom exemplo desta técnica foi utilizado na elaboração de uma ficha
de trabalho no domínio da matemática, em que as crianças pintaram a quantidade existente de bolinhas do corpo da joaninha, contabilizando-as (cf. apêndice 16).
O desenho, por sua vez, foi utilizado em inúmeras atividades como forma de registo de
acontecimentos e atividades (cf. apêndice 17). Esta técnica serviu muitas vezes como suporte de Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 66
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada registo final de várias passagens importantes de dramatizações ou leitura de uma história (cf
apêndice 18).
A Modelagem (de plasticina, ou de massa de bolachas na realização da aprendizagem das
bolachinhas de manteiga) foi um momento onde as crianças tiveram oportunidade de explorar
livremente este material. Ainda com esta técnica, as crianças aprenderam individualmente a
confecionar o salame de chocolate, moldando pequenas bolinhas que degustaram no lanche da
tarde. Uma atividade diferente, que estes aderiram de forma dinâmica e empenhada , sendo do
agrado das crianças (cf. apêndice 19).
No que concerne o domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, este deve estar
sempre presente no jardim de infância. Para isso, deve ser criado um clima de comunicação,
constituindo o educador um verdadeiro modelo para as crianças, interagindo diariamente com
elas, levando-as à construção de aprendizagens significativas, mediante a oferta de atividades que
desenvolvam nelas competências comunicativas, nomeadamente um maior domínio da
linguagem oral assim como a promoção da emergência da leitura e da escrita.
Nesta fase do desenvolvimento cognitivo, reveste-se de primordial importância a
exploração de conteúdos através das dinâmicas de cariz lúdico (jogos com a linguagem como
rimas, lengalengas, canções, através das quais se realizem abordagens aos sons da língua, ritmo,
sentido estético, entre outros). O domínio da linguagem oral e abordagem à escrita tem como
principal objetivo o desenvolvimento da aquisição e a aprendizagem da linguagem oral.
Relativamente à escrita, pretende-se que a criança tenha contacto com as diferentes funções da
escrita e não a introdução formal e ‘clássica’ à leitura e escrita, mas de facilitar a emergência
da linguagem escrita (Ministério da Educação, 2009:65).
Para cumprir estes objetivos, foram realizadas várias atividades tais como a promoção de
diálogos para introduzir alguns conteúdos, o reconto de histórias contadas de inúmeras formas,
como o Power Point, de imagens, do livro, de dramatização e de fantoches, a recitação de rimas,
lengalengas, leitura de receitas, procura de letras em revistas para construir palavras, sequências
de desenhos para narrar contos ouvidos, a utilização de diversos jogos no âmbito de língua
portuguesa e contato frequente com livros para desenvolverem o gosto pelo livro e pela palavra
escrita.
De entre as ações mencionadas, salientamos algumas das atividades:
O recontar de uma história com a utilização de fantoches. Com esta estratégia
procurámos ir ao encontro do que é definido nas Orientações Curriculares para a
Educação Pré-Escolar (1998:59) uma vez que a expressão dramática é um meio
descoberta de si próprio na relação com o(s) outro(s) que correspondem a uma
forma de se apropriar de situações sociais.
Assim, pretendemos não só envolver as crianças em interações umas com as outras, mas
facilitar a expressão e comunicação através de “um outro” (fantoche) que serve de suporte para Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 67
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada a criação de pequenos diálogos, histórias, entre outros: Dramatização da história “A Carochinha e a Reciclagem” (cf. apêndice 20).
A exploração de canções pela repetição, frase a frase e inúmeras vezes, de modo a serem
memorizados, foi um momento único de aprendizagem. As crianças “acompanhavam” a leitura
através de pictogramas, atendendo a que as leituras com e para a criança, em tarefas reais e
contextualizadas, são importantes. Assim, devem fazer parte das rotinas do jardim de infância, a
leitura da ementa, de uma notícia, de um recado, de um nome, das instruções de um jogo, entre
outras coisas, são atividades que surgem em contexto de educação pré-escolar e que poderão ser
exploradas e aproveitadas para transmitir o sentido da leitura e realçar as estratégias utilizadas
para se ter acesso à sua mensagem.
Deste modo, é necessário proporcionarmos momentos de contacto livre e direto com
diferentes tipos de códigos simbólicos, explorando com caráter lúdico, imagens, gravuras e texto,
para que a criança sinta interesse e prazer pela leitura e escrita e a consequente emergência da
escrita, comunicação verbal e não-verbal.
Na abordagem à escrita, realizámos diversas atividades, proporcionando uma progressiva
familiarização das crianças com o código escrito, valorizando e incentivando as suas tentativas
de escrita, ainda que com resultados errados.
Entre elas destacamos:
O jogo “Letras e Palavras”, que tinha como objetivo a identificação de grafemas, a
identificação das imagens correspondentes à vogal e copiar a respetiva palavra que
se encontrava escrita no cartão selecionado por cada criança. Neste jogo, verificámos
a rapidez da criança a associar a imagem à vogal e também o desenvolvimento da
linguagem oral;
“O jogo do Espantalho”, que consistia num círculo, onde as crianças se encontravam,
e, no centro, a figura do espantalho (a professora estagiária) cheia de pequenos
remendos que eram uma peça fundamental do jogo. Este facto porque em cada
remendo existia um pequeno cartão com o nome de cada criança. Estas, ao retirarem
um cartão, tinham de identificar o nome, que poderia ser dele ou de um
colega e consoante as sílabas que a constituíam teriam de bater as palmas. (cf.
apêndice 21).
Domínio da Matemática
De acordo com as OCEPE, as crianças constroem as noções matemáticas de modo
espontâneo, partindo das experiências do quotidiano, cabendo ao educador de infância o papel de
enquadrar nessas diversas vivências do dia a dia de forma lúdica o desenvolvimento do
pensamento lógico-matemático das crianças que acompanha. Deve, ainda, fomentar a exploração
dos conteúdos matemáticos, promover também, intencionalmente, atividades nas
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 68
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada quais esses conteúdos serão formalmente abordados, através de tarefas que levem à consolidação
e “sistematização de noções matemáticas” (ME-DGIDC, 2007:73).
Neste contexto, desenvolvemos fundamentalmente a noção de número e quantidade assim
como a formação de conjuntos. Tentamos sempre utilizar material didático de manipulação
diversificada e atrativo. Sendo que uns se encontram disponíveis na sala, e outros foram realizados
por nós. A utilização de material didático contribui para a construção de um ambiente onde se
“possa” respirar e agir matematicamente. Estes materiais são de extrema importância,
principalmente nestas faixas etárias, pois permitem uma manipulação diferenciada dos mesmos,
despertando a curiosidade dos educandos e motivando-os através da manipulação e
experimentação.
Neste seguimento, propusemos a exploração do número 4 e 5, proporcionando-lhes
atividades que visavam a sua classificação e seriação, entre elas a resolução de fichas de
exercícios e o desenho gráfico de cada um.
Na exploração das figuras geométricas utilizámos como recurso a dramatização da
história “O palhaço geométrico”, utilizando fantoches de palito (cf. apêndice 22).
Concluída a sua dramatização, as crianças puderam apresentar e exemplificar passo a passo a história e dado a facilidade com que a expuseram, concluímos que de uma maneira geral
todas elas aprenderam este conteúdo planificado. Para complementar a atividade de forma lúdica,
utilizámos o jogo do palhaço, em que era utilizado um placar com 20 palhacinhos com chapéus e
laços de várias cores. Com este jogo, pretendia-se que as crianças trabalhassem essencialmente a
formação de conjunto, formando conjuntos de acordo com um critério previamente estabelecido,
a cor, a forma dos chapéus e dos laços.
E com o propósito de encontrar e formar padrões propusemos-lhes o “Jogo do Ratinho e os Números”, jogo em que cada criança tinha um rato de cada cor e teria
que encontrar a respetiva cor, identificando o número de bolinhas presentes no cartão.
Seguidamente, e servindo-se de pequenos balões, formavam um conjunto com o
respetivo número selecionado e concluíam o jogo mostrando o número da
mola que correspondia ao conjunto por eles encontrado (cf. apêndice 23).
Este jogo tinha como objetivo principal o desenvolvimento do raciocínio lógico, isto
porque induzia as crianças a encontrar e estabelecer padrões, ou seja, formar sequências que têm
regras lógicas subjacentes. Além dessas atividades, eram utilizados exemplos do quotidiano do
jardim de infância, como a organização do grupo, saber quem está e quem falta, preencher o
quadro das presenças ou simplesmente tarefas dentro da sala, arrumar os materiais, pôr a mesa,
entre outras.
Deste modo, a construção das noções matemáticas fundamentam-se na vivência do tempo
e do espaço em contexto de atividades espontâneas e lúdicas, levando a criança a realizar
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 69
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada vivências e ações que lhe permitem a realização de princípios lógicos desde o classificar, seriar e
ordenar.
Área de conhecimento do Mundo
A área do conhecimento do mundo pretende proporcionar momentos de reflexão e de
resposta a situações do dia a dia, despertando a curiosidade natural das crianças e o prazer pela
descoberta e pela aprendizagem.
Deste modo, as crianças valorizam o meio, interiorizando hábitos e regras de respeito e
preservação do ambiente que as envolve. Trata-se de uma área sensibilizadora para as ciências e
que contempla a introdução de uma diversidade de conceitos que adequados a crianças destas
idades deverão corresponder sempre a um grande rigor científico (ME-DGIDC, 2007:80).
Assim, e de acordo com as metas de aprendizagem para o pré-escolar, esta área abarca o
início das aprendizagens das diferentes ciências naturais e humanas, no sentido do
desenvolvimento de competências essenciais para a estruturação de um pensamento científico
cada vez mais elaborado, que permitia à criança compreender, interpretar, orientar-se e
integrar-se no mundo que a rodeia (ME-DGIDC,2010).
Tratando-se de um área que desperta a curiosidade natural da criança e o desejo de saber,
englobando saberes sociais, método científico, observação, registo, construção de conceitos,
educação para a saúde e ambiente, o educador deve criteriosamente escolher os temas face à sua
pertinência, não esquecendo, no entanto, os interesses do grupo.
Eis alguns temas planificados, apresentados e desenvolvidos:
Estação do ano “primavera”;
Elementos essenciais da casa;
Os insetos, “ciclo da vida da joaninha”;
Tradições e épocas festivas (dia do pai, dia da mãe, Páscoa, dia da espiga, dia mundial
da criança);
Sementeiras, “constituição da flor”;
Importância da água;
Reciclagem.
Na realização das planificações das atividades, procurámos abranger todas as áreas de
conteúdo contempladas nas OCEPE, criando sempre uma ligação para que os mesmos pudessem
fluir e decorrer de forma coerente e natural. De entre as tarefas planificadas, salientamos algumas
atividades como:
A realização de uma atividade experimental desenvolvida num projeto que se alargou
a todas as escolas do Agrupamento de Escolas de Gouveia. Projeto esse intitulado
“Ciências entre linhas”, que visava essencialmente o conhecimento e Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 70
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
descoberta de novas cores a partir das cores primárias. As crianças tiveram
oportunidade de contactar com duas professoras do 3º Ciclo (Biologia, Físico-
Química) que gentilmente se deslocaram ao jardim para exporem e desenvolver esta
experiência.
Esta atividade iniciou-se com a leitura da história “O ponto” de Peter H. Reynolds,
seguindo uma pequena experiência, desenvolvida em simultâneo com a resolução de uma ficha,
servindo de apoio e registo da atividade (cf. apêndice 24).
A realização de uma visita de estudo ao Museu do Pão, dinamizadas pelos técnicos locais
em que a generalidade do grupo demonstrou grande interesse, participando na
mesma de modo ativo (cf. apêndice 25).
As atividades no exterior permitem à criança expressar-se de forma diferente daquelas
que são utilizadas na sala de aula, pois os ambientes que promovem a aprendizagem ativa incluem
objetos e materiais que estimulem as capacidades de exploração e criatividades das crianças (Hohmam et all, 2003:160).
A utilização de atividades experimentais é uma mais-valia para a aprendizagem das
ciências uma vez que a procura de respostas e explicação para fenómenos do dia-a-dia despertam
a curiosidade da criança e configura-se como contexto favorável no desenvolvimento da
capacidade de pensar cientificamente, o que inclui pensar de forma criativa e crítica (Martins, Veiga, Teixeira, Vieira, Rodrigues, Conceiro e Pereira, 2009:13).
Além disso, as visitas de estudo levam a escola a aproximar-se da comunidade, a sair da
rotina, desenvolvem a criança no plano intelectual, estimulando as capacidades de observação de
imaginação e de reflexão crítica, provocando curiosidade e interesse por questões que dificilmente
poderiam ser abordadas na sala de aula, mas são também importantes no plano afetivo,
contribuindo para um forma de convívio saudável entre professores, alunos, turmas e no plano da
sociabilidade, ao criar hábitos de cooperação. A visita de estudo tem também um papel formativo no que diz respeito ao desenvolvimento de uma cidadania responsável e participativa.
Privilegiámos situações de diálogo e interação ou por histórias contadas ou pela
apresentação de diapositivos, de jogos ou filmes, em que os temas foram explorados,
estabelecendo-se um fio condutor entre os mesmos, atendendo-se à temática central, as
sementeiras. De acordo com uma planificação em teia, estabelecemos iniciar com um tema
aglutinador, as sementeiras, abordando posteriormente temas relacionados (cf. apêndice 26) tais
como a primavera, a constituição da flor, os insetos - ciclo da joaninha - (cf. apêndice 27) e, de
facto, é o conjunto das experiências com sentido e ligação entre si que dá a coerência e consistência ao desenrolar do processo educativo (ME-DGIDC, 2007:93).
No seguimento desta atividade, sentimos a conveniência de criar um novo espaço na sala,
a área das ciências, onde posteriormente decorreram quer atividades livres quer atividades
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 71
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada orientadas (cf. apêndice 28). Na área das ciências, construímos um laboratório de experiências,
local onde o grupo acompanhou a germinação de diversas sementes (cf. apêndice 29).
E, por fim, como é importante a participação do jardim de infância em atividades que
envolvam comunidade, optámos por planificar em cooperação com o colega de curso que estagiou
noutra sala desta instituição um vasto conjunto de atividades contando com a participação do
palhaço (professora estagiária) e jogos para comemorar o dia da criança. Na realização destas
atividades, o facto de ter havido também um envolvimento de todos (todas as salas da instituição)
foi uma mais-valia, pois permitiu perceber deste forma como estruturar e organizar este tipo de
atividades (cf. apêndice 30).
Deste modo, o tratamento da área do conhecimento do mundo não visa promover um
saber enciclopédico, mas proporcionar aprendizagens pertinentes com significado para as
crianças que podem não estar obrigatoriamente relacionadas com a experiência imediata. Mesmo
que a criança não domine inteiramente os conteúdos, a introdução a diferentes domínios
científicos cria uma sensibilização que desperta a curiosidade e o desejo de aprender. O que parece
essencial neste domínio, quaisquer que sejam os assuntos abordados e o seu desenvolvimento são
os aspetos que se relacionam com o processo de aprender, a capacidade de observar, o desejo de
experimentar, a curiosidade de saber, a atitude crítica.
Na articulação dos conteúdos em educação pré-escolar, a interdisciplinaridade é um
elemento fundamental que foi valorizado ao longo de todo o estágio, como se demonstra no tipo
de planificação diária, pela qual através de um tema chave se propõem atividades para o referido
período no âmbito das diferentes áreas de conteúdo. Como exemplo de uma atividade
interdisciplinar salientamos a visualização da história “Uma joaninha diferente”. Para motivarmos
as crianças e trabalhar com elas o domínio da linguagem oral, estas foram solicitadas a recontar a
história. Seguidamente, propusemos-lhes a elaboração de uma pequena ficha, intitulada “A
Joaninha e as suas Bolinhas”, em que cada criança tinha de contar a quantidade de bolinhas
existentes na joaninha e colocar o número de bolinhas correspondentes e aqui trabalhou-se o
domínio da matemática, nomeadamente a leitura e a escrita dos números (cf. apêndice 31).
Seguidamente, as crianças foram convidadas a completar um puzzle da figura da joaninha,
puzzle este que foi entregue a cada criança como uma gratificação da atividade desenvolvida e
compreendida.
E, por fim, de forma mais lúdica, foi-lhe apresentado o jogo “Descoberta da Joaninha”. Este jogo continha um tabuleiro em forma de joaninha, 20 peças (bolinhas da joaninha
pretas/vermelhas) para 2 jogadores e um dado (cf. apêndice 32). Todas estas atividades, quer no
Pré-Escolar quer no 1º Ciclo, pertenciam aos conteúdos que devíamos abordar e explorar, sendo,
por isso, planificados antecipadamente (cf apêndice 33, 34).
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 72
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
A apresentação e exploração do jogo suscitaram logo num primeiro impacto motivação
e, na sequência desta vontade, a participação das crianças, pois usar jogos, puzzles e outras
atividades que sejam convidativas e contenham a sua própria motivação intrínseca (…) (Arends, 1999:126) é um meio que os educadores utilizam para tornar as atividades mais
apelativas e interessantes com o intuito de uma aprendizagem mais facilmente concretizável.
1.3.2 – Experiências de ensino/aprendizagem no 1º CEB (PES II)
O desenvolvimento escolar … deve constituir
[…] uma oportunidade para que os alunos realizem
experiências de aprendizagem ativas, significativas,
diversificadas, integradas e socializadoras que garantam
efetivamente o direito ao sucesso escolar de cada aluno.
(Ministério da Educação, 2006:23)
Face ao que está preconizado na Organização Curricular e Programas do 1º Ciclo do
Ensino Básico, não interessa apenas que os alunos adquiram conhecimentos, é necessário
promover a compreensão dos mesmos, tornando-os úteis para o seu percurso tanto escolar, como pessoal.
Assim, valorizam-se as diferentes dimensões do saber, sendo a escola um meio para
ajudar os alunos a desenvolver-se como cidadãos ativos, intervenientes, autónomos, livres e solidários na sociedade (Pinto, 2011).
Deste modo, como estagiária, esforçámo-nos para que os alunos adquirissem
competências específicas, conhecimentos e capacidades que contribuíssem para o seu
desenvolvimento e sucesso escolar. Assim, ao longo das nossas regências, predominou sempre
em sala de aula uma metodologia onde o aluno teve liberdade para receber conhecimento e
transformá-lo, contribuindo de forma decisiva para uma das principais finalidades educativas que é o desenvolvimento de capacidades no aluno para compreender a realidade (Pinto, 2011).
De acordo com o exposto, ao longo da PES, procurámos explorar atividades diversificadas, utilizando um vasto conjunto de materiais.
Relativamente a cada área disciplinar, as abordagens foram feitas numa perspetiva de
promover a interdisciplinaridade, num esforço de articulação curricular. Na planificação de cada
semana de regência, através da análise do plano semanal, cedido pelo professor cooperante,
relativo aos conteúdos programáticos a abordar, procurámos identificar os temas chave a trabalhar
em cada área, constituindo esses o tema principal a explorar na referida semana. Estes eram
trabalhados de forma encadeada, em todas as áreas, ao longo dos quatro dias da regência numa perspetiva de interdisciplinaridade.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 73
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Assim, no que concerne ao programa do 1º CEB, as áreas de conteúdo definidas na
organização curricular são nomeadamente a Área de Expressão e Educação: física motora,
musical, dramática e plástica. A Área do Estudo do Meio, a Área Língua Portuguesa e a Área da Matemática.
Expressões Artísticas e Físico-motoras
Este bloco divide-se em expressão e educação: físico-motora, musical, dramática e plástica. Apenas foram desenvolvidas atividades nesta área a nível da expressão e educação
plástica e da expressão e educação musical, isto porque na área da expressão física-motora e na
área da expressão e educação dramática o horário contemplado não constava no nosso horário
enquanto docentes estagiárias.
