Author
lengoc
View
216
Download
0
Embed Size (px)
1
MTODO DOS VOLUMES FINITOS APLICADO AO ESCOAMENTO BIFSICO LEO-GUA EM RESERVATRIOS DE LEO CONSIDERANDO EFEITOS DE AQUECIMENTO NO
POO PRODUTOR
HEITOR GONALVES HARTMANN
Projeto de Graduao apresentado ao Curso de Engenharia do Petrleo da Escola Politcnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Engenheiro. Orientador: Prof. Paulo Couto, Dr. Eng.
Rio de Janeiro Fevereiro de 2011
ii
Hartmann, Heitor Gonalves Mtodo dos Volumes Finitos Aplicado ao Escoamento
Bifsico leo-gua em Reservatrios de leo Considerando Efeitos de Aquecimento no Poo Produtor/ Heitor Gonalves Hartmann. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politcnica, 2011.
xv, 106 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Paulo Couto Projeto de Graduao UFRJ/ Escola Politcnica/ Curso
de Engenharia do Petrleo, 2011. Referncias Bibliogrficas: p..104-105 1. Simulao Numrica. 2. Engenharia de Reservatrios. 3.
Volumes Finitos . I. Couto, Paulo et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica, Curso de Engenharia do Petrleo. III. Titulo.
iii
Dedicatria
Dedico este trabalho a minha me Lucia e meu pai Waldemar, por sempre estarem ao
meu lado acreditando na minha capacidade de vencer os desafios propostos pela vida.
A Regio Serrana do Estado do Rio de Janeiro, e em especial a minha sempre
maravilhosa cidade de Nova Friburgo. Terra de um povo guerreiro e batalhador, que
com f em Deus e muito trabalho est reconstruindo a cidade que foi devastada, no
dia 12 de janeiro de 2011, pelo maior desastre natural registrado na histria do Brasil.
Muitas foram s perdas, mas o orgulho de ser friburguense continua intacto.
iv
Agradecimentos
A Santssima Trindade. Ao Deus Pai, criador do Universo, de todas as coisas visveis
e invisveis. Ao Deus Filho, Jesus Cristo, Salvador do Mundo e motivo maior de
nossas vidas. Ao Deus Esprito Santo, o Parclito, nosso defensor e que nos cumula
de f para superarmos as adversidades do dia-a-dia.
A Nossa Senhora e a Santa Rita de Cssia, minhas maiores intercessoras junto a
Deus. Por intermdio Delas minhas splicas sempre foram atendidas.
A meus pais, por todo apoio afetivo e financeiro, pois sem eles o meu sonho de se
tornar Engenheiro de Petrleo no seria realizado.
UFRJ, que me deu a honra de colocar meu nome na sua histria e a todos os
professores, por sua dedicao e empenho, em especial ao professor e amigo Paulo
Couto, que sem a sua grande colaborao neste projeto nada disso seria possvel.
Schlumberger, empresa que acreditou na minha capacidade e cedeu sua sute de
softwares, para realizao deste trabalho. um prazer fazer parte desta empresa.
A toda a minha famlia, que me acompanhou nesta difcil caminhada e me
proporcionou momentos de felicidade, onde a rotina repleta de matrias e
responsabilidades era trocada por muito lazer e diverso.
A meus amigos, excelentes ouvintes das minhas inmeras reclamaes dirias. A
eles, meu muito obrigado pela pacincia e compreenso em todas as horas.
Ao meu cachorro Tit, um amigo verdadeiro e fiel, que com sua energia positiva e um
olhar fascinante foi capaz de me ajudar a enxergar a vida de uma maneira simples e
feliz.
v
.
A mente que se abre a uma nova idia jamais voltar ao seu tamanho original
Albert Einstein
Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a f
2 Timteo 4:7
vi
Resumo do Projeto de Graduao apresentado Escola Politcnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Engenheiro do Petrleo.
Mtodo dos Volumes Finitos Aplicado ao Escoamento B ifsico leo-gua em Reservatrios de leo Considerando Efeitos de Aquec imento no Poo Produtor
Heitor Gonalves Hartmann
Fevereiro/2011 Orientador: Prof. Paulo Couto, Dr. Eng. Curso: Engenharia de Petrleo
A indstria do petrleo vem conhecendo ao longo deste sculo XXI uma nova realidade na explorao e produo desta riqueza to importante para o desenvolvimento da sociedade contempornea. H uma necessidade iminente de se aplicar mtodos de recuperao avanada em conjunto com mtodos de recuperao secundria a fim de que se possa aumentar o fator de recuperao de determinados campos e garantir, assim, o suprimento da demanda mundial. Nesse trabalho foi realizada uma reviso bibliogrfica sobre os principais mtodos trmicos que, em conjunto com outros mtodos, so responsveis pelo incremento considervel na produo de petrleo. Apresentaram-se as propriedades bsicas de um reservatrio, que serviram de alicerce para derivao das equaes do escoamento leo-gua bem como da equao da energia. Estas foram discretizadas com base no mtodo dos volumes finitos para reservatrios bidimensionais. Alm disto, para otimizar o procedimento foi aplicado o mtodo IMPES ao sistema leo-gua. As equaes foram implementadas no Mathematica 7 sendo feita uma anlise de convergncia para em seguida ocorresse a validao atravs do Petrel e do simulador ECLIPSE. Visou-se por fim analisar os resultados da recuperao atravs de duas alternativas: injeo de gua e injeo de gua e mais calor, com o objetivo de verificar o mtodo que oferece uma maior produo acumulada ao fim da simulao, levando em considerao ainda a sua viabilidade de aplicao
Palavras-chave: Simulao Numrica, Engenharia de Reservatrios, Volumes Finitos, Mtodo IMPES, Escoamento bifsico.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Petroleum Engineer.
Finite Volume Method Applied to the Oil-Water Two-Phase Flow in Oil Reservoirs
Considering Heating Effects in the Producer Well
Heitor Gonalves Hartmann
February/2011 Advisor: Paulo Couto, Dr. Eng. Course: Petroleum Engineering
The oil industry has come to known through this 21st century a new reality in the exploration and production of this asset which is so important for the development of modern society. There is a need to apply enhanced recovery methods alongside secondary recovery aiming to increase the recovery factor of certain fields and thus ensure the supply of world demand. In the present work a review was made on the main thermal methods that, alongside other methods, are responsible for the considerable increase in oil production. The basic properties of a reservoir are presented, which serve as the basis for the derivation of the oil-water flow equations as well as the energy equation. These were discretized based on the finite volumes method for two-dimensional reservoirs. Furthermore, in order to optimize the procedure, the IMPES method was applied. The equations were implemented in Mathematica 7, with a convergence analysis being made for the validation through Petrel and the ECLIPSE simulator. At last, the recovery results were analyzed through two alternatives: injection of water and of water plus heat, with the objective of verifying the method which offers the largest cumulative production at the end of simulation, still taking into account its feasibility.
Keywords: Numerical Simulation, Reservoir Engineering, Finite Volume Method, IMPES Method, Two Phase Flow.
viii
Sumrio LISTA DE FIGURAS .................................. ................................................................................... X
LISTA DE TABELAS .................................. ................................................................................ XII
NOMENCLATURA ...................................... ............................................................................... XIII
1 INTRODUO ...................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS E MOTIVAO ................................................................................................ 2
1.2 ESTRUTURAO DO TRABALHO ........................................................................................ 4
2 MTODOS TRMICOS ........................................................................................................ 5
2.1 CARACTERSTICAS DOS MTODOS DE RECUPERAO AVANADA ...................................... 5
2.2 EFICINCIA DE RECUPERAO ......................................................................................... 7
2.3 PRINCIPAIS MTODOS TRMICOS .................................................................................. 8
2.4 COMBUSTO NA SUPERFCIE ............................................................................................ 9
2.4.1 Injeo Cclica de Vapor........................................................................................ 9
2.4.2 Injeo Contnua de Vapor .................................................................................. 11
2.4.3 Injeo de gua Quente ...................................................................................... 13
2.4.4 Inovaes Tecnolgicas da Injeo de Vapor - SAGD6
2.5 COMBUSTO IN SITU ...................................................................................................... 16
2.5.1 Inovaes Tecnolgicas para Combusto In Situ ............................................ 19
2.6 AQUECIMENTO ELETROMAGNTICO ................................................................................ 19
2.7 SUMRIO ....................................................................................................................... 21
3 ESCOAMENTO DE FLUIDOS EM MEIOS POROSOS ............ ......................................... 22
3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................... 22
3.1.1 Propriedade das Rochas ..................................................................................... 22
3.1.1.1 Porosidade .............................................................................................. 23
3.1.1.2 Permeabilidade........................................................................................ 23
3.1.2 Propriedade do Fluidos ....................................................................................... 25
3.1.2.1 Saturao dos Fluidos no meio poroso ................................................... 25
3.1.2.2 Viscosidade ............................................................................................. 25
3.1.2.3 Presso Capilar ....................................................................................... 26
3.1.2.4 Mobilidade e Razo de Mobilidade ......................................................... 27
3.1.2.5 Fator Volume Formao .......................................................................... 27
3.2 EQUAES GERAIS DE FLUXO EM MEIOS POROSOS ........................................................ 28
3.2.1 Lei da Conservao de massa ou equao da continuidade ............................. 28
ix
3.2.2 Lei de Darcy ........................................................................................................ 31
3.2.3 Equao de Estado ............................................................................................. 32
3.2.4 Equao da Difusividade Hidrulica .................................................................... 33
3.3 EQUAO DA ENERGIA ................................................................................................... 37
3.5 SUMRIO ....................................................................................................................... 38
4 METODOLOGIA DE SOLUO ............................ ............................................................ 39
4.1 EQUAES DE FLUXO .................................................................................................... 39
4.1.1 leo-gua ........................................................................................................... 39
4.1.2 Energia ................................................................................................................ 42
4.2 ESCOLHA DO MTODO NUMRICO .................................................................................. 44
4.3 MTODO DOS VOLUMES FINITOS (MVF) APLICADO AS EQUAES LEO-GUA ................ 45
