45
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS P ROMOTORIA DE J USTIÇA DA C OMARCA DE E DÉIA Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE EDÉIA/GO O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio da Promotora de Justiça infra-assinada, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pelo artigo 129, inciso III, da Constituição Federal e Lei Federal 8.429/92, com base nas peças de informação do Inquérito Civil Público nº. 004/2012, da Promotoria de Justiça de Edéia/GO, vêm perante este Juízo propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA C/C PEDIDOS LIMINARES DE AFASTAMENTO DO CARGO, QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO E INDISPONIBILIDADE DE BENS em face de: LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO, brasileiro, divorciado, Funcionário Público Estadual (Soldado PM Reserva Remunerada), portador da RG 20.588/PM-GO e do CPF nº 471.189.891-34, residente na Rua Tiradentes, Qd. 16, Lt. 06, Setor Alegrete, Edéia/GO. Fazendo-o pelos motivos fáticos e jurídicos que passa a expor:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE OIÁS ... face de: LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO, brasileiro, divorciado, Funcionário Público Estadual (Soldado PM Reserva Remunerada), portador da

Embed Size (px)

Citation preview

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE EDÉIA/GO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio

da Promotora de Justiça infra-assinada, no uso das atribuições que lhe foram conferidas

pelo artigo 129, inciso III, da Constituição Federal e Lei Federal 8.429/92, com base nas

peças de informação do Inquérito Civil Público nº. 004/2012, da Promotoria de Justiça de

Edéia/GO, vêm perante este Juízo propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA C/C PEDIDOS LIMINARES DE AFASTAMENTO

DO CARGO, QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO E

INDISPONIBILIDADE DE BENS

em face de:

LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO, brasileiro, divorciado,

Funcionário Público Estadual (Soldado PM Reserva Remunerada), portador da RG

20.588/PM-GO e do CPF nº 471.189.891-34, residente na Rua Tiradentes, Qd. 16, Lt.

06, Setor Alegrete, Edéia/GO. Fazendo-o pelos motivos fáticos e jurídicos que passa a

expor:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 2

1 - DOS FATOS

O Ministério Público do Estado de Goiás, com fincas no artigo 129,

III, da Constituição da República, e no artigo 25, inciso IV, alínea “b”, da Lei n°.

8.625/93, instaurou, no âmbito da Promotoria de Justiça de Edéia, o Inquérito Civil

Público n°. 004/2012, com o escopo de investigar atos de improbidade administrativa

praticados pelo réu LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO, no exercício do cargo de

Presidente da Câmara de Vereadores de Edéia/GO.

Em 30.08.2012, teve aporte no Ministério Público, a denúncia feita

pelo Sr. Joel Pires da Silva Júnior, de Irregularidades praticadas pelo então Presidente

da Câmara.

Após exaustivo trabalho de investigação depurou-se que o réu

LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO praticou as seguintes condutas:

I – Gratificação “ad hoc” de 20% concedida ao

Secretário-Geral Sr. Wendder Wizer Rodrigues Bosso

O Presidente da Câmara Municipal de Edéia concedeu, de forma

unilateral, ao funcionário comissionado Wendder Wizer Rodrigues Bosso, Gratificação

Ad Hoc de 20% sobre o vencimento percebido mensalmente pelo mesmo

Ao assumir o cargo de Presidente da Mesa Diretora da Câmara

Municipal de Edéia, o vereador Luiz Humberto, apresentou em sessão extraordinária

realizada no dia 11 de janeiro de 2011, conforme ata anexada a fl. 26, (doc. 04), Projeto

de Resolução nº 08/2011, para alterar o inciso I, do artigo 11, da Resolução nº 09, de

16/05/2008, a qual dispõe sobre o Plano de Cargos e Salários dos Servidores da

Câmara Municipal de Edéia, com vista a retirar a exigência de formação em nível

superior para o exercício do cargo comissionado de Secretário-Geral da Câmara; ainda

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 3

conforme a ata da Sessão Extraordinária, o Projeto de Resolução foi aprovado por

unanimidade de votos em plenário.

No que se refere a esse assunto, não houve e não há nenhuma

irregularidade processual ou material, porém, observa-se que o Presidente da Câmara

o fez já com o intuito de assim que assumisse o cargo na Mesa Diretora colocar no

cargo de Secretário-Geral o Sr. Wendder Wizer Rodrigues Bosso, o qual não possuía

na época formação em nível superior. E logo após efetivá-lo no referido cargo, o

Presidente da Câmara, sem amparo legal concedeu a gratificação Ad-Hoc.

Verifica-se que a gratificação irregular foi paga já no primeiro mês

de trabalho do Sr. Wendder Wizer no cargo de Secretário-Geral e continuou nos meses

subsequentes, até o término do contrato.

O Presidente da Câmara Municipal enxergou a necessidade legal

de alterar a Resolução nº 09, de 16/05/2008, para poder efetivar o Sr. Wendder Wizer

no cargo de Secretário-Geral, porém, não se atentou ao conceder a gratificação Ad-

Hoc que não havia nenhuma previsão legal para tanto.

Assim, pela análise do fato narrado, tem-se que o réu LUIZ

HUMBERTO DO NASCIMENTO permitiu que o secretário municipal auferisse

vantagem patrimonial indevida, eis que o pagamento de gratificação de 20% (vinte

por cento) foi concedida sem nenhuma previsão legal, e importa em favorecer e

concorrer para a incorporação ao patrimônio de terceiro, valores pertencentes ao

Município de Edéia, desfalcando-o de tais quantias.

II – Contratação de serviços de publicidade

(propaganda volante e faixas) sem licitação

No ano de 2011, o Presidente da Câmara Municipal de Edéia

realizou gastos com Publicidade, na modalidade Propaganda Volante, na ordem de R$

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 4

9.615,80 (nove mil, seiscentos e quinze reais e oitenta centavos), com as empresas

Bida’s Publicidade e Adam e Valdemes Palco e Sonorização Profissional Ltda.

Ocorreu a continuidade da prestação dos referidos serviços, haja

vista que dos 12 (doze) meses do ano de 2011, os serviços de publicidade, na

modalidade propaganda volante, ocorreram de fevereiro a outubro, ou seja, durante 09

(nove) meses.

Vale observar ainda que não houve nenhum tipo de contrato formal

entre a Câmara Municipal de Edéia e os prestadores de serviços que realizaram o

serviço de propaganda volante no ano de 2011.

E mais, neste mesmo diapasão, do valor remanescente do serviço

que não foi prestado pela a empresa Bida’s Publicidade, qual seja, R$ 2.950,80 (Dois

Mil, Novecentos e Cinquenta Reais e Oitenta Centavos), foi prestado pela empresa

Adam e Valdemes Palco e Sonorização Profissional Ltda, sendo que, apenas duas

empresas prestaram os serviços, e em nosso município, é notório a existência de

outros prestadores de serviços da mesma natureza.

Já os gastos com propaganda em faixas, no ano de 2011, somam a

importância de R$ 5.600,00 (cinco mil e seiscentos reais.

