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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA ANDRESSA MARQUES LAMARÃO MÉTODOS OBSERVACIONAIS PARA ANÁLISE DE RISCO BIOMECÂNICO: TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES DE MEDIDA SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA

ANDRESSA MARQUES LAMARÃO

MÉTODOS OBSERVACIONAIS PARA ANÁLISE DE RISCO

BIOMECÂNICO: TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO PARA O PORTUGUÊS

BRASILEIRO E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES DE MEDIDA

SÃO PAULO

2013

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ANDRESSA MARQUES LAMARÃO

MÉTODOS OBSERVACIONAIS PARA ANÁLISE DE RISCO

BIOMECÂNICO: TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO PARA O PORTUGUÊS

BRASILEIRO E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES DE MEDIDA

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Fisioterapia da Universidade

Cidade de São Paulo - UNICID, sob

orientação da Profª Drª Rosimeire

Simprini Padula e co-orientação da Profª

Drª Lucíola da Cunha Menezes Costa para

obtenção do título de Mestre.

SÃO PAULO

2013

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Área de concentração: Fisioterapia na Saúde do Trabalhador

Data da defesa: 27 de Fevereiro de 2013

Resultado: ____________________________

BANCA EXAMINADORA:

Profª.: Drª.: Rosimeire Simprini Padula _________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Profª.: Drª.: Cristina Maria Nunes Cabral _________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof.: Dr.: Tabajara de Oliveira Gonzalez _________________________________

Universidade Nove de Julho

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DEDICATÓRIA

Dedico a defesa desta dissertação aos meus pais Dorivaldo da Silva Lamarão e Ana

Alzira Marques Lamarão, os quais me apoiaram intensamente nessa fase tão significativa da

minha vida e estiveram sempre presentes, apesar da distância, para que esse sonho se

realizasse. Por todos os conselhos dados em momentos de fraqueza e dificuldades que passei,

com soluções para eu continuar a diante. Sou e continuarei sendo grata eternamente por esse

amor incondicional que me é dado.

Também dedico aos meus irmãos Diogo Nazareno Marques Lamarão e Andréia

Marques Lamarão de Souza que sempre me deram força para superar a distância existente

nessa etapa tão difícil. Irmãos sempre importantes em todos os momentos da minha vida.

Quando em certos momentos de perdas e solidão que apertava, palavras de incentivo me

renovavam e ajudavam a ter forças para permanecer com meu objetivo de concluir o

mestrado. Serei também eternamente grata a eles, pois amo-os infinitamente.

Estes são os seres mais importantes da minha vida, aos quais sem seus apoios jamais

teria continuado. Serei eternamente grata. Amo-os desde sempre.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer à Deus por me dar saúde, proteção e força

durante esses dois anos morando sozinha em São Paulo, longe daqueles que mais amo.

Agradeço a minha família (pai, mãe, irmão, irmã e namorado) por todo apoio e

carinho dedicado a mim para que mais uma etapa de minha formação pudesse ser realizada.

À minha orientadora Profª Drª Rosimeire Simprini Padula por ter aceitado me orientar

com zelo, paciência e interesse, mostrando a excelente profissional competente que é, se

dedicando em todas suas tarefas de orientação para que este sonho pudesse se tornar

realidade.

Agradeço a minha co-orientadora Profª Drª Lucíola da Cunha Menezes Costa pelas

sugestões dadas sempre muito bem-vindas, que sem dúvida engrandeceram cada vez mais esta

Dissertação.

Agradeço ainda a Profª Msc Maria Luiza Caires que sempre contribuiu durante o

andamento desta dissertação, dando sugestões e ajudando na medida do possível, mesmo em

seu período de licença maternidade.

Agradeço também aos amigos que adquiri no mestrado Wellington Bueno e Indiara

Soares que sempre me ajudaram da maneira que podiam, muito obrigada pelo

companheirismo que me foi dado nesses anos.

Agradeço a todos os professores do Programa de Mestrado da Universidade Cidade de

São Paulo, por me proporcionarem aumentar o meu conhecimento sobre fisioterapia e me

ensinar sobre ser pesquisador, em especial a Profª Drª Cristina Maria Cabral, que em muitos

momentos me esclareceu pequenas dúvidas as quais fizeram a diferença, aprimorando cada

vez mais o meu processo de formação acadêmica.

Por fim, agradeço aos colaboradores da Indústria Têxtil TRIFIL, que aceitaram

participar desta Dissertação, bem como os profissionais fisioterapeutas que contribuíram no

preenchimento do REBA.

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PREFÁCIO

Esta dissertação de mestrado aborda assuntos relacionados aos métodos

observacionais de avaliação de risco biomecânico no ambiente de trabalho. Engloba os

métodos observacionais disponíveis na literatura, os quais já passaram pelo processo de

tradução, adaptação transcultural para o português-brasileiro, e realizaram os procedimentos

de teste das propriedades de medida. Além disso, propõe a tradução, adaptação, e a realização

do teste de reprodutibilidade (confiabilidade e concordância) para o instrumento Rapid Entire

Body Assessment - REBA.

Em sua composição, apresenta 4 Capítulos, os quais possuem sua própria lista de

referências separadamente. No capítulo 1 observa-se uma contextualização a respeito dos

tópicos a serem apresentados nesta dissertação.

O capítulo 2 apresenta-se estruturado em forma de um artigo denominado Avaliação

das traduções, adaptações transculturais e propriedades de medida de métodos

observacionais para avaliação de risco ocupacional: uma revisão sistemática, o qual

seguiu normas de publicação propostas pela Revista Brasileira de Fisioterapia para a

submissão, e objetivou a realização de uma revisão sistemática de todos os métodos

observacionais que foram traduzidos/adaptados transculturalmente para o português-

brasileiro, e apresentaram suas propriedades de medida testadas, tais como: Consistência

Interna, Reprodutibilidade, Validade de Construto, Efeitos Teto e Piso e Responsividade.

O capítulo 3 apresenta sua estrutura em formato de um artigo intitulado Tradução,

adaptação transcultural para o português-brasileiro e análise da reprodutibilidade do

método Rapid Entire Body Assessment – REBA. Esta estruturação segue as normas de

publicação propostas pela Revista Brasileira de Fisioterapia para a submissão, e objetivou a

realização da tradução, adaptação transcultural e teste da reprodutibilidade (confiabilidade e

concordância) do método REBA.

Uma cópia das instruções para os autores da Revista Brasileira de Fisioterapia está

apresentada no Anexo I desta dissertação. O estudo apresentado no capítulo 3 foi aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo.

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O capítulo 4 sumariza os principais achados dos capítulos 2 e 3, fazendo considerações

finais a esta dissertação de mestrado e a importância dos estudos realizados tanto para os

pesquisadores quanto para os profissionais da área de saúde do trabalhador.

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RESUMO

Introdução: Os métodos disponíveis para a avaliação do risco biomecânico no ambiente de

trabalho disponível na literatura, na sua maioria são em inglês, representando um grande

entrave para usoem trabalhadores brasileiros, que torna difícil a escolha de um instrumento,

devido a lacuna existente sobre o processo de tradução, adaptação transcultural e teste de

propriedades de medida destes instrumentos. Para utiliza-los é recomendada a tradução,

adaptação transcultural e testes de propriedades de medida. Estes processos são

indispensáveis para que um instrumento possa ser utilizado corretamente. Objetivo: Realizar

uma revisão sistemática buscando todos os instrumentos observacionais que avaliem fator de

risco biomecânico, os quais foram traduzidos e/ou adaptados para o português-brasileiro;

avaliar os procedimentos de tradução, adaptação transcultural e testes de propriedades de

medida desses instrumentos, além de realizar a tradução/adaptação transcultural e testar a

reprodutibilidade do método Rapid Entire Body Assessment - REBA. Métodos: Buscas foram

realizadas nas bases de dados: MEDLINE, EMBASE, CINAHL, LILACS e SCIELO. Dados

de tradução, adaptação transcultural e propriedades de medida foram extraídos. Os estudos

foram analisados avaliando as propriedades de medida: Consistência Interna,

Reprodutibilidade, Validade de Construto, Efeitos Teto e Piso e Responsividade. Após a

revisão sistemática, o método REBA foi traduzido e adaptado para o português-brasileiro,

seguindo as diretrizes propostas, e testou a reprodutibilidade através do Coeficiente de

correlação intra-classe (CCI), Coeficiente Kappa e concordância. Resultados: Encontrou-se

um total de 3870 artigos, 38 foram incluídos. Oito instrumentos foram usados nos

trabalhadores brasileiros: AET, NIOSH, OCRA, OWAS, QEC, RARME, REBA e RULA,

sendo o AET referido por 19 estudos. Os instrumentos QEC, OCRA, RARME tiveram seus

procedimentos realizados parcialmente ou totalmente. Apenas o QEC apresentou todas as

etapas de tradução e adaptação testadas de acordo com o proposto pelas diretrizes, mas apenas

duas de suas propriedades de medidas apresentaram valores de acordo com o proposto pelas

diretrizes. Por outro lado o REBA foi traduzido e adaptado seguindo as diretrizes e teve sua

confiabilidade e concordância testada, com valores de CCI variando de muito pobre à boa

confiabilidade, com valores de -0,088 a 0,672. Para concordância, os valores encontrados

variaram de 5,66% à 69,81%. Conclusões: Os processos de tradução, adaptação transcultural

e teste de propriedades de medida não foram realizados para a maioria dos instrumentos

encontrados na revisão sistemática. O instrumento REBA foi traduzido e adaptado para o

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português-brasileiro, no entanto não apresentou confiabilidade e concordância de acordo com

o proposto pelas diretrizes.

Palavras-chave: métodos observacionais, fisioterapia, ergonomia.

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ABSTRACT

Introduction: The method available of assessment to biomechanical risks in work

environment available in the literature, most of them in English, representing a huge obstacle

to use in Brazilian workers, which makes it difficult to choose an instrument, because the

existing gap on the process of translation, cross-cultural adaptation and testing for measuring

properties of these instruments. To use them is recommended the translation, cross-cultural

adaptation and testing for measuring properties. These processes are essential for an

instrument to be used correctly. Objectives: To conduct a systematic review searching all

observational instruments that assess biomechanical risk factor, which have been translated

and/or adapted for the Brazilian-portuguese; to evaluate the procedures of translation, cross-

cultural adaptation and testing for measuring properties, in addition to conduct the translation,

cross-cultural adaptation and testing for measuring properties for the method Rapid Entire

Body Assessment-REBA. Methods: Searches were conducted in data base: MEDLINE,

EMBASE, CINAHL, LILACS and SCIELO. Data of translation, cross-cultural adaptation and

and testing for measuring properties were extracted. The studies were analyzed by evaluating

the measuring properties: internal consistency, reproducibility, construct validity, floor and

ceiling effects and responsiveness. After a systematic review, the REBA method was

translated and cross-cultural adapted to Brazilian-portuguese following the proposed

guidelines, and tested the reproducibility by coefficient of intra-class correlation (ICC) and

Kappa Coefficient agreement. Results: It was found a total of 3870 articles, 38 were included.

Eight instruments were used in Brazilian workers: AET, NIOSH, OCRA, OWAS, QEC,

RARME, REBA and RULA, the AET is reported by 19 studies. The instruments QEC,

OCRA, RARME had their procedures conducted partially or fully. Only the QEC presented

all stages of translation and adaptation tested according to the proposed guidelines, but only

two of its properties measurements presented values according to the proposed guidelines.

Furthermore the REBA was translated and adapted following the guidelines and had tested its

reliability and concordance with ICC values ranging from poor to good reliability, with values

of -0.088 to 0.672. For agreement, the values ranged from 5.66% to 69.81%. Conclusions:

The translation procedures, cros-cultural adaptation and testing measuring properties weren’t

conducted in most founded instruments. The REBA instrument was adapted and translated to

Brazilian-Portuguese however its reproducibility didn’t work according to the guidelines

proposed.

Key-words: observational methods, physiotherapy, ergonomics.

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SUMÁRIO

PREFÁCIO................................................................................................................. v

RESUMO.................................................................................................................... vii

ABSTRACT............................................................................................................... ix

CAPITULO 1............................................................................................................. 11

1. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho................................... 12

2. Métodos de avaliação de risco biomecânico....................................................... 13

2.1. Métodos Qualitativos........................................................................................... 13

2.2. Métodos Quantitativos......................................................................................... 13

2.3. Métodos Observacionais...................................................................................... 13

2.4. Utilização dos métodos........................................................................................ 14

3. Processo de Tradução, adaptação transcultural e teste de propriedades de

medida........................................................................................................................

14

4. Objetivos da Dissertação...................................................................................... 16

Referências................................................................................................................. 17

CAPÍTULO 2............................................................................................................. 19

CAPÍTULO 3............................................................................................................. 45

CAPÍTULO 4............................................................................................................. 71

1. Conclusões............................................................................................................. 72

Anexo 1...................................................................................................................... 73

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CAPÍTULO 1

Contextualização

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1. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT’s) representam um

grande problema em diversos países do mundo, com difícil administração por parte das

equipes de saúde e das instituições previdenciárias. Sua identificação tem se tornado cada vez

mais incidente na população trabalhadora1 e foi responsável pelo afastamento de 336.000

trabalhadores no ano de 20092. Entre os trabalhadores brasileiros, os DORT’s ocupam o

primeiro lugar entre as doenças ocupacionais, representando assim um relevante problema no

âmbito da saúde pública3.

De início, os DORT’s costumavam afetar os digitadores, no entanto atualmente são

poucas as profissões onde os trabalhadores apresentam-se resguardados de desenvolvê-los4.

