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SINÉSIO JOSÉ DE QUEIROZ FILHO MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR PRODUTOS DE CARBONO S.A., EM CANDEIAS – BA. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales Salvador 2005

MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

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Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales

Salvador

2005

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Q384m Queiroz Filho, Sinésio José de MMiinniimmiizzaaççããoo ddee rreessíídduuooss ddee ppóóss ddee ccaarrbboonnoo nnaa UUCCAARR

PPrroodduuttooss ddee CCaarrbboonnoo SS..AA..,, eemm CCaannddeeiiaass –– BBAA. / Sinésio José de Queiroz Filho. – Salvador, 2005.

138 p.; il., color.

Orientador: Dr. Emerson Andrade Sales Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias

Ambientais no Processo Produtivo). – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2005.

1. Indústria química. 2. Indústria de carbono. 3. Indústria

de grafita. 4. – Prevenção da poluição. I. UCAR Produtos de Carbono S.A. II. GrafTech International Ltd. III.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica IV.Sales, Emerson Andrade. V.Título. CDD 661

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“Reconhece-se cada vez mais que a produção, a tecnologia e o manejo que utilizam recursos de maneira ineficiente criam resíduos que não são reutilizados, despejam dejetos que causam impactos adversos à saúde humana e o meio ambiente e fabricam produtos que, quando usados, provocam mais impactos e são difíceis de reciclar, precisam ser substituídos por tecnologias, sistemas de engenharia e práticas de manejo boas e conhecimentos técnico-científicos que reduzam ao mínimo os resíduos ao longo do ciclo de vida do produto. Como resultado, haverá uma melhora da competitividade geral da empresa. Agenda 21, Capítulo 30.” (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2002, p. 22).

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AGRADECIMENTOS

À empresa UCAR, em especial o seu Diretor Presidente, Ricardo Oliveira, e a Gerente de

Desenvolvimento Humano e Organizacional, Ana Castro, pelo apoio e investimento na minha

qualificação profissional, além do reconhecimento e confiança no meu trabalho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Emerson Andrade Sales, pelo incentivo e pelas criteriosas

leituras do texto, apresentando sempre comentários e sugestões que, sem sombra de dúvidas,

contribuíram para aprimorar o resultado deste trabalho.

Aos meus pais, Maria e Sinésio (in memoriam), pelo apoio e incentivo que sempre

dispensaram, não apenas a mim, mas aos meus cinco irmãos, mostrando-nos o valor do estudo

e da educação.

A minha esposa, Joanice, e meus filhos, Edson e Eduardo, que, várias vezes, ao longo dos

dois últimos anos, souberam conviver com as minhas ausências, decorrentes da necessidade

de dedicação a este Curso de Mestrado.

Aos colegas Idevar Moraes, Carlos Rego, José Carlos Garcia, José Ordériz e Neuza Brandão,

pelo apoio na disponibilização de dados que contribuíram para o detalhamento de alguns

tópicos deste trabalho de pesquisa.

À colega Vera Deccó, que, quase três anos atrás, obteve informações sobre este Curso de

Mestrado e me incentivou a participar do processo seletivo.

Aos colegas do departamento de SSO&MA da UCAR, pela confiança que sempre

depositaram em meu trabalho.

Aos colegas do departamento de Marketing da UCAR, pelo apoio no levantamento de

literatura sobre os processos desenvolvidos em aciarias.

Aos colegas do departamento de Serviços da UCAR, pelo apoio no fornecimento de dados

que permitiram a quantificação de vários dos resíduos gerados.

Aos colegas da UCAR que não se furtaram em contribuir com este projeto de pesquisa,

dedicando parte do seu tempo para responder ao questionário aplicado.

Page 6: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

6

Aos colegas da GrafTech International, em especial Juanita Bursley, Bill Smith e Larry

Carpenter, pelas contribuições que permitiram aprimorar o balanço de massa.

Aos mestres, pelo empenho em passar aos seus alunos os melhores ensinamentos, e demais

colaboradores do Curso de Mestrado, pelo apoio prestado em diversas oportunidades, em

especial durante o período letivo.

À bibliotecária do TECLIM, Linda, pela disponibilização de recursos bibliográficos que,

certamente, enriqueceram esta dissertação.

Acima de tudo, agradeço a Deus, contínua fonte inspiradora de fé, por ter me iluminado na

condução deste trabalho, especialmente nos momentos mais difíceis.

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7

RESUMO

Esta Dissertação consiste num estudo de caso focado numa indústria fabricante de eletrodos

de grafita e blocos catódicos de carbono e grafita, sediada em Candeias, cidade da Região

Metropolitana de Salvador, no Estado da Bahia. Sabe-se que a fabricação desses produtos

envolve o uso de variados insumos e matérias primas de natureza carbonácea, todos eles sob a

forma granulada ou de partículas, condição que propicia a geração de resíduos de pós de

carbono, resultantes das atividades de movimentação e processamento dos citados materiais.

Com esta pesquisa, pretendeu-se comprovar a possibilidade de minimização desses pós,

através de medidas que atendam aos princípios de Prevenção da Poluição, a despeito da

premissa vigente de que tais rejeitos são inerentes ao processo produtivo em estudo.

Os dados que subsidiaram a pesquisa foram coletados, principalmente, através da análise de

documentos e observações diretas no campo, bem como questionário aberto aplicado a alguns

representantes selecionados no corpo operacional da empresa. A avaliação das informações

foi respaldada em conceitos considerados fundamentais, como Prevenção da Poluição,

Produção Limpa, Produção Mais Limpa e Ecologia Industrial, dando-se ênfase, também, à

discussão de estratégias de controle preventivas e corretivas.

O trabalho é concluído com a apresentação de sugestões para melhoria do processo produtivo,

tendo sido destacados os benefícios ambientais, bem como o impacto positivo sobre o

negócio, na medida em que se vem deixando de encarar os pós de carbono como resíduos,

sem qualquer utilidade, e sim como um material passível de ser reintroduzido na cadeia

produtiva, seja através do reuso interno ou da reciclagem externa.

Palavras chave: Eletrodo de Grafita; Blocos Catódicos de Carbono e de Grafita; Pó de

Carbono; Pó de Grafita; Resíduo Sólido; Minimização de Resíduos; Prevenção da Poluição;

Reciclagem; Reuso.

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ABSTRACT

This Dissertation is a case study focused on an industry located in Candeias, a City in

Salvador Metropolitan Region, State of Bahia, which produces graphite electrodes and carbon

/ graphite cathode blocks. This type of process involves the use of several carbonaceous raw

materials, all of them pellets or in the form of particles. For that reason, significant amounts of

carbon dust wastes are generated, while handling and processing the previously mentioned

materials. The main purpose of this study is to demonstrate that it is possible to minimize

carbon dust by adopting control measures based on Pollution Prevention principles, in despite

of the current assumption that these wastes are inherent to the process.

The information to support this study was mainly collected through the analysis of documents

and field observations. In addition, an open questionnaire was applied to selected

representatives of the industry’s operational group. The evaluation of all data was based on

important concepts such as Pollution Prevention, Clean Production, Cleaner Production and

Industrial Ecology; furthermore a special emphasis was given to the discussion of preventive

and corrective control strategies.

Suggestions for process improvements and their respective environmental benefits have been

given at the end of the Dissertation. The positive impact on the business has also been

enlightened, based on the fact that carbon dust may be viewed not as an useless waste, but as

a valuable material that may be reintroduced into the production chain, through internal reuse

or external recycling.

Key Words: Graphite Electrode; Carbon and Graphite Cathode Blocks; Carbon dust;

Graphite Dust; Solid Waste; Waste Minimization; Pollution Prevention; Recycling; Reuse.

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Vista aérea da fábrica da UCAR.............................................................

19

Figura 2 – Eletrodos de grafita.................................................................................

28

Figura 3 – Pinos de conexão ou “nipples”...............................................................

28

Figura 4 – Eletrodos em uso num forno elétrico......................................................

29

Figura 5 – Eletrodos incandescentes num forno elétrico.........................................

29

Figura 6 – Blocos catódicos.....................................................................................

30

Figura 7 – Balanço de Massa...................................................................................

72

Gráfico 1 – Resíduos de pós de carbono – tipos de destinação................................

64

Gráfico 2 – Observações - % Comportamento seguro com relação à Limpeza e Arrumação – 2002....................................................................................................

82

Gráfico 3 – Observações - % Comportamento seguro com relação à Limpeza e Arrumação – 2003....................................................................................................

82

Gráfico 4 – Observações - % Comportamento seguro com relação à Limpeza e Arrumação – 2004....................................................................................................

82

Gráfico 5 – Resíduos de pós de carbono – vendidos x descartados.........................

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10

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Levantamento dos resíduos de pós de carbono gerados........................

61

Quadro 2 – Teor de carbono fixo e de cinzas nos pós de carbono...........................

62

Tabela 1 – Quantidades totais de resíduos de pós de carbono.................................

63

Tabela 2 – Quantidades revisadas de resíduos de pós de carbono...........................

69

Tabela 3 – Consumo de coque metalúrgico x geração de resíduos de pós..............

69

Tabela 4 – Balanço de Massa...................................................................................

71

Tabela 5 – Fatores de Emissão no Processo de Grafitação......................................

73

Tabela 6 – Consumo de Coque Metalúrgico por Etapa do Processo......................

74

Tabela 7 – Avaliações de Poeira Respirável de Coque............................................

76

Tabela 8 – Avaliações de fumos de piche no MME................................................

79

Tabela 9 – Características da lama da serra de diamante.........................................

99

Tabela 10 – Estudo de viabilidade de filtro prensa para a serra de diamante..........

99

Tabela 11 – Quantidades de resíduos descartados x vendidos.................................

108

Page 11: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

11

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists.

ALA – Ambiente Livre de Acidentes.

CEPRAM – Conselho Estadual de Meio Ambiente.

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

CETIND – Centro de Tecnologia Industrial Pedro Ribeiro.

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

CNI – Confederação Nacional da Indústria.

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.

CRA – Centro de Recursos Ambientais.

CTGA – Comissão Técnica de Garantia Ambiental.

C&C – Comando e Controle.

DfE – Design For Environment.

EPI – Equipamento de Proteção Individual.

ESCALA – Equipe de Segurança Comportamental pelo Ambiente Livre de Acidentes.

FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico.

GHE – Grupo Homogêneo de Exposição.

HHT = Homem-Hora de Treinamento.

ILO – International Labour Office.

ISO – International Organization for Standardization.

MET COKE – Unidade para de Beneficiamento de Coque Metalúrgico dentro das instalações

da UCAR.

MME – Moagem, Mistura e Extrusão (primeira etapa do processo produtivo da UCAR).

MSA – Mine Safety Appliance.

MSDS – Material Safety Data Sheet.

NBR – Norma Brasileira.

NET – Núcleo de Educação do Trabalhador.

NR – Norma Regulamentadora.

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series.

ONU – Organização das Nações Unidas.

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

PNOS – Particles Not Otherwise Specified.

Page 12: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

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PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

SEARA - Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais.

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

SESI – Serviço Social da Indústria.

SS&MA – Segurança, Saúde e Meio Ambiente.

TLV – Threshold Limit Value.

USA – United States of America.

Page 13: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................

17

1.1. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E O SEU CONTEXTO......

19

1.2. SITUAÇÃO-PROBLEMA...........................................................................

20

1.3. OBJETIVO GERAL ...................................................................................

21

1.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................

21

1.5. JUSTIFICATIVAS QUANTO À IMPORTÂNCIA DO PROJETO ..........

22

1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...........................................................

23

2. METODOLOGIA .....................................................................................

25

3. O PROCESSO PRODUTIVO DE ELETRODOS DE GRAFITA E BLOCOS CATÓDICOS............................................................................

27

4. REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..

31

4.1. RESÍDUOS SÓLIDOS – CONCEITOS BÁSICOS...................................

31

4.2. MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS – CONCEITUAÇÃO E ABORDAGEM LEGAL..............................................................................

32

4.3. RESÍDUOS SÓLIDOS E AS CONDIÇÕES DE HIGIENE NOS AMBIENTES DE TRABALHO.................................................................

36

4.4. PONTOS IMPORTANTES NUM PROGRAMA DE MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS............................................................................................

37

4.5. RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO........................................................

42

4.5.1. Principais características dos resíduos de pós de carbono.........

42

4.5.2. Possíveis efeitos dos pós de carbono à saúde...............................

43

4.5.3. Classificação dos resíduos de pós de carbono..............................

45

4.5.4. Controle de emissões de pós de carbono.......................................

47

4.6. O PAPEL DO CARBONO NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO AÇO EM FORNOS ELÉTRICOS A ARCO.........................................................

48

4.7. EXPERIÊNCIAS DE PLANTAS DA GRAFTECH NA MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO.................................................. 51

Page 14: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

14

4.8. ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE SS&MA DA UCAR............................

53

4.8.1. Ambiente Livre de Acidentes – ALA............................................

53

4.8.2. Índice de Melhoria Contínua de SS&MA....................................

54

4.8.3. Certificação pelas Normas ISO-14001 e OHSAS-18001.............

55

4.8.4. Interface entre as estratégias de gestão e um programa de minimização de resíduos................................................................

56

5. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL ............................................

58

5.1. ORIGEM DOS RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO GERADOS NA UCAR............................................................................................................

58

5.1.1. Sumário dos resíduos gerados.......................................................

60

5.2. QUANTIDADES GERADAS DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO..

62

5.3. BALANÇO DE MASSA..............................................................................

65

5.4. AVALIAÇÃO DE PÓS DE CARBONO EM AMBIENTES DE TRABALHO.................................................................................................

74

5.5. O USO DE PÓS DE CARBONO NO ABATIMENTO DE EMISSÕES DE FUMOS DE PICHE................................................................................

77

5.6. PROGRAMAS DE INSPEÇÕES E OBSERVAÇÕES................................

80

5.7. PROGRAMA DE AUDITORIAS................................................................

83

5.8. AVALIAÇÃO DE NOVOS PROJETOS.....................................................

84

5.9. PROGRAMAS DE TREINAMENTO.........................................................

85

5.10. PROGRAMA FÁBRICA DE IDÉIAS.........................................................

86

5.11. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E PROGRAMAS DE MANUTENÇÃO..........................................................................................

88

6. DISCUSSÃO DAS POSSIBILIDADES DE MELHORIA.....................

91

6.1. USO DE PÓS DE CARBONO COMO COMBUSTÍVEL..........................

91

6.1.1 Uso na indústria de cimento..........................................................

91

6.1.2 Uso interno na UCAR.....................................................................

92

Page 15: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

15

6.2. REUSO DE FINOS DE COQUE GERADOS NO COZIMENTO..............

95

6.3. PRÉ-PROCESSAMENTO PARA AJUSTE DO TEOR DE CARBONO FIXO.............................................................................................................

97

6.4. SECAGEM DA LAMA DA SERRA DE DIAMANTE...............................

98

6.5. RECUPERAÇÃO DO PÓ RECOLHIDO PELA VARREDEIRA MECÂNICA.................................................................................................

100

6.6. USOS ESPECIAIS........................................................................................

101

6.6.1 Aditivos para polímeros.................................................................

101

6.6.2 Revestimentos condutores..............................................................

102

6.6.3 Geração e armazenamento de energia..........................................

102

6.6.4 Aditivos para uso em alta temperatura........................................

102

6.6.5 Modificadores de fricção...............................................................

103

6.6.6 Outros aditivos................................................................................

103

6.7. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL..........................................

104

6.8. SUGESTÕES DO GRUPO OPERACIONAL.............................................

106

7. COMENTÁRIOS FINAIS.........................................................................

108

8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS....................................

114

REFERÊNCIAS ........................................................................................

118

BIBLIOGRAFIA.........................................................................................

125

APÊNDICES

APÊNDICE A - Memória de Cálculo do consumo e do gasto com gás natural no secador de coque do “Met Coke”.................................................

126

APÊNDICE B - Questionário para empregados do grupo operacional da empresa.........................................................................................................

128

APÊNDICE C – Respostas do grupo operacional ao questionário aplicado.........................................................................................................

129

Page 16: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

16

ANEXOS ANEXO A – Parecer Técnico PT 001/04, Rev. 01, da CETREL................

131

ANEXO B – Proposta de Programa de Educação Ambiental.....................

133

ANEXO C – Outdoor para divulgação do Programa de Educação Ambiental.....................................................................................................

138

Page 17: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

17

1. INTRODUÇÃO

Num momento em que crescem as agressões ao meio ambiente, decorrentes de

atividades produtivas, torna-se urgente repensar a maneira de tratar a questão ambiental, de

modo a assegurar, para gerações futuras, a preservação de recursos naturais indispensáveis à

vida. Os processos produtivos, em geral, estão associados a uma série de aspectos capazes de

impactarem de maneira negativa o meio ambiente, requerendo das empresas a adoção de

medidas de controle eficazes para garantir a eliminação ou, caso não seja possível, a

minimização desses impactos. Dentre os aspectos a serem considerados para estudo, os

resíduos sólidos despontam como uma das principais fontes de preocupação, especialmente

para as empresas cujas atividades estão pautadas na equação industrial linear clássica, que se

baseia no modelo “end-of-pipe” (fim-de-tubo), responsável pela prática de contenção dos

resíduos (poluição) na fábrica, para posterior tratamento e descarte (FURTADO; SILVA;

MARGARIDO, ca.2001). Neste contexto, os princípios de Produção Limpa e de Produção

mais Limpa, baseados nos preceitos de Prevenção da Poluição, surgem como alternativa

viável, para frear a escalada da degradação ambiental.

Utilizando como lema o uso racional dos recursos naturais e a não geração de

resíduos, ou o seu reaproveitamento como insumos no próprio processo produtivo, o que se

pretende com os princípios de Produção Limpa e de Produção mais Limpa é atuar

preventivamente, considerando o processo como um circuito fechado, sem perdas ou

desperdícios, o que, conseqüentemente, contribuirá para eliminar ou substituir a equação

industrial linear clássica, pela equação circular, de maior eco-eficiência e eficácia

(FURTADO; SILVA; MARGARIDO, ca.2001). A literatura técnica relaciona exemplos de

empresas que, calcadas nesses princípios, introduziram modificações em suas linhas de

produção, tendo atingido resultados plenamente compensadores, tanto em termos de

preservação ambiental, como de custos.

Graedel e Allenby (1995 apud Kiperstok, 2002, p.101), por exemplo, citam o concurso

de projetos para conservação de energia da Dow Química, Louisiana, EUA, para ilustrar o

potencial de desenvolvimento de um programa de minimização de resíduos, informando que

“entre as ganhadoras incluem-se idéias aplicáveis a qualquer indústria, tais como: isolamento

de tubulações condutoras de fluidos quentes, limpeza e manutenção de trocadores de calor,

Page 18: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

18

uso de pontos de aquecimento ao longo de tubulações extensas e áreas de estocagem”.

Segundo Graedel e Allenby (1995 apud Kiperstok, 2002, p.102), tanto o número de projetos

contemplados como os ganhos financeiros tiveram uma tendência ascendente com o decorrer

do tempo, apesar da idéia vigente de que apenas nos momentos iniciais de um programa de

minimização de perdas os ganhos são significativos, podendo-se, portanto, concluir que:

“quando o programa é interiorizado na empresa ou instituição, o surgimento de uma nova

mentalidade entre os funcionários pode levar a ganhos adicionais ano a ano”.

Outro exemplo ilustrativo é o Parque Industrial de Burnside, Dartmouth, Canadá, uma

zona de comércio e indústrias leves que, de acordo com Marinho e Kiperstok (2000), foi

objeto de um estudo de caso desenvolvido por Coté e Smolenaars, em 1997. Segundo

Marinho e Kiperstok (2000, p.51), o citado estudo contatou que, “dentre os resíduos que

poderiam ser reaproveitados, sobressaíam as embalagens, de vários tipos, os óleos usados e os

materiais provenientes da demolição dos edifícios mais antigos do próprio parque”. Como

resultado, os autores do estudo de caso “propuseram o incentivo à instalação de empresas de

reciclagem das embalagens e de recuperação, e de uma central de transformação dos

materiais de demolição para reuso nas novas construções do próprio parque” (MARINHO;

KIPERSTOK, 2000, p. 51).

Operando uma planta caracterizada, dentre outros pontos, pela significativa geração de

resíduos de pós de carbono, resultantes do manuseio e utilização de variados materiais e

insumos de natureza carbonácea, a UCAR Produtos de Carbono S.A.1, no decorrer dos anos,

tem privilegiado o emprego de medidas fim-de-tubo para destinação final desses rejeitos.

Embora já exista direcionamento de esforços e medidas implementadas no sentido de

reutilizá-los no processo ou mesmo reciclá-los externamente, os resultados ainda têm sido

pouco persistentes. Os tradicionais métodos fim-de-tubo, por sua vez, ao mesmo tempo em

que contribuem para evitar o acúmulo indevido desses resíduos, também resultam em custos

desnecessários e na perda de materiais potencialmente passíveis de reaproveitamento.

1 Ao longo do texto a UCAR Produtos de Carbono S.A. é denominada de maneira simplificada como UCAR.

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19

1.1. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E O SEU CONTEXTO

A UCAR é uma empresa multinacional pertencente ao grupo americano GrafTech

International Ltd, estando localizada na Rodovia BA-522, km 7, S/N, Distrito Industrial,

Candeias-Bahia, onde, desde 1968, opera a única unidade existente na América do Sul,

destinada à fabricação de eletrodos de grafita e seus respectivos pinos de conexão cônicos,

utilizados em indústrias siderúrgicas e em fundições, bem como blocos catódicos de carbono

e grafita, usados em indústrias produtoras de alumínio primário. Na Figura 1 é apresentada

uma vista aérea da fábrica da UCAR.

Em atendimento às exigências da Legislação Ambiental do Estado da Bahia, a

empresa, originalmente denominada White Martins Nordeste, obteve a sua primeira Licença

de Operação em 1985, através da Resolução CEPRAM No 361, a qual vigorou até 05.02.1990.

A referida Licença de Operação foi renovada através da Resolução CEPRAM No 535/1992,

válida por cinco anos e emitida em favor da White Martins Produtos de Carbono S.A., tendo

em vista uma mudança de razão social efetivada em abril de 1989. A segunda renovação da

Licença de Operação, também válida por cinco anos, foi concedida através da Resolução

CEPRAM No 1532/1997, desta vez em nome da UCAR, nova razão social da empresa, desde

abril de 1992, e que, até então permanece inalterada. Finalmente, a atual Licença, concedida

através da Portaria CRA No 2262/2002, tem validade até 25.10.2007, dela constando 27

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20

condicionantes, que vêm sendo integralmente cumpridos pela UCAR, a maioria voltada para

o controle de efluentes líquidos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos, com o intuito de

minimizar impactos negativos ao meio ambiente (BAHIA, 2002b).

No momento, a UCAR detém cerca de 60 a 70% do mercado brasileiro de eletrodos de

grafita e 50% do mercado brasileiro de blocos catódicos de carbono e grafita, cujas demandas

são da ordem de 20.000 t/ano e 8.000 t/ano, respectivamente. A empresa também exporta os

mencionados produtos para os Estados Unidos e países da América Latina.

1.2. SITUAÇÃO-PROBLEMA

O processo de fabricação de eletrodos de grafita e blocos catódicos desenvolvido na

fábrica da UCAR, em Candeias – Bahia, envolve a utilização de variadas matérias primas e

insumos sob a forma granulada ou em partículas, dentre eles o coque de petróleo, piche,

carvão antracito eletricamente calcinado e coque metalúrgico, todos produtos de natureza

carbonácea. Geralmente recebidos e estocados a granel, esses insumos são constantemente

movimentados através de pás carregadeiras, caçambas, correias transportadoras e elevadores

de canecas, fato que termina contribuindo para a geração de resíduos de pós, nas etapas do

processo em que tais produtos são usados. A geração desses resíduos e sua movimentação na

fábrica afetam de forma direta as condições de higiene, limpeza e arrumação dos locais de

trabalho, sendo que, até 2003, ainda era pequena a quantidade de material sistematicamente

reutilizada no processo ou reciclada externamente, em comparação com o volume descartado

em aterro interno, alternativa classificada como fim-de-tubo, uma vez que consiste no simples

confinamento dos rejeitos, apresentando, portanto, potencial para a formação de passivos

ambientais. Por outro lado, o descarte desses resíduos em aterro, ainda que esteja em

conformidade com exigências da Licença de Operação da empresa (Portaria CRA No 2262 de

24.10.2002), representa o desperdício de materiais que poderiam estar sendo incorporados no

próprio processo ou em outras linhas de produção.

Diante deste contexto, entende-se que, tomando por base os princípios da Prevenção

da Poluição, esforços podem ser concentrados na identificação de opções para minimização

desses rejeitos. Apesar da premissa de que resíduos de pós são inerentes ao processo de

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21

fabricação de eletrodos de grafita e blocos catódicos de carbono e grafita, pretende-se, com

este projeto, mostrar que alternativas de minimização são potencialmente viáveis.

Em face do exposto, foi estabelecida a seguinte hipótese defendida durante a

pesquisa:

É possível minimizar resíduos de pós de carbono no processo produtivo de

eletrodos de grafita e blocos catódicos da UCAR, através de medidas que

atendam aos princípios de Prevenção da Poluição, a despeito da premissa

vigente de que tais resíduos são inerentes ao processo, sendo, portanto, muito

difícil a sua redução, no atual parque industrial.

Os objetivos gerais e específicos definidos para este projeto deixam clara a sua

importância, à medida que se pretende incorporar alguns conceitos de prevenção da poluição

a um processo caracterizado pela geração de significativas quantidades de resíduos de pós de

carbono.

1.3. OBJETIVO GERAL

Realizar uma análise crítica das alternativas já implantadas pela empresa e recomendar

medidas complementares para a minimização de resíduos de pós de carbono no processo

produtivo da UCAR, tomando por base os princípios de Prevenção da Poluição.

1.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar as situações que acarretam a geração de resíduos de pós de carbono na

Moagem, Mistura e Extrusão (MME), Cozimento / Impregnação, Grafitação e

Usinagem, etapas integrantes do processo produtivo da UCAR.

Apresentar um levantamento dos resíduos de pós de carbono gerados nas diferentes

etapas do processo anteriormente citadas.

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22

Identificar, dentre as alternativas de destino final dos resíduos de pós de carbono

atualmente adotadas pela empresa, aquelas classificadas como fim-de-tubo,

destacando os impactos a elas associados.

Identificar oportunidades de minimização para os resíduos de pós de carbono.

Identificar os custos envolvidos na destinação final (fim-de-tubo) dos resíduos em

estudo, comparando-se com resultados que poderão ser obtidos ao se implantar as

medidas de controle e minimização recomendadas.

1.5. JUSTIFICATIVAS QUANTO À IMPORTÂNCIA DO PROJETO

A minimização ou mesmo a destinação final de resíduos de pós de carbono é um

assunto pouco explorado, em nível nacional, devido à especificidade do processo

desenvolvido na UCAR, em especial por ser esta a única planta produtora de eletrodos de

grafita e blocos catódicos existente na América do Sul. Em nível internacional, conforme

revelado pela pesquisa bibliográfica realizada, também é evidente a carência de trabalhos

técnicos concernentes ao tema. Deste modo, alguns subsídios para o desenvolvimento desta

pesquisa foram obtidos através do conhecimento de experiências adotadas por outras fábricas

do grupo GrafTech International, instaladas em diversas partes do mundo, a exemplo dos

Estados Unidos, México, África do Sul e alguns países europeus. Sabe-se porém, de antemão,

que os trabalhos desenvolvidos nessas plantas, são todos eles iniciativas internas e isoladas,

ainda pouco divulgadas, mesmo dentro da própria organização.

Esta pesquisa, portanto, supre uma inegável lacuna do conhecimento, fornecendo

ferramentas que permitem identificar oportunidades de minimização de resíduos de pós de

carbono. A reintrodução desses rejeitos no processo produtivo ou o seu reaproveitamento em

instalações externas deverá contribuir para a melhoria das condições de higiene nos ambientes

de trabalho, para o aumento do ciclo de vida das matérias primas de fontes não renováveis e

para a diminuição dos custos associados ao descarte dos resíduos, além de minimizar a

necessidade de ocupação de áreas destinadas a aterros, reduzindo conseqüentemente a

possível geração de passivos ambientais.

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23

Por outro lado, é intenção deste trabalho que as medidas que forem recomendadas

para a UCAR se convertam em fontes de referência, até mesmo para as demais plantas do

Grupo GrafTech International, que, deste modo, irão dispor de informações organizadas

pertinentes ao assunto. Trata-se, portanto, de um aprendizado de mão dupla, pois, ao

compartilharem suas experiências e iniciativas bem sucedidas, as demais fábricas da

GrafTech, em contrapartida, receberão contribuições que, inclusive, poderão vir a adotar,

considerando, é claro, o contexto em que cada uma delas se encontra inserida.

1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Além deste capítulo introdutório, esta dissertação inclui mais sete capítulos, conforme

indicado a seguir:

- O segundo capítulo é dedicado à apresentação da metodologia de pesquisa, sendo

explicada a sistemática adotada para coleta e análise dos dados, objetivando

responder às duas questões-problema formuladas, as quais nortearam o

desenvolvimento deste trabalho.

- O terceiro capítulo faz a caracterização do processo produtivo de eletrodos de

grafita e blocos catódicos de carbono e grafita, o qual foi objeto deste estudo.

- O quarto capítulo, que trata da fundamentação teórica, está estruturado da seguinte

forma: Inicialmente, se procurou apresentar, de maneira macro, conceitos essenciais

para o desenvolvimento da pesquisa, inclusive sob o aspecto legal, oportunidade em

que temas como Minimização de Resíduos, Prevenção da Poluição, Produção

Limpa, Produção Mais Limpa e Ecologia Industrial, foram trazidos à baila e

discutidos, fazendo-se, ainda, um contraponto entre estratégias corretivas e

preventivas. Partiu-se, em seguida, para uma abordagem específica sobre as

características dos resíduos de pós de carbono, os possíveis efeitos que estes causam à

saúde, os dispositivos de controle, o papel do carbono no processo de produção do aço

em fornos elétricos e as experiências de fábricas do grupo GrafTech, incluindo a

fábrica do Brasil, na minimização de tais resíduos. A correlação entre as duas

abordagens (macro e específica) é feita no final do capítulo, quando são discutidas

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as estratégias de gestão de SS&MA da UCAR e a sua interface com os requisitos

para um programa de minimização de resíduos calcado nos mencionados princípios

de Prevenção da Poluição.

- O quinto capítulo contém o diagnóstico da situação atual da UCAR em termos de

geração de resíduos de pós de carbono, sendo informada a origem, as quantidades e

as formas de destinação dos mesmos. Neste capítulo também se avalia e discute de que

maneira os controles, procedimentos, programas e instrumentos de gestão de SS&MA,

ora adotados pela empresa, têm contribuído ou podem contribuir para a minimização

dos mencionados resíduos, analisando-se, ainda, a interface com aspectos de higiene

ocupacional.

- No sexto capítulo são apresentadas as possibilidades de melhoria, que incluem

medidas complementares para a minimização de resíduos de pós de carbono no

processo produtivo da UCAR, tomando por base os princípios de Prevenção da

Poluição.

