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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO ANDRÉA LORENZON PETENUCCI EFEITOS DA EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS NA LEITURA EM UM GRUPO DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA SÃO PAULO 2018

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

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Page 1: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

ANDRÉA LORENZON PETENUCCI

EFEITOS DA EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS NA LEITURA EM UM

GRUPO DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

SÃO PAULO

2018

Page 2: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

ANDRÉA LORENZON PETENUCCI

EFEITOS DA EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS NA LEITURA EM UM

GRUPO DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia no Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia, sob orientação da Profª. Drª. Maria Claudia Cunha

SÃO PAULO

2018

Page 3: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Banca examinadora

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

Data____/_____/______

Page 4: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

E expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto em sua forma

impressa, como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial e permitida

exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a

identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.

Page 5: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Esta pesquisa contou com auxílio de bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – CAPES

Page 6: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

“Para desfrutar de um cão não e preciso convertê-lo em humano, mas abrir-se um pouco para se transformar um pouco em cão.”

Eduard Hoagland

Page 7: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

À minha mãe, Maria Nazareth (i.m.) de quem herdei o amor pelos cães e ao meu filho Henrique que trouxe mais beleza e

sentido para minha vida.

Page 8: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

AGRADECIMENTOS

Agradeço a vida que, generosamente, tem me possibilitado lindos encontros

com humanos e peludos.

Como os humanos são em maior número, iniciarei pelos peludos: Zoah,

Rambo, Lion e Dom que, através da ajuda e o profissionalismo das adestradoras:

Carla Girardi Barbosa, Carla Bárbaro Venturelli e Carla Stapani Ruas se tornaram

meus companheiros de trabalho, vocês transformaram meu sonho em realidade. Aos

peludos que já se foram e aos que virão, meu mais profundo agradecimento por serem

exemplos de amor.

No Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da PUC-SP tive a

oportunidade de fazer e consolidar preciosas amizades, que espero levar comigo vida

afora.

Ao grupo de IAA, Glicia Ribeiro de Oliveira, Oliveiros Barone Castro (Lelo),

Tatiane Ichitani, Annelisa Facin, Raisa Schenkman e Ana Paula Santa Helena, meu

carinho e gratidão. Vocês compõem lindamente minha “matilha cientifica”.

Quero agradecer aos amigos da área de voz: Ana Paula Guimarães, Mauro

Andrea, Fabiana Cozza, Ivy Martins Dias e Raiza Mendes Ferreira pelo carinho e

apoio recebidos.

À Mabile Silva, que doce e assertivamente me apoiou e foi peça fundamental

nesse processo.

À minha querida orientadora, Dra. Maria Claudia Cunha, por todo

ensinamento e por ter me guiado amorosamente através desse caminho de

descobertas cientificas, foi um imenso prazer.

À banca examinadora: Dra Débora Maria Befi-Lopes e Dra Ana Luiza

Marcondes Garcia pelas valiosas contribuições, desfrutar de seus ensinamentos foi

um privilégio.

À coordenação e aos docentes do PEPG, em Fonoaudiologia, meu apreço por

todo incentivo e conhecimento compartilhado, foi uma honra tê-los como professores.

À querida Virginia Rita Pini, pelo acolhimento, carinho e assessoria durante o

curso.

À CAPES pela bolsa de estudos concedida.

Page 9: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Aos funcionários da EMEF Olavo Pezzotti e, especialmente, aos alunos do 5º

ano que viabilizaram essa pesquisa.

À querida Juliana Edwirges Oliveira, minha preciosa auxiliar na coleta de

dados.

Aos meus amigos e parceiros, que iniciaram a jornada comigo e seguem

caminhando ao meu lado: Laura Leães Lopes e Vinicius Fava Ribeiro, minha “matilha

profissional e do coração”, adoro vocês!

Durante esses dois anos (e em todos os outros) minha família foi meu porto

seguro, meu suporte e incentivo; sem eles nada faria sentido.

Ao meu pai Julio, por ser meu maior exemplo, de força, de fé e de dedicação

aos estudos.

Ao meu marido Zuquim, companheiro de todas as horas, seu amor foi

essencial nos momentos difíceis dessa trajetória e uma benção nos bons momentos

da vida.

Ao meu filho Henrique, por iluminar meu caminho com seu sorriso e me

inspirar diariamente a ser uma versão melhor de mim mesma.

A Maria Silvia, filha do coração e nova integrante da família, que nossa jornada

seja longa!

A todos que não estão marcados nessa página por questão de espaço, mas

seguem aquecendo meu coração.

Page 10: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................. 12

Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 15

1. Educação Assistida por Animais ....................................................................... 15

2. A Leitura e o Leitor ............................................................................................ 17

Método ...................................................................................................................... 21

1. Ética .................................................................................................................. 21

2. Local ................................................................................................................. 21

3. Casuística ......................................................................................................... 21

4. Procedimento .................................................................................................... 23

5. Critérios de Análise dos Resultados ................................................................. 25

Resultados ................................................................................................................ 26

1. Respostas aos Questionários Pré e Pós IAA .................................................... 26

2. Perfis dos Sujeitos (S1 a S6) ............................................................................ 27

3. Categorias de Análise de Conteúdo .................................................................. 29

I. Relatos Autobiográficos .................................................................................. 29

II. Interação com o Livro ..................................................................................... 30

III. Contato Corporal com o Cão ........................................................................ 31

IV. Comunicação Verbal Dirigida ao Cão........................................................... 32

Discussão .................................................................................................................. 33

Conclusão ................................................................................................................. 36

Referências Bibliográficas ......................................................................................... 37

Anexo 1 – Atestado de Saúde e Comportamento do Cão ......................................... 45

Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................... 47

Anexo 3 – Questionário pré- intervenção IAA ........................................................... 49

Anexo 4 – Questionário pós-intervenção IAA ............................................................ 50

Anexo 5 – Livros utilizados nas sessões de leitura ................................................... 51

Page 11: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

LISTA DE SIGLAS

AAA Atividade Assistida por Animais

EAA Educação Assistida por Animais ou Pedagogia Assistida por Animais

EMEF Escola Municipal de Ensino Fundamental

IAA Intervenção Assistida por Animais

IAHAIO International Association of Human-Animal Interaction Organizations

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PISA Programa Internacional de Avaliação de Alunos

TAA Terapia Assistida por Animais

Page 12: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

RESUMO

Introdução: a educação assistida por animais (EAA) visa difundir a utilização

de animais como recurso pedagógico. Diferentes espécies são utilizadas, porém o cão

é o mais frequente. A leitura assistida por cães é a intervenção com o maior número

de pesquisas na EAA e os resultados apontam para melhora no desempenho de

leitura de alunos na presença de cães terapeutas. Objetivo: descrever os efeitos da

EAA na motivação e no desempenho em leitura de um grupo de alunos do 5º ano do

Ensino Fundamental. Método: trata-se de uma pesquisa experimental, de

intervenção, de natureza qualitativa. Casuística:seis sujeitos com idade média de 10,9

anos, 2 do sexo masculino e 4 do sexo feminino de uma sala de aula do 5º ano de

uma escola municipal. Procedimento: cada sujeito participou de 06 sessões semanais

de leitura em voz alta com duração de 20 minutos, as cinco primeiras com e a última

sem a presença do cão. Pré sessões, os sujeitos responderam individual e oralmente

ao questionário para coleta de dados relativos ao contato com animais e atividades

de leitura. Pós sessões, responderam oral e individualmente ao questionário sobre as

possíveis relações entre a EAA e leitura. As respostas foram descritas para traçar os

perfis individuais e as sessões foram analisadas, criando categorias de análise de

conteúdo à posteriori, de acordo com a incidência e a relevância dos conteúdos em

relação ao objetivo da pesquisa. Resultados: Segundo a autopercepção dos 6

sujeitos, suas habilidades de leitura melhoraram após as sessões. 4 dos 6

participantes, passou a ler com mais frequência. Conclusão: Os resultados obtidos

sugerem que a Educação Assistida por Animais pode impactar beneficamente o

desempenho de estudantes por operar, de forma positiva, na autopercepção dos

mesmos frente às habilidades de leitura.

