17
2 ENCONTRO COM OS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA SAGRADA EUCARISTIA Paróquia São Domingos Perdizes, São Paulo-SP. “Por vontade expressa de S. Domingos, a celebração solene e comunitária da liturgia seja considerada uma das principais funções da nossa vocação. Na liturgia, e maximamente na Eucaristia, está presente e pelo eterno propósito da sua vontade e pela admirável concessão da graça, e rogam ao Pai das misericórdias por toda a Igreja e pelas necessidades e salvação do mundo inteiro. A celebração da liturgia é, pois, o centro e o coração de toda nossa vida, cuja unidade radica principalmente nela” 1 . I. INTRODUÇÃO I. Noções fundamentais de Teologia Litúrgica. 1.1. A liturgia, culto da Igreja. São “Liturgia” todos os atos de “culto” que a “Igreja” r econhece como próprios, comunicando a eles determinadas “notas” que provem da própria natureza da “Igreja”, enquanto é social, hierárquica, universal, continuação de Cristo, santificadora (ministerialmente) e composta de homens 2 . “O sujeito único e universal do culto da Igreja é o Cristo ressuscitado e glorioso, que está à direita do Pai [...] É Ele quem exerce nosso culto [...] Único Mediador entre Deus e a humanidade, Pontífice eterno [...] da Nova Aliança, Pontífice único que realiza, aqui na terra, toda nossa Liturgia”. Por tal presença ativa de Cristo, o culto da Igreja revela-se como exercício do sacerdócio de Cristo e torna-se história da salvação em ato, ou seja, o momento ativo com o qual Cristo “nos constitui em sua comunidade e nos desenvolve no seu Corpo místico”, porque o “verdadeiro culto [ cristão] se realiza quando nos tornamos membros do Corpo de Cristo. O sacerdócio com o qual Cristo exerce a sua ação cultual na Igreja: a) é pessoal, i.é., é o sacerdócio pessoal de Cristo que age por meio daqueles ministros que são seus ministros em virtude de um sacramento; b) é coletivo (comunitário) enquanto Cristo, reunindo em si toda a humanidade redimida, exerce “uma ação sacerdotal coletiva e solidária, a favor e com proveito de toda a sua comunidade; c) é hierárquico, i.é., embora sendo “Cristo mesmo quem exerce aqui na terra o seu sacerdócio”, contudo, querendo torná-lo visível, escolhe para si “ministros, instrumentosque agem em seu nome e 1 Cf. Livro das Constituições e Ordenações dos Irmãos Pregadores (LCO), n. 57. Fátima, Portugal: Ed. Província Portuguesa da Ordem de S. Domingos, 2005. 2 A palavra grega “liturgia” – , no ático antigo, de (“povo”) e (“obra”): “obra ou serviço do culto do povo”. Significa originariamente a prestação pessoal no serviço do estado, p. ex., a equipe de um barco para o serviço do exército ou a formação de um coro para a representação das tragédias em honra de Dionísio. Mais tarde, de maneira aberta e singular, o serviço de Deus, no culto público Este sentido, emprega-o a Sagrada Escritura, no AT e NT (cf. Lc 1,23). S. Clemente Romano, fala de modo semelhante em sua carta aos Coríntios (cap. 40 e s) de “liturgia” como tipo de culto da Nova. Dado que no NT a vida inteira é um “ato de serviço” à Divindade, as indicações dos Santos Padres irão de maneira especial para os atos de adoração a Deus, em comum na comunidade crist ã. Os hierarcas da Igreja “fazem liturgia” por sua comunidade (1Clem. Rom., 44,4), i.é., a coloca a serviço de Deus e particularmente no serviço divino. Odo CASEL. El misterio del culto cristiano. San Sebastián-Bilbao: Dinor, 1953, p. 106-107.

Ministros Extraordinarios, Paroquia S. Domingos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Roberto de Almeida, Curse de Formation Théologique

Citation preview

  • 2

    ENCONTRO COM OS MINISTROS EXTRAORDINRIOS DA SAGRADA EUCARISTIA Parquia So Domingos Perdizes, So Paulo-SP.

    Por vontade expressa de S. Domingos, a celebrao solene e comunitria da liturgia seja considerada uma das principais funes da nossa vocao. Na liturgia, e maximamente na Eucaristia, est presente e pelo eterno propsito da sua vontade e pela admirvel concesso da graa, e rogam ao Pai das misericrdias por toda a Igreja e pelas necessidades e salvao do mundo inteiro. A celebrao da liturgia , pois, o centro e o corao de toda nossa vida, cuja unidade radica principalmente nela

    1.

    I. INTRODUO I. Noes fundamentais de Teologia Litrgica.

    1.1. A liturgia, culto da Igreja.

    So Liturgia todos os atos de culto que a Igreja reconhece como prprios, comunicando a eles determinadas notas que provem da prpria natureza da Igreja, enquanto social, hierrquica, universal, continuao de Cristo, santificadora (ministerialmente) e composta de homens2.

    O sujeito nico e universal do culto da Igreja o Cristo ressuscitado e glorioso, que est direita do Pai [...] Ele quem exerce nosso culto [...] nico Mediador entre Deus e a humanidade, Pontfice eterno [...] da Nova Aliana, Pontfice nico que realiza, aqui na terra, toda nossa Liturgia.

    Por tal presena ativa de Cristo, o culto da Igreja revela-se como exerccio do sacerdcio de Cristo e torna-se histria da salvao em ato, ou seja, o momento ativo com o qual Cristo nos constitui em sua comunidade e nos desenvolve no seu Corpo mstico, porque o verdadeiro culto [cristo] se realiza quando nos tornamos membros do Corpo de Cristo.

    O sacerdcio com o qual Cristo exerce a sua ao cultual na Igreja: a) pessoal, i.., o sacerdcio pessoal de Cristo que age por meio daqueles ministros que so seus ministros em virtude de um sacramento; b) coletivo (comunitrio) enquanto Cristo, reunindo em si toda a humanidade redimida, exerce uma ao sacerdotal coletiva e solidria, a favor e com proveito de toda a sua comunidade; c) hierrquico, i.., embora sendo Cristo mesmo quem exerce aqui na terra o seu sacerdcio, contudo, querendo torn-lo visvel, escolhe para si ministros, instrumentos que agem em seu nome e 1 Cf. Livro das Constituies e Ordenaes dos Irmos Pregadores (LCO), n. 57. Ftima,

    Portugal: Ed. Provncia Portuguesa da Ordem de S. Domingos, 2005. 2 A palavra grega liturgia , no tico antigo, de (povo) e (obra): obra

    ou servio do culto do povo. Significa originariamente a prestao pessoal no servio do estado, p. ex., a equipe de um barco para o servio do exrcito ou a formao de um coro para a representao das tragdias em honra de Dionsio. Mais tarde, de maneira aberta e singular, o servio de Deus, no culto pblico Este sentido, emprega-o a Sagrada Escritura, no AT e NT (cf. Lc 1,23). S. Clemente Romano, fala de modo semelhante em sua carta aos Corntios (cap. 40 e s) de liturgia como tipo de culto da Nova. Dado que no NT a vida inteira um ato de servio Divindade, as indicaes dos Santos Padres iro de maneira especial para os atos de adorao a Deus, em comum na comunidade crist. Os hierarcas da Igreja fazem liturgia por sua comunidade (1Clem. Rom., 44,4), i.., a coloca a servio de Deus e particularmente no servio divino. Odo CASEL. El misterio del culto cristiano. San Sebastin-Bilbao: Dinor, 1953, p. 106-107.

