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Minuta PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DA BAHIA (PRODETUR NACIONAL BAHIA) (BR-L1300) Categoria B RELATÓRIO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL RGAS BAHIA VERSÃO 0 Abril 2012 Contribuíram para a elaboração deste documento a Equipe de Projeto integrada por: Adela Moreda (INE/RND); Joseph Milewsky ( INE/CBR) Annette Killmer ( INE/CBR) e Leonardo Corral ( INE/RND)

Minuta PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DA BAHIA ...ftp.setur.ba.gov.br/prodetur/documentosbahiabid/Relatorio Gestao... · municípios da região da BTS. A Baía de Todos os

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Minuta

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DA

BAHIA

(PRODETUR NACIONAL – BAHIA)

(BR-L1300)

Categoria B

RELATÓRIO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL

RGAS

BAHIA

VERSÃO 0

Abril 2012

Contribuíram para a elaboração deste documento a Equipe de Projeto integrada por: Adela

Moreda (INE/RND); Joseph Milewsky ( INE/CBR) Annette Killmer ( INE/CBR) e Leonardo

Corral ( INE/RND)

ÍNDICE

1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................

2. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................

3. DESCRIÇÃO DO PROJETO ..........................................................................................................

4. ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS ......................................................................................

5. CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BAÍA DE TODOS-OS-SANTOS ..................................

6. POTENCIAIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E RISCOS

6.1- SITUAÇÃO ATUAL DA BTS

6.2- PERSPECTIVAS FUTURAS

7. GESTÃO SÓCIOAMBIENTAL DO PROGRAMA

8. CONSULTA PÚBLICA .................................................................................................................

9. CUMPRIMENTO DE SALVAGUARDAS AMBIENTAIS 10 ARGUMENTAÇÕES FINAIS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AGERBA – Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia BAHIATURSA – Empresa de Turismo da Bahia S/A BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, com sede em Washington, .C., EUA, ou qualquer fundo administrado pelo Banco. CamBTS – Significa Câmara de Turismo do Polo Baía de Todos-os-Santos CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia SAEB – Secretaria da Administração do Estado da Bahia SETUR - Secretaria de Turismo do Estado da Bahia SEDUR – Secretaria de Desenvolvimento Urbanao do Estado da Bahia SEPLAN - Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia SEFAZ –Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia SEINFRA - Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia SETRE – Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esportes SUDESB – Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia SECULT - Secretaria de Cultura do Estado da Bahia DERBA - Significa Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia SEMA - Significa Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia EMBASA - Significa Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A da Bahia. PBA Plano Básico Ambiental PGE - Significa Procuradoria geral do Estado da Bahia PDITS – Significa Plano Integrado de Desenvolvimento do Turismo Sustentável LP- Licença Prévia IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia INEMA – Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos UCP – Significa Unidade de Coordenação do Programa ZTBTS- Zona Turística Baía de Todos-os-Santos

1- APRESENTAÇÃO

Esta minuta do Relatório de Gestão Ambiental e Social – RGAS integra parte da

documentação solicitada pela equipe do Banco Interamericano de Desenvolvimento-

BID durante a Missão de Orientação do Programa de Desenvolvimento Turístico do

Estado da Bahia, no âmbito do Prodetur Nacional, que ocorreu no período de 15 a 20 de

janeiro de 2012 na Secretaria de Turismo do Estado da Bahia-Setur.

O RGAS apresenta, com base na Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), uma síntese

das informações sobre os principais aspectos da Zona Turistica Baía de Todos-os-

Santos, área objeto do Prodetur Nacional na Bahia, além da incorporação de temas

chaves solicitados pela equipe do BID, por ocasião da Missão, com o objetivo de

avançar, em mais uma etapa, no desenho da operação no estado.

Assim, esta minuta do RGAS está dividida em dez sessões, incluindo esta apresentação,

onde serão mostradas as informações acima referidas.

2- INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo- Prodetur Nacional tem como

objetivo principal gerar condições para a implementação, pelo Ministério do Turismo-

MTur, do Plano Nacional de Turismo. Como objetivos específicos: (a) contribuir para

aumentar a capacidade de competição dos destinos turísticos brasileiros; e (b)

consolidar a política turística nacional, por meio de gestão pública descentralizada,

participativa e em cooperação com os diferentes níveis da administração pública federal,

estadual e municipal.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento- BID, com sua longa experiência no setor

de desenvolvimento turístico no Brasil, apóia técnica e financeiramente o Prodetur

Nacional nos estados brasileiros de forma alcançar seus objetivos. Como nas

experiências anteriores o BID elaborou e disponibilizou aos participantes os critérios de

elegibilidade do Programa entre eles o cumprimento com os requisitos e

direcionamentos estabelecidos no Manual de Planejamento e Gestão Ambiental e Social

-MPGAS e nos Anexos Técnicos do Manual de Operações do Programa -MOP, para

serem utilizados em todas as operações realizadas pelo Estado. O MPGAS e o MOP e

seus anexos técnicos são instrumentos essenciais tanto para a preparação do Programa

como para a execução das ações por parte das entidades participantes (executor e órgãos

setoriais e municípios) durante a execução do Prodetur Nacional.

O Prodetur Nacional no estado da Bahia se concentrará na Zona Turística Baía de

Todos-os-Santos-ZTBTS, onde foi desenvolvido o Plano de Desenvolvimento Integrado

do Turismo Sustentável – PDITS documento que integra a documentação referente ao

Programa. Apesar deste Plano ter sugerido localidades visando, apenas, o

desenvolvimento do turismo náutico, a Setur optou por uma nova segmentação que

difere da divisão sugerida anteriormente, em função de uma melhor racionalização dos

recursos e, conseqüentemente, um maior impacto nos resultados a serem alcançados

pelo Programa.

Assim, para efeito de planejamento a Zona Turística Baía de Todos –os –Santos foi sub-

dividida em quatro áreas geográficas a saber: Metropolitana I composta pelos

municípios de de Salvador, Candeias Madre de Deus e Simões Filho; Metropolitana II

pelos municípios de Itaparica, Vera Cruz e Salinas da Margarida; Recôncavo,

Maragojipe; Cachoeira, São Félix,Santo Amaro,Saubara; e Recôncavo Sul pelos

municípios de Jaguaripe, Aratuípe e Nazaré. Acredita-se que esta subespacialização

poderá valorizar as instâncias político-administrativas estaduais e municipais e a

participação efetiva dos agentes produtivos e sociais nas ações previstas.

Estes municípios possuem uma heterogeneidade econômica, social, administrativa,

financeira e, em alguns casos, físico-territorial, além de diferentes níveis de integração,

desempenhando papéis específicos na oferta de bens e serviços. No entanto, existem

homogeneidades no modo de vida das populações que compartilham a mesma

identidade cultural. Trata-se, na verdade, de uma base geográfica de existência social,

um espaço simbólico em que a população constrói sua identidade, exprime seus

sentimentos de pertencimento e cria seu patrimônio cultural.

Esta minuta do RGAS tem os seguintes objetivos: (a) consolidar os resultados das

análises socioambientais realizadas até essa etapa de preparação do Programa de

maneira assegurar as condições de viabilidade e sustentabilidade do Prodetur na Zona

Turística Baía de Todos-os-Santos e, (b) com base nas orientações do BID finalizar este

RGAS.

No contexto do Prodetur Nacional, desde o processo de planejamento do Programa, foi

enfocado que as questões socioambientais deveriam ser tratadas segundo a sua

dimensão estratégica, numa avaliação qualitativa dos potenciais impactos positivos e

negativos associados ao planejamento do desenvolvimento turístico da área selecionada.

Para isso foi realizado um estudo de Avaliação Ambiental Estratégica com o objetivo de

avaliar os impactos ambientais e sociais do desenvolvimento da região da BTS em geral

e, do desenvolvimento turístico na BTS em particular, para dar apoio ao processo de

tomada de decisão que orientará o desenvolvimento do turismo nos diferentes

municípios da região da BTS.

A Baía de Todos os Santos é um sítio geográfico de expressiva importância econômica,

social e ecológica sendo, por meio do Decreto Estadual nº 7595 de 05 de junho de 1999,

determinada como Área de Proteção Ambiental-APA Baía de Todos os Santos. Suas

características fisiográficas favoráveis, associadas a condições ambientais privilegiadas,

levaram, no passado, a implementação de um modelo de desenvolvimento agropastoril

para a região, o qual, desde a década de 40, vem perdendo espaço para um processo

intenso de industrialização, notadamente as atividades relacionadas com as indústrias do

petróleo, química e siderúrgica. O acelerado crescimento regional promovido por este

modelo de desenvolvimento, seus inevitáveis reflexos sócio-econômicos e a

insuficiência de investimentos para o suporte dessa evolução, principalmente no setor de

meio ambiente e saneamento básico, promoveram uma acentuada degradação da

qualidade de vida das comunidades do entorno da Baía de Todos os Santos.

Maximizou-se esta situação pela fragilidade dos instrumentos institucionais disponíveis

para o combate ao uso indiscriminado dos seus recursos naturais.

A Zona Turística Baía de Todos-os-Santos, a despeito das agressões que vem sofrendo,

fornece as condições essenciais para o desenvolvimento do turístico náutico e cultural.

É possível navegar por quase toda sua extensão devido às suas águas protegidas e

propícias para a atividade náutica, as correntes marítimas e os ventos favoráveis que,

praticamente conduzem as embarcações a vela desde a Linha do Equador até a entrada

da Baía. Seu patrimônio permanece como testemunho do passado na arquitetura dos

casarões, nos engenhos, nas igrejas e, na memória mestiça do povo que se espressa por

meio de suas manifestações culturais.

Recentemente o Governo da Bahia por meio da Setur desenvolveu um Plano Estratégico

do Turismo Náutico da Baía de Todos os Santos de maneira definir um planejamento

que orientará os setores público e privado a transformar essa área num espaço

privilegiado de turismo náutico através da exploração racional dos seus recursos

naturais e culturais.

Com esta intenção a Setur propõe a participação do Estado no Prodetur Nacional por

meio de um conjunto integrado de projetos de infra-estrutura, fortalecimento da

governança local, qualificação profissional e empresarial para o turismo e, proteção do

patrimônio histórico/cultural/ambiental da ZTBTS visando a preparação dessa região

para o desenvolvimento de diversos segmentos do turismo e, sua consolidação como

destino competitivo no mercado nacional e internacional.

4- ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS

No contexto legal, as questões socioambientais relacionadas aos projetos que estão

sendo propostos, pelo Prodetur Nacional na Bahia, estarão apoiadas tanto nos preceitos

legais e requisitos técnicos da política e diretrizes do BID, como pela legislação

ambiental brasileira que rege as áreas nas quais se pretende atuar. A implantação de

todas as ações estará, seguramente, em conformidade com o Manual de Operações do

Programa-MOP e seus Anexos Técnicos, que estabelece as regras principais do

funcionamento do Programa.

No âmbito estadual, é importante mencionar que os estados brasileiros podem legislar

sobre o meio ambiente e estabelecer normas específicas sobre a gestão dos recursos

naturais, e, simultaneamente com outras esferas de governo, os estados podem atuar em

defesa do patrimônio público, dos bens culturais em todas as suas formas e a

preservação dos recursos naturais.