- No sétimo capítulo, dedicado aos comentários finais, são analisados os benefícios

atingidos com as melhorias já implementadas, recomendando-se, ainda, a

continuidade do uso de ferramentas de gestão de SS&MA comprovadamente

eficazes, tais como: inspeções, observações, auditorias, análise de novos projetos,

programas de manutenção preventiva / corretiva, e incentivo à participação dos

empregados (fábrica de idéias).

- Finalmente, no oitavo capítulo, são apresentadas as conclusões da pesquisa e

levantadas perspectivas futuras, contemplando, inclusive, a expansão dos negócios

envolvendo pós de carbono e grafita.

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25

2. METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido considerando os já mencionados princípios de

Prevenção da Poluição e consiste num estudo de caso focado na fábrica da UCAR, em

Candeias, Bahia, mais precisamente nas etapas de MME (Moagem, Mistura e Extrusão),

Cozimento / Impregnação, Grafitação e Usinagem, integrantes do processo produtivo da

empresa.

De acordo com Gil (1996, p.122), “a coleta de dados num estudo de caso é feita

mediante o concurso de diversos procedimentos, sendo os mais usuais: a observação, a análise

de documentos, a entrevista e a história de vida”. O autor acrescenta que, “geralmente, utiliza-

se mais de um procedimento” (GIL, 1996, p.122). Tendo em vista tais orientações, os dados

que subsidiaram esta pesquisa foram coletados, principalmente, através da análise de

documentos e observações diretas no campo, tudo com o intuito de responder às seguintes

questões-problema:

Como são gerados resíduos de pós de carbono no processo produtivo da UCAR?

Como fazer para minimizar resíduos de pós de carbono no processo produtivo da

UCAR?

A maior parte das informações utilizadas se encontra disponível em relatórios,

procedimentos, bancos de dados, planilhas e inventários internos da UCAR, gerados no

período compreendido entre 2000 e 2003, tendo sido complementada com as mencionadas

observações de campo. Essas observações foram conduzidas durante inspeções e auditorias

internas realizadas na UCAR, por entender-se que esta era a melhor maneira de coletar

informações de campo, já que são atividades regularmente desenvolvidas pelo departamento

de SS&MA da empresa, que tem como um dos seus integrantes o autor desta dissertação. Os

critérios adotados nas observações, inspeções e auditorias se encontram devidamente

detalhados mais adiante, nos itens 5.6 e 5.7.

De posse desses dados foi possível traçar um diagnóstico da situação atual da fábrica,

em termos de geração de resíduos de pós de carbono, identificando-se, ao mesmo tempo, os

pontos que poderiam ser melhorados. Adicionalmente, através de questionário aberto,

Page 26: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

26

procurou-se incentivar alguns representantes selecionados no corpo operacional da empresa, a

apresentarem sugestões para minimização de resíduos.

Todas as informações coletadas e recomendações formuladas foram analisadas

tomando por base o conceito de Prevenção da Poluição e considerando as seguintes

dimensões propostas por LaGrega, Buckingham e Evans (2001, tradução nossa):

Redução na fonte: neste caso, foram avaliadas opções de Controle na Fonte, através

do estudo e definição de Boas Práticas Operacionais, incluindo melhoria de procedimentos,

prevenção de perdas, melhoria do manuseio de materiais e formação dos trabalhadores

(treinamento). Modificações no produto, nos insumos e no processo ficaram fora do escopo

desta pesquisa.

Reciclagem interna e externa: neste caso, foram analisadas opções de Regeneração e

Reuso, através de retorno ao processo original, bem como Recuperação, mediante

processamento (se necessário) para permitir o reuso do resíduo como insumo no próprio

processo ou em outros processos.

Discutiu-se e explicou-se, de maneira detalhada, todas as medidas recomendadas para

minimização de resíduos, sendo também apresentados, quando pertinente, levantamentos de

custos e indicadores de desempenho que evidenciem os benefícios a serem atingidos ou já

alcançados com a implementação de tais medidas. Dentro do possível, também foi feita a

compilação de dados em quadros e tabelas para facilitar o entendimento da avaliação

realizada.

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3. O PROCESSO PRODUTIVO DE ELETRODOS DE GRAFITA E BLOCOS

CATÓDICOS

Araújo (1997) dedica um trecho do Capítulo XII do seu livro Manual de Siderurgia à

descrição de um processo típico de fabricação de eletrodos de grafita utilizados em fornos

elétricos de usinas siderúrgicas. Analisando o que foi explicado pelo referido autor, é possível

concluir, de maneira sucinta, que o processo se inicia por uma etapa de mistura das matérias-

primas à quente (cerca de 150o C), sendo gerada uma massa, que é extrudada e, em seguida,

encaminhada para uma fase de cozimento. O cozimento é feito em fornos a temperaturas

variando entre 850o C e 1200o C, aquecidos lentamente, para evitar trincas devido ao rápido

escape de gases voláteis (40% do piche, uma das matérias-primas, volatiliza-se no processo).

A depender da aplicação, alguns eletrodos são submetidos a uma nova impregnação com

piche sob pressão e cozidos a aproximadamente 800o C, que resulta em um aumento da

densidade e decréscimo da porosidade do material. A grafitação ou grafitização é feita em

fornos com resistências elétricas, onde são atingidas temperaturas na faixa de 2.800o C a

3.200o C, fazendo com que o carbono adquira a estrutura cristalina de grafita. Finalmente, os

eletrodos são usinados nos diâmetros requeridos pelos clientes, sendo também confeccionados

pinos de conexão ou “nipples”, que servem para unir os eletrodos quando estes são montados

nos fornos siderúrgicos.

O processo de fabricação de eletrodos de grafita, desenvolvido na fábrica da UCAR,

em Candeias – Bahia, é bastante similar ao que foi descrito por Araújo (1997), englobando

quatro etapas básicas:

MME – Moagem, Mistura e Extrusão

Cozimento/Impregnação

Grafitação

Usinagem, embalagem e expedição

Na etapa de MME, as matérias primas são classificadas, estocadas em silos, pesadas

em proporções definidas e misturadas a quente, de acordo com a programação de produção.

Saindo dos misturadores, o material passa por uma etapa de resfriamento (através de soprador

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de ar), e, após isso, a mistura é extrudada em uma prensa, obtendo-se as denominadas peças

“verdes”, que seguem para a etapa de Cozimento.

No Cozimento, as peças “verdes” são cuidadosamente acondicionadas em cilindros, os

quais são totalmente preenchidos com coque metalúrgico, para evitar deformações nas peças.

O cozimento é realizado em fornos especiais, alimentados por gás natural, com rigoroso

controle das velocidades de aquecimento. O objetivo é eliminar os voláteis do piche / breu,

coqueificando este material e proporcionando, assim, a ligação das partículas de coque de

petróleo.

Terminado o cozimento, o produto é conduzido para a etapa de grafitação, onde é

colocado em fornos elétricos que operam a temperaturas da ordem de 3.000 oC, quando se

obtém o carbono sob a forma cristalina (grafita). Alguns produtos passam por uma fase

intermediária de impregnação, seguida de um novo cozimento, antes de serem enviados para a

grafitação. Finalmente, os produtos grafitados são usinados, inclusive os já mencionados

pinos de conexão ou “nipples”, e em seguida embalados e estocados para expedição.

As Figuras 2 e 3 mostram, respectivamente, uma pilha de eletrodos de grafita e um

lote de pinos de conexão ou “nipples”, no pátio de armazenagem da empresa, ao final do

processo produtivo. A Figura 4 exibe uma coluna de eletrodos, unidos por “nipples”, em uso

num forno elétrico a arco de uma indústria siderúrgica. Na Figura 5, que também apresenta

eletrodos no interior de um forno elétrico, é possível observar as pontas incandescentes das

peças, logo após a abertura da porta do forno.

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29

No caso específico dos blocos catódicos, o processo é similar, só não havendo, para os

blocos de carbono, a etapa de grafitação. Os blocos de grafita, porém, passam por todo o

processo anteriormente descrito. Uma das diferenças que vale destacar diz respeito ao formato

desses produtos. No MME, os eletrodos são extrudados com matrizes cilíndricas, enquanto

que as matrizes utilizadas para os blocos catódicos são retangulares. Também é válido

ressaltar as aplicações que são dadas aos produtos em questão: nos fornos elétricos de usinas

siderúrgicas, os eletrodos de grafita são submetidos à passagem de corrente elétrica, tornando-

se incandescentes e promovendo a fusão da sucata ali adicionada, a qual, mais adiante, irá

constituir o aço, que, basicamente, é uma liga de ferro e carbono. Segundo Araújo (1997), a

opção pelo uso dos eletrodos de grafita deve-se ao fato destes apresentarem características

importantes, tais como: infusibilidade; elevada resistência a choques térmicos; resistência à

oxidação e aos ataques químicos; baixa resistência elétrica (boa condutividade); usinabilidade,

o que permite a formação de juntas adequadas. Os blocos catódicos, por sua vez, são usados

como revestimento de paredes e fundos de cubas eletrolíticas no processo de fabricação do

alumínio. A Figura 6 mostra um lote de blocos catódicos, já usinados, no pátio de

armazenagem da empresa.

Para fabricação dos eletrodos de grafita, a UCAR utiliza as seguintes matérias primas

e insumos principais: coque calcinado de petróleo, piche (breu), aditivos e coque metalúrgico.

Em se tratando dos blocos catódicos de grafita, a empresa utiliza os mesmos ingredientes,

enquanto que, no caso dos blocos catódicos de carbono, o coque de petróleo é substituído pelo

carvão antracito eletricamente calcinado. Toda essa matéria prima está na forma granulada ou

de partículas, geralmente recebida e estocada a granel, sendo constantemente movimentada

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através de pás carregadeiras, caçambas, correias transportadoras e elevadores de canecas, fato

que termina contribuindo para a geração de resíduos de pós, nas etapas do processo em que

tais produtos são usados.

No âmbito do grupo GrafTech International, além da fábrica de Candeias – Brasil,

existem outras, instaladas em diversas partes do mundo, cujo processo de fabricação de

eletrodos de grafita inclui as quatro etapas básicas anteriormente descritas, a exemplo das

plantas de: Monterrey – México, Meyerton – África do Sul, Pamplona – Espanha, Calais –

França e Viazma – Rússia. Um ponto comum a todas essas plantas é a geração de resíduos de

pós de carbono. São exatamente esses resíduos que constituem o tema de estudo deste

trabalho de pesquisa.

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31

4. REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. RESÍDUOS SÓLIDOS – CONCEITOS BÁSICOS

A Norma NBR-10004 da ABNT (2004) apresenta a seguinte definição para resíduos

sólidos:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

água, aqueles gerados em equipamentos de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exija para isso soluções técnica e

economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, p. 1).

Um pouco mais sucinto, o Art. 131 do Regulamento da Lei No 7799, de 07 de

fevereiro de 2001, aprovado pelo Decreto No 7967, de 05 de junho de 2001, define resíduo

sólido como sendo:

Qualquer lixo, refugo, lodos, lamas e borras nos estados sólido e semi-sólido, bem

como determinados líquidos que pelas suas particularidades não podem ser tratados

em sistema de tratamento convencional, tornando inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou corpos de água (BAHIA, 2001, p. 51).

Já a Resolução CONAMA No 313, de 29 de outubro de 2002, é bem mais específica

ao deixar claro que:

Resíduo sólido industrial é todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que

se encontre nos estados sólido, semi-sólido, gasoso – quando contido, e líquido –

cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto

ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente

inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Ficam incluídos nesta definição

os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição (BRASIL, 2002, p. 1).

Como se pode observar, o conceito apresentado por Brasil (2002) é bastante similar

àquele constante da NBR-10004 da ABNT (2004), porém menos abrangente, já que se

procurou focar exclusivamente nos rejeitos resultantes de atividades industriais. De qualquer

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forma, todos esses conceitos levam inevitavelmente à associação do termo resíduo sólido com

algo que não apresenta qualquer valor e/ou utilidade e que, por conseguinte, necessita ser

descartado. Frosch (1997, p.42), com muita propriedade, afirma que, “na definição

tradicional resíduo é qualquer material não aproveitado que será posteriormente recolhido e

disposto como lixo”. O mesmo Frosch (1997) alerta para a necessidade de se repensar este

conceito, tendo em vista a excessiva quantidade de rejeitos gerados nas economias modernas.

Na opinião de Costa (2000), estamos vivenciando uma época em que os espaços estão se

tornando escassos, com o lixo tomando conta do planeta.

A verdade é que o confinamento de resíduos em aterros, ainda que seja uma opção

bastante utilizada e, inclusive, autorizada por órgãos governamentais de meio ambiente,

muitas vezes só faz contribuir para a geração de passivos ambientais, transferindo o problema

para gerações futuras. Realmente, os aterros, de maneira geral, são bons exemplos de

instalações potencialmente geradoras de passivos ambientais, os quais, de acordo com o

Clube da Árvore de Macaé (ca.2004, p.1) indicam “os danos causados ao meio ambiente,

representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com aspectos

ambientais”. “Os passivos ambientais são, portanto, obrigações que exigirão a entrega de

ativos ou prestação de serviços em um momento futuro, em decorrência das transações

passadas ou presentes e que envolveram a empresa e o meio ambiente” (PASSIVO

AMBIENTAL, ca.2004, p.1). Essas reflexões e ponderações, portanto, deixam clara a

necessidade de se buscar soluções para o problema, as quais, fatalmente, irão incluir

alternativas de minimização de rejeitos e prevenção da poluição.

4.2. MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS – CONCEITUAÇÃO E ABORDAGEM LEGAL

Na Conferência Mundial de Estocolmo, realizada em 1972, foi traçado um panorama

sombrio dos impactos negativos sobre o meio ambiente, em função do lançamento e descarte

inadequados de resíduos, efluentes e demais rejeitos de processos produtivos. Desde então,

testemunhou-se um intenso trabalho dos órgãos governamentais de meio ambiente, os quais,

respaldados em legislações focadas na abordagem Comando e Controle (C&C), passaram a

licenciar, fiscalizar e avaliar atividades impactantes dos recursos naturais, com ênfase na

utilização de tecnologias de controle tipo “fim-de-tubo”, que tratam, mas não eliminam as

reais causas dos problemas. Em suma, a abordagem C&C, está fundamentada num conjunto

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33

de dispositivos e exigências legais (Comando) e nos mecanismos para garantir o seu

atendimento (Controle).

Segundo Andrade, Marinho e Kiperstok (2001, p.327), a abordagem C&C visa

“assegurar o atendimento à legislação, através do estabelecimento de normas e padrões

ambientais e de fiscalização do seu cumprimento, mediante aplicação de sanções

administrativas e penais, para as situações de não conformidade”. Barbosa (2003), por sua

vez, entende que:

Os controles no final dos processos, “fim-de-tubo”, apenas economizam dinheiro

por evitarem a aplicação de multas e penalidades por não-cumprimento de normas e

legislação, mas dificilmente criam uma cultura de prevenção entre as pessoas da

organização (BARBOSA, 2003, p. 23).

Dentro deste contexto, foi publicada, em novembro de 1980, a Lei No 3858,

considerada de fundamental importância, por ter sistematizado a Política de Meio Ambiente

do Estado da Bahia e criado o SEARA - Sistema Estadual de Administração dos Recursos

Ambientais. Todavia, como era de se esperar, tanto esta Lei, como o seu Regulamento,

aprovado pelo Decreto No 28.687, de 11 de fevereiro de 1982 (revogado anos mais tarde pelo

Decreto No 7.639, de 28 de julho de 1999), não incorporavam uma visão direcionada para a

prevenção, privilegiando a já discutida abordagem de Comando & Controle (C&C) e, por

conseguinte, as medidas “fim-de-tubo” para tratar as questões relativas à poluição industrial.

O mesmo se pode dizer da Lei Federal No 6938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a

Política Nacional do Meio Ambiente, bem como o seu Regulamento, aprovado pelo Decreto

No 99.272, de 6 de junho de 1990.

Contrapondo-se à abordagem de C&C, surgiram nos anos 80 do Século XX, os

princípios da Produção Limpa (Clean Production), como proposta da Organização

Ambientalista Internacional Greenpeace, e, já no final daquela década (1989), o Programa de

Produção Mais Limpa (Cleaner Production), criado pela agência da ONU dedicada ao meio

ambiente – PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

Opiniões e conceitos expressos por Furtado, Silva e Margarido (ca.2001) e por

Andrade, Marinho e Kiperstok (2001), permitem concluir que, tanto a Produção Limpa como

a Produção Mais Limpa, objetivam a Prevenção da Poluição, pressupondo uma produção com

Page 34: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

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utilização de tecnologias que, dentre outros pontos, proporcionem um menor consumo de

recursos naturais, minimização dos resíduos, dos riscos e dos impactos ambientais, através

dos princípios da ecoeficiência e precaução.

Segundo Marinho e Kiperstok (2000), um outro conceito que, a partir dos anos 90 do

Século XX, passou a ter considerável impulso e ressonância, foi o de Ecologia Industrial, que,

da mesma forma, visa prevenir a poluição, reduzindo a demanda por matérias primas, água e

energia e a devolução dos resíduos à natureza. Graedel e Allenby (1995, p.10, tradução nossa)

ressaltam que, “assim como os sistemas biológicos, a Ecologia Industrial também rejeita o

conceito de resíduo”. Estes autores acrescentam que, “embora os dicionários definam resíduos

como materiais inservíveis ou sem valor, na natureza nada é eternamente descartado, ou seja,

de várias maneiras, todos os materiais são reutilizados, em geral com grande eficiência”

(GRAEDEL; ALLENBY,1995, p.10, tradução nossa). Em suma, para Graedel e Allenby

(1995, p.9, tradução nossa), “o conceito requer que um sistema industrial seja visto não

isoladamente, mas em conjunto com os sistemas que o circundam”. A Ecologia Industrial,

portanto, enfatiza que a redução pode se dar através de sistemas integrados de processos ou

indústrias, de forma que resíduos ou subprodutos de um processo possam servir como matéria

prima de outro. É exatamente neste ponto que a Ecologia Industrial difere da Prevenção da

Poluição, que prioriza os esforços dentro de cada processo, isoladamente, colocando a

reciclagem externa entre as últimas opções a considerar.

O World Bank Group (1998, tradução nossa), entende que minimização de resíduos

inclui tanto as ações adotadas pelo fabricante para evitar a geração de rejeitos, como aquelas

destinadas a tornar o resíduo um insumo útil para outros processos, eliminando a necessidade

de descarte. Para LaGrega, Buckingham e Evans (2001, tradução nossa), tanto o controle na

fonte, como a reciclagem interna ou externa, são opções que devem ser consideradas quando

se parte para a implementação de um Programa de Prevenção da Poluição e Minimização de

resíduos. Tratam-se, portanto, de interpretações que estão em perfeita sintonia com os

critérios de Ecologia Industrial anteriormente enfatizados.

Um item que, inegavelmente, também merece destaque é a Lei Estadual No 7799, de

07 de fevereiro de 2001, a qual revogou a Lei No 3858, de 03 de novembro de 1980. Segundo

Sobral (2002, p.145), tanto a Lei No 7799/2001, como o seu Regulamento, aprovado pelo

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Decreto Estadual No 7967, de 05 de junho de 2001, “contêm disposições inovadoras, fruto da

experiência adquirida nos mais de vinte anos decorridos desde a aprovação da Lei No 3858, de

03 de novembro de 1980”.

Realmente, analisando-se o Regulamento da Lei No 7799, de 07 de fevereiro de 2001,

aprovado pelo Decreto No 7967, de 05 de junho de 2001, verifica-se que, no seu Art. 130,

onde são estabelecidas as diretrizes para a gestão de resíduos sólidos, há dois incisos que

tratam especificamente da questão da minimização de resíduos; são eles:

I) não geração, minimização, reutilização e reciclagem de resíduos

através de alteração de padrões de produção e de consumo e

desenvolvimento de tecnologias limpas;

IV) desenvolvimento de tecnologias limpas para a reutilização,

reciclagem, tratamento e disposição final dos resíduos (BAHIA, 2001,

p. 50).

Mais adiante, o Art. 133 do citado Regulamento determina que a gestão dos resíduos

sólidos “deverá ser pautada nos seguintes princípios, hierarquizados nesta ordem: I) não

geração de resíduos; II) minimização da geração; III) reutilização; IV) reciclagem; V)

tratamento; VI) disposição final” (BAHIA, 2001, p. 52-53).

Por outro lado, a própria Lei No 7799, de 07 de fevereiro de 2001, no seu Art. 2º,

estabelece como uma das diretrizes para a proteção e melhoria da qualidade ambiental no

estado, “o incentivo ao desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e ações orientadas para o

uso sustentável dos recursos ambientais, da minimização, reciclagem e reuso de resíduos e

materiais, bem como à implantação de instalações que a elas se dedicam” (BAHIA, 2001,

p.2).

Ainda que relativamente tímidas, as exigências contidas na Lei No 7799/2001 e no seu

Regulamento, sem sombra de dúvidas representam um avanço significativo no tocante à

questão da minimização de resíduos, quando comparadas com outros documentos legais, a

exemplo da NBR-10004 da ABNT (2004). Nesta Norma, que trata da classificação dos

resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública,

verifica-se uma preocupação muito grande com relação ao manuseio e destinação adequados

dos mesmos, mas, em momento algum, aparece qualquer referência ao termo “minimização”.

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36

Já na Resolução CONAMA No 313, de 29 de outubro de 2002, que dispõe sobre o Inventário

Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, a questão da minimização é abordada de maneira

muito sutil, ao se solicitar que as empresas forneçam informações sobre formas de

reutilização ou reciclagem de rejeitos, interna ou externamente.

4.3. RESÍDUOS SÓLIDOS E AS CONDIÇÕES DE HIGIENE NOS AMBIENTES DE

TRABALHO

A geração de resíduos sólidos industriais, além das possíveis implicações ambientais

(ambiente externo), apresenta uma estreita correlação com aspectos relativos às condições de

higiene industrial (ambiente interno), um ponto que está muito bem evidenciado em dois

Artigos da NR-24, do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata das Condições Sanitárias e

de Conforto nos locais de trabalho:

Art. 24.7.5: Os locais de trabalho serão mantidos em estado de higiene

compatível com o gênero da atividade. O serviço de limpeza será

realizado, sempre que possível, fora do horário de trabalho e por

processo que reduza ao mínimo o levantamento de poeiras.

Art. 24.7.6: Deverão os responsáveis pelos estabelecimentos industriais

dar aos resíduos, destino e tratamento que os tornem inócuos aos

empregados e à coletividade (BRASIL, 1978e, p. 12).

Há, ainda, a NR-25, do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata dos Resíduos

Industriais, a qual, no seu Artigo 25.2.1, estabelece que:

Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações

industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou

retirados dos limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à

segurança dos trabalhadores (BRASIL, 1978f, p. 1).

Por outro lado, ao se falar de condições de higiene em locais de trabalho, não se pode

deixar de trazer à baila o termo 5S, o qual teve origem no Japão, logo após a 2a Guerra

Mundial, na forma de um programa que objetivava combater a sujeira reinante nas fábricas

daquele país. O termo 5S é derivado de cinco palavras japonesas, todas elas iniciadas com a

letra S: Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke. Coelho (2003) explica que praticar os 5S

significa:

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37

- Seiri (Senso de utilização): separar as coisas necessárias das

desnecessárias;

- Seiton (Senso de organização): ordenar e identificar as coisas,

facilitando encontrá-las quando desejado;

- Seisou (Senso de zelo): criar e manter um ambiente físico agradável;

- Seiketsu (Senso de higiene): cuidar da saúde física, mental e

emocional de forma preventiva;

- Shitsuke (Senso de disciplina): manter os resultados obtidos através da

repetição e da prática (COELHO, 2003, p. 2).

Segundo Lapa (ca.2004), o processo 5S foi formalmente lançado no Brasil em 1991

através da Fundação Christiano Ottoni, sendo que o termo "Senso de” significa "exercitar a

capacidade de apreciar, julgar e entender", bem como a "aplicação correta da razão para julgar

ou raciocinar em cada caso particular” (LAPA, ca.2004, p.1). Coelho (2003, p.2), por sua vez,

entende que “os cinco sensos constituem um sistema fundamental para harmonizar as

interfaces entre os subsistemas produtivo, pessoal e comportamental”.

Em suma, a prática dos 5S vai ao encontro das exigências estabelecidas na NR-24, ao

contribuir para a melhoria das condições de higiene no ambiente de trabalho. Fornece,

também, ferramentas que certamente podem corroborar com a implantação de programas de

minimização de resíduos, os quais, dentre outros pontos, devem estar lastreados em

procedimentos e padrões operacionais que objetivem a eliminação ou redução de

desperdícios. De acordo com Lapa (ca.2004), o sucesso na adoção desses procedimentos

operacionais somente pode ser obtido depois de estabelecidos os padrões ambientais de

Utilização, Ordenação e Limpeza, bem como o desenvolvimento do Senso de Asseio e

educação para execução dos padrões, disciplinadamente. Em outras palavras, a adoção dos

conceitos de 5S constitui um passo importante e fundamental no desenvolvimento de atitudes

positivas na condução da padronização de tarefas e para um programa de minimização de

resíduos.

4.4. PONTOS IMPORTANTES NUM PROGRAMA DE MINIMIZAÇÃO DE

RESÍDUOS

No desenvolvimento deste trabalho de pesquisa estão sendo considerados os princípios

de Prevenção da Poluição expressos por LaGrega, Buckingham e Evans (2001), incluindo a

Page 38: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

38

avaliação de opções de redução na fonte através de boas práticas operacionais, como também

opções de reuso e reciclagem externa.

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (1998, p.11) considera que “a

melhoria nas práticas operacionais consiste na padronização dos parâmetros operacionais e

dos procedimentos para execução de uma tarefa, aliados a uma sistemática que garanta a

efetividade na execução das operações industriais”. O entendimento de Kiperstok (2002,

p.101) é que “a implementação de boas práticas operacionais depende, por um lado, de uma

gestão que priorize a minimização de resíduos e, por outro, do desenvolvimento de um olhar

crítico perante o próprio processo produtivo no âmbito da organização”.

Já o reuso, conforme definição feita pela Companhia de Tecnologia de Saneamento

Ambiental (1998, p.11), “é qualquer prática que permita a reutilização de um resíduo, sem

que o mesmo seja submetido a um tratamento prévio”. Quando se fala em reuso, é inevitável a

associação com alguns princípios da Ecologia Industrial, levantados no item 4.2 deste

trabalho, ou, em especial, com o termo “Design for Environment” (DfE), que, em Português,

significa Projeto para o Meio Ambiente. Para Graedel e Allenby (1995, p.183, tradução

nossa), a Ecologia Industrial envolve tanto produtos como processos, sendo importante

distinguir que “produtos representam o que é vendido por uma corporação, enquanto

processos são as técnicas para fabricação desses produtos”. Inserido nos princípios da

Ecologia Industrial, o DfE parte do pressuposto de que, trabalhando-se nos projetos de

processos e produtos, é possível aplicar diferentes fatores, de forma hierarquizada, visando

reduzir impactos ambientais e custos, e fomentando a eficiência. Ainda segundo Graedel e

Allenby (1995, p.184, tradução nossa), “numa situação ideal, processos e produtos devem ser

desenvolvidos e introduzidos em conjunto, pois isto aumenta a possibilidade de integração de

toda a operação industrial”. Todavia, estes dois autores percebem que, usualmente, as

mudanças nos produtos são mais comuns que as de processo. A justificativa apresentada para

tal percepção é que, em se tratando de um novo processo, este tem que se mostrar

suficientemente benéfico para suplantar o antigo; já no caso de produtos, os projetistas podem

usar combinações de processos existentes ou em desenvolvimento, para conceberem produtos

que tenham menor impacto no meio ambiente.

Page 39: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

39

É importante destacar que, tanto nas situações em que se opta pelo reuso, como

naquelas em que o foco é direcionado para a melhoria das práticas operacionais, a educação e

o treinamento dos empregados desempenha um papel preponderante. LaGrega, Buckingham e

Evans (2001, p.407, tradução nossa) afirmam que “mesmo o melhor programa de

minimização de resíduos não funcionará se o pessoal envolvido não estiver adequadamente

instruído”, além de acrescentarem que “os empregados não levarão a sério regras e

procedimentos referentes ao gerenciamento de resíduos, a menos que estes lhes tenham sido

devidamente explicados”. A conclusão que se pode tirar, a partir da percepção destes autores,

é que os empregados devem ser alertados quanto às implicações dos seus atos, assim como

solicitados a expressarem seus pensamentos sobre como reduzir problemas, haja vista que

muitas sugestões de minimização apresentadas pelo pessoal operacional revelam-se bastante

valiosas.

Ao elevar-se o nível de instrução dos empregados, torna-se mais fácil conscientizá-los

quanto à importância de estarem envolvidos e comprometidos com o cumprimento de

programas que objetivem livrar os ambientes de trabalho de eventos indesejáveis, que possam

resultar em danos ao meio ambiente. Em geral, empregados devidamente treinados e

motivados costumam participar mais ativamente nos processos de trabalho dos seus

departamentos, propondo soluções para melhoria de problemas existentes. Eles tendem a

desenvolver o desejado olhar crítico perante o processo, identificando oportunidades de

melhoria. Em outras palavras, entendendo o que se pretende fazer e aonde se deseja chegar, os

empregados “comprarão” as idéias propostas e se empenharão na sua execução. Isto é

fundamental para uma empresa que esteja empenhada na implantação de um programa de

prevenção da poluição e minimização de resíduos.

LaGrega, Buckingham e Evans, no Capítulo 7 do livro “Hazardous Waste

Management” (2001, tradução nossa), opinam que a revisão das práticas operacionais é a

forma mais simples e menos dispendiosa para a redução de resíduos na fonte. Dentre as

diversas práticas operacionais de limpeza e manutenção listadas por esses autores, decidiu-se

destacar, analisar e, inclusive, agregar comentários sobre aquelas consideradas de maior

relevância para este trabalho de pesquisa:

Page 40: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

40

- Avaliações para minimização de resíduos: este item prevê, dentre outros pontos, a

identificação e seleção de opções para minimização de resíduos, com a colaboração

de pessoal qualificado. A partir daí, em função de recursos que forem alocados,

deve-se estabelecer metas de curto e longo prazos e proceder à avaliação periódica

das medidas implementadas, quanto à sua efetividade.

- Revisões e Auditorias Ambientais: este item prevê a realização de revisões de

processo e inspeções de campo, baseadas em documentação específica, devendo ser

feito o registro dos dados e mantido acompanhamento para checar a correção dos

mesmos.

- Programas de Prevenção de Perdas: este item requer que sejam conduzidas

avaliações, tanto na etapa de projeto como na operação de equipamentos /

instalações, objetivando definir programas de prevenção e controle de vazamentos /

derramamentos.

- Segregação de resíduos: basicamente, o que se pretende com este item é que sejam

definidas medidas para evitar a mistura de resíduos, tais como perigosos e não

perigosos, líquidos e sólidos. A segregação por classes químicas ou certas

características físico-químicas também pode facilitar o reuso.

- Treinamento e conscientização: este item deve cobrir treinamentos sobre operação

segura de equipamentos e instalações, correto manuseio de materiais, situações de

emergência envolvendo vazamentos / derramamentos e uso de dispositivos de

segurança.

- Participação do empregado: este item prevê que, através de times envolvendo

empregados e suas supervisões, sejam identificadas alternativas para redução de

resíduos. A idéia básica é que os empregados sejam encorajados a apresentarem

sugestões para minimização de rejeitos.

