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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA ELINEUZA FARIA DA SILVA TRINDADE ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM FUNÇÃO DE SISTEMAS DE USO E MANEJO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA Belém 2007

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA

ELINEUZA FARIA DA SILVA TRINDADE

ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM

FUNÇÃO DE SISTEMAS DE USO E MANEJO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA

Belém 2007

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA

ELINEUZA FARIA DA SILVA TRINDADE

ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM

FUNÇÃO DE SISTEMAS DE USO E MANEJO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA

Dissertação apresentada a Universidade Federal Rural da Amazônia como parte das exigências do curso de Mestrado em Agronomia, área de concentração em Solos e Nutrição de Plantas, para obtenção do título de “Mestre”.

Orientador:

Dr. Tarcísio Ewerton Rodrigues

Co- orientadores

Drª Gladys Ferreira de Sousa Dr. Antonio Rodrigues Fernandes

Belém 2007

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Trindade, Elineuza Faria da Silva Atributos físico-hídricos e matéria orgânica do solo em função de

sistemas de uso e manejo da vegetação secundária. - Belém, 2007. 67 f.: il Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal

Rural da Amazônia, 2007. 1. plantio direto 2. manejo do solo 3. corte e queima

4. corte e trituração I. Título.

CDD – 631.51

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ELINEUZA FARIA DA SILVA TRINDADE

ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM

FUNÇÃO DE SISTEMAS DE USO E MANEJO DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA

Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural da Amazônia, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agronomia, área de concentração em Solos e Nutrição de Plantas, para obtenção do título de “Mestre”.

Aprovado em 09 de Maio de 2007.

BANCA EXAMINADORA

Dr. Tarcísio Ewerton Rodrigues Orientador

(Embrapa Amazônia Oriental–EMBRAPA)

Profª. Drª. Gladys Ferreira de Sousa (Embrapa Amazônia Oriental – EMBRAPA)

Prof. Dr. Eduardo Jorge Maklouf Carvalho (Embrapa Amazônia Oriental – EMBRAPA)

Prof. Dr. Antonio Rodrigues Fernandes (Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA)

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3

Em especial, DEDICO:

Ao meu querido esposo JORGE CARLOS DA SILVA TRINDADE, pela compreensão, incentivo, companheirismo e amor inigualável recebido durante a realização deste trabalho.

Ao meu amado filho, JEAN CARLOS DA

SILVA TRINDADE, pela compreensão durante as minhas ausências e pelo carinho que seu doce olhar transmite a cada dia.

OFEREÇO:

Aos meus pais, EDINO AZEVEDO DA SILVA e

GLÓRIA MARIA FARIA DA SILVA, por todo apoio, incentivo e amor ao longo da minha vida.

Aos meus irmãos, ELIVAN e ELISÂNGELA

FARIA DA SILVA e seus familiares, pela amizade e amor que nos une e nos faz crescer.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que sempre esteve ao meu lado e ajudou-me, sem o qual eu nunca teria conseguido vencer mais este desafio. À Universidade Federal Rural da Amazônia, especialmente ao Departamento de Ciência do Solo, pela oportunidade de, durante seis anos, entre iniciação científica e mestrado, porporcionar-me oportunidade de ampliar meus conhecimentos. Ao CNPq, pela concessão de bolsas de estudos. À Embrapa Amazônia Oriental e à Universidade de Goettingen, da Alemanha, por custear meu projeto de pesquisa. Ao professor, orientador e amigo Dr. Tarcísio Ewerton Rodrigues, por ter me recebido como última orientada e por nunca ter se negado a dividir seu tempo, seu conhecimento e sua atenção, dando todo o apoio de que necessitei. À pesquisadora Gladys Ferreira de Sousa pela atenção dispensada nos momentos oportunos. Ao pesquisador e amigo, principalmente nas horas de sufoco, Dr. Moacir Azevedo Valente, a quem agradeço pela fundamental ajuda na discussão desse trabalho. Ao pesquisador e amigo Dr. Eduardo Jorge Maklouf Carvalho pela ajuda precisa e incondicional na análise estatística. A todos os pesquisadores do Setor de Pedologia da Embrapa, especialmente ao Dr. João Marcos Lima da Silva, pelo incentivo e amizade durante a realização da pesquisa. A todos os professores do ICA/Setor de Solos, pela amizade e atenção durante todos esses anos. À Embrapa Amazônia Oriental, por disponibilizar toda a infraestrutura experimental e aos funcionários do Shift, pelo apoio recebido durante os trabalhos de campo. Aos técnicos do Laboratório de Solos da Embrapa, em especial a Raimundo Cláudio Mendes de Souza pelo apoio durante as análises no laboratório de Física do Solo. Aos funcionários José Maria, Waldomiro, Dioberto e José Ribamar, da Biblioteca, e Raimundo Barbosa, do Setor de Estágio, pelo grande apoio e amizade. Ao amigo Rocha e ao funcionário Raimundo Lira, pela confecção do mapa de localização da área de estudo. Ao meu grande amigo Paulo César Sobral Corrêa, pela dedicação, incentivo e apoio advindos desde o curso de graduação. Aos amigos Núbia de Fátima Alves dos Santos, Luis Ozires Pontes Soares, Márcio Roberto da Silva Melo e Carlos de Melo Sobrinho Júnior, pela confiança, carinho e grande apoio no decorrer do curso de graduação, sem os quais talvez não tivesse chegado até aqui. Aos colegas do curso de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas, em especial à amiga Alcione Santos de Souza e Jessivaldo Galvão pela amizade e auxílio.

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"Posso todas as coisas n’Aquele

que me fortalece."

Filipenses 4:13

“O solo não é uma herança que recebemos

de nossos pais, mas sim um patrimônio

que emprestamos de nossos filhos.”

L. Brawn

Entrega os teus caminhos ao

Senhor, confia n’Ele,

e o mais ele fará."

Salmos 37:5

“Feliz aquele que transfere o que

sabe e aprende o que ensina.”

Cora Coralina

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RESUMO

A prática de derrubada e queima da vegetação no preparo de área pode provocar alterações profundas nas propriedades físicas do solo, além de perdas de matéria orgânica. Essa pesquisa teve por objetivo avaliar os atributos físico-hídricos e o teor de matéria orgânica do solo sob diferentes sistemas de cultivo com preparo de área utilizando as práticas de derrubada e queima da capoeira e corte e trituração da capoeira no nordeste do Pará. A metodologia constou da abertura, descrição e coleta de amostras de solo em áreas de capoeira, para caracterização dos solos. Também foram coletadas amostras deformadas e indeformadas em 4 profundidades (0-10, 10-20, 20-40 e 40-60 cm) e 3 repetições nos sistemas de uso: 1) capoeira de mais de 15 anos (T1), 2) capoeira derrubada e queimada com plantio de milho e mandioca (T2), 3) corte e trituração da capoeira com plantio de milho e mandioca (T3) e 4) corte e trituração da capoeira com plantio de maracujá (T4), para as análises físico-hídricas e dos teores de matéria orgânica do solo. Os resultados encontrados demonstraram que os solos do sistema de uso é um Argissolo Amarelo Tb Distrófico típico ou abrúptico, textura arenosa/média. Há uma dominância da fração areia (areia grossa + areia fina), variando de 64, 5% a 85% do total das frações granulométricas do solo nos sistemas de uso. Houve diferenças significativas para a macroporosidade e microporosidade em relação a tratamentos pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Houve diferenças significativas para a densidade do solo em relação aos tratamentos e em profundidade e para a matéria orgânica apenas em profundidade. A densidade do solo é menor nos tratamentos T2 e T3 por influência das culturas. A porosidade total é mais alta nas camadas superficiais devido ao conteúdo de areia total, densidade do solo e concentração de raízes. O pouco tempo de implantação dos sistemas de uso e manejo estudados não foi suficiente para promover alterações significativas dos atributos físico-hídricos e dos teores de matéria orgânica do solo, no entanto, há necessidade de uma sucessão de corte e trituração da capoeira (após pousio) uma melhor avaliação dos benefícios desse sistema nas características estudadas.

Palavras-chave: plantio direto, manejo do solo, corte e queima, corte e trituração

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ABSTRACT

The slash-and-burn practice for land preparation may cause deep modification on physical and hydraulic attributes of a soil, in addition to organic matter losses. The objective of this research work was to evaluate physical and hydraulic attributes and the organic matter contents of a soil under different crop systems as affected by secondary vegetation management, as slash-and-burn land preparation and slash-and-chopped the secondary vegetation, in Northeast of Para state, Brazil. The land use systems were: 1) fifteen years secondary vegetation (capoeira) (T1), 2) slash-and-burn secondary vegetation under corn and manioc crop system (T2), 3) slash-and-chopped secondary vegetation under corn and manioc crop system (T3) and 4) slash-and-chopped secondary vegetation under passion fruit crop system (T4). To conduct the soil characterization studies a soil profile was open, and after a field description was taken, the soil samples were collected. Deformed and undeformed soil samples in four depths and three replicates were collected at 0-10cm, 10-20 cm, 20-40 cm and 40-60 cm to determine physical and hydraulic alterations and the organic matter contents. The results characterized the soil as a Hapludalfs dystrophic typic or abrupitic, sandy to medium texture. A dominance of sand fraction (coarse sand + fine sand) was observed, varying from 64,5% to 85% of a total granulometric fractions of the soil under the different land use systems. Significant difference for macroporosity and micro-porosity in relation to the treatment studied was observed by the Scott-Knott at 5% level. Significant differences was also observed for treatments and soil depths while as for the soil Organic Matter (MO) significant difference was observed only for soil depths. Bulk density is lower in treatment T2 and T3 as influenced by the crops. The total porosity is higher in surface layers due to the content of total sandy, bulk density and the concentration of roots. The short period of the implementation of the land use systems and soil management studies was not sufficient to promote modifications on physical and hydraulic attributes of the soil, as so as to the organic matter contents. Nevertheless, there is a need of a succession of slash-and-chopped the secondary vegetation (after fallow) to a better evaluation of the benefits of this system on the soil characteristics studied.

Key words: no-tillage, soil management, slash-and-burn, slash-and-chop

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LISTA DE FIGURAS

p. Figura 1 Mapa do Estado do Pará, mostrando a localização do município de

Marapanim ..................................................................................................

28

Figura 2 Teores médios de matéria orgânica nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ........

38

Figura 3 Conteúdo da fração argila total nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ...............

46

Figura 4 Resultados médios de densidade aparente nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ........................................................................................................................

48

Figura 5 Resultados médios de Porosidade Total nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ..

51

Figura 6 Resultados médios Macroporosidade nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ....

51

Figura 7 Resultados médios de Microporosidade nos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ..

52

Figura 8 Curvas características de retenção de água da camada de 0-10 cm dos solos nos sistemas de uso ........................................................................................

56

Figura 9 Curvas características de retenção de água da camada de 10-20 cm dos solos nos sistemas de uso .............................................................................

56

Figura 10 Curvas características de retenção de água da camada de 20-40 cm dos solos nos sistemas de uso ............................................................................

57

Figura 11 Curvas características de retenção de água da camada de 40-60 cm dos solos nos sistemas de uso .............................................................................

57

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LISTA DE TABELAS

p.

Tabela 1 Resumo estatístico mensal dos parâmetros da Estação Climatológica de Igarapé-Açu, Pará. Embrapa–001478019. Período 1994 a 2003 ........

29

Tabela 2 Características físicas e morfológicas de Argissolo Amarelo, sob vegetação de capoeira, no município de Marapanim, Estado do Pará ......

34

Tabela 3 Características químicas de Argissolo Amarelo, sob vegetação de capoeira, no município de Marapanim, Estado do Pará ............................

35

Tabela 4 Valores médios de matéria orgânica (g.kg-1 de solo) em diferentes profundidades, para os sistemas de manejo estudados ..............................

36

Tabela 5 Descrição morfológica das amostras de solos coletados sob vegetação de capoeira (T1) .............................................................................................

41

Tabela 6 Descrição morfológica das amostras de solos coletadas em área cultivada com milho e mandioca no sistema de derrubada e queima da vegetação secundária (T2) .........................................................................

42

Tabela 7 Descrição morfológica das amostras de solos coletadas em área cultivada com milho e mandioca no sistema de uso com trituração da vegetação secundária ........................................................................

43

Tabela 8 Descrição morfológica das amostras de solos coletadas em área área cultivada com maracujá no sistema de uso com trituração da vegetação secundária (T4) .........................................................................

44

Tabela 9 Valores médios de areia grossa, areia fina, silte e argila total (g kg-1de solo) para os diferentes sistemas de manejo estudados .............................

45

Tabela 10 Valores médios de densidade real e densidade do solo (kg dm-3) em diferentes profundidades para os sistemas de manejo estudados .............

48

Tabela 11 Valores médios de macroporosidade, microporosidade e porosidade total(m3 m-3) em diferentes profundidades para os sistemas de manejo estudados ..................................................................................................

50

Tabela 12 Valores médios de água disponível (m3m-3) em diferentes profundidades para os sistemas de manejo estudados ......................................................

53

Tabela 13 Resultados médios de retenção de água do solo em diferentes tensões nos sistemas de uso estudados ..................................................................

54

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SUMÁRIO

p.

RESUMO ................................................................................................................... 6

ABSTRACT ................................................................................................................ 7

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. 8

LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 9

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 13

2.1 AGRICULTURA ITINERANTE OU MIGRATÓRIA ................................. 13

2.2 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO NA CAPOEIRA ................................... 15

2.3 ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS DO SOLO ............................................. 16

2.4 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO ............................................................ 25

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 27

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA ................................................. 27

3.2 ANÁLISE ESTATÍSTICAE TRATAMENTOS ADOTADOS ................... 29

3.3 COLETA, PROCESSAMENTO E ANÁLISE DAS AMOSTRAS ............. 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 31

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO NAS ÁREAS ESTUDADAS ................. 31

4.2 ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS E MATERIA ORGANICA DO SOLO

NOS SISTEMAS DE USO .......................................................................... 36

4.2.1 Matéria Orgânica do Solo ............................................................... 36

4.2.2 Descrição Morfológica do Solo ........................................................ 38

4.2.3 Composição Granulométrica do solo ........................................... 45

4.2.4 Densidade ........................................................................................ 47

4.2.5 Porosidade total, macroporosidade e microporosidade ................. 49

4.2.6 Retenção de Água e Água Disponível ............................................ 52

5 CONCLUSÕES ................................................................................................. 58

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 59

ANEXO ..................................................................................................................... 66

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11

1 INTRODUÇÃO

O progresso sócio-econômico de uma sociedade moderna está cada vez mais

dependente dos recursos naturais que geram riquezas e proporcionam avanços

tecnológicos, elevando o nível da qualidade de vida. Entretanto, nada disso será

sustentável sem que haja conscientização desta mesma sociedade no tocante à conservação

desses recursos.