No que diz respeito à área da expressão e educação plástica, o objetivo principal era a
descoberta e organização progressiva de superfícies, principalmente através do desenho, da
modelagem e do decalque. Estas são atividades fundamentais de expressão que devem ocorrer
com alguma frequência e de forma livre, permitindo o desenvolvimento da expressividade por parte do aluno (Ministério da Educação, 2006).
Deste modo, trabalhámos bastante o desenho em inúmeras atividades como forma de
representação de um determinado conteúdo, nomeadamente na área de Estudo do Meio, onde
realizámos desenhos, tendo em conta os seguintes temas: a higiene oral, a higiene do corpo, o Natal,
entre outras. Apresentámos também atividades que permitissem a manipulação e utilização de diversos
materiais e diferentes técnicas: a pintura de uma folha recorrendo à técnica do decalque e utilizando a
digitinta de chocolate. Esta folha serviria para a elaboração do
placar do outono.
Na modelagem, através desta técnica, e servindo de molde a sua mão, cada criança moldou a
figura alusiva ao natal (Pai Natal), figura esta que serviria como enfeite da árvore de Natal da sala.
Ainda com esta técnica, e recorrendo à aprendizagem e conhecimento da confeção da neve artificial
elaborada com sal e água, as crianças executaram um bonito boneco de neve,
que foi colocado na sala de aula, anunciando a estação presente: o inverno.
Esta técnica foi, sem dúvida, a mais atrativa e motivadora na área da expressão plástica,
tendo sido valorizado o trabalho produzido pelos alunos em detrimento daquele em que o trabalho
do adulto se sobrepõe. Neste sentido, o professor promove o trabalho do aluno ensinando-o para
a autonomia. Assim, e ainda que acompanhe o aluno na obtenção do produto, privilegia o processo e não apenas o resultado final.
O recorte e a dobragem foram utilizados na elaboração de um mata piolhos, intitulado “O amigo dos dentes”, assim como na produção de um separador de livro em forma de pasta dos
dentes. Deste modo, esta atividade servia como forma de interdisciplinaridade com a área de Estudo
do Meio em que os alunos abordaram ao longo da semana a Higiene Oral (cf. apêndice
35). Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 74
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Tiveram ainda a oportunidade de realizar a técnica da colagem na realização de um
pequeno presépio, utilizando materiais reciclados (paus de gelados) (cf. apêndice 36).
Todas estas atividades contribuem para que o aluno a partir das descobertas sensoriais
desenvolva formas de expressar o seu mundo e de representar a realidade (Ministério da
Educação, 2006). Deste modo, a exploração livre dos meios de expressão gráfica e plástica não
só contribui para despertar a imaginação e a criatividade dos alunos, como lhes possibilita o
desenvolvimento da destreza manual e a descoberta e organização progressiva de volumas e
superfícies (Ministério da Educação, 2006:86).
Relativamente à expressão musical, conhecem-se os benefícios que a música aponta ao
quotidiano educativo. Barreto e Silva, citados por Chia Relli e Barreto (2005), salientam que a
música ajuda a equilibrar as energias, desenvolve a criatividade, a memória, a concentração
autodisciplina, socialização, além de contribuir para a higiene mental, reduzindo a ansiedade e
promovendo vínculos. Sousa (2003) sublinha ainda a importância de se promover a educação das
crianças pela música, não como uma única finalidade de conduzir à aquisição de conhecimentos
musicais, mas, sobretudo, o desenvolvimento nas crianças das suas capacidades sensoriais, da
concentração, da perceção, da memória, da cognição, da expressão, das emoções e da
socialização. Além disso, o contacto das crianças com a música permite-lhes desenvolver os
sentidos, o tocar, o manipular, ver, examinar, ouvir e sentir. Nesse sentido, dinamizámos diversos
momentos que envolveram a entoação de canções, estabelecendo um elo entre o domínio da
linguagem e o da expressão musical, contribuindo para o enriquecimento do vocabulário, assim
como a exploração do caráter lúdico das palavras. Procurámos igualmente interligar a expressão
musical com a expressão motora, realizando danças tradicionais em grande grupo, levando as
crianças a explorar os seus próprios movimentos, desenvolvendo a coordenação motora bem
como a apreensão de aspetos musicais como o caso do ritmo.
Nesta expressão motora, isto é, na dança educativa, as crianças tem oportunidade de
experimentar as capacidades práticas e cinéticas do seu corpo, deslocando-se pelo espaço em
diferentes direções, velocidades e ritmos, relacionando-se com os objetos e os outros. Fazem os
movimentos que mais gostam, andam, correm, saltam, rodopiam, experimentam contorções. É
uma estratégia bastante rica no seio educativo. Destacamos as canções das castanhas, de Natal,
das janeiras, em que os alunos motivados aprenderam e entoaram com bastante empenho.
Língua Portuguesa
No ensino básico, ao nível do tratamento da informação linguística preconiza-se a
existência de cinco competências (Sim-Sim, 1997) que incluem a compreensão do oral, a
expressão oral, a leitura, a expressão escrita e o conhecimento explícito da língua a partir das
quais se elaborou, em 2009, o mais recente documento curricular relativo ao ensino da língua
portuguesa neste nível de escolaridade: Programa de Português do Ensino Básico (ME
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 75
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada DGIDC, 2009). Relativamente ao 2º ano de escolaridade, e de acordo com o referido documento,
os alunos devem saber adequar comportamentos verbais e não-verbais em função das diferentes
situações de comunicação. A comunicação oral permite aos alunos exprimir-se de modo fluente
e ajustado, no relato de acontecimentos, na captação de informação relevante e no
estabelecimento de um dia longo. Ainda nesta fase, os alunos tomam consciência da relação entre
o código oral e escrito, assim na importância do desenvolvimento da consciência fonológica para
o aperfeiçoamento da leitura e da escrita.
Para trabalhar o domínio da oralidade, foram realizadas atividades como o levantamento
oral de hipóteses sobre o conteúdo da história de uma banda desenhada (cf. apêndice 37). Outra
atividade consistia na criação de histórias em grupo que poderia consistir apenas na visualização
de uma imagem e partindo desta reconstruiam a mesma (cf. apêndice 38), ou ainda finalizarem a
história, dando-lhe um outro final (cf. apêndice 39). Assim, através destas atividades, era
necessário escutar o que os outros diziam de modo a exercitar a compreensão do oral, uma vez
que uma deficiente compreensão do oral leva à perda de informação e está altamente relacionada
com a incapacidade de prestar atenção à mensagem ouvida e consequentemente de recuperar a
informação transmitida oralmente (Sim-Sim et al, 1997:27).
Entende-se por escrita o resultado dotada de significado e conforme à gramática da
língua, de um processo de fixação linguística que convoca o conhecimento do sistema de
representação gráfica adotado, bem como processos cognitivos e translinguísticos complexos
(planeamento, textualização, revisão, correção e reformulação do texto) (Reis, 2009:16).
No que concerne às atividades relacionadas com a escrita, recorremos a inúmeras
situações conducentes a aprendizagens significativas e aquisição de competências de escrita,
visando captar a atenção dos alunos pela originalidade das tarefas propostas, escolhendo sempre
que possível diferentes modos de trabalhar a escrita.
Segundo Goulão (2006), as atividades de escrita a propor devem constituir verdadeiros
desafios ao raciocínio dos alunos, dando sempre resposta aos ritmos de aprendizagem
diferenciados que caraterizam uma turma. A principal atividade realizada para trabalhar a escrita
foi através de um livro com diversas produções de textos escritos que passou por recontos,
resumos, dar um final diferente à história, construção de uma banda desenhada um convite, uma
carta entre outros (cf. apêndice 40).
Entende-se por conhecimento explícito da língua a refletida capacidade para
sistematizar unidades, regras e processos gramaticais do idioma, levando à identificação e à
correção do erro (Reis, 2009:16). Este é um domínio de grande importância para desenvolver
competências em todos os outros domínios.
O domínio do conhecimento explícito da língua foi explorado ao longo das aulas em
interação com os outros domínios, mas também em momentos diretamente dedicados a exercícios
desta natureza. Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 76
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Matemática
A área do saber da matemática é uma área científica que ao longo dos tempos sempre
ocupou um lugar de relevo nos currículos escolares e desempenhou um importante papel na
formação de indivíduos. A matemática não é uma ciência sobre o mundo, natural ou social, no
sentido em que o que o são algumas das outras ciências, mas sim uma ciência que lida com
objetos e relações abstratas. E, para além disso, uma linguagem que nos permite elaborar uma
compreensão e representação desse mundo, e um instrumento que proporciona formas de agir
sobre ele para resolver problemas que se nos deparam e de prever e controlar os resultados da
ação que realizamos (Ponte, 2001:2).
Na planificação das tarefas matemáticas, recorremos frequentemente ao uso de materiais
didáticos como facilitadores da aprendizagem dos alunos, pelo acréscimo de motivação suscitada
nestes. Deste modo, ao introduzir a noção de centena, recorremos a diversos materiais
manipuláveis estruturados como o ábaco, o calculador multibásico, e não estruturado como paus
de espetada, pedras. Recorremos também a estratégias como adivinhas, como exemplo: “Quem
de vinte, cinto tira quantos ficam?”, ou histórias: “O menino dobro e a menina quádruplo” ou até
“o coelho aventureiro” (cf. apêndice 41), problemas e cartazes para trabalhar os conceitos de
relações entre números e a respetiva simbologia.
Tal como as restantes áreas, a matemática encontra-se dividida por blocos, são eles: “Números e Operações”. Com este tenciona-se desenvolver nos alunos o sentido de números, a
compreensão dos números e das operações e a capacidade de cálculo mental e escrito, bem como
de utilizar estes conhecimentos e capacidades para resolver problemas em contextos diversos
(Ponte, 2001:13).
Para trabalhar este bloco, foram propostas situações problemáticas que englobavam as
diversas operações (soma, subtração, divisão e a multiplicação), sendo ainda realizados exercícios
com sequências numéricas e regularidades.
Outro bloco a ser explorado ao longo da nossa regência intitulou-se “ Organização e
tratamento de dados” em que está previsto que os alunos desenvolvam a capacidade de ler e
interpretar dados organizados na forma de tabelas e gráficos assim como de os recolher,
organizar e representar com o fim de resolver problemas em contextos variados relacionados
com o seu quotidiano (Ponte, 2001:26).
Aqui, foi proposto aos alunos para analisarem gráficos e tabelas, retas numéricas, sendo-
lhes apresentado também situações problemáticas onde era necessário a interpretação de dados
(cf. apêndice 42).
E por fim “Geometria e Medida”, tendo como propósito desenvolver nos alunos o sentido
espacial, com ênfase na visualização e na compreensão de propriedades de figuras geométricas
no plano e no espaço, a noção de grandeza e respetivos processos de medida, bem como a noção
de grandeza e respetivos processos de medida, bem como a utilização destes Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 77
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada conhecimentos e capacidades na resolução de problemas geométricos e de medida em contextos
variados.
As capacidades transversais, que acompanham todos estes temas e seus conteúdos,
devem ser, também, trabalhadas de forma constante e contínua, sendo elas: a resolução de
problemas; o raciocínio matemático; e a comunicação matemática.
Um dos pontos fortes nesta área da matemática era a introdução de jogos. A relação entre
os jogos e a matemática possui atenção de vários autores e constitui-se numa abordagem
significativa, principalmente na educação infantil, pois é nesse período que as crianças devem
encontrar o espaço para explorar e descobrir elementos da realidade que se rodeia. O aluno deve
ter oportunidade de vivenciar situações ricas e desafiadoras, as quais são proporcionadas pela
utilização dos jogos como recurso pedagógico. Este trouxe transformações significativas nos
conteúdos escolares, fazendo com que a aprendizagem se tornasse divertida.
No jogo “Os símbolos de Natal e as adivinhas”, as crianças eram incentivadas a retirarem
de um saco diversos símbolos de Natal (cf. apêndice 43) e a responderem a questões matemáticas
dos diversos conteúdos abordados anteriormente. A realização deste jogo foi muito apreciada
pelos alunos, pois realizaram-no com muito empenho e motivação.
A importância dos jogos no ensino da matemática vem sendo debatida há algum tempo,
sendo bastante questionado o fato de a criança realmente aprender matemática brincando e com a
interação do professor. Por isso, escolhemos trabalhar a matemática por meio das habilidades
presentes nas brincadeiras e o planeamento da sua ação com o objetivo de o jogo não se tornar
um mero lazer.
Estudo do Meio
O Estudo do Meio é uma área abrangente multidisciplinar, para a qual afluem conceitos
e métodos de várias disciplinas científicas no âmbito das ciências sociais e físicas, promovendo-
se uma compreensão gradual das relações que se estabelecem entre a natureza e a sociedade.
Deste modo, procurámos propor estratégias capazes de motivar os alunos, envolvendo-os
na construção de aprendizagens.
Todas as crianças possuem um conjunto de experiências e saberes que foram
acumulando ao longo da sua vida no contato com o meio que as rodeia. Cabe à escola valorizar,
reforçar, ampliar e iniciar a sistematização dessas experiências e saberes de modo a permitir
aos alunos a realização de aprendizagens posteriores mais complexas, assim o programa de
estudo do meio apresenta-se organizado em blocos de conteúdos (Ministério da Educação,
2006:101) são eles: Descoberta de si mesmo; à descoberta dos outros e das instituições, à
descoberta do ambiente natural, à descoberta das inter-relações entre espaços, à descoberta dos
materiais e objetos; à descoberta das inter-relações entre a natureza e a sociedade. Nesta área,
foram abordados 3 blocos, à descoberta de si mesmo, à descoberta dos Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 78
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada outros e das instituições, à descoberta dos materiais e objetos. Estes abordavam diversas temáticas
e para cada uma delas, realizámos cartazes elucidativos ao tema em questão, vídeos, material feito
em casa para as regências, imagens e realizámos diversas experiências, isto para um “alargamento
de horizontes”. Tal como refere Roldão (1994), o alargamento de horizontes é uma metáfora aparentemente adequada para a educação. O próprio ato de educar crianças
pressupõe, na verdade, o objetivo de expandir os seus horizontes para alargar e aprofundar as suas
experiências, conhecimentos e compreensão do mundo, de si próprios e das suas relações com os
outros. Nesta disciplina, recorremos quase sempre a assuntos do dia a dia dos alunos para expor
os conteúdos planificados, isto porque eles interiorizam melhor o que lhes é lecionado, mesmo
que de uma forma lúdica.
Com este bloco à descoberta de si mesmo, pretende-se que os alunos estruturem o
conhecimento de si próprios, desenvolvendo, ao mesmo tempo, atitudes de autoestima e
autoconfiança e de valorização da sua identidade e das suas raízes (Ministério da Educação,
2006:105). Aqui o conteúdo planificado e trabalhado foram os órgãos dos sentidos. Este foi
explorado através de um placar, apresentando os diversos sentidos e as suas funções a fim de
melhor elucidar este conteúdo e foi feita uma atividade experimental com diversos objetos e
alimentos com o propósito de serem identificados e caraterizados quanto ao cheiro, sabor, textura
e forma (cf. apêndice 44).
Recorremos a experiências na medida em que nós, professores, devemos assumir o papel
de dinamizadores e de facilitadores de aprendizagens do aluno. No âmbito desta área, alguns
conceitos podem tornar-se de difícil compreensão se forem apresentados apenas teoricamente, daí
a experimentação na sala de aula ser uma componente importante do ensino ao estudo do meio,
tornando-se muito interessante pela diversidade de assuntos que abrange, ao mesmo tempo
desperta maior curiosidade nas crianças, ao permitir que elas descubram e questionem sobre
aquilo que estão a observar. Foi também abordado o conteúdo da saúde do nosso corpo com o
propósito dos alunos conhecerem e aplicarem as normas de higiene do corpo, da higiene alimentar
e do vestuário.
Na descoberta dos outros e das instituições, o âmbito de estudo da criança vai alargar-se
aos outros, primeiramente aos que lhe estão mais próximos e, depois, progressivamente, aos mais
distantes no tempo e no espaço (Ministério da Educação, 2006:110). Os conteúdos abordados
neste bloco foram os modos de vida e funções de alguns membros da comunidade e aqui foram
várias as figuras com diversas profissões e os respetivos locais onde as mesmas são
desempenhadas.
Por fim, o bloco 5, à descoberta dos materiais e objetos, é fundamental, pois permite ao
professor desenvolver nos alunos uma atitude de permanente experimentação contudo o que isso
implica: observação, introdução de modificações, apreciação dos efeitos e resultados,
conclusões (Ministério da Educação, 2004:123). Só é possível o aluno desenvolver uma Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 79
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada consciência crítica quando tem a oportunidade de pensar, questionar, criar, formular hipóteses e
obter as respetivas respostas. Para que isso aconteça, será necessário que o professor saiba
ministrar aulas práticas com os seus alunos. Neste bloco, as crianças compararam materiais a fim
de identificarem as suas propriedades (flexibilidade, resistência, solubilidade, dureza,
transparência). E após a sua identificação, esses materiais foram agrupados, identificando a sua
origem (natural/artificial). Entre os materiais apresentados e trabalhados destaco: sal, açúcar,
papel, areia e barro.
Todas as atividades realizadas na disciplina de Estudo do Meio foram realizadas em
grande grupo. A nosso ver, a aprendizagem deve ser feita em grande grupo, pois assim existe
transferência de aprendizagens. Através das mesmas, os alunos aprendem uns com os outros,
transmitindo os conhecimentos que possuem.
Reflexão e autoavaliação
Aprender a ensinar é um processo que dura toda a vida e os professores competentes
forjam-se numa atitude de disponibilidade contínua de aprendizagem, conjuntamente com uma
análise e reflexão cuidadosas (Arends, 1999:27).
Deste modo, deduzimos que é importante, enquanto futuras educadoras/professoras,
refletir acerca dos comportamentos nos momentos de observação, mas principalmente nos
momentos de intervenção. Esta etapa da PES foi vivida como um grande desafio por ter muitas
expetativas, que foram sendo correspondidas, uma vez que as aprendizagens que fomos
desenvolvendo foram muito oportunas e necessárias, o que veio comprovar que é no terreno que
mais se aprende. Nesse ponto, valorizamos a pertinência das reflexões fundamentais ao longo de
cada semana de regência, isto porque, por um lado, permitiu-nos consciencializar para as nossas
limitações e dificuldades e, por outro, também nos possibilitou consciencializar para situações
frustrantes, procurando alternativas para encararmos a complexidade do processo educativo.
No que concerne ao relacionamento e interação com o meio escolar, foi muito positivo,
tendo sido criado um bom clima com os alunos, com o professor/educador cooperante e também
com toda a comunidade escolar, com as docentes das outras turmas, com assistentes operacionais.
De acordo com Sprintall e Sprintall (1993:320), a qualidade da interação humana,
especialmente, o grau de honestidade e sinceridade como o professor trata os alunos é essencial
para a criação de melhor ambiente de aprendizagem..
De realçar que na PES em Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico, nas
regências efetuadas procurámos sempre que a implementação de práticas educativas
proporcionassem a igualdade de oportunidades, por isso utilizámos metodologias dinâmicas,
como recurso a materiais diversificados, visando o desenvolvimento educativo, cultural, social e
pessoal das crianças. Tendo em conta a experiência conjunta dos dois contextos de estágio, Pré- Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 80
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico, ficámos com mais sensibilidade à pertinência da articulação
entre níveis de escolaridade. Na verdade, as OCEPE preconizam que o educador deve
proporcionar as condições para que cada criança tenha uma aprendizagem com sucesso na fase
seguinte competindo-lhe, em colaboração com os pais e em articulação com os colegas do 1º
Ciclo, facilitar a transição da criança para a escolaridade obrigatória (ME-DGIDC, 1007:28).
