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MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES SEGUNDA CÂMARA tmc PROCESSO Nº : 10830.005984/00-98 SESSÃO DE : 08 de julho de 2004 ACÓRDÃO Nº : 302-36.264 RECURSO Nº : 127.062 RECORRENTE : HUNTER DOUGLAS DO BRASIL LTDA. RECORRIDA : DR/RIBEIRÃO PRETO/SP IPI – CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS NULIDADE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL O MPF – Mandado de Procedimento Fiscal constitui-se em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual inobservância da norma infralegal não pode gerar nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal, mormente quando foram emitidos MPF Complementares antes da lavratura do Auto de Infração. AUTO DE INFRAÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO Não é nulo o Auto de Infração que promove a reclassificação de várias mercadorias, deixando de fornecer o fundamento legal de apenas uma pequena parte delas. LÂMINAS DE ALÚMINIO PARA PERSIANAS As lâminas de alumínio para persianas classificam-se no código TIPI 7616.99.00, reservado às persianas, por já possuírem as características essenciais destas. PERFIS E TUBOS DE AÇO PARA CONSTRUÇÕES Os perfis e tubos de aço, industrializados e destinados ao emprego na montagem de forros/fachadas utilizados em construções, classificam-se no código TIPI 7308.90.10, “Ex” 01. PERFIS DE ALUMÍNIO PARA CONSTRUÇÕES O perfis de alumínio, assim denominados pela empresa fabricante, industrializados e empregados exclusivamente na montagem de forros de imóveis, classificam-se no código TIPI 7610.90.00. RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Auto de Infração por falta de amparo em Mandado de Procedimento Fiscal e por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Auto de Infração por falta de fundamentação legal. Vencidos os Conselheiros Paulo Affonseca de Barros Faria Júnior e Henrique Prado Megda. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido os Conselheiros Paulo Affonseca de Barros Faria Júnior e Henrique Prado Megda que davam provimento integral. Brasília-DF, em 08 de julho de 2004 HENRIQUE PRADO MEGDA Presidente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento, os seguintes Conselheiros: ELIZABETH EMÍLIO DE MORAES CHIEREGATTO, LUIS ANTONIO FLORA, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, WALBER JOSÉ DA SILVA, PAULO ROBERTO CUCCO ANTUNES e LUIS ALBERTO PINHEIRO GOMES E ALCOFORADO (Suplente). Ausente a Conselheira SIMONE CRISTINA BISSOTO. Esteve presente o Procurador da Fazenda Nacional PEDRO VALTER LEAL.

MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE … · código 7616.9900 da NCM, com alíquota de 10%. PARTES E PEÇAS DE AÇO PARA PERSIANAS DE ALUMÍNIO Partes e peças de aço tais

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MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES

SEGUNDA CÂMARA

tmc

PROCESSO Nº : 10830.005984/00-98

SESSÃO DE : 08 de julho de 2004

ACÓRDÃO Nº : 302-36.264

RECURSO Nº : 127.062

RECORRENTE : HUNTER DOUGLAS DO BRASIL LTDA.

RECORRIDA : DR/RIBEIRÃO PRETO/SP

IPI – CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS

NULIDADE

MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL

O MPF – Mandado de Procedimento Fiscal constitui-se em elemento de controle da administração

tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual inobservância da norma infralegal não pode

gerar nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal, mormente quando foram emitidos MPF

Complementares antes da lavratura do Auto de Infração.

AUTO DE INFRAÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO

Não é nulo o Auto de Infração que promove a reclassificação de várias mercadorias, deixando de

fornecer o fundamento legal de apenas uma pequena parte delas.

LÂMINAS DE ALÚMINIO PARA PERSIANAS

As lâminas de alumínio para persianas classificam-se no código TIPI 7616.99.00, reservado às

persianas, por já possuírem as características essenciais destas.

PERFIS E TUBOS DE AÇO PARA CONSTRUÇÕES

Os perfis e tubos de aço, industrializados e destinados ao emprego na montagem de forros/fachadas

utilizados em construções, classificam-se no código TIPI 7308.90.10, “Ex” 01.

PERFIS DE ALUMÍNIO PARA CONSTRUÇÕES

O perfis de alumínio, assim denominados pela empresa fabricante, industrializados e empregados

exclusivamente na montagem de forros de imóveis, classificam-se no código TIPI 7610.90.00.

RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por

unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Auto de Infração por falta de amparo em Mandado de Procedimento

Fiscal e por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Auto de Infração por falta de fundamentação legal. Vencidos

os Conselheiros Paulo Affonseca de Barros Faria Júnior e Henrique Prado Megda. No mérito, por maioria de votos, dar

provimento parcial ao recurso, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido os Conselheiros

Paulo Affonseca de Barros Faria Júnior e Henrique Prado Megda que davam provimento integral.

Brasília-DF, em 08 de julho de 2004

HENRIQUE PRADO MEGDA

Presidente

MARIA HELENA COTTA CARDOZO

Relatora

Participaram, ainda, do presente julgamento, os seguintes Conselheiros: ELIZABETH EMÍLIO DE MORAES CHIEREGATTO,

LUIS ANTONIO FLORA, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, WALBER JOSÉ DA SILVA, PAULO ROBERTO CUCCO

ANTUNES e LUIS ALBERTO PINHEIRO GOMES E ALCOFORADO (Suplente). Ausente a Conselheira SIMONE

CRISTINA BISSOTO. Esteve presente o Procurador da Fazenda Nacional PEDRO VALTER LEAL.

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RECORRENTE : HUNTER DOUGLAS DO BRASIL LTDA. RECORRIDA : DR/RIBEIRÃO PRETO/SP RELATOR(A) : MARIA HELENA COTTA CARDOZO

RELATÓRIO

A empresa acima identificada recorre a este Conselho de Contribuintes, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP.

DA AUTUAÇÃO Contra a interessada foi lavrado, em 23/09/2000, pela Delegacia da

Receita Federal em Campinas/SP, o Auto de Infração de fls. fls. 12 a 64, no valor de R$ 1.203.179,50, referente a Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI (R$ 560.858,48), Juros de Mora (R$ 221.677,68) e Multa Proporcional (R$ 420.643,34 – 75% - art. 80, inciso I, da Lei nº 4.502/64, com a redação dada pelo art. 45 da Lei nº 9.430/96).

A motivação da autuação foi a saída de produtos manufaturados

para terceiros com classificação fiscal imprópria e alíquotas inferiores àquelas estabelecidas na TIPI/96, conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 24 a 29, que leio em sessão, para o total esclarecimento de meus pares.

DA IMPUGNAÇÃO Cientificada da autuação em 25/09/2000 (fls. 12), a interessada

apresentou, em 25/10/2000, tempestivamente, a impugnação de fls. 185 a 197 (acompanhada dos documentos de fls. 198 a 252), alegando, em síntese:

Da exigência fiscal - conforme Quadro Demonstrativo nº 1, a definição de que os

componentes de alumínio e de aço são elementos de construções apóia-se unicamente nas declarações prestadas por funcionários da empresa;

- ressalva idêntica há em relação aos componentes de alumínio e de

aço de persianas; - nos Quadros Demonstrativos nºs 2 a 5, as bases de cálculo não

estão distribuídas entre os produtos, ou seja, o autuante, para facilitar o seu trabalho, apenas totalizou as base de cálculo por períodos de apuração, sem vinculá-las aos

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respectivos produtos, o que determinou a apuração do imposto sem a indicação direta do fato típico, isto é, sem a indicação dos produtos que dariam origem às diferenças de alíquotas;

Nulidade – desrespeito às regras do Mandado de Procedimento Fiscal - a presente fiscalização estaria autorizada pelo Mandado de

Procedimento Fiscal nº 0810400/00308/00, porém ao final foram emitidos mais três MPF Complementares, o que contraria a Portaria SRF nº 1.265;

- o exame dos termos lavrados no decorrer da fiscalização, datados

de 12/09/2000 e de 22/09/2000, mostra que os referidos MPF foram emitidos depois da lavratura dos aludidos termos de intimação fiscal, com o propósito de garantir, retroativamente, a eficácia dos termos de intimação expedidos;

- isso representa uma contrafação, posto que contorna a exigência de

emissão prévia do MPF, e garante a continuidade da sistemática anterior, em que os agentes fiscais tudo podiam;

- a validade dos Mandados Complementares depende da justificativa

apresentada, porém tais documentos estão assinados pelo Chefe da Fiscalização, e sem nenhuma justificativa;

- a interessada pede seja reconhecida a nulidade dos lançamentos

referentes aos períodos de apuração incluídos nos Mandados de Procedimento Fiscal Complementares, pois o digno autuante não tinha competência para formalizar tais exigências;

Nulidade – cerceamento determinado pela falta de transparência na apuração das exigências fiscais - a autuação levou quatro meses para ser concluída, portanto não se

justifica o não detalhamento das bases de cálculo, correlacionando-se essas com os respectivos produtos;

- sem a indicação dos produtos e das respectivas notas fiscais de

saída, a impugnante tem sérias dificuldades em decompor os números globais apurados, o que impede o exercício da ampla defesa, pois não se consegue identificar, caso a caso, o fundamento da autuação;

- trata-se de quatro exercícios, o que envolve pelo menos o exame

de 1.400 notas fiscais, tarefa essa que a interessada ainda não concluiu;

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- a requerente espera seja reconhecida a nulidade, porém, por

cautela, pede seja-lhe facultada a apresentação de esclarecimentos e laudos sobre a classificação dos produtos, caso o resultado do exame que está sendo ultimado determine a existência de fatos novos;

Nulidade - as exigências fiscais apóiam-se exclusivamente em informações de funcionários não vinculados à área fiscal - o juízo formado pelo autuante, de que os componentes de alumínio

e de aço são “elementos de construções”, e de que as partes e peças separadas de alumínio representam “persianas”, está fundamentado exclusivamente em declarações prestadas por engenheiros ou responsáveis técnicos, por meio de “Termos de Declarações” cujas conclusões foram impostas pela fiscalização, centradas em respostas binárias;

- além disso, as conclusões são de ordem genérica, não atreladas à

efetiva destinação dos produtos, que poderia ter sido aferida pelas notas fiscais de saída;

Razões de fundo contra as questionadas exigências - quanto aos componentes vinculados às operações tidas como de

persianas acabadas, na realidade são componentes fornecidos pela autuada a seus parceiros, que se encarregam da produção das persianas;

- assim, é inaplicável o entendimento do Parecer Normativo CST

700/71, derrogado pelas novas práticas comerciais, a exemplo dos contratos de parcerias, em que a beneficiária da licença contratual se encarrega da produção das persianas, a partir dos componentes fornecidos pela outra contratante, conforme lançado nas notas fiscais;

- sobre os componentes tidos como vinculados a “construções”, a

interessada está ultimando trabalho para robustecer a impugnação; - antecipando, a interessada ressalta que a destinação dos produtos

não foi fixada pelas notas fiscais, mas sim pelas declarações prestadas por funcionários da empresa, além de que o autuante equiparou a perfis componentes que, materialmente, não o são – cantoneira, painel, calha, etc;

- o componente denominado “Perfil Javelim, Armstrong” é

importado e simplesmente revendido, portanto, não havendo industrialização, não cabe a alteração da alíquota prevista na importação;

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- nesse particular, a interessada também protesta pela apresentação

posterior dos elementos comprobatórios, tendo em vista a dificuldade no manejo dos quadros demonstrativos preparados pela fiscalização.

