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DISCIPLINA DE TÉCNICAS
LABORATORIAIS
MICOSES SUBCUTÂNEAS
AcadêmicosCamila Cé de Souza
Camila FlorianiDaiane MartinsKaike Misuno
INTRODUÇÃO Podem ser introduzidas de forma traumática
através da pele. Podem envolver camadas mais profundas da derme, do tecido subcutâneo e do osso, mas não costumam se disseminar para órgãos distantes.
O curso clínico mostra-se crônico e insidioso. Os agentes causais são, muitas vezes, de
baixo potencial patogênico e são comumente isolados do solo, da madeira e de vegetação em decomposição, o que justifica a comum exposição de forma ocupacional ou relacionada a atividades diárias.
ESPOROTRICOSEConsiderações Gerais
Agente: Sporothrix schenckii
Infecção fúngica granulomatosa crônica ou subaguda;
É um fungo dimórfico e saprófita;
Epidemiologia
Distribuição geográfica universal; Regiões tropicais e subtropicais; Endêmica na América do Sul – Brasil; Frequência maior em indivíduos do sexo
Masculino; Infecção de caráter ocupacional, como: Jardinagem, agricultura, mineração;
Manifestações Clínicas Aquisição: através de
traumatismos com material contaminado ou inalação de conídios;
Apresenta-se sob duas formas:Cutânea: cutânea linfática,
localizada e disseminada;Extracutânea: pulmão,
articulações, meninges e outros;
Cutânea: Mais comum e é classificada
em três formas:Linfocutânea:
Mais comum; Formação de pápula rósea,
indurada, pústula ou nódulo no local da inoculação;
Aumenta em tamanho e numero acompanhando o trajeto linfático e posteriormente, se necrosa.
Cutânea localizada: A lesão é única, não acompanhada de nodulos
no trajeto linfático, não existindo o aspecto esporotricoide;
Tipo de lesão: Pápulas que pustulizam e
ulceram; Placas achatadas; Lesões eritemato escamosas.
Cutânea disseminada Corresponde a esporotricose pulmonar primária e
sistemica, sendo muito rara. Inoculacao através da pele e dissemina-se via
hematogênica; Surgem lesões subcutaneas que se ulceram.
Extra cutânea: É ocasional e pode ocorrer envolvendo
qualquer tecido ou órgão, como junções, ossos, tendões, pulmão, etc.
Geralmente não se encontra a lesão, sendo a forma de contaminação via inoculação direta ou inalação do fungo.
São raras e de difícil diagnóstico;
Diagnóstico Laboratorial
Exame direto: Pouco valor de diagnóstico; KOH 10%-40%;
Cultura: Método de escolha para diagnóstico; Ágar Saboraund dextrose ou suplementado; Jovem: branca; Velha: preta. Exame microscópico da colônia à 25-30°C, são
observados conídios ovalados que se implantam em conidióforos.
Colônia Jovem
Imunológico: Teste intradérmico com esporotriquina
preparada a partir de filtrado de culturas de fase miceliana ou leveduriforme do S. Sckenckii.
Consiste na injecao de 0,1ml do Ag e leitura em 48h.
Tem valor epidemiológico, terapêutico e diagnóstico.
Tratamento É o mais simples dentre as micoses
subcutâneas; Iodeto de Potássio; Anfotericina B; Termoterapia;
CROMOBLASTOMICOSEConsiderações Gerais
Família Dematiaceae (produzem pigmentos)
Agentes etiológicos mais comuns:
Phialophora verrucosa;
Fonsecaea pedrosoi;
F. compacta;
Cladosporium carrioni;
Rhinocladiella aquaspersas;
Saprófitas;
Epidemiologia
Habitam o solo em todo o mundo, mas a doença ocorre com maior frequência em climas tropicais e subtropicais;
O homem é o mais atingido, devido a sua maior exposição;
Contaminação ocorre por traumatismos e as lesões se desenvolvem no local da inoculação.
Manifestações Clínicas
Penetra por traumatismo; Formação de nódulos cutâneos verrucosos; Desenvolvimento lento; Evoluem para estruturas papilomatosas e ulceradas; Hiperplasia do tecido, 1 a 3 cm acima da superfície da
pele; Mais comum nos membros inferiores, seguido de mãos,
nádegas, etc.
Diagnóstico
Exame Direto Colhido diretamente da lesão, dos microabscessos
ou dos pontos negros. KOH 10-40%. Histológico corado com hematoxilina-eosina; Os fungos se apresentam como estruturas globosas,
algumas septadas em um ou dois planos;
Cultura Feito em Ágar Saboraund dextrose com
cloranfenicol ou gentamicina; Crescimento lento: 20-30 dias; Aspecto de colônia:
Escura;Filamentosa;
Não permite a diferenciação do gênero e espécie;
Microscopia: Observar a esporulação (reprodução) do
fungo;Há um predomínio de cada esporulação para
cada gênero e/ou espécie;
Rhinocladiella spp;
Cladosporium spp.
