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“Meu Pingo de Ouro: Preservando e Conservando o meio Ambiente”. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1192 Setembro/2013 Mundo Novo Toda boa história tem um herói e nesta o protagonista é seu Paulo Santana dos Santos, agricultor familiar da comunidade Jequitibá, no município de Mundo Novo. Todos os dias, bem cedinho e sem hora para voltar, Paulo se desloca para sua propriedade “Pingo de Ouro”, que fica localizada em outra comunidade chamada Nova Esperança, pois se sente muito feliz em estar em contato com o meio ambiente e sua biodiversidade: “Quando chego aqui e escuto o canto dos pássaros meu coração se enche de alegria”, diz Paulo. A falta de energia elétrica e de água encanada na “Pingo de Ouro” não impossibilitou que ele desenvolvesse atividades que contribuem para a preservação e conservação do meio ambiente – a propriedade tem como atividades principais a agrofloresta e a palma adensada. O sistema agroflorestal: é um princípio no qual se combina culturas agrícolas e plantas nativas proporcionando melhor conservação e maior cobertura do solo. Essa é uma prática que ajuda a combater o problema da degradação, pois não há necessidade de desmatar para cultivar a roça. Uma das vantagens do sistema agroflorestal é a convivência entre uma grande diversidade de plantas, o que dificulta o aparecimento de pragas e doenças. Seu Paulo relata que sua área estava bem degradada, mas ele foi aos poucos recuperando o solo com plantio de novas mudas nativas, frutíferas e culturas agrícolas que complementam a alimentação da família como feijão, melancia, abóbora, milho, quiabo e outras.

"Meu Pingo de Ouro: Preservando e conservando o meio ambiente"

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“Meu Pingo de Ouro: Preservando e Conservando o meio Ambiente”.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1192

Setembro/2013

Mundo Novo

Toda boa história tem um herói e nesta o protagonista é seu Paulo Santana dos Santos, agricultor familiar da comunidade Jequitibá, no município de Mundo Novo. Todos os dias, bem cedinho e sem hora para voltar, Paulo se desloca para sua propriedade “Pingo de Ouro”, que fica localizada em outra comunidade chamada Nova Esperança, pois se sente muito feliz em estar em contato com o meio ambiente e sua biodiversidade: “Quando chego aqui e escuto o canto dos pássaros meu coração se enche de alegria”, diz Paulo.

A falta de energia elétrica e de água encanada na “Pingo de Ouro” não impossibilitou que ele desenvolvesse atividades que contribuem para a preservação e conservação do meio ambiente – a propriedade tem como atividades principais a agrofloresta e a palma adensada.

O sistema agroflorestal: é um princípio no qual se combina culturas agrícolas e plantas nativas proporcionando melhor conservação e maior cobertura do solo. Essa é uma prática que ajuda a combater o problema da degradação, pois não há necessidade de desmatar para cultivar a roça. Uma das vantagens do sistema agroflorestal é a convivência entre uma grande diversidade de plantas, o que dificulta o aparecimento de pragas e doenças.

Seu Paulo relata que sua área estava bem degradada, mas ele foi aos poucos recuperando o solo com plantio de novas mudas nativas, frutíferas e culturas agrícolas que complementam a alimentação da família como feijão, melancia, abóbora, milho, quiabo e outras.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Realização Apoio

Já na outra área que ele cultivou sem feijão de porco percebeu que o desenvolvimento das plantas não foi tão bom e houve um ataque considerável de pragas.

“Quando iniciei muitos falavam que esse sistema não iria dar certo, pois não se plantava palma desse jeito, mas percebo hoje que esse método é muito bom porque economiza espaço – o que acaba aumentando a área. O modo antigo já ficou para trás”, fala seu Paulo.

Ultimamente a propriedade de seu Paulo tem servido tanto como referência e local de intercâmbio para agricultores e agricultoras da região, que já estão mudando o seu modo de pensar e fazer, quanto como laboratório para alunos e alunas da Escola Família Agrícola de Ruy Barbosa.

A palma adensada:

O agricultor explica que a palma é um alimento completo. “Nós vivemos no semiárido, onde a questão da água é um grande problema; onde não se tem água a palma é uma excelente alternativa.

nesse tipo de plantio usa-se espaçamento entre fileiras e raquetes menor que os normalmente adotados pelos agricultores, obtendo-se com isso uma maior produção de forragem por área.

“Quando comecei esse trabalho fui chamado de maluco, muitas pessoas falavam que não iria dar certo, que não se faz roça no meio do mato, que isso é besteira, mas existia em mim o desejo de fazer algo diferente e hoje sou considerado um exemplo na comunidade”, relembra Paulo.

Nesse sistema, quanto mais adensado for o plantio melhor e mais rápido será a recuperação do solo. O adensamento faz parte de uma estratégia de aumentar ao máximo a cobertura do solo, utilizando muitas plantas com a finalidade de produzir folhas e raízes no próprio local.

“As folhas e galhos cobrem o chão evitando que a água da chuva passe com rapidez e leve embora toda a matéria orgânica, por isso a importância de mantera cobertura seca em toda a área – na natureza uma folha

“Aqui na minha área tem palma de outros municípios como Baixa Grande, Miguel Calmon, Piritiba e Ruy Barbosa; de cada lugar em que eu participava de algum evento trazia raquetes e assim comecei o meu plantio de palma, sempre com o apoio da Diocese de Ruy Barbosa. Hoje cultivo variedades como orelha de onça, palma doce, palma língua de sogra e a palma gigante, conta seu Paulo.”

Os tratos culturais são a capina, a adubação orgânica e o esterco de gado que costuma comprar dos vizinhos. O agricultor plantou uma área experimental de palma consorciada com feijão de porco (Canavalia ensiformis ) e percebe que o resultado foi muito bom, pois o feijão de porco possui a capacidade de fixar o nitrogênio no solo e servir como barreira para evitar ataque de pragas.

que cai alimenta outra planta “, ensina Paulo.