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Meus artigos português Gazeta da Casa 2010- 2014

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arigos que eu escrevi para a gazeta da casa do brasil nos últimos anos

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DADOS SOBRE O BRASIL José Manuel Almendros

O BRASIL FLUTUA SOBRE UM MAR DE OURO NEGRO

Segundo o prestigioso relatório BP Statistical Review 2010, a finais de 2009, o Brasil contava

com 17.000 milhões de barris de reservas provadas de petróleo, o que o colocava no 16º lugar

entre os países produtores de esse combustível fóssil. Essas reservas ficam na chamada “zona pré-

sal”, cuja principal característica é que se encontra em águas profundas, afastadas uns 200 km da

costa e confinadas em grandes campos pertencentes às bacias de Santos e do Espírito Santo. Ali,

as plataformas de perfuração devem atravessar uma capa de entre 200 e 2000 m de espessura

antes de descer mais outros 3 ou 4 km do leito marinho para extrair petróleo bruto com suficiente

nível de qualidade.

Além disso, durante o último ano, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) anunciou uma nova e

importante descoberta. Trata-se do campo Libra e, se a avaliação de reservas for correta, poderá

conter entre 4.000 e 15.000 milhões de barris. No melhor desses cenários, o Brasil quase dobraria

as reservas de 2009 e atingiria o oitavo lugar no ranking dos países produtores, ultrapassando os

EUA e o Qatar, entre outros.

Porém, o gigante sul-americano, já

cobre 73% da demanda elétrica

nacional com produção hidroelétrica

e com perspectivas de construir, a

curto prazo, mais nove centrais no

âmbito do PAC. Portanto, com as

necessidades internas satisfeitas, o

negócio exportador pode fazer de

alavanca no desenvolvimento do

país. Mas esse novo caráter

estratégico fez o petróleo também

virar uma arma política, pois não

parece casual que o anúncio da nova

descoberta, segundo muitos

especialistas, baseado em Plataforma

cálculos pouco fiáveis, acontecesse

Plataforma de petróleo em Angra dos Reis dois dias antes da eleição de Dilma

Roussef como presidenta do governo.

Dilma, como Lula, que chegou a prognosticar há vários anos que o Brasil seria uma potência

petroleira, conhece o potencial que tem entre as mãos. De fato, enquanto foi ministra da Casa

Civil, deu impulso a mudanças legislativas de forma que o governo federal pudesse aumentar o

seu poder e controle sobre o setor, entre elas: estabelecimento de novas fórmulas mais restritivas

de contratação de empresas estrangeiras, capacidade exclusiva do governo federal de decidir

sobre novas explorações nas quais a Petrobras possuirá pelo menos 30% de participação.

Com isto, o governo espera que a Petrobras, da qual possui 50%, forneça 65% ao próprio

Brasil e seja o germe de uma verdadeira e desenvolvida indústria nacional permitindo a

diversificação a clusters de alta tecnologia (buques, plataformas, oleodutos, serviços, etc.) como

já fez a Noruega com a sua campeã nacional, a Statoil.

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Dados sobre o Brasil José Manuel Almendros

OS PRIMEIROS PASSOS

Pode-se observar, nos primeiros meses

de governo, que a presidente do Brasil mantém

as diretrizes econômicas do predecessor ao

mesmo tempo que mudou o rumo da política

exterior apostando mais claramente na agenda

econômica. A seguir, expõe-se uma sequência

temporal dos fatos que o refletem, distinguindo

entre matéria econômica e relações exteriores.

Quanto à política econômica, continua

baseando-se em programas sociais e rigor fiscal,

mas com alguns toques mais liberais que a

conduziram a confrontações com sindicatos

incluindo fracas ameaças de greve.

A respeito de programas

sociais, na primeira reunião

de trabalho após a posse,

prometeu “internet para

todos” como já fez Lula

com o programa

“eletricidade para todos”

que a levou para milhões

de casas no Brasil. O

objetivo é aproximar o

consumo à nova classe.

O paradoxo é que, apesar

de ser o quinto mercado mundial de internet

apenas 36,5% dos 190 milhões de brasileiros

têm acesso à rede, e desses, apenas 15% à banda

larga. Além disso, esta é uma das mais caras do

mundo (120 R$/mês). O plano para espalhá-la e

abaratá-la é estabelecer uma tarifa de ligação

barata, investindo na infraestrutura necessária

para atingir 4.000 municípios e 20 milhões de

pessoas. Desse jeito, os empresários locais

poderiam estar interessados em oferecer

ligações baratas. Segundo Dilma o preço da

ligação não deveria superar os 30 R$/mês. Note-

se que a Telebrás foi privatizada em 1998 e essa

sociedade não pode ser usada instrumentalmente

a esse propósito.

