Metodologia e Análise Da Viabilidade Técnica Da Conversão de Caldeiras a Óleo Combustível Para Gás Natural

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE GS NATURAL

    Metodologia e Anlise da Viabilidade Tcnica e Econmica da Converso de

    Caldeiras a leo Combustvel para Gs Natural

    Autores: Goulart, Flvio de vila e Barberino, Nilton Passos Orientador: Torres, Ednildo Andrade

    Salvador, maro de 2003

  • 2

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE GS

    NATURAL

    Metodologia e Anlise da Viabilidade Tcnica e Econmica da Converso de

    Caldeiras a leo Combustvel para Gs Natural

    Autores: Goulart, Flvio de vila e Barberino, Nilton Passos Orientador: Torres, Ednildo Andrade Curso: Especializao em Engenharia de Gs Natural rea de Concentrao: Gs Natural

    Monografia apresentada ao Curso: Especializao em Engenharia de Gs Natural, como requisito para a obteno do ttulo de Especialista.

    Salvador, maro de 2003. Ba - Brasil

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE GS

    NATURAL

    MONOGRAFIA

    Metodologia e Anlise da Viabilidade Tcnica e Econmica da Converso de

    Caldeiras a leo Combustvel para Gs Natural

    Monografia aprovada em ____ / ____ / 2003. ____________________________________________________ Prof. Dr. Ednildo Andrade Torres, Orientador Instituio Universidade Federal da Bahia

    Salvador, maro de 2003. Ba - Brasil

  • 4

    DEDICATRIAS Nilton dedica este trabalho sua companheira Brbara, pelo incentivo desde o incio,

    pelo apoio e compreenso durante o desenvolvimento dos trabalhos, e aos seus filhos Cazuza

    e Beatriz, que tanto esperam para que ele esteja mais disponvel para eles.

    Flvio dedica este trabalho sua famlia, mulher (Rita) e filhos (Artur e Viviane), pelo

    sempre presente esprito de amor e colaborao, condies estas indispensveis para o xito

    desta monografia.

  • 5

    AGRADECIMENTOS Registramos o nosso agradecimento s seguintes pessoas que colaboraram na

    elaborao deste trabalho, com informaes preciosas:

    Engo Luis Dantas / Norsa Coca-Cola Prof. Dr. Paulo Csar Pinheiro da Costa / UFMG Engo Hugo Arajo Borges / Montercal Engenharia Ltda.

  • 6

    No basta saber, preciso aplicar; no basta querer, preciso fazer Goethe, escritor alemo (1749-1832)

  • 7

    SUMRIO

    1 INTRODUO 23

    2 REVISO DA LITERATURA 25

    2.1 Informaes sobre o Gs Natural 25

    2.1.1 Histrico 25

    2.1.2 Desenvolvimento do Gs Natural 26

    2.1.3 Gasoduto Bolvia-Brasil (GASBOL) 27

    2.1.4 Propriedades e Classificao 29

    2.1.5 Utilizao do Gs Natural em equipamentos trmicos 32

    2.1.6 Desenvolvimento Tecnolgico do Gs Natural 35

    2.2 Equipamentos envolvidos na converso 36

    2.2.1 Caldeiras em Geral 36

    2.2.2 Caldeiras Flamotubulares 49

    2.2.3 Queimadores 57

    2.2.4 Sistemas de Controle 67

    2.3 Trabalhos similares relacionados com o tema da Monografia

    69

    2.3.1 Relatrio Tcnico da Anlise Energtica do Sistema de Combusto a Gs

    Natural e Distribuio de vapor da NORSA 70

    2.3.2 Converso de Fornos Cermicos para Gs Natural A Experincia do

    CTGS no Rio Grande do Norte 70

    2.3.3 Mtodo de Clculo do Balano Trmico de Caldeiras 70

  • 8

    2.3.4 Controle de Combusto: Otimizao do Excesso de Ar 71

    2.3.5 Utilizao de Combustveis Alternativos em Caldeiras 71

    2.4 Influncia do Gs Natural na Reduo do Impacto Ambiental

    71

    2.4.1 leos Combustveis 73

    2.4.2 Gases Combustveis 74

    2.4.3 Conservao de Energia 75

    2.5 Questes Normativas de Segurana Sobre Operao e Manuteno de Caldeiras

    78

    2.6 Organismos e Programas de Financiamento

    79

    2.6.1 BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social 79

    2.6.2 BNB Banco do Nordeste do Brasil 80

    2.6.3 FINEP Financiadora de Estudos e Projetos 81

    3 METODOLOGIA 83

    3.1 Metodologia Analtica para caldeiras a leo Combustvel (OC) e a Gs Natural

    (GN) 83

    3.1.1 Volume do ar estequiomtrico seco (Varo) 83

    3.1.2 Volume total do ar seco (Var) 85

    3.1.3 Coeficiente de excesso de ar () 82

    3.1.4 Volume total do ar mido (Var) 87

    3.1.5 Quantidade dos gases secos da combusto estequiomtrica 88

  • 9

    3.1.6 Quantidade dos gases secos da combusto real 89

    3.1.7 Volume dos gases midos da combusto real (Vg) 89

    3.1.8 Balano Trmico 90

    3.1.9 Rendimento da Caldeira 93

    3.1.10 Roteiro para Levantamento de Informaes Operacionais no Campo

    95

    3.2 Estudo de Casos Tericos de Caldeiras a leo Combustvel e a Gs Natural 96

    3.2.1 Caldeira a leo Combustvel 96

    3.2.2 Caldeira a Gs Natural 104

    3.3 Estudo de Casos de Caldeiras em Funcionamento 112

    3.3.1 Caldeira a leo Combustvel 112

    3.3.2 Caldeira a Gs Natural 119

    4 VIABILIDADE ECONMICA 126

    4.1 Clculo dos Custos com Combustveis 126

    4.1.1 Casos Tericos de Caldeiras 126

    4.1.2 Casos de Caldeiras em Funcionamento 127

    4.2 Clculo da Viabilidade Econmica 128

    4.2.1 Casos Tericos de Caldeiras, com Produo mdia de 1,0 t/h 128

    4.2.2 Casos Tericos de Caldeiras, com Produo mdia de 2,0 t/h 129

    4.2.3 Casos Tericos de Caldeiras, com Produo mdia de 3,0 t/h 130

    4.2.4 Casos de Caldeiras em Operao, com Produo mdia de 1,0 t/h 131

  • 10

    4.2.5 Casos de Caldeiras em Operao, com Produo mdia de 2,0 t/h 132

    4.2.6 Casos de Caldeiras em Operao, com Produo mdia de 3,0 t/h 133

    4.3 Instalaes Tpicas de Caldeiras a leo Combustvel e a Gs Natural 134

    4.3.1 Caldeira a leo Combustvel 134

    4.3.2 Caldeira a Gs Natural 135

    5 RESULTADOS E DISCUSSES 138

    5.1 Consideraes sobre o Clculo do Rendimento 138

    5.2 Anlise dos Resultados 139

    6 CONCLUSES 140

    6.1 Consideraes Finais 140

    6.2 Concluses 141

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 143

    ANEXOS 145

    ANEXO A NR 13 146

    ANEXO B N-2309 172

  • 11

    RESUMO

    GOULART, F. A. e BARBERINO, N. P., Estudo de Viabilidade Tcnico-Econmica da Converso de Caldeiras Flamotubulares de leo Combustvel para Gs Natural, Universidade Federal da Bahia Ba, Escola Politcnica, Departamento de Engenharia Qumica, 2003, 186 p., Monografia (Especializao).

    A viabilidade da converso de caldeiras flamotubulares, de leo BPF, para gs natural,

    apresenta-se atravs da demonstrao de uma metodologia de clculo, a partir de dados

    operacionais de entrada tpicos de uma caldeira de capacidade nominal de 3,3 toneladas de

    vapor por hora, seja alimentada por GN, ou leo BPF.

    A metodologia empregada para determinao do rendimento trmico da caldeira faz-se

    atravs do clculo do balano trmico, utilizando o mtodo indireto, onde as diversas perdas

    de energias (entalpia do gases efluentes, combusto incompleta, dissipao trmica pelo

    costado, combustvel no queimado), so computadas e subtradas da energia disponibilizada

    pela queima dos respectivos combustveis.

    Os resultados obtidos atravs de uma anlise comparativa entre os arranjos das duas

    instalaes (GN e OC) representa uma economia anual de cerca de 20 vezes do valor

    investido, caso a caldeira opere a uma capacidade mdia de 2/3 da sua capacidade nominal,

    considerando os preos unitrios dos combustveis vigentes em maro/03.

    Conclui-se que os benefcios econmicos e financeiros so extremamente favorveis,

    visto que o investimento necessrio para a converso est abaixo da metade do valor de uma

    caldeira nova e com um retorno assegurado aps o 2 ms da converso.

  • 12

    Mostra-se que os benefcios tcnicos e ambientais so justificados, principalmente,

    pelo acrscimo do rendimento trmico, associados com a melhoria da qualidade do ar, isento

    de compostos de enxofre.

    Palavras Chave: Converso, Caldeiras, Gs Natural, Viabilidade, Flamotubular.

  • 13

    ABSTRACT

    GOULART, F.A. and BARBERINO, N.P., Study of Viability Technical-Economic related with Conversion of Fire Tube Steam Boilers Feeding System, from BPF Oil, to Natural Gas, Universidade Federal da Bahia Ba, Escola Politcnica, Departamento de Engenharia Qumica, 2003, 186 p., Monografia (Especializao).

    The viability of the conversion of fire tube steam boilers feeding system, from BPF oil,

    to natural gas, comes through the demonstration of a calculation methodology, starting from

    operational data of entrance typical from a boilers nominal capacity of 3,3 tonnes of steam per

    hour, be fed by GN or BPF oil.

    The methodology used for determination of the thermal efficiency is done through the

    calculation of the thermic balance using the indirect method, where the several losses of

    energies (enthalpy of the effluent gases, incomplete combustion, thermal dissipation for the

    boiler shell, fuel not burned), are computed and substracted from the energy available by the

    burning of the respective fuels.

    The results obtained through a comparative analysis among the arrangements of the

    two facilities (GN and OC) represents an annual economy about twenty times of the invested

    value, in case the boilers operates at capacity of 2/3 of your nominal capacity, considering the

    unitary prices of the effective fuels in march,2003.

    It is ended that the economical and financial benefits are extremely favorable, because

    the necessary investment for the conversion is below the half of the value of a new boiler and

    with an assured return after the 2nd month after the conversion.

  • 14

    It is shown that the technical and environmental benefits are justified, mainly, for the

    increment of the thermal efficiency, associated with the improvement of the quality of the air,

    free of sulfur composed.

    Key Words: Conversion, Boiler, Natural Gas, Viability, Fire Tube.

  • 15

    LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Caldeira do tipo flamotubular fabricante Tenge Industrial Ltda.

