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TRAJETÓRIA INTELECTUAL E PRODUÇÃO LETRADA DE MADAME DE
STAËL E SUA RELAÇÃO CONFLITUOSA COM NAPOLEÃO À LUZ DA
OBRA “DE L’ALLEMAGNE”
Louise Salles Schaeffer
Mestranda em História pela Universidade Federal de Juiz De Fora
Email: [email protected]
Resumo
Anne Louise Germaine Necker, posteriormente conhecida como Madame de
Staël, célebre escritora franco suíça do século XIX reformulou o conceito de literatura,
propagou o romantismo na França, foi responsável pelo intercâmbio cultural entre França
e outros países europeus e foi responsável por inúmeros pensamentos libertários do seu
período. Sua figura se associa ao pensamento libertário, cuja transformação mudou o
rumo da literatura francesa entre os séculos XVIII e XIX. Pela sua maneira de pensar e
agir diante de uma França extremamente nacionalista, durante o governo napoleônico,
pós revolução francesa, Madame de Staël incomodou. Suas obras de maior fôlego foram
o principal fator de desentendimento e conflito entre a escritora e o ditador francês na
época e devido a esse conflito, a historiografia francesa e mundial debate acerca da
herança em que os escritos e as ideias de Staël deixaram para a posterioridade. Esse artigo
tem como principal objetivo mostrar a trajetória de vida e a produção letrada de Madame
de Staël a partir do século XIX, dando ênfase para sua obra de maior destaque: De
l’Allemagne (1810). É a partir dessa obra, que Madame de Staël sintetizou toda a história
da Alemanha, desde os costumes até a política em um contexto histórico onde a França,
governada por Napoleão, caminhava em solo extremamente patriota e que a autora
desviou completamente com sua obra. Serão destacados, portanto, os pontos que ilustram
a relação entre Madame de Staël e Napoleão e esse significativo conflito no contexto
político e sócio cultural francês através da sua obra mais icônica recentemente traduzida
no Brasil (2016). Seus escritos chegaram ao país e não somente circularam entre as
livrarias da corte, como influenciaram fortemente outras mulheres escritoras da época.
Palavras-chave: Madame de Staël, romantismo, século XIX, Napoleão, literatura
francesa.
O livro De l’Allemagne publicado pela primeira vez em 1810, da autora franco
suíça Madame de Staël é uma de suas obras mais famosas. Referência não somente para
a área das letras, como também da filosofia, história, sociologia e tradução. Essa obra,
escrita durante um longo processo de mergulho e análise no país germânico, rendeu a
Staël o título de responsável pelo intercâmbio cultural entre França e Alemanha e também
a marcou como uma representante do romantismo alemão na França. Grande conhecedora
da língua, costumes, literatura e filosofia alemã, Madame de Staël teve uma importante
rede de sociabilidades com grandes nomes da literatura romântica alemã do período.
Nomes como dos irmãos Schelegel, Schiller e Goethe ilustram perfeitamente esse
convívio intelectual.
Anne Louise Germaine Necker nasceu em Paris no dia 22 de abril de 1766, no
contexto de uma França governada por Luis XV e possuiu uma vida baseada em críticas,
contestações e pensamentos muito à frente do seu tempo. Foi uma mulher determinada,
independente e muito culta, para os parâmetros da época era considerada uma forte
influência na escrita e na produção letrada francesa. Desde muito nova já se interessava
pela vida política e era muito erudita. Sua educação fez com que se tornasse uma escritora
importante, divulgadora fundamental do Romantismo na França e uma das principais
interlocutoras entre as culturas francesa e alemã no início do século XIX (RAVAGNANI,
2013). Germaine recebeu grande influência do Iluminismo e da Revolução Francesa e foi
uma difusora das ideias libertárias no período totalitário, este, que se moldava através de
um nacionalismo exacerbado e um império ditatorial de Napoleão Bonaparte.
A baronesa era filha única de Jacques Necker (1732-1804), banqueiro e ministro
das Finanças de Luis XVI na década de 1788 e de Suzanne Curchod (1737-1794), cuja
participação na sociedade francesa também merece um notável destaque, pois era uma
mulher apaixonada pelas letras e pela escrita e era responsável por um grande salão
literário parisiense do século XVIII, frequentado por grandes personagens como Diderot
e D’Alembert (MISSIO, 2016). Corajosa, Anne Louise não tinha receio de suas ações,
muito ambiciosa sempre buscava difundir o conhecimento através da crítica literária. Foi
introduzida na vida política desde muito nova, estudos apontam que a partir dos 11 anos
já frequentava os salões literários franceses, inclusive o de sua mãe e praticava leitura de
autores como Montesquieu, Voltaire e Rousseau. Por influência de seus pais, ela se
dedicou fortemente aos estudos e à produção literária, como também ao aprendizado de
outras línguas. Desde pequena, Madame de Staël esteve rodeada de pessoas influentes no
meio literário, como Diderot e d’Alembert e isso permitiu que ela tivesse uma abertura
promíscua no mundo político aristocrático.