  • 3

    com o seu poder; e este o sacerdcio catlico, transmisso sacramental do nico sacerdcio de Cristo.

    2. A Liturgia, mistrio da salvao.

    A obra da salvao vista como realidade sobrenatural sempre presente e ativa na Liturgia. Nas fontes antigas a ao litrgica chamada com o nome de mysterium-sacramentum (, sacramentum).

    A Liturgia crist denominada constantemente de mistrio, pois nela h componentes essenciais desse termo tcnico-cultual: a) a existncia de um evento primordial de salvao; b) que este evento tornou-se presente num rito; c) que o homem de todos os tempos, atravs do rito, realiza a sua e universal histria da salvao.

    Na aplicabilidade desses elementos verifica-se que o culto cristo, realizando-se no plano e na forma cultual do mistrio, no tanto uma ao do homem que busca um contato com Deus, quanto um momento da ao salvfica de Deus sobre o homem.

    Dessarte, a Liturgia ao ritual da obra salvfica de Cristo, ou seja, presena, sob o vu de smbolos, da obra divina da redeno3. A liturgia , com efeito, o mistrio cultual de Cristo e da Igreja ou, simplesmente, a liturgia o mistrio de Cristo e da Igreja4.

    A Sagrada Escritura, no NT nos ensina que o Cristianismo, o Evangelho de Jesus Cristo um mistrio5. Este mistrio engloba a Encarnao, pela qual fez visvel entre ns o Deus invisvel, e a obra de Redeno na Cruz, e culmina na Ressurreio, pela qual o Senhor revelou sua glria, primeiro, s testemunhas escolhidas por Deus (Hb 10,40) e mediante elas Igreja6.

    2. O mistrio do Culto no Cristianismo7.

    O que o mistrio divino?

    3 Odo CASEL. Mysteriengegenwart, In. Jahrbuch fr Liturgiewissenchaft 8 (1928), p. 145; ibid.

    p. 212. Ele se refere a trs componentes essenciais da celebrao/mistrio: 1) a existncia de um acontecimento primordial de salvao; 2) a presena desse mesmo acontecimento mediante um rito; 3) graas a essa presena ritual, todo homem em qualquer tempo, faz seu o evento primordial de salvao. Cf. S. MARSILI, Liturgia, in. D. SARTORI; A.M. TRIACCA (eds). Nuevo Diccionario de Liturgia, p. 728. 4 Odo CASEL. El misterio del culto cristiano, op. cit., p. 83

    5 So Paulo compreende Cristianismo, o Evangelho como Mysterium, que diferentemente

    da concepo da filosofia antiga grega que toma mysterium como doutrina oculta e misteriosa do divino (cf. ibidem, p. 93-94) antes, uma ao de Deus, a realizao de um plano eterno em uma ao que procede da eternidade de Deus, que se realiza no tempo e no espao e tem novamente seu trmino no mesmo Deus eterno. Este mysterium pode expressar-se na nica palavra de Cristo, onde Cristo significa o Salvador como pessoa em unio com seu Corpo Mstico, a Igreja (Ef 1,19s; 3,2s; Cl 1,25-27; 2,2; 1Cor 2,7; Rm 16,25s). Cf. Ibid., p. 49-51. Diante do risco de traduzir mysterium de forma superficial, Dom Casel sustenta que a revelao verdadeiramente um elemento essencial do mysterium, e para que haja mysterium, preciso que haja revelao, preciso que o vu seja desvelado 2Cor 3,13s (cf. Ibid., p. 09, nota 15). 6 Odo CASEL. Ibidem, p. 83.

    7 Odo CASEL. O mistrio do culto no Cristianismo (Das Christliche Kulturmysterium); trad.

    Gemma Scardini. So Paulo: Loyola, 2009.

  • 4

    Trs aspectos fundamentais: a) O Mistrio divino antes de tudo Deus nele mesmo. o Infinito e o Inacessvel, trs vezes santo, de quem nenhum homem pode se aproximar sem morrer (Is 6,5). b) Para o apstolo Paulo, o mistrio a maravilhosa revelao de Deus em Cristo. O Deus que permanecia escondido no eterno silncio, aquele que habita uma luz inacessvel, que nenhum homem viu nem pode ver (1Tm 6,16), aquele que apareceu em natureza humana. Seu Filho, o Verbo, se fez homem, e de modo incompreensvel revelou sobre a cruz todo o amor infinito que o Pai testemunha aos homens (cf. Rm 5,8; Jo 1,18).

    No Filho de Deus, encarnado e crucificado, ns contemplamos o Mistrio divino, desde sculos, mas que agora foi manifestado pelo Cristo na Igreja. Cristo o Mistrio em pessoa, manifestado em nossa carne humana a divindade que ns no podemos ver.

    pela f e pelos mistrios que o Cristo vive sempre na Igreja. c) O terceiro sentido completa os dois primeiros. Desde que Cristo j no est visvel ente ns, as presenas do Senhor e Redentor passaram para os mistrios8, como exprime S. Leo Magno9.

    A pessoa do Senhor, sua obra redentora, a operao de sua graa, tudo isso possumos nos mistrios do culto, segundo a palavra que S. Ambrsio dirige a Cristo: em vossos mistrios que eu vos encontro10.

    O Mistrio : inefvel, inexprimvel, no somente porque no temos o direito de exprimi-lo, segundo o sentido primeiro e etimolgico da palavra, mas porque no podemos esgotar com nossas palavras, sua inenarrvel profundidade. Tudo o que dissermos permanecer inadequado. Por outro lado, e justamente por ser inefvel, haver sempre um modo de conhecer algo. o prprio Esprito do Senhor que revela sempre a ns alma de boa vontade, enquanto o incrdulo nem mesmo imagina a riqueza que esse abismo divino encobre.

    A volta ao Mistrio consiste no seguinte: preciso retornar s fontes de Salvao, pois pelo Mistrio de Deus que o mundo reviver. nesse Mistrio que o sopro da vida divina passa e age.

    Toda a Ecclesia e com ela, toda a divindade das profisses tomaram parte no desenvolvimento verdadeiramente nico da divina liturgia, esta obra de beleza que envolve o santo Mistrio. quod itaque Redemptoris nostri conspicuum fuit, in sacramenta transivit

    8 Ou seja, nas aes litrgicas que vemos, ouvimos, percebemos o Cristo Crucificado/

    Ressuscitado vindo ao nosso encontro, atuando, salvando, instaurado o Reino de Deus. cf. Jos A. da SILVA. Sacramentalidade da Liturgia, In. Paulo Cezar COSTA (org.). Sacramentos e evangelizao. So Paulo: Loyola, 2004, p. 13-31 (sobretudo p. 22-28). 9 Quod redemptoris nostri conspicuum fuit, in sacramenta transivit, Sermo 74, 2: PL 54, col.

    398 (quod itaque Redemptoris nostri conspicuum fuit, in sacramenta transivit o que no nosso Redentor era visvel, passou para os seus sacramentos, Tractatus 74, 2: CCL 138 A, 457). 10

    In tuis te invenio sacramentatis, Apol. proph. David, V, 8: PL 14, col. 916.

