Metodologia Cientifica Livro Ead

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  • Universidade do Sul de Santa Catarina

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2007

    Metodologia Cient cae da Pesquisa

    Disciplina na modalidade a distncia

    5a edio revista e atualizada

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  • CrditosUnisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educao Superior a Distncia

    Campus UnisulVirtualAvenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra BrancaPalhoa SC - 88137-100Fone/fax: (48) 3279-1242 e3279-1271E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br

    Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira

    Vice-Reitor e Pr-Reitor AcadmicoSebastio Salsio Heerdt

    Chefe de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro

    Pr-Reitor AdministrativoMarcus Vincius Antoles da Silva Ferreira

    Campus SulDiretor: Valter Alves Schmitz NetoDiretora adjunta: Alexandra Orsoni

    Campus NorteDiretor: Ailton Nazareno SoaresDiretora adjunta: Cibele Schuelter

    Campus UnisulVirtualDiretor: Joo VianneyDiretora adjunta: Jucimara Roesler

    Equipe UnisulVirtual

    AdministraoRenato Andr LuzValmir Vencio Incio

    Avaliao InstitucionalDnia Falco de Bittencourt

    BibliotecaSoraya Arruda Waltrick

    Capacitao e Apoio Pedaggico TutoriaAngelita Maral Flores (Coordenadora)Caroline BatistaEnzo de Oliveira MoreiraPatrcia MeneghelVanessa Francine Corra

    Coordenao dos CursosAdriano Srgio da CunhaAlosio Jos RodriguesAna Luisa MlbertAna Paula Reusing PachecoCharles CesconettoDiva Marlia FlemmingFabiano CerettaItamar Pedro BevilaquaJanete Elza FelisbinoJucimara RoeslerLauro Jos BallockLvia da Cruz (Auxiliar)Luiz Guilherme Buchmann FigueiredoLuiz Otvio Botelho LentoMarcelo CavalcantiMaria da Graa PoyerMaria de Ftima Martins (Auxiliar)Mauro Faccioni FilhoMichelle D. Durieux Lopes DestriMoacir FogaaMoacir HeerdtNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia AlbertonRaulino Jac BrningRodrigo Nunes LunardelliSimone Andra de Castilho (Auxiliar)

    Criao e Reconhecimento de CursosDiane Dal MagoVanderlei Brasil

    Desenho EducacionalDesign InstrucionalDaniela Erani Monteiro Will (Coordenadora)Carmen Maria Cipriani PandiniCarolina Hoeller da Silva BoeingFlvia Lumi MatuzawaKarla Leonora Dahse NunesLeandro Kingeski PachecoLigia Maria Soufen TumoloMrcia LochViviane BastosViviani Poyer

    AcessibilidadeVanessa de Andrade Manoel

    Avaliao da AprendizagemMrcia Loch (Coordenadora)Cristina Klipp de OliveiraSilvana Denise Guimares

    Design Gr coCristiano Neri Gonalves Ribeiro (Coordenador) Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierEvandro Guedes MachadoFernando Roberto Dias ZimmermannHigor Ghisi LucianoPedro Paulo Alves TeixeiraRafael PessiVilson Martins Filho

    Disciplinas a DistnciaTade-Ane de AmorimCtia Melissa Rodrigues

    Gerncia AcadmicaPatrcia Alberton

    Gerncia de EnsinoAna Paula Reusing Pacheco

    Logstica de Encontros PresenciaisMrcia Luz de Oliveira (Coordenadora) Aracelli AraldiGraciele Marins LindenmayrLetcia Cristina BarbosaKnia Alexandra Costa HermannPriscila Santos Alves

    Formatura e EventosJackson Schuelter Wiggers

    Logstica de MateriaisJeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador)Jos Carlos TeixeiraEduardo Kraus

    Monitoria e SuporteRafael da Cunha Lara (Coordenador)Adriana SilveiraAndria DrewesCaroline MendonaCristiano DalazenDyego RachadelEdison Rodrigo ValimFrancielle ArrudaGabriela Malinverni BarbieriJonatas Collao de SouzaJosiane Conceio LealMaria Eugnia Ferreira CeleghinRachel Lopes C. PintoVincius Maykot Sera m

    Produo Industrial e SuporteArthur Emmanuel F. Silveira (Coordenador)Francisco Asp

    Relacionamento com o MercadoWalter Flix Cardoso Jnior

    Secretaria de Ensino a DistnciaKarine Augusta Zanoni Albuquerque(Secretria de ensino)Ana Paula Pereira Andra Luci MandiraCarla Cristina SbardellaDeise Marcelo AntunesDjeime Sammer Bortolotti Franciele da Silva BruchadoGrasiela MartinsJames Marcel Silva RibeiroJenni er CamargoLamuni SouzaLauana de Lima BezerraLiana Pamplona Marcelo Jos SoaresMarcos Alcides Medeiros JuniorMaria Isabel AragonOlavo LajsPriscilla Geovana PaganiRosngela Mara SiegelSilvana Henrique SilvaVanilda Liordina HeerdtVilmar Isaurino Vidal

    Secretria ExecutivaViviane Schalata Martins

    TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior(Coordenador)Je erson Amorin OliveiraRicardo Alexandre Bianchini

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  • Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina de Metodologia Cient ca e da Pesquisa.O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma, abordando contedos especialmente selecionados e adotando uma linguagem que facilite seu estudo a distncia. Por falar em distncia, isso no signi ca que voc estar sozinho. No esquea que sua caminhada nesta disciplina tambm ser acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da Unisul-Virtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade, seja por telefone, e-mail ou Espao UnisulVirtual de Aprendizagem. Nossa equipe ter o maior prazer em atend-lo, pois sua aprendi-zagem nosso principal objetivo.Bom estudo e sucesso!Equipe UnisulVirtual.

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  • Mauri Luiz HeerdtVilson Leonel

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2007

    Metodologia Cient cae da Pesquisa

    Livro didtico

    5a edio revista e atualizada

    Design instrucionalLuciano Gamez

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  • Copyright U nisulVirtual 2007

    N enhum a parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer m eio sem a prvia autorizao desta instituio.

    Edio Livro Didtico

    Professor Conteudista

    Design Instrucional

    ISBN ! "! #!029-5

    Projeto Grfico e Capa%&'

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    Reviso Ortogrfica)-)

    001.42 H36 Heerdt, Mauri Luiz Metodologia cientfica e da pesquisa : livro didtico / Mauri Luiz Heerdt,

    Vilson Leonel ; design instrucional Luciano Gamez, [Carmen Maria Cipriani Pandini]. 5. ed. rev. e atual. Palhoa : UnisulVirtual, 2007.

    266 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-029-5

    1. Pesquisa Metodologia. 2. Cincia Metodologia. I. Leonel, Vilson. II. Gamez, Luciano. III. Pandini, Carmen Maria Cipriani. IV. Ttulo.

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca U niversitria da U nisul

  • Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

    Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    UNIDADE 1 O conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    UNIDADE 2 Cincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    UNIDADE 3 Pesquisa cient ca: conceito e tipos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    UNIDADE 4 A leitura como tcnica de coleta de dados na pesquisa bibliogr ca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    UNIDADE 5 Projeto de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

    UNIDADE 6 Produo cient ca: tipos de trabalhos cient cos . . . . . 133

    UNIDADE 7 Estrutura, redao e apresentao do relatrio de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

    UNIDADE 8 Elaborao de referncias e citaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

    Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

    Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216

    Glossrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

    Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221

    Apndices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227

    Respostas e comentrios das atividades de auto-avaliao . . . . . . . . . . . . 245

    Sumrio

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  • Palavras dos professores

    A universidade um lugar privilegiado de pesquisa e construo do conhecimento. Para tanto, ela necessita de instrumentos que auxiliem a sistematizao e a divul-gao do conhecimento nela produzido.Nesse sentido, entendemos que o presente roteiro ir auxili-lo a re etir sobre diversos temas relacio-nados Metodologia Cient ca. Entenda que esta uma primeira abordagem do assunto e voc no pode dispensar, de modo nenhum, a leitura de outras biblio-gra as.A Metodologia Cient ca extremamente importante para entender o debate cient co. Atravs dela voc ir adquirir habilidades para desenvolver pesquisas, bem como elaborar trabalhos com formalizao cient ca. Ela servir, igualmente, de subsdio para que voc elabore adequadamente seus trabalhos, bem como, pesquisas e monogra as de outras disciplinas do curso, garantindo a qualidade necessria para que voc obtenha um bom desempenho acadmico.Bom estudo!Professor Mauri Luiz HeerdtProfessor Vilson Leonel

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  • Plano de estudo

    Ementa

    Cincia e mtodo cient co. Teorias e leis cient cas. A pesquisa cient ca e o projeto de pesquisa. O problema de pesquisa e sua formulao. O referencial terico. Hipteses e variveis. O delineamento da pesquisa. A anlise e interpretao dos dados. O relatrio de pesquisa.

    Objetivo geral

    Proporcionar ao acadmico pressupostos tericos e tcnicos para apreender e intervir na realidade de modo organizado e sistemtico, preparando-o para produzir, sistematizar e divulgar pesquisas e conhecimentos.

    Carga Horria

    A carga horria total da disciplina de 60 (sessenta) horas-aula, incluindo o processo de avaliao.

    Cronograma de Estudo

    Acompanhe o cronograma de estudo no espao virtual de aprendizagem. muito importante que voc se organize e crie um hbito de estudo para obter melhor aproveita-mento nessa disciplina. No esquea de acompanhar as datas de envio das atividades de avaliao a distncia.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Agenda de atividades / Cronograma

    Veri que com ateno o EVA, organize-se para acessar periodicamente o espao da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorizao do tempo para a leitura; da realizao de anlises e snteses do contedo; e da interao com os seus colegas e tutor.

