Metod Pesquia Apost

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  • Metodologia da PesquisaEduardo Moresi (Organizador)

    Braslia DF

    Mar 2003

    UNIVERSIDADE CATLICA DE BRASLIA UCBPR-REITORIA DE PS-GRADUAO PRPG

    PPROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU EM GESTODO CONHECIMENTO E TECNOLOGIA DA INFORMAO

  • 2ndice1. O Pesquisador e a Comunicao Cientfica.....................................................5

    1.1. Introduo ...............................................................................................51.2. O sistema de comunicao na cincia ......................................................51.3. O trabalho cientfico e sua avaliao........................................................71.4. O pesquisador e suas qualificaes ..........................................................71.5. Consideraes finais ................................................................................7

    2. A Pesquisa e suas Classificaes ....................................................................82.1. Introduo ...............................................................................................82.2. Classificaes das pesquisas ....................................................................82.3. O planejamento da pesquisa...................................................................112.4. Consideraes finais ..............................................................................11

    3. Mtodos Cientficos .....................................................................................123.1. Introduo .............................................................................................123.2. Conceito de Mtodo ..............................................................................123.3. Conceitos Bsicos..................................................................................153.4. O mtodo de Galileu Galilei ..................................................................203.5. O Mtodo de Francis Bacon...................................................................213.6. O Mtodo de Descartes..........................................................................233.7. Concepo Atual do Mtodo .................................................................243.8. Mtodo dedutivo ...................................................................................253.9. Mtodo indutivo ....................................................................................253.10. Mtodo hipottico-dedutivo.................................................................263.11. Mtodo dialtico..................................................................................263.12. Mtodo fenomenolgico ......................................................................263.13. Consideraes finais ............................................................................26

    4. As Etapas da Pesquisa ..................................................................................274.1. Introduo .............................................................................................274.2. As etapas da pesquisa ............................................................................27

    5. Escolha do tema ...........................................................................................325.1. Como nascem as idias? ........................................................................325.2. Escolha do assunto ................................................................................325.3. Delimitao do assunto..........................................................................335.4. Estudo preliminar ..................................................................................34

    6. Reviso de Literatura e Referencial Terico .................................................356.1. Introduo .............................................................................................35

  • 36.2. Escolha do tema ....................................................................................366.3. Elaborao do plano de trabalho ............................................................366.4. Identificao..........................................................................................376.5. Localizao e compilao......................................................................376.6. Fichamento............................................................................................386.7. Redao.................................................................................................38

    7. Como Levantar Informaes ........................................................................397.1. Fontes de informao para pesquisa.......................................................397.2. Fontes de informao impressas (em papel) ...........................................397.3. Fontes de informao digitais ................................................................397.4. Servios de orientao ...........................................................................49

    8. Leitura, Resumo, Citaes e Referncias ......................................................508.1. Introduo .............................................................................................508.2. Leitura...................................................................................................508.3. Resumos................................................................................................508.4. Citao ..................................................................................................528.5. Referncias............................................................................................54

    9. Problema, Objetivos e Hipteses de Pesquisa ...............................................589.1. Introduo .............................................................................................589.2. O que um problema de pesquisa? ........................................................589.3. Definio de Objetivos ..........................................................................609.4. O que so hipteses ...............................................................................619.4. Consideraes Finais .............................................................................62

    10. Pesquisas quantitativa e qualitativa.............................................................6410.1. O que uma Pesquisa Quantitativa? ....................................................6410.2. O que uma Pesquisa Qualitativa? ......................................................6910.3. Comparao entre pesquisa qualitativa e quantitativa...........................7210.4. Comparao entre abordagem positivista e interpretativa.....................73

    11. O Projeto de Pesquisa (Qualificao)..........................................................7511.1. Introduo ...........................................................................................7511.2. Roteiro para Qualificao ....................................................................7511.3. Elementos constitutivos do projeto de qualificao ..............................76

    12. Elaborao e Apresentao do Relatrio de Pesquisa (Dissertao/Tese)....8212.1. Introduo ...........................................................................................8212.1. Elementos textuais...............................................................................8312.2. Elementos ps-textuais ........................................................................84

  • 413. Como Apresentar Graficamente seu Relatrio de Pesquisa (Dissertao ouTese)..........................................................................................................85

    13.1. Introduo ...............................................................................................8513.2. Como normalizar a apresentao grfica de teses e dissertaes ..........85

    14. Como Elaborar Artigos para Publicao? .................................................10015. Estudo de Caso.........................................................................................102

    15.1. Definies .........................................................................................10215.2. Caractersticas bsicas .......................................................................10215.3. reas que costumam utilizar estudos de caso.....................................10315.4. Mtodos de coleta de dados mais usados............................................10315.5. Quando aplicar o estudo de caso ........................................................10315.6. Vantagens..........................................................................................10415.7. Crticas e respostas s crticas ............................................................104

    Referncias ....................................................................................................106

  • 51. O Pesquisador e a Comunicao Cientfica- Descrever o processo de comunicao na pesquisa cientfica e tecnolgica;- Identificar e descrever os canais de comunicao usados pelos pesquisado-

    res;

    - Apontar as qualidades de um bom pesquisador.

    1.1. Introduo

    Hoje se reconhece que a cincia e a tecnologia se viabilizam por meio de umprocesso de construo do conhecimento e que esse processo flui na esfera da comuni-cao. Garvey (1979), um autor clssico da rea de Sociologia da Cincia, incluiu noprocesso de Comunicao Cientfica as atividades associadas com a produo, disse-minao e uso da informao, desde a hora em que o cientista teve a idia da pesquisaat o momento em que os resultados de seu trabalho so aceitos como parte integrantedo conhecimento cientfico.

    1.2. O sistema de comunicao na cincia

    O sistema de comunicao na cincia, estudado por Garvey, apresenta dois tiposde canais de comunicao dotados de diferentes funes. O canal informal de comuni-cao, que representa a parte do processo invisvel ao pblico, est caracterizado porcontatos pessoais, conversas telefnicas, correspondncias, cartas, pr-prints e asseme-lhados. O canal formal, que a parte visvel (pblica) do sistema de comunicao cien-tfica est representado pela informao publicada em forma de artigos de peridicos,livros, comunicaes escritas em encontros cientficos, etc.

    1.2.1 Canais informaisNos canais informais o processo de comunicao gil e seletivo. A informao

    circulada tende a ser mais atual e ter maior probabilidade de relevncia, porque obtidapela interao efetiva entre os pesquisadores. Os canais informais no so oficiais nemcontrolados e so usados geralmente entre dois indivduos ou para a comunicao empequenos grupos para fazer disseminao seletiva do conhecimento.

    1.2.2. Canais formaisNos canais formais o processo de comunicao lento, mas necessrio para a

    memria e a difuso de informaes para o pblico em geral. Os canais formais so ofi-ciais, pblicos e controlados por uma organizao. Destinam-se a transferir informaesa uma comunidade, no a um indivduo, e tornam pblico o conhecimento produzido.Os canais formais so permanentes, as informaes que veiculam so registradas em umsuporte e assim tornam-se mais acessveis.

    1.2.3. Funo dos canais informaisOs canais informais, por meio do contato face a face ou mediados por um com-

    putador, so fundamentais aos pesquisadores pela oportunidade proporcionada para tro-ca de idias, discusso e feedbacks com os pares. O trabalho publicado nos canais for-mais, de certa forma, j foi filtrado via canais informais. Os contatos informais mantidoscom os pares pelos pesquisadores foram chamados por Price (1979) de colgios invis-

  • 6veis; Crane (1972) e Kadushin (1976) denominaram de crculos sociais e, mais recen-temente, Latour (1994) denominou de redes cientficas. Latour incorporou s redes ci-entficas a idia de que estas no visam propriamente troca de informaes; represen-tam um esquema operacional para construo do conhecimento e nesse esquema estoincludos os hbridos, elementos no-humanos, representados pelos equipamentos e todaa parafernlia de produtos e servios necessrios produo da cincia e da tecnologia.

    Atualmente, com o advento da Internet, as listas de discusso representam umcanal informal semelhante aos colgios invisveis e os crculos sociais dos tempos pas-sados. As listas de discusso permitem a criao de comunidades virtuais onde pessoasque possuem interesses comuns discutem, trocam informaes por meio de um processocomunicacional instantneo, gil e, portanto, sem barreiras de tempo e espao. A inter-net amplia as possibilidades de troca de informao na medida em que permite ao pes-quisador compartilhar e interagir com a inteligncia coletiva (LEVY, 1998).

    1.2.4. Funo dos canais formaisOs canais formais, por intermdio das publicaes, so fundamentais aos pesqui-

    sadores porque permitem comunicar seus resultados de pesquisa, estabelecer a priorida-de para suas descobertas, obter o reconhecimento de seus pares e, com isso, aumentarsua credibilidade no meio tcnico ou acadmico.

    1.2.5. Diferenas bsicas entre canais formais e informaisNo quadro a seguir foram sintetizadas por Le Coadic (1996) as principais dife-

    renas entre os elementos formais e informais da comunicao cientfica:

    Comunicao Formal Comunicao InformalPblica PrivadaInformao armazenada de forma perma-nente, recupervel.

    Informao no armazenada, no recuper-vel.

    Informao relativamente velha. Informao recente.Informao comprovada. Informao no comprovada.Disseminao uniforme. Direo do fluxo escolhida pelo produtor.Redundncia moderada. Redundncia s vezes muito importante.Ausncia de interao direta. Interao direta.Fonte: L COADIC, Y-F. A cincia da Informao. Braslia: Briquet de Lemos, 1996.

    Antes de chegarem a ser publicados os resultados de uma pesquisa, a informaopercorre um longo caminho nesta passagem do domnio informal para o formal. Valedizer que este processo no estanque ou linear e que os avanos tecnolgicos e as re-des de comunicao tm feito com que as duas formas de comunicao estejam se so-brepondo e tm tornado tnues as fronteiras entre os dois domnios da comunicao (in-formal e formal). A freqncia e o uso de um canal informal ou formal so determina-dos por sua acessibilidade.

  • 71.3. O trabalho cientfico e sua avaliao

    O trabalho cientfico, propriamente dito, avaliado, segundo Demo (1991), pelasua qualidade poltica e pela sua qualidade formal. Qualidade poltica refere-se funda-mentalmente aos contedos, aos fins e substncia do trabalho cientfico. Qualidadeformal diz respeito aos meios e formas usados na produo do trabalho. Refere-se aodomnio de tcnicas de coleta e interpretao de dados, manipulao de fontes de infor-mao, conhecimento demonstrado na apresentao do referencial terico e apresenta-o escrita ou oral em conformidade com os ritos acadmicos.