De acordo com o Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS1, os DORT’s são

conceituados como síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários

sintomas concomitantes, como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga, acometendo

geralmente membros superiores e membros inferiores. Pode ser resultado de traumatismos de

fraca intensidade sobre estruturas corporais, durante longos períodos de exposição4, 5. Essa

exposição aos diversos fatores de risco tem favorecido a ocorrência dos DORT’s, tais fatores

podem ser didaticamente divididos em: fatores individuais/pessoais, físicos/biomecânicos,

ambientais, organizacionais e psicossociais6.

Os fatores individuais abrangem treinamento, habilidades motoras, idade e gênero.

Enquanto fatores físicos e biomecânicos contêm o uso de força excessiva, levantamento de

cargas, repetição de movimentos, posturas inadequadas e compressões mecânicas6. Os fatores

ambientais são: temperaturas extremas, ruídos, iluminação inadequada e vibração do corpo.

Os fatores organizacionais referem-se à forma como o trabalho é estruturado, supervisionado,

processado e remunerado. Os fatores psicossociais no trabalho descrevem os aspectos

subjetivos da organização do trabalho e como eles são percebidos pelos trabalhadores e pela

hierarquia das empresas7.

Para a realização da análise da exposição a estes fatores de risco é importante que haja

o planejamento com estratégias que contribuam para a promoção e prevenção da saúde do

trabalhador8. Assim, fisioterapeutas e demais profissionais da área da saúde e segurança do

trabalhador devem fazer uso de métodos de mensuração como um recurso para análise dos

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riscos9. Para isto, existem diversos métodos disponíveis, classificados em três formas de

abordagens: 1) qualitativos na forma de checklists, questionários ou relatórios; 2) métodos

observacionais e 3) métodos quantitativos.10

2. Métodos de avaliação de risco biomecânico

2.1. Métodos Qualitativos

Os métodos qualitativos apresentam-se questionáveis quanto à sua subjetividade,

parcialidade do observador, baixa precisão, tempo necessário para análise e exigência de

observadores altamente treinados, no entanto possuem vantagens ao demonstrar serem

simples e fáceis de usar11, aplicáveis a um grande número de atividades e sem um custo

elevado10. Estes instrumentos são capazes de captar a percepção dos trabalhadores, coletando

informações importantes como: localização e intensidade da dor, nível de satisfação no

trabalho, capacidade de realizar atividades diárias, dentre outros.

2.2. Métodos Quantitativos

Os métodos quantitativos utilizam instrumentação mais especializada para

mensuração, como a videocinematografia, dinamometria, medidores de pressão, goniometria,

eletromiografia, dentre outros, os quais fornecem medidas precisas da exposição aos fatores

de risco do trabalho. Estes métodos são aplicados em laboratórios, por serem complexos e

terem um rigoroso controle das variáveis em estudo, além de possuírem um elevado custo,

dificultando assim a adoção na prática de saúde ocupacional10.

2.3. Métodos Observacionais

Os métodos observacionais permitem a avaliação de um considerável número de

trabalhadores em atividades ocupacionais variadas, sem que haja alguma interferência na

realização desta, e possuem baixo custo de aplicação12. Este método apresenta características

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que proporcionam a avaliação biomecânica ocupacional e, simultaneamente, capta as

percepções do trabalhador frente às exigências da tarefa e condições de trabalho10. São

aplicáveis por meio de observação direta no local de trabalho, a qual depende da experiência

do observador, ou através de filmagens mais detalhadas e reprodutíveis13.

2.4. Utilização dos métodos

Para a prática clínica da saúde ocupacional, a literatura sugere que os profissionais

devam utilizar métodos simples e práticos, aplicáveis a um número extenso de atividades, que

sejam válidos e confiáveis14, para que os dados coletados forneçam uma base sólida para a

tomada de decisão. Os métodos observacionais são os mais adequados às necessidades dos

profissionais de saúde e segurança do trabalho, os quais possuem tempo e recursos

limitados10, 15.

Uma maneira ideal de avaliar a validade é comparar os resultados com um “padrão

ouro”. No entanto, vários construtos que fisioterapeutas utilizam para avaliação não

apresentam “padrão ouro”, incluindo os métodos observacionais para riscos biomecânicos13.

Neste caso a validade é testada correlacionando os escores com outro instrumento que meça o

mesmo construto. Contudo, a maioria dos instrumentos que avaliam os riscos observacionais

foram desenvolvidos em inglês16, 17, tornando necessária a tradução e adaptação transcultural

destes instrumentos para o português-brasileiro, antes da sua utilização nos trabalhadores

brasileiros.

As informações referentes aos instrumentos observacionais traduzidos e adaptados

transculturalmente para o português-brasileiro não são conhecidas, dificultando a utilização

destes instrumentos no Brasil.

3. Processo de Tradução, adaptação transcultural e teste de propriedades de medida

O processo de tradução e adaptação de um instrumento é indicado para assegurar que a

versão produzida deste é gramaticalmente, semânticamente e clinimétricamente equivalente à

sua versão original. Para isto, diretrizes foram propostas, a fim de proporcionar a tradução e

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adaptação transcultural. A literatura propõe que estas diretrizes devem ser seguidas para

garantir um intrumento de qualidade para uso no público-alvo17.

Este processo é importante por permitir resolver as diferenças de linguagem, costumes

e percepção de saúde entre os países e as culturas, o que favorece comparações entre

populações, além de troca de informações de barreiras linguísticas e culturais. O

desenvolvimento de um novo instrumento demanda um trabalho substancial, portanto adaptar

um instrumento que já existe tende a ser mais prático e eficiente do que desenvolver um novo.

As Diretrizes de Tradução e Adaptação Transcultural de Questionários propostas por

Beaton et al17, tem sido utilizadas para o procedimento de tradução e adaptação. De acordo

com o que estas propõem, é necessário realizar cada etapa para poder obter um instrumento

traduzido e adaptado corretamente. As etapas consistem em: Tradução, Síntese das traduções,

Retrotradução, Comitê de Revisão e Pré-teste da versão pré-final.

Além da realização dos procedimentos de tradução e adaptação, indica-se que sejam

testadas as propriedades de medida do instrumento traduzido e adaptado. As propriedades de

medida são necessárias para determinar a qualidade metodológica do instrumento, para isto,

existem critérios que auxiliam a realização dos testes14. Tais critérios são propostos por

Terwee et al14 em Critérios de Qualidade para Propriedades de Medida de Questionários da

Área da Saúde. Os critérios a serem testados são: Consistência Interna, Validade,

Reprodutibilidade, Responsividade e Efeito Teto e Piso.

A Consistência Interna representa uma medida de homogeneidade de um instrumento

e indica o grau em que os itens deste estão correlacionados, medindo assim o mesmo

construto. A Validade indica se o instrumento está avaliando o construto que propôs a medir e

pode ser medida através da Validade de Critério (quando há um “padrão ouro”) ou pela

Validade de Construto (quando não há um “padrão ouro” para comparação). A

Reprodutibilidade é a capacidade de determinado instrumento obter resultados semelhantes

em indivíduos estáveis e pode ser avaliada pela confiabilidade e concordância. A

Responsividade é a capacidade do instrumento detectar mudanças clínicas ao longo do tempo

e o Efeito Teto e Piso se refere ao número de entrevistados que alcançarão o máximo ou o

mínimo escore possível14, 16.

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4. Objetivos da Dissertação

Assim, a presente dissertação teve como objetivo primeiramente identificar os

métodos observacionais utilizados para avaliar os fatores de risco ergonômicos traduzidos e

adaptados para o português brasileiro, descrever os métodos de tradução e as propriedades de

medida, através de uma revisão sistemática (Capítulo 2), além de traduzir, adaptar

transculturalmente o método Rapid Entire Body Assessment-REBA para o português-brasileiro

e testar sua reprodutibilidade através da confiabilidade e concordância (Capitulo 3).

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Referências

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esforços repetitivos (LER) distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).

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http://www.bls.gov/news.release/archives/osh_10212010.pdf.

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CAPÍTULO 2

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AVALIAÇÃO DAS TRADUÇÕES, ADAPTAÇÕES TRANSCULTURAIS E

PROPRIEDADES DE MEDIDA DE MÉTODOS OBSERVACIONAIS PARA

AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

EVALUATION OF TRANSLATION, CROSS-CULTURAL ADAPTATION AND

MEASUREMENT PROPERTIES OF OBSERVATIONAL METHODS FOR

ASSESSMENT OCCUPATIONAL RISKS: A SYSTEMATIC REVIEW

AUTORES: ANDRESSA M. LAMARÃO1, LUCÍOLA C. M. COSTA2, MARIA L. C.

COMPER3, ROSIMEIRE S. PADULA2*

1Fisioterapeuta, mestranda do Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil.

2Fisioterapeuta, doutora, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil

3Fisioterapeuta, mestre, docente da União Metropolitana de Ensino e Cultura – Itabuna (BA),

Brasil.

*Autor Correspondente: Rua Cesário Galeno 448/475, CEP 03071-000, Tatuapé, São

Paulo/SP, (11) 2178 1565, [email protected]

Título Resumido: Revisão Sistemática de traduções, adaptações e propriedades de medida de

métodos observacionais.

Running title: Systematic review of translation, adaptations and measurement properties of

observational methods.

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RESUMO

Contextualização: Dentre os métodos de mensuração dos fatores de risco biomecânicos

disponíveis na literatura, os métodos observacionais apresentam maior aplicabilidade na

prática ocupacional. Objetivo: Localizar estudos que usaram métodos observacionais em

trabalhadores brasileiros, identificar e avaliar procedimentos de tradução/adaptação

transcultural e testes de propriedades de medida desses métodos. Métodos: Buscas foram

realizadas em MEDLINE, EMBASE, CINAHL, LILACS e SCIELO. Dados da tradução,

adaptação transcultural e propriedades de medida foram extraídos. Resultados: Foram

encontrados 3.870 estudos em potencial, 38 foram incluídos nesta revisão e passaram por

análise. Oito métodos foram utilizados em trabalhadores brasileiros: AET, NIOSH, OCRA,

OWAS, QEC, RARME, REBA e RULA. O estudo que utilizou o QEC apresentou todas as

etapas de tradução e adaptação classificados positivamente. Outro estudo utilizou o OCRA

apresentando tradução, síntese das traduções e comitê de revisão classificadas como

duvidosas. As propriedades de medida do QEC apresentaram confiabilidade com classificação

negativa, consistência interna duvidosa, concordância positiva bem como validade de

construto. O RARME apresentou confiabilidade positiva e validade de construto negativa.

Conclusões: A maioria dos métodos observacionais utilizados em trabalhadores brasileiros

não efetuaram os procedimentos de tradução e adaptação transcultural, e não testaram suas

propriedades de medida, ressaltando a necessidade de realizar esses procedimentos nos

métodos antes de utilizá-los.

Palavras-chave: ergonomia, saúde do trabalhador, biomecânica, fisioterapia.

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Abstract

Contextualization: Among the available methods of measurement of the ergonomic risk

factors in the literature, the observational methods have greater applicability in occupational

practice Objective: To identify studies that has used of observational methods in Brazilian

workers, to identify and to evaluate the procedures of translation/cross-cultural adaptation and

testing for measuring properties of these methods. Methods: Searches were conducted in

MEDLINE, EMBASE, CINAHL, LILACS and SCIELO. Data related to translation, cross-

cultural adaptation and measurement properties were extracted. Results: 3870 potentially

studies were found, being 38 eligible to be included in this review. Eight methods were used

in Brazilian workers: AET, NIOSH, OCRA, OWAS, QEC, RARME, REBA and RULA. All

procedures regards to the translation and cross-cultural adaptation were classified as positive

to the QEC method. Translation, synthesis of the translations and review committee classified

and these procedures were classified as doubtful to the OCRA method. The QEC method

showed that the reliability was classified as negative, the internal consistency as doubtful, and

the agreement and construct validity were positive. The RARME presented reliability and

construct validity negative. Conclusions: Most observational methods used in Brazilian

workers did not perform the procedures of translation and cross-cultural adaptation and have

not tested their measurement properties, highlighting the need to performed theses procedures

in observational methods before using them.

Keywords: ergonomics, occupational health, biomechanical, physical-therapy.

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1. Introdução

A população de trabalhadores brasileiros vem apresentando um elevado índice de

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT’s), com ocorrência de 10.867

casos em 20091. Os DORT’s consistem em afecções caracterizadas por dor crônica, que

podem acometer tendões, ligamentos, nervos e músculos, em lugares específicos do corpo2

Tais afecções estão associadas à exposição dos trabalhadores a fatores de risco físicos,

organizacionais, biomecânicos, psicossociais, químicos e cognitivos presentes no ambiente de

trabalho3. A identificação e análise destes fatores são importantes para a adoção de estratégias

de promoção e prevenção em Saúde e Segurança do Trabalhador (SST)4. Para tal, existem

métodos qualitativos, quantitativos e observacionais, que apresentam vantagens, desvantagens

e características específicas para a mensuração dos fatores de risco biomecânico, cujos

resultados são importantes para pesquisas e prática clínica5-7.

Os métodos qualitativos apresentam-se como checklist, relatórios ou questionários.

Estes últimos se diferenciam dos demais métodos por considerar a percepção do trabalhador

diante do fator de risco, bem como a localização e intensidade de sintomas, nível de qualidade

de vida, nível de satisfação no trabalho, dentre outros. Geralmente, os métodos qualitativos

são simples, com baixo custo operacional e aplicáveis a um grande número de tarefas5. No

entanto, demonstram subjetividade e demandam tempo considerável de aplicação. Além

disso, para que os dados de questionários sejam representativos há necessidade de grandes

amostras8. No caso de checklists e relatórios, são necessários avaliadores treinados.

