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METODOLOGIA E TRATAMENTO DE FISSURAS EM FACHADAS COM REVESTIMENTO DE PINTURA JULHO/2017 1 ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017 METODOLOGIA E TRATAMENTO DE FISSURAS EM FACHADAS COM REVESTIMENTO DE PINTURA Ítalo Martins Munarini Lara – [email protected] MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Turma – OTBBSB005 Instituto de Pós-Graduação - IPOG Brasília, DF, 26 julho de 16. Resumo O presente trabalho pretende relacionar manifestações de patologias em fachadas de exterior, assim demonstrar o tratamento para diversos casos. Nesse sentido, foi efetuado um levantamento de manifestações de patologia, com especial foco para os revestimentos de pintura. Ademais, definimos as cidades de Águas Claras e Guará, onde foram identificados edifícios com as características do estudo. Muitos edifícios foram analisados, foram selecionados 03 edifícios, nos quais recaiu um estudo mais detalhado, que além de identificar as anomalias existentes, procurou definir-se uma metodologia de reabilitação/restauro mantendo a funcionalidade e o aspecto estético da fachada exterior dos mesmos. Verificou-se que as manifestações patológicas analisadas nas fachadas dos edifícios, nasceram, sobretudo de uma falta de qualidade na aplicação dos materiais e de uma mão de obra deficiente, aliados a uma inexistente manutenção preventiva, o que contribui para a sua crescente degradação. Identificou-se também que a fissuração e o descolamento do revestimento foram as principais anomalias encontradas e as causas resultam sobretudo de um não tratamento adequado na transição de elementos com funções distintas e a problemas decorrentes de infiltrações. Este trabalho contempla ainda, numa fase posterior, um conjunto de recomendações, que indicam definição de soluções para a reabilitação de fachadas de edifícios, de forma a se garantir que as mesmas assegurem resultados satisfatórios a longo prazo. Palavras-chave: Patologias, Fachadas de Exterior, Tratamento, Revestimentos de Pintura, Aplicação dos Materiais. 1. Introdução Atualmente, existe um maior esforço no sentido de melhorar a qualidade da construção. No entanto, verifica-se com frequência, em edifícios recentes, o aparecimento diversificado de manifestações de fissuras. São inúmeras as manifestações patológicas que afetam as fachadas dos edifícios. Estas são oriundas da soma de vários fatores, devido principalmente da evolução da tecnologia e de novos materiais não acompanhada pelos supervisores da qualidade, que intervém no setor da construção.

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ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017

METODOLOGIA E TRATAMENTO DE FISSURAS EM FACHADAS COM REVESTIMENTO DE PINTURA

Ítalo Martins Munarini Lara – [email protected]

MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Turma – OTBBSB005

Instituto de Pós-Graduação - IPOG Brasília, DF, 26 julho de 16.

Resumo

O presente trabalho pretende relacionar manifestações de patologias em fachadas de

exterior, assim demonstrar o tratamento para diversos casos. Nesse sentido, foi efetuado um levantamento de manifestações de patologia, com especial foco para os revestimentos de pintura. Ademais, definimos as cidades de Águas Claras e Guará, onde foram identificados edifícios com as características do estudo. Muitos edifícios foram analisados, foram selecionados 03 edifícios, nos quais recaiu um estudo mais detalhado, que além de identificar as anomalias existentes, procurou definir-se uma metodologia de reabilitação/restauro mantendo a funcionalidade e o aspecto estético da fachada exterior dos mesmos. Verificou-se que as manifestações patológicas analisadas nas fachadas dos edifícios, nasceram, sobretudo de uma falta de qualidade na aplicação dos materiais e de uma mão de obra deficiente, aliados a uma inexistente manutenção preventiva, o que contribui para a sua crescente degradação. Identificou-se também que a fissuração e o descolamento do revestimento foram as principais anomalias encontradas e as causas resultam sobretudo de um não tratamento adequado na transição de elementos com funções distintas e a problemas decorrentes de infiltrações. Este trabalho contempla ainda, numa fase posterior, um conjunto de recomendações, que indicam definição de soluções para a reabilitação de fachadas de edifícios, de forma a se garantir que as mesmas assegurem resultados satisfatórios a longo prazo.

Palavras-chave: Patologias, Fachadas de Exterior, Tratamento, Revestimentos de Pintura, Aplicação dos Materiais.

1. Introdução Atualmente, existe um maior esforço no sentido de melhorar a qualidade da

construção. No entanto, verifica-se com frequência, em edifícios recentes, o aparecimento diversificado de manifestações de fissuras.

São inúmeras as manifestações patológicas que afetam as fachadas dos edifícios. Estas são oriundas da soma de vários fatores, devido principalmente da evolução da tecnologia e de novos materiais não acompanhada pelos supervisores da qualidade, que intervém no setor da construção.

