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MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE AMBIENTAL, DO TRABALHADOR E VIGILÂNCIA DAS EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL PROGRAMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO Revisão do Anexo XX da Portaria de Consolidação n o 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde (antiga Portaria MS Nº 2914/2011) Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem Substâncias Químicas – Agrotóxicos Subsídios para Discussão e Orientações para Revisão Substâncias não contempladas na PRC nº 5/ 2017 e selecionadas para avaliação Maio 2020

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MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE AMBIENTAL, DO TRABALHADOR E VIGILÂNCIA DAS

EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

PROGRAMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO

HUMANO

Revisão do Anexo XX da Portaria de Consolidação no 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde (antiga Portaria MS Nº

2914/2011)

Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem

Substâncias Químicas – Agrotóxicos

Subsídios para Discussão e Orientações para

Revisão

Substâncias não contempladas na PRC nº 5/ 2017

e selecionadas para avaliação

Maio 2020

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Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem

Substâncias Químicas – Agrotóxicos

Subsídios para Discussão e Orientações para Revisão

da Portaria MS nº 2914 / 2011

Substâncias não contempladas na PRC nº 5/ 2017 e

selecionadas para avaliação

Rafael Kopschitz Xavier Bastos | Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Sérgio Francisco de Aquino | Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Renata de Oliveira Pereira | Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

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Sumário

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 3

2. DADOS DE COMERCIALIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS E DE OCORRÊNCIA EM ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS

NO BRASIL - PANORAMA GERAL ................................................................................................................................. 7

3. CAPACIDADE ANALÍTICA DISPONÍVEL ..................................................................................................................... 9

4. ASPECTOS DE SAÚDE .............................................................................................................................................10

5. QUADRO COMPARATIVO ENTRE AS NORMAS / DIRETRIZES DOS ESTADOS UNIDOS, CANADÁ, AUSTRÁLIA, NOVA

ZELÂNDIA E OMS .......................................................................................................................................................12

6. ANÁLISE CRÍTICA E DIRETRIZES PARA REVISÃO DO PADRÃO DE POTABILIDADE ....................................................13

6.1. FIPRONIL .............................................................................................................................................................13

6.2. PROTIOCONAZOL ................................................................................................................................................15

6.3. AMETRINA ..........................................................................................................................................................18

6.4. TIRAM .................................................................................................................................................................20

6.5. PROPARGITO ......................................................................................................................................................23

6.6. METRIBUZIM ......................................................................................................................................................25

6.7. CIPROCONAZOL ..................................................................................................................................................28

6.8. EPOXICONAZOL...................................................................................................................................................30

6.9. FLUTRIAFOL ........................................................................................................................................................32

6.10. METABÓLITOS DE FUNGICIDAS DO GRUPO QUÍMICO TRIAZOL .........................................................................34

6.11. MESOTRIONA....................................................................................................................................................35

6.12. TIODICARBE ......................................................................................................................................................38

6.13. AZOXISTROBINA ...............................................................................................................................................40

6.14. MCPA ................................................................................................................................................................43

6.15. ABAMECTINA ....................................................................................................................................................46

6.16. GAMA-CIALOTRINA ...........................................................................................................................................49

6.17. PICLORAM.........................................................................................................................................................51

6.18. TIAMETOXAM ...................................................................................................................................................54

6.19. METIDATIONA ..................................................................................................................................................56

6.20. DELTAMETRINA ................................................................................................................................................58

7. REFERÊNCIAS .........................................................................................................................................................60

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1. Introdução

Esta publicação compõe uma série de estudos / documentos técnicos de suporte ao processo de

revisão do Anexo XX da Portaria de Consolidação no 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da

Saúde (antiga Portaria MS nº 2914/2011), doravante referida apenas como PRC nº 5/2017.

Apresentam-se aqui informações com vistas à discussão do padrão de potabilidade de substâncias

químicas que representam risco à saúde – agrotóxicos. Mais especificamente, são apresentadas

informações relativas à exposição e toxicidade de compostos1 cujo uso é autorizado no Brasil, que

ainda não fazem parte do padrão de potabilidade, mas que foram pré-selecionados como

candidatos à inclusão no padrão.

De início foram contabilizados 815 compostos, os quais compõem o padrão de potabilidade

atualmente vigente no Brasil e, ou das seguintes normas / critérios de qualidade da água para

consumo humano: as Diretrizes da OMS (WHO, 2017), as normas dos EUA (USEPA, 2020a), Canadá

(HEALTH CANADA, 2019), Austrália (NHMRC/NRMMC, 2018) e Nova Zelândia (MINISTRY OF HEALTH,

2008). Destes, a ANVISA autoriza o uso no Brasil de 545 compostos, enquanto 167 não são

autorizados. Outros 103 compostos simplesmente não constam na lista de autorizados / não

autorizados pela ANVISA.

Da amostra inicial de 815 compostos, 231 foram submetidos à avaliação para efeito de inclusão, ou

não, no padrão de potabilidade, tendo sido selecionados de acordo com os seguintes critérios: (i) a

substância compõe o padrão de potabilidade da norma brasileira (PRC n. 05/2017), (ii) compõe o

padrão de potabilidade de normas / é mencionada em diretrizes em pelo menos três das agências

acima citadas; (iii) é apontada como possível candidata a regulamentação em alguma das agências

consideradas (ex.: USEPA, 2016a; MINISTRY OF HEALTH, 2019; HEALTH CANADA, 2019); (iv)

apresenta comercialização relevante no país; e (v) apresenta dinâmica ambiental favorável a sua

ocorrência em água.

Para estes 231 compostos foram elaboradas monografias incluindo informações sobre: (i) principais

usos dos compostos e fontes de contaminação da água; (ii) ocorrência em mananciais de

abastecimento de água e em água tratada e distribuída para consumo, com especial atenção à

realidade brasileira; (iii) dinâmica ambiental do composto; (iv) métodos de análise laboratorial e

limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ); (v) remoção no tratamento de água; (vi) aspectos

toxicológicos; (vi) valores máximos permitidos na norma brasileira e nas demais normas / diretrizes

1 O termo “compostos” inclui princípios ativos (agrotóxicos como tais) e subprodutos da decomposição destes no ambiente

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de qualidade da água para consumo humano tomadas aqui como referências no cenário

internacional.

Na elaboração das monografias foram consultados, essencialmente, os documentos das próprias

normas e respectivos documentos de apoio, como, por exemplo: monografias da OMS, da Agência

de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA - United States Environmental Protection

Agency) e do Canadá para cada composto (em geral, citadas nos tópicos a seguir, específicos de

cada substância); documentos onde se encontram os fundamentos para o cálculo dos VMP (quando

não no próprio texto principal da norma, como no caso da OMS e da Austrália); ex.: Canadá (HEALTH

CANADA, 2020); Nova Zelândia (MINISTRY OF HEALTH, 2019); USEPA (2018).

Em relação aos aspectos de toxicidade, recorreu-se também a informações sistematizadas por

organismos internacionais, tais como: ATSDR - Agency for Toxic Substances and Disease Registry

(http://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/index.asp), IRIS - Integrated Risk Information System,

da USEPA (http://www.epa.gov/IRIS/), ITER – International Toxicity Estimates for Risk

(http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/htmlgen?iter); adicionalmente, mais especificamente em

relação à carcinogenicidade, recorreu-se à classificação efetuada por organismos internacionais, tais

como: IARC – International Agency for Research on Cancer (http://monographs.iarc.fr/), e USEPA

(2005).

Cabe destacar que, por se tratar de compostos que não integram o padrão de potabilidade vigente,

não existem informações sobre sua ocorrência em mananciais de abastecimento ou em água

tratada no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano –

SISAGUA, do Ministério da Saúde.

Assim, para efeito de verificação da ocorrência dos compostos em questão em mananciais de

abastecimento de água e em água tratada e distribuída para consumo no país, foi realizada uma

revisão de literatura sobre estudos conduzidos no Brasil, incluindo artigos científicos, dissertações

de mestrado e teses de doutorado que abordassem a ocorrência dos agrotóxicos em águas

superficiais, subterrâneas e tratadas nos anos de 2000 a 2017. Foram considerados apenas os

trabalhos que apresentassem a metodologia utilizada para detecção e quantificação do composto

em questão e que indicassem o total de amostras avaliadas e, dentre estas, quantas haviam sido

detectadas, não detectadas e quantificadas. A revisão envolveu ainda tema de remoção de

agrotóxicos no tratamento de água por ciclo completo, considerando apenas os trabalhos que

possuíam detalhes sobre a técnica de tratamento utilizada.

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O quadro de exposição foi complementado com dados de comercialização de agrotóxicos, tendo

como referência principal o IBAMA, que disponibiliza uma lista com o quantitativo de agrotóxicos

vendidos por ano. Foram sistematizados dados de 2009 a 2017 (IBAMA, 2018).

Dos 231 compostos inicialmente considerados para avaliação, 135 têm autorização e 35 não são

autorizados pela Anvisa para uso no Brasil, sendo a regulamentação brasileira omissa em relação a

ao uso dos 61 restantes.

De forma a avaliar o potencial de ocorrência em mananciais de abastecimento, os 135 compostos

que possuem uso autorizado no Brasil foram submetidos a um filtro inicial com base em

informações relativas à dinâmica ambiental dos compostos. Este foi um critério, a princípio,

excludente. Oitenta e seis (86) compostos passaram por este “crivo” inicial e, na sequência, foram

ranqueados a partir da análise integrada de exposição (aferida pela intensidade de comercialização

do composto no Brasil) x toxicidade (medida pelo valor da IDT – Ingestão Diária Tolerável de cada

composto)2. Com base na aplicação dessa matriz de risco foram, por fim, selecionados 27 compostos

e, adicionalmente, mais um composto devido à elevada porcentagem de comprometimento da IDA.

Destes 28 compostos, oito já constam no padrão de potabilidade brasileiro.

Nos documentos “Substâncias listadas na PRC nº 5/ 20”3 foram discutidos os compostos que já

integram o padrão de potabilidade brasileiro, de uso autorizado ou não (Quadro 1).

No presente documento discutem-se os compostos selecionados com base nos critérios acima

descritos, que não constam no padrão de potabilidade brasileiro, mas que possuem autorização de

uso no Brasil. Para cada uma desses compostos discute-se a pertinência de inclusão no padrão, e

com que valor máximo permitido (VMP). No Quadro 2 estas substâncias são listadas por ordem

decrescente de priorização na matriz de risco. Cabe esclarecer que este documento inclui as

propostas originalmente preparadas por integrantes do Grupo Técnico Coordenador da revisão do

Tema 2 (os autores do documento) e submetidas à deliberação do Grupo de Trabalho responsável

2 ver documento Revisão do Anexo XX da Portaria de Consolidação no 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde (antiga Portaria MS Nº 2914/2011). Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem. Substâncias Químicas – Agrotóxicos. Subsídios para Discussão e Orientações para Revisão. Critérios de seleção de agrotóxicos (https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/27/DOC-S--NTESE-AGROT--XICOS-1---METODOLOGIA-DE-SELE----O.pdf) 3 ver documento Revisão do Anexo XX da Portaria de Consolidação no 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde (antiga Portaria MS Nº 2914/2011). Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem Substâncias Químicas – Agrotóxicos. Subsídios para Discussão e Orientações para Revisão. Substâncias listadas na PRC nº 5/ 2017 (https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/May/04/DOC-S--NTESE-AGROT--XICOS-2---AGROT--XICOS-LISTADOS.pdf).

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pela elaboração da Minuta proposta para revisão do padrão de potabilidade de substâncias

químicas, e já inclui os encaminhamentos definidos no “GT Químicos”4;.

Quadro 1 – Agrotóxicos que compõem o padrão de potabilidade brasileiro (PRC MS nº 05/2017, anexo XX), autorização de uso no Brasil e regulamentação em normas / diretrizes de qualidade da água para consumo humano da Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Organização Mundial da Saúde.

4O processo de revisão da PRC nº 5/2017 foi conduzido de acordo com a dinâmica a seguir descrita. O conteúdo da

norma foi abordado separadamente em dois grandes temas: Tema I – “Competências e Responsabilidades” e Tema II –

“Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem”. Para cada um destes temas foram constituídos um Grupo Técnico

Coordenador (GTe Coordenação) e um Grupo de Trabalho – no caso do Tema II, foram constituídos dois Grupos de

Trabalho, um para o padrão de potabilidade de substâncias químicas (GT Químicos), outro para o padrão microbiológico

de potabilidade (GT Microbiologia). O GTe Coordenação do Tema 2 (GTe Coordenação 2) foi constituído por integrantes

da CGVAM / MS e por assessores vinculados à academia. Os GTe Coordenação tiveram como tarefas a preparação de

documentos técnico-científicos de suporte às discussões e de encaminhamentos para deliberação nos GTs. Por fim, a

redação da Minuta proposta para revisão do padrão de potabilidade de substâncias químicas esteve a cargo da CGVAM,

sendo, porém, importante ressaltar que a Minuta é resultado de construção coletiva.

Composto Autorização (ANVISA) a Regulamentação em outras normas

2,4-D Autorizado Austrália, Canadá, EUA, Nova Zelândia, OMS

2,4,5-T não regulamentado Nova Zelândia, OMS Alaclor Autorizado EUA, Nova Zelândia, OMS

Aldicarbe não autorizado Austrália, Nova Zelândia

Aldrin+Dieldrin não autorizado Austrália, Nova Zelândia, OMS

Atrazina Autorizado Austrália, Canadá, EUA, Nova Zelândia, OMS

Benomil não autorizado Austrália

Carbendazim Autorizado Austrália

Carbofurano não autorizado Austrália, Canadá, EUA, Nova Zelândia, OMS

Clordano não regulamentado Austrália, EUA, Nova Zelândia, OMS

Clorpirifós + Clorpirifós-oxon Autorizado Austrália, Canadá, Nova Zelândia, OMS

DDT+DDD+DDE não autorizado Austrália, Nova Zelândia, OMS

Diurom Autorizado Austrália, Canadá, Nova Zelândia

Endossulfan não autorizado Austrália

Endrin não autorizado EUA, Nova Zelândia, OMS

Glifosato Autorizado Austrália, Canadá, EUA

Lindano não autorizado Austrália, EUA, Nova Zelândia, OMS

Mancozebe Autorizado Austrália (b)

Metamidofós não autorizado -

Metolacloro Autorizado Austrália, Nova Zelândia, OMS

Molinato Autorizado Austrália, Nova Zelândia, OMS Parationa Metílica não autorizado Austrália

Pendimetalina Autorizado Austrália, Nova Zelândia, OMS

Permetrina Autorizado Austrália

Profenofós Autorizado Austrália

Simazina Autorizado Austrália, Canadá, EUA, Nova Zelândia, OMS

Tebuconazol Autorizado -

Terbufós Autorizado Austrália, Canadá

Trifluralina Autorizado Austrália, Canadá, Nova Zelândia, OMS

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Quadro 2 – Agrotóxicos selecionados para avaliação, com autorização de uso no Brasil e que não compõem o padrão de potabilidade brasileiro (PRC MS nº 05/2017, anexo XX), e regulamentação em normas / diretrizes de qualidade da água para consumo o humano da Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Organização Mundial da Saúde

2. Dados de comercialização de agrotóxicos e de ocorrência em águas superficiais e

subterrâneas no Brasil - panorama geral

O Quadro 3 traz uma compilação dos dados obtidos da revisão de literatura (2000-2017), contendo

a frequência de detecção dos agrotóxicos em águas superficiais e subterrâneas, assim como as

respectivas faixas de concentração. Indica-se ainda a colocação no ranking de vendas em 2017.

Verifica-se no Quadro 3 que apenas 35% dos compostos em questão foram identificados na revisão

sistemática de literatura sobre a ocorrência de agrotóxicos em águas superficiais e subterrâneas no

Brasil. Dentre estes, cabem destaques para o fipronil e flutriafol com frequências de detecção mais

elevadas em água superficial; destaque também para o flutriafol em águas subterrâneas. Verifica-

se ainda um maior número de compostos quantificados em águas superficiais (seis compostos) em

comparação às águas subterrâneas (três compostos).

Substância Regulamentação

Fipronil Austrália

Protioconazol -

Ametrina Austrália

Tiram Austrália

Propargito Austrália

Metribuzim Austrália, Canadá, Nova Zelândia

Ciproconazol -

Epoxiconazol -

Flutriafol -

Mesotriona -

Tiodicarbe -

Azoxistrobina -

Mcpa Austrália, Canadá, Nova Zelândia

Abamectina -

Gama-Cialotrina -

Picloram Austrália, Canadá, Nova Zelândia, USEPA

Tiametoxam -

Metidationa Austrália

Deltametrina Austrália

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Quadro 3 - Agrotóxicos que não compõem o padrão de potabilidade brasileiro selecionados para avaliação – ocorrência em águas superficiais e águas

subterrâneas e percentual de dados detectados em estudos no Brasil (revisão de literatura), e classificação no ranking de vendas no Brasil em 2017

Composto

Frequência de detecção - revisão de literatura Faixa de concentração - revisão de literatura

Classificação no ranking de vendas

2017

Águas subterrâneas Águas superficiais

Águas superficiais Águas subterrâneas Mín Máx Mín Máx

n (%) n (%) μg/L μg/L μg/L μg/L

Fipronil 257 25,3 4 ND ND ND 0,0024 26,2 35º

Protioconazol NR NR NR NR NR NR NC

Ametrina 1097 8,5 157 1,9 0,205 0,00013 2,9 26 º

Tiram NE NE NE NE NE NE 49º

Propargito 52 11,5 NE NE NE <LQ 64 º

Metribuzim 236 8,5 92 2,2 <LQ <LQ 0,003 0,007 30 º

Ciproconazol NR NR NR NR NR NR 34º

Epoxiconazol NR NR NR NR NR NR 48 º

Flutriafol 437 28,3 315 16,5 0,03 57,1 0,01 29,3 53 º

Mesotriona NE NE NE NE NE NE 62º

Tiodicarbe NE NE NE NE NE NE 36º

Azoxistrobina NR NR NR NR 0,009 a 0,037 a 25 º

MCPA NE NE NE NE NE NE NC

Abamectina NR NR NR NR NR NR 65 º

Gama-Cialotrina NR NR NR NR NR NR NC

Picloram NE NE NE NE NE NE 23 º

Tiametoxam NR NR NR NR NR NR NC

Metidationa NE NE NE NE NE NE NC

Deltametrina 115 5,2 114 ND ND 0,015 NC

ND = Não detectado; NC = não consta; NR: revisão sistemática não realizada; NE: Não foram encontrados estudos na base de dados consultada. (a) Umbuzeiro (2017);

LQ = Limite de Quantificação.