    No perca os prazos das atividades. Registre no espao a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

    Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina.

    Atividades obrigatrias

    Demais atividades (registro pessoal)

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  • Objetivos de aprendizagem

    Compreender a importncia da Metodologia Cient ca no processo do conhecimento;

    entender como acontece o processo do conhecimento;

    conceber a necessidade das pessoas transitarem do senso comum para o conhecimento cient co, especialmente no ambiente universitrio.

    Sees de estudo

    Seo 1 Mtodo e metodologia

    Seo 2 A era do conhecimento

    Seo 3 O processo do conhecimento

    Seo 4 As formas de conhecimento

    UNIDADE 1

    O conhecimento 1

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    Para incio de conversa

    Nas quatro sees que compem esta primeira unidade da disci-plina de Metodologia Cient ca e da Pesquisa, voc ir compre-ender a diferena entre mtodo e metodologia, entender porque atualmente se diz que vivemos na era do conhecimento e por m, estudar a forma e os processos do conhecimento. A melhor forma para iniciar esse estudo comear pela compreenso de alguns conceitos chaves, pois eles so fundamentais para que voc possa compreender os contedos subseqentes. Assim, convidamos voc a passar imediatamente leitura da seo 1. Bom estudo!

    SEO 1Mtodo e metodologia

    Quando se re ete sobre conhecimento cient co no possvel somente considerar o resultado nal, mas tambm o processo sistemtico percorrido para coleta, organizao, anlise, interpre-tao e sistematizao desse conhecimento.Existem, evidentemente, descobertas ou conhecimentos que aconteceram por acaso, mas, quando o assunto em pauta universidade, no se pode partir deste pressuposto. A nal, a universidade o espao por excelncia para se produzir novos conhecimentos.Bastos e Keller (1997, p. 11), sobre isso, a rmam que:

    Toda e qualquer atividade desenvolvida, seja terica ou prtica, requer procedimentos adequados. Justa-mente o que a palavra mtodo traduz. Assim sendo, tambm o estudo e o aproveitamento das atividades acadmicas no dispensam um caminho adequado,

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    qual seja, a organizao, a disciplina, a dedicao corretamente orientada. Tudo isso facilita a atividade e obtm dela maior rendimento.

    justamente aqui que se insere a metodologia cient ca, entendida como processo sistemtico, lgico e coerente dos mtodos e tcnicas empregados nas cincias.O objetivo primordial de toda cincia aproximar o ser humano dos fenmenos naturais e humanos por meio da compreenso e do domnio dos mecanismos que os regem.Nessa perspectiva, apresentam-se os conceitos de Mtodo e Metodologia.

    A palavra mtodo deriva do grego e quer dizer caminho. a ordenao de um conjunto de etapas a serem cumpridas no estudo de uma cincia, na busca de uma verdade ou para se chegar a um determinado m. Se Mtodo signi ca caminho e logia signi ca estudo, metodologia o estudo dos caminhos a serem seguidos para se fazer cincia.

    Diante deste contexto, a metodologia cient ca possui uma grande funo: propor mtodos, tcnicas e orientaes que possibilitem coletar, pesquisar, organizar, classi car, registrar, interpretar etc., dados e fatos, favorecendo a maior aproximao possvel com a realidade.A aproximao com a realidade acontece de maneira natural e espontnea at um determinado nvel, ou seja, o senso comum. Este nvel, no entanto, no alcana a profundidade com que os fenmenos devem ser abordados, sendo, por isso, necessria a cincia e outros modos de compreender a vida.Sabemos que liberdade e criatividade so fundamentais. No entanto, so fundamentais tambm alguns instrumentos que permitam sistematizar de uma forma mais lgica estes conheci-mentos.A partir da seo 2, vamos iniciar um estudo da linha do tempo do conhecimento. Onde surgiu a preocupao com a sistemati-zao e outros fatos interessantes.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    SEO 2A era do conhecimento

    Vamos retornar no tempo, especi camente para 1450. Foi apro-ximadamente neste perodo que Gutenberg iniciou a impresso tipogr ca do primeiro livro. Estima-se que ele terminou a impresso da Bblia, com 1282 pginas, cinco anos depois.Para a humanidade, hoje descabido esperar cinco anos para ter um livro impresso. Muitos livros perdem sua validade cien-t ca neste espao de tempo. No entanto, aquela inveno de Gutenberg foi a base para uma das maiores revolues que o mundo j viveu.Graas engenhoca que Gutenberg criou (restam ainda 46

    exemplares do primeiro livro impresso, um dos quais no Brasil) a humanidade obteve diante de si uma ferramenta podeross-sima de registro e transmisso do conhecimento, responsvel pela formao de uma cultura secular. o que nos mostra a citao a seguir.

    Para o clero, a tipogra a causou problemas porque o novo meio de comunicao permitiu que gente comum estudasse os textos religiosos por sua prpria conta e no dependesse daquilo que as autoridades lhe dissessem. Sapateiros, tintureiros, pedreiros e donas-de-casa, todos alegaram o direito de interpretar as escrituras. Soberanos tambm se preocuparam com o espetculo da gente comum discutindo e criticando as aes do governo, especialmente depois que os jornais impressos vieram luz no incio do sculo xvii.A inveno da imprensa tambm ensejou problemas aos estudiosos em geral, a qualquer um que estivesse em busca de informao. Na Idade Mdia os estu-diosos padeciam da falta de livros. No sculo xvi por outro lado, o nmero de livros em circulao era grande o su ciente para criar problemas de reteno da informao e administrao da informao, tambm tpicos na era da Internet. Em 1500, havia cerca de 13 milhes de livros em circulao na Europa. (burke, 2000, p. 14).

    Figura 1.1 - Bblia de Gutenberg

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    Atualmente, vive-se uma poca to importante como a de Gutenberg. Apresentam-se novas engenhocas que j esto transformando a vida da humanidade, principalmente no que se refere gerao, transmisso e, conseqentemente, aquisio de conhecimento.Castells (1999, p. 21), aborda a questo da seguinte maneira:

    No m do segundo milnio da Era Crist, vrios acontecimentos de importncia histrica tm trans-formado o cenrio social da vida humana. Uma revoluo tecnolgica concentrada nas tecnologias da informao est remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado.

    Isto est transformando tambm a economia, as relaes de trabalho e a dinmica da vida humana. O que signi ca a rmar que o grande desa o para as organizaes no sculo xxi no simplesmente produzir bens e servios, mas desenvolver ativi-dades que gerem alto valor agregado. Estas atividades esto rela-cionadas gesto do conhecimento: gerao, absoro, aplicao e difuso do conhecimento.

    A prosperidade das naes, das regies, das empresas e dos indivduos depende de sua capacidade de navegar no espao do saber. A fora conferida de agora em diante pela gesto tima dos conhecimentos, sejam eles tcnicos, cient cos, da ordem da comunicao, ou derivem da relao tica com o outro. Quanto melhor os grupos humanos conseguem se consti-tuir em coletivos inteligentes, em sujeitos cogni-tivos, abertos, capazes de iniciativa, de imaginao e de reao rpidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente altamente competitivo... Tudo repousa, a longo prazo, na exibilidade e vitalidade de nossas redes de produo, comrcio e troca de saberes (lvy, 1999, p. 19).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    No perodo agrrio de desenvolvimento, segundo Castells (1999, p. 35), a fonte do incremento de excedente era resultado dos aumentos quantitativos da mo-de-obra e dos recursos naturais (em particular a terra) no processo produtivo. J na era industrial, a principal fonte de produtividade reside na introduo de novas fontes de energia ao longo do processo produtivo e de circulao. No perodo atual, a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de gerao de conhecimentos, de processamento da informao.Th urow (1997) partilha de compreenso semelhante: na era industrial havia um local certo para tudo, determinado pelos recursos naturais e pelas propores de elementos. As regies com solo, clima e regime pluviomtrico adequados especiali-zavam-se em produo agrcola; as que possuam quelas com petrleo forneciam petrleo e assim por diante. No entanto, a posse de recursos naturais saiu da equao competitiva e os produtos modernos simplesmente usam menos recursos naturais; o que equivale a rmar que as relaes capital/mo-de-obra deixam de ser variveis signi cativas. Atualmente, o conheci-mento constitui a fonte suprema de vantagem comparativa, o ingrediente-chave para a localizao de atividades econmicas.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    SEO 3O processo do conhecimento

    Antes de iniciar o estudo desta unidade, re ita sobre as questes abaixo.

    Para re etir

    Voc j parou para pensar sobre o processo de conheci-mento?

    Por que uns conhecem mais que outros?

    Por que outros estudam tanto as questes religiosas?

    Por que existem tantas vises diferentes sobre as coisas?

    Partindo do pressuposto de que possvel conhecer as coisas, voc pode se perguntar: Como se conhecem as coisas?Segundo Galliano (1986, p. 16-20), no processo de conhecimento, o sujeito (a pessoa que conhece), de certo modo, acaba apro-priando-se de um objeto, ou seja, transforma em conceito esse objeto e o reconstitui em sua mente.

    O conceito, no entanto, no o objeto real, no a realidade, mas apenas uma forma de conhecer (concei-tuar) a realidade. Acontece, desta forma, a representa-o mental do objeto.

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  • 2020

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    O conhecimento, portanto, implica numa posse da realidade, e permite que o ser humano se torne mais apto para a ao cons-ciente.

