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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DE INCÊNDIOS FLORESTAIS PARA O MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, LITORAL NORTE DA BAHIA LARISSA ALVES SECUNDO WHITE 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS

ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DE INCÊNDIOS FLORESTAIS PARA O MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, LITORAL NORTE DA BAHIA

LARISSA ALVES SECUNDO WHITE

2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS

LARISSA ALVES SECUNDO WHITE

ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DE INCÊNDIOS FLORESTAIS PARA O MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, LITORAL NORTE DA BAHIA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agroecossistemas, área de concentração em Produção em Agroecossistemas, para obtenção do título de “Mestre em Ciências”. Orientador

Prof. Dr. Genésio Tâmara Ribeiro

SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE – BRASIL

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

White, Larissa Alves Secundo W585a Análise espacial e temporal de incêndios florestais para o

Município de Inhambupe, litoral norte da Bahia / Larissa Alves Secundo White ; orientador Genésio Tâmara Ribeiro. – São Cristóvão, 2013. 98 f. : il. Dissertação (mestrado em Agroecossistemas) –Universidade Federal de Sergipe, 2013.

O 1. Política florestal. 2. Brasil - Nordeste. 3. Incêndios

florestais. 4. Modelagem de risco. 5. Índices de risco. 6. Bahia. I. Ribeiro, Genésio Tâmara, orient. II. Título

CDU: 504.2:624.84(813.8)

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. i

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. iv

RESUMO .................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................................. vii

1 INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................................... 1

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 2

2.1 Fogo ........................................................................................................................... 2

2.2 Incêndios Florestais.................................................................................................... 3

2.3 Efeitos dos incêndios florestais .................................................................................. 4

2.3.1 Efeitos ambientais ...................................................................................................... 4

2.3.2 Efeitos sociais ............................................................................................................ 5

2.3.3 Efeitos econômicos .................................................................................................... 5

2.4 Variáveis do fogo ....................................................................................................... 6

2.4.1 Variável humana ........................................................................................................ 6

2.4.2 Variáveis topográficas ................................................................................................ 8

2.4.2.1 Inclinação ................................................................................................................... 8

2.4.2.2 Altitude...................................................................................................................... 8

2.4.2.3 Orientação das encostas ............................................................................................. 9

2.4.3 Variável hidrografia ................................................................................................... 9

2.4.4 Variável material combustível ................................................................................. 10

2.4.5 Variáveis climáticas ................................................................................................. 12

2.4.5.1 Temperatura ............................................................................................................ 12

2.4.5.2 Umidade relativa do ar ............................................................................................ 12

2.4.5.3 Precipitação pluviométrica ...................................................................................... 13

2.5 Sistemas de prevenção ............................................................................................. 13

2.5.1 Índices de risco......................................................................................................... 14

2.5.2 Conceitos .................................................................................................................. 15

2.5.3 Modelagem de áreas de maior risco ......................................................................... 16

3 ARTIGO 1: PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO FLORESTAL EM POVOAMENTOS DE EUCALIPTO NO MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, BAHIA ............ 20

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 21

2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 22

3 RESULTADOS .............................................................................................................. 30

4 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 44

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 45

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6

4 ARTIGO 2: MODELAGEM DO RISCO ESPACIAL DE INCÊNDIO FLORESTAL PARA O MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, BAHIA ................................................................ 48

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 50

2 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 51

3 RESULTADOS ................................................................................................................. 59

4 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 82

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 83

5 CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................................... 89

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 90

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i

LISTA DE FIGURAS

ARTIGO 1: Probabilidade de ocorrência de incêndios florestais em povoamentos de

eucalipto no município de Inhambupe, Bahia

Figura 1 – Localização geográfica da área em estudo .............................................................. 22

Figura 2 – Precipitação pluviométrica mensal acumulada para a região de Inhambupe e

histórico de ocorrências de incêndios florestais registrado nas imediações da empresa Bahia

Specialty Cellulose (BSC), no período de 2002 a 2009 ........................................................... 33

Figura 3 – Médias mensais da umidade relativa do ar às 13h para a região de Inhambupe e

histórico de ocorrências de incêndios florestais registrado nas imediações da empresa Bahia

Specialty Cellulose (BSC), no período de 2002 a 2009 ........................................................... 34

Figura 4 – Médias mensais da temperatura do ar às 13h para a região de Inhambupe e

ocorrências de incêndios florestais registradas nas imediações da empresa Bahia Specialty

Cellulose (BSC), no período de 2002 a 2009 ........................................................................... 34

Figura 5 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios

florestais, conforme as classes de risco do Índice de Angstron................................................ 35

Figura 6 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios

florestais, conforme as classes de risco do Índice de Logarítmico de Telicyn ......................... 35

Figura 7 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios

florestais, conforme as classes de risco do Índice Nesterov ..................................................... 36

Figura 8 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios

florestais, conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre (FMA) ........................ 36

Figura 9 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios

florestais, conforme as classes de risco do Índice de Monte Alegre (FMA+) .......................... 36

Figura 10 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios

florestais, conforme as classes de risco do Índice de Rodríguez e Moretti .............................. 36

Figura 11 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de

incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Angstron ................................ 37

Figura 12 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do

Índice de Angstron ................................................................................................................... 37

Figura 13 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de

incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice Logarítmico de Telicyn .............. 38

Figura 14 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do

Índice Logarítmico de Telicyn ................................................................................................. 38

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ii

Figura 15 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de

incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Nesterov ................................. 39

Figura 16 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do

Índice de Nesterov .................................................................................................................... 39

Figura 17 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de

incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Rodríguez e Moretti ............... 39

Figura 18 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do

Índice de Rodríguez e Moretti .................................................................................................. 39

Figura 19 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de

incêndios florestais conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre (FMA) ......... 40

Figura 20 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco de

da Fórmula de Monte Alegre (FMA) ....................................................................................... 40

Figura 21 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de

incêndios florestais conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre Alterada

(FMA+) ..................................................................................................................................... 41

Figura 22 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco da

Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+) ............................................................................ 41

ARTIGO 2: Modelagem do risco espacial de incêndio florestal para o município de

Inhambupe, Bahia

Figura 1 – Distribuição de povoamentos de eucalipto no município de Inhambupe, Bahia .... 51

Figura 2 – Atribuição dos pesos às variáveis utilizadas na determinação do risco de incêndio

florestal para o município de Inhambupe ................................................................................. 58

Figura 3 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável inclinação para

o município de Inhambupe ....................................................................................................... 60

Figura 4 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável densidade

demográfica para o município de Inhambupe .......................................................................... 62

Figura 5 – Distribuição das áreas queimadas em relação à distância das localidades para o

município de Inhambupe .......................................................................................................... 64

Figura 6 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável malha

hidrográfica para o município de Inhambupe ........................................................................... 67

Figura 7 – Percentuais de distribuição das localidades em relação à distância à malha

hidrográfica para o município de Inhambupe ........................................................................... 68

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iii

Figura 8 – Percentuais de distribuição do registro de áreas queimadas em relação à distância à

malha hidrográfica para o município de Inhambupe ................................................................ 69

Figura 9 – Distribuição do registro de áreas queimadas em relação à distância da malha

hidrográfica para o município de Inhambupe ........................................................................... 70

Figura 10 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável orientação das

encostas para o município de Inhambupe ................................................................................. 72

Figura 11 – Descrição dos percentuais de cada encosta baseada na exposição solar presente no

município de Inhambupe .......................................................................................................... 73

Figura 12 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável sistema viário

para o município de Inhambupe ............................................................................................... 74

Figura 13 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável uso e

ocupação do solo para o município de Inhambupe................................................................... 75

Figura 14 – Mapa de risco de incêndio florestal após ponderação, integração e reclassificação

das variáveis densidade, densidade demográfica, malha hidrográfica, orientação das encostas,

sistema viário e uso e ocupação do solo para o município de Inhambupe ............................... 78

Figura 15 – Mapa de risco de incêndio florestal específico para a região das fazendas da

empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC)................................................................................ 79

Figura 16 – Mapa de risco de incêndio florestal em relação aos registros de áreas queimadas

nas fazendas da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC) ..................................................... 81

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iv

LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1: Probabilidade de ocorrência de incêndios florestais em povoamentos de

eucalipto no município de Inhambupe, Bahia

Tabela 1 - Interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice Logarítmico de Telicyn 25

Tabela 2 - Restrições à somatória do Índice de Nesterov, de acordo com a precipitação

pluviométrica diária .................................................................................................................. 26

Tabela 3 - Interpretação do risco de incêndio florestal do Índice de Nesterov ........................ 26

Tabela 4 - Valores específicos para cada intervalo de classe das respectivas variáveis .......... 26

Tabela 5 - Restrições ao Índice de Rodríguez e Moretti de acordo com a precipitação

pluviométrica diária .................................................................................................................. 27

Tabela 6 - Interpretação do risco de incêndio florestal do Índice de Rodríguez e Moretti ...... 27

Tabela 7 - Restrições da Fórmula de Monte Alegre (FMA) e Monte Alegre Alterada (FMA+)

em função da quantidade de chuva do dia ................................................................................ 28

Tabela 8 - Interpretação do risco de incêndio florestal da Fórmula de Monte Alegre (FMA) . 28

Tabela 9 - Interpretação do risco de incêndio florestal da Fórmula de Monte Alegre Alterada

(FMA+) ..................................................................................................................................... 29

Tabela 10 - Tabela de contingência do Skill Score de Heidke.................................................. 29

Tabela 11 - Adaptação das classes de risco para utilização do Skill Score de Heidke ............. 30

Tabela 12 - Calendário anual de risco de incêndios florestais de acordo com os índices de

Angstron, Logarítmico de Telicyn, Nesterov, Rodríguez e Moretti, e as fórmulas de Monte

Alegre e Monte Alegre Alterada .............................................................................................. 31

Tabela 13 - Calendário anual do risco de incêndios florestais de acordo com o histórico de

ocorrências de incêndios florestais ........................................................................................... 32

Tabela 14 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice Logarítmico de

Telicyn ...................................................................................................................................... 38

Tabela 15 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice de Nesterov 38

Tabela 16 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice de Rodríguez e

Moretti ...................................................................................................................................... 39

Tabela 17 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para Fórmula de Monte

Alegre (FMA) ........................................................................................................................... 40

Tabela 18 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para Fórmula de Monte

Alegre Alterada (FMA+) ........................................................................................................... 40

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v

Tabela 19 - Ranking da análise de desempenho pelo Skill Score de Heidke entre os índices de

risco de incêndio florestal e o histórico de ocorrências de incêndios florestais ....................... 42

Tabela 20 - Adaptação das classes de risco ajustadas para utilização do Skill Score de Heidke

.................................................................................................................................................. 43

Tabela 21 - Ranking da análise de desempenho pelo Skill Score de Heidke entre os índices de

risco de incêndio florestal ajustados e o histórico de ocorrências de incêndios florestais ....... 43

ARTIGO 2: Modelagem do risco espacial de incêndio florestal para o município de

Inhambupe, Bahia

Tabela 1 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a inclinação para o município

de Inhambupe (SHOW et al., 1940; apud SOARES; BATISTA, 2007) .................................. 53

Tabela 2 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a densidade demográfica para

o município de Inhambupe (adaptada IBGE, 1996) ................................................................. 54

Tabela 3 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a distribuição da malha

hidrográfica para o município de Inhambupe ........................................................................... 54

Tabela 4 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a orientação das encostas

para o município de Inhambupe (FERRAZ; VETORAZZI, 1998 adaptada por OLIVEIRA et

al., 2004) ................................................................................................................................... 55

Tabela 5 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme o sistema viário para o

município de Inhambupe .......................................................................................................... 55

Tabela 6 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme o tipo de uso e ocupação do

solo para o município de Inhambupe (adaptada ROSA; ROSS, 1999; CAETANO et al., 2002;

OLIVEIRA, 2002; CAVARSAN, 2007; RIBEIRO, 2009; TETTO, 2009; NAZARETH, 2010;

KOPROSKI, 2010) ................................................................................................................... 56

Tabela 7 - Escala de comparação utilizada, adaptada de Saaty (1977) .................................... 57

Tabela 8 - Escala de reclassificação e interpretação do mapa de risco de incêndio florestal

(adaptada CIPRIANI et al., 2011) ............................................................................................ 58

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vi

RESUMO

WHITE, Larissa Alves Secundo. Análise espacial e temporal de incêndios florestais para o município de Inhambupe, litoral norte da Bahia. São Cristóvão: UFS, 2013. 98p. (Dissertação – Mestrado em Agroecossistemas).*

Todo fogo no ambiente florestal que foge do controle do homem é denominado de incêndio florestal. O fogo, apesar de ser um agente natural presente nos ecossistemas, quando mal manejado, pode causar danos que englobam tanto a esfera ambiental quanto a econômica e a social. É a partir do conhecimento desse poder de destruição que se desperta o sentimento de se estabelecer ações de prevenção e combate aos incêndios florestais. Visando aprimorar ações de prevenção, em povoamentos de eucalipto presentes no município de Inhambupe, foram realizadas a estimativa da probabilidade de ocorrência e a modelagem do risco de incêndio florestal. Para isso, inicialmente, por meio da utilização de variáveis climáticas, foram comparados os índices de Angstron, Logarítmico de Telicyn, Rodríguez e Moretti, Nesterov, e as fórmulas de Monte Alegre e Monte Alegre Alterada, baseados na avaliação do Skill Score de Heidke. Posteriormente, foi realizada a modelagem do mapa de risco de incêndio florestal, mediante a elaboração e integração de mapas preliminares de risco de variáveis naturais e sociais: inclinação, área urbana, sistema viário, malha hidrográfica, aspecto e uso e ocupação do solo. Por fim, ambas as metodologias foram comparadas ao histórico de ocorrências de incêndios florestais e ao registro de áreas queimadas, oriundos de plantios de eucalipto, a fim de determinar a aplicabilidade das mesmas. Mediante os dados obtidos, determinou-se para o município de Inhambupe o Índice Logarítmico de Telicyn e a Fórmula de Monte Alegre ajustada como adequadas para estimar a probabilidade de ocorrência de incêndios florestais. Além disso, foi evidenciado que mais de 75% da área encontra-se em risco “alto” a “extremo” de surgimento e desenvolvimento dos mesmos.

Palavras-chave: Nordeste do Brasil; Predição de Fogo; Proteção Florestal; Índices de Risco; Modelagem de Risco. ___________________ * Comitê Orientador: Prof. Dr. Genésio Tâmara Ribeiro – UFS (Orientador).

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vii

ABSTRACT

WHITE, Larissa Alves Secundo. Spatial and temporal analysis of forest fires for the city of Inhambupe, north coast of Bahia. São Cristóvão: UFS, 2013. 98p. (Dissertation – Master Program in Agroecosystem).*

Every fire on the forest environment that escapes man's control is called forest fire. Despite the fire being a natural agent within ecosystems, when badly managed, can cause damage that involve environmental sphere as well as the economic and social. From the knowledge of the power of fire destruction emerges the sense of establishing prevention and fighting forest fires. In order to improve prevention activities in eucalyptus plantations of the city of Inhambupe was performed the estimate probability of fire occurrence and modeling forest fire risk. For this, initially, through the use of climatic variables, indexes of Angstron, Logarithmic of Telicyn, Rodríguez and Moretti, Nesterov, and the formulas of Monte Alegre and Monte Alegre Altered were compared, based on the evaluation of the Heidke Skill Score. Subsequently, the modeling of forest fire risk map was performed by developing and integrating preliminary risk maps of natural and social variables: slope, urban area, road system, network watershed, appearance and soil use and occupancy. Finally, both approaches was compared to historical occurrences of forest fires and registry of burned areas in plantations of eucalyptus, for the purpose of determined the applicability of them. By the obtained data it was determined for the city of Inhambupe that the Logarithmic of Telicyn Index and the adjusted Formula of Monte Alegre was appropriate to determine the probability of forest fires. Furthermore, it was shown that more than 75% of the area is at risk of "high" to "extreme" of the emergence and development of the same.

Key-words: Northeast of Brazil; Fire Prediction; Forest Protection; Fire Indexes; Fire Modeling. ___________________ * Guidance Committee: Prof. Dr. Genésio Tâmara Ribeiro – UFS (Orientador).

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1

1 INTRODUÇÃO GERAL

O fogo é um agente modificador que atua principalmente na renovação da paisagem,

estando a sua ocorrência relacionada principalmente a ambientes antropizados. A utilização

inadequada dos recursos naturais e do fogo, bem como o desconhecimento do seu poder de

destruição, resulta em perda de seu controle, que ao atingir ambientes florestais, passa a ser

denominado “incêndio florestal”.

Bolfe et al. (2004) e Delalibera et al. (2006) enfatizam que a ação degradante e

contínua sobre o ambiente tem sido resultante da explosão demográfica (necessidade

alimentícia) e exportação de produtos agropecuários brasileiros (obtenção de capital), que

impulsionaram, inicialmente, a abertura de novas fronteiras agrícolas, resultando na utilização

demasiada de matéria prima e substituição de paisagens naturais, levando à extinção de

espécies endêmicas, modificações visíveis em cursos d’água e aumento da susceptibilidade

aos incêndios florestais, entre outros.

Nesse sentido, a ocorrência do fogo, que antes era tida como natural, passou a ser

preocupante, principalmente devido à fragilidade em que se encontra a vegetação natural no

país, condicionada à falta de conscientização e conhecimento dos moradores, produtores

rurais, e de fiscalização dos órgãos públicos.

A presença de fogo pode estar até associada a aspectos culturais como a prática da

religião do Candomblé, mas também a razões econômicas. Ribeiro (2004) exemplifica a

utilização do fogo quando se objetiva a disponibilização de nutrientes no solo, o combate ao

ataque de pragas e doenças, como também rentabilidade no processo de limpeza do terreno

nos plantios e, ou colheita, como no caso da cana-de-açúcar.

Porém, conforme ressalva Andrews et al. (2007), até ecossistemas que dependem do

fogo e possuem resiliência aos seu efeitos, na medida em que aumenta a frequência e a

intensidade dos incêndios, os mesmos ecossistemas são modificados ao ponto de não

conseguirem se recuperar frente às novas ocorrências, tornando-se vulneráveis ao fogo e mais

sujeitos a outras intempéries como o ataque de pragas e doenças.

Mesmo com os efeitos negativos e exemplos de grandes desastres e planos de

prevenção em outros países, no Brasil, a preocupação com o poder de destruição do fogo só

recebeu maior atenção após a ocorrência do incêndio florestal no Estado do Panará em 1963,

que atingiu cerca de 2 milhões de hectares (TETTO et al., 2012). Ainda assim, poucas ações

são feitas para resguardar unidades de conservação, ou somente são aplicadas quando se inicia

o período de maior risco.

As maiores ações de prevenção empreendidas hoje, no Brasil, estão mais associadas às

áreas de interesse comercial como plantios florestais e às áreas de preservação quando

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2

utilizadas para interesse acadêmico. É a partir desse interesse que ações voltadas à prevenção

e combate aos incêndios florestais vêm sendo aperfeiçoadas.

Sabendo-se que qualquer reação de combustão é limitada pelo acesso a um gás

comburente e ao material combustível, as ações de prevenção e combate são baseadas em

fatores que limitam ou influenciam esses componentes. Por exemplo, as condições de

oxigênio podem variar conforme a altitude. Já o material combustível varia “em uma infinita

combinação de tamanhos de partículas, compactação, umidade e distribuição espacial, sujeitos

constantemente às alterações climáticas” (ANDRWES et al., 2007).

Nesse sentido, é interessante considerar tanto o período em que há maior probabilidade

de ocorrência, bem como os locais em que há maior risco de incêndios florestais. Desse

modo, assim como Leite et al. (2010), o processo dar-se-à pela caracterização (causas,

frequência e importância) e avaliação do risco (índices e modelagem) que resultarão na

quantificação, qualificação e alocação do risco, devendo os resultados serem apresentados sob

a forma matemática e, ou cartográfica.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Fogo

“O fogo tem sido um agente modificador do ambiente desde os estágios de formação

da terra” (JACQUES, 2003). Nesse sentido, quando utilizado de forma correta, o fogo traz

benefícios para o homem. Em ambientes em que é comum a ocorrência de fogo a queimada

controlada pode atuar positivamente na remoção do excesso de serapilheira ao agir como um

processo de decomposição acelerado, reduzindo o risco de incêndios intensos, eliminando a

vegetação indesejável e favorecendo o desenvolvimento de espécies de interesse (RIBEIRO;

SOARES, 1998).

Por outro lado, se mal manejado, a ocorrência do fogo pode estar associada a episódios

de incêndios florestais, constituindo-se em uma ameaça para a conservação da biodiversidade

e para uso sustentável dos recursos naturais (COSTA et al., 2009). Conforme Ross (2000) “o

homem atua na criação de novas situações ao modificar o espaço físico com a implementação

de cidades, estradas, atividades agrícolas, instalações de barragens, retificações de canais

fluviais, entre outras, interferindo no dinamismo harmonioso estável e contínuo em que o

ambiente natural existe”, tendo como consequência, em relação aos incêndios florestais, um

maior número de ocorrências em menor espaço de tempo, bem como ambientes pouco

resistentes.

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3

2.2 Incêndios Florestais

Incêndio florestal é o termo utilizado para definir um fogo incontrolado que se propaga

livremente e consome os diversos tipos de material combustível existentes em uma floresta

(SOARES, 1985). Para que o mesmo se inicie, é necessário uma fonte de fogo (energia

calorífica com temperatura acima de 180ºC (PALMA, 1988 apud RAMOS; VENTURA,

1992)), o gás comburente (pode ser o oxigênio) e o material combustível (vivo ou morto, em

condições susceptíveis à queima).

