72
i FANY SILVA LIMA MÉTODOS DE CARDIOPROTEÇÃO EM MODELO DE ISQUEMIA E REPERFUSÃO AGUDA EM PORCINOS CAMPINAS 2015

MÉTODOS DE CARDIOPROTEÇÃO EM MODELO DE …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/312969/1/Lima_FanySilva_…(Piracetam, L- carnitiva, glutamate and aspartate), a second using

Embed Size (px)

Citation preview

i

FANY SILVA LIMA

MÉTODOS DE CARDIOPROTEÇÃO EM MODELO DE ISQUEMIA E REPERFUSÃO

AGUDA EM PORCINOS

CAMPINAS

2015

ii

iii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

FANY SILVA LIMA

MÉTODOS DE CARDIOPROTEÇÃO EM MODELO DE ISQUEMIA E REPERFUSÃO

AGUDA EM PORCINOS

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências.

ORIENTADOR: ORLANDO PETRUCCI JUNIOR

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA FANY SILVA LIMA, ORIENTADA PELO

PROF. DR. ORLANDO PETRUCCI JUNIOR

CAMPINAS

2015

iv

v

vi

vii

RESUMO

O infarto agudo do miocárdio (IAM) ainda permanece como umas das

principais causas de morbimortalidade em indivíduos adultos, ocasionando lesões

miocárdicas pela isquemia seguida da reperfusão. No presente trabalho estudamos a

cardioproteção por meio de três diferentes estratégias: a utilização de um fármaco

denominado - Piracar (Piracetam, L-carnitiva, glutamato e aspartato), a utilização de

uma solução contendo eritropoietina, glicose, insulina e potássio (EG); e por meio da

modulação humoral/neurológica denominada isquemia de pré-condicionamento remoto

(IPCR).

Para esta análise utilizou-se de modelo agudo de isquemia e reperfusão

miocárdica em suínos em que foram avaliadas variáveis hemodinâmicas, quantificação

da área de infarto, quantidade de troponina I liberada (TnI-C) e de adenosina trifosfato

no músculo cardíaco (ATP). Também foram estudadas proteínas relacionadas a

isquemia e reperfusão miocárdicas de duas vias conhecidas como a Survivor Activating

Factor Enhancement (SAFE) e a Reperfusion Injury Salvage Kinase Pathway (RISK)

utilizando Western Blotting.

Foi observado maior ativação das proteínas ERK (p˂0,05) e STAT (p˂0,05)

nos grupos EG e IPCR comparados ao controle, quando comparados entre si o grupo

que se apresentou melhor foi o EG, também com a quantidade de ATP

significativamente maior. No grupo Piracar e IPCR a AKT (p˂0,05) apresentou-se

ativada comparada aos demais grupos. Não encontramos diferença nas análises

viii

hemodinâmicas e na porcentagem de área de infarto. Entretanto, a TnI-C apresentou-

se elevada na fase de reperfusão nos grupo IPCR e EG; e reduzida no grupo Piracar.

Dos tratamentos estudados, o grupo EG foi o que mais se destacou pelo

aumento significativo das proteínas ERK e STAT, e aparente melhora na reserva

metabólica pela quantidade elevada de ATP disponível, enquanto os demais grupos e

nas demais formas de análises foram semelhantes ou com resultados inferiores.

Palavras-chave: Infarto do Miocárdio. Reperfusão Miocárdica.

ix

ABSTRACT

The Acute myocardial infarction (AMI) is yet the major cause of morbidity and

mortality in adults, causing, after myocardial ischemia, damage by reperfusion. In this

study, cardioprotection was researched through 3 different strategies: one using Piracar

(Piracetam, L- carnitiva, glutamate and aspartate), a second using a solution of

erythropoietin, glucose, insulin and potassium (EG); and another with the humoral

and/modulation neurological called remote ischemic preconditioning (IPCR).

For this analysis was used the pig model of acute myocardial ischemia and

reperfusion, evaluating hemodynamic variables, size of infarct area, amount of troponin I

released (cTnI) and adenosine triphosphate in the heart muscle (ATP). As well were

studied proteins related to myocardial ischemia and reperfusion pathways known as the

Survivor Activating Factor Enhancement (SAFE) Reperfusion Injury and Salvage Kinase

Pathway (RISK) through Western blotting.

We found greater activity of ERK (p= 0,05) and STAT (p= 0,05) proteins in the EG

and IPCR groups compared to the control, with the best results in the EG group, which

had also a ATP amount significantly higher. In the Piracar and IPCR groups, AKT was

significantly activated compared to the other groups (p<0,05). There were no

measurable differences concerning the hemodynamic analysis or the infarcted area,

even though there was a higher (not significant) level of cTnI during the reperfusion

phase in IPCR and EG groups, when compared to the Piracar group.

From the proposed treatments, the EG group stood out, with the significant

increase in ERK and STAT protein and apparent improvement in metabolic reserve –a

higher amount of ATP available. The other two groups had inferior results.

x

Key words: Myocardial infaction. Myocardial Reperfusion.

xi

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA xiii

AGRADECIMENTOS xv

LISTA DE ILUSTRAÇÕES xviii

LISTA DE TABELAS xix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xxi

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJETIVO 8

3. MATERIAL E MÉTODO 9

4. RESULTADOS 20

5. DISCUSSÃO 32

6. CONCLUSÃO 42

REFERÊNCIAS 43

ANEXOS 50

xii

xiii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus irmãos Juliana e Gabriel, que os graus que adquiri lhes

sejam fonte de inspiração e renovação de ânimo para a jornada que iniciam.

xiv

xv

AGRADECIMENTOS

Meu primeiro agradecimento é para o meu Pai, meu Deus, que me capacita e

cuida de mim noite e dia. Estudar o coração foi mais um deslumbramento com quem

Ele é.

Ao meu noivo, Pedro, quem diariamente viveu cada etapa comigo e é o meu

maior incentivador.

Aos meus tios Noemi e Paulo Amaral, pois sem o suporte de uma família seria

impossível construir este trabalho.

Ao meu orientador, Dr. Orlando, que soube lidar com as minhas limitações e me

ensinar com muita destreza. Foi um privilégio trabalhar com ele!

Aos meus queridos colegas de trabalho: Anali, Helison, Karla, Carol e Vanessa

que tornavam o dia-a-dia de trabalho além de instrutivo, mais ameno e divertido.

À biologista Daniela pelo suporte técnico, experiência e segurança que

conseguiu me passar nos problemas experimentais que surgiam.

À todos do Núcleo de Medicina e Cirurgia Experimental: Ana, Willian, Cristina,

Miguel e Valdemir que fazem um excelente trabalho na pesquisa experimental e com

certeza os resultados não teriam sido os mesmos sem eles.

À todos da equipe de cirurgia cardíaca da Unicamp: Prof. Dr. Reinaldo, Prof. Dr.

Pedro, Prof. Dr. Karlos, Prof. Dr. Lindemberg, Profa. Dra. Elaine Soraya, aos médicos

residentes Vinícius e Felipe; aos Perfusionistas Biólogo Márcio e Prof. Dr. Nilson, meus

precursores na área; e as instrumentadoras: Dalva, Renata e Lídia.

À todos minha eterna gratidão!

xvi

xvii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Via RISK e SAFE 4

Figura 2 – Cervicotomia direita 10

Figura 3 – Cateter de medida de volume e pressão 11

Figura 4 – Toracotomia direita 11

Figura 5 – Toracotomia esquerda 12

Figura 6 – Desenho do experimento 13

Figura 7 – Oclusão coronária 15

Figura 8 – Corte transversal ventrículo esquerdo 16

Figura 9 – Gráfica de porcentagem de infarto 25

Figura 10 – Análise densitométrica da AKT 27

Figura 11 – Análise densitométrica da ERK 28

Figura 12 – Análise densitométrica da Pstat 29

Figura 13 – Quantidade de ATP 31

xviii

xix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Índices de contratilidade 21

Tabela 2 – dP/dt máx e mín 22

Tabela 3 – Débito Cardíaco, Trabalho Sistólico e Volume sistólico 23

Tabela 4 – Pressão sistólica, pressão diastólica e frequência cardíaca 24

Tabela 5 – Mensuração de TnI-c 30

xx

xxi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS – Organização mundial da saúde

IAM – Infarto Agudo do Miocárdio

ATP – Adenosina Trifosfato

CTE – Cadeira de Transporte de Elétrons

JAK – Janus Activated Kinases

SAFE – Survivor Activating Factor Enhancement

STAT – Signal Transducer and Activator of Transcription

ERK – Extracellular Signal Regulated Kinases

RISK – Reperfusion Injury Salvage Kinase Pathway

PI3K – Phosphoinositide 3-kinase

AKT – Serine-Tirosine Kinase

I/R – Isquemia e Reperfusão

GIK – Glicose, insulina e potássio

Enos – Óxido Nítrico Endotelial Sintase

NO – Óxido nítrico

EPO – Eritropoietina

IPCR – Isquemia de Pré-Condicionamento Remoto

IPERC – Isquemia de Pericondicionamento Remoto

IPOSC – Isquemia de Póscondicionamento Remoto

CEUA – Comissão de Ética no Uso de Animais

SBCAL – Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório

VCI – Veia Cava Inferior

AIA – Artéria Interventricular Anterior

VE – Ventrículo esquerdo

TTC – 2,3,5-trifenil-tetrazólio

TnI-c – troponina I cardíaca

ELISA – Enzype-linked Immunosorbent Assay

EG – Grupo eritropoietina, glicose, insulina e potássio

xxii

ESPVR – End Sistolic Pressure-Volume Relationship

PRSW – Pre-Recruitable Stroke Work

TAU – Constante de relaxamento isovolumétrico

dP/dt – derivada da pressão sobre a derivada do tempo

DC – Débito Cardíaco

TS – Trabalho Sistólico

VS – Volume Sistólico

PS – Pressão Sistólica

PD – Pressão Diastólica

FC – Frequência Cardíaca

1

1. INTRODUÇÃO

A doença coronariana é mundialmente predominante na morbimortalidade da

população ocidental (1). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o

óbito anual de homens chega a 3,8 milhões e de mulheres 3,4 milhões (2). Com o

aperfeiçoamento do diagnóstico e do tratamento, a taxa de sobrevivência destes

pacientes tem-se elevado (3). Entretanto, há a necessidade de evolução nos

tratamentos, que resultem tanto em mais benefícios fisiológicos para o miocárdio destes

pacientes bem como na redução dos gastos atuais nos sistemas de saúde (3, 4).