Rotinas que permitem à indústria realizar auditoria interna para identificar, quantificar

e corrigir a geração de resíduos, são também encontradas no Manual de Prevenção de

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Resíduos na Fonte & Economia de Água e Energia (FURTADO et al., 1998). Já o Manual

para Implementação de um Programa de Prevenção da Poluição apresenta uma metodologia

de apoio para o planejamento e desenvolvimento de um programa P2 (Prevenção à Poluição)

que pode ser adaptada às condições específicas da empresa interessada (COMPANHIA DE

TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL, 1998). As orientações contidas nesses

dois Manuais, de qualquer forma, são perfeitamente compatíveis com aquelas expressas por

LaGrega, Buckingham e Evans (2001), anteriormente destacadas.

Um ponto a ser ressaltado e considerado fundamental, tanto por Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental (1998) como por Furtado et al. (1998), é o apoio da

Direção da empresa ao programa a ser implantado. Além do comprometimento da Direção da

empresa, também é essencial que todas as pessoas, mesmo as não envolvidas diretamente no

planejamento e execução do programa, sejam sistematicamente informadas do seu

andamento, para que possam assimilar todas as mudanças resultantes dessa implantação

(COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL, 1998). Não é

diferente a visão contida no Manual de Prevenção de Resíduos na Fonte & Economia de Água

e Energia (FURTADO et al., 1998), onde há um item específico destacando a importância do

envolvimento dos níveis superiores de decisão de negócios da empresa. Opinião semelhante é

expressa por Coelho (2002, p.135), ao afirmar que todas as fases de implantação do Programa

só podem ser realizadas com o “total envolvimento e comprometimento, principalmente da

alta gestão, a fim de garantir a introdução e internalização do conceito e prática de produção

mais limpa na cultura da empresa, impactando diretamente o gerenciamento ambiental”.

Por outro lado, este trabalho de pesquisa não pode deixar de considerar que os

princípios da Ecologia Industrial também incorporam a opção de reciclagem externa de

resíduos para os quais não haja uma alternativa técnica e economicamente viável de

reutilização interna. Parafraseando Costa (2000), reciclar não significa necessariamente

reutilizar o rejeito como item similar, uma vez que a premência de se diminuir os espaços

físicos para deposição dos resíduos abre vertente a outras metodologias para aproveitamento

do lixo. Esta mesma posição é defendida por Frosch (1997, p.43), para quem a idéia de

Ecologia Industrial é a de que “materiais residuais, ao invés de serem automaticamente

enviados para o lixo, deveriam ser tratados como suprimento de matéria-prima para outros

processos e produtos industriais”. Frosch (1997, p.43) acrescenta que “os resíduos deveriam

Page 42: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

42

ser percebidos mais como subprodutos do que como sobras ou perdas indesejáveis”, opinião

que está em sintonia com o princípio do Biomimetismo defendido por Lovins e Lovins (2000,

p.164), segundo o qual é possível “transformar os materiais descartados em aportes para

novos compostos ou para o reaproveitamento lucrativo”. Desta forma, pode-se concluir que “a

Ecologia Industrial ajuda na obtenção de soluções racionais, amplas e sustentáveis”

(BRADLEY; KIPERSTOK, 2002, p.190). São exatamente novas opções de aproveitamento

para um tipo específico de resíduo (pós de carbono), que, dentre outros pontos, se buscou

identificar com esta pesquisa.

4.5. RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO

4.5.1. Principais características dos resíduos de pós de carbono

Conhecido desde os tempos primordiais, o carbono, cujo nome é originado da palavra

latina carbo, que significa carvão vegetal, é uma substância insolúvel em água, bases e ácidos

diluídos, e em solventes orgânicos, além de ser quimicamente inerte, combinando-se com o

oxigênio apenas em elevadas temperaturas, para formar óxidos de carbono como o monóxido

e o dióxido de carbono (FEIRA DE CIÊNCIAS, 2004). Todas essas características se aplicam

aos resíduos de pós de carbono gerados na UCAR. Além delas, de acordo com UCAR

Produtos de Carbono (2003a), os pós de carbono são materiais escuros, inodoros, estáveis,

não apresentam riscos de polimerização perigosa e são bons condutores de eletricidade, de

modo que acúmulos de pós podem provocar curtos-circuitos, sendo, portanto, recomendável o

isolamento de circuitos elétricos em locais onde os mesmos estiverem presentes. Estes dados

estão disponibilizados sob a forma de uma Ficha de Informações de Segurança de Produto

Químico – FISPQ, elaborada em conformidade com as exigências da NBR 14725 da ABNT

(2001), a qual é definida como um documento que contém orientações básicas sobre o

produto químico, os seus riscos, a forma correta de transporte, manuseio e armazenamento,

medidas de proteção e ações em situação de emergência, sendo que, em alguns países, é

denominada “Material Safety Data Sheet” – MSDS (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 2001).

Page 43: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

43

4.5.2. Possíveis efeitos dos pós de carbono à saúde

A FISPQ dos pós de carbono destaca que altas concentrações desses pós podem irritar

os olhos, as mucosas e o trato respiratório, havendo o risco de surgimento de pneumoconiose,

se a inalação dessas altas concentrações ocorrer por períodos prolongados e repetidos (UCAR

PRODUTOS DE CARBONO, 2003a). Na “Third Conference of Experts on

Pneumoconiosis”, organizada pelo “International Labour Office” – ILO, em Sydney, em

1950, a pneumoconiose foi definida como “uma doença diagnosticável dos pulmões,

decorrente da inalação de poeira, entendendo-se o termo poeira como material particulado na

fase sólida, mas excluindo organismos vivos” (INTERNATIONAL LABOUR OFFICE, 1983,

p.1731, tradução nossa). Uma outra definição, aprovada na “Forth Conference of Experts on

Pneumoconiosis”, também organizada pelo ILO, em Bucareste, em 1971, considera que

“pneumoconiose é o acúmulo de poeira nos pulmões e a reação dos tecidos à sua presença”

(INTERNATIONAL LABOUR OFFICE, 1983, p.1731, tradução nossa).

É importante destacar que, de acordo com o International Labour Office (1983,

p.1731, tradução nossa), “nem todas as exposições a pós geram pneumoconiose, já que os

pulmões possuem mecanismos altamente eficientes para prevenir a formação de depósitos de

poeira”. A mesma fonte esclarece que são mecanismos de filtração e sedimentação, através

das estreitas e tortuosas passagens nasais, incluindo os pelos existentes no nariz, bem como as

membranas mucosas, que capturam as partículas maiores, evitando que estas cheguem aos

pulmões.

A NR-9 requer que as empresas mantenham Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais – PPRA, incluindo, dentre outros pontos, a monitoração dos ambientes de

trabalho, visando à identificação de riscos físicos, químicos e biológicos, e das respectivas

medidas de controle (BRASIL, 1978c). Esta mesma Norma, no seu Art. 9.3.5.1, deixa claro

que os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores podem ser

comparados com os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes, com os

valores limites de exposição ocupacional adotados pela “American Conference of

Governmental Industrial Hygienists” - ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabelecidos

em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-

legais estabelecidos (BRASIL, 1978c). Sendo assim, considerando o fato de que os pós de

Page 44: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

44

carbono são agentes químicos, bem como a possibilidade de poderem causar pneumoconiose,

torna-se necessário manter programas de monitoramento dos trabalhadores a eles expostos,

conforme exigências contidas nos Artigos 9.3.1 e 9.3.4 da citada NR.

Em se tratando de pós de carbono, após análise da NR-15 e da publicação TLVs and

BEIs da ACGIH (2003), é possível concluir que o uso de valores preconizados pela ACGIH é

mais apropriado. Embora a ACGIH não indique nenhum limite de exposição específico para

os pós de carbono, verifica-se que, neste caso, é possível utilizar os valores estabelecidos para

as “Particles Not Otherwise Specified” – PNOS2, os quais são: 10,0 mg/m3 (partículas totais

inaláveis) e 3,0 mg/m3 (partículas respiráveis). Para as partículas respiráveis de grafita, o

limite estabelecido pela é 2,0 mg/m3 (AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL

INDUSTRIAL HYGIENISTS, 2003). Os limites anteriormente citados são, portanto, valores

perfeitamente possíveis de serem utilizados como referência em trabalhos de monitoramento

da exposição de trabalhadores, conforme requerido pela NR-9.

Além das medidas preconizadas na NR-9, é também obrigação das empresas a

realização de exames médicos periódicos, observando os critérios estabelecidos na NR-7. Esta

Norma exige a manutenção de um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –

PCMSO, no qual deve estar inserida a monitorização biológica, observando parâmetros que

permitam verificar se os agentes encontrados nos ambientes de trabalho estão afetando a

saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1978b). No caso dos pós de carbono, os exames

requeridos, conforme Quadro II da NR-7 são a telerradiografia do tórax e a espirometria3.

É, deste modo, imperativo que, em consonância com as exigências da NR-9 e da NR-

15, as empresas monitorem os seus ambientes laborais e reportem os resultados aos

empregados, alertando-os acerca dos riscos à saúde identificados e adotando as medidas

cabíveis para prevenir exposições excessivas. Em paralelo, é indispensável que seja mantido

um rigoroso controle das condições de saúde dos empregados, mediante fiel observância dos

requisitos constantes da NR-7, de modo que, eventuais agravos à saúde possam ser detectados

em tempo hábil, possibilitando o tratamento e, conseqüentemente, aumentando as

2 A sigla PNOS significa “Partículas não identificadas de outro modo” (tradução nossa). 3 Exame que visa determinar a capacidade respiratória dos pulmões, com utilização de um equipamento denominado espirômetro, que mede o ar inalado e exalado dos pulmões (FERREIRA, 1986).

Page 45: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

45

possibilidades de recuperação do trabalhador. No caso da UCAR, todas essas exigências são

rigorosamente cumpridas, conforme explicado mais adiante, no item 5.4.

4.5.3. Classificação dos resíduos de pós de carbono

Para se efetuar a classificação de um rejeito sólido, é necessário, em primeiro lugar,

destacar o conceito de periculosidade, o qual, de acordo com a NBR-10004 da ABNT (2004),

corresponde à característica apresentada por um resíduo, que, em função de suas propriedades

físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar:

a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças

ou acentuando seus índices.

b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma

inadequada (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,

2004, p. 2).

Tomando por base este conceito, a NBR-10004 da ABNT (2004) estabelece que um

resíduo sólido é enquadrado na Classe I (Perigoso), quando apresenta periculosidade,

conforme definição anterior, ou uma das seguintes características: Inflamabilidade,

Corrosividade, Reatividade, Toxicidade e Patogenicidade. De maneira bastante detalhada, a

referida Norma especifica todos os métodos e critérios que permitem identificar quando um

resíduo se encaixa em alguma dessas características. Do mesmo modo, também estão

contemplados na Norma em questão, os critérios para enquadramento de resíduos na Classe II

(Não Perigosos), Classe II A (Não Inertes) e Classe II B (Inertes).

A Resolução CEPRAM No 13/1987, igualmente estabelece critérios similares para

classificação de resíduos perigosos, mas, comparando-a com a NBR-10004 da ABNT (2004),

constata-se que esta última é mais detalhada e, inclusive, mais restritiva, em algumas

situações. Sendo assim, é desejável que se dê preferência à utilização das diretrizes constantes

da Norma da ABNT, já que esta incorpora e extrapola as exigências da Resolução CEPRAM

No 13/1987. Isto, inclusive, está em sincronia com a Resolução CONAMA No 313 (2002), a

qual recomenda que a classificação dos resíduos seja feita com base na mencionada NBR-

10004 da ABNT.

Page 46: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

46

Vale destacar que, até novembro de 2004 estava em vigor a primeira versão da NBR-

10004, datada de 1987. Em 2004, entretanto, esta Norma sofreu uma revisão, que passou a

vigorar a partir de 30.11.2004. Fazendo-se uma minuciosa avaliação dos resíduos de pós de

carbono gerados na UCAR, à luz dos critérios estabelecidos nos dois textos da referida

Norma (textos de 1987 e de 2004), conclui-se que tais rejeitos não apresentam características

de Inflamabilidade, Corrosividade, Reatividade e Patogenicidade. Com relação à

característica de Toxicidade, as duas versões da NBR-10004 exigem, dentre outros pontos, a

realização de um Teste de Lixiviação, a partir de uma amostra representativa4 do resíduo,

sendo que este será considerado Tóxico, se o extrato obtido desta amostra contiver

contaminantes em concentrações superiores àquelas estabelecidas na Norma em questão.

De acordo com CETREL S.A.(2004), um Teste de Lixiviação efetuado como uma

amostra representativa de resíduos de pós de carbono originados na UCAR, resultou em

valores inferiores aos estabelecidos na NBR-10004 da ABNT (1987), confirmando a não

toxicidade dos mesmos. Por outro lado, um Teste complementar de Solubilização, também

executado em conformidade com a NBR-10004 da ABNT (1987), revelou que os resíduos de

pós de carbono atendem às características de resíduos inertes, uma vez que as concentrações

de constituintes solubilizados foram inferiores aos valores fixados na referida Norma

(CETREL S.A., 2004). O Parecer Técnico 001/04 Rev.01, emitido pela CETREL, e que trata

dos mencionados Testes de Lixiviação e de Solubilização dos resíduos de pós de carbono,

encontra-se disponível no ANEXO A. Vale destacar que as análises de caracterização foram

baseadas na versão de 1987 da NBR-1004 da ABNT, pois, na oportunidade, a revisão de 2004

ainda não havia sido emitida. A conclusão que se pode tirar é que, de acordo com os critérios

estabelecidos na NBR-10004 da ABNT (1987), na Resolução CEPRAM No 13 (1987) e na

Resolução CONAMA No 313 (2002), os pós de carbono não estão enquadrados na categoria

de resíduos industriais perigosos, sendo classificados como resíduos inertes. Pode-se antecipar

que, no atual texto da NBR-10004, datado de 2004, não foi identificada nenhuma mudança

significativa, tal como a inclusão de novos contaminantes que tenham afinidade com o

processo produtivo da UCAR, que possa vir a alterar a atual classificação. De qualquer forma,

uma nova caracterização está sendo recomendada no Capítulo 8 desta Dissertação, com o

intuito de dirimir eventuais dúvidas e, inclusive, validar a caracterização inicial.

4 Amostra representativa é aquela que possui as propriedades médias de um universo em estudo, por exemplo, resíduos, lagoa, água de subsolo, etc. (BAHIA, 1987).

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47

Realmente, a correta caracterização de um resíduo sólido e a sua classificação em uma

das classes previstas na NBR-10004 da ABNT (2004) é um ponto que não pode deixar de ser

considerado quando da definição de uma estratégia para o seu gerenciamento. Somente

através do completo conhecimento do rejeito, é possível estabelecer cuidados específicos a

serem adotados no acondicionamento, movimentação e manuseio do mesmo, visando

minimizar riscos às pessoas envolvidas nessas atividades ou ao meio ambiente. É também um

aspecto importante a ser levado em conta quando se pretende avaliar alternativas para

minimização deste rejeito, em especial aquelas que envolvam reutilização interna ou

reciclagem externa, já que rejeitos perigosos são muito mais problemáticos, oferecendo

dificuldades e restrições adicionais.

4.5.4. Controle de emissões de pós de carbono

Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (1984) há vários tipos

de equipamentos para controle de emissões de materiais particulados, dentre os quais, um dos

mais comumente utilizados são os filtros de mangas ou de tecidos, dispositivos bastante

eficientes e de ampla aplicabilidade, podendo ser usados para qualquer faixa de tamanho e

concentração de partículas. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (1984)

informa que as mangas são confeccionadas com materiais como poliéster, polipropileno,

nomex, lã, teflon, algodão, dentre outros, e acrescenta que o princípio de funcionamento dos

filtros consiste na retenção dos pós pelos tecidos, permitindo a saída do gás limpo, com

eficiência de remoção atingindo valores da ordem de 99,97% para partículas de 0,3 µm. As

partículas coletadas, por sua vez, são removidas através de mecanismos de limpeza, que

podem ser vibração ou injeção de jato de ar, sendo direcionadas para uma moega. Daí, elas

podem ter várias formas de destinação, incluindo reuso no processo, comercialização ou

descarte em instalação adequada. Tudo dependerá do tipo de material retido. No caso da

empresa em estudo os equipamentos adotados para abatimento das emissões de pós de

carbono, são exatamente os mencionados filtros de mangas, sendo que o destino dado aos pós

retidos nesses equipamentos é discutido mais adiante.

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48

4.6. O PAPEL DO CARBONO NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO AÇO EM

FORNOS ELÉTRICOS A ARCO

De acordo com Ferraz (2003, p.1), “o aço é uma liga metálica constituída basicamente

de ferro e carbono, este último variando de 0,008% até aproximadamente 2,11%, além de

certos elementos residuais resultantes de seu processo de fabricação”. Araújo (1997), por sua

vez, explica que a produção do aço, num forno elétrico a arco, compreende as seguintes fases:

- Carregamento da sucata5.

- Fusão em condições oxidantes mais ou menos intensas.

- Fervura do banho.

- Retirada da escória.

- Refino (recarburação, desoxidação e dessulfuração sob uma escória

redutora, bem como o aquecimento para vazar).

- Vazamento (ARAÚJO, 1997, p. 347).

Segundo Myers (2003, p.761, tradução nossa), “nos processos em fornos elétricos a

arco, o nível de carbono no metal fundido é maior que o desejável para o produto, sendo

função do conteúdo de carbono no material de carga”; em outras palavras, como a sucata

alimentada sempre contém um certo teor de carbono, há um nível mínimo deste elemento que

é inevitável. Por este motivo, e considerando que a oxidação do carbono gera benefícios para

o processo, a serem apresentados mais adiante, o que se precisa fazer é definir qual a

quantidade necessária deste elemento e como controlá-lo. Myers (2003, tradução nossa)

informa que, dentro de um forno elétrico a arco, existe uma competição de reações químicas

envolvendo o carbono, o oxigênio e o ferro, sendo que duas dessas reações consistem na

oxidação do ferro a óxido de ferro e na redução do óxido de ferro a ferro, conforme indicado a

seguir:

Reação 1: O + Fe → FeO (reação exotérmica)

Reação 2: C + FeO → CO + Fe (reação endotérmica)

5 A sucata pode ser constituída de: cascões de panela, lingotes curtos, derramamentos de aço, pontas cortadas na tesoura de lingotes, de placas ou de tarugos, recortes das linhas de acabamento, restos de estamparia, retalhos de chapa, ferro velho, etc. (ARAÚJO, 1997).

Page 49: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

49

A soma das duas reações anteriores resulta na reação 3, que corresponde à oxidação do

carbono.

Reação 3: O + C → CO (reação exotérmica)

De maneira resumida, Myers (2003, tradução nossa), explica que a competição entre a

reação 1 (oxidação do ferro) e a reação 3 (oxidação do carbono) ocorre da seguinte forma:

Ferro e carbono competem pelo oxigênio, com a termodinâmica favorecendo inicialmente o

carbono, até que níveis baixos deste elemento, na faixa de 0,2 a 0,4 %, são atingidos. A partir

daí, a cinética de descarburização deixa de ser favorável, fazendo com que o oxigênio tenha

preferência em reagir com o ferro, para formar óxido de ferro. Ambas as reações são

exotérmicas e, sendo assim, o calor liberado ajuda a contrabalançar a demanda de energia

elétrica requerida pelo processo de fabricação do aço.

O mesmo Myers (2003, tradução nossa) também faz menção à reação de pós-

combustão do carbono, representada por CO + ½ O2 → CO2, mas decide não considerá-la, já

que o foco do estudo é a competição entre as reações 1 e 3 anteriormente citadas.

As explicações anteriores permitem concluir que, apesar da sucata originalmente

alimentada nos fornos elétricos já possuir carbono em sua composição, normalmente é

necessário que se introduza nesses fornos quantidades adicionais de materiais particulados

ricos em carbono, de modo a propiciar o equilíbrio das reações químicas anteriormente

citadas. Por outro lado, o papel desempenhado pelo carbono vai depender do estágio em que

se faz a adição.

De acordo com Ji et al. (2003, p.703, tradução nossa), “quando o carbono é injetado

numa escória contendo óxido de ferro, este é reduzido e, ao mesmo tempo, um grande número

de bolhas de gás é formado em volta das partículas de carbono”. Isto resulta na diminuição do

óxido de ferro na escória, bem como na formação de uma escória espumante, ou “foamy

slag”, termo em Inglês muito conhecido entre os fabricantes de aço. Araújo (1997, p.350),

define escória espumante como sendo “uma fervura controlada, acompanhada da adição de

carbono à escória, em quantidades criteriosamente dosadas”. A injeção normalmente é feita

Page 50: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

50

através de lanças injetoras, pela porta de escória, durante o processamento do aço no forno

elétrico.

De modo a facilitar o entendimento do processo, é necessário lembrar que, na etapa de

fusão do ferro, no interior de fornos elétricos, há formação de uma camada de escória logo

acima da poça de metal líquido. Segundo Araújo (1997, p.350), “se a camada de escória é

fina, a velocidade de escape dos gases é elevada e eles arrastariam maior quantidade de poeira

de óxido de ferro, sobrecarregando o sistema de limpeza de gases e diminuindo o rendimento

global”. O referido autor acrescenta que, aumentando-se a espessura da camada de escória dos

habituais 100 mm para mais de 300 mm, consegue-se proteger as paredes do forno da

irradiação de calor, e que, com a adição de cal juntamente com coque ou injeção de material

carbonoso, pode-se avolumar ainda mais a camada de escória (até 700 a 900 mm).

Em suma, Araújo (1997, p.350) conclui que “a formação da escória espumante tem o

objetivo de melhor proteger o refratário das paredes do forno e permitir utilizar maior

potência no forno”. Para Ji et al. (2003, p.703, tradução nossa), “uma escória espumante

estável, além de proteger o revestimento do forno, é essencial para se economizar energia

elétrica e reduzir o consumo de eletrodos de grafita usados no processo produtivo em fornos

elétricos a arco”.

O carbono pode também atuar como “carbon raiser”, ou seja, um agente que promove

a elevação do teor de carbono no aço, a fim de atender as especificações do produto. Neste

caso, a adição é feita durante o processamento, na fase de refino, ou durante o vazamento do

aço. Opcionalmente, a injeção do carbono pode ocorrer diretamente em fornos panela, quando

este tipo de equipamento for utilizado pela usina siderúrgica. Explicações sobre as vantagens

de se utilizar fornos panela são muito bem destacadas por Araújo (1997), estando sumariadas

a seguir:

- Para aumentar a disponibilidade do forno a arco para a fusão, tem sido vantajoso

transferir as operações de superaquecimento, desoxidação, refino e adição de ligas,

para uma outra unidade. Depois de fundida no forno a arco, a carga é transferida

para um outro equipamento, denominado forno panela, onde o aço pode ser

mantido à temperatura desejada, mesmo em casos de demoras acidentais com o

Page 51: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

51

lingotamento contínuo. A orientação é que essas panelas sejam revestidas de

dolomita6, mantidas em circulação constante para permanecerem a temperaturas

elevadas, sendo até as reparações feitas a quente.

Diante do que foi exposto, está clara a importância do carbono no processo de

fabricação do aço em fornos elétricos a arco. Neste contexto, produtos como o coque e o

antracito7 são exemplos de materiais ricos em carbono, que, sem sombra de dúvida, podem

atender às necessidades do processo em questão. Todavia, percebe-se que as situações

anteriormente descritas também evidenciam boas oportunidades de utilização para os pós de

carbono gerados no processo produtivo de eletrodos de grafita e blocos catódicos, uma vez

que podem ser eles um dos elementos adicionados à escória, para elevar a sua espessura, ou

adicionados ao aço, para elevar o seu teor de carbono.

4.7. EXPERIÊNCIAS DE PLANTAS DA GRAFTECH NA MINIMIZAÇÃO DE

RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO

Uma experiência das fábricas do grupo “GrafTech International Ltd.”, na linha de

minimização de resíduos de pós de carbono, consiste na comercialização de grande parte

desses rejeitos com indústrias siderúrgicas, onde o referido material é utilizado como “carbon

raiser” ou na formação da escória espumante, conforme explicações contidas no item

anterior. A facilidade de utilização desses pós, entretanto, depende das suas características,

especialmente do seu teor de carbono fixo. Como o objetivo primordial, ao se fazer uso de um

“carbon raiser”, é elevar o teor de carbono no aço, quanto mais rico em carbono for o

material, maior a quantidade deste elemento a ser incorporada ao produto. Do mesmo modo,

materiais com maior percentual de carbono tendem a apresentar melhor desempenho no

processo de formação da escória espumante, que, conforme discutido anteriormente, depende

da estequiometria das reações envolvendo o carbono, o oxigênio e o ferro. A eventual

dificuldade de comercialização, principalmente no caso de pós com baixo teor de carbono

fixo, várias vezes tem levado as empresas do grupo a apelarem para tradicionais métodos de

fim-de-tubo, mais precisamente aterros, como o objetivo de darem um destino aos resíduos,

evitando o acúmulo dos mesmos em suas áreas industriais. A avaliação de alternativas para

6 Mineral hexagonal, carbonato duplo de cálcio e magnésio (FERREIRA, 1986). 7 Tipo de carvão fóssil, negro, de fratura concoidal, brilho vítreo, muito pobre em substâncias voláteis, e de grande poder calorífico (FERREIRA, 1986).

Page 52: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

52

superar tais dificuldades, bem como a identificação de novas opções de utilização para tais

resíduos é, por conseguinte, parte integrante desta pesquisa.

Também merece destaque uma alternativa de controle muito difundida entre as

fábricas do grupo que desenvolvem as etapas de MME e Impregnação, onde normalmente

ocorre a geração de voláteis derivados do piche (uma das matérias primas usadas nesses

processos). De maneira sucinta, o controle consiste em se captar finos de coque de petróleo ou

de coque metalúrgico, provenientes de outras etapas do processo produtivo, fazendo-os

circular em contracorrente com os voláteis de piche. Nessas condições, ocorre a adsorção dos

voláteis pelos pós, sendo estes direcionados para um equipamento denominado Coletor com

Injeção de Pós (“Dust Collector with Injection System”), na verdade um filtro de mangas cujo

princípio de funcionamento é similar ao que foi descrito no item 4.5.4. Com isso, evita-se a

emanação de hidrocarbonetos aromáticos voláteis para a atmosfera, ao passo que o produto

resultante retido nas mangas e posteriormente recolhido na moega (finos de coque / carbono

impregnados com piche) é passível de comercialização com siderúrgicas.

No caso específico da UCAR, há um sistema deste tipo instalado na área de MME, o

qual funciona fazendo-se circular finos de coque metalúrgico pela mesma tubulação por onde

passam os voláteis de piche originários dos equipamentos de processo (misturadores, correias

e resfriadores). Deste modo, os voláteis de piche ficam impregnados nos finos de coque,

gerando um subproduto denominado finos de coque metalúrgico impregnados com piche, o

qual é totalmente comercializado, enquanto os gases limpos são lançados na atmosfera. É fácil

perceber que o uso dos pós de carbono em fornos elétricos a arco está em linha com as teorias

expressas por Frosch (1997) e por Graedel e Allenby (1995), à medida que incorpora a idéia

de que materiais originalmente tratados como resíduos podem ser perfeitamente utilizados,

com grande eficiência, em outros processos. Por outro lado, a opção de se utilizar pós de

carbono no abatimento de emissões de voláteis de piche atende ao conceito de prevenção da

poluição descrito por LaGrega, Buckingham e Evans (2001), assim como aos princípios de

Ecologia Industrial e DfE detalhados por Graedel e Allenby (1995), uma vez que elimina um

problema de emissão atmosférica através do reuso de um material originalmente tratado como

um resíduo (finos de coque / carbono), além de gerar um novo material (finos de coque /

carbono impregnados com piche) com características adequadas para reciclagem externa.

Page 53: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

53

4.8. ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE SS&MA DA UCAR

Desde 1968, ano da sua inauguração, até a presente data, a UCAR tem desenvolvido

suas operações sem qualquer registro de ocorrência classificada como evento significativo8. A

empresa reconhece, entretanto, que, para manter uma posição de destaque diante de um

mercado cada vez mais exigente, é necessário ir além do cumprimento das exigências da

Licença de Operação, da geração de empregos e do recolhimento de impostos aos cofres

públicos. É fundamental o desenvolvimento de novas iniciativas não apenas na área de meio

ambiente, como também em saúde e segurança, que permitam atender às demandas de outras

partes interessadas, dentre elas os clientes e os seus próprios empregados. Nesta linha, e a

despeito do sistema integrado de gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SS&MA)

implantado entre 1989 e 1990, a UCAR, nos últimos anos, vem se empenhando na

identificação de oportunidades de melhoria que lhe permitam atingir uma condição de

sustentabilidade em SS&MA. Com esta visão, a empresa vem engajando-se em alguns

projetos inovadores, que são apresentados a seguir.

4.8.1. Ambiente Livre de Acidentes – ALA

Implantado a partir de meados de 2001, o processo denominado Ambiente Livre de

Acidentes – ALA9 tem como principal objetivo a prevenção de acidentes através do

comportamento.

De acordo com Behavioral Science Technology (1997) o processo ALA é baseado em

observações realizadas nos postos de trabalho, que permitam detectar os comportamentos

críticos das pessoas, entendendo-se como comportamento crítico qualquer ato que tenha o

potencial de afetar significativamente a probabilidade de um acidente ocorrer ou não. Ao final

das observações, as pessoas observadas recebem “feedback” quanto aos comportamentos

seguros ou de risco que tenham adotado durante a execução de suas tarefas.

8 Evento Significativo inclui acidentes / incidentes que tenham resultado ou que poderiam ter resultado em: qualquer atenção negativa da mídia (incluindo jornais, rádio e televisão); fatalidade, múltiplas lesões/ doenças, ou eventos similares com empregados, contratadas, clientes, visitantes ou com o público em geral; dano ao patrimônio, perdas, gastos, ações governamentais ou de particulares que exponham a empresa a obrigações que excedam US$ 100.000; substanciais limitações nas operações. (UCAR PRODUTOS DE CARBONO, 2003d). 9 A sigla ALA foi criada a partir do termo em Inglês “Injury Free Workplace” (nota do autor).

Page 54: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

54

Embora direcionada para a verificação de aspectos específicos de segurança, a Folha

de Observações do ALA também incorpora uma preocupação com a variável ambiental, ao

requerer a avaliação das condições de limpeza a arrumação dos locais de trabalho, que devem

ser mantidos organizados, limpos e livres de entulhos e objetos espalhados (processo 5S

anteriormente discutido). Trata-se, portanto, de um processo que analisa práticas e

procedimentos nos ambientes de trabalho, propiciando a apresentação de sugestões para que a

empresa diminua a exposição ao risco e a incidência de acidentes.

