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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 AS CONTRIBUIÇÕES DA CADEIA DE PRODUÇÃO DE LEITE E DERIVADOS PARA MICRO E PEQUENOS PRODUTORES: UM ESTUDO EM CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA NO PARÁ [email protected] APRESENTACAO ORAL-DESENVOLVIMENTO RURAL, TERRITORIAL E REGIONAL CARLOS ANDRÉ CORRÊA DE MATTOS 1 ; ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA 2 ; ANTONIO PASCOAL DEL´ARCO JUNIOR 3 ; GLENDA MARIA BRAGA ABUD 4 . 1,2.UFRA - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA, BELÉM - PA - BRASIL; 3.UNITAU - UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ - SP - BRASIL; 4.GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, BELÉM - PA - BRASIL. AS CONTRIBUIÇÕES DA CADEIA DE PRODUÇÃO DE LEITE E DERIVADOS PARA MICRO E PEQUENOS PRODUTORES: UM ESTUDO EM CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA NO PARÁ Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional Resumo A preocupação com o crescimento econômico e, posteriormente, com o desenvolvimento sempre esteve no centro dos estudos científicos, em especial, nas ciências sociais aplicadas. Promover formas de aumentar a competitividade local e contribuir para melhores condições de vida nas diversas regiões do planeta são os grandes desafios da sociedade moderna. Este artigo tem por objetivo analisar a contribuição da modernização da cadeia produtiva de leite e derivados para micros e pequenos produtores de leite localizados no município de Conceição do Araguaia no estado do Pará. O método utilizado foi exploratório, descritivo, ex pós facto, com abordagem quantitativa, utilizando técnicas de estatística multivariada: Análise Fatorial e de Clusters. Foram entrevistados 90 produtores em pesquisa de campo com abordagem não probabilística por acessibilidade. Os resultados revelaram a presença de quatro fatores subjacentes na contribuição da atividade para a vida dos produtores: renda; infraestrutura; aprendizagem e capital social. A Análise de Cluster indicou a presença de três agrupamentos denominados de motivados, desmotivados e esperançosos. Os resultados da pesquisa indicaram que a atividade contribuiu positivamente para a melhoria da qualidade de vida na região. Palavras-chave: Desenvolvimento regional; cadeia produtiva; leite e derivados; Conceição do Araguaia; Estado do Pará. CONTRIBUTIONS OF MILK PRODUCTION LINE AND DERIVATIVES FOR MICRO AND SMALL PRODUCERS: A STUDY IN CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA Abstract The preoccupation with economic growth and, subsequently, the development was always the center of scientific studies, especially in applied social sciences. Promoting ways to increase

MICRO E PEQUENOS PRODUTORES: UM ESTUDO EM … · A necessidade de sobrevivência trouxe ao mundo ... verificado pela atividade que ... de atrair intenso fluxo de investimentos nos

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AS CONTRIBUIÇÕES DA CADEIA DE PRODUÇÃO DE LEITE E DERIVADOS PARA MICRO E PEQUENOS PRODUTORES: UM ESTUDO EM CONCEIÇÃO DO

ARAGUAIA NO PARÁ [email protected]

APRESENTACAO ORAL-DESENVOLVIMENTO RURAL, TERRITORIAL E

REGIONAL CARLOS ANDRÉ CORRÊA DE MATTOS 1; ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA 2;

ANTONIO PASCOAL DEL´ARCO JUNIOR 3; GLENDA MARIA BRAGA ABUD 4. 1,2.UFRA - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA, BELÉM - PA - BRASIL; 3.UNITAU - UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ - SP - BRASIL;

4.GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, BELÉM - PA - BRASIL.

AS CONTRIBUIÇÕES DA CADEIA DE PRODUÇÃO DE LEITE E D ERIVADOS PARA MICRO E PEQUENOS PRODUTORES: UM ESTUDO EM CONCEIÇÃO DO

ARAGUAIA NO PARÁ

Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional Resumo A preocupação com o crescimento econômico e, posteriormente, com o desenvolvimento sempre esteve no centro dos estudos científicos, em especial, nas ciências sociais aplicadas. Promover formas de aumentar a competitividade local e contribuir para melhores condições de vida nas diversas regiões do planeta são os grandes desafios da sociedade moderna. Este artigo tem por objetivo analisar a contribuição da modernização da cadeia produtiva de leite e derivados para micros e pequenos produtores de leite localizados no município de Conceição do Araguaia no estado do Pará. O método utilizado foi exploratório, descritivo, ex pós facto, com abordagem quantitativa, utilizando técnicas de estatística multivariada: Análise Fatorial e de Clusters. Foram entrevistados 90 produtores em pesquisa de campo com abordagem não probabilística por acessibilidade. Os resultados revelaram a presença de quatro fatores subjacentes na contribuição da atividade para a vida dos produtores: renda; infraestrutura; aprendizagem e capital social. A Análise de Cluster indicou a presença de três agrupamentos denominados de motivados, desmotivados e esperançosos. Os resultados da pesquisa indicaram que a atividade contribuiu positivamente para a melhoria da qualidade de vida na região.

Palavras-chave: Desenvolvimento regional; cadeia produtiva; leite e derivados; Conceição do Araguaia; Estado do Pará. CONTRIBUTIONS OF MILK PRODUCTION LINE AND DERIVATIV ES FOR MICRO AND SMALL PRODUCERS: A STUDY IN CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA Abstract The preoccupation with economic growth and, subsequently, the development was always the center of scientific studies, especially in applied social sciences. Promoting ways to increase

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local competitiveness and contribute to better living conditions in different regions of the planet are the major challenges of modern society. This article aims to analyze the contribution of the expansion in productive chain of dairy products for micro and small milk producers located in Conceicão do Araguaia, state of Pará. The method used was exploratory, descriptive, ex post facts, with quantitative approach, using multivariate statistical techniques: factor analysis and clustering. We interviewed 90 farmers in field research with non-probabilistic approach for accessibility The results revealed the presence of underlying factor contributing to the life of activity of producers: income, infrastructure, and social capital learning. The cluster analysis indicated the presence of three clusters named as motivated, unmotivated and hopeful. The survey results indicated that the activity has contributed positively to improving the quality of life in the region.

Keywords: Regional development; supply chain, dairy products; Conceição do Araguaia; Pará State. 1. INTRODUÇÃO

A necessidade de sobrevivência trouxe ao mundo contemporâneo um novo delineamento organizacional. O que antes era claramente estruturado assume atualmente novas formas e arranjos, outras fronteiras são definidas. Organizações antes isoladas estruturam-se em redes, cadeias, conglomerados e alianças. Constituem-se assim, importantes parcerias, cada vez mais necessárias à sobrevivência no ambiente mutável e descontínuo da modernidade (GLEGG; HARDY, 1998). A relação entre competição e cooperação é cada vez mais pontual, circunstancial e localizada nas complexas relações interorganizacionais. Nesses arranjos modernos estão inseridas as cadeias produtivas, muitas e profundamente inter-relacionadas.

