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Instituto Superior de Engenharia do Porto
Mestrado em Engenharia de Instrumentao e Metrologia
julho de 2014
Metrologia na
Inspeo de Componentes Aeronuticos
Estagiria: Rita Simes Maia Gonalves ([email protected])
Orientador no ISEP: Maria Cristina Ribeiro ([email protected])
Empresa: Caetano Aeronautic, SA
Orientador na Caetano Aeronautic: Jorge Rodrigues ([email protected])
I
Resumo
O presente relatrio sintetiza as atividades de pesquisa e de campo desenvolvidas no
estgio realizado na empresa Caetano Aeronautic, no mbito da unidade curricular
Dissertao/Projeto/Estgio Profissional do Mestrado em Engenharia de
Instrumentao e Metrologia, do Instituto Superior de Engenharia do Porto.
O estgio teve como principal objetivo adquirir competncias para a realizao da
inspeo de componentes aeronuticos, atividade presente ao longo de todo o processo
produtivo da empresa.
O setor aeronutico um setor amplamente tecnolgico e o seu Sistema de Gesto de
Qualidade tem um vasto suporte documental associado. Numa primeira fase do trabalho
foi feito um estudo intensivo do Sistema de Gesto da Qualidade da Caetano
Aeronautic, de forma a se perceber quais os documentos inerentes ao sistema e
respetivos contedos.
Em seguida, foi necessrio realizar uma anlise ao fluxo produtivo da organizao, para
se perceber todo o processo de produo de um componente aeronutico e
documentao associada.
Visto que todo o trabalho de inspeo de componentes exige conhecimentos slidos na
rea da Metrologia dimensional, tornou-se fundamental consolidar competncias nesta
rea, objetivo que foi concretizado ao longo do estgio.
Com vista a contribuir para o melhoramento do processo de inspeo dos componentes
aeronuticos na empresa, foram identificados e analisados no decorrer do trabalho
realizado, os problemas presentes quer ao nvel da produo quer da inspeo e feitas
propostas de melhoria, postas em prtica sempre que possvel.
II
Abstract
The following report summarizes the activities and field research undertaken in the
internship at Caetano Aeronautic company within the course unit "Thesis / Project /
Internship" of the Master in Instrumentation Engineering and Metrology from the
School of Engineering, Polytechnic of Porto.
The training aimed to acquire the skills needed to perform the inspection of aircraft
components, an activity present throughout the entire production process of the
company.
The aeronautic industry is a widely technology sector and its Quality Management
System has a vast documental support associated. In a first phase, it was carried out an
intensive study about companys Quality Management System in order to realize which
documents are inherent to the system and their respective contents.
Then, it was necessary to carry out an analysis of the production flow organization to
realize the producing process of an aircraft component and its associated
documentation.
Since all the components inspection work requires sound knowledge in dimensional
metrology area, it has become crucial to consolidate skills in this field, a goal that was
achieved during the internship.
In order to improve the companys inspection process of aircraft components, problems
related to the production and inspection, were identified and analyzed, and suggestions
were made on how to improve them and implemented whenever it was possible.
III
Agradecimentos
O presente trabalho resulta do meu esforo pessoal, e a colaborao que me foi prestada
assumiu um papel importante, por isso, gostaria de aqui expressar o meu
reconhecimento e sinceros agradecimentos a todos os que me ajudaram a realizar este
objetivo pessoal.
Comearia por agradecer ao Eng. Jorge Rodrigues, meu orientador neste projeto pela
oportunidade dada e apoio.
A toda a equipa da Caetano Aeronautic, em especial Maria Rodrigues, pela partilha de
conhecimentos, pela sua amizade, dedicao e disponibilidade, fatores muito
importantes na concretizao deste projeto.
minha colega de Laboratrio e Mestrado, Ndia Amaro, um muito obrigada por toda
a amizade e disponibilidade.
Prof. Maria Cristina Ribeiro pelo contributo prestado na orientao do estgio, pelo
acompanhamento do mesmo e pela disponibilidade que sempre demonstrou para me
esclarecer e apoiar no sentido de elaborar este relatrio.
A todos os colegas de Mestrado, agradeo o apoio e motivao que ajudaram
concretizao deste projeto. Um especial agradecimento Marina Santos pela partilha
de bons momentos, a ajuda e os estmulos nas alturas de desnimo.
Um especial agradecimento, ao Eduardo, pelo apoio incondicional e motivao
constante ao longo dos ltimos meses.
A toda a minha famlia, em particular os meus pais e madrinha, pelo apoio, preocupao
e acompanhamento constantes no desenvolvimento deste projeto.
IV
Reserva de informao
De forma a manter a confidencialidade exigida por parte dos clientes da empresa
Caetano Aeronautic, houve necessidade de no se utilizarem no presente documento as
designaes reais de determinadas informaes, nomeadamente no que diz respeito a
dados especficos sobre os produtos e normas de referncia fornecidas pelos clientes,
protegendo assim a propriedade intelectual a todos os nveis.
V
ndice
Resumo .............................................................................................................................. I
Abstract ............................................................................................................................. II
Agradecimentos .............................................................................................................. III
Reserva de informao ................................................................................................... IV
ndice ................................................................................................................................ V
ndice de figuras ............................................................................................................. VI
ndice de tabelas ............................................................................................................. IX
Abreviaturas, Acrnimos e Siglas .................................................................................... X
Captulo 1 Introduo .................................................................................................... 1
1.1 mbito e enquadramento do trabalho ................................................................ 1
1.2 Motivao .......................................................................................................... 4
1.3 Objetivos ............................................................................................................ 4
1.4 Organizao do relatrio .................................................................................... 5
Captulo 2 Enquadramento Terico do Trabalho .......................................................... 6
2.1 Metrologia como subsistema da Qualidade ....................................................... 6
2.2 Abordagem ao Sistema de Gesto da Qualidade da Caetano Aeronautic e Certificao pela Norma EN 9100 ................................................................................. 7
Captulo 3 Fluxo Produtivo ......................................................................................... 15
3.1 Documentao associada ................................................................................. 16
3.2 Processos de inspeo no controlo da qualidade ............................................. 24
3.2.1 Inspeo no abastecimento de matria-prima .................................................. 24
3.2.2 Inspeo na produo dos componentes aeronuticos ..................................... 26
3.2.3 Inspeo no laboratrio de Metrologia ............................................................ 31
3.2.3.1 Instruo de verificao ........................................................................... 33
3.2.3.2 Registos resultantes das verificaes dimensionais................................. 37
3.2.3.3 Interpretao de desenhos tcnicos aeronuticos e normas associadas ... 38
3.2.3.4 Tolerncias na cotagem ........................................................................... 52
Captulo 4 Equipamentos de Medio e Monitorizao .............................................. 63
4.1 Infraestruturas do Laboratrio de Metrologia .................................................. 63
4.2 Gesto de equipamentos de medio e monitorizao .................................... 67
4.3 Equipamentos utilizados nas diferentes medies ........................................... 77
4.4 Fontes de influncia ......................................................................................... 82
Captulo 5 Discusso geral do trabalho realizado ....................................................... 85
Captulo 6 Perspetivas de trabalho futuro.................................................................... 91
Referncias ..................................................................................................................... 92
Anexos ............................................................................................................................ 94
VI
ndice de figuras
Figura 1 Maquete representativa da organizao. ...................................................................... 2
Figura 2 Organigrama representativo da estrutura interna da organizao. ............................... 3
Figura 3 Modelo de um sistema de gesto de qualidade baseado em processos. ....................... 7
Figura 4 Diagrama representativo da estrutura documental do SGQ da CAER. ........................ 8
Figura 5 Modelo do mapa de processos da CAER. .................................................................... 9
Figura 6 Template utilizado na CAER para elaborar um processo. ......................................... 10
Figura 7 Template utilizado na CAER para elaborar um procedimento. ................................. 13
Figura 8 Representao do fluxo produtivo com destaque para a presena da inspeo dos
componentes aeronuticos........................................................................................................... 15
Figura 9 Exemplo da 1 pgina do template do documento ordem de produo. .................... 18
Figura 10 Organizao da estrutura das operaes no documento ordem de produo. .......... 19
Figura 11 Exemplo da 2 pgina do template do documento ordem de produo. .................. 20
Figura 12 Operao definida na ordem de produo para a verificao dimensional interna. . 21
Figura 13 Operao definida na ordem de produo para o embalamento e envio ao
subcontratado. ............................................................................................................................. 23
Figura 14 Pea rececionada aps regresso do subcontratado, com pintura e marcao ........... 23
Figura 15 Matria-prima armazenada em estantes na zona de armazm ................................. 24
Figura 16 Etiqueta utilizada para a identificao de matria-prima ......................................... 25
Figura 17 Medio da matria-prima com recurso a paqumetro............................................. 25
Figura 18 Medio da matria-prima com recurso a fita mtrica ............................................ 25
Figura 19 Pea de industrializao na respetiva caixa com documentao associada ............. 27
Figura 20 Peas fabricadas armazenadas em caixa e documentao associada ....................... 28
Figura 21 Zona da produo destinada aos acabamentos das peas ........................................ 28
Figura 22 Ordens de produo a aguardar entrada no laboratrio ........................................... 29
Figura 23 Ordem de produo que contm pea considerada como produto suspeito ............. 29
Figura 24 Estantes colocadas no laboratrio para armazenar as OP ........................................ 30
Figura 25 Fluxo definido para armazenamento das ordens de produo quando se encontram
nas estantes do laboratrio .......................................................................................................... 31
Figura 26 1 pgina de uma instruo de verificao elaborada durante o estgio. ................. 35
Figura 27 2 pgina de uma instruo de verificao elaborada durante o estgio. ................. 37
Figura 28 Exemplo de um desenho tcnico fornecido pelo cliente. ......................................... 39
Figura 29 Exemplos de notas existentes num desenho tcnico fornecido pelo cliente. ........... 39
Figura 30 Elementos 1,2,3 e 4 presentes na zona de identificao de um desenho tcnico. .... 40
Figura 31 Elementos 5,6,7 e 8 presentes no desenho tcnico fornecido pelo cliente. .............. 41
Figura 32 Linha central das irregularidades do perfil de uma superfcie. ................................ 42
Figura 33 Simbologia geral para indicao do grau de acabamento superficial. ..................... 44
VII
Figura 34 Indicao no desenho tcnico de elementos sujeitos a proteo especial. ............... 45
Figura 35 Indicao no desenho tcnico de elemento com classe de segurana e sem classe de
segurana. .................................................................................................................................... 45
Figura 36 Elementos 9,10 e 11 presentes no desenho tcnico fornecido pelo cliente. ............. 46
Figura 37 Smbolo de marcao geral aplicado no desenho tcnico. ....................................... 46
Figura 38 Smbolo de marcao da pea evidenciado na zona de notas e na rea grfica do
desenho tcnico. .......................................................................................................................... 47
Figura 39 Simbologia associada aos tipos de marcao que podem surgir no desenho tcnico.