Um exemplo pode está no nordeste do Estado do Pará, que é caracterizado por ser

uma das fronteiras de colonização agrícola organizada mais antiga nos trópicos, o que o

transformou numa paisagem inteiramente antrópica em que sobrou praticamente nenhum

fragmento de floresta primária.

Nessa região, a prática de derrubada e queima da vegetação no preparo de área

para plantio, ocasiona grandes prejuízos ao ecossistema comprometendo a

sustentabilidade do sistema de produção. Esse tipo de agricultura pode provocar alterações

profundas nas propriedades físicas do solo, além de perdas de matéria orgânica.

A técnica de derrubada e queima da vegetação secundária vem sendo muito

questionada, tanto em relação à perda de nutrientes como pelas emissões nocivas de gases

à atmosfera e riscos de incêndio que a prática da queima representa.

Nesse sentido, a pesquisa agropecuária voltada para a racionalização do uso dos

solos tropicais, busca soluções que minimizem os riscos das atividades agrícolas nessas

áreas com o propósito de restringir a degradação do meio ambiente e, ao mesmo tempo,

prover as populações locais de tecnologias sustentáveis que as estabeleçam em definitivo

na terra em que vivem com dignidade econômica.

Desta forma, desde 1991, a Embrapa Amazônia Oriental em parceria com o

governo da Alemanha vem realizando pesquisas que abordam a eliminação do uso do fogo

no preparo de área, através do projeto Tipitamba. A tecnologia proposta está sendo

validada dentro das perspectivas de agricultores familiares desde 1999, na tentativa de

aumentar os períodos de cultivos anuais pelo preparo de área motomecanizado via corte e

trituração da capoeira. Também, dentro desta tecnologia, estudos sobre a adição de

matéria orgânica e seu efeito sobre a melhoria da qualidade do solo têm sido

implementados, principalmente nas regiões com predominância de solos de baixa

fertilidade.

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12

Estes estudos têm possibilitado diversas pesquisas para examinar os efeitos desse

novo sistema nas propriedades do solo, principalmente no que tange à física do solo, visto

que informações disponíveis de possíveis modificações físicas decorrentes desse novo

sistema, ainda são escassas na literatura.

Este trabalho tem por objetivo avaliar os atributos físico-hídricos e a matéria do

solo em diferentes sistemas de manejo com preparo de área utilizando a prática de

derrubada e queima da capoeira e a de corte e trituração da capoeira, no município de

Marapanim, na região Nordeste do Pará.

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13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 AGRICULTURA ITINERANTE OU MIGRATÓRIA

Na região amazônica, a agricultura itinerante permanece ainda como um dos

sistemas de uso da terra mais importante, tanto sob o ponto de vista econômico -

responsável por aproximadamente 80% da produção de alimento - como também pela

quantidade de pessoas que dela dependem direta ou indiretamente. É um sistema

tradicional de agricultura desenvolvida e praticada em quase toda a região por, pelo

menos, 600 mil pequenos agricultores, produzindo principalmente, feijão, mandioca,

arroz, milho, malva, juta, frutas e algodão, entre outros produtos (COSTA, 2003).

Vielhauer e Sá (2000) citam que devido a este tipo de agricultura na região, foi

estabelecendo-se um equilíbrio entre o uso agrícola e a vegetação secundária, chamada de

capoeira, que se manteve por algumas dezenas de anos, até a aparência óbvia da

degradação dos solos inadequadamente manejados.

Nesse contexto, a região do Nordeste paraense tem sido motivo de preocupação

por diversos pesquisadores regionais, no que concerne ao potencial agrícola de seus solos

quando submetidos a diferentes sistemas de uso e manejo. Isto é em função dessa região

ser a mais antiga área de exploração agrícola, desde 1875, devendo-se ao processo de

colonização, que objetivou aumentar e abastecer de produtos agrícolas a cidade de Belém,

capital do Estado do Pará e região, incentivado pelo governo da época (CARDOSO

JÚNIOR, 2001).

Estudos realizados pela Embrapa Amazônia Oriental demonstram que, apesar das

pequenas áreas individuais usadas na prática da agricultura itinerante (entre 10 e 50 ha), os

600 mil produtores, cultivando em média 2 ha por dois anos consecutivos, e deixando

esses 2 ha em pousio por cerca de 10 anos, provavelmente tenham provocado no mínimo o

desmatamento de 1/5 do total da área desmatada na Amazônia, num processo que pode ser

chamado de "desmatamento silencioso" (COSTA, 2003).

Porém, para o agricultor familiar com baixo grau de capitalização e pouco acesso

a outra alternativa, o preparo de área para plantio com queima ainda se constitui no

instrumento mais eficaz ao seu alcance por ser um processo menos oneroso, que promove

a fertilização imediata e gratuita do solo e obtém produções para sua subsistência (KATO;

KATO, 2000).

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14

Ao derrubar e queimar a capoeira o agricultor disponibiliza os nutrientes da

vegetação para a fase de cultivo através das cinzas, porém, após um curto período a

produção cai vertiginosamente em conseqüência da redução drástica do estoque de

nutrientes, pois parte destes fica exposta sobre a camada superficial do solo e são

facilmente removidos e lixiviados pelas águas das chuvas e outra parte é absorvida pelas

culturas (KATO et al., 2002a).

Nas áreas com vegetação derrubada e queimada a primeira colheita sempre

apresenta boa produtividade devido à deposição de nutrientes pelas cinzas, porém, as

colheitas posteriores já apresentam decréscimo de produtividade, caso não seja utilizada

uma adubação seguida de técnicas de melhoramento do solo (PRIMAVESI, 2002).

Estudos realizados por Oliveira (2002) em Marapanim, Pará, indicam que o

sistema de corte e queima é o principal sistema de cultivo desenvolvido no município,

embora não seja o único, pois a mecanização vem sendo praticada, sobretudo aliada ao

sistema de corte e queima. Segundo o mesmo autor, a técnica de utilizar a queima e a

mecanização no preparo de área, está relacionada com a abertura de um novo roçado ou

cultivo em áreas de capoeiras em pousio, sobretudo capoeiras finas, que permitem a

utilização de trator porque os tocos são finos e fáceis de serem quebrados ou arrancados.

Embora a queimada facilite a vida de parte dos agricultores, trazendo benefícios

imediatos, ela afeta negativamente a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas,

aumentando o processo de erosão do solo, além de causar interferência negativa na

qualidade do ar (EMBRAPA, 2001). Nepsted et al. (1999), explicam que esse tipo de

agricultura passou a ser considerado um problema para alguns ecossistemas amazônicos,

devido à pressão demográfica e as mudanças na forma de utilização dos recursos naturais

da região, pois segundo Brasil et al. (1986), este sistema está se tornando inviável à

medida que a população cresce e a disponibilidade de terra diminui.

Desta forma, um desequilíbrio no sistema, no sentido de aumentar áreas plantadas

e diminuir as áreas de pousio, começou a se instalar, uma vez que os períodos de pousio

entre os ciclos de cultivo são demasiadamente curtos para permitir que os solos se

recuperem. Por isso, aumenta a pressão por mais desmatamentos da floresta primária,

tendo como maior conseqüência o empobrecimento do solo decorrente, principalmente, do

seu uso pelo sistema de roçado (VIELHAUER; SÁ, 2000; TONIOLO; UHL, 1995).

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15

2.2 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO NA CAPOEIRA

Convencionalmente, o plantio direto é um sistema de manejo do solo onde a palha

e os restos vegetais (folhas, colmos, raízes) são deixados na superfície do solo, que é

revolvido apenas no sulco onde se depositam sementes e fertilizantes, e as plantas

infestantes são controladas por herbicidas. Considera-se que para o sucesso do sistema são

fundamentais a rotação de culturas e o manejo integrado de pragas, doenças e plantas

invasoras (PEREIRA, 2004).

Desta forma, um método de manejo do solo que conserve sua estrutura e mantenha

os restos culturais, sobre a superfície, no período que vai da colheita até o próximo

plantio, é indicado como a melhor forma de se conservar a umidade e evitar a erosão

(CARDOSO, 1993).

O tipo de vegetação e as condições ambientais são fatores que determinam a

quantidade e a qualidade do material que se deposita no solo, influenciando a

heterogeneidade e a taxa de decomposição do material depositado a superfície

(MOREIRA; SIQUEIRA, 2002).

O desempenho eficiente das funções ecológicas dos solos tropicais está

relacionado à manutenção e incremento do teor de matéria orgânica do solo, o que tem

sido conseguido de forma gradual, segundo Amado e Eltz (1990), no sistema de plantio

direto na palha. Kluthcouski (1998) relata que os sistemas convencionais, baseados no

intensivo revolvimento do solo, modificam sua estrutura, e por ação do clima quente e

úmido, acelera a decomposição da matéria orgânica, ocasionando queda de produtividade

das culturas e a exposição do solo, diminuindo a sustentabilidade do sistema.

Na tentativa de manter a matéria orgânica na superfície do solo, estudos voltados

ao aproveitamento da capoeira deixada em pousio estão sendo conduzidos na Amazônia

Oriental. A tecnologia proposta visa não apenas manter o solo coberto, mas também a

substituição da prática de derrubada e queima pela de corte e trituração da capoeira. Esta

nova tecnologia tem sido animadora, com grandes vantagens para as propriedades do solo,

aumento de produtividade, fixação do homem no campo, além de diminuir a emissão de

gás carbônico para a atmosfera.

Essa tecnologia consiste do corte da vegetação, aproximadamente a 5cm do solo, e

trituração, deixando o material sobre o solo na forma de cobertura morta. Os plantios dos

cultivos são feitos diretamente, em sistema de plantio direto, cuja palhada (cobertura

morta) é produzida pela capoeira (KATO et al., 2002b). Segundo Stevens (1999), os

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resultados de pesquisa mostram que esse sistema garante a regeneração da capoeira por

evitar danos ao seu sistema radicular, pois 70% da regeneração é garantida pela rebrota

dos tocos e raízes.

Outras vantagens desse sistema são a conservação da umidade, o aumento da

atividade microbiana, previne a erosão e diminui a densidade do solo, além de diminuir a

temperatura do solo e ampliar a variação térmica (KATO et al., 1998; SILVA et al.,

2002a; SILVA et al., 2002b), o que flexibiliza a época de plantio, permitindo obter safras

em períodos diferentes do tradicional.

Quando deixados na superfície, os resíduos são logo secos e tendem a decompor

mais lentamente que aqueles incorporados. Assim, a decomposição de resíduos na

superfície do solo poderia resultar em baixa taxa de mineralização, fornecendo ao solo os

nutrientes de forma gradual, proporcionando o aumento das produções a partir do segundo

ano de cultivo (KATO et al., 1998).

Para alguns autores, a fundamentação agronômica do sistema de corte e trituração

vem sendo consolidada a partir de pesquisas sobre fertilidade do solo e seleção de

cultivares. Nesse sistema a adubação é recomendada em pequenas doses utilizadas para

compensar a imobilização dos nutrientes (na fase inicial) pelos microorganismos durante a

decomposição da camada de cobertura morta provenientes da trituração da capoeira

(OLIVEIRA, 2002), contribuindo desta forma para o aumento da produtividade.

2.3 ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS DO SOLO

Naturalmente, não se deve esperar que solos sob cultivo mantenham os atributos

físicos e químicos semelhantes aos do solo sob vegetação original. Deve-se, no entanto,

procurar manejá-los de modo que suas propriedades não sejam modificadas a ponto de

aumentar a degradação do solo ou diminuir sua capacidade produtiva (CASTRO, 1995).

Segundo Vieira (1981), algumas mudanças ocorrem num período curto de tempo ou

mesmo em uma simples prática de preparo; outras, apenas com um manejo contínuo serão

visíveis ou mensuráveis.

Abaixo, são apresentadas algumas propriedades físico-hídricas do solo, sendo

que para sua correta interpretação, muitas vezes é indispensável compará-las em conjunto.

Cor do solo: A cor é uma das características que mais chama à atenção ao ser estudado

um solo. As várias tonalidades de coloração existentes no perfil permitem não só a

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separação dos horizontes, mas, também, por vezes, evidenciar condições de extrema

importância (VIEIRA et al., 1988). De acordo com Barron e Torrent (1986), Azevedo e

Dalmolin (2004) e Prado (1995), a cor dos solos sofre a influência da matéria orgânica,

dos compostos de ferro e do conteúdo de sílica, além de indicarem o grau de drenagem

interna do solo.

A matéria orgânica confere cores escuras aos horizontes superficiais e em alguns

horizontes subsuperficiais (iluviação) do solo. Tibau (1978) explica que o húmus, presente

na matéria orgânica, apresenta consistência amorfa, o que lhe permite portar-se como

envoltório das partículas minerais do solo, imprimindo-lhe uma cor mais escura ou menos

escura, conforme o grau de sua predominância. O clima é outro fator que promove o

escurecimento do húmus, devido a velocidade de decomposição da matéria orgânica,

tornando-se mais claro em solos de clima quente (BUCKMAN; BRADY, 1974) e onde o

pH encontra-se abaixo de 5,6, favorecendo a formação de ácidos fúlvicos (PRIMAVESI,

2002);

Os compostos de ferro conferem cores vermelhas, amarelas e brunadas. No caso

dos sesquióxidos de ferro formarem a goetita, os solos apresentam a cor amarela e, se

formarem a hematita, a cor de solo tende a ser vermelha, esta indicando boa drenagem e

oxidação.

Kiehl (1979) cita que a cor do solo também pode ser usada como critério para

indicar produtividade, uma vez que se atribui aos solos escuros a mais alta produtividade,

ao contrário dos claros, que são tidos como de baixa produtividade, por serem constituídos

de quartzo, que não tem nutrientes para oferecer às plantas.

Segundo Melville e Atkinson (1985), a observação é feita comparando a cor da

amostra em estudo com as cores existentes na escala de Munsell para solos (MUNSELL

..., 2002). Este sistema está baseado na percepção visual, sendo utilizado mundialmente

pelos pedólogos devido a sua fácil e rápida aplicação em trabalhos de campo. É possível

observar diferenças de coloração quanto à umidade, topografia, conteúdo de matéria

orgânica e também quanto à textura, já que solos ricos em colóides minerais, de textura

argilosa, com elevada superfície específica, são mais coloridos, enquanto que os arenosos

são mais susceptíveis ao escurecimento pela matéria orgânica (SENGIK, 2005b; KIEHL,

1979).