4.8.2. Índice de Melhoria Contínua de SS&MA

O Índice de Melhoria Contínua de SS&MA é fruto de um trabalho corporativo, por ter

a GrafTech entendido que Indicadores, tais como taxas de acidentes e lesões, não são

suficientes para refletir o nível de proatividade e sustentabilidade dos programas de SS&MA

das fábricas do grupo. Neste sentido, de acordo com “GrafTech International” (2001) vinte

Indicadores foram estabelecidos: Liderança e Comprometimento; Planejamento & Estratégia;

Metas Anuais de SS&MA; Auditorias Internas; Inspeções Gerais da Fábrica; Treinamento;

Padrões e Procedimentos em SS&MA; Programas de Minimização de Resíduos e Prevenção

da Poluição; Staff de SS&MA; Medidas de SS&MA; Trabalhos com exposição acima do

Limite – TLV; Incidentes Ambientais; Delegação; Gerenciamento por Parte dos Empregados;

Envelopes (proteção de máquinas móveis e/ou com potencial de ativação inadvertido);

Segurança em Eletricidade; Práticas de estocagem/empilhamento; Áreas de Acesso/Trabalho;

Segurança Baseada no Comportamento – ALA e Ergonomia. Para cada um dos citados

Indicadores foram definidas exigências a serem atendidas, de modo que, em função do grau

de cumprimento, os programas de SS&MA das plantas podem ser classificados em cinco

diferentes níveis: 1 – Insustentável; 2 – Reativo; 3 – Tradicional; 4 – Proativo; 5 – Sustentável

(GRAFTECH INTERNATIONAL, 2001).

Este Índice provê cada planta do Grupo GrafTech com ferramentas para avaliação do

nível de gerenciamento dos elementos chave dos seus programas de SS&MA, permitindo que

planos de melhorias possam ser propostos e implantados com base nessa avaliação, para

aumentar a sua efetividade.

Page 55: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

55

Obviamente, o principal objetivo de todas as fábricas do grupo é atingir o nível

Sustentável. Sob o ponto de vista ambiental, o conceito de sustentabilidade pressupõe o

atendimento das necessidades presentes, sem comprometer a possibilidade de as gerações

futuras satisfazerem as suas próprias necessidades (FILHO, 2003). Em linha com este

conceito, as exigências ambientais estabelecidas pela GrafTech para que um programa seja

classificado como Sustentável são bastante rigorosas, incluindo, dentre outros pontos, a

adoção de programas eficazes de prevenção da poluição e minimização de resíduos baseados

na melhoria contínua, e desempenho ambiental reconhecido através de certificações, além de

requisitos focados em aspectos de saúde e segurança.

4.8.3. Certificação pelas Normas ISO-14001 e OHSAS-18001

Em dezembro de 2003, o sistema de gestão de SS&MA da UCAR foi auditado pela

firma ABS Quality Evaluations, tendo sido certificado pelas Normas ISO-14.001 e OHSAS-

18.001. Foi um processo de certificação voluntário e, com isso, a UCAR tornou-se a primeira

planta do grupo GrafTech a obter certificados desta natureza. Uma nova auditoria, realizada

pela mesma firma ABS, na segunda quinzena de dezembro de 2004, confirmou a manutenção

da Certificação. De acordo com Confederação Nacional da Indústria (2002, p.28), o processo

de certificação voluntária em Normas como a ISO-14001, observado a partir da década de 90

do Século XX, “coloca a indústria brasileira em condições de competitividade global, o que

tem relevância junto ao processo exportador e de internacionalização das empresas”. Nesta

mesma linha de pensamento, comentando a marca de 1.500 empresas certificadas pela ISO-

14001, atingida em julho de 2004, a Revista Meio Ambiente Industrial (2004) afirma ser este

um bom indicativo de que uma empresa, ao atuar de forma ambientalmente correta, garante

uma imagem mais atrativa dentro do mercado, obtém um diferencial de competitividade entre

os seus concorrentes e também reduz gastos, dentre outras vantagens. Adicionalmente, a partir

da leitura da Revista Meio Ambiente Industrial (2004), se pode concluir que, depois de muito

tempo focadas meramente na questão de otimização do lucro, as empresas agora estão cientes

de que somente isso não basta e que as questões relacionadas ao meio ambiente devem ser

encaradas não apenas como um fator de vantagem competitiva, mas um fator de perpetuidade

de negócios. Fernandes, Gonçalves, Andrade e Kiperstok (2001, p.162), alertam, entretanto

que, “mesmo no caso de empresas certificadas em normas de gestão, como a ISO-14001, o

aumento do desempenho pode ser bastante prejudicado, ou evoluir muito lentamente, em

Page 56: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

56

função de uma padronização deficiente do ponto de vista ambiental” (procedimentos

inadequados ou pobres do ponto de vista de desempenho ambiental). Esses autores

recomendam que “Produção Mais Limpa e Sistemas de Gestão Ambiental sejam percebidos

como instrumentos complementares, inseridos em um contexto de melhoria do desempenho

ambiental” (FERNANDES; GONÇALVES; ANDRADE; KIPERSTOK, 2001, p.163).

Os princípios estabelecidos no Índice de Melhoria Contínua de SS&MA, conforme

discutido no item 4.8.2, bem como o apoio dado ao desenvolvimento desta pesquisa, podem

ser entendidos como indicativos de que UCAR não pretende se ater unicamente à posição de

empresa recém certificada. Na própria Política de Gestão (UCAR PRODUTOS DE

CARBONO, 2002), formulada com base nas exigências das Normas ISO-14001 e OHSAS-

18001 e assinada pelo Diretor Presidente, a empresa deixa claro o compromisso em conduzir

os seus negócios responsavelmente, de maneira a prevenir acidentes e poluição, protegendo a

saúde e segurança dos empregados, clientes e público, assim como o comprometimento com a

melhoria contínua e com o atendimento de exigências legais, regulamentares, estatutárias e do

sistema de gestão. Parafraseando Santos (2003), pode-se concluir que a adoção das séries ISO

14000, de indicadores empresariais e de outras estratégias constitui em posturas ativas, sociais

e ambientalmente mais responsáveis das empresas, especialmente quando estas passam a

incorporar políticas de produção mais limpa em suas operações e investimentos, levando

também em consideração sua influência sobre fornecedores e consumidores.

4.8.4. Interface entre as estratégias de gestão e um programa de minimização de

resíduos

Em adição às ferramentas de gerenciamento que já utiliza há mais de quatorze anos,

desde que implantou o seu programa de SS&MA, observa-se que a UCAR, a partir de 2001,

vem procurando inovar através da implementação de dois grandes projetos corporativos, o

ALA e o Índice de Melhoria Contínua de SS&MA, e, mais recentemente, na adequação do

seu sistema de gestão aos requisitos das Normas ISO-14001 e OHSAS-18001. Um ponto que

fez parte do processo de certificação e que merece ser destacado, foi o intenso programa de

treinamento dos empregados, com ênfase na Política de Gestão, nos aspectos e impactos

ambientais identificados na planta e em procedimentos operacionais destinados em grande

Page 57: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

57

parte ao controle e minimização desses impactos. É válido ressaltar que a Norma ISO-14001,

apresenta as seguintes definições para aspecto e impacto ambientais:

Aspecto ambiental é o elemento das atividades, produtos ou serviços de

uma organização que pode interagir com o meio ambiente.

Impacto ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa

ou benéfica, e que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos

ou serviços de uma organização (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 1996, p. 4).

Os citados treinamentos, por conseguinte, atuaram no sentido de conscientizar os

empregados para a importância da conformidade com a política ambiental, com os

procedimentos e demais requisitos do sistema de gestão ambiental. Entende-se, portanto, que

a UCAR está no caminho certo ao incentivar atividades de educação e treinamento, uma vez

que as interfaces entre tais atividades e os projetos descritos nos itens 4.8.1, 4.8.2 e 4.8.3 são

muito estreitas. São iniciativas que, certamente, têm permitido à UCAR aprimorar os

controles existentes, com o objetivo de, prioritariamente, prevenir acidentes e poluição, e

proteger a saúde e segurança dos empregados, clientes e público, buscando atingir um padrão

de desempenho Sustentável. São, igualmente, iniciativas fundamentais para qualquer empresa

empenhada na implementação de programas de minimização de resíduos e prevenção da

poluição.

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58

5. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

5.1. ORIGEM DOS RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO GERADOS NA UCAR

Conforme explicado no item 1.2, o processo de fabricação de eletrodos de grafita e

blocos catódicos desenvolvido na UCAR envolve a utilização de variados insumos e matérias

primas sob a forma granulada ou em partículas, os quais, ao serem movimentados e

processados, terminam acarretando a geração de finos de carbono em suspensão. Visando

minimizar a emissão desses finos para os ambientes de trabalho e, conseqüentemente, para a

atmosfera, existem instalados, em diversos locais da área industrial, a seguir discriminados,

equipamentos de controle do tipo filtros de mangas, cujo princípio de funcionamento atende

ao que foi discutido no item 4.5.4.

MME

- Filtro no secador de coque.

- Filtro na coluna de distribuição de matérias primas.

- Filtro no sistema de tratamento de fumos de piche/breu (Coletor com Injeção de

Pós).

A descarga do filtro do secador está interligada à do filtro da coluna de distribuição,

sendo esta conectada a um sistema de transporte pneumático, o qual permite captar e conduzir

os pós para um silo de estocagem. Deste silo, os materiais retornam ao processo. Já os pós

originários do Coletor com Injeção de Pós (finos de coque metalúrgico impregnados com

piche) são recolhidos em sacos do tipo “big-bags”, para posterior comercialização.

Cozimento

- Filtros nas colunas de Cozimento.

- Filtros nas áreas de Usinagem de Cozidos.

A descarga dos pós acumulados nas moegas desses filtros é feita para sacos do tipo

“big-bags”. No momento, grande parte desses pós tem sido descartada em aterro, devido à

dificuldade de reuso e/ou comercialização. Além dos pós gerados nas descargas dos

Page 59: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

59

mencionados equipamentos de controle, também é importante destacar que há uma operação

de peneiramento do coque, com geração de um material de fundo de peneira, o qual é

igualmente recolhido em “big-bags”, sofrendo o mesmo tipo de destinação acima citado.

Grafitação

- Filtros nas colunas de Grafitação.

- Filtros na coluna de beneficiamento coque metalúrgico (“Met Coke”).

- Filtro na furadeira tipo copo.

Os pós retidos nos filtros das colunas de grafitação são reunidos com pós gerados nos

fundos das peneiras existentes nas referidas colunas, ou com pós gerados em dispositivo

despoeirador, sendo então recolhidos em “big-bags”. Assim como no caso do Cozimento,

grande parte desses pós tem sido descartada em aterro, devido à dificuldade de reuso ou

comercialização.

Os pós gerados na descarga dos filtros da coluna beneficiamento do coque metalúrgico

(“Met Coke”), são reutilizados no Coletor com Injeção de Pós do MME, referenciado no item

4.7. Esta reutilização, entretanto, é parcial, pois o volume de pós gerados no “Met Coke”

supera às necessidades do sistema de tratamento de fumos do MME. Deste modo, uma fração

desses pós ainda é acondicionada em “big-bags”, para destino posterior em aterro.

Finalmente, a descarga do filtro da furadeira tipo copo é conectada à do filtro da usinagem,

descrito a seguir.

Usinagem de eletrodos

- Filtro interligado às máquinas onde são efetuadas as operações de usinagem de eletrodos grafitados.

A descarga deste filtro, juntamente com a do filtro da furadeira tipo copo, está

conectada a um sistema de transporte pneumático, o qual permite captar e conduzir os pós

para uma estação de ensacamento. Os pós gerados nessa área são 100% grafita, sendo

totalmente comercializados ou, em menor escala, reutilizados internamente.

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60

Usinagem de blocos catódicos

- Dois filtros na linha de usinagem de blocos catódicos.

A descarga dos pós acumulados nas moegas desses filtros é feita para sacos do tipo

“big-bags”, sendo o material retornado ao processo produtivo. Eventualmente, pequenas

quantidades desses pós podem ser comercializadas. Em março de 2001, a área de usinagem de

blocos, que até então vinha sendo operada pela UCAR, foi transferida para Carbone Savoie

Brasil S.A., empresa criada como resultado de uma “joint venture”10 entre a GrafTech

International e o grupo francês Pechiney.

5.1.1. Sumário dos resíduos gerados

No Quadro 1 é apresentado um levantamento sumarizado dos resíduos gerados e o

destino ora dado a cada um deles, tomando por base as explicações anteriores. Convém

esclarecer que, como este trabalho de pesquisa está voltado para a UCAR, os pós gerados na

usinagem de blocos catódicos não foram lançados no Quadro 1, uma vez tal operação é

atualmente executada pela Carbone Savoie Brasil. Além disso, não são requeridas medidas

para minimização dos pós em questão, já que estes são integralmente reutilizados como

matéria prima na etapa de MME da UCAR, ou, em pequena escala, comercializados.

Como pode ser observado, o Quadro 1 indica três opções de destino para os resíduos

inventariados: descarte em aterro interno, reuso e comercialização. Nos dois itens

subseqüentes, 5.2 e 5.3, são tecidos comentários a respeito dos resíduos atualmente

reutilizados no processo e sobre aqueles dispostos em aterro interno. Quanto aos resíduos

comercializados, os principais clientes externos são as usinas siderúrgicas, que os utilizam

como “carbon raisers” ou como formadores de “escória espumante”, e, neste sentido, a

característica fundamental requerida do material, conforme explicado no item 4.7, é o seu teor

de carbono fixo.

10 Associação de empresas, não definitiva, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica (FERREIRA, 1986)

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61

Quadro 1 – Levantamento dos resíduos de pós de carbono gerados Seção Ponto de geração do resíduo Tipo de pó Destino

Filtro no secador de coque Pós de Coque de Petróleo

Filtro na coluna de distribuição Pós de Coque de Petróleo, Carvão Antracito e aditivos

Retorno ao processo (reuso)

MME

Filtro no sistema de tratamento de fumos de piche/breu (Coletor com Injeção de Pós)

Finos de Coque Metalúrgico Impregnados com Piche

Ensacamento em “big-bags” para comercialização

Filtros nas colunas de Cozimento

Cozimento

Fundo de peneiras nas colunas de Cozimento

Finos de Coque Metalúrgico

Ensacamento em “big-bags” para descarte em aterro (comercialização é muita baixa)

Filtros na Usinagem de Cozidos Raspa de cozido Ensacamento em “big-bags” para comercialização

Filtros nas colunas de Grafitação

Grafitação

Fundo de peneiras e/ou do despoeirador das Colunas de Grafitação

Super finos de coque metalúrgico

Ensacamento em “big-bags” para descarte em aterro (comercialização é muita baixa)

Filtros na coluna de beneficiamento do coque metalúrgico (“Met Coke”)

Finos de Coque Metalúrgico semelhantes aos do Cozimento, porém mais finos

Reuso parcial no Coletor com Injeção de Pós do MME e/ou ensacamento em “big-bags” para descarte em aterro

Filtro na furadeira tipo copo Pós de Grafita Ensacamento em “big-bags” para comercialização e/ou reuso

Usinagem de eletrodos

Filtro interligado às máquinas onde são efetuadas as operações de usinagem de eletrodo grafitado

Pós de Grafita Ensacamento em “big-bags” para comercialização e/ou reuso

O Quadro 2 apresenta uma caracterização simplificada dos pós derivados do coque

metalúrgico e pós de grafita, no tocante ao teor de carbono fixo e de cinzas, informações

essenciais para viabilizar a comercialização. Não foram inseridas as características da raspa de

cozido, já que este resíduo não é comercializado isoladamente e sim em mistura com outro

material carbonáceo, assunto a ser explicado mais adiante, no item 5.3.

Analisando-se o Quadro 2 pode-se concluir que os pós de grafita, por possuírem

altíssimo teor de carbono e reduzida concentração de cinzas, são os mais apropriados para uso

direto nos processos siderúrgicos (ver itens 4.6 e 4.7). De maneira oposta, os super finos de

coque metalúrgico são os que oferecem maior dificuldade para as mencionadas aplicações

Page 62: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

62

externas, devido aos níveis relativamente baixos de carbono fixo e teores mais elevados de

cinzas. Isto já era esperado, pois os super finos de coque metalúrgico são gerados na

grafitação, onde os fornos operam a altas temperaturas, provocando a combustão do coque e

transformando em cinzas as impurezas eventualmente presentes no citado material. Estas

limitações, bem como a dificuldade em se identificar possíveis opções de reuso interno, têm

feito com que esses super finos, quase que em sua totalidade, sejam objeto de descarte em

aterro.

Quadro 2 – Teor de carbono fixo e de cinzas nos pós de carbono Tipo de pó Teor de carbono fixo

(valores típicos) Teor de cinzas (valores típicos)

Pós de grafita (gerados na usinagem) Superior a 99 % 0,09% a 0,73%

Super finos de coque metalúrgico (gerados na grafitação)

74 a 85 % 13% a 24%

Finos de coque metalúrgico (gerados no cozimento e no “Met Coke”)

84 a 87 % 10% a 14%

Finos de coque metalúrgico impregnado com piche (gerados no MME)

81 a 84 % 12% a 14%

Apesar das características mais favoráveis que as do super finos, os finos de coque

metalúrgico procedentes do Cozimento e do “Met Coke”, na forma em que são gerados, não

atendem, em princípio, aos requisitos para atuarem como “carbon raisers”, existindo, porém,

a possibilidade de uso para geração de “escória espumante”. Não tem havido, contudo,

maiores dificuldades na comercialização dos finos de coque metalúrgico impregnado com

piche, material com características um pouco diferenciadas, devido ao fato de estarem

impregnados com piche (ver itens 4.7 e 5.5).

Outro ponto a destacar é que, em sua grande maioria, os pós de grafita mencionados

no Quadro 1 são normalmente comercializados, embora haja uma fração que também é

reutilizada no processo, na etapa de MME.

5.2. QUANTIDADES GERADAS DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO

A Tabela 1 contém um sumário das quantidades totais de resíduos de pós de carbono

geradas no período de 2000 a 2003, tendo sido destacadas dos totais as frações

comercializada, descartada internamente e em estoque, ao final de cada um dos anos em

questão. Esses quantitativos foram preparados levando em conta as quantidades de “big-

Page 63: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

63

bags” coletadas nas descargas dos equipamentos relacionados no Quadro 1 e incluem os pós

de grafita, super finos de coque metalúrgico, finos de coque metalúrgico, finos de coque

metalúrgico impregnado com piche e raspa de cozido.

Tabela 1 – Quantidades totais de resíduos de pós de carbono Quantidade (t/ano) 2000 2001 2002 2003 Total vendido 4.449,3 9.604,4 3.318,0 12.119,7 Total em estoque 1.538,5 286,5 109,5 2.022,0 Total descartado internamente 8.425,2 1.440,8 8.118,2 3.705,4 Total de resíduos gerados 14.413,0 11.331,7 11.545,8 17.847,1

Analisando-se a Tabela 1, verifica-se que não há informações sobre as quantidades de

pós reutilizadas no processo, apesar do Quadro 1 fazer menção aos mesmos.

Propositadamente, decidiu-se apresentar os quantitativos desta maneira, por entender-se que:

- Os pós gerados na área de MME (coque de petróleo isoladamente ou mistura de

coque de petróleo, carvão antracito e aditivos), bem como alguns pós de grafita (a

depender da granulometria), já são integralmente retornados ao processo, não

havendo necessidade de intervenções voltadas para minimização dos mesmos, seja

através de reutilização ou reciclagem.

- A fração de finos de coque metalúrgico gerados no “Met Coke” e que é utilizada no

Sistema Coletor com Injeção de Pós do MME (ver item 4.7) corresponde a

aproximadamente 1.584 t/ano11. Esta quantidade, entretanto, já está computada

como material comercializado, uma vez que todo o pó que entra no Sistema, sai

como finos de coque metalúrgico impregnado com piche, que é vendido. Ele seria

contabilizado duas vezes, caso fosse inserida uma referência ao volume reutilizado

internamente.

Por outro lado, o Gráfico 1 contém as mesmas informações da Tabela 1, só que

expressas em percentuais.

11 O Sistema Coletor com Injeção de Pós do MME opera 24 h/dia, 11 meses por ano, já considerando a parada para manutenção do departamento, que, em média, dura um mês. A taxa de utilização de finos de coque metalúrgico é de 200 kg/h, totalizando, portanto, 4,8 t/dia, ou 144 t/mês ou 1.584 t/ano (nota do autor).

Page 64: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

64

Analisando-se o Gráfico 1, observa-se que, em 2000 e 2002, houve um maior

direcionamento para se descartar os resíduos em aterro, tendo sido baixos os volumes

comercializados. Em 2001, o volume descartado foi o menor do período, todavia, tanto no

referido ano como em 2000, os dados relativos ao material disposto em aterro interno eram,

em grande parte, baseados em estimativas. A partir de 2002 e especialmente em 2003 os

controles tornaram-se mais precisos, através de planilhas em meio eletrônico, de modo que os

valores são mais representativos. Um ponto importante é que, em 2003, voltou-se a priorizar

as opções de reciclagem externa dos resíduos, minimizando-se, conseqüentemente, o volume

descartado e optando-se por manter um considerável nível de estoque, já que, dentre outras

diretrizes internas, havia a expectativa criada por este trabalho de pesquisa, no sentido de se

identificar opções de reutilização e/ou reciclagem. O incentivo às opções de reutilização e

reciclagem é bastante positivo para a UCAR, uma vez que o uso de aterro para descarte de

pós de carbono está atrelado aos seguintes inconvenientes:

- Uma vez que servem basicamente para confinar resíduos e eliminar problemas

presentes de estocagem dos mesmos em áreas internas das empresas, os aterros, em

geral, são bons exemplos de instalações potencialmente geradoras de passivos

ambientais, assunto já abordado no item 4.1. É bem verdade que, no caso da

UCAR, tem-se a vantagem de que os pós de carbono são classificados como

resíduos inertes (ver item 4.5.3). Todavia, isto não quer dizer que a possibilidade de

geração de passivos deva ser desprezada, já que, somente um trabalho continuado

de avaliação ambiental na área, irá realmente comprovar a manutenção da sua

Gráfico 1 - Resíduos de pós de carbono - tipos de destinação

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

2000 2001 2002 2003

%

% vendido % em estoque % descartado

Page 65: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

65

qualidade ambiental. Daí a importância de se incentivar as práticas de reuso ou

reciclagem desses resíduos, objetivando minimizar a probabilidade de ocorrência de

eventuais problemas ambientais futuros.

- Os custos associados ao descarte desses pós em aterro interno têm sido elevados

para a UCAR. Em 2002, por exemplo, cerca de 5.712 “big-bags” foram

descartados, com um custo unitário de R$ 19,00 por “big-bags”, o que perfez um

total de R$ 108.528,00 no ano. Acrescendo-se a este número os custos de operação

do aterro (salário anual de um operador responsável pela coleta e descarte dos pós,

combustível para operar os veículos coletores, aluguel de trator para regularização e

cobertura da área, dentre outros), conforme controles internos mantidos pela

UCAR, chega-se facilmente a valores da ordem de R$ 150.000,00, quantia sem

dúvida significativa. Neste total não estão sendo considerados os gastos com

monitoração do lençol freático, hoje orçados em cerca R$ 2.112,00 por ano, pois,

ainda que o aterro venha a ser desativado, o programa de monitoração precisará ser

mantido por um período que venha a se definido pelo Órgão Ambiental, a fim de

detectar qualquer evidência de contaminação remanescente.

- Apenas considerando o que foi evidenciado nos itens 4.6 e 4.7, já se pode afirmar

que o descarte desses resíduos de pós de carbono representa o desperdício de

materiais potencialmente úteis para aplicações internas e externas, isto sem levar

em conta outras formas de reutilização e reciclagem discutidas mais à frente. Sendo

assim, está claro que, em vez de alocar recursos para operar e manter um aterro

interno para este tipo de resíduo, a UCAR pode, inclusive, auferir lucros com a

venda desses materiais para empresas onde os mesmos são tratados como insumos.

5.3. BALANÇO DE MASSA

No item 1.2 foi explicado que os insumos empregados no processo produtivo da

UCAR, geralmente recebidos e estocados a granel, são constantemente movimentados através

de pás carregadeiras, caçambas, correias transportadoras e elevadores de canecas, fato que

termina acarretando a geração de resíduos de pós, nas etapas do processo em que tais produtos

são utilizados. O coque de petróleo, o piche e aditivos destinados à fabricação dos eletrodos

Page 66: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

66

de grafita e dos blocos catódicos de grafita permanecem na composição do produto final,

embora convertidos em carbono na forma amorfa (no cozimento) e carbono na forma

cristalina (na grafitação). Os insumos utilizados na produção dos blocos catódicos de carbono

(carvão antracito, piche e aditivos) também permanecem na composição do produto final

como carbono na forma amorfa, já que os referidos blocos não passam pelo processo de

grafitação. Todos esses insumos são usados exclusivamente na etapa de MME, onde são

obtidos os “produtos verdes” (“eletrodos verdes” e “blocos verdes”) que seguem para as fases

subseqüentes do processo (cozimento, grafitação e usinagem).

O coque metalúrgico, entretanto, é um insumo que não fica incorporado ao produto

final. No cozimento, ele é usado como material de enchimento dos cilindros ou cestas

metálicas, nos quais eletrodos e blocos catódicos são arrumados, com o intuito de prevenir

deformações nas peças durante o processamento nos fornos. Já na grafitação, ele é empregado

como material de cobertura dos fornos elétricos, atuando como um meio isolante. O coque

removido dos cilindros e/ou cestas, ao final do cozimento, bem como o coque resultante do

descarregamento dos fornos de grafitação, é transferido para colunas de distribuição

específicas. Tanto no cozimento como na grafitação, o coque conduzido para as mencionadas

colunas passa por peneiras de classificação granulométrica, sendo que uma parte retorna ao

processo, enquanto as frações mais finas, contendo basicamente carbono fixo e cinzas, são

captadas através de sistemas de exaustão e direcionadas para filtros de mangas descritos no

item 5.1. Diante do exposto, pode-se afirmar que, para se chegar ao pretendido balanço de

massa, é necessário se obter informações sobre:

- Quantidades de matérias primas e insumos usados na etapa de MME.

- Quantidades de “peças verdes” (eletrodos e blocos) produzidos na etapa de MME.

- Quantidades geradas de resíduos de pós de carbono.

As quantidades de matérias primas e insumos, bem como a produção de “peças

verdes” são informações mantidas em inventários internos da UCAR e, portanto, facilmente

acessíveis. Já os dados sobre geração de resíduos de pós, apesar de apresentados nos itens 5.1

e 5.2, ainda precisam ser discutidos e avaliados com maior profundidade, antes de se partir

para a finalização do referido balanço.

Page 67: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

67

Com base no item 5.1 e considerando os dados constantes do Quadro 1, verifica-se

que os super finos de coque metalúrgico, finos de coque metalúrgico e finos de coque

metalúrgico impregnado com piche, são, todos eles, pós oriundos do coque metalúrgico. O pó

raspa de cozido, gerado na etapa de usinagem de cozidos, é constituído basicamente pela

crosta de coque metalúrgico que fica agregada à superfície dos eletrodos, após o processo de

cozimento. Eventualmente, a depender da extensão da usinagem, pode haver um certo teor de

pós da própria peça (derivados do coque petróleo); este teor, no entanto, está sendo

considerado insignificante, em comparação com o teor advindo do coque metalúrgico. O

destino dado à raspa de cozido é a mistura com coque de breu para posterior comercialização,

valendo destacar que o coque de breu é um material constituído por uma fração de piche

coqueificado (livre de voláteis) que se solidifica e permanece agregado à superfície externa

dos cilindros e cestas retirados dos fornos de cozimento. A mistura raspa de cozido e coque de

breu já está computada na quantidade de resíduos comercializados ou em estoque.

Os pós de grafita, por sua vez, não provêm do coque metalúrgico, sendo originados

durante a usinagem final dos eletrodos grafitados e na retirada de corpos de prova na furadeira

tipo copo. A grafita que os compõe é derivada basicamente das matérias primas usadas na

etapa de MME, e que, como foi dito anteriormente, integram a composição da peça. Os pós de

carbono e/ou de grafita resultantes da usinagem final dos blocos catódicos do mesmo modo

não advêm do coque metalúrgico, sendo igualmente derivados das matérias primas usadas na

fase de MME e que, também, fazem parte da composição das peças.

Do que foi explicado, pode-se perceber que a geração de resíduos de pós de carbono

está diretamente associada aos insumos usados na etapa de MME e ao coque metalúrgico

consumido no processo produtivo. Todavia, analisando-se as informações contidas nos itens

5.1 e 5.2, entende-se que os pós derivados do coque metalúrgico são os resíduos que requerem

uma maior atenção, devido às significativas quantidades em que são gerados e levando em

conta a dificuldade de comercialização ou reuso dos mesmos. Com relação aos demais pós

(não originários do coque metalúrgico), são válidos os seguintes comentários, também

baseados nos itens 5.1 e 5.2:

- Os resíduos contendo pós de coque de petróleo, gerados na etapa de MME, são

retornados ao processo, através de sistema de transporte pneumático, não havendo

Page 68: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

68

necessidade de intervenções voltadas para reutilização ou reciclagem. Somente em

casos de eventuais falhas no citado sistema pneumático, podem ocorrer pequenas

perdas deste material, que são acondicionadas em “big-bags”, passíveis de descarte

ou comercialização. São, porém, quantidades pequenas e, deste modo, decidiu-se

computar estas eventuais perdas em conjunto com os pós derivados do coque

metalúrgico.

- A usinagem final dos eletrodos grafitados é uma etapa inerente ao processo

produtivo e, sendo assim, não há como evitar a geração dos pós de grafita, pois é

sempre indispensável que se efetue o desbaste e a regularização da superfície das

peças. Estes pós, contudo, não vêm sendo tratados como resíduos, e sim

comercializados como subproduto, ou, a depender da granulometria das partículas,

reutilizados no MME, como parte da matéria prima. Neste caso, o ciclo está

fechado e não são requeridas medidas para minimização.

- Não há como evitar a geração dos pós resultantes da usinagem final dos blocos

catódicos de carbono e de grafita, por ser esta, igualmente, uma etapa inerente ao

processo produtivo e considerando que, assim como no caso dos eletrodos, o

desbaste e a regularização da superfície das peças são operações indispensáveis.

Este pó, contudo, não vem sendo tratado como resíduo, já que é totalmente

reutilizado no processo ou, eventualmente, comercializado (caso haja excesso de

material, além das necessidades de produção). Também neste caso, o ciclo está

fechado e não são requeridas medidas para minimização. Além disso, conforme

informado anteriormente, a área de usinagem de blocos catódicos está fora do

escopo deste trabalho, já que é operada pela Carbone Savoie Brasil e não pela

UCAR (os estudos aqui desenvolvidos estão centrados nos resíduos gerados pela

UCAR).

Em vista do exposto, foi feita uma revisão na Tabela 1, excluindo-se das quantidades

vendidas e em estoque, as contribuições do pós de grafita e mantendo-se apenas os totais de

super finos de coque metalúrgico, finos de coque metalúrgico, finos de coque metalúrgico

impregnado com piche e raspa de cozido, no período compreendido entre os anos 2000 e

2003. Os novos quantitativos de resíduos gerados estão expressos na Tabela 2. A exemplo da

Tabela 1, esta Tabela 2 também não faz referência aos pós reutilizados no processo (pós

Page 69: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

69

contendo coque de petróleo e fração de finos de coque metalúrgico usado no Sistema Coletor

com Injeção de Pós do MME), pelos motivos já explicitados anteriormente.