..................................................................................................................................................... 47
Figura 40 Indicao de intercambiabilidade no desenho tcnico fornecido pelo cliente. ........ 48
Figura 41 Elementos 12,13, 14, 15,16 e 17 presentes no desenho tcnico fornecido pelo
cliente. ......................................................................................................................................... 49
Figura 42 Indicao de direo de gro utilizada no desenho tcnico fornecido pelo cliente. 50
Figura 43 Indicao TYP (tpico) utilizada em desenho tcnico. ............................................ 51
Figura 44 Indicao de espessura em desenho tcnico. ........................................................... 51
Figura 45- Cotagem de definio dimensional. Tipos de cotas................................................... 53
Figura 46 Representao em desenho tcnico de linhas de cota .............................................. 53
Figura 47 Representao em desenho tcnico de linhas de chamada ou extenso................... 53
Figura 48 Representao em desenho tcnico de cotagem de ngulos. ................................... 54
Figura 49 Representao em desenho tcnico de cotagem de raios. ........................................ 54
Figura 50 Indicaes para a cotagem de dimetros e raios. ..................................................... 55
Figura 51 Representao de linha para arestas de contorno no visvel em desenho tcnico .. 55
Figura 52 Representao de linha de corte em desenho tcnico. ............................................. 55
Figura 53 Representao em desenho tcnico para cotagem de chanfro. ................................ 56
Figura 54 Representao em desenho tcnico para cotagem de escareados. ........................... 57
Figura 55 Representao de cotas toleranciadas em desenho tcnico . .................................... 57
Figura 56 Representao de cotas no toleranciadas em desenho tcnico. .............................. 58
Figura 57 Representao grfica de uma pea fabricada na CAER. ........................................ 58
Figura 58 Representao grfica de uma pea produzida na CAER. ....................................... 59
Figura 59 Representao grfica de uma pea produzida na CAER. ....................................... 61
Figura 60 Representao grfica de uma pea produzida na CAER. ....................................... 61
Figura 61 Laboratrio de Metrologia da CAER ....................................................................... 64
Figura 62 Quadro Kaizen existente no laboratrio da CAER .................................................. 66
Figura 63 Ficha de identificao do EMM0084 existente no Laboratrio da CAER. ............. 72
Figura 64 Equipamento com etiqueta de identificao a evidenciar uso sem restries .......... 73
Figura 65 Equipamento com etiqueta de identificao a evidenciar uso com restries ......... 74
Figura 66 Equipamento com etiqueta de identificao a evidenciar que est fora de servio . 75
Figura 67 Equipamento com etiqueta de identificao a evidenciar que est sujeito a
verificao ................................................................................................................................... 75
VIII
Figura 68 Template para ficha de verificao de EMM utilizada na CAER ............................ 76
Figura 69 Ilustrao de uma medio de interiores com recurso a paqumetro ....................... 77
Figura 70 Ilustrao de uma medio de exteriores com recurso a paqumetro....................... 78
Figura 71 Ilustrao de uma medio entre dois furos existentes numa pea com recurso a
paqumetro................................................................................................................................... 78
Figura 72 Desenho tcnico com dimetro de 8 mm e tolerncia definida pelo cliente. ........... 79
Figura 73 Ilustrao da medio de um furo com recurso a um micrmetro de interiores ...... 79
Figura 74 Ilustrao da medio de cotas lineares com recurso ao graminho ......................... 80
Figura 75 Ilustrao da medio de cota angular de uma pea com recurso ao gonimetro ... 80
Figura 76 Ilustrao da medio de raio exterior e interior com recurso a um escantilho ..... 81
Figura 77 Ilustrao de medio da rugosidade com recurso ao rugosmetro ......................... 81
Figura 78 Ilustrao de medio de cotas gerais de uma pea com recurso MMC ............... 82
Figura 79 Fatores de influncia num processo produtivo. ....................................................... 83
Figura 80 Fontes de incerteza num processo de medio. ....................................................... 83
Figura 81 Fontes de incertezas na medio por coordenadas................................................... 84
Figura 79 Quadro auxiliar para a gesto diria das tarefas de inspeo ................................... 89
IX
ndice de tabelas
Tabela 1 Poltica da Qualidade da organizao .......................................................................... 8
Tabela 2 Objetivo de cada um dos processos da CAER .......................................................... 11
Tabela 3 Simbologia associada a rugosidade superficial e seu significado ............................. 43
Tabela 4 Tabela utilizada para determinar a tolerncia de cotas angulares ............................. 59
Tabela 5 Tabela utilizada para determinar a tolerncia de cotas lineares ................................ 60
Tabela 6 Tabela utilizada para determinar a tolerncia de raios de curvatura ......................... 60
Tabela 7 Metodologia para a aquisio de um novo EMM...................................................... 68
Tabela 8 Metodologia para a monitorizao de um EMM ....................................................... 69
Tabela 9 Metodologia para a reparao de um EMM .............................................................. 70
Tabela 10 Plano de calibrao para EMM da CAER ............................................................... 71
X
Abreviaturas, Acrnimos e Siglas
CAER Caetano Aeronautic
CNC Controlo Numrico Computorizado
CEO Chief Executive Officer (Diretor Executivo)
QAS Direo de Qualidade
ENG Direo de Engenharia
PRD Direo de Produo
PRC Direo de Compras
FIN Departamento Financeiro
ICT Departamento Informtico
HRD Recursos Humanos
SGQ Sistema de Gesto de Qualidade
ISO Organizao Internacional de Normalizao
SPQ Sistema Portugus da Qualidade
NP Norma Portuguesa
EN Norma Europeia
PR Processo
PC Procedimento
IT Instruo de Trabalho
IV Instruo de Verificao
IM Instruo de Manuteno
OP Ordem de Produo
FAI Artigo de Primeira Inspeo (First Article Inspection)
DG Documento Grfico
LPI Lista de Partes
SAP Systems, Applications, Products
PN Part Number
MAP Meio Auxiliar de Produo
CoC Certificado de Conformidade
MPS Plano Mestre de Produo
MMC Mquina de Medio por Coordenadas
EMM Equipamento de Medio e Monitorizao
1
Captulo 1 Introduo
1.1 mbito e enquadramento do trabalho
O Grupo Salvador Caetano nasceu em 1946, atravs de uma pequena empresa
familiar a Martins, Caetano e Irmo , e hoje est presente em diversos pases, para
alm de Portugal, como Espanha, Reino Unido, Alemanha, China, Cabo Verde e
Angola.
O Grupo Salvador Caetano (SGPS), SA, empresa me, controla todo o grupo,
define estratgias e realiza a coordenao de todas as atividades de negcio.
So trs as unidades de negcio onde o Grupo atua, nomeadamente o negcio
industrial e da representao da marca automvel Toyota, o negcio de retalho
automvel multimarca e o negcio na rea das tecnologias de informao, sendo este
orientado essencialmente para o fornecimento de solues verticais a diferentes setores
de atividade, como o setor automvel, as comunicaes, a internet, a publicidade e as
energias renovveis.
No que diz respeito rea industrial o grupo detm a Caetano Bus, SA, para a
produo de autocarros (COBUS e CAETANO) para todo o mundo, a Caetano
Components, SA, cuja rea de atuao na produo de componentes para indstria
automvel e componentes metlicos para outras indstrias e a mais recente Caetano
Aeronautic SA, para a produo de componentes e subconjuntos metlicos e em
material compsito para o setor aeronutico.
O fundador, o Sr. Salvador Caetano deixou bem patente o seu lema Sempre
presente na construo do futuro, e aliada determinao do Grupo Salvador Caetano
em crescer, surge a deciso de se estabelecer no setor aeronutico, com a empresa
Caetano Aeronautic. Em agosto de 2012 o Grupo Salvador Caetano assinou um acordo
de parceria com a Airbus, em concreto a Airbus Military, para a produo de diversos
componentes aeronuticos metlicos e em material compsito.
As infraestruturas da Caetano Aeronautic (CAER) envolvem uma rea de 6000
m2, dos quais 5500 m
2 correspondem a rea industrial. A rea industrial subdivide-se
em duas zonas distintas, uma denominada de rea de Metlicos, com cerca de 1000 m2,
para o fabrico de componentes metlicos para a indstria aeronutica. A segunda zona,
2
denominada de rea de compsitos, com cerca de 4500 m2, para o fabrico de
componentes compsitos igualmente destinados indstria aeronutica. A Figura 1
ilustra a maquete da organizao.