III – Realização de obras e compra de materiais de

construção sem licitação:

A – Imóvel destinado a acervo histórico da memória do

Poder Legislativo Municipal e Reforma do Plenário

O Presidente da Câmara Municipal de Edéia, vereador Luiz

Humberto do Nascimento, autorizou a realização de obras de natureza civil e a compra

de materiais para tais obras sem a realização do devido processo licitatório na

modalidade legalmente exigida. Tais serviços e obras eram para a restauração, reforma

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 5

e construção de um imóvel, que fora doado à Câmara Municipal de Edéia, a qual teria

como contrapartida o encargo de destiná-lo para acervo histórico da memória do Poder

Legislativo Municipal, dentro do prazo de 12 (doze) meses.

O Presidente da Câmara também autorizou a compra de material

de construção para reforma do plenário da Câmara Municipal os quais se apresentaram

impróprios para referida obra.

B – Vale-Material

Em 14.07.2011, o Presidente da Câmara adquiriu no Depósito

Monte Carmelo 2.632 telhas do tipo Romana. Seis dias depois, ou seja, em

20.07.2014, houve a aquisição de 400 telhas tipo Plan, descriminadas em um VALE

MATERIAL. Por se tratar de um “vale” sabe-se que o referido material foi pago, mas

não se tem comprovação de foram efetivamente retirados, visto que fora entregue um

“vale”.

IV – Decoração do Plenário – emissão de nota fiscal

“fria”:

O Presidente da Câmara utilizou-se de uma Nota Fiscal Fria,

inclusive com data de validade vencida, para justificar gastos que não ocorreram,

simulando uma operação de contratação de serviço de decoração.

No mês de fevereiro de 2012, houve um gasto no valor de R$

1.080,00 (um mil e oitenta reais) com serviços de decoração do Plenário do Anexo I,

realizado pela empresa Alexandre Lima & Peres Ltda. Porém naquele mês, no mês

anterior ou no mês subsequente não foi realizado pela Câmara Municipal, nenhum

evento.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 6

V – Contratação de serviços gráficos –

superfaturamento:

No mês de Junho de 2011, o Presidente da Câmara Municipal

contratou com a empresa Primu’s Gráfica e Editora, sediada na cidade de Joviânia-Go,

para confeccionar 500 pastas personalizadas para utilização na Câmara Municipal, pelo

valor unitário de R$ 4,00 (quatro reais), totalizando o valor de R$ 2.000,00 (dois mil

reais).

Para tal serviço foram realizados 03 orçamentos, em gráficas

diferentes, mas a empresa escolhida para prestar o serviço foi a que apresentava um

orçamento de 150% (cento e cinquenta por cento) maior que o menor orçamento.

Restando comprovado o superfaturamento no pagamento das pastas.

VI – Promoção pessoal utilizando dinheiro público:

No mês de janeiro de 2012, o Presidente da Câmara fez

publicidade, com intuito de promoção pessoal ao pagar a importância de R$ 800,00

(oitocentos reais) por uma matéria veiculada no Jornal Gazeta do Estado, onde consta

sua foto em tamanho grande e vários elogios a sua pessoa e sua administração.

No mesmo caminho de promoção pessoal com dinheiro público, o

presidente da Câmara Municipal durante evento realizado no Ginásio de Esportes

Municipal, confeccionou faixa dando destaque ao seu nome.

Ainda, durante a realização da Tradicional Festa de Santo Antônio,

o Presidente da Câmara Municipal arrematou prendas, no leilão beneficente, que

aconteceu na barraca da Paróquia e pagou pelas prendas arrematadas com o dinheiro

da Câmara Municipal. Durante os lances para arremate da prenda houve a promoção

do nome do Presidente da Câmara Municipal, como se este pessoalmente fosse o

responsável pelo pagamento dos lances.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 7

2 – DAS PROVAS e DOS DISPOSITIVOS LEGAIS

I – Gratificação “ad hoc” de 20% concedida ao

Secretário-Geral Sr. Wendder Wizer Rodrigues Bosso

A concessão, de forma unilateral, ao funcionário comissionado

Wendder Wizer Rodrigues Bosso, de Gratificação Ad Hoc de 20% sobre os seus

vencimentos, restou comprovada pelos recibos de pagamentos e demais documentos

anexados às fls. 27/28 e 223/263.

Outrossim, foi confirmada pelo próprio favorecido, Sr. Wendder

Wizer no cargo de Secretário-Geral, ao ser ouvido nesta Promotoria de Justiça, fls.

200/201, senão vejamos:

“Que o declarante exerce o cargo de Secretário Geral da Câmara,

como funcionário de confiança do Presidente da Câmara, Sr. Luiz

Humberto. Que tem a função de coordenar e administrar

juntamente com o Presidente. Que recebe uma gratificação de

20% (vinte por cento) desde a nomeação para o referido cargo”

E ainda o Presidente da Câmara, ao ser ouvido nesta Promotoria

de Justiça, fls. 196/197 confirmou sem o menor conhecimento de causa que “a

gratificação de 20% que foi concedida ao Secretário Geral possui amparo legal,

mas o declarante não se lembra qual”

Vale ressaltar ainda que o então vereador à época THIAGO

SOUZA BORGES também foi ouvido nesta Promotoria de Justiça e informou que:

“o Secretário Geral não cumpri sua carga horária, prova disso

é que no período eleitoral foi coordenador do comitê e

permanecia grande parte do dia no referido local. Que em

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 8

relação a gratificação Ad-Hoc de 20% (vinte por cento) que foi

dada ao atual Secretário Geral, foi uma atitude unilateral do

Presidente da Câmara, inclusive vetada pela Procuradora

Jurídica da Câmara, Dra. Ludimilla.” (fls. 192/194)

(g.n.)

Também sobre a referida contratação e gratificação, tem-se ainda

as declarações do vereador JOEL PIRES DA SILVA:

“...Que a função do Secretário Geral é cuidar da parte

administrativa da Câmara de Vereadores, como compras em geral.

Que na ausência do Presidente o Secretário Geral não tem

autonomia para tomar providências sem prévia autorização. Que

acredita ser um cargo necessário, porém que o mesmo seja

ocupado por uma pessoa idônea e de responsabilidade, pois

dentro da Câmara é possível usar de má fé para administrar o

dinheiro público e justificar tal uso. O que acredita ter acontecido.

Que não pode afirmar com certeza que o Secretário Geral

cumpria sua carga horária. Porém pode confirmar que no

período eleitoral foi coordenador do comitê e permanecia

grande parte do dia no referido local e não pediu afastamento

de suas funções como Secretário Geral. Que em relação a

gratificação Ad-Hoc de 20% (vinte por cento) que foi dada ao

atual Secretário Geral, foi uma atitude unilateral do Presidente

da Câmara. Que obteve a informação do vereador Tiago Borges

que tal atitude foi reprovada pela Procuradora Jurídica da Câmara,

Dra. Ludimilla. (fls. 203/205)

(g.n.)

