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Mínimo do mínimo para anunciar a boa nova a juventude

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Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

Hilário Dick

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Ciência e Fécaderno

Volume 1 Número 3 2013• •

ISSN 2317-7926

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© 2013, Hilário Dick2013, Editora Universitária Champagnat

Os cadernos Ciência e Fé, na totalidade ou em parte, não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização expressa por escrito do Editor.

Diretoria de Pastoral e Identidade InstitucionalDiretor-Geral: Rogério Renato MateucciCoordenador de Pastoral: Darly Fatuch

Instituto Ciência e Fé da PUCPRDiretor: Fabiano Incerti

Editora Universitária ChampagnatDireção: Ana Maria de BarrosEditora-Chefe: Rosane de Mello Santo NicolaCapa e projeto gráfico: Rjayra Rodriguez Rueda e Felipe Machado de SouzaDiagramação: Janete YunRevisão de texto: Bruno Pinheiro Ribeiro dos AnjosImpressão: Gráfi ca Everest

Conselho CientíficoAdalgisa Aparecida de Oliveira Gonçalves Daniel Omar PerezMario Antonio SanchezWaldemiro Gremski

Conselho Editorial Alceu Souza Eduardo Biacchi Gomes Elisangela Ferretti ManffraElizabeth Carvalho VeigaLorete Maria da Silva Kotze Lucia Teresinha Peixe Maziero Mônica Panis Kaseker Ruy Inacio Neiva de Carvalho Sérgio Rogério Azevedo Junqueira

ISSN: 2317-7926

Editora Universitária ChampagnatRua Imaculada Conceição, 1155 - Prédio da Administração - 6º andar

Câmpus Curitiba - CEP 80215-901 - Curitiba (PR) Tel: (41) 3271-1701

[email protected] www.editorachampagnat.pucpr.br

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Sumário

Prefácio – o fundo do tacho 9

Apresentação 11

Introdução – Um convite ao mais 15

Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude 19

Na opção pela juventude, construindo história 19

A pertença a uma insti tuição 22

Opção preferencial pelos jovens 23

Escola de autonomia: o protagonismo juvenil 25

A ação se faz organizada 26

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Setor Juventude 28

Pastoral e movimento 29

Resistências à Pastoral da Juventude 31

Fonte de conflitos 32

Relacionamento da Pastoral da Juventude com outrosmovimentos de jovens, não eclesiais 33

Grupo de jovens 34

Escola de serviços 35

Animando a vida 35

Comer do mesmo pão 36

Assessoria – Função 37

Assessoria – Equipe – Serviços 38

O papel dos leigos na assessoria 40

O que nos identifica 41

Opções que norteiam o fazer pastoral 41

Juventudes e consequências 43

Formação integral 44

O método 47

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Espiritualidade juvenil 48

Pastoral Vocacional? 50

Raízes do mínimo do mínimo — Documentos 51

Leituras 53

Uma história a caminho, com horizonte 54

Referências 55

Sobre o autor 59

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O fundo do tacho

“Ela vem de dentro, de dentro ela vem,Toda a energia que a PJ tem.”

“O mínimo do mínimo” sobre qualquer coisa exige ir ao fundo do tacho. Essa é uma das frases que Hilário Dick uti liza para explicar seu exercício de cozinhar este doce de livreto... Fiquei pensando nas aventuras de um cozinheiro fazendo seu melhor doce, aquele do qual só ele sabe o segredo: o ponto cer-to para servir àqueles convidados para experimentar e saborear o oculto que vem do fundo, do ínti mo, da essência...

Penso que esse é um dos doces, pois temos outros amigos e amigas cozinheiros, assim como o Hilário, que também fi zeram e farão seus doces para celebrar a vida da Pastoral da Juventude. A Pastoral vive seus 40 anos no Brasil, país da diversidade, dos sa-bores e das culturas diferentes. Nesse doce, constam ingredientes

Prefácio

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especiais: memória, caminho, opções, pedagogia, estrutura, pessoas e vida, e as muitas doações que não se enxerga...

Interessante como resgatar a memória é ingrediente essencial para pensar o horizonte, para estabelecer os cami-nhos e as metodologias. Vamos aprendendo que, do cami-nho feito, temos muito a saborear: anos de descobertas das geografi as do conti nente lati no-americano, desse nosso país e dessas nossas culturas que especifi cavam e especifi cam o trabalho da evangelização juvenil. São sabores diversos que fazem o mesmo doce...

Aqui, neste doce, encontraremos o gosto do tacho, do lugar de onde viemos, das sensações daqueles que foram colo-cando seus ingredientes; o gosto da espessura da organização, do ferver das opções e dos princípios da Pastoral da Juventude; o gosto do rito em preparar juntos; o gosto da experimentação e das descobertas dos jovens, do compromisso e da espiritua-lidade de todos nós... Senti remos o gosto saboroso de ter dito sim ao seguimento da pessoa e da proposta de Jesus Cristo.

Obrigada, Hilário, por nos presentear com esse doce da evangelização juvenil no Brasil, a parti r da organização da Pastoral da Juventude. Um cozinheiro como você deve ser aplaudido de pé. E fi ca o gosti nho de quero mais... Sugiro que possamos experimentar esse doce com as colheres de nossa realidade, vislumbrando os senti mentos e as sensações que ele nos provocará... Essa, afi nal, parece sua intenção.

Raquel Pulita Andrade SilvaAmiga, irmã de sonho,

assessora da Pastoral da Juventude

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É com sati sfação que apresentamos mais um caderno do Insti tuto Ciência e Fé da PUCPR, desta vez dando abertura ao Observatório das Juventudes.

Esta produção decorre do compromisso do Pe. Hilário Dick com a juventude. É resultado de seu esforço em compre-ender a história da Pastoral da Juventude (PJ) no Brasil, os frutos colhidos e o momento atual por que passa a PJ. Nesse senti do, o número “Mínimo do mínimo” representa um importante ma-terial de apoio e aprofundamento para os jovens de grupos e lideranças, dos mais variados níveis, além de todos aqueles que assumem essa causa e engajam-se com ela.

Os jovens fazem caminho, porém são inteiros no momen-to em que se encontram. Eles não só representam o futuro, mas também o presente e, por essa razão, é necessário escutá-los, parti lhar de seus sonhos, tê-los como irmãos e irmãs; compa-nheiros de iti nerário. Acreditar nos jovens é colocar-se como

Apresentação

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parceiro de seu desenvolvimento, incenti var seu protagonis-mo e com eles construir comunidade.

Por ser lugar teológico, os jovens representam a espe-rança missionária da Igreja, para que se anuncie com cora-gem e criati vidade a Boa-Nova de Jesus Cristo. Eles são fonte de vitalidade para a Igreja, com compromisso proféti co e alegre na construção do Reino de Deus.

Por outro lado, a Igreja representa um espaço comu-nitário privilegiado, no qual eles podem construir e com-parti lhar sua identi dade e, na diversidade dos sujeitos, con-frontar-se com o “outro”. Em comunidade, desenvolvem a dimensão solidária e têm a oportunidade de colaborar para um mundo mais justo. Em suma, jovens e Igreja são comple-mentares um ao outro, num processo de crescimento sem-pre dinâmico.

A vivência eclesial desemboca em dom para a socie-dade. É no coti diano; no trabalho, nos estudos, na vida fa-miliar, no encontro com os amigos, que os jovens dão teste-munho de sua fé e de sua experiência grupal, reinventando o cristi anismo e possibilitando novas e diversifi cadas formas de existência.

Não podemos deixar de agradecer, de forma especial, ao Padre Hilário Dick, pela paixão e dedicação de uma vida à Pastoral da Juventude. Mas, também, por suas palavras que representam lucidez e são fonte de discernimento para a caminhada eclesial. Simbolizam a tocha que vai alumiando o interior da caverna, para que seja desvendada e conheci-da, ao mesmo tempo em que apontam que a caminhada é cheia de riquezas e de paisagens magnífi cas. Assim, somos

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brindados com um documento recheado de consciência crí-ti ca e esperança a respeito da caminhada da juventude na Igreja e na sociedade.

Gostaríamos de destacar, igualmente, a importância do Observatório das Juventudes, enquanto organismo do Insti tuto Ciência e Fé, dedicado ao serviço do jovem e da Igreja.

Acreditamos que muitas pessoas irão se identi fi car com este caderno, revivendo suas histórias, suas convicções e sua fé. E, por meio de sua leitura, poderão vislumbrar um jeito sempre novo de construir história na Pastoral da Juventude, lembrando sempre que o importante é estar a caminho, passo a passo, pouco a pouco, mas com olhar no horizonte.

