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APOSTILA DO CURSO REPRODU˙ˆO DE PEIXES ORNAMENTAIS DE `GUA DOCE NO˙ES B`SICAS Palestrante: Mauricio K. Nagata Zootecnista, Pesquisador Cientfico do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento de Peixes Ornamentais do Instituto de Pesca 1. INTRODU˙ˆO 1.1. Mercado 1.2. Instalaıes 1.3. Saœde 1.4. Qualidade de Ægua para a reproduªo 1.5. Alimentaªo para a reproduªo 1.6. Outros fatores que podem influenciar a reproduªo 2. REPRODU˙ˆO, LARVICULTURA E ALEVINAGEM 2.1. Vivparos 2.2. Killifishes 2.3. Ciprindeos (Cipriniformes) 2.4. Caracdeos (Caraciformes) 2.5. Anabantdeos (Anabantides) 2.6. Cicldeos 2.7. Catfishes (Siluriformes) 3. ALIMENTA˙ˆO E CRIA˙ˆO DOS ALEVINOS 4. LITERATURA CONSULTADA

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  • APOSTILA DO CURSO

    REPRODUO DE PEIXES ORNAMENTAIS DE GUA DOCE NOES BSICAS

    Palestrante: Mauricio K. Nagata Zootecnista, Pesquisador Cientfico do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento de Peixes Ornamentais do Instituto de Pesca 1. INTRODUO

    1.1. Mercado 1.2. Instalaes 1.3. Sade 1.4. Qualidade de gua para a reproduo 1.5. Alimentao para a reproduo 1.6. Outros fatores que podem influenciar a reproduo

    2. REPRODUO, LARVICULTURA E ALEVINAGEM

    2.1. Vivparos 2.2. Killifishes 2.3. Ciprindeos (Cipriniformes) 2.4. Caracdeos (Caraciformes) 2.5. Anabantdeos (Anabantides) 2.6. Cicldeos 2.7. Catfishes (Siluriformes)

    3. ALIMENTAO E CRIAO DOS ALEVINOS 4. LITERATURA CONSULTADA

  • 1. INTRODUO A reproduo dos peixes de aqurio seria o ponto culminante do aquarismo,

    pois, para obt-la, o aquarista deve ter certa experincia na manuteno dos mesmos, alm de que, para muitas espcies, deve-se proporcionar condies adequadas para que ela ocorra. Assim, o interessado deve adquirir o mximo de informaes, atravs de literatura, troca de idias com criadores e aquaristas mais experientes, internet e outras fontes de conhecimento.

    Reproduo de peixes de aqurio 1. Seleo de espcies

    disponibilidade facilidade de reproduo, instalaes e condies requeridas

    2. Seleo de estoque reprodutor com caractersticas desejadas colorao, forma do corpo, nadadeiras, olhos, cabea sade, vigor, alimentao

    3. Condicionamento para reproduo temperatura, fotoperodo (comprimento do dia) qualidade da gua dieta

    4. Reproduo temperatura, fotoperodo qualidade da gua compatibilidade dos reprodutores meio (substrato) de desova sobrevivncia de ovos e larvas

    5. Recuperao dos reprodutores separao dos sexos retorno ao item 3 (condicionamento para a reproduo)

    6. Larvas seleo constante (triagem) crescimento e terminao venda ou retorno ao item 2 (seleo de estoque reprodutor com

    caractersticas desejadas)

  • 1.1. Mercado Definir a finalidade da criao: lazer (hobby, desafio), pesquisa (manuteno de espcies raras ou no), comrcio (lucro). Criao comercial Registro de Aqicultor Instruo Normativa no 5, de 18 de janeiro de 2001(IN no 5) aqicultores devero fazer o cadastramento junto s Delegacias Federais do Ministrio da Agricultura de seus Estados (endereos no site http://www.agricultura.gov.br/dfa/index.htm) apresentar documento de identidade e CPF (pessoa fsica) e CGC (pessoa jurdica), formulrio preenchido (encontrados nas delegacias do MA e ou no site do DPA http://www.agricultura.gov.br/dpa/aquicola/aquicola27.htm ou http://www.agricultura.gov.br/dpa/aquicola/instnormativa04.doc, depsito da taxa anual (o pagamento do valor do registro de aqicultor ser calculado com base no somatrio das reas de todas as Unidades de Aqicultura de propriedade do requerente). Escolha da espcie ou variedade a ser criada vai depender:

    da pesquisa de mercado do local onde se pretende vender a produo. A demanda varia conforme a regio (localizao geogrfica), poca do ano, modismos, marketing;

    da verificao da concorrncia ou fornecedores habituais quanto s espcies ou variedades oferecidas, quantidade e qualidade dos produtos, periodicidade de entrega, preos;

    das condies disponveis: qualidade e quantidade de gua, clima e a possibilidade de controle das variveis ambientais (temperatura, fotoperodo), sistema de cultivo (ver Instalaes);

    da viabilidade de desenvolvimento e crescimento do animal nessas condies (adaptao e resistncia ao manejo geral, alimentar e sanitrio);

    da possibilidade do controle da reproduo (natural ou induzida). Dependendo do tipo e tamanho da produo pode-se optar pelo escoamento (venda) para:

    atacadistas grandes volumes, menor preo unitrio; lojas menor volume, maior variedade, preo geralmente um pouco

    melhor; hobistas (aquaristas) especializados produto diferenciado (espcies,

    populaes ou variedades mais raras, elaboradas ou difceis), poucos exemplares, preos elevados.

    Obs.: Levar em considerao despesas de embalagem e frete.

    Normas de exportao e importao de peixes ornamentais vivos (informaes no IBAMA) Exportao considerar o envio de amostra de material verificar viabilidade de cumprimento do contrato (qualidade, quantidade e fornecimento regular) planejamento (cooperativa tradio, experincia). Importao todas as espcies de peixes ornamentais esto liberadas. Para criao de alguma espcie, deve-se enviar uma carta-consulta ao IBAMA para anlise de cada caso.

  • 1.2. Instalaes Varia conforme o sistema de produo

    sistema semi-intensivo reas rurais tanques externos (terra, alvenaria, revestimentos plsticos, caixas dgua, piscinas) para reproduo, crescimento e terminao proteo contra predadores e competidores;

    sistema intensivo reas rurais/urbanas estufas para reproduo, larvicultura e alevinagem em aqurios, tanques ou caixas dgua, permitindo um maior controle ambiental. O crescimento e a terminao so realizados em tanques externos (mesmos do sistema semi-intensivo);

    sistema super-intensivo reas urbanas ambiente controlado em todas as fases da criao (estufas ou salas de criao com aqurios, caixas dgua e outros recipientes) alto investimento escolha de espcies, variedades ou linhagens mais valorizadas (raras e/ou exigentes).

    1.3. Sade

    O plantel (matrizes e reprodutores) deve ser saudvel, atravs de sua obteno em criadores idneos e pela realizao de quarentena (imprescindvel, independente da origem) e, se necessrio, a aplicao de tratamentos adequados conforme diagnsticos confiveis. A profilaxia (preveno), fornecimento de ambiente ideal e manejo adequado so importantes para a manuteno da sade e conseqente produo e reproduo dos peixes. 1.4. Qualidade de gua para a reproduo

    1.4.1. Temperatura faixa trmica ideal para cada espcie 1.4.2. pH determina a acidez do ambiente (gua), existindo uma amplitude

    ideal para cada espcie 1.4.3. Dureza

    1.4.3.1. Alcalinidade concentrao total de sais em mg/L (ppm) de equivalente de carbonato (CO3-2) e bicarbonato (HCO3-) a capacidade de neutralizao das oscilaes de pH (poder tampo). Em piscicultura recomenda-se acima de 60 mg/l.

    1.4.3.2. Dureza teor de ons de Ca+2 e Mg+2 combinados a carbonatos e bicarbonatos. Tambm medida em graus alemes (dHo).

    gua mg/litro CaCO3 (ppm) dHo

    Mole (macia) 0-50 3 Moderadamente mole 50-100 3-6 Levemente dura 100-200 6-12 Moderadamente dura 200-300 12-18 Dura 300-450 18-25 Muito dura Acima de 450 Acima de 25

    1.4.3.3. Condutividade eltrica indica a quantidade de sais (ons) dissolvidos na gua disponibilidade de nutrientes.

  • 1.4.4. Compostos nitrogenados aminocidos (relacionados com a reproduo de algumas espcies), amnia (quanto mais alcalina est a gua, maior quantidade de amnia na forma txica para os organismos aquticos; tambm a forma mais facilmente absorvida pelos vegetais aquticos), nitrito (tambm txico, o sal pode diminuir seus efeitos) e nitratos (txico em concentraes elevadas, utilizados por plantas palustres e terrestres).

