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Metodologia Científica

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MetodologiaCientífi ca

UNIDADE 1

Métodos Quantitativos

UNIDADE 1

LIVRO

Metodologia Científica

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Metodologia científica

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Metodologia científica

Gisleine Bartolomei FregonezeJoacy M. BotelhoRodrigo de Menezes TrigueiroMarilucia Ricieri

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Trigueiro, Rodrigo de Menezes

T828t Metodologia científica / Rodrigo de Menezes Trigueiro,

Marilucia Ricieri, Gisleine Bartolomei Fregoneze, Joacy

M. Botelho. – Londrina: Editora e Distribuidora

Educacional S.A., 2014.

184 p.

ISBN 978-85-68075-30-2

1. Pesquisa. 2. Trabalhos. 3. Acadêmicos I. Ricieri,

Marilucia. II. Fregoneze, Gisleine Bartolomei. III. Botelho,

Joacy M. IV. Título.

CDD 001.42

© 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e

transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Diretor editorial e de conteúdo: Roger TrimerGerente de produção editorial: Kelly Tavares

Supervisora de produção editorial: Silvana AfonsoCoordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento

Editor: Casa de IdeiasEditor assistente: Marcos Guimarães

Revisão: Renata Siqueira CamposCapa: Ketlin Storm, Hugo Aguiar Freitas Lima e

Milena Miyuki Takano LimaDiagramação: Casa de Ideias

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Unidade 1 — A pesquisa científica ................................1Seção 1 Pesquisa científica ................................................................3

1.1 Mudanças ocorridas nas pesquisas nos últimos tempos ........................51.2 As escolas filosóficas e a metodologia ..................................................7

Seção 2 Classificação das pesquisas .................................................14

2.1 Levantamento bibliográfico ................................................................142.2 Abordagens quantitativa e qualitativa .................................................152.3 Pesquisa quantitativa ..........................................................................162.4 Pesquisa qualitativa ............................................................................182.5 Tipos de pesquisa ...............................................................................20

Seção 3 Métodos ..............................................................................29

3.1 Metodologia ......................................................................................303.2 Métodos .............................................................................................303.3 Método indutivo ................................................................................313.4 Método dedutivo................................................................................313.5 Método científico ...............................................................................323.6 Método de observação .......................................................................32

Seção 4 Técnicas de pesquisa e instrumentos de coleta de dados ....34

4.1 Observação .......................................................................................344.2 Entrevista ...........................................................................................354.3 Questionário ......................................................................................36

Unidade 2 — Métodos e técnicas de pesquisa .............45Seção 1 Métodos de pesquisa .........................................................46

1.1 Metodologia ......................................................................................481.2 Métodos .............................................................................................54

Sumário

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vi M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Seção 2 Técnicas de pesquisa ..........................................................68

2.1 Observação .......................................................................................692.2 Entrevista ...........................................................................................742.3 Questionário ......................................................................................76

Unidade 3 — Elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos ..............................................83

Seção 1 Redação científica ..............................................................84

1.1 Cuidados com língua portuguesa — você sabe o que é tautologia? ...851.2 Cuidados ao redigir um texto .............................................................861.3 Redação clara, precisa e objetiva ......................................................881.4 A importância de respeitar os direitos autorais ...................................97

Seção 2 Etapas para elaboração do projeto de pesquisa ................100

2.1 O primeiro passo da pesquisa: o projeto ..........................................1002.2 Estrutura do projeto de pesquisa ......................................................1012.3 Detalhamento de cada uma das etapas ............................................1032.4 Metodologia ...................................................................................1062.5 Fundamentação teórica ....................................................................1102.6 Cronograma .....................................................................................1122.7 Instrumento de pesquisa ..................................................................1122.8 Bibliografia ......................................................................................1132.9 Pré-teste ou pesquisa-piloto .............................................................113

Seção 3 Trabalhos acadêmicos .......................................................116

3.1 Fichamentos ....................................................................................1163.2 Resumo ............................................................................................1183.3 Outro tipo de resumo e resenha .......................................................1193.4 Resenha ...........................................................................................122

Unidade 4 — Aspectos gerais e normatização para apresentação dos trabalhos .................129

Seção 1 Apresentação gráfica ........................................................130

1.1 Conceito de relatório .......................................................................1311.2 Objetivos do relatório científico .......................................................1321.3 Tipos de relatórios ............................................................................1321.4 Relatório técnico e/ou científico ......................................................1321.5 Fases gerais de um relatório .............................................................133

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vii

1.6 Estrutura do relatório técnico e/ou científico  ...................................1331.7 Elementos textuais ...........................................................................1401.8 Elementos pós-textuais .....................................................................1441.9 Regras gerais ....................................................................................145

Seção 2 Citações e referências .......................................................149

2.1 Citações (NBR 10520) ......................................................................1492.2 Palavras ou expressões latinas utilizadas em pesquisa .....................1522.3 Referências bibliográficas ................................................................1522.4 Alguns exemplos de elaboração de referências de fontes .................1532.5 Outros exemplos sobre os elementos da referência .........................162

S u m á r i o

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Seção 1: Pesquisa científica

Nesta seção, iremos apresentar a pesquisa científica sob o ponto de vista de alguns autores e vamos também discorrer sobre as escolas filosóficas e a metodologia.

Seção 2: Classificação das pesquisas

Nesta seção, apresentaremos as abordagens da pes-quisa científica e vamos discorrer sobre os tipos de pesquisa científica aplicada às várias áreas do conhecimento.

Seção 3: Métodos

Nesta seção, serão apresentados e discutidos os di-ferentes métodos e as técnicas de pesquisa, ambos essenciais para definir o caminho que será percorrido para alcançar o objetivo da pesquisa.

Seção 4: Técnicas de pesquisa e instrumentos de

coleta de dados

Nesta seção, iremos abordar os instrumentos disponí-veis para a realização da coleta dos dados da pesquisa.

Objetivos de aprendizagem:

Estudar o conhecimento teórico sobre pesquisa científica.

Ser capaz de discorrer sobre as prioridades e os passos indispen-sáveis na realização de uma pesquisa científica.

A pesquisa científica

Unidade 1

Joacy M Botelho

Rodrigo de Menezes Trigueiro

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Iremos descrever cada um deles e chamar a atenção para a possibilidade de usar mais de um tipo de ins-trumento, dependendo dos objetivos da pesquisa.

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 3

Introdução ao estudo

O objetivo desta Unidade é demonstrar a importância da pesquisa para a evolução do conhecimento.

Com certeza, em algum momento de sua vida você se deparou com algum questionamento que lhe causou inquietude. Pois é, são alguns desses ques-tionamentos do nosso dia a dia mesmo que nos levam à busca de respostas. E exatamente dessa forma pode surgir uma pesquisa científica, com uma pergunta que precisa ser respondida.

No entanto, nem toda pergunta dá origem a uma pesquisa científica. Para realizar uma pesquisa científica, é relevante que se considere o caminho em busca da verdade: alguns preceitos metodológicos devem ser seguidos.

Durante a leitura deste texto, com certeza você encontrará algumas respostas para suas dúvidas e com certeza também novas indagações surgirão.

Esse processo de construção do conhecimento é normal. Ao encontrarmos respostas para um questionamento, muitas vezes essa resposta suscita outras indagações e, dessa forma, vamos construindo nosso saber a respeito de um novo conhecimento.

No desenvolvimento do conteúdo desta Unidade, você terá a oportunidade de compreender a importância das questões metodológicas, refletir sobre elas e, assim, compreender sua importância no desenvolvimento da pesquisa científica.

Seção 1 Pesquisa científica

Vamos começar nosso estudo abordando algumas questões referentes à pesquisa científica. Para desenvolver uma pesquisa científica, faz-se necessário dominar alguns conceitos e ter o entendimento do desenvolvimento da ciên-cia, passando pelos tipos de conhecimentos, métodos, pesquisa e técnicas de pesquisa. Ao assimilar essas informações, você terá construído o conhecimento necessário para desenvolver projetos e elaborar relatórios de pesquisa.

Apresentaremos também a importância do levantamento bibliográfico no processo de realização da pesquisa científica como uma etapa indispensável, de modo que o resultado possa contribuir para uma revisão de literatura que dê a sustentação teórica necessária para a credibilidade dos resultados que você vai apresentar.

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4 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Vamos iniciar a discussão?

Daremos início a esta unidade com uma pergunta: O que é pesquisa

científica?

Podemos afirmar, de forma simples, que é toda atividade realizada para se descobrir a resposta de alguma indagação que temos a respeito de um assunto. Para obter a resposta, precisamos utilizar alguns meios que têm respaldo nas ciências, pois, se não for assim, não teremos dados finais confiáveis. Volpato (2007, p. 28) define pesquisa científica “[...] como a atividade que utiliza a metodologia e os pressupostos científicos”.

Um componente que dá sustentação e faz parte da pesquisa científica é o conhecimento. Ele foi construído ao longo dos tempos, a partir das informações que constituíam o cotidiano do homem. Inicialmente esse conhecimento era baseado em mitos e crenças. Com o decorrer dos tempos, o homem passou a usar a observação e a experimentação como instrumentos para validar suas descobertas.

Entre os séculos XVI e XVII, surge a descoberta de Nicolau Copérnico (1473-1543), astrônomo polonês, sobre o heliocentrismo — surgindo assim a revolução nas ciências, que mais tarde foi consolidada por Galileu Galilei (1564-1642), considerado o primeiro cientista a utilizar o método experimental.

Nicolau Copérnico foi um astrônomo polonês (1473-1543) responsável pela descrição do sistema

heliocêntrico (heliocentrismo), que dá início à Astronomia moderna. O heliocentrismo é uma

teoria astronômica que demonstra cientificamente que o Sol é o centro do Sistema Solar, con-

trariando, assim, a ideia de que a terra era o centro do universo como até então se acreditava.

Essa descoberta foi realizada em 1507 e divulgada apenas em 1530.

Para saber mais

Galileu Galilei foi um grande físico, matemático e astrônomo. Nasceu na Itália no ano de 1564. Durante sua juventude, escreveu obras sobre Dante e Tasso. Ainda nessa fase, fez a descoberta da lei dos corpos e enunciou o princí-pio da inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII. Se você tiver curiosidade para saber mais sobre a vida desse homem, pode buscar o filme Galileo, cujo título original é Galileo Galilei.

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 5

Em seguida, surge René Descartes (1569-1650), filósofo francês, autor do Discurso do Método. Ele defende que o conhecimento deve ser baseado em procedimentos racionais. É o célebre autor da frase “Penso, logo existo”.

Descartes, por vezes chamado de fundador da filosofia moderna e pai da matemática moderna,

é considerado um dos pensadores mais influentes da história humana. Nasceu em La Haye, a

cerca de 300 quilômetros de Paris.

Para saber mais

Muitos outros estudiosos contribuíram para o desenvolvimento da ciência que continuou evoluindo de forma cada vez mais rápida e ocasionando mu-danças significativas na vida do homem em todas as áreas do conhecimento.

Há um velho aforismo, atribuído a Claude Bernard, que diz que, em pes-quisa, “Quem não sabe o que procura, não entende o que encontra” (MOURA; FERREIRA; PAINE, 1998, p. 9).

Para maior clareza, vamos ver uma definição do que é pesquisa científica, segundo Rampazzo:

Pesquisa é uma atividade de investigação capaz de ofe-recer (e, portanto, de produzir) um conhecimento novo a respeito de uma área ou de um fenômeno, sistematizando--o em relação ao que já se sabe a respeito da área, ou fenômeno (RAMPAZZO, 1998, p. 14, grifo do autor).

Portanto, se alguém quer comprar um produto e for a diversas lojas para levantar condições, preços e qualidade do produto existente em cada esta-belecimento, estará fazendo uma pesquisa. Certo? Muito bem, mas aqui nos interessa a pesquisa científica. Para que seja considerada científica, deverá obedecer a um planejamento, deve ser sistemática e controlada, precisa buscar novos conhecimentos.

1.1 Mudanças ocorridas nas pesquisas nos últimos tempos

Até a década de 1990, o problema para fazer uma pesquisa para um traba-lho acadêmico era ter à disposição uma biblioteca. Muito do que se fazia era com base em enciclopédias. No Brasil, era famosa a Enciclopédia Barsa. No mundo, a mais famosa era a Enciclopédia Britânica.

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Hoje as coisas estão muito diferentes. Ninguém procura mais uma enciclo-pédia, simplesmente pesquisa na internet. Essa mudança foi tão expressiva que a centenária Britânica não é mais impressa. Veja a notícia a seguir, publicada no jornal Folha de S.Paulo, em 15 de março de 2012:

As bases da nova indústria literária

Uma das vantagens do “livro” digital é que ele pode ser comprado em um táxi ou em um ônibus.

A ENCYCLOPAEDIA Britannica anunciou que sua última edição em papel foi a de 2010. No mercado desde 1768, a enciclopédia era atualizada a cada dois anos e estava na hora de refrescar os tomos e imprimir uma nova série. Nunca mais. O conjunto só estará disponível, no futuro, na web e em aplicações móveis.

A decisão é um marco para a indústria analógica do texto, e já não era sem tempo para a enciclopédia. Seu principal e muito mais usado concorrente, a Wikipedia, nunca teve uma versão em papel e é atualizada na velocidade das ocorrências e descobertas. O tempo, na rede, é diferente — e muito mais rápido — do que no papel (MEIRA, 2012, p. Mercado B9).

Nos dias atuais, as pesquisas são bem conhecidas. Todas as pessoas estão acostumadas com frequentes pesquisas em épocas de eleição. Nos meses que antecedem as eleições, são feitas pesquisas de intenção de voto, mas é usual também que se façam pesquisas para saber como a população está percebendo um executivo, principalmente governadores e presidente. Segundo Nunes (apud FIGUEIREDO et al., 2000, p. 43):

As pesquisas de opinião ocupam, hoje, um generoso es-paço na mídia em decorrência, principalmente, de dois conceitos básicos: primeiro, porque a opinião pública, por si só, já é notícia; e, segundo, porque a divulgação das pesquisas de opinião pública permite a democratização da informação. Informações que antes eram acessíveis apenas para uma minoria hoje estão disponíveis para todo o público e os indivíduos podem escolher entre agir, ou não, de posse dessas informações.

O projeto de pesquisa corresponde a um plano, ou resultado do planeja-mento, e uma obra de valor não pode ser feita sem o estudo e estabelecimento de um plano para a confecção do produto final. Não há um padrão fixo para um planejamento, mas muitos autores fazem sugestões, por exemplo, Fachin (2001, p. 117) e Barros e Lehfeld (2000, p. 123).

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A mais rica biblioteca, quando desorganizada, não é tão proveitosa quanto uma bastante modesta, mas bem ordenada. Da mesma maneira, uma grande quantidade de conhecimentos, quando não foi elaborada por um pensamento próprio, tem muito menos valor do que uma quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi devidamente assimilada (SCHOPENHAUER, 2008, p. 39).

Outro roteiro bastante útil, inclusive com sugestão para apresentação da capa e os principais tópicos a serem abordados, está em Gil (1996, p. 150-7).

No que se refere aos itens de um cronograma, ver Salomon (1999, p. 224) e Henriques e Medeiros (2001, p. 15-6). Também esses autores enfatizam a necessidade de planejamento sem o que “[...] muitas pesquisas não chegam ao término”.

1.2 As escolas filosóficas e a metodologiaAqui iremos enfocar algumas escolas filosóficas, seus principais represen-

tantes e fundamentos de modo a esclarecer pontos da metodologia de pesquisa.

A primeira corrente filosófica, uma das mais antigas, é a dialética iniciada na Grécia, por Zenon de Eléa, que viveu entre 490 e 430 a.C. e era considerada, nessa época, a arte do diálogo, da argumentação. Modernamente entende-se que a dialética significa “[...] o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação” (KONDER, 1981, p. 8). O pensador grego mais radical foi Heráclito de Éfeso (cerca de 540-480 a.C.), conhecido pelo fragmento n. 91, em que escreveu que um homem não se banha duas vezes no mesmo rio. Isto porque, da segunda vez, não será o mesmo rio, que terá passado por mudanças diversas, nem será o mesmo homem, que não é imutável.

Com o passar do tempo, foram formados muitos movimentos que procura-ram discutir os métodos em ciência. A seguir são elencados alguns.

1.2.1 Empirismo

O empirismo inglês é o mais importante. Segundo esse movimento, “[...] a única fonte de nossas ideias é a experiência sensível, valorizando assim os sentidos” (MATTAR NETO, 2002, p. 69), contrapondo-se às correntes idealis-tas que se baseiam no racional e não na experiência efetiva. Seus principais representantes foram Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-1704) e David Hume (1711-1776). Segundo Bacon, o conhecimento científico deve

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seguir os seguintes passos: experimentação, formulação de hipóteses, repeti-ção, testagem das hipóteses e formulação de generalizações e leis (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 43).

1.2.2 Positivismo

Para o representante mais importante deste movimento, Auguste Comte (1798-1857), a ciência é o conhecimento por excelência e “Os conceitos e expressões possuem significado se, e apenas se, puderem ser relacionados a eventos reais por meio de operações de mensuração, ou seja, se forem opera-cionalizados” (MATTAR NETO, 2002, p. 69).

1.2.3 Pragmatismo

O principal nome dessa corrente de pensamento é o filósofo, matemático, lógico e cientista norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). O pragmatismo busca os resultados, mais do que as origens, na compreensão das ideias.

Por isso, essa corrente filosófica assevera que uma ideia deve ser julgada por sua funcionalidade e não pelo modo como parece ou soa. William James é com frequência chamado o fundador do pragmatismo. O pragmático acha que nada é “evidente”. Uma ideia é verdadeira se funciona, e falsa se não funciona. O pragmatismo tem sido considerado uma filosofia peculiarmente norte-americana.

Os filósofos norte-americanos que elaboraram as doutrinas do pragmatismo foram William James, Charles Peirce e John Dewey. Afirmavam que se pode dizer que uma ideia “funciona” apenas quando as ações baseadas nela levam a resultados previstos. O pragmatismo pode ser considerado como a lógica que se encontra por trás do método científico. Quando a ênfase repousa não em como pensamos, mas no fato de que todo o pensamento que conhecemos é formulado por diversos seres humanos, o pragmatismo se torna um humanismo. O humanismo do filósofo F. C. S. Schiller pode ser considerado uma versão inglesa do pragmatismo.

1.2.4 Teoria crítica

Em 1937, o filósofo Max Horkheimer lançou um ensaio em que procurava aliar teoria e prática, relacionando o pensamento tradicional dos filósofos a seu presente. Posteriormente, a corrente iniciada por Horkheimer deu ori-

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 9

gem à Escola de Frankfurt, que foi formada por grandes pensadores, mas não representava uma ideia única porque seu principal objetivo era alcançar novos conhecimentos através da crítica. Ou seja, os participantes dessa escola não seguiam um pensamento único, mas questionavam o que havia até essa época para chegar a novos conhecimentos. Com isso, procuraram seguir a dialética de Kant.

1.2.5 A nova filosofia da ciência

O principal cientista das últimas décadas na área do estudo do pensamento humano é Kuhn (1922-1996). Para ele, a ciência procura solucionar os proble-mas “científicos” utilizando os conhecimentos, os pressupostos conceituais, metodologias e instrumentais que são partilhados pelos cientistas de uma época e constituem o paradigma vigente (KUHN, 1978). Entretanto, em certas ocasiões, o “[...] progresso e o desenvolvimento do conhecimento requerem ex-plicações que o paradigma vigente não pode fornecer” (MATTAR NETO, 2002, p. 75). Nessas horas ocorre uma crise que pode dar origem a uma revolução científica. Portanto, os enunciados científicos não são verdades irrefutáveis, mas provisórios, e quando ocorre uma mudança nos paradigmas vigentes diz--se que houve uma “quebra de paradigma”. Segundo Boog:

Paradigmas são referenciais que usamos continuamente para balizar nossas decisões. Paradigmas são “lentes” que condicionam a nossa “visão do mundo”, dando-lhe as suas cores e formas. Por estarem tão incorporados ao nosso dia a dia, muitas vezes nem nos damos conta de que os paradigmas existem e são tão determinantes em nossa forma de perceber o mundo. Os paradigmas são, num certo sentido, altamente positivos, pois tratam-se de um referencial que nos ajuda e nos apoia. Por outro lado, ao definirem uma forma rígida de ver e perceber, podem nos causar uma “cegueira” que nos impede enxergar o que não se ajusta aos pressupostos básicos. Os paradigmas são uma forma de expressar valores, crenças, referenciais e mitos que orientam nossas vidas, dando consistência às nossas ações individuais, grupais e empresariais (BOOG, 1994, p. 3, grifo do autor).

Com esses esclarecimentos, podemos continuar com o que vínhamos explorando.

Há uma implicação entre as teorias do conhecimento e as de investigação, ou seja, uma teoria traz consigo não só conceitos, mas também aspectos re-

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lacionados aos valores, isto é, às formas que o homem tem de se relacionar consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

Nesse sentido, Fazenda (2004) destaca três princípios importantes para a formação do pesquisador. Como primeiro princípio, ela aponta a aquisição de uma disciplinaridade teórica que se obtém com a profunda aquisição de erudição na área de estudos desejada; a segunda refere-se à aquisição de uma disciplinaridade histórico-sociocultural que exige “[...] um rigor disciplinar diferente onde o importante é o retorno ao entorno de quem pesquisa verifi-cando como o tema afeta e de que forma o cativa” (FAZENDA, 2004, p. 48) e finalmente o terceiro princípio apontado é a importância da aquisição de uma atitude interdisciplinar.

A pesquisa científica conduz o homem na busca de novos conhecimentos. Didaticamente podemos dividir o conhecimento em quatro tipos: conheci-mento empírico, também conhecido como vulgar ou senso comum, o conhe-cimento filosófico, o conhecimento teológico e o conhecimento científico. O conhecimento empírico, vulgar ou senso comum é construído a partir da experiência de vida e da transmissão de geração para geração. Não exige nenhuma comprovação científica. O conhecimento filosófico se sustenta na reflexão e na razão, usando para isso o raciocínio. O homem busca na filo-sofia a explicação que não encontra na ciência. O conhecimento teológico se sustenta na fé que o homem tem em uma entidade superior e divina, e sua principal característica é a crença sem questionamento dos ensinamentos adquiridos através da tradição.

O senso comum é um saber que nasce da experiência cotidiana, da vida em sociedade. É um

saber que envolve os elementos da realidade em que vivemos; engloba os hábitos, os costumes,

as práticas, as tradições, as regras de conduta que necessitamos assimilar para podermos con-

duzir o nosso dia a dia, e aprender como devemos nos comportar em sociedade, adquirindo

autonomia para construirmos de forma espontânea o nosso conhecimento.

Para saber mais

Você já parou para pensar que o conhecimento empírico serve de fonte de inspiração para o conhecimento científico?

A pesquisa científica vem se modificando nos últimos tempos em função de muitos fatores, tanto os resultantes dela própria e do desenvolvimento

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 11

tecnológico, como de outros fatores de ordem política, educacional, social e econômica. Segundo Martins e Theóphilo (2007), o reconhecimento e o pres-tígio da pesquisa científica na área de Ciências Sociais Aplicadas no Brasil é bem recente, data da metade do século passado.

A pesquisa científica está estreitamente relacionada com a ciência. E isso fica evidente na afirmação de Minayo (1994, p. 23), que considera a pesquisa como:

Atividade básica das ciências na sua indagação e desco-berta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproxima-ção sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.

O principal objetivo da ciência está na busca de conhecimentos que são produzidos a partir da investigação. Köche (2006) ainda vai além, quando acrescenta que se deve buscar a explicação para o problema investigado.

Outros autores também abordam a pesquisa como responsável pelas inves-tigações que levam a novas descobertas e a resolução de problemas. Demo (1996, p. 34) insere a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a como uma atitude, um “[...] questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático”. Para Gil (1996, p. 19):

[...] a pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.

O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.

A pesquisa científica “[...] consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados, no registro de variáveis presumivelmente relevantes para análises posteriores” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 68).

Nas pesquisas na área das Ciências Sociais e Aplicadas por muito tempo utilizou-se do método experimental, que tem uma abordagem própria para a área das Ciências Naturais, em função da falta de outras metodologias que fossem mais apropriadas à área e para conferir status científico às pesquisas.

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A necessidade de avançar no campo da pesquisa para a área das Ciências So-ciais e Aplicadas, na explicação de Martins e Theóphilo (2007, p. 2), deve-se ao fato que:

[...] o homem não pode ser tratado como um simples ob-jeto do conhecimento, como acontece com os elementos estudados pelas Ciências da Natureza. O homem é um sujeito demasiado complexo para se deixar reduzir ao estado de objeto.

Os autores ainda enfatizam a complexidade que envolve realidade humana, afirmando que:

O objeto de estudo das Ciências Sociais e Humanas está associado com o homem enquanto ser relacionado com si próprio, com os outros, com seu entorno físico e biológico e com as entidades mentais: ideias, conceitos, lógica. O homem distingue-se por aspectos que lhe são específicos, que fazem dele uma entidade bem definida: a consciência reflexiva (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 2).

Em função das constatações feitas em relação aos estudos dos problemas que envolvem a pesquisa nessa área e a postura dos pesquisadores em dar mais atenção à forma de conduzi-las para que os resultados pudessem ser aceitos sem o questionamento da validade ou não dos métodos, faz-se necessário observar as etapas indispensáveis para a geração de novos conhecimentos provenientes das pesquisas, a saber: a questão epistemológica, teórica, metodológica e téc-nica (MARTINS; THEÓPHILO, 2007).

Portanto, a pesquisa científica envolve um conjunto de informações que re-sultam num processo da construção do conhecimento e isso só se torna possível através do emprego da metodologia científica. O pesquisador precisa escolher o método e o tipo de pesquisa adequada ao problema que será investigado levando em consideração os objetivos da pesquisa.

Para a realização da pesquisa científica, é necessário um planejamento que se dá com a elaboração do projeto de pesquisa.

Após a delimitação do tema do projeto de pesquisa, o passo seguinte é identificar, na literatura, o estado da arte do assunto a ser discutido, trazendo os autores e suas ideias sobre o tema que será pesquisado. Essa fase é denominada levantamento bibliográfico, e é sobre esse assunto que passaremos a discorrer.

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 13

É de grande proveito a leitura do livro O mundo assombrado pelos demônios: a ciência

vista como uma vela no escuro, de autoria do cientista e escritor americano Carl Sagan

(SAGAN, 1997) que mostrou em seus livros a importância da ciência para a humanidade e os

perigos de se restringir o conhecimento apenas a suposições sem comprovação em pesquisa.

O título de seu livro é muito interessante.

Para saber mais

Os relatos espúrios que enganam os ingênuos são aces-síveis. As abordagens céticas são muito mais difíceis de encontrar. O ceticismo não vende bem. Uma pessoa inteligente e curiosa, que se baseie inteiramente na cul-tura popular para se informar sobre uma questão como Atlântica, tem uma probabilidade centenas ou milhares de vezes maior de encontrar uma fábula tratada de maneira acrítica em lugar de uma avaliação sóbria e equilibrada (SAGAN, 1997, p. 20).

1. Cite três dos muitos movimentos que procuraram discutir os métodos em ciência.

2. Defina o que é senso comum.

Atividades de aprendizagem

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14 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Seção 2 Classificação das pesquisas

Para a realização de um trabalho científico, o pesquisador terá necessaria-mente que coletar dados e informações, os quais, depois de analisados, per-mitirão o entendimento do problema. Dependendo da natureza desses dados e informações, e dos objetivos que se pretende alcançar, o pesquisador deverá escolher o tipo de abordagem que irá utilizar no desenvolvimento de seu estudo.

2.1 Levantamento bibliográficoO levantamento bibliográfico é a fase da pesquisa na qual se identificam

os autores que estudaram ou estão estudando o tema em questão, para depois elaborar a revisão bibliográfica, que iremos discutir no item dos elementos textuais de um projeto.

Durante a realização do levantamento bibliográfico, é necessário observar algumas etapas que ajudarão na identificação, localização e obtenção das fon-tes. Na fase preparatória, em primeiro lugar, é preciso estudar o assunto para identificar e definir os termos para a busca do tema. Em seguida, é necessário estabelecer algumas delimitações quanto ao período de tempo a ser levantado, da área geográfica, de idiomas e outras delimitações necessárias para acessar as publicações específicas que remetam ao assunto a ser estudado. A defini-ção das palavras-chave e a tradução dos termos também merecem a atenção do pesquisador. Delimitações consistem principalmente na conceituação do assunto, definindo-se nesse momento os termos que o identificam. Para este estudo, deve-se recorrer aos dicionários, enciclopédias especializadas, com-

pêndios e outras fontes de informação que se fizerem necessárias, bem como a pesquisado-res da área (GIANNASI-KAIMEN et al., 2008).

Após esses procedimentos, o pesquisador deve estabelecer quais serão os tipos de fontes que serão utilizados entre os diversos supor-tes informacionais disponíveis. Deve, ainda, definir se usará fontes impressas e/ou on-line de acordo com o escopo da sua pesquisa. A busca das fontes pode ser feita utilizando-se diferentes estratégias: por palavras-chave, fra-ses, autores, instituições e títulos.

Para obter maiores informações

sobre a busca de documentos on-

-line, recomendo a consulta a este

link que traz a publicação de Jorge

Alberto Machado, da UFRJ, sobre

Como pesquisar na Internet:

guia de métodos, técnicas e pro-

cedimentos gerais. <www.fo-

rum-global.de/curso/ textos/

pesquisar_na_internet.htm>.

Para saber mais

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 15

Após a fase preparatória, o pesquisador começa de fato a reunir os docu-mentos de seu interesse, iniciando, assim, a fase de execução, que compre-ende a identificação, a localização e a obtenção do material. Essas três etapas possibilitam ao pesquisador o acesso direto às fontes selecionadas finalizando a realização do levantamento bibliográfico.

O passo seguinte é proceder à leitura, seleção e documentação do seu conteúdo com vistas à retenção do conhecimento obtido e a sua utilização futura. Para uma melhor organização das fontes e das informações estudadas, recomenda-se que nessa etapa se crie um mecanismo de controle, que pode ser, por exemplo, o fichamento de todos os materiais obtidos e estudados. Esse procedimento facilitará muito o momento da redação do projeto e do relatório da pesquisa, pois o pesquisador terá em mão todas as referências bibliográficas que necessitar para fazer suas citações no texto; além disso, essa documentação servirá de suporte para a análise de dados da pesquisa, no referencial teórico ou no estado da arte da literatura da área.

Para fazer o fichamento, o pesquisador poderá usar uma ficha impressa ou automatizada. Nessa ficha deverão constar a referência bibliográfica da obra que está sendo estudada, o resumo, o comentário ou as citações que o pesquisador selecionar na leitura e, finalmente, a indicação da localização da fonte. A forma como esses dados serão disponibilizados fica a critério de cada pesquisador.

O passo seguinte na elaboração do projeto de pesquisa será a definição do tipo de pesquisa que será usado. Essa escolha deve levar em consideração o pro-blema a ser investigado e o objetivo que se pretende com o objetivo da pesquisa.

Com o levantamento pronto sobre o tema do projeto da pesquisa, é neces-sário, em seguida, definir qual será o tipo de pesquisa que mais se adequa ao problema a ser pesquisado. Vamos descobrir como se dá essa escolha?

2.2 Abordagens quantitativa e qualitativaA pesquisa pode ser realizada dentro das abordagens quantitativa e quali-

tativa. As duas abordagens não se excluem, uma vez que a abordagem quan-titativa busca indicadores e tendências observáveis e a qualitativa destaca os valores, crenças e atitudes. Considerando o histórico e a evolução da pesquisa educacional, e ainda as tendências atuais, a abordagem qualitativa prevalece como a mais indicada para ser aplicada nessa área. Podemos também usar as duas abordagens combinadas, quando se fizer necessário, surgindo, então, segundo Creswell (2007), a abordagem mista.

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Abordagem mista é aquela em que o pesquisador tende a basear as ale-gações de conhecimento em elementos pragmáticos (por exemplo, orientado para consequência, centrado no problema e pluralismo). [...] A coleta de dados também envolve a obtenção tanto de informações numéricas (por exemplo, em instrumentos) como de informações de texto (por exemplo, entrevistas), de forma que o banco de dados final represente tanto informações quantitativas como qualitativas (CRESWELL, 2007, p. 35).

Vamos iniciar a discussão sobre as abordagens da pesquisa estudando a pesquisa quantitativa.

2.3 Pesquisa quantitativaA pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza técnicas

estatísticas. Parte do princípio de que tudo pode ser quantificado. Isso significa transformar em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Utiliza-se de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação etc.).

As pesquisas quantitativas são aquelas em que os dados e as evidências coletados podem ser quantificados, men-surados. Os dados são filtrados, organizados, tabulados, enfim, preparados para serem submetidos a técnicas e/ou testes estatísticos (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 135).

No entendimento de Creswell (2007, p. 35):

[...] é aquela em que o investigador usa primeiramente alegações pós-positivistas para desenvolvimento de co-nhecimento (ou seja, raciocínio de causa e efeito, redução de variáveis específicas e hipóteses e questões, uso de mensuração e observação e testes de teorias), emprega estratégias de investigação (como experimentos, levanta-mentos e coleta de dados instrumentos predeterminados que geram dados estatísticos).

O uso da pesquisa quantitativa é indicado quando há necessidade de quantificar e/ou medir opiniões, atitudes e preferências ou comportamentos. Seus resultados auxiliam no planejamento de ações coletivas e são passíveis de generalização, principalmente quando as populações pesquisadas representam com fidelidade o coletivo, por exemplo, um estudo que busca analisar a evasão escolar ou quantificar a opinião dos alunos quanto ao uso do livro didático.

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Para fazer uma pesquisa quantitativa, elegem-se as variáveis que serão me-didas. Mas você sabe o que é uma variável? O nome indica que se refere a algo que pode ter valores ou significados diferentes. Vejamos uma definição encon-trada em livro especializado em pesquisa quantitativa. Segundo McDaniel e Gates, uma variável é “[...] um símbolo ou conceito que pode assumir qualquer valor de um conjunto de valores” (MCDANIEL JUNIOR; GATES, 2003, p. 33).

Algumas variáveis são muito comuns em pesquisas quantitativas, como, por exemplo, sexo, idade e escolaridade. Quando se escolhem as variáveis para uma pesquisa, deve-se ter em conta o objetivo de cada uma. Uma variável que não tenha aproveitamento para os resultados esperados pode, além de incomodar a pesquisador e pesquisado, prejudicar ou atrapalhar o resultado. Um dos grandes problemas em pesquisa é pedir informações sobre a renda mensal. Normalmente as pessoas se sentem mal porque acreditam que a renda é pouca ou tentam esconder se entendem que é alta e não veem razão para informar corretamente.

Modernamente, o que se faz é levantar o nível do poder de compra de uma população e, então, é usual adotar-se o Critério de Classificação Econômica Brasil, desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep ).