Figura 1 Maquete representativa da organizao.
Retirado de [1]
A CAER optou por iniciar em primeiro lugar a construo da rea de produo
de componentes metlicos. Os fundamentos desta escolha passam pelo facto de estes
necessitarem de menor tempo de industrializao, exigirem um menor investimento
inicial e pelo Grupo Salvador Caetano ter conhecimento e experincia na produo de
peas metlicas. Os componentes metlicos envolvem peas maquinadas a partir de
blocos de alumnio, ao e titnio, utilizados para a construo de componentes de
incorporao direta em avies e/ou para construo de moldes, ferramentas e gabaris de
montagem e medio. Para esta atividade a CAER utiliza equipamentos CNC (Controlo
Numrico Computorizado) de 3 e 5 eixos, bem como tornos CNC.
Atualmente a rea de compsitos est a ser preparada para iniciar a produo em
setembro de 2014. Iro ser produzidas peas laminadas, em fibra de vidro e/ou carbono,
com possibilidade de incorporao de ncleos (espuma estrutural ou honeycomb) e
insertos metlicos. Para esta atividade a CAER utilizar equipamentos para corte de
fibras, cura de fibra (autoclave e estufa) e corte de aparas (CNC 5 Eixos).
Quanto estrutura interna da CAER, esta subdivide-se em dois nveis principais:
Diretor Geral (CEO) e Direes, sendo que o Diretor Geral corresponde Gesto de
Topo e as restantes direes integram a Equipa de Gesto.
3
So quatro as Direes que integram a CAER nomeadamente, Direo de
Qualidade (QAS), Direo de Engenharia (ENG), Direo de Produo (PRD) e
Direo de Compras/Logstica (PRC). A CAER recorre a servios partilhados com as
restantes empresas do Grupo, no mbito dos departamentos Financeiro (FIN),
Informtico (ICT) e Recursos Humanos (HR).
A Figura 2 representa o organigrama que ilustra a estrutura interna da empresa.
Figura 2 Organigrama representativo da estrutura interna da organizao.
Retirado de [1]
A equipa de trabalho da Direo de Qualidade formada atualmente por sete
elementos, sendo os quais o Diretor da Qualidade, trs elementos responsveis pela
inspeo aeronutica, dois elementos responsveis pela engenharia de qualidade e um
elemento responsvel pela manuteno.
Apesar de a inspeo aeronutica estar sob a alada do QAS, todo o trabalho
desenvolvido neste mbito se relaciona com as outras direes, sendo estas relaes
bem evidenciadas pelo Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ) da CAER, mais
concretamente, ao nvel de processos e procedimentos.
4
1.2 Motivao
A inspeo dos produtos cada vez mais uma necessidade imposta pelos altos
nveis de qualidade exigidos na indstria. Garantir a qualidade do produto exige muito
da organizao e requer um sistema bem estruturado de gesto da qualidade. Cada etapa
do processo deve assegurar a qualidade do produto que est a ser produzido. Para tal
necessrio o envolvimento de todos, desde a produo, engenharia de produo,
fornecedores, compras, logstica, e claro da qualidade, que se pode considerar intrnseca
a cada uma das reas referidas de uma organizao. Atravs dos documentos da
qualidade consegue-se informaes que permitem monitorar todo o processo de fabrico,
bem como a forma como cada operao deve ser executada. S assim se consegue dar
cumprimento aos requisitos exigidos pelo cliente.
Este trabalho aborda a problemtica da inspeo dos componentes numa
indstria aeronutica, um processo determinante para a garantia da qualidade do produto
final.
1.3 Objetivos
O trabalho a realizar tinha como principal objetivo a concretizao da inspeo
de componentes aeronuticos. Dada a complexidade inerente a este objetivo, sentiu-se a
necessidade de o subdividir em vrias subtarefas, como:
Estudo do Sistema de Gesto da Qualidade da Caetano Aeronautic;
Anlise de documentao associada ao processo produtivo;
Anlise de documentao associada inspeo aeronutica;
Estudo de vrias normas especficas e fundamentais inspeo aeronutica;
Preparao para o exame de homologao de verificadores da Airbus;
Anlise do processo de Gesto e Calibrao dos Equipamentos de Medio e
Monitorizao da Caetano Aeronautic;
Realizao de verificaes dimensionais em diferentes componentes
aeronuticos;
Avaliao de medidas de melhoria ao processo de inspeo.
5
1.4 Organizao do relatrio
Nesta seco pretende-se fazer uma sntese dos principais temas a abordar nos
captulos seguintes. Assim, o segundo captulo consiste num enquadramento terico dos
tpicos tratados neste relatrio, abordando toda a estrutura documental inerente ao
Sistema de Gesto e Qualidade da Caetano Aeronautic. No captulo seguinte, efetua-se
uma abordagem ao Fluxo Produtivo e documentao inerente ao mesmo. neste
captulo que se insere todo o trabalho desenvolvido no mbito da inspeo de
componentes aeronuticos, tema central do estgio. O 4 captulo, Equipamentos de
Medio e Monitorizao, refere-se s infraestruturas disponveis na CAER para a
concretizao de medies e processo de gesto e calibrao de equipamentos. Por
ltimo, faz-se a discusso do trabalho realizado e indicam-se as principais concluses
obtidas aps todo o desempenho ao nvel da inspeo aeronutica bem como as
perspetivas de trabalho a desenvolver futuramente.
6
Captulo 2 Enquadramento Terico do Trabalho
2.1 Metrologia como subsistema da Qualidade
A nvel industrial est generalizada a certificao das empresas segundo um
modelo de gesto baseado na srie de normas ISO 9000.
Segundo o Decreto-lei n142/2007, de 27 de Abril, o Sistema Portugus da
Qualidade (SPQ) representa o conjunto integrado de entidades e organizaes
interrelacionadas e interactuantes que, seguindo princpios, regras e procedimentos
aceites internacionalmente, congrega esforos para a dinamizao da qualidade em
Portugal e assegura a coordenao dos trs subsistemas da normalizao, da
qualificao e da Metrologia com vista ao desenvolvimento sustentado do Pas e ao
aumento da qualidade de vida da sociedade em geral [2].
atravs do subsistema da Metrologia que se garante rigor e exatido das
medies realizadas, assegurando a sua comparabilidade e rastreabilidade, quer a
nvel nacional quer internacional.
Os outros dois subsistemas, o subsistema da normalizao, enquadra atividades
de elaborao de normas e outros documentos de caracter normativo no mbito
nacional, europeu e internacional e o subsistema da qualificao enquadra atividades
de acreditao, certificao e outras de reconhecimento de competncias e de
avaliao de conformidade, no mbito do SPQ.
A Metrologia, considerada a cincia da medio, pode ser dividida em trs
categorias gerais: a Metrologia Cientfica, a Metrologia Industrial e a Metrologia Legal.
O trabalho desenvolvido ao longo do estgio insere-se claramente no subsistema
da Metrologia, nomeadamente na Metrologia Industrial.
A Metrologia Industrial surge no mbito das medies ao nvel da produo e
transformao de bens ou para demonstrao da qualidade metrolgica em organizaes
com sistemas de qualidade certificados. Relaciona-se com as medies realizadas em
processos de fabrico e durante o controlo de qualidade dos diferentes produtos e
servios. Assenta numa cadeia hierarquizada de padres existentes em laboratrios e
empresas, padres estes rastreveis a padres primrios (internacionais e nacionais) [3].
7
2.2 Abordagem ao Sistema de Gesto da Qualidade da Caetano
Aeronautic e Certificao pela Norma EN 9100
A CAER tem como viso oferecer aos seus clientes produtos de qualidade,
cumprindo os prazos estipulados, por forma a satisfazer as suas necessidades de forma
competitiva. Toda a organizao baseada num SGQ suportado nas normas aplicveis
como as normas internacionais NP EN ISO 9001 - Sistemas de Gesto da Qualidade -
Requisitos e EN 9100:2009 - Aerospace series quality management systems
requirements and quality systems model for quality assurance in design, development,
production, installation and servicing.
Os SGQ das organizaes do setor aeronutico devem estar focados em
processos. Neste sentido importante perceber, segundo a norma NP EN ISO 9000, o
que significa uma abordagem por processos [4].
Quando uma dada atividade ou conjunto de atividades utiliza recursos que
transformam entradas (inputs) em sadas (outputs), pode ser considerada um processo.
Numa organizao necessrio identificar e gerir numerosos processos relacionados e
que interagem entre si. Com frequncia a sada de um processo constitui a entrada do
processo seguinte.
A Figura 3 ilustra o sistema de gesto de qualidade baseado em processos e
descrito na famlia de normas ISO 9000.
Figura 3 Modelo de um sistema de gesto de qualidade baseado em processos.
Retirado de [4]
8
A norma EN 9100:2009 que inclui os requisitos do SGQ da norma NP EN ISO
9001 adicionando-lhe os requisitos especficos da indstria aeroespacial, serviu como
referncia para a implementao do SGQ da Caetano Aeronautic cuja estrutura
documental est evidenciada na Figura 4[5].
Figura 4 Diagrama representativo da estrutura documental do SGQ da CAER.
Retirado de [1]
A origem da estrutura documental est na poltica da qualidade, elaborada com
base em 7 princpios, evidenciados na Tabela 1.
Tabela 1 Poltica da Qualidade da organizao.
Adaptado de [1]
Clientes Desenvolver uma forte cultura orientada para o cliente, com o intuito de
o conquistar, reforar a nossa imagem e sermos reconhecidos como uma
empresa de confiana.