Por sua vez, quanto ao professor em 1º CEB, deve atender aos conhecimentos prévios
que o aluno adquiriu na passagem pelo pré-escolar. Deste modo, enquanto futura
educadora/professora, devo sempre proporcionar situações de ensino que facultem a
aprendizagem do nível cognitivo, social, afetivo e pessoal, pois no nosso entender (Ministério da
Educação, 2006), o sucesso das crianças é um ótimo exercício de autoavaliação. A partir deles
tomamos consciência dos erros cometidos e da necessidade de os ultrapassar, de forma a melhorar
a nossa performance. No entanto, sentimos que ainda temos um longo caminho de aprendizagem
a percorrer e que esta experiência foi apenas uma pequena amostra no caminho que ainda temos
pela frente. Contudo, é com estas pequenas amostras bastante gratificantes que crescemos cada
vez mais, não só como profissionais, mas, principalmente, como pessoas capazes para o exercício
desta profissão.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 81
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada 1 - Introdução
O presente projeto de investigação incide sobre o tema: De que forma a técnica da
modelagem contribui para o desenvolvimento integral das pessoas com deficiência?
Sendo a modelagem uma técnica utilizada na expressão plástica (EP), este trabalho prende-
se com o objetivo de determinar em que medida esta poderá potenciar o desenvolvimento motor
e o desempenho de crianças com necessidades educativas especiais e, de que forma terão impacto
no seu desenvolvimento, imaginação, bem como a sua criatividade e aprendizagem. As
expressões têm um papel fundamental no desenvolvimento das crianças, nomeadamente das que
apresentam NEE, desta forma e com vista à inclusão dos alunos NEE, procuram encontrar-se
processos e estratégias de intervenção de maneira a potencializar as capacidades dos alunos.
Neste contexto, a expressão plástica tem grandes contributos para que as crianças com
perturbações e limitações progridam e aprendam. Assim, procuramos estabelecer um paralelismo
com a educação através da arte. Através da técnica da modelagem, pretendemos conseguir o
desenvolvimento da personalidade através da ação, da ludicidade, da expressão, da criatividade,
da espontaneidade e da manifestação emocional.
A realização deste estudo de caso nasce de um forte interesse nosso pelas artes,
nomeadamente a EP, assim como obter um bom conhecimento da criança como um ser em
desenvolvimento, passando este pelo campo específico da modelagem. O trabalho desenvolveu-
se no âmbito das atividades de prática de ensino supervisionada, promovidas na Ludoteca Básica
de Gouveia, com um grupo de crianças com NEE que estavam a nosso cargo. Dentro deste grupo,
a nossa escolha incidiu apenas num aluno com diferentes e inúmeras dificuldades: primeiro, pela
dificuldade que este apresenta no conhecimento e desenvolvimento da técnica da modelagem;
segundo, o desejo de fomentar nesta criança a forma e o gosto de trabalhar a EP, contribuindo
para o seu bom desenvolvimento motor, explorando e demonstrando a criatividade oculta em si
próprio: um mundo silencioso e repleto de timidez. Só aprofundando este tema e os nossos
conhecimentos poderemos percorrer todo um caminho que terá como objetivo principal conseguir
modificar o aluno José1 numa criança mais comunicativa, feliz e interessada por aquilo que faz.
Este capítulo encontra-se estruturado em dois pontos fundamentais. No primeiro ponto
apresentamos o enquadramento teórico no qual se apoiou este trabalho. Procurou-se encontrar o
lugar da expressão plástica, nomeadamente da técnica da modelagem na educação de crianças
com necessidades educativas especiais Apresentamos uma breve análise sobre a modelagem na
educação especial, a evolução psicossocial e educacional recorrendo a diferentes técnicas e
materiais. Por fim, abordamos a modelagem como forma de criatividade nessas mesmas 1 Nome fictício Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 83
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada crianças. Neste sentido, procuramos mobilizar os contributos de vários autores que abordaram e
defenderam estas temáticas.
No segundo ponto deste terceiro capítulo refletimos sobre a metodologia de investigação,
ação utilizada, referenciando as questões e objetivos que nortearam este trabalho. Delineamos
ainda o trajeto da investigação, apresentando os instrumentos de recolha de dados. De seguida,
descrevemos as experiências de aprendizagem vivenciadas e, por fim, a leitura e análise dos dados
presentes na ação educativa.
Por último, apresentamos as considerações finais acerca da ação desenvolvida, as
referências bibliográficas consultadas ao longo deste trabalho e os apêndices.
2 - Enquadramento teórico
Ao longo da PES, deparámo-nos com crianças que possuíam um fraco desenvolvimento
a nível das expressões, crianças essas com inúmeros problemas, o que condicionava o seu desejo
e a sua motivação para a aprendizagem, sobretudo na área da expressão plástica, mas com
consequências reais para todas as outras áreas. Nos pontos que se seguem, pretendemos apresentar
uma breve contextualização teórica sobre a expressão plástica.
2.1 - A educação pela arte
O paradigma da educação tem vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos, modificando
a sua perspetiva cognitiva de ensinar conceitos certos e imutáveis para uma outra em que se
valoriza a imaginação e a criatividade em que se pretende a educação da personalidade geral da
criança, isto é, a formação do ser.
Sendo assim, a educação será para e pela criança, devendo ser ela o centro de todo o
esforço pedagógico, não devendo ser só a transmissão de conhecimento, mas antes, a formação
do indivíduo em todas as vertentes, isto é, uma educação completa e interdisciplinar que engloba
as artes.
Deste modo, o papel ocupado pelo professor durante vários séculos em que o ensino se
centrava na sua figura e no seu saber, deixa de fazer sentido, sendo que a figura principal da
educação é agora a criança.
Nas palavras de Miguel Esteves Cardoso, (citado por Ferraz e Dalmann 2012:27) Aprender é a coisa mais inteligente que se pode fazer. Ensinar é um ato generoso, mas quando
se limita à transmissão, é bastante mais estúpido. Isto porque a educação tem que ser vista como
um todo e satisfazer todas as necessidades do aluno, não dando prevalência apenas àquela que se
pensa ser mais importante. No mesmo sentido, ela não deve ser uma mera absorção de Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 84
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada conteúdos vindos do exterior e de ideias pré-feitas, incutidas aos educandos e memorizadas pelos
mesmos. Ela deve ser vivida em liberdade, com espontaneidade e ludicidade. Não se deve, por
isso, colocar barreiras ao que se aprende, nem se deve impor o que se quer ensinar, pois daí não
se obterão grandes resultados.
À luz do pensamento poético de Fernando Pessoa, o essencial na arte é exprimir. A arte é (…) a expressão da ação (Pessoa, citado por Martins, 2002: 52), assim, a educação deve
procurar responder às necessidades de cada criança, estimulando as suas potencialidades
individuais. Para tal, a EP apresenta-se-nos como o meio de comunicação mais espontâneo e
promotor das capacidades cognitivas, e não só, da criança.
A arte é a representação de uma realidade, é uma constante ao nosso redor e está ao
serviço dos nossos sentidos. É constituída pela forma, e pela cor que cada indivíduo lhe dá, isto
é, cada produção tem uma configuração e uma cor definidas pelas particularidades de quem as
produz. E ao educarmos as crianças para a arte, estamos-lhe a incutir. um método pedagógico que
se centra na criança, sendo o seu principal objetivo educar e formar cada uma delas, tendo por
isso como principal objetivo o desenvolvimento e formação integral da mesma, nomeadamente
na evolução das suas capacidades afetivas, lúdicas, expressivas e cognitivas, utilizando a arte
como recurso. Deste modo, a educação pela arte, não pretende ensinar noções teóricas e históricas
(acerca da arte), nem ensinar as crianças a apreciar e avaliar obras de arte, e tão pouco pretende a
sua formação, produzindo pequenos e novos artistas. A arte é apenas o caminho para promover a
educação.
Para Hebert Read (2010:13) A arte deve ser a base da educação, deste modo os conceitos
de educação e arte são indissociáveis, pois ambos são de extrema importância para o desenvolvimento do homem.” Segundo ele, “a educação pela arte deverá ser proporcionada à
criança sob a forma lúdica-expressiva-criativa, de modo livre num clima que proporcione a
inspiração, motive a expressão dos sentimentos e estimule a criatividade.
Educação pela arte, essa que é oficialmente aceite em Portugal e abordada na lei de Bases
do Sistema Educativo (lei 46/86 de 14 de outubro), introduz áreas disciplinares com o objetivo de
desenvolver as capacidades de expressão nos currículos do Jardim de Infância, Ensino Básico,
Ensino Superior, e Educação Especial, tais como: a imaginação; a criativa; ou ainda atividades
lúdicas.
2.1.1 - A educação pela arte no currículo do Ensino Básico
Atualmente, a escola vê-se preocupada em formar adultos do futuro e centrar a sua missão
em cientificar e matematizar a mente dos alunos, deixando para trás aqueles que não conseguem
integrar-se no modelo da escola. Constata-se que no sistema educativo tradicional
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 85
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada evidencia-se o que vai contra a educação inclusiva, a preponderância, um modelo estandardizado,
com objetivos, programas e práticas previamente determinadas. O aluno não é, na maior parte das
vezes, o centro da criatividade educativa e, talvez, este seja um dos motivos que levem as crianças
e os jovens de hoje a não se adaptarem à escola atual com metodologias clássicas de ensino.
Vivemos numa época onde se encontram nas escolas muitas crianças e jovens egoístas,
desorganizados emocionalmente, frios, violentos, com muitos problemas de aprendizagem,
hiperatividade, inadaptações e muitas outras disfunções cognitivos e de aprendizagem. Cada vez
mais os currículos têm de ir ao encontro das necessidades dos alunos. Cabe à escola, dentro dos
limites, organizar e gerir todo o processo de ensino-aprendizagem que contemple todos os alunos.
Esta deve saber conviver com a diferença e proporcionar a cada criança a possibilidade de algo
que ela possa viver, com sucesso nas suas tarefas básicas para o seu desenvolvimento como
pessoa, de crescer, progredir, construir um lugar no contexto de um grupo social.
A escola tem sido pressionada para um papel cada vez mais decisivo na preparação da
vida ativa. Certamente muito ainda haverá a fazer para se falar numa verdadeira inclusão das
crianças na escola, principalmente aquelas que são à partida excluídas por serem diferentes, isto
porque apresentam problemas sensoriais, físicos, de saúde, intelectuais, emocionais e também
com dificuldades de aprendizagem específicas derivadas de diversos fatores. Estas precisam que
a escola lhes proporcione um currículo específico para que cada uma delas se sinta bem dentro
do espaço escolar e progrida nas suas aprendizagens.
No que respeita à Arte e à sua ligação com o ensino, Read (1958: 79) considerava que o
objetivo de uma reforma do sistema educacional não é produzir mais obras de arte, mas pessoas
e sociedades melhores, e que a finalidade da arte na educação deve ser idêntica aos objetivos da
própria educação. Deste modo, as artes são elementos indispensáveis no desenvolvimento da
expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de saber que articulam imaginação,
razão e emoção. A vivência artística influencia o modo como se aprende, como se comunica e
como se interpretam os significados do quotidiano. Desta forma, contribui para o
desenvolvimento de diferentes competências e reflete-se no modo como se pensa, no que se pensa
e no que se produz com o pensamento. A inclusão da atividade artística contemplada no programa
do 1º Ciclo do Ensino Básico, que por sua vez refere que As artes permitem participar em desafios
coletivos e pessoais que contribuem para a construção da identidade pessoal e social, exprimem
e informam a identidade nacional, permitem o entendimento das tradições de outras culturas e
são uma área de eleição no âmbito da aprendizagem ao longo da vida. (Ministério da Educação,
2001: 149).
Repare-se que nestas palavras há uma preocupação em que, nos primeiros anos de
escolaridade, a educação artística vise o desenvolvimento de competências essenciais presentes
nas suas várias dimensões artísticas, culturais, estéticas, sociais e comunicativas. Contudo, toda Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 86
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada esta aquisição de um conjunto de conhecimentos é feita de forma sistematizada, permitindo o seu
prosseguimento e aprofundamento nos ciclos seguintes. A educação artística está prevista no
Ensino Básico, distribuindo-se por quatro grandes áreas artísticas:
Expressão Plástica e Educação Visual;
Expressão e Educação Musical;
Expressão Dramática;
Expressão Física-Motora.
No 1º Ciclo do Ensino Básico, as quatro áreas são trabalhadas de forma integrada pelo
professor da classe, podendo este ser coadjuvado por professores especializados. Assim, todas as
atividades artísticas desenvolvidas na escola, ou aí programadas, são consideradas parte
integrante do currículo do ensino básico. É determinante que a arte no contexto do sistema
educativo português seja desenvolvida, quer na sua vertente genérica quer na vocacional, na
medida em que os objetivos desenvolvimentais a vários níveis (pessoal, interpessoal, vocacional)
sejam assumidos pelos contextos educativos e neles se reconheçam espaços de personalização,
havendo a necessidade de promover a realização de experiências significativas para os jovens.
A inclusão das expressões nos atuais currículos das escolas não será com o intuito de
originar artistas, mas sim para satisfazer as necessidades sociais da criança e do adolescente e de
lhe proporcionar um maior desenvolvimento e uma vida mais rica, como resultado das suas
aprendizagens, partindo do princípio que a arte é criatividade, beleza e meio de comunicação.
Desta forma, o contexto educativo assume, entre todas as instituições sociais, um lugar
de destaque para essa formação básica e específica, contribuindo assim para que a educação
artística seja possível, essencial e exequível. No fundo, “uma verdadeira educação”, que com
certeza será devidamente avaliada, após a sua conclusão, com base nos resultados obtidos.
2.1.2 - A arte na educação especial
Segundo vários autores, desde que se conhece a vida do Homem e, consequentemente, a
génese da civilização, que se encontram manifestações de arte. A arte rupestre e os vestígios da
presença humana assim o demonstram. Ao longo dos períodos mais ou menos férteis de
povoamento do Homem, como nas grandes civilizações e nas tribos, a manifestação do
desenvolvimento das expressões artísticas e a representação dos estilos de vida, tinham na arte
um sinónimo de técnica, isto é, a produção ou reprodução de algo.
Na Idade Paleolítica, os homens das cavernas pintavam a figura como se fosse o real,
pintando somente animais. Já na Idade Neolítica, começou a geometrizar a forma, pintando a sua
vida e o seu dia a dia. O homem olhava, observava, e representava tudo na parede das
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 87
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada cavernas e nas pedras conforme a sua vivência. O homem e a mulher através dos desenhos ou
formas são capazes de expressar sentimentos, emoções e acontecimentos, que traduzem um modo
único de perceber a realidade e de a transformar. Essa forma de expressão pode ser criada através
da pintura, da escultura, da música, do teatro entre outras.
Segundo Alberto de Sousa (2003), em relação às artes plásticas, nos anos setenta apenas
existia a disciplina de desenho nas escolas. Posteriormente, as artes passaram a tomar um rumo
diferente, porque o seu objetivo era introduzi-las como uma metodologia eficaz para uma boa
educação global do aluno, no domínio afetivo, cognitivo, social e motor, sendo, deste modo, uma
técnica educativa em que as crianças através dela exprimem os seus sentimentos, os afetos, as
emoções, utilizando a arte com ponto fundamental.
Concebe-se hoje a educação pela arte, não como formação contemplativa da beleza, mas
ativamente, procurando despertar a criatividade na criança. E a educação pela arte, que decorre
do encontro da pedagogia moderna com as nossas experiências artísticas, promoverá a formação
humanística do indivíduo, pela integração e harmonia das experimentações e aquisições,
facilitando mesmo o aproveitamento escolar e especial, num equilíbrio físico e psicológico
(Arquimedes Santos, 1981, citado por Alberto B. Sousa, 2003: 98). Assim, esta surge como forma
de exprimir sentimentos, compreender o mundo e de interagir com ele. Capacita os indivíduos de
uma maior sensibilidade e de um entendimento diferente do mundo e de si. É também importante
que através dela os indivíduos desenvolvam os seus talentos artísticos, pois estes têm a capacidade
de fazer com que o ato criativo a que são submetidas preencha as necessidades do dia a dia.
O interesse pela arte foi sendo cada vez mais explorado pelos pedagogos e em 1971,
Madalena Perdigão, presidente da reforma educativa criou no Conservatório Nacional o curso de
professores de educação pela arte. E é mais tarde, como referimos anteriormente e com a lei de
Bases do Sistema Educativo (lei 46/ 86 de 14 de outubro), que se aceita oficialmente em Portugal,
de modo claro e inequívoco, que a arte é um fator importante na formação integral da pessoa,
devendo assim fazer parte do sistema educativo. Esta lei vem introduzir áreas disciplinares com
o objetivo de desenvolver a capacidade de expressão, de proporcionar uma imaginação criativa e
da realização de atividades lúdicas, entre muitos outros aspetos a desenvolver, isto nos currículos
do Pré- Escolar, Ensino Básico, Ensino Secundário, Educação Extracurricular e Educação
Especial.
E é em 1988 que é publicado o despacho conjunto 38/ SEAM/ SERE/ 88, que cria e define
as “equipas de educação especial a nível local, que abrangem todo o sistema de educação e ensino
não superior” e que, no âmbito das suas atribuições, “tem como objetivo genérico contribuir para
a observação e o encaminhamento, desenvolvendo o atendimento direto em moldes adequados,
de crianças e jovens com necessidades decorrentes de problemas físicos e psíquicos”. Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 88
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
É ainda este decreto-lei que se refere à competência da escola, isto é, esta deve “Desenvolver mecanismos que permitam detetar a tempo dificuldades de base, diferentes ritmos
de aprendizagem ou outras necessidades dos alunos que exigem medidas de compensação ou
formas de apoio adequadas nos domínios psicológico, pedagógico e socioeducativo”; também
permite “Organizar e gerir modalidades de apoio socioeducativo em resposta às necessidades
identificadas que afetam o sucesso escolar dos alunos” e ainda “Encaminhar alunos com
comportamentos que perturbam o funcionamento adequado da escola para serviços de apoio
especializados”.
Segundo o Decreto-lei nº 35/ 90, Os alunos com necessidades educativas específicas,
resultantes de deficiências físicas ou mentais, estão sujeitos ao cumprimento da escolaridade
obrigatória, não podendo ser isentos da sua frequência, a qual se processa em estabelecimentos
regulares de ensino ou em instituições específicas de ensino especial, quando comprovadamente
exijam o tipo e o grau de deficiência do aluno, dispondo de apoios complementares, que
favoreçam a igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolar e apoio e complementos
educativos que se exercem nos domínios da orientação e psicologia educacional, e da saúde
escolar.
Mas qual o verdadeiro conceito de Necessidade Educativa Especial? Ou até mesmo Quais as crianças considerados alunos NEE?
Segundo Correia (1999:48) Os alunos com necessidades educativas especiais são aqueles
que, por exibirem determinadas condições específicas, podem necessitar de apoio de serviços de
educação especial durante todo ou parte do seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu
desenvolvimento académico, pessoal e socioemocional.
Uma necessidade educativa especial está, normalmente, associada a uma incapacidade ou
deficiência, referindo-se a um critério educativo.
Há uma necessidade educativa especial quando uma deficiência (física, sensorial,
intelectual, emocional, social ou qualquer combinação destas) afeta a aprendizagem até ao ponto
de serem necessários alguns ou todos os acessos especiais ao currículo especial ou modificado,
ou condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que o aluno seja educado adequada
e eficazmente.