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A celeridade muitas vezes imposta na realização dos projetos, a redução forçada do tempo de execução das obras, a pouca preparação dos projetistas, bem como a mão de obra, a incompatibilidade de várias especialidades que compõem os projetos, aliada à ausência de um correto planejamento e à existência de uma fiscalização pouco exigente, ajudam na ocorrência de diversas patologias.

Apesar da análise se voltar para a produção, detalhar o acabamento externo ajuda a evitar as patologias que poderão se tornar onerosas demais para as construtoras.

As patologias em fachadas certamente estão entre os problemas mais temidos pelos construtores. Importantes não só pelo aspecto visual, os revestimentos cumprem um papel na durabilidade e proteção das edificações. Parece óbvio que essa fase de construção mereça ser tratada com planejamento e cuidadosos procedimentos executivos. Porém, só nos últimos anos as construtoras passaram a investir em projeto de revestimento de fachada, acompanhando o movimento de racionalizar, de forma geral, os serviços na construção.

A principal característica desse tipo de trabalho é o foco dado à produção. Mais do que plantas e desenhos com detalhes construtivos, o projeto de fachadas descreve como o revestimento deve ser realizado. Isso se justifica porque grande parte das patologias que atinge as fachadas decorre de falhas durante a execução. Dessa forma, o primeiro objetivo é oferecer todo o detalhamento construtivo necessário para que as decisões sejam planejadas, em vez de serem tomadas no canteiro. A idéia é tratar minuciosamente os pontos que são focos em potencial de patologias. O escopo varia muito em função do material escolhido. Quando se trata de revestimentos convencionais, como cerâmicas, revestimentos de argamassa, pinturas e pedras assentadas, o projeto descreve todas as interferências existentes na fachada, possíveis zonas de estrangulamento causado por tensões excessivas, locais de enrijecimentos ou reforços de base, dimensionamento e posicionamento de juntas de movimentação, traços e forma de assentamento.

O problema mais comum ocorre com respeito aos frisos, que precisam coincidir com as juntas de dilatação. Há, ainda, situações em que é necessário elevar a rigidez de um ponto da estrutura para evitar fissuração. Da mesma forma são importantes às interfaces com o sistema de alvenaria e impermeabilização, pontos que devem receber telas de reforço ou outros dispositivos.

A segunda parte do projeto consiste em uma espécie de memorial descritivo que orienta o pessoal de campo quanto à especificação e compra de materiais e equipamentos. Isso inclui desde a escolha da argamassa e realização de ensaios, até a estocagem, manuseio, transporte e aplicação. A necessidade de o planejamento executivo acompanhar a especificação dos revestimentos fica evidente quando se fala, por exemplo, em Grafiato ou Textura. Ao contrário de outros tipos de pintura, esses revestimentos devem ser aplicados com fundo preparador.

Em tese, com um projeto minucioso em mãos, o executor sabe exatamente o que deve ser feito e o engenheiro de obra sabe o que exigir dos empreiteiros. No entanto, apenas o fato de existirem detalhes construtivos pormenorizados no papel não garante que tais procedimentos serão realizados como previsto. Surge então a necessidade de o projetista estar atento também ao controle da execução.

Muitos apontam essa como a parte mais crítica de todo o processo. Como o serviço normalmente é contratado por empreitadas, para a mão de obra quanto mais rápida for à

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execução, melhor. O problema é que muitas vezes esse "ganho de velocidade" se converte em perda de qualidade. Além disso, é um trabalho difícil de fiscalizar. Por isso, o projeto de revestimento de fachadas precisa considerar também suporte e treinamento do pessoal de campo.

Uma série de pequenas falhas de execução pode implicar consequências graves para as construtoras. Outra situação que pode gerar patologias é o uso de argamassa com pouca água.

Pelo mesmo motivo já foram registrados casos em que o pedreiro, sobretudo para fazer requadros e varandas, acrescentou gesso à argamassa para acelerar o endurecimento. O resultado é que, após alguns anos, a argamassa expande e o revestimento cai. Por essas e outras razões, a falta de fiscalização na obra pode ser desastrosa.

Embora seja evidente que uma obra racional exija que o maior número de situações de canteiro seja previstas e detalhadas previamente, a utilização de projeto de revestimento de fachadas é nova, embora crescente. 2. Função do Revestimento Externo

Para os fins de definição das propriedades mais importantes dos revestimentos

externos, as exigências de uso, relativas à segurança e habitabilidade, bem como a exigência de compatibilidade geométrica, física química entre o revestimento e a sua base e o acabamento final previsto. Quanto à habitabilidade, aquela autora indica que o revestimento de fachada deve desempenhar sozinho ou associado ao seu suporte, uma ou mais das seguintes funções:

a) Ser estanque à água; b) Ser isolante térmico; c) Ser isolante acústico; d) Contribuir para a estética da edificação.