Suzane Curchod impôs Anne Louise à uma educação extremamente rígida,
regada de filosofia, literatura e artes, assim como estudos pesados no aprendizado de
outras línguas e na erudição. Algumas biografias a retratam como uma criança de hábitos
“estranhos” e que desde muito nova escrevia textos repletos de um vocabulário fervoroso
e um conhecimento intelectual inenarrável. Sua mãe fez o possível para transformar a
única filha “numa verdadeira biblioteca ambulante”, impondo à filha o aprendizado desde
a matemática até a teologia, lições de dança e declamação. É notoriamente visível que o
investimento de seus pais em sua erudição veio principalmente por parte de interesses
pessoais dos mesmos, afinal, estavam fortemente conectados a uma rede intelectual
influenciável e sua filha, tinha que possuir o mesmo conhecimento. Entretanto, segundo
algumas biografias, essa imposição ao intelecto contribuiu para que Anne Louise
desenvolvesse um quadro depressivo aos 12 anos de idade.
Madame de Staël possui inúmeras obras, peças de teatro, artigos e citações que
marcaram profundamente o século das luzes na França. Ela recebia os melhores estudos
e possuía uma educação digna de baronesa, sua formação através dos livros e estudos
libertários fez com que se tornasse uma das personagens mais estudadas na França nos
anos 2000. É importante apontar e analisar suas principais obras e o contexto histórico
onde elas estão inseridas, portanto, ilustrarei aqui em ordem cronológica suas produções
mais conhecidas.
Além de produções literárias, Madame de Staël escreveu romances, ensaios,
cartas e peças de teatro (PIUCCO, 2014). Durante o período de 1789 a 1799, a França
passava pelos reflexos da Revolução Francesa e é durante essa movimentação política
que Madame de Staël emerge com sua produção. Ainda jovem, durante a adolescência,
entre os anos de 1781 a 1785 ela escreveu três romances Mirza, Adelaide et Théodor e
Pauline que só foram publicados dez anos mais tarde. Em 1786 ela escreveu uma peça de
teatro, Sophie ou Les sentiments secrets, porém só foi publicada em 1790. Já em 1788
publicou Lettres sur le caractere et les écrits de J. J. Rousseau uma obra que demostra a
influência da filosofia na formação literária, política e pessoal de Staël.
Em 1793, no auge do ano do terror sob à luz dos impactos da Revolução
Francesa, Staël publicou Refléxions sur le procès de la reine onde defendeu a rainha
Maria Antonieta que fora acusada de crimes que não havia cometido. Com intuito de
defender a rainha e livra-la da guilhotina, a baronesa saiu em sua defesa demonstrando
seu papel como mulher e mãe, vítima de calúnias e preconceitos. Essa obra é um exemplo
de como Staël transcendeu os domínios do Romantismo através do seu papel como
precursora do feminismo e defensora das mulheres.
Segundo Janaina Ravagnani, no ano de 1795, a França corria sob os efeitos da
Convenção, cuja repressão aos monarquistas ordenou que Madame de Staël deixasse a
França, assim sendo, o ministro da polícia francesa assinou um mandado de prisão contra
Madame de Staël caso ela voltasse à França. Se refugiando em Coppet, o castelo da
família na Suíça, a francesa publicou De l’influence des passions, obra que trata da
questão da felicidade e do amor dos indivíduos, considerada marco do Romantismo
Europeu. Ainda no mesmo ano, também publicou Essai sur les fictions que ilustra o novo
uso da palavra “literatura” para discutir sobre o que antes era conhecido como Belas-
Artes e onde debate fortemente questões que se transformariam em eixos da teoria
literária nos anos iniciais do século XX (PINO, 2012, p.65).
O início do século XIX foi o mais marcante e importante em relação à produção
de Madame de Staël, isto porque, são publicadas suas obras mais consagradas,
consideradas como fonte historiográfica fundamental do romantismo, liberalismo político
e teoria literária, essenciais principalmente para o campo da literatura. De la Littérature:
Considerée dans ses rapports avec les Institutions Sociales que foi publicada em 1800,
Madame de Staël enfatiza: “Eu me propus a examinar que influência a religião, as leis e
os costumes exercem sobre a literatura, e qual a influência da literatura sobre a religião,
os costumes e as leis” (LOBO, 1987, p. 99).