O objeto de estudo do presente artigo foi a cadeia produtiva de leite e derivados no estado do Pará, na região Norte, onde se observou nos últimos anos um vigoroso processo expansionista da cadeia de produção de leite e derivados, evidenciado, principalmente, pelo aumento na produção leiteira, inauguração de novas indústrias de laticínios e usinas de beneficiamento. Assumindo-se a produção leiteira no Estado como medida de desempenho do setor, fica evidente o processo expansionista verificado pela atividade que apresentou 116% de aumento na produção no período compreendido entre os anos de 1990 e 2007 (Tabela 1). Tabela 1 – Produção leiteira do estado do Pará (1990-2007)

Ano Produção em litros Variação (%) Acumulado (%)

1990 231.497 - - 1991 244.569 5,65 5,65 1992 273.767 11,94 17,59 1993 293.014 7,03 24,62 1994 297.451 1,51 26,13 1995 308.184 3,61 29,74 1996 237.899 -22,81 6,93 1997 290.210 21,99 28,92 1998 311.316 7,27 36,19 1999 311.162 -0,05 36,14

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2000 380.319 22,23 58,37 2001 459.165 20,73 79,10 2002 581.652 26,68 105,78 2003 585.333 0,63 106,41 2004 639.102 9,19 115,60 2005 697.021 9,06 124,66 2006 691.099 -0,85 123,81 2007 643.192 -6,93 116,88

Fonte: IBGE (2010b)

Apesar da modernização, o Pará representa pouco na produção nacional, apenas 2,2% da produção brasileira de leite no ano de 2008 (IBGE, 2010b). O desempenho da atividade no Estado indica que a região foi capaz de atrair intenso fluxo de investimentos nos últimos anos. A continuidade desse processo, associado à formulação de políticas públicas destinadas ao incremento da atividade no Pará, poderá fortalecer um segmento estratégico para a economia paraense. Geograficamente, a produção leiteira concentra-se na mesorregião Sudeste do Estado, com 79% do total da produção leiteira estadual (Tabela 2). Tabela 2 – Produção leiteira no estado do Pará por mesorregião (2007)

Mesorregião Litros (mil) Participação (%) Ranking Baixo Amazonas 34.813 5,41 3º Marajó 11.025 1,71 5º Metropolitana de Belém 8.096 1,26 6º Nordeste Paraense 31.776 4,94 4º Sudoeste Paraense 49.161 7,64 2º Sudeste Paraense 508.321 79,03 1º Total 643.192 100,00 -

Fonte: IBGE (2010b)

A mesorregião Sudeste é uma das cinco do Estado (Figura 1) que comporta sete microrregiões e trinta e nove municípios, em sua maioria, às proximidades da fronteira com o estado do Tocantins, a Leste, e do Mato Grosso ao sul. É uma região de grandes proporções geográficas com 297.344,25 km² e caracterizada por concentrar entre outras atividades o maior rebanho bovino do Estado.

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Figura 1 - Mapa político do estado do Pará Fonte: elaborado pelos autores.

Para a identificação de elementos de desenvolvimento regional foi escolhido o município de Conceição do Araguaia, localizado no Sudeste do estado do Pará, uma vez que este concentra as maiores indústrias de laticínios do Estado, com capacidade instalada de 200.000 litros por dia (média), o que representa 34% da capacidade instalada na mesorregião. Essa característica possibilita a compreensão dos reflexos da modernização da atividade na vida dos produtores.

Estabelecidos os pressupostos do estudo, o objetivo do trabalho foi analisar o significado da modernização da cadeia produtiva de leite e derivados para micros e pequenos produtores de leite no município de Conceição do Araguaia no estado do Pará. A pesquisa concentrou-se na opinião de produtores de leite, uma vez que, estando entre dois oligopólios, são os menos capazes de apropriar-se da riqueza produzida (SANTANA; AMIN, 2002). Com esse propósito, foram entrevistados 90 produtores de leite considerando-se 14 variáveis de desenvolvimento regional que foram sumarizadas por meio de técnicas de estatística multivariadas, especificamente a Análise Fatorial Exploratória (AFE) e a Análise de Conglomerados (clusters).

A estruturação do presente trabalho seguiu seis seções. A Introdução: primeira seção que apresenta as linhas gerais do trabalho relacionando o tema, o problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa que fundamentaram a pesquisa de campo. Na segunda e terceira seções serão abordados conceitos sobre Cadeias Produtivas e Desenvolvimento Regional respectivamente. Na quarta seção, Materiais e Métodos, são apresentados os procedimentos metodológicos empregados ao longo da pesquisa. Na quinta seção, são apresentados e discutidos os Resultados da pesquisa de campo. Em seguida, na sexta e última seção, são abordadas as Conclusões da pesquisa.

2. CADEIAS DE PRODUÇÃO: ORIGEM E EVOLUÇÃO

Legenda:

Conceição do Araguaia

Mesorregião sudeste

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Cadeia de Produção de Leite e Derivados

Instituições governamentais e de apoio a produção

Dimensão de coordenação ou governança da cadeia

Os estudos precursores do moderno entendimento de cadeias de produção remontam Davis e Golberg (1957) que definiram agronegócio como sendo uma atividade empresarial que visa à manufatura de produtos agrícolas, abrangendo todas as etapas, desde o preparo do solo até a comercialização e distribuição dos produtos aos consumidores finais. Entenderam, dessa forma, que a agricultura não poderia ser entendida desassociada de outros agentes econômicos, responsáveis pelo fornecimento de insumos, transformação industrial, armazenagem e distribuição (BATALHA, 2001).

Goldberg (1968), citado por Batalha (2001), ao realizar estudos do comportamento dos sistemas de produção, de produtos como laranja, trigo e soja no mercado norte americano, utilizou a noção de commodity system approach (CSA), desta forma ele faz um corte vertical na economia, elaborando a análise dentro dos parâmetros de uma matéria-prima específica. Abandona a matriz de insumo-produto e passa a adotar conceitos da economia industrial na análise. Nessa mesma linha de percepção vários autores trabalharam a cadeia de produção, ou análise de filières, como ficou conhecido o método na escola francesa.

Morvan (1988) sintetizou as definições e caracterizou a cadeia de produção agroindustrial (CPA) enumerando três elementos implicitamente ligados, compondo cada um uma etapa no processo produtivo: produção de matéria-prima; industrialização e comercialização. Esses macros segmentos estariam presentes de maneira mais ou menos evidente em todas as cadeias produtivas, variando segundo o tipo do produto e objeto da análise (BATALHA, 2001).