4.3.1 Discretizao da Equao Para a Fase leo ..................................................... 47
4.3.2 Discretizao da Equao Para a Fase gua .................................................... 50
4.4 MTODO IMPES (IMPLICIT PRESSURE EXPLICIT SATURATION) ........................................ 52
4.5 MTODO IMPES PARA O MODELO DE FLUXO BIDIMENSIONAL LEO-GUA ...................... 54
4.6 DISCRETIZAO DA EQUAO DA ENERGIA ..................................................................... 57
4.7 OBTENAO DO SISTEMA LINEAR DE EQUAES............................................................... 62
4.8 SUMRIO ....................................................................................................................... 64
5 ESTUDO DE CASO DISCUSSO DE RESULTADOS .......... ......................................... 66
5.1 DADOS DE ENTRADA DO MODELO DE SIMULAO .............................................................. 67
5.1.1 Propriedades da Rocha ....................................................................................... 67
5.1.2 Propriedades dos Fluidos .................................................................................... 68
5.1.3 Localizao dos Poos ........................................................................................ 70
5.1.4 Controle de Poo ................................................................................................. 71
5.2 ANLISE DE CONVERGNCIA ESCOLHA DO GRID DE SIMULAO .................................... 71
5.3 VALIDAO DO MODELO................................................................................................. 81
5.4 APLICAO DA EQUAO DA ENERGIA AO RESERVATRIO............................................... 90
5.4.1 Alternativa 1: Injeo de gua ............................................................................ 91
5.4.2 Alternativa 2: Injeo de gua + Injeo de Calor .............................................. 96
5.5 SUMRIO ..................................................................................................................... 100
6 CONCLUSES E PRXIMOS PASSOS ...................... ................................................... 101
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................ ......................................................... 103
x
Lista de Figuras
Figura 1.1.Grfico Comparativo das Reservas Provadas de Petrleo entre 1980 e 2009
[1] ................................................................................................................................. 2
Figura 1.2 Grfico Comparativo dos Fatores de Recuperao [11] ............................... 3
Figura 2.1. Esquema do Processo de injeo cclica de vapor [2]............................... 11
Figura 2.2. Esquema do Processo de injeo contnua de vapor [2] ........................... 12
Figura 2.3. Esquema do Processo de injeo de gua quente [29] ............................. 13
Figura 2.4. Esquema Grfico Comparativo entre os Mtodos de Injeo de Vapor,
gua Quente e gua Fria [13] .................................................................................... 15
Figura 2.5. Esquema do Processo de SAGD [2] ......................................................... 16
Figura 2.6. Esquema do Processo de Combusto in situ [16] ..................................... 17
Figura 2.7. Esquema do Processo de Combusto in situ THAI [18] ......................... 19
Figura 2.8. Esquema do Processo de Aquecimento Eletromagntico [5] .................... 20
Figura 3.1. Grfico das permeabilidades relativas versus Sw [24] .............................. 24
Figura 3.2. Analogia entre o modelo de tubos capilares e a curva de presso capilar de
um reservatrio [24] .................................................................................................... 26
Figura 3.3. Fluxo de fluido atravs de uma clula ....................................................... 29
Figura 3.4. Esquema do experimento de Darcy [7] ..................................................... 32
Figura 4.1. A Tarefa do Mtodo Numrico .................................................................. 45
Figura 4.2. Malha Computacional Bidimensional ........................................................ 46
Figura 4.3. Comportamento da funo interpolao dada pela Equao (61) [14] ...... 48
Figura 4.4. Esquema do Mtodo IMPES (Implicit Pressure Explicit Saturation) .......... 53
Figura 4.5. Discretizao de um domnio regular 4x4 ................................................. 62
Figura 5.1. Grfico das permeabilidades relativas versus Sw do modelo ..................... 68
Figura 5.2. Grfico da Presso Capilar versus Sw do modelo ..................................... 70
Figura 5.3 Representao do Grid e localizao dos poos ....................................... 70
Figura 5.4. Processo de Upscaling ........................................................................... 72
Figura 5.5 Discrepncia Relativa para Time Step de 15 dias ................................... 74
Figura 5.6 Discrepncia Relativa para Time Step de 30 dias ................................... 74
Figura 5.7 Discrepncia Relativa para Time Step de 45 dias ................................... 75
Figura 5.8 Discrepncia Relativa para Time Step de 60 dias ................................... 75
Figura 5.9 Discrepncia Relativa para Time Step de 90 dias ................................... 75
Figura 5.10 Grfico da Produo Acumulada para os diferentes time steps (I) ......... 77
Figura 5.11 Grfico da Produo Acumulada para os diferentes time steps (II) ........ 78
Figura 5.12 Grfico da Produo Acumulada para os diferentes time steps (III) ....... 78
xi
Figura 5.13 Grfico da Produo Acumulada e tempo de simulao para time step de
30 dias ........................................................................................................................ 79
Figura 5.14 Grfico da Produo Acumulada e tempo de simulao para time step de
15 dias ........................................................................................................................ 80
Figura 5.15 Figura da Estrutura do Reservatrio ........................................................ 81
Figura 5.16 Fluxo de Trabalho do Petrel/ECLIPSE ..................................................... 82
Figura 5.17 Grfico das Presses simuladas no Mathematica .................................... 84
Figura 5.18 Grfico das Presses simuladas no ECLIPSE ......................................... 84
Figura 5.19 Grfico das Vazes simuladas no Mathematica ....................................... 85
Figura 5.20 Grfico das Vazes simuladas no ECLIPSE ............................................ 85
Figura 5.21 Comparao do Avano da Frente de gua no Reservatrio aps 5 anos
de Simulao .............................................................................................................. 86
Figura 5.22 Grfico Comparativo da Produo de leo acumulada ............................ 87
Grfico Comparativo da Injeo de gua acumulada ................................................. 87
Figura 5.24. Anlise do Comportamento dos Resultados no Mathematica ................. 89
Figura 5.25 Grfico do Volume de leo Recuperado e Fator de recuperao para
diferentes vazes ....................................................................................................... 93
Figura 5.26 Saturaes no Reservatrio aps 5 anos de Simulao .......................... 95
Figura 5.27 Grfico das Diferenas de Produo alcanada pelas duas alternativas . 97
Figura 5.28 Grfico do Balano Energtico do Mtodo .............................................. 99
xii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1. Propriedades do leo para a aplicao dos diferentes Mtodos de EOR
[27] ............................................................................................................................... 6
Tabela 2.2. Caractersticas do reservatrio para aplicao dos diferentes Mtodos de
EOR [27] ....................................................................................................................... 7
Tabela 5.1. Propriedades da Rocha Reservatrio ....................................................... 67
Tabela 5.2. Propriedades Iniciais do Fluido ................................................................ 69
Tabela 5.3. Controle de Poo .................................................................................... 71
Tabela 5.4. Controle de Poo Anlise de Convergncia ......................................... 73
Tabela 5.5. Malhas de simulao consideradas .......................................................... 79
Tabela 5.6. Dados da Estrutura do Reservatrio ........................................................ 81
Tabela 5.7. Controle de poo Validao do Mtodo ................................................. 83
Tabela 5.8. Controle de Poo para Injeo de gua ................................................... 91
Tabela 5.9. Volume de leo Recuperado e Fator de Recuperao para a Injeo de
gua ........................................................................................................................... 93
Tabela 5.10. Controle de Poo para Injeo de gua e Calor ..................................... 96
Tabela 5.11. Resultados da Injeo de gua mais Calor ............................................ 97
Tabela 5.12. Ganho Real de Produo ....................................................................... 99
xiii
Nomenclatura
A rea [m2]
A Coeficientes do sistema linear de equaes discretizadas [(Pa.s)-1 ]
B Fator volume-formao [m3/m3 std]
B Coeficientes do sistema linear de equaes discretizadas [s-1]
Cow,Cww Coeficientes do sistema linear de equaes discretizadas [s-1]
Cop,Cwp Coeficientes do sistema linear de equaes discretizadas [ (Pa. s)-1]
c Compressibilidade [Pa-1]
D Domnio [ ]
Dcow Coeficientes do sistema linear de equaes discretizadas [ s-1]
h Espessura [m]
k Permeabilidade [m2]
f funo [ ]
F Fora [N]
L Comprimento [m]
m Massa [kg]
M Razo de Mobilidade [ ]
p Presso [Pa]
q Vazo [m3/d]
Saturao [ ] T Temperatura [F]
t Tempo [s]
u Velocidade na direo x [m/s ]
v Velocidade na direo y [m/s ]
V Volume [m3]
FR Fator de Recuperao [ ]
VOIP Volume de leo in place [m ]
xiv
Smbolos Gregos:
Diferena [ ] Tenso Interfacial [N/m]
Porosidade [ ] Viscosidade [Pa.s] Massa especfica [kg/m3] Peso especfico [N/m3] Mobilidade []
Transmissibilidade [(Pa.s)-1] Subscritos:
( )b Bolha
( )c Capilar
( )i fase
( )e leste
( )f Fase formao
( )H fonte
( )n norte
( )o leo
( )s sul
( )T Isotrmico
( )w gua/oeste
( )ob leo no ponto de bolha
( )ro relativa ao leo
( )rw relativa a gua
( )t Total
( )eff efetiva
( )i,std fase nas condies Padro
xv
( )p,l calor especfico do lquido
( )xx direo x
( )yy direo y
( )i,P fase i no ponto P
( )o,e do leo leste
( )o,n do leo norte
( )o,P do leo no centro da clula ao centro
( )o,E do leo no centro da clula a leste
( )o,N do leo no centro da clula ao Norte
( )o,S do leo no centro da clula a sul
( )o,W do leo no centro da clula a oeste
( )o,s do leo a sul
( )o,w do leo a oeste
( )w,e da gua a leste
( )w,n da gua a norte
( )w,a da gua a sul
( )w,w da gua a oeste
( )w,P da gua no centro da clula ao centro
( )w,E da gua no centro da clula ao leste
( )w,N da gua no centro da clula ao Norte
( )w,S da gua no centro da clula ao Sul
( )w,W da gua no centro da clula ao Oeste
( )poros poros da rocha
( )total total da rocha
Sobrescritos:
0 condio inicial
1
1. Introduo
Petrleo um dos principais recursos de energia do mundo, ocupando o primeiro lugar
na matriz energtica de diversos pases incluindo o Brasil. Por isso, o desenvolvimento
e a aplicao de tecnologias capazes de aumentar a rentabilidade dos reservatrios
so importantes e requerem estudos mais profundos.