    1.4. O pesquisador e suas qualificaes

    Alguns atributos pessoais so desejveis para voc ser um bom pesquisador.Para Gil (1999), um bom pesquisador precisa, alm do conhecimento do assunto, ter cu-riosidade, criatividade, integridade intelectual e sensibilidade social. So igualmenteimportantes a humildade para ter atitude autocorretiva, a imaginao disciplinada, a per-severana, a pacincia e a confiana na experincia.

    Atualmente, seu sucesso como pesquisador est vinculado, cada vez mais, a suacapacidade de captar recursos, enredar pessoas para trabalhar em sua equipe e fazer ali-anas que proporcionem a tecnologia e os equipamentos necessrios para o desenvolvi-mento de sua pesquisa. Quanto maior for o seu prestgio e reconhecimento, obtido pelassuas publicaes, maior ser o seu poder de persuaso e seduo no processo de fazeraliados.

    1.5. Consideraes finais

    Tanto os canais formais quanto os informais so importantes no processo deconstruo do conhecimento cientfico e tecnolgico. Os canais informais cumprem su-as funes como meio de disseminao de informao entre voc e seus pares, e os ca-nais formais so responsveis pela comunicao oficial dos resultados de uma pesquisa.A publicao proporciona o controle de qualidade de uma rea, confere reconhecimentoda prioridade ao autor e possibilita a preservao do conhecimento. Na verdade voc,estando em atividade de pesquisa, participa de um processo permanente de transaes emediaes comunicativas.

  • 82. A Pesquisa e suas Classificaes- Definir o que pesquisa;- Mostrar as formas clssicas de classificao das pesquisas;- Identificar as etapas de um planejamento de pesquisa.

    2.1. Introduo

    O que pesquisa? Esta pergunta pode ser respondida de muitas formas. Pesqui-sar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagaes propostas. Mi-nayo (1993, p.23), vendo por um prisma mais filosfico, considera a pesquisa comoatividade bsica das cincias na sua indagao e descoberta da realidade. uma atitudee uma prtica terica de constante busca que define um processo intrinsecamente inaca-bado e permanente. uma atividade de aproximao sucessiva da realidade que nuncase esgota, fazendo uma combinao particular entre teoria e dados.

    Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana considerando-acomo uma atitude, um questionamento sistemtico crtico e criativo, mais a interven-o competente na realidade, ou o dilogo crtico permanente com a realidade em senti-do terico e prtico.

    Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um carter pragmtico, um processoformal e sistemtico de desenvolvimento do mtodo cientfico. O objetivo fundamentalda pesquisa descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentoscientficos.

    Pesquisa um conjunto de aes, propostas para encontrar a soluo para umproblema, que tm por base procedimentos racionais e sistemticos. A pesquisa reali-zada quando se tem um problema e no se tem informaes para solucion-lo.

    2.2. Classificaes das pesquisas

    Existem vrias formas de classificar as pesquisas. As formas clssicas de classi-ficao sero apresentadas a seguir:

    Do ponto de vista da sua natureza, pode ser:- Pesquisa Bsica: objetiva gerar conhecimentos novos teis para o avano da

    cincia sem aplicao prtica prevista. Envolve verdades e interesses univer-sais.

    - Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicao prtica diri-gidos soluo de problemas especficos. Envolve verdades e interesses lo-cais.

    Do ponto de vista da forma de abordagem do problema pode ser:- Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificvel, o que signi-

    fica traduzir em nmeros opinies e informaes para classific-las e analis-las. Requer o uso de recursos e de tcnicas estatsticas (percentagem, mdia,moda, mediana, desvio-padro, coeficiente de correlao, anlise de regresso,etc.).

    - Pesquisa Qualitativa: considera que h uma relao dinmica entre o mundo

  • 9real e o sujeito, isto , um vnculo indissocivel entre o mundo objetivo e asubjetividade do sujeito que no pode ser traduzido em nmeros. A interpreta-o dos fenmenos e a atribuio de significados so bsicas no processo depesquisa qualitativa. No requer o uso de mtodos e tcnicas estatsticas. Oambiente natural a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador o ins-trumento-chave. descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dadosindutivamente. O processo e seu significado so os focos principais de aborda-gem.

    Quanto aos fins1, a autora afirma que a pesquisa pode ser: A investigao exploratria realizada em rea na qual h pouco conhecimento

    acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, no comporta hip-teses que, todavia, podero surgir durante ou ao final da pesquisa. , normal-mente, o primeiro passo para quem no conhece suficientemente o campo quepretende abordar.

    A pesquisa descritiva expe caractersticas de determinada populao ou dedeterminado fenmeno. Pode tambm estabelecer correlaes entre variveis edefinir sua natureza. No tem compromisso de explicar os fenmenos que des-creve, embora sirva de base para tal explicao. Pesquisa de opinio insere-senessa classificao.

    A investigao explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligvel,justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, dealguma forma, para a ocorrncia de determinado fenmeno. Por exemplo: as ra-zes do sucesso de determinado empreendimento. Pressupe pesquisa descritivacomo base para suas explicaes.

    Pesquisa metodolgica o estudo que se refere a elaborao de instrumentos decaptao ou de manipulao da realidade. Est, portanto, associada a caminhos,formas, maneiras, procedimentos para atingir determinado fim. Construir uminstrumento para avaliar o grau de descentralizao decisria de uma organiza-o exemplo de pesquisa metodolgica.

    A investigao intervencionista tem como principal objetivo interpor-se, inter-ferir na realidade estudada, para modific-la. No se satisfaz, portanto, em ape-nas explicar. Distingue-se da pesquisa aplicada pelo compromisso de no so-mente propor resolues de problemas, mas tambm de resolv-los efetiva eparticipativamente.Quanto aos meios de investigao2, pode ser:

    Pesquisa de campo investigao emprica realizada no local onde ocorre ouocorreu um fenmeno ou que dispe de elementos para explic-lo. Pode incluirentrevistas, aplicao de questionrios, testes e observao participante ou no.Exemplo: levantar com os usurios do Banco X a percepo que tm sobre oatendimento ao cliente.

    Pesquisa de laboratrio experincia realizada em local circunscrito, j que nocampo seria praticamente impossvel realiz-la. Simulaes em computador si-

    1 Uma pesquisa pode ter mais de uma finalidade simultaneamente.

    2 Este item diz respeito s maneiras pelas quais a informao ser procurada e permite, tambm,

    utilizar vrias metodologias simultaneamente dependendo do que se est pretendendo.

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    tuam-se nesta classificao.

    Pesquisa telematizada busca informaes em meios que combinam o uso docomputador e as telecomunicaes. Pesquisas na Internet so um exemplo disso.

    Investigao documental a realizada em documentos conservados no interiorde rgos pblicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros,anais, regulamentos, circulares, ofcios, memorandos, balancetes, comunicaesinformais, filmes, microfilmes, fotografias, video-tape, informaes em disque-te, dirios, cartas pessoais a outros. O livro editado pela Fundao Getlio Var-gas e pela Siciliano em 1995 sobre a vida de Getlio Vargas , basicamente,apoiado em pesquisa documental, notadamente, o dirio de Vargas.

    Pesquisa bibliogrfica o estudo sistematizado desenvolvido com base emmaterial publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrnicas, isto , materialacessvel ao pblico em geral. Fornece instrumental analtico para qualquer ou-tro tipo de pesquisa, mas tambm pode esgotar-se em si mesma. O material pu-blicado pode ser fonte primria ou secundria. Por exemplo: o livro Princpiosde Administrao Cientfica, de Frederick W. Taylor, publicado pela EditoraAtlas, fonte primria se cotejado com obras de outros autores que descrevemou analisam tais princpios. Estas, por sues vez, so fontes secundrias em rela-o ao primeiro por se basearem nele para explicitar outras relaes.O material publicado pode tambm ser fonte de primeira ou de segunda mo.Por exemplo: se David Bohn escreveu um artigo, ele fonte primria. No en-tanto, se esse artigo aparece na rede eletrnica editado, isto , com cortes a alte-raes, fonte de segunda mo.

    Pesquisa experimental investigao emprica na qual o pesquisador manipulae controla variveis independentes e observa as variaes que tal manipulao econtrole produzem em variveis dependentes. Varivel um valor que pode serdado por quantidade, qualidade, caracterstica, magnitude, variando em cadacaso individual. Exemplo: na expresso sociedade globalizada, globalizada avarivel do conceito sociedade. Varivel independente aquela que influencia,determina ou afeta a dependente. conhecida, aparece antes, o antecedente.Varivel dependente aquela que vai ser afetada pela independente. desco-berta, o conseqente. A pesquisa experimental permite observar e analisar umfenmeno, sob condies determinadas. O estudo de Elton Mayo, em Hawthor-ne, um bom exemplo de pesquisa experimental no campo. Todavia, tambm sepode fazer investigao experimental no laboratrio.

    Investigao ex post facto refere-se a um fato j ocorrido. Aplica-se quando opesquisador no pode controlar ou manipular variveis, seja porque suas mani-festaes j ocorreram, seja porque as variveis no so controlveis. A impos-sibilidade de manipulao e controle das variveis distingue, ento, a pesquisaexperimental da ex post facto.

    A pesquisa participante no se esgota na figura do pesquisador. Dela tomamparte pessoas implicadas no problema sob investigao, fazendo que a fronteirapesquisador/pesquisado, ao contrrio do que ocorre na pesquisa tradicional, sejatnue.

    Pesquisa-ao um tipo particular de pesquisa participante que supe interven-o participativa na realidade social. Quanto aos fins , portanto, intervencio-nista.

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    Estudo de caso o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essascomo uma pessoa, uma famlia, um produto, uma empresa, um rgo pblico,uma comunidade ou mesmo um pas. Tem carter de profundidade e detalha-mento. Pode ou no ser realizado no campo.Os tipos de pesquisa no so mutuamente exclusivos. Por exemplo: uma pesqui-

    sa pode ser, ao mesmo tempo, bibliogrfica, documental, de campo e estudo de caso.

    2.3. O planejamento da pesquisaPesquisa a construo de conhecimento original de acordo com certas exign-

    cias cientficas. Para que seu estudo seja considerado cientfico voc deve obedecer aoscritrios de coerncia, consistncia, originalidade e objetivao. desejvel que umapesquisa cientfica preencha os seguintes requisitos: a) a existncia de uma perguntaque se deseja responder; b) a elaborao de um conjunto de passos que permitam chegar resposta; c) a indicao do grau de confiabilidade na resposta obtida (GOLDEM-BERG, 1999, p.106).