    Isso equivale a dizer que o conhecimento o ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com ele, estabelece uma ligao. Por outro lado, o mundo o que torna possvel o conhecimento ao se oferecer a um sujeito apto a conhec-lo. S h saber para o sujeito cognoscente se houver um mundo a conhecer, mundo este do qual ele parte, uma vez que o prprio sujeito pode ser objeto de conhecimento. Por extenso, d-se tambm o nome de conhecimento ao saber acumu-lado pelo homem atravs das geraes. Nessa acepo, estamos tratando o conhecimento como produto da relao sujeito-objeto, produto que pode ser empre-gado e transmitido. (aranha; martins, 1992, p. 48)

    O ser humano pode ser sujeito e tambm objeto de estudo. Isso acontece quando o prprio ser humano estudado.

    Sujeito Objeto

    O conhecimento pode operar uma transformao. A partir do momento em que o sujeito conhece novos fatos, ele pode modi car sua ao, agir com mais liberdade, fazer com mais preciso, etc. O objeto pode ser transformado porque o conheci-mento do sujeito permitir desenvolv-lo e aperfeio-lo.A ignorncia diminui as possibilidades de avano e mantm as pessoas prisioneiras da vida. O conhecimento, ao contrrio, permite atuar para modi car as circunstncias em que o ser humano se encontra. A ignorncia aliena, escraviza. O conheci-mento liberta.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    Quais so as formas de aquisio de conhecimento?

    Segundo Luckesi e Passos (1996, p. 28-33), existem duas formas bastante comuns de apropriao do conhecimento: a apropriao direta e a indireta.

    a) Apropriao direta

    O sujeito se apropria cognitivamente da realidade atravs do enfrentamento direto com o mundo exterior ou com o objeto a ser conhecido.Neste tipo de apropriao da realidade no h algum ou algum meio que ensine ao sujeito. Ele a desvenda.

    Thomas Edison, por exemplo, se apropriou diretamente do modo de construo da lmpada eltrica, pois realizou vrios experimentos at chegar num ponto que ele considerava satisfatrio ou ideal.

    b) Apropriao indireta ou abstrata

    a compreenso da realidade feita por intermdio de um conhe-cimento j produzido por outro. A apropriao do conhecimento se d por um mediador que diz que a realidade assim, apresen-tando os argumentos para provar tal a rmao.A apropriao indireta a mais utilizada na prtica escolar, espe-cialmente quando se usa o livro como mediador entre o sujeito e a realidade. Atravs do texto, que serve como lente de interpre-tao da realidade, acontece um entendimento dessa realidade.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    SEO 4As formas de conhecimento

    A realidade no se deixa desvendar facilmente. Ela constituda de vrios nveis e estruturas. De um mesmo objeto pode-se obter conhecimento da realidade a partir de diferentes ngulos (cient- co, artstico, los co, etc).H pelo menos cinco modos ou ngulos de conhecimento, cada um deles est relacionado ao tipo de entendimento que o ser humano faz da realidade. As questes a seguir identi cam que ngulos so estes.

    O que senso comum?

    o conhecimento adquirido na vida cotidiana: baseado na expe-rincia vivida ou transmitido por algum.Em geral, resulta de repetidas experincias de erros e acertos. Pode tambm resultar da simples transmisso de gerao para gerao e, assim, fazer parte das tradies de um povo.Segundo Cotrim (1999, p. 48), o que caracteriza basicamente as noes pertencentes ao senso comum no a sua verdade ou falsidade. uma falta de fundamentao. Isto , as pessoas no sabem o porqu dessas noes. Elas aceitam, repetem e defendem determinada idia, mas no sabem explic-la. Trata-se, portanto, de um conhecimento adquirido sem uma base crtica, precisa e coerente.Mas o senso comum ou conhecimento vulgar, embora de nvel super cial, no deve ser menosprezado. Ele constitui a base do saber e j existia muito antes do ser humano imaginar a possibili-dade de outra forma de conhecimento.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    Por exemplo

    Um pescador pode prever que o tempo e o mar no esto bons para a pesca. Mas, no conseguir explicar quais so os fatores do tempo e do mar que no esto bons para a prtica da pesca.

    O que conhecimento teolgico e mtico?

    A primeira pergunta que voc deve fazer se a teologia pode ser realmente considerada um conhecimento ou uma cincia?

    A teologia, que signi ca estudo de Deus, a tenta-tiva de conciliar f religiosa e pensamento racional. O objeto de estudo a divindade e sua relao com os seres humanos.

    O conhecimento teolgico um corpo doutrinrio coerente, como resultado da f humana na existncia de uma ou mais entidades divinas - um deus (monotesmo) ou muitos deuses (politesmo).Ele provm de uma revelao, interpretada como mensagem ou manifestao divina. Tais revelaes so transmitidas por pessoas, por tradies acumuladas ao longo da histria ou atravs de escritos sagrados.De modo geral, o conhecimento teolgico apresenta respostas para questes que o homem no pode responder com outras formas de conhecimento. Assim, as revelaes feitas pelos deuses, ou em seu nome, so consideradas satisfatrias e aceitas como

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    expresses de verdade para um determinado grupo. Tal aceitao tem que resultar necessariamente da f que o crente deposita na existncia divina.O mito tambm uma forma de conhecimento a partir de critrios sobrenaturais (deuses, semi-deuses, heris...), na medida que exprime, na forma divina e celestial, um conjunto de relaes, quer das pessoas entre si, quer entre as pessoas e a natureza, ou das pessoas e da natureza para com a divindade, objetivando explicar a vida.

    O que conhecimento artstico?

    Desde os tempos pr-histricos, o ser humano constri no mundo suas prprias coisas, demonstrando maior ou menor habi-lidade. A esse conjunto de coisas construdas pelo ser humano, que se distinguem por revelarem talento, beleza... pode-se associar o nome arte.A arte combina habilidade desenvolvida no trabalho (prtica) com a imaginao (criao). Qualquer que seja sua forma de expresso, cada obra de arte sempre perceptvel com a identi-dade prpria, dando-lhe tambm componentes de manifestao dos sentimentos humanos, tais como: emoo, revolta, alegria, esperana...Assim, a arte fornece o conhecimento de uma realidade interpre-tada pela sensibilidade do artista.

    O que conhecimento los co?

    O conhecimento los co tem por origem a capacidade de re exo do ser humano e; por instrumento, o raciocnio. A loso a, num certo sentido, ultrapassa os limites da cincia (que pressupe comprovao concreta) para compreender ou inter-pretar a realidade em sua globalidade.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    No entanto, tenha em mente que no existe uma contradio entre loso a, cincia ou outras formas de conhecimento.A loso a tem por objetivo buscar o signi cado mais profundo das coisas. No basta apenas saber como funcionam as coisas, mas o que signi cam para o mundo e para o ser humano.

    O que conhecimento cient co?

    A cincia, ou conhecimento cient co, procura explicar a realidade com clareza e exatido atravs do emprego de mtodos e tcnicas.Mas vamos aprofundar mais esta questo na prxima unidade.

    Atividades de auto-avaliao

    Leia com ateno os enunciados e responda s questes soli-citadas. Lembre-se que estas atividades de auto-avaliao tm como objetivo desenvolver com autonomia a sua aprendizagem. Para voc obter sucesso, primeiro responda todas as questes sugeridas e em seguida veri que as suas respostas, relacionando-as com as sugestes e comentrios do professor, localizadas ao nal deste livro didtico.

    1 Com relao Metodologia Cient ca, correto a rmar que:( ) Metodologia Cient ca o estudo sistemtico, lgico e coerente

    dos mtodos e tcnicas empregadas nas cincias.

    ( ) A Metodologia Cient ca possui uma grande funo cient ca e social: prope mtodos, tcnicas e orientaes que possibilitam pesquisar, classi car, registrar e interpretar dados e fatos da reali-dade.

    ( ) O conhecimento cient co dispensa um processo sistemtico para se interpretar os fatos e chegar ao conhecimento.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    ( ) O estudo e o aproveitamento das atividades acadmicas no necessitam de organizao, disciplina e dedicao corretamente orientadas.

    ( ) A Metodologia Cient ca deve favorecer a maior aproximao possvel com a realidade, permitindo economia de tempo e transmisso racional do conhecimento ao mundo atual e s futuras geraes.

    2 Por que diversos especialistas no assunto a rmam que estamos na era do conhecimento?

    3 A sociedade dinmica e est em contnuo processo de transformao e aperfeioamento, assim como o conhecimento. Escreva A para as opes que se referem ao perodo agrrio, I para a era industrial e C para a era do conhecimento.

    ( ) A fonte do incremento de excedente era resultado dos aumentos quantitativos da mo-de-obra e dos recursos naturais (em parti-cular a terra) no processo produtivo.

    ( ) O conhecimento constitui a fonte suprema de vantagem compa-rativa.

    ( ) A fonte de produtividade acha-se na tecnologia de gerao de conhecimentos, de processamento da informao.

    ( ) A principal fonte de produtividade reside na introduo de novas fontes de energia ao longo do processo produtivo.

    4 Por que o conhecimento pode lhe ajudar a ser uma pessoa mais livre?

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    5 Como se pode realizar a apropriao direta e a apropriao indireta do conhecimento? D um exemplo de cada um.

    6 Cite um exemplo de cada uma das formas de conhecimento.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Sntese

    Nesta unidade voc viu que para haver conhecimento neces-srio que haja uma relao entre o sujeito que conhece e um objeto de estudo. O objeto de estudo pode tambm ser uma pessoa.Existem, em termos gerais, duas maneiras de nos apropriarmos de um objeto de estudo: estudando o que outras pessoas j falaram sobre ele (apropriao indireta), ou indo diretamente ao encontro do objeto de estudo (apropriao direta).Estudamos as diferentes compreenses da vida, que tambm denominamos nveis ou tipos de conhecimento: senso comum, arte, teologia, cincia e loso a.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 1

    Saiba mais

    Para que voc aprofunde os conhecimentos abordados nessa unidade, sugerimos que leia o texto complementar a seguir. Nele voc ir compreender como se d o avano do conhecimento.