Em 19/10/2001, a interessada apresentou as razões aditivas à

impugnação, de fls. 274 a 288, reiteradas às fls. 302 a 316. DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Em 04/06/2002, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em

Ribeirão Preto/SP exarou o Acórdão DRJ/RPO nº 1.471 (fls. 332 a 345), assim ementado:

“LÂMINAS DE ALUMÍNIO PARA PERSIANAS DE ALUMÍNIO. As lâminas para persianas, ambas de alumínio, têm a classificação fiscal 7616.9900 da NCM, com alíquota de 10%, mesmo código aplicável às persianas, por força do Parecer Normativo CST nº 700, de 1971, e da RGI nº 2.a, uma vez que os referidos artefatos apresentam características essenciais das persianas. PARTES E PEÇAS DE ALUMÍNIO PARA PERSIANAS DE ALUMÍNIO Partes e peças de alumínio, tais como trilhos, eixos e suportes, destinados a persianas de alumínio, com ou sem características essenciais destas, classificam-se como outras obras de alumínio, no código 7616.9900 da NCM, com alíquota de 10%. PARTES E PEÇAS DE AÇO PARA PERSIANAS DE ALUMÍNIO Partes e peças de aço tais como trilhos, suportes e distanciadores, destinadas a persianas de alumínio, classificam-se como outras obras de ferro ou aço, no código 7326.90.00 da NCM, com alíquota de 10%. PERFIS E TUBOS DE AÇO DESTINADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL Perfis e tubos de aço, trabalhados com a finalidade de emprego em construções, em virtude da existência de posição específica (7308) e do disposto na NESH sobre esta, enquadram-se na classificação fiscal 7308.90.10, Ex 01, da NCM, com alíquota de 10%.

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PERFIS DE ALUMÍNIO DESTINADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL Perfis de alumínio, trabalhados com a finalidade de emprego em construções, em virtude da existência de posição específica (7610) e do disposto na NESH sobre esta, enquadram-se na classificação fiscal 7610.90.00, da NCM, com alíquota de 10%.” “INSUFICIÊNCIA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO Cobra-se o imposto lançado a menor nas notas fiscais de saída, com a inflição de penalidade pecuniária, por conta de erro de classificação fiscal e alíquota. SAÍDA DE PRODUTO IMPORTADO. EQUIPARAÇÃO A INDUSTRIAL O estabelecimento que dá saída a produto de procedência estrangeira é equiparado a industrial ex lege.” “NULIDADE. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. IRREGULARIDADE A existência de irregularidade, passível de convalidação pela Administração Pública, haja vista a ausência de prejuízo ao interesse público ou a terceiros, na emissão de MPF, mero instrumento de controle administrativo, deixa de inquinar de nulidade, por vício formal, os atos praticados durante a ação fiscal regularmente encetada, bem como o lançamento resultante. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA O demonstrativo de bases de cálculo elaborado pela contribuinte, com todos os dados indispensáveis e perfeitamente inteligível, consoante solicitação da autoridade fazendária, é suficiente para dar supedâneo à exação e inexiste, porquanto, o prejuízo ao pleno exercício do direito de defesa da imputada. NULIDADE. LANÇAMENTO CALCADO EM DECLARAÇÕES DE FUNCIONÁRIOS. O preposto da pessoa jurídica, com qualificação técnica, constitui fonte hábil de informações técnicas para o necessário entendimento de produtos a ser enquadrados, pelo agente fiscal, na tabela de incidência do imposto (classificação fiscal e alíquota), sendo hígido o lançamento de ofício resultante.

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IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à impugnante a produção das provas referentes a fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária consubstanciada no auto de infração. PRODUÇÃO DE PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de documentos suplementares, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça impugnatória.” “LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. OBRIGATORIEDADE. A atividade administrativa de lançamento tributário é plenamente vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Lançamento Procedente” DO RECURSO AO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Cientificada da decisão de primeira instância em 12/09/2002 (fls.

369), a interessada apresentou, em 10/10/2002, tempestivamente, por seu advogado (instrumento de fls. 411), o recurso de fls. 372 a 402, acompanhado dos documentos de fls. 402 a 444.

Na ocasião da apresentação do recurso, a interessada efetuou o

arrolamento de bens, porém em valor insuficiente (fls. 412/413 e 447/448). Em 17/01/2003, apresentou formulário complementando o valor, porém sem a indicação dos respectivos bens, mormente do complemento (fls 450/451).

O recurso reprisa as razões contidas na impugnação, e acrescenta o

seguinte, em síntese: Nulidade – desrespeito às regras do Mandado de Procedimento Fiscal - a emissão tardia do MPF Complementar caracterizou a ampliação

da auditoria para alcançar outros períodos, sem ciência prévia da fiscalizada, o que equivale ao exercício da fiscalização sem a emissão do correspondente MPF;

- o referido MPF é condição de procedibilidade para a prática do

lançamento e constitui garantia do contribuinte, estabelecida no primeiro momento pelo Secretário da Receita Federal, e no segundo momento pelo Presidente da República (Decreto nº 3.724/2001);

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- se o MPF representasse simples “medida administrativa de

controle interno”, a participação do Presidente da República na sua regulamentação não teria sentido (cita doutrina de Roque Antonio Carrazza e Eduardo Botalho);

- no caso em questão, o MPF foi emitido apenas para o ano-

calendário de 1997, ficando a descoberto os anos seguintes, sendo imperativo o reconhecimento da nulidade;

Nulidade – falta de indicação das regras da TIPI na classificação adotada pelo Auto de Infração - não foi dada à interessada a oportunidade de se manifestar sobre as

elocubrações do fiscal, portanto não foi observado o princípio da inquisitoriedade, que tem papel central na legitimação dos atos praticados na fase procedimental;

- a elaboração de planilhas pela interessada não prova que o seu

direito à prévia manifestação foi respeitado, mas sim que grande parte do trabalho de responsabilidade do fiscal foi passada para a empresa, que em nenhum momento foi oficialmente comunicada sobre a pretendida classificação fiscal dos produtos indicados nas planilhas, tampouco dos seus fundamentos, posto que tal providência resultou de ato unilateralmente praticado pelo fiscal;

- a lacuna do trabalho fiscal é suficiente para determinar a nulidade

do lançamento, porém o lançamento tem um vício ainda mais grave, que consiste na falta de fundamentação legal para o enquadramento das mercadorias, pois não foram indicadas as TIPI contemporâneas aos fatos geradores;

- o Acórdão recorrido apressou-se em levantar e comentar tais

regras, porém não cabe à autoridade julgadora integrar o Auto de Infração, visto que o ato de lançamento lhe é defeso (cita trecho do parecer juntado ao recurso);

Da improcedência das reclassificações fiscais Componentes tidos como vinculados a “construções” - embora os forros representem artigos que acabam fixados

permanentemente em construções, caracterizando-se como “elementos de construções”, seus perfis e tubos não se confundem com aqueles perfis e tubos próprios para construções do código 7308.90.10 Ex 01, e 7610.90.00, fixados diretamente às construções, isto é, o elemento de construção é o forro e tal conceito não alcança as partes deste, quando apresentadas isoladamente;

- esse é o entendimento da COSIT – Coordenação do Sistema de

Tributação, por meio do Parecer COSIT (DINON) nº 913/93 (DOU de 09/09/93);

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- os perfis, sejam ou não partes do forro, exceto os diretamente

aplicados nas construções, seguem seu próprio regime de classificação, no código correspondente aos perfis de alumínio ou de aço, não se caracterizando como elementos de construções;

- poderia haver dúvida sobre a função dessas “partes”, já que os

perfis e tubos poderiam tanto ser utilizados para fixar os forros (elementos de construção), como destinados à montagem do forro (regime próprio de classificação);

- o próprio autuante constatou que os perfis e tubos destinam-se ao

emprego na montagem dos forros e fachadas, e não apenas à fixação de tais forros para incorporação à construção, portanto é impertinente a referência feita aos esclarecimentos e informações técnicas constantes da posição 7308 da NESH;

- a conclusão de que os perfis são partes ou elementos de construção

civil é de responsabilidade exclusiva do autuante, constitui juízo equivocado no campo da exegese das RGI/SH, para a qual os engenheiros ouvidos não concorreram (cita pareceres exarados em consultas DEC SRRF 8a RF nº 50/97, DOU de 08/09/97, OS COSIT (DINOM) nº 559/96, DOU de 13/11/96, PS COSIT (DINOM) nº 361/96, DOU de 10/09/96, PS COSIT (DINOM) nº 398/96, DOU de 10/09/96 e PS COSIT (DINOM) nº 398/96, DOU de 10/09/96);

Confirmação do parecer técnico do Dr. Eduardo Gomide - o parecer emitido pelo Dr. Eduardo Gomide ratifica as razões de

recurso, portanto a interessada pede que as observações contidas no dito parecer, especialmente as constantes dos itens 1 a 7 da parte “No Mérito”, sejam recebidas como parte integrante do recurso;

Partes e componentes equiparados a persianas acabadas - a definição do perfil e da estrutura das persianas depende dos

projetos desenvolvidos segundo as necessidades e especificações de cada cliente, portanto estes não efetuam simplesmente a montagem das persianas, posto que os contratos firmados são de licenciamento para industrialização e comercialização (cita trecho de contrato);

- na interpretação dos contratos não se deve aferrar ao sentido literal

das expressões usadas, mas sim dar preferência à vontade contratual, portanto são despropositadas as referências pontuais feitas pelo Acórdão recorrido a algumas palavras retiradas dos contratos;

- quanto ao Parecer Normativo CST 700/71, este foi superado pela

nova ordem jurídica emanada da adesão do Brasil à Convenção Internacional sobre o

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Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, e seu conteúdo não foi renovado;

- ainda que dito parecer tivesse sobrevivido, sua orientação não alcança as operações questionadas pelo Fisco, por absoluta inadequação fática, já que tem como premissa o fato de que os componentes ou partes remetidas separadamente, quando cortadas, perfuradas, curvadas, pintadas, etc, já conferirem as características de artefatos para persianas formadas por lâminas metálicas, faltando apenas montagem final, e isto não se verificou no caso em apreço;