    36

    Figura 2.2 Representao esquemtica de uma caldeira flamotubular 42

    Figura 2.3 Representao esquemtica de uma caldeira aquotubular 44

    Figura 2.4 Caldeira flamotubular de 3 passes fabricante Kewanee 50

    Figura 2.5 Caldeira flamotubular de chama direta 53

    Figura 4.1 Fluxograma esquemtico de uma caldeira alimentada a leo combustvel 136

    Figura 4.2 Fluxograma esquemtico de uma caldeira alimentada a gs natural 137

  • 16

    LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 Composio tpica (% vol.) do GN da UPGN de Candeias-Ba 30

    Tabela 2.2 Caractersticas fsico-qumicas mdias do gs natural (20 oC e 1 atm) 31

    Tabela 2.3 Especificaes do gs natural dadas pelo Regulamento tcnico da ANP no

    003/2002 portaria no 104, de 18/07/2002 31

    Tabela 2.4 Causas dos principais problemas em queimadores 65

    Tabela 2.5 Poder calorfico, densidade, ar necessrio e coeficiente F de diversos gases

    67

    Tabela 2.6 Oferta interna de energia no Brasil 72

    Tabela 2.7 Emisses de NO2 oriundos de gases combustveis 75

    Tabela 2.8 Emisses de CO2 e SO2 75

    Tabela 3.1 Valores tpicos de perdas trmicas em caldeiras

    93

    Tabela 3.2 Amostragens de campo de PV, TV, TG e dos teores dos gases da combusto

    (%CO2, %SO2, %CO, %O2, etc.) 95

    Tabela 3.3 Amostragens na sada da chamin / caso Norsa e resumos do clculo 125

    Tabela 4.1 Resumo dos principais resultados e clculo dos custos unitrios com leo BPF e

    gs natural, nos casos tericos de caldeiras 126

    Tabela 4.2 Custos e economia mensal, comparando-se o uso de leo BPF e gs natural, por

    produo mdia de vapor, nos casos tericos de caldeiras 127

    Tabela 4.3 Resumo dos principais resultados e clculo dos custos unitrios com leo BPF e

    gs natural, nos casos de caldeiras em operao 127

    Tabela 4.4 Custos e economia mensal, comparando-se o uso de leo BPF e gs natural, por

    produo mdia de vapor, casos de caldeiras em operao 127

  • 17

    Tabela 4.5 Consumo mensal de combustvel, casos tericos de caldeiras, produo 1,0 t/h

    128

    Tabela 4.6 Fluxo de caixa, casos tericos de caldeiras, produo 1,0 t/h 128

    Tabela 4.7 Consumo mensal de combustvel, casos tericos de caldeiras, produo 2,0 t/h

    129

    Tabela 4.8 Fluxo de caixa, casos tericos de caldeiras, produo 2,0 t/h 129

    Tabela 4.9 Consumo mensal de combustvel, casos tericos de caldeiras, produo 3,0 t/h

    130

    Tabela 4.10 Fluxo de caixa, casos tericos de caldeiras, produo 3,0 t/h 130

    Tabela 4.11 Consumo mensal de combustvel, casos de caldeiras em operao, produo 1,0

    t/h 131

    Tabela 4.12 Fluxo de caixa, casos de caldeiras em operao, produo 1,0 t/h 131

    Tabela 4.13 Consumo mensal de combustvel, casos de caldeiras em operao, produo 2,0

    t/h 132

    Tabela 4.14 Fluxo de caixa, casos de caldeiras em operao, produo 2,0 t/h 132

    Tabela 4.15 Consumo mensal de combustvel, casos de caldeiras em operao, produo 3,0

    t/h 133

    Tabela 4.16 - Fluxo de caixa, casos de caldeiras em operao, produo 3,0 t/h 133

  • 18

    NOMENCLATURA Constantes

    V Volume molar nas condies normais 22,415 [l / mol]

    MH2O Peso molecular do vapor dgua 18,016 [g]

    ar Peso especfico do ar 1,293 [kg/Nm3] gn Peso especfico do gs natural 0,8012 [kg/Nm3]

    Letras Latinas

    A Coeficiente estequiomtrico do ar [ ]

    B Consumo de combustvel [kg/h ou m3/h]

    C teor de Carbono, em peso, ou em volume [%]

    CpCOMB Calor especfico do combustvel [kJ/kg.oC]

    CpAR Calor especfico mdio do ar [kJ/m3.oC]

    CpG Calor especfico mdio dos gases da combusto [kJ/m3.oC]

    DV Consumo de vapor p/ atomizao e ramonagem [kg/kgOC]

    Drh Vazo do vapor reaquecido (produzido) [kg/h]

    Dbw Vazo da gua de purga (blow-off) [kg/h]

    Gar Massa total do ar utilizado na combusto [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

  • 19

    Garo Massa do ar estequiomtrico seco [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    GO2o Massa de oxignio no ar de combusto [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    Ggo Massa dos gases secos estequiomtrico [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    Gg Massa dos gases secos da combusto real [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    GO2 Massa de CO2 nos gases da combusto [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    GSO2 Massa de SO2 nos gases da combusto [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    GN2o Massa de N2 nos gases estequiomtrico [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    GN2 Massa de N2 nos gases da combusto real [kg/kgOC ou kg/Nm3GN]

    GO2 Massa de O2 nos gases da combusto [kg/kgOC ou kg/Nm3GN] H teor de Hidrognio, em peso, ou em volume [%]

    H' Entalpia da gua temperatura de saturao na presso

    do tambor [kJ/kg]

    HF Entalpia do vapor levado nos gases da combusto [kJ/kg]

    HFW Entalpia da gua de alimentao [kJ/kg]

    Hrh" Entalpia do vapor aps ao preaquecedor [kJ/kg]

    Hrh' Entalpia do vapor antes do preaquecedor [kJ/kg]

    Hsp Entalpia do vapor superaquecido [kJ/kg]

    Hst Entalpia do vapor saturado [kJ/kg]

    HV Entalpia do vapor p/ atomizao e ramonagem [kJ/kg]

    M Peso molecular [kg]

    N teor de Nitrognio, em peso, ou em volume [%]

    O teor de Oxignio, em peso, ou em volume [%]

    PCI Poder Calorfico Inferior [kJ/kgOC ou kg/Nm3GN]

    PCS Poder Calorfico Superior [kJ/kgOC ou kg/Nm3GN]

    Pu Preo unitrio de combustvel [R$/kgOC ou R$/Nm3GN]

    PV Presso do vapor produzido [bar]

    Qd Energia disponvel [kJ/kgOC ou kJ/Nm3GN]

    Qh Energia do ar / da gua, aquecidos na caldeira [kJ/kg ou kJ/Nm3]

    Qp Energia til do vapor purgado [kW]

    Qrh Energia til do vapor produzido [kW]

    Qu Energia til total [kW]

    Q1 Calor utilizado na caldeira [kJ/kgOC ou kJ/Nm3GN]

    Q2 Energia perdida ref. entalpia gases da chamin [kJ/kgOC ou kJ/Nm3GN]

  • 20

    q2 Relao entre Q2 e Energia disponvel (Qd) [%]

    Q3 Energia perdida ref. combusto incompleta [kJ/kg]

    q3 Relao entre Q3 e Energia disponvel (Qd) [%]

    q4 Relao entre perdas com o combustvel no queimado e

    Energia disponvel (Qd) [%]

    q5 Relao entre perdas pelo costado e Energia disp. (Qd) [%]

    q6 Relao entre perdas com a entalpia das escrias e Ener-

    gia disponvel (Qd) [%]

    Qcomb Calor sensvel do combustvel [kJ/kg]

    Qaex Energia introduzida com o ar de combusto [kJ/kg]

    QP Perda de calor nas purgas de vapor [kJ/kg]

    S teor de Enxofre, em peso, ou em volume [%]

    Tcomb Temperatura do combustvel [oC]

    TPCI Temperatura de referncia do PCI do combustvel [oC]

    TG Temperatura de sada dos gases da caldeira [oC]

    TAR Temperatura do ar preaquecido externamente [oC]

    TATM Temperatura atmosfrica [oC]

    TV Temperatura do vapor produzido [oC]

    Varo Volume do ar estequiomtrico seco [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    Var Volume total do ar utilizado na combusto [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    Var Volume total do ar mido [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    Vgo Volume dos gases secos estequiomtrico [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    Vg Volume dos gases secos da combusto real [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    VCO2 Volume de CO2 nos gases da combusto [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    VSO2 Volume de SO2 nos gases da combusto [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    VN2o Volume de N2 nos gases estequiomtrico [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    VN2 Volume de N2 nos gases da combusto real [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    VO2 Volume de O2 nos gases da combusto [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN] VH2O Volume de umidade presente no ar [Nm3/kgOC ou

    Nm3/Nm3GN]

    Vat Volume de umidade do vapor de atomizao [Nm3/kgOC ou Nm3/Nm3GN]

    W teor de gua, em peso, ou em volume [%]

    Letras Gregas

  • 21

    Coeficiente de excesso de ar [ ] Umidade absoluta do ar atmosfrico [kg/kg ar seco] b Rendimento trmico bruto da caldeira [%] g Peso especfico dos gases da combusto [kg/Nm3]

    Siglas ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ANP Agncia Nacional do petrleo

    BNB Banco do Nordeste do Brasil

    BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    BPF Baixo Ponto de Fulgor

    CEG Companhia Estadual de Gs

    CNP Conselho Nacional do Petrleo

    CTGS Centro de Tecnologia do Gs

    CTPETRO Plano Nacional de Cincia e Tecnologia de Petrleo e Gs Natural

    DEQ Departamento de Engenharia Qumica

    FNDCT Fundo nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    PMPE Programa de Apoio s Micro e Pequenas Empresas

    FAFEN Fbrica de Fertilizantes do Nordeste

    FINAME Financiamento de Mquinas e Equipamentos

    FTV Fundao Teotnio Vilela

    GASBOL Gasoduto Bolvia-Brasil

    GC Gs Combustvel

    GLP Gs Liquefeito de Petrleo

    GN Gs Natural

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    MME Ministrio das Minas e Energia

    NR Norma Regulamentadora do Ministrio do Trabalho

    OC leo Combustvel

    OCA1 leo Combustvel tipo A1

    PCI Poder Calorfico Inferior

    PCS Poder Calorfico Superior

    PMTA Presso Mxima de Trabalho Admissvel

  • 22

    PNC Programa Nordeste Competitivo

    PROGAP Programa de Apoio a Investimento em Petrleo e Gs

    RLAM Refinaria Landulpho Alves de Mataripe

    SISBACEN Sistema de Informaes do Banco Central

    UFBA Universidade Federal da Bahia

    UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

    UPGN Unidade de Processamento de Gs Natural

  • 23

    CAPTULO 1 INTRODUO

    O estudo de viabilidade tcnico-econmico e ambiental, da converso de caldeiras

    flamo-tubulares alimentadas a leo BPF, para gs natural, nas empresas de pequeno e mdio

    porte, que utilizam vapor de baixa e mdia presso, como apoio e/ou parte integrante do seu

    processo produtivo, em setores da indstria (alimentcia, txtil, bebida, olaria, couro, etc.), ou

    em servios (hospital, lavanderias, etc.), torna-se importante e estratgico nos dias atuais,

    visto a crescente oferta de gs natural, disponibilizado pelas concessionrias estaduais a

    preos competitivos em relao aos demais energticos (principalmente nos grandes centros

    urbanos e regies metropolitanas), como tambm, observando a crescente presso dos rgos

    ambientais (estadual e federal) quanto ao cumprimento dos parmetros de controle de emisso

    de gases para a atmosfera, fixando prazos para a adequao s normas ambientais vigentes,

    para todos os estabelecimentos industriais ou de servios que atualmente utilizam o leo BPF

    em caldeiras flamotubulares.