O decreto-lei nº 319/19 introduz o conceito de alunos com necessidades educativas
especiais baseado em critérios pedagógicos e não em critérios clínicos. Abandona a classificação
por categorias de acordo com a deficiência da criança e responsabiliza a escola regular pela
procura de respostas adequadas aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Este decreto
estabelece o “regime educativo especial” que se traduz na criação de equipamentos especiais de
compensação, adaptações materiais e curriculares, condições especiais de matrícula de frequência
e de avaliação. Este decreto-lei estabelece também a individualização da
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 89
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada intervenção educativa através do plano educativo individual (PEI) e do programa educativo (PE).
Mesmo a escola, criando mecanismos, atividades e estratégias para os NEE, pela
experiência como animadora na ludoteca básica de Gouveia (da qual sou responsável pela área
das expressões, e desenvolvendo a personalidade das crianças com as artes como intermédio
através da ação, ludicidade, criatividade, entre outras), notamos que estes alunos se encontram
em desvantagem dentro da escola, principalmente dentro de uma sala de aula, em relação às outras
crianças. Isto porque o seu desenvolvimento escolar é distinto em relação aos colegas de turma e
as suas expetativas são baixas, levando-as à desmotivação, à não-aceitação pela turma e à
dificuldade de inclusão.
Brennam (1990:36), citado por Vieira Pereira (2007:41), considera que o ensino das artes
possui caraterísticas específicas que a diferencia das demais áreas do conhecimento, pois
trabalha não só o desenvolvimento cognitivo do ser humano como também trabalha o
desenvolvimento sensível, instiga a expressão movida pela emoção, intuição e o pensar sobre
aquilo que se exterioriza.
Cada criança é diferente e tem diferentes potencialidades, pelo que tem de se procurar
estratégias para facilitar a sua inclusão, permitindo que estas estejam em constante progressão e
procurem novos desafios. O uso de várias técnicas e materiais facilita o desenvolvimento pessoal
e das várias capacidades de cada indivíduo.
As expressões permitem a estas crianças realizarem as suas atividades, progredindo e
alcançando sucesso nas mesmas, sendo-lhes dada a liberdade permitida pela expressão. Aqui
também se incluem as suas escolhas pessoais e, de acordo com as suas necessidades, devem
ocorrer de forma espontânea, tendo por base a imaginação. Contudo, esta liberdade é sempre
condicionada pela tipologia da sua deficiência e pelo meio em que se encontra. Propõe-se, então,
que através das metodologias expressivas, a criança com NEE evolua a todos os níveis, afetivos,
emocionais, intelectuais e educativos. Sendo em si própria o centro de toda a intervenção,
procura-se minimizar as suas dificuldades, promover as suas aptidões e habilidades e até mesmo
desenvolver outras competências que não se conheciam. As atividades expressivas são
facilitadoras para o cumprimento dos objetivos propostos no programa apresentado, promovendo
o desenvolvimento de forma integradora e construtiva e despertando o interesse de quem as
pratica.
A criança NEE tem muitas vezes dificuldade de integração no mundo que a rodeia, sendo
que a arte pode ser, deste modo, um veículo para a inclusão.
As expressões artísticas têm sido vistas como ferramentas-chave em processos de cura,
designadamente através de meios de compensação e de equilíbrio emocional facilitadores da
harmonização global da pessoa (Martins, 2002: 59).
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 90
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Numa aula de arte, a criança pode sentir-se mais útil do que nas outras horas do dia e nas
crianças com deficiência, estas aulas promovem a motivação e a criatividade, contribuindo para
a construção de sujeitos mais sensíveis, prontos para descobrir as suas habilidades e talentos, daí
nós docentes proporcionarmos estratégias que proporcionem o sucesso pretendido. No nosso
entender, a arte para a criança representa a forma de expressão mais natural, pressupondo que
através da livre expressão proporcionada pelas artes é possível conhecer os pensamentos, os
desejos, as fantasias, os medos e ansiedades das crianças. Para este autor, a criança tem o seu
mundo próprio, as suas necessidades internas e, muitas vezes, não sabe como lidar com elas.
Nesse sentido, a arte é o canal pelo qual a criança exterioriza esses sentimentos. Face ao exposto
anteriormente, a arte deve estar sempre incluída. No programa educativo das crianças com
deficiência, especialmente para aquele que lhes é traçado um currículo específico individual
(como é o caso do aluno José) desenvolvemos o nosso estudo de caso).
2.1.3 - Caraterização do aluno NEE
Na sociedade em que vivemos, todos os dias nos damos conta de que somos todos
diferentes, quer no aspeto físico, quer no aspeto psicológico. A integração de todos os alunos
constitui, sem dúvida, um dos maiores desafios que se coloca à escola e aos professores. Todos
eles, incluindo os alunos com necessidades educativas especiais, têm o direito de serem educados
em ambientes inclusivos.
Segundo Correia (2010: 21), Os alunos são capazes de aprender e contribuir para a
sociedade de onde estão inseridos. A escola detém nas suas mãos um grande desafio, mas também
um compromisso para com os alunos NEE, devendo estar consciente que antes de transmitir
competências e conteúdos teóricos da educação, ela tem como papel primordial desenvolver
mecanismos que auxiliem estes alunos para que possam viver em sociedade, utilizando várias
temáticas e desenvolvendo as suas habilidades. Infelizmente, tem-se a consciência que nem
sempre é assim que acontece, pois muitas vezes, quando a temática da inclusão não é levada a
sério, esta, ao invés de inserir pode excluir ainda mais estes alunos do convívio com os demais
colegas. Mediante estas caraterísticas, tenta-se procurar maneiras de trabalhar a disciplina de arte
na educação especial, conforme o grau de défice. Existem crianças e jovens que conseguem
desenvolver aprendizagens sociais e de comunicação, com capacidade para posteriormente
entrarem no mundo laboral, mas, por outro lado, há crianças e jovens com atraso no
desenvolvimento mais severo que necessitam de proteção e ajuda uma vez que o seu nível de
autonomia social e pessoal é muito reduzido.
A criança com NEE apresenta, geralmente, dificuldades na comunicação verbal, bem
como ao nível da perceção e compreensão da informação. A arte é uma forma de expressão não
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 91
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada verbal, representando desta forma um meio de comunicação alternativo. Esta tem também a
função reorganizadora do mundo interior dos sujeitos, permitindo, deste modo, uma estruturação
da identidade, sendo assim uma mediadora para a intervenção social, uma vez que cada um se vai
apropriando das noções do eu e do outro, bem como do seu papel no meio social.
Outra das caraterísticas destas crianças, na maioria dos casos, é terem uma baixa
autoestima, o que as leva a manifestarem alguma resistência às novas experimentações, já que o
sentimento logo à partida é de que não conseguirão realizar estas tarefas. Uma vez que em arte
não existe o conceito de correto ou errado, a liberdade expressiva que as artes lhes proporciona
leva-as a ganhar prazer e confiança nos resultados que obtém através das suas experimentações.
À medida que a criança se vai adequando a estas novas experiências, apresentar-se-lhe-ão outras
para que esta continue a sentir-se incentivada, estimulada e cada vez mais envolvida e, desta
forma, evolua. A criança é, assim, convidada a explorar todos os materiais usados nestas
atividades e permitir-se-lhe-á que tome partido de todos os seus sentidos, o que leva também ao
desenvolvimento da sua coordenação.
Mas para que essa realização de atividades contribua para a eficácia no processo de
ensino/aprendizagem, é importante que os professores conheçam as caraterísticas de cada aluno
NEE e as compreendam, uma vez que estes nem sempre possuem conhecimentos especializados
acerca da problemática de cada criança, pelo que têm dificuldade em estabelecer estratégias que
permitam desenvolver o sucesso pretendido e exigido.
Segundo a opinião de vários autores, considera-se que as crianças com NEE são aquelas
que apresentam as seguintes caraterísticas:
Diferenças sensoriais, motoras e físicas (incluindo problemas auditivos e de
linguagem, visuais e de ordem física);
Diferenças cognitivas (incluindo a deficiência mental e as dificuldades de
aprendizagem);
Dificuldades de relação, problemas emocionais e de comportamento;
Crianças cognitivas são artisticamente superdotadas, que também requerem uma
intervenção educativa especial, para que seja conseguido um efetivo e total
desenvolvimento do seu riquíssimo potencial..
E se bem que a arte de ensinar pressuponha um investimento significativo por parte do
professor, a ciência educativa exige que o ensino se baseie nos resultados da investigação e, por
conseguinte, vai para além da “arte”, fazendo do professor também um investigador ou, pelo
menos, um investigador na literatura e na ciência educacional para torná-la eficiente com todos
os alunos. Contudo, como é sabido, nenhuma estratégia educacional funciona perfeitamente em
todas as situações educacionais. Assim sendo, diferenciar o ensino pressupõe alterar o ritmo, o
nível ou o género de instrumentação, tendo por base as capacidades e necessidades de cada aluno,
ou seja, o professor, depois de analisar a informação que tem ao seu alcance, deve partir Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 92
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada para o estudo do currículo, para a diferenciação pedagógica, onde os seus objetivos de ensino se
entrecruzam com os objetivos de aprendizagem desse aluno. No caso dos alunos com NEE, a
adequação curricular baseada nos ajustamentos e adaptações curriculares, parece ser a resposta
ideal, desde que o professor, apoiado por outros agentes educativos, possa conceber respostas
educativas eficazes assentes nas necessidades de aprendizagem específicas, nas competências e
nos interesses desses alunos.
E é na arte que muitos deles encontram a resposta aos seus problemas, isto porque tornam
–se mais criativos, mais participativos e empenhados, mais desinibidos, enfim mais felizes e
confiantes. Assim, podem e devem usufruir pela prática da exploração da arte no seu dia a dia,
pois esta contribui para a sua integração e desenvolvimento social, para a realização pessoal, para
aumentar a autoconfiança e para o equilíbrio emocional. Relativamente à especificidade de cada
NEE, a prática do ensino através das expressões também pode contribuir para minimizar a sua
deficiência, promovendo o desenvolvimento global da criança, isto porque a arte oferece um leque
diversificado de vivências que vão contribuir para o aumento do autoconhecimento e da
autoestima.
Subsequentemente, surge a seguinte questão: Será assim a arte a linguagem expressiva e
demonstrativa do pensar e agir de uma criança?
2.2 - A linguagem plástica como forma de expressão
A criança tem necessidade de se exprimir, sendo a Expressão Plástica uma disciplina em
que pode fazê-lo. Com ela pode exprimir sensações corporais, sentimentos, desejos, factos
emotivos que ela não consegue formular por palavras, porque estão ao nível do inconsciente.
A mente possui estruturas cognitivas pelas quais os indivíduos se adaptam
intelectualmente e organizam o meio em que vivem. Ou seja, através de acomodações e de
esquemas, o indivíduo constrói o seu conhecimento a respeito do mundo.
A palavra apenas pode exprimir o que se encontra ao nível do consciente infantil, daí que
a criança tenha necessidade de outras formas de expressão para extravasar tudo o que se passa
nela. É desta forma que a criança procura na expressão uma segunda linguagem, tendo em conta
que a linguagem do inconsciente vem completar a linguagem falada. A criança vai exprimir-se
através de uma linguagem feita de formas e cores. Quando ela desenha, pinta, recorta, cola, molda,
entre outras técnicas exprime-se revelando ao mundo adulto o seu próprio mundo infantil, isto é,
revela o seu interior, com os seus problemas, as suas tristezas, as suas alegrias, enfim, transmite-
nos o seu pensar e agir.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 93
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Deste modo, a expressão é a forma que as crianças encontram para, através dela,
libertarem as suas energias, contribuindo particularmente para o seu desenvolvimento
harmonioso.
Por sua vez, Gonçalves (1991:12) sublinha que através da expressão plástica a criança
não só desenvolve a imaginação e a sensibilidade, como também aprende a conhecer-se e a
conhecer os outros (…), como cada um se exprime de acordo com as suas ideias, sentimentos e
aspirações. Assim, a expressão plástica não pretende formar artistas, mas criar e estimular nas
crianças uma sensibilidade plástica mais apurada, uma experimentação mais variada e um
conhecimento de si e de quem o rodeia. Ela é fundamental, isto porque todo o indivíduo deve
conseguir exprimir-se de modo a que consiga comunicar e não fique isolado do mundo. “A
expressão revela o ser” (Rodrigues, 2002: 210). Deste modo, deve permitir à criança que esta
construa um modo de pensar divergente, intuitivo, subjetivo e inovador, o que a leva a estimular
a imaginação e criatividade, fazendo atuar, sentir e realizar de diferentes formas as diversas
tarefas.
A criança deve ter acesso, regular e naturalmente, à prática de expressões, uma vez que
estas são fundamentais para o seu desenvolvimento global e equilibrado, favorecendo assim a sua
aprendizagem e interiorização. É necessário ter em atenção que cada criança é diferente e tem
distintas potencialidades, pelo que tem de se procurar estratégias diversificadas e adequadas.
Segundo Eurico Gonçalves (1976:167), O mundo plástico da criança é estruturado de
maneira diferente do dos adultos, têm valores e leis particulares e caraterísticas próprias.
Obedece a fases evolutivas, ou seja, avança através de etapas. Para a criança, a alegria de pintar
vive intimamente associada à alegria de ver, observar, rir, admirar, falar, contar e mesmo
emocionar.
No nosso entender, a escola apresenta estas mesmas fases de evolução, devendo por isso
trabalhar as expressões desde o jardim de infância, para que as crianças comecem a desenvolver
competências de nível cultural e artístico, onde ela transmita as suas emoções, os seus desejos e
impulsos, porque a arte é um meio de expressão e de libertação por excelência: ajuda a criança a
desenvolver a inteligência, a motricidade global, fina e o sentido estético.
Portanto, pode-se simplesmente deixar a criança criar ou pedir-lhe que desenhe o que a
está a deixar triste ou o que ela mais gosta. Por meio da experiência artística, ela consegue
demonstrar ideias, mostrar como vê a vida ou criar algo, obtendo, um bom resultado artístico. Na
maioria das vezes, a criança não produz um desenho, não molda um pedaço de barro com intenção
de transformá-lo numa obra de arte a ser colocada em exposição, ela desenha, molda, pinta,
porque foi orientada a fazê-lo ou porque deseja representar livremente no papel aquilo que lhe
apetece ou se sente inspirada a fazê-lo. Assim, o sentimento expresso pela arte, tanto pode ser um
momento de imaginação, bem como uma forma de comunicação, uma Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 94
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada exteriorização dos desejos e emoções das crianças. Ainda que a expressão plástica possa
apresentar desafios ou dificuldades do dia a dia, não podemos, como educadores/professores,
impedir a criança de realizá-la mas sim oferecer a esta a oportunidade dessa expressão.
Segundo o documento do Ministério da Educação, Organização Curricular e Programas
– 1º Ciclo do Ensino Básico (2004), os seus princípios organizadores descrevem a manipulação
da seguinte maneira: “experiência com novos materiais, com as formas e com as cores permite
que, a partir de descobertas sensoriais, as crianças desenvolvam formas pessoais de expressar o
seu Mundo interior e de representar a realidade (…). Este refere também que a possibilidade de
a criança se exprimir de forma pessoal e o prazer que manifesta nas múltiplas experiências que
vai realizando são mais importantes do que as apreciações, feitas segundo moldes fixados ou de
representação realista (Ministério da Educação, 2004:85).
Assim, é importante trabalhar as técnicas próprias da expressão plástica (modelagem,
pintura, colagem, montagem, desenho), pois quanto maior for o reportório de experiências
artísticas, mais autonomia as crianças terão ao lidar com a arte, desenvolvendo habilidades
motoras além do aprimoramento das suas representações ao longo dos anos. No entanto, a arte
enquanto linguagem não deve restringir-se à simples reprodução de modelos padronizados, antes
deve ser tratada como um momento de criação e expressão infantil, respeitando a sua
singularidade e cultura. É através das técnicas e dos materiais que a criança poderá expressar-se
e criar. Tal como a linguagem e as palavras são importantes para a expressão verbal, assim as
técnicas e os materiais o são para a expressão plástica. Estas técnicas foram desenvolvidas e postas
em prática ao longo da PES, destacando com maior evidência neste percurso, a Modelagem e a
Escultura, através de atividades de manipulação e exploração de diferentes materiais moldáveis
(pasta de papel, pasta de açúcar, massa Das2, plasticina, entre outros) em que as crianças
amassavam, separavam, esticavam, alisavam, proporcionando-lhes explorações sensoriais
importantes, como a libertação das tensões e o desenvolvimento da motricidade fina. O prazer de
dominarem a plasticidade e a resistência de materiais leva-os progressivamente a utilizá-los de
forma pessoal envolvendo-se numa atividade criadora. Deste modo, é fundamental que as crianças
explorem e manuseiem os materiais livremente de modo a explorar a sua forma e a sua
plasticidade, sempre com um caráter lúdico para que se envolvam nas suas atividades com
empenho, liberdade e criatividade. O desenho e a pintura foram também técnicas bastantes
apreciadas e desenvolvidas ao longo do estágio, proporcionando nas crianças o prazer pelo
desenrolar do traço, suscitando-lhes a representação de sensações, experiências e vivências. Estas
técnicas ocorriam com frequência e de forma livre, permitindo desenvolver na criança a sua
singularidade expressiva e a manifestação dos seus sentires. Além disso, através da pintura, as
crianças aprenderam a reconhecer as cores, a desenvolverem a coordenação visual-motora e o
2 Massa mineral para modelar Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 95
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada sentido de observação. Outra técnica, e que a nosso ver foi das que deu mais prazer às crianças,
aplicada em diversas atividades, foi o recorte e a colagem. No entanto, é mais desenvolvida no
pré-escolar, fase em que a criança utiliza inicialmente a mão como tesoura fazendo recortes a
dedo e só posteriormente utiliza a tesoura. Ao efetuar o ato de rasgar está perante uma atividade
lúdica, que de certa forma a levará posteriormente à expressão criativa, aquando da realização da
colagem. Estas e outras técnicas desenvolvidas e utilizadas possuem caraterísticas próprias que
valorizam e diferenciam o trabalho de cada criança.
Segundo Oliveira e Santos (2004:27), através da Expressão Plástica, a criança em
contato com materiais e técnicas diversificadas, vai poder exprimir e reconstruir o seu mundo
interior, estabelecendo deste modo, uma comunicação e um comportamento ajustado ao meio.
Assim, deve desenvolver-se na criança o gosto pela aprendizagem e pelo conhecimento,
usando todos os meios que se afiguram disponíveis. Um dos caminhos parece ser o contacto com
os materiais e situações diversificadas, que acabam por ser ferramentas suplementares para
facilitar a sua linguagem plástica com acompanhamento nas tarefas, permitindo sempre espaço
para a livre expressão.
Para desenvolver qualquer atividade, são necessários recursos materiais e, tal como diz
Sousa (2003:185): cada material contribui de modo específico para a expressividade e a
criatividade da criança em determinadas condições específicas, para tal referimos os seguintes
materiais indispensáveis e utilizados nesta área: lápis (carvão/cor/cera); canetas de feltro; guache;
aguarelas; tinta da china; pinceis; madeiras; têxteis; barro; plasticina; colas; tesouras; régua;
compasso entre muitos mais. São meios ou recursos pelos quais as crianças se podem exprimir e
criar, mas para tal e segundo Sousa (2003:185): Compete ao professor procurar o material mais
adequado para cada situação particular. As atividades representam normalmente coisas que
fizeram, viram e imaginaram. Enquanto desenham, pintam, amassam, mexem, enrolam, cortam,
furam, torcem e dobram materiais, aprendem a criar e desenvolver mudanças: encaixar coisas;
separá-las; combiná-las e transformá-las. O educador/professor deve selecionar os materiais a
apresentar à criança de modo a não causarem problemas e perigo à saúde na faixa etária em
que se encontra (OCEPE, 1997). Deverá ter o cuidado de que esses não sejam tóxicos, e os
materiais cortantes ou pontiagudos deverão ser disponibilizados à criança quando tiverem idade
para os manusearem com os devidos cuidados e sob a vigilância do professor. Para a expressão
plástica, a criança necessita de materiais de boa qualidade, isto é, os que lhes proporcionem a
possibilidade de expressão e de criação. Estes devem ser considerados um dos meios de satisfazer
as necessidades das crianças que necessitam manipular materiais específicos para o
desenvolvimento da sua atenção, observação, motricidade, linguagem e perceção sensoriais. É
condição indispensável que as atividades sejam desenvolvidas de forma espontânea, num
ambiente adequado à sua estrutura e possibilidades para que a criança seja ajudada de forma
oportuna e indireta. Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 96
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Onofre (2004:149) defende que existem materiais que solicitam e motivam a
experimentação e a descoberta em áreas psico e sociomotoras, emocionais, afetivas e da
comunicação, precetivas, cognitivas, da vida quotidiana, da autonomia e da sociabilidade.