As manifestações do infarto agudo do miocárdio (IAM) são proporcionais à

quantidade de células que morrem na ausência do oxigênio, das quais são

proporcionais ao tempo em que a coronária encontra-se interrompida pela formação de

um êmbolo em sua luz (5, 6). Após o evento isquêmico os cardiomiócitos sobreviventes

desenvolvem um mecanismo compensatório: tornam-se alongados ou hipertrofiados,

para a manutenção do volume sistólico cardíaco (7).

Um coração humano adulto contém aproximadamente de 4 a 5 bilhões de

cardiomiócitos e a sua dificuldade endógena de regeneração leva a perda muscular

sendo substituidos por fibroblastos e tecido extracelular e não por cardiomiócitos viáveis

(7). Este processo que ocorre imediatamente após o IAM é denominado de

remodelamento cardíaco, sendo este um conjunto de alterações estruturais, funcionais

e celulares do ventrículo esquerdo (8). O processo reparativo é também dependente de

uma resposta inflamatória eficiente, tanto para remover as células mortas e os

fragmentos da matriz extracelular, como para sinalizar a ativação de células

reparadoras (8).

2

Existem 3 tipos de morte celular conhecidas nos mamíferos, distinguidas entre si

por critérios morfológicos (9). A morte celular do tipo I é denominada de apoptose.

Apoptose é um mecanismo organizado de remoção de células em mau funcionamento

(10). Ela é também é descrita como “morte celular programada” e morfologicamente é

caracterizada por hipercontração celular, condensação da cromatina, fragmentação do

DNA, endocitose da célula morta pelas células vizinhas sem a liberação do conteúdo

intracelular e nem a ativação da resposta inflamatória (11).

A morte celular do tipo II é conhecida como autofagia, caracterizada pela

eliminação interna de organelas lesadas, que depois de envolvidas em uma membrana

derivada do retículo, sofre a degradação por ação enzimática (12). A morte celular do

tipo III é a necrose celular que é definida como um tipo de morte celular onde não tem

as características da apoptose ou da autofagia (9).

No IAM a quantidade células que morrem são determinantes primários do

resultado tardio do IAM (6). Na escassez de energia provocada pela isquemia, a

mitocôndria não é capaz de gerar a adenosina trifosfato (ATP) para abastecer as

bombas iônicas; em decorrência disso, água e íons como cálcio e sódio acumulam-se

no interior da célula e a membrana celular perde a sua integridade por dissolução. A

liberação do conteúdo intracelular leva à necrose coagulativa e a danos na matriz

extracelular, ambas ativam uma intensa resposta inflamatória através da resposta

imunológica inata (13).

Durante a isquemia, o transporte de elétrons na membrana mitocondrial é

interrompida pela falta do oxigênio, pois o mesmo é um aceptor de elétrons, através de

uma cadeia de transporte de elétrons (CTE) que transforma a energia elétrica em força

motora. O transportador de elétron mais importante é a coenzima Q10 (ubiquinone-

3

ubiquinol) que na falta de oxigênio, fica na forma reduzida e se torna ubisemiquinone,

um radical livre que doa elétron para o oxigênio quando este retorna na reperfusão,

tornando-o um superóxido (6).

O excesso de superóxidos dissipa o potencial elétrico da membrana, abre o

canal de passagem de ânions e faz a mediação da abertura do poro mitocondrial,

aumentando o influxo de cálcio. O excesso de cálcio disponível para o sarcômero causa

hipercontratilidade dos miócitos quando estes são reenergizados durante a reperfusão,

levando à depleção da produção de ATP. A hipercontratilidade se propaga através da

lacuna que existe nas junções intercelulares o que parcialmente explica a apoptose

disseminada ocorrida na reperfusão (13).

Durante a lesão celular, proteínas anti-apoptóticas são ativadas, entre as quais

uma família de tirosinas que regula negativamente as citocinas inflamatórias: Janus

Activated Kinases (JAK) da via Survivor Activating Factor Enhancement Pathway

(SAFE), que ativa a proteína mais importante desta família: a Signal Transducer and

Activator of Transcription (STAT) que quando fosforilada, se transloca para o núcleo

onde inicia transcrição de citocinas endógenas anti-inflamatórias que competem com as

citocinas inflamatórias (8).

Outra via bastante conhecida é a Reperfusion Injury Salvage Kinase Pathway

(RISK) que tem seu efeito de proteção ao impedir a abertura do poro mitocondrial que

leva à apoptose celular, esta via tem diversas quinases tais como a Extracellular Signal

Regulated Kinases (ERK1/2), Phosphoinositide 3-Kinase (PI3K) e Serine-Tirosine

Kinase (Akt). (Figura 1) (14). A ativação destas vias no início ou durante a ocorrência da

isquemia reduz o tamanho do infarto em até 50% (15).

4

Figura 1 - Vias RISK (Reperfusion Injury Salvage Kinase Pathway) e SAFE

(Survivor Activating Factor Enhancement Pathway) são mediadoras de cardioproteção

na isquemia e reperfusão miocárdica modulando a sobrevivência celular (16).

Além das alterações intracelulares causadas pela isquemia e reperfusão (I/R),

outro fator igualmente importante é a alteração da composição da matriz extracelular. A

matriz extracelular serve como um suporte mecânico para os miócitos. No infarto

agudo, a matriz se desfragmenta, causando uma acentuada resposta inflamatória:

infiltração de leucócitos e proliferação de fibroblastos (8).

Reduzir o número de células lesadas na isquemia e reperfusão é, portanto, uma

estratégia de suma importância para inibir seus eventos deletérios. Diversas técnicas

visando a cardioproteção durante a reperfusão com a consequente redução da área de

infarto e melhor remodelamento ventricular tem sido descritas nas duas últimas

décadas (5, 17). Encontrar estratégias e/ou drogas que possam minimizar a lesão de

I/R é de fundamental importância durante as síndromes coronarianas agudas, bem

como durante cirurgias cardíacas onde também ocorre a isquemia e a reperfusão do

miocárdio (6).

5

Apesar disso, o melhor tratamento ainda é restauração do fluxo, ou seja,

reperfundir a área isquêmica o mais breve possível através de agentes fibrinolíticos ou

por meio de tratamento cirúrgico (18). O conceito de que a lesão pela I/R pode ser

limitada por manipulações farmacológicas persiste há quase 40 anos. Maroko e

colaboradores introduziram a nova idéia de que a extensão e a gravidade do dano

miocárdico talvez não possam ser predeterminadas, mas podem ser modificadas por

manipulações durante a I/R (19).

O Piracetam (2-(2-Oxopyrrolidino)acetamide) é um medicamento utilizado para

doenças degenerativas neurológicas, sobretudo aquelas decorrentes do avanço da

idade. Essa droga otimiza o metabolismo celular a partir do aumento da fluidez da

membrana facilitando a captação de glicose e, consequentemente, a produção de ATP

em tecidos lesados (20, 21). A L-carnitina (3-Hidróxi-4-trimetilamonio-butanoato) é um

aminoácido quartenário responsável pelo transporte de ácido graxo para a mitocôndria

no processo de produção de energia a partir do metabolismo dos carboidratos (22).

Modulações metabólicas com a administração de aminoácidos como glutamato e

aspartato para elevar a síntese de glicogênio pelo miocárdio na fase de isquemia e

otimizar a recuperação durante a reperfusão também tem sido alvo de estudo (23).

As propriedades de reserva metabólica que a associação dessas drogas

associadas podem conferir aos miócitos durante um período isquêmico seguido da

reperfusão, como no caso de infarto agudo do miocárdio possibilitam investigações

moleculares e hemodinâmicas, e potenciais achados benéficos destas associações.

Outra associação potencialmente benéfica e estudada na I/R é a associação de

insulina, glicose e potássio (GIK). Vários autores chamam a atenção sobre a

6

necessidade da melhora imediata do metabolismo celular logo no início da fase

isquêmica (24, 25).

A insulina é conhecida há aproximadamente 85 anos por regular a homeostase

de glicose, mas mais recentemente foi observado que ao ligar-se nos receptores da

membrana celular de insulina, inicia uma complexa rede de sinais intracelulares que

regula não somente o metabolismo celular, mas também a fisiologia cardiovascular

(26). A insulina que desta maneira, sobretudo ativa a via RISK (27), quando a Akt é

fosforilada e promove a maior captação muscular de glicose, gluconeogênese, síntese

de glicogênio, como também relaxamento ao endotélio vascular ao fosforilar a óxido

nítrico endotelial sintase (eNOS) para a produção de óxido nítrico (NO) (26). Os

resultados em seu uso no tratamento da I/R miocárdica, tem demonstrado benefícios da

redução da área de infarto também quando é associada à glicose e ao potássio (27,

28).

A eritropoietina (EPO), que neste trabalho a estudamos em conjunto com a

solução GIK, é uma glicoproteína em que consiste em 165 aminoácidos de massa

molecular aproximada de 30 kDa (29), que por muitos anos sua função era conhecida

como hormônio estimulante da eritropoiese, entretanto seus receptores tem sido

encontrados em outros tecidos como neurônios, baço e coração (30).

A EPO em modelo e protocolo experimental semelhante tem recuperado a

função contrátil do ventrículo esquerdo e diminuído a taxa de apoptos, reduzindo a área

de infarto e promovendo neovascularização no local lesionado (31).

Diferentemente das estratégias químicas, outros autores tem investigado a

cardioproteção que aqui relacionamos como física: isquemia de pré-condicionamento

7

remoto (IPCR), isquemia de pericondiciomento (IPerC) e isquemia de pós-

condicionamento (IPosC).

