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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS DE CAPITÃO POÇO GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS. CAPITÃO POÇO 2016

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE …...de melhoramento genético de citros da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Mandioca e Fruticultura: Tangerina Sunki Tropical,

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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS DE CAPITÃO POÇO

GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO

MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA

PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia

Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS.

CAPITÃO POÇO

2016

GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO

MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA

PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia

Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Agronomia da Universidade Federal Rural

da Amazônia, Campus Capitão Poço, como

requisito parcial para obtenção do título de

Engenheiro Agrônomo.

Orientadora: Prof. Me. Marluce Reis Souza Santa-

Brígida

Co-orientador: Fábio de Lima Gurgel, D. Sc.,

Pesquisador A da Embrapa.

CAPITÃO POÇO

2016

GILBERTO ALAN DA SILVA MAXIMO

MARCOS LEONAM MAGALHÃES ALMEIDA

PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS DE LIMA ÁCIDA TAHITI (Citrus latifolia

Tanaka) SOB DIFERENTES VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Agronomia da Universidade Federal

Rural da Amazônia, campus de Capitão Poço,

como requisito para obtenção do título de

Engenheiro Agrônomo.

Orientadora: Marluce Reis Souza Santa-Brigida.

Co-orientador: Fábio de Lima Gurgel, D. Sc.,

Pesquisador A da Embrapa.

Data da Aprovação: ____/_____/_____

Banca Examinadora:

_______________________________________________________________

Profª. Me. Marluce Reis Souza Santa-Brígida

Orientadora

_______________________________________________________________

Drº. Fábio de Lima Gurgel, D.Sc., Pesquisador A da Embrapa

Membro da banca

_______________________________________________________________

Drº. Osvaldo Ryohei Kato, Embrapa

Membro da banca

A energia positiva que rege esse universo, pela vida confiada a nós.

Aos nossos pais João Santana Maximo e Marilucia da Silva (pais de Gilberto Maximo) e

Maria Vera Meres de Freitas Almeida e Luiz Liosmar Magalhães (pais de Marcos Leonam).

Aos nossos irmãos, avós, tios e vizinhos. Aos nossos orientadores Marluce Reis Souza Santa-

Brígida e Fábio de Lima Gurgel. Deus ilumine sempre a todos.

DEDICO & OFEREÇO

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Campus Capitão Poço, pela

possibilidade de cursar Agronomia.

Aos nossos pais que lutaram sem medir esforços na criação e desenvolvimento da

família, sempre apoiando e incentivando-nos, nos momentos felizes ou tristes dando-nos

apoio e segurança, sendo o chão que sustenta a planta, a água que a faz crescer, e os nutrientes

que dão vida, cor e bons frutos, um grande abraço aos nossos pais que sempre foram, são e

será um exemplo a serem seguidos.

Aos meus tios e família, em especial (Profª. Vani) que sempre que precisei me acolheu

como se fosse um filho, me deu conselhos, apoio e me auxiliou no que fosse necessário.

(Marcos Leonam).

Aos meus companheiros de trabalho, Prof. Jorge, que nunca exitou em me liberar do

serviço quando necessitei. A Francilene, sempre compreensiva e me auxiliando nos momentos

que solicitei. Reinaldo grande amigo e parceiro de trabalho. (Marcos Leonam)

Aos nossos irmãos, Geovane Maximo e Gustavo Maximo (irmãos de Gilberto),

A namorada Eliana do Socorro (Namorada de Gilberto) pela compreensão por estar

comigo nos bons momentos e também nos ruins, nas dificuldades e aflições, um grande beijo

a você.

Aos nossos orientadores, Marluce Reis Souza Santa-Brígida e Fábio de Lima Gurgel,

pela paciência, confiança, incentivo, amizade e, principalmente, pelos conhecimentos

compartilhados.

Aos nosso supervisor de estágio Henrique Oeiras pela amizade, ajuda e conhecimento

compartilhado.

Ao Agente Administrativo da coordenação do curso de Agronomia Osvaldo Noronha,

que apesar de todas as suas ocupações, sempre esteve com inteira disposição para nos

auxiliar.

A nossa amiga Alane Brito por nos acolher nos momentos difíceis da vida acadêmica.

Aos colegas do Recanto do Agrônomo: Guilherme Dantas, Antônio Robson, Jucinéia

Sousa, Sidiney Santos, Leane Castro, Delane Albuquerque, Francisco de Assis, Gabriela

Muniz, Rafaela Alencar, Suzana Martins, Suzy e Nara Oliveira. Pelos momentos

compartilhados com muita alegria.

A todos vocês, nossos sinceros

AGRADECIMENTOS!

“Muito dos fracassos desta vida estão concentrados nas pessoas que desistiram por não

saberem que estavam muito perto da linha de chegada”.

Thomas Edison

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a formação de mudas de oito

variedades de porta-enxerto de Citrus spp., sob copa de lima ácida Tahiti, no município de

Capitão Poço – PA. Avaliaram-se oito variedades de porta-enxerto provenientes do programa

de melhoramento genético de citros da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) Mandioca e Fruticultura: Tangerina Sunki Tropical, HTR-053, TSKC x (LCR x

TR) - 059, TSKC x TRFD-003, Citrandarin Índio, TSKC x TRFD-006, LVK x LCR – 038,

TSKC x (LCR x TR – 073). A copa utilizada na enxertia foram borbulhas da lima ácida Tahiti

oriundas de viveiristas locais. Realizaram-se avaliações morfológicas das mudas na fase de

desenvolvimento dos porta-enxertos, a verificação do percentual de sucesso na enxertia e o

desenvolvimento das mudas enxertadas no momento do plantio. Desta forma, os caracteres

avaliados na fase de porta-enxerto foram: altura do porta-enxerto (APE), diâmetro do coleto

(DC1), número de folhas (NF), número de espinhos (NE). Já na fase da muda enxertada foram

quantificados os seguintes caracteres: altura da muda enxertada (AME), diâmetro basal do

coleto da muda enxertada (AC2), diâmetro do coleto abaixo do enxerto (DC3) e diâmetro do

coleto acima do enxerto (DC4). Na fase de desenvolvimento do porta-enxerto as variedades

que se destacaram para os caracteres avaliados foram: TSKC x (LCR x TR) – 59, Citrandarin

Índio e TSKC x TRFD – 06. Os materiais que apresentaram maior sucesso na enxertia foram:

TSKC x (LCR x TR059) com 100% de sucesso, TSKC x (TR x LCR-073) com 98,11% e

LVK x LCR – 038 com 96,90%. Na época do plantio, os genótipos que apresentaram melhor

desenvolvimento vegetativo foram: Citrandarin Índio, LVK x LCR – 038, TSKC x TRFD. De

uma maneira geral o porta-enxerto que se destacou nas três fases de avaliação foi o

Citrandarin Índio.

PALAVRAS-CHAVES: Biometria, melhoramento de plantas, enxertia, Citrus spp., Capitão

Poço.

ABSTRACT

The present study analyzed the formation of seedlings eight citrus rootstocks spp, on tahiti

acid lime canopy, in the “Capitão Poço - Pará”- Brazil. Evaluated eight citrus varieties

rootstock from in the Program Genetical Enhancement Brazilian Agricultural Research

Corporation (EMBRAPA): tangerine tropical Sunki, HTR-053, TSKC x (CSF x TR) - 059,

TSKC x TRFD-003, “citrandarin índio”, TSKC TRFD x-006, LVK x LCR - 038, TSKC x

(LCR x TR - 073). The canopy used in grafting were bud of acid lime tahiti coming from

local nurserymen. Were held morphological assessments of seedlings during the development

phase of rootstocks, verification the percentage of success in grafting and development of

grafted seedlings at planting. This manner, the characters evaluated in the rootstock phase

were: height of the rootstock, stem diameter, number of leaves, number of thorns. Already at

phase of grafting seedlings the following characters were measured: time of grafted seedlings,

basal stem, diameter of grafted seedlings, stem diameter below the graft and stem diameter

above the graft. In the development phase of the rootstock the varieties that stood out for

characters evaluated were: TSKC x (CSF x TR) - 59, “Citrandarin índio” and TSKC x TRFD

- 06. Materials with greater success in grafting were: TSKC x (CSF x TR059) with 100%

success, TSKC x (TR x LCR-073) with 98.11% and LVK x LCR - 038 with 96.90%. Around

the time of planting, the genotypes that have better vegetative development were “Citrandarin

índio”, LVK x LCR - 038, TSKC x TRFD. Generally speaking the rootstock that stood out all

three phases of evaluation was the “Citrandarin índio”.

