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Ano 06 - nº 030 - jul-ago-set de 2010 PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA IMPRESSO ESPECIAL 9912207139 - DR/RO Ministério Público Estadual CORREIOS ACORDO SEMEIA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL EM CACOAL

Ministério Público Estadual CORREIOS ACORDO SEMEIA

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Page 1: Ministério Público Estadual CORREIOS ACORDO SEMEIA

Ano 06 - nº 030 - jul-ago-set de 2010PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

IMPRESSO ESPECIAL9912207139 - DR/RO

Ministério Público EstadualCORREIOS

ACORDO SEMEIA RECUPERAÇÃO

AMBIENTAL EM CACOAL

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REVISTA INFORMATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA

Ano 06 - nº 030 - jul/ago/set de 2010

PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇAIvanildo de Oliveira

SUBPROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇAIvo Scherer

CORREGEDOR-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICOAirton Pedro Marin Filho

CHEFE DE GABINETE DA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

Marcos Valério Tessila de Melo

SECRETÁRIO-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICOHéverton Alves de Aguiar

COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA

Ivanildo de OliveiraEdmilson José de Matos Fonsêca

Abdiel Ramos FigueiraIvo Scherer

José Osmar de AraujoJosé Carlos Vitachi

Gilberto Barbosa Batista dos SantosCláudio José de Barros Silveira

Jackson Abílio de SouzaJulio Cesar do Amaral Thomé

Ivo BenitezRodney Pereira de PaulaOsvaldo Luiz de AraujoAirton Pedro Marin Filho

Cláudio Ribeiro de MendonçaCharles José Grabner

Charles Tadeu AndersonVera Lúcia Pacheco Ferraz de Arruda

Rita Maria Lima Moncks

ELABORAÇÃO E COORDENAÇÃOAssessoria de Comunicação

Jornalistas Responsáveis

Fábia AssumpçãoReg. Prof. 372 DRT/AL

Juliane BandeiraReg. Prof. 808 DRT/RO

RevisãoPedro Henrique Rocha Vilarim

PROJETO GRÁFICO E PRODUÇÃOSegraf/MPRO

As opiniões emitidas em matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores.E

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A Revista Informativa – MPRO é uma publicação trimestral editada pela Assessoria de Comunicação e Cerimonial (Ascom) do Ministério Público de Rondônia com o objetivo de divulgar as ações da Instituição. Acesse

também o nosso portal

www.mp.ro.gov.br

ISSN 1983-9022

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Editorial

Editorial

Você conhece o Ministério Público? Este foi o tema de uma campanha realizada em junho deste ano pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério

Público dos Estados e da União (CNPG) em parceria com a Rede Globo de Televisão, dentro do projeto “Cidadania, a gente vê por aqui”.

O principal objetivo do vídeo da campanha foi mostrar as funções do Ministério Público, estabelecidas a partir da Constituição de 1988, quando deixou de ser simplesmente um órgão acusador e se tornou uma instituição pública destinada a proteger e garantir os direitos do cidadão e defender especialmente os interesses da sociedade.

O Ministério Público de Rondônia tem procurado enfatizar sua atuação em defesa da sociedade em diversas áreas. Dentre as suas atribuições está a defesa do idoso, da criança e do adolescente, da pessoa portadora de deficiência, das populações indígenas, do patrimônio público, do meio ambiente, da saúde, da educação e de outros interesses difusos e coletivos.

A atuação do Ministério Público de Rondônia tem tido um reconhecimento cada vez maior da sociedade. Em maio, por exemplo, o Órgão atuou num dos maiores julgamentos realizados no Estado de Rondônia: o da chacina do Presídio Urso Branco, ocorrida na madrugada de 2 de julho de 2002, crime que teve repercussão internacional e levou o Estado de Rondônia e o Brasil à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Devido à importância do julgamento, o Ministério Público de Rondônia mobilizou quatro Promotores de Justiça, durante as mais de oito sessões de Júri realizadas entre os meses de maio e junho. Ao menos 15 réus envolvidos foram condenados. As teses defendidas pelo Ministério Público, ressaltando a brutalidade com que foram executados 27 presos,

levaram os jurados a condenar a maioria dos réus a penas que ultrapassaram 400 anos de prisão. Uma demonstração clara de que a sociedade é radicalmente contra a impunidade.

O Ministério Público, porém, demonstra sua importância não só atuando na área criminal, mas também por meio de suas ações na área social, principalmente as de caráter preventivo. Entre os meses de julho e agosto, Promotores de Justiça da área da Infância e Juventude e da Probidade Administrativa, em conjunto com técnicos do Ministério Público de Rondônia, além do Tribunal de Justiça, Conselhos Tutelares e Delegacia da Infância e do Adolescente, foram a campo verificar a situação das comunidades ribeirinhas do Baixo Madeira. A viagem foi realizada de barco e durou quase uma semana de intenso trabalho, que resultou num levantamento da situação, o qual foi apresentado às autoridades do município de Porto Velho para adoção de providências em relação às reivindicações da comunidade.

O Ministério Público também está preocupado em melhorar o atendimento à população e vem procurando dotar as Promotorias de Justiça de uma melhor estrutura. Nesse sentido, foi entregue em maio a reforma do prédio da Promotoria de Justiça de Colorado do Oeste, adaptado para receber pessoas com deficiência, além da construção do prédio da recém-instalada Promotoria de Justiça de São Francisco do Guaporé e da sequência da construção do prédio do edifício-sede em Porto Velho, que está em fase de conclusão.

Outras ações da Instituição serão apresentadas ao longo de reportagens publicadas nesta edição da Revista Informativa do MPRO e comprovam que o Órgão tem como lema ser “o defensor da sociedade”.

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Procurador de Justiça Ivo Scherer:“O Ministério Público precisa abrir-se criticamente tanto para fora como para dentro”

MP fortalece laços com a sociedade com reforma da Promotoria de Colorado

MP investe em consciência ambiental dos trabalhadores da terra

Campanha conscientiza sociedade para garantiracessibilidade

Ministério Público consegue condenações de envolvidos na Chacina do Urso Branco

Fórum mobilizasociedade contrao trabalho infantil

Comendareconhece serviços prestados ao MPRO

SU

RIO 06

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14

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21

36

Entrevista

Institucional

Meio Ambiente

Cidadania

Criminal

Infância

Institucional

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Promotoria de Cerejeirasna vigilância da probidade administrativa

Manual de taxonomia aprovado por aclamação pelo CNPG

Operação Octanol prende 29 pessoas por venda clandestina de combustíveis

26 38

22

Especial Institucional

Criminal

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PROCURADOR DE JUSTIÇAIVO SCHERER:

“O Ministério Público precisa abrir-se criticamente tanto

para fora como para dentro”

Entrevista

Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público de Rondônia no biênio 1997 a 1999, o Procurador de Justiça Ivo Scherer marcou sua administração pela atenção com o exercício da cidadania e dos direitos humanos. Nesse aspecto, foi responsável pela instituição da Casa da Cidadania, instalada hoje

na Rua Campos Sales, e que desenvolve um trabalho de defesa dos direitos dos idosos, consumidor e pessoas com deficiência. Foi também marca da sua administração, a agilização das obras da sede própria do Ministério Público de Rondônia, em Porto Velho. Primeiro membro do MP de Rondônia a obter o título de Doutor em Direito Constitucional, Ivo Scherer, um defensor dos princípios democráticos, acredita que o Ministério Público precisa abrir-se criticamente, não apenas para fora como para dentro. Em entrevista à Revista MP, ele fala dos principais pontos de sua trajetória como membro do Ministério Público de Rondônia.

REVISTA MP - O senhor foi responsável pela instalação da Casa da Cidadania. Como surgiu a proposta de criar uma Promotoria direcionada para a questão da cidadania?

Ivo Scherer - A ênfase na questão dos direitos humanos e a consequente instalação da Casa da Cidadania é uma decorrência natural do reconhecimento do caráter normativo da Constituição de 88. Se a Constituição não pode ser vista como mera carta de princípios, e se ela atribuiu ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, mais do que urgia que déssemos efetividade aos seus comandos.

Os direitos não são dados pela natureza ou por alguma divindade, nem estão inscritos na consciência humana, mas são aquisições evolutivas, conquistas civilizatórias, cabendo ao Ministério Público ser um dos condutores desse processo sempre em construção.

Como posto por Luis Roberto Barroso, “o constitucionalismo democrático é a utopia que nos restou. Uma fé racional que ajuda a acreditar no bem e na justiça, ainda quando não estejam ao alcance dos olhos”.

REVISTA MP - O senhor também procurou agilizar as obras da sede própria do Ministério Público. Qual foi a importância dessa obra para a Instituição?

Ivo Scherer - Além de pagar um aluguel muito alto, o Ministério Público também estava mal instalado. Assim, surgindo a oportunidade, continuou-se a construir sobre as

fundações lançadas anos antes no local onde hoje é o nosso edifício-sede.

Contudo, se tivesse a oportunidade de recomeçar, talvez repensaria algumas ideias, como a de concentrar tudo em um único ponto. A cidade de Porto Velho cresceu muito nos últimos anos, assim como a demanda por nossa atuação, especialmente no extrajudicial, aconselhando, quem sabe, uma nova descontração.

REVISTA MP - O senhor sempre se posicionou pela não diminuição dos poderes inerentes à ação do Ministério Público. Como o senhor analisa hoje os projetos que tramitam no Congresso Nacional para retirar a autonomia do Ministério Público em relação ao controle externo da atividade policial, inquérito civil público e a “Lei da Mordaça”?

Ivo Scherer - A democracia é dinâmica, sendo inerentes a ela as lutas por poder e espaço. Complicado mesmo seria se tudo permanecesse para sempre petrificado. Assim, as instituições essenciais à justiça também são confrontadas por boas ou por más intenções, mas quero crer que num espaço público realmente discursivo, a sociedade organizada encontrará a solução adequada.

No dizer de Fioravanti, a Constituição é democrática, porque não permite a ninguém ocupar a totalidade do espaço de ação estatal dentro da qual se movem as forças sociais e políticas, empurrando estas mesmas forças para o diálogo, para o compromisso, o reconhecimento mútuo e pacífico.

6 REVISTA MPRO

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REVISTA MP - O Ministério Público de Rondônia tem pela primeira vez um Promotor de Justiça como Procurador-Geral de Justiça. Como o senhor viu essa oportunidade de Promotores de Justiça chegarem à Chefia do Ministério Público?

Ivo Scherer - Na modernidade, nenhuma instituição ou grupo pode fiar-se no seu status privilegiado dentro da sociedade para impor um pensamento ou comando absoluto. Isto é, ela é caracterizada por aquilo que Lyotard chama de “incredulidade diante dos metarrelatos”. Assim, também o Ministério Público precisa abrir-se criticamente não apenas para fora como para dentro. E uma dessas aberturas é, certamente, o alargamento do seu universo de possíveis candidaturas para o cargo de Procurador-Geral de Justiça.

Inversamente, porém, a abertura interna gerou um problema de legitimidade, porque mais candidaturas significam também maior fragmentação de sufrágios, tanto que na última eleição nenhum dos concorrentes obteve a maioria absoluta dos votos da classe. Assim, entendo que o processo pode ainda ser melhorado, para que democratização e legitimidade do eleito/indicado caminhem, de fato, lado a lado. Este o espírito, por exemplo, das eleições majoritárias em dois turnos.

REVISTA MP - O senhor foi o primeiro membro do MP a obter o título de Doutor em Direito Constitucional abordando a temática do papel desempenhado pela religião no Estado contemporâneo. O que o senhor defendeu nessa tese e por que a escolha de um tema ligado à religião?

Ivo Scherer - Partindo do estudo das relações igreja-estado no Direito Comparado, o tema principal da tese é o papel constitucional dos argumentos religiosos no discurso público, tentando compreender o dilema inerente ao constitucionalismo entre a necessidade de proteger a expressão religiosa e, ao mesmo tempo, limitar a influência de qualquer religião particular. A tese também resgata o debate entre doutrinadores liberais e comunitaristas sobre o papel da religião nos regimes políticos ocidentais modernos, mas seu marco teórico principal é a teoria do discurso de Jürgen Habermas, com a incorporação de alguns aspectos da construção da identidade do sujeito constitucional segundo Michel Rosenfeld. Enxergando o fenômeno religioso como inerente à condição humana, a tese adota uma postura inclusiva, de reconhecimento de iguais liberdades éticas a todos, sensível às diferenças, mas somente até onde não conduzam à fragmentação de um mundo comum, à segmentação ou guetização (multiculturalismo fraco), e de independência e interdependência de igreja e estado, com isto querendo significar que a identidade religiosa de cada povo contribui para a construção da sua identidade constitucional e que vozes religiosas não podem ser excluídas da arena pública pelo só fato de serem religiosas. O modo como se dá esta atuação, todavia, não pode ser dogmático, devendo-se abrir à reflexividade e impondo encargos tanto ao lado secular quanto ao religioso. Não há incompatibilidade entre fé e razão, que são mutuamente iluminadoras, mas

precisam se subordinar a um entendimento de fundo limitado por procedimentos e princípios. Isto é, a Constituição é a moldura dialógica dentro da qual o par de dançarinos deve evoluir. Somente este pano de fundo de entendimento vinculado às essências constitucionais e aos direitos humanos é capaz de gerar uma solidariedade entre estranhos e a formação de um patriotismo constitucional que permite uma adesão não somente emotiva, mas também racionalmente justificável, e uma leitura não somente celebrativa, mas também autocrítica, das tradições e instituições políticas de cada estado. As escolas constituem o lugar por excelência onde os princípios da separação entre igreja e estado, laicidade ou neutralidade tensionam permanentemente a liberdade de religião, daí o foco na educação, enquanto a atuação da Igreja Católica na América Latina é ilustrativa dos diferentes papéis que a religião pode assumir em suas relações com o estado (função sacerdotal – função profética; intelectuais tradicionais – intelectuais orgânicos; legitimadora de regimes autoritários – promovedora de cidadania). Como a modernidade é antitolitária e fragmentada, também ela precisa moderar a sua agenda, abrindo-se para novas perspectivas, a legitimação de uma Constituição descalça não podendo vir de outro lugar senão da prática ininterrupta dos jogos de linguagem.

REVISTA MP - Para o senhor o que representou para o MP Brasileiro a instituição do Conselho Nacional do Ministério Público, com a Emenda Constitucional nº 45?

Ivo Scherer -A Constituição conferiu ao CNMP um amplo feixe de atribuições concernentes à supervisão administrativa e financeira do Ministério Público brasileiro e do cumprimento dos deveres funcionais dos seus membros. É, pois, órgão administrativo interno e não instrumento de controle externo, com competência ainda para zelar pela autonomia da instituição parquetiana e observância dos princípios que regem a administração pública. Está, ainda, em fase de consolidação, e como todo mecanismo de controle em um estado que se pretende democrático de direito, também não pode exercer poderes ilimitados.

REVISTA MP - Muitas pessoas ainda desconhecem quais as funções constitucionais do Ministério Público. O que pode ser feito para mudar essa situação?

Ivo Scherer - Continuar a trabalhar com afinco, mesmo porque nenhuma identidade constitucional se realiza plenamente, encontrando-se em constante necessidade de aperfeiçoamento e complementação. Como diria o poeta, o importante é ir para algum lugar, e não chegar, porque nunca chegamos, a não ser que troquemos o terreno pelo eterno.

7REVISTA MPRO

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Localizada no Sul de Rondônia, a Promotoria de Justiça de Colorado do Oeste registrou, de janeiro a maio deste ano, a média mensal de 80 atendimentos. Dispondo de duas titularidades, o órgão aponta a área do consumidor como a de maior demanda da população, possivelmente, em razão de a região não dispor de unidades do Procon. Em maio deste ano, a estrutura que

marca a forte presença do Ministério Público de Rondônia na região foi entregue à comunidade com significativas melhorias. O prédio, que tinha como área total 230,87 metros quadrados, foi reformado e ampliado em 115,21 metros quadrados.

A Promotoria de Justiça de Colorado, Comarca de 2ª entrância, abrange o município-sede e as cidades de Corumbiara e Cabixi, além de distritos. As alterações no prédio prometem mudar para melhor o atendimento à população e aprimorar a integração do MP com a sociedade. A unidade do Ministério Público passou a dispor de ambiente multiuso, área que poderá ser utilizada para utilização da comunidade, mediante solicitação. A recepção e cartório ficaram mais amplos e o prédio ganhou banheiros adaptados para pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção. Além disso, foram adotadas medidas para promoção da acessibilidade no passeio público da Promotoria, com a implantação de piso podotátil.

A readequação dos espaços existentes às novas atividades gerou a necessidade de estruturação das instalações existentes de energia elétrica, condicionamento ambiental, água fria e esgoto. Estas modificações culminaram na reestruturação da fachada e, consequentemente, telhados e suas estruturas de sustentação, bem como na aplicação de materiais duradouros e de fácil manutenção.

MP fortalece laços com a sociedade com reforma

da Promotoria de Colorado

Momento do descerramento da fita inaugural da nova Promotoria de

Colorado do Oeste

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A obra foi orçada em R$ 298.884,62, sendo R$ 120.948,82 investidos na reforma e R$ 177.935,80 na ampliação da Promotoria de Justiça.