Na IPCR, algum órgão que não o coração é submetido a breves episódios de

isquemia não letal antes do episódio isquêmico e reperfusão letal no miocárdio; na

IPerC e IPosC o estímulo protetor é aplicado após aparecimento de isquemia

miocárdica ou na reperfusão do miocárdio, respectivamente (32). A IPCR é um

procedimento não invasivo, onde um manguito medidor de pressão arterial pode

obstruir a passagem de sangue em membro isolado (como membros inferiores ou

superiores, por exemplo) e propiciar neste membro a ativação das vias anti-apoptóticas

e cardioprotetoras (1).

Portanto, pretendemos com este trabalho avaliar estes diferentes meios de

cardioproteção em modelo de isquemia e reperfusão aguda em porcinos. Avaliamos a

técnica de IPCR, a associação dos componentes Piracetam, L-carnitina, Glutamado e

Aspartato que foram denominados de PIRACAR; e a associação de glicose, insulina e

eritropoietina que foi denominada de EG.

8

2. OBJETIVO

A propostas deste estudo é avaliar se os tratamentos: IPCR, Piracar e EG

possui efeitos protetores contra a lesão miocárdica em modelo clinicamente relevante

de isquemia aguda seguida de reperfusão, em corações de suínos adultos jovens nos

seguintes parâmetros:

1. Desempenho cardíaco por meio de índices hemodinâmicos de

contratilidade ventricular.

2. Quantidade de infarto ao final do período de reperfusão

3. Quantidade de TnI-C liberada

4. Quantificar a ativação de proteínas envolvidas na via RISK e SAFE

5. Quantificar o ATP remanescente no miocárdio

9

3. MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais CEUA-

UNICAMP (protocolo nº 2806-1) (ANEXO 1).

Animais: Suínos jovens e machos com pesos entre 25 e 35 kg, da raça

Landrace. Os animais foram adquiridos do produtor rural Geraldo José Vermeulen,

Holambra-SP, seguindo os padrões sanitários de criadouros de animais, e tratados de

acordo com os Princípios Éticos na Experimentação Animal da Sociedade Brasileira de

Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL).

Preparação cirúrgica: Os animais foram anestesiados via intramuscular com

quetamina (10mg/kg) e submetidos a intubação orotraqueal. A anestesia foi então

mantida com tiopental sódico (25 mg/kg), cloridrato de fentanila (0,05mg/kg) e

pancurônio (0,1 mg/kg). Os animais foram ventilados com os seguintes parâmetros

ventilatórios: oxigênio inspirado de 100%, 0,76 segundos de tempo inspiratório, relação

tempo inspiratório/tempo expiratório de 1:1,5 e 25 ventilações por minutos utilizando o

respirador mecânico DX 3010 (Dixtal, São Paulo, Brasil).

Uma incisão cervical direita foi realizada e a veia jugular interna direita foi

canulada com cateter 4F. Por meio dela, foram administradas drogas anestésicas, as

drogas escolhidas para serem estudadas, a anticoagulação do animal por uso de

heparina (200 UI/kg) e a reposição hídrica (15 ml/kg/hora) de solução salina fisiológica

à 0,9% (Figura 2).

10

Figura 2 – Cervicotomia direita com acesso a jugular direita e carótida interna

direita.

Por meio da artéria carótida interna direita, um cateter de 5F – para mensuração

de volume e pressão ventricular por bioimpendância intraventricular. (Millar Instruments

Inc., Houston, Texas, Estados Unidos) - foi introduzido e locado no ventrículo esquerdo

(Figura 3). Este cateter tem 7 segmentos que pode ser ligados/desligados e fornece de

forma simultânea diversos parâmetros hemodinâmicos e eletrocardiograma

intracavitário.

11

Figura 3 – Cateter de volume e pressão inserido no ventrículo esquerdo pela

artéria carótida direita e locado no ventrículo esquerdo.

Uma pequena incisão foi feita no tórax à direita, para passagem de fita cardíaca

ao redor da veia cava inferior (Figura 4).

Figura 4 – Toracotomia para cadarçamento da veia cava inferior.

12

À esquerda, foi feita outra incisão para acessar o coração e por meio de um

torniquete ao redor da artéria interventricular anterior causar a isquemia miocárdica

(Figura 5).

Figura 5 – Toracotomia esquerda para acesso à artéria interventricular

anterior.

Em diferentes tempos, conforme demonstrado na figura 6, a veia cava inferior

(VCI) foi ocluída temporariamente por meio de fita cardíaca previamente inserida, que

por ocasionar diferenças de pré-carga, possibilita medidas de contratilidade a partir de

curvas de volume-pressão do ventrículo esquerdo. A partir desses dados, foram

calculados índices de contratilidade, volume ventricular e parâmetros de função

diastólica (33-35).

13

tempo variável nãomaior que 45 minutos. 45 min de isquemia 90 min de reperfusão

Instr

um

en

tação

med

ida h

em

od

inâm

ica e

co

leta

de s

an

gu

e

med

ida h

em

od

inâm

ica e

co

leta

de s

an

gu

e

Ad

min

istr

ação

de S

F o

u t

rata

men

to

Ad

min

istr

ação

de S

F o

u t

rata

men

to

Med

ida h

em

od

inâm

ica

Med

ida h

em

od

inâm

ica

med

ida h

em

od

inâm

ica e

co

leta

de s

an

gu

e

Eu

tan

ásia

e c

ole

ta d

e t

ecid

o

Figura 6 – Desenho do experimento com os diferentes tempos e períodos de isquemia

e reperfusão do miocárdio.

Protocolo Experimental: Os animais foram randomizados em sorteio por meio de

uma ferramenta online (http://graphpad.com/quickcalcs/randomize2/). A randomização

foi feita previamente ao dia do experimento e os animais foram distribuídos em quatro

grupos:

Grupo Controle (n= 8): cada animal recebeu 150 ml de solução fisiológica de NaCl

a 0,9% antes da e imediatamente após a isquemia, simulando o recebimento de

medicação.

Grupo Piracar (n= 8): cada animal recebeu 100 ml de solução composta de 100 mg

(L-carnitina) e 80 mg (Piracetam) acrescido de 50 ml da solução de aspartato

(15mg) e glutamato (15mg). Os momentos da administração também estão

demonstrados na Figura 6.

14

Grupo IPCR (n=8): A artéria femoral esquerda era previamente dissecada e uma fita

cardíaca passada ao seu redor com um torniquete. Quatro ciclos de oclusão e

reabertura da artéria femural foram feitos sendo cada período de 5 minutos

totalizando, portanto, um período de 40 minutos de IPCR antes da oclusão da

coronária (1).

Grupo EG (n=8): Cada animal recebeu imediatamente antes do início da isquemia

1000 UI/Kg de eritropoietina humana recombinante (Eritromax - Blausiegel - Cotia,

SP, Brasil) administrada na veia jugular previamente descrita (4).

Concomitantemente, iniciou-se a infusão contínua de 1,5 ml/kg/hora até o final na

reperfusão uma solução contendo glicose: 300g /L, insulina: 50 UI/L e Cloreto de

potássio: 80mEq/L denominado solução GIK (24).

A artéria coronária interventricular anterior (AIA) foi reversivelmente ocluída por

45 minutos, com fio de polipropileno 4.0 fixado com um torniquete de silicone,

ocasionando isquemia regional do coração seguido por 90 minutos de reperfusão

(Figura 7). Ao final da reperfusão, os animais foram eutanasiados por meio de

aprofundamento da anestesia e exsanguinação.

15

Figura 7 – Foto demonstrativa da artéria interventricular ocluída e reperfundida.

Análise Hemodinâmica: As variáveis hemodinâmicas foram registradas durante

todo o experimento, para cálculo de índices de contratilidade a veia cava inferior era

ocluída antes do evento isquêmico, após os 45 minutos de isquemia e a cada 30

minutos durante a fase de reperfusão. O registro foi obtido continuamente durante todo

o experimento e foi analisado de modo off-line utilizando o software LABCHART 7 Pro

(ADInstruments Pty Ltd, Bella Vista, Austrália).

Determinação do tamanho do infarto: Ao final do protocolo experimental a artéria

coronária interventricular anterior era novamente ocluída. Na ponta do ventrículo

esquerdo era injetado 60 mL de solução composta de azul de Evans à 1%.

Simultaneamente era também pinçada a aorta de forma a promover a coloração da

região não relacionada a artéria ocluída (área remota), conforme exemplificado na

figura 8.

Após esta etapa, os animais tinham seu plano anestésico aprofundado e eram

eutanasiados por exsanguinação, o coração era excisado e o ventrículo esquerdo (VE)

16

dissecado. Os tecidos correspondentes às áreas consideradas de isquemia/reperfusão

(área de risco) e área remota (não risco) foram imediatamente congelados

separadamente em nitrogênio líquido e armazenados a - 80°C. Secções transversais do

VE foram utilizadas para mensurar o tamanho de infarto incubando o tecido, em uma

solução contendo 1% de cloreto de 2, 3, 5- trifenil-tetrazólio (TTC) (Sigma – Aldrich

Ltda, São Paulo, Brasil) à 37°C por 10 minutos. Após o período de incubação, o tecido

foi mantido por 1 hora em formaldeído tamponado com pH 7,2. Esse corte foi então

fotografado para mensurar a porcentagem de infarto, a área remota e a área de risco no

software Image Pro-Plus por planimetria. Essa metodologia é uma forma

semiquantitativa de avaliar a área infartada no ventrículo esquerdo (36). A Figura 8

demonstra os achados representativos dessa coloração.

a

a

b

bc

c

a

Figura 8: Corte transversal do ventrículo esquerdo. A área em vermelho vivo é a

área corada com o TTC e representa músculo isquêmico durante a isquemia regional

(A). A área escura acima representa a área com perfusão miocárdica durante a

isquemia regional (B). A área pálida representa músculo isquêmico com lesão

miocárdica definitiva (C).

