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Goiânia, 16/10/2014
Milton Luiz Moreira Lima
Departamento de Produção Animal
Escola de Veterinária e Zootecnia - UFG
Fazendas Leite, l/dia Vacas em lactação Conc. kg/diA kg leite/kg conc
A 413 52 111 3,52:1
B 223 28 81 2,75:1
C 961 52 352 2,73:1
D 876 60 324 2,70:1
E 585 52 312 1,87:1
Processamento – Parte da variação de eficiência
Fonte: RODRIGUES (2008)
X
Alimentação – Principal componente do custo Processamento: eficiência de transformação de alimentos
em leite é fundamental para o sucesso do negócio.
Fazenda A
(R$ 0,54/L)
Fazenda B
(R$ 0,48/L)
Fazenda C
(R$ 0,50/L)
Produção, l/dia 674 407 847
Alimentação (ALI) R$ 110.480,00 R$ 21.530,00 R$ 75.035,00
Volumosos (VOL) R$ 41.000,00 R$ 6.770,00 R$ 24.600,00
Concentrados (CONC) R$ 69.480,00 R$ 14.760,00 R$ 50.435,00
(ALI/COE) x 100 73 % 51 % 65 %
Composição do milho
n Média
PB, % 637 8,5
EE, % 356 3,7
MM, % 305 1,2
CHOT, % - 86,6
Fonte: cnpsa.embrapa (2009)
CHOT = 87%
FDN = 12 % CNF = 75%
Outros = 12% Amido = 88%
Amido:
62 – 70% do Grão
Vítreo Floury
Endosperma
Textura do grão é determinada pela proporção
dos endospermas vítreo e floury
Quanto maior for a vitreosidade, maior será a
dureza do grão.
Considerações sobre textura e processamento
Cadeia produtiva do milho brasileira é focada em
atender a demanda indústria avícola.
Predominam no mercado os milhos de textura dura
(alta vitreosidade).
É pensamento da maioria que esta realidade NÃO será
alterada pela indústria leiteira.
Abril/2014. Valores em: Mil toneladas
Demanda de milho para consumo animal
Avicultura:
58% do consumo animal
31% da demanda total
Bovinocultura:
8,5% do consumo animal
4,5% da demanda total
Brasil - Textura do grão milho e participação
no mercado
Participação do mercado, %
Textura do grão Safra 2005/2006 Safra 2009/2010
Duros 32,9 28,3 - 4,6
Semiduros 48,1 56,6 + 8,5
Dentados 5,4 5,9 + 0,5
Fonte: Cruz e Pereira Filho (2005 e 2009)
Diferenças entre espécies
Textura do grão (vitreosidade) é irrelevante;
Grão incluído na ração: seco (baixo teor de umidade) e moído;
Geralmente apenas uma fonte (grão/amido) é incluída na ração;
Valor energético não é afetado pelo processamento.
Diferenças entre espécies
Textura do grão (vitreosidade) é relevante;
Grão incluído na ração: várias formas de processamento;
Mais de uma fonte de grão incluída na ração pode ocorrer com frequência;
Valor energético é afetado pelo processamento.
Vitreosidade está relacionada à concentração de prolaminas nos
diferente tipos de endosperma.
Prolaminas são proteínas associadas aos grânulos de amido em
todos os cereais.
Endosperma vítreo: maior concentração de
prolamina, maior encapsulamento dos grânulos
de amido, menor digestibilidade do amido.
Endosperma floury: menor concentração de
prolamina, menor encapsulamento dos grânulos
de amido, maior digestibilidade do amido.
Cereal Prolamina (nome) “nível de prolamina”
Trigo Gliadina Médio-baixo
Cevada Hordeína Baixo
Aveia Avenina Baixo
Milho Zeína Alto
Sorgo Kafirina Muito alto
Todos os cereais contêm prolaminas
OBS: os benefícios do processamento sobre o aproveitamento do
amido dependem do teor de prolamina. Maior teor, maior benefício.
TIPO DE ENDOSPERMA DO MILHO
HÍBRIDOS BRASILEIROS X AMERICANOS
VÍTREO, % Densidade, g/cm3
Híbridos Média Amplitude Média Amplitude
Brasileiros 73,1 64,2 – 80,0 1,268 1,218 – 1,292
Americanos 48,2 34,9 – 62,3 1,201 1,169 – 1,235
Fonte: Correa et al. (2002)
ENDOSPERMA E DISPONIBILIDADE RUMINAL DO AMIDO
Híbridos americanos
Híbridos brasileiros
Fonte: Correa et al. (2002)
35 a 62%
64 a 80%
64 a 84%
40 a 54%
DISPONIBILIDADE = A + B [ Kd/(Kd + Kp)], Kp = 0,08/h
Milhos de textura dura também são menos digestíveis no
trato total. Não ocorre compensação de digestão no
intestino.