Liderana Promover a consciencializao de todos garantindo a implementao da
Qualidade Total, a segurana das pessoas e bens e o alcance dos
objetivos da organizao.
Acionistas Assegurar que a melhoria contnua do nosso desempenho satisfaz as
expetativas dos nossos acionistas.
Formao de
Colaboradores
Promover as formaes necessrias para todos os colaboradores
garantindo um processo contnuo de aquisio de conhecimentos.
Satisfao e
Envolvimento dos
Colaboradores
Promover e valorizar as pessoas e o trabalho em equipa, recorrendo a
avaliaes contnuas de conhecimentos e capacidades, assegurando uma
comunicao eficaz (ascendente e descendente), partilhando sucessos e
alcanando a satisfao pessoal.
Parceiros/Fornecedores
Desenvolver uma colaborao ativa com os nossos
parceiros/fornecedores, promovendo a melhoria contnua e atingindo os
nossos objetivos.
POLTICA
DA QUALIDADE
MANUAL DA QUALIDADE
PROCESSOS
PROCEDIMENTOS
INSTRUES
IMPRESSOS /REGISTOS
9
A organizao cumpre um dos requisitos da norma EN 9100:2009 quando
disponibiliza o manual da qualidade, que orienta todos os colaboradores para o
cumprimento dos requisitos estabelecidos pela norma e permite familiarizar os clientes
da CAER com o seu SGQ bem como com as suas prticas.
Como j referido anteriormente, e de acordo com os requisitos estabelecidos
pela norma, a CAER apresenta uma organizao por processos, estando o modelo do
mapa de processos representado na Figura 5.
Figura 5 Modelo do mapa de processos da CAER.
Retirado de [6]
Pelo mapa acima ilustrado verifica-se que existem 13 processos, divididos em 3
grandes grupos: os processos de gesto, os processos operacionais e os processos de
suporte.
Existe um modelo (template) para definir e documentar os processos da CAER,
que se apresenta na Figura 6.
Ambiente e Segurana Praticar uma gesto saudvel, trabalhando para um desenvolvimento
sustentvel, minimizando o impacto ambiental e reduzindo o risco,
assegurando sempre o cumprimento legal.
10
Figura 6 Template utilizado na CAER para elaborar um processo.
Adaptado de [7]
O template contempla os campos necessrios definio de um processo, desde
as entradas e sadas do processo com os respetivos fornecedores (departamentos ou
entidades que as originam) e clientes (departamentos ou entidades aos quais se
destinam), bem como o objetivo do processo e os recursos que a organizao deve
disponibilizar para a concretizao das suas atividades. So 13 os processos da CAER, e
o objetivo de cada um est indicado na Tabela 2.
11
Tabela 2 Objetivo de cada um dos processos da CAER.
Adaptado de [1]
PR01.0
Gesto Corporativa
Desdobrar a estratgia, definir objetivos e atividades para a cumprir,
garantindo o envolvimento e a participao de todos.
PR02.0
Gesto de Programas
Gerir e planear as necessidades dos clientes para as encomendas/contratos
adjudicados de forma a ir ao encontro dos seus requisitos.
PR03.0
Vendas
Dinamizar o contacto com os clientes atuais e/ou potenciais e fomentar a
visibilidade da Caetano Aeronautic nos mercados alvo.
PR04.0
Industrializao
Desenvolver um produto ou processo produtivo eficaz e eficiente que
responda aos requisitos do cliente, legais e regulamentares.
PR05.0
Gesto da Produo
Produzir de acordo com o planeamento estabelecido, em conformidade com
os requisitos e de forma eficaz e eficiente.
PR06.0
Compras
Adquirir e disponibilizar materiais, mquinas, meios e servios nos padres
qualitativos pr-estabelecidos e nos prazos definidos a preos/custos
competitivos.
PR07.0
Gesto da Supply Chain
Efetuar uma gesto eficaz e eficiente da cadeia de fornecimento de forma a
assegurar que os prazos de entrega so cumpridos de acordo com os
requisitos estabelecidos.
PR08.0
Gesto da Qualidade
Gerir os documentos, registos e ferramentas do sistema da qualidade de
forma eficaz e enquadrada com os requisitos legais, normativos e dos
stakeholders.
PR09.0
Gesto dos Recursos Humanos
Captar, desenvolver e reter os Colaboradores da CAER tendo em conta as
competncias necessrias para a atividade e objetivos da Empresa.
PR10.0
Gesto da Manuteno
Garantir a disponibilidade das infraestruturas, equipamentos e meios
auxiliares de produo, mantendo o seu funcionamento regular e
permanente.
PR11.0
Ambiente, Higiene e Segurana
Exercer a atividade industrial de maneira ambientalmente sustentvel,
inteiramente segura e promotora da sade, de acordo com as regras de
segurana e ambiente.
PR12.0
Logstica
Gerir o fluxo de produtos e materiais de forma eficaz e eficiente,
garantindo atempadamente a disponibilidade dos mesmos.
12
PR13.0
Tecnologias de Informao e Comunicao
Responder aos requisitos da organizao ao nvel de produtos, servios e
infraestruturas tecnolgicas.
Analisando a estrutura documental da CAER (Figura 4) verifica-se que os
procedimentos esto posicionados imediatamente abaixo dos processos.
Quando se efetua a descrio de uma atividade de um processo, uma descrio
textual pode no ser o suficiente, e nesse sentido surge o procedimento documentado,
com maior detalhe do que o de um processo. O procedimento uma descrio detalhada
de todas as operaes necessrias para a realizao de uma determinada atividade, que
pode incluir em anexo, esquemas, desenhos, etc, ou seja, toda a informao que se
considere relevante para a descrio da atividade. Os procedimentos, considerados de
carcter obrigatrio, de acordo com a norma EN 9100:2009, so:
- Controlo de Documentos
- Controlo de Registos
- Auditorias Internas
- Controlo do Produto No Conforme
- Aes Corretivas
- Aes Preventivas
Para a elaborao dos procedimentos foi criado um template que contempla os
campos necessrios definio dos mesmos e uma codificao comum que permite
relacion-los com os processos a que pertencem. A designao segue um padro, com a
seguinte forma:
PCpp.p_sss Designao do Procedimento
As letras PC correspondem a uma codificao comum a todos os processos, os
campos pp.p indicam o processo que est na origem do referido procedimento, o
campo sss, representa um nmero sequencial atribudo aos procedimentos relativos a
cada processo.
A Figura 7 representa o template adotado para um procedimento.
13
Figura 7 Template utilizado na CAER para elaborar um procedimento.
Adaptado de [8]
data da elaborao deste relatrio, foram identificados um total de 40
procedimentos, associados aos diversos processos da organizao.
Continuando a analisar a estrutura documental (Figura 4), verifica-se que os dois
ltimos nveis da estrutura so as Instrues e Registos.
Instrues so documentos criados para documentar e explicar uma atividade
especfica, do mbito operacional. So exemplos as instrues de trabalho (IT), as
instrues de verificao (IV) e as instrues de manuteno (IM).
14
As instrues de trabalho bem como as instrues de verificao so realizadas
no mbito do desenvolvimento do processo produtivo. Quanto s instrues de
manuteno, so elaboradas quando ocorre receo e instalao de mquinas e meios
auxiliares.
Um registo, de acordo com a norma NP EN ISO 9000:2005, consiste num
documento que expressa resultados obtidos ou fornece evidncia das atividades
realizadas. De acordo com a norma EN 9100:2009 necessrio criar um procedimento
documentado para o controlo dos registos e a CAER cumpre este requisito, pois tem um
procedimento com o objetivo de garantir que os registos so identificados, armazenados
e protegidos de forma a mant-los legveis, prontamente identificveis e recuperveis, e
com tempo de armazenamento definido.
Tendo em conta o setor em que a empresa se insere, a maioria dos componentes
a incorporar nos avies requer uma rastreabilidade at origem da matria-prima, pelo
que fundamental que se efetue o controlo dos registos. Quando, neste mbito, se refere
o conceito de rastreabilidade, significa que a partir do nmero de srie de um
componente aeronutico se consegue obter toda a documentao associada sua
fabricao.
Apresentada a estrutura documental da CAER importante referir quais os
processos e os procedimentos onde h maior interveno por parte de quem efetua a
inspeo aeronutica. Os processos em questo so o PR04.0 Industrializao, PR05.0
Gesto da Produo e o PR08.0 Gesto da Qualidade. Quanto aos procedimentos, so os
seguintes:
- Inspeo de primeiro artigo (PR04.0);
- Controlo do produto no conforme (PR05.0);
- Controlo de documentos (PR08.0);
- Controlo de carimbos (PR08.0);
- Gesto dos equipamentos de medio e monitorizao (PR08.0).
15
Captulo 3 Fluxo Produtivo
Para garantir a qualidade esperada de um produto, deve efetuar-se um controlo
das diferentes fases do processo produtivo. A inspeo e naturalmente a Metrologia
esto presentes em vrias fases do fluxo produtivo, desde o incio at ao final da
conceo da pea.
A Figura 8 ilustra, de uma forma simplificada, o percurso de uma pea, com
destaque para as fases de inspeo.
Figura 8 Representao do fluxo produtivo com destaque para a presena da inspeo dos componentes
aeronuticos
As seguintes seces do relatrio pretendem explicar, com maior detalhe, o
fluxo evidenciado pela Figura 8. Iro iniciar-se com uma breve explicao sobre a
documentao utilizada, pois esta fundamental na rea aeronutica.