    1.4.5. Gases dissolvidos 1.4.5.1. Oxignio importante para os animais, vegetais e bactrias

    aerbias (ciclo do nitrognio) 1.4.5.2. Gs Carbnico importante para os vegetais, auxilia na ecloso

    dos ovos de algumas espcies (killifishes) 1.4.6. Cloro, Flor, Cobre a gua de torneira das cidades geralmente sofre

    tratamento com produtos que, dependendo das concentraes, podero ser txicos para os organismos aquticos. Assim, ela deve ser tratada antes de seu uso (descanso em recipientes neutros, aerao, filtro de carvo ativado, adio de produtos que neutralizam o cloro e outros metais pesados)

    1.4.7. Esterilizao da gua reproduo de espcies sensveis, controle de microrganismos e algas unicelulares equipamentos adequados para evitar problemas

    1.4.7.1. Oznio 1.4.7.2. Raios (Luz) ultra-violeta

    1.5. Alimentao para a reproduo

    Deve suprir as exigncias de manuteno e fornecer elementos necessrios para o desenvolvimento dos produtos sexuais, evitando-se excessos de alimentos inadequados, isto , deve-se ter informaes sobre a predominncia do hbito alimentar do animal (carnvoro, onvoro ou herbvoro)

    1.5.1. Alimentos vivos 1.5.1.1. Vermes (tubifex, minhoca, enquitria, microverme) 1.5.1.2. Insetos (larvas de quironomdeo bloodworm, de mosquitos,

    larvas e adultos de drosfila e mosca) 1.5.1.3. Crustceos (artemia, cladceros dfnias, coppodos cclopes)

    1.5.2. Alimentos frescos 1.5.2.1. Origem animal (carne, fgado, corao de mamferos, aves e

    peixes) 1.5.2.2. Origem vegetal (algas, verduras e legumes)

    1.5.3. Alimentos industrializados 1.5.3.1. Raes (em flocos, granulada, peletizada, tabletes) 1.5.3.2. Alimentos desidratados (mesmos dos vivos e frescos) 1.5.3.3. Alimentos congelados (mesmos dos vivos e frescos)

    1.6. Outros fatores que podem influenciar a reproduo

    1.6.1. Fotoperodo (comprimento do dia) e temperatura 1.6.2. Estmulos qumicos (feromnios), visuais, de som (vibrao) ou toque

    (tato) do sexo oposto 1.6.3. Uso de hormnios naturais ou sintticos, na gua ou no animal

    (injetados)

  • 2. REPRODUO, LARVICULTURA E ALEVINAGEM Os peixes apresentam os mais variados mecanismos de reproduo como o gonocorstico ou bissexuado (ovuliparidade, oviparidade, ovoviviparidade, viviparidade), o hermafrodita (simultneo ou seqencial), o partenogentico (ginogentico), hibridognese e superfetao. 2.1. Vivparos so representados principalmente pela famlia dos Poecildeos

    (lebistes, platis, espadas e molinsias com diversas variedades de cor e formas de nadadeira e corpo) na qual os machos possuem a nadadeira anal modificada em rgo reprodutor (gonopdio) que permite a deposio dos espermatforos no poro genital das fmeas, ocorrendo a fecundao interna, prenhez e pario (as fmeas podem armazenar os espermatforos, podendo parir vrias vezes aps uma nica fecundao). Deve-se utilizar mtodos que permitam a fuga dos recm nascidos da voracidade dos adultos (telas, plantas). Os alevinos aceitam nuplios de artmia e alimentos finamente modos logo aps algumas horas do nascimento. Outros vivparos so os meio-bico (Dermogenys), tralhoto (Anableps),etc.

    Mtodos para proteo dos recm nascidos Aqurio com adensamento de plantas

    Uso de maternidades (vidro, tela)

    Para a produo ou manuteno de variedades ou linhagens deve-se: selecionar matrizes com as caractersticas desejadas, separar a prole por sexo (assim que possvel), oferecer timas condies de crescimento e reiniciar a seleo de novos reprodutores. Utilizar-se de informaes genticas (herdabilidade, consanginidade, cruzamentos,etc.).