“As alterações foram feitas para melhor servir à sociedade. As portas desta unidade estarão sempre abertas para os aflitos, aqueles que buscam a defesa de seus direitos, porque, afinal, é para isso que o MP existe”, disse o Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, durante a solenidade de entrega da reforma. Na ocasião, ele citou o andamento de outras obras no interior de Rondônia e registrou o apoio de todos para o aprimoramento da estrutura do Ministério Público rondoniense.

Ainda no ato de reinauguração, a Promotora de Justiça Flávia Barbosa Shimizu Mazzini, Coordenadora da Promotoria, teceu agradecimentos ao Promotor de Justiça Fernando Franco Assunção, que também atua na Promotoria de Colorado, pela atenção destinada às obras, e aos servidores e comunidade local pela compreensão durante a reforma, destacando que a unidade merecia um projeto de modernização para atender, em especial,

pessoas com deficiência ou com dificuldades de locomoção. “Para nós, será um prazer receber a sociedade em

nossa casa reformada. Entendemos que as mudanças nos farão servir a coletividade de forma mais eficiente”, disse.

As palavras da Coordenadora foram reforçadas pelo Secretário-Geral do Ministério Público, Promotor de Justiça Héverton Alves de Aguiar, que afirmou que as alterações visaram conceber um prédio funcional para a população, alvo primeiro dos trabalhos do Ministério Público.

A cerimônia de entrega da reforma do prédio contou com a presença da comunidade local, autoridades políticas e eclesiásticas da região. Estiveram presentes o Diretor do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional, Procurador de Justiça Rodney Pereira de Paula, o Promotor de Justiça Alan Castiel Barbosa (à época Chefe de Gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça), o Diretor do Centro de Atividades Extrajudiciais, Promotor de Justiça Ademir José de Sá, e o Promotor de Justiça Elício de Almeida e Silva, da Comarca de Vilhena.

Diversas autoridades prestigiaram a inauguração da obra

Com a reforma, Promotoria de Colorado do Oeste ganhou nova fachada

9REVISTA MPRO

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Ambiente

Acostumados a trabalhar a terra, preparando o solo para o plantio, experientes agricultores do município de Chupinguaia e distrito de Novo Plano aprenderam que

deixar certos terrenos livres de cultivo, permitindo que fiquem cobertos de espécies diversas, também pode gerar bons frutos.

Esta mensagem foi transmitida pelo Ministério Público de Rondônia, por meio da Promotoria de Justiça de Vilhena, que, em parceria com órgãos ambientais, reuniu-se com 35 produtores da região, no final de maio, para pedir que abandonem a prática do roçado das matas ciliares, vegetação que margeia rios e igarapés. A medida simples permitiria o nascimento natural de plantas resistentes, no prazo de cinco anos, e ajudaria a preservar importantes recursos hídricos da região.

MP investe em consciência ambiental dos trabalhadoresda terra “Pedimos apenas que parem de interferir,

deixando de roçar ou gradear a vegetação”, afirmou o Promotor de Justiça Paulo Fernando Lermen, que coordenou a reunião, realizada na Escola Estadual Moacyr Caramelo, em Chupinguaia. O alerta do Ministério Público surtiu efeito. O encontro resultou em uma carta de intenções, por meio da qual representantes dos produtores se comprometeram a adotar mecanismos para fazer cessar a interrupção da recuperação natural das Áreas de Preservação Permanente, como as regiões são definidas pelo Código Florestal. Segundo o Código, as áreas devem se manter intocadas e, quando destruídas, devem ser recuperadas. A largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a largura do curso d’água.

A carta de intenções firmada junto ao Ministério Público de Rondônia, Ibama, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e Emater prevê que presidentes de associações de produtores façam indicações pontuais das condições das propriedades,

Pequenos produtores são conscientizados sobre importância de preservação do meio ambiente

Reunião atraiu um grande número de pequenos produtores rurais da região

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Carta

Entre outros pontos, a Carta de Intenções firmada junto ao Ministério Público ainda prevê, em âmbito urbano, que a Prefeitura de Chupinguaia faça levantamento de imóveis localizados em área de preservação permanente de rios e igarapés da cidade, especialmente no chamado riacho central. O levantamento deverá ser entregue na Promotoria de Justiça de Vilhena, em prazo estipulado pelo MP, para adoção de medidas cabíveis, sendo uma delas a provável implementação de trabalho conjunto entre diversos órgãos ambientais, conforme é feito em Vilhena por meio do projeto de revitalização de rios daquela cidade.

Agricultores elogiam atuação do Ministério Público

O agricultor Vilmar Ribeiro, que tem um sítio na região de Chupinguaia, foi um dos produtores a comparecer ao evento do Ministério Público. Sem conhecimento das normas ambientais, ele diz ter desmatado a região que cercava o igarapé de sua propriedade, quando chegou ao local há mais de 20 anos. Alertado sobre a importância da vegetação para a preservação do recurso hídrico, hoje ele deixa a mata ciliar crescer, fazendo brotar uma nova consciência ambiental, para a qual, segundo ele, o esclarecimento de autoridades tem sido fundamental.

“Para nós, é muito importante o trabalho que o Ministério Público vem fazendo para orientar os produtores, evitando que sejamos penalizados pelas autoridades ambientais”, afirmou.

A exemplo de Vilmar, Cirilo Moraes, 58 anos, que tem um sítio no distrito de Novo Plano, também elogiou a iniciativa do Ministério Público de se reunir com pequenos produtores para construir soluções para a recuperação das matas ciliares, antes de demandar os agricultores judicialmente. “É muito bom recebermos essa atenção”.

Cultivando milho, feijão e arroz há 12 anos, o produtor garante que não destruiu a mata ciliar do córrego que corta o terreno onde mora. “Preservei a vegetação. O que está descampado foi destruído por quem ocupou o terreno antes de mim”, afirmou o produtor, que se disse interessado nas sugestões apresentadas pelas autoridades. “Quero ver o que posso melhorar”.

Valdivino Ramos, 50 anos, também estava disposto a aprender na reunião coordenada pelo MP. “Cada um pode fazer um pouquinho mais. No meu caso, não destruí a vegetação e deixei uma passagem para o gado beber água. Não quero ter problemas no futuro”, destacou.

Para Adelmo Alves, 66 anos, os resultados positivos gerados pela iniciativa do Ministério Público podem ser potencializados com a assimilação de sugestões feitas pelos produtores. “Também temos conhecimento a repassar. Nossas experiências devem ser levadas em conta”, afirmou.

Estiveram presentes à reunião de Chupinguaia o prefeito Vanderlei Palhari e seu vice, Wille Leonardo Appelt; o representante da Sedam, Sebastião Freitas; o representante da Emater, João Coutinho, e o presidente do Sindicato dos Produtores de Vilhena, Evandro Padovani, além do Promotor de Justiça Paulo Fernando Lermen e Hugo Alencar, do Ibama.

bem como das ações que serão necessárias para a recomposição das matas ciliares. O documento deverá ser entregue ao MP em prazo estipulado pela Instituição, para a adoção de medidas cabíveis. O Ministério Público se comprometeu a encaminhar aos órgãos competentes cópias para que procedam ao acompanhamento.

A reunião que resultou no documento foi o quinto encontro com agricultores sobre o tema na Comarca de Vilhena, pela Curadoria do Meio Ambiente. A atividade integra uma iniciativa amigável e extrajudicial do Ministério Público de Rondônia, que busca orientar os produtores antes de demandá-los judicialmente.

Coordenada pelo Promotor de Justiça Paulo Fernando Lermen, a ação visa garantir a preservação de recursos hídricos da região de Vilhena e de Chupinguaia, área que abriga as nascentes de rios como Machado, Roosevelt, Pimenta e Melgaço. O Promotor de Justiça lembrou, durante o evento, que a devastação das matas ciliares tem íntima ligação com as alterações do volume e qualidade da água dos rios. Por isso, é possível admitir que a saúde desses rios estaria ameaçada pela devastação iniciada com as práticas de ocupação da região, no passado.

Os efeitos da destruição deste tipo de vegetação ao meio ambiente também foram tratados na reunião pelo representante do Ibama, Hugo Alencar. Ele explicou que a retirada da vegetação das margens de córregos e rios provoca assoreamentos, carreamento de terras férteis para dentro das águas, além de poluição. “A mata à beira do rio impede a passagem de agrotóxicos que estejam sendo utilizados na produção e funciona como barreira para resíduos minerais. Não podemos deixar de dizer que a diminuição da vida aquática é outra grave consequência”, disse ele.

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Saúde

Promotoria de Vilhena discute saúdeem Chupinguaia

A Promotoria de Justiça de Vilhena convocou profissionais da área de saúde do município de Chupinguaia para uma

audiência sobre as dificuldades enfrentadas no setor. O evento, realizado em maio deste ano na Câmara de Vereadores do município, teve a presença maciça de gestores e servidores da área e foi precedido por uma vistoria da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) às unidades de saúde da região, em atendimento a pedido do Ministério Público. Durante as visitas, a equipe da Agevisa constatou irregularidades no sistema de atendimento ao usuário e chegou a identificar um caso de exercício ilegal da profissão, por parte de um profissional auxiliar de enfermagem que procedia a atos privativos de médico.

A audiência entre MP e profissionais de saúde do município, com a participação de representantes da Agência,

Dezenas de pessoas comparecem à audiência para discutir problemas na área de saúde

teve como um dos temas centrais as delimitações de atribuições dos servidores em suas respectivas áreas, de forma a esclarecer as responsabilidades de médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem, enfermeiros e agentes de saúde, no atendimento ao paciente.

O Promotor de Justiça Paulo Fernando Lermen, que coordenou os trabalhos, destacou a importância de reunir todos os atores envolvidos no serviço da saúde para dirimir dúvidas e construir soluções para o setor, levando em consideração as limitações orçamentárias do município.

Com o objetivo de esclarecer servidores e gestores sobre as implicações de suas ações, o Promotor de Justiça falou de irregularidades frequentemente constatadas pelo Ministério Público em fiscalizações em outros municípios, como a duplicidade de contratações, sem compatibilidade de horários e desvio de função, condutas que configuram atos de improbidade administrativa.

Em tom de orientação, o membro do Ministério Público ressaltou que o interesse da Instituição com o evento era o de contribuir para a melhoria do serviço em Chupinguaia. Ele abriu a oportunidade para perguntas e respondeu, juntamente com a gerente de Vigilância da Agevisa, Mirlene Moraes, a questionamentos feitos pelos profissionais e gestores. As dúvidas versaram sobre carga horária e até a pactuação com o município de Vilhena para atendimento de casos de emergência em Chupinguaia.

Presentes ao evento, o prefeito da cidade, Vanderley Palhari, o secretário municipal de Saúde, Rubens de Souza, além dos vereadores Roberto Ferreira e José da Silva, falaram das ações que o município tem empregado em favor da saúde. Os representantes do Executivo e Legislativo também responderam a perguntas dos presentes e se comprometeram a cumprir com as orientações feitas pelo Ministério Público.

Exercício ilegal

O caso de exercício ilegal da profissão identificado por técnicos da Agevisa durante ação organizada pelo MP envolveu um profissional auxiliar de enfermagem que procedia a atos privativos de médico, em um posto de saúde, no distrito de Guaporé. A situação do servidor, que diagnosticava pacientes e prescrevia medicações, está sendo investigada pelo Ministério Público de Rondônia, assim como as demais deficiências apontadas pela Agência durante as visitas.

A gerente estadual de Vigilância Sanitária, Mirlene Moraes, que chefiou

a ação, suspeitou da conduta do profissional. “Logo que percebemos a situação, lavramos Boletim de Ocorrência. O caso será encaminhado ao MP”, afirmou.

A gerente, que notificou a Secretaria de Saúde do Município sobre o caso, identificou outras irregularidades nos quatro postos e na unidade básica visitada pela equipe. Segundo Mirlene Moraes, um dos estabelecimentos estava fechado no momento da inspeção. Alguns deles apresentavam problemas estruturais e falhas sob o ponto de vista sanitário.

Promotor de Justiça Paulo Fernando Lermen coordena audiência sobre saúde em Chupinguaia

12 REVISTA MPRO

Page 13: Ministério Público Estadual CORREIOS ACORDO SEMEIA

Ainda nos primórdios da civilização, Sócrates apregoava que era preciso que o indivíduo percebesse que as respostas e soluções não podem ser obtidas somente no outro. Para tanto, continua

o citado filósofo, é preciso que o sujeito seja estimulado a refutar o óbvio, o cômodo e buscar atingir o desejado com esforço conjunto. A esse método filosófico denominou-se maiêutica.

Neste método, “Sócrates fingia ser capaz unicamente de interrogar, mas não de ensinar alguma coisa, mas levava o interlocutor, mediante uma série de perguntas habilmente formuladas, a tomar consciência da própria ignorância e a confessá-la. Reconhecido isto em relação ao que se julgava e presumia saber, procura-se extrair da alma o conceito que nela permanecia oculto, desenvolvendo seu próprio pensamento, ou seja, levando o discípulo a reencontrar, por si só, conhecimentos que já possuía sem o saber.”1

E o que tem isso a ver com os Conselhos Sociais?Tudo. Ao fomentarmos a estruturação dos Conselhos

Sociais estamos em verdade chamando a sociedade a assumir as rédeas de sua comunidade. Abandona-se, assim, a falsa e cômoda ideia de que devem se preocupar com os problemas coletivos apenas os Poderes Executivo e Legislativo, que, em analogia ao propagado por Sócrates, seriam os ditos “sábios”.

A função do Ministério Público neste contexto é, assim como Sócrates, “formular habilmente as perguntas”; fomentar, nos mais diversos segmentos sociais, a participação da comunidade, possibilitando que sejam vistos e se vejam não como meros telespectadores, mas sim como protagonistas de uma história de sucesso ou fracasso, a depender do papel que queiram assumir.

Caso optem por serem protagonistas, e essa é a ideia, estarão legitimados a participar do processo de construção dos chamados problemas sociais. Herbert Blumer, um dos precursores nesse assunto, leciona que os “problemas sociais são produtos de um processo de definição coletiva em que uma dada condição é selecionada e identificada como entrave social. Assim, não surgem como resultado de um mau funcionamento da sociedade, mas através de um processo de seleção, identificação e conceituação por um conjunto de atores socais, aqui representado pelos Conselhos.2

Essa concepção de participação social teve origem na França, em 1871, assumindo, à época, feições de autogestão operária. Em seguida vieram os russos (Conselhos de Fábricas-1918) e os italianos, com suas Comissões Internas de Fábrica, que evoluíram para a Formação de Conselhos sob a influência de pensador Antônio Gramsci.

No Brasil, o marco da participação social consagrou-se a partir do CONASP – Conselho Consultivo de Administração de Saúde Previdenciária. Daí em diante, em especial com o advento da Constituição Cidadã, a sociedade passou a ser vista como braço direito do progresso social brasileiro.

Neste cenário, os conselhos tornam-se instrumento de mudança, posto que é assegurado a cada um deles,

atores não estatais, a função de assumir “espaço público com força legal para atuar na política pública, estruturando-se para tanto de forma plural e heterogênea”3.

De fato, reconhecemos que o avanço foi imenso, porém ainda insuficiente. Não adianta haver “conselho de papel”, expressão utilizada por uma conselheira em uma das comarcas em que estive. De acordo com ela, “Conselhos de Papel” são aqueles que, em que pese haverem sido juridicamente criados, inclusive com a estipulação de percentual orçamentário, não atuam. Impressiona é que a inércia, na maioria das vezes involuntária, decorre do desconhecimento de como agir.

E é esta lacuna que o Ministério Público pode preencher, em especial na articulação entre os conselhos e entre estes e o Poder Público. A primeira tarefa, e talvez a mais árdua delas, é imbuir nos conselheiros a ideia de que a sociedade civil não é um indivíduo ou uma fração. É preciso que os conselhos se vejam como algo uno e indivisível e que só são separados por tema por uma questão de otimização.

Assim, devem trabalhar em parceria, de preferência em um mesmo local, daí porque a necessidade de, dentro da realidade de cada comunidade, ter-se uma Casa dos Conselhos. Tal local, além de conferir aos conselhos maior credibilidade e legitimidade, ainda possibilita que os “atores sociais” somem, agreguem informações e por consequência tenham atuações conjuntas eficazes e produtivas, como aliás ocorre na comarca de Cacoal, em especial com o Conselho de Segurança.

Conselhos estruturados são a garantia, ao menos em tese, da manutenção da autonomia e imparcialidade política, elementos fundamentais para que se atinja a participação social nos moldes já delineados.

Reconheço que as investidas ministeriais para efetivação dessa estruturação não são poucas, nem fáceis. Exigem-se inúmeras reuniões, visitas e até mesmo apaziguamentos.

Na comarca de Rolim de Moura, por exemplo, antes de se firmar TAC sobre a Casa dos Conselhos, foi realizado o I Encontro dos Conselhos da Zona da Mata (novembro de 2009), seguido de no mínimo oito reuniões visando conhecer e regulamentar os conselhos existentes, três visitas aos possíveis locais onde a casa seria instalada, expedições de ofícios e várias diligências.

Entretanto, considerando que a defesa da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis se torna tarefa bem mais branda quando se agregam aos recursos institucionais a participação e o apoio da sociedade civil organizada, creio que os esforços não serão em vão, mesmo porque, quando se unem forças, dificilmente a derrota nos encontra.