Concluímos que a expressão plástica, com as suas mais variadas técnicas e materiais,
resulta numa verdadeira linguagem pertencente a uma área pedagógica, onde se dá atenção ao
desenvolvimento da criança. Isto porque a criança aprende a ser criativa, a expressar através das
suas obras o seu pensamento, a comunicar e a evoluir mentalmente e psicologicamente.
2.3 - Modelagem
A Educação através das artes proporciona à criança a descoberta das linguagens sensitivas
e do seu potencial criativo, tornando-a capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que a cerca.
A modelagem é uma atividade importante e poderosa, pois a criança usa as mãos e os músculos
para dar forma à sua criação e esses movimentos manuais aumentam a destreza dos dedos, além
de proporcionar experiência tátil, de aprender de forma ativa utilizando a aprendizagem pela ação,
pois tudo o que toca, tudo aquilo em que mexe, tudo o que pode fazer com os mais diversos
materiais, vai sempre servir para aprender. A modelagem é assim uma atividade que proporciona
a livre expressão do pensamento, garante um ótimo treino de coordenação motora, muscular e de
coordenação visual, compreende alguns elementos visuais como a estrutura, a forma e o volume,
desenvolve a noção de espaço e o jogo imaginário. Depois de apalparem, sentirem, tocarem e
amassarem, as crianças entram no seu imaginário e começam a fazer as mais variadas formas.
Segundo Le Bouleh (2001:158), A criança na prática da modelagem executa
manipulações como pega o material, descobrir as suas possibilidades afundando os dedos,
estragando a massa, achatando-a, modelando-a, está a educar a flexibilidade e a firmeza da mão,
assim como a sensibilidade táctil, deste modo e do ponto de vista evolutivo, num primeiro
momento, a criança contacta com o material, brinca com ele, amassa-o, arredonda-o, introduz-lhe
os dedos e as mãos, chamando-se na modelagem a fase da manipulação espontânea.
Posteriormente, a criança começa a perceber formas e procura representá-las – fase da
representação. Por último, depois de manipular e observar, a criança identifica-os e tenta
representá-los de forma realista – fase da identificação.
Sendo a modelagem uma forma de expressão, o ato de manipular diversos materiais,
torna-se uma forma prazerosa de expressão, mas também uma boa prática educativa do ensino de
arte na escola. No entanto, são-lhe atribuídos objetivos essenciais à sua prática, tais como:
A nível cognitivo: a criança aprende sobre proporção, espaço, forma, simetria e cores.
Sente e vê as alterações feitas no seu trabalho;
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
A nível social: a criança aprende a trabalhar em grupo, compartilhando material e
ouvindo a opinião dos colegas sobre o seu trabalho;
A nível emocional: a criança acalma-se concentra-se e expressa as suas emoções
com confiança por meio de cores, linhas e formas.
Assim, a criança comunica de forma simples e económica aquilo que compreende do seu
mundo. As imagens que as crianças criam ou desenham no papel, moldam num pouco de barro,
caraterizam-se pela simplicidade das formas, independentemente do detalhe fino e pela liberdade
na representação das relações espaciais”.
A criança começa a sua obra com uma página em branco, com um pedaço de barro intacto,
mas ela aprende por experiência própria, com os lápis, as tintas, as mãos, que poder encher ou
transformar materiais faz sentido para ela, e fá-la sentir com “poderes mágicos” para criar
imagens, histórias e produtos finais, servindo-se, para isso, das diversas técnicas de expressão,
transformando o seu mundo num mundo de magia, ação e aventura.
Contudo, todas as atividades plásticas devem ser atividades educativas que implicam um
forte envolvimento da criança que se traduz pelo prazer e desejo de explorar e de realizar um
trabalho que considera acabado (ME, 2002: 61).
Se a criança é por natureza altamente expressiva e criativa estas necessidades serão
também satisfeitas através da ação de modelar e de criar formas em materiais moldáveis (Sousa, 2003: 255). A modelagem encontra-se, por isso, no leque das atividades que as crianças
devem experienciar na expressão plástica. É necessário, para que esta atividade se possa
desenvolver eficazmente, exista um local próprio, com materiais adequados e indispensáveis à
prática da modelagem, isto porque é através destes que a criança se expressa e cria.
2.3.1-Diferentes materiais e técnicas
A modelagem pode-se trabalhar no chão, numa bancada, em pé, numa mesa, sentado
numa cadeira, enfim, em diversos espaços. Apenas há dois fatores a ter em conta: um primeiro
em que as crianças devem estar devidamente protegidas com manguitas e aventais; os cabelos
compridos atados: e as unhas devidamente cortadas para que mais tarde não fiquem resíduos
nelas. O segundo fator é a proteção do local com oleados ou plásticos e um alguidar de limpeza
com um pano.
Depois de a criança estar devidamente preparada para trabalhar e o local protegido, então
parte-se para a modelagem e aí podemos encontrar um vasto leque de materiais para esta atividade,
pois não só se modela com barro ou plasticina. Pode-se também aproveitar um momento de
culinária para as crianças amassarem pequenos bolos ou, então, pedacinhos de sabão que já não
são utilizados por serem pequenos, mas também agradáveis de modelar, podendo surgir uma nova
forma de sabão.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 98
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
A pasta de papel é outro material que as crianças apreciam ao realizarem esta atividade,
assim como o papel de jornal ou higiénico amassado com água e alguma cola faz-se uma massa,
macia e pastosa, que depois de seca se pode pintar e decorar.
A folha de estanho (papel de alumínio que a mãe usa para fins culinários) e uso da
cozinha, embora com outras caraterísticas também é moldável e podem construir-se modelos
interessantes com ela. Gostaria ainda de salientar que a terra e a areia, juntamente com a água,
são magníficos materiais de modelagem que a criança normalmente possui no exterior.
É portanto notória a panóplia de materiais modeláveis, e que podem ser ajustadas às
diferentes faixas etárias, disponíveis e de fácil aquisição.
2.3.2 - Modelagem na educação especial
A educação especial pode definir-se como um conjunto de ajudas de ordem pessoal,
material, metodológica, proporcionadas às crianças com necessidades garantindo o máximo
desenvolvimento possível (Rosera et al, 1992: 367).
O conceito de NEE está relacionado com tudo o que envolve uma criança: as suas
capacidades, incapacidades e atitudes, assim como todos os fatores que podem interferir no seu
progresso escolar, facultando-lhes ajudas pedagógicas ou serviços educativos que permitam
atingir os fins educativos e consequentemente o sucesso escolar. Deste modo, cada criança
inserida no sistema educativo regular, tem caraterísticas diferentes, que assentam em fatores de
ordem física cognitiva, linguística, social e afetiva. Estas necessitam de uma educação especial
diferenciada e de métodos pedagógicos individualizados. Para Becker e Carnine (1980, citados
por Ferreira, 2007:40), ensinar crianças NEE é ensinar mais e não menos.
Para que todo este processo de integração e aprendizagem tivesse sucesso e se realizasse,
foram necessárias novas atitudes e competências no sentido de valorizar a diferença e promover
as aprendizagens apropriadas a cada aluno, o que implica reestruturações na organização escolar,
na formação de professores e nos currículos escolares. É notória a evolução ao longo do tempo
da educação destas crianças e jovens que apresentam diferenças físicas, motoras, mentais,
sensoriais ou emocionais em relação às restantes.
A técnica da modelagem oferece, assim, a estas crianças uma expansão do pensamento
dos sentimentos, dos valores presentes nas formas mais variadas de representação da arte de
modelar. Apesar das suas limitações, uma criança com deficiência consegue produzir o que se
poderá considerar uma obra artística. Para tal, é apenas necessário termos em atenção a sua
personalidade, o seu desenvolvimento cognitivo e motor e criarmos situações que a estimulem e
motivem para a produção artística. Algumas crianças apresentam deficiências múltiplas, e
apresentam consequentemente problemas de tônus muscular, coordenação motora, equilíbrio,
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada sensibilidade, taticidade, perceção, falta de atenção, falta de iniciativa, insegurança,
impulsividade, agressividade, inibição e, em muitos casos, rebaixamento mental. Em função
destes transtornos, pode-se entender melhor as dificuldades enfrentadas por uma criança
deficiente e que, apesar dessas alterações, consegue realizar as suas atividades artísticas. A
modelagem tem um caráter de atividade lúdica, de jogo, produzindo imensa satisfação na criança,
talvez devido à sensação de movimento das próprias mãos e à perceção dos efeitos da obra que
este produz levando-a através da manipulação de materiais plásticos e utilizando processos e
técnicas simples a promover o aperfeiçoamento das suas habilidades de motricidade fina.
Atividades como a rasgagem, a colagem ou ainda a modelagem, permitem à criança
utilizar ações “destrutivas” de forma construtiva. Diversos autores, nomeadamente Sousa (2003:169), referem que tanto professores, educadores, técnicos, como os pais, devem
proporcionar à criança a sua expressão livre, pois ela irá expressar o que a interessa e motiva,
ou o que a atormenta e preocupa. Segundo ele, não é necessário dar um tema à criança, ela irá
dar liberdade à sua criatividade, pois irá expressar-se livremente. Considera ainda que a
criatividade é uma capacidade humana, uma capacidade cognitiva que lhe permite pensar de
modo antecipado, imaginar, inventar, prever, projetar e que sucede internamente, a nível mental,
de modo mais ou menos consciente e voluntário.
A escola é, sem dúvida, um espaço importante na vida de qualquer indivíduo,
contribuindo para a construção deste enquanto ser humano integrado numa sociedade, e ao
chegarmos a esta, deparamo-nos com a diversidade. Cabe, portanto, ao educador/professor
questionar-se sobre as melhores estratégias a fim de proporcionar um contexto educativo
facilitador de aprendizagem e desenvolvimento de cada aluno. É, sem dúvida, a arte com as suas
diversas técnicas um bom caminho a descobrir, conhecer e aprender, rumo ao sucesso escolar.
Segundo Martins (1998: 47), a escola deve estar aberta à diferença dos alunos,
aceitando-os e respeitando-os, munindo-se de recursos humanos, materiais didáticos necessários
a uma resposta adequada a cada tipo de problema de cada indivíduo. Assim sendo, esta tem por
um lado de estar atenta às necessidades destas crianças e tentar perceber e ajudá-las nas suas
deficiências para que não se agravem. No entanto, é fundamental em todo este processo, e numa
atividade criativa, o educador investir em estratégias capazes de atenuar as carências
comportamentais e comunicativas da criança que tem diante de si, e fazê-la crescer de forma
equilibrada e saudável, contribuindo para a sua integração na sociedade.
As artes comunicam o que há de humano em cada um de nós. Elas despertam a
aprendizagem porque tocam o verdadeiro ser interior, a perspetiva do eu não-corporal, a parte
que permanece fora do domínio da ciência – o espírito, o reino dos sonhos, do afeto, da ousadia
e da dedicação (Spodek & Saracho, 1998: 352).
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 100
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Deste modo, educar uma criança (sendo ou não NEE), não só contribui para o seu
equilíbrio emocional, como também aumenta a sua capacidade de aprender.
Esta citação vai ao encontro da criança apresentada no estudo desenvolvido, isto porque
sendo uma criança que apresenta um diagnóstico com atraso de desenvolvimento global de dois
anos e perturbação de hiperatividade com défice de atenção e défice cognitivo, o contato com a
técnica da modelagem, levou-a a descarregar nesses materiais utilizados, através da técnica, a sua
energia, a sua agressividade, os seus temores e a sua ansiedade, tornando-a neste momento numa
criança mais dinâmica, mais comunicativa, e muito mais feliz, como o presente estudo poderá
testemunhar.
2.3.3 - Evolução da modelagem na criança
Desde sempre que o homem utiliza a arte, a sua capacidade criadora para transmitir as
suas ideias e vivências, assim como para engradecer as suas divindades. Esta é uma linguagem
que tem acompanhado a humanidade ao longo do tempo. Isto porque permite ao homem a “alfabetização” em termos de sentido estético e oferece a crianças e adultos (com e sem
deficiência) uma abordagem ao processo artístico, na sua globalidade, possibilitando-lhes a
compreensão e a participação. A arte, além disso, desperta a expressividade, a comunicabilidade
e a sensibilidade estética.
Não se trata de querer formar artistas, mas de permitir uma maior acessibilidade ao
património artístico, para que as crianças, jovens e adultos usufruam de uma cultura visual rica
em informação, crenças, ideais e posturas.
Com a introdução de novos modelos educativos/terapêuticos, a intencionalidade da arte
foi-se ampliando no decorrer do tempo, tendo como objetivo a exploração da criatividade e da
imaginação, através de um conjunto de técnicas e materiais. Uma das técnicas exploradas e
trabalhadas na concretização deste trabalho foi a técnica da modelagem, com a qual a criança
contrariamente às outras atividades de expressão plástica, mostra uma certa repulsa (e o aluno
que serviu de apoio à concretização deste estudo foi prova disso).
Mas, para obtenção de sucesso na aprendizagem infantil, o educador deve considerar a
interação com crianças em diversas situações, os conhecimentos prévios que as crianças já
possuem, a individualidade, a diversidade e a resolução de problemas desafiadores como forma
de aprendizagem.
Normalmente, quando na modelagem se apresentam às crianças certos materiais como o
barro, a massa de cores, a plasticina ou outro material de modelagem, estas vão tocando-lhe um
pouco receosas, no entanto, devemos referir que isto acontece, em parte, pelas caraterísticas
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 101
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada modeláveis e um pouco peculiares destes materiais. No entanto, quando a criança lhes toca e lhes
mexe, sente também prazer e imediatamente os manipula com uma certa segurança.
Entre os 2/3 anos, a criança vai golpeando o barro, manipulando, tirando pequenas
porções e volta a juntá-las à grande massa, até que passado pouco tempo se cansa e desiste.
Entretanto, ela vai tentar provar todos estes materiais de moldagem, daí o perigo que estes
representam se não se tiver cuidado com o fator tóxico.
Mais ou menos aos 3 anos, começa já a manipular, dando-lhes pequenos socalcos e
começando já a separar pequenas bolas. Com 4 anos, pede já uma grande quantidade de barro,
pois gosta de representar alguns objetos do seu conhecimento. Utiliza a sua imaginação, agora de
forma extraordinária e quando se lhe vão dando materiais de desperdício, sabe como usá-los para
auxiliar na execução de uma obra qualquer.
Mais tarde, aos 5/6 anos, constrói modelos bastante elaborados, e já reconhecíveis pelo
adulto. Nesta idade, a criança já pede tintas para pintar os seus modelos. Esta evolução que atrás
citamos é válida sobretudo para o barro, pela sua maleabilidade e simultânea resistência quando
usado.
A cor deste material permite à criança investir tudo na forma. Assim, ela utiliza a sua
imaginação criadora, concebendo inúmeros modelos sem se alhear no elemento da cor. A riqueza
de texturas, formas e cores levam a criança a aprender e a projetar-se num mundo imaginário e
do faz de conta.
Ao modelar, a criança aprende, mas também pode desenvolver a linguagem, ultrapassar
problemas de comunicação através de um diálogo estabelecido sobre o que está a confecionar, o
que lhe permite igualmente o desenvolvimento de relações interpessoais, isto porque as crianças
com problemas de comunicação têm dificuldades de socialização, sendo também esta técnica
(assim como todas as outras técnicas presentes na expressão plástica) uma boa estratégia para
promover os trabalhos em grupo.
Apesar de esta técnica ser pouco explorada e trabalhada nas nossas escolas - até porque é
uma atividade que exige um pouco mais de higiene em que as crianças muitas delas sentem
repugnância de certos materiais - há autores que defendem que é extremamente importante no
evoluir e no sucesso escolar da criança. Deste modo, a expressão plástica e todas as suas
estratégias têm também uma função cultural e educativa, devendo ser posta principalmente ao
serviço da criança NEE, tanto mais que esta aprende aquilo que, de alguma forma, satisfaz os seus
interesses e faz sentido para ela. Assim, são vários os objetivos a que a técnica da modelagem, e
não só, se propõe:
Desenvolver a personalidade, tal como afirmam vários autores, entre eles Tilley
(1991:15), uma vez que segundo ele, aumenta a auto-confiança da criança e a torna
mais autêntica”. E é neste clima que a aprendizagem acontece, pois “uma criança
confiante aprende mais facilmente que uma criança em tensão; Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 102
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Prevenir e atenuar ou curar perturbações na medida em que a exploração de diferentes
tipos de materiais motiva a criança a criar, deixando-a por vezes surpreendida com a
sua obra;
Desenvolver a perceção e a criatividade através das experiências sensoriais que a
criança realiza, o que a leva a exercitar a sua imaginação. É face a um leque variado
de opções que ela imagina, decide e ousa levar a cabo determinadas tarefas;
Desenvolver a socialização. As atividades artísticas permitem trocas profundas entre
os elementos do grupo, prevenindo o isolamento das crianças NEE. Estes momentos
de interação permitem à criança ter consciência dos outros, partilhar, dando e
recebendo, o que contribui para uma melhor integração e reajustamento ao meio.
Lowenfeld (1997), citado por Sousa (2003:170), dá um valioso contributo à expressão
plástica e a todas as suas técnicas, quando cita que a criação da mesma oferece à criança […] um
modo de estimular a imaginação e desenvolver o seu raciocínio. Como se tratam de processos
cognitivos, o produto criado (desenho, pintura, as esculturas), incluindo por isso as coisas que a
criança conhece, são importantes para si [assim como] o modo como se relaciona com elas.
Deste modo, conclui-se que a expressão plástica e todas as suas técnicas podem oferecer
benefícios concretos ao desenvolvimento global da criança, e particularmente das crianças NEE.
3 - Enquadramento empírico
De onde nos pode vir a ideia de fazer determinada investigação e não outra? Qual pode
ser o ponto de partida da própria investigação? Que imperativos prévios devem ser seguidos a fim
de realizar escolhas esclarecidas?
A investigação é um processo rigoroso e metódico de descrever ou interpretar a realidade.
Obriga-nos a aprofundar o conhecimento quanto possível dos métodos e técnicas que a
possibilitem desenvolver. Só assim nos é possível contribuir positivamente para o conhecimento
dos processos envolvidos no ensino, na aprendizagem e na educação.
Ao lecionarmos no 1º Ciclo do Ensino Básico, constatamos ao longo do tempo que as
crianças portadoras de deficiências moderadas, graves e até mesmo severas, apresentavam
inúmeras dificuldades e mesmo pouca aptidão pela área das expressões.
O tema por nós escolhido como matéria de reflexão está relacionado com as expressões
do meio educativo através do ensino especial.
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Neste capítulo, depois de termos contextualizado o tema, descrevemos a nossa
experiência, analisamos e refletimos sobre a forma como a técnica da modelagem contribui para
o bem-estar e desenvolvimento integral das pessoas com deficiência.