17

As amostras sanguíneas obtidas durante o protocolo conforme demonstrado

na Figura 6 foram centrifugadas com 1100 rpm à 4°C por 10 minutos para a separação

do plasma e parte sólida sendo armazenado à - 80°C.

Análise Molecular: o método empregado para a quantificação da expressão de

proteínas da área de risco foi o Western Blotting. Inicialmente as proteínas foram

extraídas dos tecidos com tampão RIPA e homogeinizadas com o auxílio do

equipamento politron modelo TE-102 (Turratec-Tecnal, Piracicaba, São Paulo). Foi

acrescentado TritonX 10% e mantido por 40 minutos em banho de gelo. A seguir as

amostras foram centrifugadas durante 40 minutos à 11.000 rpm com temperatura de

4°C. Logo após, o sobrenadante foi separado em alíquotas. A concentração de

proteínas foram dosadas por espectrofotometria utilizando o kit BCA e seguindo as

orientações do fabricante (Thermo Scientific, Rockford, Estados Unidos).

As amostras preparadas foram estocadas em -80°C até o momento de sua

análise. No dia da análise, as amostras foram descongeladas em banho de gelo e de

acordo com a concentração de proteína correspondente à amostra, 40 µg de proteína

foram adicionadas ao tampão Laemmli 3X concentrado. Em seguida foram fervidas

durante 5 minutos em banho-maria a uma temperatura de 95°C. A eletroforese das

amostras iniciou-se com a aplicação em gel de dodecil-sulfato de sódio de

poliacrilamida à 10% (SDS-PAGE) com 1,0 mm de espessura preparado também no

dia do experimento. Para a realização da eletroforese no gel de SDS-PAGE foi utilizado

uma cuba de corrida (Mini-PROTEAN II, BioRad, São Paulo, Brasil). Após a

eletroforese, transferimos as proteínas do gel para uma membrana de nitrocelulose

(BioRad, São Paulo, Brasil) utilizando sistema semi seco de transferência (Trans-Blot®

18

Turbo, BioRad, São Paulo, Brasil), a transferência foi realizada por trinta minutos com a

diferença de potencial mantida constante em 25V.

Depois de transferidas as proteínas, a membrana foi bloqueada com solução

bloqueadora com agitação contínua durante 2 horas em temperatura ambiente. Após o

bloqueio, o anticorpo primário de interesse foi adicionado, pelo período de

aproximadamente 18 horas, em agitação constante e em temperatura de 4°C. Em

seguida, o anticorpo primário foi removido e acrescentado uma solução contendo o

anticorpo secundário. Este foi mantido durante 2 horas em agitação e temperatura

ambiente. Após isso, uma solução quimioluminescente foi adicionada Super Signal

West Pico (Pierce, Rockford, Estados Unidos). As imagens das bandas

correspondentes às proteínas de interesse foram adquiridas com fotodocumentadora

com câmera digital (Gel Logic Imaging System, Carestream, Miami, Estados Unidos).

As soluções de tampão foram preparadas no dia dos experimentos, seguindo um

protocolo já padronizado no laboratório: tampão de extração, solução basal, tampão de

corrida, tampão de transferência, solução para bloqueio, solução para anticorpo primário,

solução para anticorpo secundário, e solução de revelação.

Utilizamos esta metodologia para detectar proteínas das vias anti-apoptóticas já

anteriormente abordadas: STAT, Akt e ERK.

A mensuração de TnI-C (suína) no plasma foi realizada através de técnica de

enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA), utilizando preparação comercial para

TnI-C porcina segundo orientações do fabricante (Life Diagnostics, West Chester,

Estados Unidos).

19

Todos os dados hemodinâmicos foram expressos em média e desvio padrão. A

área de infarto foi expressa como porcentagem em relação à área com isquemia sob

risco de infarto. Os dados foram analisados por análise de variância (ANOVA-One way)

para medidas seriadas com pós teste de Bonferroni ou com análise de variância com

dois fatores para medidas seriadas(ANOVA-Two way) quando apropriado. Foi utilizado

o pacote estatístico GraphPad Prism versão 6.0 for Windows (GraphPad Software, La

Jolla, California USA, www.graphpad.com) . Foi considerado P<0,05 como

estatisticamente significativo.

20

4. RESULTADOS

Variáveis hemodinâmicas: Medidas hemodinâmicas durante todo o

procedimento foram obtidas para avaliar o desempenho ventricular sistólico e diastólico.

Aqui reportamos índices de contratilidade analisando suas diferenças durante o tempo

de observação, o efeito intergrupo e a interação do tempo e os grupos. Estes dados

seguem que nas tabelas 1, 2, 3 e 4.

21

Tabela 1. Índices de contratilidade miocárdica obtidas durante todo o protolocolo experimental.

ESPVR: end sistólic pressure-volume relationship; PRSW: pre recruitable stroke work. TAU: time-constant of isovolumic relaxation. Análise utilizando

análise de variância para medidas repetidas com dois fatores (ANOVA-Two way). (*) efeito durante o tempo, (**) efeito intergrupo, (***) efeito interação

tempo X grupo.

Variável Grupo Inicial 45min isq 30min rep 60min rep 90min rep P* P** P***

ESPVR, ângulo da

regressão

Controle 2,2 ± 1,4 2,2 ± 1,2 1,2 ± 0,7 1,0 ± 0,8 2,0 ± 1,8

0,05 0,28 0,16

IPCR 2,2 ± 0,9

2,5 ± 1,0

3,1 ± 2,4 2,1 ± 1,2 2,8 ± 1,7

Piracar

2,4 ± 0,8

2,1 ± 0,9 1,3 ± 0,4 1,3 ± 0,9 2,6 ± 2,0

EG

2,1 ± 1,1

1,9 ± 0,8 1,8 ± 1,0 2,7 ± 1,6 3,2 ± 1,7

PRSW, ângulo da

regressão

Controle 59,0 ± 29,9 56,5 ± 12,8 51,2 ± 19,5 66,6 ± 16,1 41,6 ± 16,7

0,46 0,09 0,16

IPCR

48,3 ± 18,8

51,2 ± 23,7

42,6 ± 10,8

36,7 ± 16,0

42,3 ± 15,2

Piracar

53,4 ± 19,9

32,8 ± 15,1

31,5 ± 18,7

38,4 ± 28,0

40,2 ± 25,2

EG 44,3 ± 14,2 53,5 ± 24,3 41,9 ± 17,7

46,9 ± 17,0

45,4 ± 18,3

TAU, ms

Controle 29,3 ± 5,0 29,6 ± 6,2 27,0 ± 4,2 26,9 ± 5,4 25,8 ± 4,6

0,07 0,12 0,67

IPCR 23,9 ± 4,4 24,4 ± 2,8 23,9 ± 6,7 21,0 ± 5,9 21,2 ± 6,1

Piracar 22,9 ± 2,5 21,2 ± 5,0 26,7 ± 8,7 23,4 ± 6,2 20,9 ± 3,6

EG 25,7 ± 3,7 28,9 ± 9,9 27,9 ± 10,9 26.4 ± 5,6 22.4 ± 3,7

22

Tabela 2. dP/dt máxima e mínima obtidas durante todo o protolocolo experimental.

Análise utilizando análise de variância para medidas repetidas com dois fatores (ANOVA-Two way). (*) efeito durante o tempo, (**) efeito intergrupo,

(***) efeito interação tempo X grupo. (∞) P < 0,05 vs. Grupo Controle utilizando teste de Bonferroni para múltiplas comparações.

Variável Grupo Inicial 45min isq 30min rep 60min rep 90min rep P* P** P***

dP/dt máx, mmHg/s

Controle 2061,3±650,3 1955,4±538,8 1521,1±271,8 1638,6±343,9 1666,3±365,4

0,02 0,21 0,46

IPCR 1947,4±718,0 1818,0±826,6 1759,3±359,7 1852,4±516,6 1806,3±376,3

Piracar 2168,1±690,6 2071,7±1353,3 1574,4±642,5 2180,1±1129,5 2197,7±956,9

EG 2536,9±593,4 2665,7±880,8 2471,3±786,4 2063,3±670,3 2099,9±388,7

dP/dt min, mmHg/s

Controle -2710,7±697,6 -2421,7±542,8 -1951,4±557,2 -1896,3±656,4 -1947,7±569,8

<0,01 0,56 0,01

IPCR -2960,7±496,7 -2098,0±656,0 -2246,1±830,5 -2474,1±938,4 -2750,9±901,8∞

Piracar -3168,3±873,7 -1952,0±630,2 -1547,2±564,3 -1906,6±829,4 -1953,6±785,3

EG -3108,1±820,8 -2595,6±820,5 -2549,8±1364,1∞ -2220,6±1103,1 -2096,4±555,6

23

Tabela 3. Débito Cardíaco, Trabalho Sistólico e Volume Sistólico.

DC: débito cardíaco; TS: trabalho sistólico; VS: volume sistólico. Análise utilizando análise de variância para medidas repetidas com dois fatores

(ANOVA-Two way). (*) efeito durante o tempo, (**) efeito intergrupo, (***) efeito interação tempo X grupo.

Variável Grupo Inicial 45min isq 30min rep 60min rep 90min rep P* P** P***

DC, mL/min

Controle 2758,9±770,1 3015,3±1007,9 3046,3±1036,7 3058,0±1198,5 3035,4±1091,0

0,66 0,64 0,72

IPCR 2818,4±1429,4 2829,7±777,1 2466,9±810,7 2227,7±700,5 2299,9±709,4

Piracar 2748,3±424,2 2729,1±464,8 2550,7±564,5 2809,4±842,3 2786,4±622,0

EG 2774,6±903,7 3104,7±772,0 3163,7±1397,6 2969,7±1386,2 2672,0±656,0

TS,

mmHg.mL

Controle 2192,3±537,7 2064,7±686,0 1087,0±570,3 917,1±572,9 1201,4±912,3

<0,01 0,05

0,50

IPCR 1622,0±506,3 1329,3±588,7 759,1±478,7 690,2±381,9 762,0±458,0

Piracar 2291,0±446,7 1585,3±306,2 1087,1±395,3 1035,4±415,6 1080,5±408,2

EG 1938,4±481,7 1927,1±562,0 1267,0±637,6 1034,7±427,1 1047,7±404,0

VS, mL

Controle 27,6±7,4 27,1±10,2 20,9±7,1 19,2±6,8 19,8±7,7

<0,01 0,17 0,96

IPCR 21,8±6,0 22,3±4,5 15,4±6,8 13,4±6,0 13,0±5,2

Piracar 26,3±2,9 23,0±3,5 20,0±4,4 17,1±2,8 17,6±1,9

EG 23,1±6,2

24,1±6,6

19,7±7,7 17,1±6,0 15,4±3,8

24

Tabela 4. Pressão sistólica, pressão diástolica final e frequência cardíaca

PS: pressão sistólica; PD: pressão diastólica; FC: frequência cardíaca. Análise utilizando análise de variância para medidas repetidas com dois

fatores (ANOVA-Two way). (*) efeito durante o tempo, (**) efeito intergrupo, (***) efeito interação tempo X grupo.