Ir. Rogério Renato MateucciDiretor de Pastoral e Identidade Institucional da PUCPR

Fabiano Incerti Diretor do Instituto Ciência e Fé da PUCPR

Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

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Um convite ao mais

Uma síntese não pode ser um convite à preguiça; deveria ser uma forma de despertar fome para saber mais. É verdade que, por vezes, é interessante ler algo mais curto, porque o tem-po é escasso; mas outras vezes, nosso interior, nossa curiosida-de exigem mais. Já existem bastantes escritos sobre evangeli-zação da juventude e Pastoral da Juventude; o que desejamos, contudo, é dizer algo ligeiro. No entanto, escrever o mínimo do mínimo sobre qualquer coisa exige ir ao fundo do tacho, raspar o resto do arroz queimado. Uns vão dizer que é “o de menos”; outros, arriscado.

Verdade. Falar de evangelização da juventude ou querer anunciar uma boa-nova à juventude torna-se, por vezes, algo

Introdução

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“perigoso”; mais ainda, quando se misturam evangeliza-ção da juventude e Pastoral da Juventude. Contudo, nunca é demais. Além disso, vivemos, ainda, em tempos pós-Jor-nada Mundial da Juventude; em tempos de juventude pós--Campanha da Fraternidade de 2013 (com texto-base ques-ti onável); de documentos “secos” e normati vos como o de um grupo de bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Estudos da CNBB n. 103); de criminalização eclesial de certo ti po de evangelização da juventude, especialmente do serviço apostólico no qual a autonomia, o protagonismo e o empoderamento têm lugar, no qual se fala de Estatuto da Juventude, de redução da maioridade penal, de extermínio de jovens etc. Enfi m, ainda vivemos um tempo de muita ju-ventude no Brasil.

Não é sem consequências, por outro lado, falar de Pastoral Juvenil ou de Pastoral da Juventude. É diferente se o termo juventude é tomado como um adjeti vo ou um subs-tanti vo... Embora a expressão pastoral juvenil nos faça mais lati no-americanos, o nome pode ser uma postura ideológica em que o protagonismo juvenil, de forma suti l, é posto de lado; em pastoral juvenil, o jovem é adjeti vo. Na Pastoral da Juventude, queremos o jovem como substanti vo. Importa muito e machuca quando se usa um termo novo para desfa-zer o signifi cado de um uti lizado há muito tempo. Há os que usam o termo para se esconder em elucubrações ou conje-turas e, até, em manipulações que pouco têm a ver com o que aqui vai escrito.

No 10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude do Brasil, realizado em Maringá (PR), em 2012, lançou-se

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uma publicação inti tulada Somos Igreja Jovem: Pastoral da Juventude — um jeito de ser e fazer (SILVA; VIEIRA; SILVA, 2012). Tão bonita que provocou encantamentos na juven-tude que se viu, ali, representada e contemplada. Além disso, em 2007, os bispos do Brasil aprovaram um docu-mento fundamental para quem trabalha com esse público: Evangelização da juventude: desafi os e perspecti vas pasto-rais (CNBB, 2007). Como seria bom que todos os bispos sou-bessem o que aprovaram nesse belo documento! De certa forma, pode-se dizer que o mínimo do mínimo do anúncio de uma boa-nova para a juventude está ali. No entanto, sobre o mínimo do mínimo da Pastoral da Juventude, num contexto um pouco adverso, é preciso dizer e repeti r certas coisas que podem ser esquecidas, enterradas, combati das ou — intencionalmente — deixadas de lado. Fica claro que Somos Igreja Jovem trata “do que somos”, da memória, da missão e dos princípios da Pastoral da Juventude, da espi-ritualidade, das dimensões da formação integral, dos eixos norteadores do fazer da Pastoral da Juventude, dos proje-tos e da organização. Podemos dizer que não falta nada, e que o mínimo do mínimo, como um subsídio de estudo em construção, está sobrando. De vez em quando, no entanto, faltam sínteses, coisas pequenas, livretos que podemos car-regar, facilmente, no bolso e na vida. Imaginamos muitas li-deranças com vontade de dizer o essencial daquilo que são, pensam e querem fazer. O texto que segue é uma tentati va de ajudar nessa direção.

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Na opção pela juventude, construindo história

A história da Pastoral da Juventude é longa (mais de 40 anos), mas poderia ser mais extensa. Quem es-tuda juventude não pode deixar de estranhar que

esse serviço de evangelização, no qual os jovens são protago-nistas, tenha surgido há tão pouco tempo. É estranho, também, que esse “serviço”, essa “organização”, essa “pastoral” nasça da própria juventude, que foi vivendo em grupo e, aos poucos, foi descobrindo a importância de se organizar e se arti cular. Ela, a Pastoral da Juventude, nasceu de dentro da juventude procu-rando ser Igreja. Não tem fundador. Essa pastoral é herdeira da Ação Católica Especializada e, para se arti cular, contou com o apoio da CNBB e, no âmbito da América Lati na, da Conferência Episcopal Lati no-Americana (CELAM).

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A história da Pastoral da Juventude é marcada, por-tanto, por milhares de jovens, assessores, religiosos, padres, bispos e leigos desejando construir uma Igreja jovem. Essa construção tem o selo de inúmeras assembleias, reuniões ampliadas, reuniões de diferentes ti pos, relatórios, encon-tros, atas e celebrações. Em alguns lugares do Brasil, tal construção leva 40 anos; em outros, 30. Pode-se dizer que o encontro das diversas arti culações “regionais” viveu um pro-cesso de descoberta, de troca de experiências e, por fi m, de decisão por uma caminhada em conjunto, nacional, no fi m do ano de 1983, em Brasília, sempre procurando não excluir ninguém. A Conferência dos Bispos da América Lati na, em Puebla, falara de uma “Pastoral da Juventude Orgânica”.

A memória histórica é e deveria ser uma opção peda-gógica de quem trabalha com evangelização da juventude, não importando qual seja a “experiência”. Um povo, uma pessoa, uma organização sem memória são e se tornam frá-geis. Falta-lhes resistência e resiliência. O culti vo dessa me-mória se dá em atas, relatórios, e-mails, arquivos digitais, ál-buns, memórias escritas, cadernos de anotações, em âmbito pessoal, grupal e organizacional A construção da memória é uma das melhores ações que o jovem pode fazer.

Na Pastoral da Juventude, existem variadas histórias, de diversas “regionais” do Brasil. Quer-se, no entanto, mais do que datas; quer-se saber o que preocupava os jovens naquelas datas... Para contar essa história, há vários escri-tos; no entanto, uma das apresentações mais completas dessa caminhada da Pastoral da Juventude no Brasil é do Pe. Hilário Dick, que escreveu, em 1999, O caminho se faz:

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história da Pastoral da Juventude no Brasil. É claro que há outras histórias mais sintéti cas ou mais localizadas, não abrangendo o Brasil inteiro. Destacaríamos o que vai es-crito no Marco Histórico do Marco referencial da Pastoral da Juventude do Brasil (CNBB, 1998, p. 82-122); na “Visão histórica da Pastoral da Juventude da América Lati na”, em Civilização do amor: tarefa e esperança (CELAM, 1997, p. 69-92); e, especialmente, em Civilización del amor: proyecto y misión (CELAM, 2012, p. 113-180). Nos últi mos tempos, começou-se a falar de “O trem da Boa-Nova para a Juventude”, retomando toda a caminhada da evangeliza-ção da juventude do Brasil, desde o tempo da Ação Católica até os preparati vos da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013.

Podemos dizer que a importância da memória histó-rica está em diferentes aspectos: a) em preservar sua iden-ti dade, mantendo vivas as opções, os valores, os princípios, as ati tudes, as utopias, as metodologias e as pedagogias essenciais, construídas ao longo da história; b) resgatar a riqueza acumulada das experiências pedagógicas signifi cati -vas desenvolvidas pela Igreja no campo juvenil; c) moti var as gerações atuais e futuras de jovens para um compromis-so com a vida, aprendendo, com as gerações do passado, a necessidade da parti cipação e da organização; d) renovar a aliança que Deus faz com a juventude, assumindo efeti va e afeti vamente a opção pelos pobres e pelos jovens, bus-cando novas estratégias e instrumentos teóricos diferentes, adaptados às novas gerações; e f) alimentar a esperança, a resistência e a resiliência.

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A pertença a uma instituição

O conceito de Pastoral da Juventude não é só uma ex-periência a mais; é a ação dos jovens vivendo, de forma or-ganizada, sua missão de ser Igreja. É Igreja e, por isso, como organização, insere-se numa das frentes de evangelização da CNBB e numa das sessões pastorais da CELAM. Como insti -tuição, a Pastoral da Juventude tem identi dade defi nida, tem seu Marco Referencial, que a orienta nos diversos espaços.É muito mais do que um regimento ou um manual. Seu Marco Referencial compreende o Marco Situacional e His-tórico, o Doutrinal, o Operati vo, o Celebrati vo, e tudo o que os bispos apontam em Evangelização da juventude: desa-fi os e perspecti vas pastorais. Destaca-se, de modo especial, Civilización del amor: proyecto y misión (CELAM, 2012).

