8
Sete Lagoas, MG Dezembro, 2006 79 ISSN 1679-1150 Autores Décio Karam Ph.D em Ciência das Plantas Daninhas Embrapa Milho e Sorgo Cx. Postal 151, Sete Lagoas, MG. correio eletrônico: [email protected] André Luiz Melhorança Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, C.Postal 661, Dourados, MS DS.c. em Plantas Daninhas correio eletrônico: [email protected] Maurílio Fernandes de Oliveira DS.c em Solos e Fisico-química Ambiental Embrapa Milho e Sorgo Cx. Postal 151, Sete Lagoas, MG. correio eletrônico: [email protected] Plantas Daninhas As plantas daninhas requerem para o seu desenvolvimento os mesmos fatores exigidos pela cultura do milho, ou seja, água, luz, nutrientes e espaço físico, estabelecendo um processo competitivo quando a cultura e as plantas daninhas se desenvolvem conjuntamente. É importante lembrar que os efeitos negativos causados pela presença das plantas daninhas não devem ser atribuídos exclusivamente à competição, mas sim a uma resultante total de pressões ambientais, que podem ser diretas (competição, alelopatia, interferência na colheita e outras) e indiretas (hospedar insetos, doenças e outras). Esse efeito total denomina-se INTERFERÊNCIA. O grau de interferência imposto pelas plantas daninhas à cultura do milho é determinado pela composição florística (pelas espécies que ocorrem na área e pela distribuição espacial da comunidade infestante) e pelo período de convivência entre as plantas daninhas e a cultura. A competição por nutrientes essenciais é de grande importância, pois esses na maioria das vezes, são limitados. Devido àa grande diversidade e densidade das comunidades infestantes, cada indivíduo não poderá crescer de acordo com seu potencial genético, mas em consonância com as quantidades de recursos que conseguir recrutar, na intensa competição a que está submetido. Por isso, em altas densidades, o potencial de crescimento da comunidade é controlado por aquele recurso que, de acordo com as necessidades gerais da comunidade, apresentar-se em menor quantidade no ambiente. Em relação à cultura do milho, mesmo esse sendo eficiente na absorção, não consegue acumular nutrientes como as plantas daninhas fazem em seus tecidos. Em condições de competição onde o nitrogênio seria o nutriente de maior limitação entre milho e planta daninha, a adubação nitrogenada merece especial atenção em condições de alta infestação. A competição por espaço ocorre e a planta do milho assume uma arquitetura diferente daquela que possui quando cresce livre da presença de outras plantas, mudando o posicionamento de suas folhas, porque o espaço que deveria ocupar já se encontra ocupado por outra planta. É importante ressaltar que qualquer mudança na arquitetura da planta do milho representa sérios prejuízos na produção. A redução do espaçamento nas entrelinhas aumenta a radiação fotossinteticamente ativa interceptada pela cultura e diminui a competição intra-específica por luz, água e nutrientes, devido à distribuição mais uniforme das plantas. O índice de área foliar e a radiação fotossinteticamente ativa interceptada pelo dossel são influenciados pela redução do espaçamento nas entrelinhas, sendo o comportamento dependente do estádio fenológico, da densidade de plantas, ao tipo de arquitetura do híbrido e ao sistema de manejo. Por outro lado, a redução do espaçamento nas entrelinhas impede a entrada de luz e consequente germinação das plantas daninhas. Associado a isto, a dessecação, o imediato plantio em situações normais de umidade e temperatura e as adubações mais concentradas Plantas Daninhas na Cultura do Milho

Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

Sete Lagoas, MGDezembro, 2006

79

ISSN 1679-1150

Autores

Décio KaramPh.D em Ciência das Plantas

Daninhas Embrapa Milho e SorgoCx. Postal 151, Sete Lagoas,

MG.correio eletrônico:

[email protected]

André Luiz MelhorançaPesquisador da Embrapa

Agropecuária Oeste, C.Postal661, Dourados, MS

DS.c. em Plantas Daninhascorreio eletrônico:

[email protected]

Maurílio Fernandes de OliveiraDS.c em Solos e Fisico-química

AmbientalEmbrapa Milho e Sorgo Cx.