É importante lembrar que não é função do revestimento dissimular imperfeições

grosseiras da base (paredes, etc). No que diz respeito à segurança, as exigências devem ser atendidas pela parede como

um todo, podendo ou não haver a contribuição do revestimento. A função primordial que um determinado revestimento deverá desempenhar deve ser considerada como importante fator quando da elaboração do projeto.

2.1 Fatores que Influenciam o Desempenho dos Revestimentos Externos Tendo em vista as funções principais dos revestimentos externos de argamassa, resulta

que a durabilidade é um dos seus principais requisitos de desempenho, principalmente, dos seguintes fatores:

a) Proteção dos revestimentos por detalhes arquitetônicos convenientes; b) Penetração da umidade de infiltração: a água infiltrada sofrerá a ação de

capilaridade e será retida nas camadas superiores do solo se esta prevalecer sobre a força da gravidade. Na medida em que o solo se umedece, a força da gravidade passa a prevalecer e a

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água percola em direção às camadas mais profundas. c) Efeito da poluição atmosférica; d) Natureza da base do revestimento, por questões de capacidade de ancoragem e

problemas associados à reação de sulfatos e à movimentação de retração de secagem; e) Tipo de revestimento, composição e traço da argamassa, que têm influencia

intrínseca nas suas propriedades e compatibilidades com as características da base; f) Grau de umedecimento da base, em função de sua influência na aderência e

surgimento de eventuais eflorescências nos revestimentos; g) O método de aplicação, principalmente, em função da natureza da base; h) Danos causados por abrasão ou impactos; i) Manutenção periódica. Todos esses e mesmo outros específicos a cada situação deverão ser considerados

quando do desenvolvimento do projeto de revestimento.

3. Patologia Entende-se por patologia todas as manifestações, que ao longo da vida útil de

determinado edifício, prejudicam o seu desempenho. No entanto, apenas serão estudadas as que causam as fissuras nos revestimentos exteriores dos edifícios.

Assim, é de crucial importância conhecer, em primeiro lugar, as variadas origens que conduzem ao aparecimento da patologia. Nesse sentido, pode classificar-se em 03 tipos, que segue:

a) Construtivas: quando a sua origem está relacionada com a fase de execução da obra, resultante do emprego de mão de obra desqualificada, produtos não certificados, ausência de metodologia para aplicação do material, que também são responsáveis por grande parte das anomalias em edificações.

b) Adquiridas: quando ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou da ação humana, em função de manutenção inadequada ou realização de interferência incorreta nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um processo patológico.

c) Acidentais: caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação não pontual, como a ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal e até mesmo incêndio. A sua ação provoca esforços de natureza imprevisível, especialmente na camada de base e sobre as juntas, quando não atinge até mesmo as peças, provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia.

É normal responsabilizar somente as empresas construtoras pelos defeitos de construção, quando, muitas vezes, esses também resultam de uma deficiente concepção ou omissão por parte dos projetistas.

Assim, determinada patologia pode ter origem, devido à falhas na fase de projeto, quando os materiais escolhidos não são compatíveis com as condições de uso, ou quando não há um estudo cuidadoso das interações do revestimento com outros elementos do edifício,

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quer devido a erros na fase de execução, quando a mão de obra não é especializada, ou quando, não há um adequado controle do processo de produção.

Geralmente, os projetos são insuficientes no que respeitam à especificação dos materiais a empregar, características de execução e representação dos pontos singulares a escalas convenientes, assim como, recorrem cada vez mais a opções arquitetônicas potenciadoras de patologias, nomeadamente pela incidência mais direta nas fachadas dos agentes climatérios e pela sua maior esbelteza e desenvolvimento.

Por outro lado, algumas soluções arquitetônicas usadas hoje em dia e os ritmos de construção excessivamente rápidos praticados na atualidade, tornam a construção em geral e as paredes em particular extremamente sensíveis à qualidade de execução.

Além disso, os problemas decorrentes de um deficiente projeto de execução e da utilização de mão de obra não qualificada, acarreta o aparecimento da patologia nas fachadas dos edifícios, presos também, por aspectos econômicos. Relativamente aos aspectos de caráter econômico, a seleção das soluções a empregar na realização de paredes, deveria resultar de uma ponderação mais consistente do que a habitualmente efetuada entre nós, considerando no custo total a construção, utilização e manutenção.

Com o passar do tempo, os problemas patológicos que emergem nas fachadas dos edifícios agravam-se e as correções são mais duráveis, mais fáceis de executar e mais baratas, quanto mais cedo forem realizadas.

Se por outro lado, essas medidas não estiverem previstas em projeto e forem postas em prática, apenas na fase de execução, conduzem a um custo muito mais elevado, para se alcançar o mesmo tempo de vida útil.

As operações isoladas de manutenção (manutenção preventiva), como pinturas, limpezas de fachadas, impermeabilizações, entre outras, que têm como objetivo assegurar condições favoráveis da fachada durante o seu período de vida útil, métodos que podem custar bem menos, se as mesmas fossem consideradas em projeto.