Trata-se de uma pastoral (ação organizada) da Igreja Católica, tendo os jovens como protagonistas, isto é, não co-mandados, mas acompanhados, assessorados por adultos (leigos, religiosos, sacerdotes), vivendo sua missão em espí-rito eclesial, de forma orgânica e comunitária. Caracteriza-a o cuidar, e não o controlar.

Alguém se torna “pejoteiro” (esse é o jargão que se usa no Brasil), fazendo referência à sigla PJ (Pastoral da Ju-ventude), quando parti cipa de um grupo de jovens; quando um grupo se arti cula com outros grupos de jovens, formando parte de uma organização deles; quando toma consciência de que pertence a uma Igreja, vivendo sua missão de modo encarnado nas diferentes realidades, também nas realida-des juvenis. Alguém é “pejoteiro” quando toma consciência,

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conhece e aceita que a Igreja tem uma proposta de realiza-ção na fé do jovem. Ele é incenti vado a ser evangelizador do jovem como missionário e como protagonista. A consciên-cia de pertença a uma caminhada juvenil, coleti va, organiza-da, é fundamental.

Opção preferencial pelos jovens

Onze anos depois do corajoso posicionamento diante da juventude, na 3ª Conferência Geral do Episcopado, em Medellín (1968), a Igreja da América Lati na fez, em Puebla (1979), uma opção pastoral que atravessou e atravessa os anos: a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. Essa decisão foi reafi rmada de várias formas, especialmen-te na Conferência de Santo Domingo (1992) e, em 2007, na Conferência de Aparecida (Brasil). Verdade que houve quem dissesse que a opção pelos jovens (1979) era para enfra-quecer a opção proféti ca pelos pobres. Mesmo que digam tratar-se de uma opção mais afeti va do que efeti va (vejam--se as Conclusões das Conferências de Santo Domingo e de Aparecida), não é possível negar que se trata de um assun-to importante para a Igreja e para os jovens. A Pastoral da Juventude cresceu muito, embalada por essa opção. O ca-pítulo da opção pelos jovens aborda a situação da juventu-de, dos critérios pastorais no trabalho com os jovens e das opções pastorais que vieram solidifi car muitas coisas que se fariam e confi rmar o que já se fazia no campo do anúncio da Boa-Nova à juventude.

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A opção preferencial pelos jovens se tornou, e ainda é, mais do que uma estratégia pastoral voltada aos jovens, posta em práti ca pelos que se dedicam à evangelização da ju-ventude. É uma opção pela juventude, querendo ser Igreja, ou não. Uma ajuda na busca pela felicidade. Sabemos que os jovens nunca deixaram de exigir da Igreja coerência nes-sa questão. Ampliou-se, por isso, na sociedade e na Igreja, como um todo, a consciência de um trabalho mais sério com a juventude. Em muitos lugares, as iniciati vas e as arti cula-ções insti tucionais e juvenis começaram e conti nuam a fl o-rir. Em 1980, funda-se o Insti tuto de Pastoral de Juventude, em Porto Alegre. Em 1981, a CNBB busca novamente um assessor para o Setor Juventude. Em 1983, os bispos do Brasil, na Assembleia Geral, escolhem, para suas Diretrizes Gerais, os jovens como destaque. Em 1986, sai o n. 44 da coleção Estudos da CNBB. Em 1992, o tema da Campanha da Fraternidade da Igreja do Brasil são os jovens. Em 1998, é lançado o Estudo n. 76 da CNBB. Crescem enormemente os momentos de formação para assessores. Em 1999, por iniciati va da Pastoral da Juventude, começou um curso de Pós-Graduação em Juventude. Em 2006, sai o documento de consulta e de estudo da CNBB n. 93, sobre a evangelização da juventude. Anualmente, a Campanha da Fraternidade lança um subsídio especial para os jovens. As Igrejas parti -culares que consideravam desnecessário o jovem precisar de atendimento especial abrem-se para o trabalho com a juventude. Em 2007, a Conferência de Aparecida renovou a opção pela juventude no Brasil e a CNBB lançou o documen-to mais completo sobre o tema, Evangelização da juventude:

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desafi os e perspecti vas pastorais. Em 2012, havia mais de 15 Centros e Insti tutos de Pastoral de Juventude espalhados pelo Brasil. Além de tudo isso, em 2013, há o lançamento do Estudos da CNBB n. 103, da Comissão Episcopal de Pastoral para a Juventude, e o tema da Campanha da Fraternidade é, novamente, a juventude.

Escola de autonomia: o protagonismo juvenil

Quando fala de protagonismo juvenil, a Pastoral da Juventude refere-se a uma vivência pedagógica do exercício de ajudar o jovem a assumir sua identi dade e fazer-se sujeito de sua história. Protagonista é o ator principal. A afi rmação desse protagonismo é muito importante. Assumido como princípio norteador, ajuda o jovem a tornar-se responsável por seus atos, afi rmando a ati tude de independência e de-cisão pessoal, aprendendo a lidar com o poder. Com esse princípio, defende-se o jovem como aquele que decide e co-ordena. A Pastoral de Juventude transforma-se em Pastoral da Juventude. O protagonismo juvenil não tem o senti do de ser uma ati tude “contra” o adulto ou qualquer insti tuição. É, simplesmente, um princípio pedagógico com a fi nalidade de ser um espaço de formação para a autonomia dos sujei-tos, em nosso caso, dos jovens.

O mesmo pode ser dito, em outra geografi a, de qual-quer pessoa: os leigos na Igreja; os religiosos na vivência de seu carisma; os pais no cumprimento de sua missão. Sonha-se com pessoas “empoderadas”, autônomas, com

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“personalidade”. Com a juventude, essa “realidade”, essa “ati tude pedagógica”, essa forma de acompanhar e de ani-mar tem um aspecto estratégico e pedagógico, consideran-do o tempo em que o jovem vive.

Podemos dizer que viver o protagonismo juvenil é ati -var uma energia, uma reserva, um “capital” presente em todo jovem, que o leva (ou deve levar) a ser uma personalidade, alguém que vai aprendendo a ser sujeito da história e de sua história. Essa “energia”, os antropólogos chamam de morató-ria vital, algo que vem de dentro, que faz desabrochar capaci-dades; bem diferente da moratória social, vinda de fora, mui-tas vezes encarada como uma forma de controlar a “energia” que brota do jovem e que quer e precisa brotar.

A ação se faz organizada

Não há pastoral (ação organizada da Igreja) sem uma organização. Além disso, a Pastoral da Juventude encara a organização como uma de suas opções pedagógicas, isto é, algo em que se acredita, tomado como opção no caminho da construção e da realização da personalidade. Acredita, por isso, na dimensão libertadora e educati va da organi-zação. É nela, na organização, que se aprende e se vive o exercício do poder, que se aprende a distribuir funções, a planejar etc. É nela que se aprende a viver o poder, isto é, sua socialização, ou o empoderamento. A boa organização é uma escola privilegiada de amadurecimento na fé e de aprendizagem. A Pastoral da Juventude só pode ser uma

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verdadeira pastoral na medida em que esti ver arti culada, em suas diferentes instâncias, e estas arti culadas com a pas-toral de conjunto das Igrejas, internacionais, nacionais e lo-cais. Uma das grandes vantagens da boa organização é fazer muitos jovens assumirem, desde cedo, responsabilidades exigentes e desafi antes. Ela possibilita espaços diversifi ca-dos de parti cipação, levando o jovem a se descobrir e a se revelar como cidadão.

A única forma de construir protagonismo, empodera-mento e autonomia é por meio da organização. Cuidar para se ter boa organização, por isso, é muito importante quando se fala de pastoral, especialmente da Pastoral da Juventude, pois possibilita o protagonismo do jovem. Em contraparti da, desfazer uma organização de jovens pode, por isso, ser um pecado contra o Espírito. Falamos de uma organização de e não para jovens.

A forma concreta como se viveu e se vive essa organiza-ção nas diferentes instâncias (paróquia, diocese, regional, ins-tância nacional e lati no-americana) é muito variada. Embora se suponha que o protagonismo juvenil seja um princípio nor-teador, nem sempre isso acontece. A tentação de “controlar” e de ter ati tudes “autoritárias” sempre está presente. Não é só questão pedagógica ou políti ca; é também uma questão te-ológica e de cenário de Igreja. O ideal defendido pela Pastoral da Juventude é o da parti cipação e da comunhão; ela acredita numa igreja comunitária, e não piramidal ou centralizadora. Isso repercute na organização criada e aceita.

Sempre será um grande desafi o saber arti cular, de forma efi caz e integradora, as diferentes experiências de

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evangelização da juventude, fi cando claro que a Igreja tem diretrizes que devem ser a alma do anúncio da Boa-Nova para a juventude.