Descritores: Educação, Leitura, Desenvolvimento Infantil, Vínculo Homem-Animal de

Estimação.

Page 13: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

12

INTRODUÇÃO

A educação é uma área em constante busca por novas abordagens visando

promover e facilitar a aprendizagem e/ou motivar os alunos para melhorar o

desempenho acadêmico. Neste viés, a Educação Assistida por Animais (EAA) propõe

a utilização de animais como recurso pedagógico. A EAA pode ser utilizada em

múltiplos cenários, dentro ou fora da escola, contemplando diversas faixas etárias e

diferentes níveis de desenvolvimento (PETENUCCI, 2016).

Uma variedade de espécies de animais pode ser utilizada para tal intervenção:

gatos, coelhos, tartarugas, cavalos, hamsters, aves e animais exóticos como iguanas

e scargots (MARTINS, 2004). Porém, o cão é o mais utilizado já que existe maior

quantidade de estudos sobre seu comportamento, por apresentar alto nível de

sociabilidade, ser de fácil adestramento e aceitação por parte das pessoas. Além de

ter zoonoses conhecidas e controladas, tornando-se mais seguro o contato com os

humanos (MORALLES, 2005; MORRISON, 2007).

Cães e seres humanos compartilham uma longa jornada evolutiva. Segundo

Galibert et al (2011), a domesticação do cão teve início no período paleolítico, há cerca

de 35 mil anos A.C. Com a domesticação veio a ampliação do vínculo e a mais antiga

evidencia de convívio afetivo entre essas espécies data de 12 mil anos A.C., segundo

achados arqueológicos. Em Mallaha, no nordeste de Israel foi descoberto um

esqueleto humano segurando um filhote de cão entre as mãos, indicando vínculo entre

os dois seres. Assim, cães e seres humanos vem evoluindo juntos, de forma

convergente. Cada espécie influenciou e foi influenciada pela outra por meio de

interações sociais, gerando benefícios evolutivos para ambas (DAVIS; VALLA, 1978;

MIKLÓSI et al, 2005; HARE; TOMASELLO, 2005).

Destaco que os cães fazem parte da minha vida desde o nascimento e foram

companheiros fiéis de brincadeiras na infância, de aventuras na adolescência e de

trabalho na fase adulta, quando (em 2010) optei por incorporá-los em minha prática

pedagógica como educadora, influenciada por projetos americanos como o programa

de Leitura dos Cães de Assistência à Educação (R.E.A.D.©) que foi iniciado em Salt

Lake City em 1999, com o objetivo de promover a interação de cães de terapia com

usuários de bibliotecas e escolas em atividades de leitura.

Page 14: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

13

Nessa direção, desde o início de 2014 ate o primeiro semestre de 2017 fui

idealizadora e responsável por um projeto pedagógico que atendeu em torno de 200

crianças das series iniciais do ensino fundamental, em duas escolas municipais da

cidade de São Paulo. Essa experiência em sala de aula revelou que a presença do

cão transforma positivamente o ambiente e as interações entre educadores e

educandos, despertando meu desejo de abordar cientificamente os efeitos dessa

intervenção.

Tal motivação foi subsidiada pela literatura que aponta que a presença do cão

favorece o desenvolvimento de sentimentos positivos, troca de afeto, sensação de

conforto e bem-estar em humanos (DOTTI, 2005), promove o estabelecimento de

vínculos interpessoais e potencializa a comunicação verbal entre os humanos

envolvidos (OLIVEIRA, 2010); configurando-se como poderoso catalizador das

interações sociais (MCNICHOLAS; COLLINS, 2000).

Grande parte dos estudos envolvendo crianças e cães no cenário pedagógico

apontam o impacto da presença do cão durante as atividades de leitura, a saber:

melhora no nível de decodificação e de compreensão de textos e no comportamento

do leitor em termos de prontidão e motivação (LE ROUX, 2014; WOHLFARTH, 2014;

KIRMAN, 2016).

A propósito, a partir da revisão bibliográfica de 27 artigos sobre leitura

assistida por cães, Hall (2016) concluiu que há evidências de que ler para um cão

pode ter efeitos benéficos: a presença do animal incide numa série de

comportamentos humanos desejáveis e sobre o ambiente em que a leitura é

praticada, favorecendo o desempenho do leitor.

Nessa perspectiva, salienta-se que a leitura é ferramenta primordial na

sociedade moderna pois promove a relação entre aluno e aprendizagem. Por ser um

dos elementos fundamentais na educação para a aquisição de novos conhecimentos,

estimulação do pensamento e formação de leitores críticos e conscientes, a

compreensão da leitura é um dos fatores que determinam o bom desempenho escolar

(OLIVEIRA, 1993; OLIVEIRA; SUEHIRO; SANTOS, 2004).

O presente estudo é inédito no cenário nacional e volta-se à possibilidade de

elaborar futuros critérios para a implantação da EAA no ensino fundamental, utilizando

cães terapeutas em sessões de leitura individuais, considerando-se que resultados de

pesquisas internacionais (JALONGO, 2012; FRIESEN; DELISLE, 2012; BEETZ,

2013) sobre o tema conduzem à hipótese de que a presença do cão pode potencializar

Page 15: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

14

a motivação e o desempenho de alunos em relação à leitura. Tal proposta pretende

contribuir com a obtenção de evidências científicas sobre a efetividade da EAA nesse

contexto.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é descrever os efeitos da educação

assistida por animais na motivação e no desempenho em leitura de um grupo de

estudantes do 5º ano do ensino fundamental.

Page 16: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

15

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS

A organização americana International Association of Human-Animal

Interaction Organizations (IAHAIO), que se dedica à análise e compreensão da

interação homem-animal, define a Intervenção Assistida por Animais (IAA) como uma

intervenção orientada por metas que incorporam animais à serviços humanos,

educacionais e da área da saúde com o propósito de obter ganhos de caráter

terapêutico. As IAAs englobam:

I. Atividade Assistida por Animais (AAA): interações informais e/ou visitações

realizadas para fins motivacionais, educacionais e recreativos, não

necessariamente conduzidas por profissionais da saúde, educação e/ou áreas

afins.

II. Educação Assistida por Animais (EAA): intervenção orientada, planejada e

estruturada por metas e conduzidas por profissionais da educação e áreas

relacionadas. Deve ser conduzida por profissionais que possuam

conhecimento sobre comportamento dos animais envolvidos.

III. Terapia Assistida por Animais (TAA): intervenção terapêutica orientada,

planejada e estruturada por metas e conduzidas por profissionais da saúde. O

processo da intervenção deve ser avaliado e documentado por profissionais

tecnicamente treinados e com expertise em sua área de atuação. A TAA

objetiva melhoras no funcionamento físico, cognitivo, comportamental e/ou

socioemocional do paciente em questão (IAHAIO, 2013).

Com o crescimento de pesquisas na área das IAAs, o tema ganhou espaço

no cenário mundial, onde muitos estudos se dedicam à área educacional, envolvendo

crianças e cães no âmbito pedagógico (principalmente em leitura), embora seja essa

a área que mais recentemente aderiu às IAA. Somente a partir da Conferência da

Page 17: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

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IAHAIO na cidade do Rio de Janeiro em 2001, a Educação foi reconhecida em sua

singularidade (IAHAIO, 2001).

Pesquisa realizada com mais de 400 professores nos Estados Unidos

verificou que a presença de animais em sala de aula acalma os alunos, promovendo

bem-estar psicológico que melhora a qualidade do ambiente escolar (RUD; BECK,

2000). Nessa direção, observa-se que estudantes se tornam mais atentos e

cooperativos com os professores quando cães estão presentes em sala de aula

(LIMOND; BRADSHAW; CORMACK, 1997).