Conselhos Sociais:Instrumento de Mudança

Alba da Silva LimaPromotora de Justiça

do Estado de Rondônia

1 Http:///www.filosofia/socrates. Acesso em 10 de maio de 20102 http://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/viewFile/92/577-BLUMER, H. Social Problems

as Collective Behavior. Social Problems, Berkeley, XVIII, n 3,1971.3 RAICHELIS, Raquel. Articulação entre os Conselhos de Politicas públicas- uma pauta a ser enfrentada pela sociedade civil

Artigo

13REVISTA MPRO

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Cidadania

CAMPANHA CONSCIENTIZA SOCIEDADE PARA GARANTIR

ACESSIBILIDADE

Para conscientizar a sociedade, em especial engenheiros, arquitetos, acadêmicos dos cursos de Engenharia e Arquitetura e órgãos públicos sobre a necessidade de oferecer condições de acessibilidade às pessoas com deficiência, o Ministério Público de Rondônia realizou em maio uma semana

de atividades sobre o tema.A idealização do evento foi da Promotoria de Justiça da Cidadania, com apoio do

Centro de Apoio Operacional Cível (CAO-Cível) e Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), tendo como parceiros a Unir, Faro, Uniron, Fimca, Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e SEST/SENAT.

Uma das atividades foi realizada no auditório da Faculdade Interamericana de Porto Velho (Uniron), tendo como público professores e acadêmicos de Arquitetura e Engenharia Civil. A Promotora de Justiça Daniela Nicolai de Oliveira Lima, coordenadora da Promotoria de Justiça da Cidadania, enfatizou, na ocasião, a necessidade de os

No auditório da Uniron, Promotores de Justiça conscientizam estudantes a investirem em projetos de acessibilidade

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futuros profissionais de arquitetura e engenharia se preocuparem com a aplicação das normas de acessibilidade em seus projetos.

Ela adiantou que o Ministério Público de Rondônia já havia feito contato com o Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (CREA) para que a entidade cobrasse dos profissionais da área o cumprimento das normas de acessibilidade. Ressaltou ainda que o Ministério Público havia encaminhado recomendação aos órgãos da Prefeitura de Porto Velho para que as obras a serem executadas no município obedecessem às normas previstas.

A arquiteta Danielle Tavernard, do Ministério Público de Rondônia, proferiu palestra na qual apresentou conceitos sobre calçada e passeio público, aspectos do Código Brasileiro de Trânsito e fez uma abordagem sobre as leis e normas que trabalham com a questão de acessibilidade, que devem ser seguidas pelos arquitetos e engenheiros em todos os seus projetos. Antes da palestra, ela apresentou um vídeo para mostrar algumas dificuldades que os cadeirantes atravessam para circularem nas calçadas de Porto Velho, muitas sem rampas de acesso para cadeiras de roda, com problemas de desnivelamentos e buracos. Todos os participantes receberam um CD com a coletânea de leis e normas que regem a questão de acessibilidade.

Motoristas

Motoristas de ônibus de Porto Velho também foram alvo de conscientização durante a Semana da Acessibilidade. Eles participaram de uma série de palestras, no auditório do SEST/SENAT sobre a necessidade de proporcionar acessibilidade no transporte público. As palestras sobre “Conscientização para a Acessibilidade no Transporte” foram proferidas pela assistente social Alice Gonçala e a assessora técnica Luciana Silva, servidoras da Promotoria de Justiça da Cidadania.

O Promotor de Justiça André Luiz Rocha de Almeida, da Promotoria de Justiça da Cidadania, explicou, antes da palestra para os motoristas, que a ideia de o Ministério Público realizar uma semana voltada para discutir a questão de acessibilidade surgiu de reuniões realizadas na Promotoria de Justiça da Cidadania com pessoas com deficiência, que apresentaram suas dificuldades de locomoção pela cidade.

Com apoio do Centro Operacional Cível, a Promotoria de Justiça da Cidadania decidiu então realizar uma semana

com atividades que reunissem todos os segmentos envolvidos com a questão, a exemplo de estudantes e profissionais da área de Engenharia e Arquitetura e também os motoristas de ônibus. “Estamos aqui hoje não para brigar, mas para dialogar, conscientizar”, ressaltou o Promotor de Justiça ao falar aos motoristas.

O representante da Empresa de ônibus Três Marias, Ronaldo Perina, elogiou a iniciativa do Ministério Público de Rondônia, enfatizando que era a primeira vez que presenciava um encontro daquela natureza, pois era também uma oportunidade para que os motoristas pudessem falar sobre as dificuldades que atravessam ao transitar pela cidade.

Libras

O Ministério Público de Rondônia realizou uma palestra sobre “A importância da Capacitação em Libras – a arte de comunicar em uma sociedade inclusiva” para os servidores da Instituição, em especial para assistentes de Promotoria e para aqueles que trabalham com atendimento ao público.

A palestra foi proferida pelos intérpretes e pós-graduados em Libras Ariana Boaventura, da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), e Marcus Antônio Loureiro do Nascimento, professor da Fatec e Fimca, que abordaram a importância do aprendizado de Libras para comunicação com surdos, garantindo assim a acessibilidade a essas pessoas. Também estiveram presentes à palestra servidores do Deosp e do Ministério Público Federal.

A diretora do Centro de Apoio Operacional Cível, Emília Oiye, agradeceu os coordenadores de cursos de Engenharia e Arquitetura das faculdades de Porto Velho pelo apoio e participação no evento.

Abertura do Seminário sobre Acessibilidade no auditório do Ministério Público de Rondônia

Os motoristas de ônibus também receberam orientações para garantir acesso

no transporte público

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Criminal

Num dos maiores julgamentos realizados no Estado de Rondônia, o Ministério Público de Rondônia conseguiu condenar 15 réus envolvidos na Chacina do Presídio Urso Branco,

ocorrida na madrugada do dia 2 de junho de 2002, caso que teve repercussão internacional e levou o Estado de Rondônia à Corte Interamericana de Direitos Humanos.Em razão da importância do julgamento, o Ministério Público de Rondônia mobilizou quatro Promotores de Justiça, durante as mais de oito sessões de Júri, realizadas entre os meses de maio e junho. Atuaram nesse importante julgamento os Promotores de Justiça Renato Grieco Puppio, titular da Vara do Tribunal do Júri, Cláudio Wolff Harger, Marcelo Lincoln Guidio e Leandro da Costa Gandolfo.De 18 réus julgados, nos julgamentos realizados entre maio e junho, presididos pelo Juiz Aldemir de Oliveira, da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, 15 foram condenados

e apenas três foram absolvidos. As penas atingiram em média 400 anos de prisão. Ainda faltam ir a júri três ex-diretores do presídio, que entraram com recurso contra decisão do Juiz de levá-los a júri popular. Um acusado que deveria ser julgado em junho conseguiu adiamento.“Eles tiveram a responsabilidade de determinar a transferência dos presos do “seguro” para dentro dos pavilhões. E as mortes só ocorreram por causa desses presos do “seguro” dentro dos pavilhões”, explicou o Promotor de Justiça Renato Grieco. Ele disse desconhecer que havia uma ordem judicial, como alegam os diretores, para que os presos do “seguro” fossem transferidos para os pavilhões. “Um ano antes do ocorrido, o que havia era uma ordem judicial para que os presos de “celas livres” fossem recolhidos aos pavilhões. E mesmo que houvesse uma ordem judicial, os diretores, que conhecem a realidade dos presídios, poderiam contestar essa determinação”, explicou.

consegue condenações de envolvidos na Chacina do Urso Branco

Promotores de Justiça que atuaram no julgamento do caso Urso Branco durante entrevista coletiva

Ministério Público

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Objetivo alcançado

Para o Promotor de Justiça Renato Grieco Puppio o julgamento, por parte do Ministério Público, atingiu o objetivo esperado, pois conseguiu demonstrar, principalmente aos jurados que representavam a sociedade naquele momento, por meio de provas e fatos, o que ocorreu durante a chacina na casa de detenção Mário Alves, entre os dias 1º e 2 de janeiro de 2002, em Porto Velho, resultando na morte de 27 presos.

O Promotor de Justiça agradeceu o apoio do Ministério Público de Rondônia, Tribunal de Justiça e da imprensa para a realização desse Júri, já que se tratava do julgamento da 2ª maior chacina ocorrida no País, depois de Carandiru, e que alcançou repercussão internacional.

O Promotor de Justiça comentou ainda sobre as argumentações da defesa de que haveria falhas no inquérito policial sobre a chacina do Urso Branco. “A Defesa sempre coloca que existem falhas no inquérito, só que até hoje não demonstrou nenhuma dessas falhas”, enfatizou. Renato Grieco anunciou ainda que o Ministério Público já recorreu da absolvição de três dos réus imediatamente após os julgamentos, por entender que o caso tem que voltar ao Tribunal do Júri.

Maratona de Julgamentos

Por causa das peculiaridades do caso – foram 49 réus denunciados e mais de 60 testemunhas ouvidas ao longo de mais de cinco anos de tramitação – foi preciso esforço sobrecomum para manter a unidade do processo. O processo engloba 13 volumes, 73 laudas só da decisão de pronúncia (em que o Juiz decide se os denunciados pelo Ministério Público devem ir realmente a Júri Popular).

A denúncia contra os envolvidos na caso foi apresentada pelo Ministério Público em 3 de julho de 2004. Foram denunciadas 49 pessoas, entre policiais militares, agentes penitenciários, diretores do presídio e presos. Na sentença de pronúncia, publicada no dia 7 de março de 2009, o Juízo pronunciou 26 acusados, dos quais 23 são presos e três dirigentes do Urso Branco, agentes penitenciários, que ocupavam os cargos de diretor-geral, diretor de segurança e da Superintendência de Presídios (Supen).

Os presos denunciados pelo Ministério Público foram pronunciados por homicídios qualificados, 27 vezes (vão responder pelo assassinato dos 27 presos vitimados) e os diretores do presídio por homicídios simples (crime negativo por omissão).

A maratona de julgamentos contra os acusados na Chacina do Urso Branco teve início no dia cinco de maio, em seis sessões de julgamento, resultando na condenação de 14 réus e na absolvição de outros três. Nos dias 24 e 30 de junho, ocorreram novos julgamentos de réus que estavam foragidos e foram convocados por meio de edital. A nova Lei do Tribunal do Júri permite o julgamento de réus foragidos à revelia. Nesses julgamentos, mais quatro réus foram condenados a uma média de mais de 400 anos de prisão.

Algumas sessões de julgamento duraram até três dias e exigiram a montagem de uma grande estrutura para policiamento, transporte, hospedagem, equipamentos, adaptação de espaços e mobiliário, informação à sociedade, além do empenho de vários servidores, inclusive de outros órgãos, para cumprir o compromisso de realizar o Júri com a devida isenção e garantias constitucionais.

O julgamento, conforme ficou acordado com os representantes da Corte Interamericana da OEA – Organização dos Estados Americanos, foi transmitido via Internet e foi criado um site exclusivo para o caso, para divulgação do máximo possível de informações.

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Quem atuou no Julgamento do Caso Urso Branco

Promotores de Justiça

Renato Grieco Puppio – Titular da Promotoria do Tribunal do Júri, iniciou suas atividades no Ministério Público de Rondônia na Comarca de Costa Marques, em dezembro de 1995. Atuou também nas Promotorias de Justiça de Cerejeiras e Espigão do Oeste. Em fevereiro de 2003, foi promovido para a Comarca de Porto Velho com atribuição no Tribunal do Júri.

Cláudio Wolff Harger – Foi designado pela Portaria nº 0254, de 29 de março de 2010, para atuar no julgamento de envolvidos em assassinatos no presídio Urso Branco. Iniciou seu exercício no Ministério Público de Rondônia em 1988. Atuou nas Comarcas de Cerejeiras, Cacoal e Ariquemes. Entre outras atuações no Tribunal do Júri, participou do Julgamento do Caso Corumbiara.

Resultados dos Julgamentos

Marcelo Lincoln Guidio – Iniciou suas atividades como Promotor de Justiça na Comarca de Machadinho do Oeste, no ano de 1998. Passou pelas Promotorias de Justiça de Colorado do Oeste, Pimenta Bueno, Rolim de Moura. Foi promovido para a Comarca de Porto Velho em 2009. Também Foi designado pela Portaria nº 0254, de 29 de março de 2010, para atuar no julgamento de envolvidos em assassinatos no presídio Urso Branco.

Leandro da Costa Gandolfo – Iniciou suas atividades na Comarca de Vilhena, em setembro de 1998. Atuou nas Promotorias de Justiça de Alvorada do Oeste, Alta Floresta do Oeste, Vilhena, Rolim de Moura e em abril de 2009 foi promovido para Porto Velho, com atribuição no Tribunal do Júri. Também foi designado pela Portaria nº 0254, de 29 de março de 2010, para atuar no julgamento de envolvidos em assassinatos no presídio Urso Branco.

Criminal

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Com a evolução econômica, objetivando regular a relação de consumo, foi instituído, por meio da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Código de Defesa do Consumidor.

Inserido no Código, encontra-se o artigo 43, que regula as informações existentes em cadastros, fichas, registros de dados pessoais e de consumo arquivados.

Atualmente, existem inúmeros bancos de dados de proteção ao crédito, entre eles o SPC, SERASA e CADIN.

Tais mecanismos de proteção ao crédito necessitam se adequar aos ditames do Código de Defesa do Consumidor.

De fato, os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos.

A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deve ser comunicada, por escrito, ao consumidor, quando não houver sido solicitada por ele.

O §3º do artigo 43 do Código de Defesa do Consumidor estabelece que o consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.

Trata-se de disposição legal que estabelece um pedido administrativo do consumidor que tenha dados incorretos, cabendo aos responsáveis pelo cadastro, que são consideradas entidades de caráter público, retificá-las no prazo acima mencionado.

Caso o responsável pelo cadastro ou banco de dados não proceda a essa correção, poderá o consumidor se socorrer do remédio constitucional do habeas data, apresentando como prova pré-constituída o protocolo do pedido não respondido ou indeferido.

A respeito dos bancos de dados e cadastros de consumidores, nos termos do artigo 43 do Código de Defesa do Consumidor, eis a doutrina de Márcia Nicolodi:

“Os bancos de dados e cadastros cumprem função essencial nas relações de consumo, na medida que possibilitam aos fornecedores e consumidores informações primordiais, no que pertine ao crédito e à

BANCO DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES ARTIGO 43 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

qualidade dos produtos e serviços fornecidos.Entretanto, as informações arquivadas devem

ser precisas, verdadeiras e juridicamente legais, ou seja, não prescritas, a teor do art. 43, §§ 1º e 5º, sob pena de sua indevida utilização configurar abuso de direito, passível de indenização por dano moral e material.

Assim, depreende-se, de todo o exposto, que é necessário assegurar que os bancos de dados e cadastros, mais especificamente os conhecidos serviços de proteção ao crédito, exercitem suas funções com responsabilidade, equidade, e imparcialidade, respeitando e garantindo os direitos dos consumidores, assim como a transparência e veracidade das informações arquivadas.”1

No Brasil, hodiernamente, existe previsão apenas do chamado cadastro negativo de consumidores, indicando as pessoas que se encontram em débito, com vista a não concessão de créditos.

A respeito de cadastros de dados de consumidores, a Câmara dos Deputados, no dia 19 de maio de 2009, aprovou o Projeto de lei nº 836/2003, de autoria do Deputado Bernardo Ariston, que cria o cadastro positivo de consumidores, com informações sobre os pagamentos feitos em dia pelos cadastrados.

Há, ainda, o Projeto de Lei do Senado nº 263 de 2004, que acrescenta dispositivo no Código de Defesa do Consumidor para dispor sobre a formação de cadastro positivo nos Sistemas de Proteção ao Crédito.

O texto foi aprovado em dezembro de 2006 no Senado Federal, tendo sido remetido à Câmara dos Deputados em março de 2007, tramitando como PL 405/2007. Aprovado pelas Comissões de Defesa do Consumidor (CDC) e Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC), recebeu a seguinte emenda de autoria do Deputado Walter Yoshi (DEM/SP):

“Art. 1º O art. 43 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6º:

Art. 43............................§6º- No fornecimento de produtos ou serviços

que envolvam outorga de crédito ou concessão de

1 NICOLODI, Márcia. Bancos de dados e cadastros. Código de Defesa do Consumidor. Disponível na internet. www.jus2.uol.com.br. Acesso em 30 de maio de 2009.

Artigo

Jorge Romcy Auad FilhoPromotor de Justiça do Estado de Rondônia

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financiamento ao consumidor, o fornecedor informará aos sistemas de proteção ao crédito, para formação de cadastro positivo, somente o adimplemento da obrigação contraída, sempre que houver a prévia concordância e autorização do consumidor para tal registro. (NR)”Tendo em vista a emenda realizada na Câmara, o

projeto voltou ao Senado, e atualmente aguarda análise e deliberação das comissões temáticas.

Com a criação do cadastro positivo de consumidores, desde que a pessoa física ou jurídica assim autorize, poderá seu nome ser incluído em um banco de dados como “boa pagadora”, o que, em tese, poderia ensejar maior abertura de crédito, com facilitação de prazos e juros.