Microscopia:
Tratamento
É um problema, pois as medicações nem sempre atuam em todos os casos;
Quando o acesso é fácil e a lesao naoi é extensa, a retirada cirurgica é utilizada, podendo ocorrer recidivas;
Anfotericina B; Cetoconazol; Itraconazol; Terbinafina; 5-fluorocitosina.
MICETOMAS Síndrome Clínica de evolução crônica
podendo levar o indivíduo à invalidez parcial ou total e até mesmo a óbito.
Predominante em homens adultos lavradores.
A penetração ocorre por traumatismo por vegetal.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Aumento de volume da região ou órgão
afetado (TUMEFAÇÃO) Fístulas que drenam material
seropurulento Presença de grãos (aglomerado de
microorganismos) Doença relatada pela 1ª vez por Gill
(1842) na região de Madura (Índia)
Micetoma é classificado de acordo com o agente etiológico:
actinomicóticos ou actinomicose e maduromicóticos ou maduromicose. O primeiro grupo, estão os micetomas produzidos por bactérias, os actinomicetos. No segundo estão os micetomas provocados por fungos verdadeiros, ou eumicetos.
Ainda os micetomas actinomicóticos (de origem bacteriana) podem ser divididos em dois grupos, segundo a origem endógena ou exógena do agente:
- Actinomicose, de origem endógena, provocada por actinomicetos anaeróbicos
- Nocardiose, de origem exógena, provocada por actinomicetos.
DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial dos
micetomas é baseado na observação dos grãos, que drenam espontaneamente das lesões, ou que são extraídos através de punção ou biopsia.
Cultura : ágar sangue, BHI, Sabourad 37ºC
Provas bioquímicas
ACTINOMYCES ISRAELLI
Material biológico: pus, escarro Coleta com Swab ou punção em lesões
fechadas Material deve ser lavado pelo menos três
vezes para descontaminação Exame direto do grão com KOH ou
coloração com Gram e Kinyoun (álcool-ácido resistente):
Filamentos finos – Gram positivos com estruturas em forma de clava na periferia dos grãos
TRATAMENTO 1º passo : Identificar o agente etiológico Actinomicose: Associação de duas drogas:
estreptomicina + dapsona – Período mínimo de nove meses
Eumicetomas: Respondem de forma menos eficiente a terapêutica – Drogas mais utilizadas:
Anfotericina B, Miconazol e cetoconazol – Tratamento mínimo de seis meses. Podem ser utilizados processos cirúrgicos
FEO-HIFOMICOSE Feohifomicose é um termo adotado para
designar infecções cutâneas ou sistêmicas onde os fungos se desenvolvem nos tecidos do hospedeiro na forma de hifas septadas, pseudo-hifas, ou leveduras negras. A feohifomicose é considerada uma infecção do tipo oportunista, uma vez que se apresenta em pacientes imunodeprimidos portadores de doenças como diabetes mellitus, câncer, AIDS e em indivíduos transplantados.
A enfermidade é rara, cosmopolita, e geralmente afeta populações rurais das regiões tropicais das Américas Central e do Sul.
DIAGNOSTICO O exame físico: fácies cushingóide e
edema de membros inferiores.
O exame direto da lesão (KOH) : hifas demáceas
Crescimento de colônia: rápido, cinza-escura, com superfície aveludada no meio de cultura, também característico de fungo filamentoso demáceo.
DOENÇA DE JORGE LOBO
Também conhecida como lobomicose é uma infecção fúngica profunda, crônica, granulomatosa, causada pela implantação traumática do fungo Lacazia loboi (Paracoccidioides loboi) nos tecidos cutâneo e subcutâneo.
TRANSMISSÃO Processo inicia-se pela inoculação do
fungo (traumatismo), induz uma resposta inflamatória crônica que pode estender-se por continuidade, autoinoculação (ato de se coçar) ou via linfática.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICASLesões crônicas na pele – aspecto :• Queloidais• Nodulares• Ulceradas e • Verrucosas.
• Mais freqüente nos membros inferiores, superiores e pavilhão auricular.
Pavilhão auricular – nódulos, deformidade e lesões recidivantes pós-cirurgia.
Nódulos queloidianos coalescentes
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA LOBOMICOSE
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL É realizado através dos exames
micológico direto e histopatológico. A pesquisa direta é feita em material
obtido de lesões cutâneas por escarificação, raspagem, curetagem ou uso da fita gomada.
MICROSCOPIA Micológico direto:
células leveduriformes globosas
Isoladas e em gemulação (KOH-DMSO- 400x)
TRATAMENTO Cirúrgico reparadora Clofazimina (Ação anti-inflamatória).
ZIGOMICOSE
São infecções causadas por fungos pertencentes à classe dos Zygomycetes.