Os métodos quantitativos fornecem, por meio de instrumentação especializada, como a

videocinematografia, medidas precisas da exposição aos fatores de risco, principalmente os

biomecânicos, elevando assim o custo e a complexidade de aplicação, o que dificulta seu uso

na prática ocupacional5. Outra forma de avaliação de risco biomecânico são os métodos

observacionais, que monitoram efeitos de melhorias ergonômicas e conduzem pesquisas na

área da SST8. Estes métodos podem ser aplicados por meio de observação “in locu” ou por

filmagem5, 7, 8. A observação “in locu” é realizada pela visualização do desvio do segmento

corporal em relação à sua posição neutra, sendo mais recomendada para a avaliação da

postura estática ou repetitiva. A filmagem é considerada mais detalhada e reprodutível, o que

facilita a análise do movimento repetidas vezes8. Os métodos observacionais permitem a

avaliação de diferentes atividades ocupacionais sem interferir na realização desta, além de

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possuírem baixo custo de aplicação7, 9. Porém apresentam limitação, no fato dos dados

epidemiológicos norteadores da pontuação, muitas vezes serem baseados em hipóteses5.

Apesar de suas vantagens, o uso dos métodos observacionais em trabalhadores

brasileiros é dificultado pelo fato de terem sido desenvolvidos, em sua maioria, na língua

inglesa. Neste caso, para serem utilizados no Brasil, recomenda-se a realização da tradução e

adaptação transcultural de acordo com as Diretrizes de Tradução e Adaptação Transcultural

de Questionários propostas por Beaton et al10, bem como a realização dos testes das

propriedades de medida de acordo com os Critérios de Qualidade para Propriedades de

Medida de Questionários da Área da Saúde propostas por Terwee et al11. No entanto,

informações referentes aos métodos observacionais traduzidos, adaptados transculturalmente

para o português-brasileiro e suas propriedades de medida testadas, representam um vazio na

literatura científica. Diante do exposto, este estudo objetivou identificar, através de uma

revisão sistemática, os estudos que relataram o uso de métodos observacionais em

trabalhadores brasileiros; identificar e avaliar os procedimentos de tradução/adaptação

transcultural para o português-brasileiro dos métodos observacionais.

2. Métodos

2.1. Estratégia de Buscas e Seleção dos Estudos

Três estratégias de buscas sistematizadas e independentes foram efetuadas em cinco

bases de dados eletrônicas: MEDLINE, EMBASE, CINAHL, SCIELO e LILACS, sem limites

de data de publicação. Todas as estratégias de buscas foram realizadas na língua inglesa,

sendo que no LILACS foram utilizados termos apenas na língua portuguesa. A última busca

foi realizada em Novembro de 2012.

A primeira estratégia consistiu em 4 grupos de termos de buscas baseados nos termos

disponíveis em Mesh Terms e DesCS: termos ocupacionais (ex.: observational OR

occupational health e outros), termos de medida (ex.: inventory OR method OR checklist e

outros), termos musculoesqueléticos (ex.: shoulder OR musculoskeletal e outros) e termos

relacionados ao idioma (ex.: Brazil OR Portuguese e outros), combinados entre si com o

operante AND. A segunda estratégia foi realizada utilizando os nomes e as abreviações de 30

métodos observacionais encontrados na revisão sistemática de Takala et al7, a qual sintetiza os

métodos observacionais disponíveis na língua inglesa. Estes nomes foram combinados com

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termos relacionados ao idioma (ex.: Brazil OR Portuguese e outros) utilizando o operante

AND. Os resultados destas 2 estratégias de buscas foram exportados para o software

ENDNOTE® X5.

A terceira estratégia consistiu em buscas manuais nas revistas científicas, a partir da

checagem de referências de artigos elegíveis, como garantia de uma busca mais abrangente.

Um exemplo de uma estratégia de busca descrita acima pode ser visualizado no Apêndice I.

Os estudos foram considerados elegíveis quando apresentavam pelo menos um dos

critérios de inclusão descritos abaixo: (1) relataram o uso de um método observacional para

avaliar fatores de risco biomecânico em trabalhadores brasileiros, (2) realizaram a tradução

e/ou adaptação de um método observacional para o português-brasileiro para avaliar fatores

de risco biomecânico, (3) testaram as propriedades de medida de um método observacional,

desenvolvido na língua portuguesa ou traduzido e/ou adaptado para o português-brasileiro,

para avaliar fatores de risco biomecânicos. Apenas textos completos publicados em periódicos

revisados por pares foram considerados elegíveis. Foram excluídos textos advindos de teses

ou dissertações, resumos de congressos, livros, métodos observacionais adaptados para outros

idiomas e utilizados em outras populações.

Dois pesquisadores independentes realizaram a análise inicial dos estudos encontrados

nas buscas, por meio da avaliação dos títulos e resumos. Os artigos considerados

potencialmente elegíveis foram obtidos na íntegra e avaliados quanto aos critérios de inclusão.

Em casos de discordância, um terceiro pesquisador foi consultado e uma decisão foi tomada

via consenso.

2.2. Extração de dados

Para cada estudo considerado elegível e incluído nesta revisão sistemática foram

extraídos os dados que descreviam os procedimentos de tradução e adaptação transcultural de

acordo com as Diretrizes de Tradução e Adaptação Transcultural de Questionários 10, a qual

sugere que o processo de tradução e adaptação seja realizado em 5 etapas: tradução, síntese

das traduções, retrotradução, comitê de revisão e pré-teste da versão pré-final.

Com o objetivo de avaliar os métodos utilizados para os testes das propriedades de

medidas, dados referentes à consistência interna, validade do construto, reprodutibilidade

(confiabilidade e concordância), responsividade e efeitos teto-piso foram coletados. Neste

estudo, as propriedades de medida validade de face (ou validade de conteúdo),

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interpretabilidade e validade de critério não foram avaliadas. As principais razões pelas quais

estas propriedades de medidas não foram avaliadas são: 1) validade de face e

interpretabilidade são relevantes de serem avaliadas apenas durante o processo de

desenvolvimento de um método em sua língua original; 2) validade de critério só pode ser

avaliada pela comparação com um método “padrão ouro”. No caso dos métodos

observacionais para a avaliação de fatores de risco biomecânico, não há um método que

mensure o mesmo construto e que possa ser considerado como padrão ouro7.

2.3. Qualidade metodológica dos estudos incluídos

Para determinar a qualidade metodológica dos processos de tradução e adaptação

transcultural, após a extração de dados, todos os estudos incluídos foram classificados de

acordo com as Diretrizes de Tradução e Adaptação Transcultural de Questionários10 (Tabela

1). Do mesmo modo, para determinar a qualidade metodológica dos estudos que testaram as

propriedades de medida, todos os estudos foram classificados de acordo com os Critérios de

Qualidade para Propriedades de Medida de Questionários da Área da Saúde 11 (Tabela 2).

De uma forma geral, os estudos foram classificados, para cada item avaliado, da seguinte

forma:

1) Positiva (+): se o procedimento avaliado foi realizado de acordo com as diretrizes

citadas acima;

2) Duvidosa (?): se o procedimento avaliado foi realizado de forma questionável;

3) Negativa (-): se o procedimento avaliado foi realizado, mas não estava de acordo com

as diretrizes citadas acima;

4) Zero (0): quando as informações sobre o procedimento avaliado eram insuficientes

para serem avaliados em relação a sua qualidade metodológica.

A classificação detalhada para cada item avaliado pode ser observado na Tabela 1 e

Tabela 2.

INSERIR TABELA 1 e INSERIR TABELA 2

3. Resultados

A partir das estratégias de buscas, foram encontrados 3.870 estudos, dos quais, 3.021

foram excluídos por título e resumo, uma vez que não atendiam os critérios de inclusão. Ao

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final, 132 estudos foram avaliados na íntegra, sendo que destes, 99 estudos foram excluídos

por diversas razões. Após a análise final, somente 38 estudos foram incluídos, por reportar a

utilização de métodos observacionais em trabalhadores brasileiros. O fluxograma detalhado

sobre a seleção dos estudos incluídos nesta revisão sistemática está na figura 1.

INSERIR FIGURA 1

A Tabela 3 apresenta os métodos observacionais utilizados nos trabalhadores

brasileiros, os procedimentos de tradução e adaptação com suas respectivas avaliações de

acordo com o que foi proposto pelas Diretrizes de Tradução e Adaptação Transcultural de

Questionários 10. Foram encontrados 8 diferentes métodos observacionais utilizados em

trabalhadores brasileiros nos 38 estudos, sendo eles: AET, NIOSH, OCRA, OWAS, QEC,

RARME, REBA e RULA. Dentre estes, o mais referido pelos estudos foi o AET, encontrado

em 19 estudos16-34, os quais não realizaram procedimentos de tradução, adaptação e teste de

propriedades de medida, sendo classificados com 0. A partir dos estudos incluídos, somente o

estudo que utilizou o método Quick Exposure Check - QEC12 realizou os procedimentos de

tradução e adaptação transcultural de acordo com o proposto nas diretrizes, sendo classificado

positivamente nas etapas de tradução, síntese das traduções, retrotradução, comitê de revisão e

pré-teste da versão pré-final. O estudo referente ao Roteiro para Avaliação de Riscos

Musculoesqueléticos- RARME13 não realizou os procedimentos de tradução e adaptação

transcultural, pois foi desenvolvido no Brasil. Além destes, outro estudo utilizou o método

Occupational Repetitive Actions - OCRA14 e relatou apenas as etapas de tradução, síntese das

traduções e comitê de revisão realizadas de forma questionável, classificadas como duvidosas.

Os demais estudos não relataram procedimentos para tradução e adaptação, sendo

classificados com 0.

INSERIR TABELA 3

Na Tabela 4 é possível observar as avaliações das propriedades de medida, conforme

os Critérios de Qualidade para Propriedades de Medida de Questionários da Área da Saúde 11. Somente 2 estudos realizaram testes das propriedades de medida. O estudo que utilizou o

QEC15 verificou as seguintes propriedades de medida: confiabilidade, concordância,

consistência interna e validade de construto. Destas, apenas as propriedades concordância e

validade de construto foram classificadas positivamente, estando de acordo com o proposto

nas diretrizes. A confiabilidade desse método apresentou-se classificada negativamente, e teve

sua consistência interna classificada como duvidosa. Já o estudo que utilizou o RARME13

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realizou apenas 2 testes de propriedade de medida: confiabilidade classificada positivamente e

validade de construto classificada negativamente. Os demais estudos não relataram

informações sobre os procedimentos de tradução e adaptação, sendo classificados com 0.

INSERIR TABELA 4

4. Discussão

Diante da necessidade de conhecer os métodos observacionais de análise do risco

biomecânico, este estudo propôs localizar os que utilizaram em trabalhadores brasileiros,

avaliando os procedimentos realizados para a tradução e adaptação transcultural para o

português-brasileiro e testes das propriedades de medida destes. Com as estratégias de buscas

adotadas, foram identificados 38 estudos, destes apenas 4 relataram realização de parte do

proposto por diretrizes e critérios. Um dos estudos encontrados apresentou a versão

português-brasileira do método QEC12. Este método foi traduzido e adaptado de acordo com

os procedimentos metodológicos recomendados, cumprindo todas as etapas propostas pelas

Diretrizes de Tradução e Adaptação Transcultural de Questionários de Beaton et al 10,

incluindo: tradução, síntese das traduções, retrotradução, análise do comitê e pré-teste da

versão pré-final. As propriedades de medida deste método foram apresentadas em outro

estudo15 e incluiu a descrição dos seguintes testes: confiabilidade, concordância, consistência

interna e validade de construto. Apenas os testes de concordância e validade de construto

atenderam as diretrizes. A confiabilidade também foi testada, porém apesar de ter sido testada

de forma adequada, o valor do Coeficiente Kappa encontrado foi menor do que o proposto

pelas diretrizes. A consistência interna foi realizada de forma questionável, uma vez que não

foi relatada a realização da análise fatorial recomendada pelas diretrizes.

O outro método observacional encontrado foi o RARME13 que, por ter sido

desenvolvido em português-brasileiro, não necessitou da realização do procedimento de

tradução e adaptação transcultural. Em relação às suas propriedades de medida, foram

testadas as propriedades de confiabilidade de acordo com o proposto pelos critérios e validade

de construto. Esta última não atendeu as diretrizes, pois menos de 75% das hipóteses foram

confirmadas, o que demonstra a necessidade de refazer a correlação do RARME13. Neste

caso, a busca de resultados mais satisfatórios, que permitam sua validade, deve ser realizada.

Entretanto não há um método que avalie o mesmo construto que o RARME13. Além dos

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estudos mencionados, outro estudo relatou a realização da tradução do método OCRA14, de

forma questionável, pois apresenta poucos detalhes dos procedimentos de tradução, síntese

das traduções e comitê de revisão, estando fora das diretrizes propostas por Beaton et al10.

Os demais estudos avaliados nesta revisão sistemática relataram a utilização dos

seguintes métodos: AET16-34, NIOSH22, 35, 36, OWAS33, 37-39, REBA35, 40, 41, RULA25, 39, 42, 43,

OCRA44, 45, sendo o método mais referido o AET. Contudo, nenhum destes descreveu

informações sobre os procedimentos de adaptação transcultural e/ou teste de propriedades de

medida dos métodos utilizados. Este fato resultou nas classificações com zeros, ou seja, sem

informações disponíveis. Dezenove estudos relataram a utilização do método AET sem referir

de onde retiraram tal método. Assim, não se pode afirmar que o AET utilizado seja o mesmo

em todos os estudos. Todos estes resultados demonstram que os estudos não se preocuparam

em verificar se os métodos utilizados eram adequados à população estudada e se realmente

avaliavam o construto ao qual se propunham. Além disso, ao que parece os autores utilizaram

os métodos com uma tradução literal e sem o conhecimento das propriedades de medidas e

orientações dos autores que desenvolveram e/ou testaram o método no idioma de origem.