  • Tabela de dados reprodutivos Vivparos Espcie Temp.

    (o C) pH Dureza

    (ppm CaCO3)

    Dias entre partos

    Nmero de crias / parto

    Primeira alimentao

    Lebiste ou guppy (Poecilia reticulata)

    23-26 7,0 100-150 28-32 20-200 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Molinsia (P. sphenops)

    23-28 7,5 150-180 0,5 a 1,5 g /L sal

    40-70 20-60 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Molinsia (P. latipinna)

    23-28 7,8 150-180 0,5 a 1,5 g /L sal

    70 20-80 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Molinsia (P. velifera)

    23-28 7,5 150-180 0,5 a 1,5 g /L sal

    60-70 30-200 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Plati (Xiphophorus maculatus)

    23-26 7,0 100-150 28-42 10-80 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Espada (X. helleri)

    23-26 7,2 100-150 28-42 20-100 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Meio-bico (Dermogenys pusillus)

    26 7,0 0,5 a 1,5 g /L sal

    40-45 10-20 Nuplios de artmia, rao finamente moda

    2.2. Killifishes so os ciprinodontdeos, principalmente da famlia dos aploqueildeos, subfamlia dos aploqueilneos (Aphyosemion, Nothobranchius) e dos rivulneos (Cynolebias, Rivulus). Para a reproduo, preferem gua ligeiramente cida e mole. So muito suscetveis doena do veludo (oodinum). Recomenda-se a utilizao de sal (1 colher de caf para cada 4 litros de gua). Conforme o comportamento reprodutivo podem ser divididos em:

    2.2.1. Anuais - desova em substrato no fundo como turfa, xaxim, esfagno (musgo), fibra de coco (bem modos e fervidos) ou l acrlica (podem ser colocados dentro de potes para facilitar sua coleta). Aps uma ou duas semanas, o substrato coado, seco (umidade semelhante ao fumo de cachimbo) e armazenado em sacos plsticos por perodo adequado a cada espcie (1 a 6 meses). Aps esse perodo, adiciona-se gua para que ocorra a ecloso. Geralmente so oferecidos infusrios (espcies que nascem menores) ou nuplios de artmia (espcies que nascem maiores).

  • 2.2.1.1. Aradores (Nothobranchius) desovam na superfcie do substrato

    2.2.1.2. Mergulhadores (Cynolebias) - mergulham dentro do substrato,

    que deve ter uma maior profundidade

    2.2.2. No-anuais - desova em substrato na superfcie da gua, razes de plantas flutuantes, ninhos artificiais confeccionadas de l acrlica presa em flutuadores (isopor, cortia), em plantas submersas. O ninho ou ovos so colocados em recipientes parte para incubao em gua, que dura de 10 a 21 dias para os rvulos e afiosmions (mdia de 14 dias). A alimentao semelhante aos anuais.

    2.2.3. Semi-anuais - desova facultativa no fundo e na superfcie (Fundulopanchax). O tempo de incubao geralmente intermedirio entre os no-anuais e os anuais (45 dias ou mais).

  • Aqurio de desova de no-anuais e semi-anuais

    Tabela de dados reprodutivos Killifishes Espcies Temp

    (oC) pH Dureza (ppm

    CaCO3) Nmero de ovos

    Tipo de desova

    Australe (Aphyosemion australe)

    24 6,5 20-50 200-300 No-anual

    Bivitato (A. bivittatum)

    24 6,5 20-50 200-250 No-anual

    Blue gularis (Fundulopanchax sjoestedti)

    24 6,5 20-50 100-200 Semi-anual (facultativo)

    Lineatus (Aplocheilus lineatus)

    25 6,5 80-120 100-150 No-anual

    Nigripnis (Cynolebias nigripinnis)

    18 6,2 10-50 50-80 Anual (mergulhador)

    Rvulo (Rivulus cilindraceus)

    25 6,8 80-100 100-150 No-anual

    2.3. Ciprindeos (Cipriniformes) so as carpas, kinguios, barbos, dnios e rsboras. Normalmente desovam em cardumes. Os ovos podem ser adesivos a substratos como plantas submersas, razes de plantas flutuantes ou ninhos artificiais (carpa, kinguio, rsbora arlequim). Os ovos no adesivos so produzidos pelos dnios (paulistinha, dnio leopardo, prola, gigante), indo ao fundo e alojando-se entre pedras e seixos. Os barbos e outras espcies de rsbora so dispersadores de ovos, onde parte se adere a substratos e parte vai ao fundo (semi-adesivos). Retira-se os pais. De um a quatro dias ocorre a ecloso, espera-se mais trs ou quatro dias para a absoro do saco vitelnico, iniciando-se a alimentao com infusrios, nuplios de artmia ou rao finamente moda, dependendo do tamanho da ps-larva.