É importante citar que, além de promover bem-estar psicológico, o contato

com os cães também promove alterações fisiológicas desejáveis: propiciam a

liberação de B-endorfina, oxitocina, prolactina, dopamina, entre outros hormônios

produzindo efeito tranquilizador e relaxante (ODENDAAL, 2000); além de diminuir os

níveis de cortisol (MARCUS, 2012) com consequente diminuição do nível de

ansiedade (MORGAN, 2008).

Neste contexto, Savalli (2016) ressalta que, de maneira geral, o bem-estar

humano é favorecido pelo contato com os animais; mas o cão é o que apresenta o

maior potencial de benefícios; o que parece associado a longa jornada de

domesticação canina e estabelecimento de cooperação entre essas espécies.

Especificamente no cenário educacional os animais podem ser inseridos em

diferentes contextos relacionados ao currículo escolar; porém, como anteriormente

citado, a leitura tem sido o tema mais estudado em EAA. Programas de visitação que

levam cães de terapia para a escola como forma de incentivar a leitura pelas crianças

são um fenômeno relativamente recente nos Estados Unidos (GLAZER, 1995); o mais

conhecido é o Reading Education Assistance Dogs (R.E.A.D.©) que foi iniciado em

Salt Lake City, em 1999, pela Intermediather Therapy Animals (ITA, 2011).

Aliando, a presença do cão como elemento motivador a uma proposta

pedagógica que incentiva a habilidade leitora, constatou-se que os alunos que

participaram do R.E.A.D.© por 13 meses evoluíram de 2 a 4 níveis na escala de

avaliação dessa habilidade; de acordo com Kathy Klotz, Diretor Executivo da ITA (ITA,

2011).

Corroborando os resultados obtidos no R.E.A.D.©, o aumento da motivação,

do foco e da persistência nas tarefas relacionadas à leitura, a promoção de ambiente

agradável para a aprendizagem, atitudes mais positivas em relação à escola e maior

estabilidade emocional dos alunos do ensino fundamental são elementos referidos em

Page 18: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

17

outras pesquisas que envolvem EAA (GRANGER et al, 1998; GUNTER, 1999;

HEIMLICH, 2001, ANDERSON; OLSON, 2006). Tal cenário é associado ao fato de

que os cães de terapia estimulam processos de socialização em sala de aula em

função de sua natureza tipicamente interativa (MALLON, 1994; PROTHMAN;

BIENERT; ETTRICH, 2006).

2. A LEITURA E O LEITOR

A leitura é tema constante de pesquisas dado seu caráter determinante no

processo de aprendizagem, impactando o desempenho dos alunos na aquisição de

conhecimento. Nesta direção, Sim-Sim (2001) afirma:

Saber ler significa, fundamentalmente, ser capaz de extrair informação de material escrito, qualquer que seja o suporte (de papel ou informático), qualquer que seja o tipo de texto e qualquer que seja a finalidade da leitura, transformando essa mesma leitura em conhecimento (SIM-SIM, 2001, p. 51).

Mas, antes de abordar as peculiaridades do processo de leitura, cabe abordar

alguns aspectos do cenário da educação brasileira. Para mensurar a qualidade da

educação e acompanhar o desempenho dos alunos da rede pública de ensino, os

estudantes são submetidos às avaliações de aprendizagem que visam nortear

políticas públicas na área.

No âmbito nacional, A Prova Brasil e o Programa Internacional de Avaliação

de Alunos (PISA), entre outros, são instrumentos utilizados para as avaliações de

aprendizagem escolar (BONAMINO; SOUSA, 2012).

A Prova Brasil é utilizada desde 2005 para avaliar alunos do 5° e do 9° anos

do Ensino Fundamental de todas as escolas públicas (das redes rural e urbana) com

mais de 20 alunos por série, nas disciplinas Língua Portuguesa e Matemática.

Segundo o QEdu (2012), com base nos resultados divulgados da Prova Brasil

2015, é possível calcular a proporção de alunos com aprendizado adequado à sua

etapa escolar. O resultado nacional para os alunos municipais do 5° ano em Língua

Portuguesa é de 51%; essa é a proporção de alunos que aprenderam o adequado na

competência de leitura e interpretação de textos. Para matemática a proporção é de

Page 19: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

18

39% de alunos que aprenderam o adequado na competência de resolução de

problemas.

O PISA é um exame realizado internacionalmente desde 2000, de três em três

anos, e avalia as habilidades em Leitura, Matemática e Ciências. O programa é

coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE) e seu objetivo é melhorar as políticas e os resultados de desempenho

educacionais globais.

De acordo com os dados do PISA em 2012, o Brasil ficou com a 55ª posição

do ranking de leitura, abaixo de países como Chile, Uruguai, Romênia e Tailândia. O

programa constatou que o desempenho dos estudantes brasileiros em leitura piorou

em relação à avaliação anterior (de 2009). Quase metade (49,2%) dos alunos

brasileiros não alcança o nível 2 de desempenho na escala de avaliação, que tem o

nível 6 como teto. Isso significa que eles não são capazes de deduzir informações, de

estabelecer relações entre as diferentes partes nem de compreender nuances de

linguagem envolvidas nos textos lidos (INEP, 2012).

Especificamente quanto à habilidade leitora, observa-se que a leitura é uma

atividade cognitiva complexa que envolve habilidades e formas diferenciadas de

processamento, entre as quais as habilidades de decodificação e de compreensão da

linguagem oral (GOUGH; TUNMER, 1986). A propósito, destaca-se que a

decodificação e a compreensão leitora recebem destaque na abordagem adotada pelo

PISA, que visa verificar a operacionalização de esquemas cognitivos de leitura.

Merece atenção especial, ao tratar-se do tema, considerar que a leitura é

abordada por diferentes modelos teóricos, os quais priorizam aspectos diferenciados,

desde os estruturais até os relativos à sua natureza social.

Disso decorre que o ensino da leitura baseia-se em linhas teóricas distintas,

por vezes, antagônicas; como será relatado a seguir.

Uma delas é representada pelos métodos alfabéticos, fônicos e silábicos que

destacam a importância do código linguístico no processo da aprendizagem da leitura

(operado em fases) e que postula que a leitura fluente é resultado do domínio seguro

da correlação entre as unidades mínimas da fala (fonemas) e as da escrita (grafemas)

(BELINTANE, 2006).

Tal abordagem prioriza o processo de decodificação, no qual a partir da

percepção e da associação, transforma-se grafemas (escrita) em fonemas (fala) para

se acessar o significado do texto (ROJO, 2000).

Page 20: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

19

Por sua vez, as abordagens construtivistas e sociointeracionistas priorizam as

concepções anteriores trazidas pelo leitor, sua leitura de mundo, suas experiências, a

cultura que está inserido e consideram que os conhecimentos prévios, de forma

interativa, vão modulando o processo de aquisição. (BELINTANE, 2006).

Observa-se, portanto, que a leitura é uma atividade que envolve aspectos

perceptuais/ cognitivos e aspectos sociais/ culturais; sendo que os últimos contribuem

para inferências e abstrações elaboradas pelo aluno/leitor.

Priorizando tais aspectos sociais/ culturais, que modulam o conhecimento do

mundo por parte do leitor, o ato de ler passa a ser considerado como uma interação

entre leitor e escritor (ROJO, 2000); entendendo-se por leitor, segundo Britto:

(...) aquele indivíduo que, além da alfabetização e do domínio pragmático do código escrito e independentemente de considerações subjetivas, tais como gosto ou valores morais, manipule com relativa frequência, por razões de sua inserção social, os valores, sistemas de referência e processos de significação autorizados pelo discurso da escrita. (BRITTO, 2003, p. 90)

De acordo com Rojo (2004), a escolarização em nosso país não forma tal

leitor, pois as práticas didáticas visam apenas o conteúdo previsto no currículo

escolar. Sendo assim, o aluno deve repetir a fala dos autores, isto é, memorizar e

reproduzir o texto lido de forma literal.