Não se deve confundir essa classificação com um estabelecimento de nível social. É uma divisão por poder de compra que tem como base o Levantamento Socioeconômico (LSE) do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). Nesse levantamento há uma série de itens aos quais se dá uma pontu-ação. Por exemplo, a posse de televisão em cores pode ter pontos de 0 (se não possuir), 2 pontos (se tiver um aparelho) 3 pontos (se possuir 2), 4 pontos (para posse de 3), e 5 pontos (se a posse for de 4 ou mais aparelhos). Os pontos se referem à posse de: rádio, banheiro, automóvel, aspirador de pó, máquina de lavar, videocassete e/ou DVD, geladeira, freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex). Também recebe pontos se o pesquisado contrata empregada mensalista.

Por último, é dada uma pontuação pelo Grau de instrução do chefe de família, variando de 0 a 5 (este para superior completo).

De acordo com o total de pontos, a pessoa é enquadrada em uma das se-guintes classes:

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Quadro 2.1 Classes segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil

CLASSE TOTAL DE PONTOS

A1 42 — 46

A2 35 — 41

B1 29 — 34

B2 23 — 28

C1 18 — 22

C2 14 — 17

D 8 — 13

E 0 — 7

Fonte: ABEP — Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (2014).

Partindo do princípio de que vocês entenderam a abordagem quantitativa, vamos estudar a abordagem qualitativa.

2.4 Pesquisa qualitativaA pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um fe-

nômeno específico em profundidade. Em vez de estatísticas, regras e outras generalizações, ela trabalha com descrições, comparações, interpretações e atribuição de significados, possibilitando investigar valores, crenças, hábitos, atitudes e opiniões de indivíduos ou grupos. Permite que o pesquisador se apro-funde no estudo do fenômeno ao mesmo tempo que tem o ambiente natural como a fonte direta para coleta de dados.

As pesquisas qualitativas “[...] pedem descrições, compreensões e análises de informações, fatos, ocorrências que naturalmente não são expressas por números” (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 135).

Uma das principais características da abordagem qualitativa é a imersão do pesquisador no ambiente da pesquisa, isto é, o pesquisador precisa manter um contato direto e longo com o objeto da pesquisa. Além dessa característica, tam-bém são apontadas por Chizotti (1991) outras características, como o reconheci-mento dos atores sociais como sujeitos que produzem conhecimentos e práticas; os resultados como fruto de um trabalho coletivo resultante da dinâmica entre pesquisador e pesquisado e a aceitação de todos os fenômenos como igual-mente importantes e preciosos. Martins e Theóphilo (2007, p. 137) destacam que os dados coletados devem ser predominantemente descritos; é necessário

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registrar a descrição “[...] de pessoas, de situações, de acontecimentos, de re-ações, inclusive transcrições de relatos”. Outra característica muito importante na pesquisa qualitativa, é o acompanhamento do processo, ao contrário da pes-quisa quantitativa que se preocupa com os resultados. Acompanhar cada etapa do processo é fundamental, pois é determinante verificar como o fenômeno “[...] se manifesta nas atividades, nos procedimentos e em suas interações com outros elementos” (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 137).

Em seu livro Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto, Creswell (2007) também discute as características da pesquisa qualitativa e reco-menda as indicadas por Rossman e Ralii. Novamente aparece o cenário natural como destaque para a pesquisa qualitativa: a possibilidade do uso de múltiplos métodos para a coleta de dados; a possibilidade de não ter que seguir fielmente um projeto pré-configurado, mas sim ir adaptando-o sempre que necessário; a pesquisa qualitativa é interpretativa, ou seja, possibilita que o pesquisador inter-prete os dados; os fenômenos podem ser vistos de forma holística; permite que o pesquisador se integre à pesquisa, possibilitando, assim, o reconhecimento dos possíveis problemas e limitações apresentadas no decorrer da pesquisa; possibilita ao pesquisador um processo interativo, dando a ele a oportunidade de acompanhar e altera todo o processo desde a coleta de dados até a reformu-lação do problema, se for o caso; e, finalmente, permite o uso e uma ou mais estratégias de investigação (ROSSMAN; RALII apud CRESWELL, 2007).

Tanto a pesquisa qualitativa quanto a quantitativa podem ser usadas na pesquisa educacional. Mas qual abordagem é mais indicada? Creswell (2007, p. 38) aponta três considerações: “[...] o problema de pesquisa, as experiências pessoais do pesquisador e o público para quem o relatório será redigido”.

O autor destaca que, dependendo do problema a ser investigado, o pes-quisador precisa analisar qual é abordagem mais adequada. Por exemplo, se o problema é identificar o número de alunos que estão evadindo da escola, a abordagem quantitativa será suficiente, porém, se o problema a ser investigado for a razão da evasão escolar, será necessário utilizar a abordagem qualitativa.

Quanto à experiência do pesquisador, Creswell (2007) enfatiza que as suas habilidades precisam ser consideradas no momento da escolha da abordagem. De nada adiantará ele optar pela abordagem qualitativa se não tiver conheci-mento e segurança sobre como conduzir a pesquisa.

A consideração pelo público deve-se ao fato de que as pesquisas podem ser desenvolvidas e depois disseminadas em periódicos, eventos científicos,

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colegas do mesmo campo do conhecimento e, portanto, a abordagem deve considerar o conhecimento e o interesse desse público.

Você pode ampliar seus conhecimentos sobre a abordagem da pesquisa buscando na biblioteca

digital da Unopar o livro CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo,

quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.

Para saber mais

Considerando que você já sabe no que consiste a abordagem da pesquisa, vamos avançar e discutir os tipos de pesquisa apresentados pela literatura.

2.5 Tipos de pesquisaAlém da abordagem da pesquisa, é preciso considerar qual é o tipo de pes-

quisa que mais se ajusta ao problema e aos objetivos a serem estudados. Na literatura, encontramos vários tipos de classificação, segundo o ponto de vista de alguns autores, como Gil (1996), Rudio (2000) e Fazenda (2004).

Iremos abordar, neste texto, alguns tipos de pesquisa focados na área de Ciências Econômicas e Sociais, porém, a literatura sobre o assunto apresenta muitos outros tipos de pesquisa que poderão ser utilizados.

2.5.1 Estudo de caso

Trata-se de um estudo profundo, exaustivo e detalhado de uma unidade de interesse, que pode ser único ou múltiplo e a unidade de análise pode ser uma ou mais pessoas, família(s), produto(s), escola(s) ou unidade(s) da escola, um órgão público ou mesmo um país ou vários países. Não permite generalizações e só tem validade para o universo a ser estudado.

André (2001) assegura que esse tipo de pesquisa é útil para identificar um problema educacional e entender a dinâmica da prática educativa, desta-cando assim sua relevância na área da educação, principalmente em estudos exploratórios.

Na opinião de Gil (1996), o uso do estudo de caso é recomendável na fase inicial de uma investigação sobre temas complexos que exijam a construção de hipóteses ou reformulação dos problemas.

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Hipótese é uma proposição ou suposição, de natureza criativa e teórica, aceita ou não, admis-

sível ou provável, mas não comprovada ou demonstrada.

Para saber mais

O estudo de caso é apresentado por Martins e Theóphilo (2007, p. 61) como:

[...] uma investigação empírica que pesquisa fenômenos dentro do seu contexto real (pesquisa naturalística), onde o pesquisador não tem controle sobre os eventos variá-veis, buscando apreender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto [...] O estudo de caso possibilita a penetração na realidade social.

Ao optar pela realização de um estudo de caso, o pesquisador precisa fa-zer uma seleção criteriosa do problema a ser estudado. Se o problema for mal formulado, poderá comprometer o estudo, portanto, é necessário refletir muito para essa definição. Outro ponto importante é obter a aprovação e colaboração da direção da escola ou instituição onde a pesquisa será realizada, uma vez que esse tipo de pesquisa exige uma imersão no ambiente e a obtenção dos dados, informações e documentos necessários para o pleno desenvolvimento do estudo.

Sobre o estudo de caso, leia o artigo: CAMPOMAR, Marcos Cortez. Do uso de “estudo de caso”

em pesquisa para dissertações e tese em administração. Revista de Administração, São Paulo,

v. 26, n. 3, p. 95-97, jul./set., 1991.

Para saber mais

2.5.2 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica pode se constituir em etapa inicial de um processo de pesquisa, seja qual for o problema em questão, com o objetivo de se ter um conhecimento prévio da situação em que se encontra um assunto na literatura da área. Portanto, é indispensável sua realização, antes de iniciar qualquer estudo, para não correr o risco de estudar um tema que já foi amplamente pesquisado, também para ter conhecimento dos principais autores que estudam o tema e saber qual é a situação do referencial teórico na área. Ela é considerada uma estratégia necessária para a realização de qualquer pesquisa científica.

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A pesquisa bibliográfica também pode ser utilizada para a realização de uma pesquisa teórica sobre um determinado assunto.

Nesse sentido, Köche (2006, p. 122) reforça o aspecto do objetivo da pes-quisa bibliográfica: “[...] conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando-se instrumento indispensável a qualquer tipo de pesquisa”.

Fachin (2001, p. 125) chama a atenção para a importância da pesquisa bibliográfica, ao afirmar que “[...] é a base para as demais pesquisas e pode-se dizer que é uma constante na vida de quem se propõe a estudar”.

Desse modo, pode-se afirmar que a pesquisa bibliográfica visa ao conhecimento e análise das principais teorias relacionadas a um tema e é parte indispensável de qualquer tipo de pesquisa, podendo ser realizada com diferentes finalidades.

A pesquisa bibliográfica difere, portanto, do levantamento bibliográfico. Enquanto este constitui a primeira etapa de qualquer trabalho de pesquisa, a pesquisa bibliográfica é um tipo de pesquisa.

No entendimento de Köche (2006, p. 122), esse tipo de pesquisa pode ser usado para diferentes fins, por exemplo:

[...] (a) para ampliar o grau de conhecimentos em uma de-terminada área, capacitando o investigador a compreender ou delimitar melhor um problema de pesquisa; (b) para dominar o conhecimento disponível e utilizá-lo como base ou fundamentação na construção de um modelo teórico explicativo de um problema, isto é, como instrumento au-xiliar para construção e fundamentação das hipóteses; (c) para descrever ou sistematizar o estado da arte, daquele momento, pertinente a um determinado tema ou problema.

Para dar maior credibilidade à discussão teórica, faz-se necessário o uso de citações, que podem ser literais ou parafraseadas. Porém, é importante fazer na medida certa, sem excessos. Na paráfrase, deve-se tomar cuidado para não alterar a ideia do autor, e as citações literais devem ser inseridas dentro do contexto da discussão com o objetivo de corroborar com a argumentação do pesquisador.

Na paráfrase, mudam-se as palavras, mas a ideia do texto é mantida pelo novo texto. É escrever

com outras palavras o que já foi dito.

Para saber mais

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 23

2.5.3 Pesquisa exploratória

A pesquisa exploratória tem como principais finalidades desenvolver, es-clarecer e modificar conceitos e ideias objetivando a elaboração de problemas mais exatos para pesquisas posteriores, promovendo familiaridade com o pro-blema, e requer levantamento bibliográfico e documental, além de entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado.

Este tipo de pesquisa é recomendado quando o tema escolhido não é muito explorado, dificultando a formulação de hipóteses precisas. Com a sua rea-lização, fica mais fácil estabelecer a delimitação do tema facilitando, assim, procedimentos mais sistematizados para a realização da pesquisa, ou seja, o pesquisador terá mais elementos para o planejamento e realização da pesquisa.

2.5.4 Pesquisa descritiva

Descreve as características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Sua principal característica está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, como questionário e observação sistemática.

Seu objetivo principal é estudar as características de determinados grupos, ou seja, a distribuição por faixa etária, sexo, nível de escolaridade, classe social. Esse tipo de pesquisa também se aplica ao levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população ou segmento dela. Podemos, então, afirmar que, na área de administração, esse tipo de pesquisa pode ser utilizado, uma vez que contempla o estudo de situações próprias dessa área de conhecimento.

2.5.5 Pesquisa explicativa

Na pesquisa explicativa, procuravam-se identificar os fatores que determi-nam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhe-cimento da realidade, pois explica a razão, o “por quê” das coisas. Quando empregada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental, e nas ciências sociais requer o uso do método de observação.

Como a pesquisa explicativa tem por base as pesquisas descritivas e explo-ratórias, pode-se considerar que ela é uma continuação, pois, para sua realiza-ção, há necessidade de que o fenômeno a ser estudado esteja suficientemente descrito e detalhado (GIL, 1999).

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2.5.6 Pesquisa documental

A pesquisa documental é realizada através da coleta, classificação, seleção e utilização de documentos primários (cartas, atas, registros etc.), ou seja, do-cumentos que não sofreram nenhum tratamento científico e servirão de fonte para a coleta de dados.

A classificação dos documentos apresentada por Gil (1999) difere um pouco da citada no parágrafo anterior. São apresentados como documentos de

primeira mão (documentos oficiais, reportagens de jornais, cartas, contratos, filmes, fotografias, gravações) aqueles que ainda não tiveram nenhum tratamento científico. Enquanto os documentos de segunda mão (relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.) são aqueles que de alguma forma já foram analisados.

A pesquisa documental, no entendimento de Fachin (2006, p. 146), “[...] inclui também a informação oral ou visualizada independentemente do suporte, podendo ser sob a forma de textos, imagens, sons, sinais em papel/madeira/pedra, gravações, pinturas”.

Você pode utilizar esse tipo de pesquisa, por exemplo, para fazer um estudo sobre a série histórica da aceitação de um produto lançado no mercado, pois será necessário buscar os documentos que registram esses dados.

2.5.7 Pesquisa experimental

Implica recriar, em laboratório, porções da realidade colocando-se sob controle todas as condições importantes, assegurando-se estímulos e avaliando--se os efeitos e, desse modo, passando-se a repetir esse procedimento com as modificações pertinentes. Portanto, a experimentação permite ao pesquisador estudar um fenômeno modificado, na tentativa de descobrir algo não revelado pela natureza.

Quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo e definem-se as formas de controle e de obser-vação dos efeitos que a variável produziria no objeto. Mesmo que o pesquisador queira apenas controlar uma variável, para obter esse resultado, ele precisaria manter o controle sobre todas variáveis que fazem parte do fenômeno.

A pesquisa experimental tanto pode ser aplicada em laboratórios como em experiência de campo, embora esses dois tipos sejam bastante distintos entre si. Segundo Beuren (2003), na pesquisa de laboratórios cria-se um ce-

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nário desejado, no qual as variáveis são controladas e manipuladas de forma independente (causa) e dependentes (efeito). Na pesquisa de campo, apesar de haver a manipulação das variáveis, o tipo de experimento é diferente do experimento do laboratório, pois o cenário é real.

2.5.8 Pesquisa participante

Esse tipo de pesquisa se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações a serem investigadas.

Pode-se afirmar que a pesquisa participante é um processo no qual a co-munidade participa da análise de sua própria realidade, com vistas a promover uma transformação social em benefício dos participantes dessa mesma comu-nidade, porém não é realizado, pelo pesquisador, nenhum tipo de intervenção na realidade.

É de vital importância que o pesquisador mergulhe na cultura e no mundo das pessoas que serão sujeitos de sua pesquisa, com o objetivo de se inteirar completamente do cotidiano dessas pessoas e, assim, absorver todas as infor-mações de que precisa para fazer seu estudo.

2.5.9 Pesquisa-ação

A pesquisa-ação originou-se na psicologia social, na década de 1940, e sua principal característica é a participação ativa do pesquisador.

No entendimento de Thiollent (2000, p. 14), a pesquisa-ação:

[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

É concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes repre-sentativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Podemos dizer que consiste em ciclos de planejamento, ação, reflexão ou avaliação, e, mais adiante, ação novamente (TRIPP, 2005).

Nessa direção, encontramos também o entendimento de Franco (2005, p. 483), quando afirma que a pesquisa-ação é:

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[...] eminentemente pedagógica, dentro da perspectiva de ser o exercício pedagógico, configurado com uma ação que cientificiza a prática educativa, a partir de princípios éticos que visualizam a contínua formação e emancipa-ção de todos os sujeitos na prática.

Seguindo esse raciocínio, Tripp (2005, p. 445) aborda também a pesquisa--ação na linha pedagógica, enfatizando que:

A pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pes-quisadores de modo que eles possam utilizar suas pes-quisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos.

Amplie seu conhecimento sobre pesquisa-ação consultando o artigo de David Tripp “Pesquisa-ação:

uma introdução metodológica”, publicado no periódico Educação e Pesquisa (v. 31, n. 3, set./

dez. 2005), acessível pelo seguinte link: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n3.pdf>.

Para saber mais

Como características da pesquisa-ação há uma grande e explícita interação entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa. A prioridade dos problemas a serem estudados é definida pelos atores envolvidos no processo de pesquisa e o foco da investigação recai sobre a situação social e os problemas que são iden-tificados. No processo do desenvolvimento da pesquisa-ação, existe a preocu-pação com o acompanhamento das decisões, ações e atividades desenvolvidas pelos envolvidos na pesquisa (FRANCO, 2005; MARTINS; THEÓPHILO, 2007).

2.5.10 Etnográfica

A etnografia é definida nos dicionários como um estudo dos povos e de sua cultura. Foi desenvolvida por antropólogos e tem por objeto os modos de vida dos grupos sociais.

Segundo André (2001), ocorreu uma adaptação da etnografia à educação, uma vez que a preocupação dos educadores é com o processo educativo, di-ferentemente dos antropólogos, que se interessam pela descrição cultural de um povo. A autora defende que os pesquisadores da área da educação fazem estudos do tipo etnográfico, mas não no sentido exato da palavra. Na realidade, apesar de utilizarem as técnicas de pesquisa, como a observação participante,

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a entrevista e análise de documentos, que são técnicas tradicionalmente asso-ciadas à etnografia, têm outros objetivos.

Para a realização da pesquisa etnográfica, o pesquisador precisa saber ouvir, observar, buscar as informações no campo onde acontecerá a pesquisa, precisa saber o momento certo para interferir, ou seja, perguntar, dialogar e, ao mesmo tempo, ter uma grande responsabilidade sobre a interpretação correta dos dados sobre os grupos investigados (MARTINS; THEÓPHILO; 2007).

A observação participante e a entrevista semiestruturada são as técnicas de pesquisa mais indicadas para a coleta de dados da pesquisa etnográfica.

2.5.11 Método Delphi

O Método Delphi tem por princípio que as prospecções realizadas por um grupo de especialistas devidamente estruturados, ou seja, organizados em conjunto, têm maior precisão do que os resultados alcançados por grupos não estruturados. É claro que um grupo de especialistas é mais caro que outros gru-pos, mas os resultados devem ser estimados para ver se o fim justifica os gastos.

O nome Método Delphi é uma referência ao oráculo da cidade de Delfos, na antiga Grécia,em

que se predizia o futuro.

Para saber mais

Este método passou a ser disseminado no começo dos anos 1960, através de pesquisadores da Rand Corporation, com o objetivo de desenvolver um mé-todo para aprimorar o uso da opinião de especialistas na previsão tecnológica e, com a sua evolução, foi se estendendo para outras áreas. Recomenda-se sua utilização quando se dispõe de dados não mensuráveis a respeito de um problema que se investiga ou em pesquisas sobre temas recentes (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2001).

Os autores Grisi e Britto (2003), sintetizam o Método Delphi como um processo estruturado de comunicação coletiva, que permite a um grupo de indivíduos lidar com um problema complexo.

A principal característica do Método Delphi é a busca progressiva de con-senso em áreas do conhecimento ainda não consolidadas ou, ainda, em pes-quisas em que o tema é complexo. Sua realização ocorre mediante sucessivos

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questionamentos a um grupo de especialistas cujas respostas são cumulativa-mente analisadas.

Este método é reconhecido como um dos melhores instrumentos de previ-são qualitativa. Sua área de aplicação mais corrente é a previsão tecnológica, mas, aos poucos, vem sendo estendida a outras áreas, como a administração, principalmente, no campo do planejamento estratégico.

Agora reflita: qual método de pesquisa você acha mais adequado para as investigações em sua área de atuação?

Questões para reflexão

1. Quando recriamos em laboratório porções da realidade, colocando-se sob controle todas as condições importantes, assegurando-se estímu-los e avaliando-se os efeitos e, desse modo, passando-se a repetir este procedimento com as modificações pertinentes, que tipo de pesquisa estamos realizando?

2. É possível, na mesma pesquisa, utilizarmos as abordagens quantitativa e qualitativa?

Atividades de aprendizagem

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Seção 3 Métodos

A escolha correta dos métodos de pesquisa é fundamental na realização da pesquisa científica e precisa estar em harmonia com as abordagens e tipos de pesquisa.

Como você já pôde refletir, na seção anterior, sobre a importância da es-colha do tipo de pesquisa mais adequado ao projeto que será desenvolvido, iremos então estudar os métodos e as técnicas de pesquisa. O planejamento da metodologia do projeto exige muita atenção por parte do pesquisador, pois é nessa etapa que será estabelecido o “caminho” a ser percorrido durante sua execução.

A realização de todas as pesquisas científicas envolve a metodologia, o método e as técnicas de pesquisa. Não é possível desenvolver uma pesquisa sem que se estabeleça em detalhes qual será a metodologia adotada, o método escolhido e as técnicas utilizadas para a coleta de dados. Essas três etapas estão imbricadas e, a partir da definição do objetivo do projeto, elas deverão ser definidas.

Metodologia é um termo que tem diferentes significados e, sendo assim, pode ser empregado em diferentes contextos. De modo geral, ela é utilizada, segundo Kaplan (apud MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 37), “[...] para fazer referência a uma disciplina e ao seu objeto, identificando tanto o estudo dos métodos, quanto o método ou métodos empregados por uma determinada ciência”.

Para o pleno desenvolvimento de qualquer investigação, o pesquisador precisa definir a metodologia, o método e a técnica de pesquisa que melhor se adéqua ao objetivo que ele pretende alcançar com a realização do estudo. Não há como empregar de forma dissociada esses elementos determinantes para seu pleno desenvolvimento.

Nessa mesma perspectiva, Crotty (apud CRESWELL, 2007, p. 23) destaca quatro questões que precisam ser previstas na elaboração de um projeto e que devem ser estabelecidas a priori.

1. Que epistemologia — teoria do conhecimento embu-tida na perspectiva teórica — instrui a pesquisa (por exemplo, objetividade, subjetividade etc.)?

2. Que perspectiva teórica — postura filosófica — está por trás da metodologia das questões (por exemplo, positivismo e pós-positivismo, interpretativismo, teoria crítica etc.)?

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3. Que metodologia — estratégia ou plano de ação que associa métodos a resultados — governa nossa escolha e nosso uso de métodos (por exemplo, pesquisa expe-rimental, pesquisa de levantamento, etnográfica etc.)?

4. Que métodos — técnicas e procedimentos — propomos usar (por exemplo questionários, entrevistas, grupos focais etc.)?

Discutiremos, a seguir, cada um desses elementos.

3.1 MetodologiaO termo metodologia tem significados diversos: “[...] para fazer referência

a uma disciplina e ao seu objeto, identificando tanto o estudo dos métodos quanto o método ou métodos empregados por uma dada ciência” (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 37).

A metodologia é apresentada como o estudo dos métodos, da forma ou dos instrumentos usados para a realização de uma pesquisa científica; é o conhe-cimento dos métodos que auxiliam o pesquisador na elaboração do trabalho científico. Na descrição da metodologia, é necessário que fique estabelecido como a pesquisa será desenvolvida.

Trata-se de explicitar aqui se se trata de pesquisa em-pírica, com trabalho de campo ou de laboratório, de pesquisa teórica ou de pesquisa histórica ou se de um trabalho que combinará, e até que ponto, as várias formas de pesquisa. Diretamente relacionados com o tipo de pesquisa serão os métodos e técnicas a serem adotados (SEVERINO, 1996, p. 130).

3.2 MétodosO termo método vem do grego methodos, que significa, literalmente, “ca-

minho para chegar a um fim”, para se atingir um objetivo. Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras que permite atingir os objetivos da pesquisa.

A definição apresentada por Lakatos e Marconi (2005, p. 83) apresenta o método como:

[...] o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos e verdadeiros —

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traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Segundo Lüdke e André (2003, p. 15), “[...] não existe um método que possa ser recomendado como o melhor ou mais efetivo [...] a natureza dos problemas é que determina o método, isto é, a escolha do método se faz em função do tipo de problema estudado”.

Apresentaremos, a seguir, alguns tipos de métodos discutidos na literatura.

3.3 Método indutivoConsiste em observar fatos particulares e, a partir dessa observação, faz-se

uma generalização dos fatos. Por meio do raciocínio indutivo, os dados perce-bidos na realidade investigada podem nos levar a uma realidade desconhecida, provavelmente verdadeira (VIANNA, 2001).

A indução, portanto, parte do particular para o geral, conforme você pode constatar no exemplo a seguir:

Maria gosta de ler (premissa particular).

Maria é professora (premissa particular).

Logo, todos os professores gostam de ler (conclusão).

Você pode observar que, no exemplo acima, partimos da premissa particular de que uma pessoa que é professora gosta de ler e estendemos esse conceito para todos os demais, ou seja, que todos os professores também gostam de ler.

Como você pode ver, a conclusão a que se chega na indução corresponde a uma verdade que não está nas premissas consideradas. Isso não ocorre na dedução, que será vista a seguir. Na dedução chega-se a conclusões verda-deiras, já que se baseia em premissas igualmente verdadeiras, enquanto por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis, mas não necessariamente verdadeiras.

3.4 Método dedutivoO método dedutivo parte de um conceito geral para o particular, pois utiliza

um princípio reconhecido como verdadeiro e chega por intermédio da lógica a uma síntese particular como verdade (VIANNA, 2001).

O registro histórico do método dedutivo surgiu na obra de Aristóteles e tem sua base no silogismo.

No exemplo a seguir, procuramos mostrar como se dá o silogismo:

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Todos os professores gostam de ler (premissa particular).

Maria é professora (premissa particular).

Logo, Maria gosta de ler (conclusão).

Nesse exemplo, partimos de uma premissa que generaliza que todos os professores gostam de ler e conclui que, se Maria é professora, então, ela gosta de ler.

3.5 Método científicoSignifica o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenada-

mente na investigação científica. É o método usado nas ciências, que consiste em estudar um fenômeno da maneira mais racional possível, de modo a evitar enganos, sempre buscando evidências e provas para ideias, conclusões e afir-mações. Utiliza o raciocínio lógico por meio de hipóteses e as organiza após a coleta de dados. É uma forma de investigação da natureza. Sendo assim, desconsidera superstições ou sentimentos religiosos e se prende à lógica e à observação sistemática dos fenômenos estudados.

3.6 Método de observaçãoÉ muito utilizado nas ciências sociais. Evidencia particularidades acerca do

comportamento de grupos.

Gil (1995) chama a atenção para alguns aspectos curiosos deste método, pois, ao mesmo tempo que pode ser considerado como o método mais antigo e por isso impreciso, por outro lado, se aplicado de forma planejada e cuida-dosa sob rígidos controles, seus resultados podem ser tão precisos quanto os resultados obtidos pela experimentação.

Portanto, somente terá validade científica se a observação for controlada e sistemática, e isso exige uma preparação cuidadosa do observador, que deve seguir rigorosamente a metodologia de aplicação da observação.

Conheça um pouco mais sobre o método da observação participante lendo o artigo “Os dez

mandamentos da observação participante”, da autora Licia Valladares. Este artigo está disponível

em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092007000100012>.

Para saber mais

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A p e s q u i s a c i e n t í f i c a 33

Espero que tenha ficado claro para vocês a importância da escolha do mé-todo que será utilizado na pesquisa. Porém, vamos ler na Seção 4 o que Barros e Lehfeld (2007) apresentam sobre o assunto?

Vamos parar aqui e refletir um pouco sobre a leitura que vocês acaba-ram de fazer: você saberia responder qual é a importância da escolha do método em uma pesquisa científica?

Questões para reflexão

1. Quando partimos da observação de fatos particulares e, a partir dessa observação, fazemos uma generalização dos fatos, qual método es-tamos aplicando?

2. Como apresentado por Vianna (2001), o método dedutivo parte de um conceito geral para o particular, pois utiliza um princípio reconhecido como verdadeiro e chega por intermédio da lógica a uma síntese particular como verdade. Cite um exemplo do método dedutivo.

Atividades de aprendizagem

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Seção 4 Técnicas de pesquisa e instrumentos de coleta de dados

As técnicas de pesquisa são os procedimentos que o pesquisador adota para realizar a coleta de dados.

Coleta de dados é a busca, junto aos sujeitos da pesquisa, das informações necessárias para proceder à análise dos dados, obtendo, assim, os resultados da pesquisa.

Na literatura sobre o assunto, os autores apresentam as várias modalidades de técnicas existentes. Entre elas, destacam-se a observação, a entrevista, o grupo de foco, entre outras. Cabe ao pesquisador escolher a técnica que me-lhor se adéque ao método e ao tipo de pesquisa escolhidos por ele; e também devem ser considerados os objetivos da pesquisa. A escolha correta da técnica é essencial para garantir a seriedade e credibilidade da pesquisa.

Os instrumentos de coleta de dados são elaborados e utilizados pelo pes-quisador para obter os dados necessários para proceder à análise do problema investigado. A decisão do tipo de instrumento mais adequado deve estar estrei-tamente relacionada ao tipo de pesquisa que está sendo realizada.

Abordaremos, a seguir, a observação, o questionário e a entrevista.

4.1 ObservaçãoÉ uma técnica muito importante e ocupa um lugar privilegiado nas pesquisas

da área da educação. O pesquisador, ao escolher essa técnica de pesquisa, deve ter clareza de como vai lidar com os fatos que irá observar; ele precisa ter certa dose de imparcialidade para não deixar seus pontos de vista, preconceitos e conceitos interferirem na interpretação da situação observada, sem, contudo, desprezar sua intuição. Kaplan (1972, p. 138) chama a atenção para isso: “[...] vemos o que esperamos ver, o que acreditamos ter motivos para ver e, embora essa expectativa possa contribuir para erro da observação, é ela também res-ponsável pela percepção verdadeira”.

Lüdke e André (2003) destacam a necessidade de certos cuidados que devem ser tomados pelo pesquisador para garantir a validade científica da pesquisa. O pesquisador deve estar atento ao controle sistemático da observação e, para isso, precisa fazer um planejamento cuidadoso da pesquisa e uma capacitação rigorosa do observador.

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A técnica da observação tem várias modalidades e a escolha do pesquisa-dor deve considerar as circunstâncias da pesquisa para optar por uma ou outra modalidade.

Neste texto, iremos apresentar apenas a observação segundo o tipo de participação do observador: observação participante, observação participante ativa e observação não participante.

Observação participante — segundo Denzin, “[...] é uma estratégia de campo que combina simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e a observação direta e a introspec-ção” (apud LÜDKE; ANDRÉ, 2003, p. 28). Envolve, portanto, um conjunto de técnicas metodológicas que permitem um grande envolvimento do pesquisador com o objeto de sua pesquisa. Os sujeitos da pesquisa sabem que estão sendo observados, uma vez que o pesquisador se incorpora ao grupo e deixa clara a intenção da pesquisa revelando inclusive o objetivo.

Observação participante ativa — nessa condição, o observador, além de se identificar, também revela sua intenção e qual será a forma de participação com o grupo que será observado.

Observação não participante — nessa condição, o observador não se revela. Mantém sua identidade preservada, desenvolvendo sua atividade sem ser notado pelos sujeitos da pesquisa, ou seja, sem estabelecer relações inter-pessoais com o grupo.

4.2 EntrevistaA entrevista pode ser considerada um instrumento básico de coleta de dados.

Para a realização da entrevista, é necessário ter um roteiro pré-elaborado para que, no momento em que ele esteja sendo aplicado, não deixem de ser colhidas as informações necessárias, observando a mesma ordem, ou seja, não pode haver discrepância nos itens e na ordem em que eles se apresentam de um participante para o outro. Essa medida vai assegurar que, no momento da análise de dados, haja coerência nos resultados encontrados.

É possível estabelecer interação entre o entrevistado e o entrevistador, facilitando a captação imediata das informações desejadas, pois, para a coleta de dados, o pesquisador se apresenta pessoalmente aos sujeitos de sua pesquisa. A entrevista pode ser classificada em:

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Entrevista estruturada — para este tipo de entrevista, é elaborado um roteiro com perguntas previamente planejadas. Portanto, o entrevistador não tem a liberdade de incluir ou excluir perguntas. A vantagem é que esse procedimento facilita a comparação das respostas entre os participantes durante a análise dos dados.

A entrevista estruturada pode ser aplicada em pesquisa nas várias áreas do conhecimento. Na área de administração, poderia ser aplicada para uma pesquisa entre os gerentes de um determinado segmento para identificar as tendências de novos produtos.

Entrevista semiestruturada — este tipo de entrevista dá mais flexibilidade ao entrevistador, uma vez que ele não precisa se manter fiel ao roteiro, pos-sibilitando, assim, que o entrevistado tenha mais espontaneidade nas suas respostas, podendo inclusive colaborar e influenciar o conteúdo da pesquisa.

A entrevista semiestruturada pode ser usada por uma equipe de planeja-mento de uma nova campanha de marketing junto aos seus clientes, possibili-tando, assim, conhecer melhor a finalidade e os objetivos do cliente.

A entrevista semiestruturada, segundo Triviños (1994, p. 146):

[...] é a que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pes-quisa, e que, em seguida adicionam-se a uma grande quantidade de interrogativas, fruto de novas hipóteses que surgem no transcorrer da entrevista.

Entrevista não estruturada — nesta entrevista, o pesquisador tem total liberdade, porque esta modalidade permite ao pesquisador perceber se as in-formações que o entrevistado está fornecendo são relevantes para o objetivo da sua pesquisa. Ao mesmo tempo, ele pode perceber que algum aspecto que ele não tinha incluído na pesquisa é importante e, então, enriquecer os resultados que irá encontrar.

Recomenda-se que os dados coletados sejam anotados imediatamente para que não se perca informações ou então que a entrevista seja gravada, desde que haja consentimento do entrevistado.

4.3 QuestionárioO questionário também deve ser elaborado a partir dos objetivos propos-

tos para a pesquisa. Ele deve ser respondido, por escrito, pelo participante da pesquisa.

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No momento da elaboração do questionário, o pesquisador deve ter cla-reza de necessidade de incluir um número suficiente de questões para obter os dados que ele precisará, ou seja, nem questões que deixem de fora algum dos objetivos propostos nem questões que não tenham sintonia com os objetivos.

No planejamento do questionário podem-se elencar as questões uma seguida da outra ou pode-se também dividir as questões por categorias. O importante é que não haja nenhuma interrupção abrupta de um assunto para o outro ou que as perguntas de categorias diferentes estejam misturadas.

As perguntas do questionário podem ser abertas ou fechadas.