Setor Juventude

O Setor Juventude, também da CNBB, coloca-se no es-paço da organização. Esse Setor já tem longa história de ani-mação de todas as experiências com jovens, mas a fi delidade às diretrizes da Igreja sempre enfrentará embates. Verifi ca-se isso na “recepção” que teve, ante o episcopado brasileiro, o documento, aprovado por ele, inti tulado Evangelização da juventude: desafi os e perspecti vas pastorais (CNBB, 2007). Por que, de 311 números, prati camente só parecem valer os de 193 a 202, nos quais se fala de Setor? A aprovação de uma Comissão Episcopal de Pastoral da Juventude (2011) situa-se, igualmente, nesse espaço. A pergunta relaciona-se ao lugar ocupado pela juventude da Igreja na própria orga-nização, em suas diferentes experiências; nele, entram em jogo bispos, assessores e a juventude, como um todo, sendo que o jovem é substanti vo ou adjeti vo. Importa estar vigilan-te para que a vivência da fi delidade eclesial, respeitando o protagonismo juvenil, colabore na construção — no mundo juvenil — daquilo que se entende por autonomia, personali-dade e cidadania social e eclesial. Temos de reconhecer que, em toda a história da Igreja — e também no apostolado com a juventude —, uma das tentações ou uma das ati tudes a serem superadas é a do clericalismo.

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A organização da Pastoral da Juventude é um convite para o amadurecimento políti co e teológico da vivência do poder, um campo no qual a Igreja, ao longo de sua história, sempre teve difi culdades. Se isso vale para todos, de modo especial para a juventude, é uma questão que precisa ser encarada com a máxima sabedoria, porque ela — a organiza-ção — é uma importante escola de amadurecimento na fé1.

Pastoral e movimento

No seguimento de Jesus, estamos diante de duas for-mas diferentes de trabalho de evangelização, de anunciar a Boa-Nova e de viver essa missão de forma organizada: a forma de pastoral e a de movimento. Falar de movimento (na Igreja) é referir-se a uma arti culação evangelizadora baseada num fundador com carisma defi nido. Assim como Inácio de Loyola “fundou” os jesuítas, Chiara Lubich fundou o Movimento do Movimento Focolares (do italiano focolare: lareira, lar, casa). Todos os movimentos têm alguns fundado-res: pessoas que sistemati zaram e difundiram determinado modo de ser cristão.

Por outro lado, nenhuma pastoral tem um fundador. A pastoral faz parte da dinamicidade da própria comunidade

1 Para se ter noção de como ocorreu, na história, a organização do Setor Juventude da CNBB e da Pastoral da Juventude, no Brasil, nas diversas instâncias, é preciso estudar a história da evangelização da juventude. Uma boa publicação, mas que não vai até os tempos atuais (vai até 1998), é DICK, 1999. No âmbito da América-Latina, ajuda a levar em conta o resgate histórico que se encontra em CELAM, 1997, p. 113-180.

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eclesial, assumindo, de forma organizada, as diferentes reali-dades, desde a Pastoral da Terra até a Pastoral da Juventude: trabalhos em espaços e trabalhos com pessoas. Tudo isso a parti r de Jesus, porque a missão da Igreja, como comunidade dos que seguem Jesus, é, por excelência, pastoral. Por isso, os espaços e as pessoas podem ser culti vados na perspecti -va de movimento, com sua espiritualidade, seu carisma etc., ou na perspecti va de pastoral, de ação organizada a parti r das diversas realidades vividas pelas comunidades eclesiais. Trata-se da riqueza da pluralidade e da diversidade na forma de ser Igreja e de seguir Jesus Cristo. Como dizem os bispos do Brasil, são diferentes experiências que precisam se en-contrar, para se complementar, sendo uma autênti ca expres-são eclesial. Porém, nem sempre isso é fácil; nem sempre se compreende ou se aceita essa riqueza. A diferença é mais bonita se vai além de uma postura unicamente ideológica. Nesse caso, os verdadeiros cenários de Igreja têm mais faci-lidade de dialogar e se complementarem.

A Pastoral da Juventude liga-se (arti cula-se), essencial-mente, à pastoral orgânica da paróquia, da diocese, do regio-nal e da CNBB, como organização nacional da Igreja no Brasil e na América Lati na. A Pastoral da Juventude inscreve-se, por isso, na estrutura pastoral das diversas circunscrições eclesi-ásti cas. Os movimentos inscrevem-se, mesmo que funcionem numa paróquia, numa diocese ou num regional, em outro espaço, na maioria das vezes, com orientações vindas “de fora”, do exterior, do fundador ou fundadora. Dependem (os movimentos) de outra estrutura e/ou organização autônoma, em geral, liderada por leigos ou Congregações que procuram

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incenti var a vivência de um carisma defi nido. O ideal é que os movimentos se insiram nas ati vidades e orientações pastorais da Paróquia, da diocese ou do regional sem perderem sua au-tonomia. Os movimentos sempre foram e consti tuem grande riqueza para a Igreja, mas podem ser, igualmente, fonte de confl itos, principalmente quando são diversos os cenários de Igreja onde a pastoral, a paróquia, a diocese ou o regional — com seus respecti vos responsáveis — navegam.

Resistências à Pastoral da Juventude

Um grande desafi o na Igreja e, também, no trabalho com as juventudes é o diálogo. Por ter e proclamar sua iden-ti dade, a Pastoral da Juventude (assim como outras pastorais e outros movimentos) é admirada e questi onada. As resis-tências, como as aceitações, são normais. Mesmo dentro da Igreja, todas as pastorais que tomam ati tudes proféti cas, es-pecialmente de denúncia, têm difi culdades. As resistências até podem virar perseguição, criminalização, menosprezo... É importante detectar quais os moti vos dessas resistências. Tais moti vos podem ter sua raiz na falta de informação, nal-gum erro que se tenha cometi do (críti ca, postura políti ca ou moral, desrespeito a alguma norma...), na postura ideo-lógica (modelo de sociedade, cenário de Igreja, discordân-cia com alguma diretriz, pertença parti dária...) ou nalgum problema mais psicológico (ciúme, medo de perder a hege-monia...). Detectado, contudo, o moti vo da rejeição ou di-fi culdade, é mais fácil tomar um posicionamento interno e

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externo. Mais importantes do que ações externas, e talvez, mais decisivas e signifi cati vas, são as ati tudes pessoais coe-rentes, de abertura ao diálogo e, ao mesmo tempo, ati tudes coerentes com a causa na qual estamos envolvidos. Há si-tuações em que a resistência exige mais estudo; em outros casos, exige humildade. Pode acontecer, também, que a si-tuação exija ati tudes proféti cas de denúncia. Bem maior do que tudo, entretanto, é a missão. Mais importante — muito mais importante — do que o gosto do enfrentamento, o que vale é a juventude sair ganhando.

Fonte de confl itos

Se há um aspecto da Pastoral da Juventude que inco-moda e marca as diferenças e, ao mesmo tempo, a identi da-de, é a maneira como se olha o relacionamento entre fé e vida, fé e políti ca, fé e realidade social. Há espaços de Igreja onde essas realidades são encaradas de forma dupla, masca-rada, fugindo da realidade. Fala-se de Igreja, mas não se sabe qual o cenário de Igreja escolhido, ou se diz que esse cenário é “absoluto”, sem espaço para o diálogo. Fala-se de Igreja, mas não se fala do Reino de Deus pregado por Jesus Cristo. A Igreja se identi fi ca com o Reino e não se aceita que a Igreja seja um sacramento do Reino. É o confl ito entre insti tuição e carisma; entre os modos de ser de “Pedro” e de “Paulo”. Entra em jogo uma dimensão verdadeiramente libertadora, transformadora, ou não. Entra em jogo uma leitura funda-mentalista da Bíblia. E ainda, está em jogo uma religião que é

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ópio do povo ou libertação do povo, a parti r dos pobres. Está em jogo o lugar que tem, no anúncio do Evangelho, a opção pelos excluídos. Perdeu-se a grandeza da vocação bati smal pela qual somos chamados a ser profetas, a ser celebrantes e construtores de comunidade (dimensão políti ca).

Evidentemente, essas diferenças repercutem em toda a concepção de evangelização da juventude: desde a aná-lise da realidade até seus Marcos Doutrinal, Pedagógico e Celebrati vo. Em geral, também não se valoriza a memória his-tórica. Consideram-se os eventos e não as questões vividas na época dos eventos, porque isso implicaria o aprofundamento do “processo” vivido. Que valor têm, na nossa fé, os grandes eventos? Por que se valorizam alguns eventos e setores e não outros (Copa, políti ca, Conselhos de Direitos, rebanhões, po-líti cas públicas etc.)? Sabe-se ler a história de nossa “experi-ência” além da enumeração de datas? Quais as grandes ques-tões que a história, como pastoral ou movimento, mostra?