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3. Capacidade analítica disponível

O Quadro 4 apresenta limites de detecção analíticos (LD) e, ou limites de quantificação (LQ)

reportados em metodologias validadas pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA), no

Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2017), ou descrita em

documentos utilizados como base para o presente estudo (WHO, 2017; MINISTRY OF HEALTH, 2019;

NHMRC/NRMMC, 2018).

Quadro 4 - Agrotóxicos que não compõem o padrão de potabilidade brasileiro selecionados para

avaliação – limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) obtidos na validação de metodologias

analíticas internacionais

Composto LD ou LQ obtidos na validação de diferentes

métodos analíticos [µg.L-1]

Fipronil 1 (b,c); 0,003 (a,d)

Protioconazol 0,3(b,d)

Ametrina 1 (a,c); 0,05 (a,c)

Tiram 0,5 (a,c)

Propargito 0,05 (b c)

Metribuzim 0,46 (a ,f) ; 0,1 (a,c)

Ciproconazol 0,05 (b,h)

Epoxiconazol 0,05 (b,h); 0,125(b)

Flutriafol 40 (b,d)

Mesotriona 0,0003 a 0,003 (a, i); 0,0005 a 0,01 (b, i)

Tiodicarbe 0,00067 (a,d)

Azoxistrobina 0,1 (a,d); 1,0 (b,d)

Mcpa 0,0005 (a,e)

Abamectina 0,003 (a,d); 0,004 (a,d); 0,05 (b,d)

Gama-Cialotrina 0,002 (b,h)*; 0,1 (b,h)*

Picloram 0,01 (a, f)

Tiametoxam 0,05(b,d); 0,5(b,d)

Metidationa 2,3 (a,c)

Deltametrina 0,00074 (a,c) a) LD = Limite de detecção; (b) LQ = Limite de quantificação; Máx = Máximo (c) Métodos citados pela NHMRC, NRMMC (2018); (d) USEPA (2014a, 2020b); (e) Métodos citados pela WHO (2017); (f) Health Canada (2020);(g) NEMI (2019); (h)) Métodos citados pela União Europeia (EFSA, 2014a; ECHA, 2020 ;(i) Freitas et al. (2004); (j) Tettenhorst e Shoemaker (2012); SI = sem informação; *como cialotrina e seus isômeros.

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4. Aspectos de saúde

No Quadro 5 são sintetizadas informações relativas à toxicidade dos compostos em questão neste

documento: valores de NOAEL (nível do efeito adverso não observado, ou congêneres) e de IDT

(ingestão diária tolerável), bem como informações sobre os principais efeitos à saúde observados

nos estudos de toxicidade que serviram de referência para o estabelecimento dos respectivos

valores de NOAEL e, por conseguinte, de VMP. Protioconazol, ciproconazol, epoxiconazol, flutriafol,

mesotriona, tiodicarbe, azoxistrobina, abamectina e gama-cialotrina não foram incluídos no quadro

por não constarem nos padrões / critérios de potabilidade (com VMPs) nas normas consultadas.

Quadro 5 – Principais efeitos à saúde associados à exposição a agrotóxicos e informações toxicológicas utilizadas para obtenção dos valores limites desses compostos nas normas / diretrizes de qualidade da água para consumo humano da Organização Mundial da Saúde (OMS), Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos (compostos não listados na PRC nº5 / 2017)

Composto Norma / Diretriz NOAEL

(mg/kgpc.d) IDT

(µg/kgpc.d)

Principais efeitos à saúde observados nos estudos de toxicidade que serviram de referência para o estabelecimento do VMP

Fipronil

OMS (1)

EUA(2)

Canadá (3)

Austrália (4) 0,02 (6) 0,2 efeitos sobre o sistema nervoso, tireóide e rins em estudo de ratos por 2 anos.

Nova Zelândia (5)

Ametrina

OMS (1)

EUA(2) 8,6 (6) 9 estudo de toxicidade com ratos durante 13 semanas; alterações no fígado

Canadá (3)

Austrália (4) 2 (6) 20 estudo de reprodução em ratos; diminuição transitória no ganho de peso corporal

Nova Zelândia (5)

Tiram

OMS (1) 0,84 10

estudo de dois anos com ratos: diminuição dos glóbulos vermelhos, hemoglobina e hematócritos, alterações degenerativas no nervo ciático e atrofia do músculo gastrocnêmio. estudo de um ano com cães: mudanças no peso corpóreo, aumento do peso do fígado e alterações hematológicas e hormonais

EUA(2)

Canadá (3)

Austrália (4) 0,4(6) 2 estudo de 2 anos em cães, distúrbios neurológicos, anemia e alterações no fígado

Nova Zelândia (5)

Propargito

OMS (1)

EUA(2)

Canadá (3)

Austrália (4) 2,0 (6) 2,0 estudo dietético de 2 anos em ratos; proliferação de células no intestino delgado

Nova Zelândia(5)

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Quadro 5 – Principais efeitos à saúde associados à exposição a agrotóxicos e informações toxicológicas utilizadas para obtenção dos valores limites desses compostos nas normas / diretrizes de qualidade da água para consumo humano da Organização Mundial da Saúde (OMS), Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos (compostos não listados na PRC nº5 / 2017) (continuação)

Composto Norma / Diretriz

NOAEL (mg/kgpc.d)

IDT (µg/kgpc.d)

Principais efeitos à saúde observados nos estudos de toxicidade que serviram de referência para o estabelecimento do VMP

Metribuzim

OMS (1)

EUA(2) 2,5(6) 25 estudo de 2 anos com cães; efeitos nos rins e fígado, diminuição do peso corporal e mortalidade

Canadá (3) 0,83 8,3 estudo de dois anos com cães

Austrália (4) 2,0 (6) 20 estudo de 2 anos com ratos; diminuição do peso cardíaco absoluto e relativo

Nova Zelândia (5) 2,0 20 -

MCPA

OMS (1) 12 120

quatro estudos subcrônicos com ratos: alterações nos parâmetros químicos indicativos de efeitos sobre os rins. IDT estabelecida para a soma de MCPA e seus sais e ésteres, expresso como MCPA equivalentes de ácido

EUA(2) 0,15(6) 0,5 estudo de toxidade de um ano em cães; efeitos no fígado e rins

Canadá (3) 3,6 12 baseado em estudo de toxicidade de 90 dias em ratos onde se observaram efeitos nos rins

Austrália (4) 1,1(6) 11 estudo de 2 anos em ratos

Nova Zelândia (5) 0,15 0,5 com base na toxicidade hepática e renal observada em um estudo de 1 ano em cães

Picloram

OMS (1)

EUA(2) 7 (6) 100 estudo de toxicidade com cães por 6 meses verificando-se o aumento do peso do fígado

Canadá (3) 20 20 baseado nas mudanças nos pesos corporal e do fígado e em algumas mudanças clínicas observadas em um estudo de 2 anos em ratos

Austrália (4) 7 70 estudo de curta duração (3 meses) com cães baseado no aumento do peso do fígado.

Nova Zelândia (5) SI SI

Metidationa

OMS (1) 0,14 1,0 efeitos toxicológicos no fígado de cães

EUA(2)

Canadá (3)

Austrália (4) 0,16(6) 2,0 estudo dietético de 90 dias em cães com base no aumento do colesterol do fígado e na diminuição atividade da colinesterase dos glóbulos vermelhos

Nova Zelândia (5)

Deltametrina

OMS (1)

EUA(2)

Canadá (3)

Austrália (4) 1 10

estudo de longo prazo para cães ( 2 anos) , baseado em efeitos clínicos, incluindo dilatação das pupilas, diminuição do ganho de peso, vómitos e diarreia

Nova Zelândia(5)

(1) WHO (2017); (2) USEPA (2018) (3) Health Canada (2020); (4) NHMRC, NRMMC (2018); (5) Ministry of Health (2019); (6) NOEL (7) LEL SI: Sem informação

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5. Quadro comparativo entre as normas / diretrizes dos Estados Unidos, Canadá, Austrália,

Nova Zelândia e OMS

Quadro 6 - Agrotóxicos que não compõem o padrão de potabilidade brasileiro selecionados para avaliação: valores limites nas normas / diretrizes de qualidade da água para consumo humano da Organização Mundial da Saúde (OMS), Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos e Brasil

Composto

Valor Máximo Permitido (µg/L)

OMS (1) EUA(2) Canadá(3) Austrália(4) Nova

Zelândia (5)

Fipronil - - - 0,7 -

Protioconazol - - - - -

Ametrina - - - 70 -

Tiram - - - 7 -

Propargito - - - 7 -

Metribuzim - - 80 70 70

Ciproconazol - - - - -

Epoxiconazol - - - - -

Flutriafol - - - - -

Mesotriona - - - - -

Tiodicarbe - - - - -

Azoxistrobina - - - - -

Mcpa - - 100 40 2

Abamectina - - - - -

Gama-Cialotrina - - - - -

Picloram - 500 190 300 200

Tiametoxam - - - - -

Metidationa - - - 6 -

Deltametrina - - - 40 - (1) WHO (2017); (2) USEPA (2018) (3) Health Canada (2017); (4) NHMRC, NRMMC (2018); (5) Ministry of Health (2019); (6) NOEL (7) LEL ; SI: Sem informação

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6. Análise crítica e diretrizes para revisão do padrão de potabilidade

A seguir, para cada uma dos compostos selecionados são reunidas informações apresentadas nos

itens anteriores ou constantes nas respectivas monografias, incluindo: comercialização e usos

autorizados no Brasil, dinâmica ambiental, ocorrência em mananciais de abastecimento e em água

tratada, potencial de remoção por meio do tratamento da água, efeitos adversos à saúde, aspectos

analíticos e de regulamentação. Em suma, são apresentadas informações relativas à exposição e

toxicidade em apoio à discussão e a eventuais sugestões de revisão do padrão de potabilidade.

6.1. Fipronil

Fipronil (C12H4Cl2F6N4OS) é um inseticida de largo espectro, pertencente ao grupo químico pirazol.

Possui ampla utilização agrícola, como, por exemplo, no tratamento de sementes e no controle de

pragas em culturas de bananas, algodão, sorgo; apresenta também usos domésticos, como isca de

insetos e em produtos veterinários para cães e gatos (NHMRC/NRMMC, 2018).

No Brasil tem uso autorizado para as seguintes aplicações: (i) na água de irrigação para arroz; (ii) no

solo nas culturas de batata, cana-de-açúcar e milho; (iii) aplicação foliar em mudas de eucalipto e

nas culturas do algodão, arroz, eucalipto e soja; (iv) em sementes de algodão, amendoim, arroz,

cevada, feijão, milho, pastagens, sorgo, soja e trigo; (v) controle de formigas e cupins (ANVISA,

2020a).

De 2012 a 2015 o fipronil oscilou entre o décimo terceiro e o trigésimo quarto lugar no ranking de

vendas de agrotóxicos disponibilizado pelo IBAMA; em 2016 ocupava a trigésima terceira posição e

em 2017 a trigésimo quinta (IBAMA, 2018).

Quadro 7 - Fipronil, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência Revisão

bibliográfica Remoção ETA ciclo completo

Aplicação na água de irrigação para arroz irrigado; no solo nas culturas de batata, cana-de-açúcar e milho; aplicação foliar em mudas de eucalipto e nas culturas do algodão, arroz, eucalipto e soja; em sementes de algodão, amendoim, arroz, cevada, feijão, milho, pastagens, sorgo, soja e trigo; (controle de formigas e cupins

emprego domissanitário

35º no ranking de vendas (2017) e 33º (2016).

Não volátil.

DT50 no solo: 3 a 7,3 meses.

baixa mobilidade no solo

baixo potencial de contaminação de águas subterrâneas.

Koc = 825 mL/g GUS médio

GOSS associado ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água alto

Águas superficiais: 25,3% detecção (n=257) máx = 26,2 µg/L mín = 0,0024 µg/L (6 estudos) Águas subterrâneas ND (n = 4). (1 estudo)

SI

n= número de amostras; SI: sem informação

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Quadro 8 - Fipronil, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos no sistema nervoso central, rins, fígado e tireoide

possível carcinogênico humano,

possível disruptor endócrino

ANVISA

Classe II (2)

USEPA:

Grupo C (5)

Austrália: 0,02 (1)

Austrália: 0,2 (1

ANVISA: 0,2 (2)

FAO / OMS: 0,2 (3)

0,003- 1 Austrália: 0,7 (1)

(1) NHMRC/NRMMC (2018); (2) ANVISA (2020a); (3) FAO, WHO (2001); (4) USEPA (2018)

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O fipronil possui autorização para usos amplos no Brasil e apresenta dados de comercialização

relativamente intensa. Possui baixa degradação no ambiente, o que favorece sua permanência no

meio aquoso; porém apresenta baixa tendência de lixiviação para águas subterrâneas.

Na revisão bibliográfica foram encontrados seis estudos com fipronil, com detecção em águas

superficiais em 25,3% dos dados e concentração máxima de 26,2 µg/L.

O fipronil é enquadrado pela ANVISA como classe 2 (ANVISA, 2020a) e possui valor de IDT baixo

(0,0002 mg/kgpc.d), ou seja, elevada toxicidade. Adicionalmente, é um composto possivelmente

carcinogênico humano e suspeito de ser desregulador endócrino (USEPA, 2011; LU et al., 2015).

Não obstante, apenas a norma Australiana faz referência à valor limite em água para consumo

humano, calculado como a seguir:

VMP = [(0,02 mg/kgpc.d / 100) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,0007 mg/L

0,02 mg/kg pc.d = NOAEL (estudo de longo prazo com ratos)

100= FI: 10 para variações intraespécie; 10 para variações

70 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,1 = fator de alocação (Fa): admite-se que 10% da exposição advenha do consumo de água

Com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental sugerido para pré-seleção de agrotóxicos,

o fipronil seria candidato a ser incluído do padrão de potabilidade2. Adicionalmente, na aplicação

da matriz de risco (IDT x comercialização) confirmou-se a sugestão de inclusão do fipronil no padrão

(nota 16: 4 para toxicidade e 4 para a comercialização).

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Encaminhamento: com base nas informações de exposição e toxicidade, decidiu-se pela inclusão

do fipronil no padrão de potabilidade, com VMP igual a 1,2µg/L, calculado como a seguir.

VMP = [(0,02 mg/kgpc.d / 100) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,0012 mg/L = 1,2 µg/L

0,02 mg/kg pc.d = NOAEL

100= FI: 10 para variações intraespécie; 10 para variações interespécies

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

6.2. Protioconazol

Protioconazol (C14H15Cl2N3OS) é um fungicida sistêmico de amplo espectro pertencente ao grupo

químico triazol. No Brasil, tem uso autorizado pela ANVISA para aplicação foliar nas culturas de

algodão, feijão, milho, soja e trigo (ANVISA, 2020b). O protioconazol aparece na lista do IBAMA de

comercialização de agrotóxicos no Brasil apenas em 2014, ocupando a 25º posição, com 2.237

toneladas (IBAMA, 2018).

A solubilidade em água do protioconazol é aproximadamente 5000 mg/L em pH 4 e 300 mg/L em

pH 8 (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Em meio aquático, o protioconazol degrada-se rapidamente em protioconazol-destio, seja por

fotodegradação ou biodegradação. Contudo, o protioconazol-destio é resistente à fotodegradação.

Ambos (composto e metabólito) são estáveis à hidrólise e, no solo, não são susceptíveis à

fotodegradação. Valores médios de degradação no solo em campo (DT90) de protioconazol e de

protioconazol-destio são reportados em 5,5 e 140 dias, respectivamente (MINISTRY OF HEALTH,

2019). Valores de meia-vida do protioconazol-destio em vários sistemas água / sedimento variam

de 17,4 a 75,3 dias (MINISTRY OF HEALTH, 2019). Como registrado na Pesticides Properties DataBase

– PPDB (PPDB, 2020a), o protioconazol possui DT 50 no solo de 14 d.

As características de Koc, DT50 no solo e de solubilidade em água do protioconazol conferem a este

composto: índice de GUS baixo, índice GOSS associado ao solo e sedimento médio e GOSS dissolvido

em água médio (Quadro 9).

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Quadro 9 - Protioconazol, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, feijão, milho, soja, e trigo 25º posição ranking de vendas em 2014

Protioconazol

Koc = 1745 mL/g

DT 50 solo = 14 d. metabolismo aeróbio aquático: difícil determinação porque se degrada rapidamente em protioconazol-destio.

Estável à hidrólise

GUS baixo

GOSS associado ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água médio

Protioconazol-destio

Koc = 575,4 mL/g

DT 50 solo = 7 a 34 d.

DT 50 água e sedimento = 17,4 a 75,3 d

Estável à hidrólise

NR SI

NR: Não realizada; SI = sem informação; ND = não detectado

A USEPA utiliza como referência para efeitos crônicos um estudo com ratos, do qual foram extraídas

as seguintes informações: NOAEL= 1,1 mg kgpc-1 d-1, baseado em histopatologia hepática; FI = 1.000

(10 para variações intraespécie; 10 para variações interespécies e 10 devido a incertezas relativas

ao dados em si);. IDT = 0,001 mg kgpc-1 d-1 (USEPA, 2007a). Este é também o valor de IDT (ou IDA)

estabelecido pela ANVISA (2020b). Ainda segundo o documento da Nova Zelândia (MINISTRY OF

HEALTH, 2019), na Austrália o valor de referência de NOEL é o mesmo (1,1 mg kgpc-1 d-1), mas a IDA

é estabelecida em 0,01 mg kgpc-1. d-1, provavelmente devido à adoção de FI = 100.