    Os objetivos deste estudo para implementao de uma tecnologia mais limpa, para uma

    esperada reduo nos custos operacionais e de manutreno dos sistemas de caldeiras

    alimentadas por leo BPF, so os seguintes:

    Desenvolvimento de uma metodologia de clculo dos principais parmetros operacionais e de controle, alm do clculo do balano trmico, considerando uma avaliao

  • 24

    detalhada, para caldeiras alimentadas a leo Combustvel e a Gs Natural e aplicar estas metodologias em estudos de casos tpicos;

    Apresentao de uma anlise comparativa tcnico-econmica entre os arranjos das duas instalaes (leo BPF e GN), considerando algumas variveis da converso, tais como, custos, vantagens operacionais e de manuteno, atendimento legislao ambiental, fontes de financiamento e uma estimativa do retorno do investimento da converso em uma instalao tpica, de capacidade nominal 3,3 t/h de vapor produzido;

    Estabelecimento de uma relao entre o caso estudado e outros casos tpicos, por capacidade de vapor produzido.

    Este estudo no contm novas teorias ou informaes, mas traz uma abordagem mais

    detalhada e especfica sobre o tema da converso de caldeiras flamo-tubulares, de leo

    combustvel BPF para gs natural.

  • 25

    CAPTULO 2

    REVISO DA LITERATURA

    2.1 Informaes sobre o Gs Natural

    2.1.1 Histrico

    A utilizao do gs natural (GN) no Brasil iniciou-se com a descoberta de petrleo em

    Lobato (1939) e gs natural em Candeias (1941), sendo o gs produzido utilizado na

    Termoeltrica de Cotegipe, na fbrica de cimento de Aratu, e em algumas indstrias txtil e

    cermica localizadas na regio. Fora raros exemplos, o GN foi at bem pouco tempo, relegado

    a um papel secundrio, reinjetado nos poos para a recuperao secundria de petrleo, ou

    mesmo queimado nas prprias plataformas e em flares.

    Em 1962 a Petrobras instalou uma planta de processamento de gs natural, em Pojuca-

    Ba, para a obteno do lquido de gs natural (gasolina natural C5), e em 1970 uma unidade

    para a produo de GLP na Refinaria de Mataripe-RLAM. A partir de 1971 o gs natural foi

    utilizado como matria prima para a produo de amnia e uria em uma indstria de

    nitrogenados localizada em Camaari (Petrofertil). Com a implantao do Plo Petroquimico

    de Camaari (1978), aumentou. o uso do gs natural no setor industrial. A descoberta de gs

    na plataforma continental de Sergipe, a construo do gasoduto Sergipe-Bahia, a instalao da

    planta de processamento de gs natural e da fbrica de fertilizantes em Sergipe, e a

    apropriao de reservas de gs no associado, asseguraram a utilizao das reservas de gs da

    regio.

  • 26

    A partir da dcada de 80, a crescente oferta de gs associado na plataforma continental

    do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Cear, as descobertas de gs no associado no

    Esprito Santo e Alagoas, Rio Grande do Norte, e Amazonas (rio Juru), e a instalao dos

    gasodutos ligando a bacia de Campos a So Paulo e Minas Gerais, possibilitaram ampliar o

    mercado consumidor, e diversificar a sua utilizao, criando uma participao efetiva do gs

    natural no balano energtico nacional.

    2.1.2 Desenvolvimento do Gs Natural

    No pas, a utilizao do gs natural (GN), em grande escala, s ocorreu a partir do incio

    da dcada de 60, vinte anos aps as primeiras descobertas no Recncavo Bahiano. At ento,

    o consumo ficara restrito aos campos, onde o gs serve, por um lado, como insumo de

    produo, na medida em que sua reinjeo aumenta a taxa de extrao do petrleo e, por outro

    lado, como fonte de calor, abastecendo os queimadores que aquecem o leo combustvel antes

    que este alimente as caldeiras. Em razo do crescente volume de gs natural associado ao

    petrleo descoberto na Bahia e em conformidade com a poltica de substituio da importao

    de derivados, em 1962, a Petrobrs instalou a primeira unidade de processamento de gs

    natural (UPGN) do pas, no Municpio de Pojuca. Em 1964 a unidade estava em pleno

    funcionamento, extraindo condensados (Butano e Propano) para produo de gs liquefeito de

    petrleo e gasolina natural, 132 mil m naquele ano. Durante toda dcada de 60 este foi o

    nico empreendimento a aproveitar o gs natural no pas. Em meados daquela dcada, a

    expanso da produo agrcola aumentou de forma significativa a demanda por fertilizantes,

    enquanto a unidade de produo paulista, nica que fabricava amnia, cido ntrico e nitrato

    de clcio, enfrentava problemas em seus compressores, com os catalizadores importados e

    com a falta de matrias primas, no conseguindo assim atender s necessidades do pas. Na

    indstria petroqumica, o gs de sntese insumo para produo de amnia e uria, que por

    sua vez, so a base para produo de fertilizantes nitrogenados. Esta tipicamente uma

    utilizao no energtica do gs natural, onde ele provou ter grande vantagem frente a seu

    principal concorrente: gs derivado do nafta. A experincia norte-americana, a propsito,

    inquestionvel: o setor qumico fundou sua competividade justamente sobre o aproveitamento

    do gs natural, diferentemente da indstria europia e japonesa que se apoiaram na

    carboqumica no incio e no aproveitamento do nafta, aps a II Guerra Mundial. Partindo

    destas constataes e da crescente disponibilidade de gs natural nos campos do Recncavo,

    em 1965, a Petrobrs decediu construir uma fbrica de uria na Bahia e depois criou a

  • 27

    Petroquisa, sua maior subsidiria no setor por duas dcada e, em 1969, comeou a

    construo da 2 unidade de processamento de gs natural no Municpio de Candeias.

    Estavam postas as bases para o surgimento, na dcada seguinte, do Plo Petroqumico no

    Nordeste. Em 1970, fora dos campos de petrleo, a utilizao do gs natural estava restrita s

    instalaes da Petrobrs e algumas subsidirias recm-criadas no Estado da Bahia. O

    consumo total era de 1.000.000 m / dia, dos quais 675.000 eram reinjetados, 195.000 eram

    consumidos no prprio campo, como fonte de calor, 105.000 abasteciam a UPGN de Pojuca e

    apenas 25.000 eram utilizados para outros fins. A inaugurao, em 1971, da nova planta de

    gasolina natural, com capacidade para tratar 2.000.000 m /dia, permitiu aumentar

    consideralvelmente e ao mesmo tempo o fornecimento de combustveis lquidos, de gs

    liquefeito de petrleo e de gs natural (seco). Assim, a disponibilidade de gs natural para a

    petroqumica, a siderurgia e como fonte de calor para outras indstria alcanou 142.000

    m/dia. O substancial crescimento da procura era resultado do comeo da produo de amnia

    e uria no novo Conjunto Petroqumico da Bahia, depois Petrofrtil (atual FAFEN). Era o

    incio da implantao do II Plo Petroqumico brasileiro.

    2.1.3 Gasoduto Bolvia Brasil (GASBOL)

    O Gasoduto Bolvia-Brasil constitui a segunda maior obra binacional de infra-estrutura

    j realizada, atrs somente da Usina Hidreltrica de Itaipu. Tem 3.150 km e se estende desde

    Santa Cruz de La Sierra, na Bolvia at Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, atravessando

    cinco estados, 135 municpios e mais de quatro mil propriedades. O Gasbol tem traado

    estratgico em faixa de influncia que responde por 82% da produo industrial brasileira,

    75% do PIB e 71% do consumo energtico nacional.

    Em 1998, a Petrobras, por intermdio de seu Servio de Engenharia, concluiu a

    construo do trecho norte do gasoduto, entre Santa Cruz de La Sierra, na Bolvia, e

    Campinas, em So Paulo, com 1.970 quilmetros de extenso. A concluso do trecho sul,

    entre Campinas, em So Paulo, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com 1.180 quilmetros

    de extenso, ocorreu no incio de 2000, quando o gs boliviano chegou aos estados do Paran,

    de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

    Desde abril DE 2001, o gasoduto vem entregando em mdia 8 milhes de metros

    cbicos/dia. Atualmente, est operando com cerca de 15 milhes de metros cbicos / dia

    (metade da capacidade), com previso de atingir 30 milhes de metros cbicos/dia em 2004.

  • 28

    Em 2010, com a plena operao do gasoduto e de outras obras de porte, a participao

    do gs natural na matriz energtica, hoje em 2,6%, saltar para mais de 12%

    2.1.3.1 Dados tcnicos (trechos em territrio brasileiro):

    a) Extenso Total :

    3.150 Km, sendo 2.593 km em territrio brasileiro

    Trecho Bolvia-Campinas: 1.970 km

    Trecho Campinas-Rio Grande do Sul: 1.180 km

    b) Dimetro dos tubos :

    32 polegadas (1815 km), 24 polegadas (624 km), 20 polegadas (281 km), 18 polegadas

    (178 km) e 16 polegadas (252 km).

    c) Capacidade de Transporte: 30 milhes de m3/dia

    d) Investimentos: aproximadamente US$ 2 bilhes

    e) Estaes de Medio

    Rio Grande e Mutum, na Bolvia; Corumb e Paulnia, no Brasil, no total de 4.

    f) Estaes de Compresso :

    Izozog, Chiquitos, Robore e Yacuses, na Bolvia, e Albuquerque, Guaicurus, Anastcio,

    Campo Grande, Mimoso, Rio Verde, Mirandpolis, Penpolis, Ibitinga, So Carlos, Araucria

    e Biguau, no Brasil, em um total de 16.

    g) City-gates :

    So 30 city-gates, estaes de reduo de presso e medio do gs, localizadas em

    Mato Grosso do Sul, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    h) Operao:

    O gasoduto operado pela Transportadora Brasileira Gasoduto Bolvia-Brasil S.A. -

    TBG, cujo controle acionrio pertence Gaspetro:

    51 % Gaspetro

  • 29

    29 % BBPP Holdings (9,66% British Gas; 9,66% BHP; 9,66% El Paso Energy) 12 % (6% Transredes Fundos de Penso Boliviano; Shell 3%; ENRON 3%) 4 % Shell 4 % ENRON

    2.1.4 Propriedades e Classificao

    O gs natural (GN) uma mistura de hidrocarbonetos e outros compostos qumicos,

    encontrada em fase gasosa ou em soluo com o petrleo em reservatrios naturais

    subterrneos. Os hidrocarbonetos presentes no GN so os mais leves da srie parafinas

    (hidrocarbonetos saturados, CnH2n+2). O principal composto presente o metano (CH4), alm

    do etano (C2H6), propano (C3H8), butano (C4H10), hexano (C6H14) e pequenas quantidades de

    compostos parafnicos mais pesados. Dependendo da jazida, pode ser encontrado pequenas

    quantidades de hidrognio (H2), nitrognio (N2), gua (H20), gs carbnico (CO2), monxido

    de carbono (CO), gs sulfdrico (H2S), hlio (H), argnio (Ar) e mercaptanas (R-SH). O vapor

    de gua presente encontra-se saturado, e seu teor definido pela temperatura de distribuio do

    gs. O CO2, apesar de ser considerado inerte por no queimar, forma cido na presena de

    gua livre.

