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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA LIDYANNE KALINE SOUSA DO NASCIMENTO GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/ RN NATAL – RN 2008

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

LIDYANNE KALINE SOUSA DO NASCIMENTO

GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO

LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/ RN

NATAL – RN

2008

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LIDYANNE KALINE SOUSA DO NASCIMENTO

GEOGRAFIA,TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO

LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/ RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do título de Mestre em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Elias Nunes.

NATAL – RN

2008

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LIDYANNE KALINE SOUSA DO NASCIMENTO

GEOGRAFIA,TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL

DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ- MIRIM/ RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como exigência para obtenção do título de Mestre em Geografia.

APROVADA EM _______/______/______

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Elias Nunes

Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFRN – Orientador

________________________________________________________________

Profª. Drª. Rita de Cássia Ariza da Cruz

Programa de Pós-Graduação em Geografia, USP – Membro Externo

__________________________________________________________________

Profª. Drª. Maria Edna Furtado

Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFRN – Membro Interno

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Dedico este trabalho a Deus, pelo

dom maior da vida, e a minha mãe.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus que, na Sua Infinita Sabedoria, inspirou-me e

ajudou-me a suplantar os desafios de realizar este trabalho.

Á minha mãe, minha principal incentivadora; ela foi a grande responsável por tudo o

que eu consegui realizar de bom em minha vida. A ela, meus eternos agradecimentos,

carinho e respeito.

Ao meu irmão que, por várias vezes, renunciou ao seu lazer, ao seu descanso, para

me proporcionar um ambiente favorável de estudo.

Aos meus avós, Manoel Maurício e Francisca Xavier (in memorian), que sempre me

incentivaram e oraram por mim. Valiosas contribuições emocionais, das quais nunca me

esquecerei.

À minha madrinha, a querida “Tica”, a qual eu considero uma segunda mãe.

Compartilhamos sonhos, dificuldades, choros, mas, principalmente, vitórias.

Ao meu Orientador, Elias Nunes, pela confiança demonstrada na minha capacidade

enquanto pesquisadora e pela boa condução nas orientações, ao longo do trabalho. Não

poderia deixar de citar a querida Edna Furtado, pela incansável atenção e respeito

demonstrados para comigo e meu projeto.

Ao professor do CEFET_RN, Pedro Valdenildo, que me “iluminou” nos momentos

iniciais da pesquisa, mesmo não tendo, na época, laços de amizade comigo.

Aos professores Francisco Ednardo e Malco que, num gesto de solidariedade

incomparável, propuseram-se a me substituir em sala de aula, para que eu pudesse me

dedicar à pesquisa. Igualmente, agradeço à Coordenação do CEFET_RN, por permitir tal

substituição.

A Flávio Teotônio que me acompanhou, durante toda a trajetória do meu trabalho,

renunciando ao seu lazer, para me fazer companhia.

Á minha querida amiga Ana Cecília; uma amiga desde sempre e para sempre! A ela

e sua família minha gratidão, simplesmente, por tudo!

À Jane Roberta (“A Bala”) que foi para mim um grande refúgio emocional nos

momentos em que pensei em desistir. Se cheguei até aqui, devo muito a ela.

A Isabel Dantas e Antônio de Pádua que me ajudaram na construção do meu

trabalho, com muito carinho e, sobretudo, paciência.

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A Iron Medeiros que me ajudou na confecção dos mapas, com grande

prestatividade, competência e carinho.

Finalmente, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para que

eu alcançasse o êxito nessa pesquisa.

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RESUMO

A presente pesquisa contempla reflexões acerca da atividade turística na organização socioespacial das áreas litorâneas, em específico, no litoral dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, Região da Grande Natal. Nosso objetivo principal é o estudo das transformações espaciais e suas implicações sócio-ambientais emergentes no processo de produção do espaço turístico litorâneo dos referidos municípios, situados no Estado do Rio Grande do Norte, tendo como recorte temporal os anos de 1997 a 2007, correspondendo ao momento de importância pública privada, que a partir do PRODETUR, teve a base para o incremento das potencialidades turísticas. Nesse sentido, utilizou-se de técnicas para a compreensão das aspirações e da percepção dos atores envolvidos com a atividade turística (população local, comerciantes, turistas e poder público local), no sentido de descobrir quais são as suas considerações quanto às mudanças provenientes da implantação da atividade turística na localidade, quanto à melhoria da qualidade de vida, geração de emprego e renda, comercialização, conservação/ preservação ambiental, cumprimento da legislação, afirmação cultural, bem como as ações implementadas nos municípios. Para tal mister buscou-se analisar os dados estatísticos a partir da aplicação de questionários com perguntas estruturadas e semi-abertas como instrumento de coleta de informações, correlacionando-as com a percepção dos atores locais para que possamos formar e compreender de forma fidedigna os elementos básicos que fazem parte dos espaços turísticos em questão. Foram utilizadas fotografias aéreas dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, fornecidas pelo IDEMA, com o intuito de percebermos as mudanças de ordem espacial e implicações socioambientais da área em estudo.Concluímos, em função dos resultados, que o modelo do Turismo concebido pelo Brasil, incentivado e financiado pelo Governo Federal, está inserido no contexto da economia global e, por conseguinte, o Estado do Rio Grande do Norte, em específico os espaços litorâneos dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, possuem características semelhantes a esse modelo, com suas particularidades, que se traduzem pela exclusão social, formas de apropriação privada dos espaços públicos e áreas de proteção ambiental como praias, dunas e lagoas, desrespeito ou não-cumprimento da legislação ambiental, acentuação das desigualdades de renda numa região que possui uma problemática social crônica por ser desprovida de investimentos, implantação de infra-estrutura, ausência do poder público local, onde os interesses econômicos são prioritários frente às questões ambientais e aos interesses e vontades populares. Propõe-se um repensar quanto ao atual modelo de desenvolvimento adotado, para que o seu planejamento seja pautado com base na participação integrada dos vários agentes envolvidos com a atividade turística, incluindo, na medida do possível, as aspirações da população local como precursoras das suas reais necessidades, onde essa ação interativa responderá certamente em um esforço significativo na construção de um novo paradigma, modelo de desenvolvimento sustentável, possibilitando superar paulatinamente a reprodução da pobreza, da exclusão e dos impactos ambientais, para que a qualidade de vida seja fator fundamental.

Palavras-chave: Espaço. Turismo. Meio Ambiente.

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RESUMEN

La presente pesquisa contempla reflexiones referentes de la actividad turística en la organización socio-espacial en el litoral de las comarcas de Extremoz y Ceará-Mirim, región de la Grande Natal. Nuestro objetivo principal es el estudio de las transformaciones del espacio y de sus implicaciones socio-ambientales en curso en el proceso de producción del espacio turístico en el litoral de las referidas comarcas desde 1997 hasta 2007, momento de importancia publica-privada que, a partir del PRODETUR, tuvo la base para el incremento de las potencialidades turísticas. En este sentido, varias fueron las técnicas para una mejor compresión de las aspiraciones y de la percepción de los actores envueltos con la actividad turística (comerciantes, turistas, populación y poder publico local) para conocer cuales son sus consideraciones en cuanto a los cambios que proceden de la implantación de la actividad turística en el lugar, cuanto a la mejora de la calidad de vida, de la generación de empleo y de renta, comercialización, conservación, preservación del ambiente, cumplimiento de la legislación, afirmación cultural así como las acciones puestas en ejecución en las comarcas. Para tal necesidad, se buscó analizar los datos estadísticos a partir del uso de los cuestionarios con preguntas estructuradas y semi-abiertas como instrumento de colecta de información que les era correlacionada con la opinión de los actores locales de modo que podamos formar y entender los elementos básicos que son parte de los espacios turísticos en foco. Fueran utilizadas fotografías aéreas de las comarcas de Extremoz y Ceará-Mirim, provistas por el IDEMA, con la intención de percibir acerca de los cambios del espacio y las implicaciones socio-ambientales de la área en estudio. Concluimos en función de los resultados que el modelo de Turismo concebido por lo Brasil, estimulado y financiado por lo Gobierno Federal, está insertado en el contexto de la economía global y, por lo tanto, el Estado del Rio Grande del Norte, en específico los espacios litoraneos de las comarcas de Extremoz y Ceará-Mirim, que poseen características similares a este modelo, con sus particularidades, que si traduzca por la exclusión social, formas de apropiación privada de los espacios público y áreas de protección ambiental como las playas, las dunas y las lagunas, el desacato o no el cumplimiento de la legislación ambiental, aumento de las desigualdad de renta en una región que posee una problemática social grave y sin inversión, implantación de la infraestructura, ausencia de política pública local, donde los intereses económicos son prioridad delante de las aclamaciones populares. Se sugiere un repensar cuanto al modelo actual de desarrollo adoptado, que el planeamiento sea pautado en base a la participación integrada de los varios agentes implicados con la actividad turística, incluyendo en la medida del posible, las aspiraciones de la población local como precusoras de sus reales necesidades, donde esta acción interactiva contestará ciertamente en un esfuerzo significativo en la construcción de un nuevo paradigma, modelo del desarrollo sustentable, siendo posible superar gradualmente el incremento de la pobreza, de la exclusión y de los impactos ambientales, donde la calidad de vida sea factor fundamental.

Palabras llaves: Espacio. Turismo. Medio Ambiente.

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 Ponte Newton Navarro........................................................... 37

Fotografia 2 Restaurante Naff Naff............................................................. 43

Fotografia 3 Aquário Natal.......................................................................... 43

Fotografia 4 Passeio de bugre em cima das dunas................................... 43

Fotografia 5 Passeio de dromedário em cima das dunas.......................... 44

Fotografia 6 Passeio a cavalo.................................................................... 44

Fotografia 7 Lagoa de Pitangui.................................................................. 44

Fotografia 8 Lojas de artesanato na praia de Jenipabu............................. 45

Fotografia 9 Praia da Redinha Nova - presença de lixo a céu aberto,

demonstrando ausência de infra-estrutura local.................... 77

Fotografia 10 Praia da Redinha Nova - presença de lixo a céu aberto........ 78

Fotografia 11 Construções em cima das dunas destinada para fins

especulativos.......................................................................... 83

Fotografia 12 Construções em cima das dunas destinada para fins

especulativos.......................................................................... 83

Fotografia 13 Construções em cima das dunas destinada para fins

especulativos.......................................................................... 84

Fotografia 14 Construções em cima das dunas destinada para fins

especulativos.......................................................................... 84

Fotografia 15 Construções em cima das dunas destinada para fins

especulativos.......................................................................... 85

Fotografia 16 Construção destinada a moradores com perfil social de

baixa renda............................................................................. 86

Fotografia 17 Construção destinada a moradores com perfil social de

baixa renda............................................................................. 86

Fotografia 18 Segunda residência................................................................ 87

Fotografia 19 Construção sendo implantada sem licenciamento ambiental 87

Fotografia 20 Área alagadiça de recarga do aqüífero subterrâneo.............. 88

Fotografia 21 Gameleira com a raiz exposta. (tipo de vegetação

característica de área de dunas)............................................ 89

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Fotografia 22 Expansão do comércio formal descaracterizando a

paisagem................................................................................ 91

Fotografia 23 Expansão do comércio informal............................................. 91

Fotografia 24 Variedade do comércio informal............................................. 92

Fotografia 25 Variedade do comércio informal............................................. 92

Fotografia 26 Lagoa de Jacumã................................................................... 93

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Sexo........................................................................................... 48

Gráfico 2 Faixa etária................................................................................ 49

Gráfico 3 Profissão................................................................................... 50

Gráfico 4 Naturalidade............................................................................... 51

Gráfico 5 Presença nesta localidade outras vezes................................... 51

Gráfico 6 O que motivou a visita............................................................... 53

Gráfico 7 Motivo que levaria a voltar......................................................... 53

Gráfico 8 Nível de satisfação em relação ao lugar.................................... 54

Gráfico 9 Sugestões para melhoria da localidade..................................... 54

Gráfico 10 Sexo.......................................................................................... 56

Gráfico 11 Faixa etária................................................................................ 56

Gráfico 12 Escolaridade.............................................................................. 57

Gráfico 13 Ramo de atividade..................................................................... 58

Gráfico 14 Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-

espacial e cultural da localidade............................................ 59

Gráfico 15 Existência de impactos sociais, ambientais e econômicos

provocados pelo turismo na localidade..................................... 60

Gráfico 16 Criação de política de valorização cultural, valorização do

artesanato, do patrimônio histórico............................................ 60

Gráfico 17 Sexo.......................................................................................... 61

Gráfico 18 Faixa etária................................................................................ 62

Gráfico 19 Escolaridade.............................................................................. 63

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 Localização da área em estudo................................................. 15

Mapa 2 Carta Geo-ambiental da Grande Natal...................................... 36

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Relação dos equipamentos de hospedagem e restauração da

atividade turística nos municípios.............................................. 32

Quadro 2 Sugestões para melhoria da localidade..................................... 55

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LISTA DE SIGLAS

APA Área de Proteção Ambiental

CNUMAD Conferencia das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Meio Ambiente

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto de Circulação sobre Mercadoria e Serviço

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente

ISS Imposto sobre Serviço

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

MMA Ministério do Meio Ambiente

PRODETUR Programa de Desenvolvimento do Turismo

SECTUR Secretaria Especial de Comercio, Indústria e Turismo

SEMURB Secretaria Especial de Meio Ambiente e Urbanismo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................ 13

2 RELAÇÃO TURISMO E ESPAÇO.............................................. 20

3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA EM

ESTUDO...................................................................................... 28

4 DO TURISMO DE PASSAGEM AO DESENVOLVIMENTO 41

4.1 DADOS GERAIS......................................................................... 47

4.1.2 Perfil do entrevistado: turista................................................... 47

4.1.2.1 Sexo............................................................................................. 48

4.1.2.2 Faixa etária.................................................................................. 48

4.1.2.3 Profissão...................................................................................... 49

4.1.2.4 Naturalidade................................................................................ 50

4.1.3 Perfil do entrevistado: comerciante......................................... 55

4.1.3.1 Sexo............................................................................................. 56

4.1.3.2 Faixa etária.................................................................................. 56

4.1.3.3 Escolaridade................................................................................ 57

4.1.3.4 Ramo da atividade....................................................................... 57

4.1.4 Perfil do entrevistado: comunidade local............................... 60

4.1.4.1 Sexo............................................................................................. 61

4.1.4.2 Faixa etária.................................................................................. 61

4.1.4.3 Escolaridade................................................................................ 62

5 TURISMO E MEIO AMBIENTE................................................... 66

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 97

REFERÊNCIAS........................................................................... 100

APÊNDICES................................................................................ 106

APÊNDICE A – Secretaria do Meio Ambiente............................ 107

APÊNDICE B – Secretaria de Turismo........................................ 109

APÊNDICE C– Comerciantes antigos e associações................. 111

APÊNDICE D– Comunidade Local.............................................. 113

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1 INTRODUÇÃO

No final do século XX, o Turismo converteu-se em uma das atividades

econômicas mais importantes do mundo. “É o setor da economia que mais cresce

na atualidade, já tendo atingido o status de principal atividade econômica do mundo,

superando setores tradicionais, como a indústria automobilística, a eletrônica e a

petrolífera “(DIAS, 2003, p.9) Segundo Cruz (1999, p.2), as “[...] estatísticas oficiais

mostram ainda que a atividade turística revela números expressivos, também, no

que se refere a deslocamentos de fluxos, à mão-de-obra empregada na atividade, à

geração de renda etc”. Afirma ainda que:

A sedução matemática desses números tem levado a diversas análises reveladores de certo grau de euforia, trazendo como conseqüência certas distorções de alguns pesquisadores, que sombreiam, empobrecem, mascaram, fatos que, supostamente, deveriam contribuir para revelar (CRUZ, 1999, p.2).

Esse fato tem despertado, nos últimos anos, interesse da comunidade

científica quanto aos estudos relativos a esta atividade, bem como suas implicações.

De acordo com (CRUZ 2003), o interesse da Geografia pelo Turismo já não é tão

recente, assim como, não são mais escassos estudos realizados por geógrafos em

torno do fenômeno.

Partindo do princípio de que a Ciência Geográfica tem como objeto de estudo

a relação espaço e sociedade, e que a principal característica intrínseca à prática

social do Turismo está relacionada ao fato de que o espaço constitui seu principal

objeto de consumo, incluindo a sociedade local e os recursos naturais, torna-se,

compreensível entender o crescente interesse da Geografia pelos estudos relativos

ao turismo.

O Turismo se apresenta como um fenômeno inerente ao espaço geográfico.

Ele, em suas atividades, (re)cria, inventa novas formas, funções, processos e ritmos,

dinamizando os lugares, as paisagens, os territórios, as regiões; enfim, o próprio

espaço, numa simbiose entre o particular e o universal, o local e o global. Assim, ao

mesmo tempo em que ele provoca a leitura de suas marcas e impressões, ele

desafia a compreensão e o entendimento de sua dinâmica. (ALMEIDA, 2003).

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Trata-se de uma prática social que envolve em seu escopo vários agentes

que possuem interesses distintos. Dessa forma, podemos afirmar que o Turismo é

uma atividade econômica que se distingue das demais atividades preexistentes,

dadas suas particularidades no que diz respeito ao processo de produção dos

espaços. Para refletimos acerca dessa multiplicidade de questões que o Turismo

suscita, devemos voltar nosso olhar para a Geografia do Turismo, campo da Ciência

Geográfica que lida com essa complexidade.

A presente pesquisa encontra-se inserida nos estudos relativos à

problemática socioespacial e ambiental litorânea. A temática concernente a este

estudo geográfico diz respeito à análise das transformações espaciais e suas

implicações socioambientais emergentes no processo de organização do espaço

litorâneo nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, Região Metropolitana de Natal,

situados no Estado do Rio Grande do Norte1, a partir dos anos de 1990, dando uma

maior ênfase à inserção da atividade turística.

O município de Extermoz encontra-se na latitude 5º 42´04´ sul, possui uma

área de 126 Km 2 , equivalente a 0,25% da superfície estadual e uma população,

conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2007), de

21.792 habitantes, distante 25 Km da capital. Seis praias compõem o referido

município, a saber: Redinha Nova, Santa Rita, Genipabu, Barra do Rio, Graçandu e

Pitangui. Na latitude 5º 38´ 04´´sul, localiza-se o município de Ceará-Mirim,

compreendendo uma área de 740 Km 2 , representando 1,37% da superfície estadual

e uma população de 65.450 habitantes, distante 38 Km de Natal. Jacumã, Porto

Mirim e Muriú são as praias que compõem este município. A população total dos

dois municípios é de 87.242 habitantes; dessa soma, estima-se que 10% se

concentram no litoral, correspondendo a aproximadamente 8.725 habitantes (IBGE,

2007).

Os municípios em estudo possuem latitudes baixas, o que proporciona altas

temperaturas durante todas as estações do ano, porém, é válido ressaltar que essa

característica não constitui uma particularidade apenas desses municípios; condiz

com a realidade do litoral potiguar como um todo.

1 Vide Mapa 1.

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15

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Historicamente, o processo de produção dos municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim aconteceram atrelados a atividades pertencentes ao setor primário,

como a agricultura, pecuária e a pesca, responsáveis pelo sustento da maioria da

população local. A carcinicultura é uma outra atividade dos municípios. Ela teve

início no final da década de 1990. No caso específico do município de Ceará-Mirim,

a atividade canavieira foi, durante muito tempo, a responsável por sua dinamização.

Atualmente essa atividade se encontra em menor expressividade, dando lugar ao

cultivo irrigado do mamão, o qual vem sendo produzido principalmente para

exportação.

O Turismo constitui-se na mais recente atividade econômica instalada nos

municípios em evidência; nestes desenvolve-se um processo de ocupação dos

espaços litorâneos, através das instalações de equipamentos e serviços que

propiciam o consumo do espaço Turístico.