Nesse sentido LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO infringiu o

artigo 9º, I, Lei nº 8429/92:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 9

Constitui ato de improbidade administrativa importando

enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem

patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,

função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no

art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou

imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou

indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou

presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que

possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão

decorrente das atribuições do agente público);

(...)

Assim, não restam dúvidas da conduta irregular do então

Presidente da Câmara, vereador Luiz Humberto do Nascimento, em relação a

concessão de uma gratificação irregular ao Sr. Wendder Wizer Rodrigues Bosso.

Conforme documentos acostados às fls. 222/263, bem como o

Laudo Pericial Contábil nº 20/2014, anexado às fls. 295/298, os valores indevidos

pagos ao Sr. Wendder Wizer Rodrigues Bosso, decorrentes da portaria 43/2011

(Gratificação ad hoc de 20% ) referentes ao exercício de 2011 e 2012, totalizam R$

9.196,86 (nove mil, cento e noventa e seis reais e oitenta e seis centavos).

II – Contratação de serviços de publicidade

(propaganda volante) sem licitação

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 10

Os gastos com Publicidade, na modalidade Propaganda Volante,

comprovadamente foram na ordem de R$ 9.615,80 (nove mil, seiscentos e quinze reais

e oitenta centavos), distribuídos conforme as se faz prova as Notas Fiscais abaixo

relacionadas:

R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais), fevereiro/11, fl. 46 (doc. 08);

R$ 900,00 (novecentos reais) março/11, fl. 47 (doc. 09);

R$ 900,00 (novecentos reais) abril/11, fl. 48 (doc. 10);

R$ 630,00 (seiscentos e trinta reais) maio/11, fl. 49 (doc. 11);

R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) junho/11, fl. 50 (doc. 12);

R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) julho/11, fl. 51 (doc. 13);

R$ 2.010,80 (dois mil e dez reais e oitenta centavos) agosto/11, fl.

52 (doc. 14);

R$ 1.920,00 (mil e novecentos e vinte reais) setembro/11, fl. 53,

(doc. 15);

R$ 1.025,00 (mil e vinte e cinco reais) outubro/11, fl. 54, (doc. 16).

No ano de 2012, os gastos com publicidade na modalidade

propaganda volante, incorreu no mesmo caminho de desrespeito total a Lei das

Licitações ocorrido no ano de 2011, quer seja a inexistência de licitação exigida

legalmente, quer seja o direcionamento dos mesmos prestadores de serviço, conforme

Notas Fiscais acostadas às fls. 55, 56 e 57.

Sobre tais gastos tem-se o depoimento do Sr. ADEMIR FERREIRA

DA SILVA, proprietário da empresa Aquiles Rodrigues Ferreira Júnior, cujo nome de

fantasia é Bida's Publicidade, que prestou parte do serviço, fl. 101/102, informando:

“Que o valor da hora de propaganda é de R$ 30,00 (trinta reais).

Que o máximo de horas de propaganda que faz com um veículo

são 10 horas/dia, sendo que tal fato ocorre próximo ao final de ano.

Que a empresa não tem contrato de prestação de serviço com

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 11

a Câmara de Vereadores, mas os serviços são prestados

todos os meses, sendo quase todos os dias, até domingos.

Que quem preenche as notas fiscais de serviços é o

funcionário da Câmara Wendder Bosso. O pagamento é feito por

cheques após a execução dos serviços. Que todo mês recebe da

Câmara Municipal em média R$ 1.000,00 (mil reais).”

(g.n.)

É importante notar também que R$ 6.665,00 (Seis Mil, Seiscentos

e Sessenta e Cinco Reais) dos R$ 9.615,80 (Nove Mil, Seiscentos e Quinze Reais e

Oitenta Centavos), ou seja, mais de 69% dos gastos com a referida forma de

publicidade foi realizada através de serviços prestados pela empresa Bida’s

Publicidade, a qual foi prestadora de serviços de publicidade na campanha eleitoral de

reeleição do presidente da Câmara, vereador LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO.

Já os gastos com Faixas, que no ano de 2011, somam a

importância de R$ 5.600,00 (cinco mil e seiscentos reais), e estão discriminados nas

Notas Fiscais de fls. 58/62; e do ao de 2012, que somam a importância de R$ 3.400,00

(três mil e quatrocentos reais), estão relacionados nas Notas Fiscais de fls. 63/64.

Sobre a contratação da publicidade por meio de faixas, o Sr.

WELBER SEBASTIÃO DE OLIVEIRA MAGALHÃES, proprietário da empresa ARTE

COR, que confeccionou as mesmas, em suas declarações, prestadas junto a esta

Promotoria de Justiça, fl. 97/98, informou:

“Que no ano de 2011 praticamente prestou serviço para a

Câmara todos os meses, mas que há mais de seis meses o

serviço foi suspenso por causa de denúncias de

superfaturamento de notas. Que as notas eram preenchidas

pelo funcionário da Câmara Wender Bosso. Que já aconteceu

do declarante deixar o bloco de notas na Câmara de um dia

para o outro. Que 2011 foi o ano que mais prestou serviços

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 12

para a Câmara Municipal, tendo recebido pelos mesmos por

volta de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Que se dispôs a

entregar o bloco de notas ao ano de 2011, caso ainda tenha posse

do mesmo.”

(g.n.)

A título de informação o Sr. WELBER SEBASTIÃO DE OLIVEIRA

MAGALHÃES não trouxe o bloco de notas nesta Promotoria de Justiça, dentro do

prazo que lhe foi dado, e ao ser procurado alegou que o referido bloco havia

desaparecido.

Vejamos o que declararam sobre as referidas publicidades os

então vereadores à época, ouvidos nesta Promotoria de Justiça:

“...Que as propagandas volantes para publicidade de datas

comemorativas, as quais constam nas notas fiscais do Sr. Ademir,

são elaboradas pelo Secretário Geral da Câmara. Que não se

recorda de ter ouvido tantas mensagens...” THIAGO SOUZA

BORGES (fls. 192/194)

(g.n.)

“...Que as propagandas volantes para publicidade de datas

comemorativas, as quais constam nas notas fiscais do Sr. Ademir,

são elaboradas pelo Secretário Geral da Câmara. Que não se

recorda de ter ouvido tantas mensagens. Que o declarante, por

experiência, pode informar que é possível fazer, em (03) três

horas, a propaganda volante em todo perímetro urbano que

abrange a cidade de Edéia. Já a publicidade que foi feita através

de faixas comemorativas, o declarante acredita não ter existido

a maioria delas, visto que também não se recorda de tê-las

visto fixadas...” JOEL PIRES DA SILVA (fls. 203/205)

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 13

(g.n.)

E ainda as declarações do Sr. Presidente da Câmara LUIZ

HUMBERTO DO NASCIMENTO, às fls. 196/197:

“...Que a Câmara realiza serviço de publicidade (carro de som e

faixas) com vários profissionais da área, desta cidade. Que esses

serviços são realizados em datas comemorativas, se acontecer

todos os meses do ano elas são realizadas em todos os

meses. Que não há qualquer espécie de contrato para

realização desses serviços. Que a Câmara contrata o serviço e

repassa os textos de acordo com o necessário, sendo esta uma

das funções do Secretário Geral. Que o declarante desconhece

qualquer oferecimento de valor, aos vereadores, para publicidade

individual. Que não tem conhecimento quem teria preenchido

as Notas Fiscais constantes em fls. 53/54/55 do Inquérito Civil nº

004/2012.