Tabela 2 – Quantidades revisadas de resíduos de pós de carbono Quantidade (t/ano) 2000 2001 2002 2003 Total vendido 4.041,8 8.566,8 2.199,0 11.612,2 Total em estoque 1.200,0 216,5 105,0 1.718,0 Total descartado internamente 8.425,2 1.440,8 8.118,2 3.705,4 Total de resíduos gerados 13.667,0 10.224,1 10.422,2 17.035,6

Os valores disponibilizados na Tabela 2 são considerados importantes para o balanço

de massa, uma vez que, na elaboração do mesmo, está sendo excluída a contribuição de

resíduos de pós não derivados do coque metalúrgico, conforme justificativas anteriores.

Todavia, na forma em que estão apresentados, os dados da citada Tabela ainda não permitem

fechar o referido balanço, sendo necessário avançar na análise do que efetivamente ocorre

durante o processamento do coque metalúrgico. Segundo especificações de fornecedores, o

coque metalúrgico bruto que chega à fábrica apresenta um teor médio de umidade da ordem

de 13%, valor regularmente confirmado através de análises realizadas no laboratório de

Garantia da Qualidade da UCAR. Esta umidade, entretanto, é eliminada logo na etapa de

secagem empreendida no “Met Coke”, antes do insumo ser distribuído para o Cozimento e a

Grafitação. Os dados sobre geração de resíduos constantes da Tabela 2 e as mencionadas

perdas de umidade resultantes da secagem do coque, em conjunto com informações sobre

consumo de coque bruto, obtidas junto ao departamento de Grafitação da UCAR, estão

devidamente sumariados e correlacionados na Tabela 3. Observando-se a referida tabela,

verifica-se que o consumo total de coque seco foi obtido subtraindo-se do total de coque bruto

as perdas verificadas durante a secagem deste insumo.

Tabela 3 – Consumo de coque metalúrgico x geração de resíduos de pós Dados de consumo e

geração 2000 2001 2002 2003

Consumo total de coque bruto (t/ano) 18.945,0 14.291,0 14.542,0 23.727,0

Perdas na secagem do coque (t/ano) 2.462,9 1.857,8 1.890,5 3.084,5

Consumo total de coque seco (t/ano) 16.482,2 12.433,2 12.651,5 20.642,5

Total de resíduo de pós de carbono (t/ano) 13.667,0 10.224,1 10.422,2 17.035,6

Índice (resíduos / total coque

seco) - % 82,9% 82,2% 82,4% 82,5%

Page 70: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

70

A Tabela 3 também apresenta um Índice que relaciona a geração de resíduos de pós

de carbono com a quantidade total de coque seco, sendo que, entre 2000 e 2003, este Índice

variou entre 82,2% e 82,9%, chegando-se, portanto, a um valor médio de aproximadamente

82,5% no período em estudo. A interpretação que pode ser dada ao citado Índice é que cerca

de 82,5% do coque seco admitido no processo terminam convertidos em resíduos de pós de

carbono. Considerando as características do processo, é possível afirmar que a diferença de

17,5%, que falta para fechar o balanço de massa, consiste de:

- Gases decorrentes da combustão parcial do coque durante os processos de

grafitação e cozimento.

- Emissões fugitivas de pós, geradas durante a movimentação do coque metalúrgico,

e que tenham se depositado em locais não acessados pela máquina varredeira

mecânica, responsável pela limpeza dos ambientes de trabalho da fábrica. A fração

de pó normalmente recolhida pela varredeira já está computada no volume total de

resíduos dispostos internamente, conforme Tabelas 1 e 2.

- Fração do coque que retorna as colunas de distribuição das áreas de cozimento e de

grafitação, permanecendo em circulação no processo.

Tudo que foi anteriormente explicado está representado de forma esquematizada na

Figura 7. Vale reforçar que as informações sobre matérias primas e insumos, bem como a

produção de “peças verdes”, foram disponibilizadas pela área de Logística da UCAR, tendo

sido utilizado como referência o ano de 2003. Por outro lado, as informações constantes da

Figura 7 estão sumariadas na Tabela 4, a fim de facilitar o entendimento, sendo possível, a

partir destas, chegar às seguintes conclusões:

- No caso de linha de produção de eletrodos e blocos, verifica-se que as matérias

primas e aditivos que entram no processo de MME saem como produto ou como

refugo. O refugo de MME é totalmente reutilizado no processo. Os demais refugos

são reutilizados ou comercializados. O balanço entre as etapas dos processos fechou

ligeiramente negativo (-405 t). Esta diferença pode ser interpretada como uma

Page 71: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

71

redução no estoque pré-existente na linha, ou seja, precisaram ser retiradas do

estoque cerca de 405 t de peças para completar o total produzido em 2003.

- Quanto à linha de coque metalúrgico, dos 100% de coque seco que são admitidos

no Cozimento e na Grafitação, aproximadamente 82,5% são convertidos em

resíduos de pós de carbono e 17,5% em gases de combustão e emissões fugitivas de

pós de carbono.

Tabela 4 - Balanço de Massa Linhas de produção de eletrodos e de blocos (ano base 2003)

PROCESSO DE MME 1) Entrada MME (total de matérias primas + aditivos) 37.984 t 2) Produção total de peças verdes no MME (eletrodos + blocos) 29.097 t 3) Refugo de MME 8.278 t 4) Saída MME (produção + refugo) 37.375 t PROCESSOS DE COZIMENTO, GRAFITAÇÃO E USINAGEM 5) Produção total de peças verdes no MME (eletrodos + blocos) 29.097 t 6) Entrada de eletrodos e blocos verdes importados 2.424 t 7) Entrada para as demais etapas do processo (soma dos itens 5 e 6) 31.521 t 8) Eletrodos de grafita usinados 20.317 t 9) Eletrodos de grafita brutos (não usinados) 2.201 t 10) Blocos de carbono e de grafita usinados 6.275 t 11) Refugo de Cozimento, Grafitação e Usinagem 3.133 t 12) Saída no final do processo (soma dos itens 8, 9, 10 e 11) 31.926 t 13) Balanço entre as etapas dos processos (item 7 - item 12) -405 t

Linha de coque metalúrgico 1) Entrada de coque metalúrgico seco para o Cozimento e Grafitação 100 % 2) Saída de gases de combustão e emissões fugitivas de pós 17,5 % 3) Saída de resíduos de pós de carbono 82,5 %

Page 72: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

72

Figura 7: Balanço de Massa

Eletrodos de grafita 20.317 t/ano

Blocos catódicos de grafitaBlocos catódicos de carbono6.275 t/ano (total dos 2 tipos)

Legenda: Linha de produção de eletrodos de grafita Linha de produção de blocos catódicos de grafita Linha de produção de blocos catódicos de carbono

Linha de coque metalúrgico (principal geradora de resíduos de pós de carbono)

Nota: Quantidades referentes ao ano de 2003

USINAGEM DE BLOCOS

GRAFITAÇÃOEletrodos de grafita brutos 2.201 t/ano

Blocos verdes importados ( 1.268 t )

ADITIVOS ( 658 t/ano )

CARVÃO ANTRACITO ( 2.794 t/ano )

MME

COQUE METALÚRGICO BRUTO

COQUE DE PETRÓLEO ( 26.652 t/ano )

PICHE ( 7.880 t/ano )

MET COKE ( secagem )

Eletrodos verdes importados ( 1.156 t )

COQUE METALÚRGICO SECO ( 100 % )

Resíduos de pós de carbono - 82,5%Gases de combustão e emissões fugitivas de pós - 17,5%

COZIMENTO

USINAGEM DE ELETRODOS

Umidade13%

24% 76%

22.733 t/ano de eletrodos

verdes

6.364 t/ano de blocos

verdes

Page 73: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

73

O balanço de massa apresentado na Figura 7 e na Tabela 4 reflete valores bastante

coerentes, mesmo que, no período avaliado, possam ter havido eventuais imprecisões na

quantificação de alguns resíduos, em especial os descartados anteriormente a 2003 (ver item

5.2). Também é possível checar a consistência deste balanço de massa partir dos fatores de

emissão de gases de combustão medidos em uma planta da GrafTech, localizada nos Estados

Unidos, durante processo de grafitação similar ao existente na fábrica do Brasil. Os valores a

seguir informados foram mensurados em 1973, através de amostragens feitas em monitores de

teto dos seus prédios de grafitação.

- 0,002651 toneladas de SOx / toneladas de eletrodos produzidos.

- 0,05998 toneladas de CO / toneladas de eletrodos produzidos.

A partir desses valores e considerando os níveis de produção atingidos na UCAR no

período 2000 a 2003, chegou-se a uma estimativa dos fatores de emissão específicos para a

planta da GrafTech no Brasil, estando os resultados sintetizados na Tabela 5.

Tabela 5 – Fatores de emissão no processo de grafitação Dados 2000 2001 2002 2003 Produção final da fábrica – t/ano 25.857,0 19.418,0 21.803,0 30.132,0 Emissão anual SOx – t/ano 68,6 51,5 57,8 79,9 Emissão anual CO – t/ano 1.549,6 1.163,7 1.306,6 1.805,8 Total anual CO + SOx – t/ano 1.618,1 1.215,2 1.364,4 1.885,6 Perdas na combustão 12,6% 13,2% 14,4% 11,8%

Na tabela acima se pode verificar que as perdas na combustão durante o processo de

grafitação, oscilaram entre 11,8 % e 14,4%, com um valor médio de aproximadamente 13,0%.

O ideal seria mensurar, também, os fatores de emissão do cozimento; esses dados, contudo,

não estão disponíveis, nem internamente, nem em outras unidades da GrafTech. Todavia,

observando-se a Tabela 6, verifica-se que, no período 2000 a 2003, os percentuais de coque

metalúrgico consumidos pela grafitação, em relação ao total de coque seco, estiveram entre

73,9% e 78,0%, enquanto no cozimento os valores variaram de 22,0% a 26,1% (dados de

consumo fornecidos pelo departamento de Grafitação da UCAR). Pode-se então constatar

Page 74: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

74

que, em média, 76% do coque seco foram destinados à grafitação e apenas 24% direcionados

para o cozimento.

Tabela 6 – Consumo de coque metalúrgico por etapa do processo

Dados de consumo e geração 2000 2001 2002 2003

Consumo total de coque seco (t/ano) 16.482,2 12.433,2 12.651,5 20.642,5

Consumo de coque seco no cozimento (t/ano) 3.627,0 3.246,0 3.182,5 4.685,0

Consumo de coque seco na grafitação (t/ano) 12.855,1 9.187,2 9.469,1 15.957,5

% de coque seco usado no cozimento 22,0% 26,1% 25,2% 22,7%

% de coque seco usado na grafitação 78,0% 73,9% 74,8% 77,3%

A partir da Tabela 6 é possível concluir que, devido ao maior consumo de coque seco

no processo de grafitação, a tendência é que as perdas por combustão nesta etapa sejam,

igualmente, mais elevadas. Esta conclusão, inclusive, está amparada no fato de que as

temperaturas alcançadas no processo de cozimento, são bem menores do que aquelas

atingidas nos fornos de grafitação (ver Capítulo 3). Deste modo, as perdas mais significativas,

que são as da grafitação, já estão estimadas, permitindo avançar consideravelmente na

finalização do balanço de massa. Em parágrafo anterior tinha-se afirmado que havia uma

diferença de 17,5% para fechar o referido balanço. Considerando que as perdas por

combustão na grafitação são da ordem de 13,0%, esta diferença ficaria reduzida para apenas

4,5%, que corresponderiam a: perdas por combustão no cozimento, quantidade de coque

remanescente em circulação no processo, bem como emissões fugitivas de pós, geradas

durante a movimentação do coque metalúrgico, e que tenham se depositado em locais não

acessados pela varredeira mecânica. São, portanto, conclusões perfeitamente coerentes,

levando-se em conta o tipo de processo em estudo.

5.4. AVALIAÇÃO DE PÓS DE CARBONO EM AMBIENTES DE TRABALHO

Dentro do processo produtivo da UCAR, as etapas de Cozimento e de Grafitação são

aquelas onde se verifica a maior geração de resíduos de pós de carbono, devido ao uso

intensivo de grandes quantidades de coque metalúrgico. No caso do Cozimento, os eletrodos

e blocos a serem cozidos são arrumados no interior de cilindros ou cestas metálicas, os quais,

Page 75: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

75

em seguida, são preenchidos com coque metalúrgico, que funciona como material de

proteção, evitando que as peças se deformem. Na Grafitação, o coque metalúrgico é utilizado

como material de cobertura dos fornos, propiciando o isolamento das peças, enquanto estas

ficam submetidas à passagem de corrente elétrica, que promove a grafitização das mesmas

(rearranjo da estrutura molecular do carbono para a forma cristalina de grafita). Além da

geração de resíduos, a movimentação do coque metalúrgico nesses locais, também acarreta a

emanação de pós finos de carbono, que, em geral, permanecem em suspensão nos ambientes

de trabalho, antes de sedimentarem nos pisos ou equipamentos ali localizados. Esta condição

deixa evidente a importância de se avaliar tais ambientes, a fim de checar os níveis de

exposição dos empregados. Por outro lado, a determinação da concentração de poeira

respirável é a avaliação mais apropriada, pois indica a fração do produto que pode atingir os

pulmões do trabalhador exposto, caso ele não esteja devidamente protegido.

Na Grafitação, no período compreendido entre junho/1997 e fevereiro/2004, foram

efetuadas 105 medições de poeira respirável de coque, envolvendo trabalhadores integrantes

de nove Grupos Homogêneos de Exposição (GHE), ou seja, grupos de funções que trabalham

num mesmo ambiente de trabalho e se expõem de maneira semelhante aos agentes

ocupacionais nele identificados. O menor resultado (0,1 mg/m3) foi encontrado no Grupo 1 –

Graf, enquanto o resultado mais alto foi registrado no Grupo 3 – Graf (2,3 mg/m3). No

Cozimento, por sua vez, as avaliações de poeira respirável de coque foram feitas entre

março/2001 e fevereiro/2004, totalizando 31 medições, distribuídas entre quatro Grupos

Homogêneos de Exposição. Os resultados mínimo e máximo (0,1 mg/m3 e 1,4 mg/m3) foram

encontrados no Grupo 1 – Coz e no Grupo 2 – Coz. Os resultados das avaliações nos dois

departamentos, por GHE, estão sumariados na Tabela 7.

Vale destacar que as amostragens foram feitas com bombas da MSA, tendo sido

utilizados filtros de membrana de PVC adaptados em porta-filtros de acrílico e estes

conectados a dispositivos do tipo ciclone, estando todo o conjunto interligado às bombas

através de mangueiras de borracha flexível. As bombas foram previamente calibradas para

trabalharem com vazão média de 1,8 l/min, sendo permitido um desvio de +/- 5%, ou seja, é

aceitável que a vazão fique situada na faixa de 1,71 a 1,89 l/min. Concluídas as amostragens,

os filtros foram cuidadosamente removidos e pesados em balança analítica. A concentração

média de pó foi obtida dividindo-se a quantidade de contaminante coletada (diferença entre o

Page 76: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

76

peso final e o peso inicial do filtro) pelo volume total amostrado (vazão média multiplicada

pelo tempo total de amostragem). Este procedimento para amostragem de poeira respirável,

por sua vez, está descrito por “Mine Safety Appliance” (ca.1989).

Tabela 7 - Avaliações de Poeira Respirável de Coque Área /

departamento Grupo

Homogêneo de Exposição

Total de medições

Valor Menor

Valor Maior

Média Geométrica

Desvio Padrão Unidade Última

medição

Grafitação Grupo 1 –Graf 15 0,1 1,8 0,6 0,4 mg/m3 jan/04

Grafitação Grupo 2 –Graf 6 0,2 0,6 0,4 0,1 mg/m3 fev/04

Grafitação Grupo 3 –Graf 8 0,3 2,3 0,8 0,7 mg/m3 fev/04

Grafitação Grupo 4 –Graf 14 0,4 1,9 0,8 0,4 mg/m3 jun/03

Grafitação Grupo 5 –Graf 10 0,4 1,5 0,8 0,4 mg/m3 mai/03

Grafitação Grupo 6 –Graf 13 0,2 2 0,7 0,6 mg/m3 jun/03

Grafitação Grupo 7 –Graf 15 0,3 1,5 0,6 0,4 mg/m3 jan/04

Grafitação Grupo 8 –Graf 12 0,3 0,4 0,3 0,1 mg/m3 jan/03

Grafitação Grupo 9 –Graf 12 0,3 0,9 0,4 0,2 mg/m3 jun/01 Cozimento / Impregnação Grupo 1 – Coz 13 0,1 1,4 0,5 0,4 mg/m3 fev/04

Cozimento / Impregnação Grupo 2 – Coz 6 0,1 1,4 0,4 0,5 mg/m3 mai/03

Cozimento / Impregnação Grupo 3 – Coz 6 0,2 0,8 0,4 0,2 mg/m3 ago/02

Cozimento / Impregnação Grupo 4 – Coz 6 0,2 0,4 0,3 0,1 mg/m3 jan/03

Conforme informado no item 4.5.2, o Limite de Exposição para partículas respiráveis

PNOS é 3,0 mg/m3, e, sendo assim, é possível constatar que, num total de 136 medições, nos

dois departamentos em estudo, não houve nenhum valor superior ao referido Limite, embora

tenha havido resultados acima do Nível de Ação. Segundo a Norma Regulamentadora 9 (NR-

9), o Nível de Ação, para agentes químicos, corresponde à metade do Limite de Exposição

Ocupacional (BRASIL, 1978c), o que quer dizer que, para as partículas respiráveis de

carbono, este valor é 1,5 mg/m3. A mesma NR-9 considera que, para valores acima do Nível

de Ação, devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que

as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição, devendo tais ações

incluir o monitoramento periódico, a informação aos trabalhadores e o controle médico

(BRASIL, 1978c).

Todas as ações previstas na NR-9 já são regularmente adotadas na UCAR, valendo

ressaltar que, independente dos resultados favoráveis, todos os empregados que trabalham nos

Page 77: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

77

mencionados locais são requeridos a utilizarem respiradores adequados, que sirvam como

meio filtrante, evitando ou então minimizando a quantidade de poeira capaz de alcançar os

seus pulmões. Cabe destacar que, de acordo com a Instrução Normativa SSST/MT no 1, de

11.04.1994, o Fator de Proteção Atribuído é de até 10 vezes o Limite de Tolerância, para

respiradores do tipo semi-facial, e de até 50 vezes o Limite de Tolerância, para os respiradores

do tipo facial (BRASIL, 1994). Diante disso, e considerando que o respirador utilizado contra

os pós de carbono é do tipo semi-facial, pode-se concluir que ele oferece suficiente proteção

aos trabalhadores que se expõem aos valores constantes da Tabela 7. Além do mais, a

percepção da empresa é que, trabalhando na minimização de resíduos de pós de carbono, a

tendência é que esses valores venham a se tornar ainda menores.

Adicionalmente, em intervalos anuais, os trabalhadores são submetidos a exames

médicos específicos, incluindo raios-X de tórax e espirometria, sendo os resultados mantidos

em arquivo permanente. O médico da empresa avalia os exames, comparando-os com os

exames de referência, para verificar se existe alguma mudança decorrente da exposição aos

pós de carbono. Cabe destacar que, no período compreendido entre janeiro/2001 e

setembro/2003, como parte do PCMSO, foram realizados 1220 exames de raios X (275 em

2000, 344 em 2001, 351 em 2002 e 250 em 2003) e 875 espirometrias (243 em 2000, 278 em

2001 e 354 em 2002), não tendo sido detectada nenhuma anormalidade nesses exames. Trata-

se de um dado altamente positivo e que, até então, evidencia a não ocorrência de doenças

relacionadas com os pós de carbono existentes nos ambientes de trabalho da fábrica.

5.5. O USO DE PÓS DE CARBONO NO ABATIMENTO DE EMISSÕES DE FUMOS

DE PICHE

No item 4.7 foi informado que as emissões de fumos de piche da área de MME,

provenientes de misturadores, resfriadores e correias transportadoras, são tratadas em um

sistema denominado Coletor com Injeção de Pós. Neste sistema, as emissões são abatidas

fazendo-se circular os fumos de piche em contracorrente com finos de coque metalúrgico,

condição que propicia a adsorção dos fumos pelos pós, permitindo a liberação de gases limpos

para a atmosfera, através de chaminé com 20 m de altura. Antes da instalação deste

equipamento, havia chaminés isoladas para os misturadores e resfriadores, as quais emitiam

diretamente para a atmosfera, sem qualquer tipo de controle.

Page 78: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

78

O Coletor com Injeção de Pós do MME começou a operar no ano 2000 e, com base

em campanha de amostragem de chaminé, efetuada em 2001, foi possível constatar uma

sensível redução na taxa de emissão de hidrocarbonetos voláteis, que passou de 3,5 kg/h na

entrada do sistema para 0,40 kg/h na sua saída, configurando uma eficiência de cerca de 89%

na redução de hidrocarbonetos originalmente presentes nos gases de exaustão (ECOLÓGICA,

2001). Por outro lado, é válido enfatizar que, avaliações realizadas em 1993, quando o

referido equipamento de controle ainda inexistia, tinham indicado uma taxa total de emissão

de fumos de piche da ordem de 3,21 kg/h (ECOLÓGICA, 1993). Comparando-se esta taxa de

3,21 k/h com o citado valor medido na saída do sistema (0,40 kg/h), chega-se a um nível de

redução da ordem de 88%, valor praticamente igual à eficiência encontrada.

Sob o ponto de vista de higiene industrial, a melhoria também foi significativa, tendo

havido uma sensível redução nos níveis de fumos de piche nos ambientes de trabalho no

interior do prédio do MME. 25 medições de fumos de piche, efetuadas entre março/1993 e

novembro/1998, antes da implantação do Coletor com Injeção de Pós, com trabalhadores

integrantes de um mesmo Grupo Homogêneo de Exposição, desenvolvendo atividades no

local em questão, apresentaram resultados variando de 0 mg/m3 a 0,35 mg/m3, com média

geométrica de 0,1 mg/m3 e desvio padrão de 0,1 mg/m3. Por outro lado, nas 24 medições

realizadas entre novembro/2000 e janeiro/2004, após implantação do mencionado dispositivo

de controle, os resultados variaram de 0 mg/m3 a 0,12 mg/m3, com média geométrica de 0,02

mg/m3 e desvio padrão de 0,03 mg/m3. Os dados estão sumariados na Tabela 8.

Vale destacar que as amostragens foram feitas com bombas da MSA, tendo sido

utilizados filtros de membrana de prata e fibra de vidro, adaptados em porta-filtros de acrílico,

os quais foram interligados às bombas através de mangueiras de borracha flexível. As bombas

foram previamente calibradas para trabalharem com a vazão média de 2,0 l/min, sendo

permitido um desvio de +/- 5%, ou seja, é aceitável que a vazão fique situada na faixa de 1,90

a 2,10 l/min. Este procedimento para amostragem de fumos de piche está descrito por “Mine

Safety Appliance” (ca.1989). Concluídas as amostragens, os porta-filtros (devidamente

selados), foram enviados para análise pelo Laboratório da GrafTech, em Cleveland, USA. Lá,

os filtros foram analisados pelo Método de Material Solúvel em Benzeno, ou “Method 58 -

Coal Tar Pitch Volatiles and Coke Oven Emissions” da OSHA. Segundo o método analítico,

o material que solubiliza em benzeno é exatamente a fração de hidrocarbonetos voláteis

Page 79: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

79

captados pelo filtro (OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY ADMINISTRATION, 1986).

Finalizada esta parte, a fração solúvel foi pesada e, com base no volume coletado, foi

calculada a concentração dos voláteis derivados do piche.

Tabela 8 – Avaliações de fumos de piche no MME DATA VALOR UNID. DATA VALOR UNID.

18/3/1993 0,02 mg/m3 23/11/2000 0,07 mg/m3 18/11/1993 0,08 mg/m3 24/11/2000 0 mg/m3 18/11/1993 0,09 mg/m3 24/11/2000 0 mg/m3 29/11/1993 0,14 mg/m3 28/11/2000 0 mg/m3 30/11/1993 0,08 mg/m3 28/11/2000 0,01 mg/m3 16/3/1994 0,01 mg/m3 28/11/2000 0,01 mg/m3 18/5/1994 0,22 mg/m3 26/3/2001 0 mg/m3 19/5/1994 0,07 mg/m3 26/3/2001 0 mg/m3 20/5/1994 0,04 mg/m3 27/3/2001 0,02 mg/m3 26/5/1994 0,28 mg/m3 27/3/2001 0 mg/m3 24/5/1995 0 mg/m3 29/3/2001 0 mg/m3 25/5/1995 0,14 mg/m3 29/3/2001 0 mg/m3 26/5/1995 0,07 mg/m3 10/12/2001 0,04 mg/m3

14/11/1997 0,06 mg/m3 11/12/2001 0,04 mg/m3 14/11/1997 0,07 mg/m3 11/12/2001 0,02 mg/m3 14/11/1997 0,10 mg/m3 17/12/2001 0 mg/m3 17/11/1997 0,10 mg/m3 17/12/2001 0 mg/m3 18/11/1997 0,05 mg/m3 18/12/2001 0 mg/m3 18/11/1997 0,06 mg/m3 13/1/2004 0,02 mg/m3 12/6/1998 0,35 mg/m3 20/1/2004 0,04 mg/m3 5/11/1998 0 mg/m3 16/1/2004 0,01 mg/m3 5/11/1998 0 mg/m3 22/1/2004 0,02 mg/m3

16/11/1998 0 mg/m3 27/1/2004 0,12 mg/m3 19/11/1998 0,05 mg/m3 28/1/2004 0 mg/m3 24/11/1998 0,05 mg/m3

De acordo com a “American Conference of Governmental Industrial Hygienists”

(2003), o Limite de Exposição para voláteis de piche é 0,2 mg/m3. Deste modo, analisando-se

a Tabela 8, verifica-se que, antes da entrada em operação do Coletor com Injeção de Pós,

havia valores acima do Limite, o que requeria dos empregados a utilização de máscaras

semifaciais com cartuchos contra vapores orgânicos em diversas atividades onde podia

ocorrer emanação de tais agentes. Com base na Instrução Normativa SSST/MT no 1, de

11.04.1994, o Fator de Proteção Atribuído aos respiradores do tipo semifacial é de até 10

vezes o Limite de Tolerância (BRASIL, 1994); diante disso, pode-se concluir que o EPI

supracitado oferecia suficiente proteção aos trabalhadores que se expunham aos valores

constantes da Tabela 8. Por outro lado, com o sistema em operação, os valores caíram para

patamares bastante reduzidos, sendo que 12 das 24 amostras não indicaram a presença de

Page 80: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

80

fumos de piche (concentração = zero). Apenas um resultado (0,12 mg/m3) foi ligeiramente

superior ao Nível de Ação. Essas novas condições, portanto, melhoraram a qualidade do

ambiente de trabalho e permitiram a descontinuidade do uso de máscaras.

5.6. PROGRAMA DE INSPEÇÕES E OBSERVAÇÕES

De acordo com UCAR Produtos de Carbono (2003b), Avaliações do Processo 5S são

conduzidas no mínimo trimestralmente em todas as instalações (escritórios, galpões, oficinas,

áreas de estocagem, etc.). As inspeções são documentadas, sendo preparados planos de ação,

com prazos e responsáveis, para correção das deficiências identificadas. O formulário de

avaliação, inclui questões que permitem verificar a maneira como vem sendo conduzido o

gerenciamento dos diversos resíduos gerados na fábrica, inclusive os pós de carbono. São

questões que, dentre outros pontos, buscam checar: se todos os equipamentos são mantidos

sem vazamentos, liberações ou emissões fugitivas; se há acondicionamento e coleta seletiva

de resíduos e se existem e são cumpridos planos de ação para correção das não

conformidades.

Por outro lado, na Folha de Observações do processo ALA, conforme mencionado no

item 4.8.1, há um campo específico que cobre a verificação das condições de limpeza e

arrumação dos locais de trabalho. Essas Observações, por conseguinte, são ferramentas

importantes para verificar se, durante a execução das suas tarefas, os trabalhadores:

- Mantêm a área livre de lixo e objetos soltos.

- Mantêm a área de trabalho organizada e limpa.

- Colocam ferramentas, equipamentos e materiais de maneira que não atrapalhem a

área de trabalho.

O programa de observações foi desenhado de modo que, a cada período de dois meses

todos os empregados da fábrica sejam observados. Ao final das observações, os empregados

observados, cujos nomes são mantidos no anonimato (para não gerar inibições e, ao mesmo

tempo, assegurar a imparcialidade e o caráter não punitivo das observações), recebem

Page 81: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

81

“feedback” sobre os pontos positivos e sobre comportamentos críticos que poderiam resultar

em danos a SS&MA. Desde o início do processo, em 2001, até o mês de julho de 2004 foram

feitas 7.410 observações, tendo sido fornecidos 127.821 “feedback”, sendo que 6.602 deles

envolveram aspectos de limpeza e arrumação.

A análise dos dados levantados durante as observações é feita pelo facilitador do

Processo ALA e pelos componentes do comitê ESCALA – Equipe de Segurança

Comportamental pelo Ambiente Livre de Acidentes, valendo destacar que este comitê é um

grupo constituído por 10 a 12 empregados, que tem como principais objetivos: identificar os

comportamentos críticos, treinar os observadores, analisar os dados levantados durante as

observações e propor ações para eliminação de barreiras identificadas. Os resultados das

Observações realizadas no período 2002 a 2004, com relação às condições de limpeza e

arrumação, estão representados nos Gráficos 2, 3 e 4, os quais mostram os percentuais de

comportamento seguro por parte dos trabalhadores. Analisando-se os gráficos anteriores,

observa-se que, entre agosto de 2002 e julho de 2003, houve uma tendência para valores

inferiores a 95%. Todavia, a prática de se fornecer “feedback” para as pessoas observadas

aparenta estar sendo positiva, uma vez que, desde agosto de 2003, os percentuais têm sido

consistentemente mais elevados. Em 2004, por exemplo, a média anual de comportamentos

seguros atingiu 97%, sendo que os percentuais variaram entre 96% e 99 %, com exceção do

mês de agosto, quando o resultado ficou num patamar de 94%. Isto, em princípio, poderia ser

interpretado como um indicativo de que tem aumentado o esforço dos empregados para

manter melhores condições de ordem, limpeza e arrumação nos seus ambientes de trabalho.

Todavia, a realidade não é exatamente esta, pois, na prática, ainda têm sido identificadas

condições que às vezes não coincidem exatamente com as anotações feitas na mencionada

Folha de Observações do processo ALA. Há pontos que podem e devem ser melhorados, a

exemplo da correta segregação de resíduos, com o intuito de facilitar o reuso ou reciclagem

dos mesmos. O processo de educação e conscientização, portanto, deve ser contínuo, pois,

assim como subiram, esses percentuais podem voltar a decrescer, como ocorreu em agosto de

2004, uma vez que se está lidando com o comportamento e atitudes de pessoas. De qualquer

forma, a pré-disposição para desenvolver tarefas de maneira mais organizada e asseada é um

fator que certamente deverá facilitar a implementação das pretendidas medidas para

minimização de resíduos e prevenção da poluição, principal objetivo deste trabalho de

dissertação.