Se a fachada já atingiu um nível de desempenho inferior ao definido em projeto, apresentando anomalias claras, é necessária uma intervenção de reparo ou reforço (manutenção preventiva), à qual está associado um custo relativamente maior do que se as mesmas fossem contempladas na fase de projeto.

Afirmar-se também, que baixa qualidade do projeto e a existência de erros e omissões, são a causa mais relevante para a existência de desvios, entre o custo estimado e o custo final da obra.

Não obstante, em termos de desempenho, são geralmente forçados nas intervenções nas fachadas dos edifícios, sejam elas preventivas ou corretivas, para que esta consiga atingir o período de vida útil definido em projeto.

Dependendo do estado de degradação que determinada fachada tenha atingido, assim deve-se optar pela operação de manutenção, mais vantajosa, a levar a efeito ou se prefere uma intervenção mais intensa quando começarem a figurar os primeiros sinais de degradação ou também será efetivo as operações mais localizadas, e dessa forma, mais repetidas ao longo do tempo.

Assim, as manifestações de patologia que se desenvolvem frequentemente nas fachadas dos edifícios, resultam, sobretudo, da existência de um projeto deficiente em termos de soluções construtivas, restrições de caráter econômico e utilização de mão de obra

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deficiente.

3.1 Principais Patologias em Fachadas com Revestimento de Pintura No que se refere a este estudo de revestimento de fachada, nas áreas estudadas do

Guará e Águas Claras verificou-se a ocorrência de manifestações patológicas com origens diversas. Pelo exposto, demonstra-se algumas das patologias:

a) Eflorescências: são manchas esbranquiçadas que surgem nas superfícies pintadas.

Ocorre quando a tinta foi aplicada sobre reboco úmido, ainda não curado completamente. A secagem do reboco acontece por eliminação de água sob forma de vapor, que arrasta materiais alcalinos solúveis do interior para a superfície pintada, onde se deposita, causando manchas. O problema pode ocorrer também em superfícies de cimento, concreto, tijolo, e outros materiais. Com o passar do tempo as manchas, geralmente brancas, tem a tendência a expandirem originando empolamento e descasque do revestimento.

b) Desagregação: é a destruição da pintura, que se esfarela e solta da superfície junto com partes do reboco. O problema ocorre quando a tinta é aplicada antes da cura completa do reboco.

c) Saponificação: é o aparecimento de manchas na superfície pintada (em geral provoca descascamento ou destruição da tinta PVA) e retardamento indefinido da secagem de tintas à base de resinas alquídicas (esmaltes e tintas à óleo). Esta Patologia é causada pela alcalinidade. Na presença de umidade, o substrato reage com a acidez característica de alguns tipos de resina, acarretando a saponificação.

d) Descascamento: Pode ocorrer quando a pintura for executada sobre caiação, sem que se tenha preparado a superfície. Qualquer tinta aplicada sobre caiação está sujeita a descascar rapidamente. Para que isto não ocorra, antes de pintar devem ser eliminadas as partes soltas ou mal aderidas, raspando ou escovando a superfície. Em centros industriais, com grande concentração de poluentes ou regiões à beira mar, os sais da superfície devem ser removidos com água sob pressão.

e) Manchas causadas por pingos de chuva: Os pingos ao molharem a pintura recém-executada, trazem à superfície os materiais solúveis da tinta, surgindo às manchas. Para eliminá-las basta lavar o local com água, sem esfregar.

f) Trincas: De modo geral são causadas por movimentos da estrutura. Para corrigir, recomenda-se a abertura da trinca com ferramenta específica para este fim ou esmerilhadeira elétrica. É necessário retirar a poeira do local, aplicar um fundo preparador à base de água e um selador de trincas.

g) Fissuras: As fissuras ou trincas, rasas e sem continuidade, entre outras causas, podem ser provocadas por tempo insuficiente de hidratação da cal antes da aplicação de reboco ou devido à camada de massa fina estar muito espessa. Recomenda-se, para correção, raspar e escovar a superfície, eliminando-se partes soltas, poeira, manchas de gordura, sabão ou mofo. Deve-se aplicar em seguida um fundo preparador para paredes à base de água.

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3.2 Fissuras As fissuras podem ser por causadas por retração, variação de temperatura, esforços

mecânicos, recalques de fundação, movimentação higroscópica. Há doutrinadores que entendem que as fissuras podem ser ocasionadas pela retração da argamassa ou concreto, ausência de cura, uso de areia inapropriada, falta de juntas de dilatação e erro de calculo estrutural.