Postal 151, Sete Lagoas, MG.correio eletrônico:

[email protected]

Plantas Daninhas

As plantas daninhas requerem para o seu desenvolvimento os mesmos fatores exigidospela cultura do milho, ou seja, água, luz, nutrientes e espaço físico, estabelecendo umprocesso competitivo quando a cultura e as plantas daninhas se desenvolvemconjuntamente. É importante lembrar que os efeitos negativos causados pela presençadas plantas daninhas não devem ser atribuídos exclusivamente à competição, mas sima uma resultante total de pressões ambientais, que podem ser diretas (competição,alelopatia, interferência na colheita e outras) e indiretas (hospedar insetos, doenças eoutras). Esse efeito total denomina-se INTERFERÊNCIA. O grau de interferênciaimposto pelas plantas daninhas à cultura do milho é determinado pela composiçãoflorística (pelas espécies que ocorrem na área e pela distribuição espacial dacomunidade infestante) e pelo período de convivência entre as plantas daninhas e acultura. A competição por nutrientes essenciais é de grande importância, pois esses namaioria das vezes, são limitados. Devido àa grande diversidade e densidade dascomunidades infestantes, cada indivíduo não poderá crescer de acordo com seupotencial genético, mas em consonância com as quantidades de recursos queconseguir recrutar, na intensa competição a que está submetido. Por isso, em altasdensidades, o potencial de crescimento da comunidade é controlado por aquele recursoque, de acordo com as necessidades gerais da comunidade, apresentar-se em menorquantidade no ambiente. Em relação à cultura do milho, mesmo esse sendo eficientena absorção, não consegue acumular nutrientes como as plantas daninhas fazem emseus tecidos. Em condições de competição onde o nitrogênio seria o nutriente de maiorlimitação entre milho e planta daninha, a adubação nitrogenada merece especialatenção em condições de alta infestação.

A competição por espaço ocorre e a planta do milho assume uma arquitetura diferentedaquela que possui quando cresce livre da presença de outras plantas, mudando oposicionamento de suas folhas, porque o espaço que deveria ocupar já se encontraocupado por outra planta. É importante ressaltar que qualquer mudança na arquiteturada planta do milho representa sérios prejuízos na produção. A redução do espaçamentonas entrelinhas aumenta a radiação fotossinteticamente ativa interceptada pela cultura ediminui a competição intra-específica por luz, água e nutrientes, devido à distribuiçãomais uniforme das plantas. O índice de área foliar e a radiação fotossinteticamente ativainterceptada pelo dossel são influenciados pela redução do espaçamento nasentrelinhas, sendo o comportamento dependente do estádio fenológico, da densidadede plantas, ao tipo de arquitetura do híbrido e ao sistema de manejo. Por outro lado, aredução do espaçamento nas entrelinhas impede a entrada de luz e consequentegerminação das plantas daninhas. Associado a isto, a dessecação, o imediato plantioem situações normais de umidade e temperatura e as adubações mais concentradas

Plantas Daninhas na Cultura do Milho

Page 2: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

2 Plantas Daninhas na Cultura do Milho

de nitrogênio favorecem o arranque inicial do milho emrelação à planta daninha. O termo alelopatia aplica-sequando uma planta daninha libera substâncias químicasno meio, prejudicando o desenvolvimento de outro,podendo ocorrer inclusive entre indivíduos da mesmaespécie. Diversas plantas daninhas possuemcapacidade alelopática que reduz o desenvolvimento domilho: como exemplo, o capim-arroz (Echinochloacrusgalli), o capim-colchão (Digitaria horizontalis) e ocapim-rabo-de-raposa (Setaria faberil). O grau deinterferência das plantas daninhas pode variar de acordocom as condições climáticas e os sistemas deprodução. No entanto, as perdas ocasionadas nacultura do milho em função da interferência impostapelas plantas daninhas têm sido descritas como sendoda ordem de 13,1%, sendo que em casos onde nãotenha sido feito nenhum método de controle essaredução pode chegar a aproximadamente 85%.