O consumo do espaço pelo turismo é intermediado por inúmeras formas de consumo, entre as quais pode-se listar os meios de transporte, de hospedagem e de restauração, o setor de agenciamento da atividade, os serviços bancários, o comércio de bens de consumo de uma maneira geral (CRUZ, 1999, p.3).

Diante do exposto, podemos entender que, ao falarmos em consumo do

espaço pelo turismo, estamos nos referindo ao consumo do meio ambiente existente

naquele espaço como um todo, e isso incluem os ecossistemas, padrões

comportamentais da população local, recursos construídos pelo homem, enfim todo

um conjunto indissociável de elementos que compõem o fazer turístico

(RUSCHAMANN, 2004).

Para que o fazer turístico – inserido na lógica de uma atividade econômica organizada – possa acontecer, faz-se necessária à criação de um sistema de objetos capaz de atender a demanda de ações que lhe é própria (CRUZ, 1999, p.2).

É exatamente o conjunto resultante da sobreposição desses sistemas de

objetos e de ações requeridos pelo uso turístico do espaço que faz do turismo uma

atividade diferente, e que se distingue, portanto, dos demais processos de trabalho

que, anteriormente, eram desenvolvidos, nos municípios acima citados, tomando por

base as atividades agropecuárias (SANTOS, 1994).

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Neste contexto, no âmbito do presente estudo está a análise de que a

instalação da atividade turística na faixa litorânea dos municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim/RN, enquanto inovação econômica, tem provocado transformações

espaciais, socioeconômicas e ambientais no processo de organização do espaço

litorâneo em estudo, sugerindo, portanto, novas relações de trabalho, crescimento

urbano, problemas ambientais como aumento de resíduos sólidos e líquidos,

degradação da cobertura vegetal e contribuição para o aumento da contaminação do

aqüífero.

Neste contexto, para o desenvolvimento desta pesquisa, procederemos ao

estudo do processo de transformação da faixa litorânea dos municípios de Extremoz

e Ceará-Mirim, com base no desdobramento da atividade turística, tendo como

recorte temporal o período de 1997 a 2007, correspondendo ao momento de

importância da intervenção público-privada, que a partir do PRODETUR2, teve a

base para o incremento das suas potencialidades.

Por fim, o objetivo geral constitui-se em analisar o processo de organização

da faixa litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim/RN, tendo por base as

transformações espaciais, bem como implicações socioambientais ocorridas com o

desenvolvimento da atividade turística. Alguns questionamentos são de grande

relevância para nortear esta pesquisa; indaga-se: como ocorre a dinâmica da

atividade turística na faixa litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, em

relação à produção, comercialização e geração de emprego? Quais os impactos

ambientais decorrentes no uso do solo do litoral por esta atividade? Como o poder

público enxerga essa relação que se dá entre a atividade turística e seus impactos

ambientais? Como as populações locais vêem tais ações serem implementadas nos

seus municípios?

Quanto à escolha da área de pesquisa, partiu do interesse em realizar um

estudo sobre a realidade sócio-espacial do litoral dos municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim, área caracterizada por ser detentora de uma problemática complexa

em relação às questões social, econômica, política, cultural e ambiental que,

historicamente teve como dinâmica de produção social, as atividades agropecuárias

2 O Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR) é um setor de crédito para o setor público (Estados e Municípios) que foi criado, tanto para criar situações favoráveis à expansão e melhoria da qualidade da atividade turística na região nordeste, quanto para melhorar a qualidade de vida das populações nas áreas beneficiadas. O programa é financiado pelo BID e tem o Banco do Nordeste como órgão executor.

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e a pesca artesanal3 e que recentemente, tem sido resultado de práticas sociais

atreladas à atividade turística. Destaca-se também como justificativa a implantação

de um complexo turístico que ocupará aproximadamente uma área de 300 hectares,

desse total 60 % da área total do município de Extremoz e 40% do município de

Ceará-Mirim. Além desse fato, existe o desejo de produzir um trabalho de cunho

científico que possa contribuir com a prática dos setores envolvidos com a atividade

turística, no que diz respeito ao desenvolvimento regional, tendo em vista a

escassez de trabalhos científicos na área em estudo. Portanto, o presente trabalho

tem um papel de relevância, posto que produzirá e difundirá conhecimento científico

acerca do objeto de estudo, evidenciando seus problemas, podendo contribuir dessa

forma para minimizar os danos socioambientais.

Para a realização do projeto foram utilizados os seguintes procedimentos

metodológicos: levantamento e leitura da bibliografia pertinente ao tema proposto,

visitas e levantamentos de dados em instituições públicas4. Também fez parte dos

procedimentos metodológicos a realização de entrevistas pessoais obedecendo ao

método de observação direta para efeito quantitativo e qualitativo dos resultados.

Como instrumento de coleta de dados, a pesquisa utilizou um formulário

estruturado denominado questionário.Os roteiros de entrevistas utilizados foram

elaborados a partir dos dados empíricos do campo, através de pesquisas

preliminares, levando em consideração os aspectos de identificação dos indivíduos,

assim como os sociais, econômicos, políticos e ambientais. A realização das

entrevistas se deu com representantes de diferentes segmentos da sociedade local,

bem como da atividade turística, são eles: representantes do setor público estadual

e municipal envolvidos com a atividade turística, comerciantes antigos, população

local e representante da classe política.

Os dados coletados no campo são dados primários, observados sob a técnica

de pesquisa aplicada. Para a realização da pesquisa foi utilizada uma amostra

casual simples totalizando em 400 questionários. O erro máximo da pesquisa sofreu

um erro máximo permissível de 5%, com confiabilidade de 96%.

3 A pesca artesanal foi atividade predominante na região. 4 IBAMA, IDEMA, SEMURB, EMBRATUR, SECTUR-RN, OMT, Prefeitura Municipal de Extremoz e Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim.

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19

Para a apresentação dos dados, através das tabelas e gráficos, foram

utilizadas as técnicas de Estatística Descritiva, sendo feita pela análise descritiva

dos dados à tabulação simples dos dados.

Os softwares utilizados foram: Statistc, para a análise dos dados da pesquisa

(tabulação), Microsoft Excell 2003, para construção dos gráficos e tabelas e o

Microsoft Word 2003 na digitação do trabalho.

Além disso, utilizamos técnicas de georeferenciamento, como dados

complementares para a localização dos empreendimentos da atividade turística,

bem como a caracterização da área na qual os empreendimentos estão instalados,

através dos mapas georeferenciados, fornecidos pelo IDEMA e pelo Departamento

de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, utilizando o programa

Arc gis 3.2.

Outro procedimento adotado neste trabalho está relacionado ao processo de

expansão da atividade turística e sua relação com os impactos ambientais na faixa

litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim. Nesse sentido, foram utilizadas

fotografias e imagens aéreas do local no intuito de percebermos se as mudanças de

ordem espacial ocasionaram implicações socioambientais na área em estudo5. Para

Mendonça (2001), a utilização de fotografias aéreas se constitui hoje numa das mais

importantes ferramentas para o desenvolvimento dos trabalhos do Geógrafo. É um

mecanismo metodológico fundamental para o estudo dos componentes do quadro

físico, assim como permite inúmeras correlações compreendendo assim suas inter-

relações, além da inserção da ação antrópica no jogo de influências que se

processam no espaço.

5 Serão utilizadas fotografias aéreas, correspondentes ao momento anterior e posteriores as implantações da atividade turística, com o objetivo de estabelecer o comparativo composto.

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20

2 RELAÇÃO TURISMO E ESPAÇO

O tema turismo, nas últimas décadas, vem ocupando cada vez mais lugar de

destaque nas pesquisas geográficas; isso se deve em parte pelo fato do turismo se

constituir em uma atividade que interfere de maneira significativa na organização do

espaço geográfico6 e, por conseguinte, pela sua proximidade com o objeto e os

objetivos de estudo da geografia.

Partindo do princípio de que o Turismo é a única prática social e, na sua

essência, consome e produz elementarmente o espaço, constituindo um dos

conceitos-chave da Geografia e que contribui para síntese do que objetiva a Ciência

Geográfica, não poderíamos deixar de suscitar uma discussão acerca da natureza

geográfica da atividade turística, procurando mostrar como ela se encontra

intrinsecamente ligada ao espaço, em específico, ao espaço litorâneo.

O conceito de Turismo é, no léxico da Geografia do Turismo, sem dúvida, o

mais polêmico de todos. O Turismo que, antes de mais nada, é uma prática social,

vem mudando de sentido ao longo da história e cada nova definição consiste em

uma nova tentativa de se conceituar algo que tem, reconhecidamente, uma dinâmica

inquestionável (CRUZ, 2003).

Cruz (2003) chama a atenção ainda, no que diz respeito à definição do

conceito, de que toda ela é sempre carregada de ideologia e exprime, portanto,

alguma forma particular de se ver o mundo, por parte daqueles que criam essas

definições. Diante desse fato, elegemos alguns conceitos, os quais consideramos

importantes, para encaminharmos nossa discussão.

Uma das conceituações mais antigas remonta ao ano de 1911, quando o

economista austríaco Heman Von Schullard definiu o turismo como sendo “[...] a

soma das operações, especialmente as de natureza econômica, diretamente

relacionada com a entrada, permanência, e o deslocamento de estrangeiros para

dentro e para fora do país, cidade ou região”. (AZEVEDO, 1998, p.33).

Ainda de acordo com Azevedo (1998, p. 33), em 1942, os professores suíços

Hunziker e Krapf formularam a seguinte definição para turismo: “É a soma dos

fenômenos das relações resultantes da viagem e da permanência de não residentes, 6 “[...] espaço geográfico, entendido como o resultado da conjugação entre sistemas de objetos e sistemas de ações [...]”. (SANTOS, 1999, p.51)

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na medida em que não leva a residência permanente e não esta relacionada a

nenhuma atividade remuneratória”.

O conceito de turismo, atualmente adotado pela Organização Mundial do

Turismo (OMT) é o desenvolvido por Oscar de La Torre (1992 apud MERIGUE7 ,

p.21) que assim o enunciou:

Turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

Como podemos observar, a OMT considera deslocamento como

característica elementar do turismo, independentemente da razão pela qual motivou;

ou seja, não necessariamente a razão do deslocamento seria o lazer, o que de

acordo com Cruz (2003) vai de encontro com a lógica que rege o planejamento da

atividade, que é a lógica do lazer. Este fato traz polêmicas e distorções quando nos

voltamos para a questão do planejamento, se levar em consideração às estatísticas.

A Organização das Nações Unidas assim o definiu:

[...] Uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como elo de interação entre povos, tanto dentro de um mesmo país como fora dos limites geográficos dos países. Envolve o deslocamento temporários de pessoas para outra Região, país ou continente, visando a satisfação de necessidades outras que não o exercício de uma função remunerada. Para o país receptor, o turismo é uma indústria cujos produtos são consumidos no local formando exportações invisíveis. Os benefícios originários deste fenômeno podem ser verificados na vida econômica, política, cultural e psicossociológico da comunidade. (WAHAB, 1991, p.26).

Fazendo uma análise dos conceitos que buscam definir o turismo, podemos

perceber elementos presentes em suas varias definições, são eles: 1) deslocamento

temporário dos turistas de seu local de residência; 2) atividade que visa satisfações

outras que não o exercício de uma função remunerada; 3) atividade que serve como

elo de interações entre povos; 4) benefícios originários da atividade turística que são

verificados na vida econômica, cultural e política.

7 Ano indisponível no artigo.

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22

Diante do exposto, percebe-se que se trata de conceitos que não dão conta

da complexidade concernente ao Turismo. Tornando-se, portanto, fatores limitantes

no que diz respeito a sua análise. Para Furtado (2005), a grande maioria dos

estudiosos considera o turismo fenômeno econômico gerador de rendas, tal

atividade, no entanto parece ir além desse fato.

Embora o conceito de turismo da OMT seja considerado o oficial e, portanto

julgado mais adequado nos estudos que envolvem o tema, elegemos o conceito de

turismo de Almeida (1999, p. 185):

O turismo se configura como um processo de produção de um complexo de imagens, atores e territórios para que a exploração possa ser efetivada. O turismo ao contrário do que se pensa, não é somente conseqüência natural dos desenvolvimentos tecnológicos de transporte de massa, das comunicações. É também, mais uma forma de exploração planejada, uma estratégia de dominação sobre os países subdesenvolvidos, porém ainda ricos de ecossistemas naturais de interesse turístico.

Podemos verificar que o conceito de Almeida (1999) aponta a complexidade

do tema de forma mais explícita e completa, bem como os conflitos nos quais

perpassam a atividade turística, distinguindo-o dos outros conceitos supracitados.

Entendendo que o conceito de Turismo é complexo, tendo em vista os vários

elementos que o compõem, considerando que não existe ainda uma unanimidade,

dada à dinamicidade pela qual seu contexto esta inserido, partimos, então, para o

conceito de espaço e posteriormente a relação que se dá entre Turismo e espaço a

partir do enfoque da apropriação do espaço de maneira desordenada.

Para Santos (1978), a definição de espaço é árdua, porque a sua tendência é

mudar com o processo histórico, uma vez que o espaço geográfico é também o

espaço social e, portanto fortemente influenciado pela cultura.

No que diz respeito ao processo histórico, Corrêa (1995) divide em quatro

momentos históricos pelos qual a ciência geográfica passou e como o conceito de

espaço foi concebido em cada um. O primeiro momento histórico, no período de

1950 a 1970, refere-se à Geografia tradicional. Nela a abordagem espacial,

associada à localização das atividades dos homens e aos fluxos, era muito

secundária entre os geógrafos. O conceito de espaço não se constitui como conceito

chave, embora se encontre presente nas obras de Ratzel e Hartshorn, neste último

de maneira implícita. O espaço para Ratzel é visto com base indispensável para a

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vida do homem, assim como seu domínio transforma-se em elemento crucial para

sua história.

Nesse contexto, Ratzel desenvolve dois conceitos fundamentais: território e

espaço de vida. O primeiro vincula-se à apropriação de uma porção do espaço por

um determinado grupo, enquanto o segundo expressa as necessidades territoriais

de uma sociedade em função de seu desenvolvimento tecnológico do total de

população e dos recursos naturais. O espaço de Hartshorne aparece como um

receptáculo que apenas contém as coisas, o tempo espaço é empregado no sentido

de área a qual esta relacionada a fenômenos dentro dela, somente aquilo que ela

contém.

Segundo Corrêa (1995), em um segundo momento na Geografia Teorético-

Quantitativa, a qual se adotou a visão da unidade epistemológica da ciência, calcada

nas ciências da natureza, na qual o raciocínio hipotético dedutivo foi o consagrado e

entre os modelos adotados, destacam-se os matemáticos. O espaço aparece, pela

primeira vez, na história do pensamento geográfico, como conceito - chave da

disciplina, sendo considerado sob duas formas: de um lado através da noção de

planície isotrópica e, de outro, representação matricial. Quanto à planície isotrópica,

o ponto de partida para esta análise é uma superfície uniforme, aspectos físicos e

sociais; a variável mais importante é a distância e representações matriciais, sendo

o espaço representado por uma matriz. Para Corrêa (1995), trata-se de uma visão

limitada do espaço, privilegiando em excesso à distância e as contradições. Os

agentes sociais, o tempo e as transformações são inexistentes ou relegadas a um

plano secundário.

Para Corrêa (1995), a concepção de espaço na Geografia Crítica está

fundamentada em teorias marxistas; porém, é a partir da obra de Henri Lefévre

que o espaço aparece efetivamente, entendendo como sendo locus das relações

sociais de produção da sociedade.

Para Santos (1978, p. 122), o espaço deve ser entendido como:

[...] um conjunto de relações realizadas através de funções e de formas que se apresentam como testemunho de uma história escrita por processos do passado e do presente. Isto é, o espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e

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que se manifestam através de processos [tempo e mudança] e funções [papel a ser desempenhado pelo objeto criado].

Ainda neste sentido, de acordo com Santos (1985), o espaço deve ser

analisado a partir de quatro categorias as quais devem ser consideradas em suas

relações dialéticas, são elas: estrutura, processo, função e forma. A forma é o

aspecto visível, arranjo de um ou um conjunto de objetos, formando um padrão

espacial (equipamentos turísticos, por exemplo)8; a função indica o papel a ser

desempenhado pelo objeto criado, o lazer e o trabalho, por exemplo, constituem

algumas das funções associadas aos equipamentos turísticos.

Uma outra categoria de análise do espaço é a estrutura que diz respeito à

natureza social e econômica de uma sociedade num dado momento do tempo.

Dessa forma podemos perceber que, ao inserirmos forma e função na estrutura

social, poderemos captar a natureza histórica do espaço. Finalmente, o processo:

definido como uma ação que se realiza de modo contínuo, visando a um resultado,

implicando tempo e mudança, ocorrendo no âmbito de uma estrutura social e

econômica e resultam das contradições internas das mesmas.

E por fim, não poderíamos deixar de mencionar como o espaço foi abordado

pelos geógrafos humanistas e culturais. Calcada na fenomenologia e no

existencialismo, a Geografia Humanística está assentada na subjetividade, na

intuição, nos sentimentos, na experiência, no simbolismo e na contingência;

privilegiando o singular e não o particular ou o universal; ela tem na compreensão a

base de inteligibilidade do mundo real. O lugar aparece como conceito-chave, e o

espaço passa a ser concebido como espaço-vivido, sendo ele uma experiência

contínua, egocêntrica e social. Aspectos como crença, cultura e sobrevivência são

objetos de estudo desta visão, as quais estão vinculadas à Geografia Francesa

vidaliana, a Psicologia Genética de Piaget, Sociologia e Psicanálise com Bachelard

e Rimbert (CORREA, 1995).

Ainda que tratemos de questões que trazem em sua essência assuntos

abordados pelo espaço concebido pelos geógrafos humanistas e culturais, como

cultura, costumes das comunidades receptoras da atividade turística, sensações

8 Entende-se por equipamentos turístico, o conjunto de elementos, ou objetos inseridos no espaço que serão responsáveis pela dinamização da atividade turística, podemos citar como exemplos: as pousadas, hotéis, equipamentos de lazer, restaurantes, quiosques, entre outros.

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como sentimentos de prazer, de inveja, de ressentimento, entre outros, não as

teremos como base para a discussão do nosso objeto de estudo.

É mister pensar a relação entre Turismo e espaço, uma vez que a dinâmica

desta atividade se dá, entre outros fatores, através da apropriação dos espaços

pela prática social do Turismo. Este, assim como outras atividades, introduz no

espaço objetos que possibilitem seu desenvolvimento, assim como se incorpora de

outros pré-existentes que terão conseqüentemente mudanças em suas funções

Parciais ou totais.

Cruz (2003) destaca que a intensificação do uso turístico de dada porção do

espaço geográfico leva a introdução, multiplicação e, em geral, concentração

espacial de objetos cuja função é dada pelo desenvolvimento da atividade. Entre

esses objetos destacam-se os meios de hospedagem, os equipamentos de

restauração de prestação de serviços e infra-estrutura de lazer.

Ao longo da literatura que trata da relação Turismo e espaço, é possível

encontrar uma série de termos e conceitos, dentre eles iremos dar destaque ao

conceito mais amplamente utilizado na literatura geográfica sobre o Turismo, o

espaço turístico.

Segundo a OMT, o espaço turístico é um determinado lugar geográfico no

qual acontece a oferta turística9 e de onde flui a demanda10.

O espaço turístico é, antes de tudo, um espaço geográfico e, portanto,

constitui um produto social em permanente processo de transformação.

(SANTOS,1985).

Santos (1999, p.77), afirma:

[...] todo e qualquer momento histórico se firma com um elenco correspondente de técnicas que o caracterizam e com um novo arranjo de objetos que responde ao surgimento de cada novo sistema de técnicas [...] que se dá em função das novas exigências da sociedade [...] e que a evolução que marca as etapas do processo do trabalho e das relações sociais marca também, as mudanças verificadas no espaço geográfico tanto morfologicamente quanto do ponto de vista das funções e dos processos.

