18

MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

M E U A M I G O T É O

P E . R Ô M U L O D O S A N J O S

Page 2: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

Coordenação GeralJoão Edson Oliveira Queiroz

Coordenação EditorialJefferson Privino

RevisãoRosilene Souza

DiagramaçãoLays Gomes

CapaDavi Sena Secretaria de Criação - Comunidade Católica Shalom

Edições ShalomEstrada de Aquiraz – Lagoa do Junco CEP: 61.700-000 – Aquiraz/CE | Tel.: (85) 3308.7402/ 3308.7415www.livrariashalom.org | [email protected]

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

ISBN: XXXXXXXXXXX© EDIÇÕES SHALOM, Aquiraz, Brasil, 2017. 1ª edição.

Page 3: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

A você, pessoalmente.

Page 4: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene
Page 5: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

“Os homens vão admirar os cumes da montanha, as ondas do mar, as largas correntes dos rios, o oceano, o movimento dos

astros, e deixam de lado a si mesmos.... Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em

coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava…

Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.

Tu estavas dentro de mim e eu fora… Eis que estavas dentro e eu fora! [...] Seguravam-me longe de

Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…

Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez…

Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz.

Santo Agostinho, Confissões (10, 15; 7, 10; 10, 27)

Page 6: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene
Page 7: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

Frontispício

Um homem tinha dois filhos. O menor disse ao pai: “Pai, dá-me a parte da fortuna que me cabe”. Ele partiu os bens entre eles. Em poucos dias o filho menor reuniu tudo e emigrou para um

país distante, onde esbanjou sua fortuna vivendo como um liber-tino. Quando gastou tudo, sobreveio grave carestia naquele país, e ele começou a passar necessidade. Foi e se comprometeu com um fazendeiro do país, que o enviou a seus campos para cuidar de porcos. Desejava encher o estômago com os frutos da azinheira

que os porcos comiam, mas ninguém lhe permitia. Então, caindo em si, pensou: “A quantos diaristas de meu pai sobra pão, en-

quanto eu morro de fome. Voltarei à casa de meu pai e lhe direi: Pequei contra Deus e te ofendi; já não mereço chamar-me teu

filho. Trata-me como um de teus diaristas”. E se pôs a caminho à casa de seu pai. Estava ainda longe, quando o seu pai o avistou e se comoveu. Correndo, lançou-se ao seu pescoço e o beijou. O

filho lhe disse: “Pai, pequei contra Deus e te ofendi. Já não mereço chamar-me teu filho”. Mas o pai disse aos servos: “Rápido, trazei

a melhor veste e vesti-o; colocai-lhe um anel no dedo e sandá-lias nos pés. Trazei o bezerro cevado e matai-o. Celebremos um banquete. Porque este meu filho estava morto e reviveu. Tinha se

perdido e foi encontrado”. E começaram a festa.(Lc 15,11-24)1

1 BIBLIA DO PEREGRINO, Edição de Estudo, Edições Paulus, São Paulo, 2002.

Page 8: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene
Page 9: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

Premissa

Galera, é o seguinte: não tem como não curtir essa página do evangelista Lucas, que é uma das mais belas páginas das Sagradas Escrituras. Sempre é comovente escutar mais uma vez essa Parábola da Misericórdia que é destinada a cada um de nós.

Vale lembrar – se ligue! – que o filho pródigo representa Adão, que está lá no início da Bíblia e a humanidade inteira. Ao mesmo tempo representa eu e você – pecadores – que muitas vezes abandonamos Deus e Sua vontade e vivemos distantes da casa do Pai.

Jesus apresenta essa parábola para falar da verdade do Amor de Deus – que é um Pai e nos dá tudo – e também da nossa história de pecadores, que muitas vezes abandonamos a vida na graça e, assim, nos perdemos de Deus e de nós mesmos. Em seu ensinamento, Cristo quer nos revelar o Pai do Céu que nos ama sem limites e nos espera sempre, que aguarda o nosso retorno quando nos afastamos dele e tem paciência quando – teimosos – ainda achamos que podemos viver sem Ele e ser felizes.