Objetivos do Manejo Integrado dePlantas Daninhas

O manejo integrado visa eliminar as plantas daninhasdurante o período crítico de competição, que é o períodoem que a convivência com as plantas daninhas podecausar danos irreversíveis à cultura, prejudicando orendimento. Outro importante aspecto é dar condiçõespara que a colheita mecanizada tenha a máximaeficiência, e evitar a proliferação de plantas daninhas,garantindo-se a produção de milho nas safrasseguintes. Portanto, ao usar algum método de controlede plantas daninhas na cultura do milho, o produtordeve lembrar-se de que os principais objetivos são:

a. evitar perdas devido à competição;

b. beneficiar as condições de colheita;

c. evitar o aumento da infestação; e

d. proteger o ambiente

Evitar perdas devido à competição

O importante é que o produtor entenda que as perdaspodem variar de ano a ano, devido às condições

climáticas, e de propriedade a propriedade, devido àsvariações de solo, população de plantas daninhas,sistemas de manejo (rotação de culturas, plantio direto)etc. Portanto, é necessário que o produtor de milhotenha uma estimativa das perdas que as plantasdaninhas ocasionam em sua lavoura, pois ela servirápara avaliar quando e de que modo deve ser feito ocontrole.

Beneficiar as condições de colheita

Os métodos de controle de plantas daninhas serãousados também para beneficiar a colheita e não apenaspara evitar a competição inicial. As plantas daninhasque germinam, emergem e crescem no meio da lavourado milho após o período crítico de competição nãoacarretam perdas na produção. Entretanto, tanto acolheita manual quanto a mecânica podem serprejudicadas. No caso da colheita manual, a presençada espécie Mimosa invisa Mart. Ex Colla, popularmenteconhecida como malistra ou dormideira, pode provocarferimentos nas mãos dos trabalhadores. A colheitamecânica quando realizada em lavouras com altainfestação de corda-de-viola (Ipomoea sp.) e trapoeraba(Commelinna sp.), pode ser inviabilizada, pois amáquina não consegue operar devido ao embuchamentodos componentes da plataforma de corte.

Evitar o aumento da infestação

O terceiro objetivo do manejo integrado de plantasdaninhas está ligado à produção sustentada. Aoterminar a colheita da safra, o produtor deve lembrar-sede que a terra é um bem sagrado e que deve serconservada para as próximas safras. Se a terra édeixada em pousio, as plantas daninhas irão sementeare aumentar a infestação. O banco de sementes dasplantas daninhas é o solo e, se nada for feito para evitara produção de sementes, o número de plantas daninhasemergindo a cada ano vai aumentar significativamente,as produções de milho cairão, a dependência do uso deherbicidas aumentará, os custos de controle ficarãomais elevados e, depois disso, o único jeito éabandonar a terra. Em um sistema de produçãosustentado, um dos fatores mais importantes é a

Page 3: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

3Plantas Daninhas na Cultura do Milho

manutenção da população de plantas daninhas embaixos níveis de infestação. Para isso, podem seradotadas algumas técnicas como rotação de culturas esemeadura de plantas de cobertura e de adubaçãoverde. Culturas de cobertura, como nabo forrageiro,aveia, ervilhaca peluda, milheto, no período deentressafra, têm grande poder de supressão naemergência e no desenvolvimento das plantas daninhas.Operações de pós-colheita, como a passada de umaroçadeira ou a aplicação de herbicidas para dessecaçãodas plantas daninhas, também podem ser realizadaspara que não ocorra produção de sementes ou outrospropágulos.