9 De acordo com Organização Mundial do Turismo (OMT), oferta turística é composta por um conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidas atuando na experiência da atividade em questão. 10 Para a Organização Mundial do Turismo (OMT), demanda constitui um conjunto de consumi dores - ou possíveis consumidores – de bens e serviços turísticos.

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Essa mudança verificada no espaço geográfico, mais especificamente no

espaço litorâneo, quer seja do ponto de vista morfológico, quer seja do ponto de

vista das funções e dos processos que se dão a partir da dinâmica da atividade

turística, é marcada por conflitos e contradições que se revelarão através de suas

marcas expostas na paisagem, são elas: ocupação desordenada, segregação social

e espacial e degradação ambiental referentes à atividade em estudo.

“O turismo no litoral é a forma mais comum e diferencial do desenvolvimento

turístico; é lá que se gera a maior parte dos movimentos turísticos internacionais, de

maneira que o litoral é o principal espaço de destino em muitos países”.

(PALOMEQUE, 2001 p.90). O litoral nordestino se caracteriza, principalmente, por

seu potencial paisagístico peculiar graças a fatores naturais como sua localização

geográfica, sol tropical, clima agradável durante praticamente todo o ano,

encontrando, em seu litoral, as dunas, as praias, lagoas, falésias, coqueirais,

representando um grande potencial a ser explorado pela atividade turística.

No espaço litorâneo dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, podem ser

identificadas três tipos de ocupação: a primeira mantida pela própria comunidade

litorânea: a segunda é decorrente da ocupação de segundas residências para

veraneio e finais de semana; a terceira ocupação se dá pela atividade turística

através da inserção de equipamentos turísticos, que são responsáveis pela sua

dinamização.

Atrelado a essas peculiaridades, encontra-se um ambiente extremamente

frágil, do ponto de vista ambiental, o que requer planejamento no processo de

ocupação de seu espaço. No entanto, o que se verifica na faixa litorânea dos

municípios de Extremoz e Ceará-Mirim é um processo de ocupação do espaço feito

de forma desordenada, sem o acompanhamento de infra-estrutura adequada para

receber tal atividade, sem obedecer a uma diretriz ou plano específico e sem estar

integrada a um plano de desenvolvimento econômico que esteja compatível com as

questões socioambientais as quais não se percebe maiores preocupações. Vale

ressaltar que os planos diretores dos municípios em estudo se encontram ainda em

fase de revisão, o que de fato se constitui um problema, pois na ausência dos

mesmos, a população local é a principal prejudicada.

Ainda nesse sentido, Mendonça e Irving (2006, p. 13) entendem que:

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Para se pensar o desenvolvimento de um segmento da economia global, comprometido com as questões sociais e ambientais e, baseado em princípios éticos, o turismo deve partir da premissa que nem a conservação dos recursos naturais, nem os lucros empresariais devem desrespeitar as populações locais ou impedir o seu acesso aos benefícios gerados pelo seu desenvolvimento. Pode-se considerar, desta forma, que estratégias de planejamento turístico que neguem direitos e possibilidades às comunidades receptoras são destrutivas e ilegais.

O plano diretor também se constitui num importante instrumento da política de

desenvolvimento de um município; sua principal finalidade é orientar a atuação do

poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços, podendo contribuir,

dessa forma, para um desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e

um meio ambiente equilibrado, propondo soluções para uma melhor qualidade de

vida para a população local.

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3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA EM ESTUDO

O processo de ocupação e organização do espaço litorâneo do Estado do Rio

Grande do Norte, ao longo da história, apresenta-se atrelado as suas atividades

econômicas e à utilização de recursos naturais existentes. No espaço litorâneo dos

municípios de Extremoz e Ceará-Mirim não foi diferente.

A historiografia sobre a organização do espaço da área litorânea desses

municípios tem contemplado ações de transformação da natureza ocasionadas pelo

desenvolvimento da agricultura, pecuária e pesca, associadas à cultura alimentar

tradicional (feijão, mandioca, milho, entre outros).

Enquanto houve o predomínio das atividades econômicas de natureza rural,

ligadas ao setor primário da economia, a ocupação da faixa litorânea obedeceu às

condições naturais do ambiente. O mar, o conjunto relevo e tipo de solo, os

estuários, rios, riachos e lagoas eram determinantes para escolha de locais onde se

estabeleceriam os núcleos populacionais (MARCELINO, 1999).

Ainda nesse contexto, Marcelino afirma que:

Os primeiros habitantes da área resguardavam os seus assentamentos – núcleos de pescadores – em regiões protegidas do vento e do risco de soterramento pela migração das areias eólicas, que formam as dunas móveis. Havia também a preferência por ocupar áreas próximas a abastecimento d`água, em terraços costeiros protegidos de inundações marítimas ou fluviais. (MARCELINO, 1999, p.45).

O espaço litorâneo dos municipios de Extremoz e Ceará-Mirim teve sua

organização espacial atrelada a atividades produtivas predominantemente rurais,

limitando-se ao desenvolvimento de atividades econômicas de pequena magnitude

comercial, como por exemplo, a pesca artesanal e a agricultura de subsistência, a

pecuária. Essas atividades apresentam reduzida produção e comercialização

externa, porém são de grande importância para a população local. O município de

Ceará-Mirim, contudo, distingue-se um pouco do município de Extremoz, pelo fato

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de ter como elemento responsável pela dinamização de sua economia a cana-de-

açúcar, considerada uma atividade de grande magnitude11.

Quanto ao valor comercial que a cana-de-açúcar agrega, verificou-se que sua

valorização se originou em um contexto da crise do Petróleo mundial em 1973,

época em que foi estimulada a produção do álcool para servir de combustível,

aumentando assim a área dos canaviais; dentre elas, a do município de Ceará-Mirim

(LIMA, 2003).

De acordo com a Secretaria de Agricultura12 do referido município, até o ano

de 1995, a atividade canavieira era o expoente da economia, constituindo-se a

principal fonte de renda dos trabalhadores. O município possuía mais de setenta

engenhos e usinas, sendo duas usinas principais: a Usina São Francisco,

responsável pela produção de álcool e açúcar e a Destilaria Agromar, que produzia

apenas álcool. Porém, após o período citado, houve uma queda da cultura

canavieira, fato atrelado à crise do PROALCOOL. Como conseqüências, a Usina

Agromar fechou e, a Usina São Francisco, a partir de 2002, vem produzindo apenas

álcool, o que implicou em uma redução do número de trabalhadores. Atualmente o

município vem investindo na fruticultura irrigada, em específico no cultivo do mamão,

contribuindo para o crescimento da economia local.

No que diz respeito à atividade pecuária dos municípios em estudo é

considerado um setor de pouca representatividade, ou seja, é uma atividade

complementar sem fins comerciais. Quanto à produção leiteira, podemos afirmar que

é responsável apenas pelo abastecimento interno.

Uma outra atividade econômica presente na realidade dos municípios é a

carcinicultura, embora tenha se iniciado nos anos 70 no nosso Estado, com a

implementação do Projeto Camarão, criado pelo Governo do Estado, tendo certa

representatividade nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim há cinco anos;

contudo é considerada atualmente uma atividade pouco expressiva. Esse fato se

deve à concorrência com o mercado exterior e a crise do dólar.

É válido ressaltar que, apesar de todas as atividades mencionadas,

responsáveis pelo processo de organização dos referidos municípios, tais mudanças

não foram significativas no que diz respeito as suas áreas litorâneas, sendo a pesca

11 Características naturais, como o tipo de solo e o clima, propiciaram o cultivo em larga escala, assim como pelo valor comercial que o produto agrega. 12 Entrevista informal.

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a atividade predominante, embora seja inexpressiva, tendo em vista o uso de

técnicas artesanais, permitindo portanto a manutenção da paisagem natural, sendo

marcada principalmente por coqueirais e pela cobertura vegetal característica da

Mata Atlântica e da Mata Ciliar, as quais recobriam a formação dunar e as vertentes

dos corpos d’água.

O processo de urbanização da região litorânea foi se dando de forma

relativamente lenta, a partir da existência de pequenos aglomerados com economia

artesanal de pequena magnitude e um pequeno comércio limitado de bens de

consumo. Quanto ao parcelamento do solo com fins de loteamento, iniciou-se a

partir da década de 80, de forma incipiente a princípio, passando a se dar de forma

contínua com o passar dos anos, destinando-se em um primeiro momento a

construções de segundas residências para veraneio das classes média e alta da

sociedade natalense.

Nos últimos anos, um novo cenário econômico vem se expandindo no espaço

litorâneo dos municípios de Extremoz e Ceará - Mirim. A presença de serviços como

restaurantes, hotéis, pousadas, equipamentos de lazer, comércio, investimentos de

capital público na ampliação de infra-estrutura básica, investimento de capital do

setor privado em atividades produtivas, destacando-se o turismo, esses entre outros

vem fazendo parte da nova configuração espacial dessa faixa litorânea.

Casseti (1991, p. 20) afirma que “uma nova estrutura sócio-econômica

implantada em uma região implica em uma nova organização do espaço, que por

sua vez modifica as condições ambientais anteriores”. Cruz (1999, p. 6), ao discorrer

sobre o processo de transformação do espaço em que a atividade turística se insere

entende que:

A nova organização sócio-espacial imposta pelo turismo não tem apenas uma conotação de “novidade”. Ela implica mudanças, transformações, adaptações, novas relações, novos sentidos na vida de quem vive nesses lugares.

Ainda no que diz respeito ao processo de transformação do espaço pela

atividade, Furtado (2005, p. 22), ressalta que:

[...] as alterações que acontecem nesses lugares afetam paradoxalmente a população residente: se, de um lado, o turismo é um potencial gerador de postos de trabalho e conseqüente ativador

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das economias, por outro, se constitui em um forte mecanismo de exclusão sócio-espacial.

Sendo assim, é preciso refletir sobre a forma de ocupação, produção e

transformação do espaço litorâneo concebido pelos gestores dos municípios da área

em estudo, buscando evidenciar seus problemas.

Situados no litoral oriental do Estado, os municípios de Extremoz e Ceará-

Mirim concentram equipamentos e serviços de apoio ao turismo, interesses público e

privado em investir na área através da implantação de empreendimentos e estão

entre os municípios que recebem destinação de investimentos dos recursos do

Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste

PRODETUR/RN e “[...] constituem o conjunto de municípios considerados o principal

destino turístico potiguar” (FONSECA, 2005, p.107). Diante desse fato podemos

perceber que se trata de uma área representativa do ponto de vista do Turismo,

havendo, portanto, uma maior demanda e, conseqüentemente, maiores implicações

tanto ambientais quanto sociais.

Quanto à caracterização física, os municípios enfocados possuem certa

similaridade no que diz respeito ao clima, formação vegetal, solos, relevo, formação

geológica e recursos hídricos. O tipo de clima é o tropical chuvoso com verão seco,

temperaturas médias anuais variando entre 21,0 ºC e 30,0 ºC. Quanto à vegetação,

a área caracteriza-se pela formação de Tabuleiro Litorâneo, Manguezal e Floresta

Subcaducifólia. Em relação ao solo, predominam áreas de Neossolos

Quartzarênicos Distróficos; em menor proporção, Latossolo Amarelo Distrófico e

Gleyssolo. O relevo caracteriza-se por possuir menos de cem (100) metros de

altitude, são eles: Tabuleiros Costeiros, Planícies Fluviais e Planícies Costeiras. No

que diz respeito à formação geológica, os municípios estão inseridos,

principalmente, na área de abrangência da Formação Barreiras, com idade do

Terciário Superior, predominando arenitos finos e médios, ou conglomeráticos com

intercalação de siltitos e argilitos, dominantemente associados a sistemas fluviais,

inconsolidades e mal selecionados. As rochas da Formação Barreiras estão

recobertas localmente por extensas coberturas arenosas coluviais e aluviais

indiferenciadas, que formam solos altamente permeáveis e lixiviados. Próximo ao

litoral e recobrindo toda a seqüência estão as Dunas Fixas ou subjacentes, com

idade do período Quaternário, formadas por areias bem selecionadas, amareladas e

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inconsolidadas de origem marinha que foram transportadas com a ação dos ventos

(eólica), formando “cordões alongados”, atualmente fixados por vegetação.

Acompanhando a faixa litorânea, encontram-se depósitos de praias também

de origem marinha remodeladas pelo vento; são compostos de areias finas e

grossas, com níveis de cascalho, associadas às praias e dunas móveis; arenitos e

conglomerados com cimento carbonático, formando os arrecifes de arenitos ou

beach rocks. Todos esses fatores conjugados contribuem para um ambiente

propício: a expansão da atividade turística.

Os principais atrativos turísticos da área em estudo são: Aquário Natal,

passeios pelas dunas de dromedários, buggys e jegues. Visitas às lojinhas com

produtos artesanais. Refrescar-se nas lagoas e cachoeiras, passeios de caiaque na

praia de Pitangui, travessia de balsa na praia da Barra do Rio e descidas radicais

no“aerobunda”

No que concerne à infra-estrutura turística da faixa litorânea dos municípios

de Extremoz e Ceará-Mirim, os equipamentos são considerados de pequeno e

médio porte, localizam-se em sua maioria na faixa litorânea e são distribuídos entre

as praias da Redinha Nova a Muriú (vide quadro 1).

Nome fantasia Localidade Tipo de estabelecimento

Hotel Atlântico Norte Redinha Nova Hotel

Condomínio Varandas Redinha Nova -----------

Chalés Oásis da Redinha Redinha Nova Chalés

Miramar Apart Hotel Redinha Nova Hotel

Pousada Entre Mares Redinha Nova Pousada

Pousada Felicidade/ Resort Santa Rita Pousada / Resort

Genipabu Hotel Genipabu Hotel

Hotel Aldeia Genipabu Hotel

Vila do Sol Hotel Genipabu Hotel

Hotel Casa de Jenipabu Genipabu Hotel

Palm Beach Genipabu Pousada

Pousada Soleil Genipabu Pousada

Chalés Genipabu Genipabu Chalés

Pousadas 3 Coqueiros Genipabu Pousada

Pousada Caminho das dunas Genipabu Pousada

Pousada Beira Mar Genipabu Pousada

Pousada Praia de Genipabu Genipabu Pousada

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33

Posada Raio do Sol Genipabu Pousada

Hotel Pousada Dunas de Genipabu Genipabu Hotel

Hotel Atlântico Norte Redinha Nova Hotel

Condomínio Varandas Beira Mar Redinha Nova Chalés

Chalés Oásis da Redinha Redinha Nova Chalés

Miramar Apart Hotel Redinha Nova Hotel

Pousadas Entre Mares Redinha Nova Pousada

Pousada Felicidade Resort Santa Rita Pousada

Muriú By Pousada e Restaurante Porto Mirim Pousada

Pargos Clube do Brasil Porto Mirim Pousada

Pousada Algarve Muriú Pousada

Charles Porto Mirim Porto Mirim Pousada

Estrela de Davi Quiosque Muriu Quiosque

Pargos Clube do Brasil Jacumã Restaurante

Barraca Estrela do Mar Muriú Restaurante

Barraca Atlântica Muriú Restaurante

Barraca Muriu Muriu Restaurante

Golfinho Azul Muriu Restaurante

Mirante de Muriu Muriu Restaurante

Muriu By Pousada e Restaurante Muriu Restaurante

Brisa Mar Muriu Restaurante

Muriart Muriu Quiosque

Bar do Posto Muriu Bar/Restaurante

Bar da Sandra Muriu Restaurante

Sal e Mar Muriu Restaurante

Restaurante Estrela Guia Bar Jacumã Restaurante

Barraca Estrela do mar Quiosque Jacmã Restaurente

Restaurante Naf Naf Jacumã Restaurante

Restaurante Jacumã Jacumã Restaurante

Miramar Restaurante Porto Mirim Restaurante

Water Park do Nordeste Muriú Clube

Portugalia Ilmo Pesca e Bar Porto Mirim Clube

Santa Mônica Parque das Águas Porto Mirim Clube Quadro 1 – Relação dos equipamentos de hospedagem e restauração da atividade turística nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim/RN. Fonte: Secretaria de Turismo do RN – SETUR, Secretaria de Turismo do Município de Ceará-Mirim e amostra da pesquisa em campo.

Investigando as datas de inauguração dos equipamentos turísticos na tabela

supracitada, observou-se que há uma variação de 1980 a 2006, verificando-se um

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crescimento significativo a partir de 2001, mas especificamente em 2004, fato esse

que se explica a partir da política do PRODETUR.

Por meio de investigações empíricas, realizadas na área em estudo, no mês

de fevereiro de 2006, percebeu-se que, em períodos anteriores, a pesca e o

artesanato se constituíam nas únicas e principais fontes de renda para a maioria da

população litorânea. Com a inserção do turismo, atividade que tem como uma de

suas características proporcionar uma diversidade de serviços, tem-se observado

uma maior dinamização local. Quanto aos empregos gerados, não existem dados

concretos dispostos nos órgãos competentes, porém, de acordo com as Secretarias

de Turismo dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, houve uma melhoria na

quantidade e qualidade dos serviços, embora a área ainda esteja carente quanto à

parte de infra-estrutura. Calcula-se, também, que aproximadamente 50 % da

população informal litorânea vêm sendo empregada. Porém trata-se de uma relação

de produção que ainda se desenvolve com uma lógica própria, isso se deve ao fato

de que a maioria da população envolvida com a atividade turística possui baixo grau

de escolaridade, não recebe apoio do poder público local, nem dos gestores

envolvidos com a atividade turística, tornando, portanto, uma relação de produção

que nem sempre se torna coerente com a essência da lógica capitalista que

pressupõe um modelo mais organizado no que diz respeito à produção de renda.

A área litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará - Mirim é marcada por

inúmeros problemas, dentre eles: população com baixa renda, construções de obras

públicas em locais inadequados13, pouco acesso a serviços públicos (saúde,

segurança, educação e etc.), ausência de saneamento básico e de estação de

tratamento de esgoto (ETE), destinação final do lixo em pequenos lixões e uso de

materiais para construção civil.

Nunes (2000, p. 51), referindo-se aos esgotos, observa:

[...] parte dos esgotos, com excrementos humanos, dos municípios de Extremoz e Ceará - Mirim/RN, são lançados em fossas e sumidouros, refletidos diretamente no comprometimento do lençol freático ou aqüífero subterrâneo com coliformes fecais que mais tarde através de reações químicas se transformarão em nitritos e nitratos. [...] 70 % da água consumida da Região da Grande Natal provém de aqüíferos subterrâneos onde a área em estudo esta inserida.

13 Áreas de dunas.

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35

Do ponto de vista da saúde, salienta Nunes (2000, p. 55): “A água

contaminada acarreta inúmeras doenças, entre elas: diarréias infantis, febre, tifóide,

cólera e verminoses diversas.”

Quanto ao lixo urbano e ao seu destino final, o município de Ceará-Mirim

produz em média 30 ton/dia e Extremoz 20 ton/dia, que juntos produzem

aproximadamente 50 ton/dia (NUNES, 2002). Quanto ao seu destino, atualmente o

município de Ceará - Mirim conta com um aterro sanitário construído em seu

território para destinação de resíduos sólidos. Porém, esse fato não condiz com a

realidade do município de Extremoz. De acordo com o Secretario do Meio Ambiente,

toda deposição de seus resíduos sólidos vai para um lixão, localizado em seu

território, numa área de relevo plano aberto para deposição de lixo do município

próximo à praia de Jenipabu. Todos esses fatores mencionados, além de indicar

uma má qualidade de vida da população local, não são condizentes com o

desenvolvimento do Turismo.