Seguindo com programas sociais, em

fevereiro, em Irenice (BA) também anunciou

num ato, a revalorização média de 20% e de até

45% em alguns casos da Bolsa Família.

Beneficiará a 13 milhões de famílias ou 50

milhões de pessoas custando 2 bilhões de reais.

Quanto ao rigor fiscal, no mesmo ato

apresentou um plano de austeridade por valor de

50 bilhões de reais. As tesouras serão utilizadas

para reduzir as despesas públicas excluindo o

PAC (Programa de Aceleração e Crescimento),

que ficará igual, e os projetos sociais. O

objetivo é esfriar a economia, muito esquentada

após os estímulos fiscais implantados depois da

crise. É considerada urgente a baixa das taxas de

juros e inflação, que têm atingido registros

históricos ultimamente, para favorecer um

crescimento mais sustentável e menos desigual

no Brasil a longo prazo.

Isso afetará o projeto, apoiado por sindicatos,

de elevar o salário mínimo, na atualidade de 545

R$/mês, pois, segundo Dilma, isso pode

desacertar as contas. Houve ameaça de greve,

mas Lula defendeu as medidas e a paz se fez.

Também anunciou que

utilizará mais profusamente

as PPP (Public Private

Partnership) para acelerar

a disponibilidade de

infraestruturas.

Concretamente, em janeiro

comunicou que entregará à

iniciativa privada a

construção e operação dos

aeroportos planejados por

causa da Copa do Mundo e

das Olimpíadas. Além disso, Dilma sabe que

com a chegada de milhões de cidadãos à classe

média, 20% mais da população começou a

utilizar o avião, e que com o estado atual da

rede aeroportuária e impossível lidar com ambas

as realidades. Segundo o Planalto, já

começaram as negociações com a TAM e a

GOL para a construção de aeroportos com 20

anos de período de concessão. Ainda assim, o

governo deverá investir 6 milhões na matéria.

Esse processo de privatização trouxe também

diferenças com sindicatos e o próprio Lula.

Por último, quanto à política exterior, Dilma

se diferenciou de Lula. Numa etapa de protestos

no mundo árabe, há um afastamento de

governos antigamente “amigos” como Irã ou

Egito enquanto abraça a defesa dos direitos

humanos ante qualquer eventualidade como

prioridade da política exterior.

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OPERAÇÃO POLICIAL NA FAVELA José Manuel Almendros As imagens de uma operação policial nas favelas cariocas causam comoção no Rio.

No momento da troca de balas inúmeros pedestres circulam pelas ruas. O corpo do narcotraficante

foi achado no porta-malas de um carro.

O vídeo filmado de um helicóptero da Polícia Militar e que mostra a caça, há um ano, de um dos

narcotraficantes mais perigosos das favelas cariocas, Márcio José Sabino Pereira, conhecido como "o

matemático", deixou em evidência o drama, nunca resolvido definitivamente, da contundência com que a

polícia brasileira costuma agir.

O vídeo foi mostrado à noite no domingo 5 de maio deste ano no programa "Fantástico" da Rede

Globo de audiência máxima no IBOPE do fim de semana popularmente conhecido por desvendar casos

de corrupção política e policial.

A emissão do vídeo, que comoveu a opinião pública, provocou que a Promotoria Geral do Rio

decidisse reabrir o caso da descoberta do cadáver do famoso traficante, achado misteriosamente no porta-

malas de um carro um dia após a estrondosa operação militar.

As imagens mostram um helicóptero da polícia sobrevoando a favela enquanto segue um carro onde

supostamente viaja “o matemático”. Na subsequente perseguição para pegar o criminoso, os projéteis são

disparados indiscriminadamente do aparelho atingindo tudo o que encontram no seu caminho,

esburacando o carro perseguido, sem levar em consideração que havia pessoas passeando na rua.

Ao encontrarem o carro crivado de balas, os policiais descobriram que o bandido não estava no interior

deste. O corpo dele apareceu um dia depois no porta-malas de outro carro num lugar perto. A reabertura

do caso por parte da

Promotoria poderia destapar uma de tantas manobras da polícia nas favelas nas quais pessoas inocentes

ficam sob uma troca de balas até o ponto de os moradores temerem mais a polícia do que os próprios

traficantes.