Essa obra introduziu o Romantismo na França, a partir das ideias do movimento
alemão Stum und Drang1 e sua principal teoria era segundo Narcelli Piucco, a importância
dada a uma obra literária, cuja abordagem devia tratar da evolução da literatura e do
pensamento filosófico através de diferentes tipos de sociedades.
Segundo a maioria dos biógrafos, alguns aspectos contêm alusões à própria vida
da autora. A posição política da baronesa desencadeou perseguições do governo e o seu
exílio, tendo que passar alguns anos afastada da França. A situação se repetiu com a obra
De l’Allemagne, publicada somente em 1813, pois a primeira edição foi confiscada e
todos seus números queimados por Napoleão, sob a acusação de conter ideias
antipatrióticas. Segundo Edmir Missio, essa obra traz:
Descrições das paisagens naturais, das cidades, dos costumes locais e do
caráter dos escritores e demais artistas germânicos, especialmente daqueles
com os quais a autora teve a oportunidade de conversar; adentrando ainda no
plano da educação, da filosofia e das instituições e expressões religiosas.
(2016, p.XIII)
Uma maior análise e problematização de De l’Allemagne será feita nos
parágrafos a seguir uma vez que, irá tratar da obra inserida no governo Napoleônico,
ilustrando a relação de Madame de Staël com o imperador.
O fim do processo revolucionário francês em 1799 veio a partir do Golpe de
Brumário, cujo resultado instituiu o Consulado (1799 a 1804) na França, ou seja, a
primeira fase do governo de Napoleão. Consequentemente, a história francesa e europeia
se transformavam, uma vez, que começava de fato a Era Napoleônica. A partir do
Consulado, o governo napoleônico ainda teve a fase do Império de 1804 a 1814 e o
Governo dos Cem Dias no ano de 1815, quando se finaliza seu governo.
A análise a seguir acontece no contexto da Era Napoleônica, entre 1799 e 1815,
haja vista os inúmeros fatos que marcaram esse governo. Entretanto, o foco será a relação
do imperador com a figura de Madame de Staël na Era Napoleônica, cujo ápice de sua
produção letrada se tornou visível e fez com que sua ligação com Napoleão se tornasse
uma das relações mais odiadas do período na França, fazendo com que a baronesa fosse
considerada inimiga número um do imperador.
1 Movimento pré-romântico alemão dos irmãos Schlegel.
Baronesa de Staël Holstein foi célebre. Viajou por diversos países da Europa,
entre eles os estados germânicos, Inglaterra, Itália, Polônia e Rússia. Teve contato com
diversas personalidades e mostrou a esse continente a força de sua personalidade. Assim
como seu pai Jacques Necker, ela se interessava por política e pelo destino da França Suas
ideias políticas rodeavam o interesse pela “defesa de uma monarquia estabelecida pela
vontade geral fundada sobre leis que só a nação tem o direito de mudar” (MISSIO, 1997,
p.29). Talvez, devido a essa característica, explica-se uma das razões principais de
Napoleão ter tanta aversão à ela. Mesmo após seu apoio a instauração de uma república
francesa, ela não se posicionou a frente de uma monarquia, ao mesmo tempo em que
defendia, ela também reprovava determinados aspectos de ambas as formas de governo.
Em 1795, “fez um apelo aos moderados republicanos e realistas para se unirem
em favor do bem comum, sob a égide de uma República” (DIESBACH, 1983, p.174). A
escolha por defender tais ideias numa época conturbada, rendeu-lhe um grande
descontentamento de diversas partes da política imperial, resultando em um perigoso
choque contra Napoleão, que não admitia o pensamento dos frequentadores em torno do
salão de Staël. Nesse ano, ela recebeu sua primeira ordem de exílio e seguiu para a Suíça
onde se manteve até o ano seguinte, quando retornou à França. Segundo estudos
realizados sobre a personagem da Madame, a relação da mesma com o imperador não era
uma das melhores, ela criticava fortemente aquilo que ele mais representava, o chamado
despotismo. Além disso, ela ainda criticava ideais do imperador, como por exemplo, o
desejo de reconstrução do Império Bonapartista exaltando o passado e o domínio cultural
da França sobre toda a Europa.