- a autuação nunca comprovou que tais partes e peças, examinadas

separadamente, têm as características essenciais da persiana acabada ou completa; - nem se diga que cabe à recorrente fazer prova de que nas

operações realizadas com empresas licenciadas não saíam persianas prontas e acabadas, posto que seria exigir a produção de prova negativa, em substituição à prova positiva, de responsabilidade do Fisco;

- o entendimento do item 3 do Parecer Normativo CST 700/71

encontra respaldo na RGI/SH nº 2, letra “a”, porém a RGI nº 1 estabelece que a RGI/SH nº 2, letra “a” só pode ser aplicada quando não seja contrário ao texto das posições e notas de seção e de capítulo;

- tal diretriz não foi observada pelo autuante, tampouco pelo Acórdão recorrido, já que existem notas de capítulo que tratam especificamente da classificação tarifária das mercadorias em questão;

- a Nota 1 “d” do Capítulo 76, que corresponde ao “Alumínio e suas Obras”, estabelece que as lâminas de alumínio devem ser classificadas nas posições 7606 e 7607, adotadas pela recorrente;

- quanto aos trilhos, eixos e suportes de alumínio, conforme a Nota 1 “b” do mesmo Capítulo 76, a classificação correta é 7604, adotada pela interessada;

- de acordo com as citadas notas, o fato de as lâminas, trilhos, eixos, suportes, etc, terem sido submetidos a processo de pintura, não os retira das posições 7604, 7606 e 7607;

- além disso, o deslocamento para outra posição exige a comprovação de que os produtos atendem ao texto da nova posição e das Notas de Seção e de Capítulo;

- lembre-se que as NESH são elementos subsidiários para a classificação, não podendo ser alçados ao nível das RGI/SH (arts. 15 a 17 do RIPI/82, reproduzidos nos arts. 15 a 17 do RIPI/98);

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- quanto ao outro item vinculado às persianas, não foi mencionado o

enquadramento legal e os fundamentos que determinaram a reclassificação, o que impediu o exercício pleno do direito de defesa da recorrente;

- por cautela, a interessada vê-se forçada a imaginar as razões da

reclassificação, concluindo que se partiu da matéria constitutiva (aço), prevista no Capítulo 73 da TIPI/96, o que caracteriza erro crasso, já que a classificação é determinada pelos textos das posições e pelas Notas de Seção e de Capítulo, tendo os títulos apenas valor indicativo (RGI/SH nº 1);

- além disso, o simples exame visual demonstra que o aço compõe a

matéria constitutiva dos Capítulos 72 e 73, o que torna ainda mais precária a simples indicação desse elemento como único critério determinante do deslocamento para a posição 7326;

- a busca da exegese correta pressupõe a descoberta do elemento

determinante na composição dos Capítulos 72 e 73; - os produtos do Capítulo 73 demandam processo de produção bem

mais sofisticado que os do Capítulo 72, e esse critério diferenciador está definido na NESH da posição 7326;

- na posição 7324, por exemplo, classificam-se pias e lavatórios de

aços inoxidáveis, produtos esses não equiparáveis aos trilhos e suportes de persianas, que estão muito mais próximos dos perfis da posição 7216;

- assim, por força das RGI/SH nºs 1 e 6, e do texto da posição 7216,

a classificação adotada pela empresa está correta, visto que, subsidiariamente, a NESH da posição 7326 exclui tais produtos da posição pretendida pelo Fisco;

- referendando as razões apresentadas, a interessada transcreve

trechos do Parecer do Dr. Eduardo Gomide (fls. 402 a 410); - o autuante atribuiu a denominação de “perfil” a certos produtos,

constituídos por aço e alumínio, aplicando-lhes a classificação tarifária de elementos de construção, sem apresentar a fundamentação técnica e jurídica da decisão tomada, deixando de observar as RGI/SH, especialmente a RGI nº 1, não indicando as notas de capítulo que determinariam a natureza do produto (Nota 1 “n”, do Capítulo 72, e Nota 1 “b”, do Capítulo 76);

- ainda que as notas tivessem sido indicadas, o enquadramento no

conceito de “perfis”, de ambos os Capítulos, exige a apuração da real natureza do produto, o que também não foi feito pelo autuante;

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- além disso, tais “perfis” não são elementos de construção. Ao final, a interessada pede a reforma da decisão de primeira

instância, cancelando-se o Auto de Infração. O processo foi distribuído a esta Conselheira, numerado até as fls.

455 (última, à época da distribuição), que tratava do trâmite dos autos no âmbito deste Conselho.

Verificando os requisitos de admissibilidade, esta Conselheira

constatou que a interessada havia apresentado arrolamento de bens em valor insuficiente (fls. 412/413), fato este detectado pela própria autoridade preparadora (fls. 447/448), razão pela qual intimou-se a empresa a apresentar a complementação da garantia recursal.

Não obstante, o novo arrolamento de bens apresentado às fls.

450/451 não descreveu os bens arrolados, solicitando-se assim, por meio do despacho de fls. 456 e intimação de fls. 461, a regularização da pendência, o que foi feito mediante a apresentação de novo arrolamento às fls. 463/464, processado conforme comprovam os documentos de fls. 465 a 472.

Em 18/03/2004 foram juntados os instrumentos de fls. 474/475, por

meio do termo de fls. 476 (última). É o relatório.

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VOTO

O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido.

Trata o presente processo, de Auto de Infração contendo exigência

de IPI, multa de ofício e juros de mora, tendo em vista lançamento a menor em notas fiscais, em função de erro de classificação fiscal de mercadorias.

Preliminarmente, a interessada aponta a ocorrência de dois vícios

que estariam a ensejar a nulidade do feito, a saber: a) desrespeito às regras do Mandado de Procedimento Fiscal,

instituído pela Portaria SRF nº 1.265, de 22/11/99; b) falta de indicação das regras da TIPI na classificação fiscal

adotada no Auto de Infração. Quanto ao aspecto enfocado no item “a”, acima, a insatisfação da

recorrente reside no fato de que o período fiscalizado teria sido ampliado por meio de Mandados de Procedimento Fiscal Complementares, emitidos posteriormente aos Termos de Intimação expedidos (fls. 374 a 377). A seu ver, o MPF representa condição de procedibilidade para a prática do lançamento de ofício.

Acerca do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF, a Portaria SRF

nº 1.265/99 estabelece, verbis: “Art. 2º. Os procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal – AFRF e instaurados mediante ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal – MPF. .............................................................................................................. Art. 7º. O MPF-F, o MPF-D e o MPF-E conterão: .............................................................................................................. § 1º. O MPF-F indicará, ainda, o tributo ou contribuição objeto do procedimento fiscal a ser executado, podendo ser fixado o período de apuração correspondente, bem assim as verificações a serem procedidas para constatar a correta determinação das bases de

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cálculo dos tributos e contribuições administrados pela SRF, em relação aos valores declarados ou recolhidos, nos últimos cinco exercícios, observado o modelo constante do Anexo I. .............................................................................................................. Art. 9º. Na hipótese em que infrações apuradas, em relação a tributo ou contribuição contido no MPF-F ou no MPF-E, também configurarem, com base nos mesmos elementos de prova, infrações a normas de outros tributos ou contribuições, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa. .............................................................................................................. Art. 12. Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade: I - cento e vinte dias, nos casos de MPF-F e de MPF-......................................................................................................... Art. 13. A prorrogação do prazo de que trata o artigo anterior poderá ser efetuada pela autoridade outorgante, tantas vezes quantas necessárias, observados, a cada ato, os limites estabelecidos no artigo anterior.” (sem grifos no original) A leitura dos dispositivos retro, principalmente dos trechos grifados,

permite concluir que a fixação de um determinado exercício, no Mandado de Procedimento Fiscal - MPF, não é sequer obrigatória, e que a rotina que aqui se analisa comporta a ampliação dos objetivos da fiscalização, desde que sejam resguardados os limites legais de respeito ao contribuinte. Assim, o MPF não tem como objetivo cercear a atividade da autoridade administrativa incumbida de efetuar o lançamento. Aliás, nem poderia ser diferente, uma vez que essa atividade é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, conforme determina o parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional.

Ademais, no presente caso, foram emitidos MPF Complementares,

cobrindo todos os períodos fiscalizados, antes da lavratura do Auto de Infração (fls. 250 a 252), razão pela qual não se vislumbra o alegado vício.

Nesse passo, convém trazer à colação a robusta jurisprudência já

formada nos Conselhos de Contribuintes, no sentido de que o MPF constitui efetivamente um instrumento administrativo que, de forma alguma, pode se sobrepor à atividade de lançamento:

- Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: Acórdão

101-94.226;

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- Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: Acórdão

105-14.070; - Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: Acórdãos

106-12.941, 106-13.188, 106-13.373 e 106-13.456; - Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: Acórdãos

107- 06.797, 107-06.820, 107-06.952, 107-07.268, e 107-07.280; - Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: Acórdãos

108-07.078, 108-07.079, 108-07.280, 108-07.458, 108-07-523 e 108-07.661; - Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes:

Acórdãos 201-76.170, 201-76.449, 201-76.997 e 201-77.049; - Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes:

Acórdãos 202-14.692, 202-14.693 e 202-14.949; - Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes:

Acórdãos 203-08.483, 203-08.837 e 203-09.010. A seguir serão transcritas algumas das ementas dos citados julgados: “PRELIMINAR DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO – MPF – Não inquina de nulidade o auto de infração, quando os Mandados de Procedimentos Fiscais Complementares que deram continuidade à fiscalização, foram emitidos extemporaneamente, tendo em vista que sua função é apenas dar ciência ao sujeito passivo da obrigação tributária, do início do procedimento administrativo tributário.” (Acórdão 101-94.226) “NULIDADE - INOCORRÊNCIA – MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL – O MPF constitui-se em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual inobservância da norma infralegal não pode gerar nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal.” (Acórdão 108-07.661) “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL – IRREGULARIDADES – NÃO CONTAMINAÇÃO DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não tem o condão de limitar a atuação da Administração Pública na realização do lançamento. Não é o mesmo sequer

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contrariar o Código Tributário Nacional, o que não se permite a uma Portaria.” (Acórdão 107-07.280)

“MPF - É de ser rejeitada a nulidade do lançamento, por constituir o Mandado de Procedimento Fiscal elemento de controle da administração tributária, não influindo na legitimidade do lançamento tributário.” (Acórdão 203-09010)

“MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL – INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não tem o condão de limitar a atuação da Administração Pública na realização do lançamento. Não é o mesmo sequer pressuposto obrigatório para tal ato administrativo, sob pena de contrariar o Código Tributário Nacional, o que não se permite a uma Portaria. Assim, o fato de haver contradição entre as datas em que houve a prorrogação do MPF e aquelas em que deste ato foi intimado o contribuinte não implica em nulidade do lançamento. Também, esta não se verifica se o Agente Fiscal responsável pelo MPF prorrogado for o mesmo daquele responsável pelos MPFs posteriores e pela autuação. O art. 16 da Portaria nº 3.007/2002, ainda que fosse vinculante, seria aplicável somente às situações em que houve extinção do Mandado de Procedimento Fiscal, o que não ocorreu no presente caso.” (Acórdão 107-07.268)