Textura do solo: A textura (distribuição granulométrica) de um solo depende, como outros

atributos, da rocha de origem e do grau de intemperização (idade) do solo (COUTO,

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2006). Ela pode ser definida como sendo a proporção relativa dos diferentes grupos de

partículas minerais primárias do solo, ou seja, a areia (com diâmetro de 2,0 a 0,05mm), o

silte ou limo (0,05 - 0,002mm) e a argila (< 0,002mm) (SENGIK, 2005b).

Com a determinação textural é possível estudar o declínio da matéria orgânica do

solo devido ao manejo, pois em solos arenosos geralmente as perdas são maiores que nos

solos argilosos. Isso se deve ao fato de que as partículas de argila, por apresentarem cargas

elétricas, se ligam às cargas elétricas da matéria orgânica, formando o complexo argilo-

húmus o qual dificulta a perda dos elementos químicos pela lixiviação (BAVER;

GARDNER, 1956).

Kiehl (1979), cita que as propriedades dos solos sofrem alterações à medida que

varia a composição granulométrica, sendo que quanto mais arenosos, melhores as

propriedades físicas e quanto mais argilosos, melhores as propriedades químicas.

Estrutura do solo: A estrutura refere-se à união das partículas unitárias do solo em

partículas compostas ou grumos, às quais ao se associarem formam os torrões que

constituem a parte macroscópica da estrutura do solo, sendo que sua unidade individual é

denominada de PED (VIERA et al., 1988).

A gênese dos agregados (PED) do solo se deve à natureza e ao material de

origem, aos agentes cimentantes como a matéria orgânica, a argila e aos sesquióxidos de

ferro e alumínio. A presença de cátions e o manejo do solo também influenciam no

processo de estruturação (SENGIK, 2005b).

A estrutura do solo é um atributo importante, podendo ser utilizado como

indicador de adensamento, compactação, encrostamento e suscetibilidade do solo à erosão,

auxiliando na interpretação da perda da produtividade e da degradação ambiental

(MARTINS et al., 2002).

A influência da matéria orgânica na agregação do solo é um processo dinâmico,

sendo necessário o aporte contínuo de material orgânico para manter a estrutura adequada

ao desenvolvimento das plantas. Sistemas de manejo de solo e de cultura, adequadamente

conduzidos, proporcionam o aporte de material orgânico por meio de resíduos vegetais,

além da ação benéfica das raízes das plantas e proteção oferecida à superfície do solo

(CAMPOS et al., 1995).

Costa et al. (2003), avaliando o efeito causado no solo pelos sistemas de manejo

convencional e plantio direto de um Latossolo Bruno alumínico câmbico, observaram que

o solo em plantio direto apresentou as melhores condições estruturais, evidenciadas

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principalmente pela redução da densidade do solo em subsuperfície e pelo aumento da

estabilidade de agregados na camada superficial do solo.

Consistência do solo: A coesão (atração das partículas entre si) e a adesão (atração das

partículas por um outro corpo), sob várias condições de umidade, dão a consistência do

solo (COUTO, 2006).

Observações de campo e investigações experimentais mostram que essa

consistência varia primordialmente com o conteúdo de umidade, bem como, a textura, a

matéria orgânica, quantidade e natureza do material coloidal e o tipo de cátion adsorvido

(LEMOS; SANTOS, 2002; VIEIRA et al., 1988).

Esta característica refere-se à dureza ou a suavidade dos agregados do solo, ou

seja, a resistência a rotura pelas forças do laboreio (VIEIRA et al., 1988).

Densidade do solo: A densidade do solo ou densidade aparente ou densidade global

geralmente aumenta com a profundidade do perfil, pois as pressões exercidas pelas

camadas superiores sobre as subjacentes provocam o adensamento, reduzindo a

porosidade, o que dificultará a infiltração de água no solo e poderá dificultar a penetração

das raízes e, conseqüentemente, o desenvolvimento das plantas, seja por falta ou excesso

de água e/ou por deficiência na nutrição (MARTINS et al., 2002; CASTRO, 1995).

Brady (1989) também atribui a elevação da densidade do solo com o

aprofundamento do perfil como conseqüência de um menor conteúdo de matéria orgânica,

enquanto Kiehl (1979) complementa que o aumento de material fino dos horizontes

superiores para os inferiores, constitui-se em outro fator para o aumento da densidade,

devido a redução dos espaços porosos.

Carvalho et al. (1997) trabalhando com Argissolo Vermelho-Amarelo de textura

arenosa/média sob diferentes tratamentos (manual, mecanizado e capoeira) em quatro

camadas, na faixa que vai de 0 a 30 cm, verificaram uma tendência no aumento da

densidade do solo e da microporosidade, bem como a diminuição da porosidade total e da

macroporosidade com o aumento da profundidade.

Em experimento realizado no Município de Castanhal, Pará, Cardoso Júnior

(2001) verificou que na camada superficial (até 19 cm) os solos sob capoeira de 20 anos

apresentaram menor densidade do solo (1,37 kg dm-3) e maior porosidade total (0,47 m3

m-3 ) quando comparados à sistemas de manejo com pastagem degradada, que apresentou

1,54 kg dm-3 para a densidade do solo e 0,41 m3 m-3 para a porosidade e pastagem

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recuperada (com adubação) com valores na faixa de 1,40 a 1,58 kg dm-3 para a densidade

e de 0,37 a 0,46 m3 m-3 para a porosidade.

No Município de Redenção, no mesmo Estado, Freitas (2005), nos anos agrícolas

de 2000 e 2002, confirmou essa tendência de diminuição da densidade ao encontrar

menores valores dessa variável, nas áreas com plantio direto quando comparadas às de

plantio convencional (aração e gradagem), com médias de 1,21 kg.dm-3 e 1,35 kg.dm-3

para o plantio direto e de 1,29 kg.dm-3 e 1,44 kg.dm-3 para o plantio convencional,

respectivamente para o primeiro e segundo ano na camada de 0-5 cm, atribuindo o

resultado à aração profunda efetuada com arado de aiveca no plantio convencional antes

da implantação do sistema.

Para Sengik (2005b), a determinação da densidade do solo dos horizontes de um

perfil permite avaliar propriedades do solo como a sua drenagem, sua condutividade

hidráulica, sua permeabilidade ao ar e a água, sua capacidade de saturação de água, etc.

Através dela é possível obter-se informações sobre o manejo atual do solo e a

possibilidade de uso para algumas culturas como as produtoras de raízes e tubérculos.

Para o mesmo autor, os valores de densidade do solo variam entre 1,10 e 1,60 kg

dm-3 nos solos minerais, enquanto que nos orgânicos essa densidade é inferior a unidade,

assumindo valores que vão de 0,60 a 0,80 kg dm-3. Kiehl (1979) complementa que solos

com densidade do solo entre 1,70 e 1,80 kg dm-3 dificultam a penetração de raízes e que

solos argilosos com densidade do solo entre 1,60 e 1,70 kg dm-3 podem não apresentar

raízes.

Carter e Steed (1992), ao longo de dez anos de estudo, verificaram que a queima

de restos culturais, seguida ou não de preparo do solo, aumentou a densidade do solo e

diminuiu a profundidade de umedecimento e o tempo necessário para alagamento do solo.

Em outros estudos sobre o efeito da queima nas características físicas do solo, os

resultados indicam reduções da macroporosidade e da água disponível (BOYER;

MILLER, 1994).

No que concerne à densidade real ou densidade de partículas, Kiehl (1979) diz

que é o volume de sólidos de uma amostra de terra, sem considerar a porosidade. Por

definição entende-se densidade real como sendo a relação existente entre a massa de

amostra de solo e o volume ocupado pelas partículas sólidas.

Cardoso Júnior (2001) não encontrou diferença estatística significativa, ao longo

do perfil, para essa variável, estando os valores na faixa de 2,38 kg dm-3 a 2,63 kg dm-3

em todos os tratamentos avaliados (capoeira, pastagem degradada e pastagem recuperada).

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Porosidade do solo: A porosidade é o espaço do solo ocupado pelo ar e água e depende

principalmente da textura, da estrutura e da matéria orgânica dos solos, sendo que o

arranjo ou a geometria das partículas do solo determina a quantidade e a natureza dos

poros de um solo (VIEIRA et al., 1988; SENGIK, 2005b).

Os poros do solo são divididos em duas classes: macroporos e microporos ,

maiores e menores do que cerca de 0,05 mm de diâmetro, respectivamente (COUTO,

2006). Assim, conforme o mesmo autor é de se esperar que um solo argiloso (muitas

partículas < 0,002 mm) apresente grande microporosidade e um solo arenoso (muitas

partículas < 0,05 mm) apresente grande macroporosidade.

A macroporosidade é também chamada de porosidade de aeração, porque é a

porosidade encontrada vazia, após ter ocorrido a percolação da maior parte da água

gravitacional, é o momento em que o ar passa a ocupar os poros não capilares (SENGIK,

2005b).

Segundo Zimback (2003), a fração areia é a responsável pelo aparecimento de

macroporos, e, portanto pela aeração do solo. A fração silte, por sua vez, é responsável

pelo aparecimento de poucos poros. Já a fração argila é responsável por promover a

estruturação do solo, fazendo com que ocorra o aparecimento de um alto volume de poros,

principalmente de microporos.

Por apresentar maior densidade do solo, o plantio direto apresenta também maior

microporosidade que os sistemas sob preparo convencional nas camadas superficiais e,

por conseguinte, menor macroporosidade, fato comprovado por Centurion e Demattê

(1985) e Castro et al. (1987), em Latossolo argiloso e textura média.

Freitas (2005) observou que no sistema de plantio direto ocorreram os maiores

valores de porosidade total (0,55 m3 m-3), quando foi utilizado o milheto como palhada,

enquanto que no plantio convencional o tratamento em monocultivo de soja essa

característica foi menor (0,49 m3 m-3 ) e no cerrado foi de 0,47 m3 m-3 na profundidade de

0-10 cm.

O mesmo autor, no mesmo experimento, verificou que a macroporosidade foi,

em média, menor no sistema de plantio direto (0,15 m3 m-3) e maior no plantio

convencional (0,20 m3 m-3), enquanto que a microporosidade foi maior no plantio direto

(0,30 m3.m-3) e menor no convencional (0,23 m3 m-3) no final do experimento.

Cardoso Júnior (2001) observou que apenas o sistema de capoeira apresentou, ao

longo do perfil, baixos valores de macroporosidade, a exceção do horizonte A, que

apresentou valor maior de macroporos (0,26 cm3.cm-3) que os encontrados nos demais

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sistemas (pastagem degradada e pastagem recuperada), com valores na faixa de 0,19 a

0,23 dm3 dm-3, provavelmente devido ao acúmulo de matéria orgânica adicionado ao solo

pela gramínea. A microporosidade, neste estudo, quase não variou entre os sistemas

envolvidos, ficando na faixa de 0,18 a 0,23 dm3 dm-3, exceto no tratamento que utilizou

subsolagem, aração e gradagem (0,28 dm3 dm-3).

Além de destruir a camada orgânica do solo, as queimadas também favorecem o

entupimento dos macroporos da camada superficial do solo afetando, desta forma, sua

porosidade, uma vez que as cinzas oriundas da queima se depositam nos mesmos

(MALLIK et al., 1984.; FREITAS; SANT’ANNA, 2004). Assim, ocorre uma redução da

taxa de infiltração e um aumento do escorrimento superficial, o que potencializa ainda

mais o risco de erosão. Os processos erosivos acabam proporcionando perdas

consideráveis de nutrientes, principalmente, em virtude da remoção de grande parte das

cinzas (FREITAS; SANT’ANNA, 2004).

Estudos realizados em Latossolo Amarelo, em São Paulo, por Hernani et al.

(1987) confirmaram que a queima promove a formação de uma crosta superficial que

reduz a infiltração de água no solo além de diminuir a porosidade. Também Santos et al.

(1992) em estudos com Latossolo Vermelho-Amarelo sob pastagem observaram que a

umidade do solo ao utilizar a queima foi a metade daquela onde não se utilizou essa

modalidade de preparo, atribuindo o resultado ao entupimento dos poros pelas cinzas.

Água do solo: A água é um dos principais componentes do solo, ocupando juntamente

com o ar, todo o espaço poroso existente (KIEHL, 1979).

A retenção de água no solo é uma propriedade do solo relacionada à forças

superficiais que determinam o nível de energia da água no solo. Segundo Libardi (2000),

existem dois processos responsáveis pela retenção, sendo que um deles ocorre nos

microporos (capilaridade) e o outro nas superfícies dos sólidos do solo como filmes presos

à superfície, pela adsorção.

A água, por ser considerado um fator essencial na produção vegetal, afeta de

maneira decisiva o desenvolvimento das plantas. A quantidade de água disponível no solo

para elas está intimamente ligada à distribuição das chuvas e das propriedades do solo no

que se refere à retenção de água (STAUT, 2006). Por isso, vários fatores, tais como a

distribuição relativa do tamanho, arranjo e forma das partículas do solo, além da

temperatura influenciam esta propriedade (FARIAS, 1981).

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A curva de retenção de água relaciona o conteúdo volumétrico de água e o

potencial matricial do solo. Típica para cada solo, ela varia de acordo com a classe textural

do mesmo, o conteúdo de matéria orgânica, grau de compactação, classe de solo e

geometria dos poros (COUTO; SANS, 2002). À medida que os potenciais decrescem, os

fenômenos de adsorção se tornam mais atuantes e menos afetados pela distribuição do

tamanho dos poros, pois de acordo com Guerra (2000), para altos teores de conteúdo de

água a curva de retenção depende da geometria e da distribuição dos poros, enquanto que

para baixos teores a curva é praticamente independente do espaço poroso, sendo o

fenômeno da adsorção o mais importante.

Examinando curvas de retenção de água, Brady (1989) e Reichardt (1985)

verificaram que ela varia especificamente com a textura, pois solos de textura mais fina

retém maior percentagem de água ao longo de toda faixa de energia. A textura influencia

diretamente a área de contato entre as partículas sólidas e a água pelas proporções

estabelecidas de diferentes tamanhos de poros.

A baixa capacidade de retenção de água dos solos usados para agricultura pode

ser melhorada quando da adoção do plantio direto, que contribui para a diminuição da

evaporação e da temperatura do solo além de aumentar o conteúdo de matéria orgânica

favorecendo o armazenamento de água no solo (STAUT, 2006), o que foi comprovado por

Sidiras et al. (1983) ao estudar essa característica em plantio direto e plantio convencional.