É importante compreender que os procedimentos de adaptação transcultural têm como

objetivo tornar o método traduzido um equivalente ao original, diferentemente do objetivo de

produzir um método que seja idêntico ao original. A utilização de métodos que foram

meramente traduzidos pode gerar problemas, pois a tradução é apenas a primeira etapa

envolvida nas diretrizes de tradução e adaptação transcultural10, 46. A tradução literal pode

produzir um texto com significado muito diferente do original ou sem sentido, com termos

que podem ser irrelevantes no novo contexto ao qual será utilizado, ou ainda, pode produzir

interpretações diferentes quanto ao método, pontuação e orientações de uso. Além disso,

podem existir palavras no método original que não possuam termos equivalentes na língua-

alvo. Tudo isto coloca em dúvida se os resultados decorrentes dos métodos, relatados nos

estudos incluídos, sem tradução e adaptação adequada são verdadeiros 10, 11, 47, 48.

Este estudo mostra-se relevante por apresentar a carência de métodos observacionais

metodologicamente adequados para a aplicação em trabalhadores brasileiros e a ausência de

cuidados na utilização de métodos de avaliação de risco ergonômico nesta população. A

utilização de um método sem tradução, adaptação transcultural e teste das propriedades de

medida demonstra-se constante nos estudos encontrados, apresentando a clara necessidade de

mais traduções e adaptações transculturais de métodos observacionais a serem utilizados em

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trabalhadores brasileiros. É indicado seguir os procedimentos propostos, para ter a garantia de

que o método é realmente adequado à população, pois examinar as propriedades de medida

em uma amostra relevante é a única forma de verificar que o método é útil.

Durante a realização deste estudo, algumas limitações foram encontradas. Apesar da

utilização sistemática dos termos selecionados, alguns estudos podem não ter sido capturados,

pois algumas revistas brasileiras e portuguesas podem não estar indexadas em nenhuma das

bases utilizadas ou podem estar indexadas em bases de dados latino-americanas as quais

apresentam um sistema de busca não tão sensível quanto os das bases de dados americanas.

Além disso, não faz muito tempo que as revistas e os revisores cobram dos autores de cada

artigo, a correção de palavras-chaves que não estão entre os descritores. Então o que pode ter

acontecido também é que outras palavras tenham sido utilizadas, mas que devido não

constarem nos descritores, não foram encontradas. De acordo com Dickersin et al49, a

indexação de forma inadequada, descritores inadequados e o uso de descrições pouco

esclarecedoras dos métodos, são fatores que reduzem a sensibilidade de busca.

5. Conclusão

Os achados deste estudo mostram que apenas um método observacional para análise

do risco biomecânico está adaptado transculturalmente para o português-brasileiro, conforme

as recomendações das diretrizes para este tipo de estudo. No entanto, algumas das

propriedades de medida deste instrumento não apresentaram valores de acordo com o

proposto nos critérios. Os demais métodos estão sendo utilizados por meio de traduções

literais as quais não seguiram diretrizes. Na prática, o uso destes métodos pode gerar

diferentes interpretações dos avaliadores quanto à aplicação, pontuação e interpretação dos

resultados obtidos.

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Tabela 1. Diretrizes propostas por Beaton10 para os procedimentos de adaptação transcultural de questionários (adaptado por Menezes-Costa et al48 e traduzido por Puga et al50).

+ Classificação Positiva; - Classificação Negativa; 0 Classificação Nula; ? Classificação Duvidosa

Etapa Realização Qualidade 1) Tradução 2 ou mais tradutores

independentes devem traduzir o método. A língua nativa dos tradutores deve ser de preferência, a língua-alvo da tradução.

0 Não há informações sobre a tradução; + Tradução realizada por 2 ou mais tradutores independentes; - Tradução realizada por1 tradutor; ? Processo de tradução questionável.

2) Síntese das Traduções

Os tradutores devem sintetizar as traduções e gerar uma tradução consenso.

0 Não há informações sobre a síntese ou a tradução foi realizada somente por um tradutor; + Síntese realizada por 2 ou mais tradutores; ? Processo de síntese questionável.

3) Retrotradução 2 ou mais Tradutores independentes que não tenham conhecimento do método original devem traduzir o consenso das traduções de volta à língua de origem do método.

0 Não há informações sobre a retrotradução. + Retrotradução realizada por 2 ou mais tradutores independentes; - Retrotradução realizada por somente um tradutor; ? Processo de retrotradução questionável.

4) Comitê de revisão

Um comitê de especialistas deve analisar as versões do método e desenvolver a versão pré-final do método.

0 Não há informações sobre o comitê de especialistas; + Foi claramente relatado o comitê de especialistas; ? Processo de análise do comitê questionável.

5) Pré-teste da versão pré-final

A versão pré-final deve ser testada em membros da população-alvo.

+ Foi realizado o pré-teste. ? Desenho duvidoso. 0 Não há informações sobre o pré-teste.

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Tabela 2. Critérios de Qualidade para Propriedades de Medida de Questionários da Área de Saúde propostas por Terwee et al11 (Adaptado por Menezes-Costa et al48 e traduzido por Puga et al50) Propriedade de medida

Conceito Qualidade da propriedade de medida

Consistência Interna

Medida de homogeneidade da (sub) escala de um método. Indica o grau em que os itens da (sub) escala estão relacionados entre si, se verificam o mesmo construto. A análise fatorial deve ser aplicada para determinar se os itens da (sub) escala formam uma única dimensão.

0 Não há informação; - Alfa de Cronbach < 0,70 ou > 0,95, apesar do método estar adequado; + Análise fatorial realizada em uma amostra com sete participantes por item ou no mínimo 100 sujeitos no total. E Alfa de Cronbach calculado por dimensão, com valor entre 0,70 e 0,95; ? Não há análise fatorial OU método questionável.

Validade do Construto

Verifica a medida que a pontuação do métodos e relaciona com outros métodos similares,estando de acordo com as hipóteses específicas de correlação pré-definidas.

0 Não há informação; - Menos de 75% das hipóteses foram confirmadas, apesar do delineamento e método estarem adequados; +Foram formuladas hipóteses específicas. Pelo menos, 75%dos resultados estão de acordo; ?Delineamento questionável (ex. hipóteses não foram formuladas).

Reprodutibilidade É um termo guarda-chuva para Confiabilidade e Concordância. Verifica o grau em que medições repetidas em indivíduos estáveis fornecem respostas semelhantes.

Confiabilidade Avalia até que ponto os participantes podem ser diferenciados entre si, apesar dos erros de medida (erro relativo).

0 Não há informações; + Coeficiente de Correlação Intra-classe (CCI) ou Kappa ≥ 0,70; ? Delineamento duvidoso (ex. intervalo de tempo entre as medidas não mencionado ou não justificado); - CCI ou Kappa< 0,70, apesar do método adequado.

Concordância Mede o quão próximo duas ou mais medidas repetidas estão uma das outras (erro absoluto).

+Se a Mudança Minimamente Importante (MMI) for menor que a Menor Mudança Detectável(MMD) ou estiver fora dos Limites de Concordância (LOC) ou argumentos convincentes que a concordância é aceitável; ? Delineamento duvidoso ou MMI não definido e sem argumentos convincentes de que a concordância é aceitável; - MMI ≥ MMD ou MMI igual ou dentro do LOC, apesar do método adequado; 0 Não há informações sobre a concordância.

Responsividade A capacidade do método em + MMD individual ou MMD grupo < MMI OU

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detectar mudanças clínicas ao longo do tempo no construto que está sendo medido.

MMI fora dos LOC OU razão da responsividade > 0,96 OU área abaixo da curva ≥ 0,70; ?Delineamento questionável OU tamanho amostral < 50 participantes OU falhas metodológicas graves; - MMD individual ou MMD grupo ≥ MMI OU MMI dentro dos limites da concordância OU razão da responsividade ≤ 0,96 OU área abaixo da curva < 0,70, apesar do delineamento e método adequados; 0 Não há informações sobre a responsividade.

Efeitos de Teto e Piso

O número de entrevistados que alcançou o máximo ou mínimo escore possível.

+ ≤ 15% dos entrevistados alcançaram o máximo ou mínimo escore possível; ? Método ou delineamento questionável OU tamanho da amostra < 50 OU falhas metodológicas graves; - > 15% dos entrevistados alcançaram o máximo ou mínimo escore possível, apesar do delineamento e métodos adequados; 0 Não há informação sobre efeitos de teto e piso.

+ = classificação positiva; ? = delineamento duvidoso; - = classificação negativa; 0 = não há informação disponível. Delineamento duvidoso = falta de uma descrição clara do delineamento do estudo, amostra menor do que 50 participantes ou qualquer importante problema metodológico no desenho ou na execução do estudo. MMI= Mudança Minimamente Importante; MMD= Menor Mudança Detectável; LOC= Limites de Concordância; CCI= Coeficiente de Correlação Intra-classe; DP= Desvio Padrão.

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Figura 1. Fluxograma da Revisão Sistemática.

1ª Estratégia de busca MEDLINE: 395 estudos CINAHL: 404 estudos EMBASE: 1078 estudos SCIELO: 157 estudos LILACS: 465 estudos

2ª Estratégia de busca MEDLINE: 145 estudos CINAHL: 171 estudos EMBASE: 502 estudos SCIELO: 311 estudos LILACS: 242 estudos

Estudos potencialmente relevantes a serem incluídos na revisão (n= 3.870)

Duplicatas excluídas (n= 717)

Estudos com potencial a serem incluídos na revisão (n= 3.153)

Estudos excluídos por: título e resumo (n=3.021)

Estudos que necessitam de avaliação por texto completo (n= 132)

Estudos incluídos na revisão sistemática (n=38)

3ª Estratégia de busca (n=2)

Excluído na decisão final por: Diferentes idiomas (n= 14) Outros Instrumentos (n= 39) Não eram artigos (n= 5) Montou instrumentos (n=6) Outras populações (n=32)

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Tabela 3. Análise dos procedimentos de tradução e adaptação transcultural dos métodos

observacionais de acordo com as Diretrizes do Processo de Adaptação Transcultural dos

Questionários10.

Método Tradução Síntese Retrotradução Comitê de revisão Pré-teste

AET16-34 0 0 0 0 0

NIOSH22, 35, 36 0 0 0 0 0

OCRA14 ? ? 0 ? 0

OCRA44, 45 0 0 0 0 0

OWAS33, 37-39 0 0 0 0 0

QEC12 + + + + +

QEC15 0 0 0 0 0

RARME13 n/a n/a n/a n/a n/a

REBA35, 40, 51 0 0 0 0 0

RULA39, 42, 43 0 0 0 0 0

= classificação positiva; - =classificação negativa; 0 = informação indisponível; ? = não está claro; n/a = não aplicável;

AET=Análise Ergonômica do Trabalho; NIOSH= National Institute for Occupational Safety and Health; OWAS= Ovako

Working Posture Analising System; QEC= Quick Exposure Check; RARME= Roteiro para Avaliação de Riscos

Musculoesqueléticos; REBA= Rapid Entire Body Assessment; RULA= Rapid Upper Limb Assessment; OCRA=

Occupational Repetitive Actions

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36

Tabela 4. Testes das propriedades de medida dos métodos observacionais de acordo com os

Critérios de Qualidade para Propriedades de Medida de Questionários da Área de Saúde11

Método Confiabilidade Concordância Consistência Interna Responsividade

Validade de

Construto

Efeito teto-piso

AET16-34 0 0 0 0 0 0

NIOSH22, 35, 36 0 0 0 0 0 0

OCRA14 0 0 0 0 0 0

OCRA44, 45 0 0 0 0 0 0

OWAS33, 37-39 0 0 0 0 0 0

QEC12 0 0 0 0 0 0

QEC15 - + ? 0 + 0

RARME13 + 0 0 0 - 0

REBA35, 40, 51 0 0 0 0 0 0

RULA39, 42, 43 0 0 0 0 0 0

= classificação positiva; - =classificação negativa; 0 = informação indisponível; ? = não está claro; n/a = não aplicável;

AET=Análise Ergonômica do Trabalho; NIOSH= National Institute for Occupational Safety and Health; OWAS= Ovako

Working Posture Analising System; QEC= Quick Exposure Check; RARME= Roteiro para Avaliação de Riscos

Musculoesqueléticos; REBA= Rapid Entire Body Assessment; RULA= Rapid Upper Limb Assessment; OCRA=

Occupational Repetitive Actions

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Referências

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40

Apêndice I – Estratégia de busca na base de dados MEDLINE

Busca 1 Resultados 1 observational.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease

supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

47364

2 occupational health.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

36914

3 work related.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

7311

4 ergonom$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

5072

5 risk assessment.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

146762

6 occupational risk.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

1598

7 occupational hazard.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

829

8 manual material handling.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

80

9 mmh.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

219

10 task analys$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

614

11 posture.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

58714

12 occupational exposure.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

40979

13 exposure risk.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

659

14 overload.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

21923

15 lifting.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading

9873

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41

word, unique identifier] 16 lowering.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary

concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

55572

17 carrying.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

71595

18 transport.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

369953

19 work$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

729553

20 biomechanic$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

79751

21 employ$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

312448

22 1 or 2 or 3 or 4 or 5 or 6 or 7 or 8 or 9 or 10 or 11 or 12 or 13 or 14 or 15 or 16 or 17 or 18 or 19 or 20 or 21

1795201

23 inventory.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

53889

24 questionnaire.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

179339

25 method.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

1197288

26 evaluation.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

970617

27 list.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

41327

28 protocol.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

132614

29 scale.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

269301

30 tool.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

189799

31 instrument.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary 58201

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42

concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

32 index.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

496439

33 checklist.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

13043

34 valid$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

297267

35 reliability.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

75229

36 reproducibility.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

241380

37 adapt$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

346875

38 cross cultural.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

21348

39 internal consistency.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

11105

40 construct.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

63308

41 translat$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

164929

42 rasch.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

1508

43 responsiveness.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

70304

44 clinimetric$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

361

45 psychometric$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

53593

46 measurement.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word,

346210

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43

subject heading word, unique identifier] 47 video.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary

concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

51093

48 repeatability.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

9528

49 23 or 24 or 25 or 26 or 27 or 28 or 29 or 30 or 31 or 32 or 33 or 34 or 35 or 36 or 37 or 38 or 39 or 40 or 41 or 42 or 43 or 44 or 45 or 46 or 47 or 48

3872397

50 shoulder.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

40189

51 neck.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

147659

52 upper limb$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

10966

53 upper extremit$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

15746

54 arm$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

142403

55 lower limb$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

24563

56 lower extremit$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

33634

57 leg$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

306164

58 back.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

108697

59 lumbar.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

73679

60 trunk.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

31033

61 limb$.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

138405

62 musculoskeletal.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease 24751

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44

supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

63 50 or 51 or 52 or 53 or 54 or 55 or 56 or 57 or 58 or 59 or 60 or 61 or 62 917179 64 Brazil.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary

concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

51164

65 Brasil.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

4302

66 portuguese.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

4154

67 Brazilian Portuguese.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

205

68 brazilian.mp. [mp=protocol supplementary concept, rare disease supplementary concept, title, original title, abstract, name of substance word, subject heading word, unique identifier]

15922

69 64 or 65 or 66 or 67 or 68 58447 70 22 and 49 and 63 and 69 320

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45

CAPÍTULO 3

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46

TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA O PORTUGUÊS-

BRASILEIRO E ANÁLISE DA REPRODUTIBILIDADE DO MÉTODO RAPID

ENTIRE BODY ASSESSMENT - REBA

TRANSLATION, CROSS-CULTURAL ADAPTATION TO BRASILIAN-PORTUGUESE AND

REPRODUCIBILITY ANALYSIS OF THE METHOD RAPID ENTIRE BODY ASSESSMENT -

REBA

AUTORES: ANDRESSA M. LAMARÃO1, LUCÍOLA C. M. COSTA2, MARIA L. C.