Embora aparentemente benéfico ao consumidor, o referido projeto já tem sido objeto de críticas, conforme matéria jornalística do site www.ultimosegundo.ig.com.br, que externa o seguinte posicionamento:

“Os críticos do projeto, entretanto, argumentaram que o cadastro positivo reduzirá a privacidade dos consumidores, tornará o cadastro positivo compulsório e acabará reduzindo a oferta de crédito. Isso porque as lojas ou bancos oferecerão financiamentos com prazos mais curtos e juros mais altos a quem não quiser aderir à iniciativa”.2

Malgrado a crítica acima exposta, entendemos que o novo cadastro modernizará a legislação creditícia nacional, possibilitando maior acesso a financiamentos a juros baixos e melhor análise do pretendente ao crédito.

O mercado de crédito brasileiro faz uma avaliação do risco de inadimplência com base nos dados gerais dos cadastros negativos de consumidores, o que acarreta a elevação nas taxas de juros de maneira indiscriminada a todos os consumidores, bem como a não concessão de crédito àqueles que simplesmente se enquadram no perfil dos inadimplentes, ainda que tenham histórico de “bons pagadores”. O risco da inadimplência é distribuído entre todos os consumidores indistintamente.

Com a criação do cadastro positivo, haverá a possibilidade de se analisar individualmente a condição do consumidor, com a consequente aplicação de taxas diferenciadas de juros aos “bons pagadores” e diminuição da inadimplência.

O cadastro positivo já é utilizado em diversos países, a exemplo dos Estados Unidos, Reino Unido, México, Tunísia e Argentina, encontrando-se em vias de implantação em outros, como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.

Nas experiências dos países que adotam o cadastro positivo, constatou-se real diminuição da inadimplência e maior concessão de crédito aos postulantes.

No Brasil, caso exista alguma forma de abuso nesse cadastro positivo, nada impede que o consumidor se socorra do instituto do habeas data para conhecer os dados a ele referentes, bem como retificá-los quando incorretos.

Em nosso País, importante destacar a necessidade de autorização prévia e expressa do consumidor para a sua inclusão no cadastro positivo, visando adequar a exequibilidade desse novo instrumento jurídico-econômico aos princípios constitucionais de defesa da honra e da intimidade do cidadão.

Desta forma, os cadastros e bancos de dados de consumidores, embora sendo fundamentais para a saúde econômica, financeira e creditícia de uma sociedade moderna, devem resguardar a intimidade dos consumidores, evitando-se práticas abusivas na utilização das informações pessoais destes.

REFERÊNCIAS

ACKEL FILHO, Diomar. Writs Constitucionais. 2ª edição. São Paulo. Editora Saraiva, 1991.

BASTOS, Celso Ribeiro e MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1989. v. 2.

BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

Cadastro Positivo. 17 de março de 2009. Disponível na internet WWW.cnf.org.br/noticias1.asp?id_noticia=268. Acesso em 18.04.2010.

EXMAN, Fernando. Câmara aprova projeto de lei que cria cadastro positivo. Disponível na internet. www.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em 30 de maio de 2009.

NICOLODI, Márcia. Bancos de dados e cadastros. Código de Defesa do Consumidor. Disponível na internet. www.jus2.uol.com.br. Acesso em 30 de maio de 2009.

TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 14ª edição. rev. e ampl. São Paulo: Malheiros, 1998.

Jorge Romcy Auad FilhoPós-graduando em Ciências Criminais pela

Universidade da Amazônia (UNAMA) Pós-graduado em Direito Constitucional pela UNISUL

2 EXMAN, Fernando. Câmara aprova projeto de lei que cria cadastro positivo. Disponível na internet. www.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em 30 de maio de 2009.

Artigo

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Infância

O papel do poder público, sociedade e família no combate ao trabalho infantil foi discutido durante seminário realizado em junho pelo Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, no auditório do Ministério Público de Rondônia.

A intenção do seminário, que reuniu educadores, conselheiros tutelares e representantes de órgãos envolvidos na prevenção e combate ao trabalho infantil em Rondônia, foi mobilizar e chamar a atenção da sociedade para esse grave problema, que afeta milhões de crianças em todo o mundo.

Na abertura do seminário, a coordenadora do Fórum, Carmelita de Oliveira Rodrigues, e o diretor do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude do Ministério Público de Rondônia, Promotor de Justiça Marcos Valério Tessila, enfatizaram a importância da união das diversas instituições para prevenção e combate ao trabalho infantil no Estado. Em 2010, a campanha de combate ao trabalho infantil tem como tema “Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil”, numa alusão à Copa do Mundo, contando com uma parceria da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Federação Internacional de Futebol (FIFA) e também da Federação de Futebol do Estado de Rondônia.

De acordo com o secretário de Estado de Assistência Social, Sebastião Calegari Filho, o Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (PETI) é um trabalho continuado. Segundo Calegari, existem hoje no mundo cerca de 220 milhões de crianças trabalhando nas mais diversas atividades. No Brasil, esse número chega a 1,2 milhão de crianças. “Em Rondônia, a situação está sendo monitorada e estamos conseguindo vencer alguns limites que eram contrários ao desenvolvimento social”, salientou. Ao menos 8.800 crianças estão sendo acompanhadas pelo PETI no Estado. “A realização de campanhas como a de Erradicação do Trabalho Infantil é importante não só para que a sociedade denuncie, mas também como alerta para que os pais não exponham seus filhos a determinadas situações”.

Em Porto Velho, de acordo com o responsável pela execução do PETI na Capital, a meta é atender 700 crianças na zona urbana. Atualmente, são atendidas 191 crianças e adolescentes, alcançando 109 famílias. Na área rural, a meta é atender 30 crianças e adolescentes por núcleo dos vários distritos, oferecendo diversas atividades socioeducativas.

Também estiveram presentes ao seminário o Promotor de Justiça Marcelo Lima de Oliveira, titular da Promotoria de Justiça da Infância e presidente da Associação do Ministério Público (Ampro), o presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra), Vítor Leandro Yamata, o Juiz do Trabalho TRT/14, Marcos Antônio, e o superintendente do Trabalho e Emprego em Rondônia, André Veiga.

Fórum mobilizasociedade contrao trabalho infantil

Solenidade realizadano auditório do MPRO

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Operação realizada pelo Ministério Público de Rondônia, por meio do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (GECOC), em conjunto com o Ministério

Público do Acre, prendeu 29 pessoas que praticavam comércio ilegal de combustíveis nos dois Estados. Os envolvidos realizavam a atividade poluidora clandestinamente, obtendo lucros de esquemas que podem ter representado prejuízo de mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos, em razão da perda de arrecadação, além de ter provocado possíveis danos a consumidores e empresários legalizados. A operação resultou, ainda, no fechamento de 28 pontos de venda ilegal, apreensões de 43.210 litros de combustíveis e lubrificantes, além de 19 armas de fogo.

Denominada Octanol, em referência a elemento que compõe o combustível, a operação, realizada em maio, foi executada em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, envolvendo 85 policiais rodoviários e uma equipe do Batalhão de Polícia Ambiental.

OPERAÇÃO OCTANOL PRENDE 29 PESSOAS POR VENDA CLANDESTINA DE COMBUSTÍVEIS

Criminal

Detalhes da operação foram repassados em coletiva com a imprensa

Em Rondônia, a maior quantidade de combustível foi apreendida na localidade de Mutum-Paraná, onde foram encontrados sete mil litros do produto. No Estado, também foram realizadas buscas e apreensões nos municípios de Porto Velho, Nova Mamoré, Itapuã, Vilhena, Pimenta Bueno, Jaru, Ariquemes e Guajará-Mirim. Os mesmos trabalhos foram executados em outros 12 locais do Acre.

Só no município de Pimenta Bueno, o GECOC, em conjunto com a 2ª Promotoria de Justiça, prendeu duas pessoas e desarticulou um ponto de venda ilícita de combustível. Em Vilhena, um homem que vendia combustível em uma borracharia foi preso. Com ele, foram apreendidos 900 litros do produto. O litro da gasolina no local era comercializado a R$ 1,20, preço muito abaixo do praticado nos pontos legalizados. Em Jaru, a equipe da Promotoria de Justiça, com o apoio da Polícia Civil, averiguou o comércio clandestino de combustível em um ponto da área rural. No local, um homem vendia o produto comprado de um posto na cidade para agricultores de um assentamento da região. O comerciante foi autuado.

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Esquema

Op

era

ção

As pessoas presas na Operação Octanol incorreram nos crimes de comercialização ilegal de combustível (não autorizada por autoridades competentes), cuja pena é de um a quatro anos de reclusão, e prática de atividade poluidora sem licença do órgão ambiental, para a qual é prevista pena de seis meses a um ano.

Os envolvidos eram, em grande parte, proprietários dos pontos em que os combustíveis eram vendidos. Na maioria dos casos, a atividade era feita disfarçadamente em pequenos comércios ou em imóveis residenciais, tendo como clientela moradores das regiões e motoristas habituados a passar pelos locais.

Para os Ministérios Públicos de Rondônia e Acre, a aquisição dos produtos pelos infratores está possivelmente ligada ao furto de combustível de caminhões-tanque de empresas legalizadas.

As investigações apontam que caminhoneiros dessas empresas desviavam parte do combustível antes do destino final da carga, adulterando, às vezes com água, o produto que seria entregue, com o objetivo de que o furto não fosse descoberto no fim do trajeto. Isso porque donos dos postos credenciados que receberiam o produto desconheciam o esquema. Esses empresários eram lesados pela fraude por repassarem produto sem qualidade a clientes que, consequentemente, eram também prejudicados.

Em entrevista à imprensa, os Promotores de Justiça que integram o GECOC, Pedro Colaneri Abi-Eçab, Ademir José de Sá e Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, informaram que o órgão seguirá investigando os envolvidos no esquema. O inspetor da Polícia Rodoviária Federal, João Bosco Ribeiro da Silveira, também participou da coletiva.

Mais de 80 policiais participaram dos trabalhos

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Institucional

O Ministério Público de Rondônia não mede esforços para levar ao conhecimento de todos os cidadãos rondonienses os seus direitos. Exemplo disso foi o trabalho realizado entre os meses de

julho e agosto pelas Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, Infância, Juventude e Educação, que percorreram a região do Baixo Madeira, no município de Porto Velho, levando serviços às comunidades.

Acompanhada do Batalhão de Polícia Ambiental, do I Conselho Tutelar, do Comissariado da Infância e Juventude e das Delegacias de Jogos e Diversões e de Apuração de Ato Infracional, a equipe do Ministério Público atuou nas localidades de Calama, Demarcação, Ilha Nova, Lago do Cuniã, Curicacas, Nazaré, Tira Fogo e São Carlos.

Para chegar até esses locais o único meio de transporte viável é o barco, numa viagem que, saindo do Centro de Porto Velho, dura em média nove horas. Na primeira etapa da

viagem, o barco partiu de Porto Velho no dia 23 e retornou no dia 27 de junho. Nessa primeira fase, as atividades consistiram na divulgação das campanhas sobre combate à corrupção, defesa do direito à educação, vedação ao trabalho infantil, combate e conscientização sobre exploração sexual infanto-juvenil, o uso de substâncias entorpecentes, tabaco e bebidas alcoólicas, estas com relação aos menores de 18 anos de idade.

As comunidades, mesmo estando nos períodos de festejos juninos, típicos na região, receberam a equipe e se mostraram prontas a externar os problemas da região. Os trabalhos constataram casos de exploração sexual, gravidez precoce, escolas precárias, inexistência de policiamento, falhas nas políticas de saúde pública, transporte escolar insuficiente, dificuldades na obtenção de merenda escolar, oferecimento irregular de ensino, tanto nas séries iniciais quanto do 5º ao 9º ano da educação básica.

Ministério Público Leva Ações ao Baixo Madeira

Equipes das instituições que participaram dos trabalhos

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Pessoas foram ouvidas e as providências urgentes foram adotadas no local. As demais demandas serão objeto das ações das respectivas Promotorias de Justiça, que receberão relatório circunstanciado sobre os trabalhos.

Os problemas constatados pelos Promotores de Justiça e as equipes dos Centros de Apoio Operacional da Probidade Administrativa (CAO-PPA) e da Infância (CAO-INF) foram apresentados em reunião, realizada na primeira quinzena de julho, aos dirigentes de órgãos municipais e estaduais, com o objetivo de discutir e encaminhar providências relativas a reivindicações feitas por administradores, gestores educacionais e moradores das comunidades do Baixo Madeira.

A reunião na sede do Ministério Público de Rondônia teve a participação dos Promotores de Justiça João Francisco Afonso, do CAO-PPA, e Marcos Valério Tessila de Melo, do CAO-INF, que visitaram as comunidades do Baixo Madeira,

e Aluildo de Oliveira Leite, da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, com atribuições na área de Urbanismo.

Também estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal de Planejamento, Defesa Civil, Secretaria Municipal de Educação (Semed), Secretaria Municipal de Assistência Social, Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (Emdur) e Companhia de Abastecimento de Água e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd).

Segunda Etapa

A segunda etapa de visitas às comunidades ribeirinhas do Baixo Madeira foi realizada no período de 29 de julho a 3 de agosto. Nessa etapa foram ministradas palestras a crianças e adolescentes das localidades de Calama, Nazaré, Santa Catarina, Demarcação, Tira Fogo e São Carlos. A atividade também incluiu a fiscalização de serviços públicos prestados nos locais.

No distrito de São Carlos, mais de 250 crianças da Escola Henrique Dias participaram dos trabalhos. Os estudantes assistiram à palestra sobre a campanha “O que Você tem a Ver com a Corrupção?”, ministrada pelo Promotor de Justiça de Defesa da Probidade, João Francisco Afonso, e também receberam informações sobre os direitos e deveres na Educação, temas abordados na palestra do Promotor de Justiça Marcos Valério Tessila de Melo. O Juizado da Infância e Juventude fez uma apresentação sobre os efeitos nocivos do uso de drogas e outras substâncias entorpecentes. As demais localidades também receberam ações.

Durante os trabalhos no Baixo Madeira, a equipe do MP e de órgãos parceiros esteve presente em festividades realizadas nas localidades de Nazaré e Santa Catarina, com o objetivo de fiscalizar infrações ao Estatuto da Criança do Adolescente.

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Especial

Localizada em uma região de recente formação administrativa, porém já detentora de considerável estrutura de máquina pública, a Promotoria de Justiça de Cerejeiras tem empregado esforços na

fiscalização dos direitos da coletividade nas mais diversas frentes de atuação do Ministério Público, dando, contudo, especial atenção à probidade administrativa, estando vigilante quanto à cumulação de cargos públicos e descumprimento de carga horária. Irregularidades dessa natureza motivaram o ajuizamento de 13 Ações Civis Públicas, contra 43 pessoas, no período de 2006 a 2010. Alguns dos procedimentos já foram julgados e resultaram em perda das funções públicas dos envolvidos.

Comarca de 2ª Entrância, a Promotoria abrange a cidade de Pimenteiras do Oeste, além do município-sede. Dispõe de duas titularidades, nas quais atuam os Promotores de Justiça Jarbas Sampaio Cordeiro (Coordenador) e Pablo Hernandez Viscardi.

Sobre o problema que mais se acentua na região, os membros do MP explicam que as ações por improbidade foram motivadas, em sua maioria, pela duplicidade de cargos na área da saúde, ocupados por médicos e enfermeiros lotados nas unidades da região. Tais irregularidades também têm sido constatadas em outros setores do serviço público e nas mais altas esferas da municipalidade.

Em 2006, o Promotor de Justiça Jarbas Sampaio Cordeiro ajuizou Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa contra o atual e o ex-prefeito de Cerejeiras, Kleber Calisto de Souza e José Eugênio de

Souza, respectivamente, além de outros servidores da administração municipal, em razão de o prefeito Kleber Calisto ter continuado a receber a remuneração de professor sem a contraprestação dos serviços, ao assumir o cargo de vereador em Cerejeiras, ganhando sem trabalhar. Para tanto, assinava as folhas de ponto ideologicamente falsas. José Eugênio de Souza, prefeito à época, por meio de seu chefe de gabinete, autorizava o pagamento a Kleber, mesmo ante a inexistência da prestação de serviços e folha de frequência.

Todos os réus denunciados pelo MP foram condenados em primeiro grau por improbidade administrativa, estando entre as penas a suspensão dos direitos políticos por cinco anos e a perda da função pública. Eles apelaram, tendo o recurso sido negado pelo Tribunal de Justiça de Rondônia, no dia 22 de abril deste ano.

O caso, um exemplo concreto da efetivação da Justiça diante de um ato de improbidade administrativa, teve origem por meio de denúncia anônima, mecanismo que vem sendo utilizado com grande frequência, de acordo com o Promotor de Justiça Jarbas Sampaio. Ele afirma que as delações de irregularidades desse tipo têm sido cada vez mais comuns na comarca, como reflexo do empenho e eficiência do Ministério Público na fiscalização das práticas ilegais. “A população tem visto que a atuação do MP tem resultado na perda de cargos públicos por aqueles que estavam em situação ilegal e, por isso, tem se sentido mais encorajada a fazer relatos das irregularidades”, disse.

na vigilância da probidade administrativaPromotoria de Cerejeiras

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A área da infância e juventude tem sido outro setor de especial relevo para a Promotoria de Cerejeiras, que tem acionado a Justiça para garantir os direitos dessa fatia da população.

Visando fazer cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente, o MP ingressou com Ação Civil Pública para que o Estado dê funcionamento ao Centro de Internação no município-sede da comarca. A unidade para cumprimento de medidas socioeducativas já foi concluída, mas não dispõe de condições adequadas para acomodar crianças e adolescentes em conflito com a lei. “A ação é para que o Estado tome providências no sentido de ajustar o lugar”, afirma o Promotor de Justiça Jarbas Sampaio.

Atualmente, explica ele, menores do sexo masculino têm cumprido medidas na cadeia pública, em ambiente separado dos adultos.

Também em Cerejeiras, uma outra unidade de atendimento a crianças e adolescentes foi alvo da atuação do Ministério Público. Recentemente, os membros do MP alteraram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pelo município, junto à Promotora de Justiça Tânia Garcia, à época lotada na comarca. O procedimento, que garantiu o compromisso da Prefeitura em providenciar um abrigo para menores em situação de risco, foi modificado com o objetivo de que o serviço fosse instalado em um prédio público em desuso, ficando, assim, em local mais acessível para a comunidade.

O trabalho do MP na área da infância também contempla a cidade de Pimenteiras do Oeste, que teve o Conselho Tutelar e o Abrigo Municipal estruturados graças a Ação Civil Pública movida pela Promotoria de Justiça.

Ações na Justiça não têm sido a única linha de atuação da Promotoria, que investe em atividades de caráter orientador. Desde o início do ano, o Ministério Público em Cerejeiras tem executado iniciativa que visa promover a conscientização sobre os riscos de drogas e envolvimento com a criminalidade, junto ao público estudantil.

O projeto Alerta, realizado em parceria com o Tribunal de Justiça (Comissariado), Conselho Tutelar e Polícia Militar, é desenvolvido por meio de palestras dos Promotores de Justiça nas instituições de ensino e também consiste na realização de ações que incluem fiscalizações das instituições de segurança e Comissariado a bares e outros estabelecimentos. O objetivo é coibir a presença de menores em lugares que ofereçam situações de risco.

O combate à evasão escolar é outro

foco da atuação extrajudicial do Ministério Público, através do Projeto Ficai, realizado conjuntamente com as Secretarias de Educação do Estado e Município e Conselho Tutelar. A ideia é simples e envolve instituições que integram a rede de proteção à criança e ao adolescente. “A partir do momento em que o professor detecta o registro de cinco a seis faltas seguidas de um aluno, ele entra em contato com a diretoria da escola para que o Conselho Tutelar seja acionado. O órgão deverá tomar conhecimento dos motivos das faltas do estudante e caberá a ele a decisão de encaminhar o caso ao MP, para que as medidas cabíveis sejam tomadas”, detalha o Promotor de Justiça Pablo Hernandez Viscardi. Segundo ele, dois casos chegaram à Promotoria de Justiça desde que o projeto foi implementado.

Infância

Campanhas

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MP determina normas para cavalgada em Cerejeiras

Como prova de que a Promotoria tem estado atenta às mais novas demandas sociais da região, os membros do MP firmaram Termo de Ajustamento de Conduta com instituições envolvidas no desfile da cavalgada da Exposição Agropecuária de Cerejeiras, que, este ano, realizou sua quarta edição. “Como o evento está crescendo, procuramos promover na sociedade a consciência de que o desfile deve ter normas para a segurança de todos”, diz Pablo Hernandez Viscardi.

O Promotor de Justiça afirma que o objetivo do TAC foi adequar a marcha sob o ponto de vista da lei, buscando preservar os direitos humanos, dos cidadãos, do consumidor, dos usuários da saúde, da infância e juventude, além de proteger o meio ambiente e o patrimônio público.

O TAC trouxe mudanças significativas na organização do evento. Por meio do documento, foram determinadas as atribuições da Prefeitura, Polícia, Corpo de Bombeiros e Associação de Criadores, durante o período de duração da cavalgada. Horário,

itinerário do desfile e ordem de passagem dos animais e veículos no desfile também foram definidos.

Uma das principais medidas do Termo foi a proibição da participação de veículos automotores transportando passageiros em compartimento de carga. Utensílios como churrasqueiras, micro-ondas, fogões, fogareiros e chapas também não foram permitidos.

Entre outros pontos, o TAC vetou a participação de adolescentes menores de 16 anos desacompanhados ou não autorizados por um responsável legal. Também não permitiu a colocação de piscinas ou outros recipientes ou meios que possibilitassem o acúmulo de água nas carrocerias dos veículos e proibiu a venda ou entrega de bebidas, alcoólicas ou não, em vasilhames de vidro. Para o caso de descumprimento de alguma das condições celebradas no compromisso foi fixada multa, para cada caso, de R$ 500.

A atuação do MP em Cerejeiras encerrou ainda um histórico problema ambiental no município. Em TAC proposto pelo Ministério Público, suinocultores da região se comprometeram a cessar a criação de porcos que mantinham à margem do rio

Arara, que corta o município e de onde é feita a captação de água para o abastecimento da cidade. A previsão era de que a partir do mês de julho, a atividade potencialmente poluidora seria realizada em uma agrovila organizada pela Prefeitura.

Inaugurada em abril do ano passado, a nova Promotoria de Justiça de Cerejeiras fica localizada na principal via pública do município, ao lado do Fórum e próxima à Defensoria Pública e Prefeitura. O novo endereço, na Avenida das Nações, possibilita o acesso mais rápido dos cidadãos ao Ministério Público. “Recebemos pessoas a procura dos mais diversos atendimentos e também em busca

de orientação jurídica”, detalha o Promotor Jarbas Sampaio.

A unidade do MP rondoniense conta com oito colaboradores, sendo quatro servidores da área administrativa e um de serviços gerais, dois assistentes de Promotoria, além de um estagiário de nível médio.

Especial

Ambiente

Nova Promotoria mais acessível aos cidadãos

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O consumo de substâncias psicoativas está relacionado a vários problemas sociais, de saúde e de segurança pública, sendo necessário o fortalecimento tanto da prevenção quanto do tratamento da dependência, como possibilidades de reduzir a demanda.

Ao se falar em drogas, é importante ressaltar que nem toda pessoa que experimenta a droga se torna usuário e ser usuário não significa ser dependente da substância. Cada caso deve ser avaliado de forma multidisciplinar, superando os pré-julgamentos, buscando a compreensão do fenômeno e dos fatores envolvidos no âmbito individual.

A Classificação Internacional de Doenças (CID 10) define a síndrome de dependência como: “o conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente apesar das suas consequências nefastas, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes a um estado de abstinência física.”

No mesmo sentido, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV) destaca que “a característica essencial da dependência de substância é a presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando que o indivíduo continua utilizando uma substância, apesar de problemas significativos relacionados a ela.”

Estas definições esclarecem que a dependência não se restringe ao aspecto químico, mas a fatores sociais e de comportamento, sendo necessárias intervenções que tratem não só a doença–dependência, mas o ser humano de uma forma holística, como ser bio-psico-social-espiritual.

A dependência de álcool ou outras drogas é problema de saúde pública e quanto mais cedo receber intervenção ou tratamento maior será a possibilidade de sucesso.

Muitas pessoas conhecem apenas as comunidades terapêuticas (chamadas popularmente de centros de

TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DO USO DE DROGAS

recuperação) como locais para tratar dependentes de drogas. No entanto, além das comunidades terapêuticas, existem também outras opções definidas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas2 como informais (não foram testadas cientificamente) ou formais (estruturadas com base em pesquisas científicas).

Cabe enfatizar que não existe um modelo padrão, que seja eficaz para todas as pessoas, as recaídas podem ocorrer inclusive durante o tratamento, e é comum casos de tratamento prolongado e vários episódios de tratamento para a garantia da abstinência.

Dentre os tratamentos informais estão os grupos de mútua ajuda, as comunidades terapêuticas e a terapia comunitária e dentre os tratamentos formais estão o atendimento especializado no Sistema Único de Saúde (SUS), a farmacoterapia, as psicoterapias, a intervenção breve motivacional e a abordagem familiar sistêmica.

Os grupos de mútua ajuda existem desde 1935, quando foi criado o primeiro grupo de alcoólicos anônimos, em Ohio (EUA). Além dos A.A, existem também grupos de narcóticos anônimos (N.A), compostos por dependentes de bebida alcoólica ou de outras substâncias.

Os membros consideram-se uma irmandade que protege o anonimato, reúnem-se regularmente com o objetivo de manter a abstinência e têm como programa de recuperação uma série de atividades conhecidas como 12 passos, sendo que o primeiro passo é a pessoa admitir que a substância é mais forte do que ela e que não tem controle sobre a droga.

Em Rondônia existem vários grupos de A.A e N.A. Em Porto Velho existe também um grupo familiar (Nar-anon), irmandade que ajuda as pessoas que foram atingidas pela adicção de um parente ou amigo.

A primeira comunidade terapêutica foi criada em 1958, na Califórnia, e este modelo não é destinado a todos os tipos de dependentes, existe triagem e alguns casos graves de comprometimento da saúde física ou mental podem excluir o candidato do tratamento. Além disso, o

2 Curso Fé na Prevenção, 2009.

Daniela Bentes de FreitasAnalista em Psicologia do MPRO

Artigo

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Artigo

dependente deve aceitar o tratamento voluntariamente e respeitar as regras existentes na comunidade.

Existe resolução específica, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que esclarece quais são os critérios para recursos humanos e infraestrutura física para o funcionamento adequado das Comunidades Terapêuticas.

A Terapia Comunitária, criada em 1988, é um espaço terapêutico promovido por meio de encontros comunitários, abertos a todas as pessoas, independente da idade, crença ou raça, nos quais se desenvolve a capacidade de ouvir atentamente o outro e de falar de si com simplicidade.

Esse tipo de terapia oferece aos usuários e suas famílias um espaço de acolhimento, amparo e auxílio, além de contribuir para a redução dos riscos e danos associados ao uso e facilitar a identificação da necessidade e dos meios para o tratamento de usuários ou dependentes e suas famílias, contribuindo para a adesão e permanência no atendimento.

O tratamento especializado oferecido pelo SUS é o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS Ad), que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida do usuário como um todo, mediante atenção integral diária, atendimento multiprofissional, ambulatorial, oficinas terapêuticas e visitas domiciliares.

Muitas vezes o dependente de substâncias necessita de auxílio medicamentoso, e a farmacoterapia inclui medicamentos que tratam da síndrome de abstinência (sinais e sintomas que aparecem quando o uso da droga é repentinamente interrompido ou diminuído), medicamentos oferecidos em tratamentos aversivos (tratamentos que fazem com que o indivíduo sinta algum mal-estar ao usar a substância) e aqueles que tratam da compulsão (desejo incontrolável) ao uso da droga.

O tratamento farmacológico cuida também das doenças que estão associadas ao consumo das drogas, as chamadas co-morbidades, que podem ser causa ou consequência do uso.

É importante esclarecer o significado do termo desintoxicação, comumente utilizado quando se fala de tratamento da dependência, mas que se refere a um conjunto de procedimentos médicos feitos para eliminar a droga do organismo. Desintoxicação não é tratamento, é apenas a primeira fase de um processo.

Muitas doenças relacionadas ao consumo de drogas, como ansiedade e depressão, por exemplo, só podem ser diagnosticadas adequadamente, após a desintoxicação e o período de síndrome de abstinência.

Os casos de internação hospitalar são destinados apenas a usuários que estejam muito envolvidos com a droga e afetados por suas consequências. Somente podem ser compulsórios quando o dependente perde totalmente a capacidade de julgamento ou fica agressivo, colocando em risco a própria segurança ou a de outras pessoas.

As psicoterapias podem ocorrer individualmente, em grupo ou em família e ajudam o usuário a perceber a influência da droga em sua vida, auxiliando-o na elaboração de um projeto de vida sem o consumo da substância e no manejo da recaída.

Considerando os estágios motivacionais para a mudança do comportamento (pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção) a intervenção breve motivacional tem sido uma boa estratégia, por respeitar o momento do usuário, ou seja, a vontade dele se tratar ou não.

Quando o usuário não está pensando em parar de usar a droga, por exemplo, ele está no estágio de pré-contemplação, obrigá-lo a fazer um tratamento dificilmente terá um bom resultado. A intervenção, neste caso, consiste em fornecer informações e orientações sobre os problemas associados ao uso da substância e encorajá-lo a pensar no assunto.

Na abordagem familiar sistêmica, o problema do uso de drogas não é focalizado somente no usuário, e sim visto como problema a ser considerado dentro de suas relações afetivas mais importantes, estando o foco, portanto, no tratamento da família como um todo. Nesta perspectiva, um dependente exerce uma função importante na família, que se organiza de modo a atingir uma espécie de homeostase (equilíbrio) dentro do sistema, mesmo que para isso a dependência faça parte do seu funcionamento e, muitas vezes, a abstinência pode afetar tal homeostase. O terapeuta utiliza técnicas para clarificar o funcionamento familiar e promover mudanças de padrões e interações familiares.

Compreendendo que a questão da dependência de substâncias é multifatorial e existem várias possibilidades de tratá-la, torna-se imprescindível multiplicar os conhecimentos nesta área, divulgando os recursos existentes e promovendo o melhoramento contínuo destes serviços, através da articulação entre o poder público, as organizações não governamentais e os profissionais da área da saúde, educação e assistência social, que compõem esta rede de atenção, compartilhando responsabilidades para a promoção de uma sociedade mais saudável e mais feliz.

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Infância

O Ministério Público de Rondônia, em parceria com a Rede de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Porto Velho, participou de diversas atividades alusivas ao “Dia

Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes”, 18 de maio, com o objetivo de alertar a sociedade sobre essa grave temática.

A mobilização da sociedade é considerada fundamental para o combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, já que os índices desse tipo de violência ainda são alarmantes. Em 2009, pelo Disque 100, número disponibilizado para denúncias, foram feitos 374 relatos de violência contra crianças e adolescentes no Estado de Rondônia, sendo 276 deles em Porto Velho. Dessas denúncias, 102 envolviam vítimas de abuso sexual (13,5%) e 165, violência (21,8%). O número de violência psicológica chegou a 132 denúncias (17,4%) e 90 casos de violência com lesão corporal (11,9%).

O total de vítimas de violência chegou a 692, a maior parte do sexo feminino, 376 (66,5%) e 254 (32,9%) do sexo masculino e 9 (0,6%) não tiveram o sexo identificado. Entre a faixa etária, o maior número de casos, 80, tinha 12 anos (11,6%). Entre os suspeitos da prática de violência contra crianças e adolescentes, 335 (53,2%) eram do sexo masculino e 286 (45,5%) feminino. Em relação ao vínculo de parentesco dos suspeitos, 206 (32,8%) eram mães, seguidas do pai, 95 (15,1%), padrasto, 59 (9,4%) e madrasta 22 (3,5%). Sessenta e dois dos suspeitos eram desconhecidos (9,9%) e não informados 49 (7,8%).

A cientista social Edna Fernandes Ferreira, do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAO-INF), disse que os dados do Disque 100 ainda não refletem a realidade da violência contra a criança, porque muitas pessoas ainda têm medo de denunciar. “A maioria dos casos de exploração sexual envolve crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social”, salienta Edna.

Ela enfatiza que o fenômeno da violência contra crianças e adolescentes é mundial e todas as instituições que lidam com a questão entendem a importância de combatê-la. O Ministério Público de Rondônia, que integra a Rede de Combate de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Porto Velho, tem se engajado nessa luta, promovendo uma série de ações como a capacitação de Conselheiros Tutelares e contado com apoio dos agentes comunitários de saúde para informar casos de violência contra crianças e adolescentes por meio do Disque Denúncia. “Essas ações fazem parte do Projeto Conscientizar e Proteger e também das metas estabelecidas no Plano Geral de Atuação (PGA)”.

Uma pesquisa realizada pela professora Berenice Tourinho, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), aponta, entre outros dados, que mais de 40% dos casos de violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes em Porto Velho são praticados pelo padrasto (46,1), seguidos pelos pais (21,5%). No meio extrafamiliar, são identificados 53 tipos de abuso sexual, sendo que o maior número de casos envolve vizinhos (30,2%), seguido dos namorados (19,8%) e desconhecidos (16,7%).

Os dados foram repassados durante evento promovido dentro da programação alusiva ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes,

Rede atua contra violência infanto-juvenil

lembrado na data de 18 de maio em razão da história ocorrida no ano de 1973, com uma garota de oito anos, que ficou conhecido nacionalmente como o “Caso Aracele”, cujos responsáveis ficaram impunes.

O evento, no auditório do Ministério Público de Rondônia, foi aberto pelo Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, que abordou a importância da semana alusiva ao dia 18 de maio, mas ressaltou que as atividades diárias do Ministério Público de Rondônia em defesa dessa parte sensível da sociedade continuam. “Temos dado prioridade à área da criança e do adolescente, prova disso foi a criação de mais uma titularidade na Promotoria da Criança e do Adolescente na capital”, enfatizou.

Segundo Ivanildo de Oliveira, os dados sobre violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes registrados por meio do Disque 100 em Rondônia são alarmantes, mas ainda não refletem a realidade. “Sabemos que muitas ocorrências não são registradas porque ocorrem no ambiente familiar e não chegam ao conhecimento das autoridades”, ressaltou.

Ele também agradeceu o apoio de todos que compõem a Rede de Enfrentamento à Violência e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que estiveram presentes ao evento no Ministério Público, a exemplo da Polícia Federal, Procuradoria Regional do Trabalho, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Poder Judiciário, além de profissionais da área e entidades de defesa da criança e do adolescente.

O diretor do CAO-INF, Promotor de Justiça Marcos Valério Tessila de Melo, destacou que durante a semana foram realizadas as atividades alusivas ao dia 18 de maio. O Promotor de Justiça Marcelo Lima de Oliveira, da Promotoria da Infância e da Juventude, acrescentou que as atividades do dia 18 de maio eram importantes para rearticular a Rede de Enfrentamento à Violência Sexual contra a criança e o adolescente e conhecer novos membros. O Promotor de Justiça Pedro Wagner Almeida Pereira Júnior aproveitou a oportunidade para informar sobre o papel da recém-criada Promotoria da Segurança Pública, que também vai atuar na questão da violência contra a criança e o adolescente.

O Procurador-Chefe do Ministério Público do Trabalho, Francisco José Pinheiro Cruz, ressaltou que a atuação do Ministério Público do Trabalho é principalmente no combate ao trabalho infantil, mas que a Instituição está aberta para atender as solicitações de toda a sociedade.

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“Those who desire to give up freedom in order to gain securitiy, will not have, nor do they deserve, either one”

(Thomas Jefferson)“El miedo tiene muchos ojos y ve las cosas debajo

de la tierra.” (Miguel de Cervantes)

Na sociedade atual de riscos nota-se um grande aumento na demanda pelo Direito Penal. O Direito Penal que sempre foi considerado a ultima ratio, passou a ser a prima ratio ou sola ratio. A sociedade acuada pelo medo e pela insegurança busca no Direito Penal sua salvação. Nas palavras de Winfried Hassemer: “O Direito Penal é tido como executor frio e absoluto das necessidades punitivas coletivas.”1

Tendo em vista este expansionismo do Direito Penal, surgem diversas teorias para justificá-lo. A teoria à qual o presente artigo pretende se dedicar é a polêmica teoria do Direito Penal do Inimigo, formulada por Günther Jakobs.

No Direito Penal do Inimigo a condição de cidadão ou pessoa é definida precipuamente por deveres ao invés de direitos, vale dizer, exige-se que o indivíduo atue com fidelidade ao Direito. De acordo com Günther Jakobs,

“la vigorosa sentencia la cual al menos hoy todos deben ser tratados como personas en Derecho, por lo tanto, como ya cabe suponer en este punto, necesita de una adición: siempre que aquellos ‘todos’ cumplan a su vez con sus deberes, o, en el caso contrario, siempre que se los tenga controlados, es decir, que no puedan resultar peligrosos.”2 Diante do exposto, percebe-se que Günther Jakobs

defende que “o status de pessoa precisa ser merecido através de um bom comportamento.”3

A priori o delinquente continua cidadão, somente sendo rotulado de inimigo quando se torna adversário do ordenamento jurídico por princípio, vale dizer, quando não demonstra segurança cognitiva mínima de comportamento pessoal.4 São exemplos de inimigos os abrangidos pela chamada legislação de luta contra a criminalidade organizada, a criminalidade econômica, o terrorismo, o tráfico de drogas, os delitos sexuais e outros.5

Em síntese, “o Direito penal do cidadão é o Direito de todos, o Direito penal do inimigo é daqueles que o constituem contra o inimigo: frente ao inimigo, é só coação

física, até chegar à guerra. (...) O Direito penal do cidadão mantém a vigência da norma, o Direito penal do inimigo combate perigos.”6

O Direito Penal do Inimigo tem algumas características que são seu traço identificador, as quais foram elencadas pelo constitucionalista Canotilho:

“(1) tutela marcada, e intencionalmente antecipada de bens jurídicos (segurança, ordem, bens materiais e pessoais); (2) centralidade do paradigma do crime de perigo indirecto, de forma a possibilitar a incriminação de condutas que, em abstrato, se reveem inidóneas e desadequadas para criar aquelas situações de perigosidade legitimadoras de antecipação de intervenção penal; (3) formulação estrutural dos pressupostos (tatbestände) incriminadores com especial subvaloração dos pressupostos objectivos essenciais do direito penal do Täter(Gesinnung)strafrecht; (4) inversão do onus probandi, atenuando a presunção de inocência do arguido; (5) radicalização da pena de prisão nos seus limites máximos e mínimos, e intensificação do rigor repressivo nas várias modalidades de execução de penas, acompanhada de bloqueio a políticas criminais alternativas.”7

Como o Direito penal do Inimigo diz respeito a eliminar perigos, a punibilidade avança para alcançar delitos de preparação e se dirige a fatos futuros, não fatos já ocorridos.8 Criminalizam-se condutas previamente à lesão do bem jurídico com o fim de combater perigos, não visando sancionar danos consumados.

No tocante ao aumento das penas, segundo Günther Jakobs este se justifica, pois no Direito Penal do Inimigo a pena não deve corresponder à culpabilidade, visto que tão somente é coação. Justifica-se assim o aprisionamento do inimigo enquanto ele for considerado perigoso, porquanto a pena se dirige a evitar delitos futuros. Além disso, o legislador não leva em consideração o adiantamento da punibilidade para fins de redução proporcional da pena.9

Ao analisar detidamente o Direito Penal do Inimigo, percebe-se sua falha quanto ao momento de identificação do inimigo como tal, pois este Direito tem como pressuposto a noção de que seus destinatários são não-pessoas, porém teria que partir também da existência destas não-pessoas no mundo fático antes de sua elaboração, pois do contrário seria o próprio Direito Penal do Inimigo que construiria

Daniela Lopes de Faria Advogada e membro da Comissão de

Estudos Constitucionais da OAB/RO

DIREITO PENAL DO INIMIGO: BREVE ANÁLISE E CRÍTICA

Artigo

1 HASSEMER, Winfried. Direito Penal Libertário. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2007. p. 772 JAKOBS, Günther. ¿Derecho Penal del Enemigo? Un estudio acerca de los presupuestos de juridicidad. In: Revista Panóptica. Ano 02. n.11, Nov. 2007 – Fev. 2008 p. 1993 NEUMANN, Ulfrid. Direito penal do Inimigo. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo.v. 17 n. 69. 2007. p. 1714 JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: Noções e críticas. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008. p.435 JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: Noções e críticas. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008. p.34/35

6 JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: Noções e críticas. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008. p.307 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Estudos sobre Direitos Fundamentais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; Portugal, Coimbra Editora, 2008. p. 2368 JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: Noções e críticas. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008. p.35/369 MALAN, Diogo Rudge. Processo Penal do Inimigo. Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo, n. 59, 2006. p. 228

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tal conceito de maneira inteiramente autorreferente e, consequentemente, circular.10

Kai Ambos, ao tratar do momento em que se define alguém como inimigo afirma que somente existiriam duas possibilidades: ou aplicar-se-ia o Direito Penal do Cidadão, separando o “joio do trigo”, ou proceder-se-ia conforme o Direito Penal do Inimigo, atribuindo de maneira abstrata o status de inimigo. No primeiro caso, em razão do princípio da presunção da inocência aplicar-se-ia o Direito Penal do Cidadão aos inimigos, de modo a desacreditar o discurso do Direito Penal do Inimigo. Por tal motivo, partindo-se da perspectiva do Direito penal do Inimigo seria mais natural a segunda possibilidade, a qual nada mais é do que uma petitio principii, vale dizer, pressupõe-se aquilo que se deveria provar, no caso o status de inimigo de determinados indivíduos.11

Demais disso, deve-se atentar para o fato de que a supressão das garantias do inimigo pode não se limitar somente a ele. Eugenio Raúl Zaffaroni assevera

“A admissão resignada de um tratamento penal diferenciado para um grupo de autores ou criminosos graves não pode ser eficaz para conter o avanço do atual autoritarismo cool no mundo, entre outras razões porque não será possível reduzir o tratamento diferenciado a um grupo de pessoas sem que se reduzam as garantias de todos os cidadãos diante do poder punitivo, dado que não sabemos ab initio quem são essas pessoas. O poder seletivo está sempre nas mãos de agências que o empregam segundo interesses conjunturais e o usam também com outros objetivos.”12

Outra crítica recorrente na doutrina penalista é a constatação de que o Direito Penal do Inimigo é verdadeiro Direito penal do autor.

Eugenio Raúl Zaffaroni esclarece que o Direito penal do autor “é uma corrupção do direito penal, em que não se proíbe o ato em si, mas o ato como manifestação de uma ‘forma de ser’ do autor, esta sim considerada verdadeiramente delitiva. O ato teria valor de sintoma de uma personalidade; o proibido e reprovável ou perigoso seria a personalidade e não o ato.”13

Nas palavras de Manuel Cancio Meliá, “a regulação tem, desde o início, uma direção centrada na identificação de um determinado grupo de sujeitos – os inimigos – mais que na definição de um fato.”14 (grifos do autor)

A principal e grande crítica feita ao Direito Penal do Inimigo diz respeito ao enquadramento do inimigo como não-pessoa. Ora, tal afirmação vai contra os direitos humanos internacionalmente reconhecidos, bem como contra o Estado Democrático de Direito como um todo, fundado em direitos fundamentais tais como a dignidade da pessoa humana e a igualdade.

Os direitos fundamentais previstos na Constituição têm supremacia no ordenamento jurídico de maneira que não podem ser suprimidos para determinada parcela da população. Não há como justificar ou legitimar o Direito

Penal do Inimigo quando este vai contra princípios como a presunção de inocência, a legalidade, a proporcionalidade, o devido processo legal, a igualdade, dentre outros.15

Primeiramente, a mera classificação em inimigos e cidadãos viola o direito à igualdade. Ademais, a dignidade da pessoa humana é um atributo inerente e intrínseco à pessoa humana, de modo que a teoria Jakobsiana de que o indivíduo deve merecer o status de cidadão carece de qualquer sentido.

Importa ressaltar que a supressão de garantias e direitos fundamentais, ao longo da história, foi um artifício utilizado por ditaduras e Estados autoritários, sempre justificadas pela fictícia segurança dos cidadãos frente aos inimigos. Partindo desta linha de raciocínio, Eugenio Raúl Zaffaroni atesta que “la admisión jurídica del concepto de enemigo en el derecho (que no sea estrictamente de guerra) siempre ha sido, lógica e históricamente, el germen o primer síntoma de la destrucción autoritaria del estado de derecho.”16

Por fim, nas sábias palavras de Luigi Ferrajoli “La ragione giuridica dello stato di diritto, infatti, non conosce nemici ed amici, ma solo colpevoli e innocenti.”17

Conclui-se, então, que o Direito Penal do Inimigo é incompatível com o Estado Democrático de Direito, visto que viola a dignidade da pessoa humana e diversos direitos fundamentais.

BIBLIOGRAFIA

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ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.

10 MARTÍN, Luis Gracia. O Horizonte do Finalismo e o Direito Penal do Inimigo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 156/157.11 AMBOS, Kai. Direito Penal do Inimigo. In: Revista Panóptica. Ano 02. n.11, Nov. 2007 – Fev. 2008. p. 1512 CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Silva Sánchez e Jakobs: a saga da racionalização do irracional. In: Revista Panóptica. Ano 02. n.11, nov. /fev. 2008. p. 72

13 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 105

14 JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: Noções e críticas. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008. p. 81

15 CALLEGARI, André Luís; DUTRA, Fernanda Arruda. Direito Penal do Inimigo e Direitos Fundamentais. In: Revista dos Tribunais, ano 96, v. 862, ago. 2007. p. 438/43916 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. El enemigo en el derecho penal. Madrid: Editora Dykinson, 2006. p. 15017 Tradução livre: “A razão jurídica do estado de direito, de fato, não conhece inimigos e amigos, mas somente culpados e inocentes.” FERRAJOLI, Luigi. Il “diritto penal del nemico” e la dissoluzione del diritto penale. In: Revista Panóptica. Ano 02. n.11, Nov. 2007 – Fev. 2008. p. 99

33REVISTA MPRO

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Coordenado pela Seção de Serviços Gerais (Seseg), o curso atingiu 31 pessoas, entre servidores e reeducandos, apenados do regime semiaberto que prestam serviço para a Instituição, por meio de convênio selado com a Secretaria de Estado de Justiça.

Os participantes aprenderam a manusear produtos de higiene com segurança, seguindo orientações do fabricante, de forma a obter proteção, qualidade e economia no trabalho executado. Um dos assuntos abordados foram os riscos quanto à mistura de bases químicas, prática recorrente que visa, equivocadamente, intensificar a capacidade de limpeza dos produtos, podendo provocar acidentes, como queimaduras.

Os problemas posturais também mereceram destaque durante o treinamento, já que o processo de limpeza inclui o deslocamento de mobiliário e

outras situações que exigem esforço físico, por parte dos servidores. “Muitas vezes o colaborador sobe ou desce escadas, movimenta móveis e manuseia instrumentos de trabalho sem se preocupar com a postura correta. Com conhecimento básico em ergonomia, o servidor poderá evitar problemas de saúde decorrentes de esforços excessivos e desnecessários”, afirma a chefe da Seção de Serviços Gerais (Seseg), Leila Mara.

Ela assegura que a capacitação foi de fundamental importância para os participantes, que, além de melhor preparados, sentiram-se valorizados com a iniciativa. A chefe da Seseg informa que, preparados para exercerem suas atribuições de forma mais eficiente, os servidores também estarão aptos a exercer, no futuro, atividades de inspeção, orientação e acompanhamento do processo de limpeza e higienização.

Servidores participantes do treinamento promovido pela Seseg

Tendo importância cada vez mais reconhecida dentro do ambiente organizacional, a higienização profissional foi tema de treinamento realizado pelo Ministério Público de Rondônia a servidores que atuam na área.

PROFISSIONALIZAÇÃODA HIGIENIZAÇÃO DE AMBIENTES

MP INVESTE NA

Institucional

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No dia 1º de julho, um importante personagem da história do Ministério Público rondoniense deixou de integrar o quadro de Procuradores de Justiça aposentados para compor, na memória institucional,

o honroso lugar dos que se foram, legando conquistas para a sociedade. Evaldo Lopes de Alencar, um dos 19 aprovados no primeiro concurso do MP de Rondônia, em 82, faleceu aos 63 anos, em Brasília (DF), tendo deixado importantes contribuições às gerações que se seguiram no exercício das missões institucionais.

Segundo colocado no certame de ingresso na carreira, Evaldo Lopes foi nomeado Procurador de Justiça pelo governador Jorge Teixeira, no dia seguinte à posse dos primeiros Promotores, juntamente com o primeiro colocado no concurso, Ibrahimar Andrade da Rocha, em razão da necessidade do Estado em compor o quadro de Procuradores do Ministério Público rondoniense.

Foi Corregedor-Geral do MP no período de 03 de junho de 85 a 3 de agosto de 87. Aposentou-se em 92, por tempo de serviço.

Nos 10 anos em que atuou no MPRO, Evaldo Lopes viveu os dias difíceis da construção dos alicerces da Instituição e contribuiu para os avanços obtidos, pioneiramente, pelo Ministério Público rondoniense. Participou do 1º Simpósio do Ministério Público, em 83, que resultou, por meio da redação da Constituição Estadual, na garantia de uma instituição moderna e ágil, que serviu de referencial para os demais estados e, inclusive, para elaboração da Constituição Federal de 88.

Decano do Ministério Público estadual, o Procurador de Justiça Edmilson José de Matos Fonsêca lembra do colega como um homem dinâmico e inteligente, cuja experiência fez-se notar nos anos primeiros da Instituição. “Costumávamos consultá-lo sobre as questões mais complexas de nossa lida institucional”, diz ele, destacando que, em razão de seu preparo na matéria previdenciária, Evaldo Lopes ajudou a elaborar a primeira Lei de Previdência Social do Estado de Rondônia.

O segundo colocado no primeiro concurso do Ministério Público chegou a atuar junto ao Tribunal de Contas do Estado, que, à época, não dispunha do cargo de Procurador de Contas, e também foi professor de Direito Administrativo e Constitucional na Universidade Federal de Rondônia e na Faculdade de Rondônia (FARO). “Sua inteligência e preparo intelectual eram admiráveis. Em 93, um ano depois de ter se aposentado, o MP criou um núcleo de estudos, formado por Promotores de Justiça, em Ji-Paraná, e deu a esse centro o nome de Evaldo Lopes de Alencar, em reconhecimento à contribuição do colega ao aprimoramento dos membros. Lembro que ele já estava morando em Brasília e veio a Rondônia para a inauguração do núcleo”, recorda-se o Procurador Edmilson de Matos, à época, Corregedor-Geral.

Evaldo Lopes Alencar nasceu em Jaicós (PI). Mudou-se para Brasília em 67, onde passou no concurso para Defensor Público, sendo promovido, depois, ao cargo de Promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Foi chefe de gabinete do MPDFT na gestão do Procurador-Geral Dimas Ribeiro da Fonseca, que, mais tarde, veio a ocupar o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia e por influência de quem fez o concurso para o MP rondoniense. “Era um grande amigo”, diz o Desembargador aposentado, que redigiu um texto em homenagem ao companheiro de outrora (veja no box).

Após aposentar-se, Evaldo Lopes trabalhou como advogado em Brasília até 99, quando sofreu um acidente vascular cerebral. Viveu os 11 anos seguintes com a saúde bastante debilitada. Ele deixa viúva Francisca Iara de Lima Alencar, com quem casou e teve quatro filhos: Evaldo Lima Lopes de Alencar, Kênia Cristina de Lima Alencar, Kelly Cristine de Lima Alencar Moterani e Keila Cristina de Lima Alencar Ribeiro.

“Lia para ele as notícias da Revista do Ministério Público”

Francisca Iara de Lima Alencar, de 58 anos, descreve o marido falecido como um homem apaixonado pelo Direito e movido pelas causas da Justiça. Ela afirma que ele estava estabelecido em Brasília, quando resolveu contribuir para a implantação do MP rondoniense. “Tudo o que ele fez foi por amor. Poderia ter seguido a carreira no Distrito Federal, onde já era Promotor, mas decidiu mudar para um estado recém-criado. Não foi fácil. Tínhamos quatro filhos e moramos, inicialmente, na casa de amigos”, relata a viúva.

Ela conta que, mesmo depois de doente, o esposo se interessava em ter notícias do Ministério Público que ajudara a construir. “Lia a revista do Ministério Público pra ele e ele ficava feliz quando trazia informações de pessoas que ele tinha conhecido”, afirma.

Num balanço da carreira construída pelo esposo no MP rondoniense, Francisca Iara diz que Evaldo Lopes nunca se arrependeu de ter renunciado a uma trajetória no MPDFT. “Ele sempre foi convicto de que fez as escolhas certas”.

Evaldo, o intrépido de Jaicós

No planalto da Capital Federal aconteceu, há pouco, o passamento dorido do baluarte Evaldo Lopes de Alencar.

o Ministério Público brasileiro sentiu a perda do piauiense de têmpera forjada nos altiplanos das Gerais, nos sertões de Anhanguera,nos grotões cultivados e que sonhou o sonho do filho de Diamantina,

exemplo de coragem para plantar o Brasil novo ao lado dos candangos que nos empolgou com a proficía de Dom Bosco.

Lado a lado, desde as cidades-satélites, redigimos os primeiros pedidos dos carentes nas boleias dos velhos jeeps que serviram de gabinetes

empoeirados para o reconhecimento do direito candango. Quando abracei a parte das execuções penais encontrei na disposição de Evaldo, como chefe de gabinete da Procuradoria, a força indomável para executá-Ia. Dentro em pouco pôs termo ao celeiro processual do

mundo candango. Assim, venceu todas as tarefas que poucos souberam vencer no ritmo

brasiliense. Entre os primeiros da grande epopeia estava o notável companheiro

Evaldo, servindo nos recantos difíceis da segurança pública e da Defensoria Pública. Entre esses pioneiros, despontavam, entre outros, Sepúlveda Pertence, Eduardo Ribeiro, Lincoln Magalhães da Rocha, José Manoel Coelho, José de Nicodemos Alves Ramos, Bernardino

Souza e Silva, Romildo Bueno da Souza, Geraldo Nunes e tantos outros de talentos como os heróis da Odisseia.

Não houve, em sua lida, um espaço só em seu corpo, que não lhe restasse ferido pela luta renhida das grandes almas.

Todos prestaram-lhe naquele instante a reverência da Última Instância de que fora merecedor.

Brasília, 1º de julho de 2010 DIMAS RIBEIRO DA FONSECA

Evaldo Lopes entre Edson Badra e Zelite Carneiro

MPRO SE DESPEDE DE UM PIONEIRO

Homenagem

35REVISTA MPRO

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Institucional

Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à cultura jurídica e ao Ministério Público de Rondônia, membros da Instituição foram agraciados, no dia 15 de julho deste ano, com a Ordem do Mérito Ministério Público de Rondônia - Grã Cruz, durante sessão solene do Colégio de Procuradores de Justiça.

Foram homenageados com a entrega da Comenda o Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, e os Procuradores de Justiça Edmilson José de Matos Fonsêca, José Carlos Vitachi, Gilberto Barbosa Batista dos Santos, Cláudio José de Barros Silveira, Ivo Benitez, Airton Pedro Marin Filho, Vera Lúcia Pacheco Ferraz de Arruda e Rita Maria Lima Moncks, nos termos da Lei nº 1.453, de 2 de fevereiro de 2005, e do artigo 2º da Resolução nº 07/2005.

A Ordem do Mérito Ministério Público do Estado de Rondônia destina-se a agraciar personalidades ou instituições de destaque, nacionais ou estrangeiras, por seus méritos e relevantes serviços prestados à cultura jurídica e ao Ministério Público do Estado de Rondônia.

Coube ao Procurador de Justiça José Carlos Vitachi fazer uso da palavra em nome dos homenageados. Ele fez questão de citar membros e servidores que colaboraram na edificação e no engrandecimento da Instituição, agradecendo em especial o Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de

reconhece serviços prestados ao MPRO

Procurador-Geral de Justiça assina livro de registro

Procurador de Justiça José Carlos Vitachi ressalta a importância do reconhecimento ao trabalho dos membros da Instituição

Oliveira, presidente do Colégio de Procuradores de Justiça, pela realização do ato.

José Carlos Vitachi ressaltou a importância daquele momento para o resgate histórico da Instituição, fazendo um breve relato de como se deu a proposta de criação da Comenda.

O Procurador de Justiça Edmilson José de Matos Fonsêca lembrou aspectos históricos e a união dos membros para alcançar a independência funcional, negada quando da instalação do Ministério Público. O Promotor de Justiça Marcelo Lima de Oliveira, em nome da Associação do Ministério Público de Rondônia (Ampro), destacou a importância do reconhecimento daqueles que contribuem para a valoração do Ministério Público, parabenizando todos os agraciados. O Presidente do Colégio de Procuradores de Justiça, Ivanildo de Oliveira, disse que a entrega da Comenda era um momento histórico e agradeceu os elogios do Procurador de Justiça José Carlos Vitachi, ressaltando que ao Procurador de Justiça, o mentor da norma legal, deveriam ser dirigidos os cumprimentos elogiosos.

Prestigiaram o evento os promotores de Justiça Marcelo Lima de Oliveira, presidente da Ampro, Héverton Alves de Aguiar, Secretário-Geral do MPRO; Marcos Valério Tessila de Melo, Chefe de Gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, e Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, Diretor do Centro de Apoio Operacional Criminal (CAO-CRI).

Comenda

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Procuradores de Justiça homenageados na solenidade de entrega das Comendas

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A proposta do Manual da Taxonomia do Ministério Público Brasileiro para criação de Tabelas Unificadas dos MPs foi aprovada por aclamação durante reunião ordinária do

Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais dos Estados e da União (CNPG), realizada no dia 26 de agosto, no Rio de Janeiro.

A proposta foi apresentada pelo Procurador-Geral de Justiça de Rondônia, Ivanildo de Oliveira, relator do projeto, desenvolvido ao longo do último ano pelo Comitê Nacional Gestor de Tabelas (CNGT), em reuniões em vários Estados do País, e será encaminhada para apreciação do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Também estiveram presentes à reunião no Rio de Janeiro o Corregedor-Geral do MP de Rondônia, Airton Pedro Marin Filho, que coordena o Comitê Nacional Gestor de Tabelas, e o chefe de Gabinete da Corregedoria-Geral, Promotor de Justiça Jesualdo Eurípedes Leiva de Faria.

As tabelas desenvolvidas pelo MP de Rondônia também já haviam sido aprovadas na última reunião do Conselho Nacional dos Corregedores-Gerais (CNCG), realizada na Paraíba em maio deste ano, e agora serão regulamentadas por resolução pelo CNMP, cabendo a cada unidade institucional aplicá-la, gradativa e progressivamente.

A taxonomia é um sistema que classifica de forma hierárquica a informação, introduzindo ordem, eliminando ambiguidades, classificando os dados de maneira lógica. É uma metodologia científica para permitir a mensuração de resultados a partir de uma base comum de informações.

A ideia da padronização das atividades institucionais surgiu como uma preocupação dos técnicos na área da Tecnologia da Informação, que iniciaram um trabalho para

criar uma normatização para as classes, assuntos e movimentação dos feitos no Ministério Público.

O Ministério Público de Rondônia, reconhecido pelos avanços implementados na área de Tecnologia da Informação, sempre esteve à frente do movimento para criação de uma tabela processual uniformizada para os Ministérios Públicos, assumindo, em conjunto com o Conselho Nacional de Justiça e com o Tribunal de Justiça de Rondônia, o compromisso de aproximar as ferramentas tecnológicas das duas instituições, a fim de dar início a um sistema integrado de justiça.

Após várias reuniões, todas de alcance nacional, o Ministério Público de Rondônia apresentou a representantes dos Conselhos Nacionais de Justiça e do Ministério Público, bem como aos Ministérios Públicos de Goiás e do Distrito Federal e Territórios, como seriam, na prática, o acolhimento e a utilização das tabelas adotadas pelo judiciário, na movimentação dos feitos dentro da Instituição.

Logo após todo o trabalho de sistematização da Taxonomia do MP Brasileiro, foi aprovada a criação do Comitê Nacional Gestor de Tabelas e o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Justiça decidiu também pela reativação da Comissão Conjunta entre o CNPG/CNCG, anteriormente criada para tal fim. Foi designado pelo CNPG para presidir o Comitê o Procurador-Geral de Justiça de Rondônia, Ivanildo de Oliveira, e coube ao Corregedor-Geral do MP de Rondônia, Airton Pedro Marin Filho, integrar o Comitê na condição de representante do Conselho Nacional de Corregedores-Gerais do Ministério Público.

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MANUAL DE TAXONOMIA APROVADO POR ACLAMAÇÃO PELO CNPG

MANUAL DA

TAXONOMIA DO

MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO

38 REVISTA MPRO

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Institucional

Preocupado em melhor preparar Promotores de Justiça que se encarregam da função de administradores ao assumirem a coordenação de unidades do MP em comarcas do interior do Estado,

o Ministério Público de Rondônia, por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), promoveu em agosto o I Encontro de Gestão de Promotoria de Justiça, no município de Cacoal.

Também destinado a chefes de cartório, o evento buscou aprimorar competências dos servidores atuantes na área administrativa das Promotorias, promovendo um esclarecimento do fluxo administrativo da Instituição, de modo a solucionar as dificuldades enfrentadas no cotidiano, oferecendo, como consequência, um serviço de melhor qualidade à sociedade.

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, afirmou que o treinamento reflete a preocupação institucional em adotar a profissionalização da gestão no Ministério Público. “Sabemos que Promotores de Justiça são aprovados em concurso para trabalhar com a aplicação do Direito, mas é inevitável que também se tornem gestores ao assumirem coordenação de Promotorias. Esse evento auxiliará membros e servidores na gestão de suas atribuições”, disse.

A capacitação em Gestão de Promotoria de Justiça justifica-se pela vasta quantidade de procedimentos administrativos realizados nos órgãos do Ministério Público, os quais envolvem desde atividades mais simples, como redigir e tramitar documentos, às mais complexas, como executar procedimentos relativos a processos licitatórios para a aquisição de bens ou serviços.

Resultados

O encontro teve como resultados práticos a análise detalhada das dificuldades de membros e servidores atuantes na área administrativa do MP rondoniense, bem como a coleta de sugestões deste público, a respeito de melhorias a serem implementadas para aprimorar o fluxo de processos organizacionais na Instituição. As informações estarão presentes em relatório que será elaborado pelo CEAF e serão entregues à Procuradoria-Geral de Justiça.

O Diretor do CEAF, Procurador de Justiça Rodney Pereira de Paula, explica que o documento servirá de base à Procuradoria-Geral de Justiça para a elaboração de norteadores administrativos, de modo que sejam tomadas providências que sanem ou regularizem as dificuldades

Gestão de Promotorias de Justiça é temade encontro

registradas. Outro resultado do evento foi o levantamento de necessidades de treinamentos a serem ofertados para todo o corpo funcional do Ministério Público.

Para o Procurador de Justiça, o evento cumpriu com os objetivos a que se propôs, promovendo esclarecimentos sobre os trâmites administrativos do MPRO e contribuindo para a interação do público presente junto aos chefes das unidades administrativas que compõem a Instituição, dirimindo dúvidas, facilitando acessos e promovendo a harmonização organizacional.

Secretaria-Geral e Coplan

O Encontro de Gestão de Promotoria de Justiça teve a programação formada, entre outras atividades, por apresentações das atribuições de órgãos que compõem o MPRO, como a Secretaria-Geral e as Diretorias Administrativa, de Orçamento e Finanças, de Tecnologia da Informação e Auditoria Interna. A Coordenadoria de Planejamento e Gestão (Coplan), além do CEAF, também teve espaço para expor suas ações.

Fazendo um panorama das atividades da Secretaria-Geral, o Promotor de Justiça Héverton Alves de Aguiar, que chefia o órgão, informou que o Ministério Público vem aplicando vários projetos que visam fomentar o controle, participação, ordem, disciplina e mensuração de resultados, o que tem permitido uma melhor avaliação e correções necessárias ao ideal desempenho do MP rondoniense. Como exemplo, ele citou o controle de despesas administrativas, ação que permitiu ao Ministério Público reduzir 16,6% da despesa global com gastos com manutenção da vida vegetativa das unidades que compõem a Instituição.

Já o Coordenador da Coplan, Promotor de Justiça Charles Martins, falou da elaboração do Plano Geral de Atuação do Ministério Público, fazendo um resgate histórico do processo iniciado em 2004. O chefe do órgão também apresentou o aplicativo desenvolvido para mensurar o cumprimento do Plano de Atuação, ferramenta que vem sendo instalada com sucesso este ano pelo MPRO.

O evento em Cacoal teve a presença do Subprocurador-Geral de Justiça, Ivo Scherer, e da Promotora de Justiça Alessandra Apolinário Garcia, Coordenadora-Geral dos trabalhos.

Promotores de Justiça e servidores discutem propostas para aprimorar atividades administrativas

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Existe forte corrente doutrinária e jurisprudencial que prega que o porte de arma desmontada não constitui crime.

Os defensores dessa tese entendem que o fato de a arma estar desmontada retira da conduta a sua potencialidade lesiva. Este entendimento pode ser resumido pelo seguinte julgado do TJMG:

EMENTA: PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO - ARMA DESMONTADA E DESMUNICIADA - CONDUTA ATÍPICA - ABSOLVIÇÃO. 1. O simples porte de arma de fogo desmontada e desmuniciada, não tem capacidade para submeter a risco o bem jurídico tutelado pela norma incriminadora, pois o delito em exame, além da conduta, reclama um resultado normativo que acarrete dano, ou perigo concreto, já que o perigo abstrato, sem qualquer concretude, não resiste mais à adequada filtragem constitucional, nem às modernas teorias do Direito Penal. 2. Recurso provido. (Apelação Criminal nº 1.0005.04.01480-2/001, Rel. Desembargador Antonio Armando dos Santos).Essa tese, no entanto, não pode prosperar, sob pena

de se afrontar a teleologia da lei 10.826/03.Em verdade, para que se conclua pela inclusão

ou não da arma desmontada no tipo do art. 14 da Lei 10.826/2003, há necessidade de estabelecer qual é a intenção do legislador com o Estatuto do Desarmamento, e em consequência, com a referida figura típica.

Conforme se depreende das obras doutrinárias, o bem jurídico tutelado pelo Estatuto do Desarmamento é a segurança pública:

“Bem jurídico tutelado. A segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses vinculados a um corpo social, tendo a coletividade como titular, e, não, a uma pessoa isolada ou grupo isolado de pessoas. A segurança pública é bem tutelado pela CRFB/88, no seu art. 5º caput. As armas de fogo são espécies de material bélico e estão intimamente ligadas a segurança pública. A lei que instituiu o Estatuto do Desarmamento busca punir todo e qualquer comportamento irregular relacionado a arma de fogo, acessório e munição, como a venda, transporte, fabricação, porte etc., uma vez que quase todos os crimes violentos são cometidos com armas sem autorização do Poder Público. Ex: homicídio, roubo, latrocínio, extorsão mediante sequestro etc.”. (Gabriel Habib1)Dessa forma, todo e qualquer raciocínio deve partir

do pressuposto de que o Estatuto do Desarmamento tem por finalidade proteger a segurança e a incolumidade públicas.

Justamente tendo em vista esse fato é que o porte

O porte de arma de fogo desmontada é crime?

de arma desmontada deve ser tido por crime, porque, ainda que desmontada, a arma de fogo tem potencial para atingir a segurança pública.

Isso porque não se pode ignorar que a arma estar desmontada é um fato meramente circunstancial, que pode ser modificado a qualquer momento, pela simples vontade do agente. O desmonte da arma é feito, sem dúvida, muitas vezes, para facilitar o transporte sem que o objeto seja facilmente percebido. No entanto, basta que seja montada novamente para que a arma readquira todo o seu potencial lesivo, representando ameaça para a paz social e para a segurança das pessoas.