Questão aberta: quando o entrevistado tem possibilidade de colocar sua preferência ou opinião

pessoal. Ex.: Que gêneros de leitura você mais gosta?

Questão fechada: quando as possíveis respostas já estão especificadas, restando ao entrevis-

tado escolher entre elas. Ex.: Qual é o gênero de leitura que você mais gosta?

a) ficção

b) terror

c) romance

Para saber mais

A decisão do pesquisador por um ou outro tipo de pergunta que será uti-lizada na elaboração do questionário deve levar em conta vários aspectos: o tipo de público, o tamanho da amostra, o foco da pesquisa, entre outros. Para uma amostra grande, o uso da questão fechada facilita a tabulação de dados.

O questionário se caracteriza por ser respondido sem a presença do pes-quisador, podendo, assim, ser utilizado para uma pesquisa que abrange uma população geográfica dispersa e numerosa.

O formulário também é constituído de perguntas abertas ou fechadas e deve ser aplicado pelo pesquisador. Em função disso, é recomendada sua utilização quando a população objeto da pesquisa é pequena.

Uma vez decidido pelo autor qual será o tipo, o método e a técnica de pesquisa que serão utilizados para a realização do projeto de pesquisa, ele irá estruturar e desenvolver a argumentação de seu trabalho. A estrutura do trabalho deverá seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Na próxima unidade, apresentaremos a estrutura segundo as várias normas que devem ser observadas.

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O questionário é um instrumento muito utilizado na coleta de dados, porém sua elaboração é complexa e exige muita atenção do pesquisador.

Agora que discutimos algumas técnicas de coleta de dados, reflita: de quantas pesquisas você já participou respondendo a questionários e formulários? Você é capaz de lembrar-se do que achou dessas aborda-gens? Use essas experiências quando precisar elaborar um questionário ou formulário de pesquisa.

Questões para reflexão

1. A observação é uma técnica muito importante e ocupa um lugar pri-vilegiado nas pesquisas da área da educação. Sobre o tema, analise as afirmativas a seguir e julgue-as verdadeiras ou falsas.

I. O pesquisador, ao escolher essa técnica de pesquisa, deve ter cla-reza de como vai lidar com os fatos que irá observar; ele precisa ter certa dose de imparcialidade para não deixar seus pontos de vista, preconceitos e conceitos interferirem na interpretação da situação observada, sem, contudo, desprezar sua intuição.

II. A Observação participante é uma estratégia de campo que combina simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e a observação direta e a introspecção.

III. Na Observação participante ativa o observador, além de se identificar, também revela sua intenção e qual será a forma de participação com o grupo que será observado.

Assinale a alternativa correta, onde I, II e III são, respectivamente:

a) V, V, V.

b) V, V, F.

c) V, F, V.

d) F, V, F.

e) F, F, F.

Atividades de aprendizagem

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2. Considerando que um pesquisador irá realizar pessoalmente a coleta de dados, por meio de uma sequência de perguntas abertas e fechadas, recomendamos que elabore um:

a) roteiro.

b) formulário.

c) questionário.

d) fichário.

e) projeto.

Pudemos verificar, nesta Unidade, a importância dos aspectos metodoló-gicos na realização de uma pesquisa. O cuidado em selecionar o melhor método, a melhor abordagem e o tipo de pesquisa mais adequado para que os resultados encontrados tenham credibilidade na comunidade cien-tífica. Por mais simples que seja uma pesquisa, mesmo que seu escopo seja pequeno, a questão metodológica deve ser rigidamente planejada.

Verificamos também a importância com o cuidado especial que se deve ter para escolher um instrumento que possibilite a coleta dos dados com segurança, para que, durante a análise desses dados, não ocorra nenhum viés. E necessário verificar se todos os objetivos foram contemplados nas questões, roteiros etc., dependendo do instrumento escolhido. Também é indispensável observar se todas as questões elaboradas correspondem a um dos objetivos da pesquisa. Com esses cuidados, evita-se que, durante a análise de dados, constate-se que algum objetivo não poderá ser atingido por falta de dado ou que alguns dados deverão ser desprezados, pois não correspondem aos objetivos estabelecidos.

Fique ligado!

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40 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Chamamos a atenção para a necessidade da constante atualização em relação ao avanço que possa vir a ocorrer na área da pesquisa. O pesqui-sador deve estar sempre atento ao avanço da ciência quanto às novidades que vão surgindo nos tipos de pesquisa da sua área de interesse.

E mais uma vez, chamamos a atenção de vocês sobre a importância das questões metodológicas no desenvolvimento dos projetos de pesquisa. A pesquisa acompanha a evolução das ciências e podem surgir novos métodos, novas técnicas de pesquisa que irão aprimorar os resultados encontrados e, consequentemente, as análises e conclusões sobre as novas descobertas.

Para concluir o estudo da unidade

1. A pesquisa científica envolve um conjunto de informações que resul-tam num processo da construção do conhecimento. O senso comum é um tipo de conhecimento relevante, entre outras coisas, pelo fato de poder originar e coincidir com o conhecimento científico. No que consiste o conhecimento de senso comum?

2. Para realizar uma pesquisa científica, podem-se utilizar tanto a abor-dagem quantitativa quanto a abordagem qualitativa. Partindo de uma questão hipotética, você, como um pesquisador, busca entender quais as razões que levam os funcionários de uma determinada empresa a apresentar um menor rendimento operacional após as 15:00h. Nesse contexto, qual tipo de abordagem você utilizaria em sua pesquisa?

3. Definimos o tipo de pesquisa a ser utilizado na busca da verdade, entre outras coisas, com base no problema e nos objetivos a serem estudados. Quando temos por finalidade a busca de explicações para os problemas partindo das referências teóricas que já foram publica-das, qual tipo de pesquisa estamos utilizando?

4. A coleta de dados de uma pesquisa científica utiliza instrumentos que permitem investigar a respeito de um determinado fenômeno.

Atividades de aprendizagem da unidade

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Sobre a entrevista, analise as assertivas abaixo, classifique-as como verdadeiras ou falsas e assinale a alternativa correta.

I. É constituída por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

II. O entrevistador pode seguir um roteiro de perguntas previamente estabelecido.

III. Possibilita que o entrevistado ofereça verbalmente a informação necessária.

a) As alternativas I e II são verdadeiras.

b) As alternativas II e III são verdadeiras.

c) As alternativas I e III são verdadeiras.

d) Somente a alternativa I é verdadeira.

e) Somente a alternativa III é verdadeira.

5. A pesquisa científica é fundamental para o desenvolvimento econô-mico e social de um país. Para sua realização, é preciso conduzi-la conforme alguns preceitos que têm o respaldo nas ciências. Analise as assertivas abaixo e assinale a resposta correta quanto ao que se pode atribuir à pesquisa científica.

I. Aprofunda-se na explicação de um fenômeno.

II. Produz conhecimento absoluto, que não pode nunca ser modi-ficado.

III. Utiliza método científico.

IV. Pode ser iniciada com base em qualquer pergunta, mesmo que essa não represente um problema científico.

Assinale a alternativa correta:

a) I, II, III e IV estão corretas.

b) II, III e IV estão corretas.

c) Apenas I e III estão corretas.

d) Apenas II e IV estão corretas.

e) Apenas a IV está correta.

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Referências

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BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2007.

BEUREN, I. M. (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003.

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Seção 1: Métodos de pesquisa

Na primeira seção, vamos discorrer sobre os métodos uti-lizados nas pesquisas, que são: método indutivo, método dedutivo, método científico e método de observação. Você vai conhecer as peculiaridades de cada um.

Seção 2: Técnicas de pesquisa

Na Seção 2, apresentaremos as técnicas, ou seja, fer-ramentais que poderão ser utilizados para a obtenção dos dados a serem coletados na pesquisa científica. Você sabe quais são as técnicas mais empregadas nas pesquisas? São as entrevistas, os questionários e a observação. Vamos apresentar cada uma delas.

Bem, nesse caminhar, esperamos que você tenha uma ótima leitura e aproveitamento desse conteúdo.

Objetivos de aprendizagem: nesta unidade você vai ser levado a conhecer a Metodologia. Quais são os principais métodos utilizados em pesquisas e quais as técnicas que podem ser empregadas na realização das pesquisas científicas. Esse conhecimento é primordial para que você coloque em prática o que almeja pesquisar.

Métodos e técnicas de pesquisa

Unidade 2

Marilucia Ricieri

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Introdução ao estudo

Esta unidade tem o propósito de apresentar uma etapa fundamental na elaboração da pesquisa científica. No momento de realizar uma pesquisa, primeiro, escolhe-se o tema. É preciso, a partir daí, definir qual o caminho a ser percorrido para que sua pesquisa se torne realidade.

Nesse momento é que você está definindo qual será o método mais ade-quado para realizá-la. Você já vivenciou esse momento? É um momento de reflexão e de tomada de decisão, pode gerar algumas dúvidas, mas diria a você que, após definir qual será o método, o caminho a ser percorrido fica mais direcionado. Após definir seu método de pesquisa, se faz necessário você de-finir as técnicas que contribuirão para que sua pesquisa de fato seja efetivada.

Para realizar as pesquisas científicas, independentemente de qual seja o tema escolhido, é preciso definir e planejar as etapas a serem realizadas. Essa decisão envolve a definição da metodologia, do método e das técnicas que se-rão efetivamente realizadas. Podemos assegurar que não é possível desenvolver uma pesquisa sem que se estabeleça, inicialmente e de forma bem detalhada, qual será a metodologia aplicada, o método selecionado e as técnicas escolhi-das para a coleta de dados. Essas três etapas são interdependentes e condição implícita para realizar a pesquisa, e devem ser definidas a partir do momento em que você estabelece o objetivo de sua pesquisa.

Nesse sentido, elaboramos nesta unidade um conteúdo que possa levá-lo(a) a conhecer melhor sobre metodologia, métodos e técnicas de pesquisa de forma clara e precisa, buscando ajudá-lo(a) no momento em que estiver elaborando e planejando passo a passo a realização de sua pesquisa. Para tanto, a unidade está organizada em duas seções.

Seção 1 Métodos de pesquisa

Definir qual será o método utilizado corresponde a uma etapa fundamental da pesquisa científica, principalmente porque é necessário que haja uma harmonia entre as abordagens teóricas escolhidas e o tipo de pesquisa a ser desenvolvida.

Nesse sentido, convidamos você a dedicar um tempo para a leitura do tema Método antes de iniciar sua pesquisa científica, uma vez que as respostas para essa indagação respondem à pergunta clássica — Como fazer a pesquisa?

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Muitas vezes responder a esse questionamento corresponde a um avanço nas pesquisas científicas, porque o pesquisador já tem definido qual o caminho a percorrer e de que maneira vai fazer isso.

Convido a ler o texto sobre Notas e reflexões sobre a redação científica, do autor Rogério Lacaz-Ruiz, que abre uma discussão interessante sobre a escrita científica, que muitas vezes no pensamento do pesquisador está claro qual o caminho a ser percorrido, mas é preciso que esse pensamento seja transportado para a descrição da metodologia. Veremos a seguir.

Algumas notas que podem ajudar a quem precisa escrever. Cada um poderia descobrir natu-

ralmente soluções de como aprimorar a escrita, desde que se propusesse a isso. Leitura de boas

obras e observar como os outros escrevem facilitam o aprendizado. Com o passar do tempo,

se exercitamos a escrita, poderemos dar passos seguros e significativos.

Lee Iacocca, o conhecido megaempresário da indústria automobilística norte-americana, tem uma

capacidade de comunicação acima da média. Ele mesmo conta, em sua autobiografia, o que

aprendeu de Robert McNamara: “... ele me ensinou a pôr todas as minhas ideias no papel.”

“Produzir um texto adequado é tarefa árdua e demorada mesmo para aqueles que dominam

a linguagem científica.” (Rogério Lacaz-Ruiz)

Para saber mais

Bem, agora que você leu o texto do Rogério Lacaz-Ruiz, vamos dialogar sobre o significado do que é ciência?

De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2006, p. 19), a ciência compõe-se de:

Um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objetivo dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido.

Nesse sentido, quando falamos em fazer ciência ou realizar uma pesquisa científica, estamos dizendo que é necessário seguir uma metodologia, porque existem características fundamentais da ciência como buscar conteúdos que

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sejam passíveis de verificação e isentos de emoção, primando pela objetivi-dade dos fatos. É necessário, no fazer a pesquisa científica, definir objetivo específico, utilizar linguagem, métodos e técnicas específicas, que possibilitem um processo cumulativo de conhecimento e possua uma linguagem criteriosa dentro da ciência (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2006).

Vejamos então detalhadamente o conceito e os diversos métodos que a própria ciência disponibilizou para realizarmos as pesquisas científicas.

1.1 MetodologiaVamos iniciar nossa conversa convidando você a construir uma metodologia

de pesquisa. Primeiro vamos definir essa palavra, qual seu significado.

O termo metodologia tem diferentes significados, sendo aplicado em diferentes contextos. De modo geral, ela é entendida como “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. A metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está sempre referida a elas” (MINAYO, 2011, p. 16).

Significa que, para obter um desenvolvimento completo de uma pesquisa ou de qualquer investigação, o pesquisador necessita precisa definir, a priori, a metodologia, o método e a técnica de pesquisa que melhor se ajusta ao objetivo que estabelece e busca alcançar através da realização do estudo.

De acordo com Minayo (2011), a metodologia inclui alguns fatores de “concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador” (MINAYO, 2011, p. 16).

Nessa linha de descrição, encontramos Kaplan (apud MARTINS; THEÓ-PHILO, 2007, p. 37), que descreve a metodologia como sendo um momento “[...] para fazer referência a uma disciplina e ao seu objeto, identificando tanto o estudo dos métodos, quanto o método ou métodos empregados por uma determinada ciência”.

De acordo com Botelho e Cruz (2013, p. 68), a metodologia:

É apresentada como o estudo dos métodos, da forma ou dos instrumentos usados para a realização de uma pesquisa científica; é o conhecimento dos métodos que auxiliam o pesquisador na elaboração do trabalho cien-tífico. Na descrição da metodologia, é necessário que fique estabelecido como a pesquisa será desenvolvida.

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No sentido da abrangência de concepções teóricas de abordagem, a teoria e

a metodologia devem caminhar juntas, intrinsecamente inseparáveis. Por outro lado, enquanto estabelecimento de um conjunto de técnicas, “a metodologia deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encami-nhar os impasses teóricos para o desafio da prática” (MINAYO, 2011, p. 16).

O percurso metodológico se refere ao caminho trilhado para que você atinja os objetivos que

definiu. Aqui você também deverá explicitar os instrumentos que utilizará na investigação e as

fontes de pesquisa. A questão metodológica é ampla e indica um processo de construção, um

movimento que o pensamento humano realiza para compreender a realidade social.

Fonte: GONSALVES, E. P. Conversas sobre a iniciação à pesquisa científica. 4. ed. Campinas:

Alínea, 2005.

Para saber mais

Gonsalves (2005) refere que, ao descrever a metodologia e, no momento de registrar o percurso metodológico, o pesquisador estará “evidenciando a sua postura epistemológica enquanto pesquisador, ou seja, deixará pistas de como está concebendo a relação sujeito-objeto do conhecimento” (p. 61). Não se deve reduzir a metodologia a um conjunto de técnicas e procedimentos para a coleta de dados empíricos.

Ponto fundamental a discutir na metodologia diz respeito às concepções teóricas. Incluir as concepções teóricas na metodologia não se traduz em dizer que deverá fazer uma revisão bibliográfica e teórica.

A metodologia inclui também a criatividade e a experiência do entrevista-dor, o que nos relembra Gonsalves (2005), demonstrando que, a partir deste entendimento — da inclusão da criatividade e da experiência,

[...] pesquisadores, de posse de elementos próprios do campo da investigação social, têm o poder de criar o seu próprio caminho e, ao narrarem os seus percursos, pode-rão evidenciar o método como aquilo que se construiu ao caminhar (GONSALVES, 2005, p. 63).

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Metodologia entendida como o caminho e o instrumental próprios para abordar aspectos do

real, a metodologia inclui concepções teóricas, técnicas de pesquisa e a criatividade do pesqui-

sador (GONSALVES, 2005, p. 62).

Você pode continuar sua leitura e aprofundar sobre o tema acessando o link do artigo: <http://

www.scielo.br/pdf/rlae/v2n1/v2n1a08.pdf>.

Para saber mais

Quando se elabora um projeto de pesquisa, é necessário tomar decisões e definir direções. Portanto, o projeto de pesquisa deve responder às seguintes perguntas, fundamentalmente:

O que pesquisar? (definição do problema, hipóteses, bases teórica e conceitual);

Por que pesquisar? (justificativa da escolha do problema);

Para que pesquisar? (propósitos do estudo, seus objetivos);

Como pesquisar? (metodologia);

Quando pesquisar? (cronograma de execução);

Com que recursos? (orçamento);

Pesquisado por quem? (equipe de trabalho, pesquisadores, coordenadores, orientadores) (MINAYO, 2011, p. 36).

Nessa mesma perspectiva, Crotty (apud CRESWELL, 2007, p. 23) destaca quatro questões que precisam ser previstas na elaboração de um projeto e que devem ser estabelecidas a priori.

1. Que epistemologia — teoria do conhecimento embu-tida na perspectiva teórica — instrui a pesquisa (por exemplo, objetividade, subjetividade etc.)?

2. Que perspectiva teórica — postura filosófica — está por trás da metodologia das questões (por exemplo, positivismo e pós-positivismo, interpretativismo, teoria crítica etc.)?

3. Que metodologia — estratégia ou plano de ação que associa métodos a resultados — governa nossa escolha e nosso uso de métodos (por exemplo, pesquisa expe-rimental, pesquisa de levantamento, etnográfica etc.)?

4. Que métodos — técnicas e procedimentos — propomos usar (por exemplo, questionários, entrevistas, grupos focais etc.)? (BOTELHO; CRUZ, 2013, p. 67).

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De acordo com Gonsalves (2005), o caminho para chegar a um fim é a tradução para a palavra — méthodos, estudo sistemático, e logos, investigação. Portanto, no sentido etimológico, “metodologia significa o estudo dos caminhos a serem seguidos, incluindo aí os procedimentos escolhidos” (GONSALVES, 2005, p. 62).

A metodologia responde à pergunta fundamental em um projeto de pes-quisa: Como será desenvolvido o estudo? Ela é apresentada como o estudo dos métodos, da forma ou dos instrumentos usados para a realização de uma pesquisa científica; é o conhecimento dos métodos que auxiliam o pesquisador na elaboração do trabalho científico.

Portanto, a descrição da metodologia traz, na sua essência, o estabeleci-mento de como a pesquisa será desenvolvida.

Trata-se de explicitar aqui se se trata de pesquisa em-pírica, com trabalho de campo ou de laboratório, de pesquisa teórica ou de pesquisa histórica ou se de um trabalho que combinará, e até que ponto, as várias formas de pesquisa. Diretamente relacionados com o tipo de pesquisa serão os métodos e técnicas a serem adotados (SEVERINO, 1996, apud BOTELHO; CRUZ, 2013, p. 68).

Metodologia

Na metodologia, devem-se abordar os procedimentos que serão utilizados para a obtenção do conhecimento do funcionamento da empresa e da área escolhida para o projeto, através de:

a) Delimitação do objeto de estudo:

Definição do locus, isto é, o local em que se pretende desenvolver a pesquisa e do período necessário para ela. Deve responder às perguntas: onde e quando.

b) Coleta de dados:

Caso haja necessidade de coletar dados para a pesquisa, é necessário esco-lher qual técnica será mais adequada. Entre as técnicas existentes, citamos: a entrevista, o questionário, a observação participante, a pesquisa bibliográfica etc.

c) Caracterização do projeto:

Para a caracterização do projeto, é necessário responder às seguintes per-guntas: qual a característica do estudo? É um estudo de caso, um estudo com-parativo, uma investigação exploratória, um estudo descritivo ou participante?

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d) Definição relacionada à população e amostra:

Para uma pesquisa, é essencial definir o tipo de público que se quer pes-quisar, de acordo com a natureza e os objetivos da pesquisa, que é chamado de população ou universo. Por exemplo, se o projeto exigir uma pesquisa entre funcionários de uma empresa, deve-se responder: Qual a população, ou seja, o total de funcionários? Qual a amostra, ou seja, a quantidade de funcioná-rios selecionados para responder à pesquisa? Caso seja inviável ou impossível consultar todo o universo ou população, pode-se trabalhar com uma amostra (BOTELHO; CRUZ, 2013, p. 87).

Nesse sentido, a metodologia na visão de Minayo (2011) não contempla apenas a fase de exploração de campo descrita como escolha do espaço da pesquisa, do grupo de pesquisa e do estabelecimento tanto dos critérios de amostragem quanto da construção de estratégias para entrar no campo da pesquisa. Outrossim, a definição da metodologia contempla, também, a defi-nição de instrumentos e procedimentos para análise dos dados. A seguir, serão definidos os principais elementos que compõe a metodologia segundo Minayo:

a) Definição da amostragem: a pesquisa qualitativa não se baseia no critério numérico para garantir sua repre-sentatividade. Uma pergunta importante neste item é “quais indivíduos sociais têm uma vinculação mais significativa para o problema a ser investigado?”. A amostragem boa é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões.

b) Coleta de dados: devemos definir as técnicas a serem utilizadas tanto para a pesquisa de campo (entrevistas, observações, formulários, historia de vida) como para a pesquisa suplementar de dados, caso seja utilizada pesquisa documental, consulta a anuários, censos. Geralmente se requisita que seja anexado ao projeto o roteiro dos instrumentos utilizados em campo.

c) Organização e análise de dados: devemos descre-ver com clareza como os dados serão organizados e analisados. Por exemplo, as análises de conteúdo, de discurso ou análise dialética são procedimentos pos-síveis para análise e interpretação dos dados e cada uma dessas modalidades preconiza um tratamento diferenciado para a organização e sistematização dos dados (MINAYO, 2011, p. 43).

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Sobre as abordagens metodológicas a serem utilizadas, também é conside-rado momento fundamental, ou seja, a definição e a construção da pesquisa pautada na decisão de qual abordagem metodológica será adotada. Na litera-tura, são encontrados diversos tipos de classificação para as abordagens metodo-lógicas: abordagens positivista, estruturalista, dialética, fenomenológica, dentre outras (GONSALVES, 2005). Compete ao pesquisador escolher a que melhor se aplica à situação ou ao problema que está sendo objeto da investigação.

A educação se utiliza dos paradigmas de outras ciências para a realização da pesquisa educacional. Isso se deve ao percurso desde os primórdios das ciências, quando surgiram os precursores da pesquisa e a partir das desco-bertas de Galileu, que foram evoluindo até a atualidade (BOTELHO; CRUZ, 2013, p. 68).

Concluindo essa breve descrição sobre a metodologia, recorremos a Alves (1991), ao descrever que “não há metodologias boas ou más intrinsecamente, e sim metodologias adequadas ou inadequadas para tratar um determinado problema” (ALVES, 1991, p. 58).

Lessard-Hérbert et al. (2008) descrevem que a relação entre a investigação e o papel das teorias no âmbito da metodologia qualitativa é esclarecida pela distinção entre o contexto da descoberta e o da prova. Quando se situa no contexto da prova, a atividade de investigação tem como objetivo primordial a verificação de uma dada teoria, independentemente da maneira como esta foi elaborada ou formulada; as condições psicológicas (intuição, insight, indução, históricas ou sociais que presidiram à sua descoberta, o investigador foca a formulação de teorias ou de modelos com base em um conjunto de hipóteses que podem surgir quer no decurso quer no final de investigação).

Por seu lado, alguns autores são de opinião que uma investigação exploratória poderá, no seio de um pro-grama, colocar em evidência determinadas hipóteses conducentes à formulação de categorias de observação predeterminadas. Elas admitem que estas categorias possam servir, em seguida, de ponto de partida teórico para uma investigação qualitativa. Neste caso, tratar-se--ia de uma investigação conduzida em contexto de prova (LESSARD-HÉRBERT et al., 2008, p. 95-96).

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1. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira, a ciência é composta por...? Descreva.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Todo projeto de pesquisa tem etapas a serem cumpridas. Faz-se a previsão e a provisão dos recursos necessários para atingir o objetivo proposto, se estabelece a ordem e a natureza das tarefas a serem executadas dentro de um cronograma a ser observado. A definição do caminho a ser percorrido, no momento em que o pesquisador responde à pergunta “como fazer”, corresponde a(o):

I. Escolha do assunto.

II. Definição da metodologia.

III. Referencial teórico.

IV. Cronograma.

É correto apenas o que se afirma em:

a) Somente I.

b) Somente II.

c) I e III.

d) I e II.

e) I, II, III e IV.

Atividades de aprendizagem

1.2 MétodosComo já apresentado até aqui, a pesquisa é uma atividade que visa à solução

de um problema e, para que esse seja solucionado, temos vários caminhos, diversas alternativas, mas existe a necessidade da escolha de qual caminho seguir, o que significa dizer qual metodologia será utilizada e quais as técnicas mais adequadas para percorrer esse caminho e atingir os objetivos propostos.

Partindo disso, perguntamos a você: O que vem a ser método? Será que esse conceito é utilizado apenas nas pesquisas científicas? Com certeza você

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já ouviu falar em métodos contraceptivos, métodos de separação de misturas, métodos numéricos? Enfim, listaria aqui centenas ou milhares de métodos utilizados pela humanidade para uma diversidade de situações, porém, o que queremos chamar sua atenção é referente à importância que tem o método para a pesquisa científica.

O autor Rudio (2006, p. 16) aponta que:

O trabalho de pesquisa não é de natureza mecânica, mas requer imaginação criadora e iniciativa individual [...] acrescenta que a pesquisa não é uma atividade feita ao acaso, porque todo o trabalho criativo pede o emprego de procedimentos e disciplinas determinadas.

Ao referir-se ao método de pesquisa científica, Rudio (2006) alerta que é preciso haver planejamento, e mesmo que ela seja planejada, realizada e con-cluída, não se reduz somente ao resultado automático de normas cumpridas ou roteiro seguido. Não basta apenas definir um roteiro detalhado, minucioso, e pronto! — a pesquisa está sendo realizada. Ele salienta que toda pesquisa deve ser considerada como uma obra de arte, “que nasce da intuição do pesquisador e recebe a marca de sua originalidade, tanto no modo de empreendê-la como no de comunicá-la” (RUDIO, 2006, p. 17).

Acrescenta dizendo que “as fases do método podem se vistas como indica-dores de um caminho dando, porém, a cada um a oportunidade de manifestar sua iniciativa e seu modo próprio de expressar-se” (RUDIO, 2006. p. 17).

O termo método vem do grego methodos que significa, literalmente, “cami-nho para chegar a um fim”, para atingir um objetivo. Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras que permitem atingir os objetivos da pesquisa.

Lakatos e Marconi (2007, p. 83) apresentam a definição de método como sendo:

[...] o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos e verdadeiros — traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

De acordo com Lüdke e André (1986),

Embora já tenha havido algumas tentativas para especi-ficar o processo de coleta e análise de dados, não existe um método que possa ser recomendado como o melhor

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ou mais efetivo [...] a natureza dos problemas é que de-termina o método, isto é, a escolha do método se faz em função do tipo de problema estudado” (LÜDKE e ANDRÉ, 2003, p. 15).

Rudio (2006) descreve que método é o caminho a ser percorrido, demar-cado, do começo ao fim, por fases ou por etapas. Como já foi dito anteriormente nesta seção, a pesquisa tem um problema a ser investigado, resolvido. Nesse sentido, o método serve de “guia para o estudo sistemático do enunciado, compreensão e busca de solução do referido problema” (p. 17). Pode-se pensar, então, no método da pesquisa científica como sendo a “elaboração, consciente e organizada, dos diversos procedimentos que nos orienta para realizar o ato reflexivo, isto é, a operação discursiva de nossa mente” (RUDIO, 2006, p. 17).

A própria ciência já é um procedimento metódico, que tem como objetivo conhecer e interpretar a realidade, intervindo nela e tendo como diretriz pro-blemas formulados que sustentam regras e ações adequadas à constituição do conhecimento (CRUZ, 2009).

Nesse sentido, Cruz (2009) descreve que:

O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste ou daquele objeto e/ou para este ou aquele quadro da ciência, uma vez que reflete as condições históricas do momento em que o conhecimento é cons-truído […] somente a base dessa reflexão o pesquisador conseguirá compreender o plano histórico e dinâmico do conhecimento científico (CRUZ, 2009, p. 90).

Podendo dizer, desta forma, como apontado por Cruz (2009, p. 90), que métodos científicos são as formas mais seguras inventadas pelo homem para controlar o movimento das coisas que cercam um fato e montar formas de compreensão adequada dos fenômenos.

Torna-se necessário esclarecer e diferenciar o que é fenômeno de fato den-tro da perspectiva a ser considerada para a aplicação dos métodos científicos como formas de abordagem e de estudo.

Fatos — acontecem na realidade, independentemente de haver ou não quem os conheça, mas, quando existe um observador, a percepção que ele tem desses fatos é que se chama fenômeno.

Pessoas diversas podem observar no mesmo fato fenôme-nos diferentes, dependendo do seu paradigma que, de uma ou de outra forma, acaba por servir de base para a

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formulação de concepções e referenciais sobre as relações do homem com o mundo e sobre a existência humana percebida em sua dinâmica internacional de mútua e constante transformação (CRUZ, 2009, p. 90).

Quadro 2.1 Fluxograma das fases do método de pesquisa

A convicção de ser a solução correta

Análise dos dados experimentados

Procura-se compreender e definir esta dificuldade

Dificuldade sentida

É dada uma solução provisória.

Comprova-se a mesma através de experimentação

Elabora-se mentalmente uma solução da qual se tem

Formação de um quadro mental de situações futuras

semelhantes

Fonte: Da autora (2014).

Nesse sentido, Cruz (2009) indica que, se quer mostrar o quanto escolher o método a ser utilizado deve ser uma decisão com base nas concepções filo-sóficas e teóricas, pois propor determinadas teorias e critérios para a aceitação ou não de determinados procedimentos na e para a produção científica reflete aspectos mais gerais e fundamentais do que o próprio método.

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É por todas essas questões que ressaltamos a importância de fazer um pla-nejamento antes de iniciar qualquer pesquisa científica, pois o modo próprio que a ciência tem para obter conhecimento da realidade empírica é a pesquisa:

o trabalho de pesquisa não é de natureza mecânica, mas requer imaginação criadora e iniciativa individual [...] a pesquisa não é uma atividade feita ao acaso, porque todo o trabalho criativo pede o emprego de procedimentos e disciplinas determinadas (RUDIO, 2006, p. 16).

Antes de apresentarmos os tipos de métodos, quero retomar com você quais os tipos de pesquisas que encontramos nas ciências sociais que recebem classificação de acordo com diferentes critérios.

Vamos saber cada um desses critérios?

De acordo com Gonsalves (2005), as pesquisas podem ser classificadas de acordo com seus objetivos, seus procedimentos de coleta, suas fontes de informação e segundo a natureza dos seus dados.

Quadro 2.2 Tipos de pesquisa conforme critérios

Tipos de pesquisas segundo os objetivos

Tipos de pesquisas segundo os

procedimentos de coleta

Tipos de pesquisas segundo as fontes de

informação

Tipos de pesquisas segundo a natureza

dos dados

Exploratória

Descritiva

Experimental

Explicativa

Experimento

Levantamento

Estudo de caso

Bibliográfica

Documental

Participativa

Campo

Laboratório

Bibliográfica

Documental

Quantitativa

Qualitativa

Fonte: Gonsalves (2005).

Vamos saber mais sobre os tipos de pesquisa, acreditamos que poderá contribuir para sua tomada de decisão antes de iniciar seu projeto. Vejamos os pontos principais de cada tipo, de acordo com as descrições elaboradas por Gonsalves (2005, p. 65-66):

Pesquisa exploratória: caracterizada pelo desenvolvi-mento e esclarecimento de ideia, com o objetivo de ofe-recer uma visão panorâmica, uma primeira aproximação a um determinado fenômeno que é pouco explorado.

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Pesquisa descritiva: caracteriza-se por ter um objeto de estudo. Esse tipo de pesquisa não está interessado em sa-ber o porquê dos fenômenos, mas sim suas características.

Pesquisa experimental: referente a um fenômeno que é reproduzido de forma controlada, submetendo fatos a experimentações.

Pesquisa explicativa: pretende identificar os fatores que contribuem para ocorrência e o desenvolvimento de um determinado fenômeno.

A autora Gonsalves (2005) descreve o tipo de pesquisa segundo o procedi-mento metodológico utilizado. Podem ser apontados os seguintes: experimento, levantamento, estudo de caso, bibliográfica, documental e participativa. Vamos conhecer cada um deles.

Pesquisa de campo: é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. A pesquisa de campo é aquela que exige do pesquisador um encontro mais direto. O pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre ou ocorreu, e reunir um conjunto de informações a serem documentadas. Muitas pesquisas utilizam esse procedi-mento, sobretudo aquelas que possuem um caráter exploratório ou descritivo.

Estudo de caso: é o tipo de pesquisa que privilegia um caso particular, uma unidade significativa, considerada suficiente para a análise de um fenômeno. É importante destacar que, no geral, o estudo de caso, ao realizar um exame minucioso de uma experiência, objetiva colaborar na tomada de decisões so-bre o problema estudado, indicando as possibilidades para sua modificação.

Pesquisa participativa: esse tipo de pesquisa propõe a participação efetiva da população no processo de geração de conhecimento, que é consi-derado um processo formativo. Estão incluídas aqui as modalidades de pesquisa participantes, a investigação-ação e a sociopoética (GONSAL-VES, 2005, p. 68).

Dependendo do tipo de pesquisa que vai ser adotada, da abordagem teórica que vai ser seguida, será referência para decidir os métodos a serem praticados. Os métodos são vinculados às diferentes correntes filosóficas que partem do pressuposto de explicar as nuances da realidade. Sendo assim, o método fenomenológico está ligado à corrente filosófica da Fenomenologia;o método dedutivo está vinculado ao Racionalismo; o indutivo, ao Empirismo; ométodo hipotético-dedutivo, ligado ao Neopositivismo, e o método dialético está ligado ao Materialismo Dialético.

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60 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Quer saber mais sobre a fenomenologia? Leia o artigo “Psicologia fenomenológica: uma apro-

ximação teórica humanista”. Vale a pena conferir.

<http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v26n1/a10v26n1.pdf>.

Para saber mais

Vamos abordar especificamente alguns métodos que são os mais encontra-dos na literatura: o indutivo, o dedutivo, o científico e o de observação.

1.2.1 Método indutivo

Consiste em observar fatos particulares e, a partir dessa observação, fazer uma generalização dos fatos. Por meio do raciocínio indutivo, os dados perce-bidos na realidade investigada podem levar a uma realidade desconhecida, pro-vavelmente verdadeira (VIANNA, 2001, apud BOTELHO; CRUZ, 2013, p.69).