    A alegoria da caverna e o conhecimento

    Plato, em sua obra Repblica, apresenta a alegoria da caverna, ou Mito da Caverna, como conhecida, com o objetivo de ilustrar a passagem dos graus inferiores de conhecimento aos superiores. O mito mostra que a passagem de um grau para o outro se d muito lentamente e com grande esforo e que exige extraordinria mudana de mentalidade das pessoas.Neste mundo, a maioria das pessoas percebe apenas as imagens, vtima dos preconceitos do ambiente e da educao. Um ou outro se liberta dos preconceitos e v primeiro as coisas da caverna luz do fogo (a percepo das coisas sensveis, acompanhada da con ana na realidade dos objetos apreendidos pelos sentidos). Se, depois disso, sai da caverna, v todas as coisas luz do sol. Finalmente poder dirigir seus olhos para o sol e ver o prprio sol, ou seja, o conhecimento direto e intuitivo da Idia pura. (mondin, 1981, p. 64-65)Plato deseja provar que a pessoa precisa caminhar da opinio (doxa) cincia (episteme). No mundo sensvel (mundo das sombras), as pessoas so como escravos presos numa caverna e obrigados a ver no fundo dela apenas as sombras de um fogo aceso fora da caverna. Estas pessoas acorrentadas acham que as sombras so a realidade, pois no sabem como a realidade de fato.Seria exatamente isso o que acontece com as pessoas: elas vem apenas as aparncias, iluses, por causa da apreenso atravs das impresses sensveis, dos desejos, paixes, interesses, hbitos etc.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A caverna representa justamente este mundo sensvel, a priso, os juzos de valores em que s se percebem as sombras ou as cpias imperfeitas das coisas.O ser humano que se liberta dos grilhes atinge o verdadeiro conhecimento, a episteme, cincia, quando a razo ultrapassa o mundo sensvel e atinge o mundo das idias. Este o nico verdadeiro, e o mundo sensvel s existe enquanto participa do mundo das idias, do qual apenas sombra ou cpia. Por exemplo, se percebemos inmeras abelhas dos mais variados tipos, a idia de abelha deve ser una, imutvel, a verdadeira realidade. (aranha, 1998, p. 45).A educao consiste, assim, em levar o ser humano do mundo sensvel ao mundo do ser; conduzindo-o gradualmente a avistar o ponto mais alto do ser, que o bem. O bem corresponde no mundo do ser ao que o sol no mundo sensvel. O sol torna visvel as coisas com a sua luz e as faz nascer, crescer e alimentar-se; assim o bem no s torna cognoscveis as substncias que constituem o mundo inteligvel, mas lhes d ainda o ser de que so dotadas.

    Fonte:

    HEERDT, M. L. Pensando para viver: alguns caminhos da loso a. 5. ed. Florianpolis: Sophos, 2003.

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  • UNIDADE 2

    Cincia 2Objetivos de aprendizagem

    Compreender diferentes concepes de cincia;

    conhecer uma viso histrica de cincia;

    conceituar mtodo e tcnica;

    identi car mtodos e tcnicas de pesquisa.

    Sees de estudo

    Seo 1 O que cincia?

    Seo 2 Concepes histricas de cincia

    Seo 3 Diviso da cincia

    Seo 4 Mtodos e tcnicas de pesquisa

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    Para incio de conversa

    Na unidade anterior voc teve a oportunidade de estudar o conceito de conhecimento e as formas de conhecimento. Nesta segunda unidade, voc ir aprofundar aspectos relacionados ao conhecimento cient co. Voc ver os vrios elementos que compem esse tipo de conhecimento: conceito, desenvolvimento ao longo dos tempos e as vises racionalista, empirista e cons-trutivista de cincia, entendendo que o foco de interpretao muda conforme as bases tericas na qual ela se fundamenta. Voc ver tambm que o conhecimento cient co depende do tipo de mtodo de abordagem existente, tais como os mtodos dedutivo, indutivo, hipottico-dedutivo e dialtico. Por m, ir conhecer os diferentes tipos de mtodos de procedimentos e tcnicas cient- cas, diferenciando-os e comparando-os. H muito para aprender nesta unidade, por este motivo lhe desejamos uma boa leitura! E no esquea: as atividades de auto-avaliao podem ajudar na sistematizao dos seus estudos.

    SEO 1O que cincia?

    Para que voc compreenda o que o conhecimento cient co necessrio compreender o signi cado da palavra Cincia.

    Etimologicamente, a palavra cincia, do latim scientia, signi ca saber, verdade, conhecimento. Nesse sentido, pode-se a rmar que a principal caracterstica do conhecimento cient co a busca pela apreenso da realidade humana e natural.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    No entanto, falar de cincia ou conhecimento cient co no algo to fcil assim e isso jamais poder ser feito sem polmicas. A razo bem bvia: se voc questionar um empirista sobre esta questo, perceber que ele usar termos como observao, expe-rimentao, etc.; j um positivista falar de dados objetivos e lgicos, um funcionalista dar explicaes dos fatos sociais; um materialista abordar os fenmenos histricos, sociais, polticos e econmicos e um racionalista evocar o poder da razo para analisar e expressar o conhecimento e assim por diante.Se no podemos chegar a um consenso sobre cincia, podemos, pelo menos, elencar alguns elementos para re etir sobre a mesma, tais como:

    racionalidade; objetividade; historicidade; questionamento sistemtico; dialogicidade/discutibilidade; formalidade; paradigmtica; socializao.

    Vamos ver de que forma cada um desseselementos se con gura?

    Racionalidade - Para Kche (1997, p. 31), o ideal da raciona-lidade est em atingir uma sistematizao coerente do conheci-mento. O conhecimento das diferentes teorias e leis se expressa formalizado em enunciados que, confrontados uns com os outros, devem apresentar elevado nvel de consistncia lgica entre suas a rmaes. Objetividade - O ideal da objetividade pretende que as teorias cient cas, como modelos tericos representativos da realidade, sejam construes conceituais que representem com delidade o mundo real, que contenham imagens dessa realidade que sejam verdadeiras, evidentes, impessoais, passveis de serem submetidas a testes experimentais e aceitas pela comunidade cien-t ca como comprovadas em sua veracidade. (kche, 1997, p. 32).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Socializao - O conhecimento cient co di cilmente fruto da intuio individual de um cientista, pois todos partem de teorias, leituras, re exes e questionamentos. Nesse sentido, podemos a rmar que a cincia produzida socialmente. Historicidade - Deve-se ter claro que a cincia, por mais verdadeira que possa ser num determinado contexto, tambm histrica, ou seja, ela est relacionada diretamente poca em questo. Trata-se de algo dinmico e em contnuo processo de aperfeioamento:

    Se as verdades cient cas fossem de nitivas, a cincia deixaria de existir como cincia, como pesquisa, como experincias novas, e a atividade cient ca se reduziria a uma divulgao do j visto. O que no verdade, para a felicidade da cincia. Mas, se as verdades cien-t cas no so de nitivas nem peremptrias, a cincia, ela tambm, uma categoria histrica, um movimento em contnuo desenvolvimento (gramsci, 1986 apud mendes sobrinho; frota, 1998, p. 7).

    Por muito tempo considerou-se a cincia como acmulo de teorias. Hoje temos uma viso mais quali cadora, ou seja, o mundo muda, ento as concepes cient cas tambm esto sujeitas mudanas.

    Questionamento sistemtico - Pedro Demo (2000, p. 17) a rma que um critrio importante para de nir cincia reside no seguinte: ser um questionamento sistemtico.Assim, o contrrio da cincia a falta de questionamento siste-mtico. O senso comum no cient co porque aceita sem discutir, ou melhor, porque no aplica ao conhecimento nele implicado su cientemente sistematicidade questionadora.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Os meios de informao disponveis atualmente colaboram enormemente com esta caracterstica de cincia. Basta pensar na Internet, na vdeo e teleconferncia e em outras ferramentas. Podemos debater com o mundo inteiro a qualquer hora do dia.

    Dialogicidade/discutibilidade - Jrgen Habermas introduz um conceito interessantssimo de cincia: a capacidade de dilogo crtico. Descrita nestes termos por Demo (2000, p. 21, grifo nosso):

    [...] a discutibilidade o critrio principal de cienti -cidade. Sobretudo o avano cient co e a capacidade de inovao se mantm, recuperam, desenvolvem sob o signo da discusso aberta irrestrita. Somente pode ser cient co o que for discutvel. A cincia tem compro-misso iniludvel de ser crtica e criativa.

    Com certeza uma caracterstica prxima do questionamento sistemtico. No entanto, Habermas complementa com a neces-sidade de discutirmos os parmetros ticos e as relaes exis-tentes entre o saber e os interesses das classes dominantes. Na obra Conhecimento e interesse, de 1968, ele combate a neutralidade pretendida pelo tecnicismo e denuncia o carter ideolgico da cincia e da tcnica.

    Formalidade - Outra caracterstica importante da cincia a formalidade. A nal, para que o questionamento seja tanto mais vivel, h de ser formalmente lgico, bem sistematizado, argu-mentado da melhor maneira possvel, elaborado rigorosamente e coerentemente. (demo, 2000, p. 23).Esta caracterstica no interfere na questo do conhecimento ser verdadeiro ou falso, diz respeito apenas sua apresentao formal e lgica, de modo que seja possvel estabelecer um dilogo com outras teorias.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Paradigmtica - Th omas Kuhn (1922-1996) acredita que a prtica do cientista que caracteriza o seu trabalho, sendo impres-cindvel levar em considerao o aspecto histrico.Nessa direo, Kuhn a rma que a cincia no um processo linear e evolutivo. A cincia movida por paradigmas.