Ainda nos anos iniciais do século XIX, em 1803, mais uma vez sob ordens de
Napoleão, Madame de Staël é exilada da França pela segunda vez e é na companhia de
Benjamim Constant, que ambos viajam para Berlim e Weimar, principais cidades na
Alemanha por onde ela desenvolveu seus estudos. Nesse país, a francesa aprendeu alemão
e se tornou amiga de grandes filósofos como Goethe, os irmãos Schelegel e Schiller. No
país germânico, a baronesa descobriu uma literatura jamais vista na França e ela fez
questão de estudar e divulgar aos franceses essa escrita a partir de uma obra de suma
importância para estudiosos atuais: De L’Allemagne. Na sua obra mais icônica, Staël
escreveu um guia completo apresentando todas as esferas do país, isto é, ela apontou e
analisou os costumes, a vida, os ambientes, a língua, os estudos e a filosofia, a imaginação
e a realidade, a razão e a religião, os sentimentos e as regiões de todo o país alemão.
Durante sua estadia na Alemanha, Madame de Staël ampliou seus
conhecimentos sobre a filosofia alemã, se aproximando fortemente das teorias de Kant e
Schelling. Além da forte influência dos irmãos Schelegel na contribuição de seus estudos,
August Wilhelm Schlegel o irmão mais novo, se tornou preceptor de seus filhos, um fiel
confidente e um grande colaborador. Sua viagem é interrompida em 1806 devido a morte
de seu pai, obrigando-a à retornar a Coppet na Suíça. Em seguida, ela parte para a Itália
na companhia de seus filhos e de August, onde organiza escritos do importante romance
Corinne (MISSIO, 1997, p. 34). Tal livro incomoda profundamente Napoleão, acusando-
a de atribuir a nacionalidade estrangeira aos personagens principais, que eram
considerados os heróis. Além disso, ele ainda a acusava de valorizar as artes e o passado
dos italianos. Devida essa conjuntura, a baronesa de Staël ainda estava impedida de
retomar a Paris, então ela continua seu projeto sobre a Alemanha fazendo sua segunda
viagem em 1807. No ano seguinte ela retorna a Coppet, coincidindo com o começo de
uma reação anti-napoleônica, havendo inúmeros símbolos de resistência e pessoas
contrárias ao imperador e é nesse contexto que seu salão ressurge com o mesmo brilho de
quando começou restaurando o aspecto cosmopolita de seus frequentadores, como
enfatiza Missio: “este círculo, de predominância protestante, ficaria bastante conhecido
sob a denominação de Grupo de Coppet, notabilizando-se por produções no campo da
tradução, ficções e especialmente no campo da história” (1997, p. 34).
Assim que está pronta para a publicação do De l’Allemagne, Madame de Stael
prepara uma viagem aos Estados Unidos para realizar tal evento, entretanto, seu plano
fracassa e a primeira edição do seu livro é confiscada em 1810, sob a acusação de que
continha ideias antipatrióticas. Depois de ter entregado o manuscrito da obra sobre a
Alemanha ao livreiro que havia impresso Corinne para que ocorresse a publicação, surgiu
um decreto de censura alegando que “nenhuma obra poderia ser imprensa sem ter sido
examinada pelos censores” (STAEL, 2016, p.1). Com isso, Madame de Stael explica em
1813 um importante comunicado:
No momento em que esta obra ia ser lançada, e quando já haviam sido
impressos 10 mil exemplares da primeira edição, o ministro da polícia,
conhecido sob o nome de general Savary, enviou seus guardas à casa do
livreiro, com ordem de despedaçar toda a edição, e de colocar sentinelas nas
diversas saídas da loja, no temor de que um só exemplar do perigoso escrito
pudesse escapar (STAEL, 2016, p.2).
Ao mesmo tempo em que sua obra estava sendo censurada, Madame de Staël
recebeu uma ordem se sair de Paris dentro de 24 horas, e é aí, que mais uma vez, a
conturbada relação da baronesa com o imperador se fazia presente. A autora só consegue
de fato ter sua obra circulando em 1813, em Londres e ela permitiu aos leitores franceses
um importante panorama da filosofia e literatura para além da França. De l’Allemagne, e
em seguida De La litterature são consideradas as mais importantes criações literária da
escritora.
Napoleão possuía um forte caráter ditatorial e nacionalista, e Madame de Staël
escreveu De l’Allemagne, (cuja escrita e divulgação foi o ápice de todo desentendimento
entre Staël e Napoleão) com base em um estudo minuciosamente aprofundado sobre a
vida e os costumes na Alemanha. Este livro representa o auge de sua crítica literária, onde
se podiam encontrar preocupações com a formação moral do público leitor, a valorização
intelectual da mulher e a relação entre obra literária e instituições sociais. A mediação
cultural provocada por Staël entre França e Alemanha resultou em mais uma insatisfação
política efervescente no Imperador Napoleão, decretando mais uma ordem de exílio à
francesa em 1810. Segundo autores, Napoleão ficou extremamente irritado com o cúmulo
de elogios que as obras de Madame de Staël estavam recebendo, tratava-se de uma
recepção positiva de sua maior inimiga, cuja audácia o desafiou durante todos os anos de
seu governo. Após a destruição de seu livro, ela foi confinada em Coppet e todos seus
amigos ficaram proibidos de visita-la. Entretanto, dois anos depois, em 1812, ela
conseguiu esquivar da polícia imperial e visitou países como a Polônia e a Rússia, e logo
em seguida, Londres, onde ocorreu de fato a primeira publicação, até que por fim
conseguiu retornar à Paris após a abdicação de Napoleão em 1814 e conseguiu a
publicação na versão francesa, devido a queda do imperador.