Variável Grupo Inicial 45min isq 30min rep 60min rep 90min rep P* P** P***

PS

Controle 115,1±10,7 105,7±5,9 88,4±12,3 91,1±8,9 93,6±13,8

<0,01 0,08 0,15

IPCR 107,6±12,4 80,2±12,9 77,4±13,9 81,2±18,7 79,8±14,2

Piracar 109,7±9,2 84,1±25,8 66,2±9,9 83,9±20,5 84,1±14,6

EG 116,0±22,2 98,0±16,5 86,8±12,2 82,5±9,3 86,6±10,2

PD

Controle 10,9±2,9 10,3±3,6 7,8±3,0 6,6±4,8 7,5±5,5

<0,01 0,33 0,59

IPCR 7,1±3,8 7,1±1,8 5,4±4,2 4,6±3,0 4,7±2,7

Piracar 6,7±1,4 8,9±4,3 4,7±3,0 5,6±4,3 6,4±5,5

EG 6,4±3,8 7,8±2,8 6,1±2,9 4,4±2,1 4,7±2,7

FC

Controle 104,7±24,1 114,0±19,9 148,2±20,3 157,2±12,4 157,3±10,4

˂0,01 0,10 0,68

IPCR 123,8±30,2 130,1±28,4 180,2±32,5 188,4±51,5 191,8±53,4

Piracar 104,9±15,9 121,9±33,2 129.0±17.2 169,4±67,4 158,3±32,8

EG 121,2±23,6 132,5±35,9 159,8±19,0 171,7±31,5 174,9±25,3

25

Área de infarto avaliada pelo TTC: A avaliação semiquantitativa pelo

método de TTC permite avaliar a área de infarto em relação à área com isquemia

e risco de morte celular durante o procedimento.

Figura 9: Porcentagem de infarto da área sob-risco do ventrículo esquerdo ao final do

experimento. Valores expressos em média e erro padrão da média (n=8 em cada grupo). Avaliação

estatística utilizando análise de variância com um fator (p=0,06).

26

Vias Moleculares envolvidas em cardioproteção: Foram estudadas

proteínas conhecidas como cardioprotetoras, tais como as vias Reperfusion Injury

Salvage Kinase Pathway (RISK): Extracellular Signal Regulated Kinases (ERK1/2),

Phosphoinositide 3-Kinase (PI3K) e Serine-Tirosine Kinase (Akt). A Signal

Transducer and Activator of Transcription (STAT) da via Survivor Activating Factor

Enhancement Pathway (SAFE). O gráfico de relação entre AKT (figura 10), ERK

(figura 11) e pSTAT (figura 12).

.

27

0

50

100

150

pAKT

AKT

p < 0,01

p = 0,01

p = 0,01

p = 0,01

Con

trole

Pira

car

IPCR

EG

Un

idad

es R

ela

tivas

Figura 10: Análise por densitometria correspondente a banda de interesse da quantidade de

proteínas normalizadas. Valores expressos em medida e 1 erro padrão da média (n=6).

28

0

5

10

15

pERK

ERK

p = 0,04

p = 0,01

p < 0,01

Con

trole

Pira

car

IPCR

EG

Un

idad

es R

ela

tivas

Figura 11: Análise por densitometria correspondente a banda de interesse da quantidade

de proteínas normalizadas. Valores expressos em medida e 1 erro padrão da média (n=6).

29

Figura 12: Análise por densitometria correspondente a banda de interesse da quantidade

de proteínas normalizadas. Valores expressos em medida e 1 erro padrão da média (n=6).

0

1

2

3

pSTAT

ponceau

p < 0,01

p < 0,01

Con

trole

Piraca

r

IPCR

EG

Un

ida

de

s R

ela

tiv

as

30

A quantificação da TnI-C nos diferentes períodos de coleta é

demonstrada na tabela 5.

Tabela 5: Mensuração da TnI-C suína no plasma, nos tempos pré isquemia, imediatamente antes

da reperfusão (Isquemia) e após 90 minutos de reperfusão

Grupo Controle Piracar IPCR EG p

Pré isquemia 0,23 ± 0,43 0,02 ± 0,01 0,15 ± 0,10 0,10 ± 0,05 0,56

Isquemia 0,38 ± 0,36 0,20 ± 0,12 0,69 ± 0,69 0,45 ± 0,39 0,40

Reperfusão 10,15 ± 6,00 10,91 ± 3,14 27,00 ± 0,86 *

19,38 ± 3,93* p<0,01

Valores de 5 animais em cada grupo. Valores expressos em média e o desvio padrão. Análise de

variância com um fator. (*) P < 0,05 vs. grupo Controle utilizando pós teste de Bonferroni para

múltiplas comparações.

31

A quantificação de ATP, a partir do método de ELISA, está

representada na Figura 13. O grupo EG obteve a maior concentração de ATP

quando comparado aos demais grupos.

Figura 13: Mensuração de quantidade de ATP disponível no tecido cardíaco obtidos

ao final do protocolo (n = 4 animais). Análise de variância com um fator e pós teste de Bonferroni

para múltiplas comparações.

Con

trole

Pira

car

IPCR

EG

0.0

5.0×10-7

1.0×10-6

1.5×10-6

p < 0,01

p < 0,01

p < 0,01

mM

ol d

e A

TP

po

r 1

00

g d

e mú

scu

lo

32

4. DISCUSSÃO

A prevalência e os gastos com pacientes que apresentam falência

cardíaca seguida do infarto agudo do miocárdio continuam altos e justificam o

interesse em pesquisas translacionais que busquem o tratamento

cardiorregenerativo (37).

O presente estudo demonstrou que a utilização da isquemia de

precondicionamento remoto (IPCR) e a solução com insulina/ potássio/ glicose/

eritropoietina (EG) proporcionaram maior expressão da via SAFE pela STAT (com

diferença entre os grupos e não comparado ao grupo controle) e também ativação

da via RISK pela expressão da ERK, apesar de nenhuma das estratégias ter sido

capaz de elevar a Akt.. Por outro lado, o grupo Piracar mostrou maior fosforilação

da Akt que também faz parte da via RISK.

Nenhuma das estratégias utilizadas foi capaz de diminuir a área de

infarto, proporcionar melhoras hemodinâmicas ou melhorar os índices de

contratilidade cardíaca. Entretanto, foi observado pico precoce da TnI-C nos

grupos IPCR e EG, o que pode demonstrar menor quantidade de músculo lesado,

similarmente aos pacientes submetidos a trombólise química ou mecânica com

reperfusão (38).

Nosso modelo e protocolo experimental tem validade translacional para

o desenvolvimento de terapias no tratamento do infarto agudo do miocárdio, o

modelo desenvolvido visou investigar o efeito da associação de diferentes

estratégias cardioprotetoras ao coração infartado (36).

33

O uso de porcinos para o estudo cardiovascular tem crescido pela sua

similaridade anatômica e funcional em relação ao coração humano; bem como

pela proporção entre coração e superfície corpórea, à frequência cardíaca basal e

à pressão arterial, consideravelmente mais próximas do que outros modelos

experimentais, como os roedores. Nesse modelo, a reação ao insulto isquêmico

também é bom parâmetro, proporcional à resposta metabólica, eletrofisiológica, e

ao desenvolvimento espacial e temporal da lesão miocárdica. São animais

capazes de tolerar longos e variados protocolos, como desenvolvimento de

aterosclerose, dieta, crescimento de circulação colateral, neovascularização por

transplante de células tronco, hipernação miocárdica e situações agudas de

estresse, como exercício (36).

A análise dos índices de contratilidade, como a relação entre a pressão

sistólica e volume ao final da sístole (ESPVR), o trabalho sistólico pré recrutável

(PRSW) e a dP/dt máxima não foram capazes de demonstrar diferença entre as

três diferentes estratégias de cardioproteção em estudo. A ESPVR é um índice de

contratilidade que depende pouco da pré carga e fornece uma noção de como a

função sistólica do ventrículo esquerdo se comporta (39, 40). A PRSW é um

parâmetro de contratilidade que é uma relação entre o volume diastólico final e o

trabalho sistólico. Este índice tem boa correlação linear independente da pré carga

(4, 41-43). A dP/dt máxima é uma medida de velocidade de aumento da pressão

intraventricular, é um parâmetro muito utilizado na literatura, mas sofre grande

influência da frequência cardíaca (4, 43, 44).

34

Esses achados foram inesperados, possivelmente explicados pela

grande área de infarto provocada ao ventrículo esquerdo, como será discutido

mais abaixo.

Quanto a função diastólica que foi avaliada com a dP/dt mínina e o

tempo de relaxamento isovolumétrico do ventrículo esquerdo (TAU) não foi

observado diferença entre os grupos estudados.

A dP/dt mínima é uma medida de velocidade de descida da pressão

intraventricular esquerda durante a diástole, é um índice muito utilizado na

literatura, apesar de, semelhantemente à dP/ dT máxima, sofrer forte dependência

da frequência cardíaca (4, 43, 44).

O índice TAU, por sua vez, é uma regressão logarítmica da última fase

do ciclo cardíaco e retrata a velocidade de relaxamento do ventrículo, é bastante

fidedigno à função diastólica(4, 43, 44).