  • 5

    O santo Mistrio a representao mais concreta do Corpo mstico ao mesmo tempo em que a suprema atividade: a Cabea e os membros se unem e no formam seno um, para oferecer o sacrifcio ao Pai, para o qual sobem, pelo Filho e no Esprito Santo, toda honra e toda glria. Do Pai descem sobre a Ecclesia, por Cristo, no Esprito, todas as graas e bnos. Casel, fillogo das lnguas clssicas antigas, estava impressionado pelo fato que, nas fontes antigas, a ao litrgica fosse chamada com o nome mysterium-sacramentum2. Conhecido como o cultivador e o mistagogo dos sagrados mistrios parte do conceito de mysterium pelo qual a liturgia crist constantemente denominada, descobrindo que as componentes essenciais do termo tcnico-cultual so: a existncia de um evento primordial de salvao; que este evento se tornou presente num rito; que o homem de todos os tempos, atravs do rito, realiza a sua universal histria de salvao. A teologia dos mistrios de O. Casel foi definida por Joseph Ratzinger (Bento XVI) como provavelmente a ideia teolgica mais frutuosa6 do sculo XX. (J. RATZINGER. Die sakramentale Begrndung christlicher Existenz. Meitingen: Kyrios Verlag, 1966, 5). A origem intuitiva da teologia caseliana orienta para o sentido do ato litrgico como referncia cristolgica. Por isso se pode dizer que o sacramento no oferece s uma srie de graas e de efeitos salvficos derivantes da ao redentora, mas bem mais radicalmente permite a comunho pessoal com o Senhor, na forma de uma participao no seu agir7, porque Cristo o mistrio em forma pessoal, porque manifesta na carne a divindade de per se invisvel8 (O. Casel, Il mistero del culto Cristiano. Roma: Borla, 1985, p. 32). Casel intenta uma definio: o mistrio uma ao sagrada de carter cultural na qual um fato salvfico realizado por um deus, sob a forma de rito se torna atualidade; porque a comunidade cultual que realiza este rito participa no fato salvfico e conquista de tal modo a salvao9. Os mistrios do culto so aquelas aes santas que ns realizamos, mas que o Senhor (atravs do ministrio eclesistico) realiza simultaneamente em ns10. mistrio a ao divina que se d na forma humana da ao de Jesus e da Igreja. Respondendo queles que o atacavam (ex. H. Prmm14), Casel disse: mysterion significa originariamente no uma doutrina, mas uma experincia mstico-cultual do divino, que no se conseguia exprimir racionalmente15. Por conseguinte, o cristo no se torna tal atravs da adeso doutrina, mas pelo acolhimento pessoal do Ressuscitado, reconhecido mediante os smbolos da sua memria ritual-pascal, com a qual no sacramento se pe em relao com o prprio Jesus Cristo. Porque Cristo vive na Igreja mediante a f e mediante os mistrios16 e atravs do mistrio Cristo vive na Igreja, age dentro da Igreja e com a Igreja, a conserva e a vivifica17. A liturgia continuao e atualizao do mistrio de Cristo e da histria da salvao no hodie litrgico, celebrados como memria e presena por meio de ritos e sinais. Com o conceito de mysterium possvel estabelecer a relao dos sacramentos e das aes litrgicas com o acontecimento cristolgico e com o mistrio da sua presena na Igreja. Casel escreveu: o mistrio de Cristo , segundo as cartas paulinas, o prprio Jesus Cristo na sua realidade total, isto , a revelao de Deus no seu Filho encarnado, aquela revelao que culmina na morte sacrificial e na glorificao do Senhor. Ao contrrio, o mistrio do culto a representao e renovao ritual do mistrio de Cristo, de tal modo que se torna possvel para ns entrar a fazer parte do mistrio de

  • 6

    Cristo. O mistrio do culto , portanto, um meio com o qual o cristo vive no mistrio de Cristo18. 14 Prmm defendia que o mistrio no significava uma ao ou acontecimento de Deus, mas uma verdade escondida em Deus e revelada pelo prprio Deus, baseando-se em S. Paulo e nos Padres da Igreja. Cf. H. Prmm, Der christliche Glaube und altheinische, 2 voll., Leipzig 1935. 15 O. Casel, Fede, Gnosi e mistero. Saggio di teologia del culto cristiano (Caro Salutis cardo. Studi/Testi 14), Edizioni Messaggero Padova-Abazia di Santa Giustina Padova 2001, 176. (Original alemo: Glaube, Gnosis und Mysterium, Jahrbuch fr Liturgiewissenschaft 15 (1935) 155-305). 16 Casel, Il mistero del culto cristiano 32. 17 Casel, Il mistero del culto cristiano 106. 18 Casel, Il mistero del culto cristiano, 167.

    O valor de Casel na histria da liturgia aquele de mostrar que a liturgia continuao e atualizao do mistrio de Cristo e da histria da salvao, celebrada por meio dos ritos e dos sinais. A liturgia no s memria mas presena no hodie litrgico; ela celebra sempre o mistrio de Cristo que sempre igual e igual na sua plenitude. Revela-se na sua plenitude e no nos seus desenvolvimentos. O desenvolvimento humano, a plenitude divina20. Desde a teologia medieval no se falava de mysterium. Casel o primeiro a retomar este conceito da antiga tradio e a reintegr-lo na teologia, como aparece nos documentos do Conclio Vaticano II. Ligando as celebraes sacramentais aos grandes mistrios de salvao que Deus realizou em Cristo, Casel conduz a reflexo teolgico-sacramental na continuidade do caminho percorrido pela melhor literatura patrstica.

    II. A teologia da liturgia do Conclio Vaticano II.

    2.1. A Liturgia, presena de Cristo.

    A Constituio sobre a Liturgia Sacrosanctum Concilium apresenta a Liturgia como realizao do mistrio redentor de Cristo, encontrando a razo ltima disto na presena de Cristo. Para levar a efeito esta obra, Cristo est sempre presente em sua Igreja, sobretudo nas aes litrgicas (SC, 7).

    A ltima palavra de Cristo em Mt 28,20: Eu estou convosco todos os dias at a consumao dos sculos a concluso das palavras com as quais Cristo, enviando ao mundo os apstolos, confere-lhes o poder de fazerem de todos os homens outros tantos discpulos dele, e isto mediante o anncio (ensinai) e dos Sacramentos (batizai); i.., atravs da Palavra e dos sacramentos, ele continuar existindo entre e no meio dos homens, numa presena contnua.

    A Const. sobre a Liturgia Sacrosanctum Concilium, n. 7 enumera alguns momentos da Liturgia nos quais atestada esta presena:

    1) no sacrifcio da missa e exatamente no sacerdote e no sacramento, como presena de vtima (sacramento) e presena de ofertante (Cristo eterno sacerdote);

    2) nos sacramentos, porque neles Cristo que age (no apenas atravs deles);

    3) na Palavra proclamada na comunidade da Igreja;

  • 7

    4) na orao comunitria, porque Cristo est sempre presente numa comunidade unida em seu nome.

    A Liturgia toda orientada para a histria da salvao que, alis o mistrio de Cristo, e o seus ritos so sempre sinais deste mistrio.