3.1 - Justificação do tema
O tema que aqui escolhemos tratar é para nós de extrema importância, pois através dele
podemos melhor compreender a importância da arte e da expressão da criança NEE e a sua
complexidade. A escolha da pergunta, de que forma a técnica da modelagem contribui para o
desenvolvimento integral das pessoas com deficiência, justifica-se pelo facto de termos realizado
um estágio curricular no âmbito da PES II na Escola Básica de Gouveia, com um grupo de 3
alunos do ensino especial integrados numa turma do 1º ciclo, tendo-nos deparado durante este
processo com dificuldades bastante acentuadas em relação a um aluno que apresentava graves
atrasos no domínio cognitivo, com grande défice de atenção e concentração, alterações de
comportamento e um atraso do desenvolvimento global de dois anos e de forma a ajudá-lo de
forma individual, nas diversas horas que estava comtemplado a área da expressão , foi
desenvolvido um trabalho mais cuidadoso apenas com uma criança, porém muitas vezes certas
atividades são desenvolvidas em simultâneo com outras como forma de incentivo e de partilha de
saberes , valores e atitudes. Deste modo, a motivação deste estudo de caso prende-se
essencialmente com a compreensão desta questão, elo que procuraremos numa parte mais prática
apresentar soluções para colmatar um problema que pensamos ser frequente nas escolas.
Pensamos, assim, contribuir de algum modo para um maior sucesso escolar dos alunos e para o
desenvolvimento desta competência nuclear.
Esta escolha resulta de uma análise de extrema importância das obras moldadas das
crianças NEE no seio educativo, isto porque existem diferentes maneiras de as representar, tendo
em conta as dificuldades e o desenvolvimento da criança. A evolução da técnica da modelagem
compartilha o processo de desenvolvimento, passando por etapas que caraterizam a maneira que
a criança se situa no mundo. Esta é uma forma de arte infantil que permite ao educador/professor
explorar todos os pormenores para conhecer e compreender melhor a criança que tem diante dos
seus olhos.
3.2 - Objetivos do estudo
Na condução de uma investigação, o investigador é orientado e conduzido por objetivos,
sendo que estes irão depender da natureza dos fenómenos e das variáveis em presença, bem como
das condições de maior ou menor controlo em que a investigação vai
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada ocorrer. De acordo com a temática do estudo, determinámos os objetivos específicos e gerais do estudo.
Objetivos Gerais:
Conhecer e reconhecer a importância das artes na educação e na formação de pessoas
com deficiência;
Promover a autoestima das pessoas em questão, através da técnica da modelagem
como arte globalizante e globalizadora;
Desenvolver os conteúdos pedagógicos, proporcionando um conhecimento global do
mundo dando oportunidade ao aluno para que crie, invente e possa transformar a
realidade, exercitando a atenção, perceção, colaboração e solidariedade, os quais
fazem parte de um procedimento da expressão humana.
Objetivos Específicos:
Desenvolver as competências comportamentais, posturas adequadas à convivência
em grupo e as relações interpessoais, como recurso ao conceito básico do saber estar;
Promover a aprendizagem da técnica da modelagem e a capacidade de moldar,
identificar e reconhecer os diversos materiais no desenvolvimento das diversas
atividades;
Valorizar a produção dos alunos enquanto pessoas que criam, desenvolvendo a
sensibilidade, a perceção e imaginação através dos recursos da arte;
Oferecer oportunidades a alunos com necessidades educativas especiais de conhecer uma
forma de linguagem universal de comunicação através da modelagem;
Desenvolver a psicomotricidade;
Transmitir noções de composição, domínio técnico e valorizar a originalidade dentro
da produção.3.3 - Metodologia do estudo
De acordo com Costa (2011:4), a metodologia é a ciência que estuda os métodos
utilizados no processo de conhecimento, sendo a sua escolha um procedimento determinante para
obter respostas apropriadas às questões que são formuladas. Assim, para melhor explorarmos,
descrevermos, explicarmos, avaliarmos e transformarmos um determinado conjunto de dados,
optando por um estudo de caso.
Esta metodologia, segundo Bogldan & Bikfen, (1994:49), citado por Ponte (2001),
permite descobrir e conhecer melhores situações específicas ou fenómenos em apreço. Uma das
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada suas principais vantagens é que este método é ideal para caraterizar e aprender acerca de um
indivíduo em particular.
Para a execução deste estudo optámos por um estudo de natureza qualitativa/descritiva.
Ainda segundo Bogldan & Bikfen, (1994:49), citado por Ponte (2001), a fonte direta dos dados
é um ambiente natural, o investigador é o principal agente na recolha desses mesmo dados, os
dados são principalmente de caráter descritivo, e os investigadores qualitativos interessam-se,
acima de tudo por tentar compreender o significado que os participantes dão às experiências.
Estes afirmam que, os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que
simplesmente pelos resultados ou produtos, o que significa a importância das interações e das
atividades para uma melhor compreensão das expetativas, representações e atitudes.
No contexto desta investigação, o estudo de caso refere-se a um aluno específico
analisado numa perspetiva defendida pelo investigador.
3.4 – Aplicação Prática
A aplicação prática foi definida segundo o objetivo do nosso estudo. É constituída por
um aluno (sexo masculino) matriculado no 5º ano, mas mantendo um acentuado desfasamento
entre a idade cronológica e a sua funcionalidade mental, mantendo medidas educativas
direcionadas a crianças de nível etário do 1º Ciclo.
Logo nos primeiros anos de vida, os progenitores aperceberam-se de algum atraso no seu
desenvolvimento global, o que veio a ser confirmado por opinião médica. Estando este emigrado,
sempre foi acompanhado por um professor do ensino especial. Regressou a Portugal no ano letivo
de 2009-2010 e, apesar de possuir a idade prevista para a entrada no ensino básico, os seus pais
consideraram que ele não possuía os requisitos necessários para frequentar o 1º ano, e optaram
por matriculá-lo no jardim de infância do ABPG onde passa a usufruir de acompanhamento
semanal, de uma terapeuta da fala, um psicólogo e um professor de educação especial.
Mais tarde, do gabinete de pedopsiquiatria diagnosticou um atraso de desenvolvimento
global de dois anos e perturbação de hiperatividade com défice de atenção. O aluno, que constitui
o alvo da nossa aplicação prática do estudo a efetuar, foi selecionado por uma razão que julgámos
particularmente válida: para além das dificuldades de aprendizagens de concentração e
comunicação, é também nosso propósito incutir-lhe o gosto pela prática da modelagem, com a
finalidade de colmatar ou melhorar algumas dessas dificuldades com as quais se depara
diariamente.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 106
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
3.4.1 - Caraterização da Aplicação Prática
Para melhor caraterização do indivíduo, recorremos a dois tipos de procedimentos –
formais e informais. Estes têm como objetivo dar a conhecer as áreas fortes e fracas do aluno,
permitindo-nos delinear o seu perfil (comportamento, lado emocional).
Prosseguimos com o estudo de caso, começando por analisar o processo individual do
aluno x para obter informações precisas e coesas de forma a contextualizar a criança em causa.
Problemática:
Atualmente, o diagnóstico do aluno é de um atraso de desenvolvimento global de dois
anos com perturbação de hiperatividade com défice de atenção. De salientar que, embora a área
da comunicação se encontre comprometida, esta criança não deixa de interagir e manter laços
afetivos com os seus pares e adultos que com ele mantêm uma relação mais próxima.
As dificuldades reveladas ao nível das suas aprendizagens escolares são severas e cada
vez mais evidentes. Revela fraca resistência à fadiga, realizando as tarefas propostas com ritmo
lento e sem qualquer autonomia. Manifesta acentuadas lacunas na memória operativa, de curto e
longo prazo, ao nível da atenção e concentração. Necessita de apoio direto e sistemático do adulto
na realização de qualquer tarefa proposta
Historial familiar da criança x:
O seu contexto familiar é marcado pela existência de fortes laços afetivos entre ele e os
membros que o constituem: mãe, pai e um irmão mais velho. Os pais são interessados e
colaborantes em todo o processo do desenvolvimento do aluno.
Perfil de funcionalidade do aluno:
Evidencia notórias dificuldades ao nível da compreensão e retenção de conteúdos, pelo
que tendo como referência a classificação internacional de funcionalidade, é considerado um
aluno com necessidades educativas especiais de caráter permanente, com desvios
moderados/graves ao nível da atividade e participação das funções e estrutura do corpo e dos
fatores ambientais.
Implicações Pedagógicas do Plano Educativo Individual (PEI):
Apoio na aprendizagem de conteúdos curriculares;
Apoio nas áreas específicas de aprendizagem;
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Apoio fora da sala (6 horas semanais no desenvolvimento da técnica das expressões
na ludoteca básica de Gouveia).
Áreas Curriculares definidas no Plano Educativo Individual (PEI):
Áreas curriculares específicas: português, matemática, homem ambiente, hora da
leitura, autonomia pessoal e social, artes e têxteis;
Áreas curriculares em contexto de turma: educação musical, educação moral
religiosa e católica, educação física, educação tecnológica e educação visual.
Após a definição da amostra, dedicamo-nos à observação da criança na ludoteca durante
o período estipulado no seu horário. Seguidamente, passámos à recolha de dados do aluno, através
da análise do seu processo individual, diálogo com a encarregada de educação, com os colegas e
com alguns docentes nomeadamente o docente do ensino especial.
Sendo a animadora da Ludoteca Básica de Gouveia, realizando nesta a PES II, foi fácil
observar e trabalhar com esta criança. Assim como foram inúmeras as conversas informais que
mantinha com ele no recreio e não só.
3.5 - Programa de intervenção
O trabalho de investigação deve estar claramente definido e calendarizado, de modo a
desenvolver as tarefas de forma atempada e organizada. O plano deve ser flexível, de modo a ser
reformulado sempre que necessário.
A aplicação do estudo realizou-se ao longo de 4 meses (tabela 4) durante a nossa prática
da PES. No entanto, no início do ano letivo e com a vantagem de trabalhar como Assistente
Operacional na escola onde iria decorrer a prática pedagógica, foi realizada a pesquisa de
documentos do aluno, (PEI, currículo específico individual, relatório de avaliação psicomotora),
assim como buscas e conversas com a docente especializada.
Apenas no início de outubro com a iniciação da PES II, depois de tudo bem estruturado
é que passámos à aplicação da estratégia.
Tabela 4: Calendarização e conteúdos da aplicação de estudos
Calendarização Conteúdos
outubro a janeiro
Observação do aluno;
Aplicação do programa de investigação.
Fonte: Fonte Própria
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Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
3.6 - Estratégias de intervenção
Estando o aluno x matriculado na área curricular artes e têxteis, o professor titular da
mesma planificou o estudo de vários artistas plásticos e posterior elaboração de uma obra de um
à escolha, isto, ao longo do ano letivo. Foi proposto à turma a realização de obras de grande
envergadura para uma exposição que decorreria no final do ano letivo uma, ficando excluído o
aluno NEE por lhe ser uma tarefa de difícil discernimento e realização. Assim, este foi
encaminhado para a Ludoteca a fim de desenvolver individualmente o gosto pela arte e todas as
suas técnicas, seguindo um percurso diferente com conteúdos apropriados ao seu nível de
capacidades, com o propósito de alcançar sucesso a nível pessoal e académico. No primeiro
encontro entre o aluno e a docente, evidenciaram-se desde logo as dificuldades reveladas pelo
mesmo, quer a nível do comportamento, quer a nível da comunicação. Deste modo, numa primeira
fase e de forma praticamente intuitiva, procurou-se estabelecer uma relação de empatia/confiança
de modo a conseguir transmitir à criança estabilidade, carinho, ou seja confiança. E de acordo
com o plano anual de atividades de rotinas na ludoteca, tivemos a oportunidade de observar,
trabalhar e apresentar atividades de expressão plástica, nomeadamente na técnica da modelagem
desenvolvida pela criança e orientada pela professora. Essas atividades tinham como suporte
diferentes tipos de massas moldáveis, assim como dominar a motricidade fina, dificuldades que
o aluno apresentava e que no final do período de estudo pretendido teriam que ser ultrapassadas.
Para isso, foi criada uma tabela como meio de auxílio ao desenvolvimento e exploração
das várias atividades a trabalhar com este, como podemos observar posteriormente (Tabela 5).
Tabela 5: Plano de trabalho de rotina Mês de outubro Atividades Material Utilizado Avaliação da Tarefa
Identificação do - Massa argila; Apesar de apresentar
nome (moldagem das alguma resistência, o
diversas letras do aluno concretizou a
nome) atividade com
sucesso.
Atividade planificada Não foi utilizado O aluno não revelou
(alterada para a nenhum material nenhum interesse na
sessão seguinte) atividade negando-se
mesmo a realizá-la.
Apresentação de um - Massa Das; O aluno apresentou
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 109
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
membro do seu corpo interesse na
(mão) atividade.
Mês de novembro Atividades Material Utilizado Avaliação da Tarefa
Moldagem de um - Plasticina; Concretização da
menino (Figura atividade após
Humana) segunda tentativa. O
aluno não revelou
grande interesse.
Modelagem de - Massa de pão (sal Realização da
castanhas grosso, farinha, água, atividade com
cola de Madeira) sucesso. Este
mostrou-se com
algumas dificuldades
mas empenhado, e
com criatividade
conseguiu ultrapassá-
las.
Modelagem e Pintura - Massa de Farinha de Apesar de mostrar
da Maria Castanha trigo (farinha de trigo sinais de fadiga, o
e cola branca); aluno mostrou-se
- Pincel; empenhado e
- Guaches. interessado,
comunicando sempre
o que estava a
desenvolver.
Mês de dezembro Atividades Material Utilizado Avaliação da Tarefa
Figura do Presépio - Massa de Papel O aluno mostrou um
(S. José) (jornal, cola branca); comportamento
- Tintas Guaches; alterado, mas sempre
comunicativo,
desenvolveu a
atividade com
empenho e sucesso.
Boneco de Neve - Água morna; O aluno revela-se
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 110
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
- Taça; muito satisfeito e
- Sal fino; empenhado com a
- Enfeites para atividade tendo esta
decoração do boneco sido realizada com
de neve; sucesso.
Bolachinhas de Natal - Massa de bolachas Aluno empenhado
de manteiga com muita
(manteiga, açúcar, criatividade e
ovos, baunilha, sal); interesse.
Mês de janeiro Atividades Material Utilizado Avaliação da Tarefa
Modelagem em barro - Barro; O aluno mostra-se
de uma peça livre - Espátulas e empenhado e com
utensílios utilizados bastante criatividade,
na modelagem do concretizando a
barro. atividade realizada
com sucesso.
Continuação da - Barro; Aluno empenhado e
realização da peça da - Tintas de guache; com muita
aula anterior - Pinceis. criatividade.
Atividade com
sucesso.
Bijuteria (peça - Massa Das; Concretização da
decorativa em forma - Forma cortante de atividade com êxito.
de coração para bolacha em forma de Aluno empenhado,
aplicação no fio) coração; feliz e muito
- Fita de Cetim. participativo.
Fonte: Fonte Própria
Atividades do Mês de outubro
1ª Atividade - Identificação do Nome
Uma vez que o aluno apresenta dificuldades na comunicação verbal, bem como de
perceção e compreensão da informação, a arte vai ser a forma de expressão, não-verbal,
representando desta forma um meio de comunicação alternativo. E como esta criança nem o seu
nome pronunciava quando questionada pela docente, como meio facilitador, e de forma a
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 111
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada exprimir os seus sentimentos (através da atividade desenvolvida) e a demonstrar visualmente e
através da modelagem, foi-lhe sugerido como 1ª atividade a modelagem do seu nome. Deste
modo, foi entregue à criança um pouco de massa de argila, que este amassou muito bem com as
mãos e com certa dificuldade copiou e moldou as letras do seu nome, sendo esta a melhor forma
de uma primeira identificação (cf. apêndice 45). Apesar da baixa autoestima e da recusa inicial
que o levou a manifestar alguma resistência às novas experimentações, o aluno concretizou a
atividade solicitada, isto pelas palavras de incentivo .
2ª Atividade - Apresentação da Modelagem de um membro do seu corpo
(mão) (Atividade planificada alterada para a aula seguinte.)
Nesta sessão, o aluno manifestou algumas inibições na realização da atividade de
expressão artística planificada para este dia: a modelagem de um membro do seu corpo (mão).
Negando-se mesmo a trabalhar, levou a docente a procurar novas estratégias a fim de colmatar a
disposição do aluno.
3ª Atividade - Apresentação e Modelagem de um membro do seu corpo (mão)
Nesta aula, foi retomada a atividade proposta na última aula. Foi-lhe fornecido um pouco
de “Massa Das”, que é uma cerâmica fria, similar a argila, mas muito mais limpa e fácil de
trabalhar, seca ao ar durante um tempo que pode variar de acordo com a temperatura. A textura
fina e homogénea da massa facilita o seu alisamento e os trabalhos feitos ficam sólidos e
resistentes.
Foi-lhe solicitada a modelagem de um membro do seu corpo (a mão), isto porque nestas
primeiras atividades a estratégia escolhida tinha o prepósito da identificação do aluno através de
pormenores ligados a si próprio. Numa primeira fase, a docente moldou em conjunto um pouco
de massa. De seguida, aplanou a massa e colocando a sua mão achatada na mesma deu origem ao
molde pretendido: a mão. Após esta demonstração, a criança foi manuseando a massa, tendo-a
cheirado por uma vez, manifestando rapidamente interesse em copiar as atitudes da professora
para obter o molde da própria mão (cf. apêndice 46).
Atividades do Mês de novembro
1ª Atividade - Modelagem de um menino (figura humana)
O desenho, a modelagem da figura humana foi desde sempre utilizado pelo ser humano
como forma de comunicação - dos povos primitivos que remontam à pré-história, até aos tempos
de hoje - o que nos permite entender a figura humana, através da evolução das civilizações, esta
é um dos primeiros grafismos percetíveis a surgir no desenvolvimento da criança realizando como
primeira tarefa a expressão livre (quer através do desenho, pintura, Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 112
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada modelagem etc.). Foi proposta ao aluno a atividade da representação de um menino, uma vez que
este representava com frequência nas atividades do desenho bonecos representando pessoas (a
figura humana), mas desta vez foi-lhe entregue um novo material a explorar - a plasticina que é
um material moldável, plástico que existe em várias cores, sendo muito utilizada em educação
infantil e na confeção de personagens e cenários de animação. Foi-lhe sugerida a modelagem de
um boneco que representasse um menino como ele. A criança demorou a começar a desenvolver
a atividade e quando começou a modelar não acedeu de imediato ao que lhe foi solicitado,
envolvendo-se noutra atividade por ele criada. Intervém-se mais uma vez para que corresponda
ao pretendido. Após uma segunda tentativa a criança começa por modelar a cabeça e
posteriormente o corpo (cf. apêndice 47). Apesar de realizar a tarefa, não demonstrou grande
interesse na mesma, revelando sinais de desconcentração, sendo por vezes incentivado na sua
realização. A concretização da atividade deu-se após uma segunda tentativa.
2º Atividade – Modelagem de castanhas
A modelagem é uma atividade que proporciona a livre expressão de pensamento e uma
coordenação visual-motora permitindo à criança o desenvolvimento da sua capacidade criativa.
No âmbito da apresentação do centro de interesse da criança e do meio educativo, a professora
aproveitou para dialogar acerca do magusto que iria decorrer na escola e de vários pratos
alimentares que se podem realizar com o uso da castanha. Servindo-se de uma massa de pão
elaborada com farinha e sal grosso, cola de madeira e água e depois de proteger a mesa com
jornal, distribuiu um pouco dessa massa ao aluno, que este amassou e da qual moldou várias
castanhinhas. Depois de seco, a criança pode enriquecer o trabalho pintando-o, vindo
posteriormente a servir de decoração para um fantocheiro alusivo ao mesmo tema, e que serviria
de apoio à história recortada nessa semana nas salas do 1º Ciclo intitulada: “As castanhas de
vermelhito”.