Em diferentes tipos de manejo (capoeira, pastagem degradada e pastagem

recuperada), Cardoso Júnior (2001) encontrou resultados de retenção de água que

permitiram observar a tendência de aumento da mesma em profundidade, sendo que o

sistema de capoeira apresentou maior retenção de água na faixa de – 60 cm a – 100 cm no

horizonte AB, enquanto que no sistema de pastagem recuperada que utilizou subsolagem

+ gradagem + adubação os maiores valores foram observados nos horizontes A e AB na

faixa de energia de – 330 cm a - 15000 cm e nos horizontes BA e Bw1 na faixa de - 60 cm

a - 15000 cm. Esses valores foram os mais altos encontrados, nessas tensões, entre os

demais sistemas. Esses resultados, segundo o autor, podem estar relacionados ao maior

conteúdo de matéria orgânica nos horizontes superficiais de ambos os sistemas e

principalmente de argila total nos horizontes subsuperficiais do referido sistema de

pastagem.

No que concerne ao plantio convencional, quando da utilização do fogo como

preparo de área no Distrito Federal, Spera et al. (2000) verificaram que a capacidade de

água disponível diminui à medida que aumenta a densidade do solo, provavelmente

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devido à compactação promovida pelo impacto das gotas de chuva no solo desnudado

pelo fogo e à umidade mais baixa em decorrência do ressecamento do solo.

Além da retenção, o entendimento da dinâmica da água do solo depende também

do conhecimento de outros parâmetros do solo como a capacidade de campo, ponto de

murcha permanente e água disponível.

Capacidade de Campo (CC): Diz respeito à quantidade de água retida pelo solo

após a drenagem ter ocorrido, ou cessado em um solo previamente saturado por chuva ou

irrigação (COUTO; SANS, 2002). Para Van Lier (2000) essa definição é duvidosa e,

muitas vezes, mal entendida como o teor máximo de água que o solo pode reter contra a

força da gravidade.

Jury et al. (1991) salienta que essa definição dada à capacidade de campo

desconsidera o fato de que o equilíbrio da água no solo depende das propriedades de

transmissão do meio poroso como um todo e do gradiente de potencial total, e não

somente do estado de energia da água em um ponto particular do perfil.

Devido ao fato da determinação dessa característica ser demasiadamente

trabalhosa, é comum realizá-la em condições de laboratório, tendo como indicativo da

capacidade de campo o teor de água retida no solo sob a tensão de – 330 cm em solos

argilosos e - 100 cm ou - 60 cm em solos arenosos, independentemente do vegetal

cultivado (SOUZA et al, 2002; REICHARDT; TIMM, 2004).

Segundo Reichardt e Timm (2004), nenhum método de laboratório é capaz de

representar a dinâmica da água no perfil, uma vez que as tensões citadas anteriormente são

apenas correlacionáveis com a capacidade de campo.

Ponto de Murcha Permanente (PMP): Refere-se ao conteúdo de água no solo,

retido a um componente matricial do potencial de água tão elevado, em valor absoluto,

que a maioria das plantas não consegue extrair água do solo e entra em murcha

permanente (COUTO; SANS, 2002). Isso ocorre, segundo Tibau (1978), porque além de

determinada redução no teor de umidade do solo, as raízes não têm força para retirar a

água que envolve as partículas do solo.

Para Raij (1991) o ponto de murcha é o limite inferior de água disponível,

correspondendo ao teor de água no solo em que as plantas murcham de forma permanente,

por não conseguirem absorver a água ainda existente.

Bernardo (1995) explica que o solo perde sua água através do processo contínuo

de absorção de água pelas raízes das plantas e pela evaporação direta quando a sua

umidade é inferior a um determinado nível. Não havendo reposição da água perdida os

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solos começam a secar, conseqüentemente os vegetais começam a sentir os efeitos da

baixa umidade, quando já não são capazes de absorver água numa taxa condizente com a

demanda evaporativa, não conseguindo, desta forma, retornar ao estágio anterior de

turgidez durante o período noturno.

Assim como na determinação da capacidade de campo em laboratório, Souza et

al. (2002) e Reichardt e Timm (2004) citam como indicativo do ponto de murcha

permanente, o teor de água retido no solo sob a tensão de - 15000 cm, independentemente

do vegetal cultivado.

No sistema de pastagem recuperada (gradagem + adubação), Cardoso Júnior

(2001) verificou que a retenção de água nos horizontes A, AB e BA, sob a tensão de -

15000 cm, foram menores que os tratamentos com capoeira e pastagem estudados,

evidenciando um menor aproveitamento de água pelas plantas.

Água Disponível Total (ADT): É a quantidade de água contida no solo e que

pode ser utilizada pelas raízes das plantas (KIEHL, 1979). É calculada pela diferença entre

a água retida contra a força da gravidade (capacidade de campo) e o ponto de murcha

permanente (COUTO; SANS, 2002). Carlesso (1995) complementa que a água disponível

às plantas depende, basicamente, da planta, em função do seu sistema radicular – absorção

de água do solo – e da demanda evaporativa da atmosfera imposta à cultura.

2.4 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO

A matéria orgânica do solo é constituída por uma gama de resíduos da flora e fauna

formadas no solo ou adicionados ao mesmo, parcial ou totalmente decompostos. São

resíduos em contínua decomposição pela intensa atividade dos organismos do solo.

Certamente, é a parte mais ativa do solo, apesar do seu peso reduzido representar de 0,5 a

3% do peso dos solos, mas exerce grande influência nas propriedades físico-químicas do

solo e no crescimento vegetal (SENGIK, 2005a).

O húmus é o produto da mineralização parcial da matéria orgânica, resultante de

materiais de difícil decomposição, como a lignina, que é uma fonte de alimentação muito

resistente em relação aos açúcares e proteínas, os quais se constituem em fontes de energia

prontamente disponíveis às plantas (BUCKMAN; BRADY, 1974). Primavesi (2002)

atribui a menor velocidade de decomposição da lignina ao fato de sua estrutura química

ser mais complexa.

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A matéria orgânica funciona como um “granulador” das partículas minerais, sendo

a principal responsável pelo aspecto frouxo e friável dos solos produtivos (BUCKMAN;

BRADY, 1974), pois segundo Campos et al. (1995), à medida que se adiciona matéria

orgânica ao solo, a atividade microbiana é estimulada, resultando em produtos que atuam

na formação e estabilização dos agregados. Com a alteração da estrutura, a densidade do

solo é diminuída, favorecendo a exploração de maior volume de solo pelas raízes das

plantas (COSTA, 1983).

Sendo assim, Henklain e Medeiros (1995) citam que em qualquer tipo de manejo

de solo nos trópicos, a matéria orgânica torna-se muito importante para redução do

processo erosivo, maior disponibilidade de nutrientes às plantas, maior retenção de água,

redução da temperatura do solo, estimulação da atividade biológica, aumento das taxas de

infiltração, maior agregação, redistribuição dos nutrientes de maior mobilidade como N e

S, e complexação de elementos tóxicos (Al, Mn).

Para Gama-Rodrigues (1999), a manutenção da produtividade dos ecossistemas

agrícolas depende, em grande parte, do processo de decomposição da matéria orgânica e,

por conseguinte, da biomassa microbiana do solo, uma vez que os microorganismos

imobilizam temporariamente os nutrientes que poderão ser disponibilizados após a sua

morte.

A exposição dos solos a extremos climáticos causados pelo uso de fogo tem efeitos

negativos sobre as populações da meso e macrofauna que estão intimamente associadas

aos processos de decomposição e ciclagem de nutrientes que são de fundamental

importância para a manutenção da produtividade das culturas e práticas de manejo

utilizadas em um sistema de produção (LEITÃO et al., 2000).

A proteção dada ao solo pela palhada deixada em superfície foi a condição que

mais incentivou o uso do sistema plantio direto inicialmente, pois a palhada funciona

como uma camada protetora dos solos contra fortes chuvas, minimizando os efeitos

nocivos da erosão e aumentando os teores de carbono orgânico no solo (LANGE, 2002).

Observação importante também é muito citada na literatura quando a matéria

orgânica é estudada em nível de profundidade, pois seu conteúdo diminui à medida que

aumenta a profundidade do perfil devido à deposição de resíduos animais e vegetais em

superfície, estando os sistemas de manejo do solo exercendo forte influência sobre essa

característica.

Pesquisa realizada por Freitas (2005) confirma essa razão. Em Latossolo

Vermelho textura argilosa o acúmulo de matéria orgânica ao longo do perfil foi maior nas

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áreas estabelecidas com plantio direto, notadamente nas primeiras camadas (0-5; 5-10 e

10-20 cm), atingindo valores médios de 32,38 g kg-1 de solo, 30,17 g kg-1 de solo e 28,01g

kg-1 de solo, respectivamente, enquanto que nas áreas com plantio convencional os

resultados foram de 29,65 g kg-1 de solo, 28,87 g kg-1 de solo e 25,22 g kg-1 de solo para as

mesmas profundidades.

Cardoso Júnior (2001), em Latossolo Amarelo textura média e Argissolo

Amarelo textura arenosa/média, também encontrou resultados de matéria orgânica

maiores na camada superficial, diminuindo em profundidade. Em seu estudo com capoeira

natural e pastagem, os resultados apresentados foram maiores em solos de capoeira (28,2 g

kg-1 de solo) e pastagem recuperada (12 g kg-1 de solo) nas camadas de até 19 cm de

profundidade.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA

A pesquisa foi realizada na parte sul do município de Marapanim, Estado do

Pará, inserido na microrregião do Salgado, entre as coordenadas geográficas de

00°42’52’’ de latitude sul e de 47°41’37’’ de longitude a WGr (Figura 1).

A cobertura vegetal da área estudada é composta por vegetação secundária

(capoeira), encontrando-se mais freqüentemente as espécies embaúba (Cecropia sp),

cafezinho (Lacistema pubescens), rabo-de-tatú (Memora magnifica), mameleiro (Croton

matourensis), lacre (Vismia spp) e cipó-de-fogo (Davilla rugosa).

As condições climáticas da região foram estabelecidas pelos dados da estação

meteorológica de Igarapé-Açu, Pará, a partir de dados climáticos (Tabela 1) que têm

influência direta no crescimento das plantas (BASTOS, 1972; BASTOS; PACHECO,

2000), por meio da classificação de Köppen. O tipo climático a que o município está

sujeito é intermediado entre Aw/Am.

A precipitação pluviométrica média é o elemento meteorológico de maior

variação na região e considerado de maior repercussão na produção agrícola. O regime

pluviométrico é caracterizado por um período chuvoso (janeiro a julho) e outro mais seco

(agosto a dezembro).

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Figura 1 – Mapa do Estado do Pará, mostrando a localização do município de Marapanim.

As temperaturas médias anuais oscilam em torno de 26,8 ºC, e ao longo do ano

situa-se entre 26,5 ºC a 27,5 ºC, e a umidade relativa do ar apresenta índices elevados,

acompanhando o ciclo de precipitação, com valores médios multianuais e mensais entre

76% e 92%, com média anual de 84% (Tabela 1).

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Tabela 1. Resumo estatístico mensal dos parâmetros da Estação Climatológica de Igarapé-

Açu, Pará. Embrapa – 001478019. Período: 1994 a 2003. Meses Parâmetros

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Anual

Temperatura do ar (°C)

Média compensada 26,6 26,5 26,5 26,7 26,8 26,6 26,5 26,8 26,9 27,1 27,5 27,4 26,8

Média das máximas 31,5 31,0 30,9 31,3 31,8 32,0 32,0 32,5 32,8 33,4 33,9 33,3 32,2

Média das mínimas 21,7 22,0 22,0 22,0 21,8 21,2 21,0 21,1 21,0 20,8 21,1 21,5 21,4

Máxima observada 35,4 34,4 33,6 34,4 34,8 34,6 34,2 24,8 35,6 36,6 36,4 35,8 36,6

Mínima observada 19,0 19,5 18,4 19,0 19,0 19,0 18,5 19,0 18,5 18,5 19,0 19,0 18,4

Amplitude térmica 16,4 14,9 15,2 15,4 15,8 15,6 15,7 15,8 17,1 18,1 17,4 16,8 18,2

Precipitação (mm)

Total 341,6 330,5 421,7 373,1 299,3 208,9 173,7 95,2 82,6 28,4 55,7 110,6 2521,1

Altura máxima em

24 horas

83,2 88,6 115,4 137,6 95,5 45,8 50,5 37,0 65,4 30,3 70,6 105,0 137,6

Freqüência média de

Dias com precipitação

23 23 26 26 26 23 22 16 11 6 6 9 214

Umid. Relativa do Ar-

Média (%)

89 88 92 92 85 85 86 82 80 77 76 80 84

Insolação total (horas) 136,4 118,0 117,2 124,2 169,8 213,3 228,4 259,0 246,7 253,3 225,5 204,9 2296,6

Evapor. de Piche-Total

(mm)

44,9 36,1 36,6 35,2 41,3 48,1 54,4 62,0 71,5 93,5 95,3 91,9 710,8

3.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA E TRATAMENTOS ADOTADOS

As amostras de solo foram coletadas em áreas pré-selecionadas, em propriedades

de agricultores familiares, no âmbito do projeto Tipitamba. As coletas foram feitas em

áreas com vegetação secundária (capoeira) em pousio de aproximadamente 15 anos, e em

áreas cultivadas com consórcio de milho e mandioca e monocultivo de maracujá.

Para efeito de análise estatística foi utilizado o Delineamento Inteiramente

casualizado, obedecendo a um esquema fatorial de 4x4, sendo os fatores avaliados

diferentes tipos de cobertura, em 3 repetições. Os tratamentos constaram de áreas de:

T1- capoeira natural;

T2- capoeira derrubada e queimada, cultivada com milho e mandioca em consórcio;

T3- capoeira cortada e triturada, cultivada com milho e mandioca em consórcio;

T4- capoeira cortada e triturada, com monocultivo de maracujá.

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A área referente ao tratamento T2 foi queimada no ano de 2005 e as referentes

aos tratamentos T3 e T4 foram trituradas em 2003.

As variáveis estudadas foram: descrição morfológica do solo, composição

granulométrica do solo, matéria orgânica do solo, densidade, porosidade, retenção de água

e água disponível.

As médias obtidas nas análises físicas foram submetidas à análise de variância

(ANAVA) e comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5%, utilizando o programa SISVAR.

3.3 COLETA, PROCESSAMENTO E ANÁLISE DAS AMOSTRAS

Nos sistemas de derrubada e queima da capoeira e corte e trituração da capoeira

foram abertos e coletados miniperfis com 60 cm de profundidade e coletadas amostras

deformadas e indeformadas em anel com volume de 100cm3 nas profundidades de 0-10,

10-20, 20-40 e 40-60 cm, para determinações físico-hídricas e de matéria orgânica do

solo.

As determinações analíticas das amostras deformadas e indeformadas foram

realizadas no Laboratório de Solos da Embrapa Amazônia Oriental, de acordo com os

procedimentos contidos no Manual de Métodos de Análise de Solos (EMBRAPA, 1997).

A análise granulométrica compreendeu as determinações das frações areia grossa,

areia fina, silte e argila total.