“MPF.MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSTULADOS. INOBSERVÂNCIA. CAUSA DE NULIDADE. ARGÜIÇÃO RECURSAL. IMPROCEDÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF ) fora concebido com o objetivo de disciplinar a execução dos procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições sociais administrados pela Secretaria da Receita Federal. Não atinge a competência impositiva dos seus Auditores Fiscais que, decorrente de ato político por outorga da sociedade democraticamente organizada e em benefício desta, há de subsistir em quaisquer atos de natureza restrita e especificamente voltados para as atividades de controle e planejamento das ações fiscais. A não-observância - na instauração ou na amplitude do MPF - poderá ser objeto de repreensão disciplinar, mas não terá fôlego jurídico para retirar a competência das autoridades fiscais na concreção plena de suas atividades legalmente próprias. A incompetência só ficará caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou.” (Acórdão 107-06.797)

“MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF - A atividade de seleção do contribuinte a ser fiscalizado, bem assim a definição

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do escopo da ação fiscal, inclusive dos prazos para a execução do procedimento, são atividades que integram o rol dos atos discrionários, moldados pelas diretrizes de política administrativa de competência da administração tributária. Neste sentido, o MPF tem tripla função: a) materializa a decisão da administração, trazendo implícita a fundamentação requerida para a execução do trabalho de auditoria fiscal, b) atende ao princípio constitucional da cientificação e define o escopo da fiscalização e c) reverencia o princípio da pessoalidade. Questões ligadas ao descumprimento do escopo do MPF, inclusive do prazo e das prorrogações, devem ser resolvidas no âmbito do processo administrativo disciplinar e não tem o condão de tornar nulo o lançamento tributário que atendeu aos ditames do art. 142 do CTN.” (Acórdão107-06.820) “MPF – DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 1.265/99 – NULIDADE – O desrespeito ao prazo previsto na Portaria SRF 1.265/99 não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o art. 13 dessa Portaria não traz como conseqüência a nulidade do ato.”(Acórdão 108-07.523) Finalmente, com relação ao Decreto nº 3.724, de 10/01/2001, que a

interessada cita como tendo regulamentado o MPF, tal diploma legal na verdade tem por escopo disciplinar a requisição, o acesso e o uso, pela Secretaria da Receita Federal, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas. É o que se depreende da leitura da sua própria ementa, e dos seguintes artigos:

“Art. 1º Este Decreto dispõe, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, sobre requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal e seus agentes, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas, em conformidade com o art. 1º, §§ 1º e 2º, da mencionada Lei, bem assim estabelece procedimentos para preservar o sigilo das informações obtidas. Art. 2º A Secretaria da Receita Federal, por intermédio de servidor ocupante do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal, somente poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento

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de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. § 1º Entende-se por procedimento de fiscalização a modalidade de procedimento fiscal a que se referem o art. 7º e seguintes do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. § 2º O procedimento de fiscalização somente terá início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído em ato da Secretaria da Receita Federal, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º deste artigo. .............................................................................................................. § 5º Para fins deste artigo, o MPF deverá observar o que se segue: I - a autoridade fiscal competente para expedir o MPF será ocupante do cargo de Coordenador-Geral, Superintendente, Delegado ou Inspetor, integrante da estrutura de cargos e funções da Secretaria da Receita Federal; II - conterá, no mínimo, as seguintes informações: a) a denominação do tributo ou da contribuição objeto do procedimento de fiscalização a ser executado, bem assim o período de apuração correspondente; ............................................................................................................” (sem grifos no original) Claro está que as formalidades exigidas pelo decreto acima estão

conectadas às requisições de informações de instituições financeiras, que só podem ser operadas no bojo de procedimento de fiscalização em curso e este, por sua vez, tem início por força do MPF. Nesses casos, especificamente, o decreto manda que se delimite o período fiscalizado. Não obstante, a situação objeto do processo nada tem a ver com requisição de informações de instituições financeiras, portanto não se subsume a tais regras, submetendo-se tão-somente à Portaria SRF nº 1.265/99, e mesmo assim nos limites permitidos pelo art. 142 do CTN, conforme jurisprudência colacionada.

Por todo o exposto, REJEITA-SE ESTA PRELIMINAR DE

NULIDADE. Ainda em sede de preliminar, a interessada traz o questionamento

constante do item “b”, explicitado logo no início deste voto, pugnando pela nulidade

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do lançamento por falta de indicação das regras da TIPI na classificação adotada pelo Auto de Infração (fls. 378 a 380).

A questão que aqui se coloca deve ser desdobrada em duas

vertentes. Em primeiro lugar, a recorrente condena o autuante por ter formado

seu juízo com base nas declarações prestadas pelos engenheiros e responsáveis técnicos. Trata-se dos Termos de Declarações de fls. 04 a 06 e 08 a 09, por meio dos quais os Engenheiros Industriais Benedito José Pinto e Sérgio Ricardo de Oliveira Araújo, funcionários da interessada, informam que os componentes de aço e alumínio, por ela fabricados, eram destinados ao emprego exclusivamente em persianas e na montagem de forros e fachadas de imóveis (elementos de construção civil).

De plano, esclareça-se que as informações prestadas pelos

Engenheiros Industriais não tratam da classificação fiscal das mercadorias em tela, mas tão-somente da sua identificação, do ponto de vista da aplicação de cada um dos componentes fabricados pela interessada. Aliás, ninguém é mais abalizado a fornecer a aplicação de uma mercadoria, que aquele responsável pela sua fabricação. O que poderia se esperar de um produto que nem mesmo o Engenheiro Industrial por ele responsável consegue identificar a finalidade? Assim, pelo próprio Princípio da Razoabilidade, é de se supor que os Engenheiros Industriais empregados na fábrica da recorrente estivessem aptos a informar, pelo menos, a utilização dos produtos ali fabricados.

A recorrente alega que os funcionários não sabiam que as

informações prestadas teriam o escopo de determinar a reclassificação fiscal dos produtos, já que tal objetivo não fora ressalvado nos citados Termos de Declarações. É de se perguntar, então, se, caso lhes fosse informada a finalidade das declarações, as respostas teriam sido diferentes. Se tal ocorresse, seria perfeitamente plausível se supor que em algum momento os funcionários teriam faltado com a verdade, uma vez que a resposta a uma pergunta objetiva não pode mudar conforme a intenção de quem formula a questão. Destarte, as informações prestadas pelos Engenheiros Industriais empregados da interessada merecem fé, não havendo razão para que sejam descartadas.

A empresa também se queixa de não haver tido a oportunidade de se

manifestar sobre as “elucubrações” (SIC) do agente encarregado da fiscalização, e de que não fora oficialmente comunicada sobre a pretendida reclassificação fiscal. Nesse particular, convém esclarecer que a fase da investigação fiscal não comporta a postura reclamada pela recorrente. A oportunidade de discussão ocorre, sim, na fase seguinte, ou seja, quando a fiscalização gera o devido processo legal, por meio do qual é garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa.

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Assim, no caso em apreço, a interessada teve duas oportunidades –

impugnação e recurso voluntário – para comprovar a real finalidade de seus produtos, já que, a seu ver, não mereceriam fé as declarações de seus funcionários, no sentido de que as mercadorias seriam empregadas exclusivamente em persianas e em construções. Entretanto, não consta do processo qualquer prova em contrário. Até mesmo o contrato de fls. 210 a 245, firmado entre a interessada e a empresa Montasul Indústria e Comércio de Persianas Ltda., trazido à colação pela própria recorrente, só vem a confirmar as declarações dos Engenheiros Industriais.

A segunda vertente do item “b”, das questões preliminares, diz

respeito aos argumentos constantes das fls. 379/380. Trata-se da argüição de vício no lançamento, que seria “materializado na falta de fundamentação legal para o enquadramento das mercadorias, já que não foram indicadas as TIPI contemporâneas aos fatos geradores” (SIC)

Releva notar que tal restrição não fora apresentada por ocasião da

impugnação, conforme se verifica da leitura das razões de fls. 185 a 197. E nem se argumente que as críticas à fundamentação legal do Auto de Infração foram trazidas na Impugnação Complementar de fls. 274 a 288, apresentada mais de um ano após a ciência da autuação, pois a peça de defesa extemporânea foi rejeitada pela autoridade julgadora de primeira instância, sem que tal ato tenha merecido a argüição de nulidade por parte da recorrente. É o que se depreende do seguinte trecho, constante do recurso (fls. 381, último parágrafo):

“Seria preferível que a Junta Julgadora tivesse acolhido esses esclarecimentos adicionais, que se tornaram necessários diante do hermetismo do trabalho fiscal, como restou demonstrado nos tópicos anteriores, em especial no segundo. Essa recusa, embora apequene ainda mais a decisão ora questionada, não determina a sua nulidade.” (grifei) Ainda sobre a argüição de falta de fundamentação do Auto de

Infração, a interessada cita trechos de parecer elaborado por especialista em classificação fiscal de mercadorias, juntado aos autos por ocasião da apresentação do recurso voluntário (fls. 402 a 410).

Independentemente da indiscutível qualificação profissional do

Ilustre Parecerista, o parecer de que se cuida, longe de trazer elementos técnicos que dessem respaldo às alegações da interessada sobre a identificação e finalidade dos produtos em tela, encontra-se centrado na classificação fiscal das mercadorias, o que inviabiliza o seu aproveitamento. Nesse sentido é o disposto no art. 30 do Decreto nº 70.235/72, a seguir transcrito:

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“Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres. § 1º. Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos.” (grifei) Mesmo que fosse possível o aproveitamento de dito parecer, o que

se admite apenas para argumentar, a peça aqui enfocada tem como objeto o Acórdão DRJ/POR nº 1.471, de 04/06/2002, e não o Auto de Infração, como está claramente registrado às fls. 402.

Daí a confusão verificada às fls. 379/380, em que a interessada

acusa o Acórdão recorrido de levantar e comentar as regras da TIPI, complementando/integrando assim o Auto de Infração (fls. 379, terceiro parágrafo), e, ao mesmo tempo, citando trechos do parecer, se queixa de não ter podido “questionar ou contra-argumentar devidamente quanto aos critérios que nortearam a autoridade julgadora pela ausência dos critérios/dispositivos legais utilizados” (fls. 380, penúltimo parágrafo). Ora, diante dessa controvérsia, é de se perguntar qual o efetivo posicionamento da interessada frente ao Acórdão recorrido, ou seja, se este teria pecado por excesso (complementando a autuação, como consta do recurso) ou por falta de fundamentação (como consta do parecer cujos trechos foram também reproduzidos no recurso). Logo se vê que as duas alternativas são incompatíveis. Como solução para o conflito, trata-se o episódio como lapso manifesto por parte da interessada, ao elaborar o recurso, e abraça-se a tese de que as críticas da recorrente quanto à falta de fundamentação são mesmo dirigidas ao Auto de Infração, e não ao Acórdão recorrido, objeto do parecer colacionado.