Nos diferentes grupos não observamos diferenças na função diastólica

muito provavelmente devida à grande lesão miocárdica provocada pelo protocolo.

Além dos citados, observamos que o débito cardíaco, trabalho sistólico,

volume sistólico, pressões de enchimento e frequência cardíaca também não

demonstraram diferenças entre os grupos durante todo o protocolo. O que era de

se esperar e foi observado é que a frequência cardíaca subiu em todos os grupos,

enquanto a pressão sistólica e diastólica caíram, no período de observação.

Para mensurar a área de infarto do ventrículo esquedo, foi utilizado um

método bastante empregado na literatura que mensura de forma semiquantativa o

músculo cardíaco sem viabilidade, através da imersão do tecido miocárdico em

35

TTC (cloreto de 2, 3, 5 - trifenil-tetrazólio).(36, 37). O sal utilizado é solúvel, não

corante e com propriedades receptoras de prótons. Ao entrar em contato com as

desidrogenases celulares, esse sal sofre uma oxirredução (45). Na forma

reduzida, ele se torna um composto denominado formazam que, em tecido

cardíaco viável, assume cor vermelha viva, separando a área saudável da área

em viabilidade celular (46). Neste estudo, as estratégias cardioprotetoras

utilizadas não propiciaram diminuição da área de infarto ao final do protocolo

proposto. Isso vai contra dois relatos de Moon et al (47, 48) que demonstraram a

forma como a EPO diminui a área de infarto em modelo de ratos avaliados após 4

ou 8 semanas do insulto inicial. Essa discordância de achados provavelmente se

deve ao momento da avaliação: no presente trabalho foi agudo e nos dois relatos

de Moon et al após 4 ou 8 semanas. A IPCR tem na literatura diversos trabalhos

demonstrando diminuição da área de infarto. Um interessante trabalho descrito por

Hausenloy et al em modelo semelhante ao utilizado no presente estudo, ou seja,

suínos submetidos a ligadura da artéria interventricular anterior por 60 minutos e

reperfundidos por 180 minutos conseguiu demonstrar que a IPCR diminuiu a área

de infarto (49). Apesar das similaridades com o estudo de Hausenloy não foi

observada redução da área infartada no presente trabalho. Uma das possíveis

causas, não demonstrável, é que no presente trabalho o tempo de reperfusão foi

de 90 minutos, enquanto no de Hausenloy o dobro do tempo. Esse maior tempo

de reperfusão está relacionado à maior agressão por reperfusão miocárdica (50).

O Piracar tem efeitos protetores no tecido cerebral em modelos

experimentais de acidente vascular cerebral, por essas propriedades poderia

36

proporcionar menor área de infarto (51). Contudo, não há na literatura da língua

inglesa disponível a utilização deste fármaco para proteção miocárdica.

Outra forma de avaliar a lesão miocárdica é quantificar a TnI-C sérica,

uma proteína parte do mecanismo de contração da célula muscular estriada.

Quando há morte celular, seus elementos estruturais são degradados e a TnI-C

liberada na corrente sanguínea. (52). A TnI-C é bastante utilizada na prática

clínica com boa correlação entre a quantidade de músculo lesado e reperfundido

durante o infarto agudo do miocárdio e a eventos adversos no pós operatório de

cirurgia cardíaca (53, 54). Leal et al demonstrou correlação da TnI-C no pós

operatório e a ocorrência de fibrilação atrial definindo um valor de corte ao redor

de 0,90 ng/mL (54).

A análise da TnI-C neste estudo demonstrou que os grupos Controle e

Piracar mantiveram valores séricos semelhantes e menores que os grupos IPCR e

EG ao final dos 90 minutos de reperfusão miocárdica. Esta maior concentração

sérica da TnI-C nos grupos IPCR e EG pode ser interpretada como a elevação

mais precoce deste marcador que é observada clinicamente (55). Em outras

palavras, os grupos IPCR e EG proporcionam melhor reperfusão miocárdica,

demonstrada pela elevação precoce da TnI-C. A prova definitiva seria possível

apenas com um protocolo semelhante, com um tempo de reperfusão maior.

Talvez esta mesma assertiva responda aos achados da área de infarto,

avaliados pelo TTC, pois não observamos correlação entre a área de infarto e os

maiores níveis de TnI-C dos grupos IPCR e EG. Protocolos com tempo de

reperfusão menor podem não permitir a retirada das desidrogenases da área

37

isquêmica, o que produziria áreas de infarto menores do que as reais (56). O

tempo de reperfusão empregado por alguns autores é maior que 90 minutos o que

poderia justificar a discordância entre os resultados (36, 49).

A avaliação de vias intracelulares envolvidas na isquemia e reperfusão

do miocárdio é importante, pois permite avaliar a resposta deste a longo prazo

mesmo que não sejam observadas diferenças fisiológicas no presente modelo (36,

57). Analisamos algumas proteínas que estão relacionadas às vias SAFE e RISK.

Essas duas vias tem sido extensamente estudadas na literatura e a sua ativação

tem efeito protetor a longo prazo no remodelamento ventricular por meio da

fosforilação de quinases que minimizam a lesão celular ou diminuem a ocorrência

de apoptose em modelos crônicos (57-59).

Dentre as proteínas da via RISK, a Akt é muito estudada, se relaciona à

redução da apoptose de cardiomiócitos protegendo-os durante I/R (59). Os

mecanismos cardioprotetores da Akt, já foram demonstrados em outros estudos

como não apenas a sua função anti-apoptótica, mas também em relação a

redução da área de infarto e melhora da função ventricular após isquemia aguda

(60). Alguns autores verificaram uma proporcionalidade entre a redução da área

de infarto e a fosforilação da Akt (61). Ravingerova et al utilizando corações

isolados de ratos e induzindo isquemia global por 20 minutos e reperfundido por

180 minutos demonstrou a importância da Akt. Foi utilizado um inibidor da PI3K, o

LY294002, a primeira proteína envolvida na via RISK, o que termina por inibir a

Akt e observaram um aumento da área de infarto no grupo com esse inibidor

comparado a um grupo controle (61).

38

Duas estratégias utilizadas no presente trabalho proporcionaram maior

ativação da Akt, o grupo Piracar e IPCR. Este achado de fosforilação maior da Akt

com o composto Piracar não apresenta relato na literatura inglesa até o presente

momento.

O grupo IPCR que também proporcionou maior fosforilação da Akt

comparado ao grupo controle é um achado semelhante a outros estudos (62). Tu

et al (62) estudaram uma série de repetições de isquemia e reperfusão no cérebro

de ratos e conseguiram demonstrar efeito protetor na isquemia e reperfusão

cerebral com maior ativação da Akt (62). Outro interessante e elegante trabalho

descrito por Giricz et al utilizando corações isolados demonstra que o perfusato de

corações submetidos a períodos de isquemia e reperfusão eram capazes de

promover cardioproteção a outro coração que fosse perfundidos por este líquido.

Neste trabalho eles removem microvesículas do perfusato proveniente do coração

submetido a isquemia e reperfusão repetida tentando demonstrar como o

precondicionamento remoto isquêmico pode funcionar em outros tecidos. Estas

microvesículas são secretadas por diferentes tipos de células e contém altas

concentrações de RNA e proteínas. A retirada destas microvesículas do perfusato

resultou em corações com maior área infartada (63).

O grupo EG demonstrou maior fosforilação das proteínas ERK e STAT

ao final do tempo de reperfusão. Isso condiz com os achados de outros estudos

em que a eritropoietina produz maior ativação das proteínas citadas (64-66). O

efeito cardioprotetor da solução de insulina/glicose/potássio já é bastante antigo e

conhecido (67, 68), contudo, na prática clínica os resultados não são tão

39

evidentes. Um estudo recente de Selker et al demonstrou diminuição da área de

infarto 30 dias após o evento e menor mortalidade após um ano de seguimento

nos pacientes que receberam esta solução (24). A eritropoietina tem sabidamente

efeito cardioprotetor com ativação da ERK e JAK/STAT (66). Miljus et al observou

que a EPO modula positivamente a via JAK/STAT na I/R por meio de genes que

estimulam fatores de transcrição desta via, mas não para a PI3K/AKT em

preparação utilizando neurônios de gafanhotos (66).

A sinalização da JAK/STAT é um mecanismo de proteção em resposta

ao estresse celular, e as suas evidências no processo isquêmico foi primeiro

descrito por Negoro et al (69, 70). Em seu trabalho, Negoro observou um

constante aumento da STAT3 de 1 hora até 24 horas em coração de ratos com a

coronária permanentemente ocluída. A citoproteção promovida pela JAK/STAT

parece estar mais ligada à adaptação celular a um ambiente hostil como o

ambiente isquêmico do que na fase de recuperação celular (69).

A atividade da EPO sobre a ERK foi encontrada em alguns trabalhos

também, Aguilar et al (64) recentemente publicou um trabalho que referiu que a

ativação da ERK ocorrer modestamente pela EPO, mas quando esta se associa

ao fator de crescimento de célula-tronco, a ativação ocorre fortemente – e isto

acrescenta aos nossos resultados.

Vilarinho et al utilizando preparação de coração in situ de suínos

neonatais demonstrou que a EPO ativa parcialmente a via RISK havendo

fosforilação da ERK da mesma forma como foi observada no presente trabalho (4)

40

Outro aspecto interessante que encontramos foram os nossos

resultados em relação ao grupo IPCR. Muito se tem publicado sobre a menor área

de infarto que a IPCR confere ao miocárdio (71), alguns trabalhos tem

demonstrado uma redução de 80 a 90% da área de infarto, e nos últimos 15 anos

muito tem se divulgado a cerca desta técnica descrita como segura e eficaz.

A preservação de ATP ao final do período de reperfusão é um fator

importante para os processos regenerativos que ocorrem durante este período. A

preservação da função mitocondrial permite maiores níveis de ATP e uma

restauração mais rápida do pH intracelular (50). A maior concentração de ATP

observada no grupo EG nos permite inferir que este grupo tem potencialmente

melhor proteção mitocondrial.