    Em seu livro A estrutura das revolues cient cas (1962), ele sustenta a tese de que a cincia se desenvolve durante certo tempo a partir da aceitao, por parte da comunidade cient ca, de um conjunto de teses, pressupostos e categorias que formam um paradigma, ou seja, um conjunto de normas e tradies dentro do qual a cincia se move e pelo qual ela pauta a sua atividade.Em determinados momentos, porm, essa viso ou paradigma se altera, provocando uma revoluo, que abre caminho para um novo tipo de desenvolvimento cient co. Foi o que se deu, por exemplo, na passagem da fsica antiga fsica moderna, ou ainda na passagem da fsica clssica fsica quntica. De acordo com Kuhn, como se ocorresse uma nova reorientao da viso global, na qual os mesmos dados so inseridos em novas relaes. (cotrin, 2002, p. 250).

    Paradigmas, ento, so conquistas cient cas universalmente reconhecidas, que por certo perodo fornecem um modelo de problemas e solues aceitveis aos que atuam em certo campo de pesquisas.

    Um cuidado: o cienti cismo

    A cincia e o senso comum podem abordar as mesmas questes. O que as diferencia a maneira de conhecer e de dar as razes para o conhecimento. O senso comum quase sempre ocorre ao

    acaso, na vivncia do cotidiano, e di cilmente oferece as razes e os porqus dos fenmenos. J o conhecimento

    cient co uma intencionalidade e deve oferecer as razes para os fenmenos estudados. Por isso a pesquisa to importante para a cincia.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    No entanto, tambm no podemos concordar com a idia de que tudo deve passar pela medida da cincia. Basta lembrar o nal do sculo xix e incio do sculo passado, quando houve uma grande exaltao cincia, fruto do iluminismo e do positivismo, prin-cipalmente. Acreditava-se que a razo e a cincia resolveriam os problemas da humanidade.Essa exaltao, segundo Aranha (1998, p. 139), provocada pelo avano da cincia moderna, desembocou no cienti cismo, viso reducionista segundo a qual a cincia seria o nico conhecimento vlido. Dessa forma, o mtodo das cincias da natureza baseado na observao, experimentao e matematizao deveria ser estendido a todos os campos do conhecimento e a todas as ativi-dades humanas. A cincia virou praticamente um mito.Atualmente, a concepo de cincia est mais aperfeioada. Ela no mais considerada como algo pronto, acabado, de nitivo ou neutro. No a posse de verdades imutveis e precisa ter consci-ncia de sua falibilidade e de seus limites. Para Manoel de Barros (apud alves, 1999, p. 103): A cincia pode classi car e nomear os rgos de um sabi, mas no pode medir seus encantos.

    SEO 2Concepes histricas de cincia

    Historicamente, segundo Chau (1998, p. 252), so trs as princi-pais concepes de cincia ou de ideais de cienti cidade: a racio-nalista, a empirista e a construtivista.

    A concepo racionalista

    Essa concepo a rma que a cincia um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo. O objeto cient co uma represen-tao intelectual universal, necessria e verdadeira das coisas representadas que corresponde prpria realidade, haja visto que esta racional e inteligvel em si mesma.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    As experincias cient cas so realizadas apenas para veri car e con rmar as demonstraes tericas e no para produzir o conhecimento do objeto, este, por sua vez, conhecido exclusiva-mente pelo pensamento.O racionalismo apia-se numa con ana na capacidade do intelecto humano para conhecer o real e acredita que a razo constitui o instrumento fundamental para a compreenso do mundo.O pensamento de Ren Descartes (1596-1650), considerado o pai do racionalismo, desenvolvido sobretudo em seu livro Discurso sobre o mtodo (1637), fundamenta-se numa primeira evidncia (penso, logo existo). A garantia da certeza das novas idias se produzia quando cumpriam a condio de serem claras, distintas e no contraditrias.

    A concepo empirista

    A rma que a cincia uma interpretao dos fatos baseada em observao e experimento; que permitem estabelecer indues, e que, ao serem completadas, oferecem a de nio do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento.Nesta concepo, sempre houve grande cuidado para estabelecer mtodos experimentais rigorosos, pois deles dependia a formu-lao da teoria e a de nio da objetividade investigada.John Locke (1632-1704) foi um dos grandes sistematizadores do empirismo. Negava radicalmente que existissem idias inatas. Quando se nasce, argumentava, a mente uma pgina em branco que a experincia vai preenchendo.

    A concepo construtivista

    Considera a cincia uma construo de modelos explicativos para a realidade e no uma representao da prpria realidade. O cientista combina dois procedimentos um, vindo do racio-nalismo, e outro, vindo do empirismo e a eles acrescenta um terceiro, vindo da idia de conhecimento aproximativo e corrigvel.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    O cientista no espera que seu trabalho apresente a realidade em si mesma, mas oferea estruturas e modelos de funcionamento da realidade, explicando os fenmenos observados. So trs as exigncias de seu ideal de cienti -cidade:

    a) que haja coerncia (isto , que no haja contradies) entre os princpios que orientam a teoria;

    b) que os modelos dos objetos (as estruturas do fenmenos) sejam construdos com base na observao e na experimentao;

    c) que os resultados obtidos possam no s alterar os modelos construdos, mas tambm alterar os prprios princpios da teoria, corrigindo-a.

    Pela proposta construtivista de Jean Piaget (1896 1980), o conhecimento no um produto pronto ou acabado, pois est sujeito e fruto da integrao com o meio social, poltico, cultural e fsico, com as relaes sociais, com a imaginao pessoal, etc. Atribui tambm papel ativo do ser humano na cons-truo do processo de conhecimento.

    SEO 3Diviso da cincia

    Das inmeras classi caes feitas, de acordo com Chau (1998, p. 260-261), as mais conhecidas e utilizadas foram propostas tendo em conta trs critrios: tipo de objeto estudado, tipo de mtodo empregado e tipo de resultado obtido. Desses critrios e da simpli cao feita sobre as vrias classi caes anteriores, resultou aquela que a mais usada atualmente:

    Cincias matemticas ou lgico-matemticas: aritmtica, geometria, lgebra, trigonometria, lgica, fsica pura, astro-nomia pura, etc.

    Cincias naturais: fsica, qumica, biologia, geologia, astro-nomia, geogra a fsica, paleontologia, etc.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Cincias humanas ou sociais: psicologia, sociologia, antropo-logia, geogra a humana, economia, lingstica, arqueologia, histria, etc.

    Cincias aplicadas (cincias que conduzem inveno de tecnologias para intervir na natureza, na vida humana e nas sociedades): direito, engenharia, medicina, arquitetura, infor-mtica, etc.

    Cada uma destas cincias subdivide-se em ramos espec cos, com nova delimitao do objeto e do mtodo de investigao.

    SEO 4Mtodos e tcnicas de pesquisa

    Se voc deseja chegar a um conhecimento de nvel cient co precisa seguir alguns passos importantes. necessrio saber o que fazer e como fazer para se chegar s concluses desejadas. Para tal, fundamental que voc tenha clareza dos conceitos de mtodo e tcnica.

    O mtodo, segundo Garcia (1998, p. 44), representa um procedimento racional e ordenado (forma de pensar), constitudo por instrumentos bsicos, que implica utilizar a re exo e a experimentao, para proceder ao longo do caminho (signi cado etimolgico de mtodo) e alcanar os objetivos preestabelecidos no planeja-mento da pesquisa.

    Esse mtodo no pode ser visto como receita rgida de regras, capaz de garantir solues para todos os problemas. Nunca existiu essa receita nica, pois mtodo cient co no conjunto xo e estereoti-pado de atos a serem adotados em todos os tipos de pesquisa cienti ca. (cotrin, 2002, p. 241).

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Mtodo o conjunto de etapas, ordenadamente dis-postas, a serem vencidas na investigao da verdade, no estudo de uma cincia ou para alcanar determi-nado m. (GALLIANO, 1986, p.6).

    Tcnica o modo de fazer de forma mais hbil, mais seguro, mais perfeito, algum tipo de atividade, arte ou ofcio (GALLIANO, 1986, p. 6).

    Um exemplo rotineiro ajuda a entender melhor a dis-tino entre ambos, seguindo o exposto por Galliano (1986, p. 6):

    Quando voc cala meia e sapato, no alcanar o resultado almejado se no seguir as etapas ordenadamente dispostas: calar primeiro a meia e depois o sapato

    Esta ordenao das aes constitui o mtodo. Contudo, mesmo seguindo a indispensvel seqncia das etapas que devero ser vencidas, voc poder chegar ao resultado desejado com menor uso de tempo e energia, ou com maior perfeio, se empregar a tcnica espec ca dessa atividade.

    Vale a pena salientar que mtodos e tcnicas se rela-cionam, mas so distintos. O mtodo um plano de ao, formado por um conjunto de etapas ordena-damente dispostas, destinadas a realizar e antecipar uma atividade na busca de uma realidade, enquanto a tcnica est ligada ao modo de realizar a atividade de forma mais hbil, mais perfeita. O primeiro est rela-cionado estratgia e o segundo ttica. Para melhor entendimento entre mtodo e tcnica, o mtodo refere-se a um atendimento de um objetivo, enquanto a tcnica operacionaliza o mtodo. Os mtodos nas cincias humanas no so exclusivos entre si, devem ser adequados a cada tipo de pesquisa. Por sua vez, as tcnicas de pesquisa, em geral, esto relacionadas com a coleta de dados, ou seja, com a parte prtica (fachin, 2001, p. 29).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    importante que voc esteja atento ao uso do mtodo e da tcnica. No entanto, o sucesso da aplicao depender em grande parte da qualidade com que executado. De nada adianta optar pelo melhor mtodo ou tcnica, se estes foram aplicados por algum incapaz ou desinteressado.