Relacionamento da Pastoral da Juventude com outros movimentos de jovens, não eclesiais

Para quem acredita que fé e políti ca, fé e realidade social caminham juntas, e que a Igreja não é o Reino, mas sacramento do Reino, o relacionamento com “outros mo-vimentos” e outras organizações sociais (especialmente de jovens) é consequência lógica. Numa dimensão eclesial, o mais importante é culti var um relacionamento “inteligente” e “cordial” com os grupos que vivem a mesma utopia, isto

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é, com outras “experiências”, como os movimentos cristãos de jovens. Contudo, o relacionamento com organizações juvenis, que não se situam no espaço eclesial, também se enfi leiram na boa-nova que a Pastoral da Juventude quer viver. Por isso, ela tem e deveria ter relacionamentos com as juventudes e organizações que lutam pelos direitos hu-manos e sociais de todas as pessoas. Relaciona-se e deve-ria relacionar-se sempre mais, por exemplo, com os movi-mentos estudanti s, com a juventude dos parti dos políti cos, com os jovens dos diferentes sindicatos, com os Conselhos de Juventude e com tudo o que signifi ca organização de jo-vens presente na sociedade. Não se concebe uma Pastoral da Juventude encerrada na sacristi a, haja vista que um dos desafi os da Pastoral da Juventude é inserir-se, sempre mais, nas políti cas públicas para a juventude.

Grupo de jovens O grupo de jovens é, para a Pastoral da Juventude,

uma opção pedagógica fundamental. Mais que isso, contudo, é uma opção teológica, porque o grupo é, por excelência, na vida dos jovens, um espaço fundamental de felicidade. Trata-se de grupo pequeno, no qual se pode conversar, escutar, vi-ver, celebrar... A vida em grupo tem muito sabores, saberes e crescimento. A Pastoral da Juventude acredita que a educação na fé e a adesão ao projeto de Jesus passam pelo comunitário, pelo grupo ou pelos grupos de jovens nas comunidades. Além disso, a vida em grupo está na essência da juventude.

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Escola de serviços

Quando existem grupos não só arti culados, mas or-ganizados, destacam-se algumas fi guras (personagens). A mais importante é o parti cipante do grupo, como tal; sem ele não existe nem grupo nem Pastoral da Juventude. Mas uma boa organização exige outras fi guras. Uma delas é o co-ordenador, isto é, alguém que organiza, anima e arti cula o grupo, um evento, uma assembleia. Tem suas funções defi -nidas por quem o escolhe para ocupar um cargo. Exerce essa função por tempo determinado pelo grupo. Nas Pastorais da Juventude, os coordenadores são, por opção pedagógica, os jovens. O coordenador, por missão, é aquele que arti cula decisões. Como diz Civilização do amor: tarefa e esperança — Orientações para a Pastoral da Juventude (CELAM, 1997), o coordenador “é um/a jovem chamado por Deus na Igreja para assumir o serviço de moti var, integrar e ajudar os/as jo-vens a crescer no processo comunitário”. O serviço da coor-denação é uma verdadeira escola para aprender a lidar com as pessoas, com os próprios colegas, e a servir.

Animando a vida

Outra fi gura que aparece, ou pode aparecer, é a do animador. Alguém que ajuda, sugere, visita, anima... Sua identi dade situa-se no caminho do acompanhamento ou da assessoria, não no caminho da coordenação. O animador já teve uma bonita experiência de vida e de grupo, mas ainda

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não teve tempo de ter mais experiência de vida e, por isso, não teve tempo de “formar-se”, porque nem sempre o es-pontaneísmo é a melhor solução.

Trata-se de alguém que cresceu no grupo, exerceu aí — talvez — diversas funções, mas sente que passou o tempo de “ser jovem” e o tempo que lhe competi a “coordenar”, mas deseja conti nuar sendo úti l, ajudando o grupo e/ou os grupos de jovens da região a caminharem com mais assistência na trilha da fé. Pode-se dizer que é um tempo de preparação para assumirem, progressivamente, o ministério da assessoria.

Comer do mesmo pão

Uma terceira fi gura que aparece é a do assessor. O as-sessor é um agente de pastoral mais maduro (alguém que já teve tempo...) que procura acompanhar uma pessoa, um gru-po ou uma enti dade, a caminhar e a compreender o contexto em que se encontram e no qual desejam intervir. O assessor, quando é somente uma presença esporádica, é chamado de perito. Na Pastoral da Juventude, entende-se como assessor uma pessoa que “caminha junto”, que “procura sentar-se com o grupo” e faz, junto, a caminhada planejada. Além de tudo, é um companheiro. Um dos critérios para exercer esse ministé-rio é o preparo intelectual, psicológico, teológico e a práti ca; outro critério é o reconhecimento por parte da Pastoral como insti tuição, sendo indicado pelos jovens e reconhecido pela insti tuição eclesial. Pode ser do clero (padre ou religioso) ou do laicato. Pode acontecer que o assessor exerça sua função de

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assessoria somente em vista do cargo eclesiásti co que ocupa, mas essa não é considerada a situação ideal. Por viver a dimen-são educati va, espera-se dele um preparo específi co e que seja pessoa estudiosa de juventude, bem como um apaixonado pela juventude. Um verdadeiro neotéfi lo, isto é, verdadeiro aman-te da juventude. Mais do que isso, é alguém que carrega uma experiência de vida de fé. O assessor da Pastoral da Juventude é um cristão adulto chamado por Deus para exercer o minis-tério do acompanhamento, em nome da Igreja, dos proces-sos de educação empregados na fé dos jovens. Na Pastoral da Juventude, a assessoria e o acompanhamento são encarados como uma “opção pedagógica”, isto é, uma realidade que faz parte de sua crença pedagógica e teológica. Acreditamos que os jovens não só precisam, mas querem essa presença adulta. Acreditamos que a assessoria e o acompanhamento são uma necessidade, além de serem, sempre, uma urgência.

Assessoria – Função

Por trás da vida de um grupo de jovens está, portanto, uma fi gura (personagem) que se chama assessor, acompa-nhante. Alguém mais maduro, amigo da juventude, convida-do por outro; alguém que está aí porque viu necessidades. Diz-se, com razão, que onde há um bom assessor ou uma boa assessora, a Pastoral da Juventude vai bem. Disso se conclui que o jovem não quer caminhar sozinho. Ele quer um companheiro de caminhada. Alguém que coma o mesmo pão com ele.

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Poder-se-ia falar de vários aspectos da assessoria: fun-ção, espiritualidade, psicologia, pedagogia, formação espe-cífi ca etc., mas, basicamente, ser assessor é acompanhar os jovens no âmbito do grupo, da paróquia, da diocese, do regio-nal e, até, em âmbito nacional. Podem ser funções do asses-sor: 1) acompanhar o grupo ou os grupos, especialmente os que assessoram a coordenação. Ser presença em diferentes momentos (bons e ruins) e diferentes instâncias; 2) garanti r o apoio efeti vo e, de modo especial, a formação para a cami-nhada do grupo na paróquia e na região, evitando o “ati vis-mo”, isto é, a crença de que pertencer a um grupo é só fazer coisas; 3) fomentar a arti culação dos grupos e de suas equipes de responsáveis; 4) contribuir para a dinamização da vida dos grupos na paróquia, na diocese, nas instâncias da Igreja e na relação com outras enti dades; 5) ser ligação com a Pastoral de Conjunto nos diferentes níveis de organização e de instâncias de apoio. A palavra que, talvez, seja mais expressiva é presen-ça; a ati tude que fala mais alto é encanto. Para trabalhar com e sobre a juventude, é preciso estar encantado por ela.

Assessoria – Equipe – Serviços

Algo muito importante na vivência da assessoria é não se isolar. Trata-se de encontrar “colegas de missão” e aprender junto, apoiar e apoiar-se. A vida vai ensinando que, nos “cursos” para assessores, o mais importante não são os conteúdos apresentados. O grande conteúdo é a convivên-cia. Os encontros de formação e de troca de experiências dos

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assessores são fundamentais porque a Pastoral da Juventude acredita na formação em ação. Em muitos lugares, a Pastoral da Juventude promove a efeti vação de equipes regionais e diocesanas de assessores. Obviamente, a presença junto aos jovens é prioridade, mas essa prioridade será mais bem vivi-da se, como assessor, não se esteja isolado.

Existem diferentes assessorias: uma é essa da qual fa-lamos; outras são as assessorias que as insti tuições, as pes-soas com responsabilidades de governo, de administração, de orientação etc. desejam e pedem: cursos, encontros, pa-lestras etc. Sem entrar em muitos pormenores, a CNBB tam-bém convida assessores que a ajudem nos diversos campos da evangelização, também no campo da juventude. Durante toda a existência dessa Conferência, ela teve, quase sempre, um encarregado nacional do Setor Juventude. Desde 1983 — quando começou a arti culação nacional da Pastoral da Juventude atual —, este Setor é ocupado por alguém indica-do pelos jovens e assumido pela Conferência. Foram asses-sores nacionais da Pastoral da Juventude, depois de 1981, o Pe. Hilário Dick SJ, o Pe. Jorge Boran, o Pe. Florisvaldo Orlando, o Pe. Wilson Basso, Carmem Lúcia Teixeira, Ir. Ângela Falchett o e o Pe. Gisley Azevedo. Nos últi mos tem-pos, houve mudanças na forma de se levar em frente o Setor. Os bispos optaram em não ter somente um bispo referen-cial e um assessor, como foi até 2008, mas uma Comissão Episcopal de Juventude, com a presença de dois assessores (padres) e três bispos: um é o presidente da Comissão e o outro acompanha os movimentos e as comunidades; e o ter-ceiro, na medida do possível, cuida das pastorais.