    III. Palavra de Deus e Eucaristia. (cf. Exort. Ps-Sinodal Verbum Domini, 54).

    A narrao do Evangelho segundo Lucas sobre os discpulos de Emas permite-nos uma reflexo subsequente acerca do vnculo entre a escuta da Palavra e a frao do po (Lc 24,13-35). Jesus foi ter com eles no dia depois do sbado, escutou as expresses da sua esperana desiludida e, acompanhando-os ao longo do caminho, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que Lhe dizia respeito (24,27). Juntamente com este viajante que inesperadamente se manifesta to familiar s suas vidas, os dois discpulos comeam a ver as Escrituras de um novo modo. O que acontecera naqueles dias j no aparece como um fracasso, mas cumprimento e novo incio. Todavia, mesmo estas palavras no parecem ainda suficientes para os dois discpulos. O Evangelho de Lucas diz que abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-No (24,31) somente quando Jesus tomou o po, abenoou-o, partiu-o e lho deu; antes, os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem (24,16). A presena de Jesus, primeiro com as palavras e depois com o gesto de partir o po, tornou possvel aos discpulos reconhec-Lo e apreciar de modo novo tudo o que tinham vivido anteriormente com Ele: No ardia o nosso corao quando Ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras? (24,32).

    V-se a partir destas narraes como a prpria Escritura leva a descobrir o seu nexo indissolvel com a Eucaristia. Por conseguinte, deve-se ter sempre presente que a Palavra de Deus, lida e proclamada na liturgia pela Igreja, conduz, como se de alguma forma se tratasse da sua prpria finalidade, ao sacrifcio da aliana e ao banquete da graa, ou seja, Eucaristia. Palavra e Eucaristia correspondem-se to intimamente que no podem ser compreendidas uma sem a outra: a Palavra de Deus faz-Se carne, sacramentalmente, no evento eucarstico. A Eucaristia abre-nos inteligncia da Sagrada Escritura, como esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistrio eucarstico. Com efeito, sem o reconhecimento da presena real do Senhor na Eucaristia, permanece incompleta a compreenso da Escritura. Por isso, palavra de Deus e ao mistrio eucarstico a Igreja tributou e quis e estabeleceu que, sempre e em todo o lugar, se tributasse a mesma venerao embora no o mesmo culto. Movida pelo exemplo do seu fundador, nunca cessou de celebrar o mistrio pascal, reunindo-se num mesmo lugar para ler, em todas as Escrituras, aquilo que Lhe dizia respeito (Lc 24,27) e atualizar, com o memorial do Senhor e os sacramentos, a obra da salvao.

    O estudo da Sagrada Escritura uma revelao ao infinito. Scriptura cum legentibus crescit11.

    11

    A Escritura cresce com os que a leem: cf. GRGOIRE LE GRAND. Homlies sur zchiel, I, VII, 8. Paris: Cerf, 1986.

  • 8

    O po dos anjos torna-se po dos homens... coisa admirvel: o servo pobre e humilde come o Senhor! Panis angelicus fit panis hominum. O res mirabilis manducat Dominum pauper servus et humilis: hino Sacris sollemniis da Hora das leituras da solenidade do Corpo e Sangue do Senhor.

    IV. A beleza da Liturgia.

    O mundo necessita da beleza crist. Esta anda to escassa em muitas liturgias contemporneas, na qual o discurso substitui a beleza do inefvel:

    Como seria um mundo do qual desaparecesse o dono da festa, no criada por ele, em favor de um tempo livre programado? Como seria um mundo no qual esgotasse a beleza causada pela f? Mas falemos no presente: cada liturgia deveria ser um verdadeiro momento de festa, ter em si algo da livre e despreocupada gratuidade da festa real, uma libertao da constrio do feito por ns para entrar na resposta que j nos espera e que suficiente ns escutarmos e aceitarmos. Sendo assim, se deveria dizer certamente: a Igreja dever aprender novamente a celebrar as festas e a irradiar o esplendor. A sua submisso ao mundo racional nestes ltimos anos foi muito profunda, debaixo deste ponto de vista, de tal maneira que a Igreja se despojou de algo que lhe era totalmente prprio. Ela deve nos conduzir s festas que conserva na sua f, assim poder em alguma medida deixar felizes aqueles para os quais o seu anncio, se visto racionalmente, permanece inacessvel12.

    A celebrao da liturgia deve demonstrar que ela antes de tudo no obra humana, como bem o compreenderam os monges:

    A liturgia no feita pelos monges. Ela j existe antes deles. Ela consiste em entrar na liturgia celeste desde sempre em ao. A liturgia terrena liturgia s pelo fato de se inserir naquilo que j existe, naquilo que maior. Uma celebrao digna ajuda a f a reconhecer que a liturgia a mais alta expresso da beleza da glria de Deus, e constitui de alguma maneira um debruar- se do Cu sobre a Terra.

    O til pode vir a ser o inimigo do belo: Tornou-se sempre mais perceptvel o terrvel empobrecimento que se manifesta onde se expulsa a beleza e se sujeita somente ao til. Uma liturgia vivida ao nvel do uso, ou seja, do uso social, imita as pseudo-festas, e como elas, leva s ao cansao, ao tdio.

    Nos anos transcorridos at agora [desde o Vaticano II] inegvel que se fez sempre mais tristemente perceptvel o terrvel empobrecimento que se manifesta onde na Igreja se pe para fora o belo a-teleolgico e em seu lugar se submete exclusivamente ao uso. Mas os arrepios que produz a liturgia ps-conciliar, tornada opaca, ou simplesmente o fastio que ela provoca com o seu gosto pelo banal e com a sua mediocridade artstica no esclarecem a

    12

    BENTO XVI. Mensagem aos participantes do II Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades, 22, mai, 2006, p. 76-78.

  • 9

    questo; seja como for, essa evoluo tem criado uma situao na qual se est sempre e novamente na necessidade de se pr os problemas.

    Enquanto a simplicidade visa evitar um luxo excessivo para evidenciar a justa preocupao pelos pobres, so exatamente os pobres que querem ver manifestada, mesmo materialmente, a beleza divina:

    A liturgia existe para todos. Deve ser catlica, ou seja, comunicvel a todos os crentes, sem distino de lugar, de provenincia, de cultura. Deve ser, portanto simples. Mas simples no significa de baixo nvel. H a simplicidade do banal e a simplicidade que a expresso da maturidade. Certamente no fcil propor a todos o esplendor maduro da liturgia, por exemplo, porque nem toda igreja tem um coro de alta qualidade. Mas os limites de tantas igrejas no devem vir a ser a norma de todas as liturgias. A catedral pode propor uma liturgia mais desenvolvida.

    Joseph Ratzinger considera que o papel cada vez mais central da palavra na liturgia encobre a beleza e exprime uma antropologia redutiva. O homem no s discurso, e s o discurso no basta para comunicar a obra divina (no por acaso o Vaticano II insistia no fato de que a revelao no se limitava a palavras).

    Que todos devam poder participar da liturgia no significa que tudo deva ser explicado, porque em tal caso tanto a participao quanto a compreenso ficam reduzidas:

    Uma das palavras-chave da reforma litrgica conciliar foi, com razo, a participatio actuosa, a ativa participao na liturgia de todo o povo de Deus. Este conceito, todavia, tem passado depois do Conclio por uma fatal restrio.