KEYWORDS: Biometry, plant breeding, graft, Citrus spp, “Capitão Poço”.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do Município de Capitão Poço ........................................................... 18

Figura 2 - Localização da Área do Experimento ..................................................................... 29

Figura 3 - Mudas após dois meses de semeadura .................................................................... 31

Figura 4 - Mudas de porta-enxerto de citros dentro do viveiro com tela sobrite. ................... 31

Figura 5 - Limpeza manual...................................................................................................... 32

Figura 6 - Aplicação de composto organomineral. ................................................................. 33

Figura 7 - Toalete e poda ......................................................................................................... 34

Figura 8 - Realização de corte "T" invertido ........................................................................... 35

Figura 9 - Mudas pós enxertia com fita segurando o borbulho ............................................... 35

Figura 10 - Mudas em que ocorreram o "mela". ..................................................................... 36

Figura 11 - Mudas de porta-enxerto com a presença de gemas. ............................................. 37

Figura 12 - Mudas envergadas após a retirada do fitilho. ....................................................... 37

Figura 13 - Mudas tutoradas. ................................................................................................... 38

Figura 14 - Altura do porta-enxerto (APE) ............................................................................. 39

Figura 15 - Diâmetro do coleto (DC1). .................................................................................. 40

Figura 16 - Mudas separadas e o transporte, respectivamente. ............................................... 41

Figura 17 - Comparação de médias entre variedades de porta-enxertos de Citrus spp. para os

caracteres morfológicos: (a) Altura do porta-enxerto (APE, cm), (b) Diâmetro do coleto (DC1,

mm), (c) Número de folhas (NF), (d) Número de espinhos (NE). *: médias seguidas da

mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de

probabilidade. ........................................................................................................................... 44

Figura 18 - Percentual de sucesso da enxertia entre variedades de porta-enxertos de Citrus

spp. sob copa de lima ácida Tahiti. ........................................................................................... 45

Figura 19 - Comparação de médias entre mudas enxertadas de variedades de porta-enxertos

de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti para os caracteres morfológicos: (a) Altura da

muda enxertada (AME, cm), (b) Diâmetro basal do coleto (DC2, mm), (c) Diâmetro do coleto

abaixo do enxerto (DC3, mm), (d) Diâmetro do coleto acima do enxerto (DC4, mm). *:

médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao

nível de 5% de probabilidade. .................................................................................................. 47

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas de

variedades de porta-enxertos de Citros spp. ............................................................................. 43

Tabela 2 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas-

enxertadas de porta-enxertos de Citros spp. sob copa de limoeiro Tahiti. ............................... 46

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ................................................................................................................................ 41

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16

2.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 16

2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 16

3 REFERENCIAL TEORICO .............................................................................................. 17

3.1 Origem e dispersão dos citros ...................................................................................... 17

3.2 Histórico da citricultura brasileira e paraense .......................................................... 17

3.3 Botânica e taxonomia dos citros .................................................................................. 19

3.4 Melhoramento genético de citros ................................................................................. 21

3.5 Escolha do porta-enxerto ............................................................................................. 22

3.6 Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto ........................................................... 22

3.7 Porta-enxertos ............................................................................................................... 23

3.7.1 LCR: Limão Cravo ................................................................................................... 23

3.7.2 TSKC: Tangerina ‘Sunki’ (Citrus sunki hort. Ex Tanaka) ...................................... 24

3.7.3 LVK: Limão Volkameriano ..................................................................................... 25

3.7.4 TR: Trifoliata [Poncirus trifoliata (L.) Raf.] ............................................................ 26

3.7.5 TRFD: Trifoliata Flying Dragon [P. trifoliata var. monstrosa (T. Ito) Swingle] .... 26

3.7.6 Citrandarins .............................................................................................................. 27

3.7.6.1 Citrandarin ‘Índio’ ‘Sunki’ x Trifoliata ‘English’ – 256....................................... 27

3.8 Lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka) ................................................................ 28

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 29

4.1 Localização da área ...................................................................................................... 29

4.2 Origem das mudas ........................................................................................................ 30

4.3 Tratos culturais ............................................................................................................. 30

4.3.1 Semeadura e repicagem ............................................................................................ 30

4.3.2 Limpeza do local ...................................................................................................... 32

4.3.3 Adubação e aplicação de defensivos agrícolas ........................................................ 33

4.3.4 Poda e toalete ........................................................................................................... 33

4.4 Enxertia .......................................................................................................................... 34

4.5 Coleta de dados ............................................................................................................. 38

4.6 Análises estatísticas ....................................................................................................... 40

4.7 Plantio ............................................................................................................................ 41

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 48

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49

14

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo (UAGRO, 2013), sendo que o

Estado de São Paulo produz 72,6% do total produzido no Brasil (IBGE, 2014) Apenas na

região de São Paulo e Triângulo Mineiro, conhecida como Citrus Belt, o Brasil produz 53%

de todo o suco de laranja produzido no mundo (UAGRO, 2013). Apesar da posição de

liderança de produção, a ocorrência de problemas fitossanitários graves como a Clorose

Variegada dos Citros (CVC), o cancro cítrico, a Leprose, a Lagarta Minadora, a Gomose, o

declínio, vêm ameaçando a posição mundial ocupada pela citricultura brasileira (NEVES &

BOTEON, 1998) e acarretando muitos gastos e prejuízos ao setor citrícola e a toda sua cadeia

que depende deste setor.

Em nível de mercado interno, as frutas cítricas, rendem ao País cerca de US$ 1,5

bilhão anuais. Neste contexto, é preocupante a vulnerabilidade de nossos pomares, frente à

ação de organismos patogênicos, em razão da predominância de uso do limão-'Cravo' (C.

limonia Osb.) na sustentação, como porta-enxerto, do parque citrícola brasileiro, que

compreende uma população superior a 350 milhões de plantas, distribuída em todo o território

nacional, e área colhida chega a quase um milhão de hectares (IBGE, 2014). Um programa de

diversificação de porta-enxertos deve, portanto, ser estimulado, mediante trabalho conjunto,

envolvendo instituições de pesquisa, agentes de difusão de tecnologia, citricultores e

representantes do setor público, em nível municipal, estadual e federal. Visando ao

atendimento desse objetivo, são inúmeros os resultados de pesquisa passíveis de serem

utilizados em sua implementação, de forma regionalizada. (SOARES FILHO et al., 2002).

Diante dessa situação, demonstra-se a grande importância da obtenção de variedades

melhoradas que apresentem tolerância a pragas e doenças para que a citricultura apresente

bom desempenho, com elevada produtividade, frutos de qualidade e diminuição dos custos de

produção. (MENDES-DA-GLÓRIA et al., 2001).

Na citricultura, é importante a diversificação dos porta-enxertos, pois a diversidade

genética é uma garantia de sobrevivência das plantas no caso de aparecimento de novas

enfermidades. Porém, na fase de produção de mudas, é importante o conhecimento do

comportamento de cada combinação variedade copa-porta-enxerto, pois suas interações

afetam o desenvolvimento da muda, acelerando-o ou retardando, apresentam compatibilidades

diferenciadas segundo as variedades enxertadas. (FOCHESATO et al., 2006).

O sucesso da citricultura, a exemplo de qualquer outra fruticultura, está na sua

implantação. A escolha das variedades de copa, dos porta-enxertos e da muda a ser plantada é

15

fator decisivo para o sucesso ou fracasso da sua atividade. Portanto, para a implantação de um

pomar comercial, o citricultor precisa de mudas de boa qualidade, pois delas irá depender o

futuro do pomar. A produção de uma boa muda passa por várias etapas, que vão desde a

escolha da porta enxerto até os tratos culturais no viveiro. (SILVA & SOUZA, 2002).

Atualmente, no Brasil o porta-enxerto limoeiro ‘Cravo’ é o mais utilizado, dada sua

indução de bom vigor e alta produtividade às copas cítricas em geral, além de tolerância ao

estresse hídrico, exceto no Rio Grande do Sul onde predomina o Poncirus trifoliata (L.) Raf.

e no Estado de Sergipe, onde esse limoeiro divide espaço com o limoeiro ‘Rugoso’ (C.

jambhiri Lush.). No exterior ele está presente na citricultura da China, da Argentina e da

Índia, contudo, este limoeiro está sendo substituído, basicamente por problemas

fitossanitários, como o da morte-súbita-dos-citros. (SANTANA, 2012)

Entretanto, não é uma tarefa fácil á criação de novos porta-enxertos aptos a substituir

ou compor com o limoeiro ‘Cravo’ a base dos pomares cítricos brasileiros, devido às enormes

dificuldades apresentadas na execução de programas de melhoramento genético de citros.

Conforme enfatizado por Navarro (2005), em nível mundial, a quase totalidade das

variedades-copa resultou de seleções de mutações espontâneas, enquanto que, entre as

variedades porta-enxerto, somente os citranges (C. sinensisx P. trifoliata) Troyer e Carrizo,

híbridos obtidos em 1909, vêm sendo utilizados de forma relativamente expressiva.

É de extrema relevância estudar o uso de diferentes porta-enxertos, pois os mesmos

afetam muitas características das variedades copas, como vigor, precocidade de produção,

produção, época de maturação, massa de frutos, coloração da casca e do suco, teor de

açúcares e de ácidos nos frutos, permanência dos frutos na planta, conservação da fruta após a

colheita, tolerância da planta à salinidade, à seca, à geada, a doenças, dentre outros fatores.

(ZAMPRONIO et al., 2012). Estudos como esses ainda não foram realizados na região

citrícola paraense, especialmente no pólo de Capitão Poço.

Segundo Barbosa Júnior (2007), a lima ácida Tahiti (Citrus aurantifolia, Swingle var.

thaiti), conhecida e consagrada entre os consumidores brasileiros como limão Tahiti, é uma

das preciosidades da citricultura. Sua cultura difundiu-se pelos países das Américas, único

continente onde o Tahiti é produzido comercialmente. De acordo com Batista (2010)

Estatísticas extra-oficiais apontam o Brasil como maior produtor de lima ácida Tahití, porém

a estatística da FAO não separa a produção de limão verdadeiro e de lima ácida, razão pela

qual a FAO classifica o Brasil como quarto maior produtor mundial de limas e limões.