Nesse sentido, importante dizer que o a Baía de Todos- os- Santos foi, por meio do

Decreto nº. 7.595/99 instituída como Área de Proteção Ambiental - APA da Baía de

Todos os Santos. Da análise da matéria tratada no referido Decreto, depreende-se a

necessidade de definição das ilhas com área menor que 5.000 há, com características

naturais extraordinárias, que abrigam exemplares raros da biota regional, com pouca ou

nenhuma aglomeração urbana, para se constituírem em Áreas de Relevante Interesse

Ecológico - ARIE, nos termos do seu art. 4º. Embora ainda não possua seu Plano de

Manejo, o Termo de Referência-TR de contratação para elaboração do referido Plano da

APA Bahia de Todos–os-Santos encontra-se em fase de conclusão. Uma vez concluído,

será aberto processo seletivo, em que será escolhida a entidade mais qualificada para

atender os quesitos do TR. O término deste processo, que se dará com a assinatura do

contrato de prestação de serviço, está previsto para o mês de agosto, quando se iniciará

a construção do Plano de Manejo. Ressalta-se que serão utilizados os recursos

provenientes da

compensação ambiental. De acordo com o INEMA, o TR em construção visa subsidiar

a elaboração do Plano de Manejo da APA da Baía de Todos-os-Santos junto aos

diversos segmentos econômicos, ambientais e sociais que compõe este território, bem

como, identificar e compatibilizar os diversos Programas de Governo (quer sejam eles

Federais, Estaduais ou Municipais), as múltiplas atividades produtivas, a diversidade

étnico-cultural, com ações efetivas de proteção ao meio ambiente, de forma a assegurar

o necessário desenvolvimento econômico e social desta região com a sustentabilidade

dos seus ecossistemas.

Salienta-se, porém, que esta APA dispõe de Gestor, Conselho Gestor e Regimento

Interno. O Conselho Gestor, dentre as suas diversas atribuições, merecem destaque:

apoio a programas e projetos voltados para o desenvolvimento sustentável da APA;

manifestar-se previamente sobre planos, programas, projetos e outras atividades a serem

implementadas na APA que interfiram na conservação, defesa e melhoria do meio

ambiente, e da população local.

O Estado da Bahia estabelece por meio de sua legislação procedimentos rigorosos para

implantação, ampliação e melhoria de empreendimentos e atividades com potencial de

impacto sobre o meio ambiente. Com destaque cita-se o licenciamento ambiental,

aplicado a todas as atividades econômicas com possíveis conseqüências ambientais,

desde as etapas iniciais de planejamento do projeto ou atividade até o final de sua

realização, através da emissão de três licenças, a saber: a licença prévia (LP) que é

requerida na fase de planejamento do projeto ou da atividade; a licença de instalação

(LI) é a que autoriza o início das obras de implantação do projeto ou da atividade; e a

licença de operação (LO) é a que autoriza o funcionamento do projeto ou da atividade.

Em cada tipo de licença ficam definidas as condições de execução do projeto ou

atividade e as medidas de controle ambiental a serem adotadas pelos responsáveis.

Adicionalmente, existem as rotinas de acompanhamento das licenças concedidas pelo

Orgão Ambiental, ou seja, a fiscalização e o monitoramento dos efeitos ambientais do

empreendimento ou atividade, além do controle das normas técnicas e administrativas

que o regulam. Os requerimentos de licença e sua renovação e a respectiva concessão da

licença são, por lei, publicados no Diário Oficial do Estado da Bahia e em jornal

regional ou local de grande circulação.

Ainda em relação ao Licenciamento Ambiental, amplo é o conjunto de normas editadas,

devendo ser observadas, entre outras, as Resoluções CONAMA nºs 417/09, 413/09,

378/06, 369/06, 357/05, 237/97 e 01/86, as quais tratam de temas relacionados com a

área e a temática de interesse para os diversos programas, planos e projetos previstos

para a BTS.

Desta forma, ressalta-se que todos as atividades e ou projetos propostos no âmbito do

Prodetur Nacional na Bahia com potencial de afetar a qualidade ambiental da área ou

causar qualquer forma de poluição serão submetidos aos procedimentos de

licenciamento ambiental. Conforme a legislação, a competência para licenciar atribui-se

basicamente às entidades estaduais de meio ambiente, podendo para isto estabelecer

normas específicas para o licenciamento ambiental, bem como fixar padrões ambientais

mais restritos em suas áreas de jurisdição.

Cabe ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos –INEMA definir os critérios

de exigibilidade, o detalhamento, e os estudos ambientais necessários ao processo de

licenciamento, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o

porte e outras características das atividades e dos projetos propostos. Assim para

empreendimentos de menor porte, podem ser exigidos estudos ambientais simplificados

relacionados à sua localização, instalação, operação e ampliação e apresentados como

subsídios para a análise da licença requerida.

Para os projetos definidos pela legislação como de significativo potencial de impacto

ambiental, exige-se o cumprimento dos procedimentos de avaliação de impacto

ambiental (EIA), que prevêem a elaboração de estudo e relatório de impacto ambiental

(RIMA). A Bahia, inclusive, foi um dos primeiros estados brasileiros a exigir a

elaboração de Estudos de Impacto Ambiental para implantação de empreendimentos,

tendo, portanto, tradição nesta atividade que desde a década de 70 vem se

aperfeiçoando.

Considerando a Zona Turística BTS, foco das ações do Prodetur Nacional, não se pode

deixar de desconsiderar, também, o conteúdo das Leis nºs 9.636/98 e 8.617/93 e

4.983/04, que versa sobre temas relacionados com questões vinculadas à

patrimonialidade da União, especificamente sobre regularização, administração,

aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União; mar territorial, a zona

contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental do Brasil;

estabelecimento dos pontos para o traçado das Linhas de Base Retas ao longo da costa

brasileira, respectivamente.

Além disso, chama-se a atenção para o conteúdo do Decreto nº. 4.887/03, o qual

regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação,

demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos

quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Esse assunto é relevante para a área da BTS uma vez que nela se encontra boa parte do

Recôncavo Baiano, onde diversas áreas estão sendo objeto de análise pela Fundação

Palmares e o Incra, para posterior titulação de terras pleiteadas por comunidades

consideradas como quilombolas.

Ressalta-se, ainda, a edição da Resolução CEPRAM nº 3.965/09, que aprova a Norma

Técnica NT - 01/2009 e seus Anexos, que dispõe sobre o Gerenciamento de Risco no

Estado da Bahia. Essa Norma estabelece os critérios de exigibilidade e fornece

subsídios para a elaboração de um Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) para

empreendimentos implantados ou em implantação, no Estado da Bahia.

Considerando-se os projetos e ou as atividades específicas a serem implementados na

BTS, apontamos como normas federais aplicáveis, além daquelas já aqui mencionadas,

as abaixo listadas:

a) Lei nº. 9.966/00, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da

poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em

águas sob jurisdição nacional;

b) Resolução CONAMA nº. 398/08, que dispõe sobre o conteúdo mínimo do plano de

emergência individual para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição

nacional, originados em portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos,

sondas terrestres, plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas,

clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua elaboração;

c) Resolução CONAMA nº. 274/00, que define os critérios de balneabilidade em águas

brasileiras;

d) LEI Nº 11.478/09, que aprova o Plano Estadual de Adequação e Regularização

Ambiental dos Imóveis Rurais e dá outras providências;

e) DECRETO Nº 11.657/09, que regulamenta o Plano Estadual de Adequação e

Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais, aprovado pela Lei nº 11.478, de 01 de

julho de 2009, e dá outras providências;

f) Resolução CEPRAM nº. 2.027/99, que aprova o Termo de Referência para

elaboração do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental - APA Bahia de Todos

os Santos;

g) Resolução CEPRAM nº. 915/94, que aprova o Plano de Contingência para a Baía de

Todos- os- Santos elaborado pelo Comitê de estudos para o Controle de Poluição por

Óleo na Baía de Todos os Santos CEPOL, criado pela Resolução nº. 736, de 20.04.93;

h) Resolução CEPRAM nº. 552/92, que aprova a Norma sobre Controle de Resíduos de

Embarcações, Oleodutos e Instalações Costeiras que estabelece procedimentos e

critérios para o Controle da poluição do mar litorâneo do Estado da Bahia por

embarcações, portos, terminais, estaleiros, canteiros de fabricação ou reforma de

plataformas, refinarias, campos petrolíferos, marinas, clubes náuticos e demais

instalações costeiras, regulamentando os respectivos licenciamentos ambientais;

Na seqüência apresenta-se uma síntese pautada nas responsabilidades institucionais dos

órgãos, do setor ambiental, que integram a esfera da União; do Estado e dos Municipios

e que estão relacionados à implementação do Prodetur Nacional na Bahia.

Principais Órgãos Federais

O Ministério do Turismo- MTur como executor do Plano Nacional de Turismo, busca

gerar uma visão integral do turismo brasileiro, em concordância com uma gestão

descentralizada, porém afinada com as particularidades de cada região do País. O

Ministério do Turismo deverá, apoiar o Estado da Bahia na consecução das metas

estabelecidas a nível nacional, entre elas a meta de sustentabilidade ambiental do

turismo.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA, autarquia federal integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente -

SISNAMA atua, principalmente, no licenciamento de empreendimentos e atividades

que envolvam significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, de

acordo com disposições constantes especialmente no art. 10 da Lei nº. 6.938/81 e do art.

4º da Resolução CONAMA nº. 237/07.

A Capitania dos Portos, por sua vez, compete fornecer parecer mediante consulta prévia

para início da execução de obras públicas ou particulares localizadas sob, sobre e às

margens das águas jurisdicionais brasileiras.

No que se refere especificamente ao Programa de Maricultura, que será comentado

neste RGAS, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República -

SEAP/PR exerce importante papel, pois a este órgão incumbe manifestar-se quanto à

conveniência e oportunidade da implantação do projeto proposto além de conceder

licenças, permissões e autorizações para o exercício da pesca comercial e artesanal e da

aqüicultura nas áreas de pesca do território nacional, compreendendo as águas

continentais e interiores e o mar territorial da Plataforma Continental, da Zona

Econômica Exclusiva, áreas adjacentes e águas internacionais.

A Secretaria do Patrimônio da União - SPU/MP, órgão subordinado diretamente ao

Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, cabe conceder autorização

de uso dos espaços físicos em corpos d’água de domínio da União dos projetos

aprovados pela SEAP/PR, além de outorga para utilização de imóvel, em se tratando de

terrenos de marinha, e acrescidos de marinha, bem como nos demais bens de domínio

da União, na forma estabelecida no Decreto-Lei nº. 9.760/46.

Principais Órgãos Estaduais

A Secretaria de Meio Ambiente – SEMA compete, dentre outras funções, fornecer

pronunciamento prévio sobre a implantação de empreendimentos e atividades sujeitos

ao licenciamento ambiental em Unidades de Conservação e sua Zona de

Amortecimento.

A SEMA, por meio da Portaria SEMA nº 55/10, instituiu Grupo de Trabalho de

Otimização de Normas e Procedimentos relativos às licenças e autorizações ambientais,

no âmbito dos órgãos e entidades que integram a estrutura desta Secretaria. Além disso,

ressalta-se, também, a instituição de Núcleo Técnico de Sistema de Informações

Ambientais, no âmbito dos órgãos e entidades que integram a estrutura administrativa

do SEMA, para definir diretrizes, identificar e integrar as ações relativas à

reestruturação do Sistema Estadual de Informações Ambientais - SEIA, fato esse que

será essencial para a eficácia do sistema de licenciamento ambiental do Estado.

A Câmara de Compensação Ambiental - CCA, um dos mais recentes colegiados

instituídos na estrutura organizacional do Poder Executivo Estadual. Trata-se de um

órgão de natureza deliberativa, vinculado à SEMA, criada e instituída através da

Portaria nº 57 de 04 de maio de 2001, cujas principais finalidades são: orientar,

coordenar, supervisionar e avaliar as atividades e prioridades referentes à compensação

ambiental. Nesse sentido, deve propor critérios de graduação de impactos ambientais e

procedimentos administrativos e financeiros para execução da compensação ambiental,

bem como propor a normatização necessária a esse fim.

No Estado da Bahia, como mencionado, a instituição responsável pela execução das

ações e programas relacionados à Política Estadual de Meio Ambiente; a de Proteção à

Biodiversidade; a Política Estadual de Recursos Hídricos; e a Política Estadual sobre

Mudança do Clima é o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). O

INEMA foi criado através da lei nº 12.212 de 4 de maio de 2011, promovendo a

integração do sistema de meio ambiente e recursos hídricos do Estado da Bahia.

Ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, autarquia vinculada à

Secretaria de Cultura, no seu papel de executar a política de preservação do patrimônio

cultural da Bahia, incumbe examinar projetos de intervenção em bens protegidos,

emitindo parecer conclusivo.

Outra importante instituição no contexto ambiental do Estado da Bahia é o Conselho

Estadual de Proteção Ambiental -Cepram, o primeiro criado no Brasil, que mantém as

funções de natureza consultiva, normativa, deliberativa e recursal, com o objetivo de

planejar e acompanhar as políticas de meio ambiente. Importante enfatizar, também, que

o Cepram é o responsável por estabelecer quais os empreendimentos e atividades

considerados como de impacto local, para efeito de licenciamento ambiental, fato esse

que se concretizou com a edição de sua Resolução nº 3.925/09, cabendo-lhe, também,

decidir, em grau de recurso, como última instância administrativa, sobre o

licenciamento ambiental e as penalidades administrativas impostas pelo Inema.

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos-Conerh, órgão superior do Sistema Estadual

de Gerenciamento de Recursos Hídricos, de caráter normativo, deliberativo, recursal e

de representação, cabe, dentre outras funções, estabelecer normas para implementação

da Política Estadual de Recursos Hídricos e para a aplicação de seus instrumentos;

aprovar o Plano Estadual de Recursos Hídricos e acompanhar a sua implementação.

O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica na Bahia - CERBMA-BA

tem por objetivo apoiar e coordenar a implantação da Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica no Estado - RBMA, priorizando a conservação da biodiversidade, o

desenvolvimento sustentável e o conhecimento científico e tradicional, funcionando

como órgão colegiado, vinculado ao Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica - CNRBMA.

A SEMA e o CEPRAM estão autorizando os municipíos a participarem do Programa

de Gerenciamento Ambiental Compartilhado – GAC – concedendo autorização para

emissão de licenciamento, dentre outras ações, quando atendem às exigências

organizacionais e competências. Na BTS já foram reconhecidos pelo Cepram os

municípios de Candeias – Resolução nº 4.051/10, Saubara – Resolução nº 4.226/11 e

Santo Amaro – Resolução nº 4.227/11.

Principais Órgãos Municipais

No âmbito Municipal, há de se verificar as normas ambientais e urbanísticas dos

Municípios da BTS envolvidos no Prodetur Nacional, cabendo ressaltar que incumbe

aos municípios o licenciamento ambiental de empreendimentos de impacto local, nos

termos do art. 6o da Resolução CONAMA nº 237/97.

As Secretarias Municipais de Turismo são encarregadas da gestão e da promoção do

turismo, e em alguns casos podem acumular também funções voltadas para o

desenvolvimento da cultura, infraestrutura e do esporte.

Os Órgãos Municipais de Turismo são apoiados pelos respectivos Conselhos

Municipais de Turismo que ajudam a planejar e acompanhar a execução das ações

locais, de uma forma participativa e integrada com outros setores.

Já o Fórum Estadual de Turismo, como parte integrante do Programa de Gestão

Descentralizada preconizado pelo Plano Nacional de Turismo –PNT reuni-se

trimestralmente tendo dentre suas competências: propor, monitorar, avaliar e validar

políticas, planos, programas e projetos para o desenvolvimento do turismo no Estado da

Bahia, de forma integrada, articulada e sustentável. A Instituição que representa a BTS

no Fórum Estadual de Turismo é a Câmara de Turismo Baía de Todos os Santos.

Representantes dos municípios da BTS participam do Forum Estadual de Turismo.

Merece mencionar que no município de Maragogipe, foi instituído o Sistema Municipal

de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SISMAD que é composto pelo

Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável-CMMA, pelos

Órgãos de Coordenação, Controle e Execução da Política Ambiental e Urbana do

Município e pelos Órgãos Setoriais, Executores da Política Urbana e de Meio

Ambiente.

O órgão de Coordenação, Controle e Execução da Política Ambiental e Urbana do

município de Maragogipe, se insere na estrutura administrativa da Secretaria de

Infraestrutura, já que não conta com uma secretaria específica para a área ambiental.

O IBAMA e o Instituto Chico Mendes têm sede no Município de Maragogipe, o qual é,

ainda, sede do Conselho Gestor da RESEX Baia do Iguape, que é uma Unidade de

Conservação instituída pela União e sob a gestão do Instituto Chico Mendes.

Além disso, chama-se a atenção para o conteúdo do Decreto nº. 4.887/03, o qual

regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação,

demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos

quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Há que se destacar que, o Estado da Bahia instituiu sua Política Estadual para as

Comunidades Remanescentes de Quilombos, através do Decreto nº 11.850/09.

Apesar da existência de comunidades quilombolas em alguns municípios onde o

Programa irá atuar, importante salientar que as áreas, onde estão sendo previstas

intervenções, não se constituem territórios de Comunidades Remanescentes de

Quilombos.

5- CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BAÍA DE TODOS-OS-SANTOS

Esta seção apresenta uma breve síntese dos principais aspectos históricos e geográficos;

fisiográficos e morfométricos da BTS, já detalhados no documento AAE, além de

informações adicionais relativas a outros projetos planejados para a região da BTS com

destaque para aqueles referentes à industria naval e a aquicultura.

Para tanto, além da AAE serão utilizadas informações adquiridas, durante visitas

técnicas realizadas pela equipe da Setur nos seguintes locais: na Secretaria da Industria

Comercio e Mineração; na Bahia Pesca; no INEMA; na Embasa e na Secretaria de

Meio Ambiente –SEMA. Adicionalmente, serão também utilizados dados publicados na

literatura técnica e científica, bem como informações de campo obtidos e gerados pela

Universidade Federal da Bahia-UFBA de trabalhos em parceria com o INEMA

identificados quando da visita técnica, e, como de praxe indicadores de pesquisas do

IBGE e da Fipe.

Aspectos históricos e geográficos: breve síntese

Por sua dimensão, diversidade e beleza a Baía, acidente geográfico que determinou o

nome do Estado, entusiasma os visitantes e é causa de orgulho dos baianos.

Em contraste com a costa nordestina, com seus extensos contornos retilíneos de praias,

a Baía de Todos os Santos apresenta um número imenso de reentrâncias, representada

por outras baías, enseadas e uma região litoral bastante extensa, resultante das 56 ilhas

existentes ( Ver figura nº 1).

Figura nº 1-Fonte: DERBA,2010.

A existência da Baía de Todos–os-Santos é atribuída a acidentes tectônicos pós-

cretáceos, que deprimiram numa profunda fossa o pacote de sedimentação triássico-

cretáceo e propiciou condições de aparecimento de petróleo no seu entorno e suas águas

( Brito, 1994).

Em meio ao que era a outrora intransponível Mata Atlântica, a escarpa que segue

paralela à sua porção leste, a qual divide a cidade de Salvador em dois horizontes

distintos ( que vieram a formar as cidades Alta e Baixa), as ilhas, suas pequenas baías e

enseadas, além dos rios, fizeram com que a região tivesse a preferência dos

colonizadores de outrora.

As trocas de bens exóticos com os indígenas, a exploração do pau-brasil, a pesca

abundante de peixes e crustáceos, o cultivo da cana-de açucar, a industria fumageira, a

pecuária, e a industria e seus serviços correlatos marcaram um período da história

baiana e se configuraram em épocas relevantes, dentro do contexto histórico e

sócioeconomico da Bahia.

As facilidades de penetração da baía para o interior, através de rios de boa

navegabilidade, tornaram possível a proliferação de engenhos em suas margens, sendo

encontrados, até o presente, no Subaé, Paraguaçu, Jaguaribe e na franja norte da BTS.

Como visto na AAE até a década de 1940, a industrialização do Recôncavo tinha como

base a produção agrícola, principalmente voltada para exportação.

A partir daquela década, a economia da região começou a se transformar, aproveitando-

se da produção de energia pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco, em Paulo

Afonso, que abriu possibilidades para uma mudança do perfil produtivo existente. A

oferta abundante de energia viabilizou a produção agroindustrial, que se voltou para o

abastecimento de Salvador (Bahia, 2000).

A partir de 1950, entretanto, ao mesmo tempo em que alguns investimentos importantes

influenciaram o desenvolvimento socioeconômico do estado e, mais intensamente, da

capital, verificou-se um empobrecimento crônico dos Recôncavos fumageiro, do açúcar

e de subsistência. A região desestruturou-se e fragmentou-se como resultado da

decadência econômica dos centros de produção do açúcar e do fumo, além da ampliação

do espaço real de influência de Salvador, seja pela maior capilaridade e competitividade

da malha de transporte rodoviário, seja pela concentração do ciclo de modernização da

economia baiana - liderado pela indústria - na Região Metropolitana de Salvador.

A partir dos anos sessenta, a cidade do Salvador começa a se expandir em direção

nordeste, saindo do binômio inicial de Cidade Alta e Cidade Baixa, ocupando outros

espaços, por meio da criação de novas opções viárias e de oferta de mão de obra, tais

como: o Centro Administrativo da Bahia-CAB, o Centro Industrial de Aratu e o Pólo

Petroquímico de Camaçari. A região então se reformula e se reorganiza em função das

estratégias do modelo economico vigente, com impactos negativos na qualidade

ambiental das águas da Baía.

Deve-se mencionar que o processo de industrialização na Baía de Todos- os- Santos

iniciou-se em uma época em que os critérios e formas de controle ambiental eram

inexistentes. Além disso, as cidades brasileiras, e Salvador não é exceção, tiveram no

passado recente uma taxa de crescimento desordenado e os investimentos dos setores

públicos e privados não conseguiram acompanhar as necessidades da população. Isto

aconteceu em diversos setores e, o caso do saneamento ambiental é um dos que mais

salta aos olhos.

A cidade do Salvador, portanto, foi transformada e remoldulada em razão da rápida e

crescente ocupação, com sérias consequencias no meio ambiente físico e urbano.

Entretanto, hoje a região, dezenas de anos depois de descarecterização e, mesmo

apresentando sinais de degradação ambiental, em diferentes níveis, suas praias arenosas,

seus mangues e estuários, o movimento das marés e a silhueta das embarcações

características da área fazem ainda com que, sob um céu azul iluminado, não se possa

negar a beleza da paisagem existente na Baía de Todos-os-Santos.

Aspectos fisiográficos

A Baía de Todos-os-Santos contém três baías menores ( Baía de Aratu, Baía de Iguape,

e a Enseada dos Tainheiros) e desempenha importante função portuária, abrigando os

portos de Aratu e Salvador, além de alguns terminais ligados à industria petrolífera,

petroquímica e mineral. Em seus trechos mais interiores apresenta interpenetrações no

continente através de baixos cursos fluviais afogados (rios) como, por exemplo, o do

Rio Paraguaçu e do Rio Subaé.

O ambiente hidrográfico da área em estudo abrange partes de três bacias hidrográficas

regionais: i) Recôncavo Norte; Paraguaçu e Recôncavo Sul.

A Bacia do Recôncavo Norte está representada na área pelos rios e trechos que

desembolcam na porção norte da Baía, destacando-se o Rio Subaé e seus afluentes.

Em sua porção leste, a Bacia do Paraguaçu está principalmente representada na área

pelo próprio Rio Paraguaçu, que constituía o maior aporte de água fluvial para a Baía,

nesta zona, diminuido após 1985 com a operacionalização da Barragem de Pedra do

Cavalo.

A Bacia do Recôncavo Sul está representada na área, principalmente, pelo Rio

Jaguaripe, cuja foz situa-se próxima à entrada do Canal de Itaparica, com muita pouca

influência sob o regime hidrológico da BTS. De um modo geral, os rios principais da

área são de baixo gradiente e de fundo chato colmatado, e a rede hidrográfica exibe

típico padrão dentrítico ( CRA, 1982).