    Quanto origem o Gs Natural classificado em:

    a) Gs associado. Encontrado dissolvido no petrleo cr e/ou formando uma camada

    protetora gasosa sobre ele (gs livre). Quanto mais fundo o poo, encontra-se mais gs do que

    petrleo. No Brasil cerca de 65% das reservas de GN e 85% de sua produo de gs

    associado, e em todo mundo cerca de 40% [a.1].

    b) Gs no associado. Encontrado em depsitos subterrneos, no acompanhados de

    hidrocarbonetos em fase lquida.

    Existem vrias teorias que explicam a origem do petrleo e do gs natural: a degradao

    termoqumica da matria orgnica (restos de animais e vegetais, depositados no fundo dos

    mares e lagos do passado), a maturao dos leitos de carvo e rochas gneas (formadas por

    resfriamento e solidificao de magmas) e metamrficas (originadas de rochas pr-existentes,

    por transformaes mineralgicas, qumicas e estruturais, essencialmente no estado slido,

  • 30

    em resposta a marcantes mudanas na temperatura, presso, e a movimentos da crosta

    terrestre).

    O GN e o petrleo so originrios principalmente da maturao trmica da matria

    orgnica contida nas rochas. As caractersticas do combustvel formado vo depender do tipo

    de matria orgnica predominante, e a histria trmica da bacia. As rochas geradoras so

    continuamente soterradas pela deposio de novos sedimentos, o que as submete a uma

    elevao constante da temperatura e presso, formando os hidrocarbonetos.

    A quantidade e composio dos hidrocarbonetos gerados, modificam-se gradativamente

    em funo da elevao da temperatura. Em sedimentos recm depositados, que se encontram

    a baixas temperaturas, a atividade microbiana o principal agente de degradao, gerando o

    biogs. Quando a matria orgnica, principalmente a originria de algas, submetida a

    condies trmicas adequadas (paleo-temperaturas entre 60 e 80 C), comea a fase de

    formao de hidrocarbonetos lquidos. Com o aumento progressivo da temperatura (at a

    faixa de 130-1500 C), a matria orgnica remanescente e os hidrocarbonetos j formados,

    convertem em metano termognico.

    Componente Gs Natural UPGN

    Nitrognio 1,26 1,30 Oxignio 0,01 0,01

    CO2 0,71 0,74

    Metano 82,98 87,29

    Etano 9,98 10,24

    Propano 5,06 0,42

    Tabela 2.1 Composio tpica (% vol) do GN da UPGN de Candeias-Ba

    Caracterstica Valor

    Poder Calorfico Superior 40.161 kJ/m3 Poder Calorfico Inferior 36.265 kJ/m3

    Densidade Relativa (Ar) 0,62

    ndice Wobbe (PCS) 50963

    Fator Compressibilidade 17,96 g/mol

  • 31

    Tabela 2.2 Composio tpica (% vol) do GN da UPGN de Candeias-Ba

    Depois que o GN sai de suas jazidas ele sofre um processamento para retirar as fraes

    pesadas (propano, butano etc), de maior valor econmico, e as impurezas (H2S, CO2). O H2S

    deve ser retirado devido a sua elevada toxidade e formao de cido. O CO2 para aumentar o

    poder calorfico e evitar a formao de gelo seco. Em seguida enviado por gasodutos s

    empresas distribuidoras (CEG/Congs/Gasmig/Bahiagas) e destas para os locais de consumo

    (indstrias, postos de GNV, residncias, etc.).

    LIMITE (2) (3) MTODO CARACTERSTICA UNIDADE

    Norte Nordeste Sul, SE e Centro-Oeste

    ASTM ISO

    kJ/m3 34.000 a 38.400 35.000 a 42.000 Poder Calorfico Superior (4) kWh/m3 9,47 a 10,67 9,72 a 11,67

    D 3588 6976

    ndice de Wobbe (5) kJ/m3 40.500 a 45.000 - 6976

    Metano, mn. % vol. 68,0 D 1945 6974

    Etano, mx. % vol. 12,0

    Propano, mx. % vol. 3,0

    Butano e mais pesados, mx.

    % vol. 1,5

    Oxignio, mx. % vol. 0,8 0,5

    Inertes (N2 + CO2), mx.

    % vol. 18,0 5,0 4,0

    Nitrog6enio % vol. Anotar 2,0

    Enxofre Total, mx. mg/m3 70 D 5504 6326-2 6326-5

    Gs Sulfdrico (H2S), mx. (6)

    mg/m3 10,0 15,0 10,0 D 5504 6326-2 6326-5

    Ponto de orvalho da gua a 1 atm, mx.

    oC -39 -39 -45 D 5504 -

    Tabela 2.3 Especificaes (1) do gs natural dadas pelo Regulamento tcnico da

    ANP no 003/2002 portaria no 104, de 18/07/2002

    Observaes:

    (1) O gs natural deve estar tecnicamente isento, ou seja, no deve haver traos visveis

    de partculas slidas e de partculas lquidas.

    (2) Limites especificados so valores referidos a 293,15 K (20 oC) e 101,325 kPa (1

    atm) em base seca, exceto ponto de orvalho.

  • 32

    (3) Os limites para a regio Norte se destinam s diversas aplicaes exceto veicular, e

    para este uso especfico devem ser atendidos os limites equivalentes regio Nordeste.

    (4) O poder calorfico de referncia de subst6ancia pura empregado no Regulamento

    Tcnico ANP no 003/2002, encontra-se sob condies de temperatura e presso equivalentes a

    293,15 K e 101,325 kPa, respectivamente, em base seca.

    (5) O ndice de Wobbe calculado empregando o Poder Calorfico Superior em base

    seca. Quando o mtodo ASTM D 3588 for aplicado para a obten do Poder Calorfico

    Superior, o ndice de Wobbe dever ser determinado pela frmula constante no Regulamento

    Tcnico (ver item 2.2.3.8 desta monografia).

    (6) O gs odorizado no deve apresentar teor de enxofre total superior a 70 mg/m3.

    2.1.5 Utilizao do Gs Natural em Equipamentos Trmicos

    Em um equipamento trmico, operando com qualquer combustvel, busca-se atender os

    seguintes objetivos:

    Baixo custo operacional; Combusto completa com segurana e operacionalidade; Mxima eficincia trmica (transmisso de calor otimizada); Nveis de emisso de poluentes (S02, particulados, CO, hidrocarbonetos e NOx)

    dentro dos nveis regulamentares.

    Atender a estes objetivos simultaneamente, supera a tcnica tradicional de controle de

    combusto, tornando-se um processo complexo de otimizao. As caractersticas do GN

    fazem dele uma excelente alternativa para os demais combustveis, devido s seguintes

    vantagens:

    a) Encontra-se pronto para o consumo, no sendo necessrio manipulaes ou

    preparao antes da combusto.

    b) O gs natural facilmente miscvel com o ar, obtendo-se um contato ntimo entre o

    combustvel e o ar, reduzindo-se o excesso de ar necessrio para assegurar a combusto

    completa. fcil o controle da atmosfera da fornalha, e a obteno de uma chama longa, de

    combusto lenta, com liberao gradual e uniforme da energia.

  • 33

    c) O gs se desloca e se manipula com facilidade. Basta uma vlvula para regular com

    preciso as vazes de ar e gs. Pode-se obter variaes rpidas e grandes da vazo, mantendo-

    se constante a relao de mistura.

    d) O GN praticamente no contm impurezas. Seus produtos de combusto tm baixos

    nveis de poluio, comparativamente aos outros combustveis. O teor de enxofre do GN

    muito inferior ao dos carves e dos leos combustveis. No origina deposio de resduos

    que contaminam a produo ou que afetem a eficincia do equipamento e/ou instalaes. Isto

    simplifica e diminui os custos de operao e manuteno.

    e) Em estado gasoso, o GN permite vrias configuraes e tipos de queimadores, alm

    de grande flexibilidade no seu funcionamento. A eficincia dos sistemas de combusto base

    de GN em geral maior, porque permite maior flexibilidade de regulagem e controle dos

    equipamentos.

    Entre as desvantagens do gs natural, pode-se citar:

    a) A densidade do gs natural muito menor do que a dos combustveis slidos e

    lquidos. Isto leva a dificuldades de armazenamento e de transporte.

    b) Devido ao alto teor de hidrocarbonetos leves (alto teor de hidrognio), os produtos da

    combusto possuem grande quantidade de vapor-dgua. Assim, o calor especfico dos

    produtos alto, as temperaturas de combusto so mais baixas e existe os problemas devido

    condensao do vapor.

    c) A quantidade (em massa) de combustvel dentro da fornalha muito pequena. Isso

    torna a combusto muito sensvel variao de consumo de ar e combustvel, e permite, em

    caso de necessidade, modificar a carga da fornalha instantneamente. Ao mesmo tempo torna-

    se crtico o controle da combusto, pois uma interrupo da alimentao provocar a extino

    da chama, o que est vinculado ao perigo de exploso ao recomear a alimentao. Por isso,

    nessas fornalhas normalmente so instalados vrios queimadores.

    O gs natural tem um grande espectro de aplicaes, tanto em uso industrial,

    automotivo ou residencial. Na indstria do petrleo utilizado na reinjeo em poos para

    recuperao secundria de petrleo, na produo de GLP e gasolina natural, e como matria-

  • 34

    prima na indstria petroqumica e de fertilizantes. O uso domstico limitado substituio

    do GLP e do gs de rua, em locais onde existe rede de distribuio de gs canalizado.

    Na indstria o GN pode ser utilizado em caldeiras, em substituio ao leo combustvel,

    para gerar vapor, ou aquecer fluido trmico, utilizado no aquecimento das indstrias de

    alimentos, papel e celulose, txtil etc., acionamento de ventiladores, bombas e compressores e

    gerao de eletricidade. Pode ser utilizado em substituio do GLP em oxicorte. O uso em

    fornos industriais amplo, sobretudo devido ausncia de cinzas e ao baixo teor de enxofre,

    que poderiam contaminar o produto. O contato direto dos produtos da combusto com

    produtos alimentcios, apesar de prtica usual, no recomendvel devido presena de

    hidrocarbonetos.

    O uso do GN como combustvel automotivo reduz sensivelmente a emisso de

    poluentes. cerca de 60 % mais barato que o leo diesel e seu uso como combustvel

    aumenta a vida do motor, reduzindo os custos de manuteno e consumo de leos

    lubrificantes. Pode ser utilizado em motores de combusto interna (Otto, Diesel), em

    substituio da gasolina e leo diesel.