16

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a formação e o desenvolvimento de mudas de oito variedades de porta-

enxertos de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti no município de Capitão Poço-PA.

2.2 Objetivos específicos

1. Identificar a variedade de porta-enxerto mais vigorosa para a realização da enxertia.

2. Quantificar o percentual de sucesso da enxertia nos diferentes porta-enxertos.

3, Determinar o porta-enxerto em que as mudas apresentaram melhor desempenho no

momento do plantio.

17

3 REFERENCIAL TEORICO

3.1 Origem e dispersão dos citros

Os citros foram introduzidos na Europa, antes de Cristo, pelos romanos, que as

cultivavam no jardim, em casas de vegetação visando protegê-las do frio no inverno. Na

América Central, as laranjeiras foram introduzidas por Cristóvão Colombo, em 1493; na

África do Sul em 1654 e na Austrália em 1788. No Brasil, elas foram introduzidas

inicialmente no estado da Bahia, de onde foram levadas para o Rio de Janeiro, São Paulo e

nas demais regiões produtoras onde hoje existem. (KOLLER, et al., 2006).

O gênero Citros representa um ponto mais alto de um longo período evolutivo, cujo

início remonta há mais de 20 milhões de anos (SWINGLE, 1967). São originários

principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo áreas da

Austrália e África. Foram levados para a Europa na época das Cruzadas e chegaram ao Brasil

trazido pelos portugueses, no século XVI. (MATTOS JUNIOR, NEGRI, & JORGINO,

2005).

As laranjeiras são cultivadas e seus frutos apreciados há mais de 4.000 anos e

atualmente seu cultivo se estende nas mais diversas regiões do mundo, principalmente entre

as latitudes de 40° norte e sul. (KOLLER, et al., 2006).

3.2 Histórico da citricultura brasileira e paraense

A liderança brasileira na produção de laranja iniciou-se na safra 1981/82, quando a

produção nacional superou a americana, após uma sequência de geadas que atingiu a Flórida,

que é principal região produtora de laranja nos Estados Unidos. Desde então, a produção

brasileira praticamente dobrou e os Estados Unidos se mantiveram como o segundo maior

produtor de laranja do mundo, mas a cada ano perdem produção e, atualmente, têm menos da

metade da produção brasileira. Na sequência, vêm China, Índia, México, Egito, Espanha,

Indonésia, Irã e Paquistão, que juntos produzem praticamente o mesmo volume das produções

brasileiras e americanas somadas. Em seguida, vêm outros 111 países produzindo em

conjunto praticamente o mesmo que o Brasil produz sozinho. (NEVES et al., 2010).

A citricultura paraense está entre as mais importantes do Brasil, sendo o Pará um dos

poucos polos citrícolas na zona equatorial no mundo. O município de Capitão Poço (Figura

18

1), com 15 mil hectares de área plantada e onde a citricultura foi introduzida há cerca de 50

anos, é o principal produtor estadual. (BRANDÃO, 2015).

Fonte: Rosana Gurgel - 2016

Sua história está vinculada de maneira direta ao processo do chamado avanço das

frentes pioneiras que resultaram na instalação de migrantes, originários de outras partes do

país em território paraense, sob influência da rodovia Belém-Brasília. Em área pertencente ao

Município de Ourém, foi instalada uma frente pioneira que passou a ser chamada de Capitão

Poço, no transcurso dos anos 1950. O nome desta frente representou uma homenagem ao

explorador conhecido pelo nome de Capitão Possolo, o mesmo que integrou parte da primeira

caravana de pioneiros que no mês de junho de 1955 chegou até o local onde se localiza a sede

do município, que foi batizado com o nome de Capitão Poço. Sabe-se que as terras de Capitão

Poço são propícias para o cultivo da malva, arroz, laranja e pimenta-do-reino, e o povoamento

das mesmas foi feita por descendentes de nordestinos. (CIDADES@, 2013).

Capitão Poço, que responde pela maior produção de laranja do Norte do Brasil, tem

uma área plantada de 12 mil hectares, com pelo menos mil agricultores dedicados à cultura, e

já exporta a produção do cítrico para indústrias de sucos de São Paulo e outros estados do

Figura 1 - Localização do Município de Capitão Poço

19

País. É referência em produção de laranja orgânica no Pará, o município recomeçou o

processo de certificação anual dos produtores, 70% deles, agricultores familiares. A lavoura

de laranja que está em constante expansão em Capitão Poço, registrando crescimento entre

5% a 10% anualmente, deve atingir este ano a produção de 180 mil toneladas do fruto. Apesar

da concentração de safra se dar somente entre setembro a dezembro, a colheita da laranja

acontece ainda entre março e abril, chamado de colheita temporã. A produção nesse período

deve atingir 60 mil toneladas, 30% maior que no mesmo período do ano passado. (LOPES,

2012).

A introdução da cultura da laranja, aliada ao apoio dado pela Secretaria de Estado de

Agricultura SAGRE e a EMATER, as condições favoráveis de clima, solo e mercado ao

interesse dos agricultores, proporcionaram incremento considerável ao cultivo da laranja neste

município, que hoje tem, aproximadamente, dois milhões de pés, privilegiando o município

como o maior produtor da Região Norte. (Conheça a história de Capitão Poço, 2011).

3.3 Botânica e taxonomia dos citros

Os citros fazem parte da família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, englobando

seis gêneros: Fortunella (Swingle), Eremocitrus, Poncirus, Clymenia (Swingle), Microcitrus e

Citrus. São espécies alógamas, sexualmente compatíveis, altamente heterozigotas e diplóides,

com número de cromossomos nas células somáticas 2n = 18. (CAMERON & FROST, 1968).

Em se tratando dos sistemas de classificação existentes, o mais utilizado foi o proposto por

Swingle (1943), que reconheceu 16 espécies verdadeiras de citros e as classificou entre os seis

gêneros que compunham o grupo subtribal denominado "árvores de citros verdadeiros" (“true

citrus fruit trees”), subtribo Citrinae, tribo Citreae, subfamília Aurantioideae da família

Rutaceae. (SWINGLE, 1967).

O gênero Citrus é representado por plantas dicotiledôneas de porte médio

(arbóreo/arbustivo), podendo atingir de 4,5 m a 12,0 m de altura na idade adulta (REUTHER,

1973). Apresentam raiz do tipo pivotante, da qual se desenvolvem as raízes secundárias ou

laterais, que originam as terciárias, quaternárias, e assim por diante (QUEIROZ-VOLTAN &

BLUMER, 2005). Produzem folhas simples (SWINGLE, 1967), de forma elípticas, por vezes

lanceoladas, e de coloração verde-escura (SCHNEIDER, 1968), de margem lisa, em sua

maioria apresentando pontos negros ou translúcidos que constituem glândulas de óleo, e com

o pecíolo alado ou não (PRALORAN, 1977). Suas flores são brancas, aromáticas com

nectário, o ovário está apoiado sobre o disco floral, e geralmente apresentam cinco pétalas,

20

mas esse número pode varia de quatro a oito. Produzem frutos aromáticos, com vesículas

preenchidas por suco de grande interesse comercial, globosos do tipo baga típica, chamada

hesperídio (QUEIROZ-VOLTAN & BLUMER, 2005), na qual se pode distinguir o exocarpo

ou flavedo, o mesocarpo ou albedo e o endocarpo, constituído de lóculos, onde estão as

sementes, próximas ao eixo central e entre as vesículas de suco (AGUSTÍ et al., 1995). O

epicarpo é de coloração verde, amarelo ou laranja quando maduros e com a presença de

glândulas de óleo essencial. (SWINGLE, 1967).

As espécies do gênero Citrus reproduzem-se sexuadamente por autopolinização e

polinização cruzada e assexuadamente por apomixia nucelar. A compatibilidade sexual é

elevada em citros, pois há essencialmente três espécies básicas, C. maxima, C. medica e C.

reticulata, sendo as demais híbridos naturais, além de boa reprodução com Poncirus e outros

gêneros. Suas sementes possuem tanto embriões zigóticos como apomíticos, apresentando,

em geral, apomixia facultativa adventícia, com número variável de embriões como, por

exemplo, de três a 12 embriões apomíticos formados a partir de células da nucela (QUEIROZ-

VOLTAN & BLUMER, 2005). Algumas espécies são 4 monoembriônicas e não aproveitadas

como porta-enxertos em função da alta variabilidade na progênie, conduzindo a plantios com

baixa uniformidade, porém podem ser de grande importância nos programas de melhoramento

genético. As sementes cítricas são recalcitrantes, em vista de seu elevado teor de lipídios, e

possuem duas camadas, a externa denominada testa e a camada tegma. (DAVIES &

ALBRIGO, 1994).