    O que chamamos de mtodo cient co consiste na percepo de uma estrutura lgica de aes freqen-temente utilizadas na pesquisa cient ca, mas que, por si s, no su ciente para garantir o xito desse empreendimento. Os resultados satisfatrios de uma pesquisa dependem de amplo conjunto de fatores, que abrange desde a natureza do problema a ser pesqui-sado at os recursos materiais aplicados na pesquisa e depende, sobretudo, da criatividade e da inteligncia do pesquisador (cotrin, 2002, p. 241).

    A escolha do mtodo para orientar bem o desenvolvi-mento de um trabalho depende dos objetivos e/ou natu-reza do problema. H casos em que necessrio mais mtodos e tcnicas conjuntamente, pois um mesmo mtodo permite a utilizao de tcnicas distintas.

    impossvel descrever todos os mtodos. Cada cincia e/ou corrente cient ca possui as suas especi cidades e pressupe um mtodo adequado sua natureza. No entanto, possvel descrever alguns mtodos mais gerais, praticamente comuns a um grupo de cincias e presentes em grande escala na literatura sobre este assunto.Veja o exemplo a seguir:

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Suponhamos que um professor pea para fazer um trabalho sobre a cultura dos ndios guaranis residentes no municpio de Palhoa-SC. Dependendo do tipo de estudo, podemos usar:

    o mtodo comparativo: se quisermos comparar os costumes (ou um espec co) com o de outra tribo, ou dois grupos diferentes dentro da mesma tribo.

    o mtodo histrico: se quisermos estudar a cultura sob o ponto de vista histrico.

    o mtodo estudo de caso: se quisermos nos apro-fundar no caso espec co daquela tribo.

    Quanto s tcnicas, poderamos utilizar:

    leitura (livros, artigos, sites...), observao, question-rios, entrevistas com os prprios ndios, entrevistas com estudiosos no assunto, etc.

    Voc percebeu? Dependendo do objetivo da nossa pesquisa, devemos utilizar os mtodos e as tcnicas coerentes para aquele estudo.

    Veja os tipos de mtodos de abordagem

    Podemos identi car quatro tipos de mtodos de abordagem: o dedutivo, o indutivo, hipottico-dedutivo e o dialtico. Mtodo Dedutivo - Parte do conhecimento de dados univer-sais para a concluso de questes mais espec cas, particulares. Veja um exemplo j bem caracterstico:

    Todo homem mortal.Scrates homem.Logo, Scrates mortal.

    Fachin (2001, p.30) menciona outro exemplo:

    Todos os metais so condutores de eletricidade.A prata um metal.Logo, a prata condutor de eletricidade.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Pelo raciocnio dedutivo, se os metais pertencem ao grupo dos condutores de eletricidade e se a prata conduz eletricidade, neces-sariamente entendemos que a prata um metal. No h outra alternativa.

    Mtodo Indutivo - Para Fachin (2001, p.30), este mtodo um raciocnio que, a partir de uma anlise de dados particulares, se encaminha para noes gerais. A marcha do conhecimento principia pelos elementos singulares e vai caminhando para os elementos gerais.

    Por exemplo, partindo da observao emprica de que a prata um minrio condutor de eletricidade e que se inclui no grupo de metais, ela faz, por sua vez, parte dos minrios. Da se infere por anlise indutiva que a prata condutor de eletricidade.

    Mtodo Hipottico-dedutivo - Karl Popper acreditava que o progresso cient co acontecia em trs fases: o estabelecimento de um problema, a colocao de hipteses ou solues provisrias e a tentativa de refutao destas conjecturas.A pesquisa, portanto, inicia-se com os problemas: o que se pesquisa precisamente a soluo dos problemas, necessrio ter a imaginao criadora de hipteses ou conjecturas: precisa-se de criatividade, da criao de idias novas e boas para a soluo de problemas. Uma vez propostas, as hipteses devem ser provadas. E essa prova se d extraindo-se conseqncias das hipteses e vendo se tais conseqncias se con rmam ou no. Se elas ocorrem, diz-se que, no momento, as hipteses esto con rmadas. Se, ao contrrio, pelo menos uma conseqncia no ocorre, ento diz-se que uma hiptese est falseada. (reali; antiseri, 1991, p. 1025-1026).

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Mtodo Dialtico - Existem muitas posies divergentes sobre um assunto, seja humano, social ou natural. Quando contemplamos estas posies divergentes e, a partir das contradi-es e semelhanas entre elas, elaboramos um conhecimento siste-matizado, dizemos que utilizamos o mtodo dialtico. Esta nova soluo provisria, pois logo tambm encontrar divergncias.Vejamos como Georg W. Friedrich Hegel (1770-1831), conside-rado o idealizador deste mtodo, entendeu a dialtica:A histria dialtica porque constantemente est desenvolvendo idias novas que contradizem as antigas. Por isso um processo que no termina. Ou seja, para toda a rmao h uma negao (outra teoria), que produzem uma nova sntese (teoria). Esta sntese uma nova tese e assim sucessivamente.

    A tese a a rmao; a anttese a negao da primeira; a sntese, o resultado da dialtica do sim e do no, isto , dos contrrios.

    tese anttese

    anttesesntese (tese)

    sntese (tese)

    Esquema 1: Metodologia da dialtica de Hegel

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para entender o esquema 1, observe a descrio a seguir.

    O processo dialtico contnuo. Primeiro uma tese (idia, teoria) apresentada. Em seguida, algum contesta a primeira idia ( a anttese). No terceiro momento acontece a sntese, ou seja, uma nova idia ou teoria a partir do confronto das duas primeiras (sntese). A sntese tambm uma nova tese e assim sucessiva-mente.Veja o exemplo a seguir.

    Discute-se muito a dialtica capitalismo/socialismo. Estas poderiam ser a Tese e a Anttese. No entanto, poderamos considerar que nem um nem outro modo de produo so os ideais: ambos apresentam de ci-ncias. Logo, porque no consideram uma Terceira Via (Sntese) que considerasse os elementos da organiza-o econmica capitalista, mas que levasse em consi-derao a preocupao com as questes sociais (sade, educao, moradia...) to defendidas pelo socialismo?

    Voc concorda com a teoria da Terceira Via? No? Pois bem, ento a Sntese se transformou em Tese e voc est convidado e apresentar uma Anttese. Mas no se esquea de que outros iro questionar suas idias. Esse o processo dialtico.

    Veja os principais tipos de mtodos de procedimento

    Existem vrios tipos de mtodos de procedimento, como voc poder observar a seguir. Descreve-se brevemente cada um deles.

    Histrico - Existem algumas questes que somente so entendidas se estudadas as razes histricas. Desta maneira, pode-se compreender melhor o presente e projetar o futuro. um mtodo que pode ser usado conjuntamente com outro mtodo. Mtodo monogr co - Para Lakatos e Marconi (1996, p. 151) [...] um estudo sobre um tema espec co ou particular de su ciente valor representativo e que obedece a rigorosa meto-

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    dologia. Investiga determinado assunto no s em profundidade, mas em todos os seus ngulos e aspectos, dependendo dos ns a que se destina. Comparativo - Consiste em investigar coisas ou fatos e explic-los segundo suas semelhanas e suas diferenas. Geral-mente o mtodo comparativo aborda duas sries de natureza anloga tomadas de meios sociais ou de outra rea do saber, a m de detectar o que comum a ambos.Este mtodo de grande valia e sua aplicao se presta nas diversas reas das cincias, principalmente nas cincias sociais. Esta utilizao deve-se pela possibilidade que o estudo oferece de trabalhar com grandes grupamentos humanos em universos populacionais diferentes e at distanciados pelo espao geogr co. (fachin, 2001, p.37). Etnogr co - Quando se estuda a forma de ser de um povo, uma etnia, etc., faz-se uma descrio e anlise de sua lngua, raa, religio, cultura. Estatstico - Mtodo que implica em nmeros, percentuais, anlises estatsticas, probabilidades. Quase sempre associado pesquisa quantitativa.Para Fachin (2001, p. 46), este mtodo se fundamenta nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem e, como tal, indispensvel no estudo de certos aspectos da realidade social em que se pretenda medir o grau de correlao entre dois ou mais fenmenos. Para o emprego desse mtodo, necessariamente o pesquisador deve ter conhecimentos das noes bsicas de estatstica e saber como aplic-las.O mtodo estatstico se relaciona com dois termos principais: populao e universo, porm, para certas teorias tm o mesmo signi cado.

    Universo o conjunto de fenmenos, todos os fatos apresentando uma caracterstica comum, e populao como um conjunto de nmeros obtidos, medindo-se ou contando-se certos atributos dos fenmenos ou fatos que compem um universo.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Veja alguns tipos de Tcnicas de pesquisa

    As tcnicas, em cincia, esto relacionadas coleta de dados. Cada tipo de pesquisa exige mtodos e tcnicas prprias. Nesse sentido, hoje muito comum, falar, por exemplo, de tcnicas de coleta de dados na pesquisa quantitativa, de tcnicas de coleta de dados na pesquisa qualitativa, etc.As tcnicas devem ser escolhidas aps a de nio do tema e/ou problema a ser investigado, da de nio dos objetivos, da base terica.Por exemplo: para fazer uma pesquisa de campo, voc no pode car s numa biblioteca lendo os livros.Geralmente, as tcnicas de coleta de dados so organizadas em:

    Tcnicas de coleta de dados secundrios: so os dados que j se encontram disponveis, pois j foram objeto de estudo e anlise (livros, teses, CDs, etc.).

    Tcnicas de coleta de dados primrios: so as tcnicas para coleta daqueles dados diretamente na fonte, ou que ainda no sofreram estudo e anlise.