Sumarizando, o grupo EG mostrou maior fosforilação ERK, STAT e

maiores níveis celulares de ATP quando comparado ao controle, o que

potencialmente tem um melhor efeito biológico.

Como limitações do nosso modelo podemos ressaltar que o tempo de

reperfusão pode ter sido curto para detecção mais evidente da elevação da TnI-C.

A ligadura da artéria ventricular anterior foi sempre feita pela mesma pessoa, mas

acreditamos que o infarto causado foi muito extenso o que pode ter impedido a

detecção de diferenças entre os grupos, com animais em estado hemodinâmico

grave. Em nenhum dos grupos foi utilizado qualquer tipo de suporte inotrópico

durante os experimentos.

De forma geral, várias estratégias podem ativar diferentes vias de

sinalização, contudo, uma estratégia isoladamente é incapaz de estimular todas as

41

vias intracelulares conhecidas que proporcionam cardioproteção. Acreditamos que

uma estratégia conjunta possa trazer benefícios mais evidentes em modelos

experimentais ou na prática clínica.

Porém, outros estudos são necessários para compreender melhor os

efeitos destes tratamento.

42

6. CONCLUSÃO

O presente trabalho se comprometeu a estudar formas de propiciar ao

coração uma forma de reserva metabólica e de proteínas cardioprotetoras a fim de

condicioná-lo para que miócitos sobrevivessem ao período de I/R em um protocolo

agudo. Podemos concluir que:

1. Nenhuma das estratégias utilizadas melhorou de forma significativa o

desempenho hemodinâmico e de contratilidade cardíaca.

2. A quantidade de infarto em todas as estratégias de proteção foi

semelhante.

3. A quantidade de TnI-C I liberada foi maior no grupo IPCR e EG, que

interpretamos como sendo um pico precoce e, portanto, demonstrando efeito

benéfico da mesma.

4. Todas as estratégias utilizadas interferiram de alguma forma sobre as

vias RISK sendo que:

a. Akt foi marcadamente ativada pelo Piracar e IPCR quando

comparados ao controle;

b. ERK foi marcadamente ativada pelo IPCR e EG quando comparados

ao grupo controle;

c. Stat foi marcadamente ativada pelo IPCR e EG quando comparados

ao grupo Piracar, entretanto não foi diferente quando comparado ao grupo

Controle;

5. O ATP foi mais preservado no grupo EG quando comparado a todos

os outros grupos

43

REFERÊNCIAS

1. Hausenloy DJ, Candilio L, Laing C, Kunst G, Pepper J, Kolvekar S, et al. Effect of remote ischemic preconditioning on clinical outcomes in patients undergoing coronary artery bypass graft surgery (ERICCA): rationale and study design of a multi-centre randomized double-blinded controlled clinical trial. Clinical research in cardiology : official journal of the German Cardiac Society. 2012;101(5):339-48. 2. Hausenloy DJ, Botker HE, Condorelli G, Ferdinandy P, Garcia-Dorado D, Heusch G, et al. Translating cardioprotection for patient benefit: Position paper from the Working Group of Cellular Biology of the Heart of the European Society of Cardiology. Cardiovascular research. 2013. 3. Pasala T, Sattayaprasert P, Bhat PK, Athappan G, Gandhi S. Clinical and economic studies of eptifibatide in coronary stenting. Therapeutics and clinical risk management. 2014;10:603-14. 4. Vilarinho KA, de Oliveira PP, Saad MJ, Eghtesady P, Filho LM, Vieira RW, et al. Erythropoietin protects the systolic function of neonatal hearts against ischaemia/reperfusion injury. Eur J Cardiothorac Surg. 2013;43(1):156-62. 5. Kharbanda RK. Cardiac conditioning: a review of evolving strategies to reduce ischaemia-reperfusion injury. Heart. 2010;96(15):1179-86. 6. Peart JN, Headrick JP. Clinical cardioprotection and the value of conditioning responses. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2009;296(6):H1705-20. 7. Cohn JN, Ferrari R, Sharpe N. Cardiac remodeling--concepts and clinical implications: a consensus paper from an international forum on cardiac remodeling. Behalf of an International Forum on Cardiac Remodeling. Journal of the American College of Cardiology. 2000;35(3):569-82. 8. Frangogiannis NG. Regulation of the inflammatory response in cardiac repair. Circ Res. 2012;110(1):159-73. 9. Golstein P, Kroemer G. Cell death by necrosis: towards a molecular definition. Trends in biochemical sciences. 2007;32(1):37-43. 10. Shih H, Lee B, Lee RJ, Boyle AJ. The aging heart and post-infarction left ventricular remodeling. Journal of the American College of Cardiology. 2011;57(1):9-17.

44

11. Maiuri MC, Zalckvar E, Kimchi A, Kroemer G. Self-eating and self-killing: crosstalk between autophagy and apoptosis. Nature reviews Molecular cell biology. 2007;8(9):741-52. 12. Kroemer G, El-Deiry WS, Golstein P, Peter ME, Vaux D, Vandenabeele P, et al. Classification of cell death: recommendations of the Nomenclature Committee on Cell Death. Cell death and differentiation. 2005;12 Suppl 2:1463-7. 13. Webster KA. Mitochondrial membrane permeabilization and cell death during myocardial infarction: roles of calcium and reactive oxygen species. Future cardiology. 2012;8(6):863-84. 14. Smith CC, Dixon RA, Wynne AM, Theodorou L, Ong SG, Subrayan S, et al. Leptin-induced cardioprotection involves JAK/STAT signaling that may be linked to the mitochondrial permeability transition pore. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2010;299(4):H1265-70. 15. Solenkova NV, Solodushko V, Cohen MV, Downey JM. Endogenous adenosine protects preconditioned heart during early minutes of reperfusion by activating Akt. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2006;290(1):H441-9. 16. Lecour S. Activation of the protective Survivor Activating Factor Enhancement (SAFE) pathway against reperfusion injury: Does it go beyond the RISK pathway? J Mol Cell Cardiol. 2009;47(1):32-40. 17. Andreadou I, Iliodromitis EK, Koufaki M, Farmakis D, Tsotinis A, Kremastinos DT. Alternative pharmacological interventions that limit myocardial infarction. Curr Med Chem. 2008;15(30):3204-13. 18. Venardos KM, Perkins A, Headrick J, Kaye DM. Myocardial ischemia-reperfusion injury, antioxidant enzyme systems, and selenium: a review. Curr Med Chem. 2007;14(14):1539-49. 19. Maroko PR, Kjekshus JK, Sobel BE, Watanabe T, Covell JW, Ross J, Jr., et al. Factors influencing infarct size following experimental coronary artery occlusions. Circulation. 1971;43(1):67-82. 20. Keil U, Scherping I, Hauptmann S, Schuessel K, Eckert A, Muller WE. Piracetam improves mitochondrial dysfunction following oxidative stress. British journal of pharmacology. 2006;147(2):199-208. 21. C Kurz IU, U Lipka, S Kirr, T Schütt, A Eckert, K Leuner. The metabolic enhancer piracetam ameliorates the impairment of mitochondrial function and neurite outgrowth induced by ß-amyloid peptide. British Journal of Pharmacology (2010), 160, 246–257. 2010.

45

22. Xue YZ, Wang LX, Liu HZ, Qi XW, Wang XH, Ren HZ. L-carnitine as an adjunct therapy to percutaneous coronary intervention for non-ST elevation myocardial infarction. Cardiovascular drugs and therapy / sponsored by the International Society of Cardiovascular Pharmacotherapy. 2007;21(6):445-8. 23. Stottrup NB, Kristiansen SB, Lofgren B, Hansen BF, Kimose HH, Botker HE, et al. L-glutamate and glutamine improve haemodynamic function and restore myocardial glycogen content during postischaemic reperfusion: A radioactive tracer study in the rat isolated heart. Clin Exp Pharmacol Physiol. 2006;33(11):1099-103. 24. Selker HP, Udelson JE, Massaro JM, Ruthazer R, D'Agostino RB, Griffith JL, et al. One-year outcomes of out-of-hospital administration of intravenous glucose, insulin, and potassium (GIK) in patients with suspected acute coronary syndromes (from the IMMEDIATE [Immediate Myocardial Metabolic Enhancement During Initial Assessment and Treatment in Emergency Care] Trial). Am J Cardiol. 2014;113(10):1599-605. 25. Howell NJ, Ashrafian H, Drury NE, Ranasinghe AM, Contractor H, Isackson H, et al. Glucose-insulin-potassium reduces the incidence of low cardiac output episodes after aortic valve replacement for aortic stenosis in patients with left ventricular hypertrophy: results from the Hypertrophy, Insulin, Glucose, and Electrolytes (HINGE) trial. Circulation. 2011;123(2):170-7. 26. Muniyappa R, Montagnani M, Koh KK, Quon MJ. Cardiovascular actions of insulin. Endocrine reviews. 2007;28(5):463-91. 27. Slettom G, Jonassen AK, Breivik L, Seifert R, Nordrehaug JE. Influence of feeding and intracoronary dose on insulin-mediated relative akt phosphorylation in the porcine myocardium. Cardiovascular therapeutics. 2013;31(6):e125-32. 28. Lipton JA, Can A, Akoudad S, Simoons ML. The role of insulin therapy and glucose normalisation in patients with acute coronary syndrome. Netherlands heart journal : monthly journal of the Netherlands Society of Cardiology and the Netherlands Heart Foundation. 2011;19(2):79-84. 29. Sanchis-Gomar F, Garcia-Gimenez JL, Pareja-Galeano H, Romagnoli M, Perez-Quilis C, Lippi G. Erythropoietin and the heart: physiological effects and the therapeutic perspective. International journal of cardiology. 2014;171(2):116-25. 30. Dame C, Bartmann P, Wolber E, Fahnenstich H, Hofmann D, Fandrey J. Erythropoietin gene expression in different areas of the developing human central nervous system. Brain research Developmental brain research. 2000;125(1-2):69-74. 31. Angeli FS, Amabile N, Shapiro M, Mirsky R, Bartlett L, Zhang Y, et al. Cytokine combination therapy with erythropoietin and granulocyte colony