At o final da dcada de 90, reservas de leo pesado no atraam muito interesse. Os
preos baixos do barril no mercado internacional, as dificuldades envolvidas na
extrao e refino deste tipo de leo e ainda aliado ao fato de haver grande reserva de
petrleo de leo leve e mdio a serem explorados no justificavam os investimentos.
Entretanto, atualmente para manter um padro de produo que tem por objetivo
primordial atender a demanda do mercado, uma nova perspectiva vem se
estabelecendo: a explorao de reservatrios de leo pesado. Isto se deve a um
conjunto de fatores que inclui: o atual estgio de depleo de reservas principalmente
de leo leve e o significativo aumento do preo do barril.
Sendo assim, mtodos trmicos de aquecimento de poos surgem como uma das
principais alternativas para aumentar a capacidade de drenagem de reservatrios de
leos pesados e incrementar a produo. O aquecimento do poo tem como objetivo
em nada mais do que reduzir a viscosidade do leo pesado, que a sua principal
caracterstica, e como conseqncia garantir a mobilidade da fase leo no meio
poroso para obter uma maior eficincia de escoamento at o poo produtor.
Na prtica este um mtodo eficiente, porm, requer investimento pesado e
procedimentos especiais de operao quando comparado com os mtodos
convencionais de recuperao, como a injeo de gua, por exemplo. Alm de
requisitar melhor caracterizao do reservatrio.
Este mtodo tambm contribui para manter a presso do reservatrio, pois o leo ao
aquecer se expande servindo de energia para expulsar os fluidos da reserva. Cabe
2
tambm destacar que o calor transferido causa vaporizao das fraes leves do
leo, que em contato com a formao mais fria se condensa, formando um solvente ou
banco miscvel a frente da zona de vapor.
Uma explicao analtica do princpio da recuperao trmica pode ser observada
atravs da Lei de Darcy, que prova que o fluxo de fluidos no reservatrio
inversamente proporcional a viscosidade [24].
1.1 Objetivos e Motivao
Ao longo do sculo passado, as operadoras de campos de petrleo se colocaram na
chamada zona de conforto onde a facilidade de explorao das reservas de leo leve
criava uma espcie de muro entre aquele presente e o futuro incerto. Assim, o esforo
tecnolgico era mnimo no havendo precauo sobre mudanas que porventura
viessem a acontecer. Estas mudanas chegaram e esto intrinsecamente
relacionadas com o tipo de reserva a ser explorada em maior escala: a de leos
pesados, como mostra a figura 1.1 abaixo.
Figura 1.1. Grfico Comparativo entre as Reservas d e Petrleo entre 1980 e 2009 [11]
A figura 1.1 demonstra uma evoluo considervel em quase 30 anos das descobertas
em relao leos de menor grau API. Isto s vem a confirmar a necessidade de se
buscar solues viveis para explorar estes reservatrios, j que as projees levam a
este caminho.
1980 2009
Dado este novo cenrio, a produo de leo pesado representa uma srie de desafios
tecnolgicos desde o escoamento at o seu refino. O leo pesado
composto por cadeias muito longas e por isso apresenta densidade e viscosidades
elevadas. A quebra destas complexas molculas de carbono em produtos comerciais
um processo caro que exige unidades de refino especficas que possuem custos
muito mais elevados que as unidades de refino para leo leve.
Tambm so encontradas dificuldades no transporte de
alta viscosidade e ao alto teor de parafina geralmente encontrado neste tipo de leo.
Neste trabalho, estamos interessados no comportamento
respeito ao escoamento do
determinada variao de temperatura. O principal resultado que buscamos verificar a
eficincia deste efeito quando o relacionamos com o fator de recuperao, j que
como pode ser observado
padres atuais da indstria.
Figura 1.2 Grfico Comparativo
O fator de recuperao de reservatrios de leo leve varia entre 30 a 50%
com [11], enquanto o de leo
nenhuma das regies produtoras. A implementao de novas tecnologias para melhor
escoar o leo dever trazer um aumento do fator d
em geral.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
Fato
r d
e R
ecu
pe
ra
o (
%)
AMRICA DO NORTE
SIA
a produo de leo pesado representa uma srie de desafios
tecnolgicos desde o escoamento at o seu refino. O leo pesado
composto por cadeias muito longas e por isso apresenta densidade e viscosidades
destas complexas molculas de carbono em produtos comerciais
um processo caro que exige unidades de refino especficas que possuem custos
muito mais elevados que as unidades de refino para leo leve.
Tambm so encontradas dificuldades no transporte de leo pesado em dutos devido
alto teor de parafina geralmente encontrado neste tipo de leo.
Neste trabalho, estamos interessados no comportamento do reservatrio
respeito ao escoamento do leo no meio poroso quando o submetemos a uma
determinada variao de temperatura. O principal resultado que buscamos verificar a
eficincia deste efeito quando o relacionamos com o fator de recuperao, j que
como pode ser observado na figura 1.2 abaixo este deixa muito a desejar para os
padres atuais da indstria.
Grfico Comparativo entre os Fatores de Recuperao
O fator de recuperao de reservatrios de leo leve varia entre 30 a 50%
, enquanto o de leo pesado como mostrado no chega a atingir 20% em
nenhuma das regies produtoras. A implementao de novas tecnologias para melhor
escoar o leo dever trazer um aumento do fator de recuperao dos reservatrios,
AMRICA DO NORTE FRICA ORIENTE MDIO
AMRICA DO SUL
3
a produo de leo pesado representa uma srie de desafios
tecnolgicos desde o escoamento at o seu refino. O leo pesado geralmente
composto por cadeias muito longas e por isso apresenta densidade e viscosidades
destas complexas molculas de carbono em produtos comerciais
um processo caro que exige unidades de refino especficas que possuem custos
leo pesado em dutos devido
alto teor de parafina geralmente encontrado neste tipo de leo.
do reservatrio, no que diz
leo no meio poroso quando o submetemos a uma
determinada variao de temperatura. O principal resultado que buscamos verificar a
eficincia deste efeito quando o relacionamos com o fator de recuperao, j que
xo este deixa muito a desejar para os
entre os Fatores de Recuperao [11]
O fator de recuperao de reservatrios de leo leve varia entre 30 a 50%, de acordo
pesado como mostrado no chega a atingir 20% em
nenhuma das regies produtoras. A implementao de novas tecnologias para melhor
e recuperao dos reservatrios,
4
1.2 Estruturao do Trabalho
Segue uma descrio bsica da organizao dos captulos deste trabalho:
No captulo 1, foi abordado o objetivo e a motivao do estudo do aquecimento de
poos, visando diminuir a viscosidade do leo, aumentando assim o fator de
recuperao.
No captulo 2, consta uma reviso bibliogrfica a respeito dos principais mtodos
trmicos que podem ser aplicados para aumentar o fator de recuperao na
explorao dos campos de petrleo.
No captulo 3 so apresentadas as principais propriedades do fluido e da rocha
reservatrio, para que na sequncia fossem demonstradas as equaes do fluxo leo-
gua em meios porosos que servem de base para o modelo implementado no
Mathematica 7. Mostrou-se tambm a equao da energia.
No captulo 4 adequou-se as equaes apresentadas no captulo 3, de sorte que, foi
possvel elaborar a discretizao das mesmas, por meio do mtodo dos volumes
finitos. Assim, tornou-se possvel obter solues aproximadas para o sistema de
equaes lineares, acopladas e transientes que governam o escoamento de fluidos
em meios porosos.
No captulo 5, definiu-se uma gama de variveis do modelo para que se fizesse um
estudo de convergncia deste atravs do mtodo do Upscaling para assim escolher
o tamanho do grid mais adequado simulao. Aps esta primeira etapa validou-se o
modelo com base no Petrel/ECLIPSE para que por fim fossem realizados estudos de
casos alternativos entre injeo de gua e injeo de gua mais calor no reservatrio.
No captulo 6 so apresentadas as concluses obtidas no projeto e os desafios futuros
para o prosseguimento deste.
5
2 Mtodos Trmicos
2.1 Caractersticas dos Mtodos de Recuperao Avan ada
Apesar da utilizao dos mtodos de recuperao secundria, estes s conseguem
elevar a recuperao mdia de 15 a 20% para 30 a 40%, sendo que sua curva de
produo continua a declinar, segundo [19]. Na maioria dos casos, os campos j esto
em avanado estgio de explorao e acabam atingindo seu limite econmico,
passando a ser tamponados e abandonados, mesmo ainda contendo volumes
considerveis de acumulaes de leo.
Os mtodos de recuperao tercirios so os mais indicados para a recuperao dos
campos maduros, pois buscam recuperar os reservatrios que apresentam leos com
alta viscosidade e elevadas tenses interfaciais. Neste cenrio, a aplicao dos
mtodos convencionais de recuperao secundria, no suficiente.
Entre os principais mtodos de recuperao terciria esto:
Mtodos Trmicos
Mtodos Miscveis
Mtodos Qumicos
Mtodos Microbiolgicos
Nas ltimas dcadas, os mtodos de recuperao secundria passaram a ser
classificados como mtodos convencionais de recuperao secundria. J os mtodos
tercirios passaram a ser denominados mtodos de recuperao avanada, que em
ingls conhecido como EOR (Enhanced Oil Recovery), segundo [24].
De acordo com [12], os mtodos de recuperao avanados no esto associados a
uma fase da vida produtiva do reservatrio, j que EOR a recuperao atravs da
injeo de qualquer substncia artificial no reservatrio. Ainda segundo [12], existem
quatro formas de se ampliar reservas, entre elas, a que iremos buscar trabalhar no
projeto:implementar a tecnologia no incio da vida produtiva do reservatrio;
6
Assim a eficincia de uma recuperao avanada e a seleo do mtodo a ser
utilizado depende de alguns fatores, tais como, os explicitados nas tabelas abaixo:
Tabela 2.1. Propriedades do leo para a aplicao dos diferentes Mtodos de EOR [27]
MTODO EOR PROPRIEDADES DO LEO
API Viscosidade (cP) Composio
MTODOS TRMICOS
Combusto in situ > 10 < 5000 Alguns asfaltenos
Injeo de Vapor > 8 at 13.5 < 200000 NC
Aquecimento
Eltromagntico
> 10 at 18 < 12000 NC
Injeo gua
Quente
> 14 at 19 < 4500 NC
MTODOS QUMICOS
ASP > 20 < 35 Alguns cidos
Polmeros > 15 < 150 NC
MTODOS MISCVEIS
Nitrognio > 35 < 0.4 Alta % C1 a C7
Hidrocarboneto > 23 < 3 Alta % C2 a C7
7
Tabela 2.2 Caractersticas do reservatrio para apl icao dos diferentes Mtodos
Trmicos [27]
MTODO EOR CARACTERSTICAS DO RESERVATRIO
Saturao
(% PV)
Permeabilidade
(mD)
Profundidade
(ft)
Temperatura
(F)
MTODOS TRMICOS
Combusto in
situ
> 50 > 50 < 5000 >120
Injeo de Vapor > 40 > 200 < 4500 NC
Aquecimento
Eltromagntico
> 55 > 125 100
Injeo de gua
Quente
> 54 > 150 < 5500 > 110
METODOS QUMICOS
ASP > 35 > 10 > 9000 > 200
Polmeros > 10 < 9000 > 200
MTODOS MISCVEIS
Nitrognio > 40 NC > 6000 NC
Hidrocarboneto > 30 NC > 4000 NC
Ento, recomenda-se a utilizao de mtodos trmicos que aumentem a eficincia de
varrido bem como a eficincia de deslocamento em reservatrios que apresentem leo
com grau APIs a partir de 10.