A descrição morfológica do solo foi feita a campo, no momento das coletas para as

análises físico-hídricas. Para a determinação da cor do solo foi utilizou-se a tabela de

Munsell Color Chart (MUNSELL ..., 2002). As classificações de textura, estrutura e

consistência seguiram a metodologia adotada pela Embrapa (1997).

A retenção de água nos potenciais mátricos de -60, -100, -300 e -1000 cm foi

determinada com amostras de solo indeformadas. A água retida a -15000 cm foi obtida em

amostras deformadas. As curvas de retenção de água foram ajustadas de acordo com o

modelo proposto por Van Genuchten (1980).

No cálculo de água disponível foram considerados, respectivamente, como

capacidade de campo (CC) e ponto de murcha permanente (PMP) os potenciais mátricos -

60 e -15000 cm.

Para caracterizar o solo foram abertos perfis completos, até 200 cm de

profundidade, em áreas de capoeira adjacentes aos sistemas de uso e manejo da vegetação

secundária, como referência da condição original do solo da área de estudo, a fim de

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assegurar se houve diferenças de modificações devidas aos sistemas de uso utilizados.

Neste caso, foram feitas análises morfológicas, físico-hídricas e químicas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO NAS ÁREAS ESTUDADAS

Os solos dominantes que ocorrem na área estão representados pelos Argissolos

Amarelos, caracterizados pela presença de horizonte subsuperficial do tipo B textural,

bastante dessaturados, ácidos, profundos, bem drenados, de baixa soma de bases trocáveis,

de textura arenosa/média (Tabelas 2 e 3), além de apresentam diferença de textura entre os

horizontes superficiais e subsuperficiais bastante significativa (EMBRAPA, 2006),

semelhante ao horizonte B cândico (ESTADOS UNIDOS, 1994), com ocorrência de alto

conteúdo da fração areia grossa presente nos horizontes superficiais. Apresentam

seqüência de horizontes A, Bt e C, com diferenciação bem definida entre os horizontes.

Na Tabela 2, observa-se a coloração no horizonte A variando de bruno

acinzentado escuro a bruno amarelado escuro, e no horizonte Bt de bruno amarelado a

amarelo brunado, no matiz 10YR. A classe de textura é arenosa no horizonte superficial e

franco argilo arenosa (média) no horizonte Bt. A classe de textura desses solos com

dominância do teor da fração areia, é resultante da alteração do material de origem rico em

quartzo, não raro, sedimentos retrabalhados da natureza areno-argilosa do Período

Terciário. A estrutura varia de maciça-grãos simples a muito fraca pequena e média

granular no horizonte A e fraca pequena e média bloco subangular no horizonte Bt. A

consistência do solo varia de solta a ligeiramente dura quando o solo está seco, muito

friável quando o solo está úmido, e não plástico e ligeiramente plástico e não pegajoso e

ligeiramente pegajoso quando o solo encontra-se úmido.

A distribuição de partículas do solo está apresentada na Tabela 2, na qual se

observa uma dominância da fração areia total, variando nos perfis de 625 a 878 g kg-1 de

solo, com predominância da fração areia grossa nos horizontes superficiais. A fração silte

mostra uma distribuição irregular, variando nos perfis de 1 a 135 g kg-1 de solo e o

conteúdo da fração argila total aumenta em profundidade, variando de 60 a 320 g kg-1 de

solo, evidenciando uma diferença significativa entre os horizontes superficiais e

subsuperficiais que produz relação textural B/A, da ordem de 1,94 a 4,56, caracterizando a

presença de horizonte B textural nesses. Essa diferença de textura entre os horizontes

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superficiais pode limitar a infiltração de água, acarretando a saturação das camadas

superficiais do solo e conseqüente processo erosivo pelo carreamento das partículas do

solo por movimento superficial natural da água no período chuvoso.

Os conteúdos baixos de argila dispersa em água nos horizontes superficiais pode

ser conseqüência da dispersão desta fração (partículas) pelo movimento da água durante o

período chuvoso, resultante do revolvimento do solo pelo plantio e tratos culturais.

A baixa relação silte/argila observada nos solos da ordem de 0,03 a 0,44, indicam

que estes se encontram intensamente intemperizados (WAMBEKE, 1962).

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados das análises químicas dos perfis

coletados na região, onde se observa uma reação fortemente ácida com valores de pH-

H2O, variando de 4,4 a 5,3. Os valores de ∆pH são negativos, variando de -0,2 a -1,0,

indicando a dominância de cargas superficiais negativas, capazes de reter cátions nas

condições naturais de pH do solo.

Os conteúdos de carbono orgânico (matéria orgânica) são baixos nos perfis, com

valores mais altos nos horizontes superficiais, decrescendo acentuadamente para os

horizontes subsuperficiais para teores inferiores a 5,0.

Os teores de cálcio e magnésio são baixos nesses solos, com valores mais altos

nos horizontes superficiais decrescendo em profundidade nos perfis, contribuindo com

mais de 90% da soma de bases (SB). Os conteúdos de soma de bases trocáveis (SB)

observados nos perfis são baixos, com valores variando de 0,65 a 3,10 cmolc kg-1 de solo,

com estes mais altos nos horizontes superficiais decrescendo em profundidade.

Os teores de capacidade de troca de cátions do solo (CTC1) e capacidade de troca

de cátions efetiva (CTCE) e a capacidade de troca de cátions da fração argila (CTC2) são

todos baixos, sendo mais altos nos horizontes superficiais e decrescentes com a

profundidade.

Os teores de alumínio extraível nesses solos são considerados médios, variando

nos solos de 0,4 a 0,8 cmolc kg-1 de solo. A CTCE apresenta-se com valores muito baixos,

inferiores a 4 cmolc kg-1 de solo, refletindo uma baixa capacidade de reter cátions ao valor

do pH natural do solo (LOPES; GUIDOLIM, 1992).

Os valores de saturação por bases (V%) e de saturação por alumínio são baixos,

inferiores a 50%, respectivamente, enquadrando estes solos como distróficos

(EMBRAPA, 2006).

Os teores de nitrogênio e fósforo são baixos, com valores variando nos solos de

0,01 a 0,10 mg kg-1 de solo e de 1 a 8 mg kg-1 de solo, respectivamente.

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Os valores baixos de soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions

trocáveis (CTC) e saturação por bases trocáveis, enquadram esses solos na classe de

fertilidade natural baixa.

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Tabela 2- Características físicas e morfológicas de Argissolo Amarelo, sob vegetação de capoeira, no município de Marapanim, Estado do Pará. Areia Argila

Grossa Fina TotalSilte

Total ADAHoriz. Prof. (cm) Cores g kg-1 de solo

% grau de floc.

Silte/argila Classe textural Estrutura Consistência Transição

ARGISSOLO AMARELO Tb Distrófico típico, textura arenosa/média – Perfil 1

A1 0-11 10 YR ¾ 547 331 878 63 60 20 67 1,05 areia maciça-grãos simples solta, m. fri., n. pl. e n. peg.9 plana e clara

A2 11/29 10 YR 4/4 384 385 769 112 120 20 83 0,93 fran. aren.1 maciça-grãos simples solta, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e gradual

AB 29-50 10 YR 5/4 369 349 718 122 160 20 88 0,76 fran. aren. m. fr.,peq. e méd. gran.3 lig. dura, m. fri., n. pl. e n. peg.10plana e gradual

BA 50-74 10 YR 5/5 335 355 690 111 200 40 80 0,55 fran. arg. aren.2 m. fr., peq. e méd., subang.4 dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg.11 plana e difusa Bt1 74-99 10 YR 5/6 352 373 725 36 240 40 83 0,15 fran. arg. aren. m. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa Bt2 99-164 10 YR 5/8 369 359 728 53 220 40 82 0,24 fran. arg. aren. m. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa Bt3 164-264 10 YR 6/8 353 358 771 89 200 20 90 0,44 fran. arg. aren. m. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa

ARGISSOLO AMARELO Tb Distrófico típico, textura média; A moderada, floresta equatorial –Perfil 2 A1 0 – 10 10 YR 4/2 434 369 803 118 80 40 50 1,47 areia franca fr., peq. e méd. gran.5 solta, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e clara

A2 10/23 10 YR 5/3 338 395 733 108 160 20 88 0,67 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., subang.6 lig. dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e gradual

AB 23-38 10 YR 5/4 295 373 668 92 240 100 58 0,38 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., subang. lig. dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e difusa BA 38-55 10 YR 5/6 293 349 642 98 260 100 62 0,38 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa Bw1 55-90 10 YR 5/8 294 345 639 82 280 120 57 0,29 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa Bt2 90-146 10 YR 6/6 275 360 635 66 300 0 100 0,22 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa Bt3 146-268 10 YR 6/8 278 347 625 115 260 0 100 0,44 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e difusa

ARGISSOLO AMARELO Distrófico abrúptico, textura arenosa/média – Perfil 3 A1 0-11 10 YR 4/3 591 277 868 93 40 0 0 2,32 areia maciça-grãos simples solta, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e difusa

A2 11/29 10 YR5/3 548 313 861 99 40 20 50 2,47 areia fran. m. fr., peq. e méd. gran. lig. dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e gradual

AB 29-50 10 YR5/4 471 294 765 135 100 20 80 1,35 fran. aren. fr., peq. e méd., bl. subang.7 lig. dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e gradual

BA 50-74 10 YR 5/6 400 324 724 77 200 80 60 0,38 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., bl. subang. dura, m. fri., lig. pl. e lig. peg. plana e gradual

Bt1 74-99 10 YR 5/8 393 286 679 1 320 80 75 0,006 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., bl. subang. dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e difusa Bt2 99-164 10 YR 6/6 414 277 691 0 300 0 100 0,03 fran. arg. aren. fr., peq. e méd., bl. subang. dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e difusa Bt3 164-264 10 YR 6/8 411 280 691 69 240 0 100 0,29 fran. arg. aren. m. fr., peq. e méd., bl. subang.8 dura, m. fri., n. pl. e n. peg. plana e difusa

1. franco arenosa; 2. franco argilo arenosa; 3. muito fraca, pequena e média granular; 4. muito fraca, pequena e média subangular; 5. fraca, pequena e média granular; 6. fraca, pequena e média subangular; 7. fraca, pequena e média bloco subangular; 8. muito fraca, pequena e média bloco subangular; 9. solta, muito friável, não plástica e não pegajosa; 10. ligeiramente dura, muito friável, não plástica e não pegajosa; 11. dura, muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa.

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Tabela 3 - Características químicas de Argissolo Amarelo, sob vegetação de capoeira, no município de Marapanim, Estado do Pará. H2O KCl ∆pH Ca+2 Mg+2 K+ Na+ SB Al+3 CTCE CTC1 CTC2 V m C N MO P ass

Horiz.

Prof. (cm)

pH cmolc Kg-1 de solo % g kg-1 de solo mg kg-1

de solo

ARGISSOLO AMARELO Tb Distrófico típico, textura arenosa/média – Perfil 1 A1 0-11 5,2 4,4 -0,8 1,4 1,6 0,1 0,1 3,1 0,4 3,14 7,56 126 41 13 7,87 0,1 13,53 8 A2 11-29 5 4,1 -0,9 0,8 0,6 0 0 1,46 0,5 1,96 6,41 53,42 23 25 6,01 0,08 10,34 3 AB 29-50 5 4,2 -0,8 0,4 0,4 0 0 0,85 0,5 1,35 5,47 34,19 15 37 4,55 0,06 7,83 1 BA 50-74 4,9 4,2 -0,7 0,8 0,5 0 0 1,35 0,4 1,75 5,15 25,75 26 23 2,81 0,04 4,83 2 Bt1 74-99 5,1 4,2 -0,9 0,6 0,5 0 0 1,15 0,5 1,65 4,78 19,92 24 30 2,47 0,03 4,25 2 Bt2 99-164 5,2 4,3 -0,9 0,5 0,4 0 0 0,94 0,4 1,34 4,24 19,27 22 30 1,29 0,02 2,22 2 Bt3 164-264 4,9 4,3 -0,6 0,3 0,4 0 0 0,76 0,4 1,16 3,9 19,5 19 34 1,01 0,01 1,74 1

ARGISSOLO AMARELO Tb Distrófico típico, textura arenosa/média – Perfil 2

A1 0 – 10 5,2 4,2 -1 1 0,7 0 0,1 1,81 0,8 2,61 4,95 61,88 37 31 11,35 0,08 19,53 1 A2 10-23 4,9 4,1 -0,8 0,3 0,3 0 0 0,89 0,7 1,59 6,34 39,63 14 44 7,31 0,06 12,57 2 AB 23-38 5 4,1 -0,9 0,4 0,5 0 0 0,95 0,8 1,75 6,23 25,96 15 46 4,83 0,04 8,31 2 BA 38-55 5,1 4,1 -1 0,5 0,7 0 0 1,25 0,6 1,85 6,04 23,23 21 32 3,94 0,03 6,77 1 Bw1 55-90 5,1 4,1 -1 0,6 0,6 0 0 1,24 0,5 1,75 4,74 16,93 26 29 2,25 0,02 3,87 1 Bt2 90-146 5 4,2 -0,8 0,3 0,4 0 0 0,74 0,4 1,14 4,37 14,57 17 35 1,63 0,02 2,8 1 Bt3 146-268 5,2 4,3 -0,9 0,5 0,5 0 0 1,04 0,5 1,54 4,51 17,35 23 32 1,69 0,01 2,9 1

ARGISSOLO AMARELO Tb Distrófico típico, textura arenosa/média – Perfil 3

A1 0-11 5,3 4,3 -1 1 0,8 0,1 0,1 1,92 0,3 2,22 6,37 55,5 30 13,5 9,55 0,07 16,43 1 A2 11-29 4,4 4,2 -0,2 0,6 0,8 0 0 1,48 0,6 2,08 6,76 52 19 28,9 6,01 0,06 10,34 2 AB 29-50 5 4,1 -0,9 0,4 0,5 0 0 0,95 0,7 1,65 5,08 16,5 19 24,2 4,54 0,04 7,81 1 BA 50-74 5,1 4,1 -1 0,3 0,4 0 0 0,75 0,5 1,25 5,87 6,25 13 40 4,48 0,03 7,71 2 Bt1 74-99 5,1 4,1 -1 0,3 0,3 0 0 0,65 0,6 1,25 5,11 3,91 13 48 2,65 0,03 4,56 2 Bt2 99-164 5 4,1 -1 0,4 0,4 0 0 0,85 0,7 1,55 4,48 5,17 19 45,2 1,77 0,02 3,04 1 Bt3 164-264 5,1 4,1 -1 0,3 0,3 0 0 0,65 0,6 1,25 4,12 5,21 16 48 1,53 0,02 2,64 1

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4.2 ATRIBUTOS FÍSICO-HÍDRICOS E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO

NOS SISTEMAS DE USO

4.2.1 Matéria Orgânica

Na Tabela 4 são apresentados os resultados médios para a variável matéria

orgânica, determinada em diferentes profundidades, nos tratamentos estudados. Esses

resultados são também visualizados na Figura 2.