  • Ovos adesivos Kinguios e carpas

    Rsbora arlequim

    Ovos no adesivos

    Dnios

  • Ovos semi-adesivos Barbos, tancts e outras espcies de rsbora

    Tabela de dados reprodutivos - Cipriniformes

    Espcie Temp. (o C)

    pH Dureza (ppm CaCO3)

    Nmero de ovos Ecloso

    Tipo de ovos

    Primeira alimentao

    Kinguio (Carassius auratus)

    >15 6,8 100-150 1000-3000, 3-4 dias

    Adesivos gua verde, infusrios, alimento lquido para ovparos

    Rsbora arlequim (Rasbora heteromorpha)

    28 5,5 a

    6,0

    20-60 50-250, 24-30 horas

    Adesivos, na parte

    inferior de folhas largas

    Infusrios, alimento lquido para ovparos e nuplios de artmia

    Dnios, paulistinha Danio (=Brachydanio)

    22-24 6,8 a

    7,0

    100-150 100-400, 24 horas

    No adesivos

    de fundo

    Infusrios, alimento lquido para ovparos e nuplios de artmia

    Barbo sumatrano (Capoeta tetrazona)

    26-28 6,5 a

    6,8

    80-120 150-300, 36 horas

    Semi-adesivos plantas e fundo

    Nuplios de artmia, rao finamente moda

    Tanctes (Tanichthys albonubes)

    18-24 7,2 100-150 50-150, 24 horas

    Semi-adesivos plantas e fundo

    Nuplios de artmia

    2.4. Caracdeos (Caraciformes) em aqurios, so representados principalmente pelos tetras. Para a reproduo, geralmente so mais exigentes, em relao aos cipriniformes, quanto qualidade da gua (mole e cida). O par se afasta do cardume e acasala perto de plantas ou reas livres

  • (alguns, como os rodstomos, acasalam-se em cardume). Os pais so retirados.Os ovos so semi-aderentes aos substratos (plantas, ninhos artificiais), podendo cair ao fundo e so sensveis qualidade de gua e luz. A incubao leva de 24 a 36 horas e no 5o ou 6o dia j absorveram o saco vitelnico, devendo-se iniciar a alimentao adequada ao tamanho das ps-larvas (infusrios, alimento lquido para ovparos, microverme, nuplios de artmia).

    Tabela de dados reprodutivos - Caraciformes

    Espcie Temp. (o C)

    pH Dureza (ppm CaCO3)

    Nmero de ovos Ecloso

    Tipo de ovos

    Primeira alimentao

    Neon verdadeiro (Paracheirodon innesi)

    23-24 5,5 a

    6,0

    0-40 80-120, 24

    horas

    Semi-adesivos

    plantas e fundo

    Infusrios, alimento lquido para ovparos

    Neon cardinal (Paracheirodon axelrodi)

    28 5,5 a

    6,5

    0-40 80-120, 24

    horas

    Semi-adesivos

    plantas e fundo

    Infusrios, alimento lquido para ovparos

    Tetra preto (Gymnocorymbus ternetzi)

    25 6,8 100-150

    150-250 Adesivos Infusrios, alimento lquido para ovparos e nuplios de artmia

    Mato Grosso (Hyphessobrycon eques)

    25 6,5 50-80 100-150 Semi-adesivos

    plantas e fundo

    Infusrios, alimento lquido para ovparos e nuplios de artmia

    Tetra Congo (Phenacogrammus interruptus)