Basicamente dois climas caracterizam o Recôncavo e a Baía de Todos –os –Santos: o

úmido e o superúmido, este ultimo abrangendo a porção sul da Baía, incluíndo a Ilha de

Itaparica e parte dos municípios de Salinas da Margarida e Jaguaripe, com precipitação

anual superior a 2.000 mm. O clima úmido compreende a maior parte da Baía, e é

caracterizado por totais pluviométricos anuais entre 1.750 e 2.000 mm, com elevada

média térmica anual e deficiência hídrica no solo, sempre inferior a 200 mm.O clima

úmido forte é preponderante na parte dos municípios da BTS, principalmente em sua

porção leste; o clima úmido fraco se faz presente na maior parte do município de Santo

Amaro e grande parte da Penísula de Saubara-Iguape( Brasil, 1981).

As maiores temperaturas ocorrem em janeiro, fevereiro e março, ao redor de 30ºC,

principalmente devido à maior incidência de radiação solar durante o verão do

Hemisfério Sul. As menores temperaturas ocorrem em julho, agosto e setembro, entre

21ºC e 22ºC, associadas à menor quantidade de radiação incidente e à entrada de frentes

frias, ou seus vestígios, provenientes do sul. A umidade relativa possui pouca

variabilidade sazonal, atingindo o máximo de 83% em maio e o mínimo de 79%.

O padrão de ocorrência dos ventos na BTS é caracterizado pelo domínio de ventos de

leste, com ocorrência de ventos de N/NE e SE, de acordo com Servain et al (1996),

dados coletados na localidade de Madre de Deus de 1999 a 2001 e outras fontes como

dados de reanálises do National Centers for Environmental Prediction (NCEP) (Kalnay

et AL, 1996). Esse ciclo depende diretamente da variabilidade da alta subtropical do

Atlântico do Sul, entre outros fatores.

A velocidade média dos ventos horários no período de 1999 a 2001 foi de 2,96m/s. A

ocorrência de ventos calmos, com magnitudes menores que 0,5 m/s, foi de 2,05%.

O vento de NE está presente no período de verão e suas transições (primavera e outono),

envolvendo os meses de outubro a março. Por outro lado, o vento de SE está mais

presente no período de inverno e suas transições (outono e primavera), bem como à

eventual chegada de frentes frias. No período de inverno, com a chegada de frentes

frias, os ventos de SE apresentam maior variabilidade de intensidade e direção, e rajadas

máximas de aproximadamente 11,6 m/s-1 foram registradas nesta direção.

Na ausência de fenômenos de grande escala como sistemas frontais, o aquecimento

diferencial entre a superfície aquática e o continente causa circulações que favorecem a

formação de nuvens convectivas. Durante o dia, a superfície continental fica mais

aquecida do que a superfície aquática da BTS e das águas marinhas adjacentes. Esse

gradiente de temperatura gera uma circulação com ar quente e úmido ascendente sobre

o continente favorecendo a formação de nuvens. Por outro lado, durante o período

noturno, o continente se resfria mais rapidamente que massa de água devido à perda

radioativa de ondas longas e, portanto, fica mais frio do que as superfícies aquáticas

adjacentes. Este gradiente é mais forte durante o outono e o inverno quando existe um

maior contraste de temperatura entre o continente e o mar. O gradiente gera uma

circulação de brisa continental que eventualmente converge com os ventos alísios de

leste. Essa convergência pode causar maior movimento ascendente e, com isso, formar

precipitação noturna em toda a extensão da costa leste do nordeste

De uma maneira geral, o clima tropical úmido, ao qual está submetida a região, aparece

como um forte agente condicionante dos geossistemas, favorecendo, principalmente, a

presença de solos minerais, profundos e distróficos, que ocorrem em áreas de relêvo

dissecado devido à erosão intensa sofrida pelas formações geológicas,

predominantemente sedimentares, e também à perenidade dos rios e das bacias

hidrográficas da região.

Diante do exposto pode-se observar que a temperatura e o clima na BTS se apresentam

bastante favoráveis as atividades recreativa e náutica, contribuindo para garantir uma

navegação segura e tranqüila, em conseqüência dos ventos que sopram na região e, a

regularidade pluviométrica que se observa durante quase todo o período do ano. Esta

afirmação é constatada pela ausência, de acidentes em diversos tipos de embarcações e,

pela segurança que oferece aos navegadores em função da ausência de interferência

climáticas mais rigorosas durante todo o ano, como acontece, ocasionalmente ou

sazonalmente, em outros destinos náuticos. Este fato é confirmado por meio de

observações feitas pelos navegantes locais e visitantes da BTS.

Aspectos morfométricos

A Baía de Todos os Santos (BTS), está localizada no Estado da Bahia, região costeira

central do Brasil e ocupa uma área total de 1.233 km2. Apresenta, aproximadamente,

184 Km de extensão costeira, da Ponta do Garcez até o Farol de Santo Antônio,

extensão esta equivalente à costa do estado de Pernambuco. A Baía de Todos os Santos

Dentro da Baía encontram-se, ainda, mais de 56 ilhas, as quais apresentam 221 km de

extensão litorânea, sendo 98 km destes relativos à Ilha de Itaparica. Além disto, a BTS é

recortada por mais duas baías, a de Iguape e a de Aratu, as quais apresentam mais 40 e

17 km, respectivamente, de costa. O perímetro costeiro da Baía é de aproximadamente

462 km, além de 30 km de orla da cidade de Salvador, que se localiza fora dela.

Desta extensa costa, 55 km (12%) são de áreas urbanas de 9 dos 12 municípios que margeiam a Baía. As áreas urbanas apresentam, em sua maioria, praias arenosas e/ou rochosas. 58% correspondem a praias arenosas e/ou rochosas fora de áreas urbanas. Os 268 km de praias se constituem numa das mais populares opções de lazer das populações do Recôncavo Baiano, isto graças às suas águas calmas, rasas e de rara beleza.

Os 139 km (30%) de costa restantes compõem-se de manguezais, locais que ampliam a beleza visual das praias da Baía. Mais que isto, são áreas nobres de produção de

alimentos tais como crustáceos (caranguejo, aratu, siri, camarão), moluscos (lambreta, ostra, sururu, papa-fumo) e peixes diversos (tainha, robalo e arraia). Além desta produção direta de alimentos, há ainda a produção indireta, uma vez que nos manguezais se reproduzem e/ou se desenvolvem, na juventude, as mais importantes espécies pesqueiras, às custas das mais elevadas taxas de produtividade biológica conhecidas entre os ecossistemas da Terra (CRA,1982).

A Baía de Todos os Santos é considerada pelo Ministério do Meio Ambiente- MMA

como área prioritária para a conservação da biodiversidade costeira e marinha, por ter

diversidade biológica de extrema importância e ainda insuficientemente conhecida,

inclusive para muitos grupos taxonômicos (MMA, 2002).

O Governo do Estado da Bahia, como já mencionado, por meio do Decreto Estadual nº

7595 de 05 de junho de 1999, criou a APA Baía de Todos os Santos, com área

aproximada de 800 km² e envolvendo as águas marítimas, os manguezais e um conjunto

de 56 (cinquenta e seis) ilhas pertencentes aos municípios de Salvador, Madre de Deus,

Candeias, Simões Filho, São Francisco do Conde, Santo Amaro, Cachoeira, Saubara,

Itaparica, Vera Cruz, Jaguaripe, Maragojipe, Salinas da Margarida e Aratuípe. Esta

Unidade de Conservação foi criada com o objetivo de preservar os remanescentes da

floresta da Mata Atlântica nas Ilhas; proteger as águas doces salobras e salinas;

preservar os manguezais; disciplinar o uso e ocupação do solo; e promover o

desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis.

Outras ações também visam conservar e preservar riquezas naturais, culturais e

históricas da BTS como a criação da APA Lago de Pedra do Cavalo; a criação da

Reserva Extrativista Marinha da Baía de Iguape; a criação do Parque Florestal e

Reserva Ecológica da Ilha de Frades; a criação do Parque Florestal e Reserva Ecológica

de Itaparica; o projeto de Gerenciamento Costeiro-Gerco; o Programa de

Monitoramento Ambiental do Inema; o plano de Desenvolvimento Sustentável da Pesca

Artesanal e da Aquicultura na BTS e Iguape, dentre outras.

Com relação ao movimento de águas na Baía de Todos-os-Santos várias premissas

podem ser levantadas. A primeira é a de que o volume de água recebido e devolvido por

ela, durante a preamar e a baixa-mar, é de aproximadamente 2,23 x 109 m3. A segunda

é que, atualmente, a contribuição de água de rios na Baía é pequena, pois o Rio

Paraguaçu, que antes contribuía com considerável volume de água para seu interior,

teve seu fluxo reduzido, após a construção da Barragem de Pedra do Cavalo, localizada

16 km à montante da Baía de Iguape.

As pequenas bacias hidrográficas que afluem à BTS foram estudadas pelo (CRA,2001)

para melhor estimar a contribuição de água doce para a baía. As bacias foram agrupadas

em setores, respeitando-se a proximidade e as características de solo e cobertura vegetal.

Foram selecionadas 96 bacias hidrográficas, tendo como critério a existência de

drenagem com comprimento mínimo de 1,5 km, totalizando uma área de 1.713 km².

O valor mediano da área de drenagem das pequenas bacias é de 8,2 km² (mínimo de 2

km²), sendo que apenas cinco bacias possuem mais de 50 km² (máximo de 316 km²). A

descarga média de água doce foi estimada em 33,7 m³ s-1, com vazão mínima de 10,7

m³ s-1 e máxima de 57,8 m³ s-1.

Os valores obtidos, por sua magnitude, destacam uma significante contribuição difusa

no entorno da BTS. É importante salientar que a contribuição efetiva de água doce dos

rios Jaguaripe e Dona para a BTS é bastante limitada, devido à localização da

desembocadura próxima ao mar, no extremo sul da ilha de Itaparica.

Devido à sazonalidade climática do Estado da Bahia, o período de maior descarga das

bacias de drenagem afluentes à BTS não é coincidente. As bacias periféricas, assim

como a bacia dos rios Jaguaripe e Subaé, são costeiras e apresentam pico de descarga no

outono. Já a bacia do rio Paraguaçu, que cobre 9,9 % da área do Estado e atravessa três

cinturões climáticos, tem pico de descarga no verão, período de maior precipitação na

cabeceira localizada no interior do Estado.

As correntes marinhas que penetram na Baía de Todos os Santos transportam para seu

interior material fino em suspensão, lançados ao mar por rios e riachos da costa atlântica

ao norte de Salvador. Evidências da atividade dessa ação foram mostradas por LEÃO

(1971), que encontrou carapaças de radiolários e foraminíferos, em sedimentos do fundo

da parte norte da Baía, que teriam sido trazidos de mar aberto.

Considerando o volume médio de água que entra na Baía de Todos os Santos durante

uma maré enchente de sizígia, e tomando-se a seção aproximada entre a Ponta do

Padrão (Farol da Barra) e a Penha, na Ilha de Itaparica, entrada da Baía, com 250.000

m2, numa extensão de pouco mais que 9,0 km, estima-se que a velocidade média das

correntes de entrada e saída, neste trecho, seja de 41,0 cm/s (CSL, 1995), confirmando

dados da DHN (1993), que afirma que nos meses de junho e julho a corrente do Brasil

flui paralelamente à costa da Ilha, no sentido S.W., penetrando na Baía com uma

velocidade média de superfície de 31,0 cm/s.

Nunes Filho (1972) realizou estudos de corrente nesta faixa, estimando a direção e

velocidade das correntes a 2,0 km da costa da Ilha de Itaparica, a 4,0 km da costa leste

(Ponta da Sapoca) e no canal de navegação, em duas profundidades distintas: a 1 m de

profundidade e 3 m acima do fundo.