Tabela 4. Valores médios de matéria orgânica (g.kg-1 de solo) em diferentes

profundidades, para os sistemas de manejo estudados.

MATÉRIA ORGÂNICA

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 16,50 Ac 14,31Ab 12,89 Ab 13,86 Ab 10-20 11,08 Ab 8,94 Aa 11,08 Ab 8,37 Aa 20-40 7,98 Aa 8,34 Aa 6,77 Aa 5,81 Aa 40-60 6,44 Aa 5,76 Aa 4,66 Aa 4,53 Aa

Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo

teste de Scott-Knott ao nível de 5%.

Os valores encontrados para a matéria orgânica nos tratamentos analisados foram

considerados baixos em quase todas as amostras analisadas. Em solos de textura muito

arenosa como esse, há o efeito de maior aquecimento, maior aeração e maior atividade

biológica, condições favoráveis à decomposição da matéria orgânica (KIEHL, 1979;

BUCKMAN; BRADY, 1974; SENGIK, 2005b), e que prevaleceram na região do

município de Marapanim, Pa.

Apenas na camada de 0 a 10 cm de profundidade nos tratamentos T1, T2 e T4, o

teor de matéria orgânica, de acordo com os critérios interpretados por Kiehl (1979) é

considerado médio. O teor de matéria orgânica é mais alto nessa camada devido ao

equilíbrio que existe entre a deposição de materiais orgânicos da vegetação secundária e o

efeito da atividade microbiana na sua decomposição no tratamento T1; resíduos de matéria

orgânica que ainda permanecem na superfície do solo ao cessar o efeito do fogo, mais os

restos das lavouras de milho e mandioca no tratamento T2; e o material orgânico

depositado na superfície do solo por ocasião do corte e trituração da capoeira nos

tratamentos T3 e T4.

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Observa-se uma tendência de diminuição do teor de matéria orgânica em

profundidade, em conseqüência do desenvolvimento do sistema radicular em

profundidade, assim como, ao processo de iluviação de substâncias orgânicas ser mais

intenso em solos arenosos (BUCKMAN; BRADY, 1974; PRIMAVESI, 2002). Isto pode

explicar os conteúdos mais altos de matéria orgânica na camada de 10-20 cm dos

tratamentos T1 e T3, respectivamente.

Comparando-se os efeitos dos tratamentos para essa variável, observou-se que

houve diferenças numéricas entre tratamentos e em profundidade, enquanto que

estatisticamente os dados evidenciam que só ocorreram diferenças significativas pelo teste

de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade apenas para o fator profundidade.

Resultados semelhantes ao deste estudo foram encontrados por Freitas (2005) em

estudos com cerrado natural e plantio direto, quando não encontrou diferença estatística

significativa entre tratamentos.

Com relação aos tratamentos dentro de cada profundidade, apesar de não ter sido

observado diferença significativa, observa-se que os valores de matéria orgânica na

camada de 0-10 cm de profundidade são maiores no tratamento T1 em função do

equilíbrio que ocorre entre a deposição e a decomposição dos materiais orgânicos.

Em relação à profundidade, observou-se uma diminuição dessa variável à

medida que se aprofunda no perfil, independente do tratamento utilizado, tendo ocorrido

diferenças significativas nas camadas de 0-10 cm e de 10-20 cm, nos tratamentos T1 e T3

e apenas na camada de 0-10 cm nos tratamentos T2 e T4. Esses resultados estão de acordo

com os encontrados por Freitas (2005) e Cardoso Júnior (2001) em estudos com cerrado

natural e plantio direto, e capoeira natural e pastagem, respectivamente. Essa tendência de

diminuição de matéria orgânica em profundidade é considerada normal, estando

relacionada com a deposição de resíduos animais e vegetais em superfície, bem como pela

natureza superficial das raízes da maioria dos vegetais (SANCHEZ, 1981).

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0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

0-10 10-20 20-40 40-60

Profundidade (cm)

g kg

-1 de

solo T1

T2T3T4

Figura 2. Teores médios de matéria orgânica nos tratamentos T1, T2, T3 e T4.

4.2.2 Descrição Morfológica do Solo

Nas Tabelas 5, 6, 7 e 8 estão apresentadas as descrições morfológicas dos solos

sob os sistemas de uso de solo. Com relação à cor observa-se que em todos os tratamentos,

o matiz 10YR identificado na carta de cores de Munsell Color Chart (MUNSELL ...,

2002) enquadra-se no padrão de solos amarelos, de acordo com o Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos adotado pela Embrapa (2006). Esta característica, de acordo com

Barron e Torrent (1986), indica haver no solo predominância de compostos de ferro do

tipo goetita, o que lhe confere esta coloração amarelada. Até a profundidade de 20 cm, as

cores apresentam-se mais escurecidas, o que é proveniente do acúmulo de compostos

orgânicos resultantes da decomposição da matéria orgânica. Como climas tropicais e meio

ácido do solo, com pH abaixo de 5,6, são condições favoráveis para formação de ácidos

fúlvicos (PRIMAVESI, 2002), admite-se que o ligeiro escurecimento desta camada seja

devido à iluviação deste composto no perfil. Verificou-se que nos tratamentos T3 e T4,

onde a vegetação foi triturada (Tabelas 7 e 8), houve uma pequena acentuação no

escurecimento da cor, chegando a cinzento muito escuro (10YR3/1, úmido), em relação a

área com capoeira natural-T1- (Tabela 5) e vegetação queimada-T2- (Tabela 6). Isto

provavelmente é devido a maior umidade proporcionada pela cobertura morta e pelo

maior acúmulo de ácidos fúlvicos, uma vez que a vegetação triturada acumulada nessas

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áreas favorece uma percolação mais lenta da água. Apesar dos resultados analíticos

revelarem um baixo conteúdo de matéria orgânica nesta classe de solo, o fato de

apresentar textura arenosa favorece o escurecimento em maior profundidade do que em

solos argilosos, o que segundo Kiehl (1979) e Sengik (2005b), é decorrente da menor

superfície específica dos solos, com predominância de partículas grossas, como a areia, na

sua composição granulométrica.

Nas camadas de 20-40 cm e de 40-60 cm de profundidade a coloração bruno-

amarelado (10YR 5/4 e 5/6, úmido), são constantes, indicando não haver indícios de

modificação decorrente dos tratamentos analisados. A coloração é exclusivamente oriunda

dos processos pedogenéticos e do material originário desse solo, além de que as transições

“plana e clara”, “plana e gradual” e “plana e difusa” também permanecem inalteradas em

todos os tratamentos.

As classes texturais variam de areia, areia franca e franco arenosa nas duas

primeiras camadas, até 20 cm de profundidade, e de franco arenosa a franco argilo-arenosa

nas camadas 20-40 cm e de 40-60 cm de profundidade. Esta propriedade não sofreu

modificação comparando-se ao tratamento T1 com as modalidades de uso adotadas.

Deduz-se, portanto, que a textura é exclusivamente uma propriedade determinada pela

natureza do material de origem do solo.

As classes de estrutura predominante “maciça – grãos simples” e “fraca pequena

e média granular”, até 20 cm de profundidade, e “muito fraca pequena e média bloco

subangular”, “fraca pequena e média bloco subangular” e “muito fraca pequena e média

granular” que ocorrem de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm de profundidade, não sofreram

modificações devido aos tratamentos estudados. Devido a isso, é esperado que os outros

atributos físicos do solo que estão diretamente relacionados com a estrutura, também

sejam pouco modificados.

Nos sistemas de uso estudados, provavelmente devido ao pouco tempo de

implantação do sistema com o uso da trituração da vegetação, como forma de proteção do

solo, ainda não foi possível identificar o efeito benéfico desse sistema de uso nesta

propriedade. Como vestígio da influência deste sistema observou-se apenas uma diferença

no grau da estrutura dos tipos granular e bloco subangular, passando de fraca ou muito

fraca para fraca a moderada (Tabelas 5, 6, 7 e 8). Este fato também reveste-se de

importância devido a melhoria da estabilidade dos agregados do solo, consequentemente,

melhorando a sua aeração, infiltração de água e facilitando a penetração das raízes.

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Costa et al. (2003), avaliando o efeito dos sistemas de manejo convencional e

plantio direto em Latossolo Bruno alumínico câmbico, evidenciou a melhoria da

estabilidade dos agregados na camada superficial do solo no sistema de plantio direto ao

longo de 21 anos de estudos, confirmando que a magnitude das alterações nos atributos

físicos do solo é dependente do tempo implantação do sistema.

A consistência do solo manteve-se estável em todos os tratamentos comparada

com o T1. Das variáveis que interferem nas manifestações das forças físicas de coesão e

adesão, a textura do solo, bastante arenosa na área estudada, é a que possui maior relação

com as classes de textura observadas no campo (LEMOS; SANTOS, 2002; VIEIRA et al.,

1998). O fato da fração areia ocupar mais de 77% da granulometria nas duas primeiras

camadas, não favorece maior plasticidade e pegajosidade, e nem a dureza, prevalecendo a

friabilidade do material.

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Tabela 5. Descrição morfológica das amostras de solos coletados sob vegetação de capoeira (T1) Prof. Amostra Cores Textura Estrutura Consistência Transição (cm)

bruno amarelado escuro solta, muito friável, não plástica e não

pegajosa 0 – 10 areia maciça- grão simples plana e clara (10 YR 3/4, úmido )

plana e gradual

bruno amarelado escuro solta, muito friável, não plástica e não

pegajosa 10 – 20 franco arenosa maciça- grão simples (10 YR 4/4, úmido )I plana e

gradual bruno amarelado franco muito fraca, pequena e média granular

ligeiramente dura, muito friável, não plástica e não pegajosa 20 – 40 (10 YR 5/4, úmido) arenosa

plana e difusa bruno amarelado, franco argilo

arenosa muito fraca, pequena e

média, subangular dura, muito friável, ligeiramente plástica e

ligeiramente pegajosa 40 – 60 (10 YR 5/6, úmido ) bruno acinzentado

escuro fraca pequena e média

granular solta, muito friável, não plástica e não pegajosa 0 – 10 areia franca plana e clara

(10YR 4/2, úmido) bruno franco argilo

arenosa fraca pequena e média bloco

subangular ligeiramente dura, muito friável, não plástica

e não pegajosa plana e gradual 10 – 20 (10YR 5/3 úmido)

II ligeiramente dura, ,muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa plana e

difusa bruno amarelado franco argilo

arenosa fraca pequena e média

subangular 20 – 40 (10YR 5/4, úmido) dura, muito friável, ligeiramente plástica bruno amarelado franco argilo

arenosa fraca pequena e média

subangular plana e difusa 40 – 60 e ligeiramente pegajosa (10YR 5/6, úmido)

bruno solta, muito friável, não plástica e não pegajosa

plana e difusa 0 – 10 areia maciça- grão simples (10YR 4/3, úmido)

bruno muito fraca, pequena e média granular

ligeiramente dura, muito friável, não plástica e não pegajosa

plana e gradual 10 – 20 areia franca (10YR 5/3, úmido)III muito fraca, pequena e

média bloco subangular ligeiramente dura, muito friável, não plástica

e não pegajosa plana e gradual

bruno amarelado 20 – 40 franco arenosa(10YR 5/4, úmido)bruno amarelado franco argilo

arenosa muito fraca, pequena e

média bloco subangular dura, muito friável, ligeiramente plástica plana e

gradual 40 – 60 (10YR 5/6, úmido) e ligeiramente pegajosa

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Tabela 6. Descrição morfológica das amostras de solos coletadas em área cultivada com milho e mandioca no sistema de derrubada e queima da vegetação secundária (T2).

Amostra Prof. Cores Textura Estrutura Consistência Transição (cm)

0–10 bruno amarelado escuro areia franca maciça- grãos simples muito friável, não plástico e não pegajoso plana e gradual I ( 10 YR 4/2, úmido )

10-20 bruno franco arenosa fraca, pequena e média granular muito friável, não plástico e não pegajoso plana e gradual ( 10 YR 5/3, úmido )

20-40 bruno amarelado franco muito fraca, pequena e média granular

ligeiramente dura, muito friável, não plástico e não pegajoso

plana e difusa ( 10 YR 5/4, úmido ) arenosa

40-60 bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e lig. pegajosa

plana e difusa (10 YR 5/4, úmido )

0–10 II bruno acizentado muito escuro areia maciça- grãos simples muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/2, úmido )

10-20 bruno escuro areia maciça- grãos simples muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/3, úmido )

20-40 bruno amarelado franco muito fraca, pequena e média granular

muito friável, não plástico e não pegajoso plana e gradual ( 10 YR 5/4, úmido ) arenosa

40-60 bruno amarelado, franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa

plana e difusa (10 YR 5/6, úmido )

0–10 III bruno acizentado muito escuro areia maciça- grãos simples muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/2, úmido )

10-20 bruno areia franca muito fraca, pequena e média granular

muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 4/3, úmido )

20-40 bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa

plana e gradual ( 10 YR 5/4, úmido )

40-60 bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramnete plástica e ligeiramente pegajosa

plana e gradual (10 YR 5/6, úmido )

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Tabela 7. Descrição morfológica das amostras de solos coletadas em área cultivada com milho e mandioca no sistema de uso com trituração da vegetação secundária (T3).

Prof. Amostra Cores Textura Estrutura Consistência Transição (cm) cinzento muito escuro 0–10 areia maciça- grão simples muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/1, úmido ) bruno escuro areia franca maciça- grão simples muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara 10-20 ( 10 YR 3/4, úmido ) bruno amarelado escuro fraca, pequena e média, bloco

subangular muito friável, ligeiramente plástica e

ligeiramente pegajosa 20-40 franco arenosa plana e difusa ( 10 YR 5/4, úmido ) I bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa 40-60 plana e difusa (10 YR 5/6, úmido )

bruno acinzentado muito escuro muito fraca, pequena e média granular 0–10 areia franca muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/2, úmido ) bruno amarelado escuro muito fraca, pequena e média granular 10-20 franco arenosa muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/4, úmido ) bruno amarelado escuro franco argilo

arenosa fraca, pequena e média, bloco

subangular muito friável, ligeiramente plástica e

ligeiramente pegajosa 20-40 plana e clara ( 10 YR 4/6, úmido ) II bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa plana e difusa 40-60 (10 YR 5/6, úmido )

cinzento muito escuro fraca a moderada pequena e média granular 0–10 areia franca muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/1, úmido ) bruno escuro fraca a moderada, pequena e média granular 10-20 franco arenosa muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/3, úmido ) bruno amarelado franco argilo

arenosa fraca, pequena e média, bloco

subangular muito friável, ligeiramente plástica e

ligeiramente pegajosa 20-40 plana e difusa ( 10 YR 5/4, úmido ) III bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa 40-60 plana e difusa (10 YR 5/6, úmido )

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Tabela 8. Descrição morfológica das amostras de solos coletadas em área cultivada com maracujá no sistema de uso com trituração da vegetação secundária (T4).