Madame de Stael acreditava que Napoleão tinha desenvolvido uma estratégia
bonapartista para a conquista de seu poder, e isso ocorreu graças a fraqueza de outros
indivíduos. Segundo Ricardo Vélez Rodrigues:
“(...) para a baronesa, o imperador seguia uma estratégia agressiva do
maquiavelismo dividia em cinco variáveis: cênica, cultural, política, religiosa
e imperial” A primeira variável fazia alusão ao despotismo napoleônico, o qual
os cidadãos se tornariam atores políticos e teriam plena confiança no seu
déspota. A segunda foi o controle sobre a opinião pública, uma sistemática
repressão sobre aquele que ousassem esboçar críticas a ele, e é nessa variável
que Madame de Staël se encontra, justamente através de seu livro sobre a
Alemanha. A terceira contempla o terror policial, considerada a principal arma
de Napoleão para governar a França sem nenhuma oposição. A quarta variável
é a submissão da estrutura da igreja ao seu absolutismo e a cena mais
característica desse ponto é a sua própria coroação em 1804, quando retira a
coroa das mãos do Papa e coloca em si mesmo. E por fim, a quinta e última
variável diz respeito a submissão às nações estrangeiras perante suas
conquistas, isto é, há o projeto napoleônico com o propósito de unificar toda a
Europa ao seu redor” (2010)
Toda essa análise, embora seja feita por Vélez, é possível de ser encontrada com
maior amplitude no livro Dix Années d’Exil de 1812 de Madame de Staël.
Suas ideias e produção letrada fizeram de sua trajetória política e intelectual ser
duramente contestada na época. Ao mesmo tempo em que publicava suas obras e
participava ativamente de todo o processo político, afinal, estava fortemente inserida
nessa discussão, Madame Staël disseminava seus pensamentos revolucionários de uma
mulher, letrada, culta e totalmente independente. E é por causa dessas características, que
até o próprio Napoleão aceitava a titulação de personagem marcante que ela possuía.
Embora fosse totalmente contrário às suas ideias, o imperador sabia que ela era
influenciável e dona de uma sabedoria invejável.
É interessante nesse momento examinar o debate de alguns pesquisadores sobre
essa obra e o contexto histórico conturbado em que ela estava inserida. Para tal discussão
será necessário fazer uma breve análise a partir de três autores selecionados e que
contribuíram fortemente para a historiografia acerca de Madame de Staël. A primeira
autora de grande referência sobre Madame de Staël é a escritora francesa Simone Balayé
que dedicou vários longos anos de sua vida aos estudos e pesquisas sobre a baronesa.
Logo em seguida será apontado a discussão feita por Michel Winock, biógrafo francês
mais recente de Madame de Staël e por fim, Edmir Missio, pesquisador brasileiro da
UNICAMP que analisou na sua dissertação alguns aportes teóricos e excertos de tradução
da obra, vale lembrar que Edmir também foi o responsável por traduzir De l’Allemagne
para o português em 2016, fazendo com que o livro seja o único de Staël traduzido no
Brasil. Todos os trechos citados por Balayé e Winock nesse artigo, são de minha própria
tradução.
Simone Balayé nasceu em Versalhes em 1925 e faleceu em 2002, estudou
história e foi jornalista. Também foi uma importante escritora e presidente da Société des
Etudes Staeliennes2 a partir do ano de 1984. Considerada uma das maiores intelectuais
sobre Madame de Staël, dedicou 40 anos da sua vida a essas pesquisas. Balayé foi
responsável por grande parte dos artigos publicados nos Cahiers Staeliennes, inclusive
também se ocupou de reeditar vários escritos da própria Madame, assim como escrever
boa parte dos prefácios e das introduções nessas reedições a partir de 1960. Foi seu amplo
conhecimento da época imperial que chamou à atenção de Madame de Pange3,
descendente direta de Madame de Staël, autora de uma tese dedicada às relações
intelectuais entre sua tataravó e Augusto Wilhlem Schlegel, fundador da Sociedade de
Estudos Stelael (DELON, 2002).