Page 82: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

82

Gráfico 2: Observações - % Comportamento seguro com relação à Limpeza e Arrumação - 2002

94

9897

9897

94 94

92

9594

90

100

mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02

Média Anual = 95,3

Gráfico 4: Observações - % Comportamento seguro com relação à Limpeza e Arrumação - 2004

96

98

9697

98 98 98

94

99

9798 98

90

100

jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04

Média Anual = 97

Gráfico 3: Observações - % Comportamento seguro com relação à Limpeza e

Arrumação - 2003

91

93 93 9394 94 94

95 95

9798

97

90

100

jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03

Média Anual = 94,5

Page 83: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

83

5.7. PROGRAMA DE AUDITORIAS

Conforme estabelecido em UCAR Produtos de Carbono (2003b), Auditorias internas

de SS&MA são conduzidas anualmente nas áreas operacionais e, a cada dois anos, nas áreas

administrativas da empresa, para garantir o cumprimento de todas as exigências

governamentais e internas aplicáveis. Os Procedimentos existentes no Manual de SS&MA da

empresa (ex.: Segurança do Pessoal, Controle de Emergência, Proteção Respiratória,

Emissões Atmosféricas, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Prevenção da Poluição, etc.) são

auditados pelo menos uma vez a cada 3 anos, tomando por base roteiros, onde constam

perguntas sobre as exigências a serem verificadas. Ao final de cada auditoria é emitido um

relatório onde ficam registradas as principais deficiências / não conformidades, sendo também

requerido o estabelecimento de planos de ação para corrigi-las.

No caso da área de resíduos sólidos, as perguntas são formuladas no sentido de, dentre

outros pontos, checar se: estão sendo mantidos controles para quantificar os volumes de

resíduos de pós de carbono coletados por departamento e descartados em aterro interno; os

resíduos estão acondicionados em recipientes adequados e identificados; há evidência de

alguma liberação de resíduos que possa causar problemas à saúde ou ao meio ambiente; os

resíduos estão sendo destinados nos locais aprovados e se estes são mantidos em condições

adequadas; os empregados conhecem os procedimentos para acondicionamento, coleta e

transporte dos resíduos.

Em adição ao programa geral de auditorias internas, são também realizadas auditorias

periódicas, por entidade externa certificadora, para avaliação da adequação do Sistema de

Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente aos requisitos das Normas ISO-14001 e

OHSAS-18.001, bem como auditorias corporativas, destinadas a avaliar o cumprimento de

exigências do Manual de SS&MA do grupo GrafTech e a conformidade com exigências

legais.

Nas auditorias internas conduzidas em 2003 e no primeiro semestre de 2004, os

principais problemas identificados, na área de resíduos sólidos, envolveram a má segregação

de rejeitos e o descumprimento de alguns procedimentos estabelecidos para o seu

gerenciamento. As ações adotadas para correção dessas não conformidades envolveram

Page 84: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

84

campanhas com murais e faixas, distribuição de cartilhas educativas e sessões de

treinamento, objetivando reorientar os empregados quanto ao correto manejo de rejeitos

resultantes das suas atividades. Apesar dessas medidas, as novas auditorias internas,

realizadas no segundo semestre de 2004, voltaram a revelar falhas na segregação de resíduos,

ainda que em menor escala. Estas constatações, dentre outros pontos, serviram como subsídio

para que se propusesse à direção da empresa uma ação mais abrangente, na linha de educação

ambiental, a qual é descrita como uma possibilidade de melhoria, no item 6.7.

5.8. AVALIAÇÃO DE NOVOS PROJETOS

De acordo com UCAR Produtos de Carbono (2003c), um nível apropriado de revisão

deve ser conduzido antes de mudanças físicas, de processo ou de procedimentos, visando

identificar e avaliar aspectos de saúde e segurança das pessoas, segurança do processo e meio

ambiente, que possam estar associados com a mudança empreendida. O referido texto, por sua

vez, define mudança como sendo “a introdução de um processo novo ou modificação de um

processo existente, acrescentando limites operacionais, equipamentos, materiais de

construção, ou matérias primas” (UCAR PRODUTOS DE CARBONO, 2003, p.4). Sendo

assim, todos os projetos de instalações e equipamentos, novos ou modificados, desenvolvidos

na UCAR, são submetidos a uma criteriosa avaliação para prevenir a geração ou o

agravamento de riscos relacionados com SS&MA. No tocante às questões ambientais,

procura-se checar se, em decorrência da mudança, haverá emissão de alguma substância

tóxica ou nociva para o ambiente, se será necessária a instalação de equipamento de proteção

ou de controle especial, se existirão emissões que possam afetar adversamente a comunidade

e, em paralelo, busca-se identificar medidas que possam ser adotadas para diminuir a

quantidade de resíduo industrial gerado pelo equipamento e/ou processo. Todas essas

questões são devidamente avaliadas através de reuniões preliminares de análise dos projetos,

enquanto que, por ocasião das inspeções de entrega dos equipamentos ou instalações, procura-

se assegurar que as medidas de controle tenham sido efetivamente implementadas. Havendo

deficiências, estas são registradas, sendo concedidos prazos apropriados para a sua correção /

adequação.

A sistemática anteriormente descrita, sem sombra de dúvidas, evidencia uma postura

preventiva e em total sintonia com os preceitos expressos por LaGrega, Buckinghan e Evans

Page 85: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

85

(2001, tradução nossa), para quem avaliações devem ser conduzidas, tanto na etapa de projeto

como na operação de equipamentos / instalações, objetivando definir programas de prevenção

e controle de perdas (ver item 4.4).

5.9. PROGRAMAS DE TREINAMENTO

Para Abreu (2000), investir no homem é o grande negócio para as empresas, uma vez

que:

Através do sentimento de responsabilidade diante do “todo”, que os empregados

passam a adquirir, após receberem treinamentos voltados para educação ambiental,

ocorre uma grande motivação para opinar, sugerir e atuar em iniciativas que visem à

proteção do meio ambiente no próprio ambiente empresarial. E, muitas vezes, os

mesmos empregados viabilizam a solução de grandes problemas enfrentados pela

empresa (ABREU, 2000, p. 93 – 94).

Este mesmo tipo de pensamento é comungado pela UCAR, fato que pode ser

comprovado pelo grande incentivo que a empresa vem dando aos programas voltados para

educação e treinamento. Conforme destacado no item 4.8.4, o processo de certificação pelas

Normas ISO-14.001 e OHSAS-18.001 envolveu um intenso programa de treinamento, com o

objetivo de conscientizar os empregados para a importância da conformidade com a política

ambiental, com os procedimentos e demais requisitos do sistema de gestão. A título de

comparação, é válido registrar que, em 2003, a carga horária de treinamentos na área de

SS&MA atingiu um total de 7.462 HHT contra 2.894 HHT em 2002, ano em que o sistema de

gestão, baseado nas Normas ISO-14001 e OHSAS-18001, ainda não havia sido implantado.

Também não se pode deixar de mencionar o programa educacional Oficina do Saber,

implantado em junho de 2001, através de um convênio entre a UCAR e o SESI/NET, que

permitiu trazer para dentro da empresa os cursos de 1º e 2º graus. As aulas são realizadas na

própria fábrica de Candeias, no horário das 16:30 h às 20:30 h, de acordo com a escala interna

de turnos, recebendo os estudantes, como incentivo, transporte, jantar e material didático,

inteiramente grátis. Numa primeira etapa, finalizada no 2o semestre de 2003, 53

colaboradores, sendo 32 do 1º grau e 21 do 2º grau, concluíram seus respectivos cursos. A

previsão é que os aprovados no 1º grau prossigam os estudos, concluindo o 2º grau no final de

Page 86: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

86

2005, permitindo à empresa atingir a meta de não ter mais nenhum colaborador com

escolaridade abaixo do ensino médio.

Segundo Deccó (2004), o Programa Oficina do Saber não desenvolveu plenamente

uma visão holística12 do trabalho nos alunos-trabalhadores, mas contribuiu para despertá-los

para a necessidade de enxergar os processos de trabalho de maneira mais sistêmica,

colaborando para o melhor desempenho das atividades que eles desenvolvem na empresa. A

mesma autora acrescenta que “os alunos-trabalhadores da UCAR, motivados pelo Programa

Oficina do Saber, começaram a participar mais ativamente nos processos de trabalho dos seus

departamentos e propor soluções para melhoria de problemas existentes” (DECCÓ, 2004,

p.137). Esta afirmativa, inclusive, pode ser corroborada pelo nível de participação no

Programa Fábrica de Idéias, descrito no item 5.10. É inegável que atividades de educação e

treinamento tornarão mais fácil a conscientização dos empregados quanto à importância de

estarem envolvidos e comprometidos com o cumprimento das exigências de SS&MA, a fim

de que os seus ambientes de trabalho se tornem livres de eventos indesejáveis que possam

resultar em danos pessoais ou ao meio ambiente.

5.10. PROGRAMA FÁBRICA DE IDÉIAS

De acordo com UCAR Produtos de Carbono (2003f), o objetivo do Programa Fábrica

de Idéias, é estimular a participação e criatividade dos seus empregados, através da geração de

idéias, que venham a viabilizar a melhoria contínua em todos os processos organizacionais. O

citado documento deixa claro que idéia compreende “sugestões inovadoras, sem solicitação

prévia, com aplicação imediata ou futura, visando a melhoria contínua nas situações de

trabalho, nos equipamentos e/ou bem estar da empresa, com ou sem impacto financeiro”

(UCAR Produtos de Carbono, 2003f, p.1). O programa em questão também deixa claros os

critérios de pontuação das idéias e os respectivos prêmios a serem concedidos, em função do

número de pontos que o empregados acumular. Dentre os critérios, há dois, abaixo citados,

que têm uma nítida interface com aspectos relacionados a SS&MA:

12 Relativo a holismo, ou seja, teoria segundo a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente (FERREIRA, 1986).

Page 87: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

87

- Melhoria da Imagem e do Ambiente – idéias que possam contribuir

positivamente para a imagem da empresa com seus empregados e com

a comunidade.

- Melhoria da Qualidade de Vida – idéias que contribuam para a

qualidade de vida, visando a saúde integral (física, mental e espiritual)

dos empregados (UCAR PRODUTOS DE CARBONO, 2003f, p. 4).

Desde 2002, ano em que o programa foi implantado, até julho de 2004, foram

apresentadas 383 idéias, sendo que, deste total, 25 foram focadas em melhorias ambientais, 66

em segurança, 22 em condições ergonômicas e 37 em qualidade de vida dos empregados. As

demais propuseram intervenções voltadas para redução de custos e melhorias no processo e

no produto. Dentre as 25 idéias direcionadas para aspectos ambientais, 12 foram aprovadas,

09 foram classificadas como não originais ou não aplicáveis e 04 estão em análise. Por outro

lado, das 12 idéias ambientais aprovadas, 05 consistiram em sugestões para redução do

desperdício de água e melhoria no controle de efluentes, 05 voltadas para minimização de

emissões de pós, 01 para redução do consumo de combustível em máquinas móveis e 01 para

controle de resíduos sólidos. A idéia relativa a resíduos propunha melhoria no

acondicionamento dos seguintes rejeitos, que já fazem parte do atual programa de coleta

seletiva da empresa:

- Papel, papelão e similares, que são estocados em recipientes azuis.

- Plásticos, que são acondicionados em recipientes vermelhos.

- Vidros, que são armazenados em recipientes verdes.

- Metais, que são estocados em recipientes amarelos.

Esses resíduos já vêm sendo regularmente comercializados com firmas de reciclagem

e o principal objetivo da melhoria sugerida (uso de sacos plásticos nas cores supracitadas) foi

ajudar na visualização do tipo de lixo por parte dos colaboradores e das pessoas responsáveis

pelo recolhimento, facilitando, portanto, a coleta seletiva.

Page 88: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

88

O bom grau de participação atingido no Programa Fábrica de Idéias confirma um dos

pontos levantados no item 5.9, segundo o qual, o aumento do nível de educação dos

empregados deixa-os mais à vontade para expressarem idéias capazes de melhorarem

condições nos seus ambientes de trabalho.

5.11. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E PROGRAMAS DE MANUTENÇÃO

Na seção específica sobre meio ambiente, integrante do Manual de Segurança, Saúde e

Meio Ambiente da UCAR existem vários procedimentos que tratam de assuntos tais como

controle de emissões atmosféricas, gerenciamento de resíduos sólidos e controle de águas de

superfície e subterrâneas, havendo, ainda, um procedimento voltado para a prevenção da

poluição. Em dezembro de 2003, levando em conta requisitos da Norma ISO-14001, cuja

certificação a empresa estava buscando, bem como diretrizes emanadas por este trabalho de

pesquisa, que já se encontrava em andamento, resolveu-se empreender uma revisão e

atualização do citado procedimento. Na oportunidade, procurou-se incorporar recomendações

que objetivavam a melhoria contínua com relação à redução ou eliminação das fontes de

geração de resíduos e liberações para o ar, água e solo. Dentre as recomendações, todas elas

constantes de UCAR Produtos de Carbono (2003e), estão sendo transcritas a seguir aquelas

que apresentam uma maior interface com os objetivos desta pesquisa, à medida que

contribuem para minimizar a geração de rejeitos de pós de carbono resultantes do processo

produtivo da empresa:

- Equipamentos do tipo correias transportadoras, elevadores de canecas,

peneiras, moinhos e britadores, usados na movimentação, transporte e

processamento de coque e outras matérias primas, devem ser mantidos

em adequadas condições de operação, minimizando-se, dentro do

possível, as emissões para o meio ambiente.

- Todos os filtros de mangas / coletores de pós devem ser

adequadamente operados e mantidos, de maneira que atendam a

finalidade básica para a qual foram projetados, ou seja, a retenção de

material particulado. Intervenções devem ser providenciadas na

ocorrência de emissões fugitivas de pós através do corpo do filtro ou

na sua chaminé.

- “Big-bags” acoplados aos dutos de descarga de filtros de mangas

devem estar bem amarrados e ajustados aos referidos dispositivos, de

modo a minimizar emissões fugitivas durante o enchimento com pós.

Page 89: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

89

- Trabalhos de limpeza devem ser desenvolvidos para minimizar o

acúmulo de pós nos pisos ao redor de áreas de carregamento de “big-

bags”.

- Ruas, pátios e áreas abertas devem ser limpos regularmente,

utilizando, de preferência, uma varredeira mecânica, a fim de evitar

acúmulos de pós que possam ser espalhados no solo, ou carreados

para outros locais por ação dos ventos.

- Trombas telescópicas13 acopladas aos dutos de descarga de silos ou

filtros de mangas devem ser mantidas sem avarias e bem ajustadas às

tulhas ou outros recipientes usados para recolhimento/

acondicionamento de pós.

- O basculamento de caminhões transportadores de materiais como

coque e piche deve ser feito de maneira cuidadosa, inclinando-se

lentamente a carroceria do veículo, de modo a diminuir a velocidade

de queda do material e, conseqüentemente, reduzir a geração de

emissões fugitivas de pós.

- O basculamento de pás carregadeiras deve ser realizado com as

conchas posicionadas o mais próximo possível do equipamento e/ou

dispositivo a ser abastecido com pós, de modo a reduzir a geração de

emissões fugitivas (UCAR PRODUTOS DE CARBONO, 2003e, p. 1-

2)

Todas as orientações anteriores, desde que colocadas em prática, inegavelmente se

traduzem em benefícios para o meio ambiente. Todavia, o que se tem constatado, através dos

programas de auditorias internas, observações e inspeções, é que, em verdade, elas não vêm

sendo integralmente cumpridas, de modo que este assunto volta a ser tratado no item 6.7, com

indicação de possibilidade de melhoria para correção desta não conformidade. Por outro lado,

é possível observar que várias das recomendações contidas em UCAR Produtos de Carbono

(2003e) deixam clara a necessidade de se assegurar um programa de manutenção preventiva

ou a pronta atuação, sempre que ocorra uma situação que assim requeira. No caso da UCAR,

isto é devidamente coberto por um Sistema Integrado de Engenharia e Manutenção, um

“software” aplicativo, desenvolvido para atender ao planejamento e controle de serviços de

manutenção em plantas industriais. O Sistema é composto pelos seguintes módulos:

Programação Diária; Manutenção Programada; Cadastro de Equipamentos; Custos; Inspeção

de Equipamentos; Estatística; Calibração; Parada; Materiais e Sobressalentes e Histórico

13 Trombas telescópicas são dispositivos sob a forma de tubos sanfonados, operados manual ou automaticamente. Flexíveis e extensíveis, elas permitem a descarga de pós de carbono de silos e/ou filtros de mangas para tulhas ou outros recipientes coletores, sem gerar emissões fugitivas (nota do autor).

Page 90: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

90

Especializado. Trata-se, portanto, de um moderno sistema de gerenciamento, totalmente

rastreável, e que oferece todos os recursos para atender as exigências de Normas de

Qualidade, como a ISO-9001, nos seus itens referentes ao controle de equipamentos de

inspeção, medição e ensaios. No momento, 100% dos serviços de manutenção do

departamento de MME são programados e executados com base neste sistema. Nos demais

departamentos operacionais, cerca de 80% dos serviços estão sendo controlados pelo referido

sistema e a previsão é se atingir 100% ao longo de 2005.

Page 91: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

91

6. DISCUSSÃO DAS POSSIBILIDADES DE MELHORIA

6.1. USO DE PÓS DE CARBONO COMO COMBUSTÍVEL

6.1.1. Uso na indústria de cimento

Este tipo de aplicação foi desenvolvido basicamente para os super finos de coque

metalúrgico, os quais vêm oferecendo dificuldades de comercialização com aciarias, em

função do teor relativamente baixo de carbono fixo (ver Quadro 2). Os testes foram feitos

com uma indústria cimenteira, a qual, de início, tentou utilizar o referido pó isoladamente,

mas enfrentou alguns problemas. Quando o pó estava muito seco, ele vazava com facilidade,

ao ser lançado na tremonha de alimentação do sistema de britagem. Por outro lado, se o pó

estava muito úmido, ele costumava grudar nas paredes da tremonha. Os problemas foram

corrigidos, passando-se a efetuar uma mistura constituída de aproximadamente 50% de super

finos de coque metalúrgico e 50% dos demais elementos combustíveis utilizados pela

indústria (carvão mineral e coque verde de petróleo). Esta mistura é introduzida na tremonha

de alimentação do sistema, sendo então submetida ao seguinte processo: britagem, secagem,

moagem e, finalmente, transporte pneumático, através de um tubulão até os queimadores.

Para dar partida à combustão, a empresa utiliza óleo BPF. Quando a chama está formada, eles

mudam para os combustíveis sólidos anteriormente citados, os quais são injetados através de

bico atomizador. A temperatura da chama atinge valores da ordem de 2.600o C. Conforme

informado pela indústria cimenteira, o desempenho da mistura de combustíveis sólidos (super

finos de coque metalúrgico, coque e carvão) tem sido muito bom, não havendo relato de

qualquer problema operacional.

Os testes com os super finos de coque metalúrgico foram conduzidos entre o 4o

trimestre de 2003 e o 1o trimestre de 2004. Confirmado o bom desempenho, a mencionada

industria cimenteira imediatamente fechou negócio para, em princípio, adquirir 3.000

toneladas do resíduo, que vinham sendo mantidas estocadas em área interna da UCAR.

Durante a negociação, o autor desta dissertação teve oportunidade de acompanhar a aplicação

do material no cliente, não identificando inconvenientes quanto à queima do referido pó,

principalmente pelo fato de que a licença ambiental da empresa em questão prevê a utilização

de produtos carbonáceos sólidos como combustíveis. Conforme Quadro 2, os super finos de

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92

coque metalúrgico apresentam níveis de carbono na faixa de 74% a 85% e cinzas variando de

13% a 24%, e, sendo assim, não foi detectada nenhuma mudança que pudesse prejudicar ou

alterar as condições de combustão normalmente observadas na empresa ou gerar novos

impactos negativos. A aprovação, como se pode perceber, representou a abertura de um

mercado para este tipo de pó que, em grande parte, vinha sendo tratado como resíduo e

descartado em aterro interno. Com o valor obtido nas vendas, a UCAR consegue recuperar o

gasto com “big-bags” usados no acondicionamento dos pós (cerca de R$ 55.714,00 para as

3.000 toneladas de resíduo, considerando que cada “big-bag” pesa 1,4 t e teve o custo unitário

elevado para R$ 26,00 em 2004) e, em paralelo, deixa de ter despesas associadas à operação

do aterro interno.

6.1.2. Uso interno na UCAR

Este item levanta a possibilidade de que finos de coque metalúrgico voltem a ser

usados como combustível no secador existente na área de beneficiamento de coque

metalúrgico, mais conhecida como “Met Coke”. De acordo com UCAR Produtos de Carbono

(2000), o secador em questão foi projetado para produzir 10t/h de coque metalúrgico seco, o

qual é utilizado nas áreas de Cozimento e de Grafitação, para as finalidades mencionadas no

item 5.3. No momento, o mencionado secador é movido a gás natural. Todavia, até o final da

década de 90, o combustível empregado consistia de finos de coque metalúrgico, sendo que o

gás natural era utilizado apenas na partida do equipamento. Optou-se pela eliminação do uso

de finos de coque como combustível, pois, naquela época, se vislumbrava um crescente

mercado externo para os mencionados pós, o que terminou não se concretizando. Tomando

como referência a Seção 2.0 do Manual do Sistema de Beneficiamento de Coque Metalúrgico

(UCAR PRODUTOS DE CARBONO, 2000), é possível explicar, de maneira resumida, qual

o princípio de funcionamento do citado secador, quando este era movido com finos de coque:

- O combustível sólido (finos de coque) era proveniente do fundo de peneiras

vibratórias e consistia de material com granulometria menor que 65 mesh, o qual

era estocado num silo de combustível sólido, e dali descarregado em um

transportador de rosca. A partir deste transportador os finos de coque eram

injetados num leito de areia a seco, através de um sistema de transporte

pneumático. O ar de combustão e fluidização eram fornecidos por um ventilador

Page 93: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

93

específico, valendo destacar que fluidização é uma condição especial na qual

partículas sólidas são suspensas numa corrente gasosa em movimento ascendente

tal que a mistura sólido-gás atue como um fluido. Na partida do combustor, o pré-

aquecimento do leito de areia era feito por um sistema de queima independente,

utilizando gás natural com Poder Calorífico Inferior de 8900 KCal/Nm3. A

velocidade ascendente da corrente de gás arrastava partículas sólidas,

proporcionando rápidas trocas de calor, excelente mistura e altas velocidades de

reação.

A recomendação, portanto, é que se avalie a viabilidade de voltar a utilizar os finos de

coque metalúrgico como combustível principal, sempre que parte ou todo não sejam

comercializados. É claro que, durante este período em que tem estado desativado, o sistema

específico para queima do coque sofreu um desgaste natural devido à ação do tempo e,

inclusive, há partes e peças deste sistema que não mais apresentam condições de uso e

precisariam ser substituídas. Conforme levantamento feito junto ao grupo interno da UCAR,

especializado na manutenção do secador, as necessidades para reativar o sistema de

combustível sólido são as seguintes:

- Recuperar silo para finos (combustível sólido).

- Recuperar ventilador de edução14 e edutor15.

- Recuperar válvula rotativa.

- Recuperar rosca transportadora com controles manual, automático e de rotação.

- Recuperar visor e duto para abastecimento de areia do combustor.

- Recuperar válvula de ar de diluição TV 4280 e colocar controle através do

Controlador Indicador de Temperatura TIC 4280.

- Recolocar o “damper” (amortecedor) do ventilador GB 4252 e seu controle através

do Controlador Indicador de Pressão PIC 4284.

14 Edução é o ato ou efeito de eduzir, de extrair (FERREIRA, 1986). 15 Nesta acepção, edutor tem o mesmo significado de ejetor, ou seja, bocal por onde se conduz um fluido sob pressão, a fim de se conseguir um escoamento à velocidade elevada (FERREIRA, 1986).

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94

- Reativar o “damper” do ventilador GB 4254 (manual).

- Reativar válvula TV 4260 de entrada do filtro de mangas FD 4252 e válvula de “by-

pass” TV 4259.

- Reativar PI’s (Indicadores de Pressão) do painel do secador e entrada do

queimador.

- Reativar indicador de alarmes do painel do secador.

- Verificar difusores da placa de constrição do combustor.

- Recuperar tomadas de pressão.

- Colocar indicador de vazão na entrada do ar de fluidização.

O investimento requerido para implementar todas as necessidades listadas é da ordem

de R$ 200.000,00, assim distribuídos:

- R$ 10.000,00 para o silo para finos.

- R$ 5.000,00 para o ventilador de edução e edutor.

- R$ 5.000,00 para a válvula rotativa.

- R$ 20.000,00 para a rosca transportadora com controles manual, automático e de

rotação.

- R$ 10.000,00 para colocar indicador de vazão na entrada do ar de fluidização.

- R$ 100.000,00 para modificar e implantar o programa de PLC.

- R$ 50.000,00 para montagem eletromecânica.

Vale destacar que os dois últimos itens, no valor de R$ 150.000,00, englobam o reparo

dos demais pontos deficientes anteriormente relacionados, não havendo necessidade de

quantificá-los isoladamente.

Page 95: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

95

Um aspecto importante a salientar é que a reativação do sistema implicaria na

minimização ou até mesmo eliminação do descarte de finos de coque metalúrgico em aterro

interno, bem como na eliminação do uso de gás natural como combustível. Com base em

inventários internos, nos anos 2002 e 2003, foram dispostas em aterro interno cerca de 3.685 t

de finos de coque metalúrgico gerados no “Met Coke”, quantidade correspondente a 2.632

“big-bags”, já que, individualmente, eles pesam 1,4 t. Como o custo unitário de cada “big-

bag” era, na época, R$ 19,00, pode-se concluir que o gasto total, apenas com a compra desses

sacos (sem levar em conta os gastos com a operação do aterro), foi da ordem de R$ 50.000,00.

Por outro lado, o atual consumo de gás natural para operar o secador é de aproximadamente

25.026 m3/mês (dados de 2004). A composição do custo do gás natural é estratificada, em

função do volume consumido. Sendo assim, para o consumo citado, chega-se a um gasto

mensal de R$ 12.384,59 e anual de R$ 148.615,02. A memória de cálculo do consumo e do

gasto com gás natural no secador de coque do “Met Coke” é apresentada no APÊNDICE A.

Vê-se portanto que, implementando-se as melhorias, se deixaria de gastar cerca de R$

148.615,02 com gás natural por ano. Isto, praticamente já compensa o investimento (R$

200.000,00), mesmo sem levar em conta a redução de gastos com acondicionamento dos pós

para descarte em aterro. Logo, apesar do evidente custo associado a esta recomendação, o

investimento estaria pago num prazo de aproximadamente um ano. O mais importante, porém,

é que esta medida está em total sintonia com o conceito de prevenção da poluição, por

envolver o reuso de um material originalmente tratado como rejeito.

6.2. REUSO DE FINOS DE COQUE GERADOS NO COZIMENTO

Outra possibilidade de melhoria que se vislumbra consiste na reutilização interna dos

pós gerados no fundo das peneiras das colunas de empaque do cozimento (ver item 5.1 e

Quadro 1). Antes de se explicar o tipo de reutilização pretendido, é oportuno esclarecer como

são gerados e o que vem sendo feito com esses pós.

Uma fração do coque metalúrgico seco produzido no “Met Coke”, conforme

informado no item 5.3, é utilizada como material de enchimento dos cilindros ou cestas

metálicas, onde eletrodos e blocos catódicos são arrumados, a fim de serem conduzidos para

os fornos de cozimento. Também já foi explicado que este recheio de coque previne

Page 96: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

96

deformações nas peças verdes procedentes do MME, as quais são submetidas ao processo de

cozimento. Terminado o cozimento, os eletrodos e blocos são retirados dos cilindros ou cestas

e o coque usado como recheio segue para uma coluna de beneficiamento, sendo parte dele

novamente usada no cozimento, enquanto que uma fração mais fina obtida no fundo da

peneira de classificação de material, vem tendo o mesmo tratamento dado aos demais finos de

coque metalúrgico originados no cozimento, ou seja, é ensacada em “big-bags”, que,

preponderantemente, são dispostos em aterro.

Estudos iniciados em 2004, sob responsabilidade da área de Garantia da Qualidade da

UCAR, têm por objetivo checar a viabilidade de reutilizar esses pós como material de

cobertura de fornos de grafitação. O principal fator que pode dificultar esta reutilização é a

contaminação dos pós com carepas (lascas) de ferro. Esta contaminação ocorre pois, durante o

processo nos fornos de cozimento, os cilindros e cestas são submetidos a altas temperaturas

(da ordem de 800oC), o que termina provocando o desprendimento de lascas metálicas das

superfícies dos mencionados recipientes. O problema é que o ferro contido nesses pós pode

vir a atacar as paredes refratárias dos fornos de grafitação, ou seja, devido à atmosfera

redutora destes fornos, essa combinação facilita a agregação do coque às paredes refratárias

do forno, prejudicando sua vida útil. De qualquer forma, como as características do material

de fundo de peneiras do cozimento em princípio atendem às especificações do processo de

grafitação, os estudos têm avançado no sentido de checar se o uso do referido material poderá

ser efetivamente aprovado, sob o ponto de vista qualidade, e se será necessária a eliminação

da contaminação metálica, através de dispositivos a serem especificados.

Uma pergunta que poderia surgir é por que não fazer o mesmo com os super finos de

coque metalúrgico, que são gerados na própria grafitação? A principal justificativa é que este

material tem sua distribuição granulométrica abaixo da recomendada, e, deste modo, o seu

reuso na cobertura de fornos de grafitação, provocaria problemas de qualidade no processo.

Além disso, por ser resultante da mistura de pós retidos em filtros de mangas com material de

fundo de peneira da própria unidade de grafitação (ver item 5.1), o pó em questão é,

naturalmente, um material mais fino que os finos de coque metalúrgico do cozimento, o que

torna difícil a sua manipulação e aplicação nos fornos.

Page 97: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

97

6.3. PRÉ-PROCESSAMENTO PARA AJUSTE DO TEOR DE CARBONO FIXO

Com base no que foi explicado no item 5.1, pode-se concluir que quanto maior o teor

de carbono fixo nos pós de carbono gerados no processo produtivo da UCAR, mais facilmente

eles são comercializados com indústrias siderúrgicas, a fim de serem utilizados como “carbon

raiser” ou como formadores de “escória espumante”. Deste modo, a opção que está sendo

descrita é aplicável a pós como super finos de coque metalúrgico, finos de coque metalúrgico

e finos de coque metalúrgico impregnado com piche, em função dos seus teores relativamente

baixos de carbono fixo, se comparados com pós como os pós de grafita (ver Quadro 2). O

pré-processamento para ajuste do teor de carbono fixo vem sendo desenvolvido por uma firma

que se dedica à fabricação de materiais carbonáceos comercializados com aciarias. O processo

consiste basicamente na mistura desses pós com produtos mais ricos em carbono, como o

coque, de modo que se atinja, no final, níveis de carbono por volta de 87 a 90%, faixa

considerada aceitável para materiais a serem usados como formadores de “escória

espumante”. Durante visita que o autor desta Dissertação realizou às instalações do cliente, foi

possível verificar que, de maneira sucinta, o processo ali desenvolvido envolve as seguintes

etapas: recebimento e armazenagem dos pós (acondicionados em “big-bags”) em pátio

externo; moagem; estocagem do material moído em silos; dosagem em misturadores,

seguindo formulação pré-definida; envio das misturas obtidas para galpão de armazenamento

final; expedição. Em todas essas etapas é mantido um rigoroso controle de qualidade, visando

assegurar a manutenção das propriedades e características da mistura, atendendo as

especificações dos clientes, bem como requisitos internos e da Norma ISO-9001, na qual a

empresa foi certificada em 2004.