    O uso em turbinas a gs recomendado, pois os demais combustveis devem sofrer

    tratamento prvio, afim de eliminar resduos e evitar a contaminao a altas temperaturas. As

    turbinas a gs podem ser utilizadas para acionar bombas, compressores etc. Sua utilizao

    mais importante a gerao de eletricidade, sobretudo em termoeltricas que trabalham em

    regime de ponta ou como unidades de emergncia, pois podem entrar em operao em poucos

    minutos. O uso de turbinas a gs para gerao termoeltrica vem aumentando, devido ao

    baixo investimento, baixo custo operacional e alto rendimento trmico. O uso de ciclo

    combinado (turbina a gs + caldeira de recuperao + turbina de vapor a gs) permite atingir

    rendimentos da ordem de 55 %, com baixa emisso de poluentes [a.1].

    2.1.6 Desenvolvimento Tecnolgico do Gs Natural

    O Centro de Tecnologia do Gs tem sido base tecnologia para o mercado do gs natural.

    O CTGS um consrcio criado pelo Senai e pela Petrobrs para atender s distribuidoras de

    gs natural do pas. Criado em abril de 1999 o Centro iniciou suas atividades em abril de

    2002.

  • 35

    Desde o incio de suas atividades, o CTGS tem oferecido suporte tecnolgico desde a

    explorao at o uso final do gs, dando mais nfase nas atividades de utilizao do gs

    natural.

    A base laboratorial do CTGS oferece desde o apoio didtico at o apoio tecnolgico

    para desenvolvimento de logsticas solicitadas pelas empresas. Os laboratrios abrangem toda

    a rea de utilizao do gs natural, ou seja, existem laboratrios de calibrao, de combusto,

    de teste de cilindros entre outros.

    A sede do CTGS em Natal, mas sua base tecnolgica abrange todo o Brasil atravs

    da rede de Ncleos do Gs instalados nas filiais do Senai que vo desde Porto Alegre at

    Fortaleza. Atualmente so 12 Ncleos espalhados pelo o pas, at o final do ano ser

    inaugurado mais quatro Ncleos do Gs.

    A indstria do gs natural ainda est nascendo no Brasil e, em 10 anos, a previso de

    se ter no s o mercado industrial, mas grandes atividades no mercado residencial e

    comercial, como acontece em outros pases que j utilizam este combustvel h vrios anos. O

    CTGS tem o papel de dar a sustentao tecnolgica na formao de profissionais

    qualificados para este novo mercado que cresce continuamente no pas.

    Hoje o CTGS est trabalhando com cursos de nvel mdio e especializao (lato-

    sensu) em parceria com algumas universidades. Os cursos em mdia tm a durao de at 400

    horas e a relao de custo-benefcio para o engenheiro formado bem maior, mais rpida e

    mais barata do que se transforma-lo em um curso superior, j que a reciclagem de m

    profissional formado mais benfica para o mercado.

    O CTGS no tem o intuito de produzir novas tecnologias, j que a tecnologia do gs

    consolidada praticamente no mundo inteiro, havendo algumas iniciativas de grandes empresas

    que j atuam h anos no mercado. Hoje, a pretenso do CTGS adaptar essa tecnologia j

    existente ao mercado do gs natural brasileiro, criando normas, customizando e demonstrando

    as vantagens da utilizao do gs natural nos setores industrial, comercial, residencial e

    automotivo.

    2.2 Equipamentos Envolvidos na Converso

  • 36

    2.2.1 Caldeiras em geral

    2.2.1.1 Definio

    Caldeira um trocador de calor complexo que produz vapor de gua sob presses

    superiores a atmosfrica a partir da energia trmica de um combustvel e de um elemento

    comburente, ar, estando constitudo por diversos equipamentos associados e perfeitamente

    integrados para permitir a obteno do maior rendimento trmico possvel. Ver figura a

    seguir.

    Figura 2.1 Caldeira do tipo flamotubular fabricante Tenge Industrial Ltda.

    Na produo de energia, mediante aplicao do calor que desprendem os combustveis

    ao serem queimados nas caldeiras, desenvolve-se o seguinte processo evolutivo: a gua

    recebe calor atravs da superfcie de aquecimento; com o aumento da temperatura e atingida a

  • 37

    temperatura de ebulio, muda de estado transformando-se em vapor sob determinada

    presso, superior atmosfrica, para uso externo. A potncia calorfica do combustvel

    converte-se assim em energia potencial no vapor, que na sua vez transforma-se em mecnica

    por meio de mquinas trmicas adequadas para a obteno de energia eltrica, hidrulica ou

    pneumtica.

    2.2.1.2 Generalidades

    Essencialmente uma caldeira um recipiente no qual a gua introduzida e pela

    aplicao de calor continuamente evaporada. Qualquer que seja o tipo de caldeira considerado

    sempre estar composta por trs partes essenciais que so: a fornalha ou cmara de

    combusto, a cmara de lquido e a cmara de vapor. Os condutos para descarga dos gases e

    a chamin no formam parte integral da caldeira; constituem construes independentes que

    so adicionadas ao corpo resistente da mesma, no estando expostas presso do vapor.

    A fornalha ou cmara de combusto a parte da caldeira onde se queima o combustvel

    utilizado para a produo do vapor.

    Quando a caldeira queima combustveis lquidos, gases ou produtos pulverizados, a

    fornalha est constituda por uma cmara no interior da qual, e mediante combustores ou

    queimadores injetado o combustvel gasoso, liquido ou pulverizado, que queima ao entrar

    em contato com o ar comburente que entra fornalha atravs de portas especiais.

    As cmaras de gua e vapor constituem as superfcies internas de caldeira propriamente

    dita. Esto constitudas de recipientes metlicos hermticos de resistncia adequada que

    adotam a forma de invlucros cilndricos, coletores, tubos, etc., devidamente comunicados

    entre eles; na sua face interna contm a gua a ser vaporizada, estando a quase totalidade da

    superfcie externa em contato com as chamas ou gases da combusto. A parte inferior deste

    recipiente recebe o nome de cmara de lquido; o espao limitado entre a superfcie da gua e

    a parte superior denomina-se cmara de vapor.

    Os condutos de fumaa e a chamin, dispostos na parte final do percurso que seguem os

    gases no interior da caldeira, tem como objetivo conduzir para o exterior os produtos da

    combusto que transmitiram parte do seu calor para a gua e vapor, atravs da superfcie de

    aquecimento. A chamin tem tambm a funo de aumentar a velocidade de descarga dos

  • 38

    gases, produzindo urna tiragem natural que promove a entrada de ar fornalha acelerando

    assim a combusto.

    Da idia de direcionar os produtos quentes da combusto atravs de tubos dispostos no

    interior da caldeira surgiu o projeto da caldeira flamotubular que no somente aumenta a

    superfcie de aquecimento exposta gua, como tambm produz uma distribuio mais

    uniforme do vapor em gerao, atravs da massa de gua. Em contraste com a idia

    precedente, o projeto de caldeiras aquotubulares mostrou um ou mais coletores unidos por

    uma grande quantidade de tubos atravs dos quais circulava a mistura de gua e vapor. O

    calor flui do exterior dos tubos para a mistura. Esta sub-diviso das partes sob presso tornou

    possvel a obteno de grandes capacidades e altas presses.

    2.2.1.3 Principais Parmetros Operacionais das Caldeiras

    Os parmetros operacionais que caracterizam as caldeiras e, de modo geral, qualquer

    aparelho de vaporizao, so os seguintes:

    a) Presso mxima de trabalho admissvel (PMTA) o maior valor permitido durante

    o funcionamento normal da caldeira, para a presso efetiva do vapor, medida em determinado

    ponto, definido pelo cdigo adotado na sua construo ou pelas regras da boa tcnica. Com o

    intuito de evitar que este valor possa ser ultrapassado so colocados dispositivos automticos

    de descarga do vapor em excesso, denominados de vlvulas de segurana.

    b) Presso de teste a presso de ensaio hidrosttico a que deve ser submetido a

    caldeira.

    c) Capacidade de evaporao ou potncia da caldeira a massa de vapor que capaz de

    produzir em uma hora. Modernamente, a tendncia expressar a capacidade de uma caldeira

    em termos de contedo trmico horrio correspondente ao vapor produzido. Na atualidade

    normal expressar a medida de capacidade de uma caldeira como inicialmente estabelecido em

    kg/h ou mesmo em t/h.

    A produo normal de vapor define a quantidade de vapor capaz de ser gerado por uma

    caldeira em condies de presso de regime, temperaturas e eficincia garantidas pelo

    fabricante.

  • 39

    A produo mxima contnua de vapor define a descarga mxima de produo de vapor

    capaz de ser gerado por uma caldeira em regime contnuo.

    A produo de picos corresponde maior descarga de vapor, em determinados

    perodos de tempo, capaz de ser obtida na mesma caldeira.

    Superfcie de aquecimento ou calefao a que compreende as partes metlicas que se

    encontram em contato, por uma das suas faces com a gua e vapor da caldeira e pela oposta

    com os produtos da combusto. A medio desta superfcie efetua-se pelo lado exposto s

    chamas e gases. A superfcie sempre definida em m2.

    Alm das caractersticas principais supra mencionadas caracterizam-se tambm as

    caldeiras por seu peso, superfcie dos superaquecedores de vapor, economizadores de gua de

    alimentao, aquecedores de ar, volumes das cmaras de lquido e vapor, etc..

    2.2.1.4 Recomendaes de Projeto de Caldeiras

    Projeto e construo. Sua forma e mtodo de construo dever ser simples,

    proporcionando uma elevada segurana quanto a funcionamento. As diferentes partes devero

    ser de fcil acesso e/ou desmontagem para facilitar as limpezas internas e pequenos reparos

    que devero ser mnimos.

    Toda caldeira deve apresentar, em sua superfcie externa e bem visvel, placa identifi-

    cadora com, no mnimo, as seguintes informaes:

    Nome do fabricante; Nmero do registro do fabricante; Modelo da caldeira; Ano de fabricao; Presso mxima de trabalho admissvel - PMTA (bar); Presso de teste hidrosttico (bar); Capacidade de produo de vapor (kg/h ou t/h); rea da superfcie de aquecimento (m2).

  • 40

    Conforme exigncias da NR-13 do Ministrio do Trabalho toda empresa que possui

    caldeiras deve manter um pronturio atualizado, com documentao original do fabricante,

    abrangendo, no mnimo, especificaes tcnicas, desenhos detalhados, tipo de revestimento,

    testes realizados durante a fabricao e montagem, caractersticas funcionais, e a fixao da

    respectiva PMTA, alm de laudos de ocorrncias diversas, que constituir o histrico da vida

    til da caldeira.

    Alm disto a empresa dever possuir o Registro de Segurana atualizado, constitudo

    de livro prprio, com pginas numeradas, ou outro sistema equivalente, onde sero anotadas,

    sistematicamente as indicaes de todas os testes efetuados, inspees interiores e exteriores,

    limpeza e reparos e quaisquer outras ocorrncias, tais como: exploses, incndios,

    superaquecimentos, rupturas, troca de tubos, tambores ou paredes, deformaes, aberturas de

    fendas, soldas, recalques e interrupes de servio.

    Vaporizao especfica, grau de combusto e capacidade. Devero ser projetados de

    forma que com o mnimo peso e volume da caldeira seja obtida a mxima superfcie de

    aquecimento. Esta superfcie dever estar disposta em forma tal que permita uma maior

    transmisso de calor por unidade de superfcie, para que a vaporizao especfica e

    capacidade atinjam tambm valores mximos. Para obter esta condio imprescindvel que a

    caldeira permita desenvolver na sua fornalha elevados graus de combusto.