    25 6,0 a

    7,0

    300, 6 dias

    Semi-adesivos

    de fundo

    Nuplios de artmia

  • 2.5. Anabantdeos (Anabantides) tm como caracterstica principal um

    rgo respiratrio suplementar chamado labirinto, que lhes permite aproveitar o oxignio diretamente do ar. Os mais conhecidos (beta, tricogster, colisa, paraso) so da famlia dos osfronemdeos. Os machos tm um comportamento territorial, sendo agressivos com sua prpria espcie quando em aqurios de tamanho inadequado. Para a reproduo, deve-se elevar a temperatura para 26-28oC (24-25oC para o paraso). Os machos constroem um ninho de bolhas, na superfcie, com uma secreo bucal. Adiciona-se uma fmea madura (ventre abaulado, ovipositor aparente, listras verticais claras em betas de cor escura). Geralmente, no dia seguinte ocorre a desova, atravs de abraos. Os ovos so coletados pelo macho com a boca e colocados no ninho (beta) ou os ovos flutuam para o ninho (tricogster, colisa, paraso). Retira-se a fmea. A ecloso ocorre em 24 a 48 horas. As larvas absorvem o saco vitelnico em 3 ou 4 dias quando retira-se o macho e inicia-se a alimentao com infusrios e nuplios de artmia.

  • Tabela de dados reprodutivos Anabantides

    Espcie Temp. (o C)

    pH Dureza (ppm CaCO3)

    Nmero de ovos Ecloso

    Tipo de ovos

    Primeira alimentao

    Beta ou Peixe de Briga (Betta splendens)

    26-28 7,0 150-180 100-300, 24-48 horas

    Densos em ninhos de bolhas

    Infusrios, alimento lquido para ovparos

    Colisa (Colisa lalia)

    28-30 7,0 150-180 100-200, 24 horas

    Flutuantes em ninhos de Bolhas

    Infusrios, alimento lquido para ovparos

    Tricogster (Trichogaster trichopterus, T. leeri)

    26-28 6,8-7,0

    120-150 200-600 24-48 horas

    Flutuantes em ninhos de Bolhas

    Infusrios, alimento lquido para ovparos

    Paraso (Macropodus opercularis)

    22-24 7,0 150-180 250-300, 24-30 horas

    Flutuantes em ninhos de Bolhas

    Infusrios, alimento lquido para ovparos

    2.6. Cicldeos apresentam cuidado de um ou ambos os pais, conforme os hbitos reprodutivos podem ser divididos em :

    2.6.1. Desova em substratos (folhas, pedras, troncos, ladrilhos, cano de PVC) em locais abertos - bandeira, disco, oscar, Cichlasoma spp.

    Acar bandeira

    Acar disco

  • Acar severum Ramirezi

    2.6.2. Desova em substratos em locais fechados ou protegidos (esconderijos cavernas de pedra, conchas, vasos, casca de coco) - vrios cicldeos anes Apistogramma spp, Pelvicachromis spp.

    Kribensis

    2.6.3. Incubadores bucais vrios cicldeos africanos dos gneros Pseudotropheus, Labeotropheus, Haplochromis.

    As ps-larvas (depois da absoro do saco vitelnico) podem ser alimentadas com nuplio de artmia e rao finamente moda. As ps-larvas de algumas

  • espcies tm como primeiro alimento exgeno uma secreo (muco) da pele dos pais, sendo recomendvel mant-los juntos por um perodo de pelo menos algumas semanas (acar disco, uaru). Nas outras espcies, os substratos com desova e a prpria desova (incubadores bucais) so separados dos pais e desenvolvidos artificialmente. Isto acaba acelerando uma nova desova, podendo-se aumentar a produo.

    Tabela de dados reprodutivos - Cicldeos Espcie Temp.

    (o C) pH Dureza

    (ppm CaCO3)

    Nmero de ovos Ecloso

    Tipo de desova

    Primeira alimentao

    Acar bandeira (Pterophyllum scalare)

    26-28

  • fmea limpa os possveis locais de desova como pedras, plantas e vidro do aqurio. Imediatamente antes da desova a fmea pressiona sua boca no ventre de um dos machos (posio em T) e inicia a postura. Os pais so retirados, ocorrendo a ecloso em trs a cinco dias. Levam cerca de 24 horas para absorver o saco vitelnico, quando devem ser alimentadas com nuplios de artmia e rao finamente pulverizada.