COMPER3, ROSIMEIRE S. PADULA2*

1Fisioterapeuta, mestranda do Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil.

2Fisioterapeuta, doutora, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil

3Fisioterapeuta, mestre, docente da União Metropolitana de Ensino e Cultura – Itabuna (BA),

Brasil.

*Autor Correspondente: Rua Cesário Galeno 448/475, CEP 03071-000, Tatuapé, São

Paulo/SP, (11) 2178 1565, [email protected]

Título Resumido: Tradução, adaptação transcultural e reprodutibilidade do REBA.

Running title: Translation, cross-cultural adaptation and reproducibility of the REBA.

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Resumo

Contextualização: Métodos observacionais como o Rapid Entire Body Assessment avaliam

de forma rápida os riscos biomecânicos presentes no ambiente de trabalho. No entanto, para a

utilização deste método, é necessário realizar tradução, adaptação transcultural e testar

propriedades de medida. Objetivo: Realizar a tradução, adaptação transcultural para o

português-brasileiro e testar a reprodutibilidade do método REBA. Métodos: Foram

realizados os procedimentos de tradução e adaptação para o português-brasileiro seguindo as

diretrizes propostas, através da realização da: tradução, síntese das traduções, retrotradução,

comitê de revisão, pré-teste da versão pré-final, além do teste da reprodutibilidade ao analisar

a confiabilidade pelo Coeficiente de Correlação Intra-Classe, Coeficiente Kappa, e

concordância pela porcentagem. Resultados: Os procedimentos realizados para tradução e

adaptação foram apropriados, as adequações necessárias foram realizadas no método. Sua

reprodutibilidade apresentou valores de -0,088 à 0,672 que representam confiabilidade

variando de muito pobre à boa. Para concordância os valores encontrados variaram de 5,66%

à 69,81%. A concordância apresentou-se mais próxima de 100% no item antebraço (69,81%)

do Intra-avaliador 1 e no item pernas e antebraço (62,26%) do Intra-avaliador 2. Conclusões:

Os processos de tradução e adaptação transcultural foram realizados no REBA, e apesar da

reprodutibilidade da versão traduzida e adaptada ter sido testada adequadamente, os valores

encontrados mostram que este método não apresenta valores de confiabilidade e concordância

aceitáveis pelas diretrizes. Portanto cautela para interpretar os riscos biomecânicos

mensurados por este instrumento deve ser tomada.

Palavras-chave: biomecânica, saúde do trabalhador, ergonomia, fisioterapia.

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Abstract

Contextualization: Observational methods as the Rapid Entire Body Assessment to quickly

assess biomechanical risks present in the workplace. However, to use this method, it is

necessary to conduct translation/cross-cultural adaptation and testing for measuring

properties. Objective: To conduct the translation, the cross-cultural adaptation to Brazilian-

Portuguese and test the reproducibility of the method REBA. Methods: Were conducted the

procedures of translation and cross-cultural adaptation to Brazilian-Portuguese following the

proposed guidelines, by conducting of translation, synthesis of translations, back translation,

committee review, pre-testing of the pre-final version, and test reproducibility by analyzing

the reliability coefficient for the Intra-Class Correlation, Coenficiente Kappa, and the

percentage agreement. Results: The procedures for translation and adaptation were

appropriate, the necessary adjustments were conducted in the method its reproducibility

presented values of -0.088 to 0.672 representing reliability ranging from very poor to good.

To agreement values ranged from 5.66% to 69.81%. The agreement presented closer to 100%

in item upper arm (69.81%) of the Intra-rater 1 and item legs and upper arm of the Intra-rater

2 (62,26%). Conclusions: The processes of translation and cross-cultural adaptation were

conducted on REBA method, and although the reproducibility of translated and adapted

version have been tested properly, the values present that this method does not have values of

reliability and agreement acceptable by the guidelines. Therefore caution in interpreting

biomechanical risks measured by this instrument should be taken.

Keywords: biomechanical, occupational health, ergonomics, physicaltheraphy

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1. lntrodução

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT’s) representam um

importante problema de saúde para os trabalhadores brasileiros1, 2. Registros demonstram

aumento de 5.025 casos em 1998, para 30.334 casos em 20053. O desenvolvimento dos

DORT’s apresenta-se complexo, devido à multicausalidade de fatores de riscos envolvidos4,

dentre os quais, estão os riscos biomecânicos. Estes riscos estão relacionados à sobrecarga

osteomuscular imposta pela tarefa laboral realizada, ao requerer uso de força excessiva,

repetição de movimentos, posicionamentos inadequados, postura estática e prolongada, os

quais são associados à intensidade, velocidade e tempo de exposição ao risco biomecânico5.

Diante da necessidade de compreender a influência dos fatores de risco no

desenvolvimento dos DORT’s recomenda-se a avaliação das situações laborais, utilizando-se

de abordagens ergonômicas adequadas, como por exemplo, os métodos observacionais. Estes

métodos checam os riscos biomecânicos presentes nas situações de trabalho e monitoram os

efeitos das melhorias ergonômicas, sem interferir no ambiente4, 6, 7.

Muitos são os métodos observacionais disponíveis na literatura, para diversos fins e

com diferentes abordagens. Um estudo recente de Takala et al.6 identificou 30 métodos

observacionais, todos na língua inglesa.. Durante a escolha de um método deve-se considerar

alguns fatores como o ambiente a ser avaliado, custo, individuo a ser avaliado e tempo

disponível para avaliação.

Os métodos observacionais podem ser aplicados de duas maneiras: por meio de

observação “in locu” ou por meio de filmagens6-8. A observação “in locu” depende da

experiência do observador, sendo indicada para avaliação de posturas estáticas ou repetitivas.

Por outro lado, a análise por meio de filmagem se apresenta mais reprodutível e detalhada,

devido a possibilidade de analisar os dados do vídeo repetidas vezes7, 9.

Entre os métodos disponíveis no estudo de Takala et al.6, o Rapid Entire Body

Assessment-REBA10, 11 apresenta-se de fácil manuseio para avaliar os fatores de riscos

biomecânicos, com um baixo custo de aplicação9, mostrando-se atrativo para avaliação de

diversos ambientes de trabalho. Este método foi desenvolvido por uma equipe de

fisioterapeutas, ergonomistas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros, através da codificação

de 600 exemplos posturais, incorporando variáveis como o peso do objeto manuseado e

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qualidade da pega, apresentando-se sensível aos riscos musculoesqueléticos em tarefas

variadas, proporcionando pontuações para a atividade muscular devido a postura estática ou

dinâmica, a partir da divisão corporal em segmentos com referência aos planos de movimento,

podendo refletir que a pega é importante durante o manuseio das cargas. O REBA apresentou

valores variando de 62% a 85% de concordância durante seu desenvolvimento10.

Para utilização deste método observacional no Brasil12-14 é necessário passar por

procedimentos propostos em diretrizes que direcionam a forma ideal para realizar a tradução,

a adaptação transcultural e os testes de propriedades de medida15, 16, podendo resolver as

diferenças culturais e idiomáticas existentes entre um país e outro. Assim, este estudo

objetivou traduzir e adaptar transculturalmente o REBA10, 11 para o português-brasileiro, e

analisar sua reprodutibilidade através do teste da confiabilidade e concordância.

2. Métodos

O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Cidade de São Paulo – UNICID (Protocolo número 13668689).

O estudo foi executado em duas etapas, sendo a primeira a realização dos

procedimentos de tradução e adaptação do método REBA para o português brasileiro; seguido

pelo teste da reprodutibilidade (confiabilidade e concordância) da versão adaptada.

O método observacional utilizado neste estudo consiste na separação dos segmentos

corporais em dois grupos (A e B). O primeiro é composto por tronco, pescoço e pernas, tendo

um total de 60 combinações posturais para pontuar na Tabela A, enquanto o segundo é

composto por ombro, antebraço e punho, tendo um total de 36 combinações para pontuar na

Tabela B. A pontuação da variável Carga/Força é adicionada à pontuação encontrada na

Tabela A, e a pontuação da variável Pega é adicionada à pontuação encontrada na Tabela B.

As pontuações finais obtidas nas duas Tabelas (A e B) são combinadas entre si, na Tabela C,

com um total de 144 combinações possíveis. Em seguida, para gerar a pontuação REBA, a

pontuação do item Atividade é adicionada ao resultado obtido na Tabela C10 (Anexo I). Após

obter a pontuação final, esta é classificada de acordo com o nível de risco, podendo ser de

insignificante a muito alto, e indicar o nível de ação.

2.1. Tradução e adaptação transcultural do REBA

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Para traduzir e adaptar o REBA foram adotadas as diretrizes propostas por Beaton et

al15 para tradução e adaptação de questionários da área da saúde, realizando as etapas:

Tradução, Síntese das Traduções, Retrotradução, Comitê de Especialistas e Pré-teste da

versão pré-final.

A Tradução foi realizada por dois tradutores (tradutor 1 e tradutor 2) independentes,

brasileiros e bilíngues, que produziram duas traduções do inglês para o português-brasileiro

(versões T1 e T2). O tradutor 1 possui experiência na área de saúde do trabalhador e

conhecimento dos conceitos do método, enquanto o tradutor 2 não possui experiência na área

da saúde e não está a par dos conceitos do método, o que favoreceu uma tradução conceitual e

literária. As versões produzidas nesta etapa foram consensualmente sintetizadas em uma única

versão (T12).

Em seguida, esta versão foi retrotraduzida para o idioma original por dois outros

tradutores (retrotradutor 1 e retrotradutor 2), independentes, bilíngues e que não possuem

conhecimento do método. Esta etapa resultou em duas retrotraduções (RT1 e RT2).

Posteriormente, o Comitê de Especialistas avaliou todas as traduções e retrotraduções

(T1, T2, T12, RT1 e RT2). O comitê procedeu com verificação quanto ao título, aos itens, às

instruções, às pontuações e sobre a forma de registro, gerando uma versão pré-final.

De acordo com o proposto nas diretrizes para a realização do pré-teste de

questionários, o ideal seria aplicar a versão pré-final em 30 à 40 pacientes ou indivíduos15.

Neste estudo foram convidados 90 fisioterapeutas da área da saúde do trabalhador através de

emails. Dos 90 convidados, apenas 9 fisioterapeutas aceitaram participar da Etapa de pré-teste

da versão pré-final. Estes nove fisioterapeutas, avaliaram 5 tarefas de trabalho registradas em

vídeos utilizando a versão pré-final, relatando se a mesma estava compreensível ou não, e

quais as dificuldades encontradas. Caso os avaliadores relatassem dificuldade de

entendimento em algum item do REBA, este passa por adequações e em seguida é

reencaminhada ao Comitê de Especialistas.

2.2. Avaliação da Reprodutibilidade

Esta etapa verificou a reprodutibilidade (confiabilidade e a concordância) da versão do

REBA adaptada para o português-brasileiro, seguindo as diretrizes propostas por Terwee et

al16 para mensuração de reprodutibilidade de questionários de saúde.

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A concordância é uma propriedade de medida que representa o grau que análises

repetidas em indivíduos fornecem respostas semelhantes, por meio do erro absoluto da

medida17, 18.

A propriedade de medida denominada confiabilidade analisa o comportamento de um

instrumento ao ser utilizado em ensaios repetidos em uma amostra estável, representando o

erro relativo da medida. A confiabilidade pode ser avaliada pelo Coeficiente de Correlação

Intra-classe (CCI) o qual abrange a confiabilidade intra-avaliador e inter avaliador.

A confiabilidade Intra-avaliador mensura a precisão do instrumento quando é

utilizado mais de uma vez pelo mesmo avaliador. Por outro lado, a confiabilidade inter-

avaliador mensura a precisão do instrumento utilizado para avaliação de uma mesma tarefa

por diferentes avaliadores.