Com esta atividade, o aluno mostrou bastante agrado e satisfação, expressando as suas
emoções e criatividade no objeto pretendido para essa aula. No seu decorrer, foram inúmeras as
dificuldades da criança na realização de uma castanha perfeita, mas foi crescendo a satisfação
deste ao longo da atividade, deixando extremamente feliz a professora. Este apresentou
dificuldades não só a nível psicológico, mas também a nível comportamental assim como
demostrou bastante dificuldade na habilidade e no desenvolvimento da motricidade fina. E o
pretendido nestas aulas não foi formar um artista, mas sim fazer com que a criança se sentisse
feliz, satisfeita e empenhada na realização da mesma, refletindo-se nos resultados finais dia após
dia.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 113
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
3º Atividade - Modelagem e pintura da Maria Castanha
Foi-lhe apresentada a história da Maria Castanha e de seguida, a fim de trabalhar a
interdisciplinaridade, tão importante neste nível de ensino, o aluno foi questionado com algumas
perguntas de compreensão e posteriormente deu-se início à atividade prática, a elaboração da “Maria Castanha”, que devidamente apetrechada e decorada daria lugar à personagem principal da história.
Preparado o espaço e distribuída a massa de farinha de trigo feita de farinha e cola branca,
o aluno deu início à atividade. De seguida, este colocou a massa no centro do papel, espalhou-a
com os dedos em diferentes sentidos, com o propósito de numa primeira fase conhecer e brincar
com este tipo de material, passando seguidamente ao preenchimento de uma boneca (Maria
Castanha), fotocopiada numa folha. Depois de seco, a professora pôs à disposição guache e um
pincel grosso para a pintura, trabalhando, deste modo, uma outra técnica muito importante na
expressão plástica: a pintura. Esta atividade foi desenvolvida com agrado, revelando sinais de
criatividade. Nunca acusou indícios de recusa na execução da atividade, mas no final da
intervenção observaram-se alguns sinais de fadiga na realização das mesmas. De um modo geral,
concretizou a tarefa comunicando sempre o que estava a desenvolver.
Atividades do Mês de dezembro
1ª Atividade - Figura de Natal em Pasta de Papel (S. José)
O prazer de ir dominando a plasticidade e a resistência dos materiais faz com que,
progressivamente, o aluno a utilize de forma pessoal, tornando-a numa atividade criativa. Com
muitas festividades que permeiam o universo escolar, o Natal é o momento em que as escolas se
tornam mais alegres e bonitas. Assim, são inúmeras as atividades desenvolvidas pelas crianças
com o propósito de a envolver de forma criativa e empenhada em prol da sua escola.
Dando resposta a uma proposta do agrupamento da escola de Gouveia na realização de
diversas figuras em diferentes materiais que seriam expostos no grande presépio da escola básica
(figuras essas da responsabilidade de cada turma a participar), coube à ludoteca a elaboração do
S. José. Prontamente esta aceitou o convite e decidiu trabalhar a técnica da modelagem, servindo-
se da massa de papel.
Para a confeção da massa foi necessário cortar diversos pedacinhos de papel para dentro
de uma bacia, juntou-se água quente, deixando-se de molho até o papel se desfazer.
Seguidamente, com a mão retirou-se o papel amolecido para dentro de um pano, apertando-o bem
para que toda a água saísse. Colocou-se esta pasta num alguidar juntamente com cola branca,
amassando-se bem e utilizando-se de imediato. A criança, com ajuda da professora e
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 114
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada após a massa estar pronta, começou a delinear um boneco, dando origem à figura do S. José (cf.
apêndice 48).
A massa utilizada nesta atividade foi uma novidade para a criança. É muito importante
que ela exprima as diversas habilidades táteis, apalpando, pressionando, tocando levemente, e
ainda alisando. As habilidades exploradas e trabalhadas nesta sessão tinham como objetivo o “sentir” as diferenças que existem entre elas. Deve-se procurar deste modo que a criança realize
as suas experimentações e, sobretudo, que daí retire prazer e aja sobre os materiais. O aluno
mostrou, em diferentes momentos, um comportamento alterado, dando respostas de recusa à
realização das tarefas que lhes eram sugeridas. No entanto, esta recusa, de um modo geral, era
apenas pelas palavras. Depois de as pronunciar, ou até mesmo enquanto o fazia, começava o seu
trabalho ou continuava-o, sem se denotarem sinais de desagrado. Contudo, em algumas ocasiões,
necessitou de um curto período de tempo para autocontrolar o seu comportamento, uma vez que
se encontrava agitado.
2º Atividade - Boneco de Neve recorrendo à neve artificial
A expressão plástica permite que a criança experimente e explore os materiais que estão
ao seu dispor, levando-a a realizar novas descobertas, envolvendo os seus sentidos, sobretudo o
tato e a visão. Foi o que aconteceu nesta atividade, a descoberta e a exploração da neve artificial.
Esta é feita com sal fino e água quente. Amassa-se muito bem e está pronta a ser moldada quando
a mistura tiver o aspeto de neve. Nesta atividade, o aluno mostrou-se muito interessado na
descoberta deste novo material, mostrando-se mesmo incrédulo e duvidoso no resultado final.
Referiu por diversas vezes a impossibilidade de confecionarmos neve na sala de aula. Pouco a
pouco foi amassando e descobrindo o efeito desta mistura nas suas mãos, e só após vários
momentos de descoberta e brincadeira com a neve é que este moldou um boneco de neve, sendo
auxiliado pela professora para dar a forma final e decoração do boneco de neve (cf. apêndice 49).
Estas crianças precisam, frequentemente, de outras formas para expressar os seus sentimentos que
não a linguagem verbal. É através das técnicas que lhe são apresentadas, utilizando bonecos,
jogos, histórias, que transformam o mundo em que vivem em momentos ricos e de interesse. Ao
professor, estes momentos são úteis na medida em que proporcionam a identificação de
importantes variáveis de controlo sobre o comportamento da criança. Ao longo deste projeto que
tenho vindo a desenvolver com este aluno, esta foi a aula que nos deu mais prazer e satisfação,
isto porque o aluno se mostrou totalmente satisfeito e empenhado ao longo de toda a atividade.
3ª Atividade - Bolachinhas de Natal
Ao expressar-se, a criança aprende a comunicar, usa todos os meios de expressão de
forma global ou separada, portanto, se a comunicação oral ou escrita for completada com gesto, Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 115
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada com música ou atividades de expressão plástica, ela torna-se muito mais rica e bem compreendida.
Neste âmbito, e tentando sempre inovar e captar a atenção do aluno, evitando tornar as tarefas a
desenvolver monótonas, procurou-se nesta aula utilizar um material novo e diferente (massa de
manteiga). Para a confeção desta massa utilizou-se açúcar, manteiga, farinha e ovo. Estes
ingredientes foram todos colocados numa taça que a professora misturou e depois de muito bem
amassado, estava pronta a ser trabalhada. Foi com entusiasmo que a criança pegou num pedaço
de massa e começou a amassar. Em seguida foi-lhe sugerido que alisasse a mesma e, por fim, com
a ajuda de um corta-bolachas (em plástico), foi-se dando forma às bolachas (cf. apêndice 50).
Durante o desenrolar da atividade, o aluno foi manipulando a massa e relatando o que
fazia, ao mesmo tempo observava as mãos, isto porque a massa se ia colando nos dedos, causando-
lhe algum incómodo, mas que facilmente ultrapassou. Através da criação de atividades deste tipo,
procurou-se potenciar a motivação de crianças NEE, para estas explorarem e aprenderem,
aumentando os tempos de partilha, de interação social, desenvolvendo os tempos de atenção, de
concentração e de interesse pelas atividades propostas e pelos materiais. Deste modo, ao longo
desta atividade, o aluno mostrou-se sempre muito empenhado e feliz, com um grande poder de
criatividade e de concentração. Mas, sobretudo, foi notório nesta aula o aumento da sua
autoestima. O aluno sentiu-se útil, responsável e no final da atividade mostrou-se satisfeito com
a confeção de umas simples bolachinhas de Natal.
Atividades do Mês de janeiro
Quase no término do projeto que vem sendo desenvolvido com este aluno e apesar de esta
criança apresentar um atraso global do desenvolvimento psicomotor, como foi referido
anteriormente, este vem revelando notórias modificações, nomeadamente a nível da motricidade
fina, da linguagem, da cognição, das competências pessoais e sociais e principalmente no
interesse e satisfação nas atividades da vida diária.
1º Atividade - Tema livre em barro (Árvore)
Uma das atividades propostas neste mês foi a exploração do barro. Este material foi
guardado para as atividades finais, porque é um material pouco higiénico o que desagrada e
desmotiva alguns alunos na realização de atividades. No entanto, para diversificar um pouco,
optámos por utilizar este material, porque através do contacto com as pastas de argila (barro) e
com a técnica da modelagem, a criança estimula os sentidos, desenvolve a sua criatividade e a
motricidade fina, assim como adquire e aplica as normas básicas de higiene. A atividade de hoje
de modelagem não tem um tema específico, deixou-se ao critério da criança criar uma peça de
barro à sua escolha. À medida que as mãos tocam a matéria esta vai ganhando forma. No início Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 116
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada é visível o desconforto causado pela atividade, mas rapidamente o receio acabou e o aluno
trabalhou o barro de forma espontânea, intuitiva, livre, sem a preocupação de obedecer a qualquer
objetivo. No entanto, o professor para o ajudar a escolher a peça a modelar, pediu-lhe para olhar
pela janela e modelar algum objeto que lhe agradasse no jardim da escola, pois talvez assim fosse
mais fácil. Rapidamente observou uma árvore e decidiu que seria essa a peça a criar. Dirigindo-
se para a área das artes, pegou na caixa do barro e retirou dois pedaços, começou a trabalhar com
as duas mãos e fez uma bola. Seguidamente, pediu autorização para ir à rua buscar um raminho
de uma árvore e espetou-o na bola de barro. Em seguida, arrancou um bocadinho de barro com os
dedos e fez uma bola com as palmas, colocou o barro na mesa e com a mão direita enrolou-o.
Dobrou o barro ao ramo da sua árvore colando as extremidades e são estas as folhas da sua árvore.
Olhou para ela e repetiu os mesmos movimentos, fazendo mais folhas. O contentamento da
criança perante a árvore que esculpiu foi grande. Apenas faltou pintar a sua obra, tarefa essa
reservada para a aula seguinte. As crianças gostam muito de ser respeitadas nos ritmos de
desenvolvimento de processos tal como gostam de reconhecer produções a que os processos as
conduziram. O envolvimento, a alegria e a satisfação perante essas produções são fonte de
motivação para a comunicação e para o diálogo. O aluno, ao longo de toda a atividade, mostrou-
se empenhado, com bastante entusiasmo e criatividade. Apenas nos momentos iniciais sentiu
algum receio em tocar neste tipo de material, mas concretizou a atividade com sucesso (cf.
apêndice 51).
2ª Atividade - Continuação da aula anterior (pintura da peça).
A atividade de hoje foge da problemática em estudo – modelagem – sem no entanto se
afastar da sua essência – expressão plástica - isto porque a técnica utilizada na aula de hoje
destinou-se à pintura. Esta atividade complementa o exercício da aula anterior ao pintar a árvore
elaborada em barro para esta ganhar outra dimensão expressiva.
A expressão plástica implica um controlo da motricidade fina, recorrendo a diversas
materiais e instrumentos específicos. A modelagem, acompanhada da pintura, são técnicas
utilizadas para valorizar o processo de exploração, e descoberta de diferentes possibilidades, do
imaginário de cada criança e nomeadamente são técnicas do seu agrado e, por isso, devemos
proporcionar-lhe todo o tipo de atividades que as motive, de forma lúdica e inconsciente, a fim de
lhes permitir a aquisição de novos conhecimentos.
O aluno, com bastante entusiasmo, começou primeiro por proteger a mesa com um jornal,
depois colocou os copos com várias tintas a utilizar e começou a pintar a sua árvore. Esta atividade
foi bastante importante, não só pelo facto de nos permitir conhecer as capacidades que a criança
tinha na realização da técnica da pintura, mas essencialmente permitiu desenvolver na criança a
identificação das diversas cores a utilizar. Ao longo desta atividade o aluno mostrou-se bastante
concentrado, tendo por vezes a necessidade de descansar a mão por breves segundos. E Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 117
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada no momento final a satisfação e o sorriso na cara, foi uma vitória muito importante para um artista
com tantas dificuldades.
O sentido de cumprimento, de que tudo é possível, é fundamental para as crianças porque
lhes dá motivos para se sentirem orgulhosos, capazes e confiantes, para além disso é um
sentimento de “missão cumprida”, que dificilmente esquecerão.
3ª Atividade - Peça de Bijuteria (prenda para a mãe).
Como forma de conclusão da técnica (Modelagem), trabalhada e explorada ao longo
destes meses, a atividade apresentada incide na elaboração de uma peça de bijuteria, que a criança
mostrou antecipadamente vontade em realizar com o propósito de premiar e agradar a mãe - um
gesto de carinho e afeto bastante importante nestas crianças para com família. Assim, decidimos
trabalhar um material já por ele utilizado anteriormente: “Massa Das”. O objetivo era dar origem
a uma peça de bijuteria em forma de coração que posteriormente seria colocado numa fita de
cetim, resultando num colar para a mãe. Foi distribuído um pedaço de massa que este começou
por amassar e esticar. Alisou-o o mais possível, colocando por cima uma forma em plástico com
diferentes motivos, que foi o molde do coração escolhido para ficar estampado no pedaço de
massa trabalhada pelo aluno. Deixou-se secar a peça que foi finalizada na aula seguinte (cf.
apêndice 52).
A expressão plástica e todas as suas atividades são atitudes pedagógicas diferentes, não
centradas na produção de obras de arte, mas na criança, no desenvolvimento das suas capacidades
e na satisfação das suas necessidades. Deste modo, esta tarefa foi realizada com empenho e êxito.
A criança revelou destreza na utilização dos materiais, modelou a massa com facilidade, sendo
esta no final deste estudo uma das atividades preferidas devido ao fascínio pelas texturas e pelo
poder de comunicação e entreajuda que se veio alterando de dia para dia, modificando assim o
comportamento dela. Também através destas estratégias se tornou mais responsável com os seus
materiais, guardando-os e colocando-os no local correto, revelou atitudes e regras obedecendo às
ordens e pedidos da professora e principalmente e mais importante do nosso ponto de vista:
exprimiu os seus sentimentos (alegre, triste, zangado), fazendo-o de forma espontânea.
Podemos afirmar que esta técnica, com todos os seus materiais e utensílios, permitiu que
fosse transmitido o que há de humano nesta criança. Ela serviu para despertar a aprendizagem
que existia, mas que estava pouco desenvolvida, isto porque tocou o seu verdadeiro ser interior,
através das várias estratégias e palavras de incentivo do professor. Este aluno transmitiu todos os
seus sonhos, o afeto escondido, a ousadia, a dedicação. Consegue-se através das aulas de
expressão plástica adquirir autonomia, tendo a criança progressivamente aprendido a ultrapassar
muitas das suas dificuldades.
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 118
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada
Em suma, o objetivo destas sessões foi alcançado e ela pode desenvolver todas as
possibilidades de modo a permitir a formação da sua personalidade e dar-lhe melhores
oportunidades de sucesso na escola e na vida. Através da expressão plástica e com a técnica da
modelagem possibilitou-se ao aluno exprimir o seu eu, satisfazendo a sua necessidade e desejo
de criar e representar tudo aquilo que vê/sente/pensa. É natural que esta assuma uma posição de
destaque nas atividades proporcionadas à criança.
3.7 – Apresentação e análise interpretativa dos resultados
Aquando a implementação de um estudo de intervenção ressalta a necessidade de realizar
uma análise dos resultados obtidos. É a forma do investigador verificar até que ponto a
implementação da estratégia funcionou para ajudar a colmatar as dificuldades de aprendizagem
que o aluno apresentava. Partindo do pressuposto inicial em que assentava o nosso estudo,
quisemos verificar até que ponto a técnica da modelagem contribuiu para o bem-estar e
desenvolvimento integral de uma criança NEE.
Deste modo, ao longo das sessões o aluno foi evoluindo na empatia com o docente. Com
quem inicialmente não comunicava. Foi uma evolução um pouco demorada, visto a adaptação da
criança ser um pouco lenta. Ao longo das atividades vieram a desenvolver pequenos diálogos, o
que nos deixou extremamente feliz. Esta criança é simpática e meiga, um pouco tímida e
introvertida, mas demonstrando-lhe carinho, afeição e atenção, assim como dando-lhe feedbacks
positivos, auxiliando-o verbalmente nas tarefas realizadas, apresentando as atividades propostas
de forma lúdica, conseguimos alcançar o pretendido.
No comportamento fora da sala de aula, verificou-se uma mudança, pois o aluno já
participava em brincadeiras coletivas, tornando-se mais comunicativo, ativo, espontâneo e feliz,
indo ao encontro do objetivo de desenvolve competências comportamentais e melhoria nas
posturas adequadas à convivências em grupo. O aluno inicialmente revelava ser muito pouco
autónomo, dependendo do apoio do professor para realizar as tarefas, pois por vezes esquecia-se
do que estava a fazer, com a implementação da técnica das expressões, nomeadamente a
expressão plástica, o aluno tornou-se mais independente. Com a modelagem, começou a libertar-
se e a ganhar autoconfiança. Ao nível da motivação e concentração para a realização de tarefas,
o aluno melhorou bastante. Começou a demonstrar interesse, entusiasmo, confiança e a envolver-
se mais na realização das mesmas. Começou a ter consciência do papel que tinha na turma, pelos
reforços positivos que os colegas lhe davam ao admirarem e elogiarem as obras modeladas e
pintadas. Aumentou o grau de criatividade, evoluiu ao longo das aulas, criando diversas
composições e utilizando diferentes materiais, muitos deles pouco recetivos inicialmente,
permitindo-lhe ciar experiências com misturas de cores, pintando livremente as
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 119
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada obras feitas, desenvolvendo eficazmente os conteúdos pedagógicos apresentados. Apresentou
também um crescimento de autonomia na realização das tarefas, tendo o material diário
organizado e sempre limpo aquando a sua utilização.
De uma forma global, observámos um crescimento positivo no desempenho do aluno. No
entanto, é importante referir que algumas das metas a que nos propusemos não foram atingidas
na totalidade. Isto porque continua a apresentar dificuldades no desempenho cognitivo e alguma
falta de autoestima. No entanto, é importante salientar que se registou um pequeno
desenvolvimento cognitivo na medida em que este manipulou devidamente os materiais quando
necessários, atingindo o fim desejado e estimulando a coordenação motora.
É importante que o aluno continue o trabalho. Neste sentido, e apesar de darmos como
concluído o Mestrado, mostrámos agrado em continuar um trabalho futuro e, por isso, nos
propusemos continuar, neste novo ano letivo, o trabalho iniciado com esta criança a fim de
colmatarmos e ultrapassarmos muitas das dificuldades que ainda apresenta. Para alegria deste e
dos pais, a nossa proposta foi aceite, estando o José com algumas horas semanais no seu horário,
para assim usufruir das técnicas de expressão plástica na ludoteca.
4 – Considerações finais
A elaboração deste trabalho resultou do nosso interesse em aprofundarmos
conhecimentos no domínio da Expressão Plástica como contributo no sucesso nas crianças NEE.
Foi com técnicas e materiais de expressão plástica que as crianças realizaram um processo
eminentemente imaginário e criativo. A utilização de diferentes materiais de modelagem foi, por
um lado, um estímulo para elas porque exploraram diferentes massas, diferentes construções,
dando-lhes novas formas e novas vidas e, por outro, conferiram-lhes uma maior coordenação
psicomotora, possibilitando que elas fizessem com as mãos o que a mente concebeu e imaginou.