As fissuras são um tipo de patologia com grande influência no comportamento deste tipo de revestimentos. O seu aparecimento afeta a capacidade de impermeabilização, que ao permitir o acesso da água e de outros agentes agressivos, reduz a durabilidade da fachada. Geralmente o surgimento das fissuras nas argamassas de revestimentos se torna visível após alguns anos, sendo assim, difícil para apontar com exatidão sua origem ou as causas. Na maioria das vezes, uma combinação de fatores podem ser os responsáveis pelo surgimento das fissuras.

As fachadas com revestimento de argamassa apresentam importantes funções dentre elas a de proteger os elementos de vedação dos edifícios da ação direta dos agentes agressivos, adequação para recebimento do revestimento de pintura, para o isolamento acústico caso tenha, regularização a superfície dos elementos de vedação. A execução da fachada é uma fase da construção que exige mão de obra e materiais de boa qualidade.

É evidente que para evitar o surgimento dessas manifestações patológicas é necessário ter um projeto específico para a fachada, contendo todas as orientações técnicas da sua execução e as especificações dos materiais a serem utilizados.

3.2.1 Fissuras Causadas por Retração Esta patologia é um fenômeno que ocorre nas argamassas quando há uma redução do

volume devido à perda de água para o meio através da evaporação. As fissuras por retração apresentam distribuição uniforme independentemente da carga aplicada. Muitos fatores influenciam na formação das fissuras por retração nas argamassas de revestimento do sol ou pela ação do vento, camada muito espessa e dificuldade de aderência com a base. A Figura 3.2.1, abaixo, mostra algumas fissuras causadas por retração:

Figura 3.2.1: Fissura de retração

Existe a possibilidade de o cimento sofrer redução de volume de até 1% do volume absoluto do cimento seco, com sua desidratação. Assim sendo, a intensidade da retração é influenciada por diversas causas, como: a relação água/ cimento, temperatura e umidade do

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ambiente, a velocidade de ventos, calor de hidratação do cimento, o teor de agregado e o teor de cimento da mistura. Não obstante, pode-se entender que a retração é o resultado de um mecanismo complexo, associado com a variação de volume da pasta aglomerante e apresenta papel fundamental no desempenho das argamassas aplicadas, especialmente quanto à estanqueidade e à durabilidade.

3.2.2 Fissuras Causadas por Recalque de Fundações Recalque é uma patologia que ocorre quando a edificação sofre uma movimentação

vertical devido ao adensamento do solo. O recalque é uma das principais causas de trincas e fissuras em edificações.

Existem recalques absolutos e diferenciados, são os que ocorrem quando uma parte do edifício rebaixa mais que outra gerando esforços estruturais, o mesmo também pode estar localizado nas extremidades dos prédios, essas fissuras aparecem inicialmente com inclinações nos cantos surgindo posteriormente uma fissura vertical causando problemas de ordem estética e funcional, podendo atender contra a estabilidade e segurança da construção.

O estudo adequado do solo previne a incidência de recalque nas edificações. A falta de uma sondagem eficaz e projetos mal elaborados de fundações podem danificar as fundações de concreto.

Esta patologia é provocada por corte ou aterro. A fissura se desenvolve onde o terreno muda de corte para aterro (Figura 2.3.2b), trazendo também como consequência fissuras nas janelas e portas, essas ocorrências não previstas podem levar prejuízos para o orçamento do projeto.

Figura 3.2.2: Fissura por recalque de fundação Fonte: Construção Civil Tips

Salienta-se, que estas fissuras podem ser evitadas com o dimensionamento de juntas nas estruturas. “As fissuras provocadas por recalques diferenciados são inclinadas,

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confundindo-se às vezes com as fissuras provocadas por deflexão de componentes estruturais” (THOMAZ, 2007, p. 94).

As principais consequências do recalque são fissuras na fachada do edifício e fissuras internas nos apartamentos. A compactação inadequada do solo e raízes no solo também provocam fissuras, devido a movimentação diferenciada da estrutura.

3.2.3 Fissuras Causadas por Movimentação Higroscópica A patologia higroscópica é um fenômeno que ocorre quando há a movimentação da

água ou da umidade no interior dos materiais e pode ser resultante de diversos mecanismos de transporte.

As fissuras causadas por movimentação higroscópica acontecem decorrente o fato de expelirem ou de absorverem água modificando o volume dos materiais utilizados. Sendo assim, com o aumento do teor da umidade existe uma expansão do material enquanto que a diminuição desse teor provoca uma contração do material, as mudanças higroscópicas provocam essas variações dimensionais, que exercem grandes influencias nas características de deformabilidade das alvenarias. Essa variação volumétrica pode causar fissuras, tendo formato semelhante às causadas por retração, conforme Figura 2.3.2b, abaixo:

Figura 3.2.3: Fissura por Movimentação Higroscópica Fonte: Autoria própria

Esta patologia pode ser manifestada em qualquer lugar da alvenaria desde que haja

presença de umidade ou junto às bases das paredes, provocadas pela umidade ascendente, que na maioria das vezes há a presença de eflorescências facilitando o diagnóstico. "As trincas provocadas por variação de umidade dos materiais de construção são muito semelhantes aquelas provocadas pelas variações de temperatura" (THOMAZ, 2007, p 37)