Simone escreveu uma tese de mestrado em 1973 abordando a vida e as obras de
Madame de Staël, além de ter publicado dois importantes livros como Madame de Staël:
Lumières et Liberté em 1979 e Madame de Staël: écrire, lutter, vivre em 1994. As
pesquisas de Simone Balayé representam uma importante contribuição para a herança
literária de Staël não somente na França, mas para todo o mundo.
No prefácio da edição de 1968 de De l’Allemagne, Simone Balayé ilustra o que
a obra contribui para a historiografia como também ressalta o reflexo da crítica intelectual
que Staël fazia no período. Segundo Balayé, relembrar como a baronesa escreveu a obra
é como resumir uma evolução intelectual, cujo esse livro foi uma etapa essencial nesse
processo, a autora cita: “De l’Allemagne não é um manual imparcial e completo, mas uma
obra de uma crítica e escritora vibrante e apaixonada.” (1968). Segundo Balayé, Madame
2 Fundada em 1929, a sociedade de estudos staeliennes conta com uma longa história de trabalhos
de várias gerações de pesquisadores que trabalhabm em função do conhecimento e da influência
do pensamento de Germaine de Stael e do Grupo Coppet. A sociedade organiza eventos,
acompanha pesquisas e supervisiona as publicações do “Ouevres Completes” de Madame de
Stael. Essa revista anual, os cadernos staeliens reúne especialistas e jovens pesquisadores ansiosos
para confrontar suas exigências científicas em torno de um dossiê temático. Todo outono a
sociedade organiza uma reunião pública no Castelo de Coppet e de quatro em quatro anos,
acontece um Simpósio Internacional que dialoga as obras de Stael, Benjamin Constant e seus
herdeiros. A sociedade é um lugar que envolve associações, universidades e pesquisadores e que
aborda além das fronteiras, leitores e especialistas apaixonados por Germaine de Stael. Tradução
própria. Disponível no site www.stael.org 3 Nascida como Pauline de Broglie (1888-1972), era tataraneta de Madame de Staël.
de Staël possuía uma disposição fundamental para se comunicar com outros autores, de
querer unir ideias e sentimentos. Ela via uma enorme importância em haver um diálogo
entre a Alemanha e a França, essa troca cultural de literatura e o intercâmbio de ideias
que ela tanto defendia. Ela não convidava os franceses a imitar os alemães, mas somente
se inspirar nesse exemplo para encontrar suas próprias riquezas. Segundo a autora:
O livro de Madame de Staël não tem somente como objetivo fazer os franceses
conhecerem a Alemanha. Como nos seus livros anteriores, ela quer
conscientizar os franceses das restrições que eliminam sua literatura, que
esvaziam todo o conteúdo para reduzi-la a uma única forma (1968, p.23).
A ideia central do livro para Simone Balayé, é a ideia de liberdade de pensar e
de escrever, de procurar as ideias e os temas onde eles são bons de encontrar. É enfrentar
essa recusa de preconceitos, restrições e proibições. Esse prefácio de Balayé contribuiu
fortemente para que outros autores contemporâneos à ela também tivessem alguns pontos
em comum. Analisar e discutir esse livro vem sendo entre os intelectuais franceses que
trabalham com a literatura francesa do século XIX, um dos maiores desafios, pois ao
mesmo tempo que são responsáveis pela construção de uma análise essencial sobre a
literatura, também contribuem para a análise história dos conflitos que envolviam a nação
francesa e alemã no período em que a obra foi escrita e publicada.
O segundo autor apontado é Michel Winock, nascido em 1937, historiador e
escritor francês que possui diversas obras que analisam escritores franceses do século
XIX, inclusive um dos seus livros mais conhecidos é uma biografia sobre Madame de
Staël. Publicada em 2010, o livro aborda desde o seu nascimento até as publicações
póstumas da baronesa, de uma maneira cronológica e sistemática de todos os
acontecimentos que moldaram a vida dela. Um fato curioso sobre essa obra é que Michel
Winock ganhou com ela o Prix Goncourt de la Biographie, uma premiação literária para
escritores francófonos:
Assim, tendo saído para investigar o pensamento liberal de Madame de Staël
eu me deixei embarcar nos tormentos de sua carta de ternura. A razão pela qual
ela pretende servir é combinada com entusiasmo e melancolia, irmãs gêmeas,
para formar a mistura de detonação que faz da vida de Germaine de Staël uma
questão sempre em fusão (WINOCK, 2010, p.12).
Como forma de referência, Winock sempre ressalta as análises feitas por Simone
Balayé e os estudos da sociedade staelienne e faz menções tanto de Madame de Staël
como de suas obras, tendo como plano de fundo o debate originalmente começado por
Balayé. A frase que começa o capítulo sobre De l’Allemagne é justamente uma indagação.