Para formar o leitor definido por Britto (2003), faz-se necessário pensar a

aquisição da leitura e escrita na dimensão social, isto é, do letramento; definido como

“estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas

sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as

com as práticas sociais de interação oral” (SOARES, 1999, p. 3). Neste sentido, a

autora afirma que o letramento possibilita a inserção plena e participativa do sujeito

na sociedade letrada, pois ser letrado implica: articular textos e interpretá-los para

além da literalidade, aproximando-os, assim, da sua própria vida.

Tal perspectiva teórico-metodológica pode ser bem traduzida na afirmação de

Cagliari (1997, p. 148): “a leitura e a extensão da escola na vida das pessoas, pois

extrapola os muros da instituição e torna-se uma herança maior do que qualquer

Page 21: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

20

diploma”. Consequentemente, para o autor, é assim que a escola e suas práticas de

letramento colaboram para a construção do leitor.

Feitas essas considerações, o presente estudo vai de encontro às pesquisas

que pontuam que, atualmente, a escola com seu ambiente, metodologia de ensino e

instrumentos (como o livro de didático) tende a não proporcionar memórias aprazíveis

da atividade de leitura para os estudantes. Já que, na medida em que a escola (e a

sala de aula) são mais que ambientes físicos, ou seja, são ambientes sociais e afetivos

e, portanto, as relações vividas nesses espaços, impactam o desenvolvimento dos

alunos (GIL, 2009; SELIGMAN, 1998; ZILBERMAN, 2002; LA TAILLE, 2008; NUTTI,

2009).

Ao assumir tal posição, a proposta de EAA como recurso para a formação do

leitor, em nosso ver, justifica-se.

Page 22: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

21

MÉTODO

1. ÉTICA

Trata-se de uma pesquisa do tipo experimental, pré e pós-intervenção, de

natureza qualitativa com estudo de casos múltiplos. O projeto seguiu as diretrizes e

normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos do Conselho

Nacional de Saúde, resolução nº 466/12 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012), e bem-

estar animal (WSPA, 2013); contou com a exequibilidade da instituição onde foi

executado o estudo e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo sob n° de parecer 1.911.981. A identidade dos

participantes foi preservada e seus nomes foram omitidos.

2. LOCAL

Escola Municipal de Ensino Fundamental Olavo Pezzotti, situada na cidade de

São Paulo. A instituição possui 12 salas de aula e 65 funcionários, atendendo ao

Ensino Fundamental das séries iniciais até as finais.

3. CASUÍSTICA

06 crianças de ambos os sexos (04 feminino, 02 masculino), com idade média

de 10,9 anos, alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, todos pertencentes à mesma

sala de aula.

Justifica-se a escolha do 5º ano, por ser o último ano do 1º ciclo do ensino

fundamental, no qual se espera que os alunos estejam aptos para participar dos

procedimentos da pesquisa.

Critérios de inclusão: sujeitos dispostos a participar de uma atividade de

leitura com a pesquisadora e que tivessem interesse e motivação mediante contato

com um cão.

Page 23: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

22

Critérios de exclusão: sujeitos com diagnóstico de distúrbios que alteram o

desenvolvimento cognitivo e/ou motor e/ou psíquico, alérgicos e/ou fóbicos ao contato

com cães (essas informações foram fornecidas pela escola).

Estratificação de dados dos alunos: para a caracterização da população

estudada, os dados de cada aluno foram registrados em uma ficha de identificação

desenvolvida para o estudo e transferidos para um banco de dados (Anexo 3).

Seleção do cão participante: para garantir a segurança durante a coleta de

dados, a escolha do cão seguiu os critérios propostos de saúde, temperamento e

socialização (LEFEBVRE et al., 2008), a saber: (i) avaliação do temperamento e

comportamento do animal, verificando reações frente a desconhecidos, reação ao

som alto e/ou estímulo novo, à voz agressiva ou gestos ameaçadores, à locais lotados

de pessoas, à afagos vigorosos e desajeitados, a forte abraço e reação a outros

animais; (ii) treinamento e habilidade em obedecer a comandos do condutor; (iii)

saúde do animal - vacinas para controle de raiva e outras zoonoses (vacina V8 ou

V10), giárdia e tosse canina - e acompanhamento e avaliação de médico veterinário

realizando controle de pulgas, carrapatos e parasitas. A tutora do cão foi a

pesquisadora deste trabalho.

Ao se considerar esses critérios, o cão Lion, da raça Golden Retriever, 6 anos

de idade, atuante como co-terapeuta em EAA desde o início do ano de 2013 em

hospitais, escolas e outros locais, foi selecionado para a pesquisa. A escolha do cão

também foi baseada no tipo de ação, que requer um cão calmo, com baixo nível de

excitação e que tenha prazer em ficar deitado junto às pessoas.

O desempenho de Lion frente a todos os critérios é adequado, possui atestado

de saúde fornecido por médico veterinário e atestado de comportamento fornecido por

profissional da área de treinamento. Além dos cuidados veterinários habituais, os

cuidados relacionados à higiene (banho, tosa quando necessário e escovação de

dentes) foram permanentes (Anexo 1).

Page 24: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

23

4. PROCEDIMENTO

ETAPA 1: apresentação do projeto à Coordenadora da EMEF.

ETAPA 2: aprovação do projeto pelo conselho da escola e pela diretoria regional de

educação.

ETAPA 3: reconhecimento do ambiente.

Foram feitas duas visitas, de 20 minutos cada, com o cão participante do

estudo, sem a presença dos alunos, com a finalidade de familiarizá-lo com o local

específico designado para a pesquisa (a sala de artes).

ETAPA 4: primeiro contato com todos os alunos da sala do 5º ano B (turma designada

pela escola) para esclarecimentos sobre o projeto de pesquisa e solicitação da

assinatura dos pais ou responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

e autorização de vídeo e imagem (Anexo 2).

ETAPA 5: Seleção de alunos de acordo com os critérios de seleção e apresentação

do TCLE assinado pelos responsáveis.

ETAPA 6: coleta de dados pré-intervenção IAA.

Os alunos responderam individual e oralmente ao questionário para coleta de

dados relativos a contato com animais e atividades de leitura (Anexo 3).

ETAPA 7: Intervenções.

As atividades ocorreram individualmente, na sala destinada pela escola à

pesquisa, durante o turno escolar. Nos dias e horários estabelecidos pelo professor

de sala de aula, cada aluno foi liberado para participar da pesquisa.

Cada sujeito participou de 06 sessões semanais de leitura em voz alta de

livros infantis, com duração de 20 minutos cada, sendo as cinco primeiras com e a

última sem a presença do cão, visando colher as percepções dos alunos com relação

a ausência do mesmo. Todas as sessões foram gravadas em câmera digital para

Page 25: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

24

posterior análise do material pertinente ao objetivo do projeto. A cada sessão a

pesquisadora registrava dados relevantes a cada sujeito, por escrito.

A cada um dos 05 primeiros encontros o sujeito era solicitado a ler um livro

infantil pré-determinado, em voz alta, por até 15 minutos. O cão Lion permanecia

deitado sobre um tapete e, ao adentrar a sala, a criança escolhia como se posicionar

em relação ao cão. Durante a sessão o cão alterava sua posição sem, com tudo, se

afastar muito do tapete. Cada sessão durou no máximo 20 minutos, abrangendo a

chegada na sala, a leitura do livro, a interação com o cão após a leitura e a saída da

criança.

A pesquisadora optou pelo livro, como suporte textual, por ser o mais utilizado

nos projetos internacionais de leitura com cães e nas pesquisas de EAA. O sentido de

suporte aqui, é o concebido por Marcuschi (2003), como um portador de textos, físico

ou virtual. A escolha dos livros obedeceu a critérios de diversidade tipográfica e

conteúdo relacionado ao desenvolvimento de valores humanos. A diversidade

tipográfica segue o conceito de Hurlburt (1986), que afirma que a melhor solução é

usar a tipografia de tal forma que consiga construir um convite à leitura. A tipografia

influencia a legibilidade da leitura; por exemplo, as tipografias serifadas, que possuem

maior contraste e, consequentemente, são mais legíveis que as sem serifas

(HEITLINGER, 2007). Serifa é o traço ou barra que remata cada haste de certas letras,

de um ou de ambos os lados. Já a escolha dos temas foi influenciada pelo possível

impacto positivo dos conteúdos na formação dos alunos.