3.2.4 Fissuras Provenientes de Abertura Nos métodos construtivos é muito comum o surgimento de fissuras nas aberturas dos

vãos decorrentes da não utilização de vergas e contravergas, da utilização deficiente ou até mesmo pela ausência ou subdimensionamento das mesmas. Nas edificações ocorrem fissuras devido à presença de aberturas, geralmente com direções inclinadas, conforme figura 2.3.2d, abaixo:

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Figura 3.2.4: Fissura proveniente de abertura de vão Fonte: Autoria própria

Para evitar à ocorrência dessas fissuras as aberturas devem receber reforços com a colocação de vergas e contravergas nas portas e janelas, seja pré-moldadas ou moldadas “in loco”. A aplicação destes reforços tem como objetivo a distribuição das tensões que se concentram nos vértices dos vãos.

Deve-se utilizar as contravergas quando o vão exceder 50cm, já as vergas devem-se utilizar nas janelas, portas e vãos na parte superior. Quanto o material pode-se usar concreto pré-moldado, blocos tipo canaleta ou moldada no local.

3.2.5 Fissuras Causadas por Movimentação Térmica Esta patologia ocorre decorrente a movimentação térmica causada pela variação de

temperaturas que provoca aumento volumétrico. Ao se resfriar as restrições impostas aos materiais provocam deslocamentos diferenciais com os surgimentos de aberturas de fissuras, conforme Figura 2.3.2e, a seguir:

Figura 3.2.5: Fissura por movimentação térmica Fonte: piniweb

As movimentações térmicas de um material estão relacionadas com as propriedades

físicas do mesmo e com a intensidade da mudança de temperatura. Umas das principais alterações físicas provocadas pela temperatura é a variação dimensional, isto é, movimentos de dilatação e contração dos materiais. Esta variação causa o aparecimento de tensões que podem levar a deformações e rupturas dos materiais.

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Ressalta-se que o projetista deverá identificar em sua análise os materiais resistentes a diferença térmica. Contendo boa condutibilidade térmica, baixo coeficiente de dilatação, baixo módulo de deformação e elevada resistência aos esforços de tração.

4. ESTUDO DE CASO Em análise de campo, foram encontradas diversas fissuras nas edificações construídas

no Distrito Federal como as apresentadas neste estudo. Para demonstrar estas problemáticas foram selecionadas três edificações para estudo, são eles o Edifício Ipanema, Residencial Milão e Edifício do Vista Park Sul. 4.1 Edifício Ipanema

De acordo com as vistorias realizadas no Edifício Ipanema, localizado em Águas

Claras/DF, destaca-se a presença de fissuras provenientes de aberturas de janelas, por movimentação térmica e por retração.

A edificação de torre única com 11 (onze) pavimentos e 11 (onze) anos de sua construção apresenta 42 (quarenta e duas) fissuras em sua fachada. De acordo com os funcionários do condomínio, em todo esse tempo de construção houve apenas uma reforma no edifício.

Figura 4.1a: Fachada do Residencial Ipanema Fonte: Autoria própria.

Na fachada do prédio (Figura 4.1a), observam-se fissuras em toda a extensão da fachada, provavelmente provenientes de argamassa mal aplicada, onde a melhor alternativa para correção seria a aplicação de tela estuque para diminuir a tração nos pontos críticos e aplicação de vedação nas fissuras mais rasas, com aplicação de veda trinca à base de

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poliuretano.

Figura 4.1b: Fissura da fachada causada por movimentação térmica Fonte: Autoria própria.

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.1b), observam-se fissuras causadas por movimentação térmica, provavelmente provenientes da execução da requadração do reboco no encontro entre os dois panos laterais da edificação. Neste caso, a melhor alternativa para correção é a aplicação de tela estuque e argamassa para reboco externo.

Figura 4.1c: Fissura da fachada proveniente de abertura de vão de janela Fonte: Autoria própria

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.1c), observam-se fissuras causadas por abertura de vão de janela, provavelmente provenientes da execução da alvenaria, sendo aplicadas de forma errada a verga e contra verga. Assim, a melhor alternativa para correção é a aplicação de tela estuque nos cantos da janela em forma de “L”.

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Figura 4.1d: Fissura da fachada causada por retração Fonte: Autoria própria

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.1d), Podem ser observadas fissuras causadas por retração, provavelmente provenientes da execução do reboco em que não foi respeitado o tempo certo para o processo de cura do emboço. Para este caso, a melhor alternativa para correção é a aplicação de novo reboco com argamassa para emboço externo e acompanhamento do processo de cura que será necessário umedecer o plano 3 (três) vezes ao dia, durante 3 (três) dias, para as áreas mais críticas, haja vista a baixa umidade de Brasília e para os planos que apresentam fissuras rasas será necessário somente aplicação de veda trinca.