“O que poderia ter de suficiente em um livro que tem como por objetivo apresentar a
cultura alemã aos franceses?” (WINOCK, 2010, p.439).
Assim como Balayé, Winock faz uma reflexão interessante de como a obra
conseguiu influenciar pensamentos e ideias da época e como isso contribuiu para um
reflexo de suma importância para a literatura romântica do século XVIII e XIX. Cita o
autor:
Staël não queria escrever um manifesto político. Seu livro foi originalmente
concebido como uma introdução a uma cultura alemã que ela havia descoberto
e se deslumbrado (2010, p.442).
Ao longo de toda a análise de Madame de Staël sobre o país germânico, Winock
deixa claro que através dos diversos exames que a escritora fez do país, ela traçou uma
espécie de retrato espelhado dos dois países que ela amava e que eram diferentes, ou seja,
a França e a Alemanha. Winock ainda reforça a ideia de que Madame de Staël penetra no
espírito europeu implorando pela comunicação entre as culturas, convencida das
qualidades e dos talentos complementares entre os alemães e os franceses. Ele finaliza
esse capítulo enfatizando:
Madame de Staël, com seu gosto por sistemas gerais, demonstrou os limites da
razão clássica na literatura, traçando para a nova geração uma linha de
distinção entre a estética resultante da renovação em pleno declínio e a nova
sensibilidade que será chamada de romantismo. Mal podemos imaginar, a
influência que este livro terá sobre a nova geração de escritores, para eles, ele
se tornará uma Bíblia (2010, p.457).
O último autor apontado nesse artigo é a única referência brasileira para a
discussão proposta. O pesquisador Edmir Missio, da UNICAMP que escreveu em 1997
sua dissertação de mestrado sobre De l’Allemagne e alguns trechos traduzidos. Edmir
também foi o responsável pela tradução completa e integral do livro para o português em
2016, marcando assim, como a única obra da escritora traduzida para nossa língua
atualmente. É importante ressaltar que o autor em sua dissertação também faz referências
a Simone Balayé, assinalando alguns fatores em comum com a escritora francesa:
Apesar da imensa importância histórica da obra de Madame de Staël,
somente no século XX ser-lhe-iam devotados estudos mais
aprofundados, durante muito tempo negligenciados. Simone Balayé,
que entre vários estudos sobre a autora, contribuiu para a produção da
edição crítica de De l'Allemagne, aponta, de um modo geral, como
fatores desta negligência, a centralização dos estudos sobre as Luzes e
o Romantismo; a denominação de pré-romântico ao período,
reduzindo-o a uma ponte entre os eventos citados; os conflitos franco-
alemães a partir de 1870, que provocaram uma reação negativa à obra
De l'Allemagne, por parte da crítica "patriota"; e ainda, a oposição a
Napoleão que lhe teria rendido inimigos poderosos que a difamaram
por vários anos; por fim, para agravar todos estes fatores, a misoginia
(MISSIO, 1997, p.35).
Já na tradução feita por Edmir Missio em 2016, o autor também escreve a
apresentação do livro para o público leitor brasileiro e aponta o objetivo da obra e uma
breve análise literária:
Este livro representa o ápice de suas obras de crítica literária, nas quais
já podiam ser vistas sua preocupação com a formação moral do público
leitor, a valorização intelectual da mulher, a relação entre a obra literária
e as instituições sociais que a propiciaram e, ainda, a tese do
aperfeiçoamento do espírito humano, possível apenas com a liberdade
de expressão a ser garantida pelas instituições republicanas (...) Vale
notar pelo termo “literatura” compreendia-se tanto a ficção quanto a
eloquência, a história e a filosofia (2016, p.XII).
Edmir aponta também a importância da mediação cultural que Madame de Staël
propõe em relação com a política, que culminou ferozmente com o conflito direto com
Napoleão. Outras questões também são abordadas brevemente nesse prefácio desde uma
contextualização de como a obra foi idealizada e publicada até uma especificação dos
gêneros poéticos como o romance e o teatro. Através de um trabalho brilhante de
tradução, Edmir contribuiu imensamente para pesquisadores e suas pesquisas nos dias
atuais.