Após as 05 sessões de leitura na presença do cão, cada um dos sujeitos

participou da 6ª sessão sem a presença do cão, na qual foram utilizados livros infantis

com histórias variadas sendo que algumas envolviam cães e em cujas ilustrações de

capas esse animal aparecia.

ETAPA 8: coleta de dados pós-intervenção IAA.

Os alunos responderam oral e individualmente ao questionário para coleta de

dados sobre as possíveis relações entre a EAA e leitura (Anexo 4).

Page 26: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

25

5. CRITÉRIOS DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

As respostas dos sujeitos aos questionários pré e pós- intervenção EAA foram

descritas (quantitativamente) e articuladas às observações complementares

registradas pela pesquisadora a cada sessão de leitura foram sintetizadas

(qualitativamente), de maneira a traçar os perfis individuais quanto aos aspectos

relevantes para o objetivo da pesquisa.

Todos os vídeos foram analisados (total: 36 sessões), de maneira a

estabelecer categorias de análise de conteúdo à posteriori, de acordo com a

incidência e a relevância dos conteúdos em relação ao objetivo da pesquisa, a partir

da metodologia proposta por Bardin (2010). A análise dos vídeos foi realizada em três

etapas: pré-análise (visualização), seleção do material pertinente e categorização do

material selecionado.

Page 27: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

26

RESULTADOS

Antes da apresentação dos resultados, cabe um comentário que será

retomado na Discussão. Quando o projeto de pesquisa foi apresentado aos

estudantes, inicialmente, a grande maioria animou-se em participar devido à

possibilidade de interagir com o cão. Contudo, quando foram informados de que essas

atividades envolviam leitura em voz alta, essa disponibilidade reduziu-se

significativamente. Muitos referiram “ter esquecido o TCLE” ou não terem sidos

autorizados por seus pais a participar da pesquisa, o que parece estar associado a

certo temor em serem avaliados quanto ao desempenho em leitura.

1. RESPOSTAS AOS QUESTIONÁRIOS PRÉ E PÓS IAA

Tabela 1 – Resultados do questionário aplicado pré-IAA

Questão Sim (%) Não (%)

Tem animais em casa? 1 (16,6) 5 (83,3)

Convive com outros animais? 5 (83,3) 1 (16,6)

Gosta de ler? 6 (100,0) 0 (0,0)

Retira livro na biblioteca somente com o professor? 2 (33,3) 4 (66,6)

Retira livro na biblioteca voluntariamente? 4 (66,6) 2 (33,3)

TOTAL 6 (100,0) 6 (100,0)

Tabela 2 – Resultados do questionário aplicado pós-IAA

Questão Sim (%) Não (%)

Gostou de participar 6 (100,0) 0 (0,0)

Lê com mais frequência 4 (66,6) 2 (33,3)

Lê com a mesma frequência 2 (33,3) 4 (66,6)

Percebeu que melhorou a leitura

6 (100,0) 0 (0,0)

TOTAL 6 (100,0) 6 (100,0)

Page 28: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

27

2. PERFIS DOS SUJEITOS (S1 A S6)

S1 - feminino, 10 anos.

Inicialmente relatou que “gostava mais ou menos de ler” e que só retirava livro

na biblioteca da escola na presença do professor. Nas duas primeiras sessões evitava

estabelecer contato físico e/ou visual com o cão e, a partir, da 3ª sessão vinculou-se

ao Lion e passou a acaricia-lo. Começou a quarta sessão relatando que tinha medo

de cachorro até conhecer o Lion e que, a partir dessa interação, superou o medo,

repetindo o mesmo relato na sessão seguinte. Ao término, relatou que lê com mais

frequência do que antes da IAA.

Livro escolhido na 6ª sessão: Como ser um bom cachorro, com ilustração de

um cão na capa.

S2 – masculino, 11 anos.

Afirmou gostar de ler e ser um leitor frequente, inclusive retirando livros na

biblioteca de forma voluntaria, sem a presença do professor. Vinculou-se com o cão

imediatamente ao ser apresentado ao Lion e passou a acaricia-lo frequentemente,

desenvolvendo com o passar do tempo uma relação muito carinhosa. Na 1ª sessão

demonstrou desconforto ao ler em voz alta e fez muitas pausas, durante a leitura, para

respirar. Nessas interrupções ora colocava a mão na garganta, ora no peito. Essas

interrupções foram diminuindo na segunda sessão e tornaram-se praticamente

inexistentes a partir da 3ª sessão, em diante. Ao final da IAA relatou que melhorou a

leitura pois ler com o cão é mais legal e também porque “não está mais gago”. Seguiu

lendo com a mesma frequência.

Livro escolhido na 6ª sessão: Madeline Finn e Bonnie, com ilustração de um

cão na capa.

Page 29: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

28

S3- masculino, 11 anos.

Afirmou que gosta de ler e retira livro na biblioteca voluntariamente. Vinculou-

se com o cão desde o início, porém concentrou o contato físico com o Lion no início e

no final da sessão e raramente o acariciou enquanto lia. As sessões transcorreram

bem. Relatou que gostou de participar e que após a IAA lê melhor, afirmou que ler é

bom, mas “com cachorro é mais legal”. Seguiu lendo com a mesma frequência.

Livro escolhido na 6ª sessão: Como ser um bom cachorro, com ilustração de

um cão na capa.

S4 – feminino, 10 anos.

Relatou que “gosta um pouco de ler” e que só retira livros na biblioteca da

escola com o professor. Na 1ª sessão ao ser solicitada para ler para o cão, quase

desistiu de participar, informando que não gostava de ler em voz alta. Quando iniciou

a sessão, seu nível de decodificação era ora grafêmico ora silábico; com baixa

intensidade vocal. No decorrer das sessões a intensidade vocal aumentou, porém

persistiu o nível de decodificação pouco fluente. Vinculou-se com o cão desde o

princípio e fez carinho com frequência. Ao final da IAA diz que passou a retirar livros

fora da escola, no Centro para Juventude (CJ) um projeto da prefeitura que ela

frequenta. Demonstrou tristeza ao saber que não continuariam as sessões e julgou

que “aprendeu a ler mais um pouco”, pois “se sente protegida” pelo o cão e “mais

solta” em sua presença.

Livro escolhido na 6ª sessão: Madeline Finn e Bonnie, com ilustração de um

cão na capa.

S5 – feminino, 10 anos.

Inicialmente relatou que “gosta mais ou menos de ler”, mas retira livros

voluntariamente da biblioteca. Se vinculou ao cão desde a 1ª sessão e fez carinho

com frequência, inclusive durante a leitura. Ao término da IAA disse que gostou muito

de participar e que ler com o cão a “acalma”. Relatou que sua leitura melhorou e que

está lendo com mais frequência.

Page 30: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

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Livro escolhido na 6ª sessão: Orelhas de mariposa, com ilustração de uma

menina na capa.

S6 – feminino, 10 anos.

Afirmou que gosta de ler e retira livro voluntariamente na biblioteca. Na 1ª

sessão fez pouco carinho no cão, a partir da segunda passou a fazer contato corporal

constantemente. Disse que gostou muito de participar e lê com mais frequência.

Relatou que consegue ler melhor com o cão e que com ele se sente “mais alegre”.

Livro escolhido na 6ª sessão: Como ser um bom cachorro, com ilustração de

um cão na capa.