Proteger o meio ambiente

Finalmente, o último objetivo do manejo integrado estáligado diretamente ao controle químico, que édependente do sistema de produção de milho adotado econsequentemente, do nível tecnológico do produtorrural. Para os produtores de alta tecnologia, o manejode invasoras é realizado quase que exclusivamente comherbicidas. Herbicidas são substâncias químicas queapresentam diferentes características físico-químicas e,portanto, um comportamento ambiental diferenciado.Associado às características das substâncias, ascondições edafoclimáticas também afetamdiferentemente o destino dos herbicidas no ambiente.Dependendo das características, como o coeficiente deadsorção (K

d), a constante da lei de Henry e,

principalmente, a meia-vida do composto no solo, ar eágua (T

1/2), o herbicida usado pode ser uma fonte de

contaminação do ambiente. Produtos voláteis (que setransformam em gases) poderão contaminar o ar,produtos lixiviáveis (que sofrem movimentação no perfildo solo) poderão atingir o lençol de água subterrâneo eos herbicidas fortemente presos nos sedimentospoderão atingir depósitos de águas superficiais, pormeio da erosão. Além das preocupações com acontaminação ambiental pela utilização dos produtos, aredução na eficiência agronômica dos mesmos nasculturas é motivo de preocupação. A adoção demétodos de controle de plantas daninhas queminimizem ou dispensem o uso de herbicidas é

desejável para tornar a atividade agrícolaambientalmente mais segura.

Métodos de Controle de PlantasDaninhas

Diversos são os métodos de controle de plantasdaninhas empregados na cultura do milho, dentre osquais pode-se destacar:

Controle Preventivo

O controle preventivo tem como objetivo evitar aintrodução ou a disseminação de plantas daninhas nasáreas de produção. A legislação nacional estabelece arelação das espécies nocivas e seus respectivos limitesmáximos específicos de tolerância para sementes deespécies daninhas toleradas e determina as proibidas.Isso evita que contaminem novas áreas utilizandosementes com impurezas. A introdução de novasespécies geralmente ocorre por meio de lotescontaminados de sementes, máquinas agrícolas eanimais. A utilização de sementes de boa procedência,livres de sementes de plantas daninhas e a limpeza demáquinas e de implementos antes de cercas e deestradas, em terraços, em pátios, em fontes de água eem canais de irrigação ou em qualquer lugar dapropriedade são importantes para evitar a disseminaçãode sementes e de outras estruturas de reprodução.

Controle Cultural

O método cultural normalmente é utilizado pelosagricultores mas não como uma técnica de manejo deplantas daninhas. O método cultural visa a aumentar acapacidade competitiva da cultura em detrimento dasplantas daninhas. Menor espaçamento entrelinhas,maior densidade de plantio, época adequada de plantio,uso de variedades adaptadas às regiões, uso decobertura morta, adubações adequadas, irrigação bemmanejada, rotação de culturas são técnicas quepermitem à cultura tornar-se mais competitiva com asplantas daninhas. O plantio direto tem auxiliado nocontrole das plantas daninhas, especialmente no milhosafrinha, semeado após a lavoura de verão. Nessesistema, sem revolvimento do solo, o banco de

Page 4: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

4 Plantas Daninhas na Cultura do Milho

sementes na parte superficial do solo tende a reduzir,diminuindo a germinação dos propágulos. A rotação deculturas, além de muitas outras utilidades, é praticadacomo meio de prevenir o surgimento de altaspopulações de certas espécies de plantas daninhasmais adaptáveis a determinada cultura. Para que acultura do milho tenha vantagem competitiva em relaçãoàs plantas daninhas, é importante que se tenhaadequado espaçamento. Em termos práticos, o bomespaçamento é aquele que permite a cobertura do solo,quando a cultura atinge seu pleno desenvolvimentovegetativo, devendo ser diferenciado para os diversoshíbridos e variedades e condições edafoclimáticas.

Controle Mecânico de Plantas Daninhas

Capina Manual

Esse método é amplamente utilizado em pequenaspropriedades. Dos 350 milhões de produtores nomundo, estimados nos anos 80, aproximadamente 250milhões usavam algum tipo de capina manual.Normalmente de duas a três capinas com enxada sãorealizadas durante os primeiros 40 a 50 dias após asemeadura, pois a partir daí o crescimento do milhocontribuirá para a redução das condições favoráveispara a germinação e o desenvolvimento das plantasdaninhas. A capina manual deve ser realizadapreferencialmente em dias quentes e secos e com osolo com pouca umidade. Cuidados devem ser tomadospara evitar danos às plantas de milho, principalmente àsraízes. Esse método de controle demanda grandequantidade de mão-de-obra visto que o rendimento daoperação é de aproximadamente 8 dias homem porhectare.