O nível de apomixia varia de acordo com as espécies e cultivares de citros. Em geral,

os limoeiros verdadeiros apresentam número reduzido de embriões nucelares, enquanto as

laranjeiras doces, laranjeira Azeda, a tangerineira Ponkan (C. reticulata Blanco, o Poncirus

trifoliata (L.) Raf., os tangeleiros [tangerineira (diversas espécies, incluindo a mexeriqueira

C. deliciosa Ten.) x pomeleiro] e os citranges (laranjeira doce x P. trifoliata) apresentam taxas

elevadas de poliembrionia (OLIVEIRA R. et al, 2014). Em citros existem, ainda, cultivares

monoembriônicas, como as tangerineiras Wilking [mexeriqueira Willowleaf x tangerineira

King (C. nobilis Lour.)]; Kincy (tangerineira King x tangerineira Dancy C. tangerina hort. ex

Tanaka); Temple (tangoreiro, denominação generalizada de híbridos de tangerineira com

laranjeira doce) e Clementina (C. clementina hort. ex Tanaka), os pomeleiros (C. paradisi.

Macf.) Wheeny e Sukega, as toranjeiras (Citrus × paradisi) e as cidreiras (Citrus medica L.).

(MACHADO et al., 2005).

21

3.4 Melhoramento genético de citros

Embora a enxertia dos citros já fosse conhecida desde o século V, considera-se que o

principal indutor da transição da citricultura de pés francos para a de plantas enxertadas, foi o

surgimento da gomose de Phytophthora na Ilha dos Açores em 1842 e seu controle mediante

porta-enxertos resistentes, entre os quais a laranja ‘Azeda’ (CHAPOT, 1975). Posteriormente,

por volta de 1890, foi observado na África do Sul e na Austrália, o declínio de laranjeiras e

tangerineiras enxertadas em laranja ‘Azeda’, o que levou a sua substituição pelo limão

‘Rugoso’. A princípio, considerado como uma forma de incompatibilidade entre copas e

porta-enxertos, teve a sua origem virótica, transmissão por borbulha e pelo pulgão-preto

demonstrada no Brasil em 1946 (MENEGHINI, 1946). A inviabilidade do controle do vetor

obrigou a substituição da laranja ‘Azeda’ por porta-enxertos tolerantes a essa virose,

denominada de tristeza por Moreira (1942). Esses dois eventos são considerados os principais

impulsionadores do melhoramento de porta-enxertos em todo o mundo.

No melhoramento genético de citros, o estudo do modo de herança de resistência a

doenças e de outras características importantes apresenta um determinado grau de

complexidade especialmente devido a fatores de ordem genética, botânica e agronômica. Tais

como a heterogeneidade genética do gênero, poliembrionia natural, recombinação, longo

período pré-reprodutivo, incompatibilidade, alta heterozigosidade, complexidade dos

mecanismos genéticos, depressão por autogamia e, por ser espécie perene, longo tempo é

necessário para se realizar seleções para as características desejadas (CRISTOFANI,

MACHADO, & GRATAPAGLIA, 1999). Os programas de melhoramento genético e seleção

dos citros focam a obtenção de novas variedades de porta-enxertos e de copa com maior

tolerância ou resistência a doenças e pragas, e mais adaptadas a condições abióticas adversas.

(MARENGO, 2009). Frente a este cenário, o melhoramento de citros tem avançado nas

últimas décadas, principalmente devido à possibilidade de utilização e incorporação de

ferramentas de biotecnologia aos programas tradicionais de melhoramento.

Para Marcelo Zanet (Citrograf Mudas, 2007) O investimento na cultura dos citros tem

retorno de longo prazo. Além disso, os riscos existem a ponto do investimento ser

comprometido se forem adotadas estratégias erradas. O potencial máximo de produção de

uma árvore de citros é expresso depois de seis a oito anos após o plantio e o tempo de vida

útil do pomar pode ser de até 20 anos, em função do manejo da cultura. Desta forma, a

qualidade da muda, na fase de implantação da cultura é ponto crítico para sucesso do

empreendimento.

22

3.5 Escolha do porta-enxerto

A escolha do porta-enxerto é um dos primeiros passos a ser tomado pelo citricultor e

pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso do negócio (OLIVEIRA I. et al., 2012).

Entretanto, não existe um porta-enxerto ideal ou que só tenha vantagens, todos eles

certamente terão prós e contras e caberá ao produtor escolher aquele que apresente o melhor

desempenho. Os porta-enxertos de plantas cítricas afetam mais de 20 características hortícolas

e patológicas da cultivar copa e seus frutos, sendo seu uso considerado essencial na

citricultura. (CASTLE, 1992).

O conhecimento do comportamento dos porta-enxertos, das copas e da combinação

mais adequada a diferentes situações é crucial, pois os porta-enxertos afetam várias

características da planta, particularmente a resistência a estresses ambientais. (NOGUEIRA et

al, 2001; CERQUEIRA et al, 2004).

O melhoramento genético de porta-enxertos busca obter variedades que sejam

tolerantes/resistentes a fatores bióticos e abióticos. É também desejável que o porta-enxerto

induza boa produção e qualidade de fruto, possua facilidade de propagação, seja compatível

com as principais variedades copa e contribua para a maior longevidade das plantas.

(BLUMER, 2005a).

É muito importante diversificar os porta-enxertos, pois se trata de uma importante

ferramenta para melhorar a qualidade da citricultura, devendo essa atender às expectativas do

produtor e do mercado consumidor. A diversidade genética é uma garantia de sobrevivência

das plantas no caso de aparecimento de novas enfermidades. Porém, na fase de produção de

mudas, é importante o conhecimento do comportamento de cada combinação variedade copa-

porta-enxerto, pois suas interações afetam o desenvolvimento da muda, acelerando-o ou

retardando-o, apresentam compatibilidades diferenciadas segundo as variedades enxertadas.

(MEDINA et al, 1998; SCHÄFER, 2004)

3.6 Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto

A enxertia possibilita o contato de vegetais geneticamente diferentes e com sistemas

fisiológicos, bioquímicos e anatômicos distintos permitindo assim interações favoráveis como

desfavoráveis. Dentre estas, destaca-se a ocorrência de pouca afinidade e até

incompatibilidade entre copas e porta-enxertos. (BLUMER, 2005a).

23

Até o momento não são conhecidas as causas da incompatibilidade que ocorre nas

plantas. Uma das hipóteses afirma que ela está associada a diferenças no vigor e no início e

término do ciclo vegetativo do porta-enxerto e do enxerto. Outras a atribuem a diferenças

fisiológicas e bioquímicas, através de substâncias preexistentes ou formadas na região da

enxertia. Alguns autores associam-na a fatores, provavelmente vírus, transmissíveis por

borbulhas (BRIDGES & YOUTSEY, 1968; MCCLEAN, 1974; ROISTACHER, 1991). Os

fatores ambientais exercem influência na expressão ou não da anomalia, o que poderia

explicar a não visualização dos sintomas em determinadas situações. (BLUMER, 2005a).

A incompatibilidade pode ser definida como um fenômeno de senescência prematura

causada por processos fisiológicos e bioquímicos e que pode ser intensificado sob condições

de estresse. (FEUCHT & SCHMID, 1988).

Nas plantas cítricas os sintomas de incompatibilidade são caracterizados por

deficiências nutricionais, queda das folhas, seca de ponteiros, brotação exagerada do porta-

enxerto e produções não econômicas de frutos, podendo vir a morrer. Retirada a casca na

região da enxertia observa-se penetração da casca no lenho em parte ou em toda a

circunferência do tronco quase sempre acompanhado pela formação de goma tanto na casca

quanto no lenho. (NAURIYAL et al, 1958; KIRKPATRICK et al, 1962; POMPEU JUNIOR

et al, 1972)

3.7 Porta-enxertos

3.7.1 LCR: Limão Cravo

O limão cravo continua a ser o porta-enxerto mais utilizado na citricultura brasileira.

Todavia, sabe-se, há vários anos, dos riscos a que está sujeita a cadeia produtiva dos citros

com o uso de um único porta-enxerto. Essa prática pode impedir que a planta manifeste todo

seu potencial produtivo em outros tipos de solos, climas e variedades de copas, além do risco

de adquirir moléstias (SILVA & SOUZA, 2002). Na Região Norte, por exemplo, umidade e

temperatura elevadas são favoráveis ao desenvolvimento de numerosas doenças. A gomose

(Phytophthora spp.) é uma das mais sérias. O método mais eficiente de prevenção contra essa

doença é o uso de porta-enxertos tolerantes e compatíveis com a copa utilizada, além de tratos

culturais recomendados para a cultura. (SILVA & SOUZA, 2002).

Além disso, a maioria das variedades de limão cravo, segundo Muller & De Negri

(2001), é altamente suscetível à “morte súbita dos citros”, doença de causa ainda

24

desconhecida. O porta-enxerto pode induzir várias alterações na copa, dentre elas:

precocidade de produção, peso dos frutos, teor de açúcares e ácidos no fruto, resistência à

seca e ao frio, conservação do fruto após a colheita, tolerância a pragas e moléstias e outros. A

copa também pode influenciar o porta-enxerto quanto ao desenvolvimento radicular,

resistência ao frio, à seca e a moléstias. (SILVA & SOUZA, 2002).

Induz produção precoce, alta produção de frutos de regular qualidade,

compatibilidade com as cultivares copas, média resistência ao frio, boa resistência à seca.