Santana e Amin (2002, p.19) definem que cadeias produtivas ocorrem “quando o foco da análise atinge apenas um produto específico, como se fosse um recorte dentro do agronegócio”, e complementam ao abordar as relações estabelecidas nas cadeias produtivas partindo da concepção clássica a partir de um conjunto de relações, baseadas em encadeamentos produtivos retrospectivos e prospectivos em um conjunto de ligações para trás e para frente no processo produtivo, de tal forma que as cadeias produtivas podem ser concebidas sob quatro segmentos básicos de agregação de valor: atividades fornecedoras de insumos e bens de capital; bens de produção; de armazenamento e processamento agroindustrial; de distribuição; de assistência técnica; de suprimento financeiro e de suporte à pesquisa (Figura 2).

Figura 2 – Fluxo de materiais e energia na cadeia de valor do agronegócio. Fonte: adaptado de Santana e Amin (2002, p.26).

P P P

M

Fornecedores de insumos

Produtores de leite

(fazendeiros)

Agroindústria

Distribuição (atacado e Varejo)

Consumidor

Final

M M

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O primeiro segmento básico de agregação de valor nas cadeias de produção são as atividades fornecedoras de insumos e bens de capital. Essas atividades têm nos segmentos agropecuários seus mercados principais e compreendem tratores, colheitadeiras, ferramentas e implementos para a atividade agropecuária, tais como agrotóxicos, sementes, mudas, adubos, fertilizantes e corretores de solo, óleos e lubrificantes em geral, produtos farmacêuticos de veterinária, sêmen, embriões, rações, embalagens etc. Os preços desses insumos compõem os custos de produção e evidencia o grau de tecnologia empregado na cadeia e as relações a montante do produtor.

Atividade de produção, segundo componente de agregação de valor, compreende genericamente a atividade rural ou primária, envolve agricultura e pecuária. Caracterizada por grande dispersão de produtos é composta por unidades de produção especializadas estabelecidas a partir da tipificação do produto, tecnologia utilizada e quanto ao destino da produção (ZYLBERSZTANJ, 2000; SANTANA; AMIN, 2002).

O terceiro componente na análise de agregação de valor das cadeias de produção, diz respeito à atividade de armazenamento e processamento agroindustrial, responsável pela transformação e o principal agente de agregação de valor aos produtos agropecuários, em decorrência do processo de industrialização, conferindo também maior estabilidade de preços, menores riscos e perdas em comparação aos produtos in natura. Sob os aspectos da geração de emprego e renda é o constituinte da cadeia que produz maior impacto na economia multiplicando esses fatores. Apresentando em muitos setores, alto grau de concentração em poucas empresas, caracteriza-se, geralmente, por um oligopólio homogêneo (SANTANA; AMIN, 2002).

Vasconcelos (2002) ao abordar mercados oligopolistas destaca que os lucros extraordinários tendem a permanecer em longo prazo em regime que se assemelha aos mercados monopolistas. Essa característica constitui-se em decorrência da manutenção de elevadas barreiras de entrada pela necessidade de produção em larga escala. Este tipo de produção é necessária para a redução de custos, o que dificulta a entrada de novos concorrentes. Finalmente, o quarto e último componente agregador de valor são as atividades de distribuição, assistência técnica, suprimento financeiro e suporte à pesquisa, compreendendo transporte e comércio. Essas atividades estão inseridas na cadeia em várias de suas fases, são responsáveis por tornar disponível os produtos e insumos produtivos, provavelmente o elo mais dinâmico da cadeia é o que mais se aproxima do consumidor.

Um aspecto importante a ser avaliado é a dimensão da cadeia agroindustrial que compreende as atividades de suporte à manutenção da cadeia como assistência técnica (Emater, Secretarias de Agricultura, Embrapa etc.), instituições de financiamento, normalmente representadas por bancos públicos. Outras instituições importantes são universidades e institutos de pesquisas. 3. DESENVOLVIMENTO REGIONAL: CONCEITUAÇÃO E MENSURA ÇÃO

O crescimento econômico, segundo a percepção histórica, conceitua-se fundamentalmente a partir da performance econômica de uma determinada região. Essa compreensão decorre eminentemente do aumento da produção em função do número de habitantes da localidade em análise, definido como PIB per capita. Esse elemento atende

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apenas em parte a conceituação de desenvolvimento regional e, notoriamente, em sentido estrito. A complexidade do desenvolvimento e da própria sociedade moderna demanda, para serem analisadas, da compreensão em sentido amplo, evidenciando elementos sociais, culturais e ambientais, como renda, emprego, saúde, educação, alimentação, segurança, lazer, moradia e transportes (CLEMENTE; HIGACHI, 2000; OLIVEIRA; MOURA FILHO, 2002; JAHAN; 2005; FEGER, et al, 2006).

O crescimento econômico visto unicamente como o aumento na produção ou produtividade em uma determinada região não pode limitar-se a si mesmo, deve possibilitar uma crescente e progressiva melhoria nas condições gerais de vida da região onde ocorre. Evidentemente, sempre que há uma redução nos níveis do PIB - Produto Interno Bruto - haverá, por conseguinte, um processo de empobrecimento geral da população de uma região. Contudo, nem sempre que ocorre um processo contrário, ou seja, expansionista, ocorrerá uma melhoria geral nas condições de vida de uma população. Esse fenômeno decorre, sobretudo, do processo de concentração da renda (CLEMENTE; HIGACHI, 2000; JAHAN, 2005).

O crescimento econômico não pode deixar de ser compreendido como elemento contributivo essencial para a eliminação da pobreza, entretanto, deve-se ter ciência que a qualidade desse crescimento é tão importante quanto sua quantidade, evidenciando a necessidade de elencar um conjunto de políticas públicas conscientes e capazes de estender esse crescimento ao cotidiano das pessoas (UL HAQ, 2005).

Maluf (1998) fundamenta a compreensão de desenvolvimento econômico com base em duas vertentes: melhoria e processo. Ambas, possibilitam a sustentabilidade do desenvolvimento econômico de longo prazo. Essa concepção, também pode ser observada nos pontos de vista de organismos internacionais como a ONU – Organização das Nações Unidas e a FAO- Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, segundo esses organismos, o desenvolvimento econômico implica na redistribuição de renda, participação ampla e criativa da sociedade na construção de um caminho próprio para o usufruto da riqueza criada.

O desenvolvimento deve ser compreendido, principalmente, a partir de construções econômicas e sociais regionalizadas e, portanto, o desafio de estudar o desenvolvimento e saber compreender e respeitar realidades locais e contextualizadas em termos econômicos, sociais e culturais, estabelecendo um conjunto de indicadores que reflitam da melhor maneira possível essa realidade. Clemente e Higachi (2000, p.131) ao abordarem o tema destacam que “os aspectos econômicos e sociais são usualmente considerados em conjunto, em virtude da grande dificuldade de separá-los de forma satisfatória”.