É possível interpretar este pré-processamento de duas formas: sob a ótica da UCAR,

ele representa a elevação do teor de carbono dos pós super finos de coque metalúrgico, finos

de coque metalúrgico e finos de coque metalúrgico impregnado com piche; já para a empresa

compradora, ele significa a redução do teor de carbono de materiais como o coque, por

exemplo, de modo que estes possam ser comercializados como formadores de “escória

espumante” e não apenas para uso mais nobre, como é o caso dos “carbon raisers”.

Esta opção de processamento dos mencionados pós de carbono, em conjunto com o

uso descrito no item 6.1.1, propiciaram, no decorrer de 2004, um significativo aumento no

Page 98: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

98

volume de pós comercializados pela UCAR, tendência que vinha sendo observada desde

2003, quando começaram a ser adotadas algumas iniciativas com vistas à minimização do

descarte de pós em aterro. À exemplo do que foi explicado no item 6.1.1, com o valor obtido

nas vendas, a UCAR consegue recuperar o gasto com “big-bags” usados no

acondicionamento dos pós (custo atual de R$ 26,00 por “big-bag”, que, quando cheio, pesa

cerca de 1,4 toneladas), e, em paralelo, deixa de ter despesas associadas à operação do aterro

interno.

6.4. SECAGEM DA LAMA DA SERRA DE DIAMANTE

No final do processo de fabricação de eletrodos de grafita e de blocos catódicos, mais

precisamente na etapa de usinagem, são realizadas operações de corte das peças, em serras de

diamante, visando colocá-las nas dimensões estabelecidas pelos clientes. Há na fábrica duas

serras deste tipo, ambas equipadas com cortina de água, que tem por objetivo principal

resfriar a serra e, ao mesmo tempo, abater as emissões de pós geradas durante o corte. A água

utilizada nos equipamentos circula em circuito fechado, havendo tanques para sedimentação

do pó em suspensão, os quais são limpos semanalmente, através de veículo limpa-fossa. A

lama removida é, em verdade, uma mistura de água com pós de carbono, sendo descartada por

aspersão sobre a superfície do aterro interno da UCAR. Este resíduo, por se tratar de uma

lama com alto teor de umidade, e não um pó seco, não havia sido computado nos itens 5.1, 5.2

e 5.3 deste trabalho.

A melhoria que se vislumbra é a possibilidade de secagem dessa lama, através de filtro

prensa, de modo que ela possa vir a ser comercializada com firmas interessadas em utilizá-la

como “carbon raiser” ou como formadora de escória espumante. Para tanto, foi desenvolvido

pela Gerência de Otimização de Processos da UCAR um trabalho destinado a estudar a

viabilidade de implementação da citada melhoria, iniciando-se pela sua completa

caracterização, realizada com o apoio laboratório químico da empresa, estando os dados

disponíveis na Tabela 9. Esses dados foram analisados em conjunto com informações

mantidas pelo departamento de Serviços da UCAR, relativas ao controle de coleta e descarte

da lama, tendo também sido considerado os custos para implantação do filtro prensa.

Cruzando-se todas essas informações, foi possível desenvolver um estudo de viabilidade do

projeto, o qual é apresentado na Tabela 10.

Page 99: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

99

Tabela 9 - Características da lama da serra de diamante

Descrição Unidade valor Teor de pó seco contido na amostra homogeneizada do tanque Percentual 36% Volume removido do tanque mensalmente metro cúbico 63 Peso de material seco removido do tanque mensalmente Tonelada 23 Peso da amostra seca (mistura homogênea retirada do tanque) Grama 50 Peso de água para atingir 50% de umidade mililitro = grama 50 Peso total da amostra @ 50% de umidade Grama 100 Teor de pó seco na amostra @ 50% de umidade Percentual 50% Peso de material @ 50% removido do tanque mensalmente Tonelada 46

A partir da Tabela 10, verifica-se que haverá uma redução de despesas com limpa-

fossa da ordem de R$ 1.200,00 por mês e um ganho mensal de R$ 2.300,00 com a venda da

lama seca, perfazendo um total de R$ 3.500,00 (isto corresponde a um ganho mensal).

Dividindo-se o investimento total requerido (R$ 37.890,00) pelo ganho mensal calculado (R$

3.500,00), chega-se à conclusão de que num prazo de 10,8 meses o investimento estará pago.

Trata-se, portanto, de uma melhoria perfeitamente viável e que atende aos princípios de

produção limpa.

Tabela 10 - Estudo de viabilidade de filtro prensa para a serra de diamante Item Valor

Volume total mensal descartado no aterro (m3) 63 Quantidade mensal de lama @ 50% de umidade (tonelada) 46,0 Quantidade anual de lama @ 50% de umidade (tonelada) 552,0 Preço de venda da lama @ 50% de umidade (R$ por tonelada) R$ 50,00 Valor mensal obtido com a venda da lama @ 50% de umidade R$ 2.300,00 Valor anual obtido com a venda da lama @ 50% de umidade R$ 27.600,00 Valor mensal médio pago atualmente à limpa-fossa R$ 3.000,00 Valor mensal estimado a ser pago à limpa-fossa após implantar o filtro R$ 1.800,00 Diferença mensal (redução de custo) R$ 1.200,00 Diferença anual (redução de custo) R$ 14.400,00 Preço do equipamento (proposta de um fornecedor) R$ 22.890,00 Estimativa de investimento com a instalação do equipamento R$ 15.000,00 Estimativa de investimento total (equipamento + instalação) R$ 37.890,00 Tempo de retorno do investimento (anos) 0,9 Tempo de retorno do investimento (meses) 10,8

Page 100: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

100

6.5. RECUPERAÇÃO DO PÓ RECOLHIDO PELA VARREDEIRA MECÂNICA

A UCAR possui uma varredeira mecânica que circula diariamente, ao longo do

horário administrativo (8:00 h às 16:00 h), pelas ruas e pátios da área interna da fábrica,

recolhendo material acumulado nos pisos. Segundo estimativa feita pelo Departamento de

Serviços da empresa, responsável pela limpeza da área, a varredeira recolhe cerca de 72 t/mês

ou 864 t/ano de resíduo de varrição, constituído preponderantemente por pós de carbono (esta

estimativa foi feita em novembro de 2004, considerando o volume do compartimento de

coleta da varredeira e o número de vezes que a máquina efetua o basculamento). No

momento, o resíduo de varrição vem sendo disposto em aterro interno.

A melhoria proposta, por sua vez, visa eliminar o descarte deste resíduo em aterro,

tendo sido levantada durante reunião da Comissão Técnica de Garantia Ambiental – CTGA da

UCAR, da qual o autor desta Dissertação participa. Realmente, este é o fórum ideal para

discussão de assuntos desta natureza, uma vez que, de acordo com a Resolução CEPRAM No

2933/2002, a CTGA deve ser formada por membros da organização e ter como objetivo o

autocontrole e a garantia da qualidade ambiental da atividade (BAHIA, 2002a).

A idéia discutida prevê a utilização de um sistema existente na área de MME,

destinado à limpeza dos patamares da torre de distribuição de matérias primas, o qual

funciona como um aspirador de pó de grande porte interligado a um filtro de mangas, tendo

começado a operar em meados de 2004. Para tanto, não serão necessários maiores

investimentos ou mudanças, bastando prover o compartimento de acúmulo de pó da máquina

de varrição com um ponto para acoplar a linha de exaustão do referido sistema, permitindo

que o pó acondicionando no interior da varredeira seja aspirado e direcionado para o

mencionado filtro de mangas. Como o resíduo em questão pode apresentar-se misturado com

pedregulhos ou outros materiais grosseiros, inclusive de natureza metálica, eventualmente

encontrados nos pisos, surgiu a argumentação de que tais materiais poderiam danificar as

mangas do filtro. Este impedimento, no entanto, foi devidamente contornado, instalando-se

na linha de exaustão um pré-filtro para retenção de tais materiais. Não existe, por conseguinte,

mais nenhuma restrição quanto à implementação da medida proposta. Deste modo, a previsão

é que, a partir de 2005, as 864 t anuais de pó de varrição deixem de ser lançadas no aterro

interno e passem a integrar o grupo de resíduos comercializados para reciclagem externa.

Page 101: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

101

6.6. USOS ESPECIAIS

De acordo com Adrianowycz et al (2002), pós de carbono são empregados numa

grande variedade de pesquisas e aplicações comerciais, incluindo o uso como “carbon

raisers” na indústria metalúrgica (assunto já apresentado no item 4.6), até aplicações de

tecnologia de ponta, tais como: aditivos para polímeros, revestimentos condutores, baterias e

células de combustíveis e aditivos para uso em alta temperatura, dentre outras. Uma ressalva a

ser feita é que a maioria dos usos aqui descritos se aplicam aos pós de grafita. No caso

específico da UCAR, mesmo não havendo quantidade excedente de pós de grafita, já que

estes são totalmente reaproveitados seja interna ou externamente, considera-se oportuna a

apresentação das citadas utilizações, que ficam como opções, caso venham a ocorrer

mudanças no mercado que justifiquem a adoção de alguma delas. Além disso, com base nas

características e propriedades dos demais pós resultantes do processo produtivo da UCAR,

será possível avaliar a aplicabilidade de algum desses usos, seja de forma direta ou mediante

um pré-processamento, caso as outras oportunidades de minimização propostas neste Capítulo

venham a revelar-se insuficientes para atender toda a demanda de resíduos gerada. De

maneira sucinta, os usos especiais discutidos por Adrianowycz et al. (2002), são relacionados

a seguir:

6.6.1. Aditivos para polímeros

A utilização de carbono e grafita como aditivos para polímeros e borracha remonta ao

uso dos citados materiais na produção de pneus para aumentar a sua resistência. A adição de

carbono e grafita a polímeros visa tirar vantagem das suas propriedades superiores, de modo a

reforçar as propriedades dos materiais brutos. Embora seja uma aplicação de baixa tecnologia,

o carbono e a grafita podem, também, ser utilizados como pigmentos para a produção de

plásticos cinza e preto. No caso específico da grafita, a sua excelente condutividade térmica e

elétrica tem sido usada com o intuito de elevar tais propriedades em polímeros brutos. A

condutividade elétrica da grafita também viabiliza a sua aplicação em produtos como

telefones celulares e equipamentos com alto campo magnético ou instrumentação. Todas

essas aplicações, entretanto, requerem o uso de grafita em forma altamente cristalina para se

obter um máximo de condutividade. Adicionalmente, não se pode deixar de citar que o uso de

fibras de grafita como reforço mecânico em produtos que variam desde componentes

Page 102: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

102

estruturais para edifícios até equipamentos esportivos, representa igualmente um tipo de

aplicação bem conhecido.

6.6.2. Revestimentos condutores

Pós de grafita têm sido usados na manufatura de escovas de carbono desde a invenção

dos motores elétricos. Esta aplicação leva em conta a condutividade térmica e elétrica, bem

como a capacidade de lubrificação da grafita. O aumento da condutividade térmica e elétrica é

também o principal objetivo quando se usa a grafita como revestimento para componentes

plásticos e cabos. As propriedades condutivas da grafita finamente dividida são usadas na

produção de tubos de raios catódicos, a fim de prover uma máscara preta altamente condutiva

para imagens limpas de alta resolução.

6.6.3. Geração e armazenamento de energia

O uso de pós de grafita em baterias e dispositivos eletrônicos de armazenagem cresceu

bastante na última década. Tais aplicações requerem um tipo de grafita com alta pureza e

estrutura altamente cristalina. Já há bastante tempo a grafita vem sendo um componente de

células catódicas de baterias alcalinas devido à sua elevada condutividade elétrica.

Recentemente, a grafita passou a ser empregada como um componente do anodo para

células recarregáveis de íons lítio e células de polímero de lítio. A alta densidade de energia

dessas células pode ser atribuída ao uso de grafita como um hospedeiro intermediário para os

íons de lítio altamente reativos e móveis. Pós de carbono e grafita podem também ser usados

como um aditivo para elevar a condutividade da porção catódica das baterias de lítio.

Adicionalmente, pós de grafita têm sido incluídos como componentes de células de

combustíveis.

6.6.4. Aditivos para uso em alta temperatura

A estabilidade a alta temperatura é a principal razão para o uso da grafita como um

aditivo para cimentos e tintas destinados a locais com temperaturas elevadas. Em atmosferas

não oxidantes a grafita é estável a temperaturas da ordem de 3.200 oC

Page 103: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

103

6.6.5. Modificadores de fricção

A utilização da grafita como um lubrificante inerte e estável remonta à Idade Média e

é considerada uma das suas primeiras aplicações comerciais. Muitos produtos comerciais

existentes usam grafita em conjunto com outros lubrificantes, tais como gorduras, resinas

sintéticas e líquidos voláteis.

O uso de pós de grafita, bem como de outras formas de carbono e grafita, em sistemas

de freio e embreagem de alta performance tem crescido nos últimos anos. Estas aplicações

levam em conta a condutividade térmica da grafita e a sua capacidade em atuar como

lubrificante a altas temperaturas, de modo a reduzir o desgaste de freios e revestimentos de

embreagem em máquinas com tecnologia avançada, como aeronaves e carros de corrida. A

potencial expansão desses sistemas avançados de frenagem para automóveis de luxo

representa mais uma chance de crescimento na área de utilização de pós de grafita.

6.6.6. Outros aditivos

Pós de grafita são importantes constituintes da mistura utilizada na produção de

carbono refratário, especialidades de grafita e blocos catódicos de grafita. Freqüentemente, as

exigências para tais usos fazem parte dos processos de manufatura. A indústria metalúrgica de

pós tem também se destacado como um grande consumidor de pós de grafita. Nesses casos, a

grafita é adicionada como um auxiliar de sinterização16 para controlar a produção de óxidos

metálicos e uso como um auxiliar de lubrificação tanto no processo de manufatura, como na

aplicação final.

Pós de carbono e grafita também têm sido usados como aditivos na indústria

cosmética e farmacêutica, basicamente como corantes inertes e lubrificantes. Outras

aplicações especiais incluem a produção de diamante sintético, colóides especiais, suportes

catalíticos e lápis, além do uso na produção de elementos combustíveis para reatores

nucleares.

16 Processo em que duas ou mais partículas sólidas se aglutinam pelo efeito do aquecimento a uma temperatura inferior à de fusão, mas suficientemente alta para possibilitar a difusão dos átomos das duas redes cristalinas (FERREIRA, 1986).

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104

6.7. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O item 5.9 deixa claro o incentivo dado pela UCAR às atividades de educação e

treinamento. Todavia, em função de não conformidades detectadas durante auditorias de

SS&MA (ver item 5.7) e em consonância com o Índice de Melhoria Contínua de SS&MA

(ver item 4.8.2) e com a Norma ISO-14001, o autor desta Dissertação, em conjunto com a

área de Desenvolvimento de Pessoas da UCAR, conseguiram o apoio da Direção da empresa

para implementar, no decorrer de 2005, um Programa estruturado de Educação Ambiental.

Para tanto, buscou-se a consultoria do SENAI / CETIND, que, em setembro de 2004,

apresentou uma proposta técnica relativa ao assunto, a qual está disponível no ANEXO B. Os

objetivos deste programa são:

- Sensibilizar os colaboradores da UCAR sobre as questões relacionadas com a

preservação ambiental.

- Transmitir conhecimentos relacionados com as principais iniciativas empresariais

para a proteção ambiental, tais como: Desenvolvimento Sustentável, Programa de

Coleta Seletiva de Lixo, Programa Atuação Responsável, Produção mais Limpa,

Selos Verdes, Sistema de Gestão Ambiental – ISO-14001, etc.

- Dar suporte à UCAR na implantação de iniciativas ambientais tais como a Coleta

Seletiva de Lixo, Norma ISO-14001, entre outras que visam à melhoria de

desempenho ambiental.

- Estimular a integração empresa / comunidade através de discussões e atividades

focadas para a preservação ambiental.

Conforme destacado na proposta do SENAI / CETIND, a importância da implantação

de um Programa de Educação Ambiental entre os funcionários da UCAR está, não só na

divulgação de conceitos de meio ambiente e sustentabilidade, mas também, no incentivo à

adoção de práticas e condutas ambientalmente responsáveis, tais como: diminuição dos níveis

de poluição, redução de resíduos gerados, redução de consumo de energia e outros recursos

naturais, melhoria na eficiência de equipamentos, entre outros. Todas essas ações refletirão na

Page 105: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

105

adoção de técnicas de Produção mais Limpa, que se constituem hoje no grande desafio das

empresas. Sem sombra de dúvidas, a efetivação do programa em questão está em total

sintonia com objetivos deste trabalho de pesquisa e sua eficácia poderá ser avaliada, já a partir

do final de 2005, através das Observações do Processo ALA (ver itens 4.8.1 e 5.6) e das

auditorias de SS&MA.

Outro ponto que vale destacar se refere ao procedimento de prevenção da poluição

descrito no item 5.11, o qual, apesar de estabelecido há mais de um ano, vem sendo cumprido

de maneira parcial, não estando adequadamente sedimentado entre os colaboradores,

especialmente do grupo operacional. Sugere-se, portanto, a inclusão deste assunto no

conteúdo programático do Programa de Educação Ambiental aqui descrito, de modo que,

através de dinâmicas específicas, os empregados possam melhor assimilar as orientações

estabelecidas, sendo também instados a proporem novas medidas que contribuam para a

prevenção da poluição, preocupação central deste trabalho de pesquisa e da própria UCAR.

Convém destacar que o retorno do valor a ser investido neste programa (R$ 42.426,00)

não será percebido diretamente sob o aspecto financeiro, e sim através das atitudes e

comportamentos dos empregados, que estarão mais sensibilizados para as questões

ambientais, e da oportunidade para estreitar o relacionamento da empresa com a comunidade,

à medida que uma etapa do programa contempla atividades junto a escolas do município de

Candeias. Esta é, portanto, uma ação que certamente fortalecerá a imagem da UCAR sob a

ótica sócio-ambiental, além de estar em linha com os preceitos da ISO-14001, que exorta as

empresas a incluírem a visão das partes interessadas na definição dos seus objetivos e metas.

O ANEXO C apresenta uma figura que foi utilizada em outdoor de divulgação do

Programa de Educação Ambiental, o qual foi lançado oficialmente no dia 05 de abril de 2005,

em cerimônia no restaurante da UCAR. As turmas de treinamento foram programadas para o

período abril a setembro de 2005.

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106

6.8. SUGESTÕES DO GRUPO OPERACIONAL

Aproveitando a linha de raciocínio expressa por Deccó (2004), buscou-se incentivar,

durante o desenvolvimento desta pesquisa, a participação dos trabalhadores que integram o

grupo operacional comumente conhecido como “chão de fábrica”, de modo que estes

apresentassem suas sugestões na linha de minimização de resíduos e prevenção da poluição.

Escolheu-se para participar empregados integrantes da CIPA17, observadores do processo

ALA e componentes do comitê ESCALA, por serem pessoas mais envolvidas com questões

relativas a SS&MA. O modelo de questionário aberto aplicado está disponível no

APÊNDICE B.

De 30 empregados consultados, apenas 07 responderam às questões (23%). Apesar do

baixo nível de participação, todas as sugestões foram devidamente avaliadas quanto à sua

adequação e viabilidade, mas, por não se enquadrarem exatamente na linha de minimização

de resíduos, optou-se por não incluí-las neste Capítulo relativo às possibilidades de melhoria.

É inegável, porém, que elas têm valor, uma vez que incluem ações que, se implementadas,

também trarão benefícios sob o ponto de vista ambiental e/ou de higiene ocupacional. Sendo

assim, decidiu-se listá-las em Apêndice específico (APÊNDICE C). Vale acrescentar que

várias das sugestões apresentadas, bem como as recomendações descritas no item 5.11 e

contidas em UCAR Produtos de Carbono (2003e), envolvem intervenções de manutenção, o

que, mais uma vez, reforça a importância da completa cobertura de todos os departamentos

operacionais pelo Sistema Integrado de Engenharia e Manutenção, já comentado

anteriormente.

Entende-se que o Programa de Educação Ambiental recomendado no item 6.7,

certamente aumentará a familiaridade dos colaboradores com as questões ambientais, de

modo que eles possam expressar com mais facilidade sugestões que estejam em sintonia com

o tema abordado neste trabalho de pesquisa. Resgatando uma informação contida no item

5.10, o Programa Fábrica de Idéias, num período de dois anos, contabilizou 66 sugestões

voltadas para aspectos de segurança e apenas 22 para melhorias ambientais. Não se pode

negar que, no caso da UCAR, observa-se um maior entrosamento dos empregados com

17 A organização e manutenção de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA é uma exigência da NR-5, sendo aplicável a todas as empresas privadas e públicas e aos órgãos governamentais que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 1978a).

Page 107: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

107

questões de segurança, enquanto as preocupações ambientais parecem ficar em segundo

plano. Uma possível explicação para este fato é que os efeitos decorrentes de deficiências de

segurança são, em geral, imediatos, podendo manifestar-se sob a forma de uma lesão no

próprio empregado ou mesmo uma perda material, ao passo que os impactos associados a um

aspecto ambiental (ver definição de aspecto ambiental no item 4.8.4), algumas vezes não são

imediatamente percebidos, só sendo evidenciados em prazos mais longos. O Programa de

Educação Ambiental proposto deverá contribuir para mudar esta percepção, fazendo com que

todos se sintam à vontade, comprometidos e motivados para opinarem indistintamente sobre

qualquer assunto de SS&MA.

Vale ainda destacar que não se julgou necessária a aplicação deste questionário ou

mesmo de questionários diferenciados aos integrantes da alta direção e pessoal com nível de

gerência / supervisão, uma vez que:

- UCAR Produtos de Carbono (2003b) estabelece que liderança gerencial e

comprometimento com a excelência em Saúde, Segurança e Meio Ambiente, são

demonstrados através de toda a organização, sendo que o desempenho em SS&MA

de cada gerente é avaliado anualmente.

- Já “GrafTech International” (2001) preconiza que todos os gerentes e engenheiros

têm responsabilidades específicas para com SS&MA, as quais estão identificadas

em suas descrições de cargo. O mesmo documento ainda deixa claro que o próprio

Gerente / Diretor Geral da Planta também participa ativamente das atividades de

SS&MA, tais como auditorias, inspeções e/ou revisões de acidentes / incidentes

com alto potencial de perda.

Deste modo, está evidente que os conceitos e responsabilidades com SS&MA já se

encontram bem enraizados junto à gerência de linha da empresa, não sendo esperados maiores

empecilhos quanto à implementação de medidas para minimização de resíduos. Pelo

contrário, espera-se o comprometimento, apoio e efetiva participação de todos eles.

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108

7. COMENTÁRIOS FINAIS

Na busca da melhoria contínua preconizada pela Norma ISO-14001, na qual a UCAR

foi certificada em 2003, e levando em conta os requisitos do Índice de Melhoria Contínua de

SS&MA, descrito no item 4.8.2, a direção da empresa decidiu incluir a minimização de

resíduos de pós de carbono como uma meta para 2004, o que só fez reforçar a pertinência

deste trabalho de pesquisa. Isto, indubitavelmente, tem contribuído para o incentivo às

práticas de reciclagem e reuso, em detrimento do simples descarte em aterro interno, opção

que, até então, pela sua praticidade, vinha sendo adotada com mais intensidade. Afinal, o

aterro fica situado em terreno de propriedade da empresa, a curta distância das fontes de

geração dos resíduos, descritas no item 5.1. Os resultados e ganhos obtidos, no entanto,

provam exatamente o contrário, à medida que evidenciam o retorno que a UCAR está tendo

ao apoiar esta nova linha de ação.

Realmente, a efetiva implementação das alternativas descritas nos itens 6.1.1 e 6.3 já

vêm apresentando resultados visíveis, expressos pelo significativo aumento no volume de

vendas de pós de carbono, no ano de 2004, e na conseqüente diminuição do volume

descartado em aterro interno, conforme dados constantes da Tabela 11, a qual mostra as

quantidades de pós de carbono vendidas e descartadas no ano de 2004, em comparação com

aquelas registradas nos anos 2000, 2001, 2002 e 2003 (excluindo os pós de grafita, em função

das explicações contidas no item 5.3).

Tabela 11 - Quantidades de resíduos descartados x vendidos Quantidade (t/ano) 2000 2001 2002 2003 2004 Total vendido 4.041,8 8.566,8 2.199,0 11.612,2 16.605,0 Total descartado internamente 8.425,2 1.440,8 8.118,2 3.705,4 1.032,0

Analisando-se a referida Tabela, verifica-se que o total vendido em 2004 foi

folgadamente superior àqueles verificados em cada um dos anos anteriores. Por outro lado, a

quantidade descartada revelou-se a menor do período. Entre janeiro e dezembro de 2004

foram dispostos em aterro cerca de 120 “big-bags” contendo pós de carbono (168 t/ano, já

que cada “big-bag” pesa cerca de 1,4 t), além do material recolhido pela varredeira mecânica

(864 t/ano, conforme explicado no item 6.5), totalizando aproximadamente 1.032,0 t de

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109

resíduos. Houve anos, a exemplo de 2002, em que mais de 5.700 “big-bags” chegaram sofrer

este tipo de destinação (ver item 6.2).

Os dados da Tabela 11 foram lançados no Gráfico 5, para facilitar a visualização.

Observa-se claramente que a tendência nos três últimos anos tem sido no sentido de

incrementar a comercialização dos pós de carbono, para fins de reciclagem externa,

colocando-se em segundo plano a opção de descarte em aterro, prática classificada como fim-

de-tubo.

Além dos evidentes benefícios ambientais proporcionados por estas mudanças,

especialmente no tocante à minimização de eventuais problemas associados com passivos

ambientais, é também muito importante destacar o impacto positivo que as mesmas têm

produzido sobre o negócio, tendo em vista o aumento da receita, decorrente da venda dos pós

de carbono, e a redução nos gastos com a operação do aterro interno. Pode-se afirmar que a

receita gerada com a comercialização dos mencionados resíduos, é significativa e o único

investimento que se tem feito, para viabilizar as vendas, consiste na aquisição de “big-bags”

para acondicionamento dos pós. Aliás, esta despesa ocorreria mesmo se os resíduos não

fossem vendidos, uma vez que o procedimento operacional do aterro interno, devidamente

aprovado na Licença de Operação da UCAR, requer que, ao serem dispostos, os pós de

carbono estejam devidamente acondicionados em “big-bags”. Essa medida tem por objetivo

evitar emissões fugitivas, que sempre são observadas se os pós forem descartados na forma a

granel.

Gráfico 5 - Resíduos de pós de carbono - vendidos x descartados

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.00018.000

2000 2001 2002 2003 2004Ano

Qua

ntid

ade

(t)

Total vendido Total descartado internamente

Page 110: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

110

Vale ressaltar que, para acondicionar as 16.605,0 t vendidas em 2004, foram

necessários cerca de 11.861 “big-bags” a um custo unitário atual de R$ 26,00, o que perfez

um total de R$ 308.386,00. Este gasto, entretanto, tem sido plenamente compensado pelo

valor resultante das vendas. Em 2004, houve uma receita da ordem de R$ 4.000.000,00 com a

venda de pós de carbono (já descontados os gastos com “big-bags” usados no

acondicionamento dos pós), contra cerca de R$ 1.000.000,00 em 2003 e R$ 750.000,00 em

2002.

Seguindo-se a mesma linha de raciocínio acima, as despesas referentes à aquisição dos

120 “big-bags” descartados no aterro foram da ordem de R$ 3.120,00, valor insignificante se

comparado com aquele atingido em 2002 (R$ 108.528,00, conforme informado no item 5.2).

Naquele ano, também considerando as informações constantes do item 5.2, os gastos totais

com a operação do aterro interno, incluindo as atividades de monitoração do lençol freático,

atingiram a casa dos R$ 150.000,00. Em 2004, diante do pequeno volume descartado, essas

despesas não excederam R$ 20.000,00, já considerando o monitoramento da água subterrânea,

que é obrigatório, bem como outros custos relativos à operação do aterro (salário anual de um

operador responsável pela coleta e descarte dos pós, combustível para operar os veículos

coletores, aluguel de trator para regularização e cobertura da área, dentre outros). Houve,

portanto, uma considerável redução de gastos.

Apesar desta evidente melhoria, a previsão é que, com a adoção das medidas

discutidas nos itens 6.4 e 6.5, além das que já estão atualmente em prática, o volume de

material disponibilizado para venda irá aumentar. Todavia, para que a empresa não fique na

dependência de possíveis oscilações no mercado de pós de carbono, existem as opções

apresentadas nos itens 6.1.2 e 6.2, que prevêem aplicações internas para tais materiais, em

adição ao uso descrito no item 5.5. Por outro lado, os usos especiais relacionados no item 6.6,

conforme explicado anteriormente, ficam como referência, caso venha a ser gerada

quantidade excedente do pós de grafita, ou nas situações em que se conclua pela

aplicabilidade de algum desses usos, aos demais pós resultantes do processo produtivo da

UCAR, seja de forma direta ou mediante um pré-processamento.

De qualquer forma, o objetivo final é que as quantidades descartadas se tornem

consistentemente menores, fazendo com que os pós de carbono, cada vez com mais

Page 111: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

111

intensidade, sejam encarados não como resíduos, sem qualquer utilidade, mas sim como um

material potencialmente passível de ser reintroduzido na cadeia produtiva, seja através de

reuso interno ou de reciclagem externa. O fato de se estar contando com o apoio da direção e

incentivando o envolvimento de todos os níveis hierárquicos da empresa, é, sem sombra de

dúvidas, um ponto que deverá facilitar a implementação de medidas ora sugeridas, ajudando,

também, a superar barreiras que costumam aparecer em processos dessa natureza.

Tudo que foi anteriormente comentado está em perfeita sintonia com a posição

expressa por Adrianowycz et al. (2002). Esses autores entendem que, no momento, há uma

base substancial para que as fábricas do Grupo GrafTech, aí incluindo a UCAR, venham a

expandir esforços nos negócios envolvendo pós de carbono e grafita, tendo em vista o

seguinte:

- O alto potencial de crescimento para muitos produtos que usam

carbono e grafita como componentes.

- Sinergia desses produtos com algumas outras iniciativas atuais de

negócios do Grupo GrafTech.

- Existência de várias plantas do Grupo GrafTech que geram pós de

carbono e grafita.

- A experiência técnica e capacidade do Grupo GrafTech em

desenvolver produtos de grafita “sob medida” através da escolha de

precursor e processamento.

- Habilidade do Grupo GrafTech em caracterizar e processar pós de

carbono e grafita (ADRIANOWYCZ et al., 2002, p. 4).

Por outro lado, o investimento em treinamento e conscientização dos colaboradores

constitui os alicerces para que as demais melhorias sugeridas no Capítulo 6 sejam

implementadas e mantidas de maneira consistente e duradoura. Do mesmo modo, é

importante que seja mantido o uso das seguintes ferramentas de gestão, todas elas descritas no

Capítulo 5, as quais têm se revelado bastante eficazes: programa de inspeções e observações,

programa de auditorias, avaliação de novos projetos, fábrica de idéias, assim como o Sistema

Integrado de Engenharia e Manutenção, o qual deve ser disponibilizado para todos os

departamentos operacionais. É oportuno frisar que tais ferramentas estão totalmente em linha

com as práticas para redução de resíduos, preconizadas por LaGrega, Buckingham e Evans

(2001), as quais foram amplamente discutidas no item 4.4.