16
3.1 Documentao associada
Toda a documentao tcnica disponibilizada pela Airbus Military para que a
Direo de Engenharia da CAER a possa analisar e organizar internamente, de maneira
a preparar toda a configurao do produto pretendido. Aps esta organizao interna so
fornecidas as informaes necessrias Direo de Produo para iniciar um
planeamento do fabrico dos vrios componentes aeronuticos. Nesta fase efetuado o
lanamento de uma ordem de produo, OP. Uma ordem de produo indica o conjunto
de operaes necessrias para se obter um determinado componente aeronutico e deve
conter toda a informao necessria para a correta execuo. Uma ordem de produo
pode ser criada para uma nica pea ou vrias peas, e especfica:
- O percurso a seguir para a produo do componente;
- As operaes a realizar, sob a respetiva ordem;
- A documentao de referncia necessria.
As ordens de produo so de dois tipos, OP FAI (First Article Inspection), ou
OP Srie. A primeira OP a ser emitida uma OP FAI ordem de produo para a
fabricao da(s) primeira(s) pea(s).
Uma OP FAI diz respeito a todo o processo completo e documentado de um
elemento que assegura que os mtodos e ferramentas de produo garantem um produto
conforme, de acordo com os desenhos, especificaes dadas pela Engenharia e
requisitos do contrato. Certifica todo o processo de fabrico, desde o mtodo s pessoas
envolvidas. Desta forma, uma inspeo de OP FAI tem que ser bastante detalhada e
exigente. A OP FAI obrigatria para partes elementares (que no fazem parte de um
conjunto), como as produzidas na CAER.
Com a OP FAI validada, assegura-se que a produo em srie, desde que se
empregue a mesma estrutura de processo e os mesmos meios e normas aplicveis,
conduz obteno de produtos idnticos aos da OP FAI. Assim, aps a validao da OP
FAI, pode ser lanada a OP Srie, para a produo de peas em srie, que no exige
uma inspeo to detalhada.
Quando ocorre o lanamento de uma OP, alm do prprio documento, existem
outros necessrios, tanto para as FAI como para as Srie, que acompanham em anexo a
OP, sendo eles:
OP de corte, se aplicvel;
17
Desenho tcnico;
Documento grfico (DG), se aplicvel;
Lista de Partes (LPI), se aplicvel;
Instruo de trabalho;
Instruo de verificao.
O desenho tcnico o documento mais importante que define um componente
aeronutico. Descreve caractersticas e propriedades desse componente, e fornece toda a
informao necessria para a fabricao.
Os documentos auxiliares, como o documento grfico, as instrues de trabalho,
instrues de verificao, documentos de fabricao, so fornecidos pelo cliente ou
elaborados pela ENG da empresa para que se efetue corretamente o fabrico dos
componentes. Acrescenta-se ainda, apenas para as OP FAI, um outro documento, que se
designa de relatrio FAI. Uma OP pode ser composta por vrias pginas. A Figura 9
pretende exemplificar a primeira pgina de uma OP.
18
Figura 9 Exemplo da 1 pgina do template do documento ordem de produo1.
Adaptado de [9]
Comeando a anlise pela zona assinalada por A), verifica-se o nmero a que
corresponde a OP. A cada OP criada atribudo um nmero de dez dgitos, sequencial,
e iniciado por 71, sendo este nmero gerado atravs de uma ferramenta informtica,
SAP, que auxilia o SGQ da CAER. A zona B) corresponde aos dados de lanamento da
OP, que integra vrias informaes, desde o material atribudo pela CAER para fabrico
das peas, a denominao do produto que inclui o Part Number (PN) e designao
atribudos pelo cliente, o nome do cliente, a quantidade de unidades a que corresponde a
1 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
19
ordem de fabrico e as datas de incio e final de fabrico. O PN da pea um nmero que
a identifica e vem sempre indicado na OP e documentos associados ao seu fabrico,
como IT, IV, desenho tcnico e outros documentos auxiliares. Quanto zona C), esta
indica os atributos da(s) pea(s) a ser(em) produzida(s). Atributos referem-se a
categorias especficas que as peas podem ter, como por exemplo, serem seriveis,
intercambiveis, substituveis, identificveis ou com classe de segurana e sero
explicadas numa fase posterior do presente relatrio. A zona D), denominada de Lista
Tcnica, diz respeito a toda a documentao associada, como a IV, a IT, o(s) desenho(s)
necessrio(s), o documento grfico, bem como as normas utilizadas para a elaborao
da OP e inerentes s operaes. Toda a documentao associada inclui o respetivo
ndice de reviso atualizado.
Nas seguintes pginas da OP comeam a ser estruturadas as vrias operaes
necessrias ao fabrico da(s) pea(s). A estrutura das operaes comum, apenas sendo
feitas alteraes, se necessrio, de acordo com a respetiva operao. A Figura 10
evidencia a estrutura geral das operaes.
Figura 10 Organizao da estrutura das operaes no documento ordem de produo.
Adaptado de [9]
A Figura 11 evidencia a segunda pgina de uma OP. de salientar que as
operaes podem variar de OP para OP, o que faz com que cada operao possa mudar
de ordem nas diferentes OP.
20
Figura 11 Exemplo da 2 pgina do template do documento ordem de produo2.
Adaptado de [9]
A primeira operao corresponde s condies de entrega, ou seja, identifica,
quando aplicvel, modificaes a introduzir no processo de fabricao, por indicao do
cliente. Esta operao a nica em todo o documento que no necessita de ser
carimbada por nenhum colaborador. O local de carimbo surge apenas por imposio do
template do documento pr-definido desta forma para todas as operaes.
2 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
21
A segunda operao diz respeito ao aprovisionamento; a logstica responsvel
por carimbar a operao indicando a quantidade de unidades de matria-prima que so
entregues. necessrio indicar tambm o lote de matria-prima e a ordem de corte do
material, se aplicvel.
Quanto operao seguinte, de fresagem, cabe ao operador que fabrica a(s)
pea(s) carimbar a operao indicando a quantidade de unidades produzidas. Caso haja
necessidade de utilizar meios de apoio produo, vulgarmente designados por MAP,
deve vir indicado nesta operao.
Aps a fresagem surge a operao acabamentos onde se identificam condies
de acabamentos finais efetuados s peas como, retirar rebarbas ou arredondar arestas.
Nesta operao exigido o manuseamento das peas com luvas. Cabe ao operador
carimbar a operao indicando a quantidade de unidades onde realizou acabamentos.
A 5 operao diz respeito verificao dimensional interna, efetuada pela
equipa de Metrologia. Analisando a Figura 12 observa-se a seguinte indicao:
Verificar A-A-B-G-X segundo.
Figura 12 Operao definida na ordem de produo para a verificao dimensional interna3.
Adaptado de [9]
Esta indicao surge no sentido de se dar cumprimento referncia normativa,
relativa s categorias e tarefas de verificao4, fornecida pela Airbus Military. Existem
duas categorias de operaes de controlo, nomeadamente categoria A e categoria B. As
operaes de categoria A so consideradas obrigatrias e permitem assegurar a
3 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
4 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
22
qualidade do produto acabado. Surgem sempre depois de ocorrer uma operao de
mecanizado ou outra transformao e sempre que se trata de ltimas operaes como
operaes de laboratrio ou operaes de montagem. As operaes de categoria B so
consideradas facultativas, podem ser vistas como categorias de preveno e o seu uso
obedece a critrios de rentabilidade e operacionalizao do processo produtivo. Tanto
para as operaes de categoria A como B existem subcategorias de verificao e
inspeo, tambm definidas por letras maisculas, de A at X (excluindo as letras I, O,
Q, U e V), cada uma com o seu respetivo significado. Por exemplo, a subcategoria A
significa que se deve comprovar caractersticas de qualidade segundo desenho, norma,
entre outros, e com indicao do documento correspondente. Quanto subcategoria B
indica que se deve utilizar uma instruo de verificao. A subcategoria G implica
identificar a pea segundo a OP, comprovar a documentao, bem como o aspeto visual
exterior, desde golpes, a marcas que possam existir. A subcategoria X exige que a
inspeo obrigatria seja efetuada por pessoal certificado para a verificao. Desta
forma, consegue-se perceber quais as diferentes tarefas obrigatrias a serem cumpridas
por quem efetua a verificao dimensional, pois a primeira letra que surge um A, de
categoria obrigatria, depois A-B-G-X que indicam as subcategorias a serem cumpridas,
e j descritas anteriormente. Nesta operao surge tambm a indicao de que o
manuseamento das peas deve ser efetuado com luvas.
Quando a operao de verificao dimensional termina e se detetam unidades
no conformes, que no podero ser aprovadas pois no preenchem os requisitos do
cliente, atribui-se atravs do SAP um nmero de relatrio de no conformidade. Este
nmero utilizado para preencher o campo destinado s UNIDADES CONSTRUTIVAS NO
CONFORMES/RELATRIO NO CONFORMIDADE, evidenciado na Figura 12. Tal como nas
operaes anteriores, o documento carimbado nesta operao e necessrio indicar a
quantidade de peas aprovadas.
A operao seguinte, indicada na Figura 13, refere-se ao envio da ordem de
produo para um subcontratado. Esta operao carimbada por parte da logstica e
nela indicado o nmero de peas expedidas.
23
Figura 13 Operao definida na ordem de produo para o embalamento e envio ao subcontratado.
Adaptado de [9]
No subcontratado as peas passam por uma srie de operaes. Consoante as
peas em questo, podero realizar-se diferentes processos especiais, desde
comprovao de dureza, anodizao tartrico-sulfrico ou mesmo aplicao de
primrio. A necessidade de subcontratao advm do facto de no se realizarem este
tipo de ensaios na CAER.