Encontrando condições propícias, a chama inicial começa a se propagar (por

condução, radiação e, ou convecção (SOARES; BATISTA, 2007)), dando início a uma reação

exotérmica em cadeia que só terminará quando extinguir-se o material combustível ou o gás

comburente (RIBEIRO, 2004). Nesse sentido, Chou et al. (1993) ressaltam que os incêndios

florestais podem, em algumas ocasiões, apagar sozinhos devido a falta de material

combustível. Porém, quando isso não ocorre, o combate deve estar voltado para suprimir o

incêndio por meio da ação em um ou mais dos componentes do triângulo de fogo (FIEDLER

et al, 2006).

Os incêndios florestais são classificados em três tipos: incêndios subterrâneos,

incêndios de superfície e incêndios de copa. Normalmente os incêndios de copa e

subterrâneos são originados pelo incêndio superficial, relevando, assim, a sua importância.

Os incêndios podem ser causados devido à ação da natureza, como no caso de

erupções vulcânicas e descargas elétricas (raios), bem como devido à ação do homem, seja ela

de forma intencional ou não (JAISWAL et al., 2002).

No Brasil, assim como no mundo, os incêndios florestais ocorrem em diversas regiões

e estão comumente associados à época mais seca do ano (SOARES et al., 2005; VOSGERAU

et al., 2006; SANTANA et al., 2011). Nesse sentido, convém ressaltar que, segundo Deppe e

Paula (2003), os efeitos do aquecimento global e mudanças climáticas, como o El Ninõ,

contribuem para incidência de incêndios florestais.

Além disso, no Brasil, as causas mais comuns para a ocorrência desses incêndios são

decorrentes de desmatamento frente a novas fronteiras agrícolas e pecuárias, incendiários

intencionais, com distintos motivos (disputa de terra, religioso e psicológico) e utilização do

fogo como técnica de manejo (SOARES, 1998; NEPSTAD et al., 1999; SOARES et al., 2005;

FIEDLER et al., 2006; VOSGERAU et al., 2006; WHITE, 2010; ARAGÃO;

SHIMABUKURO, 2010). Em adição Soares et al. (2005) afirmam que, em Minas Gerais,

localizado na região sudeste do país, as causas de incêndios florestais estão muitas vezes

associadas a extensas áreas reflorestadas, com o plantio de eucalipto.

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No Estado da Bahia, na região do município de Inhambupe, com base em dados

fornecidos pela empresa Bahia Specialty Cellulose1, observou-se que do ano de 2002 ao início

do ano de 2010, foram registrados cerca de 400 incêndios florestais. Esses registros

apontaram o homem como o principal agente causador. Com base nesses registros, 81

ocorrências foram classificadas como de causa acidental, 263 criminosos, 10 falhas

operacionais, dois rituais de candomblé e 43 de origem desconhecida, sendo que, pontas de

cigarro e incêndios oriundos de áreas vizinhas foram pouco responsáveis pela ignição.

Como consequência dos incêndios florestais, podem ocorrer danos ao ambiente

dependendo da fragilidade em que o mesmo se encontra, mas principalmente da intensidade

do fogo, duração e frequência em que os incêndios florestais ocorrem, visto que quanto mais

duradouros, maiores as áreas queimadas; quanto maior a sua intensidade, maior o dano por

onde passam; e, quanto mais frequente, mais susceptíveis ao fogo e a outras intempéries

tornam-se os ambientes.

2.3 Efeitos dos incêndios florestais

Os efeitos do fogo nos ecossistemas conforme mencionados podem ser danosos ou

benéficos, porém, os efeitos danosos estão ligados diretamente ao seu poder de destruição e,

portanto, serão abordados apenas os efeitos negativos assim distribuídos:

2.3.1 Efeitos ambientais

Os efeitos ambientais ainda podem ser divididos em relação ao domínio que atingem:

terrestre, aquático e do ar. Em outras palavras, “os incêndios florestais se constituem em

potenciais ameaças físicas, biológicas e ambientais” (JAISWAL et al., 2002).

No ar, os incêndios florestais estão associados à emissão de carbono e, possivelmente,

a mudanças climáticas. Segundo Narciso et al. (2009), além da formação de fumaça, que

causa poluição local e regional, o aumento da concentração de gases aerossóis e de outros

gases de efeito estufa na atmosfera pode ocasionar mudanças climáticas. O IBGE (2010)

estima que a destruição da vegetação nativa e as queimadas sejam responsáveis por 75% das

emissões brasileiras de CO2 para a atmosfera.

Bowman et al. (2009) chamam a atenção, no que tange às mudanças climáticas e aos

incêndios florestais, à relação cíclica que um exerce sobre o outro: incêndios florestais

contribuem para as mudanças climáticas, ao mesmo tempo, que as alterações climáticas

contribuem para o aumento de ocorrências de incêndios florestais, principalmente pela

alteração que ambos causam na paisagem.

Nesse sentido, cita-se exemplos do INMET (2008) de incêndios florestais que

1 Dados não publicados fornecidos pela empresa Bahia Specially Cellulose (BSC)

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apresentaram como causa o El niño ocorridos na União Soviética, Mongólia e Indonésia, em

1987 e 1988, que queimaram áreas de 1537; 2448,6 e 477 há, respectivamente.

No solo, Ramos e Ventura (1992) atribuem os incêndios florestais ao empobrecimento

dos solos, devido à perda de nutrientes e à ação da erosão superficial, pela remoção da

camada superficial de material combustível. Soares (2002) e Illana (2006) colaboram para

essa informação ao incluir, entre os danos, o avanço de dunas.

Na água, conforme Ramos e Ventura (1992), os incêndios relacionam-se à redução da

infiltração da água, e consequentemente à diminuição da água que atinge o lençol freático, à

redução do número de nascentes, e à instabilização das vertentes devido ao carregamento de

partículas, que eventualmente acabam formando os bancos de areia (BONFIM et al., 2003).

Na vegetação, os efeitos do fogo estão associados à disseminação de espécies

invasoras indesejáveis (WHITE, 2010), ao favorecimento de espécies pioneiras (SOARES;

BATISTA, 2007) e ao efeito de borda (DALCUMUNE; SANTOS, 2005), resultando na perda

de biodiversidade local e fragilização da vegetação que contribuem para maior incidência de

pragas e doenças (RIBEIRO, 2004).

Peixoto et al. (2012), ao analisarem a recorrência de incêndios florestais durante 2

anos, explicam que os danos cumulativos nas árvores menores, principalmente de estágios

sucessionais inciais, podem vir a alterar, em longo prazo, a abundância e distribuição vertical

da vegetação, em regiões de Savanas, como no Cerrado.

2.3.2 Efeitos sociais

Além do efeito mais indesejado – a morte do homem, os incêndios florestais também

ocasionam a morte de animais (SOARES, 2002; ILLANA, 2006). A fumaça pode contribuir

para enfermidades temporárias como alergias, principalmente nos olhos e nariz, e asma. Além

disso, queimaduras devido à exposição ao calor e, ou às chamas também podem ser citadas.

2.3.3 Efeitos econômicos

Os incêndios florestais acarretam sérios prejuízos econômicos, principalmente ao setor

produtivo. Ressalta-se que em áreas com plantações florestais, como em empresas produtoras

de celulose ou madeira, a combustão consome ou danifica a matéria prima, além de prejudicar

o planejamento florestal. Estruturas físicas e ferramentas podem ser afetadas, gerando um

dispêndio adicional a essas empresas.

Segundo Neumann (1996), não é difícil verificar que um incêndio florestal, mesmo de

baixa intensidade, é prejudicial não só por ocasionar temporariamente diminuição no

crescimento das árvores, mas também por apresentar um pior resultado financeiro.

O fogo atua na destruição de casa, cercas, redes elétricas, com interrupção da

transmissão de energia, pomares, plantios florestais, pastos e equipamentos, bem como

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contribuem para necessidade de investimentos na recuperação de áreas degradadas e

construção de aceiros (NEPSTAD et al., 1999; SOARES, 2002; ILLANA, 2006).

De acordo com Branco (1995) os prejuízos financeiros, em 11 Estados brasileiros, no

ano de 1994 relacionados à perda de madeira e ao combate ao fogo equivaleram a R$

1.648.070 e R$ 3.381.966, respectivamente. Campos e Costa (2009) citou, referente ao ano de

2002, que os prejuízos resultantes de queimadas acidentais na Amazônia, são da ordem de

107 milhões a 5 bilhões de dólares.

Todos esses efeitos negativos só demonstram a necessidade de se realizar ações de

prevenção para que as ocorrências e os efeitos negativos de incêndios florestais sejam

minimizados. Nesse sentido, convém conhecer as variáveis que contribuem para a incidência

de incêndios florestais, para que os sistemas de prevenção sejam cada vez mais adequados às

regiões de interesse, aumentando a possibilidade de eficiência dos mesmos, conforme ressalta

Soares (1988).

2.4 Variáveis do fogo

“O fogo é um processo natural e que, como qualquer outro, recebe influência de

diversos componentes que também estão sob a influência de outros componentes, estando,

portanto, interdependentes” (ROSS, 2000). Semelhantemente, Barbosa et al. (2009)

mencionam que a possibilidade de uma área queimar dependerá da interação entre variáveis

distintas.

Assim, faz-se necessária a observação das características constantes (tipo do material

combustível e relevo) e variáveis (umidade do material combustível e as condições

climáticas) que influenciam na ignição, bem como na propagação do incêndio.

2.4.1 Variável humana

Segundo Heikkilä et al. (2010) as causas humanas que contribuem para a ocorrência

de incêndios estão divididas em categorias, dentre as quais destacam-se: i) as queimadas, que

estão associadas geralmente à limpeza do terreno; ii) os fumantes, que jogam pontas de

cigarro acessas onde há condições propícias a queimar, como beiras de estradas; iii) a

recreação, que diz respeito a fogueiras, candeeiros e velas mal apagadas e restos de lixo como

latas de alumínio e até lentes que convergem os raios solares para um único foco; iv) as

operações florestais, decorrentes de derramamento de combustíveis e emissão de faíscas; e, v)

aos incendiários dolosos, que são indivíduos com problemas psicológicos ou não que têm a

intenção de causar incêndios florestais.

A pressão exercida pela especulação de novas áreas para a agricultura e pecuária tem

contribuído bastante para o aumento e propagação de incêndios florestais (BATISTA, 2004).

A queima para limpeza e a presença de incendiários são as duas maiores causas de incêndios

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em plantios florestais (SOARES, 1992). No período de 1987 a 2001, no Parque Nacional da

Serra da Canastra, 47% das ocorrências registradas se deu pela ação criminosa de incendiários

(MEDEIROS; FIEDLER, 2003).

A influência do homem costuma ser bastante utilizada para determinar a possibilidade

de risco de incêndios florestais e essa pode ser dada com base em diversos aspectos tais como

densidade de casas por unidade de área, como feito por Jaiswal et al. (2002); distância de

áreas urbanas, como feito por Erten et al. (2004); e, densidade demográfica, como feito por

Oliveira et al. (2004).

A influência da presença humana pode ser relacionada a outras variáveis, como a

malha hidrográfica e a vegetação. Cunha-Neta e Oliveira (2011) relevam que inclinações

inferiores a 35º estão mais vulneráveis à ocorrência de aglomerados subnormais e, portanto,

mais sujeitas a ação do homem. Magalhães et al. (2011) também relacionam a presença de

localidades próximas a corpos hídricos “sobretudo, devido à necessidade fisiológica do ser

humano pela água, à presença de solos férteis nas regiões ribeirinhas, para cultivo, à

necessidade de irrigar plantações, estabelecimento de portos e, em certos casos, está associada

à topografia”, reafirmando novamente a influência exercida pela ação antrópica na

modificação da paisagem e, consequentemente, no aumento da susceptibilidade aos incêndios

florestais.

A variável vias de acesso pode ser considerada uma sub-variável resultante da ação

antrópica. A presença de veículos, animais e homens em vias criam oportunidades para

incêndios florestais acidentais ou não causados pelos homens (JAISWAL et al., 2002;

ERTEN et al., 2004), sendo que, de acordo com Chou et al. (1990), as estradas de maior

tráfego de veículos, as rodovias estaduais e federais, apresentam maior potencial de ignição

do que as estradas de menor tráfego de veículos, como as vicinais.

A análise dessa variável costuma ser dada em Distância Euclidiana (BOLFE et al.,

2004; HERNANDEZ-LEAL et al., 2006; CIPRIANI et al., 2011; TETTO et al., 2012), sendo

modificável a influência dos riscos conforme a distância das vias, porém outros autores como

Colorado (2002), Ribeiro et al. (2008) e Costa et al. (2009) já utilizaram a influência do raio

de proximidade (Buffer) para análise de risco.

Ressalta-se, para o momento do combate, que as estradas bem manufaturadas podem

ser um fator positivo, permitindo o acesso mais rápido de equipes brigadistas e de socorro

(CIPRIANI et al., 2011).

As estradas podem estar associadas a outras variáveis como o clima e o uso e

ocupação do solo. Conforme Ribeiro et al. (2012) “a existência de vias contribui para a

retirada de madeira, atuando, consequentemente, nas mudanças de microclima que podem vir

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a facilitar a entrada de fogo”, para o “acúmulo de material combustível às margens de vias

pavimentadas, não-pavimentadas, trilhas e linhas de trem” e para a abertura de novas áreas de

exploração agropastoril.

2.4.2 Variáveis topográficas

As variáveis topográficas reúnem fatores considerados constantes, já que mudanças na

superfície da terra em altas altitudes são resultantes de processos lentos de centenas a milhares

de anos, resultante da ação eólica e movimentos da crosta terrestre (LONGLEY et al., 2005).

A orientação das encostas (Norte, Leste, Nordeste Sul, Sudeste, Oeste, Sudoeste e

Noroeste), a inclinação (em porcentagem ou em graus) e a altitude costumam ser as variáveis

mais utilizadas para determinar o risco de incêndio florestal. Porém poucos trabalhos também

já apresentaram as variáveis sombreamento (SANTOS et al., 2010) e forma do terreno –

côncava ou convexa (SILVA et al., 2007; SOUZA et al., 2009; FERNANDES et al., 2011), na

determinação da influencia, tanto na ignição quanto na propagação, do fogo.

2.4.2.1 Inclinação

A inclinação exerce influência tanto na formação de microclimas como no tipo de

vegetação que se forma, que é explicada pela associação dessa variável às condições de vento,

umidade do ar e do material combustível (RIBEIRO et al., 2012). Além disso, o acúmulo de

água também é influenciado pela inclinação, de tal forma que áreas planas são mais propensas

a sofrer inundações do que áreas escarpadas (MAGALHÃES et al., 2011). Em adição, a

inclinação também exerce um importante papel dificultando a operação de supressão e

combate ao fogo (JAISWAL et al., 2002; CIPRIANI et al., 2011), uma vez que a inclinação

impede ou torna demorada a chegada de brigadistas ao local do incêndio florestal.

Devido ao movimento convectivo das massas no qual o “ar quente se eleva e o ar frio

ocupa o espaço vazio formado, suprindo a demanda de oxigênio na zona de combustão”

(ANDRADE et al., 2011), de acordo com Jaiswal et al. (2002), Erten et al. (2004) e Ribeiro et

al. (2012), a propagação do fogo costuma ser mais rápida em situações de aclive acentuado do

que em situações de declive. Na Austrália, em plantios de eucalipto, por exemplo, a

velocidade de propagação do fogo pode aumentar em progressão aritmética à medida que se

aumenta em 10 graus a inclinação do terreno (SOARES, 1984).

2.4.2.2 Altitude

A altitude representa uma variável ambiental que influencia no risco de incêndio

florestal devido a sua relação com a umidade relativa do ar, temperatura do ar

(HERNANDEZ-LEAL et al., 2006) e quantidade oxigênio, que se torna mais rarefeito na

medida em que a altitude aumenta. Segundo Neves et al. (2011), a altitude está indiretamente

relacionada à umidade do material combustível. Quanto maior a elevação, menor a

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temperatura do ar e maior o teor de umidade relativa do ar, e assim, menor influência na

evaporação da umidade do material combustível (SALAS; CHUVIECO, 1994).

A variável altitude, também referida como altimetria ou elevação, pode ser relacionada

à variável orientação das encostas. Segundo Oliveira (2002), as altitudes influenciam

diretamente na variação da taxa de energia solar incidida nas faces do terreno: quanto maior a

inclinação, maior a variação da energia solar recebida entre as faces, e consequentemente, a

influência da variável orientação das encostas sobre a susceptibilidade aos incêndios florestais

(PEZZOPANE et al., 2001).

2.4.2.3 Orientação das encostas

A análise da influência das orientações das encostas, também referida na literatura

como aspecto ou iluminação, exerce influência tanto na facilidade de ignição do material

combustível, como também na propagação do fogo, sendo essa relação, segundo Soares e

Batista (2007), proporcional à incidência dos raios solares na superfície. Quanto mais direta

for a incidência, maior será a temperatura do ar e menor será a umidade relativa do ar,

atuando diretamente no tipo de vegetação bem como na secura desse material combustível.

Torres et al. (2010) ressaltam que quanto menor for a umidade relativa do ar, menor é

a quantidade de nuvens formadas, e maior a quantidade de incidência solar e, portanto, maior

a predisposição à ignição e propagação.

2.4.3 Variável hidrografia

A influência da malha hidrográfica pode ser tanto entendida como uma influência

positiva ou como influência negativa, tornando essa análise subjetiva ao avaliador.

A influência positiva pode estar associada ao fornecimento de água, no momento de

combate ao incêndio florestal e, ou pode funcionar como aceiro, já que inibe a propagação do

incêndio florestal, podendo, a avaliação, se dar da mesma forma que o aceiro. Para isso,

conforme Soares (2000) a largura do rio deverá ser duas vezes superior à altura da vegetação

do entorno.

Negativamente, a influência está manifestada pela possibilidade de existir uma fonte

de fogo, já que as comunidades tendem a se desenvolverem relativamente próximo a cursos

d’água, assim como indivíduos tendem a acampar relativamente próximo às margens de

cursos d’água (RIBEIRO et al., 2008; RIBEIRO et al., 2012).

Quando utilizada, não muito frequentemente, essa variável costuma ser avaliada pela

análise de proximidade (Buffer).

Para uma avaliação ideal, recomenda-se que sejam obtidas informações dos córregos

presentes na área em estudo para que se tenha domínio, por exemplo, do teor de vazão, a

largura dos mesmos e se esses se apresentam intermitentes e, ou perenes. Numa condição

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positiva de sazonalidade, é interessante desenvolver metodologias de avaliação de risco para o

período mais seco e outra para o período com maior precipitação pluviométrica,

demonstrando, assim, a sua relação com as condições climáticas.

2.4.4 Variável material combustível

O material combustível é “qualquer material orgânico, vivo ou morto, no solo, sob ele

ou acima dele, capaz de entrar em ignição e queimar” (SOARES; BATISTA, 2007).

A influência do material combustível na susceptibilidade aos incêndios florestais pode

ser avaliada conforme o tipo, espessura e umidade, o arranjo (continuidade, compactação ou

densidade e distribuição vertical) e a sua quantidade. Em condição de queima, a vegetação

está mais relacionada à intensidade do fogo e à velocidade de propagação (SOARES;

BATISTA, 2007).

Em relação ao tipo, espessura e umidade, os combustíveis podem ser vivos ou mortos,

de diversas espécies, e de acordo com a sua espessura podem ser classificados em relação à

facilidade de perda de umidade e, consequentemente, facilidade para queimar.

Conforme Catry et al. (2010) a capacidade de células vegetais resistirem a altas

temperaturas irá depender da espécie a que pertence e em qual tecido está localizada na

planta. Geralmente as células dos tecidos vegetativos são sensíveis a temperaturas entre 50 e

55ºC, porém isso dependerá também do tempo de exposição a essas temperaturas (HARE,

1961; WRIGHT e BAILEY, 1982; apud Catry et al., 2010).

O que provoca injúria às árvores é a temperatura interna, próximo à base do tronco,

responsável pela morte do floema e do câmbio (BROWN; DAVIS, 1973; apud BORTELLO

JÚNIOR; MESQUITA, 1992).

Em relação ao tipo de material vegetativo, Ferreira et al. (2011) exemplificam que as

gramíneas apresentam alta inflamabilidade. Ribeiro et al. (2012) caracterizam a Savana como

vegetação de risco muito alto, principalmente quando associadas à presença de fazendas e

assentamentos, assim como às pastagens de risco extremo, em razão delas serem comuns em

margens de estradas e bordas de florestas, e serem manejadas com fogo para sua formação e

renovação.

Com relação a áreas de plantio de eucalipto, Borges et al. (2011) as classificam como

áreas de alto risco de incêndios florestais. Segundo esses autores “além da disponibilidade de

madeira, existe o depósito contínuo de folhas e galhos sobre a superfície do solo, provenientes

dos plantios e da vegetação de sub-bosque, o que permite a formação de uma manta orgânica

que serve como material combustível em incêndios florestais”. Ressalta-se que a morte de

árvores de eucalipto pode ainda ser percebida após 2 anos de ocorrência do incêndio florestal,

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devido a consequências indiretas do fogo, principalmente do ataque de patógenos (TOZZINI;

SOARES, 1986).

A espessura e a umidade do material combustível estão relacionadas à quantidade de

energia calorífica necessária para reduzir sua umidade e queimar. Ela pode ser classificada

como combustíveis de: i) de 1 hora de timelag2, correspondente aos combustíveis com

diâmetro inferior a 0,7cm; ii) de 10 horas de timelag², correspondente aos combustíveis com

diâmetro entre 0,7 e 2,5cm; e, iii) de 100 horas de timelag², correspondente aos combustíveis

com diâmetro entre 2,5 e 7,6cm (BATISTA, 1990; apud WHITE, 2010).

A quantidade de combustível a ser queimada é determinante na intensidade que o fogo

se propaga. Conforme já mencionado, numa ausência de material combustível, o incêndio

florestal cessa. Quanto maior a quantidade de material combustível apto a queimar, maior a

intensidade e propagação do incêndio, dificultando o combate do fogo (SOARES; BATISTA,

2007).