    Exemplos de tcnicas:

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Leitura: A principal forma de coleta de dados a leitura (livros, revistas, jornais, sites, CDs etc.), que certamente utilizada para todos os tipos de pesquisa. Esta tcnica tambm chamada de pesquisa bibliogr ca.

    Outras tcnicas: questionrio fechado, questionrio aberto, formulrio, entrevista estruturada ou fechada, entrevista semi-estruturada, entrevista aberta ou livre, entrevista de grupo, discusso de grupo, observao dirigida ou estruturada, observao livre, formulrios e chas (especialmente quando trata-se de elementos fsicos, podem ajudar para reunir os dados necessrios), brainstorming (tempestade de idias oral), brainwriting (tempestade de idias escrito), etc.

    Atividades de auto-avaliao

    Leia com ateno os enunciados e responda s questes soli-citadas. Lembre-se que estas atividades de auto-avaliao tm como objetivo desenvolver com autonomia a sua aprendizagem. Para voc obter sucesso primeiro responda todas as questes sugeridas e em seguida veri que as suas respostas, relacionando-as com as sugestes e comentrios do professor, localizadas ao nal deste livro didtico.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    1 Qual a diferena entre cincia e senso comum?

    2 Por que o conceito de cincia no unnime?

    3 Cite trs caractersticas de cincia e explique-as.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    4 Escreva sobre as trs vises de cincia, apresentadas por Chau.

    5 Qual a diferena entre mtodo e tcnica?

    6 Sobre conhecimento cient co ou cincia e mtodo cient co, correto a rmar que:

    ( ) a cincia, hoje, considerada algo pronto, acabado ou de nitivo;

    ( ) atualmente, a cincia entendida mais como uma busca cons-tante de explicaes e solues, de reviso e reavaliao de seus resultados;

    ( ) a cincia nunca falvel;

    ( ) o mtodo no substitui o talento, a inteligncia do cientista;

    ( ) o mtodo no um modelo, frmula ou receita que, uma vez aplicada, colhe, sem margem de erro, os resultados previstos ou desejados;

    ( ) o mtodo tambm tem limites, pois no ensina necessariamente a encontrar grandes hipteses, idias novas e fecundas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    7 importante ressaltar a importncia do uso do mtodo e da tcnica. O sucesso da aplicao depender em grande parte da qualidade com que executado. De nada adianta optar pelo melhor mtodo ou tcnica se estes forem aplicados por algum incapaz ou desinteressado. A escolha do mtodo para orientar bem o desenvolvimento de um trabalho depende dos objetivos e/ou natureza do problema. H casos em que necessrio mais mtodos e tcnicas conjuntamente, pois um mesmo mtodo permite a utilizao de tcnicas distintas. Com relao aos mtodos cient cos, correto a rmar que:

    ( ) o mtodo etnogr co consiste no estudo e descrio de um povo, sua lngua, raa, religio, cultura;

    ( ) no mtodo indutivo o estudo ou abordagem dos fenmenos caminha para planos cada vez mais abrangentes, indo das cons-tataes mais particulares s leis e teorias mais gerais;

    ( ) o mtodo histrico parte do princpio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros casos ou at de todos os casos semelhantes;

    ( ) o mtodo dedutivo consiste em comparar fatos sociais diferentes ou semelhantes para explicar e/ou interferir em outros fatos ou nestes pesquisados;

    ( ) o mtodo comparativo parte de teorias e leis mais gerais para a ocorrncia de fenmenos particulares.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Sntese

    Nesta unidade voc estudou uma das grandes funes da univer-sidade: o conhecimento cient co.Voc percebeu que no existe consenso sobre o conceito de cincia. O que zemos, ento, foi enumerar algumas caracters-ticas que permitem uma re exo sobre o assunto: Racionalidade, Objetividade, Socializao, Historicidade, Questionamento siste-mtico, Dialogicidade/discutibilidade, Formalidade, Paradigm-tica.Voc percebeu tambm que devemos ter um cuidado com o cienti cismo. Isso acontece quando achamos que a cincia pode explicar tudo e resolver todos os problemas. importante sabermos que existem outras formas de conhecimento e muitas vises de cincia.Por m, voc estudou algumas vises histricas de cincia e uma possvel classi cao da mesma. Para concluir, um conjunto de mtodos e tcnicas de pesquisa foi tambm apresentado. Lembre-se: a pesquisa que renova a cincia e a torna muito dinmica.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Saiba mais

    Para que voc aprofunde os conhecimentos abordados nessa unidade, sugerimos que leia o texto complementar a seguir. Nele voc ir compreender como ocorreram as revolues cient cas.

    Como ocorrem as revolues cient cas?

    A cincia normal, essa atividade que con-siste, como acabamos de ver, em resolver enigmas, um empreendimento forte-mente cumulativo que obtm xito emi-nente em cumprir seu objetivo: estender continuamente o alcance e preciso do conhecimento cient co. Sob todos esses pontos de vista, ela corresponde muito exatamente imagem mais corrente que todos tm do trabalho cient co. No entanto, no vemos nela gurar um dos elementos habituais do empreendi-mento cient co. A cincia normal no se prope a descobrir novidades nem em matria de teoria nem no que se refere aos fatos e, quando bem-sucedida em sua pesquisa, ela no as descobre. Contudo, a pesquisa cient ca descobre com muita freqncia fenmenos novos e insuspeitados, e os cientistas inven-tam todo o tempo teorias radicalmente novas. O estudo histrico permite at que se suponha que o empreendimento cient co tenha elaborado uma tcnica e ciente para produzir surpresas desse gnero. Se quisermos que esse trao caracterstico se ajuste ao que dissemos anteriormente, preciso que a pesquisa orientada por um paradigma seja um meio particularmente e caz de levar esse paradigma a mudar. Pois a que est o papel das novidades fundamentais nos

    fatos e na teoria: produzidas por inadver-tncia, no decorrer de uma brincadeira com um certo conjunto de regras, sua assimilao exige a elaborao de um outro conjunto de regras. Assim que estas se tornarem partes integrantes da cincia, o empreendimento cient co jamais ser exatamente o mesmo. [...]

    Agora devemos nos perguntar como podem se produzir mudanas desse gnero. [...] A descoberta comea com a conscincia de uma anomalia, ou seja, a impresso de que a natureza, de uma maneira ou de outra, contradiz os resul-tados da expectativa paradigmtica que governa a cincia normal. Em seguida h uma explorao mais ou menos prolon-gada da rea da anomalia. E o episdio s se encerra quando a teoria do paradigma reajustada para que o fenmeno anormal se torne fenmeno esperado. A assimilao de um novo tipo de fatos exige portanto mais do que um ajustamento aditivo da teoria e, at que o reajustamento que ela exige esteja concludo - at que o cientista aprenda a ver a natureza de maneira dife-rente - o fato novo no considerado por completo um fato cient co.

    KUHN, Thomas. A estrutura das revolu-es cient cas. In: LACOSTE, Jean. A lo-so a no sculo XX. Traduo de Marina Appenzeller. Campinas: Papirus, 1992. p. 181-182.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 2

    Alm do texto complementar anterior, sugerimos tambm que sejam consultados os livros abaixo. Eles trazem impor-tantes elementos para que voc aprofunde ainda mais o tema abordado nesta unidade.ARANHA, M. L. de A. Histria da educao. 2. ed. rev. e atual. So Paulo: Moderna, 1998.CARVALHO, M. C. M. (Org.). Construindo o saber: metodologia cient ca - fundamentos e tcnicas. 5. ed. So Paulo: Papirus, 1995.DEMO, P. Pesquisa e construo do conhecimento: metodologia cient ca no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.GALLIANO, A. G. O mtodo cient co: teoria e prtica. So Paulo: Harbra, 1986.FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 3. ed. So Paulo: Saraiva, 2001.HEERDT, M. L. Pensando para viver: alguns caminhos da loso a. 5. ed. Florianpolis: Sophos, 2003.LUCKESI, C. C.; PASSOS, E. S. Introduo loso a: aprendendo a pensar. 2. ed. So Paulo: Cortez, 1996.

    Atividade de aprendizagem

    Sugerimos que voc assista ao lme O Amor conta-gioso. Aps ver o lme, que tal participar de uma discusso no ambiente virtual desse curso? O objetivo, ao realizar esta atividade, que voc re ita sobre o papel da cincia.Este lme apresenta dois modos bem diversos de educao e de fazer cincia. Um o modo tradicional, em que h uma apresentao ntida da autoridade do professor, do diretor, dos mtodos clssicos. Outro o modo da alegria, da descontrao, da quebra do tradicionalismo, da interao do estudante com a vida diria.Qual ser o modelo preponderante? No deixe de assistir.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Outra sugesto importante o lme Epidemia. O lme mostra uma regio africana afetada por uma epidemia muito grave. Alguns mdicos se dirigem para l. No entanto, alm de descobrir o vrus que causa a doena, precisam descobrir a questo poltica envolvida no caso. muito importante assistir ao lme para que voc perceba que os interesses polticos e econmicos podem superar os interesses cient cos.

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  • UNIDADE 3

    Pesquisa cient ca: conceito e tipos 3

    Objetivos de aprendizagem

    Classi car variveis;

    conceituar pesquisa;

    classi car as pesquisas quanto ao nvel e quanto ao procedimento utilizado para coleta de dados.

    Sees de estudo

    Seo 1 O que varivel?

    Seo 2 Como classi car as variveis?

    Seo 3 O que pesquisa?

    Seo 4 Como classi car as pesquisas quanto ao nvel de profundidade do estudo?

    Seo 5 Como classi car as pesquisas quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados?