    Sobressai a impresso de que s h uma participao ativa onde existe uma atividade exterior verificvel: discursos, cantos, prdicas, assistncia litrgica.

    [...] Porm, tambm o silncio considerado como participatio actuosa. Referindo-se a isto deve se perguntar: por que ento deve ser somente o discorrer e no tambm o escutar, o perceber com os sentidos e com o esprito, uma co-participao espiritual ativa? No existe nada de ativo em perceber, em captar, em comover-se? No h nessa concepo mais bem um apoucamento do homem, que fica reduzido pura expresso oral, se bem que hoje todos ns sabemos que quanto h em ns de racionalmente consciente e emerge superfcie somente a extremidade de um iceberg em comparao com aquilo que o homem no seu conjunto?

    Querer centrar a liturgia na explicao torna, na realidade, o mistrio menos compreensvel. Em uma bela liturgia, ainda que os participantes no entendam talvez todas as palavras individualmente, percebem o significado profundo, a presena do mistrio que transcende todas as palavras.

    Para Plato a categoria do belo era determinante: o belo e o bom para ele coincidiam por ltimo em Deus. Com a apario do belo ns ficamos profundamente feridos, e essa ferida nos arrebata fora de ns mesmos, pe em movimento o vo da saudade e nos impele ao encontro daquilo que o verdadeiro belo, o prprio bem. Na teologia dos cones permaneceu vivo algo

  • 10

    do fundamento platnico. [...] Este platonismo transformado e remodelado pela Encarnao desaparece no Ocidente a partir do sculo treze, a tal ponto que as artes figurativas tendem em primeiro lugar a representar fatos ocorridos, enquanto a histria da salvao vista menos como sacramento e mais como histria desenrolada no tempo.

    Para que ir Igreja se para ficar na mesma misria? A liturgia deve, como a prpria f, fazer-nos entrar j na realidade daquilo que esperamos, na vida eterna j comeada. A Igreja deve manifestar esse belo e no pode faz-lo de modo banal.

    A Igreja no pode contentar-se com o ordinrio e o usual: deve reavivar a voz do cosmos, glorificando o Criador e revelando a magnificncia do cosmos, torn-lo esplndido e, portanto, belo, habitvel, amvel. A arte que a Igreja exprimiu , junto com os santos que nela amadureceram, a nica real apologia que ela pode exibir para a sua histria. [...] A Igreja no deve satisfazer-se facilmente; deve ser uma chama do belo, conduzir a luta pela espiritualizao sem a qual o mundo transforma-se no primeiro crculo do inferno.

    Sendo uma resposta liturgia celeste, a liturgia celebrada neste mundo deve dar-nos a possibilidade de percebermos a irrupo da ao divina. Isto pressupe a beleza, freqentemente ameaada hoje pela prevalncia do discurso ou pela procura da utilidade. Uma liturgia bela ao mesmo tempo mais divina e mais humana, e a prpria beleza ajuda a entender aquilo que s a lngua no capaz de comunicar. Se a liturgia no sabe comunicar o senso do sacro, a Igreja dar a impresso de pertencer ao passado e quem deseja o sacro o buscar em outro lugar.

    A beleza implica uma coerncia, que remete Beleza do Criador, coerncia da obra do Logos presente tambm na liturgia. A percepo da coerncia da msica nos ajuda a entrar em relao com Deus para alm dos discursos. Na msica litrgica unimo-nos aos coros anglicos para responder a Deus na Sua glria. Tambm as imagens, partes de um culto fundado no Verbo Encarnado, imagem do Deus invisvel (), gerado antes de toda criatura (Cl 1,15), nos unem presena do Senhor. Tanto a msica litrgica quanto as imagens litrgicas devem ser antes de tudo transparentes obra e ao de Deus, e no fechada sobre a criao ou vaidosa expresso de capacidade humana.

    5. Funes e ministrios na Missa.

    Na assembleia reunida para a Missa, cada um tem o direito e o dever de contribuir com sua participao, de modo diferente segundo a diversidade de funo e de ofcio (SC, n. 14; n. 26). Por isso todos, ministros ou fieis, no desempenho de sua funo, faam tudo e s aquilo que lhes compete (SC, n. 28), de tal sorte que, pela prpria organizao da celebrao, a Igreja aparea tal como constituda em suas diversas funes e ministrios13.

    13

    Cf. Instruo Geral sobre o Missal Romano. III: Funes e Ministrios da Missa, n. 58.

  • 11

    5.1. Funes e papel do Povo de Deus.

    Na celebrao da Missa os fieis constituem o povo santo, o povo adquirido e o sacerdcio santo, para dar graas a Deus e oferecer o sacrifcio perfeito, no apenas pelas mos do sacerdote, mas tambm juntamente com ele, e aprender a oferecer-se a si prprios (SC, n. 48)14.

    IV. A celebrao Litrgica.

    4.1. Quem celebra. A liturgia ao do Cristo todo (Christus totus). uma reunio festiva. Toda celebrao verdadeira com uma reunio e consiste numa reunio.

    Os que se sentem unidos por variegados vnculos de conhecimentos, afeto, parentesco, amizade, relao profunda, mas que na vida ordinria, se acham dispersos, separados, re-unem-se, i.., voltam a unir-se, a exprimir a sua vinculao unitiva, de modo sensvel, por meio de uma presena fsica de reciprocidade.

    O grupo, a comunidade se reencontra na totalidade dos seus membros e, desse modo, inicia-se a alegria, a festa de voltar a se ver, de estar todos juntos, da conversa interpessoal, da partilha comunitria. A celebrao crist fiel a essa lei de toda a festa humana. Seu impulso e ponto de partida tambm a reunio.

    Testemunhos de autores antigos descrevem a liturgia primitiva e assinalam como sua primeira caracterstica e como o seu comeo o fato de pessoas se reunirem, de se deslocarem e de se dirigirem para o mesmo lugar, a fim de se encontrarem e de ficarem todos juntos.

    Mas o termo que assumiu certa originalidade ser , vocbulo transliterado do latim para o grego e que significa no s a comunidade dos cristos como a sua reunio peridica num lugar determinado. E indica, sobretudo, o fato dessa reunio acontecer a partir de con-vocao, i.., de um chamado exterior a si mesmo, o da Palavra cujo alvo uma com-unio (re-unio).

    Os Atos (1,15; 2,44.47) insistem nessa grande realidade da reunio peridica para compartilhar a f, a prece, o po, os bens materiais. Dos cristos enquanto membros dessa assembleia celebrativa, prega-se reiteradamente o , ou seja, a unanimidade (At 1,14; 2,26; 4,24; 5,12).

    Nos padres posteriores, sobremodo S. Joo Crisstomo, devido sua viso profunda e sensibilidade notavelmente moderna que insiste sobre o particular. Ele nos diz que o fato de os que esto dispersos se reunirem j um incio de gozo, uma alegria e, portanto, uma festa, um comeo do festejar, uma inaugurao do festejo:

    Embora a cinquentena (Pentecostes) tenha passado, a festa no passou. Toda assembleia uma festa. Provam-no as palavras de Cristo, que dizem: onde dois ou trs estiverem reunidos em meu

    14

    Cf. Idem, n. 62.

  • 12

    nome, ali estarei. A maior prova de que festa, temo-la nessa presena de Cristo no meio dos fieis reunidos15.