Os relatos acima revelaram que, segundo a autopercepção de todos os

sujeitos, suas habilidades de leitura melhoraram após as sessões. A maioria deles, 4

dos 6 participantes, passou a ler com mais frequência. Além disso, os sujeitos

percebem o cão como um elemento que impacta de forma positiva o ambiente onde

acontece a leitura e/ou o próprio ato de ler, tornando-os mais agradáveis. Na 6ª sessão

de leitura – sem a presença do cão, 5 dos 6 sujeitos escolheram livros com ilustração

de cães na capa.

3. CATEGORIAS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO

Para elaboração das categorias foram analisadas todas as sessões de leitura,

05 com e 01 (a última) sem a presença do cão; considerando a utilização de

comunicação verbal e não verbal (gestos e manifestações emocionais)

I. Relatos Autobiográficos

O cão apareceu como tema dos relatos autobiográficos, com frequência, em

narrativas de fatos cotidianos na interação com amigos e familiares, a saber: “minha

avó colocava gelo no balde para a cachorrinha dela no verão”; “minha vizinha tem

uma cachorra” ou o “meu tio tem um cão que se parece com o Lion”.

Page 31: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

30

Porém optou-se em destacar os relatos que não mencionam o cão na

interação com o próprio sujeito.

Exemplos:

Após acabar de ler o livro “Madeline Finn e Bonnie” que conta a história de

uma menina que não gostava de ler em voz alta na escola até conhecer a cadela

Bonnie, ao ser questionada sobre do que trata a história, responde, fazendo um

paralelo entre o livro e sua vivência escolar: “Quase a mesma coisa do que eu. Na

sala de aula a gente sente vergonha. A gente está lendo e quando olha para os amigos

eles estão rindo, tão falando mal da gente. E aqui, com o cachorro, a gente se sente

melhor”.(S4, sessão 6)

Criança muito reservada nas primeiras sessões, evitando tocar e olhar para o

cão. Na terceira sessão, altera essa conduta e passa a cariciar o cão timidamente,

permitindo que o mesmo deite a cabeça em seu colo. Ao iniciar a quarta sessão, já

começa a acariciar o cão e relata: - “Eu tinha medo de cachorro até conhecer o Lion

e agora não tenho mais.” Retoma o assunto ao final da 5ª sessão, relatando

novamente que tinha medo de cães e o superou (S1, sessão 4)

II. Interação com o Livro

Percebeu-se que, quando o leitor estava envolvido com a leitura, dialogava

com o livro interagindo com o texto e se aproximando dele.

Exemplos:

Durante a leitura do livro “Sopa de Botão de Osso”, uma história da tradição

judaica que conta como um mendigo altera o cenário quando chega a um vilarejo

pobre onde ninguém se ajuda e propõe fazer uma sopa com os botões do seu casaco,

a criança pergunta o significado da palavra “sinagoga” e da palavra “matutou”, que

aparecem no texto. Antes de finalizar a leitura do livro e antecipando o desfecho da

história, conjecturando, diz: “Acho que o mendigo enganou a cidade senão ninguém

ia emprestar os alimentos”. (S2, sessão 3)

Page 32: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

31

Sessão de leitura do livro “O pote vazio” que conta a história do processo de

escolha de um sucessor para um imperador chinês. Essa fábula fala sobre a

honestidade recompensada e ao terminar a leitura, a criança conversa sobre o livro e

especula a possibilidade de outro final para a história. (S3, sessão 2)

Ao ver a capa do livro “A velhinha que dava nome as coisas”, sorri e diz que

já leu e que acha o livro “muito legal”. Questionada se gostaria de ler novamente,

segue olhando a capa, sorri novamente e afirma: “Sim! Gosto muito dele” (livro)! (S6,

sessão 1)

III. Contato Corporal com o Cão

Todos os sujeitos, com exceção de S1, acariciaram o cão em todas as

sessões nas quais ele esteve presente. S1 evitou o contato nas 02 primeiras sessões,

mas da terceira em diante passa a acariciar o cão.

De maneira geral, as crianças faziam carinho antes e após a leitura do livro e,

algumas, durante a leitura. Três sujeitos (1,4 e 6) estenderam o contato corporal para

a pesquisadora, despedindo-se com beijo ao final de algumas sessões.

Exemplos:

Pela primeira vez, faz carinho no cão imediatamente ao chegar na sala. Senta

mais próxima do cão para ler e durante a leitura o Lion deita a cabeça em seu colo e

ela passa a acariciá-lo, sem interromper a leitura. Segue com o carinho ao conversar

sobre a história lida e mantem o contato até o final da sessão. (S1, sessão 3)

Desde o primeiro encontro carinho/proximidade corporal estão presentes na

interação. Mas ao iniciar a quarta sessão, deita-se sobre a barriga do cão, usando-o

“como travesseiro” durante a leitura. Permanece nessa posição quase a metade da

sessão e após se sentar, segue fazendo carinho até o final da interação.(S2, sessão

4)

Page 33: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

32

IV. Comunicação Verbal Dirigida ao Cão

Apenas S5 não se dirigiu verbalmente ao cão (tomando-o como interlocutor)

durante as sessões, apesar de conversar sobre ele com a pesquisadora.

Exemplos:

Após acabar a leitura do livro, segue conversando animadamente com a

pesquisadora, ora sobre o cão, ora sobre si mesmo e, em meio a essa conversa, deita-

se ao lado do cão, olha diretamente para ele e diz: “Quero ser você, Lion, por que

gosto ler e de ficar deitado”. Segue conversando e antes de se levantar para ir embora,

se despede do cão. (S2, sessão 4)

No primeiro contato, ao ser apresentado e saber que o cão se chama Lion,

diz que Lion em inglês, significa leão. Apresentando certa timidez, sorrindo para o cão

fala: “oi, Lion”. Lê a história proposta e ao encerrar a sessão, parecendo mais

relaxado, se despede do cão. (S3, sessão 1)

Senta-se próxima ao cão e após ler a história, segue acariciando o Lion. Passa

alguns minutos desfrutando da companhia do cão e ao final da sessão diz tchau

olhando para ele. Novamente, quando está se levanto para sair, diz tocando no

animal: “Lion, tchau menino!” (S4, sessão 5)

Chega para sessão de leitura sorrindo, cumprimenta a pesquisadora e, em

seguida, diz para o cão: “Oi, tudo bem?” Lê o livro proposto, acaricia o cão,

desfrutando de sua companhia e ao terminar a sessão, se despede dizendo: “tchau,

Lion!” (S6, sessão 5)

Page 34: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

33

DISCUSSÃO

A quantidade reduzida de sujeitos que aceitaram participar da coleta de dados

desse estudo demonstra que a leitura é um ponto nevrálgico em sala de aula. Pois,

como dito anteriormente, a pesquisa foi apresentada para toda sala do 5º ano B e a

maioria dos alunos, inicialmente mostrou animação em participar, mas desistiram tão

logo foram informados que envolvia leitura em voz alta nas sessões. Esse panorama

vai de encontro com os resultados obtidos pelo PISA no quesito leitura, que demonstra

que quase a metade de nossos estudantes não alcançam o desempenho esperado

nessa esfera. (INEP, 2012)

Levando -se em conta que as experiências escolares vividas pelos alunos e a

forma como eles percebem essas interações são determinantes do seu envolvimento

ativo no processo de aprendizagem (OSTI, 2010), a negativa em participar de sessões

de leitura é um indicador de a relação desses alunos com essa atividade não se

desenvolveu de forma positiva e, portanto, eles a evitam.

Dito isso, a pequena amostra desse estudo é composta por alunos que, na

sua grande maioria, se interessam em algum nível pela leitura, não pretendento ser

representativa de todas salas de aula dos 5os anos das escolas municipais . Se por

um lado, do ponto de vista acadêmico essa atitude de afastar-se da leitura é negativa,

por outro, do ponto de vista do desenvolvimento da EAA, pode-se melhor perceber a

influêcia da presença do cão nesse contexto.