Embora tal questionamento, como já foi dito, não tenha integrado a

impugnação, não há dúvida de que a fundamentação legal constitui elemento indispensável para a validade da ação fiscal, mormente em se tratando de classificação fiscal de mercadorias, cuja manutenção da autuação depende não apenas de eventual erro no código adotado pelo contribuinte, mas também do acerto da reclassificação promovida pela fiscalização.

No caso em apreço, o Auto de Infração envolve a reclassificação

fiscal de várias mercadorias, cada qual a reclamar fundamento próprio e independente, de sorte a possibilitar-se a apresentação de defesa por parte da autuada. A fiscalização deixou de fornecer a respectiva base legal apenas em relação a uma pequena parte das mercadorias, como será demonstrado no curso deste voto. Assim, pelo princípio do máximo aproveitamento dos atos processuais, e considerando-se que sempre seria possível à fiscalização lavrar Autos de Infração em separado para cada

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mercadoria, conclui-se que a presente autuação não deve ser anulada, mas sim considerada na parte em que foi fornecida a fundamentação legal para as reclassificações promovidas.

Destarte, REJEITA-SE A PRELIMINAR DE NULIDADE DO

AUTO DE INFRAÇÃO POR FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL, cuja existência e validade serão aferidas juntamente como o mérito, por grupo de componentes, conforme tópicos a seguir.

I - Partes e peças separadas para persianas I.A) Partes e peças separadas, de alumínio, para persianas de alumínio, tais como lâmina, trilho, eixo, suporte e leque, reclassificados pela fiscalização para o código 7616.99.00 A reclassificação promovida baseou-se no Parecer Normativo CST

700/71, que preconizava: “2. As Notas Explicativas da Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas (edição portuguesa), interpretando a Posição 73.40 – que se aplica às obras de ferro ou aço do mesmo gênero das manufaturas de alumínio da Posição 76.16 – referem-se expressamente a `estores formados por lâminas metálicas`, fornecendo, portanto, esclarecimentos suficientes quanto à classificação das persianas de lâminas de alumínio, na Posição 76.16. 3. As lâminas de alumínio para persianas, cortadas nas dimensões próprias, perfuradas, curvadas, pintadas etc, classificam-se na posição 7616, de vez que as operações a que foram sujeitas as mencionadas lâminas conferem-lhes características de artefatos para ‘estores (persianas) formados por lâminas metálicas’.” O citado parecer não mais possui força normativa absoluta, tendo

em vista as alterações que ocorreram, ao longo de trinta anos, nos instrumentos utilizados para a classificação fiscal de mercadorias, até a adoção da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias com base na Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM, vigente à época da autuação, conforme a seguir se resume 1:

“No ano de 1966, por meio do Decreto-lei nº 37, foi determinada ao Conselho de Política Aduaneira a conversão da Nomenclatura da Tarifa das Alfândegas, então utilizada para fins aduaneiros, à

1 BIZELLI, João dos Santos. Classificação Fiscal de Mercadorias. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 37 a 42.

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Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas. Esta nova Nomenclatura passaria a se constituir, por determinação daquele diploma legal, na nova Nomenclatura Brasileira de Mercadorias. A mencionada exigência legal se constituía em inafastável mister, não somente pela crescente participação do País no comércio internacional, mas, também, em virtude da falta de sintonia entre as nomenclaturas adotadas à época, notadamente a Tabela de Incidência do IPI e a Tarifa das Alfândegas. .............................................................................................................. Assim, o Conselho de Política Aduaneira desenvolveu os trabalhos de unificação e de uniformização das nomenclaturas, resultando na NBM, posta em vigor pelo Decreto-lei nº 1.154, de 01/03/71. Com a adesão do Brasil à Convenção do Sistema Harmonizado, foi implantada, em 1989, a nova NBM baseada no SH – Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, aprovada pela Resolução CBN nº 75, de 22/04/88 – DOU de 18/05/88, e retificada pela Resolução nº 76, de 31/08/88. .............................................................................................................. Assim sendo, para a elaboração da nova Nomenclatura Brasileira de Mercadorias foram procedidas as adaptações necessárias, inclusive a introdução de subdivisões, em nível de itens e subitens, acrescentadas e codificadas após o código numérico de seis dígitos do Sistema Harmonizado, de sorte a obter melhor detalhamento das mercadorias e respectivas classificações. .............................................................................................................. O Decreto nº 2.092, de 10/12/96 – DOU de 11/12/96 aprovou a nova Tipi – Tabela de Incidência do IPI, vigorando desde o início do ano subseqüente até a sua revogação no dia 31/03/01 em função da publicação do Decreto nº 3.777/01.” Destarte, verifica-se que o Parecer Normativo que serviu de base

para a autuação referente aos componentes de persianas está baseado em nomenclatura há muito ultrapassada. Embora sem força normativa absoluta, o fundamento de dito parecer sobreviveu a todas as alterações promovidas na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, e pode ser aplicado ao presente caso, como será demonstrado na seqüência. Em síntese, embora inoperante no aspecto formal, o parecer de que se trata mantém o seu fundamento do ponto de vista material, como será constatado a seguir.

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Fundamento do Parecer Normativo CST nº 700/71: as lâminas de

alumínio para persianas, quando cortadas nas dimensões próprias, furadas, curvadas, pintadas, etc devem ser classificadas na posição de persianas – 76.16 – uma vez que as operações pelas quais passaram esses artigos já lhes confere o caráter de artefatos para persianas.

Fundamento com base na TIPI/96: as chapas, tiras e folhas, que

apresentem motivos (por exemplo: ranhuras, estrias, gofragens, lágrimas, botões, losangos) e as que tenham sido perfuradas, onduladas, polidas ou revestidas, por força da Nota 1 “d” do Capítulo 76, classificam-se na posição 7616, uma vez que esses trabalhos já lhes conferem as características de persianas, classificadas na citada posição (conforme a própria interessada).

Explicando melhor, a Nota 1 “d” do Capítulo 76 (Alumínio e suas

obras) esclarece, ao final: “Estão incluídas nas posições 7606 e 7607 as chapas, tiras e folhas, que apresentem motivos (por exemplo: ranhuras, estrias, gofragens, lágrimas, botões, losangos) e as que tenham sido perfuradas, onduladas, polidas ou revestidas, desde que esses trabalhos não lhes confiram as características de artefatos ou obras incluídos em outras posições.” (grifei) Não há dúvida de que lâminas de alumínio para persianas, nas

condições citadas na nota acima, já possuem as características essenciais de uma persiana, podendo assim ser identificadas até mesmo por uma criança. Destarte, por força da mesma nota, não podem permanecer nas posições 7606 e 7607, e sim ser deslocadas para a posição 7616, destinada às persianas. Quanto à classificação das persianas no código 7616.99.00, a própria interessada corrobora esse entendimento, afirmando inclusive que assim classifica as persianas completas que saem de seu estabelecimento.

A atualidade e aplicabilidade do fundamento material do Parecer

CST nº 700/71 é inclusive reconhecida pela interessada, que assim se pronuncia (fls. 390/391):

“É certo que o entendimento do item 3 do Parecer Normativo CST 700/71, adotado pelo autuante e ratificado pelo Acórdão Recorrido, poderia encontrar respaldo na RGI/SH nº 2, letra ‘a’. Todavia, a RGI nº 1 estabelece que só pode ser aplicada a RGI/SH nº 2, letra ‘a’, quando não seja contrária ao texto das Posições e Notas de Seção e de Capítulo.

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Vale dizer, a aplicação da RGI/SH nº 2, letra ‘a’, só tem eficácia e efeito legal para determinar a classificação tarifária após minucioso exame que revele a impossibilidade da aplicação de texto próprio de posição e de Nota própria de Seção e de Capítulo. Essa diretriz legal não foi observada pelo digno autuante, nem tampouco pelo Acórdão Recorrido, pois existem Notas de Capítulo que tratam especificamente da classificação tarifária das mercadorias em questão! Com efeito, por força da Nota 1 ‘d’ do Capítulo 76, correspondente ao ‘Alumínio e suas Obras’, as lâminas de alumínio devem ser classificadas nas posições 7606 e 7607, que são as adotadas pela empresa.” Logo se vê que a interessada não atentou para a parte final da Nota 1

“d” do Capítulo 76, acima transcrita e negritada, do contrário teria concluído que a determinação nela contida, longe de impedir a aplicação da RGI 2.a, com ela se harmoniza.

Ressalte-se que a identificação das lâminas para persianas, da forma

como estas estão descritas na referida nota, com as persianas acabadas, não requer que tais lâminas já se encontrem personalizadas conforme o projeto elaborado especialmente para um determinado cliente. A nota requer apenas que a lâmina se identifique com uma persiana, em geral, e não com a persiana em seu estado final, exatamente da forma como será instalada na residência do consumidor.

Quanto à comprovação de que ditas lâminas de alumínio possuem as

características de uma persiana acabada, os próprios Engenheiros Industriais da interessada afirmaram tratar-se de componentes destinados a emprego exclusivamente em persianas de alumínio. Embora tenha refutado tal afirmação, a interessada não trouxe aos autos provas de que as lâminas por ela fabricadas não se identificam com persianas. Esclareça-se que não se trata de prova negativa, como quer fazer parecer a recorrente, mas apenas de trazer à colação a comprovação de que as lâminas que saem de seu estabelecimento não se encontram preparadas para a elaboração de persianas, o que poderia ter sido feito mediante a apresentação de catálogos, fotos, etc.

Corroborando o fato de que as lâminas de alumínio já saem do

estabelecimento da interessada com as características básicas de uma persiana, está o fato de que os equipamentos, ferramentas e maquinário por ela emprestados à empresa Montasul Indústria e Comércio de Persianas Ltda., para a montagem de persianas (fls. 242), não inclui itens típicos de industrialização, mas apenas de adaptação das peças pré-fabricadas pela recorrente ao projeto personalizado, destinando ao cliente final. Em outras palavras, a interessada não está emprestando à

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montadora máquinas capazes de elaborar as lâminas e demais componentes para a confecção de persianas, mas apenas para cortar/adaptar as lâminas já preparadas – que podem ser de 16 ou 25 mm (fls. 243) – e demais elementos pré-fabricados aos projetos definidos junto à clientela.

