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Miguel Torga Poemas Trabalho elaborado por: Raquel de Magalhães e Santos 10ºD Nº 14

Miguel Torga - Poemas

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Miguel Torga

Poemas

Trabalho elaborado por:Raquel de Magalhães e Santos 10ºD Nº 14

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Miguel Torga

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Biografia de Miguel Torga Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha,

nasceu em 1907 em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes, e faleceu em 17 de Janeiro de 1995, em Coimbra. Emigrou para o Brasil ainda jovem e, quando regressou, em 1925, matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde se formou em Medicina. Esteve, de início, literariamente próximo do grupo da Presença, sediado em Coimbra. Por volta de 1930, estava já afastado do grupo, fundando a revista Sinal. Funda, pouco depois, a revista Manifesto. Começou a ser conhecido como poeta, tendo mais tarde ganho notoriedade com os seus contos ruralistas e os seus dezasseis volumes de Diário, estes publicados entre 1941-1995. Várias vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, tornou-se um dos mais conhecidos autores portugueses do século XX.

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Pão Ázimo, 1931A Terceira Voz, 1934A Criação do Mundo, os Dois Primeiros Dias, 1937O Terceiro Dia da Criação do Mundo, 1938O Quarto Dia da Criação do Mundo, 1939Bichos, 1940Contos da Montanha, 1941O Senhor Ventura, 1943Um Reino Maravilhoso, 1941Trás-os-Montes, 1941Conferência, 1941Rua, 1942Portugal, 1950Pedras Lavradas, 1951Novos Contos da Montanha, 1944Vindima, 1945

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Romance:

.Traço de União, 1955.O Quinto Dia da Criação do Mundo, 1974.Fogo Preso, 1976.O Sexto Dia da Criação do Mundo, 1981

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Teatro:

.Terra Firme, 1941.Mar, 1941.O Paraíso, 1949.Sinfonia, 1947.Poema Dramático, 1946

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Poesia e Prosa:

.Diário (1º Volume), 1941.Diário (2º Volume), 1943.Diário, (3º Volume), 1946.Diário, (4º Volume), 1949

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Miguel Torga – Temática Analisando o pseudónimo literário que o poeta Adolfo Correia Rocha

adoptou – Miguel Torga - constatamos que esta opção está intimamente relacionada e não se pode dissociar da íntima ligação do homem com a natureza e, por sua vez, com a poesia.

Miguel – relaciona-se com Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Torga – designação nortenha da urze, planta brava da montanha. Poderemos considerá-lo um poeta mítico que vivia na intimidade das

forças elementares: Terra, Sol, Vento e Água. Não obstante e diversidade da sua obra, (poesia, teatro, narrativa de

ficção - romance, contos) existem marcas inconfundíveis em todos os seus escritos: um estilo vibrante, umas vezes de enternecimento, outras vezes de revolta; uma força telúrica que o puxa para a terra, sobretudo para a terra transmontana; uma espécie de panteísmo que o leva a ligar com grande efeito poético, o físico ao transcendente; o continuado jogo de contrastes (bem – mal; angústia – esperança; sombra – luz), verificados, a maior parte das vezes, no seu “eu”.

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CONTINUAÇÃO A terra, a mítica da natureza, a força telúrica, é o grande pólo de

atracção poética, a sua maior força de inspiração. Nas suas frequentes alusões ao povo, é sobretudo o povo da terra, o povo rústico que lhe interessa. Para ele, a terra é o homem e o homem á a terra. O psicologismo de Torga está na emanação do seu “eu” com este mundo físico e humano.

Analisando a obra de Torga, constata-se uma incidência em certas palavras por ele usadas como: seiva, cio, germinar, partir e também cacho, vinho, mosto (a conotar o delírio das inovações báquicas), estão estreitamente ligadas ao pólo mais importante da sua inspiração: a terra e a vida.

Por outro lado, os signos, sonho, mito, lua, estrela, astral, ligam-se ao outro pólo: o espírito, a transcendência.

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Continuação

Poderá, então, concluir-se que a temática de Torga se centra, ou assenta, em três grandes pilares:

1 – Desespero humanista (drama de criação poética);– Preocupação com o ser humano, as suas

limitações e a sua necessidade de transcendência. 2– Problemática religiosa; – Esperança e desesperança surgem como uma

expressão de conflito íntimo que se desenvolve no interior do poeta.

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Continuação

3 – Sentimento telúrico; – Inspiração genesíaca: a terra é o lugar de

realização do ser humano e da ligação ao sagrado. – O telurismo do poeta exprime-se no seu apego à

terra, na sua fidelidade ao povo, na sua consciência de português, de ibérico, no espírito da comunidade europeia e universal.

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Linguagem e estilo

- Escolha das palavras: inspiração genesiana e inovações báquicas.

- Estilo poético: eloquência sóbria, viril, que entusiasma ou fadiga.

- Uso de estrofes irregulares. - Recurso a verbos e tempos verbais. - Figuras de estilo: antítese, metáfora e

adjectivação.

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Breve reflexão sobre os poemas Os poemas que seleccionei para sucinta análise,

“Regresso” e “ Brinquedo”, espelham algumas das características acima mencionadas da temática Torganiana.

“Sonho, brinquedo, estrela” em “Brinquedo” que se ligam a um dos pólos da sua inspiração – a fantasia, o espírito e a transcendência. Por outro lado, no poema “Regresso”, a terra, a força telúrica é o grande pólo de atracção de Torga, em que atribui aos elementos naturais uma atitude de celebração.