Tem melhor comportamento quando plantado em solos arenosos e profundos. Nos argilosos,

sua produtividade pode ser inferior à das tangerinas ‘Cleópatra’ e ‘Sunki’ (BLUMER, 2005a).

É tolerante à tristeza, mas suscetível à exocorte, à xiloporose e ao “blight”, e oferece

média resistência à gomose de Phytophthora. É suscetível à salinidade e pouco resistente à

geada. As variedades nele enxertadas iniciam a produção dois a três anos após o plantio.

Induz a produção de frutos de qualidade pouco inferior aos obtidos sobre citrumelo ‘Swingle’

e citrange ‘Carrizo’, mas muito superior aos produzidos sobre limão ‘Rugoso’. (BLUMER,

2005a).

Os citromônias, limão ‘Cravo’ x Trifoliata [C. limonia Osb. x P. trifoliata (L.) Raf.],

seleções A e B, mostraram-se tolerantes à tristeza e ao declínio e induziram à laranjeira

‘Valência’ produções de frutos e de sólidos solúveis 63 e 86% maiores que as obtidas com o

trifoliata ‘Davis A’. (POMPEU JUNIOR et al, 2002a, b).

3.7.2 TSKC: Tangerina ‘Sunki’ (Citrus sunki hort. Ex Tanaka)

Originária do Sul da China, a tangerina 'Sunki' (C. sunki Hort. ex Tan.), também

conhecida como 'Suenkat' e 'Sunkat', Hodgson (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128),

está entre os principais porta-enxertos disponíveis à satisfação dessa demanda. Indicada em

combinações com copas de laranjas, tangerinas (C. reticulata Blanco) e pomelos (C.

paradisiMacf.), Pompeu Júnior (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128), confere às

mesmas um elevado vigor e boa produtividade de frutos, Figueiredo (apud SOARES FILHO

et al., 2002, p.128), sendo a qualidade destes compatível com a verificada em limão-'Cravo',

conforme constatado por Salibe & Mischan (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128) em

estudo envolvendo diferentes copas de laranjas-doces. Além disso, é tolerante à tristeza, ao

declínio dos citros e à salinidade, Castle (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128). Como

principais restrições, apresenta alta suscetibilidade à gomose de Phytophthora, Carvalho

25

(apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128), e um reduzido número de sementes por fruto em

torno de quatro a cinco. Medrado (apud SOARES FILHO et al., 2002, p.128).

Um experimento avaliou os três primeiros cultivos comerciais de laranjeira 'Valência'

enxertada sobre diversos porta-enxertos na Colômbia, Brasil no Estado de São Paulo, indicou

que os híbridos TSKC x (LCR x TR)- 059 e HTR – 053, permitiu plantação densidades mais

elevados do que os obtidos com a utilização de cal porta-enxertos tradicionais 'Cravo' e

tangerina 'Sunki'. Eles também induzida mais elevada eficiência de produção de frutas com

qualidade superior ou equivalente, em comparação com frutas em limoeiro 'Cravo', que é o

porta-enxerto de costume no Brasil. Além disso, 'TSKC × (LCR × TR) -059' induziu elevados

tolerância à seca, com resultados semelhantes aos limoeiros 'Cravo', e o primeiro híbrido

também induzida rolamento início fruto da variedade copa 'e' HTR-051 'apresentaram maior

eficiência de produção de frutas do que os outros porta-enxertos, incluindo os convencionais,

em ordem decrescente, respectivamente.

Quando plantada em solos argilosos, induz a produção de frutos e de sólidos solúveis

semelhante ou superior às obtidas nas laranjeiras enxertadas em limão ‘Cravo’ ou em

tangerina ‘Cleópatra’. Os frutos da tangerineira ‘Sunki’ amadurecem de abril a maio e

contêm, em média, três sementes. (BLUMER, 2005a).

3.7.3 LVK: Limão Volkameriano

O limoeiro Volkameriano foi introduzido da Itália em 1963 e somente dez anos depois

publicaram-se os primeiros resultados, mostrando ser ele uma opção ao limoeiro Cravo,

principalmente pela sua boa tolerância à seca (SALIBE, 1973). Isto explica, em parte, que a

sua presença nos viveiros somente começasse a ser registrada em 1984, em 1,2% das mudas.

A suscetibilidade ao declínio, à gomose e à MSC e a incompatibilidade com a laranjeira Pera

são as principais limitações a seu maior uso, e, apesar de induzir alta produção, em geral a

qualidade dos frutos é baixa. Assim como o Volkameriano, o limoeiro rugoso apresenta

incompatibilidade com a laranjeira Pera, o que acarretou um desinteresse pelo uso desse

porta-enxerto, além da pequena longevidade das plantas nele enxertadas, provavelmente em

vista da parcial intolerância à tristeza, e susceptibilidade ao declínio. (POMPEU JUNIOR,

2005).

26

3.7.4 TR: Trifoliata [Poncirus trifoliata (L.) Raf.]

É suscetível à exocorte, tolerante à xiloporose e imune à tristeza, SALIBE &

MOREIRA (apud BLUMER, 2005a, p.10). É resistente à gomose de Phytophthora,

FEICHTENBERGER et al (apud BLUMER, 2005a, p.10) e ao nematóide Tylenchulus

semipenetrans Cobb, porém não ao Radopholus similis, O’BANNON & FORD (apud

BLUMER, 2005a, p.10).

O trifoliata e os citranges (C. sinensis x P. trifoliata) cv. Carrizo e Troyer têm como

limitações o maior tempo necessário para a formação das mudas, suscetibilidade ao declínio

dos citros, baixa tolerância à seca e incompatibilidade com a laranjeira Pera e com o tangor

Murcott (POMPEU JUNIOR, 2005). Por outro lado, trifoliata e seus híbridos são os porta-

enxertos induzem as maiores qualidades de frutos às copas.

Plantas enxertadas em trifoliatas são tolerantes a geadas e intolerantes a solos

calcários e salinos, PEYNADO & YOUNG (apud BLUMER, 2005a, p.10), quando

apresentam sintomas de deficiência de fósforo. O trifoliata é suscetível ao declínio,

BERETTA et al. (apud BLUMER, 2005a, p.11) e tolerantes a MSC, BASSANEZI et al. (apud

BLUMER, 2005a, p.11).

De modo geral, o trifoliata e seus híbridos induzem às copas a produção de frutos

com melhores características comercias que as obtidas sobre outros porta-enxertos,

BORDIGNON et al. (apud BLUMER, 2005a, p.11).

Os frutos de trifoliata amadurecem de março a maio e apresentam, em média, 38

sementes. É considerado um porta-enxerto com “potencial ananicante” que pode se expressar

com maior ou menor intensidade, dependendo de condições edafoclimáticas, da variedade

copa, presença de viroses e uso da irrigação. (BLUMER, 2005a).

3.7.5 TRFD: Trifoliata Flying Dragon [P. trifoliata var. monstrosa (T. Ito) Swingle]

É considerado um porta-enxerto geneticamente nanicante, porque possibilita a

formação de plantas com altura inferior a 2,5 m em todos os países onde vem sendo avaliado.

Ele vem sendo investigado desde 1972 na Califórnia, onde laranjeiras ‘Valência’ com 14 anos

de idade apresentavam altura de 1,9 m e produção média de 33 kg de frutos de alta qualidade

por planta. A lima ácida ‘Tahiti’ (C. latifólia Tanaka) sobre Flying Dragon apresentou copa

54% menor que a enxertada no trifoliata ‘Pomeroy’ e 70% menor que a enxertada em C.

macrophylla, ROOSE (apud BLUMER, 2005a, p.22).

27

Para Passos et al. (2006), as plantas deste porta-enxerto são caducifólias, resistentes ao

frio, tolerantes à gomose de Phytophthora, imunes ao vírus da tristeza e resistentes a

nematoides, além de induzir a produção de frutos de excelente qualidade à variedade copa

sobre ele enxertada. O uso deste porta-enxerto é muito frequente no Japão, Austrália, Nova

Zelândia, Argentina, Uruguai, e Estados Unidos.

No Brasil, o uso dos trifoliatas é mais restrito ao estado do Rio Grande do Sul, devido

a sua boa adaptação a climas frios, menor porte da planta e alta qualidade dos frutos

proporcionada à variedade copa. (SCIVITTARO et al., 2004).

O Poncirus trifoliata var. monstrosa ‘Flying Dragon’ é considerado uma mutação do

trifoliata originada no Japão (Pompeu Junior, 2005). Este porta-enxerto é utilizado por ser

considerado a única variedade verdadeiramente nanicante (Pompeu Junior, 2005). O

nanicamento induzido à variedade copa é uma característica desejada em um porta-enxerto

por vários aspectos, tais como otimização da área produtiva e aumento da produtividade. Em

última instância poderia aumentar o retorno econômico por facilitar tratos culturais, controle

fitossanitário e a colheita dos frutos.

Outra característica limitante ao uso do FD é a incompatibilidade dos trifoliatas com a

laranjeira ‘Pêra’ e com o Tangor ‘Murcott’ (Pompeu Junior, 2005). Entretanto, o FD confere

bom desenvolvimento à lima ácida ‘Tahiti’. (STUCHI & Silva, 2005).