Os relatos do sujeitos pesquisados sobre a experiência de ler acompanhado

de um cão-terapeuta foram positivos concordando com Kaymen (2005) que observou

que os alunos ficam mais relaxados e acham a leitura mais agradável quando na

presença do cão.

Vale destacar o sujeito 1, que relatou ter medo de cachorro, porém, participou

de todas as sessões e, ao final, mencionou que gostou muito de ler com o cão. A

propósito, a abordagem psíquica das fobias postula que uma das formas mais

poderosas de reformular uma resposta comportamental temerosa é fornecer um

modelo positivo (BANDURA, 1976). Tal modelo positivo é assegurado pela escolha

adequada do cão-terapeuta que, no presente estudo, possibilitou a reconstrução

assertiva da interação com esse animal, que deve passar por avaliação de

Page 35: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

34

temperamento especificamente concebida para as condições encontradas nas IAAs

(LEFEBVRE et al., 2008).

Transpor a barreira do medo ao executar uma atividade escolar pode impactar

a autopercepção, pois os sentimentos vivenciados pelo sujeito funcionam como um

filtro de interpretação de sua eficácia. (SELIGMAN, 1998).

A auto eficácia envolve a opinião que o indivíduo constrói sobre suas

capacidades de se organizar para realizar ações de controle sobre eventos e

demandas do meio (BANDURA, 1989). Alguns estudos se voltam ao papel de

influência do auto eficácia sobre a aprendizagem, a motivação e a realização

acadêmica (BANDURA et al., 1996).

Neste estudo os participantes julgaram seu próprio desempenho e

envolvimento com a leitura e estas autoavaliações envolvem o senso de auto eficácia

(BANDURA, 1989; SCHUNK, 1989) como aparece no relato do sujeito 2, que ao final

das intervenções se percebe menos gago e, de fato, essa autopercepção se comprova

pela ausência de rupturas na fluência durante a leitura à partir da 3ª sessão.

Os resultados obtidos corroboram que a presença do cão impacta aspectos

pedagógicos, como afirma Hall (2016), em revisão sistemática de 27 artigos, onde

explora os benefícios da leitura assistida por cães como prática educacional. No

estudo, o autor destaca que a presença dos cães altera beneficamente os processos

comportamentais e emocionais, aspectos importantes na criação de um ambiente de

aprendizado favorável.

Assim, percebe-se que o cão colabora para a construção de um ambiente

acolhedor por aceitar incondicionalmente e não julgar o desempenho dos alunos,

podendo influenciar de forma positiva na motivação de aprendizagem (LE ROUX,

2014).

Tais considerações aparecem no discurso do sujeito 4, que relata se sentir

mais “solta” para ler quando na presença do cão e reiteram que o comportamento dos

cães, que “ouvem” (sem julgar e/ou criticar), sendo complacentes e possibilitando que

os alunos leiam em seu próprio ritmo; auxiliam a transformação da conduta das

crianças em relação à leitura, segundo Le Roux (2014).

Além dos aspectos relativos à subjetividade, os estudos sobre os efeitos

fisiológicos da presença de um animal sugerem que a interação com um cão pode

reduzir significativamente a pressão arterial e a freqüência cardíaca enquanto uma

Page 36: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

35

criança lê em voz alta, o que configura redução da ansiedade (FRIEDMANN et al.,

1983).

Apesar de todos os sujeitos deste estudo terem mencionado melhoras em

suas habilidades leitoras ao término das 06 sessões individuais de IAA propostas,

Leroux (2014) sugere a implantação de programas mais longos (com mais de 10

semanas). Nessa direção, segundo O'Connor et al. (2010, apud LE ROUX, 2014) este

seria o período mínimo para se verificar alterações significativas nas habilidades de

leitura. Esse aspecto merece atenção em futuras pesquisas sobre o tema

Os resultados apresentados contribuem com o pressuposto de que as IAAs

favorecem a motivação de estudantes frente às atividades acadêmicas, não se

restringindo às de leitura (NEBBE, 2003). Sendo assim, faz-se necessário o

investimento em pesquisas sobre o impacto desse dispositivo no campo da educação.

Page 37: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

36

CONCLUSÃO

A presença do cão, como recurso pedagógico, promoveu um ambiente

prazeroso e ampliou a motivação e o envolvimento com a leitura no grupo de

estudantes pesquisados. Os resultados obtidos sugerem que a Educação Assistida

por Animais pode impactar beneficamente o desempenho de estudantes por operar,

de forma positiva, na autopercepção dos mesmos frente às habilidades de leitura.

Page 38: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

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ANEXO 1 – ATESTADO DE SAÚDE E COMPORTAMENTO DO CÃO

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ANEXO 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia

Nome do participante: ................................................................ Data: ..............Grupo C ( ) sem cão

Grupo P ( ) com cão

Pesquisadora Orientadora

Andrea Lorenzon Petenucci

Endereço: Rua Joaquim Antunes, 796/141

Pinheiro, CEP: 05415-001

Telefone: (11) 99999-8489

Prof.ª. Drª. Maria Claudia Cunha

Endereço: Alameda Tietê, 301, AP 8 B,

Jardim Paulista, CEP: 01417-020 Telefone:

(11) 99907 - 5287

1. Título do estudo: Educação Assistida por Animais: efeitos na motivação e no desempenho da leitura de alunos do 5º ano do ensino fundamental

2. Propósito do estudo: Descrever os efeitos da Educação Assistida por Animais na motivação e no desempenho em leitura dos alunos do 5º ano do ensino fundamental.

3. Procedimentos: Atividade individual, com duração aproximada de 15 a 20 minutos, gravada em câmera digital para posterior análise do material pertinente ao objetivo do projeto seguindo a sequência:

- Serão aplicados pela pesquisadora dois instrumentos: o teste de Avaliação da compreensão leitora

de textos expositivos e a Escala para avaliação da motivação escolar infanto-juvenil (EAME-IJ), no

início;

- Serão realizadas 6 sessões de leitura, uma vez por semana.

- Após a última sessão de leitura ocorrerá a reaplicação individual do teste de Avaliação da

compreensão leitora de textos expositivos e da Escala para avaliação da motivação escolar infanto-

juvenil (EAME-IJ) para efeito comparativo

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- Importante ressaltar que o cão participante foi selecionado a partir de critérios acerca de saúde,

temperamento e socialização, está autorizado pela escola.

4. Riscos: O procedimento oferece riscos mínimos aos participantes da pesquisa, já que previamente foi investigada a disposição da criança para contato com o animal participante do projeto. O cão participante apresenta boa saúde (vide carteira de vacinação), verificado constantemente por um veterinário e seu comportamento está dentro do esperado para atividade estipulada, ou seja, é dócil, sociável e tranquilo

5. Benefícios: Considera-se que esse tipo de intervenção traz benefícios, de modo que nesse cenário, os estudos apontam para os efeitos positivos dessa abordagem em diversos campos da saúde e da educação, como: melhora a autoestima, prazer e motivação (JALONGO 2005, PILLOW-PRICE 2014). Bem como redução da ansiedade (KLOTZ, 2014) e aumento das interações sociais e cooperação (GRIGORE 2014, LLOYD 2014, FRIESEN 2010), pontos que favorecem o desenvolvimento pedagógico, entre outros.

6. Direitos do participante: Retirar-se deste estudo a qualquer momento.

7. Compensação financeira: Não haverá compensação financeira pela participação no estudo.

8. Confidencialidade: As sessões serão registradas em áudio e/ou vídeo e o material será visto pela

pesquisadora e pelos membros autorizados do grupo de pesquisa da PUC-SP, além de pesquisadores

do tema.

9. Comitê de Ética em Pesquisa: O Comitê de Ética em Pesquisa que revisa todos os estudos

desenvolvidos na instituição aprovou o estudo para o qual seu filho(a) está sendo convidado a

participar pelo parecer CAAE: 61878916.1.0000.5482.