2.2 Eficincia de Recuperao
Todos os parmetros citados acima so de fundamental importncia para a escolha do
mtodo trmico a ser implementado em um projeto de recuperao avanada.
Entretanto, segundo [28] a verdadeira eficcia da injeo de fluidos ser comprovada
numericamente ou no atravs de parmetros chamados Eficincia de Varrido
Horizontal, Eficincia de Varrido Vertical e Eficincia de Deslocamento.
8
A Eficincia de Varrido Horizontal representa, em termos percentuais, a rea em
planta do reservatrio que foi invadida pelo fluido injetado at um determinado
instante, enquanto a Eficincia de Varrido Vertical representa o percentual da rea da
seo vertical do reservatrio que foi invadido por um fluido injetado. O produto desses
dois parmetros define a chamada Eficincia Volumtrica, que , portanto, a relao
entre o volume do reservatrio pelo volume do reservatrio invadido. [19]
A eficincia de deslocamento mede ento esta capacidade do fluido injetado de
deslocar leo para fora dos poros da rocha, sendo assim a frao do leo deslocado
na zona varrida; funo dos volumes injetados, da viscosidade dos fluidos e da
permeabilidade relativa.
Se as eficincias de varrido so baixas, o fluido injetado encontra caminhos
preferenciais e se dirige rapidamente para os poos de produo, deixando grandes
pores do reservatrio intactas. Se a eficincia de deslocamento baixa, mesmo que
as eficincias de varrido sejam altas, o fluido no desloca apropriadamente o leo para
fora da regio invadida. Para se obter boas recuperaes, so necessrias que todas
as eficincias sejam altas.[19]
2.3 Principais Mtodos Trmicos
O objetivo dos mtodos trmicos aquecer o reservatrio e o leo nele existente para
aumentar a sua recuperao, atravs da reduo da viscosidade do leo. Isto provoca
um aumento na eficincia de varrido, tendo como base, segundo [23] trs mecanismos
que garantem o sucesso do mtodo:
1) Reduo da viscosidade: efeito principal a ser explicado nos resultados desse
projeto;
2) Expanso do leo no reservatrio: a dilatao do leo,quando aquecido, adiciona
energia para expulsar os fluidos do reservatrio;
3) Destilao do leo: no deslocamento de um leo voltil, as fraes mais leves do
leo residual podem ser vaporizadas. Essas fraes se condensam em contato
com formaes mais frias, formando um banco de leo;
9
Ainda de acordo com [23], alm dos mecanismos citados, outros fatores tambm
contribuem para analisar o aumento da recuperao pelo aquecimento do reservatrio.
Entre eles esto os efeitos de mecanismos de capa de gs e uma possvel alterao
das caractersticas de permeabilidade relativa. A importncia de cada um dos fatores
mencionados depende do tipo de projeto e das caractersticas do reservatrio e do
leo.
Ao descrever os principais mtodos trmicos que vm sendo estudados na indstria
importante que primeiramente faamos uma subdiviso destes em trs categorias
seguindo definies de [22]:
Combusto na superfcie: ocorre a injeo de fluidos j previamente aquecidos, ou
seja, o calor gerado na superfcie e transferido ao leo contido no reservatrio.
Combusto in situ: o calor gerado no interior do reservatrio, comeando a partir
da prpria combusto do leo que se encontra in place.
Aquecimento eletromagntico: ao de ondas eletromagnticas sobre os fluidos da
formao
Na primeira categoria citada gua utilizada como meio de transferir calor da
superfcie para a zona de leo. A gua pode ser injetada na forma de vapor ou
continuar na forma lquida em uma temperatura muito alta o que caracteriza dois
diferentes processos que sero abordados ainda neste captulo.
2.4 Combusto na Superfcie
2.4.1 Injeo Cclica de Vapor
Relatado por Haan e Van Hookeren esse mtodo foi descoberto acidentalmente pela
Shell na Venezuela em 1959 quando se produzia leo pesado por injeo continua de
vapor. Durante a injeo ocorreu um rompimento (breakthrough) de vapor e, para
reduzir a presso de vapor no reservatrio o poo injetor foi posto em produo, sendo
observadas vazes de leo considerveis. Esse mtodo tambm conhecido como
estimulao por vapor, steam-soak e huff and puff.
10
aplicada para reforar a recuperao primria de reservatrios de leos viscosos.
primeiramente uma tcnica de estimulao que, atravs da reduo da viscosidade e
efeitos de limpeza ao redor do poo, ajuda a energia natural do reservatrio a expulsar
o leo. [22], [3]
Segundo [22], a estimulao por injeo cclica de vapor envolve trs fases e apenas
um poo que utilizado como injetor e produtor, como representado na Figura 2.1:
- Fase de injeo: injeo de vapor uma mxima vazo por um perodo de tempo
especfico (1 a 6 semanas) dentro do poo produtor;
- Fase de soaking: curto perodo de tempo em que o poo permanece fechado para
que o vapor condense transferindo todo vapor latente para os fluidos e para as rochas
prximas. O tempo de soaking deve permitir toda a condensao do vapor;
- Fase de produo: inicialmente o poo produtor produz muita gua. Com o tempo o
BSW cai e o leo comea a ser produzido a uma maior vazo;
Este processo constitui um ciclo. Todas as fases do ciclo podem sofrer variao para
minimizar os custos do processo. O ciclo repetido um nmero de vezes at que o
limite econmico da produo seja alcanado. Sendo assim, independente do tipo de
reservatrio, a injeo cclica se torna menos eficiente proporo que o nmero de
ciclos aumenta. As vazes mdias e mximas junto com a eficincia de recuperao
do leo diminuem nos ltimos ciclos, como comprovado em estatsticas de produo.
[23] [24]
11
Figura 2.1. Esquema do Processo de injeo cclica de vapor [10]
Durante o perodo de injeo e propagao do calor, ocorre uma significativa reduo
da viscosidade do leo e a expanso dos fludos do reservatrio. Quando o poo volta
a operar, o leo passa a ser rapidamente produzido, estabilizando numa vazo bem
maior do que a anterior ao processo. [1] [4]
2.4.2 Injeo Contnua de Vapor
A primeira aplicao comercial deste mtodo ocorreu na Venezuela em meados da
dcada de 50, onde foi percebido um significativo aumento na produo de leo.
O processo de injeo contnua de vapor similar injeo de gua, sendo que o
vapor injetado dentro dos padres de temperatura requeridos. O vapor gerado na
superfcie e injetado em formao capaz de resistir s altas temperaturas. Uma zona
de vapor se forma em torno do poo injetor, a qual se expande com a contnua
injeo. Nesta zona, a temperatura aproximadamente aquela do vapor injetado.
Adiante do vapor forma-se uma zona de gua condensada. [23]
A recuperao por injeo de vapor contnua depende de vrios fatores. Os mais
importantes so os efeitos de injeo de gua quente na zona de gua condensada. A
12
reduo da saturao de leo mxima nesta zona por causa das menores
viscosidades, da dilatao do leo e da alta temperatura. Na zona invadida pelo vapor
a saturao de leo reduzida principalmente pela destilao do vapor que corrobora
para o aumento da produo de certos leos, como mostra a figura 2.2:
Figura 2.2. Esquema do Processo de injeo contnua de vapor [2]
De acordo com [23], um fato relevante neste mecanismo a eficincia de
deslocamento, que aumentada medida que mais leo flui. As saturaes de leo
atrs das zonas de vapor, para o processo de injeo contnua, podem ser to baixas
quanto 5% prximas do poo injetor, aumentando na proporo que vem se
aproximando do poo produtor.
Apesar da eficincia de recuperao, a injeo de vapor apresenta desvantagens
como as citadas por [19]:
Produo de grandes volumes de gua;
Custos de reinjeo e/ou tratamento da gua produzida;
Perdas de calor nas linhas de injeo;
Problemas operacionais, principalmente em relao aos equipamentos a ser
utilizados;
Riscos de acidentes, devido dificuldade de vedao;
13
Deteriorao da formao devido ao excesso de calor;
Conforme [22], normalmente desejvel produzir leo primeiro por injeo cclica de
vapor devido melhor economia e reduo da presso do reservatrio que propicia
melhores resultados para a injeo contnua de vapor.
2.4.3 Injeo de gua Quente
Este mtodo muito similar a injeo cclica de vapor. O processo, segundo [10],
consiste em basicamente trs passos, conforme mostrado na figura 2.3:
Fase1: Injeo da gua quente no poo por um determinado perodo de tempo;
Fase2: Perodo de embebio, em que ocorre fechamento do poo para permitir uma
maior transferncia de calor da gua injetada para o reservatrio;
Fase3: Retomada da operao, cujo resultado esperado um acrscimo na
capacidade produtiva devido reduo da viscosidade e limpeza da regio prxima
ao poo;
Figura 2.3. Esquema do Processo de injeo de gua quente [29]
Normalmente a injeo de gua quente, de acordo com [19], vem sendo utilizada para
os seguintes casos:
- Regies sensveis gua doce que apresentam problemas de inchamento de
argilas;
Injeo de gua Quente Embebio Retomada da Produo
14
- Formaes muito profundas que levariam condensao do vapor injetado antes de
alcanar o reservatrio;
- Reservatrios que foram submetidos a um longo tempo de injeo de gua
convencional, sendo necessrio um grande volume de vapor para aquecer e deslocar
grandes quantidades de gua;
Nota-se que o conjunto de aplicaes a este tipo de mtodo trmico restrito e isto se
deve menor eficincia quando comparado ao vapor, fato este que ser explicado a
seguir, pois a temperatura alcanada com a injeo de gua quente bem inferior
temperatura atingida pelo vapor, sendo necessrio um volume muito grande de gua
para elevar a temperatura de reservatrio. [10]
Isto advm do fato de que a gua quente possui baixo calor latente, e o calor sensvel
rapidamente perdido, fazendo com que a gua esfrie quando em contato com o
reservatrio, enquanto que o vapor s comea a perder temperatura quando a ltima
gota de vapor se condensa. Um fato ainda a ser considerado a perda de calor j na
linha de transferncia, o que diminui ainda mais a eficincia do mtodo.