Em razão dos valores gastos com serviços de publicidade, quais

sejam, propaganda volante e faixas, restou claro o total descumprimento aos preceitos

legais da Lei nº 8.666/93, de 21/06/1993, a chamada Lei das Licitações, em especial o

art. 24, inciso II, com redação dada pela Lei 9.648/98, que dispõe:

Art. 24 - “É dispensável a licitação:

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por

cento) do limite previsto na alínea “a” do inciso II do artigo

anterior, e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,

desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,

compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizado

de uma só vez.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 14

Ademais, o direcionamento é taxativamente proibido pela Lei

8.666/93. O agente que privilegia indevidamente determinado fornecedor, a partir da

contratação direta de determinado serviço, obra ou aquisição de produto, viola,

também, o princípio da impessoalidade.

Sobre o princípio da impessoalidade, a teor do art. 4º da Lei nº

8.429/92, ensina Marino Pazzaglini Filho, que este é “decorrência direta do princípio

democrático”, tendo o “administrador o dever de, como mero gestor da res

publica, não fazer seu ou de alguns aquilo que é de todos”. (o grifo é nosso).

O agente não cumpriu o disposto Artigo 37, XXI, da Constituição

Federal.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer

dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,

também, ao seguinte: (Redação dada pela EC nº 19, de 1998)

(…)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as

obras, serviços, compras e alienações serão contratados

mediante processo de licitação pública que assegure

igualdade de condições a todos os concorrentes, com

cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,

mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei,

o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica

e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das

obrigações.

O artigo 10, inciso VIII, da Lei nº 8.429/92, versa que:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 15

“Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão

ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que

enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento

ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas

no art. 1º desta lei, e notadamente:

(...)

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo

indevidamente”;

Já o artigo 11, inciso I, da Lei nº 8.429/92, aduz:

“Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra

os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto, na regra de competência”

Nesse sentido o crime incidiu sobre o Artigo 89, Lei 8.666/93, qual

seja:

Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em

lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à

dispensa ou à inexigibilidade:

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

III – Realização de obras e compra de materiais de

construção sem licitação:

A - Imóvel destinado a acervo histórico da memória do Poder

Legislativo Municipal e Reforma do Plenário.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 16

O Presidente da Câmara na reforma, restauração e ampliação de

uma casa doada a Câmara Municipal, destinada para acervo histórico municipal e

regional, em especial da memória do Poder Legislativo Municipal fez a dispensa de

licitação considerando cada etapa do projeto como se fosse uma única obra e não

parcelas de uma obra global.

Outrossim o valor gasto para o início da reforma excedeu R$

6.500,00 (seis mil e quinhentos reais).

Para a realização de uma obra civil o valor a ser considerado para

determinar se há ou não obrigatoriedade de licitação, e havendo, qual modalidade

cabível, é o valor global da obra e não o valor por etapas, como foi feito pelo Presidente

da Câmara Municipal.

A Lei de Licitações é taxativa em seu art. 24, inciso I, como redação

dada pelo Lei 9.648/98, ao dispor que a licitação é dispensável “para obras e serviços

de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a” do

inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra

ou serviço ou ainda para obras e serviços de mesma natureza e no mesmo local

que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente” (o grifo é nosso).

Conforme documentos acostados às fls. 65/79 (cópias das notas

fiscais encaminhadas pelo Controle Interno da Câmara, juntadas às fls. 305/316), vê-se

também que foram usados materiais de construção, discriminados nas notas ficais, que

deixam dúvidas quanto necessidade dos mesmos. É evidente que a quantidade de

tábuas, de pregos e de arames que foram comprados, bem aquisição de torneira, veda

rosca, plug krona rosca, mangueira eram desnecessários para a construção de um

muro.

No que tange tais obras têm-se os depoimentos abaixo. Primeiro as

declarações do Presidente da Câmara:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 17

“...Que o prédio da Câmara passou por duas reformas, nos últimos

dois anos. Que itens como brita, textura, tubo de esgoto, entre

outros, foram utilizados nessas reformas citadas...”

“...Que no imóvel, doado para servir de Acervo da Câmara

Municipal, foi feita uma pequena restauração, ou seja, um muro.

Que ainda há muito a ser feito na restauração do imóvel, a qual foi

suspensa visto o período eleitoral. Que as telhas constantes na

nota fiscal de fl. 85 foram adquiridas para uma reforma no

telhado do prédio da Câmara, a qual não chegou ser realizada.

Que, então, foram direcionadas para a casa que servirá de

acervo. Que as telhas constantes no “Vale Material” de fl. 86, o

declarante desconhece. Que a partir do momento em que casa

passou a pertencer de fato a Câmara, se resolveu a fazer a reforma

e restauração da mesma...” LUIZ HUMBERTO DO NASCIMENTO

(fls. 196/197)

(g.n.)

Agora o que alegam os vereadores sobre a questão:

“...Que em meados do ano de 2011 foi feita uma pequena obra na

Câmara de Vereadores concernente a construção de uma calçada

de aproximadamente 10m2 e a pintura de duas salas. Sendo

utilizado para tal “reforma” no máximo duas latas de tinta,

cimento, brita, areia, cerâmica. Que atualmente a sala do

Secretária Geral foi pintada. No que se refere ao imóvel doado a

Câmara para servir de acervo, o declarante tem conhecimento de

que a escritura da mesma foi feita em 30 de agosto de 2011 e

registrada em 10 de maio de 2012. Que anterior ao mês de agosto

de 2011 não houve nenhum movimento feito pelo Presidente da

Câmara no sentido de restaurar ou reformar o imóvel citado. Que

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 18

no início do ano de 2012 tomou conhecimento da aquisição de

telhas para reforma da casa. Que o vereador Marcos Rangel

soube da existência da nota fiscal de compra dessas telhas e o

declarante juntamente com o vereador Marcos Rangel foram

conversar com o Presidente da Câmara sobre o assunto, ocasião

que o mesmo declarou não ter conhecimento se houve ou não a

aquisição de telhas, que poderia ser “coisa” do Secretário Geral

Wendder. Sendo novamente questionado o Presidente da Câmara

alegou ter comprado telhas no mês de julho de 2011 para

restauração do acervo. Ocorre que naquela data o referido

imóvel ainda não existia legalmente. Que posteriormente o

declarante foi até o estabelecimento comercial Monte Carmelo e

tomou conhecimento, por meio do dono, que já havia vendido

as telhas e entregue as mesmas para uma pessoa que estava

na camionete do vereador Cassimiro. Que após uns 20 dias

apareceu no acervo algumas tijolos e telhas que não estavam no

local anteriormente. Que a obra de restauração da casa está

parada desde que foi feito o muro, única obra do acervo. Que até o

início de 2012 havia morador no imóvel referido...” THIAGO

BORGES DE SOUZA. (fls. 192/194)

(g.n.)