    4.2. A reunio eclesial.

    Toda a comunidade o corpo de Cristo unido sua Cabea, que celebra.

    O Conclio Vaticano II diz: As aes litrgicas no so aes privadas, mas celebraes da Igreja, que o sacramento da unidade, i.., o povo santo, unido e ordenado sob a direo dos bispos16. Por isso essas celebraes pertencem a todo o Corpo da Igreja, e o manifestam e afetam; mas atingem a cada um dos membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofcios e da participao atual17.

    A ao litrgica uma celebrao da ecclesia, da assembleia reunida. Todos os seus membros esto e devem estar comprometidos, implicados na ao celebrativa.

    Os textos oracionais, a eucologia litrgica, esto no plural e com uma estrutura dialogal de um tipo no somente vertical (Deus-comunidade), como tambm horizontal (presidente, dicono, leitor, cantor e povo)18. A principal manifestao da Igreja se realiza na participao plena e ativa do povo santo de Deus nas celebraes litrgicas (SC, 41).

    4.3. Caractersticas da assembleia.

    Ao ampliar a anlise desse carter sacramental da assembleia litrgica descobrem-se novos aspectos ou corolrios do seu protagonismo como sujeito da celebrao litrgica.

    A assembleia sinal da Igreja. Deve ser uma assembleia: a) crente (apostlica); b) aberta (catlica); c) reconciliada (una); d) ativa ou dinmica (santa).

    Trata-se de forma simples, das notas da Igreja enquanto refletidas sobre as caractersticas da assembleia. Atravs das caractersticas da assembleia, percebemos o reflexo das marcas da Igreja.

    a) Crente (apostlica). Seu ponto de gravitao ser a confisso de f em Jesus Cristo, naquele que o seu centro ao fazer-se presente pelo seu Esprito entre aqueles que esto reunidos em seu nome (Mt 18,20). Como reza a Constituio Dogmtica sobre a Igreja Lumen Gentium:

    15

    JOO CRISSTOMO. Sermo quinto sobre Ana I (PG 54, col. 669). Cf. tambm as Homilias: PG 48, col. 725; 54, col. 602; 56, col. 181-182; 61, cols. 223, 228 e 526-529; 62, col. 491. Encontra-se em Jernimo uma passagem que refora as citaes anteriores. Diz ela: A alegria no vem de ser festivo o dia em que nos reunimos; vem do fato de nos reunirmos e de voltarmos a ver os rostos uns dos outros. Comentar. in epist. ad Gal., livro 2, cap. 4 (PL col. 378). 16

    S. Cipriano. De cath. eccl. unitate, 7; ed. Hartel, In. CSEL, tomo VIII, 1. Viena, 1868, p. 215-216; cf. Ep. 66, n. 8, 3: ed. cit., tomo III, 2. Viena, 1871, p. 732-733. 17

    Constituio sobre a Liturgia Sacrosanctum Concilium, n. 26. In. Compndio do Vaticano II: constituies, decretos e declaraes. Petrpolis: Vozes, 1968

    4.

    18 Cf. Const. sobre a Liturgia Sacrosanctum Concilium, n. 11; 14; 19; 21; 27-28.

  • 13

    Esta Igreja de Cristo est verdadeiramente presente em todas as legtimas comunidades locais de fieis que unidas com seus pastores so tambm elas no Novo Testamento chamadas Igrejas. Estas so em seu lugar o povo novo chamado por Deus, no Esprito Santo e em grande plenitude (1Ts 1,5) [...] Nestas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou vivendo na disperso, est presente Cristo, por cuja virtude se consocia a Igreja, una, santa, catlica e apostlica (LG 26; cf. SC, 7).

    b) Aberta (catlica), porque a reunio litrgica deve ser aberta, plural, heterognea, matizada, sinal da universalidade do amor do Pai, da catolicidade do seu desgnio salvfico, da solidariedade ilimitada suscitada pela liberalidade da sua vontade libertadora. O nico requisito para ser admitido a ela a f. A reunio litrgica deve manifestar que a Igreja esse povo novo de Deus que rene os homens por sobre aquilo que os separa, vencendo j agora, de modo inicial e imperfeito, o pecado da diviso, do desamor. A Igreja o espao teolgico em que Cristo reconcilia judeus e pagos, destruindo a barreira que os separa e suprimindo o dio, como disse Paulo (Ef 2,11-14).

    A assembleia litrgica tambm o espao concreto, o sinal sacramental dessa realidade teolgica da Igreja, onde j no h nem judeus nem pagos, nem gregos nem brbaros, nem escravos nem homens livres, nem circuncisos nem incircuncisos, mas um s corpo (Rm 10,1; 1Cor 10,13; Gl 3,28; Ef 2,19; Cl 3,11; Ap 5,9).

    Cada reunio celebrativa da assembleia crist um novo pentecostes como contrarrplica de Babel. proftica, porquanto denuncia as falsas unidades, mas anuncia a unidade vindoura; sinal da unidade esperada, mais do que uma unidade realizada.

    c) Reconciliada (una). Se a assembleia se abre e acolhe a todos, ela o faz para celebrar com eles a reconciliao que Jesus traz, para convert-los em irmos que atual como tais, i.., juntos, de maneira prxica, na festa (Mt 5,23). Eles se unem, colaboram, trocam aes, gestos, sinais, papis, oram, cantam, louvam, comem juntos. Tudo culmina no abrao da paz.

    S. Joo Crisstomo diz: A Igreja foi feita, no para separar aqueles a quem rene, mas para unir e juntar os que se acham separados. isso que a assembleia significa19.

    d) Ativa ou dinmica (santa), alude ao dinamismo que o Esprito confere com os seus carismas. A reunio da assembleia litrgica deve ser um reflexo da reunio descrita por Paulo em 1Cor 11-14.

    Na reunio da assembleia esto todos, mas de modo ativo, dando continuidade ao impulso do Esprito que neles atua. A reunio o espao onde crescem e se desenvolvem os carismas. Atravs de testemunhos sobre a Palavra escutada e vivida, de expresses de orao, de cantos, de artes diversas, que so coadjuvantes da manifestao da f, o Esprito se faz presente.

    Essa presena do Esprito vnculo de unidade, catalisa a comunicao horizontal (entre os membros da assembleia) e vertical (entre Deus e o seu

    19

    JOO CRISSTOMO. In 2Cor. Hom., 27, 3 (PG 61, col. 228). Traduo brasileira So Joo Crisstomo. Comentrio s Cartas de So Paulo/2. So Paulo: Paulus, 2010.

  • 14

    povo). Graas a essa comunicao real, mediada pela realizao dos mesmos gestos, pela participao nos mesmos sinais, oraes, cantos etc., o grupo reunido deixa de ser um pblico annimo, soma de pessoas sobrepostas, e se transforma em comunidade pessoal.

    Entre os carismas, esto o de presidir e realizar servios particulares para a assembleia. Por meio dessas formas dinmicas, vida, atividade e hierarquia se complementam. Carismas e estrutura se integram.

    A santidade da assembleia se manifesta antes de tudo pela fidelidade ao Esprito Santo, alento, fora de Deus, que nos impele, que nos leva a orar e a celebrar em unidade.

    - Instruo Geral do Missal Romano20. a) Profisso de f O Credo21.

    Em dias de domingo e determinadas festas segue s leituras, respectivamente homilia, o Credo, como um eco reforado.