Quanto ao estilo, estão patentes vários recursos estilísticos, característica do autor.

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Os meus poemas

preferidos

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Brinquedo Foi um sonho que eu tive:Era uma grande estrela de papel, umCordelE um menino de bibe. O menino tinha lançado a estrelacom ar de quem semeia uma ilusão;e a estrela ia subindo, azul e amarela,presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiuque deixou de ser estrela de papel.e o menino, ao vê-la assim, sorriue cortou-lhe o cordel.

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Poema “Brinquedo”Análise da estrutura interna

Neste poema, o sujeito poético narra um sonho “Uma grande estrela de papel/um cordel/e um menino de bibe”.

Na segunda quadra estamos perante um sonho dentro de um sonho que, desde logo, se assume pelo gesto do menino de lançar a estrela de papel.

Na terceira quadra a estrela transforma-se numa estrela verdadeira, visto que o sonho é capaz de operar qualquer transfiguração.

A sua atitude final de cortar o cordel, implica que o menino já tinha concluído o que pretendia, a ilusão já fora semeada e o resultado conseguido.

Neste poema verifica-se o regresso à infância, à idade da inocência, da ilusão, do sonho, traduzindo também um sentimento de enternecimento, de ternura pela tenra idade da personagem envolvida.

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Estrutura externa

Poema constituído por três quadras. Quanto ao esquema rimático, a 1ª quadra

obedece a uma rima a b b a; a 2ª e 3ª a uma rima a b a b.

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Regresso Regresso às fragas de onde me roubaram. Ah! Minha serra, minha dura infância!

Como os rijos carvalhos me acenaram,Mal eu surgi, cansado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:O poeta voltou!Atrás ia ficando a terra mortaDos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,

E eu deitei-me no colo dos penedosA contar aventuras e segredosAos deuses do meu velho paraíso.

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Poema “Regresso”Análise da estrutura interna

Na primeira parte do poema, nos dois primeiros versos, verificamos o regresso do poeta.

Na segunda parte, “Como os rijos carvalhos….e sorriso”, vemos a reacção da natureza ao seu regresso.

Os três últimos versos tratam da comunhão do poeta com a natureza. Neste poema, o autor deixa mais uma das suas marcas inconfundíveis dos seus

escritos – a força telúrica que o puxa e atrai para a terra, sobretudo para a terra transmontana “regresso às fragas,” à infância, à idade de ouro, inocência. O poeta regressa à serra, à infância ao paraíso perdido. Atribui aos elementos naturais, “rijos carvalhos”, “fontes”, “céu”, “penedos”, uma atitude de celebração.

Na segunda parte o “eu” poético indica que deixava a vida longe da sua terra, assim como os versos escritos durante o tempo do exílio. A “terra” a que o poeta se refere, pode interpretar-se como a infância, o seu próprio ser de poeta, esse “lugar” mítico onde tudo é eterno, contrariamente a “desterro”, espaço e tempo roubados à sua essência, à sua verdade.

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Continuação Predomina o binómio passado/presente através de verbos

conjugados no presente do indicativo “regresso” em oposição ao pretérito perfeito “surgiu”, “voltou” e pretérito imperfeito “cantava”.

Os recursos estilísticos que o poeta utiliza, são essencialmente a personificação e a metáfora. São exemplos de personificação “Como os rijos carvalhos me acenaram…”, “Cantava cada fonte à sua porta…”, “…o céu abriu-se num sorriso…”, “…deitei-me ao colo dos penedos”, que acentuam os sentimentos de intimidade, protecção e alegria pelo reencontro.

A metáfora ,“ a terra morta/dos versos”, desvaloriza os versos escritos durante o tempo da ausência, evidenciando a sua efemeridade.

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Estrutura externa

O poema é constituído por três quadras, versos decassilábicos, excepto o 2º verso da 2ª estrofe. Nas duas primeiras estrofes, é utilizado o esquema rimático a b a b (rima cruzada) e na terceira estrofe a b b a (rima interpolada).

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Opinião crítica Miguel Torga é, sem dúvida, um dos expoentes máximos da literatura

portuguesa do séc.XX. Poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta, memorialista – longe de

qualquer escola ou grupo literário, a sua obra, composta por mais de cinquenta títulos, abrange todos os géneros. Para além de nos revelar uma sociedade rural impregnada de mitologia e a luta contra o mundo industrializado, dá-nos, ainda, a precariedade da condição humana e, acima de tudo, o Homem insubmisso face à divindade.

A obra de Miguel Torga eleva o povo, no dizer de Sophia de Mello Breyner “mostra-nos a sua generosidade e o seu sonho, mostra-nos também o seu realismo sem ilusões e a sua forma nua e crua de encarar a bruteza da vida”.

Os poemas analisados, abordando temas diferentes e particularmente interessantes, ambos espelham os princípios e marcas do autor – ligação à terra natal, à natureza e sonho, estrela, infância – convergindo, assim, para os seus dois pólos de atracção poética.

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Fontes:

http://www.google.pt/search?hl=ptPT&q=miguel+torga+TEMATICA&meta

LOURENÇO,Eduardo, Miguel Torga, Percurso de vida do lavrador das letras, in Correio da Manhã 6 de Agosto de 2007.

• TORGA, Miguel, Poesia Completa, publicações Dom Quixota, 2ª Edição, pág 102, 446

• WWW.bragancanet.pt/filustres/torga.html-20k•