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O papel dos leigos na assessoria

Historicamente, o assessor era alguém do clero. Esse modo de pensar ainda existe, resultado de um clericalismo que não deixa de marcar presença na Igreja... No tempo da Ação Católica, era nomeado, pelos bispos, com o nome de assistente; mais tarde, numa visão mais parti cipati va, essa fi gura começou a ser chamada de assessor. Mais ain-da: tornou-se hábito os jovens formarem uma lista tríplice, da qual os bispos escolhiam como assessor quem julgavam mais adequado. Deixando de ser tão clerical, aos poucos, foi surgindo, nesse ministério, a fi gura do leigo, também assu-mida pela maioria dos bispos. Em âmbito nacional, houve, no Setor Juventude, a assessoria de duas mulheres: uma leiga, de Goiás, e uma Irmã Salesiana, inserida na Pastoral da Juventude da Rondônia (naquele momento). Atualmente, nas equipes de assessores das Pastorais de Juventude há muitas pessoas do laicato. O ideal sonhado pela Pastoral da Juventude é que haja certo equilíbrio entre assessores lei-gos, religiosos e sacerdotes. O ministério da assessoria não é exclusividade de ninguém, nem do clero nem dos leigos. Hoje, contudo, quem mais assume esse serviço são os leigos, nas diferentes instâncias.

Para o jovem, não é muito simpáti co que a fi gura (do assessor) seja considerada como “ti o” ou “ti a”; o jovem pro-cura sair da dependência, e a fi gura do “ti o” e da “ti a” pode não contribuir para essa “libertação”. É questão de respeito a um desejo que o jovem sonha realizar e a um direito de desenvolver sua autonomia.

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O que nos identifi ca

É o objeti vo que confere identi dade a algo. E o obje-ti vo da Pastoral da Juventude é a evangelização da juven-tude em suas diversifi cadas realidades. Levar, aos diver-sos ti pos de jovens, a Boa-Nova da felicidade trazida por Jesus Cristo. Essa é sua identi dade. É este o seu objeti vo: despertar os jovens para a pessoa e a proposta de Jesus, desenvolvendo, com eles, um processo global de forma-ção baseado na fé, para formar líderes capacitados a agir na comunidade, atuar na própria Pastoral da Juventude, em outros ministérios da Igreja e em seu meio específi co, comprometi dos com a libertação integral do homem e da sociedade, por meio da vida de comunhão e parti cipação, de modo que contribuam, efeti vamente, com a construção da Civilização do Amor. Em vista desse objeti vo, a Pastoral da Juventude defende uma Teologia, uma Pedagogia, uma leitura da realidade e, de modo especial, faz algumas op-ções pedagógicas.

Opções que norteiam o fazer pastoral

As opções pedagógicas da Pastoral da Juventude referem-se à construção pedagógica, da felicidade juvenil, apontando para alguns “instrumentos” nos quais e por meio dos quais o jovem (e todas as pessoas) vive feliz. A Pastoral da Juventude afi rma, em seu credo pedagógico, de modo muito especial, algumas opções, alguns “caminhos”. Essas

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opções são: 1) o grupo jovem ou a comunidade juvenil, em suas etapas e fases; 2) a valorização do culti vo da memória histórica; 3) o trabalho com as diferentes realidades juvenis, traduzido nas pastorais específi cas de juventude, respei-tando diferentes carismas na vivência das espiritualidades; 4) a valorização da organização em seus diferentes níveis; 5) o acompanhamento e a assessoria, dando especial valor às estruturas de apoio. Há, ainda, uma opção fundamental, que a Pastoral da Juventude, em sua ação, chama de princí-pio norteador: a formação integral.

Estas opções são “instrumentos” dos quais se deve ter consciência quando se deseja trabalhar com juventude. Em si, não precisam de grandes explicações. Todas são im-portantes; o que é necessário é aprender a torná-las reais no dia a dia.

Pode-se chamar a atenção para a necessidade, por exemplo, do que se entende como estruturas de apoio: são locais, espaços, iniciati vas, pessoas, investi mento, possibi-lidade de estudo e formação, produção de subsídios etc. Capítulo mais complexo é o trabalho diferenciado com as juventudes, diferença reconhecida pela Igreja do Brasil (CNBB, 2007, n. 193). Na evangelização da juventude, fa-lamos da Pastoral da Juventude dos grupos das paróquias e comunidades eclesiais (habitual e simplesmente chama-do de Pastoral da Juventude), as Pastorais da Juventude Estudanti l, Rural e do Meio Popular, cada qual com sua ca-minhada, tendo presentes a identi dade e as opções peda-gógicas expressas.

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Juventudes e consequências

Assim como fi ca cada vez mais evidente que há juven-tudes e não somente juventude, dever-se-ia também, discuti r mais, , a necessidade de um trabalho diferenciado com essas “juventudes”. Parece algo evidente, mas não é. Um dos mo-ti vos é que somos especialistas em fugir de nós mesmos. Por isso, há difi culdades em aceitar que haja diferentes Pastorais de Juventude. É que, na hora em que encaramos com se-riedade nossa própria identi dade, nossa especifi cidade, vai nascendo a autonomia e deixamos de ser um “Maria vai com as outras”. Nem todos ao derredor, gostam disso, porque é mais difí cil manipular quem tem convicções. Aprendemos de Jesus de Nazaré que precisamos encarnar-nos e assumir nossas origens e nossa identi dade. Esse respeito às diversas realidades vale, também, para as diversas “experiências” e aos diferentes movimentos, com seus carismas.

Por isso, existem a Pastoral da Juventude Estudanti l, a Pastoral da Juventude das Comunidades, a Pastoral da Juventude Rural, a Pastoral da Juventude Trabalhadora, Indígena, Afrodescendente etc. É resultado da descoberta de que existem juventudes (não só uma juventude em ge-ral) que precisam de um atendimento diferenciado no pro-cesso de educação na fé. Quando um “ti po” de jovens, com as mesmas preocupações, o mesmo ambiente e os mesmos desafi os se encontra e se organiza, tomando em conta sua identi dade, para se arti cular e crescer na fé em seu meio es-pecífi co, existem condições para um trabalho diferenciado.

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Algumas dessas Pastorais têm sua identi dade muito clara e objeti va, não dependendo de grandes disti nções, como é o caso dos estudantes, dos jovens operários e dos jovens do campo. Outras especifi cidades já são mais complexas, como o jovem urbano ou do meio popular, cuja identi dade ainda fi ca muito esparsa. Dependendo dos critérios usados para desta-car os grandes “ti pos” de jovens, poderíamos falar dos jovens negros, dos jovens índios, dos jovens ribeirinhos e dos jovens em situações críti cas de risco, vulnerabilidade e violência.

Pode-se dizer que há uma “cultura de organização pastoral”, nos espaços das Igrejas, onde isso não é compre-endido ou não é aceito. Temos pouca tradição em respeitar diferentes espaços ou meios. Dir-se-ia que “é mais fácil” tra-tar todos da mesma forma... Além de outras consequências, exigir-se-iam assessores especializados e com criati vidade. Talvez uma resposta mais profunda a essa questão (a esse trabalho diferenciado) é que não se chegou, ainda, a pôr em práti ca, realmente, uma “decisão políti ca” de fazê-lo.

Formação integral

Se há algo de qual a evangelização da juventude deve cuidar é da formação integral. Trata-se de uma edu-cação, na fé, do jovem, que o ati nja em todas as suas re-alidades, em todos os seus aspectos: no aspecto pessoal, a personalização (culti vo de si); no aspecto social, a so-cialização (êxodo de si mesmo); no aspecto sociopolíti co, a conscienti zação (tornar-se críti co, consciente, cuidante,

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criati vo e comprometi do); no aspecto teológico, a forma-ção dentro do ensino teológico (ir além do “catecismo”); no aspecto teologal, a educação para a práti ca e a vivência dos sacramentos e de outras manifestações religiosas; no aspecto políti co, a educação para a cidadania; no aspecto práti co, a capacitação técnica para enfrentar a vida pessoal, grupal e insti tucional no que se refere à organização e ao planejamento; e no aspecto da missão do jovem, a voca-cionalidade (tomar a história nas mãos e construir projetos pessoais e comunitários de vida). Além disso, a Pastoral da Juventude defende que essa formação se dá de maneira processual, não só por eventos, respeitando as etapas de crescimento do grupo e da pessoa. Sendo um assunto tão importante, fala-se das dimensões da formação integral. São seis:

a) Dimensão psicoafeti va: é a dimensão da relação do jovem consigo mesmo, respondendo às necessidades de amadurecimento afeti vo, e da formação da per-sonalidade, respondendo ao processo da personali-zação. Embora seja muito importante essa formação no início da vivência grupal, é uma dimensão que nos deve acompanhar durante toda a vida.

b) Dimensão psicossocial: trata-se da dimensão so-cial, da descoberta do(a) outro(a) como ser diferen-te, e do grupo como lugar de encontro. Visa-se com essa dimensão, embora todas as dimensões sejam “fundamentais”, o processo da integração social e comunitária.