    O Smbolo ou profisso de f tem por objetivo levar todo o povo reunido a responder Palavra de Deus anunciada da Sagrada Escritura e explicada pela homilia, como, proclamando a regra da f atravs da frmula aprovada para o uso litrgico, recordar e professar os grandes mistrios da f, antes de iniciar sua celebrao na Eucaristia.

    b) Symbolum e Ano da f.

    A Carta Apostlica sob a forma de Motu Proprio Porta Fidei afirma: professar a f na Trindade Pai, Filho e Esprito Santo equivale a crer num s Deus que Amor (1Jo 4,8): o Pai, que na plenitude dos tempos enviou seu Filho para nossa salvao; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no mistrio da sua morte e ressurreio; o Esprito Santo, que guia a Igreja atravs dos sculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor (Porta fidei, n. 1).

    Mediante a Carta Apostlica Porta Fidei Bento XVI proclamou neste Ano especial, para que a Igreja renove o entusiasmo de crer em Jesus Cristo, nico Salvador do mundo, reaviva a alegria de percorrer o caminho que nos indicou e testemunhe de modo concreto a fora transformadora da f (n. 7).

    O que a f para mim? Ela verdadeiramente a fora transformadora da nossa vida, na minha vida? Ou ento apenas um dos elementos que fazem parte da existncia, sem ser aquele determinante, que a abrange totalmente? Como retornar s origens e reavivar o gosto de percorrer um caminho para fortalecer ou reencontrar a alegria da f, compreendendo que ela no algo de alheio, separado da vida concreta, mas a sua alma?

    A f num Deus que amor, e que se fez prximo do homem, encarnando e doando-se a si mesmo na cruz para nos salvar e reabrir as

    20

    Instruo Geral sobre o Missal Romano (Ordenacin del Misal Romano). 3 edio. Comentrios de Jose. Aldabbal. So Paulo: Paulinas, 2007, p. 84. 21

    Joseph A. JUGMANN. Missarum sollemnia: origens, liturgia, histria e teologia da missa romana. (trad. Monika Ottermann). So Paulo: Paulus, 2008

    5, p. 449-460.

  • 15

    portas do Cu, indica de modo luminoso que a plenitude do homem consiste unicamente no amor. Hoje necessrio reiter-lo com clareza, enquanto as transformaes culturais em curso mostram com frequncia tantas formas de barbrie, que passam sob o sinal de conquistas de civilizao: a f afirma que no h humanidade autntica, a no ser nos lugares, nos gestos, nos tempos e nas formas como o homem animado pelo amor que vem de Deus, se expressa como dom, se manifesta em relaes ricas de amor, de compaixo, de ateno e de servio abnegado ao prximo.

    Onde existe domnio, posse, explorao, mercantilizao do outro por egosmo prprio, onde h arrogncia do eu, fechado em si mesmo, o homem torna-se pobre, degradado, desfigurado. A f crist, laboriosa na caridade e forte na esperana, no limita, mas humaniza a vida, alis, torna-a plenamente humana.

    A f o acolhimento desta mensagem transformadora na nossa vida, o acolhimento da revelao de Deus, que nos faz conhecer quem Ele , como age, quais so os seus desgnios para ns. Sem dvida, o mistrio de Deus permanece sempre alm dos nossos conceitos e da nossa razo, dos nossos ritos e das nossas preces. Todavia, com a revelao o prprio Deus quem se autocomunica, se descreve, se torna acessvel. E ns tornamo-nos capazes de ouvir a sua Palavra e de receber a sua verdade. Eis, pois, a maravilha da f: Deus, no seu amor, cria em ns atravs da obra do Esprito Santo as condies adequadas para que possamos reconhecer a sua Palavra. O prprio Deus, na sua vontade de se manifestar, de entrar em contato conosco, de se fazer presente na nossa histria, torna-nos capazes de o ouvir e acolher. So Paulo exprime-o assim, com alegria e reconhecimento:

    Ns no cessamos de dar graas a Deus, porque recebestes a palavra de Deus, que de ns ouvistes, e porque a acolhestes no como palavra de homens, mas como aquilo que realmente , palavra de Deus, que age eficazmente em vs, fieis (1Ts 2,13).

    Deus revelou-Se mediante palavras e obras em toda uma longa histria de amizade com o homem, que culmina na Encarnao do Filho de Deus e no seu Mistrio de Morte e Ressurreio.

    Deus no s se revelou na histria de um povo, nem falou s por meio dos Profetas, mas atravessou o seu Cu para entrar na terra dos homens como homem, para que pudssemos encontr-lo e ouvi-lo. E de Jerusalm o anncio do Evangelho da salvao propagou-se at aos confins da terra. A Igreja, nascida do lado de Cristo, tornou-se portadora de uma esperana nova e slida: Jesus de Nazar, crucificado e ressuscitado, Salvador do mundo, que est sentado direita do Pai e Juiz dos vivos e dos mortos.

    Este o kerygma (), o anncio central e impetuoso da f. Mas desde o incio levantou o problema da regra da f, ou seja, da fidelidade dos crentes verdade do Evangelho, na qual permanecer firmes, verdade salvfica sobre Deus e sobre o homem, que se deve conservar e transmitir. So Paulo escreve: Recebereis a salvao, se o mantiverdes [o Evangelho] como vo-lo anunciei. Caso contrrio, em vo tereis abraado a f (1Cor 15,2).

    Mas onde encontramos a frmula essencial da f? Onde encontramos as verdades que nos foram fielmente transmitidas e que constituem a luz para

  • 16

    a nossa vida diria? A resposta simples: no Credo, na Profisso de F, ou Smbolo da F, ns relacionamo-nos com o acontecimento originrio da Pessoa e da Histria de Jesus de Nazar; torna-se concreto quanto o Apstolo das naes dizia aos cristos de Corinto: Transmiti-vos primeiramente o que eu mesmo tinha recebido: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia (1Cor 15,3-4).

    A f dom de Deus, mas tambm ato profundamente livre e humano. O Catecismo da Igreja Catlica afirma-o claramente:

    O ato de f s possvel pela graa e pelos auxlios interiores do Esprito Santo. Mas no menos verdade que crer um ato autenticamente humano. No contrrio nem liberdade nem inteligncia do homem (n. 154).

    Alis, envolve-as e exalta-as, numa aposta de vida que como que um xodo, ou seja, um sair de ns mesmos, das nossas seguranas, dos nossos esquemas mentais, para nos confiarmos ao de Deus que nos indica o seu caminho para alcanar a liberdade verdadeira, a nossa identidade humana, a alegria do corao, a paz com todos. Crer confiar-se com toda a liberdade e com alegria ao desgnio providencial de Deus sobre a histria, como fez o patriarca Abrao, como fez Maria de Nazar. Ento, a f um assentimento com que a nossa mente e o nosso corao dizem o seu sim a Deus, professando que Jesus o Senhor. E este sim transforma a vida, abre-lhe o caminho rumo a uma plenitude de significado, tornando-a assim nova, rica de jbilo e de esperana confivel.

    1. A f da Igreja.

    um dom que transforma a existncia, porque nos faz entrar na mesma viso de Jesus, o qual age em ns e nos abre ao amor a Deus e aos outros.