As correntes medidas apresentaram valores relativamente baixos, provavelmente

relacionadas com as marés, não ultrapassando 44 cm/s na superfície e 28 cm/s no fundo

(0,85 e 0,54 nós, respectivamente).

A maré na Baía de Todos os Santos tem característica semidiurna e, no Porto de

Salvador, o nível médio do mar está a 31 cm acima do ponto mais baixo de maré. A

amplitude máxima das marés, na Baía, é de 2,70 m durante a maior parte do ano. A

corrente de enchente dura 5 h e tem direção N.N.E. A corrente da vazante tem direção

S.S.W.

Medidas de salinidade das águas superficiais no Canal de Itaparica/ Salvador, em maio

de 1977, mostraram valores variando de 36,2 a 37,0%, enquanto que, na parte central da

Baía e no Canal de Itaparica, os valores variaram de 35,0 a 36,2% (UFBA, 1978), o que

demonstra o quão estas águas são influenciadas pelas massas oceânicas.

De fato, dados do INEMA fornecidos a equipe da SETUR quando da visita dos técnicos

a esta instituição mostram, conforme figura a seguir, dados do estudo realizado pelo

Consórcio Hydros & CH2MHILL que apresenta a influência das correntes oceânicas em

duas situações: na preamar e na maré vazante.

Fonte: INEMA, (apud Consórcio Hydros CH2M Hill,1999)

Fonte: INEMA, (apud Consórcio Hydros CH2M Hill,1999)

Em outro estudo realizado no mês de maio de 1997, no N.O. Almirante Saldanha, SILVA analisou, na entrada da Baía de Todos os Santos (13°00'03"S e 38° 33'04"W), durante doze horas consecutivas, a variação de parâmetros físico-químicos na coluna d'água. As amostragens foram realizadas nas profundidades de 0,10 e 20 m, com intervalos de quatro horas, cujos dados estão apresentados na TABELA nº 1.

Em apenas uma das quatro amostragens, foi efetuada a medida do pH e este praticamente não apresentou variação na coluna d'água, apresentando-se entre 8,01 e 8,04. Os resultados mostram que existe uma pequena diferença entre os resultados de temperatura, para as amostras coletadas à superfície e nas outras duas profundidades.

Já na última amostragem, 04:00 h da manhã, a diferença entre estas temperaturas praticamente já não existe, o que demonstra que a radiação solar interfere diretamente nas massas d'água.

Uma ligeira picnoclina também existiu, com valores mais altos para a salinidade sempre no fundo, valores estes semelhantes àqueles encontrados por outros estudos, confirmando, mais uma vez, a influência oceânica das águas da Baía.

Os valores para oxigênio dissolvido (ml/l) foram sempre estáveis e próximos ao ponto de saturação de 100%. A fração nitrogenada, que corresponde ao nitrito, esteve sempre baixa em todas as profundidades,em todas as amostragens, enquanto que as concentrações de nitrato variaram, sendo as menores às 16:00 h.

Surpreendentes foram os valores para o ortofosfato, relativamente altos para águas

costeiras, equivalentes a 10 µ M. Estes resultados referem-se tão somente aos valores

para fósforo reativo solúvel, não englobando outras frações fosfatadas que, a médio

prazo, podem se tornar disponíveis para o metabolismo das microalgas, tais como os

polifosfatos.

Os resultados para as frações nitrogenadas variaram para nitrato e amônio, enquanto que permaneceram estáveis para o nitrito. O maior resultado para o amônio foi encontrado a 20 m, às 4:00 h, quando os processos respiratórios ou degradativos estão no máximo.

Considerando-se o caráter semidiurno das marés, com valor médio para as marés de

sizígia na preamar de 2,4 m (Carta Náutica n° 1.110), e aplicando-se a fórmula dos

cones truncados para cálculo do volume, constatou-se que, em três preamares, todo o

volume da Baía seria renovado, o que equivaleria a um período de aproximadamente

trinta horas.

É necessário, contudo, que se esclareça que nem toda a Baía apresenta a mesma

morfometria e, a movimentação das massas d'água, em alguns sítios, faz-se de forma

diferente, alterando-se o valor do tempo de residência.

TABELA 1 Parâmetros físico-químicos em estação da entrada da Baía de Todos-os-Santos

(13°00'03"S38°33'04" VV).

FONTE: SILVA, maio de 1997

Contudo estes parâmetros morfométricos explicam o fato de a Baía não apresentar

uma degradação ambiental mais significativa, embora tenha recebido até o ano de

2000, lançamentos de efluentes de inúmeras atividades industriais, e de esgotos

domésticos de uma população de quase 2.500.000 habitantes, considerando que,

nesta época, antes das intervenções de um Programa de Saneamento Ambiental

Data/Hora Prof. Transp. Tcmp. Sal. pH 0-2 N0 2 - N0 3

- P04

-3 NH4

+

(m) (m) . (°C) . (°/oo) Diss. (ml/l) (µ M)

(µ M)

(µ M)

(µ M)

20:05.87 '

16:00 0 8,0 28,45 35,89 4,71 5,71 0 10,93 1,4

10 28,27 36,04 4,77 5,71 9,28 11,56 0.33

20 28,22 36,08 4,51 5,71 5,0 10,00 3,5

20.05.87

20:00 0 28,32 36,28 4,76 5,71 32,14 8,43 2,16

| 10 28,31 36,31 4,49 5,71 3,57 8,43

20 28,26 36,35 4,43 5,0 36,42 5,93

21.05.87

00:00 28,15 36,34 8,01 4,45 0,1 0,22 0,27 2,06

28,11 36.34 8,04 4,48 0,1 0,51 0,31

28,09 36,38 8,08 4,42 0,11 0,74 0,37

21.05.87

04:00 28,15 36,2 4,36 0,1 0,27 0,17 0.36

28,15 36,35 4,35 0,11 0,5 0,32 0,36

28,14 36,37 4,21 0,12 0,65 0.26 11,03

com foco no Esgotamento Sanitário, financiado pelo BID- o Programa Bahia Azul-,

apenas 26% da população da cidade do Salvador possuía coleta e tratamento de

esgoto sanitário.

6- POTENCIAIS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E RISCOS E MEDIDAS MITIGADORAS

6.1-SITUAÇÃO ATUAL DA BTS

Os impactos ambientais sofridos pela BTS, historicamente, é de certa forma semelhante

àqueles que ocorreram em outras regiões costeiras do país: Baixada Santista, em São

Paulo, estuário do Rio Guaíba, no Rio Grande do Sul e Baía da Guanabara, no Rio de

Janeiro.

É sabido, no entanto, que a BTS possui uma situação favorável que decorre dentre

outras, de medidas mitigadoras de correção e proteção como: o Programa Bahia Azul já

referido, que ampliou os índices de coleta e tratamento de esgoto sanitário de 26% para

62%; o controle ambiental nos portos de Salvador e Aratu; o controle exercido pelo

Inema, sobre o lançamento de efluentes industriais, sobretudo quando da renovação das

licenças operacionais e das multas gradativas aplicadas as empresas infratoras; além da

continuidade nos investimentos de implantação de sistemas de esgotamento sanitário, na

cidade do Salvador e cidades e vilas localizadas nessa Zona Turística Baía de Todos –os

-Santos.

Adicionalmente, investimentos das plantas industriais, por conta da legislação, nos

indicadores de lançamento dos efluentes vêm contribuindo para uma melhoria gradual

do ambiente aquático.

No entorno da BTS existe hoje um contingente populacional aproximado a 3.200.000

milhões de habitantes. Dentre as Baías da Costa Leste brasileira, é a única que apresenta

10 terminais portuários de grande porte, um canal de entrada naturalmente navegável e

canais internos profundos, o que, representa um elemento facilitador do

desenvolvimento da região. Sua riqueza natural, com expressiva extensão de recifes de

corais, estuários e manguezais e sua forte relação com a história do Brasil, fazem da

BTS um pólo turístico por excelência.

No entanto, em conseqüência desse desenvolvimento urbano e industrial da região

metropolitana de Salvador, em alguns municípios do Recôncavo ocorre a degradação

ambiental de trechos da Baía de Todos-os-Santos, sobretudo com a poluição de suas

águas, em conseqüência de despejos orgânicos e industriais.

O Governo da Bahia vem, desde o ano de 1999, realizando obras para conter essa

degradação, com investimentos para o tratamento dos efluentes orgânicos e reversão

para a Central de Efluentes Líquidos do Pólo de Camaçari-Cetrel, dos despejos

industriais. Recentemente a CETREL adotou providências adicionais e anunciou a

construção do emissário Candeias-Centrel cujo projeto está em fase final de formatação,

e ocorrerá em parceria com as empresas DowQuímica, Proquigel e Petrobras. Esta obra,

de grande valor ambiental permitirá a retirada dos efluentes industriais que atualmente

ainda estão sendo despejados na Baía de Todos-os –Santos pelas industrias que lá estão

operando.

A cidade do Salvador, apesar de ainda abrigar conflitos de saneamento ambiental em

todo o tecido urbano, o que confere à administração municipal um quadro quase que

constante de problemas a serem resolvidos, gestores buscam atender às futuras

demandas, por meio de novos investimentos, sobretudo, para àquelas populações

residentes em aglomerados subnormais. Segundo informações atualizadas pela Empresa

Baiana de águas e Saneamento S. A -EMBASA, a cidade do Salvador na atualidade já

tem uma cobertura do sistema de esgotamento sanitário de 82% da área urbana, com

perspectivas de ampliação por meio de projetos, em andamento e ou, em execução com

financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC-2 do Governo Federal.

A situação relativa ao sistema de esgotamento sanitário das cidades que integram o

Prodetur Nacional na Bahia, por sua vez, estão apresentadas no quadro 1 a seguir,

também com informações coletadas junto à Embasa. Quadro nº 2:

Percentual de Cobertura do Sistema de Esgotamento Sanitário da BTS

Município BTS Cobertura do sistema de

esgotamento sanitário (%)

Aratuípe 0

Cachoeira 34,0

Candeias 23,2

Itaparica 52,0

Jaguaripe 0

Madre de Deus 87,6

Maragojipe 32,0

Muniz Ferreira 0

Muritiba 14,0

Nazaré 0

Salinas da Margarida 0

Salvador 82,0

São Félix 62

São Francisco do Conde 30,0

Santo Amaro 43,0

Saubara 0

Simões Filho 24,5

Vera Cruz 24,0

FONTE: EMBSA (2012)

Apesar de todos os municípios disporem de Sistemas de Abastecimento de Água-SAA

fornecidos pela Embasa existem ainda os que não dispõem de sistema público de

Esgotamento Sanitário, operado pela Embasa. Buscou-se informações adicionais junto

às Prefeituras Municipais mas, até o fechamento deste relatório não tivemos os dados.

Sabe-se, no entanto por meio de informações da Embasa que já existem projetos em

desenvolvimento e ou, em inicio de licitação, também com recursos financeiros

provenientes do PAC-2, para atendimento as populações do Recôncavo Baiano.

Naturalmente, essas deficiências ainda existentes comprometem o quadro de

habitabilidade em alguns setores da estrutura urbana desses municípios, além de reduzir

o padrão de salubridade ambiental nas áreas onde, ainda existem, lançamentos de

efluentes sanitário nos recursos hídricos.

A situação relativa ao ordenamento urbano dos municípios alvo do Programa é

favorável já que todos os municípios dispõem de Plano Diretor de Desenvolvimento

Urbano. Nesse sentido, os municípios dispõem de política de ordenamento do solo

capaz de minimizar os impactos que a pressão demográfica trazida pelas novas

atividades econômicas poderá trazer.