Oliveira e Moura Filho (2002, p.8) complementam ao afirmar:

“[...] não se deve perder de vista que o desenvolvimento, não importando os adjetivos que lhe são apostos, sempre será uma questão valorativa, portanto, objetos de disputas por visões de mundo diferenciadas, às vezes, incompatíveis. Em assim sendo, e no âmbito de uma nação, o projeto maior de construção de desenvolvimento, envolvendo até mesmo a sua natureza, precisa ser debatido antes das formulações das estratégias específicas em suas variantes rural, local e/ou regional”

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Clemente e Higachi (2000) reforçam que o desenvolvimento, uma vez iniciado, deflagra-se em um conjunto de transformações sociais em fases interligadas, de forma que uma possibilita o advento da próxima, e assim sucessivamente, em um processo contínuo e duradouro. Assim a utilização do termo desenvolvimento só pode ser entendida a partir de realidades que possibilitem a continuidade do processo de transformação e melhoria social. Ferger et al (2006, p. 5) alertam para a importância da “identificação de indicadores, além dos índices compostos, em uma forma inovadora que pode servir como suplemento para os índices compostos e esclarecer vários aspectos do desenvolvimento humano”

4. MATERIAIS E MÉTODO

O local de coleta de dados foi o município de Conceição do Araguaia, criado em 1908, e que faz fronteira com o município de Floresta do Araguaia ao Norte. A Leste com o estado do Tocantins, ao Sul com o município de Santa Maria das Barreiras, e a Oeste com os municípios de Redenção e Santa Maria das Barreiras. As margens do rio Araguaia formam a fronteira com o estado de Tocantins. O IDH-M do município evoluiu de 0, 295, na década de 1970, para 0, 719 no ano 2000. Conceição do Araguaia tem um rebanho bovino total de 230.171 animais em 2.625 fazendas (IBGE, 2010a).

Os métodos adotados para a pesquisa foram o exploratório e o descritivo, utilizados de forma combinada, com ocorrência ex pós facto, uma vez que, a coleta de dados ocorreu após a modernização verificada na cadeia produtiva (VERGARA, 2000; MARCONI; LAKATOS, 2006). A escolha dessa abordagem teve como objetivo viabilizar a coleta de informações que possibilitassem identificar as relações estabelecidas entre a modernização da cadeia produtiva e os reflexos na vida dos produtores sob a ótica do desenvolvimento regional, para tanto foram selecionadas 14 variáveis (Quadro 1). Quadro 1 – Relação das variáveis utilizadas na pesquisa

Variáveis

Mud

ança

s oc

orrid

as a

par

tir d

a op

ção

de

inve

stim

ento

na

pecu

ária

leite

ira V1 Tenho a atividade leiteira como principal V2 Melhorei de vida ($) V3 Vendo mais do que vendia antes V4 Aprendi novas formas de produzir (fazer) V5 Aprendi novas formas de administrar a atividade V6 Aumentei o plantel e a produção V7 Tive oportunidade de melhores e maiores financiamentos V8 A prefeitura (indústria) melhorou as estradas V9 Comecei a participar do sindicato V10 Tenho acesso a novos parceiros V11 Temos novas escolas V12 Temos novos hospitais e postos de saúde V13 Surgiram entidades como Sesi, Senai, Sebrae, etc V14 Existe maior regularidade e facilidade de transporte

Fonte: elaborado pelos autores.

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O universo da pesquisa foi composto por micro e pequenos produtores rurais, localizados no município pesquisado. A amostra foi composta por 90 produtores escolhidos de forma não probabilística por acessibilidade, esse critério de seleção de amostra não possibilita a quantificação do erro amostral. Na classificação dos produtores em micro e pequenos produtores, o critério escolhido foi a produção diária de leite, sendo considerados: micro produtores aqueles com produção de até 50 litros por dia; e pequenos produtores os que produziam entre 51 e 100 litros de leite.

A coleta dos dados ocorreu por meio de pesquisa de campo. Os instrumentos de coleta de dados foram estruturados de forma seqüencial em estrutura lógica de perguntas itemizadas em escala de Lickert com quatro opções de resposta evoluindo entre 0 (zero) para discordo completamente, 1 discordo em parte, 2 concordo em parte, e 3 concordo plenamente. A abordagem escolhida para o tratamento dos dados foi quantitativa. As questões foram tratadas por meio de estatística multivariada com a utilização do pacote estatístico SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences) versão 17. As técnicas utilizadas foram de interdependência: a análise Fatorial e de Cluster. A análise fatorial possibilita a obtenção de fatores lineares e independentes, inicialmente decorrentes do agrupamento das variáveis mais fortemente correlacionadas entre si e, posteriormente, da rotação desses fatores. Apesar da possibilidade de obter o mesmo número de fatores quanto forem às variáveis originais, geralmente utiliza-se um pequeno número de fatores que são capazes de representar a maior parte da variância total dos dados. Assim, a análise fatorial tem como objetivo principal a sumarização dos dados e a identificação de variáveis latentes. O modelo de análise fatorial pode ser expresso da seguinte forma (JOHNSON; WICHERN, 1992; SANTANA, 2008):

Y=α F + ε, (1) Em que: X = é o p-dimensional vetor transposto das variáveis observáveis, denotado

por X = (x1, x2,..., xp)t; F = é o q-dimensional vetor transposto de variáveis não observáveis

ou latentes, identificadas como “fatores comuns”, denotado por, F = (f1, f2, ..., fq)t, sendo que q < p; ε = é o p-dimensional vetor transposto de variáveis aleatórias ou fatores únicos, ε = (e1, e2,..., ep)t; α = é a matriz (p,q) de constantes desconhecidas, chamadas de “cargas fatoriais”.

A Análise de Cluster reúne um conjunto de métodos que tem por objetivo classificar e agrupar elementos pela similaridade. Os métodos podem ser hierárquicos e não hierárquicos, entretanto, ambos buscam reunir os indivíduos ou objetos em grupos, em função das características ou dos atributos de cada indivíduo, de forma a conseguir a variância mínima intra-grupo e a máxima entre grupos (HAIR et al, 2005; FÁVERO et al, 2009). Na Análise de Cluster foi utilizado o procedimento hierárquico do tipo aglomerativo, que inicia a partir dos indivíduos em separado. A cada etapa, os indivíduos mais parecidos são combinados para construir um novo agrupamento, uma vez feito isto, assim permanecem até o final do processo. Essa operação continua até a obtenção de um único agrupamento que pode ser representado graficamente utilizando-se um dendograma. (HAIR et al, 2005).