Aps o regresso dos componentes CAER, um elemento pertencente ao QAS
efetua uma inspeo final. De acordo com a referncia normativa5 que define os
parmetros para inspeo final, antes de se enviarem as peas para o cliente final,
necessrio realizar uma recapitulao de todas as inspees, controlos anteriores e dos
seus comprovativos, a fim de assegurar que esto devidamente cumpridos. Deve
verificar-se tambm se a identificao da pea e se a pintura foram efetuadas
corretamente. A Figura 14 ilustra uma pea pintada e com a respetiva identificao.
Figura 14 Pea rececionada aps regresso do subcontratado, com pintura e marcao6
5 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
6 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
24
Estando os elementos livres de discrepncias, podem ser enviados para o cliente.
A comprovao da integridade dos produtos regista-se e certifica-se mediante o
preenchimento dos documentos Relatrio de Controlo e Certificado de Conformidade
(CoC). Como estas operaes no so da competncia da equipa de Metrologia, foram
apenas referenciadas, no sendo alvo de desenvolvimento no presente relatrio.
3.2 Processos de inspeo no controlo da qualidade
3.2.1 Inspeo no abastecimento de matria-prima
Aps o lanamento da OP por parte da produo, a logstica encarrega-se de
fazer o abastecimento da matria-prima para que se avance com o processo produtivo.
Para um correto abastecimento necessrio um controlo dimensional e de
caractersticas do material. A equipa de inspeo/Metrologia est presente nesta fase na
medida em que necessrio efetuar medies aos materiais adquiridos, e verificar se as
dimenses correspondem ao previamente contratado.
A matria-prima pode ser fornecida em placas, em blocos ou em perfis e de
diversas dimenses, como ilustra a Figura 15.
Figura 15 Matria-prima armazenada em estantes na zona de armazm
As dimenses pretendidas vm indicadas em etiquetas, como as da Figura 16,
onde, neste caso, se verifica que o bloco deve ter 20 mm de largura, 215 mm de
comprimento e 8 mm de espessura.
25
Figura 16 Etiqueta utilizada para a identificao de matria-prima
As tolerncias relativamente s dimenses da matria-prima fornecida em blocos
so definidas internamente e est definido como limite inferior 0 mm, ou seja, a
matria-prima no pode vir com valor inferior ao pretendido. J o limite superior
definido pela equipa de programadores das mquinas CNC pois, vai estar dependente
das ferramentas e do mtodo de maquinao, que pode precisar de mais ou menos
matria-prima.
As medies so efetuadas com recurso a paqumetro, caso as dimenses dos
blocos o permitam, como evidenciado na Figura 17,
Figura 17 Medio da matria-prima com recurso a paqumetro
ou alternativamente atravs de fita mtrica, como evidenciado na Figura 18.
Figura 18 Medio da matria-prima com recurso a fita mtrica
26
Se o material est conforme, efetua-se o registo em SAP e carimba-se a
documentao comprovando essa conformidade. O material colocado no armazm, ou
noutro local apropriado, sempre devidamente identificado.
Caso o material ou a documentao no estejam conformes, o
subcontratado/fornecedor contactado e o material permanece na zona de receo at a
no conformidade ser resolvida.
Alm da verificao dimensional, tambm necessrio comprovar a planeza
quando a matria-prima corresponde a perfis, com o objetivo de avaliar se estes se
encontram deformados. Este ensaio rege-se pela norma de referncia7, fornecida pelo
cliente e para o realizar recorre-se a uma apalpa-folgas, com diferentes espessuras de
lminas, e a dois pesos com massa diferente, cuja utilizao varia consoante a espessura
do perfil.
O ensaio consiste em apoiar o perfil numa superfcie plana e:
Caso o perfil tenha uma espessura inferior a 1 mm aplica-se neste
um bloco de massa 1 kg, aproximadamente de 30 cm em 30 cm de
maneira a se verificar se a lmina de 0,75 mm passa entre o perfil e a
superfcie, evidenciado a existncia ou no de uma deformao;
Caso o perfil tenha uma espessura superior a 1mm aplica-se neste
um bloco de massa 2,2 kg, aproximadamente de 30 cm em 30 cm de
maneira a se verificar se a lmina de 0,75 mm passa entre o perfil e a
superfcie, evidenciado a existncia ou no de uma deformao;
Se os perfis estiverem conformes, procede-se respetiva identificao e
armazenamento, como anteriormente referido. Caso estejam no conformes necessrio
contactar o subcontratado/fornecedor.
3.2.2 Inspeo na produo dos componentes aeronuticos
Cabe PRD analisar e elaborar um Plano Mestre de Produo (MPS) no sentido
de efetuar um planeamento semanal. Em funo do planeamento semanal e do MPS,
para dar incio produo necessrio, numa primeira fase, o fabrico de um
componente em material no aeronutico, isto , material de menor custo, que permite
7 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
27
testar se toda a configurao do produto est correta. A este processo chama-se de
industrializao. O processo de industrializao diz respeito ao desenvolvimento do
processo produtivo que terminar com a realizao do primeiro artigo, validando, assim,
o plano de industrializao desenvolvido pela organizao.
A inspeo dos componentes metlicos surge nesta fase do processo produtivo
ao nvel da verificao dimensional do componente resultante da industrializao no
sentido de o validar e permitir o avano para a produo do primeiro artigo. A pea de
industrializao entregue no laboratrio, por parte do operador que a produziu, dentro
de uma caixa cor de laranja, utilizada apenas para as industrializaes, (Figura 19) com
a documentao associada.
Figura 19 Pea de industrializao na respetiva caixa com documentao associada
Aprovada a industrializao, passa-se para a fase seguinte, que consiste no
lanamento de uma OP FAI. Cabe equipa de inspeo aprovar este primeiro artigo,
sendo feita uma inspeo detalhada e extensiva. Numa fase posterior, quando o primeiro
artigo j est aprovado, passam a produzir-se as peas em srie, que corresponde s
ordens de produo srie (OP Srie), sendo a inspeo efetuada menos detalhada. Visto
que as ordens de produo em srie tm geralmente elevado nmero de peas, cabe
equipa de inspeo, em conjunto com o responsvel de produo, definir diariamente
qual a mquina CNC que se deve selecionar, no sentido de se verificar
dimensionalmente algumas peas, com vista a detetar possveis falhas que estejam a
28
ocorrer durante a maquinao. Previne-se desta forma que se produzam peas com cotas
fora de tolerncia.
A documentao referida na seco 3.1 acompanha o componente aeronutico
durante todo o processo produtivo e colocada num saco transparente. Cada pea
fabricada tambm inserida numa embalagem individual com a respetiva etiqueta
identificativa. Tanto a documentao como as peas/componentes, so colocados numa
caixa de cor azul-escura, que identifica visualmente as OP FAI ou OP Srie. A Figura
20 exemplifica a documentao dentro da embalagem de plstico transparente e as
peas correspondentes armazenadas dentro da caixa azul-escura.
Figura 20 Peas fabricadas armazenadas em caixa e documentao associada
Aps a maquinao das peas estas acabam por ir para uma zona de
acabamentos, como ilustrado na Figura 21, onde se efetuam pequenos ajustes s peas,
como retirar rebarbas, marcas de ferramentas e limpeza.
Figura 21 Zona da produo destinada aos acabamentos das peas
29
Assim que termina esta fase, as OP so colocadas em carrinhos, e ficam a
aguardar entrada no laboratrio de Metrologia, para que se inicie a sua inspeo. Os
carrinhos so diferenciados, sendo um para colocar as OP FAI e outro para colocar as
OP Srie, como exemplificado na Figura 22.
Figura 22 Ordens de produo a aguardar entrada no laboratrio
Existem duas caixas amarelas colocadas num dos carrinhos que servem para
armazenar produtos considerados suspeitos. O produto suspeito surge quando um
operador deteta que existe um defeito nas peas que produziu e a indica como suspeita,
identificando-a com uma etiqueta amarela, onde preenche com o nmero da OP e PN, o
nmero de srie da pea e motivo que levou ao aparecimento desse defeito. Essas peas
so recolhidas ao mesmo tempo que entra a respetiva OP. Na OP correspondente est
includa igualmente uma etiqueta, exatamente como a que se coloca na pea, com vista
a quem efetuar a inspeo saber que existe produto suspeito. A Figura 23 exemplifica
uma OP com produto suspeito.
Figura 23 Ordem de produo que contm pea considerada como produto suspeito
30
Como cabe equipa de inspeo verificar se as ordens de produo podem
entrar no laboratrio, necessrio uma prvia verificao de toda a documentao
inerente a cada OP ainda quando esto na rea da produo armazenadas nos carrinhos.
S entram no laboratrio as OP cuja documentao esteja em ordem. Aps esta prvia
verificao, as OP entram no laboratrio e so colocadas em estantes, como ilustra a
Figura 24.
Figura 24 Estantes colocadas no laboratrio para armazenar as OP
Todas as caixas tm a identificao da OP que contm dentro. As estantes esto
divididas em vrias seces, sendo respetivamente, da esquerda para a direita:
Seco de produto a aguardar inspeo, onde se colocam as OP cuja inspeo
ainda no iniciou;
Seco de produto em curso, onde se colocam as OP cuja inspeo foi iniciada
mas que por qualquer motivo no se conseguiu terminar;
Seco de produto aprovado, onde se colocam as OP cuja inspeo terminou e
esto validadas, podendo sair para expedio (apenas uma prateleira na zona superior da
estante);
Seco de industrializaes, onde se colocam as caixas cor de laranja com a pea
de industrializao;
31
Seco de dvidas, onde esto as caixas amarelas que correspondem ao produto
suspeito e algumas OP cujo processo de inspeo possa estar bloqueado por ser
necessrio esclarecer alguma dvida com o cliente ou mesmo com a equipa de ENG da
CAER;
Seco de acessrios, onde se colocam alguns acessrios teis ao trabalho dirio
da inspeo, como acessrios da Mquina de Medio por Coordenadas (MMC), tubos
de cola quente, recipientes para os resduos de cola e para luvas usadas, respetivamente.