Nunes (2000), estudando a Região da Grande Natal, elaborou uma Carta

Geo-ambiental da Grande Natal (vide mapa 4), que identifica e aponta áreas de uso

restrito, inadequado e adequado, cuja finalidade é fazer um melhor aproveitamento

do espaço geográfico, respeitando-se a capacidade de uso, produção e limitação de

cada domínio. Neste sentido, a carta faz referência à área de estudo, classificando-

a, de uso restrito e inadequado a aterros sanitários, cemitérios, fossas sépticas,

lagoas de efluentes industriais e domésticos, estradas e edificações, mecanização

agrícola, obras enterradas e material para construção civil, como areia e argila.14

14 Vide Mapa 2

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Mapa 2: Carta Geo-ambiental da Grande Natal. Fonte: Nunes (2000, p.119)

� Os municípios de Extremoz e Ceará

- Mirim estão classificados na carta

geo-ambiental, em áreas de uso

restrito e inadequado para: aterros

sanitários, cemitérios, fossas

sépticas, lagoas de efluentes

industriais e domésticos, estradas e

edificações, mecanização agrícola e

material para construção civil.

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37

No que tange às políticas ambientais voltadas para os municípios, percebe-se

uma grande fragilidade na administração pública bem como dificuldades em as gerir.

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente de Extremoz, atualmente a mesma não

possui projetos de proteção ou manutenção dos espaços naturais efetivados, todos

se encontram em fase de elaboração ou em andamento; também não há uma

política ambiental definida. Fato semelhante se verifica no município de Ceará-Mirim

que, embora possua uma política ambiental definida, que está preceituada na lei

municipal Nº 1.459/2005 de 16 de dezembro de 2005 conforme preceitua o art. 225

da Constituição Federal e art. 98 da Lei Orgânica do município e de outras

providências, está presente apenas no papel pois, na prática, nada foi aplicado.

Quanto aos projetos, a situação é semelhante a do município de Extremoz, não

existe ainda um projeto ambiental definido, todos ainda estão em fase de

elaboração.

Vale ressaltar um fator preponderante que vem contribuindo para grandes

modificações na especificidade da paisagem assim como no conjunto das relações

sociais e econômicas da região litorânea. Esse fator diz respeito a uma construção

de grande porte, que é a ponte Newton Navarro, a qual já se encontra concluída.

Trata-se da nova ponte, que liga os bairros de Santos Reis e Redinha: a Ponte

Newton Navarro15, que tem como principal objetivo, dentre outros, dinamizar o

Turismo para o Litoral Norte, o que vem sendo, adicionalmente, um fator contribuinte

para o crescimento econômico dos municípios, tendo em vista aumento da procura

de imóveis e terrenos a partir do início de sua construção.

Fotografia 1 – Ponte Newton Navarro.Fonte: Andréa Hart (ABR/2007)

15 Vide Fotografia 1.

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38

Nesse contexto, Nascimento (2005, p. 15) ao fazer uma análise acerca da

inserção de um empreendimento de grande porte, em uma determinada área,

afirma:

[...] acarreta consigo mudanças tanto a nível da morfologia urbana quanto ao nível do cotidiano das pessoas ali presentes. Essa inserção desse instrumento condiciona um processo de reestruturação, visto que vai alterar tanto estruturas físicas quanto sociais a nível parcial ou total.

Ainda de acordo com Nascimento (2005, p. 27): “A ponte Newton Navarro

pode ser considerada como um empreendimento causador de grande impacto”. O

Plano Diretor de Natal em seu capítulo IV, art 35 ressalta:

Empreendimentos de impactos são aqueles públicos ou privados que quando implantados, venham a sobrecarregar a infra-estrutura urbana ou, ainda que tenha uma repercussão ambiental significativa, provocando alterações nos padrões funcionais e urbanístico da vizinhança ou do espaço natural circundante (NASCIMENTO, 2005, p.27).

De acordo com o senhor Antônio Marinho, supervisor geral da imobiliária

Marinho Imóveis, localizada no bairro da Redinha Velha, que funciona a trinta e

quatro anos, sendo, portanto, a mais antiga imobiliária da Região, há existência de

um maior interesse pela área, pois a procura por terrenos e imóveis durante os

últimos cinco anos tem aumentado, porém, no último ano, verifica-se uma maior

intensificação, com a construção da Ponte Newton Navarro (informação verbal)16. De

acordo com o supervisor, os Europeus são os maiores interessados, mais

especificamente portugueses e italianos.

Segundo informações dos Secretários Municipais de Tributação dos

municípios de Extremoz e Ceará-Mirim/RN, o recolhimento dos Impostos sobre

Circulação de Mercadoria de Serviços – ICMS, Imposto sobre Serviço – ISS e o

IPTU, dos municípios em foco tem crescido nos últimos cinco anos, sendo mais

evidente esse crescimento no último ano, o que vem fazendo a diferença na receita

dos municípios. Ainda de acordo com a Secretária de infra-estrutura, em 2001

contabilizavam-se vinte dois mil imóveis, após o ultimo recadastramento realizado

16 Entrevista informal com o Senhor Marinho, sobre a procura por imóveis após o início da construção da ponte Forte-Redinha, em Natal, em junho de 2006.

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39

em 2006 no município de Extremoz. Esse valor aumentou para 49.800, ou seja, em

um recorte temporal de cinco anos observou-se um aumento em termos de

percentual de 118%; acredita-se que esse crescimento esteja atrelado à atividade

turística. Marcelino (1999, p. 51) em sua pesquisa fez a seguinte colocação:

Os acessos viários aos núcleos populacionais são asfaltados, o que facilita o surgimento contínuo de novas construções. Mesmo assim, ainda se mantém a característica de horizontalidade na ocupação, quase não existindo edificações de mais de três pavimentos (a exceção é um edifício na praia de Jenipabu, construído na década de 80). Portanto é possível se descortinar a paisagem característica do lugar, por não haver maiores interferências na visualização do relevo dunar, composto pelo branco de areias e o verde da vegetação que fixa as partes mais elevadas do terreno ondulado.

Através de informações do setor de infra-estrutura, do Programa de

Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR), pode-se firmar que o novo

Pólo de investimento será o litoral norte, pois se trata de uma área que se enquadra

na atual tendência da atividade, tendo em vista que os turistas e investidores da

área de turismo buscam lugares tranqüilos, que ainda preservem em sua estrutura

características naturais e culturais, por tratar-se de um turismo diferenciado, o qual

necessita de grandes áreas.

Ratificando este fato, em 27 de fevereiro de 2005, foi publicada uma

reportagem no Jornal Tribuna do Norte em que Porpino (2005) ressalta o aumento

de investimentos no Estado por grupos estrangeiros, havendo pelo menos

dezessete grandes empreendimentos de grupos europeus em andamento no litoral

oriental norte, dos quais cinco se encontram na faixa litorânea dos municípios de

Extremoz e Ceará - Mirim/ RN, apontando ainda que estrangeiros buscam uma

cidade pequena, provinciana, tranqüila e com baixo custo de vida. Vale salientar

que, em uma entrevista realizada recentemente, no mês de setembro de 2007 com a

secretária de infra-estrutura de Extremoz, esse número de empreendimentos não

condiz mais com a atual realidade, tendo em vista que, apenas na faixa litorânea do

respectivo município, foram aprovados e estão em processo de construção 17 novos

hotéis.

Diante do exposto, não há dúvidas que o Turismo se constitui numa atividade

relevante nos dois municípios, que trazem o tema em suas leis orgânicas.

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A Lei orgânica do município de Extremoz (1990, p.7) enfatiza em seu capítulo

V, artigo 17, inciso IX, que é preciso “zelar pela preservação do patrimônio histórico,

cultural, artístico, paisagístico e turístico, observadas a legislação e a ação

fiscalizadora estadual e federal”. A lei orgânica do município de Ceará-Mirim (1990,

p. 39), em seu capítulo X, artigo 121, ressalta: “o município promove e incentiva o

turismo, fator de desenvolvimento econômico e social, como atividade prioritária,

tendo como princípio de sua exploração, a preservação ecológica e proteção ao

meio ambiente”.

No entanto o que se verifica é uma grande disparidade entre o que está

escrito nas leis orgânicas e a prática. Para Ruschmann (2005), encontrar o equilíbrio

entre os interesses econômicos que o Turismo estimula e o seu desenvolvimento

planejado, que preserve o meio ambiente, não é tarefa fácil, principalmente porque o

controle da atividade depende de critérios, valores subjetivos de uma política

ambiental e turística adequada que ainda não se encontra em nosso país nem em

outros países.

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4 DO TURISMO DE PASSAGEM AO DESENVOLVIMENTO

A proposta deste capítulo é fazer uma análise teórica empírica do Turismo

nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim. Para isso estamos partindo do

pressuposto de que a atividade turística, não vista apenas como uma atividade

econômica, mas, acima de tudo, enquanto prática social, pode ser implementada

como uma das alternativas propulsoras de desenvolvimento na área em estudo,

desde que seja realizada com seriedade, e que a melhoria da qualidade de vida da

sociedade seja um compromisso prioritário no contexto das chamadas políticas

públicas e isso inclui, dentro desse mesmo contexto de desenvolvimento da

atividade turística, o planejamento como elemento fundamental e indispensável.

Na primeira parte buscaremos apresentar como a atividade turística acontece

nos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim/RN; num segundo momento

desenvolveremos esforços na tentativa de refletir sobre a relação entre a atividade

turística, em sua situação atual, nos referidos municípios, com a proposta do

conceito de desenvolvimento na perspectiva do desenvolvimento socioespacial

sustentável.

Ao falarmos em Turismo no município de Ceará-Mirim, podemos dividi-lo em

itinerários: no primeiro, é o turismo mais interiorano, realizado na sede do município,

é o que se chama de turismo pedagógico, que em sua maioria é realizado por

instituições de ensino que têm como público-alvo, estudantes e pesquisadores, que

saem dos mais diversos municípios para vivenciar o contexto histórico do município,

onde os engenhos são os principais pontos de atração. Suas vindas são conduzidas

em sua maioria por ônibus alugados ou trens. No que diz respeito à recepção, esta é

realizada por jovens guias de turismo, os quais são frutos de um convênio com o

Governo do Estado, Banco do Nordeste e prefeituras que fazem parte do pólo Costa

das Dunas.

O segundo itinerário consiste no litoral, é ali que há a maior demanda de

turistas, assim como uma maior concentração em termos de infra-estrutura. De

acordo com a Secretaria de Turismo do referido município, a vinda dos turistas é

viabilizada por agências operadoras, localizadas em Natal, as quais conduzem seus

passeios, em sua maioria, por meio de buggys ou ônibus que são credenciados pelo

Estado. Os principais pontos de atração no litoral do município de Ceará-Mirim são

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os restaurantes, Miramar, Jacumã, e Naff Naff17. A Lagoa de Jacumã e o Pargos

Clube do Brasil também constituem num dos principais pontos de visita.

Já no município de Extremoz, de acordo com a Secretaria de Turismo, a

atividade ocorre predominantemente no litoral. A vinda dos turistas, assim como no

município de Ceará-Mirim, é viabilizada por agências operadoras localizadas em

Natal; buggys e ônibus constituem os principais meios locomotores dos passeios. O

percurso tem início na Redinha, lá se encontra o Aquário Natal18, cujo grande

atrativo são as espécies de animais, tais como: tubarão, moréias, peixes de corais,

cavalos marinhos e pingüins; em seguida a praia de Santa Rita onde a emoção do

passeio consiste em ver as praias de Redinha e Genipabu, do alto das dunas; Em

seguida há a praia de Jenipabu, que de acordo com a Secretaria de Turismo, é

considerada o ícone do turismo potiguar, constituindo-se em um dos pontos

turísticos mais procurados. Lá existe o passeio de bugre nas dunas19, ski bunda20, o

passeio de dromedários21 e jegues também em cima das dunas; ainda em Jenipabu,

há os passeios de jangadas, de cavalos22, presença de barzinhos e lojas de

artesanato23. Continuando pela orla litorânea, o próximo ponto turístico é a travessia

de balsa na Barra do Rio, na foz do Rio Ceará - Mirim, em seguida tem a praia de

Graçandu, com lagoas naturais. Na praia de Pitangui um dos pontos turísticos mais

visitados é a Lagoa de Pitangui.24

17 Vide fotografia 2. 18 Vide fotografia3. 19 Vide fotografia 4. 20 Passeio que se realiza através do deslizamento nos morros de areias em cima de pranchas de madeira até o mar. 21 Vide fotografia 5. 22 Vide fotografia 6. 23 Vide fotografia 7. 24 Vide Fotografia 8.

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Fotografia 2 – Restaurante Naff Naff - praia de Jacumã. Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)

Fotografia 3 – Aquário Natal localizado na praia da Redinha Nova. Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)

Fotografia 4 – Passeio de bugre em cima das dunas. Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)

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Fotografia 5 – Passeio de dromedário. Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)

Fotografia 6 – Passeio de cavalo. Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)

Fotografia 7 – Lagoa de Pitangui. Fonte: Aureliano Nóbrega (JAN/2007)

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Fotografia 8 – Lojas de artesanato na praia de Jenipabu. Fonte: Idiana Soares (ABR/2007)

Trata-se de uma área rica em belezas naturais, fator fundamental de atração

turística, no entanto essa beleza esta associada a inúmeros problemas os quais

constituem barreiras para a promoção do desenvolvimento da atividade bem como

da comunidade local.

Os municípios de Extremoz e Ceará-Mirim não fogem às características

comuns das várias cidades que compõem as regiões do nordeste brasileiro, onde

predominam carências sociais das mais variadas ordens e relações de produção

que ainda se desenvolvem com uma organização própria desse grupo.

O PRODETUR/NE tem como objetivo desenvolver e consolidar a atividade

turística na região nordeste, aproveitando o enorme potencial natural existente e ao

mesmo tempo, garantir a sustentabilidade econômica, ou seja, a geração de

trabalho de forma digna, a possibilidade e a distribuição de renda, através de uma

atividade crescente mundialmente, como forma de reduzir e eliminar a

desigualdades sociais entre as diversas regiões do país. No entanto, os dados

obtidos através das entrevistas sobre geração de emprego e renda mostrou-nos que

a absorção de trabalhadores pelos empreendimentos turísticos e os baixos salários

bem como a informalidade não condizem com o objetivo de geração de emprego e

renda apresentados pelo Programa para o Desenvolvimento do Turismo no

Nordeste – PRODETUR /NE.

Sabemos que não é fácil pensar em desenvolvimento quando se trata de uma

área inserida num contexto de pobreza. Para Cruz (2003), a pobreza tem

implicações negativas diversas que se refletem de forma marcante no

(re)ordenamento dos territórios. A partir de observações preliminares na referida

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área em estudo, podemos perceber claramente, no que diz respeito ao processo de

organização do espaço litorâneo pela atividade turística, as marcas da pobreza.

É comum nos espaços turísticos em estudo, a associação dos equipamentos

turísticos à sujeira, lixos espalhados, falta de qualificação profissional, à

precariedade de infra-estrutura de saneamento básico, casas abandonadas, bares,

hotéis e agências fechadas, proliferação de favelas e construções em locais

inapropriados, ausência de sinalização, dificultando o acesso aos destinos turísticos,

problemas de iluminação e conseqüentemente de segurança, limitando o trabalho

dos vendedores locais.

A resolução desse impasse pode ser obtida através de um planejamento

socialmente justo, que leve em consideração as relações sociais, a estrutura

institucional local, migrações, sazonalidades e suas conseqüências na dinâmica

local, a geração de emprego e renda. Todos esses elementos levados em

consideração estão na base do planejamento estratégico.

Por planejamento estratégico entende-se um processo de gestão de ações e

empreendimentos, estabelecidos a partir de um processo decisório sistematizado,

voltado e comprometido com estratégias definidas para o alcance do objetivo futuro.

Ele busca, a partir da análise do presente, definir ações que terão influência no

futuro, para que sejam atingidos os objetivos propostos. Dessa forma, leva em

consideração, principalmente, as conseqüências futuras de ações tomadas no

presente.

Nesse sentido, Beni (2006, p.94) defende que o planejamento estratégico

deve apoiar-se na participação social, bem como na equidade, intersetorialidade e

sustentabilidade. Afirma ainda que:

Tal ação interativa certamente representará um esforço ponderável na construção de um modelo de desenvolvimento integral, integrado e sustentável, possibilitando superar paulatinamente a reprodução da pobreza e da exclusão social provocada pelo aumento das desigualdades, da internacionalização da economia, da incontrolada competitividade e do esgotamento das verbas públicas. Nesse processo integrado, a ênfase recai na observação de possíveis conseqüências das políticas25 alternativas ambientais, sociais e econômicas para, só então, por meio de sua avaliação em

25 Política é um curso de ação calculado para alcançar objetivos, ou seja, direções gerais para o planejamento e a gestão do turismo baseadas em necessidades identificadas dentro de restrições de mercado e de recursos. São orientações específicas para a gestão diária do turismo, abrangendo os muitos aspectos operacionais da atividade.

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comparação com os objetivos, aplicar as medidas e os passos mais indicados (BENI, 2006, p. 94).

Nesse sentido observou-se na área em estudo que ainda não existem ações

articuladas entre os setores, instituições municipais e estaduais quanto às propostas

de desenvolvimento da atividade turística, implicando em ações superpostas,

desarticuladas, que não possuem um encadeamento lógico, não contribuindo dessa

forma para os benefícios sociais, ambientais e econômicos.

Portanto, partimos da idéia de que, para que possamos pensar no

desenvolvimento do turismo de forma sustentável nos municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim, deve-se, antes de mais nada, contemplar as necessidades e

expectativas coletivas da população local, comerciantes envolvidos com a atividade

e os visitantes, ou seja, os turistas. Nesse sentido, com o objetivo de identificar

necessidades e subsidiar as proposições de políticas públicas e estratégias que

viabilizem a sustentação econômica dos negócios que se desenvolvem nos espaços

turísticos, foram aplicados questionários por meio dos quais realizou-se uma análise

quantitativa e qualitativa das variáveis de interesse do presente estudo, tento sua

população composta pelos seguintes atores: comunidade local, comerciantes

envolvidos pela atividade e turistas.

4.1 DADOS GERAIS

Foram aplicados 400 questionários nas praias pesquisadas entre comunidade

local, comerciantes e turistas.

4.1.2 Perfil do entrevistado: turista

Para determinar o perfil dos turistas que freqüentaram as praias da área em

estudo, foram estudados as variáveis sexo, faixa etária, profissão e naturalidade.

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4.1.2.1 Sexo

Em relação ao sexo, durante o período das entrevistas realizadas em todas

as praias pertencentes aos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, há uma

equivalência entre o público masculino e o público feminino conforme o gráfico 1. No

geral 51,43% são do sexo masculino.

Gráfico 1 – Sexo. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.2.2 Faixa etária

Nas praias pesquisadas, verificou-se que os turistas com idades medianas

freqüentam mais as praias, 74% dos entrevistados têm idade entre 25 a 40 anos,

predominando uma média de idade de 35 anos. Os 22, 8% estão divididos em 14,

29% entre 41 e 50 anos, 5, 71% entre 51 a 60 e 2,86% possuem mais de 60 anos de

idade.

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49

77,14

14,295,71

2,86

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

De 25 a 40 De 41 a 50 De 51 a 60 Mais de 60

Faixa Etária

Percentual (%)

Gráfico 2 – Faixa etária. Fonte: Pesquisa de campo 2007).

4.1.2.3 Profissão

A profissão dos freqüentadores apresentou características semelhantes entre

as praias dos dois municípios. As profissões mais citadas foram: Engenheiro,

estudante, médico, professor, aposentado e fonoaudiólogo correspondendo a 68,

5% dos entrevistados, é válido ressaltar que nesse mesmo período em que estavam

sendo realizadas as entrevistas, estavam sendo realizados congressos das referidas

áreas mencionadas acima. Os 31,5% estão distribuídos nas seguintes profissões:

administrador, analista de sistema, bióloga, geólogo, jornalista, militar, pesquisador,

servidor público, empresário, advogado e músico.

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50

Gráfico 3 – Profissão. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.2.4 Naturalidade

A maioria dos freqüentadores, 74,29% dos entrevistados, pertencem à região

sudeste; deste percentual 51,43 pertencem ao estado de São Paulo e 22, 86% ao

Rio de Janeiro, vindo em seguida, em ordem decrescente Minas Gerais, Rio Grande

do Sul, Brasília e Pernambuco. Durante quase todo o ano, com exceção do mês de

janeiro, predominam turistas nacionais.