De acordo Van der Maren (apud LESSARD-HÉBERT et al., 2008),

Caracterizam-se as metodologias qualitativas pelo pro-cesso indutivo exploratório, como contexto da descoberta, e pela formulação de teorias interpretativas e prescritivas. Por outro lado, ele situa o processo hipotético-dedutivo e experimental num contexto de verificação, como contexto da prova, de teorias descritivas com o apoio de teorias formais, e associa a este tipo de processo as abordagens quantitativas (LESSARD-HÉBERT et al., 2008, p. 96).

De acordo com Gil (2008, p. 9), o método indutivo “parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica”.

Segundo Prodanov e Freitas (2014, p. 27),

O método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida.

A indução, portanto, parte do particular para o geral, conforme você pode constatar no exemplo a seguir:

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Pedro gosta de estudar (premissa particular).

Pedro é aluno (premissa particular).

Logo, todos os alunos gostam de estudar (conclusão).

Podemos observar que, no exemplo acima, o autor partiu da premissa particular de que uma pessoa que é aluno gosta de estudar e estende-se esse conceito para todos os demais, ou seja, que todos os alunos também gostam de estudar, ou seja, é uma dedução.

Por isso, de acordo com Gil (2008, p. 11):

[...] o método indutivo passou a ser visto como o método por excelência das ciências naturais. Com o advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também como o método mais adequado para investigação nas ciências sociais.

Ao contrário, no método definido como dedução, as conclusões são ob-tidas de maneira diferente. A base das premissas é igualmente verdadeira, ao passo que, por meio da indução, as conclusões são apenas prováveis, mas não necessariamente verdadeiras.

Vamos conhecer o método dedutivo?

1.2.2 Método dedutivo

O método dedutivo parte de um conceito geral para o particular, pois utiliza um princípio reconhecido como verdadeiro e chega por intermédio da lógica a uma síntese particular como verdade (VIANNA, 2001, apud BOTELHO; CRUZ, 2013, p. 70). O registro histórico do método dedutivo surgiu na obra de Aristóteles e tem sua base no silogismo.

O método dedutivo atua com duas premissas básicas, que são: se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira; e toda a informa-ção ou o conteúdo fatual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 92).

Exemplo de dedução aplicado nesse método:

Todos os alunos gostam de estudar (pre-missa particular).

Pedro é aluno (premissa particular).

Logo, Pedro gosta de estudar (conclusão).

Continue a leitura sobre o mé-

todo hipotético-dedutivo.

Acesse o link: <http://www.

academicomundo.com.br/artigos/

acompreensao.pdf>.

Para saber mais

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62 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Inicialmente, busca-se esclarecer o que é o método hipotético dedutivo, de-pois, como ele surgiu a partir das teses elaboradas e refeitas por Popper, depois mostra-se os principais aspectos desse método e suas contribuições positivas negativas, os resultados e, finalmente, a conclusão.

Karl Popper era austríaco, mas naturalizado inglês. Nasceu em Viena em 1902 e morreu em 1994 na Inglaterra, é considerado o mais prestigiado pen-sador do século XX. Afinal, é o pai da falseabilidade e do racionalismo crítico. Ele tem graduação e doutorado em Filosofia pela Universidade de Viena. De-vido à ascensão do nazismo foi para a Nova Zelândia, onde trabalhou com o professor da Canterbury University College. Depois foi para a Inglaterra, onde tornou-se, em 1949, professor da London School Economics. Recebeu diversos prêmios, dos quais pode-se destacar o da Academia Britânica, King College de Londres, Cambridge, da American Political Science Association e o título de Cavaleiro da Rainha Isabel (1964).

1.2.2.1 Esclarecimento sobre o método dedutivo antes do método hipotético dedutivo

O método hipotético dedutivo parte “das generalizações aceitas, do todo, de leis abrangentes, para casos concretos, partes da classe que já se encon-tram na generalização” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p.71). Foi criado por Karl Popper (1902-1994), físico, matemático e filósofo da ciência britânico que criticou o critério da verificabilidade e propôs como única possibilidade para o saber científico o critério da não refutabilidade ou da falseabilidade. De acordo com este critério, uma teoria mantém-se como verdadeira até que seja refutada, isto é, que seja mostrada sua falsidade, suas brechas, seus limites. No seu entendimento, nenhuma teoria científica pode ser verificada empiricamente (COTRIM, 2000, p. 248-249).

Então, qualquer discussão científica deve começar do principal Problema (P1), onde haverá a busca de uma solução, para então contemplar uma teoria provisória (TT), e esta deve ser criticada para a eliminação dos erros (EE), o que levará a novos Problemas (P2), dessa forma: “P1 TT EE P” (POPPER, 2008, p. 186).

A partir da fórmula apresentada por Popper (2008), percebe-se que há si-milaridade com a dialética, que corresponde a “negação de uma determinada realidade, a conservação de algo essencial que existe nessa realidade negada e a elevação dela a um nível superior” (KONDER, 1981, p. 26).

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Constata-se, portanto, que a ciência começa com problemas e termina com problemas (POPPER, 2008, p.186). Consequentemente, as teorias surgem primeiro, pois constituem as soluções provisórias (P1), e os problemas surgem com as Teorias.

Assim, busca-se analisar as generalizações relacionadas ao objeto em es-tudo, para depois ir para os casos concretos relacionados com sua finalidade seus motivos. Dessa forma, o método dedutivo parte do geral para o especí-fico, enquanto o indutivo vai do específico para a totalidade; nesse sentido, o primeiro defende inicialmente o aparecimento do problema e da conjectura, enquanto o segundo defende a observação dos fatos particulares para depois as hipóteses para serem confirmadas.

Para Lakatos e Marconi (2007, p. 257), [...] o método dedutivo, tanto sob o aspecto lógico quanto técnico, envolve procedimentos indutivos. Ambos exigem diversas modalidades de instrumentalização e de operações adequadas. Assim, a dedução e a indução podem completar-se mutuamente. Os dois processos são importantes no trabalho científico, pois um pode ajudar o outro na resolução de problemas (BARROS; LEHFELD, 2000, p.64).

Quadro 1.3 Processos indutivo e dedutivo

Dedutivo Indutivo

Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira.

Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira.

Toda a informação do conteúdo factual da conclusão já estava ao menos implícita nas premissas.

A conclusão encerra informações que não estavam implícitas nas premissas.

Fonte: elaborado pela autora.

Barros e Lehfeld (2000, p.64) dizem que o método dedutivo se distingue do indutivo devido aos fatores presentes conforme o quadro acima.

Nesse exemplo, partimos de uma premissa que generaliza que todos os alunos gostam de estudar e conclui que, se Pedro é aluno, então ele gosta de estudar.

Diferenciando os dois métodos vistos até aqui:

Enquanto os adeptos do método indutivo (empiristas) partem da observação para depois formular as hipóteses, os praticantes do método dedutivo têm como inicial o problema (ou a lacuna) e as hipóteses que serão testadas pela observação e pela experiência (PRODANOV; FREI-TAS, 2013, p. 30).

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64 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Popper (1999) começou seu trabalho com base na lógica das Ciências Sociais, no qual formulou inicialmente duas teses que tinham como base a oposição e a aparente contradição entre o conhecimento e a ignorância.

Suas duas teses concernentes ao conhecimento e à ignorância só aparente-mente contradizem uma à outra. A contradição aparente é, inicialmente, devida ao fato de que as palavras “conhecimento” e “ignorância” não são usadas nessas duas teses como perfeitos contrários. Todavia, ambas as ideias são importantes, e também assim o são ambas as teses, tanto que proponho fazê-las explícitas nas três teses (POPPER, 1999, p. 13-14).

A partir daí, o autor formulou mais teses:

na terceira, ele confirmou que as pessoas nada conhecem;

na quarta, afirma que o conhecimento começa da tensão entre conhe-cimento e ignorância, consequentemente a ciência e o conhecimento nela presente são construídos através dos problemas, não utilizando uma coleção de fatos ou números.

na quinta, diz que a observação cria um problema.

Popper (1999, p. 14) explica que “não há nenhum problema sem conhe-cimento; mas também, não há nenhum problema sem ignorância”. Assim, o objeto da pesquisa a ser pesquisada surge devido a um problema identificado, que foi originado com base não apenas nos problemas, mas também na asso-ciação entre o problema e as observações que levaram à investigação.

Quer saber sobre o método hipotético dedutivo? Leia o artigo “A compreensão do método

hipotético dedutivo”. Vale a pena conferir. <http://www.academicomundo.com.br/artigos/

acompreensao.pdf>.

Para saber mais

1.2.3 Método científico

Significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenada-mente na investigação científica. É o método usado nas ciências, que consiste em estudar um fenômeno da maneira mais racional possível, de modo a evitar enganos, sempre buscando evidências e provas para as ideias, conclusões e afirmações. Utiliza o raciocínio lógico por meio de hipóteses e as organiza após a coleta de dados. É uma forma de investigação da natureza. Sendo assim,

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M é t o d o s e t é c n i c a s d e p e s q u i s a 65

desconsidera superstições ou sentimentos religiosos e se prende à lógica e à observação sistemática dos fenômenos estudados.

1.2.4 Método de observação

É muito utilizado nas ciências sociais. Não se pode falar em ciências sem fazer referência à observação. Claro que se evidenciam particularidades acerca do comportamento de grupos quando se está utilizando o instrumento de pesquisa — observação. É preciso estar atento a alguns aspectos curiosos desse método, de acordo com as colocações do autor Gil (2008), no sentido de que, ao mesmo tempo pode ser considerado um método antigo e por isso impreciso, e, todavia, se aplicado de forma planejada e cuidadosa sob rígidos controles, seus resultados podem ser tão precisos quanto os resultados obtidos através da experimentação.

Mas o termo “observação” deve ser entendido no sentido mais amplo de seu significado. Citando Rudio (2006), o método da observação “não se trata apenas de ver, mas de examinar; não se trata somente de entender, mas de auscultar” (p. 39).

O autor complementa dizendo que:

Trata-se também de ler documentos (livros, jornais, im-pressos diversos) na medida em que estes não somente nos informam dos resultados das observações e pesquisas feitas por outros, mas traduzem também a reação dos seus autores [...] por ser tão amplo, podemos dizer que, de modo geral, a observação abrange, de uma forma ou de outra, todos os procedimentos utilizados na pesquisa (RUDIO, 2006, p. 39).

Portanto, somente terá validade científica se a observação for controlada e sistemática, e isso exige uma preparação cuidadosa do observador, que deve seguir rigorosamente a metodologia de aplicação da observação.

Lembramos que, na parte de um projeto de pesquisa que compete à meto-dologia, você deverá deixar claro quais serão os procedimentos utilizados na produção dos dados, dentre eles, entrevista, questionário, observação, entre outros. Mas fica aqui um alerta: não basta apenas citar ou mencionar no de-correr da descrição do método de coleta de dados; você precisa deixar claro o porquê de sua escolha e decisão por este método e não pelo outro.

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66 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Há métodos que são básicos ou que podem ser utilizados em quaisquer áreas, considerados, por isso, como os mais comuns e os mais conhecidos. Podemos citar entre esses métodos:

método comparativo: estabelece procedimentos de comparação entre elementos, para evidenciar-lhes as semelhanças e/ou as diferenças;

método histórico ou de revisão histórica: faz o encadeamento de fatos ou de teorias, usando a diacronia, isto é, a sequência temporal, ou a sincronia, isto é, a convivência de fatos, ou teorias, no mesmo período;

método monográfico ou estudo de caso: dedica-se à descrição minu-ciosa de um caso, ou teoria, esmiuçando-lhe a trajetória do início até o momento da pesquisa;

método estatístico: faz uso de procedimentos vários da estatística, para a interpretação de dados analisados.

Esses métodos são muitas vezes empregados concomitantemente em um projeto de pesquisa, como é o caso, por exemplo, do método comparativo, que, ao gerar dados, pode auxiliar-se do método estatístico, para interpretação de dados analisados (GUERRA; CASTRO, 2002, p. 28).

Continue a leitura através do texto na referência a seguir:

Fonte: GUERRA, M. O; CASTRO, N.C. Como fazer um projeto de pesquisa. 5. ed. Juiz de

Fora: EDUFIF, 20002.

Para saber mais

Existe uma frase de Sêneca que diz: “não há vento favorável para quem não sabe para onde ir”. Consegue perceber como essa frase tem uma ligação com a escolha da metodologia? A escolha dos métodos definidos no projeto fará grande diferença no transcorrer da pesquisa e, consequentemente, nos resultados obtidos. Pense nisso! Dedique um tempo especial para esse momento — o da escolha e definição dos métodos a serem aplicados.

Questões para reflexão

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M é t o d o s e t é c n i c a s d e p e s q u i s a 67

1. Qual é a importância em seguir o método escolhido e definido no decorrer de uma pesquisa científica?

2. Descreva as características do método indutivo.

3. Quais são as principais características do método dedutivo?

4. Descreva o método de observação.

5. Quais os tipos de métodos são mais comuns em pesquisas? Descreva cada um deles.

Atividades de aprendizagem

Como um prolongamento dos métodos, há também as técnicas, de funda-mental importância nas pesquisas, consideradas como o conjunto de processos usados para a obtenção de dados.

Existe uma variedade de técnicas que se estruturam de acordo com a área e o tipo de pesquisa a ser realizada. As mais comuns são técnica de observação direta, técnica de entrevista, técnica de testes, técnica de anamnese e técnica de pesquisa de mercado.

Vamos abordar cada uma delas na próxima seção.

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68 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Seção 2 Técnicas de pesquisa

Na Seção 2, vamos apresentar quais são os instrumentos disponíveis para a realização da coleta dos dados da pesquisa. Descreveremos cada um deles — a observação, a entrevista e o questionário — e você aprenderá, no decorrer de sua leitura, que poderá utilizar mais de um tipo de instrumento, dependendo dos objetivos da pesquisa.

As técnicas de pesquisa são os procedimentos que o pesquisador adota para realizar a coleta de dados.

Coleta de dados é a busca, entre os sujeitos da pesquisa, das informações necessárias para

proceder à análise dos dados, obtendo, assim, os resultados da pesquisa (LESSARD-HÉRBERT

et al., 2008).

Para saber mais

Como você já leu na Seção 1, são várias as técnicas que podem ser utiliza-das para a realização da coleta de dados quando se está empenhado em uma pesquisa. Dentre elas destacam-se a observação, a entrevista e o questionário. Cabe ao pesquisador escolher a técnica que proporcione uma melhor adequa-ção ao método escolhido e ao tipo de pesquisa definida; claro, levando em conta também os objetivos da pesquisa. É fundamental a escolha correta da técnica, o que poderá contribuir para a garantia da seriedade e credibilidade da pesquisa.

Para representar melhor quais são os instrumentos de investigação, faz-se necessário apresentar a síntese dos três grandes grupos de técnicas utilizados nas ciências sociais e humanas. Os três grandes grupos são designados por Bruyne (apud LESSARD-HÉRBERT et al., 2008, p. 143) como sendo:

o “inquérito”, que pode se tornar uma forma oral (a entrevista) ou escrita (o questionário);

a observação, que pode assumir uma forma direta sistemática ou uma forma participante;

a analise documental, espécie de analise de conteúdo que incide sobre documentos relativos a um local ou a uma situação, corresponde, do ponto de vista técnico, a uma observação de artefatos escritos.

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M é t o d o s e t é c n i c a s d e p e s q u i s a 69

Métodos e técnicas, usados em conjunto, adequadamente, resultam em uma atuação altamente

rentável para o pesquisador, conduzindo-o, com segurança, a resultados objetivos e significativos

quanto a seu objeto de estudo formulado no projeto de pesquisa. Os dados e a metodologia

de um projeto de pesquisa devem obedecer a uma sequência lógica, de tal modo que quem a

leia possa acompanhar o raciocínio do pesquisador e sentir que há coerência no desenvolvimento

de seu trabalho (GUERRA; CASTRO, 2002, p. 30-31).

Para saber mais

Nesse sentido, os instrumentos de coleta de dados são elaborados e utiliza-dos pelo pesquisador para obter os dados necessários para proceder à análise do problema investigado. A decisão do tipo de instrumento mais adequado deve estar estreitamente relacionada ao tipo de pesquisa que está sendo rea-lizada. Descreveremos a seguir algumas das técnicas de acordo com Guerra e Castro (2002).

2.1 ObservaçãoVamos falar de uma das técnicas bastante utilizadas nas pesquisas científicas.

Estamos falando da técnica de pesquisa definida como observação. O que é, afinal de contas, a observação?

A observação é um elemento essencial que deve ser inerente ao papel do entrevistador ou observador participante. “A observação, exercida pelo entre-vistador participante do campo da entrevista, torna-se a principal estratégia técnica para a coleta e a organização das informações de que ele necessita” (GUERRA; CASTRO, 2002, p. 36).

Sendo assim, todas as vezes que se utilizar a observação como um instru-mento de coleta de dados, é preciso que o pesquisador tome algumas decisões, como definir quem e o que será observado, onde será feita a coleta dos dados, a frequência das observações, como serão registrados os dados etc. “Todas estas decisões, embora possam parecer escolhas arbitrárias do observador, são feitas com base em critérios pré-estabelecidos, sendo o objetivo do estudo, ou melhor, o problema a ser investigado o principal critério por ele utilizado” (DANNA; MATOS, 2006, p. 35).

Segundo Lessard-Hérbert et al. (2008), a observação é um exame minucioso e atento sobre um fenômeno ou parte dele e torna-se uma técnica científica à

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70 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

medida que serve a um objetivo formulado de pesquisa, é sistematicamente planejada, registrada e ligada a proposições gerais. Os autores afirmam que “quando a pesquisa observacional direta é somente aquela em que o fenômeno é observado sem o auxílio de instrumentos ou de contato físico com o organismo estudado” (LESSARD-HÉRBERT et al., 2008, p. 98).

Lessard-Hérbert et al. (2008) descrevem que

Qualquer observação é seletiva pois implica a escolha de um objeto, de uma tarefa específica, de um interesse, de uma perspectiva, de uma problemática […] a observação supõe uma mediação a diversos níveis — o nível do ob-servador enquanto pessoa, com os seus enviesamentos, as suas convicções, a sua formação e as suas aptidões, e o nível do instrumento ou da ferramenta utilizados para efetuar uma observação e registrá-la. Por outro lado, assume-se que existem igualmente, da parte do próprio instrumento, um ponto de vista, enviesamentos, uma estrutura, e assim por diante (LESSARD-HÉRBERT et al., 2008, p. 100).

Certos cuidados devem ser tomados pelo pesquisador para garantir a validade científica da pesquisa, de acordo com Lüdke e André (1986) há a necessidade de o pesquisador ficar atento ao controle sistemático da observa-ção e, para isso, precisa fazer um planejamento cuidadoso da pesquisa e uma capacitação rigorosa do observador.

Quadro 2.1 Tipos e variações de observações

Observação assistemática: é também denominada espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional e acidental. Consiste em recolher e registrar os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas.

Observação sistemática: pode ser conhecida também por estruturada, planejada, controlada. Utiliza instrumento para a coleta dos dados ou fenômenos observados. Nessa observação, o observador sabe o que procura e o que é importante em determinada situação, além disso, deve ser objetiva, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência sobre o que vê ou recolhe.

Observação não participante: o pesquisador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela, ou seja, permanece fora dela. Presencia o fato, mas não participa dele, não se deixa envolver pelas situações, faz mais o papel de espectador.

Observação participante: nessa observação, o pesquisador participa ativamente com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. O objetivo inicial seria ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos compreenderem a importância da investigação, sem ocultar seu objetivo ou sua missão, mas, em certas circunstâncias, há mais vantagem no anonimato.

continua

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M é t o d o s e t é c n i c a s d e p e s q u i s a 71

Observação individual: é a técnica realizada por um pesquisador. Nesse caso, a personalidade dele se projeta sobre o observado, fazendo algumas deduções ou distorções, pela limitada possibilidade de controles. Mas também pode intensificar a objetividade de suas informações, indicando, ao anotar os dados, quais são os eventos reais e quais são as interpretações.

Observação em equipe: é mais aconselhável do que a individual, pois o grupo pode observar a ocorrência por vários ângulos. Quando uma equipe está vigilante, registrando o problema na mesma área, surge a oportunidade de confrontar seus dados posteriormente, para verificar as predisposições.

Observação na vida real: são feitas no ambiente real, registrando-se os dados à medida que forem ocorrendo, espontaneamente, sem a devida preparação.

Observação em laboratório: é aquela que tenta descobrir a ação e a conduta que tiveram lugar em condições cuidadosamente dispostas e controladas. Essa observação tem, em certo ponto, um ca-ráter artificial, mas é importante estabelecer condições o mais próximo do natural, que não sofram influências indevidas pela presença do observador ou por seus aparelhos de medição e registro.

Fonte: Do autor (2014).

Mas sabemos que todos os tipos de observação têm vantagens e desvanta-gens. Vamos verificar cada uma delas agora.

Quadro 2.2 Vantagens da utilização da observação

Possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla variedade de fenômenos.

Exige menos do observador do que as outras técnicas.

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais típicas.

Depende menos da introspecção ou da reflexão.

Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários.

Fonte: Do autor (2014).

Quadro 2.3 Desvantagens da utilização da observação

O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no observador.

A ocorrência espontânea não pode ser prevista, o que impede, muitas vezes, o observador de presenciar o fato.

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador.

A duração dos acontecimentos é variável, podendo ser rápida ou demorada, e os fatos po-dem ocorrer simultaneamente; nos dois casos, torna-se difícil a coleta de dados.

Vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao pesquisador.

Fonte: Do autor (2014).

continuação

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72 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Na técnica da observação são várias as modalidades e a escolha do pes-quisador deve considerar as circunstâncias da pesquisa para optar por uma ou outra modalidade.

A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e, além disso,

utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Essa técnica, além de

ver e ouvir, consiste em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar.

Para saber mais, acesse o link e complemente a leitura:

<http://www.tapioca.adm.br/cms/index.php?option=com_content&view=article&id=163:ferra

mentas-para-coleta-de-dados-2-a-observacao&catid=44:trabalhos-de-conclusao-de-cursos-

-tcc&Itemid=53>.

Para saber mais

Vamos apresentar, primeiro, as descrições das técnicas na concepção de Guerra e Castro (2002):

Técnica de observação direta: faz uso dos sentidos para captar aspectos da realidade, podendo ser individual ou em equipe, desenvolvida em laboratório ou na natureza.

Técnica de entrevista: utiliza a conversação entre indivíduos, efetuada metodicamente; pode ser obtida através de questionários, que se carac-teriza por respostas por escrito, sem a presença do pesquisador, ou por formulários, perguntas feitas por um entrevistador e por ele anotadas as respostas (GUERRA; CASTRO, 2002, p. 29). Sobre a técnica de entrevista, vamos aprofundar o tema no decorrer desta seção.

Técnica de testes: é a utilização de instrumentos padro-nizados com a finalidade de obtenção de dados especí-ficos e quantitativos, como as medidas de frequência e de rendimento;

Técnica de anamnese: é a técnica de obtenção da história da vida de alguém, para um conhecimento mais profundo do objeto de estudos;

Técnica de pesquisa de mercado: trata-se de alcançar informações organizadas e sistemáticas sobre o mercado, a fim de que as margens de erro sejam minimizadas (GUERRA; CASTRO, 2002, p. 29).

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As técnicas que utilizam grupos experimentais são também muito exploradas. A organização

adequada de grupos experimentais é uma condição indispensável em determinados tipos de

pesquisa, especialmente na área biomédica. O material pode ter sido escolhido corretamente,

bem como a metodologia e as técnicas, entretanto, os objetivos podem não ser atingidos se

os grupos experimentais forem mal organizados (GUERRA; CASTRO, 2002, p. 30).

Para saber mais

Bem, seguindo em frente no nosso conteúdo, vamos abordar os tipos de téc-nicas de observação que são mais comuns e mais utilizadas pelos pesquisadores.

Observação participante: “É uma estratégia de campo que combina simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação, a observação direta e a introspecção” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 28).

Envolve, portanto, um conjunto de técnicas metodológicas que permitem um grande envolvimento do pesquisador com o objeto de sua pesquisa. Os sujeitos da pesquisa sabem que estão sendo observados, uma vez que o pesquisador se incor-pora ao grupo e deixa clara a intenção da pesquisa, revelando inclusive o objetivo.

Observação participante ativa — nessa condição, o observador, além de se identificar, também revela sua intenção e qual será a forma de parti-cipação com o grupo que será observado.

O entrevistador participa ativamente, ele está inserido no contexto que está sendo pesquisado.

Observação não participante — nessa condição, o observador não se revela. Mantém sua identidade preservada, desenvolvendo sua atividade sem ser notado pelos sujeitos da pesquisa, ou seja, sem estabelecer rela-ções interpessoais com o grupo.

Quadro 2.4 Tipos de observação

VAMOS COMPARAR OS TIPOS DE OBSERVAÇÕES?

Observação participante O pesquisador se incorpora ao grupo e deixa clara a

intenção da pesquisa, revelando inclusive o objetivo.

Observação participante ativa O entrevistador participa ativamente, ele está inse-

rido no contexto que está sendo pesquisado.

Observação não participante O participante não estabelece relações interpessoais

com o grupo.

Fonte: Do autor (2014).

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2.2 EntrevistaA entrevista pode ser considerada um instrumento básico de coleta de da-

dos. Para a realização da entrevista é necessário ter um roteiro pré-elaborado para que, no momento em que ele esteja sendo aplicado, não deixem de ser colhidas as informações necessárias, observando a mesma ordem, ou seja, não pode haver discrepância nos itens e na ordem em que eles se apresentam de um participante para o outro. Essa medida vai assegurar que, no momento da análise de dados, haja coerência nos resultados encontrados.

Segundo Bleger (2003, p. 3), a entrevista pode ser de dois tipos fundamen-tais: aberta e fechada.

Quadro 2.5 Tipos de entrevistas — aberta e fechada

ENTREVISTA ABERTA ENTREVISTA FECHADA

O entrevistador tem ampla liberdade para as perguntas ou para suas intervenções.

O pesquisador tem toda a flexibilidade necessária em cada caso particular.

A entrevista aberta reside num manejo que permita, na medida do possível, que o entrevistado configure o campo da entre-vista segundo sua estrutura psicológica particular.

Permite um aprofundamento mais amplo da personalidade do entrevistado.

As perguntas já estão previstas.

A ordem e a maneira de formular as per-guntas já estão previstos.

O entrevistador não pode alterar nenhuma dessas disposições.

Compara-se a um questionário que passa a ter uma relação estreita com a entrevista.

Permite uma melhor comparação sistemá-tica de dados.

Fonte: Do autor (2014).

É possível estabelecer interação entre o entrevistado e o entrevistador, faci-litando a captação imediata das informações desejadas, pois, para a coleta de dados, o pesquisador se apresenta pessoalmente aos sujeitos da sua pesquisa. A entrevista pode ser classificada em:

Entrevista estruturada — para este tipo de entrevista, é elaborado um roteiro com perguntas previamente planejadas. Portanto, o entrevistador não tem a liberdade de incluir ou excluir perguntas. A vantagem é que esse procedimento facilita a comparação das respostas entre os partici-pantes durante a análise dos dados.

A entrevista estruturada pode ser aplicada em pesquisa nas várias áreas do conhecimento. Na área de administração, poderia ser aplicado para uma

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M é t o d o s e t é c n i c a s d e p e s q u i s a 75

pesquisa entre os gerentes de um determinado segmento para identificar as tendências de novos produtos.

Entrevista semiestruturada — este tipo de entrevista dá mais flexibilidade ao entrevistador, uma vez que ele não precisa se manter fiel ao roteiro, possibilitando, assim, que o entrevistado tenha mais espontaneidade nas suas respostas, podendo inclusive colaborar e influenciar o conteúdo da pesquisa.

A entrevista semiestruturada pode ser usada por uma equipe de planeja-mento de uma nova campanha de marketing junto aos seus clientes, possibili-tando, assim, conhecer melhor a finalidade e os objetivos do cliente.

A entrevista semiestruturada, segundo Triviños (1994, p. 146):

[...] é a que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pes-quisa, e que, em seguida adicionam-se a uma grande quantidade de interrogativas, fruto de novas hipóteses que surgem no transcorrer da entrevista.

Entrevista não estruturada — nesta entrevista o pesquisador tem total liberdade, porque esta modalidade permite ao pesquisador perceber se as informações que o entrevistado está fornecendo são relevantes para o objetivo da sua pesquisa. Ao mesmo tempo, ele pode perceber que algum aspecto que ele não tinha incluído na pesquisa é importante e então enriquecer os resultados que irá encontrar.

Recomenda-se que os dados coletados sejam anotados imediatamente para que não se perca informações ou então que a entrevista seja gravada, desde que haja consentimento do entrevistado.

Você pode compreender a importância de realizar uma entrevista tendo todos os cuidados necessários para que os dados que serão obtidos através dela tenham validade científica.

O sucesso da entrevista dependerá, portanto, da qualidade geral de um bom contato social, sobre

o qual se apoiam as técnicas clínicas específicas. Desse modo, a execução da técnica é influenciada

pelas habilidades interpessoais do entrevistador. Essa interdependência entre habilidades interpes-

soais e o uso da técnica é tão grande que, muitas vezes, é impossível separá-las.

Fonte: TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. (colabs). Psicodiagnóstico — V. 5.

ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Para saber mais

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Uma entrevista, na prática, antes de poder ser considerada uma técnica, repetindo, deve ser vista como um contato social entre duas ou mais pessoas O bom uso da técnica deve ampliar o alcance das habilidades interpessoais do entrevistador e vice-versa. Para levar uma entrevista a termo de modo adequado, Tavares (2003, p. 55) ainda nos sugere que o entrevistador deve ser capaz de:

1. Estar presente, no sentido de estar inteiramente disponível para o outro naquele momento, e poder ouvi-lo sem a interferência de questões pessoais;

2. Ajudar o entrevistado a se sentir à vontade e a desenvolver uma aliança de trabalho;

3. Buscar esclarecimento para colocações vagas ou incompletas;

4. Gentilmente, confrontar esquivas e contradições;

5. Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista;

6. Reconhecer defesas e modos de estruturação do sujeito, especial-mente quando elas atuam diretamente na relação com o entrevistador (transferência);

7. Compreender seus processos contra e transferenciais;

8. Assumir a iniciativa em momentos de impasse;

9. Dominar as técnicas que utiliza.

2.3 QuestionárioO questionário também deve ser elaborado a partir dos objetivos propos-

tos para a pesquisa. Ele deve ser respondido, por escrito, pelo participante da pesquisa.

No momento da elaboração do questionário, o pesquisador deve ter cla-reza da necessidade de incluir um número suficiente de questões para obter os dados que ele precisará, ou seja, nem questões que deixem de fora algum dos objetivos propostos nem questões que não tenham sintonia com os objetivos.

No planejamento do questionário, podem-se elencar as questões uma seguida da outra ou pode-se também dividir as questões por categorias. O importante é que não haja nenhuma interrupção abrupta de um assunto para o outro ou que as perguntas de categorias diferentes estejam misturadas. As perguntas do questionário podem ser abertas ou fechadas.

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Questão aberta: quando o entrevis-tado tem possibilidade de colocar sua preferência ou opinião pessoal.

Ex.: De que gêneros de leitura você mais gosta?

Questão fechada: quando as possíveis respostas já estão especificadas, restando ao entrevistado escolher entre elas.

Ex.: Qual é o gênero de leitura de que você mais gosta?a) ficçãob) terror

c) romance

Fonte: Botelho e Cruz (2013, p. 75).

A decisão do pesquisador por um ou outro tipo de pergunta que será uti-lizada na elaboração do questionário deve levar em conta vários aspectos: o tipo de público, o tamanho da amostra, o foco da pesquisa, entre outros. Para uma amostra grande, o uso da questão fechada facilita a tabulação de dados.

O questionário se caracteriza por ser respondido sem a presença do pes-quisador, podendo, assim, ser utilizado para uma pesquisa que abrange uma população geográfica dispersa e numerosa. O formulário também é constituído por perguntas abertas ou fechadas e deve ser aplicado pelo pesquisador. Em função disso, é recomendada sua utilização quando a população objeto da pesquisa é pequena.

Uma vez decidido pelo autor quais serão o tipo, o método e a técnica de pesquisa utilizados para a realização do projeto de pesquisa, ele irá estruturar e desenvolver a argumentação do seu trabalho. A estrutura do trabalho deverá seguir as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

O questionário é um instrumento muito utilizado na coleta de dados, porém, sua elaboração é complexa e exige muita atenção do pesquisador.

Em uma pesquisa, mesmo que seu escopo seja pequeno, a questão metodológica deve ser rigidamente planejada?

Questões para reflexão

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1. Quais os três tipos de observação descritos neste livro? Descreva.

2. Descreva o que caracteriza cada tipo de entrevista: estruturada, se-miestruturada e não estruturada.

Atividades de aprendizagem

Pudemos verificar, nesta unidade, a importância dos aspectos metodoló-gicos na realização de uma pesquisa. O cuidado em selecionar o melhor método, a melhor abordagem e o tipo de pesquisa mais adequado para que os resultados encontrados tenham credibilidade na comunidade científica.

Verificamos também a importância com o cuidado especial que se deve ter para escolher um instrumento que possibilite a coleta dos dados com segurança, para que, durante a análise desses dados, não ocorra nenhum viés. É necessário verificar se todos os objetivos foram contemplados nas questões, roteiros etc., dependendo do instrumento escolhido. Também é indispensável observar se todas as questões elaboradas correspondem a um dos objetivos da pesquisa.

Com esses cuidados, evita-se que, durante a análise de dados, cons-tate-se que algum objetivo não poderá ser atingido por falta de dado ou que alguns dados deverão ser desprezados, pois não correspondem aos objetivos estabelecidos.

Fonte: Botelho e Cruz (2013, p. 76).

Fique ligado!

Para concluir o estudo desta unidade, deixamos para você o alerta: de que há a necessidade de constantes atualizações em relação aos avanços que provêm da área da pesquisa. O pesquisador deve estar sempre atento

Para concluir o estudo da unidade

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ao avanço da ciência quanto às novidades que vão surgindo nos tipos de pesquisa de sua área de interesse.

Outra questão importante, e que vale a pena ressaltarmos, é que você esteja sempre atento à importância das questões metodológicas no desen-volvimento dos projetos de pesquisa. A pesquisa acompanha a evolução das ciências e podem surgir novos métodos, novas técnicas de pesquisa que irão aprimorar os resultados encontrados e, consequentemente, as análises e conclusões sobre as novas descobertas.

Desejamos, dessa forma, um excelente estudo e aplicações desse conteúdo nos projetos de pesquisa que você, com certeza, realizará ao longo de sua carreira profissional.

1. O que diferencia a organização e análise dos dados coletados da coleta de dados?

2. Qual o conceito de metodologia apresentado por Gonsalves? Descreva.

3. Analise a afirmativa:

“A metodologia contempla apenas a fase de exploração de campo des-crita como escolha do espaço da pesquisa, do grupo de pesquisa, e do estabelecimento tanto dos critérios de amostragem quanto da construção de estratégias para entrar no campo da pesquisa.” (MINAYO, 2011).