As ideias de Madame de Staël não somente circularam na França e outros países
europeus, como expandiram fronteiras e aportaram no Brasil. Durante a metade do século
XIX, mais precisamente durante os anos de 1850 e 1880 as obras da francesa circularam
fortemente pela corte. No Rio de Janeiro, na rua do Ouvidor, onde se encontrava a livraria
dos irmãos Garnier havia alguns exemplares de De l’Allemagne e Corinne e essa venda
dos livros era sempre anunciada na coluna anúncio de jornais como Diário do Rio de
Janeiro e Jornal do Commercio. Essa circulação cria uma hipótese de que suas ideias
chegaram ao Brasil a partir de um grande número de franceses, como os irmãos Garnier
que vieram durante a segunda metade do século XIX e que trouxeram consigo uma
pluralidade de livros de grandes escritores franceses do período, como por exemplo
George Sand, Victor Hugo, Lamartine, Diderot, Chateaubriand e Madame de Staël.
Uma conhecida e respeitada escritora brasileira do século XIX que cita Madame
de Staël em seu livro Opúsculo Humanitário publicado pela primeira vez em 1853, é Nísia
Floresta (1819-1885), que com maestria fala amplamente das ideias e convicções da
escritora francesa. Segundo Floresta:
“Uma das duas primeiras escritoras francesas de nosso século, Mme. de Staël,
atribui à facilidade do divórcio entre os alemães a introdução, nas famílias, de
uma sorte de anarquia que nada deixa subsistir em sua verdade nem em sua
força. A ilustre escritora, cujo talento rendemos sempre a mais profunda
homenagem, escrevendo essas linhas abstraiu sem dúvida da anarquia de outra
espécie, e até certo ponto muito mais perigosa, que lavra pelo centro das
famílias de sua nação, a despeito da doutrina dos grandes pensadores,
Montesquieu, Rousseau, Voltaire e Diderot, combatida depois pelos dois
eminentes espíritos, Condorcet e Sieyès, cujas vozes foram sufocadas pelos
três fortes órgãos do século XVIII, Mirabeau, Danton e Robespierre” (1989,
p.18).
Ainda nessa obra de Floresta, a escritora também faz uma interessante análise da
mulher germânica atribuindo sempre algumas comparações que Madame de Staël aponta
em De l’Allemagne. Vejamos:
“Os alemães, baseando a sua felicidade doméstica na moral esclarecida das
mulheres, antes que em um jugo imposto pela lei, as subtraem, em geral, ao
conhecimento de estratagemas que certas mulheres do Sul sabem com raro A
mulher germânica teve sempre grandes vantagens sobre as mulheres antigas e modernas. É ainda na Alemanha que se encontra o verdadeiro tipo do espírito
de família e do respeito tributado à velhice, tão rigorosamente exercido pelos
espartanos, tão menoscabado nas gerações presentes do Sul. Foi uma mulher
germânica o patriarca feminino que mais importância teve na grande
emigração. A história moderna não apresenta um homem cuja eloqüência igual
à que ela desenvolveu então” (1989, p. 19 e 20).
Nísia Floresta foi uma escritora ligada à defesa aos direitos da mulher e suas
ideias não somente se deram na esfera política, como também em diversas outras áreas
em que a mulher poderia e deveria atuar. Floresta proporcionou um interessante diálogo
entre as ideias europeias e o contexto brasileiro de sua época e dedicou amplos estudos
sobre a condição feminina em uma conjuntura extremamente patriarcal e machista. Seus
conceitos partiram em grande medida de uma forte influência de Staël e tanto Nísia
Floresta como Madame de Staël, contribuíram fortemente no reflexo para outras
escritoras posteriores.
Em suma, falar de Madame de Staël nunca é uma tarefa simples, ainda mais
considerando as poucas pesquisas e estudos sobre a francesa no Brasil. No entanto, é
primordial debater sobre a escritora nos dias atuais para que se possa promover um amplo
debate sobre a literatura francesa que influenciou intensamente a literatura brasileira,
enfatizando principalmente a influência que escritoras francesas tiveram nas obras de
escritoras brasileiras do mesmo período. O artigo tentou brevemente mostrar a trajetória
intelectual e a produção letrada de um dos maiores nomes da literatura francesa do século
XIX durante um conturbado momento político do mesmo período. Staël incomodou não
somente a Napoleão, como inquietou escritores homens contemporâneos a ela. Mostrou
através de suas obras, seus pensamentos libertários e seu amplo conhecimento sobre uma
pluralidade de assuntos. Pesquisar Madame de Staël é pesquisar o movimento romântico
francês e europeu. É interagir com a literatura francesa do século XIX e sua aproximação
com outros países, como Alemanha, Inglaterra e Itália afim de sempre ilustrar a o quão
importante essa escritora era e ainda é para os campos da literatura, da história e muitos
outros. Suas ideias expandiram fronteiras, alcançou escritoras de outros países e foi
determinante para moldar o pensamento dessas mulheres, cujos escritos seguem falando
e enfatizando a importância de se ler Madame de Staël.
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