A FAO e a OMS, na Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues de 2008, referendaram um valor

de IDA de 0,05 mg/kgpc para o protioconazol com base em NOAEL de 5 mg/ kgpc-1 d-1; valores estes

identificados a partir de alterações macroscópicas e microscópicas do fígado e dos rins em um

estudo de dois anos de toxicidade e carcinogenicidade em ratos. Entretanto, para o protioconazol-

destio, considerado mais tóxico que do que o composto original, o valor de IDA foi estabelecido em

0,01 mg/kgpc com base no NOAEL de 1,1 mg kgpc-1 d-1, identificados com base em alterações

microscópicas no fígado e nos ovários em um estudo de dois anos de toxicidade e carcinogenicidade

em ratos (FAO, WHO, 2010). A European Foof Safety Authority (EFSA, 2014b) também se refere a

estes valores de IDT para o protioconazol e para o protioconazol-destio.

Enfim, parece haver consenso sobre o valor de NOAEL, com diferenças, entretanto, entre valores de

FI e, por conseguinte de IDT, bem como se a referência é o protioconazol ou o protioconazol-destio.

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Contudo, em qualquer caso, estas referências de NOAEL / IDT não são traduzidas em valor máximo

permitido incorporado em padrão de potabilidade.

Quadro 10 - Protioconazol, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde

Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d] LQ literatura

(µg/L) VMP normas

(µg/L)

Efeitos hepáticos

ANVISA classe IV (5)

USEPA Provavelmente não carcinogênico (4)

FAO / OMS (1): 5(2), 1,1 (3)

USEPA: 1,1 (2) (4)

FAO / OMS (1): 50(2), 10 (3)

USEPA(2) (4) :1

ANVISA (2) (5): 1

0,3 NC

(1) FAO, WHO (2010); (2) protioconazol; (3) protioconazol-destio; (4) USEPA (2007a, 2018); (5) ANVISA (2020b); NC: não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

De início, cabe observar que o protioconazol não merece atenção em nenhuma das normas /

diretrizes de qualidade da água para consumo humano tomadas como referência neste estudo.

Porém, este composto tem autorização para uso em culturas de destaque no Brasil (feijão, milho,

soja, e trigo) e apresenta dados de comercialização relativamente intensos.

As características do protioconazol indicam baixo potencial de contaminação de águas subterrâneas

e persistência média em águas superficiais. Contudo, em meio aquático o protioconazol tende a ser

rapidamente convertido em protioconazol – destio, que vem a ser mais persistente e mais tóxico

que o protioconazol.

De toda maneira, com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental sugerido para pré-

seleção de agrotóxicos, o protioconazol seria candidato a ser incluído do padrão de potabilidade2.

Adicionalmente, a aplicação da matriz de risco (IDT x comercialização) confirmou a sugestão de

inclusão do protioconazol no padrão (nota 12: 4 para toxicidade e 3 para a comercialização).

Encaminhamento: com base nas informações de exposição e toxicidade, decidiu-se pela inclusão

do protioconazol no padrão de potabilidade. Considerando a tendência de conversão do

protioconazol em protioconazol destio e o fato de que o metabólito é mais tóxico que o composto

original, sugere-se o estabelecimento do VMP em termos da soma das concentrações de

protioconazol e protioconazol destio: 7 µg/L, calculado como a seguir.

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VMP = [(1,1 mg/kgpc.d / 1000) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) ≈ 0,006 mg/L = 7 µg/L

NOAEL= 1,1 mg/kg pc.d

FI = 1.000 (USEPA, 2011)

IDT = 0,001 mg/kgpc.d (ANVISA, 2018 e USEPA, 2011)

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

6.3. Ametrina

Ametrina (C9H17N5S) é um herbicida pertencente ao grupo químico triazina, utilizado em plantações

de citros, milho e batata, em pré e pós emergência (MINISTRY OF HEALTH, 2019). Seu uso tem sido

também identificado em acostamentos de estrada e linhas ferroviárias (MINISTRY OF HEALTH,

2019).

No Brasil, a ametrina é autorizada para aplicação em pré e pós-emergência das plantas infestantes

nas culturas de abacaxi, algodão, banana, café, cana-de-açúcar, citros, mandioca, milho e uva

(ANVISA, 2020c).

Entre 2009 e 2015 a ametrina variou pouco dentro do ranking de comercialização de agrotóxicos no

Brasil, apresentando como extremos o décimo sétimo (duas vezes, em 2012 e 2013) e o vigésimo

terceiro lugar (em 2014). Em 2016 e 2017 ocupou, respectivamente, a vigésima e a vigésima sexta

posição - mais de 2700 toneladas vendidas em 2017 (IBAMA, 2018). No período de 2009 a 2017 a

região Sudeste respondeu, em média, por 70% das vendas de ametrina; entre os estados, destaque

para São Paulo, responsável por 62% das vendas (IBAMA, 2018). Neste mesmo período, o total de

vendas foi de 28.895 toneladas.

Quadro 11 - Ametrina, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo

completo

Pré e pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de abacaxi, algodão, banana, café, cana-de-açúcar, citros, mandioca, milho e uva

ranking de vendas: 26º (2017) e 20º 2016

2017:

Região SE: 70% das vendas

SP: 62%.

Koc = 316 mL/g

elevada solubilidade.

Potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas.

DT50 solo = 60 a 250 d

DT50 solo condições aeróbias =10 a 40 d

DT50 água 28d.

GUS médio

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água alto

Águas superficiais: 8,5% detecção (n= 1097) máx = 2,9 µg/L mín = 0,00013 µg/L (12 estudos) Águas subterrâneas 1,9% detecção (n = 157). 0,205 µg/L (3 estudos)

Tratamento convencional: não eficaz

Tratamento convencional + carvão ativado: eficaz

Cloração eficaz (18 mg/L cloro)

N= número de amostras.

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A ametrina é enquadrada pela ANVISA como classe III (ANVISA, 2020c) e pela USEPA como Grupo D

(não classificável em termos de carcinogenicidade humana) (USEPA, 2018)

A norma Australiana faz referência a um estudo de dois anos com ratos, onde foram observadas

lesões no fígado e anemia com dose de 2,2 mg/kgpc.d. Faz também referência à outro estudo com

ratos e coelhos, em que não foram observados efeitos reprodutivos ou de desenvolvimento de

fetos, mas apenas perda de ganho de peso corpóreo com dose de 2mg/kgpc.d, sendo este o valor

adotado como NOEL (nível do efeito não observado) (NHMRC/NRMMC, 2018) e a base para

determinação da IDT e do valor-limite em água, calculado como a seguir.

VMP = [(2 mg/kgpc.d / 100) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,07 mg/L

2 mg/kg pc.d = NOAEL (estudo de efeitos reprodutivos em ratos)

100= FI: 10 para variações intraespécie; 10 para variações

70 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,1 = fator de alocação (Fa): admite-se que 10% da exposição advenha do consumo de água

Aliás, apenas a norma Australiana incorpora a ametrina no padrão de potabilidade. A USEPA tem

como referência um estudo subcrônico com ratos, em que não foram observados efeitos com dose

de 8,6 mg/kgpc.d, sendo este o valor adotado como NOEL; assumindo fator de incerteza de 1.000

(10 para variações intraespécie; 10 para variações interespécies e 10 por se tratar de estudo

subcrônico), o valor de IDT é calculado em 0,009 mg/kgpc.d e se indica como referência um valor-

limite em água de 0,06 mg/L. Entretanto, estas referências não são traduzidas em valor máximo

permitido incorporado ao padrão de potabilidade (USEPA,2018).

Quadro 12 - Ametrina, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d] LQ literatura

(µg/L) VMP normas

(µg/L)

Anemia e lesões hepáticas Redução de ganho de peso corpóreo

ANVISA: Classe III (4) USEPA: grupo D (3)

Austrália: 2 (1; 2) EUA: 8,6 (1; 3)

Austrália: 20 (1; 2) EUA: 9 (1; 3)

0,05 e 1 Austrália: 70 (2)

EUA: NC

(1) NOEL; (2) NHMRC/NRMMC (2018); (3) USEPA (2018); (4) ANVISA (2020c); NC: não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

A ametrina apresenta características que conferem potencial moderado de contaminação de águas

subterrâneas, mas que favorecem sua permanência em águas superficiais. O potencial de ocorrência

em águas superficiais é confirmado em estudos realizados no Brasil (Quadro 11). Há potencial de

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remoção no tratamento de água, contudo apenas com emprego de doses extremamente elevadas

de cloro. Não há problemas analíticos para a detecção de ametrina.

Com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental sugerido para pré-seleção de agrotóxicos,

a ametrina seria indicada a ser incluída no padrão de potabilidade2. Adicionalmente, a aplicação da

matriz de risco (IDT x comercialização) confirmou a sugestão de inclusão (nota 12: 3 para toxicidade

e 4 para a comercialização).

Encaminhamento: com base nas informações de exposição e toxicidade, decidiu-se pela inclusão

da ametrina no padrão de potabilidade, com VMP de 120 µg/L, calculado como a seguir.

VMP = [(2 mg/kgpc.d / 100) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,12 mg/L

2 mg/kg pc.d = NOAEL (estudo de efeitos reprodutivos em ratos)

100= FI: 10 para variações intraespécie; 10 para variações

6 0 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa): admite-se que 20% da exposição advenha do consumo de água

6.4. Tiram

Tiram (C6H12N2S4) é um fungicida pertencente ao grupo químico dos dimetilditiocarbamatos (assim

como o mancozebe) (NHMRC/NRMMC, 2018). É usado no controle de doenças fúngicas em

gramados, plantas ornamentais, vinhas e como agente anti-incrustante em equipamentos

industriais e barcos (NHMRC/NRMMC, 2018). Possui autorização para uso na Austrália e na Nova

Zelândia (NHMRC/NRMMC, 2018; MINISTRY OF HEALTH, 2019). Não possui autorização para uso na

União Europeia (EUROPEAN COMMISSION, 2018).

No Brasil, tem uso autorizado para aplicação em sementes de algodão, amendoim, arroz, aveia,

cevada, ervilha, feijão, milho, pastagens, soja, sorgo e trigo e para a aplicação no solo na cultura de

batata (ANVISA, 2020d). Possui registro de vendas a partir de 2010 e, em 2017, foi o 49º ingrediente

ativo na lista de vendas, com aproximadamente 751 toneladas comercializadas naquele ano; o total

de vendas no período de 2009 a 2017 foi de 5.845 toneladas (IBAMA, 2018).

Na água apresenta baixa solubilidade (18 mg/L a 20ºC) e é rapidamente degradado por hidrólise

(meia vida de 3,5 dias) e por fotodegradação. Apresenta forte tendência de adsorção e baixíssima

mobilidade em solos (Koc = 676 mL/g) (MINISTRY OF HEALTH, 2019). Em condições de laboratório,

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21

o tempo de meia vida em solo é estimado em 3,7 a 4,9 dias; em condições de campo 15 dias

(MINISTRY OF HEALTH, 2019; PPDB, 2020b) (Quadro 13).

As características de Koc, DT50 no solo e de solubilidade em água do Tiram conferem a este

composto: índice de GUS baixo, índice GOSS associado ao solo e sedimento alto e GOSS dissolvido

em água baixo (Quadro 13).

Quadro 13 - Tiram, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação em sementes de algodão, amendoim, arroz, aveia, cevada, ervilha, feijão, milho, pastagens, soja, sorgo e trigo e para a aplicação no solo na cultura de batata

49 º mais vendido em 2017.

baixa solubilidade

DT50 hidrolise = 3,5 dias.

DT50 = 3,7 dias.

Koc = 676 mL/g

baixa mobilidade no solo.

DT50 solo lab = 4,9 dias

DT50 solo campo = 15 dias

GUS baixo

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água alto

NE SI

NE: Não foram encontrados estudos; SI: Sem informação.

O Tiram é enquadrado pela ANVISA (2020d) como classe II e pela IARC como Grupo 3 (não

classificável em termos de carcinogenicidade humana) (IARC, 1991a).

A norma Australiana faz referência a um estudo de dois anos com cães, onde foram observados

distúrbios neurológicos, anemia e alterações no fígado, e do qual foram obtidos os seguintes

valores: NOEL = 0,4 mg/kg pc.d; IDT = 2 µg/kg pc.d FI =200 (10 para variação intraespécie, 10 vezes

para variação interespécies e 2 para incertezas em relação à carcinogenicidade) (NHMRC/NRMMC,

2018).

A ANVISA reporta valor de IDT de 10 µg/kgpc.d (ANVISA, 2020d), coincidente com o valor assumido

pela FAO, WHO (1993), que por sua vez é baseado em valor de NOAEL relativo a dois estudos /

efeitos: (i) estudo de dois anos com ratos – diminuição de glóbulos vermelhos, hemoglobina e

hematócritos, alterações degenerativas no nervo ciático e atrofia do músculo gastrocnêmico; (ii)

estudo de um ano em cães - mudanças no peso corpóreo, aumento do peso do fígado e alterações

hematológicas e hormonais.

A EFSA (2017) também utiliza este valor de IDT de 10 µg/kgpc.d fundamentado nos mesmos estudos,

mas reporta que o tiram causou tumores benignos e que poderia ser classificado no grupo 2, como

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carcinogênico. A USEPA (2004a) cita valor de IDT = 0,015 mg / kgpc.d (NOAEL de 1,5 mg / kgpc.d ; FI

= 100) , com base em estudo de 2 anos com ratos sobre efeitos neurotóxicos. Neste mesmo

documento encontra-se que o tiram é classificado como provavelmente não carcinogênico humano

(not likely to be carcinogenic to humans)

Quadro 14 – Tiram, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LQ literatur

a (µg/L)

VMP normas (µg/L)

Diminuição dos glóbulos vermelhos, hemoglobina e hematócritos, alterações degenerativas no nervo ciático e atrofia do músculo gastrocnêmio e mudanças no peso corpóreo, aumento do peso do fígado e alterações hematológicas e hormonais Distúrbios neurológicos

ANVISA: Classe II (4)

IARC: grupo 3 (5)

EFSA: grupo 2 (6)

USEPA: provavelmente não carcinogênico (7)

FAO/OMS: 0,84(1)

Austrália: 0,4(2)

USEPA: 1,5 (3)

FAO/OMS: 10 (1) Austrália: 2 (2)

USEPA: 15 (3) ANVISA: 10 (4)

0,5

OMS: NC

Austrália: 7 (2)

USEPA: NC

(1) FAO, WHO (1993); (2) NHMRC/NRMMC (2018); (3) USEPA (2004a); (4) ANVISA (2020d); (5) IARC (1991a); (6) EFSA (2017)

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

Em termos gerais, o tiram apresenta baixa persistência ambiental. Se for utilizada referência mais

conservadora de tempo de meia vida no solo (15 dias), o tiram passaria no crivo da “dinâmica

ambiental” e, na sequência, seria selecionado na matriz de risco com nota 12 (4 para toxicidade e 3

para comercialização). Entretanto, em se utilizando valores menos conservadores (<10 dias), o tiram

seria descartado como candidato a inclusão no padrão de potabilidade.

Por outro lado, o tiram apresenta elevada toxicidade e há controvérsias em relação à

carcinogenicidade.

A norma Australiana é única a incorporar o tiram no padrão de potabilidade, com VMP calculado

como a seguir.

VMP = [(0,4 mg/kgpc.d / 200) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,007 mg/L

0,4 mg/kg pc.d = NOAEL (estudo de efeitos neurotóxicos em cães)

200 = FI: 10 para variações intraespécie; 10 para variações inter espécies e 10 para incertezas em relação à carcinogenicidade)

70 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,1 = fator de alocação (Fa): admite-se que 10% da exposição advenha do consumo de água

Encaminhamento: considerando a dinâmica ambiental do tiram, desfavorável à sua permanência

na água, optou-se pela não inclusão no padrão de potabilidade

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6.5. Propargito

O propargito (C19H26O4S) é um acaricida pertencente, e único integrante, da classe química sulfito

de alquila (NHMRC/NRMMC, 2018). É usado em culturas alimentares, ornamentais e de algodão

(NHMRC/NRMMC, 2018). Não possui autorização para uso na União Europeia, mas é registrado na

Austrália e Nova Zelândia (EUROPEAN COMMISSION, 2011; NHMRC/NRMMC, 2018; MINISTRY OF

HEALTH, 2019).

No Brasil, tem seu uso autorizado para aplicação foliar nas culturas de algodão, café, citros, maçã,

morango, rosa e tomate (ANVISA, 2020e). Possui registro de vendas somente a partir 2012. Em

2017, foram comercializadas 252,97 toneladas desse composto, sendo o 64º ingrediente ativo com

vendas registradas naquele ano. Entre 2012 e 2017 variou entre a 44ª e 64ª posições no ranking de

vendas. A região Sudeste concentrou 83%, e o estado de São Paulo 61%, do total de vendas de 2012

a 2017 (IBAMA, 2018).