Capina Mecânica

A capina mecânica usando cultivadores, tracionados poranimais ou tratores, ainda é o sistema mais utilizado noBrasil. As capinas devem ser realizadas nos primeiros40 a 50 dias após a semeadura da cultura. Nesseperíodo, os danos ocasionados à cultura sãominimizados comparados com os possíveis danos(quebra e arranquio das plantas de milho) em capinasrealizadas tardiamente. A exemplo da capina manual, ocultivo mecânico deve ser realizado superficialmente em

dias quentes e secos, com o solo com pouca umidade,aprofundando-se as enxadas o suficiente para oarranquio ou o corte das plantas daninhas. Quando asplantas de milho encontrarem-se de 4 a 6 folhas utilizarenxadas do tipo asa de andorinha para evitar danos nosistema radicular do milho pois o mesmo encontra-sesuperficial. A produtividade desse método é deaproximadamente 0,5 a 1 dia.homem por hectare(tração animal) e 1,5 a 2,0 horas por hectare(tratorizada).

Controle Químico

O controle químico consiste na utilização de produtosherbicidas para o controle das plantas daninhas, sendonecessário o registro dos produtos no Ministério daAgricultura. Em algumas situações as SecretariasEstaduais de Agricultura podem proibir o uso dedeterminado(s) produto(s). Ao se pensar em controlequímico em milho, algumas considerações devem serfeitas: i - a seletividade do herbicida para a cultura; ii - aeficiência no controle das principais espécies na áreacultivada; e iii - o efeito residual dos herbicidas para asculturas que serão implantadas em sucessão ao milho.O uso de herbicidas, por ser uma operação de maiorcusto inicial, é indicado para lavouras médias e grandese com alto nível tecnológico onde a expectativa é deuma produtividade acima de 4.000 kg/ha. Embora seja,ultimamente, o método de controle com maior nível decrescimento, o controle químico, se utilizadoindiscriminadamente, pode vir a causar problemas decontaminação ambiental. Cuidados adicionais devemser tomados com o descarte de embalagens, oarmazenamento, o manuseio e a aplicação dosherbicidas.

Os herbicidas registrados para uso na cultura do milhopodem ser vistos nas Tabelas 1 e 2. O seu uso estávinculado aos cuidados normais recomendados nosrótulos pelos fabricantes e à assistência de um técnicoda extensão oficial ou do distribuidor.

Métodos de Aplicação de Herbicidas

A eficiência de um herbicida está intimamenterelacionada à sua aplicação, que deve ser feita demaneira uniforme e utilizando-se os equipamentos

Page 5: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

5Plantas Daninhas na Cultura do Milho

adequados a cada tipo de situação. Os problemasverificados na ineficiência do controle de plantasdaninhas na maioria dos casos estão relacionados àtecnologia de aplicação. Cerca de 46% dos problemasdas aplicações ocorrem na calibragem do pulverizador,5% na mistura de produtos e 12% na combinação dacalibragem e da mistura de produtos. Por outro lado,mais de 90% dos herbicidas ainda são aplicados viatrator (sistemas hidráulicos), embora a aplicação viaágua de irrigação tenha aumentado nos últimos anos.

Terrestre

A calibragem do sistema de aplicação terrestre deve serrealizada preferencialmente no local da aplicaçãoobservando-se os fatores que interferem na eficiênciados herbicidas. Os equipamentos tratorizadosapresentam quatro componentes básicos: tanque,regulador de pressão, bomba e bicos de aplicação, quedevem ser sempre verificados, evitando defeitos ouentupimentos que possam vir a tornar a aplicaçãoineficiente.