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    Para incio de conversa

    At o momento voc pde acompanhar diferentes aspectos que caracterizam o conhecimento cient co. Nesta terceira unidade voc vai estudar a pesquisa propriamente dita. Porm, para que voc possa compreender o conceito e os tipos de pesquisa necessrio, primeiramente, conhecer e classi car as variveis. Voc estudar o conceito e a classi cao dos tipos de pesquisa que podem ser classi cadas quanto ao nvel em exploratria, descritiva e explicativa e quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados em bibliogr ca, documental, experimental, estudo de caso controle, levantamento, estudo de caso e estudo de campo. Aps a leitura das quatro sees que compe esta unidade, no deixe de resolver as atividades de auto-avaliao sugeridas. Elas iro ajudar voc a estudar o contedo desta disciplina de maneira estruturada.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 3

    SEO 1O que varivel?

    Varivel um termo que vem da matemtica e signi ca fator, aspecto ou propriedade passvel de mensurao.

    Veja como isto se aplica, por exemplo, na fsica e nas cincias sociais!

    Na fsica: os fatores temperatura, massa, velocidade, extenso, dilatao, fora, etc. so variveis, pois, sob certas circunstn-cias, assumem determinado valor e podem ser mensurveis.

    Nas cincias sociais: classe social, raa, renda, escolari-dade, etc., so exemplos de variveis, pois, seguindo o mesmo raciocnio, tambm podem ser mensurados. Para Marconi e Lakatos (2003, p. 137) varivel pode ser classi cada como

    [...] medida; uma quantidade que varia; um conceito opera-cional, que contm ou apresenta valores; aspecto, [...] ou fator, discernvel em um objeto de estudo e passvel de mensurao.

    SEO 2Como classi car as variveis ?

    As variveis podem ser classi cadas conforme a nomenclatura proposta por Tuckmam (1972, p. 36-51 apud kche, 1997, p. 113) em: independente, dependente, de controle, moderadora e interveniente.A varivel independente aquela que fator, propriedade ou aspecto que produz um efeito ou conseqncia e a dependente, inversamente, aquela que conseqncia ou efeito de algo que foi estimulado.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Veja os exemplos

    O investigador quer saber se h relao signi cativa entre a classe social do ru e a sentena que proferida pelo juiz. Classe social seria a varivel independente (causa) e sentena, a varivel dependente (conseqn-cia). Vamos supor que um pesquisador na rea de sio-terapia queira investigar a e ccia da crioterapia no tratamento de entorse de tornozelo. Crioterapia seria a varivel independente (causa) e tratamento de entorse a varivel dependente (efeito).

    A varivel de controle aquele fator, propriedade ou aspecto que o pesquisador neutraliza, propositalmente, para no interferir na relao entre a varivel independente e dependente.

    Veja o exemplo:

    Para saber se determinado tratamento (uma substn-cia) tem efeito sobre o peso de ratos, um pesquisador fez um experimento. Primeiro, tomou um conjunto de ratos similares e os manteve em condies idnticas durante algum tempo. Depois, dividiu o conjunto de ratos em dois grupos. O primeiro recebeu a substncia adicionada rao, mas o segundo grupo, embora mantido nas mesmas condies, no recebeu a subs-tncia.

    Decorrido determinado perodo, o pesquisador pesou todos os ratos e comparou o peso do grupo que recebeu o tratamento com o peso do grupo que no recebeu o tratamento. (VIEIRA; HOSSNE, 2001, p. 49 grifo nosso).

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 3

    A comparao entre o grupo que recebeu o tratamento (subs-tncia) com o grupo que no recebeu o tratamento s possvel se os dois grupos forem mantidos nas mesmas condies. Portanto, s variveis de controle, tais como idade, sexo, quan-tidade e qualidade da alimentao, condies de espao e lumi-nosidade no ambiente, dentre outros fatores, devem ser rigoro-samente neutralizados para no interferirem nas relaes entre a varivel independente e dependente, no caso, tratamento com substncia e peso, respectivamente.A varivel moderadora aquele fator, aspecto ou propriedade que causa, estmulo para que ocorra determinado efeito ou conse-qncia, porm situa-se num plano secundrio. Entre estudantes da mesma idade e inteligncia, o desempenho de habilidades est diretamente relacionado com o nmero de treinos prticos, particularmente entre os meninos, mas menos diretamente entres as meninas (kche, 1997, p. 13). Neste exemplo, treinos prticos seria a varivel independente, desempenho de habilidades a varivel dependente, idade e inteligncia variveis de controle e meninos e meninas (sexo) a varivel moderadora, pois poder modi car a relao entre a varivel independente e dependente.A varivel interveniente aquele fator que, no plano terico afeta a varivel que est sendo observada, mas no pode ser medida.

    [...] crianas que foram bloqueadas na consecuo de seus objetivos mostram-se mais agressivas do que as que no foram (tuckman apud kche, 1997, p. 114). A varivel independente bloqueio, a dependente agressividade e a interveniente a frus-trao [...] o bloqueio conduz frustrao e esta agressividade. (kche, 1997, p. 114).

    SEO 3O que pesquisa?

    Pesquisa um processo de investigao que se interessa em descobrir as relaes existentes entre os aspectos que envolvem os fatos, fenmenos, situaes ou coisas. Para Ander-Egg (apud marconi; lakatos, 2003, p. 155) um procedimento re exivo sistemtico, controlado e crtico, que permite descobrir novos

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    fatos ou dados, relaes ou leis, em qualquer campo do conhe-cimento. Para Rdio (1999, p. 9) um conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento.Para que a pesquisa receba o qualitativo de cient ca, neces-srio que seja desenvolvida de maneira organizada e sistem-tica, seguindo um planejamento previamente estabelecido pelo pesquisador. no planejamento da pesquisa que se determina o caminho a ser percorrido na investigao do objeto de estudo.Rudio (1999, p. 9, grifo do autor) a rma que a pesquisa cient- ca se distingue de qualquer outra modalidade de pesquisa pelo mtodo, pelas tcnicas, por estar voltada para a realidade emprica, e pela forma de comunicar o conhecimento obtido.

    Como classi car os tipos de pesquisa?

    A classi cao dos tipos de pesquisa s possvel mediante o estabelecimento de um critrio. Se classi carmos as pesquisas levando em conta o nvel de profundidade do estudo, teremos trs grandes grupos: pesquisa exploratria, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa.Se classi carmos as pesquisas levando em conta os procedi-mentos utilizados para coleta de dados teremos dois grandes grupos. No primeiro, as que se valem de fontes de papel: pesquisa bibliogr ca e documental e, no segundo, fontes de dados forne-cidos por pessoas: experimental, estudo de caso controle, levanta-mento e o estudo de caso e estudo de campo (gil, 2002, p. 43).Veja nas sees a seguir como cada uma dessas classi caes se con gura.

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    Metodologia Cient ca e da Pesquisa

    Unidade 3

    SEO 4Como classi car as pesquisas quanto ao nvel de profundidade do estudo?

    Os tipos de pesquisa segundo nvel podem ser classi cados em:

    pesquisa exploratria, pesquisa descritiva; pesquisa explicativa

    Pesquisa exploratriaO principal objetivo da pesquisa exploratria proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo. Muitas vezes o pesquisador no dispe de conhecimento su ciente para formular adequadamente um problema ou elaborar de forma mais precisa uma hiptese. Nesse caso, necessrio desencadear um processo de investigao que identi que a natureza do fenmeno e aponte as caractersticas essenciais das variveis que se quer estudar (kche, 1997, p. 126).Os problemas da pesquisa exploratria geralmente no apre-sentam relaes entre variveis. O pesquisador apenas constata e estuda a freqncia de uma varivel. No exemplo, qual o per l motor das crianas matriculadas na escola x?, identi ca-se apenas uma varivel, no caso, per l motor. No campo da geogra a, por exemplo, poderamos fazer um levan-tamento do per l etrio de uma determinada populao. Neste caso, idade seria a varivel em estudo.O planejamento da pesquisa exploratria bastante exvel e pode assumir carter de pesquisa bibliogr ca, pesquisa documental, estudos de caso, levantamentos, etc. As tcnicas de pesquisas que podem ser utilizadas na pesquisa exploratria so: formulrios, questionrios, entrevistas, chas para registro de avaliaes clnicas, leitura e documentao quando se tratar de pesquisa bibliogr ca.

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    Pesquisa descritivaPesquisa descritiva aquela que analisa, observa, registra e corre-laciona aspectos (variveis) que envolvem fatos ou fenmenos, sem manipul-los. Os fenmenos humanos ou naturais so inves-tigados sem a interferncia do pesquisador que apenas procura descobrir, com a preciso possvel, a freqncia com que um fenmeno ocorre, sua relao e conexo com outros, sua natureza e caractersticas. (cervo; bervian, 1983, p. 55).

    Leia com ateno a matria que foi publicada na revista poca e que bem exempli ca uma pesquisa descritiva.

    Um crime, duas sentenas

    O pesquisador carioca Jorge Luiz de Carvalho Nascimento, 41 anos, debruou-se sobre 364 processos judiciais envolvendo consumo e tr co de drogas no Rio de Janeiro, recolhidos em 15 varas criminais da cidade. Concluiu que a raa do acusado interfere na sentena aplicada pelos juzes. Entre os rus de pele branca, a maioria dos condenados foi enquadrada por uso de drogas, que prev penas brandas. Negros e pardos entraram na categoria de tra cantes. Vou investigar agora se a justia racista ou se a classe social dos rus que interfere nas penas, avisa Nascimento. A maioria dos brancos pagou advogado, enquanto os de cor recorreram a defensores pblicos, explica o pesquisador, que negro e trabalha como professor do Colgio Pedro II [...]. (UM CRIME..., 1999, p. 26).

    Nesse texto, voc reparou que as variveis citadas so: natureza do delito (consumo e t