3.7.6 Citrandarins

Híbridos de microtangerinas (mandarinas) com trifoliatas constituem uma nova

geração de porta-enxertos que pretende reunir as qualidades das tangerinas, como tolerância à

tristeza, ao declínio, ao viróide da exocorte e a solos calcários, às dos trifoliatas, entre elas a

imunidade à tristeza, resistência à gomose e ao frio, bem como a indução de plantas de

pequeno tamanho com elevadas produções por metro cúbico das copas de frutos de excelente

qualidade. Como na maioria dos paises citrícolas a irrigação é pratica cultural rotineira, a

tolerância à seca não é um atributo exigido dos porta-enxertos. (BLUMER, 2005a).

3.7.6.1 Citrandarin ‘Índio’ ‘Sunki’ x Trifoliata ‘English’ – 256

É um porta-enxerto oriundo da Estação Experimental de Indio, Califórnia, pertencente

ao United States Department of Agriculture (USDA), introduzido na Embrapa Mandioca e

Fruticultura por intermédio do Instituto de Pesquisa do Centro Sul - IPEACS. É um híbrido do

28

cruzamento entre a tangerineira ‘Sunki’ Citrus sunki (Hayata) hort. ex Tanaka x Poncirus

trifoliata (L.) Raf., obtido pelo Dr. Joe Randolph Furr.

Indução de vigor elevado à copa, elevada produção e boa qualidade aos frutos, sem

sintomas de declínio e de incompatibilidade com laranjeira ‘Pera’ até 12 anos, resistência à

gomose e ao CTV, com enrolamento foliar sob deficiência hídrica intensa. (RODRIGUES,

2015).

Demonstrando a possibilidade de sua inclusão em programas de diversificação de

porta-enxertos (CUNHA SOBRINHO et al., 2011). Além disso, outras seleções de

citrandarins induziram redução de porte e boa eficiência produtiva em laranjeira Valência (C.

sinensis) no Estado de São Paulo. (BLUMER & POMPEU JUNIOR, 2005b).

3.8 Lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka)

A lima ácida ‘Tahiti’ (Citrus latifólia Tanaka) tem como característica, quando

cultivada em regiões tropicais, apresentar fluxos de crescimento e floração contínuos,

interrompidos por períodos de déficit hídrico. As inúmeras brotações dão origem a várias

floradas que, por sua vez, resultam em diversas colheitas ao longo do ano. (COELHO, 1993).

Limão ‘Tahiti’ e lima da ‘Pérsia’ são dois dos nomes utilizados comumente em

diversas regiões do mundo para se referir ao ‘Tahiti’ (BRAZ, 2007). Na realidade, o ‘Tahiti’

não é um limão verdadeiro, mas sim, pertencente ao grupo das limas ácidas. Sua classificação

botânica se refere à família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, tribo Citreae, subtribo

Citrineae gênero Citrus e espécie C. latifolia (Yu. Tanaka) Tanaka. (LUCHETTI et al., 2003).

Para BRAZ (2007), apesar de verificar-se oferta de frutos no mercado durante todo o

ano, em virtude da ocorrência de diversos surtos de florescimento, dependente das condições

ambientais locais, verifica-se queda no volume de lima ácida ‘Tahiti’ comercializada no

Brasil, especialmente no período de maio a novembro. As referências encontradas na

literatura quanto as exigências edafoclimáticas da lima ácida ‘Tahiti’ relacionam aspectos

genéricos para o gênero Citrus. Este se origina das regiões tropicais úmidas da China, no

Sudeste asiático, incluindo áreas do Leste da Índia, Bangladesh, Filipinas e Indonésia

(REUTHER, 1973). Para as limas ácidas, locais com temperaturas elevadas são melhores para

a sua adaptação. Entretanto, sob temperaturas superiores a 30º C, tanto diurna como noturna,

ocorre diminuição no tamanho dos frutos e aumento na taxa de abscisão de frutos jovens.

(BRAZ, 2007).

29

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Localização da área

O presente trabalho foi conduzido na Fazenda Lima (Grupo Tonheiro), localizada no

município de Capitão Poço - PA, que está situada na Microrregião do Guamá pertencente a

mesorregião do Nordeste Paraense. As avaliações de formação e desenvolvimento das mudas

foram realizadas no viveiro desta fazenda localizado nas seguintes coordenadas geográficas,

Latitude 1° 47’ 22” S e 47°04’31” W , 68 m de altitude (Figura 2). O clima é considerado

AMI, de acordo com a classificação de Köppen, apresentando temperatura média anual do

mês menos quente superior a 18°C. A precipitação pluviométrica é de 2449 mm anuais sendo

o período mais chuvoso correspondente aos meses de janeiro a abril, e o menos chuvoso aos

meses de setembro a novembro (SILVA et al. 1999). Os solos dominantes são os Latossolos

Amarelos, de maior ocorrência na Região Amazônica, o que é caracterizado pela baixa

fertilidade, textura média e fortemente ácido.

Foi estabelecido um contrato de cooperação entre a Embrapa Amazônia Oriental e a

Fazenda Lima, para a avaliação da formação de mudas de porta enxertos, do programa de

melhoramento genético de citros da Embrapa, sobre copa de lima ácida Tahiti.

Fonte: Google Earth PRO – 2015.

Figura 2 - Localização da Área do Experimento

30

4.2 Origem das mudas

Avaliaram-se oito variedades de porta-enxerto de Citros oriundas do programa de

melhoramento de citros, liderado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura: Tangerina Sunki

Tropical, HTR-053, TSKC x (LCR x TR)-059, TSKC x TRFD-003, Citrandarin Índio, TSKC

x TRFD-006, LVK x LCR – 038, TSKC x (LCR x TR) – 040.

As sementes destes porta-enxertos foram fornecidos pela Embrapa Mandioca e

fruticultura no ano de 2014 e implantadas no viveiro da fazenda Lima juntamente com a

Embrapa Amazônia Oriental.

4.3 Tratos culturais

4.3.1 Semeadura e repicagem

A semeadura foi realizada em meados de outubro de 2014 no viveiro da própria

Fazenda Lima, sob a supervisão do gerente e responsável técnico do local, o senhor

Engenheiro Agrônomo Henrique Oeiras. Até o termino da realização desse trabalho as mudas

já se encontravam com um ano e dois meses de vida em um viveiro aberto, em estádio

propício para o plantio.

Utilizou-se sacos de polietileno 8 x 15 x 0,06 nos primeiros dois meses de

desenvolvimento vegetativo, quando as mudas ficaram encanteiradas dentro do viveiro

totalmente fechado, sobre a proteção de tela sombrite a 50% que circundava toda a área de

encanteiramento dos seedlings. Além de filtrar os raios solares e prevenir contra a entrada de

insetos ou outra qualquer praga que porventura viesse a comprometer o desenvolvimento das

mudas (Figura 3).

31

Fonte: Gilberto Maximo – 2014.

As mudas permaneceram no viveiro entre outubro de 2014 e fevereiro de 2015,

sendo em seguida transplantadas para sacos de polietileno de 10 x 20 x 0,06, onde passaram

mais 2 meses recebendo os tratos culturais nesses sacos dentro do viveiro (figura 4).

Fonte: Gilberto Maximo – 2015.

Figura 3 - Mudas após dois meses de semeadura

Figura 4 - Mudas de porta-enxerto de citros dentro do viveiro com tela sobrite.

32

Em fevereiro de 2015 foi realizado uma das mudas para sacolas maiores de 20 x 30 x

0,20, visando já a sua posterior inserção no campo e também para evitar o enovelamento das

raízes, problema característico de mudas que passam do tempo ideal do plantio.

O substrato utilizado foi terra preta local. As mudas a partir desse processo foram

remanejadas após cinco meses passados de sua semeadura, no mês de março foram

remanejadas para uma área maior que pudesse acomodar as mudas facilitando assim o

manuseio e os demais tratos culturais, como monda, aplicação de adubo, e de defensivos

agrícolas. Nesta área foi introduzida irrigação, levando em consideração o período de

estiagem que as mesmas passariam ainda em viveiro antes de serem plantadas. Sendo

irrigadas todas as manhãs e fins de tarde com duração de uma hora.

4.3.2 Limpeza do local

A limpeza era realizada semanalmente, através da monda (Figura 5), removendo-se

as plantas invasoras que cresciam dentro do substrato onde as mudas se encontravam.

Também era realizada capina ao redor da área, onde os sacos de polietileno com as mudas se

encontravam, atividade realizada mensalmente.

Fonte: Marcos Leonam – 2015.

Figura 5 - Limpeza manual

33

4.3.3 Adubação e aplicação de defensivos agrícolas

Foram aplicados adubação de fosfato equivalente a 10g de P2O5. Utilizado um

composto organomineral (bioturboplantil) à 12% (Figura 6), a quantidade necessária de P2O5

foi de 40g do produto (Figura 6). Foram aplicados doses de 40 ml de (Mega 10) diluídos em

20 L de água mais 40 ml de (bionítro) para a pulverização que foi realizada a cada 15 dias,

dependendo das necessidades fisiológicas das plantas, onde a cada 15 dias também eram

realizadas pulverizações de 5ml de (ABAMEX) diluído em 20 L de água , e mais 5 ml de

(cyptrin) para o controle de pragas.

Todos esses tratos culturais eram realizados sob supervisão e orientação do

agrônomo (responsável técnico), contratado pelo proprietário da fazenda.