O arranjo espacial do material combustível reúne as abordagens de continuidade

horizontal e vertical, permitindo que incêndios se propagem para ambas as direções; e,

compactação ou densidade, relacionada à quantidade de ar entre as partículas, em que quanto

mais compactados, mais difíceis de queimar. Enfatiza-se que a distribuição vertical é aquela

que permite que um incêndio de superfície torne-se um incêndio de copa (SOARES;

BATISTA, 2007).

Quando utilizado na determinação espacial do risco de incêndio florestal, o material

combustível costuma ser avaliado pelo tipo de vegetação (COLORADO, 2002; OLIVEIRA et

al., 2004; ANDRADE et al., 2011; CIPRIANI et al., 2011) ou pelo uso e cobertura do solo

(JAISWAL et al., 2002; BARBOSA et al., 2009; FERNANDES et al., 2011; TETTO et al.,

2012). A diferença entre elas está na inclusão da presença de edificações, corpos d’água,

rochas e solo exposto.

Segundo Chou et al. (1993) áreas de solo exposto atuam como aceiros, possibilitando a

eliminação de um incêndio florestal naturalmente devido à ausência de combustível florestal.

Áreas “não queimáveis” são aquelas em que se encontram solo exposto, área urbana, presença

d’água e área com predomínio rochoso (COLORADO, 2002; JAISWAL et al., 2002;

FERNANDES et al., 2011).

Por outro lado, para que a área urbana seja considerada não inflamável, a mesma deve

ser isenta de quantidade “significante de vegetação suficiente para transportar e propagar o

2 Timelag - “Tempo de resposta à umidade é a quantidade de tempo para uma substância perder ou ganhar aproximadamente dois terços da umidade acima ou abaixo do seu conteúdo de umidade” (RIBEIRO, 1997; apud WHITE, 2010).

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incêndio florestal”, podendo ser essa mesma metodologia aplicada às áreas de predomínio

rochoso (COLORADO, 2002).

É interessante ressaltar que, em plantações de eucalipto, é comum atribuir-lhes o

coeficiente moderado (FERRAZ; VETORAZZI, 1998; FREIRE et al., 2002). Ressalta-se,

também, que florestas puras normalmente apresentam probabilidade de propagação do fogo

mais rápida do que florestas mistas, uma vez que quando se apresentar variação de espécies,

haverá variação na susceptibilidade à queima (SOARES, 2000).

Quando relacionada a outras variáveis, a cobertura vegetal exerce influência sobre a

formação de um microclima local. “Uma floresta densa e fechada intercepta a radiação solar,

reduzindo a temperatura do ar e do material combustível, bem como evita a livre passagem de

correntes de ar, reduzindo a velocidade do vento em seu interior”. Além disso, a copa densa e

fechada “funciona como uma barreira, diminuindo a evaporação e dificultando a secagem do

material combustível”, reduzindo, assim, os riscos de ignição e propagação de incêndios

florestais (SCHROEDER; BUCK, 1970; BROWN; DAVIS, 1973; PYNE, 1984; SOARES,

1985; apud NUNES et al., 2008).

2.4.5 Variáveis climáticas

Essas costumam ser analisadas em curtos espaços de tempo, demonstrando que se

constitui num parâmetro variável. Usualmente são utilizadas em cálculos diários de

probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, mas também podem ser usadas, suas

médias anuais, em estudos espaciais. Segundo Soares (1984), a possibilidade e a frequência

dos incêndios florestais estão fortemente relacionadas às condições atmosféricas locais,

revelando, assim, a importância de serem estudadas.

2.4.5.1 Temperatura

“A temperatura do ar influi direta e indiretamente na combustão e propagação dos

incêndios. Sua influência direta se refere à quantidade de calor necessária para elevar o

combustível à temperatura de ignição, que depende da própria temperatura inicial do material

combustível e do ar que está em volta. Indiretamente, a temperatura influencia outros fatores

relacionados à propagação do fogo tais como vento, umidade do combustível e a estabilidade

atmosférica” (SCHROEDER; BUCK,1970; SOARES, 1985; apud NUNES, 2005).

A temperatura do ar costuma ser avaliada no período mais quente do dia, que

normalmente é no período das 13 às 15 horas.

2.4.5.2 Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar está relacionada ao teor de umidade do material combustível.

Quanto mais úmido estiver o ambiente, menor a possibilidade de combustão do material

combustível e vice-versa.

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13

“A umidade relativa do ar é um importante elemento da biosfera. A baixa umidade

causa ressecamento de material combustível morto, gerando ambientes propícios à ocorrência

de incêndios florestais. Durante o aquecimento diário da superfície terrestre, a umidade

relativa do ar é geralmente mais baixa no fundo dos vales ou nas faces diretamente expostas à

incidência dos raios solares. À noite, as partes mais baixas, como o fundo dos vales, são

relativamente mais úmidas e a umidade relativa mínima ocorre na posição média do declive,

onde as temperaturas são mais altas” (SCHROEDER; BUCK, 1970; SCHUMACHER;

HOPPE, 2001; apud NUNES, 2005).

2.4.5.3 Precipitação pluviométrica

A precipitação é utilizada em diversos índices de determinação do risco de incêndio e

a sua ausência, assim como a sua acumulação, está relacionada à ocorrência e diminuição dos

riscos de incêndios, respectivamente. Longos períodos de estiagem afetam o potencial de

propagação de diversas maneiras, principalmente pela secagem progressiva do material

combustível morto, podendo inclusive afetar o teor de umidade da vegetação verde

(SOARES, 1985; apud NUNES, 2005). A depender da quantidade de chuva, essa variável

pode anular o risco de ocorrência de incêndio. Aragão e Shimabukuro (2010) relatam que a

ocorrência de incêndios florestais na Amazônia aumentou no período de 1998 e 2005 após

episódios de seca.

Além disso, é importante ressaltar que existe um “tempo de resposta” entre o período

em que logo se encerra a chuva e o período em que se iniciam as mesmas (SANTANA et al.,

2011). O princípio, assim como, a diminuição das ocorrências estão associados à perda

progressiva ou ao ganho progressivo de umidade do solo e do material combustível.

Tendo-se o conhecimento das principais variáveis que influenciam no risco de

incêndios florestais, dar-se-á a aplicação de sistemas de prevenção. Para a melhor utilização

dos recursos de prevenção é interessante saber quais métodos estão disponíveis e quais os que

funcionam melhor na região de interesse.

2.5 Sistemas de prevenção

“Na natureza, certamente, é bem menor o custo da prevenção de acidentes ecológicos

e de degradação generalizada do ambiente, do que corrigir e recuperar o quadro ambiental

deteriorado” (ROSS, 2000). Além disso, é mais interessante utilizar recursos financeiros para

prevenção do que para remediar os efeitos do fogo (RIBEIRO, 2004).

Nesse sentido, convém ressaltar que o objetivo em se estabelecer um plano de

prevenção é reduzir as ocorrências de incêndios florestais e minimizar os efeitos do fogo

(RIBEIRO, 2004). Semelhantemente, Soares e Batista (2007) conceituam prevenção como

“toda ação que visa evitar que o fogo ocorra e se propague”.

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14

Entretanto, para se chegar a esse estágio é preciso conhecer o perfil dos incêndios

florestais, isto é, saber por que (causa e histórico), quando (índices de risco) e onde

(zoneamento) ocorrem os incêndios florestais. “Os dados estatísticos sobre a ocorrência de

incêndios são fundamentais, não apenas para se conhecer o histórico e o perfil dos incêndios,

mas também para auxiliar no desenvolvimento de metodologias e sistemas de manejo ou

controle do fogo” (SOARES, 1992).

Segundo Neves et al. (2011), no Brasil, há duas formas que já vêm sendo utilizadas

para se avaliar o risco de incêndio florestal. A primeira diz respeito à análise de variáveis

dinâmicas, como a avaliação da probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, e a

segunda, relacionada à análise estrutural, como a determinação das áreas de maior risco a

partir da modelagem do risco.

2.5.1 Índices de risco

O conhecimento dos índices de probabilidade de ocorrência de incêndios é de

fundamental importância dentro de um plano de prevenção e combate, já que estimam,

antecipadamente, a sua ocorrência e a facilidade com que se propagam, de acordo com as

condições climáticas da região de interesse.

Para isso, são utilizadas variáveis meteorológicas que têm influência direta no vigor e

umidade da vegetação (NARCISO et al., 2011). Segundo os mesmos autores a precipitação

pluviométrica, a umidade relativa do ar e a temperatura do ar são as variáveis mais utilizadas

nos cálculos dos índices.

Tais índices são difundidos em todo o mundo e diversos estudos comprovam a sua

eficiência. Baseiam-se em variáveis de fácil obtenção, o que facilita a utilização pelo usuário,

bastando apenas de uma estação meteorológica e de uma calculadora ou computador para

efetuar os cálculos (DEPPE et al., 2004).

Os principais índices atualmente em uso e mais citados na literatura brasileira são:

Índice de Angstron, Índice Logarítmico de Telicyn, Índice de Nesterov, Índice de Rodríguez e

Moretti, Fórmula de Monte Alegre (FMA) e Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+). O

Brasil, sendo um país extenso com caracterizações distintas, apresenta diversos índices

propícios à predição da probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, cabendo ao

interessado, definir aquele que melhor se aplica à região.

Para isso, existem distintos métodos para avaliação da eficiência dos índices de risco

de incêndio florestal. O Skill Score de Heidke (HSS) é bastante difundido e utilizado por

autores como Sampaio (1999), Nunes (2005), Nunes et al. (2006), Nunes et al. (2007),

Mafalda et al. (2009), Torres et al. (2009), White (2010), White et al. (2011) e Borges et al.

(2011), que baseiam-se no valor do Skill Score (SS) e na Porcentagem de Sucesso (PS) para

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determinar o índice que melhor prediz o potencial de ignição e propagação do fogo no local

de estudo.

Na região Sul, Soares (1986) ao comparar quatro índices: Angstron, Logarítmico de

Telicyn, Nesterov e Fórmula de Monte Alegre, durante um período de 4 anos, obteve a FMA

como aquela que melhor previu as ocorrências de incêndios florestais. Na região Sudeste, para

o Estado de Minas Gerais, Mafalda et al. (2009) determinaram, para um período de

observação de 10 anos, entre os índices de Nesterov, Telicyn, FMA, P-EVAP (subtração da

Precipitação pela Evaporação) e EVAP/P (divisão da Evaporação pela Precipitação) o índice

EVAP/P como o que melhor prediz as ocorrências.

Narciso et al. (2011), na região Centro-Oeste, registrou dentre os índices de Angstron,

Logarítmico de Telicyn, Nesterov, FMA e FMA+, o índice Logarítmico de Telicyn como o

mais adequado para predição do fogo. Para a região Nordeste White (2010) determinou,

dentre os índices de Angstron, Logarítmico de Telicyn, Rodríguez e Moretti e as fórmulas de

Monte Alegre e Monte Alegre Alterada, o Índice de Angstron como aquele que melhor se

adequa à região.

Sabendo-se o índice que melhor prediz diariamente a probabilidade de ocorrência de

incêndios florestais, é interessante conhecer também quais os locais em que esses riscos mais

se intensificam, para que juntos possam otimizar as ações de prevenção e combate, reduzindo

tanto quanto possível a sua ocorrência e evitando danos ao patrimônio florestal e ecológico

(CUSINATO et al., 1989).

Para se estimar as áreas de risco, ou seja, os locais mais propensos à ocorrência de

incêndios florestais, a adoção de metodologia de zoneamento dessas áreas é recomendada. A

partir de diversas variáveis, tais como relevo, hidrografia, malha viária são determinadas

classes de risco que, uniformizadas e integradas, por meio da sobreposição de mapas

temáticos, resultam em um mapa com as regiões de maior risco de ocorrência de incêndios

florestais.

Nesse contexto, antes de abordar sobre a modelagem do risco, é interessante definir

alguns conceitos:

2.5.2 Conceitos

Segundo Fairbrother e Turnley (2005) a avaliação do risco, independente do que se

está sendo avaliado, é um processo que estima a probabilidade e a magnitude de ocorrência de

eventos indesejáveis. A avaliação irá integrar diferentes tipos de informações, respondendo a

questões como quais os diversos fatores de risco que podem afetar a avaliação.

Em relação à avaliação de áreas de risco de incêndio florestal, Erten et al. (2004)

conceituam essas áreas como setores que são propensos a iniciar uma chama e essa se

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propagar facilmente para outras áreas.

O risco de incêndio é composto pela susceptibilidade e pelo fator de ameaça a que está

submetido o ambiente, sendo que o fator de ameaça corresponde à existência de agentes

naturais e antrópicos que fornecem a chama inicial (energia calorífica) necessária para iniciar

o fogo, e à susceptibilidade que é caracterizada pelas condições em que se encontram o

material combustível, a topografia e as condições climáticas (CASTAÑEDA, 1997; apud

NUNES et al., 2008).

Sendo assim, neste trabalho, o risco é entendido como uma situação condicional: se

algo acontecer, pode desencadear outra, ou seja, se houver uma fonte de ignição e se as

condições do ambiente forem favoráveis, pode vir a ocorrer um incêndio florestal.

Os incêndios sempre vão ocorrer. Então, levanta-se a questão: o método de prevenção

implementado é suficiente para dar assistência técnica necessária, principalmente nas épocas

de maior risco (ANDREWS et al., 2007)? As equipes estão bem alocadas para chegar em

tempo mínimo às áreas de ocorrência e suprimir rapidamente o fogo? Tudo isso dependerá de

um planejamento estratégico (DALCUMUNE; SANTOS, 2005). A modelagem do risco é o

meio adequado para determinar as áreas de maior risco de incêndio florestal e, assim, entre

outros benefícios, alocar corretamente as equipes brigadistas de combate.

2.5.3 Modelagem de áreas de maior risco

Um modelo “refere-se a um conjunto de algoritmos que descrevem uma única

característica física de um incêndio, tais como a taxa de ignição ou a taxa de propagação. Ao

combinar esses modelos, programadores, criam assim um sistema de modelagem em

computador para produzir previsões e mapas” (ANDREWS et al., 2007).

As plataformas de SIG reúnem uma “coleção organizada de software, hardware e

dados geográficos para eficientemente capturar, armazenar, manipular, analisar e apresentar

todas as formas de informações referenciadas geograficamente” (RÖHM; CALIJURI, 1994;

apud CORSEUIL; MADRUGA, 1998).

Nesse sentido, as modelagens costumam ser realizadas em ambientes de SIG, ou seja,

em ambientes que facilitam a integração dados georreferenciados, permitindo uma

interrelação mais precisa dos dados, isto é, possuindo a localidade precisa de onde esses dados

surgem e onde resultaram os efeitos de sua integração.

Rivera-Lombardi (2001) e Silva et al. (2008) ressaltam que a avaliação individualizada

de cada variável não fornece informações suficientes para um planejamento eficiente,

necessitando, portanto, da integração dessas por meio do georrefrenciamento. Cada

informação, cada célula (pixel) dessa informação gerada representará a soma de atributos

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desta célula em cada plano de informação, agrupando assim todas as informações com os seus

respectivos pesos (PEZZOPANE et al., 2001).

A escolha das variáveis a serem utilizadas na modelagem do risco de incêndio florestal

pode resumir-se, conforme a sua escala temporal, em três grupos de mapas: estruturais ou de

longo prazo; dinâmicos ou de curto prazo, subdivididos ainda em acumulativos e não

acumulativos; e, integrados ou avançados (DEEMING et al., 1974; JCR, 2001; apud FREIRE

et al., 2002; CIPRIANI et al., 2011).

Dos tipos de modelagem utilizados no Brasil, os mapas estruturais e integrados

ganham destaque. Autores com Jaiswal et al. (2002), Erten et al. (2004), Dalcumune e Santos

(2005), Koproski et al. (2009), Andrade et al. (2011), Cipriani et al. (2011) e Tetto et al.

(2012) utilizaram apenas mapas estruturais, e outros como Pezzopane et al. (2001), Oliveira et

al. (2004), Silveira et al. (2008), Barbosa et al. (2009), Pelúzio et al. (2010), Fernandes et al.

(2011), Alves e Nóbrega (2011) fizeram utilização para mapas integrados.

Corseuli e Madruga (1998) destacam o uso do geoprocessamento no âmbito Florestal.

A utilização de Sensoriamento Remoto (SR) e Sistemas de Informações Geográficas (SIG)

permite, além de determinar as áreas de maior risco, realizar comparações entre o mapa de

incêndio florestal a outros tipos de risco como o de erosão e de áreas de preservação

permanente, que podem vir a ser utilizadas para determinar outras prioridades como a

proteção de espécies em risco em relação ao fogo (CHOU et al., 1993). Bolfe et al. (2004)

enfatizam, também, a utilização de plataformas SIG para a adequação de normas e legislações

para que a produção esteja adequada a abastecer os mercados mais exigentes, sem que as

adequações representem perdas de produção.

A ESRI (2012), fabricante do software ArcGIS, aborda diversas utilizações do SIG

para a área de incêndios florestais, tais como determinar áreas vulneráveis a incêndios

severos, identificar valores críticos em risco, predeterminar táticas e estratégias contra os

incêndios, produzir mapas-chave e análises para dar suporte a operações de combate ao fogo,

identificar e analisar o efeito negativo do fogo no ambiente que subsidiem planos de

reabilitação, e informar à comunidade sobre fechamento de rodovias e áreas arriscadas.

Para países de grande extensão territorial, como o Brasil, o monitoramento dos

incêndios florestais, em nível nacional e em escalas regionais, através de imagens de satélites

é o meio mais eficiente e de baixo custo, quando comparado com os demais meios de

detecção (BATISTA, 2004). Entretanto para a análise do risco em fragmentos florestais,

Vettorrazi e Ferraz (1998) recomendam a escala regional ou local, sendo a regional abordando

diversos fragmentos de uma bacia hidrográfica ou de um município, por exemplo; e, em

escala local, dando-se atenção a particularidades de um fragmento. Nesse sentido, é

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importante chamar a atenção à escolha das variáveis e a ponderação dada a elas na avaliação

das áreas de maior risco, pois alteram o resultado final do mapa de risco.

Na literatura existem autores que fizeram uso de distintas variáveis, a exemplo da

utilização de áreas queimadas como pontos de reincidência e, ou áreas de maior

susceptibilidade aos incêndios florestais (COSTA et al., 2009; LEITE et al., 2010); uso das

variáveis deficiência hídrica, evapotranspiração, precipitação pluviométrica e temperatura

para elaborar o mapa preliminar de risco “hidrometeorólogico” (PELUZIO et al., 2010); mapa

preliminar da variável umidade do material combustível (OLIVEIRA et al., 2004); avaliação

diferenciada integrando preliminarmente a variável acumulação de fluxo da água ao mapa de

inclinação (NEVES et al., 2010); variável face de exposição ao vento (SILVEIRA et al.,

2008); e, utilização da variável queima de lixo na determinação das áreas de risco de incêndio

florestal (SOUZA et al., 2009).

Para a espacialização de áreas de risco de incêndios florestais, é importante que se faça

a ponderação das variáveis, sendo que a ferramenta AHP, desenvolvida por Saaty (1977) foi a

mais objetiva (RIVERA-LOMBARDI, 2001). Monteiro (1998) salienta a necessidade de

validar a utilidade dos resultados da modelagem, comparando, por exemplo, as situações reais

de incêndio, como fizeram Jappiot (1996), Jaiswal et al. (2002), Oliveira et al. (2004).

Diante do exposto fica claro que o mapa de modelagem de risco, associado a

probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, constituem-se em métodos eficazes para

prevenção, pré-supressão e combate de incêndios florestais.

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3 ARTIGO 1

Probabilidade de ocorrência de incêndios florestais em povoamentos de eucalipto no

município de Inhambupe, Bahia

White, Larissa Alves Secundo1; Ribeiro, Genésio Tâmara2; White, Benjamin Leonardo Alves3

1 Engenheira Florestal, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (NEREN), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus São Cristóvão, Av. Mal. Rondon, Jardim Rosa Elze São Cristóvão - SE, 49100-000. [email protected] 2 Engenheiro Florestal, Dr., Professor Associado do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus São Cristóvão, Av. Mal. Rondon, Jardim Rosa Elze São Cristóvão - SE, 49100-000. Tel.: (79) 21056929. 3 Biólogo, Doutorando do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus São Cristóvão, Av. Mal. Rondon, Jardim Rosa Elze São Cristóvão - SE, 49100-000.

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PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO FLORESTAL EM

POVOAMENTOS DE EUCALIPTO NO MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, BAHIA

PROBABILITY OF FOREST FIRE OCCURRENCE IN EUCALYPTUS STANDS ON THE CITY OF INHAMBUPE, BAHIA

RESUMO

Os índices de risco quantificam diariamente a possibilidade de ocorrência de incêndios florestais, distribuindo essa possibilidade em classes de risco. Eles são bastante difundidos nos diversos segmentos do setor florestal, com o objetivo de aprimorar a distribuição dos recursos de prevenção aos incêndios florestais. Dentre os diversos índices existentes, foram selecionados seis com base em referencial bibliográfico, facilidade de aplicação e disponibilidade de dados: Índice de Angstron, Índice Logarítmico de Telicyn, Índice de Rodríguez e Moretti, Índice de Nesterov, Fórmula de Monte Alegre e Fórmula de Monte Alegre Alterada, com o intuito de verificar aquele(s) que mais se adequa(m) à região em estudo, ou seja, aquele(s) que apresenta(m) um maior percentual de acerto, ao relacioná-los aos registros de ocorrência de incêndios florestais. Esse percentual foi dado com base na avaliação Skill Score de Heidke, que avalia, entre outros parâmetros, o Skill Score (SS), a Porcentagem de Sucesso (PS), o Percentual de Detecção Correta (PDC) e o Percentual de Detecção Falsa (PDFA). Na região estudada, observou-se que o Índice Logarítmico de Telicyn e a Fórmula de Monte Alegre ajustada são adequados para indicar a probabilidade de ocorrência de incêndio florestal na microrregião do município de Inhambupe, litoral norte do Estado da Bahia.