    O planejamento de uma pesquisa depender basicamente de trs fases:- fase decisria: referente escolha do tema, definio e delimitao do pro-

    blema de pesquisa;- fase construtiva: referente construo de um plano de pesquisa e execuo

    da pesquisa propriamente dita;- fase redacional: referente anlise dos dados e informaes obtidas na fase

    construtiva. a organizao das idias de forma sistematizada visando ela-borao do relatrio final.

    A apresentao do relatrio de pesquisa dever obedecer s formalidades reque-ridas pela Academia.

    2.4. Consideraes finais

    Pesquisa cientfica seria, portanto, a realizao concreta de uma investigaoplanejada e desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia cien-tfica. Metodologia cientfica entendida como um conjunto de etapas ordenadamentedispostas que voc deve vencer na investigao de um fenmeno. Inclui a escolha dotema, o planejamento da investigao, o desenvolvimento metodolgico, a coleta e a ta-bulao de dados, a anlise dos resultados, a elaborao das concluses e a divulgaode resultados.

    Os tipos de pesquisa apresentados nas diversas classificaes no so estanques.Uma mesma pesquisa pode estar, ao mesmo tempo, enquadrada em vrias classifica-es, desde que obedea aos requisitos inerentes a cada tipo. Realizar uma pesquisa comrigor cientfico pressupe que voc escolha um tema e defina um problema para ser in-vestigado, elabore um plano de trabalho e, aps a execuo operacional desse plano, es-creva um relatrio final e este seja apresentado de forma planejada, ordenada, lgica econclusiva.

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    3. Mtodos Cientficos- Mostrar os mtodos que proporcionam as bases lgicas investigao cient-

    fica.

    3.1. Introduo

    A investigao cientfica depende de um conjunto de procedimentos intelectu-ais e tcnicos (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os mtodos ci-entficos. Mtodo cientfico o conjunto de processos ou operaes mentais que se de-vem empregar na investigao. a linha de raciocnio adotada no processo de pesquisa.Os mtodos que fornecem as bases lgicas investigao so: dedutivo, indutivo, hipo-ttico-dedutivo, dialtico e fenomenolgico (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI,1993).

    De forma breve veja a seguir em que bases lgicas esto pautados tais mtodos.

    3.2. Conceito de Mtodo

    Todas as cincias caracterizam-se pela utilizao de mtodos cientficos; emcontrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam esses mtodos so cincias.Dessas afirmaes, podemos concluir que a utilizao de mtodos cientficos no daalada exclusiva da cincia, mas no h cincia sem o emprego de mtodos cientficos.

    Entre os vrios conceitos de mtodo podemos citar:- Mtodo o "caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que

    esse caminho no tenha sido fixado de antemo de modo refletido e delibe-rado" (Hegenberg, 1976:11-115);

    - "Mtodo uma forma de selecionar tcnicas, forma de avaliar alternativaspara ao cientfica... Assim, enquanto as tcnicas utilizadas por um cientistaso fruto de suas decises, o modo pelo qual tais decises so tomadas de-pende de suas regras de deciso. Mtodos so regras de escolha; tcnicas soas prprias escolhas" (Ackoff In: Hegenberg, 1976:11-116);

    - "Mtodo a forma de proceder ao longo de um caminho. Na cincia os m-todos constituem os instrumentos bsicos que ordenam de incio o pensa-mento em sistemas, traam de modo ordenado a forma de proceder do cien-tista ao longo de um percurso para alcanar um objetivo" (Trujillo, 1974:24);

    - "Mtodo a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessriospara atingir um fim dado (...) o caminho a seguir para chegar verdade nascincias" (Jolivet, 1979:71);

    - "Mtodo o conjunto coerente de procedimentos racionais ou prtico-racionais que orienta o pensamento para serem alcanados conhecimentosvlidos" (Nrici, 1978:15);

    - "Mtodo um procedimento regular, explcito e passvel de ser repetidopara conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual" (Bunge,1980:19);

    - Mtodo cientfico "um conjunto de procedimentos por intermdio dos

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    quais (a) se prope os problemas cientficos e (b) colocam-se prova as hi-pteses cientficas" (Bunge, 1974a:55).

    "Em seu sentido mais geral, o mtodo a ordem que se deve impor aos diferen-tes processos necessrios para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas cin-cias, entende-se por mtodo o conjunto de processos que o esprito humano deve em-pregar na investigao e demonstrao da verdade" (Cervo e Bervian, 1978:17).

    "A caracterstica distintiva do mtodo a de ajudar a compreender, no sentidomais amplo, no os resultados da investigao cientfica, mas o prprio processo de in-vestigao" (Kaplan In: Grawitz, 1975:1-18).

    O primeiro conceito destaca que o mtodo, mesmo que no prefixado, um fatorde segurana e economia para a consecuo do objetivo, sem descartar a inteligncia e otalento. Esses aspectos tm de estar presentes ao lado da sistematizao no agir .

    O segundo e o terceiro conceitos tendem a enfatizar que as regras (que obtmxito) discernveis na prtica cientfica no so cnones intocveis: no garantem a ob-teno da verdade, mas facilitam a deteco de erros, sendo fruto de decises tomadasde forma sistemtica para ordenar a atividade cientfica. Quando, na quarta definio,Jolivet afirma que mtodo o caminho a seguir para chegar verdade nas cincias, co-loca o caminho traado pelas decises do cientista como condio necessria, mas nosuficiente, para atingir a verdade. Em outras palavras, sem ordem, na atividade cientfi-ca, no se chega verdade; mas a ordem, por si s, no suficiente. O mesmo se podedepreender do conceito seguinte, assim como do sexto. No h conhecimento vlido(verdade) sem procedimentos ordenados e racionais.

    Na stima definio, Bunge introduz o conceito de "repetio" dos procedimen-tos cientficos que conduzem a um objetivo para, na oitava, afirmar que o mtodo faci-lita a apresentao de problemas cientficos e a comprovao de hipteses. Estas, comoveremos posteriormente, so supostas, provveis e provisrias respostas para os pro-blemas e, para serem incorporadas ao "todo" do conhecimento cientfico, devem sercomprovadas. Por sua vez, esta "comprovao" no pode ser "singular": outros cientis-tas, repetindo os mesmos procedimentos, precisam chegar mesma "verdade".

    Finalmente, no ltimo conceito, Kaplan indica que o mtodo deve permitir, a to-dos os cientistas, retraar os procedimentos daquele que alcana um resultado vlido,permitindo a compreenso do caminho seguido no processo de investigao.

    Resumindo, diramos que a finalidade da atividade cientfica a obteno daverdade, por intermdio da comprovao de hipteses, que, por sua vez, so pontes en-tre a observao da realidade e a teoria cientfica, que explica a realidade. O mtodo oconjunto das atividades sistemticas e racionais que, com maior segurana e economia,permite alcanar o objetivo - conhecimentos vlidos e verdadeiros -, traando o cami-nho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decises do cientista.

    3.2.1. Mtodo objetivo e mtodo subjetivoUm mtodo objetivo quando s depende do objeto observado. Se tambm de-

    pender do sujeito que faz a observao ele chamado de mtodo subjetivo.Considerando o exemplo anterior, verifica-se que o uso do cronmetro de gua

    bem melhor que o de pulsao. De fato, mtodo do cronmetro de gua objetivo. O depulsao subjetivo e pode ser influenciado pela emoo do observador .

    No incio da Cincia, as leis foram sendo descobertas pelo uso de mtodos sub-jetivos. Como os sentidos falhavam, freqentemente se chegava a resultados falsos. O

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    progresso da Cincia foi lento.Ai, os cientistas comearam a desconfiar de muita coisa que, luz dos nossos

    sentidos pareciam bvias. Com a introduo de mtodos objetivos o progresso da Cin-cia foi enorme.

    Mas, no v pensar que o equipamento infalvel. O cientista tambm precisasaber at onde pode confiar nele. preciso testar, ajustar e calibrar cada equipamento,antes de us-lo.

    3.2.2. A cincia e a tecnologiaAlgum disse: "Constri-se a Cincia com fatos tal como se constri um edifcio

    com pedras. Mas, da mesma forma que um conjunto de pedras no um edifcio, umconjunto de fatos no Cincia". A Cincia, alm de ser um conjunto de fatos tam-bm:

    O conjunto das leis e das teorias que procuram explic-los. O conjunto de mtodos usados para isto.Voc no deve confundir a Cincia com Tecnologia. A Tecnologia , digamos

    assim, a Cincia Aplicada. impossvel prever as aplicaes prticas que uma descoberta cientfica, apa-

    rentemente intil, possa vir a ter em um futuro mais ou menos remoto. Portanto, mesmodentro de um ponto de vista utilitrio, a pesquisa cientfica deve ser, tanto quanto poss-vel, desinteressada. Cabe Tecnologia, a realizao de pesquisas que visam colocar asdescobertas cientficas ao alcance do grande pblico.

    A interligao entre Cincia, Tecnologia e Empresa so de vital importnciapara o desenvolvimento e manuteno da economia mundial, bem como apresenta mui-tas conseqncias para a Poltica Internacional em todas as reas da atividade humana.

    Com a ajuda da Tecnologia, a Cincia fornece ao homem comum um podermuito "superior" ao que ele poderia ter, graas apenas aos seus prprios conhecimentos.Para s dar um exemplo, sem querer fazer drama, um simples apertar de boto podedestruir uma cidade numa exploso nuclear. E, o que muito grave, a pessoa que aper-tar este boto pode ser um dbil mental.

    Por isso, todo cientista deve desenvolver um ideal moral que lhe indique a ma-neira correta de utilizar os meios fornecidos pela Cincia e pela Tecnologia.

    3.2.3. O cientista e o seu mtodo de trabalhoAlgum j disse que cientista aquele indivduo que v problemas onde os ou-

    tros nada vem e que, alm disso, ainda se preocupa em resolv-los.Pelo que j foi exposto voc j sabe o mtodo que ele usa.1o) Coleta dados respeito do problema que ele percebeu.2o) Formula uma hiptese para explicar os fatos conhecidos.3o) Deduz fatos novos da hiptese.4o) Tenta confirmar os fatos deduzidos mediante a experimentao.Se o cientista obtm xito, sua hiptese est confirmada e o problema resolvido.