Na obtenção dos agrupamentos deve-se escolher a medida de similaridade ou de dissimilaridade entre os indivíduos e em seguida, indicar a técnica que será utilizada para a formação dos grupos. Neste estudo foi empregado o método de Ward calculado com base na medida de dissimilaridade da distância euclidiana até o quadrado entre dois elementos (i e k) que pode ser apresentado pela expressão (MINGOTE, 2005):

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(2)

Em que: dij

2 é a j-ésima característica do i-ésimo indivíduo; xik é a j-ésima característica do i-ésimo indivíduo; e, xik´ é a j-ésima característica do i´-esimo indivíduo. 5. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

A apresentação de resultados está dividida em três seções. A primeira mostra o perfil dos entrevistados. A segunda demonstra os resultados da Análise Fatorial (AFE) com os fatores latentes decorrentes da opinião dos entrevistados, com as mudanças ocorridas a partir do início da atividade leiteira. A terceira e última seção, expõe os resultados da Análise de Cluster com a formação dos aglomerados, detalhando como os produtores se agrupam quanto aos fatores identificados. 5.1 PERFIL DO ENTREVISTADO

O perfil do entrevistado quanto à produção de leite diária foi composto por micro e pequenos produtores. Desses, 42 (47%) micros produtores, com produção de até 50 litros por dia e 47 (53%) pequenos produtores, com produção entre 50 e 100 litros/dia. A estrutura de trabalho era familiar em 100% das observações e, por ocasião da entrevista, cada unidade produtiva empregava em média 1,46 trabalhadores, sendo que no início das atividades leiteiras o pessoal ocupado era de 1,40 trabalhadores por propriedade (Tabela 3). Tabela 3 – Perfil da amostra

Perfil do entrevistado Valores Produção leiteira (100%) Até 100 litros/dia Estrutura do trabalho (100%) Familiar Pessoal ocupado na produção (atualmente) 132 Pessoal ocupado no início da atividade 126 Incremento de pessoal ocupado (%) 4,76%

Fonte: pesquisa de campo. 5.2 ANÁLISE FATORIAL

A análise fatorial iniciou preliminarmente pelo exame da matriz de correlações, o que indicou que, na maioria, entre elas, as variáveis eram significativas e superiores a 0,30, recomendando utilização da técnica (AFE). O valor da determinante, diferente de zero, indicou que a matriz de correlações não era uma matriz de identidade, reforçando a aplicação dos testes estatísticos complementares para a confirmação da adequação da amostra ao emprego da técnica de Análise Fatorial Exploratória (AFE).

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O teste KMO resultou em valor satisfatório, calculado em 0,737 e o teste de esfericidade de Bartlett com qui-quadrado (χ

2) aproximado de 766,46, significante a 1%, confirmaram a utilização da técnica de análise fatorial exploratória de forma satisfatória. Para a determinação do número de fatores, o critério escolhido foi o Autovalor (Eingenvalue) e a forma de extração dos fatores foi a Análise dos Componentes Principais (PCA), com rotação ortogonal pelo método Varimax, esse método de rotação facilita a associação das variáveis a um único fator, melhorando a representatividade dos fatores (HAIR et al, 2005; FÁVERO et al, 2009).

Na compreensão das contribuições da pecuária leiteira na gestão da propriedade e na vida do produtor, o resultado da rotação fatorial (Tabela 4) possibilitou explicar 74,15% da variância dos dados por meio de quatro fatores resultantes das interações das 14 variáveis em estudo. Os autovalores foram 3,082 (Fator 1), 2,996 (Fator 2) e 2,478 (Fator 3). Todas as variáveis apresentaram níveis satisfatórios de comunalidade (acima de 0,500) o que lhes confere bom poder explicativo. A comunalidade indica a quantidade da variância total que uma variável compartilha com as outras, essa característica demonstra o poder de explicação da variável (HAIR et al, 2005).

O Alpha de Cronbach (Tabela 4) apresentou valores satisfatórios considerando-se pesquisas exploratórias, pois os valores foram superiores ao mínimo recomendado α > 0, 600 (HAIR et al, 2005). Conforme a interpretação da escala dos coeficientes Alpha de Cronbach, quanto mais os valores se aproximarem da unidade, maiores serão as probabilidades que os fatores encontrados na pesquisa ocorram em outras pesquisas que meçam as mesmas características, que adotem a mesma escala e que sejam aplicadas ao mesmo universo (PESTANA; GAGUEIRO, 2005). Desta forma, a consistência interna dos fatores apresentou índices satisfatórios de confiabilidade, sendo: 0,916 (Fator 1), 0,826 (Fator 2), 0,811 (Fator 3) e 0,677 (Fator 4) e 0,794 para todas as variáveis em conjunto. Tabela 4 – Fatores, variáveis, cargas fatoriais, comunalidade e Alpha de Cronbach

Variáveis Componente

h2 1 2 3 4

V1 Tenho a atividade leiteira como principal 0,838 -0,134 0,101 0,040 0,732 V2 Melhorei de vida ($) 0,898 -0,135 0,173 0,080 0,861 V3 Vendo mais do que vendia antes 0,928 -0,113 0,057 0,097 0,887 V4 Aprendi novas formas de produzir (fazer) 0,298 0,197 0,807 0,115 0,792 V5 Aprendi novas formas de administrar a atividade 0,241 0,143 0,859 0,162 0,842 V6 Aumentei o plantel e a produção 0,425 0,133 0,292 0,591 0,632 V7 Tive oportunidade de melhores e maiores financiamentos -0,172 0,047 0,702 0,367 0,659 V8 A prefeitura (indústria) melhorou as estradas 0,044 0,673 0,266 0,233 0,580 V9 Comecei a participar do sindicato -0,202 0,043 0,393 0,791 0,822 V10 Tenho acesso a novos parceiros 0,286 0,263 0,030 0,725 0,677 V11 Temos novas escolas -0,111 0,856 -0,063 0,260 0,817 V12 Temos novos hospitais e postos de saúde -0,245 0,898 -0,012 0,007 0,867 V13 Surgiram entidades como Sesi, Senai, Sebrae, etc -0,340 0,634 0,193 0,066 0,560 V14 Existe maior regularidade e facilidade de transporte 0,206 0,634 0,448 -0,092 0,654

Autovalores 3,082 2,996 2,478 1,826 10,38

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(%) da variância 22,01 21,39 17,70 13,04 - (%) Variância Acumulada 22,01 43,41 61,11 74,15 - Alpha de Cronbach (α) 0,916 0,826 0,811 0,677 0,794

Fonte: pesquisa de campo.