Com efeito, na região costeira da BTS, as principais fontes de poluição das praias são os

lançamentos de efluentes sanitário e, como também referido em áreas específicas, o

lançamento de efluentes industriais, diretamente nas águas da Baía ou através dos rios

que nela deságuam. A impropriedade de algumas praias na Cidade Baixa e, em outros

pontos da vertente oceânica pode ser um dos muitos indicadores desta situação.

A Coordenação de Monitoramento de Recursos Ambientais e Hídricos do INEMA

divulga para o público boletins semanais sobre a condição (própria ou imprópria) de

balneabilidade, cujos resultados servem também como instrumento para formulação de

ações voltadas para o saneamento ambiental e a melhoria das condições sócio-

ambientais da população do entorno da BTS. A rede de monitoramento da qualidade da

água das praias, na área do Programa, é composta por 59 pontos. Na capital são

monitorados sistematicamente 30 pontos, alocados nas Praias de São Tomé de Paripe,

Periperi, Penha, Bogari, Pedra Furada, Boa Viagem, Roma, Canta Galo, Porto da Barra,

Santa Maria, Farol da Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Armação, Boca

do Rio, Corsário, Piatã, Placaford, Itapuã, Farol de Itapuã e Stella Maris.

O monitoramento das praias de Salvador no ano de 2011 constatou que, 66% das praias

monitoradas ( no universo de 59 praias), ver gráfico a seguir, foram consideradas como

sendo própria a balneabilidade. Foi informado ainda que apenas as praias de Pedra

Furada, situada em Itapagipe e a da Boca do Rio, localizada na costa Atlântica

apresentaram 100% do tempo amostrado de permanência na classificação imprópria.

Isso se deve ao fato dessas praias estarem recebendo contribuições de rios urbanos de

Salvador, que, por sua vez, recebem contribuições de efluentes domésticos e de

drenagem pluvial de núcleos habitacionais que, ou ainda não possuem acesso a rede

coletora de esgoto sanitário, ou, a despeito de possuírem rede, não realizaram suas

ligações intradomiciliares, efetivando seu acesso a rede coletora da Embasa.

Gráfico

BALNEABILIDADE DAS PRAIAS DE SALVADOR 2011

66%

34%

PRÓPRIA IMPRÓPRIA

Fonte: Inema, 2012. Dados da Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental.

A evolução das praias de Salvador no ano de 2011, monitoradas pelo INEMA mostra

que as Praias de Boa Viagem, Farol da Barra, Placafor, Itapuã, Farol de Itapuã, Stella

Mares, que representa 30% das praias monitoradas, apresentou no período uma

regularidade de bons resultados, sendo a balneabilidade dessas praias classificadas

100% do tempo como Própria.

Já as praias da Penha, Pedra Furada, Armação, Boca do Rio e Corsário,

aproximadamente 6,7% do total de praias monitoradas, tiveram suas condições de

balneabilidade classificadas como Imprópria, com tempo de permanência maior que

60% nessa categoria. A balneabilidade das praias de Pedra Furada e Boca do Rio se

mantiveram 100% do tempo do monitoramento na classificação Imprópria. A tabela à

seguir apresenta um panorama geral da balneabilidade no ano de 2011.

Tabela 2– Panorama Geral das Praias de Salvador em 2011 100% de permanência na

classificação própria

100% de permanência na

classificação imprópria

1. Boa Viagem – BO 0100

2. Farol da Barra – FB 0100

3. Placafor – PF 0100

4. Itapuã – IT 0100

5. Farol de Itapuã – FI 0100

6. Stella Mares – ST 0100

1. Pedra Furada – PF 0100

2. Boca do Rio – BR 0100

Fonte: Inema, 2012. Dados da Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental.

As estações de monitoramento costeiras localizadas na costa da BTS apresentaram, via

de regra, concentrações de coliformes fecais inferiores ao Valor de Referência do

CONAMA 20/86, sendo que nas regiões noroeste da BTS e na área do canal de

Itaparica e foz do rio Paraguaçu, as concentrações de coliformes fecais foram

praticamente indetectáveis. Dentre estas estações, as únicas que apresentaram

resultados de coliformes fecais superiores ao valor de referência da legislação foram

VSC02 (Enseada dos Tainheiros), VOC02 (próxima à foz do rio Lucaia) e ES01

(próxima aos difusores do SDOE Rio Vermelho), todas próximas às fontes de

contaminação com esgotos domésticos.

Já na região industrial da BTS verificou-se que as concentrações de coliformes fecais

em águas costeiras foram muito reduzidas, evidenciando a ausência de

comprometimento sanitário dessas águas. Já a detecção de efeitos de atividades

industriais incluiu principalmente a verificação da existência de metais na água na

região norte da BTS e do acúmulo de metais em sedimentos, englobando as áreas da

Baía de Aratu, Mataripe, Madre de Deus e Ilha das Fontes ao norte e Enseada dos

Tainheiros na região urbana de Salvador.

De uma maneira geral, os principais problemas que têm afetado a qualidade ambiental

da Baía são:

a- Expansão urbana e disposição de efluentes domésticos( principalmente em

Salvador)

b- Complexos industriais;

c- Complexos Portuários

d- Destruição de habitats

Assim, neste universo, ressalta-se que, a exuberância natural e a riqueza histórico-

cultural da região, tanto material quanto imaterial correm o risco de serem utilizados

sem uma política de conservação e valorização que se ocupe de monitorar seu uso, fato

que pode terminar por comprometer a qualidade socioambiental e a própria qualidade de

vida das comunidades locais. Nesse sentido, o Tabela 2 apresenta os dados

socioeconômicos coletados para a área do Programa.

Tabela 2- Dados Sócioeconomicos da BTS

Município Área (Km2)

População

Urbana

Taxa de

Urbanizaçã

o (%)

PIB per

capita (R$)

VAB Setor

Serviços, (R$

mil)

IFDM

IDH - M Posição

Fonte de informação IBGE/PDDU IBGE, 2010 % IBGE, 2010 IBGE, 2010 IBGE, 2010 % IBGE, 2010 IBGE, 2010 FIPE, 2012

Aratuípe 181,139 8.599 0,26 5.513 47,47 64 31.971 0,06 3.623,96 20.964 0,5001 0,611 12º

Cachoeira 395,211 32.026 0,99 16.387 81,04 51 193.705 0,37 5.733,96 112.381 0,6100 0,681 7º

Candeias 258,357 83.158 2,56 75.994 321,87 91 3.224.812 6,17 39.471,86 1.064.942 0,6419 0,719 4º

Itaparica 118,04 20.725 0,64 20.725 175,58 100 102.587 0,20 4.933,00 78.762 0,5239 0,712 5º

Jaguaripe 898,656 16.467 0,51 5.298 18,32 32 60.391 0,12 3.463,78 39.014 0,5165 0,604 13º

Madre de Deus 32,203 17.376 0,54 16.854 539,58 97 246.408 0,47 14.681,99 173.749 0,6827 0,74 2º

Maragojipe 440,159 42.815 1,32 25.093 97,27 59 178.406 0,34 4.061,97 118.280 0,7187 0,634 11º

Muniz Ferreira 110,114 7.317 0,23 3.394 66,45 46 26.534 0,05 3.666,90 18.822 0,5212 0,653 10º

Muritiba 89,31 28.899 0,89 18.040 323,58 62 128.211 0,25 4.619,38 83.900 0,5674 0,676 7º

Nazaré 253,779 27.274 0,84 22.864 107,47 84 136.208 0,26 4.966,21 97.240 0,6129 0,676 7º

Salinas da Margarida 149,821 13.456 0,41 5.960 89,81 44 62.427 0,12 4.398,11 40.072 0,5972 0,659 9º

Salvador 693,292 2.675.656 82,44 2.674.923 3859,35 100 32.824.229 62,75 10.948,50 23.354.078 0,7636 0,805 1º

Santo Amaro 491,912 57.800 1,78 44.766 117,26 77 307.410 0,59 5.265,04 189.518 0,5844 0,684 7º

São Felix 99,204 14.098 0,43 9.265 142,11 66 70.210 0,13 4.331,82 49.832 0,5941 0,657 9º

São Francisco do Conde 262,855 33.183 1,02 27.391 126,24 83 11.437.501 21,87 360.815,83 3.633.823 0,7312 0,714 5º

Saubara 163,495 11.201 0,35 10.948 68,51 98 58.806 0,11 5.055,57 40.206 0,5369 0,672 8º

Simões Filho 201,222 118.047 3,64 105.811 586,65 90 3.008.294 5,75 25.786,41 1.486.362 0,5786 0,73 3º

Vera Cruz 299,733 37.567 1,16 35.244 125,33 94 207.725 0,40 5.533,58 156.675 0,5354 0,704 6º

TOTAL DA BTS 5.138,50 3.245.664 100% 3.124.470 632 52.305.835 100,00 511.357,87 30.758.620 0,6535

Participação da BTS no

Estado 1 23% 38%

Estado 564.830,86 14.016.906 25 137.074.671

DADOS SOCIOECONÔMICOS DA REGIÃO DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BTS

População

Densidade

(hab./Km2) PIB (R$ milhões)

PNUD, 2000

Observa-se que investimentos, por meio de projetos de qualidade, nesta região são,

portanto, necessários para que possam contribuir para o uso sustentável dos atrativos,

dos recursos naturais e, sobretudo, para a melhora das condições de vida das

populações.

Outro programa previsto na atualidade para a BTS é o Plano Local de Desenvolvimento

da Maricultura - PLDM. O desenvolvimento da maricultura na região visa a necessidade

de se criar novas alternativas para as comunidades que vivem do extrativismo e da

pesca, buscando reduzir a pobreza e incrementar os estoques de pescados e mariscos,

para melhorar as condições de vida da população do entorno da baía. Na atualidade,

esses estoques, de acordo com a Bahia Pesca, encontram-se pressionados pela pesca

predatória e intensiva. O turismo, nesse contexto, poderá contribuir para valorizar os

produtos da pesca e os mariscos através da demanda gerada pelos empreendimentos que

irão se instalar na região, com o incentivo da Produção Associada.

De acordo com a Bahia Pesca, a atividade pesqueira na BTS é uma atividade

considerada do tipo artesanal. De fato, segundo informações desta instituição 60% da

frota de embarcações de pesca da BTS é constituída por canoas de pequeno porte.

O Governo do Estado por meio da Secretaria da Agricultura e a Bahia Pesca vem

desenvolvendo alguns projetos importantes na BTS com foco no incremento da

produção e comercialização e melhoria das condições de vida dos pescadores e

marisqueiras que aí vivem. Neste sentido, destacam-se, principalmente: Programa de

Revitalização da Pesca na Baía de Todos os Santos; Programa de Saúde das

Marisqueiras; Projeto de Modernização das Frotas de Embarcações de Pesca; Projeto

Carangueijo; Criação do Centro de Inovação Tecnológica em Santo Amaro, tendo como

objetivo capacitar os pescadores para novas práticas de pesca; Projeto Carangueijo;

Projeto do Cultivo do Beijupirá; Projeto das Ostras na Baía do Iguape; Projeto de

ordenamento da pesca dos siris, dentre outros.

Adicionalmente vale ressaltar pela importância a implantação dos Terminais Pesqueiros

no estado da Bahia, que são terminais constituídos de infraestrutura de recepção e apoio

às embarcações de pesca oceânica que exercem suas atividades na costa baiana. Neste

sentido, em Salvador, está em fase final de conclusão de sua implantação, o Terminal

Pesqueiro da Ribeira, na Península Itapagipana, área foco do Prodetur Nacional.

A terceira intervenção prevista, na atualidade, para a BTS a ser considerada neste

RGSA consiste na implantação do Estaleiro Naval. Trata-se de uma atividade capaz de

causar grandes transformações socioeconômicas na região em que será instalada, em

função da grande quantidade de postos de trabalho que oferece e do estímulo a outros

setores da economia a partir do volume de recursos que movimenta.

A implantação do Estaleiro Naval em Maragojipe, que permitirá a produção de sondas

de perfuração de petróleo, plataforma de produção, conversão de petroleiros em navios

de apoio, já licenciado ambientalmente, poderá exercer impactos positivos e negativos

no turismo náutico, nesse trecho inicial da foz do Rio Paraguaçu.

Os benefícios econômicos e a melhoria da qualidade de vida associados à nova

atividade podem ser ameaçados pela pressão excessiva sobre a infraestrutura e a

expansão desordenada das cidades mais próximas, ou pela dificuldade de capacitar uma

população local com baixo grau de instrução.

O estaleiro atrairá, um grande contingente de mão-de-obra e as cidades mais próximas

devem estar preparadas para receber estes fluxos migratórios e minimizar os riscos

associados ao crescimento desordenado e à falta de infraestrutura de serviços, conforme

planejamento já estabelecido. Quanto a esta questão encontra-se em andamento estudos,

planos, projetos e ações, sob à coordenação da Seplan e SEIMP, conforme estabelecido

nos condicionantes do processo de licenciamento.

Entre outras características, a tradição naval da BTS e a necessidade de se estimular a

economia da região favorecem a atividade de construção naval, que poderá ajudar a

retirar a região de um processo longo de estagnação econômica. Apesar da importância

ecológica e da elevada qualidade ambiental da baía, o desenvolvimento de novas

tecnologias permite que se reduzam e controlem os impactos negativos de determinadas

atividades sobre o ambiente.

Esta questão ganha relevância quando se considera que a operação do estaleiro pode

gerar efluentes químicos nocivos aos ecossistemas da região onde será instalado, caso

não haja manejo e tratamento adequados.

Outra atividade a ser desenvolvida pelo estaleiro, além da construção, é o reparo de

embarcações. Trata-se de uma atividade importante, capaz de estimular o

estabelecimento de empreendimentos de pequeno porte, complementares e que

contribuem para uma distribuição mais equilibrada da renda na região.

Sabe-se que as atividades realizadas em um estaleiro podem implicar em risco de

introdução de espécies exóticas em um ambiente equilibrado, pois são feitos reparos em

navios de outras regiões e o transporte de insumos pode ser feito por embarcações

estrangeiras. Tais espécies podem agir como competidoras, predadoras ou até como

patógenos para as espécies nativas, comprometendo o equilíbrio ecológico da BTS.

Segundo Ricklefs (2003), os ecossistemas aquáticos parecem ser particularmente

vulneráveis a espécies exóticas, que geralmente são introduzidas pelo despejo da água

de lastro de navios de outras regiões. Essas preocupações, é do conhecimento do Inema

que deverá poderá agir minimizando os impactos.

Em razão dos investimentos previstos para a BTS, a Secretaria do Planejamento do

Estado as Bahia-SEPLAN, recentemente reuniu gestores de todas as Secretaria de

Estado no sentido de uniformizar informações sobre a BTS e, criar uma comissão para

desenvolver estudos visando a elaboração de um Plano Diretor para a BTS.

6.2- PERSPECTIVAS FUTURAS

O Projeto de Ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Salvador e

Implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário das Cidades do Entorno da BTS é

uma das metas perseguidas pela Embasa, que vem investindo, desde o termino do

Programa Bahia Azul, na ampliação do sistema de esgotamento sanitário da cidade do

Salvador e de outras cidades baianas.

Por meio de diferentes programas (Programa de Aceleração do Crescimento-PAC, Água

para Todos, etc) com financiamento do Governo Federal. Dessa forma, a Embasa vem

ampliando sua cobertura ano após ano tanto na implantação dos sistemas de

esgotamento sanitário quanto na ampliação do Sistema de Abastecimento de água.

A tendência é a de que, por meio dos Programas Governamentais , já em andamento

tanto em em Salvador como nas demais cidades da BTS, haver uma redução importante

nos indicadores de atendimento em saneamento, aumentando, por conseguinte os

coeficientes de balneabilidade daquelas praias que ainda estão recebendo efluentes

domésticos.

Dentre as principais ações propostas pelo Governo do Estado da Bahia para os próximos anos, destaca-se, como de relevância, na área do saneamento ambiental, a continuidade na implantação das obras dos sistemas de esgotos de Salvador, que na atualidade conta com 82 % de atendimento, por rede coletora de esgotos; a implantação do emissário de Jaguaripe, ampliando a capacidade de tratamento dos esgotos coletados; e, a contratação dos planos de gestão dos Resíduos Sólidos, por meio de financiamento do PAC-2.

Com a conclusão da construção do emissário Candeias-Centrel, o que deve ocorrer em

dois anos a partir do início da construção ( 2012), os efluentes industriais lançados nas

águas da baía passarão a ser transportados pelo emissário submarino até a Estação de

Tratamento da Cetrel, em Camaçari, e então lançados em mar aberto, após tratamento.

Esta intervenção é considerada uma das importantes ações que devem causar

significativo impacto positivo na preservação da Baía de Todos os -Santos.

Por sua vez, com a conclusão e implantação do Plano de Manejo da APA da BTS :

amplia-se a possibilidade para um maior controle no ordenamento e nas formas de uso e

ocupação das ilhas na BTS.

Como pôde ser observado a BTS é uma área que se encontra sob forte pressão antrópica

e sofrerá novas alterações a partir das futuras intervenções. O estímulo ao

desenvolvimento do turismo e da maricultura na BTS e a implantação de um Estaleiro

na localidade de Enseada - Maragojipe, apesar de se apresentar como uma oportunidade

importante para o desenvolvimento do estado, caso não atenda aos cuidados ambientais

requeridos podem constituir uma ameaça à qualidade ambiental da BTS e dos

municípios que a circundam.

Assim, ao mesmo tempo em que as novas atividades poderão aumentar a oferta de

empregos, melhorar a renda de parte da população e gerar receitas fiscais, elas poderão

ter conseqüências socioambientais relevantes, que devem ser consideradas

prioritariamente no processo de planejamento. A maricultura é uma alternativa econômica importante e a maximização dos seus

benefícios depende da correta estruturação para a produção, escoamento e

comercialização dos produtos, dos cuidados ambientais necessários e da equidade no

uso dos recursos existentes na baía que, tradicionalmente, servem de sustento para

pescadores e extrativistas da região. Um dos principais problemas sociais associados à

maricultura é o conflito com áreas tradicionais de pesca, o que já está sendo alvo de

ações pela Bahia Pesca. Sabe-se ainda que a introdução da maricultura em maior escala

pode trazer riscos de eutrofização para determinadas áreas da baía, além de possíveis

impactos associados à utilização de ração e o risco de introdução de espécies exóticas,

caso não haja uma regulamentação específica.

A proposta do Governo da Bahia com relação a Atividade Pesqueira, segundo

informações da Bahia Pesca é a de fortalecer as práticas sociais, culturalmente

enraizadas na área da BTS, compatibilizando-as com as novas possibilidades de

comercialização do produto da pesca , de modo apoiá-lo e valorizá-lo.

Exemplo disso é o que acontece, na atualidade, na Fazenda Oroabo, localizada em Santo

Amaro onde foi implantado o Centro de Vocação Tecnológica do Pescado- CVTP.

Neste local são produzidas “pós-larvas” que são fornecidas ao pequeno criador de

camarão que não possui condições técnicas e financeiras para produzir esse importante

insumo para dar continuidade ao seu pequeno negócio, o que não ocorre com os grandes

produtores existentes no Estado da Bahia. Outra iniciativa neste sentido que merece

menção é a implantação da Unidade Técnica Experimental da criação em cativeiro do

peixe Beijupirá, em Tanque – Rede, onde estão sendo observados os impactos positivos

e negativos do experimento além de sua rentabilidade para garantia da viabilidade dos

produtores. A Bahia Pesca também está desenvolvendo atividades relacionadas a

conservação e reprodução de caranguejos nos manguezais da BTS. Para isso estão

sendo lançados megalopas – larvas do caranguejo - nas áreas de coleta em mangues

selecionados pela Instituição, onde já havia indícios de escassez deste tipo de espécie.

Como mencionado, o Centro de Inovação Tecnológica em Santo Amaro, já está em fase

final de conclusão, onde foram investidos neste projeto R$ 7 milhões, pelo Governo

Federal.

Nesse contexto, torna-se evidente a importância de se compatibilizar as iniciativas de

desenvolvimento econômico com a conservação ambiental, a manutenção das tradições

e a melhoria da qualidade de vida da população. O estímulo a novas atividades

econômicas é legítimo e importante do ponto de vista socioeconômico, principalmente

quando se considera a situação de estagnação da maioria dos municípios do entorno da

BTS. É crucial que se atente, sobretudo, para a importância que o ambiente e seus

recursos representam para a sustentabilidade de todo este processo.

A atividade turística estimula outros setores da economia, gera empregos e novas

oportunidades para as comunidades receptoras, mas pode oferecer riscos sociais e

ambientais aos novos destinos, se não houver um planejamento adequado. Os locais

precisam estar preparados, em termos de infraestrutura, para aumentos sazonais da sua

população. Há riscos socioculturais associados ao contato dessas comunidades

receptoras com visitantes de diversas origens e perfis.

O turismo planejado na BTS poderá ser um forte aliado da conservação ambiental, caso

promova a possibilidade de valorização das comunidades receptoras e estimule a

valorização das áreas protegidas. Por outro lado, pode ser um vetor de indução de um

processo de ocupação desordenada nos destinos receptores, caso estes não possuam um

planejamento eficiente para sua expansão, resultando em desmatamento e ocupação de

áreas ambientalmente frágeis.

Por meio do Prodetur Nacional, como mencionado,estão previstas intervenções nos

cinco componentes do Programa. A BTS, região foco das ações do Programa, oferece

em todos os subespaços, um grande potencial para o Desenvolvimento do Turismo

Náutico, permitindo que todos os municípios da borda possam ser envolvidos na

atividade. A espacialização da infraestrutura de apoio para essa modalidade e a presença

de atrativos complementares, a exemplo do Turismo Cultural poderá representar mais

uma opção para os turistas ampliarem sua estadia, além da possibilidade de redefinição

da distribuição dos fluxos de turistas pelas regiões próximas à cidade do Salvador.

Nos projetos que envolvem implantação de infra-estrutura de transporte, urbanização,

recuperação ou valorização de monumentos históricos e culturais e construção de

edificações voltadas para o atendimento ao turista, os impactos sociais e ambientais

negativos serão variáveis, contudo prevê-se que poderão ser controlados por meio de

instrumentos específicos do Programa, como o MPGAS, o MOP, assim como os

instrumentos previstos na legislação ambiental do País, que também indicam os meios

de acompanhamento da implementação e avaliação do cumprimento às normas

vigentes.

As ações a serem desenvolvidas por meio do Programa estão discriminadas por

componente no Anexo I:Matriz de Investimentos do Prodetur Nacional. Dentre as ações

a serem destacadas nesta seção têm-se às seguintes: a) Intervenções em Atracadouros e

Piers e b) Intervenções em.Recuperação de Patrimônio Histórico.

Intervenções em Atracadouros e Piers

Esta ação estará dividida em três tipos, a saber: 1)Melhoria e reforma de atracadouros

existentes; 2) implantação de novos atracadouros; 3) Requalificação de terminais

hidroviários e náuticos com implantação de unidades de apoio ao turista.

1)Melhoria e reforma de atracadouros existentes

Para a execução desta ação será necessário a obtenção de licenças ambientais junto aos

Orgãos Ambientais do Estado e autorizações das prefeituras Municipais, com

elaboração de estudos e de Relatórios Ambientais que indicarão os impactos positivos e

negativos condicionados às medidas mitigadoras que serão estabelecidas.

2) Implantação de novos atracadouros

Para a execução desta ação deverá ser exigido pelos Orgãos ambientais as licenças de

Localização e Implantação, Estudos de Impactos Ambientais, Reuniões com as

Comunidades Afetadas e Audiências Publicas.

3)Requalificação de terminais hidroviários e náuticos com implantação de unidades de

apoio ao turista.

Para a execução desta ação será necessário uma consulta previa ao ÓrgãoAambiental

Estadual, que identificará se o Licenciamento poderá ser concedido pelo Prefeitura

Municipal ou não.

Intervenções em Recuperação de Patrimônio Histórico

Em geral o processo de licenciamento é realizado junto às Prefeituras Municipais.Caso

o monumento seja tombado será necessário parecer e avaliação do IPAC e do

IPHAN.Se houver potencial impacto ambiental, como por exemplo, recuperação de orla

em cidade histórica, além do órgãos já referidos será imprescindível consulta e

avaliação do órgão ambiental.

Todas as possíveis interferências negativas do turismo, e turismo náutico com outras

atividades serão minimizadas a partir do planejamento, das normas e fiscalização das

áreas. Estudos para a definição de capacidade de carga dos atrativos terá a profundidade

e o caráter mais abrangente, adequando-se à realidade local e garantindo a

sustentabilidade da atividade turística. A realização desses estudos é recomendável,

portanto, para a adequação dos usos e conservação dos atrativos turísticos.

7- GESTÃO SOCIOAMBIENTAL DO PROGRAMA

A gestão socioambiental do Prodetur Nacional na Bahia terá como uma importante

referência as orientações e recomendações feitas tanto pelo Banco do Nordeste do

Brasil-BNB quando pelo BID nas experiências de financiamento de Programas de

Desenvolvimento do Turismo, Prodetur-NE I e II, anteriormente realizadas.

Estas referências contribuirão para a identificação das ações de gestão sócio-ambientais

necessárias para assegurar o cumprimento dos objetivos do desenvolvimento turístico

sustentável para a BTS.

Adicionalmente, a gestão socioambiental do Programa se fundamenta tanto no Manual

de Operações (MOP), quanto no Manual de Planificação e Gestão Ambiental (MPGA).

Entre os principais procedimentos estabelecidos para o Programa por meio desses

documentos está a exigência de uma avaliação ambiental preliminar, durante a etapa de

estudos de concepção e alternativas, e EIA/RIMA e Plano Básico Ambiental-PBA para

os projetos que promovem impactos mais significativos, como os relacionados aos

setores de transportes e urbanização, de acordo com as exigências do Órgão Ambiental

INEMA e da política de salvaguardas ambientais do BID.

As medidas mitigadoras e de controle ambiental do estudo ambiental e as exigências

complementares da Licença Prévia-LP deverão estar consolidadas em um Plano Básico

Ambiental – PBA que, além de ser o instrumento necessário à obtenção da Licença de

Implantação-LI, será utilizado para a gestão ambiental das intervenções e fará parte dos

contratos de construção das obras. Além deste instrumento, todos os serviços que

envolvem obras de infraestrutura civil deverão ser executados de acordo com

especificações exigidas para o controle ambiental e gestão das obras (PCA).

Funções e Responsabilidades Institucionais - além dos documentos referidos

anteriormente, o PROGRAMA terá seu sistema de Gestão Ambiental centralizado na

Unidade de Coordenação de Projeto - UCP, mas com efetiva participação das demais

instituições setoriais participantes, como a Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, a

Secretaria de Desenvolvimento Urbano-SEDUR, a Companhia de Desenvolvimento

Urbano- CONDER, o DERBA, o INEMA, e das prefeituras municipais, assim como de

empresas de supervisão e de auditoria independentes.

Orçamento para o Componente de Gestão Sócio-Ambiental – Para a realização das

ações de gestão sócio-ambiental inerentes às atividades previstas no Programa, a

SETUR orçou em U$ 4, 200,632.00, conforme distribuição apresentada à seguir:

Gestão Sócioambiental

Item Valores

US$

1- Adequação da Avaliação Ambiental Estratégica da BTS

400,000

2 Implantação do Plano de Manejo Da APA BTS

289,180

3 Implantação dos Planos de Gestão de Resíduo Sólidos

2,871,58

3

4 Programa de Educação Ambiental na BTS

295,279

5 Programa Regional para Inclusão sócioprodutiva dos catadores e

catadoras de materiais recicláveis dos empreendimentos econômicos

solidários formais ou informais da BTS

344,590

Total 4,

200,632.

00

O cumprimento dos compromissos de gestão socioambiental assumidos pelo Programa

será supervisado pela UCP, com o apoio de empresa gerenciadora, e será acompanhado

e controlado pela Setur. Como meio de verificação, a UCP deverá preparar relatórios

semestrais de progresso do Programa, que incluirão, entre outros aspectos, informações

sobre a situação de desenvolvimento técnico e cronológico de todas as ações de gestão

ambiental e social do Programa (por exemplo, ações de mitigação de impactos e

monitoramento). Tal situação será avaliada por profissionais qualificados e consolidada

anualmente no Relatório de Acompanhamento dos Impactos, como parte do sistema de

monitoramento e avaliação do Programa.

Na supervisão da implantação das obras, os aspectos de engenharia serão tratados junto

com os relativos ao meio ambiente e serão de responsabilidade da UCP, com apoio dos

órgãos setoriais. A supervisão da execução dos projetos mais simples será realizada

pelos técnicos de engenharia e meio ambiente da UCP, apoiada pela consultoria

gerenciadora. A supervisão dos projetos de infraestrutura será feita por empresas de

consultoria especializadas na supervisão de obras e no controle ambiental. Os Termos

de Referência para a supervisão das obras encontram-se no Manual de Operações -

MOP e incorporam a supervisão ambiental.

Para avaliar a eficácia dos programas ambientais, serão realizadas auditorias periódicas

através de consultorias contratadas pela Setur. Nas auditorias, os consultores analisarão

o processo da avaliação e aprovação de projetos, o acompanhamento/supervisão das

obras, e outras informações necessárias para avaliar os programas ambientais. As

auditorias terão freqüência mínima semestral, ou com mais freqüência no caso de

projetos com maior impacto ambiental e/ou social.. Os resultados das auditorias serão

apresentados ao BID, e aos órgãos setoriais e serão disponíbilizados para revisão

pública.

No decorrer da execução do Programa duas avaliações ambientais deverão ser

realizadas pela Setur. Uma avaliação ambiental intermediária será apresentada ao final

do segundo ano do Programa, e outra no final do Programa. O Manual de Operações,

como de praxe, detalha o conteúdo dessas avaliações.

CONSULTA PÚBLICA

10-ARGUMENTAÇÕES FINAIS

A BTS, por sua localização e características naturais privilegiadas presencia a ampliação das oportunidades e dos desafios inerentes aos territórios com funções de integração complexas.

Isso requer cada vez mais, uma pactuação entre os envolvidos na busca de soluções comuns. Existe um esforço dos planejadores do Governo da Bahia no sentido de minimizar possíveis incompatibilidades entre os diversos usos econômicos previstos, para redução de conflitos e garantia de sustentabilidade ambiental, geração de recursos e oportunidades para as populações da baía. Nesse sentido, a SEPLAN está desenvolvendo estudos para elaboração de um Plano Diretor para a BTS.

Estudos apresentados neste relatório mostraram por meio de medidas de salinidade das

águas o quanto as águas da BTS são influenciadas pelas massas oceânicas e como a

radiação solar interfere diretamente nas massas d'água da baía. Constatou-se também

que, em três preamares, todo o volume da Baía estaria renovado, o que equivale a um

período de aproximadamente trinta horas. Estes parâmetros morfométricos explicam o

fato de a Baía não apresentar uma degradação ambiental significativa, decorrentes dos

despejos de efluentes já recebidos.

Em função de novos estudos ambientais associados à implantação dos empreendimentos previstos na área da BTS, espera-se ampliar o conhecimento maior sobre a biodiversidade da região. Ações previstas para conter os processos de degradação ambiental como o Programa de Monitoramento Ambiental do Instituto de Meio Ambiente ( IMA); o plano de Desenvolvimento Sustentável da Pesca Artesanal e da Aquicultura na BTS e Iguape, dentre outros aqui referidos podem contribuir para compensar as maiores pressões. A esses esforços se somará a elaboração e implementação do Plano de Manejo da APA da BTS, que permitirá orientar melhor os usos e as atividades realizadas na baía.

A Setur ciente do desafio que lhe cabe de promover um turismo sustentável com vistas a reduzir os impactos negativos que podem ser provocados pela atividade turística, assume o papel de fomentar e estimular investimentos para o desenvolvimento do turismo náutico na BTS, criando as condições e infraestruturas necessárias para que estes investimentos a serem realizados dêem retorno as populações, investidores e turistas.

As ações previstas para a BTS, no contexto do Prodetur Nacional terão como foco minimizar ou reduzir as fragilidades e ameaças e aprimorar, fortalecer e potencializar os pontos fortes dos atrativos da BTS preservando sua potencialidade.

Os municípios que compõem o Prodetur Nacional possuem uma heterogeneidade econômica, social, administrativa, financeira e físico-territorial, além de diferentes níveis de integração, desempenhando papéis específicos na oferta de bens, serviços e, no exercício de funções complementares. Para enfrentar esses desafios é necessário criar, ampliar e fortalecer os instrumentos de cooperação e reverter o quadro de fragilidades da gestão municipal.

A consolidação política, cultural, social e econômica da região do Recôncavo Baiano tem sua história intrinsecamente relacionada à Baía de Todos os Santos, não apenas pelos recursos naturais a ela relacionados, como também pela sua expressiva utilização como via de acesso e escoamento da produção dos bens gerados nos municípios da área. Com a recuperação do rico acervo cultural do Recôncavo e um forte investimento em infra-estrutura náutica e urbana, valorizando e protegendo os recursos naturais da área, espera-se um reaquecimento da economia das cidades do entorno da Baía de

Todos-os- Santos, especialmente aquelas da vertente oeste, com o início de um novo período de desenvolvimento econômico, com sustentabilidade ambiental.

As diretrizes do BID para seus programas, em geral e, em particular para o Prodetur

Nacional está fortemente focalizada em sustentabilidade ambiental e social, e o

Programa na Bahia está sendo desenhado de forma a cumprir com este propósito.

Parte dos problemas ambientais e sociais, existentes nas áreas onde o Programa será

implantado, deverá ser minimizado com investimentos que estão sendo previstos tais

como: implantação do Plano de gestão de resíduos sólidos e ações de educação

ambiental em elaboração pela SEDUR; programa regional para inclusão sócio produtiva

de catadores.

Com o aumento da freqüência de visitantes nos locais aonde há uma deficiência de

fiscalização ambiental pelos governos, poderá haver naturalmente uma maior

observação e denuncias de ações que promovem degradação ambiental.

A recuperação de patrimônio histórico e implantação ou recuperação de novos

atracadouros, além de facilitar a visitação dos atrativos naturais e culturais contribuirá

para facilitar a locomoção dos moradores locais através das vias náuticas, hoje quase

que inexistentes na BTS.

Por meio de novos investimentos o Programa deverá valorizar a cultura local e com isso

elevar a auto estima da população residente nas áreas contribuindo para que esta

população valorizem também seu patrimônio natural e cultural.

A realização de importantes investimentos industriais, ambientais e de infraestrutura, assim como de eventos de porte internacional- com destaque para a Copa do Mundo, em 2014, e as Olímpíadas, em 2016 – na BTS e especialmente em Salvador , contribuem, por um lado, para a ampliação da demanda por serviços e equipamentos públicos que caracterizam as regiões metropolitanas e, por outro, representam um significativo potencial de oportunidades de investimentos e negócios, além da geração de novos postos de trabalho, que poderão repercutir positivamente no desenvolvimento regional, desta vez ambientalmente aceitável, rompendo com um círculo vicioso de pobreza.

Assim sendo, os investimentos previstos nesse Programa favorecerá a melhoria da condição de vida da população residente, geração de empregos e preservação dos recursos naturais, como preconiza esta Setur.

Referências Bibliográfias