Nas seces de produto a aguardar inspeo e de produto em curso, no se
colocam as OP de forma aleatria, mas sim tendo em conta um fluxo pr definido. O
fluxo define que as OP medida que chegam ao laboratrio de Metrologia devem ser
colocadas de baixo para cima nas estantes, de forma a ficarem na estante inferior as
ordens de produo mais recentes e na estante superior as ordens de produo mais
antigas, como evidenciado na Figura 25.
Figura 25 Fluxo definido para armazenamento das ordens de produo quando se encontram nas estantes do
laboratrio
3.2.3 Inspeo no laboratrio de Metrologia
Existe um acompanhamento por parte da equipa de inspeo em vrios pontos
do fluxo produtivo (ver Figura 8). No entanto, o principal processo de inspeo ocorre
no laboratrio de Metrologia, aps o fabrico das peas, e implica uma verificao
exaustiva de toda a documentao inerente ordem de produo, inspeo visual para
32
detetar possveis defeitos ou rebarbas, verificao dimensional e a medio de
caractersticas geomtricas como a rugosidade.
Aps a entrada das OP no laboratrio e respetivo armazenamento nas estantes, a
equipa de inspeo obedecendo ao fluxo definido, seleciona as ordens de produo a
inspecionar.
O primeiro passo voltar a verificar toda a documentao de uma forma mais
minuciosa, devendo-se confirmar na OP a lista tcnica, que indica os documentos
associados a essa mesma ordem de produo com o respetivo ndice de reviso. Estando
todos os documentos presentes e corretos o passo seguinte verificar se os responsveis
pelas diferentes operaes na OP e anteriores verificao dimensional interna,
carimbaram no devido local. Caso uma operao anterior esteja por carimbar, o
processo de inspeo no continua. tambm importante confirmar, por exemplo, se o
nmero de peas est correto, se o PN escrito na OP corresponde ao das etiquetas das
peas ou mesmo se o nmero da OP de corte corresponde ao lote de material correto.
33
3.2.3.1 Instruo de verificao
O passo seguinte iniciar a verificao dimensional, e para isso necessrio
utilizar uma instruo de verificao. Esta instruo tem como principais objetivos:
- Definir as caractersticas essenciais para verificar;
- Definir os meios de controlo que devem ser utilizados na verificao;
- Definir os critrios de aceitao dos recursos a serem testados;
- Facilitar o trabalho, pois recolhe-se num nico documento todas as exigncias
que esto subjacentes a vrios documentos aplicveis;
- Evitar erros que podem ser cometidos pelas vrias interpretaes dos
documentos.
da responsabilidade dos tcnicos de inspeo a sua elaborao, dando
cumprimento aos requisitos estabelecidos pela norma de referncia8, para a elaborao
de uma instruo de verificao, fornecida pelo cliente. A estrutura deve conter o PN do
elemento afeto IV, o ndice de reviso, o nmero de pginas e o total das mesmas, a
identificao de quem a elaborou e aprovou, as normas aplicveis, data de elaborao,
fases em que se divide e as diferentes caractersticas a controlar como os equipamentos
utilizados.
Quando se decidem os equipamentos a utilizar, a equipa de inspeo tem por
regra escolher o equipamento que garanta a medio das cotas em questo, cumprindo
com as exigncias por parte do cliente. Outro critrio para a seleo do equipamento o
facto de permitir uma medio mais rpida. Como s existe uma MMC e utilizada
diariamente para a inspeo de industrializaes e peas de OP FAI, d-se prioridade ao
uso de equipamento mais simples como o paqumetro, micrmetro de interiores,
graminho e escantilhes, que permitem medies mais rpidas e com a preciso
requerida, para a medio das peas srie,
Atualmente na CAER a verificao dimensional efetua-se a 100%, ou seja, todas
as peas so medidas. No entanto nem todas as cotas so verificadas. A metodologia
adotada para as medies consiste em:
- Medir a primeira pea de uma OP FAI a 100%, ou seja, medir todas as cotas e
com recurso MMC;
8 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
34
- Para as restantes peas da OP FAI apenas se verificam dimensionalmente as
cotas caractersticas, e com recurso a outros equipamentos que no a MMC;
- Para as OP srie, verificam-se as cotas caractersticas em todas as peas.
Cotas caractersticas so cotas que se consideram ser fundamentais para verificar
se a pea est conforme. Por norma so consideradas cotas caractersticas as espessuras,
cotas de distncias entre furos, cotas de distncia do centro de um furo parede de uma
pea e raios. Para verificar estas cotas recorre-se medio manual, utilizando para o
efeito paqumetros, escantilhes entre outros equipamentos. Em casos de peas
complexas, com vrias cotas que no se conseguem medir manualmente, recorre-se
inevitavelmente MMC para todas as peas, quer de OP FAI, quer de OP srie.
A instruo de verificao comum quer se trate de uma OP FAI ou de uma OP
Srie e refere a metodologia que se deve seguir para cada caso e identifica o nmero de
cotas e quais cotas a medir.
A primeira pgina da estrutura de uma IV elaborada durante o estgio est
evidenciada na Figura 26.
35
Figura 26 1 pgina de uma instruo de verificao elaborada durante o estgio9.
Adaptado de [10]
9 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
36
Analisando toda a estrutura constata-se que cumpre os requisitos da norma de
referncia10
. Inclui uma zona de identificao de quem elabora e quem aprova o
documento, refere o objetivo da instruo e o mbito em que se insere e o PN11
qual se
aplica e respetiva designao. Existe tambm um campo referente verificao
dimensional e normas aplicveis. Outra informao a preencher a documentao
aplicvel, ou seja, os documentos utilizados para o fabrico das peas e que permitem
efetuar a verificao dimensional.
Aps os elementos de identificao, o documento apresenta trs fases que
correspondem s diferentes fases de inspeo. A Fase 1- Inspeo visual, com a
indicao para inspecionar visualmente as peas e comprovar que no apresentam
defeitos nem outros desvios detetveis visualmente. A Fase 2 Medio de cotas
gerais, constituda por uma tabela, dividida em seis colunas com informao de EMM
(Equipamento de Medio e Monitorizao) a utilizar, seco do desenho onde se situa
a cota a medir, tipo de cota, valor do lado mais curto (s aplicvel a cotas angulares),
valor nominal da cota em milmetros e os limites inferior e superior, determinados tendo
em conta a tolerncia que vem indicada na norma de referncia12
, fornecida pelo cliente,
para tolerncias gerais. Por ltimo a Fase3 - Medio de caractersticas extra, com
indicao para medir caractersticas como a rugosidade. No caso de OP FAI utiliza-se
um rugosmetro; para as OP Srie apenas se faz uma avaliao visual. Existem outras
caractersticas, que podem surgir nesta fase, e que variam tendo em conta as notas
indicadas no desenho. Com a Figura 27 comprova-se o que foi descrito anteriormente.
10 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
11 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
12 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
37
Figura 27 2 pgina de uma instruo de verificao elaborada durante o estgio13.
Adaptado de [10]
3.2.3.2 Registos resultantes das verificaes dimensionais
Terminada a medio de cotas gerais e de caractersticas extra, como a
rugosidade, necessrio efetuar os devidos registos.
Atualmente apenas se efetuam registos da 1 pea medida das OP FAI, que sero
entregues ao cliente, atravs de relatrios dimensionais. O registo das medies
efetuadas com a MMC obtm-se atravs do software Metrolog e em formato pdf
(Anexos A e B). Como por vezes, para minimizar o tempo de medio com a MMC, se
elaboram programas mais curtos, que no contemplam todas as cotas a medir,
necessrio recorrer aos desenhos tcnicos, que acompanham as peas, para efetuar o
13 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
38
registo dessas mesmas cotas. tambm necessrio registar o valor da rugosidade
superficial obtida e os equipamentos utilizados. De salientar que sempre que se elabora
qualquer um destes registos necessrio que sejam carimbados por quem efetua a
inspeo e seja colocada a data de realizao (Anexo C).
No que se refere s restantes peas das OP FAI e a todas as peas das OP srie,
no se efetuam registos dos valores obtidos pois no exigncia do cliente.
3.2.3.3 Interpretao de desenhos tcnicos aeronuticos e normas associadas
Um dos requisitos fundamentais para realizar a inspeo a correta interpretao
dos desenhos tcnicos e o reconhecimento da simbologia frequentemente utilizada. Para
que se cumpra este requisito so indispensveis conhecimentos de desenho tcnico e das
vrias normas de referncia.
Nesta seco ser feita uma abordagem aos principais conceitos referidos em
cada uma das normas e sua aplicabilidade na rotina de inspeo, mais concretamente
para a interpretao de desenhos e sua simbologia.
A Figura 28 evidencia um exemplo de um desenho tcnico analisado durante o
estgio.
39
Figura 28 Exemplo de um desenho tcnico fornecido pelo cliente14.
(Adaptado de desenho tcnico fornecido pelo cliente)
Dependendo do cliente, os desenhos podem variar ligeiramente, no entanto as
partes que o compem so iguais e consistem em quatro zonas distintas. A zona 1
corresponde rea grfica, a zona 2 denominada zona de modificaes/revises do
documento, onde se registam as diferentes alteraes efetuadas ao desenho, atribuindo-
se um ndice e uma data de quando ocorreu a reviso. A zona 3 o espao
reservada para se colocar notas, como por exemplo, tipo de mecanizado que
necessrio utilizar quando se fabrica a pea, a necessidade de eliminar as arestas, os
acabamentos necessrios ou mesmo o tipo de proteo superficial. A Figura 29 pretende
mostrar um exemplo do tipo de notas que pode surgir no desenho tcnico.