“...Que em meados do ano de 2011 foi feita uma pequena obra na

Câmara de Vereadores concernente a construção de uma calçada

de aproximadamente 10m2 que liga o prédio principal ao anexo.

Sendo utilizado para tal “reforma” cimento, brita, areia, cerâmica.

Que jamais foram usados na Câmara materiais como pino,

arame, disjuntores entre outros constantes nas Notas Ficais

de fls. 70/79. No que se refere ao imóvel doado a Câmara para

servir de acervo sabe informar que até o momento foi feito

apenas um muro, o qual um pedaço do mesmo já caiu. Que no

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 19

início do ano de 2012 tomou conhecimento da aquisição de telhas

para reforma da casa que serviria de acervo. Ocorre que naquela

data o referido imóvel ainda não existia legalmente.” JOEL PIRES

DA SILVA (fls. 203/205)

(g.n.)

Em ambos os casos, o agente não cumpriu o disposto Artigo 37,

XXI, da Constituição Federal. Bem como não descreveu os materiais utilizados nas

obras, assim como determina o Art. 14, da Lei nº 8.666/93, senão vejamos:

Constituição Federal - Art. 37. A administração pública direta

e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela EC nº

19, de 1998)

(…)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as

obras, serviços, compras e alienações serão contratados

mediante processo de licitação pública que assegure

igualdade de condições a todos os concorrentes, com

cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,

mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei,

o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica

e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das

obrigações.

Lei 8.666/93 - Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a

adequada caracterização de seu objeto e indicação dos

recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 20

nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado

causa.

O artigo 10, inciso VIII, da Lei nº 8.429/92, versa que:

“Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão

ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que

enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento

ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas

no art. 1º desta lei, e notadamente:

(...)

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo

indevidamente”;

Já o artigo 11, inciso I, da Lei nº 8.429/92, aduz:

“Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra

os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto, na regra de competência”

Nesse sentido o crime incidiu sobre o Artigo 89, Lei 8.666/93, qual

seja:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 21

Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em

lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à

dispensa ou à inexigibilidade:

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

B - Vale-Material

De acordo com o documento, do Depósito Monte Carmelo,

intitulado de “vale-material” (doc. 46), anexado à fl. 86, houve a aquisição de 400 telhas

tipo Plan. O Sr. WEDES VIEIRA BESSA, proprietário do referido estabelecimento

comercial, ao ser ouvido, estranhamente declarou, à fl. 132, que

“... preencheu o documento 46, juntado na denúncia,

identificado como “VALE-MATERIAL” . Que, entretanto, não

sabe explicar o porquê do documento estar preenchido, vez que

nunca fez vale material para Câmara Municipal. Que o referido

documento refere-se a um “papel de entrega de material”, porém,

em que pese constar o nome da Câmara Municipal de Edéia e a

quantidade e a descrição de telhas, afirma que não entregou as

mesmas para a Câmara Municipal. Que as únicas telhas entregues

à Câmara foram as descritas na Nota Fiscal nº 550, emitida em

14.07.2011.

Tem-se ainda mais contradições nas declarações do Presidente da

Câmara sobre tal assunto:

“Que as telhas constantes na nota fiscal de fl. 85 foram

adquiridas para uma reforma no telhado do prédio da Câmara,

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 22

a qual não chegou ser realizada. Que, então, foram

direcionadas para a casa que servirá de acervo.”

Pelas fotos acostadas às fls. 94/95, observa-se que as telhas

adquiridas e que foram destinadas ao imóvel onde seria construído o Acervo da

Câmara Municipal, foram deixadas ao tempo, deteriorando, quebrando, correndo o

risco de serem, até mesmo, roubadas, posto que o acesso as mesmas ficou totalmente

livre.

Este descaso com a coisa pública apenas reforça a conduta

adotada pelo Presidente da Câmara Municipal em todo seu mandato.

Há ainda a contradição no que se refere ao destino das referidas

telhas, tipo Romana, pois o proprietário do estabelecimento Depósito Monte Carmelo,

Sr. Wedes, afirmou que as únicas telhas entregues à Câmara foram as descritas na

Nota Fiscal nº 550, e que as mesmas foram entregues no imóvel onde seria construído

o Acervo da Câmara Municipal.

Já os documentos encaminhadas pelo Controle Interno da Câmara,

juntadas às fls. 371/374, demonstram que as referidas telhas, discriminadas na Nota

Fiscal nº 550, foram adquiridas para o telhado do Anexo I, da Câmara Municipal.

O agente não cumpriu o disposto Artigo 37, XXI, da Constituição

Federal. Bem como não conseguiu esclarecer a destinação das telhas adquiridas e

discriminadas no vale-material, como determina o ordenamento, senão vejamos:

Constituição Federal - Art. 37. A administração pública direta

e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela EC nº

19, de 1998)

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 23

(…)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as

obras, serviços, compras e alienações serão contratados

mediante processo de licitação pública que assegure

igualdade de condições a todos os concorrentes, com

cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,

mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei,

o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica

e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das

obrigações.

Lei 8.666/93 - Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a

adequada caracterização de seu objeto e indicação dos

recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de

nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado

causa.

O artigo 10, inciso VIII, da Lei nº 8.429/92, versa que:

“Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão

ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que

enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento

ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas

no art. 1º desta lei, e notadamente:

(...)

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo

indevidamente”;

Já o artigo 11, inciso I, da Lei nº 8.429/92, aduz:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 24

“Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra

os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto, na regra de competência”

IV – Decoração do plenário – emissão de nota fiscal

“fria”:

O Presidente da Câmara utilizou-se de uma Nota Fiscal Fria (doc.

40), inclusive com data de validade vencida, acostada a fl. 80, para justificar gastos que

não ocorreram, simulando uma operação de contratação de serviço de decoração para

um evento que não existiu, como se faz prova o ofício nº 364/2012, datado de

30.08.2012, assinado pelo próprio Presidente da Câmara, LUIZ HUMERTO DO

NASCIMENTO, acostado à fl. 130.

A alegação do então Presidente da Câmara, LUIZ HUMBERTO DO

NASCIMENTO, fls. 196/197, quando questionado sobre a referida nota fiscal, deixa

clara a falta de zelo com que ele tratava o erário, outrossim, que tal equívoco, como ele

mesmo quis que fosse aceito como verdadeiro, é impossível de acontecer, vejamos:

“... Que a nota fiscal constante na fl. 80 se justifica por uma doação

que a Câmara fez, como forma de apoio, aos formandos da turma

da servidora Maria Isabel. Que referida nota foi preenchida de

forma equivocada, visto que, deveria constar na mesma que

ela se referia ao serviço de decoração do salão de eventos da

festa de formatura.

(g.n.)

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 25

Sobre esse mesmo documento THIAGO BORGES DE SOUZA

informou, fls. 192/194:

Que o Presidente da Câmara informou ao declarante que a nota

fiscal de serviço de decoração do plenário, com data de 14 em

fevereiro de 2012, se justifica, na realidade, pelo atendimento a

um pedido da servidora da Câmara Municipal Maria Isabel,

para compra de ingressos do baile formatura da mesma.