Aérea

A principal vantagem da aplicação aérea em relação àsaplicações terrestres tratorizadas ou manual é o menortempo gasto para tratar uma mesma área. Esse métodoé economica e tecnicamente viável somente em áreasextensas e planas. Aplicações aéreas apresentam altorisco de contaminação ambiental em função do altorisco de deriva, devendo portanto sempre seracompanhada por um técnico responsável.

Via irrigaçãoA aplicação de herbicidas via água de irrigação éconhecida como herbigação. Embora a adoção dessemétodo de aplicação tenha aumentado nos últimosanos ainda não existem herbicidas registrados paraessa modalidade. Além disso apenas alguns herbicidaspossuem características favoráveis à aplicação comágua de irrigação. Embora a herbigação apresentecomo vantagens a redução do custo de aplicação, oaumento da atividade herbicida, maior uniformidade deaplicação e maior compatibilidade com o sistema deplantio direto por não haver trânsito de máquinas na

época de controle das plantas daninhas, a aplicação,principalmente via pivô central pode apresentar riscosde contaminação ambiental e aumento do tempo deaplicação.

Normas Gerais Para o Uso de DefensivosAgrícolas

Antes da aquisição de qualquer defensivo agrícola deve-se fazer uma avaliação correta do problema e danecessidade da aplicação. Não adquira nenhumdefensivo agrícola sem receituário agronômico everifique a data de validade evitando comprar produtosvencidos e com embalagens danificadas. Não apliquedefensivos agrícolas sem estar vestindo osEquipamento de Proteção Individual (EPI) necessários.Fazer a tríplice lavagem da embalagem após o uso einutilizá-la por meio de furos. Toda embalagem vazia einutilizada de qualquer defensivo agrícola deverá serretornada aos pontos de compra (oriente-se junto aovendedor). Cumpra as suas obrigações e exija seusdireitos de consumidor.

Manejo de Plantas Daninhas no Milho“Safrinha”

As práticas de controle a serem adotadas no milho“safrinha” ou milho de segunda época, que é semeadoem sua maioria após a cultura de verão no final defevereiro e início de março, devem levar em conta que oplantio do milho nesse período apresenta maior risco eprodução menor que a época normal. Nesse período atemperatura do solo é menor, fazendo com que aemergência e o desenvolvimento das plantas daninhassejam menores e, por conseguinte, a pressão exercidapor elas é reduzida, especialmente as gramineas, quetem como época preferencial de emergência os mesesde outubro a dezembro. Somado a isso, a presença depalhada após a colheita da cultura antecessora aomilho aumenta a supressão das invasoras, reduzindo acompetição.

É importante lembrar que alguns herbicidas de efeitoresidual longo utilizados nas culturas de verão, comoexemplo o imazaquim utilizado na cultura da soja,podem causar prejuízos ao desenvolvimento do milhoque é plantado em seqüência.

Page 6: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

6 Plantas Daninhas na Cultura do Milho

Tabela 1. Alternativas de herbicidas pré-emergentes para o controle de plantas daninhas na cultura domilho. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 2004.

DOSENOME COMUM NOME COMERCIAL CONCENTRAÇÃO(g/L ou g/kg) i.a kg/ha Comercial

(kg ouL/ha)

acetochlor1 Kadett CEKadett

Surpass

840840768

2,52 – 3,362,52 -3,362,00 – 4,00

3,0 – 4,03,0 – 4,02,6 – 5,2

alachlor1 Alachlor NortoxLaço CE

480480

2,40 – 3,362,40 – 3,36

5,0 – 7,05,0 – 7,0

achlor + atrazine1 Alachlor + Atrazina SC NortoxBoxerAgimix

Alazine 500 SC

240 + 250300 + 180260 + 260250 + 250

2,94 – 3,433,36 – 4,323,12 – 4,163,50 + 4,00

6,0 – 7,07,0 – 9,06,0 – 8,07,0 – 8,0

amircabazone Dinamic 700 0,28 0,4

atrazine Atranex 500 SCAtrazina Nortox 500 SCAtrazine Atanor 50 SC

Atrazinax 500Coyote

Genius WGGesaprim 500 Ciba Geigy

Herbitrin 500 BRProof

Siptran 500 SCSiptran 800 WPGesaprim GRDA

500500500500500900500500500500800880

2,00 – 2,501,50 – 3,252,00 – 3,001,50 – 3,252,50- 3,000,90 – 2,702,00 – 2,502,00 – 2,502,00 -2,502,00 – 2,502,40 – 3,201,76 – 3,08