Assinale a resposta correta:

( ) VERDADEIRA ( ) FALSA

4. Descreva a definição de amostragem apresentada por Minayo (2011).

5. Na elaboração de um questionário, podemos utilizar perguntas aber-tas e fechadas. A descrição abaixo corresponde a:

A entrevista ________________ ocorre quando o entrevistado tem possibilidade de colocar sua preferência ou opinião pessoal.

( ) Aberta ( ) Fechada

Atividades de aprendizagem da unidade

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M é t o d o s e t é c n i c a s d e p e s q u i s a 81

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Seção 1: Redação científica

Esta seção engloba os itens que descrevem como redigir bem, de forma clara e precisa. Cuidados que o escritor/pesquisador deve ter ao redigir um texto científico. Dicas diversas sobre a redação científica.

Seção 2: Etapas para elaboração do projeto de

pesquisa

Nesta seção, você conhecerá quais são as etapas de um projeto de pesquisa, orientações de cada uma dessas etapas e a importância de um projeto de pesquisa.

Seção 3: Trabalhos acadêmicos

Como elaborar trabalhos acadêmicos, quais os tipos de trabalhos e seus formatos. O aluno também terá a opor-tunidade de conhecer algumas técnicas de estudo, por exemplo, fichamentos, resumos, esquemas, resenhas.

Objetivos de aprendizagem: nesta Unidade, o aluno terá a oportu-nidade de conhecer as formas da redação científica; como elaborar textos científicos, os cuidados na sua apresentação; o leitor também aprenderá um importante aspecto, que são as etapas do projeto de pesquisa: como elaborá-lo e como elaborar trabalhos acadêmicos.

Elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos

Unidade 3

Gisleine Bartolomei Fregoneze

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84 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Introdução ao estudo

É importante enfatizar que em nada contribuímos escrevendo trabalhos somente para cumprir exigências de professores; neste caso, não se está sendo um bom comunicador. Para não perder tempo numa tarefa que resultará em um trabalho para ninguém ler, faz-se necessário que se dê atenção a algumas normas e alguns ensinamentos. Um dos assuntos que será abordado, um famoso e básico problema: redação científica.

Nesse sentido, esta unidade trata de contribuir para facilitar a produção da elaboração de projetos de pesquisa. Trata-se de uma contribuição para tornar a produção de trabalhos acadêmicos uma ação mais prazerosa e simples para o aluno.

Esses assuntos servirão de orientações para a elaboração de projetos de pesquisa. Não se trata de um conjunto de normas a serem seguidas, mas de algumas sugestões e orientações acerca da elaboração do trabalho científico.

O leitor irá encontrar uma compilação geral de fases importantes da ela-boração de trabalhos científicos, sob a ótica dos autores escolhidos para con-duzir a disciplina, além de uma bibliografia que pode ser consultada quando surgirem dúvidas.

Esta Unidade foi organizada com o intuito de auxiliar os acadêmicos dos cursos no que se refere à iniciação ao trabalho científico, possibilitando uma maior familiarização com os processos de elaboração de monografias, a pensar por si próprios, a criar o hábito da reflexão.

Essas e outras respostas vocês verão aqui, nesta Unidade.

Bom estudo e aproveitem.

Seção 1 Redação científica

A redação científica deve ser feita com o propósito de oferecer ao leitor uma fonte de estudo em um assunto, proporcionando desde os conceitos fundamen-tais da área até uma visão mais aprofundada dos conteúdos que a compõem.

O texto deve ser redigido com uma linguagem clara e objetiva, pois o texto científico deve compor os seguintes elementos: objetividade, precisão, imparcialidade, clareza, coerência e impessoalidade. O conteúdo deve ter uma sequência lógica, apresentando com precisão as ideias, as pesquisas, os dados e os resultados dos estudos.

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E l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d ê m i c o s e c i e n t í f i c o s 85

É fundamental tomar cuidado para que os verbos sejam utilizados na ter-ceira pessoa do singular, evitando usar a terceira pessoa do plural e nunca a primeira pessoa.

1.1 Cuidados com língua portuguesa — você sabe o que é tautologia?

É o termo usado para definir um vício de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. O exemplo clássico é o famoso “subir para cima” ou o “descer para baixo”. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

elo de ligação

acabamento final

certeza absoluta

quantia exata

nos dias 8, 9 e 10, inclusive

juntamente com

expressamente proibido

em duas metades iguais

sintomas indicativos

há anos atrás

vereador da cidade

outra alternativa

detalhes minuciosos

a razão é porque

anexo junto à carta

de sua livre escolha

superávit positivo

todos foram unânimes

conviver junto

fato real

encarar de frente

multidão de pessoas

amanhecer o dia

criação nova

retornar de novo

empréstimo temporário

surpresa inesperada

escolha opcional

planejar antecipadamente

abertura inaugural

continua a permanecer

a última versão definitiva

possivelmente poderá ocorrer

comparecer em pessoa

gritar bem alto

propriedade característica

demasiadamente excessivo

a seu critério pessoal

exceder em muito

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, “surpresa inesperada”. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não. Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia a dia. Verifique se não está caindo nessa armadilha.

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86 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

1.2 Cuidados ao redigir um textoQual a melhor forma de escrever? Quais os cuidados que devo tomar? O

que devo evitar? O que não posso fazer de jeito nenhum?

Figura 3.1 Figura ilustrativa

Aê Fessor, Eu e os Broder tudo, tipo assim, num tamo

achando manêro as paradinha do New Portuguêis!

Fonte: Do autor (2014).

Para iniciarmos, quero compartilhar com o leitor alguns trechos de uma história, escrita por Izidoro Blikstein (2006). Confira! Quem não escreve bem

perde o trem — história do gerente apressado:

Certa vez, um apressado gerente de uma grande empresa precisava ir ao Rio de Janeiro para tratar de alguns negócios urgentes. Como tivesse muito medo de viajar de avião, deixou o seguinte bilhete para a sua recém-contratada se-cretária: “Maria: devo ir ao Rio amanhã sem falta. Quero que você me rezerve, um lugar, à noite, No trem das 8 para o Rio”. Sabe o que aconteceu? O gerente simplesmente perdeu o trem! Por quê? Bem, acontece que Maria, secretária, ao ler o bilhete franziu a testa e, com uma cara desanimada e cheia de dúvidas, ficou pensando, pensando... até que, finalmente, decidiu: foi à noite, à estação ferroviária e reservou um lugar, para o dia seguinte, no trem das 8h da manhã. Cumprida a tarefa, Maria foi para casa, com um sorriso nos lábios [...]. Mas... a sua alegria ia durar pouco!

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E l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d ê m i c o s e c i e n t í f i c o s 87

No dia seguinte, a secretária achou que estava vendo um fantasma, pois o gerente estava lá... confusa, Maria percebeu que algo estava errado...

Erros do bilhete:

1. “Me rezerve”: reservar é com “s”,

2. Se era para comprar uma passagem, o certo, então, seria escrever “com-

pre uma passagem” ou “providencie uma passagem”!, e não “reserve”.

3. Ele não fala em cabina com leito, mas em “lugar”. Ora, “lugar” é uma

palavra que pode significar muita coisa ao mesmo tempo: pode ser uma

poltrona de primeira ou de segunda classe, no meio ou na ponta do vagão,

do lado da janela ou do corredor, e pode ser até uma cabina com leito!

4. Sintaxe é a parte da gramática que cuida da ordem e das relações das

palavras na frase, das relações entre as frases, períodos etc. — “me re-

serve, um lugar, à noite...” — a ordem das palavras e, principalmente, a

posição das vírgulas dão um duplo sentido à frase: como há uma primeira

vírgula, separando a forma verbal ”reserve” do objeto direto “lugar” e,

como há uma segunda vírgula logo depois de lugar, o leitor do bilhete

pode juntar “lugar” com “à noite” e pensar que, em vez de reservar um

lugar noturno, o gerente mandou reservar à noite um lugar.

RESERVE

À NOITE UM LUGAR

UM LUGAR À NOITE (= lugar noturno)

5. Se o seu trem era o das 8 da noite, por que não escreveu: “trem das 20 h”.

6. Portanto, concluindo: com um bilhete assim, com tantas falhas de sintaxe,

de pontuação, de vocabulário e até de ortografia, a secretária nunca

poder adivinhar as ideias que o gerente tinha na cabeça!

7. O correto seria: “Maria: por favor, providencie, para mim, uma passagem,

em cabina com leito, no trem das 20h de amanhã (4ª feira), para o Rio

de Janeiro. Muito obrigado”.

Diante dessa história, pode-se perceber o quanto é importante uma redação clara e correta. Assim, veremos agora os cuidados que devemos ter ao redigir um texto científico.

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88 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Ao definir redação, temos o seguinte conceito: é uma forma de comunicação escrita que deve ser acessível às pessoas interessadas em entrar em contato com determinada área do conhecimento.

Por isso, ao redigir um trabalho científico, é necessário que se leve em conta o perfil do leitor que irá ler aquilo que se pretende comunicar, procurando escrever de maneira compreensível.

De acordo com o artigo publicado no site da Fapesp, “Equívocos de redação prejudicam trabalhos científicos brasileiros”, publicado em 03 de julho de 2013, por Elton Alisson, podemos perceber quanto é falha essa habilidade de alunos e também de educadores, no que diz respeito à redação. Conforme o artigo, “Temos boas pesquisas no Brasil que, muitas vezes, são pouco citadas porque os resultados são mal apresentados. Isso se deve a uma série de equívocos sobre conceitos fundamentais na redação de um texto científico, que precisam ser corrigidos’, disse Volpato à Agência Fapesp” (ALISSON, 2013).

Conforme o entrevistado, alguns pesquisadores, de forma errônea, ape-nas discorrem sobre a literatura científica que leram, sem fundamentarem as bases e os objetivos da pesquisa. Esse é um vício observado nas introduções de algumas teses e dissertações, em que se inclui a considerada “revisão da literatura”. Isso também ocorre nos artigos submetidos às revistas científicas muitos dos quais acabam não sendo publicados porque os artigos científicos internacionais seguem a lógica científica que é adotada por todas as boas re-vistas científicas no mundo.

Outro aspecto que ocorre de forma errada sobre artigos de revisão científica é que muitos deles costumam apenas resumir as pesquisas em suas respectivas áreas, e a ideia é que tal trabalho contribua para o avanço do conhecimento. Alguns pesquisadores levantam uma série de dados de literatura recente em suas áreas, fazem um resumo de todo o material coletado e pensam que fizeram um artigo de revisão, porém o artigo de revisão tem de avançar, trazer novas conclusões.

Portanto, você pode perceber que esse é um problema atual, grave e que é necessário que comecemos a mudar essa realidade.

1.3 Redação clara, precisa e objetiva Alguns dos pontos a serem observados e que podem tornar uma redação

científica mais inteligível são: clareza e precisão; objetividade; linguagem despersonalizada.

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E l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d ê m i c o s e c i e n t í f i c o s 89

A clareza e a precisão são evidenciadas numa redação científica quando as ideias expressas pelo autor não deixam dúvidas quanto à sua interpretação.

A língua escrita não deve utilizar a mesma linguagem que a língua falada. Devido à necessidade de ser mais exata e de ter precisão, a língua escrita deve ser mais formal do que a linguagem oral. Portanto, é importante ter atenção com as regras gramaticais e a pontuação. A redação deve seguir uma ordem lógica de pensamento, com cautela para evitar o excesso de verbalismo, a adjetivação, a prolixidade, as argumentações emotivas ou sentimentalistas e frases feitas ou terminologia técnica em excesso. Além disso, é fundamental evitar cacofonia e expressões vulgares ou gírias do momento.

Muito diferente, por exemplo, da redação das nossas web aulas, pois tem uma característica de “de conversar com o aluno”.

A objetividade é reconhecida pelo uso de palavras, expressões e ideias adequadas à transmissão do pensamento do autor, e que possibilite a compreensão efetiva do leitor.

Em muitos trabalhos, observa-se que as pessoas têm o hábito de repetir o título do trabalho nas primeiras frases do resumo, o que é desnecessário, su-perficial e não contribui em nada para relatar o estudo. A seguir, ilustro alguns exemplos inadequados de frases introdutórias:

“É interessante notar que…”

“Aqui trazemos nossa modesta contribuição…”

“Considerando a importância de pesquisa nesta área, decidiu-se estudar…”

Deve-se procurar ser conciso e objetivo, como, por exemplo: em vez de escrever “não há dúvida que, com toda a probabilidade…”, redigir apenas “provavelmente”.

Outro ponto importante para a redação e que se recomenda é o uso da voz passiva ou da terceira pessoa do singular do impessoal, pois a linguagem deve

ser despersonalizada. As expressões taxativas devem ser evitadas. Para melhor entendimento, cito como exemplos algumas expressões que acabam sendo vocábulos muito conclusivos: “afirma-se”, “comprovou-se”, “procurou-se”, sendo, portanto, mais adequado usar os de caráter probabilístico da estatística, como: “os resultados sugerem”, “evidenciou-se”, “supõem-se”.

Com o objetivo de contribuir e facilitar suas redações, segue uma lista de verbos que podem ser empregados na linguagem científica:

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90 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Acreditar

Constatar

Inferir

Propiciar

Analisar

Demonstrar

Julgar

Proporcionar

Apreciar

Elaborar

Notar

Refletir

Avaliar

Estudar

Observar

Sugerir

Concluir

Evidenciar

Oportunizar

Supor

Configurar

Examinar

Perceber

Verificar

Considerar

Identificar

Pesquisar

Visualizar

Bloom (1956) organizou a Taxonomia de objetivos educacionais, classificando os objetivos educacionais em domínios cognitivos, afetivos e psicomotores. A lis-tagem de verbos parte do domínio mais simples para o mais complexo. A seguir será apresentada essa classificação para orientá-lo na formulação dos objetivos educacionais. Lembre-se de que todo objetivo inicia-se pelo verbo no infinitivo.

1.3.1 Objetivos educacionais

Conhecimento: adquirir — associar — calcular — citar — classificar — definir — descrever — distinguir — enumerar — especificar — enunciar — estabelecer — exemplificar — expressar — identificar — indicar — lembrar — medir — mostrar — nomear — ordenar — reconhecer — re-cordar — registrar — relacionar — relatar — reproduzir — selecionar.

Compreensão: concluir — converter — descrever — distinguir — dedu-zir — defender — demonstrar — derivar — determinar — diferenciar — discutir — exemplificar — expressar — esboçar — explicar — exprimir — extrapolar — fazer — generalizar — identificar — ilustrar — induzir — inferir — interpretar — localizar — modificar — narrar — predizer — preparar — prever — relatar — reelaborar — reescrever — reordenar — reorganizar — representar — revisar — sumarizar — traduzir — trans-crever — transformar — transmitir.

Aplicação: aplicar — classificar — desenvolver — dramatizar — esboçar — empregar — escolher — estruturar — generalizar — ilustrar — inter-pretar — modificar — operar — organizar — praticar — relacionar — traçar — transferir — usar.

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E l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d ê m i c o s e c i e n t í f i c o s 91

Análise: analisar — classificar — categorizar — combinar — comparar — comprovar — contrastar — correlacionar — criticar — deduzir — diferenciar — discutir — debater — detectar — descobrir — diagramar — discriminar — examinar — experimentar — identificar — investigar — provar — selecionar — separar — subdividir.

Síntese: combinar — comunicar — compor — coordenar — criar — comprovar — deduzir — desenvolver — dirigir — documentar — espe-cificar — explicar — escrever — esquematizar — formular — modificar — organizar — planejar — produzir — propor — relacionar — relatar — reescrever — reconstruir — sintetizar — transmitir.

Avaliação: argumentar — avaliar — concluir — contrastar — criticar — considerar — decidir — escolher — estimar — interpretar — julgar — justificar — padronizar — precisar — relacionar — selecionar — validar — valorizar.

Afetivos: aceitar — adaptar-se — admirar — alegrar-se — apreciar — comprometer-se — conscientizar-se — dedicar-se — desejar — distinguir — entusiasmar-se — envolver-se — esforçar-se — gostar — interessar-se — melhorar — motivar-se — obedecer — querer — reconhecer — valorizar.

Psicomotor: agarrar — andar — armar — arremessar — atirar — cantar — circundar — colar — colorir — confeccionar — construir — correr — costurar — dançar — desenhar — dirigir — dramatizar — encenar — escrever — escutar — gesticular — grifar — juntar — lançar — marchar — montar — nadar — ouvir — pegar — pintar — preparar — pular — recortar — saltar — separar — tocar — traçar — usar.

Leia o texto de Ana Paula do Carmo Marcheti Ferraz e Renato Vairo Belhot. “Taxonomia de

Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de obje-

tivos instrucionais”. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/gp/v17n2/a15v17n2.pdf>.

Para saber mais

Uma estratégia para tornar a leitura mais agradável e menos cansativa é procurar escrever, é claro, se possível, períodos e parágrafos mais curtos, pois estes são mais fáceis de ser, redigidos e compreendidos.

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A inserção de citações ao longo do texto com as respectivas referências bibliográficas irá enriquecer a redação, já que o conhecimento existe e é ne-cessário que se utilize de fontes credenciadas para fundamentar e fortalecer as ideias nele vinculadas.

Num texto, o significado de uma parte não é independente/livre, mas de-pende das outras partes com que se relaciona. É fundamental entender que seu significado global não é uma mera soma das partes, mas de uma combinação geradora de sentido. Cada parte deve manter relação com as demais, inter--relacionando-se e formando um todo organizado. O texto deve apresentar coerência entre as partes, não evidenciando contradições. Como se diz, não é uma “colcha de retalhos”.

Ao escrever sobre algum assunto, o objetivo que se deseja atingir é funda-mental que esteja presente em todo o texto. Assim, a introdução, o desenvol-vimento e a conclusão são considerados elos de uma corrente em que cada unidade de composição escrita depende das demais. Recebe o nome de pará-grafo esta unidade de composição escrita a respeito de um assunto particular, produzida para atingir um objetivo e estruturada por um conjunto de orações que formam a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.

Veja no quadro seguinte algumas recomendações.

Quadro 3.1 Resumo de como redigir um trabalho científico

TÓPICO RECOMENDAÇÃO

Tipo de leitor Acessível a qualquer profissional da área

Clareza Obedecer a uma lógica de pensamento

Precisão Palavras e expressões não devem possuir duplo sentido

Objetividade Evitar prolixidade, verbalismos, adjetivações, repetições e supérfluo

Linguagem Impessoal

Expressões taxativas Devem ser evitadas: afirma-se, comprovou-se

Períodos e parágrafos Preferencialmente curtos

Texto Inter-relação entre as partes formando um significado global

Fonte: Monteiro (2004).

Um ponto relevante que não pode ser ignorado quando se trata de uma redação científica é que as ideias expostas no texto devem ser fundamentadas. Assim sendo, ao escrever um trabalho científico, a leitura acerca do assunto a ser redigido é imprescindível. Portanto, torna-se necessário selecionar a biblio-

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grafia adequada, cujo processo de escolha do material a ser lido deve obedecer à averiguação dos seguintes aspectos: título; autor; assunto; data (verificar se atende aos objetivos da pesquisa); sumário; introdução; conclusão; bibliografia.

Depois de averiguados os aspectos citados, é importante realizar uma leitura dinâmica para ter uma visão global da obra. Em seguida, reler especi-ficamente as partes que interessam para a realização do trabalho, e utilizar-se de um dicionário para esclarecer as palavras ou expressões não conhecidas. É necessário tentar ao máximo interpretar corretamente as ideias do autor e evitar distorcer seu pensamento.

Para quem puder utilizar os recursos da informática, o trabalho torna-se mais fácil. Alguns erros eventuais de digitação podem ser corrigidos rapidamente, sem ter que escrever tudo novamente e o arquivamento pode e deve ser feito com frequência para não perder seu trabalho.

O procedimento de elaboração do texto é similar, tendo que passar por todas as etapas, utilizando o computador, ou se for elaborado manualmente. A utili-zação de uma pasta para reunir todo o material relativo ao trabalho é um bom recurso, pois auxilia na organização pessoal e favorece a economia de tempo.

Além desses aspectos, temos ainda mais algumas dicas; mesmo que se repitam algumas, isso é proposital, para que você realmente consiga elaborar uma nova prática e rotina para aprender a escrever cada vez melhor.

1. Para começar, prepare um roteiro com as ideias e a ordem em que você pretende apresentar. Ordene um plano lógico para seu texto. Para escre-ver com clareza, é necessário ter as ideias claras na mente.

2. Tenha um dicionário e uma gramática ao seu lado e consulte-os com frequência quando surgirem dúvidas.

3. Escreva sempre na ordem direta: sujeito + verbo + complemento.

4. Busque redigir frases curtas e simples. Use em abundância os pontos.

5. Dê preferência a utilizar ponto e iniciar nova frase em vez de usar vír-gulas. Frases com excesso de vírgulas ficam confusas. Na dúvida, use o ponto. Se a informação não merece nova frase, não é importante e pode ser eliminada.

6. Procure não usar orações intercaladas, parênteses e travessões. Ressalta--se que algumas revistas internacionais aceitam o uso de parênteses para reduzir o período.

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7. Corte todas as palavras sem utilidade ou que acrescentam pouco ao conteúdo.

8. Procure não usar as partículas de subordinação, por exemplo: “que”, “embora”, “onde”, “quando”. Estas alongam as frases de forma confusa e cansativa. Use uma por frase, no máximo.

9. Adjetivos e advérbios só devem ser usados se forem extremamente necessários.

10. Apenas utilize palavras precisas e específicas. E, de preferência, sempre as mais simples, usuais e mais curtas.

11. Tenha cuidado em não ser repetitivo, isto é, tente não usar verbos, subs-tantivos, aumentativos, diminutivos e superlativos mais de uma vez num mesmo parágrafo.

12. Abstenha-se de cometer os ecos, isto é, “...avaliação da produção...” e cacófatos: “...uma por cada tratamento...” soa como “...uma porcada...”).

13. Dê preferência por usar frases afirmativas.

14. Não utilize: regionalismos, jargões, modismos, lugares-comuns, abre-viaturas que não sejam usuais, palavras e frases longas.

15. Um parágrafo é considerado uma unidade de pensamento. Portanto, a frase tem de ser curta, enfática e, de preferência, conter a informação principal. As outras devem reforçar o conteúdo apresentado na primeira. E a última frase tem o papel de ser a ligação com o parágrafo seguinte. Pode conter a ideia principal se esta for uma conclusão das informações apresentadas nos períodos anteriores.

16. Os parágrafos devem ser interligados de forma lógica.

17. Para que fique bem escrito, um parágrafo deve passar por cinco leituras e correções:

a) na primeira, verifique se está tudo em ordem direta e modifique, se necessário;

b) na segunda, procure por repetições, ecos, cacófatos, orações interca-ladas e partículas de subordinação; elimine-os sempre que possível;

c) na terceira, elimine as palavras desnecessárias e também os adjetivos e advérbios que puder;

d) na quarta, verifique se não possui erros de grafia, digitação e erros gramaticais, do tipo regência e de concordância;

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e) na quinta, averigue se as informações estão corretas e se o texto está coerente e de fácil compreensão.

18. Depois dessa fase de correção, você deverá ler o texto por mais três vezes e fazer as correções necessárias:

a) na primeira leitura, confira se a sua redação está organizada de forma lógica em sua apresentação do conteúdo. Verifique se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; se os intertítulos (título de cada tópico) são concisos e refletem o conteúdo das informações que os seguem. Se for necessário, faça nova divisão do texto ou troque pa-rágrafos entre os itens. Analise se a mensagem principal foi passada ao leitor;

b) na segunda, confira o que diz respeito aos parágrafos e as interliga-ções, se estão adequadas. Veja se não cometeu o erro das repetições da mesma informação em pontos diferentes do texto, em períodos escritos de forma diversa, mas com significado semelhante. E, a partir disso, elimine os parágrafos que contenham informações irrelevantes ou fora do assunto do texto.

c) na terceira, assegure-se sobre todas as informações, sobretudo valores numéricos, datas, equações, símbolos, citações de tabelas e figuras e referências bibliográficas.

Vale reforçar que textos longos e complexos, com frases retóricas e palavras incomuns, não demonstram erudição e podem, sim, indicar que o autor não sabe escrever.

Para melhor fixação dos conteúdos desta unidade, apresento a seguir uma sinopse da escrita científica com base na teoria de Santos (2012).

1.3.2 Objetividade

Na elaboração e na redação.

No conteúdo intelectual.

No tipo de linguagem.

1.3.3 Impessoalidade

Evitar expressões: “eu fiz”, “eu penso”, “na minha opinião”, “a gente”, “meu trabalho”.

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Empregar: pronome impessoal “se” e termos como: “Tal informação...”; “De tal forma...”; “O presente trabalho...”.

1.3.4 Estilo

Simples e sem retórica.

Nível culto de linguagem.

Jamais usar termos ofensivos e gírias.

Evitar termos eruditos e preciosismo vocabular.

1.3.5 Clareza e concisão

Frases curtas e claras.

Usar as frases na ordem direta.

Conectar as ideias de forma lógica e precisa.

Linha de raciocínio coerente.

1.3.6 Modéstia

A modéstia evita exageros.

Evidencia o conhecimento dos próprios limites pessoais.

Representa esforços na busca da perfeição.

1.3.7 Cortesia

Evita a força e a opressão.

Quem é modesto, é cortês.

É indispensável no trato com outras pessoas.

Ser fidalgo e urbano é tarefa de sábio.

Quebra resistências e remove barreiras.

Se você quiser alguns temas ou, ainda, treinar um pouco, inclusive ver algumas dicas, acesse o

link: <http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/temas.jhtm>.

Para saber mais

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E l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d ê m i c o s e c i e n t í f i c o s 97

1.4 A importância de respeitar os direitos autoraisEm razão da grande facilidade de pesquisa por meio da internet, muitos ca-

sos de cópias acabam ocorrendo, tanto de artigos quanto de outras obras sem a indicação do autor. Toda obra, após ser produzida, passa a ser protegida (Lei n. 9.610/98). O registro de uma obra como um livro ou um artigo “[...] não é obrigatório, uma vez que a obra está protegida desde a sua criação” (BRASIL, 1998). Os direitos também podem ser chamados de direitos intelectuais ou propriedade intelectual. Pelo art. 7o da lei citada, também são obras intelectuais protegidas os textos de obras literárias, artísticas ou científicas, assim como as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza.

Dessa maneira, com base no que estabelece a lei, e também devido à ética, os bons costumes e a moral, nunca copie um trecho de outro autor sem indicar os dados que permitam identificar a fonte.

Confira o que diz a Lei n. 9.610 (BRASIL, 1998) com referência a citações em trabalhos acadêmicos:

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:III — a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra;IV — o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial.

Para você saber mais sobre a legislação e o respeito aos direitos autorais, acesse o link: <http://

www.culturalivre.org.br/index.php?Itemid=48&id=53&option=com_content&task=view>.

Para saber mais

Você acha que a maioria das pessoas tem conhecimento sobre a legisla-ção dos direitos autorais? Você já parou para pensar sobre os inúmeros trabalhos que existem na internet que são “copiados” dos autores ori-ginais e que depois nem mesmo eles conseguem provar quem copiou de quem? Como é complexo e difícil, às vezes, fazer valer a lei?

Questões para reflexão

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98 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Para lhe ajudar, seguem abaixo algumas sugestões de temas ou, se desejar, você pode aproveitar e escrever algo que esteja de acordo com seu interesse ou sua área de atuação; ou, ainda, se você está precisando fazer algum trabalho, aproveite, este é o momento.

Deslizamento de encostas nas temporadas de chuvas.

Desenvolvimento sustentável e economia verde.

Energias alternativas e matriz energética brasileira.

O papel do Brasil no mundo.

Redução da maioridade penal.

O legado da Copa do Mundo de 2014.

Tragédias no Brasil e o caso de Santa Maria.

Cientistas preveem futuro sombrio para a Terra.

A virgindade é um valor moral a ser preservado?

Combate ao fumo: autoritarismo ou dever do governo?

Amor com grande diferença de idade: será que isso funciona?

Mentira é doença, problema moral, necessidade ou brincadeira?

O aborto deve ou não ser legalizado? Por quê?

O que você acha do novo Acordo Ortográfico?

O preconceito racial está chegando ao fim?

Amar pode levar ao crime ou quem ama não mata?

O que você acha do ensino nas escolas do Brasil?

O fumo deve ser proibido em todos os lugares?

Cotas nas universidades: você é a favor ou contra?

O uso da maconha deve ou não ser legalizado?

O famoso conflito de gerações ainda existe hoje?

Gravidez fora de hora: adolescência em crise.

Fomos dominados pelas máquinas que inventamos?

Quais as condições necessárias para se atingir o sucesso profissional?

Leis e penas mais duras são a única solução para o trânsito brasileiro?

Por que as pessoas mentem pela internet?

A energia nuclear é uma boa solução para o Brasil?

Nacional ou importada: qual a cara do Brasil?

A necessidade de crer em heróis.

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1. O que diz a Lei n. 9.610 com referência a citações em trabalhos acadêmicos?

2. Quais são os seis itens propostos pela teoria de Santos para a escrita científica?

Atividades de aprendizagem

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Seção 2 Etapas para elaboração do projeto de pesquisa

Antes de realizar a pesquisa propriamente dita, o pesquisador sistematiza sua intenção de executá-la através do projeto de pesquisa. O projeto diz respeito a um plano de trabalho que busca solucionar o problema que motivou o ato de investigar, bem como verificar as hipóteses formuladas. Todo o sucesso de uma pesquisa pode estar no rigor da elaboração do projeto, e certamente é ele quem servirá de guia para que o investigador não se veja em determinado momento em meio a muitos dados perdidos sem saber os caminhos para sistematizá-Ios de forma organizada.

2.1 O primeiro passo da pesquisa: o projetoTodos os passos de uma pesquisa devem ser planejados; o acaso não pode

existir. Desde a delimitação do assunto, a escolha do tema, o estabelecimento de objetivos, determinação de metodologia, técnica de coleta de dados, sua análise e interpretação com vistas à elaboração do relatório final, tudo é cal-culado e exposto no projeto de pesquisa.

Não existe um modelo-padrão para a elaboração de um projeto; algumas variáveis são decisivas para construção de sua estrutura, como, por exemplo, o estilo do autor, o objeto da pesquisa, a natureza do problema, a visão de mundo do pesquisador, os objetivos a serem atingidos e, principalmente, as exigências determinadas pelos órgãos de fomento à pesquisa, das entidades financiadoras e ou pela escassez de recursos.

Algumas instituições possuem formulário próprio para esse fim. No entanto, alguns itens não podem deixar de ser contemplados nos planos de trabalho, como esclarecimentos sobre o tema, a natureza da pesquisa, os procedimentos técnicos e metodológicos pretendidos, os objetivos estabelecidos e o crono-grama estabelecido.

A escolha do assunto e do tema é um ponto decisivo para o desenvolvi-mento de todo trabalho; o assunto e a área de abrangência do conhecimento a que pertence o objeto, é amplo, complexo e pressupõe inúmeras variáveis; podem ser exemplos de assuntos: saúde, educação, Aids, gravidez, economia e outros. Já o tema apresenta o foco da investigação, delimita os contornos a serem pesquisados.

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Uma técnica que pode ajudar nessa fase é o exercício “esticando ideias”, em que o assunto é identificado e, a partir dele, os aspectos são relacionados.

De modo geral, o projeto responde às seguintes questões:

a) O que fazer? Definição do tema e do problema.

b) Por que fazer? Justificativa da escolha.

c) Para que fazer? Objetivos.

d) Como fazer? Metodologia.

e) Onde fazer? Local: campo de pesquisa.

f) Com o que fazer? Recursos.

g) Quando fazer? Cronograma.

Finalmente, procedido à escolha do tema e antes de iniciar a construção de seu projeto definitivo, um estudo preliminar há de ser realizado, a fim de que o pesquisador verifique o estado da questão que pretende desenvolver, tanto em relação ao aspecto teórico/bibliográfico como dos estudos e pesquisas já desenvolvidos. Este estudo não será em vão, pois poderá servir de referencial bibliográfico para o projeto. Um anteprojeto será delineado para que diferentes elementos e quesitos do projeto sejam integrados, ampliados e especificados.

2.2 Estrutura do projeto de pesquisaComo vimos, não existe um modelo-padrão para estruturar o projeto de

pesquisa. Aqui tomaremos um modelo muito aceito na Academia, tanto na graduação como na pós-graduação.

Estrutura que deve ser seguida

a) Elementos pré-textuais: capa/folha de rosto/folha de aprovação/dedica-tória (opcional)/agradecimentos (opcional)/epígrafe (opcional)/resumo em português (até 500 palavras)/resumo em língua estrangeira (inglês, francês ou espanhol)/lista de tabelas (opcional)/sumário.

b) Elementos textuais:

Capítulo 1. Introdução.

Capítulo 2. Referencial teórico.

Capítulo 3. Metodologia.

Capítulo 4. Análise dos resultados.

Capítulo 5. Considerações finais.

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102 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

c) Elementos pós-textuais: Referências/glossário/anexos.

Apresentação (Quem?)

Capa

a) Nome da instituição.

b) Nome do autor.

c) Título.

d) Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado.

e) Ano de depósito (entrega).

Folha de rosto

a) Nome do autor (responsável intelectual do trabalho).

b) Título.

c) Natureza (tese, dissertação, monografia, trabalho de conclusão de curso e outros) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da instituição à qual será submetido; área de concentração e nome do orientador do projeto.

d) Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado.

e) Ano de depósito (entrega).

Introdução (Para quê? Para quem?)

a) Tema.

b) Delimitação do tema.

c) Objetivo geral.

d) Objetivos específicos.

e) Justificativa (por quê?).

f) Problema.

g) Hipótese.

Metodologia (Como? Com quê? Onde? Quanto?)

a) Método de abordagem.

b) Método de procedimento.

c) Técnicas (descrição, como será aplicada, codificação e tabulação).

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d) Delimitação do universo (descrição da população).

e) Tipo de amostragem (caracterização e seleção).

Fundamentação teórica (Como?)

a) Teoria de base.

b) Revisão de bibliografia.

c) Definição de termos.

Cronograma (Quando?)

Instrumento(s) de pesquisa (Como?)

Bibliografia

A seguir, você poderá acompanhar explicações de cada uma dessas etapas.

2.3 Detalhamento de cada uma das etapas

2.3.1 Apresentação

A apresentação do projeto de pesquisa responde à questão: quem? Inicia-se com a capa, na qual são indicados os elementos essenciais à identificação do trabalho que se pretende realizar.

O nome da instituição deve corresponder àquela à qual a pesquisa será submetida (para aprovação ou financiamento). O título expressa a síntese do conteúdo da pesquisa. Pode comportar um subtítulo, neste caso, o título será mais abrangente, ficando a caracterização para o subtítulo. O local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado independe daquele em que os dados serão coletados. A data designa o ano da apresentação do projeto.