Page 112: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

112

Diante do que foi exposto, considera-se plenamente atingido o objetivo geral desta

pesquisa, definido no item 1.3, na medida em que se fez, efetivamente, uma análise crítica das

alternativas já implantadas pela empresa, recomendando-se opções complementares para a

minimização de resíduos de pós de carbono no seu processo produtivo, tomando por base os

princípios de Prevenção da Poluição. Também foram alcançados todos os objetivos

específicos estabelecidos no item 1.4, conforme evidenciado a seguir:

- As situações que acarretam a geração de resíduos de pós de carbono em todas as

etapas do processo produtivo da UCAR, bem como um levantamento desses

resíduos, estão devidamente apresentados no item 5.1.

- O uso de aterro interno para descarte de resíduos de pós de carbono, alternativa

classificada como fim-de-tubo, foi discutida e criticada no item 5.2.

- As oportunidades de minimização para os resíduos de pós de carbono encontram-se

detalhadamente explicadas no Capítulo 6.

- Os custos envolvidos na destinação final (fim-de-tubo) dos resíduos em estudo

foram levantados no item 5.2, sendo que neste Capítulo 7 foi feita a comparação

com resultados já obtidos e/ou a serem alcançados ao se implantar as medidas de

controle e minimização recomendadas.

Considera-se, igualmente, que, o conjunto deste trabalho de pesquisa, permitiu

responder com segurança as questões-problema formuladas no Capítulo 2, tendo sido, por

conseguinte, comprovada a hipótese de que “É possível minimizar resíduos de pós de

carbono no processo produtivo de eletrodos de grafita e blocos catódicos da UCAR Produtos

de Carbono, através de medidas que atendam aos princípios de Prevenção da Poluição, a

despeito da premissa vigente de que tais resíduos são inerentes ao processo, sendo, portanto,

muito difícil a sua redução, no atual parque industrial”. É oportuno destacar o último trecho

da frase anterior “...no atual parque industrial”, uma vez que, ao longo de todo o trabalho,

buscou-se identificar opções que propiciassem a pretendida minimização de resíduos,

considerando as atuais instalações da empresa e sem agregar recomendações ou grandes

modificações que, mesmo sendo eficazes, terminariam inviabilizadas, especialmente por

questões associadas com custo. Deste modo, optou-se por sugestões mais simples, práticas e

menos onerosas, mas, nem por isso, de menor eficácia, em detrimento de mudanças maiores,

Page 113: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

113

mas que envolveriam altos investimentos, a exemplo da automatização de algumas operações.

Todavia, por serem alternativas já conhecidas e implementadas com sucesso em outras

localidades, inclusive em trechos das áreas de Cozimento e Grafitação da UCAR, tais

modificações não podem ser desconsideradas, ainda que dentro de uma perspectiva futura,

conforme explicado no Capítulo seguinte.

Verifica-se, ainda, que este trabalho de pesquisa e todas as possibilidades de melhoria

nele relacionadas, bem como o próprio sistema de gestão de SS&MA adotado pela UCAR há

mais 13 anos, estão em linha com pelo menos três dos onze 11 princípios elaborados pela

Confederação Nacional da Indústria – CNI, princípios estes baseados nas premissas

formuladas pela Agenda 2118 e que expressam os desafios propostos ao setor produtivo para a

construção do desenvolvimento sustentável:

- Promover a melhoria contínua e o aperfeiçoamento dos sistemas de

gerenciamento ambiental, saúde e segurança do trabalho nas

empresas.

- Promover a monitoração e a avaliação dos processos e parâmetros

ambientais nas empresas. Antecipar a análise e os estudos das

questões que possam causar problemas ao meio ambiente e à saúde

humana, bem como implementar ações apropriadas para proteger o

meio ambiente.

- Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e

permanente dos trabalhadores e do comprometimento da supervisão

nas empresas, assegurando que os mesmos tenham o conhecimento e

o treinamento necessários com relação às questões ambientais

(CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2002, p. 40).

18 Documento gerado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a Agenda 21 consiste num conjunto de princípios que tinha como objetivo lançar novas bases para a produção e distribuição das riquezas geradas pelo trabalho humano, que contemplassem a utilização adequada dos recursos oferecidos pelo planeta e assegurassem a todos o direito de viver com dignidade, tanto no presente como no futuro. Em suma, ao longo de seus 40 capítulos, a Agenda 21 aponta caminhos e define as responsabilidades de cada agente social na busca do desenvolvimento sustentável (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2002).

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114

8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS

No Capítulo anterior ficou claro que é possível minimizar resíduos de pós de carbono

no processo produtivo de eletrodos de grafita e blocos catódicos da UCAR Produtos de

Carbono, através de medidas que atendam aos princípios de Prevenção da Poluição, conforme

indicado a seguir:

a) Medidas já implementadas, sem custos adicionais:

- Pré-processamento para ajuste do teor de carbono fixo.

- Uso de pós de carbono como combustível externamente.

Tais medidas foram implementadas ao longo de 2004 e continuam sendo adotadas de

forma rotineira, tendo resultado em benefícios significativos para a empresa. O resultado mais

expressivo foi a receita de R$ 4.000.000,00 que a empresa obteve em 2004 com a venda de

resíduos de pós de carbono e a diminuição do uso do aterro interno, minimizando, por

conseqüência, o potencial de geração de passivos ambientais.

b) Medidas que vão requerer investimentos:

- Uso de pós de carbono como combustível internamente.

- Secagem da lama da serra diamante.

- Recuperação do pó recolhido pela varredeira mecânica.

- Programa de Educação Ambiental.

As três primeiras medidas terão retorno garantido num período de até 12 meses.

Quanto ao Programa de Educação Ambiental, o retorno será percebido através das atitudes e

comportamentos dos empregados, que estarão mais sensibilizados para as questões

ambientais, e, conseqüentemente, deverão participar de maneira mais efetiva em programas

como a fábrica de idéias e na limpeza e arrumação dos seus ambientes de trabalho. Este

Programa, portanto, é considerado um trabalho fundamental, devido à sua interface com todas

as outras medidas propostas. Entende-se que um programa de prevenção da poluição não

logrará sucesso, caso não se invista na educação das pessoas envolvidas.

Page 115: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

115

c) Medidas que dependem de estudos:

- Reuso de finos de coque provenientes do cozimento no processo de grafitação.

- Usos especiais.

No caso do reuso dos finos de coque, o principal impedimento levantado foi a

contaminação dos pós com lascas metálicas. Todavia, em abril de 2005, deu-se início ao

reuso, em caráter experimental. Os primeiros resultados têm sido favoráveis e, caso persista

esta tendência, o uso em definitivo será autorizado pela área de Garantia da Qualidade. Já os

usos especiais relacionados são aplicáveis basicamente aos pós de grafita, não devendo ser

adotados no momento, uma vez que os mencionados pós são integralmente reutilizados no

processo ou comercializados. São usos que ficam como referências, caso surjam necessidades

futuras.

Por outro lado, algumas conclusões e recomendações de Adrianowycz et al. (2002), a

seguir relacionadas, são revisadas e endossadas neste trabalho de pesquisa, como perspectivas

futuras:

- Desenvolver uma estratégia que incentive o negócio de pós de carbono, tanto em

nível interno (UCAR) com em nível corporativo.

- Manter os atuais negócios envolvendo pós de carbono e explorar mercados

emergentes.

- Criar um time multidisciplinar para apoiar o negócio de pós de carbono.

- Concentrar esforços em áreas com grande possibilidade de crescimento com relação

ao uso de pós de carbono: geração e armazenamento de energia, aditivos para

polímeros e revestimentos condutores.

- Desenvolver produtos carbonáceos diferenciados, em conjunto com os materiais

convencionais atualmente disponíveis no mercado.

- Definir aplicações a serem perseguidas, levando em conta as competências da

UCAR.

Page 116: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

116

- Explorar possíveis parcerias com atuais produtores de pós de carbono.

- Fazer circular informações sobre pós de carbono através folhetos, prospectos e via

“web19”.

- Preparar lista de potenciais consumidores com apoio da equipe de Vendas e

Marketing.

- Combinar e simplificar as atuais designações e graus de pós de carbono.

- Catalogar os pós atualmente comercializados e os que apresentam potencial de

comercialização.

Adicionalmente, ainda dentro de uma perspectiva futura, sugere-se que:

- Seja avaliada a viabilidade econômica de se instalar, respectivamente, sistema de

transporte pneumático e automação para as operações de Grafitação e de

Cozimento, nos pontos onde tais melhorias ainda não estejam disponíveis. Tais

medidas deverão contribuir não apenas para a minimização de resíduos de pós de

carbono, mas também para a melhoria contínua dos ambientes de trabalho,

conforme explicações contidas no item 5.4.

- Seja avaliada a viabilidade econômica de se realizar internamente o pré-

processamento para ajuste do teor de carbono fixo, conforme descrito no item 6.3,

em vez de se comercializar o resíduo de pós de carbono com instalações externas.

Esta sugestão está sendo feita, levando em conta que a UCAR já dispõe de uma

equipe de vendas altamente capacitada, que pode ser usada como suporte, e também

considerando que os ganhos para a empresa podem ser maiores que os atuais.

- Sejam realizados novos testes de solubilização e lixiviação, baseados na Norma

10004 da ABNT (2004), incorporando a avaliação de todos os poluentes ali

relacionados, de modo a confirmar se, efetivamente, é mantida a classificação dos

19 Recurso ou serviço oferecido na Internet (rede mundial de computadores), e que consiste num sistema distribuído de acesso a informações, as quais são apresentadas na forma de hipertexto, com elos entre documentos e outros objetos (menus, índices), localizados em pontos diversos da Rede (FERREIRA, 1986).

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117

resíduos de pós de carbono como “inertes”. Esta recomendação está sendo

apresentada uma vez que a caracterização atualmente disponível foi feita com base

na antiga versão da NBR-1004 da ABNT, datada de 1987.

- Seja avaliada a possibilidade de recuperar, para posterior comercialização, resíduos

de pós de carbono já descartados no aterro interno.

- Seja feito o acompanhamento e, em médio prazo, a avaliação da eficácia do

Programa de Educação Ambiental que se encontra em implantação, visando

identificar mudanças de atitudes dos empregados com relação a questões relativas à

preservação do meio ambiente, em função dos ensinamentos ministrados. Para

tanto, o uso de ferramentas como as Observações do Processo ALA (ver itens 4.8.1

e 5.6) e as auditorias de SS&MA serão fundamentais.

Page 118: MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE PÓS DE CARBONO NA UCAR

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UCAR PRODUTOS DE CARBONO. Manual de Procedimentos de SS&MA:

Procedimento 2.10. rev. 05, Candeias, Ba, 2003d.

UCAR PRODUTOS DE CARBONO. Manual de Procedimentos de SS&MA:

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APÊNDICE A - Memória de Cálculo do consumo e do gasto com gás natural no secador de coque do “Met Coke”

Preço do gás natural Até 105 m3 = R$ 0,9649 Até 245 m3 = R$ 0,5726 Até 700 m3 = R$ 0,5393 Até 2.450 m3 = R$ 0,5114 Até 3.500 m3 = R$ 0,4990 Até 35.000 m3 = R$ 0,4863 Consumo de gás natural na fábrica em 2004 (em m3)

Consumo total na fábrica = 17.160.829 m3 / ano Segundo controles mantidos pelo departamento de Cozimento, 96% deste total são destinados à operação dos fornos de cozimento. Os 4% restantes são direcionados para os demais equipamentosda fábrica atualmente movidos a gás natural: caldeiras, secador do "Met Coke" e secador do MME. No momento, só há medidor de vazão de gás para os fornos de cozimento, não sendo controladas as quantidades enviadas para os outros três equipamentos supracitados. Dentre estes três equipa- mentos, as caldeiras e o secador do "Met Coke" operam de forma rotineira (diariamente), enquanto o secador do MME funciona em regime eventual. Deste modo, a fim de se fechar o balanço de gás natural, decidiu-se assumir que, dos 4%, 1,75% vão para as caldeiras, 1,75% para o secador do "Met Coke" e 0,5% para o secador do MME. Sendo assim, chega-se aos seguintes totais anuais: Fornos de cozimento = 16.474.396 m3 / ano Secador MME = 85.804 m3 / ano Secador Met Coke = 300.315 m3 / ano Caldeiras = 300.315 m3 / ano TOTAL = 17.160.829 m3 / ano Logo: Consumo secador = 300.315 m3 / ano Consumo secador = 25.026 m3 / mês

Gasto com gás consumido mensalmente Custo estratificado mensal 105 m3 a R$ 0,9649 Por 105 m3 pagou-se R$ 101,31 245 m3 a R$ 0,5726 Por 245 m3 pagou-se R$ 140,29 700 m3 a R$ 0,5393 Por 700 m3 pagou-se R$ 377,51 2450 m3 a R$ 0,5114 Por 2.450 m3 pagou-se R$ 1.252,93 3500 m3 a R$ 0,4990 Por 3.500 m3 pagou-se R$ 1.746,50 18026 m3 a R$ 0,4863 Por 18.026 m3 pagou-se R$ 8.766,04

Consumo total de 25.026 m3/mês Custo total dos 25.026 m3 R$ 12.384,59

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Conclusão sobre os gastos com gás natural para operar o secador do "Met Coke" Gasto mensal = R$ 12.384,59 Gasto anual = R$ 148.615,02 Dados compilados a partir de informações fornecidas pela Gerência de Cozimento da UCAR, em 07/12/2004, e planilhas de consumo de gás mantidas pelo departamento de Controladoria da empresa.

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APÊNDICE B – Questionário para empregados do grupo operacional da empresa

De: Queiroz, Sinesio Enviado em: sexta-feira, 5 de novembro de 2004 17:34 Para: Gomes, Almiro; Lopes, Antonio; Lima, Carlos; Melo, Eleud; Neto, Marcos; Ramos,

Moises; Mattos, Paulo; Jesus, Raimundo; Silva, Jailton; Mendes, Celso; Gomes, Wagner; Ribeiro, Ariosvaldo; Reis, Hailton; Serravalle, Antonio; Lima, Rildo; Silva, Ademir; Santos, Aildo; Santana, Josival; Santos, Linaldo; Santos, Nelson; Carvalho, Claudio; Ramos, Derivaldo; Silva, Edesival; Dantas, Ednei; Filho, Raimundo; Albuquerque, Manoel; Bittencourt, Jorge; Cassiano, Deivid; Badaro, Luis; Souza, Guilherme

Cc: Rego, Carlos; Flores, Rogerio; Kramm, Alexandre; Garcia, Jose C; Schwartz, Carlos; Castro, Ana; Brandao, Neuza

Assunto: Minimização de resíduos de pós de carbono Prioridade: Alta Caros colegas, Desde o início de 2003 venho realizando o curso de Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo na UFBA – Universidade Federal da Bahia e, no momento, entrei na fase final de elaboração da minha Dissertação, cujo tema é “Minimização de Resíduos de Pós de Carbono no Processo Produtivo da UCAR”. Esta Dissertação é o trabalho técnico que devo apresentar e defender, a fim receber Título e o Diploma alusivo ao referido curso.

Na última reunião da CIPA, realizada em 29.10.2004, eu informei que, por estar tratando de um tema focado na UCAR, eu inclui no meu projeto de Dissertação, uma etapa de consulta a colaboradores da área operacional, a fim de coletar idéias e sugestões voltadas para a minimização dos mencionados resíduos. Vocês foram escolhidos por fazerem parte da CIPA, ou do Comitê ESCALA, ou então pelo fato de serem observadores do processo ALA, já estando, portanto, familiarizados com questões envolvendo aspectos de segurança, saúde e meio ambiente.

São apenas três perguntas, todas elas bem simples, as quais estou colocando para vocês. Solicito que elas sejam respondidas em minha atenção, através de e-mail, impreterivelmente até o dia 17.11.2004. Dei este prazo curto, pois, antes do final deste mês, preciso ter todas essas idéias e sugestões devidamente avaliadas e organizadas em forma de quadros que facilitem o entendimento. 1. Você identifica, no seu local de trabalho, algum tipo de resíduo de pó de carbono? 2. O que é feito atualmente com os resíduos de pós de carbono que você identificou no seu

local de trabalho? 3. Que sugestões você apresenta para minimização dos resíduos de pós de carbono que

você identificou? Para orientá-lo, as sugestões de minimização podem incluir: medidas para redução na geração do resíduo, reuso no próprio processo, reciclagem externa, reparo ou modificação em algum equipamento que esteja gerando o resíduo, trabalhos de manutenção para correção de problemas que estejam gerando resíduos e outras sugestões nesta mesma linha.

Conto com a colaboração de todos, pois, realmente, é de fundamental importância para o meu trabalho conhecer as sugestões de vocês, que estão diretamente envolvidos com o processo produtivo ou dão apoio/suporte à área de produção. Sintam-se à vontade para discutirem o assunto com outros colegas de seus departamentos, de modo que, como resultado dessa consulta, surjam idéias viáveis, práticas e que realmente contribuam para a minimização de pós de carbono, que são os principais resíduos gerados no nosso processo. Aos gerentes que estão recebendo cópia deste e-mail, solicito que, dentro do possível, reforcem as minhas solicitações e incentivem os seus colaboradores a apresentarem as requeridas sugestões.

Grato, Sinesio J. Queiroz Filho Engo de SSO&MA (HS&EP Engineer)

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APÊNDICE C - Respostas do grupo operacional ao questionário aplicado Em resposta às duas primeiras perguntas do questionário, todos os colaboradores participantes informaram que: - Identificavam no seu local de trabalho, algum tipo de resíduo de pó de carbono.

- Os resíduos de pós de carbono que identificavam eram, em sua maioria, ensacados em “big-bags”, para posterior destino final. As formas de destinação que eles conheciam era principalmente descarte em aterro e, em menor escala, comercialização.

Quanto à terceira pergunta do questionário, que trata de sugestões para minimização de resíduos de pós de carbono, as respostas foram diversificadas, conforme indicado a seguir: a) Sugestões de colaborador do departamento de Grafitação e “Met Coke”

Pontos identificados como apresentando fuga de pós: na retirada de coque, nas saídas dos silos, no retorno de material no elevador na parte de classificação, nas entradas das peneiras (devido às vibrações das mesmas), nos furos que sempre ocorrem nas tubulações.

Sugestões de melhorias: - Uso de caçamba fechada (bumbo) na descarga dos silos do “Met Coke”, para

transporte de coque metalúrgico até o cozimento (no momento, isto só é feito com o coque destinado à grafitação). Para tanto, é necessária uma modificação no ponto de abastecimento da coluna do cozimento II, de modo a permitir o basculamento da caçamba.

- Usinagem dos rolos do britador, quando ocorre o desgaste dos mesmos, para evitar excesso de material (coque) nas tubulações.

- Colocação de revestimentos de borracha nas entradas das peneiras, nas conexões, entre as tubulações e as peneiras, prática hoje feita com pedaço de camisas de coletor de pó.

- Reparo imediato de furos nas tubulações.

b) Sugestões de colaborador do departamento de Grafitação

Problema - Derramamento e emissões fugitivas de material de processo durante enchimento das tulhas de carregamento utilizando pá carregadeira.

- Solução proposta: Aumentar a boca de recebimento de material das tulhas, tornado-a maior que a concha da pá carregadeira, a fim de evitar derramamentos. Colocar chapa na metade das tulhas para não ocorrer emissões fugitivas.

Problema - Incidência de furos em tubulações do “Met Coke”, principalmente nas curvas, pois o material, por ser muito abrasivo, provoca desgaste excessivo e sujeira.

- Solução proposta: revestir as peças, principalmente as curvas, com fibra de vidro para diminuir o atrito provocado pela passagem do material em velocidade.

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Problema - Emissões fugitivas de pós de carbono provocadas pelo descarte de material vindo do primeiro nível da peneira (“oversize”) na tulha de material carbonáceo (pedras, sucatas, etc.), pois a mesma tem abertura para identificação de volume.

- Solução proposta: instalar janelas de visita com acesso e vedação, impedindo que o pó que acompanha estes materiais se espalhe.

c) Sugestão de colaborador do departamento de Grafitação

Problema – Geração de finos de coque metalúrgico e finos de material de empaque (Super finos de Coque Metalúrgicos), os quais são ensacados em “big-bags” e depois descartados ou vendidos para outras empresas.

- Solução proposta: Esses resíduos de pós gerados na área de grafitação são intrínsecos do processo de fornos tipo "E" e, por isso, seria difícil eliminá-los. No entanto, para a minimização seria necessário um maior investimento em coletores de pós.

d) Sugestão de colaborador do departamento de Grafitação

Problema – Emissões durante a retirada de material para caçambas abertas no “Met Coke”.

- Solução proposta: Confeccionar tulhas móveis que sejam adaptadas nas caçambas. Essas tulhas cheias de coque seriam conduzidas para a grafitação, podendo então ser içadas pelas pontes rolantes e usadas diretamente para efetuar a cobertura dos fornos. Isto evitaria a necessidade de transportar o coque em caçambas abertas até as colunas de grafitação, atividade que também gera emissões fugitivas.

e) Sugestão de colaborador do departamento de Usinagem

Problema – Geração de pós de carbono, os quais são reaproveitados no próprio processo da empresa, vendidos ou descartados em locais apropriados, quando contaminados.

- Solução proposta: Melhorar a eficiência dos filtros de mangas e otimizar o funcionamento do sistema de captação de pós, mediante instalação de novos dispositivos que permitam exclusivamente a exaustão nos equipamentos em operação.

f) Sugestão de colaborador do departamento de Serviços

Problema – Pós de carbono procedentes do “Met Coke”. Embora seja mínimo o volume de resíduo que chega à ETA – Estação de Tratamento de Água, ele às vezes dificulta o início do tratamento de água.

- Solução proposta: Poderia ser evitado, se a área de abastecimento de coque para caçambas no “Met Coke” fosse enclausurada.

g) Sugestão de colaborador do departamento de Engenharia & Manutenção

Problema – Pós finos de carbono que chegam aos escritórios, através de frestas em telhados, forros, janelas, etc.

- Solução proposta: Melhorar a limpeza em escritórios.

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ANEXO A - Parecer Técnico PT 001/04, Rev. 01, da CETREL

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ANEXO B - Proposta de Programa de Educação Ambiental

PROPOSTA TÉCNICA

Elaboração: Leíla Muricy Torres

Coordenadora da Área de Gerenciamento Ambiental SENAI-CETIND

Salvador, 28 de setembro de 2004. © CETIND, 2004 Direitos autorais reservados Proibida a reprodução completa ou parcial deste documento sem a prévia autorização do CETIND CETIND - Centro de Tecnologia Industrial Pedro Ribeiro Av. Luís Tarquínio Pontes, 938 Aracuí - 42700-000 Lauro de Freitas - Ba - BRASIL Telefone: (071) 379-8341 Fax: (071) 379-8299 E-MAIL: [email protected] CGC: 33.564.543/0337-90

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UCAR APRESENTAÇÃO

A Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e comunidades tomam consciência das questões relativas ao meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir, individualmente e/ou coletivamente, na busca da melhoria da qualidade ambiental. Assim sendo, a implementação de um Programa de Educação Ambiental é o primeiro passo a ser dado quando se deseja mobilizar pessoas para ações relacionadas com a preservação ambiental. O Programa de Educação Ambiental proposto pelo CETIND pode ser direcionado para qualquer empresa que deseja melhorar a sua performance ambiental e/ou contribuir com a formação de uma sociedade sustentável. O Programa foi desenvolvido considerando-se também aspectos da Norma ISO 14001 - Implantação de Sistema de Gestão Ambiental, de maneira a dar suporte às empresas que desejam obter uma certificação ambiental internacional, nos moldes desta norma. A metodologia aplicada utiliza componentes lúdicos como elementos de sensibilização, aprendizagem e motivação tais como: oficinas de teatro, vivências, dinâmicas, permitindo que os participantes incorporem, a partir de experiências próprias, alguns conceitos básicos sobre meio ambiente. O livro “Sem Ela, nada feito!- Educação Ambiental e ISO-14001”, apostila e textos de apoio serão utilizados como material didático durante o desenvolvimento do Programa.

Vale salientar que o SENAI/CETIND já implementou Programas de Educação Ambiental em várias empresas tais como: XEROX do Brasil Ltda., unidades instaladas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas; DETEN - Detergentes da Bahia; Politeno; GERDAU, unidades da Bahia, Ceará e Pernambuco; Poliolefinas; ABB Service e outras. Algumas destas empresas também implementaram, em parceria com o SENAI/CETIND, a Campanha dos 3Rs - Coleta Seletiva de Lixo. O CETIND atua de forma a atender plenamente as necessidades dos seus clientes. Assim, o Programa aqui proposto não é rígido na sua estrutura e abordagem, podendo ser ajustado de maneira que as características e peculiaridades da empresa sejam incorporadas na abordagem das técnicas e conteúdo que serão trabalhados.

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OBJETIVOS

• Sensibilizar os colaboradores da UCAR sobre as questões relacionadas com a preservação

ambiental. • Transmitir conhecimentos relacionados com as principais iniciativas empresariais para a proteção

ambiental, tais como: Desenvolvimento Sustentável, Programa de Coleta Seletiva de Lixo, Programa Atuação Responsável, Produção mais Limpa, Selos Verdes, Sistema de Gestão Ambiental - ISO 14000, etc.

• Dar suporte à UCAR na implantação de iniciativas ambientais tais como a Coleta Seletiva de Lixo,

norma ISO-14001, entre outras que visam à melhoria de desempenho ambiental. • Estimular a integração empresa/comunidade através de discussões e atividades focadas para a

preservação ambiental. JUSTIFICATIVA

A importância da implantação de um Programa de Educação Ambiental entre os funcionários da UCAR está, não só na divulgação de conceitos de meio ambiente e sustentabilidade, mas também, no incentivo à adoção de práticas e condutas ambientalmente responsáveis, tais como: diminuição dos níveis de poluição, redução de resíduos gerados, redução de consumo de energia e outros recursos naturais, melhoria na eficiência de equipamentos, entre outros. Todas essas ações refletirão na adoção de técnicas de Produção mais Limpa - P+L, que se constituem hoje no grande desafio das empresas. Essas posturas são também fundamentais em processo de Certificação Ambiental, que hoje se caracteriza como um diferencial competitivo no mercado. METODOLOGIA

Esta proposta visa a implantação de um programa de educação ambiental voltado para 350 colaboradores da UCAR, divididos em 10 turmas, e será desenvolvido em duas etapas, conforme solicitação da empresa. O programa tem também como objeto contribuir para a inserção da componente ambiental nos currículos escolares da rede municipal de Candeias, se configurando como um exemplo da prática de responsabilidade socioambiental adotada pela empresa.

1ª Etapa: Esta etapa inclui as seguintes ações:

• Visita prévia de conhecimento à empresa; • Preparação e realização de curso de Educação Ambiental, com foco nas atividades da UCAR,

em 10 turmas, com carga horária de oito horas cada um; • Preparação e realização de um evento de divulgação do programa, envolvendo

colaboradores da empresa e representantes da comunidade de entorno do empreendimento; • Acompanhamento das atividades da etapa.

Durante a realização dos cursos os colaboradores elaborarão um Plano de Ação a ser desenvolvido na empresa. Ao final desta etapa também será constituída uma Comissão de Monitores, que ficará responsável pela divulgação do programa junto às unidades escolares do município de Candeias, objeto da 2ª etapa do programa.

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2ª etapa: Esta etapa consiste na divulgação do programa junto à Secretaria Municipal de Educação de Candeias visando contribuir para que o conteúdo programático dos cursos seja inserido nos currículos escolares do município. As ações a serem realizadas serão:

• Reunião com representantes da Secretaria Municipal de Educação de Candeias; • Curso de 16 horas para coordenadores e docentes das escolas municipais de Candeias; • Acompanhamento das atividades dos docentes durante o prazo de vigência do programa; • Preparação e realização de um evento de culminância do programa (Ex: Feira de Arte em

Educação Ambiental); • Reuniões de avaliação dos resultados do projeto, com a participação de representantes da

UCAR e da comunidade de entorno. Serão propostos indicadores de acompanhamento dos resultados.

• Elaboração de Relatório Final.

Conteúdo Programático dos cursos

• Conceitos de Meio Ambiente e de Cidadania • Iniciativas empresariais para o Desenvolvimento Sustentável • Impactos ambientais globais e regionais • A indústria e o meio ambiente • Gestão Ambiental na UCAR • Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais • Produção mais Limpa Recursos Metodológicos

• Trabalhos comportamentais para promover uma harmonização e integração entre os participantes dos cursos;

• Trabalhos em grupo;

• Dinâmicas para facilitar a incorporação de conceitos através da simulação de situações;

• Palestras;

• Exibição de vídeos. Visando à sedimentação do conteúdo abordado, o programa prevê a elaboração de material didático em forma de apostilas, e ainda recomenda a confecção de cartilhas educativas trazendo conceitos de meio ambiente, cidadania e boas práticas ambientais, numa linguagem simples e ilustração atraente e que têm se mostrado importante recurso para sedimentação de conteúdos de educação ambiental nos programas realizados pelo SENAI.

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INVESTIMENTO FINANCEIRO

PRIMEIRA ETAPA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA ATIVIDADES DE PLANEJAMENTO E ACOMPANHAMENTO Visita a empresa Preparação e Organização dos Cursos (horas) Preparação e Organização do evento com a comunidade Reuniões de acompanhamento SUBTOTAL 1 R$ 4.830,00ATIVIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA Realização do curso em 03 turmas de 08 horas cada (1ª fase) Material didático e kit aluno Realização do evento SUBTOTAL 2 R$ 9.620,00TOTAL DA PRIMEIRA ETAPA R$ 14.450,00SEGUNDA ETAPA: RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL – “INSERÇÃO DA COMPONENTE AMBIENTAL NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE CANDEIAS” Realização do curso em 07 turmas de 08 horas cada (2ª fase) R$ 7.280,00FORMAÇÃO DE MULTIPLICADOR EM E.A. NAS ESCOLAS Reuniões com representantes de escolas municipais Preparação e organização do curso Realização de curso para professores Material didático e kit aluno Acompanhamento das atividades dos docentes SUBTOTAL 3 R$ 11.596,00ATIVIDADES DE ENCERRAMENTO DO PROGRAMA Preparação e organização do evento de culminância Realização de evento de culminância Reunião de avaliação do programa Elaboração de Relatório Final SUBTOTAL 4 R$ 9.100,00TOTAL DA SEGUNDA ETAPA R$ 27.976,00TOTAL GERAL R$ 42.426,00 Observações:

• Não estão incluídas no valor destes custos as despesas com: transporte dos técnicos do SENAI para realização das atividades na UCAR e junto à comunidade de Candeias, coffee break para participantes do curso, espaço para realização do curso, equipamentos audio visuais (data show, TV e vídeo).

• Também não estão incluídos os custos com a confecção de cartilhas, camisetas e outros

artigos de divulgação do programa.

• Caso esta proposta seja aprovada, será elaborado um Contrato que irá reger as atividades aqui propostas.

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ANEXO C – Outdoor para divulgação do Programa de Educação Ambiental