4,0 – 5,03,0 – 6,54,0 - 6,03,0 – 6,55,0 – 6,01,0 – 3,04,0 – 5,04,0 – 5,04,0 – 5,04,0 – 5,03,0 – 4,02,0 –3,5

atrazine +dimetenamide

Guardsman 320 + 280 4,0 – 5,0

zine + isoxaflutole2 Alliance WG 830 + 34 1,245 + 0,0511,660 + 0,068

1,5 - 2,0

atrazine +s-metolachlor

Primaiz GoldPrimagran GoldPrimestra Gold

370 + 230370 + 230370 + 290

1,95 – 2,401,95 – 2,402,15 – 2,97

3,25 – 4,03,25 – 4,0

3,25 – 4,50

azine + simazine Actiomex 500 SCAtrasinex 500 SC

Extrazin SCHerbimix SCPrimatop SC

Triamex 500 SCController 500 SC

250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250

2,00 – 3,001,75 – 3,501,80 – 3,403,00 - 3,503,00 – 4,001,75 – 3,01,75 – 3,0

4,0 – 6,03,5 – 7,03,6 – 6,86,0 – 7,06,0 – 8,03,5 – 6,03,5 – 6,0

cyanazine3 Bladex 500 500 1,50 – 2,25 3,0 – 45

2,4-D Aminol 806Capri

DeferonDMA 806 BR

Esteron 400 BRHerbi D-480

Tento 867 CSU 46 D – Fluid 2,4-D

670720400670400400720720

1,70 – 2,301,40 – 2,201,20 – 1,801,70 – 2,301,20 – 1,801,20 – 1,801,40 – 2,201,40 – 2,20

2,5 – 3,52,0 – 3,03,0 – 4,52,5 – 3,03,0 – 4,53,0 – 4,52,0 – 3,02,0 – 3,0

dimethenamide Alliance SCZeta 900

20900

50 - 801,125

2,5 – 4,01,25

isoxaflutole2 Provence 750 WG 750 60 80

linuron Linurex Agricur500PMAfalon SC

500450

0,6 – 2,00,72 – 1,49

1,2 – 4,01,6 – 3,3

s-metolachlor4 Dual Gold 960 1,44 – 1,68 1,5 – 1,750

pendimethalin5 Herbadox 500 CE 500 1,00 – 1,75 2,0 – 3,5

simazine5 Herbazin 500 BRSipazina 800 PM

500800

1,5 – 2,51,6 – 4,0

3,0 – 5,02,0 – 5,0

trifluralin Premerlin 600 CENovolate

Trifluralina Nortox Gold

600600450

1,8 – 2,40,54 -2,401,35 – 2,25

3,0 – 4,00,9 – 4,03,0 – 5,0

1 Utilizar a maior dose em solos com teor de material orgânica superior a 5%.

Page 7: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

7Plantas Daninhas na Cultura do Milho

Tabela 2. Alternativas de herbicidas pós-emergentes para o controle de plantas daninhas na cultura domilho. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 2004.

DOSENOME COMUM NOME COMERCIAL CONCENTRAÇÃO(g/L ou g/kg) i.a kg/ha Comercial

(kg ou L/ha)