Em água ou em condições húmidas, o propargito é rapidamente degradado em condições alcalinas,

mas é moderadamente persistente a persistente em condições neutras ou ácidas. A fotólise no solo

e em água, bem como a degradação aeróbia e anaeróbia, ocorre em taxas moderadas. O propargito

apresenta elevada afinidade a partículas de solo e sedimentos (Koc=3980). O tempo de meia vida

no solo é estimado entre 29,1 a 429,3 dias em condições aeróbias (PPDB, 2019a). Dadas estas

características, depreende-se que o propargito tem potencial de transporte desde o local de

aplicação por carreamento de partículas de solo (por exemplo, por efeito de precipitação ou

irrigação), mas se transportado para águas superficiais provavelmente o composto será adsorvido a

sedimentos e material orgânico (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Quadro 15 - Propargito, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo

completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, café, citros, maçã, morango, rosa e tomate. 64º posição ranking de vendas em 2017. 2012 a 2017: região Sudeste 83% das vendas SP 61%

Koc=3980 mL/g

DT50 solo = 29,1 a 429,3 dias

GUS baixo

GOSS solo e sedimento alto

GOSS dissolvido em água alto

Aguas superficiais:

11,5% detecção (n=52)

<LQ

(2 estudos)

Águas subterrâneas

NE

1 a 17%

NE: Não foram encontrados estudos; SI: Sem informação; N= número de dados; LQ= Limite de Quantificação

A norma australiana é a única a estabelecer valor-limite para o propargito como padrão de

potabilidade, tendo como referência um estudo de 20 meses com ratos em que se demonstrou

proliferação celular significativa e aumento da jejuno; deste estudo se obteve valor de NOEL de

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2 mg/kgpc.d e IDT de 0,002 mg/kgpc.d, com FI= 1.000: 10 para variação intraespécie, 10 vezes para

variação interespécies e 10 para a pequena diferença entre o valor de NOEL a dose em que tumores

foram observados (3 mg/kgpc.d) (NHMRC/NRMMC, 2018). O VMP da norma australiana é calculado

como a seguir

VMP = [(2 mg/kgpc.d / 1000) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,007 mg/L

2 mg/kg pc.d = NOAEL (estudo de efeitos reprodutivos em ratos)

1000= FI

70 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,1 = fator de alocação (Fa)

Quadro 16 - Propargito, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d] LQ literatura

(µg/L) VMP normas

(µg/L)

Diminuição do ganho de peso corpóreo e da sobrevida materna e fetotoxicidade, alterações químicas clínicas, alterações nos pesos do fígado e do rim, sarcomas no jejuno, metástases no mesentério e nos pulmões e proliferação celular e aumento de massa no jejuno, evidência de carcinogenicidade em ratos.

ANVISA Classe III (4) USEPA Grupo B (provável carcinogênico) (4)

FAO / OMS: 3 (1)

Austrália: 2 (2);

USEPA: 2 (3)

FAO / OMS: 3 (1)

Austrália: 2 (2);

USEPA: 20 (3)

ANVISA: 10 (4)

0,05 Austrália: 7 (2)

(1) FAO, WHO (1999); LOAEL; (2) NHMRC/NRMMC (2018); (3) USEPA (1990); (4) ANVISA (2020e);

A USEPA adota valor de IDT de 0,02 mg/kgpc.d, obtido de dois estudos / efeitos: (i) estudo de dois

anos com cães; NOEL de 22,5 mg/kgpc.d relativo à toxicidade sistêmica e FI = 1.000: 10 para variação

intraespécie, 10 vezes para variação interespécies e 10 por conta de incertezas quanto a

identificação do endpoint mais sensível; (ii) estudo de dois anos com coelhos; NOEL de 2 mg/kgpc.d

relativo à toxicidade materna e fetal e FI= 100: 10 para variação intraespécie, 10 vezes para variação

interespécies) (USEPA, 1990). Todavia, a EPA considera que não há risco concreto de exposição

humana ao propargito via consumo de água (NHMRC/NRMMC, 2018).

A FAO / OMS, na Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues de 1999, referendaram um valor de

IDA de 0,01 mg/kgpcd com base em LOAEL de 3 mg/kgpcd (FI = 300), relativo à manifestação de

tumores em ratas (FAO, WHO, 1999) – o que veio a ser ratificado na JMPR 2002

(https://apps.who.int/pesticide-residues-jmpr-database/pesticide?name=PROPARGITE)

A ANVISA especifica valor de IDT (ou IDA) de 0,01 mg/kgpc.d (ANVISA, 2020e), provavelmente

baseado no valor indicado pela FAO / OMS (FAO, WHO, 1999).

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Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O propargito tem aplicação em culturas importantes no país, como, por exemplo, café, citros e

tomate. Apresenta características que conferem baixo potencial de contaminação de águas

subterrâneas, mas que favorecem sua permanência em águas superficiais, o que se vê refletido em

informações de literatura sobre ocorrência deste composto em águas superficiais no país (Quadro

16). O quantitativo de vendas é relativamente baixo, mas a toxicidade do propargito é elevada,

inclusive com potencial carcinogênico.

Com efeito, com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental sugerido para pré-seleção de

agrotóxicos, o propargito seria candidato a ser incluído do padrão de potabilidade2. Adicionalmente,

a aplicação da matriz de risco (IDT x comercialização) confirmou a sugestão de inclusão (nota 12: 4

para toxicidade e 3 para a comercialização).

Encaminhamento: com base nas informações de exposição e toxicidade, sugere-se a inclusão do

propargito no padrão de potabilidade com VMP de 60 µg/L calculado como a seguir.

VMP = [(0,01 mg/kgpc.d) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,060 mg/L = 60 µg/L

IDT = 0,01 mg/kgpc.d (ANVISA, 2020e)

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

6.6. Metribuzim

O metribuzim (C8H14N4OS) é um herbicida pertencente a classe química triazinona (ANVISA, 2020f).

No Brasil tem uso autorizado para aplicação em pré e/ou pós-emergência de plantas infestantes nas

culturas de aspargo, mandioca e soja, batata, café, cana de açúcar, tomate e trigo (ANVISA, 2020f).

No período de 2009 a 2017 este composto esteve assim classificado no ranking de vendas de

agrotóxicos fornecido pelo IBAMA: (i) 2009 até 2012 – não listado; (ii) 2013 a 2015 – entre a 37ª e a

38ª posição; (iii) 2016 –16ª posição; 2017 –30ª posição (IBAMA, 2018).

O metribuzim possui elevada solubilidade (1,2 g/L) e é estável via hidrólise, contudo o tempo de

meia vida via fotólise é de apenas 0,2 d (PPDB, 2020c). Não tem potencial de bioacumulação, sendo

a degradação microbiana a principal via de remoção do solo. Este composto é moderadamente

adsorvido em solo com alto teor de argila e/ou matéria orgânica, sendo que a adsorção diminui à

medida que o pH do solo aumenta. A meia-vida do metribuzim no solo varia de 2,5 a 4 meses, sendo

que em água com pH neutro a meia-vida foi determinada em aproximadamente 7 dias (HEALTH

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CANADA, 1989). De acordo com o PPDB (2020c), o DT50 na água é de 41 dias. O metribuzim possui

coeficiente de sorção (Koc) de 60 mL/g, o que indica baixa adsorção a solos orgânicos e elevada

mobilidade em direção às águas subterrâneas (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Com base em valores de solubilidade = 1165 mg/L, DT50 = 11,5 dias (PPDB, 2020c) e Koc = 60 e Koc

= 60 mL/g (MINISTRY OF HEALTH, 2019), o metribuzim pode ser assim classificado: índice de GUS

médio; GOSS dissolvido em água baixo; GOSS associado ao solo e sedimento médio (Quadro 17).

Quadro 17 - Metribuzim, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo

completo

Aplicação em pré-emergência das plantas infestantes nas culturas de aspargo, mandioca e soja; aplicação em pré e/ou pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de batata, café, cana de açúcar e tomate; e aplicação em pós-emergência das plantas infestantes na cultura de trigo. 30ª posição em 2017 e 16ª em 2016 no ranking de vendas no Brasil

Koc=60 mL/g

DT50 na água =e 7 a 41 d.

Elevada solubilidade.

DT50 no solo = 11,5 d até 4 meses.

GUS médio

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água médio

Águas superficiais:

8,5% detecção (n=236)

Mín = 0,003 μg/L

Máx = 0,007 μg/L

(4 estudos)

Águas subterrâneas

2,2% detecção (n = 92).

<LQ

(2 estudos)

50% nas etapas de coagulação, floculação e decantação

SI: Sem informação; N= número de dados; LQ: limite de quantificação.

O metribuzim é enquadrado pela ANVISA como classe III (ANVISA, 2020f) e pela USEPA como Grupo

D (não classificável em termos de carcinogenicidade humana) (USEPA, 2018).

Este composto é regulamentado nas normas da Austrália, Canadá, Nova Zelândia. As normas

australianas e neozelandesa têm como referência um estudo de dois anos com ratos, e valor de

NOEL de 2 mg.kgpc.d relativo a efeitos de diminuição do peso cardíaco; o valor de IDT

(0,02 mg.kgpc.d) incorpora fator de incerteza de 100 (MINISTRY OF HEALTH, 2019; NHMRC/NRMMC,

2018).

A USEPA tem como referência um estudo de dois anos com ratos e valor de NOEL de 1,3 mg.kgpc.d

relativo à redução de ganho de peso corporal e aumento de peso da tireoide e fígado (USEPA,

1998a); assumindo fator de incerteza de 100, o valor de IDT é calculado em 0,013 mg/kgpc.d

(≈ 0,01 mg/kgpc.d) e se indica como referência um valor-limite em água de 0,07 mg/L, que não é,

entretanto, incorporado ao padrão de potabilidade (USEPA, 2018). Este valor de IDT de

0,013 mg/kgpc.d é também assumido na Comunidade Europeia (EFSA, 2006a).

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No Canadá, a referência é um estudo de dois anos com cães e valor de NOEL de 0,83 mg.kgpc.d

relativo à efeitos no fígado; assumindo fator de incerteza de 100, o valor de IDT é calculado em

0,0083 mg/kgpc.d e o VMP em 0,08 mg/L (pc = 70 kg; C = 1,5 L/d; Fa = 0,20) (HEALTH CANADA, 1989).

Quadro 18 - Metribuzim, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos Toxicidade

NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos no fígado e na tireoide, redução de ganho de peso corporal

ANVISA: Classe III(5)

USEPA: grupo D (4)

Canadá: 0,83 (1)

Austrália: 2(2)

NZ: 2 (3)

EUA: 1,3 (4)

Canadá: 8,3 (1)

Austrália: 20 (2)

NZ: 20 (,3)

EUA: 10 (5)

0,46

Canadá: 80 (1)

Austrália: 70 (2)

NZ: 70 (3)

EUA: NC

(1) HEALTH CANADA (1989); (2) NHMRC/NRMMC (2018); (3) MINISTRY OF HEALTH (2008, 2018); (4) USEPA (1998a; 2018); (5) ANVISA

(2020f)

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O metribuzim tem aplicação em culturas importantes no país, como, por exemplo, mandioca, soja,

batata, café, cana de açúcar e tomate.

Apesar de possuir dinâmica ambiental favorável à ocorrência em águas superficiais e subterrâneas,

a literatura indica detecção de metribuzim em frequência e concentrações baixas - valor máximo

reportado de 7 ng/L. As concentrações detectadas em outros países também são baixas, com

máximo reportado de 2,4 µg/L. Adicionalmente, e a favor da segurança, verifica-se que o tratamento

convencional da água apresenta potencial de remoção de 50% de metribuzim.

Com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental, o metribuzim seria candidato a ser

incluído do padrão de potabilidade2. Adicionalmente, a aplicação da matriz de risco (IDT x

comercialização) confirmou a sugestão de inclusão, ainda que com nota próxima ao ponto de corte

(nota 9: 3 para toxicidade e 3 para a comercialização).

Encaminhamento: com base nas informações de exposição (incluindo o fato de ser utilizado em

culturas importantes do país) e toxicidade, sugere-se a inclusão do metribuzim no padrão de

potabilidade com VMP de 50 µg/L calculado como a seguir.

VMP = [(0,83 mg/kgpc.d / 100) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,05 mg/L = 50 µg/L

NOAEL = 0,83 mg/kgpc.d

FI = 100

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

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6.7. Ciproconazol

Ciproconazol (C15H18CIN3O) é um fungicida pertencente ao grupo químico triazol (ANVISA, 2020g).

Possui subprodutos comuns a outros compostos derivados de triazóis, tais como 1,2,4-triazol e

triazol alanina e ácido triazol acético (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

No Brasil, é autorizado para: (i) aplicação foliar nas culturas de algodão, alho, arroz, aveia, café,

cevada, crisântemo, eucalipto, figo, girassol, goiaba, maçã, melancia, melão, milho, pêssego, soja,

trigo e uva; (ii) aplicado no solo na cultura de café; (iii) no tratamento de mudas antes do plantio na

cultura de cana-de-açúcar; e (iv) no sulco de plantio na cultura de cana-de-açúcar (ANVISA, 2020g).

A posição do ciproconazol no ranking de vendas no país variou da 35ª em 2013 a 25ª em 2015 e 34ª

em 2017, quando foram comercializadas 1473 toneladas; no período considerado, o total de vendas

foi de 11.246 toneladas (IBAMA, 2018).

O ciproconazol é moderadamente solúvel em água e é uma substância volátil; apresenta elevado

potencial de lixiviação para águas subterrâneas e é persistente no solo e na água (PPDB, 2019b). A

meia-vida típica do ciproconazol no solo é de cerca de três meses; a solubilidade em água varia de

100 a 140 mg/L (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Quadro 19 – Ciproconazol, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, alho, arroz, aveia, café, cevada, crisântemo, eucalipto, figo, girassol, goiaba, maçã, melancia, melão, milho, pêssego, soja, trigo e uva. Mais comumente aplicado no solo na cultura de café; através de tratamento industrial de mudas antes do plantio na cultura de cana-de-açúcar; e no sulco de plantio de cana-de-açúcar

34ª posição em 2017 e 25ª em 2015 no ranking de vendas no Brasil

Alto risco de lixiviação para águas subterrâneas.

persistente no solo e água.

Koc = 390

DT50 no solo de 3 meses

GUS alto

GOSS solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água alto

NR SI

NR: Não realizado; SI: Sem informação.

O ciproconazol é enquadrado pela ANVISA como classe III (ANVISA, 2020g). Até 2006 a USEPA listava

este composto no Grupo B2 - provável carcinogênico humano; porém, desde 2008 a USEPA passou

a classificá-lo como “provavelmente não carcinogênico em doses que não promovem respostas

mitogênicas no fígado” (USEPA, 2013); esta é também a conclusão da FAO, WHO (2011).

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29

A USEPA adota valor de IDT de 0,01 mg/kgpc.d, obtido de um estudo de um ano com cães, a partir

de NOEL de 1 mg/kgpc.d e FI= 1.000. O valor de LOAEL foi determinado em 1 mg/kgpc.d relativo à

efeitos hepáticos (USEPA, 2013). Este é também o valor de IDT assumido pela ANVISA (2020g).

A FAO / OMS citam IDT de 0,02 mg/kgpc.d, com base em NOAEL de 2,2 mg/kgpc.d, obtido de estudo

de dois anos de toxicidade e carcinogenicidade com ratos (FAO, WHO, 2011, 2014). Esta também é

a referência citada pela European Foof Safety Authority (EFSA, 2012a).

Contudo, o ciproconazol não merece atenção em quaisquer das normas / diretrizes de potabilidade

da água avaliadas no presente estudo (Quadro 20).

Quadro 20 - Ciproconazol, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LQ literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos hepáticos ANVISA: Classe III (3) USEPA: provavelmente não carcinogênico (2)

FAO/ OMS: 2,2(1) EUA: 1 (2)

FAO/ OMS: 20(1) EUA: 10 (2) ANVISA: 10 (3)

0,05 NC

(1) FAO, WHO (2011); (2) USEPA (2013); (3) ANVISA (2020g). NC: não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O ciproconazol tem autorização para uso em culturas importantes no Brasil, tais como, arroz, café,

eucalipto, soja e cana-de-açúcar e, de fato, est composto apresenta comercialização relevante no

país.

É moderadamente solúvel em água, persistente no solo e na água e possui elevado potencial de

lixiviação para águas subterrâneas. Com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental, o

ciproconazol foi selecionado para inclusão no padrão de potabilidade2. Adicionalmente, a aplicação

da matriz de risco (IDT x comercialização) confirmou a sugestão de inclusão, ainda que com nota

próxima ao ponto de corte (nota 9: 3 para toxicidade e 3 para a comercialização).

Cabe, entretanto, notar que o ciproconazol não merece atenção em quaisquer das normas /

diretrizes de potabilidade da água avaliadas no presente estudo.

Encaminhamento: com base nas informações de exposição e toxicidade, sugere-se a inclusão do

ciproconazol no padrão de potabilidade com VMP de 60 µg/L, calculado como a seguir.

VMP = [(1 mg/kgpc.d / 100) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,06 mg/L = 60 µg/L

NOAEL = 1 mg/kgpc.d (referência mais restritiva de NOAEL - USEPA, 2013; ANVISA 2020g)

FI = 100

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

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30

6.8. Epoxiconazol

Epoxiconazol (C17H13ClFN3) é um fungicida de amplo espectro pertencente ao grupo químico triazol (ANVISA,

2020h). Possui metabólitos comuns a outros compostos químicos derivados de triazóis (como o ciproconazol)

incluindo triazol livre e metabólitos de plantas conjugados com triazol (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

No Brasil é autorizado pela ANVISA para aplicação foliar nas culturas de algodão, amendoim, arroz, aveia,

banana, cacau, café, cana-de-açúcar, cevada, feijão, girassol, mandioca, milho, soja, sorgo e trigo (ANVISA,

2020h).

No ranking de vendas no país o epoxiconazol variou da 32ª posição em 2009 à 48ª posição em 2017

- quando foram comercializadas 835 toneladas; no período considerado, o total de vendas foi de

6447 toneladas (IBAMA, 2018).

O epoxiconazol é persistente no solo e na água; tende a aderir às partículas do solo; logo não

apresenta propensão a lixiviar para águas subterrâneas (MINISTRY OF HEALTH, 2019). Possui baixa

solubilidade em água (8 mg/L) e é relativamente volátil. a meia-vida em solos é de 20 - 70 dias e 11-

20 dias em água (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Quadro 21 - Epoxiconazol, dados exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, amendoim, arroz, aveia, banana, cacau, café, cana-de-açúcar, cevada, feijão, girassol, mandioca, milho, soja, sorgo e trigo. ranking de vendas do IBAMA: 32º (2009) a 48º (2017).

Baixa solubilidade

Volátil

Koc = 1073

DT50 o solo de 20 – 70 dias

DT50 água 11-20 dias

GUS médio

GOSS associado ao solo e sedimento alto

GOSS dissolvido em água alto

NR SI

NR: Não realizado; SI: Sem informação.

A USEPA considera o epoxiconazol como provável carcinogênico humano por via oral -fator de

câncer = 3,04 x 10-2

(mg/kgpc.d)-1 - baseado na ocorrência de tumores hepáticos em ratos (USEPA,

2006a); além disso, o epoxiconazol é suspeito de ser desregulador endócrino (MINISTRY OF HEALTH,

2019).

A USEPA (2006a) adota valor de IDT de 0,02 mg/kgpc.d, obtido de estudo de carcinogenicidade em

ratos, com duração de dois anos, a partir de NOEL de 2 mg/kgpc.d e FI= 100; o valor de LOAEL foi

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31

determinado em 7 mg/kgpc.d relativo à incidência de cistos ovarianos e efeitos histopatológicos nas

glândulas adrenais (suprarrenais).

Em documento da Nova Zelândia encontra-se que a Austrália recomenda IDT de 0,01 mg/kgpc.d,

com base em NOEL de aproximadamente 1 mg/kg/dia (FI = 100), obtido de um estudo de 18 meses

com ratos e de um estudo de 12 meses com cães, e aplicando fator de segurança de 100 (MINISTRY

OF HEALTH, 2019).

A ANVISA assume IDT (ou IDA) de 0,003 mg/kgpc.d, mas não foi identificada a fundamentação deste

valor (ANVISA, 2020h).

Contudo, o epoxiconazol não merece atenção em quaisquer das normas / diretrizes de potabilidade

da água avaliadas no presente estudo (Quadro 22).

Quadro 22 - Epoxiconazol, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade

NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LQ literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

cistos ovarianos e efeitos histopatológicos nas glândulas adrenais provável carcinogênico humano e desregulador endócrino

ANVISA: Classe III (2)

EUA: provável carcinogênico humano (1)

EUA: 0,02(1) ANVISA: 3 (2) 0,05 NC

(1) USEPA (2006a); (2) ANVISA (2020h); NC: não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O epoxiconazol tem autorização para uso em culturas importantes no Brasil, tais como, arroz,

banana, cacau, café, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho e soja. Apresenta, porém, quantitativo

de vendas relativamente baixo.

É pouco solúvel em água e possui baixo potencial de lixiviação para águas subterrâneas; no entanto,

é relativamente persistente no solo e na água.

Com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental, o epoxiconazol foi pré-selecionado para

inclusão no padrão de potabilidade2. Adicionalmente, a aplicação da matriz de risco (IDT x

comercialização) confirmou a sugestão de inclusão, ainda que com nota próxima ao ponto de corte

(nota 9: 3 para toxicidade e 3 para a comercialização).

Cabe, ainda, sublinhar que o epoxiconazol não merece atenção em quaisquer das normas /

diretrizes de potabilidade da água avaliadas no presente estudo.

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32

Este contexto poderia ser interpretado como sugestivo de não inclusão do epoxiconazol no padrão

de potabilidade. Por outro lado, a inclusão poderia ser justificada pelos indícios de

carcinogenicidade e de desregulação endócrina

Encaminhamento: com base nas informações de exposição e toxicidade (incluindo indícios de

carcinogenicidade e desregulação endócrina), decidiu-se pela inclusão do epoxiconazol no padrão

de potabilidade com VMP de 120 µg/L, calculado com o a seguir

VMP = [(2 mg/kgpc.d / 100) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,12 mg/L = 120 µg/L

NOAEL = 2 mg/kgpc.d (USEPA, 2006)

FI = 100

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

6.9. Flutriafol

Flutriafol (C16H13F2N3O) é mais um fungicida pertencente ao grupo químico triazol (ANVISA, 2020i).

Possui autorização para amplo e variado uso no Brasil: (i) aplicação foliar nas culturas de abacate,

abacaxi, abóbora, abobrinha, algodão, alho, anonáceas, aveia, banana, batata, batata-doce, batata-

yacon, beterraba, berinjela, cacau, café, cana-de-açúcar, canola, cará, cebola, chalota, chuchu,

cupuaçu, ervilha, eucalipto, feijão, feijão-caupi, gengibre, gergelim, girassol, grão-de-bico, guaraná,

inhame, jiló, kiwi, lentilha, linhaça, maçã, mamão, mandioca, mandioquinha-salsa, manga,

maracujá, maxixe, melancia, melão, milho, nabo, pepino, pimenta, pimentão, quiabo, rabanete,

romã, soja, tomate e trigo; (ii) aplicação localizada na cultura de banana; (iii) aplicação em solo nas

culturas de café e maçã; (iv) aplicação em sementes de algodão, aveia, cevada, feijão, soja e trigo;

e (i) aplicação no sulco do plantio na cultura de cana-de-açúcar (ANVISA, 2020i).

A posição do flutriafol no ranking de vendas do IBAMA variou de 35º (2012) a 53º (2017), com 638

toneladas vendidas em 2017 e um total de 5.802 toneladas entre 2009 a 2017; destaque para a

região Sudeste com 49% das vendas de 2009 a 2017 (IBAMA, 2018).

A solubilidade em água do flutriafol é reportada em 95 mg/L (20°C). A meia-vida no solo pode

exceder 12 meses, e em alguns casos, mais de 2 anos. Estudos de degradação do solo verificaram

que valores de DT90 do flutriafol variaram entre 1051 e 13583 dias. O flutriafol é estável na água e

moderadamente móvel no solo, com potencial de contaminação de águas subterrâneas (MINISTRY

OF HEALTH, 2019).

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33

Quadro 23 - Flutriafol, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo completo

aplicação em dezenas culturas, incluindo frutas, hortaliças, leguminosas, grãos, cana-de-açúcar

Em 2017 ocupou a 53º (2017). Destaque para a região Sudeste com 49% das vendas de 2009 a 2017.

DT50 no solo > 1-2 anos.

Estável na água

Koc = 255

Potencial de contaminação de águas subterrâneas.

GUS alto

GOSS associado ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água alto

Águas superficiais: 28,3% detecção (n=437) máx = 29,3 µg/L mín = 0,01 µg/L (3 estudos) Águas subterrâneas 16,5% detecção (n=315) máx = 57,1 µg/L mín = 0,03 µg/L (3 estudos)

SI

N= número de amostras; SI: Sem informação.

O flutriafol é enquadrado pela ANVISA como classe III (ANVISA, 2020i) e pela USEPA como

provavelmente não carcinogênico humano (not likely to be carcinogenic to humans) (USEPA, 2014).

No entanto, em documento da Nova Zelândia encontra-se que este composto seria potencialmente

desruptor endócrino (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

A USEPA (2014b) adota valor de IDT de 0,05 mg/kgpc.d, obtido de estudo de toxicidade crônica com

cães, a partir de NOEL de 5 mg/kgpc.d e FI= 100; no mesmo estudo, o valor de LOAEL foi determinado

em 20 mg/kgpc.d relativo à, principalmente, efeitos hepáticos (USEPA, 2014). Anteriormente, os

valores assumidos pela USEPA eram: NOAEL = 10 mg/kg/dia e IDT = 0,01 mg/kgpc.d (FI = 1.000)

(USEPA 2007b).

A FAO / OMS, na Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues de 2011, referendaram o valor de

IDT de 0,01 mg/kgpc.d com base em NOAEL de 1 mg/ kgpc-1 d-1 (FI = 100) , com base em aumento das

alterações de gordura e aumento do peso do fígado, identificados em estudo de dois anos com ratos

(LOAEL = 10 mg/kgpc.d) (FAO, WHO, 2012). Este é também o valor de IDT assumido pela European

Foof Safety Authority (EFSA, 2014c), e coincide com o valor (IDA) indicado pela ANVISA.

Contudo, o flutriafol não merece atenção em quaisquer das normas / diretrizes de potabilidade da

água avaliadas no presente estudo (Quadro 24).

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Quadro 24 - Flutriafol, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos Toxicidade

NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LQ literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos hepáticos

ANVISA: Classe III (3)

EUA: provavelmente não carcinogênico humano (2)

FAO/OMS: 1 (1) EUA: 5(2)

FAO/OMS: 10 (1) EUA: 50(2)

ANVISA: 10 (3)

40 NC

(1) FAO, WHO (2012); (2); USEPA (2014b); (3) ANVISA (2020i); NC: não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O flutriafol foi selecionado na matriz de risco para inclusão no padrão de potabilidade com nota 9

(3 para toxicidade e 3 para comercialização).

Possui ampla autorização de uso no Brasil, embora os dados de comercialização no país não sejam

dos mais altos. Entretanto, este composto é persistente no solo e na água e suas características

favorecem o potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas, o que, conforme a

revisão de literatura, se vê refletido na detecção relativamente elevada em águas superficiais e

águas subterrâneas.

Encaminhamento: com base nas informações de exposição (incluindo o fato de ser utilizado em

culturas importantes do país) e toxicidade sugere-se a inclusão do flutriafol no padrão de

potabilidade com VMP de 60 µg/L, calculado como a seguir.

VMP = [(0,01 mg/kgpc.d) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,06 mg/L = 60 µg/L

IDT = 0,01 mg/kgpc.d (FAO, WHO, 2012; ANVISA, 2020i)

60 kg = peso corpóreo

2 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

6.10. Metabólitos de fungicidas do grupo químico triazol

Dezoito fungicidas do grupo triazol têm em comum quatro principais metabólitos:

• 1,2,4‐triazol (1,2,4‐T) (CAS 288-88-0)

• triazol alanina (CAS 86362-20-1)

• ácido acético triazol (CAS 28711-29-7)

• ácido lático triazol (CAS 1450828-63)

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35

Cinco, entre os 18, estão em discussão no presente processo de revisão da norma brasileira de

qualidade da água para consumo humano: ciproconazol, epoxiconazol, flutriafol, protioconazol,

tebuconazol ; destes somente o tebuconazol já compõe o padrão de potabilidade brasileiro.

A extensão em que estes metabólitos são formados em cada cultura ou em matrizes ambientais

depende da substância ativa que contém triazol e do modo como é utilizada (MINISTRY OF HEALTH,

2019).

A seguir são reunidas informações sobre indicadores toxicológicos sobre os referidos metabólitos

(EFSA, 2018).

Quadro 25 - Metabólitos de fungicidas do grupo químico triazol, dados de toxicidade

Metabólito Principais efeitos à saúde NOAEL

(mg/kgpc.d) FI

IDT (mg/kgpc.d)

1,2,4‐triazol Estudo de dois anos com ratos - redução de ganho de peso corpóreo

6,9 300 0,023

triazol alanina Estudo com coelhos - variações anatômicas do osso hioide em fetos

30 100 0,3

ácido acético triazol

Estudo de duas gerações de ratos –toxicidade parental: redução de ganho de peso corpóreo de consumo de alimentos Estudo com coelhos - redução de ganho de peso corpóreo de consumo de alimentos, úlceras estomacais

100 100 1

ácido lático triazol Valor estabelecido em referência a IDT do triazol alanina como o pior cenário 0,3

Encaminhamento: tendo em vista que os metabólitos (1,2,4 triazol; triazol alanina; ácido acético

triazol; ácido láctico triazol) são menos tóxicos (menores valores de IDA) que os compostos originais

(ciproconazol, epoxiconazol, flutriafol, protioconazol e tebuconazol), definiu-se por estabelecer o

VMP para cada composto, sem inclusão dos metabólitos.

6.11. Mesotriona

Mesotriona (C14H13NO7S) é um herbicida pertencente ao grupo químico tricetona (ANVISA, 2020i).

No Brasil, seu uso é autorizado pela ANVISA para aplicação em pós-emergência de plantas

infestantes na cultura de cana-de-açúcar e milho (ANVISA, 2020j).

Em 2017 a mesotriona aparecia na 62ª posição no ranking de vendas do IBAMA, com 298 toneladas;

destaque para SP com 29% da comercialização. Não há registros nos anos anteriores (IBAMA, 2018).

A mesotriona é pouco volátil, mas é susceptível à fotólise pela ação da luz solar (meia vida no solo

de 22 a 24 dias). Com base nos valores de Koc (15 a 390), não é esperado que a mesotriona se

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36

adsorva aos sólidos em suspensão e ao sedimento; ou seja, no solo, apresenta a mobilidade de

moderada a elevada. A biodegradação é a principal via de degradação no solo e na água. O potencial

de bioconcentração em organismos aquáticos é baixo (PUBCHEM, 2020a). De acordo com registros

no PPDB (2019c), a mesotriona possui Koc de 122, DT50 na água de 5,3 d e no solo de 19,6 d.

Em suma, a mesotriona não é persistente na água e no solo, e se degrada nos ácidos MNBA [4

(metilsulfonil) -2-nitrobenzóico] e AMBA [ácido 2-amino-4- (metilsulfonil) benzóico] (MINISTRY OF

HEALTH, 2019).

Em EFSA (2016) reporta-se detecção de 7,4% de MNBA após 3 dias e 57,2% após 28 dias; e de 9,3%

de AMBA após 13 dias e 15,8% após 46 dias. O MNBA possui persistência no solo de muito baixa a

moderada; AMBA de baixa a moderada. A EFSA (2016) reporta degradação rápida desses dois

metabólitos na água: 2,6 a 11,1 dias. Contudo há indicações que o AMBA possa ser persistente no

subsolo e em água subterrânea (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Quadro 26 - Mesotriona, dados exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação em pós-emergência das plantas infestantes na cultura de cana-de-açúcar e milho. 62ª posição no ranking de vendas em 2017 SP: 29% vendas

Koc de 122

DT50 na água de 5,3 d

DT50 no solo de 19,6 d.

GUS médio

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água médio

NE SI

NE: Não foram encontrados estudos na base de dados consultada; SI: Sem informação.

A USEPA (2015) adota valor de IDT de 0,007 mg/kgpc.d, obtido em estudo de reprodução com ratos,

a partir de LOAEL de 2,1 mg/kgpc.d relativo à observação de tirosinemia (FI = 300) e corrimento

ocular. Neste estudo não foi determinado valor de NOAEL

A European Foof Safety Authority (EFSA, 2016a) reporta IDT de 0,01 mg/kg pc.d, a partir de NOAEL

de 2 mg/kgpc.d (FI = 200 devido à observação de tirosinemia) obtido de estudo multigeracional de

ratos em que se observou diminuição de peso de órgãos em filhotes. A Austrália também adota

0,01 mg/kgpc.d, com NOEL de 1,8 mg/kgpc.d (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Por sua vez, a FAO e a OMS assumem IDT = 0,5 mg/kgpc.d (FI = 100). com base em estudo de dezoito

meses de toxicidade e carcinogenicidade (camundongos), no qual se observou diminuição de ganho

de peso corporal e de eficiência alimentar (FAO, WHO, 2015a).

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37

A ANVISA (2020j) indica IDT (ou IDA) de 0,005 mg/kgpc.d, mas não foi identificada fundamentação

para este valor.

Tanto a USEPA (2015), quanto a FAO e a OMS (FAO, WHO, 2015a) consideram que provavelmente

a mesotriona não é carcinogênica humana (“not likely to be carcinogenic to humans’’). Indicam ainda

que não há dados suficientes para traçar os perfis toxicológicos dos metabólitos of MNBA e AMBA,

mas que, de toda foma, é pouco provável que sejam objeto de preocupação.

Por fim, cabe notar que a mesotriona não merece atenção em quaisquer das normas / diretrizes de

potabilidade da água avaliadas no presente estudo (Quadro 27).

Quadro 27 - Mesotriona, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LQ literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Corrimento ocular, efeitos hepáticos, tirosinemia, redução de ganho de peso corporal

ANVISA: Classe I (3) USEPA: provavelmente não carcinogênico humano (1)

EUA: 2,1(2)

FAO/OMS: 500 (1) EUA: 70(2)

ANVISA: 5 (3)

SI NC

(1) FAO,WHO (2015a); (2); USEPA (2015) LOAEL; (3) ANVISA (2020j); SI: sem informação; NC: não consta;

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

Com base no critério de avaliação da dinâmica ambiental, a mesotriona foi pré-selecionada para

inclusão no padrão de potabilidade. Adicionalmente, a aplicação da matriz de risco (IDT x

comercialização) confirmou a sugestão de inclusão, com nota 9 (3 para toxicidade e 3 para

comercialização)3.

Contudo, cabe o registro que a mesotriona se encontra no limite entre as notas 2 e 3 assumidas

para os dados de comercialização. Além disso, rigorosamente, a mesotriona não é um composto

persistente na água e no solo, e se degrada com relativa rapidez nos metabólitos MNBA e AMBA, os

quais, por sua vez, também são pouco persistentes e pouco relevantes em termos de risco à saúde.

Ademais, a mesotriona não merece atenção em nenhuma das normas / diretrizes de potabilidade

da água avaliadas no presente estudo.

Encaminhamento: tendo em vista as informações de exposição e toxicidade, decidiu-se pela não

inclusão da mesotriona no padrão de potabilidade.

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38

6.12. Tiodicarbe

O tiodicarbe é um inseticida não sistêmico pertencente ao grupo metilcarbamato de oxima (ANVISA,

2020l). Tem uso autorizado no Brasil para: (i) aplicação foliar nas culturas de algodão, milho e soja;

(ii) aplicação em sementes de algodão, amendoim, arroz, aveia, cevada, feijão, girassol, mamona,

milho, soja, sorgo e trigo; (iii) aplicação em toletes de cana-de-açúcar no sulco de plantio; (iv)

aplicação em pré-plantio na cultura da soja e; (v) aplicação no solo na cultura do café (ANVISA,

2020k).

De acordo com o boletim de vendas do IBAMA (2018) relativo aos anos de 2009 até 2017, o

tiodicarbe aparece apenas em 2016 e 2017, ocupando, respectivamente a vigésima quinta e a

trigésima sexta posição.

De acordo com a base de dados consultada na revisão de literatura, não foram encontrados estudos

que reportassem ocorrência de tiodicarbe em águas subterrâneas e superficiais no Brasil.