    Em caso contrrio, voc j sabe, procura rever a hiptese ou formular outra. Desta ma-neira, tudo recomea, e esta pesquisa contnua muito importante para o cientista. Pois

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    ela que lhe permite sugerir novas idias e novos problemas.Nem sempre o mais importante resolver aquele problema inicial, como dizia

    Einstein:"A formulao de um problema muito mais importante que a sua soluo. Esta

    pode ser apenas uma questo de habilidade matemtica ou experimental. Propor pro-blemas novos e encarar os velhos sob um novo ngulo que requer imaginao criadorae promove o progresso da Cincia". "Quando as perguntas so feitas oportunamente asidias surgem mais facilmente."

    Um cientista no tem que ser necessariamente um indivduo excepcional. No hdvida que alguns cientistas foram, de fato, indivduos excepcionais. Mas so raros. Agrande maioria constituda de pessoas comuns. Isso no quer dizer ento que qualquerum pode ser cientista, desejvel que ele possua um certo nmero de qualidades natu-rais: curiosidade, pacincia, perseverana, imparcialidade, imaginao, memria, inteli-gncia, etc. Mas, a qualidade principal o esprito cientfico que se caracteriza peloamor verdade, pela honestidade intelectual e pela dvida metdica. Veja o que dizClaude Bernard:

    A dvida a regra nica e fundamental da investigao cientifica, mas a dvidado cientista ope-se do ctico. O ctico no cr na cincia, cr em si mesmo, o sufici-ente para duvidar da Cincia. O cientista s duvida de si mesmo e das suas interpreta-es.

    3.3. Conceitos Bsicos

    3.3.1. A lgicaEm geral, muitos pensam que se usarem corretamente a lgica no erraro mais.

    No bem assim. A lgica nos fornece leis por meio das quais podemos julgar se asconcluses que tiramos so ou no legtimas, mas, no nos garante que sejam verdadei-ras. Exemplo: Se voc partir da hiptese de que 2 + 2 = 5, poder concluir, com lgica,que o dobro de 2 + 2 igual a 10. Isto est errado, mas a concluso legtima, logica-mente falando. No verdadeira porque se partiu de uma premissa falsa.

    Os cientistas costumam formular uma hiptese para explicar um fenmenonovo. O que eles no sabem, de antemo; se esta hiptese verdadeira ou no. Comoverific-lo? Basta tirar da hiptese uma srie de concluses lgicas. Se estas conclusesesto de acordo com o que realmente se observa porque a hiptese formulada vlida.Se no houver este acordo, abandona-se a hiptese e procura-se outra.

    3.3.2. Teorema e postuladoTeorema uma proposio (isto uma afirmao que se faz), deduzida de outras

    j aceitas anteriormente. A primeira proposio a ser usada, no foi deduzida mas foiaceita sem demonstrao deixando de ser chamada de teorema para ser chamada depostulado.

    Um postulado que voc deve conhecer muito bem o de Euclides: "Por umponto fora de uma reta s se pode traar uma paralela a esta reta". Esta proposio, queEuclides no demonstrou, serviu de ponto de partida para ele demonstrar todos os teo-remas da sua Geometria.

    A necessidade da demonstrao evidente. O postulado de Euclides descreveuma propriedade fundamental do espao sem curvatura, que a noo de espao j ad-

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    quirida e aceita por muitos. Por isso, para voc, ele evidente. Mas, meditando um pou-co, verifica-se que ele no exclui a possibilidade de existir um outro espao; no qual,por um ponto fora de uma reta, se possa traar uma infinidade de paralelas (postulado deLobatchewsky) ou nenhuma (postulado de Riemann). De fato, existem duas outrasGeometrias alm da de Euclides.

    3.3.3. PrincpioTal como a Geometria, a Fsica tambm parte de proposies no demonstradas,

    mas prefere cham-las de Princpios.Mas, no pense que um princpio tem vida eterna. A cada instante velhos princ-

    pios so discutidos, revistos, reformulados e alguns so at mesmo abandonados. Istoprova que a Cincia ainda est em construo e que, portanto, muitos podem participar.No preciso ficar com pena dos princpios abandonados. O destino de um princpiorealmente bom esse: provoca uma tal evoluo da Cincia que novos caminhos soabertos e princpios melhores podem ser sugeridos.

    Pode-se aceitar um princpio enquanto as concluses lgicas tiradas do principioforem verificadas experimentalmente. No devemos ser extremistas considerando quese houver uma pequenina diferena entre o que realmente ocorre e o que deveria ocor-rer, levando em conta o princpio ele deva ser abandonado.

    Numa comprovao experimental so geralmente necessrias muitas medies.Desta maneira, podem ocorrem erros. Considerando-se que praticamente impossvelfazer uma medio sem cometer erros, pode-se constatar que a concordncia entre osvalores obtidos experimentalmente e os previstos pelo princpio, relativa. uma con-cordncia dentro de uma certa margem de erro. H at exemplos de princpios, reconhe-cidamente superados, que ainda so mantidos dentro de certas reas do conhecimento,pelo fato de conduzirem a erros ainda considerados como aceitveis.

    3.3.4. Termo no definido e conceito primitivoJ vimos que cada teorema deve ser deduzido de proposies anteriores, j acei-

    tas. Analogamente, cada termo de uma proposio deve ser definido usando-se termosj definidos anteriormente. fcil perceber que, para dar a partida neste encadeamentolgico teremos que comear com alguns termos que no podem ser definidos, por issochamados de termos no definidos. Eles traduzem certos conceitos chamados concei-tos primitivos. Voc j entrou em contato com alguns termos no definidos ao estudarGeometria. Reta, por exemplo um termo cujo entendimento ocorre geralmente semque ningum tenha que defini-lo para outrem. No entanto, no h dvida de que quandoa palavra reta foi lida pela primeira vez em algum lugar, o conceito de reta no surgiu,de repente, na mente, ou seja, naquele instante. Ele foi adquirido, pouco a pouco, du-rante determinado perodo de tempo.

    Inicialmente ele pode ter sido sugerido por um objeto fsico: um fio bem estica-do, por exemplo. A imaginao ajudou, ao supor que aquele fio bem esticado no tinha"barriga" e podia ser prolongado, indefinidamente, nos dois sentidos. Pouco a pouco,por abstrao, o conceito de reta foi separado daquele de um fio bem esticado sugeridoanteriormente. Assim, de maneira gradativa, o conceito primitivo foi associado ao termoreta.

    Na cincia muitas vezes necessrio partir de vrios termos no definidos, cor-respondendo a cada um deles um conceito primitivo.

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    3.3.5. DefinioDefinio a expresso breve e completa do que se deve entender por alguma

    coisa, seja ela um termo, um objeto, um ser ou uma idia. Ao contrrio do teorema, adefinio no se prende logicamente nenhuma proposio anterior. Isto quer dizer:voc pode deduzir um teorema de outro anterior, mas, no pode deduzir uma definiode outra anterior. Em outras palavras: voc pode entender um teorema, mas, no podeentender uma definio. Em ltima anlise, uma definio no passa de uma convenoe no possvel entende-la necessariamente. Podemos entender, por exemplo, por que a"mo" de uma rua do lado direito? H alguma razo lgica que impea a "mo" pelolado esquerdo? Na Inglaterra . Exatamente por no haver razo lgica alguma para estaescolha, que se apela para a conveno. como se estivssemos dizendo: por defini-o, mo de uma rua, no Brasil, pelo lado direito. J o fato de se instalar o volante dolado esquerdo uma conseqncia lgica desta conveno. por isso que os volantesdos carros ingleses do lado contrrio.

    3.3.6. Lei emprica, induo e deduoPoderamos inicialmente perguntar o que acontecer se algum largar um objeto

    que est segurando a uma determinada distncia do solo e a pronta resposta seria queele poderia cair ao ser solto. Desta maneira estaramos partindo da afirmao "todo cor-po cai ao ser solto" que o enunciado de uma lei emprica. No dicionrio verificamosque "emprico" quer dizer "o que se guia exclusivamente pela experincia".

    As leis empricas so estabelecidas experimentalmente. Dai o nome. Para issonos valemos da induo.

    Induo o raciocnio pelo qual se passa de proposies menos gerais para umaoutra mais geral, Apoiando-se na experincia.

    O primeiro brinquedo a cair da mo foi para muitos a primeira de uma srieenorme de experincias que permitiram que induo de uma lei. Quando generalizamospara todos os corpos, apesar de ter feito experincias com alguns apenas, estamos nosbaseando num princpio chamado princpio fundamental das cincias:

    "Nas mesmas circunstncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos".Ao soltar um balo numa festa junina, ele sobe em lugar de cair. Mas isto no

    invalida a sua lei. Outras causas esto em jogo.Observe que uma lei emprica exprime sempre uma relao de dependncia

    constante entre um fenmeno antecedente, chamado causa, e um fenmeno conseqen-te, chamado efeito, que decorre necessariamente do primeiro. Poderamos dizer que noh nada de lgico nisso. No entanto, quando solto um corpo, logicamente ele s podecair, mas no a lgica que garante isso e sim aquela srie de experincias vivenciadasanteriormente, e que sempre conduziu a esse resultado. No podemos nos esquecer quese estabelece uma lei emprica por induo e no por deduo.

    A deduo o raciocnio pelo qual se passa de uma proposio mais geral paraoutras menos gerais, sem recorrer experincia. De maneira geral, entende-se que aprincipal diferena entre induo e deduo que na induo se vai do particular para ogeral enquanto que na deduo se vai do geral para o particular. O mais importante,alm disso, que na deduo apela-se para a experincia.

    3.3.7. Certeza absoluta e certeza estatsticaAlguns filsofos comearam a meditar: at que ponto legitimo o raciocnio in-

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    dutivo? Afinal, quando estabelecemos uma lei emprica, baseamo-nos em experinciasrealizadas num determinado lugar e num determinado instante. Teremos o direito deconsider-la sempre vlida no tempo e no espao? Comearam ento a perceber que asleis empricas no ofereciam uma certeza absoluta mas, apenas, uma certeza estatstica.Como exemplo, suponha que se de uma mquina de escrever a cada aluno da sua sala.Suponha tambm que cada um comece a bater nas teclas, ao acaso, at completar umcerto nmero de folhas.