Aliás, convém registrar que a interessada é detentora da marca

“Luxaflex”, notoriamente conhecida como fabricante de persianas. Quanto aos demais componentes de alumínio das persianas, o

próprio Acórdão recorrido reconhece que o Parecer Normativo CST nº 700/71 não os abrange. A solução adotada pela autoridade julgadora de primeira instância consistiu simplesmente em substituir a fundamentação legal descartada, da seguinte forma:

“51. Os demais elementos de alumínio (trilhos, eixos e suportes), malgrado destinados a compor as persianas, não se encontram abrangidos pelo parecer normativo em referência. Todavia, por conter características essenciais das persianas, podem ser classificados no código das persianas de alumínio em virtude do enunciado da regra de interpretação nº 2.a, acima reproduzido. 52. De qualquer sorte, mesmo não tendo as características essenciais das persianas, os itens em questão, tratando-se de outras obras de alumínio já trabalhadas para um determinado fim (ou seja, não se tratando de chapas, folhas, tiras ou tubos de alumínio sem elaboração), classificar-se-iam no código 7619.99.00 (mesmo enquadramento cabível às persianas), com alíquota de 10%. Para as lâminas seria aplicável o mesmo raciocínio se estivesse afastada a utilização do parecer normativo ou da regra de interpretação.” Claro está que o Acórdão recorrido operou a substituição da base

legal de Auto de Infração, promovendo inovação que, conforme o art. 18, § 3º, do Decreto nº 70.235/72, teria de ser objeto de Auto de Infração Complementar, com devolução de prazo para impugnação da parte modificada.

Cabe registrar que, ao final do Termo de Verificação Fiscal (fls. 26),

o autuante argumenta: “Convém destacar que, a propósito da posição 76.16 da TIPI/96, esclarece as NESH que ‘esta posição abrange todas as obras de alumínio, exceto as que se encontrem incluídas quer nas posições precedentes do presente Capítulo, quer na Nota 1 da Seção XV, quer nos Capítulos 82 ou 83, quer ainda em qualquer outra parte da Nomenclatura.’”

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A nota transcrita em nada reforça a autuação quanto aos demais

componentes de alumínio destinados às persianas, visto que os códigos eleitos pela recorrente encontram-se em posições precedentes àquela determinada pela fiscalização (7604, 7606 e 7607 – fls. 28).

Conclui-se portanto que, no caso dos componentes de alumínio para

persianas (exceto lâminas), o Auto de Infração não tem como se sustentar, uma vez que fornece como fundamentação básica um parecer que, embora sem força normativa formal mas com fundamento material válido, não se aplica a tais componentes.

I.B) Componentes de aço para persianas de alumínio, tais como suporte, trilho, distanciador, eixo, peso regulador e presilha No que tange aos componentes de aço para persianas de alumínio, a

fiscalização os reclassificou para o código 7326.90.00, sem fornecer a respectiva fundamentação, registrando apenas, entre parênteses: “posição 73.26 – Outras obras de ferro ou aço” (Termo de Verificação Fiscal, fls. 26, quarto parágrafo). Tal omissão constitui cerceamento de direito de defesa e inviabiliza a formação de convicção por parte desta Conselheira.

Ressalte-se que não se trata apenas da ausência de indicação das

regras de classificação que teriam dado suporte à reclassificação, mas também da omissão de razões do ponto de vista fático, uma vez que não foi fornecida qualquer justificativa para a alteração dos códigos eleitos pela interessada.

Convém salientar que, independentemente da omissão verificada no

Auto de Infração, o recurso apresenta razões de defesa, oferecidas a título de cautela (fls. 393, segundo parágrafo). Entretanto, esta Conselheira se encontra impedida de analisá-las, uma vez que, caso o seu posicionamento seja contrário à tese da defesa e se alinhe com a reclassificação promovida pelo autuante, a necessária fundamentação legal e fática constituiria inovação perpetrada por autoridade julgadora de segunda instância, o que não é admitido no rito do processo administrativo fiscal. Esclareça-se ainda que não se trataria apenas de um reforço à fundamentação da autuação, em face de argumentos trazidos pela defesa, o que é plenamente aceitável e até mesmo salutar, mas sim do fornecimento da base legal/fática ausente na autuação.

Assim sendo, não pode ser acatada a reclassificação promovida pelo

.Auto de Infração, no que tange às mercadorias de que trata o presente item. II - Perfis e tubos industrializados pelo estabelecimento da interessada e destinados a emprego na montagem de forros/fachadas utilizados em construções

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II.A) Perfis e tubos de aço, industrializados pelo estabelecimento da interessada e destinados a emprego na montagem de forros/fachadas utilizados em construções, tais como junta, painel, perfil, cantoneira, porta painel e complemento de perfil, reclassificados para o “Ex” 01 do código 7308.90.10 A fiscalização, conforme o Termo de Verificação Fiscal de fls.

24/25, promoveu a reclassificação destes produtos, dos diversos códigos utilizados pela recorrente, para o desdobramento “Ex” 01 do código NCM 7308.90.10, oferecendo como fundamentação a TIPI/96 (aprovada pelo Decreto nº 2.092/96 e baseada na Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM), a Regra Geral de Interpretação – RGI nº 1 (conforme arts. 16 do RIPI/82 e 15 do RIPI/98), a Nota Explicativa do Sistema Harmonizado – NESH da posição 7308 (art. 17 do RIPI/88 e RIPI/98), bem como a descrição das mercadorias contida nos Termos de Declarações de fls. 04 a 06 e 08/09.

Conforme as declarações citadas no parágrafo anterior, prestadas

pelos Engenheiros Industriais funcionários da empresa, as mercadorias tratadas neste tópico foram identificadas, genericamente, como perfis de aço trabalhados ou industrializados no estabelecimento e utilizados exclusivamente na montagem de forros/fachadas de imóveis, sendo partes ou elementos de construção civil, e tubos de aço trabalhados e industrializados no estabelecimento para emprego na fabricação de forros (elementos de construção civil)”.

Além disso, o autuante complementa, no Termo de Verificação

Fiscal de fls. 25: “Os perfis (discriminados nos Termos de Declarações datados de 12/07/00, 01/08/00 e 06/09/00 anexos à exigência fiscal) e tubos de aço, descritos nos documentos fiscais emitidos, são industrializados pelo estabelecimento, envolvendo as seguintes operações: quanto aos perfis laminados, as bobinas de aço (matéria prima fundamental) são transformadas em perfis através de processos de pintura, corte (na largura), arqueamento (perfilação, dobra ou conformação), chanfreamento (corte no canto ou cabeceira) e perfuração; quanto aos perfis extrudados, a industrialização consiste em pintura e eventualmente corte.” A RGI nº 1 estabelece, verbis: “1. Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que

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não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes:” Assim, aliando-se a caracterização das mercadorias de que se trata,

com a RGI nº 1, acima transcrita, chega-se às posições constantes dos Capítulos 72 e 73, que tratam de artigos de aço. Encontra-se, assim, a posição 7308, que abriga, dentre outros produtos, as “chapas, barras e perfis, tubos e semelhantes, de ferro fundido, ferro ou aço, próprios para construções”. Dentro desta posição, a subposição 90 / Outros abriga o item referente a “chapas, barras, perfis, tubos e semelhantes, próprios para construções”. Em seguida localiza-se facilmente o “Ex” 01, reservado aos perfis e tubos, com alíquota de 10%.

Corroborando este entendimento, transcreve-se a Nota Explicativa

do Sistema Harmonizado – NESH da posição 7308, citada e fundamentada pelo autuante:

“Também se incluem nesta posição quaisquer elementos, tais como produtos laminados planos, chapas universais (placas*), barras, perfis, tubos, etc, trabalhados (por perfuração, arqueamento, chanframento, etc), com características de elementos de construção.” Além disso, as Considerações Gerais das NESH, do Capítulo 72,

onde a interessada classificara alguns desses componentes, fornecem os seguintes esclarecimentos:

“O presente Capítulo trata dos metais ferrosos, isto é, ferro fundido em bruto, ferro ‘spiegel’, ferroligas e de outros produtos de base (Subcapítulo I), bem como certos produtos siderúrgicos (lingotes e outras formas primárias, produtos semimanufaturados e principais produtos diretamente derivados), de ferro e aços não ligados (Subcapítulo II), aços inoxidáveis (Subcapítulo III) e outros aços ligados (Subcapítulo IV). As obras mais elaboradas, tais como peças moldadas, peças forjadas, etc, bem como as estacas-pranchas, os perfis soldados, os elementos para vias férreas e os tubos, classifica-se no Capítulo 73, ou, se for o caso, noutros Capítulos.” Assim, torna-se evidente que os componentes aqui enfocados foram

corretamente reclassificados pela fiscalização para o “Ex” 01 do código 7308.90.10. Quanto à argumentação apresentada pela interessada em seu recurso

– no sentido de que os componentes em questão, por serem utilizados na montagem

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de forros, e não na fixação destes forros diretamente às construções, poderiam ser classificados em outros códigos, diferentes daquele eleito pela fiscalização – não há como aceitá-la, conforme será explicitado na seqüência.

Em primeiro lugar, os textos da Posição e da sua respectiva NESH

não fazem a diferenciação aventada pela recorrente, referindo-se simplesmente aos componentes “próprios para construções”, sem detalhar se esses componentes seriam utilizados na montagem de elementos de construções (tais como forros/fachadas, na linguagem da recorrente), ou na fixação destes elementos às construções. Ademais, a própria interessada reconhece que os forros representam artigos que acabam fixados permanentemente em construções (fls. 382, último parágrafo).

Claro está que a decisão sobre a classificação das mercadorias ora

examinadas passa necessariamente pelo exame do trabalho de industrialização a elas aplicado, que constitui fator determinante na fixação do código correto, já que o nível de elaboração da peça representa o diferencial entre os Capítulos 72 e 73 da TIPI, conforme as Considerações Gerais das NESH do Capítulo 72.

Nesse passo, ainda que a TIPI promovesse a diferenciação alegada

pela interessada, relativamente à posição 7308, em momento algum a interessada trouxe aos autos qualquer comprovação de que os perfis e tubos não seriam partes diretas de construção civil, ou seja, que seriam utilizados em montagens prévias de forros e fachadas, posteriormente incorporados às construções. Ressalte-se que as declarações fornecidas pelos Engenheiros Industriais da empresa se referem a montagem de forros/fachadas de imóveis, sem adentrar na diferenciação aventada.

Além disso, o autuante especifica o trabalho de industrialização a

que foram submetidos os perfis e tubos, a saber: “Os perfis (discriminados nos Termos de Declarações datados de 12/07/00, 01/08/00 e 06/09/00 anexos à exigência fiscal) e tubos de aço, descritos nos documentos fiscais emitidos, são industrializados pelo estabelecimento, envolvendo as seguintes operações: quanto aos perfis laminados, as bobinas de aço (matéria prima fundamental) são transformadas em perfis através de processos de pintura, corte (na largura), arqueamento (perfilação, dobra ou conformação), chanfreamento (corte no canto ou cabeceira) e perfuração; quanto aos perfis extrudados, a industrialização consiste em pintura e eventualmente corte.” A interessada, por sua vez, não trouxe aos autos qualquer prova de

que os produtos por ela fabricados não atenderiam à descrição promovida pela fiscalização, com a assessoria dos técnicos da própria empresa. Aliás, essa seria a função de um parecer técnico, ou seja, comprovar que os produtos em questão não se

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encontrariam no nível de especialização requerido pela posição 7308, e sim representariam peças de uso geral, sem maior elaboração. Entretanto, no caso em apreço, o parecer técnico colacionado pela interessada limita-se a criticar o acórdão recorrido e a tecer considerações acerca da classificação fiscal dos produtos, o que efetivamente não constitui aspecto técnico (art. 30, § 1º, do Decreto nº 70.235/72).