A adubação iniciou no dia 23/02/2015 e terminou no dia 27 desse mesmo mês e ano.

E no dia 02/03/2015 foram aplicados os adubos foliares Mega 10 e bionítro e foi utilizado

também o inseticida ABAMEX.

Nos dias 19/02/2015 foram aplicados CARBEMDAZIM (fungicida) e Imidacloprida

(inseticida sistêmico).

Fonte: Gilberto Maximo – 2015.

4.3.4 Poda e toalete

Alguns dias após o fim do tempo de carência dos defensivos agrícolas aplicados,

iniciou-se a remoção de ramos laterais em desenvolvimento, pois tendo em vista que as mudas

são destinadas para a enxertia, não era interessante que ocorresse essas ramificações laterais, a

remoção induz e acelera o desenvolvimento do caule, até atingir o diâmetro ideal para receber

Figura 6 - Aplicação de composto organomineral.

34

o enxerto. No mesmo período também era realizado a poda apical à 70 cm de altura a partir da

base do caule, induzindo e provocando o “engrossamento” acelerado do caule. Também, se

efetuava uma prática denominada de “toalete”, com o objetivo de remover espinho e folha a

altura de 30 cm, onde geralmente se faz a enxertia, evitando-se possíveis acidentes pelos

espinhos (Figura 7).

Fonte: Marcos Leonam – 2015.

Segundo Oliveira (2001), o momento da enxertia em citros é determinado pelo

diâmetro do caule dos porta-enxertos. Quanto antes atingirem o diâmetro de 0,8 a 1,0 cm da

haste a 15 cm de altura do solo, mais cedo pode ser realizada a enxertia por borbulhia.

(SILVEIRA JÚNIOR et al.,2012).

4.4 Enxertia

No dia 7 de agosto de 2015 iniciou a enxertia com 800 mudas enxertadas. Foi

utilizada uma pequena faca para realizar a secção do caule das mudas onde seriam

implantados os brotos (Figura 8).

Figura 7 - Toalete e poda

35

Fonte: Marcos Leonam – 2015.

O corte era realizado à um palmo da base da muda, aproximadamente 25 cm, em

formato de “T” invertido. As borbulhas utilizadas eram de lima ácida Tahiti, provenientes de

um viveirista da comunidade de Santa Luzia, a 15 km de Capitão Poço - PA. Após a inserção

das borbulhas, o local era envolto por uma fita plástica (Figura 9), no intuito de prender as

borbulhas e ajudar na sua cicatrização natural no caule dos porta-enxertos utilizados no

experimentos.

Fonte: Marcos Leonam – 2015.

Figura 8 - Realização de corte "T" invertido

Figura 9 - Mudas pós enxertia com fita segurando o borbulho

36

Outro papel importante no uso da fita, era a sua proteção contra a infiltração de água, o

que poderia danificar e ocasionar a perda da borbulha enxertada, resultando no que o produtor

denomina de “mela” (figura 10), além de proteger contra ataques de insetos ou eventuais

patógenos oportunistas que poderiam aproveitar da abertura e infiltrar-se nas plantas,

causando doenças e demais lesões indesejáveis.

Fonte: Marcos Leonam - 2015

Com o termino das enxertias aguardou-se 18 dias para a retirada das fitas que

prendiam as borbulhas no caule por recomendação do enxertador. Observou-se uma aceitação

bastante positiva do “cavalo” com o “cavaleiro”. Após, passado os 18 dias, as fitas foram

removidas e observou-se a presença dos “brotos”, (Figura 11).

Figura 10 - Mudas em que ocorreram o "mela".

37

Fonte: Marcos Leonam - 2015.

Com o fitilho removido efetuou-se o encurvamento da planta (figura 12) que, segundo,

Oliveira, R. et al (2005) serve para forçar a brotação, pode ser feito o encurvamento do porta-

enxerto, segurando com uma das mãos a 10 cm acima do enxerto e curvando com a outra a

parte superior da planta até prender na base da muda.

Fonte: Marcos Leonam – 2015.

Figura 11 - Mudas de porta-enxerto com a presença de gemas.

Figura 12 - Mudas envergadas após a retirada do fitilho.

38

Ao atingirem cerca de 10 cm de comprimento, fez-se o desbaste. E ao mesmo tempo,

os enxertos foram tutorados com tutores feitos de bambu e alguns de madeira. O tutoramento

é necessário, pois, com a ação da gravidade o enxerto tende a envergar atingindo o solo,

característica essa bastante comum em se tratando de lima ácida Tahiti (Figura 13).

Fonte: Marcos Leonam – 2015.

4.5 Coleta de dados

As avaliações foram realizadas em três etapas: no desenvolvimento dos porta-

enxertos, percentual de sucesso da enxertia e na muda enxertada antes do plantio.

Na fase e desenvolvimento do porta-enxerto, os caracteres avaliados foram:

Figura 13 - Mudas tutoradas.

39

Altura do porta-enxerto (APE, cm), medida da base da planta à folha mais alta, onde

se utilizou trena métrica metálica (Figura 14);

Fonte: Marcos Leonam - 2015.

Diâmetro do coleto do porta-enxerto (DC1, mm), mensurada na parte basal da planta,

utilizando-se de paquímetro digital (Figura 15);

Figura 14 - Altura do porta-enxerto (APE)

40

Fonte: Marcos Leonam, 2015.

Número de folhas (NF), efetuada pela contagem total das folhas na planta;

Número de espinhos (NE), executada pela contagem total de espinhos no porta-

enxerto.

Aproximadamente 30 dias após a enxertia, verificou-se o percentual de sucesso da

enxertia em cada porta-enxerto.

Após a muda enxertada estar completamente formada e pronta para o plantio, coletou-

se dados de altura da plantas (AME, cm), também, o diâmetro do coleto após a enxertia (DC2,

mm), o diâmetro à aproximadamente 2 cm abaixo do ponto de enxertia (DC3, mm), e o

diâmetro perto de 2 cm acima da enxertia (DC4, mm).

4.6 Análises estatísticas

O experimento de avaliação de mudas sob diferentes porta-enxertos de Citrus spp. sob

copa de lima ácida Tahiti foi conduzido utilizando-se o delineamento inteiramente

casualizado (DIC) com oito tratamentos e quatro repetições, onde cada parcela foi constituída

de 10 plantas, com um total de 40 plantas por tratamento e um stand de 320 plantas. Os

tratamentos consistiram das oito variedades de porta-enxertos avaliadas. O modelo estatístico

utilizado foi o seguinte:

Figura 15 - Diâmetro do coleto (DC1).

41

Equação 1 - Modelo estatístico

𝑌𝑖𝑗 = 𝜇 + 𝑔𝑖 + 𝑒𝑖𝑗

Em que:

Yij é o valor observado para a variável resposta obtido para o i-ésimo tratamento em

sua j-ésima repetição;

µ é a média de todos os valores possíveis da variável resposta;

gi é o efeito do tratamento i no valor observado Yij;

eij é o erro experimental associado ao valor observado Yij.

Os dados referentes a todas as variáveis foram analisados pelo método da análise de

variância de FISHER-SNEDECOR a 1% de probabilidade de significância, comparando-se as

médias a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Para as análises estatísticas foram

adotadas as recomendações de GOMES (1990) por meio do programa Genes (2006).

4.7 Plantio

No dia 21 de março de 2016, efetuou-se o plantio, as mudas foram arrancadas dos

saquinhos, separadas em blocos por porta-enxerto e levadas a campo (Figura 16).

Fonte: Marcos Leonam - 2016

Figura 16 - Mudas separadas e o transporte, respectivamente.

42

O espaçamento utilizado foi de 3 x 6 (entre plantas e entre linhas, ao mesmo tempo), a

distribuição foi organizada, para ter a exata localização dos porta-enxerto. Foram efetuadas

três repetições para cada variedade e o restante das mudas, se distribuiu-se na área como

bordadura.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta os resultados da análise de variância dos caracteres morfológicos

avaliados em mudas das oito variedades de porta-enxertos de Citrus spp. Como se pode

observar, houve diferença significativa em nível de 1% para todos os caracteres avaliados.

Quando atingiram o desenvolvimento necessário para a realização da enxertia, em média as

mudas apresentaram 76,41 cm de altura (APE), um diâmetro do coleto (DC1) de 7,22 mm no

momento da enxertia, aproximadamente 33 folhas (NF) e 25 espinhos (NE). A precisão na

condução do experimento é validada pelos percentuais do coeficiente de variação descritos na

tabela.

Na Figura 17, estão apresentados o teste de comparação de médias dos caracteres

estudados nas oito variedades de porta-enxerto avaliadas. Na Figura 17a tem-se os valores

médios para a altura do porta-enxerto (APE, cm) e as variedades que se destacaram para esta

característica foram TSKC x (LCR x TR) -059 (93,6 cm), Citrandarin Índio (83,8 cm) e LVK

x LCR – 038 (79,2 cm). Os valores médios para o diâmetro do coleto (DC1, mm) podem ser

observados na Figura 17b. Os genótipos LVK x LCR – 038 (8,3 mm), TSKC x TRFD – 6 (7,7

mm) e TSKC x (TR x LCR-073) (7,69 mm) foram superiores entre os demais. Quanto ao

número de folhas (NF, Figura 17c), os porta-enxertos com maior folhagem foram o TSKC x

(LCR x TR) – 059 (41,8 folhas), TSKC x TRFD – 6 (35,4) e Citrandarin Índio (35,3). Por

fim, os tratamentos com maior número de espinhos foram TSKC x (LCR x TR) – 059 (38,1

espinhos), Citrandarin Índio (31,3) e TSKC x TRFD – 6 (31,1).