Este trabalho de estudo surgiu como resposta à questão De que forma a técnica da
modelagem contribui para o desenvolvimento integral das pessoas com deficiência? E de maneira
a responder a esta questão, realizámos em contexto de sala de aula uma investigação, limitada a
um estudo de caso com uma criança que apresentava um acentuado desfasamento entre a idade
cronológica e a sua funcionalidade mental mantendo medidas educativas direcionadas a crianças
do nível etário do 1º Ciclo. Após a realização deste estudo, pensamos que os objetivos traçados
foram cumpridos na medida em que conseguimos, através das atividades apresentadas e
colocadas, em prática verificar o desempenho artístico do José. Pensamos que as propostas e
estratégias didáticas apresentadas para colmatar a falta de interesse e gosto pela expressão
plástica, nomeadamente a modelagem, contribuíram para estimular e Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda 120
Relatório de Estágio da Prática de Ensino Supervisionada motivar o aluno no seu desenvolvimento global e alcançar o sucesso escolar. Deste modo, cabe à
escola a função de conceber estratégias ricas e diversificadas, para que as crianças NEE
desenvolvam e aprendam a usar e a trabalhar as diferentes técnicas de expressão plástica, não só
no contexto escolar, mas também em ambientes exteriores, a fim de a tornar, progressivamente,
num adulto feliz, ativo e realizado.
Assim, apelamos aos educadores, professores e todo o sistema educativo para
proporcionarem na criança a construção de um espírito curioso, questionador e interventivo,
preparando-a para melhor interpretar a realidade que encontra na escola e manifestar-se
ativamente de modo a ampliar o seu vocabulário e as suas ações, através do conhecimento de
novas palavras, de novas atividades e novas estratégias.
Em suma, e perante os resultados obtidos, fazemos nossas as palavras de Canário
(2005:126) quando afirma que os professores deverão ser considerados, não como aplicadores
de soluções (previamente aprendidas), mas sim como analistas simbólicos capazes de equacionar
e resolver problemas.
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Apêndice 2: Planificação referente ao dia mundial da criança
PLANO DE AULA
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda
Nível de Ensino: Pré-Escolar Data: 02 de Junho de 2014
Tempo: 9:00-12:00H Área/Tema Objetivos Conteúdos Recursos Avaliação
-Área da formação pessoal e social -Área do conhecimento do mundo -Área da expressão e comunicação -Domínio da expressão plástica -Domínio da expressão musical -Domínio da língua portuguesa -Domínio da expressão físico-motora Tema: Dia Mundial da Criança
-Homenagear a criança -Reconhecer a criança e os seus direitos -Privilegiar o principal direito da criança – brincar -Proporcionar a interação com faixas etárias diferentes -Utilizar diferentes meios expressivos de representação, a realização de produções plásticas, usando elementos da comunicação e da forma visual -Promover o desenvolvimento multilateral e harmonioso à criança através da prática de uma atividade física expressiva (dança) -Incutir a importância e o prazer de escutar, cantar e dançar -Valorizar a música como o meio de comunicação -Fomentar a vivência e interiorização de valores necessários à vida em grupo – participação, cooperação, responsabilização… -Promover o desenvolvimento social e pessoal da criança com base em experiências de vida
-Dia Mundial da criança -Aprendizagem dos direitos da criança -Educação para valores -Autonomia -Independência -Formas de expressão -Vivência de valores democráticos
-Vídeo da canção “Palhacinho Vaidoso” -Cartolinas variadas (máscara do palhaço) -Molas da roupa (jogo da raposa) -Tintas coloridas (placar do dia da criança) -Massa cor-de-rosa (modelagem) -Bolas e cestos -Bolachas Maria -Bolo do palhaço -Fato de palhaço -Chapéus de palhaço
Direta Motivação Compreensão Empenho Diálogo Comportamento
democrática numa perspetiva de educação para a cidadania
Processos de Operacionalização: Comemorações do dia mundial da criança. O jardim-de-infância de Moimenta, empenhada na missão de promover, a educação e simultaneamente a felicidade das crianças, a educadora pretendeu comemorar este dia de forma entusiástica e inesquecível, numa cooperação das salas pertencentes ao jardim. Deste modo, unidos planificámos e desenvolvemos atividades, em que as crianças puderam brincar, sorrir, cantar, dançar e sonhar, gestos simples mas que são peças fundamentais para o desenvolvimento feliz de uma criança. Uma pela fundamental ao longo deste período foi a animação provocada pelo palhaço batatinha. Sendo o palhaço uma figura do agrado das crianças decidi vestir-me e animar com disparates, palhaçadas e macacadas, cada atividade prevista a desenvolver. Deste modo, este dia tinha como objetivo primordial, proporcionar às crianças vivências diversificadas e experiências lúdicas e de aprendizagem enriquecedoras fora do seu habitual contexto educativo. O início das atividades principiou-se com a apresentação e entoação da canção “O palhacinho vaidoso”. Seguiu-se várias atividades ao ar livre em que as crianças brincaram livremente. E foi após o lanche da manhã que as atividades planificadas dirigidas e auxiliadas por um adulto começaram. Deste modo as crianças podiam participar nos diversos ateliers presentes. O atelier da pintura com a finalidade da pintura de um placar gigante com traços, desenhos, símbolos elaborados pelas crianças. O atelier do recorte e da colagem em que cada criança tendo o rosto do palhaço (o círculo) tinha que cortar os olhos, boca e nariz já desenhados por mim, constituindo no final do trabalho, uma máscara de palhaço. O atelier mais lúdico: “Papa bolachas” em que cada criança de olhos vendados, tinha de conseguir apanhar a bolacha com a boca suspensa na corda. O atelier do jogo: “Jogo da raposa”. O atelier da dança: dança das cadeiras. Ao som da música, as crianças dançavam à volta das cadeiras e quando a música parava cada um tinha que encontrar uma cadeira vazia. Um dia bastante lúdico, educativo e animado em que as crianças responderam com ânimo e empenho. Sumário: Comemoração do dia mundial da criança. Desenvolvimento de atividades lúdico-educativos nos vários ateliers apresentados (atelier da música, da dança, do jogo, da pintura, e da modelagem).
Apêndice 13: História "O palhaço geométrico".
O Palhaço Geométrico
Era uma vez um círculo grande que vivia no Jardim das Formas Geométricas, mas
sentia-se muito triste e só. Um dia cansado de não fazer nada começou a chorar. Perto dele
viviam outros dois círculos que costumavam brincar juntos, e ao ouvir alguém chorar,
resolveram procurar quem estaria assim tão triste.
Ah! exclamam admirados: - Olha um círculo como nós, mas maior.
-Oh Amigo, precisa de ajuda?
-Nem queiram saber, se preciso, claro que preciso. Não sei o que hei-de fazer, estou
para aqui, ninguém quer saber de mim.
-Não diga isso, que não é nada verdade. Cá estamos nós para ajudar. Vamos dar um
salto e vamos ficar sempre contigo e seremos os teus olhos, disseram os círculos pequeninos.
-Mesmo assim, ainda estou triste, só tenho olhos, e continuo a chorar.
Também por ali brincava um quadrado que preocupado com o choro que ouvia, logo
tentou ajudar, e ao ver o círculo grande tão triste perguntou:
-Que se passa? Porque choras tu?
-Oh então tu não percebes? Só tenho olhos, respondeu o circulo grande.
-Ai é por isso que estás tão triste? Não te preocupes que eu fico todo contente por te
ajudar. Queres que eu seja o teu nariz?- perguntou o quadrado
- Estás a brincar? - disse o círculo.
-Não é a sério, até vais conseguir respirar e tudo..., disse o quadrado
-Pois, mas ainda me falta a boca. Até aqui percebes-me só pela expressão do meu olhar,
mas do que eu gostava era de falar mesmo de verdade.
Parecia magia, se calhar era por ser Carnaval. Por ali passava também
um retângulo todo vaidoso, com os seus quatro lados, iguais dois a dois e disse:
-Pareceu-me ouvir alguém dizer que precisava de uma boca?!! Pois cá estou
eu prontinho para me transformar eu boca. Quem quer?
-Quero eu, quero eu, disse logo o círculo grande, e logo retângulo se transformou numa
grande boca.
Mas ainda não estava contente, sentia que lhe faltava alguma coisa. Seria o cabelo?
Contente por já ter encontrado tantos amigos, olhou em redor e viu umas outras formas ainda
desconhecidas andarem por ali pelo jardim a passear.
-Oh amigos; quem são vocês, que ainda não vos conheço? perguntou
-Nós somos os triângulos, porquê, precisas de nós para alguma coisa?
-Claro que sim, disse logo o nosso amigo Círculo, não querem ser o meu cabelo?
-O teu cabelo...olha até devia ser engraçado, passear na tua cabeça, andar ao vento.
Conta connosco. Vamos já colarmo-nos à tua cabeça.
Contentes foram todos passear pelo jardim das Formas. Estava um dia bonito, cheio de
sol, quentinho...até que de repente o quadrado nariz começou a espirrar: Atchim...atchim,
-Ah estou constipado, disse o círculo, que já não era círculo, mas uma cara...e agora?
-Agora, olha, cá estou para te ajudar, disse um triângulo grande. Queres que seja o teu
chapéu para te proteger do sol?
-Que bom, tantos amigos, agora já posso continuar o meu passeio aqui pelo jardim, até
parece que tenho cara de uma pessoa.
Continuaram o seu passeio lá pelo seu Jardim, eis senão quando de repente, viram uma
loja que na montra tinha um espelho. Admirado, parou e disse: Ah! Olha que giro que eu sou.
Afinal sou um Palhaço, mas um Palhaço especial: sou o Palhaço Geométrico.
De dentro da montra ouviram-se ainda umas vozes que lhe perguntaram:
- Queres ficar ainda mais bonito? Pois bem. Vamos fazer-te uma surpresa. Fecha os
olhos. Da montra saltaram dois triângulos e um círculo, juntaram-se, formaram um bonito
laçarote, e então sim o nosso Palhaço Geométrico passou a ser O Palhaço Geométrico Vaidoso.
Apêndice 14: Registo fotográfico da técnica de expressão plástica “Picotagem” Apêndice 15: Registo fotográfico da técnica de expressão plástica “ Recorte”
Apêndice 20: História da carochinha e a reciclagem.
Era uma vez uma carochinha que era muito bonita e arranjadinha, muito aprumada e
muito informada e que, por isso, sabia que reciclar não custava nada. Para dizer a verdade, ela
era de ideias fixas!
Passava o dia a limpar e a arranjar a sua casinha, para que não se visse nem uma latinha,
nem uma garrafa, nem uma embalagem, nem uma folha de papel usado que não estivesse
separado. Um dia, estava a carochinha nas suas arrumações, a deixar a casa toda janota, quando
viu no chão uma nota.
Olhou bem, para ver se não era um papel já usado, viu que era, mas atendendo ao valor
decidiu que não ia para o contentor e que ficava guardado. Nesse dia sentiu-se rica e como a
última coisa que lhe faltava arranjar era um marido, tomou uma decisão.
Saiu de casa, de malinha na mão e foi pôr um anúncio no jornal: “Quem quer casar com
a carochinha que é muito linda e arranjadinha”
Para completar, e para evitar a resposta de um vilão, escreveu em letras grandes: O
MEU FUTURO MARIDO NAO PODE SER UM PORCALHÃO.
Em letras pequenas acrescentou: Resposta do pretendente deve ser dada pessoalmente.
E marcou o encontro para debaixo da sua janela. E lá se foi pôr ela a olhar para quem passava
na rua, como se não fosse nada com ela.
Primeiro passou um rato chamado João, que foi contando histórias cheias de graça, e
estava quase a prender o coração da carochinha, quando lhe disse:
- Depois de casados, vamos viver para a minha casa, fica na lixeira que é uma terra
porreira.
- O quê?-gritou a carochinha, que ficou logo com pele de galinha.
- Nem pensar! - e mandou o João Ratão passear.
Depois veio um príncipe todo bem falante, armado em galante a prometer grande vida à
carochinha:
- Minha fofinha. - sussurrava ele - quando fores viver para o meu palácio não tens de te
preocupar com nada. Bebes um sumo, limpas a boca com um guardanapo, que é assim que se
deve fazer, e depois é só atirar a embalagem para o ar, sem te preocupar onde vai calhar.
Quando quiseres outra, é só pedir.
A carochinha ficou chocada e quase que lhe deu uma estalada, mas lembrou-se da sua
posição e só lhe disse:
-Vossa excelência é um porcalhão.
A nossa carochinha estava a ficar muito triste e desiludida, quando ouviu uma voz
desconhecida:
- Helllloooo!
- Quem és tu? - perguntou-lhe desconfiada.
-Eu sou o lobo mau, bem... era, agora percorro o país, a tentar salvar a floresta. Ensino
as pessoas a não deitarem as embalagens no lixo, para as separem, para terem juízo.
Corada de emoção, a carochinha cantou:
Enfim, um príncipe da reciclagem, afinal já não és uma miragem. Logo se marcou a data
do casamento. O lobo comprou as alianças, vinham dentro de uma caixinha de cartão que ele
quis deixar em boas mãos, no ecoponto, claro, mas ao debruçar-se o lobo caiu lá dentro.
Ao fim de algum tempo, à espera dele, à porta da igreja, a carochinha pôs-se a pensar,a
pensar... ele não me ia abandonar! E pensou e pensou... e de repente:
- Pronto! já sei! Só pode estar no ecoponto.
Desatou a correr e salvou o lobo. Ambos ficaram muito felizes e contentes, iguais nos
seus ideais, cheios de confiança no futuro, apesar de diferentes.
Apêndice 33: Planificação sobre a temática "primavera e os insetos".
PLANO DE AULA
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda
Nível de Ensino: Pré-Escolar Data: 27 de Março de 2014
Tempo: 180 minutos Área/Tema Objetivos Conteúdos Recursos Avaliação
-Área da expressão e comunicação -Domínio da Matemática -Domínio da expressão plástica -Domínio da linguagem oral -Área do conhecimento do Mundo -Área da formação pessoal e social Tema: A Primavera: Os insetos
-Utilizar ferramentas, materiais e processos técnicas de trabalho de modo seguram, eficaz e esteticamente equilibrador -Aplicar a articulação de recursos disponíveis em diferentes situações e conteúdos -fomentar o diálogo, o domínio da oralidade -Dinamizar atividades a fim de trabalhar a cooperação e o companheirismo do grupo.
-A Primavera, desenvolvimento e conhecimento através do lúdico e sobre o tema abordar: Os insetos -Raciocínio matemático até ao numeral 5
-Vídeo com história “Uma Joaninha diferente” -Ficha de trabalho de Matemática -Jogo em conjunto “descoberta da Joaninha” -Jogo individual “Puzzle da Joaninha”
Direta Participação Comportamento Empenho Motivação
Processos de Operacionalização: Inicia-se a atividade com a visualização da história: “Uma joaninha diferente”. Seguindo-se um diálogo, acerca da história e dos aspetos fundamentais (personagens, espaço físico, …). Seguiu-se depois a realização de uma ficha de Matemática em que o principal objetivo era o reconhecimento do número de bolinhas existentes em cada joaninha e posteriormente as crianças teriam que colocar o número total por baixo de cada uma. Por fim e de uma forma mais lúdica as crianças jogaram ao jogo: “descoberta da Joaninha” e todas elas completaram individualmente o puzzle constituído por 6 peças que após a sua conclusão identificaram o tema principal abordado esta semana, a Joaninha. Sumário: A Primavera. Desenvolvimento do tema a abordar “Os insetos”. Visualização da história “Uma joaninha diferente”. Realização de uma ficha de trabalho de Matemática. Jogo de tabuleiro e de um puzzle.
Apêndice 34: Planificação 1º Ciclo.
PLANO DE AULA
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda
Professor Orientador: Urbana Bolota
Aluna: Dulce Moura
Nível de Ensino: 2º ano
Professora cooperante: Luísa Amador
Local de estágio: Escola Básica de Gouveia
Data: 26-11-2014
Tempo: 60 minutos Área/Tema Objetivos Conteúdos Recursos Avaliação
Área: Estudo do Meio Tema: Higiene Corporal
-Adquirir conhecimentos sobre a higiene corporal e o funcionamento do corpo; -Identificar a importância da higiene corporal; -Analisar os cuidados com o corpo e as doenças que estão associadas à falta de higiene; -Reconhecer a importância de lavar as mãos em momentos específicos; -Compreender que a falta de higiene pessoal causa prejuízos à saúde; -Conhecer as formas de higiene bucal/ oral e outros; -Estimular para a prática de bons hábitos de higiene.
-Higiene e Saúde; -Higiene Pessoal; -Regras de uma boa higiene
-Manual escolar; -Livro de fichas; -Quadro.
Direta: -Motivação; -Empenho; -Participação; Indireta: Resolução de uma ficha
Processos de Operacionalização: 1-Diálogo com os alunos sobre as regras que devemos ter na prática de uma boa higiene corporal; 2-Apresentação dos mesmos e os problemas que advêm da falta de higiene no nosso dia-a-dia; 3-Realização da ficha n:42 e 43 do Manual de Estudo de Meio com o propósito de consolidação dos conteúdos explorados na aula (Higiene Corporal)
Sumário: Diálogo com os alunos sobre o tema: “Higiene Corporal”. As boas regras a utilizarem na prática de uma boa higiene. Realização de duas fichas do manual (acerca do conteúdo explorado).
Apêndice 41: História do "Coelhinho aventureiro". Certo dia um coelho saiu de casa de mala na mão para conhecer o mundo. De
repente suspirou:
-Bolas, já estou com tanta fome e não vejo nenhuma casa onde possa encontrar algo
para comer.
(De repente encontrou uma borboleta)
-Amiga borboleta, estou muito contente por te ter encontrado, porque eu perdi-me e
estou cheio de fome. Por acaso sabes onde eu possa ficar, porque a noite está a chegar?
-Sim coelhinho. Continua por este caminho e ao chegar apo fim dele verás a
pousada do senhor gato, ali de certeza que encontras comida e um lugar para dormir. –
Respondeu a Borboleta.
-Obrigada, linda borboleta! Vou já para lá.
E assim fez, andou, andou e chegou ao fim do caminho, encontrou a pousada. Bateu
à porta e perguntou:
-Podem-me dar de comer e alojamento para esta noite?
-Tens dinheiro para pagar? – Perguntou o senhor gato.
-Então não haveria de ter? – Respondeu o coelho.
-Neste caso podes ficar.
Mas nenhum reparou que atrás das árvores estava a raposa matreira que tinha visto
chegar o coelhinho aventureiro.
A raposa pensou:
-Mas que coelhinho gordinho, vou esperar que saía da pousada e quando o tiver
entre as mãos vou comê-lo num guisado com tomate.
Coitadinho do coelhinho, que longe estava ele de imaginar o que o esperava. Este
por sua vez aquecia-se ao lume e saboreava um ótimo frango assado. Quando de repente
entrou a borboleta pela janela gritando:
-Coelhinho aventureiro, à porta da pousada está escondido a raposa à espera de te
apanhar, para te espetar o dente. E não tens por onde fugir, porque a casa não tem
nenhuma saída a não ser a porta principal.
O coelho foi à janela e lá a viu, e teve uma ideia feliz. Apanhou da chaminé uma
brasa e aproveitou que a raposa tinha a cauda levantada mesmo a tocar a janela, chegou-
lhe a brasa de mansinho e esta começou a arder. Quando deu por ela desatou a correr
para bem longe e nunca mais ninguém a viu, e o coelhinho aventureiro saiu então
livremente da pousada aos saltinhos, feliz e divertido.