Ainda a respeito da identificação das mercadorias, convém registrar

que, nos poucos momentos em que trata do assunto, o próprio parecer reconhece, em seu item 4, que os produtos sofreram efetivamente transformações, porém não esclarece sobre quais teriam sido estas transformações, de modo a contraditar os argumentos da fiscalização:

“4. Tampouco o fato de terem sofrido trabalhos os caracterizam como elementos de construção com seu conseqüente deslocamento para o âmbito das posições 7308 e 7610 conforme entendimento constante do AI e da decisão recorrida, de acordo com os comentários abaixo das NESH, extraídos da posição 7216, igualmente válidos para a posição 7604 para os artefatos de alumínio da mesma natureza:” Com efeito, não se verifica nas peças de defesa qualquer

contraposição efetiva ao nível de industrialização aplicado às mercadorias, que encontra-se em total sintonia com a NESH da posição 7308. Por ocasião da impugnação, a interessada limitou-se a informar que, sobre os componentes tidos como vinculados a construções, estaria ultimando trabalho para robustecer a peça de defesa. Tampouco o recurso aborda essa questão, de forma a especificar e comprovar que tipo de transformação sofreriam as mercadorias em tela.

Tal argumento (igualmente sem provas) só veio a ser defendido

quando da apresentação de memorial, já na fase de julgamento em segunda instância. Aliás, é curioso como, embora o próprio parecer técnico reconheça

que os produtos em questão sofreram trabalhos de industrialização, o memorial apresentado pela recorrente, após decorrida toda a fase de instrução do processo, registre às suas fls. 7 que:

“Os perfis e tubos aqui tratados destinados à montagem dos forros e fachadas, são do tipo encaixáveis e modulados simplesmente cortados em dimensões próprias, não contendo quaisquer outros trabalhos mais adiantados além do simples corte, tais como os acima especificados (perfurações, arqueamento, chanframento, etc), que os tornem manifestamente reconhecíveis como ‘elementos de construção’ podendo ser utilizados para outras finalidades tais como

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acabamentos de box para banheiros, montagem de painéis, fechamento de vãos, molduras para espelhos, esquadrias etc.” Mais uma vez se esclareça que não se trata de requerer da

interessada a apresentação de prova negativa, mas sim a juntada aos autos de elementos, tais como catálogos, fotos, análise fundamentada do processo produtivo das mercadorias, enfim, todas as informações que se espera de um parecer técnico sobre determinado produto, de modo a possibilitar a formação de convicção por parte do julgador.

Destarte, foi correta a reclassificação efetuada pela fiscalização, no

que tange aos componentes de aço para forros/fachadas de construções. Finalmente, cabe registrar que a interessada questiona o fato de o

autuante haver identificado como “perfis” os produtos denominados “Mold Cell”, “Rufo Credicard Hall” e “Sanca U” (fls. 400). Não obstante, tais artigos foram por ela mesma definidos como perfis, só que classificados no Capítulo 72, posição 7216 (Perfis de ferro ou aço não ligados).

II.B) Componentes de alumínio industrializados no estabelecimento da interessada e empregados exclusivamente na montagem de forros de imóveis (partes e elementos de construção civil), reclassificados para o código 7610.90.00 A fiscalização promoveu a reclassificação de tais produtos, de

diversos códigos, para o código 7610.90.00, correspondente a “ ...Chapas, barras, perfis, tubos e semelhantes, de alumínio, próprios para construções / Outros”, com base na NESH da posição 7610, segundo a qual “as disposições da Nota Explicativa da posição 7308 respeitantes aos artefatos idênticos de metais ferrosos são aplicáveis, mutatis mutandis, aos artefatos da presente posição”.

A NESH da posição 7308, por sua vez, como já foi dito, estabelece

que nela se incluem quaisquer elementos, tais como produtos laminados planos, chapas universais (placas*), barras, perfis, tubos, etc, trabalhados (por perfuração, arqueamento, chanframento, etc), com características de elementos de construção.

Assim, foi correta a reclassificação efetuada pela fiscalização,

relativamente aos perfis propriamente ditos, assim identificados pela própria interessada, e ao produto denominado “Flush AL linha R”, também identificado como perfil pela recorrente.

Entretanto, analisando-se o “Quadro 01 – Quadro demonstrativo da

relação de produtos objeto de saídas tributadas com classificação fiscal imprópria e alíquotas inferiores àquelas previstas na TIPI796 (Dec. 2.092/96)”, de fls. 27 a 29,

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verifica-se que, relativamente aos componentes de alumínio (item 1, fls. 27), além de perfis propriamente ditos, estão relacionados os seguintes produtos: Cantoneiras, Arremates F, Multipainel, Calhas U, Painéis, Fechamento Hook-on e Junta Inters. Quanto ao componente denominado “Flush AL linha R”, a própria interessada classificou-o também como perfil, embora no código 7604.29.20 (fls. 27, item 1).

Tais componentes, mesmo não estando descritos como perfis (à

exceção do “Flush AL linha R”), assim foram considerados pelo autuante, com base unicamente nos Termos de Declarações de fls. 04 a 06 e 08/09. Não obstante, o conceito de “perfil”, no presente contexto, não corresponde à definição técnica fornecida pelos Engenheiros Industriais da empresa, mas sim à definição contida nas regras de classificação fiscal de mercadorias. Nesse passo, a Nota 1 “b” do Capítulo 76 estabelece, verbis:

“1. Neste Capítulo consideram-se: .............................................................................................................. b) Perfis: os produtos laminados, extrudados, estirados, forjados, modelados ou dobrados, mesmo em rolos, de seção transversal constante em todo o comprimento e que não correspondam a qualquer das definições de barras, fios, chapas, tiras, folhas ou tubos. Também se consideram perfis os produtos com as mesmas formas, obtidos por moldação, vazamento ou sinterização, que tenham sofrido posteriormente à sua obtenção um trabalho mais adiantado do que a simples eliminação de rebarbas, desde que tal trabalho não lhes confira as características de artefatos ou obras incluídos em outras posições.” Compulsando-se os autos, não são encontrados elementos que

permitam afirmar que as Cantoneiras, Arremates F, Multipainel, Calhas U, Painéis, Fechamento Hook-on e Junta Inters sejam efetivamente perfis, na acepção da Nota do Capítulo 76, acima transcrita. Aliás, o autuante sequer citou a Nota em tela como embasamento para a conceituação de ditos produtos. Destarte, não há como manter a reclassificação, relativamente a esses componentes.

Assim, relativamente aos componentes de alumínio, foi correta a

reclassificação apenas daqueles denominados de “perfis” pela própria interessada, o que ocorreu também com o perfil “Flush AL linha R”.

A recorrente, no sentido de defender a classificação por ela adotada

relativamente aos perfis e tubos referidos no item II, acima, cita vários atos emitidos

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pela Secretaria da Receita Federal, em resposta a consultas, o que enseja uma série de considerações.

Quanto ao Parecer COSIT (DINOM) nº 913/93 e PS COSIT

(DINOM) nºs 559/96, 361/96 e 398/96, citados às fls. 383/385/386, releva notar que foram exarados no contexto da TIPI/88, aprovada pelo Decreto nº 97.410/88, que à época da ocorrência dos fatos geradores objeto do Auto de Infração já se encontrava revogado pelo art. 4º, inciso I, do Decreto nº 2.092/96. Interessante notar que a recorrente rechaçara o Parecer Normativo CST nº 700/71, citado no Auto de Infração, argumentando (fls. 389, penúltimo parágrafo):

“... é indiscutível que as orientações emanadas do referido Parecer foram superadas pela nova ordem jurídica emanada da adesão do Brasil à Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias. Por força dessa adesão, os Pareceres Normativos que tratam de classificação fiscal perderam a validade, exceto os que renovaram o entendimento neles contidos, segundo a nova configuração legal originária da nova Nomenclatura Brasileira de Mercadorias.” Não obstante, a interessada cita em seu recurso pareceres

derrogados pelas mesmas razões, só que desta vez se trata da adoção da NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul como base da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, promovida pelo Decreto nº 2.092/96, que criou a TIPI/96, vigente a partir de janeiro de 1997.

No caso do Parecer Normativo CST nº 700/71, ficou explicitado

neste voto que, embora aquele ato tenha perdido sua força normativa formal, permaneceu intacto o seu fundamento material, a despeito da grande alteração ocorrida na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, ao longo de trinta anos. No caso das lâminas de persianas, a aceitação de dito parecer, no seu aspecto material, diz respeito à postura inalterada das Nomenclaturas em face de partes de mercadorias que já possuem as características essenciais das mercadorias completas.

Por questão de isonomia, impõe-se o mesmo tipo de análise,

relativamente aos pareceres citados pela interessada em seu recurso. A primeira inferência extraída desta avaliação é a de que as

conclusões dos pareceres anteriores à TIPI/97 não podem ser acatados sem reservas, simplesmente porque, no caso dos perfis e tubos de aço, trata-se de desdobramentos de subdivisões, exatamente o aspecto objeto de profundas alterações na passagem da NBM/SH (que vigorou até 1996) para a NCM (vigente a partir de 1997). Aliás, a classificação tarifária em “Ex” só seria passível de ocorrer a partir de 1997, por força do Decreto nº 2.092/96.