A maioria dos turistas entrevistados 77,14%26, encontravam-se pela primeira

vez visitando as praias do litoral norte.

26 Vide gráfico 5.

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51

Gráfico 4 – Naturalidade. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

Gráfico 5 – Presença nesta localidade outras vezes.Fonte: Pesquisa de campo 2007.

Corroboramos com as idéias de Petrocchi (1998) sobre a sobrevivência de

um sistema27, quando o autor defende que para que ele sobreviva se faz necessária,

a relação da sobrevivência da atividade turística com a satisfação do desejo dos

clientes (os turistas) e a necessidade de conhecer os aspectos desses desejos e de

inseri-los no processo de planejamento e nas especificações técnicas do produto,

pois é dele que vem a receita que alimenta os negócios turísticos da cidade. Nesse

sentido, procurou-se saber entre outras questões: o que motivou as suas vindas? O 27 Quando o autor fala em sistemas, ele está se reportando as organizações que compõe o sistema turístico.

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52

que eles buscam nas praias do litoral norte pertencentes à área em estudo? Quais

os motivos que levariam a voltar? Nível de satisfação em relação área em questão?

E por fim que sugestões dariam para melhoria da atividade turística.

Da amostra entrevistada 37,14%28 afirmaram que as belezas naturais, onde

as praias e dunas foram os principais elementos citados, constituem o principal

motivo da visita. Em percentagens menores, seguem, em ordem decrescente, os

congressos, amigos, férias, clima, tranqüilidade, lua-de-mel, trabalho, hospitalidade

e praias. Dentre os motivos que os levariam a voltar, a preservação das belezas

naturais também ficou com o maior percentual, 91,43%. Os 8,06% ficaram

distribuídos entre os seguintes motivos: dunas, praias, bons serviços, preço e lua-

de-mel.

Quanto ao nível de satisfação do turista em relação ao lugar 45, 71%

afirmaram que estava bom, 28,57% ótimo e 25, 71% regular. Através do gráfico

podemos verificar que a variável bom obteve o maior percentual. Este dado se

justifica quando nos reportamos ao gráfico 9 que mostra as sugestões de melhorias

para a área, dentre as quais os turistas aponta para a falta de infra-estrutura

adequada relacionada ao acesso, melhoria na educação e qualificação dos

profissionais principalmente no quesito atendimento, pois o assédio, principalmente

por parte de crianças e vendedores ambulantes, constitui um dos fatores de maior

repulsão dos turistas. Outras sugestões como presença de banheiros, presença e

melhoria das hospedagens, ambiente para noite, sinalizações, bons preços, manter

o espaço preservado, presença de segurança e postos policiais, presença de postos

de saúde, não deixar aumentar o número de ambulantes em cima das dunas, pois

descaracteriza a paisagem, presença de farmácias e depósitos para lixo. Vale

ressaltar que todas as sugestões estão diretamente relacionadas às queixas dos

turistas.

28 Vide gráfico 6.

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53

Gráfico 6 – O que motivou a visita. Fonte: Pesquisa de campo 2007. Obs: Questão de múltipla escolha

Gráfico 7 – Motivo que levaria a voltar. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

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54

Gráfico 8 – Nível de satisfação em relação ao lugar. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

Gráfico 9 – Sugestões para melhoria da localidade. Fonte: Pesquisa de campo 2007. Obs: Questão de múltipla escolha.

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55

Sugestões para melhoria da localidade Percentual (%)

Depósito para lixo 2,86

Farmácia 2,86

Melhorias em pousadas/ restaurantes 2,86

Não deixar aumentar o número de ambulantes 2,86

Posto de saúde 2,86

Posto policial 2,86

Posto turístico 2,86

Segurança 2,86

Manter o espaço preservado 5,71

Organizar melhor os espaços turísticos 5,71

Preços 5,71

Sinalizações 5,71

Ambiente para noite 8,57

Melhorar educação 8,57

Hospedagem 11,43

Sem sugestões 11,43

Banheiro 14,29

Melhorar na limpeza 14,29

Diminuir o assedio 17,14

Infra-estrutura de acesso 25,71

Total 100,00

Quadro 2 – Sugestões para melhoria da localidade. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

Diante dos resultados, podemos chegar à conclusão de que, para garantir a

satisfação do visitante (turista), é preciso garantir a qualidade do meio, através do

planejamento, de cada uma das interfaces do sistema turístico com o turista, e a

preservação dos recursos naturais que se constitui em uma interface fundamental

para o desenvolvimento dessa atividade.

4.1.3 Perfil do entrevistado: comerciante

Para determinar o perfil dos comerciantes da área em estudo, foram

estudadas as variáveis sexo, faixa etária, escolaridade, ramo da atividade e tempo

que atua no comércio.

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56

4.1.3.1 Sexo

Em relação ao sexo, em todas as praias entrevistadas predominam o público

masculino. No geral 56,25% são do sexo masculino.

Gráfico 10 – Sexo. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.3.2 Faixa etária

Nas praias pesquisadas, 46,88% dos comerciantes têm idade entre 41 e 50

anos. Predominando uma média de idade de 44 anos. Os 53,2% estão divididos em

34,38% até 40 anos, 15,63% entre 51 a 60 e 3,13 possuem mais de 60 anos de

idade29.

Gráfico 11 – Faixa Etária. Fonte: Pesquisa de campo 2007 (Idade média: 44 anos)

29 Vide gráfico 11.

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57

4.1.3.3 Escolaridade

Quanto ao grau de escolaridade 65,63% concluiu o Ensino Médio,

representando, portanto o maior percentual. Os 34, 38% estão distribuídos da

seguinte forma: 15,63% são graduados, 12,50% concluíram o Ensino Fundamental e

6,25% são analfabetos30.

Gráfico 12 – Escolaridade. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.3.4 Ramo da atividade

Da amostra total dos entrevistados, percebe-se uma diversidade quanto ao

ramo de atividade relacionado ao Turismo, havendo, em ordem decrescente, um

predomínio de comerciantes com empreendimentos em sua maioria de pequeno e

médio porte envolvidos com restaurantes, passeios de buggy, lojas de artesanato,

barraca de praia e pousadas, dos quais 48, 88% atuam na área a mais de 10 anos.

30 Vide gráfico 12.

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58

Gráfico 13 – Ramo de atividade.Fonte: Pesquisa de campo 2007.

No que diz respeito à percepção turística e ambiental dos municípios, 59,

38% dos comerciantes afirmam ser o Turismo uma atividade de grande dimensão,

pois a maioria da população local vive desta atividade, tendo em vista que ela

abrange vários serviços, como a área de restaurantes, equipamentos de lazer,

passeios de buggy, comércio informal entre outros. Como se trata de uma área que

possui um segmento populacional com baixa escolaridade e qualificação profissional

inadequada, a economia informal aparece como um fenômeno alternativo à

exclusão.

Quanto às transformações na dinâmica socioespacial e ambiental da

localidade, 75%31 afirmam que, nos últimos dez anos, houve transformações

significativas do ponto de vista espacial relacionadas principalmente ao aumento de

construções, em sua maioria, imóveis destinados à especulação (vide mapa 4). Esse

fato contribuiu para a saída de uma parcela significativa da população nativa,

trazendo perdas para a cultura local. No que diz respeito aos impactos

econômicos32, os comerciantes afirmam que, nos últimos dez anos, essa tem sido a

pior fase do turismo. Nesse sentido, afirma a senhora Cleide Batista (informação

verbal) 33que atua na área há 10 anos, sócia da empresa, Dromedunas:

31 Vide gráfico 14 32 Vide gráfico 15 33 Entrevista informal realizada com a Sr. Cleide Batista em Natal, julho de 2007.

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59

Há 10 anos Jenipabu viveu sua fase áurea, do ponto de vista econômico; nos últimos anos começou a haver um declínio provocado por vários fatores, dentre eles, problemas na economia interferindo diretamente no poder aquisitivo dos turistas, baixa qualificação profissional, desunião das categorias envolvidas com a atividade, falta de planejamento, acarretando no fechamento de pousadas, hotéis, restaurantes, casa de show, transferências de agências para outras localidades, preços altos, falta de infra-estrutura adequada e mais recentemente a queda do dólar.

Quanto aos impactos ambientais, as construções localizadas em cima das

dunas constituem um dos maiores impactos ambientais citados pelos comerciantes.

É válido chamar a atenção para o descontentamento dos comerciantes no que diz

respeito à queda da atividade na área, dentre as principais causas afirmam ser o

poder público local o principal responsável queixas como falta de segurança,

iluminação, uma política de valorização cultural e do artesanato são comuns no

discurso dos entrevistados34. Um outro fator preocupante está relacionado a uma

prática ilegal realizada pelos bugueiros, os quais são responsáveis pelo passeio,

incluindo o encaminhamento dos turistas aos seus destinos turísticos. Segundo os

comerciantes, em específico, proprietários dos restaurantes, os bugueiros

credenciados em Natal, que são maioria, encaminham os turistas para

empreendimentos que participam parte do lucro obtido, essa participação se dá

através de refeições gratuitas, em caso de restaurantes ou parte do lucro em

dinheiro. Este fato tem contribuído para a falência e fechamento das mais diferentes

atividades de comércio da localidade referentes à atividade turística.

Gráfico 14 – Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-espacial e cultural da localidade. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

34 Vide gráfico 16

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60

Gráfico 15 – Existência de impactos sociais, ambientais e econômicos provocados pelo turismo na localidade. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

Gráfico 16 – Criação de política de valorização cultural, valorização do artesanato, do patrimônio histórico. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.4 Perfil do entrevistado: comunidade local

Para determinar o perfil da comunidade local da área em estudo, foram

estudadas as variáveis sexo, faixa etária e escolaridade.

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61

4.1.4.1 Sexo

Em relação ao sexo, em todas as praias entrevistadas, predomina o público

Feminino totalizando 59,24% dos integrantes da comunidade entrevistados.

Gráfico 17 – Sexo. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.4.2 Faixa etária

Nas praias pesquisadas, 57,14% da população entrevistada têm idade até 40

anos. Predominando uma média de idade de 40 anos. Os 42,86% estão divididos

em 20% entre 41 e 50 anos, 14, 29% entre 51 a 60 e 8,57% possuem mais de 60

anos de idade35.

35 Vide gráfico 17

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62

Gráfico 18 – Faixa Etária. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

4.1.4.3 Escolaridade

Quanto ao grau de escolaridade 62,86%36 concluíram o Ensino Médio,

representando, portanto, o maior percentual. Os 37,15% estão distribuídos da

seguinte forma: 22,86% são analfabetos e 14,29% concluíram o Ensino

Fundamental.

As respostas relativas à dinâmica socioespacial, bem como aos impactos

ambientais provocados pela atividade turística foram semelhantes. Quanto às

questões culturais, os moradores mais antigos da localidade afirmam que a partir do

momento que a atividade turística se inseriu no espaço e começou a provocar,

através da especulação imobiliária, a migração dos nativos, começou a haver uma

perda de determinadas manifestações culturais, como a dança do coco de roda, a

lapinha e as quadrilhas; danças que faziam parte das tradições dos povos mais

antigos.

36 Vide gráfico 18.

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63

Gráfico 19 – Escolaridade. Fonte: Pesquisa de campo 2007.

Outro fator limitante do ponto de vista do desenvolvimento da atividade turista,

além dos já mencionados, diz respeito aos recursos do poder público local. De

acordo com as Secretarias de Turismo dos municípios de Extremoz e Ceará - Mirim,

eles não vêm sendo repassados, trazendo limitações para realização de seus

trabalhos. Afirmam ainda que se trata de uma política centralizadora, tendo em vista

que a receita proveniente do Turismo não é distribuída, concentrando-se apenas na

capital.

Aliado a esse fato, a política de incentivo fiscal adotado pelo Estado e

municípios inseridos na área destinada ao desenvolvimento do turismo, aos

interessados em investir na região dificulta a arrecadação de impostos para as

unidades administrativas, haja vista, a política de isenção fiscal. Para (MARCELINO

2006) tal procedimento se faz presente no caso do Turismo, contrariando a

compreensão de um princípio fundamental para que esta atividade venha contribuir

com o desenvolvimento econômico e social, pois as arrecadações são responsáveis

por investimentos em infra-estrutura e serviços que tornem atraentes e viabilizem o

capital privado.

Podemos perceber que esses fatores colaboram para a construção de

paisagens pouco atrativas para o Turismo, bem como funcionam como obstáculos

para o desenvolvimento do mesmo.

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64

A partir dessas observações, parece-nos que da forma como a atividade

turística vem sendo conduzida, o que não foge a regra do modelo de

desenvolvimento de outras atividades econômicas, inseridas dentro do contexto do

modo de produção capitalista, não vem contribuindo para o desenvolvimento

socioespacial37,pois o que verificamos é um modelo de “desenvolvimento”

concentrador de renda, excludente, contraditório e multiplicador de desigualdades

sócio-espaciais.

Porém, o que se verifica na mídia38, é uma exaltação em seu discurso no que

diz respeito à dimensão econômica do turismo, entendendo que essa dimensão por

si só não constitui fator relevante e responsável por proporcionar o desenvolvimento

socioespacial.

Ainda dentro desse contexto de exaltação, enveredando no caso mais

específico do nosso Estado, é comum ao se falar em Turismo haver uma tendência

à supervalorização da atividade enquanto fator econômico, gerador de renda,

emprego e receita. Afirmando ser a atividade turística a principal responsável pelo

papel que alavanca o desenvolvimento do mesmo, já ocupando o posto de segunda

maior renda do Rio Grande do Norte.

Souza (2002, p.18), entende que “desenvolvimento não deve ser entendido

como desenvolvimento econômico, embora muitos, e não apenas economistas

continuem a reduzir aquele a este”. Para o autor o chamado desenvolvimento

econômico é, basicamente, o binômio formado pelo crescimento econômico

(mensurável por meio do PNB ou PNB) e pela modernização tecnológica, em que

ambos se estimulam reciprocamente (SOUZA, 2002).

O autor, a título de exemplo, chama a atenção para o quadro histórico do

Brasil, em espacial para a época do chamado “milagre econômico”, em fins dos anos

60 e 70, e diz que o desenvolvimento estritamente econômico pode acontecer, sem

que automaticamente ou forçosamente (ou proporcionalmente) haja melhoria do

quadro de concentração de renda ou dos indicadores sociais (SOUZA, 2002).

Para Cruz (1999), essa abordagem historicamente construída, que reduz a

pratica social do Turismo a uma atividade econômica, dentro da base do discurso

37 Partindo da idéia de Souza (2002) compreendemos o desenvolvimento socioespacial como sendo um processo de superação de problemas e conquistas de condições culturais, técnico-tecnológicas, político-institucionais, espaços territoriais propiciadoras de maior felicidade individual e coletiva.38 Entendemos por mídia o conjunto dos meios de informação e de comunicação (imprensa, rádio, televisão e etc.)

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apologético ao turismo, negligencia seu entendimento antes de mais nada, como

prática social. Não nos permitindo avançar, portanto, em nossas análises voltadas

ao desenvolvimento socioespacial, pois subvalorizam as transformações provocadas

pela atividade em estudo, assim como seus impactos em função de análises

quantitativas.

Dentre os problemas observados, parece-nos que o descaso do poder público

local se constitui talvez como principal, pois sua ausência vem contribuindo para a

intensificação da degradação do meio, bem como dos conflitos sociais existentes na

área.

Nesse processo de formação dos espaços turísticos, o poder público tem um

papel primordial quanto aos encaminhamentos da atividade, indutor de

investimentos bem como mediador de interesses, de maneira que a atividade se

torne sustentável, ou seja, que haja um desenvolvimento não apenas do ponto de

vista do crescimento econômico, mais que seja uma das alternativas propulsoras do

desenvolvimento justo socialmente. Enquanto esse compromisso não existir, não se

poderá esperar do Turismo mais do que ele pode oferecer: um Turismo de

passagem.

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66

5 TURISMO E MEIO AMBIENTE

As questões relacionadas ao meio ambiente vêm sendo uma das maiores

preocupações dos cientistas neste fim de século e vem evoluindo ao longo do

tempo, principalmente a partir dos anos 50, momento correspondente ao início dos

movimentos ambientalistas.

A beleza cênica, formada pelo conjunto de componentes da morfologia

costeira, é responsável pela atratividade turística. A zona costeira é colocada na

Constituição brasileira como patrimônio nacional. A Carta Magna recomenda que a

sua utilização deverá se dar de forma que seja assegurada a preservação do meio

ambiente inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

O crescimento do interesse dos turistas pelos ambientes naturais tem elevado

as preocupações sobre os impactos gerado pela atividade, porque a maior parte dos

lugares que despertam a curiosidade dos viajantes é frágil e apresenta, de modo

geral alto valor conservacionista. De acordo com Ruschamann (2004, p. 19), como

meio ambiente

entende-se a biosfera, isto é, as rochas, a água e o ar que envolve a terra, juntamente com os ecossistemas que eles mantêm. Esses ecossistemas são constituídos de comunidades de indivíduos de diferentes populações (bióticos), que vivem numa área juntamente com seu meio não-vivente (abióticos) e se caracterizam por suas inter-relações, sejam elas simples ou mais complexas. Essa definição inclui também os recursos constituídos pelo homem, tais como casas, cidades, monumentos históricos, sítios arqueológicos, e os padrões comportamentais das populações – folclore, vestuário, comidas e o modo de vida em geral que as diferenciam de outras comunidades. No que diz respeito à relação Turismo e meio ambiente, amplia-se o debate e a busca do desenvolvimento sustentável do Turismo.

Ao falarmos desenvolvimento sustentável do Turismo, faz-se mister pensar a

atividade turística e toda a complexidade que a envolve, visto que no sistema

Capitalista a sustentabilidade de elementos do ambiente pode gerar a

insustentabilidade econômica, e que todas as coisas funcionam segundo a lógica da

sustentabilidade do capital. Diversos artifícios criados por essa ideologia consistem

em uma estratégia para esconder as referidas contradições desse modo de

produção que ocorrem justamente pela constante busca de maximização dos lucros,

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67

predominando um interesse meramente mercadológico enquanto as questões

relacionadas ao meio ambiente são relegadas a um plano inferior.

Como exemplo, podemos citar os complexos turísticos a serem implantados

nos municípios, dentre eles o maior entre os grandes empreendimentos do Rio

Grande do Norte, o Grand Natal Golf, localizado nos municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim. O projeto compreende catorze prédios e cinco campos de golfe

desenvolvido pela Sociedade Potiguar de Empreendimentos LTDA (Spel) em

parceria com o grupo espanhol Sanchez. De acordo com o Promotor Público de

Extremoz, David da Costa Benavides, ainda não existe avaliação ambiental

estratégica a respeito das conseqüências do impacto dessas obras. Trata-se de um

empreendimento de grande porte que envolve um alto investimento estrangeiro, fato

esse que tem gerado conflitos entre os vários órgãos envolvidos. Alguns

questionamentos vêm sendo realizados por parte do Ministério Público de Extremoz

ao IDEMA, como, por exemplo, a análise do impacto geral a ser causado no

ecossistema pelos cinco campos de golfe. Qual o tipo de tratamento químico que

será utilizado para a grama? Esse tipo de tratamento trará implicações para o lençol

freático da área? E quanto ao abastecimento hídrico, não foram informadas as

condições de explotação das águas subterrâneas.

Para agravar ainda mais a situação, Lobo (2008, p.1) chama a atenção para o

fato de que:

O município de Ceará-Mirim, onde estará cerca de 40% do território do terreno do Grand Natal Golf, possui uma população de aproximadamente 70 mil pessoas. Já Extremoz, ainda menor, conta com apenas 20 mil habitantes fixos. De acordo com cálculos estimados no EIA, a capacidade total do complexo, contando novos moradores e visitantes, pode chegar a até 166 mil pessoas. Isso significa que a geração de lixo e o consumo de água vai praticamente dobrar. Segundo o Ministério Público, não há qualquer plano de destinação adequada dos resíduos sólidos.