    Peso e espao. Estes fatores devem se combinar em forma tal que as caldeiras possam

    ser adaptadas ao espao destinado a sua instalao.

    Flexibilidade de manobra e facilidade de conduo. So condies fundamentais em

    processos de variao rpida e freqente, que a caldeira possua grande flexibilidade para se

    adaptar imediatamente s modificaes da carga. O manejo e conduo do caldeira deve ser

    fcil e seguro sem apresentar falhas. As limpezas de rotina devero ser possveis de executar

    facilmente e no menor tempo possvel.

    Caractersticas do vapor produzido. No devero as caldeiras apresentar tendncia a

    produzir arrastes de gua com o vapor, especialmente na condio de funcionamento em

    sobrecarga, para evitar a possibilidade de fornecimento de vapor mido (caldeiras de vapor

    saturado) ou de reduo do grau de superaquecimento (caldeiras com superaquecedores).

  • 41

    Circulao de gua e gases. A circulao da gua no interior do caldeira, na mesma

    forma que o fluxo de gases no lado externo, dever ser ativa, de direo e sentido bem

    definidos para toda e qualquer condio de funcionamento. Esta caracterstica fundamental

    para facilitar a transmisso do calor, eliminando-se a possibilidade de superaquecimentos

    localizados anormais em determinadas zonas da caldeira que possam comprometer a

    segurana dos equipamentos, especialmente quando a vaporizao se der em condies de

    sobrecarga.

    Rendimento trmico total. Dever ser elevado para todos os regimes de funcionamento

    da caldeira, a fim de se obter uma aprecivel economia do combustvel.

    Segurana. Para cumprir este requisito as caldeiras e todos os seus acessrios devero

    ser projetados para obter o mais elevado fator de segurana para que dentro do previsvel

    estejam isentos de falhas comuns. Os mecanismos auxiliares devero ser projetados seguindo

    o mesmo critrio, permitindo uma troca fcil no caso de falha ou acidente.

    2.2.1.5 Classificao

    A forma e disposio das partes de uma caldeira moderna quando usados carvo ou

    combustveis outros, so substancialmente os mesmos que nas dcadas passadas, exceo

    feita de modificaes estruturais necessrias para adapt-los s atuais imposies de elevadas

    presses e temperaturas. Na atualidade presses entre 25 bar e 40 bar so quase que

    totalmente adotadas na maior parte dos sistemas industriais e de gerao de energia.

    Encontram-se ainda nos pases industrializados instalaes operando a presses de 300 bar

    com temperaturas de 620 C com dois estgios de reaquecimento de 565 C e 537 C,

    produzindo 170.000 kg de vapor por hora e outras com at trs estgios de reaquecimento.

    Uma classificao precisa das caldeiras apresenta bastante dificuldade devido a enorme

    variao existente nos tipos fundamentais. usual a seguinte classificao:

    caldeiras flamotubulares caldeiras aquotubulares

    Nas caldeiras flamotubulares os gases de combusto circulam pelo interior dos tubos

    vaporizadores que se encontram submersos na gua da caldeira.

  • 42

    Nas caldeiras aquotubulares a gua e o vapor circulam pelo interior dos tubos

    mencionados, cuja superfcie externa est em contato com os gases.

    Pelo fato da fornalha formar parte integrante das caldeiras flamotubulares, so tambm

    denominados de fornalha interna, para diferenci-las das aquotubulares, nas quais a fornalha

    independente deste, motivo pelo qual tambm costumam de ser denominados de caldeiras de

    fornalha externa. Tambm tem sido estabelecidas subdivises para as caldeiras

    flamotubulares conforme a direo que seguem as chamas e para as aquotubulares, conforme

    seu peso, posio dos tubos vaporizadores, circulao interna da gua, etc.

    2.2.1.6 Caldeiras Flamotubulares Principais Caractersticas

    As caldeiras deste tipo ou simplesmente tubulares (Fig. 2.2), contm a gua no interior

    de um invlucro dentro do qual encontram-se tambm as fornalhas e cmaras de combusto, e

    os tubos vaporizadores no interior dos quais circulam os gases da combusto no seu percurso

    at a chamin.

    Figura 2.2 Representao esquemtica de uma caldeira flamotubular

    Conforme o sentido da direo dos gases no interior das caldeiras, estes equipamentos

    podero ser classificados em:

    a) Caldeiras de chama de retorno (de simples ou dupla frente )

  • 43

    Nas caldeiras de chama de retorno (de simples ou dupla frente), os gases da combusto

    circulam em um sentido atravs das fornalhas e cmaras de combusto, e no sentido oposto

    pelo interior dos tubos no sentido dos condutos de fumaa e chamin.

    b) Caldeiras de chama direta

    Nas caldeiras de chama direta, os gases percorrem um caminho direto desde a fornalha

    at os condutos de fumaa para finalmente chegar at a chamin.

    Em todas estas caldeiras as fornalhas, as cmaras de combusto e os tubos esto

    submersos na gua contida no interior do invlucro, isto , encontram-se submetidos

    presso do vapor da caldeira.

    2.2.1.7 Caldeiras Aquotubulares Principais Caractersticas

    O emprego deste tipo de caldeira resulta inevitvel quando necessria a obteno de

    grandes capacidades e elevadas presses de vapor. Devido subdiviso interna destas

    caldeiras, em coletores e tubos de pequeno dimetro, podem ser construdos com chapas de

    baixa espessura, resultando aptas para suportar altas presses.

    Devido a sua forma, a quantidade de gua que contm relativamente pequena;

    permitem desenvolver em um reduzido volume uma grande superfcie de aquecimento e

    disp-la de forma conveniente para a melhor transmisso de calor, em volta de uma ampla

    cmara de combusto, independente da estrutura resistente da caldeira.

    A vaporizao especfica deste tipo de caldeira muito superior ao que pode ser obtido

    nas flamotubulares, sendo portanto seu peso para igual potncia, consideravelmente menor.

    Quanto a clasificao das caldeiras aquotubulares consideramos o peso por superfcie

    de aquecimento, a inclinao dos tubos vaporizadores e a circulao interna da gua.

  • 44

    Figura 2.3 Representao esquemtica de uma caldeira aquotubular

    De acordo ao sistema de circulao interna da gua caldeiras aquotubulares podem ser

    classificadas em:

    Caldeiras de circulao natural limitada Caldeiras de circulao natural livre Caldeiras de circulao natural acelerada Caldeiras de circulao forada.

    2.2.1.8 Comparativo entre Caldeiras Flamotubulares e Aquotubulares

    Consideramos apropriado examinar as vantagens e desvantagens que apresentam ambos

    os tipos.

    Para tal efetuaremos um estudo comparativo considerando os seguintes elementos:

  • 45

    a) Gru de combusto, vaporizao especfica e capacidade.

    As aquotubulares permitem desenvolver grus de combusto muito superiores aos obti-

    dos nas flamotubulares pelo fato da fornalha no formar parte integral da caldeira. Desta

    forma podem ser construdas cmaras de combusto amplas especialmente apropriadas para

    queima de petrleo. Alem do exposto e como devido disposio da superfcie de

    aquecimento, grande parte do calor desprendido pelo combustvel transmite-se por radiao,

    poder ser obtida uma elevada vaporizao especfica.

    As caldeiras aquotubulares possuem maior vaporizao especfica que as

    flamotubulares o que significa que pode ser obtida uma elevada capacidade (massa de vapor /

    hora) com caldeiras de pouco peso e volume.

    Como a capacidade ou potncia de uma caldeira, consideradas constantes as outras

    condies, depende da extenso e posio da sua superfcie de aquecimento com respeito

    fornalha, nas aquotubulares, os tubos vaporizadores permitem obter uma considervel rea de

    aquecimento em um espao reduzido, especialmente nas do tipo leve que so constitudas

    com tubos de pequeno dimetro limitando a cmara de combusto.

    b) Peso e volume

    Para igual capacidade, as caldeiras aquotubulares ocupam um volume menor, sendo

    tambm de peso menor que as flamotubulares. A diminuio de peso conseqncia direta da

    eliminao dos invlucros, casco ou corpo cilndrico de grande dimetro e espessura, como

    tambm na reduo na quantidade de gua, aproximadamente a dcima parte da contida nas

    caldeiras cilndricas.

    c) Presso e grau de superaquecimento do vapor

    As maiores caldeiras flamotubulares construdas atingem valores de presso da ordem

    de 25 bar. Como a espessura com que deve ser construdo o casco aumenta

    proporcionalmente com a presso e dimetro, observar-se- que ultrapassando determinados

    limites, seria necessrio construir caldeiras com chapa de espessura tal que tornaria sua

    execuo no somente difcil como de custo excessivamente elevado e de peso

    conseqentemente exagerado. Por estas razes a presso de 25 bar pode ser considerada como

    limite mximo para este tipo de caldeira.

  • 46

    As caldeiras aquotubulares usando somente coletores e tubos de pequeno dimetro, so

    construdas com placas de menor espessura, resultando, portanto mais aptas para vaporizar

    sob maior presso, pelo motivo de que, para um maior valor deste parmetro, ao diminuir o

    dimetro do recipiente, a espessura do metal capaz de suport-la diminui proporcionalmente.

    Conforme o grau de superaquecimento do vapor que for necessrio obter nas caldeiras

    aquotubulares, o superaquecedor instalado em qualquer lugar no percurso dos gases, desde a

    fornalha at os canais de fumaa com o que podero ser atingidas temperaturas maiores que

    no caso de caldeiras flamotubulares.

    Nas caldeiras flamotubulares os superaquecedores devem ser colocados no interior dos

    tubos, o que reduz a seco de passagem dos gases dificultando tambm a limpeza. ou

    tambm na caixa de fumaa onde a temperatura no suficientemente elevada, condies

    estas que as tornam menos aptas que as aquotubulares para a produo de vapor

    superaquecido.

    d) Qualidade da gua de alimentao

    Uma das vantagens das caldeiras flamotubulares se comparada com as aquotubulares,

    consiste na possibilidade de aliment-las com gua natural, no entanto que nas ltimas

    condio fundamental o emprego de gua tratada para evitar no somente a formao de

    incrustaes sobre a superfcie de aquecimento, como tambm a produo de espuma e

    ebulio, conjuntamente com o vapor. Em todos os casos conveniente o uso de gua tratada.

    e) Rendimento trmico

    Atualmente o rendimento ou eficincia trmica total que pode ser obtido nas caldeiras

    aquotubulares supera o correspondente s caldeiras flamotubulares. Nas primeiras tem-se

    obtido rendimentos 80 a 90 % ou maiores em caldeiras com superaquecedores,

    economizadores e aquecedores de ar, sendo nas ltimas impossvel superar valores de 75 % a

    90 % nas melhores condies de limpeza [d.2]. A maior eficincia das caldeiras

    aquotubulares deve-se disposio mais racional da superfcie de aquecimento, que favorece

    a transmisso do calor desenvolvido na fornalha e especialmente adoo de

    superaquecedores de vapor, aquecedores e economizadores. Estes equipamento permitem

    recuperar grande parte do calor residual dos gases quentes da combusto, que passam pela

    chamin, diminuindo a temperatura final destes.