(g.n.)

Ao utilizar uma Nota Fiscal Fria, inclusive com data de validade

vencida, para justificar gastos que não ocorreram, simulando uma operação de

contratação de serviço de decoração, o réu infringiu os artigos 10, XI, XIII, XIV e 11, I,

ambos da Lei nº 8.429/92

Lei nº 8.429/92 - Artigo 10 - Constitui ato de improbidade

administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou

omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,

desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens

ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e

notadamente:

XI – liberar verba pública sem a estrita observância das

normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua

aplicação irregular;

XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,

veículos, máquinas, equipamentos, ou material de qualquer

natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das

entidades mencionadas no art. 1º desta Lei, bem como o

trabalho de servidor público, empregados ou terceiros

contratados por essas entidades;

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 26

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por

objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão

associada sem observar as formalidades previstas na lei;

Lei nº 8.429/92 - Art. 11 - Constitui ato de improbidade

administrativa que atenta contra os princípios da

administração pública qualquer ação ou omissão que viole os

deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade

às instituições, e notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto na regra de competência).

V – Contratação de serviços gráficos –

superfaturamento:

Observa-se ao analisar as fls. 82/84, que foram realizados 03

orçamentos em gráficas diferentes, para a realização de serviço gráfico, no que se

refere a confecção de pastas, (docs. 42, 43 e 44), e pelo serviço contratado foi pago o

valor maior, ou seja, 150% (cento e cinquenta por cento) mais caro que o valor do

menor orçamento.

Ouvidos sobre a aquisição de material superfaturado os então

vereadores à época THIAGO BORGES e JOEL PIRES, foram unânimes ao informar:

“Que as pastas referidas nos documentos juntados foram

adquiridas para repor as já existentes que são usadas para guardar

projetos e documentos em geral. Que todas vieram com defeito

de fabricação e não foram trocadas.” (g.n.)

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 27

Estando comprovado o superfaturamento no pagamento das

pastas o Presidente da Câmara infringiu os dispostos no artigo 10, caput, inciso V e XI

e artigo 11, I, da Lei 8429/92:

Artigo 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que

causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou

culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de

bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas

pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação

irregular;

(...)

Artigo 11 - Constitui ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da administração pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e

notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto na regra de competência;

(...)

VII – Promoção pessoal utilizando dinheiro público

(câmara dos vereadores):

Sobre a promoção pessoal tem-se a cópia do Jornal Gazeta do

Estado (doc. 47), à fl. 87 e Nota Fiscal (doc. 48) acostada à fl. 88.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 28

Já com relação a promoção do nome do Presidente da Câmara

Municipal, como se este pessoalmente fosse o responsável pelo pagamento dos lances

na Festa de Nossa Senhora, tal prova se faz com o áudio do leilão gravado em CD

(doc. 49), em anexo.

Vale lembrar que a promoção pessoal tinha cunho eleitoreiro, visto

que aquele ano aconteceria as eleições municipais, e mais precisamente, a Festa de

Santo Antônio ocorreu após o início do prazo para convenção partidária.

A respeito de tais práticas tem-se os depoimentos:

Que a Câmara realiza contratos com a Paróquia Santo Antônio

para auxiliar nas festas religiosas, sendo isso um hábito local. Que

os valores dos contratos são estabelecidos de acordo com o

gasto da Câmara nas referidas comemorações. Que os

participantes, nessas comemorações, são todos os funcionários e

vereadores e algumas autoridades convidadas. LUIZ HUMBERTO

DO NASCIMENTO, (fls. 196/197)

(g.n.)

E

“... o declarante informou que foi oferecido o valor de R$

300,00 por mês para que o mesmo utilizasse com propaganda

em seu nome. Que tem conhecimento que tal proposta

também foi feita para outro vereador. Que o declarante não

aceitou...” “... Já as que foram feitas através de faixas

comemorativas tinha o intuito de promoção pessoal de cada

vereador, pois abaixo da frase de efeito vinha sempre o nome de

um vereador...” “...Que todas as publicidades, seja na rádio, em

cartazes, faixas são feitas em nome da Câmara Municipal, mas

enfatizando sempre a pessoa do Presidente, vereador Luiz

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 29

Humberto...” “...Que os contratos de prestação de serviço feito

com a Paróquia Santo Antônio, tinham como objeto, em tese, a

confraternização dos vereadores e familiares, entretanto,

referidos contratos são na verdade firmados posteriormente a

comemoração para que se justifique todo o gasto efetivamente

tido, incluindo gastos com arrematações, pagamento de

“show” musical, bebidas e comidas em geral para o público...”

THIAGO BORGES DE SOUZA, (fls. 192/194)

(g.n.)

Ainda:

“...Sobre a propaganda volante o declarante informou que foi

oferecido a utilização de horas para que os vereadores

fizessem propagandas em seu nome...” “...Que os contratos de

prestação de serviço feito com a Paróquia Santo Antônio, tinham

como objeto, em tese, a confraternização dos vereadores e

familiares, entretanto, referidos contratos são na verdade

firmados posteriormente a comemoração para que se

justifique todo o gasto efetivamente tido, incluindo gastos

como apoio cultural, arrematações, pagamento de “show”

musical, bebidas e comidas em geral para o público...” JOEL

PIRES DA SILVA, (fls. 192/194)

(g.n.)

Os atos praticados pelo Presidente da Câmara com a intenção de

promoção pessoal são infrações previstas nos artigos 9º, XII e 11, caput, da Lei

8.429/92:

Artigo 9º - Constitui ato de improbidade administrativa

importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de

vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 30

cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades

mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

XII: usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores

integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas

no art. 1° desta lei.

E ainda:

Artigo 11, caput. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da administração pública

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às

instituições, e notadamente

3 - DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Lei nº 8.429/92 conhece três tipos de atos ímprobos na

administração, a saber:

a) atos que importam em enriquecimento ilícito (artigo 9º);

b) atos que causam prejuízo ao erário (artigo 10); e

c) atos que atentam contra os princípios da administração pública

(artigo 11).

A primeira classe de atos de improbidade administrativa

compreende os seguintes (artigo 9º, caput, e incisos I a XII, da Lei nº 8.429/92):

“Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa

importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de

vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 31

cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades

mencionadas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou

imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou

indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou

presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que

possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão

decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para

facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou

imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas

no artigo 1º por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para

facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o

fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao

valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,

equipamentos ou material de qualquer natureza, de

propriedade ou à disposição de qualquer das entidades

mencionadas no artigo 1º desta Lei, bem como o trabalho de

servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por

essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta

ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de

azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura

ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de

tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta

ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou

avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou

sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 32

de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades

mencionadas no artigo 1º desta Lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,

cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza

cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à

renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de

consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica

que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado

por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente

público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a

liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta

ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou

declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,

rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial

das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores

integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas

no artigo 1º desta Lei.”