No entanto, podemos salientar algumas vantagens quanto a injeo de gua quente
quando comparamos esta com a injeo de vapor. Ainda, segundo [19], a tcnica
descrita capaz de fornecer maior presso aos reservatrios, bem como, com apenas
algumas mudanas, transforma um sistema de gua convencional em um sistema de
injeo de gua quente.
Portanto, vimos at agora, de acordo com a diviso proposta por [22] e apresentada
no item 2.3 deste captulo, a categoria de combusto na superfcie, quando os fluidos
so previamente aquecidos sendo injetados ou em forma de vapor ou como gua
quente.
15
Na figura 2.4, [13] faz-se uma comparao quantitativa entre os mtodos que se
classificam na categoria descrita at agora e um mtodo de recuperao secundria,
no caso a injeo de gua.
Figura 2.4. Comparao entre os Mtodos de Injeo de Vapor, gua Quente e gua Fria
[13]
Comparando-se, primeiro, a injeo de vapor com a injeo de gua quente nota-se a
diferena no fator de recuperao por dois motivos, segundo [13]:
a taxa de transferncia de calor do vapor para o leo mais eficiente, o que facilita
a diminuio da viscosidade do leo e consequentemente o-faz escoar de maneira
mais efetiva para o poo produtor;
a eficincia de varrido do vapor maior do que a da gua quente, pois a segunda
cria caminhos preferenciais no reservatrio o que impossibita um maior contato
com a zona de leo,acarretando em um menor fator de recuperaoe um
breakthough precoce;
J comparando a categoria at aqui abordada com a injeo de gua fria, o principal
parmetro que possibilita a diferena mostrada no grfico a diminuio da
viscosidade do leo que ocorre na aplicao de mtodos trmicos e no na injeo de
gua fria, o que compromete assim a produo.
16
2.4.4 Inovaes Tecnolgicas da injeo de vapor SAGD
A drenagem de leo pelo processo SAGD (Steam Assisted Gravity Drainage) um
mtodo efetivo para a produo de leo pesado e betume e envolve dois poos
horizontais paralelos dispostos verticamente entre si.
O poo superior o injetor de vapor e o inferior o produtor de leo. Nesse processo,
o papel da fora gravitacional maximizado. Quando o vapor continuamente
injetado no poo superior o leo aquecido e forma uma cmara de vapor a qual
cresce para cima e para os arredores [16]. A descrio observada na figura 2.5.
Figura 2.5. Esquema do Processo de SAGD [2]
A temperatura dentro da cmara se torna essencialmente igual temperatura do vapor
injetado. Na interface com o leo frio o vapor condensa e o calor transferido ao leo.
Ento o leo j quente e a gua condensada drenam por gravidade, at o produtor
horizontal que est embaixo.
uma tecnologia em pesquisa no Brasil, mas a partir dela esto surgindo ramificaes
a fim de aumentar o fator de recuperao,como exemplo o VAPEX (Vapour
Extraction).
2.5 Combusto in situ
A combusto in situ uma tcnica com potencial para explorao de reservatrios de
leo excessivamente viscosos e em fase final de produo, mostrando-se muito eficaz
17
em testes de labortorio e projetos pilotos, alm de possuir uma atratividade tcnica e
econmica aprecivel. Por isso, vm sendo feito ao longo das ultimas dcadas
estudos aprofundados sobre este mtodo.
Segundo [8], o mtodo consiste na injeo de ar aquecido para promover a queima de
parte do leo cru contido reservatrio que prov o calor necessrio.O calor gerado
intensifica cada vez mais a queima, elevando a temperatura, at que se alcance o
ponto de ignio, iniciando assim a combusto. O oxignio contido no gs injetado,
agora, a frio no reservatrio a fim de manter a zona de combusto que propagada.
Os dois aspectos a serem considerados em todo processo de combusto in situ so: a
formao do coque e a combusto. O primeiro o resduo formado partir da
vaporizao dos leves e funciona como combustvel que alimenta a frente de queima.
O segundo a fora motriz que mantem o processo ativo.[19]
Figura 2.6. Esquema do Processo de Combusto in situ [14]
18
importante salientar qual o efeito desta combusto no interior do reservatrio,
como mostra a figura 2.6. Para isto, [8] dividi-o em quatro zonas. A zona 1
corresponde a zona queimada, nas proximidades do poo injetor; a zona 2 chamada
de frente de combusto, onde o oxignio consumido pela queima de
hidrocarbonetos, restando o coque, sendo assim o ponto de mais elevada
temperatura, que precede a zona 3 onde as fraes mais leves j se vaporizaram,
restando o leo residual. Por ultimo temos a zona de condensao onde neste ponto a
temperatura j no to alta e portanto poucas so as mudanas qumicas.
Ainda segundo [8], podem ser feitos outros dois tipos de combusto in situ:
gua seguida de combusto: a gua injetada de forma simultnea ou alternada
com o ar para limpeza da areia a ser queimada pela combusto, o que resulta em
uma distribuio mais adequada do calor diminuindo a quantidade de ar requerida;
Combusto reversa: este mtodo foi desenvolvido como uma tcnica para
melhorar a recuperao de leo que seja extremamente viscosos. A frente de
combusto iniciada no poo produtor e movida contra o prprio fluxo de ar. O
olo cru e a alta temperatura na frente de combusto vem juntos, fazendo com que
haja o craqueamento severo, formando uma significativa quantidade de
combustvel slido. Em contrapartida, o leo posterior dirige-se para longe do leo
queimado em direo frente de temperatura alta sendo destilado e produzido.
No entanto seja qual variao do mtodo de combusto in situ, na prtica as
dificuldade so muitas, podendo citar a distribuio ineficiente do calor causando um
aquecimento desnecessrio de algumas zonas, danos aos equipamentos de
produo, problemas operacionais, dificuldades de controle e os altos custos. Porm,
de acordo com [10], o grande obstculo a ser superado a dificuldade em obter
modelos numricos para prever o desempenho do reservatrio devido ao fenmeno da
combusto in situ.
19
2.5.1 Inovaes tecnolgicas para Combusto in situ
Para tentar mitigar os problemas descritos anteriormente, [18] descreve uma nova
geometria de poos que vem sendo desenvolvida, como mostra a Figura 2.7.
Figura 2.7. Esquema do Processo de Combusto in situ THAI [18]
Este mtodo integra avanos tecnolgicos com poos horizontais, conhecido com
THAI (Toe to Hell air injection) originado no Canad. Neste mtodo, o processo ocorre
de maneira mais estabilizada, ao restringir o fluxo de fluidos a uma zona mvel estreita
a favor da gravidade, em direo seo exposta do poo produtor horizontal,
garantindo um maior controle do gs e a manuteno do calor na temperatura
desejada. [18]
2.6 Aquecimento Eletromagntico
Atualmente, o principal mtodo trmico utilizado pela indstria a injeo de vapor,
porm as restries a sua aplicabilidade tornaram necessrio o desenvolvimento de
mtodos alternativos a serem aplicados quando a injeo de vapor j no fornece o
retorno esperado. O aquecimento eletromagntico que transforma energia eltrica em
trmica vem se apresentando como uma alternativa competitiva. [6].
20
Este processo, segundo [22] pode ser de trs formas: por rotao, por conduo ou
por conveco. Entretanto, o princpio do aquecimento eletromagntico o mesmo.
Ocorre a interao entre o campo eltrico aplicado e as partculas eletricamente
sensveis do meio que podem ser ons ou molculas polares. Quando aplicado o
campo eltrico, essas partculas tendem a se deslocar ou se alinhar de acordo com o
campo, provocando o aquecimento atravs de conduo ou vibrao molecular. A
figura 2.8 retrata o esquema para ser implementado um aquecimento eletromagntico.
Figura 2.8. Esquema do Processo de Aquecimento Elet romagntico
Estudos de [5] comprovam a viabilidade tcnica do aquecimento eletromagntico
como mtodo trmico de recuperao de petrleo. Neste processo de aquecimento, o
volume de reservatrio aquecido por energia de radiofreqncia, como resultado da
interao entre a onda eletromagntica e as partculas eletricamente sensveis do
meio, grande. Ao contrrio dos mtodos trmicos convencionais, este fenmeno no
depende da difuso trmica do meio mas somente dos eletrodos que compem a
malha de injeo de corrente eltrica.
Visando otimizar o processo, tanto tcnica quanto economicamente, [15] optou, como
mostra a Figura 2.8 associar o mtodo trmico com o estudo de injeo de gua.
Apenas o aquecimento eletromagntico j o suficiente para reduzir a viscosidade do
leo, mas com a gua injetada objetiva-se aumentar ainda mais a produtividade da
jazida atravs do deslocamento do leo em direo aos poos produtores.
21
Observa-se ainda, de acordo com [15], que o mtodo descrito no apresenta
limitaes, sobretudo quanto profundidade da zona de interesse. Porm, algumas
condies podem apresentar-se como ideais para a sua aplicao, tais como:
quanto mais viscoso o leo, melhor a eficincia deste mtodo trmico;
a temperatura no deve ultrapassar a de ebulio da gua;
altas salinidades favorecem a condutividade eltrica;
uma saturao de gua no muito elevada desejvel para no prejudicar a
viabilidade econmica do processo;
2.7 Sumrio
Neste captulo foi realizada uma reviso bibliogrfica dos principais mtodos trmicos
que so utilizados pela indstria na recuperao avanada de petrleo.