De uma maneira geral, os porta-enxertos que estiveram sempre entre os três melhores,

para pelo menos três dos quatro caracteres avaliados foram o TSKC x (LCR x TR) – 059,

Citrandarin Índio e TSKC x TRFD – 6.

Resultado semelhante foi encontrado por Rodrigues (2013), em que considerando a

altura do porta-enxerto o tratamento o TSKC x (LCR x TR) – 059 também se destacou entre

os demais. Quando comparado o diâmetro do coleto, o trabalho de Rodrigues (2013)

apresentou resultados inferiores, onde, o TSKC x (LCR x TR) – 059 e o Citrandarin Índio,

apresentaram 3,78 cm e 4,12 cm, respectivamente.

43

Com base nos resultados obtidos, observa-se que há variabilidade genética para os

caracteres estudados entre as variedades de porta-enxerto de Citrus spp. avaliadas no

município de Capitão Poço. É importante ressaltar que esta variação se deve tanto a causas

genéticas (diferentes variedades) como ambientais (variação climáticas, ocorrência de

patógenos). E espera-se que esta diferenciação venha se acentuar no momento da enxertia.

Tabela 1 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas de variedades de porta-

enxertos de Citrus spp.

Fonte de

variação GL

QMR

Altura do

porta-enxerto

(APE, cm)

Diâmetro do

coleto

(DC1, mm)

Número de

folhas (NF)

Número de

espinhos (NE)

Tratamentos 7

Resíduo 312 31,09976** 0,392936** 27,049119** 31,316907**

Média 76,41 7,22 32,85 25,27

CV (%) 7,30 8,68 15,83 22,14

*: significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

44

Figura 17 - Comparação de médias entre variedades de porta-enxertos de Citrus spp. para os caracteres

morfológicos: (a) Altura do porta-enxerto (APE, cm), (b) Diâmetro do coleto (DC1, mm), (c) Número de folhas

(NF), (d) Número de espinhos (NE). *: médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si,

pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Alt

ura

do p

ort

a-en

xer

to (

m)*

Diâ

met

ro d

o c

ole

to (

mm

)

(a) (b)

Núm

ero d

e fo

lhas

Núm

ero d

e es

pin

hos

(c) (d)

A Figura 18 apresenta o percentual de sucesso da enxertia entre as variedades de

porta-enxertos de Citrus spp. O número de mudas em que a enxertia não vingou foi bem

pequeno, no máximo 11,63% no caso do genótipo HTR-053. Dos oito materiais avaliados, os

que se destacaram foram TSKC x (LCR x TR059) com 100% de sucesso da enxertia, seguido

pelo TSKC x (TR x LCR-073) com 98,11% e LVK x LCR – 038 (96,90%).

Para as variedades TSKC x (LCR x TR059) e LVK x LCR – 038, sobre sucesso da

enxertia, Rodrigues (2013), encontrou resultados semelhantes, todavia, ligeiramente inferiores

97,50% e 93,33%, respectivamente. Quando comparando com os trabalhos de Hayashi et al

(2012), onde se estudou o limoeiro ‘cravo’ e o citrumeleiro swingle, os dados obtidos

apresentam-se inferiores aos encontrados neste.

45

Figura 18 - Percentual de sucesso da enxertia entre variedades de porta-enxertos de Citrus spp. sob copa de lima

ácida Tahiti.

Quatro meses após a enxertia, realizaram-se novas medições das mudas como se pode

analisar nas Tabelas 2 e Figura 19. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise de variância

dos caracteres morfológicos avaliados em mudas-enxertadas produzidas com variedades de

porta-enxertos de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti. Como na Tabela 1, que analisou

os caracteres morfológicos dos porta-enxertos, nesta tabela também houve diferença

significativa a nível de 1% para todos os caracteres avaliados. Ao atingirem o tamanho ideal

para o plantio, em média as mudas apresentaram 65,20 cm de altura (AME), um diâmetro

basal do coleto (DC2) de 11,23 mm, diâmetro do coleto abaixo do enxerto (DC3) de 9,90 e

diâmetro do coleto acima do enxerto (DC4) de 7,48 mm. A precisão na condução do

experimento também é validada pelos percentuais do coeficiente de variação descritos na

tabela.

46

Tabela 2 – Resumo da análise de variância para caracteres morfológicos em mudas-enxertadas de porta-enxertos

de Citrus spp. sob copa de lima ácida Tahiti.

Fonte de

variação GL

QMR

Altura da

muda

enxertada

(AME, cm)

Diâmetro basal do

coleto

(DC2, mm)

Diâmetro do

coleto abaixo

do enxerto

(DC3, mm)

Diâmetro do

coleto acima do

enxerto

(DC4, mm)

Tratamentos 7

Resíduo 312 79,524811** 1,852771** 1,641117** 2,615208**

Média 65,20 11,23 9,90 7,48

CV (%) 13,68 12,12 12,95 21,63

*: significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

Na Figura 18 estão apresentados o teste de comparação de médias dos caracteres

estudados entre mudas enxertadas de variedades de porta-enxertos de Citrus spp. sob copa de

lima ácida Tahiti. Na Figura 19a tem-se os valores médios para a altura da muda enxertada

(AME, cm) e as variedades que se destacaram para esta característica foram Citrandarin Índio

(69,9 cm), TSKC x TRFD – 6 (68,0 cm) e LVK x LCR – 038 (67,8 cm). Os valores médios

para o diâmetro basal do coleto (DC2, mm) podem ser observados na Figura 19b. Os

genótipos Citrandarin Índio (13,0 mm), LVK x LCR – 038 (12,3 mm) e TSKC x (LCR x TR)

- 059 (12,1 mm) foram superiores entre os demais. Quanto ao diâmetro do coleto abaixo do

enxerto (DC3, Figura 19c), os porta-enxertos Citrandarin Índio (11,7 mm), LVK x LCR-038

(11,1 mm) e TSKC x TRFD-6 (10,5 mm) apresentaram os maiores valores. Por fim, os

tratamentos com maior diâmetro do coleto acima do enxerto (DC4, mm) Citrandarin Índio

(9,1 mm), LVK x LCR-038 (8,9 mm) e TSKC x TRFD – 6 (7,6 mm).

De uma maneira geral, os porta-enxertos que estiveram sempre entre os três melhores,

para pelo menos três dos quatro caracteres avaliados após a enxertia foram o Citrandarin

Índio, LVK x LCR – 038, TSKC x TRFD – 6. Considerando as fases de desenvolvimento do

porta-enxerto e da muda enxertada, e as oito características avaliadas, o Citrandarin Índio foi

único tratamento que se destacou em sete características, sempre entre os três primeiros

genótipos.

Considerando essas características, Hayashi et al. (2012) encontrou resultados

inferiores para o Limoeiro Cravo e Citrumeleiro Swingle em termos de diâmetro (5,5mm e

4,5mm respectivamente) e altura (32,1cm e 28,8cm concomitantemente).

Com base nos resultados obtidos, observa-se que também há variabilidade genética

para os caracteres estudados nas mudas enxertadas, entre as variedades de porta-enxerto de

47

Citrus spp. avaliadas no município de Capitão Poço. Espera-se também que esta variação se

acentue nos próximos anos, com o desenvolvimento das mudas a campo, possibilitando a

distinção visual quanto ao porte, sazonalidade de florescimento e produção.

Figura 19 - Comparação de médias entre mudas enxertadas de variedades de porta-enxertos de Citrus spp. sob

copa de lima ácida Tahiti para os caracteres morfológicos: (a) Altura da muda enxertada (AME, cm), (b)

Diâmetro basal do coleto (DC2, mm), (c) Diâmetro do coleto abaixo do enxerto (DC3, mm), (d) Diâmetro do

coleto acima do enxerto (DC4, mm). *: médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si,

pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Alt

ura

da

muda

enx

erta

da

(m)*

Diâ

met

ro b

asal

do c

ole

to

(mm

)

(a) (b)

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enxer

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)

Diâ

met

ro d

o c

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enxer

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mm

)

(c) (d)

48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. As variedades que se destacaram nas fases de formação e desenvolvimento do

porta-enxerto foram: TSKC x (LCR x TR) – 059, Citrandarin Índio e TSKC x TRFD – 6;

2. Em se tratando de sucesso na enxertia os porta-enxertos TSKC x (LCR x TR059)

com 100%, TSCK x (TR x LCR – 073) com 98,11% e LVK x LCR – 038 (96,90%) foram

superiores entre os demais tratamentos;

3. Os genótipos que apresentaram melhor performance na formação da muda

enxertada foram: Citrandarin Índio, LVK x LCR – 038, TSKC x TRFD – 6.

4. De uma maneira geral, considerando-se as três fases estudadas, o porta-enxerto que

obteve superioridade para a maioria dos caracteres avaliados, foi o Citrandarin Índio.

49

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