Vamos – à luz dessa belíssima parábola – percorrer o cami-nho de retorno para a intimidade própria da casa paterna, que simboliza o retorno para Deus. Tendo como “pano de fundo” essa passagem bíblica, quero apresentar a “história” do meu grande amigo Teófilo (Téo). Através de um maravilhoso e rico itinerário, vamos descobrir o significado do seu nome e a grande alegria que ele pôde provar ao voltar para sua casa, para si mesmo e para Deus.

Page 10: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

Sempre curti na vida do meu brother o fato de que vivia na abundância do amor do pai, que o envolvia plenamente e assegurava-lhe o grande dom de amar. Téo era um cara cheio de vida, aberto, comunicativo, caridoso, cheio de valores, al-truísta, levava a sério sua vida, sua família, faculdade, namoro, amizades... Existia um fluxo na vida dele que sempre o levava para a abundância na vivência do amor. Era conhecido e res-peitado, e ainda considerado como um jovem casto.

Pessoal, parece inacreditável, mas um dia – vocês vão já saber o porquê – houve uma interrupção desse movimento na vida dele e tudo começou a a dar errado. As consequências foram terríveis e avassaladoras na vida dele: só abundância de pecado, que o levou – e não é exagero não! – ao fundo do poço. Pense aí: no fundo, e ainda cave um pouco mais...

Calma! Não se desespere, porque se de um lado abundou o erro, do outro superabundou o Amor misericordioso de um pai que nunca deixou de sê-lo e jamais desistiu do seu Téo. Esta certeza levou o meu amigo a – mesmo com muita luta interior – decidir voltar e reencontrar o caminho da abun-dância de Amor.

A castidade é esse caminho de retorno para a abundância de Amor que a define e é sua Fonte, um voltar-se para o que é fundamental e essencial: Amor misericordioso. Um voltar-se a si mesmo, enquanto se reencontra com a própria essência, e um ir ao encontro dos outros com inteireza de coração. Este precioso itinerário é uma questão de vida ou morte, de felici-dade; portanto é decisivo na vida de Téo e de cada um de nós.

Vamos então mergulhar nesta aventura – à luz deste cami-nho: castidade – para mergulharmos neste grande dom que não só reconstrói a nossa existência, mas até mesmo nos res-suscita, pois nos revela uma vida nova, autêntica, livre e feliz, que só é possível na vivência do Amor em suas medidas pró-prias de abundância e plenitude.

Page 11: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

Nosso itinerário será como o daquele jovem que “entra em si mesmo” para se dar conta de que se encontra distante de casa, distante da sua origem, distante da própria verdade e, portanto, muito distante de si mesmo.

Exatamente é assim : Quando nos distanciamos de Deus e do seu Amor acabamos por nos distanciar de nós mesmos e só encontramos uma falsa autonomia, que gera unicamente a solidão, escravidão e alienação desmedidas.

Ao retornar para Deus reencontramos a nossa própria es-sência, que é o Amor, que é o fundamento da nossa existência e, portanto, o fundamento das nossas relações, todas elas, vis-to que todas as formas de relação interpessoal são formas de viver este Amor. Veremos também a história real de alguns homens e mulheres que fizeram seu caminho de descoberta e retorno para Deus e se tornaram grandes amigos de Deus e da humanidade.

Toda a nossa vida – pela graça – agora se torna um cami-nho de regresso, ou seja, de retorno para Deus e nós mesmos. Somente quem “se tem” inteiramente pode dar-se castamente aos outros, porque somente quem tem Deus tem a si mesmo e pode dar-se por inteiro.

Vamos neste livro seguir a percepção de que a grande be-leza da castidade não consiste na mera renúncia que parece consistir numa falta de amor, mas, pelo contrário, a castidade consiste na abundância do amor que torna o homem pleno e verdadeiramente ele mesmo, capaz de amar e ser amado.