Para contextualizar, primeiro descrevemos as caractersticas do reservatrio bem
como as propriedades dos fluidos as quais devem ser levadas em considerao
quando estudar a viabilidade de um mtodo de recuperao avanada. Definimos
tambm conceitos importantes como eficincia de varrido e de deslocamento.
Assim, aps breve contextualizao focou-se a ateno nos principais mtodos
trmicos, dividindo-os em trs categorias: combusto na superfcie na qual explanou-
se sobre a injeo cclica e contnua de vapor e injeo de gua quente; a combusto
in situ; e por fim aquecimento eletromagntico; Alm disso, procurou-se na medida do
possvel comparar os mtodos apresentados e tambm apresentar de forma breve as
novas tecnologias como THAI e SAGD.
22
3 Escoamento de Fluidos em Meios Porosos
A partir de equaes bsicas do estudo do fluxo em meios porosos podem ser
desenvolvidos modelos matemticos com os quais se procura obter informaes
relacionadas com o aspecto fsico do reservatrio, como por exemplo, dimenses,
formas, variaes nas propriedades petrofsicas, etc. Podem ser obtidos tambm
dados sobre o comportamento atual e futuro em termos de presses, vazes de
produo. A complexidade desses modelos depende dos diversos aspectos que se
deseja considerar no estudo do fluxo atravs do meio poroso e do grau de
simplificao que se deseja imprimir no trabalho.
Foram desenvolvidas formulaes matemticas com o objetivo de simular diferentes
condies as quais o reservatrio ser submetido. Porm, para a descrio completa
do modelo matemtico, necessrio fazer algumas definies com relao s
propriedades das rochas e dos fluidos.
3.1 Conceitos fundamentais
Informaes sobre as propriedades das rochas e dos fluidos constituem-se em fatores
decisivos para o estudo do comportamento do reservatrio de petrleo e, portanto, a
sua coleta e a sua interpretao devem merecer uma ateno especial, atravs de um
trabalho exaustivo e meticuloso. As rochas-reservatrio contem normalmente, dois ou
mais fluidos. No nosso estudo trataremos de apenas dois: leo e gua.
3.1.1 Propriedade das Rochas
O conhecimento das propriedades da rocha que formam o reservatrio de petrleo
de fundamental importncia para o estudo do reservatrio. As quantidades dos fluidos
existentes no meio poroso, a distribuio desses fluidos na rocha, a capacidade dos
mesmos de moverem, as quantidades dos fluidos que podem ser retiradas e outras
caractersticas so determinadas a partir destas propriedades.[3]
23
Dentre as propriedades da rocha destacam-se: porosidade, permeabilidade,
compressibilidade e molhabilidade. Aqui focaremos nas duas primeiras que so vitais
para o estudo.
3.1.1.1 Porosidade
A porosidade uma das mais importantes propriedades das rochas, pois mede a
capacidade de armazenamento de fluidos. Ela pode ser definida como a relao entre
o volume de vazios e o volume total da rocha.
(1)
onde o volume poroso ou de vazios, o volume total da rocha.
Quanto mais porosa a rocha, mais fluido poder estar contido em seu interior.
Entretanto, em termos de engenharia leva-se em considerao apenas a porosidade
efetiva, pois representa o volume mximo de fluidos que pode ser extrado da rocha
pelo poros interconectados, j que poros isolados no esto acessveis para a
produo dos mesmos. Os valores mais comuns de porosidade das rochas-
reservatrio arenticas, encontram-se entre 5% a 35%, concentrando-se na faixa de
15% a 30%.
3.1.1.2 Permeabilidade
Uma rocha considerada rocha reservatrio quando, alm de conter uma quantidade
aprecivel de poros e de hidrocarbonetos, permite o fluxo de fluidos atravs dela. Os
fluidos percorrem o que poderia chamar de canais porosos. Quanto mais cheios de
estrangulamentos, mais estreitos e mais tortuosos forem esses canais porosos, maior
ser o grau de dificuldade para os fluidos se moverem no interior da rocha. Por outro
lado, poros maiores e mais conectados oferecem menor resistncia ao fluxo de fluidos.
Sendo K o tensor da permeabilidade absoluta, que pode ser escrito atravs da
equao (2)
24
k kk k kk k k
(2)
sendo e k as permeabilidades nas direes x e y e e as permeabilidades nas direes normais aos planos x e y.
Os valores de permeabilidade so comumente utilizados nos estudos de reservatrio
depois de submet-los a um processo de normalizao, j que os poros das rochas
esto preenchidos com mais de um fluido. [19]
Normalizar os dados nada mais que dividir todos os valores de permeabilidade
efetiva por um mesmo valor de permeabilidade escolhido como base. Ao resultado da
normalizao d-se o nome de permeabilidade relativa. A Figura 3.1 ilustra esta
dependncia.
Figura 3.1. Grfico das permeabilidades relativas versus Sw [24]
Observa-se que a medida que a saturao de gua aumenta, a permeabilidade
relativa da gua em relao ao leo, tambm aumenta. Matematicamente esta no
linearidade pode ser expressa de acordo com as equaes (3) e (4), segundo [21]:
!"!# $% & %1 & % () (3)
*"%# +1 & $% & %1 & % (,) (4)
onde representa a permeabilidade relativa da fase i = gua ou leo.
25
3.1.2 Propriedade dos fluidos
As propriedades dos fluidos existentes nos reservatrios de petrleo constituem
importantes informaes para o estudo do seu comportamento. Estas propriedades
devem ser de preferncia, determinadas experimentalmente em anlises de
laboratrio. Nesta seo sero apresentados os conceitos das principais propriedades
inerentes ao modelo, a ser descrito posteriormente.
3.1.2.1 Saturaes dos fluidos no meio poroso
Normalmente os espaos vazios das rochasreservatrios esto parcialmente ou
integralmente preenchidos por lquidos (gua, leo) e gs. Ento, necessrio
conhecer a percentagem que cada fluido ocupa no espao poroso. A propriedade que
mede esta frao definida como saturao , que relaciona de acordo com a equao (5) o volume de cada fase no volume poroso:
(5) sendo o volume da fase i e o volume poroso do reservatrio.
3.1.2.2 Viscosidade
Neste projeto iremos apresentar uma relao para o clculo da viscosidade, mas
existem diversas formulaes empricas para tal. Segundo [24], a viscosidade da fase
leo pode ser calculada pela relao abaixo, que pressupe uma variao no linear
da viscosidade com a temperatura.
-"._, 1_# 2-3"1# 4 0.001 7 2. & .89 7 0.000145 7 20.024 7 2-3"1#9=.>4 0.038 4 7 2-3"1#9A.B>99 7 10C) (6)
Onde: -3 a viscosidade do leo morto e relacionam com a temperatura T(F) e a viscosidade 2E.9.
A viscosidade da fase gua % pode ser considerada constante, de acordo com [10] e assim faremos na soluo numrica.
26
3.1.2.3 Presso Capilar
Quando dois ou mais fluidos imiscveis so colocados em um recipiente, os mais
densos ficam embaixo, formando uma superfcie horizontal de separao entre os
fluidos. Isto no ocorre num meio poroso de capilares de diferentes dimetros, pois a
superfcie de separao no ser mais brusca, existindo uma zona de transio devido
a ao de fenmenos capilares. Esses fenmenos so resultantes de atraes de
molculas na massa fluida. Uma molcula situada no interior do lquido estar
equilibrada por ser atrada igualmente em todas as direes pelas molculas que a
cercam. O mesmo no ocorre com uma molcula na superfcie, que no ser atrada
igualmente por estar cercada por molculas de tipos diferentes. [5]
A fora que impede o rompimento da superfcie, por unidade de comprimento, chama-
se tenso superficial, entre fluidos gasosos e lquidos; ou intefacial, entre fluidos
lquidos (). J a fora que tende a puxar uma superfcie para o centro chama-se fora
capilar (Fc ) e esta dividida pela rea chama-se presso capilar (Pc ).
A presso capilar pode ser expressa, segundo [19] pela diferena de presso entre as
fases molhante (Pw ) e no molhante (Po ), de acordo com a equao :
PG PH & PI PG 2SI9 (7) O trabalho de [24] apresenta uma curva tpica d comportamento da presso capilar em
funo da saturao de gua (SI), ilustrado na figura 3.2, onde se percebe nitidamente o aumento da presso capilar medida que a saturao de gua na
formao diminui.
Analogia entre o modelo de tubos capilares e a curv a de presso capilar de um
reservatrio [3]
27
3.1.2.4 Mobilidade e Razo de Mobilidade
Os mtodos de recuperao de campos maduros atravs da injeo de fluidos
imiscveis no reservatrio tm seus efeitos pelos parmetros de mobilidade e razo de
mobilidade.
A mobilidade (i) a relao entre a permeabilidade efetiva (Kri) e a viscosidade (i) de
um fluido. Por exemplo, a mobilidade do leo (fluido deslocado) dada pela equao
(8):
(8)
J a razo de mobilidade M a razo entre a mobilidade do fluido deslocante e a do
fluido deslocado. Para a injeo de gua, a razo de mobilidade ser, como descrita
na equao (9) abaixo:
K % %/%/ (9)
Segundo [19], no caso de reservatrios com leos pesados, com alta viscosidade e
baixa permeabilidade relativa ao leo, a razo de mobilidade pode alcanar valores
elevados. Sendo que o favorvel encontramos valores M
28
M N*OPQR SR OR* 4 UW SXWW*ONXS* YZW E*YSXRW ., 1N*OPQR SR OR* YZW E*YSXRW ]ZS *21ZY_PR9 (10)
Consideraremos a gua com um fator volume-formao constante (Bw), ou seja, no
ir depender das condies do reservatrio, sendo um fluido incompressivel.
3.2 Equaes gerais de fluxo em meios porosos
O estudo do fluxo dos fluidos nos meios porosos tem como ponto central uma
equao, chamada equao da difusividade hidrulica, a partir da qual so
desenvolvidas solues para as diversas situaes em que os reservatrios podem se
encontrar. A equao da difusividade hidrulica, como utilizada na engenharia de
reservatrios, obtida a partir de trs equaes bsicas, no nosso caso para lquidos:
Equao da continuidade;
Lei de Darcy;
Equao de estado
As formulaes matemticas que governam o fluxo multifsico em meios porosos so
caracterizadas por um sistema de equaes diferenciais, no-lineares e sujeitas s
influncias das heterogeneidades geolgicas do meio poroso bem como a anisotropia
do mesmo.