As cargas fatoriais e a interpretação semântica das variáveis fundamentaram a denominação de cada um dos fatores. Ao Fator 1, associaram-se as variáveis: V3, V2, V1 (em ordem decrescente das cargas fatoriais). A combinação dessas variáveis permitiu a identificação do fator “Renda” , pois possibilitou a compreensão da atividade leiteira nas receitas do produtor. Ao Fator 2 associaram-se as variáveis V12,V11,V8, V14 e V13, todas representam características de implementação e formação de infraestrutura local e produtiva. Portanto esse fator foi designado como “Infraestrutura” . Ao Fator 3, identificado como “Aprendizagem” , associaram-se três variáveis, V5,V4 e V7, pautadas em questões de capacitação e aperfeiçoamento profissional. Ao Fator 4 reuniram-se variáveis eminentemente de ordem interpessoal condicionadas por atitudes e comportamentos recíprocos. Desta forma, identificado como “Capital social” .

O fator “Renda” deteve 22,1% da variância total dos dados e representou os reflexos da atividade leiteira na composição das receitas dos produtores. Nota-se que os produtores identificam que a atividade proporciona um aumento na receita da propriedade, pois os estes passam a vender mais do que vendiam antes. Outro aspecto importante é que a atividade leiteira assume a principal fonte de receita para o produtor e contribui de forma importante para a percepção da melhoria na qualidade de vida.

Observa-se que esse fator está diretamente relacionado à manutenção da família, segurança alimentar e melhoria na qualidade de vida dos pequenos produtores rurais. Uma vez que, a atividade leiteira possibilita, por um lado, ciclos produtivos relativamente constantes (vacas em lactação) apesar da irregularidade verificada entre os períodos de safra e entressafra. Por outro lado, ciclos financeiros são mais curtos em comparação às outras atividades, como por exemplo, a pecuária de corte. A união dessas condições, somadas a datas regulares e previamente determinadas para pagamento, contribuem para promover um melhor equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa do produtor, favorecendo seu planejamento financeiro.

O fator “Infraestrutura ” explicou 21,39% da variância total e demonstra a percepção dos entrevistados quanto às melhorias nas condições de vida na região. Os produtores perceberam isso nas estradas, no surgimento de órgãos de apoio produtivo, e no maior número de hospitais e escolas. Esse processo de expansão, apesar de não poder ser atribuído única e diretamente à atividade leiteira, em decorrência da atuação de fatores conjunturais mais amplos, constituem elementos necessários ao processo de desenvolvimento econômico na região.

A atividade leiteira, muitas vezes, contribui para a integração entre as populações rurais e o acesso aos centros urbanos, pois a necessidade de coleta praticamente diária do leite, faz com que os laticínios, ou mesmo os fretistas, com a ida diária dos veículos de coleta, facilitem a locomoção das populações das regiões mais afastadas para as cidades, proporcionando o acesso a maior variedade de insumos produtivos (ferramentas, vacinas, medicamentos, etc.), saúde (médicos, hospitais e postos de saúde), alimentação (feiras e supermercados), vestuário, entre outras.

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O fator “Aprendizagem” explicou 17,70% da variância total dos dados e indica que a atividade contribuiu, mesmo que em pequena escala, para a capacitação e aperfeiçoamento dos produtores, principalmente quanto a técnicas de gestão da propriedade e complementarmente de produção. Esse fator incorporou o acesso ao crédito, ainda escasso na região, em função principalmente das limitações de acesso às linhas de crédito destinadas a investimento em decorrência da falta de titulação das terras nas áreas rurais.

A formação e capacitação de mão-de-obra atua como elemento de alavancagem para a produtividade na propriedade, uma vez que os aprendizados decorrentes de novas práticas de gestão e de produção se refletem em outras atividades na propriedade, contribuindo para um ciclo de melhoria da produtividade. O produtor ao gerenciar melhor o fluxo de caixa favorece as outras atividades exercidas na propriedade pela racionalização dos recursos, ou ainda, ao promover o controle profilático do rebanho que favorece, além da atividade leiteira, o rebanho que será destinado ao corte, e quando essas práticas espalham-se pelas propriedades do entorno contribuem para o desenvolvimento da região.

Novaes (2004) reforça a necessidade de capacitar tecnicamente o produtor familiar de leite e, com isso, reduzir o risco de exclusão da pequena produção do cenário produtivo. O conhecimento técnico é capaz de elevar a produtividade, contribuindo para a produção sustentável da propriedade, assim a transferência de tecnologia é um fator destacado na competitividade do setor.

O quarto fator identificado na pesquisa que deteve 13,4% da variância dos dados foi o “Capital social” e compreende as ligações estabelecidas, tanto internamente entre os próprios produtores, quanto externamente entre os produtores e suas respectivas cadeias de fornecimento. Essas relações de cooperação são elementos contributivos para a inovação e para o desenvolvimento regional. Observado de forma ampla corrobora para as atividades produtivas no local, entendido de forma mais específica fortalece conquistas na melhoria de vida para os produtores de leite.

O sucesso do processo de desenvolvimento local, em grande parte, é estabelecido desde o início, com a participação das pessoas nos grupos que emergem do convívio social. As interações verificadas entre os grupos possibilitam o surgimento de idéias e o desenvolvimento de capacidades, competências e habilidades necessárias ao processo do desenvolvimento. Essas ligações propiciam a formação de parcerias e o estabelecimento de elos entre o governo, as empresas e a sociedade em geral, que constituem-se em uma coordenação local que aumenta a competitividade regional (MARTINS; PASSADOR, 2009).

Putnam (1996) compreende capital social como o elemento de ligação entre os atores sociais que possibilita a cooperação e proporciona benefícios mútuos. A presença do capital social facilita a implantação de projetos e contribui para o desenvolvimento regional, uma vez que, favorece que os grupos sociais se articulem entre si, para solucionar conflitos a partir de elementos como: confiança, normas e redes sociais recíprocas, construídas entre os integrantes dos grupos e se manifesta de várias formas no convívio social cotidiano.

O posicionamento das variáveis que integram esse fator na quarta colocação denuncia que apesar da existência, as ligações verificadas na cadeia ainda são frágeis e parciais, indicando que não existem ações conjuntas entre os produtores e as indústrias instaladas na região. Esse fator englobou a variável “aumentei o plantel e a produção” e como destaca Santana (2002), apesar de a atividade contribuir para a melhoria na vida dos produtores, a

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acumulação de capital ainda é pequeno e restrito, provavelmente pelos produtores posicionarem-se entre dois blocos econômicos organizados na forma de oligopólios.