O artigo 9º retrocitado envolve 12 (doze) diferentes hipóteses de

atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito. Não é rol taxativo ou

exaustivo, o que fica claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para

enunciar a dúzia de incisos exemplificativos do enunciado.

Tanto o caput quanto os incisos do artigo 9º guardam entre si uma

característica: o agente público aufere vantagem econômica indevida, para si ou para

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 33

outrem, em razão do exercício ímprobo de cargo, mandato, função, emprego ou

atividade pública.

Ainda que não concorra o prejuízo ao erário ou ao patrimônio das

entidades referidas no artigo 1º, a percepção, ainda que indireta, de dinheiro, bem

móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica já realiza o “tipo”.

A segunda classe de atos de improbidade, na conformidade da

disposição legal, é a dos que causam lesão ao erário, compreendendo as seguintes

práticas (artigo 10 da Lei nº 8.429/92):

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que

causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou

culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a

incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou

jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º

desta Lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica

privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º

desta lei, sem a observância das formalidades legais ou

regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente

despersonalizado, ainda que de fins educativos ou

assistenciais, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio

de qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei,

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 34

sem observância das formalidades legais e regulamentares

aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de

bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades

referidas no artigo 1º desta Lei, ou ainda a prestação de

serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de

bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas

legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou

inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a

observância das formalidades legais ou regulamentares

aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo

indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não

autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,

bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio

público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas

pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação

irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se

enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,

veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer

natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das

entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, bem como o

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 35

trabalho de servidor público, empregados ou terceiros

contratados por essas entidades.”

O artigo 10 retrocitado envolve 13 (treze) diferentes hipóteses de

atos de improbidade que importam lesão ao erário. Não é rol taxativo ou exaustivo, o

que fica claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia

de incisos exemplificativos do enunciado.

Vale ressaltar que os terceiros de boa fé, que receberam

importâncias indevidas, não tem, eles próprios, nenhuma obrigação de devolver aos

cofres públicos os valores recebidos.

Doutra banda, mesmo que todos os terceiros devolvam os valores

indevidamente recebidos, o Município de Edéia se viu desfalcado de tais quantias por

um longo período, deixando de aplicá-las na saúde, na educação, no esporte etc.

É de se ressaltar que a obrigação de ressarcir os cofres públicos

dos valores indevidamente pagos cabe tão-somente ao réu, que agiu com dolo e

extrema má-fé ao agir desrespeitando leis, ao seu bel prazer.

Finalmente, a terceira classe dos atos de improbidade

administrativa contempla os atos que atentam contra os princípios da administração

pública, violando os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às

instituições, e notadamente os seguintes (artigo 11 da Lei nº 8.429/92):

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da administração pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e

notadamente:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 36

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão

das atribuições e que deva permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de

terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida

política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,

bem ou serviço.”

O artigo 11 retrocitado envolve 07 (sete) diferentes hipóteses de

atos de improbidade que atentam contra os princípios da administração pública,

violando os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às

instituições. Da mesma forma que o artigo 9º e o artigo 10, o rol não é taxativo ou

exaustivo, o que fica claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para

enunciar a dúzia de incisos exemplificativos do enunciado.

Pois bem, com base nos eventos narrados tem-se o réu realizou

diversos comportamentos ilícitos, atentando, assim, contra os princípios da

administração pública, violando os deveres de honestidade, moralidade, legalidade,

imparcialidade e lealdade às instituições, ferindo, por conseguinte, as disposições

contidas no artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92.

Assim, os atos de improbidade administrativa praticados pelo réu e

que importaram em enriquecimento ilícito estão sujeito às seguintes cominações (artigo

9º c/c artigo 12, inciso I, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;

b) ressarcimento integral do dano, quando houver;

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 37

c) perda da função pública;

d) suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos;

e) pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo

patrimonial;

f) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios

ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda

que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio

majoritário, pelo prazo de dez anos.

Em relação aos atos de improbidade que causaram prejuízo ao

erário, as sanções aplicáveis são (artigo 10 c/c artigo 12, inciso II, ambos da Lei nº

8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano, se houver;

b) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,

se concorrer esta circunstância;

c) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de

cinco a oito anos;

d) pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano;

e) proibição de contratar com o Poder Público ou receber

benefícios ou incentivos fiscais ou creditício, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual

seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos

Finalmente, a prática dos atos de improbidade pelo réu, que

atentaram contra a moralidade e demais princípios da administração acarretam como

sanção (artigo 11 c/c artigo 12, inciso III, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano;

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 38

b) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três

a cinco anos;

c) pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da

remuneração percebida pelo agente;

d) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefício

ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda

que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio

majoritário, pelo prazo de três anos.

4 - DA INDISPONIBILIDADE DOS BENS DO RÉU

Sem dúvida, um dos maiores problemas enfrentados em casos

como o presente é a existência de condenação, e contraditoriamente, a inocuidade da

sentença no que se refere ao ressarcimento do prejuízo ao patrimônio público.

Uma das inovações surgidas no que se refere aos atos de

improbidade por agentes públicos encontra-se caracterizada na indisponibilidade dos

bens, visando posterior ressarcimento.

Esse é o ensinamento do emérito doutrinador Marcelo Figueiredo

(In Probidade Administrativa, páginas 33/34. Malheiros Editores):

“A indisponibilidade é medida de cunho emergencial e

transitório. Sem dúvida, com ela, procura a lei assegurar

condições para a garantia do futuro ressarcimento civil. O

dispositivo não exige prova cabal (muita vez inexistente nessa

fase, como é de se supor), mas razoáveis elementos

configuradores da lesão, por isso a redação legal ‘quando o

ato de improbidade causar lesão ao patrimônio’. Exige-se,

portanto, s.m.j., não uma prova definitiva da lesão (já que

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 39

estamos no terreno preparatório), mas ao contrário, razoáveis

provas para que o pedido de indisponibilidade tenha trânsito e

seja deferido. De outra parte, o enriquecimento ilícito também

autoriza a indisponibilidade dos bens do indiciado. Também

aqui a exigência de documentação hábil a comprovar a figura

do enriquecimento ilícito; do contrário, será arbitrário seu

deferimento. Sem tais requisitos será impossível dar trânsito

ao pedido de indisponibilidade”.

Para tanto dispõe a Lei n° 8.429/92, em seu artigo 7° e parágrafo

único:

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao

patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à

autoridade administrativa responsável pelo inquérito

representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos

bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput

deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral

ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial

resultante do enriquecimento ilícito.