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c) Dimensão sociopolíti ca: corresponde à inserção do(a) jovem na sociedade, formando-se como cidadão(ã), e exercitando o processo de conscienti zação. Fica patente como essa dimensão, além de importante, é questi onadora, numa sociedade e, talvez, numa Igreja, que não gostam muito de pessoas autônomas e críti cas.

d) Dimensão místi ca, teológica e teologal: trata da vi-vência e da fundamentação da fé do jovem, sen-do central o aprofundamento do seguimento de Jesus Cristo, no trabalho com o processo de evan-gelização. Há duas tentações que se apresentam: o politi cismo e o espiritualismo; uns exagerando na “oração” e outros na “políti ca”, quando — em verdade — fé e realidade social devem caminhar juntas.

e) Dimensão da capacitação técnica e pedagógica: entram, nesta dimensão, muitos aspectos práti cos como o planejamento, o exercício da liderança e a capacidade de coordenar em diferentes situações e espaços. A missão precisa ser realizada com efi cá-cia, por isso a importância de capacitação em ação, fazendo.

f) Vocacionalidade: uma Pastoral da Juventude que não leva o jovem a amadurecer seu projeto pessoal de vida, isto é, sua “missão no mundo”, não é pastoral. Trata-se de ajudar o jovem a descobrir o mundo no qual pensa realizar-se.

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O método

Consciente ou inconscientemente, todos temos um método. Podemos até dizer que todos somos método, no modo de ser e agir. Por isso, é imprescindível, saber expli-citar o método que se vive. Mais essencial, ainda, é ser co-erente com ele e amadurecê-lo sempre mais. Assumir um método é assumir uma pedagogia, um modo de lidar com as pessoas e os fatos. Na vivência do método, está em jogo a visão de mundo, de Igreja, de pessoa humana, de sociedade, de políti ca etc.

A Pastoral da Juventude assume o método que leva em conta a verdadeira vida do jovem, a personalização e a socialização, a iluminação com a Palavra de Deus, o com-promisso a ser assumido, a revisão e a celebração. Por isso, de forma muito decidida, a Pastoral da Juventude diz que seu método é composto de cinco etapas interligadas: o ver, o julgar, o agir, o rever e o celebrar. Quando falamos dis-so, não podemos ser superfi ciais, mas dar-nos conta, por exemplo, de como olhamos a realidade. Deixar de ser in-gênuo fazendo uma análise que parta, realmente, da reali-dade, é um desafi o. O mesmo vale para o julgar. Algumas perguntas se impõem: qual é a leitura teológica que move nossa ação? O que signifi ca libertação nesse julgamento? O que signifi ca a opção pelos empobrecidos? O mesmo vale para o agir. Qual ação realizar para transformar a re-alidade? Que passos dar tendo em vista a construção da Civilização do Amor? No rever, damo-nos conta do cami-nho percorrido e indagamos se o processo feito, até agora,

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tem transformado profundamente a realidade. É tempo de avançar mais e mais. Já no celebrar, detemo-nos em fes-tejar o caminho percorrido, o processo realizado, além de nos animarmos a seguir com a ação. Aplicado e vivido em sua dinamicidade, esse método se torna um esti lo de vida e uma espiritualidade.

Espiritualidade juvenil

Existem diferentes espiritualidades: a salesiana, a franciscana, a dominicana, a jesuíti ca, a leiga, a religiosa, a libertadora, a conservadora etc. Então, pode-se falar de “espiritualidade juvenil”? Por vezes, tem-se a impressão de que a espiritualidade é, sempre, uma “espiritualidade adulta”... No entanto, assim como há um “modo de ser” jovem, também há um modo jovem de rezar, de viver a vida e os valores, assim como há modos e valores que só valem para o que se chama de “juventude”. Há um modo jovem de seguir Jesus e de assumir seu projeto. Como seria essa “espiritualidade juvenil”? O que se vai dizer, certamente, será pouco, mas são algumas característi cas que fornecem uma pista.

1) Encontrar Deus na vida. É a espiritualidade do coti -diano da vida de um jovem em suas diferentes espe-cifi cidades e em suas diversas situações. Nem sempre pensamos nisso, e são poucos os que nos ajudam a vi-ver isso, de forma “espiritual”, isto é, como um esti lo.

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2) Viver como Jesus viveu. É a espiritualidade do segui-mento de Jesus, contemplado nos Evangelhos, mas vivo e presente na história e no modo de ser do jo-vem. Encontram-se aí infi ndos gestos que ensinam, desafi am, provocam e inspiram.

3) Culti var a comunhão e o serviço. Trata-se, no fundo, de viver o espírito comunitário, de pertença a uma comunidade — desejo profundo do jovem. Claro que se coloca, em primeiro plano, a comunidade eclesial, mas se estende a outras vivências comunitárias, sem-pre na dimensão de ser para os outros, tendo em vista o bem-viver.

4) Testemunhar a alegria e a esperança. O ser simples-mente jovem, que vive uma enormidade de novida-des, é uma espiritualidade quando feito com cons-ciência. Sem deixar de falar da vivência litúrgica, deve-se pensar na “liturgia” que o jovem é. Ele é fes-ta, é celebração.

5) Assumir o anúncio e o compromisso de ser missionário onde quer que esteja e em tudo que esti ver fazendo, como jovem. Ser jovem é viver o êxodo de si mesmo; por isso, é a espiritualidade do êxodo.

6) Ter um lugar especial para os pequenos, os pobres e os excluídos. É a espiritualidade da opção pelos po-bres. Quando se consegue vislumbrar jovens vivendo isso, compreende-se a grandeza da pessoa humana.

7) Nem sempre o jovem tem consciência disso, mas as descobertas e os lutos que vive fazem a juventude viver, de modo muito bonito, a espiritualidade pascal.

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8) Ninguém nega que a fi gura de Maria e a fi gura dos márti res estão muito dentro do coração da juventude. Por isso se fala, na Pastoral da Juventude, da espiritu-alidade mariana e marti rial.

Percebe-se que, na juventude, encontramos um modo de ser espiritual muito especial. Isso pode ser apro-fundado se refl eti rmos o que os bispos do Brasil dizem quan-do falam da juventude como realidade teológica. Encontra-se essa afi rmação em Evangelização da Juventude: desafi os e perspecti vas pastorais (CNBB, 2007, n. 80-81). Dentro da proposta brasileira e lati no-americana de evangelização da juventude, sempre é bom dar-nos conta de que, ao lado dos “Marcos” (Marco da Realidade, Resgate da História, Marco Doutrinal e Marco Operati vo), também existe a formulação do Marco Celebrati vo. Mas, além de tudo isso, um espetá-culo lindo de ver é contemplar, vivenciar e perceber a for-ma como as juventudes da Pastoral da Juventude sabem culti var o Ofí cio Divino da Juventude, criado e assumido por elas. Quando se encontram pessoas dizendo que os jovens da Pastoral da Juventude não rezam, na maioria das vezes, estamos diante de uma cegueira movida por certo precon-ceito com o jovem.

Pastoral Vocacional?

Vocacional vem de vocação, no senti do de chamado. Todos somos chamados, convidados a assumir uma missão

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que nos faça felizes e espalhe felicidade em nosso der-redor. Por vezes, tem-se a impressão de que Pastoral Vocacional só vale para quem quer entrar na Vida Religiosa ou no Ministério Presbiteral. Se vocação é para todos, a Pastoral Vocacional também é para todos. Podemos dizer que uma Pastoral da Juventude que não é vocacional, no senti do amplo, é incompleta; a Pastoral Vocacional, mes-mo no senti do estrito, que não se preocupa com o jovem como tal, é uma pastoral desti nada ao fracasso. As duas pastorais deveriam caminhar juntas. Assim como toda Pastoral da Juventude deveria ter uma dimensão vocacio-nal, toda Pastoral Vocacional deveria ter a dimensão juve-nil. A Pastoral Vocacional está “dentro”, não “junto”, muito menos “fora” da Pastoral da Juventude.