De maneira geral, a atividade leiteira apresentou contribuições para a melhoria na vida dos produtores, pois uma vez iniciada, assumiu o papel principal como fonte de renda, possibilitou o aumento na receita da propriedade, e os produtores perceberam que melhoraram de vida. Na região intensificou-se a formação de infraestrutura com a construção de escolas, hospitais e postos de saúde. O transporte foi favorecido principalmente na regularidade e na conservação das estradas. Iniciou-se um processo de aprendizagem, sobretudo de ordem gerencial e, mesmo que em pequena escala, os produtores começam a ter acesso ao crédito e organizam-se em pequenas associações. Contudo, a formação de patrimônio foi pequena, evidenciando que a atividade é exercida para subsistência. 5.2 ANÁLISE DE CLUSTERS

Para reunir os respondentes foi utilizada uma técnica de interdependência denominada Análise de Cluster que possibilita agrupar os objetos ou indivíduos com a maior homogeneidade possível entre si e a maior diferença entre os grupos (HAIR et al, 2005; FÁVERO et al, 2009). Inicialmente, os dados foram padronizados para evitar que valores discrepantes comprometessem os resultados (outliers).

Em seguida, foi empregada a técnica de agrupamentos que utiliza critérios hierárquicos para reunir os objetos. O algoritmo escolhido foi Ward combinado com a distância euclidiana ao quadrado. Nessa forma de agrupamento, as distâncias (euclidianas ao quadrado) são calculadas e os agrupamentos são criados com base na maior similaridade, esse procedimento reduz a variância interna e tende a criar agrupamentos de tamanhos aproximados (HAIR et al, 2005).

O número de cluster foi definido pela “regra de parada”. Conforme esse procedimento, o número de agrupamentos deve observar as medidas de similaridades. Desta forma, no momento em que ocorre um aumento desproporcional nos coeficientes de proximidade, deve ser selecionada a solução imediatamente anterior para definir o número indicado de agrupamentos. Com isso, será selecionado o estágio com a maior similaridade dos grupos e com as maiores diferenças entre grupos (HAIR et al, 2005). Esse procedimento resultou em três clusters (Tabela 6). Tabela 6 – Número de agrupamentos

Etapa Número de

clusters Coeficientes

Variação

Absoluta %

84 6 583,29 - -

85 5 631,37 48,08 8,24

86 4 696,86 65,49 10,37

87 3 764,80 67,94 9,68

88 2 983,21 173,41 22,67

89 1 1246,00 307,79 32,80

Fonte: elaborado pelos autores.

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Os agrupamentos foram validados pelo teste paramétrico ANOVA (Tabela 7) que apresentou significância estatística para todas as variáveis em estudo (p<0,05). Com isso é possível considerar com 95% de probabilidade de acerto que os clusters encontrados estejam corretamente classificados. O resultado do teste F indicou as variáveis mais diferenciadoras para os grupos, foram (V12) temos novos hospitais e postos de saúde (F=112,06 e p=0,000) e (V11) temos novas escolas (F=65,85 e p=0,000).

Tabela 7 – Análise ANOVA das variáveis após o agrupamento Variáveis F Sig.

V1 Tenho a atividade leiteira como principal 12,670 0,000

V2 Melhorei de vida ($) 37,657 0,000

V3 Vendo mais do que vendia antes 31,776 0,000

V4 Aprendi novas formas de produzir (fazer) 35,067 0,000

V5 Aprendi novas formas de administrar a atividade 23,053 0,000

V6 Aumentei o plantel e a produção 26,738 0,000

V7 Tive oportunidade de melhores e maiores financiamentos 9,805 0,000

V8 A prefeitura (indústria) melhorou as estradas 22,233 0,000

V9 Comecei a participar do sindicato 11,699 0,000

V10 Tenho acesso a novos parceiros 18,998 0,000

V11 Temos novas escolas 65,859 0,000

V12 Temos novos hospitais e postos de saúde 112,067 0,000

V13 Surgiram entidades como Sesi, Senai, Sebrae, etc 25,731 0,000

V14 Existe maior regularidade e facilidade de transporte 27,729 0,000

Fonte: pesquisa de campo. A análise do dendograma (Figura 3) com corte imaginário permitiu identificar três

clusters distintos. O primeiro e maior de todos envolveu 55 (61%) dos produtores que em função de suas características de perfil e comportamento foram denominados como os “Motivados”. O segundo cluster, com 25 (28%) entrevistados compreendeu o grupo identificado como os “Desmotivados”. E o terceiro e último cluster contou com 10 (11%) componentes e foi identificado como os “Esperançosos”.

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Figura 3 – Dendograma dos clusters formados por micro e pequenos produtores

Fonte: pesquisa de campo. O cluster dos “Motivados” foi o agrupamento que envolveu a maior parte dos

entrevistados (61%). Observa-se (Figura 4) que para esse grupo de produtores, a atividade leiteira contribuiu de forma importante para o aumento na renda, com média de respostas para o item de 2,78, foi o cluster que manifestou o maior aprendizado. Essa característica adquire destaque na atividade leiteira, pois os produtores possuem pequeno poder de barganha junto aos compradores, logo reduzia a capacidade para determinar preço e condições de venda. Assim o gerenciamento eficiente da propriedade e a adoção de práticas que aumentem a produtividade, contribuem para a redução de custos que são elementos imprescindíveis para a obtenção de lucro.

Esse grupo de produtores foi o que demonstrou ser mais participativo em questões de capital social (x=2,27). Com relação à infraestrutura os “Motivados” não observaram melhora de condições, manifestando a menor média dentre os quatro fatores analisados (x=1,01). Quanto à produção, observa-se que esse cluster envolveu os produtores com maior produção 33 (60%) de seus integrantes, produzindo entre 50 e 100 litros por dia. Ao avaliar a produtividade com relação à mão-de-obra envolvida, os “Motivados” utilizaram em média 1,25 trabalhadores por propriedade. Quanto ao total de pessoal ocupado, observa-se uma pequena redução no número de trabalhadores envolvidos na produção, de 70 no início da atividade, para 69 por ocasião da entrevista.

Um indicador de produtividade do trabalho é a quantidade de mão-de-obra empregada no processo produtivo, observa-se que melhorias nesse indicativo resultam em ganhos econômicos duplos para o produtor. Por um lado reduzem custos de produção e por outro aumentam a receita bruta da propriedade (REIS et al, 2006)

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Figura 4 – Médias das respostas dos integrantes dos clusters. Fonte: pesquisa de campo.

Os “Desmotivados” representam o segundo cluster que mais indicou aumento de rendimentos com a atividade leiteira, a média das respostas para as questões que compuseram o fator foi de 1,97. Contudo esse cluster foi o que apresentou as piores avaliações com relação à infraestrutura (x=0,55), à aprendizagem (1,37) e ao capital social (1,27). Demonstrando um pequeno aprendizado e afastados de associações, esses produtores demonstram pouco interesse por entidades de classe. Assim como percebem de maneira negativa, melhorias em questões de infraestrutura local.