A decisão dos promotores de tirar o pó de um caso policial que aconteceu faz um ano chega num

momento delicado para as autoridades da capital carioca. Pouco depois foi anunciada oficialmente a visita

do Papa a uma favela durante a sua visita ao Rio, onde tem de chegar no próximo dia 23 de julho por

causa da Jornada Mundial da Juventude na qual são esperadas até dois milhões de pessoas.

A isto se deve acrescentar de um lado a proximidade da Copa do Mundo de Futebol em 2014 cuja final

será jogada no mítico e recém reformado estádio do Maracanã e, de outro, os Jogos Olímpicos de 2016.

Por tudo isso, as autoridades brasileiras fazem esforços e questão de apresentar o maior número de

favelas "pacificadas" frente aos três eventos. Desejam que sejam vistas como bairros normais da cidade

nos quais os traficantes foram expulsos e que possam inclusive ser visitadas pelo turismo internacional.

São umas trinta das mil que alberga a cidade com uma povoação total de quase dois milhões.

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Ficam, porém, as sombras e suspeitas dos métodos usados pelas autoridades para conseguir essa

"limpeza" executada por uma polícia considerada como uma das que mais mata do mundo e,

supostamente, mal preparada e com salários demasiadamente baixos.

Numa ocasião um policial, de cara coberta, já denunciou que são enviados às ruas com armas que nem

sequer sabem manipular. Também confessam que muitas vezes têm de combater criminosos que utilizam

armas mais modernas e sofisticadas que as dos policiais além de conhecerem melhor seu uso por estarem

mais treinados.

A prefeitura do Rio tem feito nos últimos anos um esforço adicional para diminuir a violência

enraizada das favelas, ninhos do narcotráfico, onde o Estado não entrava até agora. Sociólogos,

psicólogos que trabalham com a recuperação cidadã das favelas têm exigido que essa “limpeza” seja

executada com métodos legítimos e democráticos conforme a defesa dos direitos humanos.

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DADOS SOBRE O BRASIL José Manuel Almendros

Oportunidades para

investir no Brasil

Trem-bala brasileiro: São Paulo - Rio

O Brasil é o quinto país mais extenso e povoado do mundo. A sua economia é a oitava

em termos de Produto Interior Bruto com 1,3

bilhões de US$ maior do que o espanhol (1

bilhão) a quem ultrapassou em 2008. Apesar da

crise econômica internacional, a previsão de

crescimento da economia nacional é de 5,5%

em 2010 tendo-se criado um milhão de

empregos em 2009, o que deixou a taxa de

desemprego num 8,3% esse ano.

O crescimento econômico do Brasil tem se

baseado na estabilidade macroeconômica, a saber, controle dos preços, saneamento das

finanças públicas e redução do déficit exterior,

conseguidos após uma reforma fiscal. Isto criou

um âmbito favorável para os investimentos

estrangeiros que, junto com as previsões

econômicas do país, fizeram do Brasil o quarto

país preferido pelos executivos das grandes

companhias depois da China, dos EUA e da

Índia, segundo um relatório realizado pela

consultora AT Kearney baseado em opiniões

empresariais.

Essa foi a principal razão pela qual o governo

federal realizou um plano para abrir o mercado

brasileiro ao capital estrangeiro, o chamado

Programa de Aceleração e Crescimento

(PAC), desenhado pela Casa Civil,

concretamente pela equipe da presidente eleita

Dilma Rousseff com a bênção do Banco do

Brasil. Foi lançado em 2007 para o período

2007-2010.

O PAC está sendo um sucesso até agora e canaliza grandes somas de dinheiro a melhoras

em logística, energia e projetos sociais em áreas

urbanas, principalmente saneamento básico. 200.000 milhões de euros vão ser investidos no

período, materializados em quase 2.500 projetos

dos quais 55% estão finalizados, 32% estão em

curso e apenas 13% ainda estão em processo de

licitação.

Segundo o secretário executivo do PAC,

desde 2007 o nível de investimento exterior tem

se mantido ao redor dos 35.000 milhões de

euros anuais salvo em 2009 quando caiu até os

25.000 por causa da crise. A previsão para 2010 é de 33.000 milhões de euros.

Além disso, duas circunstâncias têm

empurrado o governo a abrir ainda mais o

mercado ao capital estrangeiro: a recente eleição

da cidade do Rio de Janeiro como sede

olímpica em 2016 e a organização da Copa do

Mundo em 2014. Esses fatos supõem um

impulso para começar diversos projetos de

infraestruturas que estavam semiparalizados.