Neste estudo, a reprodutibilidade foi testada por dois avaliadores experientes em

outros projetos de pesquisa da área da saúde do trabalhador, os quais foram locados em

ambientes separados para avaliar 53 vídeo-tarefas dos seguintes ambientes de trabalho:

indústria têxtil, biblioteca, escritórios, supermercados. As tarefas incluíam atividades de

manuseio de diferentes objetos e cargas; posturas estáticas prolongadas; repetição de

movimentos; diferentes posições e formas de movimentação (agachar, caminhar, varrer,

digitar, costurar, etc).

O REBA foi avaliado e pontuado para cada região corporal, este procedimento foi

realizado novamente após o intervalo de 7 dias. Para a análise da Confiabilidade Inter-

avaliador foi considerada apenas a primeira avaliação das 53 video-tarefas.

2.3 Análise de dados

Na análise dos dados, utilizou-se o CCI do tipo 2,1 para confiabilidade de variáveis

numéricas ou quantitativas em escalas contínuas19 e o Coeficiente Kappa (K) para variáveis

categóricas. O CCI foi classificado de acordo com Fleiss (1986)19: pobre (<0,4), boa (0,4-

0,75) e excelente confiabilidade (>0,75)19. O Kappa foi classificado de acordo com Landis

and Koch (1977)20 em: confiabilidade quase perfeita (> 0,81), substancial (0,61 a 0,80),

moderada (0,41 a 0,60), pobre (0,21 a 0,40) e muito pobre (0,00 a 0,20).

Para avaliar a concordância foi realizada uma tabulação cruzada (2x2) para calcular a

porcentagem (%) de concordância, com valores de 0% a 100%. Quanto maior a percentagem

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encontrada melhor é a concordância entre os avaliadores. Todos os dados coletados foram

transferidos para a versão 17.0 do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)

para a análise.

3. Resultados

3.1. Tradução e adaptação transcultural do REBA

As versões oriundas da etapa de tradução (T1 e T2) e retrotradução (RT1 e RT2)

mostraram-se adequadas, necessitando apenas de algumas modificações gramaticais, por meio

de reposicionamentos ou substituições de termos por sinônimos objetivando uma

compreensão mais fácil.

No pré-teste da versão pré-final, os nove fisioterapeutas avaliadores que o

preencheram, não questionaram nenhum termo relacionado à pontuação dos grupos A e B.

Estes avaliadores relataram algumas dificuldades de compreensão nas instruções referentes ao

preenchimento da Tabela A, Tabela B, Tabela C e sua associação às Tabelas de Carga/Força e

Pega. Isto pode ser observado na frase que originalmente era: “For each region, there is a

posture scoring scale plus adjustment notes for additional considerations. Then score the

Load / Force and Coupling factors”.

Na versão pré-final utilizada no pré-teste, a frase acima apresentava-se: “Para cada

região, existe uma escala de pontuação da postura, mais os itens de ajuste para

considerações adicionais Em seguida, pontue carga/força e fatores de acoplamento”.

Após o relato de dificuldade de compreensão, foram realizados os ajustes necessários para

facilitar o entendimento e reencaminhado ao Comitê de Especialistas, resultando na versão

final do REBA adaptado (Apêndice I), com a frase da seguinte forma: “Para cada região,

existe uma escala de pontuação da postura, mais os itens de ajuste para considerações

adicionais. Assim que finalizar a pontuação do Grupo A, cruze as pontuações na tabela

A e ao finalizar a pontuação do Grupo B cruze as pontuações na tabela B”.

3.2. Avaliação da Reprodutibilidade

Os testes de reprodutibilidade realizados apresentaram valores para intra-avaliador 1,

intra-avaliador 2 e inter-avaliadores 1 e 2, com intervalo de confiança 95%.

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Para confiabilidade Intra-avaliador 1 o CCI variou de 0,332 para o item Ombro a

0,672 para o item Tronco, e o coeficiente Kappa apresentou o valor de 0,129 para o item

Antebraço, representando pobre, boa e muito pobre confiabilidade respectivamente. Já a

concordância variou de 15,09% para o item Nível de Ação a 69,81% para o item Antebraço.

INSERIR TABELA 1

Para confiabilidade Intra-avaliador 2 o CCI variou de 0,066 para o item Punho a 0,661

para o item Pernas, e o coeficiente Kappa apresentou valor de -0,088 para o item Antebraço,

representando pobre, boa e muito pobre confiabilidade respectivamente. Por outro lado a

concordância variou de 22,64% para o item Nível de Ação a 62,26% para os itens Antebraço

e Pernas.

INSERIR TABELA 2

Para confiabilidade Inter-avaliador 1 e 2 o CCI variou de 0,170 para o item Ombro à

0,639 para o item Pernas e o coeficiente Kappa apresentou o valor de 0,194 para o item

Antebraço, representando pobre, boa e muito pobre confiabilidade respectivamente.A

concordância variou de 5,66% para o item Nível de Ação a 66,03% para o item antebraço.

INSERIR TABELA 3

4. Discussão

A avaliação do ambiente de trabalho em busca de fatores de riscos que possam

acometer os trabalhadores brasileiros é de suma importância na prevenção e diminuição de

DORT’s. No Brasil, poucos são os instrumentos adequados para utilização, diferentemente do

que é observado em países como os Estados Unidos da América, que dispõem de grande

arsenal, como por exemplo, os métodos encontrados no estudo de Takala et al6.

Poucos são os métodos observacionais traduzidos e adaptados para o português-

brasileiro que podem ser utilizados em trabalhadores brasileiros, no entanto muitos são os

estudos que utilizam os métodos observacionais sem tradução e adaptação12-14. A literatura

refere que a utilização de um instrumento estrangeiro sem a sua devida adaptação pode

colocar em risco a validade e a precisão de avaliações efetuadas21. Estudos que proponham

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tradução e adaptação de métodos observacionais direcionados à avaliação de riscos

biomecânicos são escassos.

O processo de tradução e adaptação é tão importante quanto o desenvolvimento de um

novo instrumento22, neste processo deve-se sempre buscar a maior equivalência possível entre

o instrumento original e sua versão traduzida e adaptada. Diante deste contexto, optamos por

traduzir, adaptar transculturalmente para o português-brasileiro e testar a reprodutibilidade de

um método observacional denominado REBA10, 11.

O método REBA consiste em um instrumento destinado à avaliação do ambiente de

trabalho em busca de fatores de riscos biomecânicos, aos quais os trabalhadores podem estar

expostos10, 11. É um método observacional de aplicação simples e que não demanda muito

custo9, mas necessita de observadores treinados para a avaliação das diferentes tarefas de

trabalho11. Seu processo de tradução e adaptação transcultural para o português-brasileiro

mostrou-se de acordo com o proposto por Beaton et al15, com resultados que proporcionaram

uma versão com equivalência ao instrumento em sua origem.

O REBA em seu processo de pré-teste da versão pré-final apresentou dificuldades

relatadas pelos avaliadores nas instruções referentes ao preenchimento da Tabela A, Tabela B

e Tabela C, necessitando de adequação de termos, e adição de palavras que proporcionaram o

melhor entendimento do método e facilitaram seu preenchimento. Esta inclusão de palavras

foi importante para tornar o método mais didático de forma a auxiliar na sua aplicação pelos

avaliadores que utilizaram este método em diversos ambientes de trabalho. No entanto, o

método REBA em sua versão original10,11 não apresenta instruções que possibilitem uma fácil

compreensão. Contudo, o REBA traduzido e adaptado apresentou-se compreensível para

utilização na avaliação dos fatores de risco presentes no ambiente de trabalho.

Ao analisar o teste de reprodutibilidade do método traduzido e adaptado, observamos

que a versão português-brasileiro do REBA apresentou confiabilidade classificada como muito

pobre, pobre e boa confiabilidade Intra-avaliador 1, Intra-avaliador 2 e Inter-avaliador 1 e 2.

Com valores de CCI’s variando de -0,088 para o item Antebraço a 0,672 para o item Tronco.

A propriedade confiabilidade representa que ao utilizar o método em ensaios repetidos, com

condições estáveis, o mesmo produz resultados similares16. Por outro lado, os valores de

concordância encontrados variaram de 5,66% para o item Nível de Ação a 62,26% para o item

Pernas.

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Entretanto, os valores da confiabilidade encontrados estão abaixo dos valores

considerados pelas diretrizes, que sugerem valores de confiabilidade acima de 0,7016. Os

resultados encontrados não podem ser comparados aos encontrados no REBA em sua versão

original, devido ausência de detalhamento de valores a respeito da sua confiabilidade. O

REBA em sua versão original relata apenas valores para concordância de 62 à 85% inter-

avaliador, 10. Tais valores de concordância não são próximos aos valores encontrados neste

estudo.

Deve-se relatar que o método REBA possui limitações até mesmo em seu idioma de

origem, por não ter detalhes sobre a confiabilidade, mas apresenta valores em porcentagem,

caracterizando assim a propriedade concordância. Valores abaixo de 0,70 em confiabilidade

não é observado somente no REBA, o método Quick Exposure Check, traduzido, adaptado

para o português-brasileiro também apresentou no teste das propriedades de medida entre

muito pobre a boa confiabilidade 23. Além disso, a maioria dos métodos observacionais que

avaliam riscos descritos em uma revisão sistemática sobre o tópico6 apresenta também valores

abaixo de 0,70 para confiabilidade.

Entretanto, estes instrumentos representam a melhor forma disponível para avaliação

de fatores de riscos ocupacionais, portanto a interpretação dos valores encontrados por estes

instrumentos deve ser cautelosa.

Até o momento, apenas a propriedade de medida reprodutibilidade foi testada na

versão português-brasileiro do REBA, devido limitações encontradas pelo estudo, como a

dificuldade de conseguir avaliadores treinados para observar um n de tarefas de no mínimo

100, que seria o indicado para testar adequadamente demais propriedades de medida como a

consistência interna. É recomendado que mais estudos sejam realizados a fim de testar as

demais propriedades de medida deste método traduzido e adaptado.

Uma possível limitação deste estudo é o número de fisioterapeutas que aceitaram

participar do pré-teste da versão pré-final do instrumento. Contudo, como o instrumento não

possui frases longas e por ser muito numérico, acreditamos que isso não tenha influenciado na

qualidade da adaptação do REBA, pois os 9 fisioterapeutas conseguiram contribuir para as

poucas adaptações necessárias.

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5. Conclusão

O método REBA ao ser traduzido e adaptado apresentou resultados satisfatórios no

processo de tradução, adaptação. Este método traduzido e adaptado apresenta-se de

importante utilidade para os pesquisadores e profissionais da área de saúde do trabalhador,

agregando melhorias em suas práticas, por possuírem um método o qual demonstra estar de

acordo com a compreensão dos avaliadores brasileiros e seu idioma, no entanto o instrumento

teve sua confiabilidade variando de muito pobre a boa confiabilidade, com valores abaixo do

proposto pelas diretrizes de propriedades de medida. Portanto ao utilizar este método

observacional, a interpretação dos dados obtidos deve ser cautelosa.

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Tabela 1. Teste de Confiabilidade e concordância Intra-avaliador 1 da versão brasileira do Rapid Entire Body Assessment – REBA.

Região Corporal CCI 2.1 (95% IC) %Concordância

Tronco 0,672 (0,490 a 0,798) 54,71 Pescoço 0,449 (0,211 a 0,638) 52,83 Ombro 0,332 (0,071 a 0,551) 45,28 Antebraço 0,129•(0,236 a 0,269) 69,81 Punho 0,383 (0,137 a 0,588) 54,71 Pernas 0,431 (0,182 a 0,628) 52,83 Total 0,516 (0,291 a 0,688) não se aplica Nível de Ação 0,388 (0,141 a 0,592) 15,09 •Kappa

Tabela 2. Teste de Confiabilidade e concordância Intra-avaliador 2 da versão brasileira do

Rapid Entire Body Assessment – REBA.

Região Corporal CCI 2.1 (95%) %Concordância

Tronco 0,614 (0,404 a 0,761) 43,39 Pescoço 0,229 (-0,017 a 0,456) 47,16 Ombro 0,367 (0,112 a 0,577) 41,50 Antebraço -0,088• (-0,202 a 0,185) 62,26 Punho 0,066 (-0,211 a 0,331) 50,94 Pernas 0,661 (0,477 a 0,790) 62,26 Total 0,621 (0,422 a 0,763) não se aplica Nível de Ação 0,547 (0,326 a 0,711) 22,64 •Kappa

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Tabela 3. Teste de Confiabilidade e concordância Inter-avaliadores 1 e 2 da versão brasileira do Rapid Entire Body Assessment – REBA.

Região Corporal CCI 2.1(95%IC) %Concordância

Tronco 0,577 (0,367 a 0,731) 32,07 Pescoço 0,234 (-0,032 a 0,470) 35,84 Ombro 0,170 (-0,078 a 0,406) 28,30 Antebraço 0,194• (0,250 a 0,350) 66,03 Punho -0,117 (-0,381 a 0,406) 35,84 Pernas 0,639 (0,442 a 0,776) 54,71 Total 0,503 (0,088 a 0,734) não se aplica Nível de Ação 0,490(0,114 a 0,627) 5,66 •Kappa

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Anexo I

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Apêndice I

REBA

Rapid Entire Body Assessment (REBA)

REBA foi proposto por Hignett e McAtamney como meio para avaliar posturas de risco de distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho.

Considere as tarefas críticas de um trabalho. Para cada tarefa, avalie os fatores de postura, atribuindo uma pontuação para cada região do corpo. A ficha a seguir fornece um formato para este processo. As áreas na folha de dados com um fundo cinza claro são para marcar os valores da postura, acrescentando se necessário a pontuação de ajuste. Pontue o Grupo A (posturas de pescoço, tronco e pernas) e Grupo B (posturas de braços, antebraços e punhos, direitos e esquerdos). Para cada região, existe uma escala de pontuação da postura, mais os itens de ajuste para considerações adicionais. Assim que finalizar a pontuação do Grupo A, cruze as pontuações na tabela A e ao finalizar a pontuação do Grupo B cruze as pontuações na tabela B. Encontre as pontuações da tabela A para as pontuações de postura do Grupo A e da tabela B para as pontuações de postura do Grupo B. As tabelas acompanham a folha de coleta de dados. O resultado da tabela A é somado à pontuação da tabela carga/força. O resultado da tabela B é somado à tabela de pega. A pontuação A é a soma da pontuação obtida na tabela A e escore de peso/força. A pontuação B é a soma da pontuação da Tabela B e do ajuste de pega para cada mão.