    Voc acredita que essas folhas reunidas possam reproduzir a bblia? A resposta clara, no. Por outro lado, suponha que voc refaa esta experincia milhares de vezes eque em nenhuma delas se tenha conseguido reproduzir a bblia. Que lei emprica vocpoderia induzir desta srie de experincias?

    impossvel reproduzir a bblia fazendo com que os alunos da minha sala batamao acaso nas teclas de uma mquina de escrever. Basta pensar mais um pouco e consta-tar que no se pode afirmar necessariamente que seja mesmo impossvel. De fato comuma bruta de uma sorte talvez se conseguisse. Verifica-se portanto, que o termo impos-svel muito forte. Assim, verifica-se que um acontecimento previsto por uma lei emp-rica no pode ser encarado como um acontecimento que certamente ocorrer, mas,como um acontecimento que tem uma grande probabilidade de acontecer.

    Este novo modo de encarar as leis empricas foi fundamental para o desenvolvi-mento da fsica moderna.

    3.3.8. Leis qualitativas e leis quantitativasVoc descobriu sozinho que "todo corpo cai ao ser solto". Tambm j deve ter

    descoberto que, durante a queda, a velocidade do corpo aumenta. Mas, estas duas leisempricas so qualitativas, e, as que mais interessam so as quantitativas. No basta sa-ber, por exemplo, que a velocidade do corpo "aumenta" durante a queda. O que se quersaber : de "quanto aumenta"?

    H at uma famosa frase de Lorde Kelvin sobre o assunto. Diz mais ou menosisto:

    Baseado no exemplo de Emile Borel com um bando de macacos."Se voc pode medir aquilo de que fala e exprimi-lo por um nmero porque

    conhece alguma coisa do assunto. Em caso contrrio o seu conhecimento precrio".As leis fsicas quantitativas podem ser representadas por equaes matemticas,

    como teremos ocasio de ver mais tarde. O uso de tais equaes semelhante ao dequalquer equao matemtica. Um sistema de leis fsicas, representadas por equaesmatemticas, pode ser usado como se fosse um sistema de equaes matemticas. De-vemos, porm, nos lembrar que as leis fsicas quantitativas so aproximadas, sendo v-lidas apenas dentro de certos limites. essencial que voc no esquea disso para notentar aplic-las fora da sua faixa de validade, nem procurar obter delas uma precisoque no podem dar. Mas, apesar disso, o valor das leis empricas quantitativas incal-culvel. Basta olhar em torno para perceber o desenvolvimento monstruoso da tecnolo-gia, que nada mais faz do que aplicar essas leis.

    3.3.9. Observao e experimentaoPara estabelecer as leis empricas precisamos fazer observaes e experimenta-

    es.Observar no a mesma coisa que experimentar, observar estudar um fenme-

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    no tal como ele se apresenta na natureza. Experimentar estudar um fenmeno planeja-do pelo investigador.

    Muitos fenmenos naturais so complexos demais para que possam ser entendi-dos por simples observao. preciso simplific-los, isol-los de outros que ocorremconcomitantemente, e, at mesmo modific-los um pouco quanto sua intensidade e suadurao.

    Algum j disse:"Na observao o investigador se limita a contemplar a natureza. Na experi-

    mentao, vai alm, ele a interroga".

    3.3.10. HipteseHiptese uma suposio que se faz a respeito de alguma coisa. uma espcie

    de explicao provisria de um fenmeno, por meio da qual se procura antecipar umalei.

    Ao emitir uma hiptese, o cientista tenta explicar os fatos j conhecidos. Mas,isto no o mais importante. O que realmente importa deduzir da hiptese formuladauma srie de concluses lgicas e planejar experincias para verific-las. Se houveracordo entre as concluses tiradas e a realidade, a hiptese est confirmada. Caso nohouver acordo, s resta procurar uma nova hiptese ou reformular a antiga. Algumasvezes hipteses diferentes explicam razoavelmente bem os fatos j conhecidos, mas,conduzem a concluses diferentes. Para decidir entre elas s aplicando o procedimentoexperimental.

    A experincia permite eleger uma entre vrias hipteses possveis. Algumas ve-zes, esta deciso pode demorar. A Cincia oferece exemplos de teorias rivais que semantiveram durante muitos anos (cada uma com os seus seguidores) at que uma de-terminada experincia (ento chamada de experincia crucial) derrubou uma delas.

    3.3.11. TeoriaCom o decorrer do tempo o nmero de leis empricas foi aumentando tanto que

    se tornou necessrio orden-las logicamente, agrupando-as de modo que vrias delaspudessem ser deduzidas de uma nica hiptese mais ampla. Esta hiptese mais ampla,mais geral, capaz de explicar em grande nmero de leis, recebeu o nome de Teoria.

    Pelo que j foi exposto, voc deve ter percebido que a hiptese uma suposiofeita "a priori" enquanto que a teoria, alm de ser mais geral do que uma simples hip-tese, uma suposio feita "a posteriori". H entretanto hipteses que evoluem e setransformam em teorias, podendo mesmo chegar a se tornar leis muito gerais. Istoaconteceu, por exemplo, com a hiptese de Newton a respeito da atrao entre dois cor-pos.

    Da hiptese de Newton foi possvel deduzir uma srie de leis empricas j co-nhecidas na ocasio: as leis da queda livre e as leis de Kepler sobre o movimento dosplanetas.

    A hiptese de Newton virou teoria, e o sucesso continuou. Um sculo depoisCavendish, por meio de medies diretas, confirmou a teoria. Meio sculo mais tarde,Leverrier, observando irregularidades na rbita do planeta Urano concluiu, baseado nateoria de Newton, que deveria existir um outro planeta, at ento desconhecido. Previuat onde ele deveria se encontrar numa determinada ocasio. Um astrnomo, seguindoas instrues, descobriu o novo planeta que hoje chamado de Netuno.

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    Desde que a teoria virou lei, s se fala em lei de Newton da gravitao universal.Mas, bom que voc saiba que um xito como este no comum; Muitas teorias tive-ram que ser abandonadas. Alis, um verdadeiro cientista o primeiro a duvidar de suasprprias hipteses e de suas prprias teorias. Vive planejando experincias para derru-b-las. Leia s o que disse Einstein:

    "Em nosso esforo para compreender a realidade, somos como um homem ten-tando entender o mecanismo de um relgio fechado. Ele v o mostrador e os ponteiros.Ouve o seu tique-taque. Mas, no tem meios para abri-lo. Se for habilidoso, poderimaginar um mecanismo responsvel pelo que observa, mas, nunca poder ficar com-pletamente seguro de que sua explicao seja a nica possvel".

    3.4. O mtodo de Galileu Galilei

    Da mesma forma que o conhecimento se desenvolveu, o mtodo, sistematizaodas atividades, tambm sofreu transformaes. O pioneiro a tratar do assunto, no mbitodo conhecimento cientfico, foi Galileu, primeiro terico do mtodo experimental. Dis-cordando dos seguidores do filsofo Aristteles, considera que o conhecimento da es-sncia ntima das substncias individuais deve ser substitudo, como objetivo das inves-tigaes, pelo conhecimento da lei que preside os fenmenos. As cincias, para Galileu,no tm, como principal foco de preocupaes a qualidade, mas as relaes quantitati-vas. Seu mtodo pode ser descrito como induo experimental, chegando-se a uma leigeral por intermdio da observao de certo nmero de casos particulares.

    Os principais passos de seu mtodo podem ser assim expostos:a) observao dos fenmenos;b) anlise dos elementos constitutivos desses fenmenos, com a finalidade de

    estabelecer relaes quantitativas entre eles;c) induo de certo nmero de hipteses, tendo por fundamento a anlise da re-

    lao desses elementos constitutivos dos fenmenos;d) verificao das hipteses aventadas por intermdio de experincias (experi-

    mento);e) generalizao do resultado das experincias para casos similares;f) confirmao das hipteses, obtendo-se, a partir dela, leis gerais.Esquematicamente:

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    Isaac Newton, nascido no ano em que morreu Galileu, em sua obra Principia,utiliza, ao lado de procedimentos dedutivos, o indutivismo proposto por Galileu: a lei dagravitao, uma das premissas fundamentais de seu livro, obtida indutivamente, combase nas leis de Kepler. Portanto, apoiado na observao de fatos particulares, chega-se,por induo, ao estabelecimento de uma lei geral e, depois, por processos dedutivos,outros fatos particulares so inferidos, com base na lei geral.

    3.5. O Mtodo de Francis Bacon

    Contemporneo de Galileu, Francis Bacon, em sua obra Novum Organum, criti-ca tambm Aristteles, por considerar que o processo de abstrao e o silogismo (dedu-o formal que, partindo de duas proposies, denominadas premissas, delas retira umaterceira, nelas logicamente implicada, chamada concluso) no propiciam um conheci-mento completo do universo. Tambm se ope ao emprego da induo completa porsimples enumerao. Assinala que a observao e a experimentao dos fenmenos soessenciais, pois somente esta ltima pode confirmar a verdade: uma autntica demons-trao sobre o que verdadeiro ou falso somente proporcionada pela experimentao.Quanto ao conhecimento religioso, este assinala em que se deve crer, mas no faculta acompreenso da natureza das coisas em que se cr; a razo do conhecimento filosfico,por seu lado, no tem condies de distinguir o verdadeiro do falso. Sendo o conheci-mento cientfico o nico caminho seguro para a verdade dos fatos, deve acompanhar osseguintes passos:

    a) experimentao - nessa fase, o cientista, para poder observar e registrar, deforma sistemtica, todas as informaes que tm possibilidade de coletar, realiza expe-rimentos acerca do problema;

    b) formulao de hipteses - tendo por base os experimentos e a anlise dos re-sultados obtidos por seu intermdio, as hipteses procuram explicitar (e explicar) a rela-o causal entre os fatos;

    c) repetio - os experimentos devem ser repetidos em outros lugares ou por ou-tros cientistas, tendo por finalidade acumular dados que, por sua vez, serviro para aformulao de hipteses;

    d) testagem das hipteses - por intermdio da repetio dos experimentos, tes-

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    tam-se as hipteses; nessa fase, procura-se obter novos dados, assim como evidnciasque o confirmem, pois o grau de confirmao das hipteses depende da quantidade deevidncias favorveis; e) formulao de generalizaes e leis - o cientista, desde que te-nha percorrido todas as fases anteriores, formula a ou as leis que descobriu, fundamen-tado nas evidncias que obteve, e generaliza suas explicaes para todos os fenmenosda mesma espcie.