Por que há variabilidade?
● Textura do grão
● Tamanho de partícula
● Método de processamento
● Método de conservação
DIGESTIBILIDADE DO AMIDO
VACAS LEITEIRAS
Meta ≥ 95%
Média = 90,6% (muito variável)
Amido nas fezes < 5% da MS, digestibilidade do
amido no trato total > 90%.
Fonte:Fredin et al. (2014)
A textura do grão e o processamento são determinantes de
parte da variabilidade da digestibilidade.
Fonte:Fredin et al. (2014)
Há interação entre textura e processamento
Grãos de textura mais “dura” precisam de processamento mais intenso.
Interação textura do grão x processamento
Tipo de endosperma x metas de processamento (moagem):
Milho dentados (endosperma floury > vítreo): < 1,5 mm
Milho duros (endosperma floury < vítreo): < 1,0 mm
Partículas, %
Textura > 250 m < 125 m
Duro 69,9 9,0
Dentado 61,9 15,6
1. Em um mesmo grau de processamento (peneira), o
milho de textura dura tem mais partículas grosseiras
Fonte: Philippeau et al. (1999)
MILHOS COM MAIOR PROPORAÇÃO DE ENDOSPERMA
VÍTREO SÃO MAIS DE DIFÍCEIS DE PROCESSAR.
2. Para moagem na granulometria fina (570 m) a demanda
de energia foi 14% maior para os grãos de textura dura em
relação aos de textura dentada (Factori et al., 2008)
Considerações sobre o processamento Em uma mesma ração, várias fontes
e formas de processamento dos
grãos. P
o
c
e
s
s
a
m
e
n
t
o
F
o
n
t
e
s
+
Considerações sobre o processamento
Contribuição das diferentes “fontes” de grão
Silagem de milho
MS, kg/dia Grão, % MS MS grão, kg Amido, kg/d
10,5 50 5,3 3,7
10,5 30 3,2 2,2
Milho moído fino
MS grão, kg/dia Amido, kg/dia
4,6 3,2
Contribuições para o amido total
Silagem de milho 41 a 54%
Concentrado 46 a 59%
NRC (2001)
Neste caso, a contribuição considerável da forragem para o
suprimento de amido determina que o processamento do
grão neste componente da ração pode ser determinante dos
resultados observados.
Contribuições para o amido total
Silagem de milho 41 a 54%
Concentrado 46 a 59%
Digestibilidade do amido. Mix de digestão do amido
originado de diferentes fontes.
Fonte:Fredin et al. (2014)
Digestão do amido da
forragem + concentrado.
VARIABILIDADE:
Fonte: Johnson et al. (1999)
Tamanho médio de corte
Sem
ente
s in
teir
as,
% d
a M
S
Corte e sementes nas fezes
Grãos inteiros presentes na silagem de milho, %
Dig
est
ibilid
ade d
o a
mid
o (
TT),
%
Adaptado de Johnson et al. (2002)
SILAGEM DE MILHO: PROCESSAMENTO E QUALIDADE
NÃO PROCESSADA
PROCESSADA
58
100 96
88
50
60
70
80
90
100
Sem 1 mm 3 mm 8 mm
% d
os
grã
o p
rocess
ados
Processador, distância em mm
Adaptado de Schuler (2009)
Eficiência do processador
Métodos de processamento empregados
Secos
Quebra
Moagem
Laminação
Tostagem OBS: Aplicáveis a indústria de produtos acabados.
Úmidos
Floculação
Explosão
Cozimento sob pressão
Ensilagem OBS: Menos aplicáveis a indústria de produtos acabados.
Fonte: Hale (1973)
Métodos de processamento empregados
Valor energético do milho e do sorgo PAF NDT1x
Milho
Moído seco 1,00 88,7
Quebrado seco 0,95 84,9
Moído alta umidade 1,04 91,5
Laminado alta umidade 1,00 88,5
Floculado à vapor 1,04 91,7
Sorgo
Laminado seco 0,92 80,6
Floculado à vapor 1,04 89,4
Efeito do
processamento (PAF)
sobre a digestão do
amido e valor de NDT.