Entre eles, destaca-se o trem-bala que

conectará o Rio com São Paulo e que contribuirá a descongestionar as vias de

comunicação entre elas. Também será preciso

desenvolver consideravelmente as rodovias

entre as principais capitais.

Como exemplo de trabalhos que foram

licitados em 2010 no âmbito do PAC e no de

modernização devido à organização de eventos

temos:

Três rodovias (BR-040, BR-116 e BR-

381). São 2.066 km no valor de 3.200 milhões de euros.

Linha ferroviária Norte-Sul 1.500 km

no valor de 1.900 milhões de euros.

Linha ferroviária Leste-Oeste, 1.490

km que custarão 2.400 milhões de

euros. Ambos são percursos destinados

a trens de mercadorias atravessando

áreas de produção agrícola e mineira.

O volume licitado para a construção do

trem-bala é de 13.600 milhões de

euros.

No setor de energia ocorrerá a

construção de nove centrais

hidroelétricas no valor de 8.000

milhões de euros e 800 km de linhas no

valor de 235 milhões.

Atualmente o governo está preparando o novo

PAC para o período 2010-2014.

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TABACO GENÉRICO José Manuel Almendros

O Brasil planeja implantar maços de tabaco

genéricos, sem personalidade, como já

acontece na Austrália. Cerca de 200.000

brasileiros morrem cada ano devido a

doenças relacionadas com o tabaquismo.

Embora o Brasil seja o maior exportador

mundial de tabaco, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), dependente

do Ministério de Saúde defende a

comercialização de maços de tabaco sem

diferenciação por marcas ou símbolos. Apenas uma menção ao fabricante, com o

tipo de letra o mais pacato possível, será o que

vai permitir o fumante reconhecer a marca.

Trata-se assim de evitar que fumantes em

potência sejam atraídos pelo desenho do maço.

As fábricas de tabaco, por sua parte, se opõem à

medida, pois implica a perda da imagem da

marca no mercado. Porém, a proposta ainda tem que chegar ao

Congresso e, para isso acontecer, algum

deputado deveria apresentar um projeto de lei a

respeito, coisa que, segundo a ANVISA, ainda

não aconteceu. Aliás, a agência reconhece que

também é necessária uma consulta pública. Os maços genéricos supõem mais uma

batalha da guerra declarada pelo governo

federal ao tabaco após a promulgação em 2011

de uma lei federal que proíbe o consumo em

locais fechados e públicos como restaurantes.

A proibição chegou acompanhada da retirada

de qualquer publicidade em pontos de venda de

produtos relacionados com o tabaco. Outra lei

proíbe o fabrico, comercialização, distribuição e

propaganda de produtos, nacionais ou

importados, que imitem a forma de um cigarro e

que estejam destinados ao público infantil ou

juvenil. Outro passo mais além é que não se poderá

acender cigarro nenhum nas arquibancadas dos

estádios onde terá lugar a Copa do Mundo.

Ainda mais, há um debate aberto na sociedade e

no mundo científico sobre os aditivos

permitidos no tabaco que são consumidos. São

mais de 600, usados para disfarçar o mau sabor

e mau cheiro e que supõem mais de 10% do

conteúdo de um cigarro.

No marco da sua cruzada contra o

tabaquismo, o governo também acha que o

planejado aumento de impostos contribuirá a

reduzir o número dos aproximadamente 20

milhões de pessoas, fumantes no país, 500.000

delas adolescentes. De acordo com cálculos da

Organização Mundial da Saúde, para cada

10% que sobe o preço do tabaco o número de

consumidores desce entre 3% e 5%. Mas a política fiscal tem suas contrapartidas;

aproximadamente 30% dos cigarros

comercializados no Brasil provêm do mercado

negro, pois assim se evita pagar impostos sobre

o produto, razão pela qual a carga fiscal não é

completa. Todo o anterior é o final de um caminho

começado pelo Brasil em 2005 quando ratificou

ante Nações Unidas o Convênio Marco para o

Controle do Tabaco, que implicava implantar

um conjunto de medidas destinadas a reduzir a

demanda de cigarros. No entanto, o Brasil é o maior exportador

mundial de tabaco desde 1993 e o segundo

maior produtor depois da China. A produção

nacional fica concentrada em três estados do Sul

(Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). A

União Europeia foi o principal mercado da safra

de tabaco brasileiro nos anos 2011 e 2012. 40%

das exportações de 2012 tiveram como destino a

UE. Esse ano o Brasil bateu o recorde de vendas

internacionais de cigarros: vendeu a mais de

100 países por valor total de 3.260 milhões de

$US.