É importante destacar a necessidade de se conhecer as condições

ambientais antes da implantação e ou operação de um dado empreendimento, para

poder estabelecer de maneira fidedigna as modificações ambientais provocadas por

este.

Ainda nesse sentido, Dias (2003) afirma que o Turismo é uma atividade

econômica que se desenvolveu com as características atuais, como fenômeno de

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massa, em decorrência do desenvolvimento propiciado pela revolução industrial, a

qual introduziu na sociedade moderna um modelo econômico que tem como seu

objetivo principal a geração de renda, por meio da expropriação e exploração dos

recursos naturais. Afirma ainda que estamos presenciando verdadeira revolução

propiciada pelo incremento dos serviços e pelo aumento do processo de

globalização. Em ambos os processos, o Turismo assume papel primordial e, tal

qual as indústrias do passado, é altamente dependente dos recursos naturais.

Desse modo, a relação Turismo e meio ambiente assume profunda relevância

dentro de uma nova perspectiva de desenvolvimento que não assuma os erros do

passado. No mundo que vivemos, onde o modelo econômico vigente é o modo de

produção Capitalista, buscar a possibilidade de um desenvolvimento sustentável,

socialmente justo, permitindo que as sociedades humanas atinjam melhor qualidade

de vida em todos os aspectos, constitui-se um dos grandes desafios. Nesse sentido

é fundamental salientar o que é entendido por desenvolvimento sustentável.

A partir do século XX pode-se identificar três fases distintas da evolução da

preocupação ambiental; a primeira fase considera-se aquela em que ocorre a

percepção dos problemas ambientais localizados e atribuídos à ignorância, à

negligência ou indiferença das pessoas, produtores e consumidores, a ênfase é

dada nas ações corretivas. Na segunda fase a degradação ambiental é percebida

com um problema generalizado, porém dentro do Estado-Nação. As causas são as

mesmas anteriores mais a gestão inadequada dos recursos. Ocorrem ações

corretivas, intervenção governamental para a prevenção. Já na terceira fase a

degradação ambiental é percebida como um problema planetário, resultado do tipo

de desenvolvimento adotado. Surge uma nova maneira de perceber as soluções

para os problemas globais, que não se reduzem à degradação do ambiente físico e

biológico, mas incorporam a dimensões sociais, políticas e culturais como a pobreza

e a exclusão social. Essa nova concepção é chamada de Desenvolvimento

Sustentável.

De acordo com Barbieri (2000), o termo surge pela primeira vez em 1980 no

documento denominado World conservation strategy, produzido pela IUCN e World

Wildlife Fund (hoje, World Wide Fund for nature – WWF) por solicitação do Programa

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA). De acordo com esse

documento, uma estratégia mundial para a conservação na natureza deve alcançar

os seguintes objetivos: o primeiro consiste em manter os processos ecológicos

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essenciais e os sistemas naturais vitais necessários à sobrevivência e ao

desenvolvimento do Ser Humano. O segundo objetivo preservar a diversidade

genética e o terceiro, assegurar o desenvolvimento sustentável das espécies e dos

ecossistemas que constituem a base da vida humana. O objetivo da conservação,

segundo esse documento, é o de manter a capacidade do planeta para sustentar o

desenvolvimento, e este deve, por sua vez, levar em consideração a capacidade dos

ecossistemas e as necessidades das futuras gerações. Porém, o termo ganha

amplitude após 1987 com a publicação do relatório “Nosso Futuro Comum” que, em

síntese, considera que é necessário continuar o desenvolvimento, mas levando em

conta a possibilidade de recomposição dos ecossistemas naturais. Em outras

palavras, procura estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza,

como centro de um processo de desenvolvimento que deve satisfazer às

necessidades e às aspirações humanas. Enfatiza também que a pobreza é

incompatível com o desenvolvimento sustentável e indica a necessidade de que a

política ambiental seja parte do processo de desenvolvimento e não mais uma

responsabilidade setorial fragmentada, fato este que vêm sendo verificado. Ainda

nesse sentido, Dias (2003, p.36) afirma que o documento “Nosso Futuro Comum” foi

referência e base importante para os debates que aconteceram na Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no

Rio de Janeiro em 1992, na qual popularizou-se o conceito de Desenvolvimento

Sustentável, tornando as questões ambientais e de desenvolvimento

indissoluvelmente ligadas.

A CNUMAD ocorreu 20 anos após a de Estocolmo e concentrou-se em

identificar as políticas que geram os efeitos ambientais negativos. Concluiu ela, de

forma eloqüente, que “a proteção ambiental constitui parte integrante do processo de

desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste”. O meio

ambiente e o desenvolvimento são duas faces da mesma moeda com nome próprio,

desenvolvimento sustentável, o qual “não se constitui num problema técnico, mas

social e político”. (GUIMARÃES, 1992, p. 1000).

Embora o termo sustentabilidade venha sendo usado como novo paradigma

do desenvolvimento, a expressão desenvolvimento sustentável tem sido objeto de

várias polêmicas, desde a sua formulação, a precisão do seu conceito, levando em

consideração as divergências e contradições que carrega no seu escopo. E quando

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70

o debate se amplia para a relação Desenvolvimento Sustentável e Turismo, as

polêmicas tomam uma maior dimensão.

No que diz respeito à evolução das relações entre o turismo e o meio

ambiente, Dias (2003, p.66) afirma que:

Tem um reflexo fiel nas diversas declarações e documentos patrocinados por organizações internaconais, como a ONU, a OMT, e o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel and Tourism Concil – WTTC). Nesses documentos observa-se uma paulatina transição do predomínio dos aspectos socioculturais e econômicos ao paradigma onipresente da sustentabilidade. É importante relembrar que a dependência do turismo em relação aos recursos naturais aparece nos primeiros textos, e gradativamente vai acentuando-se a constatação da importância dos impactos ambientais negativos do turismo, e os riscos de que tais impactos se agravem com o imprevisível incremento da atividade turística.

Rodrigues (2002), em seu artigo intitulado “Desenvolvimento Sustentável e

atividade turística”, defende que a atividade turística é, na própria essência,

incompatível com uma idéia de Desenvolvimento Sustentável. Afirma ainda que a

atividade turística não é compatível sequer com a noção de desenvolvimento auto-

sustentado porque dirige o consumo aos lugares “exóticos”, transformando-os para

serem comercializáveis, nos padrões de “conforto e qualidade de vida do mundo

moderno”, retirando, portanto ao longo de curto espaço de tempo a característica de

exótico.Como atividade econômica sua sustentação está pautada na contínua

descoberta de paisagens naturais e históricas de novos lugares exóticos, que são

rapidamente transformados para serem usufruídos.

Podemos perceber que quando a discussão é pautada no desenvolvimento

sustentável do Turismo, os pontos de vistas se divergem, desde as visões

exageradamente otimistas, que põe a atividade turística como a salvação para o

desenvolvimento, como grande alternativa para a política econômica, superando

setores tradicionais da economia como a indústria petrolífera no que diz respeito à

geração de divisas internacionais; até as visões pessimistas, apoiadas nas

discussões generalizadas do que o termo Desenvolvimento Sustentável do Turismo

foi exposto, carregado de ambigüidades.

Neste sentido, Dias (2003) defende que apesar das ambigüidades, o termo

Desenvolvimento Sustentável, abriu as portas para o debate da eqüidade social

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dentro de uma mesma geração e incorporou o meio ambiente no debate sobre o

desenvolvimento de forma definitiva.

Há o reconhecimento por parte de muitos estudiosos do turismo quanto à

importância crescente nas economias receptoras, assim como a degradação

ambiental provocada pela mesma. Diante desse contexto, Silveira (2002) propõem

que se adotem novas formas de Turismo, com menor impacto no meio ambiente.

Entre as denominações que são dadas a essas novas formas, aparece o turismo

sustentável, o qual é colocado como alternativa ao modelo de desenvolvimento

turístico até hoje dominante na maioria dos países.

Para o desenvolvimento da presente pesquisa, utilizaremos o conceito da

OMT, que define o desenvolvimento turístico sustentável como aquele que:

Atende às necessidades dos turistas atuais e das regiões receptoras e ao mesmo tempo protege e fomenta as oportunidades para o turismo futuro. Concebe-se como um caminho para gestão de todos os recursos de forma que possam satisfazer-se as necessidades econômicas, sociais e estéticas, respeitando ao mesmo tempo a integridade cultural, os processos ecológicos essenciais, a diversidade biológica e os sistemas que sustentam a vida sem comprometer a possibilidade do usufruto dos recursos pelas gerações futuras. (DIAS, 2003, p. 68).

Para Silveira (2002, p. 88):

A aplicação do conceito de Desenvolvimento Sustentável aplicado ao turismo representa estratégia válida para se buscar a integração entre uso turístico, preservação do meio ambiente e melhoria das condições de vida das comunidades locais. No entanto se esse conceito não for incorporado às políticas e práticas do planejamento territorial do turismo em nível local, a sustentabilidade não passa de retórica.

Na busca da sustentabilidade da atividade turística, os problemas

socioambientais e a falta de implementação das políticas públicas de planejamento

urbano e ambiental são os principais desafios que os municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim devem superar.

Cabe, portanto, analisar, discutir e buscar formas concretas de se promover o

desenvolvimento do Turismo sob a ótica do desenvolvimento sustentável, na qual a

sua gestão tenha por base a dinâmica local e o planejamento socialmente justo,

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levando em consideração a sociedade, o meio ambiente e as exigências

econômicas.

Antes de mais nada, faz-se mister reconhecer que algumas indagações se

fazem necessárias, como: o que o turista busca no Turismo litorâneo? Existe

aceitação da atividade turística pela comunidade local? Houve transformações na

dinâmica sócio-espacial e cultural na localidade a partir da atividade turística? Se

houve, quais foram os impactos provocados?Existe uma política ambiental definida?

Caso exista, ela é posta em prática? E quanto ao Turismo, existe um planejamento

para essa atividade? Qual a sua participação na geração de receita e renda? Que

influências está trazendo para mudanças nas condições de vida da população local?

Essas entre outras questões tornam-se fundamentais para nortear nossa

análise e discussão sobre a relação entre Turismo e meio ambiente no contexto do

desenvolvimento turístico sustentável.

Petrocchi (1998) entende que para haver a sobrevivência de um sistema,

quando falamos em sistemas estamos referindo-às organizações que compõe o

sistema turístico, torna-se então necessário, a relação da sobrevivência da atividade

turística com a satisfação do desejo dos clientes (os turistas) e a necessidade de

conhecer os aspectos desses desejos e de inseri-los no processo de planejamento e

nas especificações técnicas do produto, pois é dele que vem a receita que alimenta

os negócios turísticos da cidade.

No que diz respeito ao processo histórico, Petrocchi (1998) afirma que até os

anos 60 os administradores do Turismo objetivavam ampliar a demanda, tendo suas

atenções concentradas nos números dos visitantes. Ainda segundo o autor:

A partir dessa época começou a tomar força, no mundo todo, a consciência de preservação do meio ambiente. Essas preocupações invadiram a gestão do turismo, que muito depende da preservação da natureza. Instalou-se então, um conflito que dura até os dias de hoje e sempre ocorrerá. E esse choque de objetivos no ambiente do turismo coloca frente a frente à promoção e a preservação.(PETROCCHI, 1998, p. 59)

Os grandes empreendimentos turísticos estão projetados para áreas que

deveriam ser consideradas de preservação. Preservação implica não-uso e não-

destruição (CORIOLANO, 2001).

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O destino dessas áreas ocupadas turisticamente dependerá da forma de

Turismo a ser implementada.

Os frágeis ecossistemas litorâneos formados por lagos, dunas, manguezais e coqueirais, os cartões postais das praias paradisíacas do mundo tropical são os mais suscetíveis às respostas negativas, á degradação antrópica, apesar de terem sido, no primeiro momento recursos básicos para a captação dos projetos turísticos. É fundamental entender o meio natural como um sistema que obedece a determinadas leis susceptíveis a qualquer ação externa, que pode provocar graves alterações. Quanto mais frágil for o sistema, menor é a sua capacidade para assimilar ou absorver as ações externas, ou seja, maior será o impacto ambiental. (RODRIGUES, 1996, p. 11).

Dessa forma faz se necessário elaborar estratégias de gestão ambiental para

a busca permanente da qualidade ambiental e conseqüentemente o tão almejado

Desenvolvimento Sustentável do Turismo.

Dentre os instrumentos de gestão ambiental, a legislação assume grande

importância por disciplinar as relações sociais e econômicas e impor limites à

conduta dos indivíduos e do Estado. Para Nunes (2000), tratar das questões

ambientais se faz necessário, conhecer primeiro o instrumento legal que mostre as

penalidades para aqueles que insistem na degradação do meio ambiente, seja a

sociedade ou o Estado.

A agenda 21 em seu capítulo VIII – Elaborando Políticas para o

Desenvolvimento Sustentável – afirma que as leis e regulamentos específicos estão

entre os mais importantes instrumentos para a transformação de políticas ambientais

e de desenvolvimento de ações efetivas, não apenas através dos métodos de

controle e comando, mas também como uma estrutura de planejamento econômico

(CONFERÊNCIA..., 2001).

A Constituição Federal Brasileira, aprovada em 1988, disciplina, entre outras

coisas, as competências legislativas da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, a proteção ao meio ambiente (MORAES, 2006).

O artigo 23 coloca como competência comum da União, Estados, Distrito

Federal e Municípios a proteção do Meio Ambiente, o combate à poluição em

qualquer de suas formas; a promoção de programas de construção e de moradias e

a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (MORAES, 2006).

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A competência de legislar sobre defesa do solo e dos recursos naturais,

proteção do meio ambiente e controle da poluição, assim como a responsabilidade

por danos ao meio ambiente, a bens e direito de valor artístico, estético, histórico e

paisagístico, é concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Nesse caso,

a União deve estabelecer normas gerais, caso isso não ocorra, os Estados terão

competência legislativa plena (PIRES, 2005).

Assim como a Constituição do Estado, as leis orgânicas dos municípios de

Extremoz e Ceará-Mirim, estão em consonância com Constituição Federal Brasileira.

Nesse contexto, compete aos respectivos municípios prover a administração

municipal e legislar sobre matéria de interesse local de modo que não fira disposição

constitucional; elaborar Plano Diretor, instrumento básico da política de

desenvolvimento e expansão urbana; planejar o uso e ocupação do solo, com vistas

ao bem comum e à defesa ao meio ambiente; realizar os serviços de conservação e

limpeza públicas.

Ainda de acordo com a Lei Orgânica Municipal, compete aos municípios,

concorrentemente com a união ou o Estado, zelar pela saúde, segurança e

assistência públicas, estimular o melhor aproveitamento do solo, proteger os

documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os

monumentos, as paisagens naturais e os sítios arqueológicos e incentivar a

agricultura, a indústria, o comércio e outras atividades que visem ao

desenvolvimento econômico (PREFEITURA MUNICIPAL DE CEARÁ-MIRIM, 2007;

PREFEITURA MUNICIPAL DE EXTREMOZ, 2007).

A proteção do meio ambiente possui um capítulo próprio na Constituição

Federal, assim como nas leis orgânicas dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim,

as quais seguem o mesmo princípio da Constituição Federal que em, seu artigo 225,

consagrou como obrigação do poder público a defesa, preservação e garantia de

efetividade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao

poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes

e futuras gerações (MORAES, 2006).

Moraes (2006, p. 2197) dialogando com Raul Machado Horta e Alexandre

Kiss afirma que “a Constituição da República de 1998 exprime estágio culminante da

incorporação do Meio Ambiente ao ordenamento jurídico do país”. Expõe a

necessidade de regulamentação da exploração de recursos naturais como

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necessidade de proteção ao meio ambiente, pois ressalta que a exploração dos

recursos biológicos pode essencialmente causar problemas de poluição.

É exatamente essa a preocupação do Direito, garantir a proteção aos

recursos naturais da humanidade. O que se pretende nesse artigo (art. 225,

Constituição Federal) é a salvaguarda dos recursos naturais, a preservação do meio

ambiente para as gerações futuras, garantindo-se o potencial evolutivo.

Dentro desse contexto, Moraes (2006) ressalta que o artigo 225 deve ser

interpretado em consonância com o art.1º, III, que consagra como fundamento da

República o princípio da dignidade da pessoa humana; o art.3º, II, que prevê como

objetivo fundamental da República o desenvolvimento nacional; e o art. 4º, IX, que

estipula que o Brasil deve reger-se em suas relações internacionais pelos princípios

da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, de maneira a

permitir maior efetividade na proteção ao meio ambiente.

Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao poder público municipal,

na Lei n°. 1.232, de 11 de Dezembro de 1992, no cap ítulo VI, art. 98, preservar e

restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das

espécies e ecossistemas; preservar e diversificar a integridade do patrimônio

genético do município e fiscalizar, nos limites de sua competência, as entidades

dedicadas e manipulação do material genético; definir supletivamente à União e ao

Estado, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,

sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer

utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

proteger a fauna e a flora, vedadas na forma de lei, as práticas que coloquem em

risco sua função ecológica; Elaborar o Código do Meio Ambiente, que definirá a

política de preservação e adequação do município (MORAES, 2006).

Sabemos que as belezas cênicas, formadas pelo conjunto de componentes

da morfologia costeira, são responsável pela atratividade turística. A zona costeira é

colocada na Constituição Brasileira como patrimônio nacional. A Carta Magna

recomenda que a sua utilização deverá se dar de forma que seja assegurada a

preservação do meio ambiente inclusive quanto ao uso dos recursos naturais

(MARCELINO, 1999).

A zona costeira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância

ambiental. Ao longo do litoral, alternam-se mangues, restingas, campos de dunas e

falésias, baías e estuários, recifes e corais, praias, planícies intermarés e outros

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ambientes importantes, do ponto de vista ecológico. Os espaços litorâneos possuem

uma significativa riqueza em termos de recursos naturais e ambientais, que vem

sendo colocada em risco, em decorrência da intensidade do processo de ocupação

desordenada.

A atividade turística tem sido responsável por influenciar de forma crescente o

processo de ocupação e uso do espaço costeiro, sem obedecer a um planejamento,

a um plano de desenvolvimento econômico estratégico compatível com a proteção

dos recursos naturais, paisagísticos, culturais e históricos os quais constituem os

principais atrativos dos turistas tanto em nível regional, nacional como internacional.

O litoral, entendido aqui como áreas de praias, dunas, lagoas, coqueirais,

paisagens naturais, tais como as encontradas nos municípios de Extremoz e Ceará-

Mirim, constitui área prioritária para o Turismo. O turista que se destina a áreas

litorâneas, em sua maioria, busca o equilíbrio psicofísico em contato com os

ambientes naturais em seu tempo de lazer; como por exemplo, o contato com belas

paisagens, ecossistemas exóticos, cultura local, atividades de lazer envolvendo os

recursos naturais: passeios de buggy nas dunas, passeios de barco, mergulho.

Diante do contexto, podemos perceber que o Turismo está intimamente ligado

ao meio ambiente, essa compreensão turística é destaque em toda literatura sobre o

tema, tendo em vista que a maioria dos turistas busca paisagens diferentes daquela

onde está seu habitat, e quanto mais nativa e natural for esta paisagem maior será

sua atratividade e conseqüentemente maior será o lucro gerado pela mesma,

contribuindo para a sobrevivência do sistema turístico.

Porém o que se verifica nas áreas em estudo são conflitos entre o que

determina a legislação quanto às potencialidades relacionadas ao litoral e o seu uso

existente nas práticas relacionadas à atividade turística.