Palavras-chave: Nordeste do Brasil; Proteção Florestal; Índices de Risco

ABSTRACT

The risk indexes quantify daily the possibility of forest fire occurrence, distributing this possibility in classes of risk. They are widely extended into different segments of the forest sector, with the objective of improving the distribution of resources to prevent forest fires. Among the indexes, six were selected, based on bibliographic references, aplicability and data availability: Angstron Index, Logarithmic of Telicyn Index, Rodríguez and Moretti Index, Nesterov Index, Formula de Monte Alegre and Formula de Monte Alegre Altered. These indexes have the aim to check those who most suited the region under study, ie, those that have a higher percentage of accuracy, when related to the registers of forest fires occurrence. This percentage was given based on the evaluation of the Heidke Skill Score, which assesses, among other parameters, the Skill Score (SS), Percentage of Success (PS), Percentage Correct Detection (PDC) and Percentage of False Detection (PDFA). In the study area, it was observed that the indices of Telicyn, and Formula Monte Alegre adjusted are adequate to indicate the probability of forest fire in the microregion of the city of Inhambupe, north coast of Bahia.

Key-word: Northeast of Brazil; Forest Protection; Fire Prediction

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1 INTRODUÇÃO

A ocorrência de fogo nos ecossistemas pode ser natural ou de causa antrópica, e para

que esse evento se desenvolva bastam apenas três componentes básicos: uma fonte de ignição,

natural ou antrópica, um material combustível e um gás comburente, como o oxigênio. No

setor florestal, o material combustível é representado pelos distintos tipos e classes de

vegetação.

O fogo não é obrigatoriamente maléfico aos ecossistemas. No cerrado e nas florestas

naturais de Pinus, por exemplo, o fogo influencia na perpetuação das espécies nativas,

contribuindo para o rompimento da dormência da semente, formação de clareiras e redução

natural do material combustível.

Porém, até mesmo nesses ecossistemas, o fogo também pode representar uma fonte de

degradação. Esse fato se dá principalmente pelo papel que o homem exerce sobre a alteração

de paisagens naturais, em que, em sua maioria, rompe o equilíbrio dinâmico, deixando-os

mais susceptíveis à erosão, incêndios, pragas etc., convergindo, entre outros impactos

negativos, à intensificação das ocorrências de incêndios florestais.

No setor privado, como em plantios de Pinus e eucalipto, a destruição decorrente de

incêndios florestais tem efeitos imediatos de cunho social, ambiental e econômico que

resultam no decréscimo financeiro. Além de prejudicar o planejamento florestal, a combustão

consome ou pode danificar a matéria prima, infraestruturas e ferramentas, como também,

pode causar doenças respiratórias, queimaduras ou até a morte de funcionários ou de

indivíduos de comunidades vizinhas.

Toda essa susceptibilidade ao patrimônio florestal leva a necessidade de uma política

efetiva de prevenção, pré-supressão e controle de incêndios florestais, especialmente em

regiões que possuem uma susceptibilidade mais concreta devido às condições climáticas, tipo

de vegetação, entendido como material combustível, e antropização acentuada, assim como se

caracteriza o município de Inhambupe.

Tratando-se de métodos de prevenção, existem metodologias de arranjo temporal e, ou

espacial que estimam o potencial de ignição ou propagação a que uma paisagem esteja sujeita.

Dentre as metodologias, os índices de risco de incêndios florestais permitem predizer

antecipadamente o quão susceptível está uma determinada área por meio da utilização de

variáveis meteorológicas de fácil obtenção, contribuindo, assim, para um adequado manejo

dos recursos de prevenção, seja em escala diária ou estacional.

Na literatura existem diversos índices de risco que avaliam diariamente a

probabilidade de ocorrência de incêndio florestal. Apesar de ser comum em outros países

como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Austrália apresentarem um índice que avalie o

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potencial de ignição e propagação em toda a sua extensão territorial, no Brasil, essa condição

é inexistente. Além disso, poucos estudos são realizados com essa temática no território

nacional, especialmente na região Nordeste.

Visando à prevenção de incêndios florestais e, consequentemente, otimização da

utilização dos recursos de prevenção, procurou-se, então, realizar uma avaliação da

probabilidade de ocorrência existente no município de Inhambupe por meio de índices de

risco de fácil utilização, comumente encontrados em trabalhos brasileiros, com o intuito de

verificar qual(is) do(s) índice(s) de risco apresenta(m) maior semelhança entre a condição de

probabilidade de ocorrência de incêndio florestal prevista e a condição real em povoamentos

de eucalipto localizados no município de Inhambupe, no litoral norte do Estado da Bahia.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área

Os povoamentos de eucalipto encontram-se distribuídos no município de Inhambupe,

localizado no litoral norte do Estado da Bahia, entre as coordenadas Latitude Sul 11º78’ e

Longitude Oeste 38º35’ (Figura 1).

Figura 1 – Localização geográfica da área em estudo

O município apresenta densidade demográfica de 29,70 hab./km² e área total de 1223

km², no qual estão presentes os biomas de Caatinga e Mata Atlântica (IBGE, 2010b), com

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vegetação de contato Cerrado/Caatinga, Cerrado Arbóreo Aberto e Gramíneo Lenhoso, sem

Florestas de Galeria (RADAMBRASIL, 1981-1983 apud SEI, 2012a; SEI, 2003), e vegetação

de contato Cerrado/Floresta Estacional3.

Dentre os rios presentes o rio de Inhambupe recebe destaque. De acordo com SEI

(2003) grande parte da vegetação de cerrado, localizada à margem direita do Rio Inhambupe

foi substituída por extensas áreas de agricultura e pecuária, contudo encontram-se, também,

extensas áreas de plantios de eucalipto.

O município apresenta clima do tipo megatérmico seco a subúmido e semiárido, com

temperatura média anual de 24ºC, precipitação pluviométrica média anual de 917mm e

período mais chuvoso de abril a junho (SEI, 1997; VIEIRA et al., 2005), e altitude de 179m

(SEI, 2012b). Além disso, o relevo é caracterizado como suavemente ondulado a plano4,

apresentando Tabuleiros Interioranos e Tabuleiros do Itapicuru (Ceplab, sem data apud SEI,

2012c).

2.2 Aquisição dos dados

A avaliação do potencial de ignição e, ou propagação do fogo se deu pela relação entre

variáveis meteorológicas e o histórico de ocorrências de incêndios florestais, dados estes

fornecidos pela empresa Bahia Specially Cellulose (BSC), localizada no município de

Inhambupe. As variáveis climáticas necessárias para aplicação dos índices foram a

temperatura do ar, em graus Celsius (ºC), às 13 horas; umidade relativa do ar, em

porcentagem (%), às 13 horas; precipitação pluviométrica, em milímetros (mm), diária total;

velocidade do vento, em quilômetros por hora (km/h), pontual; e, o histórico de ocorrências

de incêndios florestais registrados nos povoamentos de eucalipto da empresa BSC, necessário

para verificar a eficiência dos índices.

Tendo em vista que na literatura referida para comparações de índices de risco de

incêndios florestais não há um método padronizado na escolha dos índices e do período a ser

analisado para determinação daquele(s) mais eficiente(s), buscou-se, então, utilizar o período

de avaliação conforme a disponibilidade de dados de todas as variáveis analisadas. Dessa

forma, foram utilizados dados referentes aos anos de 2002 a 2009, totalizando 8 (oito) anos de

observação.

2.3 Índices de risco de incêndio florestal

Com o intuito de verificar qual(is) do(s) índice(s) de risco apresenta(m) maior

semelhança entre a condição de probabilidade de ocorrência de incêndio florestal prevista e a

condição real, os índices de Angstron, Logarítmico de Telicyn, Nesterov, Rodríguez e

3 Dados não publicados fornecidos pela empresa Bahia Specially Cellulose (BSC) 4 Dados não publicados fornecidos pela empresa Bahia Specially Cellulose (BSC)

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Moretti, e as fórmulas de Monte Alegre e Monte Alegre Alterada foram avaliados.

2.3.1 Índice de Angstron (B)

Desenvolvido na Suécia por Angstron em 1952, é um índice não acumulativo que

utiliza para o cálculo diário de risco de incêndio florestal as variáveis: umidade relativa do ar

e temperatura do ar, ambas às 13 horas. Os valores obtidos a partir da utilização da equação

[1] apresentam interpretação binária, ou seja, haverá ou não risco de incêndio florestal para o

dia analisado. Assim, quando seu valor for superior a 2,5 interpreta-se que não há risco de

incêndio florestal, enquanto que resultados inferiores ou iguais a 2,5 interpretam-se como

arriscado. [1]

Em que:

H – umidade relativa do ar às 13 horas, em porcentagem T – temperatura do ar às 13 horas, em graus Celsius

2.3.2 Índice Logarítmico de Telicyn (I)

Desenvolvido na ex-URSS por Telicyn em 1970, é um índice acumulativo que utiliza

para o cálculo diário de risco de incêndio florestal as variáveis diárias temperatura do ar às 13

horas, em graus Celsius; temperatura do ponto de orvalho, em graus Celsius; umidade relativa

do ar às 13 horas, em porcentagem; e, precipitação pluviométrica diária, em milímetros.

Apesar dessas duas últimas variáveis não estarem inseridas na equação [2], ambas são

utilizadas indiretamente no cálculo desse índice. ∑ [2]

Em que:

T = temperatura do ar às 13 horas, em graus Celsius r = temperatura do ponto de orvalho, em graus Celsius log = logaritmo na base 10

A umidade relativa do ar em conjunto com a temperatura do ar possibilita a obtenção

do valor de temperatura do ponto de orvalho diária, por meio da equação [3] elaborada por

Proença (2002). [ ] [ ] [ ]

Em que:

T0 – temperatura de ponto de orvalho, em graus Celsius T – temperatura do ar às 13 horas, em graus Celsius H – umidade relativa do ar às 13 horas, em porcentagem

A precipitação pluviométrica atua como fator limitante na somatória dos valores

[3]

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25

diários de probabilidade de ocorrência de incêndio florestal, sendo que essa limitação ocorre

quando a precipitação pluviométrica diária atinge ou ultrapassa o valor de 2,5mm, retomando-

se a somatória somente após a precipitação pluviométrica diária apresentar condição inversa.

Ressalta-se que nos dias em que houver qualquer precipitação pluviométrica o valor do índice

do dia, a ser utilizado na somatória, será 0 (zero).

A interpretação da somatória diária da probabilidade de ocorrência de incêndio

florestal é baseada na Tabela 1.

Tabela 1 - Interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice Logarítmico de Telicyn

Valor de I Classes de risco

≤ 2,0 Nenhum 2,1 a 3,5 Pequeno 3,6 a 5,0 Médio > 5,0 Alto

2.3.3 Índice de Nesterov (G)

Desenvolvido na ex-URSS e aperfeiçoado na Polônia por Nesterov em 1949, é um

índice acumulativo que utiliza para o cálculo diário de risco de incêndio florestal as variáveis:

temperatura do ar às 13 horas, em graus Celsius; déficit de saturação do ar, em milibares;

pressão máxima de vapor d’água, em milibares; umidade relativa do ar às 13 horas, em

porcentagem; e, a precipitação pluviométrica diária, em milimetros. As variáveis temperatura

do ar e o déficit de saturação de ar estão presentes na equação [4] do Índice de Nesterov. ∑ [4]

Em que:

d = déficit de saturação do ar em milibares t = temperatura do ar, em graus Celsius

Para obtenção do déficit de saturação do ar, é necessário utilizar as variáveis pressão

máxima de vapor d’água e umidade relativa do ar, conforme equação [5]. ⁄ [5]

Em que:

di = déficit de saturação do ar, em milibares E = pressão máxima de vapor d’água, em milibares H = umidade relativa do ar às 13 horas, em porcentagem

A precipitação pluviométrica atua como fator limitante ao acúmulo diário dos valores

de risco conforme Tabela 2.

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Tabela 2 - Restrições à somatória do Índice de Nesterov, de acordo com a precipitação pluviométrica diária

Chuva do dia (mm) Modificação no cálculo

≤ 2,0 Nenhuma 2,1 a 5,0 Abater 25% do G calculado na véspera e somar ao G do dia 5,1 a 8,0 Abater 50% do G calculado na véspera e somar ao G do dia 8,1 a 10,0 Zerar somatória para o dia, ou seja, o G do dia será "0”

A interpretação dos valores diários de probabilidade de ocorrência de incêndio

florestal é baseada na Tabela 3.

Tabela 3 - Interpretação do risco de incêndio florestal do Índice de Nesterov

Valor de G Classes de risco

≤ 300 Nenhum risco 301 a 500 Risco pequeno 501 a 1000 Risco moderado 1001 a 4000 Grande risco > 4000 Altíssimo risco

2.3.4 Índice de Rodríguez e Moretti

Rodríguez e Moretti (1988) desenvolveram esse índice para determinar o risco de

incêndio florestal na região Andino-Patagônica. Esse índice atribui um valor aos intervalos de

classes das variáveis temperatura do ar, em graus Celsius, e umidade relativa do ar, em

porcentagem, ambas às 15 horas; velocidade do vento pontual, em quilômetro por hora,

número sequencial de dias sem chuva (Tabela 4). Além disso, utiliza a precipitação

pluviométrica diária, em milimetros. Os valores diários de risco de incêndio florestal

resultarão da somatória diária desses valores aplicados a cada uma das variáveis.

Tabela 4 - Valores específicos para cada intervalo de classe das respectivas variáveis

Acumulador 1 Acumulador 2 Acumulador 3 Acumulador 4

Temperatura Índice Vento Índice Umidade Índice Dias s/ chuva

Índice

< 10 2,50 < 3,0 1,50 ≥ 80 2,50 1 3,50 10 - 11,9 5,00 3,0 - 5,9 3,00 79 - 75 5,00 2 - 4 7,00 12 - 13,9 7,50 6,0 - 8,9 4,50 74 - 70 7,50 5 - 7 10,5 14 - 15,9 10,5 9,0 - 11,9 6,00 69 - 65 10,5 8 - 10 14,0 16 - 17,9 12,5 12,0 - 14,9 7,50 64 - 60 12,5 11 - 13 14,5 18 - 19,9 15,5 15,0 - 17,9 9,00 59 - 55 15,0 14 - 16 21,0 20 - 21,9 17,5 18,0 - 20,9 10,5 54 - 50 17,5 17 - 19 24,5 22 - 23,9 20,0 21,0 - 23,9 12,5 49 - 45 20,0 20 - 22 28,0 24 - 25,9 22,5 24,0 - 26,9 13,5 44 - 40 22,5 23 - 25 31,5 ≥ 26 25,0 ≥ 27,0 15,0 ≤ 39 25,0 ≥ 26 35,0

A precipitação pluviométrica superior a 2mm atua como um fator limitante (Tabela 5).

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Tabela 5 - Restrições ao Índice de Rodríguez e Moretti de acordo com a precipitação pluviométrica diária

Dias c/ chuva > 2mm Modificação no cálculo

1 Acumulador “Dias s/ chuva” recebe valor igual a 0 (zero) 2 Abater 20% no valor da somatória do dia 3 Abater 40% no valor da somatória do dia 4 Abater 60% no valor da somatória do dia 5 Abater 80% no valor da somatória do dia 6 Zerar a somatória

A somatória deverá ser retomada quando houver interrupção na sequência de dias com

precipitação pluviométrica igual ou superior a 2mm. Ressalta-se que a amplitude a que os

valores dos somatórios diários podem chegar é de 0 a 100, sendo divididos em quatro classes

para a sua interpretação (Tabela 6).

Tabela 6 - Interpretação do risco de incêndio florestal do Índice de Rodríguez e Moretti

Valor de R&M Classes de risco

0 – 24 Leve 25 – 49 Moderado 50 – 74 Alto 75 – 100 Extremo

Para utilizar as variáveis temperatura do ar e a umidade relativa do ar, às 15 horas,

precisou-se realizar estimativas para esse horário. A estimativa da umidade relativa do ar às

15 horas se deu pela utilização da equação [6], desenvolvida por Nunes et al. (2005), e a

estimativa da temperatura do ar às 15 horas se deu pela utilização da equação [7]5

desenvolvida para essa finalidade, apresentando nível de significância R² 0,86 e p < 0,001. ⁄ [6]

Em que:

UR15 – umidade relativa do ar às 15 horas, em porcentagem UR13 – umidade relativa do ar às 13 horas, em porcentagem [7]

Em que:

T15 – temperatura do ar, às 15 horas, em graus Celsius T13 – temperatura do ar, às 13 horas, em graus Celsius

2.3.5 Fórmula de Monte Alegre (FMA)

Soares (1972) desenvolveu essa fórmula no Paraná, Brasil. É um índice acumulativo 5 Regressão linear desenvolvida por White, B. L. A. utilizando 522 dias da base de dados da plataforma automatizada de coleta de dados meteorológicos “Gbarbosa/UFS”, que está localizada no município de Itabaiana, Sergipe.

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28

que utiliza as variáveis precipitação pluviométrica diária, em milímetros, e, umidade relativa

do ar às 13 horas, em porcentagem. A precipitação pluviométrica mesmo não presente na

equação [8], atua como fator limitante na somatória diária de risco de incêndio florestal

(Tabela 7). ∑ ⁄ [8]

Em que:

Hi – umidade relativa do ar às 13 horas, em porcentagem

Tabela 7 - Restrições da Fórmula de Monte Alegre (FMA) e Monte Alegre Alterada (FMA+) em função da quantidade de chuva do dia

Chuva do dia (mm) Modificação no cálculo

≤ 2,4 Nenhuma 2,5 a 4,9 Abater 30% na FMA da véspera e somar FMA do dia. 5,0 a 9,9 Abater 60% na FMA da véspera e somar FMA do dia. 10,0 a 12,9 Abater 80% na FMA da véspera e somar FMA do dia. > 12,9 Zerar o FMA do dia, ou seja, FMA = 0.

A Fórmula de Monte Alegre também é interpretada por classes de risco (Tabela 8).

Tabela 8 - Interpretação do risco de incêndio florestal da Fórmula de Monte Alegre (FMA)

Valor de FMA Classes de risco

≤ 1,0 Nulo 1,1 a 3,0 Pequeno 3,1 a 8,0 Médio 8,1 a 20,0 Alto > 20,0 Muito alto

2.3.6 Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+ )

Desenvolvida no Estado do Paraná, Brasil, por Nunes em 2005, essa fórmula

representa o acréscimo da variável velocidade do vento à Fórmula de Monte Alegre. Utiliza,

portanto, as variáveis precipitação pluviométrica diária, em milímetros, umidade relativa do ar

às 13 horas, em porcentagem, e velocidade do vento, em metros por segundo, conforme

equação [9]. ∑ ⁄ [9]

Em que:

H = umidade relativa do ar às 13 horas, em porcentagem v = velocidade do vento às 13 horas, em metros por segundo e = base dos logaritmos naturais (2,718282)

Segundo Nunes (2005), a introdução da variável velocidade do vento acrescenta, à

avaliação, o potencial de propagação do fogo. A precipitação pluviométrica diária atua como

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fator limitante na somatória diária do risco de incêndio florestal, sendo as classes e as

restrições atribuídas idênticas à Fórmula de Monte Alegre (Tabela 7).

Porém, em relação à interpretação do risco de incêndio florestal, Nunes (2005) atribui

novos intervalos de classe (Tabela 9).

Tabela 9 - Interpretação do risco de incêndio florestal da Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+)

Valor de FMA+ Classes de risco

≤ 3,0 Nulo 3,1 a 8,0 Pequeno 8,1 a 14,0 Médio 14,1 a 24,0 Alto > 24,0 Muito alto

2.4 Eficiência dos índices de risco de incêndio florestal

O Skill Score de Heidke (HSS) baseia-se no valor do Skill Score (SS) e na

Porcentagem de Sucesso (PS) para determinar o índice que melhor prediz o potencial de

ignição e propagação do fogo no local de estudo.

O HSS permite analisar as relações entre a quantidade de dias previstos corretamente e

erroneamente, e a quantidade de ocorrências ou ausência de incêndios florestais. Todos os

dias avaliados são reunidos em uma tabela de contingência (Tabela 10) em que se analisa a

comparação entre dias previstos e observados (a), dias previstos e não observados (b), dias

não previstos e observados (c) e dias não previstos e não observados (d).

Tabela 10 - Tabela de contingência do Skill Score de Heidke

Contingência Observados

Total Sim Não

Previstos Sim a b Np,s = a + b Não c d c + d

Total No,s = a + c No,n = b + d Nt = a + b + c + d

Para dar continuidade ao teste e obter o valor do SS e da PS, são realizados cálculos

prévios, a saber: o número total de observações (Nt), o número de acertos na previsão (G), o

número de dias com observações afirmativas (No,s), o número de dias com previsões

afirmativas (Np,s), e o número esperado de acertos (H).

O valor de Nt equivale ao número total de dias observados, independente da condição

de ocorrência ou não de fogo. O valor de G é dado pela somatória das células “a” e “d”, ou

seja, somatória da quantidade de dias que preveem corretamente dias previstos e observados

(a) e dias não previstos e não observados (d). Para obter o valor de número esperado de

acertos (H), adquirido pela equação [12], inicialmente é calculado o valor do (P) e do (Q)

pelas equações [10] e [11].

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30

[10] [11] [12]

Análises complementares podem ser realizadas tal como a probabilidade de detecção

correta (PDC) e a probabilidade de falso alarme (PDFA), sendo ideal, em ambas as

probabilidades, obter valores próximos de 1 (GHELLI, 2009; FREI, 2011). A probabilidade

de detecção é dada pela divisão das previsões afirmativas corretas (a) pelo número de dias

com observações afirmativas (No,s), conforme equação [13], e a probabilidade de falso alarme

é dada pela divisão das previsões dias previstos e não observados (b) pelo número de dias

com observações negativas (No,n), conforme equação [14]. ( )⁄ [13] [14]

Uma vez que a análise realizada por meio do Skill Score de Heidke utiliza variação

entre ocorrências [0, 1] e previsões [0,1], conforme Sampaio (1999) e Nunes (2005), uma

adaptação às classes de risco dos índices Logarítmico de Telicyn, Nesterov, Rodríguez e

Moretti e às fórmulas de Monte Alegre e Monte Alegre Alterada deve ser realizada (Tabela

11). Dessa forma, todos os valores diários apresentados nos respectivos índices que se

encaixem na condição “Sem risco” recebem valor 0 (zero) e na condição “Com risco”

recebem valor 1. O Índice de Angstron, sendo binário, não necessita de adaptações.