    Ou, de forma esquemtica:

    Segundo Lahr (In: Cervo e Bervian, 1978:23), as regras que Bacon sugeriu paraa experimentao podem ser assim sintetizadas:

    a) alargar a experincia - pouco a pouco, aumentar, tanto quanto possvel, a in-tensidade do que se supe ser a causa, com a finalidade de observar se a intensidade dofenmeno, que o efeito, cresce na mesma proporo;

    b) variar a experincia - significa aplicar, a diferentes objetos (fatos, fenme-nos), a mesma causa; c) inverter a experincia - consiste em, com a finalidade de verifi-car se o efeito contrrio se produz, aplicar a determinante contrria da suposta causa;

    d) recorrer aos casos da experincia - o objetivo, aqui, verificar "o que se podepescar" no conjunto das experincias.

    O tipo de experimentao proposto por Bacon denominado coincidnciasconstantes. Parte da constatao de que o aparecimento de um fenmeno tem uma causanecessria e suficiente, isto , em cuja presena o fenmeno ocorrer sempre e em cujaausncia nunca se produzir. Por esse motivo, o antecedente causal de um fenmenoest unido a ele por intermdio de uma relao de sucesso, constante e invarivel. Dis-cernir o antecedente que est sendo unido ao fenmeno determinar experimentalmentesua causa ou lei. Dessa forma, o mtodo das coincidncias constantes postula: apare-cendo a causa, d-se o fenmeno; retirando-se a causa, o efeito no ocorre; variando-sea causa, o efeito altera-se. Com a finalidade de anotar corretamente as fases da experi-mentao, Bacon sugere manter trs tbuas:

    a) tbua de presena - nesta, anotam-se todas as circunstncias em que se produzo fenmeno cuja causa se procura;

    b) tbua de ausncia - em que se anotam todos os casos em que o fenmeno nose produz. Deve-se tomar o cuidado de anotar tambm tanto os antecedentes quanto osausentes;

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    c) tbua dos graus - na qual se anotam todos os casos em que o fenmeno variade intensidade, assim como todos os antecedentes que variam com ele.

    3.6. O Mtodo de Descartes

    Ao lado de Galileu e Bacon, no mesmo sculo, surge Descartes. Com sua obra,Discurso sobre o mtodo, afasta-se dos processos indutivos, originando o mtodo dedu-tivo. Para ele, chega-se certeza, por intermdio da razo, princpio absoluto do conhe-cimento humano.

    Postula quatro regras:a) a da evidncia - "no acolher jamais como verdadeira uma coisa que no se

    reconhea evidentemente como tal, isto , evitar a precipitao e o preconceito e no in-cluir juzos, seno aquilo que se apresenta como tal clareza ao esprito que tome impos-svel a dvida";

    b) a da anlise - "dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas ne-cessrias para melhor resolve-las";

    c) a da sntese - "conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com osobjetos mais simples e mais fceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco,at o conhecimento dos objetos que no se disponham, de forma natural, em seqnciasde complexidade crescente";

    d) a da enumerao - "realizar sempre enumeraes to cuidadas e revises togerais que se possa ter certeza de nada haver omitido" (Hegenberg, 1976:117-8).

    Uma explicao complementar sobre anlise e sntese auxilia a compreenso domtodo em geral.

    Anlise - pode ser compreendida como o processo que permite a decomposiodo todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo.

    Sntese - entendida como o processo que leva reconstituio do todo, previ-amente decomposto pela anlise. Dessa maneira, vai sempre do que mais simples parao menos simples ou complexo.

    A anlise e a sntese podem operar sobre fatos, coisas ou seres concretos, sejammateriais ou espirituais, no mbito das cincias factuais, ou sobre idias mais ou menosabstratas ou gerais, como nas cincias formais ou na filosofia. O que nos interessa aprimeira, denominada anlise e sntese experimental, que pode atuar de dois modos:

    a) por intermdio de uma separao real e, quando, possvel, por meio da reuni-o das partes (nas substncias materiais). E aplicado nas cincias naturais e sociais;

    b) por meio de separao e de reconstruo mentais, quando se trata de substn-cias ou de fenmenos supra-sensveis. E empregado nas cincias psicolgicas.

    Marinho (s.d.: 99-100) indica as regras que devem ser seguidas pela anlise epela sntese, a fim de que os processos tenham valor cientfico:

    a) a anlise deve penetrar, tanto quanto possvel, at os elementos mais simples eirredutveis, ao passo que a sntese deve partir dos elementos separados pela anlise,para reconstituir o todo, sem omitir nenhum deles;

    b) tanto na anlise quanto na sntese deve-se proceder gradualmente, sem omitiretapas intermedirias;

    c) nas cincias naturais e sociais, a anlise deve preceder a sntese.

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    3.7. Concepo Atual do Mtodo

    Com o passar do tempo, muitas modificaes foram sendo feitas nos mtodosexistentes, inclusive surgiram outros novos. Estudaremos mais adiante esses mtodos.No momento, o que nos interessa o conceito moderno de mtodo (independente dotipo). Para tal, consideramos, como Bunge, que o mtodo cientfico a teoria da inves-tigao. Esta alcana seus objetivos, de forma cientfica, quando cumpre ou se prope acumprir as seguintes etapas:

    a) descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de conhecimentos - se oproblema no estiver enunciado com clareza, passa-se etapa seguinte; se o estiver,passa-se subseqente; b) colocao precisa do problema - ou, ainda, a recolocao deum velho problema, luz de novos conhecimentos (empricos ou tericos, substantivosou metodolgicos);

    c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema (porexemplo, dados empricos, teorias, aparelhos de medio, tcnicas de clculo ou de me-dio) - ou seja, exame do conhecido para tentar resolver o problema;

    d) tentativa de soluo do problema com auxlio dos meios identificados - se atentativa resultar intil, passa-se para a etapa seguinte; em caso contrrio, subseqen-te;

    e) inveno de novas idias (hipteses, teorias ou tcnicas) - ou produo de no-vos dados empricos que prometam resolver o problema;

    f) obteno de uma soluo (exata ou aproximada) do problema - com auxlio doinstrumental conceitual ou emprico disponvel;

    g) investigao das conseqncias da soluo obtida - tratando-se de uma teoria, a busca de prognsticos que possam ser feitos com seu auxlio; tratando-se de novosdados, o exame das conseqncias que possam ter para as teorias relevantes;

    h) prova (comprovao) da soluo - confronto da soluo com a totalidade dasteorias e da informao emprica pertinente. Se o resultado satisfatrio, a pesquisa dada como concluda, at novo aviso. Do contrrio, passa-se para a etapa seguinte;

    i) correo das hipteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obten-o da soluo incorreta - esse , naturalmente, o comeo de um novo ciclo de investi-gao (Bunge, 1980:25).

    As etapas assim se apresentam, de forma esquemtica:

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    3.8. Mtodo dedutivo

    Mtodo proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupeque s a razo capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocnio dedutivo temo objetivo de explicar o contedo das premissas. Por intermdio de uma cadeia de raci-ocnio em ordem descendente, de anlise do geral para o particular, chega a uma con-cluso. Usa o silogismo, construo lgica para, a partir de duas premissas, retirar umaterceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de concluso (GIL,1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clssico exemplo de raciocnio deduti-vo:

    Exemplo:Todo homem mortal. ...........................................(premissa maior)Pedro homem. .....................................................(premissa menor)Logo, Pedro mortal. .............................................(concluso)

    3.9. Mtodo indutivo

    Mtodo proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Consideraque o conhecimento fundamentado na experincia, no levando em conta princpiospreestabelecidos. No raciocnio indutivo a generalizao deriva de observaes de casosda realidade concreta. As constataes particulares levam elaborao de generaliza-es (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clssico exemplo de racio-cnio indutivo:

    Exemplo:Antnio mortal.Joo mortal.

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    Paulo mortal....

    Carlos mortal.Ora, Antnio, Joo, Paulo... e Carlos so homens.Logo, (todos) os homens so mortais.

    3.10. Mtodo hipottico-dedutivo

    Proposto por Popper, consiste na adoo da seguinte linha de raciocnio: quan-do os conhecimentos disponveis sobre determinado assunto so insuficientes para a ex-plicao de um fenmeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades expres-sas no problema, so formuladas conjecturas ou hipteses.

    Das hipteses formuladas, deduzem-se conseqncias que devero ser testadasou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqncias deduzidas das hipteses.Enquanto no mtodo dedutivo se procura a todo custo confirmar a hiptese, no mtodohiptetico-dedutivo, ao contrrio, procuram-se evidncias empricas para derrub-la(GIL, 1999, p.30).

    3.11. Mtodo dialtico

    Fundamenta-se na dialtica proposta por Hegel, na qual as contradies se trans-cendem dando origem a novas contradies que passam a requerer soluo. um mto-do de interpretao dinmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos no po-dem ser considerados fora de um contexto social, poltico, econmico, etc. Empregadoem pesquisa qualitativa (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).

    3.12. Mtodo fenomenolgico

    Preconizado por Husserl, o mtodo fenomenolgico no dedutivo nem induti-vo. Preocupa-se com a descrio direta da experincia tal como ela . A realidade construda socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunica-do. Ento, a realidade no nica: existem tantas quantas forem as suas interpretaes ecomunicaes. O sujeito/ator reconhecidamente importante no processo de construodo conhecimento (GIL, 1999; TRIVIOS, 1992). Empregado em pesquisa qualitativa.

    3.13. Consideraes finais

    Na era do caos, do indeterminismo e da incerteza, os mtodos cientficos andamcom seu prestgio abalado. Apesar da sua reconhecida importncia, hoje, mais do quenunca, se percebe que a cincia no fruto de um roteiro de criao totalmente previs-vel. Portanto, no h apenas uma maneira de raciocnio capaz de dar conta do complexomundo das investigaes cientficas. O ideal seria voc empregar mtodos, e no ummtodo em particular, que ampliem as possibilidades de anlise e obteno de respostaspara o problema proposto na pesquisa.

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    4. As Etapas da PesquisaIdentificar as etapas da pesquisa;planejar uma pesquisa.

    4.1. Introduo

    A pesquisa um procedimento reflexivo e crtico de busca de respostas paraproblemas ainda no solucionados. O planejamento e a execuo de uma pesquisa fa-zem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que podem ser detalha-das da seguinte forma:

    1) escolha do tema;2) reviso de literatura;3) justificativa;4) formulao do problema;5) determinao de objetivos;6) metodologia;7) coleta de dados;8) tabulao de dados;9) anlise e discusso dos resultados;10) concluso da anlise dos resultados;11) redao e apresentao do trabalho cientfico (dissertao ou tese).