A avaliação do perfil do “Desmotivado” demonstra que 14 (56%) é de micro-produtores com produção de até 50 litros por dia e 1,36 trabalhadores por propriedade. Comparando o pessoal ocupado desde o início da atividade, observa-se uma maior redução entre os agrupamentos identificados, pois no início das atividades havia 43 trabalhadores distribuídos nas 25 propriedades (1,72 trabalhadores/propriedade) e atualmente são 34 (1,36).

O terceiro cluster foi composto pelos “Esperançosos”, estes produtores não indicam que conseguiram maior renda após o início da atividade (x=1,27). Contudo são os mais satisfeitos com relação à infraestrutura (x=2,60), são os que apresentaram melhores médias de aprendizagem (x=2,3) e os que declararam a preocupação com a participação em sindicatos e associações de classe (capital social), descrevendo uma média de 2,07 para as essas questões. Esses produtores trabalham em propriedades com 2,3 trabalhadores e são na maioria micro-produtores (60%). No início das atividades leiteiras, havia 19 trabalhadores nas 11 propriedades e atualmente são 23 trabalhadores, indicando que houve aumento no emprego de mão-de-obra nesse cluster.

Reis et al (2006) estabelecem como condição essencial para aumentar a competitividade do pequeno produtor familiar, a mudança da condição de tirador de leite para tornar-se um empreendedor. Essa nova postura deve advir de uma mudança na mentalidade, fundamentada no conhecimento técnico, no acesso a informações e à tecnologia. Além da assistência técnica, crédito e o respeito às realidades locais.

A Análise de Cluster indicou que para a maioria dos produtores de leite, a atividade trouxe benefícios, principalmente para a formação de renda. Os produtores que perceberam os

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maiores benefícios são os que mais participam de associações e entidades de classe. Esses produtores declaram ter adquirido conhecimentos técnicos de gestão e de processos produtivos. Entretanto existe uma pequena parcela dos produtores que não considera que a atividade proporcionou benefícios financeiros. Esses são os que mais acreditam na atividade e nos benefícios decorrentes. Finalmente, há uma parcela expressiva que, apesar de identificar aumentos na renda, estava insatisfeita com a infraestrutura, demonstravam pouco interesse pela formação de capital social e não percebiam aprendizagens importantes depois do início das atividades leiteiras. 6. CONCLUSÃO

As condições necessárias para a promoção do desenvolvimento são estabelecidas a

partir de características totalmente regionalizadas, e decorrem de um conjunto de fatores que se combinam, desencadeando em um ciclo virtuoso na localidade. Para que isso ocorra, deve existir infraestrutura que possibilite o processo produtivo (estradas, escolas, hospitais, comunicações, etc.). Além da formação das condições necessárias à aprendizagem que contribuirá para melhores processos e maior produtividade. Os agentes locais, por sua vez, devem estabelecer inter-relações fortes que propiciam a construção de parcerias, alianças e acordos estratégicos que alavanquem a região tornando-a mais competitiva, e assim, atraindo mais investimentos.

Os resultados da pesquisa possibilitam concluir que os produtores de leite identificam esses fatores na região e em suas vidas, a partir do início de suas atividades. Logicamente, a coordenação entre os atores sociais é fraca e ocorre de forma assimétrica. Ao analisar os benefícios da atividade leiteira para micro e pequenos produtores fica evidente que as melhorias ocorreram principalmente na formação de renda e na manutenção da subsistência do produtor, melhorando seu poder de compra e o planejamento do fluxo financeiro.

Ocorrem melhorias na infraestrutura local, apesar de esse progresso não poder ser atribuído unicamente à modernização da atividade leiteira. O transporte, a saúde e a educação foram favorecidos em oferta e regularidade. Outros fatores de desenvolvimento também estão presentes, como o aprendizado e o capital social. A atividade proporcionou inovações nos processos produtivos, mas principalmente em processos de ordem gerencial das propriedades. Ocorreu o início da formação de entidades de classes com a participação dos produtores. Na região houve um incremento nas entidades de apoio e suporte produtivo, como financiamentos (bancos) e assistência técnica.

Porém as relações sociais ainda são fracas, os produtores não evidenciaram aumentos significativos de crédito, acesso a tecnologias modernas e as entidades de apoio ainda demandam de aprimoramento para potencializar sua atuação. Os produtores não apontam aumento na riqueza, representado pelo acúmulo de patrimônio (rebanho e produção), apenas na renda indicando que a atividade é exercida em caráter de subsistência.

Portanto a manutenção do ciclo de modernização da atividade contribui para melhorar as condições de vida de micro e pequenos produtores, mas para que esse progresso seja contínuo deve estar pautado em um conjunto de políticas públicas de apoio produtivo de longo prazo, constituído pela continuidade de formação de infraestrutura, de apoio e assistência técnica, de programas de formação do trabalhador rural, de acesso ao crédito e

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principalmente da modernização sistêmica e integrada de todos os elos que integram o processo produtivo. REFERÊNCIAS BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001. CLEGG, S.;HARDY, C. Introdução: organização e estudos organizacionais. In: CLEGG, S.; HARDY,C; NORD, W. Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1998. CLEMENTE, A.; HIGACHI, H. Y. Economia e desenvolvimento regional. São Paulo: Atlas, 2000. DAVIS, J. A; GOLBERG, R. A. A. A concept of agribusiness. Boston, Harvard University, 1957. FAVEIRO, L.P.; BELFIORE, P.; SILVA, F.L.; CHAM, B.L. Análise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisão. São Paulo: Campus, 2009. FEGER, J. E.; SIEDEMBERG, D. R., FILIPPIN, E. S.; FILIPPIN, M. L.; FERRAZ, J. J. Planejamento e desenvolvimento regional: um ensaio sobre indicadores. In: Anais do XVII ENANGRAD – Encontro Nacional dos Cursos de Graduação em Administração. São Luís, 2006. HAIR, J.F, Jr; ANDRESON, R.E.; TATHAM, R.L.; BLACK, W.C. Análise multivariada de dados. São Paulo: Bookman, 2005. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS. Produção pecuária municipal. Disponível em http://www.ibge.gov.br/ Acessado em: 20 de março de 2010b. ________. Censo Agropecuário 2006. Disponível em http://www.ibge.gov.br/ Acessado em: 10 de março de 2010a. JAHAN, S. Medindo o desenvolvimento humano: evolução do índice de desenvolvimento humano. IN: Introdução ao Desenvolvimento Humano: Conceitos Básicos e Mensuração. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2005. Disponível em soo.sdr.gov.br. Acessado em: 26 de Agosto de 2007. JOHNSON, R.A.; WICHERN, D.W. Applied multivariate statistical analysis. Prentice Hall, 1992. MALUF, R. S. Diversidad, desigualdades y la cuestión alimentaria. IN: Scrita Nova. Barcelona, Universidad de Barcelona, Revista Electrónica de Geografia e Ciencias Sociales,

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