Tabela 11 - Adaptação das classes de risco para utilização do Skill Score de Heidke

Índice Com risco Sem risco

Índice de Angstron ≤ 2,5 > 2,5 Índice de Logarítmico de Telicyn ≥ 3,6 < 3,6 Índice de Nesterov ≥ 501 < 501 Índice de Rodríguez e Moretti ≥ 25 < 25 Fórmula de Monte Alegre ≥ 3,1 < 3,1 Fórmula de Monte Alegre Alterada ≥ 8,1 < 8,1

3 RESULTADOS

A aplicação dos índices de risco de incêndio florestal aos dados meteorológicos e do

histórico de ocorrências de incêndios, referentes ao município de Inhambupe, resultaram de

observâncias da estatística descritiva dos dados obtidos, para a formulação do calendário de

risco e associação do histórico de ocorrências às variáveis meteorológicas; e, da utilização dos

índices de risco de incêndio florestal e do Skill Score de Heidke, para a predição da

probabilidade de ocorrência de incêndio florestal e avaliação da eficiência dos índices.

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31

3.1 Calendário de risco de incêndio florestal

A elaboração desse calendário se deu mediante observância em comum dos resultados

das avaliações dos índices analisados, em que os meses que obtiveram maior(es) classe(s) de

risco, representam os meses mais arriscados, e aqueles que obtiveram menor(es) classe(s) de

risco, representaram os meses menos arriscados (Tabela 12).

Tabela 12 - Calendário anual de risco de incêndios florestais de acordo com os índices de Angstron, Logarítmico de Telicyn, Nesterov, Rodríguez e Moretti, e as fórmulas de Monte Alegre e Monte Alegre Alterada

Meses mais arriscados Dezembro

Janeiro, Novembro Fevereiro, Março Outubro Abril Setembro Agosto Maio Julho

Meses menos arriscados Junho

Os meses de Novembro, Dezembro e Janeiro compõe o trimestre com maior risco de

incêndio florestal. No semestre de maior risco, composto pelos meses de Outubro, Novembro,

Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março, recomenda-se a intensificação das ações de

prevenção, tais como a construção de aceiros e educação ambiental nas comunidades do

entorno.

Publicações como de Zaicovski et al. (2000) e Deppe et al. (2004), ambas realizadas

na região sul, no Estado do Paraná, atribuem os meses de maio, junho, julho e agosto como o

período de maior risco de incêndios florestais. Silva et al. (2001), na região Centro-Oeste, no

Distrito Federal, atribui o período de junho, julho, agosto e setembro como os meses de maior

risco de incêndio florestal. Para a região sudeste, no Estado de Minas Gerais, Mafalda et al.

(2009) e Torres et al. (2010) atribuem essa probabilidade aos meses junho, julho, agosto,

setembro e outubro. Já Brandão (2010), através de estudos realizados no Estado do Rio de

Janeiro, atribuem os meses de maio, junho, julho, agosto e setembro como os meses de maior

risco de ocorrência de incêndio florestal.

Já na região Nordeste, esse período tende a ser no final do ano. Santana et al. (2011),

no Estado do Rio Grande do Norte, atribui os meses de agosto, setembro, outubro e novembro

como os meses que apresentam maior risco de incêndio florestal. Já White (2010), no Estado

de Sergipe, atribui o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro como o período de maior risco de

incêndio florestal.

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32

Essa condição se assemelha bastante à observada para a região de Inhambupe,

localizada no Estado vizinho, o que pode explicar em parte essa semelhança. Conforme o

Relatório de ocorrência de incêndios em Unidades de Conservação Federais (R.O.I.U.C.F.,

2007) também se observa que, no Nordeste, a época em que se concentram os incêndios tende

a ser mais pronunciada ao término e início do ano, nos meses de dezembro e janeiro.

Relacionando o calendário obtido por meio dos índices de risco de incêndio florestal

ao calendário elaborado por meio do histórico de ocorrências de incêndios florestais, fica

evidente a semelhança entre os meses que compõem os semestres de maior e menor risco de

incêndio florestal (Tabela 13), evidenciando a confiabilidade que pode ser dada a esses

índices de risco.

Tabela 13 - Calendário anual do risco de incêndios florestais de acordo com o histórico de ocorrências de incêndios florestais

Meses mais arriscados Janeiro

Fevereiro Dezembro Novembro Março e Outubro Abril Maio Setembro Julho e Agosto

Meses menos arriscados Junho

Com relação ao trimestre de maior risco de incêndio florestal, percebe-se uma

alteração do mês de novembro pelo mês de fevereiro. No calendário baseado nos índices, a

ausência do mês de fevereiro pode se dar pela utilização da precipitação pluviométrica como

um fator limitante no cálculo do risco diário de incêndio florestal, evidenciando um atraso no

tempo de resposta da influência dessa variável na inflamabilidade dos combustíveis florestais.

Torres et al. (2010) e Santana et al. (2011) explicam que, mesmo ao iniciar o período

chuvoso, pode demorar um(ns) mês(es) para aumentar umidade do material combustível até

atingir a umidade de extinção6, que varia conforme as diferentes classes e tipos de material

combustível (Soares, 1984). Ainda assim, percebe-se e é ressaltado por Tetto et al. (2010) a

importância que a precipitação pluviométrica exerce sobre a determinação do potencial de

ignição e propagação do fogo, isto é, do risco de incêndio florestal.

6 Umidade de extinção: após atingir essa umidade (igual ou superior a 30%) o material combustível não queima numa condição de ignição (SOARES; BATISTA, 2007)

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33

3.2 Associação do risco de incêndios florestais a variáveis meteorológicas

Uma vez que os índices de risco de incêndio florestal baseiam-se em condições

meteorológicas, buscou-se representar essa interação.

A precipitação pluviométrica pode ser estudada tanto pela sua distribuição espacial

quanto pela sua distribuição temporal. Em observância a correlação de Spearman existente

entre os dados de precipitação pluviométrica mensal acumulada e o histórico de ocorrências

de incêndios florestais, de valor -0,14 (p<0,05), fica evidente o atraso do “tempo de resposta”

no trimestre de maior risco de incêndio florestal (Figura 2).

Figura 2 – Precipitação pluviométrica mensal acumulada para a região de Inhambupe e histórico de ocorrências de incêndios florestais registrado nas imediações da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC), no período de 2002 a 2009

Evidencia-se que, apesar de haver um acréscimo expressivo de precipitação

pluviométrica entre os meses de dezembro e janeiro (maior que 600mm), a ocorrência de

incêndios florestais só apresenta uma diminuição mais expressiva no mês de março. Santana

et al. (2011) também ressaltaram uma relação clara entre o período em que mais se intensifica

as ocorrências de incêndio florestal e o período menos chuvoso do ano, tal que, para o Estado

do Rio Grande do Norte, se dá entre os meses de janeiro a maio.

Torres et al. (2010) ao analisarem por meio da correlação de Pearson as variáveis

meteorológicas e as ocorrências de incêndios obtiveram altos valores de correlação com as

variáveis insolação, umidade relativa do ar e evaporação. Ressalta-se que esses autores

também fazem ressalva ao atraso no “tempo de resposta” da influência da precipitação

pluviométrica na diminuição das ocorrências de incêndios.

Com base na correlação entre os dados de umidade relativa do ar às 13 horas e o

histórico de ocorrências de incêndios florestais, de valor -0,21 (p<0,05), fica evidente uma

relação inversa entre as variáveis (Figura 3), principalmente em relação aos meses de maio,

junho, junho e agosto, inseridos no semestre de menor risco de incêndio florestal.

0

30

60

90

120

0

400

800

1200

1600

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Oco

rrên

cia

de in

cênd

ios

Pre

cipi

taçã

o pl

uvio

mét

rica

Precipitação pluviométrica Ocorrência de incêndios florestais

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34

Figura 3 – Médias mensais da umidade relativa do ar às 13h para a região de Inhambupe e histórico de ocorrências de incêndios florestais registrado nas imediações da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC), no período de 2002 a 2009

Em relação à umidade relativa do ar e à temperatura do ar, Lourenço (1994) as

determinou como variáveis bastante influentes na ocorrência de incêndios florestais. Bugalho

e Pessanha (2009), ao analisar a correlação entre o percentual de área ardida e a média da

temperatura máxima de verão, obteve um coeficiente de correlação de 78%.

Na região de Inhambupe, uma relação direta entre a temperatura do ar e o histórico de

ocorrência de incêndios florestais pode ser percebida. Com base na correlação entre esses

dados, de valor 0,29 (p<0,05), reafirmam-se os meses de maior risco de incêndio florestal

tendem a ser no período final e inicial do ano, e os meses de menor risco estão distribuídos no

meio do ano (Figura 4).

Figura 4 – Médias mensais da temperatura do ar às 13h para a região de Inhambupe e ocorrências de incêndios florestais registradas nas imediações da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC), no período de 2002 a 2009

0

30

60

90

120

0

20

40

60

80

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Oco

rrên

cia

de in

cênd

ios

Um

idad

e re

lati

va d

o ar

Umidade relativa do ar, às 13 horas Ocorrência de incêndios florestais

0

30

60

90

120

0

10

20

30

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Oco

rrên

cia

de in

cênd

ios

Tem

pera

tura

do

ar

Temperatura do ar, às 13 horas Ocorrência de incêndios

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35

3.3 Distribuição dos dias previstos e do histórico de ocorrências nas classes de

probabilidade

A distribuição dos recursos de prevenção aos incêndios florestais costuma ocorrer

conforme as classes de risco do índice de risco de incêndio florestal utilizado e a sazonalidade

do mesmo (SOARES, 1972). Classes de menor risco exigem menos cuidados com prevenção

e pré-supressão, enquanto que classes de maior risco exigem mais cuidados de prevenção,

pré-supressão e combate ao incêndio florestal.

Nessas premissas, a condição ideal para predição dos índices pela distribuição de dias

previstos nas classes de risco de incêndio florestal implica que essa distribuição ocorra de

forma decrescente, mediante ascendência das classes, ou seja, espera-se a maior apuração de

dias previstos para a classe mais baixa e a menor apuração de dias previstos para a classe mais

alta (relação inversa); ao mesmo tempo em que, para distribuição do histórico de ocorrências

de incêndios florestais, na condição ideal, a predição de maior apuração de dias deve estar

contida na classe de maior risco (relação direta) e, se possível, nenhum ou pouquíssimos na

classe mais baixa.

Conforme Nunes et al. (2007), foram analisadas a distribuição da quantidade de dias

previstos nas classes de risco de incêndio florestal (barras) e a distribuição do histórico das

ocorrências de incêndios florestais nas mesmas classes de risco (linhas).

O Índice de Angstron e o Índice Logarítmico de Telicyn apesar de predizerem

satisfatoriamente o histórico de ocorrência de incêndios florestais, não fazem o mesmo para a

previsão dos dias de ocorrência de incêndio florestal (Figura 05 e 06).

Figura 5 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais, conforme as classes de risco do Índice de Angstron

Figura 6 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais, conforme as classes de risco do Índice de Logarítmico de Telicyn

O Índice de Nesterov e a Fórmula de Monte Alegre, também atendem a condição de

distribuição do histórico de ocorrências de incêndios florestais, porém realizam

0

100

200

300

400

0

500

1000

1500

2000

Não Sim

Índice de Angstron

0

100

200

300

0

400

800

1200

1600

Índice Logarítmico de Telicyn

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36

superestimativas quanto à distribuição dos dias previstos, resultando num dispêndio de capital

desnecessário (Figuras 07 e 08).

Figura 7 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais, conforme as classes de risco do Índice Nesterov

Figura 8 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais, conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre (FMA)

A Fórmula de Monte Alegre Alterada apresenta uma predição bastante semelhante à

Fórmula de Monte Alegre e ao Índice de Nesterov, diferenciando-se, apenas, ao apresentar

uma baixa na distribuição do histórico de ocorrências de incêndios florestais, referente à

classe “Médio” (Figura 09). Já para o Índice de Rodríguez e Moretti, além dos picos

apresentarem-se na classe “Moderado”, não foi registrado nenhuma predição na classe

“Extremo” (Figura 10).

Figura 9 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais, conforme as classes de risco do Índice de Monte Alegre (FMA+)

Figura 10 – Relação da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais, conforme as classes de risco do Índice de Rodríguez e Moretti

Consequentemente, o Índice de Rodríguez e Moretti apresenta uma estimativa

arriscada, pois reúne, nos dois tipos de distribuição analisados, uma subestimativa do risco de

incêndio florestal, ao ponto de não apresentar nenhuma observação em sua classe de maior

0

100

200

300

400

0

400

800

1200

1600

Índice de Nesterov

0

100

200

300

400

0

400

800

1200

1600

FMA

0

100

200

300

400

0

400

800

1200

FMA+

0

100

200

300

0500

1000150020002500

Índice de Rodríguez e Moretti

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37

risco. Nesse caso, a subestimativa poderia levar ao atraso na supressão do incêndio florestal,

dificultando o combate e permitindo que o mesmo tome proporções indesejáveis.

Na tentativa de aprimorar a distribuição dos recursos de prevenção e pré-supressão ao

incêndio florestal, ajustes foram realizados nos índices testados, assim como fez Nunes et al.

(2007) em diversos municípios do Estado do Paraná.

3.3.1 Ajuste dos índices ao município de Inhambupe

Uma vez que a condição do município de Inhambupe não atende à condição imposta,

buscou-se definir novas classes de risco de incêndio florestal, e consequentemente, uma nova

interpretação desse risco diário, conforme Nunes et al. (2007).

Para o Índice de Angstron, o novo valor divisório das classes de interpretação diária do

risco de incêndio florestal é de 1,5, de tal forma que resultados diários superiores a 1,5 passam

a ser interpretados como não apresentando risco de incêndio florestal, e resultados diários

inferiores ou iguais a 1,5 passam a ser interpretados como havendo risco de incêndio florestal

(Figura 11).

Pelo fato de existir um limiar muito pequeno entre a possibilidade de dias com maior

previsão na classe em que não há risco e o maior número de dias de ocorrência de incêndios

na classe em que há risco, e também a possibilidade de risco ser apenas interpretado em duas

classes, os resultados obtidos não são muito satisfatórios, pois 46% do histórico das

ocorrências de incêndios florestais estão interpretados na classe de não risco (Figura 12).

Figura 11 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Angstron

Figura 12 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Angstron

Realizando o ajuste para o Índice Logarítmico de Telicyn as novas classes para a

interpretação do risco de incêndio florestal (Figura 13) atendem a condição da distribuição

crescente para o histórico de ocorrências de incêndios florestais e decrescente para

distribuição de previsão diária (Tabela 14).

165

180

195

210

225

0

500

1000

1500

2000

2500

0 1

Risco de Angstron

Ocorrências de incêndios florestais

46%

54%

Ocorrências de incêndios florestais

Não

Sim

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38

Tabela 14 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice Logarítmico de Telicyn

Valor de I Grau de Risco

≤ 1,5 Nenhum 1,5 a 5,0 Pequeno 5,1 a 14,0 Médio > 14,0 Alto

A partir dessa nova interpretação do risco de incêndio florestal, as classes “Médio” e

“Alto” apuram 69% do histórico das ocorrências de incêndios florestais (Figura 14).

Figura 13 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice Logarítmico de Telicyn

Figura 14 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice Logarítmico de Telicyn

Da mesma forma, o Índice de Nesterov também atendeu devidamente a ambas as

condições de distribuição (Figura 15), quando suas classes de interpretação do risco de

incêndio florestal foram ajustadas (Tabela 15).

Tabela 15 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice de Nesterov

Valor de G Grau de Risco

≤ 1200 Nenhum risco 1201 a 3000 Risco pequeno 3001 a 7300 Risco moderado 7301 a 16700 Grande risco > 16700 Altíssimo risco

No Índice de Nesterov ajustado, ao considerar as classes de risco de incêndio florestal

“Moderado”, “Alto” e “Altíssimo”, verifica-se a apuração de 88% do histórico de ocorrências

de incêndios florestais (Figuras 16).

0

100

200

0400800

12001600

Risco Logarítmico de Telicyn

Ocorrências de incêndios florestais

14%

17%

30%

39%

Ocorrência de incêndios florestais

Nenhum

Pequeno

Médio

Alto

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39

Figura 15 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Nesterov

Figura 16 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Nesterov

O Índice de Rodríguez e Moretti que subestimava o risco diário de incêndio florestal

passou também a atender as condições de distribuição impostas (Tabela 16 e Figura 17).

Tabela 16 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para o Índice de Rodríguez e Moretti

Valor de R&M Grau de Risco

0 – 36 Leve 37 – 40 Moderado 41 – 48 Alto 49 – 100 Extremo

Ao considerar as classes “Moderado”, “Alto” e “Extremo”, esse índice reune 89% do

histórico de ocorrências de incêndios florestais (Figura 18).

Figura 17 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Rodríguez e Moretti

Figura 18 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco do Índice de Rodríguez e Moretti

0

100

200

0

400

800

Risco de Nesterov

Ocorrências de incêndios florestais 5% 7%

15%

34%

39%

Ocorrências de incêndios florestais

Nenhum

Pequeno

Moderado

Grande

Altíssimo

050100150200

0

400

800

1200

Risco de Rodríguez & Moretti

Ocorrências de incêndios florestais

11%

16%

36%

37%

Ocorrências de incêndios florestais

Leve

Moderado

Alto

Extremo

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40

A partir do ajuste das classes de interpretação dessa fórmula (Tabela 17), foi possível

obter o resultado desejado (Figura 19).

Tabela 17 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para Fórmula de Monte Alegre (FMA)

Valor de FMA Grau de Risco

≤ 8,0 Nulo 8,1 a 20,0 Pequeno 20,1 a 37,0 Médio 37,1 a 65,0 Alto

> 65,0 Muito alto

Reunindo as classes de risco de incêndio florestal “Médio”, “Alto” e “Muito alto”

observa-se 77% do histórico de ocorrências de incêndios florestais (Figura 20).

Figura 19 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre (FMA)

Figura 20 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco de da Fórmula de Monte Alegre (FMA)

Por fim, após o ajuste da interpretação das classes de risco de incêndio florestal

(Tabela 18), foi possível que a Fórmula de Monte Alegre Alterada atendesse satisfatoriamente

às condições de distribuição impostas (Figura 21).

Tabela 18 - Ajuste da interpretação do risco de incêndio florestal para Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+)

Valor de FMA+ Grau de Risco

≤ 7,0 Nulo 7,1 a 18,0 Pequeno 18,1 a 36,0 Médio 36,1 a 61,0 Alto

> 61,0 Muito alto

Ao reunir as classes de interpretação do risco de incêndio florestal “Médio”, “Alto” e

“Muito alto” dessa fórmula, observa-se que 83% do histórico de ocorrências de incêndios

0

50

100

150

0

400

800

1200

Risco de FMA

Ocorrências de incêndios florestais

8%

15%

21%

25%

31%

Ocorrência de incêndios florestais

Nulo

Pequeno

Médio

Alto

Muito alto

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41

florestais estão inseridos nessas classes (Figura 22).

Figura 21 – Relação ajustada da distribuição dos dias de predição e das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+)

Figura 22 – Percentual das ocorrências de incêndios florestais conforme as classes de risco da Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+)

Tendo realizado todos os ajuste para os índices de risco de incêndio florestal, coube ao

Skill Score de Heidke definir qual(is) dele(s) representa(m) melhor a condição desse risco nos

povoamentos de eucalipto localizados no município de Inhambupe.

3.4 Índice(s) mais adequado(s) à região de Inhambupe

A determinação do índice mais adequado à região de estudo se deu mediante utilização

do Skill Score de Heidke (HSS). Conforme White (2010) os resultados dos índices foram

reunidos em um ranking que reúne os valores de Skill Score (SS), a Porcentagem de Sucesso

(PS), a Probabilidade de Detecção Correta (PDC) e a Probabilidade de Detecção Falsa

(PDFA).

A PS indica a probabilidade de predição correta futura, a PDC indica o percentual de

acerto da amostra já analisada, e a PFA indica o percentual de previsões erradas de risco

diário que indica o dispêndio desnecessário de capital.

Em razão de existir a possibilidade de aumentar ou diminuir os percentuais de sucesso

à medida que são retirados ou acrescentados anos à avaliação do HSS, ressalta-se que o

período utilizado para análise foi de janeiro de 2002 a dezembro de 2009, totalizando 8 anos.

Com base no HSS o índice que melhor interpretou o risco de incêndios florestais foi o

Logarítmico de Telicyn e o Índice de Angstron, seguido pela Fórmula de Monte Alegre

Alterada, Fórmula de Monte Alegre, Índice de Nesterov e, por último o Índice de Rodríguez e

Moretti (Tabela 19).

0

50

100

150

0

400

800

1200

Risco de FMA+

Ocorrências de incêndios florestais

8% 9%

18%

32%

33%

Ocorrência de incêndios florestais

Nulo

Pequeno

Médio

Alto

Muito alto

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42

Tabela 19 - Ranking da análise de desempenho pelo Skill Score de Heidke entre os índices de risco de incêndio florestal e o histórico de ocorrências de incêndios florestais

Índices SS PS PDC PDFA Ranking

Índice de Angstron 0,09 48% 95% 56% 1 Índice Logarítmico de Telicyn 0,12 62% 75% 39% 1 Fórmula de Monte Alegre 0,06 40% 94% 64% 2 Índice de Nesterov 0,02 19% 99% 87% 3 Fórmula de Monte Alegre Alterada 0,06 39% 93% 66% 3 Índice de Rodríguez e Moretti 0,02 17% 100% 89% 4

Apesar do Índice de Angstron apresentar-se em primeira colocação no ranking

juntamente com o Índice Logarítmico de Telicyn, este segundo índice apresenta melhores

resultados em relação ao primeiro em todos os aspectos, à exceção do PDC. A razão para o

Índice Logarítmico de Telicyn não ter se destacado dos demais índices deu-se justamente a

esse parâmetro, porém o percentual de 75% pode ser considerado satisfatório.