Acredito que por um lado todas as renúncias, em si mes-mas, não fazem um casto, mas por outro, um casto é capaz de fazer todas as renúncias que podem falsificar a autenticidade do amor. O casto buscará sempre um amor verdadeiro, abun-dante, desinteressado, íntegro e puro, capaz de só gerar frutos de vida e eternidade.

Page 12: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene
Page 13: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

ESTRANGEIRO

CAPÍTULO 1

Page 14: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene
Page 15: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

17

“Emigrou para

um país distante...”

- Pronto! Téo, nós já estamos aqui e toda a galera está te esperando, inclusive a Lizy está perguntando por você. O que aconteceu? Aqui tá show! Estamos todos nos divertindo de-mais... O niver da Naty já começou...

- Cara! Não estou me sentindo muito bem, por isso não sei se vou conseguir ir. Inclusive, fale à Lizy que, por favor, permaneça aí na festa, porque não é nada demais o que estou sentindo...

- Valeu! Próxima semana passo na tua casa e a gente con-versa! Melhoras!

Confesso que uma das coisas que mais reprovo é a descon-fiança, mas reconheço que cada vez mais tenho percebido o Téo estranho. A impressão que tenho é que muitas vezes ele está nos evitando e até escondendo alguma coisa. Sei lá... Es-pero que seja somente impressão minha.

Minha preocupação aumentou quando dei a notícia a Lizy e ela não escondeu a chateação. Saímos um momento até a varanda do apartamento da Naty e ela me confidenciou:

- Não! Mais uma vez isso está acontecendo! Já é a terceira vez que isso acontece... Já algumas vezes ele desmarcou co-migo e mudou de planos de uma hora pra outra, sempre com a mesma desculpa de não estar se sentindo bem. O pior é que quando nos vimos eu percebi que ele estava escondendo al-guma coisa...

Page 16: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

18

- Nossa, Lizy, tive a mesma impressão! Mas vamos curtir a festa e depois conversamos mais sobre isso.

Voltamos à festa e fizemos de conta que nada estava acon-tecendo. Demos apenas a notícia de que Téo não viria por não estar se sentindo muito bem e tudo transcorreu como de costume... Festa! Sempre tinha festa e estávamos sempre juntos.

Não faltava ocasião de nos encontrar na casa de alguém, de ir para a praia, fazenda, churrascos, trilhas, missas, retiros, grupos de oração, luaus... Enfim, sempre juntos e tava tudo de boa!

Inacreditável!

Se você deseja continuar essa leitura eu peço somente que “aperte o cinto”, porque vamos entrar numa grande turbulên-cia. Jamais se poderia imaginar!

Fui visitar o Téo naquele dia, que era para ter sido mais uma visita ao meu amigo. Já fazia algumas semanas que não ia à sua casa, e como já disse eu percebia algo de diferente nele: estava mais pensativo, estranho, inquieto...

Cheguei até a lhe perguntar o que estava acontecendo, mas ele não abriu o jogo, disse que não era nada demais. Sabia que tinha algo errado porque o conhecia há muito tempo e, com toda convicção, posso dizer que somos amigos. Nossa ami-zade era desde a infância e já tinha passado por diversas fases.

Depois de tantas provas, podia dizer que era uma amizade provada, comprovada e aprovada. Se pudesse usar uma ima-gem para falar da nossa amizade seria a de um raro tesouro, de inigualável valor. Tínhamos uma confiança profunda no outro e, por isso, evitava ficar insistindo, já que ele afirmava que estava tudo bem.

Só entendi o que estava acontecendo com ele naquela vi-

Page 17: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

19

sita, quando Téo resolveu deixar sua casa e partir não se sabia nem para onde. Cheguei poucos minutos antes da sua decisão que chocou a todos, especialmente seu pai. Que pai! Sempre dizia isso para mim mesmo e até para ele, como para nossos amigos em comum: “que grande pai!”