Em geral, o tiodicarbe não é persistente no ambiente e apresenta moderada mobilidade no solo

(Koc = 485 mL/g). Em condições aeróbias e anaeróbias o tiodicarbe degrada-se rapidamente.

formando seu principal subproduto: metomil.

O tiodicarbe apresenta baixa solubilidade em água (22,2 mg/L). O tempo de meia vida é de 30,8 d

por hidrólise e via fotólise em pH 7,0 é de 9 dias. No solo, em condições aeróbias possui DT50 de

18 dias

Utilizando os valores de solubilidade = 22,2 mg/L, DT50 = 0,67 dias (PPDB, 2019d) e Koc = 418 mL/g

(PAN, 2019), este composto seria classificado como: índice de GUS baixo; GOSS associado ao solo e

sedimento baixo e GOSS dissolvido em água alto.

Quadro 28 - Tiodicarbe, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, milho e soja. Aplicação em sementes de algodão, amendoim, arroz, aveia, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo e trigo. A aplicação em toletes de cana-de-açúcar no sulco de plantio. Aplicação em pré-plantio na cultura da soja e aplicação no solo na cultura do café. Em 2017 ocupou a 36º (2017) e 25 º (2016) no ranking de vendas no Brasil.

Baixa solubilidade.

DT50 no solo = 18 dias.

DT50 hidrolise = 30,8 d

DT50 fotólise pH 7,0 = 9 d.

DT50 = 38,8 dias em água e sedimentos

Koc = 4185 mL/g

GUS baixo

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água alto

NE SI

NE: Não foram encontrados estudos entre a base de dados consultada; SI: Sem informação.

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39

A Anvisa enquadra o tiodicarbe como classe II (ANVISA, 2020k) e a USEPA (1998b) como grupo B2:

provável carcinogênico humano.

A USEPA (1998b) adota valor de IDT de 0,03 mg/kgpc.d obtido de estudo de toxicidade crônica com

ratos, a partir de NOEL de 3,3 mg/kgpc.d (FI= 100) relativo à manifestações de aumento de incidência

de hematopoese extramedular em machos e diminuição da colinesterase nas hemácias em fêmeas.

A Anvisa também se refere a este valor de IDT (ANVISA, 2020l).

A European Foof Safety Authority (EFSA, 2006b) assume IDT = 0,01 mg/kgpc.d, obtido de estudos de

teratogenicidade em ratas e a partir de NOAEL de 1 mg/kgpc.d (FI= 100), associado à redução de

peso corporal e em sinais clínicos.

Quadro 29 – Tiodicarbe, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade

NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

aumento de incidência hematopoese extramedular, diminuição da colinesterase nas hemácias.

Redução de peso corporal

ANVISA: Classe II (3)

USEPA: grupo B (provável carcinogênico humano (1)

USEPA: 0,03(1)

EFSA: 0,01 (2)

USEPA: 30 (1)

ANVISA: 30 (3) 0,00067 NC

(1) USEPA (1998b); (2) EFSA (2006b); (3) ANVISA (2020k); NC= não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

Em geral, o tiodicarbe não é persistente no ambiente, apresenta moderada mobilidade no solo e

baixa solubilidade em água. Não obstante, foi pré-selecionado para inclusão no padrão de

potabilidade com base nos critérios de dinâmica ambiental, o que foi na sequência confirmado na

matriz de risco com nota 8 (2 para toxicidade e 4 para comercialização) – ou seja no limite da nota

assumida como ponto de corte.

Destaca-se ainda que o tiodicarbe não é objeto de regulamentação em nenhuma das normas /

diretrizes de potabilidade da água avaliadas no presente estudo (Quadro 5).

Encaminhamento: tendo em vista que o tiodicarbe apresenta baixa solubilidade em água e dinâmica

ambiental desfavorável a permanecer no ambiente e não ser referenciado em nenhuma das normas

internacionais, decidiu-se por não o incluir no padrão de potabilidade.

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40

6.13. Azoxistrobina

Azoxistrobina (C22H17N3O5) é um composto de metoxiacrilato e um fungicida pertencente ao grupo

químico estrobilurinas. Sua base de formulação é de compostos antifúngicos de ocorrência natural

em cogumelos que se desenvolvem em madeira em decomposição (ANVISA, 2020l; MINISTRY OF

HEALTH, 2019); trata-se de um fungicida de pós emergência, sistêmico e de amplo espectro, com

atividade contra os quatro maiores grupos de fungos patogênicos (ascomicetos, basidiomicetos,

deutoromicetos e oomicetos) (MINISTRY OF HEALTH, 2019). De acordo com documento da Nova

Zelândia, este composto já é um dos fungicidas mais comercializados em todo o mundo, em parte

em substituição aos fungicidas triazólicos; no entanto já enfrentam também sérios

questionamentos (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

No Brasil tem uso autorizado pela ANVISA para: (i) aplicação foliar nas culturas de abacate, abóbora,

abobrinha, alface, algodão, alho, amendoim, arroz, aveia, banana, batata, begônia, berinjela,

beterraba, café, caju, caqui, cana-de-açúcar, chalota, cebola, cenoura, centeio, cevada, citros,

couve-flor, crisântemo, ervilha, eucalipto, feijão, figo, gérbera, girassol, goiaba, kalanchoe, mamão,

manga, maracujá, melancia, melão, milho, milheto, morango, nectarina, pepino, pêssego,

pimentão, soja, sorgo, tomate, trigo, triticale e uva; (ii) aplicação em sementes de algodão; (iii) e

tratamento industrial de propágulos vegetativos (mudas) antes do plantio na cultura de cana-de-

açúcar(ANVISA, 2020 l).

A azoxistrobina aparece na lista de vendas da ANVISA a partir de 2012, oscilando entre a 27ª posição

em 2012, 17ª em 2015 (ano em que se registrou a maior venda: 3643 toneladas) e 27ª em 2017.

Destaque para região CO com 40% das vendas de 2012 a 2017 e, entre os estados, o MT, com 24%

(IBAMA, 2018).

A azoxistrobina possui baixa solubilidade (6–10 mg/L) (MINISTRY OF HEALTH, 2019) e não é volátil

(PPDB, 2019e). No solo, apresenta mobilidade moderada à baixa (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Porém, exibe degradação muito lenta no solo e em sedimentos - tempo de meia-vida no solo de 279

dias, com 24-42% do composto remanescente após 360 dias; em condições anaeróbias observou-

se meia-vida de 181 dias e 25-33% remanescente após 360 dias (MINISTRY OF HEALTH, 2019);

tempo de meia vida nos sedimentos de 205 dias; mas somente 6,1 dias na fase aquática (PPDB,

2019e); a 25 oC, em qualquer valor de pH, não há hidrólise significativa (<10%), com tempo de meia

vida devido à hidrólise estimado em 31 dias (PAN, 2019) (Quadro 30).

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41

Quadro 30 - Azoxistrobina, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de abacate, abóbora, abobrinha, alface, algodão, alho, amendoim, arroz, aveia, banana, batata, begônia, berinjela, beterraba, café, caju, caqui, cana-de-açúcar, chalota, cebola, cenoura, centeio, cevada, citros, couve-flor, crisântemo, ervilha, eucalipto, feijão, figo, gérbera, girassol, goiaba, kalanchoe, mamão, manga, maracujá, melancia, melão, milho, milheto, morango, nectarina, pepino, pêssego, pimentão, soja, sorgo, tomate, trigo, triticale e uva.

Aplicação em sementes de algodão

Aplicação em mudas de cana-de-açúcar

ranking de vendas: 27 º(2012). 17º (2015). 25 º 2017

DT50 solo = 181 a 279 d

DT50 sedimentos e água = 205 d

DT50 água = 6,1 d.

DT50 devido a hidrólise = 31 d.

Baixa solubilidade na água.

Koc = 589 mL/g

GUS médio

GOSS associado ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água alto

0,009 a 0,037a SI

a- Umbuzeiro (2017); NR: Não realizado; SI: Sem informação.

A azoxistrobina é classificada pela OMS como um composto “pouco perigoso” (MINISTRY OF

HEALTH, 2019) e pela ANVISA como “moderadamente tóxico” (Classe III) (ANVISA, 2020l); a USEPA

classifica este composto como improvável carcinogênico humano (“unlikely to be a carcinogen”)

(USEPA, 1997). A FAO / OMS, no Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues (JMPR) de 2008,

indicam valor de IDT (IDA) de 0,2 mg/kgpc.d para a azoxistrobina, com base em NOAEL de

18,2 mg/kgpc d (FI = 100), identificados pela manifestação de redução de peso corporal, de consumo

de alimentos e de eficiência alimentar, além de lesões do ducto biliar, a partir doses

correspondentes a 34 mg/ kgpcd (FAO, WHO, 2010); este valor de IDT foi posteriormente

referendado em outras edições do JMPR (FAO, WHO, 2013)

Esta é também a referência para a European Foof Safety Authority (EFSA, 2013) e para a USEPA

(1997); sem, entretanto, arredondar valores: IDT = 0,18 mg/kgpc.d.

A ANVISA assume IDT (ou IDA) de 0,02 mg/kgpc.d, mas não foi identificada a fundamentação deste

valor (ANVISA, 2020l)

Valores de IDT de 0,1 mg kgpcd (NOEL = 10 mg kgpcd) e de 0,03 mg/ kgp.d são citados como

referências, respectivamente, na Nova Zelândia e na Austrália (MINISTRY OF HEALTH, 2019)

Note-se, entretanto, que a azoxistrobina não faz parte do padrão de potabilidade de nenhuma das

nenhuma das normas / diretrizes de potabilidade da água avaliadas no presente estudo (Quadro

31).

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42

Quadro 31 - Azoxistrobina, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LQ literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

redução de peso corporal, de consumo de alimentos e de eficiência alimentar, além de lesões do ducto biliar

ANVISA:Classe III (4)

USEPA: não carcinogênico (2)

FAO / OMS: 0,2(1)

USEPA: 0,18(2)

EFSA: 0,2 (3)

FAO / OMS: 200(1)

USEPA: 180 (2)

ANVISA: 30 (3)

1 NC

(1) FAO, WHO (2010) (2) USEPA (1997); (3) EFSA (2013); (4) ANVISA (2020l); NC= não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

A azoxistrobina tem autorização de uso amplo e em culturas importantes no país, tais como:

eucalipto, feijão, milho, soja, tomate e cana-de-açúcar, além de várias frutas e hortaliças.

Este composto não apresenta dinâmica ambiental tão favorável à contaminação / permanência em

águas superficiais e subterrâneas (baixa solubilidade e mobilidade no solo). Não obstante, foi pré-

selecionado para inclusão no padrão de potabilidade com base nos critérios adotados de dinâmica

ambiental. Subsequentemente, a indicação de inclusão foi confirmada na matriz de risco, com nota

8 (2 para toxicidade e 4 para comercialização); isto é, mais pela variável exposição do que pela

toxicidade, e com nota coincidente com o ponto de corte adotado.

Destaca-se ainda que a azoxistrobina não é objeto de regulamentação em nenhuma das normas /

diretrizes de potabilidade da água avaliadas no presente estudo

Nota-se ainda que, se consideradas as referências da USEPA, FAO/OMS e EFSA, o VMP seria

calculado em valor muito acima do provável de ocorrência em águas de abastecimento, sendo que

esta deve ser justamente a razão pela qual as normas / diretrizes de potabilidade da água avaliadas

no presente estudo não incluem a azoxistrobina.

VMP = [(0,2 mg/kgpc.d ) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 1,2 mg/L

IDT = 0,2 mg/kgpc.d 60 kg = peso corpóreo 2 L/d = consumo de água 0,2 = fator de alocação (Fa)

Se considerado o valor de IDT indicado pela Anvisa , o VMP seria calculado como a seguir

VMP = [(0,02 mg/kgpc.d ) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,12 mg/L = 120 µg/L

IDT = 0,02 mg/kgpc.d

Encaminhamento: tendo em vista as informações de exposição (incluindo dinâmica ambiental

desfavorável à permanência na água) e toxicidade (baixa) decidiu-se por não incluir a azoxistrobina

no padrão de potabilidade.

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43

6.14. MCPA

O ácido monocloro metil fenóxi acético (MCPA) (C9H9ClO3) é um herbicida pertencente a classe dos

ácidos fenóxicarboxilicos. Outros pesticidas desta classe são: 2,4-D, 2,4-DB e o MCPB

(NHMRC/NRMMC, 2018). Além da forma ácida, também pode ser encontrado como esteres e como

uma variedade de sais, porém todas as formas se dissociam em água na forma ácida (ânion)

(MINISTRY OF HEALTH, 2019).

No Brasil tem uso autorizado para aplicação em pré e pós-emergência de plantas infestantes na

cultura de cana-de-açúcar e em pós-emergência para as culturas de aveia, cevada, milho e trigo

(ANVISA, 2020m). Este composto não consta no ranking de vendas do IBAMA (2018).

O MCPA é pouco volátil, muito solúvel (29,4 g/L) (IUPAC, 2018) e altamente móvel no solo:

referências de Koc entre 50 e 62 mL/g (MINISTRY OF HEALTH, 2019), ou 2,07 mL/g (HEALTH

CANADA, 2010); pode, portanto, lixiviar do solo para águas subterrâneas (WHO, 2017) e, quando

liberado em água, não é esperado que se adsorva em sólidos suspensos e sedimentos (MINISTRY OF

HEALTH, 2019).

Porém, como é metabolizado por bactérias e pode ser fotoquimicamente degradado, sua

persistência em água é limitada (WHO, 2017): tempo de meia vida de 10 dias a 24 dias (MINISTRY

OF HEALTH, 2019). Contudo, em condições anaeróbias, como em águas subterrâneas, a degradação

biológica e fotodegradação pode ser limitada (HEALTH CANADA, 2010). No solo, em condições

aeróbicas, o MCPA é biodegradado com período de meia-vida de 7 dias (pH neutro) a 60 dias (solo

ácido); com valor médio de 25 dias (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Com base em valores de solubilidade = 29390 mg/L, DT50 no solo = 24 dias (PPDB, 2019f) e Koc =

74 mL/g (PAN, 2019), o MCPA poderia ser assim classificado: índice de GUS alto; GOSS de solo e

sedimento baixo, GOSS dissolvido em água médio (Quadro 32).

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44

Quadro 32 - MCPA, dados exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo

completo

Pré e pós-emergência de plantas infestantes na cultura de cana-de-açúcar e em pós-emergência nas culturas de aveia, cevada, milho e trigo

Não consta na lista de comercialização.

Muito solúvel

Koc = 50 -62 mL/g

não volátil.

DT50 médio solo = 25d.

DT50 fotolise e biodegradação = 10 - 24 dias.

persistente em condições anaeróbias

alto GUS

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água médio

NE

Não eficiente.

Um dos estudos indica 50% de

remoção.

NE: não foram encontrados estudos na base de dados consultada.

A USEPA classifica o MCPA como improvável carcinogênico humano (“unlikely to be a carcinogen”)

(USEPA, 2018). De acordo com a OMS, não há indícios de efeitos carcinogênicos, genotóxicos,

mutagênicos ou teratogênicos. Os principais efeitos tóxicos crônicos não carcinogênicos se

manifestam nos rins, fígado e sangue (WHO, 2017).

A USEPA utiliza como referência um estudo de toxicidade crônica e carcinogenicidade com ratos, do

qual foram extraídas as seguintes informações: NOAEL= 4,4 mg kgpc-1 d-1, baseado em LOAEL = 17,6

mg/ kgpc.d, associado à manifestação de hepatotoxicidade e nefrotoxicidade; FI = 1.000 (10 para

variações intraespécie; 10 para variações interespécies e 10 devido ausência de estudos de

neurotoxicidade); o valor de IDT é calculado em 0,004 mg/kgpc.d e se indica como referência um

valor-limite em água de 0,03 mg/L. Entretanto, estas referências não são traduzidas em valor

máximo permitido incorporado ao padrão de potabilidade (USEPA, 2004b; 2018).

A OMS tem como referência quatro estudos subcrônicos com ratos, com os seguintes indicadores:

NOAEL= 12 mg / kgpc.d, associado à manifestação de efeitos hepáticos; FI = 100 (10 para variações

intraespécie; 10 para variações interespécies); o valor de IDT é calculado em 0,12 mg/kgpc.d , o que

resultaria em valor-limite de 0,7 mg/L na água; entretanto, a OMS não formaliza este valor como

guideline value no entendimento de que é muito mais alto do que as concentrações usualmente

presentes em água (WHO, 2017). De toda forma cabe notar que o valor de IDT se refere à soma de

MCPA e de seus sais e ésteres, expressa como MCPA ácido-equivalente (WHO, 2017).

No Canadá, a referência é um estudo de 90 dias com ratos, NOAEL de 3,6 mg.kgpc.d relativo a efeitos

no fígado; IDT = 0,012 mg/kgpc.d e FI = 300 (10 para variações intraespécie; 10 para variações

interespécies e 3 devido a avaliação inadequada de carcinogenicidade); assim o VMP é calculado

em 0,12 mg/L, como a seguir (HEALTH CANADA, 2010)

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45

VMP = (0,012 mg/kgpc.d x 70 kg x 0,2] / (1,5 L/d) = 0,112 mg/L ≈ 0,1 mg/L

IDT = 0,012 mg/kgpc.d

70 kg = peso corpóreo

1,5 L/d = consumo de água

0,2 = fator de alocação (Fa)

Assim, como a norma canadense, a norma australiana inclui o MCPA no padrão de potabilidade,

com VMP calculado como a seguir (NHMRC/NRMMC, 2018)

VMP = [(1.1 mg/kgpc.d / 100) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,04 mg/L

NOEL = 1,1 mg/kgpc.d (estudo de dois anos com ratos, manifestação de efeitos hepáticos em dose correspondente à 4 mg/kgpc.d)

FI = 100

peso corpóreo (pc) = 70 kg

consumo de água (C) = 2 L/d

fator de alocação (Fa) = 0,1

Na Nova Zelândia o VMP tem a seguinte base de cálculo (MINISTRY OF HEALTH, 2019):

VMP = [(0,15 mg/kgpc.d / 300) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,002 mg/L

NOEL = 0,15 mg/kgpc.d (estudo de um ano com cães, manifestação de efeitos hepáticos e renais)

FI = 300 (10 para variações intraespécie; 10 para variações interespécies e 3 devido a deficiências na base da dados);

peso corpóreo (pc) = 70 kg

consumo de água (C) = 2 L/d

fator de alocação (Fa) = 0,1

Cabe notar que estas são as referências presentes desde a segunda e até a terceira edições das

“Diretrizes da OMS” (WHO, 2004).