Soares (1986) ao comparar quatro índices: Angstron, Logarítmico de Telicyn,

Nesterov e Fórmula de Monte Alegre (FMA), durante um período de 4 anos, obteve para a

região Sul, a FMA como aquele que previu as ocorrências de incêndios florestais. Para a

mesma região, Soares (1998) ao observar três séries de temporais de 20 anos, 8 anos e 1 ano,

também obteve o mesmo resultado, ou seja, a FMA foi o índice que melhor previu as

ocorrências de incêndios, ao compará-lo com o Índice Nacional de Perigo de Incêndios dos

E.U.A. (INPI-EUA) e o índice utilizado pelo Departamento Florestal do Estado da Carolina

do Sul, E.U.A. (ICS).

Na região Sudeste, para o norte do Estado de Espírito Santo, Borges et al. (2011) ao

comparar, numa série de 4 anos, os índices de Nesterov, FMA e FMA+ observou esse último

como o mais indicado para predizer a ocorrência de incêndios, com SS e PS máximos de 0,20

e 56,5%, respectivamente. Narciso et al. (2011), na região Centro-Oeste, registraram dentre os

índices de Angstron, Logarítmico de Telicyn, Nesterov, FMA e FMA+, o índice Logarítmico

de Telicyn como o mais adequado para predição do potencial de ignição e propagação do

fogo. White (2010), para a região Nordeste, determinou com base numa série de 19 anos, o

Índice de Angstron como aquele que melhor se adequa à região estudada.

Todas essas observações só reforçam a afirmação de que até o momento não existe um

índice que se adeque bem a todas as regiões do país. Autores como Bugalho e Pessanha

(2009), Narciso et al. (2011) e Borges et al. (2011) ressaltam que a alteração do local de

estudo implica na mudança dos padrões encontrados para as variáveis utilizadas e,

possivelmente, na escolha do índice que melhor se adeque especificamente a cada região de

estudo.

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43

3.1.1 Índice(s) ajustado(s) mais adequado(s)

Conforme Nunes et al. (2007), foram realizados ajustes dos índices de risco de

incêndio florestal para o município de Inhambupe. Uma vez que houve adaptação na

interpretação do risco para o cálculo do Skill Score de Heidke (ver item 2.4), novas classes de

risco e sem risco foram utilizadas (Tabela 20).

Tabela 20 - Adaptação das classes de risco ajustadas para utilização do Skill Score de Heidke

Índices ajustados Com risco Sem risco

Índice de Angstron ≤ 1,5 > 1,5 Índice Logarítmico de Telicyn > 5 ≤ 5 Índice de Nesterov > 3000 ≤ 3000 Índice de Rodríguez e Moretti > 36 ≤ 36 Fórmula de Monte Alegre > 20 ≤ 20 Fórmula de Monte Alegre Alterada > 18 ≤ 18

A partir desse ajuste o Índice de Angstron passa a assumir a primeira colocação do

ranking, seguido pela Fórmula de Monte Alegre, o Índice Logarítmico de Telicyn, Fórmula

de Monte Alegre Alterada, Índice de Nesterov e Índice de Rodríguez e Moretti (Tabela 21).

Tabela 21 - Ranking da análise de desempenho pelo Skill Score de Heidke entre os índices de risco de incêndio florestal ajustados e o histórico de ocorrências de incêndios florestais

Índices SS PS PDC PDFA Ranking

Índice de Angstron 0,19 79% 54% 19% 1 Fórmula de Monte Alegre 0,16 65% 85% 36% 2 Índice Logarítmico de Telicyn 0,13 67% 69% 33% 3 Fórmula de Monte Alegre Alterada 0,14 61% 85% 40% 4 Índice de Nesterov 0,11 54% 90% 49% 5 Índice de Rodríguez e Moretti 0,05 39% 90% 65% 6

Mediante o ajuste dos índices de risco de incêndio florestal observa-se que todos eles

apresentaram melhores resultados quanto ao SS, PS e PDFA. Porém com relação ao

parâmetro PDC todos eles decaíram, principalmente o Índice de Angstron que passa a realizar

uma estimativa arriscada do risco de incêndio florestal principalmente devido a sua condição

binária.

Dessa forma, ainda que o Índice de Angstron tenha assumido a primeira colocação, a

opção para a utilização da Fórmula de Monte Alegre não deve ser descartada, e sendo a

mesma um índice multinominal, recomenda-se a utilização dessa fórmula para a determinação

do risco de incêndio florestal no município de Inhambupe.

Recomenda-se também antes de finalizar a escolha de qual(is) índice(s) ajustado(s) são

realmente indicado(s) à região de interesse, um teste com novas observações dos anos

subsequentes à análise deve ser realizado para validação dos resultados obtidos.

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44

4 CONCLUSÕES

De acordo com a observação do histórico de incêndios florestais e a aplicação dos

índices de risco de incêndios florestais, evidencia-se que os meses em que mais se intensifica

o risco de incêndio florestal são novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, correspondente às

estações primavera e verão.

Mediante a observação da distribuição dos dias previstos nas classes de risco de

incêndio florestal, bem como sua relação com a distribuição do histórico de ocorrências de

incêndios florestais conclui-se que ajustes devem ser realizados, já que à exceção do Índice de

Rodríguez e Moretti, que realiza uma subestimativa do risco de incêndio florestal, os demais

apresentam uma superestimativa desse risco. Em ambos os casos resulta-se em dispêndio

inadequado dos recursos de prevenção.

Com base no Skill Score de Heidke (HSS) o Índice Logarítmico de Telicyn e a FMA

ajustada representam os índices que melhor predizem o potencial de ignição do incêndio

florestal. Testes complementares devem ser realizados para validar os resultados obtidos.

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4 ARTIGO 2

Modelagem do risco espacial de incêndio florestal para o município de Inhambupe, Bahia

White, Larissa Alves Secundo1; Ribeiro, Genésio Tâmara2

1 Engenheira Florestal, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (NEREN), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus São Cristóvão, Av. Mal. Rondon, Jardim Rosa Elze São Cristóvão - SE, 49100-000. [email protected] 2 Engenheiro Florestal, Dr., Professor Associado do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus São Cristóvão, Av. Mal. Rondon, Jardim Rosa Elze São Cristóvão - SE, 49100-000. Tel.: (79) 21056929.

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MODELAGEM DO RISCO ESPACIAL DE INCÊNDIO FLORESTAL PARA O MUNICÍPIO DE INHAMBUPE, BAHIA

MODELING THE SPATIAL RISK OF FOREST FIRE FOR THE CITY OF INHAMBUPE, BAHIA

RESUMO

A modelagem do risco espacial de incêndios florestais tem o objetivo de determinar as regiões mais susceptíveis, baseando-se em variáveis que representam a facilidade de ignição e de propagação do fogo. Nesse contexto, utilizando-se das variáveis naturais e sociais sistema viário, densidade demográfica, uso e ocupação do solo, malha hidrográfica, inclinação e orientação das encostas, foram elaborados mapas temáticos de riscos preliminares. Posteriormente, a partir das ponderações dadas a essas variáveis pelo método AHP, e integração das mesmas por meio da calculadora Raster, foi elaborado o mapa ambiental de risco de incêndio florestal. Para determinação da aplicabilidade do modelo construído, foi utilizado, como parâmetro, o histórico de áreas queimadas. Com base na modelagem de risco utilizada, detectou-se que 75,46% do município de Inhambupe-BA encontram-se como área de maior risco, representada pelas classes “alto”, “muito alto” e “extremo” risco. Além disso, ao comparar o mapa ambiental de risco de incêndio florestal com o histórico de áreas queimadas, verificou-se que o modelo gerado se mostra apto para detectar áreas de maior risco, uma vez que 94,83% dessas ocorrências estão alocadas nessas áreas.

Palavras-chave: Nordeste do Brasil; Proteção Florestal; Susceptibilidade ao Fogo

ABSTRACT

The modeling of spatial risk of forest fire has the aim to determine the areas that are most suscepitble, based on variables that represent the facility of ignition and fire propagation. In this context, preliminary thematic maps were developed using human (road system, population density, land use and occupation and network watershed) and natural variables (slope and orientation of hillsides). Subsequently, an environmental map risk of forest fire was created after being weighted by AHP and integrated by means of Raster calculator. For the determination of the aplicability of the elaborated model a historic parameter of burned areas was used. Based on the risk modeling used, it was detected that 75.46% of the city of Inhambupe-BA are lying in areas that receive the highest risk, represented by the classes of "high", "very high" and "extreme" risk. Furthermore, when comparing the environmental map of forest fire risk with the history of burned areas, it was found that the model elaborated is able to detect areas of highest risk, since 94.83% of these occurrences are located in these areas.

Key-word: Northeast of Brazil; Forest Protection; Fire Susceptibility

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1 INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre o poder de destruição que os incêndios florestais podem causar

desperta o sentimento de se estabelecer ações de prevenção e combate. Conforme relata

Vettorazzi e Ferraz (1998), os incêndios florestais podem ser analisados pela utilização de

índices de risco, bem como pelo mapeamento das áreas de maior risco.

Mesmo sendo aleatória, a iminência de ocorrência de incêndios florestais não pode ser

descartada. Diversos autores utilizam-se de tais metodologias espaciais e, ou temporais para

predizer o risco de incêndio florestal em escala local e, ou regional.

Apesar do histórico das ocorrências de incêndios florestais já fornecerem uma ideia

das áreas de maior risco, os mapas originados com base somente no histórico de ocorrências

não são suficientes como subsídio para predizer novos locais de incidência (MAEDA et al.,

2009).

A utilização exclusiva do histórico de ocorrência torna-se uma análise limitada, por

indicar apenas as áreas onde os incêndios já ocorreram, não sendo possível fazer predições de

novas ocorrências ou áreas mais susceptíveis ao fogo. O fato de áreas susceptíveis não terem

ainda sido queimadas, deve-se à falta de uma fonte de ignição. E, numa condição positiva de

fogo, sem equipes brigadistas preparadas para atender a essas áreas potenciais, a demora no

combate pode resultar num incêndio florestal de grande proporção, gerando danos que

poderiam ter sidos evitados com uma política adequada de prevenção e combate.

Ainda que já se possua uma boa estratégia de combate, autores como Cipriani et al.

(2011) advertem que é sempre melhor prevenir um incêndio a combatê-lo, evitando, assim, os

diversos tipos de danos econômicos, sociais e ambientais que tal fato pode causar. Daí surge o

interesse pela utilização do Sistema de Informações Geográficas e Sensoriamento Remoto

para geração de mapas de riscos, adequados à região de interesse, de forma relativamente

simples, rápida e precisa.

O mapeamento da probabilidade de ocorrência de incêndios florestais requer análise

espacial que possibilite a junção de diversos fatores como topografia, vegetação, clima e

homem; e, baseados em informações geográficas, gestores podem estabelecer áreas

prioritárias para atividades de prevenção e alocação de equipes brigadistas na tentativa de

realizar uma pré-supressão bem sucedida em áreas de maior relevância (CHOU et al., 1993).

Tendo em vista que a avaliação de risco pode ser entendida como o processo de

estimar a probabilidade e magnitude de um efeito adverso e indesejável (FAIRBROTHER;

TURNLEY, 2005); entendendo que zonas de risco de incêndios florestais são áreas em que o

fogo é iminente e que facilmente pode espalhar-se para outras áreas (ERTEN et al., 2004);

ainda, que a problemática dos incêndios decorre não só de fatores provenientes do meio

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natural, mas, principalmente, do meio antrópico (SOUZA et al., 2009); e, considerando que

no município de Inhambupe, até o momento, não foram elaborados mapas de risco para a

região, este trabalho utiliza o efeito integrado dos fatores antrópicos da vegetação e de relevo

para determinar as áreas de maior risco de incêndios florestais no município de Inhambupe,

no Estado da Bahia, por meio da utilização de software SIG, visando gerar conhecimentos que

sirvam de base à distribuição adequada dos recursos de prevenção e combate, para

minimização dos impactos negativos do fogo.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área

Os povoamentos de eucalipto encontram-se distribuídos no município de Inhambupe,

localizado no litoral norte do Estado da Bahia, entre as coordenadas Latitude Sul 11º78’ e

Longitude Oeste 38º35’ (Figura 1).

Figura 1 – Distribuição de povoamentos de eucalipto no município de Inhambupe, Bahia

O município apresenta densidade demográfica de 29,70 hab./km² e área total de 1223

km², no qual estão presentes os biomas de Caatinga e Mata Atlântica (IBGE, 2010b), com

vegetação de contato Cerrado/Caatinga, Cerrado Arbóreo Aberto e Gramíneo Lenhoso, sem

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Florestas de Galeria (RADAMBRASIL, 1981-1983 apud SEI, 2012a; SEI, 2003), e vegetação

de contato Cerrado/Floresta Estacional7.

Dentre os rios presentes o rio de Inhambupe recebe destaque. De acordo com SEI

(2003) grande parte da vegetação de cerrado, localizada à margem direita do Rio Inhambupe

foi substituída por extensas áreas de agricultura e pecuária, contudo encontram-se, também,

extensas áreas de plantios de eucalipto.

O município apresenta clima do tipo megatérmico seco a subúmido e semiárido, com

temperatura média anual de 24ºC, precipitação pluviométrica média anual de 917mm e

período mais chuvoso de abril a junho (SEI, 1997; VIEIRA et al., 2005), e altitude de 179m

(SEI, 2012b). Além disso, o relevo é caracterizado como suavemente ondulado a plano8,

apresentando Tabuleiros Interioranos e Tabuleiros do Itapicuru (Ceplab, sem data apud SEI,

2012c).

2.2 Zoneamento dos incêndios florestais

Além da decisão de determinar o período diário e mensal de maior probabilidade de

ocorrência de incêndio florestal, também é interessante determinar as regiões de maior

probabilidade de ignição e propagação de incêndio florestal. Para isso, fazendo uso do

software ArcGIS versão 9.3, de licença 9.3.1: KEY 426498032_V93.ESU9, foram gerados,

inicialmente, mapas temáticos, preliminares, representando o potencial de risco de incêndio

florestal correspondente a cada variável analisada. Posteriormente, essas variáveis foram

ponderadas e reunidas em um único mapa, evidenciando as áreas de risco de incêndio

florestal. Por fim, com o intuito de aferir o resultado obtido, foi realizada uma comparação

com o histórico das ocorrências de incêndios florestais registrados nas áreas de plantio de

eucalipto.

2.2.1 Geração dos mapas preliminares de risco

As metodologias para obtenção dos mapas temáticos mudam de acordo com as

variáveis abordadas e, ou a região de interesse. Nesse trabalho foram abordadas as variáveis:

inclinação, orientação de encostas, hidrografia, densidade demográfica, uso do solo e sistema

viário.

Ressalta-se que apesar da variável altitude ser constantemente utilizada por outros

autores na modelagem do risco de incêndio florestal, nesse trabalho ela não foi utilizada, pois,

não apresenta variação entre classes de risco, o que resultaria numa mesma influência em todo

o município de Inhambupe. No mais, outros autores como Neves et al. (2010) também

optaram por não utilizar tal variável devido a razão semelhante.

7 Dados não publicados fornecidos pela empresa Bahia Specially Cellulose (BSC) 8 Dados não publicados fornecidos pela empresa Bahia Specially Cellulose (BSC)

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2.2.1.1 Inclinação

A inclinação, segundo Ribeiro et al. (2012), exerce influência tanto na formação de

microclimas como no tipo de vegetação que se forma, que é explicada, pelos autores, pela

associação da variável inclinação com as condições de vento, umidade do ar e do material

combustível. Além disso, a inclinação também exerce um importante papel na operação de

supressão e combate ao fogo (JAISWAL et al., 2002; CIPRIANI et al., 2011), uma vez que a

inclinação impede ou torna demorada a chegada de brigadistas ao local do incêndio florestal.

Para a região em estudo, a obtenção da variável inclinação deu-se conforme Santos et

al. (2010). Para isso foi utilizada a carta SC-24-Z-C fornecida pelo site Brasil em Relevo,

elaborada pela Embrapa, na qual está incluso o município de Inhambupe, disponibilizada em

Sistemas de Coordenadas Geográficas e Datum WGS84, com resolução espacial de 90 metros

(MIRANDA, 2005). A classificação da variável inclinação (Tabela 01) se deu conforme

Soares e Batista (2007).

Tabela 1 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a inclinação para o município de Inhambupe (SHOW et al., 1940; apud SOARES; BATISTA, 2007)

Inclinação (%) Risco Coeficiente

≤ 15 Baixo 1 16–25 Moderado 2 26–35 Alto 3 36–45 Muito alto 4 ≥ 46 Extremo 5

2.2.1.2 Densidade demográfica

A avaliação da influência da densidade demográfica é tida como fonte de ignição.

Foram encontradas três diferentes abordagens para essa variável: densidade de casas por

unidade de área, como fizeram Jaiswal et al. (2002); distância de áreas urbanas, como fizeram

Erten et al. (2004); e, densidade demográfica, como fizeram Oliveira et al. (2004). Todos eles

buscam interpretar a possibilidade de risco devido à influência humana, pois o fator antrópico

é o que mais contribui para a ocorrência de incêndios florestais.

Nesse trabalho, a influência da área urbana é dada pela distribuição da população

residente nas divisões dos setores censitário do IBGE (Tabela 2). Os dados utilizados são

referentes ao Censo Demográfico do ano de 2010 (IBGE, 2010d).

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Tabela 2 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a densidade demográfica para o município de Inhambupe (adaptada IBGE, 1996)

Densidade demográfica (hab./km²) Risco Coeficiente

< 5 Baixo 1 5 a 49 Moderado 2 50 a 99 Alto 3 100 a 499 Muito alto 4 ≥ 500 Extremo 5

2.2.1.3 Malha hidrográfica

A influência da malha hidrográfica pode ser tanto entendida como positiva ou como

negativa, tornando essa análise subjetiva ao avaliador. A influência positiva pode estar

associada ao fornecimento de água, para o combate e, ou pode funcionar como aceiro, já que

pode inibir a propagação do incêndio florestal. Negativamente, a influência está manifestada

pela possibilidade de existir uma fonte de fogo, pois comunidades tendem a se desenvolverem

relativamente próximo a cursos d’água, assim como indivíduos tendem a acampar

relativamente próximo às margens de cursos d’água, como ressaltam Ribeiro et al. (2008) e

Ribeiro et al. (2012).

A avaliação da malha hidrográfica se deu por meio da análise de proximidade

(buffers), a mais utilizada por autores para essa variável. O que costuma mudar é a metragem

utilizada para determinar o raio de influência exercida pela variável. Nesse trabalho foi

realizado um buffer de 50m conforme Ribeiro (2009) e Ribeiro et al. (2012) (Tabela 3).

Tabela 3 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a distribuição da malha hidrográfica para o município de Inhambupe

Para a confecção do mapa preliminar de risco de incêndio florestal da variável malha

hidrográfica, foram utilizados dados fornecidos pela empresa BSC que combinam dados

diariamente atualizados à malha hidrográfica do IBGE do ano de 20079. Vale ressaltar que

não foram diferenciadas as categorias lagoas de rios, nem perenes de intermitentes.

2.2.1.4 Orientação das encostas

A análise da influência das orientações das encostas exerce efeito tanto na facilidade

de ignição do material combustível, como também na propagação do fogo, sendo essa relação,

segundo Soares e Batista (2007), proporcional à incidência dos raios solares na superfície, de 9 Dados fornecidos pela empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC)

Raio de influência Risco Coeficiente

Sob influência Alto 3 Sem influência Baixo 1

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tal forma que, quanto mais direta for a incidência maior será a temperatura do ar e menor será

a umidade relativa do ar, atuando diretamente no tipo de vegetação bem como na umidade

desse material combustível.

Sabendo-se que as faces das encostas recebem diferentes níveis de intensidade

luminosa, utilizou-se a classificação de Oliveira et al. (2004) para determinar a influência que

cada face exerce na modelagem das áreas de maior risco (Tabela 4). A metodologia

empregada para a obtenção do mapa preliminar dessa variável se deu semelhantemente ao

método utilizado para o mapa preliminar da variável inclinação.

Tabela 4 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme a orientação das encostas para o município de Inhambupe (FERRAZ; VETORAZZI, 1998 adaptada por OLIVEIRA et al., 2004)

Orientação Exposição Risco Pesos

112,5º a 247,5º SE / S / SW Baixo 1 67,5º a 112,5º E Moderado 2 22,5º a 67,5º NE Alto 3 247,5º a 337,5º NW / W Muito alto 4 337,5º a 22,5º N / Relevo plano Extremo 5

2.2.1.5 Sistemas viário

Apesar de estradas bem manufaturadas permitirem o acesso mais rápido ao fogo

(CIPRIANI et al., 2011), maximizando ação de pré-supressão e combate ao fogo e reduzindo

os possíveis danos decorrentes de um incêndio florestal de maior intensidade. Porém essas

mesmas vias também servem de acesso a indivíduos que intencionalmente ou não, podem

atuar como fonte de ignição (JAISWAL et al., 2002).

A influência negativa dos sistemas viário e férreo costuma ser analisada mediante a

análise da distância entre as entradas (Distância Euclidiana) e, ou por análise do raio de

influência (Buffer), como fizeram Chou et al. (1993). Nesse trabalho, a elaboração do mapa

preliminar se deu por meio da Distância Euclidiana, conforme Santos et al. (2010), que

estabeleceu um mesmo padrão de análise independente das características dos tipos de vias

avaliadas, ou seja, via federal, estadual ou internas de plantios (Tabela 5).