Que loucura aquela! Por alguns instantes, pensei que estava escutando errado.

Não entendia. O Téo ir embora... para onde, fazer o quê, por quê?? Qual o motivo ou o objetivo?! Era isso mesmo que ele disse para os que estavam presentes. Um silêncio fúnebre ocu-pou aquele ambiente. Parecia que estava dando a notícia de um acidente mortal e todos ficaram boquiabertos sem saber o que dizer, pensar ou fazer.

Não sabíamos nem para onde olhar, e a única coisa que fizemos foi dirigir nosso olhar para o pai do Téo, pois ele sempre foi imagem de segurança, presença, e estava acostu-mado a acolher muitos que iam até ele para pedir conselhos, principalmente diante de situações difíceis. Sua casa era muito frequentada e muitas pessoas o procuravam para conversar.

Naquele dia, minha admiração aumentou ainda mais por aquele homem, pois pude perceber sua dor e sua virtude mais uma vez comprovada. Desta vez fotografei seu semblante, cheio de dor e, ao mesmo tempo, respeito pela louca escolha do seu filho tão querido.

Insistentemente ele pedia ao Téo que não fizesse aquilo, que pensasse, refletisse e deseja conversar a sós com ele. Quanta de-cisão nas palavras daquele pai ao tentar persuadir seu filho a de-sistir daquela loucura e, ao mesmo tempo, quanto respeito à sua liberdade! Liberdade que naquele momento estava sendo ame-açada, pois quando se escolhe o mal se acaba por cair sempre na escravidão, justamente o contrário da liberdade. Infelizmente, Téo não o escutava e somente pedia a parte da sua herança...

Minha mente viajava naquele momento, não sabia nem o

Page 18: MEU AMIGO TÉO - comshalom.org · MEU AMIGO TÉO PE. RÔMULO DOS ANJOS. Coordenação Geral João Edson Oliveira Queiroz Coordenação Editorial Jefferson Privino Revisão Rosilene

20

que pensar, e quando me perguntava o que era aquilo, aque-la situação, me veio em mente o que disse santo Agostinho quando afirmou que o mal está no livre-arbítrio. Como não lembrar exatamente destas palavras, deste homem que conhe-ceu a escravidão e a liberdade de maneira tão particular: “O mal moral tem sua origem no livre-arbítrio de nossa vontade”1. O mal, então, será sempre uma negação do bem, uma escolha pessoal que não seja pelo Bem supremo, que é Deus, e con-sequentemente pelo que é bom, ou seja, por tudo aquilo que vem de Deus, visto que tudo o que Ele fez é bom.

Tinha certeza de que Téo estava cometendo um grave mal, do qual não sabia as consequências... Tinha certeza de que ele estava optando por um bem menor, o que já se con-figura em si em um mal ou caminho para tal... Tinha certeza de que nada poderia ser maior do que sua família, sua casa, o amor que ali recebia e seus bens... E principalmente – no caso de meu amigo – seu pai!

O pai com Téo

Pela discrição, que sempre lhe foi própria, o pai o chamou no quarto para uma conversa a sós, na insistência própria de quem ama, no desejo de – mesmo respeitando sua liberdade – fazê-lo entender a loucura que aquele cara estava fazendo.

Nós permanecíamos na sala. Eu, sua mãe muito aflita que começou a chorar, que àquele ponto deixava o pai gerir aque-la situação difícil. Percebia-se que ela sempre queria fazer al-guma coisa, mas se continha, pois percebia que Téo já não era o mesmo com ela fazia alguns dias. Estavam presentes tam-bém dois empregados, que eram o motorista da família, e uma das empregadas, que naquele momento também nada diziam, somente acompanhavam e sofriam por verem seus patrões tão

1 SANTO AGOSTINHO. O livre-arbítrio. 2 ed. São Paulo: Paulus, 1995 (Pa-trística), p. 69, 35a.