A folha de rosto repete alguns dados indicados na capa, mas dispensa a in-dicação da instituição à qual o trabalho será submetido; inicia com a indicação do autor (ou autores, caso seja possível ser realizada em grupo).

A natureza descreve, através de pequeno texto, o tipo de pesquisa desen-volvida; se for tese, dissertação, monografia, trabalho de conclusão de curso ou outros, indica o que se pretende: aprovação em disciplina, grau preten-dido ou outros; nome da instituição à qual será submetido; curso ou área de concentração.

A seguir, o nome do orientador deve ser indicado; no caso do anteprojeto ou se ainda não foi definido o orientador, esse item pode ser opcional.

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2.3.2 Introdução

Na introdução são apresentados os itens que respondem às questões para quê e para quem o estudo será desenvolvido e compreende:

2.3.2.1 Tema

É o assunto que se pretende provar ou desenvolver. Pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo pesquisador, de sua curiosidade científica, de desafios encontrados na leitura de outras pesquisas ou da própria teoria. Pode ter sido sugerido pelo coordenador do curso, pelo orientador ou por um órgão de fomento; isto não diminui o caráter científico, desde que não se interfira no desenvolvimento e resultados da pesquisa. Independentemente do motivo para a busca, o tema é, nessa fase, necessariamente amplo, focando de modo abrangente, o assunto sobre o qual se deseja investigar.

2.3.2.2 Delimitação do tema

O tema é composto de um sujeito e de um objeto, e para que seja feita a delimitação do tema, é necessário passar por um processo de especificação. O processo de delimitação do tema só é concluído ao fazer sua limitação geográ-fica e espacial, com foco na realização da pesquisa. Algumas vezes, a limitação do tempo é maior que a desejada, devido à disponibilidade das verbas, mas, para o caráter científico, é preferível o aprofundamento à extensão.

2.3.2.3 Objetivo geral

Expressa, de forma clara e objetiva, o quê o pesquisador espera com a rea-lização da pesquisa; é o que caracteriza os fins da investigação. É importante destacar, que no caso de pesquisa bibliográfica, o objetivo é essencialmente acadêmico, por exemplo: mapear os estudos desenvolvidos no Brasil sobre programa de saúde da família. Ou: identificar os conceitos de saúde apresen-tados na literatura nacional (Ievantar, diagnosticar, traçar o perfil ou historiar).

2.3.2.4 Objetivos específicos

Aprofundam as intenções expressas no objetivo geral; apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações particulares.

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2.3.2.5 Justificativa

Este item deve responder à questão por que estudar esse tema? De suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente para a aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidades que vão orientá-la ou financiá-la. Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa, bem como as contribuições social e acadêmica que o estudo pode proporcionar.

Por se tratar de argumentos pessoais, na justificativa geralmente não se apresentam citações de outros autores.

Assim, a redação da justificativa fica pautada no conhecimento científico do pesquisador, somado a boa parte de sua criatividade e capacidade de argumentar.

2.3.2.6 Problema

A formulação do problema prende-se ao tema proposto: ela envolve uma dificuldade teórica ou prática para a qual se deve encontrar solução. É formu-lado através de uma pergunta, clara, precisa, objetiva e específica com a qual se defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa.

Um problema bem formulado exige que o pesquisador tenha conhecimentos prévios sobre o tema e que a resposta possa ser suscitada a partir da pesquisa desenvolvida, ainda que geralmente a solução do problema esteja sujeita a políticas que fogem ao controle do pesquisador.

Barbosa (2008) relata uma história que tem como inspiração a natureza e mostra que exige ter uma visão multidisciplinar na pesquisa. De acordo com essa história, um cientista estava passeando pelo campo quando se deu conta dos carrapichos em sua calça; ao retornar ao seu laboratório, observou esses carrapichos no microscópio e decidiu que eles poderiam inspirar um substituto do zíper ou fechos de roupas. Se você pensou no velcro, acertou. Mas o que pouca gente pensa é que o tal cientista existiu e que a ideia veio mesmo do carrapicho que se agarrou à calça do engenheiro suíço Georges de Mestral. Sorte ou acaso? Não, pois a observação da natureza é uma metodologia que pode servir como ponto de partida para desenvolver novas tecnologias, adaptar soluções e criar produtos inovadores.

Inspiração, transpiração e método, conforme afirma Julian Vincent, professor de biônica na Universidade de Bath, Inglaterra, é taxativo. “Não preciso de

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inspiração”, afirma, “defino os problemas usando a Triz e procuro por solu-ções a partir de métodos que estamos desenvolvendo”, completa. Triz é a sigla russa para Teoria da Resolução de Problemas Inventivos, uma matriz heurística para estruturação de um problema determinado na engenharia mecânica, por exemplo, e sua readequação para outra área engenharia civil (BARBOSA, 2008).

2.3.2.7 Hipótese

A hipótese revela a suposição de o pesquisador já conhecer a questão que busca da pesquisa. É um ensaio, uma tentativa ou criação de resposta imediata ao problema definido.

Assim, a hipótese é apresentada em forma de afirmação sobre a resposta e/ou explicação provisória do problema que foi levantado; é ela que orienta a amplitude e a execução da pesquisa que será concluída com a confirmação ou refutação de tal hipótese; por isso, deve ser elaborada em número reduzido.

O enunciado da hipótese contém uma relação entre variáveis, que podem ser independentes e dependentes.

A variável independente existe naturalmente, haja ou não hipótese, e a variável dependente está diretamente vinculada à variável independente.

2.4 Metodologia A metodologia direciona o caminho do pensamento e a prática exercida para

levar ao processo de percepção da realidade. Assim, o método científico ocupa um lugar central no interior das teorias, estando sempre a elas relacionado. Por isso, para que seja possível compreender a realidade e a contribuição do pesquisador, o procedimento metodológico deve abranger os conceitos teóricos de abordagem e o conjunto de técnicas. Além do referencial teórico, a meto-dologia deve ser redigida de forma clara, coerente e eficiente, possibilitando encaminhar os dilemas teóricos para o desafio da prática (MINAYO, 2010).

Para alcançar o sucesso da pesquisa e atingir os resultados buscados, é fundamental que a metodologia seja bem elaborada. Para escolher o melhor método, é necessário conhecer os conceitos teóricos da ciência, sobretudo seus princípios, que devem estar vinculados ao objeto de estudo. Por outro lado, a natureza do problema é que determina o método, ou seja, a escolha do método e feita em função do problema estudado.

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O fundamento da pesquisa deve apoiar-se em um tripé, retratado pelos seguintes domínios: (1) domínio do conhecimento específico e conceitual; (2) domínio da metodologia a ser seguida; (3) domínio sobre as técnicas e instru-mentos de apoio à realização da pesquisa.

O pesquisador deve buscar utilizar tais recursos da forma mais precisa e eficiente possível. O conhecimento científico requer que seja construído pau-tado em método científico (nasce de um problema, requer alguma hipótese que guie a investigação), que também recebe o nome de experimental (observação/coleta de dados); ele aproveita, ainda, a análise, a comparação e a síntese dos processos mentais da indução e dedução, processos esses comuns a todo tipo de investigação.

O detalhamento da metodologia da pesquisa é o que contempla maior número de itens, pois responde, a um só tempo, às seguintes questões: Como? Com quê? Onde? Quanto? Corresponde aos seguintes componentes:

2.4.1 Método de abordagem

Muitos especialistas fazem, hoje, uma distinção entre método e métodos, por se situarem em níveis distintos, no que se relaciona à sua inspiração filo-sófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou menos explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas da investigação e ao momento em que se situam.

A partir dessa diferença, o método se qualifica por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da so-ciedade. Assim, é denominado método de abordagem, que pode compreender os seguintes tipos: o indutivo, o dedutivo, o hipotético-dedutivo e o dialético.

2.4.2 Métodos de procedimento

Os métodos de procedimento compõem as etapas mais concretas da pes-quisa, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenôme-nos menos abstratos. Presumem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular.

2.4.3 Técnicas

Ao conceituar técnicas, pode-se dizer que formam um conjunto de precei-tos ou processos de que se serve uma ciência. Outro conceito é que a técnica

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equivale à habilidade para usar esses preceitos ou normas na obtenção de seus propósitos. Assim, as técnicas representam a parte prática de coleta de dados.

As técnicas podem ter seu formato em duas grandes decisões: documentação in-direta, abrangendo a pesquisa documental e a bibliográfica, e documentação direta. Esta última subdivide-se em:

1. Observação direta intensiva, com as técnicas da:

observação: é realizada utilizando os sentidos na obtenção de de-terminados aspectos da realidade, mas para isso não é suficiente apenas ver e ouvir, e, sim, examinar fatos ou fenômenos que se de-seja estudar. Pode ser: sistemática, assistemática; participante, não participante; individual, em equipe; na vida real, em laboratório;

entrevista: é um diálogo efetuado face a face, de maneira metódica, proporcionando ao entrevistador, verbalmente, a informação neces-sária. Tipos: padronizada ou estruturada, despadronizada ou não estruturada, painel.

2. Observação direta extensiva, apresentando as técnicas:

questionário: é formado por um conjunto de perguntas a serem res-pondidas por escrito e sem a presença do pesquisador;

formulário: trata-se de um roteiro de perguntas realizadas pelo próprio entrevistador e preenchidas por ele com as respostas do pesquisado;

medidas de opinião e de atitudes: é um formato de instrumento de “padronização”, no qual é possível assegurar a compatibilidade de diferentes opiniões e atitudes, com a finalidade de compará-las;

testes: são instrumentos utilizados com a finalidade de obter dados que permitam medir o rendimento, a frequência, a capacidade ou a conduta de indivíduos de forma quantitativa;

sociometria: é uma técnica quantitativa com o objetivo de explicar as relações pessoais entre indivíduos de um grupo;

análise de conteúdo: é uma forma de permitir a descrição sistemática, objetiva e quantitativa do conteúdo da comunicação;

história de vida: tem o objetivo de buscar dados que se referem à “experiência última” de alguém que tenha um significado importante para o conhecimento do objeto em estudo;

pesquisa de mercado: é um tipo de pesquisa que visa obter informa-ções sobre o mercado, de maneira organizada e sistemática, com a

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finalidade subsequente de contribuir com o processo decisivo e as estratégias das empresas, minimizando a margem de erros.

Ressalta-se que é de suma importância, independentemente da técnica escolhida, descrever a característica e a forma de sua aplicação, indicando, inclusive, como serão codificados e tabulados os dados obtidos.

2.4.4 Delimitação do universo (descrição da população)

Para definir universo ou população, considera-se o conjunto de seres anima-dos ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum. Sendo no número total de elementos do universo ou população, o mesmo pode ser representado pela letra latina maiúscula X, tal que Xn = X1, X2; X3;...; Xn.

Já a delimitação do universo, como diz o nome, delimita, limita, demarca, a partir do todo (Universo), explicitando que pessoas ou coisas, fenômenos etc. serão pesquisados, enumerando suas características comuns, como, por exem-plo, sexo, faixa etária, organização a que pertence, comunidade onde vive etc.

2.4.5 Tipo de amostragem

A amostragem não abrange a totalidade dos componentes do universo, isto é, ocorre quando a pesquisa não é censitária, tornando-se necessário investigar apenas uma parte dessa população. A dificuldade da amostragem é justamente saber definir essa parte (ou amostra), de tal forma que ela seja a mais represen-tativa possível do todo.

Além disso, a partir dos resultados obtidos, relativos a essa parte, deve-se poder inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total, se esta fosse verificada.

Outro conceito de amostra é que ela é uma porção ou parcela convenien-temente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo. Sendo no número de elementos da amostra, esta pode ser representada pela letra latina minúscula x, tal que xn = x1; x2; x3;. . .;xn, onde xn < XN e n <= N.

Pode-se dividir o processo de amostra em dois grandes formatos: a não probabilística e a probabilística. A primeira é menos utilizada por não fazer uso de uma forma aleatória de seleção e, portanto, não pode ser objeto de certos tipos de tratamento estatístico, o que diminui a possibilidade de inferir para todos os resultados obtidos para a amostra. A não probabilística pode apresentar os seguintes tipos: intencional, por júris, por tipicidade e por quotas.

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A amostra probabilística se fundamenta na escolha aleatória dos pesquisa-dos. O aleatório significa que a seleção se faz de forma que cada membro da população tenha a mesma probabilidade de ser escolhido. Essa forma possibilita a utilização de tratamento estatístico, que pode contribuir para compensar erros amostrais e outros aspectos relevantes para a representatividade e significância da amostra.

Pode ser dividida em: aleatória simples, sistemática, aleatória de múltiplo estágio, por área, por conglomerados ou grupos, de vários degraus ou estágios múltiplos, de fases múltiplas (multifásica ou em várias etapas), estratificada e amostra-tipo (amostra principal, amostra a priori ou amostra padrão).

Além disso, se for necessário, a pesquisa pode selecionar grupos rigorosa-mente iguais pela técnica de comparação de par, comparação de frequência e randomização.

Mesmo após caracterizar o tipo de amostragem a ser utilizada na pesquisa, também é necessário descrever as etapas concretas de seleção da amostra.

Vamos refletir um pouco sobre a leitura que vocês acabaram de fazer: você saberia responder qual é a importância da escolha do método em uma pesquisa científica?

Questões para reflexão

2.5 Fundamentação teóricaA fundamentação teórica ainda responde à questão Como? E surgem aqui

os elementos de fundamentação teórica da pesquisa, assim como a definição dos conceitos empregados.

2.5.1 Teoria base

A pesquisa científica tem por finalidade muito mais que apenas um relatório ou descrição de fatos levantados empiricamente, mas, sim, o desenvolvimento de um caráter interpretativo, no que tange aos dados levantados. Portanto, torna-se fundamental fazer uma relação da pesquisa com o universo teórico, definindo-se por um modelo teórico que sirva de embasamento à interpretação do significado de dados e fatos colhidos ou levantados.

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Todo projeto de pesquisa deve conter premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará sua interpretação.

2.5.2 Revisão da bibliografia

A maior parte das pesquisas de hoje não se inicia da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação de uma situação concreta desconhecida, em determinado local, um pesquisador ou um grupo, em algum lugar, já deve ter realizado pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida.

Dessa forma, uma procura de tais fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se indispensável para a não duplicação de esforços ou a colocação de ideias já expressas; ou ainda inclusão de “Iugares-comuns” no trabalho.

A importância de utilizar a citação das principais conclusões a que outros autores chegaram se dá principalmente porque permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrando contradições ou reafirmando comporta-mentos e atitudes. Tanto a confirmação em certa comunidade de resultados obtidos em outra sociedade quanto a enumeração das diferenças são de grande relevância.

2.5.3 Definição dos termos

A ciência lida com conceitos, quer dizer, termos simbólicos que mostram como são percebidos os fenômenos e as coisas da natureza; com o mundo psíquico do homem ou na sociedade, de forma direta ou indireta. Para que se seja possível o esclarecimento do fato ou do fenômeno que se está pesquisando e ter possibilidade de comunicá-lo, de forma não ambígua, é necessário defini--lo com precisão.

Termos como temperatura, QI, classe social, precisam ser especificados para a compreensão de todos. Por exemplo, o significado de “temperatura elevada” pode ser acima de 30 °C ou 100 °C? A representação do QI com-preende os conceitos de capacidade mental, criatividade, discernimento etc., portanto, devem ser esclarecidos. E a classe social? Entende-se por ela a inserção do indivíduo no sistema de produção ou sua distribuição em cama-das segundo a renda? Até termos como “idoso” requerem definição: a partir de que idade o indivíduo é considerado “idoso” para fins de pesquisa — 60, 65, 70 anos ou mais?

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Outro aspecto que necessita de clareza e definições específicas é o que se refere aos conceitos que podem gerar significados diferentes de acordo com o quadro de referência ou a ciência que os emprega. Por exemplo, “cultura” pode ser entendida como conhecimento literário (popular), conjunto dos aspectos materiais, espirituais e psicológicos que caracterizam um grupo (sociologia e antropologia) e cultivo de bactérias (biologia). Igualmente, uma mesma palavra, por exemplo, “função”, pode ter vários significados dentro da própria ciência que a utiliza. Dessa forma, a definição dos termos esclarece e indica o emprego dos conceitos na pesquisa.

2.5.4 Citações

Toda citação deve vir entre aspas (quando possuir menos de três linhas) e/ou em recuo de 4 cm (quando possuir 4 linhas ou mais) e que a fonte seja in-dicada claramente no texto, além de constar obrigatoriamente da bibliografia. Exemplo: se o leitor quiser saber a qual livro estou me referindo, pode consultar a bibliografia e encontrar lá.

2.6 CronogramaA elaboração do cronograma responde à pergunta quando? A pesquisa

precisa ser dividida em partes, realizando a previsão do tempo necessário para passar de uma fase para outra. Sem esquecer que, se determinadas partes po-dem ser executadas simultaneamente pelos vários membros da equipe, existem outras que dependem das anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende da codificação e tabulação, só sendo possíveis depois de colhidos os dados.

2.7 Instrumento de pesquisaAinda com relação à metodologia da pesquisa e como será realizada, é ne-

cessário anexar ao projeto os instrumentos referentes às técnicas selecionadas para a coleta de dados. Desde os tópicos da entrevista, o uso de questionário e formulário até os testes ou escalas de medida de opiniões e atitudes. A apre-sentação dos instrumentos de pesquisa é sempre necessária, sendo apenas dispensada no caso em que a técnica escolhida for a de observação.

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2.8 BibliografiaPreparando uma bibliografia.

Observação: isso será tratado na próxima unidade com maior detalhamento, aqui será apenas ilustrado para fins de explicação dessa etapa do projeto de pesquisa.

A fórmula mais comum para indicar um livro é a seguinte:

ÚLTIMO SOBRENOME, primeiro nome. Título da obra. Cidade: Editora, ano. Quando se trata de uma enciclopédia, a referência pode vir assim:

Grande Enciclopédia Delta-Larousse, v. 7, Rio de Janeiro, Delta, 1970.

Uma reportagem de revista ou jornal assinada poderá ser citada assim:

GUIMARÃES, João L. A oficina do sabor. São Paulo. Superinteressante, ano 19, n. 12, dez. 1997, p. 34-39.

Se a reportagem não trouxer o nome do autor, começa-se pelo título da reportagem.

No caso de CD-ROMS, que costumam ser obras coletivas, pode ser dessa forma:

CD-ROM ALMANAQUE ABRIL 1996.

O importante é observar a norma da ABNT em vigor na época da entrega da pesquisa.

A bibliografia final, apresentada no projeto, de pesquisa, abrange os livros, artigos, publicações e documentos utilizados nas diferentes fases e serão refe-renciados de acordo com normas próprias.

Assim, concluída a construção do projeto o pesquisador ainda poderá se beneficiar de uma ferramenta valiosa para garantir seu sucesso em uma pesquisa experimental: pré-teste ou pesquisa-piloto.

2.9 Pré-teste ou pesquisa-pilotoApesar de todos os cuidados que o pesquisador pode ter ao elaborar seu

instrumento de coleta de dados, que pode ser o questionário, cabe ainda se questionar quanto ao entrevistado, pois ele só terá contato com o assunto no momento da pesquisa. Só pensará nele quando um pesquisador o estiver en-trevistando. Compreenderá ele todas as perguntas? Estarão elas redigidas utili-zando uma linguagem que Ihe é comum? Ou terá dúvidas sobre o significado das questões e sobre o sentido de algumas palavras? Só a experiência o dirá.

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Dessa forma, a pesquisa-piloto tem como uma de suas principais funções testar o instrumento de coleta de dados.

Portanto, mesmo se o instrumento definitivo for o questionário, recomenda--se a utilização no pré-teste, do formulário, com espaço suficiente para que o pesquisador anote as reações do entrevistado, sua dificuldade de entendimento, sua inclinação para esquivar-se de questões polêmicas ou “delicadas”, seu embaraço com questões pessoais etc.

Outra importância de realizar a pesquisa-piloto é que ela pode comprovar ainda: a existência de questões ambíguas; perguntas que podem ser supérfluas; mostrar a necessidade de adequação ou não da ordem de apresentação das questões; se o instrumento está com questões muito numerosas ou, ao contrário, necessitam ser complementadas etc.

A partir da constatação das falhas, reformula-se o instrumento, mantendo, modificando, ampliando, desdobrando ou alterando itens; explicitando melhor algumas questões ou modificando a redação de outras; perguntas abertas (e uma grande parte deve ser aberta na pesquisa-piloto) podem ser fechadas, utilizando as próprias respostas dos entrevistados, desde que não haja muita variabilidade.

Ainda sobre o instrumento de pesquisa, o pré-teste poderá demonstrar se ele apresenta ou não três elementos de suma importância:

1. Fidedignidade — independentemente do pesquisador que aplicar o instrumento, os mesmos resultados serão obtidos?

2. Validade — algum fato, dado ou fenômeno pode ter sido deixado de lado na coleta? Os dados obtidos são todos necessários à pesquisa?

3. Operatividade — todos os entrevistados entendem claramente o voca-bulário de forma acessível, e o significado das questões é claro?

Mais um fator de relevância no que se refere à finalidade da pesquisa-piloto é conferir se o tipo de

amostragem escolhida está adequada. Para aplicar o pré-teste, deve-se escolher uma amostra reduzida,

utilizando o mesmo processo de seleção previsto para a execução da pesquisa. Porém, os elementos

entrevistados não poderão fazer parte da amostra final (para evitar “contaminação”). Pode-se detectar

que a seleção é por demais onerosa ou “viciada”, em suma, inadequada, necessitando ser modificada.

A aplicação da pesquisa-piloto serve também como um bom teste para os pesquisadores.

Para saber mais

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Por fim, o pré-teste oferece a oportunidade de obter uma estimativa sobre os futuros resultados, podendo, inclusive, alterar hipóteses, modificar variáveis e a relação entre elas. Dessa forma, haverá maior segurança e precisão para a execução da pesquisa.

Agora sim, tomadas as devidas providências, o início da pesquisa propria-mente dita será deflagrado. Bom estudo!

1. Defina o que é tema de uma pesquisa.

2. Defina universo ou população de uma pesquisa.

Atividades de aprendizagem

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116 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Seção 3 Trabalhos acadêmicos

Nesta seção, você terá a oportunidade de conhecer algumas técnicas de estudo, como, por exemplo, fichamentos, resumos, esquemas, resenhas, que também são considerados trabalhos acadêmicos. Ressalta-se que, na próxima unidade serão apresentados outros tipos de trabalhos acadêmicos na ocasião das orientações sobre as apresentações gráficas dos trabalhos.

Essas técnicas de estudo são interessantes, pois poderão lhe auxiliar não só nos estudos, mas no dia a dia em seu ambiente de trabalho, facilitando o aprendizado e a organização das ideias.

3.1 Fichamentos Para realizar uma pesquisa, o fichamento é de grande ajuda, pois pode

contribuir na organização dos documentos e obras pesquisadas, assim como facilitar na redação dos resultados dessa pesquisa. Outra vantagem de utilizar a técnica do fichamento é que facilita o acesso a alguns dados fundamentais que o pesquisador pode incluir no trabalho

A forma de realizar o registro e organizar as fichas dependerá da capacidade de organização de cada um. Não é necessário que os registros sejam feitos nas tradicionais fichas de cartolina pautada. Atualmente, o fichamento já pode ser realizado em folhas de papel comum ou até mesmo em um programa de computador. O importante é que seja de fácil acesso e bem organizado, para que os dados não se percam.

Existem três tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o fichamento de resumo ou conteúdo e o fichamento de citações.

Observação: nos exemplos de fichas ilustrados a seguir, os números entre parênteses representam: (1) Título do trabalho; (2) Seção primária do trabalho; (3) Seção secundária e terciária do trabalho, se houver; (4) Numeração do item a que se refere o fichamento; (5) Comentários ou anotações do pesquisador sobre a obra registrada.

3.1.1 Ficha bibliográfica

É a descrição, com comentários, dos tópicos abordados em uma obra inteira ou parte dela.

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Exemplo: Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (1)

Histórico do papel da mulher na sociedade (2)

........................................................................ (3) (4)

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145).

Insere-se no campo do estudo da História e da Antropologia Social. A autora se utiliza de fon-tes secundárias, colhidas através de livros, revistas e depoimentos. A abordagem é descritiva e analítica. Aborda os aspectos históricos da condição feminina no Brasil a partir do ano 1500 de nossa era. Além da evolução histórica da condição feminina, a autora desenvolve alguns tópicos específicos da luta das mulheres pela condição cidadã. Conclui fazendo uma análise de cada etapa da evolução histórica feminina, deixando expressa sua contradição ao movimento pós--feminista, principalmente às ideias de Camille Paglia. No final da obra, faz algumas indicações de leituras sobre o tema Mulher. (5)

Fonte: Scarton (2002).

3.1.2 Ficha de resumo ou conteúdo

É uma síntese das principais ideias contidas na obra. O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário seguir a estrutura da obra.

Exemplo:

Educação da mulher: a perpetuação da injustiça

Histórico do papel da mulher na sociedade

................................................................................................ 2.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145).

O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na sua própria vivência nos movimentos feministas, como um relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas com-preendidas entre Brasil Colônia (1500-1822), Império (1822-1889), República (1889-1930), Segunda República (1930-1964), Terceira República e o Golpe (1964-1985), o ano de 1968, Ano Internacional da Mulher (1975), além de analisar a influência externa nos movimentos fe-ministas no Brasil. Em cada um desses períodos são lembrados os nomes das mulheres que mais sobressaíram e suas atuações nas lutas pela libertação da mulher. A autora trabalha ainda assun-tos como as mulheres da periferia de São Paulo, a participação das mulheres na luta armada, a luta por creches, violência, participação das mulheres na vida sindical e greves, o trabalho rural, saúde, sexualidade e encontros feministas. Depois de suas conclusões, onde, entre outros assuntos tratados, faz uma crítica ao pós-feminismo defendido por Camille Paglia, indica alguns livros para leitura.

Fonte: Scarton (2002).

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3.1.3 Ficha de citações

É a reprodução fiel das frases que se pretende usar como citações na reda-ção do trabalho.

Exemplo:

Educação da mulher: a perpetuação da injustiça

Histórico do papel da mulher na sociedade

................................................................................................ 2.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo é História, 145).“Uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Brasileira Augusta, defendeu a abolição da escravatura, ao lado de propostas como a educação e a emancipação da mulher e a instau-ração da República.” (p. 30) “Sou neta, sobrinha e irmã de general” (...) “Aqui nesta casa foi fundada a Camde. Meu irmão, Antônio Mendonça Molina, vinha trabalhando há muito tempo no Serviço Secreto do Exército contra os comunistas. Nesse dia, 12 de junho de 1962, eu tinha reunido aqui alguns vizinhos, 22 famílias ao todo. Era parte de um trabalho meu para a paró-quia Nossa Senhora da Paz. Nesse dia o vigário disse assim: ‘Mas a coisa está preta. Isso tudo não adianta nada porque a coisa está muito ruim e eu acho que se as mulheres não se meterem, nós estaremos perdidos. A mulher deve ser obediente. Ela é intuitiva, enquanto o homem é obje-tivo’” (Amélia Molina Bastos apud Teles, p. 54).“Na Justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a alegação de defesa de honra.” (p. 132).

Fonte: Scarton (2002).

3.2 ResumoOs resumos de textos de trabalhos acadêmicos, relatórios de pesquisa e

publicações têm suas regras de redação e apresentação normalizadas pela Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR n. 6.028/2003 (SANTOS, 2012).

Palavras-chaves aparecem em seguida ao resumo. Devem ser selecionadas de forma expressiva, para possibilitar que o texto seja bem visualizado.

Santos (2012) define Resumo crítico ou Resenha como: “elaborado por especialistas que fazem análise crítica de um documento”. A finalidade do resumo é visualizar os objetivos, o método, os resultados alcançados e a con-clusão do texto.

Os resumos podem ser indicativos ou informativos. O resumo indicativo não traz elementos quantitativos e qualitativos, indica apenas pontos destacados do documento. Esse tipo de resumo exige que o leitor recorra ao texto original. Já o resumo informativo contém dados sobre objetivos, metodologia, resultados e conclusão do documento, buscando evitar que seja necessário recorrer ao texto original.

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3.2.1 Como fazer um resumo: regras

Se o resumo não estiver inserido no corpo do trabalho, deve ser antecedido pela referência bibliográfica. É constituído por frases concisas, escritas de ma-neira afirmativa, sem enumeração dos tópicos ou divisões do texto e escrito em um único parágrafo. O verbo deve ser usado na voz ativa, terceira pessoa do singular. Para finalizar o resumo, as palavras-chave devem ser representativas no texto.

O tamanho do resumo em monografias, teses e dissertações deve conter entre 150 e 500 palavras. Em artigos de periódicos, o tamanho deve ser entre 100 e 250 palavras.

Deve-se evitar escrever os resumos com símbolos e contrações; evitar tam-bém o uso de fórmulas, equações e diagramas que sejam dispensáveis.

As etapas de um resumo são: tema, objetivos, dimensionamento dos aspectos que irá estudar, escolha do tipo de resumo, levantamento dos materiais de pes-quisa, ler, anotar, analisar, interpretar. Em seguida, escrever a introdução e a con-clusão. E, por último, organizar graficamente o trabalho, a bibliografia consultada.

3.3 Outro tipo de resumo e resenhaCom a mesma denominação, porém com outro objetivo e formato total-

mente diferente e que não podem ser confundidos, são os resumos ou resenhas de algum texto, livro, ou periódico, e que não deixam de ser um tipo de trabalho acadêmico, muitas vezes solicitados aos alunos.

Conforme Vilarinho (2013), “Resumir é o ato de ler, analisar e traçar em poucas linhas o que

de fato é essencial e mais importante para o leitor”. Quando reescrevemos um texto, não nos

esquecemos dele tão facilmente e internalizamos melhor o assunto. Afinal, para aprender é

necessário muito mais do que apenas passar os olhos pelas letras! Muitas vezes lemos um texto

e não conseguimos assimilá-lo.

Para saber mais

O ato de sintetizar um texto ou capítulos longos pode se tornar um ótimo hábito e auxiliá-lo muito em todas as disciplinas, pois estará atento às ideias principais e se lembrará dos pontos-chave do conteúdo.

O objetivo do resumo é apresentar com fidelidade ideias ou fatos essenciais contidos num texto. Sua elaboração pode ser bastante complexa, já que envolve

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habilidades como leitura competente, análise detalhada das ideias do autor, discriminação e hierarquização dessas ideias e redação clara e objetiva do texto final. Em contrapartida, dominar a técnica de fazer resumos é de grande utili-dade para qualquer atividade intelectual que envolva seleção e apresentação de fatos, processos, ideias etc.

Escrever um texto em um número reduzido de linhas não parece ser fácil. Por isso, elaborei alguns passos para se fazer um bom resumo. Veja a seguir:

inicie com uma primeira leitura atenciosa do texto, a fim de saber o as-sunto geral dele;

em seguida, leia o texto por parágrafos, sublinhando as palavras-chave para serem a base do resumo;

identificar o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto opi-nativo, uma receita, um discurso político, um relato cômico, um diálogo etc.);

identificar a ideia principal (às vezes, essa identificação demanda seleções sucessivas);

identificar a organização — articulações e movimento — do texto (o modo como as ideias secundárias se ligam logicamente à principal);

identificar as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por exem-plo: segundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes níveis de importância; segundo pontos em comum, quando se perceberem subtemas);

identificar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e outras vozes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar no resumo formal, apenas no livre, quando necessário);

logo após, faça o resumo dos parágrafos, baseando-se nas palavras-chave já destacadas anteriormente.

releia o seu texto à medida que for escrevendo para verificar se as ideias estão claras e sequenciais, ou seja, coerentes e coesas;

verifique se não está faltando ou sobrando alguma informação;

finalmente, analise se os conceitos apresentados estão de acordo com a opinião do autor, porque não cabem no resumo comentários pessoais. Somente as resenhas podem ter a sua análise crítica e seus comentários.

O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo a que se destina. No sentido estrito, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do

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texto original, a ordem como essas são apresentadas e as articulações lógi-cas do texto, sem emitir comentários ou juízos de valor. Dito de outro modo, trata-se de reduzir o texto a uma fração da extensão original, mantendo sua estrutura e seus pontos essenciais.

Quando não há a exigência de um resumo formal, o texto pode igualmente ser sintetizado de forma mais livre, com variantes na estrutura. Uma maneira é iniciar com uma frase do tipo: “No texto …, de ..., publicado em..., o autor apresenta/discute/analisa/critica/questiona ... tal tema, posicionando-se …”. Essa forma tem a vantagem de dar ao leitor uma visão prévia e geral, orientando, assim, a compreensão de que segue. Este tipo de síntese pode, se for pertinente, vir acompanhado de comentários e julgamentos sobre a posição do autor do texto e até sobre o tema desenvolvido.

Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensá-veis: buscar a essência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e fazer uma “colagem”, sob a alegação de buscar fidelidade às ideias do autor, não é permitido, pois o resumo deve ser o resultado de um processo de “filtragem”, uma (re)elaboração de quem resume. Se for conveniente utilizar trechos do original (por exemplo, para reforçar algum ponto de vista), esses devem ser breves e estar identificados (autor e página).

Evidentemente, alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros, dependendo especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um texto não muito longo e cuja estrutura seja perceptível à primeira leitura, apresentará poucas dificuldades a quem resume. De todo modo, quem domina a técnica — e esse domínio só se adquire na prática — não encontrará obstáculos na tarefa de resumir, qualquer que seja o tipo de texto.

Para tanto, ao fazer resumos, é fundamental exercitar a capacidade de sín-tese e objetividade. As palavras-chave fazem parte das melhores maneiras de produzi-los. De nada adianta fazer ligações com textos enormes, porque depois será difícil correlacioná-los com outra informação. Nas palavras-chave constam somente aquelas informações realmente importantes, que fazem ligações em seu cérebro com outras informações também importantes sobre o conteúdo que você já estudou.

Da mesma forma, isto é válido para os resumos de livros literários. Copiar o resumo da internet pode até fazer você saber sobre a história do livro, mas não permitirá sua compreensão sobre a obra como um todo. O ideal é ler o livro, fazer seu próprio resumo e só depois disso ler um resumo alheio. Assim, você

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poderá tirar dúvidas e ter acesso às análises dos livros sob uma visão literária, compreendendo o ambiente em que foi produzida a obra.

A técnica de resumos pode ser uma forte aliada para quem tem dificuldade em assimilar o que lê e em organizar todo o conteúdo que está estudando. Pode, ainda, melhorar sua capacidade de síntese e compreensão.

Algumas pessoas possuem maior facilidade em lembrar daquilo que veem e, por isso, a memória delas é chamada “visual”. Quem tem memória visual deve dar ênfase aos resumos, às imagens, aos gráficos e cores utilizados em todos eles. Grifar um texto em vermelho, por exemplo, pode ajudar a selecio-nar determinada parte como importante, e sua memória logo vai apreendê-la.