Tabela 5 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme o sistema viário para o município de Inhambupe

Distância de vias Risco Coeficiente

Vias Nulo 0 < 100 Extremo 5 100 - 500 Muito alto 4 500 - 1000 Alto 3 1000 - 2000 Moderado 2 > 2000 Baixo 1

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Ressalta-se que os dados necessários para elaboração do mapa preliminar da variável

sistemas viários foram fornecidos pela empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC), que

combinam dados atualizados diariamente à malha viária fornecida pelo IBGE do ano de

200710.

2.2.1.6 Uso e ocupação do solo

Sabendo que o material combustível constitui um dos pilares para a ocorrência de

fogo, obviamente, o uso e ocupação do solo interfere na existência de um incêndio florestal.

Essa variável está relacionada não só ao tipo de material combustível, mas às alterações do

ambiente decorrentes da ação antrópica.

Fazem parte da classe de “baixo” risco os corpos d’água e as vias que podem atuar

como aceiros à propagação do fogo, bem como a área urbanizada e infraestruturas onde

normalmente não apresentam uma quantidade de material combustível representativa para o

incêndio florestal. Áreas com grande ocupação agropecuária e pastagens plantadas

apresentam-se com risco “muito alto” devido à prática comum de queimadas para limpeza do

terreno, alteração da paisagem natural, e apresentar fácil combustibilidade devido rápida

perda de umidade dos combustíveis finos.

Para elaboração do mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável

uso e ocupação do solo, foi realizada uma junção entre os dados fornecidos pela empresa

BSC, datados de 2012, e dados disponibilizados pelo IBGE , datados de 2010 (IBGE, 2010c)

(Tabela 6).

Tabela 6 - Interpretação do risco de incêndio florestal conforme o tipo de uso e ocupação do solo para o município de Inhambupe (adaptada ROSA; ROSS, 1999; CAETANO et al., 2002; OLIVEIRA, 2002; CAVARSAN, 2007; RIBEIRO, 2009; TETTO, 2009; NAZARETH, 2010; KOPROSKI, 2010)

Categorias de uso e ocupação do solo Risco Coeficiente

Malha hidrográfica, Sistema viário, Área urbanizada, Áreas de infraestrutura

Baixo 1

Área com menos de 10% de ocupação por estabelecimentos agropecuários, UC’s, e, Jazida

Moderado 2

Área até 25% de ocupação por estabelecimentos agropecuários, SAF’s

Alto 3

Área até 50% de ocupação por estabelecimentos agropecuários e pastagens

Muito alto 4

Áreas não classificadas; gasoduto e Área queimada Extremo 5

10 Fornecidos pela empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC)

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2.2.2 Elaboração do mapa de risco de incêndio florestal

Após a elaboração dos mapas temáticos preliminares, as variáveis foram ponderadas,

por meio da aplicação da metodologia de Saaty (1977), e reunidas, por meio da álgebra de

mapas (Calculadora Raster), para gerar o mapa final que resulta na modelagem das áreas de

maior risco de incêndio florestal, integrando os riscos potenciais de ignição e de propagação

do fogo.

2.2.2.1 Ponderação das variáveis

Para realizar a ponderação, é preciso definir os pesos que servirão de classificação

para as variáveis utilizadas. Esses podem ser oriundos do conhecimento empírico do

processador e, ou resultante de um referencial teórico. É importante ressaltar que, segundo

Hernandez-Leal et al. (2006) e Cunha-Neta e Oliveira (2011), quanto maior o valor adotado

pelas variáveis, maior será a influência exercida por tal(is) variável(is) na distribuição espacial

do risco de incêndio florestal.

Rivera-Lombardi (2001), ao comparar três métodos de agregação dos mapas temáticos

de risco de incêndio florestal: AHP, Booleana e Fuzzy Gama, determinou o método de AHP

como aquele que melhor indica as áreas de risco, e o método Booleana como o menos

apropriado, já que atribui o mesmo peso a todas as variáveis. Segundo o mesmo autor, a

análise AHP permite analisar a importância relativa existente entre as variáveis, que se dá por

processo analítico hierárquico, que, de acordo com Santos et al. (2010), se dá pela elaboração

da escala de comparação da importância de cada variável (Tabela 7).

Tabela 7 - Escala de comparação utilizada, adaptada de Saaty (1977)

Valores Importância mútua

1 Igualmente importante a 2 Entre 3 e 1 3 Pouca importância maior que 4 Entre 5 e 3 5 Moderadamente mais importante que 6 Entre 7 e 5 7 Fortemente mais importante que

A decisão sobre a importância (ponderação) dada a cada variável foi baseada não só

no histórico das causas dos incêndios registrados pela empresa BSC nos povoamentos de

eucalipto do município de Inhambupe, mas também com base nos resultados dos mapas

preliminares e conhecimento empírico, determinantes para o desenvolvimento dessa etapa.

Ao dividir cada elemento pela somatória dos elementos da coluna a que ele pertence e

fazendo-se uma média entre as colunas, se obtém o valor final (pesos) de cada variável

(Figura 2).

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Figura 2 – Atribuição dos pesos às variáveis utilizadas na determinação do risco de incêndio florestal para o município de Inhambupe

Além de apresentar as ponderações de cada variável, ou seja, a influência que cada

uma delas exerce sobre a distribuição espacial do risco de incêndio florestal, autores como

Silva et al. (2010) também mencionaram a Razão de Consistência (RC), que segundo Saaty

(1977) apud Silva et al. (2010) aponta a relevância da consistência das matrizes de

comparação, sendo que valores iguais ou inferiores a 0,10 são ideais.

2.2.2.2 Reclassificação final do mapa de risco

De acordo com Jaiswal et al. (2002) “para alcançar conclusões eficientes sobre

operações computacionais e matemáticas na análise de um sistema de informação geográfica,

as informações descritivas são convertidas em um modelo de risco de incêndio florestal e em

um sistema de classificação”.

Uma vez ponderadas e reunidas as variáveis, faz-se a reclassificação para se obter a

interpretação do risco de incêndio florestal. A distribuição das classes de risco é bastante

subjetiva. O que ajuda na definição do número de classes é a variação entre o menor e o maior

valor. Essa variação é dada pela atribuição da ponderação aos coeficientes mínimos e

máximos de cada variável: {[(peso * coeficiente máximo) + ... + (peso * coeficiente máximo)]

– [(peso * coeficiente mínimo) + ... + (peso * coeficiente mínimo)]}.

Assim como no trabalho de Cipriani et al. (2011), que possui uma distribuição similar

dos valores atribuídos aos pixels após a aplicação do modelo de risco de incêndio florestal, o

mapa foi reclassificado em 5 classes de risco que interpretam o risco de incêndio florestal, ou

seja, o potencial de ignição e propagação do fogo (Tabela 8).

Tabela 8 - Escala de reclassificação e interpretação do mapa de risco de incêndio florestal (adaptada CIPRIANI et al., 2011)

Sistema viário

Dens. demográfica

Uso e ocupação

Malha hidrográfica

Orient. das encostas

Inclinação

0,4257

0,2539

0,1496

0,0877

0,0517

0,0315

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59

Classes Risco

< 0,9 Baixo 0,9 – 1,9 Moderado 1,9 – 2,9 Alto 2,9 – 3,9 Muito alto > 3,9 Extremo

2.2.3 Comparação com o registro de áreas queimadas

Segundo Neves et al. (2010) a análise do histórico de ocorrências de incêndios

florestais pode ajudar a isolar fatores e comportamentos pertinentes aos locais de ocorrência,

principalmente ao se trabalhar com escalas menores. Com o intuito de realizar uma

comparação entre as áreas classificadas como de maior risco e as ocorrências registradas,

foram extraídos os polígonos que representam as áreas queimadas na empresa BSC.

3 RESULTADOS

3.1 Mapas preliminares de risco de incêndio florestal

Mediante a aplicação dos coeficientes às classes de cada variável analisada foram

obtidos os mapas temáticos preliminares que representam a influência exercida por cada

variável no aumento do risco de incêndio florestal. Assim, foram analisadas as influências da

densidade demográfica, malha hidrográfica, sistema viário e uso e ocupação do solo como

possibilidade de fontes de ignição, e as influências da inclinação e orientação das encostas

como fatores de propagação.

Os dados necessários para a elaboração dos mapas foram disponibilizados pela BSC,

atualizados em dezembro de 2012; IBGE, datados do ano de 200711 e 2010; e, Embrapa,

datado de 2005. Esses dados foram processados em plataforma SIG, utilizando o software

ArcGIS, versão 9.3, de licença 9.3.1: KEY 426498032_V93.ESU9, em projeção cartográfica

UTM, Datum Sirgas 2000, Zona 24 Sul.

3.1.1 Inclinação

A partir da obtenção do mapa temático de inclinação, fica evidente que a inclinação

máxima para o município de Inhambupe é de aproximadamente 33%, o que resultou em três

classes de risco de incêndio florestal. A classe de risco “alto” apresentou 0,02% do território

total, o equivalente a 0,24km². As classes de risco “baixo” e “moderado” somaram os outros

99,98%, equivalente a 1222,76km² (Figura 3).

11 Dados fornecidos pela empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC)

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60

Figura 3 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável inclinação para o município de Inhambupe

Relacionando esses percentuais à classificação sugerida pela Embrapa (1979) para a

inclinação, verifica-se que a maior parte do município de Inhambupe constitui-se de relevo

plano a ondulado, o que representa uma baixa influência da variável inclinação no potencial

de propagação do fogo.

Ressalta-se que uma análise mais detalhada da relação existente entre inclinação,

propagação do fogo e tamanho de área queimada não foi realizada, pois seria necessário

envolver outros dados que não foram acessados até o momento, como o tempo decorrido para

iniciar o processo de combate ao fogo.

Conforme a SEI (2003), regiões onde o relevo se mostra mais plano é comum a

silvicultura apresentar-se com grande representatividade. Em parte do litoral norte da Bahia,

esse favorecimento da forma de relevo é percebido pelas “manchas contínuas de eucalipto, e

em menor escala, de Pinus, entremeadas por vegetação secundária e pastagens”, que conforme

o mesmo autor, no município de Inhambupe, registra-se ainda “o desenvolvimento de culturas

permanentes”, tais como a laranja e o maracujá associadas, também, ao plantio de mandioca,

ao coco-da-baía, à pastagem e à policultura de subsistência.

Além disso, Cunha-Neta e Oliveira (2011) definiram áreas com declive inferior a 35º

como mais favoráveis “à ocorrência de aglomerados subnormais”, resultando num ambiente

mais susceptível a ação antrópica. Nesse sentido, o favorecimento do emprego de pastagens,

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lavouras e plantios de espécies florestais, faz com que a baixa inclinação, em áreas extensas,

contribua indiretamente para o surgimento de incêndios florestais, pois a modificação da

paisagem natural contribui para o surgimento de incêndios florestais, em espaços de tempos

mais curtos, reduzindo a capacidade de resiliência da vegetação natural. Para o bioma de

Cerrado (FIEDLER et al., 2004; FIEDLER et al., 2006), e para Floresta Amazônica

(NEPSTAD et al., 1999; NOBRE et al., 2007), chegaram a conclusões similares ao relacionar

a ação antrópica à ocorrência de incêndios florestais.

Segundo esses autores, a modificação da cobertura florestal contribuiu para o aumento

da inflamabilidade da vegetação e para a frequência e propagação do fogo com o decorrer dos

anos (NEPSTAD et al., 1999; NOBRE et al., 2007); e, essa alteração é atribuída ao efeito

combinado das consequências de desmatamento seguido de práticas agrícolas com fogo e ao

aquecimento global.

Fiedler et al. (2006) concluíram, ao analisar série histórica de 12 anos no Parque

Nacional da Chapada dos Veadeiros – GO, que as ocorrências de incêndios florestais se

deram pela modificação da paisagem resultante da ocupação desenfreada das áreas centrais do

país pelos agricultores e pecuaristas.

No caso de substituição da Floresta Amazônica por pastagens e lavouras plantadas, o

aumento do risco de incêndio florestal é devido à diminuição da evapotranspiração e da

absorção de energia solar, que podem resultar na diminuição do regime de chuvas e aumento

da temperatura do ar (NEPSTAD et al., 1999). Além disso, Andrade et al. (2011) destacam

que pastagens, entendidas aqui como vegetação bastante susceptíveis a ação climática e ao

fogo, contribuem para o risco de incêndio florestal devido à estrutura do material combustível,

contribuindo para a propagação do fogo.

3.1.2 Densidade demográfica

Essa variável é baseada na possibilidade de indivíduos atuarem como incendiários,

seja de forma intencional ou não. Assim, quanto maior a densidade demográfica, maior a

possibilidade de indivíduos atuarem como incendiários em suas localidades e regiões

vizinhas. No geral, o município de Inhambupe apresenta-se claro quanto à distribuição de sua

população (Figura 4).

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62

Figura 4 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável densidade demográfica para o município de Inhambupe

A população do município de Inhambupe, conforme classificação do IBGE (2010a;d),

divide-se em duas classes: urbana e rural. A população urbana reúne 43,06% do número total

de habitantes e está concentrada na parte central do município; já a população rural

corresponde aos 56,94%, sendo esse percentual dividido em áreas rurais literais (41,37%) e

povoados rurais (15,57%).

De acordo com os dados censitários do IBGE, datados de 2010 (IBGE, 2010a;d),

divididos em setores, verifica-se que a porção central e outras nove localidades, de colorações

amarela e vermelha, distribuídas pelo município nas faces norte (2), nordeste (3), sul (1),

sudeste (2) e oeste (1) são as regiões que apresentam maior densidade demográfica e que,

portanto, recebem classificação de risco “alto” a “extremo”.

Essas regiões são assim populosas, pois a porção central reúne a sede municipal e

população urbana de Inhambupe. As outras sete, de coloração vermelha, coincidem com todos

os povoados12 presentes no município. Excetuam-se as localidades situadas nas faces nordeste

e sul, ambas de coloração amarela, explicada pela sua posição geográfica e tamanho do setor.

12 Povoado: Localidade que tem a característica definidora de Aglomerado Rural Isolado e possui pelo menos um estabelecimento comercial de bens de consumo frequente e dois dos seguintes serviços ou equipamentos: um estabelecimento de ensino de 1º grau em funcionamento regular, um posto de saúde com atendimento regular e um templo religioso de qualquer credo. Corresponde a um aglomerado sem caráter privado ou empresarial ou

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63

Levando-se em consideração que as populações tendem a crescer para regiões vizinhas

e que a densidade demográfica é dada pela divisão do número de habitantes pela área, pode-se

explicar que a localidade situada na face nordeste é classificada como de alto risco, pois

dentre as que circundam a porção central, com valores aproximados de habitantes, é aquela

que apresenta menor área e, portanto, de maior densidade demográfica que as demais,

permitindo, assim, que a mesma receba essa classificação.

Semelhantemente pode-se afirmar o mesmo para a localidade situada na face sul, pois

situa-se vizinha ao povoado Quizambú, do município de Alagoinhas, que juntamente com as

demais que o circundam, apresentam classificação de risco “muito alto”. É importante

mencionar que essa condição de risco tende a se agravar pelo provável aumento populacional,

resultante da chegada de uma empresa de extração de minério nesse povoado (PREFEITURA

DE ALAGOINHAS, 2010), que resultará possivelmente no aumento do interesse venal de

imóveis localizado nessa área (ANDRADE et al., 2007).

Com relação às demais classes, a de risco “moderado” é aquela que maior se

apresenta, abrangendo 65,11% de todo o município de Inhambupe (796,3km²). Toda essa

região é representada, de acordo com o IBGE (2010d), por áreas rurais13 em que já não se

espera uma densidade demográfica grande.

Ao comparar o histórico de áreas queimadas registradas nas fazendas da empresa BSC

com as localidades e a densidade demográfica, verifica-se que: a maioria dessas ocorrências

está distribuída em áreas rurais, de baixa densidade demográfica, classificadas como de risco

“baixo” e “moderado”; e, 94,44% das ocorrências apresentam uma distância máxima de

2,5km de alguma localidade (Figura 5).

que não está vinculado a um único proprietário do solo, cujos moradores exercem atividades econômicas quer primárias, terciárias ou, mesmo secundárias, na própria localidade ou fora dela (IBGE, 2012a). 13 Área Rural: Área de um município externa ao perímetro urbano (IBGE, 2012a).

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Figura 5 – Distribuição das áreas queimadas em relação à distância das localidades para o município de Inhambupe

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Essa notificação pode ser em parte explicada pelo fato dos registros de áreas

queimadas serem exclusivos das fazendas da empresa BSC, nas quais não se encontram alta

densidade demográfica. É importante acrescentar que uma das grandes causas de incêndios na

região é oriunda de conflitos devido à retirada ilegal de madeira de plantios de eucalipto.

Nesse sentido, embora a densidade demográfica aparentemente não tenha contribuído para a

ocorrência das áreas queimadas registradas, os conflitos oriundos da retirada ilegal de madeira

é um fator antrópico relevante, pois trazem como consequência o incêndio florestal.

Além disso, a existência de diversas fazendas (localidades) distribuídas por todo o

município também pode contribuir para a ocorrência e reincidência de incêndios, uma vez que

as queimadas que fogem do controle contribuem bastante para a ocorrência de incêndios

florestais. Gonçalves et al. (2011) relataram que a reincidência de incêndios florestais, no

Parque Nacional da Chapada Diamantina, está associada a regiões de pecuária e agricultura.

Isso, em parte, se deve ao fato do fogo ser uma das técnicas usadas para a limpeza do terreno

de menor custo em curto prazo; de serem realizadas durante o período seco, época em que se

iniciam os preparativos para o plantio agrícola (VOSGERAU et al., 2006); e, de normalmente

as pessoas que realizam as queimadas não possuírem conhecimento sobre a temática, como, o

desconhecimento do melhor período para realizar a queima e qual será o comportamento do

fogo.

Fiedler et al. (2006) e Andrade et al. (2011) também apontaram a utilização do fogo

para fins agrícolas como uma das grandes causas de incêndios florestais em suas respectivas

áreas de estudo: o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, GO e a Estação de Pesquisa,

Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso, MG.

Para o território brasileiro, Soares (1988) e Santos et al. (2006), ao analisarem a

ocorrência de incêndios florestais, em áreas de plantio comerciais como o de eucalipto, nos

períodos de 1984 a 1987 e 1998 a 2002, respectivamente, semelhantemente apontaram as

queimas para a limpeza do terreno e os incendiários como as principais causas de incêndios

florestais.

Ressalta-se, dessa forma, a importância de se realizar campanhas educativas de

prevenção nas comunidades do entorno, bem como adotar técnicas preventivas para monitorar

e evitar que o fogo oriundo de vizinhos, possa vir a prejudicar áreas de interesse florestal.

Costa et al. (2007) relatam que campanhas e ações de sensibilização, prevenção e capacitação

do uso do fogo na comunidade que circunda a Reserva Particular do Patrimônio Natural

(RPPN) se mostraram eficientes na tradução do conhecimento e estabelecimento do plano de

prevenção aos incêndios florestais.

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A educação ambiental é a técnica que a médio e longo prazo, melhor atua na

prevenção de incêndios florestais decorrentes de incendiários (SOARES, 2000). O mesmo

autor ressalta que o ensino de como e quando devem ser realizadas as queimas controladas

apresentam melhores resultados do que a sua proibição.

De forma similar, Medeiros e Fiedler (2003) sugerem, durante o planejamento de

unidades de conservação, intensificar a fiscalização e utilizar programas de educação

ambiental voltados ao “contexto socioambiental” para se estabelecer “vínculos com as

comunidades do entorno” e possivelmente diminuir a incidência de incêndios florestais

causados pelo “uso do fogo no manejo agropecuário”.

3.1.3 Malha hidrográfica

A malha hidrográfica do município de Inhambupe apresenta-se bastante distribuída,

em forma dendrítica. Dentre os corpos d’água presentes destacam-se o rio Inhambupe, que

divide o município nas faces norte e sul. Esse rio, junto com os Rio Ribeiro, Riacho Conga e

Córrego Lagoa D’água delimita o município de Inhambupe com o município de Apora, na

face leste; e, também, com o Rio Mulungu, delimita-o, em quase toda a face Oeste, com o

município de Sátiro Dias. Os rios Subaúma Mirim e Subaúma delimitam-o com os municípios

Amari e Alagoinhas.

Também estão presentes o rio do Una na face centro-oeste; os riachos Vitória na face

sudoeste, Baixa Funda na face norte, Gameleira na porção centro-nordeste, das Flechas, do

Jenipapo e do Sagui na porção centro-leste e, Gravatá ou Ferrugem e Boca do Mato na face

sudeste; os córregos da Aldeia e do Gavião na face sudeste e S. Matriz na porção centro-norte.

Há também as lagoas: Falsa no extremo norte, Tanque da Gameleira na face nordeste, Branca

e do Jenipapo na porção centro-norte, além de Branca (2ª), Seca, do Meio e da Pedra na

porção central, Salobra, Saquinho, Grande na face sul e, D’Água na face sudeste.

Os corpos d’água presentes no município de Inhambupe representam

aproximadamente 85,37km², o equivalente a 6,98% da área (Figura 6).

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Figura 6 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável malha hidrográfica para o município de Inhambupe

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É possível fazer relações entre a presença da malha hidrográfica ao risco de incêndio

florestal, pois a distribuição da malha hidrográfica pode em muitos casos estar associada à

distribuição de população. Tal fato se mostra mais evidente na análise da folha cartográfica do

município de Inhambupe, datada do ano de 2010 (IBGE, 2010e), e pela análise de

proximidade (buffer) da malha hidrográfica à distribuição das localidades (Figura 7).

Figura 7 – Percentuais de distribuição das localidades em relação à distância à malha hidrográfica para o município de Inhambupe

Logo se verifica que 88,30% das localidades encontram-se distribuídas a uma

distância máxima de até 1km dos corpos d’água. Em conformidade relata-se a afirmação de

SEI (2003) em que “rios, como o Inhambupe, exerceram influência na interiorização,

penetração e apropriação do espaço” norte litorâneo do Estado da Bahia. Ribeiro (2009), ao

tratar de municípios, relata que a problemática relacionada à presença de grandes rios pode

contribuir significativamente para o aumento da influência que a malha hidrográfica exerce

sobre o risco de incêndio florestal, principalmente quando se desenvolvem populações

ribeirinhas às margens dos corpos d’água.

