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“MINHA CASA E SU CASA, QUERIDO”: A EROTIZAÇÃO E A INVEJA DA PROSTITUTA DORA Rafael Venâncio Hermano de França Rodrigues (Orientador) Resumo: A figura da prostituta, nas obras de ficção, poucas vezes retratada, é marcada pelo estereotipo de mulher extremamente sensual e dissimulada, ou, em outro extremo, como pura de coração, apesar das atitudes do corpo. Poucos autores se aventuraram na empreitada de colocá-las em suas obras durante o séc. XIX, e muitos do século posterior investiram pesado na erotização de seu corpo. Atualmente a teledramaturgia faz surgir personagens que vivem da prostituição e, aparentemente, gozam com isso, apesar de, mais tarde, suas alegrias se mostrarem uma máscara para ocultar a insatisfação de não serem valorizadas pela sociedade patriarcal ou, especificamente, pelo homem que amam. Este é o caso da cafetina Dora, da minissérie brasileira Amorteamo, exibida de 8 de maio a 5 de junho de 2015, veiculada pela Rede Globo de Televisão, de autoria de Cláudio Paiva , Guel Arraes e Newton Moreno , dona de um sofisticado cabaré no Recife do século XX. A cafetina, possuidora de uma beleza incomparável, controla com mão de ferro às demais prostitutas que estão em sua casa de prazer colocando-se como a instrutora e provedora do conforto e comodidade para que os encontros com os poderosos clientes se realizem, ao mesmo tempo em que carrega consigo o peso da morte do único homem que amou, cujo fim causou por ciúmes de vê-lo se entregar a outra mulher e abandoná-la sem maiores explicações. Numa inter-relação entre a psicanálise de base freudiana e a literatura , com os pressupostos teóricos de Bataille e o Bassermann, nossa pesquisa pretende analisar a figura desta ambivalente

Minha Casa e Su Casa Prostituta Dora

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Page 1: Minha Casa e Su Casa Prostituta Dora

“MINHA CASA E SU CASA, QUERIDO”: A EROTIZAÇÃO E A INVEJA DA PROSTITUTA DORA

Rafael Venâncio Hermano de França Rodrigues (Orientador)

Resumo:

A figura da prostituta, nas obras de ficção, poucas vezes retratada, é marcada pelo estereotipo de mulher extremamente sensual e dissimulada, ou, em outro extremo, como pura de coração, apesar das atitudes do corpo. Poucos autores se aventuraram na empreitada de colocá-las em suas obras durante o séc. XIX, e muitos do século posterior investiram pesado na erotização de seu corpo. Atualmente a teledramaturgia faz surgir personagens que vivem da prostituição e, aparentemente, gozam com isso, apesar de, mais tarde, suas alegrias se mostrarem uma máscara para ocultar a insatisfação de não serem valorizadas pela sociedade patriarcal ou, especificamente, pelo homem que amam. Este é o caso da cafetina Dora, da minissérie brasileira Amorteamo, exibida de 8 de maio a 5 de junho de 2015, veiculada pela Rede Globo de Televisão, de autoria de Cláudio Paiva, Guel Arraes e Newton Moreno, dona de um sofisticado cabaré no Recife do século XX. A cafetina, possuidora de uma beleza incomparável, controla com mão de ferro às demais prostitutas que estão em sua casa de prazer colocando-se como a instrutora e provedora do conforto e comodidade para que os encontros com os poderosos clientes se realizem, ao mesmo tempo em que carrega consigo o peso da morte do único homem que amou, cujo fim causou por ciúmes de vê-lo se entregar a outra mulher e abandoná-la sem maiores explicações. Numa inter-relação entre a psicanálise de base freudiana e a literatura, com os pressupostos teóricos de Bataille e o Bassermann, nossa pesquisa pretende analisar a figura desta ambivalente personagem e a forma como, por meio da erotização do corpo, se constitui desejável para os homens que frequentam seu estabelecimento.

Palavras-chave: Prostituta. Erotização. Psicanálise.