    4.2. As etapas da pesquisa

    4.2.1. Escolha do TemaNesta etapa voc dever responder pergunta: O que pretendo abordar? O

    tema um aspecto ou uma rea de interesse de um assunto que se deseja provar ou des-envolver. Escolher um tema significa eleger uma parcela delimitada de um assunto, es-tabelecendo limites ou restries para o desenvolvimento da pesquisa pretendida. A de-finio do tema pode surgir com base na sua observao do cotidiano, na vida profissio-nal, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas, no fee-dback de pesquisas j realizadas e em estudo da literatura especializada (BARROS;LEHFELD, 1999).

    A escolha do tema de uma pesquisa, em um Curso de Ps-Graduao, est rela-cionada linha de pesquisa qual voc est vinculado ou linha de seu orientador.Voc dever levar em conta, para a escolha do tema, sua atualidade e relevncia, seuconhecimento a respeito, sua preferncia e sua aptido pessoal para lidar com o temaescolhido. Definido isso, voc ir levantar e analisar a literatura j publicada sobre otema.

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    4.2.2. Reviso de LiteraturaNesta fase voc dever responder s seguintes questes: quem j escreveu e o

    que j foi publicado sobre o assunto, que aspectos j foram abordados, quais as lacunasexistentes na literatura. Pode objetivar determinar o estado da arte, ser uma revisoterica, ser uma reviso emprica ou ainda ser uma reviso histrica.

    A reviso de literatura fundamental, porque fornecer elementos para vocevitar a duplicao de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema. Favorecer a defini-o de contornos mais precisos do problema a ser estudado (veja a Aula 5, que abordarespecialmente a Reviso de Literatura).

    4.2.3. JustificativaNesta etapa voc ir refletir sobre o porqu da realizao da pesquisa procu-

    rando identificar as razes da preferncia pelo tema escolhido e sua importncia em re-lao a outros temas. Pergunte a voc mesmo: o tema relevante e, se , por qu? Quaisos pontos positivos que voc percebe na abordagem proposta? Que vantagens e benef-cios voc pressupe que sua pesquisa ir proporcionar? A justificativa dever convencerquem for ler o projeto, com relao importncia e relevncia da pesquisa proposta.4.2.4. Formulao do Problema

    Nesta etapa voc ir refletir sobre o problema que pretende resolver na pesquisa,se realmente um problema e se vale a pena tentar encontrar uma soluo para ele. Apesquisa cientfica depende da formulao adequada do problema, isto porque objetivabuscar sua soluo (veja a Aula 8, que abordar especialmente o Problema de Pesquisa).4.2.5. Determinao dos Objetivos: Geral e Especficos

    Nesta etapa voc pensar a respeito de sua inteno ao propor a pesquisa. Deve-r sintetizar o que pretende alcanar com a pesquisa. Os objetivos devem estar coerentescom a justificativa e o problema proposto. O objetivo geral ser a sntese do que se pre-tende alcanar, e os objetivos especficos explicitaro os detalhes e sero um desdobra-mento do objetivo geral. Os objetivos informaro para que voc est propondo a pesqui-sa, isto , quais os resultados que pretende alcanar ou qual a contribuio que sua pes-quisa ir efetivamente proporcionar.

    Os enunciados dos objetivos devem comear com um verbo no infinitivo e esteverbo deve indicar uma ao passvel de mensurao. Como exemplos de verbos usadosna formulao dos objetivos, podem-se citar para:

    - determinar estgio cognitivo de conhecimento: os verbos apontar, arrolar,definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear;

    - determinar estgio cognitivo de compreenso: os verbos descrever, discutir,esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir etranscrever;

    - determinar estgio cognitivo de aplicao: os verbos aplicar, demonstrar,empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traar e usar;

    - determinar estgio cognitivo de anlise: os verbos analisar, classificar, com-parar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, in-vestigar e experimentar;

    - determinar estgio cognitivo de sntese: os verbos articular, compor, consti-tuir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar;

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    - determinar estgio cognitivo de avaliao: os verbos apreciar, avaliar, elimi-nar, escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.

    4.2.6. MetodologiaNesta etapa voc ir definir onde e como ser realizada a pesquisa. Definir o

    tipo de pesquisa, a populao (universo da pesquisa), a amostragem, os instrumentos decoleta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados. Populao (ouuniverso da pesquisa) a totalidade de indivduos que possuem as mesmas caractersti-cas definidas para um determinado estudo. Amostra parte da populao ou do univer-so, selecionada de acordo com uma regra ou plano. A amostra pode ser probabilstica eno-probabilstica.

    Amostras no-probabilsticas podem ser:- amostras acidentais: compostas por acaso, com pessoas que vo aparecendo;- amostras por quotas: diversos elementos constantes da populao/universo,

    na mesma proporo;- amostras intencionais: escolhidos casos para a amostra que representem o

    bom julgamento da populao/universo.Amostras probabilsticas so compostas por sorteio e podem ser:- amostras casuais simples: cada elemento da populao tem oportunidade

    igual de ser includo na amostra;- amostras casuais estratificadas: cada estrato, definido previamente, estar re-

    presentado na amostra;- amostras por agrupamento: reunio de amostras representativas de uma po-

    pulao.Para definio das amostras recomenda-se a aplicao de tcnicas estatsticas.

    Barbetta (1999) fornece uma abordagem muito didtica referente delimitao deamostras e ao emprego da estatstica em pesquisas.

    A definio do instrumento de coleta de dados depender dos objetivos que sepretende alcanar com a pesquisa e do universo a ser investigado. Os instrumentos decoleta de dados tradicionais so:

    - Observao: quando se utilizam os sentidos na obteno de dados de determi-nados aspectos da realidade. A observao pode ser:

    - observao assistemtica: no tem planejamento e controle previa-mente elaborados;

    - observao sistemtica: tem planejamento, realiza-se em condiescontroladas para responder aos propsitos preestabelecidos;

    - observao no-participante: o pesquisador presencia o fato, mas noparticipa;

    - observao individual: realizada por um pesquisador;- observao em equipe: feita por um grupo de pessoas;- observao na vida real: registro de dados medida que ocorrem;- observao em laboratrio: onde tudo controlado.

    - Entrevista: a obteno de informaes de um entrevistado, sobre determina-

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    do assunto ou problema. A entrevista pode ser:- padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido;- despadronizada ou no-estruturada: no existe rigidez de roteiro.

    Podem-se explorar mais amplamente algumas questes.- Questionrio: uma srie ordenada de perguntas que devem ser respondidas

    por escrito pelo informante. O questionrio deve ser objetivo, limitado em ex-tenso e estar acompanhado de instrues As instrues devem esclarecer opropsito de sua aplicao, ressaltar a importncia da colaborao do infor-mante e facilitar o preenchimento. As perguntas do questionrio podem ser:

    - abertas: Qual a sua opinio?;- fechadas: duas escolhas: sim ou no;- de mltiplas escolhas: fechadas com uma srie de respostas possveis.

    Young e Lundberg (apud Pessoa, 1998) fizeram uma srie de recomendaesteis construo de um questionrio. Entre elas destacam-se:

    - o questionrio dever ser construdo em blocos temticos obedecendo a umaordem lgica na elaborao das perguntas;

    - a redao das perguntas dever ser feita em linguagem compreensvel ao in-formante. A linguagem dever ser acessvel ao entendimento da mdia da po-pulao estudada. A formulao das perguntas dever evitar a possibilidade deinterpretao dbia, sugerir ou induzir a resposta;

    - cada pergunta dever focar apenas uma questo para ser analisada pelo infor-mante;

    - o questionrio dever conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos dapesquisa. Devem ser evitadas perguntas que, de antemo, j se sabe que nosero respondidas com honestidade.

    - Formulrio: uma coleo de questes e anotadas por um entrevistador numasituao face a face com a outra pessoa (o informante).

    O instrumento de coleta de dados escolhido dever proporcionar uma interaoefetiva entre voc, o informante e a pesquisa que est sendo realizada. Para facilitar oprocesso de tabulao de dados por meio de suportes computacionais, as questes e suasrespostas devem ser previamente codificadas.

    A coleta de dados estar relacionada com o problema, a hiptese ou os pressu-postos da pesquisa e objetiva obter elementos para que os objetivos propostos na pes-quisa possam ser alcanados.

    Neste estgio voc escolhe tambm as possveis formas de tabulao e apresen-tao de dados e os meios (os mtodos estatsticos, os instrumentos manuais ou com-putacionais) que sero usados para facilitar a interpretao e anlise dos dados.

    4.2.7. Coleta de DadosNesta etapa voc far a pesquisa de campo propriamente dita. Para obter xito

    neste processo, duas qualidades so fundamentais: a pacincia e a persistncia.

    4.2.8. Tabulao e Apresentao dos DadosNesta etapa voc poder lanar mo de recursos manuais ou computacionais

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    para organizar os dados obtidos na pesquisa de campo. Atualmente, com o advento dainformtica, natural que voc escolha os recursos computacionais para dar suporte elaborao de ndices e clculos estatsticos, tabelas, quadros e grficos.

    4.2.9. Anlise e Discusso dos ResultadosNesta etapa voc interpretar e analisar os dados que tabulou e organizou na

    etapa anterior. A anlise deve ser feita para atender aos objetivos da pesquisa e paracomparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hi-ptese(s) ou os pressupostos da pesquisa.

    4.2.10. Concluso da Anlise e dos Resultados ObtidosNesta etapa voc j tem condies de sintetizar os resultados obtidos com a pes-

    quisa. Dever explicitar se os objetivos foram atingidos, se a(s) hiptese(s) ou os pres-supostos foram confirmados ou rejeitados. E, principalmente, dever ressaltar a contri-buio da sua pesquisa para o meio acadmico ou para o desenvolvimento da cincia eda tecnologia.

    4.2.11. Redao e Apresentao do Trabalho CientficoNesta etapa o pesquisador dever redigir seu relatrio de pesquisa: dissertao

    ou tese. Azevedo (1998, p.22) argumenta que o texto dever ser escrito de modo apura-do, isto , gramaticalmente correto, fraseologicamente claro, terminologicamente pre-ciso e estilisticamente agradvel. Normas de documentao da Associao Brasileirade Normas Tcnicas (ABNT) devero ser consultadas visando padronizao das indi-caes bibliogrficas e a apresentao grfica do texto. Normas e orientaes do prprioCurso de Ps-Graduao tambm devero ser consultadas (ver Aula 11, que abordarespecialmente esta parte).4.3. Consideraes finais

    As etapas aqui identificadas e as orientaes feitas devero servir de guia ela-borao de sua pesquisa e no como uma camisa-de-fora. Portanto, no devem im-pedir sua criatividade ou causar entraves elaborao da pesquisa. A inteno deste do-cumento fornecer a voc orientaes bsicas elaborao de uma investigao cient-fica.