Quadro 33 – MCPA, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde

Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos no fígado e nos rins

ANVISA: Classe III (6)

USEPA: não carcinogênico (2)

OMS: 12 (1)

EUA: 4,4 (2)

Canadá: 3,6 (3) ;

Austrália ; 1,1 (4);

Nova Zelândia: 0,15 (5)

OMS: 120 (1)

EUA: 4 (2)

Canadá: 12 (3) ;

Austrália: 11 (4);

Nova Zelândia: 0,5(5)

ANVISA: NC

0,0005

OMS: NC (1)

EUA: NC (2)

Canadá: 100 (3);

Austrália: 40 (4)

Nova Zelândia: 2 (5);

(1) WHO (2017); (2) USEPA (2004b, 2018); (3) Health Canada (2010); (5) MINISTRY OF HEALTH (2019); (6) ANVISA (2020m); NC= não

consta

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Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O MCPA foi selecionado na matriz de risco no limite do ponto de corte: nota 8, sendo 4 para

toxicidade (ou seja, muito tóxico) e 2 para comercialização (comercialização muito baixa).

Note-se, entretanto, que na matriz de risco foi utilizado o menor valor de IDT entre aqueles

assumidos nas normas / diretrizes consultadas neste estudo, os quais variam largamente: 0,5 -

120 µg/kg pc.d.

Por outro lado, há que se destacar que o MCPA apresenta características que favorecem o potencial

de contaminação de / permanência em águas superficiais e subterrâneas: solubilidade em água e

mobilidade no solo muito elevadas (embora os valores de meia vida em solos e água não sejam tão

elevados)

Há também que se destacar que Canadá, Austrália e Nova Zelândia regulamentam o MCPA, porém

com ampla com variação entre VMPs (2 a 100 µg/L). O valor mais baixo é o da norma da Nova

Zelândia, obtido de estudo de um ano com cães. Todavia, em Health Canada (2010) faz-se a ressalva

que os cães não são a espécie mais adequada para estudos com o MCPA.

Encaminhamento: tendo em vista as informações de exposição, notadamente, a baixa

comercialização no país, decidiu-se pela não inclusão do MCPA no padrão de potabilidade.

6.15. Abamectina

A abamectina é uma mistura de avermectinas contendo mais de 80% de avermectina B1a

(C48H72O14) e menos de 20% de avermectina B1b (C47H70O14) (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

É um acaricida de largo espectro, com ação inseticida adicional sobre um número limitado de

insetos. Também é utilizada como anti-helmíntico na medicina veterinária (MINISTRY OF HEALTH,

2019).

No Brasil, tem emprego autorizado pela ANVISA para: (i) aplicação foliar nas culturas de algodão,

batata, café, cebola, citros, coco, cravo, crisântemo, ervilha, feijão, feijão-vagem, figo, maçã,

mamão, manga, melancia, melão, morango, pepino, pêra, pêssego, pimentão, rosa, soja, tomate e

uva; (ii) aplicação em bulbilhos de alho; (iii) aplicação no tratamento de propágulos vegetativos

antes do plantio na cultura de cana-de-açúcar; (iv) aplicação em sementes de algodão, cebola,

cenoura, melão, milho, tomate e soja; (v) aplicação em solo na cultura de tomate; e (vi) aplicação

em sementes no plantio para as culturas de algodão e soja (ANVISA, 2020n).

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47

No período de 2009 a 2017, a abamectina oscilou no ranking vendas de vendas de agrotóxicos entre

a 55ª posição em 2009 à 70º em 2010; em 2017 ocupou a 65 º posição com total de vendas de 191

toneladas (IBAMA, 2018). Destaque para SP com 28% das vendas entre os estados de 2009 a 2017

(IBAMA, 2018).

A abamectina apresenta baixa mobilidade no solo e na água tende a se adsorver a sólidos em

suspensão e sedimentos (Koc = 1672 – 23103m L/g). De acordo com a EFSA (2016) este composto é

considerado de média persistência no solo e com rápida fotólise. O valor de DT50 no solo é estimado

em 28 d (NPIC, 2019) e a meia vida de fotodegradação varia de 8 horas a uma semana. A abamectina

é estável à hidrólise, mas é facilmente degradada por fotólise, sendo observados valores de meia-

vida de 12 horas (EXTOXNET, 1996).

Quadro 34 - Abamectina, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, batata, café, cebola, citros, coco, cravo, crisantemo, ervilha, feijão, feijão-vagem, figo, maçã, mamão, manga, melancia, melão, morango, pepino, pêra, pêssego, pimentão, rosa, soja, tomate e uva; Aplicação em bulbilhos de alho; Aplicação através de tratamento industrial de propágulos vegetativos antes do plantio na cultura de cana-de-açúcar; aplicação em sementes de algodão, cebola, cenoura, melão, milho, tomate e soja; Aplicação em solo na cultura de tomate; E aplicação em sementes no plantio para as culturas de algodão e soja.

Em 2017 ocupou a 65 º posição no ranking de vendas, com 191 ton.

Koc = 1672 – 23103 mL/g

DT50 no solo = 28 d.

Estável à hidrólise

DT50 fotólise em solução aquosa = 3,5 a 18 horas.

GUS baixo

GOSS associado ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água médio

NR SI

NR: Não Realizado; SI: Sem Informação

A FAO e a OMS não indicam risco carcinogênico associado à abamectina para seres humanos (FAO,

WHO, 2015b); a ANVISA classifica a abamectina como Classe I (altamente tóxico) (ANVISA, 2020n).

A USEPA utiliza como referência estudo de toxicidade crônica e subcrônica com cães e os seguintes

indicadores: NOAEL= 0,25 mg kgpc-1 d-1, baseado em LOAEL = 0,50 mg/ kgpc

.d associado à

manifestações: de tremores, efeitos no fígado, perda de peso e uma morte; FI = 100 (10 para

variações intraespécie; 10 para variações interespécies); o valor de IDT é então calculado em 0,0025

mg/kgpc.d. Entretanto, estas referências não são traduzidas em valor máximo permitido incorporado

ao padrão de potabilidade (USEPA, 2016b)

A FAO e a OMS, no Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues de 2000, referendaram um estudo

de reprodução com ratos, com valor de NOAEL de 0,12 mg/ kgpc.d associado à manifestação de

efeitos tóxicos nos filhotes e IDT (IDA) de 0,0002 mg/kgpc.d (FI= 500 devido à preocupação com

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efeitos teratogênicos associados ao isômero 8,9-Z: um subproduto da fotodegradação). Entretanto,

na ausência deste isômero, o valor de NOAEL considerado adequado é o mesmo da USEPA (0,12 mg

kgpc-1 d-1), porém com FI = 50 (devido à hipersensibilidade dos filhotes neonatos); portanto, IDT = de

0,002 mg/kgpc.d (MINISTRY OF HEALTH, 2019). Finalmente, em 2015, com base em dois estudos de

desenvolvimento e de neurotoxicidade com ratos, a FAO / OMS indicaram IDT de

0,001 mg / kgpc.dia, a partir de NOAEL de 0,12 mg / kgpc.dia (FI= 100) associado à redução de peso

corporal e retardamento no tempo de abertura vaginal observado em doses correspondentes a 0,20

mg / kgpc.dia (FAO, WHO, 2015b). Contudo, as “Diretrizes da OMS” não mencionam a abamectina.

Em documento da Nova Zelândia, encontra-se que a Austrália assume IDT de 0,005 mg/kgpc.d com

base em NOEL de 0,5 mg/kgpc.d (FI = 1000) (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

A ANVISA reporta IDT de 0,002 mg/kg pc (ANVISA, 2020n), mas não foi identificada a fundamentação

deste valor.

Quadro 35 -Abamectina, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos reprodutivos: comprometimento da lactação, redução de peso dos filhotes, aumento da mortalidade neonatal

ANVISA: Classe I (4) FAO / MS: não carcinogênico (1)

OMS: 0,12 (1)

EUA: 0,25 (2)

Austrália ; 0,5 (3))

OMS: 1 (1)

EUA: 2,5 (2)

Austrália: 5 (3); ANVISA: 2(4)

0,05 NC

(1) FAO/ WHO (2015b); (2) USEPA (2016b); (3) MINISTRY OF HEALTH (2019); (4) ANVISA (2020n); NC= não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

A abamectina foi selecionada na matriz de risco no limite do ponto de corte: nota 8, sendo 4 para

toxicidade (ou seja, muito tóxico) e 2 para comercialização; isto é, comercialização média a baixa,

apesar de possuir autorização de uso em culturas importantes no país, tais como: batata, café,

feijão, tomate e cana-de-açúcar, além de várias frutas.

Há ainda que se destacar que a abamectina não apresenta características que favoreçam a

contaminação de / permanência em águas superficiais e subterrâneas: baixa mobilidade no solo e

na água tende a se adsorver aos sólidos em suspensão e sedimento.

Adicionalmente, ressalta-se que a abamectina não é objeto de regulamentação em nenhuma das

normas / diretrizes de potabilidade da água avaliadas no presente estudo.

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Encaminhamento: tendo em vista a baixa comercialização no Brasil e as características ambientais

desfavoráveis à permanência em água, e ainda o fato de não ser regulamentada em normas

internacionais, decidiu-se por não incluir a abamectina no padrão de potabilidade.

6.16. Gama-cialotrina

A gama-cialotrina (C23H19ClF3NO3) é um inseticida do grupo piretróide; é o isômero mais ativo da

cialotrina (PPDB, 2019g; MINISTRY OF HEALTH, 2019). No Brasil, tem uso autorizado pela ANVISA

para aplicação foliar nas culturas de algodão, batata, café, cebola, citros, couve, feijão, milho, soja,

tomate e trigo (ANVISA, 2020o). Não consta na lista de comercialização de agrotóxicos no Brasil

entre 2009 a 2017 disponibilizada pelo IBAMA (2018).

A gama-cialotrina é volátil, possui baixa solubilidade na água e baixíssima mobilidade no solo. Não

é persistente no solo e normalmente não é persistente em sistemas aquáticos, com DT 50 no solo de

26,8 d, no sistema água/sedimento de 345 d, mas somente 6,4 d na água (PPDB, 2019g).

Quadro 36- Gama- cialotrina dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação foliar nas culturas de algodão, batata, café, cebola, citros, couve, feijão, milho, soja, tomate e trigo.

Não consta na lista de vendas do IBAMA.

Koc = 59677 ml/g

DT50 no solo = 26,8 d.

DT50 água/sedimento = 345 d

DT50 na água = 6,4 d

Baixa solubilidade.

GUS baixo

GOSS associado ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água médio

NR

Possivelmente processos de coagulação são eficientes

NR: Não Realizado; SI: sem informação

A USEPA assume IDT de 0,001 mg/kgpc.d para a gama-cialotrina, com base em estudo crônico de

administração oral de lambda-cialotrina em cães; NOAEL=0,1 mg/kgpc.d, associado a manifestação

de efeitos neurotóxicos e LOAEL de 0,5 mg/kgpc.d (USEPA, 2004c, 2007b).

Na Austrália, o valor adotado de IDT é de 0,0005 mg/kgpc.d, obtido de NOEL de 0,5 mg/kgpc.d

(MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Já a European Foof Safety Authority adota IDT de 0,0012 mg/kg.pc, baseado em NOAEL de

0,5 mg/kgpc.d obtido de um estudo multigeracional com ratos, aplicando fator de incerteza de 400

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(fator de incerteza padrão de 100 e um fator adicional de 4 para converter cialotrina para gama-

cialotrina) (EFSA, 2014d).

A ANVISA classifica a gama-cialotrina quanto a toxicidade como classe I (extremamente tóxica) e

adota o mesmo valor de IDT da USEPA = 0,001 mg/kgpc.d (ANVISA, 2020o).

Quadro 37 -Gama- cialotrina, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos neurotóxicos ANVISA: Classe I (3) EUA: 0,1 (1)

EFSA: 10,5 (2)

EUA: 1 (1)

EFSA: 1,2 (2)

Anvisa: 1 (3)

0,002 NC

(1) USEPA (2004c, 2007b); (2) EFSA (2014d); ( 3) ANVISA (2020o); NC= não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

A gama-cialotrina foi selecionada na matriz de risco com nota 4 para toxicidade (ou seja, muito

tóxica) e nota 2 para a baixa comercialização, perfazendo, portanto, nota coincidente como ponto

de corte. Porém, cabe destacar que, de acordo com os dados disponibilizados pelo IBAMA, o

quantitativo de vendas no Brasil é muito baixo, no limite inferior da faixa de nota 2 para

comercialização.

Apesar de ter passado nos critérios adotados para pré-seleção com base na “dinamica ambiental”,

rigorosamente, a gama- cialotrina não apresenta características que favoreçam a contaminação de

/ permanência em águas superficiais e subterrâneas: baixa solubilidade na água e baixíssima

mobilidade no solo, não é persistente no solo e normalmente nem em sistemas aquáticos .

Apresenta Koc elevadíssimo (59677 L/g) e tempo de meia vida no solo (26,8 d), muito próximo ao

valor mais usualmente adotado como indicativo de baixa persistência: 30 d (MINISTRY OF HEALTH,

2019).

Encaminhamento: endo em vista a dinâmica ambiental desfavorável a permanência da gama-

cialotrina em água e sua baixa comercialização no Brasil, definiu-se pela não inclusão no padrão de

potabilidade.

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6.17. Picloram

O picloram, também conhecido como ATPC, é um composto químico da classe dos ácidos

cloropicolínicos (NHMRC/NRMMC, 2018). Quando utilizado sob as formas de ésteres ou de sais, este

composto pode ser identificado por outros números de CAS, como por exemplo, o picloram-metil

2545-60-0 (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

O picloram é um herbicida utilizado para controlar plantas daninhas em culturas anuais, sendo

muitas vezes utilizado em combinação com o 2,4-D ou 2,4,5-T; é utilizado também no controle de

plantas lenhosas e plantas daninhas em estrada vicinais, pastagens naturais, pastos e áreas não

cultivadas (HEALTH CANADA, 1990).

No Brasil o picloram tem uso autorizado para aplicação em pós-emergência nas culturas de arroz,

pastagens e trigo e para aplicação em pré e pós-emergência cultura da cana-de-açúcar; é utilizado

ainda na cultura do eucalipto. Como usos não agrícola, a Anvisa cita aplicação em margens de

estradas e rodovias, leitos e margens de ferrovias, pátios industriais, faixas de passagem de linhas

de transmissão, distribuição elétrica e cabos telefônicos, gasodutos e oleodutos e áreas de

conservação da natureza (ANVISA, 2020p).

Este composto aparece na lista de vendas de ingredientes ativos do IBAMA nas seguinte posições:

vigésimo terceiro lugar em 2017 e 2016; entre o vigésimo terceiro e o trigésimo quinto lugar de

2015 e 2009 (IBAMA, 2018). O maior quantitativo de vendas de 2009 a 2017 ocorreu na região

Norte, seguida da região CO; 17% das vendas nesse período ocorreu no Pará e 16% no Mato Grosso

(IBAMA, 2018).

O picloram é o mais persistente em sua família de herbicidas. É muito solúvel (560 mg/L) e não se

adere ao solo (Koc =13 mL/g) (PPDB, 2019h) e é extremamente móvel no solo (MINISTRY OF HEALTH,

2019). É estável em solos ácidos e básicos e não é hidrolisado em água, sendo degradado pela luz

ultravioleta e luz solar no período de alguns dias a algumas semanas; a degradação microbiana é

muito lenta na água e no solo; apresenta DT50 na água de 80,8 d e na água e sedimento de 196,1 d

(PPDB, 2019h).

Utilizando valores de solubilidade = 560 mg/L, Koc = 13)mL/g e e DT50 = 82,8 dias (PPDB, 2019h), o

picloram seria classificado como: GUS alto, GOSS dissolvido em água alto e GOSS associado ao solo

e sedimento médio (Quadro 38)

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Quadro 38 - Picloram, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

Aplicação em pós-emergência de plantas infestantes nas culturas de arroz, pastagens e trigo e aplicação em pré-emergência das plantas infestantes na cultura da cana-de-açúcar.

Em 2017 e 2016 ocupou a 23 º posição.

Koc = 13

DT50 solo = 82,8 d

DT50 água = 80,8 d. Solúvel

DT50 = água e sedimento = 196,1 d.

Potencia de contaminação águas subterrâneas.

GUS alto

GOSS ao solo e sedimento médio

GOSS dissolvido em água alto

NE SI

NE: Não foram encontrados estudos; SI: Sem Informação

Com exceção da OMS, todas as demais normas / diretrizes tomadas como referência neste estudo

incluem o picloram no padrão de potabilidade.

A USEPA, com base em estudo crônico de dois anos com ratos, assumia IDT de 0,2 mg/kgpc.d e

NOEL = 20 mg/kgpc.d (FI= 100), associado a alterações nos hepatócitos centrolobulares (USEPA,

1995). Posteriormente, o valor de IDT foi atualizado para 0,02 mg/kgpc.d, que computado

conjuntamente com C = 2L/d e Fa = 1 (isto é, 100% da exposição devida ao consumo de água)

resultaria em valor-limite na água de 0,7 mg/L (USEPA , 2018). Entretanto, o VMP, correspondente

a Fa = 20%), é estipulado em 0,5 mg/L (USEPA, 2018, 2020).

A norma canadense tem com referência um estudo com ratos e manifestação de efeitos nos rins e

no fígado, com NOAEL = 20 mg/kgpc.d e IDT = 0,02 mg/kgpc.d e FI = 1.000: 10 para variações

intraespécie; 10 para variações interespécies e 10 devido a deficiências na base da dados.