Prof. Amostra Cores Textura Estrutura Consistência Transição (cm) bruno acinzentado muito

escuro fraca pequena e média granular 0 – 10 franco arenosa muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara

( 10 YR 3/2, úmido ) bruno acinzentado muito escuro fraca , pequena e média

granular 10-20 franco arenosa muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/2, úmido ) bruno amarelado franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa I 20-40 plana e difusa ( 10 YR 5/4, úmido )

bruno amarelado, franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa 40-60 plana e difusa (10 YR 5/6, úmido )

cinzento muito escuro fraca a moderada pequena e média granular 0 – 10 areia franca muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara (10 YR 3/1, úmido )

Bruno acinzentado muito escuro fraca a moderada , pequena e

média granular 10-20 areia franca muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/2, úmido ) bruno amarelado fraca, pequena e média,

bloco subangular 20-40 franco arenosa muito friável, lig. plástica e lig. pegajosa plana e gradual II ( 10 YR 5/4, úmido ) bruno amarelado franco argilo

arenosa fraca, pequena e média,

bloco subangular 40-60 muito friável, lig. plástica e lig. pegajosa plana e difusa (10 YR 5/6, úmido ) bruno escuro fraca a moderada pequena e

média granular 0 – 10 areia franca muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara ( 10 YR 3/3, úmido ) bruno amarelado escuro fraca a moderada , pequena e média granular 10-20 areia franca muito friável, não plástico e não pegajoso plana e clara (10 YR 3/4, úmido) bruno amarelado franco argilo

arenosa fraca, pequena e média,

bloco subangular 20-40 muito friável, lig. plástica e lig. pegajosa plana e gradual ( 10 YR 5/4, úmido III franco argilo arenosa

fraca, pequena e média, bloco subangular

bruno amarelado muito friável, lig. plástica e lig. pegajosa plana e difusa 40-60 (10 YR 5/6, úmido )

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4.2.3 Composição Granulométrica do solo

Na Tabela 9 estão apresentados os valores médios das frações granulométricas

em relação aos tratamentos nas diferentes profundidades analisadas. Verifica-se que

apesar de haver diferenças numéricas para as diferentes frações, estatisticamente só

foram observadas diferenças em profundidade para a fração areia grossa (T2), silte (T2 e

T3) e argila total (T1, T2, T3 e T4).

-1Tabela 9. Valores médios de areia grossa, areia fina, silte e argila total (g kg de solo)

para os diferentes sistemas de manejo estudados.

AREIA GROSSA Prof. (cm) T1 T2 T3 T4

0-10 524,00 Aa 557,33 Ab 538,33 Aa 390,67 Aa 10-20 423, 33 Aa 473,67 Ab 394,33 Aa 354,00 Aa 20-40 378, 33 Aa 413,00 Aa 414,67 Aa 338,00 Aa 40-60 343,67 Aa 337,00 Aa 396, 67 Aa 311,33 Aa

AREIA FINA

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 325,67 Aa 316,67 Aa 318,67 Aa 417,33 Aa 10-20 364,33 Aa 346,67 Aa 375,67 Aa 430,00 Aa 20-40 338,67 Aa 328,00 Aa 334, 33 Aa 384,00 Aa 40-60 342,67 Aa 304,67 Aa 302,67 Aa 365,00 Aa

SILTE

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 90,33 Aa 29,67 Aa 59,67 Aa 85,00 Aa 10-20 105,67 Ba 47,67 Aa 136,33 Bb 97,00 Ba 20-40 116,33 Ba 63,00 Aa 52,33 Aa 81,67 Aa 40-60 94,67 Aa 111,67 Ab 54,00 Aa 73,67 Aa

ARGILA TOTAL

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 60,00 Aa 96,67 Aa 83,33 Aa 108,17 Aa 10-20 106,67 Aa 133,33 Aa 94,00 Aa 120,00 Aa 20-40 166,67 Ab 196,67 Ab 200,00 Ab 196,67 Ab 40-60 220,00 Ab 246,67 Ab 246,67 Ab 250,00 Ab

Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo

teste de Scott-Knott ao nível de 5%.

Com relação à fração areia grossa, que exerce predominância sobre as outras

frações, os valores variam de 311,33 g kg-1 -1 de solo no tratamento T4 a 557,33 g kg de

solo no tratamento com corte e queima da vegetação (T2), decrescendo em

profundidade. Os valores mais baixos dessa variável foram encontrados no tratamento

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T4. A fração areia fina variou de 302,67 g kg-1 de solo no tratamento T3 a 430,00 g kg-

1 de solo no tratamento T4, sendo maiores no tratamento T4 (capoeira triturada e plantio

de maracujá). Apesar desses valores terem sido verificados em diferentes tratamentos,

eles não estão relacionados com os mesmos, mas aos processos de formação do solo. Os

maiores valores de areia encontrados na camada mais superficial, independente do

tratamento analisado, podem ser atribuídos principalmente à translocação de argila do

horizonte A e sua acumulação no horizonte B (VIEIRA, 1988).

No total, a fração areia (grossa + fina) ocupa um percentual muito alto em relação

às outras partículas, imprimindo ao solo uma textura muito arenosa.

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

3 0 0

0 -1 0 1 0 -2 0 2 0 -4 0 4 0 -6 0

P ro fu n d id a d e (cm )

g kg

-1 d

e so

lo T 1T 2T 3T 4

Figura 3. Conteúdo da fração argila total nos tratamentos T1, T2, T3 e T4.

A fração silte apresenta uma distribuição bastante irregular no perfil, não

guardando relação estreita com a profundidade. Seus valores variaram de 29,67 g kg-1 de

solo no tratamento T2 a 136,33 g kg-1 de solo no tratamento T3. Observa-se menores

valores para o tratamento T2 nas duas primeiras camadas e para o tratamento T3 nas

duas últimas camadas. Essas diferenças que ocorrem nos tratamentos estudados

provavelmente deve-se à intensidade dos fatores pedogenéticos que atuaram no solo.

A fração argila total, ao contrário do silte, guarda estreita relação entre o teor

dessa fina partícula e a profundidade da amostra, o que é muito comum ocorrer na região

dos trópicos, principalmente quando os solos são arenosos. Nota-se que há um incremento

significativo no teor de argila das camadas superficiais para as camadas mais profundas, o

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47

que é suficiente para caracterizar um horizonte diagnóstico B textual (EMBRAPA, 2006).

Dados da fração argila total estão também ilustrados na Figura 3.

4.2.4 Densidade

A análise estatística dos dados de densidade não apresentou diferenças

significativas ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott apenas para a densidade real. Os

valores encontrados na Tabela 10 para a densidade real apresentaram variação

relativamente muito pequena entre si, não permitindo destacar com ênfase os efeitos dos

tratamentos e das profundidades, o que também ocorreu em pesquisa realizada por

Cardoso Júnior (2001) ao estudar sistemas de capoeira e pastagem.

Quanto à densidade do solo, observa-se que houve diferença significativa entre

tratamentos apenas nas camadas de 0-10 cm e 10-20 cm, sendo que os menores valores

foram observados para os tratamentos T2 (corte e queima da vegetação) e T3 (capoeira

triturada e plantio de milho/mandioca), que foram estatisticamente diferentes de T1

(capoeira natural ) e T4 (capoeira triturada e plantio de maracujá). Essa diferença pode ser

atribuída ao revolvimento do solo durante o plantio das duas culturas (milho/mandioca) de

espaçamento pequeno nos tratamentos T2 e T3 (Tabela 10).

Quanto à profundidade, independente do sistema de uso estudado, há uma

tendência de aumento dos valores de densidade do solo com o aumento da profundidade

de amostragem (Tabela 10 e Figura 4), o que está de acordo com Kiehl (1979), Brady

(1979) e Martins et al. (2002), estando isto relacionado a uma menor percentagem de

matéria orgânica ao longo do perfil (Tabela 4 e Figura 2), que por ter baixo peso

específico (0,90 a 100 kg dm-3) tende a aumentar os valores de densidade (FREITAS,

2005), além do adensamento natural nesses solos devido à pressão exercida pelas camadas

superiores sobre as subjacentes reduzindo a porosidade (KIEHL, 1979). Esses resultados

estão de acordo com os encontrados por Cardoso Júnior (2001), Carvalho (1997) e Freitas

(2005) quando avaliaram a densidade do solo nos solos do Município de Igarapé-Açu,

Castanhal e Redenção no Estado do Pará, respectivamente.

De maneira geral, os valores de densidade do solo e densidade real demonstram

não haver, até o momento, nenhuma evidência clara sobre os efeitos dos tratamentos

analisados nos valores encontrados, certamente devido ao pouco tempo de implantação do

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sistema. Essa hipótese é confirmada por Costa et al. (2003) ao longo de 21 anos de estudo

com plantio direto e convencional.

-3Tabela 10. Valores médios de densidade real e densidade do solo (kg dm ) em diferentes

profundidades para os sistemas de manejo estudados.

DENSIDADE REAL Prof. (cm) T1 T2 T3 T4

0-10 2,57 Aa 2,51 Aa 2,58 Aa 2,57 Aa 10-20 2,63 Aa 2,54 Aa 2,65 Aa 2,55 Aa 20-40 2,61 Aa 2,52 Aa 2,57 Aa 2,55 Aa 40-60 2,62 Aa 2,52 Aa 2,53 Aa 2,56 Aa

DENSIDADE DO SOLO

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 1,34 Ba 1,25 Aa 1,19 Aa 1,34 Ba 10-20 1,51 Bb 1,39 Ab 1,44 Ab 1,53 Bb 20-40 1,53 Ab 1,47 Ab 1,46 Ab 1,57 Ab 40-60 1,53 Ab 1,43 Ab 1,47 Ab 1,53 Ab

Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo

teste de Scott-Knott ao nível de 5%.

0,000,200,400,600,801,001,201,401,601,80

0-10 10-20 20-40 40-60

Profundidade (cm)

kg d

m-3

de so

lo T1T2T3T4

Figura 4. Resultados médios de densidade do solo nos tratamentos T1, T2, T3 e

T4.

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4.2.5 Porosidade total, macroporosidade e microporosidade

A Tabela 11 apresenta os valores médios para a porosidade total,

macroporosidade e microporosidade. Estatisticamente ocorreram diferenças significativas

ao nível de 5% pelo teste de Scott-Knott com relação aos tratamentos, apenas para a

macroporosidade e microporosidade, e com relação às profundidades apenas para

porosidade total e macroporosidade. Dados para essas variáveis também podem ser

visualizados nas Figuras 5, 6 e 7.

Analisando-se o fator tratamento, observa-se que a macroporosidade foi

estatisticamente diferente nas camadas de 0-10 cm e 10-20 cm, sendo que os menores

valores foram observados no tratamento T4. Esse resultado pode estar relacionado com a

textura do solo, pois como já foi comentado, o conteúdo da fração areia grossa é inferior e

o da areia fina (Tabela 9) é superior neste tratamento em todas as profundidades. Essa

hipótese é comprovada por Vieira et al. (1988), Sengik (2005b) e Couto (2006).

Observa-se, ainda, que não houve diferença significativa para a macroporosidade

e para a microporosidade entre os tratamentos T1 e T3, nem entre os tratamentos T2 e T4,

sendo que nestes a microporosidade foi maior. Provavelmente, a semelhança entre os

tratamentos T1 e T3 quanto à microporosidade pode está relacionada à textura do solo,

uma vez que o conteúdo de argila total nesses tratamentos é significativamente menor que

nos demais (T2 e T4), o que diminuiu a microporosidade. Os maiores valores de

microporosidade nos tratamentos T2 e T4 podem estar relacionados à máquina de

trituração da capoeira (tritucap) e da composição granulométrica no tratamento T4

(capoeira triturada e plantio de maracujá), com maior teor de argila total compactando o

solo (Tabela 9), e do efeito da ação do fogo no tratamento T2, pelo entupimento dos

macroporos pelas cinzas, e mais os valores altos de argila total também verificados nesse

tratamento.

Para o fator profundidade, é possível observar que não houve diferença

significativa nos tratamentos T2 e T4 para a macroporosidade, enquanto que nos

tratamentos T1 e T3 essa diferença foi notada apenas nas duas primeiras camadas, o que

pode ser devido a maior desagregação do solo provocada pela maior concentração de

raízes nessas camadas pela vegetação da capoeira no T1 e pelo sistema radicular das

culturas de milho e mandioca no T3.

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50

Quanto à porosidade total observa-se que os maiores valores foram encontrados

na primeira camada, independente do tratamento analisado, porém, de modo geral, não

houve diferença significativa para essa variável ao longo do perfil, exceto na camada de 0-

10 cm, concordando com os resultados encontrados por Cardoso Júnior (2001). Esses

resultados podem estar relacionados ao maior conteúdo de areia total (Tabela 9) presente

nessas camadas, assim como da menor densidade do solo encontrada nas mesmas.

Também a maior concentração de raízes nas camadas superficiais pode explicar a maior

desagregação do solo, favorecendo o aumento da porosidade.

De modo geral, a porosidade total está intimamente relacionada com a

densidade, ou seja, quanto maior a densidade, menor a porosidade total. Centurion e

Demattê (1985), Castro et al. (1987) e Freitas (2005) complementam que a importância da

porosidade e da densidade também está relacionada com a estrutura do solo e ao sistema

de manejo utilizado.

Tabela 11. Valores médios de porosidade total, macroporosidade e microporosidade e (m3

m-3) em diferentes profundidades para os sistemas de manejo estudados.