Conforme está implícito de todo o sistema do Estatuto do Desarmamento, a tipificação do porte de arma não autorizado se dá, dentre outros objetivos, para prevenir a prática de crimes que violem bens jurídicos preciosos do ser humano, como a vida, a integridade física e o patrimônio. Em outras palavras, o porte de arma sem autorização é considerado delito para que se evite a prática de homicídios, latrocínios e outros crimes de gravidade equivalente.

É claro que não se pode esperar que apenas com a proibição de portar arma sem autorização os delitos violentos simplesmente desapareçam do cotidiano das pessoas. É sabido que criminosos, que se pode dizer, de verdade, nunca pediram e nunca vão pedir autorização do poder público para comprar e portar armas. Ocorre que não apenas criminosos “profissionais” cometem delitos violentos. Muitos crimes de tal jaez ocorrem tão somente em virtude de oportunidade, como as brigas de bares que terminam em homicídio por um dos contendores estar de posse de uma arma. Embora sem dados estatísticos, pela simples rotina de uma promotoria de justiça se percebe que, em verdade, delitos de homicídios cometidos por pistoleiros profissionais não fazem parte da maioria dos processos. O que se constata é que várias vidas são ceifadas em razão de disputas ou desentendimentos amorosos, brigas de bares, contendas entre vizinhos, muitas vezes por pessoas que não têm sequer uma passagem pela polícia.

É sem dúvida esse tipo de delito, de oportunidade, que o Estatuto do Desarmamento visa reprimir. Nesse sentido, é basilar a lição de Guilherme de Souza Nucci2:

Não somos defensores da simples proibição do comércio de armas de fogo, mas cremos na eficiência do rígido controle desse comércio, bem como do registro e do porte dessas armas. O cidadão honesto, ao menos, que não mais poderá encontrar armas de fogo em qualquer canto, fica livre de sua má utilização. Não temos a ilusão de que o controle estatal impedirá a ocorrência de crimes em geral, afinal, seria

1 In Leis Penais Especiais. Editora Jus Pudivm, Volume 12, Tomo I, pág. 59 2 In Leis Penais e Processuais Penais Comentadas, Editora Revista dos Tribunais, 4ª Edição, págs. 78/79

Artigo

Jaqueline Conesuque Gurgel do AmaralPromotora de Justiça do Estado de Rondônia

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ingênuo imaginar que a marginalidade compra arma de fogo em lojas, promovendo o devido registro e conseguindo o necessário porte. Ocorre que, a proliferação incontrolada das armas de fogo pelo País pode levar à sensível piora na segurança pública, pois não somente o criminoso faz uso indevido desses instrumentos, mas também o pacato indivíduo que, pela facilidade de ter e usar arma de fogo, pode ser levado a resolver conflitos fúteis com agressão a tiros, gerando homicídios e lesões corporais de toda espécie cometidas de forma leviana e inconsequentemente”.Dessa forma, o Estatuto do Desarmamento e

especificamente a proibição do porte não autorizado de arma ou munição acaba gerando importante efeito preventivo de crimes: a identificação de possíveis infratores antes que delitos efetivamente de dano venham a acontecer. Isso quer dizer que, ao se prender a pessoa que porta arma ilegalmente, apreendendo o armamento e as munições, estar-se-á prevenindo que alguma vida seja ceifada ou que algum patrimônio seja violado. Embora nunca se venha a ter certeza se o crime realmente ocorreria ou quem seriam as vítimas, o fato é que a paz e a segurança das pessoas são preservadas com as providências.

Perfilha o mesmo entendimento, mais uma vez, Guilherme de Souza Nucci3:

“O potencial assaltante pode ser preso pelo simples porte ilegal de arma de fogo, antes de cometer o mal maior. Torna-se mais fácil e eficiente, portanto, a atuação policial”.Partindo do raciocínio exposto, o arquivamento

de inquéritos policiais ou a improcedência de ações penais em virtude da simples circunstancia de a arma estar desmontada no momento de sua apreensão desprestigia o objetivo da norma tipificadora.

De fato, como já dito, basta que a arma de fogo desmontada seja montada pelo agente, o que em regra não exige grandes conhecimentos técnicos e nem muito tempo, para que volte a ter todo o seu potencial lesivo, de forma que ela representa, sim, risco para a sociedade.

Não se pode deixar de anotar que, em prevalecendo o entendimento de que o porte de arma desmontada não é crime, será fácil para os agentes mal intencionados, pistoleiros, por exemplo, perceberem que sairão incólumes de eventual abordagem policial se suas armas estiverem desmontadas, de modo que assim a manterão até o momento preciso de cometer o delito, quando então tratarão de fazê-las funcionar. E em assim sendo, o objetivo do Estatuto do Desarmamento estará esvaziado para parcela dos crimes por ele tipificados, mediante entendimento absolutamente contra legem.

É oportuno mencionar que a arma desmontada continua apresentando todo o seu potencial lesivo, apenas neutralizado circunstancialmente. É diferente da arma com defeito, que, ainda que o agente se esforce, não será útil para o fim a que se destina.

O importante, contudo, é que se tenha em mente que o Estatuto do Desarmamento, ao ser concebido, teve um objetivo social, que era reduzir a crescente violência em todo o País. Sem entrar no mérito da eficácia da medida, o fato é que este objetivo jamais será atendido caso se feche os olhos para as condutas preparatórias, que representam, sim, risco para a sociedade.

Ora, quem carrega uma arma, desmontada ou não, está, no mínimo, considerando a hipótese de utilizá-la caso entenda necessário, sendo que a experiência demonstra que poucos são os casos de real configuração de excludente de ilicitude. Em verdade, as armas de fogo têm sido utilizadas para resolver querelas individuais, brigas de bar, desentendimentos entre vizinhos, fazendo crescer, mesmo nos municípios menores, o número de homicídios praticados.

O desarmamento foi a opção política encontrada pelos legisladores para solucionar o problema, não cabendo ao intérprete questionar a norma e afastar de sua incidência hipóteses que são claramente por ela abrangidas, mesmo que seja a pretexto de zelar pela sua constitucionalidade.

Embora a Constituição da República garanta, sim, os direitos individuais, e embora se tenha por legítimo o princípio da ofensividade e o da intervenção mínima do direito penal, o fato é que não se deve perder de vista que o desarmamento, em última análise, visa garantir o direito à vida dos componentes da sociedade e o seu direito de se sentirem seguros e a salvo de condutas ameaçadoras.

É caso, portanto, de aparente colidência de direitos garantidos constitucionalmente, de mesma hierarquia, cabendo ao intérprete aplicar a norma de forma que sopese a necessidade do caso concreto:

“Na contemporaneidade, não se reconhece a presença de direitos absolutos, mesmo de estatura de direitos fundamentais previstos no art. 5º, da Constituição Federal, e em textos de Tratados e Convenções Internacionais em matéria de direitos humanos. Os critérios e métodos da razoabilidade e da proporcionalidade se afiguram fundamentais neste contexto, de modo a não permitir que haja prevalência de determinado direito ou interesse sobre outro de igual ou maior estatura jurídico- valorativa”. (STF, HC 93250, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJe 27/6/2008)Ora, havendo norma que estabelece a conduta

como crime, cabe ao agente observá-la, ainda que com ela não concorde, pois há, quanto à norma, presunção de constitucionalidade e de legitimidade, que somente é afastada quando o contrário for decidido pelo STF, o que não se deu até o presente momento.

Por último, deve-se levar em consideração que a não responsabilização criminal de agentes que desmontam suas armas para transportá-las criará uma situação de desigualdade perante aqueles que as transportam montadas, uma vez que, dada a facilidade com que se pode montar uma arma de fogo, as condutas são, em essência, equivalentes. Dessa forma, estar-se-á, em verdade, premiando o esperto, o “malandro”, que, ciente de que mais facilmente se livrará de possível repressão criminal, desmonta a sua arma para transportá-la ao seu destino. Patente, portanto, a não observância do princípio da isonomia, em que pese se tratar de condutas com potencial lesivo semelhante.

Assim, imperioso se concluir que o porte de arma de fogo, mesmo desmontada, deve ser considerado crime, para que se preserve, nos termos do Estatuto do Desarmamento, a paz social, a incolumidade e a segurança das pessoas e o princípio da isonomia.

3 ob. cit. Pag. 79

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Mais que frutos e sombra. As mudas da imagem ao lado, quando crescidas, darão também provas à sociedade do importante valor do ajuste entre as partes, evitando o

ajuizamento de ação judicial. Distribuídas em um hectare de área, ingazeiras, embaúbas, figueiras, seringueiras, entre outras espécies, são apenas alguns dos resultados de um acordo que recuperou, em médio espaço de tempo, sérios danos à natureza.

Um exemplo da importância desse tipo de entendimento, o modelo vem servindo de parâmetro para outros procedimentos e processos judiciais em andamento, superando em muito as expectativas iniciais, de acordo com o Promotor de Justiça Éverson Antônio Pini.

Este ano, o Promotor de Justiça articulou o acordo pactuado pela Construtora Castilho perante o Ministério Público, ao constatar que a empresa, localizada no KM 475, da BR 364, eliminava excesso de água com pedras no processo de exploração de rocha e fabricação de massa asfáltica.

A atividade causava erosão do solo e assoreamento do igarapé que passa pela propriedade. Vistorias realizadas por técnicos do MP e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), a pedido do Promotor de Justiça, atestaram que o funcionamento da empresa alterou a paisagem da região devido a formação da cava de mineração.

Os trabalhos, segundo os laudos, provocavam lançamento de poeira proveniente do processo de britagem, fumaça do processo de usinagem do concreto asfáltico, ruídos das explosões e funcionamento das máquinas e caminhões. Outro sério impacto ambiental referia-se à extinção da vegetação próxima ao curso d’água que apresenta depósito de material sólido proveniente da britagem em seu leito. Isso porque o terreno onde a empresa está instalada, em declive,

permite que o excedente de material desça criando erosões e carregando pedras e pedriscos.

A fragilidade das medidas de proteção ao ambiente foram comprovadas em abril de 2009, quando um defeito no equipamento que produz a massa asfáltica formou densa fuligem, com cheiro muito forte, que se espalhou pela área. Houve vazamento de óleo no solo, tendo sido necessária a construção, improvisada, de uma barragem de contenção no local.

Chamada para o diálogo com o Ministério Público, a empresa optou por adotar todas as providências indicadas pelo MP para a recuperação da área, evitando o ajuizamento de uma Ação Civil Pública.

Com relação à região que margeia o igarapé, Área de Preservação Permanente, o MP determinou que fosse elaborado um Plano de Recuperação de Área Degradada, para enriquecimento e reflorestamento do terreno. Assim, a empresa utilizou mudas de espécies nativas pioneiras e secundárias, adquiridas de viveiros comunitários, para recompor a vegetação.

Outra providência foi a remoção de todos os sedimentos do leito do igarapé. O processo foi realizado de diversas formas, evitando qualquer dano, principalmente na vegetação. A delimitação da APP foi feita por meio de cercas, para evitar o pisoteio de animais na área verde. O desvio de escoamento das águas pluviais foi outra medida adotada, por meio da implantação de tanques de decantação que também ajudará na contenção de sedimentos e erosão do terreno.

“É satisfatório ver como a empresa está cuidando da área com zelo. Além disso, atendendo a uma solicitação nossa, estendeu o projeto de recuperação para a região contígua à dela, de propriedade de outra pessoa, permitindo a recuperação da nascente que gera um pequeno riacho, já que a nascente estava totalmente degradada e ameaçava ser extinta”, diz o Promotor de Justiça.

Meio Ambiente

Acordo semeia recuperação ambiental em Cacoal

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Convidados pelo Promotor de Justiça Éverson Antônio Pini, o Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, o Subprocurador-Geral de Justiça, Ivo Scherer, e o Secretário-Geral, Héverton Alves de Aguiar, estiveram na área objeto do Plano de Recuperação, elaborado mediante atuação da Promotoria de Justiça de Cacoal.

Os membros do MP percorreram a região e elogiaram o trabalho realizado, ressaltando que

o exemplo demonstra o posicionamento firme, porém célere e desburocratizado, do Ministério Público rondoniense.

A visita do grupo ao local selou a primeira fase dos trabalhos de recuperação realizados pela empresa e imprimiu a chancela de aprovação do Ministério Público às atividades já executadas.

Membros do MP visitam a área

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O Ministério Público de Rondônia deu uma importante contribuição a sua memória institucional ao inaugurar, no fim do mês de junho, uma nova galeria de Procuradores-Gerais de Justiça, no andar

térreo do edifício-sede, em Porto Velho. A entrega de um novo tributo aos membros que ocuparam o cargo de mandatários da Instituição foi uma iniciativa tomada com desvelo pelo atual Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, que convidou os Procuradores de Justiça Ivo Scherer e José Carlos Vitachi, ambos com passagem pela chefia do MP rondoniense, para descerrarem a nova exposição de fotografias.

O Procurador-Geral de Justiça, Ivanildo de Oliveira, foi homenageado em julho com o Diploma de “Amigo da Brigada”, durante solenidade militar realizada no Quartel-General da 17ª Brigada de Infantaria de Selva,

em Porto Velho. A solenidade fez parte das comemorações pelo aniversário da 17ª Brigada, comandada pelo general-de-brigada Artur Costa Moura. O diploma é uma honraria concedida a personalidades e instituições que prestam relevantes serviços à Brigada, entre elas a maestrina do Coral Canto Livre do Ministério Público de Rondônia, Raquel Lyrio.

O Ministério Público de Rondônia expediu recomendação aos prefeitos e presidentes das Câmaras Municipais da Comarca de Ariquemes, região do Vale do Jamari, para utilização dos veículos

públicos exclusivamente em serviço. A recomendação, assinada pelos Promotores de Justiça de Ariquemes Átilla Augusto da Silva Sales, Priscila Matzenbacher Tibes, Elias Chaquian Filho, Edilberto Tabalipa e Tâmera Padoin Marques, orienta que os veículos oficiais dos municípios devem ser utilizados estritamente em atividades de interesse público.

Galeria

Diploma

Recomendação

MP em foco

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O Ministério Público de Rondônia realizou em julho uma operação conjunta com o Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE/RO), Corpo de Bombeiros e Ciretran, visando a fiscalização da frota de veículos

que executam o transporte escolar no município de Vilhena. A fiscalização se concentrou no pátio da Ciretran de Vilhena, onde foram vistoriados 33 veículos, dentre ônibus, vans e kombis, de empresas particulares contratadas pelo Município de Vilhena para a execução do serviço.

Cerca de 30 servidores do Ministério Público de Rondônia participaram em julho de uma capacitação de Planejamento em Gestão Estratégica, na sala de treinamento do Tribunal Regional do Trabalho

(TRT/14), em Porto Velho. Entre os objetivos da capacitação estão a contextualização dos aspectos básicos que possibilitam compreender a importância do PGA para o planejamento estratégico institucional e garantir sua exequibilidade; a demonstração do processo da construção do PGA 2009/2010; a estruturação e a forma de controle da execução e as funcionalidades e rotinas do sistema do PGA 2009/2010, habilitando os participantes/usuários a alimentar e gerar relatórios gerenciais.

O Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente do município de Colorado do Oeste recebeu um veículo oficial para uso exclusivo. A aquisição do veículo é fruto do esforço do Ministério

Público Estadual no combate à corrupção, com o necessário respaldo do Poder Judiciário, e a colaboração da atual gestão do município, que se sensibilizou e buscou uma solução para o problema. A verba utilizada para a aquisição da viatura foi proveniente de Ação Civil Pública, por ato de improbidade administrativa, ajuizada pela Promotoria de Justiça de Colorado do Oeste, por meio do Promotor de Justiça Elício de Almeida e Silva, à época em atuação no município. O Promotor de Justiça Fernando Franco Assunção, que atua na Comarca, esteve presente ao ato de entrega.

Fiscalização

Gestão

Veículo

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O Ministério Público de Rondônia realizou em junho o 1º Encontro Regional dos Conselhos Sociais da Região do Vale do Jamari no município de Ariquemes. O evento contou com a participação de cerca de 200

pessoas, membros dos diversos conselhos de proteção social e de integrantes da sociedade civil organizada dos municípios de Ariquemes, Buritis, Machadinho do Oeste e Jaru.

A Corregedoria-Geral do Ministério Público de Rondônia realizou em julho uma reunião com integrantes de vários setores administrativos vinculados à Secretaria-Geral para discutir o desenvolvimento da Taxonomia

administrativa, visando a unificação das nomenclaturas e a padronização do rol de assuntos de procedimento administrativo. O objetivo é a construção de uma tabela, visando o processo de digitalização de feitos eletrônicos de todos os documentos da Instituição.

O Ministério Público de Rondônia firmou termo de ajustamento de conduta (TAC) estabelecendo regras para os índices de reajustes do curso de Medicina da Faculdade São Lucas, em Porto Velho. O TAC foi

proposto pela Promotora de Justiça Daniela Nicolai de Oliveira Lima, da Curadoria de Defesa do Consumidor, e foi assinado por representantes do Centro Acadêmico de Medicina, dos pais de alunos e da Faculdade São Lucas.

Encontro

Taxonomia

Mensalidades

MP em foco

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Centro de Apoio Operacional Cível CAO CÍVEL

www.mp.ro.gov.br

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Manual e Tabelas da Taxonomia...

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