4.2 Residencial Milão

Já na edificação localizada na cidade de Guará/DF, Residencial Milão, foi identificada a presença de fissuras provenientes de movimentação higroscópicas, por retração, abertura de janelas e movimentação térmica.

A edificação já tem 29 (vinte e nove) anos de sua construção e possui 3 (três) blocos com 6 (seis) pavimentos cada. Há 105 fissuras em sua fachada, onde os funcionários do condomínio informaram que a edificação teve diversas reformas ao longo do tempo na fachada, sem precisão ao certo do total.

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Figura 4.2a: Fachada do Residencial Milão Fonte: Autoria própria

Na fachada do prédio (Figura 4.2a), observam-se fissuras em toda a sua extensão, provavelmente provenientes de argamassa mal aplicada. Neste caso, a melhor alternativa para correção seria a aplicação de tela estuque para diminuir a tração nos pontos críticos e aplicação de vedação nas fissuras mais rasas, com aplicação de veda trinca à base de poliuretano.

Figura 4.2b: Fissura por abertura de janela e retração Fonte: Autoria própria.

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.2b), podem ser observadas fissuras causadas por retração e por abertura de vão de janela, provavelmente provenientes da execução do reboco em que não houve o processo de cura do emboço e erro na execução no assentamento

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da verga e contra verga. No caso acima, a melhor alternativa para correção é a aplicação de veda trinca em

fissuras rasas, caso não tenha infiltração nos cantos das janelas e aplicação de tela estuque nos cantos da janela em forma de “L”, para os casos mais graves.

Figura 4.2c: Fissura Causada por Higroscopia e Movimentação Térmica Fonte: Autoria própria

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.2c), observam-se fissuras causadas por

higroscopia e movimentação térmica, provavelmente provenientes da execução do reboco em que não houve o processo de cura do emboço com aplicação imediata da pintura.

Neste caso, a melhor alternativa para correção seria a aplicação de tela estuque para diminuir a tração nos pontos críticos e aplicação de veda trinca à base de poliuretano nas fissuras mais rasas.

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3.3 Edifício do Vista Park Sul

Este estudo também analisou a obra de construção do Edifício do Vista Park Sul, localizado na cidade de Guará - DF, demonstrando o passo a passo na construção da fachada do prédio.

Figura 4.3a: Limpeza da fachada e execução da primeira camada do reboco Fonte: Autoria própria.

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.3a), observam-se as sobra de massa utilizada no assentamento dos blocos de cimento, haja vista a possibilidade de diminuir a resistência de aderência do reboco e os pontos de talisca na fachada, demonstrando a execução da primeira cheia na fachada, assim como a execução do reboco acabado.

Na aplicação da cheia não é aconselhado aplicar mais de 2,5cm de espessura. Não obstante, para o reboco final também é necessário a aplicação de tela estuque na fachada pinada na estrutura para diminuir a tração e evitar fissuras.

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Figura 4.3b: Demonstração da aplicação da tela metálica Fonte: Autoria própria.

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.3b), observam-se a aplicação da tela estuque no encontro entre a alvenaria e a estrutura para diminuir a tração e não haja fissuras com a movimentação das peças.

Figura 4.3c: Aplicação do chapisco na estrutura Fonte: Autoria própria.

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.3c), observa-se a aplicação de chapisco colante na estrutura de concreto para aderência da argamassa do reboco externo. Nesta fachada aplicou-se somente chapisco na estrutura, pois a alvenaria de bloco de concreto já permite a aplicação da argamassa direto na alvenaria sem a aplicação de chapisco.

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Figura 4.3d: Execução do Friso e aplicação do veda friso Fonte: Autoria própria.

Na fachada lateral do prédio (Figura 4.3d) observa-se a execução de frisos na fachada

para que as fissuras não afetem a fachada. O friso é executado no encontro da alvenaria com a estrutura, que devido à diferenciação da resistência dos materiais, aparecerão fissuras naturais. Sendo assim, o friso é realizado para que a fissura seja criada neste espaço e não se propague no plano da fachada.

Além do que, deve-se observar nos procedimentos para execução do serviço. Aplicação do treinamento da mão de obra, para que se torne qualificada e a aplicação das fichas de verificação dos serviços.

4.4 Reabilitação das Fachadas Para combater as fissuras apresentadas nos edifícios do estudo, podemos tratar a

patologia caso a caso. Pois, após a identificação da causa provável que tornou a patologia aparente e importante combatê-la de forma eficaz, para reduzir custos e manter a conservação da fachada da edificação. Para isto, deve-se ter certeza que os danos não prejudicaram as instalações e não comprometeu as estruturas.