POROSIDADE TOTAL

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 0,48 Ab 0,50 Ab 0,54 Ab 0,48 Ab

10-20 0,43 Aa 0,46 Aa 0,45 Aa 0,40 Aa 20-40 0,41 Aa 0,42 Aa 0,43 Aa 0,38 Aa 40-60 0,41 Aa 0,43 Aa 0,4 Aa 0,40 Aa

MACROPOROSIDADE

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 0,28 Bb 0,18 Aa 0,27 Bb 0,10 Aa

10-20 0,23 Bb 0,15 Aa 0,20 Bb 0,07 Aa 20-40 0,20 Aa 0,12 Aa 0,17 Aa 0,09 Aa 40-60 0,18 Aa 0,12 Aa 0,11 Aa 0,09 Aa

MICROPOROSIDADE

Prof. (cm) T1 T2 T3 T4 0-10 0,20 Aa 0,32 Ba 0,26 Aa 0,38 Ba

10-20 0,19 Aa 0,31 Ba 0,24 Aa 0,33 Ba 20-40 0,22 Aa 0,29 Aa 0,27 Aa 0,29 Aa 40-60 0,23 Aa 0,31 Aa 0,31 Aa 0,31 Aa

Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo

teste de Scott-Knott ao nível de 5%.

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51

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0-10 10-20 20-40 40-60

Profundidade (cm)

m3

m-3

T1T2T3T4

Figura 5. Resultados médios de Porosidade Total nos tratamentos T1, T2, T3 e

T4.

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0-10 10-20 20-40 40-60

Profundidade (cm)

m3 m

-3

T1T2T3T4

Figura 6. Resultados médios de Macroporosidade nos tratamentos T1, T2, T3 e

T4.

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52

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0-10 10-20 20-40 40-60

Profundidade (cm)

m3 m

-3

T1T2T3T4

Figura 6. Resultados médios de Microporosidade nos tratamentos T1, T2, T3 e

T4.

4.2.6 Retenção de Água e Água Disponível

A caracterização hídrica do solo representada por meio das Tabelas 12 e 13 e

pelas curvas de retenção de água é de fundamental importância na relação entre a umidade

existente nas camadas do solo e a tensão na qual a água está retida. Os conteúdos de água

retida nos diferentes pontos de tensão representada pelas curvas características de retenção

de água (Figuras 8, 9, 10 e 11) demonstram essa relação com maior eficiência, onde se

observa as variações das características físicas e hídricas, por camada e por sistema de uso

de solo estudado.

A tendência da horizontalidade inicia-se a partir da tensão de aproximadamente -

500 cm (Figuras 8, 9, 10 e 11) para os tratamentos analisados, resultados esses

semelhantes aos encontrados por Oliveira Júnior et al. (1997) estudando solos do Nordeste

Paraense. A interpretação quanto à horizontalidade das curvas características a partir da

tensão de -500 cm indica que para esses solos é mínima a quantidade de água disponível

para os vegetais (FONTES; OLIVEIRA, 1982).

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Observando-se as curvas características de retenção de água (Figuras 8 e 9) para

as camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, verifica-se que a retenção de água entre as tensões

de -10 cm a -100 cm para os tratamentos T2, T3 e T4 é mais elevada do que no tratamento

com capoeira natural (T1). Essa elevação na retenção de água nesses sistemas pode ser

atribuída, principalmente, aos valores mais altos de microporosidade (Tabela 11)

observados nas camadas de 0 a 10 cm e de 10 a 20 cm, causados pelas práticas de preparo

de área e de plantio e manejo da cultura.

Os resultados de retenção de água (Tabela 13) permitem observar a tendência de

aumentar com a profundidade em todas as tensões consideradas, a exceção da tensão -60

cm na camada de 0 a 10, onde ocorre uma diminuição para a tensão de -100 cm e

aumentando em seguida com a profundidade.

Os conteúdos de retenção de água observados nas camadas superficiais na tensão

de -60 cm de água podem estar relacionados com o maior conteúdo de matéria orgânica

(Tabela 4), a microporosidade e a porosidade total (Tabela 11), nos tratamentos T2, T3 e

T4. Enquanto que, nas camadas de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm, deve-se em grande parte

ao conteúdo da fração argila total (Tabela 9).

Tabela 12. Valores água disponível (m3 m-3) em diferentes profundidades para os sistemas

de manejo estudados.

ÁGUA DISPONÍVEL Prof. (cm) T1 T2 T3 T4

0-10 0,16 Aa 0,24 Aa 0,11 Aa 0,13 Aa 10-20 0,13 Aa 0,16 Aa 0,19 Aa 0,33 Bb 20-40 0,10 Aa 0,15 Aa 0,19 Aa 0,25 Ab 40-60 0,12 Aa 0,16 Aa 0,21 Aa 0,19 Aa

Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente pelo

teste de Scott-Knott ao nível de 5%.

A capacidade de água disponível (AD), calculada pela diferença entre os teores

de água retidos nas tensões de -60 cm de água, sendo considerado como capacidade de

campo (CC) e -15000 cm (Ponto de Murcha Permanente-PMP) podem ser analisados nas

diferentes camadas do solo em função dos tratamentos (Tabela 12), onde se observa que os

maiores teores de AD são devidos aos menores teores de água retida na tensão de -15000

cm de água que é considerado como limite mínimo de AD (Tabela 13).

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54

Tabela 13. Resultados médios de retenção de água do solo em diferentes tensões nos

sistemas de uso estudados.

m3 m-3

Prof. Retenção de Água (cm) 60 100 330 1000 1500

CAPOEIRA - T1

0-10 0,203 0,193 0,160 0,143 0,043 10-20 0,193 0,180 0,147 0,130 0,067 20-40 0,415 0,220 0,210 0,177 0,147 40-60 0,413 0,233 0,223 0,193 0,167

DERRUBADA E QUEIMADA (milho e mandioca) - T2

0-10 0,280 0,113 0,107 0,090 0,040 10-20 0,263 0,137 0,127 0,120 0,051 20-40 0,253 0,170 0,160 0,140 0,100 40-60 0,277 0,193 0,180 0,163 0,113

CORTADA E TRITURADA (milho e mandioca) - T3

0-10 0,263 0,140 0,137 0,113 0,033 10-20 0,243 0,150 0,143 0,120 0,057 20-40 0,267 0,187 0,173 0,147 0,080 40-60 0,310 0,203 0,187 0,163 0,100

CORTADA E TRITURADA (maracujá) - T4

0-10 0,383 0,130 0,117 0,103 0,050 10-20 0,330 0,133 0,110 0,100 0,077 20-40 0,384 0,170 0,153 0,140 0,107 40-60 0,400 0,190 0,170 0,157 0,127

Na Tabela 3A (anexo), observa-se que o armazenamento de água é superior a

7,90 m3 m-3 para todas as camadas do solo em todos os sistemas de uso. Parece haver certa

relação entre os valores de microporosidade e o conteúdo de matéria orgânica com os de

água disponível. Os valores de água disponível (Tabela 12) são mais baixos no tratamento

T1, e aumentando para os tratamentos T2, T3 e T4, respectivamente. Os maiores

conteúdos de água disponível foram observados nas camadas de 0-10 cm, 10-20 cm e de

40-60 cm no tratamento T4, o que pode ser função dos valores altos de microporosidade

nessas camadas. Os valores mais altos de AD nas camadas de 0-10 cm nos tratamentos T1,

T2, T3 e T4, com baixos conteúdos de argila total (Tabela 9), podem ser atribuídos ao

conteúdo de matéria orgânica no T1 (capoeira natural), a microporosidade e matéria

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orgânica no sistema T2 (corte e queima da vegetação), a matéria orgânica no sistema T3

(capoeira triturada e plantio de milho/mandioca), e a microporosidade no tratamento T4

(capoeira triturada e plantio de maracujá).

O valor baixo de AD na camada de 0-10 cm no sistema T4 pode ser atribuído ao

baixo conteúdo de matéria orgânica presente nessa camada, apesar do valor alto de

microporosidade causado pela trituração da capoeira.

Estatisticamente, houve diferença significativa pelo teste de Scott-Knott a 5%

para os teores de água disponível (Tabela 12), entre tratamentos, apenas na camada de 10-

20 cm, no tratamento T4 em relação aos outros. Essa diferença deve-se possivelmente ao

conteúdo elevado de areia fina (Tabela 9) nesta camada, para o tratamento T4, facilitando

a disponibilidade de água aí encontrada.

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56

1 10 100 1000 10000 1000000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5 0-10 cm

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3 . m

-3)

Potencial Matricial (-cm de água)

T1 T2 T3 T4

Figura 8. Curvas características de retenção de água da camada de 0-10 cm dos solos nos sistemas de uso.

1 10 100 1000 10000 1000000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5 10-20 cm

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3 . m

-3)

Potencial Matricial (-cm de água)

T1 T2 T3 T4

Figura 9. Curvas características de retenção de água da camada de 10-20 cm dos solos nos sistemas de uso.

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57

1 10 100 1000 10000 1000000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5 20-40 cm

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3 . m

-3)

Potencial Matricial (-cm de água)

T1 T2 T3 T4

Figura 10. Curvas características de retenção de água da camada de 20-40 cm dos solos nos sistemas de uso.

1 10 100 1000 10000 1000000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5 40-60 cm

Um

idad

e vo

lum

étric

a (m

3 . m

-3)

Potencial Matricial (-cm de água)

T1 T2 T3 T4

Figura 11. Curvas características de retenção de água da camada de 40-60 cm dos solos nos sistemas de uso.

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5 CONCLUSÕES

A análise dos resultados obtidos permite estabelecer as seguintes conclusões:

• O pouco tempo de implantação dos sistemas de uso e manejo estudados não foi

suficiente para promover alterações significativas dos atributos físico-hídricos e

dos teores de matéria orgânica do solo;

• Há necessidade de uma sucessão de corte e trituração da capoeira (após pousio)

para uma melhor avaliação dos benefícios desse sistema nas características

analisadas;

• A tecnologia de corte e trituração da capoeira proporcionou um escurecimento da

cor nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm de profundidade;

• Numericamente, o sistema que utilizou a trituração da capoeira e o consórcio

milho/mandioca diminuiu a densidade do solo;

• Numericamente, a microporosidade foi maior no sistema com corte e trituração da

capoeira e plantio de maracujá;

• Os valores médios de água disponível acumulada são altos em todos os sistemas

em comparação à área de capoeira natural.

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ANEXOS

TABELA 1A. Análise de variância da matéria orgânica (MO), densidade do solo (DS),

densidade real (DR), macroporosidade (mac), microporosidade (mic), porosidade total (Pt) e

água disponível (AD) em função dos tratamentos analisados.

Quadrado médio Fonte de variação GL MO DA DR mac mic Pt AD

Tratamento 3 11,80 0,04** 0,015 0,040** 0,031** 0,004* 0,017 ** Profundidade 3 184,48** 0,13** 0,003 0,014** 0,002 0,020** 0,004 Profundidade X Tratamento 9 2,58 0,002 0,002 0,002 0,002 0,0005 0,010** Resíduo 3 4,50 0,05 0,008 0,003 0,002 0,001 0,003

0 CV (%) 23,06 4,77 3,41 32,81 17,55 7,96 30,89

** e * - significativos aos níveis de 1% e 5%, respectivamente.

TABELA 2A. Análise de variância da fração areia grossa (AG), areia fina (AF), silte (S) e

argila total (AT) em função dos tratamentos analisados.

Quadrado médio (g kg-1 Fonte de variação

de solo) GL AG AF S AT

Tratamento 3 22876,48* 13663,87** 3194,46* 2444,89 Profundidade 3 52517,99** 5381,00 1915,25 59626,00** Profundidade X Tratamento 3200,33 649,98 2475,70* 338,00 9 Residuo 30 6624,50 3045,49 829,44 1970,56

19,78 15,78 35,52 28,12 CV (%) ** e * - significativos aos níveis de 1% e 5%, respectivamente.

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TABELA 3A. Resultados médios das análises físico-hídricas dos solos nos sistemas de uso.

g kg-1 de solo m3 m-3 m3 m-3 g kg-1 kg dm-3

Prof. Classe Areia Argila Retenção de Água

Espaço de Poros de solo

(cm) Textural Grossa Fina Silte Total 60 100 330 1000 1500 Mac Mic Pt AD

AD acum. MO Da Dr

Sistema Capoeira-Tratamento 1 (T1) 0-10 AF 524 326 90 60 0,203 0,193 0,160 0,143 0,043 0,28 0,20 0,48 0,16 1,60 16,50 1,34 2,57 10-20 FA 423 364 106 107 0,193 0,180 0,147 0,130 0,067 0,23 0,19 0,43 0,13 1,30 11,08 1,51 2,63 20-40 FA 378 339 116 167 0,415 0,220 0,210 0,177 0,147 0,20 0,22 0,41 0,13 2,60 7,98 1,53 2,61 40-60 FAA 343 343 95 220 0,413 0,233 0,223 0,193 0,167 0,18 0,23 0,41 0,12 2,40 6,44 1,54 2,63

Sistema Capoeira Queimada: milho/mandioca-Tratamento 2 (T2) 0-10 AF 557 317 30 97 0,280 0,113 0,107 0,090 0,400 0,18 0,32 0,50 0,24 2,40 8,50 1,25 2,51 10-20 FA 473 347 48 133 0,263 0,137 0,127 0,120 0,051 0,15 0,31 0,45 0,16 1,60 8,94 1,39 2,54 20-40 FA 413 328 63 197 0,253 0,170 0,160 0,140 0,100 0,12 0,30 0,42 0,15 3,00 8,34 1,47 2,52 40-60 FAA 337 305 112 247 0,277 0,193 0,180 0,163 0,113 0,12 0,31 0,43 0,16 3,20 5,76 1,43 2,52

Sistema Corte e Trituração da Capoeira: milho/mandioca-Tratamento 3 (T3) 0-10 AF 538 319 60 83 0,263 0,140 0,137 0,113 0,033 0,28 0,26 0,54 0,23 2,30 12,89 1,19 2,58 10-20 FA 394 376 136 94 0,243 0,150 0,143 0,120 0,057 0,20 0,24 0,44 0,19 1,90 11,08 1,44 2,65 20-40 FA 414 334 52 200 0,267 0,187 0,173 0,147 0,080 0,17 0,27 0,43 0,19 3,80 6,77 1,46 2,57 40-60 FAA 397 303 54 247 0,310 0,203 0,187 0,163 0,100 0,11 0,31 0,42 0,21 4,20 4,66 1,47 2,53

Sistema Corte e Trituração da Capoeira: maracujá-Tratamento 4 (T4) 0-10 AF 391 417 85 108 0,383 0,130 0,117 0,103 0,050 0,10 0,38 0,48 0,13 1,30 4,66 1,33 2,57 10-20 FA 354 430 97 120 0,330 0,133 0,110 0,100 0,077 0,07 0,33 0,40 0,33 3,30 8,37 1,53 2,56 20-40 FA 338 384 82 197 0,384 0,170 0,153 0,140 0,107 0,09 0,29 0,38 0,25 5,00 5,81 1,54 2,56 40-60 FAA 311 365 74 250 0,400 0,190 0,170 0,157 0,127 0,09 0,31 0,40 0,19 3,80 4,53 1,53 2,56