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Vale aqui o esclarecimento de João dos Santos Bizelli 2: “Estrutura da NBM/SH (Vigente até 31/12/96) No que concerne à sua estrutura, a Nomenclatura compreendeu as Posições do SH, distribuídas em 96 Capítulos, agrupados em 21 Seções. As Subposições também são subdivididas de acordo com o SH, ou seja, obedecem os mesmo níveis hierárquicos de um travessão (-) ou de dois travessões (- -). A criação brasileira adicionou a esse contexto mais dois níveis hierárquicos com três travessões (- - -) e quatro travessões (- - - -), que indicam, respectivamente, os itens e subitens, de acordo com as peculiaridades do comércio interno e externo do País.” “Estrutura da NCM A NCM, a exemplo da NBM/SH vigente até 1996, apresenta também cinco níveis hierárquicos de classificação, sendo que na representação numérica possui uma quantidade menor de dígitos (oito). Desta forma, as subdivisões não permitem um desdobramento tão detalhado, uma vez que em um código SH só podemos ter nove divisões; e o item só poderá ser dividido em nove subitens. Assim, os itens da NCM são representados pelo sétimo dígito e os subitens pelo oitavo.” “Destaca-se da estrutura numérica a criação da Regra Geral Complementar da Tipi (RGC/Tipi) que define o mesmo critério de interpretação do Sistema Harmonizado para determinar, quando for o caso, no âmbito de cada código o “Ex” aplicável, entendendo-se que apenas são comparáveis os “Ex” de um mesmo código e as Notas Complementares (NC) da Tipi que definem critérios específicos de incidência das alíquotas do IPI.” Ainda assim, os fundamentos dos pareceres citados pela interessada

em suas peças de defesa podem ser analisados, com vistas a uma maior compreensão sobre a matéria aqui tratada, fazendo-se necessária a transcrição de suas especificações, conforme trazidas aos autos pela interessada:

PS COSIT (DINOM) nº 361/96 (DOU de 10/09/96): “Código: 3916.20.0200 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88, IN SRF nº 92/94 e IN SRF nº 100/94

2 BIZELLI, João dos Santos, op. cit. p. 39, 54 e 42.

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Perfil de policloreto de vinila (PVC) obtido por extrusão, concebido para montagem de forros de tetos de construções, de seção transversal em forma de retângulo oco com divisões internas, com abas laterais dispostas no sentido do comprimento, mesmo cortado em comprimentos determinados, mas sem qualquer outro trabalho.” PS COSIT (DINOM) nº 398/96 (DOU de 10/09/96): “Código: 3916.20.0200 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88, IN SRF nº 92/94 e IN SRF nº 100/94 Perfil de policloreto de vinila (PVC), de seção transversal em ‘U’, obtidos por extrusão, concebidos para montagem de forros de tetos de construções, mesmo cortados em comprimentos determinados, mas sem qualquer outro trabalho.” PS COSIT (DINOM) nº 398/96 (DOU de 10/09/96): “Código: 3916.20.0200 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88, IN SRF nº 92/94 e IN SRF nº 100/94 Perfil de policloreto de vinila (PVC), de seção transversal em forma de retângulo oco, e com divisões internas, com abas laterais no sentido do comprimento, comercialmente denominado ‘perfil tipo tábua’, obtidos por extrusão, concebidos para montagem de forros de tetos de construções, mesmo cortados em comprimentos determinados, mas sem qualquer outro trabalho.” Parecer COSIT (DINOM) nº 913/93 (DOU de 09/09/93): “Código: 7604.10.000 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88 Perfis de alumínio não ligado, encaixáveis e modulados, para utilização em fachadas, forros etc.” PS COSIT (DINOM) nºs 559/96: “Código: 7606.11.000 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88 Chapas de alumínio, de espessura superior a 0,2 mm, de forma retangular, apresentando furações, próprias para transmissão de calor, comercialmente denominadas ‘Aletas’.” Quanto aos três primeiros pareceres, releva notar que tratam de

produtos classificáveis no Capítulo 39 – Plásticos e suas obras, muito diferentes das mercadorias objeto do presente processo, cuja problemática é típica dos Capítulos 72/73 e 76 - Metais. Aliás, em se tratando de classificação fiscal de mercadorias, cada capítulo e cada produto tem as suas peculiaridades. Nesse caso, em especial, não há

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como comparar os dois tipos de produtos, a começar pelas divergências verificadas nos processos de industrialização do aço/alumínio e do plástico.

No que tange aos dois últimos pareceres, não constam dos autos

elementos que permitam afirmar que se trate de produtos semelhantes àqueles objeto da autuação, uma vez que faltam informações sobre o tipo de transformação aplicada às mercadorias enfocadas nos citados atos.

Finalmente, resta analisar a Decisão SRRF 8a RF nº 50/97, citada

pela interessada às fls. 385, único dos atos colacionados que enfoca a TIPI/96, vigente à época dos fatos geradores objeto do Auto de Infração.

DECISÃO SRRF – 8a RF nº 50/97, de 08/09/97: “Código: 7604.29.20 Tabela: TIPI – Dec. nº 2.092/96 Perfis de alumínio, de forma retangular, com seção transversal em linha trapezoidal, comercialmente denominado ‘Telha de Alumínio’ e ‘Trapezoidal com Nervura’.” Relativamente à decisão transcrita, convém esclarecer que esta já foi

proferida sob as regras estabelecidas pelos artigos 48 a 50 da Lei nº 9.430/96, regulamentados pelas Instruções Normativas SRF nºs 02 e 83/97. Conforme tais regras, a competência para a solução de consultas, que não sejam formuladas por órgão central da Administração Pública ou por entidade representativa de categoria econômica ou profissional de âmbito nacional, passou a ser das Superintendências Regionais da Receita Federal, em instância única. Não obstante, a Coordenação-Geral do Sistema Aduaneiro pode vir a alterar ou reformar, de ofício, tais decisões. Além disso, havendo divergência de conclusões entre soluções de consultas relativas a uma mesma matéria, cabe recurso especial àquela Coordenação.

No caso em apreço, ainda que a mercadoria objeto da citada Decisão

COSIT/SRRF 8a RF fosse idêntica àquelas objeto do presente processo, não se sabe qual o posicionamento esposado pelas outras nove Superintendências. Aliás, verifica-se divergência até mesmo entre decisões exaradas pela própria 8a Região Fiscal, conforme se depreende da leitura das conclusões de Orientações NBM/DIVTRI – 8a RF, que, embora tratem de telhas de aço, a problemática é a mesma das telhas de alumínio. Não obstante, o posicionamento esposado diverge totalmente da Decisão SRRF 8a RF nº 50/97, a saber:

ORIENTAÇÃO NBM/DIVTRI – 8a RF nº 56/91, de 21/02/91: Código: 7308.90.9900 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88 Conclusão: “Dessa forma, no caso sob exame, as telhas de aço galvanizado devem englobar-se no âmbito da posição 7308, uma

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vez que a sua aplicação única é a de ser utilizada em cobertura (telhado) de construções.” DECISÃO SRRF 8a RF nº 57/91, de 21/02/91 Código: 7308.90.9900 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88 Conclusão: “Conforme ilustração em anexo, o produto sob consulta constitui-se de uma camada de Eucavid Roof-Termic (lã de vidro) encerrada entre as duas chapas (telhas), de forma trapezoidal, devendo incluir-se no âmbito da posição 7308, eis que sua aplicação é a de ser utilizada em cobertura (telhado) de construções.” DECISÃO SRRF 8a RF nº 58/91, de 21/02/91 Código: 7308.90.9900 Tabela TIPI – Dec. nº 97.410/88 Conclusão: “As cumeeiras sob exame devem, portanto, englobar-se no âmbito da referida posição, eis que sua aplicação única é a de ser utilizada em cobertura (telhado) de construções. ... os produtos denominados ‘Cumeeira Perfil Trapezoidal TCT, Cumeeira Perfil Senoidal TCO e Cumeeira Lisa TCP’ classificam-se todos no código 7308.90.9900 da TIPI aprovada pelo Decreto nº 97.410/88.” Ainda sobre telhas/cumeeiras de aço, a Coordenação-Geral de

Administração Aduaneira, da Secretaria da Receita Federal, publicou no DOU de 12/11/2003 a Resolução de Consulta nº 9, de 04/11/2003, adotando o entendimento esposado neste voto, de que elementos de construção civil devem ser classificados na posição 7308, conforme se depreende da leitura de sua ementa:

“Classificação da mercadoria denominada ‘telha de aço zincado, ondulada ou trapezoidal, para construção de telhados ou fechamentos laterais de construções, constituindo-se em elemento estrutural e de acabamento de edificações’, no código NCM 7308.90.90.” Também os Conselhos de Contribuintes já se manifestaram sobre a

matéria, conforme ementas a seguir transcritas: “IPI - CLASSIFICAÇÃO: Estruturas de condutos e suportes de aço para fios e cabos elétricos, constituídos por perfilados, eletrocalhas, leitos, dutos de piso e respectivos acessórios, caracterizadas por permanecerem, em princípio, fixas depois de montadas, classificam-se na posição 7308 da TIPI/SH, assim como os perfis simplesmente obtidos ou completamente acabados a frio

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submetidos a trabalhos que lhes conferem características de artefatos (peças) de construção. Recurso negado.” (Acórdão nº 202-08570 - grifei) “IPI. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. TELHAS TERMOISOLANTES. EQUIPAMENTOS DE ATMOSFERA CONTROLADA. PORTAS FRIGORÍFICAS E ACESSÓRIOS. CHAPAS (ESTRUTURAS DE ALUMÍNIO, PAINEL FRIGOLOC, STYROPAINEL). Produtos que têm uma posição específica, classificam-se nessa posição, conforme previsto na RGI 1. Produtos constituídos de mais de uma matéria e que não tenham uma destinação específica, classificam-se conforme a RGI 3 c. Telhas termoisolantes, constituídas de núcleo de poliuretano ou similar, revestido de chapas metálicas de Ferro ou de Alumínio, classificam-se, respectivamente, nos códigos 7326.90.9900 e 7616.90.9900. Equipamentos de atmosfera controlada classificam-se no código 9032.89.0203. Equipamentos frigoríficos classificam-se no código 8418.99.9000. Portas frigoríficas e acessórios classificam-se no código 8418.99.9900. Chapas, denominadas ‘estruturas de alumínio’, ‘painel Frigoloc’ e ‘Styropainel e seus acessórios’, que possam destinar-se tanto a edificações quanto a câmaras frigoríficas classificam-se, respectivamente, nos códigos 7610.90.9900, 7308.90.9900 e 7610.90.9900.” RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO POR UNANIMIDADE. (Acórdãos nºs Acórdão nº 301-29.276 e 301-30.013) Finalmente, no que tange ao perfil denominado “Javelim-

Armstrong”, a interessada alega não se tratar de industrialização, e sim de revenda de produto importado, o que não produz qualquer alteração na autuação de que se trata. Aliás, não tendo constado tal informação na respectiva nota fiscal (fls. 178), o autuante não poderia sabê-lo. De resto, a interessada não poderia se beneficiar de suposta reforma da decisão recorrida, em função de fato por ela mesma provocado.

Diante do exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL AO

RECURSO, para manter a autuação apenas no que tange aos seguintes produtos: - item I. A: lâminas de alumínio, código 7616.9900 (excluídos da

autuação os demais componentes de alumínio para persianas, bem como os componentes de aço para persianas, constantes do item I.B);

- item II. A: todos os componentes de aço, “Ex” 01 do código

7308.90.10 (nenhuma exclusão);

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- item II. B: componentes de alumínio denominados originalmente

de perfis e o perfil “Flush AL linha R”, código 7610.90.00 (excluídos da autuação os componentes denominado Cantoneiras, Arremates F, Multipainel, Calhas U, Painéis, Fechamento Hook-on e Junta Inters).

Sala das Sessões, em 08 de julho de 2004 MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora