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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT Estudo Propositivo para Dinamização Econômica Território Rural de Litoral Sul Brasília, abril de 2007

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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT

Estudo Propositivo para Dinamização Econômica Território Rural de Litoral Sul

― Brasília, abril de 2007 ―

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

Presidente da República

Luís Inácio Lula da Silva

Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário

Guilherme Cassel

Secretário de Desenvolvimento Territorial

Humberto Oliveira

Diretor de Ações Territoriais da Secretaria de Desenvolvimento Territorial

Ronaldo Gonçalves Camboim

Coordenação Geral de Apoio a Negócios e Comércio

Manoel Vital Carvalho Filho

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................3 INTRODUÇÃO ...................................................................................................4 Abordagem metodológica no enfoque sistêmico.....................................................5 Os princípios gerais do método ......................................................................... 10 Sistemas de Produção...................................................................................... 12 Sistemas de cultivo ......................................................................................... 13 Sistemas de criação......................................................................................... 14 Itinerário técnico............................................................................................. 14 A unidade agrícola familiar ............................................................................... 15 Leitura de paisagem ........................................................................................ 15 Resgate da evolução histórica ........................................................................... 15 PARTE I Agricultura familiar como unidade de análise....................................................... 18 Agricultura familiar e suas definições ................................................................. 19 Agricultor familiar ou assentado?....................................................................... 25 Assentamentos de reforma agrária: produção de novos espaços ............................ 25 Sistemas agrários da região sul da Bahia............................................................ 26 Análise do sistema produtivo do território sul ...................................................... 32 Sub-sistemas de produção, criação, transformação e comercialização..................... 32

PARTE II Análise dos dados secundários...........................................................................37

Aspectos geo-ambientais.................................................................................. 39 Aspectos socioeconômicos ................................................................................ 44 Agricultura ..................................................................................................... 49 Pecuária ........................................................................................................ 56 PARTE III Estrutura Fundiária.......................................................................................... 60 PARTE IV ..................................................................................................... 69 Aspectos da institucionalidade presente no Território............................................ 70 ROPOSIÇÕES LEGITIMADAS PELO TERRITÓRIO................................................... 70 PRIMEIRAS CONCLUSÕES ................................................................................ 75 ANEXOS ........................................................................................................ 80

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APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de apoiar a organização para o desenvolvimento de

territórios rurais, a SDT – Secretaria de Desenvolvimento Territorial

propôs a elaboração dos Estudos Propositivos, de forma a sistematizar

indicadores territoriais e unificar informações que permitam a

implementação e integração de políticas públicas com a gestão articulada

na visão territorial. Permitindo que essa atividade promova diagnósticos

consistentes, sustentados no conhecimento das realidades das

comunidades e dos territórios como um todo. Subsidiando a SDT de

instrumentos norteadores de aplicação estratégica de suas políticas.

Este relatório apresenta os resultados para o Território Sul

referentes à realização de macro diagnóstico, análise de dados

secundários e caracterização de sistemas produtivos. O conhecimento das

atividades, potencialidades e problemas do território é fundamental para

se elaborar uma proposta de desenvolvimento adequada às necessidades

de seus habitantes. Da mesma forma, conhecer e estimular os projetos

em execução, mesmo que inicialmente concebidos na visão municipal,

mas que estimulam a integração territorial, é essencial para promover a

sua sustentabilidade. Defende-se que a aplicação de recursos e políticas

públicas em consonância com propostas bem avaliadas, tendendo a

produzir resultados mais rápidos e eficientes, ampliando as áreas de

atuação e incorporando novos agentes sociais nos projetos, sem, contudo

deixar de compreender as questões culturais inerentes aos territórios.

Compreende também atividade do Estudo propositivo, em sua

última etapa, a realização de Oficinas Territoriais de Dinamização das

Economias, ou seja, os territórios legitimam as propostas encaminhadas

por eles. É o que a Metodologia sistêmica chama de restituição dos fatos,

é a apresentação dos dados e diagnósticos municipais unificados na

perspectiva territorial.

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INTRODUÇÃO

O Território é localizado na região litorânea sul da Bahia, tendo

como base econômica a agricultura, com força na agricultura familiar e

assentamentos de reforma agrária. Com mais de 800 mil habitantes,

distribuídos em cerca de 15 mil km², sendo mais de 30 mil

estabelecimentos com uma média de 4 módulos rurais e mais de 2 mil

famílias assentadas, IDH na faixa de 0,60, organização social (sindicatos,

associações, cooperativas, movimentos sociais de luta pela terra) forte,

contrapondo a uma elite retrograda, coronelista e conservadora. A mata

atlântica que é o sombreamento do cacau, principal cultura da região, tem

solo fértil, abundância de água e clima favorável para este produto e para

diversificação através das culturas de mandioca, guaraná, pupunha,

frutas, especiarias.

Este é o ambiente do Território Sul ora descrito neste Estudo. Os

resultados do trabalho, numa primeira aproximação de caracterização do

Território Sul da Bahia buscam levantar aspectos da economia, do meio

ambiente, do social e da institucionalidade, com ênfase na agricultura

familiar, público-alvo das ações da SDT/MDA. Essa caracterização está

apresentada em 5 itens, além desta introdução.

O item 2 apresenta-se a metodologia utilizada no processo de

pesquisa. Considera-se como unidade de análise o espaço territorial como

um todo. Com base na agricultura, com hábitos sociais, técnicos e

econômicos comuns, permitindo compreender a diversidade e

complexidade da realidade rural. Esse universo é bastante heterogêneo,

seja do ponto de vista econômico, social ou cultural. Através de uma

análise dinâmica, aborda-se o funcionamento da realidade agrária e a

evolução das condições existentes, verificando-se a coerência entre o

modo de exploração do meio ambiente e as condições técnicas e

econômicas implementadas.

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Ainda no segundo capítulo, apresenta-se a metodologia utilizada

para caracterizar os sistemas produtivos dos agricultores familiares, parte

integrante do item 4, permitindo dessa maneira alcançar os objetivos

propostos. A abordagem sistêmica permite visualizar a inter-relação e o

processo de desenvolvimento de cada sistema de produção, ou seja, o

estabelecimento agrícola que apresenta um sistema de produção hoje e

que no passado apresentava outro. Isso é possível pelo estudo histórico

do estabelecimento, fazendo-se prognósticos a partir dos atuais sistemas

de produção. Dessa forma a metodologia utilizada possibilita desenvolver

alguns mecanismos e sinaliza propostas de desenvolvimento para prevenir

possíveis impactos negativos na realidade socioeconômica estudada

(INCRA/FAO, 1999).

Em seguida, no item 3, apresenta-se o marco teórico do Estudo

Propositivo, aqueles conceitos que norteiam o território, características e

diferentes conceitos da agricultura familiar, evidenciando o seu papel e

suas transformações. O quarto item contém um apanhado geral da

história, as formas de ocupação e a estrutura fundiária no território objeto

de estudo, reconstituindo a evolução histórica dos sistemas agrários.

Abordando lógicas de funcionamento da realidade agrária e a evolução de

suas condições de existência, identificando-se a coerência interna do

modo de exploração do meio ambiente e das condições técnicas e

econômicas implementadas pelos atores. Assim como, análise de dados

secundários, que embora defasados, constituem um norteador na

aplicabilidade das políticas públicas.

No quinto item, a partir de demandas dos atores são propostas

algumas ações de dinamização territorial. Bem como em seguida são

feitas algumas considerações acerca do diagnóstico observado.

Abordagem metodológica no enfoque sistêmico

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O enfoque sistêmico é fundamentado em conceitos e características

elaborados a partir da abordagem de sistema. Busca-se conhecer a

complexidade da realidade rural, utilizando o enfoque sistêmico através da

metodologia análise diagnóstico de sistemas agrários, por entender que

este universo é mais abrangente e complexo.

Através deste diagnóstico, pode-se fazer a diferenciação dos

agricultores em tipos distintos levando em consideração as

particularidades ambientais e socioeconômicas que atuam ao longo do

tempo influenciando e condicionando a agricultura em determinado

espaço geográfico. Diante da constatação que as políticas de

desenvolvimento, baseadas em pacotes tecnológicos prontos, atendem a

apenas uma parcela de agricultores, há a necessidade de identificação dos

diferentes tipos de agricultores, com finalidades e limitações, antes

mesmo de qualquer proposta de intervenção visando ao desenvolvimento

rural.

A concepção de intervenções ao desenvolvimento rural, a partir da

abordagem sistêmica, segundo Dufumier (1996), considera a diversidade

e complexidade dos sistemas de produção praticados pelos agricultores,

reconhecendo a variabilidade de objetivos definidos por estes em suas

unidades de produção.

O conceito de sistema pode ser aplicado em variados níveis, como

por exemplo, um estabelecimento rural ou uma região. Tal sistema pode

ser integrado por outros de níveis diferentes. De forma mais geral é

caracterizado por um conjunto de elementos inter-relacionados, que

atuam numa estrutura definida. O estabelecimento de fronteiras

delimitará o domínio interno e seu desempenho em relação ao meio

ambiente no qual está inserido, sendo este, muitas vezes, dinâmico e

diversificado.

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O desenvolvimento agrícola deve buscar a autonomia de uma

agricultura de subsistência e restaurar as condições ecológicas e sociais de

produção, ao invés de priorizar os novos meios concebidos em outra

realidade e que estão fora do alcance dessa economia agrícola. Sobretudo,

deve promover os meios materiais, biológicos e os saberes locais.

Exigindo um procedimento de pesquisa, volta-se para o estudo contínuo

dos sistemas agrícolas e sociais e para os seus próprios meios e recursos.

Esta nova concepção de pesquisa a serviço de um desenvolvimento

agrícola supõe uma organização da pesquisa científica e técnica não

desprezando práticas agrícolas, implementos e riquezas biológicas

historicamente constituídas das tradições agrícolas de cada região. Esta

nova pesquisa deverá inventariar as tradições agrícolas, contribuindo para

a sua melhoria contínua, em concordância com as condições e

necessidades locais (Mazoyer, 1997).

A abordagem sistêmica estuda e reconhece os diversos sistemas de

produção colocados em práticas pelos agricultores, mesmo que se

apresentem tradicionais ou degradados; tenta descobrir sua racionalidade,

pontos de ruptura, as causas de sua degradação, as possibilidades,

condições e meios particulares de restauração e de desenvolvimento dos

sistemas agrários.

Com efeito, esses conceitos permitem explicar os fluxos internos

que orientam, e muitas vezes, condicionam a realidade agrária. De forma

a não incorrer em erros, a agricultura não deve ser tratada como uma

justaposição de atividades produtivas e fatores de produção, mas como

um sistema organizado em torno de interações entre seus componentes.

Para tanto, o estabelecimento rural deve ser considerado um conjunto,

isto é, nas inter-relações existentes entre seus elementos, para depois

analisá-la em suas partes. Ou seja, procura-se conhecer o geral para

melhor compreender o particular (a unidade familiar).

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Aplicando-se essa definição, a realidade é muito complexa, uma vez

que é composta por categorias sociais que estabelecem relações entre si,

podendo ser denotados os agricultores familiares, agricultores patronais,

agroindústrias, instituições financeiras, o Estado, o mercado e as

organizações da sociedade civil. É nesse contexto que ocorrem as ações

que vão afetar direta ou indiretamente a sociedade, a economia e o meio

ambiente (INCRA/FAO, 1999).

Assim, a unidade produtiva tida como um sistema de produção

constitui-se em um conjunto de elementos que se encontra em fluxos.

Tais elementos são: os insumos; os serviços e produtos que são

transformados, estocados, consumidos ou vendidos; os meios de

produção que são os animais, instalações, máquinas e equipamentos e a

força de trabalho. Dessa forma, a depender da finalidade atribuída pela

categoria do sistema, estes elementos serão organizados de maneira que

melhor atendam suas funções.

Vale ressaltar que, da mesma forma que se devem hierarquizar as

escalas de análise, mundial, nacional até chegar no estabelecimento rural,

é necessário conhecer sua relação com o passado, ou seja, sua

importância com os aspectos históricos, uma vez que com base no

passado pode-se compreender melhor as atuais relações ambientais,

culturais, econômicas e sociais.

Outra característica do enfoque sistêmico é a amostragem dirigida,

ou seja, o método utiliza amostragens não-aleatórias, objetivando analisar

a diversidade e a complexidade dos fatos mais importantes que ocorrem e

ocorreram na microrregião em estudo. Dessa maneira, a determinação da

amostra está diretamente relacionada com as características da realidade

estudada. A utilização de tais amostras justifica-se por garantir a

representatividade da diversidade da região em análise, mesmo que estes

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sejam pouco representativos do ponto de vista estatístico (Dufumier,

1996).

O diagnóstico da realidade agrária e rural deve compreender a

complexidade e diversidade que caracterizam a atividade agropecuária no

meio rural. Os ecossistemas constituem-se no primeiro fator de

complexidade, representando potenciais ou, muitas vezes, impondo

limitações às atividades agrícolas. A forma como as diferentes sociedades

utilizam o meio natural representa uma adaptação ao ecossistema, onde

se busca utilizar o seu potencial. Ao longo da história, essa forma de

utilização do espaço evoluiu, uma vez que os fatos econômicos, técnicos

ou ecológicos se inter-relacionam.

Dessa maneira, os agroecossistemas são produtos da história, assim

como as sociedades agrárias onde esses se inserem. Tais sociedades são

diferenciadas, por serem constituídas de classes sociais que mantêm

diferentes relações entre si. A ação de cada classe social isolada depende

da reação de outras classes, bem como de seu entorno ambiental, social e

econômico. Esse fator constitui uma complexidade do estudo da realidade

rural.

Quando se estuda a agricultura é possível identificar a existência de

diversos tipos de produtores, que se diferenciam por suas condições sócio-

econômicas, por suas tomadas de decisão e pela maneira que empregam

suas práticas agrícolas. Tal diversidade é capaz de ser identificada numa

mesma categoria de produtores, podendo-se diferenciá-los pela forma de

acesso à terra, ao crédito rural, às políticas públicas e recursos naturais,

da mesma forma que não apresentam o mesmo nível de capitalização,

modo de organização e relacionamento com os agentes das categorias

sociais que mantêm em seu entorno.

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Mesmo que se compreendam os sistemas de cultivo, criação e de

transformação, isoladamente, a atividade agrícola é bastante complexa,

por combinar os diferentes recursos à disposição do agricultor com um

diversificado conjunto de práticas agrícolas. Até mesmo a unidade de

produção agrícola especializada e que pratica a monocultura pode ser

dotada de complexidade e diversidade.

Assim, a evolução de cada tipo de produtor e de sistemas de

produção é determinada por um complexo conjunto de fatores ecológicos,

técnicos, sociais e econômicos relacionando-se ao longo da história

(INCRA/FAO, 1999).

Os princípios gerais do método

Os princípios gerais do método de análise-diagnóstico da realidade

agrária de uma microrregião são baseados na estratificação desta

realidade, na explicação (não somente na descrição) dos fatos

observados, na análise nas relações entre partes e fenômenos (ecológicos,

técnicos e socioeconômicos), privilegiando-se os passos progressivos.

A realidade agrária é caracterizada pela diversidade e complexidade,

portanto é necessário evidenciar os fluxos dessa diferenciação, sejam eles

de natureza ecológica, social ou técnica. É importante utilizar a

estratificação da realidade agrária, identificando conjuntos homogêneos,

em concordância com o desenvolvimento rural, podendo ser realizado

através: a) do zoneamento agroecológico; b) da tipologia dos produtores;

c) e dos sistemas de produção. Contudo, a explicação e não somente a

descrição da estratificação e dos fatos observados, deve ser uma

preocupação constante.

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Não é suficiente apenas estudar cada parte dos fatos agrários

isoladamente, faz-se necessário entender as relações entre as partes e os

fenômenos que explicam a realidade agrária. Portanto, utiliza-se a análise

em termos de sistema. Além disso, o método parte do geral para o

particular, sem omitir a restituição (particular para o geral). Esse método

começa pelos fatos e por níveis de análises gerais, como o mundo, país,

região, sendo concluído em níveis mais específicos, como município,

unidade produtiva, sistema de cultivo e de criação. Dessa forma, constrói-

se progressivamente uma síntese aprofundada da realidade em

observação, permitindo uma visão global sem perder importantes

aspectos de constituição do desenvolvimento rural.

Sistema Agrário

Segundo Mazoyer (1997), um sistema agrário é um modo de

exploração do meio historicamente constituído, empregado para

caracterizar e avaliar transformações que afetam o conjunto de

estabelecimentos de uma região ou país, servindo também como

compreensão das causas e conseqüências culturais e socioeconômicas

implicadas em suas evoluções. O sistema agrário é considerado um

conjunto de forças de produção, de técnicas adaptadas às condições de

um espaço determinado, respondendo às condições e às necessidades

sociais do momento. Este modo de exploração é produto do trabalho

agrícola, que utiliza uma combinação adequada de recursos produtivos

para reproduzir seu meio cultivado, resultante das transformações

sofridas, historicamente, pelo ecossistema.

Sistema agrário pode ser definido como a inter-relação das

seguintes variáveis: a) meio cultivado, ou melhor, o meio original e suas

transformações historicamente constituídas; b) os meios de produção

utilizados, ou seja, as ferramentas, máquinas e equipamentos, plantas

cultivadas e a força de trabalho social; c) a artificialização do meio que

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resulta na exploração e reprodução do ecossistema cultivado; d) a divisão

social do trabalho entre as diferentes esferas; e) os excedentes agrícolas,

que além de atender as necessidades do produtor possibilitam satisfazer

as necessidades de outras categorias sociais; f) as relações de troca entre

as categorias, isto é, relações de propriedade, de força que regulam a

divisão dos produtos do trabalho, bens de produção e de consumo e; g) as

relações de troca entre os sistemas. Enfim, o conjunto de idéias e

instituições que garantem a reprodução social, são variáveis importantes

na formação do sistema agrário.

O Departamento de Sistemas Agrários e Desenvolvimento do

Institut Nacional de la Recherche Agronomique (INRA), o define sistema

agrário como um território rural restrito, onde uma população exerce a

maior parte de sua atividade e as relações que esta população estabelece

ao explorar o meio em um determinado contexto socioeconômico.

Sistemas de Produção

Pode ser definido, na esfera de exploração agrícola, como uma

combinação, coerente no espaço e no tempo, de certa quantidade dos

recursos disponíveis, tais como força de trabalho, meios de produção, com

a finalidade de obter diferentes produções agrícolas. Também pode ser

entendido como uma combinação coerente de vários subsistemas

produtivos, tais como: os sistemas de cultura de parcelas, os sistemas de

criação de grupos de animais ou parte de grupos de animais e os sistemas

de transformação dos produtos agrícolas na unidade de produção.

Denota a compreensão das relações existentes entre cada um dos

elementos do conjunto, bem como, na análise dos elementos

propriamente ditos. Dessa maneira, pode-se considerar os sistemas de

produção como sendo uma combinação de vários subsistemas

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independentes, tais como: os sistemas de cultivo e os sistemas de

criação.

De acordo com Carrieri (1994), o sistema de produção pode ser

definido como o conjunto das partes inter-relacionadas, visando ao

atendimento de um objetivo definido. Dessa maneira, num determinado

processo produtivo, são considerados como partes integrantes do sistema

de produção, não somente a cultura ou criação, mas sim, o solo, os

insetos, os microrganismos e as relações técnicas e sociais da produção;

também não deixando de citar que um sistema de produção é um

componente do sistema maior que é a propriedade agrícola. Assim, o

conceito de sistema de produção envolve três princípios básicos: a) um

conjunto de insumos conhecidos e quantificados combinados em

proporções definidas para obtenção do produto; b) o prévio conhecimento

sobre a combinação desses fatores, com o intuito de maximizar o

resultado do sistema e; c) informações sobre o mercado.

Sistemas de cultivo

Segundo Dufumier (1996), na escala da parcela, o sistema de

cultivo pode ser definido como a combinação da força de trabalho

socialmente empregada e dos meios de produção utilizados para obtenção

de uma ou mais produções vegetais. Para o melhor entendimento do

estudo de um sistema de cultivo, é necessário compreender três princípios

básicos: a evolução da população vegetal; os itinerários técnicos

praticados; e o nível das produções obtidas.

Um sistema de cultivo também pode ser compreendido como o

conjunto de práticas agrícolas utilizadas sobre parcelas de terra tratadas

de forma homogênea. Cada sistema é definido pela natureza das suas

culturas e sua ordem de sucessão, bem como os itinerários técnicos

praticados nestas diferentes culturas. É importante salientar que a

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definição de sistema de cultivo enfoca as formas de cultivo das parcelas,

bem como suas influências sobre a obtenção de rendimentos e a evolução

das características do meio. Esta definição preocupa-se diretamente com o

manejo técnico utilizado à obtenção dos rendimentos e evolução do meio

como também enfatiza a existência do itinerário técnico utilizado em cada

um dos cultivos.

Sistemas de criação

Segundo Dufumier (1996), os sistemas de criação, na escala do

rebanho, se caracterizam por um conjunto de intervenções ordenadas nos

setores de seleção, reprodução, alimentação, higiene, etc. Essas ações se

manifestam por deslocamentos de maior ou menor importância, variações

de efetivos regulares, e níveis de produção diferenciados. É constituído

por atividades especializadas e técnicas, que permitem produzir animais

ou produtos animais de acordo com o objetivo do produtor rural, na

observância das limitações do estabelecimento rural.

O autor ressalta ainda que o enfoque desses sistemas difere dos

sistemas de cultivo, uma vez que as considerações temporais não são as

mesmas para as produções vegetais e o quantitativo animal é muito mais

limitado. Não podendo comparar em sua totalidade, o rebanho à parcela e

nem este à produção vegetal.

Itinerário técnico

O itinerário técnico é considerado como a sucessão lógica e

ordenada de operações culturais aplicadas a uma determinada espécie, a

um consórcio de espécies ou a sucessão de espécies vegetais cultivadas.

Este mesmo conceito pode ser aplicado aos grupos de animais dos

sistemas de criação (INCRA/FAO, 1999).

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A unidade agrícola familiar

A unidade agrícola familiar é o centro de toda essa reflexão, uma

vez que é onde se dá o processo de articulação e a célula matriz do

processo de produção agrícola. Também é o local onde se relacionam os

elementos socioeconômicos e biotécnicos, sob a direção do agricultor e

sua família, sendo estruturados e organizados em função de finalidades

atribuídas por estes (Dufumier, 1996).

Leitura de paisagem

As paisagens agrárias oferecem as primeiras informações relevantes

para elaboração do diagnóstico da realidade rural. A esta primeira etapa,

de forma a subsidiar uma observação mais criteriosa, é necessário acesso

aos documentos existentes, sobre as diversas formas de exploração e

manejo do meio ambiente, as práticas agrícolas e suas condições

ecológicas, sobreposição de mapas, além de se fazer questionar sobre as

razões históricas dessas diferenciações (INCRA/FAO, 1999).

Resgate da evolução histórica

Através da história das transformações ecológicas, das relações

sociais, das técnicas agrícolas exploradas, pode-se explicar a diversidade

do modo de exploração dos agroecossistemas. É justamente esta história

que configura diferentes áreas geográficas homogêneas, contrastando

com as demais em seu entorno. Assim algumas hipóteses formuladas

durante a leitura de paisagem são verificadas através de entrevistas

informais, com informantes-chave1 que, em razão de seus conhecimentos,

fornecem instrumentos que auxiliam a explicar os fenômenos observados.

A esta fase de entrevistas históricas é adicionado estudo de documentos e

1 Selecionam-se pessoas com base no seu conhecimento da região, geralmente os agricultores mais antigos.

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bibliografia sobre o tema. De posse dessas informações, é possível

resgatar a evolução e diferenciação dos sistemas agrários do território em

estudo.

Carrieri (1994), afirma que ao se estudar o sistema agrário o

pesquisador depara-se com tarefa dupla: em um primeiro momento, a

tarefa de ordenar temporalmente a evolução deste sistema e, num

segundo, como foram formados e como evoluíram os elementos que o

constituem. O resgate da história das categorias sociais envolvidas

constitui-se numa variável.

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Parte I

Identificação do Território

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Identificação do Território Litoral Sul da Bahia

Figura 1 – Mapa do Território Sul

REFERENCIAL TEÓRICO: BASE CONCEITUAL

Agricultura familiar como unidade de análise

Ao se pensar em agricultura do Brasil, até meados da década de

1980, imaginava-se esta localizada numa grande propriedade, sendo

produzida em grande escala destinada ao mercado interno e externo.

Após uma década, a agricultura familiar começa a ganhar importância,

visto que a agricultura baseada no grande aporte tecnológico e no uso de

grande extensão de terra ameaçava o emprego agrícola. Dessa forma,

novos conceitos e definições abrangem a importância que a agricultura de

base familiar possui para o desenvolvimento socioeconômico do mundo

rural brasileiro.

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A prova da relevante importância que a agricultura familiar vem

adquirindo no país comprova-se nos estudos que abordam o tema, tendo

seu início de pesquisa datado a partir da segunda metade da década de

1980. Em virtude de sua recenticidade, os presentes trabalhos realizados

sobre a agricultura familiar divergem conceitualmente. Dessa forma,

surge então a necessidade de se estabelecerem algumas definições

relacionadas a esse tema.

Agricultura familiar e suas definições

A todo o momento surgem novos conceitos com a finalidade de

caracterizar a agricultura familiar. Os agricultores familiares já foram

denominados de colonos, camponeses, pequenos produtores. Para muitos,

o conceito de agricultor familiar envolve todas as definições anteriormente

citadas. Contudo, este conceito é muito amplo, dificultando o seu

entendimento. Muitos dos conceitos ou classificações dos agricultores

diferem entre si em virtude do objetivo para o qual foram criados ou pelos

dados disponíveis existentes para delimitá-los.

As definições sobre agricultura familiar são geralmente estruturadas,

com base em algumas variáveis relacionadas ao tamanho da propriedade,

à renda gerada pela produção agrícola, à gestão das atividades, entre

outros. Isto pode ser verificado a partir da definição utilizada pelo PRONAF

ao classificar estabelecimento como agrícola familiar, com a finalidade de

obter financiamento. Para uma propriedade agrícola ser enquadrada no

PRONAF, esta deve respeitar alguns requisitos, tais como: a área total da

propriedade não pode exceder quatro módulos fiscais; a mão-de-obra

externa, que eventualmente seja permanente em uma propriedade deve

ser de no máximo duas pessoas, podendo ser utilizada mão-de-obra

externa temporária quando do caráter sazonal da atividade agrícola.

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Através do PCT INCRA / FAO, o universo agrícola familiar é definido

como sendo estabelecimentos agrícolas cuja gestão dos trabalhos é

exercida pelo agricultor, bem como o trabalho familiar sendo superior ao

trabalho contratado. Além disso, estabelece o tamanho máximo da

propriedade em consonância com as características regionais (INCRA/FAO,

2000). Tal definição é similar à utilizada no documento Perfil da

agricultura familiar no Brasil: dossiê estatístico, realizado em 1996 por

essas instituições.

Segundo o PCT, a utilização desta metodologia permite “uma melhor

compreensão da lógica e dinâmica das unidades familiares e dos

assentados, assim como dos sistemas de produção por eles adotados nas

diversas regiões do país” (INCRA/FAO, 2000. p.13).

É necessário atentar para as características diferenciais dessa

agricultura com a agricultura patronal, de acordo com a definição do

INCRA/FAO, com o quadro 1 abaixo:

QUADRO 1 - Formas de produção agropecuária

Fonte: INCRA/FAO 1996, adaptado.

MODELO FAMILIAR MODELO PATRONAL

Trabalho e gestão relacionados Separação entre trabalho e gestão

Direção do processo produtivo pelos

proprietários

Organização centralizada

Trabalho assalariado complementar Predominância de trabalho assalariado

Diversificação Especialização

Uso de insumos internos Dependência de insumos comprados

Para Abramovay (1997), a agricultura familiar é assim caracterizada

quando a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de

indivíduos que mantêm laços de sangue. Para Wanderley (1996) a

agricultura familiar representa a estrutura que ao mesmo tempo é

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proprietária dos meios de produção e assume os trabalhos no

estabelecimento produtivo.

Na agricultura familiar, o centro de toda a discussão consiste na

mão-de-obra utilizada, isto é, um estabelecimento agrícola é considerado

como de agricultura familiar quando, antes de qualquer coisa, possui

integração direta entre a atividade produtiva agrícola e a força de trabalho

familiar utilizada. Essa integração sofre comprometimento em virtude da

incapacidade, em alguns casos, da atividade produtiva agrícola gerar

renda suficiente para a reprodução socioeconômica das famílias

dependentes de rendas oriundas das atividades agropecuárias, sendo

necessário encontrar alternativas de renda que lhe assegurem a

reprodução. Nelas, a atividade não-agrícola tem demonstrado importância

crescente na ocupação da mão-de-obra familiar do meio rural.

Dentro do limite da agricultura familiar, a interação entre mão-de-

obra familiar agrícola e não-agrícola está estritamente relacionada à

manutenção da unidade produtiva agrícola, assegurando a sua reprodução

socioeconômica. A complementaridade entre o trabalho agrícola e não-

agrícola, exercida por membros da família residentes na propriedade, está

relacionada à disponibilidade de terra e às dificuldades de acesso à

modernização tecnológica. Outro fator a ser evidenciado como alternativa

que leva os agricultores familiares a buscar rendas fora da propriedade é

o meio onde estão inseridos, ou seja, o ambiente onde exista competição

pela reprodução social, impedindo que todas essas unidades sobrevivam

única e exclusivamente de ganhos obtidos com atividades agrícolas.

Não se trata somente da reprodução da família, mas, sobretudo de

uma necessidade estrutural, onde a renda oriunda do trabalho não-

agrícola se torna indispensável para reprodução de seu estabelecimento

familiar. Assim, esse tipo de trabalho, executado pelos residentes do

estabelecimento agrícola familiar, coexiste em duas funções sociais, seja

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com a função de complementar a renda da família ou como maneira de

permanência dessas famílias no meio rural. Segundo Carneiro (1999), o

trabalho realizado fora da propriedade pode ser considerado como uma

condicionante a manter a população no meio rural.

Como se pode perceber, o trabalho executado fora do

estabelecimento rural assume importância no meio socioeconômico onde

os agricultores familiares estão inseridos. Portanto, a interação da mão-

de-obra familiar agrícola e não-agrícola na reprodução socioeconômica

passa a constituir fator indispensável no conjunto de estratégias dos

agricultores familiares.

Graziano (1997) evidenciou a importância que as rendas não-

agrícolas representam para o meio rural brasileiro, sendo oportuno não

mais caracterizá-lo como somente agrário. O emprego no meio rural2 não

pode ser associado apenas aos aspectos relacionados às atividades

agropecuárias, uma vez que a ocupação dos trabalhadores do meio rural

brasileiro responde de forma crescente a uma oferta de atividades não-

agrícolas.

A pluriatividade, como conceito, permite unir atividades não-

agrícolas com outras atividades, gerando ganhos monetários e não

monetários o que independe da esfera onde as atividades agropecuárias

estejam sendo executadas. Para isso é necessário considerar as atividades

exercidas, por todos os membros do estabelecimento, em sua totalidade;

atividades autônomas, assalariadas ou não, realizadas dentro ou não da

unidade produtiva. Dessa forma, o termo agricultura de tempo parcial fica

contido no conceito de pluriatividade.

2 É necessário salientar que embora a literatura refira-se a empregos rurais não-agrícolas - ERNA, Graziano afirma que seria correto chamá-los de ocupações rurais não-agrícolas – ORNA, uma vez que a maioria dessas pessoas é composta de trabalhadores por conta própria e não necessariamente empregados.

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Justifica-se o envolvimento dos agricultores nessas novas atividades

não-agrícolas principalmente pela queda nos preços das commodites

agrícolas que reduzem os rendimentos dos agricultores; os constantes

investimentos tecnológicos, que reduzem a necessidade de trabalhos

manuais e conseqüentemente o número de vagas nas atividades agrícolas

e a urbanização das áreas rurais.

Em resumo, o agricultor depara-se com duas problemáticas: a

questão da renda agrícola insuficiente para manter a família como

primeiro fator, e o desemprego tecnológico. Esses fatos estão levando os

agricultores a diversificar e implementar atividades não-agrícolas que

complementem a renda advinda dos seus sistemas de produção.

Ainda segundo SEI (op. cit.), apesar de não ocorrer com a mesma

magnitude que nos países desenvolvidos, a pluriatividade no meio rural

também vem se difundindo no Brasil, como se pode observar nos

resultados obtidos pelo Projeto RURBANO.

No estudo denominado Novos Mundos Rurais Baianos (SEI, 1999),

encontram-se dados da PNAD de 1997, mostrando que a Bahia possui

aproximadamente 44% de sua população na zona rural, o que representa

o maior contingente de pessoas ocupadas na zona rural do país. Essa forte

retenção de mão-de-obra no campo deve-se principalmente à

concentração de terra em poucos grandes estabelecimentos e por um

grande número de pequenas propriedades com áreas insuficientes para

garantir o sustento da família, mas que em sua maioria são de

propriedade destas; além da baixa atratividade que as cidades do Estado

exercem.

Na região do semi-árido da Bahia, a exceção do eixo Juazeiro-

Petrolina com a fruticultura irrigada, não de verifica a formação de

Complexos Agroindustriais – CAIs, nem o forte emprego de novas

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tecnologias que ajudem a melhorar a produtividade, o que faz com que

essa região não apresente problemas de desemprego que tenha como

causa a mecanização, contudo a queda no preço das commodities

agrícolas faz com que as pessoas busquem alternativas de renda em

atividades não-agrícolas, ou que abandonem suas pequenas propriedades

(com produção para o autoconsumo) para buscarem trabalho nos grandes

latifúndios. Impondo, para aquelas famílias que não migraram, estratégias

de sobrevivência. Essa mudança leva à formação de um novo rural,

contudo, denominado de novo rural atrasado.

Porém, a Bahia, também, possui regiões com características do novo

rural desenvolvido, como a microrregião de Barreiras, ou a microrregião

Sul, e em menor escala, o Recôncavo e o Litoral Norte, que possuem

monoculturas baseadas no modelo produtivista e reconhecidamente

desempregadoras, ligadas a agroindústrias como a de celulose.

Há outros exemplos de agricultura modernizada na Bahia, como o

da microrregião de Juazeiro, baseada na fruticultura, e da região

cacaueira, onde a modernização não trouxe o desemprego. Ao contrário

disso, gerou novos postos de trabalho. Ou seja, nas poucas áreas

modernizadas do Estado, as denominadas ilhas de prosperidade, os

problemas oriundos do modelo produtivista não necessariamente estão

presentes em todas elas e, também, não são dadas todas as condições

para formar um único novo mundo rural desenvolvido (SEI, 1999).

Com base nos trabalhos acima descritos, é possível concluir que o

meio rural brasileiro não pode ser mais conceituado tão somente como o

conjunto das atividades agropecuárias e agroindustriais. O novo rural

brasileiro constitui fator diferenciador da ocupação do trabalhador e da

população de uma maneira geral.

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Agricultor familiar ou assentado?

O Novo Mundo Rural, política de reforma agrária implementada pelo

Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, não diferencia mais

agricultor familiar de agricultor assentado. Segundo Teixeira (1999), o

nivelamento conceitual entre o agricultor familiar e agricultor assentado,

implica a perda da condição de produtor especial até então reservada aos

trabalhadores de assentamento de reforma agrária. A transformação do

Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária – PROCERA em

PRONAF representa uma maneira imperativa de minimizar a diferença

entre estes dois tipos de agricultores, uma vez contemplados pelo mesmo

crédito, são beneficiados por linhas de financiamento distintas.

Os assentamentos de reforma agrária se caracterizam pela utilização

da mão-de-obra familiar (INCRA, 1988), razão pela qual podem ser

enquadrados no modelo de agricultura familiar, que segundo o Relatório

da FAO (1995) apresenta diversas vantagens quando comparado ao

modelo de agricultura patronal, dada a sua ênfase na diversificação e

maleabilidade de seu processo decisório.

Quanto à pluriatividade, segundo Teixeira (1999), o que ocorre nos

países ricos é que esta ocorre como processo de adição de atividade e

renda à unidade produtiva rural, enquanto no Brasil, com algumas

exceções, isso ocorre por inviabilidade de atividades agropecuárias, o que

impõe a incorporação de novas atividades agropecuárias e como uma

forma de manter a renda da unidade produtiva.

Assentamentos de reforma agrária: produção de novos espaços

O termo assentamento rural aparece, na década de 1960, como

referência dos relatórios oficiais para designar a transferência e alocação

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de um determinado grupo de famílias em algum imóvel rural em

particular.

Este conceito ganha nuances, ora comprometido com a atuação

estatal direcionada ao controle e delimitação do novo espaço criado, ora

relacionada a uma especificidade do processo que originou a entrada de

trabalhadores na área. Neste último ponto, a designação parece estar

muito mais associada à idéia de reforma agrária do que de colonização.

Segundo o Estado, a característica principal do programa de

assentamento é a criação de novas pequenas propriedades de terras,

onde, muitas vezes, se encontram totalmente ociosas ou com baixa

utilização da produção agrícola. Portanto assentamento significa a

incorporação de novas terras ao processo produtivo com a finalidade de

criar empregos, distribuir renda, etc. beneficiando os pequenos

agricultores (Romeiro, 1994).

De acordo com Germani (2001), os projetos de assentamento de

população, em área rural, notadamente os de colonização dirigida e os de

reforma agrária, significam intervenções do Estado na produção do

espaço, atuando através de sua política agrária o que o transforma no

protagonista desse processo. Em diferentes momentos da história, a

estratégia de produção do espaço através de uma política agrária está

vinculada à política dirigida pelo governo vigente. Muitas vezes o objetivo

principal da política agrária não era o de promover mudanças na estrutura

fundiária, mas sim de eliminar ou controlar conflitos agrários.

Sistemas agrários da região sul da Bahia

A Região Cacaueira, no estado da Bahia, abrange um vasto campo

territorial, de Valença a Mucuri. No início do Séc. XX, o plantio de cacau

foi incrementado a partir, principalmente, de dois núcleos de irradiação:

Ilhéus e Jequitinhonha.

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O financiamento da cacauicultura, através do capital comercial, é

conseqüência da crise da agroindústria açucareira, evidenciada a partir de

1746, com o objetivo de render mais lucros que os derivados da madeira

e a exportação do açúcar. Nesse período também é observada a

expropriação de terras indígenas, através da figura do desbravador, não

necessariamente, produtor colonial, e sim exportador de madeira. Esse

mesmo desbravador foi o responsável pela implantação de infraestrutura,

com adiantamento do capital comercial. A força de trabalho era

assalariada. A pequena unidade de produção não-capitalista, que por

apresentar dispersão e descontinuidade nas iniciativas de plantio, não

representam peso expressivo no conjunto de produção (Baiardi, 1984).

O ciclo denominado de consolidação é caracterizado pela presença

de força de trabalho escrava e compra de mão-de-obra de imigrantes,

desmatamento da Mata Atlântica, fundação de povoados por famílias

oriundas de Sergipe e Pernambuco, comercialização regular das amêndoas

de cacau para o exterior. A relação de produção era estabelecida pelo

contrato, sendo uma espécie de renda-produto, ou seja, a entrega da

terra para o plantio de subsistência tendo como pagamento o cacaual

formado. Ocorrência da queda dos preços do algodão, agravamento da

economia açucareira e implantação de cafezais em áreas da antiga

mineração.

Com a expansão da produção, a cacauicultura torna-se a base

econômica do Sul da Bahia, alavancando o crescimento de atividades

urbanas de comercialização de amêndoas e de tipos de bens necessários

para as populações rurais. Aparecimento do produtor capitalista de

amêndoa, qual seja, a conversão do desbravador para coronel, passando

a residir nas cidades; para tanto era necessária à consolidação da

infraestrutura, expansão da malha rodoviária (CPE, 1992).

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A partir de 1930 é evidenciado um aumento da área cultivada,

acompanhado pela queda da produtividade, em conseqüência da

insolvência dos produtores. Isso em decorrência da Crise de 29 e na

dificuldade de exportação nos primeiros anos após a Segunda Guerra

Mundial. De forma a saldar dívidas, é observado o desmembramento de

terras em toda a região. Vale acrescentar que, nesse período os

segmentos produtivos menos afetados eram os que realizavam

comercialização da amêndoa. Acontece também o desaparecimento do

contrato, uma vez que os médios e grandes proprietários são obrigados a

voltarem à administração dos estabelecimentos. Nesse período, Ilhéus foi

considerada a capital do cacau, o que impulsionou a cultura se estender

para outros municípios, formando novos núcleos municipais e o principal

porto de exportação desse produto, que ascendeu, de 103 mil toneladas,

em 1840, para, aproximadamente, 185 mil, em 1959, e cerca de 130 mil

toneladas em 2001, representando 82% da produção nacional.3.

No período compreendido entre 1905 e 1910, o país torna-se o

principal exportador4 de cacau. A fisionomia da região se modifica,

através da construção de equipamentos urbanos e sua infraestrutura. As

desigualdades sociais se acentuam, através da má distribuição de renda.

Clóvis Caldeira, apud Asmar (1985), atribui a três fatores o impulso

tomado pela lavoura cacaueira a partir do final do séc. XIX: 1º) a abolição

da escravatura em 1888; 2º) a corrente imigratória dos nordestinos,

devido à seca; 3º) a disponibilidade de terras devolutas na região.

Pode-se acrescer a esses fatores o mercado, como impulsionador da

lavoura cacaueira. Não só o fator humano foi o marco para a ascensão da

lavoura, mas também a situação geográfica da área: o solo, o clima, a

fauna, a flora e a vasta rede hidrográfica. O desenvolvimento comercial

3 CCCB -Comissão de Comercio de Cacau do Brasil. 4 Idem.

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surgido por esses fatores, permitiu épocas de boas situações financeiras, o

que facilitou a entrada de latifundiários, gerando competições de interesse

econômico.

A Região Cacaueira da Bahia, onde o Território Sul está inserido,

vem apresentando desde 1970/80, um índice de Gini pouco expressivo e

abaixo dos valores de incremento de 16 microrregiões do Estado.

Em 1989, a infestação da cultura cacaueira pela vassoura-de-bruxa

fez com que a produção despencasse de 41 mil toneladas de cacau para

menos de 34 mil toneladas em uma área duplicada em apenas 4 anos. A

queda da produtividade não somente pela praga, mas também pelas

irregularidades climáticas, queda dos preços internacionais em decorrência

dos elevados níveis de excedentes. A monocultura sempre conviveu com

crises cíclicas.

Decorridos mais de 10 anos do seu aparecimento, todos os 42

municípios da região cacaueira5 baiana encontram-se infestados pela

vassoura-de-bruxa. Em todos os municípios a queda da produção foi

marcante e na maioria deles, ultrapassa a margem dos 50%. A partir do

final da década de 90, são lançadas linhas de crédito com o objetivo de

controlar a doença, os primeiros resultados da clonagem, seja através da

CEPLAC ou com a assistência de instituições como JUPARÁ, IESB às

comunidades rurais (CAR, 1997).

Esta situação levou à diversificação produtiva: banana, cana- de-

açúcar, laranja, limão, tangerina, mandioca, café, feijão, milho, coco,

maracujá, guaraná, abacaxi, melancia, mamão, além de palmáceas e

especiarias. Observa-se o crescimento da área ocupada por pastagens,

com expansão da criação extensiva de bovinos.

5 De acordo com CAR (1997), o litoral sul é composto de três sub-áreas: Baixo Sul, com 11 municípios; Cacaueira, com 42 municípios e Extremo Sul com 21 municípios.

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O setor industrial limita-se às empresas madeireiras (o que ocasiona

sérios riscos para as florestas) e um pólo de confecções nos municípios de

Camacã e de Itabuna. De um modo geral, a situação do comércio está

também em crise devido ao baixo poder aquisitivo da população

principalmente pela queda nas receitas com o cacau e ao êxodo para os

centros regionais. O turismo surge com força, impulsionado pelas belezas

naturais litorâneas de muitos municípios, notadamente Ilhéus, Canavieiras

e Itacaré, além da linha country em muitos outros.

Segundo Asmar (1985), a interação entre os indivíduos ligados a

uma organização econômica e o meio físico, além de caracterizar a região,

determina sua organização em torno de uma aglomeração citadina onde

desenvolvem uma rede de relações comerciais, sociais, administrativas,

políticas e econômicas, inclusive os laços que mantém com o exterior.

Sendo esta interação meio de coordenação das ações, no sentido de

modernizar as estruturas e atingir o desenvolvimento econômico e social,

ou seja, como planejamento espacial das mudanças.

A mais antiga delimitação do Estado da Bahia foi realizada pelo

IBGE, em 1940, tomando como base o critério fisiográfico e de posição

geográfica, partindo da homogeneidade física. Assim, o Estado da Bahia,

compreendia 16 zonas fisiográficas.

A partir de 1968, o IBGE passou a caracterizar como Região

Cacaueira os 48 municípios produtores de cacau do Sul do Estado, alguns

desses não contíguos fisicamente. Desse conceito foram excluídos os

municípios que, embora pertencentes à Zona Cacaueira não produziam

cacau. Assim, valorizava principalmente o fator sócio-econômico,

menosprezando o fator geográfico.

Em 1971, a Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia, delegou

à CEPLAC, o estudo da Microrregião Litoral Sul, composta de 48

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municípios pertencentes às Microrregiões Tabuleiros de Valença,

Cacaueira e Encosta do Planalto de Conquista. Essa conceituação de

região, por ser de cunho político, foi abandonada pelo governo seguinte.

A CEPLAC programou um Diagnóstico Sócio-Econômico durante 7

anos até a sua publicação. Esse estudo abrangeu oito microrregiões

homogêneas: Cacaueira (28 municípios); Interiorana do Extremo Sul (6

municípios); Litorânea do Extremo Sul (7 municípios); Tabuleiros de

Valença (8 municípios); Jequié (10 municípios); Encosta do Planalto de

Conquista (12 municípios); Planalto de Conquista (12 municípios); e

Pastoril de Itapetinga (6 municípios).

Existe uma grande quantidade de ecossistemas, com predominância

das seguintes formações vegetais: floresta, restinga, herbácea e arbórea

(manguezais). A Mata Atlântica encontra-se restrita a reduzidas áreas, em

conseqüência dos desmatamentos, tanto para a extração de madeira

quanto para transformação em lavouras.

O extrativismo também se encontra presente, sendo a piaçava, a

lenha, o carvão, os produtos mais explorados, seja pela ação direta ou

através da parceria com o proprietário da terra. A madeira em tora é

exportada para os mercados nacional e internacional, há reduzidas

técnicas de manejo sustentado.

Estas transformações socioeconômicas, por sua vez, refletiram

diretamente na evolução territorial e administrativa da Região,

construindo, historicamente, a sua Estrutura Fundiária que apresenta um

elevado nível de concentração de terras. Marco da colonização brasileira,

este fenômeno vem se perpetuando ao longo do processo histórico, como

herança do latifúndio da aristocracia escravocrata, estando também

reproduzido em escala estadual.

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A concentração fundiária é observada como uma constante no

processo de apropriação do espaço agrário baiano. Percebe-se um

crescimento gradativo da concentração fundiária na referida escala

temporal, com destaque para a década de 70, no qual verificou-se uma

maior inserção do capital no campo brasileiro, direcionado por uma

política agroexportadora que esfacelou a pequena propriedade sustentada

pela agricultura familiar, impulsionando, consequentemente, a

concentração de terras pelos grandes latifundiários.

Aliado a este marco histórico são constatados também os processos

da “Litoralização Econômica”, com o deslocamento da população e dos

capitais para as proximidades do litoral gerando concentração espacial, de

pessoas e de produção; e da “Concentração Sócio-Espacial da Renda”,

pontuando algumas regiões-pólos com vastos vazios econômicos, nos

quais se encontra a maior parte do que restou da economia camponesa

depois das décadas de 70 e 806.

Análise do sistema produtivo do território sul

Sub-sistemas de produção, criação, transformação e comercialização

O modelo produtivo tradicional no território, tanto familiar quanto

patronal, é o sistema de cultivo do cacau. Contudo, após diversas e

recorrentes crises, o monocultivo tornou-se insustentável. De forma a se

manter sustentável, a diversificação das culturas deve ser prática da

agricultura de base familiar. A cultura do cacau permitiu o fortalecimento

de toda a região e foi durante anos eixo de financiamento governamental.

Contudo, não se formou na região um complexo agroindustrial do cacau.

Há no território vários pequenos produtores, mas que não beneficiam o

6 GERMANI, G I.; CARVALHO, E.(coords). Pesquisa sobre a Política do Banco Mundial para o Meio Rural com base no Projeto Cédula da Terra – Relatório do estado da Bahia. Salvador, 2002.

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cacau. A transformação é feita por 5 grandes empresas multinacionais.

Estes produtores apenas vendem as amêndoas secas, a atravessadores.

Como forma de sobreviver às crises cíclicas do cacau, a economia da

região fez-se necessária a diversificação. Dentre elas a pecuária leiteira,

presente em todo o território há pequenos laticínios sem, contudo

apresentar as especificidades sanitárias necessárias. Há vários pequenos

laticínios que vendem sua produção para a Neste e outra parte é vendida

ao Programa Fome Zero. Em pequena escala, o leite é vendido “in natura”

diretamente pelo produtor em feiras e de porta em porta, além de seus

sub-produtos.

Outra cultura bastante praticada no território é a fruticultura, mas

de difícil mensuração, uma vez que segue o modelo agroflorestal servindo

de sombreamento do cacaual, a exemplo da banana e cajá,

principalmente. No território há o beneficiamento da fruticultura a partir

de empresas na fabricação de polpas. E sua comercialização é feita “in

natura” em feiras ou ao longo das rodovias.

Surgem como polêmicas no Território as culturas da pupunha e a

piscicultura. Embora a produção de pupunha na região seja realizada por

agricultores familiares, há no território a mobilização de uma grande

empresa para a compra de toda essa produção a partir de comodato com

os produtores; os agricultores não serão parceiros e sim empregados,

contudo sem ter os benefícios empregatícios legais. Quando a venda é

realizada pelos agricultores, estes vendem somente as hastes.

Outra cultura presente no território e insustentável para a

agricultura familiar nos moldes atuais é a piscicultura. O capital de giro

não existe para a continuidade do sub-sistema, e os insumos têm alto

valor para a base familiar. A transformação é incipiente e a

comercialização é “in natura”.

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No sub-sistema de cultivo do café não há beneficiamento por parte

do pequeno agricultor. Este vende a produção a duas grandes unidades de

beneficiamento, pertencentes a grandes produtores, um deles de Itabuna.

Uma variedade vendida é o conilon, comprada pela Nestlé, serve apenas

para café solúvel. Os agricultores apenas comercializam o grão seco.

A seringueira é outra cultura que é bastante diversa no território.

Contudo, o beneficiamento é praticado apenas pela fábrica Mucambo, no

município de Uruçuca (fabricação de colas e luvas cirúrgicas). E há

pequenas fábricas de artefatos no município de Arataca. Mas grande parte

da produção é vendida em forma de látex coagulado para o território

Baixo Sul, onde a Michelin possui unidade de beneficiamento e

tratamento.

De menor incidência na região, mas com tendência à expansão e

muito pleiteada pelo Território encontra-se a apicultura, dentro do shop

list dos programas governamentais, ou seja, foi uma forte tendência do

Programa Produzir (nome dado ao Programa de Combate à Pobreza Rural

– PCPR no estado da Bahia). As associações possuem unidades de

beneficiamento de mel e pólen, sub-produtos que são comercializados por

elas próprias, principalmente em São José da Vitória.

A cadeia produtiva da mandioca encontra-se em ascendência no

território, contudo sua produção seja desorganizada. Antes somente como

auto-consumo da agricultura familiar, hoje como a segunda em

importância econômica para os pequenos produtores. Isso em virtude do

apoio governamental com vários programas do governo do estado,

através da Secretaria de combate a pobreza, a exemplo do Nosso Pão.

Mesmo sendo de fácil comercialização e tendo vários sub-produtos,

inclusive para alimentação animal a farinha é processada em pequenas

casas. Embora, em menor escala, ainda apresenta a fécula, polvilho doce

e azedo como sub-produtos que são comercializados em feiras.

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Figura 3 –Sistemas Produtivos do Território

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PARTE II

Indicadores demográficos e sócio-

econômicos

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Análise dos dados secundários

Longe de ser uma região homogênea, o território Sul possui

condições de vida e configurações sociais de ocupação da área marcadas

por expressivas diferenças e contrastes socioeconômicos, dentro de um

ambiente cujos expoentes são a pobreza e degradação ambiental,

atrativos turísticos e ocupações irregulares. Sua população atual tem

cerca de 1.796.806 pessoas; destes, 25,7% é analfabeta.

II.4 - Educação ( Principais indicadores )

Nº % Nº % NºAlmadina 5.214 1.805 34,6 1.549 1.439 92,9 1.964 1.474Arataca 7.135 2.898 40,6 2.212 1.892 85,5 2.943 2.341Aurelino Leal 10.741 3.978 37,0 3.687 3.455 93,7 3.739 2.872Barro Preto 5.809 1.745 30,0 1.529 2.037 1.423Buerarema 12.751 3.877 30,4 3.633 3.460 95,2 4.767 3.204Camacã 19.979 5.818 29,1 6.137 5.384 87,7 7.503 4.782Canavieiras 23.650 6.552 27,7 6.445 5.499 85,3 8.789 5.507Coaraci 19.119 5.763 30,1 5.225 4.802 91,9 6.433 4.439Floresta Azul 7.890 2.529 32,1 2.181 1.973 90,5 2.918 2.080Gongogi 6.692 2.597 38,8 2.250 2.003 89,0 2.285 1.729Ibicarai 19.647 5.679 28,9 5.153 4.505 87,4 7.462 4.740Ibirapitanga 13.371 5.510 41,2 4.913 4.342 88,4 5.146 4.073Ilhéus 151.800 31.278 20,6 39.298 34.824 88,6 54.031 26.519Itabuna 140.254 21.239 15,1 31.912 29.809 93,4 51.039 20.235Itacaré 11.039 3.850 34,9 3.811 3.229 84,7 4.177 3.044Itaju do Colônia 5.553 1.862 33,5 1.650 1.426 86,4 2.137 1.500Itajuípe 15.220 4.086 26,8 4.170 3.982 95,5 5.545 3.572Itapé 10.039 2.970 29,6 2.764 2.391 86,5 3.281 2.167Itapitanga 6.977 2.591 37,1 1.923 1.624 84,5 2.423 1.719Jussari 5.068 1.417 28,0 1.419 1.320 93,0 1.831 1.243Maraú 11.448 5.246 45,8 3.787 3.226 85,2 4.072 3.348Mascote 10.125 3.673 36,3 3.424 2.938 85,8 3.790 2.868Pau Brasil 8.433 3.052 36,2 2.526 2.290 90,7 3.198 2.341Santa Luzia 9.666 3.433 35,5 3.163 3.140 99,3 3.682 2.862São Jose da Vitória 3.869 1.240 32,0 1.307 1.227 93,9 1.508 1.160Ubaitaba 15.484 4.400 28,4 4.741 4.396 92,7 5.444 3.639Ubatã 14.573 4.649 31,9 4.136 3.651 88,3 5.297 3.596Uma 19.974 7.320 36,6 6.348 5.307 83,6 7.424 5.492Uruçuca 13.499 4.209 31,2 3.931 3.153 80,2 5.101 3.396

a) Totais do território 605.019 155.266 25,7 165.224 146.687 88,8 219.966 127.365

b) Totais do Estado 8.891.278 2.057.907 23,1 2.304.032 2.156.747 93,6 3.170.403 1.707.702

64,4

39,6

82,267,9

66,0

76,966,8

75,7

74,0

75,179,576,869,967,263,762,769,0

77,7

71,375,763,579,1

73,2

Matric nas escolas

70,2

49,1

53,9

57,9

66,6

67,9

72,9

70,9

Resp. por domicilios

Total menos de 4 anos de freq à escola%

Municípios

AnalfabetismoPop. Com 15 anos e mais

Total Analfabetos

Escolarização de 7 a 14 anosPop. De 7 a 14 anos

Total

Escolarização dos resp. p/domicilios

O Território Sul compreende 27 (Vinte e nove) municípios

abrangendo uma área de 16.465 km2. Os municípios que compõem o

Território são os seguintes:

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Almadina Canavieiras Itacaré Maraú Ubaitaba

Arataca Coaraci Itaju do Colônia Mascote Una

Aurelino Leal Floresta Azul Itajuípe Pau Brasil Uruçuca

Barro Preto Ibicaraí Itapé Santa Luzia

Buerarema Ilhéus Itapitanga Santa Cruz da Vitória

Camacã Itabuna Jussari São José da Vitória

Aspectos geo-ambientais

O território Sul da Bahia é uma das áreas mais privilegiadas do

Estado, do ponto de vista dos recursos naturais, caracterizando-se como

região tropical úmida com a ação climática definidora de um quadro

natural de solos, relevo, cobertura vegetal e hidrografia.

O clima predominante é o úmido e subúmido. As temperaturas

médias anuais variam entre 22° e 25°C, sendo maiores e com menor

amplitude térmica na faixa costeira devido à alta freqüência de

nebulosidade. A pluviosidade apresenta um comportamento decrescente

do litoral para o interior e do norte para o sul, com variações de 1.000mm

a 2.300mm, com chuvas abundantes bem distribuídas durante o ano.

Há uma variedade de solos, com predominância de latossolos e

podzólicos, profundos, porém de baixa fertilidade natural, necessitando de

correções freqüentes. Os recursos florestais caracterizam-se por extensas

áreas de floresta perenifólia, conhecida como Mata Atlântica e seus

biomas associados – os manguezais e as restingas.

A cultura do cacau como atividade agrícola predominante é a

principal responsável pela conservação da Mata Atlântica, principalmente

pelo fato de que os 2/3 dos cacauais – 400 mil ha foram plantados pelo

sistema da “Cabruca”, que mantém boa parte da cobertura vegetal. Com

a crise do cacau, a partir da segunda metade da década de 80, porém,

esse quadro vem se modificando, com o avanço da pecuária, com a

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introdução de culturas de forma desorganizada a exemplo do café Conilon,

com extração da madeira e o ataque da “vassoura de bruxa aos cacauais,

ocorrendo uma degradação ambiental com agressões permanente à Mata

Atlântica e até mesmo a processos de desertificação em alguns locais”.

Os solos predominantes são dos tipos latossolos e argissolos, os

quais, embora sejam profundos, típicos de clima úmido, são, na sua

maioria, de baixa fertilidade natural e necessitam de correão. As manchas

pedológicas de maior fertilidade já se encontram utilizadas pela

cacauicultura e os solos de menor fertilidade natural vêm sendo ocupados

pela pecuária, silvicultura, além de outras espécies econômicas, tais

como: cravo-da-índia, guaraná, seringueira, pimenta-do-reino, coco,

dendê, banana, laranja, café, cana-de-açúcar e mandioca.

Este Território compreende em sua grande parte áreas

remanescentes de Mata Atlântica, sendo que este ecossistema está entre

as cinco regiões do planeta de maior prioridade para a conservação da

biodiversidade, um dos hottest Hotspots, ou seja, uma área rica e

ameaçada do mundo. Por esse motivo tem-se no Território Litoral Sul da

Bahia um grande número de unidades de preservação e conservação.

Apesar de sua acentuada devastação, o bioma ainda detém muito

da diversidade biológica brasileira, com alto grau de endemismo.

Encontramos exemplos dessa biodiversidade nas mais de 20.000 espécies

de árvores. No sul da Bahia, em apenas um hectare (o equivalente a um

campo de futebol) foram registradas 270 espécies de mamíferos, 372 de

anfíbios, 197 de répteis, 849 de aves, 2.120 de borboletas e, um recorde

mundial, 454 espécies de árvores. Estima-se um total de 20.000 espécies

de plantas ocorrendo na Mata Atlântica, sendo cerca de 40% endêmicas

deste Bioma (MMA, 2000).

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Alguns estudos indicam que as florestas do sul da Bahia, região

onde está compreendido o Território litoral Sul, têm uma estrutura

(Tamanho das árvores, presença de plantas epífitas, etc) e uma

composição de espécies bastante parecidas com a floresta amazônica

(“Hiléia Amazônica”) e , por isso é também chamada de “Hiléia Baiana”

(Mori et al., 1983a; Thomas et al.,1998).

Nesse contexto está inserida a cultura do cacau que, por se tratar de

um planta umbrófila, necessita de sombreamento para garantir a sua

produção e por isso foi e é cultivada num sistema conhecido como cacau-

cabruca, ou seja, plantações de cacau sombreadas por espécies arbóreas

nativas da mata atlântica, fato o qual de certa forma proporcionou a

conservação ambiental nesses locais. Cabrucas, por exemplo, podem

propiciar proteção do solo em relação aos impactos físicos provocados

pela chuva, evitando a erosão dos solos (Rice e Greenberg, 2000).

Além desse rico ecossistema, o Mata Atlântica, este Território possui

como biomas importantes os manguezais, caracterizados como uma

comunidade microfanerofítica de ambiente salobro, ocupando espaços

bem delimitados na desembocadura dos rios e rasgados de mar. Segundo

Santos (1951), esse ecossistema ocupa as costas baixas tropicais,

inundáveis por ocasião de maré alta, possuem solos pantanosos e

lamacentos estabelecendo-se uma vegetação adaptada ao teor de

salinidade das águas, restingas, as quais possuem características

especiais, por receber influência marítima e se desenvolver em solos

extremamente arenosos de baixa fertilidade. Nesta categoria são

enquadradas as formações de vegetação pioneiras, inclusos os campos da

restinga onde a vegetação é arbustiva, de densidade variável,

entremeadas por algumas áreas alagadas na época de chuvas mais

intensas e os brejos os quais compreendem planícies que passam grande

parte do ano alagadas por sofrerem influência fluvial ou pluvial. Em linhas

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gerais, distribuem-se ao longo dos riachos e córregos, com formato

abaciado, represando água dos rios na época das enchentes.

O Território Litoral Sul também apresenta uma grande diversidade

de espécies animais, as quais compreendem as mais variadas famílias,

gêneros e espécies. A vasta maioria dos animais e plantas ameaçados de

extinção do Brasil são formas representadas no bioma Mata Atlântica, um

dos principais, se não o principal ecossistema do Território Litoral Sul da

Bahia.

Os sistemas de produção variam de acordo com a localização

geográfica, pois existem diferenças significativas de solos. Na faixa

litorânea (aproximadamente 15 quilômetros a partir do mar) encontram-

se as menores propriedades (até 5 hectares), que exploram

principalmente a mandioca, piaçava, coco, cacau e algumas outras frutas

e verduras. Nessas localidades, comumente verificam-se sistemas de

beneficiamento da mandioca. Alguns produtores construíram farinheiras e,

além de beneficiar a sua produção, ainda compram parcelas de mandioca

para produção ou retêm parte de uma certa produção de farinha, em troca

da transformação de um montante total de mandioca. É um sistema de

trocas baseado em produto, ou seja, um produtor qualquer fornece um

montante de mandioca ao farinheiro que a processa e fica com uma parte

da produção como pagamento do seu trabalho.

Na região Centro-Oeste e Sudoeste do território a maior freqüência

é de médias propriedades (até 50 hectares) que exploram o cacau, a

banana e a seringa em consórcio. Alguns produtores, paralelamente ao

cacau, estão destinando parte da área para o cultivo de frutícolas e

pupunha, numa estratégia de diversificação. Outros pequenos produtores

mantêm uma produção de leite a partir de pequenos rebanhos. A

associação de produtores de uma daquelas localidades está instalando um

sistema de beneficiamento e empacotamento, visando à distribuição do

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produto na região. Nela, acham-se também alguns assentamentos de

reforma agrária oriundos de grandes fazendas de cacau.

Já a noroeste, preponderam grandes propriedades (acima de 50

hectares), geralmente empresas, cuja exploração é o cacau em parcelas

homogêneas e o gado de corte, porém menos significativo. A diversidade

de situações envolvendo produtores é enorme, sendo possível encontrar,

desde fazendas descapitalizadas e com produção muito baixa, até

empresas capitalizadas com investimentos em clonagem e com produção

em franca recuperação. Nessa região, notam-se maiores áreas de

cacauais clonados, uma vez que a clonagem requer investimentos

significativos e, sobretudo, os grandes produtores têm obtido esses

recursos com maior facilidade. O nível tecnológico também pode ser

considerado mais avançado, pois os cacauais clonados necessitam

cuidados especiais, tanto no período de implantação, quanto de produção

plena. Nesse caso, não se pode relacionar unicamente o nível tecnológico

com a aplicação intensiva de insumos industrializados (defensivos e

adubos), mas também, o uso da polinização manual (feita após teste de

compatibilidade em árvores) e outros tratos culturais necessários à boa

produção (como, por exemplo, a poda de formação). Para estas fazendas,

um dos controles de produção mais eficiente é o arista assalariado, ou

seja, um empregado assalariado dá manutenção numa área de

aproximadamente 01 hectare de cacaual (em algumas fazendas este

número é exato), controla o peso dos frutos e o rendimento físico em cada

árvore (existem cadastros onde são controlados a produção total, a

intensidade de floração e o peso dos frutos, isto para cada árvore e

safra).7

Portanto, o consórcio é geralmente uma prática dos pequenos e

médios produtores, tanto quando se tem como cultura principal o cacau

7 As árvores recebem um número que as identifica, são controlados também a sua localização e o empregado que fornece os tratos culturais.

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(cujo consórcio é feito com seringa ou banana), quanto em cultivos onde

prevalece uma distribuição mais equânime de áreas cultivadas (mandioca,

coco, piaçava, aipim, milho, feijão, andú e amendoim). As duas culturas

mais freqüentes nas unidades de produção são cacau e mandioca, pois

esta última garante uma receita extra em épocas de entressafra do cacau

e é utilizada na própria alimentação familiar.

Aspectos socioeconômicos

Demografia

II.1 - Informações sobre a população

Total Urbana Rural

Almadina 246,9 7.862 5.416 2.446 31,8 68,9 69,4Arataca 396,1 11.218 5.483 5.735 28,3 48,9 72,7Aurelino Leal 446,4 17.149 13.940 3.209 38,4 81,3 76,0Barro Preto 425,7 8.602 5.159 3.443 20,2 60,0 62,8Buerarema 209,5 19.118 16.249 2.869 91,3 85,0 68,1Camacã 632,9 31.055 24.282 6.773 49,1 78,2 71,6Canavieiras 1.375,5 35.322 26.343 8.979 25,7 74,6 65,9Coaraci 296,8 27.852 23.269 4.583 93,8 83,5 62,7Floresta Azul 351,6 11.614 7.548 4.066 33,0 65,0 67,1Gongogi 198,3 10.522 6.250 4.272 53,1 59,4 75,5Ibicarai 217,9 28.861 19.333 9.528 132,5 67,0 66,1Ibirapitanga 945,2 22.177 6.363 15.814 23,5 28,7 83,0Ilhéus 1.841,0 222.127 162.125 60.002 120,7 73,0 57,9Itabuna 443,2 196.675 191.184 5.491 443,8 97,2 52,7Itacaré 730,3 18.120 7.951 10.169 24,8 43,9 77,3Itaju do Colônia 1.217,5 8.580 6.441 2.139 7,0 75,1 69,8Itajuípe 295,9 22.511 16123 6388 76,1 71,6 64,7Itapé 443,3 14.639 8666 5973 33,0 59,2 59,5Itapitanga 410,4 10.382 7095 3287 25,3 68,3 63,8Jussari 356,7 7.556 5124 2432 21,2 67,8 66,3Maraú 774,4 18.366 2849 15517 23,7 15,5 72,6Mascote 709,2 16.093 11853 4240 22,7 73,7 76,8Pau Brasil 609,5 13.048 8740 4308 21,4 67,0 71,3Santa Luzia 785,2 15.503 8329 7174 19,7 53,7 78,1São Jose da Vitória 53,4 6.210 5154 1056 116,3 83,0 81,3Ubaitaba 221,7 23.854 18582 5272 107,6 77,9 70,1Ubatã 333,0 21.803 17847 3956 65,5 81,9 68,6Uma 1.159,5 31.261 15274 15987 27,0 48,9 67,4Uruçuca 337,7 20.323 14158 6165 60,2 69,7 65,7

898.403

a) Total do Território 16.465 1.796.806 667.130 231.273 54,6 74,2 -

b) Total do Estado 564.693 13.070.250 8.772.348 4.297.902 33,8 65,4 60,5

c) % de a/b 2,9 13,7 7,6 5,4 - - -

Municípios Área ( Km² )

População Residente (hab.) Densidade Demográfica

(Hab/Km²)

Índice de Urbanização

(%)

Razão de Dependência (%)

Indices Demográficos

A população do território do Litoral Sul é de 1.796.806 habitantes,

apresentando alto grau de urbanização, sendo 18 municípios com

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população urbana superior a 60% e apenas 3 municípios, Arataca, Itacaré

e Una têm população rural acima de 50%. O processo de urbanização é

marcante nos municípios de: Buerarema, Canavieiras, Itabuna e São José

da Vitória, com participações acima de 80%.

Uma outra evidência demográfica no território é a taxa negativa de

crescimento anual no período 96/2000. Mais da metade dos municípios

apresenta tal comportamento. Isto leva ao entendimento de que o

processo migratório no território vem se modificando: de receptor de

população passa a ser expulsor.

No território 667.130 pessoas residem no meio urbano, com grandes

concentrações urbanas em Ilhéus, Itabuna e Canavieiras, tendo uma

média de 54,6 hab/Km2o que contribui para densidade populacional,

maior que a densidade populacional do estado que é de 33,8 hab/Km2.. E

231.273 pessoas residem no meio rural.

Os fenômenos acima evidenciados estão diretamente ligados a crise

do cacau e atividade que vem substituindo esta cultura, a pecuária de

corte, poupadora de mão de obra, onde milhares de desempregados são

jogados até mesmo nos pequenos centros urbanos, num processo de

favelamento sem precedentes na história do território.

O menor IDH verificado no Território é o do município de Aurelino

Leal, com 0,574, ocupando a 379ª posição no Estado, num total de 417

municípios (sendo que no período de pesquisa o estado tinha 415

municípios), maior é o de Itabuna, com 0,748. O estado da Bahia tem

como índice 0,688. As transferências do Governo são extremamente

importantes para os municípios do Território, posto que famílias

residentes em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano

são beneficiárias dos programas assistenciais do governo.

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Indicadores de Desenvolvimento Humano

a) IDH

Economia

Haja vista o território do Litoral Sul ter uma história de riqueza e

abundância, os indicadores do produto municipal de desenvolvimento

econômico e social apresentam números que contradizem tal afirmativa e

as causas estão na secular concentração fundiária que no território se dá

pela múltipla propriedade (há fazendeiros com mais de 50 propriedades);

pelo sistema monocultor de cacau para exportação e mais recentemente

pela crise desencadeada nestas duas últimas décadas.

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Tabela I - Estrutura do produto municipal dos municípios do

território do Litoral Sul da Bahia – 2000

Fonte: SEI

Municípios Produto

municipal

(R$1 milhão)

Municípios Produto municipal

(R$1 milhão)

Estado 44.391,39

Almadina 11,71 Barro Preto 9,35

Arataca 12,79 Buerarema 18,94

Aurelino Leal 20,73 Camacan 35,99

Canavieiras 43,41 Ibicarai 34,48

Coaraci 30,72 Ilhéus 462,64

Floresta Azul 16,33 Itabuna 468,12

Itacaré 27,92 Itapitanga 16,80

Itajuípe 32,00 Jussari 13,06

Itapé 17,09 Mascote 19,21

Pau Brasil 16,43 Ubaitaba 33,19

Santa Luzia 13,49 Una 70,26

São José da

Vitória

4,39 Uruçuca 19,74

Total 1.448,79

O indicador do produto municipal revela o estrago que a crise do

cacau fez no território. Apenas os municípios de Ilhéus e Itabuna

aparecem com destaque com 15° e 14° respectivamente na classificação

dos municípios. De outro lado os municípios de Almadina, Arataca,

Floresta Azul, Itapé, Itapitanga, Jussari, Pau Brasil, Santa Luzia, São José

da Vitória, aparecem com classificações superiores ao 300° lugar (SEI -

2000).

A baixa taxa de industrialização de cacau, também pode ser

considerada um fator que inibiu o desenvolvimento regional, pois as

poucas indústrias de transformação que ali se instalaram não foram

capazes de se consolidar no mercado. A pioneira na transformação do

47

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cacau foi a Usina Vitória de Hugo Kaufmann. Outras empresas se

instalaram, entretanto a representatividade no mercado era limitada e

poucas se dedicavam à elaboração de produtos finais como o chocolate.

Além disso, aquelas que chegaram a produzir chocolate sempre tiveram

mercado restrito e não foram capazes de estabelecer um mercado

consumidor relativamente amplo. Couto (2000, p. 47 e 49) descreve como

dominante na cadeia produtiva do cacau as indústrias chocolateiras8 e,

define o setor como oligopolizado com tendências à reconcentração de

capitais e à desnacionalização. Portanto, como em qualquer setor, a

presença dos diversos segmentos da cadeia produtiva no local de

produção da matéria prima é capaz, pelo menos, de promover um

desenvolvimento regional mais intenso.

Tabela III Índice de Desenvolvimento Social dos municípios do

território do Litoral Sul da Bahia

Município IDS IDE

Almadina 4.970,63 4.987,25

Arataca 4.953,08 4.987,91

Aurelino Leal 4.980,70 4.986,31

Barro Preto 4.944,68 4.990,57

Buerarema 5.017,86 4.995,69

Camacan 5.044,86 4.994,34

Canavieiras 4.996,48 4.993,06

Coaraci 5.015,25 4.988,63

Floresta Azul 4.991,25 4.993,77

Ibicaraí 5.094,75 5.058,98

Ilhéus 5.157,09 5.071,98

Itabuna 5.123,47 4.989,00

Itacaré 4.965,34 4.992,50

Itajuípe 5.017,12 4.988,07

Itapé 4.947,35 4.987,55

Itapitanga 5.003,09 4.987,19

Jussari 4.985,11 4.988,07

Mascote 4.981,92 4.987,43

Pau Brasil 5.016,29 4.987,33

Santa Luzia 4.961,50 4.986,15

8 As indústrias chocolateiras são aquelas ligadas à produção de bens finais como chocolates prontos para consumo e chocolates de cobertura para diversos fins. Não se referindo às indústrias processadoras de cacau em geral.

48

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São José da Vitória 4.951,03 4.992,97

Ubaitaba 5.036,34 4.994,18

Una 4.985,95 4.989,36

Uruçuca 5.022,45

Fonte: SEI

Quanto aos IDE e IDS os municípios têm comportamentos

semelhantes sobressaindo-se os municípios de Ilhéus e Itabuna e apenas

os municípios de Camacan, Canavieiras e Una aparecem com melhor

performance. Tais números reforçam a idéia da incapacidade da

monocultura do cacau de proporcionar uma descentralização do

desenvolvimento do território. Toda a dinâmica econômica e social

concentra-se no eixo Itabuna/Ilhéus ficando os demais municípios em

situação precária no atendimento médico hospitalar, saneamento básico

bem como nos setores de serviço em geral e industrial.

Agricultura

A cultura do cacau hegemoniza toda a atividade agrícola do território

com 126.380 toneladas produzidas em 1997 correspondendo a mais da

metade (56%) do total do Estado. Mais da metade da produção do

território (54%) concentra-se nos municípios de Aurelino Leal, Ilhéus,

Itabuna, Itajuipe, Mascote, Una e Uruçuca. Ao levar-se em conta a

participação média do cacau, entre os anos de 1990 e 1994, o cacau

contribui com 281,7 milhões de reais, colocando-se em 1° lugar, no

ranking dos principais produtos agrícolas.

A crise desencadeada a partir da segunda metade dos anos 80,

porém, trouxe sérios transtornos econômicos e sociais ao território. A

atividade cacaueira em 1990 e 1991 era responsável por mais de 20% do

valor bruto da produção agrícola do Estado, sofrendo uma retração em

1992 quando o cacau passa a contribuir com apenas 17,7% para a

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formação desse agregado. Atualmente estima-se ainda que existam no

território em torno de 200,000 desempregados.

As razões da crise têm sido evidenciadas nos aspectos agronômicos

com a vassoura-de-bruxa e a podridão parda, principalmente esta

primeira como grandes responsáveis pela queda vertiginosa da produção e

da produtividade com a conseqüente descapitalização dos produtores.

A partir desta conjuntura, principalmente os pequenos produtores

iniciaram um processo de diversificação da produção. Essa mobilização já

era observada há algum tempo na faixa de terra localizada mais ao litoral

(cerca de 15 quilômetros a partir do mar). Nestas localidades, a qualidade

do solo é inferior e a base da exploração agrícola é a fruticultura (coco,

banana, açaí, graviola e cupuaçu), a piaçava, a mandioca e algumas

parcelas de cacau, além de poucas criações de gado de leite. Nas grandes

propriedades mais ao interior, a estratégia de diversificação vem

acontecendo com o plantio de café, fruticultura (principalmente cupuaçú e

banana da terra) e a pecuária de corte (somente engorda).

Numa análise dos dados de produção, pode-se perceber retrações

nas quantidades produzidas tanto do cacau, quanto de outros produtos.

As quedas na produção de alguns produtos como a laranja, abacate,

feijão, melancia, limão e mandioca estão relacionados às condições de

mercado, ou seja, à competição de produtos de outras regiões com preços

relativamente baixos. Pode-se ainda ressaltar, no caso da produção de

mandioca, que, além da competição de produtos importados, existe na

região produtora do município (faixa litorânea), problemas relativos ao

solo que inibiram a produção em muitas áreas. Os cultivos sucessivos sem

os devidos cuidados comprometeram a qualidade do solo.

Algumas estratégias de diversificação produtiva vêm sendo

implementadas, especialmente a fruticultura. O cultivo de frutas, em

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alguns casos, segue o modelo produtivista, porém está sendo ampliado

com pouca intensidade, pois a mentalidade da monocultura cacaueira

ainda permanece forte na sociedade local.

III.4 - Área ocupada pelas diferentes atividades econômicas.

Almadina 27.083 547 13.230 11.925 1.381Arataca 35.642 131 84 33.420 1.205 802Aurelino Leal 44.080 279 25 20.257 16.858 6.661Barro Preto 17.567 16.563 30 960 14Buerarema 21.653 354 18.716 1.796 759 28Camacã 55.640 973 120 38.595 6.013 3.180 6.757 2Canavieiras 72.570 1.377 40 25.416 31.318 5.879 8.520 20Coaraci 28.358 882 19.757 7.012 667 40Floresta Azul 35.595 374 10 11.449 20.445 3.306 11Gongogi 25.418 371 8.383 8.150 8.514Ibicaraí 30.302 314 45 20.987 6.513 2.204 220 19Ibirapitanga 38.868 392 7 35.754 28 2.687Ilhéus 162.200 4.485 306 130.547 7.041 10.083 9.523 61 154Itabuna 24.065 107 532 20.443 1.333 1.650Itacaré 60.162 3.262 111 50.663 3.757 1.046 1.310 13Itaju do colônia 109.631 6 4.625 103.385 1.615Itajuípe 35.286 212 76 34.634 109 255Itapé 39.876 93 188 4.976 32.451 2.056 110 2Itapitanga 42.808 6.010 3.277 578 18.847 9.094 4.958 44Jussari 25.830 23 12.498 11.596 1.381 332Maraú 62.074 2.109 2 52.500 1.846 2.116 3.501Mascote 51.497 522 27.605 18.534 2.934 1.902Pau Brasil 48.043 230 5 18.435 25.801 3.549 23Santa Luzia 68.148 2.475 43.009 14.986 359 7.319São José da Vitória 9.260 20 7.866 1.327 40 7Ubaitaba 20.424 5 20 17.419 339 2.641Ubatã 31.612 341 17 27.995 840 2.419Una 104.683 7.829 63 77.222 5.533 6.845 7.191Uruçuca 42.335 808 25 38.445 928 1.510 619

a) Total do Território 1.370.710 34.511 4.973 831.987 359.946 86.593 52.385 81 234

b) Total do Estado 29.842.901 5.229.518 109.081 2.855.726 17.075.518 3.401.456 908.986 3.210 259.406

c) % de a/b 4,6 0,7 4,6 29,1 2,1 2,5 5,8 2,5 0,1

Silvic. Pesca e Aqüicultura

Exploração do Carvão Vegetal

MunicípiosÁrea total ocupada

(ha)

Área conforme a atividade (ha)

Lavoura Temp.

Hort. e Produtos de

Viveiro

Lavoura Perman. Pecuária

Prod. Mista (Lavoura e Pecuária)

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Alguns produtores alteram sua composição de cultivos em

decorrência das oscilações negativas da rentabilidade da lavoura. Este

movimento pode ser observado, sobretudo, nas áreas de lavouras

temporárias, por requererem investimentos menores e tempo de

maturação reduzido.

Verifica-se ainda a expansão da plantação de banana e seringueira

(látex coagulado) que são cultivadas nos sistemas “solteiro”9 ou,

principalmente, em consórcio com o cacau. Entretanto, nessa região, as

áreas ocupadas com esses produtos são consideradas pequenas. Pode-se

ainda encontrar como alternativa ao cacau, produções de acerola,

cupuaçu e graviola, entretanto, estes produtos não fazem parte da

pesquisada PAM - IBGE (Produção Agrícola Municipal). A diversificação

vem se constituindo uma alternativa viável para pequenos produtores, em

termos de renda agrícola. Enquanto isso, os grandes fazendeiros e

empresas dedicam-se a enxertar seus cacauais com mudas clonadas e

poucos implementam estratégias de diversificação, dentre elas a mais

observada é a criação de gado de corte.

Portanto, o consórcio é geralmente uma prática dos pequenos e

médios produtores, tanto quando se tem como cultura principal o cacau

(cujo consórcio é feito com seringa ou banana), quanto em cultivos onde

prevalece uma distribuição mais equânime de áreas cultivadas (mandioca,

coco, piaçava, aipim, milho, feijão, andú e amendoim). As duas culturas

mais freqüentes nas unidades de produção são cacau e mandioca, pois

esta última garante uma receita extra em épocas de entressafra do cacau

e é utilizada na própria alimentação familiar.

9 O termo “solteiro” se refere a parcela homogênea. Produção exclusiva de um só produto em uma certa quantidade de área.

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III.5 - Pessoal ocupado nos Estabelecimentos Rurais, por Categoria.

Residentes nos Est. Rurais

Almadina 802 462 193 6 28 1.491 1.184 79,4Arataca 1.182 1.403 481 40 61 3.167 1.936 61,1Aurelino Leal 702 868 41 11 1.622 1.120 69,1Barro Preto 339 849 26 29 1.243 869 69,9Buerarema 1.713 720 26 61 529 3.049 2.687 88,1Camacã 2.054 1.743 91 64 776 4.728 3.669 77,6Canavieiras 3.214 684 131 12 122 4.163 3.045 73,1Coaraci 848 951 165 1 278 2.243 1.285 57,3Floresta Azul 1.379 505 80 8 1.347 3.319 2.665 80,3Gongogi 493 326 8 28 6 861 601 69,8Ibicaraí 2.820 1.921 54 4 96 4.895 3.207 65,5Ibirapitanga 2.236 2.362 674 13 158 5.443 4.303 79,1Ilhéus 13.096 6.325 1.439 48 4.446 25.354 21.649 85,4Itabuna 1.044 993 25 169 2.231 1.529 68,5Itacaré 5.755 1.677 454 48 150 8.084 7.138 88,3Itaju do colônia 269 663 6 29 1 968 746 77,1Itajuípe 2.320 1.620 315 9 370 4.634 3.623 78,2Itapé 1.388 840 9 37 571 2.845 2.568 90,3Itapitanga 6.121 10 678 1 4 6.814 5.649 82,9Jussari 1.116 969 46 136 517 2.784 2.430 87,3Maraú 6.462 1.199 560 24 32 8.277 6.672 80,6Mascote 1.262 788 156 12 312 2.530 1.914 75,7Pau Brasil 881 661 11 13 609 2.175 1.678 77,1Santa Luzia 2.552 1.579 237 90 698 5.156 4.363 84,6São José da Vitória 277 338 8 22 645 481 74,6Ubaitaba 538 694 55 30 13 1.330 1.026 77,1Ubatã 2.610 2.355 113 15 1.081 6.174 3.929 63,6Una 5.479 2.635 438 184 240 8.976 7.924 88,3Uruçuca 2.304 1.737 166 34 1.081 5.322 4.833 90,8

a) Total do Território 71.256 37.877 6.686 947 13.757 130.523 104.723 80,2

b) Total do Estado 2.075.697 160.935 210.762 11.139 50.057 2.508.590 1.874.604 74,7

c) % de a/b 3,4 23,5 3,2 8,5 27,5 5,2 5,6

Municípios% do Total

Pessoal Ocupado por CategoriaResp. e

Familiares não Remun.

Empregados permanentes

Empregados Temporários

Parceiros (empregados)

Outra Condição

Total do Pessoal Nº

Na atualidade, ainda persiste a prática do absenteísmo, tanto que a

maior parte da área cultivada de cacau é administrada por terceiros.

Nesses estabelecimentos, a característica dominante é a grande extensão

das fazendas. A tabela acima apresenta características dos produtores

segundo sua condição na relação produtiva, ou seja, quantos do total de

agricultores são proprietários, arrendatários, parceiros ou ocupantes.

Observa-se uma ampliação bastante significativa nos contratos de

arrendamento, no entanto, sem ampliar a área na mesma proporção.

Muitos fazendeiros, mediante a atual crise, também liquidaram suas

terras através de vendas a preços relativamente baixos. Confiscos por

dívidas com bancos também foram observados. De certa forma, esta

dinâmica provocou uma nova onda de concentração da propriedade

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agrícola, contudo poucos produtores obtinham recursos financeiros

disponíveis para aquisições de novas áreas.

A cultura da banana no território foi sempre uma subsidiária do

cacau, servindo como sombreamento dessa cultura, com pouca

importância econômica até antes da crise. A exploração da banana é de

caráter extensivo, com tratos culturais inadequados. O reduzido potencial

de cultivares, o porte elevado de algumas bananeiras, os problemas

fitossanitários e a descapitalização dos produtores são os principais

entraves ao desenvolvimento da bananicultura no território. A partir da

década de 1990, porém, esta cultura vem saindo da posição secundária,

de sombreadora do cacau, para se constituir ao lado de outras frutas em

mais de uma alternativa de renda do produtor do território.

O território produz 35.631 toneladas de banana, correspondendo a

25% da produção do Estado. A produção no território concentra-se nos

municípios de Itajuípe, Ilhéus, Coaraci, Itacaré e Ubaitaba, participando

com 58% da produção total.

A mandioca é outra cultura adjacente ao cacau, servido-lhe também

como sombreamento, porém com bolsões específicos de pequenos

produtores nos serrados de Ilhéus, no Sururu em Buerarema, na Vila

Brasil em Una, produzindo farinha de boa qualidade. No município de

Canavieiras também se encontra, concentração de produtores de farinha.

É uma cultura de caráter extensivo, porém de grande importância na

segurança alimentar e mesmo na renda do agricultor familiar. O território

produz10 48.265 toneladas, com a produção concentrada nos municípios

de Una, Canavieiras, Ilhéus, Ibicaraí, Uruçuca e Aurelino Leal que juntos

participam com 67% da produção.

10 Dados da PAM, 2003.

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O côco da Bahia é uma cultura de grande potencial econômico para

o território, desde que seja desenvolvida através de plantios

sistematizados. No território, o cultivo é de natureza extensiva. A idade

dos coqueiros e a ausência de tratos culturais são fatores responsáveis

pelo baixo rendimento do produto. No território a quase totalidade da

produção é usada para alimentação humana, na sua forma natural ou

industrializada, e só o refugo vai para o fabrico de óleo, principal derivado

do côco. A produção se restringe praticamente aos municípios de Maraú,

Ilhéus, Una, Canavieiras e Itacaré, com 93% da produção do território.

O café é uma cultura emergente no território e vem sendo

introduzida de forma desordenada, inclusive nos assentamentos de

reforma agrária, com sérios prejuízos à Mata Atlântica, visto que seu

plantio vem sendo realizado com a derrubada quase total da cobertura

vegetal existente. A espécie mais difundida é o café conilon, utilizado

muito mais no processo de mistura na fabricação de café solúvel. Com a

queda dos preços nacionais e internacionais vem ocasionando um certo

desestímulo por parte dos produtores. A produção de café no território

ainda é inexpressiva, participando apenas com 0,2% do total do Estado.

Os municípios de Arataca e Camacan participam com quase 60% da

produção total do território.

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III.3 - Estabelecimentos Rurais Segundo o Grupo de Atividade Econômica.

Almadina 243 32 167 32 12Arataca 636 9 4 607 9 7Aurelino Leal 535 37 3 399 68 28Barro Preto 238 225 4 8 1Buerarema 659 22 570 44 22 1Camacã 843 23 8 644 77 20 70 1Canavieiras 1.699 128 6 930 426 62 146 1Coaraci 567 91 428 32 14 2Floresta Azul 594 26 2 281 243 41 1Gongogi 145 14 74 34 23Ibicaraí 1.167 89 59 721 220 41 35 2Ibirapitanga 929 27 13 877 2 10Ilhéus 4.674 424 38 3.826 101 151 127 1 6Itabuna 643 4 322 259 41 17Itacaré 2.209 222 7 1.934 21 17 7 1Itaju do colônia 223 1 48 163 11Itajuípe 1.119 96 78 919 23 3Itapé 586 18 14 127 381 36 9 1Itapitanga 2.380 345 249 20 881 534 350 1Jussari 370 2 211 139 15 3Maraú 2.123 116 2 1.896 27 43 39Mascote 506 14 1 324 126 25 13 3Pau Brasil 474 6 1 352 90 23 2Santa Luzia 1.339 85 1.047 132 5 70São José da Vitória 156 2 134 16 3 1Ubaitaba 305 1 2 275 14 13Ubatã 881 69 14 753 29 16Una 2.274 331 8 1.644 129 76 86Uruçuca 760 24 3 693 18 12 10

a) Total do Território 29.277 2.256 836 20.385 3.522 1.288 973 2 15

b) Total do Estado 699.126 241.831 7.122 105.228 219.714 104.629 17.866 238 2.498

c) % de a/b 4,2 0,9 11,7 19,4 1,6 1,2 5,4 0,8 0,6

Prod. Mista (Lavoura e Pecuária)

Silvic. Expl. Flor.

Pesca e Aqüicultura

Carvão Vegetal

MunicípiosTotal de

Estabelecimentos Rurais

Estabelecimentos Rurais Por Grupos de Atividade Econômica

Lavoura Temp.

Hort. e Produtos de Viveiro

Lavoura Perman. Pecuária

Pecuária

A bovinocultura é o sistema produtivo de segunda importância no

território e que ocupa maior extensão de terras, sendo

predominantemente de corte, porém a produção de leite11 está presente

Esta expansão varia em decorrência das crises cíclicas da lavoura

cacaueira. A pecuária como um todo abrange cerca de 359.946 ha. A 11 Como forma de dinamizar tal atividade no Território, no PPA foi direcionado como Eixo de Desenvolvimento ações de Instalação e implementação de unidades de beneficiamento.

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atividade bovina é de baixa produtividade em função do não uso de

tecnologias inadequadas no manejo dos rebanhos e das pastagens.

O rebanho alcança o número de 359.090 cabeças, participando com

3,6% do total do Estado. Os municípios de Aurelino Leal, Ilhéus,

Itapitanga e Pau Brasil somam 161.671 cabeças, o que significa 45% do

total do território. A produção de leite representa a mesma característica

de concentração, sendo os municípios de Aurelino Leal, Itabuna, Itapé,

Itapitanga, Jussari, Pau Brasil e Floresta Azul, os principais produtores

com a produção de 17.654 mil litros correspondendo a 75% da produção.

A suinocultura é extensiva e de subsistência voltado para o

autoconsumo e mercados locais. Os municípios de Canavieiras, Ilhéus,

Mascote e Pau Brasil concentram quase metade do número de cabeças do

território, cerca de 48%.

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PARTE III

Aspectos gerais da produção agropecuária

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Estrutura Fundiária

A estrutura fundiária mostra-se como decisiva na heterogeneidade

espacial observada, bem como na concentração de renda, riqueza e

serviços, ocasionando a exclusão social de milhares de famílias.

Decorrentemente, observou-se o desemprego de milhares de

trabalhadores rurais que migraram para os centros urbanos locais, e

muitas vezes desprovidos das qualificações profissionais demandadas.

Assim, foi gerado um elevado contingente de mão-de-obra excedente que

favoreceu a inserção dos movimentos sociais de luta pela terra em todo

Território, acontecendo em paralelo o fortalecimento da pequena

propriedade de agricultores familiares.

As grandes propriedades rurais sempre estiveram envolvidas com a

monocultura do cacau, enquanto os pequenos estabelecimentos

preponderam mais ao leste, próximos ao mar, onde a cultura do cacau

não tem tanta influência. A expansão da fronteira agrícola nestas

localidades é recente (anos 60 e 70) e estão mais relacionadas à

fruticultura, ao extrativismo vegetal (piaçava) e à produção de mandioca.

A dinâmica agrária é influenciada por uma série de fatores tais como

a divisão das terras por herança, as mudanças de residência por motivos

diversos (mais freqüente nas pequenas propriedades) e as dificuldades

econômicas advindas, tanto da sustentabilidade financeira do

estabelecimento rural, quanto de outros empreendimentos que o

proprietário possa obter.12 Neste sentido, torna-se difícil determinar a

medida correta dos impactos da crise da economia cacaueira na

distribuição de terras. Contudo, em parte dos anos 60 e 70 e mais,

contemporaneamente, a partir de meados dos anos 80, os cacauicultores

vivenciaram duas das maiores crises cuja sociedade cacaueira já havia 12 Neste caso, desfazer-se de bens como “a terra” pode significar uma solução para a saúde financeira de outros empreendimentos, sejam eles comerciais, industriais ou mesmo de outra parte da lavoura.

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enfrentado. Portanto, um incremento nas relações de compra e venda de

terras, nestas duas épocas, pode ser entendido como resultado dessas

crises.

A tabela III. 9 abaixo demonstra uma concentração de terras nos

estratos de estabelecimentos cujas áreas variam entre 200 a 500 ha, 500

a 1000 ha e 1000 e 2000 ha. Essas relações referem-se basicamente à

grande crise que abate a cacauicultura desde meados dos anos 80.

III.9 - Estabelecimentos Rurais, conforme os Grupos de Área

Almadina 60 16 58 37 33 31 4 4 243Arataca 171 98 159 107 64 33 3 1 636Aurelino Leal 182 63 103 80 53 37 11 6 535Barro Preto 19 28 78 56 44 11 2 238Buerarema 223 164 158 74 28 10 2 659Camacã 138 133 258 163 90 54 6 1 843Canavieiras 742 337 300 171 79 57 13 1.699Coaraci 161 140 124 77 36 24 4 1 567Floresta Azul 261 97 109 56 31 28 6 6 594Gongogi 14 28 35 16 22 18 8 4 145Ibicaraí 574 168 263 95 39 26 1 1.166Ibirapitanga 321 167 219 116 74 29 3 929Ilhéus 2.001 831 1.039 461 210 104 24 4 4.674Itabuna 376 31 82 81 53 18 1 1 643Itacaré 1.255 371 322 131 77 38 12 3 2.209Itaju do colônia 8 7 23 27 35 48 56 19 223Itajuípe 441 188 280 130 60 18 1 1.118Itapé 209 74 125 76 51 36 14 1 586Itapitanga 1.064 604 527 145 34 5 1 2.380Jussari 103 79 96 36 27 21 5 3 370Maraú 1.172 367 332 134 54 47 15 2 2.123Mascote 59 65 141 122 57 41 10 8 503Pau Brasil 89 64 131 91 40 37 13 9 474Santa Luzia 330 233 460 156 90 55 14 1 1.339São José da Vitória 12 37 53 27 18 8 1 156Ubaitaba 103 41 64 49 19 24 5 305Ubatã 400 155 157 100 33 32 4 881Una 498 643 756 221 88 48 11 9 2.274Uruçuca 234 103 186 110 89 30 7 759

a) Total do Território 11.220 5.332 6.638 3.145 1.628 968 257 83 29.271

b) Total do Estado 401.734 98.456 110.086 43.210 22.301 14.777 4.796 3.563 698.923

c) % de a/b 2,79 5,42 6,03 7,28 7,30 6,55 5,36 2,33 4,19

Mais de 500 a 1000

ha

Mais de 1000 ha

Municípios

Estabelecimentos (nº)

Total de Estab.Até 10 ha Mais de 10

a 20 haMais de 20

a 50 haMais de 50 a 100 ha

Mais de 100 a 200

ha

Mais de 200 a 500

ha

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III.11 - Área ocupada pelos estabelecimentos rurais, conforme os grupos de área.

Almadina 313 223 1.697 2.654 4.530 9.372 2.394 5.900 27.083Arataca 807 1.426 5.115 7.403 8.725 9.602 1.518 1.045 35.641Aurelino Leal 609 848 3.460 5.468 7.062 11.471 7.404 7.757 44.079Barro Preto 86 378 2.579 3.964 5.812 3.247 1.500 17.566Buerarema 1.055 2.281 5.014 5.156 3.678 3.050 1.419 21.653Camacã 588 1.877 8.305 11.280 12.383 15.552 4.155 1.500 55.640Canavieiras 2.845 4.241 9.052 11.152 10.294 16.433 8.552 62.569Coaraci 510 1.843 3.776 5.392 5.021 7.330 2.786 1.700 28.358Floresta Azul 940 1.290 3.335 3.770 4.218 8.415 4.244 9.384 35.596Gongogi 101 371 1.232 1.120 2.984 5.579 5.961 8.070 25.418Ibicaraí 1.417 2.370 7.856 6.405 4.873 6.839 542 30.302Ibirapitanga 1.677 2.152 6.659 8.220 10.227 8.050 1.882 38.867Ilhéus 7.755 11.201 31.443 31.408 28.384 30.884 15.736 5.390 162.201Itabuna 591 453 2.664 5.516 7.134 5.207 500 2.000 24.065Itacaré 3.339 4.826 9.261 8.821 10.153 11.362 8.381 4.018 60.161Itaju do colônia 60 114 712 1.898 5.399 15.472 39.613 46.364 109.632Itajuípe 1.156 2.612 8.833 8.865 7.737 5.182 900 35.285Itapé 1.007 982 3.884 5.497 7.337 10.576 8.729 1.865 39.877Itapitanga 5.065 7.632 15.246 9.087 3.943 1.328 506 42.807Jussari 585 1.071 2.905 2.503 3.650 6.081 3.136 5.900 25.831Maraú 3.869 4.694 9.697 9.187 7.355 13.715 9.859 3.700 62.076Mascote 285 892 4.516 8.362 7.253 11.668 6.264 12.257 51.497Pau Brasil 452 892 4.219 6.381 5.605 11.339 8.411 10.743 48.042Santa Luzia 1.629 3.157 13.738 10.479 12.009 15.081 9.055 3.000 68.148São José da Vitória 61 512 1.597 1.915 2.143 2.332 700 9.260Ubaitaba 457 567 2.026 3.411 2.769 7.322 3.871 20.423Ubatã 1.753 1.980 4.828 6.953 4.368 8.803 2.926 31.611Una 2.518 8.834 23.099 14.747 11.470 15.668 7.954 20.394 104.684Uruçuca 1.024 1.446 6.097 7.803 12.368 8.963 4.632 42.333

a) Total do Território 42.554 71.165 202.845 214.817 218.884 285.923 173.530 150.987 1.360.705

b) Total do Estado 1.373.887 1.324.013 3.297.536 2.912.703 2.979.356 4.429.124 3.219.130 10.307.151 29.842.900

c) Part. no Total (%) 3,1 5,2 14,9 15,8 16,1 21,0 12,8 11,1 100,0

Municípios

Área ocupada (ha)

Área total (ha)Até 10 ha Mais de 10

a 20 haMais de 20

a 50 haMais de 50 a 100 ha

Mais de 100 a 200

ha

Mais de 200 a 500

ha

Mais de 500 a 1000

ha

Mais de 1000 ha

A maior de todas as crises iniciou-se nos anos 80 e estende-se até

os dias atuais com quedas sucessivas dos preços do cacau nas bolsas de

mercadorias. No período, aconteceu a maior seca de que se tem notícia

em toda região e, finalmente a doença da vassoura de bruxa na década de

90.

A vassoura de bruxa começou a acometer os cacauais da Bahia já

no final dos anos 80, mas seu ápice ocorreu nos anos 90, paralelamente,

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os preços internacionais do cacau despencavam,13 o que agravou ainda

mais a crise. Muitos produtores simplesmente abandonaram as roças,

outros formaram sistemas de parceria com trabalhadores. A maioria das

parcerias foi feita por arrendamentos ou na divisão ao meio, tanto do

produto, quanto das despesas - a tradicional “meia”. Isto reduziu o

impacto dos custos de mão-de-obra e insumos sobre a renda gerada aos

proprietários.

A atual crise abala, significativamente, a economia regional, uma

vez que reduziu drasticamente a sua maior fonte de renda e a quantidade

de moeda em circulação. O desemprego rural e urbano (derivado da crise

da economia cacaueira) tornou-se um problema ainda mais preocupante,

pois, com a decadência da monocultura do cacau, grande contingente de

mão-de-obra foi dispensado e permanece sem ocupação.

Concomitantemente, muitas indústrias da cadeia do cacau encerraram

suas atividades e dispensaram trabalhadores, pois, com a falta de matéria

prima, a externalidade relativa à localização tornou-se inexistente.

A quantidade de pessoal ocupado aumentou quando da implantação

do “pacote tecnológico”, elaborado pela CEPLAC, nos anos 70, pois eram

necessárias maiores quantidades de mão-de-obra para executar a

aplicação de adubos e defensivos e outros tratos culturais (colheita, poda

e outros). Estas ocupações acabaram, de certa forma, aumentando o

emprego permanente em detrimento do emprego temporário. Entretanto,

com a atual crise vivenciada desde meados de 80, a redução da produção

provocou uma queda generalizada em todos tipos de ocupações. Com o

agravamento da crise no período posterior ao censo este número

atualmente deve permanecer num nível mais elevado, atualmente estima-

se ainda que existam no território em torno de 200.000 desempregados.

13 Em decorrência da superprodução mundial do produto, notadamente nos países da África, como Costa do Marfim e Ghana.

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III.13 - Pessoal ocupado nos estabelecimentos rurais, conforme os grupos de área.

Almadina 237 73 308 244 276 280 31 42 1.491Arataca 352 277 596 659 520 718 37 8 3.167Aurelino Leal 182 63 103 80 53 37 11 6 535Barro Preto 43 80 282 291 430 97 20 1.243Buerarema 628 571 777 560 321 147 45 3.049Camacã 378 496 1.085 1.056 788 845 68 12 4.728Canavieiras 2.845 4.241 9.052 11.152 10.294 16.433 8.552 62.569Coaraci 307 367 520 483 335 219 9 3 2.243Floresta Azul 781 462 584 422 355 471 45 199 3.319Gongogi 39 89 128 67 154 138 99 147 861Ibicaraí 1.313 796 1.460 591 349 370 14 4.893Ibirapitanga 903 619 1.138 1.031 1.042 491 219 5.443Ilhéus 6.690 3.447 5.883 3.612 2.986 1.942 710 84 25.354Itabuna 526 135 369 459 448 251 41 2 2.231Itacaré 3.175 1.307 1.286 786 703 659 145 23 8.084Itaju do colônia 14 9 76 60 145 214 283 167 968Itajuípe 840 597 1.424 1.022 558 177 15 4.633Itapé 498 308 564 409 405 386 222 53 2.845Itapitanga 2.604 1.835 1.697 509 138 25 6 6.814Jussari 297 338 566 410 443 372 214 144 2.784Maraú 3.491 1.202 1.413 799 417 534 402 19 8.277Mascote 168 231 543 585 352 319 155 166 2.519Pau Brasil 291 176 428 424 259 356 163 78 2.175Santa Luzia 558 561 1.441 931 907 506 241 11 5.156São José da Vitória 35 94 186 122 101 93 14 645Ubaitaba 237 102 205 271 168 217 130 1.330Ubatã 1.510 692 1.408 1.251 608 638 67 6.174Una 1.229 1.698 2.733 1.104 690 539 263 720 8.976Uruçuca 1.015 519 1.071 794 1.102 672 142 5.315

a) Total do Território 31.186 21.385 37.326 30.184 25.347 28.146 12.363 1.884 187.821

b) Total do Estado 1.261.468 359.043 423.786 187.105 110.747 86.677 35.400 43.946 2.508.172

c) Part. no Total (%) 16,6 11,4 19,9 16,1 13,5 15,0 6,6 1,0 100,0

Mais de 500 a 1000

ha

Mais de 1000 ha

Municípios

Pessoal ocupado (trabalhadores)

TotalAté 10 ha Mais de 10 a 20 ha

Mais de 20 a 50 ha

Mais de 50 a 100 ha

Mais de 100 a 200

ha

Mais de 200 a 500

ha

Além de trazer sérios transtornos econômicos e sociais ao território.

A atividade cacaueira em 1990 e 1991 era responsável por mais de 20%

do valor bruto da produção agrícola do Estado, sofrendo uma retração em

1992 quando o cacau passa a contribuir com apenas 17,7% para a

formação desse agregado.

As razões da crise tem sido evidenciadas nos aspectos agronômicos

com a vassoura-de-bruxa e a podridão parda, principalmente esta

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primeira como grandes responsáveis pela queda vertiginosa da produção e

da produtividade com a conseqüente descapitalização dos produtores.

A concorrência do Sudeste Asiático, principalmente da Malásia,

Indonésia e Costa do Marfim, aliada a própria crise do mercado

internacional foram realmente elementos desestruturadores da economia

cacaueira.

Porém fatores estruturais devem ser salientados como a

dependência mútua entre cacauicultores e Estado e a perda de liquidez

desta instituição; descaso dos cacauicultores pela diversificação de

atividades e renovação dos cacauais; expansão da fronteira agrícola em

300.000 ha (46% da área total plantada) em regiões não propícias, onde

os custos de produção tornaram a cultura praticamente inviável.

Os cacauicultores vêm buscando saídas da crise com a introdução da

clonagem dos cacauais, voltando à prática dos tratos culturais sem o uso

intensivo de agrotóxicos, diversificação agrícola e de atividades como o

turismo rural e o eco-turismo, verticalização da produção. A região já vem

dando sinais de recuperação, apontando para uma nova matriz de

Desenvolvimento Rural.

Outro fator que está relacionado à distribuição fundiária, entretanto,

no sentido contrário à concentração, são os assentamentos de reforma

agrária. Os movimentos sociais que lutam pela distribuição de terras, no

Território, são remanescentes dos movimentos criados no extremo Sul da

Bahia, contudo, somente se concretizaram na região a partir dos anos

1990. A origem dos adeptos dessas organizações é, sobretudo, de

trabalhadores rurais que foram dispensados durante a última crise da

cacauicultura nos anos 90 e finais dos anos 80. Muitos deles moravam nas

sedes das fazendas e com a dispensa foram expulsos e passaram a

habitar as periferias das cidades da região. Como a posse da terra na

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região é bastante concentrada, e a crise promoveu uma intensa demissão

de trabalhadores, houve espaço suficiente para as invasões,

desapropriações e, conseqüentemente, a instalação de projetos de

reforma agrária.

Segundo dados fornecidos pelo INCRA, a território é composto

atualmente por 58 Assentamentos de Reforma Agrária, perfazendo uma

área de aproximadamente 38.414,45 ha e beneficiando 2.194 famílias

assentadas. Sendo que os municípios de Ilhéus e Una apresentam a maior

quantidade de assentamentos, com 11 e 6 assentamentos

respectivamente.

As ações de reforma sempre foram demandadas no território com

grande intensidade, não só pela grande concentração fundiária (pelo

sistema da multipropriedade) como pelo desemprego generalizado e a

presença de um forte capital social, notadamente movimentos sociais

voltados à questão da terra e do meio ambiente. É necessário salientar

que, o processo de desapropriação foi agente facilitador a partir da

descapitalização de médios e grandes produtores, realidade observada

após a crise.

A reforma agrária vem sinalizando para uma nova matriz de

Desenvolvimento Rural não só no que diz respeito à busca da

democratização da terra como pela prática da diversificação da atividade

agrícola com sistemas alternativos de produção a exemplo da agricultura

orgânica. Porém a cultura da propriedade privada é bastante arraigada no

território fato que tem levado os assentados a transformarem antigas

fazendas de cacau em um aglomerado de minifúndios. É um desafio às

entidades, movimentos sociais e órgãos de apoio contribuir para que os

assentados internalizem os assentamentos como unidades associativas de

produção numa região de tanto potencial.

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III.1 - Utilização da terra

Em Prudut.Perm. Temp. Nat. Plant. Nat. Plant. Descanso Não Utiliz.

Almadina 6.962 261 14.717 220 3.602 15 155 343 27.082Arataca 20.033 250 3.316 2.357 6.408 326 683 804 35.641Aurelino Leal 12.001 103 11.051 12.600 4.574 204 1.161 1.358 44.080Barro Preto 12.084 32 1.880 486 1.907 131 74 508 17.567Buerarema 10.587 186 2.962 1.375 2.953 83 340 2.457 21.653Camacã 25.996 348 2.970 8.366 8.912 203 268 7.734 55.639Canavieiras 11.753 522 8.154 18.266 11.914 545 1.230 6.007 62.569Coaraci 10.868 363 8.316 1.408 5.052 75 294 1.365 28.358Floresta Azul 6.762 519 22.292 590 2.930 52 90 398 35.595Gongogi 4.705 433 11.596 3.511 3.056 205 296 1.370 25.417Ibicaraí 14.159 324 3.196 6.782 2.344 96 235 1.374 30.302Ibirapitanga 18.865 385 5.029 2.296 8.735 405 975 1.299 38.867Ilhéus 82.795 2.727 15.390 10.822 30.030 800 2.066 10.817 162.200Itabuna 14.285 785 3.809 1.572 1.028 40 146 1.512 24.065Itacaré 21.536 1.138 6.228 3.277 19.898 567 1.742 3.461 60.161Itaju do colônia 2.894 223 87.674 1.899 11.182 78 2.513 303 109.631Itajuípe 26.013 234 1.432 3.206 1.984 163 57 1.405 35.286Itapé 2.714 135 33.552 391 957 146 114 962 39.877Itapitanga 39 4.310 10.477 11.127 6.064 113 2.709 3.585 42.807Jussari 7.354 125 12.503 16 3.582 60 109 1.485 25.830Maraú 26.276 1.001 6.887 3.923 15.239 677 867 3.234 62.074Mascote 10.811 148 2.388 22.092 11.058 292 385 3.079 51.497Pau Brasil 11.943 389 24.310 4.305 4.651 251 236 944 48.043Santa Luzia 19.381 610 16.047 4.712 21.100 203 503 4.702 68.147São José da Vitória 4.087 45 3.062 71 1.441 81 49 123 9.260Ubaitaba 10.224 103 2.429 3.173 2.799 211 108 395 20.423Ubatã 14.356 624 6.840 380 4.691 22 543 2.162 31.611Una 44.779 1.694 8.574 6.978 34.069 582 1.849 3.395 104.683Uruçuca 23.903 288 4.919 1.175 7.582 96 2.338 897 42.334

a) Total do Território 478.165 18.305 342.000 137.376 239.742 6.722 22.135 67.478 1.360.699

b) Total do Estado 1.348.743 2.541.086 7.836.814 6.652.955 6.839.132 297.429 947.919 2.193.781 29.842.900

c) % de a/b 35,5 0,7 4,4 2,1 3,5 2,3 2,3 3,1 4,6

TotalMunicípios Culturas Pastagens Matas e FlorestasUtilização da Terra ( hectares )

O território conta com a instalação de 54 assentamentos do Incra e

5 do Estado, totalizando 2.537 famílias assentadas com média de 45 por

projeto. Destacam-se os municípios de Ilhéus e Una com 11 e 6

assentamentos respectivamente.

Os acampamentos de sem terra estão distribuídos em 17

municípios, destacando-se os municípios de Ilhéus, Itabuna e Ubaitaba

com mais da metade dos acampados, de um total de 59 com 3.620

famílias. A reforma agrária vem sinalizando para uma nova matriz de

Desenvolvimento Rural não só no que diz respeito à busca da

democratização da terra como pela prática da diversificação da atividade

agrícola com sistemas alternativos de produção a exemplo da agricultura

orgânica. Porém ha muito ainda a se fazer, pois a cultura da propriedade

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privada é bastante arraigada no território fato que tem levado os

assentados a transformarem antigas fazendas de cacau em um

aglomerado de minifúndios. É um desafio às entidades, movimentos

sociais e órgãos de apoio contribuir para que os assentados internalizem

os assentamentos como unidades associativas de produção numa região

de tanto potencial.

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PARTE IV

Ações de desenvolvimento rural sustentável

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Aspectos da institucionalidade presente no Território

O território dispõe de um excelente capital social presença de

movimentos sociais ligado às questões da terra, meio ambiente, sindicais,

Ongs e órgãos públicos e entidades privadas voltadas para o

desenvolvimento econômico, político social do setor rural. A seguir

enumeramos essas institucionalidades:

ROPOSIÇÕES LEGITIMADAS PELO TERRITÓRIO

Para que haja uma intervenção harmoniosa, que atenda aos anseios

dos atores territoriais, na perspectiva de alterar padrões tradicionais para

uma nova realidade, se faz necessário implementar ações que atentem

para o compromisso com o Desenvolvimento Sustentável, assegurando:

Verticalização da produção e Certificação – Marca da

Agricultura familiar

Embora não tão pujante como nos anos anteriores, a cacauicultura é

a própria fisionomia do Território, com o caráter de pertencimento de toda

a região. Trata-se de cultura de fácil comercialização e linhas de

financiamento. Levando-se como pontecialidades a existência de

Universidade e Escolas Técnicas (produção e difusão de conhecimento),

além de órgão de assistência técnica e pesquisa (CEPLAC) – presente em

todo o território e sustentável economicamente, devido às técnicas

conservacionistas utilizadas atualmente.

Outros pontos favoráveis ao seu desenvolvimento têm-se a

proximidade com o Porto Internacional de Malhado, em Ilhéus; um parque

industrial já implantado, bem como vias de escoamento da produção com

as BR’s 101 e 116. O fator dinamizador da cultura para o território é sua

verticalização e certificação, além de aproveitamento dos sub-produtos e

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incrementar o turismo rural utilizando as rotas ecológicas das antigas

fazendas, fortalecendo o sistema produtivo.

No território já é identificada uma forte vocação para a produção

orgânica devido a necessidade de preservação da mata atlântica, dos

mananciais da biodiversidade da flora e fauna, etc.

Fortalecimento do Associativismo

Fortalecer as estruturas associativas e cooperativas existentes,

visando uma participação na geração do emprego e renda e uma

distribuição mais eqüitativa da riqueza regional; Estimular mudanças de

atitudes, hábitos e valores, no sentido de melhor harmonização das

relações sociais e da organização dos agronegócios. O Desenvolvimento

deste território hoje passa pelas ações das organizações de base da

Agricultura Familiar em comunidades Assentadas e Tradicionais, as

principais deficiências: Estradas, energia, capacidade de gerenciamento, a

operacionalização da produção com agregação de valor, comercialização

coletiva (capital de giro/transporte), a participação principalmente de

Mulheres e à fixação dos Jovens no meio rural.

Capacitação

O Fortalecimento Institucional, a Agroindústria/Comercialização via

empresa cooperativa funcionam como mola mestra deste

desenvolvimento. Devendo promover o empoderamento das organizações

de base comunitária, através de investimentos em Capacitação continuada

das famílias e lideranças, nas ações da equipe de acompanhamento

técnico objetivando o desenvolvimento humano, potencializando a

participação comunitária na gestão e operacionalização da Produção

orgânica, na Agroindústria local articulada em rede e Comercialização

certificada via empresas cooperativas de base local (independente),

articuladas em rede Territorial por uma central de cooperativas

(associadas).

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Criar condições de autogestão progressiva das ações relativas á

região, fortalecendo os órgãos de gestão locais e territoriais para

assessorar e prestar assistência às empresas, comunidades, e instituições,

visando a realização de suas missões de forma eficiente.

Educação rural – resgate cultural e histórica do território

Preservação do patrimônio arquitetônico, articulando as entidades

do Território, envolvendo o poder público e realizando campanhas

permanentes para valorização desse patrimônio; Investimento nas

universidades do Território para realização de estudos e pesquisas que

proporcionem um pensamento Territorial; Ênfase ao turismo histórico e

ecoturismo para ampliar as possibilidades turísticas do Território;

Realização de campanhas para preservação do patrimônio ambiental,

valorizando os rios do Território pelo seu papel histórico na integração do

Território; Fortalecimento das organizações comunitárias e das

organizações da sociedade civil em geral, envolvendo mulheres, idosos e

jovens nesse processo. Transmitir aos diversos segmentos da população

os conceitos e informações necessárias à formação de valores culturais

conservacionistas, encontras-te à postura extrativista hoje predominante.

Infraestrutura

Saneamento, Saúde, energia e habitação rural

Estimular e reforçar o trabalho das prefeituras, empresas e outros

órgãos afins para que os mesmos possam intervir de forma adequada na

gestão dos recursos hídricos e dos solos urbanos, bem como minimizando

as carências habitacionais em médio prazo e buscando soluções a longo

prazo; Desenvolver processos educativos que reorientem os valores e

comportamento da população, sobretudo com relação a questão do lixo,

tornando-os favoráveis à melhoria da qualidade de vida e do ambiente

urbano e rural.

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A equidade no acesso à terra

Promover a reforma agrária com a desapropriação dos latifúndios e

instalação de assentamentos; como também implementação da

regularização e titulação dos imóveis rurais.

O desenvolvimento político/institucional do Território

Estímulo à constituição de organizações que viabilizem a

participação da sociedade civil; Apoio gerencial às instituições da

sociedade civil; Desenvolvimento de um processo educativo aluno/

professor com vistas à consciência participativa; Estímulo à realização de

parcerias entre setor público e a sociedade civil; Identificação de

mecanismos capazes de fortalecer e aumentar a capacidade da

administração tributária dos municípios; Aumento ou criação de formas de

supervisão e controle dos atos públicos, visando a transparência dos

gestores públicos; Abertura de canais de comunicação entre as câmaras

de vereadores e a sociedade, em relação a projetos de lei e ao

acompanhamento dos mesmos.

1. Melhoria e ampliação dos Pontos de comercialização

Constatamos que foi ponto sempre questionável a venda de

produtos no Território. Seja pela precariedade da transformação, mas

sobretudo pelo estado atual das feiras-livres nos municípios. Ou até

mesmo a formação de um ponto próprio de comercialização da agricultura

familiar nos municípios do Território.

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Turismo rural – dinamização das rotas ecológicas

Desenvolver a atividade turística como geradora de renda, emprego

e proteção do lazer nas suas mais variadas modalidades, assegurando a

preservação do meio ambiente físico, do patrimônio histórico e da cultura

territorial.

2. Ações de Integração das Populações excluídas ao

Desenvolvimento Sustentável

Valorização da Mulher, Jovens e Crianças. Incorporar as populações

e os grupos sociais excluídos - mulheres, jovens, crianças, índios,

quilombolas, artesãos e ribeirinhos - ao processo de Desenvolvimento

Sustentável, de forma que a médio e longo prazos adquiram condições

para a satisfação das suas necessidades básicas.

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PRIMEIRAS CONCLUSÕES

A crise do cacau mostrou o quanto é ilusório a tese da abundância e

da riqueza do território do Litoral Sul, onde a concentração fundiária e da

riqueza, a constante agressão à natureza, uma política pública rural

setorializada e verticalizada, impediram um real desenvolvimento rural

sustentável, mesmo com tantas potencialidades.

Porém a sociedade civil vem avançando os movimentos sociais vem

pondo na pauta do dia as questões da democratização da terra, da

preservação do meio ambiente, da distribuição da renda e de uma gestão

pública participativa, onde já se vislumbra uma nova matriz de

desenvolvimento rural tendo como pressuposto de bem-estar da

população do território.

As ações planejadas estão em conformidade com as demandas

territoriais, tanto no que se refere ao desenvolvimento e diversificação da

base produtiva local, como no que tange à ampliação do acesso ao crédito

aos agricultores familiares, extensão rural, e sustentabilidade ambiental

do desenvolvimento local.

Todavia, apesar da pertinência dos eixos estratégicos não há a

sinalização para um plano de efetivação concreta das ações planejadas,

em termos de definição de metas físicas e financeiras para a sua

execução. Mas é necessária a efetivação de ações através de uma

articulação entre os programas e instituições governamentais diretamente

responsáveis por sua execução. No entanto, a definição das metas e ações

por parte das instituições nem sempre ocorre de maneira integrada,

ocasionando morosidade e/ou sobreposições na definição de projetos e

aplicação dos recursos.

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ANEXOS

QUADRO SITUACIONAL DAS AÇÕES PRONAF – INFRA 2003/2004, segundo dados CEF.

Território Sul

Nº do

contrato

Ano Proponente Localização Ação Valor Total Valor

Financimanto

Fase

157502-73 2003 CRASBA Buerarema Pronaf – Inf/Serv 31.754 28.750

157421-94 2003 PM Buerarema Buerarema Pronaf – Inf/Serv 304.953 296.070 20,62% (Atrasada)

157499-23 2003 Coopasb Ilhéus Pronaf – Inf/Serv 36.272 32.645

157428-63 2003 PM Ilhéus Ilhéus Pronaf – Inf/Serv 264.600 252.000 Concluída

157500-55 2003 CoopercentroSul Itabuna Pronaf – Inf/Serv 36.272 32.645

157956-63 2003 IESB Ilhéus Pronaf Capacit. 60.249,60 40.000

169472-69 2004 Fund. Pau Brasil Ilhéus Pronaf. Ass.

Técnica

814.000,80 770.534,80 Não-iniciada

171650-62 2004 Fund. Pau Brasil Ilhéus Pronaf. Ass.

Técnica

393.820 349.992 Não-iniciada

167873-70 2004 PM Itabuna Itabuna Pronaf-Afem 306.000 300.000 Concluída

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Quadro: Municípios que compõem o Território Litoral Sul. Municípios Área (km²) Dist.Capital.

Almadina 247,8 460 Arataca 397,5 500

Aurelino Leal 448 370 Barro Preto 121 454 Buerarema 210,3 450 Camacan 635,2 526

Canavieiras 1.380,50 596 Coaraci 297,9 442

Floresta Azul 352,9 481 Ibicaraí 218,7 470 Ilhéus 1.847,70 465

Itabuna 444,8 433 Itacaré 732,9 428

Itaju do Colônia 1.221,80 499 Itajuípe 297 418 Itapé 444,8 454

Itapitanga 412 471 Jussari 358 490 Maraú 777,3 428

Mascote 711,7 544 Pau Brasil 611,7 551

Santa Luzia 788,1 564 São José da

Vitória 53,6 452

Ubaitaba 222,6 369 Una 1.163,50 548

Uruçuca 338,9 405

DERBA, 1998, SEI, IBGE, 2000.

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Quadro: Tipo climático dos municípios do Território Litoral Sul da Bahia – 1999

Municípios Tipo Climático

ALMADINA ÚMIDO A SUBÚMIDO ARATACA ÚMIDO E ÚMIDO A SUBÚMIDO AURELINO LEAL ÚMIDO A SUBÚMIDO E SUBÚMIDO A SECO BARRO PRETO ÚMIDO A SUBÚMIDO BUERAREMA ÚMIDO A SUBÚMIDO E SUBÚMIDO A SECO CAMACAN ÚMIDO A SUBÚMIDO E ÚMIDO CANAVIEIRAS ÚMIDO COARACI ÚMIDO A SUBÚMIDO E ÚMIDO FLORESTA AZUL ÚMIDO A SUBÚMIDO E SUBÚMIDO A SECO IBICARAÍ ÚMIDO A SUBÚMIDO E SUBÚMIDO A SECO ILHÉUS ÚMIDO E ÚMIDO A SUBÚMIDO ITABUNA SUBÚMIDO A SECO ITACARÉ ÚMIDO ITAJU DO COLÔNIA SUBÚMIDO A SECO ITAJUÍPE ÚMIDO E ÚMIDO A SUBÚMIDO ITAPÉ SUBÚMIDO A SECO ITAPITANGA ÚMIDO A SUBÚMIDO JUSSARI ÚMIDO A SUBÚMIDO E SUBÚMIDO A SECO MARAÚ ÚMIDO E ÚMIDO A SUBÚMIDO MASCOTE ÚMIDO E ÚMIDO A SUBÚMIDO PAU BRASIL ÚMIDO A SUBÚMIDO E SUBÚMIDO A SECO SANTA LUZIA ÚMIDO SÃO JOSÉ DA VITÓRIA ÚMIDO A SUBÚMIDO UBAITABA ÚMIDO A SUBÚMIDO UNA ÚMIDO URUÇUCA ÚMIDO Fonte: SE

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Quadro: Unidades de conservação da natureza

Unidades de Conservação da Natureza

Área Total (ha)

Administração

Municípios abrangidos

APA da Lagoa Encantada 1.800 Estadual Ilhéus APA da Península de Maraú 21.200 Municipal Maraú PA Serra das Candeias 3.051 Municipal Jussari APA Vale das Cascatas 5.880 Municipal Pau Brasil Parque Estadual da Serra do Conduru

7.000 Estadual Itacaré,Uruçuca,Ilhéus

Reserva Ecológica Cachoeira do Pau

... Municipal Ibirapitanga

Reserva Biológica de Uma 11.400 Federal Una Jardim Botânico de Ilhéus 359 Municipal Ilhéus RPPN Fazenda Araçari 110 Particular Itacaré RPPN Fazenda Paraíso 26 Particular Uruçuca RPPN Fazenda Sossego 5 Particular Uruçuca RPPN Fazenda São João 25 Particular Ilhéus RPPN Fazenda Arte Verde 10 Particular Ilhéus RPPN Reserva Salto Apepique 118 Particular Ilhéus RPPN Reserva São Paulo 25 Particular Ilhéus RPPN Estância de Manacá 95 Particular Ibicaraí RPPN Reserva Natural do Teimoso

200 Particular Jussari

RPPN Ecoparque de Una 83 Particular Una

Fonte: CRA, IBAMA, DOE, SEI, 2001

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Bacias hidrográficas e rios principais, Bahia – 1999.

Municípios Bacias Rios Almadina ALMADA RIO ALMADA

Arataca UNA RIBEIRÃO DO MEIO

RIO UNA/ALIANÇA

Aurelino Leal CONTAS RIO DE CONTAS

RIBEIRÃO DUAS IRMAS

Barro Preto COLÔNIA/CACHOEIRA RIBEIRÃO DO BOQUEIRÃO

Buerarema SANTANA RIO MACUCO

RIO SANTANA

Camacan PARDO RIO PANELÃO

RIO PANELINHA

Canavieiras PARDO RIO PARDO

CIPÓ CORR.DA RIBEIRA

Coaraci ALMADA RIO ALMADA

Floresta Azul SALGADO/COLONIA/CACH RIO SALGADO

RIBEIRÃO SALOMEA

Ibicaraí SALGADO/COLONIA/CACH RIO SALGADO

Ilhéus COLÔNIA/CACHOEIRA ALMADA RIO ALMADA

RIO CACHOEIRA

RIO FUNDÃO

RIO SANTANA

Itabuna COLONIA/CACHOEIRA RIO BURANDANGA

ALMADA RIO DOS CACHORROS

RIO CACHOEIRA

Itacaré CONTAS RIO DE CONTAS

Itajú do Colônia COLÔNIA/CACHOEIRA RIO COLÔNIA

Itajuípe ALMADA RIO ALMADA

Itapé COLÔNIA/CACHOEIRA RIO COLÔNIA

Itapitanga CONTAS RIO PONTAL DO SUL

GONGOJI RIO PONTAL

Jussari COLÔNIA/CACHOEIRA RIO PIABANHA RIBEIRÃO DO OLIMPO

Maraú PEQ.BACIAS/EST.MARAÚ Pequenas Bacias

Mascote PARDO CORREGO DO PEIXOTO

CORREGO VERDE

Pau Brasil PARDO RIO PARDO

R.AGUA PRETA/MOCAMBO

CORREGO MUNDO NOVO Santa Luzia UNA RIO ALIANÇA RIO SÃO PEDRO

São José da Vitória UMA RIO DE UMA

RIO DAS PUAIAS Ubaitaba CONTAS RIO DE CONTAS

RIBEIRÃO DO OURO Una UMA RIO DE UMA

RIBEIRÃO DA BARRAGEM

CORR.MORRO GRANDE Uruçuca ALMADA R.AGUA PRETA/MOCAMBO Fonte: SEI,1999

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