3.2.1 Lei da conservao de massa ou equao da con tinuidade
Essa lei, descrita na equao (11) diz que o excesso do fluxo de massa, por unidade
de tempo entrando ou saindo de qualquer elemento infinitesimal de volume somado
um termo fonte multiplicado pela densidade igual a mudana por unidade de tempo
na densidade desse mesmo elemento multiplicada pelo volume vazio desse
elemento.
` 2a9`b & c. 2a. Nd9 4 a_eee2fd9 (11)
29
Aqui, cabe fazer uma breve considerao sobre o termo fonte _eee2fd9, j que este possui unidades [T-1], e por isso multiplicado pela massa especfica a de unidade [MT-1L3] para assim termos a coexistncia de unidades entre os termos da equao.
A explicao para a utilizao deste recurso matemtico est na prpria elaborao da
equao da continuidade descrita acima.
Considere uma clula que durante determinado intervalo de tempo ocorre
movimentao de fluido atravs de seu meu poroso, o que significa que houve entrada
e sada de fluido atravs de suas faces. Considera-se tambm a presena de um poo
injetor nesta clula, como mostra a Figura 3.3 abaixo:
Figura 3.3. Fluxo de Fluido atravs de uma Clula
O caso mais geral aquele que ocorre movimentao do fluido nas trs direes, x,y e
z. O fluido penetra no meio poroso atravs de uma face perpendicular a cada uma das
direes e sai pela face oposta. A Figura 3.3 ilustra a movimentao no fluido nas trs
direes, em destaque descritivo, a direo x. O fluido que se desloca nessa direo,
ao entrar no meio poroso o faz atravs da face A, normal direo x, e ao sair, o faz
atravs da face oposta A. O mesmo raciocnio pode ser utilizado para os fluxos nas
direes y e z. importante salientar a presena de um fluxo mssico injetor,
representado por mp, por exemplo um poo injetor.
30
Matematicamente, podemos descrever a figura atravs da equao (12):
`Q`b g Qh i & g Qh (12)
Onde Qh i o fluxo mssico na entrada, sendo considerado por conveno positivo e Qh , o fluxo mssico na sada, negativo.
Sabe-se que a massa 2Q9 de um determinado fluido contido em um elemento infinitesimal que estamos utilizando como parmetro :
Q aSfSjSk (12)
Expandindo os termos da equao (12) temos que:
g Qh i Qh 4 Qh 4 Qh l 4 Qh (13) g Qh Qh mn 4 Qh mn 4 Qh lmnl 4 Qh (14)
No entanto, pode-se escrever ainda que o fluxo mssico de entrada em cada uma das direes :
Qh aNSjSk Qh aNSfSk Qh l aNSfSj (15)
E, o fluxo mssico de sada em x, y e z:
Qh mn oaN 4 `2aN9`f Sfp SjSk
Qh mn oaN 4 `2aN9`j Sjp SfSk
31
Qh lmnl oaN 4 `2aN9`k Skp SfSj
Qh a_h% (16)
De posse das equaes (13) a (16), podemos reescrever a equao (12) com as
devidas simplificaes necessrias j tendo sido efetuadas:
`2a9`b SfSjSk & `2aP9`f SfSjSk & `2aN9`j SfSjSk & & `2a!9`k SfSjS 4 a_h%2f,qqqd b9 (17)
Nota-se que o termo a_h%2f,qqqd b9 possui unidades [MT-1]. Entretanto, ao dividirmos os dois membros da equao por SfSjSk, este termo fonte passar a ter unidade de [ML-3T-1],como queramos demonstrar no incio desta seo ao apresentarmos equao
(12), que pode ser reescrita como (18):
`2a9`b & `2aP9`f & `2aN9`j & `2a!9`k 4 a_eee2fd9 (18)
A equao (12) bem como a equao (18), apesar da sua aparente sofisticao,
apenas um balano de materiais que pode ser expresso em palavras do seguinte
modo: A diferena entre a massa que entra e a massa que sai nas trs direes do
fluxo igual variao da massa dentro do meio poroso.
3.2.2 Lei de Darcy
Henry Darcy, um engenheiro civil francs, em 1856 fez diversos experimentos como
mostra a figura 3.4 e publicou um teorema fundamental para a teoria do fluxo de
fluidos homogneos atravs de meios porosos. Como engenheiro civil, ele estava
interessado nas caractersticas dos filtros de areia usados para filtrar a gua
consumida na cidade de Dijon na Frana.
32
Figura 3.4. Esquema do Experimento de Darcy [7]
A equao (19), de acordo com [24], relaciona a vazo q de uma fase atravs do meio
poroso com rea A aberta ao fluxo, diferencial de presso P comprimento L e a
viscosidade do fluido :
_ rsP-u (19)
Ao considerar experimentos multifsicos, como o que estamos propondo, no caso
leo-gua, de acordo com [24], a equao da velocidade de Darcy pode ser escrita na
forma generalizada:
Nd _hs & v 2f9qqqqd-2.9 c. (19)
Onde v 2f9qqqqd o tensor de permeabilidades, j apresentado neste captulo assim com -2.9, que a viscosidade.
3.2.3 Equao de Estado
A ltima equao bsica para termos todas as ferramentas necessrias para
demonstrarmos a equao da difusividade hidrulica so as equaes de estado, isto
, as equaes que representam a compressibilidades dos fluidos e da rocha.
33
Para o caso de fluxo de lquidos pode-se usar a equao geral da compressibilidade
dos fluidos, escrita na forma:
E 1a $`a`.( (20)
J definio de compressibilidade efetiva da formao pode ser expressa como:
Ew 1 $``.( (21)
A soma da compressibilidade do fluido E com a compressibilidade efetiva da formao Ew chamada de compressibilidade total e representada por E, isto , E E 4 Ew .
3.2.4 Equao da Difusividade Hidrulica
A equao diferencial ser obtida na sua forma radial, que simula o fluxo nas
vizinhanas do poo. Solues analticas dessa equao podem ser obtidas usando
diferentes condies de contorno e condies iniciais para descrever o teste do poo e
o fluxo do reservatrio para o poo, o que tem inmeras aplicaes na engenharia de
reservatrios. [7]
Sero admitidas duas condies primrias para demonstrao da equao da
difusividade hidrulica
(a) Meio poroso heterogneo: significa que a porosidade varia com a posio,
no se mantendo constante ao longo do reservatrio;
(b) Anisotropia da rocha-reservatrio: existe diferena entre a permeabilidade
horizontal e vertical na rocha-reservatrio
Aplicando a equao (19) na equao (12) obtemos (22):
34
` 2a9`b c. xa v 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 a_eee2fd9 (22)
Aplicando a regra da cadeia no primeiro termo direita de (22), vem:
` 2a9`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 v 2f9qqqqd-2.9 c.. ca 4 a_eee2fd9 (23)
Como mensurar a variao da massa especfica com a posio extremamente difcil,
usaremos as equaes de estado j descritas como recurso matemtico para retir-la
da equao.
Ento, na direo x temos que:
ca `a`f `a`. `.`f (24)
Aplicando a definio da equao (20) em (24), fazendo os devido ajuste obtemos:
ca Ea `.`f (25)
Aplicando (25) na equao (23) podemos reescrev-la da seguinte forma :
` 2a9`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 v 2f9qqqqd-2.9 c.z. Ea 4 a_eee2fd9 (26)
Como estamos tratando de pequenos gradientes de presses,quando elevamos o
termo c. ao quadrado 2c.z9, o valor tende a zero e por isso pode-se descart-lo da equao. Reescrevendo, portanto, temos que:
35
` 2a9`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 a_eee2fd9 (27)
Agora, em se tratando do lado esquerdo da equao, aplica-se a regra da cadeia
obtendo a seguinte equao:
2fd9 ` a`b 4 a ` {2fd9|`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 a_eee2fd9 (28)
A fim de no termos na equao o termo da massa especfica a aplicaremos as equaes de estado para fluidos (20) e compressibilidade da formao (21). Com isso:
2fd9 ` a`. ` .`b 4 a ` "2fd9#`. ` .`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 a_eee2fd9 (29)
E, ainda :
2fd9Ea ` .`b 4 aEw} ` .`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 a_eee2fd9 (30)
Colocando em evidncia o termo ~ ~ obtemos a seguinte equao:
a2fd92E 4 Ew9 ` .`b ac. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 a_eee2fd9 (31)
Pode-se, ento, enfim eliminar o termo da massa especfica a, obtendo assim a equao da difusividade hidrulica para meios heterogneos e anisotrpicos:
2fd92E9 ` .`b c. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 _eee2fd9 (32)
36
Sabe-se que E a compressibilidade total e pode ser escrito em funo da saturao de leo29 e gua 2%9 no meio poroso, como:
E E 4 E%% 4 Ew (33)
A equao da difusividade hidrulica apresentada descreve da forma mais real
possvel o fluxo de fluidos em um meio poroso.
Utiliz-la, entretanto, praticamente invivel, visto que, apresenta dois problemas
bsicos:
(a) No linearidade da equao diferencial parcial: acarreta em dificuldades
sistemticas de convergncia da soluo, bem como, o tempo de simulao se
torna extremamente elevado;
(b) Coeficientes no constantes: por exemplo, a porosidade e a permeabilidade
so funes da posio, enquanto a viscosidade funo da presso. Isto
retrata a extrema complexidade desta equao;
(c) Fluxo monofsico: a equao representa o escoamento de apenas um fluido
em meio poroso, quando na realidade existem ao menos dois, fazendo-se
necessrias duas equaes diferentes, em princpio;
Como estamos interessados em trabalhar um escoamento bifsico (leo-gua)
imiscvel, a equao da difusividade hidrulica (32) para escoamento de fluidos pode
ser reescrita para o leo:
` 2fd9M `b c. xv 2f9qqqqd-2.9 c.y 4 _eee2fd9 (34)
Para a gua :
` 2fd9%M% `b c. xv% 2f9qqqqd-2.9 c.%y 4 _%eee2fd9 (35)
37
Iremos considerar ainda as propriedades de saturao dos fluidos na rocha e a
presso capilar nas interfaces:
4 % 1 . . & .% (36)
As incgnitas do problema so as saturaes e as presses de ambas as fases. No
caso de fluidos multifsicos, as equaes (34) e (35) vem sendo tradicionalmente
resolvidas em termos das equaes da presso e da saturao, com o objetivo de
reduzir o nmero de variveis.