Após análise dos fatos e identificado que as fissuras não comprometem a segurança do edifício. Iniciam-se outras análises, como:

a) Em que período do ano irá executar o serviço; b) Se o reparo será definitivo ou provisório; c) Em que estágio esta a fissura. Neste momento, deve ser analisada a real natureza da fissura, para que a patologia seja

contida na execução da reabilitação da fachada. No entanto, em alguns casos os reparos não serão totalmente eficientes. Pois, as

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fissuras por recalques continuaram a ocorrer. Sendo, que a base do edifício ainda estará em constante movimentação até que os pontos de movimentação seja identificado. A estabilidade da edificação acontecerá com a consolidação do terreno efetuando a compactação do solo e injeção de nata de cimento ou no reforço da estrutura efetuando cachimbos e estacas laterais.

Ademais, devem-se tomar outras providências para complementar a reabilitação do terreno da obra, como a impermeabilização superficial do terreno para não empoçar água ao redor do terreno nas proximidades das fundações e retirar as árvores que retiram a umidade do solo evitando a contração do solo.

As fissuras em paredes são as que mais chamam atenção na fachada. Para estética, a recuperação das fissuras são as mais recorridas nas obras de reabilitação de fachadas.

Para a recuperação desta patologia é muito utilizado material flexível no encontro entre parede e a viga ou pilar. A tela metálica é o material utilizado para conter a retração da alvenaria.

Neste caso a recuperação é realizada com a utilização de “tela estuque”, que deverá ser fixada com pregos de aço e chapiscado a estrutura posteriormente. O reboco deverá ser de menor deformação possível.

Salienta-se, que em estruturas muito longas ou até paredes intermediarias deverão ser criadas juntas de dilatação para que ocorram fissuras.

Os vãos de janelas, portas e em sacadas também ocorrem as fissuras que são combatidas com telas metálicas ou telas de náilon. As telas são excelentes que nos encontros das vergas e contra vergas sejam empregadas com a fixação das mesmas. Além das telas é aconselhado a utilização de pintura elástica encorpada.

Nas fachadas que apresentam as fissuras em cantos ou encontros entre paredes deve-se retirar todo o revestimento fissurado e aplicar tela metálica para apoio da nova argamassa e evitar a retração ou a movimentação higroscópica e térmica.

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5. CONCLUSÃO

Este estudo teve uma grande importância para se adquirir novos conhecimentos. Os objetivos traçados no início deste estudo foram alcançados visto que todo

aprendizado foi exposto neste estudo, atingindo de forma eficaz as técnicas de campo com a teoria ministrada em sala.

Atualmente, pondera-se apenas o custo de construção sem ter em conta os outros aspectos, designadamente a qualidade da execução e manutenção. Por esse motivo, e com vista a um maior ganho econômico no custo total de um edifício ao longo do tempo, é fundamental, que na fase de projeto, se tenha em consideração todas as medidas que visem o prolongamento da vida útil ou da durabilidade do edifício.

A Reabilitação é uma forma de diminuir a degradação da fachada dos edifícios mais antigos, identificando técnicas de construção para evitar a ocorrência de patologias nas edificações. No entanto, para evitar gastos e tempo desnecessários, aplicam-se materiais e técnicas de reabilitação com tecnologia em uma época que o custo é essencial para se manter no mercado da construção civil.

A eficácia em atingir os objetivos e metas na construção civil atualmente, muitas vezes não se preocupa em planejar ou estudar como sanar e recuperar as fissuras. No entanto, fatos já previstos pelo projetista e fundamental, para uma correta manutenção da fachada e diminuir a degradação da mesma. Em sua grande maioria, as reabilitações são eficazes, devido ao melhoramento das estratégias de renovação dos edifícios.

Por fim, o quão rápido e eficiente for o reparo, será importante para diminuir a degradação da fachada e mais econômico para o condomínio do edifício executar a reabilitação.

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Chapisco. Disponível em: http://www.vivaacabamentos.com.br/inicio.htm. Acesso em: 05 de setembro de 2013.

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IBRATIN TINTAS E REVESTIMENTOS. Manual técnico. Disponível em: http://issuu.com/ibratin/docs/manual_tecnico. Acesso em: 02 de março de 2013.

NAKAKURA, Elza Hissae. Revestimentos de Argamassa. Porto Alegre, Editora Antac, 2005.

Origem e danos ocasionados por patologias. Disponível em: www.blog.solucionesdelumidades.es. Acesso em 25 de agosto de 2013.

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THOMAZ, Ercio. Trincas em Edifícios. Causas, Prevenções e Recuperações. Editora Pini. 2007.

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WEBER. Tratamento de fissuras em fachadas. Disponível em: http://www.weber.com.br/revestimento-e-renovacao-de-fachadas/o-guia-weber/problemas-solucao/renovação/tratamento-de-fissuras-em-fachadas.html. Acesso em: 20 de maio de 2013.