Pensar em vocação, como tal, é mais profundo que pensar em profi ssão, porque na vocação se fala mais do modo de vida que se deseja abraçar, que é mais do que vou fazer. As duas são importantes, mas em vocação se expressa mais o chamado. Até se pode dizer que vocação é mais in-tegral, incluindo o místi co ou a espiritualidade, o que não se percebe quando se fala de profi ssão, que se aproxima muito da forma de sobreviver

Raízes do mínimo do mínimo – Documentos

O mínimo do mínimo tem suas raízes. Embora tenha demorado, este mínimo — como todo o trabalho da Igreja,

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respeitando o protagonismo juvenil — foi brotando, aos poucos, na América Lati na e no Brasil.

Sempre é um pouco arriscado selecionar, mas o que vamos citar é “ofi cial”, reconhecido pela Igreja. Na América Lati na, os documentos eclesiais mais importantes são: 1) o ca-pítulo 4 das Conclusões da 2ª Conferência Geral do Episcopado Lati no-Americano (1968), em Medellín; 2) o capítulo da opção preferencial pelos jovens, das Conclusões da 3ª Conferência Geral do Episcopado Lati no-Americano (1979), em Puebla, no qual o episcopado afi rma a opção preferencial pelos jovens; 3) as linhas de ação da Conferência de Aparecida (2007); 4) o livro Pastoral da Juventude: sim à civilização do amor, da Seção Juventude do CELAM (1987); 5) o livro Civilização do amor: tarefa e esperança, da Seção Juventude do CELAM (1997); 6) o livro Civilização do amor: projeto e missão do CELAM (2012); 7) as Conclusões dos Encontros Lati no-Americanos de Responsáveis Nacionais da Pastoral da Juventude; 8) as Conclusões do 1º, do 2º e do 3º Congressos Lati no-Americanos de Jovens, em Cochabamba, na Bolívia (1992); em Punta de Tralca, no Chile (1998); e em Los Teques, na Venezuela (2010).

No Brasil, os principais documentos da Pastoral da Juventude, reconhecidos pela Conferência Episcopal, são: 1) Pastoral da Juventude no Brasil (Estudos da CNBB n. 44); 2) Marco Referencial da Pastoral da Juventude do Brasil (Estudos da CNBB n. 76); 3) o texto base da Campanha da Fraternidade de 1992 – Juventude caminho aberto; 4) Evangelização da juventude: desafi os e perspecti vas pas-torais (Documentos da CNBB n. 85), de 2007.

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Leituras

Ao lado dessas leituras “normati vas” ou “diretrizes”, existem muitos bons escritos sobre evangelização da ju-ventude. Além dos documentos citados, mencionamos pu-blicações como Assessoria e acompanhamento na Pastoral da Juventude (CELAM, 1994a) e Assessoria em cinco enfo-ques (CELAM, 1994b); Juventude, o grande desafi o, do Pe. Jorge Boran (1982) e O futuro tem nome: sugestões práti -cas para trabalhar com jovens, também do Pe. Jorge Boran (1994); O caminho se faz: história da Pastoral da Juventude do Brasil, do Pe. Hilário Dick (1999); Juventude, acompa-nhamento e construção de autonomia, organização de Carmem Lúcia Teixeira (2011); Cartas a neotéfi lo: conversas sobre assessorias para grupo de jovens, de Pe. Hilário Dick (2005); Gritos silenciados, mas evidentes: jovens construindo juventude na História, também do Pe. Hilário Dick (2003); Acompanhamento: místi ca do/a acólito/a da juventude, or-ganização de Hilário Dick, Carmem Lúcia Teixeira e Salvador Segura Levy (2008); Resiliência, espiritualidade e juventude, de Susana M. Rocca (2013) e O divino no jovem: elementos teologais para a evangelização da cultura juvenil, de Pe. Hilário Dick (2009), dentre outros. Nos últi mos tempos, saiu uma coleção de subsídios inti tulada Na trilha do grupo de jo-vens, fruto de um trabalho em muti rão enorme, em âmbito nacional. É preciso saber procurar e querer aprender. Muitos sites, blogs... Contudo, apesar de toda a importância da lei-tura, mais do que na leitura, é na parti cipação de processos

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signifi cati vos da Pastoral da Juventude que se aprende o que é Pastoral da Juventude.

Uma história a caminho, com horizonte

O mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude, dando destaque para a Pastoral da Juventude, desejou ser, somente, breves palavras sobre essa insti tui-ção quanto à sua proposta e sua história. Algumas palavras que provocassem outras, para serem lançadas ao mundo. É importante, contudo, caminhar para o horizonte, sabendo, sempre, quem somos, de onde viemos, o que nos identi fi ca, o que nos marca, aquilo que assumimos... Não queremos que seja uma “conclusão”, apenas um fi m de conversa, dizendo o mínimo do mínimo sobre evangelização da juventude e Pastoral da Juventude. Para o cristão e para quem trabalha com juventude, o mínimo não acaba. É como o horizonte que não serve para nada; simplesmente serve para nos fa-zer caminhar. Uma das palavras que animam Civilização do amor: projeto e missão (CELAM, 2012) é horizonte. Quando se deixa de viver na esperança, abandonou-se a utopia; quem abandona a utopia fi ca sem horizonte e não pode di-zer que é da Pastoral da Juventude.

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BORAN, J. Juventude, o grande desafi o. São Paulo: Paulinas, 1982.

BORAN, J. O futuro tem nome: sugestões práti cas para trabalhar com jovens. São Paulo: Paulinas, 1994.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB. Pastoral Juvenil no Brasil: identi dade e horizontes. Estudos da CNBB n. 103. Brasília: CNBB, 2013.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Conclusões da Conferência de Puebla. São Paulo: Paulinas, 1979.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Pastoral da juventude: sim à civilização do amor. São Paulo: Paulinas, 1987.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Assessoria e acompanhamento na Pastoral da Juventude. São Paulo: CCJ, 1994a.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Assessoria em cinco enfoques. São Paulo: CCJ, 1994b.

Referências

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CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Civili-zação do amor: tarefa e esperança — Orientações para a Pastoral da Juventude lati no-americana. São Paulo: Paulinas, 1997.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Proyecto de vida: camino vocacional de la Pastoral Juvenil — Aportes y refl exiones de la Pastoral Juvenil Lati noamericana. Documento CELAM n. 162. Bogotá: CELAM, 2003.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Civilización del amor: proyecto y misión — Orientaciones para una Pastoral Juvenil Lati noamericana. Documento CELAM n. 173. Bogotá: CELAM, 2012.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB. Pastoral da juventude no Brasil. Estudos da CNBB n. 44. Brasília: Paulinas, 1986.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB. Marco referencial da pastoral da juventude do Brasil. Estudos da CNBB n. 76. Brasília: Paulus, 1998.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB. Evan gelização da juventude: desafi os e perspecti vas pastorais. Documentos da CNBB n. 85. São Paulo: Paulinas, 2007.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB. Pastoral juvenil no Brasil: identi dade e horizontes. Estudos da CNBB n. 103. Brasília: CNBB, 2013.

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DICK, H. O caminho se faz: história da pastoral da juventude do Brasil. Porto Alegre: Evangraf, 1999.

DICK, H. Gritos silenciados, mas evidentes: jovens construindo juventude na história. São Paulo: Loyola, 2003.

DICK, H. Cartas a neotéfi lo: conversas sobre assessorias para grupo de jovens. São Paulo: Loyola, 2005.

DICK, H. O divino no jovem: elementos teologais para a evange-lização da cultura juvenil. São Paulo: CCJ, 2009.

DICK, H.; TEIXEIRA, C. L.; LEVY, S. S. Acompanhamento: místi ca do/a acólito/a da juventude. São Paulo: CCJ, 2008.

ROCCA, S. M. Resiliência, espiritualidade e juventude. São Leopoldo: Sinodal, 2013.

SILVA, J. A. A.; VIEIRA, L. D.; SILVA, R. A. (Org.). Somos igreja jovem: pastoral da juventude — um jeito de ser e fazer. Brasília: PJ, 2012.

TEIXEIRA, C. L. (Org.). Juventude, acompanhamento e constru-ção de autonomia. Goiânia: CAJU; PUC Goiás, 2011.

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Sobre o autor

Hilário DickPadre Jesuíta. Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e graduado em Filosofi a e Teologia pela Faculdade Cristo Rei, em São Leopoldo (RS). Professor de História da Juventude e coordenador da Pós-Graduação em Juventude da Ponti fí cia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Ex-assessor do Setor Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Autor de: Gritos silencia-dos, mas evidentes – jovens construindo juventude na história (Loyola); Cartas a neotéfi lo: conversas sobre assessoria para Grupos de Jovens (Loyola); O Divino no jovem (CCJ). Coautor de: Juventude, acompanhamento e construção de autonomia (PUC Goiás).

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Xaxim – Curitiba (PR)Tel: (41) 3276-0040

A presente edição foi composta pela Editora Universitária Champagnat e impressa pela Gráfica Everest, papel pólen 80 g/m² (miolo) e papel

supremo 250 g/m² (capa).

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