    Posio em T

    A famlia Loricariidae (cascudos e limpa-vidros) tem quatro tipos bsicos de comportamento reprodutivo que so: 1) reproduo em locais abertos sem cuidado parental (limpa-vidros Otocinclus eParotocinclus), 2) reproduo em locais abertos com cuidado parental (Sturisoma e Farlowella), 3) carregadores externos (embries ligados ao lbio inferior dos machos Loricariichthys) e 4) reproduo em locais protegidos (cavernas)(cascudos dos gneros Hypostomus, Ancistrus, Peckoltia, Panaque). Os cascudos geralmente so reproduzidos aos pares. Deve-se condicion-los para a reproduo alimentando-os com abobrinha, pepino, ervilhas, quironomdeos (bloodworm) e artmia congelados e pastilhas de spirulina (rao comercial com algas), fornecendo-se troncos e esconderijos (tneis de pedra ou tubos de PVC) onde ocorre a desova. O macho cuida dos ovos, larvas e alevinos. Oferecer alimentos de origem vegetal macios (pedras com algas, vegetais cozidos e amassados), nuplios de artmia e rao finamente pulverizada.

    Macho de Ancistrus cuidando dos ovos Os machos de Ancistrus cuidam da prole at ela

    atingir por volta de 1 cm

  • Par de Sturisoma desovando. O macho ( direita) dedica-se sozinho aos cuidados com aos ovos.

    Tabela de dados reprodutivos - Siluriformes Espcie Temp.

    (o C) PH Dureza

    (ppm CaCO3)

    Nmero de ovos Ecloso

    Tipo de desova

    Primeira alimentao

    Limpa-fundo ou Coridoras (Corydoras spp)

    23-24

  • 3. ALIMENTAO E CRIAO DOS ALEVINOS Incio da alimentao os filhotes dos vivparos e dos killifishes geralmente j

    nascem prontos para ingerirem seus primeiros alimentos (adequados ao tamanho da boca). Os outros ovparos, geralmente possuem o saco vitelnico (reserva de alimento endgena) aps a ecloso, ficando alguns dias para absorverem o vitelo e terminarem essa fase de desenvolvimento, estando prontos para iniciarem com a alimentao exgena. uma fase de transio bastante crtica. Deve-se monitorar a qualidade e quantidade de alimento de tamanho adequado e a freqncia de seu fornecimento para que no hajam deficincias ou excessos, ambos prejudiciais e at mortais. A primeira por no suprir as exigncias nutricionais do animal e a ltima por deteriorar a qualidade da gua.

    Alimentos industrializados lquidos ou em p, especficos para filhotes de peixes ovparos ou vivparos. Ficar atento, pois deterioram rapidamente.

    Alimentos vivos infusrios (protozorios ciliados) e rotferos cultivados em gua velha mais folhas de vegetais secos; microvermes cultivados em recipientes com uma papa de farinha de aveia e leite e nuplios de artmia obtida de cistos de resistncia secos (vendidos no comrcio) postos a eclodir em gua salgada e aerada (dentro de 24 a 48 horas conforme a temperatura e luz) no momento adequado, os nuplios devem ser separados das cascas dos cistos, coados, lavados em gua doce e s assim fornecidos aos peixes em quantidades que possam ser consumidos antes de morrerem (vivem algumas horas em gua doce).

    Os alimentos devem ser fornecidos vrias vezes ao dia e em pequenas quantidades. Conforme os animais forem crescendo deve-se fornecer alimento de qualidade e

    tamanhos adequados, assim como espao suficiente para no impedir o desenvolvimento, realizando um desbaste ou dividindo em mais aqurios os peixes de tamanho semelhante para evitar o canibalismo. Nessas triagens faz-se uma seleo das caractersticas desejada (descartando-se os defeituosos ou fora de padro). O manejo ser diferenciado dependendo da espcie criada (ex.:beta quando os machos comearem a se diferenciar devem ser colocados em recipientes individuais; lebiste os machos vo sendo separado das fmeas para evitar acasalamentos no programados).

    A qualidade da gua deve ser mantida nas melhores condies em todas as fases do desenvolvimento, atravs de trocas parciais freqentes (ficar atento quanto temperatura e pH), utilizao de filtro de esponja maduro, isto j colonizado pelas bactrias que completaro o ciclo do nitrognio, alimentao suficiente e adequada (qualidade, quantidade, tamanho). A adio de plantas aquticas e pequenos caramujos pode ajudar na manuteno da qualidade da gua pelo consumo de nutrientes e restos de alimentos desde que eles sejam originrios de fontes confiveis para no introduzirmos doenas, predadores ou competidores.