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    5. Escolha do tema

    5.1. Como nascem as idias?

    Est a uma coisa que no se pode explicar ou transmitir. Elas ocorrem. Como?Por qu? No se sabe. Elas surgem de maneira inesperada. Algumas vezes at mesmoquando se est numa atividade nada cientfica.

    s vezes, na busca da soluo para resolver algum problema, no conseguimossucesso imediato e desistimos. Um tempo depois, noutro ambiente e fazendo algo di-verso daquilo, podemos ter um estalo e conseguir resolv-lo. Isto acontece com fre-qncia depois de um intenso perodo de trabalho intelectual. Depois de nos desligar-mos do problema, o subconsciente continua na tentativa de resolv-lo e, algumas vezes,o consegue, se tiver os dados necessrios.

    Pode acontecer que um cientista tenha uma idia nova, mas quando vai divulg-la descobre que, pouco antes, um outro teve a mesma idia que ele. Sabe por qu? Idiapuxa idia. Certas idias amadurecem numa certa poca, graas s respostas que a Cin-cia vai fornecendo para uma srie de perguntas, at ento sem respostas.

    Observa-se que idias bastante semelhantes surgem em quase todos os indivdu-os, com respeito s relaes simples. Mas, h relaes to sutis que s podem ser perce-bidas por indivduos que sejam no apenas melhor dotados mas, tambm, que vivam emum meio intelectual propcio, ou que, pelo menos, tenham comunicao com um meiodesse.

    Em todos os ramos da Cincia, a maioria dos cientistas apenas desenvolve asidias de um pequeno nmero de indivduos realmente geniais.

    5.2. Escolha do assunto

    A escolha do assunto representa o momento de seleo de um tema de estudoque se mostre relevante. Este levantamento prvio pode ser feito nas fontes bibliogrfi-cas convencionais, como bibliotecas e acervos tcnicos, e tambm na Internet.

    O assunto ou tema da monografia pode surgir de situaes pessoais ou profissio-nais. Tais situaes podem advir da experincia prpria, da leitura de obras de autoresconsagrados ou de pesquisa na prpria Internet. Outra sugesto para superar eventuaisdificuldades na escolha do assunto a utilizao e ampliao de algum trabalho desen-volvido em outras disciplinas ao longo do curso e que possa ser ampliado, de maneiraque adquira a profundidade e o formato de uma monografia.

    Resumindo, o interesse por um tema que merea ser desenvolvido na forma demonografia surge das mais diferentes maneiras, dentre elas:

    em funo de seu trabalho; momento profissional em que se encontra (mudana de emprego, por exemplo); leitura de livros e artigos de revistas especializadas de sua rea de interesse; consultas a catlogos de teses, dissertaes a monografias em geral, disponibili-

    zadas de forma convencional nas bibliotecas e via Internet;

    leitura de mensagens/artigos de "listas de discusso" na Internet;

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    troca de mensagens via Internet;

    informaes obtidas via Internet sobre livros e demais publicaes disponibili-zados por livrarias e bibliotecas acadmicas on line;

    dados e informaes obtidos em home pages/sites da Internet.A escolha de um tema digno de estudo depende de critrios de seleo. Esses

    critrios, quando aplicados, resultam em um tema que: corresponda ao gosto e interesse do aluno-pesquisador; propicie experincias durveis e de grande valor para o pesquisador; possua importncia terica e, principalmente, prtica;

    corresponda s possibilidades de tempo e de recursos financeiros do pesquisa-dor;

    seja vivel em termos de levantamento de dados e informaes.

    5.3. Delimitao do assunto

    Deve-se evitar escolher temas como a importncia do marketing no mercado,o estudo da administrao do ponto de vista da logstica ou similares, que, devido asua extenso e generalidade, no permitem um tratamento srio e com profundidade.

    Esses exemplos correspondem a temas de tratados enciclopdicos, no se pres-tando, portanto, a um estudo monogrfico. Tal situao normalmente reflete a falta dadelimitao do sujeito e do objeto.

    Recomenda-se que o assunto, uma vez escolhido, refira-se a poucas coisas, deforma detalhada e consistente, ao invs de tratar sobre muitas coisas de forma ge-nrica e superficial.

    Uma vez escolhido o assunto, a prxima tarefa demarcar seus limites. Demar-car o assunto significa fixar sua extenso, delineando uma melhor compreenso do tema desta demarcao que se poder extrair o problema, assunto que ser tratado no pr-ximo tpico.

    Inicialmente, preciso distinguir o sujeito e o objeto de uma questo. O sujeito o universo de referncia. O objetivo de seu estudo conhec-lo ou agir sobre ele. Comosujeito pode-se considerar ainda o assunto que pode dar ensejo ou lugar a alguma coi-sa. Ento, sujeito da pesquisa o assunto que ser pesquisado.

    O objeto o tema propriamente dito. Consiste no que se quer saber ou fazer arespeito do sujeito. o contedo do trabalho.

    Por exemplo, no tema A formao de recursos humanos tem-se como sujeito,que o universo de referncia, os recursos humanos, e como objeto ou contedo do tra-balho a formao.

    Em A comercializao do produto X, o produto X o sujeito, a comercializa-o o objeto.

    Posteriormente, necessrio fixar a extenso do sujeito e do objeto. Fixar a ex-tenso do sujeito significa determinar o nmero ou a categoria de indivduos ou casos aque o estudo pode se referir.

    No primeiro exemplo citado, o sujeito refere-se aos recursos humanos em geral.

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    Um estudo monogrfico, entretanto, exige que se reduza a sua extenso, a fim de sechegar a um tema objetivo e preciso. No caso, pode-se reduzir o sujeito formao derecursos humanos na empresa A.

    Assim, determinar a extenso do sujeito fixar o seu universo de referncia.Fixar a extenso do objeto selecionar os setores, reas ou tpicos do assunto

    que sero focalizados, de forma preferencial em relao a outros. No caso do exemplocitado, poder-se-ia focalizar a formao humana, a formao profissional e afins.

    "... Circunstncias de tempo e espao contribuem para limitar mais a extensodo assunto. No caso de formao de recursos humanos, relevante acrescentar na

    empresa A, dentre outras possibilidades relacionadas tanto noo de espao quanto de tempo" (... no perodo de 1995 a 1998) (Tachizawa e Mendes, 2000:26-27).Recapitulando, para a definio do assunto preciso:

    Que no seja amplo demais, que se mostre factvel, que no seja um "tratado en-ciclopdico";

    Demarcar seus limites, a partir da distino entre o sujeito (o universo de refe-rncia) e o objeto (o tema propriamente dito) da questo;

    Fixar a extenso do sujeito (ex.: "A formao de recursos humanos na empresaA) e do objeto (ex.: A formao de instrutores de recursos humanos na empresaA);

    A extenso pode ser delimitada no s em funo do espao ("na empresa A"),como tambm no tempo (ex.: A formao de instrutores de recursos humanos naempresa A no perodo de 1995 a 1998).

    5.4. Estudo preliminar

    Depois de formulados os problemas, investigam-se suas possveis respostas. Estaetapa do trabalho auxilia o pesquisador a elaborar o projeto do trabalho, que consistebasicamente nas seguintes tarefas:

    levantamento bibliogrfico acerca do assunto; leitura da bibliografia e seleo/anotao de conceitos aplicveis ao tema; coleta de dados e informaes complementares acerca do assunto junto a entida-

    des, instituies ou pessoas ligadas ao mesmo.A realizao de estudo exploratrio permite ao pesquisador reunir elementos ca-

    pazes de subsidiar a escolha do objeto e a definio do tema, alm das justificativas te-ricas do mesmo.

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    6. Reviso de Literatura e Referencial Terico- Mostrar a importncia da reviso de literatura no processo de pesquisa;- Identificar os passos para a elaborao de uma reviso de literatura.

    6.1. Introduo

    Uma das etapas mais importantes de um projeto de pesquisa a reviso de lite-ratura. A reviso de literatura refere-se fundamentao terica que voc ir adotar paratratar o tema e o problema de pesquisa. Por meio da anlise da literatura publicada vocir traar um quadro terico e far a estruturao conceitual que dar sustentao aodesenvolvimento da pesquisa.

    A reviso de literatura resultar do processo de levantamento e anlise do que jfoi publicado sobre o tema e o problema de pesquisa escolhidos. Permitir um mapea-mento de quem j escreveu e o que j foi escrito sobre o tema e/ou problema da pesqui-sa.

    Para Luna (1997), a reviso de literatura em um trabalho de pesquisa pode serrealizada com os seguintes objetivos:

    - determinao do estado da arte: o pesquisador procura mostrar atravs daliteratura j publicada o que j sabe sobre o tema, quais as lacunas existentes eonde se encontram os principais entraves tericos ou metodolgicos;

    - reviso terica: voc insere o problema de pesquisa dentro de um quadro dereferncia terica para explic-lo. Geralmente acontece quando o problema emestudo gerado por uma teoria, ou quando no gerado ou explicado por umateoria particular, mas por vrias;

    -

    reviso emprica: voc procura explicar como o problema vem sendo pesqui-sado do ponto de vista metodolgico procurando responder: quais os procedi-mentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vmafetando os resultados? Que propostas tm sido feitas para explic-los ou con-trol-los? Que procedimentos vm sendo empregados para analisar os resulta-dos? H relatos de manuteno e generalizao dos resultados obtidos? Do queelas dependem?;

    - reviso histrica: voc busca recuperar a evoluo de um conceito, tema,abordagem ou outros aspectos fazendo a insero dessa evoluo dentro de umquadro terico de referncia que explique os fatores determinantes e as implica-es das mudanas.

    Para elaborar uma reviso de literatura recomendvel que voc adote a meto-dologia de pesquisa bibliogrfica. Pesquisa Bibliogrfica aquela baseada na anlise daliteratura j publicada em forma de livros, revistas, publicaes avulsas, imprensa es-crita e at eletronicamente, disponibilizada na Internet.

    A reviso de literatura/pesquisa bibliogrfica contribuir para:- obter informaes sobre a situao atual do tema ou problema pesquisado;- conhecer publicaes existentes sobre o tema e os aspectos que j foram abor-

    dados;- verificar as opinies similares e diferentes a respeito do tema ou de aspectos