3.3 Equao da Energia
Antes de fecharmos o modelo matemtico a ser implementado, para descrever o
comportamento dos fluidos no escoamento em meio poroso iremos apresentar uma
ultima equao.
Como estamos querendo verificar o comportamento do reservatrio quando submetido
a um determinado aquecimento, seja por qualquer mtodo apresentado no Captulo 2,
se faz necessria a incluso da equao da energia no modelo.
A equao do calor para um modelo bidimensional dada por:
1 `1b `z1`fz 4 `z1`jz (37)
Onde T a temperatura e o coeficiente de difusividade trmica que pode ser expresso pela seguinte equao:
aE (38)
38
Em que, condutividade trmica, a a massa especfica e o E o calor especfico. Esta equao ser mais bem discriminada no Captulo 4 deste projeto
3.4 Sumrio
Neste captulo foram apresentadas as propriedades mais importantes das rochas,
sendo elas, a porosidade e a permeabilidade, bem como as principais propriedades
dos fluidos, sendo citadas: a saturao, viscosidade, presso capilar, mobilidade e
fator volume-formao.
A seguir foram descritas as principais equaes que regem o fluxo de fluidos em
meios porosos. A primeira delas a equao da continuidade foi apresentada e
desenvolvida, sendo considerado nela o termo fonte. Em seguida, apresentou-se a Lei
de Darcy e as equaes de estado para os fluidos e a rocha.
Todas estas serviram de base para chegar na equao da difusividade hidrulica, que
foi demonstrada. Fizeram-se tambm consideraes sobre suas limitaes de uso.
Como vamos tratar de um escoamento bifsico e bidimensional, foram apresentadas
as respectivas equaes da difusividade hidrulica para o leo e para a gua. Por fim,
como temos como objetivo aquecer o reservatrio, a equao do calor primordial
para a implementao do modelo e por isso tambm foi exposta neste captulo.
39
4 Metodologia de Soluo
No captulo anterior apresentamos duas equaes, (34) e (35), que iro reger o fluxo
bifsico- bidimensional no sistema a ser estudado. Estas, porm so muito complexas
para serem resolvidas analiticamente, dadas suas fortes no-linearidades e a
dependncia entre os termos da equao com o tempo.
A proposta deste captulo viabilizar a soluo numrica destas equaes atravs do
mtodo dos volumes finitos, devido sua acurcia, rapidez e simplicidade de
implementao, principalmente porque iremos utilizar um software no especializado
em simulao de reservatrios, no caso, Mathematica 7.
4.1 Equaes de Fluxo
4.1.1 leo-gua
Uma das grandes barreiras para a soluo do problema a complexidade do sistema
de equaes ao qual o software ser submetido, o que pode resultar em problemas de
convergncia e tornar-lo insolvel.
Para que tal fato no ocorra, a soluo encontrada foi adotar o seguinte procedimento
a partir das equaes (34) para o escoamento de leo e (35).
Reescreveremos as equaes (34) e (35). Para o leo, temos que:
``f o2f, j9
2%9-2]9M2]9`]2f, j, b9`f p 4
4 `j o2f, j9 2%9-2]9M2]9 `]2f, j, b9`j p `b o2f, j, ]92f, j, b9M2]9 p & _h,neee (39)
40
J para a gua, vem que a equao para o escoamento desta no reservatrio pode
ser escrita da seguinte forma:
``f o2f, j9
%2%9-%2]9M%2]9`]%2f, j, b9`f p 4
4 `j o2f, j9 %2%9-%2]9M%2]9 `]%2f, j, b9`j p `b o2f, j, ]9%2f, j, b9M% p & _h%,neee (40)
importante observar que os dados PVT (incluindo os dados da gua) so sempre
funo da presso da fase leo e no da fase gua. Por simplificao matemtica, as
equaes (39) e (40) sero reescritas, em termos de Presso do leo (po) e Saturao
da (Sw) combinando-a com as equaes (7) e (36):
. & .% .% 2%9 4 % 1
A equao do leo fica :
`f $-M `]`f ( 4 `j -M `]`j `b o21 & %9M p & _h,neee (41)
Assim, a equao da gua resulta em:
`f %-%M% $`]`f & `]%`f ( 4 `j %-%M% $`]`j & `]%`j ( `b $%M% ( & _h%,neee (42)
Porm, sabe-se que:
= 2f, j, ]9 M z 2]9 M% ) 2]9 % 2f, j, b9 (43)
41
Verificada a dependncia das propriedades listadas acima, precisamos expandir o
termo transiente para explicitar a variao da presso da fase leo com o tempo.
Ento, os termos transientes da equao para o leo e para a gua se tornam
respectivamente:
`b 21 & %9M 21 & %9 `b $ 1M( & $ 1M `%`b ( 4 21 & %9M `b 21 & %9 ``] $ 1M( `]`b & $ 1M `%`b ( 4 21 & %9M ``] `]`b 21 & %9 ``] $ 1M( 4 1M ``] `]`b & $ 1M( `%`b
(44)
`b $%M% ( 2%9 `b $ 1M%( 4 $ 1M% `%`b ( 4 %M% `b % ``] $ 1M%( `]`b & $ 1M% `%`b ( 4 %M% ``] `]`b % ``] $ 1M%( 4 1M% ``] `]`b 4 $ 1M%( `%`b
(45)
As equaes (44) e (45) correspondem ao termo transiente das equaes do fluxo
leo/gua na formulao (po Sw). Observa-se entre colchetes esto as expresses
provenientes de dados PVT e de compressibilidade da formao que so, a priori,
conhecidos. Por questes de simplificao, o termo transiente com o qual
trabalharemos as equaes fica com a seguinte forma:
Para o leo:
`b o21 & %9M p 21 & %9= `]`b & z `%`b (46) Para a gua:
`b %M% 2%9) `]`b 4 `%`b (47)
42
onde:
= ``] $1
M( 4 1M ``] z 1M ) ``] $ 1M%( 4 1M% ``] 1M% (48)
Assim, substituindo a equao (46) em (41) e (47) em (42) vem que as equaes para
escoamento leo/gua a serem discretizadas so, respectivamente:
`f $-M `]`f ( 4 `j -M `]`j 21 & %9= `]`b & z `%`b & _h,neee (49)
`f %-%M% $`]`f & `]%`f ( 4 `j %-%M% $`]`j & `]%`j ( 2%9) `]`b 4 `%`b & _h%,neee (50)
O trabalho agora de escolha do mtodo numrico para a posteriori aplicar a
discretizao, nas equaes (49) e (50).
4.1.2 Energia
Reescrevendo a equao (37) para um meio poroso heterogneo e anisotrpico:
aE, $ `1b 4 .qqqd c1( c{iww . c1| 4 _eee 4 -.qqqd . qqqd (51)
onde:
aE, 4 21 & 9aE,aE, (52)
43
iww 4 21 & 9 (53) a %M%a%, 4 21 & %9Ma, (54) E, %E,% 4 21 & %9E, (55) %% 4 21 & %9 (56)
Nas equaes acima, a porosidade, a a massa especfica, cp o calor especfico e a condutividade trmica dos componentes do sistema e os subscritos s, o, w e l referem-se, respectivamente fase slida, fase leo, fase gua e mistura de lquidos.
Considera-se equilbrio trmico entre a fase slida e lquida. O ltimo termo do lado
direito da equao (51) chamado de dissipao viscosa. No presente estudo, este
termo desprezvel.
O termo fonte da equao (51) representa a energia por unidade de volume entregue
para o meio poroso atravs do aquecimento do poo.
Para o sistema bidimensional em estudo, a equao (51) pode ser re-escrita da
seguinte forma:
aE, $ `1b 4 P `1`f 4 N `1`j( x $iww `1`f( 4 y $iww `1`j( 4 _eee"2f & s92f & 9#
(57)
onde os componentes P e N do vetor velocidade so obtidos aplicando-se a Lei de Darcy no campo de presses.
44
4.2 Escolha do Mtodo Numrico
A tarefa de um mtodo numrico resolver uma ou mais equaes diferenciais,
substituindo as derivadas existentes na equao por expresses algbricas que
envolvem a funo incgnita. Um mtodo analtico que tivesse a habilidade de resolver
tais equaes nos daria a soluo em uma forma fechada e seria possvel, ento,
calcular os valores das variveis dependentes em nvel infinitesimal, isto , para um
nmero infinito de pontos. [14]
Por outro lado quando decidimos fazer uma aproximao numrica da equao
diferencial, aceitamos ter a soluo para um nmero discreto de pontos, mais prxima
possvel da soluo exata. No caso do problema em questo, em um reservatrio
bidimensional, fcil entender que ao decidirmos calcular, por exemplo, 100 valores
de presso e consequentemente 100 valores de saturao, teremos 100 incgnitas,
sendo necessrias 100 equaes algbricas para o fechamento, formando um sistema
de 100 equaes e 100 incgnitas. [14]
Se quisermos tornar mais precisos nossos clculos, aumentando o nmero de
incgnitas, o sistema linear a ser resolvido, logicamente tambm vai aumentando,
proporcionalmente, em nmero de equaes. O esforo computacional tambm cresce
e de forma no linear.
A figura 4.1 exemplifica a tarefa do mtodo numrico, na qual uma equao diferencial
escrita em nvel infinitesimal e definida para o domnio D transformada em um
sistema de equaes algbricas. Para isto, as derivadas da funo existentes na
equao diferencial devem ser substitudas por valores discretos da funo.
45
Figura 4.1. A Tarefa do Mtodo Numrico
Nossa preocupao, neste projeto, ser apenas com o mtodo dos volumes finitos, j
que, este mtodo intensivamente usado em problemas de escoamento de fluidos e
transferncia de calor. O reservatrio bidimensional a ser estudado de:
Geometria Simples;
Sem complexidade geolgica, falhas ou estratificaes;
Malha homognea, ideal para o fluxo;
Com estas caractersticas, torna-se apropriado o uso do Mtodo dos Volumes Finitos e
a soluo do problema espera-se que seja adequada e satisfatria. Porm, a
discretizao aqui apresentada pode ser utilizada para meios heterogneos e
anisotrpicos.
4.3 Mtodo dos Volumes Finitos (MVF) Aplicado a