46

stimulating factor in a porcine model of acute myocardial infarction. Cardiovascular drugs and therapy / sponsored by the International Society of Cardiovascular Pharmacotherapy. 2010;24(5-6):409-20. 32. Hausenloy DJ. Cardioprotection techniques: preconditioning, postconditioning and remote conditioning (basic science). Current pharmaceutical design. 2012. 33. Silveira Filho Lda M, Petrucci O, Jr., Carmo MR, Oliveira PP, Vilarinho KA, Vieira RW, et al. [Development of isolated swine "working heart model" with parabiotic circulation]. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008;23(1):14-22. 34. Petrucci O, Wilson Vieira R, Roberto do Carmo M, Martins de Oliveira PP, Antunes N, Marcolino Braile D. Use of (all-blood) miniplegia versus crystalloid cardioplegia in an experimental model of acute myocardial ischemia. J Card Surg. 2008;23(4):361-5. 35. Petrucci Junior O, Oliveira PP, Carmo MR, Vieira RW, Braile DM. Standardization of an isolated pig heart preparation with parabiotic circulation: methodological considerations. Braz J Med Biol Res. 2003;36(5):649-59. 36. Heusch G, Skyschally A, Schulz R. The in-situ pig heart with regional ischemia/reperfusion - ready for translation. J Mol Cell Cardiol. 2011;50(6):951-63. 37. Koudstaal S, Jansen Of Lorkeers S, Gho JM, van Hout GP, Jansen MS, Grundeman PF, et al. Myocardial infarction and functional outcome assessment in pigs. Journal of visualized experiments : JoVE. 2014(86). 38. Babu GG, Walker JM, Yellon DM, Hausenloy DJ. Peri-procedural myocardial injury during percutaneous coronary intervention: an important target for cardioprotection. Eur Heart J. 2011;32(1):23-31. 39. Burkhoff D, Yue DT, Oikawa RY, Franz MR, Schaefer J, Sagawa K. Influence of ventricular contractility on non-work-related myocardial oxygen consumption. Heart Vessels. 1987;3(2):66-72. 40. Yang B, Larson DF, Watson R. Age-related left ventricular function in the mouse: analysis based on in vivo pressure-volume relationships. American Journal of Physiology - Heart and Circulatory Physiology. 1999;277(5):H1906-H13. 41. Burkhoff D, Mirsky I, Suga H. Assessment of systolic and diastolic ventricular properties via pressure-volume analysis: a guide for clinical, translational, and basic researchers. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2005;289(2):H501-12.

47

42. de Souza Vilarinho KA, Petrucci O, Baker RS, Vassallo J, Schenka AA, Duffy JY, et al. Early changes in contractility indices and fibrosis in two minimally invasive congestive heart failure models. Eur J Cardiothorac Surg. 2010;37(2):368-75. 43. Petrucci O, Baker RS, Lam CT, Reed CA, Duffy JY, Eghtesady P. Fetal right ventricular myocardial function is better preserved by fibrillatory arrest during fetal cardiac bypass. Ann Thorac Surg. 2010;90(4):1324-31. 44. Duffy JY, Petrucci O, Baker RS, Lam CT, Reed CA, Everman DJ, et al. Myocardial function after fetal cardiac bypass in an ovine model. Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery. 2011;141(4):961-U373. 45. Ferrera R, Benhabbouche S, Bopassa JC, Li B, Ovize M. One hour reperfusion is enough to assess function and infarct size with TTC staining in Langendorff rat model. Cardiovasc Drugs Ther. 2009;23(4):327-31. 46. Bederson JB, Pitts LH, Germano SM, Nishimura MC, Davis RL, Bartkowski HM. Evaluation of 2,3,5-triphenyltetrazolium chloride as a stain for detection and quantification of experimental cerebral infarction in rats. Stroke; a journal of cerebral circulation. 1986;17(6):1304-8. 47. Moon C, Krawczyk M, Ahn D, Ahmet I, Paik D, Lakatta EG, et al. Erythropoietin reduces myocardial infarction and left ventricular functional decline after coronary artery ligation in rats. Proc Natl Acad Sci U S A. 2003;100(20):11612-7. 48. Moon C, Krawczyk M, Paik D, Lakatta EG, Talan MI. Cardioprotection by recombinant human erythropoietin following acute experimental myocardial infarction: dose response and therapeutic window. Cardiovasc Drugs Ther. 2005;19(4):243-50. 49. Hausenloy DJ, Iliodromitis EK, Andreadou I, Papalois A, Gritsopoulos G, Anastasiou-Nana M, et al. Investigating the Signal Transduction Pathways Underlying Remote Ischemic Conditioning in the Porcine Heart. Cardiovasc Drugs Ther. 2011. 50. Hausenloy DJ, Yellon DM. Clinical translation of cardioprotective strategies : report and recommendations of the Hatter Institute 5th International Workshop on Cardioprotection. Basic Res Cardiol. 2008;103(5):493-500. 51. Wheble PC, Sena ES, Macleod MR. A systematic review and meta-analysis of the efficacy of piracetam and piracetam-like compounds in experimental stroke. Cerebrovascular diseases (Basel, Switzerland). 2008;25(1-2):5-11.

48

52. Wu AH, Feng YJ, Moore R, Apple FS, McPherson PH, Buechler KF, et al. Characterization of cardiac troponin subunit release into serum after acute myocardial infarction and comparison of assays for troponin T and I. American Association for Clinical Chemistry Subcommittee on cTnI Standardization. Clinical chemistry. 1998;44(6 Pt 1):1198-208. 53. Leal JC, de Paula Neto A, Avanci LE, Braile MC, de Godoy MF, Braile DM. Risk stratification with troponin I in patients undergoing myocardial revascularization surgery. Arq Bras Cardiol. 2003;80(3):279-88. 54. Leal JC, Petrucci O, Godoy MF, Braile DM. Perioperative serum troponin I levels are associated with higher risk for atrial fibrillation in patients undergoing coronary artery bypass graft surgery. Interact Cardiovasc Thorac Surg. 2011. 55. Mahajan VS, Jarolim P. How to Interpret Elevated Cardiac Troponin Levels. Circulation. 2011;124(21):2350-4. 56. Horneffer PJ, Healy B, Gott VL, Gardner TJ. The rapid evolution of a myocardial infarction in an end-artery coronary preparation. Circulation. 1987;76(5 Pt 2):V39-42. 57. Yellon DM, Hausenloy DJ. Myocardial reperfusion injury. N Engl J Med. 2007;357(11):1121-35. 58. Hausenloy DJ, Yellon DM. Preconditioning and postconditioning: new strategies for cardioprotection. Diabetes Obes Metab. 2008;10(6):451-9. 59. Hu G, Huang X, Zhang K, Jiang H, Hu X. Anti-inflammatory effect of B-type natriuretic peptide postconditioning during myocardial ischemia-reperfusion: involvement of PI3K/Akt signaling pathway. Inflammation. 2014;37(5):1669-74. 60. Hu G, Huang X, Zhang K, Jiang H, Hu X. Anti-inflammatory Effect of B-Type Natriuretic Peptide Postconditioning During Myocardial Ischemia-Reperfusion: Involvement of PI3K/Akt Signaling Pathway. Inflammation. 2014. 61. Ravingerova T, Matejikova J, Neckar J, Andelova E, Kolar F. Differential role of PI3K/Akt pathway in the infarct size limitation and antiarrhythmic protection in the rat heart. Mol Cell Biochem. 2007;297(1-2):111-20. 62. Tu XK, Yang WZ, Chen JP, Chen Y, Chen Q, Chen PP, et al. Repetitive Ischemic Preconditioning Attenuates Inflammatory Reaction and Brain Damage After Focal Cerebral Ischemia in Rats: Involvement of PI3K/Akt and ERK1/2 Signaling Pathway. Journal of molecular neuroscience : MN. 2014. 63. Giricz Z, Varga ZV, Baranyai T, Sipos P, Paloczi K, Kittel A, et al. Cardioprotection by remote ischemic preconditioning of the rat heart is mediated by extracellular vesicles. J Mol Cell Cardiol. 2014.

49

64. Aguilar C, Aguilar C, Lopez-Marure R, Jimenez-Sanchez A, Rocha-Zavaleta L. Co-stimulation with stem cell factor and erythropoietin enhances migration of c-Kit expressing cervical cancer cells through the sustained activation of ERK1/2. Molecular medicine reports. 2014;9(5):1895-902. 65. Jun JH, Shim JK, Ryoo HM, Kwak YL. Erythropoietin-activated ERK/MAP kinase enhances GATA-4 acetylation via phosphorylation of serine 261 of GATA-4. Journal of cellular physiology. 2013;228(1):190-7. 66. Miljus N, Heibeck S, Jarrar M, Micke M, Ostrowski D, Ehrenreich H, et al. Erythropoietin-mediated protection of insect brain neurons involves JAK and STAT but not PI3K transduction pathways. Neuroscience. 2014;258:218-27. 67. Celkan MA, Kazaz H, Daglar B, Celik A, Koruk S, Kocoglu H. Effects of glucose-insulin-potassium solution on cardiac cytokines and enzymes. Thorac Cardiovasc Surg. 2006;54(8):532-6. 68. Oates A, Nubani R, Smiley J, Kistler L, Hughey S, Theiss P, et al. Myocardial protection of insulin and potassium in a porcine ischemia-reperfusion model. Surgery. 2009;146(1):23-30. 69. Bolli R, Dawn B, Xuan YT. Role of the JAK-STAT pathway in protection against myocardial ischemia/reperfusion injury. Trends in cardiovascular medicine. 2003;13(2):72-9. 70. Negoro S, Kunisada K, Tone E, Funamoto M, Oh H, Kishimoto T, et al. Activation of JAK/STAT pathway transduces cytoprotective signal in rat acute myocardial infarction. Cardiovascular research. 2000;47(4):797-805.

50

ANEXO