Considerando: pc = 70 kg, C = 1,5 L/d e Fa = 0,2, o VMP é calculado em 0,19 mg/L (HEALTH CANADA,

1990).

O VMP da norma australiana tem a seguinte base de cálculo (NHMRC/NRMMC, 2018):

VMP = [(7 mg/kgpc.d / 100) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,245 mg/L ≈ 0,3 mg/L

NOEL = 7 mg/kgpc.d (estudo de três meses com cães, manifestação de efeitos hepáticos)

FI = 100

peso corpóreo (pc) = 70 kg

consumo de água (C) = 2 L/d

fator de alocação (Fa) = 0,1

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Cabe notar que estas eram as referências anteriormente assumidas pela USEPA (1987); constituem

também a base do VMP da Nova Zelândia (MINISTRY OF HEALTH, 2019):

VMP = [(7 mg/kgpc.d / 100) x 70 kg x 0,1] / (2 L/d) = 0,245 mg/L ≈ 0,2 mg/L

Quadro 39 – Picloram, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde

Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos no fígado

ANVISA: Classe I (6)

USEPA: Grupo E (não carcinogênico ) (1) IARC: Grupo 3 (não classificável em termos de carcinogenicidade)

Canadá: 20(2)

Austrália: 7 (3) NZ: 7 (4)

EUA: 20 (1)

Canadá: 20 (2) Austrália: 70 (3) NZ :70 (4)

0,01

EUA: 500(1) Canadá: 190 (2); Austrália: 300 (3); NZ: 200 (4);

(1) (USEPA, 2018); (2) HEALTH CANADA (1990); (3) NHMRC/NRMMC (2018); (4) MINISTRY OF HEALTH (2008, 2019); (6) ANISA (2020p)

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

O picloram foi selecionado na matriz de risco com nota 8, sendo 2 para toxicidade (ou seja, baixa) e

nota 4 para a elevada comercialização. Portanto, a seleção tenha se deu no limite do ponto de corte

e mais pela exposição potencial (comercialização).

Encaminhamento: decidiu-se pela inclusão do picloram no padrão de potabilidade, por: (i) ser muito

solúvel, extremamente móvel no solo e persistente em solo e em água; (ii) dificilmente ser removido

por tratamento convencional da água ; e (ii) apresentar elevada comercialização no país Indica-se

adoção de VMP de 120 µg/L , calculado como a seguir

VMP = [(20 mg/kgpc.d / 1000) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,12 mg/L

NOEL = 20 mg/kgpc.d

peso corpóreo (pc) = 60 kg

FI = 1.000

consumo de água (C) = 2 L/d

fator de alocação (Fa) = 0,2

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6.18. Tiametoxam

Tiametoxam (C8H10ClN5O3S) é um inseticida de amplo espectro do grupo químico neonicotinoide

(MINISTRY OF HEALTH, 2019).

A ANVISA autoriza seu uso para: (i) aplicação no solo nas culturas de abacaxi, abobrinha, alface,

amendoim, arroz, batata, berinjela, café, cana-de-açucar, citros, feijão-vagem, fumo, maçã, mamão,

melancia, melão, morango, pepino, pêssego, pimentão, repolho, tomate e uva; (ii) aplicação em

sementes de algodão, amendoim, arroz, aveia, batata, cevada, feijão, girassol, milho, pastagem,

soja, sorgo e trigo; (iii) aplicação foliar nas culturas de alface, algodão, alho, alho-porró, agrião,

amendoim, arroz, aveia, batata, cana-de-açucar, cebola, cebolinha, cevada, citros, coentro,

crisantemo, ervilha, feijão, figo, fumo, girassol, maçã, mamão, mandioca, manga, melancia, melão,

milho, morango, palma forrageira, pastagem, pepino, pimentão, repolho, rosa, soja, sorgo, tomate,

trigo e uva; (iv) aplicação no tronco de citros; (v) aplicação por imersão de pedunculos de abacaxi e

de mudas de eucalipto; (vii) aplicação em tratamento de mudas na bandeja antes do plantio nas

culturas do fumo e melão; (viii) aplicação no solo, em sulco de plantio e através de tratamento

industrial de propágulos vegetativos (mudas) antes do plantio na cultura de cana-de-açucar; e (ix)

aplicação em sulco de plantio na cultura de milho (ANVISA, 2020q).

O tiametoxam é susceptível à fotólise direta pela luz solar. Apresenta alta mobilidade no solo (Koc

médio de 68,4 mL/g) e elevada solubilidade (4000 mg/L em ampla faiza de pH: 2 a 12). O tiametoxam

é estável sob condições ácidas, mas se hidrolisa em condições alcalinas (PUBCHEM, 2020b). O tempo

de meia vida é 50 d no solo e 20 - 50 dias na água (MINISTRY OF HEALTH, 2019; PPDB, 2020d).

Quadro 40 – Tiametoxam, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica

Remoção ETA ciclo completo

aplicação foliar e no solo para mais de 40 culturas,

incluindo frutas, hortaliças , leguminosas, grãos,

cereais, eucalipto; cana-de-açúcar

Não consta na lista de comercialização no Brasil disponibilizada pelo IBAMA (2018) entre 2009 a 2017.

Não volátil.

Koc = 68,4 mL/g

DT50 na água = 20 - 50 dias.

DT50 no solo = 50 d.

Susceptível a fotólise

GUS alto

médio GOSS associado ao solo e sedimento

GOSS dissolvido em água alto

NR SI

NR: Não Realizado; SI: Sem Informação

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Com base em estudo de reprodução com duas gerações de ratos, a USEPA (2012) assume IDT de

0,012 mg/kgpc.d, a partir de NOEL = 1,2 mg/kgpc.d (FI= 100), associado à atrofia tubular em testículos

(LOAEL = 1,8 mg/kgpc.d).

A FAO e a OMS, no Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide Residues de 2010, referendaram os valores

de IDT (IDA) de 0,08 mg/kgpc.d e NOAEL de 8,23 mg/ kgpc d (FI = 100), com base na manifestação de

tempo prolongado de tromboplastina observado em estudo de toxicidade em cães com 90 dias de

duração (FAO, WHO, 2011).

Por sua vez, a European Foof Safety Authority (EFSA, 2012b), adota IDT = 0,026 mg/kgpc.d. A ANVISA

assume IDT (ou IDA) de 0,02 mg/kgpc.d (ANVISA, 2020q), mas não foi identificada a fundamentação

deste valor.

Quadro 41 – Tiametoxam, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde

Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Efeitos reprodutivos

Coagulopatia

ANVISA: Classe III (3)

USEPA: carcinogenicidade humana pouco provável (2)

FAO/OMS: 8,23(1)

EUA: 1,2(2)

FAO/OMS: 80(1)

EUA: 12 (2)

ANVISA: 20 (3)

0,05 NC

(1) FAO, WHO (2011); (2) (USEPA, 2018); (2) HEALTH CANADA (2012); (3) ANVISA (2020q); NC: não consta

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

De forma compatível com autorização para usos tão amplos, o tiametoxam apresenta elevada

comercialização no país. Com efeito, o tiametoxam foi selecionado na matriz de risco com nota 8,

sendo 2 para toxicidade (ou seja, baixa) e nota 4 para a elevada comercialização; isto é, a seleção se

deu no limite do ponto de corte e mais pela exposição potencial (comercialização).

Cabe registrar que se utilizados outros valores de IDT citados na literatura, ao receber nota 1 para

toxicidade na matriz de risco (baixo risco) o tiametoxam não seria selecionado.

Por outro lado, o tiametoxam apresenta características que favorecem a contaminação de águas

superficiais e subterrâneas. Contudo, não é objeto de regulamentação em nenhuma das normas /

diretrizes de qualidade da água tomadas como referência no presente estudo.

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56

Encaminhamento: considerando as informações de toxicidade e, principalmente, de exposição

(dinâmica ambiental e comercialização), definiu-se pela inclusão do tiametoxam no padrão de

potabilidade com VMP de 72µg/L, calculado como a seguir

VMP = [(1,2mg/kgpc.d / 100) x 60 kg x 0,2] / (2 L/d) = 0,072 mg/L

NOEL = 1,2 mg/kgpc.d

FI = 100

peso corpóreo (pc) = 60 kg

consumo de água (C) = 2 L/d

fator de alocação (Fa) = 0,2

6.19. Metidationa

Metidationa (C6H11N2O4PS3) é um inseticida e acaricida pertencente ao grupo químico dos

organofosforados (NHMRC/NRMMC, 2018).

No Brasil, tem uso autorizado para aplicação foliar nas culturas de algodão, citros e maçã, porém,

não há registros de vendas desse ingrediente ativo no período de 2009 a 2017 (ANVISA, 2020r).

Possui solubilidade moderada em água (240 mg/L a 20ºC) e baixa volatilidade em ambientes úmidos

(constante de Henry = 3,3x10-04 Pa.m³/mol a 25ºC) e secos (pressão de vapor = 0,25 mPa). É

hidrolisado com tempo de meia vida de aproximadamente 27 dias a pH 7, e sofre fotólise em

ambientes aquosos com tempo de meia vida de 14 d em pH 7. Seu coeficiente de adsorção (Koc =

400) indica mobilidade moderada em solo. É degradado no solo com tempo de meia vida de

aproximadamente 10 dias sob condições aeróbias (PPDB, 2019i).

Quadro 42 - Metidationa, dados exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo

completo

Aplicação foliar nas culturas de

algodão, citros e maçã. Não há registros de vendas no período de 2009 a 2017.

Koc = 400 mL/g

DT50 hidrólise = 27 dias

DT50 fotólise = 14 d

DT50 o solo = 6 a 10 d.

DT50 a água 6 d.

DT50 água/sedimento 70 d.

GUS baixo

GOSS associado ao solo e sedimento baixo

GOSS dissolvido em água médio

NE SI

NE: Não foram encontrados estudos na a base de dados consultada; SI: Sem Informação

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A Austrália indica VMP de 6 µg /L. com base em estudo de 90 dias com cães, em que se se fixou

IDT = 2 µg/kg pc.d a partir de NOEL = 0,16 mg/kg pc.d associado à diminuição da atividade da

colinesterase de glóbulos vermelhos e aumento dos níveis de colesterol no fígado

(NHMRC/NRMMC, 2018).

A USEPA (2006b), com base em estudo crônico de dois anos com cães, assume IDT de

0,0015 mg/kgpc.d e NOEL de 0,15 mg/ kgpc.d associado à toxicidade hepática.

Esta parece ser a mesma referência da FAO, WHO (1998): com base na observação de efeitos no

fígado de cães, indicam IDT de 1,0 µg/kg pc.d, a partir de NOAEL de 0,14 mg/kgpc.d e fator de

incerteza de 100. Este é também o valor de IDT indicado pela ANVISA (2020r).

Quadro 43 – Metidationa, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Aumento do colesterol do fígado e na diminuição atividade da colinesterase dos glóbulos vermelhos

ANVISA: Classe II (3) OMS: 0,14 (1) Austrália: 0,16 (2) EUA: 0,1(4)

OMS: 1 (1); Austrália: 2 (2)

EUA: 1(4)

ANVISA: 1 (3)

2,3 OMS: NC Austrália: 6 (2)

(1) FAO, WHO (1998); (2) NHMRC/NRMMC (2018); (3) ANVISA (2020r); (4) USEPA (2006b)

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

A metidationa foi selecionada na matriz de risco com nota 8: 4 para toxicidade (ou seja, muito tóxica)

e nota 2 (baixa-média comercialização). É, portanto, mais um composto selecionado no limite do

ponto de corte, desta vez mais pela toxicidade do que pela exposição. A baixa comercialização

reflete, por hipótese, a limitada autorização de uso.

A persistência ambiental e o potencial de contaminação de águas superficiais e subterrâneas são

apenas moderados.

Ademais, apenas a Austrália inclui a metidationa no padrão de potabilidade.

Encaminhamento: endo em vista a dinâmica ambiental desfavorável a permanência da metidationa

em água e sua baixa comercialização no Brasil, definiu-se pela não inclusão no padrão de

potabilidade.

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6.20. Deltametrina

Deltametrina é um inseticida e formicida pertencente ao grupo químico dos piretróides (PPDB,

2020e). É utilizado no controle de uma série de insetos, tais como baratas, aranhas, formigas,

pulgas, pulgões, percevejos, ácaros de aves, mosquitos e besouros. Pode ser aplicado em diversas

culturas agrícolas, assim como no armazenamento de produtos, em casos de saúde pública ou em

locais públicos piretróides (PPDB, 2020e).

No Brasil, tem uso autorizado para aplicação foliar nas culturas de abacaxi, algodão, alho, ameixa,

amendoim, arroz, batata, berinjela, brócolis, cacau, café, caju, cebola, citros, couve, couve-flor,

crisântemo, eucalipto, feijão, feijão-vagem, figo, fumo, gladíolo, maçã, melancia, melão, milho,

pastagem, pepino, pêssego, pimentão, repolho, seringueira, soja, sorgo, tomate e trigo, e para

aplicação em amendoim, arroz, cacau, café, cevada, feijão, milho, soja e trigo armazenados. Além

disso, pode ser utilizado no controle de formigas e como preservante de madeiras (ANVISA, 2020s).

Entre 2009 e 2017, houve registro de vendas apenas em 2010: 23,43 toneladas de ingrediente ativo,

sendo que a quantidade mais expressiva foi registrada no estado de São Paulo (10,63 toneladas)

(IBAMA, 2018).

A deltametrina apresenta baixa solubilidade aquosa, é semi-volátil e tem baixo potencial de

lixiviação para a água subterrânea (PPDB, 2020e). Em solos que não apresentam resíduos de

deltametrina, é degradada em cerca de 10 dias (MINISTRY OF HEALTH, 2019), mas também pode

ser moderadamente persistente dependendo das condições, com tempo de meia vida de 58,2 dias

a 200C e condições aeróbias (PPDB, 2020e). Não é móvel, com alto potencial de adsorção a material

particulado (Koc=10240000). Se mostra estável à hidrólise em soluções aquosas de pH 5 e 7, e em

pH 9 apresenta meia de vida média de 2,5 dias (MINISTRY OF HEALTH, 2019).

Quadro 44 – Deltametrina, dados de exposição

Uso no Brasil Dinâmica ambiental Ocorrência

Revisão bibliográfica Remoção ETA ciclo

completo

Aplicação foliar e no solo para mais de 40 culturas, incluindo frutas, hortaliças, leguminosas, grãos, cereais, eucalipto; cana-de-açúcar. Além disso, pode ser utilizado no controle de formigas e como preservante de madeiras.

possui registro de vendas apenas em 2010.

Koc =10240000 mL/g

baixa solubilidade.

DT50 solo = 58,2 d.

estável à hidrólise.

Baixo GUS

alto GOSS associado ao solo e sedimento

baixo GOSS dissolvido em água

Aguas superficiais:

5,2% detecção (n=115)

0,015 µg/L

(5 estudos)

Águas subterrâneas

ND (n=114)

(3 estudos)

coagulação e filtração eficazes

N: número de dados; ND: não detectado; SI: Sem Informação

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A IARC classifica a deltametrina no grupo 3 (não classificável em termos de carcinogenicidade) (IARC,

1991b) e a ANVISA a enquadra na classe 3 (ANVISA, 2020s).

Com base em estudos com ratos e cães, a FAO e a OMS adotam ingestão diária tolerável de 10 µg/kg

pc.d (FAO, WHO, 2016). Porém, a OMS inclui a deltametrina na lista dos compostos para os quais

não indica valor limite de referência, no entendimento de que sua ocorrência em água para

consumo humano é pouco provável (WHO, 2017).

Apenas a Austrália indica VMP e água para consumo humano: 40 µg /L com base em estudo de

longo prazo com camundongos, ratos e cães, em que se se fixou IDT = 10 µg/kgpc.d a partir de

NOEL = 1 mg/kgpc.d (NHMRC, NRMMC, 2018).

Quadro 45 – Deltametrina, dados de toxicidade, detecção analítica e regulamentação

Principais efeitos à saúde Toxicidade NOAEL

[mg/kg pc.d] IDT

[µg/kg pc.d]

LD literatura

(µg/L)

VMP normas (µg/L)

Dilatação das pupilas, diminuição do ganho de peso, vómitos e diarreia

ANVISA: Classe III (3)

IARC: Grupo 3 (não classificável em termos de carcinogenicidade) (4)

Austrália: 1 (1) Austrália, OMS,

ANVISA: 10 (1, 2, 3) 0,00074 Austrália: 40 (1)

(1) NHMRC, NRMMC (2018); (2) FAO, WHO (2016); (3) (ANVISA, 2020s); (4) IARC (1991b)

Análise crítica do padrão brasileiro e pontos para reflexão / diretrizes para revisão

A deltametrina foi selecionada na avaliação da dinâmica ambiental, embora nem apresente

potencial elevado de contaminação de águas superficiais e subterrâneas. Porém, não passou pelo

crivo da avaliação conjunta toxicidade x exposição (comercialização).

Ainda assim, a deltametrina foi posteriormente selecionada com base no critério de

comprometimento da IDA: 101% em relação às culturas autorizadas para uso no Brasil. Contudo,

destaca-se que o comprometimento da IDA assim calculado resulta superestimado, pois, na prática,

não necessariamente o agrotóxico é usado sempre e em todas as culturas autorizadas. Aliás, em

que pese a autorização para usos tão amplos, a deltametrina apresenta comercialização muito baixa

no país.

Ademais, apenas a Austrália inclui a deltametrina no padrão de potabilidade. Por fim, cabe notar

que as informações disponíveis de literatura indicam baixa frequência de detecção

Encaminhamento: tendo em vista a baixa comercialização, dinâmica ambiental muito desfavorável

ocorrência na água (baixa solubilidade, baixo potencial de lixiviação para águas subterrâneas, alto

potencial de adsorção a material particulado, passível de remoção no tratamento convencional da

água), definiu-se por não incluir a deltametrina no padrão de potabilidade.

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