Cumpre destacar, também, que o artigo 273 do Código de

Processo Civil permite ao Magistrado a antecipação total ou parcial dos efeitos da

tutela pretendida nos pedidos da inicial, sempre que essa providência for necessária

diante do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, como ocorre na

espécie.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 40

É de se salientar, ainda, conforme ensinamento dos insignes

doutrinadores Marino Pazzaglini Filho, Márcio Fernando Elias Rosa e Waldo Fazzio

Júnior (In Improbidade Administrativa. Aspectos Jurídicos da Defesa do Patrimônio

Público. Página 180. 1996. Editora Atlas) que:

“Também deve ficar claro que a representação da autoridade

administrativa, nos termos dos arts. 7º (para a

indisponibilidade) e 16 (para o “seqüestro”) não é condição de

procedibilidade para que o Ministério Público postule aquelas

medidas cautelares. No curso de inquérito civil ou, uma vez

este concluído, existindo fumus boni juris e o periculum in

mora, o órgão ministerial poderá demandar a cautela,

independentemente de qualquer representação da autoridade

administrativa, desde que patente a sua necessidade”.

Há de se ressaltar que presentes se encontram o periculum in mora

e o fumus boni iuris. Aquele é presumido em lei. Este se encontra amplamente

demonstrado, através da ilicitude das condutas do réu e do prejuízo causado ao

Patrimônio Público Municipal.

Frisa-se, também, que a indisponibilidade dos bens é para o

ressarcimento do dano e não para pagamento de multa, podendo ser indisponibilizado

qualquer bem, adquirido antes ou depois da improbidade.

Por fim, lembra-se que decretada a indisponibilidade

continuará o réu na posse dos bens, não acarretando qualquer

prejuízo, a não ser a necessidade de autorização judicial para

qualquer ato de disposição.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 41

5 – DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO:

É cediço que a Constituição Federal de 1988 expressamente

previu, como função institucional do Ministério Público, a instauração do inquérito civil

para defesa de vários interesses e direitos que afetam a sociedade de forma relevante,

sendo-lhe outorgado igualmente o exercício de outras funções compatíveis com a sua

finalidade.

Assim, a legitimidade ativa “ad causam” do Ministério Público é

inafastável e decorrente do disposto nos artigos 129, III, da Constituição Federal; 117,

III, da Constituição do Estado de Goiás; 25, IV, “a” e “b”, da Lei nº 8.625/93, e 17,

“caput” e § 4º, da Lei nº 8.429/92, “in verbis” :

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público :

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para

proteção do patrimônio público (...).

Art. 117. São funções institucionais do Ministério Público :

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para

proteção do patrimônio público (...).

Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal

e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda,

ao Ministério Público:

IV – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma

da lei :

a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos

causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e

direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 42

paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e

individuais indisponíveis e homogêneos;

b) para a proteção, prevenção e reparação dos danos

causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e

direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e

paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e

individuais indisponíveis e homogêneos;

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será

proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica

interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida

cautelar.

§ 4º O Ministério Público, se não intervier no processo como

parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de

nulidade.

A jurisprudência do Tribunal de Justiça de Goiás, segue a

inteligência dos dispositivos citados:

“ AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO.

LEGITIMIDADE. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 129, III. Tem o

Ministério Público legitimidade para propor a Ação Civil

Pública que objetiva a proteção do patrimônio público e social,

do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”

(Ag. De Ins. 59420/180, Des. Mauro Campos, TJGO, Ac. de

27.02.92. DJGO, nº 11287, fls. 09, de 17.03.92).

6 – DOS PEDIDOS :

Pelo exposto, o Ministério Público requer:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 43

1) Seja a presente ação recebida, autuada e processada na forma

e no rito preconizado no artigo 17 da Lei nº 8.429/92, juntando para tanto os

documentos que acompanham essa inicial;

2) A citação da CÂMARA DE VEREADORES DO MUNICÍPIO DE

EDÉIA/GO para, querendo, integrar a lide na qualidade de litisconsorte ativo,

facultando-lhe as providências legais, nos termos do art. 17, § 3º, da Lei nº 8.429/92,

devendo ser observado que essa citação deverá preceder a do réu, tendo em vista a

sua natureza;

3) Após a citação prevista no artigo 17, § 3º, da Lei nº 8.429/92, e

com a manifestação nos autos ou decorrendo “in albis” o prazo que lhe foi concedido

para tanto, digne-se seja o réu citado pessoalmente, via mandato, para, querendo,

responder aos termos da presente ação, sob pena de confissão quanto à matéria de

fato e sob os efeitos da revelia, facultando ao Oficial de Justiça para a comunicação

processual, a permissão estampada no artigo 172, § 2º, do Código de Processo Civil;

4) Seja o pedido julgado procedente em todos os seus aspectos

nas hipóteses dos artigos 9º, 10 e 11, para condenar o réu nas sanções previstas no

artigo 12, incisos I, II e III, da Lei nº 8429/92, sendo que a condenação na sanção mais

grave importará em prejuízo do reconhecimento da sanção menos grave;

5) O ressarcimento e o enriquecimento ilícito que deverão ser

calculados levando-se em conta os valores pagos pela Câmara de Vereadores,

acrescidos de juros legais e atualização monetária.

6) Que seja decretada a indisponibilidade de bens do réu;

7) Seja o réu condenado, também, ao pagamento das custas e

emolumentos processuais, como ônus da sucumbência;

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 44

8) Com o trânsito em julgado, seja incluído o nome do réu no

Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Atos de Improbidade Administrativa,

instituído pelo Conselho Nacional de Justiça.

9) Provar o alegado por qualquer meio de prova admitido em

direito, máxime provas testemunhais, periciais e documentais, e, inclusive pelo

depoimento pessoal do réu e das testemunhas abaixo arroladas.

Em anexo o Procedimento Administrativo nº 04/2012, com 02 (dois)

volumes e 378 páginas

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), para efeitos

legais.

Termos em que

Pede Deferimento

MARIA CECÍLIA DE JESUS FERREIRA

Promotora de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE EDÉIA

Rua Jales Teles Pires, esq. c/ Av. Joaquim Vital - Qd. 02 - Setor Fênix - CEP: 75940000 - Edéia/GO Edifício do Fórum - Telefone/Fax: (64) 3492-1610 e 127 - E-mail: [email protected] 45

Rol de Testemunhas

WENDDER WIZER RODRIGUES BOSSO, brasileiro, casado, comerciante,

residente na Av. Washington Luís, Qd. 15, Lt. 11, Setor Alegrete, Edéia/GO;

THIAGO SOUZA BORGES, brasileiro, solteiro, advogado, residente na Rua 10,

Qd. 17, Lt. 19, Setor Vale do Sol, Edéia/GO;

JOEL PIRES DA SILVA, brasileiro, casado, radialista, residente na Viela 02, nº

54, Setor Cibrazém, Edéia/GO;

ADEMIR FERREIRA DA SILVA, brasileiro, solteiro, aposentado, residente e

domiciliado na Av. Teixeira de Freitas, nº 06, Setor JK, Edéia/GO;

WEDES VIEIRA BESSA, brasileiro, casado, comerciante, residente e

domiciliado na Rua Pereira Albertino de Lacerda, nº 3.459, Setor Aeroporto,

Edéia/GO; e

WELBER SEBASTIÃO DE OLIVEIRA MAGALHÃES, brasileiro, amasiado,

letreiro, residente e domiciliado na Rua Osmiro Ricardo, Qd. 02, Lt. 04, Setor

Aeroporto, Edéia/GO;