Recebi uma cópia deste documento e compreendo os direitos do participante de pesquisa e

voluntariamente consinto a participação de meu filho(a), uma vez que estou ciente de que os

resultados deste estudo poderão ser publicados em mídias, materiais impressos profissionais e/ou

apresentados em congressos da área e afins, uma vez que contribuiremos para evidências científicas

do tema. Assim, disponibilizo e autorizo o áudio, vídeo e imagens para melhor ilustrar o processo do

estudo e dos resultados.

____________________________________________

Assinatura dos Pais e/ou Responsáveis – Grau de parentesco

________________________________________________

Andrea Lorenzon Petenucci - Pesquisadora Responsável

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ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO PRÉ- INTERVENÇÃO IAA

Nome do aluno.................................................................................nº..............

Idade: ........................................... Sexo: ..........................................................

Data de nasc.:.............................................. Classe: ...............................…….....

Tem animal(is) em casa? ( ) Sim ( ) Não

Convive com outros animais? ( ) Sim ( ) Não

Gosta de ler? ( ) Sim ( ) Mais ou menos ( ) Não

Retira livro na biblioteca? ( ) Sim ( ) Não ( ) só com o professor

( ) voluntariamente

Obs:

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ANEXO 4 – QUESTIONÁRIO PÓS-INTERVENÇÃO IAA

Nome do aluno.................................................................................nº..............

Idade: ........................................... Sexo: ..........................................................

Data de nasc.:.............................................. Classe: ...............................…….....

Gostou de participar das atividades? ( ) Sim ( ) Não OBS:

___________________________________________

Passou a ler com mais frequência? ( ) Sim ( ) Não OBS:

__________________________________________

A presença do cão fez alguma diferença na sua leitura? ( ) Sim ( ) Não OBS:

_______________________________________

Como está sua leitura após as sessões? OBS: ______________________________________

Outras observações/ comentários: ...

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51

ANEXO 5 – LIVROS UTILIZADOS NAS SESSÕES DE LEITURA

Os livros das sessões de 1 a 5 foram pré-determinados e todos os sujeitos

leram o mesmo livro, a cada sessão.

Na 6ª sessão, foram oferecidos 5 livros, para que os sujeitos escolhessem

um entre eles.

Sessão 1. A velhinha que dava nome às coisas

Autor: Cynthia Rylant.

Editora: Brinque Book.

Era uma vez uma velhinha que já não tinha nenhum amigo, pois todos eles

haviam morrido. Por isso, ela começou a dar nome às coisas que durariam mais que

ela - sua casa, seu carro, sua poltrona. Até o dia em que um cachorrinho apareceu no

seu portão. Então, a velhinha acaba dando um nome ao cachorrinho, mesmo correndo

o risco de sobreviver a ele. A autora trata sutilmente de solidão e perda.

Sessão 2.O pote vazio

Autor: Demi.

Editora: Martins.

Há muito tempo, na China, vivia um menino chamado Ping, que adorava

flores. Tudo o que ele plantava florescia. O Imperador também adorava flores. Quando

chegou o momento de escolher um herdeiro, ele deu uma semente de flor para cada

criança do reino, dizendo: "Quem provar que fez o melhor possível dentro de um ano,

será meu sucessor!". Ping plantou sua semente e cuidou dela dia após dia. Mas os

meses se passaram e a semente não brotou. Quando chegou a primavera, Ping

apresentou-se ao Imperador levando apenas um pote vazio. A arte primorosa e a bela

simplicidade do texto de Demi mostram como o fracasso constrangedor de Ping se

transformou em triunfo, nesta fábula sobre a honestidade.

Sessão 3. Sopa de botão de osso

Autor: Aubrey Davis.

Editora: Brinque Book.

É um conto popular da tradição judaica. Numa noite escura de inverno, um

pobre mendigo busca comida e abrigo. Quando o povo da cidade se mostra tão frio

Page 53: MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

52

quanto a neve, o mendigo se gaba de poder fazer uma sopa deliciosa se tivesse seis

botões de osso. Logo a cidade inteira vem assistir a esse milagre. Num abrir e fechar

de olhos, o povo se vê apreciando a melhor sopa de botões de osso de suas vidas, e

aprendem a lição do que pode ser feito com somente seis botões, solidariedade e

cooperação.

Sessão 4. Guilherme Augusto Araújo Fernandes

Autor: Mem Fox.

Editora: Brinque Book.

Guilherme Augusto Araújo Fernandes era vizinho de um asilo de velhos,

todos seus amigos, mas era de Antônia que ele mais gostava. Quando soube que ela

perdera a memória, quis saber o que isso significava, e foi perguntar aos outros do

asilo. Como resposta, ouve que memória é algo bem antigo, que faz chorar, faz rir,

vale ouro e é quente. Então monta uma cesta e vai levá-la à Antônia. Quando ela

recebe os presentes maravilhosos (conchas, marionete, medalha, bola de futebol e

um ovo ainda quente) cada um deles lhe devolve a lembrança de histórias. O livro

aborda de forma delicada a relação de amizade e respeito entre gerações.

Sessão 5. Ana, Guto e o gato dançarino

Autor: Stephen Michael King.

Editora: Brinque Book.

Ana tem talento e muita criatividade, o que lhe faltava era coragem para

mostrar ao mundo seu dom. Ela não tinha coragem de mostrar tudo que sabia fazer.

Ana podia pegar qualquer coisa e transformá-la em algo diferente, mas os habitantes

de sua cidade só queriam saber do que era comum, prático e conhecido. Seus dias

eram todos iguais, até que a visita de dois menestréis, vindos de longe, mudou sua

vida. Ana tomou coragem e fez tudo aquilo que sabia fazer, presenteou seus amigos

e mudou a vida de todos.

Sessão 6. Livros:

i. Nome, sobrenome e apelido

Autor: Mariana Zanetti.

Editora: Cia Das Letrinhas.

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Neste livro, quinze histórias curtas escritas em prosa falam sobre

cachorros, gatos, homens e mulheres e suas várias alcunhas. Ilustrado a quatro mãos,

com pedaços de papel colorido recortado com os dedos - nada dedos, sem auxílio de

tesouras.

ii. Orelhas de mariposa

Autor: Luisa Aguilar.

Editora: Callis.

Mara tem orelhas de abano. Ou seriam de mariposa? Mara usa meia

furada. Ou será que ela tem um dedo curioso? Essa história mostra de forma delicada

e bem-humorada que as qualidades ou os defeitos das pessoas podem ser

enxergados de diferentes formas, dependendo somente do ponto de vista.

iii. O homem que amava as caixas

Autor: Stephen Michael King.

Editora: Brinque Book.

Este livro fala de maneira simples e bonita sobre o relacionamento entre

pai e filho. Com ilustrações alegres e muita sensibilidade, 'O Homem que Amava

Caixas' conta a história de um homem que era apaixonado por caixas e por seu filho.

O único problema é que, como muitos pais, ele não sabia como dizer ao filho que o

amava.

iv. Como ser um bom cachorro

Autor: Gail Page.

Editora: Brinque Book.

Ringo é um simpático – porém atrapalhado – cachorro, que tenta ser um

bom animal de estimação. Quando Ringo fica muito levado, dona Curió o manda direto

para sua casinha no quintal. Sempre que isso acontece, sua amiga Gata fica muito

solitária. Ela então decide ajudar Ringo e acaba o treinando com auxílio de um livro

de boas maneiras para cães. Comandos como dar a patinha, pegar algo no ar, sentar,

deitar e rolar são repetidos à exaustão. Dona Curió ficará feliz com o resultado?

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v. Madeline Finn e Bonnie

Autor: Lisa Pap.

Editora: Salamandra

Madeline Finn não gosta de ler. Nem livros, nem revistas, nem placas,

nada. Ler em voz alta na classe é pior ainda. Às vezes, as palavras se emaranham

em sua boca como manteiga de amendoim e seus colegas começam a rir. Mas isso

começa a mudar quando, certo dia, sua mãe a leva até a biblioteca pública, onde a

bibliotecária propõe algo inusitado.