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Ministério da Justiça - MJ Comissão Nacional de Política Indigenista 1ª Reunião Extraordinária Brasília, 12 e 13 de julho de 2007 Ata da 1 a Reunião Extraordinária Dia 12 de julho de 2007 Manhã Aos 12 dias do mês de julho do ano de dois mil e sete, na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, Brasília, Distrito Federal, realizou-se a Reunião Extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, sob a presidência de Marcio Augusto de Freitas Meira, Presidente da Fundação Nacional do Índio, contando com a presença dos seguintes representantes indígenas: Jecinaldo Barbosa Cabral – Saterê-Mawé; Ak ´Jabor Kaiapó; Pierlângela Nascimento Cunha Wapichana; Almir Narayamonga Suruí; Kohalue Karajá; Francisca Novantino Paresi; Elcio Severino da Silva – Manchinere; José Aarão Marizê Lopes; Aikury Wajãpi; Manoel Messias da Silva - Xucuru Kariri; Lindomar Santos Rodrigues – Xocó; Luiz Vieira Titiá – Pataxó Hã Hã Hãe; Antonio Pessoa Gomes “Caboquinho” – Potiguara; José Ciríaco Sobrinho; Sandro Emanuel Cruz dos Santos – Tuxá; Gliceria Jesus da Silva – Tupinambá; Marcos dos Santos Tupã; Brasílio Priprá – Xokleng; Florêncio Rekaye Fernandes; Deoclides de Paula; Danilo de Oliveira Luiz – Terena; Wilson Matos da Silva – Terena; representantes de governo: Celso Lourenço Moreira Correa/Casa Civil; Quenes Gonzaga/Secretaria Geral da Presidência da República; Cel. José Caixeta Ribeiro, Heloísa Solino Evelin/Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Cláudio Scliar, Carlos Nogueira da Costa Junior/Ministério de Minas e Energia; Edgard Dias Magalhães/Funasa; Kleber Gesteira de Matos/Ministério da Educação; Aderval Costa Filho/Ministério do Desenvolvimento Social; CF Luiz Felipe Bezerra Schmidt/Ministério da Defesa; Frederico Augusto Barbosa da Silva/Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Márcio Augusto Freitas de Meira/Fundação Nacional do Índio; representantes da sociedade civil: Saulo Ferreira Feitosa/Conselho Indigenista Missionário; Gilberto Azanha/Centro de Trabalho Indigenista; assessores, convidados e observadores: Paulo Machado Guimarães/CIMI; Ricardo Verdum/Instituto de Estudos Socioeconômicos; Ubiratã Souza Maia/Instituto Warã; Daniela Pedrinha de Lima, Eunice

Ministério da Justiça - MJ Comissão Nacional de Política ......1ª Reunião Extraordinária Brasília, 12 e 13 de julho de 2007 Ata da 1a Reunião Extraordinária Dia 12 de julho

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Ministério da Justiça - MJComissão Nacional de Política Indigenista

1ª Reunião Extraordinária Brasília, 12 e 13 de julho de 2007

Ata da 1 a Reunião Extraordinária Dia 12 de julho de 2007

Manhã

Aos 12 dias do mês de julho do ano de dois mil e sete, na sede do Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, Brasília, Distrito Federal, realizou-se a 1ª

Reunião Extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, sob a presidência de

Marcio Augusto de Freitas Meira, Presidente da Fundação Nacional do Índio, contando com a

presença dos seguintes representantes indígenas: Jecinaldo Barbosa Cabral – Saterê-Mawé; Ak

´Jabor Kaiapó; Pierlângela Nascimento Cunha Wapichana; Almir Narayamonga Suruí; Kohalue

Karajá; Francisca Novantino Paresi; Elcio Severino da Silva – Manchinere; José Aarão Marizê

Lopes; Aikury Wajãpi; Manoel Messias da Silva - Xucuru Kariri; Lindomar Santos Rodrigues –

Xocó; Luiz Vieira Titiá – Pataxó Hã Hã Hãe; Antonio Pessoa Gomes “Caboquinho” – Potiguara;

José Ciríaco Sobrinho; Sandro Emanuel Cruz dos Santos – Tuxá; Gliceria Jesus da Silva –

Tupinambá; Marcos dos Santos Tupã; Brasílio Priprá – Xokleng; Florêncio Rekaye Fernandes;

Deoclides de Paula; Danilo de Oliveira Luiz – Terena; Wilson Matos da Silva – Terena;

representantes de governo: Celso Lourenço Moreira Correa/Casa Civil; Quenes

Gonzaga/Secretaria Geral da Presidência da República; Cel. José Caixeta Ribeiro, Heloísa Solino

Evelin/Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Cláudio Scliar, Carlos

Nogueira da Costa Junior/Ministério de Minas e Energia; Edgard Dias Magalhães/Funasa; Kleber

Gesteira de Matos/Ministério da Educação; Aderval Costa Filho/Ministério do Desenvolvimento

Social; CF Luiz Felipe Bezerra Schmidt/Ministério da Defesa; Frederico Augusto Barbosa da

Silva/Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Márcio Augusto Freitas de Meira/Fundação

Nacional do Índio; representantes da sociedade civil: Saulo Ferreira Feitosa/Conselho Indigenista

Missionário; Gilberto Azanha/Centro de Trabalho Indigenista; assessores, convidados e

observadores: Paulo Machado Guimarães/CIMI; Ricardo Verdum/Instituto de Estudos

Socioeconômicos; Ubiratã Souza Maia/Instituto Warã; Daniela Pedrinha de Lima, Eunice

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Comissão Nacional de Política Indigenista1ª Reunião Extraordinária

Brasília, 12 e 13 de julho de 2007

Rossi/Ministério da Justiça; Jovanildo Vieira dos Santos; Henrique Cavalleiro/MDS; Alda Freire de

Carvalho/Advocacia Geral da União; Edvard Dias Magalhães/CTI.

O Presidente deu início aos trabalhos agradecendo a toda a equipe que participou

da organização da reunião, à secretária Teresinha Gasparin Maglia, bem como a todos os que

participaram das reuniões realizadas no âmbito das subcomissões e aos voluntários que

contribuíram para que fossem realizadas. Antes de passar à definição da pauta, o Presidente pediu

aos presentes que fizessem um minuto de silêncio, tendo em vista o assassinato brutal de Ortis

Lopes, líder indígena Kaiowá Guarany, da TI Tekohá Curuçu Ambá, assassinado no dia 8 de julho

de 2007, na porta de sua casa, na frente da mulher e dos filhos, em Coronel Sapucaia, por defender

a terra do seu povo, destacando-se que de janeiro a julho de 2007 foram assassinados 21 índios em

Mato Grosso do Sul. Transcorrida essa pausa, o Presidente prosseguiu perguntando se todos os

membros haviam recebido a pasta contendo a proposta de pauta, aprovada na última reunião

ordinária, informando ainda que embora a proposta se encontrasse numerada isso não significava

ordem de prioridades, seqüência a ser seguida, tendo em vista que poderia ser alterada conforme

decisão da plenária. Como encaminhamento, abriu a palavra para a proposição de mudanças de

ordem da pauta, destacando porém que o Ministério de Minas e Energia havia solicitado que sua

apresentação fosse agendada para o dia 13 de julho, uma vez que o técnico responsável pela mesma

se encontrava viajando, em face do que sugeriu que iniciassem os trabalhos pela discussão do

Estatuto do Índio, tema considerado importante por todos. Frederico Silva/MPOG propôs que fosse

reservado momento para que as subcomissões dessem informe sobre as reuniões realizadas

previamente à Reunião Extraordinária. Gilberto Azanha/CTI, por sua vez, pediu a palavra para

solicitar que a ata da reunião fosse corrigida, sendo necessário rever a questão do Regimento

Interno e reformular a parte que trata do tema da apresentação do Ministério de Minas e Energia,

que deveria ser sobre empreendimentos hidrelétricos em terras indígenas e não sobre

empreendimentos em terras indígenas.

Após essas falas, o Presidente abriu novamente a palavra, ao que a indígena

Pierlangela Wapichana propôs que o tema Estatuto do Índio fosse tratado no dia seguinte, 13

de julho, quando seria feita apresentação do Ministério de Minas e Energia, enquanto o dia 12

seria dedicado a temas mais gerais presentes na pauta. A seguir, o indígena Deoclides de Paula

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Comissão Nacional de Política Indigenista1ª Reunião Extraordinária

Brasília, 12 e 13 de julho de 2007

comentou que, conforme havia sido discutido na reunião de sua subcomissão, de Justiça, Segurança

e Cidadania, há um ponto que não está em concordância com o Regimento Interno, artigo 23, no

sentido de que devem fazer parte das subcomissões como membros titulares e suplentes, e

convidados, e notaram que a Funai será membro nas 9 subcomissões, de forma que deveria estar

como membro efetivo de 2 subcomissões, pela titularidade e pela suplência, então seria preciso

reajustar o Regimento ou definir a participação da Funai enquanto convidada, ressaltando a

importância de sua participação, em razão dos subsídios que pode oferecer aos trabalhos.

A respeito dessas falas, o Presidente voltou a afirmar ser necessário aprovar a ata

da reunião passada e o Regimento Interno, que já foi aprovado mas que restaria verificar se todos

estavam de acordo. Quanto à sugestão de Pierlângela quanto à ordem da pauta, considera razoável.

Neste ponto, o indígena Antonio Potiguara pediu questão de ordem, solicitando que os presentes à

mesa se apresentassem, tendo em vista a participação de pessoas que não estiveram na reunião

anterior, ao que o Presidente abriu a palavra para uma rápida apresentação.

Retomando a palavra, o Presidente questionou a plenária quanto à proposta de

pauta, que seria: dia 12 de julho: informe da subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania, sobre

violência contra lideranças indígenas; apresentação da Funasa sobre a situação da Saúde Indígena;

informe sobre o anteprojeto de Lei sobre a criação do Conselho Nacional de Política Indigenista;

dia 13 de julho: apresentação do Ministério de Minas e Energia; Estatuto do Índio. Com a palavra,

Wilson Matos Terena afirmou concordar com a proposta, mesmo porque na subcomissão de que

faz parte [Assuntos Legislativos] fora definido que os temas relativos a legislação devem ser

discutidos em conjunto. Élcio Manchinery, por sua vez, propôs que comecem aprovando a ata da

reunião anterior e a seguir se passe à apresentação das propostas das subcomissões. Saulo

Feitosa/CIMI afirmou que gostaria de solicitar esclarecimento, mais uma vez, com relação à pauta,

em face do que já havia sido levantado por Gilberto Azanha, uma vez que a observação de

Pierlângela teria que ser entendida dentro do contexto desse problema, sendo que a proposta

original, conforme consta em pauta, foi a seguinte, passando à leitura de trecho da ata da reunião

anterior: "Com respeito à pauta, Saulo Feitosa sugeriu que Ministério de Minas e Energia prepare

para a próxima reunião informe sobre um outro tema que considera da maior importância, que se

trata da construção de hidrelétricas em terras indígenas, propondo que Claudio Scliar apresente para

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a Comissão todos os dados possíveis para poderem manter discussão específica sobre o assunto, a

fim de discutirem a questão dos empreendimentos em terras indígenas de forma mais ampla e não

apenas a mineração". Então, prosseguiu Saulo, pelo que entende, condicionar a discussão a um

assessor do MME que virá no dia seguinte seria nessa perspectiva, geral, sendo que Pierlângela

defende que a discussão do tema mineração venha a ser feita no mesmo dia que a discussão do

Estatuto, que a seu ver está bem. Portanto, questionou Saulo, as outras questões sugeridas para

inclusão em pauta são aquelas que entende demandarem a presença dos assessores do MME. Em

resposta, o Presidente afirmou que sim, devido à solicitação por parte daquele Ministério, devido a

razões técnicas, fora proposto deixar a apresentação para o dia seguinte, ao que reafirmou a

proposta de se pautar a apresentação do MME e a discussão do Estatuto para o dia 13, sendo que,

nesse dia 12, passariam à discussão do que fora trabalhado nas subcomissões, sendo nesse sentido

que estariam procedendo à transferência da apresentação para o dia seguinte. A seguir, Aderval

Filho/MDS expressou concordância quanto à sugestão de inversão da pauta com relação à sua

seqüência, porém expressou preocupação com o fato de a pauta do dia 13 ter ficado pesada,

principalmente com o debate sobre o Estatuto, ao que sugeriu que não se condicionasse as

discussões ao dia seguinte, uma vez que a seu ver talvez ainda se pudesse começar a tratar de temas

que constariam na pauta do dia 13 no próprio dia 12.

Como encaminhamento para a questão, o Presidente passou à consulta à plenária

sobre a aprovação da ata da 1ª Reunião Ordinária e do Regimento Interno, afirmando que se

houvesse entendimento passariam à apresentação dos trabalhos das subcomissões, a seguir abrindo

a palavra para outras questões. Com a palavra, Aderval Filho/MDS afirmou que não apenas a Funai,

mas também outros órgãos estão em mais de duas subcomissão e por isso os titulares e suplentes

não dariam conta de participarem das reuniões e a não ser que fossem em horários distintos, esse

arranjo é muito complexo. Diante do que propõe que seja flexibilizada a composição para além de

titulares e suplentes. Lindomar Xocó, por sua vez, afirmou que o Regimento Interno só diz que as

subcomissões devem se reunir um dia antes das reuniões ordinárias e extraordinárias da CNPI,

sendo que algumas têm que se reunir em outras ocasiões também. Sandro Tuxá destacou que ainda

não se sabe como vai ficar a cobertura dos gastos para a participação dos convidados indígenas,

tema que não está claro no Regimento. Wilson Matos informou que a sua subcomissão propôs a

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adoção do voto indireto, pois no caso de questão complexa o titular ou suplente, enquanto membros,

tem direito a voto, portanto as subcomissões seriam compostas por titulares e suplentes e, se faltar

membros, por convidados. A questão é o perigo do voto indireto, destacou, questões complexas que

nas subcomissões já vêm com o voto indireto. Antonio Potiguara informou que a subcomissão a

qual integra, de Assuntos Legislativos, propôs que, como o assunto de que trata é muito amplo,

demandando mais tempo para discussão, gostariam de se reunir durante 3 dias a fim de discutir as

propostas mais viáveis para serem apresentadas à CNPI. Danilo Terena informou, a respeito da

condução dos trabalhos da subcomissão de Terras Indígenas, que contaram apenas com a presença

de dois representantes de governo, que eram convidados e não titulares ou suplentes, com o que

considera que os trabalhos ficaram prejudicados. Afirmou ainda ser importantíssima a presença da

Funai, retomando o que é dito no artigo 23 do Regimento Interno, colocando ainda a questão de que

as subcomissões deveriam sim se reunir em outras datas, além da véspera das reuniões ordinárias e

extraordinárias.

Kleber Gesteir/MEC afirmou que a Comissão é um processo de aprendizagem,

sendo que as subcomissões não são instância deliberativa, trazem decisões para a plenária, que

decide de forma definitiva de forma que talvez a demanda de que sejam compostas necessariamente

por titulares e suplentes seja muito exigente. Com a palavra, Celso Correa/Casa Civil, pediu a

palavra para, corroborando o que dissera Kleber, afirmar que gostaria de arriscar proposta de

alteração do Regimento, destacando que há 9 subcomissões e há representação de 3 membros de

governo e 3 não governamentais; a não governamental está mais fácil, pois são 22 titulares para

preencher participação indígena e sociedade civil; a governamental é mais difícil, pois além de

mesmo usando os suplentes ainda há dificuldade de preencher o número adequado de membros,

sendo que, para garantir que o órgão indigenista tenha conhecimento de tudo o discutido e participe

de todas a subcomissões, sugere que a Funai tenha um representante em cada subcomissão como

membros titulares e suplentes, então teria 18, o que facilitaria a representação, abrindo a proposta

para discussão. Novamente com a palavra, Kleber Gesteira/MEC afirmou que é preciso flexibilizar

a representação nas subcomissões para os membros de governo, caso contrário se torna inviável.

Nesse sentido, sua proposta é se reestruturar o referido parágrafo 23, que passaria a ter redação

estabelecendo que, em caráter excepcional, o órgão de governo relacionado indica o possível

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substituto, ou seja, indicariam o órgão e este decidiria quem vai enviar para participar da reunião.

Citou como exemplo o caso do MEC, em que o titular é o Secretário de Educação Continuada, que

não terá tempo de participar da subcomissão, mas estará plenamente informado se for substituído

por alguém do órgão, sendo que se não flexibilizarem ele não poderá participar de várias das

reuniões nem será informado porque não terá um substituto habilitado, então o ideal seria fazer a

flexibilização, pois mesmo incluindo a representação da Funai em todas as subcomissões, conforme

sugerido por Celso, ainda faltarão membros de governo para elas. Sandro Tuxá retrucou afirmando

ser importante que os órgãos de governo possam indicar pessoas que possam falar pelo Ministério e

se fazer presentes nas reuniões, porque precisam conhecer as pessoas que vão participar da

Comissão, comunica-se com elas. E portanto sugere que a partir dessa reunião possam ser indicadas

pessoas que efetivamente vão participar como titulares e suplentes, para que saibam com quem vão

trabalhar de fato.

Nesse ponto, o Presidente esclareceu que a Comissão convidara para o momento de

abertura da CNPI o Ministério Público e a Advocacia Geral da União, no caso representada pela

Dra. Alda Freire de Carvalho, a quem passou a palavra. A Dra. afirmou ter ficado honrada com o

convite e que gostaria de lembrar que a AGU fora convidada para integrar a subcomissão de Justiça,

Segurança e Cidadania, mas que também se for possível entende que seria adequado que fosse

convidada para dar suporte à subcomissão de Terras Indígenas, sendo que essa participação seria

pertinente até porque as terras indígenas são de domínio da União, expressando ainda a intenção de

contribuir efetivamente para as discussões e para a composição da subcomissão, se a plenária

permitir, mesmo porque o Ministério Público já é membro da mesma.

A seguir, Saulo Feitosa/CIMI, afirmou que gostaria de esclarecer que a aritmética

de Kleber está equivocada, por considerar que os indígenas presentes são 20, que todos os seus

suplentes moram em aldeias e se soma todos os indígenas mais os dois titulares de indigenistas,

somando ainda os dois suplentes de indigenistas, chegam a 24. Sendo que só os representantes de

governo, dos quais todos moram em Brasília, somando titulares e suplentes, são 26, e estão se

admitindo mais 9 da Funai, portanto totalizando 35 contra 24. Então a proposta de flexibilizar para

o governo, além de que este já tem um número maior de representantes, dá a impressão de que os

demais não têm ocupação; todos têm atividades, porém priorizam. Cláudio Scliar/MME, afirmou

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que entende as subcomissões como um fórum mais livre, de trabalho, a Comissão também de

trabalho, porém mais de discussão e deliberação, enquanto que as subcomissões se tratam de

oficinas de trabalho, onde se tenha trabalho, responsabilidade, mas cujas discussões são levadas à

plenária, onde a questão da representação é mais séria. O fórum da subcomissão, a seu ver, deve ser

entendido como mais aberto, mais dinâmico, afirmando sua concordância com posição já defendida

no sentido de que, se puder haver uma forma de representação, pois quem está na CNPI deve estar

para trabalhar, mas que seria interessante poder se trabalhar em termos de representação, fechando-

se mais o papel do coordenador e sub-coordenador, pois são a formalidade de ligação com a

Comissão em si, quantos aos outros membros, sugere que seja adotada a representação da entidade,

alguém que vai contribuir para a discussão, que vai representá-la, o que valeria para entidades

indígenas também, não obrigatoriamente os titulares e os suplentes. Luiz Titiá, a seguir,

manifestou-se para destacar a importância de que todos tenham responsabilidade e compromisso

com os trabalhos da CNPI, tanto por parte dos índios como dos não indígenas, até porque em sua

subcomissão houve faltas. O Presidente a seguir deu encaminhamento solicitando a leitura dos

artigos 22 e 23, que tratam da forma de funcionamento, composição, escolha dos membros,

participação nas subcomissões, permitindo o convite a pessoas que possam contribuir para os

trabalhos. Nesse sentido, afirmou ele, tudo o que está sendo discutido já está contemplado nos

artigos em questão, de maneira que acredita que a ansiedade está causando dúvida nos presentes,

que acabam por sentir que algo está faltando. O ponto central, portanto, a seu ver, é justamente o

que Luiz Titiá acabou de afirmar, a responsabilidade e o comprometimento, estão num processo de

construção, no dia anterior houve a primeira reunião, que foi muito mais de instalação das

subcomissões, e o melhor encaminhamento seria prosseguir com os trabalhos, segundo o

Regimento, que já foi aprovado, ao invés de ficarem discutindo se o que está nele está correto,

afinal não estão discutindo mérito do Regimento, que já foi discutido a não se que por maioria a

plenária decida rediscutir o Regimento. Assim o que propõe é que comecem a trabalhar, e mais

adiante, numa segunda ou terceira reunião, decidem se devem ou não submeter de novo o

Regimento a uma discussão, ressaltando ainda a questão da responsabilidade e comprometimento

e citando como exemplo Cláudio Scliar, que mesmo sendo Secretário, e portanto tendo agenda

pesada, sempre se faz presente às reuniões. Que a Comissão deve ser reconhecida pelos

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representantes de governo como importante, necessária, historicamente fundamental, então devem

ter representantes que venham apresentar as decisões políticas de seus ministérios, participando

ativamente tanto da Comissão como das subcomissões, e que o mesmo vale para os representantes

das entidades da sociedade civil, não podendo haver rodízio, compromisso que propõe exista de

ambos os lados. Quanto à participação da Funai, por razões óbvias é importante que esteja presente

em todas as subcomissões, por isso decidiram que terá representante em todas elas. Por último,

continuou, sugere o encaminhamento prático da aprovação do Regimento e da ata e regimento, para

então se dar continuidade à discussão. Sandro Tuxá afirmou concordar com a proposta e que Funai

participe em todas as subcomissões, mas ressaltou que, pelo Regimento, deve vir como convidada, e

não como membro, em face do que acha que deveria se adequar o mesmo. Com relação a essa fala,

o Presidente afirmou que o ponto principal, sem entrar em detalhes regimentais, é que, se os

membros estiverem de acordo que a Funai participe de todas as subcomissões, por razões óbvias,

que assim seja, pois essas são instâncias de produção intelectual e técnica, enquanto o

encaminhamento político é feito no âmbito da Comissão; o importante, portanto, é que os

componentes das subcomissões tenham compromisso, participem das discussões, é esse o

ponto, obviamente de acordo com o Regimento, voltando ainda a reforçar a importância de que

exista compromisso por parte do que participam das subcomissões com vistas a dar consistência aos

trabalhos. A seguir, o Presidente questionou a plenária se poderiam considerar o Regimento

aprovado, ao que esta aprovou a proposição. Quanto à ata da reunião passada, também foi

aprovada, com as ressalvas feitas pelos membros anteriormente. A seguir, Élcio Manchinery

pediu a palavra para propor que se mudasse o Regimento, no artigo 22, quanto à representação

indígena; o Presidente afirmou não entender a razão de ser da proposta, pois de acordo com o

Regimento, a paridade entre governo e sociedade civil é um princípio já estabelecido, ao que Élcio

retrucou no sentido de que se deveria aumentar o número de representantes indígena, ao que o

Presidente perguntou se estaria se referindo à questão da proporcionalidade, sendo que, após

esclarecimento da questão, manteve-se a aprovação do Regimento Interno.

A seguir o Presidente deu encaminhamento à aprovação da pauta, questionando

se estaria aprovada a proposta de inversão dos temas, tal como já discutido anteriormente. Com a

palavra, Koralui Karajá afirmou que se discutiu a possibilidade de levar os resultados das

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discussões para as bases, que há dificuldades com os deslocamentos, problema que até agora não foi

solucionado, ao que o Presidente retrucou afirmando que esta se tratava de uma outra questão, que

não estava em debate no momento, uma vez que o tema em discussão no momento era a pauta da

reunião. Antonio Potiguara, por sua vez, dirigiu-se à plenária para afirmar que várias regiões

realizam assembléias indígenas, eventos regionais nos quais os membros da Comissão deveriam

participar a fim de conhecer as falas das lideranças, ver de perto o que estão passando, sendo que a

seu ver seria importante que lideranças e governo participassem. Novamente, o Presidente retrucou

no sentido de que esta é uma outra questão, que seria discutida no momento adequado, solicitando

que os inscritos para fazer uso da palavra se ativessem ao tema em discussão no momento, que é a

inversão de pauta da Reunião Extraordinária. Jecinaldo Barbosa, a seguir, afirmou que a discussão

da pauta levava a crer que a questão do Estatuto é discussão que engloba mineração e outros temas,

diante do que propõe que saia o tema mineração e passem a se focar exclusivamente na discussão

do Estatuto. Outra ressalva que gostaria de fazer seria quanto à correção do título da apresentação

do Ministério de Minas e Energia, assim como sobre o informe da Funasa, que não deveria ser

chamado de informe mas de apresentação, devendo ser complementada com os subsídios da

discussão da subcomissão que é tema crítico.Wilson Matos, a seguir, afirmou que, em sua opinião,

o tema mineração, entre outros, está contido no anteprojeto de revisão da Lei 6001 e portanto acha

oportuno que sejam abordados juntos, para a discussão não desmembrar. Sendo assim, afirmou o

Presidente, entende estar aprovada inversão da pauta, com as ressalvas feitas, reafirmando ainda

que, do ponto de vista do governo, a discussão do Estatuto é prioritária, frisando que

historicamente é importante essa posição de que essa discussão é prioridade para o governo. Assim,

reafirmou ele, de acordo com o proposto por Pierlângela, no dia seguinte se passará à discussão

completa, em conjunto, do tema Estatuto do Índio e correlatos, que é longa e densa.

Antes de dar prosseguimento, Edgard Magalhães/Funasa solicitou que a

apresentação sob sua responsabilidade, sobre atendimento à saúde indígena, seja feita no período da

tarde, ao que se adotou o encaminhamento de que seria feita juntamente com a apresentação das

discusões ocorridas no âmbito da subcomissão de saúde.

Danilo Terena, então, sugeriu mudar a ordem dos trabalhos, de forma a se passar a

seguir para a apresentação do Ministério de Minas e Energia e depois para a discussão sobre

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Estatuto do Índio, mas o Presidente lembrou que a pauta já fora discutida e aprovada, e que assim

esses temas seriam discutidos no dia seguinte mesmo, enquanto nesse dia 12 de julho se passaria ao

informe da Funasa, sendo que a seguir seria feito o relato das discussões no âmbito das

subcomissões, ficando a da subcomissão de saúde indígena para a tarde uma vez que seria casada

com a apresentação da Funasa. Antes de serem iniciadas as apresentações, Sandro Tuxá pediu a

palavra para propor mudança de encaminhamento, afirmando não ter havido tempo para os

representantes indígenas socializarem o que foi discutido nas subcomissões, diante do que pediu

que fosse feito um intervalo de 30 minutos para discutirem entre si, com o que acreditava que

poderiam melhor contribuir, uma vez que a seu ver foram debatidos temas polêmicos a respeito dos

quais nem todos estavam cientes. O Presidente, por outro lado, afirmou que assim se perderia tempo

precioso, propondo que primeiro ouvissem os informes e relatos sobre o que fora discutido, pois

isso já seria subsídio para poderem fazer a discussão, ao que Sandro Tuxá concordou. O Presidente

lembrou que se não houvesse tempo de fazer todos os relatos de manhã finalizariam na parte da

tarde. A seguir, solicitou que estabelecessem a ordem de apresentação das subcomissões, que se

manifestaram na ordem que se segue:

1) Subcomissão "Anteprojeto de lei para criação do Conselho Nacional de Política

Indigenista"

Após informar os nomes dos seus componentes, o local da reunião, a sede da Coiab

em Brasília, bem como sobre a função da subcomissão, que se trata da elaboração de proposta de

anteprojeto de lei para a criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, o coordenador

Jecinaldo Barbosa passou à leitura da ata da reunião da subcomissão (anexo 1), destacando os

principais pontos de discussão e informando que haviam participado como convidados

representante da Funai e assessor jurídico do CIMI, o doutor Paulo Guimarães. Jecinaldo destacou o

fato de que as subcomissões estão em momento de instalação, de maneira que essa primeira reunião

foi de fato o início dos trabalhos, ao que ressaltou ainda importância da subcomissão e do tema de

que trata. Nesse sentido, afirmou que a proposta de criação de um Conselho Nacional de Política

Indigenista é reivindicação histórica dos povos indígenas, que no governo passado não se efetivou,

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nem sequer foi discutida, apesar de inclusive constar no documento denominado "Compromisso

com os povos indígenas", como proposta de governo para esse segmento da população. Então,

prosseguiu Jecinaldo, essa subcomissão, que representa o resultado de anos de reivindicação, serve

como acúmulo para o que vai ser criado, não se podendo retroceder nem deixar o tema ficar parado

na Comissão Nacional de Política Indigenista, ao que convidou a todos que participaram dos

esforços pela criação do Conselho, nos anos anteriores, tanto de governo como do movimento

indígena, para contribuírem para os trabalhos da subcomissão.

Prosseguindo no relato do que foi discutido na subcomissão, Jecinaldo informou

que foram discutidos temas como a organização dos trabalhos da subcomissão, pontos de acúmulo

da discussão, seu caráter deliberativo, que é central na questão, sua funcionalidade deliberativa, sua

função de propor normas e diretrizes para o governo na formulação da política indigenista.

Informou ainda que foi observada a questão da paridade, ao que perceberam que há mais

representantes de governo que do movimento indígena, discussão superada por já ter se chegado ao

consenso quanto à paridade. Sobre a composição do futuro Conselho, informou que estão

trabalhando nesse tema, mas que ainda estão analisando as propostas e não vão se precipitar sobre a

forma de definição, a fim de aproveitar aprendizados passados. Outra questão diz respeito a que

órgão estaria ligado o Conselho, sendo a proposta dos povos indígenas que venha a estar ligado à

Secretaria Geral da Presidência da República ou ao Ministério da Justiça, o que ainda não foi

definido. Assim, informou Jecinaldo, estão recebendo informes, analisando a estrutura de outros

conselhos, planos de trabalho, entre outras atividades, sendo que a próxima reunião da

subcomissão foi agendada para 6 de agosto, quando será discutida proposta de minuta a ser

apresentada em breve em plenária.

A seguir, Gilberto Azanha afirmou concordar com a fala de Jecinaldo quanto ao

compromisso de que na próxima reunião ordinária será apresentada minuta do Projeto de Lei à

plenária, para o que estarão realizando nova reunião da subcomissão no dia 6 de agosto às 14:30, na

qual discutirão alternativas e pontos de confronto, após o que compartilharão a minuta com os

demais órgãos, reafirmando o compromisso de que na próxima reunião trarão minuta já

consensuada.

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Após essa fala, o Presidente perguntou se haveria mais alguma questão a tratar, ao

que Jecinaldo retomou a palavra para agradecer aos presentes, afirmando ainda que os trabalhos

correram muito bem, a partir de uma estratégia pré-definida de funcionamento, tendo sido ainda

definido que, ao invés de trabalharem com muitas propostas e se confundirem, optaram por tomar

um texto como base, o qual será trabalhado pelo Dr. Paulo Guimarães, proposta que será

apresentada para conhecimento dos demais em breve.

Em face da definição da data da próxima reunião da subcomissão, o Presidente

solicitou que a Secretaria Executiva registrasse a necessidade de providenciar diárias e

passagens a fim de que os membros da subcomissão que não residem em Brasília possam

participar da reunião, no dia 6 de agosto.

Ao fim da apresentação, o Presidente solicitou que se passasse à apresentação da

próxima subcomissão.

2) Subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania

Com a palavra, o coordenador da subcomissão, Wilson Matos, informou que se

reuniram na sede do CIMI, informou o nome dos membros que participaram da reunião e que antes

da exposição gostaria de registrar o recebimento de denúncia de que os índios em Roraima estariam

sendo atacados, fato que exigia providências; sobre o caso de assassinato do jovem Guarany

lembrado pelo Presidente no início da reunião, lembrou que têm sido inúmeros os casos de

indígenas que têm sido alvos da violência em razão de conflitos pela terra. O tema sob

responsabilidade da subcomissão é amplo, afirmou Wilson, haja vista tratar de Justiça, Segurança,

que engloba os casos de índios marcados para morrer, e também a cidadania, que engloba o

problema dos índios que têm dificuldade em ter acesso aos benefícios do Estado. O coordenador

afirmou ainda que se valeram de dados fornecidos por algumas instituições do Mato Grosso do Sul,

destacando porém que no Brasil há carência de dados atualizados sobre o assunto, uma vez que, por

exemplo, quando se fala em segurança, não se sabe quantos índios estão ameaçados. Assim de

início discutiram e acharam por bem solicitar o apoio de órgãos como a Secretaria de Segurança

Pública e Polícia Federal, no sentido de informar se há áreas que estão sendo mapeadas por eles

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com vistas à obtenção desse tipo de dados. Informou ainda que tiveram dificuldades devido à

ausência dos membros de governo na reunião, e que embora saibam da dificuldade de que todos

possam estar presentes, gostaria de solicitar que mantenham o máximo de compromisso com a

participação nas subcomissões, pois caso contrário não contarão com quorum suficiente para

realizar as reuniões. O coordenador informou também que convidaram a Advocacia Geral da União

para participar dessa primeira reunião, mas que devido a terem enviado o convite com pouco tempo

hábil, não foi possível enviarem representante, falhas que estão buscando corrigir para as próximas

reuniões, nesse que é um processo de aprendizagem, mas sempre ressaltando a importância do tema

abordado pela subcomissão.

A esse respeito, a Dra. Alda Carvalho, da AGU, solicitou a palavra para

esclarecer a situação, informando não poder informar se o convite de fato chegou e sugerindo que,

numa próxima ocasião, entrem em contato diretamente com o Consultor Geral da União da AGU,

que por sua vez vai entrar em contato diretamente com a pessoa que deverá participar da reunião,

evitando-se assim a burocracia inerante ao trâmite normal dos documentos que chegam ao órgão.

A propósito, o Presidente esclareceu que a Advocacia Geral da União já está

antecipadamente convidada por consenso da plenária, sendo importante sua presença na

subcomissão de Terra Indígenas e também de Justiça, Segurança e Cidadania, que vão contar

ainda com a colaboração dos procuradores da AGU na Funai. Gilberto Azanha/CTI, por sua vez,

lembrou o teor do artigo 22 do Regimento Interno, no qual consta que a composição e

funcionamento das subcomissões serão definidos no ato de sua instalação, ao que questionou qual

ato deveria oficializar a instituição das subcomissões, uma vez já ter sido definida sua

composição e competências, faltando porém definir qual seria esse ato, se seria a sua ata de

instalação ou outro. O Presidente afirmou não ter certeza quanto a isso, mas que a seu ver a ata da

reunião passada poderia ser considerada o ato de instalação, mas solicitando que algum advogado

presente se manifestasse informando se sua leitura da questão estava correta. Antes de passar a

palavra para Celso Correa/Casa Civil a fim de tratar sobre esse assunto, o cacique Akiaboro

Kaiapó interveio, desejando bom dia a todos os presentes e afirmando estar triste pelo fato de que a

Administração Regional fora muito lenta para providenciar sua vinda para Brasília, sendo que tivera

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de passar seu aniversário longe da família, e que contou com o apoio da Funasa para garantir seu

deslocamento. O cacique Akiaboro afirmou que seu povo está discutindo bastante as questões da

CNPI, sobre Estatuto do Índio e outras, e que inclusive têm a proposta de Pizzato e estão estudando

para chegar a uma posição; sobre empreendimentos em terras indígenas, como o de Belomonte,

afirmou que está sendo pressionado por seu povo para levar respostas e que sabe que é importante a

Comissão pois vai discutir questões de interesse de todos os índios do Brasil.

O Presidente desejou feliz aniversário a Akiaboro, agradecendo por suas palavras e

lembrando que a comissão decidira que o dia seguinte seria todo dedicado ao Estatuto. Passando a

palavra para Celso Correa, este afirmou que, com respeito ao ato de criação das subcomissões,

entende que poderia ser a ata em que foi descrita a deliberação, mas que há o artigo 10 do

Regimento e assim seria o caso de o Presidente fazer resolução publicando a forma de

funcionamento, que é paritária, reúne-se às vésperas das reuniões ordinárias etc., o que seria

razoável. Ou seja, cabe à Secretaria Executiva providenciar que seja publicada resolução do

Presidente instituindo as subcomissões.

Voltando à apresentação da subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania, o

relator passou à leitura da ata (anexo 2), na qual foram destacados os itens discutidos relativos a

casos de violência decorrentes de conflitos por direitos territoriais, de diferentes tipos: - contra

pessoas, praticada por particulares e agentes do poder público, a exemplo de assassinatos ou

tentativas assassinatos de indígenas, entre outros casos; - um outro tipo de crime, relativo à retenção

de cartões de pensionistas indígenas; - os crimes decorrentes de omissões do poder público –

suicídio, mortes por desassistência à saúde, mortalidade infantil, desnutrição, disseminação de

bebidas alcoólicas, desassistência na área de educação e projetos agrícolas; - violência contra povos

indígenas isolados, que são mais de 60 no país. Foram ainda apresentados dados quanto aos

assassinatos e prisões praticados no Mato Grosso do Sul, bem como se tratou da criminalização de

lideranças indígenas, citada como estratégia usada pelos invasores de terra.

Entre as propostas da subcomissão está a de se encaminhar ofício ao Diretor do

Departamento Penitenciário Nacional, solicitando informações mais precisas sobre a atual situação

vivenciada por indígenas. Foi destacado ainda que há temas tratados pela subcomissão que se

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relacionam a temas abordados por outras subcomissões e que é preciso trabalharem

transversalmente.

Com a palavra, Saulo Feitosa/CIMI, fez consideração sobre os dados apresentados,

afirmando que haverá nova oportunidade para discutir o assunto, mas já adiantando em que, em

análise breve, perceberam como perfil dos agressores que de 1996 a 2002 [os crimes contra os

povos indígenas] eram praticados por agentes do poder público, como a polícia, inclusive federal, e

daí em diante tem crescido o crime de pistolagem, praticado por agentes de fazendas, dados esses

que são preocupantes. O Presidente questionou se algum outro membro gostaria de complementar

as falas, ao que Wilson Matos afirmou que a próxima reunião acontecerá antes da próxima

reunião ordinária da CNPI. Finalizando, Saulo Feitosa afirmou que maior índice de alcoolismo

em comunidades indígenas resulta em maior incidência de violência e que há projetos em

andamento nesse sentido que precisam ser conhecidos, assim como os que existem no Canadá,

sendo o alcoolismo tema que se correlaciona diretamente à violência.

A seguir, o Presidente sugeriu que até a próxima reunião ordinária possa ser

elencada série de prioridades, para que se possa inclusive convidar representantes de órgãos

relacionados aos temas a serem discutidos, que poderiam dar esclarecimentos. Ou seja, cabe à

CNPI programar agenda de convites, para que sejam feitas apresentações e apresentadas

respostas a demandas da Comissão. Saulo Feitosa/CIMI expressou concordância com a proposta,

até porque, afirmou ele, os representantes de governo [que estiveram presentes à reunião da

subcomissão] não tinham dados e ficou como tarefa levantarem tais dados.

Como encaminhamento para a reunião, o Presidente questionou à plenária se se

passariam a mais um relato, saindo a seguir para o almoço e marcando o horário de retorno, ao que

Jecinaldo Sateré-Maué sugeriu à subcomissão ficar atenta ao fato de que tem havido dificuldades

com o Judiciário, com relação à Convenção n.° 169/OIT e que acredita que a subcomissão tem que

apontar solução para os problemas, passando pela questão judiciária, sugerindo ainda que abordem

também a questão das epidemias, como vista no Vale do Javari, fronteira com o Peru, a prática de

violência pelo poder público, inclusive por parte da Polícia Federal, casos como o dos Cinta Larga,

a questão da usurpação do patrimônio cultural, como é exemplo o caso da venda de sangue dos

Karitiana. José Aarão, por sua vez, tratando sobre a pauta da subcomissão, afirmou que no

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Maranhão há a questão da prostituição, homossexualidade, violência, retenção de cartões de

pensionistas, critérios para extensão de empréstimos para aposentados, que a seu ver é situação tão

grave que há certos aposentados recebem apenas R$ 10,00 ou R$ 16,00 reais por mês, com cartões

sendo retidos pelos comerciantes, assassinatos de indígenas pela polícia sem que se tome

providência.

A representante da Secretaria Geral da Presidência, Quenes Gonzaga, ressaltou a

importância de trabalho conjunto da subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania e a

subcomissão de Gênero, Infância e Juventude, pois há vários casos de violência contra mulheres

indígenas e também a questão da exploração sexual, questão mais ampla que vão ter que discutir

oportunamente, sendo que a subcomissão de que faz parte pretende chamar órgãos ligados ao tema

para contribuir para os trabalhos. Assim, propõe que os trabalhos possam ser feitos de forma

conjunta, fortalecendo a todos. Francisca Pareci, na mesma compreensão que Quenes, sugeriu que

seja lembrada a questão dos índios que vivem em áreas de fronteira, como os Chiquitanos, que vêm

sendo ameaçados por pessoas contrárias à demarcação de suas terras, bem como por traficantes,

como também há problemas na região de Cáceres, que é área de passagem de drogas, com famílias

sendo feitas reféns, em face do que os índios muitas vezes não podem sair da área, lembrando ainda

dos Kayabi, que estão sendo ameaçados por conflitos relacionados a disputa territorial. Há ainda o

caso de violência contra estudantes indígenas, tanto em Brasília como em outras cidades, e portanto

gostaria que a subcomissão de viesse a trabalhar de forma integrada com a Educação nesses pontos.

Após essas falas, o Presidente perguntou se haveria alguma outra sugestão, ao que

Marcos Tupã pediu que se tratasse também da situação da não aceitação do registro da Funai para

alistamento militar, pois esses registros não têm sido aceitos quando os indígenas procurar tirar o

Registro Geral. Registradas as sugestões, o Presidente passou a palavra para a subcomissão de

Terras Indígenas.

3) Subcomissão de Terras Indígenas

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Danilo Terena, coordenador da subcomissão, iniciou falando que o trabalho se viu

prejudicado em razão da ausência dos membros do governo, tendo porém contado com presença da

Funai, representada por Paulo Santilli, do Gabinete de Segurança Institucional e do Ministério da

Defesa. Na reunião, prosseguiu, fizeram agenda de trabalho, e ao discutirem chegaram à conclusão

de que as questões suscitadas quanto a saúde e educação acabam não sendo bem sucedidas se não

for discutida a questão das terras indígenas. A agenda de trabalho inclui a proposta de trazerem,

na próxima reunião, listas de reivindicações por território, algumas feitas no Abril Indígena, por

organizações não governamentais indígenas, e também as listas da Funai, para que possam conhecê-

las, até porque há processos parados sem que se conheçam as razões, e para estabelecerem

prioridades, por meio da definição de critérios, para serem trabalhadas pela subcomissão.

Aproveitando a presença do Ministério do Meio Ambiente, foi lembrada a questão da fiscalização,

que é muito ampla, assim como os casos de roubo de madeira, entre outros casos. Como estão

começando, afirmou o coordenador, e como a reunião foi prejudicada pela ausência dos membros

do governo, propõem que a agenda das reuniões seguintes seja apresentada no dia 7 de agosto.

Gilberto Azanha/CTI, reforçou a questão de se definir uma base comum de

reivinciações territoriais, listas essas que precisam ser ajustadas, pois há a lista da Funai e outras,

sendo que nem todos reconhecem as listas dos demais reconhecem e vão confrontar para ter base

comum consensuada para trabalharem os critérios de prioridades. Outra questão discutida foi a

proposta do Ministério da Defesa de desmembramento da subcomissão, que também deve tratar dos

temas proteção e fiscalização. Nesse ponto, a palavra foi passada para Paulo Santilli, recém-

chegado à Coordenação de Delimitação e Demarcação da Funai, que afirmou que o balanço da

situação do referido setor é trágico, uma vez contar apenas com 4 técnicos, 2 deles demissionários,

e situação estranha, pois os processos de demarcação, que são o coração do que se trata no setor,

são 20, mas certidões negativas da presença de indígenas são mais de 500. Assim, foi feita

solicitação no sentido de que a plenária formule proposta de regulamentação da expedição

dessas certidões, pois é um contrasenso, uma vez que se tratam de certidões negativas da presença

de indígenas.

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Prosseguindo com a apresentação, foi definido na subcomissão propor à plenária

da CNPI que aprove moção solicitando a revogação da Portaria n.° 2711 do Ministério da

Justiça, que institui comissão especial para tratar da situação das terras em demarcação em Santa

Catarina, sendo a revogação motivada pelo fato de que a existência dessa comissão abre precedente

que é perigoso para os povos indígenas, podendo até mesmo ser considerada inconstitucional, além

do que a sua composição é desfavorável aos mesmos, pois são 4 membros do Ministério da Justiça,

4 do governo do estado de Santa Catarina, 1 indígena e 1 representante da secretaria de agricultura

de Santa Catarina. Assim, ficou definido que ainda durante a reunião extraordinária apresentariam a

moção para ser votada pela plenária.

Com respeito à agenda de reuniões, ficou definido que a próxima reunião da

subcomissão será realizada no dia 7 de agosto de 2007. Paulo Santilli/Funai, a seguir, informou

que gostaria de sintetizar um ponto importante abordado na subcomissão, em torno da necessidade

de um diagnóstico do processo de reconhecimento, sendo que na discussão mais geral

identificaram pontos que são entraves/dificuldades para acelerar a demarcação, entre eles a

expedição de certidões negativas, que é ponto antagônico, daí pedirem regulamentação do

procedimento. Porém, informou Paulo Santilli, essa questão será providenciada pela Funai, que

vai avaliar as implicações e critérios para normatizar esse procedimento, mas levando em conta ser

antagônico ao que deve ser considerado como direitos indígenas no país. Brasílio Priprá, a seguir,

pediu a palavra para se manifestar sobre a portaria, afirmando ser fato conhecido que o Estado se

apossou de grande parte das terras dos povos indígenas, e que a criação de comissões como a de

Santa Catarina abrem precedente ruim para os povos indígenas, até porque os estados em geral são

contrários à demarcação de terras indígenas, o que preocupa bastante. Nesse sentido, pede ajuda de

todos e convida a AGU e a Funai para participar das discussões, pois as terras indígenas são da

União e todos precisam de conhecimentos mais aprofundados.

Saulo Feitosa/CIMI, comentou os dados apresentados por Paulo Santilli e afirmou

ter ficado chocado com os números de expedição de certidões negativas, que considerava ser mais

freqüente previamente à Constituição de 1988, informando que já ocupara cargo em que atuava na

avaliação de certidões, situação em que os empresários apresentavam projeto e automaticamente já

vinha certidão negativa, fornecida pela Funai, ao que procuravam as autoridades e diziam que a

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Funai estava mentindo, sendo que hoje a seu ver permanece a mesma prática, que gera inúmeros

conflitos. Saulo lembrou ainda o caso da transposição do rio São Francisco, que foi amplamente

discutido, concluindo-se que determinadas terras deveriam ser demarcadas antes da transposição, o

que não aconteceu, gerando sério conflito, agravado pela atuação danosa do órgão indigenista, pela

desapropriação de terras, situação em que a seu ver também a AGU está agindo contrariamente aos

direitos indígenas, que se encontram em situação muito difícil, principalmente com a AGU e a

Funai agindo de forma irresponsável. A propósito dos temas a serem abordados pela subcomissão,

Pierlângela Wapichana solicitou que o diagnóstico sobre a situação das terras indígenas inclua

informações sobre o tempo de desintrusão, o que esta envolve e dificuldades para ser efetuada,

citando caso em sua região em que a desintrusão foi feita com recursos da própria comunidade, bem

como casos de terras em Roraima que há mais de 3 anos aguardam desintrusão, sem que nada seja

feito, apesar de decisão do Supremo, sendo que a Polícia Federal parece tem medo de ir em área, e

assim os indígenas acabam tendo de defender sua própria terra.

Marcos/MDA, a seguir, afirmou entender ser mais estratégico que a subcomissão

conte com representante do Incra ao invés do MDA, o qual poderia contribuir mais para as

discussões, informando que aguardam indicação oficial do representante do MDA. O Coronel

Caixeta/GSI, por sua vez, solicitou a palavra para fazer esclarecimento acerca da fala de Saulo,

informando ter havido confusão quanto à questão da transposição, uma vez que o pessoal do

Exército que está no local está presente a fim de trabalhar na obra, não está participando da

reintegração de posse. Ou seja, o pessoal presente na área é técnico, a equipe é formada por

engenheiros. Marcos Xucuru, a seguir, chamou atenção para o fato que o Nordeste também está

sendo prejudicado pela transposição; afirmou que foram feitos 5 estudos antropológicos, dos quais

não foi entregue nenhum relatório, em face do que procuraram a Funai para contestar o mau uso dos

recursos e questionar por que não são concluídos esses trabalhos, afirmando ainda que no estado de

alagoas há 11 etnias e nenhuma terra demarcada. Ainda a propósito da fala de Saulo Feitosa/CIMI,

a Dra. Alda Carvalho/AGU, afirmou que, a respeito situação mencionada por Pierlângela, está

previsto ressarcimento dos recursos que à época foram usados para proceder à retirada de invasores,

sendo que o processo está com ela e está acabando de relatar. Esclarecendo o assunto, informou que

à época foi feito acordo claro com os índios no sentido de que o dinheiro seria utilizado naquele

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momento, pois a Funai não dispunhade recursos, mas que seriam ressarcidos, assim, comprometeu-

se a encaminhar o processo para a Funai para que possa se manifestar. Já quanto à questão da

transposição, pediu a Saulo mais informações sobre o conflito informou que vai verificar em que

vai poder auxiliar a subcomissão.

Nesse ponto, o Presidente chamou atenção para o fato de que fora feito relato da

subcomissão e agora estão sendo apresentadas sugestões e portanto não se trata do momento para

discutirem todos os passivos sobre o assunto. Assim, sugere que se procure focar os comentários em

sugestões para a subcomissão, que terá tarefa de encaminhar para discussão pouco a pouco. Diante

disso, Sandro Tuxá pediu a palavra para sugerir, a respeito da problemática da transposição do rio

São Francisco, onde em suas palavras dois eixos vão passar por terras indígenas, que se discuta

como o mega-projeto vai impactar as terras indígenas, afirmou que esse projeto, do ponto de vista

indígena, não vai favorecer os povos indígenas, de forma que o movimento indígena está pedindo

que se dê visibilidade à proposta, informe a quem vai beneficiar, mas que do seu ponto de vista visa

apenas a desenvolver região pobre do país; afirmou ainda que os Tumbalalá e os Trucá estão

mobilizados, havendo ainda outros povos que estão contribuindo para o movimento, como os Tuxá,

Pankararu, Xucuru, entre outros, sendo que os Trucá já afirmavam que a area é indígena,

demandando que seja feito estudo, pois segundo eles o canteiro da obra está dentro de área Trucá,

quanto ao Exército, afirmou que não estava na operação de integração de posse mas estava presente

de forma intimidadora, uma vez que portavam armas etc. E diante da gravidade da questão sugere

que seja criada câmara técnica, tendo como prioridade emergencial a questão da transposição.

Manoel Xucuru-Kariri afirmou, ainda, que a situação é muito polêmica e propõe

que membros da CNPI vão ao locar fazer diagnóstico da situação para apresentar à Comissão para a

plenária decidir o que fazer. Concorda com a afirmação de que o Exército está intimidando os

indígenas, ao que o Coronel Caixeta se pronunciou novamente, destacando que, como não há

ninguém do Ministério da Defesa presente à reunião, gostaria de esclarecer que a obra é dividida em

vários lotes e que o Exército está presente para trabalhar no lote que lhe foi designado, que precisa

andar armada para se proteger, está na área para executar um trabalho específico, sendo que não foi

ele que decidiu participar mas sim recebeu lote para executar trabalho conforme lhe foi designado.

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Marcos Tupã lembrou à subcomissão a situação dos Guarany Mbiá que estão no

litoral e dos Guarany acusados de invasão de terra, pois a maior parte é parque estadual, sendo

preciso estabelecer diálogo com o estado para buscar um melhor entendimento sobre a presença

Guarany na região, inclusive o caso das famílias que estão no parque enfrentando processos

judiciais. Jecinaldo Barbosa propôs à subcomissão, a seguir, observar que, na Amazônia, com o

fim do PPTAL, há demarcações que não foram cumpridas e foram tiradas da lista, o que preocupa,

pois fazendo análise do PPA isso dificulta e causa lentidão; sobre o desmembramento da

subcomissão em terras indígenas e proteção e fiscalização afirmou ser melhor manter a atual

designação, e portanto a subcomissão poderia se esforçar e trabalhar em duas frentes, pois são

temas relacionados. Antonio Potiguara afirmou preocupar-se com a região Nordeste, pois, em

suas palavras, "hoje os grupos de trabalho, quando são criados, acabam diminuindo as terras,

enquanto a população cresce". Assim, propõe que seja feito levantamento das terras na região

Nordeste e que os GTs façam levantamento de fato da situação.

Prosseguindo na condução dos trabalhos, o Presidente propôs encaminhamentos

sobre dois pontos, a partir das falas: 1) aprovação da moção sobre a Portaria n.° 2711, e se for de

acordo da CNPI que a Secretaria Executiva providencie, junto ao Ministério da Justiça, cópias da

portaria para que seja do conhecimento da Comissão e possa deliberar sobre o assunto; 2) que a

plenária delibere sobre a proposta de subdivisão da subcomissão de Terras Indígenas, levando

em conta posições como a de Jecinaldo, que é contra a subdivisão. Como Presidente, prosseguiu

Márcio, sua posição é que o melhor seria manter uma só subcomissão, pois os temas são

relacionados, questionando a plenária se haveria pronunciamento contrário à manutenção. Como

não houve, concluiu-se que ficava mantida como uma só subcomissão, a trabalhar em duas frentes,

terras indígenas e proteção e fiscalização de terras indígenas. Gilberto Azanha solicitou ainda que

a Funai estabeleça regra para emissão de certidões negativas, ao que o Presidente informou que

já há decisão no sentido de que não sejam emitidas novas certidões até segunda ordem, sendo

que a própria Funai, por meio de seu representante na subcomissão, vai participar da discussão a

respeito dos procedimentos, sobre a forma como deve ser feita a emissão, visando à elaboração de

novas regras, o que deverá constar nelas, cabendo ainda a análise por parte da Procuradoria Jurídica

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da Funai. O Presidente lembrou ainda que a plenária concordou que a AGU integre a subcomissão,

a seguir chamando os presentes para o intervalo do almoço.

Ata da 1 a Reunião Extraordinária Dia 12 de julho de 2007

Tarde

4) Subcomissão de Etnodesenvolvimento

Retomando a reunião, o Presidente convidou o relator da subcomissão de

Etnodesenvolvimento para fazer uso da palavra, ao que se manifestou Ricardo Verdum, do

Instituto de Estudos Socioeconômicos. Este iniciou informando ser suplente, representante da

sociedade civil, que praticamente todos os membros estiveram presentes à reunião, cujos trabalhos

foram iniciados com uma certa polêmica sobre a participação da Funai e sobre o fato de que o

representante do Ministério de Meio Ambiente não era titular nem suplente, tendo sido discutida

ainda a questão da sustentabilidade das comunidades indígenas. Ricardo Verdum informou ainda

que o grupo vê contribuição a oferecer à subcomissão 1, responsável pela elaboração de proposta de

PL para criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, subcomissão de Legislação e

Estatuto dos Povos Indígenas, bem como para a subcomissão que trata da articulação de políticas

públicas e gestão do orçamento. A seguir passou à leitura da memória da reunião, anexo 3, em

que se destaca a proposta de realização de uma oficina de trabalho, que pode se dar na forma de

uma Reunião Extraordinária da CNPI, em meados de setembro de 2007, para uma avaliação crítica

dos programas e ações do governo federal que se identificam, de diferentes perspectivas, com a

promoção do chamado etnodesenvolvimento no meio indígena. Seriam incluídos na pauta da

avaliação tanto os programas e as ações relacionadas diretamente com os povos indígenas quanto

àquelas ações nas quais os/as indígenas aparecem como “beneficiários”.

Ao fim da apresentação, o Presidente abriu então a palavra para os demais

membros, ao que Jecinaldo Barbosa sugeriu que a subcomissão incluísse em sua pauta de

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discussão questão bastante nova, relativa às mudanças climáticas e como as áreas indígenas

contribuem para a preservação ambiental do Brasil e do mundo, propondo que levantem dados

sobre isso, internalizando as discussões no âmbito da CNPI. Antonio Potiguara, a seguir, sugeriu o

acompanhamento técnico de programas como o Pronaf que estejam sendo desenvolvidos nas áreas

indígenas sem que os índios tenham conhecimento e sem o acompanhamento de técnicos agrícolas.

O próximo a pedir a palavra foi Celso Correia/Casa Civil, que parabenizou o subgrupo pelo

trabalho, pela apresentação e discussão, sugerindo ainda que a subcomissão de Políticas Públicas

dialogue com a de Etnodesenvolvimento, que em sua apresentação vai apresentar proposta de se

realizar uma oficina, mas já adiantando sugere que nessa oficina não se discutam só ações, mas

também mecanismos que propiciem a articulação entre os órgãos de governo e os povos indígenas.

A proposta contempla a participação de pessoas que estão vivendo essa realidade, prosseguiu ele, e

seria interessante colocar a tarefa de realização de oficina como algo em conjunto, identificar

aquelas experiências que não propiciam articulação e aquelas que propiciam. Francisca Pareci, a

seguir, também parabenizou a subcomissão e afirmou que, muito embora se sinta contemplada

pelos temas já discutidos, gostaria de ampliar a discussão sobre o regime de colaboração, incluindo

impactos sociais, culturais, políticos e a inserção dos índios nas ações dos órgãos públicos, como

por exemplo na questão da merenda escolar. Isso porque, continuou Francisca, há descaso por parte

das instituições e não dispõem de levantamento completo da situação. Outro tema que chamou sua

atenção diz respeito à sustentabilidade das terras indígenas, assunto muito importante que tem sido

colocado em pauta e tem sido um dos grandes temas nas escolas, aldeias, na Academia, sendo

portanto muito pertinente. Franscisca reforçou ainda as falas sobre a ampliação da oficina e que

disponham de mais dados, propondo que a oficina vá além da discussão teórica, incluindo a

avaliação de experiências concretas.

Almir Suruí também contribuiu para a discussão, afirmando que cada povo

trabalha de sua maneira, cada região tem uma forma diferente de lidar com as situações, e que uma

grande dificuldade é a autogestão, a boa administração do potencial e dos recursos existentes nas

terras indígenas para garantir sua sustentabilidade. Prosseguindo, Almir afirmou ainda que nos

diagnósticos já se vê que é muito mais lucrativo manter as terras em pé do que derrubá-las, que é

importante aprofundar as políticas de preservação, sendo que o que está mais preservado na

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Amazônia hoje são as terras indígenas e portanto esse é um tema muito importante. Élcio

Manchinery reforçou a importância do etnodesenvolvimento, considerando-o como a forma como

se conduz o dia-a-dia em um determinado território, afirmando que, caso se saiba usá-los, os

recursos poderão ser preservados para o presente e para as futuras gerações. Sua proposta é que se

unam esforços para se realizar levantamento do potencial econômico das terras indígenas. Sandro

Tuxá foi o último inscrito e apresentou proposta relativa ao fato de que nem a Funai nem as

organizações indígenas têm levantamento do mapa da fome nas terras indígenas, sendo preciso

atualizar tais dados, a fim de que situações emergenciais recebam o devido tratamento; afirmou

ainda que discussões anteriores levaram à criação de programas como a Carteira Indígena, que no

entanto são pontuais; que há locais onde as pessoas estão passando fome, sendo necessário portanto

verificar onde a fome é um problema, especialmente no Nordeste, onde as cestas básicas não

chegam com a devida freqüência. Aderval Filho/MDS afirmou ser importante conciliar ações

emergenciais com a produção de alimentos, voltando-se para a gestão e recuperação de territórios

degradados, a maior parte demarcados depois de degradados. Sendo que há muitas ações do

governo que ainda não se consolidaram como política de Estado, ao que o representante do MDS

propõe se tratar da recuperação de terras e produção como projetos de Estado, não apenas com

caráter demonstrativos como têm hoje.

Como encaminhamento para as sugestões apresentadas, o Presidente apresentou

contraproposta, no sentido de se realizar oficina de trabalho, para o que seria convocada reunião

extraordinária, uma reunião a mais para consolidar a proposta. O Presidente ressaltou ainda ter sido

interessante a apresentação de Almir Suruí, que mostrou o que tem sido feito na área de

sustentabilidade, assim, propõe que se inclua na pauta da reunião extraordinária um dia para essa

discussão, por ser este o tema do futuro, uma vez que, mesmo havendo muitas terras demarcadas, e

outras a demarcar, o grande desafio é garantir sua sustentabilidade. A contraproposta, portanto, é

de fazerem mais uma reunião, e que um dia da pauta seja dedicado exclusivamente ao tema

sustentabilidade, devendo se optar por essa proposta ou pela original, que se refere à

realização de oficina. A propósito, Luiz Titiá afirmou que o tema é mesmo muito importante,

reforçando os argumentos já apresentados nesse sentido e propondo trazerem pessoas das bases para

participar e falarem sobre suas experiências; o Presidente, por sua vez, afirmou que a opinião de

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Luiz Titiá não contradiz sua proposta, pois nada impede e até mesmo cabe à subcomissão indicar

convidados, que venham da base, mostrem o que está em andamento, pois muitas vezes o governo

não conhece essas experiências. Além disso, Márcio Meira afirmou que sua proposta não exclui a

possibilidade de que a pauta da região extraordinária inclua a participação de convidados para

tratarem do tema, abrindo em seguida a proposta para discussão. A esse respeito, Aderval

Filho/MDS propôs que se fizesse reunião para consolidar contribuições, que consistiria em reunião

técnica para amadurecerem a proposta e trazerem os resultados para a plenária na próxima reunião

ordinária; em seguida fariam oficina e trariam resultado para a reunião ordinária seguinte. Dizendo-

se convencido, o Presidente abriu o tema para discussão novamente, ao que Jecinaldo Barbosa

disse estar de acordo com a realização de oficinas, para o que acha que devem contar com diversos

convidados, que poderiam contribuir inclusive com relação aos custos. Em face das opiniões

defendidas pelos membros, considerou-se aprovada a proposta de realização de oficina para

discussão do tema sustentabilidade, passando-se a seguir à apresentação do próximo subgrupo.

5) Subcomissão de Assuntos legislativos

Com a palavra, Antonio Pessoa Potiguara informou que a subcomissão contou

com a participação dos membros Antonio Pessoa Potiguara; Wilson Matos; Saulo Feitosa/CIMI;

Cláudio Scliar/MME; Maria da Piedade Andrade Couto/MJ; Héber Grácio/MMA; João Batista

Maglia/Funai; Cel. Marcondes José Tenório/MD, e convidados Ubiratan Souza Wapixana,

advogado; Paulo Machado Guimarães, advogado e assessor jurídico do Cimi. Prosseguindo,

Antonio Potiguara informou que inicialmente a reunião fora turbulenta, devido à questão do projeto

de mineração e que uma vez superada a polêmica a subcomissão definiu como prioridade a

discussão acerca do

Estatuto do índio. A seguir, Antonio Potiguara passou à leitura da memória da reunião, em que se

destaca a apresentação feita por Paulo Machado sobre o histórico dos projetos relativos ao Estatuto

que tramitam hoje no Congresso Nacional, especialmente a do Deputado Paulo Pizzato, conforme

anexo 4.

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Entre as propostas apresentadas pelo grupo estão: 1) a realização de levantamento

de todas as proposições legislativas referentes aos povos indígenas em tramitação na Câmara dos

Deputados e no Senado Federal, com colaboração da SAL/MJ e do Cimi; elaboração de parecer

sobre as proposições legislativas, a ser apresentado à CNPI e, caso seja aprovado, encaminhamento

do mesmo ao Presidente da República com vistas a subsidiar a apreciação das matérias pelos

parlamentares no Poder Legislativo; 2) o encaminhamento da discussão sobre o Estatuto dos Povos

Indígenas, tendo como referência o Substitutivo já aprovado na Câmara dos Deputados, em junho

de 1994; 3) deliberação no sentido de que o Ante-Projeto de Lei sobre mineração em terras

indígenas elaborado pelo Poder Executivo seja considerado para a discussão do “Título V – Do

Aproveitamento dos Recursos Naturais Minerais, Hídricos e Florestais” - do Substitutivo aprovado

pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados (PL 2057/91); 4) Realização de reunião

extraordinária da subcomissão de Assuntos Legislativos nos dias 9, 10 e 11 de agosto, com vistas a

se proceder a estudo sobre o Substitutivo da Comissão Especial relativo ao PL 2057/91 e aos que

lhe estão apensados, definindo-se cronograma de trabalho para discussão com as comunidades

indígenas e com parlamentares.

Embora destacando não ser o coordenador do grupo e sim Saulo Feitosa/Cimi, o

indígena Wilson Matos interviu informando que gostaria de fazer considerações e apresentar

sugestão. Nesse sentido, afirmou que de fato o assunto de que trata a subcomissão é muito

abrangente, sendo que há projeto de substituição do Estatuto parado há muito tempo. Em face disso,

sugere que o assessor jurídico Paulo Guimarães faça a mesma exposição que fez na subcomissão

para a CNPI, sobre a tramitação de projetos no âmbito do Congresso Nacional, no momento julgado

mais oportuno pela plenária. A seguir passou a palavra para Saulo Feitosa, que lembrou que a

memória com o resumo das propostas não ficou pronta para distribuição a tempo, ressaltando ainda

que a turbulência a que se referiu Antonio Potiguara ficou restrita ao representantes

governamentais. Saulo Feitosa afirmou ainda ser preciso levar em consideração as propostas

encaminhadas ao poder legislativo, feitas no Acampamento Terra Livre, referindo-se ainda às

inúmeras propostas relacionadas aos povos indígenas que tramitam atualmente, como projetos de

leis complementares que regulamentam atos de relevante interesse da União em terras indígenas,

propostas de emendas constitucionais para mudar o artigo 231 da Constituição Federal, projetos

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para suspender a homologação de Raposa Serra do Sol. Assim, prosseguiu Saulo, o entendimento [a

partir do documento produzido pelo Acampamento Terra Livre] é que é que as normas relativas aos

índios devem integrar o Estatuto, diante do que reivindicam que não sejam encaminhadas normas

específicas, como sobre mineração ou aproveitamento de recursos híbridos, sendo que foi a partir

desse documento é que a subcomissão chegou às propostas ora apresentadas.

A seguir o Presidente abriu a palavra para os demais membros, mas não houve

manifestação e Celso Correa/Casa Civil pediu a palavra para compartilhar com os demais memória

de discussão sobre o Estatuto do Índio ocorrida no âmbito do governo, entre 1999 e 2000, quando

trabalhava na Secretaria Executiva da Presidência, momento em que se propusera buscar consenso

interno do governo em torno da proposta de Pizzato. Assim, afirmou Celso, foi responsável por

contatar vários órgãos e pessoas, que conversaram e definiram estratégia de discussão dos órgãos

em relação à proposta de Pizzato, debate esse iniciado em 1999 e finalizado em fins de 2000. Sendo

que, de acordo com essa estratégia, foi definido um texto que o governo poderia apoiar caso a

proposta de Pizzato fosse colocada em votação, vista como única alternativa de texto diferente, uma

proposta de governo a ser apresentada como substitutivo de plenário, tendo inclusive havido

produção de versão entregue oficialmente ao deputado Pizzato. Tendo em vista considerar que seria

útil que a Comissão tivesse acesso ao texto que revela a visão do governo, àquela época, sobre o

que seria viável defender, propôs-se a recuperar o referido documento e entregar para a Secretaria

Executiva, lembrando ter havido à época muita discussão sobre direito autoral, sobre termos como

comunidade, sociedade, povos indígenas, tendo se chegado a um texto que é interessante e pode ser

útil como substitutivo.

O Presidente convidou então os inscritos a fazerem uso da palavra, ao que Antonio

Potiguara lembrou proposta no sentido de que o assessor Paulo Guimarães fizesse apresentação

acerca do histórico de discussão do Estatuto, ao que o Presidente sugeriu que fosse feita no dia

seguinte, quando a pauta teria momento específico para discussão do tema, até porque o assunto em

discussão naquele momento não era o Estatuto em si, mas sim os trabalhos no âmbito da

subcomissão de Assuntos Legislativos. A próxima inscrita, Francisca Pareci, afirmou que gostaria

de complementar a fala de Celso Correa, lembrando que no decorrer das discussões a que ele havia

se referido houve a elaboração de proposta específica para a área de educação escolar indígena;

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questionou ainda se havia previsão de se buscar algum momento específico para o estabelecimento

do diálogo entre a CNPI e o Congresso Nacional. A seguir, também se referindo à fala de Celso

Correa, Saulo Feitosa afirmou que o texto a que Celso se referiu é a parte posterior da história, uma

vez que a discussão não incluiu os índios, que depois se mobilizaram, debateram e se posicionaram

contrariamente à proposta do governo, defendendo, por outro lado, o Projeto de Lei n.17. Em face

de serem muitas as informações acumuladas a respeito das discussões anteriores sobre o Estatuto,

posições e propostas, o Presidente sugeriu que a subcomissão prepare uma memória de todas

as discussões que devem ser levadas em conta para atualização do Estatuto. O próximo

inscrito, Jecinaldo Barbosa referiu-se a seguir à existência de ameaças aos artigos da Constituição

que garantem os direitos indígenas, como projetos de lei que tramitam no Congresso, o que a seu

ver é grave, pois os artigos 231 e 232 estão ameaçados e a subcomissão deve estar ciente disso.

Assim, sugere que pense em proposta de plano de trabalho a ser apresentada à CNPI, para saber

como vão conduzir esse processo, afirmando ainda que tem que se respeitar a questão geográfica, a

realidade de cada povo, discutir internamente para que a questão avance, estabelecendo-se pontos

bem claros sobre como vão avançar, sendo que hoje vê um quadro diferente em que podem avançar.

Como sugestão de encaminhamento, Gilberto Azanha sugere que as propostas da subcomissão

sejam colocadas em discussão, pedindo também esclarecimento sobre a primeira proposta. A

propósito, Saulo Feitosa informou que se sugeriu levantar tudo o que é lei, já tem força de lei,

medidas provisórias, o que pode dar mais substancia à revisão do Estatuto. O Presidente então

retomou a ponderação de Gilberto Azanha, pois a seu ver se abriu a discussão a partir das propostas

da subcomissão, mas as falas têm se centrado na importância do Estatuto e mudanças a serem feitas;

reforçando essa posição, Jecinaldo propôs que se faça planejamento da discussão, lembrando ainda

a pergunta de Francisca Pareci sobre como vai ser a relação com o Congresso Nacional e que não

houve questionamento sobre as propostas da subcomissão. Gilberto Azanha lembrou que se propôs

a realização de um encontro de 3 dias específico para analisar ponto a ponto o substitutivo e

apresentar emendas, proposta que já contempla tudo o que foi dito, ao que o Presidente perguntou

se haveria alguma outra sugestão, caso contrário se poderia encerrar a discussão, aprovando as

propostas ou não, sendo que a própria subcomissão poderia apresentar seu planejamento. O

Presidente lembrou também que ainda era necessário passar às apresentações da outras

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subcomissões e depois à apresentação da Funasa, propondo que a saúde seja a última e que a

próxima seja a de educação escolar indígena.

6) Subcomissão de Educação Escolar Indígena

Prosseguindo com os trabalhos, o Presidente solicitou que se fizesse esforço de

objetividade, com vistas a finalizar os relatos ainda naquele mesmo dia. Com a palavra, a relatora

da subcomissão de Educação Escolar Indígena, Francisca Novantino Pareci, informou que

estiveram presentes à reunião Maria Helena Sousa Fialho, da Funai; Ricardo Weibe, titular

indígena; Kleber Gesteira/MEC; Tiago Garcia, convidado do Mec. Quanto aos temas Estatuto dos

Povos Indígenas, afirmou que a discussão sobre a proposta de substitutivo deve ser prioritária em

cada uma das 9 subcomissões, passando a seguir a palavra a Pierlângela Wapichana para fazer a

leitura da ata da reunião, anexo 5.

Ao fim da leitura, Pierlângela se manifestou no sentido de que o tema educação

aparecera anteriormente em outras 2 subcomissões, sendo que as pessoas que a compõem já vinham

discutindo o tema antes e portanto já dispõem de levantamento dos principais pontos a serem

tratados, até porque na 1ª Conferência Nacional dos Povos Indígenas e no âmbito do movimento

indígena já vem sendo discutido também, sendo que no entanto falta diagnóstico da situação da

educação indígena no país. Pierlângela afirmou ainda que tem participado de várias discussões em

todo o país e tido a chance de verificar que a situação é alarmante, destacando que, mesmo que a

educação em geral no Brasil seja ruim, os povos indígenas estão mobilizados para melhorar, e para

isso vão fazer Conferência Nacional sobre educação, em que esperaram reunir propostas das regiões

e definir políticas para a área. Pierlângela informou ainda que têm recebido vários documentos,

como o de Macapá que fora lido e entregue à presidência da CNPI por Jecinaldo Barbosa

momentos antes, e que uma proposta em discussão é a criação de outros cursos de formação

superior indígena, similares a alguns que já existem, mas que no entanto ainda estão sem recursos

para tal. Cabendo destacar, prosseguiu Pierlângela, que o único órgão que tem auxiliado nessa

questão tem sido a Funai, sem a qual os cursos de formação superior não teriam professores,

mencionando ainda informação no sentido de que os recursos da Funai teriam sido retirados e

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destinados ao Ministério de Educação, sendo o pouco recurso de que se dispõe para formação de

professores vem da Funai, muito embora em termos de dados o governo demonstre ter recursos, os

quais a seu ver não chegam à ponta. Então, prosseguiu Pierlângela, vão trabalhar para um melhor

entendimento sobre a situação da educação no país durante a Conferência Nacional.

A respeito das questões levantadas por Pierlângela, Kleber Gesteira/MME,

afirmou que gostaria de fazer esclarecimento, no sentido de que o MDA, MMA e Funai dispõem de

recursos para atividades produtivas e um orçamento não interfere no outro, um não tem ingerência

sobre o outro, mas que há confusão sobre o assunto com relação à educação escolar indígena, sendo

que o MEC tem recurso para formação de professores, aquisição de material escolar e construção de

escolas, enquanto que os recursos que são de responsabilidade da Funai é outro, não havendo

confusão entre eles, o orçamento da Funai é gerido por ela mesmo e o do MEC por ele também.

Com vistas a prosseguir na explicação, Kleber solicitou a Frederico Silva para complementar sua

fala, ao que este afirmou ter havido confusão na hora do planejamento, e que embora cada órgão

tenha um programa específico, na hora de elaboração, por erro estratégico ou descuido, o MEC

havia puxado as ações da Funai para si. Entretanto, continuou Fred, isso não tem implicações, pois

já se pediu que o erro fosse corrigido, com vistas a que o recurso retorne à Funai e portanto não

venha a haver perda de recursos ou de ações nem para a Funai nem para o MEC. O Presidente

manifestou alívio em face da informação de que se tratou de um erro, enquanto que Carlos

Nogueira/MME ressaltou que é preciso verificar direito essa questão, uma vez que, embora cada

órgão tenha recurso específico, se a descrição da ação for semelhante pode mesmo haver confusão e

no programa as ações da Funai podem até estar no Mec, apesar de serem executadas pela Funai. O

Presidente, em tom descontraído, afirmou que vai atentar para esse alerta, comentando ainda que o

entendimento com o MEC sobre o tema já está claro, e que o MPOG vai ser contatado para corrigir

o erro, ao que Kleber Gesteira afirmou que foi decisão do Secretário do Secad que a ação da Funai

fosse puxada para o Mec, esclarecendo também que a mudança foi proposital, já que o recurso fica

mais visível na Funai do que na Secad, mas que é uma questão a se verificar, embora não creia que

haja problema, pois as fontes do recursos e os indicadores são diferentes. Superando esse ponto,

Kleber lembrou uma preocupação que serve para outras subcomissões, com respeito ao fato de que

há representantes indígenas em vários conselhos de diversos órgãos, e que é preciso compatibilizar

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os trabalhos, talvez incorporando os representantes automaticamente às subcomissões da CNPI,

"devem buscar articular as ações de governo ou o trabalho fica pela metade", afirmou Kleber.

A respeito disso, o Presidente considerou se tratar de uma boa lembrança,

reforçando a orientação para que se busque maior articulação com as respectivas áreas de atuação

quando há representantes indígenas, envolvendo-os nas discussões. A seguir, a secretária executiva,

Terezinha Maglia, informou aos presentes que consultou o Ministério da Justiça sobre a

possibilidade de este arcar com as despesas com a participação de convidados para atuar nas

subcomissões como colaboradores eventuais, e que este se posicionou positivamente, sendo

permitido 1 convidado para cada subcomissão por vez, com diárias e passagens, e portanto

limitando-se a 9 convidados a cada reunião, tendo em vista serem muitas subcomissões. A

propósito, Kleber Gesteira sugeriu que a CNPI ou o Ministério da Justiça oficie com antecedência

que precisa, por exemplo, de 2 convidados em uma determinada subcomissão a fim de que, além do

Ministério da Justiça, o respectivo ministério banque a vinda do outro convidado. Aderval

Filho/MDS disse que também estão muito preocupados com a educação não formal, que entende

incluir a cultura, rituais, práticas tradicionais, ressaltando sua preocupação com essa dimensão, que

considera muito importante, em termos de afirmação cultural. Jecinaldo Barbosa informou aos

presentes que naquela data 15 organizações indígenas estariam entregando à Comissão manifesto

por uma educação indígena de qualidade, passando à leitura de um trecho do documento em que

é apresentada uma descrição da situação indígena atual, com referência ao número de estudantes

fora da escola, qualidade das mesmas, problemas com relação à legislação, bem como propostas,

como por exemplo quanto à necessidade de se ofertar educação de alto nível com respeito às línguas

e tradições indígenas, capacitação dos mesmos para serem chefes de posto, programas permanentes,

recursos continuados no âmbito do MEC, afirmando-se ainda que os 8 milhões de reais de que

dispõe a CGE/Funai são insuficientes para as demandas nessa área. Prosseguindo, Jecinaldo referiu-

se ainda à importância de se priorizar a formação de professores indígenas em diversos níveis, à

realização de Conferência Nacional sobre Educação Escolar Indígena, precedida de conferências

regionais, passando a seguir à leitura da relação de organizações signatárias do referido

manifesto.Uma vez lido o documento, este foi passado às mãos do Presidente, que por sua vez

solicitou que fosse repassado à subcomissão de educação a fim de subsidiar os seus trabalhos. A

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respeito dessa fala, Francisca Pareci afirmou que o documento reflete as discussões e angústias

nessa área, referindo-se ainda ao que fora dito por Aderval Filho, do MDS, quanto ao fato de que

hoje não há políticas, mas sim ações demonstrativas, pois, prosseguiu ela, a transferência da

responsabilidade de gestão das escolas para os estados foi contrária ao que os índios esperavam,

uma vez que a educação deve estar pautada nas tradições línguas e culturas indígenas, sendo que

muitos estados e municípios são inimigos mortais dos povos indígenas, onde gestores

inescrupulosos os chantageiam em troca de escolas e até de merenda, como apontam várias

denúncias já recebidas. Assim, continuou Chiquinha, a CNPI representa um passo na superação da

LDB, resoluções e legislações que vão contra os interesses dos povos indígenas, afirmando que o

documento fecha com chave de ouro as reivindicações indígenas na área em questão.

A seguir foi apresentada preocupação por parte de Danilo Terena com relação à

formação superior dos povos indígenas, que a seu ver necessitam de índios com formação em

diversas áreas, sugerindo que seja feito levantamento das demandas por cursos de nível superior por

parte dos povos indígenas. Wilson Matos, a seguir, sugeriu à subcomissão que indique à Funai os

procedimentos com relação às bolsas que propiciaram a formação de indígenas no nível superior,

solicitando que informe se vai ou não ter prosseguimento o fornecimento de bolsas para a formação

dos indígenas em nível superior. Sandro Tuxá retomou o teor do manifesto lido por Jecinaldo e

solicitou que o seu povo possa aderir ao manifesto, pois embora considere que tenham avançado,

ainda há muito o que avançar nessa área. Luis Titiá, por sua vez, afirmou ser uma tristeza quando

vêem propagandas enganosas sobre políticas voltadas para os povos indígenas, pois vêem na base

que há muitas coisas negativas acontecendo, referindo-se ainda à difícil relação mantida entre

estados, municípios e os povos indígenas. Luis Titiá afirmou ainda que se deve buscar conhecer

mais a realidade das comunidades nessa área, aproveitando a oportunidade para passar ao

Presidente documento sobre a realidade da educação em sua região, nos quais são listados vários

problemas lá detectados. Em face de preocupações levantadas por alguns representantes indígenas

com relação ao fato de que há municípios onde conflitos por território envolvem prefeitos e outras

autoridades, Kleber Gesteira apresentou então uma nova sugestão para a subcomissão de Educação

Escolar Indígena, para a de Justiça, Segurança e Cidadania e para a de Terras Indígenas: "são 179 os

municípios que têm escolas indígenas e é relativamente fácil verificar se os prefeitos ou vereadores

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têm envolvimento com disputas por terra indígena, o que não pode acontecer". Arão Guajajara, a

seguir, sugeriu para a subcomissão e para o MEC que fossem repassados para a CNPI, a título de

informação, os valores dos recursos, por estado, para construção de escolas, contratação de

professores etc., "pois quando vão tentar mover ação junto ao Ministério Público este pergunta o

valor repassado mas não os índios não sabem dizer"; solicita ainda que se informe quais os critérios

para inserção no Prouni, pois são vagos, não se sabe como são escolhidos os bolsistas, pois em sua

região há 7 pessoas com bolsas que não são indígenas. O Presidente encerrou a apresentação de

sugestões à subcomissão e sugeriu por sua vez que esta as receba e dê o devido encaminhamento,

informando à CNPI quais os procedimentos adotados, pedindo que se dê início à próxima

apresentação.

7) Subcomissão de Gênero, Infância e Juventude

Passou-se a seguir ao informe da subcomissão de Gênero, Infância e Juventude,

iniciada pelo relator Korralui Karajá, que informou sobre os membros da subcomissão - Pierlângela

Wapichana, José Ciríaco, Quenes Gonzaga/SGP, Renata Leite/MDA, que não compareceu, Léia

Vale/Funai, que participou como convidada, assim como Valéria/Coiab e Miriam Terena/Funai.

Após informar sobre a função da subcomissão, que é acompanhar a situação das mulheres e

crianças indígenas, passou-se a seguir à leitura da ata da reunião, anexo 7.

Após a leitura da ata, Pierlângela Wapichana manifestou-se afirmando que todos

os presentes têm relação com essa subcomissão; que fora conversado sobre a importância de

ouvirem o movimento das mulheres indígenas, propondo que seja feita reunião com as mulheres

indígenas antes da Conferência Nacional de Mulheres, para o que gostariam de contar com a

participação de mais membros de governo, já que vários são os órgãos que têm ações voltadas para

esse segmento da população. Nesse sentido, solicitou à Funai e MDA que apoiem a realização dessa

reunião, afirmando ainda o interesse em terem ação específica no PPA para mulheres e jovens, tema

em que se insere questões relacionadas aos direitos indígenas, a etnodesenvolvimento, saúde, entre

outras. A proposta, portanto, é que seja realizado encontro com as mulheres indígenas na

primeira quinzena de agosto, e que as mulheres que são suplentes na CNPI possam participar

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das discussões, pois os outros membros são mais ligados à área de direito. Nessa ocasião, as ações

da Funai serão apresentadas e vão pedir o mesmo a outros ministérios, para o que vão tentar que as

delegadas que vêm para a Conferência Nacional de Mulheres possam vir alguns dias antes para

Brasília a fim de se reunir com essa subcomissão. Jecinaldo Barbosa manifestou-se afirmando que

as propostas com relação às mulheres são muito boas, mas que os temas infância e juventude,

entretanto, precisam de mais atenção por parte do subgrupo. Nesse sentido, sugere à subcomissão

a participação em eventos em regiões onde há problemas graves, como as áreas de fronteira,

informando que em agosto vai haver encontro em São Gabriel da Cachoeira, onde vão se reunir

400 jovens indígenas, na fronteira com a Colômbia, contando com a participação da Coiab, Foirne,

Unicef, Funasa, e que vai tratar principalmente sobre suicídio e impactos em regiões de fronteira.

Ele informou ainda sobre um outro encontro no qual seria interessante participarem, na cidade de

Letícia - Colômbia, localizada na fronteira com Tabatinga, com a participação de jovens da

Bolívia, Peru e Brasil, encontro este que já é o 3o e está sendo liderado pelos próprios jovens.

Jecinaldo afirmou ainda que gostaria que o subgrupo convidasse a Unicef, que tem levantamentos

interessantes para os trabalhos da subcomissão, informando também sobre evento a se realizar em

Brasília que vai reunir cerca de 10 mil pessoas – o “Encontro dos Povos da Floresta”, que vai

discutir mudanças climáticas, modelos de desenvolvimento para comunidades tradicionais, entre

outros, informando ainda que o evento surgiu anos atrás e que está sendo novamente realizado pela

Coiab e outras organizações a fim de dar visibilidade à questão da proteção. Entre os participantes,

Jecinaldo informou que haverá crianças quilombolas e indígenas, e que o encontro acontecerá entre

18 e 21 de setembro, já estando confirmada a participação de um dos embaixadores da Unicef Didi.

Finalmente afirmou que gostaria de contar com a participação da subcomissão no referido evento.

Prosseguindo com a apresentação de sugestões à subcomissão, Saulo Feitosa∕Cimi

expressou a preocupação de que o tema infância e juventude tenham sido prejudicados na primeira

reunião, uma vez não terem sido devidamente priorizados. Saulo afirmou ainda que acompanha a

trajetória de alguns jovens que atuam nessa área e já realizaram diversas assembléias, inclusive

convidando jovens de outros povos; que sua problemática tem surgido de forma bem refletida,

sistematizada, em face do que sugere que se convide em algum momento essas pessoas para

contribuir para os trabalhos, reforçando ainda a idéia de Jecinaldo quanto à possibilidade de

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contribuição da Unicef. Prosseguindo, afirmou que há questões complicadas que envolvem esse

tema, como a dos conselhos tutelares, pois os indígenas vêm sofrendo problemas e os conselheiros

não têm conhecimento da realidade dos povos e acabam fazendo denúncias sobre essa realidade que

não são as mais adequadas. Outro assunto a mencionar é que tramita projeto de lei no Congresso

Nacional que trata da prática de infanticídio nessas comunidades, tendo havido já duas

audiências no Congresso sem a participação das mulheres indígenas, que estão sendo

criminalizadas, sendo que há ainda campanha nacional contra o infanticídio e a subcomissão pode

se posicionar e exigir participação nas audiências.

A Dra. Alda Carvalho completou os comentários sobre os trabalhos da

subcomissão no sentido de que fora convidada Débora Duprah, do Ministério Público, mas sugere

que também se convide Ela de Castilho, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, que trata

muito diretamente da questão, sendo importante a sua participação para a subcomissão. Quenes

Gonzada, a seguir, informou que o documento preparado pela subcomissão sobre a reunião é

bastante sintético; que tiveram problemas com a ausência de certos órgãos, como da representante

do MDA; que ainda não puderam olhar documentos sobre os trabalhos que a Funai e o governo

como um todo vêm fazendo na área de infância e juventude, muito embora tenham se oferecido

para disponibilizar esses dados. Quenes destacou ainda o fato de que a Secretaria Geral da

Presidência desenvolve trabalho que visa a reforçar a interlocução com a questão de gênero, como

parte de um acordo que desenvolvia discussão junto de 11 órgãos do governo com a Organização

Internacional do Trabalho, que aliás procurou o governo brasileiro para demonstrar interesse em

que tivessem prosseguimento as discussões acerca dos vários contextos de violência entre esse

segmento da população. Outro assunto destacado por Quenes foi a necessidade de que obtenham

apoio para que possam realizar reunião com as delegadas indígenas que virão a Brasília participar

da Conferência Nacional de Mulheres, a fim de fazerem avaliação das políticas desenvolvidas pelo

governo, o que considera que será importante, assim como o é a atuação com vistas a fortalecer o

movimento das mulheres indígenas.

Com a palavra, Wilson Matos parabenizou a subcomissão pelo desenvolvimento

do tema, que é complexo, havendo 2 normas especiais para reger o mesmo assunto. Sua sugestão

para a subcomissão é que, conforme o que havia falado Saulo, e como o Conanda no Mato Grosso

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do Sul também já apresentara como solução, que seja proposta a criação de conselhos tutelares

indígenas, para que pessoas que entendem a realidade indígena possam decidir sobre as questões

que envolvem os jovens e crianças indígenas. Sugeriu, finalmente, que entrem em contato com a

Advocacia Geral do Estado do Mato Grosso do Sul, que lançou publicação sobre o olhar do jovem

indígena, sugerindo ainda que os responsáveis pela mesma possam inclusive vir a participar dos

trabalhos da subcomissão como convidados.

A última pessoa da subcomissão a fazer uso da palavra foi Léia Vale, que após se

apresentar, informando estar à frente da recém-criada Coordenação de Mulheres Indígenas da

Funai, que vem desenvolvendo suas ações desde 2006, a exemplo de oficinas em várias regiões do

país, sendo que agora o material resultante delas está sendo consolidado, de forma a se ter acesso às

informações sobre o que está sendo desenvolvido. Léia informou ainda que não foi possível

realizarem reunião prévia com os setores que desenvolvem ações ligadas à infância e juventude, e

que desta forma naquele momento se estava trabalhando na organização do material que vem

reunindo há alguns anos sobre o assunto, tendo se comprometido a repassá-lo para as subcomissões

e para a CNPI em breve. Outra informação apresentada disse respeito ao orçamento da

Coordenação, que é de cerca de 250 mil reais, destacando ainda que vai informar melhor em outra

oportunidade sobre o que vem sendo desenvolvido. Finalizando, Leia informou que tem trabalhado

com as mulheres da Coiab, da base, e conforme já havia sido dito por outros membros da

subcomissão, uma das coisas que gostariam de garantir seria a participação das delegadas que

participarão da Conferencia Nacional de Mulheres Indígenas, sendo necessário para isso que

estivessem em Brasília com 2 dias de antecedência ao evento, ao que propôs à CNPI que apóie a

subcomissão nesse sentido.

Com a palavra novamente, o Presidente afirmou concluir que a proposta da

subcomissão havia sido aprovada, reiterando o que dissera Jecinaldo e Saulo no sentido de que a

questão de gênero já tem mais acúmulo de discussão, esperando que pudessem agregar mais

informações sobre a questão de infância e juventude, por exemplo convidando pessoas da Vara de

Infância e Juventude, sendo que Léia apresentaria dados para contribuir com os trabalhos. Luiz Titiá

por sua vez lembrou ainda que a Apoinme auxiliara na realização de evento sobre a questão de

gênero e devia ser consultada.

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8)Subcomissão de Planejamento, Orçamento e Gestão

O Presidente a seguir propôs que se passasse à apresentação da próxima

subcomissão, de Planejamento, Orçamento e Gestão, que procedeu à leitura da ata da reunião, o

anexo 8 da presente ata. Após a leitura, Brasílio afirmou que em todo o país se fala sobre a

necessidade de reestruturação da Funai e que gostaria de ressaltar a necessidade de que se entenda

que é preciso de fato dar condições para o órgão indigenista funcionar, que mesmo com problemas

ainda é o órgão referência sobre a questão indígena, afirmando ainda que hoje se percebe que as

mudanças estão mais perto, que há pessoas novas com muito interesse em fazer um bom trabalho,

mas que é premente a necessidade de que seja feito concurso público, já que os povos indígenas têm

crescido e o número de funcionários diminuído, além do que o órgão precisa de recursos humanos e

financeiros para poder fazer bem o seu trabalho. O presidente pediu explicações sobre o ponto 3 do

documento distribuído pela subcomissão [3- Elaborar documento orientando os órgãos setoriais a

considerar a questão indígena na elaboração dos seus editais, de preferência orientado-os para

consulta previa ao órgão indigenista e subcomissão adequada dessa CNPI (apresentar proposta de

documento na 3ª Reunião Ordinária], ao que Fred explicou que em alguns casos setoriais exigem

documentos que não levam em consideração a realidade dos povos indígenas, como no caso de

linhas de créditos, por exemplo, que devem levar em consideração as especificidades desses povos;

Celso Correa∕Casa Civil apresentou um outro exemplo, destacando que faz parte de um comitê de

catadores de lixo, os quais se deparam com situações em que se pede a eles o endereço de

residência, quando muitos deles moram na rua. Quanto ao item 6, prosseguiu, é aquele que

consideram que podem incorporar à discussão de outras subcomissões, sendo que gostariam de ver

como funciona a experiência em outros estados com relação à participação indígena, tentar propor

estudo-modelo que possa ser replicado em outros locais, portanto a perspectiva seria verificar se a

proposta do GT Índios bate com isso. Assim, se tiverem acesso aos documentos de diversos

setoriais poderão trabalhar melhor, pois há várias ações no PPA que possibilitam localizar o

problema e orientar os setoriais para adotarem os critérios de forma apropriada. Aarão Guajajara,

a seguir, afirmou que sempre preocupa a forma como a Funai é tratada, perguntando qual o critério

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do MPOG para direcionar seus recursos para a Funai e reafirmando a necessidade de que se

reestruture enquanto instituição para que possa voltar a ser respeitada, inclusive pelos índios, pois

enquanto tem bons servidores tem também alguns que mancham a imagem da instituição. Arão

propõe ainda que seja feita auditoria∕diagnóstico em todo o país para terem melhor

acompanhamento de como está sendo feito uso de seus recursos. André∕MDA afirmou que as

regras que garantem a transparência do uso dos recursos públicos são cada vez mais rígidas e que às

vezes se quer facilitar o acesso a esses recursos mas não é possível devido aos procedimentos que

necessariamente devem ser seguidos.

Francisca Pareci questionou a seguir como o governo federal exerce o controle

dos recursos federais por parte dos estados e municípios, pois são inúmeras as reclamações quanto

ao uso dos recursos por meios escusos como licitações fraudadas, então quer saber como é feito

controle do FNDE, FUNDEF, merenda escolar, se não é possível criar conselhos para fiscalização

de recursos, e como os índios podem competir com assessores e outros que usam linguagem de

difícil compreensão por parte dos indígenas ao explicar a utilização dos recursos, afirmando

portanto acreditar que seria importante a CNPI criar mecanismos para fazer esse controle. Outra

questão levantada por Francisca disse respeito ao problema das ações da Coordenação de Educação

que foram retiradas da Funai, afirmando que gostariam de acompanhar o procedimento e numa

próxima reunião pudessem saber com certeza que o problema foi solucionado.

A respeito dos trabalhos da subcomissão, Jecinaldo Barbosa afirmou que, assim

como a subcomissão de gênero, avançaram mais em um aspecto que nos demais, no caso mais no

acompanhamento do orçamento, tendo faltado porém questão a seu ver muito importante, com

respeito ao órgão indigenista em si, bem como do Estatuto do Índio, afirmando a necessidade de

recuperarem propostas e discussões em fóruns como a 1ª Conferência Nacional de Política

Indigenista, em que, embora não tenha se obtido consenso, se discutiu a criação de um Ministério e

Parlamento Indígena, acreditando que a subcomissão poderia abordar melhor o tema.

Ancelmo chamou atenção para o fato de que só se pensou na reestruturação da

Funai, enquanto há também outros órgãos que têm recursos para a questão indígena mas não atuam

como deveriam, como é o caso dos órgãos que chegam a devolver recursos. O Presidente reiterou as

falas que chamaram a atenção para a necessidade de se buscar maior equilíbrio no avanço das

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discussões e na abordagem dos temas; sobre a Funai, informou que está em discussão a

reestruturação do órgão, que inclui concurso público e é um tema que merece apresentação à parte;

afirmou concordar também com Aarão, e, tratando o assunto com franqueza, reconhece ser um fato

que os recursos nem sempre chegam em determinados lugares, citando exemplo em que, ao se

investigar determinada situação, verificou-se que havia sido descentralizado recurso mas ao chegar

na ponta acabou tendo destino diverso do que deveria, o que é comum e reflete abandono de 20

anos da política indigenista em termos de gestão por parte do governo, já que foi feito desmonte do

Estado e cabe agora reconstruí-lo. O Presidente também destacou que deve ser reforçada a

discussão acerca da gestão, informando que se está se trabalhando duro hoje para que as auditorias

sejam feitas, mas que entretanto não se conta com auditores e procuradores suficientes para atender

a tudo o que se necessita, o que a seu ver é um circulo vicioso, pois a situação é tão ruim que não há

condições de fiscalizar como se deve, o que só prova a necessidade de reestruturação.

Devido ao adiantado da hora, a apresentação sobre saúde indígena foi transferida

para o dia seguinte, considerando-se a reunião do dia 12 como encerrada.

Ata da 1 a Reunião Extraordinária Ata da 1 a Reunião Extraordinária

Dia 13 de julho de 2007Manhã

O Presidente Márcio Meira deu início ao segundo dia de reunião da Comissão

Nacional de Política Indigenista informando que a reunião contava com a presença do Presidente do

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Incra, que foi então convidado a usar a palavra. Rolf Hackbart desejou boas-vindas a todos,

cumprimentou Márcio por seu trabalho, afirmando que os dois órgãos têm conversado bastante, que

são próximos do Ministério do Planejamento e da Fazenda, destacando ainda a importância de todos

os atores estarem presentes e que estarão realizando, no âmbito do Incra, vários encontros de

movimentos sociais. Prosseguindo, afirmou ainda que a CNPI é importante para o Incra e para o

Governo brasileiro também, pois afirma os direitos dos índios e também dos quilombolas; que a

origem da questão fundiária é o índio e o quilombola, enquanto que a questão ambiental e o

desordenamento nessa área ainda causam muitos problemas; que a Constituição Federal garante que

seja feito ordenamento nessa área e o governo está fazendo e vai fazer ainda mais, sendo que houve

época em que a terra era dos índios e hoje há um caos, vários conflitos que estão se dedicando a

resolver, inclusive muitos conflitos e disputas pelo subsolo, citando caso de calungas cujos recursos

são muito visados, de forma que o governo precisa estar ligado à sociedade civil, dentro das

normas, lembrando ainda que o Incra enfrenta problemas também com relação ao preço da terra,

que está subindo, mas ressaltando que o país tem tudo para resolver seus problemas fundiários.

O Presidente Márcio comentou essa fala ressaltando sua importância e que há casos

de desintrusão sendo resolvidos em conjunto com o Incra, citando casos como o de Maraiwatsede e

de Raposa Serra do Sol, em que o trabalho dedicado do Incra está ajudando, muito embora esperem

ainda mais apoio. O Presidente retomou então a pauta do dia anterior, lembrando que a primeira

apresentação seria a da Funasa e da subcomissão de Saúde Indígena, em seguida do MME e a

discussão sobre o Estatuto.

Edgard Magalhães∕Funasa iniciou sua apresentação sobre o Modelo de

Atendimento à Saúde Indígena (anexo), reiterando a informação de que o titular do órgão na

Comissão, o Dr. Vanderlei, encontrava-se no Mato Grosso do Sul negociando cestas de alimentos

com o governo do estado e portanto não pudera estar presente. Iniciando sua apresentação,

informou que esta versaria sobre avaliação do subsistema de saúde indígena no decorrer dos 7 anos

sob responsabilidade da Funasa, ou seja, desde 2000.

Assim, em síntese, a apresentação versou sobre os seguintes assuntos:

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Por força constitucional e pela saúde ser responsabilidade da União, foi construído

modelo que é a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena, política recente, pois a portaria é de

2004, mas ela foi conceituada em 2002, onde estão as regras do subsistema, baseado em distritos

sanitários indígenas. A Funasa tem sua organização mas não conta com estrutura própria para

proceder ao atendimento de saúde, portanto a proposta é fazer modelo diferenciado de atendimento,

sendo que a Constituição Federal e o Ministério da Saúde reconhecem que os secretários municipais

de saúde não são autoridades para lidarem com a saúde indígena, uma vez que a autoridade hoje é o

chefe de distrito, responsável por território limitado, reconhecido juridicamente como terras

indígenas, considerando-se ainda a situação dos índios fora de aldeias, que é tema crucial. O

sistema, prosseguiu Edgard, é hierarquizado em 3 níveis - municipal, estadual e da União, e

normalmente a organização da atenção básica é feita pelo nível municipal; pelo estado se o

município não tem capacidade e pela União se nenhum deles tem condições de atender, sendo que

no caso da saúde indígena a atenção básica é delegada à Funasa pelo Ministério da Saúde, sendo

que a atenção básica é federal por definição, cabendo a esse nível a responsabilidade por organizar

serviços e se articular com os outros níveis do SUS para proceder a atendimentos especializados.

Sendo a proposta que no espaço da terra indígena execute a atenção básica, de prevenção à saúde,

ações de saúde ambiental e se há necessidade de referenciar que se articule com o restante da rede,

que se encontra sob responsabilidade dos municípios e estados, que têm que reconhecer todo

cidadão com suas necessidades específicas, sejam eles idosos, ciganos, ou sejam elas diferenças em

termos de gênero e diferenciação étnica. Para isso, explicou Edgard, o Ministério da Saude/Funasa

atribuem recursos às unidades hospitalares para se qualificarem, havendo hoje cerca de 300

instituições que recebem recursos extras para atender os índios com serviço qualificado, sendo que

a Funasa tem responsabilidade pela atuação básica e deve gerir a Política Nacional de Atendimento

às Populações Indígenas, a execução, prover serviços, ter pessoal médico. Edgard esclareceu ainda

que a Política Nacional refere-se a todo o território nacional, tanto nas aldeias como nos espaços

urbanos e também nos casos das terras indígenas ainda em identificação, no entanto essas apenas

são reconhecidas a partir da homologação e registro na União, e apenas aí podem ser construídos

postos e se fazer investimentos, mas caso não seja da União não vai ser a Funasa e sim outro ente a

responsável, devido a questões jurídicas.

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A seguir Edvard passou à apresentação em slide show, em que tratou sobre o

número de distritos sanitários existentes, explicando questões pontuais sobre os distritos do Sul e

informando sobre a lógica que levou ao desenho dos distritos, que são divididos em 34 regiões,

territórios sob responsabilidade federal de atenção básica aos povos indígenas, informando ainda

sobre a população por distritos (em terras indígenas), assim como sobre as diretrizes do trabalho,

como por exemplo o princípio segundo o qual a Política Nacional de Saúde Indígena é parte da

Política Nacional de Saúde; que assegura a atenção integral à saúde; organiza serviços voltados para

a proteção, promoção e recuperação da saúde; executa a política por meio dos DSEIs e tem rede de

atenção básica articulada com a rede de serviços do SUS. Ele explicou ainda sobre a atuação nas

casas de saúde indígena, que não são hospitais, ou seja, em geral esse não é o modelo, apesar de

haver algumas que são mistas, e que a tendência é que desapareçam.

Outros detalhes sobre a política de atendimento à saúde indígena foram

apresentados, conforme a apresentação que se encontra no anexo 9, como a discussão sobre fluxos,

níveis de resolutividade, formas de acesso aos distritos, apresentando ainda fluxograma do

Departamento de Saúde Indígena na Fundação Nacional de Saúde. Sobre o orçamento, afirmou que

é vultuoso porque o financiamento da saúde é algo caro, daí que o Ministério da Saúde, tem maior

orçamento, explicando ainda que captam os recursos de outros ministérios para apoiar as ações e

acabam executando mais do que o previsto no orçamento, solicitando também suplementação

orçamentária, sendo que no momento aguarda-se o PAC da saúde, não se podendo afirmar que o

atendimento será intensificado, uma vez que já é bastante intenso e o problema de fato é a questão

administrativa. A forma de execução é por convênios, continuou Edgard, na maior parte dos casos

com ONGs indígenas e não indígenas, tendo sido feitos convênios com municípios, que não existem

mais, e com universidades, os quais tendem a acabar devido a entendimento da AGU, que considera

que não caber às fundações tais papéis, que devem se restringir à pesquisa.

Foi informado ainda sobre os principais indicadores de saúde indígena entre 2000 e 2006, sendo que

os povos indígenas têm indicadores piores que o restante da população, mas que tem havido

avanços, como exemplos a diminuição da mortalidade, sendo a visão de futuro da Funasa que em 10

anos tenham indicadores indígenas semelhantes aos do restante da população, informando ainda que

a população indígena cresce o dobro da nacional. A apresentação versou ainda sobre as dificuldades

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para o desenvolvimento da Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena, acertos e ameaças nesse

sentido.

Edgard prosseguiu em sua apresentação afirmando que algumas questões devem ser

pensadas pela CNPI, como: o modelo de execução a saúde indígena, se permanece terceirizado, se

fazem pressão para haver melhoramento desse modelo ou para o Estado assumir a responsabilidade

de prestar o serviço à população; o tipo de financiamento, que precisa ser mais sustentável, uma vez

que a saúde indígena não tem verba vinculada, tem que negociar; a política de recursos humanos e

formação para o atendimento à saúde indígena, cuja inexistência resulta em mau atendimento; o

relacionamento intersetorial; mecanismos para se relacionar melhor com a Funai; o fomento à

capacidade indígena e a formação de recursos humanos para a Amazônia e interior do país; o

redimensionamento da Funasa, que é pequena para a missão de trabalhar com a saúde indígena, tem

pessoal insuficiente e se utiliza de modelo convenial; definição quanto a se vão permanecer por

mais tempo com a legislação existente, que é inadequada; o modelo de pactuação, que deve ser

mudado, uma vez que os convênios não são para longo prazo; e, finalmente, o relacionamento com

as prefeituras, apresentando-se proposta visando à regulamentação do acompanhamento da

execução de recursos e à melhoraria da interlocução. Edgard informou ainda que há orientação do

ministro no sentido de criar mecanismos para melhorar a relação do Ministério da Saúde com a

Funasa e que as proposições da CNPI vão poder ser encaminhadas diretamente por esse Ministério,

existindo vontade política de aprofundar o melhoramento do modelo de saúde porque não foi

aprofundado e porque é um processo de reconstrução. Ao fim dessa fala, passou-se imediatamente

para a apresentação da subcomissão de saúde, conforme se segue.

9)Subcomissão de Saúde Indígena

A próxima apresentação, a respeito da reunião de trabalho realizada pela

subcomissão de Saúde Indígena, realizada no dia 11 de julho de 2007, foi iniciada com a fala de

Akiaboro Kayapó, que se referiu a problemas na sua região e afirmou a Edgard que ele deve

resolver o mais rapidamente os problemas na saúde indígena, pois já não quer mais esperar e se não

resolverem logo vai ao Ministério exigir mudanças, falando ainda sobre os problemas que têm sido

vivenciados em sua região. A seguir a palavra foi passada para o coordenador da subcomissão de

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saúde, Aarão Guajajara, que informou que a reunião contou com a presença de Wanderlei

Guenka, Lindomar Xocó, Ricardo Neves, do MDS, Ana Costa, que chegou apenas quase ao final da

reunião. O coordenador prosseguiu afirmando que o problema da saúde vem se arrastando há anos;

que a medicina tradicional tem sido esquecida; que há recursos disponíveis e o problema maior é de

gestão, questionando ainda o número de distritos sanitários e afirmando ser preciso repensar o

modelo e a atuação desses 34 distritos, verificar o perfil epidemiológico das comunidades,

considerando os dados existentes como superficiais e até irreais. Outro problema apontado por

Aarão disse respeito ao perfil dos profissionais que atuam na área, bem como a necessidade de

haver equipes permanentes, compromisso, acompanhamento dos convênios pela Funasa, revelando

preocupação com a municipalização e o fato de não terem sido criados mecanismos para que a

Funsasa assuma de fato as suas responsabilidades. Falou ainda sobre o problema da falta de

autonomia dos distritos, a inexistência de tratamento diferenciado ou específico para os povos

indígenas, a rotatividade dos profissionais de saúde. Com relação às propostas da subcomissão,

encontram-se no anexo 8, que contém a síntese das discussões na primeira reunião de trabalho.

Após a fala do coordenador da subcomissão de Saúde Indígena, o Presidente abriu

a discussão, passando a palavra para Luiz Titiá/Apoinme e a seguir para Wilson Matos, que

comentaram a situação da saúde em suas regiões, seguidos por Danilo Terena, que levantou a

questão do atendimento aos índios urbanos, afirmando que a Funai também precisa participar mais,

fiscalizar a execução das ações. Francisca Pareci, a seguir, afirmou que se sente contemplada pelas

falas anteriores, mas que gostaria de enfocar a questão da formação dos profissionais que atuam na

área de saúde, assim como ressaltar a importância da valorização dos conhecimentos profissionais,

sendo que a formação de indígenas não tem sido prioridade para a Funasa, verificando-se que os

agentes de saúde indígena chegam a ser discriminados, os pajés não são respeitados, ressaltando

ainda a necessidade de haver escolarização ligada a outros conhecimentos, inclusive informando

que têm sido recebidas inúmeras solicitações para a abertura de cursos superiores voltados para a

área de saúde para indígenas e afirmando finalmente a necessidade de a Funasa assumir de fato a

responsabilidade pela saúde e portanto não terceirizar o atendimento. Como sugestão para a

subcomissão solicitou que se dediquem a propor política de formação continuada para a

profissionalização dos indígenas. A seguir com a palavra Brasílio Priprá relatou problemas

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verificados em sua região quanto ao atendimento, enquanto Sandro Tuxá perguntou se a Funasa

tem alguma atividade definida para resolver a questão do baixo salário pago aos agentes indígenas,

que não chega ao salário mínimo, ou seja, quanto à valorização desses profissionais. Jecinaldo

Barbosa também se manifestou, afirmando ter em seu poder carta do presidente do Conselho

Distrital do Alto Solimões e afluentes que trata sobre a mortalidade infantil, a qual entregou à

subcomissão, pedindo também providências por parte da presidência da Funasa. Jecinaldo sugeriu

para a subcomissão que aborde a questão da autonomia administrativa e financeira para os DSEIs,

da melhoria dos recursos humanos, a necessidade de que a Funasa assuma responsabilidades, leve

em consideração os encaminhamentos tirados na Conferência Nacional de Saúde, questionando

ainda as razões pelas quais a responsabilidade é direcionada aos municípios e não para a Funasa,

solicitando que a subcomissão considere esses pontos em seus trabalhos. Jecinaldo sugeriu ainda

que chamem membros do Conselho Nacional de Saúde Indígena, como o Truká Valdenir França, do

Fórum Nacional de Presidentes de Conselhos Distritais, que são 2, assim como participem da

reunião do Comitê Intersetorial de Saúde Indígena, que vai acontecer em agosto, afirmando que a

situação é bastante grave. Finalmente, Jecinaldo perguntou pelo relatório da 4a Conferência de

Saúde, solicitando que seja encaminhado à subcomissão e propondo ainda que a portaria

mencionada por Edgard receba análise jurídica, sendo que, de acordo com a assessoria jurídica da

Coiab, não poderá ser aceita pelos índios, uma vez que a Funasa estaria contrariando o seu papel de

propor políticas. A propósito, Edgard informou que não se trata de portaria mas sim de uma minuta,

ao que se chamou atenção ainda para a questão do transporte para se ter acesso às aldeias, o que em

certas regiões é um problema, e para a questão das instituições que se negam a atender os índios,

alegando não receber incentivo financeiro para o atendimento dos indígenas. Aikury Wajãpi

afirmou que antes não havia tantas doenças como hoje, doenças que nem mesmo os pajés podem

curar, diante do que sugere que se faça capacitação de agentes indígenas de saúde, de conselheiros

indígenas, que seja regularizado o fornecimento de medicamentos e adquirido transporte para se ter

acesso às aldeias.

Saulo Feitosa/CIMI afirmou que a Funasa não tem controle sobre os seus gastos

sobre contratação de profissionais, que há inúmeras denúncias, sobre as quais inclusive dispõe de

dossiê, e que hoje há várias doenças sem controle no país, questionando sobre o que falta para

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aumentar os investimentos, uma vez terem aumentado os recursos. Saulo afirmou ainda que o

modelo de subsistema foi proposto dentro de uma lógica, que é o atendimento direto pelo Estado, e

que houve deturpação desse modelo, tendo o governo terceirizado o atendimento, por meio de

convênios, que são provisórios, não fazendo sentido terceirizar e lidar também por meio de

convênio com a vida de pessoas, sendo que por problemas pequenos acaba-se suspendendo o

repasse de recursos para as conveniadas. O problema está no modelo, prosseguiu Saulo, sendo que

onde funciona, no Sul do país, o atendimento é feito diretamente pela própria Funasa, tratando-se

porém de exceção, pois na maior parte dos casos são contratados profissionais que não vão às

comunidades indígenas enquanto as prefeituras por sua vez usam as contratações como cabide de

emprego. Assim, Saulo solicitou que a Funasa informe os impedimentos para a contratação por

concursos públicos, para o que os recursos seriam suficientes, e que informe ainda a situação de fato

dos distritos e dos convênios, propondo que subcomissão trabalhe no sentido da recuperação da

autonomia política e financeira dos DSEIs, sem o que não há como fazer controle social.

A palavra foi passada novamente para Edgard, que ressaltou que se deve recuperar

proposta da subcomissão com relação à criação de grupo de trabalho para repensar o modelo de

atendimento à saúde indígena, esclarecendo ainda que a administração concorda que ele deve ser

mudado, que de fato não é positivo estarem ligados aos municípios, pois dessa forma não está

funcionando, até porque a lógica de coordenações regionais não casa com a dos distritos, que

acabaram sem autonomia, pois a gestão cabe às regionais. Assim, prosseguiu ele, a subcomissão

precisa – e aí concorda com o que Jecinaldo aponta quanto à participação dos membros do CISI e

presidentes de conselhos – verificar a necessidades de se unificar as pautas e casar as reuniões na

próxima reunião, para se trabalhar na evolução do modelo com papel suprasetorial, não restrita à

saúde, informando não haver impedimento legal para contratarem, dependendo-se do MPOG, mas

destacando achar temerário contratar pela lei n.° 8112, pois não é possível gerenciar os

profissionais, que podem se negar a entrar em área, sendo que a seu ver a contratação deveria ser

pela CLT e dos profissionais para gestão pela lei n.° 8112, que poderiam ser servidores públicos

com estabilidade, os quais poderiam assim contrariar interesses políticos. Assunto esse que Edgard

acredita que deve entrar na discussão sobre a criação de escola de formação indigenista, pois se

poderia evoluir para isso, criar competência indigenista no governo, pensando que se quer que o

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Estado assuma suas funções, idéia com a qual alguns não concordam. Quanto a questões pontuais,

por exemplo sobre transporte, informou que há 12 milhões de reais destinados para a aquisição de

equipamentos e desses 8 milhões serão para meios de transportes, o que significa 2/3 do total,

enquanto que o resto vai para equipamentos de postos. Sobre a questão dos incentivos com recurso

da SASI do Tesouro, afirmou que não têm gerência sobre o recurso e se há boa relação com o

prefeito conseguem as informações, mas se não, eles são autônomos e podem se negar a dar

informações, sendo que só a Saúde desenvolve ações com recursos do Tesouro, de maneira que é a

favor de se criar fundo específico e assim não dependerem de negociações, pois hoje só existe

fundo municipal, estadual ou federal, mas poderiam ser criadas contas específicas para os distritos,

existindo formas de se obter mais fundos que os atuais. Como observação final, Edgard destacou

que a sensação de que o serviço está ruim é real, que concorda com isso, pois vai à ponta com

freqüência e a seu ver a iniqüidade é clara, haja vista que não se atende às vezes por questões

políticas, havendo ainda a questão dos dados que não condizem com a realidade, quanto aos quais

afirmou estar mostrando médias nacionais, que não retratam os extremos em termos positivos e

negativos, destacando ainda que em algumas regiões os problemas são mais graves por problemas

políticos mais amplos que só a Saúde; que o Ministério Público deve ser acionado e tem poder para

agir. A Funasa não está sendo irresponsável no Javari, prosseguiu ele, e o quadro não é o que está

sendo divulgado, todos são responsáveis por se fazer o que tem que ser feito lá, mesmo porque o

Estado é responsável e responde juridicamente todo o tempo, informando que há acompanhamento

do Ministério Público específico para a região e sugerindo trazerem representante da Funasa no

Amazonas para trazer raio x da situação. Finalmente, afirmou que a Funasa quer cumprir bem o seu

papel e espera que a Comissão ajude a equacionar os problemas, sendo que há condições de se fazer

recomendações concretas.

Ainda a propósito da fala de Edgard, Jecinaldo afirmou ser boa a proposta,

ressaltando porém que o movimento social não está fazendo discurso e que a situação do Javari é

grave. Kleber Matos, a seguir, disse que no Javari há disfunção completa, pois o prefeito faz o que

quer, situação que necessita de múltiplas ações, mas que não podem ser feitas de forma

fragmentada, sugerindo se pensar no controle social, com o governo presente, acompanhado por

agentes da Funai e Funasa agindo em conjunto, citando ainda como exemplo o caso de Atalaia do

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Norte, que fez uma série de compromissos e não cumpriu e ressaltando que deve haver fiscalização

sobre os temas dos acordos que venham a ser feitos. Assim, afirmou ele, é preciso pensar em um

controle social mais unificado com participação indígena qualificada e participação direta do

governo.

Retomando a condução dos trabalhos, o Presidente afirmou que o debate atualiza a

importância da CNPI, bem como do futuro Conselho, que se trata de espaço para se discutir

abertamente o tema, destacando que todo discurso é real, cada um de um ponto de vista, tratando-se

a CNPI de espaço democrático criado pelo Presidente da República, que disse não haver tema

proibido, o que se tratou de um recado sobre a função da CNPI, que ao mesmo tempo implica que

ela tem que assumir a sua co-responsabilidade – governo e movimento indígena – pelos

encaminhamentos. Márcio Meira afirmou ainda que é obvio que há problema na questão da saúde,

que a seu ver não foi subestimado na apresentação de Edgar, fato reconhecido por ele e pelos índios

também. A subcomissão deve discutir o modelo, incluir outros representantes indígenas na

discussão, para terem uma pauta só, de maneira a futuramente levarem encaminhamento para o

governo em termos de melhoramento do modelo. A Funai, por sua vez, não pode se esquivar da

discussão, sendo que em 1999 decreto da Presidência coloca Funai como responsável por

acompanhar as ações, e na reestruturação em discussão atualmente sugerem que a Funai volte a ter

papel de coordenação das ações, que desempenhe essa função e acompanhe não só a saúde, mas

também a educação e cultura, e portanto que venha a ter papel de coordenação e articulação das

políticas do Estado. Márcio disse ainda que gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer que

tanto a Funai como a Funasa têm carências estruturais, como em termos de Recursos Humanos,

solicitando que se leve mensagem ao Ministério do Planejamento e da Fazenda no sentido de que

precisam de apoio, uma vez que muitas decisões dependerão de capacidade institucional, que foi

demolida nos últimos anos de concepção liberal, que levou às terceirizações, as quais já ficou

demonstrado que não funcionam; já se avançou mas é preciso avançar mais. Edgard Magalhães,

prosseguiu Márcio Meira, é representante suplente da Funasa e na 1a Reunião Ordinária o titular

veio e participou integralmente, diante do que gostaria de fazer pedido oficial de que seja feito

esforço para que os titulares estejam presentes às reuniões, para que o Diretor esteja presente

quando possível, pois embora se entenda que não pôde vir espera que nas próximas ele possa estar

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presente, sem demérito para Edgard, mas por ser importante o titular estar presente, inclusive em

respeito às lideranças indígenas que integram a CNPI.

Como encaminhamento para a reunião, o Presidente propôs que se fizesse intervalo

rápido para o almoço, lembrando que há um ponto pendente do dia anterior pelo qual poderiam

iniciar no retorno do almoço, que é a votação de moção sobre a comissão de Santa Catarina, da qual

o representante do GSI pediu vistas e portanto sendo o Coronel Caixeta o primeiro a falar, pois vai

apresentar avaliação do documento, passando-se em seguida à apresentação do Ministério de Minas

e Energia. Antes da saída para o almoço, a Secretária Executiva Terezinha Maglia sugeriu que se

tente trabalhar numa agenda para o restante do ano, para que se possa reservar o local da reunião

com antecedência. Sobre a solicitação do Presidente de que os titulares estejam presentes, foi feita

ressalva no sentido de que a independe da vontade de um secretário de governo estar presente à

reunião, uma vez que muitas vezes surgem compromissos de última hora, e que o que vale é a

relação do suplente com seu titular, pois se souber levar as reivindicações não há problema de se

alternarem. Terezinha ressaltou que o problema é que há casos em que nem o titular nem o suplente

vieram às reuniões, apontando ainda os problemas relacionados aos convites a serem feitos por

solicitação das subcomissões, os quais devem ser comunicados à Secretaria com antecedência, para

que esta faça os convites, a serem passados pelos coordenadores das subcomissões em meio digital

para a Secretaria.

Ata da 1 a Reunião Extraordinária Dia 13 de julho de 2007

Tarde

A reunião foi retomada pelo Presidente aproximadamente às 14:30, iniciando-se

pela deliberação sobre a moção a respeito da comissão criada em Santa Catarina por meio da

portaria n.° 2711 (anexo 11), passando-se a palavra ao Coronel Caixeta, do GSI, que informou ter

solicitado dar vistas a portaria por ter sentido a necessidade de conhecer melhor o documento, sendo

que após a leitura verificou que sua finalidade é proceder a estudos e ofertar soluções à questão

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indígena no estado de Santa Catarina, o que a seu ver não traz maiores prejuízos aos povos

indígenas, uma vez que a comissão conta com 3 representantes da Funai e deve ser coordenada pelo

seu presidente, sendo assim contemplados os interesses indígenas. Sua reflexão, portanto, a partir

do que observam no Gabinete de Segurança Institucional é que há muitos conflitos após as

demarcações, assim sugere que, uma vez finalizada a discussão do Estatuto do Índio, quando forem

tratar de demarcação de terras indígenas, sejam ampliados os dispositivos no decreto 775 que

notificam os estados interessados, possibilitando que o contraditório seja contemplado, para que não

haja o problema de demarcar e não se conseguir retirar os não índios. O Coronel informou ainda em

sua análise não entrou no mérito de a portaria ser ou não constitucional, por não se tratar de sua área

de conhecimento.

A propósito do posicionamento do Coronel Caixeta, a Dra. Alda disse que respeita

sua autoridade, mas acha complicada sua sugestão, pois quando se demarca uma terra indígena,

durante o processo administrativo, o contraditório é aberto a todos que tenham interesse nas terras,

incluindo os estados, tanto é que não há problemas com contraditório no Supremo, sendo que a

Funai tem estado muito atenta a isso. Assim, pedindo desculpas, a Dra. Alda afirmou discordar da

sugestão do Coronel quanto a se propor alterações ao instrumento legal que trata da demarcação de

terras indígenas, tendo em vista que a oportunidade do contraditório existe sempre para todos os

interessados na demarcação, a qualquer época.

Ainda tratando da análise feita pelo Cel. Caixeta, no sentido de que os interesses

indígenas estariam representados pela Funai, Jecinaldo Barbosa afirmou discordar, não achando

correto que se faça tal afirmação, posto que a Funai é o órgão indigenista oficial, mas é governo,

além do fato de que há somente uma representação indígena, o Conselho Estadual dos Povos

Indígenas de Santa Catarina, o que é preocupante, pois não procede. Em face disso, Jecinaldo

reforçou a posição de que não faz sentido a comissão existir porque os procedimentos da

demarcação são bem claros, estabelecidos no Decreto 775, solicitando portanto que seja anulado.

Marcos Tupã informou sobre a existência da Comissão Nacional de Terras Guarany, afirmando

que isso está sendo usado como empecilho para o reconhecimento das terras Guarany, abrindo-se

precedente grave para outros estados sendo que tem causado dificuldades na região. Terezinha

Maglia afirmou a seguir ter acompanhado a criação da comissão, inclusive reuniões em que ela

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nunca funcionou ou outras em que houve defesa dos direitos indígenas contestados pelo governo do

estado, afirmando que a comissão existe de direito e não de fato e nunca vai funcionar. O Presidente

então recuperou o sentido da discussão, informando que o tema encontrava-se em pauta porque a

subcomissão de Terras Indígenas havia proposto a votação de recomendação da CNPI no sentido de

que o Ministério da Justiça publique documento posicionando-se pela inconstitucionalidade da

comissão, tendo o Coronel Caixeta pedido para tomar conhecimento da portaria que cria a

comissão. Quanto a sua posição sobre o assunto, o Presidente afirmou não ter o que opor à proposta,

porém ressaltando ser legítima a preocupação do GSI, sugerindo à CNPI que busque resolver os

conflitos da melhor forma possível e com a consideração da AGU, afirmando a seguir que, pela

reação da plenária, considerava aprovada a recomendação quanto à revogação da portaria n.°

2711.

O Presidente submeteu a seguir à plenária da CNPI solicitação apresentada por

Kleber Gesteira/MEC de que fosse cedido breve momento para falar das escolas indígenas, a

qual aquiesceu à solicitação. Kleber informou então que havia sido distribuída aos membros lista

com tabela de municípios que têm escolas indígenas, passando à explicação sobre os dados nela

contidos, oportunidade em que informou que as escolas indígenas quase não têm recursos federais

do Fundeb, que é arranjo de fundos estaduais e municipais, que se encontram sob administração das

prefeituras e sobre os quais o governo federal não tem ingerência. Foi informado, ainda, o valor do

Fundeb para o aluno indígena, sobre o fato de a matrícula dos alunos indígenas ser feita em frações,

porque no primeiro ano de implantação os alunos do ensino infantil e médio contam 1/3, número

que cresce progressivamente, e finalmente citando dados sobre a distribuição e concentração dos

recursos do Fundeb indígena no País.

O Presidente encaminhou a seguir o próximo ponto de pauta, que se trata da

apresentação do Ministério de Minas e Energia - MME, sobre empreendimentos minerais e

hídricos, e a partir daí discussão sobre o Estatuto. Nesse sentido, foi passada a palavra para os

representantes do referido Ministério, ao que o Secretário Executivo Cláudio Scliar colocou a

apresentação em power point à disposição de todos os interessados (anexo 12), e, em síntese,

iniciou sua fala informando considerar importante que fosse feita apresentação sobre o significado

dos aspectos da terra (geologia), que a seu ver não é tratado com a devida dedicação, referindo-se

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ainda ao termo biodiversidade, que apesar de ter se tornado senso comum, existe sob uma

geodiversidade que às vezes é desconhecida. o Brasil tem um órgão chamado CPRM - Companhia

de Pesquisa dos Recursos Minerais, afirmou ele, cuja função é proceder a estudos do território e ver

como o planeta tem se estruturado ao longo de cerca de 4 bilhões de anos, história que pode ser

conhecida por meio das rochas e que resulta em determinados tipos de território, consistindo no

estudo da geodiversidade. Cláudio prosseguiu na explanação, apresentando exemplos de

características geológicas de determinadas regiões, tipos de solo, bens minerais, destacando ainda

um outro aspecto, relativo ao ordenamento territorial, problemas relacionados à pobreza e outras

disfunções ligadas às construções, questões relativas à geologia, mineração e ocupação territorial,

problemas relacionados à exploração, de minérios, como o minério de ferro, o qual explicou que se

concentra no alto das serras, mencionando ainda as diferentes formas de proteção do território

instituídas pelo atual governo, como as APAs, Flonas, entre outras, cuja criação de depende das

características regionais, formas de melhor usar os recursos da superfície, observando-se aspectos

da geodiversidade.

A respeito de mineração, Cláudio ressaltou que pode gerar renda, emprego e

desenvolvimento regional e nacional, sendo importante ressaltar que há interesse muito grande

nessa atividade devido ao aumento do preço de comodities, e que desta forma ela se torna muito

presente nas discussões, em especial devido à importância da indústria mineral na economia

nacional, seja pelos empregos gerados e seu efeito multiplicador ou pelas cidades que abrigam

grandes mineradoras, devendo-se porém diferenciar mineração de garimpo. O Secretário se referiu

ainda a dados macro sobre a importância da mineração no PIB do Brasil, mencionando outro

aspecto importante do Brasil com relação ao fato de que 37% da balança comercial vem da área de

mineração, ao que afirmou a posição do Brasil do ponto de vista da produção mineral no sentido de

que todos os países do mundo exportam e importam determinados minerais, citando ainda exemplo

do tipo de extração mineral que não se quer para o país, no caso de Serra Pelada e outras áreas.

Entre outros pontos abordados na apresentação estão as etapas do projeto de

mineração, como a prospecção, que hoje é feita por meio de levantamentos aéreogeofísicos, que

permitem conhecer os ambientes geológicos, a pesquisa mineral, lavra etc., a exploração e o

delineamento, que inclui o controle da mineralização, testemunhos de sondagem, que mostram o

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que se encontra em maior profundidade em termos de minérios, tipos de lavras, operações de lavra

na superfície ou no subsolo, diferentes procedimentos que existem para a exploração, apresentando-

se imagens de vista aérea de área delibitada e após a sua recuperação, informações relativas ao

descomissionamento de minas, ao controle de estações minerais, citando-se exemplo de tipo de

mineração que se está tentando regularizar e que envolve milhares de trabalhadores, como a

mineração em Carajás, bem como mencionando-se a evolução obtida com a criação de áreas de

proteção e apresentando-se mapas que demonstram os afloramentos de minérios em áreas de

floresta.

Cláudio Scliar falou ainda sobre a Terra Indígena Roosevelt, onde a DNPM não

entra sem a permissão da Funai, mostrando situações diferentes de impacto com a agricultura e

exploração mineral. Sendo que todos os depósitos de diamante do mundo são profundos, estando a

2 ou 3 quilômetros de profundidade, destacando que, como qualquer minéri, aparece na superfície,

mas pode estar em profundidade, o que vai ser mostrado pelos estudos. Foi frisado também que

garimpo ilegal não é mineração tecnicamente conduzida e deve ser regulamentado, pois destrói o

meio ambiente e também as pessoas. O Secretário referiu-se também a estudos feitos na década de

70 a 90 pela CPRE em diferentes regiões, estudos que ficaram quase paralisados dos anos 90, que

servem para conhecer os recursos e também o território, seus diferentes usos, informando que vários

processos estão sobrestados desde 1988, dos quais o Instituto Socioambiental - ISA tem

acompanhamento, como o DNPM, que podem dar maiores informações sobre o fato de que todos os

direitos minerais estão sobrestados, paralisados, de maneira que os técnicos do DNPM os recebem

mas estes ficam parados.

Um outro ponto discutido por Cláudio Scliar e sua equipe disse respeito à

proposta/projeto que afirmou ter sido discutido amplamente internamente pelo governo, escutando-

se lideranças, que participaram de encontro em 2004 realizado em Manaus, pelo que ficou claro

para o órgão que é proposta discutida pelo governo escutando setores indígenas, tendo inclusive

sido distribuída na 1ª Conferência Nacional dos Povos Indígenas, e em cuja discussão contou com a

participação do Ministério da Justiça, Funai, que coordenou os trabalhos, Ministério de Minas e

Energias, Departamento Nacional de Produção Mineral e Gabinete de Segurança Institucional,

órgãos que participaram, apesar de não ter havido formalização do grupo para esses discussões, que

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foram convocadas pelo Ministério da Justiça. O primeiro código de mineração, informou Cláudio, é

de 1934 e altera a idéia de que quem chega primeiro é quem tem direito, pois hoje não há critério de

prioridade, as relações Estado-empresariado são criadas, então não é primeiro quem chega ao

guichê do DNPM que tem direito.

Foram mencionados ainda características do procedimento administrativo e regras,

processo que é iniciado no DNPM e encerrado com o envio do processo ao Congresso Nacional,

que autoriza ou não, destacando-se procedimentos intermediários, como a oitiva à comunidade

indígena, que prevê a elaboração de laudo de compatibilidade sociocultural, possibilidade de ser

interposto recurso contra as decisões administrativas; concordância ou não por parte da comunidade

indígena. Quanto ao contrato de concessão, entre suas cláusulas essenciais constam a delimitação da

área objeto da concessão, lembrando que pela Constituição não há prazo para a concessão de lavra,

que pode seguir até o esgotamento, fato considerado como derrota na Constituição Federal, pois os

órgãos envolvidos defendiam outra postura, sendo proposta do MME e dos outros órgãos que se

estalecesse um prazo para a exploração. Foi abordada ainda a questão do programa de trabalho,

valor dos investimentos, participações governamentais a cargo de concessionários, garantias a

serem prestadas pelo concessionário no cumprimento do contrato, inclusive quanto ao

financiamento, bom como sobre a possibilidade de haver participações governamentais mínimas e

se criar fundo de compartilhamento de receitas sobre mineração, sendo mencionado ainda que hoje

há todo um procedimento de cessão que é complicado, havendo casos de um grupo que ganhava a

cessão e passava para outro, o que é expressamente proibido na proposta atualmente defendida pelo

governo/MME, com vistas a garantir a proteção mineral. A propósito, foi ressaltada a importância

de que seja aprovada essa proposta, com contribuições a serem incorporadas, ao invés de outros que

tramitam no Congresso.

Prosseguindo, o Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia passou aos

dados sobre empreendimentos elétricos propostos no âmbito do PAC, mostrando mapa e

informando que podem ser contatados para a obtenção de maiores informações sobre cada um dos

casos. Foi informado ainda que ainda não houve posição definitiva sobre a questão dos impactos

sobre as comunidades indígenas, não têm idéia, é preciso ver em que pé está cada uma, pois

algumas estão ainda em discussão. Foram mencionados a seguir os empreendimentos que estão no

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processo de implantação, que somam 56, citando-se as obras que estão na fase dos estudos de

viabilidade, com as plantas em elaboração, e com estudos de viabilidade e EIA/RIMA concluídos,

sendo que boa parte ainda está em discussão e portanto não se sabe ao certo os impactos que vão

causar, como é também o caso de projetos de transmissão elétrica que se encontram em

implantação. Sendo assim, concluiu Cláudio, há os casos em que o MME pode responder, mas

também há aqueles que os respectivos órgãos devem ser contatados.

Abrindo-se a palavra para a plenária, Edgard Magalhães deu informe no sentido

de que na próxima reunião disponibilizará cópia do relatório final da 4a Conferência Nacional de

Saúde Indígena. A seguir, o Presidente consultou a plenária quanto à possibilidade de se passar

imediatamente à discussão do Estatuto e no bojo tratar das questões do MME ou fazer discussão

específica e depois passar para o Estatuto, muito embora em sua opinião seria melhor passar direto

ao Estatuto. Oportunamente, Wilson Matos sugeriu que, pelo adiantado da hora e considerando-se

a situação de alguns indígenas, os quais precisariam se retirar em breve devido ao horário da

viagem de retorno, pudesse se passar à discussão acerca do Estatuto, ao que Jecinaldo frisou que, de

acordo com a pauta, a discussão sobre mineração deve ser feita no âmbito do Estatuto, a seguir

Jecinaldo passando à leitura de proposta de moção contra a indicação por parte do governo

brasileiro à indicação do ex-presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, ao cargo de relator

da ONU, sendo que, após a leitura do documento, no qual são expostas justificativas para se rejeitar

a indicação de seu nome, a moção foi considerada aprovada pela plenária.

A propósito de encaminhamento para a reunião, Gilberto Azanha/CTI afirmou já

terem sido aprovadas propostas da subcomissão de Assuntos Legislativos, que propôs encontro

específico para se aprovar a minuta de projeto e que este inclui mineração, de maneira que não

haveria motivos para se entrar em detalhes sobre o Estatuto, podendo-se passar a outro ponto,

inclusive agenda da próxima reunião. Gilberto fez ainda comentário quanto ao fato de que havia

sido solicitado ao Ministério de Minas e Energia que trouxesse ao conhecimento da Comissão

informações sobre os empreendimentos hidrelétricos que pudessem afetar terras indígenas,

questionando se seria possível disponibilizarem material impresso contendo informações sobre usos

de recursos hídricos em ou que afetam terras indígenas. Aarão Guajajara por sua vez afirmou

preocupar-se com o tempo, uma vez que a discussão do projeto e a matéria em si são extensos,

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questionando se deveriam levar material para leitura e reflexão mais aprofundada e discutir na

próxima reunião ou tentar obter definição já nessa reunião.

Levando em consideração essas falas, o Presidente afirmou entender que a pauta

aprovada prevê que se proceda à discussão conjunta dos dois temas no bojo do debate sobre o

Estatuto do Índio, ressaltando ser óbvio que a discussão não se encerra nesse ponto e sim se

encontra no início, devendo ser adotados encaminhamentos para que se aprofunde. Assim, entende

o ponto de pauta e compreende do que foi trazido pela subcomissão de Assuntos Legislativos que,

passando à discussão acerca dos encaminhamentos e à recuperação da memória do que fora

proposto até então, que se deveria passar a seguir a palavra para que Paulo Guimarães/CIMI fizesse

esclarecimento inicial, para em seguida discutirem encaminhamento de prioridade do Estatuto.

Nesse sentido, solicitou-se definição da plenária, que concordou com o encaminhamento,

solicitando-se portanto que Paulo Guimarães repetisse para a CNPI a apresentação sobre

situação do Estatuto que fizera durante a reunião de trabalho da subcomissão de Assuntos

Legislativos, apresentação esta que foi relatada pela subcomissão e está disponível no anexo 1 da

presente ata.

Após a reapresentação a propósito do histórico da situação do Estatuto, o Dr. Paulo

Guimarães tratou ainda sobre a questão da exploração mineral, afirmando que no primeiro semestre

de 1994 a Funai e fundamentalmente o DNPI à época, juntamente com o Instituto Brasileiro de

Mineração e outros órgãos, fez e apresentou ao relator no Congresso sugestão de ordenamento. Esse

acordo, feito com o governo à época, implicou aceitação no âmbito da respectiva comissão, que

concordou com a proposta, vindo no entanto a ser criticada na ocasião pelo CIMI e outras

instituições, tendo em vista que a solução prevista no acordo da Funai, DNPM e outras concebia,

conforme aprovado no substitutivo da comissão especial, que todos que tivessem requerimentos

apresentados ao DNPM teriam prioridade, ouvindo este as comunidade e depois o Congresso

Nacional. Entretanto, afirmou Paulo, isso subvertia princípio importante, pois quem tem a

autoridade para ouvir as comunidades é o Congresso, e além do mais não se previam condições

específicas, interpretadas pelas comunidades como cautelas em benefícios dos povos indígenas, não

apenas procedimentos burocráticos e administrativos. Analisando-se o substitutivo, prosseguiu ele,

não há cautelas, e assim se debateu o tema com o então deputado Pizzat, cujo trabalho foi

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considerado relevante, com boa interlocução, mas que nesse matéria e em outras fechou apoio à

solução. A matéria foi aprovada em 1994, quando houve eleição do presidente Fernando Henrique

Cardoso, época em que Arthur da Távola interpôs recurso para que o substitutivo, que deveria

seguir direto para o Senado, fosse analisado no plenário do Congresso, onde pára a história da

tramitação do Estatuto, já que essa matéria se encontra parada há cerca de 12 anos devido a esse

recurso, esperando decisão quanto à análise ou não do substitutivo, sendo que o acolhimento de

recurso pela mesa da Câmara incluiria na ordem do dia o Estatuto. Iniciada a discussão vêm as

emendas de Plenário e, se não for em regime de urgência, as emendas de Plenário deverão ser

analisadas por outra comissão, ouvindo-se todos os envolvidos e repactuando-se o que o movimento

defende. O Estatuto, bloqueado regimentalmente, não tem como ser anulado, prosseguiu Paulo, só

se resolve com a análise do recurso, e o movimento indígena pela primeira vez em 12 anos aceita

que o recurso seja aprovado na Câmara e daí quaisquer sugestões aparecerão como emenda de

Plenário, portanto, não aceitam que o PL 1610 de Jucá seja considerado solução normativa

adequada, por ser cópia do capítulo do substitutivo aprovado e criticado em 1994. Mesmo porque

sempre criticaram o mérito e a forma de solução do PL 1610, não que discordem do fato de ter sido

copiado e apresentado no Senado, porque é procedimento regimental, criticam sim a solução e o

fato de ter tirado do Estatuto o tema. E então respondem questão: não se trata de trazer o tema para

o Estatuto e sim trazer para o local correto, retirado por Jucá, por fatores como o interesse do setor

minerário, e assim está parada desde 1996, sem conseguir aprovação, tendo sido feitas 3 tentativas

de aprovar o projeto em regime de urgência e partidos de oposição se colocaram contra.

O Dr. Paulo Guimarães afirmou ainda que surpreende que o governo Lula, sensível

a esse segmento econômico, tenha acolhido as mudanças no mérito, o Projeto de Lei tem

entendimento expressivo de que a solução de escolha da empresa por licitação é correta, e o PL do

CIMI aponta essa solução, mas na época não foi aceita. Nesse ponto cumprimenta o governo pela

evolução no entendimento da matéria, mas ainda há problemas, ressaltou ele, como as cautelas com

os povos indígenas, pois a lei deve prever condições específicas gerais, peculiares, previstas no

decreto que autoriza exploração, para com isso repercutir estudos de impacto ambiental,

especificidades socioculturais, assim como os impactos previstos sobre as atividades têm que estar

previstos no decreto legislativo também, devendo-se tratar ainda do problema da solução concebida,

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como admitir condições particulares depois de aprovado o projeto pela comunidade, que haja

possibilidade de terem contato direto com a empresa e discutir temas não contemplados no acordo.

Outra preocupação é o fundo de compartilhamento, que tem várias fontes de receita, uma delas 50%

do resultado da lavra, os outros 50% devidos à comunidade afetada, não se podendo conceber que a

porcentagem seja gerida pelo órgão indigenista e os outros 50% confiscados, recursos que não serão

vistos pela comunidade. Passando a rápidas considerações sobre o mérito, Paulo afirmou que a

preocupação é garantir que o mérito seja discutido no âmbito do Estatuto; outra preocupação dos

povos indígenas que já tiveram experiências com empreendimentos é sobre as referências às "áreas

de servidão", que não são claras para os índios, mas para os especialistas são áreas que podem se

transformar em verdadeiras cidades, sem prazo para encerrar suas atividades, incluindo alojamento,

casa de máquinas, geração de energia etc., com impactos que devem ser analisados, pois em

algumas terras indígenas significaria a própria extinção da comunidade, desestruturando-a

totalmente.

Portanto, esses detalhes devem ser considerados, ressaltando ainda que o

movimento considera o histórico importante para esclarecer que ninguém se nega à discussão do

problema, como a exploração dos recursos hídricos de outras matérias, da mesma forma como não

se nega que novo arcabouço seja regulamentado, mas que seja de forma adequada, lembrando que a

regulamentação vai atrair interesses econômicos que o movimento enfrenta desde a constituinte,

especialmente o CIMI, acusado até de conspiração, mas que conseguiu articular apoio inclusive de

Jarbas Passarinho, que subscreveu artigo 231 e obteve outros apoios importantes conquistados pelo

movimento indígena na época. O movimento, afirmou ele, tem consciência de que vão enfrentar

interesses de agricultores, madeireiros, mineradores e outros correlatos, mas há razão para isso,

sabendo-se que quando se deparam com o dilema é preferível enfrentar todos os lobbies de uma

vez, pois vão estar enfrentando num único documento normativo, lei específica, diferente do que

seria discutir de forma fragmentada vários instrumentos diferentes.

O Presidente agradeceu pela importante fala de Paulo Guimarães, franqueando a

palavra para os demais membros e antes lembrando a questão do tempo. Cláudio Scliar/MME,

afirmou estar profundamente satisfeito, porque ao entrar no governo Lula se propuseram a resolver

a questão da mineração, que o seu entendimento é que resolver a questão é interesse do Brasil e dos

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povos indígenas também quanto ao aproveitamento dos recursos que têm em suas terras. Ele

afirmou ainda nunca ter discutido isso antes do governo Lula e que concorda com o que foi dito por

Paulo Guimarães, que foi muito positivo terem tido acesso a uma leitura detalhada do assunto, o que

considera ótimo, ressaltando ainda aspectos que são próprios das comunidades indígenas, questões

específicas das mesmas, afirmando concordar também com a questão dos condicionantes. Para o

Secretário do MME, a fala de Paulo Guimarães é um apoio ao que fizeram e afirmou crer que vão

ter debate pesado com o setor empresarial, sendo preciso articulação forte para defender os

interesses indígenas, estando claro que deve haver acordo na oitiva pois as suas preocupações são

semelhantes. Sobre o fundo de compartilhamento, Carlos Costa Junior/MME afirmou que o tema

ainda não está muito amadurecido, ao que o Presidente Márcio solicitou inclusive que a proposta

fosse reestudada, pois foi feita quando ainda não era Presidente.

A seguir, o cacique Akiaboro Kayapó pediu a palavra, afirmando que não quer

que sejam feitos empreendimentos nas terras indígenas e sobre a importância delas para a

preservação da natureza, afirmou ainda que é preciso analisar várias propostas de Estatuto do Índio

e ver qual é melhor, dizendo também que está gostando do trabalho do Presidente, mas que ele deve

ficar atento a seus diretores e coordenadores, para ver o que eles estão fazendo, apoiar para que

façam um bom trabalho. Brasílio Xokleng Priprá, por sua vez, afirmou que as comunidades se

preocupam com obras do governo em e perto de terras indígenas pois passaram por experiências

negativas que deixam marcas para sempre. Wilson Matos parabenizou Paulo Guimarães pela

apresentação e conhecimento sobre o tema, lembrando que Ubiratan Maia (que participou da

reunião como convidado) também assessora os povos indígenas; Wilson afirmou ainda que a

Convenção n.° 169 da Organização Internacional do Trabalho fala do "consentimento livre, prévio e

bem informado", destacando ainda a questão da boa-fé e afirmando que querem debater, mas dentro

de uma lógica normativa, ou seja, desde que a mineração seja estudada no bojo do Estatuto.

Jecinaldo Barbosa afirmou a seguir que é difundida na sociedade a idéia de que índios e

quilombolas atrasam o desenvolvimento do Brasil e que isso precisa ser corrigido, ouvindo-se as

lideranças, que não se negam a discutir, só não querem modelo de desenvolvimento gerador de

miséria. Mineração, hidrelétricas e PAC, continuou Jecinaldo, são temas relevantes na CNPI, a

serem discutidos no contexto do Estatuto e devem seguir plano de trabalho, sendo feita reunião

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específica sobre o Estatuto, a partir de planejamento e claro entendimento entre o movimento

indígena e o governo, evitando-se divisões no movimento. Ele questionou ainda o porquê de os

índios receberem 3% e não o governo; quanto ao planejamento da discussão, afirmou que faz

diferença discutir Estatuto, tema técnico, sobre o qual a ponta precisa ter informações, inclusive na

língua indígena, o que é muito importante. Jecinaldo trouxe ainda a questão da relação Bolívia -

Brasil, afirmando considerar que aquele país é "parente" do Brasil, sendo que na Amazônia têm

articulação com o movimento indígena da Bolívia, que passou anos recebendo muito pouco por

seus recursos naturais. Foi lembrada também a problemática da Terra Indígena Roosevelt,

levantando-se inclusive a possilidade de se fazerem visitas e discussões regionais, pois são

realidades diferentes, e sugerindo que seja feita força-tarefa para conduzir o processo. Finalizando,

Jecinaldo disse esperar que avancem na discussão, que isso é possível, sendo a CNPI o canal

adequado para isso, pois com esse entendimento podem avançar analisando de forma profunda para

não errarem de novo.

Élcio Manchinery falou sobre a importância do tema, destacando que os índios

não são contra a exploração dos recursos presentes em suas terras, mas a favor de se melhorar a

questão do compartilhamento dos lucros, pois podem sofrer graves conseqüências. Para ele,

primeiro se deve garantir os direitos presentes na Constituição e também definir melhor a forma de

participação dos índios na exploração, sugerindo que a subcomissão trabalhe melhor, com

participação de membros de outras subcomissões e chamando seminário para debater a aprovar o

projeto de lei. Pierlângela Wapichana também se manifestou, afirmando que as organizações de

Roraima se reuniram para discutir o assunto, de forma que ela fala por essas organizações no

momento, merecendo destaque o fato de que todas foram ouvidas, não apenas uma ou outra, sendo

que essas organizações indígenas vão se organizar, pedir prazo para debater a questão [da

mineração] e depois realizar um encontro maior no âmbito do estado. Pierlângela afirmou que o

estado de Roraima tem muitos empreendimentos, como por exemplo na área dos Yanomami, e que

a discussão deve ser aprofundada; sobre Estatuto, informou que discutiram a necessidade de

retomar a discussão, de forma a se evoluir no que já está disposto, aproveitando-se o que já está

feito e buscando avançar, sem prejudicar o que tem sido feito pelo movimento, buscando a

convergência das discussões, levando em conta propostas do Estatuto antigo e discussões mais

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recentes, para não ficarem sempre somente na discussão e para que não venham a aprovar um

documento que fique defasado com a mudança do momento político.

Danilo Terena registrou sua preocupação com a sinergia, quanto aos prejuízos a serem acarretados

para as comunidades indígenas, pois há que se considerar a responsabilidade sobre decisões que

podem gerar prejuízos econômicos, sociais e ambientais para os povos envolvidos. Almir Suruí, a

seguir, mostrou preocupação com o fato de que algumas lideranças dizem que querem dialogar

sobre projetos, mas que são contra alguns cujas dimensões são muito amplas, citando exemplos de

alguns casos em que devem negociar e outros em que não devem. Jecinaldo retomou a palavra,

afirmando que, em síntese, a análise do posicionamento do movimento indígena é que querem ser

consultados, que sejam analisados todos os processos de boa-fé e a comunidade tenha o direito de

se posicionar se quer ou não, o que a seu ver não está acontecendo nos dias de hoje, sendo que a

fala do Dr. Paulo e de Almir é que estão abertos à discussão, mas que a CNPI deve ser canal de

diálogo para as discussões, solicitando que essa posição seja registrada em ata pela CNPI, para

que se saiba que estão abertos a discutir com esse governo, mas que é a última oportunidade para se

discutir os empreendimentos que já estão em andamento e, quando isso não for respeitado, que os

povos indígenas lutem como acham que é o certo por aquilo que querem. Sandro Tuxá dirigiu-se

aos representantes de governo para solicitar que não seja aprovada norma específica, uma vez que

vão estudar o assunto em conjunto com o Estatuto, asssim, sugere que a subcomissão seja a

responsável por abordar os temas específicos do Estatuto, ouvindo demandas das regiões e

comunidades para fazer da melhor forma o trabalho e questiona a seguir se os representantes de

governo concordam com isso.

Sintetizando a discussão para ver se todos se encontravam de acordo e se seria

possível passar para a discussão da agenda, o Presidente destacou que, primeiramente, a

Comissão Nacional de Política Indigenista - CNPI, fora criada por decreto do Presidente da

República, com atribuição clara de ser instância para o debate sobre questões ligadas aos povos

indígenas, instância em que o governo tratará de temas de interesse dos povos indígenas; que a

CNPI, enquanto não seja criado o Conselho Nacional de Política Indigenista, é instância em que se

estabelecerá dialogo com os povos indígenas, o que na prática dá cumprimento ao que está previsto

na Convenção n.° 169 da OIT, portanto presente em lei, uma que a Convenção foi ratificada pelo

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Estado. Em segundo lugar, o Presidente destacou que na Comissão estão presentes representantes

de governo e da sociedade civil, sendo que há posições divergentes entre os 2 segmentos, em

determinados temas o governo tem posições diferentes da sociedade civil, e a CNPI é o espaço em

que se debatem francamente as idéias e se busca a mediação em busca de um mundo possível.

No que se refere ao planejamento dos trabalhos, o Presidente destacou dois

pontos prioritários: A subcomissão responsável por elaborar anteprojeto de lei para criação

do Conselho Nacional de Política Indigenista, cujos trabalhos a CNPI deverá priorizar. Outra

subcomissão que também seria prioritária, ressaltando que todo o temário da CNPI é prioritário,

pois trata de demandas que ficaram represadas por longo tempo, é a subcomissão que trata da

questão do Estatuto. O melhor caminho, segundo o Presidente, é a CNPI ser instância para o

governo pactuar essa questão, sugerindo nesse sentido que a subcomissão de Assuntos

Legislativos crie força-tarefa para reunir todos os atores do governo e sociedade civil

envolvidos, com prazo para proposta atualizada de encaminhamento do Estatuto. Incluindo

discussão com o poder Legislativo, pois a discussão não pode acontecer desatrelada do debate com

o Legislativo, cujos membros inclusive devem ser convidados, devendo-se se buscar pactuação

entre o Executivo e Legislativo. Como encaminhamento, o Presidente solicita que todas a

subcomissões que apresentaram propostas sejam contempladas, mas que se possa definir como

prioritárias as propostas das subcomissões de Assuntos Legislativos, com força-tarefa para

atualização do Estatuto dos Povos Indígenas.

Francisca Pareci, com a palavra, afirmou se sentir contemplada tendo em vista a

fala do Presidente quanto à relação da CNPI com o Legislativo. Quanto à educação, afirmou que já

dispõem de proposta e que este é momento de sintetizar a questão para lhe dar encaminhamento,

afirmando ser essa a hora de se buscar mudanças e encaminhar a questão de forma consistente.

Saulo Feitosa/CIMI apresentou questionamento sobre a proposta da subcomissão de Assuntos

Legislativos, aprovada em plenário, quanto a se realizar encontro de 3 dias, lembrando que não foi

marcada a data, uma vez que se aguardava definição da agenda da CNPI, lembrando indicação de

que o Ministério da Justiça e o CIMI façam levantamento das proposições de Estatuto. Saulo

lembrou ainda que na reunião a Comissão vai trabalhar de maneira ampliada, ressaltando a

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necessidade de acertar a data e que e todos os membros da CNPI podem participar, assim como os

convidados, embora não se possa ter muita gente, para não inviabilizar os trabalhos.

Quanto à proposta de agenda da próxima reunião da CNPI, o Presidente sugeriu

a 2a quinzena do mês de agosto, pois antes disso se encontraria viajando. Jecinaldo interviu para

propor que a CNPI se manifeste junto ao Congresso ou à base do governo e seu líder no Congresso

Nacional, com vistas a evitar que, enquanto se discute no âmbito da Comissão, prossiga a

tramitação no Congresso, proposta que se relaciona à questão do plano de trabalho. Com respeito à

avaliação de projetos em andamento, afirmou que não podem deixar de ver a questão do Madeira,

de Belo Monte, Paranatinga, da transposição do rio São Francisco, Xingu, pois se tratam de

questões que estão se acirrando e podem criar conflito, com reflexos na CNPI, então afirmou querer

PAC seja tratado em caráter emergencial e se decida como vão enfrentar, pois, como já fora dito por

outro representante indígena, o entendimento é que há outras coisas acontecendo, então é preciso de

definir bem a pauta de trabalho. Jecinaldo reforçou ainda questão levantada por Saulo Feitosa, sobre

projetos de energia no Amazonas, que considera não ter sido respondida, sendo que os conflitos

naquela localidade prometem ir até a morte, cabendo ao movimento indígena a discussão a respeito

de que o governo não quer prejudicar populações e ao mesmo tempo quer o desenvolvimento.

A propósito da qustão lembrada por Jecinaldo, Saulo Feitosa ponderou que

esperavam que as questões anteriormente citadas [de caráter mais pontual] fossem apresentadas

pelo Ministério de Minas e Energia e debatidas na Comissão. Não contemplada essa expectativa,

defende que as referidas informações sejam apresentadas na próxima reunião e que a ANEL

participe e venha munida dessas informações, ressaltando que não querem apenas que seja

apresentada concepção da política energética e sim o quadro completo, para visualizarem e

debaterem. O Presidente, por sua vez, afirmou entender que os comentários que acabavam de ser

feitos tratavam-se de encaminhamentos da pauta, e que diante disso entendia como aceito seu

encaminhamento no sentido de que a pauta da próxima reunião incluirá apresentação mais

detalhada do assunto, ressaltando entretanto que não se poderia garantir que o governo teria

condições de fazer apresentação completa em uma reunião. Fica, porém, como encaminhamento

de pauta, apresentação do governo acerca de empreendimentos previstos no PAC, sendo que

até lá seria informado o que pode ser apresentado, uma vez que o assunto é muito amplo e

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detalhado. O Presidente questionou ainda se a reunião inteira seria dedicada a esse assunto ou se na

reunião ordinária já tratariam do Estatuto, afirmando acreditar que subcomissão deve precisar de

mais tempo, ao que Saulo propôs que tragam proposta de trabalho na próxima reunião.

Assim, a proposta de pauta aprovada para a próxima reunião ordinária é:

- Empreendimentos previstos no âmbito do PAC

- Discussão acerca de proposta de trabalho de elaboração do Estatuto do Índio

- Apresentação e discussão de minuta do anteprojeto de lei criando o Conselho Nacional

de Política Indigenista

Luis Titiá, a seguir, pediu a palavra com vistas a registrar situação enfrentada em

sua região, que é um problema enfrentado também por outras lideranças, pois está sendo ameaçado

de morte, teve sua casa invadida e sua família está em pânico, sobre o que afirmou ter feito carta de

repúdio à sua situação e à vivida por outras lideranças, afirmando que antes lutava para defender

companheiros de ameaça e agora se encontra ameaçado também. Pede que os representantes do

governo olhem com carinho para essas situações, que o Presidente trabalhe com os procuradores

para ver a situação das lideranças que estão sendo ameaçadas, informando ainda que vai ao

Ministério Público e gostaria de ser acompanhado e, finalmente, que deixa carta para ser

encaminhada pela Secretaria da CNPI, pedindo apoio de todos para continuar sua luta.

Diante do depoimento de Luiz Titiá, o Presidente aproveitou para informar que é

triste ainda estarem vivendo esse tipo de situação, lembrando que iniciaram a reunião fazendo um

minuto de silêncio por uma morte e finalizam com esse depoimento, o que mostra a realidade de

violência vivida pela busca de direitos humanos por parte dos povos indígenas. Como

encaminhamento para o problema levantado por esta liderança, o Presidente informou que ele vai

permanecer mais uma semana em Brasília, e que alguém Procuradoria Jurídica vai acompanhá-lo e

verificar o que se pode fazer para garantir a sua integridade. Como Presidente da CNPI, Márcio

Meira afirmou que, nesse momento histórico, orgulha-se de estarem encerrando mais uma reunião,

neste que é um fórum de debate democrático, agradecendo a todos pela participação. Quanto à data

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da 2ª Reunião Ordinária da CNPI, na segunda quinzena de agosto, ficou deliberado que será

realizada nos dias 30 e 31 de agosto, sendo o dia 28 dedicado à chegada dos membros, 29 para

as reuniões das subcomissões, ao que o Presidente propôs ainda que se estabeleça diálogo com a

Secretaria Executiva para definir as datas das próximas reuniões.

Assim, tendo-se esgotado a pauta, às 17:40 foi encerrada a 1ª Reunião

Extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, da qual eu, Karla Bento de Carvalho -

Assistente Técnico/Fundação Nacional do Índio - Funai, lavrei a presente ata, que depois de

aprovada será assinada por mim e demais presentes à reunião.

Brasília, Distrito Federal, em 13 de julho de 2007.

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