De acordo com as dicas de Rodrigues (2013), os gráficos e esquemas tam-bém podem ajudar a criar relações entre significados. Esse é um auxílio para quem tem “brancos” na hora da prova. Fazendo as tais correlações, assim que você se esquece de uma informação, seu cérebro faz a ligação com outra in-formação sobre o mesmo assunto. Dessa maneira, as ideias fluem com maior facilidade e como um recurso de automemória.

Você já deve ter precisado fazer um resumo, ou com a finalidade de entregar um trabalho ou apenas para estudar. Você teve dificuldades? Quais foram as maiores dificuldades para realizar essa tarefa? E após a leitura dessa seção, você consegue aplicar esses conceitos e dicas que foram dadas? O que acha de tentar?

Questões para reflexão

3.4 ResenhaExistem dois tipos de resenhas: a resenha-resumo e a resenha crítica. A

resenha-resumo é um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.

Já a resenha crítica é um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião, também denomi-nado recensão crítica. Portanto, quando é no formato de resenha crítica, exige

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que o resenhista tenha conhecimento na área, pois estará avaliando a obra e julgando criticamente.

O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural, como livros, filmes, peças de teatro. Por isso a resenha é um texto de caráter efêmero, pois “envelhece” rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa. Normalmente é veiculada por jornais e revistas.

Dentro de uma resenha existe um resumo que aborda os pontos essenciais do texto e seu plano geral. Este resumo pode ser feito agrupando em um ou em vários blocos os fatos ou ideias do objeto resenhado.

A resenha crítica não deve ser vista ou elaborada como um resumo a que se acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica deve estar presente desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crítica do resenhista se interpenetram.

O tom da crítica poderá ser moderado, respeitoso, agressivo etc. Deve ser lembrado que os resenhistas — como os críticos em geral — também se tornam objetos de críticas por parte dos “criticados” (diretores de cinema, escritores etc.), que revidam os ataques qualificando os “detratores da obra” como “ig-norantes” (não compreenderam a obra) e de “impulsionados pela má-fé”.

3.4.1 Estrutura da resenha

1. Referências bibliográficas: autor (res); título (subtítulo); imprenta (lugar da publicação); números de páginas; ilustrações (tabelas, gráficos, fotos etc.)

2. Credenciais do autor: informações gerais sobre o autor; autoridade no campo científico; quem fez o estudo; quando? Por quê? Onde?

3. Conhecimento: resumo detalhado das ideias principais; como foi abor-dado o assunto?

4. Conclusão do autor: o autor faz conclusões? (ou não?); onde foram colocadas? (no final do livro ou dos capítulos); quais foram?

5. Metodologia da autoria: que métodos utilizou? Quais as técnicas?

6. Quadro de referência do autor: modelo teórico; Que teoria/corrente serviu de embasamento?

7. Quadro de referência do resenhista: o resenhista pode aceitar e utilizar, na análise da obra, o quadro de referência empregado pelo autor ou, ao contrário, pela sua formação científica, possuir outro. É necessária a explicitação do quadro de referência do resenhista, pois terá influência

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decisiva tanto na seleção dos tópicos e partes que considera mais im-portantes para a análise quanto na elaboração da crítica que se segue.

8. Apreciação:

a) Julgamento da obra: como se situa o autor em relação: às escolas ou correntes científicas, filosóficas, culturais? Às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas?

b) mérito da obra: qual a contribuição dada? Ideias verdadeiras, origi-nais, criativas? Conhecimentos novos, amplos, abordagem diferente?

c) Estilo: conciso, objetivo, simples? Linguagem correta? Ou o contrário?

d) Forma: lógica, sistematizada? Há originalidade e equilíbrio na dis-posição das partes?

e) Indicação da obra: a quem é dirigida: grande púbico, especialistas, estudantes?

Como aprendi com McNamara, o hábito de escrever as coisas é o primeiro passo no sentido de realizá--las efetivamente. Na conversa, você pode se desviar para todos os tipos de imprecisões e absurdos, mui-tas vezes sem perceber. Mas, ao colocar suas ideias no papel, você se força a ir direto ao que interessa. [...] Todo pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência (RUIZ, 2014).

1. No texto acima, o autor retrata as dificuldades que pesquisadores apresentam ao redigir artigos e pesquisas utilizando a linguagem científica. Como o autor descreve que deve ser a linguagem científica para melhorar essa situação?

2. Cite quais são os elementos pré-textuais de um projeto de pesquisa, com suas etapas e subetapas.

Atividades de aprendizagem

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Nesta Unidade, o leitor pôde saber como redigir um texto científico; os cuidados na redação do texto; os principais erros que são cometidos; a importância de respeitar os direitos autorais e o que diz a legislação a esse respeito. Outro assunto tratado foram as etapas para elaboração do projeto de pesquisa e o detalhamento de cada uma dessas etapas. E, fi-nalmente, foram apresentadas as técnicas de estudo através dos resumos, fichamento e resenhas.

Fique ligado!

Ao concluir esta Unidade, espero que você tenha percebido que elaborar um projeto de pesquisa e apresentar os dados encontrados requer uma série de procedimentos que precisam ser seguidos para não comprometer o resultado final. Portanto, fica a recomendação para que não pare por aqui. E que, a partir dessa experiência, possa inserir em sua vida profissional o propósito de realizar outras pesquisas e produzir artigos científicos, contri-buindo, assim, para o avanço do conhecimento em sua área e, ao mesmo tempo, tornando-se um profissional atualizado, competente e proativo.

Para concluir o estudo da unidade

1. Para definir o problema de pesquisa, algumas questões devem ser levadas em consideração, quais são elas?

2. Cite quais são os elementos textuais de um projeto de pesquisa, com suas etapas e subetapas.

3. Na apresentação de trabalhos como resenhas, artigos, dissertações e teses, o pesquisador precisa escrever o que é denominado resumo, que tem a função de comunicar uma informação e proporcionar ao leitor decidir ou não pela leitura do documento original. Para tanto, o resumo deve apresentar:

Atividades de aprendizagem da unidade

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126 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

I. Os pontos relevantes do trabalho;

II. Objetivo geral;

III. Metodologia utilizada;

IV. Proposta de trabalho.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas a afirmativa I.

b) Apenas a afirmativa II.

c) Afirmativas I, II e III.

d) Apenas a afirmativa IV.

e) Afirmativas II e III.

4. De acordo com as normas da ABNT, faz parte da estrutura dos projetos de pesquisa os elementos pré-textuais, os textuais e os pós-textuais. Compõem os elementos pré-textuais:

I. Capa.

II. Dedicatória.

III. Resumo.

IV. Sumário.

V. Introdução.

É correto apenas o que se afirma em:

a) Somente I e V.

b) Somente III.

c) I, II, III e IV.

d) Somente II e III.

e) Somente V.

5. Para a elaboração e estruturação de projetos de pesquisa, é preciso seguir as normas da ABNT. Existem elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Alguns deles são obrigatórios e outros são opcionais. Referente aos elementos pré-textuais, quais desses elementos são considerados obrigatórios?

I. Folha de rosto.

II. Dedicatória.

III. Agradecimento.

IV. Epígrafe.

V. Palavras-chave.

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Assinale a alternativa correta:

a) Apenas a afirmativa I.

b) Apenas a afirmativa II.

c) Afirmativas II, III e IV.

d) Apenas a afirmativa V.

e) Afirmativas I e V.

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Referências

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BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 22. ed. São Paulo: Ática, 2006.

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MONTEIRO, R. L. A redação científica. Cáceres: Unemat, [s.d.]. Disponível em: <http://www2.unemat.br/rhycardo/download/redacao_cientifica.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2014.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

RUIZ, Rogério L. Notas e reflexões sobre a redação científica.<Disponível em: http://www.pucrs.br/famat/viali/orientacao/leituras/textos/Red_Cientifica.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2014.

SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica. 9. ed. Niterói: Impetus, 2012.

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VILARINHO, Sabrina. Resumo de texto. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/resumo-texto.htm>. Acesso em: 15 ago. 2013.

RODRIGUES, Maria. A importância dos resumos. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/dicas-de-estudo/resumos.htm>. Acesso em: 15 ago. 2013.

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Seção 1: Apresentação gráfica

Nesta seção, o aluno será levado aos conceitos de como deve ser apresentada a formatação gráfica exigida para a apresentação de um projeto e/ou trabalho científico, compreendendo desde o formato até a paginação.

Seção 2: Citações e referências

Nesta seção será apresentada ao aluno a aplicação da NBR 10520 — Normas de Citação da ABNT, que garante o registro e a indicação da autoria das ideias agregadas aos textos científicos. Também será discu-tido como estabelecer a forma correta de referenciar os autores e/ou fontes de informação que foram citadas no trabalho.

Objetivos de aprendizagem: nesta Unidade, o leitor poderá co-nhecer os aspectos gerais e normatização para a apresentação dos trabalhos; como organizar as referências bibliográficas e citações nos trabalhos científicos, conforme as normas da ABNT.

Aspectos gerais e normatização para apresentação dos trabalhos

Unidade 4

Gisleine Bartolomei Fregoneze

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130 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Introdução ao estudo

No âmbito acadêmico, realizar e apresentar um trabalho científico, como vimos na unidade anterior, pode ser feito através de trabalho de conclusão de curso, monografia, dissertação, tese ou artigos científicos, que podem ser relatos do resultado de pesquisa, artigos originais e/ou revisão de literatura, resumos, resenhas.

Para tanto, torna-se fundamental que o leitor conheça muito bem quais são os aspectos gerais e a normatização para a apresentação desses tipos de traba-lhos, pois a falta desse conhecimento pode ser um detalhe que pode prejudicar a sua classificação num concurso, uma nota em trabalho ou até mesmo ser a causa de eliminação de um processo seletivo.

Os trabalhos científicos seguem normas de apresentação. Essas normas são publicadas por instituições especializadas. Temos as Normas de Vancouver, vol-tadas para a área da saúde, as Normas da American Psychological Association (APA), adotada pela área da psicologia, e as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que são as adotadas pela maioria das instituições de ensino do país para a padronização dos trabalhos científicos. Iremos apre-sentar o modelo proposto pela NBR 14724 – Informação e documentação —

Trabalhos Acadêmicos e NBR 15287 — Projeto de Pesquisa — Apresentação, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011).

Seção 1 Apresentação gráfica

Para realizar um trabalho científico, é fundamental que o pesquisador co-nheça as normas da ABNT e os vários aspectos sobre a normatização para a apresentação dos trabalhos. É o que esta Unidade irá apresentar.

Ao iniciarmos nossa Unidade, é importante reforçar como é a estrutura de um trabalho científico. Veja a seguir o quadro que ilustra essas etapas da estrutura de um trabalho.

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A s p e c t o s g e r a i s e n o r m a t i z a ç ã o p a r a a p r e s e n t a ç ã o d o s t r a b a l h o s 131

Quadro 4.1 Estrutura de um trabalho

Estrutura Elemento

Pré-textuais

    Capa (*)     Folha de rosto     Folha de aprovação     Dedicatória (*)     Agradecimentos (*)     Epígrafe (*)     Resumo em língua portuguesa     Resumo em língua estrangeira     Lista de ilustrações (*)     Lista de tabelas (*)     Lista de abreviações e siglas (*)     Sumário

Textuais    Introdução     Desenvolvimento     Conclusão

Pós-textuais    Referências     Glossário (*)     Anexos ou apêndices (*)

(*) - Elementos que podem ser inclusos de acordo com as necessidades, isto é, são opcionais; e os outros são todos obrigatórios.

1.1 Conceito de relatórioO relatório de pesquisa é a última fase da pesquisa e segue as mesmas

regras de apresentação de trabalhos científicos. Inclusive as primeiras etapas são bem parecidas com o projeto de pesquisa; lembrando que, quando se faz o projeto, os verbos estarão no futuro (por exemplo, “essa pesquisa utilizará a metodologia...”) e quando você for redigir o relatório, os verbos estarão no passado (por exemplo, “essa pesquisa utilizou a metodologia...”).

Ressalta-se que os trabalhos acadêmicos, lato e stricto sensu, nos cursos de pós-graduação, são relatórios de pesquisa apresentados sob a forma de monografia (especialização), dissertação (mestrado) e tese (doutorado). E esses relatórios são pré-requisitos para a obtenção dos títulos de especialista, mestre e doutor.

Confira a seguir uma definição de relatório:

É a exposição escrita na qual se descrevem fatos verifi-cados mediante pesquisas ou se história a execução de serviços ou de experiências. É geralmente acompanhado de documentos demonstrativos, tais como tabelas, gráfi-cos, estatísticas e outros (UFPR, 1996).

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1.2 Objetivos do relatório científicoSobre o objetivo de um relatório, pode-se colocar que os mesmos são re-

digidos com os seguintes intuitos:

divulgar os dados técnicos obtidos e analisados;

divulgar resultados de pesquisas;

registrar os dados em caráter permanente;

registrar atividades realizadas;

registrar e divulgar resultados de eventos de um modo geral;

registrar e divulgar um fato ou fenômeno acontec ido.

1.3 Tipos de relatóriosÉ importante esclarecer sobre a existência de diferentes tipos de relatórios,

pois, dependendo de qual é o tipo do relatório, ele poderá ter objetivos diferen-tes e formatos de apresentação também diferentes. Alguns tipos que podemos citar são:

técnico e/ou científico;

de viagem;

de estágio;

de visita;

administrativos;

fins especiais.

Para a nossa disciplina, o tipo de relatório que nos interessa e que iremos tratar é o técnico e/ou científico. Veremos, então, a seguir, maiores detalhes sobre este tipo de relatório.

1.4 Relatório técnico e/ou científicoOs relatórios técnicos e/ou científicos se referem a conteúdos de documentos

resultantes de investigação ou pesquisa e desenvolvimento. Neles são expostos os progressos e avanços atingidos sobre questões científicas em temas que en-volvem os interesses nacionais. Podem ser resultados de entidades, empresas privadas ou órgãos públicos, e são realizados em todos os ramos da atividade humana.

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Devem seguir a normalização da ABNT por meio da NBR 10719/2009.

Temos ainda outra definição, como sendo o documento original por meio do qual se faz a disseminação da informação, além de também servir de re-gistro permanente das informações obtidas. É elaborado principalmente para descrever experiências, investigações, processos, métodos e análises.

O relatório deverá conter, de forma organizada e sistemática, dados e informações para leitores especializados e qualificados com conteúdo porme-norizado sobre as conclusões do estudo, além de conter as recomendações.

Em alguns casos, o relatório técnico e/ou científico pode conter informações que podem gerar reações e disposições diversas, e, nesses casos, terá certo grau de sigilo que pode limitar sua divulgação e impor condições às pessoas que a ele terão acesso.

O nível de sigilo, que pode ser “reservado”, “secreto”, “confidencial” e outros, é indicado pelos seus responsáveis nos termos da legislação brasileira.

1.5 Fases gerais de um relatórioNormalmente, para elaborar um relatório algumas fases são comuns e fun-

damentais, como você pode ver a seguir:

a) plano inicial: definir a origem, preparação do relatório e das ideias centrais que farão parte do seu desenvolvimento;

b) coleta e organização do material: na fase da execução do trabalho são realizados a coleta, a organização e o armazenamento do material necessário para o desenvolvimento do relatório;

c) redação: orienta-se uma revisão completa do relatório, com um olhar crítico, analisando as seguintes características: redação (conteúdo e estilo), sequência das informações, apresentação gráfica e física.

1.6 Estrutura do relatório técnico e/ou científico Os relatórios técnico-científicos constituem-se nos elementos descritos na

Figura 4.1:

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Figura 4.1 Elementos do relatório técnico e/ou científico

Elementos

pré-textuais

Capa (obrigatório)

Folha de rosto (obrigatório)

Errata (opcional)

Folha de aprovação (obrigatório)

Dedicatória (opcional)

Agradecimentos (opcional)

Epígrafe (opcional)

Resumo na língua vernácula (obrigatório)

Resumo em língua estrangeira (obrigatório)

Listra de ilustrações (opcional)

Lista de tabelas (opcional)

Lista de abreviaturas e siglas (opcional)

Lista de símbolos (opcional)

Sumário (obrigatório)

Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

Referências (obrigatório)

Glossário (opcional)

Apêndice (opcional)

Anexo (opcional)

Índice (opcional)

Elementos

textuais

Elementos

pós-textuais

Fonte: Do autor (2014).

Nesta próxima figura, fica mais fácil visualizar como deve ser a montagem dos trabalhos científicos e em que ordem. Da capa até o sumário estão os ele-mentos pré-textuais; em seguida, onde se vê “texto”, são os elementos textuais; e a partir das referências se apresentam os elementos pós-textuais. A seguir, será explicada de forma detalhada cada uma dessas partes.

Figura 4.2 Montagem de trabalhos científicos

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1.6.1 Elementos pré-textuais

1.6.1.1 Capa

É um elemento pré-textual obrigatório. Pode haver, antes dessa capa inicial, a exigência da confecção da capa dura e também da lombada. As informações devem ser apresentadas na seguinte ordem:

a) nome da Instituição responsável, e subordinadas (se houver) — opcional;

b) nome do autor;

c) título (claro, preciso e possibilitando indexação);

d) subtítulo, se houver, precedido de dois pontos;

e) número do volume (se houver);

f) local (cidade) da Instituição onde for apresentado;

g) ano de publicação, em algarismo arábico.

1.6.1.2 Folha de rosto

Outro elemento pré-textual obrigatório. Deverá conter os seguintes elementos:

a) nome do autor;

b) título;

c) subtítulo se houver, precedido de dois pontos;

d) número do volume (se houver);

e) natureza do trabalho (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso e outros) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da instituição a que é submetido; área de concentração;

f) nome do orientador e se houver, do co-orientador;

g) local (cidade) da Instituição onde for apresentado;

h) ano de publicação, em algarismo arábico.

1.6.1.3 Verso da folha de rosto

Nesta folha serão elaborados os dados de catalogação na publicação, conforme o código de catalogação anglo-americano vigente. É a “ficha catalográfica” (você poderá pedir informações à própria instituição em que

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136 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

será apresentado o trabalho e/ou para o bibliotecário da sua área, para a sua confecção).

1.6.1.4 Errata

Trata-se de um elemento opcional, que deve ser inserido após a folha de rosto. Deverá conter a referência do trabalho e do texto da errata, que podem ser erros tipográficos ou de outra natureza, com as devidas correções e indica-ção das páginas e linhas em que aparecem. É geralmente impressa em papel avulso ou encartado, que se anexa ao relatório depois de impresso.

Exemplo:

ERRATA

FERRIGNO, C. A. Tratamento de neoplasias ósseas apendiculares com reim-plantação de enxerto ósseo autólogo autoclavado associado ao plasma rico em plaquetas: estudo crítico na cirurgia de preservação de membro de cães, 2011. 128f. Tese (Livre-Docência) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

Folha Linha Onde se lê Leia-se

16 10 auto-clavado autoclavado

1.6.1.5 Folha de aprovação

Elemento pré-textual obrigatório que deverá ser inserido após a folha de rosto, contendo as seguintes informações:

a) nome do autor do trabalho;

b) título (e subtítulo, se houver) do trabalho;

c) natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é sub-metido, área de concentração);

d) data da aprovação;

e) nome, titulação e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituições a que pertencem.

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GISLEINE BARTOLOMEI FREGONEZE CORRÊA Contribuições ao estudo da adoção de produtos/marcas por

meio de comportamentos imitativos: uma investigação com o consumidor infantil

Tese apresentada ao Departamento de Administração da Universi-dade de São Paulo como requisito para obtenção do título de Dou-

tora em Administração.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO,

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE,

Departamento de Administração, Programa de Pós-graduação em Administração.

Data de aprovação: __ de _________ de 20__

Banca Examinadora

Prof. Dr. Celso Claudio Hildebrand e Grisi

Presidente-Orientador

Prof. Dr. Francisco Antonio Serralvo

PUC-SP

Prof. Dr. Marcos Henrique Nogueira CobraFGV –SP

Prof. Dr. Fábio Lotti Oliva

UPS-SP

Prof. Dr. Luciel Henrique de Oliveira

FGV-SP

Modelo de Folha de Aprovação

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1.6.1.6 Dedicatória

Faz parte dos elementos pré-textuais, e é opcional. Tem como finalidade proporcionar ao autor a possibilidade de dedicar o trabalho a alguém, como uma homenagem de gratidão especial.

1.6.1.7 Agradecimentos

Outro item opcional. É o espaço em que o autor pode apresentar sua gratidão àqueles que contribuíram na elaboração do trabalho. Por exemplo, é natural fazer agradecimento ao orientador e/ou co-orientador, às instituições ou pessoas que cooperaram na pesquisa. Recomenda-se restringi-los ao absolutamente necessário, para não obscurecer aqueles que realmente foram essenciais.

1.6.1.8 Epígrafe

Elemento opcional. É a citação que pode ser em formato de uma frase, uma letra de música ou uma poesia, porém que expresse, de forma consistente, o conteúdo do trabalho. Deve ser inserida após os agradecimentos, podendo também constar epígrafes nas folhas ou páginas de abertura. Lembre-se de registrar o nome do autor da frase/música ou poesia. Podem estar localizadas também nas folhas de abertura das seções primárias.

1.6.1.9 Resumo na língua vernácula

É um elemento obrigatório. É um texto condensado do documento que enfatiza os pontos mais relevantes, com descrição clara e concisa, de forma que o leitor tenha ideia de todo o trabalho sem a sua leitura completa. Deverá conter no máximo 500 palavras, é escrito em parágrafo único, sem citações, ilustrações ou símbolos, em uma sequência corrente das fases concisas e não uma enumeração de tópicos.

É importante ressaltar que o conteúdo deverá conter os seguintes aspectos do trabalho: natureza do problema estudado; objetivo geral; metodologia uti-lizada; resultados mais significativos; principais conclusões.

Palavras-chave ou termos de indexação

São palavras ou termos que identificam o conteúdo do trabalho, devendo aparecer logo em seguida do resumo.

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1.6.1.10 Resumo em língua estrangeira

Tradução para o inglês, espanhol ou francês do resumo em língua portu-guesa. É um item obrigatório.

1.6.1.10.1 Key words ou index terms

Versão para o inglês das palavras-chave.

1.6.1.11 Lista de ilustrações

É um item opcional. Se for utilizada no trabalho, deverá também ser apre-sentada na ordem em que aparece no trabalho, com o nome da ilustração e a página em que se encontra. Caso haja mais de um tipo, podem ser apresen-tadas separadamente (fotografias, desenhos, esquemas, fluxogramas, mapas, organogramas, plantas, quadros).

1.6.1.12 Lista de tabelas

É um item opcional. Da mesma forma que as ilustrações, devem ser indi-cados na relação o título da tabela e a página na qual se encontra.

Exemplo:

Tabela 1— Perfil socioeconômico da população entrevistada ..............9

1.6.1.13 Lista de abreviaturas e siglas

É um item opcional. Refere-se às abreviações e às siglas utilizadas no texto, apresentadas em ordem alfabética.

Exemplo:

ABED — Associação Brasileira de Educação a Distância.

ABNT –—ssociação Brasileira de Normas Técnicas.

ANDIFES — Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior.

ANPED — Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação.

APM — Associação de Pais e Mestres.

1.6.1.14 Lista de símbolos

É um item opcional. É a relação de símbolos e/ou convenções que são usados no corpo do trabalho, contendo seus respectivos significados.

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140 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Exemplo:

dab — Distância euclidiana

O(n) — Ordem de um algoritmo

1.6.1.15 Sumário

Obrigatório, é o último elemento da parte pré-textual. Trata-se da relação completa dos capítulos e seções no trabalho, desde a introdução até os elemen-tos pós-texto, trazendo a numeração das páginas na ordem em que aparecem. Cuidado para não confundir com índice (relação detalhada dos assuntos, nomes de pessoas, nomes geográficos e outros, geralmente em ordem alfabética) ou com listas (enumeração de apresentação de gráficos, mapas, tabelas).

A seguir, vocês poderão acompanhar a continuação das etapas do relatório a partir dos elementos textuais e pós-textuais.

1.7 Elementos textuaisO texto é composto de uma parte introdutória, que apresenta os objetivos

do trabalho e as razões de sua elaboração, o desenvolvimento, que detalha a pesquisa ou estudo realizado e uma parte conclusiva. É a parte em que todo o trabalho de pesquisa é apresentado e desenvolvido. O texto deve expor um raciocínio lógico, ser bem estruturado, com o uso de uma linguagem simples, clara e objetiva.

1.7.1 Introdução

Primeira parte textual de um relatório, mostrando a relevância do trabalho e as circunstâncias que levaram o pesquisador à sua elaboração, sendo importante ilustrar uma relação do estudo com outros trabalhos já publicados.

Essa fase inicial do relatório pode, ainda, ter uma subdivisão contendo os seguintes tópicos:

tema do projeto;

problema(s) a ser(em) abordado(s);

hipótese(s) quando couber(em);

objetivo(s) a ser(em) atingido(s);

justificativa(s).

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1.7.1.1 Orientações para a escolha de seu tema

Gostaria, neste momento, de lhe dar algumas dicas, pois sabemos o quanto pode ser difícil para um pesquisador principiante definir seu tema. Assim, dou uma pausa nas etapas do relatório para lhe ajudar nesse sentido. Ao pensar ou tentar decidir sobre um tema, pense nos seguintes aspectos:

a) Qual a sua afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal? Para realizar uma pesquisa, é preciso ter um mínimo de prazer nessa atividade. A escolha do tema está vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Pensar, estudar e escrever sobre um as-sunto que não seja de seu agrado tornará a pesquisa um exercício de sofrimento e tortura.

b) Qual o seu tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa? É necessário, para escolher um tema, levar em conta as atividades que serão necessárias e para realizar o trabalho; a partir daí, medir de acordo com o tempo do trabalho que você tem de cumprir em seu dia a dia, não relacionado à pesquisa.

c) Qual o seu limite de capacidade em relação ao tema pretendido? É preciso que tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para não entrar num assunto fora de sua área. Se minha área é a de ciências humanas, devo me focar aos temas relacionados a essa área.

d) Qual a relevância do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais? Ao escolher o tema, temos de nos precaver para que este não seja um assunto que possa não ser interes-sante para os outros. Se formos realizar um trabalho, ele deverá ser importante para alguns grupos de pessoas, empresas, entidades ou para a sociedade em geral.

e) Qual é o limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho? Quando a instituição determina um prazo para a entrega do relatório final da pesquisa, não podemos nos encaminhar para assuntos que não impedirão o cumprimento do prazo. O tema escolhido deve estar deli-mitado dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho.

1.7.2 Desenvolvimento

É uma da etapas mais importantes do relatório. Deverá apresentar tantas seções quantas forem necessárias para expor o entendimento da sua proposta,

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contendo vasta revisão de literatura, para fundamentar seus argumentos após os resultados.

1.7.3 Referencial teórico ou fundamentação teórica

Nessa etapa, você deverá buscar todos os tipos de materiais e bibliografias sobre o assunto que pretende pesquisar, e em variadas fontes de dados, como livros, revistas científicas, artigos científicos, documentos, jornais, internet, enfim, não se limitar a uma única forma de fonte de dados e de levantamento bibliográfico.

O levantamento de literatura é a localização e obtenção de documentos para avaliar a disponibilidade de material que subsidiará o tema do trabalho de pesquisa. Esse levantamento é realizado com bibliotecas ou empresas privadas, instituições, entidades de classe, órgãos governamentais, entre outros.

1.7.4 Metodologia

Essa subetapa do desenvolvimento do trabalho também é de grande impor-tância, pois aqui você deverá explicar, da forma mais clara e detalhada possível, quais métodos utilizou em sua pesquisa.

A metodologia trata-se de uma explicação detalhada, minuciosa, que segue um rigor e de forma exata no que se refere a toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. Ela é a etapa em que você deverá explicar qual o tipo de pesquisa que utilizará; qual o instrumento de pesquisa fará parte da pesquisa (questionário, roteiro de entrevista etc.); como você prevê realizar e em quanto tempo; quem fará parte da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho; quais serão as formas de tabulação e tratamento dos dados; enfim, de todos os procedimentos que utilizou no trabalho de pesquisa.

Por exemplo, alguns tópicos que poderão estar incluídos na metodologia:

1. Tipo de pesquisa utilizada.

2. Os procedimentos da pesquisa quanto a:

universo e amostra (se for o caso);

amostra e seleção dos sujeitos (se for o caso).

3. Instrumentos para a coleta de dados:

tipos de perguntas;

tipos de informações.

4. Limitações do método.

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1. Dica para o planejamento de um método de registro

Crie, com antecedência, uma espécie de lista ou mapa de registro de fenômenos.

Procure estipular algumas categorias dignas de observação.

2. Fenômenos não esperados

Esteja preparado para o registro de fenômenos que surjam durante a observação, que

não eram esperados no seu planejamento.

3. Registro fotográfico ou vídeo

Para realizar registros iconográficos (fotografias, filmes, vídeos etc.), caso o objeto de

sua observação sejam indivíduos ou grupos de pessoas, prepare-os para tal ação. Eles não

devem ser pegos de surpresa.

Para saber mais

1.7.5 Tabulação, resultados e análise dos dados coletados

Aqui você deverá apresentar os resultados de sua pesquisa, fazendo não só uma análise dos dados, como também uma retrospectiva, cruzando esses resultados de acordo com as teorias que você levantou anteriormente, além de mostrar se seus resultados atingiram os objetivos propostos ou se comprovaram as hipóteses levantadas, e assim por diante.

Sugestões para análise de documentos

a) Locais de coletas: determine com antecedência que bibliotecas, agências governamentais

ou particulares, instituições, indivíduos ou acervos deverão ser procurados.

b) Registro de documentos: esteja preparado para copiar os documentos, seja através de

xerox, fotografias ou outro meio qualquer.

c) Organização: separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua pesquisa.

Para saber mais

1.7.6 Considerações finais

Nesse momento, o pesquisador expõe seus principais resultados, e nova-mente reforça se estes atingiram os objetivos propostos ou se comprovaram as

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hipóteses levantadas. Pode também propor sugestões ou soluções e aplicações práticas.

Expressa as deduções tiradas do resultado do trabalho ou levantadas ao longo da discussão do assunto. Deve reafirmar de maneira sintética a ideia principal e os pormenores importantes do estudo ou pesquisa, respondendo ao problema inicial, apontado na introdução, estabelecendo interfaces com as contribuições proporcionadas pela pesquisa.

1.8 Elementos pós-textuais

1.8.1 Referências bibliográficas

É um elemento obrigatório. É a relação das fontes bibliográficas utilizadas pelo pesquisador. Todas as obras citadas no texto deverão obrigatoriamente fi-gurar nas referências bibliográficas. É o conjunto de indicações que possibilitam a identificação de documentos, publicações, no todo ou em parte.

A padronização das referências é seguida de acordo com a NBR 6023 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Algumas pessoas utilizam as normas americanas da American Psychological Association (APA), diferen-ciando-se uma da outra em alguns aspectos da estruturação.

1.8.2 Glossário

Elemento opcional elaborado em ordem alfabética. Trata-se de uma apresen-tação de termos que foram utilizados no trabalho, sob um determinado domínio de conhecimento e a definição desses termos. O glossário tem o objetivo de introduzir ao leitor os termos que são incomuns, muito específicos ou técnicos.

São as palavras de uso restrito ao trabalho de pesquisa ou pouco conhe-cidas pelo leitor, acompanhadas de definição. Sua inclusão fica a critério do autor da pesquisa, caso haja necessidade de explicar termos que possam gerar equívocos de interpretação por parte do leitor.

1.8.3 Apêndice

Elemento opcional. É um texto ou documento elaborado pelo autor, para complementar sua argumentação sem prejuízo da unidade (da parte do de-senvolvimento do texto). Poder ser, por exemplo, o questionário aplicado ou o

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roteiro de entrevista ou observação. Sua identificação se dá por letras maiúsculas consecutivas, travessão e título.

Exemplo:

APÊNDICE A — Avaliação do rendimento escolar

1.8.4 Anexo

Elemento opcional, diferente do apêndice, porém muitos confundem, considerando-os sinônimos. Trata-se de um texto ou documento que não foi

elaborado pelo autor e serve para confirmar ou provar a veracidade de afirma-ções e melhorar a compreensão do texto.

Por exemplo, pode ser uma matéria suplementar, como leis, descrição de equipamentos, estatísticas, que se acrescenta a um relatório como esclareci-mento ou documentação, sem dele constituir parte essencial.

Os anexos são enumerados com as letras do alfabeto maiúsculas, seguidos do título, conforme MDT, 2006.

Exemplos:

ANEXO A — FOTOGRAFIAS

ANEXO B — QUESTIONÁRIOS

A paginação dos anexos deve ser contínua à do texto. Sua localização é no final da obra.

1.9 Regras gerais

1.9.1 Apresentação gráfica

Refere-se à maneira como será feita a organização física e visual de um trabalho, levando em conta estrutura, formatos, uso de tipos, paginação, entre outros aspectos.

1.9.1.1 Negrito, grifo ou itálico

São empregados para:

a) palavras e frases em língua estrangeira;

b) títulos de livros e periódicos;

c) expressões de referência, como ver, vide;

d) letras ou palavras que mereçam destaque ou ênfase, quando não seja possível dar esse realce pela redação;

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e) nomes de espécies em botânica e zoologia (neste caso, não se usa negrito);

f) títulos de capítulos (neste caso, não se usa itálico).

1.9.2 Medidas de formatação do relatório

a) Margem superior: 3 cm.

b) Margem inferior: 2 cm.

c) Margem direita: 2 cm.

d) Margem esquerda: 3 cm.

e) Entrelinhas (espaço): 1,5 cm.

f) Tamanho de fonte: 12.

g) Formato de papel: A4 (210 × 297 mm).

Observação: é utilizada a fonte no tamanho 10 — para:

citações longas (mais de 3 linhas);

notas de rodapé;

paginação;

legenda das ilustrações.

1.9.3 Paginação

As folhas ou páginas pré-textuais devem ser contadas, mas não numeradas.

Todas as páginas devem ser contadas a partir da folha de rosto, mas não numeradas.

A numeração aparece na primeira folha textual, ou seja, na introdução, e termina no final do trabalho em algarismos arábicos, a 2 cm da borda direita superior.

Havendo apêndice e anexo, suas folhas ou páginas devem ser enumeradas de maneira contínua, e sua paginação deve dar seguimento à do texto principal.

Fonte — tamanho 10.

1.9.4 Ilustrações

No caso de qualquer tipo de ilustração, sua identificação deverá aparecer na parte superior, precedida da palavra que a designa (desenho, esquema, fluxograma, fotografia, quadro, figura), seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto, em algarismo arábico, travessão e do respectivo título.

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Após a ilustração, na parte inferior, indicar a fonte consultada (elemento obrigatório, mesmo que seja produção do próprio autor), legenda, notas e outras informações necessárias à sua compreensão. A ilustração deve ser citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere.