Milho x sorgo: efeito da
concentração de prolamina
sobre a digestão do amido. Fonte: NRC (2001)
Intestino grosso
Intestino delgado
Rúmen
Dig
est
ão d
o a
mid
o n
o t
rato
to
tal,
%
Função do PAF
(Fator de Processamento)
Ajustar NDT de CNF para o efeito
da intensidade do processamento
sobre a digestilidade do amido no
trato total.
PROCESSAMENTO DO MILHO E SORGO PARA
VACAS LEITEIRAS
Administrar os benefícios e os riscos da
intensidade do processamento.
Intensidade do processamento, digestão
do amido e eficiência energética
Fermentação Enzimático
Fermentação
Vacas leiteiras
Alimento Partícula Kp, %/h % digerida
Milho “coarsely cracked” 4,3 mm 0,044 45
Milho “cracked” 2,6 mm 0,063 53
Milho “fine ground” 0,7 mm 0,091 66
Milho “floculado a vapor” 2,9 mm 0,105 75
O aumento da intensidade do processamento
aumenta a digestibilidade ruminal do amido.
Fonte:Lykos e Varga (1995)
Fermentação Enzimático
Fermentação
X
“Considerando o consumo de quantidade igual de amido, no milho moído fino maior proporção do amido é digerida no rúmen, passando menor quantidade para ser digerida no intestino delgado. Para vacas leiteiras o que é energeticamente mais interessante? A digestão ruminal ou intestinal do amido?”
Fermentação Enzimático
Fermentação
AGCC
C3
Absorção
Fígado
Glicose
Perdas de fermentação
ATP
P. Microb.
Fezes
Perdas de fermentação
ATP
P. Microb.
I. Delgado
Digestão
AA
Digestão Glicose Absorção
Intestino grosso
Intestino delgado
Rúmen
Dig
est
ão d
o a
mid
o n
o t
rato
to
tal,
% 24,6/(24,6 + 16,1) = 60% 70% 54%
Além disso, a redução na degradação do amido
ruminal do amido através do processamento
menos intenso não é compensada pela
digestibilidade no intestino.
Benefícios do aumento da intensidade de
processamento
Aumento na digestibilidade do amido;
- Rúmen
- Trato total
Aumento da produção de leite;
Aumento do teor de proteína do leite;
Aumento da produção de sólidos do leite;
Aumento da eficiência de uso do nitrogênio da ração;
- Redução do impacto ambiental da atividade leiteira
- Redução na concentração de NUL (benefícios na reprodução)
Existe correlação positiva entre a digestão do
amido e a produção de leite
Digestão no amido no trato total, % do amido
Pro
du
ção
de
leit
e, k
g/d
ia
Fonte:Firkins et al. (2001)
Grosseiro Mistura1 Fino
Granulometria 2.500 m 50/50 1.100 m
Consumo, kg MS 22,3 23,0 23,0
Leite, kg/dia 31,4 32,8 34,2
Gordura, % 3,59 3,64 3,73
Proteína,% 3,19 3,26 3,29
GMD, kg/dia + 0,154 + 0,272 + 0,304
GRANULOMETRIA DO MILHO E DESEMPENHO
Fonte:Hutjens (2000)
Processamento Leite, kg/d Proteína,% Proteína, g/d Gordura,% Gordura,g/d
Seco, laminado 30,9 3,09 945 3,59 1109
Seco, moído 31,5 3,18 1001 3,53 1112
Seco, moído fino 32,4 3,02 978 3,49 1131
Laminado, Vapor 31,9 3,10 989 3,49 1113
Floculado, Vapor 32,5 3,10 1007 3,36 1092
AU, Laminado 32,5 3,17 1030 3,54 1150
AU, moído 33,9 3,17 1074 3,37 1142
Firkins (2001)
Processamento e leite (produção e composição)
da intensidade = da produção
Aumento da degradação ruminal do amido através do
processamento favorece o aumento do teor de
proteína do leite.
Fonte:Ferraretto et al.(2012)
Porém, o aumento da degrabilidade ruminal do
amido através do processamento pode afetar
negativamente o teor de gordura do leite.
Fonte:Ferraretto et al.(2012)
● Rebanho 350 vacas;
● Aumentou o grau de moagem;
● Dois dias: 16 para 12 mg/dL;
● N urina: - 50 g de N/vaca/dia;
● N urina: - 5.300 kg de N/ano;
● + 1,14 kg de leite/vaca/dia.
Moagem do milho
Fonte: Baker e Munson (2011)
Aumento da intensidade do processamento e vários efeitos no rebanho.
Produção de leite de vacas suplementadas com
milho seco quebrado (Dry corn) ou milho de alta
umidade (HMC). USA.