  • 4. LITERATURA CONSULTADA

    Vida no Aqurio 3 volumes Editora Trs Peixes (You & Your Aquarium) 1 volume JB Indstrias Grficas S.A. Guia de Mantenimiento y Cra Vol. 1 Trichos; Vol. 2 Banderitas; Vol. 5

    Lebistes D. Carnevia y G. Dittrich Indice SRL. Tropical Freshwater Aquria George Cust & Peter Bird Bantam Book

    Grosset & Dunlap, Inc. - 1972 A Fishkeepers Guide to Fish Breeding Dr. Chris Andrews Salamander Book

    Limited, London New York 1986 Aquarium Fish of the World Atsushi Sakurai et al. Chronicle Books, San

    Francisco 1993 Exotic tropical Fishes Expanded Edition (Looseleaf) Herbert R. Axelrod; Cliff

    W. Emmens; Warren E. Burgess; Neal Pronek; T.F.H. Publications, Inc. 1996 Biologia da Reproduo de Peixes Telesteos: Teoria e Prtica Anna Emlia

    de M. Vazzoler Editora da Universidade Estadual de Maring 1996 Criao de Peixes de Aqurio Ins Scheurmann - Editorial Presena, Lisboa

    1997 Apostila do 1o Curso Internacional de Criao de Peixes Ornamentais do

    Instituto de Pesca Daniel Carnevia 31/03 a 02/04 de 2000 Panorama da Aqicultura Vol. 11, no 63 jan/fev 2001 Panorama da Aqicultura Vol. 12, no 71 mai/jun 2002

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Geral Vida no Aqurio 3 volumes Editora Trs Peixes (You & Your Aquarium) 1 volume JB Indstrias Grficas S.A. Dr. Axelrods Mini Atlas of Freshwater Aquarium Fishes Dr. Herbert R. Axelrod et

    al. - T.F.H. Publications, Inc. 1987 Aquarium Fish of the World Atsushi Sakurai et al. Chronicle Books, San

    Francisco 1993 Reproduo de peixes ornamentais Breeding Aquarium Fishes, book 2 Dr. Herbert Axelrod - T.F.H. Publications, Inc.

    1971 Breeding Aquarium Fishes, book 3 Dr. Herbert Axelrod & Lourdes Burgess -

    T.F.H. Publications, Inc. 1973 Breeding Aquarium Fishes, book 4 Dr. Herbert Axelrod - T.F.H. Publications, Inc.

    1976 A Fishkeepers Guide to Fish Breeding Dr. Chris Andrews Salamander Book

    Limited, London New York 1986

  • A Criao de Peixes Tropicais Earl Schneider - Editorial Presena, Lisboa 1989 Exotic tropical Fishes Expanded Edition (Looseleaf) Herbert R. Axelrod; Cliff W.

    Emmens; Warren E. Burgess; Neal Pronek; T.F.H. Publications, Inc. 1996 Contedo: Plantas de aqurio, Criao comercial de peixes tropicais, Peixes tropicais (Fichas em ordem alfabtica), Manejo do aqurio

    Biologia da Reproduo de Peixes Telesteos: Teoria e Prtica Anna Emlia de

    M. Vazzoler Editora da Universidade Estadual de Maring 1996 Criao de Peixes de Aqurio Ins Scheurmann - Editorial Presena, Lisboa

    1997 Breeding Aquarium fishes A Complete Introduction Herbert R. Axelrod T.F.H.

    Publication Inc Sade Enfermedades de los Peces Ornamentales Daniel Carnevia Editorial Agrovet

    S.A., Buenos Aires, Argentina 1993 Doenas Infecciosas e Parasitrias de Peixes Mauricio Latera Martins Boletim

    Tcnico no 3 - 2a edio Centro de Aqicultura da UNESP Jaboticabal SP 1998

    Principais Parasitoses e Doenas dos Peixes Cultivados Fernando Kubitza &

    Ludmilla M. M. Kubitza 3 ed. rev. Jundia - 1999

    APOSTILA DO CURSOREPRODUO DE PEIXES ORNAMENTAIS DE GUA DOCECriao comercial

    guaOvos no adesivos3. ALIMENTAO E CRIAO DOS ALEVINOS

    BIBLIOGRAFIA RECOMENDADAGeralReproduo de peixes ornamentaisSade