A pontuação C é lida a partir da Tabela C, ao cruzar os resultados obtidos na pontuação A e B.

A Pontuação total do REBA é a soma da pontuação C com a pontuação da atividade. O grau de risco é

encontrado na tabela de decisão REBA.

Tronco Movimento Pontuação Ajuste de

Pontuação Ereto/vertical 1

Acrescentar +1, se o tronco estiver em

rotação ou inclinação lateral

0°- 20° flexão 0°- 20° extensão 2

20° - 60° flexão > 20° extensão 3

> 60° flexão 4

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Pescoço

Movimento Pontuação Ajuste de Pontuação

0°- 20° flexão 1 Acrescentar +1, se o pescoço estiver em rotação ou

inclinação lateral > 20° flexão ou em extensão 2

Pernas

Movimento Pontuação Ajuste de Pontuação

Em pé com distribuição do peso bilateralmente; caminhando; sentado

1 Acrescentar +1, se o joelho(s) estiver entre 30° - 60° flexão

Acrescentar +2, se o joelho(s) estiver > 60° flexão (exceto

postura sentada)

Em pé com distribuição do peso unilateralmente; postura instável

2

Braços/Ombros

Movimento Pontuação Ajuste de Pontuação

20° extensão a 20°flexão 1

Acrescentar +1, se o ombro estiver:

• abduzido • em rotação

Acrescentar +1, se o ombro estiver elevado

diminuir -1, se o braço estiver apoiado, com suporte de peso ou se a postura é a favor da

gravidade

> 20° extensão 20° - 45° flexão 2

45° - 90° flexão 3

> 90° flexão 4

Antebraços/ Cotovelos

Movimento Pontuação

60°- 100° flexão 1

< 60° flexão ou > 100° flexão 2

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Punhos

Movimento Pontuação Ajuste de Pontuação

0°- 15° flexão ou extensão 1 Acrescentar +1, se o punho

estiver em desvio lateral ou rotação

> 15° flexão ou extensão 2

Tabela 1 Tabela A e Tabela Carga/Força

Tabela A

Pescoço

Tronco

1 2 3 Pernas 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

1 1 2 3 4 1 2 3 4 3 3 5 6 2 2 3 4 5 3 4 5 6 4 5 6 7 3 2 4 5 6 4 5 6 7 5 6 7 8 4

3 5 6 7 5 6 7 8 6 7 8 9

5

4 6 7 8 6 7 8 9 7 8 9 9

Carga/Força

0 1 2 (+)1

< 5Kg 5 - 10 Kg > 10 Kg Movimentos rápidos ou bruscos

Tabela 2

Tabela B e Tabela Pega

Tabela B Antebraço

Braço 1 2

Punho 1 2 3 1 2 3

1 2 3 4 5 6

1 2 2 1 2 3

1 2 3 2 3 4

3 4 5 4 5 5

4 5 5 5 6 7

6 7 8 7 8 8

7 8 8 8 9 9

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"Pega"

0 (Boa) 1 (Razoável) 2 (Pobre) (+)1 (Inaceitável)

Agarre manual bem ajustado para pega, permitindo força de

preensão

Agarre manual aceitável, mas não ideal ou a pega é

aceitável por adequação de outras

partes do corpo

Agarre manual não aceitável,

embora possível

Preensão inadequada e insegura, sem agarre manual

Pega é inaceitável, utilizando outras partes do corpo

Tabela 3

Tabela C e Tabela Atividade TABELA C

Pontuação B

Pont

uaçã

o A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 1 1 1 2 3 3 4 5 6 7 7 7 2 1 2 2 3 4 4 5 6 6 7 7 8 3 2 3 3 3 4 5 6 7 7 8 8 8 4 3 4 4 4 5 6 7 8 8 9 9 9 5 4 4 4 5 6 7 8 8 9 9 9 9 6 6 6 6 7 8 8 9 9 10 10 10 10 7 7 7 7 8 9 9 9 10 10 11 11 11 8 8 8 8 9 10 10 10 10 10 11 11 11 9 9 9 9 10 10 10 11 11 11 12 12 12 10 10 10 10 11 11 11 11 12 12 12 12 12 11 11 11 11 11 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

Pontuação Atividade:

• +1 Uma ou mais partes do corpo estão em postura estática. Ex: sustentar por mais que 1 minuto

+1 Repetição de movimentos em pequeno intervalo de tempo. Ex: repetição de mais que 4 vezes por minuto (não incluindo caminhada)

• +1 Ajustes posturais rápidos ou base instável

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Tabela 4

Níveis de Risco REBA

Nível de Ação Pontuação Nível de Risco Ação (Incluindo futuras

avaliações) 0 1 Insignificante Não é necessária 1 2-3 Baixo Pode ser necessária

2 4-7 Médio Necessária 3 8-10 Alto Atuação em breve 4 11-15 Muito Alto Atuação Imediata

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CAPÍTULO 4

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1. Conclusões

Esta dissertação objetivou realizar uma revisão sistemática a cerca da realização dos

procedimentos de tradução, adaptação transcultural e analisar os testes das propriedades de

medida dos instrumentos observacionais que avaliam os fatores de riscos biomecânicos em

trabalhadores brasileiros (Capítulo 2) e realizar a tradução, adaptação transcultural para o

português-brasileiro e testar a reprodutibilidade do método observacional Rapid Entire Body

Assessment – REBA (Capítulo 3).

Diante dos resultados apresentados no Capitulo 2, observa-se que muitos são os

estudos que utilizaram os instrumentos observacionais na população trabalhadora brasileira,

sem realizar as devidas adaptações ou seguir algum procedimento proposto nas diretrizes.

Desse modo, verifica-se a grande necessidade de realizar mais traduções e adaptações de

instrumentos observacionais antes de utilizá-los, proporcionando assim uma ferramenta eficaz

para mensurar os fatores de risco biomecânico, sem apresentar dúvidas sobre os resultados a

serem adquiridos, facilitando assim a tomada de decisões de forma segura.

Baseado no que foi comprovado na revisão sistemática realizada, foi proposto a

realização dos procedimentos de tradução, adaptação transcultural e testes de

reprodutibilidade do método REBA, para utilização deste na população trabalhadora brasileira.

Todos os procedimentos propostos nas diretrizes para tradução e adaptação foram seguidos,

permitindo a tradução e adaptação adequada da versão português-brasileiro do método em

questão. No entanto, esta versão apresentou reprodutibilidade com valores considerados

baixos. Diante disto, propõem-se novos estudos que busquem testar reprodutibilidade e

demais propriedades de medida que possam garantir a confiabilidade adequada deste método

em seu novo idioma.

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Anexo 1

ISSN 1413-3555 versão impressa

ISSN 1809-9246 versão online

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Escopo e política Forma e apresentação do manuscrito Submissão eletrônica Processo de revisão Áreas do conhecimento

Escopo e política

A Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal of Physical Therapy (RBF/BJPT) publica artigos originais de pesquisa cujo objeto básico de estudo refere-se ao campo de atuação profissional da Fisioterapia e Reabilitação, veiculando estudos clínicos, básicos ou aplicados sobre avaliação, prevenção e tratamento das disfunções de movimento.

O conselho editorial da RBF/BJPT se compromete a publicar investigação científica de excelência, de diferentes áreas do conhecimento. Meu computador não abriu o link.

A RBF/BJPT publica os seguintes tipos de estudo, cujo conteúdo deve manter vinculação direta com o escopo e com as áreas descritas pela revista:

a) Estudos experimentais: estudos que investigam efeito(s) de uma ou mais intervenções em desfechos diretamente vinculados ao escopo e áreas da RBF/BJPT. Estudos experimentais incluem estudos do tipo experimental de caso único, quasi-experimental e ensaio clínico.

A Organização Mundial de Saúde define ensaio clínico como "qualquer estudo que aloca prospectivamente participantes ou grupos de seres humanos em uma ou mais intervenções relacionadas à saúde para avaliar efeito(s) em desfecho(s) em saúde". Sendo assim, qualquer estudo que tem como objetivo analisar o efeito de uma determinada intervenção é considerado

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como ensaio clínico. Ensaios clínicos incluem estudos de caso único, séries de casos (único grupo, sem um grupo controle de comparação), ensaios controlados não aleatorizados e ensaios controlados aleatorizados. Estudos do tipo ensaio controlado aleatorizado devem seguir as recomendações do CONSORT (Consolidated Standards of Reporting Trials), que estão disponíveis em:http://www.consort-statement.org/consort-statement/overview0/.

Neste site, o autor deve acessar o CONSORT 2010 checklist, o qual deve ser preenchido e encaminhado juntamente com o manuscrito. Todo manuscrito ainda deverá conter o CONSORT Statement 2010 Flow Diagram. A partir de 2014, todo processo de submissão de estudos experimentais deverá atender a essa recomendação.

b) Estudos observacionais: estudos que investigam relação(ões) entre variáveis de interesse relacionadas ao escopo e áreas da RBF/BJPT, sem manipulação direta (ex: intervenção). Estudos observacionais incluem estudos transversais, de coorte e caso-controle.

c) Estudos qualitativos: estudos cujo foco refere-se à compreensão das necessidades, motivaçõese comportamentos humanos. O objeto de um estudo qualitativo é pautado pela análise aprofundada de uma unidade ou temática, que incluem opiniões, atitudes, motivações e padrões de comportamento sem quantificação. Estudos qualitativos incluem pesquisa documental e estudo etnográfico.

d) Estudos de revisão de literatura: estudos que realizam análise e/ou síntese da literatura de tema relacionado ao escopo e áreas da RBF/BJPT. Estudos de revisão narrativa crítica ou passiva só serão considerados quando solicitados a convite dos editores. Manuscritos de revisão sistemática que incluem metanálise terão prioridades em relação aos demais estudos de revisão sistemática. Aqueles que apresentam quantidade insuficiente de artigos selecionados e/ou artigos de baixa qualidade e que não apresentam conclusão assertiva e válida sobre o tema não serão considerados para a análise de revisão por pares.

e) Estudos metodológicos: estudos centrados no desenvolvimento e/ou avaliação das propriedades psicométricas e características clinimétricas de instrumentos de avaliação. Incluem também

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estudos que objetivam a tradução e/ou adaptação transcultural de questionários estrangeiros para o português do Brasil. É obrigatório anexar no processo de submissão a autorização dos autores para a tradução e/ou adaptação do instrumento original.

No endereço http://www.equator-network.org/resource-centre/library-of-health-research-reporting, pode ser encontrada a lista completa dos guidelines disponíveis para cada tipo de estudo, por exemplo, o STROBE (STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology) para estudos observacionais, o COREQ (Consolidated Criteria For Reporting Qualitative Research) para estudos qualitativos, o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para revisões sistemáticas e metanálises e o GRRAS (Guidelines for Reporting Reliability and Agreement Studies) para estudos de confiabilidade. Sugerimos que os autores verifiquem esses guidelines e atendam ao checklist correspondente antes de submeterem seus manuscritos.

Estudos que relatam resultados eletromiográficos devem seguir o Standards for Reporting EMG Data, recomendados pela ISEK - International Society of Electrophysiology and Kinesiology (http://www.isek-online.org/standards_emg.html).

Aspectos éticos e legais

A submissão do manuscrito à RBF/BJPT implica que o trabalho na íntegra ou parte(s) dele não tenha sido publicado em outra fonte ou veículo de comunicação e que não esteja sob consideração para publicação em outro periódico.

O uso de iniciais, nomes ou números de registros hospitalares dos pacientes deve ser evitado. Um paciente não poderá ser identificado por fotografias, exceto com consentimento expresso, por escrito, acompanhando o trabalho original no momento da submissão.

Estudos realizados em humanos devem estar de acordo com os padrões éticos e com o devido consentimento livre e esclarecido dos participantes conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (Brasil), que trata do Código de Ética para Pesquisa em Seres Humanos e, para autores fora do Brasil, devem estar de acordo com Comittee on Publication

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Ethics (COPE).

Para os experimentos em animais, considerar as diretrizes internacionais (por exemplo, a do Committee for Research and Ethical Issues of the International Association for the Study of Pain, publicada em PAIN, 16:109-110, 1983).

Para as pesquisas em humanos e em animais, deve-se incluir, no manuscrito, o número do parecer de aprovação pela Comissão de Ética em Pesquisa. O estudo deve ser devidamente registrado no Conselho Nacional de Saúde do Hospital ou Universidade ou no mais próximo de sua região.

Reserva-se à RBF/BJPT o direito de não publicar trabalhos que não obedeçam às normas legais e éticas para pesquisas em seres humanos e para os experimentos em animais.

Para os ensaios clínicos, serão aceitos qualquer registro que satisfaça o Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, ex. http://clinicaltrials.gov/ e/ou http://www.actr.org.au. No Brasil, os autores podem acessar o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos-REBEC no endereço http://www.ensaiosclinicos.gov.br/. A lista completa de todos os registros de ensaios clínicos pode ser encontrada no seguinte endereço: http://www.who.int/ictrp/network/primary/en/index.html.

A partir de 01/01/2014 a RBF/BJPT adotará efetivamente a política sugerida pela Sociedade Internacional de Editores de Revistas em Fisioterapia e exigirá na submissão do manuscrito o registro prospectivo, ou seja, ensaios clínicos que iniciaram recrutamento a partir dessa data deverão registrar o estudo ANTES do recrutamento do primeiro paciente. Para os estudos que iniciaram recrutamento até 31/12/2013 a RBF/BJPT aceitará o seu registro ainda que de forma retrospectiva.