Figura 29 Exemplos de notas existentes num desenho tcnico fornecido pelo cliente15.
(Adaptado de desenho tcnico fornecido pelo cliente)
14 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
15 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
40
A nota 4 indica dimetro dos furos de 2,5mm, a nota 3 refere que no
necessrio inspeo no destrutiva, quanto nota 2, com a expresso Round off edges
significa que deve ser efetuado um acabamento arredondado. Por ltimo, a nota 1 refere
o facto de a geometria da pea ser baseada num modelo fornecido pelo cliente. Estas so
algumas das notas standard a utilizar em documentao de desenho, como referido na
norma de referncia16
, relativa a notas a utilizar nos desenhos, fornecida pelo cliente.
A ltima zona, a zona 4 uma zona de identificao, onde surgem as principais
informaes sobre o desenho em questo e se referem as normas necessrias inspeo
dos componentes aeronuticos e respetiva interpretao do desenho (ver Figura 28).
Nos desenhos tcnicos fornecidos pelo cliente, e analisados ao longo de todo o
estgio, constavam tambm as assinaturas de quem os elaborou e aprovou.
De seguida ser feita uma anlise detalhada, de cada informao fornecida pela
zona de identificao (zona 4) de um desenho especfico do cliente Airbus Military.
Sero destacados 17 elementos que se consideram os mais relevantes para anlise no
presente relatrio.
A Figura 30 representa a zona de identificao num desenho analisado ao longo
do estgio.
Figura 30 Elementos 1,2,3 e 4 presentes na zona de identificao de um desenho tcnico17.
(Adaptado de desenho tcnico fornecido pelo cliente)
16 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
17 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
41
No elemento 1 surgem dois dgitos representativos do estado de evoluo de um
determinado elemento ou conjunto, e segundo a norma de referncia18
, pode variar de
01 a 99 (mpares) para as evolues sucessivas de uma pea ou conjunto, ou variar entre
02 a 98 (pares) para as evolues das peas ou conjuntos simtricos das anteriores, caso
haja. O elemento 2 indica o nmero do material com o qual a pea vai ser produzida.
Quanto ao elemento 3 diz respeito norma que indica as caractersticas e os
fundamentos pelos quais esse material foi escolhido para fazer a pea. J o elemento 4
refere a dimenso do bloco da matria-prima necessria produo da pea que se
pretende.
Continuando com a anlise da zona de identificao, verifica-se em destaque, na
Figura 31, os elementos 5, 6, 7 e 8.
Figura 31 Elementos 5,6,7 e 8 presentes no desenho tcnico fornecido pelo cliente19.
(Adaptado de desenho tcnico fornecido pelo cliente)
Para definir uma pea em desenho, alm de se definir a sua forma tambm
necessrio fornecer indicaes sobre a natureza da sua superfcie, atravs do grau de
acabamento. O grau de acabamento das peas varia com o processo de fabrico utilizado
[11]. Se a pea trabalhada num torno ou numa fresa apresenta uma aspeto superficial
diferente de uma pea obtida por fundio e apresenta irregularidades que podem levar
18 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
19 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
42
a uma menor resistncia da pea aos esforos a que so submetidas ou mesmo corroso.
A medida do grau de acabamento a rugosidade da superfcie.
A rugosidade o conjunto de irregularidades, isto , pequenas salincias (picos)
e reentrncias (vales) que caracterizam uma superfcie [12]. A grandeza, a orientao e
o grau de irregularidade da rugosidade podem indicar as suas causas que podem variar
desde:
Imperfeies nos mecanismos das mquinas-ferramentas;
Vibraes no sistema pea-ferramenta;
Desgaste das ferramentas;
O prprio mtodo de conformao da pea.
Para avaliar as irregularidades utilizam-se aparelhos eletrnicos, como o
rugosmetro.
Na Figura 32 representa-se um perfil ampliado da superfcie de uma pea, que
evidencia a rugosidade da superfcie.
Figura 32 Linha central das irregularidades do perfil de uma superfcie.
Retirado de [13]
Observando o perfil da superfcie verifica-se uma linha mdia (linha central),
cuja posio permite que as reas totais da figura acima e abaixo da linha mdia sejam
iguais. A mdia aritmtica dos valores absolutos das ordenadas de afastamento, dos
pontos do perfil de rugosidade em relao linha mdia, dentro do percurso de
avaliao, corresponde a um parmetro denominado de rugosidade mdia, Ra. este o
parmetro utilizado principalmente para controlo de um processo produtivo em que
podem ocorrer mudanas graduais no acabamento superficial devido ao desgaste da
ferramenta. A rugosidade sempre medida em micrmetros, m [11].
43
No elemento 5 surge a indicao de ser necessrio verificar a rugosidade
superficial da pea, indicando a norma de referncia20
para rugosidade superficial que se
deve seguir e que permitir interpretar a simbologia inerente aos parmetros de
rugosidade.
A Tabela 3 indica possveis smbolos relativos rugosidade e o seu significado.
Tabela 3 Simbologia associada a rugosidade superficial e seu significado.
(Adaptado de norma de referncia sobre rugosidade superficial)
Smbolo Significado
Smbolo bsico. S pode ser usado quando o seu significado for completado por
uma indicao.
Caraterizao de uma superfcie com remoo de material permitida.
Carateriza uma superfcie na qual a remoo de material no permitida e indica
que a superfcie deve permanecer no estado resultante de um processo de fabrico
anterior.
Smbolo
Significado A remoo de material :
Facultativa Exigida No permitida
Superfcie com uma
rugosidade com valor mximo
Ra = 3,2 m
Superfcie com uma
rugosidade de um valor
mximo Ra = 6,3 m e
mnimo Ra = 1,6 m
Para se indicar o grau de acabamento de uma pea de uma forma completa no
se indica apenas o valor da rugosidade mas sim outras caractersticas como o
comprimento da base, direo de estrias, sobreespessura para acabamento ou
determinados tratamentos especiais da superfcie. Poder surgir num desenho o smbolo
que exemplifica a situao atrs descrita, como o indicado na Figura 33.
20 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
44
Figura 33 Simbologia geral para indicao do grau de acabamento superficial.
(Adaptado de norma de referncia sobre rugosidade superficial)
As letras representadas indicam:
a) valor de rugosidade mdia (em m);
b) tratamentos especiais da superfcie;
c) comprimento de base (em mm);
d) direo de estrias;
e) sobreespessura para acabamento;
Voltando anlise da Figura 31 surge o elemento 6 onde se indica a norma de
referncia21
que estabelece as tolerncias das cotas existentes nos desenhos das peas.
Entende-se por tolerncia o valor da variao dada por duas cotas limite cota mxima
e cota mnima entre as quais se admite que podem variar as dimenses de uma pea.
Recorre-se a esta norma para elaborar a instruo de verificao, documento obrigatrio
para a verificao dimensional [11].
O elemento 7 estabelece que tipo de processo de proteo superficial a pea ir
sofrer aps o seu fabrico. Os tipos de proteo superficial esto referidos na norma de
referncia22
para processos de proteo superficial, tambm fornecida pela Airbus
Military. Entende-se por processo de proteo superficial um conjunto de operaes que
modificam a superfcie da pea para obter maior resistncia corroso e evitar o
contacto de materiais classificados como no similares. Existem outros tipos de
processos de proteo superficial cuja finalidade no unicamente garantir resistncia
corroso mas conseguir tambm maior dureza da superfcie, como o processo de
Anodizado duro ou Cromado duro. Caso a proteo envolva pintura da pea, vem
indicado no elemento 7 a espessura e a cor da camada de tinta. A Figura 34 exemplifica
um possvel smbolo de proteo especial que poder surgir num desenho.
21 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
22 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
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Figura 34 Indicao no desenho tcnico de elementos sujeitos a proteo especial23.
(Adaptado de norma de referncia de processos de proteo especial)
Atualmente no se concretizam processos de proteo superficial na CAER,
sendo este servio subcontratado.
Analisando o elemento 8 da zona de identificao, verifica-se neste a classe de
segurana a que a pea pertence. A classe de segurana considerada um atributo.
Atributos so caractersticas especiais de qualidade, e o fator mais importante de uma
pea com atributo a funo que desempenha no avio. Consideram-se peas com
atributos peas com classe de segurana 1, peas intercambiveis/substituveis, peas
identificveis e peas seriveis, e na sua ordem de produo deve vir indicado o atributo
correspondente em cada caso.
A norma de referncia24
, para partes com classe de segurana 1, estabelece que
quando um determinado elemento apresenta alta criticidade estrutural para o avio ou
apresenta um elevado custo de reposio ou reparao, requer um controlo especial em
todo o seu processo de fabrico. As partes de classe de segurana 1 tm obrigatoriamente
uma indicao no desenho a identificar essa categoria. A Figura 35 exemplifica como
vem identificado no desenho tcnico a identificao de classe de segurana.
Figura 35 Indicao no desenho tcnico de elemento com classe de segurana e sem classe de segurana.
(Adaptado de norma de referncia de elementos com classe de segurana)
23 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
24 Por razes de confidencialidade, o acesso a estes dados no explicitado.
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Tanto na OP como na IV, que acompanham o elemento de classe de segurana 1
deve vir indicada a classe de segurana.
A Figura 36 evidencia outros novos elementos fundamentais para a interpretao
do desenho de uma pea, assinalados com os nmeros 9,10 e 11.
Figura 36 Elementos 9,10 e 11 presentes no desenho tcnico fornecido