Suplementadas com 6,3 kg de MS de grão/dia
Substituição do milho moído seco por milho processado de
diferentes formas. BR. Trat. MM = 5,4 kg/d. Demais = 1,8 kg MM + 3,6 kg outros processamentos
Riscos do aumento da intensidade de
processamento
Redução da digestibilidade da FDN no trato total;
- Digestão de CHOs (FDN + CNF) no TT pouco alterada.
Maior probabilidade de ocorrência de acidose;
Aumenta a ocorrência de depressão do teor de gordura do leite.
O aumento da degradação ruminal do
amido pode ser “compensado” pela
redução na degradação rumenal da
FDN.
NRC (2001):Plascencia e Zinn, 1996; Joy
et al.,1997; Crocker et al.; Yu et al.,
1998; Dann et al., 1999.
Laminado Milho floculado, g/L
Digestão Seco 0,39 0,32 0,26
Rumenal,%
Amido 47 45 65 69
FDA 50 42 37 25
Total,%
Amido 77 93 97 98
FDA 45 50 42 40
PROCESSAMENTO DO MILHO E DIGESTÃO:
AMIDO E FDA
Fonte:Plascencia e Zinn (1996)
Efeito do processamento na digestibildade
ruminal do amido. Mesmo teor de amido,
grande variação na digestibilidade ruminal
do amido.
Como não há compensação de digestão no
intestino grosso, o efeito negativo do
processamento sobre a digestibilidade da
fibra no trato total não é “anulado”.
Dias dos períodos experimentais
Adaptação: 1 a 26 Desafio: 27 e 28
Tratamentos
Milho moído fino sem aditivo Milho alta umidade
Milho moído fino com aditivo (56 g de levedura/vaca/dia) Milho alta umidade
Sem levedura
Adaptação Desafio
Gordura, g/100g 3,34 3,03
Gordura, kg/dia 1,42 1,30
Adaptado de Longuski et al.(2009)
*Desafio: substituição total do milho moído fino por milho de alta umidade
Troca abrupta da ração (processamento do grão) e depressão da gordura do leite.
Carboidrato % da MS Manipulação na ração
Amido 20 – 26 Reduzir o teor de amido quando a degradabilidade ruminal aumenta.
Amido degradável no rúmen 16 – 22 Reduzir a concentração quando FDNf e FDNpe da ração são baixos
FDN 28 – 35
Aumentar quando a digestibilidade dos CNF e do amido aumentarem, ou quando a digestibilidade ruminal da FDN aumentar.
FDN forragem 16 – 23
FDNpe > 20
Processamento, amido, características da
ração e administração do risco de acidose.
Fonte: Santos (2011)
TEXTURA DO GRÃO E DIGESTÃO DO AMIDO
Duro (flint) Dentado (dent)
Degradabilidade ruminal do amido, % 46,2 61,9
Fonte: Philippeau et al. (1999)
Duro (flint) Dentado (dent)
Digestibilidade do amido trato total, % 89,6 95,8
Adaptado de Lopes et al. (2009)
Rúmen
Rúmen + intestino (trato total)
Granulometria, mm Digestibilidade do amido, %
0,7 91,4
1,8 86,0
3,7 69,5
Fonte: Remond et al. (2004)
Parte da variação do NDT é explicada pela
alteração na digestibilidade no trato total.
Milho Sorgo Casca Casca+milho
Amido Amido FDN+FS Amido+FDN+FS P
Leite, kg/dia 21,1 20,6 19,8 20,1 ns
Leite 4%, kg/dia 18,5 18,4 18,6 18,5 ns
Gordura, % 3,17 3,30 3,58 3,44 0,06
Proteína, % 2,81 2,92 2,91 2,94 ns
Lactose, % 4,53 4,38 4,40 4,60 0,06
Gordura, kg/dia 0,668 0,679 0,711 0,700 ns
Proteína, kg/dia 0,591 0,600 0,574 0,589 ns
Lactose, kg/dia 0,960 0,902 0,870 0,925 0,04
NUL, mg/dL 9,10 9,27 10,70 11,00 ns
Gordura:Proteína 1,13 1,14 1,23 1,18 ns
Fonte de CHO do suplemento e desempenho
de vacas em lactação mantidas em pastagens
Fonte: Santos et al. 2014 (dados parciais)
PROCESSAMENTO DO MILHO, CONSUMO E
GANHO DE PESO (ESALQ/USP)
PROCESSAMENTO:
laminado x moído fino x floculado
Resultados:
Sem diferença no consumo de MS;
GMD (kg/d)
Laminado Moído fino Floculado
1,21 1,35(+11%) 1,40(+16%)