Além disso, estudos apontam que áreas próximas aos cursos d’água geralmente são

utilizadas para agricultura de subsistência devido à facilidade de acesso à água e a

predominância de áreas de solos férteis (BAILLY et al., 2012). Semelhantemente, Magalhães

et al. (2011) sugerem que a “localização de áreas urbanas próximas a corpos hídricos deve-se,

sobretudo, à necessidade fisiológica do ser humano pela água, à presença de solos férteis nas

regiões ribeirinhas, para cultivo, à necessidade de irrigar plantações, estabelecimento de

portos e, em certos casos, está associada à topografia.”

Relacionando a malha hidrográfica ao registro de áreas queimadas nas fazendas da

empresa BSC verifica-se que 83,34% das ocorrências iniciaram ou queimaram em áreas com

distância mínima de 1km (Figura 8).

30,85%

26,60%

30,85%

4,26% 6,38% 1,06%

250 m

500 m

1000 m

1500 m

2000 m

3000 m

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Figura 8 – Percentuais de distribuição do registro de áreas queimadas em relação à distância à malha hidrográfica para o município de Inhambupe

Quando relacionadas essas duas análises (a ocorrência de incêndios florestais e o

desenvolvimento de localidades) à proximidade de cursos d’água, sugere-se que incêndios de

causa antrópica estejam associados a tais localidades, e que, possivelmente, os incendiários

sejam indivíduos residentes nelas.

Vale ressaltar que mesmo aquelas ocorrências que foram registradas com distância

superior a 2,5km em relação às localidades (Figura 5) iniciaram ou queimaram a uma

distância mínima de até 250m em relação à malha hidrográfica, relevando, assim, a

importância de se analisar de forma integrada as variáveis utilizadas (Figura 9).

27,78%

29,63%

25,93%

1,85%

12,96% 1,85%

250 m

500 m

1000 m

1500 m

2000 m

2500 m

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Figura 9 – Distribuição do registro de áreas queimadas em relação à distância da malha hidrográfica para o município de Inhambupe

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A análise individualizada das variáveis que contribuem para o risco de incêndio

florestal não fornece informações suficientes para a prevenção, pré-supressão e combate,

idealizando, assim, a necessidade de integração georreferenciada dessas informações, que tem

sido constantemente realizada por meio de plataformas de SIG (SILVEIRA et al., 2008).

A utilização de recursos de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e

Sensoriamento Remoto (SR), relacionado à prevenção de incêndios florestais, tem sido bem

sucedida, a curto e médio prazo, para aplicações locais e regionais, permitindo o

conhecimento real da condição do risco de incêndio florestal e, possibilitando o planejamento

adequado às características de cada região (BUCKLEY et al., 2005; KOPROSKI et al., 2009)

prioritária à prevenção.

3.1.4 Orientação das encostas

A variação da influência da radiação solar nas encostas apresentou a classe de “baixo”

risco de incêndio florestal como aquela de maior percentual, equivalente a 34,69%,

representante das faces Sudeste, Sul e Sudoeste.

Com relação às classes de risco “alto” a “extremo”, o município de Inhambupe

apresenta uma área de aproximadamente 607,10km² (49,64%) (Figura 10).

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Figura 10 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável orientação das encostas para o município de Inhambupe

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Salienta-se que as classificações das encostas em relação ao risco de incêndios

florestais se dão conforme a exposição solar que as mesmas recebem durante o dia. Sabendo-

se que o Brasil está localizado no hemisfério Sul e que a maior incidência solar no globo

terrestre é dada na linha do Equador, conclui-se que as encostas com faces voltadas para o

norte recebem maior incidência solar durante maior parte do ano, comparando-se com as

faces voltadas para os demais sentidos.

Além disso, já que as encostas voltadas para face leste recebem maior incidência de

raios solares no início do dia, os efeitos da radiação solar são reduzidos, comparando-se com a

face oeste, devido ao ciclo de evaporação das águas (SOARES, 1985; OLIVEIRA, 2002;

ILLANA, 2006) e liberação do orvalho pelas plantas. De acordo com os mesmos autores as

encostas voltadas para face oeste recebem influência dos raios solares no período da tarde,

quando essa energia é utilizada para a secagem do material combustível, elevando assim o

risco de incêndio florestal.

Nesse sentido, considerando que as classes de risco “baixo” (3), “muito alto” (2) e

“extremo” (2) reúnem mais de uma encosta, convém analisar os percentuais individuais.

Verificou-se, dessa forma, que os percentuais se mostram bem distribuídos, sendo que os 3

maiores são referentes às encostas Nordeste, Leste e Norte (Figura 11).

Figura 11 – Descrição dos percentuais de cada encosta baseada na exposição solar presente no município de Inhambupe

Como consequência à susceptibilidade da secura do material combustível com base na

orientação das encostas, verifica-se que no município de Inhambupe as encostas mais

representativas de sua área total apresentam-se mais susceptíveis à queima, a exceção da face

Leste. Porém, é importante ressaltar que a perda de umidade do material combustível também

está condicionada às variações climáticas e à espessura do material combustível, reforçando a

13,04%

16,76%

15,68%

12,74%

11,74%

10,20%

9,49%

10,35% Norte

Nordeste

Leste

Sudeste

Sul

Sudoeste

Oeste

Noroeste

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necessidade de se realizar análises de cunho temporal e espacial para deter um conhecimento

real sobre o risco de incêndio florestal e a sua probabilidade de ocorrência.

Ressalta-se que não foi observada nenhuma padronização do histórico de áreas

queimadas na distribuição dessas ocorrências pelas encostas.

3.1.5 Sistema viário

Com base na análise de risco da variável sistema viário, constituído por estradas

federais, estaduais e inseridas nos povoamentos de eucalipto, verifica-se que 58,44%,

equivalente a 714,72km², do município de Inhambupe está classificado como zona de risco

“alto” a “extremo” (Figura 12).

Figura 12 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável sistema viário para o município de Inhambupe

Esse valor elevado se dá principalmente em função do grande número de estradas

privadas localizadas nos povoamentos de eucalipto. As estradas de circulação pública, que o

cortam, referem-se principalmente à estrada federal BR 110, e às estaduais BA-233, BA-400 e

BA-398, que ligam o município de Inhambupe aos municípios de Irará, Entre Rios e

Acajutiba, respectivamente.

Ao relacionar o resultado obtido com o registro de áreas queimadas verifica-se que

todas as ocorrências estão concentradas apenas nas classes de risco “muito alto” e “extremo”,

enquadradas até 500m de distância das vias de acesso.

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Tal fato reafirma a ideia de que o sistema viário constitui uma variável indispensável

para análise do aumento do risco de incêndio florestal, mesmo que no momento do combate

ela atue como um fator positivo (CIPRIANI et al., 2011). Jaiswal et al. (2002) afirmam que as

vias servem de acesso à indivíduos que, intencionalmente ou não, podem iniciar o processo de

ignição do material combustível.

Além disso, Ribeiro et al. (2012) afirma que a existência de vias contribui para o

acúmulo de material combustível às margens de vias pavimentadas, não-pavimentadas, trilhas

e linhas férreas, bem como para a abertura de novas áreas de exploração agropastoril e, ou

para a retirada de madeira, atuando, consequentemente, nas mudanças de microclima que

podem vir a facilitar a entrada de fogo.

3.1.6 Uso e ocupação do solo

Com relação ao mapa preliminar de uso e ocupação do solo, percebe-se que 83,23%,

equivalente a aproximadamente 1017,90km² do município de Inhambupe apresenta-se com

risco “alto” a “extremo” (Figura 13), já que em grande parte do município as explorações

agropecuária e florestal são bastante desenvolvidas. Generalizando, verifica-se que a classe de

“moderado” e “alto” risco apresentam-se em maiores intensidades nas porções oeste e sul, e a

classe de risco “muito alto” nas porções leste e norte.

Figura 13 – Mapa preliminar de risco de incêndio florestal baseado na variável uso e ocupação do solo para o município de Inhambupe

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Dentre as atividades rurais desenvolvidas no município destacam-se na pecuária a

criação de gado, galinhas, cavalo, burro, mula, porco, cabra, ovelha e colmeias de abelhas,

destacando-se a produção de gado e galinhas (IBGE, 2012b); e, na agricultura o cultivo de

banana, coco, laranja, maracujá, abacaxi, amendoim, feijão, tabaco, mandioca, melancia e

milho, sendo a laranja e o milho os que mais se destacam para as classes de culturas

permanentes e temporárias, respectivamente (IBGE, 2012c).

Nas áreas de classe de risco “moderado” estão presentes setores de reserva legal

equivalentes a 49,31km² e setores com menos de 10% de sua cobertura ocupada por

estabelecimentos agropecuários, de área de 108,44km². Nas áreas de classe de risco “alto”

estão presentes setores de lavouras permanentes, lavouras combinadas à pastagem, setores

com estabelecimentos agropecuários em 10 a 25% de seu total e plantios de eucalipto com

áreas de 20,52km², 79,36km², 129,49km² e 334,74km² respectivamente. Nas áreas de classe

de risco “muito alto” estão presentes pastagens plantadas e setores que possuem de 26 a 50%

de área voltada para a agropecuária. A área de pastagens plantadas está presente apenas na

região sudeste e equivale a 70,90km², revelando a dominância dos setores agropecuários,

equivalentes a 351,18km².

Além disso, pode-se concluir que as vegetações de Savanas, Savanas Estépicas e, ou

Florestas Estacionais do município de Inhambupe (MMA, 2006) encontram-se bastante

modificadas ou em processo de supressão, decorrente da ação antrópica, em pelo menos

426,13km² da área total (34,84%), já que não foram inclusas áreas como as de infraestrutura

etc.. Tal fato não só demonstra acréscimo significativo ao risco de incêndio florestal exercido

por essa variável, mas também os efeitos negativos no ambiente como um todo,

principalmente na perda de biodiversidade nas áreas de transição entre os biomas de Cerrado

e de Caatinga.

Condizente com atividades que se encontram na região de estudo, a AMDA (2012)

elucida a necessidade de preservação dessa zona de transição, principalmente da Floresta

Estacional Decidual, ao apresentá-la como um ambiente rico em biodiversidade que vem

sofrendo um processo acelerado de degradação devido à exploração indevida, que leva à

substituição da vegetação natural (desmatamento) por produção agrícola, pecuária e

carvoarias.

Em adição, Costa et al. (2007) ressaltam que a má utilização dos recursos naturais em

vegetação presente no Bioma de Caatinga, seja pelo desmatamento, caça, retirada de lenha e

uso indiscriminado do fogo, tem contribuído para a perda de espécies endêmicas, eliminação

de processos ecológicos, empobrecimento do solo e desertificação.

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3.2 Ponderação pelo método de Processamento Analítico Hierárquico

Ao utilizar a técnica AHP realizou-se a ponderação das variáveis conforme equação

[1], apresentando uma razão de consistência de 0 tornando o modelo aceitável.

Risco Inhambupe = (0,0315* Inc) + (0,0517*OE) + (0,0877*H) +

(0,1496*UeOS) + (0,2539*Demo) + (0,4257*SV)

Em que:

Risco Inhambupe – Risco de Incêndio Florestal no Município de Inhambupe

OE – Orientação da encosta

Inc – Inclinação

H – Hidrografia

UeOS – Uso e Ocupação do Solo

Demo – Densidade Demográfica

SV – Sistema Viário

Mediante a interpretação desses valores, conforme Cipriani et al. (2011), obteve-se,

então, o mapa final de risco de incêndio florestal, para o município de Inhambupe.

3.3 Mapa de risco de incêndio florestal

Por meio da análise integrada das variáveis espaciais que influenciam no potencial de

ignição e propagação do fogo, foi possível determinar com uma visão mais ampla e segura o

risco de incêndio florestal que se incide sobre o município de Inhambupe.

Com base na modelagem do risco verifica-se que o município se encontra em situação

preocupante, pois não existe uma condição “baixa” de risco, a classe de risco “moderado”

representa uma área de 275,54km² (22,53%) e, os outros 947,46km² (77,47%) apresenta-se

como áreas classificadas com risco “alto” a “extremo” (Figura 14).

[1]

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Figura 14 – Mapa de risco de incêndio florestal após ponderação, integração e reclassificação das variáveis densidade, densidade demográfica, malha hidrográfica, orientação das encostas, sistema viário e uso e ocupação do solo para o município de Inhambupe

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Nesse sentido, revela-se, não só a necessidade de se realizar ações de prevenção na

região em estudo, mas também intensificar, nas regiões de maior risco, ações de prevenção e

o estabelecimento de depósito de equipamentos, instalação de torres de incêndios e equipes

brigadistas prontificadas para atender rapidamente às chamadas de incêndios florestais,

realizando, assim, pré-supressão e combates efetivos, diminuindo os efeitos negativos do

fogo.

De forma geral, verifica-se que as áreas de menor risco (classe “moderado”) estão

mais distribuídas nas faces norte, noroeste, sudoeste e sudeste. Nestas áreas, destaca-se a

predominância de: setores de “baixa” e “moderada” densidade demográfica, setores de uso e

cobertura do solo com estabelecimentos agropecuários em pelo menos 10 a 50% e distâncias

de no mínimo 1km do sistema viário. Já as áreas de maior risco (classes “alto”, “muito alto” e

“extremo”) apresentam-se interligadas as de menor risco, distribuídas por toda a região,

destacando-se as faces sul e norte, onde estão localizados os plantios comerciais de eucalipto.

Quando extraídas as informações do mapa de risco de incêndio florestal para as

fazendas da empresa BSC, verifica-se que essas áreas apresentam um risco maior do que no

restante do município, já que a ocorrência da classe de risco “moderado” é mínima, enquanto

que predomina a classe de risco "alto" e “muito alto” (Figura 15).

Figura 15 – Mapa de risco de incêndio florestal específico para a região das fazendas da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC)

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A região de coloração verde de classe de risco “moderado”, na face sudoeste,

classifica-se assim devido, principalmente, à influencia das variáveis orientação de encostas e

uso do solo, que apresentam valores de pixels variantes de 1 a 5 e 1 a 3, respectivamente. As

demais regiões, localizadas nas faces sul e sudoeste, receberam tal classificação, devido à

presença das vias privadas que podem vir a funcionar como aceiros em circunstâncias de

incêndios superficiais de baixa intensidade.

Esse tipo de incêndio florestal (de baixa intensidade) é bastante comum em regiões de

plantio de eucalipto, devido, principalmente, à desrama natural e aos procedimentos de

limpeza do terreno que costumam ser realizados por empresas florestais, que impossibilita a

propagação vertical desses incêndios (incêndio superficial para incêndio de copa), ainda mais

em situações de plantio manejado em que não é interessante que outras espécies de porte

arbustivo e, ou arbóreo se desenvolvam, pois irá gerar competição e tornar a colheita mais

onerosa e demorada.

Para o restante das áreas pertencentes às fazendas da empresa BSC, atenção especial

deverá ser dada, pois 97,96% estão associadas às classes de risco “alto” a “muito alto”, o que

vem reafirmar a necessidade de uma política veemente de prevenção e combate de incêndios

florestais. Porém, para uma análise mais detalhada somente das áreas pertencentes às fazendas

da empresa BSC (escala local), convém sugerir que novas variáveis, como velocidade do

vento, diferenciação entre rios intermitentes e perenes, largura dos rios, altura da vegetação,

idade dos plantios, densidade de copa etc., sejam testadas para que possivelmente sejam

determinadas áreas ainda mais prioritárias para melhor alocação e distribuição dos recursos de

prevenção.

Ainda assim, é válido ressaltar que este estudo serve de base para a escolha de novas

áreas a serem exploradas com relação ao plantio de eucalipto, para alocação de áreas de

infraestrutura (viveiros, depósitos etc.), na decisão de locais menos susceptíveis ao fogo, para

alocação das unidades de conservação, bem como de zonas de amortecimento, constituídas

por espécies que possuem uma maior resistência aos efeitos do fogo.

Ribeiro et al. (2012), por exemplo, a partir do mapeamento do risco de incêndio

florestal para o município de Novo Mundo, MT, recomendaram “a implantação de cortinas

verdes entre estradas e pastagens; aceiro permanente de tamanho proporcional entre estradas e

florestas e entre pastagens e florestas; definição de pontos de apoio para coleta de água, em

caso de incêndios; divulgação do nível de risco de fogo no período mais critico do ano,

utilizando-se meios de comunicação local para melhor alcançar os habitantes, tal como rádio e

panfletos; e, colocação de placas nas estradas, salientando os cuidados, punições legais, bem

como as medidas a serem tomadas em caso de incêndio florestal”.

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Além disso, o mapa de risco de incêndio florestal também pode ser combinado a

outro(s) mapa(s) de risco como o de erosão, inundação, expansão urbana, entre outros,

possibilitando definir, mesmo quando há pouca variação de risco, as áreas de maior

necessidade de preservação e, portanto de prevenção.

3.4 Eficácia da modelagem do risco de incêndio florestal

Segundo Neves et al. (2010) a análise do histórico de ocorrências de incêndios

florestais pode ajudar a isolar fatores e comportamentos pertinentes aos locais de ocorrência,

principalmente ao se trabalhar com escalas menores.

Conforme Francisco (1996) o modelo gerado é tido como confiável quando o mesmo

apresenta percentuais de acerto, em relação ao histórico de episódios, iguais ou maiores de

60%. Dessa forma, com o intuito de verificar a eficiência do modelo gerado, foram extraídos,

do mapa de risco de incêndio florestal, os polígonos que representam o histórico de áreas

queimadas registradas nas fazendas da empresa BSC.

Ao realizar a comparação entre as classes de risco e a ocorrência, verificou-se que

5,07% das ocorrências estão situadas em regiões classificadas de risco “moderado” e os

outros 94,83% das ocorrências ficaram reunidas em regiões de risco “alto” e “muito alto”

(Figura 16).

Figura 16 – Mapa de risco de incêndio florestal em relação aos registros de áreas queimadas nas fazendas da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC)

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Dessa forma, conforme Francisco (1996), é possível afirmar com base no histórico de

áreas queimadas, que a modelagem do risco de incêndio florestal foi eficiente na

determinação das áreas de risco de incêndio florestal.

Torres (2012) encontrou o percentual de 68%, referente às classes de risco alto e

altíssimo, ao comparar as ocorrências de incêndios ao mapa de modelagem do risco para o

município de Ubá, MG. Oliveira et al. (2004) também encontraram percentuais satisfatórios

para a modelagem do risco elaborada para o Estado do Paraná. Esses autores realizaram uma

subtração entre dados de focos de calor e histórico de queimadas ao modelo de risco proposto,

e encontraram percentuais de 52% e 65%, respectivamente, de concordância entre os mapas.

4 CONCLUSÕES

O município de Inhambupe possui 75,47% de sua área total classificado como de risco

“alto” a “extremo” para a ocorrência de incêndios florestais. Esse percentual está associado

principalmente à ação antrópica que tem modificado constantemente a paisagem natural.

A presença de localidades, principalmente rurais, próximas às áreas queimadas sugere

que os indivíduos incendiários sejam oriundos dessas localidades e que queimas que fogem

do controle também contribuam para a ocorrência de incêndios florestais.

Em relação aos plantios de eucalipto, apesar de bem estruturados, esses continuam

sujeitos aos incêndios florestais. Além dos vizinhos (localidades) que o circundam, os

conflitos resultantes das atividades de retirada ilegal de madeira é o fator que mais contribui

para as ocorrências de incêndios nessa área de interesse.

Ao comparar o histórico de áreas queimadas ao mapa de risco de incêndio florestal,

verificou-se que 94,83% delas situam-se em áreas classificadas de maior risco, evidenciando,

assim, a aplicabilidade do modelo aplicado.

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5 CONCLUSÕES GERAIS

Tendo em vista a importância dada aos incêndios florestais, as metodologias aplicadas

são de grande valia, servindo de subsídio às ações de prevenção e combate, integrantes de um

plano de proteção florestal sócio-econômico-ecológico.

As principais causas encontradas para a ocorrência de incêndios florestais no

município de Inhambupe estão associadas à presença humana, sendo essas ocorrências mais

frequentes no período mais seco, evidenciando, assim, a importância da utilização de

variáveis climáticas para predição da probabilidade diária de ocorrência de fogo estimada com

base no Índice Logarítmico de Telicyn ou a Fórmula de Monte Alegre ajustada.

Somente com base nessas informações, ações de educação ambiental, treinamento e

alerta do risco em localidades do entorno das áreas prioritárias à conservação já são sugeridas

para minimizar a existência de fontes de ignição, principalmente nos meses de agosto e

setembro que antecedem o período de maior risco.

Além disso, a construção de um mapa de risco de incêndio florestal, levando-se em

consideração as variáveis inclinação, densidade demográfica, malha hidrográfica, orienteção

das encostas, sistema viário e uso e ocupação do solo, é de suma importância para

determinação das zonas que apresentam maiores riscos.

Nessas áreas, principalmente nas classificadas de risco “extremo”, o monitoramento e

a presença de equipes brigadistas devidamente equipadas próximas a esses locais precisam ser

constantes, como também deverão ser intensificadas a construção de aceiros e açudes, e

fiscalizações do uso da terra e do fogo.

Detendo a visão global dos fatores que contribuem para iniciação e propagação do

fogo, as ações de prevenção podem ser adequadas às especificações da região, favorecendo,

também, nas tomadas de decisão durante o combate.

Dessa forma, todas essas ações atuarão na diminuição da frequência, duração e

intensidade do incêndio florestal, e consequentemente os danos desencadeados por esses

incêndios, proporcionando, portanto, maior segurança sócio-econômico-ecológica sobre as

ações de modificação exercidas pelo homem no ambiente.

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