alachlor + atrazine Agimix 260 + 260 3,12 – 4,16 6,0 – 8,0

ametryne1 Ametrina AgripecGesapax 500 Ciba Geigy

Gesapax GRDA

500500785

1,50 – 2,001,50 – 2,001,57 – 1,96

3,0 – 4,03,0 – 4,02,0 – 2,5

amircabazone Dinamic 700 0,28 0,4

amônio-glufosinato Finale 200 0,40 1,5

atrazine + bentazon Laddok 200 + 200 0,96 – 1,20 2,4 – 3,0

atrazine + glyphosate Gillanex 225 - 125 1,40 -2,10 4,0 – 6,0

atrazine + s-metolachlor

Primaiz GoldPrimagran GoldPrimestra Gold

370 + 230370 + 230370 + 290

1,95 – 2,401,95 – 2,402,15 – 2,97

3,25 – 4,03,25 – 4,03,25 – 4,50

atrazine + óleo vegetal2 PosmilPrimóleo

400 + 300400 + 300

2,0 – 2,82,0 – 2,4

5,0 – 7,05,0 – 6,0

atrazine + simazine Actiomex 500 SCAtrasinex 500 SC

Extrazin SCHerbimix SCPrimatop SC

Triamex 500 SCController 500 SC

250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250250 + 250

2,00 – 3,001,75 – 3,501,80 – 3,403,00 - 3,503,00 – 4,001,75 – 3,01,75 – 3,0

4,0 – 6,03,5 – 7,03,6 – 6,86,0 – 7,06,0 – 8,03,5 – 6,03,5 – 6,0

bentazon Basagran 480Basagran 600

Banir 480

480600480

0,720,72

0,72 – 1,2

1,51,2

1,5 – 2,5

2,4-D3 AminamarAminol 806

CapriDeferon

DMA 806 BRNavajo

Tento 867 SLU 46 BR

U 46 D – Fluid 2,4-DWeedar 806

2,4 D Agripec2,4 D Amina 72

806806868502806970867806806806867698

1,210,40 – 1,210,87 – 1,090,30 – 0,45

1,210,39 – 1,65

1,730,40 – 1,21

1,210,40 – 1,21

1,730,70 – 1,05

1,50,5 – 1,5

1,0 – 1,250,6 – 0,9

1,50,4 – 1,7

2,00,5 – 1,5

1,50,5 – 1,5

2,01,0 – 1,5

glyphosate Várias marcas comerciais

imazapic + imazapyr Onduty 525 + 175 52,0 + 17,5 100

mesotrione Callisto 480 0,144 – 0,192 0,3 – 0,4

nicosulfuron4 Nicosulfuron Nortox 40 SCNippon 40 SC

NissinSanson 40 SC

4040

75040

50 – 6052 – 60

52,5 – 6050 – 60

1,25 -1,51,3 – 1,570 - 80

1,25 – 1,50

foramsulfuron +iodosulfuron methyl

Equip Plus 300 - 20 0,038 – 0,048 120 - 150

dicloreto de paraquate5 Gramoxone 200Paradox

200200

0,3 –0,60,3 – 0,6

1,5 – 3,01,5 – 3,0

sulfosate Touchdown 480 0,48 – 2,88 1,0 – 6,0

1 Utilizar nas entrelinhas após o estádio de 50cm de altura do milho. Adicionar adjuvante.2 Aplicar quando as gramíneas estiverem no estádio de 3 folhas e as folhas largas no estádio

de 6 folhas.3 Aplicar com o milho com no máximo 4 folhas, antes da formação do cartucho.4 Não utilizar em misturas com inseticidas organofosforados. Verificar susceptibilidade de

cultivares.5 Aplicar nas entrelinhas quando o milho estiver com mais de 8 folhas.

Page 8: Mil Plantas Daninhas Na Cultura Do Milho - Karam 2006

8 Plantas Daninhas na Cultura do Milho

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Milho e SorgoEndereço: MG 424 Km 45 Caixa Postal 151 CEP35701-970 Sete Lagoas, MGFone: (31) 3779 1000Fax: (31) 3779 1088E-mail: [email protected] edição1a impressão (2006): 200 exemplares

Presidente: Antônio Álvaro Corsetti PurcinoSecretário-Executivo: Cláudia Teixeira GuimarãesMembros: Carlos Roberto Casela, Flávia FrançaTeixeira, Camilo de Lelis Teixeira de Andrade,José Hamilton Ramalho, Jurandir Vieira Magalhães

Editoração eletrônica: Tânia Mara Assunção Barbosa

Comitê depublicações

Expediente

Circular Técnica 79