1.9.5 Notas de rodapé

As notas devem ser digitadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço simples de entrelinha e por filete de 5 cm, a partir da margem esquerda, com fonte menor (tamanho 10).

1.9.6 Indicativos de seção

Precedendo os títulos, deve-se colocar um indicativo numérico, em alga-rismo arábico, alinhado à esquerda, separado por um espaço de caractere. Os títulos devem ser separados do texto que o sucede por um espaço de entrelinha de 1,5. Da mesma forma, os títulos das subseções devem ser separados do texto que o precede e que o sucede por um espaço de entrelinha de 1,5.

1.9.7 Títulos sem indicativo numérico

Os títulos sem indicativos numéricos devem ser centralizados e são os seguintes: errata, agradecimentos, listra de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário, referências, glossário, apêndice, anexo, índice.

1.9.8 Elementos sem título e sem indicativo numérico

Os elementos que não recebem título nem indicativo numérico são: a folha de aprovação, a dedicatória e a epígrafe.

Se você leu as unidades anteriores e chegou até este ponto do livro, você tem grande probabilidade de já ter boas ideias para fazer seu projeto. Então, você já pode executar seu projeto, e em seguida você poderá fazer a coleta de dados e, quem sabe, escrever o TCC ou um artigo...

FAÇA UMA REFLEXÃO, e veja se você já sabe como começar a escre-ver. Se tiver dúvidas, volte ao início e faça uma revisão.

Questões para reflexão

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1. A apresentação gráfica geral do trabalho possui alguns elementos. Desses elementos, qual não faz parte da apresentação geral de um trabalho científico?

a) Capa.

b) Página de rosto.

c) Introdução.

d) Bibliografia.

e) Fichamento.

2. Na configuração de um trabalho científico existem algumas exigên-cias quanto a padronização da forma de apresentação do trabalho. Segundo essa padronização, os trabalhos deverão possuir algumas características em comum, sendo elas:

a) Folha A4, texto tamanho 12, entrelinha de 1,5 cm.

b) Folha carta, texto tamanho 12, entrelinha de 1,5 cm.

c) Folha A4, texto tamanho 12, entrelinha de 2 cm.

d) Folha A4, texto tamanho 14, entrelinha de 1,5 cm.

e) Folha A5, texto tamanho 12, entrelinha de 2 cm.

Atividades de aprendizagem

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Seção 2 Citações e referências

Um conhecimento importante para todo estudante e pesquisador é saber como fazer as referências de obras que consultou e citou em seu trabalho ou pesquisa. Por muitas vezes, percebe-se que ocorrem confusões e formatos errô-neos de utilizarem esse recurso. Portanto, nesta seção, o leitor poderá aprender a forma correta de fazer suas citações e referências de obras utilizadas.

2.1 Citações (NBR 10520)Para explicar o significado de citações, é preciso entender que elas devem

estar no contexto da situação de pesquisa e deve ser uma explicação do autor que ampara a opinião de quem escreve. Quando se deseja reescrever a citação de um autor, devem-se utilizar várias formas diferenciadas, como veremos a seguir, optando por:

2.1.1 Citação direta

a) Citação direta curta (com menos de 3 linhas) — deve ser feita na con-tinuação do texto, entre aspas (NBR 12256).

Exemplo: Havia uma mulher, moradora da Ladeira do Pelourinho, em Salvador, que de sua janela jogava água fervendo nos invasores holandeses, animando os homens a lutarem continuadamente. Isto ocorria na hora do al-moço, enquanto os maridos comiam, e por isso as mulheres lutavam em seu lugar. Por esse motivo os europeus acreditavam que “o baiano ao meio-dia vira

mulher” (MOTT, 1988, p. 13).

Observação: MOTT — autor que faz a citação.

1988 — o ano de publicação da obra deste autor na bibliografia. p. 13 — refere-se ao número da página na qual o autor fez a citação (NBR 10520).

b) Citação direta longa (com 3 linhas ou mais) — as margens são recuadas à direita em 4 cm, em espaço um (1) (o texto deve ser digitado em es-paço simples), com a letra menor que a utilizada no texto e sem aspas (NBR 10520, item 4.4).

Exemplo de citação direta:

[...] Além disso, a qualidade do ensino fornecido era duvidosa, uma vez que as mulheres que o ministravam não estavam preparadas para exercer tal função. A maior

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dificuldade de aplicação da lei de 1827 residiu no provi-mento das cadeiras das escolas femininas. Não obstante sobressaírem as mulheres no ensino das prendas domésti-cas, as poucas que se apresentavam para reger uma classe dominavam tão mal aquilo que deveriam ensinar que não logravam êxito em transmitir seus exíguos conhecimentos. Se os próprios homens, aos quais o acesso à instrução era muito mais fácil, se revelavam incapazes de ministrar o en-sino de primeiras letras, lastimável era o nível do ensino nas escolas femininas, cujas mestras estiveram sempre mais ou menos marginalizadas do saber (SAFFIOTI, 1979, p. 193).

c) Citação de citação

É a citação que se faz de outro pesquisador que ampara o trabalho.

Exemplo: O Imperador Napoleão Bonaparte dizia que “as mulheres nada mais são do que máquinas de fazer filhos” (apud LOI, 1988, p. 35).

Observação: apud = citado por.

2.1.2 Citação indireta

É a citação de um texto, escrito por outro autor, sem alterar as ideias ori-ginais. Ou seja: o pesquisador reproduz, com suas próprias palavras sem dis-torcer, o conteúdo, as ideias desenvolvidas por outro autor (Pode ser chamada também de paráfrase).

Exemplo:

A relação entre os personagens de marca e a criança pode ser de natureza cognitiva ou afetiva. No primeiro caso, fala-se das características essenciais da marca, e no segundo, da forte atração exercida pelo personagem na criança (CORRÊA, 2009).

2.1.3 Localização das Citações

a) No texto: quando for citar durante a redação do texto, ela deverá apa-recer logo após o texto, conforme nos exemplos acima.

b) Em nota de rodapé: ao optar por utilizar a citação em nota de rodapé da página, deverá ser colocado um número sobrescrito e que deverá ser repetido no rodapé da página.

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c) No final de cada parte ou capítulo: outra forma de utilizar a citação é colocá-la ao final de cada capítulo. Assim, elas deverão aparecem em forma de notas. Devem ser numeradas em ordem crescente.

d) No final do trabalho: todas as citações deverão aparecer no final do trabalho, apresentadas em ordem numérica crescente, no todo ou por capítu lo.

2.1.4 Paginação

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no item 5.4 da NBR 14724, assim define a paginação dos trabalhos:

Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada, a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha. No caso de o trabalho ser constituído de mais de um volume, deve ser mantida uma única sequência de numeração das folhas, do primeiro ao último volume. Havendo apêndice e anexo, suas folhas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar seguimento ao texto principal.

2.1.5 Formato

1. Papel formato A4 (210 × 297 mm) — branco

2. Margens de:

3 cm na parte superior

2 cm na inferior

3 cm no lado esquerdo

2 cm no lado direito

3. Corpo da letra: 12

4. Entrelinha: 1,5

Observação: Lembre-se de que a entrelinha em uma citação longa (mais de três linhas) deve ter espaço simpl es.

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2.2 Palavras ou expressões latinas utilizadas em pesquisa

Em pesquisas e trabalhos científicos, ao fazer as citações e referências bibliográficas, muitas palavras ou expressões latinas são utilizadas, portanto, para que o leitor se familiarize e saiba como e quando utilizá-las, a seguir será apresentada uma orientação sobre elas, de acordo com a ABNT:

apud: “significa “citado por”. A citação é utilizada para informar que o que foi transcrito de uma obra de determinado autor na verdade pertence a outro. Ex.: (NAPOLEÃO apud LOI), ou seja, Napoleão “citado por” Loi.

et al. (et alli): Significa “e outros”. Utilizado quando a obra foi executada por muitos autores. Exemplo: numa obra escrita por Helena Schirm, Ma-ria Cecília Rubinger de Ottoni e Rosana Velloso Montanari, escreve-se: SCHIRM, Helena et al.

ibid ou ibdem: significa “na mesma obra”.

idem ou id: significa “igual ao anterior”.

In: significa “em”.

ipsis litteris: significa “pelas mesmas letras”, “literalmente”. Utiliza-se para expressar que o texto foi transcrito com fidelidade, mesmo que possa parecer estranho ou esteja reconhecidamente escrito com erros de linguagem.

ipsis verbis: significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic.

opus citatum ou op.cit.: significa “obra citada”

passim: significa “aqui e ali”. É utilizado quando a citação se repete em mais de um trecho da obra.

sic: significa “assim”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.

supra: significa “acima”, referindo-se à nota imediatamente anterior.

2.3 Referências bibliográficasAs referências dos documentos consultados para a elaboração do projeto são

um item obrigatório. Nela normalmente constam os documentos e quaisquer fontes de informações consultadas no levantamento de literatura.

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Uma definição de referência bibliográfica que podemos citar é: “Conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual” (ABNT, 2002a).

É a relação das fontes bibliográficas utilizadas pelo autor. Todas as obras citadas no texto deverão obrigatoriamente figurar nas referências, além de ou-tras que, embora não mencionadas, tenham contribuído para a preparação do trabalho. Para as referências, devem-se seguir as orientações da NBR 6023/2002.

Alguns exemplos de referências, segundo as normas da ABNT, estão ex-pressas a seguir.

Pense a respeito: por que devemos fazer a indicação dos autores através das referências?

Questões para reflexão

2.4 Alguns exemplos de elaboração de referências de fontes

2.4.1 Referências de livros

a) Autor (ou coordenador, ou organizador, ou editor) — redigir em pri-meiro lugar o último sobrenome do autor, em caixa alta, e em seguida o restante do nome, após uma separação por vírgulas.

b) Título e subtítulo — o título deve ser realçado por negrito, itálico ou sublinhado, e deve ser uniforme em todas as referências (escolher umas das opções). O subtítulo não deve receber qualquer tipo de destaque,

c) Número da edição (a partir da segunda edição) — deve ser colocado o número da edição, ponto final e, em seguida, “ed.” (abreviado e em letra minúscula). O número deve ser grafado em algarismo arábico sem o sinal de indicador ordinal (a). Exemplo: “3. ed”.

d) Local da publicação — trata-se do local onde a obra foi editada, isto é, o nome da cidade e, após a referência de local, devem ser grafados dois pontos (:). Não se coloca estado ou país.

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e) Editora — deve ser colocado apenas o nome da editora, não inserindo os termos Ltda, S.A. etc. Por exemplo: da Editora Atlas Ltda, o correto é apenas Atlas.

f) Ano da publicação — é o ano em que a obra foi editada.

g) Número de volumes (se houver).

h) Paginação — quantidade de páginas da obra.

i) Nome da série, número da publicação na série (entre parênteses).

Observações:

a) Alinhamento: deve ser somente a margem esquerda do texto e de forma a identificar individualmente cada documento.

b) Em obras avulsas são usadas as seguintes abreviaturas: “(Org.) ou (Orgs.)” — organizador(es); (Ed.) ou (Eds.) — editor(es); (coord.) ou (coords.) — coordenador(es).

c) Espaçamento das referências: são digitadas em espaço simples e sepa-radas umas das outras por espaço duplo.

d) O realce do título (negrito, sublinhada ou itálico) deve ser uniforme em todas as referências. Isto não se aplica às obras sem indicação de autoria, ou de responsabilidade, cujo elemento de entrada é o próprio título, já destacado pelo uso de letras maiúsculas na primeira palavra, com exclusão de artigos (definidos e indefinidos) e palavras monossilábicas.

e) Localização das referências — as referências podem estar localizadas em nota de rodapé, em lista de referências no final do texto ou de capítulo e antecedendo resumos, resenhas e recensões.

Exemplos:

a) Autor pessoal:

GABRIEL, Martha. Marketing na era digital: conceitos, plataformas e estratégias. São Paulo: Novatec, 2010.

LIMEIRA, Tania. E-marketing. São Paulo: Saraiva, 2003.

b) Até três autores:

CHURCHILL Jr, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. 2. ed. Tradução de Cecília C. Bartalotti e Cid Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2000.

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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 231 p.

c) Mais de três autores:

Em situações em que ocorrerem mais de três autores deve ser indicado apenas o primeiro, acrescentando-se a expressão et al. (et alli), isto é, e outros.

Exemplo:

OLIVEIRA, Armando Serafim et al. Introdução ao pensamento filosófico. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1985. 211p.

RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989. 287p.

d) Outros tipos de responsabilidades (tradutor, revisor, ilustrador entre outros):

Após o título da obra referenciada, conforme aparecer no documento, podem ser acrescentados outros tipos de responsabilidades, como o caso de tradutor, revisor, ilustrador, entre outros. Vale ressaltar, ainda, que se houver mais de três nomes exercendo o mesmo tipo de responsabilidade, aplica-se o recomendado no item anterior, et al.).

Exemplos:

KHUN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Trad. de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.

ALBERGARIA, Lino de. Cinco anos sem chover: história de Lino de Albergaria. Ilustrações de Paulo Lyra. 12. ed. São Paulo: FTD, 1994. 63p.

e) Coletânea de vários autores:

Há alguns casos em que ocorre a indicação explícita de responsabilidade pelo conjunto da obra, em coletâneas de vários autores. Assim, deve ser feita a entrada pelo nome do responsável, seguida de abreviação, no singular, do tipo de participação (organizador, compilador, editor, coordenador etc.) em parênteses.

Exemplo:

PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de (Orgs.). Manual de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997.

f) Parte de coletânea:

ROMANO. G. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G; SCHMIDT, J. (Orgs.). História dos jovens 2: a época contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 7-16.

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g) Autor entidade:

As obras de responsabilidade de entidades (órgãos governamentais, em-presas, associações, congressos, seminários etc.) têm entrada pelo seu próprio nome, por extenso.

Exemplo:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE-UFES. Avaliação educacional: necessidades e tendências. Vitória, PPGE/UFES, 1984. 143p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

h) Entidade com denominação genérica:

Quando a entidade tem uma denominação genérica, seu nome é precedido pelo nome do órgão superior ou pelo nome da jurisdição geográfica à qual pertence.

Exemplo:

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Diretrizes para a política ambiental do Estado de São Paulo. São Paulo, 1983. 35p.

i) Autoria desconhecida:

Em caso de autoria desconhecida, a entrada é feita pelo título. O termo “anônimo” não deve ser usado em substituição ao nome do autor desconhecido. O título é escrito em caixa alta até a primeira palavra significativa do texto.

Exemplo:

O PENSAMENTO vivo de Nietzsche. São Paulo: Martin Claret, 1991. 110 p.

j) Referência de parte de uma obra:

O autor do capítulo citado é também autor da obra:

LIMA, Lauro de Oliveira. Ativação dos processos didáticos na escola secundária. In: ______. A escola secundária moderna: organização, métodos e processos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976. cap. 12, p. 213-234.

O autor do capítulo citado não é o autor da obra:

HORTA, José Silvério Baía. Planejamento educacional. In: MENDES, Dumerval Trigueiro (Org.). Filosofia da educação brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. p. 195-239.

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2.4.2 Dissertação/tese

MAZZILI, Sueli. O estado da pedagogia: repensando a partir da prática. 1989. 145 f. Dissertação (Mestrado em Educação) — Faculdade de Educação, Uni-versidade Estadual de Campinas, Campinas, 1989.

CORRÊA, Gisleine B. Fregoneze. Contribuições ao estudo da adoção de pro-dutos/marcas por meio de comportamentos imitativos: uma investigação com o consumidor infantil. Tese (Doutorado em Administração) — Programa de Pós-Graduação em Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo — USP, São Paulo, 2009. 282 p.

2.4.3 Publicação periódica — artigos de revistas ou jornais

Inclui a coleção como um todo, fascículo ou número de revista, número de jornal, caderno etc., na íntegra, e a matéria existente em um número, volume ou fascículo de periódico (artigos científicos de revistas, editoriais, matérias jornalísticas, seções, reportagens etc.) (ABNT, 2002a).

Observação: no caso de mais de um autor, segue-se a mesma regra das referências dos livros.

a) Autor(es) do artigo.

b) Título do artigo.

c) Título da revista.

d) Local da publicação.

e) Editor.

f) Indicação do volume.

g) Indicação do número ou fascículo.

h) Indicação de página inicial e final do artigo.

i) Data.

2.4.3.1 Artigo de um autor

BORTOLETTO, Marisa Cintra. O que é ser mãe? A evolução da condição fe-minina na maternidade através dos tempos. Viver Psicologia, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 25-27, out. 1992.

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2.4.3.2 Artigo não assinado (sem nome de autor)

Nessas ocasiões, a primeira palavra do título deverá ser escrita em maiúscula.

A ENERGIA dual indígena no mundo dos Aymara (Andes do Peru e Bolívia). Mensageiro, Belém, n. 63, p. 35-37, abr./maio/jun., 1990.

2.4.3.3 Artigo de jornal assinado

DINIZ, Leila. Leila Diniz, uma mulher solar. Entrevista concedida ao Pasquim. Almanaque Pasquim, Rio de Janeiro, n. especial, p. 10-17, jul. 1982.

2.4.3.4 Artigo de jornal não assinado (sem nome de autor)

MULHERES têm que seguir código rígido. O Globo, Rio de Janeiro, 31 jan. 1993, 1 caderno, p. 40.

Importante: ao colocar a referência do mês, esta deve ser abreviada com apenas três letras e um ponto. Por exemplo, o mês de janeiro ficaria sendo “jan.”, o de fevereiro, “fev.” etc., com exceção do mês de maio, que se escreve com todas as letras (“maio”) e sem o ponto.

2.4.3.5 Artigo e/ou matéria de jornal em meio eletrônico

SILVA, Ives Gandra da. Pena de morte para o nascituro. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 set, 1998. Disponível em: <http://www.providafamilia.org/pena_morte_nascituro.htm>. Acesso em 19 set. 1998.

BURGIERMAN, Denis Russo. O outro lado do Nobel. Superinteressante, n. 171, p. 51-55, São Paulo: Abril, dez. 2001. Disco 6. 1 CD-ROM.

2.4.3.6 Artigo e/ou matéria de revista, boletim

MÃO-DE-OBRA e previdência. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Rio de Janeiro; v. 7, 1983. Suplemento.

COSTA, V. R. A margem da lei. Em Pauta, Rio de Janeiro, n. 12, p.131-148, 1998.

2.4.4 Coleções inteiras

EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS. São Paulo: Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, 1956.

Observação: todas as revistas sob este título foram consultadas.

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2.4.5 Somente parte de uma coleção

FÓRUM EDUCACIONAL. Teorias da aprendizagem. Rio de janeiro: Fundação Getulio Vargas, v. 13, n. 1/2, fev./maio 1989.

Observação: esta citação indica que a revista inteira foi consultada.

2.4.6 Evento como todo

Inclui o conjunto dos documentos reunidos num produto final do próprio evento (atas, anais, resultados, proceedings, entre outras denominações), ou trabalhos apresentados nesses eventos.

2.4.7 Anais de congresso no todo

SEMINÁRIO DO PROJETO EDUCAÇÃO, 5., 24 out. 1996, Rio de Janeiro. Anais do V Seminário do Projeto Educação. Rio de Janeiro: Fórum de Ciência e Cultura-UFRJ, 1996.

2.4.8 Trabalho publicado em anais de congresso e outros eventos

CHAVES, Antônio. Publicação, reprodução, execução: direitos autorais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PUBLICAÇÕES, 1, 1981, São Paulo, Anais... São Paulo: FEBAP, 1981. p. 11-29.

2.4.9 Trabalho publicado em evento em meio eletrônico

SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4, 1996. Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em: <http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

MELO, S. T. et al., M.R. A Importância dos Jingles na construção de cases de sucesso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 29, 2006, Brasília. Anais... São Paulo: Intercom, 2006. CD-ROOM

2.4.10 Documentos jurídicos

Compreendem a Constituição, as emendas constitucionais e os textos legais infraconstitucionais (lei complementar e ordinária, medida provisória, decreto em todas as suas formas, resolução do Senado Federal) e normas emanadas das entidades públicas e privadas (ato normativo, portaria, resolução, ordem

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de serviço, instrução normativa, comunicado, aviso, circular, decisão adminis-trativa, entre outros) (ABNT, 2002a).

2.4.10.1 Decretos-leis, portarias etc.

BRASIL. Decreto n. 93.935, de 15 de janeiro de 1987. Promulga a convenção sobre conservação dos recursos vivos marinhos antárticos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, v. 125, n. 9, p. 793-799, 16 jan. 1987. Seção 1, pt. 1.

2.4.10.2 Pareceres, resoluções etc.

CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO. Parecer n. 1.406, de 5 de outubro de 1979. Consulta sobre o plano de aperfeiçoamento médico a cargo do Hospital dos Servidores de São Paulo. Relator: Antônio Paes de Carvalho. Documenta, n. 227, p. 217-220, out. 1979.

2.4.10.3 Jurisprudência (decisões judiciais)

Compreende súmulas, enunciados, sentenças e demais decisões judiciais.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n. 14. In: _______. Súmulas. São Paulo: Associação dos Advogados do Brasil, 1994. p. 16.

2.4.10.4 Dicionário

Educação. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. p. 185.

2.4.10.5 Enciclopédia

Divórcio. In: Enciclopédia Saraiva de Direito. São Paulo: Saraiva, 1977. v. 29, p. 107-162.

2.4.10.6 Anuário

Matrícula nos cursos de graduação em universidades e estabelecimentos isola-dos, por áreas de ensino, segundo as universidades da Federação — 1978-80. In: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1982. Seção 2, cap. 17, p. 230: Ensino.

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2.4.10.7 Imagem em movimento

Inclui filmes, DVDs, entre outros.

CIDADE de Deus. Direção: Fernando Meirelles. Produção: Andréa Barata Ri-beiro e Maurício Andrade Ramos. Intérpretes: Matheus Nachtergaele; Alexandre Rodrigues; Leandro Firmino da Hora; Jonathan Haagensen; Phellipe Haagensen; Douglas Silva; Daniel Zettel; Seu Jorge. Roteiro: Bráulio Mantovani. [S.I.]: 02 Filmes; Videofilmes “Cidade de Deus”, 2003. 1 CD (130 min), son., color.; DVD.

A MISSÃO. Direção: Roland Joffé. Produção: David Putnam. Intérpretes: Jeremy Irons; Robert de Niro; Liam Neeson; Aidan Quinn. Roteiro: Robert Bold. Trilha so-nora: Ennio Morricone. [S.I.]: Goldcrest Films, 1986. 1 DVD (121 min), son.,color.

2.4.10.8 Documento cartográfico

Inclui atlas, mapa, globo, fotografia aérea, entre outros. As referências de-vem obedecer aos padrões indicados para outros tipos de documentos quando necessário.

BRASIL e parte da América do Sul: mapa político, escolar, rodoviário, turístico e regional. São Paulo: Michelany, 1981.1 mapa, color., 79 cm × 95 cm. Escala 1:6000.000

INSTITUTO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO (São Paulo, SP). Projeto Lins Tupã. Foto aérea. São Paulo, 1986. 1 fotografia aérea. Escala 1:35.000. Fx 28, n.15.

2.4.10.9 Documento sonoro no todo

Inclui disco, CD, cassete, rolo, entre outros.

ALCIONE. Ouro e cobre. Direção artística: Miguel Propschi. São Paulo: RCA Victor, p1988. 1 disco sonoro (45 min), 33 1/3 rpm. Estéreo., 12 pol.

SIMONE. Face a face. Emi Odeon Brasil, p1977. 1 CD (ca. 40min). Remaste-rizado em digital.

Documento sonoro — entrevista gravada

LIMA, Lauro de Oliveira Lima. Lauro de Oliveira Lima: depoimento [out. 1994]. Entrevistador: J. L. Bello. Rio de Janeiro, 1995. 4 cassetes sonoros. Entrevista concedida para elaboração de Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós--graduação em Educação — PPGE, da Universidade Federal do Espírito Santo.

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162 M E T O D O L O G I A C I E N T Í F I C A

Documento sonoro em parte

Inclui partes e faixas de documentos sonoros.

GINO, A. Toque macio. Intérprete: Alcione. In: ALCIONE. Ouro e cobre. Dire-ção artística: Miguel Propschi. São Paulo: RCA Victor, p. 1988. 1 disco sonoro (45 min), 33 1/3 rpm, estéreo., 12 pol. Lado A, faixa 1 (4 min 3 s).

2.4.10.10 Documento de acesso exclusivo em meio eletrônico

Este tipo de documento inclui bases de dados, listas de discussão, BBS (site), arquivos em disco rígido, programas, conjuntos de programas e mensagens eletrônicas, entre outros.

As mensagens que circulam por intermédio de correio eletrônico devem ser referenciadas somente quando não se dispuser de nenhuma outra fonte para abordar o assunto em discussão. Mensagens trocadas por e-mail têm caráter informal, interpessoal e efêmero, e desaparecem rapidamente, não sendo reco-mendável seu uso como fonte científica ou técnica de pesquisa (ABNT, 2002a).

GALERIA virtual de arte do Vale do Paraíba. São José dos Campos: Fundação Cultural Cassiano Ricardo, 1998. Apresenta reproduções virtuais de obras de artistas plásticos do Vale do Paraíba. Disponível em: <http://www.virtualvale.com.br/galeria> Acesso em: 27 nov. 1998.

2.5 Outros exemplos sobre os elementos da referência

2.5.1 Sobrenomes acompanhados de palavras que indicam parentesco

Exemplos:

BRITO FILHO, Dilermando.

AMATO NETO, Vicente.

2.5.2 Entidades coletivas

Órgãos de Administração governamental (ministérios, secretarias e outros).

Deve-se indicar a entrada pelo nome geográfico (país, estado ou município).

Exemplos:

BRASIL. Ministério da Saúde.

PARANÁ. Secretaria da Educação.

LONDRINA. Prefeitura Municipal.

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2.5.3 Título e subtítulo

O título deverá ser reproduzido da mesma forma que aparecer na obra. Ele deve receber um destaque diante dos demais elementos da referência, como negrito, itálico ou sublinhado.

O subtítulo deverá surgir logo após o título, precedido por dois-pontos (:). Ressalta-se que ele não deve receber o mesmo destaque (negrito, itálico ou sublinhado).

Exemplo:

Crise de credibilidade da propaganda: considerações sobre seu impacto na eficácia da mensagem.

2.5.4 Edição

A edição somente deverá ser indicada a partir da segunda edição. Ela de-verá ser redigida utilizando-se abreviaturas dos numerais ordinais, na língua do documento.

Exemplos:

2. ed. (língua portuguesa).

5th ed. (na língua inglesa).

2.5.5 Local

Ao colocar o local na referência, este deverá figurar da mesma maneira como aparece na publicação. E, quando houver mais de um local, deverá ser indicado o que estiver em destaque ou aparecer em primeiro lugar. Se ocorrer de o local não ser mencionado, deve-se utilizar a expressão [S.l.].

2.5.6 Editora

Ao se colocar a referência da editora, esta deverá ser citada da mesma forma que aparece na obra. E, nos casos de existir mais de uma editora, deve ser indicada a que aparecer em destaque ou a que estiver em primeiro lugar. Se a editora não estiver indicada na obra, utilizar a expressão [s.n.].

2.5.7 Data

Quando houver dúvidas quanto à data:

[2000?] — Data provável.

[200-] — Década certa.

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[19--] — Século certo.

[18--?] — Século provável.

Observação: na ausência do local, editora e ano, utilizar colchetes:

Ex: [S.l.: s.n., 19--].

[S.l.: s.n.], 1999.

São Paulo: [s.n., 19--].

2.5.8 Repetição de nome do autor

Em ocasiões em que o mesmo autor for utilizado, porém com obras dife-rentes, seu sobrenome (último) deverá ser substituído por um traço (equivalente a seis espaços) e um ponto. Porém, se houver mudança de página, o nome do autor volta a ser digitado por extenso. Também deverá ser digitado novamente por extenso se o autor referenciado anteriormente for coautor da obra seguinte.

Exemplo:

LIMA, Adriana Flávia Santos de Oliveira. Pré-escola e alfabetização: uma pro-posta baseada em Paulo Freire e Jean Piaget. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 228 p.

______. Avaliação escolar: julgamento e construção. Petrópolis: Vozes, 1994. 168 p.

1. De acordo com as normas da ABNT, a apresentação das referências utilizadas em trabalhos científicos deve seguir uma sequência. Quanto à citação de livro de um só autor, ela deve seguir a sequência:

I. Autor, título da obra, ano.

II. Título da obra, nome do autor, cidade/estado.

III. Autor, título, edição, cidade, editora, ano obra.

IV. Cidade/estado, nome da editora, ano da obra.

É correto apenas o que se afirma em:

a) Somente I.

b) Somente III

c) I e III.

Atividades de aprendizagem

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d) I e II.

e) III e IV.

2. A globalização, por ser essencialmente um “processo de reorganiza-ção da divisão internacional do trabalho, acionado em parte pelas diferenças de produtividade e de custos de produção entre países” (SINGER, 1999, p. 21).

Sobre a citação que está entre aspas, define-se como:

I. Trechos literais (citação direta).

II. Ideias de outro autor (citação indireta).

III. Ideias que ocorrem durante a leitura.

É correto apenas o que se afirma em:

a) II.

b) III.

c) I.

d) I e II.

e) II e III.

Nesta Unidade, você aprendeu as formas de apresentação gráfica, isto é, os conceitos de como deve ser apresentada a formatação gráfica exigida para a apresentação de um projeto e/ou trabalhos científicos, compreendendo do formato até a paginação. O leitor também teve a oportunidade de conhecer a aplicação da NBR 10.520 — Normas de Citação da ABNT, que garantem o registro e a indicação da autoria das ideias agregadas aos textos científicos e a forma correta de referenciar os autores e/ou fontes de informação que foram citadas no trabalho. Além disso, recebeu dicas com um glossário dos principais termos usados em pesquisa, bem como orientação de utilização das palavras latinas muito frequentes nos trabalhos científicos.

Fique ligado!

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Com o estudo desta unidade, o leitor pode conferir o quanto é im-portante incluir corretamente as citações nos trabalhos acadêmicos e científicos, obedecendo à forma correta estabelecida pela NBR 10520 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002b) e, con-sequentemente, elaborar as referências de todos os autores citados no texto aplicando a NBR 6023 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002a).

Para concluir o estudo da unidade

1. Assim sendo, faz-se necessário examinar, pormenorizadamente, essas questões para que se possa entender como o desemprego, a desfilia-ção e a exclusão social surgem como desdobramentos da vulnerabi-lidade social, que, por sua vez, pode ser considerada essencialmente decorrente dos novos modos de estruturação de emprego (CASTEL, 1998).

Sobre o trecho apresentado acima, a referência do autor pesquisado está entre parênteses, em letra maiúscula e com o ano da obra. Essa citação é apresentada dessa maneira porque se trata de:

I. Trechos literais (citação direta).

II. Ideias de outro autor (citação indireta).

III. Ideias que lhe ocorram durante a leitura.

Portanto, é correto apenas o que se afirma em:

a) I.

b) III.

c) I e III.

d) I e II.

e) II.

Atividades de aprendizagem da unidade

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2. De acordo com as normas da ABNT, as referências bibliográficas de-vem seguir uma ordem. Coloque V para as alternativas que estiverem com a referência correta e F para as alternativas que estiverem com a referência errada. Em seguida, assinale a alternativa correta:

( ) PAULO SINGER. Globalização e desemprego: diagnósticos e alternativas. São Paulo: Contexto, 1999.

( ) PERRENOUD, P. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. Construir as

competências desde a escola. Trad. Bruno Charles Magne, 1999.

( ) WICKERT, L. F. O adoecer psíquico do desempregado. São Paulo: Bom Livro, 1999.

( ) POCHMAN, M. O emprego na globalização. São Paulo: Bomtempo, 2001.

a) F, V, F, F.

b) V, V, V, F.

c) V, F, V, V.

d) F, F, V, V.

e) V, V, F, V.

3. A citação abaixo foi extraída de uma dissertação de mestrado. Ela está em itálico, fonte 10 e espaçamento simples. O nome do autor citado, o ano da obra e a página estão apresentados entre parênteses:

Com suporte em meios convencionais de trans-missão de informações e associada com materiais impressos que são enviados pelo correio encontra--se disseminada em todas as partes do mundo, fa-vorecendo a disseminação e a democratização do acesso à educação em diferentes níveis, permitindo atender crescente parcela da população que busca a formação inicial ou continuada a fim de adquirir condições de competir no mercado de trabalho (ALMEIDA, 2011, p. 206).

Essa citação é apresentada dessa maneira porque:

I. São ideias que ocorrem durante a leitura.

II. São ideias de outro autor (citação indireta).

III. São techos literais (citação direta).

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É correto apenas o que se afirma em:

a) I.

b) III.

c) I e III.

d) I e II.

e) II.

4. Com base na descrição complete a lacuna e escolha a alternativa correta:

São as ____________________ termos pelos quais o assunto pode ser procurado, devendo o pesquisador ter cuidado especial com a terminologia e a sinonímia envolvidas no trabalho, para encontrar facilmente as informações, tanto em vernáculo como em idiomas estrangeiros (CRUZ, 2009).

a) Palavras-chave

b) Categorias.

c) Delimitações.

d) Buscas.

e) Conclusões.

5. Para realizar uma pesquisa, é preciso buscar as teorias, as referências sobre determinado assunto em diversos formatos: livros, periódicos, CDs, arquivos digitais. Isto possibilitará ao pesquisador conhecimento sobre o conteúdo do tema a ser pesquisado. Essa etapa da pesquisa corresponde a(o):

a) Elaboração do relatório.

b) Escolha do tema.

c) Elaboração do projeto.

d) Levantamento bibliográfico.

e) Definição da metodologia.

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Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Coletânea de normas técnicas: elaboração de TCC, dissertação e tese. Rio de Janeiro: 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12256: apresentação de originais. Rio de Janeiro, 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: normas de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2002.

CORRÊA, G. B. F. Contribuições ao estudo da adoção de produtos/marcas por meio de comportamentos imitativos: uma investigação com o consumidor infantil. Tese (Doutorado em Administração) — Programa de Pós-Graduação em Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo — USP, São Paulo, 2009. 282 p.

CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do trabalho. Tradução de Iraci D. Poleti. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998

CRUZ, V. G. Metodologia científica. Londrina: UNOPAR, 2009.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 231 p.

LOI, I. A mulher. São Paulo: Jabuti, 1988. 53 p.

MOTT, M. L. B. Submissão e resistência: a mulher na luta contra a escravidão. São Paulo: Contexto, 1988. 86 p.

SAFFIOTI, H. I. B. A mulher na sociedade de classe: mito e realidade. Petrópolis: Vozes, 1979. 383 p.

SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica. 9. ed. Niterói: Impetus, 2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de trabalhos: teses, dissertações e trabalhos acadêmicos. 5. ed. Curitiba: UFPR, 1996.

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