  • 47

    f) Conduo e limpeza

    Devido a limitada quantidade de gua que contm as caldeiras aquotubulares e a sua

    elevada evaporao especfica, dever ser mantida uma vigilncia constante e cuidadosa do

    nvel de gua, especialmente nos casos onde sejam necessrios elevados graus de combusto.

    As caldeiras flamotubulares requerem menor ateno pelo fato de possurem uma

    grande massa de gua e menor vaporizao especfica, podendo a renovao ser como

    mximo de uma vez a cada hora, no entanto que nas aquotubulares do tipo leve a totalidade da

    gua da caldeira pode vaporizar de 8 a 10 vezes por hora em condies de carga mxima. Pelo

    descrito observa-se que as variaes de nvel so rapidssimas, motivo que tem levado aos

    fabricantes a adoo de mecanismos que regulam automaticamente o nvel de gua no interior

    da caldeira para evitar falhas humanas que poderiam levar perda da caldeira.

    Uma outra vantagem que apresenta a caldeira de vapor do tipo flamotubular e que

    devido grande massa de gua e ao considervel volume da cmara de vapor, acumulam uma

    considervel energia potencial o que as torna aptas para satisfazer demandas elevadas de

    vapor das mquinas s quais servem, sem sofrer grandes quedas de presso.

    Como as caldeiras aquotubulares contem menor quantidade de gua e a cmara de vapor

    mais reduzida, resultam susceptveis as variaes de consumo de vapor. Nestas caldeiras

    para evitar a queda rpida da presso torna-se necessrio modificar imediatamente o grau de

    combusto o que conseqentemente leva a uma maior e constante ateno na conduo do

    processo de combusto.

    A limpeza interna das caldeiras flamotubulares apresenta menos dificuldades que as

    aquotubulares por apresentarem suas partes maior acessibilidade. Nas caldeiras aquotubulares

    a quase totalidade de sua superfcie de aquecimento est constituda de tubos de grande

    comprimento e pequeno dimetro, s vezes curvados, o que toma mais difcil a limpeza

    interna e obviamente um maior tempo para efetu-la. Pode-se estabelecer que as caldeiras

    aquotubulares necessitam para sua conduo e manuteno de pessoal profissionalmente mais

    experiente que para os mesmos servios com caldeiras flamotubulares.

    g) Vida til

  • 48

    Define-se como vida til de uma caldeira quantidade de horas de fogo que pode

    suportar em condies normais de funcionamento, isto , vaporizando presso mxima de

    trabalho admissvel para a qual tem sido projetada.

    Deve-se considerar que, quando por motivos de segurana decorrente de falta de

    conservao adequada ou por desgaste normal da caldeira, tenha sido reduzida presso de

    descarga das vlvulas de segurana, considerar-se- como vida til o tempo anterior a esta

    operao e no ao total resultante de computar tambm a nova utilizao da caldeira com a

    presso reduzida

    Como nas caldeiras aquotubulares, os tubos vaporizadores e superaquecedores

    constituem a parte mais exposta, a durabilidade destas uma funo da vida destes elementos.

    A experincia tem demonstrado que este tipo de caldeira apresenta menor resistncia que as

    flamotubulares o que perfeitamente justificvel por serem mais severas as condies de

    operao.

    A troca de tubos em uma caldeira aquotubular uma operao relativamente rpida e

    fcil; nas caldeiras tubulares aps um determinado nmero de anos de trabalho, alm do

    problema da inutilizao de tubos comum apresentarem entre outros, problemas como

    deformao das fornalhas, corroso ou desgaste reduzindo dimenses teis de partes

    metlicas, fissuras, fendas e outras descontinuidades, desnivelamentos, e outras dilataes ou

    contraes trmicas reversveis ou irreversveis, etc.

    A vida til de uma caldeira depende fundamentalmente do mtodo de trabalho que

    tenha sido realizado, do sistema de vaporizao (regime constante ou varivel), da qualidade

    da gua de alimentao, da freqncia das limpezas externas e internas etc., motivo pelo qual

    no possvel determinar sem cometer erros considerveis o tempo mdio de vida para cada

    caldeira. Depender alm dos cuidados mencionados da experincia e dedicao do pessoal a

    cargo destas.

    h) Continuidade do servio e segurana

    As caldeiras aquotubulares permitem uma maior continuidade de funcionamento que as

    flamotubulares, j que se for necessrio efetuar um conserto de urgncia, como a troca de um

    tubo, ou a queda do refratrio de uma fornalha, seu pequeno volume de gua poder ser

    rapidamente esvaziado, procedendo-se imediatamente do reparo do tubo ou elemento afetado.

  • 49

    Os casos de reparos em caldeiras tubulares so de maior importncia e requerem na

    maior parte dos casos um tempo considervel para coloc-las em condies satisfatrias de

    trabalho.

    No caso da quebra de um tubo ou de exploso, as caldeiras aquotubulares resultam

    menos perigosas que as flamotubulares, devido a grande subdiviso da sua limitada cmara de

    gua e a pequena quantidade que estas contm o que faz que a energia potencial acumulada

    seja muito menor. Os efeitos que produz a exploso de uma caldeira, manifestam-se por urna

    fora proporcional presso e massa de gua que contm, devido a produo instantnea de

    uma enorme quantidade de vapor que se desprende da gua ao descer sua temperatura

    subitamente a 100 oC que corresponde de vaporizao sob presso atmosfrica.

    2.2.2 Caldeiras Flamotubulares

    2.2.2.1 Generalidades

    As caldeiras deste tipo carregam uma grande quantidade de gua no interior de um

    invlucro ou casco, dentro do qual encontram-se tambm as fornalhas, cmaras de combusto

    e tubos vaporizadores. Nestas caldeiras as fornalhas, as cmaras de combusto e os tubos

    esto submersos na gua contida no interior do casco.

    Em alguns modelos, para aumentar a circulao interna da gua e aumentar a

    vaporizao especfica tem sido modificada a forma cilndrica clssica suprimindo ou

    modificando as cmaras de combusto e instalando neste lugar feixes de tubos de gua.

    Tem-se obtido melhoras no rendimento trmico total destas caldeiras adicionando su-

    peraquecedores de vapor e aquecedores de ar que permitem a recuperao de parte do calor

    residual dos gases da combusto.

    Ver figura 2.4, de uma caldeira flamotubular de um fabricante (Kewanee), com legenda

    a seguir, de detalhamento dos principais componentes.

  • 50

    Figura 2.4 Caldeira flamotubular de 3 passes fabricante Kewanee

    Legenda:

    01 - Base de ao pesada tipo Skid;

    02 - Queimador pressurizado com base prpria;

    03 - Painel do queimador vedado para proteger o controlador de chama;

    04 - Queimador Kewanee, com verses oleo, gs ou dual;

    05 - Portas dianteiras com isolao trmica e dobradias que permitem um acesso fcil

    para inspeo e limpeza dos tubos;

    06 - Construo de acordo com o cdigo ASME;

    07 - Combinao de coluna d`gua, controle da bomba e sensor de nvel baixo de gua;

    08 - Dois pressostatos, um de operao e outro de segurana;

    09 - Tubos de 2" para os modelos 300-1200, e 2" para os modelos 100-250;

    10 - Ampla rea de evaporao assegurando vapor seco de alta qualidade;

    11 - Jaqueta de ao bitola 22 com isolao espessa de fibra mineral para diminuir a

    perda de calor por radiao e proporcionando economia de combustvel;

    12 - Duas vlvulas de segurana no mnimo, de acordo com o cdigo ASME e com a

    norma ABNT.

  • 51

    13 Olhais de iamento na parte superior da caldeira;

    14 - Sada dos gases em forma circular, com flange, localizado na parte superior trazeira

    da caldeira;

    15 Sistema de 3 passes, com espao e eficincia otimizados:

    16 - Cmara traseira 100% submersa em gua, com aumento da rea de transferncia de

    calor.

    As caldeiras cilndricas podem ser classificadas conforme o sentido de circulao dos

    gases no seu interior, em:

    Flamotubulares de retorno de chama Flamotubulares de chama direta

    Nas caldeiras flamotubulares de retorno de chama, os gases circulam primeiro no

    sentido das cmaras de combusto e depois, no sentido oposto.

    Nas caldeiras flamotubulares de chama direta, os gases percorrem um caminho direto.

    As caldeiras de retorno de chama podem ser de simples ou dupla frente se possurem as

    fornalhas, cmaras de combusto e tubos, em uma ou em ambas as frentes.

    2.2.2.2 Flamotubular de Retorno de Chama de Simples Frente

    Denominada comumente de caldeira escocesa, possue um invlucro ou casco de forma

    cilndrica limitada nas suas extremidades por faces planas.

    Os gases da combusto circulam desde a fornalha para a cmara de combusto. Desta

    cmara retrocedem pelo interior dos tubos at a sada pela chamin, motivo pelo qual so

    estas caldeiras denominadas de retorno de chama.

    Em condies normais de funcionamento a caldeira contm gua at um determinado

    nvel acima do cu da cmara de combusto; o espao ocupado pela gua cobrindo todas as

    partes da caldeira que esto em contato com o fogo ou gases de combusto, denomina-se de

    cmara de lquido.

    O espao limitado pela superfcie livre da gua, parte superior do casco e as frentes,

    designado como cmara de vapor.

  • 52

    Ocupando a quase totalidade do comprimento da parte superior da cmara de vapor

    colocado um tubo denominado de tomada de vapor que possue ranhuras na sua parte superior

    com o objetivo de tomar mais seco o vapor produzido na caldeira.

    Em pequenas caldeiras, para distanciar o tubo de tomada de vapor do nvel da gua, so

    colocados domos, de forma similar aos existentes nas locomotivas a vapor. O tubo de tomada

    de vapor comunica-se atravs de orifcios praticados na frente da caldeira s vlvulas de

    vapor principal e auxiliar.

    Com o fim de impedir que a presso possa atingir valores superiores mxima

    correspondente de regime, coloca-se um dispositivo automtico de descarga para a

    atmosfera do vapor em excesso, constitudo pela vlvula de segurana, em nmero de dois por

    caldeira, como mnimo.

    Para saber do nvel de gua no interior da caldeira empregam-se visores de nvel com

    tubo de vidro refletivos, planos ou transparentes de borosilicato, montados sobre colunas

    hidromtricas com torneiras de prova.

    A entrada de gua caldeira regula-se mediante vlvulas de alimentao, sendo normal-

    mente instaladas duas, denominadas de alimentao principal e auxiliar que comunicam com

    as tubulaes de idntica denominao.

    O acesso ao interior da caldeira pode-se realizar atravs de aberturas de inspeo ou

    passagem de homem, as quais podem ser observadas na parte inferior entre as bocas das

    fornalhas.

    Todas as superfcies planas expostas presso interna possuem escoras ou cavilhas de

    unio ou esquadros. A parte cilndrica no necessita destes elementos j que suporta a presso

    devido a sua forma e a espessura do material do casco.

    As frentes so reforadas unindo-as mediante tirantes dispostos em forma apropriada.