Critérios de autoria

A RBF/BJPT recebe, para submissão, manuscritos com até seis (6) autores. A política de autoria da RBF/BJPT pauta-se nas diretrizes para a autoria do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas exigidos para Manuscritos Submetidos a Periódicos Biomédicos (www.icmje.org), as quais afirmam que "a autoria deve ser baseada em 1) contribuições substanciais para a concepção e desenho, ou aquisição de dados, ou análise e interpretação dos

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dados; 2) redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual e 3) aprovação final da versão a ser publicada." As condições 1, 2 e 3 deverão ser todas contempladas. Aquisição de financiamento, coleta de dados e/ou análise de dados ou supervisão geral do grupo de pesquisa, por si só, não justificam autoria e deverão ser reconhecidas nos agradecimentos.

Os conceitos contidos nos manuscritos são de responsabilidade exclusiva dos autores. Todo material publicado torna-se propriedade da RBF/BJPT, que passa a reservar os direitos autorais. Portanto, nenhum material publicado na RBF/BJPT poderá ser reproduzido sem a permissão, por escrito, dos editores. Todos os autores de artigos submetidos deverão assinar um termo de transferência de direitos autorais, que entrará em vigor a partir da data de aceite do trabalho.

Os editores poderão analisar, em caso de excepcionalidade, solicitação para submissão de manuscrito que exceda 6 (seis) autores. Os critérios para a análise incluem o tipo de estudo, potencial para citação, qualidade e complexidade metodológica, entre outros. Nestes casos excepcionais, a contribuição de cada autor, deve ser explicitada ao final do texto, após os agradecimentos e logo antes das referências, conforme orientações do "International Committee of Medical Journal Editors" e das "Diretrizes" para Integridade na atividade científica, amplamente divulgadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizes).

Forma e apresentação do manuscrito

A RBF/BJPT considera a submissão de manuscritos com até 3.500 palavras (excluindo-se página de título, resumo, referências, tabelas, figuras e legendas). Informações contidas em anexo(s) serão computadas no número de palavras permitidas.

O manuscrito deve ser escrito preferencialmente em inglês. Quando a qualidade da redação em inglês comprometer a análise e avaliação do conteúdo do manuscrito, os autores serão informados.

Recomenda-se que os manuscritos submetidos em inglês venham acompanhados de certificação de revisão por serviço profissional

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de editing and proofreading. Tal certificação deverá ser anexada à submissão. Sugerimos os seguintes serviços abaixo, não excluindo outros:

- American Journal Experts (http://www.journalexperts.com);

- Scribendi (www.scribendi.com);

- Nature Publishing Groups Language Editing (https://languageediting.nature.com/login).

Antes do corpo do texto do manuscrito deve-se incluir uma página de título e identificação, palavras-chave e o abstract/resumo. No final do manuscrito inserir as referências, tabelas, figuras e anexos.

Título e identificação

O título do manuscrito não deve ultrapassar 25 palavras e deve apresentar o máximo de informações sobre o trabalho. Preferencialmente, os termos utilizados no título não devem constar na lista de palavras-chave.

A página de identificação do manuscrito deve conter os seguintes dados: Título completo e título resumido com até 45 caracteres, para fins de legenda nas páginas impressas;

Autores: nome e sobrenome de cada autor em letras maiúsculas, sem titulação, seguidos por número sobrescrito (expoente), identificando a afiliação institucional/vínculo (unidade/instituição/cidade/estado/país). Para mais de um autor, separar por vírgula;

Autor de correspondência: indicar o nome, endereço completo, e-mail e telefone do autor de correspondência, o qual está autorizado a aprovar as revisões editoriais e complementar demais informações necessárias ao processo;

Palavras-chaves: termos de indexação ou palavras-chave (máximo seis) em português e em inglês.

Abstract/Resumo

Uma exposição concisa, que não exceda 250 palavras em um único parágrafo, em português (Resumo) e em inglês (Abstract), deve ser escrita e colocada logo após a página de título. Referências, notas

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de rodapé e abreviações não definidas não devem ser usadas no Resumo/Abstract. O Resumo e o Abstract devem ser apresentados em formato estruturado.

Introdução

Deve-se informar sobre o objeto investigado devidamente problematizado, explicitar as relações com outros estudos da área e apresentar justificativa que sustente a necessidade do desenvolvimento do estudo, além de especificar o(s) objetivo(s) do estudo e hipótese(s), caso se aplique.

Método

Descrição clara e detalhada dos participantes do estudo, dos procedimentos de coleta, transformação/redução e análise dos dados de forma a possibilitar reprodutibilidade do estudo. O processo de seleção e alocação dos participantes do estudo deverá estar organizado em fluxograma, contendo o número de participantes em cada etapa, bem como as características principais (ver modelo fluxograma CONSORT).

Quando pertinente ao tipo de estudo deve-se apresentar cálculo que justifique adequadamente o tamanho do grupo amostral utilizado no estudo para investigação do(s) efeito(s). Todas as informações necessárias para estimativa e justificativa do tamanho amostral utilizado no estudo devem constar no texto de forma clara.

Resultados

Devem ser apresentados de forma breve e concisa. Resultados pertinentes devem ser reportados utilizando texto e/ou tabelas e/ou figuras. Não se devem duplicar os dados constantes em tabelas e figuras no texto do manuscrito.

Discussão

O objetivo da discussão é interpretar os resultados e relacioná-los aos conhecimentos já existentes e disponíveis na literatura, principalmente àqueles que foram indicados na Introdução. Novas descobertas devem ser enfatizadas com a devida cautela. Os dados apresentados nos métodos e/ou nos resultados não devem ser repetidos. Limitações do estudo, implicações e aplicação clínica para as áreas de Fisioterapia e Reabilitação deverão ser

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explicitadas.

Referências

O número recomendado é de 30 referências, exceto para estudos de revisão da literatura. Deve-se evitar que sejam utilizadas referências que não sejam acessíveis internacionalmente, como teses e monografias, resultados e trabalhos não publicados e comunicação pessoal. As referências devem ser organizadas em sequência numérica de acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, seguindo os Requisitos Uniformizados para Manuscritos Submetidos a Jornais Biomédicos, elaborados pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas – ICMJE.

Os títulos de periódicos devem ser escritos de forma abreviada, de acordo com a List of Journals do Index Medicus. As citações das referências devem ser mencionadas no texto em números sobrescritos (expoente), sem datas. A exatidão das informações das referências constantes no manuscrito e sua correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es). Exemplos:http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html.

Tabelas, Figuras e Anexos

As tabelas e figuras são limitadas a cinco (5) no total. Os anexos serão computados no número de palavras permitidas no manuscrito. Em caso de tabelas, figuras e anexos já publicados, os autores deverão apresentar documento de permissão assinado pelo autor ou editores no momento da submissão.

Para artigos submetidos em língua portuguesa, a(s) versão(ões) em inglês da(s) tabela(s), figura(s) e anexo(s) e suas respectivas legendas deverão ser anexados no sistema como documento suplementar.

-Tabelas: devem incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas (máximo permitido: uma página, tamanho A4, em espaçamento duplo), devem ser numeradas, consecutivamente, com algarismos arábicos e apresentadas no final do texto. Não se recomendam tabelas pequenas que possam ser descritas no texto. Alguns resultados simples são mais bem apresentados em uma frase e não em uma tabela.

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-Figuras: devem ser citadas e numeradas, consecutivamente, em arábico, na ordem em que aparecem no texto. Informações constantes nas figuras não devem repetir dados descritos em tabela(s) ou no texto do manuscrito. O título e a(s) legenda(s) devem tornar as tabelas e figuras compreensíveis, sem necessidade de consulta ao texto. Todas as legendas devem ser digitadas em espaço duplo, e todos os símbolos e abreviações devem ser explicados. Letras em caixa-alta (A, B, C, etc.) devem ser usadas para identificar as partes individuais de figuras múltiplas. Se possível, todos os símbolos devem aparecer nas legendas; entretanto, símbolos para identificação de curvas em um gráfico podem ser incluídos no corpo de uma figura, desde que não dificulte a análise dos dados. As figuras coloridas serão publicadas apenas na versão online. Em relação à arte final, todas as figuras devem estar em alta resolução ou em sua versão original. Figuras de baixa qualidade não serão aceitas e podem resultar em atrasos no processo de revisão e publicação.

-Agradecimentos: devem incluir declarações de contribuições importantes, especificando sua natureza. Os autores são responsáveis pela obtenção da autorização das pessoas/instituições nomeadas nos agradecimentos.

Submissão eletrônica

A submissão dos manuscritos deverá ser efetuada por via eletrônica no site http://www.scielo.br/rbfis. Os artigos submetidos e aceitos em português serão traduzidos para o inglês por tradutores da RBF/BJPT, e os artigos submetidos e aceitos em inglês, caso necessário, serão encaminhados aos revisores de inglês da RBF/BJPT para revisão final.

É de responsabilidade dos autores a eliminação de todas as informações (exceto na página do título e identificação) que possam identificar a origem ou autoria do artigo.

Ao submeter um manuscrito para publicação, os autores devem inserir no sistema os dados dos autores e ainda inserir como documento(s) suplementar(es):

1) Carta de encaminhamento do material;

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2) Declaração de responsabilidade de conflitos de interesse;

3) Declaração de transferência de direitos autorais assinada por todos os autores.

4) Demais documentos, se apropriados (ex. permissão para publicar figuras, parte de material já publicado, checklist etc).

-Modalidade de Submissão Fast Track

A RBF/BJPT poderá receber e avaliar manuscritos na modalidade Fast Track. Nessa modalidade, os manuscritos deverão ter sido submetidos e recusados por outros periódicos indexados no Journal Citation Reports (JCR). Para tal, o manuscrito deve estar em conformidade com o Escopo e Política Editorial da RBF/BJPT, estar de acordo com as instruções (Forma e preparação do manuscrito) e atender aos seguintes requisitos:

- O periódico internacional para o qual o manuscrito foi submetido anteriormente deve ter fator de impacto JCR superior a 0,80;

- O manuscrito deve ter passado por processo completo de revisão por pares no outro periódico. Não serão aceitos manuscritos recusados em revisão inicial dos editores;

- A submissão Fast Track deve incluir: a) manuscrito com alterações em destaque (highlight); b) respostas ponto a ponto sobre os comentários dos avaliadores; c) carta informando o nome e índice de impacto do periódico a que foi enviado anteriormente, apresentando argumentos para justificar a possível publicação na RBF/BJPT e explicitando, quando for o caso, os aspectos não atendidos referentes aos pareceres e/ou decisão editorial do periódico internacional; d) a resposta oficial do outro periódico (cartas dos avaliadores e do editor com a revisão detalhada) deve ser enviada por e-mail, SEM EDIÇÃO, ou seja, o e-mail de resposta deve ser Forwarded (encaminhado) para a RBF/BJPT ([email protected]) na íntegra, sem edição por parte dos autores; e) demais informações solicitadas pela RBF/BJPT;

-Taxa de publicação

Para os artigos aceitos para publicação, a RBF/BJPT cobrará do

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autor de correspondência ou pessoa por ele indicado uma taxa de publicação conforme valores definidos em reunião do seu conselho editorial, disponível em http://www.rbf-bjpt.org.br. Os autores convidados serão isentos do pagamento de taxas.

Processo de revisão

Exceto para a modalidade Fast Track, os manuscritos submetidos que atenderem às normas estabelecidas e que se apresentarem em conformidade com a política editorial da RBF/ BJPT serão encaminhados para os editores de área, que farão a avaliação inicial do manuscrito e enviarão ao editor chefe a recomendação ou não de encaminhamento para revisão por pares. Os critérios utilizados para análise inicial do editor de área incluem: originalidade, pertinência, relevância clínica e métodos. Os manuscritos que não apresentarem mérito ou não se enquadrarem na política editorial serão rejeitados na fase de pré-análise, mesmo quando o texto e a qualidade metodológica estiverem adequados. Dessa forma, o manuscrito poderá ser rejeitado com base apenas na recomendação do editor de área, sem necessidade de novas avaliações, não cabendo, nesses casos, recurso ou reconsideração. Os manuscritos selecionados na pré-análise serão submetidos à avaliação de especialistas, que trabalharão de forma independente. Os avaliadores permanecerão anônimos aos autores, assim como os autores não serão identificados pelos avaliadores. Os editores coordenarão as informações entre os autores e avaliadores, cabendo-lhes a decisão final sobre quais artigos serão publicados com base nas recomendações feitas pelos avaliadores e editores de área. Quando aceitos para publicação, os artigos estarão sujeitos a pequenas correções ou modificações que não alterem o estilo de redação do autor. Quando recusados, os artigos serão acompanhados de justificativa do editor. Após publicação do artigo ou processo de revisão encerrado, os arquivos e documentação referentes ao processo de revisão serão eliminados.

Áreas do conhecimento

1. Fisiologia, Cinesiologia e Biomecânica; 2.

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Cinesioterapia/recursos terapêuticos; 3. Desenvolvimento, aprendizagem, controle e comportamento motor; 4. Ensino, Ética, Deontologia e História da Fisioterapia; 5. Avaliação, prevenção e tratamento das disfunções cardiovasculares e respiratórias; 6. Avaliação, prevenção e tratamento das disfunções do envelhecimento; 7. Avaliação, prevenção e tratamento das disfunções musculoesqueléticas; 8. Avaliação, prevenção e tratamento das disfunções neurológicas; 9. Avaliação, prevenção e tratamento nas condições da saúde da mulher; 10. Avaliação e mensuração em Fisioterapia; 11. Ergonomia/Saúde no trabalho.

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