O Plano Diretor do Município de Extremoz, Capítulo I, Do desenvolvimento

Econômico, em seu artigo 80, determina que o município, com o objetivo de

promover e incentivar o desenvolvimento turístico deve, entre outras atribuições,

promover os bens naturais do Município como atrativo turístico através da melhoria

de infra-estrutura de atendimento e serviços aos turistas na orla marítima e demais

local de atendimento ao turismo (PREFEITURA MUNICIPAL DE EXTREMOZ, 2007).

No entanto, verifica-se a presença constante de lixos a céu aberto, lançamento

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indiscriminado de esgotos39 domésticos produzidos pelas barracas de praia

instaladas na orla marítima, bem como a falta de infra-estrutura das mesmas. Todos

esses fatores mencionados prejudicam não apenas o meio ambiente e a saúde da

população, assim como constituem barreiras à promoção do desenvolvimento da

atividade turística, tendo em vista as sensações de desconforto e incômodo que

essas marcas na paisagem traz aos olhos dos turistas.

Fotografia 9 – Praia da Redinha Nova - presença de lixo a céu aberto, demonstrando ausência de infra-estrutura local. Fonte: Andréa Hart (ABR/2007)

39 Esgoto é o termo usado para as águas que, após a sua utilização humana, apresentam as suas características naturais alteradas.

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Fotografia 10 – Praia da Redinha Nova - presença de lixo a céu aberto. Fonte: Andréa Hart (ABR/2007)

Verificou-se também na área em estudo que a melhoria de infra-estrutura

viária na localidade relacionada à atividade turística, principalmente no município de

Extremoz, onde se concentra a maior parte de prestação de serviços turísticos, foi

acompanhada por uma supervalorização dos imóveis, por um aumento do valor real

dos terrenos, dos preços de residências ou de aluguéis. Esse fato contribuiu para o

crescimento de novas construções para os mais diversos fins, as quais têm se

processado sem obedecer a um planejamento socialmente justo que inclua a

preocupação de compatibilizar o desenvolvimento com a fragilidade ambiental e os

aspectos sociais característicos desse espaço, como por exemplo, a intensificação

do processo de segregação social. A expulsão das populações nativas dos seus

locais de origem já se verifica a partir da melhoria e ampliação da infra-estrutura

viária, fruto do modelo de planejamento vigente.

Ainda nesse sentido Marcelino (1999, p. 81), estudando os novos espaços

produzidos pela atividade turística no Rio Grande do Norte, afirma que:

A expansão da ocupação litorânea, com a construção de residências para usufruto em período de férias, atende a ideologia consumista de classes economicamente mais favorecidas e vem acontecendo através da apropriação dos espaços dos núcleos populacionais nativos e pela ocupação de áreas loteadas. A modificação na função de moradia permanentemente para temporária, tem contribuído para a expulsão das populações nativas do seu habitat natural. Por sua

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vez, os loteamentos apresentam-se como forte agente degradador do ambiente costeiro.

Segundo informações das secretarias de infra-estrutura dos municípios de

Extremoz e Ceará-Mirim, a faixa litorânea continua sendo uma área destinada a

segunda- residência, porém nos últimos anos vem sendo alvo de investimentos; a

maioria são empreendimentos de médio e grande porte relacionados ao setor

turístico, o que vem contribuindo também para o processo de expulsão dos nativos,

tendo em vista que esse processo contribuiu para um aumento do valor

mercadológico do solo, não permitindo igual acesso ao consumo dos bens urbanos

para todos os segmentos das populações.

Esse deslocamento, provocado pela impossibilidade do enfrentamento à

pressão imobiliária, transforma a população em agentes produtores de novos

espaços que adquirirão novos valores de troca, configurando-se o processo contínuo

de produção e apropriação do espaço costeiro pelo capital, reforçando a

problemática da segregação socioespacial da população nativa. (MARCELINO,

1999).

Constatou-se, através das investigações realizadas em campo, em específico

com a comunidade local, que a maioria da população nativa que venderam seus

imóveis se deslocaram para áreas periféricas da cidade de Natal, em sua maioria

loteamentos localizados na Zona Administrativa Norte.

Para ratificar esse fato, a autora destaca que:

A infra-estrutura viária, implantada com o objetivo de viabilizar a atividade turística, tem favorecido o surgimento de novas construções nos núcleos populacionais, em seus entornos, em áreas loteadas e ao surgimento de novos parcelamentos. A expansão dos núcleos urbanos se dá geralmente de forma desorganizada e quase sempre obedecendo ao direcionamento exercido pelo capital, pelas tendências do mercado e pela valorização do solo, não sendo observadas maiores preocupações com relação às questões sociais da população menos privilegiada nem tão pouco com os aspectos ambientais. (MARCELINO, 1999, p. 60).

Nesse sentido, a Área de Proteção Ambiental de Jenipabu (APA) constitui-se

um exemplo claro no que diz respeito à não-preocupação quanto às fragilidades

ambientais do nosso ecossistema inseridos aos novos espaços produzidos

relacionados à dinâmica da atividade turística.

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A APA situada ao norte da cidade de Natal – RN, ocupando uma área de

1.881 hectares, pertencentes, em quase sua totalidade, ao município de Extremoz,

apresentando apenas uma pequena faixa nas proximidades do Rio Doce, localizada

no município de Natal, foi criada no dia 17 de maio de 1995, por força do Decreto n°

12.620, com o objetivo de ordenar o uso, proteger e preservar os ecossistemas de

praia, mata atlântica e manguezal; lagoas, rios e demais recursos hídricos; dunas; e

espécies vegetais e animais.

Devido às suas belezas paisagísticas, características geológicas e

geomorfológicas e posicionamento geográfico, com a proximidade da capital, a área

se apresenta como uma das mais importantes para o Turismo potiguar. A sua

exploração foi intensificada no início da década de 80, período correspondente à

consolidação do Turismo no Rio Grande do Norte como destino turístico dentro do

contexto nacional, provocando, portanto, problemas e conflitos de várias

intensidades.

A sua criação se mostrou, portanto, como alternativa mais viável para dar

início, de forma rápida e eficiente, às atividades de preservação ambiental da área

abrangida, ao mesmo tempo em que se buscava a manutenção do desenvolvimento

da atividade econômica.

Ainda nesse contexto, é válido chamar a atenção para o fato de que:

As Áreas de Preservação Ambiental (APAs) definem espaços onde a alteração de ecossistemas, por ação antrópica, limita-se a um patamar compatível com a sobrevivência permanente de comunidades vegetais e animais. Portanto, as APAs podem, também, prestar-se à experimentação de novas técnicas e atitudes, que permitam conciliar o uso da terra com a manutenção dos processos ecológicos essenciais. Assim, são admitidas as atividades turísticas e recreativas, bem como outras formas de ocupação e uso da área, desde que se armonizem com os objetivos específicos da APA, que são: contribuir para a preservação da diversidade biológica e dos ecossistemas naturais; propiciar o manejo adequado dos recursos da fauna e da flora; incentivar a pesquisa científica e estudos compatíveis com as características da área, propiciar a educação ambiental; e garantir o monitoramento ambiental. (RIO GRANDE DO NORTE, 2006, p. 3).

Doze anos após a criação da Área de Proteção Ambiental de Jenipabu as

denúncias de novas invasões e degradações ambientais são constantes e só

crescem, principalmente nos últimos anos.

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Um estudo Técnico, realizado pelo grupo de trabalho designado pela Diretoria

Técnica do IDEMA, através da Portaria n° 217/2004 d e 29/09/2004, o qual tem como

objetivo principal controlar as invasões na APA de Jenipabu, através das

construções e cercas, constatou que a área considerada atualmente a mais

impactada da APA é a Ponta de Santa Rita (município de Extremoz), localizada

próxima aos principais atrativos turísticos da região. (IDEMA, 2004)

Tomando com referências o levantamento fotogramétrico do Patrimônio da

União de 1997, na escala de 1.2000, fotografia aérea de junho de 2003, fornecida

pela prefeitura de Extremoz e o levantamento realizado pela equipe técnica,

verificou-se que no intervalo entre 2000 e 2004, apenas na parte mais alta das

dunas da praia de Santa Rita, ocorreu um acréscimo de 15 (quinze) novas

edificações totalizando 50 (cinqüenta) construções, entre novas, reformadas e

antigas. Esses números seriam assustadores salvo comparados com dados

recentes fornecidos pela Secretaria de Infra-estrutura de Extremoz, os quais

contabilizam atualmente 350 (trezentos e cinqüenta) construções irregulares em

cima das dunas.

Através de entrevistas realizadas em campo, tomou-se o conhecimento de

que a prefeitura de Extremoz, durante muito tempo, foi conivente com esse crime

ambiental, pois emitia cartas de aforamento, sem os proprietários estarem de posse

da Licença Ambiental, que, por se tratar de uma APA, constitui-se em um

instrumento imprescindível, conforme determina a Legislação Federal.

Além deste fato, as construções irregulares em cima das dunas também

dispõem de serviços básicos prestados pelo poder público, como energia elétrica

fornecida pela COSERN e água tratada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos

de Extremoz .

Para ratificar esse fato, no dia 14 de janeiro de 2007, foi publicada por

Porpino (2007) uma reportagem no jornal Tribuna do Norte, intitulada “Ministério

Publico (MP) força proteção de Jenipabú” no qual aponta para a conclusão, que

chegou o Ministério Público ao encerrar em dezembro do ano passado o inquérito

aberto em mil novecentos e noventa e oito (1998), de que desde a implantação da

APA de Jenipabu até os dias atuais nada foi implementado de fato. A reportagem

chama a atenção ainda para o fato de que:

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O decreto não é respeitado. Ao longo de duas décadas a prática indiscriminada dos bugue-turismo, o avanço de construções irregulares em cima das dunas e no entorno da APA, e ainda o desenvolvimento de outras atividades vem contribuindo para a degradação ambiental da área. (PORPINO, 2007)

Em função das várias denúncias por parte da população de Extremoz, dando

conta das irregularidades, como a emissão da carta de aforamento por parte da

prefeitura, o Ministério Público entrou com uma Ação Civil Pública contra o poder

público local e a prefeitura de Natal. Com a pressão do Ministério Público, no dia 23

de julho de 2004, por meio do Decreto 17.67, a governadora cria a Comissão

Espacial Multidisciplinar de Identificação e Avaliação de Área de interesse turístico,

socioeconômico e ambiental da APA de Jenipabu para fins de intervenção. Também

é criado, em 05 de junho de 2006 o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental

de Jenipabu, cuja função, é, entre outras, traçar as diretrizes normativas sobre o

funcionamento da APA e exercer o controle de sua efetiva aplicação.

Quanto às construções irregulares em cima das dunas, através da visita

realizada em campo no período de 2005 a 2007, foi identificada diversidade

relacionada à tipologia das edificações, a sua finalidade, bem como os perfis sociais

dos moradores, descartando a possibilidade dessas invasões serem fruto apenas da

problemática relacionada a uma falta de política habitacional efetivada. Ainda nesse

sentido, o Secretário do Meio Ambiente de Extremoz chama a atenção para o fato

de que 90% das construções irregulares em cima das dunas são destinadas para

fins especulativos40.

40 Vide fotografia 11.

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Fotografia 11 – Construção em cima das dunas destinada para fins especulativos.Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Fotografia 12 – Construção em cima das dunas destinada para fins especulativos. Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

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Fotografia 13 – Construção em cima das dunas destinada para fins especulativos. Foto: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Fotografia 14 – Construção em cima das dunas destinada para fins especulativos. Foto: Marcelo Delgado (OUT/2004)

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Fotografia 15 – Construção em cima das dunas destinada para fins especulativos. Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Podemos observar, nas figuras 12, 13, 14 e 15, padrões de construção com,

um melhor acabamento relacionado a outras construções nas quais possui um

padrão mais simples, fato esse verificado na maioria das edificações destinadas

para fins especulativos. É válido chamar a atenção para o fato de que as edificações

correspondentes às figuras 12, 13 e 14 se encontram alugadas que segundo

entrevistas realizadas com os moradores, esses aluguéis se efetivaram por via de

imobiliárias.

Conforme foi citado acima, há uma diversidade tanto relacionada ao perfil das

construções, quanto aos seus fins. Além das construções destinadas para fins

especulativos encontra-se também em um número bem menor segundas

residências e construção mais simples destinadas a uma população com um poder

aquisitivo baixo.

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Fotografia 16 – Construção destinada a moradores com perfil social de baixa renda. Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Fotografia 17 – Construção destinada a moradores com perfil social de baixa renda. Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

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Fotografia 18 – Segunda residência. Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Fotografia 19 – Construções sendo implantada sem licenciamento ambiental Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Quanto aos problemas verificados na APA de Jenipabu, os mesmos não se

limitam apenas à implantação de construções sem ordenamento e licenciamento

ambiental nas áreas frágeis de dunas, mas ocupam também áreas alagadiças de

importância para a recarga do aqüífero subterrâneo (vide figura 20).

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Fotografia 20 – Área alagadiça de recarga do aqüífero subterrâneo41

Fonte: Marcelo Delgado (OUT/2004)

Dentre os principais impactos ambientais42 observados na APA de Jenipabu,

relacionado às construções irregulares encontram-se a retirada da vegetação e a

terraplanagem para efeito da urbanização, refletindo em um maior grau de

impermeabilização, destruição do relevo, com prejuízos a sua estabilidade costeira

bem como ao aqüífero subterrâneo devido à poluição provocada por lançamentos de

matéria orgânica e carga bacteriológica oriunda das residências, trazendo

conseqüências para o comprometimento de sua recarga.

Um outro grande problema detectado na APA relacionado ao crescimento

significativo e bastante desordenado das construções está associado ao fato de que

estas construções vêm impedindo parte do transporte eólico de sedimentos. A

principal conseqüência desse fato é um desequilíbrio entre a quantidade de material

transportado pela praia e a quantidade de material depositado pelas dunas43. Como

conseqüência tem-se início a um processo erosivo que já consumiu parte da faixa de

praia, avançando sobre residências, restaurantes e comércios. Moradores e

comerciantes antigos da área afirmam que houve uma diminuição significativa das

dunas bem como houve uma redução no que diz respeito ao tamanho da lagoa de

41 Áreas de recarga de aqüífero são regiões onde a precipitação abastece o aqüífero subterrâneo. 42 De acordo com a Resolução Conama 001/86, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 1986) 43 Vide figura 21.

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Jenipabu. No entanto não existem estudos técnicos e científicos que comprovem o

comprometimento desse meio ambiente em função das construções irregulares.

Fotografia 21 – Gameleira com a raiz exposta. (tipo de vegetação característica de área de dunas) Fonte: Aureliano Nóbrega (JAN/2008)

No que diz respeito ao consumo e transformações da paisagem provocados

pelo Turismo, o IDEMA certifica que desde o ano de dois mil, tem procurado definir

diretrizes quanto à possibilidade de usos, tais como passeios de buggy, instalação

da empresa Dromedunas Turismo LTDA e a presença de comércio informal no local.

No entanto, nem sempre essas orientações têm sido cumpridas, tendo em vista que

os bugueiros continuavam circulando de forma desordenada.

No sentido de resolver essa problemática, no dia 12 de setembro de 2006, o

Governo do Estado do Rio Grande do Norte, no uso das atribuições que lhe

conferem o art. 64, V, última parte da Constituição Estadual e o art. 7°, parágrafo

único, da Lei Complementar Estadual n° 272, de 03 d e março de 2004, decreta em

seu Art. 1° que fica homologada a proposta constant e da Resolução n° 1, de 11 de

maio de 2006, do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONEMA) e, em

conseqüência, aprovada a norma que ordena e disciplina o uso de veículos

credenciados nas áreas das dunas de Jenipabu. Ainda nesse sentido a Resolução

do CONEMA 01/2006, em seu art. 6° resolve que o per curso, a ser utilizado pelos

condutores de veículos credenciados, deverá obedecer a uma trilha determinada

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conforme a delimitação geográfica constante no mapa. (RIO GRANDE DO NORTE,

2006)

O artigo 6° em seu parágrafo primeiro define as det erminações que serão

estabelecidas para as trilhas, que são as seguintes: para balizar os percursos

autorizados serão utilizados bandeirolas de cor verde e, para os locais de

contemplação ou parada, serão utilizadas bandeirolas de cor azul. (RIO GRANDE

DO NORTE, 2006)

É responsabilidade do IDEMA a elaboração e execução da trilha de que trata

o caput deste artigo bem como a sua fiscalização. O artigo 9° deixa claro que o

empreendedor que auferir lucros da atividade de uso de veículos credenciados na

área das dunas de Jenipabu, bem como os bugueiros, por meio de sua Associação,

deverão apresentar Relatório de Controle Ambiental, elaborado de acordo com as

diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente, para o conhecimento dos

reais impactos causados por essa atividade ao meio ambiente, num prazo de um

ano, a contar a partir da publicação desta Resolução. O não-cumprimento do

disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às penalidades administrativas e

penais porventura incidentes, sem prejuízo da obrigação de reparar o dano causado.

De acordo com a empresaria Cleide Batista (informação verbal)44, a qual faz

parte do Conselho Gestor da APA de Jenipabu, a partir do momento que a resolução

do CONEMA 01/2006 entrou em vigor, os bugueiros passaram a circular na área de

forma ordenada em concordância com o disposto pela Resolução em questão.

Quanto ao comércio informal houve uma expansão da área de dunas

ocupada, assim como uma maior variedade dos produtos a serem vendidos não se

limitando apenas a venda de roupas.

44 Entrevista informal realizada com a Sr. Cleide Batista em Natal, julho de 2007.

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Fotografia 22 – Expansão do comércio informal descaracterizando a paisagem. Fonte: Idiana Soares (ABR/2008)

Fotografia 23 – Expansão do comércio informal. Fonte: Idiana Soares (ABR/2008)

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Fotografia 24 – Variedade do comércio informal. Fonte: Idiana Soares (ABR/2008)

Fotografia 25 – Variedade do comércio informal. Fonte: Idiana Soares (ABR/2008)

A degradação das lagoas costeiras, como por exemplo, a lagoa de Jacumã

localizada no município de Ceará-Mirim (vide figura 26), considerada uma unidade

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de conservação (UC)45 municipal, em específico uma Área de Proteção

Permanente46 (APP), também vem sendo um reflexo do uso intenso do setor

turístico, através da ocupação desordenada nas suas margens. Sendo constante o

lançamento de esgotos domésticos sem nenhum tratamento, bem como a prática

recreativa que se dá a partir da instalação de equipamentos destinados a atividade

sem obedecer as normas ambientais.

Fotografia 26 – Lagoa de Jacumã. Fonte: Aureliano Nóbrega (JAN/2008)

As lagoas costeiras estão entre os mais férteis ecossistemas litorâneos,

servindo de abrigo e criadouro a numerosas espécies de interesse comercial. 45 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – (Lei 9.805/2000) define Unidade de Conservação como “Espaço Territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo poder público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (IDEMA, 2004)

46 O Código Florestal (Lei no 4.771, de 15/09/65, alterada pela Lei no 7.803, de 8/08/1993), no seu Artigo 2o, define como Áreas de Proteção Permanente locais onde devem ser mantidas todas as florestas e demais formas de vegetação natural. Estes locais foram definidos como de proteção especial pois representam áreas frágeis ou estratégicas em termos de conservação ambiental, não devendo ser modificadas para outros tipos de ocupação. A manutenção da vegetação natural nestes locais contribui para o controle de processos erosivos e de assoreamento dos rios, para garantir qualidade dos recursos d'água e mananciais e para a proteção da fauna local. (IDEMA, 2004)

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Sabemos que o aumento da carga de nutrientes e contaminantes para um

determinado sistema, em específico, um sistema fechado como é o caso da lagoa

de Jacumã, pode alterar as condições físico-químicas da água, como o PH e

alcalinidade e pode alterar a disponibilidade de habitats para diversos componentes

da biodiversidade do sistema. Induz também ao crescimento excessivo das algas,

uma vez que estas encontram-se via, de regra, nos ecossistemas naturais limitados

pela disponibilidade de nutrientes.