    De forma idntica so reforadas as partes planas restantes da frente e da cmara de

    combustvel. As faces adjacentes e laterais a cmara de combusto so unidas entre si ou com

    o casco mediante cavilhas ou tirantes curtos rosqueados.

    As placas da frente das cmaras de combusto e da caldeira so denominadas

    respectivamente placa de tubos posteriores e placa de tubos frontais ou anteriores. Estas

  • 53

    placas encontram-se unidas mediante tubos comuns e tubos de reforo, os primeiros

    expandidos nas placas e os ltimos rosqueados nestas.

    2.2.2.3 Flamotubulares de Chama Direta

    So assim denominadas porque os gases percorrem em um s sentido as cmaras de

    combusto, os tubos e as caixas de fumaa at a sada pela chamin. Esta disposio permite

    construi-las com menor dimetro que as do tipo de retomo de chama, j que os tubos esto

    dispostos a continuao da fornalha, reduzindo-se desta forma a sua altura devido ao aumento

    do comprimento. A partir da adoo das caldeiras aquotubulares seu emprego tem sido menos

    freqente.

    Compem-se geralmente de um caso A em duas sees diferentes cilndrica desde a

    cmara de combusto at a parte posterior; cilndrica na parte superior e plana nos lados, na

    extremidade que corresponde quela e as fornalhas. As frentes anterior e posterior so planas.

    Figura 2.5 Caldeira flamotubular de chama direta

    Conforme se v na figura 2.5, a fornalha B e a cmara de combusto C formam um

    conjunto comum, sendo construdas em chapas planas; a parte superior da fornalha encontra-

    se em linha com o cu da cmara de combusto e o feixe de tubos vaporizadores D, que se

    estende horizontalmente at a caixa de fumaa E.

    O comprimento relativo dos tubos (relao entre o comprimento/dimetro) encontra-se

    entre 60 e 90. Por exemplo, se forem utilizados tubos de 2 de dimetro, o comprimento dos

    tubos deve situar-se entre 3,0 m e 4,5 m, aproximadamente.

  • 54

    Este tipo de caldeira pode ser dividida em estacionria e locomvel.

    2.2.2.4 Flamotubulares Compactas

    Descendentes lineares das caldeiras escocesas bsicas quanto ao projeto, estas caldeiras

    representam a maior porcentagem das caldeiras de vapor atualmente em uso.

    Uma caldeira compacta uma unidade que incorpora num nico conjunto, todos os

    equipamentos necessrios sua operao, a saber: equipamento de leo combustvel, sistema

    de alimentao de gua, controles automticos bem como outros elementos auxiliares,

    constituindo um todo transportvel e pronto para operar, depois de curto prazo de instalao,

    dispensando servios especiais quanto a fundaes e montagem.

    A American-Boiler Manufacturers Association define a caldeira compacta

    flamotubular como: uma unidade modificada da caldeira tipo escocesa, testada a fogo antes

    do embarque, e garantida quanto ao material e desempenho pelo fornecedor que dever

    assumir a responsabilidade por todos os componentes que integram o conjunto tais como

    caldeira, queimadores, controles e auxiliares.

    a) Fluxo dos gases em unidades compactas.

    Todos os projetos bsicos de fluxo de gases, usados atualmente em unidades compactas,

    usam uma fornalha interna ou cmara de combusto como primeira passagem, guiando

    posteriormente os gases conforme o traado diferente dado aos tubos.

    No tipo de caldeira escocesa bsica, a construo com duas passagens no necessita de

    chicanas ou defletores na placa de tubos posterior. Existem projetos denominados de cmara

    seca e cmara mida, tais como:

    2 passes - cmara seca 3 passes - cmara seca 3 passes - cmara mida 4 passes - cmara seca

    A cmara posterior das unidades com trs passagens cmara seca, possue uma chicana

    defletora de material refratrio para inverter a circulao dos gases.

  • 55

    Em unidades com cmara mida a parte submersa da cmara posterior efetua a

    reverso. Para se obter um aumento do percurso dos gases, resulta uma tima soluo o

    projeto de quatro passagens.

    2.2.2.5 Sistema de Duas Passagens de Gases

    Uma ampla gama de artifcios so usados para extrair o mximo de calor dos gases da

    combusto durante seu relativamente curto tempo de passagem entre o queimador e a

    chamin.

    Os projetistas normalmente do nfase a uma maior transferncia partindo do tubo da

    fornalha, impartindo chama e outros produtos da combusto um definido efeito de turbilho.

    tambm importante no projeto o nmero de disposio dos tubos da segunda passagem,

    tambm denominados de tubos de retorno.

    Embora a limpeza e inspeo da parte de gua resulta mais fcil quando os tubos esto

    dispostos alinhados vertical e horizontalmente, uma disposio alternada propicia um fluxo de

    gua mais tortuosa ao redor desses tubos e conseqentemente um aumento da transferncia do

    calor.

    Alguns fabricantes tratam de melhorar a transferncia do calor do gs para a gua medi-

    ante dispositivos especiais na entrada dos tubos a fim de promover nos gases quentes uma

    ao de redemoinho.

    Tambm neste tipo de caldeira encontramos espelhos traseiros resfriados por gua, re-

    verso seca e fornalhas corrugadas.

    2.2.2.6 Sistema de Trs Passagens de Gases

    A julgar pela ampla variedade de projetos existentes o sistema de 3 passagens o mais

    utilizado atualmente.

    Adiciona ao percurso dos gases quentes mais um comprimento de caldeira ao custo de

    uma maior complexidade.

    No caso de caldeiras do tipo de cmara seca, na cmara posterior dever ser colocada

    uma chicana de material refratrio para separar o fluxo de gases que devem ser dirigidos para

  • 56

    a segunda passagem dos que esto sendo descarregados para o exterior pelos tubos da terceira

    passagem.

    Em caldeiras com cmara mida a separao dos gases realizada mediante um projeto

    apropriado da parte.submersa da cmara posterior.

    A cmara de reverso est rodeada por gua. O retorno dos gases para a frente da

    caldeira realiza-se principalmente pelos tubos localizados na parte inferior do espao de gua;

    posteriormente os gases entram nos tubos da terceira passagem.

    Os modelos de caldeiras existentes no somente diferem na forma construtiva da

    cmara traseira como tambm quanto ao nmero e localizao dos tubos.

    Todas as caldeiras do tipo de trs passes possuem isolamento trmico total, eficincias

    trmicas que esto na faixa de 80 % a 90 % [d.2], superfcies de aquecimento que vo de

    valores de 10 m2 at 625 m2 e com produo de vapor (gua a 200C) de 330 kg/h a 25.000

    kg/h e com temperatura de gua de 60C a 30.000 kg/h.

    Os consumos mximos de leo variam entre 25 kg/h at 1500 kg/h e de gs, de 30

    Nm3/h. at valores de 1800 Nm3/h.

    2.2.2.7 Sistema de Quatro Passagens de Gases

    Na procura de uma maior eficincia da transferncia do calor dos gases quentes para a

    gua, alguns projetistas realizaram construes com quatro passagens.

    Embora em todas as unidades, seja qual for o nmero de passagens, deva ser realizado

    um projeto cuidadoso da superfcie dos tubos, nas caldeiras de quatro passagens a

    rigorosidade dever ser extremada.

    Para manter elevadas velocidades atravs da totalidade do percurso dos gases, os

    projetistas diminuram a rea da seo transversal em cada passagem sucessiva Isto normal-

    mente feito reduzindo o nmero de tubos em cada uma das passagens sucessivas.

  • 57

    2.2.3 Queimadores

    2.2.3.1 Introduo

    A injeo de combustveis lquidos e gasosos, bem como sua mistura com o ar de

    combusto feita por um importante equipamento denominado queimador. nele que se

    processa a passagem dos fluxos de combustvel e oxidante, com a devida turbulncia, de

    forma a promover e manter uma chama estvel na fornalha.

    Os queimadores esto normalmente montados nas paredes verticais de caldeiras ou

    ainda no piso ou no teto das fornalhas, no caso de fornos e aquecedores. Um queimador

    projetado para proporcionar a queima do combustvel nas condies estabelecidas pelas

    vazes de ar e combustvel.

    No passado o projeto de queimadores visava em primeiro plano a estabilidade da chama

    e uma alta eficincia trmica. O objetivo era operar forma segura e econmica a converso de

    combustveis. Hoje, entretanto o carter poluente de um queimador uma das principais (ou a

    mais importante) caracterstica desse equipamento.

    A seguir, a figura de um queimador tpico.

  • 58

    Figura 2.6 Queimador tpico de um fabricante (Kewanee)

    Um bom queimador deve:

    Proporcionar uma chama estvel em toda faixa de vazes estabelecidas pela demanda do equipamento a ser aquecido.

    Manter elevadas eficincias de combusto pela mnima perda de combustvel no queimado e por baixos excessos de ar.

    Ter absoluta adaptabilidade e flexibilidade para com a fornalha a ser aquecida no que se refere a dimenses e limitaes de peso.

    Ter projeto que proporcione uma operao confivel e, caso necessrio, tenha uma manuteno simples e rpida.

    Possuir confiabilidade e segurana operacional na parada, partida e durante flutuaes de carga ou variao de combustveis.

    Emitir poluentes a patamares aceitveis proteo ao meio ambiente e ao homem. Ter boa disponibilidade mecnica, robustez e vida til para garantir servio

    satisfatrio durante toda a campanha da unidade ou equipamento.

    O tipo de construo mecnica do queimador define suas caractersticas de vazo de ar,

    de combustvel e a interao dos dois. Basicamente as diretrizes de projeto de um queimador,

    visam a estabilidade de chama e os itens acima enumerados. Para que se tenha uma chama

    contnua e estvel o primeiro passo efetuar a mistura ar e combustvel convenientemente,

    tendo em vista os 3Ts da combusto, vejamos:

    Temperatura para que haja evaporao e ignio dos compostos combustveis. Turbulncia para que a interao ar e combustvel seja a melhor possvel. Tempo para que a velocidade de oxidao ocorra em equilbrio com as velocidades

    dos fluxos envolvidos.

    Nesse contexto a forma de injeo de combustvel importante para que ocorram as

    trocas de calor, a ignio e a continuidade da reao de oxidao.

    2.2.3.2 Classificao de Queimadores

    Os queimadores podem ser classificados pelas caractersticas operacionais bsicas,

    vejamos:

  • 59

    Quanto ao tipo de combustvel : a gs, a leo, dual a carvo pulverizado Quanto ao tipo de oxidante : ar, ar enriquecido, oxignio, misturas, pr-aquecido Quanto forma de injeo de ar : forada, conveco natural, estagiado Quanto ao tipo de atomizao de lquido : atomizao mecnica, a ar, a vapor, a

    oxignio, a fluido auxiliar, copo rotativo

    Quanto forma de injeo do combustvel : separado, pr-misturado, estagiado Quanto a emisso de NOx : convencional, baixo NOx e ultra-baixo NOx

    2.2.3.3 Queimadores para gs

    Para queimadores de combustveis gasosos a injeo feita atravs de lanas ou anis

    distribuidores que fornecem vazes de gs em funo da presso no distribuidor. O controle

    feit