Esses organismos são saprofíticos, vivendo no solo, água e nos vegetais em decomposição.
TRANSMISSÃO A infecção resulta da inalação dos
esporos associadas ao pó, com subseqüente implantação desses agentes na mucosa nasal.
CLASSIFICAÇÃO
Mucormicose, também conhecida apenas como zigomicose;
Entomoftoromicose, cujos agentes etiológicos pertencem às ordens dos Mucorales e Entomophtorales, respectivamente.
Mucormicose
Entomoftoromicose
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Paciente apresenta tosse, febre (>
38°C), dispnéia, produção de escarro, perda de peso, hemoptise e/ou dor torácica.
Rouquidão, hemoptise, alargamento do mediastino e falta de ar.
Os zigomicetos têm marcado tropismo vascular, ocasionando trombose e necrose isquêmica.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL KOH, observam-se hifas largas, não
septadas, irregulares.
Cultura; Meio Sabouraud – Não usar meio com cicloeximida pois impede o crescimento do fungo.
Zigomicose por
Rhizopus oryzae. Exame direto do material biopsiado do palato, constatando hifas cenocílicas e ramificadas de contorno irregular.
Rhizopus oryzae
TRATAMENTO O tratamento de eleição é a anfotericina B (1, 0 a 1,5 mg/kg). A dose total desse fármaco não esta definida, oscilando entre 2,0 a 4,0 g.
HIALOHIFOMICOSE Produzida por fungos saprófitas, que
apresentam hifas septadas hialinas. Seus principais agentes etiológicos pertencem aos gêneros Aspergillus, Fusarium, Penicillium, Pseudoalescheria e Paecilomyces.
O agente infeccioso mais freqüente é o Aspergillus spp. e, com isso, muitas vezes a aspergilose é considerada entidade à parte.
Como a contaminação é por via respiratória, os pulmões e as vias respiratórias superiores são os pontos mais atingidos.
Provocam doença pulmonar intersticial disseminada brônquica ou atingem cavidades e levam a outras patologias, como tuberculose e abscessos, formando uma massa denominada bola fúngica. É este o quadro típico da aspergilose pulmonar.
De maneira geral, as hialo-hifomicoses podem causar processos inflamatórios os mais diversos, como endocardite, lesões cutâneas, osteoarticulares, pulmonares e oculares, processos septicêmicos, abscessos cerebrais.
ASPECTOS CLÍNICOS PECULIARES À ASPERGILOSE:
Aspergilose alérgica: acomete indivíduos alérgicos que, em contato com o fungo, desenvolvem bronquite.
Aspergilose crônica: é observada nos seios paranasais.
Aspergiloma intracavitário: em portadores de outras patologias, como a tuberculose, o fungo coloniza as cavidades. Aspergillus fumigatus é o agente mais comumente responsável por esta colonização.
Aspergilose associada à necrose tecidual: caracteriza-se por um tipo de broncopneumonia necrosante e hemorrágica. Surgem tromboses vasculares e formam-se cavidades com material necrótico liquefeito. Pode acometer poucos lóbulos pulmonares ou pode haver o envolvimento de extensas áreas ou mesmo de lóbulos inteiros, em ambos os pulmões. Alguns vasos, situados no meio ou na periferia das lesões, podem apresentar tromboses e, em conseqüência da agressão das hifas ao endotélio, com freqüência ocorrem infartos pulmonares, às vezes extensos e letais.
Aspergilose disseminada: o fungo pode ser encontrado em múltiplos órgãos, onde provoca abscessos. Pode ainda haver formação de granulomas de hipersensibilidade típicos. Pulmões, cérebro, rins, fígado, esôfago, tireóide e pele são os órgãos mais acometidos nessas disseminações.
Diagnóstico MATERIAL: Pulmonar: Escarro, lavado ou aspirado brônquico. Qualquer um
deles deve ser recolhido em frasco estéril.
Material proveniente de biópsia: Deve ser colocado em frasco estéril com soro fisiológico (mais ou menos 3mL)
Sangue: Após coleta com seringa, deve ser colocado em frasco para hemocultura. Recomenda-se colher três amostras. Enviar o mais rápido possível ao laboratório.
Lesões oculares: A coleta desse material é de grande importância e deve ser realizada pelo oftalmologista, com auxílio de um biomicroscópio. É necessário remover o excesso da secreção existente com gaze umedecida em soro fisiológico estéril. A amostra é obtida após anestesia local, fazendo-se um raspado vigoroso da base e das bordas da úlcera, com uma espátula de platina. Colocar o raspado diretamente no meio da cultura fornecido pelo laboratório, fazendo, com auxílio da espátula, vários cortes na superfície do meio, com formato em “c”. Entregar ao laboratório o mais rápido possível.
EXAME DIRETO: Observam-se hifas hialinas septadas e eventualmente cabeças conidiais.
CULTURA: O crescimento é rápido e permite a identificação do fungo.