Por se tratar de um sistema de corpo fechado, a lagoa possui um pequeno

potencial de diluição, tendo em vista que não há uma exportação do sistema de

cargas recebidas pelas diferentes fontes naturais e antrópicas de nutrientes e

contaminastes exatamente por não haver trocas do sistema.

Nesse sentido, o Plano Diretor do Município de Ceará-Mirim, em seu artigo

24, define as Zonas de Proteção Ambiental as quais deverão estar previstas em Lei

específica do Município, o código Ambiental do Meio Ambiente, devendo compor o

patrimônio ambiental da porção territorial do município, sendo a principal estratégia

de proteção ambiental a ser definida na Política Municipal de meio Ambiente, as

quais se classificam em quatro Zonas de Proteção Ambiental. No caso específico da

Lagoa de Jacumã, está inserida no art. 24 parágrafo 2°, na Zona de Proteção

Ambiental III, na qual constitui-se de áreas de domínio público ou privado,

destinadas à proteção integral dos recursos ambientais nela inseridos,

especialmente os ecossistemas lagunares, associados às formações dunares

móveis ou com vegetação de restinga fixadora e as demais formas de vegetação

natural de preservação permanente, onde não serão permitidas quaisquer atividades

modificadoras do meio ambiente natural ou atividades geradoras de sobre-pressão

antrópica. Vale ressaltar que a Lagoa de Jacumã bem como a área em que está

inserida, faz parte da Zona de Interesse Turístico e de Lazer, conforme o artigo 29

do Plano Diretor do referido município e, portanto, torna-se possível o

desenvolvimento de panos e programas de interesse turístico, bem como o uso

econômico da área para dar suporte ao desenvolvimento da atividade turística e de

lazer da população e dos turistas visitantes. (PREFEITURA MUNICIPAL DE CEARÁ-

MIRIM, 2007)

Para agravar ainda mais a situação, trata-se de uma área que, assim como as

demais presentes na área de estudo, está inserida no contexto de uma problemática

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socioambiental crônica, onde a urgência cotidiana da sobrevivência sobrepõe a

consciência ambiental das comunidades que se utilizam da área para sobreviver.

Portanto, medidas mitigadoras como um trabalho de conscientização da

sustentabilidade da lagoa realizado pelo poder público local em conjunto com órgãos

que tenham relações direta ou indireta com a atividade turística e com o meio

ambiente, implantação de redes de estação de tratamento e um monitoramento

ambiental, nas quais haja uma descrição de forma contínua das condições

ambientais da lagoa de Jacumã.

Entende-se por monitoramento ambiental:

O processo de acompanhamento de indicadores ambientais que, num mínimo necessário e pelas suas características, permitem avaliar a saúde ambiental e suas variações ao longo do tempo e do espaço, procurando identificar modificações ambientais potencialmente ligadas a um dado estressor47 . Este procedimento deve ser metódico e contínuo, no espaço e no tempo, enquanto o estressor continuar presente, sendo esta a ferramenta principal na determinação de medidas compensatórias e mitigadoras e na reavaliação periódica dos planos de contigência. (IDEMA, 2004).

Conforme destaca Dias (2003), o monitoramento deve ser identificado como

um dos aspectos essenciais do desenvolvimento turístico sustentável,

particularmente nos ambientes naturais mais sensíveis. O monitoramento de acordo

com o Pnuma deve incluir a realização de avaliações permanentes, auditorias

ambientais e o exame contínuo dos graus de mudança.

No informe da Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável, de 1999, no

capítulo II, item 27, há uma importante ponderação sobre a capacidade de carga em

relação ao desenvolvimento turístico. O documento aponta que não devem impor-se

limites em âmbito mundial e que as decisões devem basear-se em processos locais

nos quais participem diversas entidades. Pois cada lugar terá necessidades e

problemas diferentes. (DIAS, 2003)

Em suma, esta foi a realidade que esteve presente durante todo o processo

de desenvolvimento da atividade turística, contribuindo dessa forma para que a faixa

litorânea dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim apresentem um cenário

47 Estressor é qualquer ação, natural, antrópica ou de gênese desconhecida, que provoca ou pode, potencialmente provocar modificações na estrutura e processos do ambiente costeiro. Tais modificações ou variações são definidas como os impactos ambientais propriamente ditos.

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preocupante no que diz respeito à degradação do meio ambiente litorâneo, isso

inclui a população local que nela habita.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade turística nos países em desenvolvimento é tida pelos governos

como uma das principais alternativas para promover o desenvolvimento a nível

regional e local. Em geral, os argumentos utilizados nos discursos são sempre os

mesmos, tais como geração de emprego para a população, capacitação de divisas

para os municípios e os lucros para o setor de serviços.

No final da década de 1960, período conhecido como o “milagre brasileiro”, o

Governo Federal começa a definir uma política de Turismo para o país, com o

objetivo de gerar emprego e renda. No nordeste brasileiro a atividade turística

configurava-se, na década de 80, “[...] como um segmento econômico estratégico,

de modo que, a partir de então apoiados pelo Instituto Brasileiro de Turismo

(EMBRATUR), governadores de vários estados nordestinos empenharam-se por

desenvolver ações no sentido de impulsionar o turismo regional” (Fonseca, 2005).

Dentre as ações destacam-se a Política de Megaprojetos e o Prodetur – Programa

de Ação para o Desenvolvimento do Turismo do Nordeste. Ambas têm por objetivo

comum promover o desenvolvimento regional, minimizando desigualdades

econômicas inter-regionais, por meio do turismo.

No Rio Grande do Norte, a inserção das políticas públicas de Turismo foi

decisiva para o surgimento e projeção dessa atividade, tornando-a um segmento

econômico importante do Estado, sendo atualmente, um dos principais destinos

turísticos.

Essa nova função econômica provocou mudanças no espaço geográfico,

mais especificamente no espaço litorâneo, quer seja do ponto de vista morfológico,

quer seja do ponto de vista das funções e dos processos que se dão a partir da

dinâmica da atividade turística.

A partir do início da década de 80 e de uma forma mais dinâmica, década de

90, ano correspondente à política do PRODETUR, o turismo passou a constituir na

mais recente atividade econômica dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim,

nesses passou-se a desenvolver um processo de ocupação dos espaços litorâneos

através das instalações de equipamentos e serviços que propiciaram o consumo do

espaço turístico.

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A ação a nível Estadual e em nível local investindo na ampliação de infra-

estrutura e na área de marketing, tem atraído investimentos do setor privado para a

inserção de equipamentos e serviços turísticos de pequeno, médio e grande porte

(implantação de complexos turísticos). O crescimento da atividade fez emergir uma

nova ordenação territorial na área em estudo que continuou obedecendo à

racionalidade da acumulação, do consumismo e principalmente do imediatismo.

As secretarias de Turismo dos municípios em estudo ressaltam o fato de que

aproximadamente 50% da população litorânea vêm sendo empregada

informalmente. O complexo turístico a ser implantado nos municípios de Extremoz e

Ceará-Mirim, Grand Natal Golf, é um exemplo desse fato; na justificativa de gerar

emprego e renda, questões relacionadas ao meio ambiente, como por exemplo,

avaliação ambiental estratégica dos impactos da obra, impactos causados ao

ecossistema pelos campos de golfe, questões relacionadas a capacidade de suporte

dos recursos hídricos, aumento dos resíduos sólidos e líquidos são relegadas a um

plano inferior.

Sabemos que o capitalismo não se desenvolve em todos os lugares da

mesma forma, na área em estudo percebe-se que a relação de produção se

desenvolve com uma lógica própria, não recebe apoio do poder público local, nem

dos gestores envolvidos com a atividade turística, tornando, portanto, uma relação

de produção que nem sempre se torna coerente com a essência da lógica capitalista

que pressupõe um modelo mais organizado no que diz respeito à produção de

renda.

O descaso político tem sido grande, desrespeitando a Constituição, o plano

diretor municipal e a própria lei orgânica. Além desse fato verificou-se a ausência de

ações articuladas entre os setores, instituições municipais e estaduais quanto às

propostas de desenvolvimento da atividade turística implicando em ações

superpostas e desencadeadas, não contribuindo dessa forma para os benefícios

sociais, ambientais e econômicos.

Os municípios de Extremoz e Ceará-Mirim possuem problemas que dificultam

o pleno desenvolvimento do turismo, como deficiência de infra-estrutura básica,

população com baixa renda, nível de escolaridade baixo trazendo implicações na

capacitação profissional para o trabalho e prestação de serviços para o turismo,

ausência de postos de saúde, postos policiais, uso inadequado do solo e

conseqüente degradação do meio ambiente e da paisagem. Todos esses fatores

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nos levam a concluir que a forma como a atividade turística vem sendo conduzida

nos municípios ainda não vem contribuindo para um desenvolvimento turístico

sustentável.

A resolução desse impasse pode ser obtida através de um planejamento

consciente, que leve em consideração as relações sociais, a estrutura institucional

local, migrações, sazonalidades e as suas conseqüências na dinâmica local, a

geração de emprego e renda. Todos esses elementos levados em consideração

estão na base do planejamento estratégico.

Nesse sentido, Nogueira (2000, p. 78), entende que a Universidade

desempenha papel decisivo para o desenvolvimento da comunidade em que a

atividade está inserida. Através da realização de pesquisas aplicadas ao território.

Cabe a ela por intermédio da realização de pesquisas aplicadas aos seus territórios

e de seus planos de extensão, colaborar para o desenvolvimento, especialmente

pela realização de planejamentos de gestão integral para o desenvolvimento local,

formação de empreendedores e criação de empregos, desenvolvimento de linhas de

pesquisa aplicada, apoio aos programas locais, fomento e inovação; pelas

mudanças culturais e preservação do meio ambiente, cumprindo efetivamente seus

princípios fundamentais.

Como afirma Beni (2006), Política é um curso de ação para alcançar

objetivos, são as direções gerais para o planejamento e a gestão do turismo

baseadas em necessidades identificadas dentro de restrições de mercado e de

recursos. Portanto, se faz necessário que as políticas que levam a produção de

novos espaços e transformações da paisagem litorânea, considerem o uso e

ocupação do solo compatível com a proteção do meio ambiente.

Para que possa obter esse resultado, torna-se imprescindível, como já foi

mencionado em capítulos anteriores que o planejamento deve apoiar-se na

participação dos vários agentes envolvidos com a atividade, onde essa ação

interativa responderá certamente em um esforço significativo na construção de um

modelo de desenvolvimento sustentável, possibilitando superar paulatinamente a

reprodução da pobreza e da exclusão social provocadas em função do modelo de

desenvolvimento atual, onde essa nova ordenação se traduza em um novo modelo

de desenvolvimento, onde a qualidade de vida seja fator fundamental. Diante do

exposto permanece a indagação: quais as perspectivas futuras para o turismo no

litoral dos municípios de Extremoz e Ceará-Mirim?.

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RIO GRANDE DO NORTE. Decreto n°19.349, de 12 de set embro de 2006. Aprova a norma que ordena e disciplina o uso de veículos credenciados na are das dunas de Jenipabu e dá outras providências. 2006.

RIO GRANDE DO NORTE. Decreto n°19.139, de 05 de jun ho de 2006. Cria o Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) Jenipabu, nos municípios de Extremoz e Natal e dá outras providências. Disponível em < http://www.gabinetecivil .rn.gov.br/acess/pdf/dec19.139.pdf Acesso em: 25 jul. 2007.

RIO GRANDE DO NORTE. Câmara Municipal de Ceará-Mirim. Lei orgânica do município de Ceará-Mirim, promulgada em 02 de abril de 1990.

RIO GRANDE DO NORTE. Câmara Municipal de Ceará-Mirim. Lei orgânica do município de Extremoz, promulgada em 03 de abril de 1990.

RODRIGUES, Arlete Moysés. A produção e o consumo do espaço para o turismo e a problemática ambiental. In: YAZIGI, Eduardo; CARLOS, Ana Fani Alessandri; CRUZ, Rita de Cássia Ariza (Org.). Turismo, espaço, paisagem e cultura. São Paulo. Hucitec, 1996.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Desenvolvimento sustentável e atividade turística. In: RODRIGUES, Adyr Balasteri (Org.). Turismo: desenvolvimento local. 3.ed. São Paulo: Hucitec, 2002.

RUSCHAMANN, Doris Van de Heene. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 11. ed. Campinas: Papirus, 2004.

RUSCHAMANN, Doris Van de Heene. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 12. ed. Campinas: Papirus, 2005.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: espaço e tempo: razão e emoção. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985.

SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1978.

SANTOS, Milton. Técnica espaço tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

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SILVEIRA, Marcos Aurélio Tarlombani da. Planejamento territorial e dinâmica local: bases para o turismo sustentável. In: RODRIGUES, Adyr Balasteri (Org.). Turismo: desenvolvimento local. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. Como pode o turismo contribuir para o desenvolvimento local? In: RODRIGUES, Adyr Balasteri (Org.). Turismo: desenvolvimento local. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.

WAHAB, S. Introdução à administração do turismo: alguns aspectos estruturais e operacionais do turismo internacional, teoria e prática. Tradução Luiz Roberto de Morais Junqueira. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1991.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Secretaria do Meio Ambiente

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES ROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO EM GEOGRAFIA

GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN

Pesquisadora: Lidyanne Kaline Sousa do Nascimento Orientador: Elias Nunes

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Localidade: Atores: Secretaria do Meio Ambiente

1: Dados pessoais:

� Nome do entrevistado

� Tempo que atua na secretaria

� Profissão/ ocupação

� Idade

� Escolaridade

� Nacionalidade

� Naturalidade

2: Percepção Ambiental e Turística do Município.

1. Envolvimento (direto ou indireto) com a atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

2. Qual a dimensão e abrangência da atividade turística?

Grande ( ) Média ( ) Pequena ( )

3. Aspectos comparativos dos momentos anteriores e posteriores a interferência da atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

4. Atribuição das causas e efeitos das transformações espaciais e ambientais da localidade.

Sim ( ) Não ( )

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5. Existem impactos ambientais provocados pelo turismo na localidade?

Sim ( ) Não ( )

Quais:

6. Existem planos e programas de conservação e preservação de áreas naturais?

Sim ( ) Não ( )

7. Existem planos e programas que viabilizem investimentos por parte dos empreendedores nas medidas preservacionistas, afim de manter a qualidade e conseqüente atratividade dos recursos naturais?

Sim ( ) Não ( )

8. A renda da atividade turística, tanto indireta (impostos) como direta (taxas), proporciona as condições financeiras necessárias para a implantação de outras medidas preservacionistas

Sim ( ) Não ( )

9. O que tem sido feito para amenizar as implicações negativas em períodos de alta estação, no consumo e na produção de resíduos sólidos?

10. Há envolvimento com as secretarias do Estado?

Sim ( ) Não ( )

11. Os meios de hospedagem indicados agem de forma a proteger o meio ambiente?

Sim ( ) Não ( )

OBSERVAÇÕES DO ENTREVISTADOR:

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APÊNDICE B – Secretaria de Turismo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES ROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO EM GEOGRAFIA

GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN

Pesquisadora: Lidyanne Kaline Sousa do Nascimento Orientador: Elias Nunes

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Localidade: Atores: Secretaria de Turismo

1: Dados pessoais:

� Nome do entrevistado

� Tempo que atua na secretaria

� Profissão/ ocupação

� Idade

� Escolaridade

� Nacionalidade

� Naturalidade

2: Percepção Ambiental e Turística do Município.

1. Envolvimento (direto ou indireto) com a atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

2. Aspectos comparativos dos momentos anteriores e posteriores a interferência da atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

3. Preferências a gerentes, administradores e funcionários dos serviços turísticos originários da localidade que, conhecendo a área, poderão fornecer informações confiáveis aos turistas?

Sim ( ) Não ( )

4. Os meios de hospedagem agem de forma a proteger o meio ambiente, tais como separação e coleta seletiva do lixo, sistema de tratamento de esgoto.

Sim ( ) Não ( )

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5. Capacitação aos funcionários dos serviços turísticos em idiomas estrangeiros, afim de melhor atender clientes de outros países.

Sim ( ) Não ( )

6. Atribuição das causas e efeitos das transformações espaciais e ambientais da localidade.

Sim ( ) Não ( )

7. Existem impactos sociais e econômicos provocados pelo turismo na localidade?

Sim ( ) Não ( )

Quais:

8. Criação de uma política de turismo definida?

Sim ( ) Não ( )

9. Presta atenção aos desejos, às necessidades, às queixas e aos problemas dos turistas , levando-os ao conhecimento de operadores turísticos, hoteleiros, comunidades e órgãos públicos do setor?

Sim ( ) Não ( )

OBSERVAÇÕES DO ENTREVISTADOR:

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APÊNDICE C– Comerciantes antigos e associações

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES ROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO EM GEOGRAFIA

GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN

Pesquisadora: Lidyanne Kaline Sousa do Nascimento Orientador: Elias Nunes

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Localidade: Atores: Comerciantes antigos e associações

1: Dados pessoais:

� Nome do entrevistado

� Tempo que atua na secretaria

� Profissão/ ocupação

� Idade

� Escolaridade

� Nacionalidade

� Naturalidade

2: Percepção Ambiental e Turística do Município.

1. Envolvimento (direto ou indireto) com a atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

2. Parente próximo envolvido com a atividade turística?

Sim ( ) Não ( )

3. Qual a dimensão e abrangência da atividade turística?

Grande ( ) Média ( ) Pequena ( )

4. Percepção acerca do reconhecimento da história e cultura locais ?

Sim ( ) Não ( )

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5. Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-espacial e cultural da localidade a partir da atividade turística: cotidiano, costumes, manifestações culturais, paisagem, profissões e economia.

Sim ( ) Não ( )

6. Aspectos comparativos dos momentos anteriores e posteriores a interferência da atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

7. Impactos sociais e econômicos provocados pelo turismo na localidade

Sim ( ) Não ( )

Em caso afirmativo, quais?

8. Criação de política de valorização cultural, valorização do artesanato, do patrimônio histórico.

Sim ( ) Não ( )

9. Existe aceitação da atividade turística pela comunidade?

Sim ( ) Não ( )

1. Localidade e empreendimento

� Ramo da atividade

� Dimensão do empreendimento

� O porquê da escolha da localidade para o desenvolvimento do negócio

� Perspectiva sobre o turismo na localidade.

OBSERVAÇÕES DO ENTREVISTADOR:

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APÊNDICE D – Comunidade Local

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO EM GEOGRAFIA

GEOGRAFIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE: UMA NOVA FACE DO LITORAL DOS MUNICÍPIOS DE EXTREMOZ E CEARÁ-MIRIM/RN

Pesquisadora: Lidyanne Kaline Sousa do Nascimento Orientador: Elias Nunes

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Localidade: Atores: Comunidade Local

1: Dados pessoais:

� Nome do entrevistado

� Tempo que atua na secretaria

� Profissão/ ocupação

� Idade

� Escolaridade

� Nacionalidade

� Naturalidade

2: Percepção Ambiental e Turística do Município.

1. Envolvimento (direto ou indireto) com a atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

2. Parente próximo envolvido com a atividade turística?

Sim ( ) Não ( )

3. Qual a dimensão e abrangência da atividade turística?

Grande ( ) Média ( ) Pequena ( )

4. Percepção acerca do reconhecimento da história e cultura locais pela comunidade local?

Sim ( ) Não ( )

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5. Conhecimento das transformações na dinâmica sócio-espacial e cultural da localidade a partir da atividade turística: cotidiano, costumes, manifestações culturais, paisagem, profissões e economia.

Sim ( ) Não ( )

6. Aspectos comparativos dos momentos anteriores e posteriores a interferência da atividade turística.

Sim ( ) Não ( )

7. Conhecimento das transformações no desenho espacial a partir da atividade turística e suas repercussões na dinâmica sócio-cultural.

Sim ( ) Não ( )

8. Existem impactos ambientais e sociais provocados pelo turismo na localidade?

Sim ( ) Não ( )

Quais:

9. Há aceitação da atividade turística pela comunidade?

Sim ( ) Não ( )