    A f tem um carter s pessoal, individual? Diz respeito s minha pessoa? Vivo a minha f individualmente? Decerto, o ato de f eminentemente pessoal, o qual se realiza no ntimo mais profundo e marca uma mudana de direo, uma converso pessoal: a minha existncia que recebe uma mudana, uma orientao nova. Na Liturgia do Batismo, no momento das promessas, o celebrante pede para manifestar a f catlica e formula trs perguntas: Credes em Deus Todo-Poderoso? Credes em Jesus Cristo seu nico Filho? Credes no Esprito Santo?

    Antigamente estas perguntas eram dirigidas pessoalmente a quantos deveriam receber o Batismo, antes de os imergir trs vezes na gua. E tambm hoje a resposta dada no singular: Creio. Mas este meu crer no o resultado de uma minha reflexo solitria, nem o produto de um meu pensamento, mas fruto de uma relao, de um dilogo, no qual h um ouvir, um receber e um responder; o comunicar com Jesus que me faz sair do meu eu fechado em mim mesmo para me abrir ao amor de Deus Pai. como um renascimento no qual me descubro unido no s a Jesus, mas tambm a todos os que caminharam e caminham na mesma senda; e este novo nascimento, que inicia com o Batismo, continua por todo o percurso da existncia. No posso construir a minha f pessoal num dilogo privado com Jesus, porque a f me doada por Deus atravs duma comunidade crente que a Igreja e, desta

  • 17

    maneira, me insere na multido dos crentes numa comunho que no s sociolgica, mas radicada no amor eterno de Deus, que em Si mesmo comunho do Pai, do Filho e do Esprito Santo, Amor trinitrio. A nossa f s deveras pessoal, se for tambm comunitria: s pode ser a minha f, se viver e se mover no ns da Igreja, se for a nossa f, a f comum da nica Igreja.

    Aos domingos, durante a Santa Missa, recitando o Credo, ns expressamo-nos em primeira pessoa, mas confessamos comunitariamente a nica f da Igreja. O Credo pronunciado singularmente une-se ao de um imenso coro no tempo e no espao, no qual cada um contribui, por assim dizer, para uma polifonia concorde na f.

    O Catecismo da Igreja Catlica resume de modo claro: Crer um ato eclesial. A f da Igreja precede, gera, apoia e nutre a nossa f. A Igreja a Me de todos os crentes. Ningum pode dizer que tem Deus como Pai se no tiver a Igreja como Me [So Cipriano] (n. 181). Portanto, a f nasce na Igreja, conduz para ela e vive nela. importante recordar isto.

    No inicio do acontecimento cristo, quando o Esprito Santo desce com poder sobre os discpulos, no dia de Pentecostes como narram os Atos dos Apstolos (cf. 2,1-13) a Igreja nascente recebe a fora para atuar a misso que lhe foi confiada pelo Senhor ressuscitado: difundir o Evangelho em todos os cantos da terra, a boa nova do Reino de Deus, e, deste modo, guiar todos os homens para o encontro com Ele, para a f que salva. Os Apstolos superam todos os temores proclamando o que tinham ouvido, visto, experimentado pessoalmente com Jesus. Pelo poder do Esprito Santo, iniciam a falar lnguas novas, anunciando abertamente o mistrio do qual foram testemunhas. Depois nos Atos dos Apstolos -nos referido o grande discurso que Pedro pronuncia precisamente no dia de Pentecostes.

    Ele comea com um trecho do profeta Joel (3,1-5), referindo-o a Jesus, e proclamando o ncleo central da f crist: Aquele que beneficiou todos, que foi reconhecido junto de Deus com prodgios e sinais importantes, foi pregado na cruz e morreu, mas Deus ressuscitou-o dos mortos, constituindo-o Senhor e Cristo. Com Ele entramos na salvao definitiva anunciada pelos profetas e quem invocar o seu nome ser salvo (At 2,17-24). Ao ouvir estas palavras de Pedro, muitos se sentiram pessoalmente interpelados, arrependeram-se dos prprios pecados e fizeram-se batizar, recebendo o dom do Esprito Santo (At 2,37-41). Assim iniciou o caminho da Igreja, comunidade que transmite este anncio no tempo e no espao, comunidade que o Povo de Deus fundado na nova aliana graas ao sangue de Cristo e cujos membros no pertencem a um particular grupo social ou tnico, mas so homens e mulheres provenientes de todas as naes e culturas. um povo catlico, que fala lnguas novas, universalmente aberto a acolher todos, alm dos confins, abatendo todas as barreiras. Diz So Paulo: No h mais grego nem judeu, nem circunciso nem incircunciso, nem brbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas Cristo, que tudo em todos (Cl 3,11).

    Referncias bibliogrficas. a) Especfica:

    BECKHUSER, Alberto. A liturgia da Missa: Teologia e Espiritualidade da Eucaristia. Petrpolis: Vozes, 19887.

  • 18

    Constituio Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. In. COMPNDIO DO VATICANO II: constituies, decretos e declaraes. Petrpolis: Vozes, 19684.

    Instruo Geral sobre o Missal Romano (Ordenacin del Misal Romano). 3 edio. Comentrios de Jose. Aldabbal. So Paulo: Paulinas, 2007.

    JUGMANN, Josef Andreas. Missarum Sollemnia: origens, liturgia, histria e teologia da Missa Romana (Missarum Sollemnia); trad. Monika Ottermann, 5 ed. corr. So Paulo: Paulus, 2008.

    NEUHHEUSER, B. et al. A Liturgia: momento histrico da salvao (Anmnesis, 1). So Paulo: Paulinas, 1986.

    ASSEMBLEIA PLENRIA DOS BISPOS. Via pulchritudinis: O caminho da beleza. Caminho privilegiado de evangelizao e de dilogo. trad. Cludio Pastro; rev. de traduo Mosteiro Nossa Senhora da Paz. So Paulo: Loyola, 2007.

    RATZINGER, Joseph. Introduzione allo spirito della liturgia. Roma: San Paolo/ Cinisello Balsamo, 2001 (Der Geist der Liturgie: Eine Einfuhrung, 2000).

    b) Complementar:

    BALANCIN, E. M. Como ler o Evangelho de Marcos: Quem Jesus? So Paulo: Paulus, 19979.

    BORTOLINI, J. O evangelho de Marcos: para uma catequese com adultos. So Paulo: Paulus, 20032.

    DA SILVA, A. J. et al. Ele caminha vossa frente: o seguimento de Jesus pelo Evangelho de Marcos. Estudos Bblicos, Petrpolis, n. 22, 1989.

    DELORME, J. Leitura do Evangelho segundo Marcos. So Paulo: Paulus, 19975. HARRINGTON, D. J. What are they Saying about Mark? Mahwah, NJ: Paulist Press, 2005. MALONEY, E. C. Mensagem urgente de Jesus para hoje: O Reino de Deus no Evangelho de Marcos. So Paulo: Paulinas, 2012. MESTERS, C.; LOPES, M. Caminhando com Jesus: Crculos Bblicos do Evangelho de Marcos. So Paulo: Paulus, 2003. MESTERS, C.; OROFINO, F. O evangelho de Marcos: um roteiro de viagem tendo Jesus como guia. So Leopoldo: CEBI, 2012. VV.AA. Evangelho de Marcos: Quem Jesus?, in. Vida Pastoral. So Paulo, n. 286, setembro-outubro, 2012.